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Revisão Tocqueville

John Dunn - O Surgimento da Democracia Moderna - Partes Relevantes

Segundo Advento da democracia:


1. Revolução Americana:
↪ dissociação dos estigmas atribuídos à uma colônia;
↪ governo que respeita a liberdade dos indivíduos e a inclusão das minorias.
2. Revolução Francesa:
↪ revolução como ruptura de um processo linear (nova conceituação;
↪ transição violenta e conturbada, Estado instável.

Primeira Parte de A Democracia na América I - Introdução, Cap. I e Cap. III -


caracterização geral e superficial da Democracia Americana diferenciando Norte e Sul,
assim como suas diferenças para com o sistema Aristocrático. Tocqueville também
deixa claras as suas intenções e objetivos com esse livro.

O Problema - Com o que o autor estava tentando lidar?

- Novas formas de poder social - a classe média/burgueses. Para Tocqueville, não existia
motivo para acreditar que o sistema democrático seria mais justo que os anteriores.
Ninguém deveria ser confiado ao poder social.
- Como controlar a soberania popular. No sistema aristocrático, sempre existiu uma força
contrária ao poder atuante (Os aristocratas regulavam o poder do Rei ou pelo menos
tentavam fazê-lo).
- Quem tem o poder de regular o poder popular?

Sub-Questões:

- Como aconteceu a mudança de sistema?


- A diferença entre a democracia Americana e a Democracia Francesa. Por que são tão
diferentes?
- Que forma a Democracia vai ter no futuro?
- pensamento-pai: igualdade de condições (p. 21)

Livro I - foca nas estruturas da democracia e apresenta o conceito de tirania da maioria;


Livro II - foca nas consequências morais e psicológicas da democracia na sociedade e
apresenta o conceito de despotismo democrático;

Aristocracia:

- imobilidade social;
- "Grande cadeia do Ser” estrutura hierárquica de toda a matéria e vida, pensada na filosofia
grega e no cristianismo medieval como tendo sido estabelecida por deus. A cadeia se inicia com
Deus e descende em anjos, demônios, estrelas, a Lua, reis, nobres, plebeus[..]. Justificativa da
hierarquização social.
- propriedade fundiária como forma de poder.
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Democracia:

- Alimenta o sonho de ascensão, devido a sua mobilidade social e territorial;


- Dispersão dos indivíduos i.e. modernidade e individualismo;

A Democracia é a negação/oposição da sociedade aristocrática. A igualdade de condições é


umas das principais características dessa oposição, pois nega a organização hierárquica da
sociedade sob uma aristocracia. Democracia como fato providencial, ou seja, componente que
escapa o controle humano. (opõe a ideia de Maquiavel que o homem pode controlar a
fortuna). Todas as ações humanas e todas as mudanças acontecem a seu favor.

A igualdade de condições se relaciona com uma ideia não tradicional de Democracia, ou


seja, a Democracia como tipo de estado social. Atualmente, o estado de sociedade e a forma
de governo coincidem, por isso a dificuldade de entender a diferença.

estado social: instituição, sentimentos, hábitos e prática.

Características principais da Democracia americana:

- Governo Local;
- Associações civis;
- O espírito da religião.

Características comuns dos colonizadores americanos:

