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SUMÁRIO

1, Introdução...................................................................... 4
2. Bases da cinemática do trauma............................ 6
3. Fatores que influenciam o prognóstico da vítima do trauma...............8
4. Trauma penetrante X trauma contuso................ 8
5. Acidentes de automóvel.......................................... 9
6. Acidentes de motocicleta......................................11
7. Atropelamentos.........................................................12
8. Quedas..........................................................................12
9. Explosões.....................................................................12
Referências Bibliográficas..........................................14
CINEMÁTICA DO TRAUMA 3

1, INTRODUÇÃO morte é prevenindo o trauma, prin-


Compreende-se como trauma qual- cipalmente através de políticas de
quer força externa que resulte em le- prevenção de acidentes.
são que cause alteração estrutural e/ • Mortes precoces – aquelas que
ou fisiológica no organismo. Constitui ocorrem nas primeiras horas que
assim, um problema de saúde públi- se seguem ao trauma. A maior
ca, já que é a primeira causa de morte arma para evitar esse tipo de mor-
entre jovens e, quando não gera mor- te é o atendimento inicial rápido e
te, deixa muitas sequelas às suas ví- eficiente.
timas.
• Mortes tardias – aquelas que ocor-
A mortalidade é bastante alta e apre- rem dias após o trauma, como
senta uma distribuição trimodal: consequência de complicações do
• Mortes imediatas – aquelas que acidente ou do tratamento, como
ocorrem nos primeiros minutos cirurgias. Evita-se esse tipo de
após o trauma, como consequên- morte com atendimento inicial e
cia de lesões extremamente le- atendimento intra-hospitalar efi-
tais. A forma de evitar esse tipo de cientes.

Figura 1. Curva trimodal de morte no trauma. Fonte: ATLS, 10ª edição.


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MAPA MENTAL - EPIDEMIOLOGIA DO TRAUMA

TRAUMA

Causa importante 1ª causa de morte


de morbidades entre jovens

MORTES

Imediatas Precoces Tardias

Atendimento inicial
Prevenção / Atendimento inicial
e intra-hospitalar
Conscientização rápido e eficiente
eficientes

A cinemática do trauma é o proces- • Distância de frenagem - quanto


so de avaliação da cena do acidente maior, menor foi o impacto da bati-
para que, por meio dela, seja possível da e menor a gravidade das lesões;
determinar as lesões resultantes das • Posição das vítimas - vítima eje-
forças e movimentos envolvidos, bem tada tem lesão mais grave que
como estimar a gravidade das mes- aquela que permanece dentro do
mas. veículo, por exemplo;
Para isso pode-se analisar: • Uso de cinto de segurança – víti-
• Danos no veículo - quanto maior ma que não fazia uso do cinto no
o dano, maior a gravidade das le- momento do acidente tende a ter
sões; mais lesões e mais graves;
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Dessa forma, a cinemática do trau- vimento e também só param quando


ma é importante para sugerir lesões se chocam com alguma estrutura ad-
que não são aparentes, fazendo com jacente.
que a investigação destas seja feita Dessa forma, o cérebro se choca com
de forma mais rápida, bem como as a calota craniana e pode sofrer con-
intervenções pertinentes, de maneira cussão ou ruptura de algum vaso. Co-
que o atendimento inicial seja o mais ração e pulmão podem sofrer contu-
eficiente possível e, assim, a vítima são pelo mesmo mecanismo.
tenha um melhor prognóstico.

