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Ildegardes Betol - Manejo e Conservação Do Solo e Da Água
Ildegardes Betol - Manejo e Conservação Do Solo e Da Água
JS B 978-85-86504-25-9
CONTEÚDO
PREFÁCIO............................................................................................................................................... V
Vlll - INTER-REL ÇÀO E TRE MANEJO E ATRJBUTOS FÍSICOS DO SOLO .............. ........... 193
Lucian o da Silva uza, Álvaro Luiz Mafra, Laércio Duarte Sou za, Ivandro d e França
da ilva & Vilson ntonio Klein
' - fNTER-RELAÇÃO ENTRE MANEJO E ATRIBUTOS BIOLóGICOS DO SOLO ............. ...... 281
Brigitte Josefine Feigl, Bruna Gonçalves d e Oliveira, André Luiz Custódio Franco & Leidivan
Almeida Frazão
XIX - PLANEJAMENTO DE USO DAS TERRAS PARA FINS AGRíCOLAS ............................... 621
Antonio Ramalho Filho
XXII_ O MANEJO DO SOLO NAS VÁRZEAS DA AMAZÔNIA ........................... ................. ...... 701
Wenceslau Geraldes Teixeira, Hedinaldo Narciso Lima, Willer Hermeto Almeida Pinto,
Kleberson Worsley de Souza, Edgar Shinzato & Gotz Schroth
IX
11 Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas, Universidade Federal do Recôncavo da Bah ia. Cruz das
Almas, BA. E-mail: lsouza@ufrb.edu .br; jfmelo@ufrb.edu.br
21 Centro de Ciências Agroveterinárias, Universidade do Estado de Santa Catarina. Lages, SC.
E-mail: ildegarctis.bertol@udesc.br
3/ Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Solos e Recursos Ambientais, Instituto Agronômico de Campinas.
Campinas, SP. E-mail: icdmaria@iac.sp.gov.br
4/ Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" . Piracicaba, SP.
INTRODUÇÃO
Este capítulo reúne conceitos, definições e significados de termos utili zados em manejo
e conservação do solo e da água, com o objetivo de uniforrnizar a terminologia em uso no
Brasil na área da Ciência do Solo, sem pretender esgotar o assunto. Para tanto, utilizara m -
se, como material básico, os demais capítulos deste livro e, em especial, glossários sobre
esse assunto publicados por Houghton e Charman (1986), Choudhw-y e Jansen (1998) e
SSSA (2008). Foram ainda consultados vários ouh·os autores (Almeida, s.d.; Fao, 1976;
Beek, 1978; Wischmeier e Smith, 1978; Ruthenberg et al., 1980; Cogo, 1988; Ramalho Filho,
1992; Curi et ai., 1993; Ramalho Filho e Beek, 1995; Brady e Weil, 2013; Santos et al., 2013;
Bertoni e Lombardi Neto, 2014; Lepsch et ai., 2015; Santos et ai., 2015; Usda, 2016).
Com isso, se espera contribuir para au xiliar no entendimento dos textos dos capítulos
deste livro, de forma a permitir, com maior clareza, a adoção de ações que minimizem a
degradação do solo no Brasil.
A
Adensamento. Processo natural ou pedogenético em que ocorre redução do espaço
poroso do solo por ação de urnedecimento/secarnento, iluviação, precipitação química etc.
A redução do espaço poroso que advém da ação mecânica antrópica é denominada de
compactação (Ver).
Adubação orgânica. Prática conservacionista edáfica em que são utilizados adubos
de origem animal e, ou, vegetal.
Adubação mineral. Prática conservacionista edáfica que consiste no uso de adubos de
origem mineral (fertilizantes).
Adubação verde. Prática conservacionista edáfica que consiste na utilização de plantas
cultivadas especificamente para incorporar ao solo com objetivo de melhorar seus atributos
físicos e químicos. Originalmente, o termo referia-se apenas ao uso de leguminosas,
que fixam N 2 do ar e fertilizam o solo com este elemento. Entretanto, podem-se utilizar
plantas não leguminosas visando a ciclagem de nutrientes de camadas mais profundas
para a camada arável ou plantas de diferentes espécies semeadas conjuntamente, o que é
denominado de "coquetel".
Agregação. Processo em que ocorre a união de partículas de areia, silte e argila,
ocasionada por forças naturais e em razão da ação de agentes minerais como argila,
especialmente óxidos de ferro e alumínio, e de agentes orgânicos como o material orgânico
do solo e exsudatos de raízes e de atividade biológica.
Agregado. Unidade estrutural do solo resultante da associação de partículas de areia,
silte, argila e de compostos orgânicos e químicos, mantidas coerentes entre si de maneira
mais forte do que as partículas localizadas na circunvizinhança. Pode ser natural ou
resultante do manejo do solo, da atividade microbiana ou outra.
Agricultura. Termo usado em sentido amplo que inclui todas as formas de uso da terra
e de manejo do solo, das plantas e dos animais, para fins de produção agrícola, conservação
ou recreação.
Agricultura de precisão. Manejo espacialmente variável de um campo ou uma
propriedade, com base em informações específicas sobre_ atributos do solo ou da cultura
em subunidades com áreas muito pequenas. Essa técruca comurnente utiliza sistemas
ele posicionamento de geotecnologia, contro les por com putad or e equ ipamentos de taxa
variável para a plicação ele ins umos.
Agricultura orgânica. Sistema ou filoso fi a de agric u ltura g ue não permite o uso de
produtos químicos sintéticos para a produção vegetal ou animal, da ndo ênfase ao manejo
da matéria orgânica do solo.
Alternância de capinas. Prática vegeta tiva que consiste em alternar a época de capina
em entrelinhas adjacentes, ou seja, fazer o controle das espécies vegetais consideradas
iniestantes a cada duas entrelinhas, deixando uma sem controle. Passado algum tem po,
é realizado o controle apenas nas entrelinhas anteriormente dei xadas com as in vasoras.
Todas as ruas terão o mesmo número de capinas usual, alternando a penas a época. Com
isso, o solo permanece sempre com alguma cobertura para haver a proteção con tra o
impacto da chuva, assim como para a redução do escoamento superficial.
Alqueive. Ação de manter urna área ou um terreno preparado e livre de veget ação
por um período mínimo de dois anos, ou até que a fitomassa residual da cultura anterior
esteja totalmente decomposta. Condição exigida para estudos de erosão com base na
parcela-padrão.
Aração. Operação de preparo primário do solo realizada com arado de d iscos ou
de aivecas que inverte parcial ou completamente a camada do solo na profundi dade
aproximada de O a 20 cm.
Aptidão agrícola das terras. Potencial das terras para usos específicos, com lavouras
anuais, bianuais e perenes ou pastagens naturais e plantadas, em níveis de manejo
preestabelecidos, com base em dados relevantes do ponto de vista físico, ambiental, social
e econômico.
Aptidão agrícola das terras, sistema de. Classificação técnica que envolve o
grupamento qualitativo das terras com base em dados relevantes do ponto de vista físico,
ambiental, social e econômico, visando à avaliação integral das terras para usos específicos,
com lavouras anuais, bianuais e perenes ou pastagens naturais e plantadas, em níveis de
manejo preestabelecidos.
Assoreamento. Deposição de sedimentos carregados pela água em cursos d' água,
lagos, açudes ou em planícies aluviais, geralmente resultante do carreamento de solo
erodido e da diminuição da velocidade do curso d' água.
B
Bacia hidrográfica. Unidade fundamental para a gestão ambiental. É definida corno
uma área fisiográfica naturalmente delimitada por uma linha imaginária denominada
de divisor de águas, drenada por um ou mais cursos de água, com um único tributário
na saída ou exutório. Os cursos de água podem ser de 111 ordem, que se constituem de
canais que não têm afluentes, o que significa que são ligados diretamente às nascentes; de
2,1 ordem, ou seja, originam-se a partir da união dos de 111 ordem, recebendo, pois, somente
afluentes de 1ª ordem; de 3ª ordem, que se originam da confluência de dois ou mais canais
de 2,1 ordem, podendo receber afluentes de 1ª e 2ª ordem, e assim sucessiva mente. A
bacia hidrográfica integra áreas da paisagem que apresentam diferentes fatores bió ticos,
a bióticos e s ciais, podendo ser dividida em unidades menores ou ub-bacias, que ta mbém
podem ser denominadas de microbacias hidrográficas (Ver).
Biomassa residual. Material de origem vegetal ou animal que permanece no solo após
a colheita e retirada do principal produto da atividade agrícola. Quando de origem vegetal
é especificamente denominada de fitomassa residual (Ver).
e
Calagem. Prática conservacionista edáfica que consiste na aplicação de calcário para
corrigir a acidez, neutralizar a acidez h·ocável do solo e suprir esse com Ca e Mg, com o
objetivo de obter maior produção de parte aérea e de raízes das plantas cultivadas e, assim,
resultar em maior cobertura vegetal para proteger o solo contra a erosão.
Camada arável. Espessura de solo sujeita às alterações causadas por operações de
preparo primário e secundário do solo, com aproximadamente 20 cm de espessura.
Canal escoadouro. Canal raso e largo cultivado com grama, projetado para conduzir
a água do escoamento superficial encosta abaixo sem causar a erosão do solo.
Capacidade de uso do solo, sistema de. Classificação técnica que envolve o
grupamento qualitativo de áreas de solos de condições ligadas aos atributos das terras
sem priorizar localização e características econômicas. Agrupamento de terras em classes,
subclasses e unidades de uso, de acordo com a sua capacidade máxima de uso sem risco de
degradação do solo, especialmente quanto à erosão. Esse sistema técnico foi originalmente
elaborado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). As classes de
capacidade de uso são em número de oito, representadas por algarismos romanos (I a
VIII) e são distinguidas de acordo com o risco inerente de degradação pela erosão e, ou,
dificuldades de manejo agrícola.
Cobertura morta (mulch). Prática conservacionista que utiliza materiais, como
restolhos, caules, folhas, serragem, filme plástico, pedras ou fragmentos de rocha e outros,
espalhados na superfície do solo para protegê-lo dos agentes erosivos, evitar as flutuações
de temperatura e conservar por mais tempo a umidade no solo.
Compactação. Processo em que partículas do solo são comprimidas e rearranjadas por
ações antrópicas, envolvendo atividades de manejo agrícola, principalmente a mecanização,
com O consequente aumento da densidade do solo e redução do espaço poroso, diferindo
de adensamento (Ver) que é processo natural.
Condutividade hidráulica do solo. Fator de proporcionalidade da equação de Darcy
aplicada ao fluxo de água no solo, que representa a habilidade dele em conduzir água,
e é equivalente ao fluxo de água por unidade de gradiente de potencial lúdráulico. É
considerada correspondente à permeabilidade do solo (Ver). Ver Equação de Darcy.
Conservação do solo. (i) Prevenção, mitigação ou controle da erosão e das outras
formas de degradação do solo, ou seja, da perda excessiva de fertilidade por causas
naturais ou antrópicas. (ii) Combinação das formas de uso da terra com os sistemas de
manejo do solo e com as práticas ~ons~rvaci~nistas, para salvaguardar o solo de depleção
ou degradação por fatores naturais ou mduz1dos pelo homem.
D
Declividade. Inclinação da superficie do terreno em relação a wn plano horizontal
imaginário, geralmente expressa em graus ou em porcentagem (cm m·1), neste caso
representando a razão entre a diferença de altitude e a distância horizontal entre dois
pontos.
Degradação do solo. Declínio da qualidade do solo, incluindo deterioração física,
quínúca e biológica, por interferências antrópicas, tomando o solo incapaz de su stentar
adequadamente sua função ecológica natural ou uma função econômica.
Desagregação. Separação de materiais transportáveis da massa do solo pela ação de
agentes erosivos, usualmente gota da chuva, enxurrada ou vento.
Descompactação. Diminuição da densidade do solo e aumento da porosidade em
razão da aplicação de forças mecânicas ao solo (subsolagem, escarificação e outras) por
meio do preparo.
Desertificação. Degradação da terra nas regiões áridas, semiáridas e subúm idas secas,
resultante de vários fatores, incluindo as variações climáticas e as atividades humanas.
Dispersão. Dissociação de agregados em co1nponentes e partículas individuais
específicas (areia, silte e argila).
Distribuição de poros por tamanho. Volume dos vários tamanhos de poros do
solo em relação ao volume total do solo (volume de partículas minerais e orgânicas mais
volume de poros). O Sistema Internacional de Unidades recomenda as seguintes unidades
de e :pressão para a distribuição de poros por tamanho: dm 3 dm·3 ou cm3 dm·3 • Ver
Macroporosidade, mesoporosidade e microporosidade.
Distribuição dos caminhos em contorno. Prática conservacionista mecânica que
consiste em planejar e situar os caminhos, as estradas e os carreadores em contorno, em
consonância com outras práticas como preparo do solo e plantio em contorno, cordões de
vegetação permanente, terraceamento etc., que, em conjunto, contribuem para reduzir as
perdas por erosão.
E
Encrostamento. Processo em que ocorre impermeabilização da superfície do solo, pela
formação de fina camada resultante da ação direta das gotas de chuva, causando dispersão
de partículas e, em seguida, orientação e empacotamento dessas, que reduz grandemente
a permeabilidade à água. Também denominado de selamento superficial ou compactação
superficial.
Enrocamento rochoso. Fragmentos grosseiros de rochas, pedras ou ma.tacões
colocados ao longo das margens de um curso d'água ou na encosta, em nível, para evitar
a erosão.
Enxurrada. Fluxo superficial de água que ocorre quando o solo está saturado em razão
do excesso de água de chuva ou irrigação.
Equação de Darcy. Descreve a taxa de fluxo de água através de meio poroso saturado.
Pode ser escrita como: Q/t = - K A (H/L), em que Q é o volume de água (m3) que passa pela
seção transversal A (m2) do meio poroso na unidade de tempo t (s); K, a condutividade
hidráulica (m s·1); e H, a diferença de carga hidráulica total (m) ao longo do comprimento
L (m) do meio poroso.
Equação de erosão eólica. Utilizada na predição da perda média anual de solo em uma
y,
área, expressa em t ha·1 ano·1, definida como: E= I K _e~ em qu_e I é o fator erodibilidade
do solo; K, 0 fator rugosidade do solo; C, o fator chrnahco relacionado com a velocidade
do vento e com a umidade do solo; L, fator comprimento da área no sentido da direção
prevalecente do vento; e V, o fator vegetativo relacionado com a cobertura vegetativa.
Equação Universal de Perda de Solo (USLE). Usada na predição da perda média
anual de solo em uma área, expressa em t ha·1 ano·1, definida como: A= R K L SCP, em que
Ré O fator erosividade da chuva e enxurrada associada; K, o fator erodibilidade do solo; L,
0 fator comprimento do declive; S, o fator grau do declive; C, o fator cobertura e manejo do
solo; e P, 0 fator práticas conservacionistas complementares.
F
Faixas de bordadura. Prática conservacionista vegetativa que consiste em faixas
estreitas, com largura de 3 a 5 m, compostas de plantas de baixo porte e crescimento
denso, estabelecida nas margens dos campos de cultivo, ao lado dos caminhos e canais
escoadouros. Tem como finalidade controlar a erosão nas bordas dos terrenos.
Fator C: Cobertura e manejo do solo. Relação das perdas de solo de uma dada área
sob um dado tipo de cobertura e 1T1anejo do solo com as perdas de solo da mesma área
mantida continuamente descoberta e preparada convencionalmente no sentido do declive.
Fator K: Erodibilidade do solo. Habilidade potencial do solo em resistir à erosão.
Fator P: Práticas conservacionistas complementares. Estabelece a relação entre
as perdas de solo de uma dada área sob dada prática conservacionista complementar
(corno cultivo em contorno, cultivo em faixas, com rotação de culturns e em contorno e
terraceamento) e as perdas de solo da mesma área sem nenhuma dessas práticas.
Fator R: Erosividade. Habilidade potencial da chuva, do vento, da gravidade ou de
outro agente erosivo em causar erosão.
Fatores L S: Comprimento e grau do declive. O comprimento (L) e o grau (S) do declive
são usualmente tratados juntos em estudos de erosão hídrica do solo, denominando-se
esses de fator topográfico L S.
Fitomassa residual. (i) Material vegetal depositado no solo por meio da queda
de caules, folhas, frutos, capinas de plantas infestantes etc. (ii) Material de vegetal que
permanece no solo após a colheita de determinada cultura.
Florestamento e reflorestamento. Prática conservacionista vegetativa que envolve a
implantação de espécies arbóreas florestais, com fins de conservação do solo e da água,
economicidade e proteção de áreas críticas quanto à erosão, em geral em relevo acidentado
ou próximo a cursos d' água.
Friabilidade. (i) Estado de consistência em que o solo, por apresentar baixa coesão, é
facilmente fragmentado quando submetido à leve pressão. Nesse estado, o solo apresenta
também reduzidas plasticidade e pegajosidade, decorrentes de baixa adesão. (ii) Estado
de consistência ideal para o preparo mecanizado do solo, em que são mínimos os riscos
de compactação, a aderência do solo aos implementes e os prejuízos na estrutura do solo,
enquanto é máximo o rendimento operacional.
G
Gradagem. Operação de preparo secundário do solo realizada após a aração ou
escarificação para desterroar e nivelar a superfície do solo, ou antes dessas operações, para
controlar plantas infestantes, atingindo profundidade de aproximadamente de 12 a 15 cm.
Gabião. Recipiente de arame preenchido com pedras e fechado para formar estruturas
monolíticas a fim de reter materiais terrosos.
H
Humificação. Processo relacionado à decomposição da matéria orgânica, levando à
formação de húmus.
Húmus. Fração da matéria orgânica dos solos, remanescente das biomassas vegetal e
animal decompostas, encontrada em estado de avançada decomposição e apresentando-se
estável e recaJcitrante.
I
Índice de erosividade da chuva. Medida do potencial erosivo de uma chuva especifica,
sendo definido pelo produto de duas características da chuva: energia cinética total da
chuva e sua intensidade máxima em 30 min. Do ponto de vista de aplicação prática, o
conhecimento da distribuição acumulada do índice de erosividade da chu va ao longo do
ano permite identificar qual(is) o(s) período(s) com maior risco ou potencial de erosão
hídrica e, assim, planejar as medidas de controle.
Infiltração. Entrada de água através da superfície do solo, de cima para baixo. Ver
Infiltração acumulada e Velocidade de infiltração.
Infiltração acumulada. Volume total de água infiltrada na superfície do solo durante
um tempo especificado. Ver Infiltração e Velocidade de infiltração.
Interceptação da precipitação. Processo hidrológico em que gotas de chuva são
interceptadas e parcialmente armazenadas pelo dossel das plantas e pela fitomassa
residual depositada na superfície antes de chegarem ao solo, de modo que a energia das
gotas é dissipada.
Interfluxo. Água infiltrada que se move horizontalmente sob a superfície do solo,
podendo seguir caminhos preferenciais e emergir em cotas mais baixas do relevo, na forma
de vertentes ou nascentes. Ver Escoamento.
M
Macroporosidade. Volume ocupado pelos poros do solo com diâmetro maior que
75 µme que se apresentam vazios após o solo ser saturado e submetido à tensão de 60 cm
de coluna de água (0,06 atm ou 6 kPa) . Ver Distribuição de poros por tamanho.
Manejo de fitomassa residual. Forma de utilização da fitomassa residual, mantendo-a,
de preferência, na superfície, semi-incorporando ou incorporando ao solo.
Manejo do solo. Representa a combinação de todas as operações de preparo do solo,
práticas culturais, calagem, adubação e outros tratamentos conduzidos ou aplicados ao
solo, visando à produção das culturas.
Matéria orgânica. Fração orgânica do solo exclusivamente originada de biomassas
vegetal e animal residuais em vários estádios de decomposição. Ver Húmus.
Matéria orgânica do solo, fração leve livre (FLL). Matéria orgànica do solo menos
decomposta, depositada na superfície dos agregados, denominada de fração interagregados.
Ver Matéria orgânica.
Matéria orgânica do solo, fração leve oclusa (FLO). Fração intra-agregados, localizada
no interior dos agregados. Ver Matéria orgânica.
Matéria orgânica do solo, fração leve. Parte da matéria orgânica do solo não
decomposta e fortemente associada a frações minerais do solo com maior densidade,
permanecendo no interior dos agregados (FLO) ou livre entre os agregados (FLL).
Matéria orgânica do solo, fração particulada. Fração grosseira ou carbono orgânico
particulado, recuperada na fração mineral do tamanho de areia (> 53 µm), constituída
principalmente por biomassa residual em estádios iniciais de decomposição. Ver Matéria
orgânica.
Matéria orgânica do solo, fração pesada (FP). Constituída basicamente por materiais
orgânicos em avançado estádio de decomposição, não identificáveis visualmente,
fortemente ligados à fração mineral, constituindo os compostos orgânicos de elevada
recalcitrância. Ver Matéria orgânica.
Mesoporosidade. Volume ocupado pelos poros do solo com diâmetro intermediário
entre macro e microporos, variando de 50 a 75 µm. Ver Distribuição de poros por tamanho.
Microbacia hidrográfica. Área inferior a 25 km2, idealmente, onde o levantamento de
informações permite a predição dos principais processos hidrológicos, sendo, portanto,
considerada unidade ideal de planejamento agrícola e ambiental. Ver Bacia hidrográfica.
Microporosidade. Volume ocupado pelos poros do solo com diâmetro menor que
50 µm. Ver Dishibuição de poros por tamanho.
Mulch. (i) Materiais como restolhos, caules, folhas, serragem, filme plástico, pedras
ou fragmentos de rocha e outros alocados na superfície do solo a fim de protegê-lo dos
agentes erosivos e das flutuações de temperatura e para conservar a umidade no solo. (ii)
Aplicação de mulch na superfície do solo.
Mulching vertical. Operação de subsolagem para abrir valas transversais ao declive
do terreno, com 7,5 cm de largura e 40 cm de profundidade, espaçadas 10 m uma das
outras que, preenchidas com palha, aumentam a infiltração de água no solo; porém, não
substituem os terraços, pois não diminuem o comprimento do declive.
p
Parcela-padrão. Parcela de campo utilizada para determinar o valor quantitativo do
fator erodibilidade do solo (K) em estudos de perdas de solo por erosão, com as seguintes
dimensões: 22,1 m de comprimento, declividade de 9 %, arada e gradeada no sentido do
declive (morro abaixo) e mantida em alqueive (Ver).
"Pé-de-arado". Camada compactada de solo localizada abaixo da camada que é arada
com frequência, resultante da pressão do disco do arado e do pneu do trator no limite
inferior da camada, bem como da acumulação de partículas de solo mais finas remobilizadas
da camada superior, as quais sofrem melhor orientação e empacotamento em razão dos
subsequentes ciclos de umedeci~ento e sec~gem. Quan~o resultante da pr~ssão ~~ercida
pelo disco da grade, e das demais causas citadas anteriormente, é denominada Pé-de-
grade".
Q
Quebra-vento. Prática conservacionista vegetativa utilizand o arbus tos ou árvores e m
espaçamento denso para reduzir a velocidade do vento e o risco de erosão eólica.
R
Relevo. (i) Diferença relativa em elevação entre a parte alta e a parte baixa da
paisagem. (ii) Forma do terreno que compõe uma paisagem, podendo ser composta por
segmentos como topo ou interflúvio, ombro ou escarpa, encosta, pedi mento ou terraço
coluvial e planície aluvial.
Resíduo vegetal. Ver Biomassa residual e Fitomassa residual.
Resiliência. Capacidade de um solo retornar ao estado original, após uma perturbação.
Rotação de culturas. Prá tica conservacionista vegetativa que envolve a sequência de
culturas solteiras, previamente planejada, composta de diferentes espécies de plantas na
mesma área, em alternância regular no tempo e espaço.
Rugosidade superficial. Refere-se ao microrrelevo existente na superfície do solo,
representado pelo conjunto de microelevações e microdepressões distribuído espacialmente
ao acaso ou de maneira orientada.
s
Sedimento. Partícula, ou agregado mineral ou orgânico, sujeita ao transporte de um
local e depositado em outro, pelo efeito de agentes erosivos.
Sedimentos, produção. Quantidade total de sedimentos produzidos em uma á rea e
transportados pela água ou vento para outro local, podendo ser dentro da própria área de
origem ou fora dela.
Selamento superficial. Ver Encrostamento.
Semeadura direta. Semeadura realizada sem qualquer preparo primário ou secundário
prévio do solo, utilizando apenas a máquina semeadora, que abre um sulco mínimo na
linha de semeadura e, ao mesmo tempo, nele incorpora o adubo e coloca a semente. A
ausência de preparo primário ou secundário resulta na manutenção da fitomassa residual
na superfície do solo, minimizando assim a principal causa da erosão hídrica, que é o
impacto das gotas de chuva diretamente na superfície do solo. No entanto, é importante
considerar que essa técnica entra na Equação Universal de Perda de Solo A= R K L S C p
(Ver) apenas como um subfator do fator C - Cobertura e manejo do solo (Ver). Assim,
mesmo que o fator C tenha um valor baixo quando se usa a semeadura direta (C médio
na faixa de 0,02 a 0,05, para lavouras de culturais anuais em fileira), pode resul tar ele ado
valor para a perda de solo por erosão A, em razão de elevados valores dos fatores R, K,
L, Se P. Com isso, fica claro que essa técnica não é milagrosa e o seu uso, por si só, não
garante que não vai mais ocorrer erosão nas lavouras. Fica claro também que ela de e ser
utilizada sempre em associação com outras práticas relativas aos fatores C e P - Práticas
conservacionistas complementares (Ver). Isso foi claramente demonstrado no sul do
Brasil com o retorno da erosão em alto grau em áreas submetidas à semeadura direta, onde
houve a retirada de terraços. Quando envolve o plantio de mudas, em vez de sem entes,
a técnica denomina-se plantio direto; neste caso, a abertura de covas ou de sulcos para o
plantio poderá ser por meio mecânico ou manual. A rigor, ambas as técnicas são formas
de se colo ar uma semente, muda ou parte vegetativa de uma planta no solo, não sendo
formas de preparo do solo, como o é a técnica original que lhes deu origem (no-till ou sem
preparo). Isso demonstra a impropriedade da denom.inação da técnica ori ginal no Brasil
e pior ainda quando se usa SPD, "sistema" SPD, plantio direto na palha e possivelmente
outras mais, considerando-se ainda que nem sempre elas são aplicadas na sua plenitude
em todo o Brasil.
Semeadura ou plantio em camalhão e em contorno. Prática conservacionis ta
mecànica semelhante ao cultivo em contorno, porém com o uso d e camalhões, que são
porções elevadas de terra para semeadura ou plantio, formando barreiras mais eficientes
no controle da erosão do que o cultivo em contorno por si só. Ver Preparo do solo e plantio
em contorno.
Serrapilheira. Camada superficial, no interior de uma floresta, constituída por folhas,
ramos, caules, cascas e frutos caídos das árvores e semimisturados ao solo, em vários
estádios de decomposição. Corresponde ao horizonte O de solos minerais. Também
denominada de liteira e serapilheira.
Sistema integrado de produção (SIP). Conjunto de características agroambienta.is e
de operações técnicas que se interagem no âmbito do imóvel agrícola, sob a adoção de
diferentes níveis tecnológicos, sociais, econômicos e culturais. Nesse contexto, compõe-se
de atributos-chave que se agrupam dentro de um mesmo imóvel ou de um conjunto de
imóveis.
Solo. Coleção de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas,
tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e orgânicos, que ocupa a
maior parte do manto superficial das extensões continentais do planeta; contém matéria
viva e pode ser vegetado na natureza onde ocorre e, eventualmente, ter sido modificado
por interferência antrópica.
Solo superficial. Camada superior do solo normalmente movimentada pelo preparo
mecânico ou equ.ivalente a ela em solos não cultivados. Frequentemente denominada como
camada arável ou horizonte Ap.
Subsolagem. Operação de preparo primário do solo utilizando subsolador que
contém hastes estreitas e reforçadas espaçadas em torno de 50 cm, realizada à profundidade
geralmente maior do que 30 cm, para romper camadas adensadas ou compactadas, sem
ocorrer inversão do solo e com o mínimo de mistura.
Sulcamento. Operação feita após a aração e gradagem para abrir pequenos e rasos
canais na superfície do solo, geralmente entr~ l~a~ de ?Jantas ~u~tiva~as, para controlar
a água superficial e a perda de solo ou para d1str1bU1T a agua de ungaçao.
T
Taxa de infiltração. Ver Velocidade de infiltração.
Terra. (i) Segmento da superfície do globo terrestre _definido no espaço, reconhecido
por características e propriedades representadas por atnbutos do solo (Pedosfera) e dos
seres vivos (Biosfe ra) dinamicamente está v is e ciclicamente p revisíveis, por a tributos da
a tmosfera, do substrato geo lógico (Litosfera) e da hi drologia (Hid rosfera) e pelos efeitos
das atividades do ho mem (Noosfera) . (i i) Alé m do solo, compreende outros elementos do
ambiente físico como os s ubstratos rochosos (Geologia), relevo, clima, recursos hídrico ,
flora, fauna - na medida e m que influenc ia m o potencial de uso da terra - e os resultados d a
ação antrópica, em tal di mensão que todos esses atributos exercem significa tiva influência
nos usos presentes e futuros da terra pelo homem. A tena é, portanto, um conceito mais
a mplo do que o solo ou terreno; por isso, a aptidão das terras não pode ser avaliada
isoladamente d e outros aspectos do ambiente.
Terraceamento. Ato de terracear, ou seja, de demarcar e de construir terraços agrícolas,
constituindo-se em prática conservacionista mecânica. Ver Terraço.
Terraço. Estrutura hidráulica cons truída por meio de movimentação de terra, de
modo a resultar no conjunto de um canal a montante e um dique a jusante no terreno,
des tinada a armazenar ou a drenar o excesso de água da chu va. Ver Terraceamento.
Terraço de base estreita. Terraço onde a largura de movimento de terra para s ua
construção é de 2 a 3 m, recomendado para terrenos com declividade entre 10 e 30 %.
Terraço de base larga. Terraço onde a la rgura de movimento de terra para s ua
construção é de 8 a 12 m, recomendado para terrenos com declividades menores do que
15 %.
Terraço em patamar. Terraço recomendado para declividades acima de 20 %, em áreas
com exploração de culturas perenes (pomares, café e outras), construido mecanicamente
com sequência de cortes e aterros no terreno. Um exemplo clássico do uso de terraços em
patamar ocorreu na comunidade inca, na Cordilheira dos Andes.
Terraço individual. Também conhecido como banqueta individual, representa
modificação do terraço em patamar, construido individualmente para cada planta, por
corte e aterro, em terrenos com declividades entre 20 e 60 %. Ver Terraço em patamar.
Terraço tipo Mangum. Denominação dada ao terraço de base larga clássico, onde,
na sua construção, o solo é jogado para cima e para baixo, sequencialmente e, por isso,
recomendado em declividade inferior a 15 %.
Terraço tipo Nichols. Denominação dada aos terraços de base estreita ou média
clássicos, onde, na sua construção, o solo é jogado a penas para baixo e, por isso,
recomendado em declividade inferior a 20 %.
Tolerância de perda de solo. Máxima perda de solo média anual admissí el em áreas
cultivadas, sem prejudicar a capacidade produtiva do solo.
u
Umidade antecedente. Teor de água no solo antecedente à ocorrência de um evento
de precipitação pluvial, com marcante influência sobre a infiltração de água no solo e
escoamento superficial.
V
Velocidade de infiltração. Volwue de água infilh·ada na superfície do solo por w1jdade
de tempo. Também denominada de taxa de infiltração ou capacidade de infiltração.
Velocidade de infiltração básica. Taxa máxima de infiltração da água no solo sob
condições de saturação.
z
Zoneamento. Ferramenta fundamental para a criação de mecaiusmos de decisão e
orientação ao planejamento do desenvolvimento regional e à implementação da cadeia de
produção da atividade agrícola. Consiste na identificação, caracterização e delineamento
cartográfico de unidades ambientrus reconhecíveis na paisagem natural, classificadas em
razão de seu potencial para o cultivo sustentável.Na sua elaboração, é essencial a participação
de diversas áreas de conhecimento, com o apoio de técnicas de geoprocessarnento, por
meio da utilização de sistemas de informação geográfica e de sensoriamento remoto. O
zoneamento agroecológico é o que mais atende a projetos de desenvolvimento agrícola.
LITERATURA CITADA
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20 IÊDO BEZERRA SÁ & ARLICÉLIO DE QUEIROZ PAIVA
INTRODUÇÃO
CANADA
Outro fe nômeno importante ocorr u nos anos 1970 na r gião subsaaria~a-do ahel,
q ue liga o Ocea no Atlântico ao Ma r Vermelho por m iode um corredor quase ininterrupto
com largura q ue va ria de 500 a 700 km (Figura 2).
Nessa região, cerca de 250 000 a 500 000 pessoas morreram de fome em razão de um
período intenso de seca, que durou mais de uma década e comprometeu seriamen te a base
agrícola de Níger, Mali, Burkina Faso, Senegal e Mauritânia (Hare et al., 1992; Brasil, 19 3;
Rodrigues, 2000; Saadi, 2000).
Depois da ocorrência desses dois fenômenos, a comunidade internacional começou
a discutir sobre o assunto e mencionou tal processo como sendo de ertificação, isto é, a
formação de condições de tipo desértico em áreas de clima semiárido. Esse fe nômeno serviu
de estímulo para convocar a Assembleia das Nações Unidas, em 197-1, onde se di cutiu
pela primeira vez sobre a desertificação (Hare et al., 1992), e decidiu-se pela realização de
uma Conferência Mundial sobre Desertificação, em Nairobi, Quênia, em ago to/ etembro
de 1977 (Conti, 2008).
A Região Nordeste do Brasil, com 1 560 000 de km2 (1 8,2 % do território nacional),
comporta a maior parte do Semiárido Brasileiro (SB), 982 563,3 km1, q ue e localiza na
porção central dessa região, abrangendo os Estados do Piauí, do Ceará, d Rio Grande do
~
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MW.tj,lo,loAplc-a.
DELIMITAÇÃO DO SEMIÁRIDO
\ CEMA
PIAUI
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MINAS GERAIS
··- - -
figura 3. Mapa da delimitação do Semiárido Brasileiro.
Fonte: Brasil (2005). Elaborado pela Embrapa Semiárido.
O CONCEITO DE DESERTIFICAÇÃO
A UNCCD define a" degrndação" da te rrn co mo a red uç5o ou perda dél produtividade
bio lógica ou econômica d as terras agrícolas por ca usa dos sistemas de utilização da terrn,
da erosão do solo ca usa da pelo vento e, ou, pe la água, da deterioração dos atributos físico ,
químicos e biológicos ou econômicos do solo e da destruição da vegetação por períodos
prolongados. Em razão disso, nem todos os casos de degradação são considerados como
desertificação.
Portanto, o processo ocorrido nas regiões de Alegrete, RS, e Jalapão, TO, não
deve ser denominado de "desertificação", pois se trata ele uma intensa degradação dos
solos originados a partir de depósitos areníticos, de ocorrência natural; em Alegrete, é
intensificada pela atividade antrópica (Schumacher, 2000). O termo mais apropriado
para estes casos é "arenização", que foi proposto para os areais do Rio Grande do Sul
(Suertegaray, 1998). Essas áreas não apresentam características de aridez e são consideradas
como áreas de atenção especial no mapa de ocorrência de desertificação no Bra il (Saadi,
2000; Suertegaray, 2003) .
O Atlas Mundial da Desertificação foi elaborado a partir da fórmula de Thomthwaite,
modificada em 1952 por Penman, que define o índice de aridez (IA) (Quadro 1) de uma
determinada região. O IA é definido pela razão entre a quantidade de água advinda da
chuva (P) e da perda máxima possível de água pela evapotranspiração (ETP) (Matallo
Júnior, 2000; Saacli, 2000; Schenkel e Matallo Júnior, 2003).
CAUSAS DA DESERTIFICAÇÃO
esses proje tos podem provocar a sa lin ização d exte nsas á reas, o abandono das te rras, a
morte da vegetação e o surgimento da deser tificação (Hare et a i., 1992; Mcleish, 1997).
Segundo Rodri g ues (2000), as atividad es de irri gação e agroindús tria existen tes nos
vales dos rios Jaguaribe e São Francisco e em grandes açudes do Nordeste brasileiro têm
provocado impactos ambientais com séri as cons eq uências de erosão e salinização.
Embora as terras áridas e semiá rid as tenham, de modo geral, uma ferti lid ad e natural
razoável, elas apresentam uma utilização restrita em razão da fragi]jdade do a mbiente. Por
essa razão, a prática do pousio é utilizada de modo eficiente para proteger os solos d es a
regiões (Mcleish, 1997). Contudo, a agricultura intensiva, com o uso excessivo de máquinas
e equipamentos agrícolas, tem sido a principal responsável pelo avanço da desertificação
no mundo (Oliveira, 2000).
A integração das economias das regiões com problema de aridez aos mercados
nacionais e internacionais, intensificada a partir da década de 1990, vem es timulando
a maior exploração dos recursos para atender às crescentes demandas (Bras il, 1993),
contribuindo para a ampliação das áreas de desertificação (Mcleish,1997).
DESERTIFICAÇÃO NO MUNDO
A população atingida pelo processo de desertificação varia de 300 000 000 (Saadi,
2000) a 785 000 000 (Rodrigues, 2000), podendo atingir cerca de 2 600 000 000 d e pessoas
(PA -BRASIL, 2004).
Cerca de 5 Gha de terras em mais de 100 países podem ser atingidos direta ou
indiretamente pela desertificação. O total de terras do planeta e suas respectivas áreas por
tipo climático é apresentado no quadro 2 (Hare et ai., 1992; Matallo Júnior, 2000).
De acordo com Schenkel e Matallo Júnior (2003), existem diferenças nos métodos
adotados para avaliar a quantidade de terras áridas degradadas em todo o mundo. No
entanto, o Programa das Nações Unidas parn o Meio Ambiente (PNUMA) u tiliza aquela
q ue leva em consideração as áreas onde ocorre a degradação da vegetação, mesmo que não
ocorra deterioração do solo (Quadro 3).
Quadro 3. Áreas acometidas pela desertificação no mundo por causa do tipo de degradação
A maioria das áreas atingidas pela desertificação no mundo coincide com os maiores
bolsões de pobreza nos países em desenvolvimento, onde as consequências são trágicas,
particularmente nos países africanos (ONU, 1994).
DESERTIFICAÇÃO NO BRASIL
11
que condu ziriam à formação dos grand es desertos ex i te ntes em outras regj ões d o g1ob
(Rodri g ues, 2000; PAN-BR/\SIL, 2004; Trinta, 2006). As á reas d ocorrencia d d esertificaçiio
no Brasil são aquelas enquadradas no Polígono das 5 cas do I ordeste brasileiro (Matallo
Júnior, 2000).
O primeiro mapa de s usceptibi lidade à desertificação no Brasil foi elaborado pelo
n úcleo Desert, da UFPI, a partir do índice de aridez (Q uadro 'l). A susceptibilidade fo i
considerada muito alta, q uando o grau de aridez varia va de 0,05 a 0,20; alta, de 0,21 a 0,50;
e moderada, de 0,51 a 0,65 (Schenkel e Matallo Júnior, 2003).
Posteriormente, o núcleo Desert constru iu o diagnóstico da desertificação no Brasil
(Quad ros 4 e 5 e Figura 6), com base em 19 indicadores qualitativos: densidade demográfica,
sistema fundi ário, mineração, qua lidade da água, salinização, tempo de ocupação,
11 11
mecanização, estagnação econômica, pecua rização erosão, perda de fertilidade, área
,
Ocorrência
- Muito grave
- Grave
- Moderada
• Núd eos de desertificação
Apenas dois desses núcleos, Seridó, RN, e Cabrobó, PE, estão localizados em áreas
de ocorrência muito grave de desertificação. Já os outros dois, Gilbués, PI, e Irauçuba,
CE, localizam-se em áreas consideradas como de ocorrência moderada. Em razão dessa
contradição, as características geoambientais naturais devem predominar no momento
da escolha da localização dos núcleos de desertificação (Saadi, 2000), já que não existe
metodologia de consenso.
Os solos predominantes em Gilbués, PI, são Latossolo, Neossolo Quartzarênico
e Argissolo, a vegetação é do tipo campo cerrado e ocorrem erosões eólica e hídrica
(Accioly, 2000). A atividade mineradora na região também contribui para a ocorrência de
desertificação (PAN-BRASIL, 2004).
Nos demais núcleos, há ocorrência de Luvissolo Crômico, Neossolo Litólico e Planossolo.
A vegetação é do tipo caatinga hiperxerófila e ocorre erosão hídrica (Accioly, 2000).
No núcleo do Seridó, RN, o problema da desertificação é agravado pela retirada de
lenha para atender a demanda de 70 olarias, pela atividade mineradora e extração de argila
dos Neossolos Flúvicos (Accioly, 2000; PAN-BRASIL, 2004). No núcleo de Cabrobó, PE, a
salinização dos solos nas margens do rio São Francisco tem certa importância na ocorrência
da desertificação nessa região.
Estudo realizado pelo CEPED (1979) na Bahia identificou uma área em processo de
desertificação, JocaHzada na parte do baixo rio São Francisco, no sertão de Paulo Afonso e
nos tabuleiros de Euclides da Cunha e Jeremoabo.
Um leva nta mento preliminar, feito por Aouad e Condori (1986), também apontou
a presença da desertificação nessa mesma região cio Estado da Bahia onde, em dlguns
trechos, chove pouco mais de 300 mm por ano. Os solos encontrados nessa região são
pouco profundos e mal drenados, como Neossolo Litólico, Luvissolo Crómico e Plano so lo
Nátrico, ou profundos e excessivamente drenados, como Neossolo Quartzarênico.
Na década de 1990, estudos realizados pelo núcleo Oesert da UFPI apontaram a
substituição da caatinga pela agricultura e pecuá ria como res ponsável pela ocorrência de
desertificação na região do Sertão do São Francisco na Bahia (PA -BRAS[L, 2004).
Existem diversas outras regiões com susceptibilidade e, o u, com ocorrência de
desertificação na Bahia, mas nenhuma delas com gravidade semelhante à região de Rodela ,
onde o problema de aridez é acentuado, com predominância de Neossolos Quartzarênico
e vegetação formada por caatinga hiperxerófila. Nessa região, existe uma área conhecida
como deserto de Surubabel (Paiva et al., 2007), com cerca de 400 ha, formado por dunas com
mais de 5 m de altura (Figura 7). Além dessa, existem diversas outras áreas em processo
de desertificação.
Consequências da desertificação
A desertificação e a seca interferem no desenvolvimento sus tentá el pela relação
que mantém com problemas sociais importantes, como a pobreza, a saúde e a nutrição
deficientes, a falta de segurança alimentar e os problemas derivados da migração e
dinâmica demográfica (ONU, 1994).
Arborizad a (Ta) e Sava na Estépica Pa rque (Tp). Este último subgrupo está normalm nte
associado a outros tipos de uso da terra . AI m das form ações citadas, a região apresenté1
também a classe d e Vegetação Secund á ri a (Vs), Formações com influ ncia fluvial (Pa), áreas
ocupadas com atividades d e agricu ltura/ pecuá ria (Ag), contatos Savana Estép ica/Floresta
Estaciona i - ecótono (T N), Floresta Estaciona i Semídecidual Monta na (Fs), Floresta Estacionai
Decidual Montana (Cm) e ouh·as classes com pouca expressão e m áren.
A segunda va riáve l foi o mapea mento d as classes de solos presentes no Semiári do
paraibano, tomando-se como base d e referência o Sistema Bras ilei ro de Cla s ificação de
Solos da Embrapa (Embrapa, 2013), cujas classes são ap resentadas no quadro 6.
Quadro 6. Escala de susceptibilidade à desertificação para a cobertura vege tal e elas es de solos
Su sceptibilidade à desertificação
Cobertura vegetal Classes de So Ios
Classes Nível Classes ível
Td Ausente Latossolo Vermelho-Amarelo Fraco
TN+Ag Fraco Latossolo Amarelo Fraco
TN+Ta Fraco Latossolo Vermelho Fraco
Td+Ag Fraco Neossolo Quartzarênico \1oderado
Td+Cm Fraco Neossolo Regolítico Moderado
Td+Ta Fraco Cambissolo .\foderado
Ta+Td Fraco Neossolo Regolítico \1oderado
VS+Td Fraco Argissolo Vermelho-Amarelo Acentuado
Ta Moderado Neossolo Flúvico Acentuado
Ta+Ag Moderado Neossolo Litólico Acentuado
Ta+Pa Moderado Luvissolo Severo
Ta+Tp Moderado Planossolo Nátrico Severo
Tp+Ta Moderado
Ag+TN Moderado
Ag+Td Moderado
Fs+ag Moderado
Vs+Ta Moderado
Ag+Cb Acentuado
Ag+Cm Acentuado
Ag+Cs Acentuado
Ag+Fs Acentuado
Pa+ag Acentuado
Ag+Ta Acentuado
Vs+Ag Acentuado
Ag Severo
Ag+Pa Severo
Ag+Tp Severo
Ag+Vs Severo
Td = Savana Est~pica Flo_restad_a; Ta = Savana Est~pica Arbori;uid_a; Tp = Savana Estépica Parque; s = V~etaç.fo SecunJaria; Pa =
Formações coi:n mfluênc1a fluv ial; Ag = áreas ocupadas com ~tw1_d ades d~ .1gricultura/ pe-=uária; TN = cont:ito- Sdvan..i 8lt>pat:a/
Floresta Estacionai - ecótono; Fs = Floresta Estacionai St!m1dec1dual Montana; Cm = Floresta Esta ion.11 Decidual .\lontana; c-
outras classes com pouca expressão em área.
Fonte: Sá et ai. (2013).
Foram estabelecido os eguintes critérios com relação à cobertura vegetal, numa escala
de everidade da desertificação, que vai desde as áreas com ausência do problema, com
egetação bastante protetora dos solos, passando pelos níveis fraco, moderado, acentuado
e severo, onde a cobertura é muito escassa ou mesmo ausente, totalizando quatro níveis
de se eridade.
Quanto às classes de solos, foram utilizados os critérios de susceptibilidade à erosão
descritos por Lima et ai. (2002), totalizando cinco situações de susceptibilidade à degradação:
ausente, fraca, moderada, acentuada e severa. Quanto menor o nível atribuído, menor será
a erodibilidade daquela classe de solo, como observado no quadro 6. Ainda segundo Lima
et ai. (2002), a erodibilidade maior ou menor de um solo dependerá de seus atributos,
que são bem estudados e avaliados por processos diretos e indiretos. A natureza do solo
é um dos fatores que exerce maior influência sobre a quantidade e qualidade do material
erodido. Essa influência depende de atributos físicos (permeabilidade), morfológicos
(te ·tura e estrutura) e químico-mineralógicos (natureza dos componentes da fração argila).
A partir do mapeamento da cobertura vegetal (Figura 8) e dos índices de sensibilidade
à desertificação adotada para as classes de cobertura (Quadro 6), foi gerado o mapa de
sensibilidade à desertificação para esta variável (Figura 9).
Tomando-se como base o mapa de classes de solos (Figura 10) e os critérios de
sensibilidade à desertificação (Quadro 6), foi gerado o mapa de sensibilidade à desertificação
para a variável classe de solos (Figura 11).
Com base nestes dois mapeamentos de sensibilidade da vegetação e dos solos, realizou-
se a integração espacial, por meio de ferramentas de geoprocessarnento, utilizando-se a
operação de intersecção. As feições de ambas as informações se sobrepuseram, ocorrendo
o cruzamento dos polígonos, gerando novas feições e mantendo os atributos de ambas
as informações. Por fim, realizou-se a análise das duas variáveis utilizadas em relação
à desertificação (Quadro 7), e o resultado desta operação resultou no mapa final de
susceptibilidade (Figura 12). No quadro 8, é apresentado o quantitativo de áreas conforme
o nível de susceptibilidade à desertificação.
O Semiárido paraibano apresenta urna grande diversidade tanto de cobertura vegetal
quanto de classes de solos (Figuras 8 e 10). Do ponto de vista da cobertura vegetal, observa-
se que a classe moderada de sensibilidade à desertificação tem maior expressão em área
que as demais coberturas (Figura 9). Em relação aos solos, nota-se que a maioria das classes
presentes está relacionada como sendo de sensibilidade à desertificação nos níveis entre
acentuado e severo (Figura 11).
Da análise conjunta das duas variáveis (Figura 12), verifica-se que aproximadamente
85 % do Semiárido paraibano encontram-se na situação de sensibilidade à desertificação
onde predominam as classes acentuada e severa (Sá et al., 2013).
Esta mesma metodologia também foi aplicada para o zoneamento das áreas susceptíveis
à desertificação do Semiárido do Estado de Pernambuco (no prelo) e da mesorregião sul do
Estado do Ceará (Sá et al., 2014).
Quadro 7. Class ificação da se ns ibilid ade à desertific..1ção com base no cruzam nto dac; bac;es da
cober tura vege tal e das classes d e solos do se miá rido pa ra ibano
Cobertura ve
+ g a s+ a g
T N + Ta Ta+ Ag Ag+ Cb Ag + p
Td + Ag Ta + Pa Ag+Cm Ag +Tp
Classes de solos Td + Cm Ta+ Tp Ag+ Cs Ag + VS
Td + Ta Tp + Ta Ag+ F
Ta+Td Ag+Td Pa + Ag
VS + Td Fs + Ag Ag +Ta
Vs+ Ag
Latossolo Vermelho-Amarelo
Latossolo Amarelo
Latossolos
Neossolo Quartzarênico
Cambissolos
Neossolo Re olítico
Vertissolo
Ar ·ssolo Vermelho-Amarelo
Neossolo Flúvico
Neossolos Litólicos
Luvissolos
Planossolo Nátrico
Legenda: AzuJ = Ausente, Verde= Fraco, Amarelo= Mode rado, Laranja = Acentuado e Vermelho = Severo_
Quadro 8. Quantificação das áreas susceptíveis à desertificação com base no cruzamento da cobertura
vegetal e nas classes de solos do Serniárido paraibano
Nível de Susceptibilidade Área Proporção
ha %
Ausente 19,65
Fraco 281 096,46 5,76
Moderado 409 346,21 ,39
Acentuado 3 048 319,95 62,4S
Severo 1139 717,73 23,36
Total 4 878 500,00 100,00
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Figura 8. Mapa da cobertura vegetal do Sem.iárido paraibano.
Fonte: Sá et al (2013).
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Figura 12. Mapa da sensibilidade à desertificação com base no cruzamento das bases da cobertura
vegetal e das classes de solos do Serniárido paraibano.
Fonte: Sá et al. (2013).
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II - A DE SERTIF I CAÇÃO NO 5EMIÁRIDO BRAS lLEIRO 39
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Figura 13. Mapa da sensibilidade à desertificação com base no cruzamento das bases da Cobertura
Vegetal e das classes de solos da mesorregião sul cearense.
Fonte: Sá et al. (2014).
Quadro 9. Quantificação das áreas susceptíveis à desertificação com base no cruzamento das
informações sobre a cobertura vegetal e as classes de solos da mesorregiào sul cearense
Nível de Susceptibilidade Vegetação Solos Análise conjunta
km 2 % km 2
% km2 C>I
.o
Áreas de Luvissolos
As áreas de Luvissolos com relevos ondulado e suave ondulado e com grau
de desertificação severo representam mais de 38 % da área mais seca do SB. São solos
altamente susceptíveis à erosão, mesmo quando situados em relevo suave ondulado, como
consequência da coesão e consistência do horizonte superficial e da expressiva mudança
textural para o horizonte Bt (Oliveira et ai., 1992). Nas áreas em que estes solos são mal
manejados, podem ser observados sulcos profundos e até mesmo voçorocas.
Áreas de Planossolos
As áreas de Planossolos, em relevo plano e sua ve ondulado, com grau de degradação
baixo, perfazem cerca de 7 % da área mais seca do SB. Por ser e m solos particularmente
desfavoráveis ao cresci mento das plantas, a caatinga neles instalada apresenta-se bastante
rarefeita, embora condicionada pela espessura do horizonte arenoso superficial. São solos,
do ponto de vista morfológico, muito prope nsos aos processos erosivos, pcll'ticularmente
aqueles de ação superficial (erosão laminar, por exemplo). A presença de horizonte B
textura! de muito baixa permeabilidade e a mudança textura) abrupta são os principais
condicionantes de sua elevada erod ibilidade. Entretanto, há de se ressaltar que a sua
ocorrência em locais planos e abaciados, com tendência à acu mu lação de água e sedimentos,
de certa forma a meniza o problema.
Áreas de Latossolos
Quanto à susceptibilidade à erosão, em condições naturais ou quando bem
manejados, os Latossolos são bastante resistentes, em razão de suas características como
permeabilidade, grau de floculação e porosidade elevadas. Quando submetidos a cultivos
intensivos, com uso de máquinas pesadas, sofrem compactação interna, geralmente
entre 6 e 10 cm, formando o conhecido " pé de grade", que aumenta consideravelmente
a susceptibilidade à erosão e diminui a produtividade agrícola. Em condições de uso
inadequado e ausência de técnicas adequadas de conservação de solo, desenvolvem-se,
facilmente, sulcos e pequenas voçorocas.
Área de Cambissolos
Em relação à suscetibilidade à erosão, estes solos possuem erodibilidade bastante
variável em razão da diversidade de textura, profundidade, permeabilidade etc. Sulcos
e ravinas são muito comuns nestes solos, daí a necessidade de implantação de práticas
consenracionistas. Os solos mais rasos apresentam maior suscetibilidade à erosão do
que os de maior profundidade. Quando situados próximos aos rios, como no caso dos
Cambissolos Flúvicos, em razão da retirada da vegetação original, estes solos podem estar
sujeitos a processos erosiv·os superficiais (erosão laminar).
Merece menção especial a região de Irecê, localizada no centro-norte do Estado da
Bahia, composta por 19 municípios totalmente inseridos no semiárido baiano, com área
territorial de 25 551 km.2 • A altitude varia de 500 a 800 m; o relevo apresenta feição plana,
quase uniforme, e possui grandes extensões de Cambissolos eutróficos originados de
rochas calcárias. Nessa região, ao longo do tempo, ocorreu grande substituição da caatinga
por agricultura de sequeiro e irrigada (Paiva et al., 2015). O conjunto composto por essa
alteração na cobertura vegetal; a intensa mecanização dos solos para cultivo de milho,
mamona, cenoura, beterraba, cebola e tomate; e também o uso indiscriminado de irrigação
têm resultado em grande impacto na redução da qualidade do solo (Souza et al., 2011),
contribuindo para a degradação ambiental e o aumento dos riscos de desertificação, com
graves reflexos sociais e econômicos na região.
Quadro 10. N úm ero de municíp ios e ex tens5o te r rito ria l das á reas c.; usceptive is desertificação no
Brasil, por Unidade d a í-ede ração
Proporção da
Número de Área da Unidade da área su ceptível
municípios com Federação usceptível desertificação em
Unidade da Federação
área susceptível à relação à área total da
à desertificação
desertificação Unidade da Federação
krn 2 %
Alagoas 54 17 499,6 63,0
Ba hia 291 476 075,9 84,3
Ceará 184 148 920,5 100,0
Espírito Santo 24 16 680,2 36,2
Maranhão 27 40 808,8 12,3
Minas Gerais 142 175 355,6 29,9
Paraíba 209 53 461,6 94,7
Pernambuco 136 89 058,4 90,7
Piauí 217 238 433,6 94
Rio Grande do Norte 159 51458,2 97,4
Sergipe 48 16 223,2 74,0
Área de estudo 1491 1323 975,4 60,5
Fonte: Brasil (2007).
Apesar dos avanços na área de monitoramento e previsão de secas, com relação à área
de desertificação os resultados são muito incipientes. A seguir, são listados alguns desafios
ou demandas para a pesquisa frente à desertificação.
Os procedimentos de avaliação do processo de desertificação são empíricos, de
aplicação muito restrita e focados, muitas vezes, nos sintomas e não nos agentes promotores
do processo.
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o,ITAe,.
Cons truçfio de peq uenJ s barragens c m áreas ele so los com pouG1 profundid,n:le
(es le tipo d e bar ragem pro pi ia ,1 crit1çã o ele soloc; de c;ecJim ·n toc; com capacic.1.:-ide para
armazenagem ele ág ua. Es tas ba rrage ns poss ibilitam o dese nvolvimento de agricullu ra de
subs is tência, associad as com espécies de frut eiréls resis tentes ,1 secd).
fns ta lação ele clessa linizado res pa ra ut ilização ele águas sdl inas e seu e ficiente descart"'
em aprovei ta mento integrad o para irri gação e piscicu ltura .
Desenvolvimen to el e apicu ltura com o objetivo d e a prove itar a existência ele flo ra
me lífera na tiva, criando nova al terna ti va d e rend a pé.l ra as comunidades.
Aproveitame nto sus ten tável d os produtos não mé.lde ireiros da vege tação nativa, nc1
fo rma d e fármacos, aromáticos, óleos essencia is e orna men tais.
É importan te abordar a com preensão e a med ição dos processos de de e rtificação
d esd e o ponto de vis ta das ciências sociais, e m uma pe rspecti va que permita anJlisar
a incidência d os elementos socioeconômicos como fa tores ex p licati vos das Célll a e
consequências d o fenô meno e, sobretudo, como elementos-chave para desenhar estrêl té Íéls
de desenvolvi mento sustentável q ue possam ser ado tadas pelas comunidades locais.
A busca da contenção e reversão dos processos de desertificação, por meio do uso de
diversas técnicas já disponíveis, deve ser cons iderada como parte estratégica de um amplo
program a de convivência com o semiárido. As ações nesse sentido devem priorizar as áreas
mais comprometidas com o fenô meno da seca, conhecidas como "Núcleo de Desertificação",
assim como as áreas suscetíveis à desertificação. Os " úcleos" devem ser reabilitado ,
prioritariamente, para reutilização com atividades produtivas racionais, de modo que p arn
servir como exemplo, e as ações neles executad as possam ser replicadas em o u tros ambientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A desertificação a tinge as regiões com problem a d e a ridez no mundo todo. t o entan to,
em nenhuma delas, as condições de sobrevivência humana são tão d ifíceis, com alto grau
d e miserabilidade, como no continente african o.
No Brasil, a Região Nord este e o norte de Minas Gerais, que e tão localizadas no
Polígono d as Secas, são muito susceptíveis à ocorrência da desertificação. Cerca de 20 °:,
d essas regiões já estão atingidas pela deserti ficação.
O a mbiente natura lmente frágil da caatinga, pelas condições de clima e de solo, vem
sofrendo degradação pela ação antrópica. Essa ação, que mu itas vezes ocorre em b u cada
sobrevivência, gera um peri goso ciclo de miséria, pois o ambien te fica cada vez mai ho til
p ara a permanência humana nessa região, q ue aume nta mais ainda a p ressão obre es-e
biorna.
O estudo d a desertificação vem sendo d esenvolv ido nos últimos tempo por d i ersos
p esquisadores, utilizando indicadores relacio nados a clima, solo, vegetação, geomorfo logia,
socioeconomia, entre outros.
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E-mail: carolbrandani@ya hoo.com.br
41 Departamento de Entomologia e Acarologia, Universidade d e São Paulo, Escola Superior de Agricultura
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51 Ins tituto Federal do Piauí, Campus de São João do Pia uí. São João do Piau í, PI. E-mail: ri ta.frei ta @ifpi.edu.br
61 Embrapa Semiárido. Petro lina, P E. E-mail: d iana.signor@embrapa.br
71 Centro de Energia Nuclear na Agricultu ra, Laboratório de Biogeoqu írnica A m biental, Universidade de São
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Brasileira de Ciência d o Solo; 2018.
52 CARLOS EDUARDO PELLEGRINO (ERRI ET AL.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
J\ co nccntraç5o atmosféri rn de N 2 tam bém tem ap rec;en tado aumen toc; constantes
(Dcn man et a i., 2007; Le Tre ut et ai., 2007). As principai s fontes de emic;são de 20 são o
uso d e fertilizantes nitrogena d os, a q ue ima d e combustíveis fósc;e is e os processos naturais
qu e oco rre m nos solos e nos ocea nos. A ta xa a nual d e a umento na concentração atmosférica
de N 20 va ria de 0,2 % a 0,3 %. Considera-se que apenas os solos brasi le iros sob floresta
contribuam com 10 % ela emissão global desse gé'ís (Fo rs ter et ai., 2007).
Entretanto, o solo se constitui em um compa rtimento-chave no processo de e miss5o
e sequestro de C (Six et a i., 2004; Knorr e t a i., 2005; Foley e t ai., 2011 ). Segund o dados do
último relatório do 1PCC (IPCC, 2007), globa lme nte há duas a três vezes mais C nos olos
em re lação ao estocado na vegetação e cerca do dobro em comparação com a atmosfera.
Portanto, manejas inadequados podem favorecer a mineralização da matéria o rgânica do
solo (MOS) e transferir grandes quantidad es de GEEs para a atmosfera (Po lwson, 2005;
Beddington et ai., 2012).
É importante sa lientar a diferença enh·e aumento do estoque de C e sequestro de C
no solo. O primeiro está mais restrito à diferença de estoques de Centre dois manejas o u
sistemas agrícolas. O segundo, mais amplo, envolve a diferença de estoques, mas também
as variações nas emissões de CH-1 e N,O,
-
urna vez que o cômputo do CO,- está embu tido
na diferença dos estoques de C do solo. As diferenças entre estoques no solo e fluxo de
gases, ou seja, o sequestro de C, são normalmente expressas na unidade "equivalente em
Carbono (Ceq)", onde se leva em consideração o PAG dos gases envolvidos.
Este capítulo trata de uma breve análise sobre algumas das práticas de manejo
empregadas em diferentes sistemas de produção agrícola e o uso racional de insumo
agrícolas como potenciais medidas de mitigação das emissões de GEEs no campo.
Agrossistema cana-de-açúcar
A produção de biocombustíveis derivados de biomassa vegetal tem sido considerada
uma importante fonte de energia renovável (Goldemberg, 2007; FAO, 200 ) e uma das
principais alternativas para mitigação das emissões de gases do efeito estufa (Faaij, 2006).
Nesse contexto, existe grande interesse global na produção e consumo de biocombustivei ,
em razão de fatores ambientais, sociais e econômicos. No Brasil, o principal biocombu tível
é o etanol derivado da cana-de-açúcar.
A cana-de-açúcar é uma espécie gramínea semiperene, pertencente ao género
Sncchnrum . Oriunda de regiões temperadas quentes e tropicais da Ásia, e introduzida no
Brasil por volta de 1532, apresenta metabolismo fotossintético do tipo C-l, o que lhe confere
alta eficiência fotossintética e crescimento v igoroso.
Atualmente, o Brasil ocupa a posição de maior produtor mundial de cana-de-açú ar.
Segundo o último levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abas teciment
(Conab, 2011), estima-se que a produção de cana-de-açúcar na safra 2011 / 2012 foi de
aproximadamente 640 Mt, o que corresponde a um aumento em 2,9 ~ em relação ..i safra
2010/ 2011 . c nt xto, a participação da Região Cenh·o-Sul na safra 2011 / 2012 ficou
pro nma a O º da produção nacional, e 60 % da produção brasileira de cana-de-açúcar
e tão ituada no Est-ado de São Paulo, com aproximadamente 4,5 Mha de área plantada e
produ ão e timada em 3 4 Mt na safra 2011/2012 (Conab, 2011).
cultura da cana-de-açúcar é responsável por 11 % do material vegetal residual de
colheita produzido atualmente no mundo (IPCC, 1995), com um sistema de produção
que permite a utilização desses subprodutos para a cogeração de energia nas usinas
de produção de etanol e promove a redução da emissão de GEEs, quando comparado
aos combustÍ\ eis fós eis (Goldemberg et ai., 2008). Projeções indicam a importância da
biomassa em curto prazo, fornecendo mais de' 20 % da energia utilizada mundialmente ao
final do éculo XXI (Goldemberg, 2009). Além disso, em termos médios, a cultura responde
por aproximadamente 75 % de todo o açúcar produzido no mundo (FAO, 2001).
Uma particularidade com relação ao cultivo da cana-de-açúcar é a forma de colhei ta,
que pode ser feita associada (cana queimada) ou não (cana sem queima) ao uso do fogo.
O processo de queima antes da colheita permite maior facilidade nas operações de corte e
transporte dos colmos, porém envolve a combustão quase completa da biomassa vegetal
que, consequentemente, leva à transformação do C da planta a C02, acompanhada por
emissões de 20, CH4 e outros, causando impactos sobre o clima local e o regional e na
qualidade do solo, além da liberação de particulados (fuligem) na atmosfera, acarretando
em problemas respiratórios (Cançado et al., 2006).
o Estado de São Paulo, o decreto de Lei Estadual 47.700, de 11 de março de 2003,
determina a erradicação da colheita queimada da cana-de-açúcar até 2031, mas essa redução
Jª e e>..-pressiva. esse contexto, a colheita sem queima da palha de cana-de-açúcar (cana-de-
açúcar colhida crua), além de ser mais viável economicamente, atende aos padrões de exigência
do mercado internacional, que, frente às preocupações ambientais, sobretudo relacionadas ao
aquecimento global, têm imposto restrições às importações de álcool em caso de impactos
socioarnbientais severos (Carnargo et al., 2008). Iniciativas governamentais têm provocado
grandes reflexos no setor canavieiro, como a redução da queimada de cana-de-açúcar, a
intensificação do corte mecanizado e o uso de subprodutos oriundos da produção do açúcar e
etanol na agricultura, promovendo redução das enússões de GEEs na atmosfera.
Apesar da pesquisa sobre GEEs voltada para o agrossistema da cana-de-açúcar ser
recente no Brasil, diversos estudos, principalmente na Região Centro-Sul do país, têm
observado a grande contribuição de práticas de manejo conservacionista para reduzir a
emissão desses gases na atmosfera. Galdos et al. (2010) apresentaram que existem grandes
diferenças entre as emissões na colheita de cana-de-açúcar com queima, 2 209,2 kg ha·1 ano- 1
de Ceq (carbono equivalente), e sem queima, 558,5 kg ha·1 ano-1 de Ceq. Essa diferença é
dada principalmente pela grande quantidade de fuligem produzida pela queima da pa.Jha e
menor emissão de CH~ e N 20 , que se encontram associados a operações anteriores à colheita.
Em estudo com resultados expressos em C02 equivalente com os gases C02, CH4
e N20, Figueiredo e La Scala Jr. (2011) demonstraram que a fertilização nitrogenada e
a queima da biomassa vegetal são as práticas responsáveis pelas maiores emissões de
GEEs em áreas de produção de cana-de-açúcar, observando-se emissões de 1 167,6 e
941,0 kg ha-1 ano·1 de C02eq, respectivamente. O sistema de colheita com queima apresentou
as maiores emissões, com um pico de 3103,9 kg ha-1 ano-1 de C02eq. Estimativas evidenciam
que a conversão de cana queimada para sem queima pode ter emissão evitada de
310,7 kg ha- 1 a no- 1 ele CO 2eq nos primeiros cinco a nos de conversão, sem co ns iderar o
sequestro d e C no solo.
Lisboa e t ai. (2011) a presentarJm qu e as emi ssões diretas de N 2O na fase agrícola
associadas à fert ili zação nitrogenad a res ultou num fa to r d e emissão de 3,87 ± 1,16 %, va lor
superior ao es tabelecido pelo IPCC (1 %). Essas e missões respondem por 40 % da emis ão
to ta l de GEEs da produção de etanol de cana-de-açúca r, com um ad icional de 17 ºt,, da
queima da biomassa vegeta l.
O sistema de cultivo de cana-de-açúcar colhida cru a, ou seja, sem o uso do fogo,
d eposita sobre a superfície do solo uma quantidade considerá vel de palha (folha eca,
ponteiro e pedaços de colmo), com deposição anual estimada em 10-20 t ha-1 de matéria
seca, formando uma cam ada de 10-12 cm d e espessura. A cobertura fo rmada aJtera
atributos químicos, físicos e biológicos do solo, provocando mudanças na s ua temperatura
e umidade (Dourado-Neto et a i., 1999), na s ua densid ade (Tominaga et ai., 2002), na sua
taxa de infiltração e estabilidade de agregados (Graham et al., 2002), interferindo a dinàmica
do N nele, aumentando a imobilização do N por microrganismos após adição de material
orgânico com alta relação C/N e disponibilizando N contido na palha para absorção pela
planta (Basanta et al., 2003; Cava et ai., 2005) .
Não existem ainda muitas informações a respeito das emissões de GEEs em
razão da decomposição desse material, porém é evidente que a adoção de práticas não
conservacionistas nessas áreas podem ocasionar a liberação de GEEs, corno CO~ 1 e ~º
CH4 (Cerri et al., 2007), causando agravamento do efeito estufa. Apesar disso, o elevado
potencial energético da biomassa vegetal deixada sobre a superfície do solo para cogeração
de energia e uso de subprodutos da produção de açúcar e etanol, corno a vinhaça, o bagaço
e a torta de filtro na agricultura, reduz a pegada de C (expressão derivada do inglês
Carbon Footprint) não somente da fase agrícola, mas da cadeia produtiva como um todo,
contrapondo urna biomassa anteriormente convertida em CO2 atmosférico.
Apenas um terço da biomassa da cana-de-açúcar é transformado em etanol, enquanto
os dois terços restantes são considerados bagaço e palha de cana-de-açúcar (Goldemberg,
2008). Futuramente, existe grande potencial do aproveitamento do bagaço para a produção
de etanol, chamado então "etanol de segunda geração", ou seja, produzido a partir da
hidrólise da celulose da cana-de-açúcar, o que representa vantagem ambiental e económica
para as usinas de etanol (Cardona et al., 2010).
Portanto, em linhas gerais, a adoção de estratégias de manejo conservacionista, como
a redução da colheita com queima e do consumo de combustíveis fósse is, o uso eficie nte da
fertilização nitrogenada e o aproveitamento dos subprodutos gerados a partir da produção
de açúcar e etanol contribuem efetivamente para diminuir a concentração de GEEs e
sustentabilidade do setor sucroalcooleiro.
Semeadura direta
A semeadura direta (SD) começou a se tomar uma prática no Brasil, durante a década
de 1970, quando agricultores do sul do país, como forma d e controlar a erosão generalizada
causada pelo revolvimento intensivo dos solos agrícolas, introduziram nova forma de
manejo do solo (Amado et ai., 2006).
ai., 1992; Castro Fi lho ct a i., 1998; Ri zebos e Loerts, 1998; Baye r e Berto!, 1999; Corazza
e t ai., 1999; De Maria et ai., 1999; Freitas t ai., 2000; Resck et ai., 2000; Bayer et ai., 2000,
2002; Amado e t a i., 2001 ; Machado e Si lva, 2001; Freixo e ai., 2002; Venzke Filho et ai.,
2002; Perrin, 2003; Scopel et ai., 2003; Sique ira Neto, 2003; Zotarel li et al., 2003; Sisti et
ai. , 2004; Amado et ai., 2006, Bayer et ai., 2006; Jan talia et ai., 2007; Carvalho et ai., 2009;
Marchão et ai., 2009) apresentaram taxas de armazenamento de C orgánico variando de O
até 1,7 t ha·1 ano- 1 de C para a profundidade de 0-40 cm (Quadro 1), evidenciando a exten a
variabilidade que os diferentes sistemas de produção proporcionam no acúmulo de C.
