Você está na página 1de 22

MAT001: Cálculo Diferencial e Integral I

Professor John MacQuarrie

Números Reais
O conjunto dos números reais, R, pode ser visto como o conjunto dos pontos da linha real:

• • • • • •
-2 -1 0 1 3/2 π= 3, 1416 . . .

Os números reais possuem quatro operações básicas:

Adição +
Subtração −
Multiplicação ·
Divisão /

Os números 0 e 1 são especiais, pois para todo x ∈ R temos

0 + x = x + 0 = x,
x · 0 = 0 · x = 0,
x · 1 = 1 · x = x.
Importante: Não podemos dividir por 0: a expressão “x/0”não faz sentido!!
Mas 0/x faz sentido para todo x 6= 0. Temos 0/x = 0.
Subconjuntos de R são denotados assim: A = {0, 2, 5} é o conjunto que contém os três números 0,2
e 5. Uns subconjuntos importantes:

Os naturais N := {0, 1, 2, 3, . . .},


Os inteiros Z := {. . . , −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, . . .},
O conjunto vazio ∅ := {}.

Operações com conjuntos:


\
Interseção
[
União

Diferença

Exemplo. Considere os seguintes subconjuntos de R:

A = {0, 2, 5} , B = {2, 5} , C = {5, 6} , D = {8}.

Temos

A ∩ C = {5}
A ∩ B = {2, 5} = B
B ∪ C = {2, 5, 6}
A ∩ D = {} = ∅
A\B = {0}.

1
Equações
1 + 4x = −7 (∗)
é um exemplo de uma “equação na variável x”.
“Resolver a equação”= achar todos os valores de x tais que a igualdade é verdadeira.
Exemplos. • No exemplo acima, podemos reescrevé-la como 4x = −8 e dividir os dois lados por 4
para ver que
x = −2
Então, o conjunto das soluções de (∗) é S = {−2}.
• A equação x2 = 9 tem como conjunto das soluções S = {−3, 3}.
• Já que x2 > 0 para qualquer valor de x, a equação x2 = −4 não possui soluções. Isto é, S = ∅.

Dada uma equação quadrática geral ax2 + bx + c = 0 (com a 6= 0), podemos resolvé-la usando a
fórmula quadrática:

−b ± b2 − 4ac
x=
2a
Dessa fórmula, vemos que a equação ax2 + bx + c = 0 possui soluções se, e somente se, b2 − 4ac > 0.

Ordem e intervalos
Sejam x, y elementos de R. Uns sı́mbolos de comparação:

x=y “x é igual a y”
x 6= y “x não é igual a y”
x>y “x é maior ou igual a y”
x>y “x é estritamente maior do que y”
x6y “x é menor ou igual a y”
x<y “x é estritamente menor do que y”

Exemplos. 1 = 1 , 2 6= 1 , 3 > 2 , 3 > 2 , 2 > 2 , mas “2 > 2”é falso.


Agora, podemos definir intervalos (seguem uns exemplos):

[a, b] {x ∈ R | a 6 x 6 b} a b

(a, b) {x ∈ R | a < x < b} = [a, b]\{a, b} a b

(∞, a] {x ∈ R | x 6 a} a

(a, ∞) {x ∈ R | x > a} a

R+ {x ∈ R | x > 0} = [0, ∞) 0

R∗+ {x ∈ R | x > 0} = (0, ∞) 0

Inequações e sinal
2 − 2x > 1 (∗)
é um exemplo de uma “inequação na variável x”.
“Resolver”ela = achar todos os valores de x tais que a expressão se torna verdadeira.

2
Por exemplo, 0 é uma solução de (∗), pois

2 − 2 · 0 = 2 − 0 = 2 > 1. X

Como resolver? Sempre podemos somar ou subtrair um valor de ambos os lados sem mudar nada, e
também podemos multiplicar ambos os lados por um número maior do que 0:

2 − 2x > 1
⇐⇒ 2 −
2x
+2x
 > 1 + 2x
⇐⇒ 2 > 1 + 2x
⇐⇒ 1 > 2x
⇐⇒ 1/2 > x.

Então, as soluções estão dadas pelo conjunto

{x ∈ R | x 6 1/2} = (−∞, 1/2].