● língua e cultura: assim não apresentavam noção de superioridade uns entre os outros.
A união para a construção de uma comunidade prevalecia. Igualdade de condições.
“Assim, as colônias inglesas tinham todas entre si, na época de seu nascimento, um
grande ar de família.” (p. 39)
● “As colônias inglesas, e foi essa uma das causas principais de sua prosperidade,
sempre gozaram de mais liberdade de interior e de mais independência política do que
as colônias de outros povos.” (p. 44)
● Independência comunal e constituição social linear.“[...] Já na América, podemos dizer
que a comuna foi organizada antes do condado, o condado antes do Estado, o Estado
antes da União.” (p. 48)
● Religião e Liberdade como constituinte da sociedade americana. “Ela (a civilização
americana) é produto(e esse ponto de partida deve estar constantemente presente ao
pensamento) de dois elementos perfeitamente distintos, que aliás muitas vezes
fizeram-se guerra, mas que na América conseguiu-se incorporar de certa forma um ao
outro e combinar maravilhosamente. Estou me referindo ao espírito de religião e ao
espírito de liberdade. (p. 51) “A religião vê na liberdade civil um nobre exercício das
faculdades do homem; no mundo político, um campo entregue pelo Criador aos
esforços da inteligência. Livre e poderosa em sua esfera, satisfeita com o lugar que lhe
é reservado, ela sabe que seu império está ainda mais bem estabelecido por ela reinar
apenas graças a suas próprias forças e dominar sem outro apoio os corações. A
liberdade vê na religião a companheira de suas lutas e de seus triunfos, o berço da sua
infância, a fonte divina de seus direitos. Ela considera a religião como a salvaguarda
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dos costumes; os costumes como a garantia das leis e o penhor de sua própria
duração.” (p. 52)
● Legislação civil e penal de herança inglesa, pois beneficia aqueles com maior condição
financeira (p. 53)
● estado social democrático: instituição, sentimentos, hábitos e prática. “O estado
social é, ordinariamente, o produto de um fato, às vezes das leis, quase sempre dessas
duas causas reunidas. Porém, uma vez que existe, podemos considerar ele mesmo
como a causa primeira da maioria das leis, costumes e idéias que regem a conduta das
nações; o que ele não produz, ele modifica. “ (P. 55)
● Ausência de lei de sucessão como precursora da igualdade. O abandono do conceito
de propriedade como forma de riqueza foi uma das consequências da ausência de leis
de sucessão/progenitura. Houve, então, a fragmentação da concentração de
propriedades, e consequentemente, do poder. Isso causou a impossibilidade da
existência da aristocracia propriamente dita na América. (p. 57)

Medidas de povoação americana feita pela metrópole inglesa na Nova Inglaterra:

1. O rei submetia uma porção do novo mundo a um governador de sua escolha,


encarregado de administrar o país em seu nome e sob suas ordens imediatas;
2. Concessão de certas porções de terras a um homem ou a uma companhia;
3. Concessão de direitos sócio-políticos à emigrantes, que podiam se organizar
socialmente de forma livre em patrocínio da metrópole.

"Podem-se distinguir na grande família anglo-americana dois


ramos principais que, até hoje, cresceram sem se confundir
inteiramente, um no Sul, o outro no Norte.” (p. 39)
Características do Sul:
- Boa parte dos colonizadores foi inicialmente garimpeiros,
industriais e cultivadores. Assim, a escravidão foi implementada
para suprir a necessidade de mão de obra.
- Presença do “germe” da aristocracia devido a sua colonização.
Características do Norte (New England):
- Boa parte dos seus primeiros habitantes (pilgrims) foi
composta de homens sem educação e sem recursos, a maioria
provinda da classe média inglesa. Foram ao novo mundo como
forma de exercerem livremente suas idéias religiosas: eram puritanos. O puritanismo, para
Tocqueville, não era apenas uma doutrina religiosa, mas também uma doutrina política, pois se
confundia, em alguns ideais, com as teorias democráticas e republicanas. (p. 41)
- Ausência do “germe” da aristocracia.

Consequências do estado social democrático:

- igualdade x liberdade : A igualdade e a liberdade não são conceitos complementares, mas