Considerando-se a principal prática adotada na SD, a manutenção de biomassa residual
sobre a superfície do solo, é importante compreender os processos de decomposição dessa
biomassa e sua consequente contribuição para a formação da MOS. A decomposição dessa
biomassa é primeiramente regu lada pela a tividade microbiana do solo e essa, por sua vez,
é determinada pelo tipo de manejo dado ao solo, pela qualid ade (composição quúnica) da
biomassa residual e pelas condições edafoclimáticas (Six et aJ ., 2002; Denef et ai., 2004; Austin
e Vivanco, 2006; Berg e McClaugherty, 2008; Plante et ai., 2009). Tais fatores são considerados
como fundamentais na decomposição, os quais regulam a quantidade de C estabilizada no
solo (Smith e Collins, 2007) e a emitida para atmosfera como forma de GEEs.
Quadro 1. Taxa de armazenamento de carbono (acú mulo após conversão do sistema de manejo
convencional para semeadura direta) em sistemas agrícolas sob Latossolos no biorna Cerrado
Sucessão de Acúmulo
Loca1/ Es tado 111 Argila Camada Duração Fonte
culturas<21 deC
g kg-' cm ano t ha·1an o- 1
Planaltina, DF S/W 400-500 0-20 15 0.5 Corazza et aJ., 1999
0-40 15 0.8
Sinop, MT R-S/So-R/So-
500-650 0-40 5 1.7 Perrin, 2003
S/M-S/E
Goiânia, GO R/S 0-10 5 0.7 NI
Luziânja, GO S/M 350 0-20 8 0.3 Bayer et al .. 2006
Costa Rica, MS S/M 650 0-20 5 0.6 Bayer et aJ.. 2006
Sen. Canedo, GO M/B 500 0-20 4 0.3 Freitas et ai., 2000
Planaltina, DF R/ pousio/ outo-
650 0-30 20 0.7 Jantalia et ai ., 2007
no ou S/M
Planaltina, DF S/M/5/M ou
600 0-20 13 0.3 Marchào et ai, 2009
S/ Pg
Rio Verde, GO M ou S/Pousio 450-650 0-20 12 O. Scopel et ai., 2003
S/M ou Soou M
Nl MouS >300 0-40 16 OA Re..'-C.k et ai., 2000
Vil hena, RO Carvalho et al.,
R/pousio/S/M 730 0-30 5 0.38
2009
1' 1DF- ~istrito Federal;_ MT- _Mato Grosso;_GO - Goiás. r-lW- trigo (Tntirnm llt'Sli.•11111); S - soja (Glyci,u ,ruix); _ sorgo (S.irghum
uulgaris); R - arroz (Onzn saHua); Pg - Pc11111sew11 gla11rnm; E - Ele11s111c curaama; M - milho (Zen nwys); B _ fetJào (Phaséo/U:i P"..JI .iru)·
e 1 - Não identificado. g '
0,30 t ha·1 ano·1 de , e em um Lato solo argiloso, para 3,0 t ha·1 de C, com taxa d e sequestro
de 0,60 t ha·1 ano·1 de C. O autores etlfatizaram que a SD em solos de cerrado nem sempre
resultam em aumentos do estoques de C, em relação ao PC (Freitas et ai., 2000; Roscoe
e Burman, 2003), pois fatores como a textma do solo, mineralogia e quantidade anual
de biomassa residual da colheita aportada ao solo também podem influenciar a taxa de
acúmulo de C. A te ·tura tem grande importância no compartimento de MOS, uma vez que
está diretamente relacionado com a formação de agregados, influenciando na retenção de
umidade do olo, na dinâmica de nutrientes, na estrutura da comunidade, na atividade dos
organismos do solo (Berg e McClaugherty, 2008) e consequentemente nas entradas e saídas
de C do sistema. Além disso, têm se verificado que, em solos do Cerrado, o incremento ou a
manutenção da MOS é dificultada por causa das condições climáticas e das irregularidades
na distribuição de precipitação pluvial (Machado e Silva, 2001).
Estudos detalhados que avaliem a contribuição da agricultura na emissão de GEEs
ainda são necessários no Brasil. Estimativas de Cerri et ai. (2004) demonstraram ter
ocorrido emissão líquida anual de 46,4 Mt no período de 1975-1995, enquanto a mitigação
decorrente da adoção da SD alcançou 33 Mt de CO2 anualmente, no mesmo período. É
válido ressaltar que, nesse período, na subdivisão do país por regiões, os estados das
Regiões Sul e Sudeste apresentaram sequestro líquido de CO2 de, aproximadamente, 6,5
Mt, enquanto as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste evidenciaram emissão líquida
superior a 52 Mt anualmente, para o mesmo período (Bemoux et ai., 2001).
A agricultura, aliada à mudança do uso da terra no Brasil, tem sido responsável por
94 % do total das emissões de N 2O (Cerri e Cerri, 2007), ressaltando a importância de
estudos sobre GEEs, tendo em vista a grande extensão de áreas agrícolas no país (65,3 Mha)
e o elevado PAG do N 2O (296 vezes maior que o CO2).
Os efeitos do preparo de solo sobre as emissões de N2O estão relacionados à sua
influência sobre a estrutura do solo, a atividade microbiana, a taxa de decomposição da
biomassa residual e a mineralização do N orgânico do solo, bem como sobre a temperatura
e umidade do solo. O uso do solo em SD tem sido apontado como uma prática que aumenta
a emissão de N 2O à atmosfera, quando comparado a solos revolvidos (Carvalho, 2009).
Escobar et ai. (2010), considerando as emissões de N2O após a colheita de soja, observaram
emissões em áreas de SD três vezes maiores que nas áreas de PC. Isso se deve à maior
população de microorganismos desnitrificadores no solo em SD do que em PC (Linn e
Doran, 1984), à condição de maior adensamento do solo não revolvido (Bali et al., 1999)
e à maior conservação da água no solo (Baggs et al., 2003, 2006), fatores que têm reflexo
negativo na difusão do 0 2 no solo e que favorecem a desnitrificação (Bali et ai., 1999; Ruser
et ai, 2006; Bhandral et ai., 2007).
A disposição da biomassa cultural residual sobre o solo em SD resulta em emissões de
N O maiores do que aquelas verificadas nas áreas de PC. _Isso ocorre porque a adição dessa
2
biomassa à superfície do solo, além de conservar a unudade desse, como reportado por
Baggs et al. (2006), adiciona grande quantidade de C e N lábil em um pequeno volume dele,
0 que aumenta sensivelmente a sua atividade biológica na superfície, consumindo o 0 2
disponível e criando sítios de anaerobiose, onde, na presença de NO3-, ocorre produção de
N O por desnitrificação, Entretanto, em PC, esse efeito é diluído na sua camada revolvida,
p~ssivelmente por não exaurir os níveis de 0 2 nele, levando a menores emissões de N 2 0
do que em SD, apesar da maior taxa de mineralização da biom~ssa residual em razão do
revolvimento dele (Baggs et al., 2003, 2006).
A conversão de sístcméls sob PC para SD, no enta nto, está longe de ser a rea lização
máxima possível em termos de ac umulação d e C no solo, como fo rma de mitigar a emjsc;ão
de GEEs. O desafio é desenvolve r e melhorar o regime de rotação d cu ltura com
alta prod utividade primária líq uida e as ad ições d C pela fitomassa, a liad o às fo rmas
conservacio nistas de manejo do solo, max im iza ndo os benefícios da SD como es tratégia
para promover o sequestro de C-C0 2 e a qua lidade cio solo.
enc ntra. ntanto, De jardins et al. (2004) encontraram casos de aumento dos estoques
de C no s lo em ár a de pastagen que foram bem-manejadas por vários anos.
Para o Estados de Rondônia e Mato Grosso, Maia et ai. (2009) relataram que os
e toques de C do solo em áreas de pastagens degradadas apresentaram fator de emissão
de 0,91 ± 0,14 % (C - CO2 equivalente), quando comparados com os estoques das áreas de
, egetação nati a, considerando o fator de em.issão da vegetação nativa como sendo igual
a 1. Portanto, o valor de 0,91 indica que houve perda de 9 % do C do solo, em razão da
com ersão de vegetação nativa para pastagens degradadas. Com base nos resultados, os
mesmos autores estimaram que áreas de pastagens degradadas podem perder entre 0,27
e 0,28 t ha·1 ano·1 de C. Outros estudos como os realizados por García-Oliva et al. (2006),
Hughes et ai. (2002) e Brown e Lugo (1990) estimaram que as perdas de C do solo para a
atmosfera nessas pastagens podem variar entre 18 %, 9 % e 44 %, respectivamente.
De acordo com Cerri et al. (2006), se toda área de pastagem degradada da Arnazôn.ia
(13 Mha) recebesse o manejo adequado e fosse recuperada, haveria a possibilidade de
obter taxa de acúmulo de 0,27 t ha·1 ano-1 de C na camada de Oa 30 cm, o que aumentaria
os estoques de C dos solos dessa região, além de deixar de emitir aproximadamente
3,5 Tg ano-1 (Mt ano·1) de C. Nesse sentido, a recuperação dessas pastagens degradadas
passa a ser fundamental e é um dos principais pilares capaz de sustentar e tomar eficaz os
planos de mitigação de GEEs gerados pela agricultura e mudar a imagem desse setor corno
um dos ilões do aquecimento global no Brasil.
Porém, para que esse cenário possa mudar e para que as áreas de pastagens possam se
transformar em drenas de C, devem ser realizadas melhorias por meio de práticas simples
de manejo, como adubação, irrigação e introdução de leguminosas (Conant et al., 2001;
Og]e et al., 2004; Smith et al., 2008). Como consequência da adoção de práticas como essas,
é possível aumentar em 17 % os estoques de C do solo dessas áreas degradadas (Ogle et al.,
2004), o que pode resultar em uma taxa de sequestro de C que varie entre 0,11 e 3,04 t ha·1
ano-1 de C (Conant et al., 2001).
É importante ressaltar que a questão das emissões de GEEs por áreas de pastagens
degradadas é de interesse não apenas do Brasil e, nesse sentido, o IPCC (2007) propôs cinco
principais alternativas que podem ser adotadas pelos pecuaristas do mundo todo e suas
possíveis chances de eficiência (Quadro 2).
A primeira prática de manejo sugerida diz respeito à "Intensidade de pastejo", que visa
estabelecer uma quantidade ideal de animais por hectare de tal maneira que não prejudique
0 desenvolvimento da forrageira, como o perfilhamento, e principalmente que preserve
0 solo para que esse possa fornecer os elementos essenciais para o desenvolvimento da
gramínea, bem como preservar os estoques de C e evitar as emissões de GEEs (FAO, 2010).
A segunda prática refere-se ao "Aumento da produtividade", o que inclui o uso de
fertilizantes. Segundo Conant et ai. (2001), uma das alternativas para elevar os estoques de
c do solo dessas áreas de pastagens degradadas seria por meio do aumento de entrada de
material vegetal, como a liteira, no solo. Porém, para que isso ocorra, devem ser utilizados
fertilizantes e, ou, técnicas como a irrigação dessas pastagens.
Em relação à terceira prática sugerida, "Manejo nutricional", é feito um alerta para
que se utilizem as práticas de adubação comumente usadas em culturas anuais; porém,
deve-se tomar cuidado com a deposição de fezes e urina, principalmente a originada da
criação de ga do, que é difícil de ser controlada (Oenema et ai., 2005) e que é respon ável
pela emissão de gases como o CH1 o N 20, que possuem elevad o PAG.
Quadro 2. Medidas propos tas para miti gação dt1s e missõc.:; de GEEs em á reas de pastagens, c;eus
efeitos a parentes sobre él redução d e emissões e estimativa da confiança científica de que a
prática propos ta pode reduzir as emissões líq u idas no local de adoção
Mitigação liq u idam
Efeitos mitigadoresOJ
Exemplos de práticas de manejo (Confiança)
Intensidade de pastejo ± ± ±
.
Aumento da produtividade + ±
...
Manejo nutricional + ± ....
Manejo/Controle do fogo + + ±
.
Introdução de espécies + ± "
fl>+ indica a redução das emissões (efeito positivo de mitigação); -evidencia aumento da errussões (efeito negativo de mihgaçJo};
± designa res posta incerta ou variável. f2lEstimativa qualitativa da confiança em descrever a prática p roposta como mt!!dida para
reduzir as emissões liquidas de GEEs, expressas em CO2 equivalente: "Comprovada", refer~ .'1 confiança em relaçJo aos d<1dos
encontrados na literatura (quanto ma.is asteriscos, maior é a confiança); " Evidencia", atribui-se à quantidade relafr,a de dad~ q ue
comprovam o efeito das práticas propostas (quanto mais asteriscos, mais provas).
Fonte: Adaptado de [PCC (2007) e Smith et ai. (2007).
em pleno poten iaJ, bem manejadas e adubadas, o Brasil poderá usar um q uinto da área
atual de pa tos para produzir a me ma quantidade em termos de produtos anim ajs e ainda
om menore en1issõe de gases do efeito estufa.
Estoq ue
t ha·1 1986 - Inicio do culti vo e
80 plant io cl;:i past.igcm
)
Vegetação n.itiva
- ~...-...- - - - - ---- -
75
--- -- -- Pas tagem
70 lnteg raç5o
La vou ra-p cuán i.1
0
55
5
q930 1985 1990 1995 2000 2005 2010
Figura 1. Estoques de carbono do solo na camada de 0-30 cm para diferentes uso da terra em
Montividio, GO.
Fonte: Adaptado de CarvaU10 (2009) .
solo antes de ser emitida para a ahnosfera. Nessa situação, o óxido mais reduzido (N20)
será o produt final d minante. Em condições de solo saturado e anaeróbico, grande parte
do 20 reduzida a N 2 antes de ser emitida do solo (Davidson et al., 2000).
É difícil obter a participação relativa do N 20, que é produzido por nitrificação
e por desnitrificação; entretanto, a literatura sugere que, sob condições aeróbicas ou
semianaeróbicas, o N 20 é produzido por microrganismos nitrificantes, enquanto,
em condições de anaerobiose, esse é produzido principalmente por microrganismos
desnitrificantes (Bremner, 1997; Khalil et ai., 2004).
microrganis mos (Bremner, 1997; Moreira e Siquei ra, 2006; Snycler et ai., 2009). Práticas
d e manejo como rotação d e culturas, prepa ro do solo e períod o de aplicação de têm
fortes efeitos nas perdas de N20 e suas inte rações indicam o envolvimento de processos
sinérgicos na emissão de N 20 por solos agrícolas (Tt1n et t1l., 2008).
Temperatura e umidade interferem na ati vidad e d os mic rorg,in ismos respon áveis
pelas reações de ni trificação e desnitrificação. Em temper aturas a menas, t1 taxa de
conversão de compostos nitrogenados é baixa, aumentando à med id a q ue a temper atu ra
também se eleva (Wolf e Brumme, 2002; Akai yma e t ai., 2000). Con tudo, mesm o em
condições de elevada temperatura, quando a umidade do solo é baixa, a e missões de 1 20
também são pequenas (Zhang e Han, 2008). Vários autores demonstraram que a u m idade
do solo também apresenta wna relação direta com a emissão de r 20 (Abbasi e Adam ,
2000; Passianoto et ai., 2003; Carmo et ai., 2005; Ciarlo et ai., 2008; Giacomini et ai., 2006;
Siqueira Neto et ai., 2009; Denmead et ai., 2010). Além disso, quanto maior a quan tid ade
de poros do solo preenchida com água, menor será a aeração, favorecendo o proce o de
desnitrificação. A umidade do solo, no entanto, está positivamente correlacionada com o
teor de C lábil do solo (Davidson e Swank, 1986), C que servirá como fonte de energia aos
microrganismos envolvidos na formação de N 20.
Simojoki e Jaakkola (2000), comparando a adição de N e a irrigação em áreas cu ltivad as
e em pousio, verificaram que a irrigação aumentou aproximadamente cinco vezes as
emissões de N?O do solo. Portanto, a quantidade de água fornecida às plantas pode ser
manejada de fÕrma racional para minimizar os impactos da agrícultura irrígada sobre a
emissão de GEEs. É importante também que os efeitos do manejo da água e da aplicação
dos fertilizantes nitrogenados sejam considerados de forma integrada quando se deseja
que a atividade agrícola reduza sua emissão de GEEs (Cai et al., 1997).
Um fator que também influencia as emissões de N 20 é o pH do solo, pois interfere na
atividade da enzima que reduz N 20 a N 2 no processo de desnitrificação. Em valores baixos
de pH, a atividade enzimática é inibida e a quantidade de N 20 perdida é elevada (Brernner,
1997; Chapuis-Lardy et ai., 2007). O aumento de uma unidade no pH do solo pode reduzir
em 0,2 unidade a fração molar de N 20 emitida (Stevens e Laughlin, 1998). Portanto, o
manejo da quantidade de N03disponível e o do pH do solo são práticas eficientes para
minimizar a emissão de N 20 do solo. É importante destacar que o processo de nitrificação
(aeróbico) tende a reduzir o pH do solo, enquanto a desnitri.ficação (anaeróbico) aumenta
o seu pH (Khalil et al., 2004). Assim, a manutenção do pH em uma faixa adequada
ao desenvolvimento das plantas e o uso de fontes nitrogenadas que não reduzam
consideravelmente o pH do solo também são estratégias para minimizar as emissões de
N 20 em solos agrícolas.
A granulometria do solo é um dos atributos desse que influencia a emissão de ,O.
De maneira geral, solos argilosos apresentam maiores fluxos d e N,O que os arenosos.
Segundo Tan et ai. (2008), as perdas de N 20 após eventos de chuva sãÕ, a pro, imadamente,
quatro vezes maiores em um solo franco-argiloso em comparação a um solo arena-argiloso.
As maiores emissões de N 20 no solo argiloso estão relacionadas à menor quantidade d e
macroporos, que favorece a presença de microsítios anaeróbicos, onde ocorrem as reações
de desnitrificação. Portanto, como o conteúdo de argila do solo não pode ser alterado por
práticas de manejo, em solos com textura m ais argilosa, outras práticas de manejo devem
ser adotadas para reduzir a emissão de GEEs.
ai., 2000; C u et ai., 2007), n taxa de emissão de N 20 também es tá r !acionada à aplica~ão tle
fe rtilizante nitrogenado (Passia no to et ai., 2003; Chen et a i., 2008). De acordo com Zhang
e Ha n (2008), a relação entre as emissões acumu ladas de N 20 e a aplicação de é linea r
e pode ser usada pa ra estimar a emissão de N 20 em razão da dose de N aplicada ao solo.
Com relação aos fertili zantes minerais, a fo rma de ad icionada ao solo também é
determinante nas emissões de NO. A adição de fe rtil iza nte nitrog nado na formil rutricc.1
2 - . .
proporciona aumentos nos fluxos de NO mais rápidos (Carm o et ai., 200'.:>) e mc11s intenso
(Del a une et ai., 1998) que a adição de N ~a forma a moniacal. Considerando a desnitrificaç5o
como o principal processo de formação de 20 nos solos, fontes nítricas podem ser
desnitrificadas imediatamente, enquanto as fontes amoniacais ainda precisam passar pelo
processo de nitrificação para só então estarem aptas a passar pela desnitrificação. As im,
os fertilizantes amoniacais aumentam o processo de nitrificação no solo (Khalil et ai., 2004),
enquanto a aplicação de fontes nítricas estimula a emissão de N 20 por desnitrificação (Ruser
et al., 2006) . Abbasi e Adams (2000) verificaram que entre 60 e 100 % do l adicionado via
fertilizante desaparece do solo 7 d após a a plicação quando se adiciona K1 O v enquanto
resultado similar só é obtido após 28 d quando se u tiliza u ma fonte de r· amoniacal. Além
disso, o efeito da adição de N03• sobre os fluxos de 20 é mais evidente em solos com
menor disponibilidade de N03• do que em solos onde o N0 3· já está presente (Carmo et ai.,
2005).
A emissão de N 20 é reduzida quando há baixa disponibilidade de . · no solo,
aumento na eficiência de absorção desse nutriente pelas plantas (Yang e Cai, 2007) e baixa
precipitação (Perdomo et a!., 2009). Assim, o parcelamento da dose de I • a ser aplicada é
um artifício para reduzir as emissões de N 20. Em condições de solo saturado, mas não
encharcado, aplicações parceladas de KN03 reduzem as emissões com relação à aplicação
total (Ciarlo et al., 2008). A aplicação parcelada aumenta a eficiência no uso de e reduz as
perdas por lixiviação e desnitrificação, apresentando importantes benefícios na mitigação
de GEEs e proporcionando uma produção sem desperdício de recursos e, portanto, mai
econômica (Tan et ai., 2008).
A aplicação de fertilizantes orgânicos ao solo garante o aporte tanto de 1 q uanto de C.
O C lábil é utilizado como fonte de energia pelos microrganismos e, portanto, interfere nas
reações de nitrificação e desnitrificação. Considerando que a umidade e disponibilidade de
N03• não sejam limitantes à produção de N 20 , os maiores fl uxos desse gás são observados
em solos com maior quantidade de C lábil (Ruser et ai., 2006). Os picos de emissão de
N 20 são dependentes do incremento de C lábiJ adicionado ao solo pela decom posição
da biomassa residual das plantas (Passianoto et al., 2003) ou pela adição de dextro e
em condições controladas (Carmo et a!., 2005). Rodriguez et a i. (2011) erificaram, ob
condições controladas, que a adição de lodo de esgoto a umentou as emissõe de CO, e de
N20 em comparação ao tratamento controle. Fernández-Luqueno et ai. (2009) estudaram
o efeito da aplicação de ureia, lodo de esgoto e vermicomposto sobre as emissões de GEEs
durante o cultivo de feijão. O uso dos dois tipos de adubos orgànicos aumentou as emissões
de C02 e de N 20 em comparação aos tratamentos com ureia e sem adição de (controle).
Giacomini et al. (2006) apresentaram que a aplicação de dejeto líquido de suínos aumenta
mais de quatro vezes as emissões de N 20, tanto em SD quanto em condições de preparo
reduzido do solo.
Deve-se dar atenção à relação C/ N da biomassa residual da cultura u adubos
orgâ nicos adicionados ao solo, uma vez que influenciam a disponibilidade de. e ati idade
milho, a adi ção el e 300 mg kg 1 ele N condici ono u um pico de em issão 2,3 vez ' 5 mc1ior qu e
a c1plicc1ção el e 150 mg kg 1 de N (Yang Cél i, 2007).
Deve-se ter em mente que o efeito da adubação nitrogenada interage com os outro
fatores que influenciam a emissão de N"O. Adubações feitas com o tempo eco resultam
em uma pequena emissão de N 20 enquanto aplicações em condiçõe úmida apre-entam
grande resposta no fluxo de N 20 (Smith et al., 1998; Schils et al., 2008; Zhang e r-lan, 200 ).
A aplicação de urna dose concentrada de fertilizante nitrogenado durante o plantio,
quando sucedida por um evento de chuva, propicia condições para em.is õe ele adas de
N 20 (Tan e t al., 2008). Entretanto, o efeito da umidade parecer ser meno importante que
a disponibilidade de N no solo (Gomes et al., 2009) e, portanto, quando o conteúdo de l
no solo é reduzido, mesmo em condições de alta umidade, a emissão de ,O é limitada
(Denmead e t al., 2010). ·
O aporte de 1 , a a perda d 2
particularmente em olos de textura fina e qu
não r el: ram preparo ante do plantio (Tan et ai., 2008; Chen et ai., 2008). Isso ocorre
p rque a ausência de preparo do olo favorece formação de sítios aneróbicos, onde se
proce sam as rea -e de de nitrificação, o que é mais evidente em solos de textura fi.na, já
que a menor quantidade de macroporos dificulta a difusão de gases.
Apre ença de fit ma sa residual na superfície também interage com a disponibilidade
de l no sol e com a emissões de N 20. Hao et ai. (2001) evidenciaram que a remoção de
fitoma a re idual em solos fertilizados elevou as taxas de emissão de N 20. Portanto, em
áreas onde há aporte significativo de N via fertilizante, a presença de fitomassa residual
na superfície fa orece a imobilização do nitrogênio em razão da elevada relação C/N do
material , egetaJ e reduz as reações de desnih·ificação e as emissões de N 20.
Freney (1997) enumerou alguns pontos que devem ser levados em consideração
para aumentar a eficiência de uso de N pelas plantas e que, portanto, têm potencial para
reduzir as perdas de N na forma de N 20: forma, época e dose corretas de aplicação do
fertilizante nitrogenado para sincronizar a demanda de N pela planta e o fornecimento do
nutriente pelo fertilizante; manutenção do solo coberto, evitando que grande quantidade
de fique dispo1úvel em um solo em pousio; adoção de práticas adequadas de preparo
do solo, manejo de irrigação e drenagem da área; racionalização de frequência, área e
quantidade de biomassa queimada; aplicações foliares de fertilizantes nitrogenados; uso
de fertilizantes de liberação controlada; e uso de inibidores da urease para reduzir perdas
gasosas de amônia e perdas secundárias de N20.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
LITERATURA CITADA
Abbas i MK, Adams W /\ . Cascus N emissio n cluring s imu ltane us nitr ífir,1ti(ln-c.1Pn itrificc1ti o n
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Conteúdo
INTRODUÇÃO
Tradicionalmente, as atividades humanas causam impactos diversos ao meio ambiente.
A ação antrópica pode acelerar o processo de erosão dos solos agrícolas, acentuando o
desequilíbrio ambiental. Além disso, o processo contínuo de erosão, ao alterar atributo
físicos, químicos e biológicos do solo, pode gerar redução gradativa (cumulati a) de eu
potencial produtivo, intensilicando ainda mais a degradação desse recurso. ssi.m, a erosão
do solo pode ser entendida corno indicador de que o uso e manejo do solo e da água estão
inadequados, e que práticas conservacionistas precisam ser adotadas.
Bertol 1, De Maria IC, Souza LS, editores. Manejo e conservação do solo e da água. iç a, MG: S iedade
Brasileira de Ciência do Solo; 2018.
84 TIAGO SANTOS TELLES ET AL.
Um dos critérios de decisão quanto à adoção ou não de práticas de manejo com vistas
à consen•ação do solo e da água repousa sobre a ótica das ciências sociais e das ciências
econômicas, mediante a análise de custo-benefício. Por meio dos métodos econômicos,
por e 'emplo, é possível valorar os custos gerados pelos danos causados pelo processo
de erosão do solo, bem como os benefícios da adoção de práticas conservacionistas e dos
serviços ecossistêmicos proporcionados pelo capital natural (Constru1Za et al., 1997) - in
situ 11l e x situo.J. Como os agricultores, na sua maioria, estão inse1idos na lógica de mercado,
informações econômicas são importantes, e até mesmo imprescindíveis, para tomada de
decisões. Em outras palavras, pode-se dizer que, em geral, os agricultores tendem a adotar
práticas consen,acionistas se estas apresentarem benefício ou vantagem econômicas.
Para o caso específico da erosão do solo, o uso desse instrumental foi seminalmente
empregado nos Estado Unidos, por Bennett (1933) e, no Brasil, por Marques et al. (1961).
Em ambos os estudos, há preocupação de demonstrar à sociedade que a erosão das terras
agrícolas, além de perdas físicas(3l, leva a prejuízos socioeconôrnicos significativos.
Assim, o uso dos conceitos e métodos da economia para valoração dos custos
ambientais, bem como dos benefícios socioeconôrnicos da conservação de recursos
naturais, como o solo e a água, é de extrema importância, principalmente na busca de
caminho alternativo de desenvolvimento, que possa ser considerado sustentável.
A sustentabilidade na determinação da adoção de práticas de manejo conservacionistas
está estritamente relacionada a critérios ambientais. Isso porque essas são decisivas para
controlar os danos causados pela erosão do solo expressos, sobretudo, pelas perdas de
água, terra, matéria orgânica e nutrientes e pelos impactos que esses podem causar no
meio ambiente. Além disso, do ponto de vista ecológico, o manejo e a conservação do solo
e da água são de extrema importância, visto que a água doce é um recurso natural escasso,
que tem se tomado cada vez mais caro; e a perda gradativa das camadas de terra podem
tomar os solos improdutivos.
Nesse contexto, a notoriedade do debate sobre o desenvolvimento sustentável, fruto
da percepção de uma crise ambiental global (Nascimento, 2012), suscita a necessidade de
abordagem multidisciplinar sobre a questão, envolvendo, entre outras, as ciências agrárias,
as biológicas, as exatas e da terra, as sociais e as econômicas.
Para tanto, neste capítulo, serão abordadas questões multidimensionais - aspectos
socioeconômicos e ambientais - inerentes ao manejo e à conservação do solo e da água.
agrícola _ da porteira para fora. Considerado como um custo social, custo externo ou custo off-site.
PJ Os dados físicos dão a grandeza qualitativa do processo erosivo.
t4 1Segundo Holling (1973), em ecologia, resiliencia é a capacidade de um sistema restabelecer seu equilíbrio ap -
esse ter sido rompido por um distúrbio, ou seja, sua capacidade de recuperação.
(5J O preço é expresso numericamente por meio da relação entre valor monetário e quantidade física de um ~m,
(7) As imperfeições de mercado ocorrem quando, teoricamente, há influência externa na livre formação de
preços. A questão é saber se uma economia que opera em condições de livre mercado pode alcançar a melhor
alocação de recursos ou se a intervenção governamental pode obter melhores resuJtados. Trata-se de um
conceito intimamente ligado às extemalidades, ao monopólio natural, às assimetrias de informações e aos be
públícos, que, na teoria ec~nómica, são co~i~eradas_falha~ ~e mercado, que impedem que uma economia:
livre mercado, sobre condições de concorrenc1a perfeita, atinJa o bem-estar econômico.
v iabi lizélncl o zis estimativas económ icas. /\ e; pcrdéls que com põem essa avaliação podem ser
s ubdi vidid as cm diretas e indiretas. Os cus tos d ir tos represen tam ílS modificações <lo nível
de despesas em consequência dzi mudança na quJlicléld e do meio élmbie nte e, com maior ou
menor grn u ele dificuldade, são passíveis de mens uração. Os cus tos indír toc, englobélm um
conjunto ele diversas perdas abs tratas, custos sociais e, invJricl velmente, ap resentam e-xtrema
dificuldade em s ua afe rição.
Em su a essência, a va lo ração de cus tos e bene fíc ios está relac ionad a ao conceito de
valor econômico tota l desagregado pela soma do va lor de uso, opção e ex istência. Segundo
Pearce (1993), a taxonomja de valores econô micos relélcíonados ao meio c1mbient , q uando
exis te um merca do para o recu rso natura l ou para os serviços ecossis tém icos, tendo o seu
valor de uso ca lculado por meio do preço, é mais facilmente reconhecida. Ac;sím, o va lo r
de uso representa o valor ah·ibuído pelas pessoas pelo uso o u pelo usufruto dos recursos
na turais. Ele é composto pelo va lor de uso direto - em que o indivíduo us ufruí no período
corrente de um recurso, visando, por exemplo, a extração, vis itação ou alguma ou tra fo rma
de atividade produtiva ou de consumo direto - e pelo va lor de uso indireto - em que o
benefício do recurso é d erivado de suas funções ecossistêrrucas. Po rém, aq uelas pessoc1
que não usufrue m no presente de serviços prestados pelo meio ambiente podem também
atribufr um valor a esse. Tra ta-se de um valor relacionado a usos futuros que podem gera r
alguma forma de benefício ou sa tisfação aos indivíduos. Esse valor é entendido como valo r
de opção, ou seja, opção para uso futuro ao invés do uso presente, conforme compreendido
no valor de uso. O valor de existência caracteriza-se como um valor de não u o. Representa
um valor atribuído à existência do meio ambiente, independentemente do seu uso a tual
ou futuro. Denota um valor conferido pelas pessoas a cer tos recursos ambientais, como
florestas e anirnajs em extinção, mesmo que não planejem usá-los ou ap reciá-los. Des a
forma, a teoria econônuca, por s i só, não é s uficiente para trata r adequadamente da relação
custo-benefício relacionada aos recursos naturais na plerutude de s uas características.
Na economia, o ponto ótimo de a locação de recursos se d á no momento em que a
produção não pode ser alterada para aumentar a utilidade de um indivíduo sem diminuir
a de outro. Dessa forma, para se atingir o "ótimo de Pareto", tam bém chamado de first-
best solutioll, são necessárias condições, como exis tência de preços eficientes e a usência de
custos de transações, que impeçam as trocas e os direitos de propriedades não atenuados.
Muitas vezes, por suas características e em se tratando de recursos naturais, tal solução não
é possível de ser atingida (Sen, 1993).
O critério de Pare to pressupõe uma s ituação em que os recursos de uma economia são
alocados de tal maneira que nenJ1uma reordenação diferente possa melho rar a ituação de
qualquer pessoa (ou agente econôrruco), sem piorar a situação de qualquer outra. A si m, a
condição necessária para o máximo do bem-estar é que seja impo sível a lterar a forma pela
qual a sociedade usa seus recursos naturais para melhorar a situação de alguém sem piorar
a de outro. Porém, na prática, isto não acontece, principalmente na sociedade de consumo.
Por isso, análises de cus to-benefício devem ter enfoque ecológico e erem
desenvolvidas, considerando aspec tos técnicos, amb ientais, insti tucionais, organizacionais,
comerciais, financeiros, gerenciais, econômicos e sociais (cu lturais e políticos), inclusive
quando utilizad as para avaliar sis temas de produção agrícola, tanto do ponto de v ista do
produtor quanto da sociedadet8l .
Além disso, a an álise custo-benefício pode ser entendida como método de a aliação
social, quando produz informações para direcionar a alocação de recurso e cass ,
<HJ Tanto os produtores quanto os consumidores não querem arcar .:om os prejuízo da degrada Jn ou dos us tos
da conservação. A questão central a refletir é como pagar essa conta.
Efeitos in situ
A maioria dos trabalhos feitos com o propósito de analisar as consequências
econômicas do manejo e da conservação do solo e da água refere-se aos impactos in situ da
erosão do solo. Como exemplo, têm-se os trabalhos de Walker (1982), Gardner e Barrows
(1985), Hertzler et al. (1985), King e Sinden (1988) e Palrnquist e Danielson (1989), os quais
estudaram o efeito da erosão e conservação do solo sobre o valor das terras agrícolas; os
de Pierce et al. (1984), Dregne (1990), Pimentel et al. (1995) e Xu e Prato (1995), os quais
analisaram os custos da erosão do solo em termos da perda de produtividade das terras
agrícolas; os de Swanson e MacCallum (1969), Pape Ili et ai. (1983) e Barbier (1990), os quais
verificaram o impacto da erosão e da conservação do solo sobre a renda dos produtores;
e os de Bennett (1933), Marques et al. (1961), Larson et aJ. (1983), Tengberg et al. (1997),
Berto! et ai. (2007), Pugliese et aJ. (2011) e Dechen et ai. (2015), os quais estimaram os
custos gerados pela erosão em razão das perdas de água, terra e nutrientes para diferentes
culturas, tipos de solo e sistemas de manejo. Essas análises foram feitas considerando-
se diferentes escalas geográficas: país, estado, mwúcípio, bacia hidrográfica e parcelas de
12
erosão em áreas experimentaisC >.
Na maioria desses estudos, se busca estimar o impacto econômico da erosão do solo
pela vaJoração desse sobre o custo de produção, tornando por base os custos e benefícios
M o benefício líquido é a diferença entre as receitas e os custos de produção, evidenciando qual a quantidade
mínima a ser produzida para que as receitas paguem os custos de produção.
<•111 o excedente do consumidor é uma medida da mudança do bem-estar de um indivíduo e m razão de uma
mudança no ambiente econõnúco. Representa a diferença entre a quantidade máxima que o consumidor está
d isposto a pagar pelo bem e a quantia realmente paga.
01, Extemalidade é o impacto das ações de alguém sobre o bem-estar dos que estão ao entorno. A externalidade pode
ser negati a, quando gera custos a terceiros, como a de uma fábrica que poluí o ar, interferindo a comunidade próxima.
Pode ser positiva, quando os demais agentes, involuntariamente, se beneficiam, a exemplo dos investimentos
gm·emamcntaís cm infraestrutura e equipamentos públicos. Coase (1960) argumentou que as externalidades existe m
em razão da ausência de mercado e direitos de propriedade bem definjdos.
112, A mafor parte d esses estudos é realizada em parcelas de erosão, em áreas experimentais, e os resultados
extrapolados para diferentes e calas geográficas.
gerados por outros bens ou c;crviços qu e t nha m -,eus prcçoc; dctc rm inadoc; p lo mercadn
/\ssim, para a aplic.ição cl es-,c mé todo, prímc ir,:imen te são d terminadas as p rdas f1sic.1c:;
geradas pela erosão do solo, como nutri entcc;, produção ilgrícolc.1 te., e, em .;egu,da,
estabelece-se o va lor económico dessas p rdas. No caso •specífico dac:; perdas de nutrientes,
essas são con ve rtidas em fe rtiliza ntes comerciais, qu e tém preços d e mercado possibil ita c1
estimativa dos custos.
Os efeitos i11 sifu da erosão do solo atingem diretamente as terras aericu ltá veis pela
perda de água, terra, maté ria orgâ nica e nutrientes, resultando e m a umen to nas despesas
para ma nute nção da fertilidade do solo. Isso porque, na tenta tiva de eq uacionar o
problema, muitos agricultores adotam medid as de compensação, a plica nd o volumes c,:ida
vez maiores de fertilizantes, que majoram os seus custos de produção - tanto pelo cu to
dos fertilizantes quanto pelo custo operacional de s ua aplicação. Essa dinâmica encontra
res paldo na essência das definjções de tolerância de perda de ol o, que leva e mbu tida a
ideia de manutenção da produtividade (Sche rtz, 1983).
Os estudos de Wilcox (1938), Ibach (1945), Weitzell (1947), Blos cr (1953), McCon nell
(1983) e Lutz et ai. (1994), entre tantos outros, retrataram os a pectos econôm icos q ue
podem determinar a adoção ou não de tecnologias com vista à conservação do solo,
relacionando tal decisão à fertilidade e produtividade das terras agrícolas. De fo rma geral,
tendo em conta a tolerância de perda do solo à erosão, o uso do solo com detennínad o
nível de fertilidade natural pode ser benéfico para o produtor durante o tempo em q ue
o seu uso representar custos menores do que seriam se a fertilidade tivesse que ser
mantida. Nesse caso, o impacto da erosão do solo é visto un ica mente como depleção da
fertilidade - enquanto não ocorrer a deterioração da produtividade do solo. Como isso
resulta em maiores receitas e retornos líquidos para o produtor, haveria desestímulo em
se adotar sistemas de manejo conservacionista, pois, no curto prazo, esse demandariam
investimentos, terraços, por exemplo, aumentando os custos e reduzindo os rendimentos.
Entretanto, quando o sistema de exploração do solo diminui a s ua fertilidade natural e
causa também a redução da produtividade, as consequências econõrrucas para o produtor
são maiores. Os retornos líquidos são menores que a receita líquida e, consequentemente,
a renda auferida com o uso da terra, bem como o valor decrescem anualmente.
Além disso, in situ, as perdas geradas pela erosão leva m à diminuição da profundidade
dos solos cultiváveis e da umidade disponível para as plantas, podendo limitar o que pode
ou não ali ser cultivado, acarretando instabilidade na produção de alimentos, aumento
dos preços dos produtos agrícolas, sobretudo das co111111odities (Baver, 1931; Fletcher,
1985), desvalorização das terras e, até mes mo, seu abandono (Fletcher, 19 S; Palmquist e
Danielson, 1989; Tegtrneier e Duffy, 2004).
Para Bunce (1942) e Colacicco et ai. (1989), do ponto de ista econômico, o danos
da erosão do solo na produtividade podem ser de dois tipos: permanente e temporários.
Os danos permanentes ocorrem quando o potencial produtivo é interferido pela redução
da profundidade de enraizamento e pela perda de capacidade de retenção de água. Isso
provoca uma queda permanente dos ganhos com o uso e a venda de terras e, eventualmente,
maiores preços do produto para o consumidor. Por sua vez, os d anos temporário se
referem à alteração do potencial produtivo causada pela perda de nutriente · e utros
insumos, que podem ser repostos a um custo igual ou menor que o custo da conservaç5o
do solo e da água. Nesse caso, não ocorre redução permanente da produtividade nem da
receita obtida com o uso e comercialização das terra agrícolas.
Exi tem, também, outro impactos ligados à produção, como: gastos adicio na is
com irri a ào, cu tos de replantio, perda de investi mentos em sistemas de produção
melh rado ·, que e t m am ineficientes em função da erosão do solo, a lé m de cu s tos
com maquinário e mão de obra, necessários parn reparar os danos gerados pela erosão
do solo. Assim, a pes oas que vivem das atividades agrícolas, em terras suje itas a
proc o contínuos de erosão do solo, gradativamente empobrecem, pois su a renda terá
comportamento decrescente e proporcional ao impacto da degradação das terras agrícolas
sobre ua produção.
a área onde a erosão limita ou inviabiliza a produção, o trabalho no campo
dei 'ª de compensar o esforço e os investimentos; assim, famílias e trabalhadores rurais
acabam m.igrando para os centros urbanos, que, por sua vez, recebem uma mão de obra
despreparada para outro tipo de h·abalho que não aquele ligado ao campo, dando origem
aos chamados bolsões de pobreza (Santos, 2005).
Contudo, a decisão de implantar ou não wn sistema de manejo com vistas à conservação
do solo e da água está condicionada às relações em que os produtores rurais estão envolvidos:
relacionamentos sociais, ideais culturais e valores morais. O meio social, do qual cada
pessoa faz parte, opera no sentido de moldar e reforçar suas práticas. O resultado disso é
um tipo de socialização que faz com que o indivíduo internalize profundamente a adoção
das normas de comportamento convencional ao grupo a que pertence. Assim, se o grupo ao
qual esse está inserido adota o sistema de manejo conservacionista, esse será influenciado,
indiretamente, a adotar um comportamento semelhante ao dos demais. Segundo Keynes
(1992), isso ocorre porque o sistema capitalista traz consigo incertezas em relação ao futuro,
e, como os agentes econôm.icos são racionais, esses adotam comportrunento semelhante ao
de seus pares.
Além disso, o processo contínuo de degradação dos recursos naturais, sobretudo da
água, pela ótica da racionalidade econômica, representa um processo de empobrecimento
da sociedade, pois quanto mais caro o processo produtivo for, mais elevado será o
preço dos alimentos, reduzindo o poder de compra dos consumidores, com inúmeros
desdobramentos sociais e macroeconóm.icos (Napier et al., 1991; Alfsen et al., 1996).
Nesse contexto, cabe ao Estado subsidiar e assistir os produtores rurais desprovidos
de capital para realizar os investimentos necessários para adoção de sistemas
conservacionistas, tendo em vista que a degradação dos recursos naturais, especialmente
do solo e da água, impacta toda a sociedade. Por isso, políticas públicas que possibilitem
e estimulem a adoção dessas práticas são indispensáveis, contribuindo sobremaneira para
o desenvolvimento sustentável.
Efeitos ex situ
Os impactos ex sítu da erosão transcendem os Iim.ites da w1idade de produção agrícola,
influenciando não só outros agricultores, mas a sociedade como um todo (Clark II, 1985;
Colacicco et aJ., 1989). Esses efeitos, quando negativos, têm implicações econômicas,
principalmente na forma de diminuição de utilidade de um ou mais indivíduos, ou, no
caso da erosão do solo, no aumento dos custos de produção de um ou mais produtores.
Segundo Mishan (1971), o termo externa lidade (ou efeito ex -itu) é comumen te definid
em razão da resposta da produção d e uma empresa (rw-al ou urbana) ou da u tilidade de
uma pessoa à atividade de outras firmas e, ou, outras pessoas. Salienta-se que o efeito de ·e
ser direto, ou seja, por meio de elementos ou variáveis embutidos nas respectivas funçõe
de produção e de utilidade das firmas ou dos indivíd uos influenciados.
O efeito ex sit11, em geral, não é uma criação deliberada o u intencional, mas corre~ponde
a um s ubproduto de uma atividade desejada, o u não, pela sociedade - externalidade
do processo de produção do setor agrícola. Nesse contexto, a produção agrícola é uma
atividade desejada pela sociedade. No enta nto, essa pode gera r, como su bproduto, a
erosão acelerada do solo, que por sua vez se to rna fon te de poluição dos corpo de água ia
sedimentos e elementos químicos arras tados. Essa poluição consti tui uma externalidade
negativa da agricultma, não desejada pela sociedade.
pr cesso r siv hídrico p de arra lar não só partículas de solo como também
elemento quími os (nutrientes e defensivo agrícolas) até os corpos d'água (córregos, rios,
res rvatório , lag s etc.), gerando inúmeras externalidades e, entre essas, a sed ime ntação
e poluição.
A principai ext rnalidades estão ligadas à sedimentação (Clark li, 1985; Huszar e
Piper, 19 6; Cr wder, 19 7; Pimentel et al., 1995; Steiner et ai., 1995; Montanarella, 2007),
que nada mais que o transporte dos materiais carreados pela enxurrada e acumulados
no ítio de depo ição. Para estimar os custos associados a esse processo, inicialmente
os pesquisadore precisam discriminar o sítio de deposição que pretendem trabalhar,
ejam esses o corpos d'água, estradas, ferrovias, propriedades vizinhas, ou outros, para
posteriom1ente determinar a quantidade de sedimentos que o atingiu.
Quando o sítio de sedimentação é um corpo d'água, haverá redução do leito do canal
fim ial, diminuição da capacidade dos rios, córregos, reservatórios e valas de drenagem,
aumento do risco de inundações, bloqueio de canais de irrigação, encurtamento da vida
útil das represas e danos para a fauna e flora aquática e silvestre, pela destruição de suas
fontes de alimento, esconderijos e lugares para aninhar (Clark II, 1985; Forster et al., 1987;
Robertson e Colletti, 1994; Pimentel et ai., 1995; Uri, 2001). O fluxo de sedimentos, ao atingir
córregos, rios e barragens, ocasiona modificações no sistema de deflúvio e problemas
ao meio ambiente, alterando-lhes a estrutura e ecologia e potencializando prejuízos à
na, egação, à captação, ao armazenamento e à distribuição de água para o abastecimento
urbano, à irrigação, à drenagem, à recreação (Ribaudo et al., 1989; Hansen et a1., 2002).
Por sua vez, os principais impactos fora dos corpos de água se referem ao aumento dos
custos de bombeamento, condução e tratamento de água, à elevação da magnitude das
inundações e dos deslizamentos de terras (Clark II, 1985). De forma geral, esses custos são
calculados pelas despesas com os reparos dos danos gerados nas áreas atingidas por esses
fenômenos.
Com a sedimentação, a infiltração da água no solo é reduzida, podendo ocorrer
aumento no volume da enxurrada. Com isso, tornam-se mais frequentes as súbitas
elevações de vazão e cresce a poluição por causa das maiores quantidades de resíduos
conduzidos aos cursos d' água, como partes de plantas, dejetos de animais, fertilizantes e
defensivos agrícolas. Vale ressaltar que os sedimentos podem aumentar os teores de N e de
P nos corpos d'água, resultando em eutrofização (Pimentel e Kounang, 1998). Além disso,
por meio do processo de degradação dos solos é liberado o C02 na atmosfera (Lal, 2007;
Salvati e Zitti, 2009).
Quando atingem, por exemplo, hidroelétricas, haverá necessidade de dessedimentação,
que acarretarão custos operacionais de desassoreamento dos recursos hídricos (Hitzhusen
et al., 1984; Marques, 1998), com impacto nos gastos da geração de energia elétrica (Marques,
1998), que serão repassados aos consumidores. Muitas hidrelétricas e muitos projetos de
irrigação foram abandonados em consequência da erosão (Crowder, 1987; Colacicco et al.,
1989).
0 caso de atingirem estações de tratamento de água (Hitzhusen et al., 1984), haverá
intensificação do uso de produtos químicos relacionados à turbidez da água, elevando os
custos de oferta de água tratada para o consumidor final.
Quando atingem estradas, carreadores, ferrovias e outros caminhos, além do custo de
remoção do sedimento, existem os de manutenção e reparos dos danos causados.
Dessa forma, i1 o pe rac iona lização cios cus to ex çi fu é fe ita pel,1 agrega ão dos gac;toc;
cfelw1dos llél r pélração cios efeitos negativos provoca dos po r a lg um di c; túrbio na produ ção
ou pelo bene fíc io gerado pe la repa ração ele um dano.
Ademais, os custos ex sit11 pod em ter cons quéncias macro conôm ic,1s, determinando,
por exemplo, o aumento no preço d as co111111odítíes agrícolils (A lfsen et ili., I 996; Coh n et
a i., 2006).
A produção agrícola gera lmente se encontrn s ujeita a um í_te ma bem e p cífico de
direitos de propriedade(IJJ e de estrutura d e p reços, mas o seu s ubprod uto "erosão" não é
desejado e nem incorporado nos mercados. Além do milis, os cus tos globai c; da produção
agrícola que provoca m efeitos ex sítu em razão da erosão são maio res que os cus tos í11 -:ífu.
Assim, é de interesse dél soc iedade, por intermédio do Es tad o, a fo rmulação de
políticas públicas visando à conservação do solo e da água, quando: (i) a conservação é
econorrticamente vantajosa para o produtor agrícola de forma indi vidual, mas esse não
a a dota; desse modo, políticas públicas visando à conservação desses recursos naturai
são desejáveis porque s ua execução aumentaria os retornos líquidos do indivíduo da
sociedade; e (ii) a conservação não é economicamente vantajosa para o produtor, ma
sim para a socied ad e; nesse caso, a justificativa econômica é que, sem a impl antação das
politicas públicas, os retornos líquidos sociais seria m menores que os retornos líquido
privados, tornando fins intangíveis objetivos sociais apoiados pela maioria das pessoa
por meio dos mecanismos políticos existentes. Apesar de a valoração econômica er difícil,
supõe-se que a utilidade da sociedade aumentaria com a implantação das política pública ,
inclusive se os indivíduos interferidos forem compensados. l o entanto, em geral, quem
tem conhecimento científico para tratar do tema não elabora leis, e quem as elabora não
tem conhecimento suficiente para tratar do assunto. Nesse sentido, há a neces idade, por
exemplo, de se inserir a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS) nesse debate, visto
que os cientistas dessa Associação devem se apresentar aos gestores municipais, e taduais
e federais como uma sociedade organizada e especializada na temática, colaborando na
elaboração de políticas públicas voltadas ao manejo e à conservação do solo e da água.
Somente assim, os critérios técnicos passariam a ser mais importantes do que os politicos,
tornando mais efetiva a governança do solo.
113>De
acordo com a Constituição Federal de '1 988 (Art. 225), todos têm direito <10 meio umbien te e..:ologicamente
equilibrado, bem como de uso comum do povo e es encinl :'I sadia qu.1lidade de vida, impundo-s.:- ,1o p Jer
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e pre ' t'rvá-lu p.1rn ,1S p~~e ntc - e futur:is >eraçõe ·.
Exemplo 2. Cu to x situ.
Oark li (19 5) estimou para o Estado · Unidos que as externalidades geradas pela
fonte difusa de poluiçao originada da agricultura implicou emprejuizos de aproximadamente
2, bilh de dólar : 830 milhões de dólares tfocorrentes dos danos às atividades recreativas,
-O milhõ de dólares em razão da perda de capacidade dos reservatórios, 180 milhões de
d lare referente a ustos com navegação, 250 milhões de dólares em prejuízos decorrentes
de inundaçõe ; 100 milhões de dólares em perdas com instalações de canais de irrigação,
valas de drenagem e bombeamente de água, 30 milhões de doláres com o tratamento de água
e 990 núlhões de dólares gerados por outros impactos.
Forster et al. (19 7) apontaram que uma redução de 25 %na erosão do solo dirninuiria
em USS 2,7 milhõe os custos anuais com tratamento de água no Estado de Ohio, Estados
Unidos.
Holrnes (1988) determinou, para os Estados Unidos, o efeito marginal da turbidez
sobre o custo de tratamento da água. Os resultados indicaram que o aumento de 1 % da carga
de sedimentos produzida pela erosão do solo causa um acréscimo de 0,05 % nos custos de
operação e manutenção nas estações de tratamento de água.
Para a bacia hidrográfica do Rio Sapucaí-Mirim, localizado ao norte do Estado de São
Paulo, Marques (1998) estimou que os custos anuais gerados pelo impacto da sedimentação
são de aproximadamente US$ 10 milhões.
A erosão do solo
O processo de erosão consiste no dcs pr nclimento e urrast ele pélrtículc1s cauc;ados,
principal mente, pela ação da água e do ve nto. A ação a ntrópicJ acelera o processo de
erosão por me io, enlTe outros fatores, cio manejo inadequucl o do solo.
A erosão ca usada pela chu va, também no minada ele erosão híclricJ, J tinge a maior
parte do planeta (Zachar, 1982). Ela é urna das principa is formas d e clegr.:idaçãu cio<; solos
agrícolas no Brasil. Trata-se de um processo q ue oco rre, basicc1mente, em quutro fases:
impacto das gotas da chuva no so lo, d esagregJção, trnnsporte e deposição de partículas.
Além da água da enxurradél e das pa rtíc ulas de solo em s uspensão, no escou mento
supe rficial são trans portados nuh·ientes e matéria orgânica. O processo erosivo pode
alterar a tributos qu ímicos, físicos e biológicos do solo, contribuindo pzira o declínio de suil
fertilidade e, consequentemente, de sua capacidade produti va (Lal, 1997, 2001; Morgan,
2005).
A chuva é o fator climá tico de major import5ncia na erosão do solo, visto vi to que o
volume e a velocidade da en xurrada depe ndem da sua intensidade, duração e frequência.
As características físicas do solo, principalmente textura, estrutura e permeabilidade, vão
determinar a velocidade da infiltração da água no solo e, por conseguinte, o vol ume de
enxurrada. Face à quantidade e intensidade das chuvas nas regiões tropicai , a preocupação
é como diminuir o impacto das gotas de chuva no solo e conter o escoamento supe rficial,
uma vez que quantidade e intensidade das chu vas não são passíveis de controle. l o Estado
de São Paulo, por exemplo, o Instituto Agronômico (IAC) registrou va lores de até 150 mm
h-1 de intensidade máxima da chuva em 15 mjn.
Os índices de erosividade da chuvaP·1l médios anuais (fator R da Equação Universal de
Perdas de Solo - USLE, deterrrunados pelo El 30), no Brasil, apresentam grande variabilidade
espacial, o que é natural, decorrente da diversidade climá tica existente entre as distinta
regiões do país, indicando diferentes níveis de risco à erosão hídrica. Segundo Oliveira
et ai. (2013), no Brasil, 35 estudos utilizaram dados de precipitação pluviométricas para
realizar o cálculo desse fator - 60 % deles concentrados em cidades das Regiões Sul e
Sudeste. A erosividade anual da chuva no Brasil variou de 1 672 a?? -152 i'vIJ mm ha·' h·1
ano-1. Os menores valores foram encontrados na Região Nordeste, e os maiores na Região
Norte, sendo que a erosividade da chuva tende a aumentar de leste a oeste do país. t os
Estados Unidos, os valores do índice de erosividade média anual na major parte do pais
estão abaixo de 5 900 MJ mm ha-1 h·1 ano- 1; apenas no extre mo s udeste esses valores podem
chegar a 8 500 MJ mm ha-1 h-1 ano-1 (Wischmeier e Smith, 1978).
Se a quantidade de chuva e a intensidade d ela são componentes importante no
manejo dos solos nos trópicos, esses per se são motivo de cuidado , pai a erodibilidade
de cada solo<15) (fator K da USLE), sua s uscetibilidade e tolerância à ero ão ão que tões
essenciais para determinar as práticas agrícolas.
A tolerância de perda d e solo(16l é a quantidade de te rra que pode ser perdida por
erosão, expressa em toneladas por unidade de superfície e por ano, mantendo ainda o solo
4
fl l A erosividade cons is te no pote ncial da chu va em causar cros.'io hídrica e~ represt'n tad..i pelo produto t'ntre ,1
energ ia ciné tica to ta l da chu va (Ec) e a intensidade m áx ima em 30 min (130).
l'5J A erodibilidade do solo cons iste na s uscetibilidade o u vulnerabilidade do solo à en são hídrica, sendo um
atributo intrínseco a cada tipo de solo.
110
>Esse conceito, no Bras il, foi tratado por Sparovek e De M.1ria (2003) e Berto ni e Lumbardi I t!to {2010).
em ele, ado nív I de produtividade por longo período de tempo. Essa tolerâ ncia reflete a
perda máxima de solo que e pode admitir, com um grau de conservação, que mantenha
uma produção econômica em futuro previsível, com os meios técnicos atuais(17l.
'1.annigel et ai. (2002) determinaram, para solos do Estado de São Paulo, valores de
tolerância de perda por erosão enh·e 2,68 e 14,70 t ha·1 ano·1 e valores de K de 0,0044 a
0,4278 t ha h ha·1 MJ·1 nurr1, para o horizonte A; e de 0,0038 a 0,5750 t ha h ha·1 MJ- 1 1nm·1,
para o horizonte B.
AI m de água e terra, no processo de erosão são transportados m atéria orgânica,
nutrientes e defensivos agrícolas; a falta de matéria orgânica e de nutrientes pode
comprometer o desenvolvimento das plantas, e o transporte de defensivos pode ser fonte
de poluição.
Por isso, se em primeiro momento as pesquisas visavam à determinação do quanto se
perdia em água e em terra pela erosão, em segundo momento essas também se concentraram
nas perdas de matéria orgânica e nutrientes geradas pelo processo erosivo (seletividade da
enxurrada e taxas de enriquecimento do sedimento).
Estudos sobre a perda de matéria orgânica e nutrientes pela erosão do solo e o efeito
da queima da biomassa cultural residual nesse processo, no Brasil, são bastante antigos
(Grohmann e Catani, 1949; Grohmann et al., 1956; Verdade et al., 1956); um dos fatores
que determina a queda dos teores de matéria orgânica em áreas cultivadas é a perda da
camada superficial do solo arrastada pela erosão, especialmente porque essa se concentra
nos primeiros centímetros do solo.
O manejo da palha e o sistema de produção influenciam a erosão e as quantidades
de matéria orgânica no solo (De Maria et al., 1999; Craswell e Lefroy, 2001; Calegari et al.,
2008). Assim, na maioria dos casos, o teor de matéria orgânica diminui em solos sob cultivo
em relação aos sob vegetação natural; um dos fatores que contribui para isso é a erosão.
Entretanto, em alguns casos, há diminuição inicial no teor de matéria orgânica do solo com
posterior recuperação em teores semelhantes; porém, com qualidade diferente, em razão
do tipo de biomassa cultural residual depositada.
Vários estudos abordaram o manejo da matéria orgânica do solo; entre esses cabe
destacar: Reicosky et al. (1995), Reeves (1997), De Maria et ai. (1999), Six et al. (1999, 2002),
Machado e Silva (2001), Zinn et ai. (2005), Hobbs et al. (2007), Calegari et al. (2008), Dieckow
et ai. (2009) e La Scala Júnior et al. (2012). Em linhas gerais, pode-se dizer que os teores de
matéria orgânica em condições naturais variam em razão do tipo de umidade do solo e
da vegetação. Esses teores, entretanto, são alterados pelos cultivas. Os solos cultivados
apresentam, normalmente, teores de matéria orgânica mais baixos que os sob vegetação
nativa. As perdas de matéria orgânica nos solos cultivados ocorrem pela oxidação dos
compostos orgânicos e pelo arraste da camada superficial do solo pela erosão hídrica. Os
rnanejos de culturas que controlam as perdas de terra diminuem as carências de matéria
orgânica, mas, nem sempre, são os que mantêm maior teor de C orgânico no solo. A
rotação de culturas e a adubação verde trazem significativos aumentos de produção das
<17)SoJos com B textura! apresentam valor menor de tolerância de perdas (4,5 t ha·1 ano-1) , pois têm acúmulo de
a rgila nos ho rizontes B em relação ao horizonte A, criando tanto um gradiente textura! quanto wn gradiente
de drenagem entre os horizontes, d e modo que as camadas superficiais ficam mais sujeitas ao processo de
erosão. Solos com B latossólico, de modo geral, são profundos e sem diferença textura) acentua da entre os dois
horizontes, apresentando boa drenagem interna e, portanto, os limites de tolerância de perdas de solo são m ais
e le vados (15 t ha·1 ano·1).
culturas cconümirns por umíl co mbinoção de cl iferent s fato res. Por ' m, o aum 'nto no teor
de matériíl orgânica no so lo, quando ex is te, é muito pequeno. As legum ino5as são mai ·
efi cientes e m incorporar N ao solo, podend o, em a lguns cac;os, dis p nscJr ,, adubação de
coberturn com esse elemento feita em cletcrmimd as culturas. Entretanto, JS gr mínea
aumentam o teor de maté ri a orgãn icél do solo, ex igind o, porém, maior quantidade de
adubo nitrogenado. Nos ma nejas d o so lo no rmal ment • uti lizados em cu lti vas extensivos
sempre há queda no teor d e maté ria orgâ nica cm relação à situação inicial, qualquer que
seja a prática utilizada. O preparo do solo, a umenta nd o a aeração e alterando a quantidade
de material vegetal, que retorna ao solo, é, provavelmente, o fato r que mais influencia
esse processo. Dessa forma, o a umento do teor d e matéria orgâ nica do solo ó é po ível
com sistemas conservacionistas, especialmente a semeadura ou o plantio di reto. 1 e es
sistemas, o decréscimo no teor de matéria orgânica cio solo, em relação ao solos coberto
com vegetação nativa, é menor, mas a quantidade de matéria orgânica no solo sobes es
sistemas dependerá, também, da textura do solo, do regi me hídrico e da q uantidade de
matéria deixada na superfície.
Já as perdas de nutrientes pela enxurrada têm considerável impacto ambiental, por
serem fontes de po]ujção. Por isso, não é de hoje que o assunto preocupa pesquisadore
brasileiros (Grohrnann et aJ ., 1956; Verdade et ai., 1956). Segundo Seganfredo et JI. (1997) e
Scruck et ai. (2000), há ação selecionadora da enxurrada, que trans porta, principalmente e
em maior proporção, o material mais fino do solo (mais ativo); as perdas de nutriente ão
proporcionais à quantidade de solo arrastada e ao volume de enxurrada. Em linhas gerais,
essas constatações evidenciam que quanto maiores forem os volume de sedimentos e da
enxurrada, mruores serão as perdas e os impactos ambientais gerados.
Em relação às perdas de nutrientes por erosão, Castro (1991) estimou, para o Estado
de São Paulo, carências anuais correspondentes a 939 kt de sulfato de amônia, -t7 kt
de superfosfato simples, 987 kt de cloreto de potássio e 2,2 Mt de caJcário dolomítico,
equivalentes, na época, a 447 mühões de dólares em fertilizantes e corretivos.
D' aco rdo orn L •ilc ct él l. (2009), é\<; perda~ d e águJ, eh modo gcrél l, tê m <.ido vu ri;:id ,1
e bem m enos influcnciaclac; pclél cobcrturél que éJ <; de terrc1 . Os rec;ultacl os de p rc!J de ,ígua
n5o tê m ap resentado um paclr5o, sendo observada s p relas de águél méliore'-, o ra no prepMo
con ve ncional , o ra no pre paro redu z ido ou nél sem 'élclura clircl,1, ou m smo c:;cmclh,rnte
entre os diferentes manejos. Esses eventos, e:; g und o os élutorec:;, estJo relacionad os éln
regime d e chu vél, tipo d e solo, topografia, sequê nciZI e rotZ1 çJo de culturc1s uti lizadc1s no
m anejo do solo.
Assi m, a cobertura permanente do solo e a consolidação e estabi liz<1ção de ua
es trutura n5o cons tituí condição si11e q11n 110 11 para controla r a erosão hídrica . /\inda que J
cobe rtura do so lo tenJ,a a capac idade de dissipar a energia ci né tica da chu va, não e limina
a possibilidad e de haver perdas, embo ra atue na redução da velocidade do escoc1mento
supe rficia l e na ca pacidade eros iva da enxurrada.
Dessa forma , com o d esenvol v imento da semead ura direta, que pe rmi tiu sua adoção
nas mais di versas condições edafoclimáticas e para dife rentes cultu ras, essa técnica pa sou
a ser considerada como a principal prática de controle da erosão o u de conservação do
solo, tornando-se um dos principais manejas d o so lo adotados no Bra il. De aco rdo com
o Censo Agropecuário 2006 (Ins tituto Bras ile iro de Geografia e Estatística - IBGE, 2009), a
semeadura dfreta ocupava aproximadamente, 17,9 Mha, representa ndo em torno de ➔ , '':,
das terras agrícolas utilizadas com lavouras tempo rá rias no Brasil (Llanillo, 2013). Ma ,
vale lembrar que a semeadura direta é uma prática conservJcionista, e que em gera l outra_
são necessários para garanti_r a conservação do solo e da água. Por isso um p lanejamento
conservacionista da propriedade rural é essencial.
Embora já exi tam muito tTabalhos indicando as diferenças entre o m a nejo dos
atributos químicos do olo em preparo convencional e em semeadura direta, ainda
são nece árias estudo para definir a melhor forma de amosh·agem e de avaliação da
di ponibilidade de nulTientes, culminando em recomendações de adubação mais exa tas.
O gastos com fertilizantes representam entre 20 e 41 % dos custos de produção em
culturas como a soja, o milho e o trigo (Matson et ai., 1998; Cavalett e Ortega, 2009; Souza
et al., 2012), tendo um impacto considerável sobre as despesas e receitas dos agricultores.
Além disso, o volume de insumos aplicados em uma safra, que podem ser transportados
pela enxurrada em e, entos de erosão hídrica, pode representar até 50 % dos custos de
produção.
perd a de s usl nl abi licladc e recl uçé1o ela ca paci cladr cio so lo em s us tentJr J prnduç:c1 e m
determinado sis tc m,1 agropecuário (La l, ·1997, 2001, 2008; 1Yfuellcr et c1I., 2010) .
No rmalmen te resulta em produções recluziclc1s por causei clél perdei ou d ,1 in~uficiêncicJ
d e nutrientes e água dis ponível para o desenvolvimento e crescimento das p l,1 ntcJ_, ou
em maiores cus tos e d ecrésc im o nc1 efi ciência elas adubações. O uso inadequado el a terra
e de tecnologias ineficientes de ma nejo têm s ido a pontados co mo fatores impo rtan tes q ue
conduzem à degradação do so lo. EnlTetan to, as condições econômicas dos produtores
rurais, sobretudo aq ueles com menor poder aq uisi ti vo, deve m ser levadas em cons ide raçiio
pois, diante da falta de recursos, eles podem ser desencorajado a adota rem procedimento
aperfeiçoados de manejo de solo.
A atividade agropecuária é considerada o principa l fator de degradação do solo, poi ·
ocorre em grandes extensões, o impacto é d ifuso e o d iagnóstico muitas vezes é difícil. A
recuperação de áreas degradadas é necessária, mas para tanto se fazem necessárias a nálises
de custo-benefício para determinar se esse é um procedimento viá vel economicamen te
(Requier-Desjardins et al., 2011), pois sua realização pode demand<1r altos investimentos.
As terras degradadas podem ser reabilitadas de maneira econorrúcamente v iá vel por meio
de práticas de manejo, que visem à manutenção da cobertura do solo e manutenção de
teores adequados de nutrientes e matéria orgânica.
A implementação de um programa de recuperação de áreas degradadas inclui
a avaliação da degradação do solo e o estabelecimento de técnicas de recuperação. A
recuperação de áreas degradadas é uma atividade multidisciplinar e factível, mas exige
uma abordagem sistemática de planejamento e visão em longo prazo.
Recuperar ou reabilitar significa que a área degradada será conduzida a uma condição
tal que possa exercer a função anteriormente estabelecida ou nova função. A á rea terá,
assim, condições mínimas para estabelecer novo equilibrio para que a terra po sa er
utilizada em sua função precípua: a de produzir alimentos e dar s ustentação à vida. Es a é
uma condição necessária para o desenvolvimento sustentável da agricultura (Pretty, 200 ).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A erosão do solo não só apresenta efeitos ÍJL situ, mas também resulta em dano
externos à propriedade agrícola, também chamados de ex sit11; as estimativas dos va lore
econôrrúcos correspondentes aos efeitos ex situ podem ser de magnitude superior àq uele
valores estimados para os i11 situ. As implicações lógicas dessa dinârrúca é que, por um lado, a
sociedade, de fom1a geral, arca com o maior percentual dos custo gerados pelo processo de
erosão dos solos agrícolas, mas, por ouh·o, ela é quem mais se beneficia com o uso das práticas
de manejo, que promovem a conservação do solo e da água. l e se contexto, é importante
que todos os agentes sociais fiquem atentos à questão da erosão do solo.
Por isso, a estimação dos custos e benefícios, in sih1 e ex situ, da erosão e conservação
do solo e da água é um subsídio importante na formação da opinião pública e formulação
de programas e políticas que visem à conservação desses recur os naturais. I o porque a
decisão coletiva (Estado e sociedade) ou privada (produtor) de implementa r ou não um
sis tema de manejo conservacionista, frequentemente, é baseada em aspectos económicos.
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J/ Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
Cruz das Almas, BA. E-mail: mrsilva@ufrb.edu.br
Conteúdo
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................ 109
VISÃO HOLÍSTICA E OUTROS CONCEITOS FUNDAMENTAlS APLICADOS AO MA.l'JEJO
E À CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA.................................................................................. 110
A ENERGIA COMO COMPONENTE DE GESTÃO NA AGRJCULTURA
CONSERVAOONIST A ............................... ......... ... ............ ............................. ...................................... 113
CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA NO CONTEXTO ECOSSISTÊMICO.......... ................ 114
RECURSOS DA ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS COMO FERRAMEr TAPARA MA.1'-JEJO
E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA DE MANEIRA HOUSTICA.................................... 115
A VISÃO HOLÍSTICA DO MANEJO E DA CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA COMO
FORMA DE PRESTAÇÃO DESERVJÇOSAMBIENTA1S................................................................ 117
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................... 11
BIBLIOCRAFIA CONSULTADA,........................................................................................................ 119
INTRODUÇÃO
Bertol 1, De Maria IC, Souza LS, editores. Manejo e conservação do solo e da água. iços.:i, MG: Sociedade
Brasileira de Ciência do Solo; 2018.
110 AFONSO PECHE FILHO ET AL.
cos istema e t rna o e paço adequado para intensificar a produção d e alimentos, fibra s,
madeira e combu tí eis, indefinidamente. A visão tecnicista ou mecanicis ta faz uma
leitura compartimentada do ecossistema de produção agrícola e lTata seus componentes
indi\ idualmente, desconectados. Já a visão holística lê o ecossistema por inteiro, sendo
seu componentes tratados como um todo, interdependente. Assim, o holismo não admite
manejo e conse.n ação do solo e da água que apresente, como resultado, uma proposição para
cada uma das partes do ecossistema, isoladamente. A proposição de interferir resulta em
trabalhar o todo e, com isso, o manejo conservacionista de solo com visão holística objetiva
redesenhar a camada cultural de fonna que suas fw1ções hidrológicas sejam preservadas
e mantidas semelhantes às do ecossistema natural. Por meio da visão sistêmica é possível
construir diretrizes para ações práticas, visando integrar as partes numa dinâmica realista,
respeitando os saberes, os recursos e procedimentos técnicos e o próprio ambiente.
Na abordagem holística aplicada à conservação do solo e da água é imperativo o
pensamento ecológico, sendo esse indissociável da proteção ambiental, do futuro e de
todas as formas de vida. A visão holística permite também reconhecer que, na verdade, não
existe conservar solo, pois na medida em que é substituída uma paisagem ecossistêmica
por um.a paisagem cultivada, provoca-se uma imensa metamorfose em que são inseridas
as atividades agrícolas. Assim, o holismo leva a admitir que o significado de agricultura
conservacionista remete a um conjunto de ações que busca modificar minimamente
o ecossistema, com o menor impacto negativo possível. Entretanto, como a agricultura
sempre impacta o ambiente, todas as práticas necessárias para sua realização são carregadas
de mitigação. Uma agricultura é conservacionista quando a sua efetivação produz impacto
mais positivo do que negativo. A visão holística deixa claro que determinada prática
conservacionista pode ou não ser perene, dependendo da capacidade humana de construí-
las e mantê-las ao longo do tempo.