Podemos também multiplicar por um número negativo, mas neste caso precisaremos trocar o sentido da desigualidade:

2 − 2x > 1
⇐⇒ −2x > −1
⇐⇒ 2x 6 1 (multiplicando por − 1)
⇐⇒ x 6 1/2.

Valor absoluto
O valor absoluto de um número real x é o “valor equivalente não negativo”de x, ou (pensando num jeito
diferente) a “distância de x à origem 0”. Denotamos por |x| o valor absoluto de x.
A definição é: (
x , se x > 0
|x| :=
−x , se x < 0.

Exemplos.
|3| = 3 , | − 6| = 6 , |0| = 0.
Usaremos o valor absoluto para definir a distância entre os números x e y:

d(x, y) = |x − y|.

|x − y|

• •
x y

Observe que |x| = d(0, x).

3
O plano cartesiano
O plano cartesiano, denotada R2 , é o conjunto dos pares ordenados (a, b) com a, b ∈ R. Podemos
visualizar assim:
y

(a, b)
b •

a x

eixo x

eixo y

O eixo x é
{(x, 0) | x ∈ R},
O eixo y é
{(0, y) | y ∈ R}.
Os eixos dividem o plano em quatro quadrantes:

2o 1o

3o 4o

A distância entre os pontos (x1 , y1 ), (x2 , y2 ) é dado pelo Teorema de Pitágoras:

(x2 , y2 )

|y2 − y1 |


(x1 , y1 )

|x2 − x1 |

p
d((x1 , y1 ), (x2 , y2 )) = (x2 − x1 )2 + (y2 − y1 )2

4
Retas
Quase todas as retas no plano cartesiano estão definidas por uma equação da forma y = mx + c, onde
m é a inclinação e c é a interseção com o eixo y:


(x2 , y2 )
c •
• (x1 , y1 )
x

y2 −y1
m= x2 −x1

As únicas retas que não tem esta forma são as retas verticais, que estão dadas pelas equações x = a,
por algum a ∈ R:
x = −1 y x=2

−1 0 2 x

Cı́rculos
O cı́rculo γ com raio r (∈ R+ ) e centro C (∈ R2 ) é o conjunto dos pontos (x, y) em R2 tais que

d((x, y), C) = r.

r

C
x

A equação do cı́rculo com centro C = (x0 , y0 ) e raio r é

(x − x0 )2 + (y − y0 )2 = r2 .

5
Se lembre que o cı́rculo com raio r tem
Circunferência = 2πr,
Área = πr2 .

Ângulos
Existem (pelo menos) duas “unidades”de ângulo.
Graus: Uma rotação completa tem 360 “graus”. Escrevemos 360◦ . Então, temos

90◦
60◦

α
180◦ 0◦ = 360◦

270◦

Dizemos que o ângulo α é 60◦ , por exemplo. Observe que o número 360 é completamente arbitrário.
Então, graus não são uma maneira boa para medir ângulos. Melhor:
Radianos: Considere uma seção de um cı́rculo com raio 1 cujo comprimento também igual a 1:

1 1

α
1

Dizemos que o ângulo α é 1 radiano. Já que a circunferência do cı́rculo com raio 1 é 2π, temos:

π/2
• 0 = 2π
π

(onde estes valores são


3π/2 os ângulos dados em
unidades de radianos)

Neste curso, vamos usar radianos!!


Observação: Um jeito converter entre graus e radianos: considere o ângulo α

6
Suponha que o valor de α em unidades de graus é αG e que o valor de α em radianos é αR . Então

180 π
αG = · αR e αR = · αG .
π 180

Um ângulo negativo será interpretado como medido na direção contrária:

+
α

−α

Funções
O conceito de função será o principal assunto tratado neste curso. Funções aparecem quando uma
quantidade depende de uma outra quantidade.
Exemplo. A área de um cı́rculo (uma quantidade) depende do raio do cı́rculo. Dado um valor do raio,
obtemos o valor da área:

Raio Área
1 π
2 π·4
0 0
r πr2

Para qualquer número r ∈ R+ , obtemos um número A(r) = πr2 . Essa é a função “área do cı́rculo”.
Escrevemos

A : R+ → R
r 7→ A(r).