Lei de conservação da energia


2. BASES DA CINEMÁTICA
DO TRAUMA Marisa estava passando por ali no
momento do acidente e percebeu
Algumas leis e fundamentos da físi- que as rodas traseiras do carro che-
ca embasam a cinemática do trauma. gavam a liberar fumaça e a parte an-
Entenda a seguir: terior do carro estava completamente
amassada.
Primeira lei de Newton Nenhuma energia se perde, ela é
“Todo corpo em movimento ou em re-
transformada. A energia armazena-
pouso tende a permanecer neste esta- da pelo carro em velocidade (energia
do, a não ser que uma força externa haja cinética), na situação analisada, se
sobre o mesmo.” transformou em energia térmica (libe-
rada pela frenagem do carro) e ener-
Imagine a seguinte situação: Marcos, gia mecânica (traduzida pelo dano
depois do seu plantão de 24 horas no causado na parte anterior do carro).
hospital em que trabalha, dirige rumo Dano este que também é transmitido
a sua casa. Por descuido, cochila, per- para Marcos, passageiro do carro.
de o controle da direção e se choca Sendo assim:
contra um poste, mesmo após frear Energia cinética = energia térmica
bruscamente. (calor liberado pelos pneus) + energia
Ao bater no poste, o carro para, mas, mecânica (estrago, dano).
pela 1ª lei de Newton, o corpo de Mar-
cos (que estava em movimento) con-
Efeito de cavitação
tinua em movimento e só para quan-
do colide com algo dentro do carro Marisa se aproxima, conversa com
(painel ou volante). Por sua vez, os Marcos e verifica que, aparente e fe-
órgãos de Marcos continuam em mo- lizmente, não houve nada de grave
CINEMÁTICA DO TRAUMA 6

com ele. Ela é estudante de Medicina Quando um objeto em movimento


e aprendeu o atendimento inicial à ví- colide contra o corpo ou quando este
tima de trauma no Sanar Flix e, assim, é lançado contra um objeto parado,
aplicou o ABCDE com excelência. há transferência de energia e assim,
Nenhuma alteração relevante foi no- os tecidos são deslocados, criando
tada. Na história SIMPLES (SAMPLE), uma cavidade. Esta pode ser tempo-
Marcos relatou dor leve em epigástrio. rária (soco) ou definitiva (projétil de
Marisa logo imaginou que poderia ser arma de fogo - PAF, arma branca -
pelo efeito de cavitação, já que prova- faca). Provavelmente você já visuali-
velmente ele chocou essa região no zou este efeito em vídeos com super
volante. câmera lenta.

MAPA MENTAL - BASES DA CINEMÁTICA DO TRAUMA

Distância de Posição das Uso de cinto de


Tipo de colisão Danos ao veículo
frenagem vítimas segurança

“Todo corpo em
Variáveis analisadas movimento
ou em repouso
1ª Lei de tende a
Newton permanecer neste
estado, a não ser
CINEMÁTICA que uma força
DO TRAUMA externa haja sobre
o mesmo.”

Teorias que embasam Energia cinética


Conceito Lei de = energia térmica
a cinemática
Processo de conservação (calor liberado) +
da energia energia mecânica
avaliação da cena
do acidente para (dano)
que, por meio
dela, seja possível
determinar as lesões Quando um objeto
resultantes das em movimento
forças e movimentos colide contra o
envolvidos, bem corpo ou quando
como estimar a este é lançado
gravidade das contra um objeto
mesmas Efeito de parado, há
cavitação transferência de
energia e, assim,
os tecidos são
deslocados, criando
uma cavidade
(podendo ser
temporária ou
definitiva)
CINEMÁTICA DO TRAUMA 7