A visão holística traz a certeza de que a "arte de agricultar" é construir ambientes
produtivos, não ambientes degradados. As modificações causadas pela ocupação e pelo
uso das terras e pelo manejo do solo são o que se pode denominar de construção de
agroecossistemas, ou seja, o de formar ambientes agrícolas contendo espaços equilibrados
para todas as formas de vida. Com este capítulo objetivou-se organizar, de forma reduzida,
conceitos, saberes e fatos para contribuir com a construção daquilo que de melhor a
agricultura conservacionista pode produzir, ou seja: "bons agricultores".
Holismo é um.a forma de abordagem que prioriza a visão integral dos fenômenos,
e parte do princípio de que as propriedades agrícolas ou os sistemas de produção não
podem ser explicados apenas por wn conjunto ou soma de componentes.
A forma holística de planejar o manejo e a conservação do solo e da água remete para
uma forma específica de procedimento sempre priorizando as atividades voltadas para um
conjunto de resultados que simboliza o agroecossistema produtivo num todo. O holismo
considera que a agricultura conservacionista é uma tendência ou corrente que ana1isa as
J
V - MAN EJO E CONSE RCAÇÃO DO SO LO E DA Á G UA CO M VISTAS À ... 111
múltiplé"is interações q ue carac teri za m o solo e a água como um só corpo produti vo. Todas
~s ações co nservacio nis tas de um sis te méJ de produção agríco la não podem ser planejadas e
implantad as como uma simples somatóri a d p ráticas. /\ conse rvação, de acordo com a visão
holís tica, se dá d e forma ún ica e intera ti va no sis tema agrícola comple to, e comportando
de modo diferente da soma d e ações conservac ionis tas isoléJdas. Na abordagem holís tica,
conservar solo e água é conservar a vita lid ad e produ tivéJ, e cada u ma das partes encontram-
se ligadas com interações constantes. Com o ta l, cad a o pe ração ele manejo é uma prá tica
conservacionista e está relacionada com a dinâmica produt iva com profundas interaçõe
de forma a comprometer a unidade produtiva.
Em se tratando de produção agrícola de modo conservacionis ta, o holismo é J vi ão
globa l de uma propriedade inserida num contexto maior q ue é a bacia hidrográfica, ond
o ciclo hidrológico ocorre integralmente e equili brad amente. Assim, o holis mo é visão
de uma resul tante (área agrícola) da interação dos seus sistemas na tura is (químico, fí ico,
biótico) com a energia, as tecnologias e outras ati vidades a ntró picas. O olhar holí tico
se opõe ao tecnicismo, que compartimen ta a propriedade em talhões o u subdivisões em
várias formas de uso, causando a perda do todo integrado. A propriedade agrícola é vista
como um conjunto de sistemas interagindo entre si. O desempenho conservacionista de
qualquer subdivisão produtiva o u degradada depende do comporta mento da á rea num
todo. É a dinfunica de sistemas que resulta em urna representação de ocupação e u o das
terras agrícolas ou no agroecossisterna. A degradação ou a conservação do solo e da água,
bem como a produção agrícola, é produto resultante desta interação (agroecos istema).
Na figura 1, é possível analisar uma proposta de representação esquemá tica para a vi ão
holística do manejo e da conservação do agroecossistema.
Sistema físico
➔
Sistema Manejo
energético Conservação
Produção
as forma s el e conec ti vid ade são frutos el a condição nc tural ou ela condiçã o imposta pelas
ações antrópicas. O "s istema bi ólico" é fruto d as a ti vid ades biológica di versificadas que
apresentam um universo de forma s conectada s, promovend o co nd içõe d vitalidade <-1u
influ enciam a ecologia de populações dos seres vivos remanescen tes; consequentemente,
o manejo e a conservação irão influenciar a bí ocli versidacle, interferind o na condições
de supressividade e resi liência do local. A "supressividad e" é uma co nd ição de so lo
resultante da interação da biodiversidade com fatores físicos e q uímicos, produzindo
efeito preventivo contra a epidemfa de agentes patogênicos (ex plosão de po pul ação), e a
" resiliência" é a condição do solo resultante da interação ela biodi versidade co m fato res
físicos e químicos, produzindo uma capacid ade ele recons trução contínu a das cond ições
produtivas frente às mudanças repentinas.
na con en ação do solo agrícola. Essas medidas poderão estabelecer um modelo d e gestão
con er acionista, cujas ferramentas são o conhecimento de causas, as atitudes e as tar efas
diáiias contra o aumento da entropia regadas de muita liderança com partilhad a entre
todos os agricultores. Na figura 2, permite-se uma análise esquemática do ciclo funcional
da estrutura conservacionista.
CONSTRUÇÃO
Método
Treinamento
M~nejo (?peracionaJ
Dunens1onamento
Controle de qyalidade
COMPORTAMENTO
FUNCIONAL
Interceptação
Infiltração
Captação
Armazenamento
Condu~ão
Filtraçao
Tamponamento
Num ecossistema os diferentes s ubsis temas gera uma série de benefícios que, de
forma direta ou indireta, são a propriados pelo homem, J lende ndo na tura lmente ua
necessidades. Os serviços ambientais pode m ser definidos como bens produzidos pelos
ecossistemas naturais ou adaptados. Serviços ecossistêmicos são providos pela natureza
em ambientes naturais e protegidos. Serviços adaptados são prov idos pela na tureza em
ambientes antropizados. A produção de benefícios é considerada um serv iço ambiental,
em que, no caso de um "olhar hídrico" mais abrangente, o ecossis tema é q ue di ponibilíza
solo e água para os usos múltiplos pelo homem. Utilizar-se da água é um d os direitos
difusos da sociedade, e esta mesma sociedade substitui as paisagens ecossistêmicas por
paisagens cultivadas; a visão holística permite a leitura de que a agricultura passa a ser uma
das atividades que pode "prover" territórios antropizados, " produzindo" bens e serviços
ambientais quando apresentarem possibilidades ou potenciais de serem utilizados para o
bem-estar.
Na natureza, a paisagem ecossistêmica está em equilíbrio, pres tando serviços sem
a intervenção humana. Em áreas antropizadas, a paisagem está em desequilíbrio, só
prestando serviços com a intervenção humana. A construção de uma paisagem cultivada
passa por redesenhar artificialmente as condições naturais de proteção do solo e d a água
e da biodiversidade.
As práticas utilizadas na agricultura conservacionista são entendidas como propostas
de adaptação para imitar o comportamento lúdrico da natureza, tendo como pano de fundo
um agroecossistema. As características hídricas e de proteção dos ecossistemas de referência
servem como elementos do planejamento tecnológico necessário para criar condições do
agroecossistema para ser ou ter semelhanças com o comportamento do ecossistema local.
À luz do pensamento holístico aplicado na agricultura conservacionista, as atividades de
conservação dos recursos naturais podem ser entendidas como um conjunto de atividades
para construção de alternativas de prestação de serviços ambientais. O conser acionismo
e a proteção são tipos de provisão ambiental característicos do agroecossistema natural ou
de ecossistemas antropizados. As práticas conservacionistas influenciam em pelo menos
cinco grandes funções ecossistêmicas ligadas às variáveis hidrológicas:
1) A proteção do solo pela cobertura morta ou viva promove a interceptação das gotas de
chuvas dissipando sua energia, reduzindo efetivamente o seu efeito de desagregação e
geração de partículas finas separadas da massa do solo.
2) A infiltração da água no solo é facilitada com a abertura de galerias pelas raízes das
plantas e pelos animais e, com a reestruturação da agregação do perfil cultural do solo,
também formam-se canais preferenciais por onde a água infiltra.
3) A captação de água da chuva na superfície do solo em áreas cultivadas é obtida pelo
redesenho da superfície, incluindo biomassa cultural residual na superfície, rugosidade
superficial do solo decorrente de operações mecânicas, estruturas mecà.rucas como
terraceamento, caixas circulares, entre outras.
-1) condução do ec:: oamento superf-icial na paisagem cultivada é obtida pelo red esenho
q ue inclui estru turas mecànicas como canais e, coadouros, d renos e te rraços e m gradie n te.
5) A d i. sipa ão d o flu xo de água, em cond ições de agroecossistemas, é rea lizada por
estru tu ras mecânicas como O cultivo em contorno, o enrocamento, as escad as, as caixas
e os taludes.
Em agroecossistemas, os fundamentos básicos dos serviços ambientais são: comba te
incessante da ero ão do solo, recuperação do solo em áreas degradadas, conh·ole p erma ne nte
d o escoamento superficial, cobertura permanente do solo, aumento da infil tração de
água no solo, recuperação e preservação de nascentes e proteção da b iodivers idad e . O
pagamento por serviços ambientais na agricultura é uma realidade a tual e p a ra isso é
fus1d amentaJ que um profissional capacitado elabore o projeto individual da p ropried a d e,
redesenhando a ocupação e o uso das terras e planejando sistem as d e m anejo d o solo e
práticas conservacionistas.
o Brasil, as iniciativas pasa pagamento por serviços ambientais estão sendo
implementadas em diferentes escalas de governo. No âmbito dos Comitês de Bacias
Hidrográficas, existem recursos gerados pela cobrança do uso da água. Na m aioria dos
estados brasileiros adota-se o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serv iços (ICMS)
Ecológico, que é um mecanismo tributário que permite aos municípios obter recursos p ara
viabilizar o Pagamento por Serviços Ambientais.
A \ isão holística, que, na prática, prioriza o entendimento integral dos fenômenos,
permite que o manejo e a conservação do solo e da água possam ser definidos como um
conjunto de atividades de múltiplos significados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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PRINCÍPIOS E FATORES
Mateus Rosas Ribeiro 1!, Izabel Cristina de Luna Galindo 21, Paulo Klinger Tito
Jacomine 31 & Mateus Rosas Ribeiro Filho.J/
11 Departamento de Agronomia, Universidade Federal Rura l de Pe rnam buco, Recife, PE. /11 memoriam
11 Departamento de Agronomia, Universidade Fede ral Rural ele Pernam buco. Recife, PE
E-mail: izabel.galindo@ufrpe.br
31 Embra pa Solos, UEP Recife. Recife, PE. E-mail: pa uloklinge hotmail.com
~, Depa rta mento de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pe rnam buco. Recife, PE.
E-mail: mélleus.ribeirofo@ufrpe.br
Conteúdo
Berto( 1, De Maria IC, Souza LS, editore . tvlanejo e con ervaçno do alo e d.1 ,'lb'1.l,l. iç -.,, i\. lG: S · iedad~
Brasileira de Ciência do Solo; 2018.
122 MATEUS RO SAS RIBEIRO ET AL .
1\ lc1tcri,11~ Sulí1dnCl,~ ··········· ········ .. ..... ·············· ·········•· ··· ·······"·································•·· ·········· ·• ······ ····· ···· ··· ········ ···· 131
Tcc,r ck l'> ,ict11s de fern, . ....... ............................................... ............. .......................... .... ................................. ...... . 132
Tl' '\lur,1 ·········· ...... ··········.......................... ··········.. -·-····.. - · - · • "" '"" " " " ............................................... ....... .......... ........ . 133
PRIN IP IS I IORI ZONTES DIAGNÓ TICOS Q E DEFl1 EM CLASSES DE SOLOS (ORDE S) E
INTERFERE 1 E 1 DECISÚES SOBRE O 1\1/\NEJO E USO DO SOLO.·································································· 13-1
Hori 7 ontt:'s d iagnóstirns superíiciai~ ...................................................................................... .. ········ ·················· ·· · 134
H c,rizonlL's di,1gn6sticos subsuperticinis...................................................... ....................................... ............ ...... 135
- L' Fl:>..OS APLI ADOS AOS SÍMBOLO DE HORI ZOl\rfES E CAMADAS PRINCIPAIS ................................. 137
CLASS · DE LOS. FATORES LIMITA TTES E APTIDÃO AGRÍCOLA ........................................................... 138
Neossolos ...... .................... ........... ................ ............ ....................... ................ .. ..................... ............. .. .. ....... .. . .. .. . . . . . 138
Neossolo:.- Li tó licos ........... ............................................................................... ................ ... .............. ....... ....... ... .. 138
Neossolos Flúvicos ............................................ ....................................... ............................... ... ......... .. .......... .... 139
'.'Jeossolos Regoliticos .................................................................................................................... ... .............. .... . 1-11
Neossolos Quartzarênicos ........................................................................... ............... ...... ............... .... .... .... ....... 142
\ ·ertissolos....................................................................................................................................... ... ...... ..... ..... ........ 142
Cambi. ,olos ............................................................................................................................................................. .. 144
O1emossolo ..................... ........................................................................................................ ................... ... ....... .... 145
Luvi solos................................................. .............................................................. ..................................... ... ........ .... 146
Argis.solos........................................................................................................................................ ............. .. ............ 147
N1tossolos.................................................................................................................... ................. ............................. . 150
Latossolos ................................................................................................................................................. ...... ............ 151
Espodossolos ........................................................... .............................................. ................................. .............. ... .. 153
Plano solos............................................................................................................................. ....... ..... ... ... .. ........ ... ..... 15-1
Plintossolos ........................................................................................................................................ ...... ....... ....... .... 155
Gleissolos.......................................................................................................................................... ..................... ..... 157
0rganossolo ........................................................................................................................................ ....... ............. . 158
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................................................... 160
LITERATl J RA CITADA ........................................................................................................................................... ....... 160
INTRODUÇÃO
1
VI - CLASS s DE SOLOS COMO DETERM I NANTES DO Uso, DO M ANEJO E .. . 123
é1Va I iélção déls I im itélçô s dos solos pé1 rJ uso agrícolél . s u conheci men to e in terpretJcJo c;jo,
por ta n to, instrumentos ind ispensáveis pé.lrn definir prcHicas de uso e m<inejo sustentáveis.
Es te capítu lo pretend e élVél lia r é.l import ãnciél élgTo nô mica dos Jiverst)S atributos
di agnósticos cons id erados no estabelecimen to das clé.lsses de so los no SiB e dic;cutir c1s
di ve rsas classes d e solos em nível de o rde m, a fim ele identificé.l r as limitações em relal;,10 c:1s
di versas condições élgrícolas d os solos e a ava li ação da a ptidão élgrícola d é.lc; terras.
ATRIBUTOS
,..
DIA GN ÓSTICOS DO SiBCS E SU
IMPORTANCIA PARA O M AN EJO E A CO SE R VAÇ O
DO SOLO E DA ÁG UA
Atributos diagnós ticos são pro pried ades e característica mo rfol ógica , físicas,
qu ímicas, biológicas e mineralógicas d os solos utilizadas para definir o,; horizo ntes
diagnósticos e separa r as classes nos vários níveis ca tegóricos do Si BC . lguns
d estes atributos são m u ito impor tantes para in terpre tar o comportamento dos solo e
indisp ensáveis para defi nir as práticas de manejo e conservação do olo e da água. 8 tes
atributos serão d efinid os e interpre tad os a seguir.
Material orgânico
É aque le constitu íd o por ma te riais orgânicos provenientes da depo ição de biornas a
em diferentes es tádios de decomposição, podendo estm associado a ma teriais minerais em
proporções variáveis. O ma teria l do solo é cons iderado como orgànico q uando o teor de
carbono d e ma teriais orgàn.icos (CO) for igual o u ma ior q ue O g kg-1, avaliado na fração
TFSA (San tos et al., 2013). Estes teores são su fic ientes para que os con ti tuintes orgànico
tenham pre ponderância d e suas p ropried ad es sobre os cons tituintes minerais.
Os ma teria is orgânicos são ac umula d os, considerando o cl ima p redominantemente
tropical do Brasil, em cond ições d e excesso de umidade, e a p resenta m uma érie de
propried ades limitantes em relação à s ua utilização, como d ensidade mu ito baixa e
baixa capacidade de supo rte, s ubsidência, ressecamento irreversível, elevado poder de
tampona mento, acidez elevada, a ltos teores de AI e deficiência de micronu triente .
A capacidad e de su porte dos ma teria is orgânicos é muito baixa, e pecialmente
naqueles em estádio inicia l de decomposição, o q ue dificulta ou im ped e a entrada de
veículos, tornand o d ifícil o manejo inicial desses (Oliveira, 2001 ). Es ta bai. a capacidade de
s u porte é consequência da baixa densidade do solo e interfere ta mbé m na us tentação de
p la ntas d e porte arbóreo. O ma terial o rgân ico pouco decompos to, d eno minad o fíbrico, é o
que apresenta menor dens idade do solo.
Com a execução de drenagem, estes materiais sofrem wn proce so de s ubsidência,
que é a perd a d o volume em consequência da oxidação d a ma téria o rgânica na z na
aerad a, ocorrendo também perda de volume pela compressão sofrida pelo material de
ba ixa d ens idade com a drenagem e o uso, o que provoca uma sensí, el red uçà da ua
condutividad e hidráulica. A drenagem excessiva de ma teriais o rgânico · p d e, também,
provocar dificuldade de reidrataçào do ma terial, fica ndo ujeito à oco rrên ia de incêndios.
J\ a tiv iclé1d e ela frn ção Mgila também se relac iona d ireta mente com o seu poder
té1mpão. So los com elevadas atividad e e saturação por bases ap res ntam g ranJe reserva de
n utrientes d is poníve is para as plantas e req ue re m mais tempo pa ra ap resentcJrem s inais de
esgota mento ci o qu e solos eulrófi cos com i.lrgilc1s el e a livicl ,1cle bél ixél.
A a ti vidad e da fração a rg ila do so lo ta m bém cond icio na os fenômenos de e'<pan ão e
contração e o d esenvolvimento de fe ndas. Solos com a rgi la de a lta atividade apresen tam
significativas mudanças nas condições fís icas entre o estado seco e mo lhad o. No período
seco, apresentam forte contração, com abertura de fendas q ue desaparecem no período
úmido em razão da expansão d as un idad es estrutu rais. Em níveis baixos de umidélde, os
solos de argilas de ati vidade alta dificulta m o aprofu ndamento do sis tema radicular das
plantas; entretanto, quando com excesso d e un id ade, devido à s ua baixa conduti vid ade
hidráulica e fechamento elas fendas, acome tem as p lan tas mais sensíveis pela reduzida
aeração. Há uma acentuada diferença entre os valo res de conduti vida de hidráulica inicial
e a saturada em tais solos. A irrigação deve ser rea lizada por cu rto período, aproveitando
a elevada condutiv idade hidráulica exis tente no início da irrigação.
Caráter Vértico
Refere-se à presença de atributos como s uperfícies de fricção (slickensides), fendas, ou
estrutura prismática grande, composta ele estrutura cuneiforme e, o u, paraJelepipédica, em
quantidade e expressão insuiicientes para caracterizar horizonte vér tico (Santos et ai., 2013).
As superfícies de fricção (slickensides), indicadoras do cará ter vértico e do horizonte
vértice, são superfícies a Iisa das e lustrosas, apresentando es triamen to marcante, produzidas
pelo deslizamento e atrito da massa do solo, em consequência da forte ex pansão do material
argiloso por umedecimento. São superfícies tipicamente inclinadas em relação ao prumo
dos perfis.
O caráter vértico é uma indicação da presença de materiais argilosos, com argilas de
atividade muito alta, com presença de montmorillonita, que, por causa das propriedade
de expansão e contração, apresentam baixa permeabilidade e má drenagem i_ntema, com
sérias restrições ao uso com plantas mais sensíveis à falta de aeração e plan tas arbóreas
(Dudal e Eswaran, 1988). As raízes grossas requerem poros relativamente gran des para
penetrarem, o que resulta em enraizamento superficial e pouca eficiência na absorção de
água e nutrientes (Oliveira, 2001). Estas características estão também associada com alta
suscetibilidade à erosão.
A textura argilosa e alta atividade da argila determina m expressiva coesão no
agregados, exigindo considerável força de tração para o preparo do solo, apre entando
grande plasticidade e pegajosidade com restrições ao uso de implementos agrícolas.
E tiver 200 g kg-1 ou mais de argila, o aumento de argila no hori zonte subjacente B d e ve ser
de, pelo meno , 200 g kg·1 de solo na fração terra fina (Santos et ai., 2013).
O olos com es e atributo, na maioria dos casos, apresentam horizonte A e, ou, E de
te ·tura arenosa a fra nco-arenosa e com elevada condutividade hidráulica, seguido de um
horizonte B argiloso a muito argiloso, com predominância de microporos e com reduzida
condutividade hidráulica. A drástica redução da condutividade hidráulica saturada que
ocorre no topo do horizonte B determina a rápida saturação do horizonte superficial,
fa, orecendo o acúmulo de água na superfície e a formação de enxurrada, o que favorece
o processo erosivo. Assim, solos que apresentam mudança textura! abr upta tendem a
apresentar ele, ada erodibilidade, mesmo em áreas de relevo suave ondulado.
A mudança textural abrupta restringe, também, o crescimento do sistema radicular
das plantas, provocando encharca.menta no período chuvoso e extremo ressecamento no
período seco.
Caráter Plânico
Designação utilizada para distinguir solos intermediários para Planossolos, ou seja,
com horizonte adensado, de permeabilidade lenta ou muito lenta, cores acinzentadas
ou escurecidas, neutras ou de croma muito baixo, ou com mosqueados de redução, que
não satisfazem os requisitos para horizonte plânico e que ocorrem em toda a extensão do
horizonte (Santos et al., 2013).
O caráter plânico indica baixa permeabilidade e problemas de drenagem em
horizontes subsuperficiais. Podem apresentar estrutura prismática, ou em blocos angulares
e subangulares grandes ou médios, frequentemente com caráter solódico.
Caráter Coeso
Usado para distinguir solos com horizontes pedogenéticos subsuperficiais adensados,
muito resistentes à penetração da faca ou martelo pedológico e que são muito duros a
extremamente duros quando secos, passando a friáveis ou firmes quando úmidos,
porém sem apresentar a quebradicidade do fragipã, quando submetidos à compressão.
Esses horizontes apresentam textura média, argilosa ou muito argilosa e, em condições
naturais, têm uma fraca organização estrutural; são geralmente maciços ou com tendência
à formação de blocos. O caráter coeso é comurnente observado nos horizontes transicionais
AB e, ou, BA, entre 30 e 70 cm da superfície do solo (Ribeiro, 2001).
Lima et aJ. (2004) destacaram, entre os problemas relacionados com o caráter coeso,
a elevada resistência à penetração do solo quando seco, que influencia o desenvolvimento
radicular das plantas, o teor de água disponível, a aeração e absorção de nutrientes,
constituindo um inibidor físico que pode limitar a produção agrícola (Cintra et al., 1997;
Rezende, 2000), exigindo práticas de manejo adequadas.
Caráter Redóxico
Refere~e ao aparecimento de indicadores, ao longo do perfil de solo, que indicam
saturação temporária com água em horizontes e, ou, camadas desse. Estes indicadores
são chamados ele fe ições recloximórfic,1s. A sJturaçJo com água induz ,1 ncorrênciJ de
processos el e reduç, o e oxidação, co m segrcgélçào de r:c e, o u, de Mn, na formcJ de cores
m osq ueadas e, ou, Vélriegadas (Sa ntos et a i., 2013).
Esse ca rá ter fo i criad o e m subs titu ição ao rn rá ter cpi áq uico, cx ist nte na versão do
SiBCS p ublicada em 2006, para sa tisfazer él saturação que pode ocorrer tanto e m horizontes
m a is s uperficia is como em horizontes e, ou, ca mad as su bsu p rficia is.
Nos casos ond e ocorre em horizontes locéJlizaclos acima de um horizonte B com baixa
conduti v idade hidráulica, pod e-se fo rmar um lençol freá tico s uspenso. Assim, o caráte r
redóxico se manifesta em zonas mais próx im as da s uperfície do solo, em ho ri zontes que
antecedem o B e, ou, no topo des te. Em outros casos, a satu ração temporária pode ocorre r
em profundidades maiores, acima d e hori zontes e, ou, ca madas de permeabilidJde muito
baixa como fragipã ou duripã, sa prolitos pouco permeáveis ou mesmo a p ró pria rocha.
O caráter redóxico reflete a ocorrência no solo de horizonte pouco permeável e c1
presença de uma zona que se man té m molhada dura nte significativa p arte do ano. E a
condição de baixa aeração, quando persis te por significativo período (período chuvoso
longo), pode influenciar o desenvolvimento d,as plantas e favorecer o apa reci mento de
doenças bacterianas, principalmente se for mais s uperficial. Em período de veranico o u
em regiões com estação seca pronunciada, contudo, essa barreira pode representar fato r
positivo para as· plantas, que encontram alguma reserva de água na zona contígua ao
horizonte menos permeável.
Em áreas irrigadas, o caráter redóxico indica uma restrição de d renagem que pode
exigir implantação de sistema de drenagem e controle da quantidade de água aplicada o u
mesmo inviabilizar a irrigação, dependendo da profundidade em que ocorre.
Plintita e Petroplintita
Formações constituídas por uma mistura de argila com grão de q uartzo e outro
minerais, pobres em CO e ricas em Fe ou Fe e AI. Ocorrem comumente sob as formas
de mosqueados vermelhos, vermelho-amarelados e vermelho-escuros, com padrões
usualmente laminares, poligonais ou reticulados. A plintita se forma em ambiente com
alternância de umedecimento e secagem, pela segregação, mobilização e concentração dos
compostos de Fe. Ciclos alternados de umedecimento e ressecam ento mais prolongado
podem consolidar irreversivelmente o material, formando nódulos e concreções
ferruginosas, extremamente firmes e duras, denominadas de petroplintita (Santo et al.,
2013).
Em termos de utilização agrícola, a plintita indica a exis tência d e for te re trição à
percolação da água, com encharcamento no período chuvoso, podendo constitu ir uma forte
limitação quando ocorre próximo à superfície. Entretanto, o m a terial concrecionário pode
causar limitações ao uso de implementes agrícolas, quando ocorre à s u perfície o u perto
dela e, quando consolidado, pode impedir o crescimento do sis tema radicula r de planta .
Os materiais concrecionários também podem contribuir para uma baixa capacidade de
retenção e disponibilidade de água, em consequência do baixo conteúdo d e terra fi na,
podendo ressecar muito no período seco.
Caráter Dúrico
tributo usad0 para caracterizar solos que apresentan1 cimentação forte em uin ou
majs horizonte dentrn da eçào de controle que define a classe, incluindo-se solos com
presença de duripà, ortstein e ouh·os hori zontes cimentados que não se enquadrem na
definição de horizonte litoplíntico e petrocá\cico (Santos et ai., 2013) .
O caráter dúrico constitui um bloqueio à percolação da água e às raízes, provocando
érias limitações por excesso de água, com a formação de lençol freático, no período de
chm·as, e carência de água, no período seco, em virtude da baixa capacidade de retenção
e disponibilidade de água, principalmente quando ocorre a profundidades menores que
100cm.
é"Iclrcnél ge m; é comum no Semiá rid o é1 ocorrencizt ele solos com clcvad,1c; cnn entrac;õ ,, de
sél is qu e nunca fornm irriga dos (sa lini zélçào primJria).
Caráter Ácrico
Propriedade de solos que poss uem soma de bases trocc1veis (S B) m ais ztcidcz trocável
(AP·°) em quantidade igual ou infe rior a 1,5 c mo l., kg' ele a rg ila e que preenchem pelo menoc;
uma das segu intes condições: pH KCI 1 mo! L ' ~ 5,0 o u õp H positi vo ou nulo (Santos et
a i., 2013). Va lores de õpH pos itivo e negati vo indica m, res pectiva me n te, prec;ença de célrga
líquida positiva o u negativa nos coloides.
Solos com ca ráter ácrico apresentam necessaria mente baixíssima quantidade de bases
trocáveis e acidez trocável. No entanto, têm a van tagem d e ap resenta r red uzido poder-
tampão, ou seja, sua baixa CTC faz com que e levados va lores de saturnçào po r biises ejam
atingidos com quaJ1tidades relativamente pequenas de correti vos. Solos com õp f-I po itivo
res pondem em geral muito bem à aplicação de gesso, que se des locil com facilidade para
camadas mais profundas, permitindo o aprofundamento das ra ízes e maior disponibilidade
de água.
A conservação desses solos requer a manutenção ou incremento de maté ri a o rgâ nica
na camada superficial, melhorando a capacidade de retenção de cátions. Em razão da sua
constituição mineralógica predominantemente ca ulinítica e oxídica apresentam baixa
coesão, de tal forma que, apesar de serem solos argilosos e a té muito argiloso , são de fác il
preparo para o plantio e podem ser cultivados com relativa facilidade mesmo com tração
animal.
Essa soma de atributos confere a esses solos severa limitação ao uso agrícola e m
sistemas de manejo primitivos (Ramalho Filho e Beek, 1995), especialmente por ca usa da
sua baixíssima fertilidade, porém são solos com elevado potencial produtivo, atingindo
expressiva produção quando manejados com elevada tecnologia.
com aráter alftico, portanto, requerem maior quantidade de corretivos para neutrali zar a
acidez d o que o c m caráter alumínico, por causa da 1naior atividade d e a rgila .
O melhoramento genético de plantas é uma importante ferramenta no d esen volv ime nto
de tolerância a elevadas concentrações de alunúnio.
Caráter Flúvico
Atributo usado para solos formados sob forte infl uê ncia de materiais de natureza
aluvial, que apresentam um dos seguintes requisitos: dis tribuição irregular (errática)
do conteúdo de CO em profundidade, nã o relacionada a processos pedogenético ; e, ou
presença de camadas estratificadas, identificadas por v ariações irregulares (erráticas) de
granulometria ou de outros atributos do solo e m profundidade (San tos et al., 2013).
Solos com caráter flúvico situam-se em áreas baixas, de relevo plano a suave ondu lado,
estando sujeitos a inundações que, d ep endendo da frequ ência com que ocorrem, podem
lim.itar a sua utilização. Esses solos podem a presentar variações tex tura is em profundidade,
tendo implicações diretas sobre o fluxo vertical da água e, consequentemente, sobre a
implantação de sistemas de drenagem .
É comum a presença de expressivos teores de minerai p rimários al teráveis, oferecendo
expressivo potencial nutricional, especialmente em relação ao K-.
Materiais Sulfídricos
São materiais que contêm compostos o. idáveis de Se ocorrem em olos de naturez.i
mineral ou orgânica, localizados em áreas encharcadas, com valo r de pH maior que " ,5.
Estes mate riais, se incubados na forma d e uma cam ada de 1 cm de espes ura, mantida na
capacidade de campo em temperatura ambiente, mostram um d ecréscimo de pH de 0,5 o u
da matéria o rgâ nica da ca mada supc rfi ci,1 1 pa ra t1um ntar iJ cap.:icidade d troca de ccitions
e a formação de Cél rgas líquid ns nega ti vas (O li vei ra, 2001).
Os óxi dos de Fe agem co mo agentes cime ntantes entre pa rtícul,1c; d c;olo, contribuindo
para a fo rmação de agregados estáveis e bem desenvolv idoc;. Me mo qua ndo muitn
argil osos, os solos oxídicos ap resentam ge ralmente boa condu tividade hidráulica sa turt1dJ,
o que condiciona a esses uma baixa erodibilid ade, send o cons ideri:ldoc; medianamente
a muito resistentes à erosão, dependend o ela es tabilidade estrutura l e da ca pacidade de
infiltração (Oliveira, 2001) .
O Brasi l é um dos países com maior ex tensão de solos com ig nificativa quantidade
d e óx idos de Fe, principalmente hema tita e goethita . Es tes óxidos ap resentam forte
capacidade de adsorção de meta is pesados, intens ificada em va lores de p H mais alto. Es ta
ca pacidade d e adsorção é d e grande importâ ncia para reduzir a mobilidade dos metais e,
consequentemente, a poluição dos aquíferos.
Textura
A textura é utilizada para separar os solos em nivel de fa míl ia, pod endo . er
considerada como a propriedade mais informativa para a tomada de decisões obre a
práticas de manejo dos solos.
A composição granulométrica do solo exerce influência direta no seu comporta mento
e, consequentemente, no seu manejo. Evidencia considerável efeito sobre diversos atributos
do solo: retenção de água e nutrientes, erodibilidade, permeabilidade, retenção de fo fa tos,
lixiviação de nitratos, coesão, adesão etc.
A fração areia é constituída de particulas com diâmetro variando de 0,05 a 2 mm,
constituídas principalmente por componentes resistentes ao intemperismo, como quartzo
e ilmenita, concreções e nódulos, agregados de argila não dispersa, minerai primano
intemperizáveis e, excepcionalmente, argilominerais. As areias con tituem partículas
de reduzida superfície específica, não apresentando coesão, nem adsorção de filme
de água, além de serem quimicamente inertes. Entretanto, têm importante atuação nos
processos relacionados aos fluxos de ar e água e na distribuição do espaço poroso (mesa
e macroporos), apresentando permeabilidade elevada. Em razão da ausência de ligações
eletrostáticas, apresentam reduzidas forças de tensão em solo seco (coe ão) e molhado
(adesão), com baixas compressibilidade, plasticidade e pegajosidade.
A ausência de capacidade de h·oca de cátions dos constitu inte da fração areia
condiciona baixo poder-tampão ao materia l arenoso, sendo recomendá e! o emp rego
parcelado de fertilizantes e corretivos, a fim de evitar supersaturação ou desperdício de te .
A adição de matéria orgânica é bastante recomendada para ele ar a CTC e a capacidade
de retenção de água.
A fração silte, composta por partículas com diâmetro entre 2 e 50 µ m, é constituída
de ilmen.ita, minerais primários facilmente intemperizáveis, quartzo, agregados de a rgib
não dispersa etc. Apresenta apenas ligeira mudança de vol ume entre o e tado seco e
úmido. As forças que atuam na consistência são mais intensas no período seco, re elando
compressibilidade e plasticidade intermediária entre a evide nci ada pelas frações areia e
argila. Demonstra menor permeabilidade que a fração areia, porém maior capacidade de
retenção de água, pela formação de mesa e microporos . A presença de silte é importante
na fonna ã de elamento superficial. Segundo fübeiro et ai. (2009a), solos com altos
t ores de ilte e, ou, areia fina tendern a formar crostas mais facilmente por causa da baixa
e tabilidade de agregados.
olo com texturas franco-arenosas a arena-siltosas, independentemente da classe de
solo, apresentam alto risco de selamente. A elevada tendência ao encrostamento desses
s los de e- e, particularmente, ao seu baixo teor de argila (menos de 15 %).
A fração argila compreende as partículas de solo com diâmetro menor que 2 ~Lm. Em
razão da enorme superfície específica que apresenta e ao desenvolvimento de cargas em
sua uperfície, constitui a mais importante fração granulométrica do solo, do ponto de vista
físico-químico, influenciando diretamente o comportamento dos solos. As propriedades
mais importantes da fração argila já foram abordadas na discussão de vários atributos
diagnósticos comentados neste item, como a atividade da argila.
Para se definir classes de solos é necessário fazer referência aos horizontes diagnósticos,
assim como o entendimento dos sufixos utilizados nos símbolos dos horizontes e camadas
principais. Por esta razão, os principais horizontes diagnósticos, especialmente os que serão
citados neste capítulo mais adiante, são definidos aqui de forma sucinta, assim como os sufixos
utilizados nos símbolos. As definições completas e todos os requisitos de cada horizonte podem
ser encontrados no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Santos et ai., 2013).
úmido com valor e cromas 4, sa turação por bases menor que 65 %, apresentando espessura
e teor de CO de acordo com os critérios estabelecidos no SiBCS (Santos et ai., 2013).
a - propriedades ândicas.
b - horizonte enterrado.
c - concreções ou nódulos endurecidos.
d - acentuada decomposição de material orgânico.
e - escurecimento da parte externa dos agregados por matéria orgânica não associada a
sesquióxidos.
f - material plíntico e, ou, bauxítico brando.
g - gleização (cores cinzas ou neutras) .
h - acumulação iluvial de matéria orgânica.
i - incipiente desenvolvimento do horizonte B.
j - tiomorfismo.
k - presença de carbonatos.
k' - acumulação de carbonato de cálcio secundário.
m - extremamente cimentado.
n - acumulação de sódio trocável.
o - material orgânico mal ou não decomposto.
p - alteração superficial por mecanização (aração etc.).
q - acumulação de sílica.
r - rocha branda ou saprolito.
s - acumulação iluvial de sesquióxidos.
t - acumulação de argila.
u - modificações antropogênicas.
v - características vérticas.
w - intensa alteração, com ou sem concentração d e sesquióxidos.
Neossolos
Os Neossolos são caracterizados pelo reduzido grau de desenvolvimento
pedogenético, apresentando apenas um horizonte A seguido de C ou R, com predomínio
de características herdadas do material de origem (Santos et al., 2013).
Apresentam quatro subordens com propriedades muito distintas, determinadas
principalmente por diferenças na natureza dos materiais de origem:
Neossolos Litólicos
Solos que evidenciam horizonte A assente diretamente sobre a rocha (R) ou com
sequência A-C-R, apresentando contato lítico típico ou fragmentário dentro dos primeiros
50 cm de profundidade (Santos et al., 2013) (Figura 1). São solos rasos, geralmente associados
com pedregosidade e rochosidade, com relevo predominantemente movimentado,
podendo também ocorrer em relevo suave.
A pequena profundidade efetiva, pedregosidade superficial e rochosidade são os
fatores responsáveis por fortes limitações em relação ao uso de irnplementos agrícolas e à
suscetibilidade à erosão nestes solos. A pequena profundidade efetiva, determinada pelo
contato lítico raso contribui, também, para uma baixa capacidade de armazenamento de
água disponível.
Figura 1. Perfil de Neossolo Litólico, mostrando a pequena profundidade do perfil, com o conta to
lítico dentro dos primeiros 50 cm.
Fonte: Foto cedida pela Coleção Mateus Rosas Ribeiro - Solos de Referência de Pemambuco/UFRPE (http://www.
colecaomateusrosas.com.br).
Neossolos Flúvicos
São solos desenvolvidos de sedimentos aluviais recentes, que apresentam apenas um
horizonte A, seguido por camadas estratificadas de natureza variada e sem d isposição
preferencial de estratos, com sequência de horizontes A-2C1-3C2-4C3 etc. Devem
evidenciar caráter flúvico dentro de 150 cm de profundidade a partir d a superfície do solo
(Santos et al., 2013) (Figura 2).
Pela natureza do material de origem, sedimentos aluviais, estes solos revelam,
geralmente, alta fertilidade natural, ocorrendo em relevo plano, sem restrições ao uso
de implementos agrícolas. Entretanto, o risco de inundação, em consequência de cheias
periódicas anuais e da posição rebaixada onde ocorrem, constitui a principal limitação
destes solos.
Apesar da alta fertilidade natural, estes solos podem apresentar ou tras limitações,
estando muitas vezes associadas com salinidade e, ou, soclicidade, particularmente
Figura 2. Perfil de Neo_ssolo Flúvico T~ e~tró~co típi~o, tex!'1ra média'. com lençol ~eático_ visfvel por
causa do manejo inadequado da 1rngaçao. Perfil localizado próximo à ombreira de no, com boa
aptidão agrícola.
Neossolos Rcgolíticos
São solos pouco desenvolvidos, geralmente ele texturél élrenosa ou méd ia, que
apresen tam horizon te A sobrejacente a um C ou Cr, com contato lítico a profundidades
maiores que 50 cm. São pouco profund os a profundos e evidenciam 4 % ou mais ele
minerais alteráveis nas frações areia ou cascalho ou 5 % do volu me do C ou Cr, constituído
por sapro lito ou fragmentos de rocha semi-intem perizada (Santos et a i., 2013) (Fig u ra 3).
O s Neossolos Regolíticos são mais frequentes na região sem iárida, onde ocupam
superfíc ies suavemente onduladas em posições menos dissecadas dos div isores de água,
geralmente desenvolvidos de rochas graníticas.
Por causa dos baixos teores de argila e da presença de ma te riais grosseiros, e tes
solos possuem lirrútações em relação à baixa ferti lidade natura l, com baixa capacidade de
troca de cá tions (CTC) e baixa re tenção e disponibi lidade de água. Entretanto, são muito
cultivad os com culturas d e subsistência, principalmente feijão, mand ioca e batatinha,
nas áreas p rofund as, em virtude d a reserva potencial de nutrientes, representad a pelos
minera is alteráveis presentes nas frações cascalho e areia, e do relevo su ave (Figura 3). A
a plicação d e m atéria orgâ nica é condição indispensável à u tilização agrícola d estes solos.
Figura 3. ~erfil d~. Neossolo Regolítico d is trófico típico, textura méd ia (leve), profundo. Apesar
d a baLXa ferhltdade natu ral e textura franco-arenosa, com menos de 16 % d e ar!!ila, a maio r
profw1didade e presença de minerais alteráveis favo recem a u tilização agrícola de~tes solo no
contexto do semiárido.
Fonte: Coleção Mateus Rosas Ribeiro - Solos de Referência de Pe m.1mbuco/ UFRPE (ht tp:// ww\ .cult!<:.iom.iteusro ·as.com.br).
Neossolos Quartzarênicos
São solos arenosos quartzosos profundos, com sequência de horizontes A-C, textura
areia ou areia franca até os 150 cm de profundidade e virtual ausência de minerais
alteráveis (Santos et al., 2013) (Figura 4). Estão dispersos por todo o país, relacionados com
a ocorrência de rochas e sedimentos arenosos.
São solos inaptos ou de muito baixa aptidão agrícola em virtude de limitações muito
fortes em relação à baixa fertilidade natural, com muito baixas soma de bases e CTC, além
de apresentarem baixa capacidade de retenção e disponibilidade de água e nutrientes.
A sua utilização se restringe a culturas tolerantes como o cajueiro. Os Neossolos
Quartzarênicos caracterizados por altos teores da fração areia fina podem ser cultivados com
o uso de ferti-irrigação, com vinhaça, na cultura de cana-de-açúcar, ou com microaspersão
e fertilizantes solúveis, nas culturas da manga e uva no vale do São Francisco.
Figura 4. Perfil de Neossolo Quartzarênico órtico típico, caracterizado pela textura arenosa ao longo
de todo o perfil.
Fonte: Foto cedida pela Coleção Mateus Rosas Ribeiro - Solos de Referência de Pemambuco/UFRPE (http:/ / www.
colecaomateusrosas.com.br).
Vertissolos
Os Vertissolos são solos minerais argilosos ou muito argilosos (teor de argila de no
mínimo 300 g kg-1 nos 20 cm superficiais) que se caracterizam pela presença de um horizonte
vértico, imediatamente abaixo do horizonte A, com pequena ou nenhuma variação
textura ! ao longo do perfil. Apresentam altos teores d e argi las expans ivas, responsáveis
por grandes mudanças de volume com a variação do conteú do de umidade, provocando
fendas na é poca seca e superfícies de fricção quando umedecidos. Podem ainda evidenciar,
em consequência dos processos de expansão e contração, microrrelevo s uperficial (gi lgai),
estrutura prismática paralelepipédica ou cuneiforme (Santos et ai., 2013) (Figura 5).
Possuem sequência de horizontes A-Cv-Cr-R ou A-Bv-Cv-R, com contato Lítico a
profundidades maiores que 30 cm. Em sua grande maioria, são solos pouco profundos a
profundos, característicos de regiões semiáridas e subúmidas e relacionad os com materiais
de origem sedimentares como calcários, argilitos e sedimentos argilosos, podendo se
desenvolver a partir de rochas cristalinas escuras.
Os Vertissolos são solos quimicamente muito ricos, com restrições em relação
aos atributos físicos em virtude dos altos teores de argilas expansivas, apresentando
permeabilidade muito baixa ou nula, drenabilidade pobre e pouca aeração, que limitam
o desenvolvimento das culturas mais sensíveis (Dudal e Eswaran, 1988). Possuem alta
suscetibilidade à erosão, mesmo em relevo suave, em razão da baixa infiltração e dispersão
das argilas e limitações ao uso de implementas agrícolas, em consequência da alta
plasticidade e pegajosidade, quando molhados, e extrema coesão, quando secos.
Cambissolos
Os Cambissolos são solos minerais de textura franco-arenosa ou mais fina, que
apresentam horizonte B incipiente (Bi) subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial,
exceto o horizonte lústico com 40 cm ou mais de espessura e o A chernozêmico, quando o
Biapresentar argila de atividade alta e saturação por bases alta (Santos et al., 2013).
O horizonte Bié um horizonte pouco alterado, com grau de desenvolvimento suficiente
apenas para o desenvolvimento de cor e estrutura, não atendendo aos requisitos para
caracterizar nenhwn tipo de horizonte B diagnóstico, além de não apresentar cimentação
característica de fragipã ou duripã (Figura 6).
Os Cambissolos são solos muito variáveis nos seus atributos, em virtude de serem
fom1ados de diversos materiais de origem, podendo se apresentar transicionais para as
mais diferentes classes de solos, desde Latossolos até Vertissolos. Estas particularidades
tomam impossível o estabelecimento de um padrão geral de comportamento com base nos
níveis de ordem ou subordem.
Figura 6. Perfil de Cambissolo Há plico To eu trófico latossólico, sem impedimentos de natureza física,
atributos químjcos razoáveis e de boa aptidão agrícola. Porém, muito susceptível à erosão.
Fonte; Coleção Mateus Rosas Ribeiro - Solos de Referéncia de Pernambuco/UFRPE (http://www.colecaomateusrosas.com.br).
J
VI - CLASSES DE SOLOS COMO DETERMINANTES DO Uso, DO MANEJO E . .. 145
Chernossolos
São solos constituídos por materia l mineral, que ap resentam horizonte A chemozêmico
seguido por B textura! ou B incipiente (com a rgila de atividade al ta e saturação por ba es
alta), horizonte C cá lcico ou carbonático, ou contato lítico, desde que o horizonte A eja
cálcico ou carbonático, podendo apresentar sequências de horizontes A-Bt-C-R, A-Bi-C-R,
A-Ck-R e Ak-R (Santos et al., 2013). São desenvolvidos a partir de materiais de origem ricos
em Ca, em regiões subúmidas ou frias, com maior ocorrência na Região Sul.
O horizonte A chernozêmico é um horizonte s uperficial, relativa mente espesso e
escuro, com alta saturação por bases e predominantemente saturado por cátions divalentes,
com estrutura granular moderada a fortemente desenvolvida, al tos teores de matéria
orgânica e cores escuras, com valores e cromas iguais ou menores que 3 (Figura 7).
Cambissolos
O Cambi olos sã solos minerais de textura franco-arenosa ou mais fina, que
apre entam horizonte B incipiente (Bi) subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial,
e ·ceto o horizonte lústico com 40 cm ou mais de espessura e o A chernozêmico, quando o
Biapresentar argila de atividade alta e saturação por bases alta (Santos et aJ., 2013).
O horizonte Bié um horizonte pouco alterado, com grau de desenvolvim.ento suficiente
apenas para o desen olvimento de cor e estrutura, não atendendo aos requisitos para
caracterizar nenhum tipo de horizonte B diagnóstico, além de não apresentar cimentação
característica de fragipã ou duripã (Figura 6).
Os Cambissolos são solos muito variáveis nos seus atributos, em virtude de serem
formados de diversos materiais de origem, podendo se apresentar transicionais para as
mais diferentes classes de solos, desde Latossolos até Vertissolos. Estas particularidades
tomam impossível o estabelecimento de um padrão geral de comportamento com base nos
níveis de ordem ou subordem.
Figura 6. Perfil de Cambissolo Háplico Tb eu trófico latossólico, sem impedimentos de natureza física,
atributos químicos razoáveis e de boa aptidão agrícola. Porém, muito suscept(vel à erosão.
fonte: C.Oleção Mateus Rosas Ribeiro - Solos de Referência de Pemambuco/ UFRPE (http://www.colecaomate us rosas.com.br).
Chernossolos
São solos cons titu ídos por mate ria l mine ra l, que a presentam horizonte A chernozê rnico
seguido por B textura! ou B incipiente (com a rgila de a tiv idade alta e saturação po r ba es
alta), horizonte C cálcico ou carboná tico, ou conta to lítico, desde que o horizonte A seja
cáJcico ou carboná tico, pode ndo apresentar sequências d e h orizontes A-Bt-C-R, A-Bi-C-R,
A-Ck-R e Ak-R (Santos et ai., 2013). Sã o desenvolvidos a p artir de materiais de origem ricos
em Ca, em regiões subúmidas ou frias, com m a ior ocorrência na Região Sul.
O horizonte A chernozêmico é um horizonte s uperficia l, re lativam en te espesso e
escuro, com alta saturação por bases e predominantemente satura do por cátions clivalentes,
com estrutura granular moderada a fortemente desenv olvid a, a ltos teores de matéria
orgânica e cores escuras, com valores e cromas igua is ou menores que 3 (Figura 7).
Os Chernossolos são, por definição, solos com excelentes atributos químicos, sendo
considerados bastante férteis, e de boas condições físicas no horizonte superficial. As maiores
limitações ao uso agrícola são apresentadas pelos Chernossolos Rêndzicos, que apresentam
pequena profundidade efetiva e, muitas vezes, estão associados com pedregosidade
superficial e, ou, rochosidade, podendo ocorrer em relevo mais movimentado. Entretanto,
os elevados teores de carbonatos na superfície causam problemas de imobilização de p e
indisponibilidade de micronutrientes. Quando em condições de relevo suave, estes solos
têm boa aptidão para pastagens.
Os Chemossolos Ebânicos, Argilúvicos e Háplicos, quando em relevo favorável,
têm boa aptidão para lavouras. A textura argilosa e muito argilosa de alguns perfis pode
representar moderada restrição ao uso de irnplementos agrícolas, em razão do excesso de
plasticidade e pegajosidade, quando esta prática é executada com umidade acima da ideal
(Oliveira, 2001). O uso excessivo de operações mecanizadas, principalmente o uso da grade
de disco, pode promover a destruição da estrutura do horizonte A chernozêmico. Práticas
de cultivo mínimo ou semeadura direta são recomendadas para estes solos, visando
preservar os conteúdos de matéria orgânica e a condição estrutural dos mesmos.
Luvissolos
São solos minerais eutróficos, não hidromórficos, normalmente pouco profundos a
rasos, com horizonte B textural (Bt), argilas de atividade alta e saturação por bases alta
(Santos et al., 2013). Estes solos possuem horizonte A do tipo fraco ou moderado, ocorrendo,
geralmente, associados com pedregosidade superficial, especialmente nas Depressões
Sertanejas do semiárido nordestino, principal região de sua ocorrência (Figura 8). Podem
apresentar caráter vértico, solódico e, ou, salino, no horizonte Bt ou BC.
São solos eutróficos, com média a alta soma de bases trocáveis e reação
moderadamente ácida a ligeiramente alcalina, sendo considerados de alta fertilidade
natural. No entanto, apresentam características restritivas ao uso agrícola, como pequena
profundidade efetiva, pedregosidade, caráter solódico ou salino, altos teores de silte no
A e presença de caráter vértice e, ou, textura muito argilosa, com acentuado aumento dos
teores de argila entre A e Bt.
Evidenciam fortes limitações em relação à suscetibilidade à erosão em virtude dos
teores elevados de silte do A, responsáveis pela ausência de estrutura e formação de crostas
superficiais que estimulam o escoamento superficial, e presença de horizontes pouco
permeáveis e com argila dispersa (Btn ou Btv) próximos à superfície. Estas condições são
agravadas pelo regime de chuvas concentradas de grande intensidade da região semiárida.
A pequena espessura do horizonte A, geralmente com intensa pedregosidade
superficial, é responsável por fortes limitações em relação ao uso de implementos agrícolas
(Figura 8). O uso de arado ou grade pesada de tração motorizada nestes solos geralmente
atinge o horizonte Bt, de condições físicas desfavoráveis, acelerando o processo erosivo.
o manejo inadequado destes solos, mesmo em relevo suavemente ondulado, tem sido
responsável pelas grandes áreas em processo de desertificação no semiárido nordestino,
sendo os Luvissolos os solos mais comumente encontrados nestas áreas (Ribeiro et al.,
2009a).
A utilização destes solos eleve-se restringir às áreas ele solos mais profundos, de relevo
s uave, com menor pedregosidade, com a util ização ele implementas leves, de preferência
ele tração animal, com a adoção de todas as med id as de controle da erosão. A limitações
pela ca rência de água também constitue m uma restrição muito importan te, que inviabiliza
a sua ex ploração em sistemas de manejo desenvolvi dos. Os Lu vissolos sã? utilizad?s co_m
agricultura irrigada em alguns projetos, com destaq ue pa ra o Perímetro Irrigado Ca lifórnia,
no Estado de Sergipe, que apresenta, entretan to, sérios problemas de erosão.
Figura 8. Perfil de Luvissolo Crómico órtico típico mostrando a pequena profundidade, pedrego idade
superficial e ausência de estrutura no horizonte A.
Fonte: Foto cedida pela Coleção Mateus Rosas Ribeiro - Solos de Referência de Pemambuco/ UFRPE (http:// www.
colecaomateusrosas.com.br).
Argissolos
São solos minerais, não hidrornórficos, com horizonte B textura!, imediatamente
abaixo do A ou E, com argila de atividade baixa, ou com argila de atividade al ta, desde que
conjugada com saturação por bases baixa e, ou, caráter alítico, na maior parte do horizonte
B (Santos et al., 2013). Apresentam sequência de horizontes A-Bt-C-R ou A-E-Bt-C-R, com
perfis geralmente profundos e com transições graduais entre os horizontes (Figura 9).
Os Argissolos são solos muito diversificados, desenvolvidos dos mais diferentes
materiais de origem e dispersos em todas as regiões do país, ocorrendo desde o ambiente
subtropical do sul do Brasil até a Região Amazônica e o serniárido nordestino. Esta
diversificação de situações impossibilitél uma interpretação de caráter geral com base 110
nÍ\ el de ordem ou mesmo subordem.
O SiBCS define cinco subordens para a classe dos Argissolos, que apresentam
alguns atributos que as diferenciam em termos de uso e manejo. Estas subordens são
individualizadas pela cor em: Argissolos Bruno-Acinzentados, Acinzentados, Amarelos,
\ ermelhos e Vermelho-Amarelos.
Figura 9. Perfil de Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico húmico. Solo de boas condições físicas,
linútado pela baixa fertilidade.
Fonte: Foto cedida pela Coleção Mateus Rosas Ribeiro - Solos de Referência de Pemambuco/UFRPE (http:/ /www.
colecaomateusrosas.com.br).
Os J\rgissolos Acinze ntados são c;olos de cores acinzentadas na maior parte dos
primeiros ·100 cm do horizonte Bt (inclusive BJ\), com matiz 7,5 YR ou rnai amarelo,
va lores maiores o u ig uais a 5 e cromas meno res que 4 (Sa ntos et ai., 201 3).
Em s ua gra nde maioria, es tão re lacio nad os com sedimento terciários da Formação
Barreiras e formações correlatas, particul armente nos Tabuleiros Costeiros do a rdeste,
onde ocupam áreas muito planas ou levemente deprimidas. São solos com a rgila de
atividade baixa e dis tróficos, apresentando ca rá ter coeso nos perfis com textura franco-
aJ·giloarenosa ou mais fina .
Ocorrem em relevo plano, com condições al tamente fa voráveis à mecanização das
operações agrícolas e sem problemas de erosão. A principal limitação é a baixa fertilidade
natural, com teores muito baixos de macro e micronutrientes. O ca rá ter coeso nos a ios
mais argilosos requer, em algumas culturas, principa lmente euca lipto e laranja, o uso de
subsolagem antes do plantio para permitir o a profunda mento da raiz pi votante das mudas
(Rezende, 2000). Os solos mais arenosos evidenciam baixa retenção e disponibilid ade de
água, sendo muito frequente a presença de fragipã ou caráter d úrico, que, quando próximo
à superfície, pode constituir Lmpedimento ao crescimento do sis tema radicular e formação
de lençol suspenso.
Os Argissolos Amarelos apresentam matiz 7,5 YR ou mais a marelo na maior parte
dos primeiros 100 cm do horizonte Bt (inclusive BA). Distribuem-se sobre os Tabuleiros
Costeiros da Região Nordeste, relacionados aos sedimentos da Formação Barreiras, e ão
muito utilizados na cultura da cana-de-açúcar.
São solos normalmente distrocoesos, ou seja, distróficos e com caráter coeso, podendo
demonstrar textura arenosa/ média ou média/ argilosa, com baixa fertilidade natural
e com deficiência de macro e micronutrientes. São solos sem limitações com relação
à suscetibilidade à erosão e altamente favoráveis à mecanização, quando ocorrem no
topo dos tabuleiros, podendo, menos frequentemente, ocorrer em encostas onduladas
ou mesmo forte onduladas, suscetíveis à erosão. O caráter coeso constitui Lmportante
limitação nos perfis com textura média/ argilosa, necessitando de subsolagem para
algumas culturas arbóreas ou cultivo em covas altas para culturas de sistema radicular
mais superficial. É comum nos Argissolos Amarelos a ocorrência de um horizonte fragipã
(Btx) a profundidades acima de 100 cm, que funciona como um retentor de umidade para
as culturas.
Os Argissolos Vermelhos, com cores no matiz 2,5 YR ou mais vermelho ou com
matiz 5 YR e valores e cromas iguais ou menores que 4, no Bt, e os Argissolos Vermelho--
Amarelos, com cores no Bt que não se enquadram nas classes anteriores, têm grande
ocorrência em várias Regiões do Brasil, como o Sudeste, Sul, Centro-Oeste e ordeste,
derivados comumente de rochas cristalinas, principalmente gnaisses, em áreas de rele o
ondulado e forte ondulado, conhecidas como mar de morros (Oliveira et al., 1992)
Os solos são normalmente de textura média/ argilosa e, em menor proporção de
textura arenosa/média, com argila de atividade baixa e saturação por bases variando de
alta a baixa, sendo, portanto, eutróficos ou distróficos. Alguns grandes grupos da classe
podem apresentar argila de atividade baixa e caráter alumínico ou caráter alítico, com
maiores limitações de fertilidade natural.
As principais limitações ao uso agrícola dos Argissolos Vermelhos e ermelho--
Amarelos decorrem da suscetibilidade à erosão e dos impedimentos à mecanização em
consequência do relevo, além das limitações por fertilidade natural nos grandes grupos
Aliticos, Alunúnicos e Distróficos.
Nitossolos
São solos minerais argilosos desde a superfície (350 g kg·1 ou mais de argila), profundos,
com um horizonte B nítico abaixo do horizonte A, com argila de atividade baixa ou caráter
aUtico na maior parte do horizonte B, dentro de 150 cm da superfície (Santos et al., 2013).
Quanto à morfologia, indispensável para sua identificação, estes solos apresentam cores
muito unifom1es ao longo do perfil, com ausência de policromia entre A e B, estrutura
em blocos moderada ou fortemente desenvolvida, e presença de superfícies brilhantes no
horizonte B (Figura 10). Podem apresentar cores variando de vermelhas a brunadas.
Figura 10. Perfil de Nitossolo Vermelho distroférrico típico, evidenciando o forte desenvolvimento
estrutural e condições físicas extremamente favoráveis.
Fonte: Foto cedida pela Coleção Mateus Rosas Ribeiro - Solos de Referência de Pernambuco/UFRPE (http://www.
colecaomateusrosas.com.br).
te rmos d e porosidc1dc, permea bilidade, aeração, re tenção e d is poni bi lid a de de ág ua, sem
res trições de drenagem, nem impedimentos ao desen vo lvimen to d o sis te ma rad icu la r,
sendo cons id erados solos bastante resis tentes erosão (Figura 10).
Em nível de suborde m, os Nitossolos são separad os c m três classes: Bru nos, Ver melhos
e Háplicos
Os Nitossolos Brw,os, qu e ocorrem no planalto Sul d o Bras il, são sempre ácidos,
distróficos ou alumínicos, com fortes limitações pela baixa fertilid ade natura l (O liveira et
al.,1992).
Os Nitossolos Vermelhos, mais importantes em extensão, ocorrem principalmente
nas Regiões Sudeste, norte da Sul e Centro-Oeste, com pequenas ocorrências nas orte e
Nordeste, e são, quase sempre, relacionados com derrames de rochas básicas. Em relação
aos atributos químicos, são frequentemente Eutróficos e tem alto potencia l para la vouras.
Ocorrem também grandes grupos Alíticos, Alumínicos ou Dis trófícos, com limi tações pela
baixa fertilidade natural.
Apesar de resistentes à erosão, estes solos ocorrem, frequentemente, em áreas de
relevo ondulado e forte ondulado, que apresentam restrições quanto à s uscetibilidade à
erosão e aos impedimentos à mecanização.
Os Nitossolos Háplicos ocorrem com pouca expressão e têm comportamento
semelhante aos Nitossolos Vermelhos.
Latossolos
Estes solos são constituídos por material mineral, apresentando horizonte B latossólico
imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A, dentro de 200 cm da superfície do
solo ou dentro de 300 cm, se o horizonte A a presentar mais de 150 cm de espessura (Santos
et al., 2013).
São solos de textura franco-arenosa ou mais fina, resultantes de um intenso processo
de intemperização, que confere aos solos certa uniformidade em termos de atributos
morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos, permitindo definir aspectos do seu
comportamento em relação ao uso e manejo dos solos. São solos muito profundos, com
pouca diferenciação de horizontes, gradiente textural pequeno ou ausente, baixo teor de
argila dispersa e alto grau de floculação, alta estabilidade de agregados, baixa relação
silte/ argila, predomínio de argilominerais 1 :1 e sesquióxidos, baixa CTC, baixo conteúdo
de minerais primários facilmente intemperizáveis. Ocorrem, geralmente, associados a
superfícies antigas e preservadas, em relevo plano ou suavemente ondulado.
Esses atributos permitem inferir que os Latossolos, de maneira geral, são solos de
baixa fertilidade e com excelentes atributos físicos. As suas limitações se restrin gem à
baixa fertilidade natural, apresentando excelente aptidão agrícola em sistemas de manejo
desenvolvidos, com alta aplicação de insumos e de resultados de pesquisa.
A ordem dos Latossolos compreende quatro subordens: Brunas, Amarelos, Vermelho
e Vermelho-Amarelos.
Os Latossolos Brunos estão relacionados com os planaltos do su l do Brasil,
apresentando cores brunas, com matizes 7,5 YR ou mais amarelos na parte superior do
horiz nte B (indu iv BA) ou em todo oh rizonte Bw, em oncomitância com valor úmido
igual ou inferi r a 4 e roma igual ou inf rior a 6. Admitem-se também solos com cor úmida
no matiz YR, na maior parte do horizonte 8 (inclusive BA), desde que os valores sejam
iguai ou inferiores a 4 e cromas inferiores a 6. Demonstram alta capacidade de retração
com a perda da umidade, evidenciada pelo fendilhamento em cortes de barrancos expostos
ao sol. Sãos los argilosos, alumínicos, dish·óficos ou ácricos, ácidos e com limitações fortes
por baixa fertilidade natural e ocorrências esporádicas de geadas (Oliveira et al., 1992).
Os Latossolos Amarelos são os de cores amareladas, com matiz 7;5 YR ou mais
amarelo na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte Bw (inclusive BA). Apresentam,
caracteristicamente, o caráter coeso, adensamento pedogenético que ocorre, geralmente,
entre 35 e 70 cm (Ribeiro, 2001). Este horizonte, extremamente duro quando seco, restringe o
crescimento do sistema radicular na época seca e provoca falta de aeração no período chuvoso,
exigindo manejo especial com o uso de subsolagem, entre outras práticas (Figura 11).
figura 11. Perfil de Latossolo Amarelo distrocoeso típico sob cultivo de cana-de-açúcar, ~ostrando
0 horizonte superficial degradado pelo excesso de gradagens e o caráter coeso no honzonte BA,
onde se vê uma rachadura.
São solos de textura média ou argilosa, ácidos e com saturação por bases baixa.
Distribuem-se pelos Tabuleiros Costeiros e áreas similares da Amazônia, desde o Ama~á e
por todo o Utoral das Regiões Norte e Nordeste, Estado do Espírito Santo e Rio de Janeiro,
até a parte norte do Município d Campos d Coita azes. As pr incipais limitações a uso
agrícola deco rrem da baixa ferti lidade natural , com d ficiê ncia de macro e micronutrientes,
além de problemas físicos re p resentados pelo ca rá te r coeso.
Os Latossolos Verme lhos e Vermelho-Amarelos abrangem solos desenvolvidos de
distintos materiais de ori gem, responsáveis por variações q ue são se paradas em nível de
subgrupo, em razão dos teores de óxidos de fe rro, ca rá ter distrófico, e utrófico e ácrico, que
interferem no grau de limitação por fe rtil idade natural.
Espodossolos
Esta classe compreende solos rrunerais hidromórficos ou não, q ue dem onstram
horizonte B espódico de acumulação iluvial de m atéria orgâ nica e AI, associados o u não com
Fe e precedido de horizonte E álbico (Santos et ai., 2013). Evidenciam perfis profundos e bem
diferenciados, imperfeitamente a mal drenados, com sequência de horizontes A-E-Bh, Bhsm
ou Bsm, com transições geralmente claras ou abruptas e planas. O Bsm o u Bhsm a presenta-
se extremamente duro, cimentado, compacto e muito pouco permeável, sendo responsável
pelo bloqueio da drenagem e formação de lençol s uspenso no período chuvoso (Figura 12).
Figura 12. Perfil de Espodossolo Ferri-humilúvico Órtico espessarênico d úrico, mo trando a te: tura
arenosa do A+E álbico e o duripã logo abaixo dos 100 cm, bloqueando a drenagem.
Fonte: Coleção Mateus Rosas Ribt!iro - Solos de Reíen!ncia de Pl!ma.mbuw/ FRPE (http:// ww, , 11!<:aom;itt:'UST - • ..:umbr).
Este olo ocorrem ao longo de toda a costa do Brasil, sobre s di m entos arenosos
na Bai ·ada Litorânea, nos Tabuleiros Costeiros da formação Barreiras no N ordeste e em
grandes e ·ten ões da Amazônia, principalmente na bacia do rio Negro.
São solo de te ·tura arenosa e extrema pobreza, com as limitações inerentes a
olos com e tas características, como baixa retenção de nutrientes, lixiviação acentuada
dos fertilizantes, baixa capacidade de retenção e disponibilidade de água, alta taxa de
decomposição de matéria orgânica e virtual ausência de reserva de nutrientes.
Em razão da presença de duripã e do relevo plano ligeiramente deprimido onde
ocorrem, fom1ando abaciamentos e depressões fechadas, podem apresentar lençol freático
em alguns trechos, sendo limitados por excesso de água, no inverno, e por carência de
água, no período seco.
Em virtude das fortes linutações em relação à baixa fertilidade natural, ao excesso e à
carência de água, estes solos são inaptos para lavouras, inclusive para a cultura da cana-de-
açúcar, embora ainda sejam plantados com esta cultura no Nordeste, com o uso de irrigação
no período seco, demandando aplicações maciças de matéria orgânica, como única forma
de melhorar os seus atributos físicos e químicos (Usina Coruripe, 1997). A capacidade de
água disponível destes solos é muito baixa, o que deve ser considerado no planejamento da
irrigação, para evitar desperdício e sobrecarga no lençol freático. Considerando-se a baixa
retenção de umidade destes solos e a presença de horizonte impermeável, o uso da ferti-
irrigação com vinhaça constitui uma operação de alto risco de contaminação das nascentes.
Planossolos
Esta ordem compreende solos minerais, com horizonte A e, ou, E, seguido de horizonte
B plânico (Santos et al., 2013). São solos imperfeitamente ou mal drenados, que apresentam
horizonte superficial ou subsuperficial eluvial, de textura mais leve, normalmente arenosa
ou média (leve), que contrasta abruptamente com um horizonte B plânico subjacente,
ad&isado, com acentuada concentração de argila, muito pouco permeável e responsável
pela formação de lençol suspenso, de existência temporária.
Evidenciam perfis pouco profundos, bem diferenciados e com sequência de horizontes,
geralmente, Ap-E-Btn-Cr-R ou A-Btn-Cr-R, com transições quase sempre abruptas entre A
ou E e o Bt, que, geralmente, apresenta caráter sódico ou solódico (Figura 13).
Apresentam limitações em relação à pequena profundidade efetiva e suscetibilidade
à erosão, sendo, entretanto, os problemas ligados à drenagem e ao regime hídrico, em
consequência dos seus atributos físicos, as maiores limitações para utilizar estes solos.
Demonstram excesso de umidade no período chuvoso e extremo ressecamento na época
da estiagem.
Estes solos são inaptos ou de aptidão restrita para lavouras de sequeiro, particularmente
nos perfis que apresentam espessura de A + E inferior a 40 cm, tendo em vista que o Btn
subjacente constitui um impedimento à penetração da água e das raízes, provocando ao
mesmo tempo encharcamento no período chuvoso e carência de água no período seco.
A profundidade do Btn é também fundamental no aumento da suscetibilidade à erosão,
sendo 05 Planossolos uma das classes de solos relacionadas com as áreas em processo de
desertificação na Região Nordeste (Ribeiro et al., 2009a).
Sob irri gélção, a prese nta m s rias lim itJções de drenagem, com formação de lençol
freá ti co e risco d e sa lini zação. Pla nossolos com horizonte B plâ nico ocorrendo dentro do
prime iros 100 cm são consid erad os não irri gáveis pa ra cu ltu ras diversificadas (CODEVASF,
2001), sendo recom end ados, qu a ndo em co ndições de relevo plano, para plantio ele Mroz
inundado (Classe 4R) (Carter, 1993), muito co mum nas á reas d e Planossolos do Rio Grande
do Sul.
Figura 13. Planossolo Nátrico órtico salino mostrando a transição abrupta en tre o A e o horizonte
plânico, com estrutura colunar, que bloqueia a infiltração da água e das raize , limi tando o uso
destes solos na agricultura.
Plintossolos
Esta classe compreende solos minerais hid ro mórficos ou com sérias restrições à
percolação d a água. Possuem horizonte p líntico, concrecionário ou litop líntico dentro
dos 40 cm superficiais ou a maiores profundidades, quando subsequente a ho rizonte A
ou E, ou a horizontes pálidos, acinzentad os ou mosq ueados (Santo et al., 2013 . stes
solos, prevalece o regime hídrico al ternado, de menor ou maior duração de e. cesso de
Figura 14. Perfil de Plintossolo Argilúvico eu trófico abrúptico, evidenciando o bloqueio de drenagem
a 70 cm, em consequência do horizonte plíntico e da mudança textura! abrupta entre E e Btf.
São solos com grande diversificação morfológica e também física e química, exceto
quanto às funções que a presença do horizonte plíntico lhes confere. O horizonte plíntico
tem aspecto variegado, constituído por um aglomerado de manchas vermelhas de
concentração de óxidos de ferro (plintita) em um fundo de cores acinzentadas. A plintita
apresenta consistência firme ou muito firme, quando úmida, e muito dura a extremamente
dura, quando seca (Figura 14).
Quando os solos apresentam petroplintita (nódulos e concreções lateríticas) são
denominados Plintossolos Pétricos concrecionários, quando as concreções são soltas, ou
Plintossolos Pétricos litoplinticos, quando as concreções são consolidadas e contínuas.
Quanto aos aspectos químicos, há grande domínio de solos distróficos, sendo pouco
frequentes os solos eutró.ficos, normalmente com argila de atividade baixa. Há Plintossolos
que presen temente né'ío são consid erados hid romórficos, des tacando-, os Plintosc;olos
Pétricos, concrccioncí ri os ou lí loplíntícos.