Definição. Uma função f (de uma variável real) é um mecanismo que, a um número real x (chamado
“variável”), associa um único número real construı́do a partir de x, denotado f (x) (dizemos “f de x”)
chamado “imagem”. Esta associação será denotada por

x 7→ f (x).

Exemplos. 1. A função f (x) = 2x é “multiplicação por 2”. Escrevemos x 7→ 2x.

x f (x)
1 2
0 0
2 4
−3 −6

7
2. Valor absoluto f (x) = |x|. Escrevemos x 7→ |x|.

x f (x)
1 1
0 0
−4 4

3. Quadrado f (x) = x2 . Escrevemos x 7→ x2 .

x f (x)
2 4
−3 9
1 1
0 0

Existem funções que não são bem definidas para todos os valores de x ∈ R.
Exemplo. 4. A função “inverso”f (x) = 1/x. Já que não podemos dividir por 0, esta função é bem
definida só pros valores de x diferentes de 0.
f : R\{0} → R
x 7→ 1/x.

5. A função f (x) = x2x−1 faz sentido exceto quando o denominador x2 − 1 = 0. Precisamos excluir os
valores x ∈ {−1, 1}.
f : R\{−1, 1} → R
x
x 7→ 2 .
x −1
Estes exemplos mostram que em geral, devemos definir uma função junto com o domı́nio dele – isto
é, com o conjunto dos valores x para os quais f (x) é definida. Denotamos por D o domı́nio.
f :D→ R
x 7→ f (x).
2
Exemplo. Considere a equação z = a na variável z. Quando
a < 0, a equação não possui soluções
a = 0, a equação possui uma única solução z = 0
a > 0, a equação possui duas soluções, uma sendo positiva e a outra negativa.

Dado a > 0, a notação a denota a solução não negativa da equação z 2 = a. Então
√ 2
a = a.
As soluções da equação z 2 = a (com a > 0) são
√ √
S = {− a, a}.

Já que a é um valor só, podemos considerar a função
f : R+ → R

x 7→ x (a função “raiz quadrada”).

Exemplo. Qual é o domı́nio da função 1 − x?
R (= “Resposta”): Precisamos que 1 − x > 0, isto é, que
x61
e temos que
f : (−∞, 1] → R

x 7→ 1 − x.

8
Limitação
Uma função f com domı́nio D é dita limitada superiormente se existir um número finito M tal que

f (x) 6 M ∀x ∈ D

e ela é dita limitada inferiormente se existir um número finito m tal que

f (x) > m ∀x ∈ D.

Exemplos. 1. A função f (x) = x como função R → R não é limitada superiormente nem inferior-
mente, pois dado qualquer valor

M ∈ R, f (M + 1) = M + 1 > M,
m ∈ R, f (m − 1) = m − 1 < m.

Mas f (x) = x como função [−1, 1] → R É limitada, pois

f (x) 6 M = 1 ∀x ∈ [−1, 1],


f (x) > m = −1 ∀x ∈ [−1, 1].

2. A função f (x) = 1/x não é limitada superiormente como função (0, 1] → R, pois dado
 
1
M > 0, f = M + 1 > M.
M +1

Mas f é limitada inferiormente, pois

f (x) = 1/x > m = 0 ∀x ∈ (0, 1].

Gráficos
Um jeito muito útil para ganhar conhecimento de uma função é por estudar o gráfico dela no plano
cartesiano.
Seja f uma função com domı́nio D. O gráfico de f é o conjunto

{(x, f (x)) | x ∈ D}

no plano cartesiano.
Por exemplo, uma função f com domı́nio [a, b] poderia ter o gráfico

f (x)

a x b

Exemplo. Seja f (x) = 12 x + 1 uma função com domı́nio D = [0, 2]. Uns valores:

1
f (0) = ·0+1=1
2
1
f (1) = · 1 + 1 = 3/2
2
1
f (2) = · 2 + 1 = 2.
2

9
O esboço desta função é
y

2 •

3/2 •

1•

0 1 2 x

Exemplo. Se lembre que a função f (x) = |x| é


(
x , se x > 0
|x| :=
−x , se x < 0.