sim conceitos divergentes.
“Não é que os povos cujo estado social é democrático desprezem naturalmente a
liberdade; ao contrário, eles têm um gosto instintivo por ela. Mas a liberdade não é o objeto
principal e contínuo de seu desejo: o que eles amam com um amor eterno é a igualdade;
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eles se projetam para a liberdade por um impulso rápido e por esforços súbitos e, se
fracassam, resignam-se; mas nada saberia satisfazê-los sem a igualdade, e eles
prefeririam perecer a perdê-la. De outro lado, quando os cidadãos são, todos, mais ou menos
iguais, fica difícil para eles defender sua independência contra as agressões do poder. Como
nenhum deles é forte o bastante para lutar sozinho com vantagem, apenas a combinação das
forças de todos é capaz de garantir a liberdade. Ora, semelhante combinação não se encontra
sempre. Os povos podem pois tirar duas grandes consequências políticas do mesmo estado
social. Essas consequências diferem prodigiosamente entre si, mas provêm todas do mesmo
fato. Primeiros a se verem submetidos a essa temível alternativa que acabo de descrever, os
anglo-americanos foram bastante felizes para escapar do poder absoluto. As circunstâncias, a
origem, as luzes e, sobretudo, os costumes permitiram-lhes fundar e manter a soberania do
povo.” (p. 63, 64).

Segunda Parte de A Democracia na América I - Cap I, IV, V e VIII - Trata das associações,
políticas e civis, e aborda, também, a tirania da maioria.

CAP. I

“Na América, o povo nomeia aquele que faz a lei e aquele que a executa; ele mesmo constitui
o júri que pune as infrações à lei. Não apenas as instituições são democráticas em seu
princípio, mas também em todos seus desdobramentos.”

“Nos Estados Unidos, como em todos os países em que o povo reina, é a maioria que governa
em nome do povo.” → planta a semente do assunto a ser discutido no cap. VIII, A tirania da
maioria.

CAP. IV - ASSOCIAÇÕES POLÍTICAS NOS EUA

“A América é o país do mundo em que se tirou maior partido da associação e em que se


aplicou a esse poderoso meio de ação a uma diversidade maior de objetos.” (p. 219)

“O habitante dos Estados Unidos aprende desde o nascimento que deve contar consigo (o
corpo social) mesmo para lutar contra os males e os embaraços da vida.” “Isso começa a se
perceber desde a escola, onde as crianças se submetem, até mesmo nos jogos, a regras que
elas mesmas estabelecem e punem entre si os delitos que elas mesmas definem. O mesmo
espírito se encontra em todos os atos da vida social. Um problema qualquer ocorre na via
pública, a passagem é interrompida, o tráfego detido; os vizinhos logo se estabelecem em um
corpo deliberador; dessa assembleia improvisada sairá um poder executivo que remediar o
mal, antes que a ideia de uma autoridade preexistente à dos interessados se apresente à
imaginação de alguém.” (p. 220)

O que é uma associação?

uma associação consiste apenas na adesão pública que certos indivíduos dá a determinadas
doutrinas e no compromisso que contraem de contribuir de uma certa maneira para fazê-la
prevalecer. A associação é mais forte que a imprensa e quando uma opinião é representada
por uma associação ela se torna mais clara e definida. A associação reúne diferentes
indivíduos em prol de um objetivo claro em comum. A associação dá o poder à minoria de
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criticar o governo/lei existente. Nos EUA a liberdade de se associar com finalidade política é
ilimitada.

“Em nosso tempo, a liberdade de associação tornou-se uma garantia necessária contra a
tirania da maioria.” (p. 223). “É preciso que a minoria oponha sua força moral inteira ao poder
material que a oprime. Opõe-se, pois, um perigo a um perigo mais temível. A onipotência da
maioria parece-me um risco tão grande para as repúblicas americanas que o meio perigoso
que se usa para limitá-la parece-me, ainda assim, um bem.” (p. 223) A associação das
minorias seria perigosa devido ao fervor/paixão por uma ideia que ela causa, que poderia
encadear uma revolução/revolta, o que é extremamente arriscado de acordo com Tocqueville.
Porém, a tirania da maioria que se tornaria em um eventual despotismo é ainda mais perigosa
que essa cadeia de fatos.