Quanto às limitações ao uso zigrícola, deve-se ter e m mente o excesso d'Lígua dos
Plintossolos Háplicos no período chu voso, mais limita nte qu and o o hori zonte plíntico
ocorre próximo à superfície. Os horizontes concrecionários litoplín ticos constituem
sérias limitações ao uso de implementas agrícolas, quando ocorrem à superfície ou perto
dela; e, no caso dos litoplín ticos, podem impedir o crescimen to do siste ma radicu lclf.
Estes horizon tes concrecionários e litoplínticos também podem con tribu ir para uma baixa
capacidade d e retenção e disponibüjdade de água, em consequência do ba ixo conteúdo de
terra fi na, podendo ressecar mu ito no período seco.
Em condições naturais, estes solos são ma is usados com pas tagen , destacando-se o
uso com Bmchiaria l111111idicola (Embrapa, 1986). Na implantação de sistema de d renagem
nas áreas de Plintossolos, deve-se considera r a questão da drenagem a rtificial q ue pode
leva r os solos a ter uma desidratação irreversível do horizonte plíntico, acelerando o
processo de consolidação.
Gleissolos
Esta classe é constitu ída por solos hidromórficos, que se caracterizam pela presença
de horizonte glei imediatamente abaixo de horizonte A ou de horizonte h ístico de pequena
espessura. O horizonte glei se forma em consequência da presença de lençol freático
próximo à superfície, durante todo o ano ou, pelo menos, durante um longo período.
São solos mal a muito mal drenados que apresentam sequencia de horizontes A-Cg,
A-Big-Cg, A-Btg-Cg, A-E-Btg-Cg etc., com lençol freático em torno de 50 cm, podendo, no
período chuvoso, atingir níveis próximos à superfície, com risco de inundação, o que se
constitui na sua principal limitação (Figura 15).
O excesso de água e consequente deficiê ncia de oxigênio constitui a principal limitação
à utilização destes solos, condição agrícola que só pode ser melhorada com a implantação
de um sistema de drenagem, somente possível em sistemas de manejo semidesen olvidos
e desenvolvidos (Ramalho Filho e Beek, 1995).
Uma vez drenados, os Gleissolos Melânicos e Há plicos têm potencial de utilização
variável em razão de outros atributos como textura e fertilidade natural. Entretanto, e. is tem
subordens como os Gleissolos Sálicos, com alta salinidade, e os Gleissolos Tiomórficos,
ricos em materiais sulfídricos, que apresentam limitações que inviabilizam qualquer tipo
de utilização agrícola.
A drenagem dos Gleissolos Tiomórficos promove a oxidação dos composto d e
enxofre, principalmente sulfeto de ferro, formando sulfatos e acido s u lfúrico, resultando
em violento rebaixamento do pH para valores inferiores a 3,5, com altos valores de H • e
AP+ trocáveis. A utilização dos Gleissolos Tiomórficos vai depender da profundidade d "
ocorrência dos materiais sulfídricos. Se estes materiais ocorrerem den tro do primeiros
80 cm, estes solos somente poderão ser utilizados com inundação, como na Tailàndia, na
cultura do arroz (Souza Jr et ai., 2001b) .
Figura 15. Perfil de Gleissolo Háplico Ta eutrófico típico em uma área dotada de sistema de drenagem
e cultivado com cana-de-açúcar na Usina Salgado. Depois de drenados, estes solos são altamente
produtivos.
Fonte: Coleção Mateus Rosas Ribeiro - Solos de Referência de Pemarnbuco/UFRPE (http:/ /www.colecaomateusrosas.com.br).
Organossolos
São solos constituídos por material orgânico (CO ~ 80 g kg-1), que apresentam
horizonte hístico (H) com 40 cm ou mais de espessura, quando desenvolvidos em ambientes
hidrornórficos, ou com horizonte hístico (O) com 20 cm ou mais de espessura seguido de
contato lítico fragmentário ou não, em condições de boa drenagem (Santos et al., 2013).
Quando o material orgânico apresentar 75 % ou mais do volume constituído por material
hôrico (tecidos vegetais), é exigida uma espessura igual ou maior que 60 cm.
É comum, abaixo da camada orgânica, ocorrer um horizonte glei (Cg) de cor cinzenta e
textura geralmente argilosa (Figura 16). Demonstram sequências de horizontes H-Cg, Hl-
H2-H3 e O-R e estão relacionados com várzeas permanentemente encharcadas e ambientes
muito mal drenados (Figura 16), exceto aqueles que têm sequência O-R, que ocorrem em
ambientes altimontanos, principalmente no sul do País.
Por serem constituídos essencialmente por materiais orgânicos, contêm elevados
teores de carbono, baixa densidade do solo e cores escuras ou pretas. São solos formados
pela progressiva acumulação de biomassa vegetal residual em ambientes palf stres
(palustrização) e que, com o tempo, se decompõem em produtos orgânicos transfor1ados,
conhecid os co mo mate ria l lurfoso. A dife renciação doe; horizontes é comnndada pelos
diferentes g raus d e decomposição dos cons tituintes, que também têm influência na
aptidão destes so los para uso agrícola. A ba ixa dens idade des tes solos reduz a ca pacidade
de sustentação das raízes, não send o indica dos pa ra plantas de gra nde porte.
Em nível de subordem, são s ubdi vididos em O rga nosso los Tiomórficos, Fálicos e
Háplicos.
Os Organossolos Tiomórficos, que é1presentam male ríai s ulfídricos dentro dos
primeiros 100 cm, têm limitações q ue inviabiliza m s ua utilização agríco la, pois a execução
da drenagem promoverá a oxidação dos compos tos de e nxofre, principalmente ulfeto de
ferro, formando sulfatos e acido su lfúrico, resultando em violento rebaixamen to do pH
para valores inferiores a 3,5, com efeitos tóxicos irreparáveis para as cultura
Figura 16. Organossolo Háplico hêmico típico drenado para o cultivo da cana-de-açúcar.
Fonte: Coleção Mateus Rosas Ribeiro - Solos de Referência de Pemambuco/ UFRPE (http:/ / w\ w.colecaom.:iteus rosas.com.br).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
LITERATURA CITADA
Alves EAB. Solos orgânicos salinos tiomórficos: influência da calagem, sob drenagem controlada, nas
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1
1 De parta mento d e Solos, Faculdade de Agr onomiil, Unjversidade Federi!l do Rio G rande do Sul
Porto Alegre, RS. E- mail: rena tole@ufrgs.br
21 Embrapa Soja. Londrina, PR. E-mail: osmar.conte@embrapa.br
Conteúdo
Berto( l, De Ma ria IC, Souza LS, editores. Ma nejo e conservação do solo e da água. sa, IG: 1edade
Bras ileira d e Ciê ncia d o Solo; 2018.
164 RENATO LEVIEN & ÜSMAR CONTE
INTRODUÇÃO
é1da tipo de utilizé1çéio pode conta r com um tipo de perfi l de meca ni zação. Cada
perfil de mecanização implicará em maior o u meno r impac to am bie nta l, custo, de mand a
de tempo e energia.
De modo gera l, mobilização do solo por máquinas implica impac ta r o a m biente por
cau sa da decomposição microbiana ou perda da matéria orgâ nica por erosão, da mistura
de camadas de solo com diferent!?S condições físicas, químicas e biológicas, das a ite-rações
estruturais de diferentes n.íveis, da ex posição do solo à radiação solar e ene rgia erosiva de
chuvas e ventos, da expos ição do solo ao tráfego e à pressão causada pelo peso de rodados
d e tratores e m áquinas, bem como à pressão exercida pelas partes ati vas de máqu ina
sobre e dentro do solo.
A magni tude desses impactos depende do grau de mobilização d o olo e m
profundidade e extensão, do tipo de preparo e, o u, semeadura, da o rientação em relação
à declividade do terreno (em nível ou morro aci ma/ morro abaixo), do tipo e tama nho
da fonte de potência, da velocidade de trabaU10, do estado de consis tência do solo no
momento d a su a mobilização, das regulagens e do estado de manutenção da máq uina e
dos equipamentos.
Um fator também de grande influência na qualidade das operações executada por
tratores e máquinas agrícolas é a mão de obra envolvida nessas tarefas . Observa-se, muita
vezes, que problemas operacionais e, ou, ambientais não são por causa exclusivamente
das máquinas e sim ao mau uso a que essas são submetidas. Máquinas e equipamento
bem projetados e construídos podem não executar a tarefa com quaJidade, caso haja
desconhecimento por parte do usuário e, ou, operador de todas as potencialidades desses.
As primeiras grandes intervenções no manejo das terras para uso agrícola no Brasil
ocorreram em solos cultivados com café e cana-de-açúcar. Inicia lmente, nessas áreas foi
empregada basicamente a força humana (mão de obra dos escravos) e a tração animal.
Mesmo sem a utilização intensiva de tratores e máquinas, essa talvez tenha s ido a primeira
interferência realmente importante que ocorreu nas terras agrícolas do Brasil, em termos
de manejo do solo e da água. O resultado pode ser quantificado sob dois as pectos. Um,
positivo, em razão da mudança do tipo de exploração agrícola vigente, meramente
extrativista, para a adoção de uma agricultura comercial. Outro, negativo, constituído pelo
uso do solo sem o núnimo conhecimento de sua real aptidão, da a usência de planejamento
em relação a o manejo conservacionista do solo, do emprego de monoculturas e da
exploração do trabalho humano.
Os imigrantes colonizadores foram os responsáveis efeti os pela introduçã da
agricultura no Brasil, sobretudo a agricultura familiar produtora de alimentos. Esse -
indivíduos trouxeram uma cultura agropecuária já consolidada no país de o rigem deles, bem
corno o instrumental agrícola núnimo, sementes e práticas culturai . Logicamente, també m
trouxeram procedimentos de manejo do solo e da água muitas vezes incompatí ei e m
a realidade de solos e clima do Brasil. Num primeiro momento, os indi íduo imigrantes
determinaram suas prioridades e foram individua lmente e, ou, coletivamente construindo
novo conceito de uso e manejo do solo em suas pequenas comunidades, cons ide rando as
condições que lhe eram di poníveis.
Por m, logo hom e pressão por novos espaços de terra, por parte dos indivíduos filhos
dos imigrantes colonizadores, fruto da alta taxa de crescimento demográfico. Por causa de
o trabalho agiicola ser predominantemente com base na força de tração humana e, ou,
animal, fanúlias que dispunham de maior número de pessoas para trabalhar nas lavouras
se sobrepunham às outras, de pequeno contingente humano. A questão cultural também
contribuiu para a pressão de ocupação de novas terras. Por tradição e dever de consciência,
os pais procuravam deixar uma porção de terra aos seus fill1os. No entanto, somente um
deles, geralmente o mais novo, continuava a morar com os pais após o casamento, com sua
nova fanúlia. Fatores como esses contribuíram para a população brasileira residente no
meio rural decrescer de 55 % em 1960 para ao redor de 12 %, em 2010.
A pressão por novas terras no Brasil provocou e está ainda provocando: as invasões e,
ou, ocupações de terras consideradas improdutivas pelos agricultores, os quais não dispõem
de propriedade agrícola - essas ocupações ocorrem normalmente em áreas próximas ao
local de origem desses indivíduos ou, no máximo, dentro do mesmo estado; e a busca de
novas fronteiras agrícolas, por produtores individua.is, às vezes em locais cultural, física e
climatologicamente muito diferentes dos de origem daqueles indivíduos (outros estados
ou mesmo outros países). Nessa situação, é comum um produtor vender sua pequena
propriedade, localizada em uma região onde a terra está muito valorizada, mas com
problemas para emprego intensivo de motomecan.ização e, com o mesmo dinheiro, comprar
uma fazenda com área maior em uma região onde a terra a.inda não está muito valorizada,
mas geralmente com uma topografia ma.is propícia ao uso intensivo de máquinas. Nessa
condição também podem ser enquadrados os grandes empresários, banqueiros, políticos
e outros que adquirem consideráveis frações de terras com recursos próprios ou com
incentivos fiscais ou governamentais para uso em atividades agropecuárias.
Em razão de fatores como crédito subsidiado e juros abaixo do mercado, grandes
empresas, bancos, políticos e empresários nacionais ou estrangeiros passaram também
a investir em terras e na agropecuária, constituindo as empresas rurais ou empresas
patronais. Administradas por gerentes (engenheiros-agrônomos, técnicos agrícolas ou
simples capatazes) e empregando trabalhadores assalariados, muitas dessas empresas
cumprem a função social delas, manejando convenientemente os recursos naturais, gerando
renda e testando e incorporando novas tecnologias. Diferenciam-se das propriedades
familiares por seu grande poder de pressão com os órgãos governamentais na captação
de incentivos e, ou, financiamentos públicos, na renegociação de dívidas e na execução de
obras de infraestrutura nas propriedades ou na região onde se inserem. Possuem acesso
fácil à imprensa e à assistência técnica, especialmente aquela prestada por empresas
multinacionais de grande porte e, de modo geral, todas mecanizadas e com mão de obra
qualificada para as diferentes funções agropecuárias.
Para melhor entendimento da trajetória da mecanização agrícola ao longo dos anos de
agropecuária no Brasil, podem-se distinguir algumas fases relacionadas a aspectos de uso
e manejo do solo e da água.
A primeira fase consistiu de mecanização incipiente, a.inda no século XX, com a chegada
dos colonizadores. Caracterizou-se por falta de assistência técnica e estudos locais que
pudessem contrapor às experiências trazidas pelos agricultores imigrantes dos seus locais
de origem. O manejo do solo em uso agrícola resultava em degradação, principalmente por
éÍgua el e su perfície e sublcrrâneél. Ess,1 cobrnnça levou e tem levado a estud os pa ra c1va liar
a e fi cácia da se meadurél di reta sobre aquelas variáveis.
Em resumo, esperava-se e a inda se es pera que na s clua úllimc1s fase<; de manejo e
conservação d o solo e da água anteriormente citada '> sejam contemplados reflorestam nto,
adubação verde, maté ri a orgâ nica, pro teção ela fauna e flora, cobertura do olo, semeadura
direta, a provei tamento racio na l de dejetos, contrai alternati vo de prJgas e doenças,
saneamento bás ico no me io rura l, cuidad os com a água e assocíc1tivis mo. Por meio
de um processo participa ti vo englobando governos, técn icos, entid ades d e ensi no e de
pesquisa, sociedade urbana, empresas pú blicas e pri va das e agricultores, poderá se chega r
a uma agricultura mais limpa, menos poluidora e dema ndadora de energia, com mc1ior
lucratividade líqujda financeira aos que a pra ticam e q ue pos a ga rantir a s uste ntabilid ade
produtiva ao solo, indefinidamente.
Contextualização geral
A agricultura atualmente praticada no Brasil está, em grande parte, alicerçada
na utilização intensiva de máquinas e implementos, em que a fonte de potência são os
tratores de rodas. Assim, relacionar máquinas com qualidade ambiental e manejo dos
solos, especificamente máquinas que de alguma forma mobilizam o solo, é tarefa que exige
reflexão sobre sua evolução histórica, desde sua introdução nas Regiões Sul e Sudeste
e recente e importante expansão para a região conhecida corno MATOPIBA (Estados
do Maranhão, do Tocantins, do Piauí e da Bahia). A utilização de campos naturais e
de áreas com vegetação de cerrado com agricultura pode ser feita com algum grau de
mobilização do solo (arados, grades, escarificadores) ou com uso de semeadura direta.
As áreas já em exploração com agropecuária podem ser primeiramente divididas quanto
ao grau de mobilização, em razão da utilização com culturas anuais ou plurianuais. Nas
culturas anuais, tem-se a possibilidade do emprego de equipamentos que promovem os
mais diferentes graus de mobilização, em extensão e profundidade no solo. Nas culturas
plurianuais, faz-se menção aqui aos cultivas em linhas de frutíferas em geral, café e esp cies
flores tais, com restrição de mobi lização do so lo, no mí.nimo, próx imo s linhas de plantio
e, em a lgu mas situações, também nas entre linhas. Cada fo rma de uso e, ou, mcorporaç5o
de á reas à atividade agropecuária necessita de determinadoc; perfis de conjun tos
motomecanizados (tratores, máq uinas e imp lementas) e de processos ope racionais
relacionados à mobilização do solo. Dependendo do conjunto motomecanizado e do
processo operacional empregado, a mobili zação imposta ao solo implicará em maior ou
menor impacto ambiental. De modo geral, pode-se dizer que a mobi lização do solo, com
a finalidade de utilizá-lo em agropecuária, produzirá impacto no ambiente por ca usa da
acelerada decomposição microbiana ou perda da ma téria orgân ica por erosão, da mi tura
de camadas de solo com diferentes condições físicas, químicas e biológicas, das alterações
estruturais de diferentes níveis, da exposição do solo à radiação solar e energia erosiva de
chuvas e ventos, da exposição do solo ao tráiego e da pressão ca usada pelo peso de rodados
de tratores e máquinas, bem como dos componentes ativos das máquinas sobre e no solo.
A magnitude desses impactos depende do grau de mobilização do solo em p-rofundidade
e extensão, tipo de preparo e, ou, semeadura, orientação em relação à declividade do
terreno (em nível ou aclive/ declive), tipo e tamanho da fonte de potência, velocidade de
trabalho, estado de consistência do solo no momento da s ua mobilização, regulagens e
estado de manutenção das máquinas e equipamentos. Do ponto de vista histórico, foram
diferentes os graus e tipos de mobilização do solo proporcionados pela agropecuária em
sua evolução ao longo do tempo. Em grande parte das vezes, esses eq uipamentos foram
utilizados em áreas sem aptidão agrícola para lavouras com culturas anuais, ou seja,
na ausência de qualquer planejamento em relação ao manejo conservacionista do solo.
Hoje, na prática, continuam-se utilizando os mais diversos métodos de preparas do solo,
desde os altamente mobilizadores até aqueles que promovem a mínima mobilização
necessária para a prática da agricultura. Para tal, estão disponíveis no mercado nacional
diversos modelos de semeadoras, semeadoras-adubadoras, plantadoras-adubadoras e
transplantadoras-adubadoras. Essas máquinas estão projetadas para trabalhar nas mais
variadas condições, corno tipos de solo, condições de superfície e subsuperfície (palha,
camadas ou locais compactados, raízes vivas ou mortas, microdepressões), teores de água
no solo, profundidades e velocidades de trabalho, sem a necessidade de preparo prévio de
solo. Também existe a possibilidade de aquisição de máquinas de tamanhos e concepções
diferenciadas, adaptáveis a diferentes fontes de potência, como animais, rnicrotratores e
tratores.
co mo dé.1 gcomc lrir1 cio s ul o íormiJcl o, inl •rf •rind o cliret<.1m nte na m obilizaç5o 'expu ls,1o
d e solo do s ulco d e meacluril. A combinação d clifer ntes tipos el e hac; le e ele ponte iras
tem e feito no grau de mobi lização do solo na linhil el e sem ad ura / planti o. s a ltera ções
ma is significa ti vas refere m-se ao fo rmato cio s ulco, volume de solo mobilizado, vol ume d e
solo expulso do sulco fo rmado e consequ ente gr au d e recobri mento d a bio massJ resid ua l
adjacente a ele. Os diferentes graus e formas de mobilização d o solo, promovid os pelos
sulcadores que eq uipa m as semeadoras-adubadoras de semeadurJ direta, podem ter
re fl exos principalmente sobre emergência da cu ltura semeada, estab lecimento d e pla_n ta
invasoras, dis tri bu ição e, ou, incorporação de corretivos e nutrientes ao longo d o perfil d o
solo, a lterações na disposição e no teor de e-orgâ nico do solo e exposição do solo mobil iZéJdo
a agentes erosivos. Por efeito d o impac to das gotas da chu va, o solo mobili zado d o su lco
pod e ser desagregad o, rea rra njado e depositado no seu interior, fo rmando-se selo e, ou,
cros ta, que pode diJicultar ou mesmo impedir a emergência da cultura semeada. A ex pu l ão
d e solo e o recobrimento da palhad a adjacente ao su lco pod em facilitar a germinação das
sementes d e invasoras e favorecer a degradação microbiana da palhada recoberta. Entre a
configurações possíveis d e sulcadores d o tipo haste, também são consid er ad os a demanda
d e tração e o cons umo energético.
Figura_ 1. Linha de semeadura composta por (1) disco de corte de palhada; (2) sulcador de adubo tipo
discos duplos; (3) sulcadores de discos para sementes; (4) rodas limitadoras da deposição das
sementes; e (5) rodas compactadoras das sementes.
Fonte: Catálogo Baldan.
5
Figura 2. Linha de semeadura composta por (1) disco de corte de palhada; (2) sulcador de adubo
tipo facão ou sulcador fixo; (3) sulcadores de discos para sementes; (4) rodas limitadoras da
deposição das sementes; e (5) rodas compactadoras das sementes.
Fonte: Catálogo Baldan.
Na sequência ao disco de corte vem o mecanismo sulcador, que pode ser do tipo
hastes, muitas vezes conhecidas como facões, e são essas as maiores responsáveis por
mobilizar solo no sulco de semeadura. Como alternativa, a semeadora pode estar equipada
com discos duplos desencontrados, em substituição às hastes sulcadoras. Esses demandam
menos potência para serem tracionados, justamente porque mobilizam menor volume de
solo no sulco e por atuarem mais superficialmente. Pela forma como atuam, os sulcadores
do tipo discos duplos normalmente ocasionam menos embuchamentos, mas tem limitada
Figura 4. Compactação do solo na linha de semeadma (a) e uniformidade do espaçam ento entre
plantas na linha sob em semeadma direta (b).
Fontes: Catálogo John De<>re e Embrapa (Cruz el ai., 2010).
Figura 6. Distribuição espacial da força de tração medida em haste sulcadora a aliada na emeadura
direta de soja, em três profundidades de trabalho: (a) (6 cm), (b) (9 cm) e (c) (12 cm).
Fonte: Adaptado de Conte (2011).
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Leituras a cada centúnetro
(a) (b)
Figura 7. Representação gráfica do perfil de mobilização de solo obtido após passagem do sulcador
tipo facão de semeadora utilizada em semeadura direta (a) e perfilômetro de varetas (b).
Fonte: Adaptado de Conte (2011).
s uperfície d o solo coberta por biomassa cul tural resid ual. A ineficiência em termo de
m obili zação pode acorrer quando se d eseja fa zer uma has te s ulcadora estreita operar
profundamente, ultrapassando a profundidade crítica de trabal ho (Codwi n, 2007). Com
isso, se aumenta exponencialmente a demanda de potência, sem que ocorra proporciona l
mobilização de solo com incremento da profund idade de traba lho da haste. Esse fenô meno
já é conhecido em equipamentos de preparo de solo conservacion istas que usam hastes
como escarificadores e subsoladores. No entanto, em semeadura direta, se u tilizam hastes
sulcadoras bem mais estreitas do que aqueles equipamentos e, assim, a profun didade
crítica de trabalho é bem menor. É comum as ponteiras de hastes s ulcadoras empregadas
nas semeadoras possuírem em tomo de 2,5 cm, o que levaria a se a tingir a profun didade
crítica em sulcamente a partir de 13,0 cm, ou seja, cinco vezes a s ua largura. Em pesq uisa
recente foi criado o índice de mobilização de solo que serve exatamente para avaliar se uma
haste sulcadora perde sua eficiência à medida que opera em profundidades crescentes. Esse
índice leva em consideração a área de seção de sulco mobilizada e a profundidade m áxim a
de sulcarnento, e, com esses dados, se obtém a razão" centímetros quadrados mobi lizad os
na seção transversal do sulco por centímetro de profundidade". Se essa razão se mantiver
à medida que a profundidade de trabalho da haste aumentar, essa está sendo eficiente na
mobilização de solo. Do contrário, já teria atingido a profundidade crítica de trabalho e com
isso passaria a perder eficiência (Conte et al., 2011). Perda de eficiência, nesse caso, representa
dispêndio energético (mais potência para tracionar), pois não se obtém mobilização de solo
proporcional à profundidade de trabalho da haste sulcadora. Na figura 8 evidencia-se o
índice de mobilização de solo obtido para dois solos: um Latossolo, com aproximadamente
550 g kg·1 de argila; e um Argissolo, com aproximadamente 220 g kg- 1• Pode-se observar
que houve perda na eficiência de mobilização de solo pela haste sulcadora à medida que a
profundidade de trabalho ultrapassou 12 cm para o Argissolo, enquanto para o Latossolo o
decréscimo no índice de mobilização não foi significativo com o aumento na profundidade
de sulcamento até 18 cm (Figura 8).
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Profundidade (cm)
Figura 8. Índice de mobilização de solo obtido para hastes sulcadoras de adubo de semeadoras
utilizadas em semeadura direta, operando em diferentes profundidades nas condições de
Latossolo e Argissolo.
Fonte: Adaptado de Conte et ai. (2011).
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o
o 500 1000 1500 2000
Número de leituras
Figura 9. Perfis de esforço de tração obtidos com um modelo de haste sulcadora de semeadora-
adubadora utilizada em semeadura direta atuando em três profundidades (cm), em experimento
com ILP, em Latossolo.
Fonte: Adaptad o de Conte et ai. (2011).
por diferentes lotzições co m nnima is sobre o pa s to e, conseq uentem nte, maiore piso teios.
Observa-se que a demanda de trnção medida néls hastes é mJior qua nto mais bél ixa a altura
da pas ta gem, para as quatro profundidades ele tra ba lho t s tadc1 . Isso comprova que os
animais ca usam a lterações físicél s no solo, que faze m com que a va ri ável fo rça de tração
ava liada em hastes sulcadoras de semeadoras aumente, mesmo m profundidade. Com
isso, demons tra-se que essa pode ser urna va riável usada para mapea r impc1ctos de c1n i~ais
nas lavouras. o entanto, as alterações que são diagnos ticadc1s po r meio do esforço m~d1do
na haste não necessa riamente representam impactos que podem se ex pressé) r na qualtdc1de
da semeadura e na produtividade e sustentabilidade do s is tema em q uestão, no caso a ILP.
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Alturas de Pasto ( m)
Figura 10. Esforço de tração em hastes sulcadoras operando em quatro profundidades em experimento
com ILP, com diferentes alturas de manutenção do pas to.
Fonte: Adaptado de Conte et ai. (2008).
N 1
Quadro 1. Va ri áveis determinadas com semeadora-a du bado ra ele milho equipa d <1 co m
dois tipos d e s ulcadores e ope ra ndo e m aclive e declive
Quadro 1. Cont.
Sentido de Tipos de sulcador
deslocamento Hastes Disco duplo Médias
Patinagem das rodas traseiras do b·ator (%)
Em declive 3,4 bA 2,7 bA 3,1
Em aclive 12,7 aA 9,0 aB 10,9
Mdias 8,1 5,9 7,0
Profundidade de semeadura do milho (cm)
Em declive 4,6 3,6 4,1 a
Em aclive 4,5 3,8 4,1 a
Médias 4,6A 3,7B 4,1
Produtividade de grãos da cultura do milho (kg ha·1)
Em decli e 7.063 6.406 6.735 a
Em aclive 6.444 6.484 6.464 a
Médias 6.754 A 6.445 A 6.600
Em cada variável, médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na Linha não diferem s ignificativamente
entre si pelo teste deTukey (p<0,05).
Fonte: Adaptado de Levien et al. (2011 ).
Tráfego controlado
A mecanização das operações agrícolas é componente indissociável do processo
produtivo no contexto moderno de agricultura. Contudo, é indubitável que o uso
da mecanização seja feito de forma técrúca e com conhecimento, a fim de que não se
potencialize os impactos ambientais, com reflexo dentro e fora do sistema de produção.
Máquinas agrícolas têm grande potencial de impactar negativamente o ambiente de
produção, a começar pelo solo, pela aplicação de pressão pelo tráfego de rodados ou pela
sua mobilização por equipamentos de preparo. No sentido de confrontar os impactos
negativos da compactação promovida por tráfego de máquinas agrícolas, atualmente é
uma realidade em algumas regiões o uso do tráfego controlado dentro dos talhões. Nesses
casos, procuram-se criar duas zonas distintas dentro da área de cultivo: uma onde se trafega
e a outra onde se cultiva (Radford et ai., 2007). Dessa maneira, é possível satisfazer boas
condições de tração às maquinas, pois os locais destinados para tráfego oferecem condições
propícias para isso, com solo bem consolidado (compactado), elevando o potencial de
tração, diminuindo resistência ao rolamento dos pneus e, com isso, promovendo ganhos
em capacidade de trabalho e consumo de combustível.
Entretanto, as zonas não trafegadas por máquinas não sofrem ação da aplicação de
pressão por pneus e, por isso, não sofrem compactação. No caso, compactação representa
perda da estrutura física do solo, em detrimento do crescimento radicular, suprimento
15 rn
15m 1 11 15 m
Perda de área: U%
Figura 12. Ilustração de tráfego controlado em lavo ura com semeadura direta de cultivo anuais.
com base em largura útil (lu) de 15 m dos conjuntos mecanizados para sem ead ura direta (trator
+ semeadora, pulverizadores e distribuidores autopropelidos, colh edora e trator + reboques
graneleiros) e com máximo de 0,85 m de largura das faixas de passagem dos rodados.
Por em prática uma agricultura com tráfego controlado não é tarefa fácil e nem de bai ' O
custo. Ainda pode representar perda de área útil cultivada, por exclusão dos locais destinados à
passagem dos rodados das máquinas, o que, nwn primeiro momento, pode não er bem aceito
por parte dos produtores. Deve-se ter o entendimento que, no processo como um todo, pode-
se ganhar, pois mesmo perdendo em área produtiva (12 %, no e, emplo da figura 12), tem-se a
compensação com melhores condições físicas do solo nas áreas de cultivo, isentas de tráfego,
o que deve proporcionar maiores produtividades em médio e longo prazos e com menores
custos, por exemplo, com combustíveis e potência dos tratores, como é o caso de su bstituir
sulcadores do tipo facão por sulcadores de d.iscos nas semeadoras utilizadas em semeadura
direta. Contudo, essa resposta pode não ser imediata e ainda se enfrenta o in esti.mento inicial
para a aquisição das máquinas. Por meio da implantação do tráfego controlado, que representa
uma mudança na forma de empregar a mecanização no contexto produtivo, podem- e t r
benefícios no sentido da conservação do solo e do an1biente, principalmente pela conservação
da estrutura do solo, pela infiltração e pelo armazenamento de água, assim como pelo menor
dispêndio energético nas máquinas, pelo consumo de combustí ele pela redução de em· -es.
Fertilização em superfície
A mudança de conceito na apl icação de fe rtili zant s parece s r tendênciél atual.
Contudo, se for rea li zada uma aná lise crite riosa das razões par a essa nova prática , fica
perceptível a interface d ire ta com a mecanização e é1 implicações, tanto nas o per ções
motomecanizadas, como no manejo da fertilidad e do solo por meio da aplicaçã de
ferti lizantes e corretivos a lanço e em s upe rfície no solo. Atualmente, com a semeadura
dire ta já consol idada em mais de 50 % da área agrícola do Brasil cultivada com cultura
produtoras de grãos, a operação dessa técnica subs tituiu tod os os preparas de olo que
antecediam a semeadura no passado. Dessa forma, nessas propriedades rurais a frota de
tratores foi enxugada e, em muitos casos, d ispõem-se de tratores especificas para cad.i
operação: o u só operam com semeadora o u só com pulve rizador, para exemplificar. Sendo
assim, diante das condições adequadas de solo e clima para rea liza r a semea du ra, é preciso
aproveitar o máximo do tempo disponível. Nesse sentido, a operação de semeadura,
desvinculada de aplicação de fertilizantes, proporciona maior rend imento operacional ao
conjunto trator-semeadora, pois necessita menor número de paradas para reabastecimento.
Diante dessa nova tendência, alguns modelos d e semeadoras já saem de fábrica somente
como semeadoras e não mais como semeadoras-adubadoras, o que diminui o seu custo de
aquisição e as tornam mais leves para tracionar, principalmente pela men or massa total.
Dessa forma, é possível a umentar o número de linhas da semeadora para uma mes ma
potência de trator ou optar por um trator de menor potência, diante do mesmo tamanho
de semeadora.
Para o sistema solo, os ganhos são relacionados à realização da operação em melhores
condições de umidade, visto que se precisa de menor tempo para realizar a semeadura ou
reduzir a aplicação de pressões ao solo pelo conjunto trator-semeadora. ão é indicada a
mudança indiscriminada para a forma de aplicar fertilizantes a lanço em superfície. Devem
ser atendidas as recomendações técnicas da pesquisa, vigentes para cada região do Brasil;
porém, naquelas propriedades onde já se aplica o conceito de adubação do sistema, onde o
níveis de fertilid ade do solo estão de acordo com as recomendações, a adubação a lanço em
momento diferente da semeadura representa oportunidades, como aplicar em condições
ideais de umidade se for o caso, aproveitar preços melhores na entressafra, facilita r para
aplicar a uma taxa variável e melhor ocupar os equipamentos e tratores da propriedade.
incorporá-la ao olo. Nesse ca o ocorre utilização indireta de mecanização na cultu ra, mas
com benefícios para cultivas posteriores. O solo passa por preparas sucessivos, com us o
de equipamento que promo e intensa mobilização, acúmulo de tráfegos na área, podendo
ocasionar érios problemas de compactação e erosão e incrementar o consumo de potência
e energia na lavoura algodoeira.
a cultura de algodão, a colheita é realizada em um período do ano sem chuvas, por se
tratar de regiõe com duas estações bem definidas (a das águas e a da seca), o que, ao menos
em parte, toma menos grave e impactante o efeito dos preparas de solo utilizados para
destruir a soqueira do algodão. Isso porque o solo mobilizado não está sujeito à erosão, em
razão da ausência de chuvas no período, sendo os riscos de compactação do solo também
minimizados. Do contrário, as práticas mecanizadas usadas na interrupção do ciclo das
pragas do algodão se tornariam, no mínimo, arriscadas no tocante à sustentabilidade do
solo e das águas nessas regiões. No entanto, em regiões produtoras como o Oeste da Bahia,
o solo preparado para destruir soqueiras da cultura ou mesmo para incorporar corretivos
de solo e fertilizantes a fim de obter incremento de fertilidade em maiores profundidades,
por exigência dessa cultura, é mantido descoberto, tornando-se suscetível à erosão eólica,
favorecida pelo longo período seco e pela vastidão das áreas com relevo plano (Figura 13).
Figura 13. Preparo convencional do solo para cultivo de algodão no Oeste da Bahia, resultante de
operações sucessivas realizadas com uso de arado de aiveca, grade aradora e grade niveladora.
principél l me nte pelo c1umcnto no ti1manho. olhedora5 com cl vada capacidade np rJciona l
de ca mpo, cm razão principc1 lmenle da g rand e largura úti l de corte dél platafn rrna,
acabam prom ovend o concen tração da biomassa cul tur;i l rec;idua l em faixa menor que e,sa
larg ura, como demonstrado no trabalho de Kum: et ai. (2008) . Esse fato não é dec; jável
quando se trata de manejo e conservação d o solo, por d ixar pa rte da área coberta por
pouca cobertura de biomassa cultura l residual. Ainda acaba aca rr tando v riabilidade na
ciclagem de nutrientes, podendo provoca r problemas de embuchamento em operações
de semeadura realizadas logo após a colhe ita ou mau funcionamento de equipamento
que a tu em no so lo. Essa concentração de biomassa cultural residual em faixa por célusa
da distribuição dessa na colheita mecanizada é decorrente de colheitas realizadt1 com
plataformas específicas para cereais, equ ipadas com s is tema de barra segadora, onde toda
a biomassa vegeta l acima da a ltura de corte é recolruda pela colhedora, como no ca o de
soja, arroz, aveia, trigo, cevada, canola, feijão etc. Em col heita q ue emprega plataforma
despigadoras, como as utilizadas para milho, onde somente as espigas e pequenas par es
da planta de miU10 são processadas na colhedora, ocorre grande redução da biornas a
cu ltura l res idua l liberada pela colhedora e, consequentemente, também reduz o problema
da s ua distribuição desun.iforme sobre a su perfície do solo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
a ncccssidéld e de m;:i is c~lu loc; e pC'c;quic;;:i<;, b<'m como mr•lhnr rclacão e inh:>).;raçé'i n e n~re
pcs qui saclorcs, c mprcc;él<; fabrican t s ele tr,1 torcc;, m,k1uinc1,; , cqu ipil m nlo e p rod ul0 reo;;
rurai s para m el hor c nle nclim nlo das rclé,çô s so lo-m cíquina-pl,1 nta-c1tmnc; ferc:1 . '5sC1 po rq u e
a agric ultu ra, el e fo rma gera l, es té.Í ' m co ns tan te e vo luçc'io e el s m cíqu inas d eve m e r b" m
projetada e cons tru ídas pa rzi ex c utzir élS tarefas qu lhe,:; w mpetP cn m q u zi li Jade, bzi ix<1
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Luciano da Silva Souza'/, Álvaro Luiz Mafra 21, Laércio Duarte Souza:V, Ivandro de
França da Silva4/ & Vilson Antonio Klein 51
Conteúdo
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................-·-····· ......... _. __ ...... 194
FATORES DE CRESCIMENTO VEGETAL .................... ......................................................... ................- ···· ........... 194
O solo como fator de crescimento vegetal... ............................................................................................... _........... 195
Fatores químicos, físicos e biológicos do solo e sua relação com o crescimento wgetal ............................ 19.5
Interdependê ncia entre os fatores químicos, físicos e biológicos do solo ...................... ..............·-··- .. -···· 195
Atributos do solo que influenciam os seus fatores químicos, físicos e biológicos ................................. ..... 196
O SOLO COMO UM SISfEMA TRíFÁSlCO ESTRUTURADO ............................... - ................................................. 196
INTER-RELAÇÃO ENTRE MANEJO E ATRfBUTOS FÍSICOS DO SOLO ............................... ·····-·········............ l9
Textura e manejo do solo ............................................ ................................................................ ······················- ···-·· 19
Manejo e a tributos do solo relacionados à qualidade estrutural e mecàni a do olo .. ············- ·· ................... 19
Densidade do solo .................................................................................................................................................. 1
Porosidade total, macro e microporosidade do solo .................................................. ··- ··-······· .................... 104
Consistência do solo··························································································································-··············-··· '>07
Resistência do solo à penetração ............................................................................................................... ...... .. 211
Estrutura e agregação do solo ........................................................................................................................ ...... 2'1.5
Melhoria da qualidade estrutural e mecânica do solo ................................................................................. .... 220
Manejo, disponibilidade de água e aspecto hídricos do solo ..............................................- ............................. ,,..,
Re te nção de água no solo .................................................................................................................... .............. ,,,
Infiltração de água no solo .........................................................................................................................- ......... 2:!7
Comiutiviclade hidráulica do solo ....................................................................................................................... .,,
Inte rvalo hídrico ótimo (IHO) ................................................................................................................ - ............. 231
Be rto( I, De Maria IC, Souza LS, editores. Manejo e conserva,;tio do solu e da j b'll,l . V1ço ·.1, ;\!
Brasileira de C i~ncia cio Solo; 2018.
194 LUCIANO DA SILVA SOUZA ET AL .
INTRODUÇÃO
O crescimento das plantas (C) é condicionado pelo ambiente, que se manifesta por
meio dos fatores de crescimento vegetal X,, X2, ~ ' ... , X0 , simbolicamente representados
pela equação (Forsythe, 1967):
(1)
re levo, clima, orgélnismos vivos e tempo), definida por Jenny ( 194 1), pod m-se identi ficar
e m termos gerél is os fa tores de cresci mento veget.1 1 p r meio clc1 equação:
j
r 196 LUCIANO DA SILVA SOUZA ET AL.
também es ncial para a vida dos organismos do solo (fator biológico). Da mesma forma,
a matéria orgâni a (fator biológico) tem grande influência na disponibilização d e nuh·ientes
(fator químico) e na retenção de água (fator físico) .
O solo é um corpo natural dinâm.ico e trifásico (Figura 1), constituído por fases sólida
(materiais minerais e orgânicos), líqu.ida (água ou solução do solo) e gasosa (atmosfera do
solo). As fases líqu.ida e gasosa ocupam os poros do solo, num equilíbrio dinârn.ico entre
essas, ou seja, sempre que uma aumenta no solo, a outra diminui.
Baver et ai. (1973) ressaltaram o fato de que essas três fases não estão distribuídas
ao acaso no perfil do solo. A ordenação delas está condicionada pelo tamanho e pela
d.isposição dos componentes da fase sólida. No solo, existem partículas primárias de areia,
s ilte e argila e partículas secundárias ou agregados, consideradas elementos estruturais
formados pela un.ião de partículas primárias. A estrutura do solo é definida pelo arranjo,
pela ordenação e pela proporção dessas partículas primárias e secundárias, incluindo
necessariamente o sistema poroso associado. O espaço poroso é composto por macroporos,
existentes principalmente entre os agregados, e por m.icroporos, que predorn.inam no
interior dos agregados. Marshall (1962), citado por Ferreira (2010), já havia corroborado
isso ao defin.il" a estrutura do solo como o ananjo das partículas e do espaço poroso entre
esséls, sendo lé1 m bém cl cscri lé1 quanto êlO tJ m,rnh o, a fo rma e an c1r ranjo dos c1gre~ados
fo rm él d os q u,1nd o pMtícu lélc; primá ri êls se t1 grupa rn m un id Jdes ·epa ráveic;.
m., ::::O Ar V
Água
m,o,.,, V ....
Portanto,aestrutura do solo pode ser considerada como wn dos m ais importantes atributos
do solo do ponto de vista agrícola, em razão das propriedades fund amentais nas relações olo-
água-planta. As relações das raízes das plantas com o ar, a água e, consequentemente, com a
absorção de nutrientes dependem do estado estrutural do solo (l'vfarcos, 1968).
Shaxson (1993) enfatizou a estrutura do solo e o sistema poroso a sociado co mo um
fator-chave no seu funcionamento. Boas condições es truturais (Fig ura 2a) eriam indicada
por boa proporção entre macro e microporos, resultando em dinâmica de água em
restrições no perfil, retenção de água em tensões disponíveis para as plantas, penetração
de raízes e aeração do solo favoráveis ao funcionamento das raízes e da plan ta como um
todo. Isso somente reforça a importância dos fatores físicos do olo relacionados om o
crescimento vegetal, mencionados por Forsythe (1967) e abordad os anteriormente ne te
mesmo texto. Para Shaxson (1993), a degradação do sistema poroso do olo, como ocorre
por efeito da compactação (Figura 2b), reduz a quantidade de macropo ro e pode ~er tão
importante em limitar a produção das plantas quanto a perda de pa rtículas do ~o)o pela
erosão.
A importância da estrutura do solo e do s is tema poroso a ela associad o para as relações
solo-água-planta levaram Mascos (1979) a questionar a concepção incompleta de fer tilid ade
do solo, quando restrita à conotação química. O termo produtividade fo i u tilizad o como
uma maneira de reduzir a limitação do conceito químico d e fertilida :le, sendo essa
avaliada pela produção obtida no sistema onde o solo é a penas um do · component -.
Assim, o potencial produtivo do solo é dado por sua fertilidad e em entido .1m plo, q ue, em
relação às exigências das plantas, compreende a capacidade para fornecimento adeq uado
de água, oxigênio, calor, nuti-ientes e permeabilidade à penetração d e raize-; de e- -~ ainda
considerar a atividade biológica do solo como causa e efeito dos a tributos fí icos e q uímicos .
Microporos
(a) (b)
Figura 2. Solo em boas condições esh·uturais (a) e o mesmo solo compactado (b).
Fonte: Shaxson (1993).
A estrutura do solo e o sistema poroso a ela associado têm relação com os fatores
físicos do solo relacionados com o crescimento vegetal como já visto, que são determinados
por vários atributos físicos do solo. É evidente que qualquer alteração na estrutura e no
espaço poroso do solo refletirá nesses atributos e nos fatores físicos de crescimento a esses
associados. O manejo do solo influencia os seus atributos físicos, podendo contribuir tanto
para sua degradação quanto para sua recuperação, corno será visto a seguir.
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Figura 3. Valores m édios de densida_d e de raizes (DR) de _Iaranjeir~ 'Harnlin' enxertada em limoeiro
'Cravo', em uma topossequênc1a de solos de tabuleiro, localizada em Sapeaçu, BA, composta
por Latossolo Amarelo argissólico (LAx), Argissolo Amarelo (PAx), ambos coesos, e Argissolo
Acinzentado (PAC), não coeso.
Fonte: Souza et ai. (2008).
se qu e os va lo res inicia lmente propos tos pa r cem e; r consistentes para snloc: c1 rgiloc:o..,, ma~
es t{io s ubestimad os pa ra os d textura méd ia Menosa.
Ds 1
(kg dm )
1,-1 .i 1,5
Figura 4. Valores d e d ens idade d o solo (Os) qua ndo o in tervalo hídrico óti mo é zero, para distintas
classes tex turais.
Fonte: Reic hc rt e t ai. (2003).
Quadro 1. Valores de den id ade do solo e de coeficiente de variação (CV) avaliados nos ho rizon tes
A e_Bw de La!ossolo Vermelho muito argiloso em Marechal Cândido Rondon, PR, sob floresta
nativa e com tonageira perene sob cultivo intensivo para produção de feno
Quadro 2. M.:itéria org{in ica L' ;ilribut o<; físico,; d l' 1 ato<;solo Verm elh o di<:trúfirn típico, em JifPrenle<;
profu ndidades e rrlílnejos, na rcgiJo ci o~ cerr,1clo<; •m 5 'le Lc1go,1 <;, MG
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25
Figura 5. Densidade do solo ao longo do perfil de Argisso lo emclho-Amarelo de anta la ria, RS,
em três sistemas de manejo do solo. Linhas horizontais indicam a dife rença mínima -i..:rni.ficativa
a 5 % e comparam médias dos h·atamentos em cada profundiJaJe. D = semeaduri liireta h..i
sete an os; SDar = semead ura direta revolvida por uma araçãu e uma gra d,urem;0
e De - =
semeadura direta revolvida por escarificador.
Fonte: Silva e t a i. (2006).
Qu;idro 3. la c;c;iíi caç5o doe; poroc; do ..,o lo e éll g um,,., fun çó e; d e cad,1 clas,e
C l.1 sscs Di;1mctrn c íc ti v n
C.irJcterí• tic,1 • e íunc;,)e~
s irnpl ifica d,1q (m m)
( ,r•r,1 Jn1,•nl,. r-r.-nnlr,1J11, 11 ntr•" 11n1d.HI••--. ,...._,tn1h1r.11c;;
dwnJ~í'm <l ,1 ,1,_;u.1 i~r,1v1t,1r1on,1I d ,/u",1n !,· .i:,1 ""· l;im,lOhP
M,icroporos >0,08
c.u fi c1f'n lf• p ,1r,1 ,tcnm, d H r111• ·'-, t:• h,1t-i1t.1t d~ , Prt p ... ,Hum 11 ·
dn snln
1~,,,,.,,,~,io d,· \ g u ,1. mr,•. ,mrntri ,t,, 11-;u,1 í"'" r,1r1l,1rid.,J,, ,.
i\ leso poros 11,01 - 0,08
h,1b1t,1t <le íun~o<. ,, r,1fIe-. m.11 fm,
(;er.Jlmt!nlt• <'ncnnl r,,dn-. drnlrn .J.,~ un1d.1 ,,.. ,-.t,ult1r.11<,
Microporos 0,005 - 0,03 rc tenç,io de .Í~U,J d 1<pnn i" ·I '" rf,10!.1<., •• h .1!,11,,t d., m ,1111r1,1
d.is b,KI íl,l S.
:O.licroporo
Pr~enh.tc; em "º'º" ,.ir ,._;tl, r;..,K, r~_-tenç,in d(• J\!,ll ,1 n,to
Ul trarnicroporos 0,00(11 - 0,()()'i d i..,ponÍ\'('I lts pl.1n ta~; " ·.:.t.•u t,1-n.1nhn t•u-lu1 ~l m ,11nri,1 Jn
m1cror".-ini <m os
Seu I.JTTulnhn ~clui tn<l= O" m1u11r~..1n 1-m11, ,. mol.;'('ul.1, ,li·
riploporos <0,000 1
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Fonte: 13rady e Weil (20 13).
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Figura 7. alares m édjos de macro, micro e porosidade total do horizonte A de Latossolo Vermelho
localizado em Marechal Cândido Rondon, PR, sob floresta nativa e com forrageira perene
sob cultivo intensivo para produção de feno. Para cada variável, valores segwdos por letras
minúsculas diferentes indicam diferenças significativas entre os tratamentos, pelo teste t
(p < 0,05).
Fonte: Giarola et aJ. (2007).
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Figura 8. Macroporosidade (a) e microporosidad e (b) de Latossolo Vermelho sob diferentes i tema
de uso e manejo do solo, em diferentes profundidades, em Planai tina, DF.
Fonte: Oliveira e t ai. (200-l).
Consistência do solo
A consistência do solo refere-se à ma nifestação das forças fí ica de coesão entre as
partículas sólidas, quando o solo está seco, e de adesão entre as partícula e outros materiais,
quando ele está úmido. A consistência do solo interfere em di \ er os aspectos ligado
ao manejo (Quadro 4) e é dependente da umidade. Assim, em olo seco é caracterizada
pela dureza ou tenacidade; em solo únüdo, pela friabi lidad e; e em olo molhado, pela
plasticidade e pegajosidade. Os limites entre os estados de consistência -ão denominados
limites de Atterberg (Figura 9) .
Quadro 4. Efei tos do conteúdo de água na consistência de solos com méd io a elevado teor de argila
e seu reflexos no manejo do solo
Princi1rnl
Conte1ido Grou agente
de água no Formas de Capacidnde Facilidade Resultado do
consistêncio relnti\'O de responsáwl
solo de suporte pnrn manejo manejo
consistêncin pela
consistência
Atração O solo forma
eco Duro, áspero Muito alto molecular Alta Preparo difíci l torrões e
(coesão) poeira
O solo fica
Friável. Ligeiramente esfarelado,
mido Baixo Preparo fácil
macio alta ótimo efeito
na estrutura
Preparo difícil,
Pouco os implementos
O solo forma
molhado Baixa tendem a
poças
afundar e
Tensão deslizar
Plástico. superficial
Alto
viscoso (adesão) Preparo muito
fácil, menor
Muito tração. os
molhado Muito baixa
implementas
frequentemente
O solo desliza
atolam
Víscoso, o
Praticamente Manejo
Saturado solo flui por Muito baixo
nenhuma impossível
gravidade
o LC LP LL Umidade ⇒
aqu e le aprese nta mais í.Íreas d e contato e ntre pa rtícu las indivi J uais do que esse último; e
d) teor de matéria o rgânica - ca usa maio r cn •são cio q ue are ia e s illc, mas meno r Jo que
argila . O incre m ento do teor de maté ri a o rgâ ni ca pod e a ume nta r a faixa de consistencia
adeq uada pa ra revolvi mento do solo, pois a matéri a o rgâ nica ap res nta el vada capacidade
de absorção de água , evi tand o a fo rm c1ção d e pe lículas ao redo r das pa r tículas do 5olo
(Re iche rt et a i., 2010) .
Porta nto, conside ra ndo esses fa to res, a inte r-relação e ntre ma nejo e con i têncía do
solo res ulta da influê ncia do ma nejo na co m pnc tação e nos teo res de matéria o rgânica do
solo, pois a gran ul omeh·ia e o tipo de a rgila não são a lte rad o pe lo manejo.
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LL LP IP Argila
Figura 11. Lim ites de consistencia e teor de ru-gi la do horizonte A de três oi - arg-ilo 5 escuros
(~ceguá: _Yertissolo Ebàni_co _ártico ch~rnos~ó~ico; Bag~: Planossolo Há plico Eutr fico ti pico; ~
Sao Gabn el: Planossolo Haphco Eu trófico verhco) do Rio Grand e do ui. LL = limite de liquid ez;
LP = Limite de plasticidade; e IP = indice de plasticidad e.
Fonte: Go mes e Cabeda (l976).
0,50 100
0,40 80
0,30 60
0,20 40
0,40 80
0,30 60
0,20 40
0,10 20
0,00 o
MN PC SD1 504 5D5 5D12
Figura U. Limites de contração (LC), plasticidad~ (LP) e liq~idez (LL) e teor_de matéria orgânica nas
profundidades de 0-0,05 e 0,10-0,15 m, em diferentes sistemas de maneJo e tempo de adoção da
semeadura direta, em Nitossolo Vermelho em Botucatu, SP. MN = mata nativa; PC = preparo
convencional; 5D1 = semeadura direta com um ano; S04 = semeadura direta com quatro anos;
5D5 = semeadura direta com cinco anos; e 5D12 = semeadura direta com 12 anos.
fonl:e: A is e La nças (2005).
14
-+-- Floresta A
,.__ 12
~ -a- Floresta Bw
e..
~10 -.- Forrngeira Ap
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0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 0,55 0,60
3
Teor de água no solo (rn rn·3)
Figura 13. Variação da resistência do solo à penetração em razão do teor de água dos horizontes
superficial e subsuperficial de Latossolo Vermelho em Marechal Cândido Rondon, PR, sob
floresta nativa e com forrageira perene sob cultivo intensivo para produção de feno.
Fonte: Giarola et al. (2007).
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-10
Figura 14. Resistência mecânica do solo à penetração a_o longo do perfil em diferentes t tema!' de
cultivo em um Planossolo (média de 30 determinações), em Capão do Leão, RS. T1 = s i tema
tradicional de cultivo de arroz irrigado: u m ano com preparo convencional do olo (ar<1ção e
gradagem), seguido de dois anos com pousio da área; T2 =sistema de cultivo con tínuo de arroz,
com p reparo convencional d o solo; T3 = sistema de cul tivo de arroz com rotação de cul turas,
com preparo convencional: arroz x soja x milho; T4 = sucessão de cultura : azevém no inverno
x arroz no verão em semeadura d ireta; T5 = Sucessão de culturas: soja no sistema convencional
x arroz em semeadura direta; e T6 =Testemunha: solo man tido sem cultivo.
Fonte: Pedrotti e t ai. (2001).
5,0 -,------ - -- - -- - - - - -- -- - -- - - - - ~
-~ 1,0
o
0,0 - -~ - -
0-5 10-15 25-35
Profundidade (cm)
Figura 15. Densidade de raízes de milho (florescimen to) sob preparo con encional (PC) e semeadura
d ireta (SD), em Argissolo Vermeli1o-Escuro localizado em Eldorado d o Sul, RS.
Fonte: Mello Ivo e Mielniczuk (1 999).
Na região dos cen-ados, em Sete Lagoas, MG, em Lato solo Vermelho, Beutler e t
al. (2001a) verificaram maiores valores de resistência à penetração para O _istema com
preparo convencional com arado de d iscos e cultivo em rotação com miU1 e feijão, na
profundidade de 15-30 cm no olo, sendo o valor de 3,04 MPa classificado como alto,
podendo ser indicativo de restrição ao de envolvimento radicular e compactação do solo.
De modo geral, ao longo do perfil do solo, os maiores valores de RP foram observados na
semeadura direta (Figura 16). Não é e 'plicitada no artigo a um.idade do solo no momento
da detenn.inação da RP; apenas informa-se que o experimento foi feito sob condições
irrigadas por aspersão, in-igando-se sempre que a tensão de água no solo atingia 70 kPa,
medida por ten iômetros instalados a 20 cm de profundidade.
ssis e Lanças (2005) obtiveram valores de resistência do solo à peneh·ação (RP) na
faixa de 0,7 a 3,5 MPa para várias profundidades e sistemas de manejo avaliados, em
um itossolo ermelho, em Botucatu, SP (Figw-a 17). Os menores valores ocorreram na
profundidade de 0-10 cm, refletindo, de maneira geral, os efeitos da mobilização, da maior
quantidade de matéria orgân.ica e do tráfego de máqu.inas. A RP não variou com o tempo
de adoção da semeadura direta e em relação ao tipo de preparo. Nos diferentes sistemas
de cultivo, os sistemas SD4 e SD5 foram os que apresentaram ma.iores valores de RP em
todas as profundidades, sendo esses valores da ordem de 3,5 MPa na profundidade de 20
a 30 cm. Adotando o valor de 2,5 MPa corno resistência crítica ao crescimento radicular
da soja com o solo avaliado na consistência friável (Torres e Saraiva, 1999), os resultados
indicaram que as áreas de SD4, SDS e S012, nas profw1didades de 0-20 e 20-30 cm,
apresentaram valores superiores, evidenciando possíveis restrições à penetração de raízes,
em períodos de défice hídrico. Os resultados evidenciados indicaram ser a resistência do
solo à penetração, determinação recomendável para avaliar a compactação, considerando
os sistemas de manejo e a intensidade de tráfego, desde que suas determinações sejam
real.izadas com o solo em urna mesma faixa de umidade, aumentando, dessa forma, a
sensibilidade das avaliações.
Resistência à penetração vertical (MPa)
o ~ 1 U 2 ~ 3 ~
o
10
........
120
~
'"O
<!I
'"O -+-CGCM
;a 30
2 -a---coCM
l 40 -A-CDRMF
----SDCM
50
-8--CDRMF
60
-B-CN
Figura 16. Resisténcia à penetração ver_tical em Latoss~lo Verme!~~ Distrófico típico, em diferentes
profundidades, sistemas de maneJO e cerrado nativo, na reg1ao dos cerrados em Sete Lagoas,
MG. CGCM == preparo convencional com grade aradora e cultivo contú1Uo com milho; CDCM
== preparo convencional com arado de discos e cultivo contínuo com milho; CDRMF = preparo
convencional com arado de discos e cultivo em rotação com müho e feijão; SDCM = semeadura
direta e cultivo contínuo com milho; SDRMF == semeadura direta e cultivo em rotação com
milho e feijão; e (CN) == cerrado nativo, como testemunha referencial.
Fonte: Bcutll!T et ai. (2001a).
4.0
[o
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V
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MN PC SDl 5D4 SOS 5D12
Profundi clí:id c (cm)
D 0- 10 D 10-20 20-30 ■ 30....rn
Figura 17. Va lores méd ios de resistência do solo à penetração nas profu ndidades avaliad<1. no<;
diferentes s istemas de manejo e tempo de adoção de semead ura di_reta, em um ;\!itossolo
Vermelho em Botuca tu, SP. MN = mata nativa; PC= preparo convencional; 5D1 = semeadura
diretacom um ano; 5D4 = semeadura direta com quatro anos; 5D5 = emead ura di reta com cmco
anos; e 5D12 = semeadura di_reta com 12 anos.
Fo n te: Assis e Lanças (2005).
m o biliza ção do so lo, o co ntrári o ocorrend o naqu eles co m mél ior JÇJo Jntrópic...1 . O teo r
d e matéria org ânica correlacio nou -se positi va m r nlc co m o DMP ( r ig ura 1 ).
5 ':] CG01
a
a ■ CDCM
4 CDRMF
uSDCM a
0 SDR..\1F
□ CN
2 b
o
0-5 5-20 20-30
Profundidade do solo (cm)
Figura 18. Diâmetro médio geomé trico (DMG) dos agregados em Latosso lo Vermelho Di~trófico
típico, em diferentes profundidades e s istemas de ma nejo, na região dos cerrado em ·te
Lagoas, MG. Letras acima das barras comparam sistemas de manejo e m cada camada, pelo teste
de Scott-Knott (p < 0,05). CGCM = preparo convencional com grade arad ora e cultivo continuo
com milho; CDCM = preparo convencional com arado de discos e cultivo contínuo co m mi lho;
CDRMF = preparo convencional com arado de discos e cultivo em rotação com milho e feijão;
SDCM = semeadura direta e cultivo contínuo com milho; SDR.N[F = semeadura direta e cultivo
em rotação com milho e feijão; e CN = cerrado nativo como testemunha.
Fonte: Beutler et ai. (2001b) .
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n T2 T3 n TS T6 T7 T'
Sistemas de manejo
Figura 19. Diâ metro médio ponderado dos agregados (DMP) e teor de matéria or->.'.\nica , 10) em
s is temas d e cultivo em Planossolo, localizado e m Capão do Leão, RS. TI = Sis ten1 a trad icio nt1.l
de cultivo; T2 e T3 = Sistemas de cultivo contínu o de a rroz; T-! = Sucessão de cultura - Mroz x
soja; TS = Rotação de culturas arroz, soja e milho; T6 = Azevém no inverno e arroz no verão, em
semeadura direta; T7 = Sucessão soja em preparo convencional e arroz em s~meadura dire ta; e
TS = Testemunha - solo ma ntido sem cultivo.
Fonte: Pa lmei r,1 e l a i. (1999).
~ ,
MANEJO E CONSERVAÇAO DO SOLO E DA AGUA
VIII - IN TER-REU\ÇÃO ENTRE MAM EJ O E ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO 219
5,0 - r - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - -
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1,0
0,5
0,0 +--'----'--
0,8
--- - Argisso lo Vermelho-Escuro ------ -- L1to~ olo Ro'\o -
0,2
0,0
Descoberto Aveia/ milho Siratro Capim- Trigo/ ,;oja C 1p1m-
pangob ·dina
Profund id,hk (cm)
O O- LO D l ll-2ll ■ ~O-,O
Figura 20. Dis tribuição do diâm etro médio ponde rado de agregad os em -- istemas de culti o, obtido
por via seca (DMPs) e via úmida (DMPu), e estabiJidade estrutural (DNlPu/ DMP-) em Argi -solo
Vermelho-Escuro, em Eldorado do Sul, RS, e em Latas olo Roxo, em Santo ,·\s1gelo, R .
Fonte: S ilva e Mielniczuk (1998).
,
MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA AGUA
220 LUCIANO DA SILVA SOUZA ET AL.
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0-5 5-10 10-20 20-30 3040
Profundidade (cm)
1 D Cerrado D Semeadura direta ■ Arado de discos 1
Figura 21. Diâmetro médio geométrico (DMG) dos agregados do Latossolo Vermefüo sob diferentes
usos e manejas do solo, em diferentes profundidades, em Planaltina, DF.
Fonte: Oliveira et al. (200-1).
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MN PC SD1 5D4 SDS 5012
Profundidade (cm)
O 0-5 ■ 10-15
Figura 22. Diâmetro médio geométrico (DMG) de agregados em diferentes usos e manejos,
profundidades e tempo de adoção de semeadura direta, em Nitossolo Vermelho em Botucatu,
SP. MN = mata nativa; PC = preparo convencional; SO1 = semeadura direta com um ano;
SO4 = semeadura direta com quatro anos; SOS = semeadura direta com cinco anos; e 5D12 =
semeadura direta com 12 anos.
Fonte: Assis e Lanças (2005).
VIII - INTER - RELAÇÃO ENTRE MAN EJO E ATRIBU TOS FÍ S ICOS DO SOLO 221
As medidas preventi vas relacio nad as à qua lid ade estruturél l e meGmrca d s lo
abrnngem o uso ele s is temas d cultivo divers ificadoc;, com Jlta produção d fitomac;sa
e aporte de material vege tal residual, com cobertura permanente do solo e cresc imento
abundante de raízes. Isso também estimul a él t1ção da macro e microbi o ta do so lo, q ue
proporciona maior estabi lização dos agregados e eq uil íbri o na distribuição de poro5.
A biomassa vegetal residual, além de contribuir com a adição de matéria o rgâ nica
ao solo e, com isso, proporcionar maior estabi lid ade da estrutura e alterar a consi f nci<1
dele, pode amortecer parte da carga adicionada a esse, como cons tatado por Braida et
ai. (2006) em teste de compactação de um Argissolo e de um N itossolo. Destt1rn-s que a
matéria orgânica do solo, tanto humificada quanto em processo de e rabilização, colabo rél
na qualidade estrutmal desse. Assim, as práticas que promovem o acú mulo de matéria
orgânica no solo normalmente são benéficas com relação à agregação e conformação do
poros nele, de forma a estimular o crescimento das espécies culti va das, aumentando o
potencial produtivo dele.
Um critério fundamental também relacionado ao manejo e s uas interferênc ias em
atributos físicos do solo é considerar a condição de consistência friável no momento
das operações de preparo do solo (Quadro 4). Isso normalmente implica e m trabalha r
mecanicamente o solo quando a umidade estiver entre os limites de contração e de
plasticidade, o que reduz a deformação dos agregados e minimiza a compactação.
Entretanto, devem ser evitadas aplicações de cargas, seja pelo tráfego de máq u ina ou
pelo pisoteio animal, em condições de solo úmido, coi ncidindo com a umi dade critica de
compactação.
A descompactação do solo é uma medida necessária quando o comprometimento
da qualidade estrutural for atingido, indicado pela resistência à penetração e dens idade
do solo críticas, além de baixa porosidade total e restrições quanto à macroporo idade.
Identificada a camada compactada, o rompimento mecânico pelos implemento como
escarificadores e subsoladores deve ser realizado em condições de solo mais seco do que
o ponto de umidade ideal para o preparo (Quadro 4). Em manejos conservacionistas, a
atenuação da compactação superficial do solo pode se dar por sulcadores presente na
semeadoras, capazes de romper a camada superficial do solo. Destaca- e que a ação do
implementas descompactadores normalmente é efetiva apenas em curto prazo, pois,
gradativamente, o solo se reconsolida. A persistência de prática de descompactação
deve estar associada ao aporte de matéria orgânica e ao estímulo à atividade biológica
e das raízes, que recuperam a qualidade estrutural do solo, normalmente incrementada
significativamente em médio e longo prazos.
A prevenção da compactação deve ser considerada a principal estratégia de manejo
e se dá pela redução da carga aplicada à superfície do solo, melhor distribu ição da ma a
por unidade de superfície e utilização de áreas restritas do terreno onde se confina o tráfego
(carreadores). Reduzir o número de operações mecânicas, alternar o tipo de equipamento
e variar a profundidade de operação são estratégias preventivas fundamentais, a sim
como utilizar s is temas de cultivo com espécies com abundante istema radicular e capazes
de adicionar fitomassa residual em quantidade elevada na superfície do oi (Hamza e
Ande rson, 2005). Em condições de solo úmido durante o período de crescimento d a cu ltura,
é possível ocorrer expansão adequada do sistema radicular, sem comprometer a absorçã de
água e nuh·ientes.
água n o solo é mn dos fatores físicos de crescimento vegetal. O manejo do solo, por
alterar a estru tura e o espaço poroso a ela associado, altera a energia com a qual a água está
retida no olo, interferindo em diversos processos, com influência no crescimento vegetal,
à medida que se relaciona com aspectos como: absorção de nutrientes pelas plantas,
produção e aporte de matéria orgânica ao solo, vida microbiana, turgescência das plantas,
difusão e controle da temperaturn do solo, etc.
Dois são os processos que explicam a retenção da água num solo n ão saturado. No
primeiro deles, a retenção ocorre nos chamados poros capilares e pode ser ilustrada pelo
fenômeno da capilaridade, que está sempre associado a uma interface curva águ a-ar.
1o segundo processo, a retenção ocorre nas superfícies dos sólidos do solo, como filmes
presos a essas pelo fenômeno da adsorção. Desses dois processos, o mais relevante é o da
capilaridade (Libardi, 2010).
Como todo corpo na natureza, a água no solo está retida por determinada energia,
em razão do diâmetro dos poros e da área superficial específica que a retêm. A retenção e
movimentação da água no solo, sua absorção e transporte pelos vegetais, assim como sua
perda para a atmosfera são fenômenos relacionados a essa quantidade de energia.
Pela dificuldade em dimensionar essa energia em valores absolutos, o estudo da
energia da água no solo considera duas situações, partindo de estados de equilíbrio: 1úvel
de energia da água no solo; e 1úvel de energia da água livre, à temperatura e pressão
constantes (nível de referência com valor igual a zero). A diferença de energia entre as duas
situações dimensiona o potencial total da água no solo; em dois pontos no solo, a água
sempre se move do ponto de maior potencial para o ponto onde ele é menor. O potencial
total da água no solo é composto pelos potenciais gravitacional, de pressão, mátrico e
osmótico. Os potenciais gravitacional e osmótico nunca param de atuar, mas o potencial
de pressão só atua em solo saturado, enquanto o potencial mátrico só se manifesta em
solo não saturado, pois, quando saturado, a água está no nível de energia livre e o seu
potencial mátrico é zero. Os valores do potencial mátrico são negativos, pois representam
a energia d a atração entre a água e os sólidos ou matriz do solo; nesse caso, existem as
forças capilares, responsáveis pela retenção da água nos poros capilares dos agregados,
e as d e adsorção, responsáveis pela retençãoda água na superfície das partículas do solo.
O potencial m átrico é importante em todas as condições de solos não saturados, onde a
inte ração entre os sólidos e a água está sempre presente. Como o potencial m á trico varia
com O conteúdo d e água no solo, sendo tanto menor quanto mais seco estiver o solo,
buscou-se estabelecer uma relação entre ele e o conteúdo de água, o que se consegue por
meio da curva d e retenção de água no solo (Libardi, 2010).
Dexter (2004a,b,c), considerando que a estrutura do solo é a causa comum para
problemas físicos, como baixa infiltração de água, baixa aeração, presença de enxurrada e
erosão, elevada resistência do solo ao crescimento radicular e outros, desenvolveu o índice
s com base na declividade da curva de retenção de água no seu ponto de inflexão, que é
caracterís tico de cada solo, condição de manejo, etc. Quanto maior a degradação do solo,
menor é a inclinação d a curva de retenção, menor é o índice S e piores são as condições
estru turais do solo. Segundo esse autor, a declividade S no ponto de inflexão é uma m edida
da mic roestrutura do solo, qu e pode e r usada como índice d~ qua lidade fí · ica, desd'
quando governa diretamente vários atributos físicos eles e.
Jong van Lier (2012) ap resentou umJ a ná lise crítica em relaçJo JO índice 5 paril avt1 li.:ir
a qualidade do solo. Segundo ele, a gama de va lo res o btid os para o índice 5, ora ltos e m
solos evidentemente degradados, ora bai xos sem aparente corre lação com .:i produtivid,1de
desses, demonstra aquilo que intuitivamente poderia ter sid o desconfiado: o índice S não
apresenta va lores limites de qualidade física que independem do tipo d e solo e ambiente.
Essa constatação, por sua vez, põe em xeque o va lor do índice S como indicador, pois, em
termos absolutos, o seu valor não determina a qu alidade física de um solo. :'-JJ melhor dzis
hipóteses, o índice S pode ser utilizado part1 comparar, dentro de um mesmo pedossistemêl,
um solo sob diferentes usos ou manejas agrícola. esse caso, em última análise, o índice
S refletirá a redução da porosidade total (ou da macroporos idade); medir J porosidade
total de um solo é muito mais fácil do que determinar seu índice 5. Há, portanto, fortes
evidências de que o índice S não possui valor adicional, quando comparado a medida ·
mais simples já existentes. Nesse contexto, Jong va n Lier (2012) concluiu que o índ ice 5
não é um indicador robusto para a medição da qualidade física do solo, nem é eficiente no
auxílio à busca na sua obtenção.
No entanto, é evidente que o manejo, por alterar a estrutura do solo e o espaço poroso
a ela associado, promove alterações também na curva de retenção de água no solo, quanto à
declividade dessa no seu ponto de inflexão e, assim, na qualidade física do solo. curva de
retenção de água é essencial em estudos com vistas a nortear as práticas de uso e o manejo
sustentável dos sistemas de produção agrícola. Modificações na estrutura do solo associadas
à compactação e à perda da estabilidade dos agregados alteram a ctistribuição dos poros por
tamanho, bem como a retenção, o movimento e a disponibilidade de água no solo.
Klein e Libardi (2002), trabalhando em Latossolo Vermelho de textura argilosa de
Guaíra, SP, constataram que o uso e manejo do solo alteraram consideravelmente o traçado
das curvas de retenção de água no solo em razão da redução da porosidade e alteração
da distribuição do diâmetro dos poros. Essas alterações foram mais acentuadas na área
irrigada, coincidindo com as camadas de até 0,4 m, mais sujeitas à ação do manejo e onde
ocorreram os maiores valores de densidade do solo. As curvas evidenciaram- e muito
similares nas maiores profundidades (Figura 23). A área de sequeiro e a irrigada, em
comparação com a mata, tiveram sua estrutura modificada, com alterações significativa
na densidade até a profundidade de 0,4 m. As alterações na densidade promoveram
menor umidade do solo na saturação e maior no ponto de murchamente permanente.