O esboço da função |x| é

• 2

1 •

−2 1 x

Funções crescentes e decrescentes


Seja f : D → R uma função e I ⊆ D um intervalo. Diremos que f é crescente no intervalo I se

x1 < x2 =⇒ f (x1 ) 6 f (x2 ) ∀x1 , x2 ∈ I,

e que f é decrescente no intervalo I se

x1 < x2 =⇒ f (x1 ) > f (x2 ) ∀x1 , x2 ∈ I.

Diremos que f é estritamente crescente no intervalo I se

x1 < x2 =⇒ f (x1 ) < f (x2 ) ∀x1 , x2 ∈ I,

e que f é estritamente decrescente no intervalo I se

x1 < x2 =⇒ f (x1 ) > f (x2 ) ∀x1 , x2 ∈ I.

Funções são crescentes quando os seus gráficos estão “subindo”e decrescentes quando os seus gráficos
estão “descendo”.
Exemplos. 1. A função f (x) = −x é estritamente decrescente em R, pois

x1 < x2 =⇒ f (x1 ) = −x1 > −x2 = f (x2 ) ∀x1 , x2 ∈ R.

10
y

f (x) = −x é decrescente

2. A função f (x) = x2 é decrescente no intervalo (−∞, 0] e crescente no intervalo [0, ∞):

x2

x
decrescente crescente

3. A função constante f (x) = 3 tem gráfico horizontal. Ela é sempre decrescente e crescente, mas
nunca estritamente crescente e nunca estritamente decrescente.
y

3 f (x) = 3 é crescente mas


não é estritamente crescente

Paridade
Uma função f é
Par se f (−x) = f (x) para todo x no domı́nio de f ,

Ímpar se f (−x) = −f (x) para todo x no domı́nio de f .

Exemplos. 1. f (x) = |x| é par, pois

f (−x) = | − x| = |x| = f (x) ∀x ∈ R.

|x|

2. f (x) = x é ı́mpar, pois


f (−x) = −x = −f (x) ∀x ∈ R.

11
y

3. f (x) = x2 é par, pois


f (−x) = (−x)2 = x2 = f (x) ∀x ∈ R.
y

x2

4. f (x) = x3 é ı́mpar, pois

f (−x) = (−x)3 = (−x) · (−x)2 = (−x) · x2 = −(x3 ) = −f (x) ∀x ∈ R.


y

x3

Funções pares são simétricas com respeito à reflexão no eixo y. Funções ı́mpares são simétricas com
respeito à rotação por 180◦ (isto é, π radianos) na origem:

y y

x3


x x

Par Ímpar

12
Imagem de uma função
Dadas uma função f : D → R e um ponto x ∈ D, a imagem de x é simplesmente o ponto f (x). A
imagem de f é o conjunto
Im(f ) := {f (x) | x ∈ D}.
Exemplos. f (x) = 2x. Im(f ) = R, pois dado a ∈ R, f (a/2) = 2a/2 = a.

2x

Im(f )

f (x) = x2 . Im(f ) = R+ = [0, ∞), pois


√ √ 2
dado a > 0, f ( a) = a = a,
mas a < 0 não está na imagem porque x2 > 0 ∀x.

Im(f )
y

x2

A imagem de f é o conjunto dos pontos do eixo y que têm a mesma altura como um ponto do gráfico
de f .

Composição de funções
Sejam f, g funções R → R. Já que g(x) é um número real, podemos aplicar a função f pro valor g(x)
para obter o valor
f (g(x)).
A composição das funções f, g é a função “f ◦ g”(ou simplesmente f g) dada por

(f ◦ g)(x) := f (g(x)).

Exemplo. Sejam f (x) = x + 1 e g(x) = x2 . Temos

(f ◦ g)(x) = f (g(x)) = f (x2 ) = x2 + 1,

enquanto
(g ◦ f )(x) = g(f (x)) = g(x + 1) = (x + 1)2 = x2 + 2x + 1.