3. FATORES QUE Neste tipo de trauma (com arma bran-


INFLUENCIAM O ca), é importante saber se o agressor é
PROGNÓSTICO DA homem ou mulher. Já que, geralmen-
VÍTIMA DO TRAUMA te, homens têm mais força e fazem o
movimento de baixo para cima, en-
Fatores pré-colisão
quanto mulheres têm menos força e
• Ingestão de álcool ou outras drogas; fazem o movimento de cima para bai-
xo. Esse conhecimento prévio ajuda a
• Doenças preexistentes; investigar as estruturas atingidas. Por
• Condições ambientais (chuva, ou- exemplo, se um homem desferiu uma
tros acidentes em volta); facada na região superior do abdome
de outra pessoa, a faca pode ter atin-
• Idade da vítima.
gido estruturas também do tórax, já
que o movimento provavelmente foi
Fatores da colisão de baixo para cima.
Já no trauma contuso, o objeto usa-
• Direção da variação de energia (co-
do geralmente possui grande área e
lisão frontal possui energia maior
a energia se encontra distribuída por
que colisão traseira);
toda a sua superfície e, assim, a lesão
• Quantidade de energia transmitida; ocorre em consequência da pressão
• Forma como as forças afetaram a que este objeto exerce sobre o corpo.
vítima. Um exemplo deste tipo de trauma é o
choque do tórax ou abdome contra o
volante do carro.
Fatores pós-colisão
• Consequências da colisão; HORA DA REVISÃO!
É essencial relembrar alguns conceitos
• Atendimento rápido e eficiente. da Medicina Legal. Objeto é diferente de
instrumento. Objeto é o meio utilizado
para gerar a lesão: faca, PAF, machado,
4. TRAUMA PENETRANTE tesoura, entre outros. Já instrumento é a
X TRAUMA CONTUSO forma de ação do objeto sobre o corpo,
podendo ser perfurante, cortante, con-
Um trauma penetrante (ou perfuran- tundente, perfurocortante, perfuro con-
tundente e corto-contuso.
te) é aquele em que é usado um ob-
jeto pontiagudo, que concentra toda Dessa forma, a faca (um objeto) pode se
caracterizar como um instrumento cor-
sua energia em uma ponta e, assim, tante, perfurante ou perfurocortante a
causa a ruptura da pele. A arma bran- depender da forma com que ela é usada
ca (faca) é um exemplo de objeto que para causar a lesão.
pode causar este tipo de trauma.
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5. ACIDENTES DE
AUTOMÓVEL
O acidente entre carros pode ocor-
rer de diferentes formas e cada uma
pode gerar diferentes lesões aos seus
passageiros. Entenda a seguir:
Figura 2. Movimento de chicote durante colisão traseira
Colisão frontal – neste caso, geral-
mente a vítima pode se mover para • Colisão lateral – neste caso, há três
cima e para a frente ou para baixo e mecanismos que podem gerar le-
para frente. Na primeira hipótese, po- sões: pelo impacto da própria ba-
dem ocorrer lesões na cabeça, pes- tida, pela porta (que pode aden-
coço, tórax, abdome, pelve e mem- trar o carro), pelo choque entre os
bros inferiores (MMII). Enquanto que passageiros. Geralmente a colisão
na segunda hipótese, são mais pro- lateral causa: lesão de cervical la-
váveis lesões em joelho, coluna ver- teral (ruptura de partes moles, lu-
tebral, fraturas de fêmur, tíbia, fíbula xação de vértebras), fratura de cla-
e pelve, além de lesões em abdome vícula, ruptura de fígado ou baço (a
(ruptura de intestino delgado), por depender do lado da colisão), lesão
cinto de segurança mal posicionado, de membro inferior (MI) ipsilateral
quando geralmente fica aquela marca ao choque.
característica do cinto na região.
• Capotamento – as lesões são di-
• Colisão traseira – a vítima é movi- versas e, geralmente, mais graves,
mentada para frente e para trás, uma vez que a energia é dispersa-
movimento que, sobre o pesco- da em várias direções, principal-
ço, é conhecido como “chicote” e mente quando há várias pessoas
causa ruptura de partes moles, lu- no carro e sem cinto de segurança.
xação de vértebras e outras lesões
cervicais; ademais, pode haver
contusão torácica – tanto de cora-
ção, quanto de pulmão; fratura de
MMII, mas esta não é tão comum
quanto na batida frontal.
CINEMÁTICA DO TRAUMA 9

MAPA MENTAL - ACIDENTES DE AUTOMÓVEL

Fraturas
Membros de MMII
Coluna
inferiores Pelve Abdome Tórax Pescoço Cabeça Joelho (fêmur, Abdome Pelve
vertebral tíbia,
(MMII)
fíbula)

Movimento para Movimento para


cima e para frente baixo e para frente

Colisão frontal Pescoço (efeito


chicote): luxação de
vértebras, ruptura de
partes moles

ACIDENTES DE
Região cervical lateral Colisão lateral Colisão traseira Contusão torácica
AUTOMÓVEL