Essas diferenças podem, no entanto, interferir muito pouco na disponibilidade de água às
plantas, pois maiores valores de umidade próximos à saturação significam água facilmente
drenável. As diferenças importantes estão nos valores de umidade próximos ao ponto
de muschamento permanente, pois maiores valores significam mai água indisponí el.
Analisando as curvas de retenção a 10 cm de profundidade, observou- e que, na condição
de solo saturado, a umidade foi 0,15 m 3 m·3 maior na mata, enquanto na tensão de kPa,
assumida para esse solo como condição de capacidade de campo, e no PNLP, os valore da
umidade foram, respectivamente, 0,1?? m 3 m·3 e 0,051 m 3 m·3 superiores no irrigado. Isso
indica que as alterações na porosidade provocada pelo aumento da densidade d sol
foram mais acentuadas na porosidade relacionada com o mo imento rápido da água no
solo do que em relação à retenção de água, que até aumentou.
0,70
0,60 • Mata
• Seque iro
0,50 e Irrigad o
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0, 1 10 100 10.000
PotenciaJ mátrico (-k Pa)
Figura 23. Curvas de retenção de água no solo para três manejas, em diferentes profundidades, em
Latossolo Vermelho de textura argilosa de Guaíra, SP.
Fonte: Klein e Llbardi (2002).
em relação ao cerrad o, indicando maior retenção e dis ponibi lidad e de águ a pelo ·olo nos
s is te mas sob ma nejo nessa fai xa de tensão (Fig ura 24). a fa ixa de tensão entre 100 e ·1 -oo
kPa, particu la rmente nos sis temas q ue e nvo lveram culti vo, nas vá rias profund id ade , as
curvas exibiram as pecto próximo do retilíneo, assin tó tico ao eixo d a abscissa, indicand o cl
exis tência de ul h·am.icropo ros com baixa cap acid ade de armazenagem de água . Con for me
já relatado neste mesmo trabalho, observou-se que, em com pa ração ao cerra d o, os solos
cultivados sofreram redução na macroporosid ade e e levação na porosidade de re enção
de água, em toda a profundidade anali sa da (Fi gura 8). Resende et ai. (1999) ugeriram
que nos Latossolos ma is intemperizados, com ba ixa capacidade de armazenagem e e gua
para as p lan tas, a compactação desse poderia ser benéfica em termos de retenção de água,
pela transformação de parte dos mac roporos em micropo ros; no entanto, dev e-se atentar
q u e essa solução pode gerar outros problemas, como é o caso de dific uldade de aeração e
au men to da resis tência do solo à pene tração .
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0,7 0-S cm _ Cerr.i<lo
0,6 - ~me.1durJ di reta
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Figura 24. Curva característica de água de cinco profundidades do La tossolo Vermelho sob cerrado,
semead ura direta e preparo com arado de d iscos, em Planaltina, DF. 111As curvas ão idênticas
pa ra os dois manejos.
Fonte: O live ira e t ai. (200-I).
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Figura 25. un•a dl' rden · o dl' agua no s 1 par.1 · ·i tema d, u J o •,olo _ b m, 1 (rwti ,1),
p usi (Brac/1i11rin kn1111l•t'11:-) ' ·ulti, o (cultur.1 anu.ii · ). em Lal ·~oi ernwlho d• aring ,
PR.
Fonte: 1acha 1o l'I .il (200f)
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R'• 09576 20 R' • 0,8184 20 R' • ,9163
o o o
Tcmpo,t(h) Tcmpo, t(h) Tcmpo,l(h)
Figura 26. Taxa de infiltração observada e estimada durante os 90 min de chuva simulada para o
preparo convencional (a), cultivo mínimo (b) e semeadura direta (c), 45 d após a semeadura
do milho (I), após a colheita do milho (II) e após a semeadura de aveia-preta (III), em Latossolo
Vermelho-Escuro de Passo Fundo, RS.
Fon te: Barcelos et aL (1999).
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SOE
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SD
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o 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Tempo (mim)
Figura 27. Taxa de infiltração da água no solo em raz.ão de sist_e ~as de manejo, em Lato~solo
Vermelho de Passo Fundo, RS. SDE =semeadura direta escarificada e SD = semeadura direta
continua durante oito anos.
Fonte: Vieira e Klein (2007).
Quadro 5. Médias geomé tricas(ll de infiltração tridimensional e da condutividade hid ráulica do solo
saturado e seus respectivos coefi cientes el e va riação, de ter minados na profundidade de 0-0,15 m
nos diferentes sistemas de manejo e tempo d e adoção de semeadu ra di reta, em Nitos olo
Verme lho em Botucatu, SP
A condutividade hidrá ulica do solo ex pressa a faci lidade com q ue a água se movimenta
no perfil desse e está diretamente relacionada à produção das culturas agrícolas e à
preservação do solo e dos recursos hídricos. É influenciada pelo tamanho e pela forma das
partículas, pela superfície específica, pela q ualidade, pela tor tuosidade e pela continuidade
dos poros do solo, principalmente pela funcionalidade do s is tema poro o do solo,
e n g loba ndo a tributos como quantidade, tama nho, morfo logia, continuidade e orienta -ão
dos poros. Todas esses atributos do espaço poroso, que influen iam a condutividade,
podem ser re unidos no termo único "geometria porosa do solo" (Libard i, 2005; Klein,
2012) . A teoria sobre o movimento de água no solo pode ser encontrada em Libardi (2005,
2010).
A cond utividade hidrá ulica é máxima em solo saturado, onde todo o poro cStã
ch eios de água, send o denominada d e condutividade hidrá ulica do olo aturado; sua
m agnitude aprox ima-se d a taxa cons tante d e infiltração, sendo também definida como
permeabi lidade do solo.
Em condições de não saturação, em que o solo apresenta potenciais negativos, a
condu tividade hidrá ulica reduz exponencialmente com a wnidade, pela atuação de fo rças
ma~ciai do olo e pela tensão superficial na interface água-ar, além de que, quando a
mrudade diminui, aumenta a tortuosidade do carnin.ho a ser percorrido pela água (Baver et ai.,
19~)- a condição, os poros interagregados são facilmente esvaziados, fazendo decrescer
rapidamente a condutividade hidráulica, e os poros intra-agregados esvaziam-se mais
lentament , proporcionando assin, condutividade hidTáuJ.ica menor. O conhecimento do fluxo
da água em solo não saturado é de fundamentaJ importância no entendin1ento dos processos
de infiltração, redistribuição e, principalmente, suprimento de água e nutrientes às plantas.
Considerando que a condutividade hidráulica é diminuída por meio de alterações na
estrutura do solo, como aumento da densidade do solo, alteração na agregação, redução
da porosidade total e alteração da distribuição do diâmetro dos poros, é evidente que o
seu manejo, ao modificar esses atributos, consequentemente, altera a sua condutividade
hidráulica. A condutividade hid.J"áulica do solo é considerada wn dado de grande utilidade
na diferenciação dos efeitos de sistemas de preparo na movimentação de água no perfil.
Em Latossolo Vermelho na região dos cerrados de Sete Lagoas, MG, Beutler et al.
(2001a) obtiveram valores de permeabilidade à água em sistemas de manejo bem inferiores
àqueles observados sob cerrado nativo (Figura 28). Os sistemas envolvendo o preparo
convencional com grade aradora e a semeadura direta foram os que apresentaran1 menores
valores de permeabilidade à água.
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CGCM CDCM CDRMF SDCM SDRMF CN
Sistema
do so lo, Vie irn e Klein (2007) av.i li,iram os efeitos dessa prátiG1 num.i é.Í rea sob ·emeadu ra
dire ta (SD), observa ndo aumento na condutividade hidrá ulica do solo c;a turado, do i dnos
após a rea lização da esca rificação (SDE) (Fig ura 29), comprovando o efeito residuiJI dess.1
prática, e m Latossolo Vermelho ele Passo Fundo, RS.
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1
Condutividade hidráulica em solo saturado (mm h· )
O IHO é definido como a faixa de umidade onde são mínimas as limitações ao c1·escimento
das plantas associadas ao potencial da água no solo, à aeração e ao impedimento mecâ nico ao
crescimento radicular, sendo considerado um índice de qualidade estrutural do solo (Silva et
aJ., 1994). Portanto, ele integra, num só ú1dice, fatores como a porosidade de aeração superior a
O,1 m 3 m·3, água no solo retida a tensões enb·e a capacidade de campo e o ponto de murchamen to
permanente e umidade em que a resistência do solo é igual a 2 ~CPa (Figura 30), todos esses
diretamente relacionados com o crescimento das plantas. Por meio do íHO é po sivel estimar
o valor de densidade do solo crítica (DsJ, em que o l.HO é igual a zero.
M AN EJ O E CO NSERVAÇÃO DO SO LO E DA ÁGUA
232 LUCIANO DA SILVA SOUZA ET AL.
0,55
• CC
6 6
0,50 6 6 DPMP
6t::,,. 6 PA
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6t::,,.6t::,,. o RP
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Figura 30. Variação do conteúdo de água com a densidade nos níveis críticos da capacidade de
campo (CC ou y "" -0,01 MPa), ponto de murchamento permanente (PMP ou y = -1,5 MPa),
porosidade de aeração de 0,1 m 3 m-3 (PA) e resistência do solo à penetração de 2 MPa (RP), em
Latossolo Roxo de Guaíra, SP. A área acinzentada representa o Intervalo Hídrico Ótimo (Il-IO).
Fonte: Tormena e l ai. (1998).
o mane jo ele ág ua e d o so lo e m á reas irrigada 5. Os autores obse rva ram que J r e istência d o
solo à pe ne tração (RP) foi a va ri ável q ue limilou o fl 10 co m m ior frequ é ncia, dim inuindo
s u a m ag nitud e co m o a ume nto el a clens iclzide ci o solo (Os) e reduzind o a freq uénc ia com
que a umid a d e se m a nteve d e ntro dos limites do IHO (F igura 32). /\ Ds críticz1 foi de L4
k g dm-1, e m qu e o IHO foi ig ua l a zero. Pa rc1 Os < 1,28 kg d m -1, o potenciJI mátrico de
-80 kPa, utiliza do frequente me nte pa ra o contro le d a irrigação po r meio de tens iômetros,
caracterizou o limite inferior do IHO. Po rtanto, nas á reas co m Ds < 1,28 kg dm -', pode
ocorrer maior seca mento do solo se m que ocorra RP > 2 M P a; péJra Ds > 1,28 kg dm -', deve-
se manter o pote ncia l m á trico maior que -80 kPa, visando ao contro le da RP.
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Densidade do solo (kg dmj
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Densidade do solo (kg dm j
Figura 31. Variação do conte údo de água com a densidade do olo, no solo sob mata na tiva (:t) e
em área cultivada sob preparo convencio nal (b), nos n..íveis críticos de capacidade de campo
(CC), ponto de murchamento permanente (PMP), porosidade d e aeração de O, l m1 m 1 (P )
e resistência à penetração de 2 MPa (RP), em l alossolo Verrndho de i\l<1ringü, PR..-\ área
ac inzentada representa o IHO.
Fon t.-: /\r<1újo d ,d. (200-lb).
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Densidade do olo (kg dm-')
Figura 32. Variação do conteúdo de água com a densidade do solo em relação à capacidade de
campo (8cc), à porosidade de aeraçâo (8rA), à resistência do solo à peneb·ação (8Rr), ao ponto
de murcharnento permanente (8rMr) e ao potencial de -80 kPa (8 ,) adotado para controle de
irrigação, em Nitossolo Vermelho de Maringá, PR. A área acinze;~da representa o IHO.
Fonte: Bla inski et ai. (2009).
O IHO pode também ser expresso em termos de tensão ao invés de conteúdo de água
no solo, desde quando a tensão da água no solo está mais intimamente relacionada com
o crescimento das plantas do que o conteúdo de água disponível. Dessa forma, o termo
IHO pode ser expresso como "Intervalo Ótimo de Tensão da Água no Solo" (IOP), com o
mesmo significado e definição do IHO (Tormena et al., 1999a). Assim, utilizando o IOP,
Araújo et al. (2004a) avaliaram as alterações na qualidade física de um Latossolo Vermelho
distroférrico de Maringá, PR, provocadas pela escarificação, após 13 anos de semeadura
direta. Os resultados evidenciaram que, na profundidade de 0-15 cm, a escarificação
modificou a porosidade do solo, mantendo condições adequadas de aeração em tensões
matriciais menores do que 0,01 MPa (Figura 33); entretanto, constatou-se a maior ocorrência
de limitações pela resistência do solo à penetração em tensões menores do que 1,5 MPa.
Para a camada de 15-30 cm, a resistência do solo à penetração foi o limite superior do JOP
no tratamento com escarificação.
Em Latossolo Vermelho de Campo Mourão, PR, Tormena et ai. (2007) quantificaram
0 IHO para discriminar os efeitos de sistemas de manejo na qualidade física do solo,
envolvendo semeadura direta com sucessão de culturas, rotação de culturas e rotação de
culturas e escarificação, em duas épocas distintas - em outubro de 2002, após a cultura
de inverno (trigo), e em abril de 2003, após a cultura de verão (soja). A resistência do solo
à penetração determinou o limite inferior do IHO em todos os tratamentos e reduziu os
seu s vaJores com o aumento da densidade do solo (Figura 34). A densidade crítica do solo
não d ependeu do sistema de manejo. A variação temporal do IHO nos tratamentos foi
dependente da va riação da densidade do solo. Na semeadura direta com rotação, a maior
retenção d e água em elevados potenciais proporcionou, temporalmente, m aiores valores
do IHO.
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Figura 33. Variação do intervalo ótimo de tensão de água no solo (IOP) (área acinzentada) no
tratamento semeadura d ireta (SD) (a) e semeadura direta com e carificação (SOE) (b), na
profundidades de 0-15 e 15-30 cm . TRP = potencial mátrico em que a re i tencia à penetração
(RP) é igual a 2,0 MPa; 1:PMP = potencial mátrico correspondente ao ponto de murchamento
permanente (1,5 MPa); TCC = potencial mátrico correspondente c1 capacidade de campo (0,01
MPa); TPar = potencial mátrico em que a porosidade de aeração é de 0,1 m ' m·', em Lato olo
Vermelho d e Maringá, SP.
Fo nte: Araújo et a i. (200-la).
Cavalieri et a i. (2011) determinaram o lHO para avaliar a qua lidade física de olo
cultivados com cana-de-açúcar sob colheita mecanizada, em três solo -: Latossolo ermelho
(L V) textura argilosa, Latossolo Vermelho (L V) texttua média e Argissolo ermelho-
Amarelo (PVA) textura arenosa, em Rio Brilhante, MS. O IHO foi maior no L argilo o>
PVA arenoso> LV textura média (Figura 35), revelando que o L textura média apre entou-
se mais sensível aos efeitos do manejo da cultura sob colheita mecanizada, com maiore
restrições físicas para o sistema radicular da cultura da cana-de-açúcar.
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Densidade do solo (kg dm..:i)
figura 34. Variação do conteúdo de água (0) com a densidade do solo para os três tratamentos,
nos niveis críticos de capacidade de campo (0cc), ponto de murchamento permanente (0pmp),
porosidade de aeração de 0,1 m3 m·3 (0pa) e resistência do solo à penetração de 3,5 MPa (0rp),
em Latossolo Vermelho de Campo Mourão, PR. As áreas acinzentadas correspondem ao IHO
nas épocas de amostragem.
Fonte: Tom1cna ct ai. (2007).
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Figura 35. Conte údo d e água no solo (8) em razão d a den idad e d o a lo no P A c1Ien (A), no LV
tex tura média (B) e no LV argiloso (C), nos valo res críticos de capacid ad e de campo (8cc), pontl
d e murchamento permanente (8pmp), porosidade d e aeração O, 1 m ' nY' (t:lpa) e resi.st~ncia à
penetração d e 3 l\l[Pa (8rp), em Rio Brilhante, i'vlS. As Jreas acinzentadas representam o íH .
Fon e : C:w;ilit>ri e t ;il. (20-11).
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- Convencional (b)
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Tempo(h) Tempo (h)
Figura 37. fnflu éncia do sistema de n_1anejo do solo na_sua temperatura a 3 e 6 cm de profundidade,
registrada das 8 às 19 h, (a) no dia 10/06/81 (perfilhamento do trigo) e (b) no dia 30/12/81 (soja
com quatro-cinco folhas), em Latossolo Roxo de Londrina, PR.
Fonte: Sidiras e Paviln (] 986).
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Meses
Figura 38. Temperatura máxima do ar (Ar); te mperatura m áxima do solo e ocorrencia de chuvas
(a) e amplitude diária da temperatura do ar e solo (b) sob semeadura direta (SD) e preparo
convencional (PC), em set. de 1990/ jan. de 1991, em Argi solo Vermelho-E curo localizado em
Eldorado do Sul, RS.
Fonte: Salton e Miclniczuk (1995).
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Unidade volumétrica(%)
Figura 39. Evolução da umidade volumétrica do solo e respectivo potencial de retenção, na
profundidade de 0-40 cm, nos dias 24, 26, 28 de setembro e 01 de outubro de 1990, sob preparo
convencional (a) e semeadura direta (b), em Argissolo Vermelho-Escuro localizado em Eldorado
do Sul, RS.
Font-e: Salton e Mielniczuk (1995).
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VIII - INTER - RELAÇÃO ENTRE MAN EJO E ATRlBU TOS F ÍSICOS DO SOLO 243
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Figura 40. Temperatura diária d o élr e solo, nas profundidade d e 2,5 e 10 cm, no três manejo<; Jo
solo, nos diéls 02/12/ 2001 e 01 / 01 / 2002, em Arg issolo Vermelho local izad o e m anta . laria,
RS. Barras verticais indicam a diierençél mínima s ignifirn tiva (DNlS p ~ 0,05) e com param o tr .
manejas do solo. SD = semead ura direta; SDar = semeadura direta segu ida eguido de araçào e
gradagem; e SDesc = semeadura direta seg uida seguid o d e e carificaçào.
Fonte: Silva et ai. (2006).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O solo é considerado como um sistema natural aberto, onde matéria e energia pod em
ser adicionadas ou removidas. Considerando que todo sistema é carac terizado o u definido
pelos elementos ou fa tores que o compõem, o olo é um ia tor d e cre cimento egetal
co mplexo e composto por vá rios outros fatores, a saber: químicos (p H, c nteúd o de -ais,
co nteúd o disponível de nutrientes e co nteúdo de elem nt tóxicos à p lantas), fí ico -
(aeração, potencia l da água, temperatura do solo e resis tência mecânica que o olo ofere(:e
ao cresc imento das raízes) e biológicos (interação enh·e o o rgan ismo - ,·ivo e a matéria
orgânica do solo).
Os fa tores físicos de crescimento vegetal ão determinado - o u infl uenciados p r
diversos a tributos do solo, como natureza dos seus mine ra i-, tipo de argila, te.·tura,
estru tura, densidade do solo e de partículas, curvas de retenção de água, poten ili o mó tico
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21 Faculdade de Agronomia, Departamento de Solos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, RS. E-mail: amandaposselt@gmail.co m
31 Integrar - Gestão e Inovação Tecnológica. Porto Alegre, RS. E-mail: feLipe.c.carmona@gma1l.com
Conteúdo
251
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................
ATRIBUTOS QUÍMlCOS E tvlANEJO DO SOLO ........................................................................................................ 252
Em preparo convencional ......................................................................................................................................... 253
Amostragem do solo e sua representatividade .............................................................................................. 253
Atributos de acidez e calagem .......................................................................................................................... 25.5
Benefícios dos program as de adubação e calagem ...................................................................... _................ 256
Perda da capacidade produtiva pelo preparo intensivo do solo ................................................................. .67
Em semeadura direta .................................................................................................................................................25
Variabilidade horizontal e amostra representativa ........................................·- ······ ...·................................. 259
Variabilidade vertical e estado de fertilidade ................................................................................................. 261
Atributos de acidez e calagem ............................................................................................................ _........ - .. 262
Calibração das análises do solo e adubação .................................................................................................... 265
Em sistemas integrados de produção agropecuária ............................................................................................. 2
Caracterização dos sistemas .. ... ....... ............. .... ..... .... .. .. ...... ...... .................. ................. ........................... .........
268
Atributos de acidez e calagem .......................................................................................................................... 269
Atributos químicos do solo, ciclagem de nutrientes e adubação de sistema ....................... ·-··················· 270
ATRIBUTOS QUÍMICOS NO CONTEXTO DA AUTO-ORGANIZAÇÃO DO SOLO COMO SISTErvu
E SUA RELAÇÃO COM O MANEJO ............................................................................................................................ 271
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................................................... .. 273
LITERATURA C ITADA ............................................... .................................................................................................... 27-!
INTRODUÇÃO
Berto! I, De Maria JC, Souza LS, editores. tvlanejo e conservação do solo e da água. içosa, MC: ciedade
Brasile ira de Ciência do Solo; 2018.
252 lBANOR ANGHINONI ET AL.
Fertilidade do Solo. Esta é conceituada no mundo (Tisdale et al., 1985) e no Brasil (Curi et
ai., 1993; Lopes e Guilherme, 2007; Bissani et ai., 2008; Raij, 2011) como a "capacidade do
solo em fornecer nutrientes e1n quantidades e proporções adequadas às plantas e de manter
a ausência de elementos tóxicos para seu desenvolvimento". Trata-se de uma abordagem
químico-mineralista em que o termo químico, quando agregado a essa definição, se refere
às metodologias e aos equipamentos para a análise dos atributos químicos como supridores
de nutrientes (termo mineralista) e indicadores de toxidez para as plantas.
A noção de fertilidade do solo surgiu ainda na Antiguidade, há cerca de 8.000 anos
(Tisdale et ai., 1985; Blayney, 2004; Lopes e Guilherme, 2007; Nicolodi, 2007), muito antes
da própria noção do solo, há cerca de 8.000 anos a.C., quando o homem começou a explorar
e cultivar cereais silvestres e domesticar animais em pequenas áreas de terra. A partir
desses eventos, o homem passou a viver em comunidade pela possibilidade de produzir
e armazenar alimentos. O desenvolvimento das civilizações esteve, então, intimamente
relacionado a tais atributos químicos, indicadores de solos férteis, sobretudo nos vales dos
?os: Nilo, no Egito (5.000 a.C.); Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia (3.700 a.C.); Indu, na
lndia (2.000 a.C.); Amarelo, na China (2.000 a.C. a 300 d.C.) etc.
Como o uso e o manejo do solo têm se modificado no tempo e no espaço pelos hábitos e
pela cultura dos povos e pelas condições edafo-climáticas, os atributos químicos passaram
a ter diferentes interpretações e significados. Seguindo a relação histórica que ocorreu
no Brasil, serão apresentadas neste capítulo as inter-relações entre o manejo do solo e os
atributos químicos, como indicadores da fertilidade do solo, especialmente a partir da
implantação da agricultura produtivista no país.
Quadro 1. Atributos químicos utilizados para ava liélí ;i fe rtilidade do solo p,lo · labora tó rios
integrantes dos prograrnils de contro le de qu;ilidad e dil anA lise química do solo no Bril ·il
At ributo PEP-IAC''' PROFERTfll ROLASº ' ELA'" PAQLF'"
aC 2
pl--1 O.OI mo l L·'
11,0 Hp H,O H ,O
( 1:2,5) (1 : 1) ( l :i.5) li :2.5 >
( 1:2.5)
AJl• KCI KCI K 1 KCI KCI
1 ma l L·' 1 mal L·' 1 ma l L·' 1 mol 1:' 1 mo l L '
KCI
KCI KCI KCI
Ca 2 ' e Mg 2 ' Resinal61 1 mol L·'
1 mol L·' 1 mol L·' 1 mol L·'
KCI
Ca(OAc) Ca(OAc) Ca(O,'lc)
1-l+ AI SMP171 0.5 mol L·' S~rP pH 7.5 0,5 mol L·' pf-1 0.5 mol L '
pH 7.0 o u SM P 7,0 pf-1 7.0 ou MP
P disponível Resi na1b' Mehlich- 1 Mehlich- 1 Mehl1ch- l , lehlich-1
K e Na
Resina161 Mchlich-1 Mchlich-1 Mchhch-1 Meh l1ch-l
disponíveis
Ca(H/O) : Ca(HlOJ\ Ca(HlO,) 2 Ca( H/O.): Ca( HlO ,J,
S di s po níve l 500 mg L·' de P 500 mg L·' de P 500 mg L·' de P 500 mg L·' de P 500 mg L • de P
em 1--1,0 em HOAc 2 ma l L·' em H.O em rt,O emHp
Fe, Mn,
C u e Zn DTPA'81 Mchlich- 1 Mehlich-1 Mehlich-1 Mchhch-1
di sponívei
B disponível Água quente Água q uente Água quente Agua qucme Agua quente
C oxidável por C ox idável por C oxidável e oxicl:ivcl por
Matéria Cr2 O/ dosagem Cr2O/" dosagem por Cr:O/" Matéria orgànica Cr.O/ dosagem
orgânica titulométrica ou titu lo métrica ou dosagem por incineraçào titÜlométrica ou
colorimétrica colori métrica colorimétrica co lorimécrica
1' 1Programa de Ensaio de Proficiencia do Insti tuto Ag-ronõmico de Campinas, SP. mrrograma lnterbboratorial de Control.,- d<.'
Qualidade de Análises de Solos de Minas Gerais. CJ>Programa da Rede Oficial de Laboratórios de ,\n.ilise de Solo e de Tt!cido
Vegetal dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarin,1. t•>Prog-ra ma da Comi são Estadual de Laboratórios do? Anális.c"S
Agronómicas d o Estado do Paraná. 1'1 Programa de Análise de Qualidade de Laboratórios de Fertilidade da Embr.ip.1. •"'Com
resina mis ta (ca tiõnica+aniónica). f7l Solução mista de cloreto de cálcio, cromato de potássio, .:icetato de cálcio e triet:m olamma com
pH tamponado em 7,5. t">Ãcido dietilenotriaminopmtaacético.
Fon te: Cantarutti e t al . (2007).
Em preparo convencional
O preparo convencional do solo foi introduzido no Brasil, inicialmente, pelos
imigrantes europeus e, posteriormente, pela tecnologia trazida dos Estados Unidos. Trata-
se de ru11 manejo com mobilização mais ou menos intensa do solo, por aração e gradagens
de uso em ambientes de clima temperado e frio.
As recomendações de adubação, com base na análise de atributos químicos do solo
constantes nos boletins e manuais de adubação em uso no Brasil, foram então elaboradas,
a partir da década de 1960, para o preparo convencional com revolvimento do solo. este
manejo, considera-se que a camada revolvida de solo é homogénea, ao que se convencionou
chamar camada arável, normal mente a de Oa 20 cm.
K - Mehlich-1 30 27 7
P - Mehlich-1 38 50 12
c•>n = ((CV x ta)/f]l; ta= valor de t (tabela do teste t) para a probabilidade de erro a= 0,05; e f = erro em relação à média (Oine,
1944).
Fonte: Adaptado de Souza (1992) e Salet et ai. (1996).
..2 30
2
e...
(b)
-rn
25 15 5 O 5 15 25 25 s o s IS 25
Distâ n cia d i! linlrn d e sem e<1cl urn (c m)
Na grande maioria dos estados brasileiros (Regiões Norte, Nordes te e parte do Sudeste
e Centro-Oeste), a recomendação de calagem é para neutralizar o AI trocável do solo, de
forma individual ou associada aos teores de Ca e Mg trocáveis do solo (Cantarutti et ai., 2007;
Sousa et al., 2007). Neste caso, mesmo que a maior parte do AI trocável eja neutralizada,
o pH em água após a calagem não atinge o valor desejado (5,5), onde o AI é totalmente
neutralizado em razão da acidez potencial do solo. Assim, uma no a análise do solo e toma
logo necessária para indicar a necessidade de calagem para os culti os posteriore .
O método SMP, acrônimo de Shoemaker, Mclean e Pratt, pesquisadores que o
desenvolveram, que utiliza uma solução tamponada e ajustada para o pH de 7,5, é utilizado
nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e foi introduzido em 1967 (. fielniczuk
et ai., 1969) com o objetivo de elevar o pH do solo a valores desejados (5,5; e 6,0 ou 6,5) e
pré-estabelecidos para diferentes culturas ou grupo de culturas (CQFS RS/ SC, 2016). Já o
critério de saturação por bases, proposto e utilizado em São Paulo (Ra ij et al ., 19 6, 1996;
Raij, 2011), indica a quantidade de corretivo (calcário) a aplicar para ele ar a saturação
por bases a valores também pré-estabelecidos, de acordo com o indicado para a cu ltura de
interesse.
É importante assinalar que, logicamente, ocorre uma relação entre o pH d o solo e a
saturação por bases. No Estado de São Paulo, os valores de pH de 5,5 e 6,0 corre ~ponde m,
respecti vamente, a 60 e 70 % de saturação por bases (Raij et ai., 1996; Raij, _011), enq uanto
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Test. Calcário P+Calc. N+Calc. N+P+Calc.
70 4,0 250
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Ano Ano
Figura 3. Evolução da área (a), da produtividade (b) e da produção (e) da.s cultura comercic1 is de
grãos no Brasil.
Fonll': Con.ib (2015).
Quadro 3 . Evolução do atributo~ qu ímicos e m razão d a m ud ança d a condição o rig ina l pa ra o c ul tivo
agrícola com preparo con vencional d o solo
Em semeadura direta
A partir da década de 1970, vários programas de pesquisa, precedidos por iniciativas
individuais ou de grupos de produtores - especialmente no Paraná -, resultaram na
adoção de manejos mais conservacionistas de solo nos ambientes subtropical e tropical
brasileiros . Tais iniciativas foram centradas na redução ou eliminação do preparo do solo,
na introdução de plantas de cobertura, na rotação de culturas (no tempo e no espaço) e
no manejo adequado da biomassa residual (eliminação da queima da resteva) (Sá, 1993,
1999; Ruedell, 1995; Wiethõlter, 2000; Lopes et ai., 2004). Essas mudanças tiveram reflexos
positivos na redução das perdas de solo por erosão e no aumento da eficiência dos
fertilizantes e dos corretivos e, posteriormente, na qualidade do solo.
Foi nessa época que começaram a ser implantados experimentos de longa duração,
que foram fundamentais para detectar pequenas mudanças em urna matriz complexa de
fatores e que se constituíram na oportunidade de exercitar pesquisa multi-interdisciplinar,
necessária para quantificar os efeitos do manejo nas propriedades e características do solo,
entre elas, os seus atributos químicos (Anghinoni et ai., 2017). O principal foco desse tipo
de experimento, inserido na agricultura produtivista, ocorreu, no Brasil, dentro de duas
vertentes: da matéria orgânica (MO); e da fertilidade do solo, quer seja no conceito restrito
(atributos químicos) quer seja no conceito mais abrangente (capacidade produtiva do solo).
Considerando-se que as duas vertentes têm ocorrido simultaneamente no país, resulta
como produto da evolução o acúmulo de biomassa residual, o aumento no teor de MO, a
maior agregação do solo, a maior capacidade de retenção de íons, o aumento da ciclagern
de nutrientes e, por consequência, a menor dependência de insumos e também maior
qualidade do solo (Sá, 1999; Anghinoni, 2007), além dos benefícios do sequestro de carbono
(Piva et ai., 2012; Conceição et al., 2013). Assim, no contexto da multi-interdisciplinaridade,
os experimentos de longa duração permitem demonstrar como a diversidade espacial e
a temporal dos componentes do sistema interferem no grau de interações sinérgicas
e na riqueza e magnitude dos ciclos biogeoquímicos, como apresentado na figura 4, e
consequente res posta diferencial das culturas aos insumos e ao manejo do solo.
Dentre os manejas conservacionistas introduzidos na década de 1970, destacava-se,
inicialmente, o cultivo mínimo (grade leve, subsolagem superficial ou escarificação), que foi
ra pidamente substituído pela semeadura direta. Porém, somente a partir d a década de 1990
0 crescimento da área agrícola utilizando essa técnica foi grande e de forma exponencial no
s ul (Figura 5); e, a partir da primeira década deste milênio, nos demais estados brasileiros,
especialmente no Cerrado (FEBRAPDP, 2014). Nessa técnica (semeadura direta), são
utili zadas culturas produtoras de g rãos para suc;tentação conôrni a do n gócio agrícolil
das plantas de cobertura para a produção de biomasc;a vegetal r s idual.
O - 5 anos
Fase inicial
- 5 -10 anos
Transição
- 10 - 20 anos
Consolidação
> 20 anos
Manu tenção
Figura 4. Fases e evolução de características e propriedades do sistema so lo com o tempo de cul ívo
em semeadura direta.
Fonte: Sá (2002).
A questão que se levanta, especialmente com relação à sem eadu ra direta consolidada
(10 a 20 anos- Figura 4), é de como perceber e avaliar a variabilidade dos atributo quí.micos
indicadores do estado de fertilidade do solo, com histórico de rotação e sucessão de cultura
por longo período, e como manejar a adubação e a calagem para cada região produto ra.
Isso porque questionamentos (ruídos) passaram a ocorrer, ao se aplicarem os preceito do
preparo convencional a essa técnica, desde a etapa de a mostragem do solo pelo aumento
da variabilidade espacial e evolução temporal (Nicolodi et ai., 2008) . Como consequencia,
é lógico haver alteração nos teores críticos, nas faixas e classes de fe rtilidade (curva de
calibração) e na própria adubação e calagem nessa técnica (Schlind wein e Gianello, 200
Nicolodi et ai., 2014; Fontoura et ai., 2015).
Número de
Atributo químico Cultura Coeficiente de variação
subamostras<2>
%
Soja 30 10
K - Mehlich-1
Milho 34 13
Soja 70 53
P - Mehlich-1
Milho 148 348
llJL.atossolo Vermelho amostrado com trado holandês; <1in = [(CV x ta)/[]2; a= 0,05; e f = 20%.
Fonte: 1icolodi et ai. (2000) .
ambiente Oélmes e Wells, 1990), uma vez que a meso e microvariabilidade são conto rnada
pelo procedimento de cole ta da amostra.
Quadro 5. Variabilidade dos teores de fósforo dis ponível (Mehl ich-1 ), número de subamos tras
necessá rio para compor uma amostra re presenta tiva em di ferentes mod os de ad ubação e
a mostradores de solo em semeadura direta, d e acord o com o lim ites de inferência estatistica
Quadro 7. Relação entre o rendimento de grãos e os teores de fósforo disponível por diferentes
métodos de análise em camadas de solo e culturas em semeadura direta
Camada de solo (cm)
Fonte Método de análise/ Culturas
0-10 0-20
------- R2 X 100 -------
Mehlich-1 54 45
Sá (] 996)<1l Resina (esferas) 75 52
Mehlich-1 71 54
Scblindwein e Gianello (2008)<21
Resina (membrana) 66 59
Cereais de invemol4l 66 68
Vieira et ai. (20 14 )13, Culturas de verão<5l 58 68
Rotação de culturas<6> 58 66
º'Milho, uma safra; 121Média de 22 experimentos com trigo, soja e milho; ()!Média de 44 experimentos (Mehlich-1); 1''Trigo, cevad a
e aveia; CSlSoja e milho; t•JRotação: soja/ milho, no verão; e trigo/cevada/aveia-branca e plantas de cobertura, no inverno.
de acidez (pH do solo). lsso ocorre por di versos meca nismos: neutralização pela migração
das partículas finas do calcá rio ao longo d o perfil do solo (Amaral el ai., 2004 ; lib ração
contínua de biomoléculas de natureza anfótera, oriund a da decomposição dos dubo
verdes (Miyazawa et ai., 1993; Franchini et a i., 1999; Miyazawa et aJ.. , 200 ); produção
de ácidos fúlvicos que se acumu lam na solução do solo (Salet, 1998; olJa e Anghinoni,
2006); e complexação de superfície na interface dos coloides orgânicos e minerai do
solo (Salet, 1998). Todos esses fatores diminuem a a ti vidade do AI na olução d solo
(Quadro 8), e, como também demonstrado na figura 6, o AI ligado a com posto orgânico
(preferencialmente de alto peso molecular) é a forma preponderante des e elemento na
solução do solo em semeadura direta sem his tórico recente de calagem. AI m dj , o
a umento do teor de P no solo, como resultado da adoção da semeadu ra ilireta, mesmo em
gradiente, pode resultar na ocupação dos sítios de adsorção desse nutriente, que de loca
ânions orgânicos, que se ligam ao AP+, formando complexos (1 olla e Angrunoni, 2006),
diminuindo sua concentração na solução e na troca.
100
■ Al-COD (alta
mas.sa molecular)
75
■ Al-COD (baixa
massa molecular)
'$ 50 □ Al-sulfa to
□ Al-OH
25
D Al livre
o____......__..____.--_ __.____._ _ _
Rondonópolis/:tvIT Ponta Grossa/ PR
Figura 6. Dis tribuição relativa de formas de alumínio (AI) n a alução de I e m e meadura dir ta,
sem histórico recente de calagem (COO = carbono orgànico dis olvid ).
Fonte: Alleoni et a i. (2010).
Trigo
4,7' " 2.3 21 1,77 10,7 6 Pottker e Ben ( 1998)
4,6111 1.9 25 2, 17 7,2 10 Pottkcr e Ben ( 1998)
4, lm 1,2 38 1.86 2,0 4 Sá ( 1999)
4,001 0.9 34 1,36 6,0 34 Caires el nl. (2000)
4.6m 0,3 53 3,68 4,5 <I Caires cl ai. (2002b )
fl•p H em água; r.JpH e m CaCJ, 0,01 mol L·1; <'1AI trocável; e 1' 1matéria orgânica.
Fonte: Adaptad o d e Caires (2011).
CQFS RS/5 , 2016). Na im plélnlélção, o Céllcá ri o deve ser incorporado na Célmada arc1dé1, de
acord o com os proced imentos ind icados pé!íél o preparo convencional. Na fa se consolidada ou
mesmo na im pla ntélção da semeadura clirelél crn cél mpo natural pouco cido, a CQF RS/ 5
(201 6) recomenda a ap licação superficiéll de calcário q uando o pf-1 do solo na camada de 0- 10
cm , no caso d e não have r resh·ições na ca mada de ·10-20 cm, fo r < 5,S satu ração por bélses for
< 65 %, com o objetivo de elevar o pH do solo a 6,0 (séltu ração por bélse 75 "~).
Quadro 10. Re torno econômico na méd ia de d ife ren tes c ulturas111com d ifere ntes mod o-; de <1 p licaçJn
de calcá rio e m se m ead u ra d ireta a pa r tir de campo natural
aplicação; 111valor dos grãos (USS Mg·'): soj;i = 163,00, cev;ida = 93,70, trigo= 116 ,70 ,. mdho = ',JO; · ·Cu~tn do c.ik.,no. (LS
Mg·') = -1,5 x 10 Mg = -15,00.
Fonte: Caires (2011).
Quadro 11. Teores críticos de fósforo disp01úvel por diferentes extra tores em razão do teor de argila
do solo em semeadura direta e aqueles utilizados pela CQFS RS/SC (2004)
0- 10 16 21 30 21 30 36 Schlindwein &
15 21 15 24 30 Gianello (2008)(1 1
0-20 7,5
o rgâ nica, do pH e cios teo res de P e K d is pon íve i, (Mehlich- 1) e m ní veis ro n,ide radoc;
adequéldos <10 crescimento das plan tas.
Quadro 12. Evoluçã o dos atri b utos químicos d o so lo c m rMJo Jo tipo J c m a rn?JO c1 part ir d,1 co ndic,"i l1
natural
Preparo
Concliç:io natural Sern ear111ra di re ta
Atrihuto químico con ve ncional
lata"' Campo"' 1967'" 197511 ' 198-1 11 ' 200511 1
pH em água 5,5 4.8 4.7 5. J 5.3
Matéria orgânica (g dnr') 50 < 25 25 27 3-1 J.
P - Mehlich- 1 (mg dm•J) 5 <3 2 12 7 15
o 2 4 6 8 10
P extrnível (mg dm·1)
Figura 7. Relação entre o teor de fósforo (Mehlich-1) e o rendimento d e grãos no 13° cultivo de soja:
Anual= soja/ pousio; e Anual/pasto= soja em rotação/pasto.
Fonte: Sousa e Lobato (200-l).
A co11struçiio dos sis temas integra do , pela escolha dos compon ntes e pela estrat g ia d
seus arranjos espaço-temporais, define a natureza (elem ntos envo lvid os) ~ êl magnitude
(quantidade dos fluxos) dos ciclos biogeoquímicos presentes. O so lo, ne ses sistemas,
pode ser considerado o compa rtimento centralizad o r dos processos e aquele q ue cap tura
as modificações do sistema de produção. Por sua vez, o anima l e m pas tejo Jtua como o
agente catalisador, que modifica as ta xas e os flu xos cios processos s is têmico , recicland o o
material orgânico e determinando a dinâmica dos nutrientes entre os compa rtimentos do
s is tema (Anghinoni et ai., 2013, 2015).
Quadro l3. Profm1didade de coITeçào de ncidez alcançada na primeira aplicação s upe rficia l de calcário
em ~001 e na ua reaplicação superficial em 2010, em um sistema integré'ldo d e produção de soja
(verao) e bovino de corte (inverno) em emeadttra direta em diferente ah·ib utos de acidez do solo
,
MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA AGUA
IX - IN TER - RELAÇÃO ENTRE MANEJO E ATRrBUTO S QUÍMTCOS DO SOLO 271
Quadro 14. Quanlidélcl c dl' biomJsSél rl'~iduéll d o p,ic,tn e doe; ,inimui'- prndu1:idnc; e nutncnte5
cíclacl os cm cada cornpartimc ntn duranll' a (a<;c ra~tagem em s1,tema inte14radn dt> prmluç.'io
de soja (verão) e bovinos el e corte (inverno) c m e. m •,1 dura Ji rct;i
Pa'5 tejo
Biomassa / utricntcs Ciclagcm
Pe la parte aé rea do pastoi 1' 5.4 3.9
Produção de biomassa (seca)
Pelo esterco 0.7
(Mg ha·' )
Total -t6
Pela parte aérea do pasto ' 1' 89 76
Pelo esterco 19
Nitrogênio - N 131
Pela urina' 41 21
(kg ha·')
Retirado pe lo animal 9
Total na fase pastagem 89 125
Pela parte aé rea do pasto ' 11 39 23
Pelo esterco 11
Fósforo - P2O5 13 >
Pela urina'·"
(kg ha·')
Retirado pelo animal 5
Total na fase pastagem 39
""º
Pela parte aé rea do pasto 11 1 94 70
Pelo esterco 17
Potássio - K 2O O>
Pela urina1-1> 21
(kg ha· 1)
Retirado pelo animal
Total na fase pastagem 94 11 O
"'Pasto mis to de ;iveiJ-pretil + .izevém; '' 'Manej,ido entre 20 e 30 cm de a ltur,1; '" Dados de mJteri.i ~ t'Cil e prod uç.io .in,m,11 1~.
1,67; e 0,30 kg de , P,Os e Kp, respectivamente, por 100 kg de peso \'Ívo), na média de IS aclos de paste10J; "\ .ilores esnm.i<los
a partir do balanço dos nutrientes ingeridos.
Fonte: Anghinoni e l .:il. (2015) .
Por s ua vez, a co11strução rio sistemn, pela esc lha dos comp n n e e da e tr té · d
seus arranjos espaço-temporais, defin e a natureza ( lem ntos envolvidos e a magnitude
(quantidade dos flu xos) dos ciclos biogeoquímicos pres nte . Por último, propriedades
e mergentes são originadas, pois os efeitos até aq ui d crito não ão imple mente
cumulativos. O grau de entropia desse sistema gera novo estado de o rdem novo , u de
conectividade entre componentes, e múltiplas interaçõe se sobrepõ m às simples relaçõ s
anteriormente experimentadas, de onde emergem novos proc sso sistémicos (Vezzani e
Mielniczuk, 2011; Melo, 2011). As propriedades emergentes dos sistemas não são impl
de observar, predizer ou mesmo prova r, pois os a rra njos dos componentes en volvido , na
três dimensões propostas, vão além dos limites atuais, e a na tureza exigida pa ra eu e tudo
é transdisciplinar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
0
Bra il, com predominfmcia de olos anteriormente considerad os impró pri os p a ra essa
a tividade. A d e peito dessa importância, 0 uso exclu sivo de a tributos químicos do solo
vem sendo ques tionado pela dificuldade em expressar a fertilidad e do solo p e rcebida pelas
plantas em manejas conservacionistas (Nicolodi et ai., 2008).
A mudança havida no país, do preparo convencional do solo para manejas
conservacionistas com produção agropecuária integrada leva à formação d e manejas mais
complexos. Nesses, como mencionado anteriormente, o animal em pas tejo é o catalisador
dos p~·oces os sistêmicos, decompondo o material orgânico e determinando a natureza e a
magrntude dos fluxos de nutrientes enh·e os seus compartimentos. O solo é, por sua vez,
o con~partimento cenh·alizador desses processos e aquele que captura as modificações no
ma.neJO (Carvalho et ai., 2010; Anghinoni et ai., 2013, 2015).
Verificou-se, ao longo deste capítulo, que nos manejas que acumulam C e à medida
que se avança no tempo, há aumento no fluxo de nuh·ientes e modificação nas reações
de adsorção e de complexação de compostos orgânicos e inorgânicos. Em adição a essas
alterações do manejo nos atributos químicos, também ocorrem efeitos positivos em outras
características, como ativação do crescimento de organismos do solo (Souza et ai., 2010),
aumento na diversidade microbiana (Chavez et ai., 2011) e resistência a pertw·bações físicas
(Vezzani e Mielniczuk, 2011). Essa evolução do solo como sistema pode ser reinterpretada
como um processo de auto-organização. Segw1do Mje)niczuk et ai. (2003), a evolução é
resultante do balanço de matéria e energia no sistema (Figura 4). Na concepção holística,
o solo funciona como um sistema aberto, onde o fator tempo exerce grande influência no
estudo de sistemas vivos, pois induz à priorização das relações e do todo, contrariamente
aos princípios mecanicistas, que priorizam o indivíduo (Addiscot, 1995; Mielniczuk et ai.,
2003; Nicolodi et al., 2008; Vezzani e Mielniczuk, 2011; Melo, 2011).
Assim, a interpretação do sistema solo, com base na teoria dos sistemas abertos
afastados do equilíbrio termodinâmico, dos fenômenos caóticos e da existência de estruturas
dissipa tivas, leva ao entendimento do sistema pelo funcionamento complexo nos processos
de turbulência, auto-organjzação e mudança no nível de ordem (Mielniczuk et ai., 2003;
Vezzani e Mjelniczuk, 2011; Melo, 2011). Quanto mais complexas as interações entre e
dentro de cada componente do sistema (físico, químico e biológico), maior é a probabilidade
de resultar em propriedades emergentes, que são importantes na regulação das funções
do solo. Assim, nos diferentes estados de organização podem surgir propriedades novas,
em nível superior de ordem, caracterizado pela presença de estruturas mais complexas
(Vezzani e Mielniczuk, 2011) e pela grande quantidade de matéria e energia retidas,
bem como por sua baixa decomposição, e as propriedades emergentes se destacam em
diferentes processos e, ou, mecanismos.
Desse modo, a avaliação de atributos químicos para expressar a fertilidade do
solo nos sistemas que se auto-organizam em níveis mais elevados (complexos), que são
resultados de manejas conservacionjstas do solo, requer abordagem sistêmica e holística,
como complemento ao atual enfoque (reducionista), que, embora tenha sido útil no
desenvolvimento recente da agricultura brasileira, onde o manejo do solo consistia
basicamente no seu preparo intensivo, tem demonstrado não ser suficiente para_expressar
0 ambiente edáfico realmente percebido pelas plantas (Nicolodi e t al., 2008). E provável
que esse processo possa explicar ~ frequente discrepância e'.1tre os m a pas ~e _atributos
químkos do solo como os de rendimento das culturas na agncultura d e prec1sao.
Por s ua vez, é1 co11 str11 çno do si c; fr•11,n, p lél escolhél doe; cnmponcntcc; e da estrat ·
us él rrnnjos espélço-tempora is, define a nature7a ( lementos envo lvid oc;) e a ma
(quantidade dos flu xos) dos ciclos bi ogeoquím icos presenl s. Por último, proprieo
emergentes são originadas, pois os efeitos a té aq ui descri toe; não c;Jo c;i mpl . m
cumulativos. O grau de entropia desse s is tema g ra novo estado d o rdem e novo ra u
conec tividade entre componentes, e m ú ltiplas interações se sobrepõem às s imple reJ1.ac,oetl
a nte ri o rmente experimentadas, de onde emerge m novos procec;c;os i témico (V C'Lani
Mie lniczuk, 2011 ; Melo, 2011 ). As propriedad es emergentes dos sistemas não à - · pl
de observar, predi zer ou mesmo prova r, pois os arranjos dos componentes env lvid
três dimensões propostas, vão além dos limites atua is, e a natureza ex igida p~ r . eu - d
é trans disciplinar.
CONSIDERAÇÕES FI NAIS
LITERATURA CITADA
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Conteúdo
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................ ., 2
O MANEJO DO SOLO ······················································································································- ··--······················· 283
MATÉRIA O RGÂNICA COMO INDICADOR DE QUALIDADE DO SOLO ..............................- ···-···· ... ··-···· 284
BIOTA DO SOLO .................................................................................................................................. ·-···-······--····-··· 28-+
Macrofauna do solo ·····························································································································-·--················· 286
_,_._
Mesofauna do solo ············································.. ····.. ·············.. ··························.............................._... - ...... . ... . 187
Microfauna do solo ..................................................................................................................................................
!Vlicr organismos do solo ........................................................................................................................................... 289
INDICADO RES BIOLÓGICOS DA QUALIDADE DO SOLO ............................................................ .................... -, 9
EFEITO DA BIOTA SOBRE A Q UALIDADE DO SO LO ....................................................................... ................... 293
Ciclagem de nutrientes............................................................................................................................................. 293
Formação da estrutura d o solo ........................................................................................ ·············-···········•·········· 294
Controle de doenças e promoção de crescimento . .............................................................................................. 29-4
EFEITO DAS PRÁTICAS DE MANEJO SOBRE O TEOR DE MATÉRIA O RGÂNICA E A BIOTA DO ~ LO 295
Semead ura d ireta versus plantio convencional ..................................................................................................... 29
Cultivo orgânico versus cultivo convencional. ........ .........................................................................................- ... 302
Manu tenção da palhada da cana•de-açúcar na colheita mecanizada .............................................................. 303
Integração lavoura•pecuária ...................................... ............................................................................................. 304
Sistema d e ir rigação ................................................................................ ······································- ·························· 305
CO NSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 305
AGRADECIMENTOS , ............................................................................................. ···································--················· 306
LITERATURA CITADA .................................................... ..............................- .............................................................. 306
Berto! I, De Ma ria JC, Souza LS, ed itores. Manejo e conser aç-cio do olo e da Jgua. Viço •a, 1\ fG: Sociedade
Brasileira de Ciê ncia do Solo; 2018.
282 BRIGITTE JOSEFINI fEIGL ET Al
INTRODUÇÃO
Funções do solo
·a'
~Receber,
\.
a atividade
biológica
y
_______
armazenare
supritáp
)
, '
Indicadores da qualidade do solo
Biodiversidade
Atividade enzimática
TeordeCeN
Biomassa miaobíana
Taxa de mineralização
~ ~
O MANEJO DO SOLO
INTRODUÇÃO
Funções do solo
_______ _______
\:
as:m&Zaure
..., ,
y
supritáp
/
'
Indicadores da qualidade do solo
,
Biodiversidade
Atividade enzimática
...
TeordeCeN
Biomassa miaobiana
Taxa de mineralização
~ ~
O MA NE JO DO SOLO
BIOTA DO SOLO
Bacteria lOOl'ffl
Fungi
ematoda
Protozoa
Rotífera
Acari
Collembola
Protura
Diplura
Symphyla
Ençhytrafidae
Chelonethi
µm
Diâmetro do corpo mm
Microfauna j jrotozoários
bacteriófagos
Transferência
de nutrientes
µm
5
e::
Nematoides
,o bacteriófagos
l:: Melhoramento da
ns
"lü
-o Mesofauna
l estrutura do solo
Microartrópodes
a mm (colêmbolas, ácaros)
Transmissão & prevenção
de doenças
1
Degradação de
poluentes
Macrofauna do solo
A macrofauna é composta pelos organismos de diâmetro entre 2 e 20 mm, dentre
os quais se destacam as minhocas, os besouros, as formigas e os cupins (Figura 4). Os
componentes da macrofauna têm o corpo em tamanho suficiente para romper as estruturas
dos horizontes minerais e orgânicos do solo ao alimentar, movimentar e construir galerias
(Anderson e Ingram, 1989). Os miriápodes, como as lacraias, têm uma morfologia que
lhes permite forçar, com a cabeça e diversos pés, seus caminhos entre a vegetação e outros
habitats não disponíveis à micro e mesofauna (Hopkin e Read, 1992).
Minhoca
De acord o com Lave lle et ai. (1997), os organismos da macrofaun,1 são denom inados
"engenhe iros cio ecoss is tema", uma vez que influenciam direta ou indi retamente a
disponibilidade de recursos para os outros orga ni smos pelas atividades de escavaçilo,
pela inges tão e, ou, transporte de material mineral e o rgâ nico do solo e pelas estruturas
construídas como resultado dessas ativiclacles, incluindo galerias, bolotas fecais,
montículos e ninhos. A exclusão da m acrofauna do solo reduz a taxa de decomposição e a
liberação de nutrientes da serapilheira. Os engenheiros do ecossistema constroem g randes
e resis tentes estruturas organominerais q ue podem pers isti r por longo período de tempo
(de meses a anos) e que interferem profundamente o ambiente dos orga nismos menores.
Esses invertebrados desenvolvem relações mutua lísticas com microrganis mos em seu trato
diges tivo e nas estruturas que consb·oem (Aquino, 2005). Bi gnell et êll. (2005) descreveTam
d a seguinte forma algumas das funções dos principais rep resentantes da macrofauna do
solo:
• Minhocas : influenciam tanto a porosidade do solo quanto a disponibilidade de
nutrientes, uma vez que promovem a abertura de canais e ingestão de minerai · e
matéria orgânica. As minJ1ocas podem ser divididas de acordo com as categorias
funcionaj s no solo: epigeicas, que vivem e se aJímentam na s uperfície; anécicas, q ue
vivem abaixo do solo, mas se alimentam na superfície; e endogeica, que vivem e se
alimentam abruxo do solo.
• Cupins e formigas : influenciam a porosidade e textura do solo por meio da
construção de túneis, da ingestão e do transporte do solo, da construção de galer1as
e da ciclagem de nutflentes pelo transporte, pela trituração e pela digestão da
matéria orgânica. Esses grupos podem ser classificados de acordo com os hábi tos
alimentares, porém a classificação trófica dos cupins é possível com base na analise
do grau de humificação do conteúdo intestinal (Donovan et ai., 2001).
• Outros componentes da macrofaima: incluem principalmente os milípedes e
alguns tipos de larvas de insetos que agem como transformadores da liteira, com
importante ação de trituração do tecido vegetal morto.
Mesofauna do solo
A mesofauna compreende invertebrados de tamanho médio, entre 100 µm e 2 mm,
taxonomicamente diversos, incluindo ácaros, colêmbolos, enquintreídeos e ruplura (Figura
5). Esses organismos habitam os espaços porosos do solo e não são capazes de criar s ua
própria galeria, sendo, dessa forma, diretamente acometidos pela compactação do s olo
(Heisler e Kaiser, 1995). Esse grupo também é importante na regulação da decomposição
d a matéria orgânica ao promover a remoção seletiva de mkrorgarusmos isser, 19 S) .
Os grupos da mesofauna, em geral, são habitantes importantes mesmo em solo
fortemente perturbados, como no caso de áreas agricolas. A biomassa desse o rgani mos
é grand e e é reconhecido o seu papel na formação e transformação do solo. Por meio da
avaliação d esses grupos, é possível fazer considerações sobre as condições ecológicas do
solo. Diversas espécies pertencentes a esses grupos são úteis indicadores biológicos de
qualidade do solo (Parisi et ai., 2005). Em geral, os índices com base na mesofauna d solo
consideram a densidade e riqueza das populações (van Straalen, 1998).
1 ÃCAROS COLtMBOLAS
1
CLASSE CLASSE
Arachnida Entognalha
SUBCLASSE SUBCLASSE
Ac:arlna Collembola
ANEÚOEOS
CLASSE CLASSE
Entognatha Oligoc:haeta
ORDEM FA.MÍLIA
Diplura Eru:hytraeidae
Microfauna do solo
A microfauna compreende invertebrados cujo diâmetro varia de 4 a 100 µm, incluindo
protozoários, nematoides, rotíferos, pequenos indivíduos do grupo Collembola, Acari e
outros (Figura 6). Esses animais alimentam-se de microrganismos, o que faz com que
tenham importante papel na regulação da matéria orgânica (Swift et al., 1979).
Microrganismos do solo
Os microrganismos estão presentes em todos os lugares: no solo, na água, no ar, nas
plantas e nos animais. No entanto, em razão da heterogeneidade dos solos, as comunidades
microbianas ali presentes apresentam-se numa maior variedade, inclu indo bactérias,
fungos, cianobactérias, actinobactérias, arqueias e vírus. Considerando tal di versidade,
estima-se que há 109 células por g de solo (Daniel, 2005).
Esses organismos apresentam papel importante na manutenção da vida e no equilíbrio
dos ecossistemas, atuando nos ciclos biogeoquímicos, na degradação da matéria orgânica,
na fixação de N 2, na solubilização de fosfatos e na interação microrganismo-plan ta e
simbioses.
A variedade de fatores abióticos e bióticos que entrelaça tais funções e associações
modifica, por consequência, as comunidades microbianas que, por sua vez, influenciam a
qualidade do ambiente (Wieland et ai., 2001).
A comunidade microbiana é reconhecida como componente essencial à vida no solo,
e sua diversidade tem sido sugerida corno um meio sensível de avaliar a qualidade desse
(Romaniuk et al., 2011). Cada vez mais se encontram na literatura estudos relacionando
características microbianas do solo como indicadores sensíveis da sua qualidade (Leirós et
al., 2000; Bastida et ai., 2008; Romaniuk et al., 2011), dado o relacionamento entre atividade
e diversidade microbiana, a qualidade do solo e da vegetação e a sustentabilidade do
ecossistema (Doran e Parkin, 1994).
Qualquer perda da capacidade de manutenção da ampla gama de funções pela
biomassa microbiana é vista como sinal de advertência, ou seja, evidencia declinio quando
se refere à saúde e qualidade do solo (Chaprnan et al., 2007).
a) Biomassa microbiana
responsáveis pela ciclagem e fixação de nut rientes, s upressividade biológica, decompo ição
de xenobió ticos, entre outros (Lupwayi et a i., 2004; Hung ria et ai., 2009).
A biomassa microbiana rep resenta de 2 a 5 % do C-orgâ nico e de 1 a 5 % do to tal
e é a principal fonte de enzimas do solo. Embo ra a ati vidade dos microrga nis mos eja
influenciada por atributos ambientais e fís ico-químicos, a biorna sa microbi,ma responde
pos itivamente no que se refere ao desenvolvimento s us tentável de cultivo e às diferentes
práticas agrícolas, sugerindo ser medida de diagnóstico de qualidade do solo (Balota et t.11.,
1998; Hungria et al., 2009).
A quantidade e composição da biomassa microbiana podem ser influenciadas por
diversos fa tores/ entre esses estão os diferentes usos da terra (Kaschu_k et a i., 2011) e a
rotação de culturas (Venzke Filho et al., 2008)
A biomassa microbiana utiliza a evolução do CO2 para avalia r as ati vidades ocorrida
no solo. Essa avaliação pode ocorrer in situ ou em labo ratório. Pode-se utilizar diferentes
m étodos para sua determinação; entretanto, de forma geral, permitem a aná li e do pool de
C e, também, de outros nutrientes contidos nos microrganismos (De-Pol li e Guerra, 1997).
b) Quociente metabólico
d) Atividade enzimática
e) Diversidade microbiana
Os efeitos cio uso cio solo sobre a di ve rsidade microbiana têm s ido demonstrado
s is tematica mente para alguns grupos de microrganismos (Tótola e Chaer, 2002); po r
isso, há a necessidade de estudar e entend r os ge n s funcionais re lacio nado aos g rupos
microbianos de interesse e, consequentemente, s uprir a necessidade de informações mais
correlatas com a funcionalidade desses grupos.
O solo saudável abriga uma cadeia trófica muito ativa ond e organismos se alimentam
e processam sua presa ou alimento no trato diges ti vo para depois excretá-los. O valo r
desses o rganismos para a agricultura reside principalmente na ciclagem de nutriente , na
formação e estabilização da estrutura do solo, ( que aumenta a d inã mka do ar e da água),
no controle de doenças e na promoção do cresci mento de plantas.
Ciclagem de nutrientes
Uma das importantes funções da comunidade biológica do solo é a ciclagem de
nutrientes entre suas formas orgânicas, que contém C; e inorgânicas, que não contém.
Decomposição é a quebra de biomassa residual de origem animal ou vegetal em
diferentes compostos orgânicos e inorgânicos. Como parte do processo de decomposição,
muitas bactérias e fungos produzem ácidos húmicos que se com binam quimicamente
formando grandes moléculas de matéria orgânica estável. A conversão da matéria orgânica
em inorgânica, assimilável pelas plantas é denominada mineralização. Protozoário · e
nematoides mineralizam e excretam de <1,0 a 20,0 mg dm·3 de N de solo. maior parte
do N é consumida por outros organismos do solo, mas as plantas também se beneficiam.
O reverso da mineralização é a imobilização, a conversão de compostos inorgânico em
compostos orgânicos. O consumo ou a incorporação das moléculas inorgânicas dificulta
seu movimento pelo solo e as tornam indisponíveis para as plantas. Bactérias e fungos ão
responsáveis por grande parte do processo de imobilização.
De acordo com Correia e Oliveira (2005), a velocidade e magni tude de processos corno
a mineralização e imobilização dos nutrientes dependem da abundância e da diversidade
dos organismos que compõem a teia alimentar decompositora. Consequ entemente,
a assimilação de nutrientes pelas plantas e a produtividade das culturas podem er
fortemente influenciadas pelos organismos do solo, mesmo quando ocorre a aplicação de
ad ubos minerais.
Apesar de os microrganismos serem os principais responsáveis pelo prece o
d e núneralização dos nutrientes, é a fa una do solo que exerce papel de regulação das
populações microbianas. A predação seletiva de fungos e bactérias, feita especialmente
pe la microfauna, a estimulação, a cligesão e a fragmentação dos detritos realizada pelo
componentes da meso e macrofauna interferem na decompos ição da materia organica e
a lteram a dis ponibilidade de nutrientes para as plantas (Cragg e Bardgett, 2001).
vez que sob essa des igmição incluem-s qua isquer bactérias que vivam na rizosfera de
diferentes cu ltu ras. Essas apresentam im portância e aceitação mundial, o que veio como
conseq uê ncia dos benefícios agrícolas apres nt;:id os e da grc:1nde demnnda por u ma
dependência cada vez menor de ins umos químicos s intéticos (Figue iredo et aJ., 201 O).
O s efeitos desses microrga nismos sobre o desenvolvimento das plantas são .implos e
incluem os efeitos benéficos na ge rminação de sementes, na emergência de plântula , no
crescimento das plantas associados ao controle biológico de patógenos e à produção de
fito-horm ônios e enzimas líticas (A raujo e t a i., 2005; Vassilev et ai., 2006; Fi g ueiredo et ai.,
2010) . Entre os gêneros mais estudados, des tacam-se: Baci/luc;, Pseudomonas, Azvspinllu111 e
Rhizobiwn (Araujo et ai., 2012). Convencionalmente, não têm sido aí incluídos os rizóbios
fi xadores de N, atividade que, embora benéfica ao desen volvimento vegetc1l, resultêl de
uma relação simbiótica com as legu minosas, interação que não é considerad a como RPCP.
Compartimentos Residência
(anos) Função principal Fatores principais de controle
O uso agrícola do solo ocupa grande parte da área terrestre, pelo que a sua contribuição
para a biodiversidade é fundamental para o sucesso da conservação no futuro. No entanto,
agricultura e conservação da biodiversidade têm sido assuntos tradicionalmente tratados
como incompatíveis (Tscharntke et ai., 2005). A intensificação do uso do solo para agricultura
é, de fato, a principal causa das perdas de biodiversidade, porém sistemas conservacionistas
que buscam nún.imizar a intensidade dos distúrbios podem ser elementos importantes
para programas de conservação em larga escala. A biodiversidade dos organismos do solo
é particularmente sensível aos distúrbios quando o ambiente edáfico constitui seu habitat
e é fonte de todos os recursos de que necessita (Chauvel et ai., 1999; Ilieva-Makulec et ai.,
2006).
A fauna do solo atua nos processos dos ecossistemas (Wall, 2004). Esses processos
suportam coletivamente a provisão de serviços ambientais, que contribuem para a
manutenção e produtividade dos ecossistemas por sua influência na qualidade e saúde do
solo (Lavelle et al., 2006). O termo fauna do solo caracteriza a comunidade de invertebrados
que vive permanentemente ou que passa parte de sua vida nele. Essa comunidade
apresenta-se sensível a modificações ocorridas no ambiente, tanto as físicas, químicas, e
biológicas como as resultantes das práticas de manejo do solo e de cultivo empregadas.
De p end endo d o tipo e da intens idade do impacto p ro movido ao ambien t , tais pr ticas
podem au mentar ou diminui r a d iversidad e de determjnadas populações (Attwood et ai.,
2008; Jangid et a i., 2008; Baretta et ai., 2011.).
Diversos estud os têm evidenciado q ue a cobertura vege ta l favo rece as comunidades
d a fa una invertebrada do solo, evitando a perd a d a d iversid ade e atividade dos orgaru mo
cons iderados "engenheiros" do ecossis tema (Silva e t a i., 2007; Aqu ino et ai., 2008). Fragoso
e t a l. (1997), estudando a a tividade de ali mentação, escavação e prod ução de coprólitos
de minhocas, apresentaram que esses organismos modificam p rofundame nte atributos
fís icos, químicos e biológicos do solo, podendo contribuir para incremen tas da produção
vegetal pela ciclagem de nutrientes. Os grupos como térmitas, fo rmigas e enquitreídeos,
também alteram atributos físicos do solo (Lavelle e Spa in, 2001.).
Brown e Domingu ez (2010) afirmara m que as rrunhocas são sensíveis e reagem a
mudanças ind uz idas por atividades antrópicas e naturais ao solo e pela cobertura vegetal
d ele (Figura 7). Portan to, essas podem dar noções do estado atua l dos ecossistemas e de
mudanças induz idas a esses, por forças internas e externas (bió ticas e abióticas) através do
te mpo. Essas características são úteis para programas de avaliação e monitora mento da
qualidade ambiental.
TICAS DE MANEJO
ADOTADAS
Solo nu Acidificação
Queimadas Monocultura
':'- ~m plitude em que o invertebrado podem ser influenciad os pelo m a nejo do solo
é defuuda pelo seu tamanho, que lhes confere habilid ade diferenciada na su a estratégia
d e alimentação e ad ap tação ao hábitat (Aquino, 2005). Geralmente, organjsmos maiores
são mais sensíveis às práticas de manejo do que os menores (Wardle, 1995). Resultados
de Franco (2015) demonstraram redução média de 89 % na densidade d a comunidade
e perda de 39 % da diversidade de grupos da macrofauna em áreas de mudança de uso
da ~erra ~e vegetação nativa para pastagem, seguida de cana-de-açúcar, com aumento
de mtens1dade d e uso do solo. Esse mesmo trabalho evidenciou ainda que tal perda de
biadi, ersidade diminui os processos de engenhaTia de solo, resultando na deses tabilização
da sua estrutura e prejudicando a sua capacidade parn proteger fisicamente a MOS contra
a decomposição dentro de agregados estáveis, levando à redução dos estoques de C do
solo.
microbio lógica, incluindo fungos, bélctérias e a rchaeéls, que atua rão na decompos ição da
palhad él, es tabelecendo uma s imbiose mais próxima da encontrélda e m áreas de mata
nativa.
Silva et ai. (2002) afirmaram como exemplo de que na 5 D a abundância da pt1Lhada
proveniente da biomassa cultural residua l depos itada na superfície do solo é o fa to r bás ico
para o estabelecimento de macrofa una d ive rsificada e para o eq uilíb rio e ntre as popu laçõe .
Na figura 8, pode-se observar que a abundância ele ind ivíduos, a sim como o número de
grupos da macrofauna do solo sob SD, é mais próxi mo aos va lores encontrados em cireas
d e vegetação natural do que o são os va lores obtid os sob agricu ltura convencional.
A manutenção de uma cobertura vegetal na s uperfície do solo favo rece a fa una edMica,
as raízes e a microflora do solo (Lavelle e Spain, 2001), es peci ficamente a atividade do_
organismos engenheiros do ecossistema, e ntre esses os grupos Oli gochaeta, Fo rm icidcle e
Jsoptera (Barros et aJ., 2003). Em condições de clima temperado, a a tividade da biota do
solo na camada 0-10 cm é estimulada pela SD em comparação ao culti vo convencional,
e principalmente microrganismos e enquitreídeos contribuem grandemente para .:i
decomposição da fitomassa cultural residual (Miura et ai., 2008). 1 o entanto, Capelle e
ai. (2012), a partir de um levantamento da literatura científica publicada nas ú ltimas sei
décadas, sugerisam que os organismos do solo respondem ao sistema de manejo de fo rma
específica às condições locais, com a textura do solo determinando os impactos do manejo
sobre as populações de oligoquetas e colêmbolas, enquanto os impactos sobre nematoides
e microrganismos variam dependendo da profundidade do solo.
Ressalta-se que os dados d a literatura parn as respostas da biata do solo aos sistema
de manejo são por vezes inconsistentes. Muitos estudos reportam q ue populações de
microartrópodes aumentam sob manejo conservacionista como SD (Coleman et al., 2002;
Nakamoto et ai., 2006), enquanto outros evidenciam ausência de efeito ignificativo
ou declínio dessa comunidade (Larsen et al., 2004; Miilla et a i., 2008). ísso pode ser em
razão do tempo de implantação do sistema de manejo nas áreas estudadas, onde, por
exemplo, efeitos negativos aos organismos e sua atividade a partir das p ráticas no s istema
convencional podem não ser totalmente expressas nos estudos que avaliam áreas com dois
ou três anos de manejo, frequentemente utilizadas.
Não apenas a manutenção de cobertura vegetal sobre o solo influencia as comunidades
da fauna edáfica como as respostas estão relacionadas ao tipo de plantas de cobertu.Ta, que
determinam a quantidade e qualidade dos recmsos orgânicos (Decaens et ai., 2001). A
diversificação das es pécies vegetais promove maior diversidade dos grupos d a macrofauna
invertebrada do solo, conforme observado por Silva et ai. (2006).
A rotação de culturas incluindo espécies leguminosas e gramíneas constituem boa
escolha para garantir a biofuncionalidade do solo (Aquino et al., 2008; Santo et al., 2008). Por
exemplo, segundo Aquino et al. (2008), o cultivo de milho no verão sobre biornas a residual
de nabo-forrageiro em ambiente tropical proporciona condições para o estabeleciment e
d esenvolvimento de diversidade de comunidades da macrofa una in ertebrada semelhante
à e ncontra da em áreas florestais, enquanto em SD com continuadas s uces ·ões de espécies
gramíneas a comunidade da macrofauna apresenta correspondéncia com o sis tema de
cultivo convencional.