13
Funções sobrejetivas, injetivas e bijetivas
Quando Im(f ) ⊆ C ⊆ R por algum subconjunto C de R, podemos pensar em f sendo uma função
f : D → C.
A função f : D → C é
• sobrejetiva se Im(f ) = C (isto é, f atinge todo ponto de C),
• injetiva se todo c ∈ Im(f ) possui um único ponto x ∈ D tal que f (x) = c,
• bijetiva se ela é sobrejetiva e injetiva.
Seja f : D → C uma bijeção (isto é, função bijetiva). Existe uma função f −1 : C → D tal que
(f −1 ◦ f )(d) = d ∀d ∈ D,
−1
(f ◦ f )(c) = c ∀c ∈ C.
−1
A função f : C → D associada à função bijetiva f se chama a inversa de f . Ela é dada por
f −1 (c) é a única solução da equação f (x) = c.
Exemplo. f (x) = x2 não é sobrejetiva nem injetiva como função R → R:
• Im(f ) = R+ 6= R. (“f não é sobrejetiva”)
• Considere o ponto 1 ∈ R (por exemplo). Já que f (−1) = f (1) = 1, existem 2 pontos x em D = R
tais que f (x) = 1. (“f não é injetiva”)
Mas f (x) = x2 É uma bijeção como função R+ → R+ .
y

x2

A inversa de f : R+ → R+ é a função √
f −1 (x) = x,
pois √
f −1 ◦ f (x) = f −1 (x2 ) = x2 = x,
√ √ 2
f ◦ f −1 (x) = f ( x) = x = x.

Podemos visualizar a inversa de f como a reflexão do gráfico de f na reta y = x.


Em nosso exemplo:
y
y=x

f = x2


f −1 = x

14
Trigonometria
Seno, cosseno e tangente
Queremos entender os relacionamentos entre os ângulos e os lados de um triângulo. Considere o seguinte
triângulo retângulo:

hipotenusa
oposto

H
O

α
A
adjacente

O ângulo α não determina os comprimentos dos lados H,A,O:

α α α
mas α determina os valores dos quocientes O/H , A/H , O/A. Chamamos estes quocientes por seno(α),
cosseno(α), tangente(α):

O A O
sen(α) := , cos(α) := , tan(α) :=
H H A
Para lembrar estas fórmulas, gente usa a pneumônica
SOH - CAH - TOA

oposto oposto
sen = tan =
hipotenusa adjacente
adjacente
cos =
hipotenusa

Existem várias relaçoes entre sen, cos e tan. A relação mais básica é:

sen(α) O/H O
= = = tan(α)
cos(α) A/H A

Vamos calcular uns valores de sen, cos e tan usando triângulos especiais:

(pitágoras)

sen(π/4) = O/H = 1/ 2

2 √
1 cos(π/4) = A/H = 1/ 2

π/4 tan(π/4) = O/A = 1/1 = 1


1

15
2 2 corte 2 √
/ 3

π/3 π/3 π/3

2 1

sen(π/3) = O/H = 3/2

cos(π/3) = A/H = 1/2



tan(π/3) = O/A = 3.

Exercı́cio: use um dos triângulos acima para calcular sen(π/6) , cos(π/6) , tan(π/6).

Um jeito diferente de pensar em seno, cosseno e tangente: Considere o cı́rculo com raio 1 centrado
na origem (chamado as vezes o “cı́rculo trigonométrico”):

Um ângulo α ∈ [0, 2π] corresponde a um ponto B no cı́rculo trigonométrico, e a partir deste ponto
obtemos um triângulo com hipotenusa 1:

B

1
α
x

16
Nossas fórmulas para sen, cos (aplicadas com H = 1) e tan (aplicada com A = 1) nos dizem que temos

B

tan(α)
1
sen(α)

α
x
cos(α)
1

[[tan(α) é a altura da interseção da linha passando por (0, 0) e B com a linha x = 1]]
Observe que obtemos valores de sen, cos, tan dado (quase) qualquer valor de α em [0, 2π]

B

1
sen(α)

α
x
cos(α)

tan(α)

As únicas excepções são que os valores tan(π/2) e tan(3π/2) não são definidos (pois a linha vertical
passando por 0 não tem interseção com a linha x = 1).
No último exemplo, sen(α) > 0, mas cos(α), tan(α) < 0. Os sinais estão determinados pelo quadrante
do ponto B:

sen(α) > 0 sen(α) > 0


cos(α) 6 0 cos(α) > 0
tan(α) 6 0 tan(α) > 0
sen(α) 6 0 sen(α) 6 0
cos(α) 6 0 cos(α) > 0
tan(α) > 0 tan(α) 6 0

17
Relações
Observaremos umas relações entre funções trigonometricas. O Teorema de Pitágoras nos dá uma relação
muito importante:

cos2 (α) + sen2 (α) = 1 1


sen(α)