“Não há país em que as associações sejam mais necessárias, para impedir o despotismo dos
partidos ou a arbitrariedade do princípe, do que aquele em que o estado social é democrático.”
“Depois da liberdade de agir só, a mais natural ao homem é a de conjugar seus esforços com
os esforços de seus semelhantes e agir em comum. O direito de associação parece-me, pois,
quase tão inalienável por sua natureza quanto a liberdade individual.” (p. 224)

Diferença entre o direito da associação na Europa e na América:

América: associações são pacíficas. Isso se deve, principalmente, ao voto universal, pois a
maioria nunca é duvidosa. possui duas funções:
1. associar para constatar seu número e debilitar o império moral da maioria;
2. reunir e descobrir os argumentos mais propícios a impressionar a maioria para atrair
uma parte dela para si.
Europa: associação ligada com a ideia de guerra.As associações europeias sempre acreditam
representar a vontade da maioria. “Aos olhos dos que a [associação] compõem, os recursos
legais podem parecer meios, mas nunca são o único meio de ter êxito” (p. 225). Isso se deve à
inexperiência dos Europeus na matéria da liberdade e ao propósito dado às associações, que é
combater (p. 225)

independência da imprensa como constitutiva da liberdade (p. 222)

CAP. V - DO GOVERNO DEMOCRÁTICO NA AMÉRICA:

A democracia na América se encontra em estado puro, devido à ausência de um sistema


anterior. Isso não acontece na Europa, há uma constante disputa entre princípios contrários
(aristocracia x democracia). Dessa forma, é possível analisar os instintos naturais da
democracia nos EUA. (p . 230)

Instinto natural democrático

o povo afasta homens notáveis do poder e afasta a si mesmo da carreira política. (p. 232)
causas:

1. falta de esclarecimento social da maioria (p. 231)


2. desejo e gosto pessoal. (p. 231)
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3. homens capazes não se sentem tentados a dirigir a fortuna do Estado quando podem
dirigir a sua própria fortuna. (p. 240)

Como corrigir esses instintos da democracia?

votação indireta para representantes, que não deixa de exprimir a vontade geral do povo. (p.
235)

Influência da democracia nas leis eleitorais

mutabilidade (p. 237)

(p. 236)
Eleições em longos intervalos: prejudicam a qualidade de governo
Eleições em rápidos intervalos: ameaça a resistência do governo

Nos EUA, acontecem eleições em longos intervalos. Isso causa uma mutabilidade na
legislação. (p. 237) Usa como argumento para comprovar essa mutabilidade trechos dos pais
fundadores.

Funcionários públicos nos EUA/democracia pura

não existe pompa, pois fazem parte do povo. governo como mal necessário, então os
funcionários públicos recebem certo poder. São respeitados da mesma forma mesmo sem
pompa. “Os próprios funcionários públicos sentem perfeitamente que só obtiveram o direito de
se pôr acima dos outros por seu poder com a condição de descer ao nível de todos por suas
maneiras.” [...] se prende mais a função do que ao funcionário.” (p. 238)

Tocqueville compara os funcionários públicos americanos com os funcionários públicos


franceses: os funcionários públicos franceses se preocupam mais consigo do que com sua
função, na América é o contrário. (p. 238)

“quando se vê uma república democrática tornar gratuitas as funções remuneradas, creio que
se pode concluir que ela caminha para a monarquia. e, quando uma monarquia começa a
remunerar funções gratuitas, é sinal garantido de que caminha para um estado despótico ou
para um estado republicano.” (p. 239)

Arbitrariedade dos magistrados

Ocorre em governos absolutos e em governos democráticos. A arbitrariedade dos magistrados


é maior nos Estados democráticos. (p. 241) “Nas democracias, ao contrário [dos Estados
despóticos], o soberano, ao mesmo tempo que é onipotente, está em todo lugar ao mesmo
tempo.” “Os funcionários americanos são muito mais livres no círculo de ação que a lei lhes
estabelece do que qualquer funcionário da Europa.”
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(p . 241) Nas repúblicas democráticas, a lei deixou maior latitude à arbitrariedade porque a lei
não é temível.

Instabilidade administrativa nos EUA

“Lá, a administração pública é de certa forma oral e tradicional, não se escreve, ou o que é
escrito leva-o o menor vento [...].” (p. 243) A democracia é prejudicial ao ato de governar, pois
sempre supõe a existência de uma sociedade avançada. (p. 244)

O governo da democracia é econômico?