(a)
10.000
a
1.000
,r
e
"O
ã.
~
-e,
100
~
~
10
0+------------r-----------<
Safra de verão Safra de inverno
(b)
Figura 8. Densidade (a) e diversidade (b) da comunidade da macrofauna do solo (0-30 cm), incluindo
organismos da serapilheira, em diferentes sistemas de manejo. Para cada safra, sistemas seguido
de mesma letra, a densidade e o número de grupos não diferem pelo teste de Duncan (p < 0,05).
Fonte: Adaptado de Silva et ai. (2002).
Embora por si só a SD represente muitos efeitos benéficos para con erva r a biota, o
solo ainda deve ser manejado em associação a prá ticas conservacionis tas como ba ixo trá fico
de máquinas e reduzido uso de agroquímicos para proteger a especia lmente a macrofauna,
sensível à compactação e contaminação por molécu las tóxicas (Cox, 2000; Chan, 2001).
Dornínguez et ai. (2010) atribuíram às condições físicas e químicas des fa vo ráveis do
solo e aos elevados níveis de aplicação de agroquímicos a menor abundância, riqueza e
diversidade de macrofauna encontrada na SD em relação a pastagens nativas, tendo como
consequência redução nas taxas de decomposição da liteira.
A SD tem efeito também sobre a biomassa microbiana, pois es timula a ciclagem de
nutrientes e energia no sistema solo (Cu nha et ai., 2011). Souza et ai. (2006) real izara m
estudo com sete sistemas de culturas e observaram que aqueles com maior produção de
biomassa vegetal e seu acúmulo residual na superfície ap resentaram os maiores valores
para a biomassa microbiana na camada até 5 cm. D' Andrea et ai. (2002) observara m
redução nos teores de C da biomassa microbiana com a adoção de pas tagem e plantio
convencional, comparado com a SD e a mata nativa. A mesma tendência foi observada
por Santos et al. (2004), os quais verificaram que a SD comparado ao plantio convencio nal,
proporcionou aumentos na atividade e biomassa microbiana do solo. O solo em SD
apresentou preservação do C da biomassa microbiana intermediária às apresentadas pela
mata nativa e pelo sistema de preparo convencional do solo (Silva et al., 2007).
Ao considerar o qCO2 como indicador da atividade da microbiota do solo, verifica-se
na literatura que o plantio convencional tende a elevar os valores, s ugerindo condições
de estresse nesse tipo de sistema (Six et al., 2000; Silva et al., 2007; Cunha et al., 2011)
(Figura 9). À medida que a biomassa microbiana se toma mais eficiente na utilização de
recursos do ecossistema, menos C02 é perdido pela respiração e maior proporção de C
é incorporada aos tecidos microbianos, o que resulta em diminuição do qCO, (Cunha et
al., 2011). Assim, vários estudos relatam os benefícios que a prática da SD pode causar
na biata dos solos brasileiros (Six et al., 2000; Silva et ai., 2007; Babujia et ai., 2010; Cunha
et al., 2011), sobretudo no papel desempenhado pelos microrganismos no ciclo do C no
trópicos.
u' 0,07
Sistema de manejo
â 0,06
o ■ Convencional
-o
(5 0,05 ■ Semeadura direta
~
U 0,04
7t, 0,03
'700
Ei 0,02
10,01
8<::i-
o _.__--=---=---- --~----'~=----=--=---=~ ~~~~ ____.:~ ~ _j
Braquiária Braquiária Guandu Milheto Capim- Sorgo Estilosante Média
solteira consorciada mombaça
d a produti vidade menor das culturas em sist mas de cultivo orgânico, consequ~ncias
n ega ti vas como a red uzida qua li dade do solo e maior s usce tibilidad e a pragas herbivora
na agricultura convencional podem supera r os benefícios económicos dessas.
A agricultura o rgâ nica pode contribuir subs tancialmente para a futura produção
agrícola em todo o mundo, me lhorand o a qua lidade do solo e o controle de praga ,
reduzindo assim os impactos ambientais d a agricultura convencional.
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Figura 10. Respiração do solo (a), qCO2 (b) e relação Cmic/ mie (e) em cultivo convencional e
orgânico na Espanha.
Fonte: Melero et ai. (2006).
Integração lavoura-pecuária
A exploração intensiva da pastagem deflagra processos de exaustão e degradação dos
solos, o que ocasiona a redução da capacidade produtiva da unidade pecuária (Oliveira et
ai., 2004). O grande número de áreas de pastagem com baixa capacidade produtiva tem
resultado em desafio para os órgãos de pesquisa e extensão, no sentido de viabilizar sistemas
de produção que possibilitem maior eficiência energética e conservação ambiental (Macedo,
2009). A integração lavoura-pecuária, onde os produtores utilizam a terra tanto para a
produção animal como a vegetal, consiste na rotação de culturas anuais com pastagens de
acordo com a época do ano. Os benefícios para a biota do solo decorrentes da implantação da
técnica ficam evidenciados pelos resultados de Salton et ai. (2014). Os autores demonstraram
que a ausência ou minimização das operações de cultivo, a grande deposição de biomassa
residual, a diversidade de espécies de plantas e a intensa renovação da massa de raízes nas
pastagens dão aos sistemas de integração lavoura-pecuária a capacidade de suportar grande
abundancia e diversidade de invertebrados da macrofauna edáfica.
Os sistemas de integração lavoura-pecuária representam urna alternativa na
intensificação do uso da terra, pois garantem a sustentabilidade dos sistemas de produção, já
que diversos benefícios agronômicos e ambientais podem ser obtidos quando as atividades
d e uma propriedade são diversificadas com inclusão de pastagens (Russelle et ai., 2007).
A inserção de animais pode alterar algumas propriedades do sistema, como reciclagem de
nutrientes e agregação do solo, assim como melhorar a sua qualidade (Ingram et ai., 2008;
Carvalho et ai., 2010).
Sistema de irrigação
Água e nutrientes são necessidades básicas que limita m o rendimento da planta .
Sanar tais problemas significa produzir o máxi mo com qualidad e e com o mínimo impêlcto
ambiental (Mantovani et ai., 2003). O manejo racional da irrigação en volve um método
de controle que consiste na aplicação da qu antidade necessá ria de água às pla n ta , no
momento correto. Nesse contexto, o manejo engloba interação do solo, da água e do climé'l
com a planta a ser cultivada (Mantovaní et ai., 2003). o entanto, tem sido demonstrado que
os regimes de irrigação devem ser planejados não apenas com a finalidade de aperfeiçoar o
crescimento das plantas, mas também de otimizar a comunjd ade de invertebrados do solo
e s ua atividade (Fraser et al., 2012). Os autores demonstraram que os regimes de irrigação
utilizados com a finalidade de suprir as necessidades h ídricas da p lanta podem não er
suficientes para sustentar conteúdos de agua no solo reque rid os para ótima atividade
da fauna edáfica na estação seca. Nematodes, Acari e Collembola também respondem
positivamente à irrigação utilizada para reduzir o défice hídrico do solo (Lindbe rg e
Bengtsson, 2005).
A fertirrigação, método de irrigação muito eficiente (Silva et ai., 2006), que combina
os fatores essenciais de crescimento e desenvolvimento das plantas, inserida no contexto
da agricultura sustentável, é o sistema mais racional de aplicação de fe rtilizantes e agrega
vantagens como:
a) Melhoria da eficiência e uniformidade de aplicação de adubo.
b) Maior aproveitamento do sistema de irrigação.
c) Menor compactação do solo com a diminwção de máquinas dentro da área.
d) Redução de contaminação do meio ambiente com o aproveitamento dos nutrien tes
móveis no solo, quando aplicados via irrigação localizada.
Além dos benefícios práticos, Ramos et al. (2010) observaram doses especificas de
adubação nitrogenada, que contribuiu com o aumento do C da biomassa microbiana,
que, possivelmente, ao suprir N para a cultura, promoveu maior desenvolvi mento de
biomassa vegetal (aéreo e radicular) e, consequentemente, maior liberação de exsudados,
possibilitando maior desenvolvimento microbiano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Conteúdo
INTRODUÇÃO
Bertol I, De Maria IC, Souza LS, editores. Manejo e conservação do solo e da úgua. Viçosa, r-, IG: Sol'.iedade
Bras ileira d e Ciência do Solo; 2018.
316 CIMÉLIO BAYER ET AL.
so lo e o ba ixo apo rte de fitomassa resid ua l, pe la a lta freq uê ncia de pousio inve rnal,
monoc ullurél e qu eima de fítom assa r s iclu al determina m uma baixil intensidade dos
processos ordenativos e elevadél inten id él dc de processos di s ipativos (o rdenativos/
dissipativos < 1), promovendo d iminuição no níve l d e o rd m do so lo (a umento da
e ntropia) e redução da energia a rmazenélda no solo (redu ção de enta lpia). A im , com
es tas práticas de manejo, os solos ag rícolas bras il eiros ex perime nta rél m uma in ten a e
rápida degradação (Mielniczuk, 1999).
A aná lise da termodinâmica do s is tema solo permite inferir q ue o ma nejo
conservacionista do solo deve envolve r dois fundament os: o não revolvimento e o
alto aporte de fitomassas residuais, cuja adoção concom itante é essencia l pa ra que
a inte nsidade dos processos ordenativos seja s uperior à inten idade dos p rocesso
dissipativos (o rdenativos/ dissipativos > 1), fazendo com que o solo passe a ex perimentar
uma melhoria grad ua l da sua qualidade. Na figura 1, exemplifica m-se o flu xos de Cem
Argissolo sob preparo convenciona l (preparo convencional-PC, lav ração e gradagem) e
ba ixo aporte de fitomassas resid ua is (aveia/ milho - A/ M, sem a du bação nitrogenada ).
N esta s ituação, os processos ordenativos no solo são alimentad os pela incorporaçdo
a nual de 0,9 t ha·1 a no·1 de C na matéria orgânica do solo. Po r sua vez, os proces os
dissipativos ocorrem a uma intensidade equivalente a 1,4 t ha·1 d e C, demon trando que
nesse manejo, que não apresenta nenhum dos fundamentos do manejo conservacioni ta,
a intens idade dos processos dissipativos é superior a dos processos o rdenati vos (Figu ra
la) e o solo perde qualidade ao longo do tempo. A partir da adoção simultànea do
fundamentos de não revolvimento (semeadura direta-SD) e do alto aporte de fitoma as
residuais (aveia+erviJhaca /milho+caupi - A+E/M+C), a taxa dos processos dissipativos
(equivalente a 1,1 t ha· 1 ano·1 de C) passa a ser menor do que a dos processos ordena tivo
(equivalente a 1,6 t ha·1 ano·1 de C) (Figura lb), e o solo passa acumular matéria o rgà nica
e aumenta a qualidade.
Solos s ubmetidos a sistemas convencionais de manejo (ordenativo / dissipa tivo < 1)
apresentam um decréscimo no nível de ordem (Figura 2a). Por s ua vez, solos s ubmetid o
a sistemas conservacionistas de manejo (ordena ti vos/ dissipativos > 1), que contemplam
os dois fundamentos do manejo (não revolvimento e alto aporte de fitomassas residuais),
tendem a se organizar e a apresentar nível de ordem mais elevado (Figura 2a). 1 a figura
2b, verifica-se a similaridade entre a evolução dos estoques de C da matéria orgânica do
solo ao longo de 13 anos de aplicação de diferentes sistemas de manejo de solo (Bayer et
al., 2000), em relação ao comportamento teórico da organização do solo em relação aos
sistemas de manejo adotados (Figura 2a).
Cabe salientar que os sistemas de manejo q ue constam na figura _b ão os me mos
d a figura 1. Verifica-se, assim, que os s is temas de manejo, q ue determinam proces os
ordenativos menos intensos do que os processos dissipativos(PC / 1) no solo, resultam
numa d iminuição do nível de ordem no solo, caracterizado por um rápido e inten o
processo de degradação (Figuras la e 2b). Por sua vez, sistemas de manejo q ue envolvem
a adoção simultânea dos dois fundamentos do manejo (não revolvimento do solo e a lto
aporte de fitomassas residuais, SD A+E/M+C) determinam um balanço positi O d os
processos ordenativos em relação aos processos dissipativos (ordenativos/ dissipativos> l)
e uma elevação no nível de ordem do solo, promovendo a con ervaçào ou melhoria da
qualidade do solo (Figuras lb e 2b).
A/ 1 PC
IJwerno Verão
co,
(b) 1
8,0
A+E/M+C 50
1,1
Figura 1. Ciclagem de Cnum Argissolo submetido a um (a) manejo com intenso revolvimento (preparo
convencional-PC, lavração e duas gradagens) e baixo aporte de fitomassas residuais (aveia/
rnilho-A/M, sem adubação nitrogenada); e a (b) manejo que contempla os fundamentos do não
revolvimento (semeadura direta-SD) e do alto aporte de fitomassas residuais (aveia+ervilhaca/
milho+caupi - A+E/M+C). Fluxos de C calculados a partir de Lovato et ai. (2004).
O conceito do solo como "sistema" significa que o solo é formado por sub-sistemas
(físico, quínúco e biológico), que interagem entre si. Isto implica que a adoção de sistemas
conservacionistas de manejo determina melhoria em indicadores químicos, físicos e
biológicos de qualidade do solo, resultando na melhoria da qualidade do solo como
um todo. Os indicadores de qualidade do solo são referidos por alguns autores como
"propriedades emergentes" (Vezzani, 2001), sugerindo que se tratam de propriedades
que O solo somente passa a apresentar quando submetido a sistemas conservacionistas de
maneJo.
Nos diferentes estados de organização do solo, que estão representados na figura 2a,
surgem as propriedades emergentes. No 1úvel de ordem alto, caracterizado pela presença
de estruturas mais complexas, que são os macroagregados, e grande quantidade de matéria
orgânica retida, as propriedades emergentes que se destacam são: resistência às erosões
hídrica e eólica, aumento da CTC e do estoque de nutrientes, adsorção e complexação de
compostos orgânicos e inorgânicos, favorecimento dos organismos do solo, promoção da
(a)
Nível de ordem alto
,,,,,, 50 A+ E/M + C
Tempo
(b) 40
_._PCA/M
-O- SDA+E/M+ C
36
ç
--....
.e: 32
o
oUl
2 28
u
24
o -'----,---,,.---.----,---.----,---.---..--
0 2 4 6 8 10 12 14
Anos
Figura 2. (a) Figura teóric~ da razão entre ~s processos ordenativos e ctissipativos e a organização do
sistema solo sob os ststemas de maneio PC A/ Me SD A+E/ M+C [adaptado de ezzani (2001)
em analogia~ _Prigogine (19:6)] e sua sim~aridade com o (b) comportamento dos estoques de e
orgânico veriftcado em Arg1ssolo subtropical sob os mesmos sistemas de manejo.
Fonte: (Bay er et a i, 2000).
e. Org.
Quoc.
Met.
C>53
Ntotal
-0,6
3,0 9,0 17,0
1
Adição anual de biomassa (t ha. )
Figura 4. Razão entre a razão da intensidade dos processos ordena ti vos e dissipativo no solo avaliada
pela taxa de alteração anual (t ha·1 ano- 1) do estoque de C de compos tos o rgânico (CO) no o lo
em dois preparos do solo (PC=preparo convencional e SD=semeadura d ireta) e da quantidade
de C adicionado anualmente pelas culturas.
Fonte: Adaptado d e Mie lniczuk et al. (2003) .
É importante res altar que es a maior energia incidente tem reflexos na maior taxa d os
pro essos de natureza biol gica, o que faz com que, ern regiões tropicais e subh·opicais, 0
balanço dos proce so ordenativos e processos dissipativos no solo som ente seja alcançado
a partir da adoção simultânea dos dois fundamentos do manejo de solo (não revolvimento
do solo e alto aporte de biomassa vegetal). Isso significa relatar que a adoção isolada de um
ou de outro fundamento do manejo não terá o resultado esperado em relação à melhoria da
qualidade do solo. Essa análise permite inferir as implicações negativas da alta frequência
de pousio invernal e da monocultura, entre outras práticas, sobre a qualidade de solos em
semeadura direta.
2000 Maturidade
Monocultura ,,,,.. .......
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1500
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Consolidação I
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1'-- 2 5 7 9 11 13 15 17 19 21
Anos
Figura 5. Diferença na produtividade de soja (kg ha·1) entre semeadura direta e preparo convencional
(SD-PC, em que valores + = SD > PC; e valores - = SD < PC) em diferentes fases que ocorrem
no decorrer do período de adoção da SD (crítica, consolidação, maturidade) em Latossolo
Vermelho na monocultura trigo-soja e na rotação de culturas tremoço-milho/ aveia-preta-- ja/
trigo-soja/ trigo-soja. ns e* = diferença não significativa e significa tiva em nível de 5 % (Tukey),
respectivamente. Embrapa-Soja, Londrina, PR.
Fonte: De biasi e l ai. (2013).
·~ 66
56
50
~ 44
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32
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MO (gkg·1) 18 18 35 35 Média -
Palha (t ha"1) 0,3 7,9 0,4 7,6
A r A
(1)
\ \ K.C
\
\
◄
A \___ _. \Mos \
1Resíd uos+ Raízes\ k1
Figura 7. Balanço de entradas (~A) e das perdas de C (k 2C) são determinantes do. es toques de C n..1
matéria orgànica no solo.
Fonte: Adapta do de Bayer et ai. (2006a).
A integração desta expressão ilus tra a variação dos estoques de C no solo ao longo
dos anos de adoção de diferentes manejas, que integra as perdas de CO do solo decorrente
da oxidação microbiana (C0 e - k2 1) e o acúmulo de C adicionado pela biornas a vegetal ao
solo [~~
(1 - e·½')], em que t é o tempo (anos); CO,o estoque de C inicial no solo; e e, ba
natural dos logaritmos neperianos.
(2)
et= eºe -k1 ' +k1A
k (1 -e·k.·.,1)
2
A partir das expressões 1 e 2, pode-se inferir que, para manter ou recuperar os e toques
de C no solo, os manejes deverão implementar um elevado apor te de fitomassas re iduai
(A) e uma reduzida taxa de decomposição (k 2) de MO, de forma que haja um equilíbrio
~A=~C) ou um balanço positivo das entradas em relação às perdas de C (k1 .-\ > _C).
Basicamente, a adoção simultânea dos dois fundamentos do manejo de solo resultam
normalmente no balanço positivo das entradas em relação às perdas de C, em razão do efeito
do alto aporte de fitomassas residuais, que define uma alta adição de C foto sintetiz do, e
o não revolvimento do solo em SD, que determina uma redução da ta. a de decompo ição
da MO em relação a solos sob PC. Portanto, a adoção dos dois fundamento do manejo
impacta m favoravelmente a dinâmica da MO no solo, tanto red uzindo perdas como
a umenta ndo as adições, tendo como resultado uma variação positiva dos e -toques de C n
solo (dC/dt > O).
Na figura 8 é ilustrado o impacto de dilerentes prepares (PC e D) nas taxas de
decomposição da matéria orgânica em dois solos com textura e mineralogia distintas, e no
quad ro 1, o efeito de sistemas de preparo e de culturas nos estoques de C orgânico no s lo
e no tempo médio de residência (TMR) da ma téria orgânica num Argissolo subtropi ai.
-rc
4 SD
0-----
Argissolo Latossolo
Temperatura média anual ("C) 19,4 21,2
Precipitação (mm ano·1) 1440 1713
Teor de argila(%) 22 68
1
Fed (g kg· ) 11,8 87,6
Fe (gkg"1)
0
0,9 2,5
SD (0,025 ano- 1). Esse a mbiente menos ox id a tivo d o solo e m SD di scrimina um aume nto no
tempo médio de residência (TMR = 1 ) da MOS no solo, q ue é o te mpo q ue o C perma nece
ne le, o u seja, o tempo que transcorr~2 descle a entrada d o C fo tossintetizado no solo até .:i
su a oxidação microbiana a COi- Ver-ifica-se que a redu ção da taxa de decomposição anuill
da MOS no solo aumenta o TMR de 25 para 40 anos (Quadro 1), ou seja, a perma nência
da MOS no solo em SD é bem s uperior do que no solo em PC, e isso é mu ito importa n te
pois amplia os benefícios da ciclagem da MOS no solo. Além do efe ito benéfico da SD nn
preservação do C residual ("velho") do solo, os resultados também evidenciam o impacto
do aporte de fitomassas residuais (A+E/ M+C > A/M) no acúmulo d e C das culturas
(" novo"), proveniente de adição recente de C fotossintetizado.
Além das condições ambientais, principalmente da tempera tura, as taxas de
decomposição (k2) da MO e, em consequência, o TMR são fortemente influenciados pela
textura e mineralogia do solo. Na figura 8, verificam-se os valores de Is mais elevados
e o maior impacto da SD em reduzir o va lor de k, em relação ao PC num Argissolo da
Depressão Central do RS do que num Latossolo da r~gião do Planalto do RS, e es a vari<1ç5o
não tem relação com a temperatura média e o volume de chuvas anual nes tas regiões, mas
sim com a maior estabilização do C no La tossolo argiloso com teor mais elevad o de óxidos
de ferro do que no Argissolo de textura média e com predomínio de caulinita (Bayer, 1996).
Em razão da interação organomineral, os microrganismos podem ter alguma res trição de
acesso ao substrato orgânico pela interação com a superfície mineral através de grupos
funcionais hidrofílicos e exposição de grupos hidrofóbicos, a qual tem ca ráter aditivo às
dificuldades que os microrganismos tem de remover o composto orgânico da superfície
mineral onde está adsorvido, além da adsorção de enzimas (Christensen, 1996; Sollins e t
al., 1996). A interação organorninera1 é o principal mecanismo controlador da estabilidade
em longo prazo da MO (Kõgel - Knabner et ai., 2008), enquanto a recalcitrância e oclusão
teriam papéis mais relevantes na estabilidade em curto prazo. Em latossolos oxídicos do
Cerrado, a textura e mineralogia do solo (interação organomineral) também são reportadas
como fatores mais importantes que a estrutura do solo (ocl usão) no processo de retenção
de C (Zinn et ai., 2007).
Nas mais de quatro décadas de SD no Brasil, muito se consta tou sobre os benefíci os
ambientais e econômicos deste manejo (Casão-Junior et al., 2012). Em termos d e
acúmulo de C no solo, Bayer et ai. (2006c) estimaram que solo sob SD sequestra 0,-lS e
0,35 t ha·1 ano-1 na camada de 0-20 cm em regiões s ubtropicais e tropicais b ra s ileiras,
respectivamente. Estimativas de Bernoux et ai. (2006) para a mesma camada e regiões
são um pouco maiores: 0,68 e 0,65 t ha-1 ano-1 na subtropical e tropical, respectivamente.
Entretanto, contabilizando estoques até 1 m de profundidade, Boddey et al. (2010)
estimaram que as taxas de sequestro de Cem solos sob SD podem ser q uase 60 % maiores
do que as estimadas para a camada 0-20 cm, principalmente, no caso de sistemas de rotação
d e culturns intensivos e com a inserção de leguminosas de cobertura do solo.
O preparo do solo, por influenciar o grau d e mobilização dos agregados, de termina 0
coeficiente k2 • Jastrow (1996) definiu isso co mo a reciprocidade do tunzoz,er de agregad os
e d o tu rnover da MO. A proteção física d a MO por oclusão em agregados de solo dific ulta
a ação de microrganismos e de suas enz imas sobre o substrato orgân ico, por atuar com o
uma barreira física e diminuir a disponibilidade de O'.! para os processos m.ida ti. os
d e deco mposição (Baldock et a i., 1992; Hassink e Whitmore, 1997; Sextone et ai., 19 S;
Balesd ent e t a i., 2000b). Six et ai. (2000) utilizaram essa ideia de fll m u 'ª de a g regad os
e de MO e propuseram um modelo para explicar mecanisticamente o acúmulo de C
o nde a matéria orgânica tem maior tempo de lurnover (Dick et al., 2005, Dieckow et al.,
2009). No entanto, cabe destacar que a recalci trâ ncía ainda tem sua devida import nci
nas fases iniciais de decomposição das fitomassas residuai (von Lützow et ai., 2006;
Carvalho et ai., 2009; Kõgel-Knabner e Kleber, 2012).
O k 1 de raízes é geralmente maior que o da parte aérea, possivelmente por r 1ze
estarem enterradas no solo e fisicamente protegidas em agregado e por terem maior
relação lignina/N (Bolinder et al., 1999). O k1 da parte aérea va ria entre 0,08 e 0,26 e é em
média 0,12 (Gregorich et ai., 1995; Bolinder et al., 1999). Para sistemas de cultura anuai
e subtropicais brasileiros com aveia-preta, ervilhaca, caupi e milho, Bayer et al. (200 b)
estimaram um k 1 conjunto de parte aérea e raiz de 0,15, tanto em solo em PC como em
SD. Para a cana-de-açúcar, Cerri (1986) obteve um k 1 = 0,20.
Seguindo o entendimento de que o coeficiente iso-húmico (is) de raízes é maior que
o da parte aérea, vários estudos indicam que a raiz é o principal contribuinte para formar
a MO do solo e não a parte aérea. Katterer et al. (2011) estimaram, para nove culturas
agrícolas, um k1 médio de raízes 2,3 vezes maior que o da parte aérea (0,35 vs 0,15); um
resultado coerente com o TMR 2,4 vezes maior para C-raiz que C-parte aérea da revisão
de Rasse et al. (2005). No sul do Brasil, Tahir (2015) verificou, com marcação 13 C, ue
após um ano do cultivo de ervilhaca, ervilha forrageira e trigo, em média 30 % do C de
suas raízes ainda estavam presentes no solo (0-30 cm), contra somente 5 % do C da parte
aérea, numa clara indicação da maior contribuição de raízes ao estoque de MOS.
Paradoxalmente, justamente a quantificação da adição por raízes é uma da
maiores dificuldades nos estudos de manejo de solo e matéria orgânica. Amostragen
de solo+raízes geralmente são trabalhosas e danificam as parcelas dos experimento
de manejo do solo de longa duração, as quais normalmente apresentam pequena
dimensão. Além disso, os métodos de avaliação de raízes não consideram a quantidade
de C adicionado ao solo via rizodeposição, embora Bolinder et al. (2007) proponham que
Crizodeposiçlo = Cbiomassa raízes X 0,65.
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da decomposição
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Figura 9. Ilustração do impacto da maior eficiência em acumular matéria orgânica no solo a partir de
fitomassas residuais de maior qualidade.
Fonte: Adaptado de Cotnúo el al. (2013).
Nas condições s ubtropicais do sul do Bras il, destaca-se o cu ltivo de espécie como
a ervilhaca-comum (Vicin sativn L.), ervilhaca-peluda (Vicin vi/Iasa Roth), tremoço-azul
(Lupi1111 s nngus tífolius L.), chicharo (Lnthyrus sativ 11s L.), comichão (Lotus comirnlnt11s L),
a lém de outras. O nabo-forrageiro (Raphnnu s sativus L. va r. oleíferus Metzg.), ape ar de
não ser uma leg uminosa, possui papel de destaque na recic lagem e fornecimento de N
no outono e no inverno. Com relação às leguminosas esti vais o u de cU ma tropic.il, cabe
destacar o cultivo de caupi (Vigna unguiculnta (L.) Walp .), crota lá ri as (Crotalaria p .), guandu
(Caímrn s cajans), lab-lab (Lablab p11rpureu s (L.) Sweet) e mucu na (Mucuna pruriens).Além da
sua importância no acúmulo de MO, essas espécies são muito importantes como fo nte de
N para culturas comerciais cultivadas em s ucessão, permitindo red ução dos cu tos com a
a dubação nitrogenada.
A introdução de forrageiras e ani mais no sistema de produção, como na integração
lavoura-pecuária (ILP), também pode aumentar a adição de fito massa e o e toqu de C no
solo (Studdert et al., 1997;Salton, 2005; Jantalia et al., 2006; Tracy e Zhang, 2008; Carvalho
et al., 2010; Salton et al., 2011; Carvalho et al., 2014), pois o ani mal d inamiza o istema solo-
planta-animal-atmosfera pelos cíclos de pastejo-rebrote (Mo raes et al., 2007; Su lc eTrucy,
2007). No Cerrado sul-mato-grossense, uma rotação de nabo fo rrageiro/milho/ aveia
preta/ soja/ trigo/ soja praticamente não a lterou o estoque inicial de 41,9 t ha·1 de Cem 0-20
cm de um Latossolo argiloso após nove anos; entretanto a ILP, com pas tagem de Brachiaria
decumbens por dois anos e trigo/soja por mais dois, aumentou esse estoque para 48,0 t h,r 1
de C, a uma taxa de ~0,7 t ha- 1 ano· 1 de C (Salton et al., 2011). Ainda no Cerrado, Carvalho
et al. (2010) relataram taxa de sequestro de 1,0 t ha·1 de C na ILP. Contudo, nem sempr
ocorre aumento no estoque de C com adoção da ILP (Souza et a l., 2008; Ernst e Siri-Prieto,
2009; Salvo et ai., 2010; Franzluebbers e Stuedemann, 2013; Piva et al., 2014).
Num Latossolo Bruno de região fria no Paraná (clima Cfb), a fLP com pastagem de
azevém e lavoura de milho não alterou o estoque de C a té 1 m de produnclidade após 3,5
anos de adoção (Piva et al., 2014), e nem após nove anos (Ramalho, 2016). Tais resultados
pelo menos demonstram não haver efeito negativo da ILP e seus cíclos de pastejo sobre
estoques de C do solo (Franzluebbers e Stuedemann, 2013), sem prejuízo, portanto, para as
demais vantagens produtivas e econômicas da ILP (Macedo, 2009;Moraes et al., 201-l). l 'ão
há uma condição única de ILP com efeitos replicáveis em todos os locais. Clima (tropical
ou subtropical), tipo de rotação (plurianual, com pasto por a lguns anos seguid o de lavoura
por outros; ou anual, com pasto e lavoura no mesmo ano safra), espécie de pasto e de
cultura de grãos e outros fa tores podem interferir no potencial da ILP em alterar estoques
de C e N no solo.
O fréJcionéJmento físico cl ens im ' tríco permite a obte nção de compa rtim ntos
relacionados com a loca lização, meca nism e; de proteção e funçõ e; no solo: n prim iro
(FLL), menos decomposto (Ba ld ock ct ai., 1990, Chris tens n, 1992, Golchin et ai., 1994b;
Skjems tad et ai., 1996; Pillon, 2000; Freixo e t a i., 2002a), mas mai exposto à ação dos agentec:
oxidativos, tendo co mo único mecanis mo de proteção a recalci trância mol cu lar (So lli n et
ai., 1996); o segund o (FLO), mais decomposto, porém protegjdo em razcio da recalcitrãncic1
e da sua localização dentro de éJgregados; e o terceiro (FP), onde o três mecani mo, de
proteção estão atuantes.
A quantidade de FLL é influenciada pelo tipo de vegetação, normalmen te havendo
um acú mulo nos horizontes superficiais, pois o meca nismo de proteção atuando na FLL é
a recalci trância do material constituinte dessa fração (Sollins et a i., 1996). Portanto, a FLL
tende a ser a mais disponivel para a microbiota entre as frações d nsimétricas (Golchin et
ai., 1994a). Em sistemas dominados pela deposição s uperficia l de liteira, como florestas
e savanas densas, este acúmulo é mais acentuado que em istemas onde predomina a
d e posição de liteira subteJTânea (fitomassas residuais de raízes), como pastagens nativas
e cultivadas (Roscoe et ai., 2001). A FLL da 10 encontra-se depositada na _uperfície dos
agregados, sendo também denominada de fração interagregados.
A FLO compreende um diversificado conjunto de compostos orgànico , incluindo
fitomassas residuais de plantas, peletes fecais, pelos racliculares e e truturas fúngica.
com um tamanho reduzido e um grau de decomposição mais avançado em com paração à
FLL (Golchin et ai., 1994a; Christensen, 2000; Pillon, 2000; Chris ten en, 2001; Freixo et ai.,
2002a,). Assim como a FLL, a quantidade de FLO tende a decrescer com a profundidade,
uma vez que o teor total de C também reduz com a profundidade. A FLO é também
dita fração intra-agregados por causa da s ua localização no interior do agregado , e o
mecanismos dominantes para proteção dessas estruturas são a recalcitrãncia molecular e,
principalmente, a oclusão ou proteção física por agregados (Sollins et ai., 1996).
Finalmente, a FP é constituída, basicamente, por materiai orgânicos em avançado
estádio de decomposição, não identificáveis visua lmente, fortemente ligados à fração
mineral, constituindo os COM-primários (Chris tensen, 1992). É uma fração dominada por
compostos orgânicos de elevada recalcitrância, como remane centes de cutina e suberina,
assim como materiais resistentes s_intetizados pela microbiota durante o proces o de
decomposição (Baldock et al., 1992). E considerada a mais estável da fraçõe den imétrica. ,
sendo caracterizada por uma baixa taxa de ciclagem, pois todos os proces os de proteção
da MOS (recalcitrância química, oclusão e proteção coloidal) podem e tar envolvido na
sua estabilização no solo (Christensen, 2000).
podem interf rir na an lise dn matéria orgânica, como também carências ins trumentais por
causado cu t elevado d aqui ·içãoemanutençãode equipamentos analíticos. Vá rias técnkas
de envolvida originalmente na química analítica são empregadas na Ciência do Solo para
identificar e quantificar estruturas moleculares da MO, destacando-se as espectroscópicas
como a ressonância magnetica nuclear (RMN) (Knicker e Lüdemann, 1995; Kõgel-Knabner,
2000), ressonância paramagnética eletrônica (EPR) (Senesi e Steelink, 1989; Martin-Neto et
al., 1994) e fluorescência induzida por laser (FTL) (Bayer et ai., 2002a; Milori et al., 2002).
Resultado de ressonància magnética nuclear do 13C com polarização cruzada e ângulo
mágico de giro (CPMAS 13C RMN), RMN no estado sólido indicam que a distribuição
espectral da intensidade relativa do sinal de 13C em solos brasileiros segue um padrão
mais ou menos definido (Dick et ai., 2005; Oieckow et al., 2005a; 2009; Boeni et ai., 2014),
com o sinal de C-o-alquil predominando, seguido por C-alquil, C-aromártico e C-carbonil.
O interessante neste padrão é que o tipo de C mais abundante, C-o-alquil, é um associado
às estruturas moleculares potencialmente lábeis, como a de carboidratos/ polisacarídeos,
enquanto o C-aromático, potencialmente mais recalcitrante, está em proporção bem menor.
A interação entre os polisacarídeos e a superfície de óxidos de ferro e a estabilização,
por óxidos em geral, de microagregados (< 250 ~1m), que protegem fisicamente a matéria
orgânica (Balesdent et ai., 2000a; Krull et al., 2003; von Lützow et ai., 2006), são processos que
podem explicar essa predominância do C lábil o-alquil. Ao contrário do entendimento que
MO é constituída principalmente por estruturas poliméricas de natureza mais aromática
e alto peso molecular (Stevenson, 1994), espectros de RMN de amostras de solo indicam
que MO é urna mistura de estruturas derivadas de carboidratos, lipídios, peptídios e
lignina de origem vegetal ou microbiana. Isso se refere à substituição da teoria de estrutura
macromolecular da MO humificada pela teoria da estrutura supra.molecular, muito
discutida nas últimas duas décadas (Wershaw, 1999; Piccolo, 2001; Burdon, 2001;Kleber e
Johnson, 2010).
Mudanças de uso da terra como a conversão de cerrado ou campo nativo em lavoura
anual em PC, além de reduzirem o estoque de MO, alteram significativamente sua
composição original, com diminuição de C-o-alquil e C-alquil e aumento da concentração
relativa de e-aromático, C-carbonil e da razão aromático/ o-alquil (Dieckow et ai ., 2005a,
2009). Tais alterações de composição indicam que houve mineralização preferencial, mas
não completa, de constituintes como polisacarídeos (o-alguil) e lipídios (alquil), aumentando
assim a concentração relativa de estruturas mais recalcitrantes como as aromáticas, mas
não sua quantidade absoluta.
No entanto, com a substituição do PC pela SD, ocorre uma recuperação parcial da
composição original da MO, principalmente com incremento de C-o-alquil e diminuição
da concentração relativa de C-aromático (Dieckow et ai., 2005a,2009). Isso é um indicativo
que a recalcitrância não é o principal mecanismo responsável pela estabilização de C no
solo, e reforça a hipótese que a proteção física por oclusão, m ell1orada por agregados mais
estáveis, e a interação com as superfícies minerais estejam desempenhando o papel mais
relevante na estabilização de C no solo sob SD.
Radicais livres estáveis, como semiquinona, derivados possivelmente de estruturas
a romáticas (Steelink e Tollin, 1962; Riffaldi eSchnitzer, 1972), geralmente apresentam
maiores concentrações em solos manejados sob PC em relação aos manejados sob SD.
Aplicando a técnica EPR, Bayer et ai. (2002a) verificaram que a concentração de 14,0 x 1017
s pins g-1 d e radicais livres da fração ácido húmico da camada d e 0-2,5 cm de um Argissolo
Vermelho sob P reduziu em quase s i vezes no solo em 50 por nove a nos (2, >< 101-
s pins g- 1).
O grau de humificação da MO da ca mada d 0-2,5 cm de Latossolo Verm Ih do
Cerrado foi medido via FIL por Milori ct ai. (2006), os quais ncontra ram um índice de
humificação de 195><10·6 (unidades arbitrá rias) em solo sob PC e uma red ução par 12 ><
10·6, quando em SD, indicando novamente a maior recalcitrãncia da roem o lo sob PC.
Avaliando o potencial da ILP com um ou dois anos de lavour eguido por doi
ou três anos de pastagem de Brnchínrín dec111nbens em alterar quaJi tativamente a matéria
orgânica, Boeni et ai. (2014), trabaJha ndo em três experimentos d longa duração n
Cerrado, observaram que este sistema, comparado e lavoura contínua ob semeadura direta,
também awnento u a proporção de C-o-alquil, tanto do solo inteiro como das frações fisica
leve livre, leve eclusa e pesada. No solo sob pastagem perene de Brncl,inria dernmben , te
aumento foi ainda maior. Tanto na ILP como na pastagem perene, o incremen to de o-alqui1
pode ser atribuído ao respectivo incremento na adição de fitomassa de tes sistemas, aliado
a não mobilização do solo.
Enquanto mudanças de uso do solo ou de sistema de preparo alteram mais
significativamente a qualidade da MO, o mesmo não pode er afirmado com relação ao
efeitos de sistemas de culturas de grãos e m SD, que parecem exercer menor influencia _obre
a composição da MO, apesar de promover significativas al terações no toque (Skjemstad
et al., 1986; Oades et ai., 1988; Golchin et al., 1995a; Dieckow et aL, 2005a). Porém, o fato de
não se detectar alterações não significa que essas não existam; pode er uma limitação da
técnica em não possuir sensibilidade suficiente ou em sofrer interferência de outros fatore ,
como a presença de Fe3• sobre sinais de RMN.
Contudo, sistemas de culturas tendem a modificar a compo ição da MOP, numa
tendência de se aproximar da composição do tecido das plantas, mas não o uiiciente para
que isso seja perceptível na composição da matéria orgânica total do solo (Oades et ai.,
1988; Dieckow et ai., 2005a). Apesar disso, tal efeito não deve s r desprezado e merec
ser investigado com mais profundidade, no sentido de entender melhor o pap I da
composição das plantas sobre a composição da MOP e, por conseguinte, obre o acúmulo
de C nessa fração. O índice de hidrofobicidade (IH) (Spaccini et al., 2002) da parte aérea d
plantas parece exercer um controle na decomposição de fitomas as residuais e no acúmulo
de MOP; por exemplo, o maior IH da parte aérea de guandu (IH = 0,-15) parece er um
fator que explica o maior acúmulo de MOP no sistema guandu+milho, em relaçã ao
sistema aveia-preta/ milho, onde a parte aérea da aveia tem um IH de O,?? [adaptado d
Dieckow et ai. (2005a)]. O tempo de decomposição de fitoma as re iduai na uperficie
do solo também parece ter uma relação mais estreita com o IH do qu com a relação C
da fitomassa residual das espécies e demonstra a vantagem que s leguminosa tropicaí
como mucuna (IH=0,44) e guandu (IH=0,45) apresentam nes e ntido (Car lh et t.,
2009).
Na fração argila, a similaridade na composição da matéria orgânica ntre · t m
de culturas pode estar associada ao fato de essa [0 a saciada ao min rai r deriv da
principalmente de produtos microbianos (Oade et al., 19 ; Golchin et al., 1 Sa). Port nto,
a não ser que as mudanças ocorram na comunidade microbic na e nos u rr p ndent
metabólitos e mucilagens, a composição da matéria orgànica a ociada a min rai tende
a permanecer a mesma, independentemente da quantidade e qualidad d fit m
cultural residual adicionada.
ssim como sistema de cultura não têm influenciado a compos ição da m atéria
orgânica, a aplicação de tamb m não, de acord o com resultado de RMN (Ra ndall
~t ai., 1995; Oi kow et ai., 2005a). No entanto, Capriel (1997) aplicou es pectroscopia
mfravennelho (DRIFT) e observou um mnior índice de hidrofobicid ade (grupos C-H) no
~olo adubado com PK, em relação ao não adubado. Também, com uso de espectroscopia
1nfravermelho, Ellerbrock et ai. (1999) observaram alterações na com posição da m atéria
orgânica em razão d utili zar adubação orgânica + ad ubação mineral, de m an eira que a
intensidade da banda de C carboxílico foi maior em sistemas adubados e m re lação ao não
ad ubado, com r fl exos p o itivos na CTC do solo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ( rél c ionélme nlo fís ico e a~ t e nicas espcc troc; ó pica pnip1 oc1 m c1 p ro fund a r o
con hecimento em él s pectos rc lacion,1d osà es tJ bilização e qu ;di J a d e da M O, res p ec tiva m e nte.
A proteção fís ica é s ugerida co m o um d os principa is meca n is m os re l.ic 1o nc1d os ao ,Kúm ul o
de frélções lábe is da MO (alta qualidad e) e m solos sob s is te m éls co nser vacionis tas de
m anejo, co ntribuind o para a m e lh o ria na q ua li d ad e d o s o lo.
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Conteúdo
INTRODUÇÃO
Berto! 1, De Maria IC, Souza LS, editores. Manejo e onserva ão do olo e d.1 Jgua. i, , M : •ied;idc
Brasileira de Ciência do Solo; 2018.
346 GUSTAVO H. MERTEN & JEAN PAOLO GOMES MINELLA
muito positi vos e, com isso, foi possível reverter os problema d erosão e s dimentação no
rios. Na evolução do manejo conservacionista, foi desenvolvida a semeadura direta que,
alicerçada em práticas químicas de controle de invasoras e na evolução dos equipamentos
de plantio, se tomou uma prática popular entre os agricu ltores por causa da redução do
cus tos representado por esse manejo.
O manejo do solo, por meio da utilização da semeadura direta, revolucionou a
agricultura do sul do Brasil (Bertol et al., 2012) e par te do Cerrado e com · o reduziu
enormemente os problemas da erosão do solo (BoUin ger et ai., 2007). os tempo atuais,
entretanto, têm surgido novos desafios com o a vol ta dos problemas de erosão em aJguma
áreas onde a semeadura direta já se encontra consolidada (Streck, 2012). É muito provável
que esses problemas estejam associados à faJta de adoção dos pressupostos básicos dessa
técnica, que está vinculada à utilização suficiente de fitomassa culturaJ residual que 6
poderá ser alcançada pela utilização de uma sucessão de culturas capaz de envolver
plantas de cobertura em sucessão de culturas anuais de gramíneas e leguminosas. Porém,
os estudos atuais evidenciam que mesmo em um solo bem manejado, com semeadura
direta, haverá momentos em que eventos extremos de chuva causarão uma intensidade de
precipitação além da capacidade máxima de infiltração do solo, mesmo emconclições ótima
de estrutura (Merten et ai., 2015). Isso si_grufica que são necessárias meclidas estruturais
para controle do escoamento superficial, como terraços, canais escoadouros e biofiltros
instalados próximos à rede de drenagem fluvial. Esse capítulo tem como propósito fazer
uma síntese das informações referentes às alterações na hidrologia de superfície, que vem
sendo provocadas pela evolução das práticas de manejo e conservação de solos no Brasil.
figura 1. Ilustração dos processos de transpiração e evaporação em uma cultura de soja sob
semeadura direta.
1940). De acordo com o conceito AVA, o e coamento sup rficial form quand o P rfil
do solo se encontra sa turado. Nas figura 2 e 3, esse conceito é ilustrado, evidenciand
que a saturação do perfil do solo ocorre principal.mente próxima dos corpo de gu
(córregos, rios, lagos), mas também podem ocorrer em áre onde o terreno apr nta
urna feição convergente, por exemplo, que favorece o acumulo de ua. Is o contece,
porque nessas áreas há a combinação da presença do lençol freático próximo da superfície
e da convergência do escoamento subsuperficíaJ provenjente das áreas de montante, que
rapidamente saturam o perfil do solo. Esse conceito denomina-se de A VA, pois a linha de
saturação próxima à drenagem é dinâmica e pode expandir de acordo com o volume d
água precipitado. Na figura 3, evidencia-se uma vista em planta baixa de urna bacia com
sua rede de drenagem, onde as áreas escurecidas próx@as à drenagem representam
AV As para chuvas com diferente período de retomo. Para uma chuva em que o p ríodo
de retorno é 10 anos, a área de abrangência da A VA é maior quando comparada com urna
chuva com período de retomo de cinco anos. As A VAs são consideradas áreas preferenciai
de formação do escoamento e por isso toma-se importante a preservação do ambiente
ripário (zona de vegetação nativa próxima a um córrego ou rio) e dos banhados (áreas de
exfiltração). A drenagem dessas áreas não só altera as conruções hidrológicas locais, mas
também favorece a transferência dos poluentes para os corpos de água, especialmente os
serurnentos.
PUCJPrTAÇÃO
A
l EVAPOIIAÇÃO
TUXSPIUÇÃO
Conaito das árras f o,ru:,
oariáTJns
l ~
ÁGUA llETlDA
NA sunu1at
~ m energia capaz tanto de desagregar O olo como de h·ai1sportar os sed imen tos para
JU ante.
Superf!cie impermeável
100% 100% 100%
0% 0%
Tempo de chuva Tempo de chuva Tempo de chuva
Ainda que o impacto da gota sobre os agregados de solo seja uma das condições
necessárias para ocorrência do processo erosivo (desagregação dos sedimentos da massa
do solo) é por meio do escoamento superficial que ocorre, principalmente, o transporte das
partículas que são desagregadas; o escoamento também tem capacidade de desagregação
pelas forças de turbulência. Assinl, quanto maior a proporção da chuva que se transforma
em escoamento (Figura 5), maior será o processo erosivo. Nesse sentido, o primeiro
pressuposto e objetivo principal das práticas de manejo e conservação do solo tem sido
proteger a superfície do solo contra o inlpacto das gotas da chuva, criando condições para
aumentar a resistência dele ao destacamento promovido tanto pelo impacto das gotas
como pelo escoamento superficial. O segundo pressuposto básico das práticas de manejo
e conservação dos solos refere-se ao manejo do escoamento superficial. O n1anejo do
escoamento superficial é exercido por práticas que sejam capazes de: aumentar a infiltração
para reduzir o volume de escoamento, reduzir a velocidade do escoamento por meio da
rugosidade superficial, reabsorver parte do volume escoado por meio da rugosidade,
terraços de absorção e biofiltros instalados com a zona riparia e disciplinar o caminho
das águas, por meio de terraços de drenagem e canais escoadouros. Práticas de manejo e
conservação de solos como a rrúnima mobilização do solo, o uso de culturas de cobertura
e a rotação de culturas visam especialmente criar condições na superfície do solo para
aumentar a infiltração da água.
A infiltração representa o movinlento de entrada da água no perfil do solo, onde estão
envolvidos potenciais de água no solo, especialmente a força gravitacional. Durante un1
evento de precipitação, as taxas de infiltração inicialmente são altas e progressivamente
diminuem com o tempo. Assinl, no início de urna chuva, quando as condições de umidade
do solo são baixas, as forças matriciais dominam o processo de infiltração; porém, com o
aumento da umidade, a força gravitacional se torna mais importante (Reichert et al., 2011).
As taxas de infiltração da água no solo variam não apenas em razão de fatores relacionados
com a superfície do solo, mas também de subsuperficie (Figura 6). As práticas de m _a nejo
e conservação de solo influenciam, sobretudo, fatores de superfície como a rugosidade e o
selarnento superficial e de subsuperficie pela condutividade hidráulica saturada.
A rugosidade do solo é representada pelas depressões criadas na superfície do solo
tanto pelas operações de preparo como pelo tráfego de equipamentos agrícolas ou então
pe la presença de biomélssél cultural r idu al (Hans n e t a i., 1999; rmand e l a i., 2009).
Obviamente, a rugos idade gcrnda pelo pre pa ro mecà nico cri a cond içõ s de a rmazena m
de água e atrito ao escoamento completamente dif r nte d aq uela criada pela fitomas a ·
cu ltu ra is residu ais. Entreta nto, os dois tipos de ru gosid ade são im porta ntes para a
dissipação de energia e retenção de água, que contri buem parél a r d ução dos efeito
nocivos da propagação do escoamento superfi cia l.
A rugos i lãcl criada nél s upcrfící , do solo peléls operaçõ '- d pr paro p ri má ri
e sec und á ri o e pela biomassa residual qu permanece na s upe rfície cl 1 o lo él um _ntél él
s upe rfície de retenção do volume de águél não infiltréld o. Qua nto ma io r fo r a rugos1d.1de
de uma s uperfície cultivada, maior será a chance de a água infiltra r no pe rfil do solo ao
invés d e escoar superficialmente. Além disso, uma vez form ado o escoa m nto su perficia l,
a ru gosidade atua como fato r de resis téncia ao seu des locamento, redu zindo com isc;o a
velocidad e do escoamento e conseq uentemente él potência hidrá ulica disp nível pc1 rn o
processo de desagregação e tra ns porte de sedi men tos.
Quadro 1. Re ultados obtidos por Marmering e Meyer (1962) sobre o efeito da quantidade de palha
de trigo sobre os processos hidrológicos de superfície
Biomassa
residual Precipitação Infiltração Escoamento Perda de solo
Quadro 2. Resultados alcançados por Mannering e Meyer (1962) sobre o efeito da quantidade de
biomassa residual de palha de trigo sobre os processos hidrológicos de superfície, considerando
diferentes condições de umidade do solo
O trabalho realizado por Lindstrorn et al. (1981) foi também importante para avaliar a
influência das práticas de manejo e conservação de solos sobre a hidrologia de superfície.
Esse estudo foi feito no Estado de Minnesota nos Estados Unidos em um experimento de
longa duração (10 anos), onde estavam sendo estudados diferentes técnicas de preparo
(convencionaJ, mínimo e semeadura direta sob condição de tráfego controlado) em um solo
silto-argiloso bem drenado. Os autores avaliaram a influência da compactação provocada
pelo rastro do pneu do trator após a operação de plantio. Para isso, utilizaram chuva simulada,
aplicada a uma taxa média de 127 r:nm h·1, ~m parcelas pequenas de 1 x 0,5 m, posicionadas
de maneira a poder comparar o efeito da tnlha da roda do trator com área não trafegada.
Quadro 3. Efei to d o tráfego e não tráfego de plan tad eira sobre alguns atribu tos d e su perfície d e um
solo su bmetido a di ferentes téc1úcas de cuJtivo
Tipo d e Condições de Rugosidade Densidad e do Ec no início do
preparo tráfego do solo solo escoamento
cm kg dm·3 MJ h a·1
sem 1,11 1,1 7,4
CT com 0,97 1,21 5,6
sem 1,02 1,09 12,6
CM com 0,95 1,27 5,7
sem 0,52 1,35 3,4
SD com 0,65 1,41 2,3
CT: cultivo tradicional, CM: cultivo mínimo, SD: semeadura dire ta e Ec: energia cinética.
Fon te: Lindstrom et ai. (1981).
Quadro 4. Efeito do tráfego e não tráfego de plantadeira sobre as taxas de infiltração de u m solo
submetido a três diferentes técnicas de cultivo
Taxa de infiltração
Tipo de Condições
preparo de tráfego 0a5 5 alO 10 a 15 15 a 20 20 a25 25 a 30
min min min min min min
mmh·1
sem 110 94 77 56 54 55
CT com 88 65 41 29 26 16
sem 109 82 83 67 68 54
CM com 73 47 40 44 32 23
sem 76 54 48 41 38 30
5D com 79 54 50 37 41 32
CT: cultivo traclicional, CM: cultivo mínimo, e SD: semeadura direta.
Fonte: Adaptado de Lindstrom et ai. (1981).
total da biorna sa cultural, que em muitos I ca i ra queimada (p lha d tri ) pJra fin
fitossanitários. A combinação das chu vas e r ivas, qu ocorriam na primav ra, ju t, m nte
com o período que coincidia com a poca cl pr pa ro e planti das cultura d ver - o,
contribuía para as elevadas taxas de erosão observadas na époc (Mondardo et al., l 7 ).
A combinação da baixa cobertura vege tal associada à peq u na rugo idade s uperficia l,
causada por sucessivas passagens da gr ade niveladora, com a c mpactação motivadi.1
pelo uso do arado e da grade (pé de a rado e grade), acarretav reduç;o ignificat-iva da
infiltração da água no solo, e consequentemente o coefici nte de escoamento (relaç.:io
entre o volume escoado e o volume precipitado) era cada vez maior. Essa condiçiio exi ia
que as esh·uturas de controle do escoa mento supe rficial (terraços) fos em cada vez mais
s uperdimensionadas em suas seções e mesmo assim ainda não eram capazes de controlar
o escoamento superficial para eventos de grande ma gnitude. Foi nes e momento, qu
conhecendo a fundamentação dos processos hidrológicos de upe rfície, verificou- qu
as práticas de manejo e conservação de solo necessitavam prioritariamente aument r
capacidade de infiltração da água no solo e, assim, como consequ ~ncia, reduzir o volume
escoado superficialmente (diminuir o coeficiente de escoamento). e e momento, ficou
claro que para isso era importante não apenas red uzir as operaçõe de preparo do olo,
mas também incentivar o uso da rotação de culturas para incluir a cultura como o milho,
grande potencial de produção de biomassa, e as de cobertura, biorna a e nitrogênio
quando utilizado leguminosas. Essa combinação de práticas vi ava aumentar a proteção
da superfície do solo, atenuando a transferência da energia da chuva e do escoamento,
especialmente no estádio inicial de implantação das culturas. Além dis o, o u o de culturas
de cobertura teve como propósito criar condições para melhorar a agregação do solo, por
meio do incremento do teor de matéria orgânica, e com isso a umentar a resistência do solo
à desagregação.
Trabalhos realizados durante essa época evidenciaram que a combinação da menor
mobilização dos solos associada coma rotação de culturas (entenda- e maior produção
de biomassa residual) produzia resultados positivos em relação ao controle da ero ão e à
hidrologia pelo aumento das taxas de infiltração. Derpsch et ai. (19 6), trabalhando no Estado
do Paraná em um Latossolo distroférrico típico, avaüaram o efeito de três técnicas de prepar
do solo (cultivo tradicional-CT, mínimo-CM e semeadura direta- D) combinados com
sucessão trigo/soja conduzidos durante sete anos. Nesse trabalho, dentre árias variáv i ,
foram estudados os atributos físicos e a fauna do solo. No quadro 5, são apresentad o dad
relativos à influência das técnicas de preparo sobre a porosidade do olo. Comparando- o
tratamento CT com a SD, foi verificado que esse último apresenta a para a profundidad d
3-10 cm um volume total de poros e de macroporos 9 e -l-l º{i menor, re pecti nte, em
razão da ausência de revolvimento do solo na SD. o entanto, a fauna, a aliada p r m io
da presença de minhocas, evidenciou maior presença na SD, sendo e a antag m atribuíd
às condições mais favoráveis de umidade e tempera tw-a (Quadro 6). integra - d
aspectos físicos com os biológicos foi verificada pela medição da ta de infiltra - 0 p ra
três diferentes técnicas de preparo de solo para a cultura da oja (Figu ra . { m qu
duração da chuva tenha sido curta, os resultados demonstram claramente efeito d man j
dos solos. Os resultados dos atributos de estado físico e bi 1•gi o , dem nstrado n
quadros 5 e 6, expressam a base hidrológica da erosão controlada pela infiJtraçã d · gu n
solo. Com base nisso, nota-se claramente que a melhoria de atribut fí i e bi I gi ~ d
solo influenciou sensivelmente a formação do escoamento pelam imizaçã da infiltra ã e,
consequentemente, a redução da erosão.
Quadro 5. Poro. idade do solo ap . qu,, tro anos de manejo sob cullivo tradicion.:il (CT), c ultivo
mínimo ( M) e semeadura direln ( O)
Volume total de poros Macro poros Mesoporos Microporos
3-10 cm de profundid ad e
CT 68,Sa 32,4a 15,1a 21,3a
12-20 cm de profundidade
CT 66,0a 27,la 14,6a 24,3a
CM 62,0b 19,4b 17,3b 25,3a
50 60,3b 17,0b 16,4b 26,9b
Font-c: Adaptado de Derpsch et al. (1986).
60
~- 50
140
o
110
u-
!O
30 --------
b
~
--------------
20 --- ----------- ------
QJ
-o ------ -------~
!O
><
ctl 10
f-
o
10 20 30 40 50 60
Duração da chuva (min)
- - Semeadura direta ··········· Escarificação ------· Cultivo tradicional
Quadro 6. Fauna e C02 do solo avaliado após quatro anos de manejo sob cultivo tradicional (CT),
cultivo mínimo (CM) e semeadura direta (SD)
Variável medida Técnicas de cultivo
CT CM SD
2
úmero d e minhocas por m (mar. 1979) 5,8 7,5 13,0
Iúmero de minhocas por m 2 (nov. 1981) 3,2 5,2 27,6
Produção d e c o2
3
(SI cm kg 1
li- 1) 44 89 107
Fonte: Adaptado d e Derpsch et a i. (1986).
Quadro 7. tribu tos físi os d a área experi mental utili zada no estudo de Roth e t al. (1988)
Na região do Planalto Médio no Estado do Rio Grande do Sul, Barcelos et al. (1999)
estudaram o comportamento hidrológico de um Latossolo Vermelho escuro (textura
argilosa) submetido a três técnicas de cultivo (cultivo tradicional-CT, cultivo mínimo-CM
e semeadura direta-5D) em uma sucessão de culturas mantida durante 10 anos (trigo/soja-
aveia-preta/soja-aveia+ervilhaca/milho). Os autores utilizaram um micro simulador de
chuva (intensidade constante de 120 mm lr1) e parcelas pequenas (0,81 m 2), onde avaliaram
as condições hidrológicas (Quadros 8 e 9) da sucessão aveia+ervilhaca/ milho em três
períodos: 45 d após a semeadura da cultura do milho (época 1); colheita da cultura do
milho (época 2); e após a implantação da cultura da aveia-preta (época 3).
Em relação aos atributos físicos do solo, observou-se que tanto a densidade do
solo (Ds) corno a macroporosidade (Ma), encontrada na SD, após 10 anos de cultivo,
apresentaram condições de compactação decorrente do não revolvimento do solo . A Os
na SD foi maior que nos demais tratamentos, enquanto a macroporosidade fo i menor. Em
relação à biomassa residual e à porcentagem de cobertura do solo para as três épocas,
variou entre 1,2 e 8,2 t ha·1 (% de cobertura entre 23-90 %) para o CT; entre 2,8 e 8,6 t ha· 1
(% cobertura entre 58-90 %) para o CM; e enh·e 2,93 e 9,9 t ha·1 (% cobertura> 70 %) para
SD. Considerando que em um sistema de cultivo conservacionista a presença de biomassa
residual na superfície deve ser superior a 30 %, constata-se que neste experimento mesmo
no CT a quantidade de fitomassa cultural residual na superfície pode ser considerada
muito próxima da desejável para manter níveis adequados de infiltração de água no solo.
Quadro 8. Comportamento hidrológico do so lo s ubm tido a uma chuvd de mten í~ d • de l~O mm h·'
para trê téc nica d culti vo ava liadas em dífer ntec; épocas d a cultur d o m ilho e avera-p reta
45 d após a cmeadura do
Técnicas Após a colheita do milho a ímplant ção da av ia-pr ta
mi lho
de manejo
TCI (l) [a CE TCI la CE TC I la CE
mm lY 1
mm mmh·' mm mm h ' mm
CT 49 111 0.38 71 128 0.29 57 112 0.37
Quadro 9. Condições para inicio de escoamento do olo ubmetido a uma chuva de intensidad d
120 mm h-1 para três técnicas de cultivo avaliadas em diferente é pocas da cuJtura do milho e
aveia-preta
Condições inicio do e coamento
Época 1 Época 2 Época 3
Sist. manejo T il)
L lnf u T L,., u T u
CT 0,1 12 0,19 0,05 6 0,18 0,03 3,6 0.1
Uma síntese das condições hidrológicas encontrada pelos a utore · apre entada no
quadros 8 e 9. Para as três épocas estudadas (épocas 1, 2 e 3), obser ou- qu a condiçõ
hidrológicas variaram entre os tratamentos e as épocas. os 45 dias apó o plan tio do
milho (época 1), a taxa constante de infiltração (TCI) e a infiltração acumulada (la) foram
semelhantes entre o CT e a SD (TCI= 49 e 56 mm h-1 e la= 111 e 122 mm, r pec ti am nt )
e aproximadamente 40 % para o TCI e 20 % para Ia superior para o Cr 1 (TCI= 76 e I =
138). Os autores justificaram que no caso do CT as menores TCis fo ram con qu ' nci d
menor percentual de cobertura do solo, que possibilitou tanto a formação do el / cr ta
como da destruição parcial da rugosidade. Para o caso da SD, o autore omentaram
que os resultados foram contrários ao esperado; ou seja, q ue a al ta p rcenta 6 m d
cobertura (>80 %) deveria condicionar a valores mais ele ado de TC[ e Ia. Entret nto,
esses valores não se diferenciaram muito do PC (14 % maior para TCI e 10 ' mai r par
a Ia), justificado pela menor rugosidade s uperficia l encontra d a ne e trat menta . 1· m
disso, os valores mais elevados de Ds e a menor 1a encontr da na D p deriam tamb ·m
justificar, em parte, esses resu ltados. No caso do C (, os al re mai ele ad par CI
e Ia foram justificados pela combinação da cobertu_ra adequada (60 %) ociad à m i r
rugos idade proporcionada pelo efeito da escarificação. t - e n qua ro que os d
qu enracterizam o in ício do escoamento não foram significativa me nte dife re ntes e ntre
a De o ~-
1a segunda é poca de avaliação (pós-colhei ta do 1nilho), as condições de subs uperficie
do olo se tornaram mais importantes para o processo de infiltração, con siderando que as
condições de superfície fora m semelhantes, ou seja, alta quantidade de fitomassa cultural
residua l (> 90 ~o) para todos os tratamentos e ausência do efeito d a rugosidade criada
pelas opera ões de preparo de ola. A TCI e a Ia foram as mais elevadas, para os três
tratamentos, quando comparado com a primeira época de avaliação. Na comparação entre
O~ tratamento , o CM apresentou ligeira vantagem em relação ao CT e SD (TCI== 92, 71 e 86
mm h-1 e Ia= 144, 128 e 139 nun, para as técnicas CM, CT e SD, respectivamente).
Após o plantio da cultura de aveia-preta (fase 3 d e avaliação), as condições de superfície
do solo (ru gosidad e e cobertura) foram diferentes entre os manejas com menor cobertura
no CT (23 % de cobertura), quando comparadas ao das da SD e CM, 78 e 58 % de cobertura,
respectivamente. Para essa etapa, os valores de TCl e la foram semelhantes entre CT e CM
(TCl== 57 e 62 mm 11-1 e la= 112 e 122 mm, respectivamente), enquanto a SD apresentou
valores de TCI (20 %) e Ia (22 %) menores do que os demais tratamentos. Segundo os
autores, esses resultados foram justificados pelo fato de que na operação de semeadura da
aveia (sem eadeira com 7 cm entrelinhas) promoveu maior mobilização do solo, quando
comparado com a condição verificada após a semeadura do milho, fazendo com que a
biomassa residual de milho fosse "fragmentada" e parcialmente incorporada, justificando
a cobertura de 78 % avaliada nesse manejo. A maior superfície exposta ao impacto da
chuva simulada, considerada de grande intensidade (120 mm li-1), combinada com menor
porosidade encontrada na subsuperficie da SD justificaria os resultados. Finalmente, é
importante ressaltar que os autores desse trabalho reconheceram que mesmo após 10 anos
de SD cultivada com sucessão adequada de soja, milho e culturas de cobertura não houve
evidências da superioridade desse manejo, quando comparado ao CT e CM, em aumentar
a infiltração e, consequentemente, reduzir o escoamento superficial quando submetido a
eventos hidrológicos extremos. Os autores então chamaram atenção para a necessidade de
implantar medidas estruturais de contenção de escoamento superficial em lavouras como
os terraços.
Na região do Cerrado brasileiro, em um Latossolo Vermelho aluminoférrico (20 %
areia, 10 % s ilte e 70 % argila), Panachuki et aJ. (2011) estudaram efeitos hidrológicos de
superfície (infiltração, escoamento superficial e perda de solo), comparando três técnicas
de cultivo (SD, CM e uso da grade pesada-PCG), combinado com três quantidades de
biomassa residual de soja (O, 2 e 4 t ha-1). O experimento foi realizado, utilizando-se um
microssimulador de chuva, com intensidade constante de 60 mm h-1, sobre uma pequena
parcela (0,7 m 2) após o cultivo da soja, onde se identificou um efeito de compactação
na superfície do solo, camada de 0-5 cm, no tratamento SD. A d ensidade do solo e a
macroporosidade na SD foram de 1,33 kg dm-3 e 0,15 m 3 m-3, respectivamente, ao passo que
no sis tema de cultivo mínjmo as mesmas variáveis apresentaram valores de 1,24 kg dm-3
e 0,22 m3 m-3, indicando claramente o efeito do manejo do solo n a alteração dos atributos
q ue governam a infiltração.
Condições de superfície do solo, como efeito rugosidade e presença de biomassa
resid uai, evidenciaram uma relação muito estreita com o tempo para o início do escoamento
e com a energia cons umida para início do escoamento. O m enor tempo de início de
escoamento foi verificado para os tratamentos PCG e SD (Quadro 10) para a condição de
tes tada, o tempo de início de escoa mento apresentou a pena pequ ena v riação (en tre 21 e
28 mjn) . Nesse caso, fica evidente o efeito positivo da ma ior ru gosidade pro mov id pel
uso do arado escarificador. No entanto, é importante cons id era r q u a p rma n ~ ncia da
rugosidade depende da presença da cobertura proporcíon d a pela biornas ar ndu 1.
No quadro 10, são apresen tados os valores referentes energia consu.mida para início
do escoamento, ou seja, a parcela de energia da chuva imulada, q ue foi con u mid até
o momento de início do escoamento, o que também pode e r considerada medid, d
eficiência das práticas de conservação de solos. Quanto maior a eficiência da prá tica, maior
é o reflexo na energia utilizada para dar início ao processo de escoa mento, ou eja, mafor
é a energia.
Quadro 10. Condições de superfície do solo, tempo e energia cin tica refere nte ao inicio do escoamento
Tempo de
Biomassa Energia con um.ida
Tratamentos Cobertura Rugosidade início do
residual início do e coa mento
escoamento
CM 2 14 9,58 21 -l,7
4 23 9,14 2 6,0
Fonte: Adaptado de Panachuki et ai. (201l).
cham a a ten ão para a inqu estionável import·ância dessa biomassa para a SD e as a ltas ta xas
d e erosão esperadas quando da utili zação do preparo do solo com grand e pesada .
Estudos de perdas de solo e água com uso do simulador de chuva em pequenas parcelas
permitem estudar com muito detalhe a condição dinâmica da infiltração, do tempo de
inicio do escoamento, da taxa de infiltração, da infiltração acwnulada e da erosão do solo.
No entanto, os experimentos sob condição de chuva natural, ainda que não possibilitem
a obtenção desses detalhes, permitem alcançar medidas hidrológicas importantes para o
dimensionamento de obras hidráulicas, visando o controle do escoamento superficial. Em
estudos sobre erosão com chuva simulada, normalmente tem sido realizado ajustes prévio
de umidade do solo, onde essa é elevada até próximo da condição de saturação, seguida
da aplicação de uma chuva de alta intensidade por período longo. Nessas condições, o
coeficiente de escoamento, na maioria das vezes, apresenta valores mais elevados quando
comparado com medições de séries históricas de chuva natural.
Durante os anos de 1970 e 1980, foram conduzidos, em diferentes locais do Brasil,
estudos de erosão hídrica sob condições de chuva natural usando parcelas padronizadas
(3,5 m d e largura por 11 ou 22 m de comprimento de rampa) . O propósito desses estudos
foi o de obter os parâmetros da Equação Universal de Perdas de Solo (USLE), como o
fator erodibilidade do solo (K) e fator cobertura do solo (C). Entretanto, os valores de
perda de água quando convertidos em coeficiente de escoamento, relação entre lamina
do escoam ento total dividida pela lamina da precipitação total do evento, permitem
estabelecer relações entre o volume precipitado e o escoado superficialmente, sendo essa
informação útil pa ra o dimensionamento de obras hidráulicas como terraços e canais
escoadouros. Entre os anos de 1977 e 1994, na região dos Campos Gerais em Ponta
Grossa, PR, foram conduzidos pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) em um
Latossolo Vermelho Escuro com 60 % de argila dois estudos de longa duração sobre
avaliações de perdas de solo e água em condições de chuva natural. Nesses estudos, os
tratamentos formavam combinação de tipos de preparo de solo, s ucessões de culturas e
difere ntes ta manhos de parcelas (38 e 77 m2). No q uadro 12, evidencia m-se o re ul t d _
d a séri e hi s tórica corres pondente aos anos de 1977-1990, ond e fo i s tudado um a uces a
de trigo e soja combinad a com diferentes técnicas de preparo de o lo (ar ção segu ida de
gradagens-CT e semeadura direta-SD) e solo descober to em parcelas com 22 e 11 m de
comprimento de rampa sob decli ve de 9 cm m•l . Na comparação entre tr a tamento das
parcelas descobertas com 22 m e 11 m d e com primen to d e rampa, foi o bserv d a redu~ão
da perda de solo em 70 %, enquanto a diferença entre os co fici entes d e escoa mento fo t de
apenas 20 %. O efeito da cobertura de plantas e das fitomassas cultura is resid uai pode e r
observado na comparação entre os tratame ntos pa rcela descoberta d e 11 m com a pareei
da sucessão de trigo e soja em preparo convenciona l. Nessa condíçõ s, a pre nça. da
cobertura vegetal reduziu as perdas de solo em 78 %, enqua nto a d iferença e n tre o
coeficientes de escoamento foi de 41 %. Já no efeito do preparo de solo, compa rando-
se o tratamento de preparo convencional com a sem eadura dire ta, fo i observado qu
a SD reduziu as perdas de solo em 80 %, enqua nto a d ife rença en tre os co ficien te de
escoamento foi de 21 %.
Quadro 12. Variáveis hidrológicas verificadas em um experimento de perda de solo e gua sob
condições de chuva natural entre 1977 e 1990 par a a s ucessão de trigo e soja na região os
Campos Gerais, em Ponta Grossa, PR.