Ruptura de
baço ou fígado
Fraturas em MMII
(menos comuns)
Fratura de clavícula Capotamento

Membro inferior
ipsilateral
Múltiplas lesões
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6. ACIDENTES DE • Colisão frontal – geralmente o mo-


MOTOCICLETA tociclista é ejetado e sofre TCE,
principalmente quando se encon-
Os acidentes com motocicletas pos-
tra sem capacete. Quando não é
suem alto índice de mortalidade e
ejetado, a vítima fica com os pés
morbidade, uma vez que muitas ví-
presos no pedal e sofre fratura de
timas ficam com sequelas, principal-
fêmur bilateralmente.
mente por conta do traumatismo cra-
nioencefálico (TCE). • Colisão lateral – a lesão mais co-
mum neste caso é o esmagamento
Tipos de colisão e suas respectivas
de partes moles e estruturas ósse-
lesões mais comuns:
as de MMII, que pode evoluir para
a necessidade de amputação.
MAPA MENTAL - ACIDENTES DE MOTOCICLETA

Traumatismo
Alta Fratura bilateral
cranioencefálico
morbimortalidade de fêmur
(TCE)

Pés presos
Ejeção
nos pedais

Colisão frontal

ACIDENTES DE
MOTOCICLETA

Colisão lateral

Esmagamento de
partes moles e
estruturas ósseas de
membros inferiores
(MMII)

Risco de amputação
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7. ATROPELAMENTOS • Maneira como caiu: a primeira par-


te do corpo que entra em contato
As lesões resultantes de atropela-
com o chão é a que sofre maior im-
mentos são diferentes a depender se
pacto. Assim, uma pessoa que cai
a vítima é adulta ou criança. O adul-
colidindo primeiro com a cabeça
to, geralmente, se vira de costas, so-
no chão tem prognóstico diferente
fre lesões em MMII e é ejetado para
de uma que cai com os calcâneos.
cima do capô do carro. Já as crianças
costumam receber o impacto de fren- • Material do chão: o impacto quan-
te (por não se virarem), sofrem lesões do a pessoa cai sobre cimento ou
em abdome, tórax e pelve (por conta pavimento é maior que quando cai
da sua altura) e geralmente são proje- sobre areia, por exemplo.
tadas para baixo do carro.
9. EXPLOSÕES
8. QUEDAS A gravidade de uma explosão é men-
Alguns fatores influenciam na gravi- surada pelo tipo de explosivo (seu
dade das lesões causadas por que- poder lesivo depende da energia li-
das: berada) e pelo ambiente em que a
explosão ocorreu, já que quanto mais
• Altura: uma queda costuma apre-
confinado, maiores são as lesões.
sentar lesões significativas quando
ocorreu de uma altura correspon- Entre os mecanismos de lesão se en-
dente a 3 vezes ou mais a altura contram: o deslocamento de ar (onda
do próprio corpo da vítima. A ex- de energia), que podem levar à lesão
ceção a isso se aplica a idosos, em de estruturas ocas (pneumotórax,
que bastam quedas da própria al- perfuração de tímpano); estilhaços
tura para causar fraturas ou lesões arremessados (lesões penetrantes
mais graves, por conta da fragili- ou contusas); queda (arremesso pela
dade óssea. energia liberada).
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MAPA MENTAL - ATROPELAMENTOS, QUEDAS E EXPLOSÕES

Arremessados para Lesões em membros Lesões em tórax, Projetadas para


cima do capô inferiores abdome e pelve baixo do carro

Adultos Crianças

Atropelamentos

TRAUMA

Tipo de explosivo

Altura Quedas Explosões Gravidade Ambiente

Maneira como caiu Mecanismos de lesão Deslocamento de ar

Material do chão Estilhaços

Queda
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
OLIVEIRA, BFM; PAROLIN, MKF; TEIXEIRA, EVJ. Trauma – Atendimento pré-hospitalar. 3ª
edição. Ed.: Atheneu, 2014.
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