Método:“ o que me importa é comparar entre si os povos livres, e entre esses últimos,
constatar que influência exerce sob as finanças do Estado.”
(p. 244)
A sociedade pode ser dividida de maneira ideal em três classes: a primeira será composta
pelos ricos, a segunda por aqueles que sem serem ricos, vivem na suficiência de tudo, e a
terceira pelos pobres.
forma que essas três classes lidariam com as finanças:
1. os ricos não se preocupariam em economizar o dinheiro público e aumentaria os
impostos.
2. a classe média não exageraria nos impostos mas também não gastaria em excesso.
Tocqueville acredita que ela seria a mais econômica. (p. 245)
3. os pobres fariam com que os encargos públicos fossem aumentados por dois motivos:
↪ gastariam em excesso pois achariam necessário para a melhoria das condições;
↪ e fariam com que os impostos fossem mais altos para os ricos que os pobres.

Na democracia, o governo é entregue aos pobres devido ao voto universal, já que boa parte do
povo é composto por eles. Dessa forma, o soberano eleito vai buscar o melhor e acabará
gastando mais dinheiro. “nas democracias, onde o soberano é necessito, só se pode adquirir
sua benevolência aumentando o seu bem-estar; o que quase nunca se pode fazer de outro
modo que com dinheiro”. Veredito: A democracia não é econômica. Tanto pelo motivo
supracitado quanto pelo fato da democracia não ser econômica por natureza. “como ela muda
com frequência de ponto de vista e, com maior frequência ainda, de agentes, é comum seus
empreendimentos serem mal conduzidos ou permanecerem inacabados. No primeiro caso, o
Estado faz despesas desproporcionais à grandeza da meta que quer alcançar, no segundo, faz
despesas improdutivas.” (p. 248)

Motivos pelos quais a democracia economiza na remuneração dos funcionários


públicos:

☺ o povo estabelece o salário dos funcionários públicos, pagando mais para os de baixo
escalão, comparado com outros países (não democráticos), que para os de alto
escalão; “o primeiro pode suscitar seu interesse, mas o outro começa a provocar sua
inveja.” (p. 249)

“ Em geral, a democracia dá pouco aos governantes e muito aos governados. O contrário se vê


nas aristocracias, onde o dinheiro do Estado aproveita sobretudo à classe que gere os
negócios.” (p. 450)
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Corrupção e vícios na democracia:

o povo democrático tem uma tendência à corrupção, dado que os homens do Estado são
pobres e têm uma fortuna por fazer. (p. 256) Porém não vendem o governo. Aqueles que
dirigem o Estado, na democracia, tendem a dar o apoio do governo aos crimes de que são
acusados. (p. 257)

De que esforços a democracia é capaz:

☺ usa para avaliar essa questão uma democracia em que a vontade do povo é seguida
pelo governo.

“Para julgar que sacrifícios as democracias sabem se impor, será necessário pois esperar o
tempo em que a nação americana for obrigada a pôr nas mãos de seu governo a metade da
renda dos bens, como a Inglaterra, ou tiver de lançar ao mesmo tempo um vigésimo da sua
população nos campos de batalha, como fez a França.” (p. 259)

exército e marinha voluntárias nos EUA

“Ora, é essa percepção clara do futuro, baseada nas luzes e na experiência, que deve faltar
com frequência à democracia. O povo sente muito mais do que pensa; e se os males atuais
são grandes, é de temer que esqueça os males maiores que talvez o aguardem em caso de
derrota. Há ainda outra causa que deve tomar os esforços de um governo democrático menos
duradouro do que os esforços de uma aristocracia. O povo não apenas vê com menos clareza
do que as classes altas o que pode esperar ou temer do futuro, mas também sofre de maneira
bem diferente do que elas os males do presente.” (p. 260)

Democracias correm o risco de serem menos duradouras que as aristocracias, a não ser que
os outros países também sejam democracias.
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Do poder que a democracia americana exerce sobre si mesma:

☺ dificuldade para vencer as paixões e calar as necessidades do momento no povo;

Da maneira como a democracia americana conduz os negócios externos do Estado:

☺ política de expansão das relações comerciais e não envolvimento político; isso se torna
complicado devido a dificuldade de vencer as paixões e necessidades do momento no
povo (direção dos interesses externos da sociedade, que costumam se diferir daquele
do governante.);

“Portanto é muito difícil saber, presentemente, que habilidade desenvolverá a democracia


americana na conduta dos negócios externos do Estado. Sobre esse ponto, seus adversários
como seus amigos devem deixar suspenso seu julgamento.” (p. 266)

CAP. VIII - DO QUE TEMPERA NOS EUA A TIRANIA DA MAIORIA:

Ausência da centralização administrativa:

“Distingui precedentemente duas espécies de centralização; chamei uma de governamental, a


outra de administrativa. Apenas a primeira existe na América, a segunda é praticamente
desconhecida.” (p. 307)

Os dois tipos de centralização em um governo favorece o despotismo. (p. 308)

Espírito legista como contrapeso da democracia:

“quando visitamos os americanos e estudamos suas leis, vemos que a autoridade que deram
aos legistas e a influência que lhes deixaram tomar no governo constituem hoje a mais
poderosa barreira contra os desvios da democracia. “ (p. 309) Os legistas são o único
contrapeso à democracia. O espírito do legista se estende aos hábitos do povo.
causa: são naturalmente opostos ao espírito revolucionário e às paixões irrefletidas da
democracia, pois possuem inclinação instintiva à ordem e amor natural às formas.

“Há infinitamente mais afinidade entre o homem de lei e o executivo do que entre eles e o povo
[...].” (p. 311) → facilita a utilização dos legistas como instrumento do poder governamental

“O que os legistas apreciam acima de tudo é a vida da ordem, e a maior garantia da ordem é a
autoridade. Aliás, não se deve esquecer que, se prezam a liberdade, em geral colocam a
legalidade bem acima dela; temem menos a tirania do que a arbitrariedade, e, contanto que
seja o legislador mesmo que se encarregue de tirar a independência dos homens, ficam
razoavelmente satisfeitos.” (p. 312)

“Assim, eles gostam do governo da democracia, sem deste partilhar as propensões e imitar as
fraquezas, dupla causa para serem poderosos por ela e sobre ela.” (p. 312)

A democracia precisa do espírito legista para governar por bastante tempo a sociedade.
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Nos legistas americanos e ingleses, soma-se o respeito e o gosto ao que é regular e legal. Isso
é outra influência ao espírito legista e, consequentemente, ao andamento da sociedade.

a “aristocracia” americana está no judiciário e no legislativo.

“Quando o povo americano se deixa embriagar por suas paixões ou se entrega ao


arrebatamento de suas idéias, os legistas fazem-lhe sentir um freio quase invisível que o
modera e o detém. Aos instintos democráticos do povo opõem secretamente seus pendores
aristocráticos; ao amor à novidade, seu respeito supersticioso pelo que é antigo; à imensidão
dos projetos, suas idéias estreitas; ao desprezo que tem pelas regras, seu gosto pelas formas;
e ao ímpeto do povo, seu costume de proceder lentamente” (p. 315)

Do júri nos EUA considerado como instituição política:

o júri apresenta duas instituições: uma jurídica e uma política. O júri é considerado uma
instituição política pois influencia o destino da sociedade. Todos os soberanos que quiserem
subir para a tirania devem primeiro destruir o júri, pois ele é o modo de soberania do povo. A
instituição limitada apenas às causas penais está sempre em perigo, quando também está
presente nas matérias cíveis, arrosta o tempo e os esforços dos homens. O júri é um dos
meios mais eficazes para educar a sociedade, pois ensina a equidade, o discernimento, a
responsabilidade pessoal, e influi nos hábitos.