Coeficiente de
Tratamentos Perda solo (kg m-.2 ano· 1)
escoamento
Solo descoberto 22 m 0,201 3
Solo descoberto 11 m 0,16 0,9
Convencional 11 m 0,095 0,2
Semeadura direta 11 m 0,075 0,04
Fonte: Me rten et ai. (2015)
1
I Maior
Menor
75%
0,9 25%
■ Médias
• Atípicos
0,8
* Extremos
0,7
o
li
!ioi 0,6
~
~ 0,5
.2l
5
·o
'fil 0,4
8
0,3
0,2
0,1
■
■
o L . __ ___.__ _. _ __ __.______.'-----'=-----'----''----'----
Desc. 11 m Desc. 22 m CTllm SDllm
Tratamentos
Figura 9. Diagrama de caixa referente aos coeficientes de escoamento para os eventos medidos entre
1977 e 1990, nas parcelas de perda de solo e água da região dos Campos Gerais em Ponta Grossa,
PR.
Fonte: Merten et al. (2015).
No Cerrado brasileiro, Dedececk et al. (1986) e Hernani et aJ. (1997) conduziram ensaios
de perdas de solo e água em Latossolo Vermelho aluminoférrico (45 % argila) na região de
PlanaJtina, DF, e em Latossolo Vermelho aJuminoférrico, em Dourados, MS, respectivamente.
Os vaJores de perdas de solo e água verificados pela comparação das parcelas do solo
descoberto entre a região de PlanaJtina (Quadro 13) e Dourados (Quadro 14) evidenciaram que
na primeira região as perdas de solo e água foram maiores em razão, provavelmente, da textura
menos argilosa do Latossolo Vermelho alurninoférrico, que confere maior erodibilidade a esse
solo (0,013 e 0,0045 t h MJ·1 mm·1 para o solo de PlanaJtina e Dourados, respectivamente). Em
PlanaJtina, para a cultura da soja na comparação entre o preparo convencional e a SD, verificou-
se que a diferença entre a perda de solo foi 100 % maior no preparo convencional, enquanto
0 coeficiente de escoamento foi 13 % menor, ou seja, a SD apresentou maior coeficiente de
escoamento superficiaJ quando comparado com o preparo convencional. Para Dourados,
diferentemente de Planai tina, o tratamento convencional referiu-se àquele onde se utilizou uma
grade pesada segwda da grade leve. Nessas condições, a diferença entre as perdas de solo do
preparo com grade e da SD foi de 87 % favoráve l a esse manejo, enquanto na comparação dos
coeficientes de escoamento, de 72 %. Isso evidencia O elevado risco de erosão quando o preparo
do solo é realizado com uso da grade pesada nessa região e a importância da semeadura direta
em controlar a erosão.
Quadro 13. Perdas de solo e água para dííerentes sistemas de cultivo e culturas em um Lato solo
Vermelho textura argilosa na região do Cerrado brasileiro, em Planaltina, DF (1979-1985), com
declividade de 5 cm rn- 1
Quadro 14. Perdas de solo e água para a sucessão trigo e soja sob diferentes sistemas de cultivo
e culturas em um Latossolo Vermelho Alurninoférrico muito argiloso na região do Cerrado
brasileiro, em Dourados, MS (1988-1994), com declividade Qe 3 cm m·1
Coeficiente çle
Tratamento Perda solo
esçoamento
kg m·2 ano- 1
Solo descoberto 0,099 0,72
Escarificação 0,053 0,28
Grade pesada 0,065 0,53
Semeadura direta 0,018 0,07
Fonte: Adaptado de Hemani et ai. (1996).
d_ad~ . de coefici nte de e coamento apresentam valores totais menores para a SD, n ão
significa que entre o eventos de chuva as perdas de água serão sempre m enores na SD.
Quadro 15. Coeficiente de escoamento para culhira da soja sob dois sistemas d e cultivos em diferentes
período para a região do Cerrado brasileiro, em Planaltina, DF, com declividade d e 5 cm m ·1
Coeficiente de escoamento
Período<1J PrecipitaçãoC2l Diferença!3l
Soja convencional Soja direto
mm
F 183 0,104 0,087 16
1 134 0,110 0,089 19
2 128 0,054 0,070 -30
Para duas regiões de São Paulo (Pindorama e Campinas), Castro et al. (1986), também
utilizando parcelas de perda de solo e água sob condições de chuva natural, compararam
sistemas de cultivo conservacionista para a cultura do milho em dois tipos de solos (Quadro
16): Argissolo Vermelho-Amarelo textura arenosa e Latossolo Vermelho textura argilosa.
De acordo com o quadro 16, nota-se que as perdas de solo foram maiores na condição do
Argissolo, porém o mesmo não se observa para os coeficientes de escoamento que foram
maiores para o Latossolo Vermelho, provavelmente refletindo a sua condição de textura
mais argilosa. Para o Argiloso Vermelho, o coeficiente de escoamento e a perda de solo
foram 43 e 55 % menores, respectivamente, quando o milho foi cultivado com o uso do
escarificador e comparado com o preparo convencional. Já no Latossolo Vermelho textura
argilosa, as diferenças entre perdas de solo e dos coeficientes de escoamento, quando
comparado o arado de disco com arado escarificador, foram respectivamente 38 e 33 %,
apresentando a maior resistência à erosão desse solo.
Quadro 16. Perdas de solo e água para cultura do milho submetida a diferentes sistemas de cultivo
em Argissolo Vermelho-Amarelo (Pindorama, SP) e Latossolo Vermelho (Campinas, SP) com
declividade de 6 cm m·1
Coeficiente de Perda de solo
Tipo de solo Tratamento Precipitação total
escoamento
mm kg m ·2 ano·1
Argissolo TI 6 962 0,152 5
Vermelho- T2 6 962 0,160 5,6
Amarelo 6 962 0,087 2,23
T3
Latossolo TI 4 281 0,300 0,3
Vermelho T3 4281 0,187 0,2
TI : Milho e ar ado de d isco; T2: Milho com grade pesada; e T3: Milho com escarificador.
Fonte: Ad aptado de Castro et ai. (1986).
Quadro 17. Perdas de solo e água para sucessão trigo e soja em um Argissolo Vermelho sob diferentes
sistemas de uso e cultivo para Eldorado do Sul, RS (1975-1980), para declividade de 12 cm m· 1
Coeficiente de Perda de solo
Tratamentos
escoamento
kg m·2 ano- 1
Parcela descoberta 0,200 23
Cultivo convencional 0,063 3
Cultivo núnimo 0,034 1,2
Semeadura direta 0,036 0,9
Pastagem nativa 0,039 0,03
Fonte: Adapta do de Eltz et al. (1984).
(a) (b)
figura 10. Linhas de direcionamento do escoamento com base no padrão topográfico (a) e no padrão
criado pelas linhas de preparo e cultivo do solo (b).
Fonte: Adap tad o de Takken et ai. (2001 ).
(Eq. 3)
O fator "n" de Manning representa a resistência encontrada pelo escoa mento durante
o seu deslocamento. Pelas equações 1 e 2, verifica-se então que para ambas as medidas
(1 e V) a declividade do terreno (S) é o fator comum que define parte do componente de
energia. No entanto, o fator "n" representa o fator de redução da velocidade do escoamento
e consequentemente de sua potência de escoamento. No quadro 19, são apresentados
alguns valores do fator "n' determinado para diierentes condições de uso e manejo de
solos. Observa-se então que quanto maior for a resistência oferecida pelo solo, maior será
o fator 'n", o que implica em menor velocidade do escoamento e consequentemente menor
potência hidráulica para realizar trabalho de desagregar o solo e transportar os sedimento
já desagregados.
De acordo com o quadro 19, também se verifica que um solo com biomassa residual
oferece maior resistência ao escoamento; ou seja, para se deslocar o escoamento encontra
urna resistência. Para superar essa resistência, o escoamento mobiliza parte dessa energia
e consequentemente menor será a energia disponível para realizar trabalho, que, no caso
da erosão, representa o processo de transporte de sedimentos (preferencialmente) e a
desagregação. Assim, práticas de manejo que condicionam uma superfície rugosa orientada
perpendicular ao declive, associada à permanência da biomassa residual na superfície do
solo, irão ocasionar redução da velocidade do escoamento (Figura 11). Quando a diminuição
de velocidade do escoamento é significativa, a chance de o escoamento no amente infiltrar
aumenta. Essa é a condição do princípio de funcionamento dos biofiltros estabelecido
próximos aos corpos de água com propósito de reter sedimentos e poluentes presente no
escoamento (Arora et al., 2010).
ç 3,5
~
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1
Declividade do terreno (cm m· )
- Superfície descoberta sem rugosidade - Superffc:i_e com pastagem
- Superfície com mais de 20% de - Superffcie sob .floresta com liteira
fitomassa residual
Figura 11. Gráfico hipotético e ilustrativo do efeito do fator 'n" de Manning para um escoéllllento de
mesma vazão em diferentes declives.
Figura 12. Fotografia ilustrando problemas de erosão encontrada em lavourilS sob 50 no Estado do
Rio Grande do Sul.
Fonte: Foto de Edemar VaJdir Streck.
Quadro 20. Valores de distância entre terraços com base na capacidade de armazenamento de água
e na falha superficial da fitomassa cultural residual num canal com 1,5 m 2 de seção, após as
colheitas do milho e trigo, em dois tratamentos de preparo de solo em um Argissolo Vermelho-
Amarelo textura argila franco-arenosa
Quadro 21. Efeito do uso do mu lc hing verti ca l m dois espaçamentos sobre_a taxa c?n5 lante _de
escoa m ento (TCE) e coeficiente d e escoa m e nto (CE), avaliad os durante o cicl o da ºlª e do tn go
Estudos recentes têm sugerido que os efeitos das práticas de conservação de solos
sobre o processo erosivo são dependentes do efeito escala e por isso não seria adequada
a extrapolação direta dos resultados nas pequenas parcelas para condições de lavoura ou
muito menos para bacias (Leys et al., 2010). Efeito escala quer dizer que os componentes
do processo envolvidos em urna escala não são os mesmos que estão presentes na escala
seguinte e, portanto, o efeito verificado em urna escala não pode ser extrapolado de
maneira linear para outra. Assim, por exemplo, quando se estudam os processos erosivos
da região dos entressulcos, o mecanismo de desagregação do solo causado pelo impacto
da gota é mais importante que o efeito de desagregação causado pelo escoamento difuso.
Na escala seguinte, quando se examina uma parcela onde a erosão em sulcos está presente,
o mecanismo de erosão causado pelo escoamento concentrado tem papel preponderante
na desagregação e no transporte de sedimentos. Na escala de uma bacia, os processos
erosivos não são apenas relacionados com a erosão em entressulcos e em sulcos, pois existe
deposição de sedimentos nas várzeas e erosão no canal fl uvial. Na hidrologia, o efeito
escala tem sido grande preocupação, em que os estudos estão voltados para determinar as
funções de transferência entre as escalas (Mediando e Tucci, 1997). No Brasil, as ciências
rurais exploram pouco os fenômenos hidrológicos na escala de paisagem, considerando
a bacia como unidade de estudo e pesquisa. Huggins (1979), por exemplo, abordou os
fenómenos hidrológicos na escala de bacia sob a perspecti a agrícola, indicando corno
a variabilidade dos solos e os seus atributos influenciados pelo uso e manejo controlam
processos hidrológicos importantes que condicionam a degradação pela ocorrência dos
escoamentos superficiais e laterais.
Cerdan et al. (2004), estudando o escoamento superficial em três diferentes escalas de
áreas agrícolas da Normandia (50 m 2, 90 ha e 1 100 ha), verificaram uma relação in ersa
entre o aumento da área e o do coeficiente de escoamento. Segundo esses a utores, fatores
integrativos hidrológicos como as condições de superfície do solo (rugosidade) e O tipo
d e vegetação controlaram tanto a geração do escoamento como sua transmissão entre as
diferentes e crescente escalas. No Chile, em condições de pastagem nativa, Joel et al. (2001),
e stu dando condições de hidrologia de superfície em duas escaJas (0,25 e 50 m 2), observaram
que nas parcelas maiores o volume escoado representou apenas 40 % do volume escoado
nas parcelas pequenas. No PlanaJto Médio do Rio Grande do Sul, dos Reis Castro et aJ.
(1999) estudaram o efeito escaJa (1 m 2, 77 m 2, 0,14 km2, 1,1 km2 e 20 km2) e compararam
esses efeitos para a condição de SD e PC (Quadro 22). O vaJor absoluto do coeficiente de
escoamento da parcela de 1 m 2 do preparo convencionaJ foi 10 vezes maior que as demais
parcelas e essas, por sua vez, apresentaram valores similares entre si. No entanto, à exceção
da parcela de 1 m 2, o coeficiente de escoamento para a SD foi superior ou pelo menos
igual ao do preparo convencional. Importante chamar atenção, entretanto, que nesse caso
o período de avaliação desse estudo correspondeu ao período em que a SD estava sendo
implantada pelos agricultores e, portanto, o solo nesse manejo ainda se mantinha com
condições estruturais similares à condição propiciada pelo preparo convencional.
Quadro 22. Valores de coeficiente de escoamento em dois preparas do solo, considerando diferentes
escalas em um Latossolo Vermelho textura argilosa
Coeficiente de escoamento
Escala Relação entre SD/PC
PC SD
lm2 0,16 0,06 0,37
77m2 0,03 0,05 1,7
0,14km2 0,03 0,09 3
1,1 km2 0,02 0,02 1
20km2 0,06 0,08 1,3
Fonte: dos Reis Castro (1999).
Recentemente Leys et aJ. (2010) revisaram vários artigos publicados nos últimos 20
anos sobre o efeito escaJa e as perdas de solo e água. Nessa revisão, os autores compararam
as perdas de solo e água entre o cultivo conservacionista e o tradicional.Tanto para as
perdas de solo como para as de água, verificou-se que quanto maior o tamanho da parcela
maior era o contraste que diferenciavam os cultivas (cultivo conservacionista vs não
conservacionista) (Quadro 23). Além disso, verificou-se também que os efeitos de escaJa
sobre as perdas de solo foram mais acentuados que para as perdas de água. Os autores
justificaram que a presença de biomassa residuaJ aumentou o que eles denominaram de
"efeitos de perdas por transmissão de água" ocasionados durante o deslocamento do
escoamento superficial. Perdas por transmissão de água se referem à diferença entre o
volume de água que entra em uma parcela e o que sai, ou seja, representa o volume que
infiltra durante o percurso do escoamento superficial. Com isso, os autores concluíram
que os efeitos do controle das perdas de água e solo proporcionados pelos cultives
conservacionistas são maiores que aqueles verificados nas escalas de pequenas parcelas
tipicamente utilizadas nos estudos de erosão.
Quadro 23. Efeito d e escala verificad o por mei o da relação entre perdas de solo e água ob o -;is te ma
co nserv acionis ta e o trad icional
Figura 13. Dinâmica da expansão e contração das áreas de afluência variável (saturada) em uma bacia
hidrográfica. As figuras I, II e m mostram a condição de expansão das áreas ú midas enquanto
a figura IV ilustra a contração das áreas úmidas. As setas nos hidrogramas ind icam a evolução
temporal de cada figura em relação ao hidrograma.
Fonte: Vestena (2008).
(Eq. 4)
Na figura 14, é apresentado um exemplo de aplicação do índice de umidade do
terreno realizado por Minella e Merten (2012) na bacia experimental de Arvorezinha, para
indicar os locais de maior wnidade de água no solo e áreas saturadas. De acordo com
essa figura, as áreas mais escuras representam os banhados e as planícies coluviais úntidas
formadas particularmente em pendentes de curvatura no perfil do tipo côncava. As cores
intermediárias indicam as pendentes de curvatura no plano do tipo convergentes, onde os
fluxos tendem a se concentrarem, aumentando a umidade do solo. As zonas de saturação,
importantes para a geração do escoamento superficial, apresentam comportamento
hidrológico e de armazenamento de água distintos na bacia. Essa classificação pode servir
como base para o planejamento agrícola e o ambiental da bacia. As áreas com valores altos
de umidade deveriam ser consideradas como áreas hidrologicamente e ecologicamente
frágeis e deveriam ser preservadas, tendo em vista a importância na regulação hidrológica
da bacia, na retenção de sedimentos e poluentes e na preservação da biodiversidade. As
áreas com tonalidades intermediárias evidenciam maior disponibilidade Júdrica e estariam
aptas para culturas de maiores necessidades hídricas. As áreas com tonalidades claras, de
menor ca pacid ade ele nrmélzcn,i mcnlo d . ,íguél, s ri.:im rccom ··nd.:id,1 pnrêl ulturJs de
me nor ex igé nciél hídricél. Áreas em branco rcprec;entari élm ,ír c1s com maior ri ~co por c<1u s
da menor capacidade de nrmazenamcnto de .:íg ua p los solos, s nd o então recomendad.:1s
para cu lturas res istentes a secas.
'
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1
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,
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Rede de drenag em
/ Lim ite da bacia
I
Figura 14. Identificação das áreas críticas em re lação à umidade do terre no na bacia experim e.n tal de
Arvorezinha
Fonte: Minella e Mcrten (2012).
As mudanças de uso do solo, como a retirada dn flore ta para introduz.ir as ati vid.-:ides
agr ícolas, influencia m a hid rologia de urna bacia pela al teraç - es nas taxas de infiltra ·à ,
evapotra nspiração, armaze na mento de água e percolação profunda. Dentr d ·se conte. t ,
é necessário entender como as prá ticas de conservação e mc1nejos do - 1 · i.nflu nciam ,
alteram a qualidade e quantidade de água dos rio . Mudanças climá ticas como as que
es tão ocorrendo deverão estressar ainda mais os efeitos relacionados ao défice e excesso
hídrico, e as práticas de conservação de solos poderão ser parte da solução para mitigar
sse efeito ao ambiente.
E tudos de efeitos das práticas conservacionistas na escala de bacia são extremamente
raros. Isso porque esses exigem longo período de monitoramento internütente. Para fins
comparativos, eles devem ser realizados com bacias pareadas para possibilitar o contraste
entre os efeito , que são desejados medir. Bacias pareadas significam que as bacias devem
ser muito semelhantes entre si nos aspectos geomorfológicos, solo e hidrologia, em que as
diferenças se referem apenas aos diferentes usos do solo ou ao manejo de solo que se deseja
estudar. Em razão dessa restrição, esses estudos, ainda que sejam muito necessários, são
muito caros e por isso são raros no mw1do todo.
Um dos melhores estudos sobre esse tema tem sido conduzido no Estado de Iowa
nos Estados Unidos dmante os anos de 1972-1995 (Kramer et a l., 1999; Tomer et ai.,
2005). A região do Estado de Iowa, onde esse trabalho foi realizado, é considerada uma
das mais suscetíveis ao processo erosivo por causa da declividade e erodibilidade dos
solos, sendo frequente a presença de voçorocas. Nesse trabalho, foram monitoradas três
bacias de primeira ordem, conforme descrição que consta no quadro 24. O cultivo mínimo
utilizado foi o sistema ridge-till, que consiste no cultivo sobre pequenos camalhões pré-
formados antes do plantio, cuja biomassa residual permanece entre esses carnalh ões. Os
canais escoadouros vegetados são locados no talvegue do terreno e servem para drenar o
escoamento superficial, de forma a não provocar erosão durante o seu deslocamento.
O sistema de terraceamento utilizado em uma das bacias foi do tipo paralelo, onde o
escoamento era recolhido por um dreno subsuperficial direcionado para o canal escoadouro
vegetado. O espaçamento entre terraços foi de 90 m, sendo o dobro do que normalmente
seria recomendado pelo Serviço de Conservação de Solos dos Estados Unidos (SCS) para
a condição onde a declividade é de 14 cm m-1 . O sistema de dreno foi dimension ado para
coletar escoamento de até 5 cm de altura para a condição de um dia. Em todas as bacias, o
preparo e cultivo foram realizados sempre em nível.
Alg uns res ul tél dos hid rológicos de 23 a nos de mon ito ramento encon tril m-se res umidos
no quadro 25. Os déld os finél is desse trabél lho ev idenciil ram q ue c1 bilciil em cu ltivo
míni mo, mas sem terraços, élprcsento u 29 % menos escoa mento s uperficic1 l e 13 "h ma is Je
escoa men to de base qu e él bacia cul ti vad a em pre pilro conve ncio na l; as ma io res d iferença
pa ra o escoamento de base fora m verificél das d urn nte os a nos secos. Os a uto res ve riíicar.:i m
q u e as bacias onde o sistemil conservacion is ta ti nha sido empregad o rec u perc1v,1 m mél is
rapid a mente as vazões de base d o q ue as sem conservação de solos. Além d isso, também
fo i possível verificar qu e d ura nte as estações mais ú mid as as bacias em cultivo mínimo
e terracea mento eram muito mais efi cien tes em atenua r a vazão de pi co. Ta m bém, essas
bacias fo ram ca pazes de redu zir em mais de 90 % a prod ução de sedimen tos. O que não foi
poss ível observar nesse estu do fo ram as diferenças sig nificati vas em term os hidrol ógicos,
qu a ndo fo i compa rada a bacia sob culti vo m ínimo e com te rraceamento com a só ob
cultivo mi n.imo. Segundo os a utores, parte da jus tifica ti va deve-se a um aume nto do
es paçamento enh·e terraços fo ra dos padrões tradicio nalmente recomendad os pelo SC
(Kra mer e t a i., 1999). Por fim, os a utores concl uíram qu e tan to os riscos de enchentes como
d e secas podem ser redu zidos pelas práticas de conservação de so los, qu e permitem maior
infiltração d a águ a no solo e menor escoamento s u perfi cia l (To mer et ai., 2005).
Quadro 25. Efeito das prá ticas de conservação e manejo d e so los sobre variáveis h idrológicas em três
bacias agrícolas de primeira ordem na região d e Iowa, nos Estado Unid o (1972-1995)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
M uda nças de uso e manejo dos solos são acompanhadas de modificação da di nâmica
d o ciclo hid ro lógico. Alterações nas vazões dos rios, especialmente a pro ocad 3 s pela
variação nas taxas de eva po transpiração, e e m menor g randeza pelas muda nças das taxas de
infil tração, têm sido ve_ri fica das es pecialme nte quando a agricultura é pra tica ::la em grande
escal a, confo rme tem sido d ocumentado em algu ns es tud os. Alterações limãtica , deverão
condicionar novos pad rões de dis tr ibuição de chu vas e de taxas de evapo tra ns pi raç,10 co m
e fe itos d ire to ao setor agro pecuário, por meio do aLLme nto da e rosão, q uando as ociad o a
a ltcrridos prira posc;ib ililar o co ntrol e do pro c;c;o d, desc1grcgêl .iodo c;n]o e o tr,m _ pnrte
ele sedimentos. Enquéln lo él desélgregação do c;nl o, provoc,1d,1 pelo impacto da, gota-; de
c hu va, é con trolad a a d eq uad ame nte pelJ méli o r cobe rtura do solo, d cfec;agr egdçc10 c.1us1c.fa
pelo escoa m e nto concentrado é conl ro lélda pela alcnuc1ção da potência h ic..lr,í ul ica, sejd pel.:1
re dução d o se u vo lume (m eno r ge ração do scoél me nto por cau c;,1 da mêlio r 111filtr<1çJo Ja
água n o s o lo) o u pe la red ução d a ve locidade do escoa m nto. Afo rtunaddmente, d p rc1l-ic<1s
necessá rias para aumentar o a rm azena me nto de óg ua n o solo, regul a riza r êlS VélZÕes doe.
ri os, redu z ir a erosão e a trans ferê ncia de polue ntes para os rios c,ão exiltélmente J, m smil •
Essa condição reforça a importância da necessidade de oco rre r no Bras il c1 impl m cnl.iç.:io
d e políticas públicas que estimule m a adoção de préÍ li cc1s consc rv,ic ionistas nas Mea · em
c ulti vo para possibilita r um uso contínu o e us te ntável dessa . Entreta nto, é impo rtcmte
ta mbé m qu e as políticas públicas co nte mpl em um o rdenamento do território brasileiro
parn fin s de ex ploração agríco la, co ns ide ra nd o a importâ ncia da p rec;ervação doc; biom,L
bras ileiros para pres tação d e ser viços a m bientais co mo regul J ri zc1çc10 de fl u xos hídri co e
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11
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Colegiado de Engenharia Agrícol,1, l úcleo d e Recur<-os HiJrico<-
e Saneamento Ambienta l, Campus de Cascavel. Cc1scavel, PR. E-mail: eloy.mello'ii1unioes te. br
21 Uni ve rs id ade do Estado de Santa Ca tarina, Centro de Ciências Agroveterinárias, Loges. SC. Bol5i<-ta d o C. Pq.
E-mail: ilclegardis.bertol@udesc.br
Conteúdo
Berto! I, De Ma ria IC, Souza LS, editore-. Manejo e rnnservação d o solo e d a .:iguil. i us.1, MG: uóeJade
Bras ile ira d e C iênci.i d o Solo; 2018.
394 ELOY LEMOS DE MELLO & lLDEGARDIS BERTOL
INTRODUÇÃO
do s is lc1rn1, mantendo é1 pé1rcimônié1 e c fi iênci.i comput,,ciona l (Kave tski et c1I., 200ft), m.i~
também são pouco genera li záveis, poic; se basci,1m e m cq uaçüe'.'> e mp íri c,i s.
Jj os m odelos físicos são deduzidos J parlir ele princípios fíc:; icos e envolvem .:i _:o lução
d e eq ua ções diferenciais parciais qu e são, por né1turczc1, n.'io line.:i rcc:; e de difícil o luçZio
ana lítica (Naik e t ai., 2009). Teoricamente, os res ultados d everi a m ser co ns iste ntes com
os dados observados. Na prática, porém, esses modelos també m nfio tê m s id o capaze.
de sa tis fazer completamente as necessidades específi cas e m clifeTen tes regiõe, do mundo,
pois, apesar de terem profundo embasa mento teórico, não apresentc1m grande capélcid.::tde
preditiva. Por esse moti vo, muitos modelos com base e m processos físicos ado tc1m certo
g ra u de e m pirismo, principalmente no que se re fere à determjnação d e parâmetros.
Nes te capítu lo, serão apresentados dois modelos empíricos c1mplamente aplicado'-,
o Método do Nú mero da Curva e o Método Racional, parn estimM o vo lume máximo
de escoamento s uperficial e a vazão máxi ma, res pectivamen te . De pois será apresentado o
SWAT, que é um mod elo conceitu ai, de s imulação contínua, dese n volvido para avaliar o
impacto das mudanças no manejo e uso do solo sobre as perdas de água, de sedimen to ,
de nutrie ntes e de pesticidas. Este capítu lo não tem a pre tensão de esgota r o tema e, por
isso, recomenda-se ao leitor, que deseja maior aprofundamento, a busca da lite r<1tura
especia li zada como os tex tos de Waj n wright e Mulligam, 2004; Prus ki e t ai., 2004; Louck!
e t ai., 2005; Tucci, 2004; e Brandão et ai., 2006.
Apresentação do modelo
O Método do Número da Curva permite estimar a lâmina máxima de escoamento
s upe rficial (volume por unidade de área), a partir de dados de p recipitação e de o utro
parâmetros da bacia. Foi desenvolvido pelo Soil Consen 1ntio11 Sen1ice (SCS), v inculado
ao D epartamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a partir de dad os de um
grande número de bacias experimentais (Mishra e S ingh, 2003).
O método se baseia na transformação do volume total de precipitaçao em volume
tota l de escoamento s uperficial, utilizando a aná lise de correlação múltipla. Sc10 le adas
em consideração a precipitação total, as abstrações iniciais, a infiltração e a umidade
a ntecedente do solo.
A derivação das equações e os detal hes são apresentados em I RCS (2010). A estimativa
da lâmina máxima de escoa mento é obti da pela equação:
(PT- l.)"
ES PT> l,
(PT- 1.) + S (1)
ES =O PTS(
e m que:
ES = lâ mina máxima d e escoamento s upe rfic ial (volume por unidade de a.rea), mm .
PT= precipitação total, mm.
Ia = 0,2 S (2)
(PT- 0,2 S) 2
PT> 0,2 S
ES = PT+ 0,8 S (3)
ES=O PT~ 0,2 S
25400
S = -- - -254 (4)
CN
em que:
CN =número da curva (pode variar de Oa 100 e depende do uso e manejo da terra, do
grupo de solo, da condição hidrológica e da umidade antecedente do solo), adimensional.
fig urêl 1. Nessa fi g u ra, cada c u rva tem um n úm ro, d e_ ond e vem o nome?~ m~todo. /
fi g u ra ta m bé m ilus tra um exe m plo hi poté tico, evidenc ia nd o q ue u~ a ~ recrprtnç.io de ~O
mm, ado ta nd o-se um núm ero de curva ig ua l a 95, res u lta ria e m um a la m ina de escoc.1 mcnto
s upe rfic ia l d e 75,7 mm .
160 r-----,---,-----,---,--- - , - - - r - - ~ - 7 1
S = 25 400 _ 254
120
CN
E lOO
E
B
e:
QJ 80
r::
..., 75,7
r;:;
ou ,
Vl ,,
t.Ll
60 ,,
,
,
,,
40
20
Precipitação total
m~todo do número da curva, normalmente se utiliza um valor de precipitação
total correspondente a uma duração de 6, 12 ou 24 h. A obtenção do valor de precipitação
para uma de as dmações depende da análise de frequência de séries históricas de
pre ipitações máximas diárias.
A aplicabilidade e qualidade da análise de frequência dependem diretamente da
qualidade dos dados utilizados. Assim, por melhor que seja a técnica estatística utilizada,
se a qualidade dos dados das séries históricas for ruim a análise não dará bons resuJtp.dos
(Naghettini e Pinto, 2007).
Uma a aliação rápida da frequência com que um evento é superado ou igualado pode
ser realizada por meio do método de Weibull. Para isso, os dados da série histórica devem
ser organizados em ordem decrescente, e a cada valor deve ser atribuído o número de
ordem 111. A frequência (Fi) com que o evento ide ordem m é superado ou igualado é dada
por:
Fi = _!!!:_ (5)
n+1
em que:
= ordem.
111
T =_l._ (6)
F,
Deve-se destacar que essa é uma análise empírica de probabilidades, que deve ser
restrita aos casos em que o período de retorno é bem menor do que o tan1anho da série.
Uma alternativa bastante comum é o ajuste de uma distribuição de probabilidades teórica,
que seja adequada ao estudo de eventos extremos. Como exemplo, citam-se a distribuição
Generalizada de Eventos Extremos (GEV), a de Gurnbel, Frechét e a de Weibull (Naghettini
e Pinto, 2007).
Número da curva
Os fatores que determinam a escolha do número da curva são o grupo hidrológico
do solo, o tipo de cobertura, o manejo, a condição hidrológica e a umidade antecedente do
solo. Os solos são classificados em grupos hidrológicos (A, B, C e D) que indicam a taxa de
infiltração minima obtida em solo descoberto submetido a longo período de un1edecimento:
grupo A: solos com baixo potencial de escoamento e alta taxa de infiltração, mesmo quando
completamente úmido; perfil profundo, arenosos a cascalhentos, com pouco silte e argila.
grnpo B: m od e rad a ta xa de infiltrélção qua ndo comp le tame nte úmicl o e prof undid.:icl e
mod e rad a; a tex tura fica e ntre fin a e a renosa.
grnpo C: baixa taxa de infiltração qua ndo completamente úmid o; p resença de cc1mada d'
impedimento ao movimento da água e consideráve l porc nta ge m de argi l .
grnpo D : alto potencial para o escoamento s upe rficial; solos co m ta xa de infiltraç,io muito
baixa, quando úmidos, e consistem princi pa lmente de solos co m Mgila expansivas e
sujeitas ao encrostamento; presença de ho ri zon te d uri pé'i (duripan/cla y pan) próxi mo à
s uperfície do solo e aos solos rasos sobre ca mad as im pe rmeá veis.
Nos quadros 1 e 2, apresentam-se os va lores de CN para co ndições de bileias co m
ocupação agrícola para os grupos de solos definid os pelo SCS-USDA, correspondente :is
condições médias de un,jdade antecedente do solo.
Quadro 1. Valores de número da curva para áreas co m oc upação agrícola pi!ía cond içõe<; de umidade
antecedente AMC II
Número da curva para os quatro
Descrição da cobertura do solo
grupos nidiológicos de solo
Condição
Tipo Manejo(tl A B e D
hidiológica(2l
Solo descoberto 77 6 91 9-!
Cobertura Pobre 76 85 90 93
Pousio
por biomassa
residual (CR) 74 3 90
Boa
Pobre 70 79 S4 C)
Contorno (C)
Cultivo em Boa 65 75 2 6
fileiras Pobre 69 78 3
~
I
C+CR
Boa 64 7-! 1 .:>
Contorno & Pobre 66 7-! o -,
terraços (C&T) Boa 62 71 7 1
Pobre 65 73 79 1
C&T+ CR
Boa 61 70 77 "O
Connn u.1 ...
Quadro 1. Conl.
Número da curva para os quatro
Descrição da cobertura do solo
grupos hidrológicos de solo
Condição
Tipo Manejo(1 l A B e D
hidrológica(21
Pobre 65 76 84 88
MA
Boa 63 75 83 87
Pobre 64 75 83 86
MA+CR
Boa 60 72 80 84
Cultivo em Pobre 63 74 82 85
e
fileiras Boa 61 73 81 84
es treitas Pobre 62 73 81 84
(cereais) C+CR
Boa 60 72 80 83
Pobre 61 72 79 82
C&T
Boa 59 70 78 81
Pobre 60 71 78 81
C&T+CR
Boa 58 69 77 80
Pobre 66 77 85 89
MA
Boa 58 72 81 85
Leguminosas
Pobre 64 75 83 85
em fileiras e
Boa 55 69 78 83
estreitas
Pobre 63 73 80 83
C&T
Boa 51 67 76 80
º ' Cobertura por biorna sa residual (CR): quando pelo menos 5 % da área é coberta por biomassa res idual dura nte o a no.
mcondição hidrológica: com base na combinação de fa tores que interferem na infil tração e no escoam ento; Pobre: fatores inibem
a infiltração e favorecem o escoa mento; Boa: fatores melhoram a ca pacidade de infiltração e red uzem o escoamento.
Quadro 2. Valores de número da curva para outros usos agrícolas, sob condições de umidade
antecedente AMC II
Número da curva para os quatro
Descrição da cobertura do solo
grupos hidrológicos de solo
Tipo Condição hidrológica A B C D
Pastagem Pobre 68 79 86 89
(pas tejo contínuo)fl l Razoável 49 69 79 84
Boa 39 61 74 80
Pastagem (feno) 30 58 71 78
Continua ...
Quadro 2. Cont.
úmero da curva para os quatro
Descrição da cobertura do solo
grupos hidrológicos de solo
Tipo Condição hidrol ógjca A 8 e D
Pastagem com presença de Pobre 48 67 17
muitas ervas e arbustivasl2l Razoável 35 56 70 77
Boa 30 48 65 n
Floresta e pastagemPl Pobre 57 73 82 86
Razoável 43 65 76 2
Boa 32 58 72 79
Quadro 3. Classes de umidade an tecedente do solo conforme .:i chuva ocorrida (mm) nos :, d
anteriores à chuva crítica
Classes Período de crescimento da cultura Período de dormência
Olm mm
AMC l O- 35 O - l"'
AMC II 35 - 52,5 l3 - 2
> 52,5 >
OT A: O perío do de cro:?· ciml'nto se rdere ao período do ,mo cuj.i hm1per,1tur.1 e f.wo r,n d ,10 d b,eO\ oh im-,nto J.i, ~"'..r.i •.io,
seja cult1vJti.t o u nativa, quando as taxas de t>vapotran.spir.iç.io léndc m .1 s...•r m.liorc--s. O p~·noJo d.- Jom,~n 1-l <' ,i · ,ip,ht,1.
Esse concei to tem importâ ncia p;irticular nos p.1i.ses de d una te mper;ido, como os 6 taJo-; nido~, onde O metuJ,i d '-uml!m
da C u r\',l fo i d esenvolvido. No~ pai.ses d.:- clim.i tropica l, l.l perlodl.l d<' cr=im,mtu pude dur:1r O .in,, tuJll, .iu .__,frer .11!,Um.l
interrupç,io provoc.ida pela es t.1ç..io de chuvJs.
Quadro 4. Equaçõe para a correção de número da curva para condições iniciais de umidade
diferentes da m dia
Para utilizar o quadro 4, basta entrar com o valor de CN referente à condição AMC II
e calcular o valor de CN correspondente à condição AMC I ou AMC III, dependendo do
interesse do usuário do método.
Aplicações e limitações
Um dos principais problemas do método do Número da Curva é que o SCS-USDA
publicou a familia de curvas sem apresentar qualquer informação que possa ser utilizada
para definir a qualidade de ajuste das relações empíricas que foram encontradas.
A base de dados é proveniente de bacias hidrográficas de médio porte (2 a 50 km2) e
de chuvas de longa duração. Deve-se ter atenção especial na aplicação desse método em
bacias pequenas ou muito grandes. Além disso, o método não deveria ser utilizado para
chuvas de alta intensidade e curta duração.
A transformação da precipitação diretamente em escoamento superficial está
relacionada apenas com o volume total de precipitação, o que vale dizer que o volume
de precipitação é totalmente independente da intensidade de precipitação. Os erros
provenientes dessa pressuposição podem ser maiores quanto menor for a bacia hidrográfica.
As principais fontes de erro na estimativa do escoamento com o método do Número
da Curva estão na determinação da precipitação e do CN. A equação costuma dar bons
resultados quando o escoamento representa a maior parte da precipitação total; os
resultados costumam ser insatisfatórios quando o escoamento é pequeno, ou seja, quando
os valores de CN são baixos (NRCS, 2010).
Exemplo 1
Determinar a lâmina máxima de escoamento superficial (ES) de uma área agrícola
localizada na bacia hidrográfica do rio Paraopeba, em Minas Gerais. Essa área possui
características de solo com baixa taxa de infiltração e considerável percentual de argila
(Grupo Hidrológico C). Cerca de 20 % da área encontra-se sob regime de pastagem
contínua intensiva (Ai); 45 %, sob cultivo de cereais em contorno e com boa presença de
biomassa residual (AJ ; e 35 % do total da área constituem-se de floresta com cobertura
Solução do Exemplo 1:
25 4
5 =
l 86
oo - 254 = 41,3 mm
52 = 25 400 - 254 = 63 5 mm
80 ,
25 4
53 = 00 - 254 = 93 9 mm
73 '
MÉTODO RACIONAL
Apresentação do modelo
Segundo Crobeddu et ai. (2007), o Método Racional deve o seu surgimento aos
trabalhos de Mulvan y (1851) e Kuichling (1889). Esse é utilizado para predizer a vazão
m áxima de escoamento superficial em pequenas bacias hidrográficas, com área de 50 a
500 ha. Ele é considerado um modelo "chuva-vazão", pois com base em características
da chuva estima a vazão máxima. Um dos motivos principais para a grande aceitação do
m étodo é a sua simplicidade. A fórmula racional tem a forma:
(7)
em que:
Q= vazão máxima de escoamento, m 3 s·1 .
C= coeficiente de escoamento, adirnensional.
irn = intensidade máxima média de precipitação, mm 1Y1•
A= área de drenagem, ha.
O método foi desenvolvido para bacias urbanas, onde a maior parte da superfície é
impermeabilizada. Sendo assim, a aplicação em áreas rurais deveria ser limitada a bacias
inferiores a 200 ha (Pruski, 2009).
De acordo com Pruski et ai. (2004), Tucci (2004), Pruski (2009) e NRCS (2010), os
pressupostos básicos para aplicar o Método Racional são:
(a) O tempo de duração da chuva é igual ao tempo de concentração (t), definido como
0 tempo necessário para que toda a área de drenagem esteja contribuindo para o
escoamento na seção de saída da bacia. Essa premissa é aceitável quando a bacia é
pequena. O m étodo também não considera a possibilidade de que uma chuva com
duração menor do que o tempo de concentração, em razão d a sua alta intensidade,
possa produzir vazões maiores do que aquelas iguajs ao tempo de concentração.
(b) A precipitação com duração igual ao tempo de concentração (t) ocorre uniformemente,
ao longo de toda a bacia. Essa suposição também se aproxima da realidade apenas
quando a á rea da bacia é pequena; para áreas muito grandes, o tempo de concenh·ação
pode ser tão longo que, provavelmente, a intensidade d e precipitação não será constante;
nesse caso, chuvas mais intensas e de curta duração podem provocar vazões maiores.
(c) Durante o evento extremo O solo encontra-se saturado, com taxa de infi ltração
estável, o que corresponde à condição mai s favoráve l para ocorrência do escoamento.
Naturalmente, essa hipótese está intimamente vi nculad a à n,,tu reza d os projetos q ue
fazem uso do método racional, q ue parte m do princípio de q ue a obra deve rá er
projetada para a condição mais desfavo rá vel, respeitand o, certa m ente, a viab ilida de
econô mica dela.
(d) Utilização de um único coeficiente de escoamento s uperficial (C), estimado com base
nas características da bacia. Em bacias urbanas, po r causa da grande propo rção de á rea
imperméavel, o coeficiente C se aproxi ma da unidade; à medida q ue a bêlcia a umentc1
ou, a inda, seja ocupada por usos agrícolas, a u tilização de um único coefici nte de
escoa m ento pode não representar adequadamente o compo rta mento da bacia.
(e) O coeficiente de escoamento é independente da intens idade e do volume de
precipitação. Essa dedução é razoável para á reas impermeáveis, como estacionamen tos
e estradas. Para áreas permeáveis, o coeficiente de escoamento va ria co m a in tens ida d e
e o volume acumulado de precipitação.
(f) O período de retorno associado à vazão máxima é igual ao período de retorno da
precipitação que a provoca. Isso não é exatamente verdadeiro, po is a oco rrência d e
uma grande cheia não depende apenas da ocorrência de elevada precipitação, mas
também das condições da bacia que interferem no escoamento s uperficia l; a freq uência
da chuva é o fator determinante no período de retomo da vazão qua ndo as á reas ão
pequenas e impermeáveis. Para áreas menos impermeáveis, a umidade antecedente é
o fator dominante, especialmente para chu vas com período de retorno (T) menores q ue
10 anos; e, finalmente, em grandes áreas o sistema de drenagem da bacia exerce papel
fundamental .
,
Area de drenagem
A área de drenagem e as demais características físicas da bacia são, indiscutivel men te,
as variáveis mais sin1ples de serem obtidas, sejam para ap licar no método racional, sejam
para aplicar em qualquer outro modelo hidrológico. Para isso, podem ser u tilizad os
procedimentos manuais sobre os mapas e as imagens de satélite, ou a aplicação de
ferramentas computacionais sofisticadas que s implificam sobremaneira este tra balho.
Quadro 5. Valores de coeficiente de escoamento (C) para diferentes tipos de uso, declividade e
textura do solo
Textura do sol o
Cobertura do solo Declividade
Arenosa Franca Argilo sa
%
Florestas 0-5 0,10 0,30 0,40
5-10 0,25 0,35 0,50
10-30 0,30 0,50 0,60
( )
em que:
C = coeficiente de escoamento superficial para a área total, adimensional.
C; = coeficiente de escoamento superficial para a subárea i, adimensional.
A.t = subárea i, L2.
A , = área total, L2•
Intensidade de precipitação
A intensidade máxima média de precipitação (im) é obtida a partir da equaçã 9 de
chuvas intensas:
Kr
(t + b)' (9)
em que:
i,n = intensidade máxima média de precipitação, mm h-1•
T = período de retorno, anos.
Tempo de concentração
O tempo de concentração representa o tempo necessário para que a água proveniente
do ponto hidraulicamente mais remoto da bacia chegue até a seção de saída, pois o
ponto espacialmente mais distante não é, necessariamente, o que in1põe maior tempo de
deslocamento ao escoamento superficial.
Os principais fatores que influenciam o tempo de concentração são a área da bacia,
o comprimento e a declividade do canal mais longo (principal), a forma da bacia, a
declividade média do terreno, a rugosidade do canal, o tipo de cobertura vegetal e as
características da precipitação.
Embora o conceito seja relativamente simples de ser compreendido, a determinação
do tempo de concentração pode ser muito complexa. Por esse motivo, existem inúmeras
equações empíricas disponíveis para esse fim, normalmente com base em características
físicas da bacia que sejam fáceis de obter ou medir. Duas equações bastante utilizadas são
a de Kirpich e a do SCS-cinemático, que são apresentadas na sequência juntamente com
as equações do SCS-Lag e SCS-onda cinemática. A descrição de outras equações para a
estimativa do tempo de concentração é encontrada em diversas obras corno as de Pruski et
al. (2004), Tucci (2004) e NRCS (2010).
A equação de Kirpich foi desenvolvida em 1940, a partir de informações de sete
pequenas bacias agrícolas do Tennessee, com declividades variando entre 3 e 10 cm m ·1 e
áreas de, no máximo, 0,5 km 2 (O1ow et ai., 1988), sendo expressa por:
(10)
em que:
t
(
= tempo de concentração, min.
L = comprimento do talvegue, km.
H = diferença de nível entre o ponto mais remoto da bacia e a seção de deságue, m.
Essa eq uação pa rece refletir O cscoc1m •nlo m ecinais, pois xige o comp rim en to ( L) e
a difere nça d e nível (H) cio ca néll principél l. No entanto, pelo fato de ter c; ido desenvolvida
para bac ias muito peq uenas s ignifica que os parâmetros podem r prec.e nt,1 r, ta mbé m , o
escoa m e nto sobre a s upe rfície cio so lo (Pru ki ct ai., 2004). QuJndo o co mprimento o
talvegu e é mai or do que JO km, a equação d e Kirpic h tend e c1 u be timilr o tempo d
concentração.
O m é todo definido como SCS-cinemático cons is te, basicil mente, em dividi r a btici.i
hidrog ráfica e m trechos homogêneos e ca lcular a velocidade de e ·coa m ento e m cada um
del es (Chow e t ai., 1988). O tempo de concentração é dado pelo somatório dos temp s . A
equação é expressa por:
_ 1000 ~ _h ( 11)
t
'- 60 L.J
,- 1
V
•
em que:
te= tempo de concentração, min .
L, = dis tância percorrida no trecho i, km.
V.= velocidade média no trecho i, m s· 1•
1
Em canais com seção tra nsversal be m definida, deve-se utilizar a equação de fanning
(Equação 12), com apoio do quadro 8 para a e colha do coeficiente de rugo id.1de (H) .
(12)
em que:
\l = Yelocidade do escoamento no canal, m s-1 •
R,, = raio hidráulico, m .
l = decli, idade do canal, m 111· 1 •
A
R,,=p (13)
Quadro 8. Valores do coeficiente d e rugosidade de Mamúng (n) para alguns tipos de cobertura
Cobertura da superfície n
s 11r1l 3
Superfície lisa (asfalto, concreto, cascalho, estrada não 0,011
pavimentada)
Pousio (sem cobertura) 0,05
Cultivo (< 20 % de cobertura por biomassa residual) 0,06
Cultivo (> 50 % de cobertura por biomassa residual) 0,17
Gramíneas de porte baixo 0,15
Gramíneas densas (capim-chorão, grama-azul e outras) 0,24
Capim bermuda 0,41
Floresta (pouca vegetação rasteira) 0,40
Floresta (boa vegetação rasteira) 0,80
Fonte: 1'1RC:S (2010).
O método SCS-Lag (Chow et al., 1988) foi deduzido para bacias rurais com área de
drenagem de até 8 km 2 e representa o escoamento em superfície. A equação tem a forma:
em que:
te= tempo de concentração, min.
L = comprimento do talvegue, km.
5 = declividad e do talvegue, m m·1•
CN = número da curva, a.dimensional.
E sa eq uação foi ap resentada por Mocku s em 1961 ( RC , 2010) c:;e bJ. e,w ,i,
originalmente, e m um fa tor de reta rd o d e cc; oamcnto (cn' ). Altoc; valorc c; d e cn' 5cin
associados a s uperfícies lisas ou s up rfícics, o nd e O ec;coa mcnto · rápido. Entre ta_n to,
espessas coberturas por biomassa vegeta l residu a l, como nélc; flo res ta , levam c1 bai"\oc;
va lores de cn' e significam maior ca pacidad de infiltraçiio de , gua no s o lo e m e nnr
velocidade d e escoamento (N RCS, 2am). o fator d retard o (cn ') é muito emelhante
ao número da curva (CN), conforme definido pelo N RCS (2010) . PcHa uc;o ger L o Ct e
utilizado no lugar do cn'.
Essa equação subes tima o va lor do tempo de co ncentração quando comp<1rzid o t1
(1 .5)
em que:
te= tempo de concentração, min.
L = comprimento do talvegue, km.
n = coeficiente de rugosidade de Manning, s m·113 .
i = intensidade máxima média de precipitação, mm h·1•
Ili
S = declividade da superfície, m m- 1•
Aplicações e lin1itações
O método racional não leva em conta a verdadeira complexidade do processo de
e c amento superficial em uma bacia hidrográfica; tampouco, considera o armazenamento
na bacia, as variações na intensidade de precipitação e do próprio coeficiente de escoamento
durante o evento chu oso (Pruski, 2009). Além disso, por causa da grande simplicidade do
método, esse tem sido utilizado mesmo em grandes áreas que não atendem às suposições
apresentadas anteriormente, principalmente no item 3.1, o que pode levar a erros grosseiros
na estimava da \ azão máxima.
O uso do método em grandes áreas torna-se ainda mais inadequado em regiões
semiáridas, que apresentam chuvas bastante localizadas e de alta intensidade. Esse tipo de
chuva, em bacias grandes, pode provocar vazões maiores do que as chuvas com duração
igual ao tempo de concenh·ação.
Em áreas pequenas e com grande parte da superfície do solo impermeabilizada pela
urbanização e edificação, o método racional é capaz de representar mais adequadamente a
realidade. Além disso, contam a seu favor a simplicidade da equação e a relativa facilidade
de se encontrarem valores para as variáveis de entrada. Em bacias hidrográficas agrícolas,
ou em bacias maiores, aumenta a complexidade na formação do escoamento superficial, e
o método racional toma-se cada vez menos exato.
A definição do que seja urna bacia hidrográfica de pequeno porte é muitas vezes
difícil. Franco (2004) sugeriu que algumas características podem ser auxiliares nessa
tomada de decisão, destacando-se: a uniformidade de distribuição espacial da chuva; a
ausência de amortecimento significativo do escoamento, por meio do armazenamento
superficial; e a inexistência de influência das chuvas anteriores sobre a vazão máxima. Se
essas características estão presentes o projetista tem mais confiança para aplicar o método
racional.
Exemplo 2
Determinar a vazão máxima de escoamento superficial para uma bacia hidrográfica
rural, localizada na região de Cascavel, PR, com área de drenagem de 200 ha, para
um período de retorno de 12 anos, sabendo-se que essa área apresenta topografia com
declividade média de 8 cm m·1 e solo com baixa taxa de infiltração e considerável percentual
de argila (Grupo Hidrológico C). Nela, 25 % são compostas de floresta natural; 35 % são
cultivadas com pastagem; e 40 % são destinadas ao cultivo de culturas anuais em contorno.
O curso d'água principal possui extensão total de 1100 m, e o desnível entre o ponto mais
remoto e o exutório do canal é de 56 m .
Solução do Exemplo 2:
Para O cálculo da vazão máxima com o método racional, além da área de drenagem,
se faz necessário conhecer o coeficiente de escoamento (C) e a intensidade máxima média
de precipitação (im).
O coeficiente de escoamento pode ser obtido com auxílio dos quadros 5 e 6. Para a
área de floresta, com declividade média de 8 cm m ·1 e solo de textura argilosa, o coeficiente
de escoamento é igual a 0,50 (Quadro 5). Para a área de pastagem nas mesmas condições
de solo e decli vidade que a fl ores ta, 0 co fiei nt d O m nt igual 0,55 (Quadr ).
Para a ár a de culti vo em contorno grup d oi e, 0 co fi ei nt de e coamento é igual
a 0,63 (Quadro 6). O coefi ciente d escoam nto méd io da bacia é calculado em razã a
proporção ocupada por cada uso do solo na bacia, de acordo com equaçà
l
t<= 57 \ 1 f'jº.JH = 13,5 mm
56
SWAT
Apresentação do modelo
O Soil nnd Water Assessment Too/ (SWAT) é um modelo con eitual, de simul -
contínua, em escala de bacia hidrográfica, de en ol ido para pr dizer O impacto da
práticas de manejo e uso do solo sobre a produção de água, · nt , nu triente e
agrotóxicos em grandes bacias hidrográficas ( mold et al., 1 ,• B ura u1· e t a] .,
2005) .
No seu desenvol imento, o SW T in orporou ca.racteri ti d di ers utr s
modelos relativamente conhecidos, podendo- e des tacar: CJ, mi ai , Ru 110 , ami Ero 'i n fr 111
Agrirnlh1ml Mn 11ngc111c11t ystc111s (CREAMS), Gro11 11rlwn ter Lonrli11g Effects 011 Agric11ltural
,1n11ngc111ent ystc111s (GLEA ~S) e Erosio11-Prori11ctivity /111pnct Cnlw lnl or (EPIC).
O SVV T tem ido utilizado para a simulação hidrológica em grandes bacias
hid rográfi as, onde há complexas interações entre os componentes do ciclo hidrológico e
onde são observados di, er -os usos do solo. Para simplificar a avaliação da bacia de interesse,
essa normalmente é ubdividida (discretizada) em diversas sub-bacias. Posteriormente,
cada sub-bacia é dividida em regiões hidrologicamente homogêneas, denominadas
unidades de respo ta hidrológica (HRU). As unidades de reposta hidrológica representam
áreas com uma única combinação de tipo, uso e manejo de solo.
As respostas de cada HRU são determinadas individualmente e, então, agregadas
para discriminar as perdas na sub-bacia. As perdas em cada sub-bacia vão definir, pela
rede de drenagem, as perdas da bacia em estudo (Neitsch et al., 2011). Para cada uma das
ub-bacias os dados de enh·ada são organizados em diferentes categorias: clima, unidades
de resposta hidrológica, corpos d 'água e várzeas, água subterrânea e canal principal que
drena a sub-bacia.
Dados de clima
Na entrada de dados de clima, o SWAT exige informações diárias de precipitação,
temperatura máxima e mínima, radiação solar, umidade relativa do ar e velocidade do
vento. O us uário pode fornecer dados reais ou, então, os dados podem ser obtidos por
algum gerador climático. Um gerador climático é um algoritmo, ou rotina de cálculo,
normalmente implementado por meio de um software, que é capaz de gerar séries sintéticas
(artificiais) de dados climáticos. As séries geradas possuem as mesmas características
estatísticas que descrevem os dados reais.
Uma pergunta que poderia surgir é: "Por que seria necessário um gerador climático,
quando se conhece os dados reais e suas características estatísticas?" Porque, normalmente,
as séri es rea is são curtas. Assim, 0 g rada r perm ite a criação ele grande séri es inléticas
(vários anos), permitindo simulações de longa duração. Outra va nta ge m dos gerad res
climáticos é que esses permitem a simulação d e diver os cenários de mudança climáticas.
O SWAT possui um gerador climático p ró prio, denominado WXGE , que lém
de gerar dados climáticos também é capaz de faze r p reenchimento de falha s em dados
observados (Sharpley e Williams, 1990).
Uma cadeia de Markov de primeira ordem é usada para defini r se um dit1 é seco u
com chuva. Quando o dia é de chuva, uma distribuição exponencial é usada pa ra erar
a quantidade de precipitação (Neitsch et ai., 2005; Schuol e Abbaspour, 2007). O SW A T
utiliza a radiação solar, a velocidade do vento e a umidade relati va do ar para calcular
evapotranspiração potencial, pelo método proposto por Pe nma n-Monteith.
Crescimento de plantas
O crescimento de plantas é simulado para indicar a remoção de nutriente da zona
radicular, a transpiração e a produção de biomassa (Geza e McCray, 200 ). Como de taque
desse aspecto, o modelo apresenta a capacidade de simular o c rescimento de mais de uma
espécie de plantas crescendo simultaneamente. Para isso, o modelo utiliza o al 17 oritrno
desenvolvido por Kiniry et ai. (1992). Com o uso desse a lgoritmo é po s ível considerar
várias espécies de plantas crescendo ao mesmo tempo (culturas a_nua is, pastagens, árvores,
vegetação nativa), em condições de competição.
Balanço hídrico
Em cada sub-bacia, o balanço de água é calculado primeiramente sobre a superfície
do solo e, posteriormente, no canal de drenagem. Em outras palav ras, pode- e relatar que
primeiramente é necessário conhecer o volume de escoamento gerado na sub- bacia para,
em seguida, calcular o volume de água que será transportado pelo canal de drenagem.
Consequentemente, a água escoada pelo canal de cada sub-bacia tem como destino final o
canal principal da bacia que está sendo estudada.
Apesar da ampla utilização do SW ATem diversas aplicações, o modelo é com ba e em
uma representação muito simples dos processos de energia superficial e da di tribuição da
água no perfil do solo. A umidade do solo desempenha papel fundamental na simulação
dos vários processos hidrológicos no modelo (Chen et ai., 2011).
O escoamento total é calculado pela equação:
(16)
em que:
Q= escoamento total que chega ao canal da sub-bacia, mm.
Qsurt escoamento superficial, mm.
Q /a i = escoamento lateral sub-superficial, mm.
Q gw= escoamento subterrâneo, mm.
em que:
F = infiltração acumulada, mm.
K5
= condutividade hidráulica do solo saturado, mm h·1 •
t = tempo, h.
lJ1 = potencial matricial da água no solo na frente de umedecimento, mm.e.a.
8d = défice de umidade do solo, cm3 cm·3 •
(18)
em que:
Q = vazão no canaJ, m3 s-1•
A = seção transversal do canal, m 2•
R,, = raio hidráulico para determinada profundidade de escoamento, m.
I = declividade do canal, m m-1•
n = coeficiente de Manning, s m-113•
Aplicações e limitações
A vantagem do SWAT é que ele é um modelo de simulação contínua. As condições
iniciais para cada dia são determinadas a partir das condições anteriores (Geza e McCray,
2008). A aplicação do SWAT, ou de outros modelos semelhantes, no Brasil impõe algumas
dificuldades relacionadas à disponibilidade de dados de clima e solo e, principalmente, de
dados hidrológicos.
O SWA T, assim como outros modelos de simulação contínua, é adequado para a
quantificação do impacto relativo dos diversos sistemas de manejo e uso do solo sobre as
perdas de água, sedimentos, nutrientes e pesticidas. A quantificação de valores absolutos
parece ainda ser um grande desafio para os pesquisadores da área de recursos hídricos
e erosão hídrica do solo, embora se possam conseguir bons resultados após a análise de
sensibilidade, calibração e validação do modelo.
Desse modo, recomenda-se o SWA T quando se deseja estudar uma variedade de
estratégias de manejo sem investimento excessivo de dinheiro e tempo. Essas estratégias
podem ser simuladas para longos períodos de tempo; além disso, é possível a adaptação
dos dados de entrada para simular as mudanças climáticas (Neitsch et al., 2005; Ashagre,
2009).
Também, um aspecto fundamental é que modelos como o SWAT permitem avaliar
0 impacto ambiental decorrente das práticas de manejo. Atualmente, a demanda por esse
tipo de irúormação tem sido crescente, e apenas a quantificação das perdas de água e
sedimentos já não satisfaz completamente as necessidades de gestão e manejo das bacias
hidrográficas (Kirsch et al., 2002; Baltokoski et al., 2010; Nie et al., 2011) .
A capacidade de um modelo hidrológico em simular os processos em uma bacia
hidrográfica depende, normalmente, de uma calibração adequada dos parâmetros (Oeumg
et al., 2011). No caso do SWAT, a calibração é sempre uma tarefa que consome tempo,
especialmente se alguns dados de entrada não são adequados e se alguma informação
está faltando (Griensven et al., 2009; Oeurng et al., 2011). Uma estratégia muito utilizada
é iniciar a caHbração a partir de estações de monitoramento localizadas mais a montante,
ou seja, nas sub-bacias de cabeceira (Pisinaras et al., 2010). A realização de uma análise de
sensibilidade também é capaz de simplificar significativamente o processo, pois permite
a identificação dos parâmetros do modelo sobre os quais o projetista deve direcionar os
esforços durante a fase de calibração (Baltokoski et ai., 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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JII
XIV - EROSÃO DO SOLO
Ildegardis Bertol 1I, Elernar Antonino CassoF1 & Fabrício Tonde llo Barbosa.V
11
Universidade do Es tado de Santa Ca tarina, Centro de Ciencias A~roveterinári,1<;, IÀ~t.'~, C. fk->I ·1c.ta dn C ' l'q
E-mail : ildegard is.bertollri1ud csc. br
l/ Univers idade Federa l d o Rio Grande d o Sul, Faculdade de Agronomia, Depar amcnto d e Solo-;, Pnr O Aleg.n•,
RS. E-mail : e lemar.cassolt;_;>u frgs.br
' 1 Universidade Es tadual de Ponta Gro,,.1, Po nta Grc,~ ·a, PR
E-mai l: fabricio to nd e llo@g mail.com
Conteúdo
INTRODUÇÃO .............................................. ... .. ........... .. ......... .... ............ .. ........ .............. ..... ........... ... ...
EROSÃO DO SOLO..................... .......... ................... ..... ...................... .. ....... .......... .. . ............... ..... ............... ..... .. ... •125
Tipos de degradação d o solo ..................................... ............. ........................... ....................... ··-. ..... ... ...... .125
Tipos de erosão do solo ...... ....................... ......... ... ..... ... ....... .................... ... .......... .................. ... ........ _.... . .. .. -426
Fontes e formas de e nergia erosiva do so lo .... .... .............. ..... ... ............ ................................... - .... _..... . . . ...... .Q6
Classes de erosão do solo .......... ....... .................... .................. ...... ............................... ................. _ ....... ........... -1'27
Agentes erosivos .............. ......... ....... .... ....................... ....... ... ................................................ ........... -.. .. .. .. 127
Fases da erosão do solo ............... .................. .......................................................... ..................... -... ..... ... _.... .. -l27
Erosão do solo no planeta: ·cveridade, abra ngência e consequências .................... ................... - ·.. ·-· ...... ... 42
His tó rico de evol ução da e ros,'io do solo no Bras il ....... ........ .... ............ ...... ..... .... . ................ .. .. ....... _ ... . 429
EROSÃO HÍDRI CA DO SOLO ................. ......... ... .................................... .............. ............... .. . . .... .......... . ...... . -02
Mecanis mos e processos es pecíficos de erosiio hídrica p lu via l do solo......... ....................... ............. ... . .. ·D2
Subfases da erosão h ídrica plu vial do solo ........................................ ....... ............ ................... ... ........... ... . .. ·1>-i
Fo rmas de erosão h ídrica pl uv ia l do solo ······························································· ·········· ............... . n::
Fato res que influenciam a erosão hídrica pluvia l do solo .. ....... ....................... ................ ........ ·-. ..... ... .. . -Dó
Chu va .... ... ............................. .... .... .. ... ...... ............ .... .... ..... ..... .... ............... ..... .............. .... .. ............ ...... ....... ... .. . -136
Diâ me tro, velocidade de queda e for ma das gotas d e c hu vi\ ............................. . ............·-··- ...... ..... -D6
Inte ns idade da chuva .. .................................. ............................ ................... ........... ........ .. . .. .. . ... ..... -137
Duração da chu va............................................... .......................... .... ....... .............. ...... ........ ...... ..... .. ....... . . -!3
Quantidade total de chu va .................................................... .... ............. .. ........ .. . ................. ........ .... ...... . . -C
Frequência das chuva .......... ....... .......... ... ........................... ... ........... ......... .. .............................-. .......... ....... -09
Energia ci nética d a chu va. ... .............................. ...... ... .......... .. .... .. ........ ............................................ ............ . 43:)
Distribuição sazonal da chu va ....................................................... .. .... ................ .. ..·- ···-·-·-···.. ····.. - ···· -··· . +:O
Solo .. ........................ ................................... .. ............ ..................... ................ .............. ...................... -... ... . ... +l
Atrib utos do solo que infl uencia m a desagregação
·····································"• •············· . .... .
A tributos do solo que interfere m no tran porte ....... .... ............... ................. ..... ........... ........ ···~·- ···-·· ~-·····
A tributos do solo que i1úluenci.1m ,\ iniiltrnção Jc água .............. ..... ........... . ... .... - .... ........ ...... .......... +n
Relevo ................ .. .............. ..................... ....... ... ... ............................ ......................... _.................. ................. -.. ..\..\2
lnclinaçiio do declive ............ ....................... .. .................... ................. ..
Berto l 1, De Maria 1 , Sou z,1 LS, editores. 1' l,m ejo e o.::01n:•rvíl ·..\o do solo e Ja .1~.i. ·i..;o-,,1 , \1 ,: · ·i... J Jdl'
lk1s ilt' ir.1 de C iê ncia d o Solo; 20 IR.
424 ILDEGARDIS BERTOL ET AL .
INTRODUÇÃO
M A NEJO E C ON SERVAÇÃO DO S O LO E DA Á G UA
XIV - EROSÃO DO SOLO 425
A erosão do solo c1indc1 é O proble ma mais s '•rio e nfre ntado pe la soei dad c, cm ..í reas
urba nas e rurais, se ndo considerada a principa l forma el e d eg radação Joc; so lo., e um
d esafio él ser en fren tado pelos agricul tores, t ;cn icos, •specié1lic; tc1c; e cien ti stas que ,ltuc1m
e m conservélção do solo. Na civili zação él tu a l, c1 erosão já degradou mil hões ele hectt1res
d e terras culti vadas, excl uind o-éls do processo produti vo e, ou, red uzi nd o s ua capacid.1J e
produti va, torn ando-as margina is do ponto de vista d ,1 produt-iv iclacle competitiva .
També m, um aspecto não menos importante dessa eroc;ão é a contaminação do
ambiente ocasionada pelo constante a porte de sedim e ntos, pc ticic.las , material o rgc:inico,
nutrientes de plantas e outras espécies químicas para J S é5guas uperfi ciais, comp ro metendo
s ua qualidade, pelo assorea mento e eutrofização, e levando os cu tos de tratam nto part1
o consumo humano e animal. A erosão co ntinu a sendo um problemil g rave, mes mo com
a melhoria das práticas de manejo do solo, como a semeadura di re ta, e m u bstituíção aos
s is temas tradicionais de cultivo do so lo com intensa mobilização mecâ nica .
As razões já citadas são suficientes para a consta nte preocupação com a erosiio do . olo.
especialmente a erosão hídrica pluvia l. Por isso, é fundamental o seu estud o, incluindo as
relações da erosão com a hidrologia de superfície, nos cursos de Agronomia cio país e e m
outros de áreas de atuação afins, mas, princi pa lme nte, nos c ur os de pó -grad uação em
ciência do solo, em níveis de mestrado e doutorado.
EROSÃO DO SOLO
que, dentro da escala de tempo do ser humano, o solo seja consid erado um r curs o natural
não renovável.
(1)
Ta n to a Ec q uél nto él Ep conl ribu -•m p;ir,1 c1 c ro<'io déls tc rr.:1s, nac; forma Je ero<'io em
e ntress ulcos, em s ulcos e c m voçorocéls.
Agentes erosivos
Os agentes natu rais e ativos ca usad o res da erosão do olo são a águ a e o ven to. A água
é o agente simples mais importante, cons tituindo a erosão hídrica (Benne tt, 1939). á0 uas
d as chuvas, dos rios, dos mares, d os lagos e das gelei ras apresenta m capacidade d e erodir
o solo, basta para isso que estejam em movimento. O vento é ou tro im po rtante agente de
erosão (McGee, 1911; Stallings, 1956). O cisalha mento que resulta da ação de sedimentos
carregados em suspensão pelo vento erod e os m ateriais aos q uai ta i sedimen to -e
chocam. Em relação ao solo, o vento, por si só, possui capacidade de inicia r o mo vi mento
das partículas e causar séria erosão eólica. Além da água e do vento como agentes a ti vos,
outros agentes na tura is, como as muda nças de ten1 peratu ra, a a ti vidade biológica e o
gelo, podem tam bém contribuir para a erosão do solo, como agente pas ivo q ue a tuam
indire ta mente, principalmente pela " pertmbação" q ue caus am na rocha e no- o los,
acelera ndo o efeito erosivo.
O tran porte consiste na remoção das partícul as desagregadas d a m assa do solo p ara
algu m. lugar di_ tante do ponto de origem, independentemente da distância a que são
tran portada . E a egunda fa e da erosão, pois, após as partículas terem sido d esagregadas
es as ão tran portadas pelos agentes.
A depo ição consi te na parada do material desagregado e h·ansportado, em algum
ponto sobre a superfície da terra. É a terceira e última fase do processo erosiv o.
Diferentes solo comportam-se de maneira distinta em cada w11a das fases da erosão,
ou seja, a importância relativa de cada uma dessas fases pode modificar com o tipo de
solo. A sim, as partículas de areia são mais prontamente desagregadas do que as de argila,
porém, estas últimas são mais facilmente transportadas do que as primeiras.
Segundo o mes mo autor, n.:i r g i,fo cio Pla tõ d "Lo c;c;", na Ch ina, 7,2 ,\ ilha so_fre 1_11
pe rd a ele so lo por erosão e m ta xas ma io res do qu , 100 t ha· 1 crno 1• onsiderc1 ndo a to ler~rncra
de perda de solo por erosão adotada no mundo, de 2 c1 I 5 t ha I ano·1, perceb _e; .:i e;· ria
ameaça que isso rep resenta para a human idad e. Em termos fínancei ros, Flan.:ig;:in (2002)
mostrou que, nos EUA, o custo combinado dos danos d a eroc;ão, na 1,woura e for,1 delil,
chega a 44 CUS$ ano· 1•
Apesar d e a erosão do solo ter diminuído nas te rrJ s ilgrícolas do mundo, e m rel ação ao
passado, e m função de novas tecnolog ias de se u control e, essa contínua sendo cl fo rma de
degradação do solo mais amp la e prejudicial do plane ta. Segund o J F/\0 (Flanc1gcrn, 2002),
16 % do total de terra biologicamente produti va do pla neta são s uje ita a s ígnificcltivos
riscos de erosão do solo. Ao redor de 45 % da po rção de terra vegetada do planeta tem
sofrido algum tipo de degradação nos últimos 50 anos; 1,5 Gha vem _ofrendo algum grau
de degradação por erosão a cada ano, com a e rosão do solo send o a p rinc ipal respon5ável
(Berhe et a i., 2005). O autor mencionou ainda que o trans porte de solo pela erosão acelercida
é maior do que 100 Gt an0'1 e que, deste total, 70 a 90 % é de pos itado na superfici do so lo
denh·o da mesma bacia ou em toposseq uência. A pe rda de solo do pla neta, caus<1dc1 p la
erosão acelerada, é de 19 Ct ano·1 (Zhang e Wang, 2002) . a última década, segundo Dor;:in
e Gregorich (2002), a degradação do solo induzida pelas atividades do homem alcançou
cerca d e 40 % do total de terra aréÍvel em uso no mundo, em razão do desmatamento,
cultivo excessivo do solo, erosão do solo, deposição atmosférica de poluentes, p;:i_tejo
excessivo, sa linização e desertificação.
Com base no trabalho de Oldeman et al. (1991), a degradação dos solo agrícolas em
uso no planeta era de 56 % por causa da erosão hídrica; 28 º~, da ero ão eólica; 12 °ti, da
degradação química; e 4 %, da degradação física , ou seja, 84 % e m razão da ero ão (Hudson,
1995). Deste percentual, 38 % da área encontrnvam-se na categoria de degradação leve;
46 %, degradação moderada; 15 %, degradação forte; e 4 %, degrndação ex trema.