α
cos(α)

Do cı́rculo trigonometrico obtemos imediatamente que


cos(−α) = cos(α) (a função cos é par)
sen(−α) = −sen(α) (a função sen é ı́mpar)
tan(−α) = −tan(α) (a função tan é ı́mpar)
Uma relação importante que não vamos demonstrar aqui:
sen(α + β) = sen(α) cos(β) + cos(α) sen(β)
Usando as relações que já temos, poderemos deduzir várias outras. Por exemplo:
sen(2α) = 2sen(α) cos(α),
que segue pois
sen(2α) = sen(α + α)
= sen(α) cos(α) + cos(α)sen(α)
= 2 sen(α) cos(α).

Gráficos de funções trigonométricas


Vamos usar o cı́rculo trigonométrico para esboçar o gráfico da função sen(x) com 0 6 x 6 2π:

π/2
1
• y = sen(x)
sen(x)
x 3π/2 2π
π 0 = 2π π/2 π x

−1
3π/2

Qualquer valor de x dará um valor sen(x). Por exemplo

3π =

3π π 0 2π

18
Usamos que sen(x + 2π) = sen(x) ∀ x ∈ R (isto é, “sen(x) tem perı́odo de 2π”). Obtemos assim o
gráfico completo:

−3π −2π −π 0 π 2π 5π 3π
2

−1

Faremos a mesma coisa com cos(x):

cos(x)
1
• y = cos(x)

x
π 2π x

−1

Continuando:

−3π −2π −π 0 π 2π 3π

−1

cos(x) também tem perı́odo de 2π.


Finalmente, faremos tan(x):

• y = tan(x)
tan(x)

x • •
2
π π 2π x
2

19
Continuando:

−2π −π 0 π 2π

Observe que tan(x + π) = tan(x), então tan(x) tem perı́odo de π (em vez de 2π).
Mais três funções trigonométricas:
H 1
cosecante(α) = csc(α) = = ,
O sen(α)
H 1
secante(α) = sec(α) = = ,
A cos(α)
A 1
cotangente(α) = cot(α) = = .
O tan(α)

Exercı́cio: Usando os gráficos das funções sen, cos, tan, esboce os gráficos das funções csc, sec, cot.

Funções trigonométricas inversas


Se lembre que quando temos uma função bijetiva (isto é, uma bijeção) f : D → C, existe uma função
inversa f −1 : C → D tal que

f ◦ f −1 (c) = c ∀c ∈ C
f −1 ◦ f (d) = d ∀d ∈ D.

A função sen(x) : R → [−1, 1] não é uma bijeção: dado a ∈ [−1, 1] e x ∈ R tal que sen(x) = a, também
temos
sen(x + 2π) = a , sen(x + 4π) = a , . . .
então a equação sen(x) = a possui um número infinito de soluções.
Mas podemos restringir o domı́nio D de sen(x) tal que

sen(x) : D → [−1, 1]

é uma bijeção. Vamos escolher o intervalo [−π/2, π/2]:

1
−π/2
e agora
π/2
sen(x) : [−π/2, π/2] → [−1, 1]
−1 é uma bijeção

A função inversa de seno é chamada arcseno

arcsen : [−1, 1] → [π/2, π/2].

20
Para esboçar o gráfico de arcsen, fazemos uma reflexão na reta y = x:

arcsen(x)
π/2

sen(x)

−π/2
π/2

−π/2

para obter

π/2 y = arcsen(x)

−1 1

−π/2

Mesma coisa com cos(x):


A função cos(x) : [0, π] → [−1, 1] é uma bijeção. Vamos esboçar o gráfico dessa função no intervalo
[0, π] e a refletir na reta y = x para obter a função arccosseno(x)

arccos : [−1, 1] → [0, π],

a função inversa de cosseno,

arccos(x)
π

π
2

π
1 π
2

cos(x)

21
para obter
π

π
2

y = arccos(x)

−1 1

A função tan(x) : (−π/2, π/2) → R é uma bijeção. A inversa de tan é chamada arctangente

arctan : R → (−π/2, π/2)

tan(x)

arctan(x)

e obtemos
π/2
y = arctan(x)

−π/2

22

Você também pode gostar