Segunda Parte de A Democracia na América II - Sentimentos e Opiniões - Cap I a IV

Liberdade:
☺ Política: atingida na participação política (Maquiavel, Rousseau.)
☺ Individual: esfera em que o indivíduo é inviolável (seus hábitos, opiniões, crenças,
bens.) O excesso de liberdade individual causa o isolamento (conhecido como
individualismo) e esse isolamento é proveniente do sistema democrático devido a
ausência de relações de dependência (como havia no sistema aristocrático.)

Vida comunal: vida na sociedade (munícipio)

suposição que todos contribuem para o governo e podem contribuir


⬍ ⬍
liberdade igualdade

“Todos são livres porque são iguais e todos são iguais porque são livres.” (ideal democrático)
(p. 113) ⬌ mútua dependência entre esses dois conceitos, dependem mutuamente um do
outro, porém são conceitos divergentes.

Associações democráticas civis: escolas da democracia.

LIBERDADE IGUALDADE
vida nas comunas dogma da
liberdade individual soberania popular


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despotismo democrático tirania da maioria


↓ ↓
o despotismo democrático A tirania da maioria implica
se dá com o excesso de força e poder arbitrário, a maioria impõe
igualdade, que causa o sua vontade sob a minoria, que se sente oprimida.
excesso do individualismo. Isso se dá com o excesso da liberdade..
Isso causa a renúncia da Como evitar? associações civis e políticas.
liberdade política. - (de cima para baixo - imposto)
Como evitar? a barreira da
liberdade evita essa cadeia
de eventos, ou seja, associações
livres.
- (de baixo pra cima - voluntário)

CAP. I - PROEMINÊNCIA DA IGUALDADE SOB A LIBERDADE EM UMA DEMOCRACIA:

Causa do amor pela igualdade ser amor pela liberdade nos E.U.A: Igualdade como caráter
distintivo do sistema democrático. (p. 114) “os homens não se apegam à igualdade apenas por
ela lhes ser cara; apegam-se também porque crêem que deve durar para sempre.” (p. 115).
Tocqueville argumenta, também, que a igualdade é preferível à liberdade devido a sua
agilidade em oferecer bens e o tempo demorado para oferecer males. A liberdade funciona de
forma oposta, e, por isso, é deixada em segundo plano (p. 116). “Creio que os povos
democráticos têm um gosto natural pela liberdade; entregues a si mesmos, eles a procuram,
amam-na e condoem-se quando os afastam dela. Mas têm pela igualdade uma paixão ardente,
insaciável, eterna, invencível; querem a igualdade na liberdade e, se não a podem obter,
querem-na também na escravidão. Suportarão a pobreza, a submissão, a barbárie, mas não
suportarão a aristocracia.” (p. 117)

CAP. II - DO INDIVIDUALISMO NOS PAÍSES DEMOCRÁTICOS:

Tocqueville diferencia o egoísmo de individualismo; o egoísmo como vício humano presente


em sistemas anteriores como o sistema Aristocrático e o individualismo como fenômeno do
sistema democrático. (p. 119)
No sistema aristocrático era impossível a existência do individualismo devido a
interdependência das classes sociais, que eram imóveis. Já no sistema democrático, a
mobilidade e a igualdade de todos para com todos faz com que os indivíduos não possuam
mais uma dependência, afrouxando as inter-relações e tornando o foco apenas àqueles que
estão mais próximos [do indivíduo] (família e amigos). (p. 120, 121)
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CAP. III - COMO O INDIVIDUALISMO É MAIOR APÓS UMA REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA


DO QUE EM QUALQUER OUTRA ÉPOCA:

“Aqueles, dentre os cidadãos, que eram os primeiros na hierarquia destruída não conseguem
esquecer de imediato sua antiga grandeza; por muito tempo se consideram estranhos no seio
da nova sociedade. Vêem, em todos os iguais que essa sociedade lhes dá, opressores cujo
destino não é capaz de provocar a simpatia; perderam de vista seus antigos pares e não se
sentem mais ligados por um interesse comum à sorte deles; cada qual, retirando-se à parte, se
crê, portanto, reduzido a só cuidar de si mesmo. Já os que outrora estavam situados na base
da escala social e que uma revolução súbita aproximou do nível comum, gozam com uma
espécie de inquietude secreta a independência recentemente adquirida; se encontram a seu
lado alguns de seus antigos superiores, lançam sobre eles olhares de triunfo e de temor, e se
afastam. Portanto é, comumente, na origem das sociedades democráticas que os cidadãos se
mostram mais dispostos a se isolar. A democracia leva os homens a não se aproximar de
seus semelhantes; mas as revoluções democráticas dispõem-nos a fugir uns dos outros
e perpetuam no seio da igualdade os ódios que a desigualdade fez nascer. A grande
vantagem dos americanos é terem chegado à democracia sem terem precisado passar por
revoluções democráticas e terem nascido iguais, em vez de terem se tomado.” (p. 123, 124)

CAP. IV - COMO OS AMERICANOS COMBATEM O INDIVIDUALISMO POR MEIO DAS


ASSOCIAÇÕES LIVRES:

“O despotismo, que é perigoso em todos os tempos, é pois particularmente temível nas eras
democráticas. É fácil ver que, nessas mesmas eras, os homens têm uma necessidade
particular da liberdade. Quando os cidadãos são forçados a se ocupar dos negócios públicos,
são necessariamente tirados do meio de seus interesses individuais e arrancados, de tempo
em tempo, à visão de si mesmos. A partir do momento em que os negócios comuns são
tratados em comum, cada homem percebe que não é tão independente de seus
semelhantes quanto imaginava anteriormente e que, para obter o apoio deles, muitas
vezes é necessário lhes prestar seu concurso. Quando o público governa, não há
homem que não sinta o preço da benevolência pública e que não procure cativá-la
atraindo a estima e a afeição daqueles em meio dos quais tem de viver.“ (p. 125, 126)
“Os americanos combateram pela liberdade (política) o individualismo que a igualdade fazia
nascer, e venceram.”

CAP V - DO USO QUE OS AMERICANOS FAZEM DA ASSOCIAÇÃO NA VIDA CIVIL:

Tocqueville afirma que as associações civis partem da característica democrática da sociedade


que os cidadãos são independentes e fracos. Eles aprenderam a se ajudar para terem poder.
Com as associações civis, a voz da necessidade (um problema social) se torna ouvida.

Quarta Parte de A Democracia na América II - Sentimentos e Opiniões - Cap VI, VII e VIII

CAP. VI - QUE ESPÉCIE DESPOTISMO AS NAÇÕES DEMOCRÁTICAS DEVEM TEMER:


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Tocqueville apresenta o despotismo na antiguidade e compara-o com o despotismo que


poderia surgir no sistema democrático, que teria características completamente diferentes de
um despotismo tradicional: seria mais suave, extenso, doce e imperceptível no ato de degradar
o homem. (p. 388) O déspota agiria como um tutor, semelhante a um pai, controlaria os
cidadãos de forma a evitar a formação de pensamento crítico e evitar revoltas. O governo teria
seu poder centralizado e a soberania popular ainda estaria presente. Isso se daria através da
renúncia da liberdade pelo direito da igualdade. (ver caps anteriores)

Como evitar/remediar?

Através da fiscalização do executivo pelo legislativo em um governo centralizado, ou a


descentralização do poder. Em um governo super centralizado, a representação nacional
diminuiria esse mal. (p. 391)

CAP. VII - EVITAR O DESPOTISMO ATRAVÉS DA LIBERDADE:

- eleição de representantes (liberdade política);


- formação de associações que vocalizem o pensamento popular;
- garantir a liberdade de imprensa na sociedade (instrumento da sociedade livre);
- presença do espírito legista e da educação do júri;
- evitar recorrer à rebeliões/revoltas quando possível;

CAP. VIII - VISÃO GERAL DO TEMA (CONSIDERAÇÕES FINAIS):

O autor apresenta certo pesar com a queda do sistema aristocrático e certo medo referente ao
futuro da democracia.

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