Particularmente, acredita-se que o quadro dessa situação tenha até e agravado no
dias atua.is. Mais recentemente, Lal (2003) reportou que ao redor de 1,1 C ha de terra a rável
são acometidos pela erosão hídrica, dos quais 0,75 Cha (68 %) encontram- e na cateo-oria de
degradação severa; e 0,54 Gha são acometidos pela erosão eólica, do quais 60 º~ acham--e
na categoria de degradação severa. Ainda, com base nos dados de Oldeman et ai. (1991) e
sumarizados por Hudson (1995), a degradação dos solos agrícolas no planeta pela ero ão
e ra de 30 % por causa do desflorestamento; 35 %, do pastejo exce s ivo; 2 ~º' das má_
práticas de manejo agrícola; e 7 %, do cu ltivo excessivo do solo.
Os dados recém-expostos evidenciam a necessidade de e dar mais atenção à ero ·ão,
e m níve l mundial, e, de modo especial, no Brasil. Lamenta elmente, e tabeleceu- e no país
a equivocada ideia de que, com a adoção da técnica de semeadura sem preparo do -olo
ou semeadura direta, o problema de erosão do solo seria eliminado, o que é uma grande,
inaceitável e, a té, perigosa inverdade.
Dw-ant vária décadas io século pas ado, até aproximadamente 1960, predominou
no Brasil o istema colonial, com lavomas de cultivo anual em áreas no geral pequenas.
Elin1ina\ a- e a vegetação natural de mata por derrubada manual e queima, o preparo do
olo era con1 lTação animal, ou nem era efetuado preparo, a semeadura era manual ou
com tração animal e as fitomassas culturais residuais eram queimadas antes do próximo
cultivo. 1es e istema, o principal fator de degradação do solo era a queima da vegetação,
o que diminuía o teor de matéria orgânica, resultando em perdas de nutrientes. No campo,
a vegetação era primeiramente queimada, posteriormente revolvia-se o solo por meio de
arados e emeava- e, com posterior queima das fitomassas culturais residuais.
esse sistema de manejo, a compactação do solo era pouco evidente, e as áreas
degradadas por depleção de nuh·ientes eram deixadas em pousio para recuperação. As
áreas agricultadas eram pequenas e em geral rodeadas por áreas sem cultivo e matas. Por
todas essas razões, a erosão do solo era ainda baixa. A exploração da floresta natural era
pouco intensa nessa época, limitando-se a atender à demanda de construção civil em que
as fitomassas residuais eram decompostas na mata ou serviam para combustão, cuja forma
de exploração teve baixíssimo impacto na erosão do solo.
Nessa época, às vezes, usavam-se terraços agrícolas nas lavouras, quando necessário,
o que induzia o cultivo em contorno. Já era reconhecida a eficácia da cobertura do solo por
fitomassas culturais residuais na redução da erosão, mostrada por Duley (1939) e Ellison
(1947), entre outros, mas, apesar desse conhecimento, essa prática não era comum no Brasil
em razão do preparo do solo com arados e grades e da própria queima. A pressão de pastejo
era baixa, resultando em alta oferta de forragem e baixa pressão sobre o solo. A implantação
de pastagens com espécies exóticas era pouco comum, pois os campos naturais em geral
supriam a demanda, portanto, esse sistema de cultivo pouco influenciava a erosão do solo.
O reflorestamento era pouco expressivo, pois a mata natural atendia a demanda desse
produto.
Também, o governo estimulava o desmatamento para a "abertura de fronteira
agrícola", especialmente para lavouras de cultivo anual. Assim, essa época se caracterizou
pela forte dilapidação dos recursos naturais relativos à cobertura vegetal no território
brasileiro.
Entre 1960 e 1970, com a modernização tecnológica na agricultura, os sistemas de
cultivo com preparo de solo mais intensos passaram a ser praticados no Brasil com o uso
massivo de corretivos químicos. As matas eram derrubadas mecanicamente, a biomassa
queimada, o preparo do solo com sucessivas operações de arados e grades (Nolla, 1982) e as
fitomassas culturais residuais queimadas. Assim, a degradação do solo era ocasionada pela
desagregação mecánica por causa do preparo e da energia da chuva, além da compactação
abaixo da camada preparada e diminuição do teor de matéria orgánica. Contribuía para a
degradação do solo o efeito químico do calcário, o que resuJtava em elevadíssimas taxas de
erosão hídrica e mais degradação do solo.
Nos campos, a vegetação era primeiramente queimada, d epois o solo era arado e
gradeado para implantação de lavouras e, finalmente, as fitomassas culturais residuais eram
em geral queimadas. Nesse sistema, a compactação do solo abaixo da camada preparada,
a pulverização do solo e a compactação química superficial promoviam forte diminuição
na infiltração de água no solo e aumento da erosão. Nessa época, para o controle da erosão,
era ado tado o terraceamento agrícola, com consequente cultivo em contorno. Já se pensava
em estimular a cobertura do solo por fitomassas culturais residua is para reduzir a erosão,
ma s, apesa r do co nhec imento de sua cfi é.Ícia, csc;c1 era aind a um,, p rática pouco com um e m
ra zão cio preparo m câ nico cio solo e da qu ima cfac; fito ma c;sas rec;iclu ai~.
Na ex pl oração pecuá ri a, a pressão de pastejo jé.Í c r;:i mais inte nsJ ne~c;J époc.1. n q u
res ultava e m bai xa oferta ele fo rragem alt;:i pressão sobre o solo, cuja supe rfíc ie e ra pn u o
protegida cio impacto dos cascos dos an imais, tornando-se sujeita JO im p.Jcto dc1c; gotas
ele c hu va e à ação do vento. Assim, a deg radação do solo p lo p.Js lejo erc1 mais inte nc;c:i do
que a ntes, o que con tribu ía pa ra aumen tar a croc;ão, inclus ive eólicc1 e m a i umas regiõ ~-
A im p lantação ele pastagens culti vadas envo lvia preparo mec5nico d o solo, com ap licaçJo
de ca lcá rio e P. Norma lme nte, a pressão de pastejo nessas é.Í reas e ra a lt,1, o q ue nca_ionav<,
d egrad ação física do solo e au mento da erosão.
A partir de 1970, a proximada mente, os s istemas de manejo com a rações e graclagens
de solo nas lavouras começara m a ser s u bstituídos por mJnejos que conservava m as
fitomassas culturais residuais sobre o solo, como a semeéldura dire ta, e ntre o u troc;_ A
sem ead ura dire ta, adotad a mais ou menos " d a noite pélra o dia", trou xe cons igo vantagens
e problemas . As va ntagens deviam-se à red ução da erosão e diminuiç5o d o custoc; de
produção d as lavouras, enquan to os proble mas advinham dos refl exoc; ncgélti vo_ deix.:idoc;
no solo pelos sistemas intensivos de p re pmo mecânico a d otado élnte riorm e nte. Em especi.:il,
a estrutura do solo es tél va degrad ada (Dalla Rosa, 1981 ), él lém do solo seriame n te erodido,
com parte ou toda a camada superficial já remov idél pela erosão. A redução da e ro-.Jo na5
lavouras foi uma das grandes vantagens da semeadu ra direta, comparadél ao preparo com
arado e grades. As perdas de solo fora m red uzidas expressivamente, e nquanto as perda_
de água foram red uzidas em menor magnitude, na maio ria dos Cél os.
A presença de fitomassas culturais resi duais nél s uperfície do olo mascarava a e ro_ào
que continuava a ocorrer na semeadura dire ta. Embora a erosão na semeadura d ire ta
fosse menor do que no preparo convencionéll, ainda assim con tituía- e em um sério
problema. As perdas d e água co ntinuélvam sendo al tas, mesmo na semeadura dire ta, mas
eram d escons ideradas já que, apa rente mente, a água "sa ía limpa" das lavou rns. \.lu ito.
afirmavam que a erosão do solo es tava finalmente controlada nas lavoura brasileiras com
o advento da semeadura direta.
O aparente controle da erosão na semeadu ra dire ta criou no agricul tore a engano_a
certeza de que a cobertura do solo pelas fitomasséls cultu rai re id ua i era suficiente
para controlar adequada mente a erosão. Isso criou um clima favorável para eliminar
os terraços agrícolas e o cultivo em contorno das la vo uras, resu ltéll1do em um do mai
graves problemas d a semeadura direta no Brasil. Em razão da eliminação dos terraço. ,
os agricultores passa ram a realizar a semead u ra morro abaixo e, co mo con equência, _
pe rd as d e águ a e, muitas vezes, de solo, tornaram-se altas, às veze tan to quanto as q ue
ocorriam no preparo convenciona l.
A elevada erosão nas lavouras manejadas por me io de semead ura direta no Brasi l
e ra relacionada, ainda, com as más condições fís icas d o o lo resultantes do anterior
s iste ma de m a nejo (preparo d o solo com arado e grad es). Em esp eia!, a com pactaç.:io do
solo aba ixo da s uperfície e, principalmente, a camada s uperficial jd perdida pela rosão,
lim itavam for temente a infiltração de água no olo e potencializavam a ero ão, já que .1
perda da ca mada superficial, herdada d o sis terna an terior de manejo, não era res !vida
pe la semeadura dire ta. O uso cada vez mais intensivo de máquinas cad a ,·ez mai pesada ·
compactava a s uperfície do solo na semeadura direta, o q ue agravava ainda mai os
proble mas.
elevada perda de água por rosão que se verifica atua lmente na semeadura
diT ta é r p n ável também por expre sivas perdas de alguns nutrientes de plantas,
d matéria orgânica de pesticidas. Neste manejo, os produtos químicos tendem a se
concenb· r mai na uperffcie do solo. Em especial, o fósforo, apesar de pouco solúvel
m água, perde-se em grandes quantidades na água da enxurrada, mas também é
perdido ad orvido aos sedimentos, em grandes quantidades, tornando-se causador
de eutrofização das águas em mananciais, principalmente em ambientes lênticos. Com
referencia ao K, é perdido em altas quantidades tanto na água quanto nos sedimentos,
já que é olúvel em água e também adsorvido aos sedimentos. A matéria orgânica é
perdida em quantidades muito altas, especialmente adsorvida aos sedimentos (Berto}
et ai., 2007; Barbosa et ai., 2009).
as pastagens cultivadas, em especial no centro sul do Brasil, a situação é dramática
na maioria dos casos, pois, situam-se em solos marginais do ponto de vista de aptidão
para exploração intensiva, em sua maioria, sucumbindo aos efeitos da degradação.
Essa degradação é por causa da excessiva carga animal que consome demasiadamente
a biomassa da parte aérea das pastagens e deixa o solo descoberto, em que os animais
pulverizam o solo na superfície e o compactam logo abaixo dela. Como consequência, a
infiltração de água no solo é diminuída (Bertol et ai., 1998), e a erosão é aun1entada.
Nos últimos anos, é notório também o aumento do cultivo de florestas com pínus
e eucalipto, que, apesar de perenes, apresentam sérios problemas relacionados com
a erosão, em que o plantio morro-abaixo favorece a erosão hídrica. Na fase de colheita,
especialmente quando utilizadas máquinas pesadas, a alteração e mobilização da superfície
do solo é intensa, o que também fragiliza o solo e o toma suscetível à ocorrência de erosão.
Os principais problemas ocorrem nas fases de plantio e colheita e também aparecem nas
estradas internas utilizadas para escoamento da madeira. As estradas internas nas florestas
em geral se situam em posições que mais facilitam do que dificultam a ação da água de
escoamento. Acrescente-se a isso o fato de esse sistema de uso do solo ser implantado e
conduzido geralmente nas áreas com maior declive do que as de lavouras e pastagens, em
muitos casos inclusive em relevo montanhoso e pendentes íngremes.
erosão h ídri a plu vial deve 1 •va r cm con ta tanto ac; três fd s e; d.1 eroc;,'io quanto os procec;c;os
hidrológicos diretamente envolvidos cm cada uma delds (Hu ggi nc;, 1 7 ).
A precipitação da chu va cr.1rac teri za-s • como primeiro procec;so q ue dj início c10 cicl0
hidrológico. As filoma ssas residuais e, ou, a vegetaçJo exic; tente prot .,ge m c1 upe rfí ie
do solo do impac to direto das go tas de chu va, que são res pons.:ívc ic; p la interce ptaç,fo,
compreendendo o segundo processo do ciclo. As partes d.:J c; uperfície do o lo qu nJo
estiverem cobertas são atingidas d iretamente pelas gotas de chu va que promovem d
primeira fase da erosão, a desagregação do solo, por ca usa da ação da ene rgia cineticc1
contida nas go tas. Assim, na parte do terreno onde a s uperfície do solo esti ve r desco berta,
as partículas são desprendidas da m.:Jssa o ri gina l que as contém e lançada em tod a ,is
direções, o que se denomina de erosão de sa lpico o u erosão de impacto das gota d chu vél,
e é muito importante.
A água da chuva, ao chegar ao solo, tende a infiltr.:ir na s uperfície, ca ractcriz-<1ndo-_e
como o processo hidrológico de infiltração. O u tra parte da água pode ser a rmilzenc1dc1
nas pequenas depressões da superfície ru gosa do terreno, caracterizando o procec;c;o
hidrológico denominado retenção superficial.
Uma vez que as demandas combinadas para os proce so de interce ptaçcio,
retenção superficia l e infiltração estejam satis feitas, ou parcialmente ati feita no G l o da
in.filtração, a água acumula-se na superfície do solo, caracterizando o processo hidroló~co
denominado escoamento superficial, em que a água movimenta- e na uperfície e.lo solo.
Nesse momento, a segunda fase da erosão do solo, o transporte, pode começar a ocorrer
em razão da ocorrência do processo hidrológico denominado escoamen to superficial, ou
enxurrada. Quando a capacidade de transporte da enxurrada é maio r do que a car0 a de
sedimentos contida nela, ocorre o transporte e, quando a carga de sedimentos contida na
enxurrada for maior do que a sua capacidade de trans porte, a depo ição acontece, o que
constitui na última fase da erosão do solo.
Os sedimentos transportados pela enxurrada podem chegélI ao mananciais de água
e pelos rios podem alcançar os mares e oceanos. o e ntanto, a maior parte do edimentos
é depositada sobre o solo ao longo do declive ainda dentro das lavou ra ou no fi m dos
declives, em reservatórios, ou, ainda, sobre as planícies al uviais. O edi mento_ que são
depositados ainda dentro das lavouras podem ser remov idos e tran portados por chu a
s ubsequentes.
A importância relativa das três fases da erosão hídrica pluvial depende se es as estão
oconendo em sulcos ou em entressulcos, bem como depende da magnitude dos agentt:~
erosivos em cada uma das fases da erosão. Assim, um me lhor entendimento da era -ão
hídrica pluvial é obtido separando-a em duas formas, erosão em entre s ulcos e em _ulco .
O escoamento superficial nas áreas entre sulcos normalmente - rre num a curta
distância (poucos metros) no terreno antes que começa a concentração, denominando- e
fluxo em entressulcos ou fluxo laminar. À medida que e move no ntido do declive, o
flu xo tende a se concentrar por causa da existência de marcas de preparo do solo, talvegues
naturais ou sulcos de erosão anterior, denominando-se fluxo em uko ou fl ux · ncentr do.
Essas formas de erosão, em entressulcos e em sulcos, oconem de quc1tro m d o distintos:
a d esagregação e o h·ansporte, que são ocasionado pelo im pacto d<1 g ta de chu,·.:1 (e m
entress ulcos); e a desagregação e o trans rorte, que ão causados pelo e ·coamt>nt superficial
(em s ulcos). A importância relativa de cada um desse m odos d e eros.:i ,·,1ria grandemente,
dependendo da caracterí ticas da chuva e das condições de superfície do solo. Assim, quatro
subfases de era ão do a lo são possíveis: desagregação pelo impacto de gotas, transporte pelo
impacto de gotas, desagregação pelo escoamento superficial e tn msporte pelo escoam ento
uperficial (Foster, 1982), além da quinta fase, final, a deposição.
A maior parte do transporte de solo nas áreas agrícolas é realizada pelo fluxo
concentrado em sulcos. Assim, o transporte de sedimentos pelo escoamento em sulcos
(Ts) é influenciado pelo coeficiente de transporte do solo (cts), pela taxa de descarga da
enxurrada (q) e pela declividade do terreno (S), podendo ser descrito pela seguinte equação:
Chuva
A chm a é o fator ativo causador da erosão lúdrica do solo. Parn m elhor entendimento
desse efeito da chuva, é necessário estudar as relações das suas diversas características com
a erosão.
Diâmetro Intensidade
mm mm h·1
0,75 -1,00 0,25
1,00 -1,25 1,27
1,25 - 1,50 2,54
1,50 - 2,00 12,70
2,00 - 2,25 25,40
2,25 - 2,50 50,80
2,50 - 3,00 101,60
3,00 - 3,25 152,40
Fonte: Adaptado de Laws e Parsons (1943).
A maior parte das gotas de chuva apresenta, no entanto, diâ m etro entre 1 e 4 mm. Em
cada instante, durante um evento de chuva, ocorre grande variedade de diâmetro de gotas.
Há uma correlação bem definida entre diâmetro médio de gotas e intensidade m é dia d a
chuva. O diâmetro m édio varia desde pouco maior do que 1 mm para uma intensidade de
1,3 mm h·1, até pouco maior do que 3 mm, para u ma intensidade d e 102 mm h·1, ou seja,
para aumento de três vezes no diâmetro médio das gotas, a intensid a d e da chuva a u menta
80 vezes.
A velocidade d e queda das go tas é quantificada entre 20 rn de a ltura e o nível do
solo, e é influenciada pela gravidade, resistência em razão do atrito com o ar e vento. A
gravidade a tua quase que uniformemente sobre as gotas de todos os diâmetros, porém
a resistência do ar é maior por unidade de m assa de água q uanto m enor for o diâ m e tro
médio das gotas, na ausência de vento. À m edida que a umenta o diâmetro m é dio das
gotas, eleva a velocidade de queda dessas (Quadro 2).
Quadro 2. Dié'l mc tro m édio , vc lociclíld c d, qu cl ,1 d ac; gn ta c; Jc chu va nr1tlirr1I. quantific.:id;:i nos
últimos 20 m ílcimíl clíl -;upcrfíci • cio solo, em gucda liv re, na ,rn ·ênci,1 d · VL'Tlto
Diâmetro Velocidade
m _,
mm
1,25 -~,85
l ,50 5,51
2,00 6,58
3,00 8,06
4,00 8,86
5,00 9,25
6,00 9,30
Fonte: Adapt.ido d e L1ws e Parsons (19-1 3).
Intensidade da chuva
A intens idade da chu va refere-se à quantidade de água que cai num detemúnado
espaço d e tempo. Essa intensidade, por si só, é um importante fa tor que influencia c1
d esagregação do solo, quando descoberto, e o escoamento uperficial da água, com maior
efeito sobre a desagregação e o transporte, tanto em solo coberto quanto descoberto.
Com a elevação da intensidade da chuva, aumen ta a ero ão do olo em razão da maior
energia de impacto das gotas sobre o solo descoberto, res ultando em maior desagregaç.1
e, consequenteme nte, em me no r infiltração de água, com aumento também da en.' \urrada .
De maneira geral, a perda de solo por erosão (PS) se relaciona e. ponencialmente com cl
intens idade da chuva (I), conhecendo-se a erosão ocorrida em umc1 intensidade referenci.:i
(a), conforme a seguinte equação:
PS= a F (7)
Esta rela ão signifi a que, quando a intensidade máxima da chu va duplica, a perda de
s lo aum nla em aproximadamente quatro veze . Dados que evidenciam essa te ndê n cia
ã apre entad no quadro 3.
Quadro 3. Efeito da inten idade de chuva em 5 min sobre as perdas de água e solo por erosão
Duração da chuva
A frequência das chuvas refere-se ao intervalo de tempo entre chu vas consecu tiva
Se os interva los de tempo e nh·e as chuvas são cu rto , o teor de água no o lo antecedente
às ch uvas é alto e os riscos de erosão a ume ntam e m relação a intervalo de tempo lo ngo.
entre chuvas, durante os quais o teor de água no solo é baixo. Portanto, e o inte rvé.llo d e
tempo entre uma chu va e outra é curto, chuvas de ba ixé.1 intensidade podem causar é riil
erosão hídrica, mais a té do que chu vas d e maior intensidélde com longo intervc1lo de tempo
entre duas chu vas, conforme se verifica no q uéldro 6.
Quadro 6. Efeito da frequência de chu vas sobre as perdas de solo e água po r erosJo
As disc ussões fe itas a té o momento indicam que não e podem fazer deduçõe e guras
a res pe ito da possível ocorrência de erosão co m ba e e m uma ún ica ca racteristica da chuva.
Pa ra isso, d eve-se, sempre, leva r em conta as caracterí ticêls combinadas, ou eja, a
inte ns ida d e, dmação, qua ntidad e tota l e frequênc iêl das chu as.
A e ne rg ia ciné tica d a chuvêl é a caracte rí tica mais importante no e~tud d.i 'rnsão
hídrica do solo, uma vez que ela é a princi pa i va riáve l re · ponsável pela de-agregJç,1 d
s olo s upe rfic ia l, es pecialmente em ár eêl d esprotegidas de cobertu ra (Kinnell, 1981 ). r\
e ne rg iêl c iné ticêl total da chuva, por si só, influencia a eros.:io hídrica do lo . ! · entanto,
uma co1Telação mais e treita com a erosão é obtida pela interação d a energia cinética da
chuva com s ua intensidade máxima em 30 min. Este efeito multiplica tivo proporciona uma
boa medida do poder da chuva em causar erosão (Wischmeier e Smith, 1978) .
Dw·ante uma chm a ocorrem períodos em que os segmentos apresentam intensidade
distinta entre eles; por isso, devem-se calcuJar a energia cinética para cada segmento
da chu a, em que a intensidade é uniforme, e somar os valores de energia cinética dos
diversos segmentos para obter a energia cinética total da chuva. Esta, multiplicada pela
sua intensidade máxima em 30 min, resulta no principal índice de erosividade da chuva
(\ isch1neier e Smjth, 1978). Assim, o ú1dice de erosividade é um valor numérico que
se refere à capacidade da chuva e da enxurrada em causar erosão, dando uma ideia do
potencial erosivo da chuva. Quanto maior o valor desse ú1dice, maior o potencial erosivo
da chuva.
Solo
A quantidade de erosão hídrica pluvial depende da combinação do poder da chuva
em causar erosão e da habilidade do solo em resistir à ação da chuva (Wischmeier e Smith,
1978). O solo é o agente passivo no processo de erosão hídrica, visto que ele sofre a ação dos
agentes ativos da chuva, ou seja, o impacto das gotas e o escoamento superficial da água.
A resistência do solo à erosão depende dos seus atributos físicos, químicos, mineralógicos
e biológicos, que determinam se o solo é mais ou menos susceptível à erosão, expresso por
um índice relativo de erodibilidade.
Para identificar os atributos do solo que influenciam a erosão hídrica, se consideram
as fases de desagregação e o transporte, além da infiltração d e água no solo. Solos de
aJta desagregabilidade e transportabilidade são altamente erodíveis. Compreende-se
melhor isso separando os atributos de solo que interferem na d esagregação daqueles que
influenciam o trans porte e daqueles que interferem na infiltração de água.
po r exe mplo. Desse modo, solos com agr gados mais es tá veis rec;ic;tc m m.:iic; <i aç,io <..l ns
agentes desagregado res. A fr.i ção a rgila é O principa l agente ci me ntante d as pa rtícula~ d "'
so lo . As a rgila , especialmente as pnrtículas coloida is, ajus tam-se nos espaç1 5 en tre c1 a re ta e o
si lte, o ri gina ndo agregados mais resis ten tes à desagregaçzío do qu um so lo oncl p redo mina
a a re ia o u silte. O ti po de argila tam bém é importante. Argi las d a lt.:i - uper(íci específica
são m a is eficientes na agregação do q ue as de baixa s uperfíc ie e pecífiCél . Contudo, ou troc;
compostos como os óxidos de ferro e a lu m ínio podem fazer com que um so lo ca ulinitico -
to rn e basta nte resistente à desagregação. O tipo de cátion dominante tam bém infl uencia c:1
agregação. Argi las sa turadas com Ca e Mg são geralmente floculad as e, por isc;o, confere m
maior es tabi lid ad e aos agregados do que aquelas sa turnd as com , él, qu são mais di ·pe rsas.
O conteúdo de matéria orgânica também interfere na desagregabilidadc. Quanto ma io r o
seu teor no solo, maior a estabilidade dos agregados em ra zão do seu efeito de cimentaç<10,
consequ entemente menor a desagregabilidade do solo. A com binação de maté ria orgânic,1
com argi la fo rnece alta es tabil idad e aos agregados do so lo, tomand o-o re i ten te :1
d esagregação. O teor de água d o solo ta m bém influencia a es tabilidade d os ag regados, pois
a água regula a consistência do solo. Solos com umidnde inte rmed i<1ria desagregam menos
d o qu e solos secos ou mo LI,ados (Wischrneier e Smi th, 1978).
pois os poros têm diâmetro suficientemente grande (maior que 60 µm) para permitir que a
água seja drenada rapidamente por gravidade. Poros maiores podem existir como resultado
da textura gro seira ou da agregação do solo. Contudo, a elevada taxa de infiltração
somente pode ser mantida se a porosidade original do solo permanecer mais ou menos
inalterada durante o período inteiro de duração da chuva. Solos facilmente dispersos
enchem os espaços porosos com as partículas menores, e a taxa original de infiltração é
logo diminuída. Solo de agregação estável mantém elevada taxa de infiltração em razão
da permanencia de poros grandes abertos por mais tempo. Solos com baixo teor de água
apresentam taxa de infiltração mais elevada. Solos sem fendas e muito secos não absorvem
a água rapidamente, uma vez que, nessa condição, eles não são facilmente umedecidos.
Solos cujos poros estão cheios com água não podem absorvê-la em grande quantidade e,
por isso, apresentam taxas de infiltração muito baixas.
Relevo
Inclinação do declive
Quadro 7. Perdas de olo por ero ão hfdrica e m diversos segm nto com d eclividad e difere nt s
entre esses, em uma pendente com comprimento de 200 m (estimados p lo fa to r S da US LE, co m
base e m dados obtidos por Schick (2014) e m declividade d 9 cm m· 1)
Comprimento do declive
No estudo da erosão hídrica pluvial do solo, o compri mento de declive é medido desde
o inicio do fluxo até onde a água entra num canal definido ou onde o declive d iminui de
modo que a deposição de sedimentos ocorra. Duran te um evento de enxurrada, a água se
acumula à medida que flui para baixo no declive. Consequentemente, maior volume e taxa
de enxurrada ocorrem na porção inferior do declive, aumentando a erosão do solo à medida
que o comprimento do declive aumenta, conforme pode ser verificado nos quadro , 9 e
10. De modo geral, a perda de solo por erosão (PS) por unidade de área é proporcional ao
comprimento do declive (L) elevado ao expoente 0,5, ou seja, duplicando o comprimento
do declive a perda de solo aumenta aproximadamente l,5 vez, conforme Wischmeier e
Smith (1978). No entanto, em alguns trabalhos, tem-se verificado que essa relação a ponta
um valor de expoente igual ou menor do que 0,2 para (L) (Bágio, 2016). Assi m, upo ndo a
erosão conhecida em um comprimento de declive referência (a), a perda de olo em outro
declive com comprimento qualquer pode ser estimada por meio da relação expres a pela
seguinte equação:
Quadro 8. Perdas de solo por erosão hídrica em diversos segmentos de uma pendente com d eclividade
uniforme de S % cada um (estimados pelo fator Lda US LE, com base em dado obtido por
Sch.ick (2014) em declive de 22,1 m de compr im ento)
Quadro 9. Taxas de perda de solo e água por erosão hídrica e velocidade de enxurrada do último
egmento de 11 m de um declive maior, simulado experimentalmente no ca mpo, e m semeadura
direta na pre_cnça de fitomassa residual de soja submetida à chuva simulada
Comprimento do Taxa de perda de Velocidade de
Taxa de enxurrada
declive solo enxurrada
m ko
o nr Jyl
2 L s-1 m de largura-1 111 S -l
Quadro 10. Perdas de solo por erosão lúdrica em diversos segmentos de uma pendente com
declividade média de 8 cm m-1
Curvatura do declive
Em geral, os declives são compostos por wna sequência de segmentos de formas
uniforme, convexa e côncava (Figura 1), não necessariamente nessa ordem, constituindo
uma topografia. Normalmente, a erosão lúdrica pluvial é maior sobre os declives convexos
porque esses oferecem melhores condições para que a enxurrada seja mais ativa, com maior
aumento de velocidade. Sobre os declives convexos, o grau de declive se eleva na direção da
base da colina, aumentando o poder erosivo da enxurrada, tanto de desagregação quanto,
principalmente, de transporte. Assim, a taxa de erosão sobre cada segmento de uma pendente
de terreno varia, dependendo se o declive é uniforme, convexo ou côncavo (Quadro 11).
I
XIV - ER OSÃO D O SOLO 445
Quadro 11. Pe rdas d e so lo por cros,io híd ric,1 em qu a~ro <;cgme ntn,;; d• pendl•nte, c m trê~ forma,;; de
d ecl ive (vél lo rcs cs timéld os co m base c m I<cnélrd c t ;i l., 1997)
Média do declive 16 29 18
Variação na declividade
Raramente os declives são uniformes, d esde o início até o fin<1l das pendentes.
Normalmente, há uma alternância de diferentes formas de declive, mai acentuados, menos
acentuados, brandos e, até mesmo, partes da área rela ti va mente plana . Isto interfere nil
erosão hídrica consideravelmente. Além do mais, tJis diferenças na declividJde usualmente
acompanham mudanças nas carncterísticas de solo, causando uma alternância de alta e baixa
capacidade de infiltração de água e de resis tência do solo à erosão. Provavelmente, áreéls com
declive variável têm erosão em menor magnitude do q ue áreas com declive uniforme.
Microrrelevo
Quadro 12. Índice d e rugosidade superficial ao acaso, antes e após o preparo de um C.:1 mb1 o lo
Húmico
uc 2,68 2,68
LINC 3,43 3,-D
PCC 2,69 12,32
PCNC 3,42 1 o ,➔ 1
ESC 2,68 1-l,72
ESNC 3,43 ',96
LIC: ~uperfície q u.ise lisa compact.ida; LI NC: sur~riic'.e qu.1se hs.1 11.lü comp,Kl,ld.i. l'CC: ,1r.1ç.io e gr.ida~ens (omp,Kt,h!o; rc:--:
araç:10 e graci.lgens n.io com pac tado; ESC: eS<::m lJC,1ç,10 co m p,Kt,1.!o; e ES~C. e~.:.iritlca.;.io n5o rnmp,11.:tadn.
Fonk: Com~a e t ai. (2012).
Quadro 13. Volume de 1u:urrada, concentração de sedimentos na enxurrada e perda de solo para
intensidade de chuva de 64 mm Jy1 1-? declividade média de 17 cm m·1, durante chuva simulada,
m manejas ubmetido à operação de e carificação, em um Nitossolo Háplico
Trat RR Teste 1 Teste 2 Teste 3 Teste 4 Teste 5
mm Volume de enxurrada (% da chuva observada)
CE 9,9 o O 4 14 46
PCE 16,8 o o 38 26 39
SQE 1 ,o o o 15 16 40
STE 20,6 o o o 10 24
3
Concentração de sedimentos na enxurrada (kg m · )
SCE 9,9 o 8,5 17,8 32,1 74,8
PCE 16,8 o 4,8 4,4 4,7 11,2
SQE 18,0 o o 9,6 12,1 11,0
STE 20,6 o o 2,0 2,8 5,6
Perdas totais de solo (kg ha·1)
SCE 9,9 o 114 1301 5 809 23842
PCE 16,8 o 398 1148 1295 4069
SQE 18,0 o o 1128 1713 2513
STE 20,6 o o 171 610 2112
SCE: solo sem cultivo escarificado; PCE: preparo convencional escarificado; SQE: semead ura direta em campo nativo dessecado,
queimado escarificado; STE: semeadura direta escarificada; e RR: rugosidade ao acaso.
Fonte: Adaptado de Berto! et ai. (2008) e de Zoldan Júnior et al. (2008).
Cobertura do solo
As plantas protegem o solo da desagregação pela chuva e enxurrada, de diversas
maneiras. A proteção do solo contra o impacto das gotas da chuva é feita pela copa acima do
rúvel do solo e pelas suas fitomassas culturais residuais localizadas na superfície dele. Quanto
maior a cobertura vegetal, menor a erosão hídrica pluvial. Isto se deve à dissipação da energia
de impacto das gotas da d1uva, diminuição da desagregação do solo, aumento da infiltração da
água e diminuição da enxurrada. A maior ou menor redução da erosão pela cobertura do solo
varia com O tipo de uso do solo e tipo de cultura (Quadro 14), estádio de crescimento da cultura
(Quadro 15) e método de manejo das fitomassas culturais residuais (Quadro 16).
Quadro 14. Perdas de solo e água por erosão hídrica em diferentes tipos de uso do solo e cultura
Uso do solo/cultura Perda de solo Perda de água
t ha·1 % da chuva
Mata ~004 ~7
Pastagem 0,400 0,7
Cafezal 0,900 1,1
AI odoa1 26,600 7,2
Fonte: Bertoni e t al. (19n).
Quadro 15. Pe rdas d e so lo e ~g ua por ero-.<io hídric,1 c;o b chu va •Hmuladil, •m quatrn m o m e ntos J o
milh o cul liv.1do sob p re paro convenc iona l após c.; uccss,io de gr amín as
30 d após o teste l 11 ,9 62
30 d após o teste 2 3, 1 61
210 d após o teste 3 0,1 72
Fonte: Adaptado de Levien (1988).
Quadro 16. Perdas de solo e ág ua por erosi:io h íd ri ca e m dife rentes m é todos de mane jo c.le fito m.:i~sa s
culturais residuais
Manejo do solo
Quadro 17. Perdas de alo e água por erosão hídrica em diferentes sistemas de cultivo do solo
Cabe esclarecer que, embora a cobertura do solo por fitomassas culturais residuais seja
o fator isolado mais importante na redução da erosão hídrica, existem situações especiais em
que isso não ocorre, como em chuvas de elevada intensidade ou grande volume, precipitadas
em solo encharcado, com capacidade de infiltração reduzida, em terrenos com longos
comprimentos de declive e, ou, declividades elevadas, onde a enxurrada adquire suficiente
tensão cisalhante para remover a fitomassa residual ou, mesmo sem removê-lo, sulcar o solo
por debaixo dele, aumentando expressivamente as perdas de solo. A esse fenômeno denomina-
se falha da fitomassa residual, que determina o comprimento crítico de declive nos manejas
conservacionistas de solo, a partir do qualfitomassas residuais têm sua eficácia relativa reduzida
no controle da erosão hídrica, como se observa na figura 2. Em razão d o aumento da erosão em
sulcos em relação à da em entressulcos, quando ocorre a falha da fitomassa residual, os valores
para o fator C (cobertura e manejo do solo) utilizados na USLE (Wischmeier e Smith, 1978) e na
RUSLE (Renard et al., 1997) não são mais válidos a partir do comprimento crítico de declive,
por causa do aumento da erosão em sulcos em relação à da em entressulcos, quando ocorre a
falha da fitomassa residual. Ainda na figura 2, é possível observar o efeito da cobertura do solo
na redução das taxas de perda de solo e no aumento do comprimento do declive necessário
para que ocorra a falha da fitomassa residual.
1,6
Cobertura do solo por fitomassa residual:
1,4 (a) 70 %
(b) 90 %
:.e 1,2
'I
E
ai)
.:.e 1,0
ô
õ.,,
~
u 0,8
"E
8. 0,6
u
~
Falha da
"'
.e: 0,4
fítomassa residual
~
0,2
\
(a)
0,0
o 50 100 150 200 250 300
Comprimento do declive, m
Figura 2. Relação entre a taxa de _perda de ~alo e o compriment? do declive, em semeadura direta
na presença de fitomassa residual de milho durante chuva sunulada, demonstrando a perda de
eficácia relativa da fitomassa residual (falha da fitomassa residual) no controle da erosão hídrica.
Fonte: Adaptado de Berto! (1995).
MANEJ O E C ON SERVAÇÃO DO S O LO E DA ÁG UA
XIV - ERO SÃO DO SOLO 449
Uma pergunta muito comum feita por leigo , na prática, a respeito da p robabilidade
d e ocorrê ncia de erosão, é a seguinte: "Onde haverá maio r erosão hídrica, na itu:1ção A u
B"? A res posta nem sempre é fác il por causa das complexas interações entre os di er 0 ~
fa tores que interferem na erosão hídrica pluvial.
Antes de emitir uma resposta, uma análi e comple ta de e ser feita fa · itua ões A e
B: 1) É importante verificar as condições de uperfíc ie do lo, no entid fo a ali r se a
As abordagens feitas neste tópico em relação à erosão eólica são com base,
fundamentalmente, nas considerações contidas em Cago (1978), nos conteúdos das obras
clássicas de Bennett (1939), Stallings (1956) e Kohnke e Bertrand (1959) e na experiência
dos autores.
O vento é um agente ativo na erosão do solo, recolhendo os sedimentos de um lugar
e os depositando em outro, como se pode observar pelos imensos depósitos de loess, em
várias regiões do planeta. Embora tenha sido ativa, em algum grau, desde os tempos
geológicos a erosão eólica tomou-se preocupante e degradante do solo nos dias atuais em
razão das atividades do homem. Esta erosão, quando acelerada, tem sido induzida por
métodos incorretos de manejo do solo ou por causa do uso da terra para propósitos para
os quais ela não é apta.
A erosão eólica pode apresentar um problema de igual importância ao da erosão
hídrica, pois, muitas vezes, as duas ocorrem em mesmos lugares. A erosão do solo pelo
vento é um sério problema principalmente em terreno plano, contanto que o solo esteja
seco, enquanto a erosão causada pela água é importante principalmente em terreno
inclinado, contanto que o solo esteja úrnido.
No entanto, as duas se assemelham em um aspecto: em condições de cobertura e
estabilidade natural do solo, essas duas formas de erosão se processam muito lentamente.
Provavelmente, a erosão eólica é mais ativa nas regiões áridas do que nas úmidas, onde a
superfície do solo permanece seca por longos períodos de tempo e, por isso, a vegetação
é escassa ou até inexistente. Nas regiões úmidas, o vento também pode mover grandes
quantidades de solo, mas somente em períodos de estiagem pluvioméh-ica, o que torna o
fenômeno importante.
o movimento dos sedimentos na superfície do solo pelo vento é um processo
complexo, influenciado pelas características do vento e do solo, principalmente entre outros
fatores. O poder de desgaste e transporte do solo pelo vento é determinado pela interação
de fatores, alguns facilitando e outros dificultando o processo. Primeiro, os sedimentos são
desaJojados da massa do solo e, depois, transportados. Para o transporte, os sedimentos
A maior parte dos sedimentos de solo transportados pela ero ão eólica é mo ida por
saltamente, causado pela pressão direta do vento sobre alguma partícula e ua coli ão
com outras partículas do solo.
A iniciação desse movimento se dá quando o vento in ide nc b rda uperior da
s uperfície das partículas do tamanho da areia, que iniciam um m irnento de rol ment .
É interessante observar que, na própria superfície do olo, a ação do nto ' praticam nt
zero, mas, em alguma fração de mm acima dela, a ação do vento é ba tante ns.ide.rá 1.
Isto faz com que a partícula receba um impacto muito maior na ua parte d cim qu na
parte de baixo, o que a faz girar rapidamente (entre 200 e 1 000 rpm). im, p rtí ul de
solo é rolada com o seu topo, movendo-se muito mais rapidame nte d qu nt . Com
resultado disso, o ar na superfície da partícula gira junto e mel , r ultand n cri ,ã d
uma zona de alta pressão embaixo e de pre são muito men r n topo d partícul , onde
cria um vácuo parcial.
como fases do mesmo fenómeno, muitas vez s sobrepoc;téls e, à vezes, ocorrendo ilO
mes mo tempo.
Detrusão: é o desa lojamento do grá nulos grosseiros a pa rtir dos pico ou du s
projeções da superfície do solo, pela pressão direta do vento o u pelo choque da partículac;
em s uspensão. Este é o processo de desgaste das rochas pelo vento, por exemplo.
Efluxão: é a remoção dos grânulos do solo com diâmetro entre 0,05 e 0,5 mm, iniciadu e
mantida pela pressão direta do vento. Es te movimento quase sempre e dá por illtilm nto,
podendo ser também por arrastamento s uperficinl e, no caso de partículns mili finas,
a lgum transporte se dá também por s uspensão, após terem s id o coletadas pelo ve nto.
Extrusão: é o rolamento das partículas do solo, muitas vcze ocasionado pelo efeito Je
partículas menores, depositadas por efluxão próximas às part ículéls maiores. Pelo choque,
as maiores podem ser roladas pelo bombardeamento das menores.
Eflação: é a remoção do solo por suspensão, como re ultado, pri ncipalmente, do
movimento dos grânulos maiores em decorrência do sa ltamento, constituindo numa g rave
consequência em razão do seu caráter seletivo.
Abrasão: é a desagregação pelo impacto e cisalhamento decorrente do choque de
grânulos em s uspensão, na massa do solo e, ou, em outros mate riais, ocasionada pelo
movimento de saltamento.
Essas formas de erosão eólica podem ocorrer sim ultaneamente, mas nenhuma delas
ocorre sem que a efluxão ocorra, sendo esta, portanto, um pré-requisito básico para a
ocorrência das outras formas de erosão eólica. Assim, o controle da erosão eólica deve
levar em conta, sempre, a redução da quantidade de partículas com diâmetro entre 0,05 e
0,5 mm e a diminuição da velocidade do vento na s uperfície do solo.
Iniciação do movimento
A iniciação do movimento se dá com as frações mais erodíveis, geralmente as
partículas de diâmetro entre 0,1 e 0,5 mm. Os ventos superficiais ão turbulentos em
velocidade acima de 3,2 km h·1• A turbulência do vento, em campo aberto, se manife ta
por flutuações irregulares da velocidade denominadas " pés-de-vento". A turbulência
associada à velocidade inicializa o movimento das partículas do solo no processo de ero ão
eólica.
A velocidade mínima do vento para iniciar o mo imento da p~1rtículas de 5 lo é
d e nominada de velocidade de soleira ou limiar, cujo fator mais importante para e se
fenômeno é o diâmetro das partículas. A velocidade limiar é menor para as partículas Je
0,1 a 0,15 nun de diâmetro, que nece sitam de uma velocidade enh·e 13 e 14,5 km h -1 nos
15 cm acin1a do solo parn iniciarem o movimento. A velocidade de soleira é maior tanto
para sedimento menores quanto para maiores do que 0,1 a 0,15 1nm de diâmetro.
A elevada resistência das partículas finas à erosão eólica é, em parte, por causa da
coesão, mas, principalmente, por serem demasiadamente pequenas para se projetarem
acima de uma camada laminar e viscosa de ar próxima à superfície do solo. A poeira é
elevada da superfície pelo impacto dos grânulos maiores, que são mais erodíveis porque
se projetam mais longe para dentro das correntes de ar superior, cujo movimento é mais
rápido e turbulento. A velocidade de soleira é aw11entada para o pó e para os grânulos
maiores em razão da coesão.
a presença de fitomassas culturais residuais mesmo quando espalhados na superfície
do solo, a velocidade limiar é maior do que para a maioria dos grânulos erodíveis do solo.
Assim, se o vento não apresenta velocidade demasiadamente alta, parte ou todo o solo
arrastado é retido pelas fitomassas residuais e a erosão é fortemente diminuída. No caso de
o vento ter suficiente energia para remover as fitomassas residuais, a velocidade de soleira
na superfície é diminuída, e o movimento do solo continuará com velocidade de vento
menor do que antes da remoção das fitomassas residuais.
A velocidade mínima de soleira para terrenos descobertos e não protegidos por
fitomassas residuais é usualmente muito maior para a primeira tempestade de vento do
que para as subsequentes. Isto se deve a uma fina crosta superficial, que, quando não
erodida, pode desintegrar-se completamente sob a abrasão contínua dos grânulos soltos
e, com isso, a crosta pode perder seu efeito protetor do solo. Em solos cultivados, a ação
seletiva do vento pode resultar numa acumulação de dunas, onde a velocidade de soleira
é baixa e varia pouco com o tipo de solo, sendo muito menor do que nos solos erodidos.
Assim, há uma classe de velocidade de soleira para cada tipo de solo, dependendo do
histórico de uso e manejo do solo. Essa velocidade varia de 21 a 48 km h-1, pelo menos, a
uma altura de 30 cm da superfície lisa do solo.
Transporte: o transporte do solo pelo vento se dá por arrastamento superficial, por
saltamento e por suspensão, já vistos.
Elutriação: é também chamada de classificação, em que as partículas de solo em
trânsito são separadas em consequência dos efeitos de seu tamanho, densidade e forma.
Abrasão: é o processo pelo qual as partículas de solo impactam os torrões, quebrando-
os em tamanhos menores e tornando-os suscetíveis ao transporte pelo vento.
AvaJanchamento: as partículas de solo, ao caírem sobre a superfície, fazem com que
outras iniciem o movimento, de modo que mais solo é transportado quanto mais distante
0 vento sopra pelo campo, caracterizando esse fenômeno.
élcumul ação dessas partícul éls ca usa é.1 form dçfío de montículos ou dunas. s partículé15
m ovidas por arras ta men to su perfi cié.1 1 s5o trélns portadc1s por curtas di st.:incí.:is e em ge ra l
são depos itad éls na p róp ri a á rea de onde sa íram, n.is vizinhc1nçc1c; da o ri gem .
A velocidade do vento é o fator mais impo rta nte na erosão eólica, e há uma velocidi!de
mínima par a iniciar o movimento d as par tículas. Para iniciar o movi mento, é neces ária
maior velocidade do vento para as partículas qu e já es tão s uspensas em movi mento. O
choque sobre o solo das partículas em movimento adiciona energia à energia do vento,
sendo esta denominada de velocidade limiar d e impac to m íni mo, e nquanto a velocicfade
do vento necessária para iniciar o movimento das partículas se denom ina velocidade limiar
de fluído mínimo, que varia de 13 a 21 km h·', m edida 14 c m acim a do ola. turbulência
adiciona uma componente vertical ao vento e o torna m ais erosivo. As im, a habilidade do
vento em erosionar solo (E) se relaciona com s ua velocidad e (V), pela seguin te expres ão:
E= y 2-1 (10)
Essas três variáveis climá ticas interfe rem na gravidade e pecí.fica do ar e, como
consequê ncia, a energia com que o vento a tua sobre o solo, cu jo efeito · em geral ão
pequenos; entre tanto, a tempera tura e umidade rela tiva do a r influ enciam a e aporaçAo e
têm m a ior importância na erosão eólica do solo.
Chuva
A quantidad e e distribuição da chuva têm grande efeito indi re to -obre a ero ão eólica
e m razão do efeito da água sobre a produção d e mas a vege tal, que pode proteger o -olo
d a ação d o vento, além d e manter o solo ú mido e coeso e, por isso, re istente a essa forma
d e erosão.
Solo
A textura, a estrutura, a coesividade, a densidade aparente e o teor de água na
superfície são os fatores do solo mais importantes que influenciam a erosão eólica. Assim,
solos arenosos erodem mais facilmente do que os argilosos, pois têm grande proporção
de partículas de diâmeh·o apropriado para o saltamente e pouco material ligante. Além
disso, os solos argilosos mais facilmente formam crosta protetora na superfície. Agregados
está eis de tamanho muito pequeno são facilmente erodíveis, enquanto agregados grandes
e crostas superficiais aumentam a resistência do solo à erosão eólica. Solos de granulação
grosseira erosionam mais por saltamente, enquanto os de granulação fina, por saltamente
e suspensão.
O vento atua mais ativamente em superfície lisa, pois, nessa condição, normalmente
e 'iste suficiente quantidade de partículas sujeitas à iniciação ao movimento, ou seja, com
0,1 a 0,5 mm de diâmetro. Além disso, a erosão eólica só acontece em superfície de solo
seca ou levemente úmida, em razão da ausência de tensão superficial que agregaria as
partículas. Por isso, solos que retêm umidade são mais resistentes ao vento, mas o vento
pode rapidamente secar a superfície, mesmo num tempo tão curto quanto 1 h, e promover
o movimento das partículas.
Um terreno plano é mais suscetível à erosão eólica do que um inclinado, onde o vento
encontra maior resistência. No entanto, nas colinas, há grande risco de erosão, pois o vento
atua diretamente sobre as colinas, cristas e seta-ventos das cavidades, pressionando essas
áreas em vez de fluir livremente como em superfícies planas.
Microrrelevo
Pequenas depressões retêm as partículas em saltamente, enquanto montículos são
facilmente erodidos, pois o vento atua diretamente sobre suas cristas.
Plantas
As plantas diminuem a erosão eólica em relação a urna área sem vegetação, pois
diminuem a velocidade do vento, atuando como quebra-vento, e mantêm a mnidade do
solo.
Ohstáculos mecânicos
Dependendo da for ma, locéllização e pcrmcJbil idad e c10 cJ r, os obstáculos vege tais,
como os quebra-ventos, podem diminuir a velocidade do vento próxi mo à upe rfície
o u concentrá-lo na s uperfície. Assim, a presença desses obs tácu los pod c;er benéfica ou
danosa ao solo.
Lavração
A operação de aração cria rugosidade superficia l, benéfica ao controle do ven to, mas,
ao mesmo tempo, facilita o secamento do solo, disponibiliza sedi men tos ao tra ns porte pela
quebra mecânica de agregados, incorpora fi tom assas residua is ao solo e o deixa descoberto,
o que é nega ti vo.
Pastejo
Estação do ano
A erosão eólica varia com a estação ano por causa das variações climática q ue
influenciam o vento, a chuva e o congelamento da água, além das operaçõe agrícolas
e do pas tejo etc. O congelamento faz com os agregados grandes e rompam e as fraçõ
finas se aglutinem especialmente em agregados de 0,05 a O,-! mm d e diâmetro. Por i
esse fenômeno pode facilitar o saltamento e tornar esses solos mai erodíveis d o qu e o
que não suscetíveis ao congelamento. Durante a estação chu o a, a chuva , d epe ndendo
da erosividade, podem desagregar o solo, tornando-o disponívd ao tran porte pelo vento
na estação seca. O vento, durante a estação seca, complementa o proce so de erosão eólica
tra nsportando as frações do solo desagregado. Portanto, em a m bas as es tações climá ticas, a
erosão eólica pode ocorrer, variando a importância relativa de uma e outra fa e da ero ão,
desagregação ou transporte, de aco rd o com a distribuição das chuva .
torna o olo mai u cetivel ainda à erosão eólica. O vento pode també m soterrar sementes
de culturas pel s edimento em transporte, que não germinam, enquanto as sementes
de invasoras podem er espalhadas de um campo a outro, aumentando a sua infestação.
Rodovias, linhas férreas, fossos e cercas são cobertas pelos sedimentos, onerando a sua
recuperação. O p infilh·a-se nas engrenagens de máquinas e motores desgastando-os
prematuramente. O dano mais grave e direto da erosão eólica, no entanto, é na saúde
humana e animal por causa da ocorrência de pneumon.ias e alergias diversas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
LITERATURA CITADA
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Conteúdo
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462 lLDEGARDIS B ERTOL ET AL.
ubf-ator cultivo e m faixas com ro tação de culturas e em conto rno (P.) .... .................. ............. ............ .. 486
Subfat r terraceamento (1\) ........................................................................................................................... 486
m od elo \-\ · PP.............................................................................................................................................. ......... 487
Est:irn ativa do aLTibu t0s fí icos do solo ........................................................................................................... 488
Equação pa ra predição de infiltração de águ a no solo................................................................................... 488
Equação para predição de e.rosi"io...................................................................................................................... 489
PROBLEMA ATUAIS PAR UTILI ZAR O MODELO NAS VERSÕES USLE E RUSLE E O MODELO
\-\ PP O BRASIL...................................................................................... ............. ............... ............ ..... ...... ..... ......... 489
COMO P REDIZER A PERDA DE SOLO UTILJZANDO, POR EXEMPLO, O MODELO NAS VERSÕES
U LE ERU LE ................................................................................... ......................................................... ................. 490
APLICAÇÃO PRÁTICA DO MODELO AS VERSÕES USLE E RUSLE .......................... .......... ......................... 492
Parcela-pad rão......................................................................................................................................................... 492
meadrna d ireta..................................................................................................................................................... 493
CO SIDERAÇÕES FI AIS .......................................... ......................................................................................... ....... 494
LITERATURA CITADA ...................................................... ........................................... ..................... .......................... 494
INTRODUÇÃO
alo são dep itado na n1esma área erodida ou em adjacente topossequ ên cia; os restantes
20 % são li-an portados para denh·o de mananciais de água (açudes, reservatórios, cursos
d ' água, mare e oceanos).
Dessa forma, plenamente justificam-se os esforços da pesquisa em erosão do solo no
entido de modelar esse fenômeno, principalmente sobre as terras de cultivo que são, em
geral, as mais atingidas. Com isso, é possível elaborar planejamentos conservacionistas
de uso da terra em base quantitativa, mais precisa e confiável, tanto em escaJa de lavoura
quanto de bacia hidrográfica. Conhecendo-se numericamente os efeitos dos fatores
que influenciam a erosão, é possível selecionar mefüor as opções de manejo e práticas
conservacionistas para reduzir as perdas de solo ocasionadas por esse fenômeno em 1úveis
aceitáveis.
Historicamente, a faixa tolerável de solo perdido por erosão é de aproximadamente
2 a 13 t ha-1 ano-1, de modo geraJ no mundo. Tais valores são equivalentes à remoção de 0,15
a 1 mm da camada superficiaJ do solo por ano, respectivamente, considerando a densidade
do solo igual a 1,3 kg dm-3, dependendo do tipo de solo e de outros fatores (Cogo et al.,
2006).
No Brasil, Lombardi Neto e Bertoni (1975) estimaram a tolerância de perda de solo
variando de 4,2 a 15 t ha-1 ano-1 para os solos de São PauJo. Já Bertol e Almeida (2000) a
estimaram variando de 0,15 a 1,13 mm ano-1 para os solos de Santa Catarina, considerando
a densidade do solo iguaJ a 1,0 kg dm-3• AJguns pesquisadores têm sugerido que a taxa
aceitável de perda de solo por erosão nas áreas agrícolas deveria ficar ao redor de 1 t ha-1 ano-1•
Outros argumentam que a perda de solo deveria ser essenciaJmente zero, do ponto de vista
da sustentabilidade ambientaJ, o que significa eliminar o aporte de sedimentos aos corpos
de água. Isso ressalta mais ainda a importância da pesquisa no sentido de representar
taJ fenômeno por meio de modelos matemáticos, para estimar as perdas de solo o mais
precisamente possível. É importante salientar que a severidade da erosão do solo em
muitas regiões do planeta, nas áreas onde o cuJtivo do solo é reaJizado mediante preparo
mecânico intenso, é ainda altíssima, na faixa de 100 t ha-1 ano-1, equivaJente à remoção de 8
mm da camada superficial do solo por ano. Tais taxas de perda de solo são maiores do que
as médias constatadas em áreas cuJtivadas, mesmo em regiões de clima temperado, onde o
potenciaJ de erosão é consideravelmente menor do que em climas tropical e subtropicaJ e,
ainda assim, originadas de algumas chuvas erosivas, apenas. Em clima tropical, as condições
climáticas favorecem a formação de chuvas com maior intensidade e volume, portanto, mais
erosivas do que em clima temperado, segundo Hudson (1995).
d e contro le ela erosão e conservacion íc;tas ci o solo, int •granclo c1s op ril ÇÕC'S d m,rnejo do
s olo na ag ricu ltu ra, construção civil e ex ploração fl oresta l, p los ó rgcioc; gnvernamen têlic;,
em todos os seus níveis; e 3) no ava nço de con hccim ~nto na s istematizcJçJo d c;s,, por
parte dos profissiona is que pesqu isa m O assunto, no q ue se refe re a ciência ela erosão e
conse rvação do solo. A ava liação de efi cáci21 das prá ti rnc; conscrvacionistc1s nil redução da
erosão nas terras agrosilvopastoris é uma ela s aplicaçõec; mai s importantes 1: frequente. do
modelos de predi ção da erosão do solo. Isso é feito pe los técnicos de campo e plan jaJorcs
agrícolas e praticado em gera l nas áreas de c ulti vo anua l, des tinada a procluçJo de grãoc;
Vários aspectos da erosão do solo podem ser modelados. Con fo r me já refe rido, pode-
se modelar o fenôme no da erosão de mane ira global, incluind o a três fa se_ da era i'io
(desagregação, transporte e deposição) o u, então, uma fase isolada do proces o ero. ivo
(Foster, 1980). Isso pode ser feito tanto para a erosão em s u lcos qua nto pa ra a ero ão em
en tressu lcos.
Assim, é possível relacionar a erosão à remoção fís ica de solo em si, deno rninada perd.1
de solo. Ainda, é possível correlacioná-la à re moção de sub tâ ncias q uímica adso rvi da
às partículas sólidas e, ou, dissolvidas na água, trans portadas no escoam ento superficial
durante um evento de erosão. Isso é ap licável tanto em eventos d e ero ão híd rica pluvia l
quanto aos de erosão eólica. Tais s ubstâncias qu ímicas podem ser cons titu ídas d e nutriente
d e plantas, pesticidas em geral e matéria orgânica.
No caso da erosão hídrica pluvial do so lo, é possível m odelar a era ão na região d os
e ntressulcos e na dos sulcos, conjuntamente, corno um único fenô meno, sem dist inção de
s u as m agni tudes. Também, é possível modelar uma ou outra de a fo rmas de era iio,
separa d amente, considera ndo, nesse caso, cada uma como um fenô meno dis tinto do outro.
Ainda, em se trata ndo de erosão hídrica, pode-se modelar a erosão em voçoroca e em
taludes e leitos de cursos d'água (Duan, 2001).
His toricamente, a atenção principal na modelagem de era ão do o lo tem . ido d ada
pa ra quantificar a perda de solo pela erosão hídrica pluvial, mas, ultima mente, em razão
dos problemas ambientais decorrentes da erosão, ganhou impo rtância a quan tificação de
ma té ria orgânica e de agroquírnicos transportado no material erodido.
J\ griculturn/ Policy E11virn11111e11lnl Exlc11dcr (A PEX); e Soil nnd Wnta J\o;_c:c ..;111cnl Too/ (SW r).
O s três ú ltimos, com exceção do SWAT, ão versõcc; modificc1clc1c; dJ USLE.
O s mode los matern é'H icos de base física, denomin ad os mod e lnc; teó ri rn o u co m bac..,e
e m processos fís icos, inco rpora m as lei d e conse rvação de masc;a e e nerg ia pilía desc rever
o p rocesso erosivo. É im portan te escla recer aqui que a teoria de erosão fo rn ce a fo rm.1
bás ica d as relações envo lvidas em todos os tipos de modelos de predição d ess fenõm ' no.
Entre ta nto, mesmo os m odelos ma temélticos funcl ament.:ii ainda requ e rem muitos
d ados e mpíricos pa ra a de ri vação de valo res de se us parâme troc;. Elec; tJ mbé m podem er
ap licados nas esca las d e pa rcela e de bacia hidrográfica sem o u co m ca nal flu via l. Com
os m od e los funda mentais, é possível, se paradJmente, preve r as respostas de procesc::o_
erosivos d istintos ca usados pela chu va. Como exe mplo, pode m-se cita r a de agre 0 aç5o
d o solo dis tinta d o seu h·ans p orte na erosão em e ntres ulco e a desagregação conjunta
com o transporte de solo pela enxurrad a na erosão em s ul cos, a lém da depo~ição d e ·olo
e o utros. Os tipos m ais conhecid os desses m odelos, segund o I earing (2002), ão: v 'nfa
Erosioll Predictio11 Project (WEPP); Griffitl, U11ivcrsi0/ Erosio11 S!tc::fc111 Templnte (C líE T);
E11 ropen11 Soil Erosio11 Mode / (EUROSEM); e Ki11c111ntíc R1111off 1111d Erosion Modcl (Kl 1 ºEROS)
(Mo rgan, 1995).
imulada com qualquer dos simuladores de braços rotativos, já citados, as parcelas têm
c mprimento de 11 m no entido do declive, 3,5 m de largurn, separadas por un, intervalo
de 3,5 m para permitir a colocação do simulador entre elas, e declividade de 9 cm m·1
(Sv,ranson, 1965). Essas condições são representadas pelos fatores que influencian, a erosão
e que são os componentes desse modelo, que, indistintamente para as versões USLE e
RUSLE, são representados na seguinte equação:
A=RKLSCP (Eq. 1)
em que A é a perda média anual de solo calculada pelo modelo, t ha·1 ano-1; R 0
fator erosividade da chuva, MJ nun ha·1 1,-1 ano-1; K o fator erodibilidade do solo,
t ha h ha·1 MJ·1 nuu-1, Lo fator comprimento do declive, adimensional; S o fator inclinação
do declive, adimensionaJ; C o fator que combina cobertura e manejo do solo, adimensional;
e P o fator prática conservacionista de suporte, adimensionaJ.
Os valores para os parâmetros R, K, L, S, C e P são obtidos, experimentalmente, de
maneira distinta para as duas versões do modelo, USLE e RUSLE.
em que Ec(mml é a energia ci~ética para cada mm de chuva (unitária), MJ ha·1 mrn·1 e i a
intensidade no segmento uniforme da chuva, mm h-1•
Para segmentos de chuva com intensidade maior do que 76 1mn h-1, o valor de Ec<mml é
constante e igual a 0,2832 MJ ha·1 mni- 1•
Multiplicando-se o valor de Ec(mm) pela altura total de chuva ocorrida no segmento
uniforme, obtém-se o valor de Ec naquele segmento de chuva. Repetindo-se esse
procedimento para todos os segmentos da chuva, obtém-se a Ec para cada segmento.
Somando-se a Ec de todos os segmentos de uma chuva, tem-se a energia cinética total
da mes ma, Ec,. Durnnte lodo o período de um a chu va indi vidual, deve-se determinar o
pe ríod o co nsecuti vo ele 30 min e m qu e ocorre u a maior altur,1 de chuv . íultiplicando-se
esse va lor por 2, es tima-se a intens idade máxi ma d;i ch uva, 1w em 30 min .
O cálcu lo do fator R ela chuva indi vidu a l, qu e é re prese nt.:icl o pelo ínclic' EI ,(1 des~.J
ch uva, é fei to po r meio do prod u to do va lor de Ec1 da chu va pelo valor de lw re, ultilndo
n a seg u in te equação para o fato r R:
(Eq. )
Cc = (p2/P) (EqA)
a) Método direto
Este método compreende obter o fator K por meio de dados de perda de solo obtidos
com chuva natural ou chuva simulada, em experimentos conduzidos em campo, conforme
recomendado por Wischmeier e Smith (1978). No caso de chuva natural, este método se
baseia na instalação e condução de parcelas com 22,1 m de comprimento no sentido paralelo
ao declive e com 9 cm m·1 de declividade. Os dados de perda de solo são coletados durante
22 anos, no mínimo, em condições de solo permanentemente descoberto e desprovido de
crosta superficial. Assim, os dados de perda de solo coletados são representados pelo termo
"A" da USLE. A erosividade das chuvas que ocasionaram essas perdas é representada
pelo termo " R" e, consequentemente, o termo "K" deste modelo é calculado pela seguinte
equação:
K= AR1 (Eq. 5)
em que K é o fator de erodibilidade do solo, t ha h ha· MJ· mrn-1; A a perda de solo na
1 1
b) Método indireto
Este m étodo compreende obter o fator K por meio de um nornogran1a, que, para o
modelo USLE, utiliza-se o nomograma de Wischrneier, constante em Wiscluneier e SmiU1
(1978), construído a partir de valores, utilizando a seguinte equação dos mesmos autores:
20,0
10,0
8,0
6,0 ::, '
4,0
~
' 2,0
i8. 1,0
~ 0,8
.2
~ 0,6
OA
0,2
0,1
20 40 60 80 100 200 400 €,00 800 l
Comprimento do declive - L (m)
Figura 1. Nomograma de Wischmeier & Smith (1 978) para leitura do fa to r K, erodibilidade do solo,
atualizado para unidades do sistema mé trico.
Fonte: Foste r e t ai. (1991).
L = (À/22,1)"' (Eq. 7)
em que À é o comprimento do declive, m; e m o valor variável conforme a declividade do
terreno, sendo: 0,5 para a declividade ma.ior do que 5 cm m·1; 0,4 para declividade entre 3,5 e 4,5
cm m·1; 0,3 para declividade entre 1 e 3 cm nY1; e 0,2 para declividade menor do que 1 cm m·1•
Na USLE, a perda de solo (A) conhecida na parcela-padrão (22,1 m) é multiplicada
pelo valor do fator L resultante da relação entre o comprimento de declive para o qual se
quer estimar a perda de solo e o da parcela-padrão, para fins de estimativa da perda de solo
de qualquer comprimento de declive diferente da parcela-padrão.
Na USLE, a perda de solo (A) conh cid a na parcela-pad rão (9 cm m·1) é multiplicadd
pelo va lor resulta nte da relação entre o fato r Sela decli vidade pJ ra c1 qual se deseja e timar
a perda de solo e o fator S da parcela-padrão, pa ra fin s de estimati va da perda de olo de
qualquer declividade diferente da parcela-padrão.
Os fatores L e S são apresentados juntos na USLE, num fato r único, denomini1do
fator topográfico, pelo fa to de que esses ocorrem e m conjun to no te rreno e, po r isso, ·ão
interdependentes, cuja eq uação é a seguinte:
~~-1-~~~~~~~-I-+-~~~~~~~
0,05
-~
o
~ ~
~ 40+---t--"<",>f--,,'"'c--..P,,=>"-<,r'!--,,,,__+:-_4--+--40,04
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õ
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-o +-~~'__:J.l....._ 6- Mutto lenta
:3 5- Lenta
Prt>adimonlD: Com OI dadoo op,opriadow, - na --1a l eoqumla. im-lP pua OI ,e 0,02 4 -L.!nta a moderada
pon!Os qu,r ~ • 1' u..i.. dooolo (0,10-2.00mm). 1' ~ lll.lllK'.aarpnla. •t:rullln •
-o 3-Moderada
!O
~ l'.WN ~ lnlupolar enaw cun-u plD'.adu. A linho ~
ilwotn o proadimmtc pua um ooJo com 51• AMF • 6,5 1', Ama • 5 '\, MO • U 1'm
..
~ 001
o
,
2 - Moderada a raphla
1- R.ipida
Eotrutuna • 2 o Pmnmbilid.odc • t. Saluçto: K • 0.G' --1..bl.b..... .
haM)imn J! o
Figura 2. Gráfico para leitura direta do fator LS, topografia do terreno.
Fo nll!: Wisch.meier & Smith (1978).
M AN EJ O E C ON SERVAÇÃO D O SOLO E DA ÁG UA
XV - M ODEL/\GEM E M ODELOS UTILIZADOS PARA E STIMAR A EROSÃO DO SOLO 477
A equação funda mental utilizada na RUSLE para o cálculo da e nergia cinética unitária
para cada mm de chuva, segundo Brown e Foster (1987), constante e m Renard et al. (1997),
é a seguinte:
em que Ec (mml é a energia cinética para cada mm de chu a, lJ ha·1 mnY 1; e ia intensidade
no segmento uniforme da chuva, mm 1Y 1•
O fator R final na versão RUSLE é obtido do mesmo modo com o na e r ão U LE ou
seja, pelo produto da energia cinética total e da intensidade m áxima em ...,O min, result~do
no E1.w como demonsh·ado na equação 3. o cálculo da energia cinética unitária para um
0,9 - ------
'1
1
1
1
1
1
1
0,8- -------~--
o
Iro ' 3,0%
u,
ro
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·.e:o.. O7 - -------}-------
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1
1
1
ro Declividade
J:i..
entre
0,2 % a 4,0 %
O5- -------r------r------r----
, 1 1 1
1----
1
1 1 1 1
1 1 1 1 1
1 1 1
1
1
1
1
1
1
0,4-hr-r-T.....-+-r-r-r.....-+-
' rrT.....-+-m,-;--.,.....,..,rri--.r'r-ri-,-,--T""TÍ""T"T""'\"""'T""7
o 50 100 150 200 250 300 350 400
EI:., para chuvas com período de retomo de 10 anos
Figura 3. Gráfico extraído de Renard et al. (1997) para ajuste do fator R para condição de baixa
declividade do terreno.
(Eq. 13)
(Eq. 1-!)
em q ue R"' é a proporção, em massa, de cascalho presente no olo, ºti.
em que Kr é a razão entre o valor do fator K sazonal (pode ser mensal) e do fator K médio
anual.
Uma série de equações é apresentada em Renard et al. (1997), contemplando diferentes
condições de clima, com vistas a ajustar o fator K com base nas variações sazonais de
temperatura e teor de água no solo.
Para declividades com comprimentos de declive menores do que 4,6 m (15 pés),
McCool et al. (1987) sugeriram a seguinte equação para o cálculo do fator S, considerando
que a erosão em sulcos é insignificante nessas condições:
S = 3 (sen0)º'ª + 0,56 (Eq. 20)
em que FPS é a fração de perda de solo estimada no segmento de decli ve; i o número de
ordem do segmento de declive; mo expoente da equação que calcula o fator L variável
com a declividade; e N o número total de segmentos de igual comprimento em que o
declive foi dividido.
Com a FPS assim determinada em cada segmento de um declive, é possível melhorar
a estimativa de perda de solo num declive não uniforme em relação à estimativa feita,
considerando a declividade média desse declive.
em que SLR = "soil loss ration" é a razão de perda de solo; PL U = " p rior land use ubfacto r''
o subfator uso anterior do solo; CC = "cannopy cover subfactor" o subfator cobertura do
solo pela copa; SC = "surface-cover subfactor" o subfator cobertura superficial do solo; R
= "surface roughness subfactor" o subfator rugosidade superficial do solo; e S l = ''soil
moish.ue subfactor" o subfator umidade do solo.
O subfator uso anterior do solo (PLU) é computado pela seguinte equação, de acordo
com Renard et al. (1997):
PLU = C1Cbe[(- cu, Bu,) + (cll5 BU5 / CtJ ] (Eq. 23)
em que PLU varia de zero a um; Cré o fator consolidação da superfície do solo; C a eficá ·ia
re la tiva da biomassa vegetal residual na consolidação do solo; Bw a raízes v iva~ e mortas
na camada de 2,5 cm da superfície do solo, kg ha·1 2,5 cm·1; B.... a biomassa egetal residual
incorporada na camada de 2,5 cm da superfície do solo, kg ha-1 2,5 cm·1; e ,· 0 impa to
da consolidação do solo na eficácia das biomassas residu ais incorporada --
coeficientes de calibração.
'
r:ur
e e os
~
O subfator cobertura do solo pela copa das plantas (CC) é computado pela seguinte
equação, de acordo com Renard et aJ. (1997):
em que CC varia de zero a um; Fc é a fração da superfície do solo coberta pela copa das
plantas; e H a distância de queda das gotas de chuva após serem interceptadas pela copa, m.
O subfator cobertura superficial do solo (SC) é computado pela seguinte equação, de
acordo com Renard et al. (1997):
se= e[- b sp (0,24 / RJDἻ] (Eq. 25)
em que b é o coeficiente de ajuste, empírico; S a área coberta pela biomassa vegetal residual,
%; Rua rugosidade da superfície do solo, cri1; e 0,24 o vaJor (polegada) de rugosidade da
superfície do solo numa condição de superfície quase lisa, equivalente a 0,6 cm (condição
igual à da parcela-padrão em que o valor do fator rugosidade é igual 1 - unidade), cm.
A cobertura da superfície do solo relaciona-se exponencialmente com a biomassa
vegetal residual, podendo essa relação ser expressa pela seguinte equação:
SP = [1 - e-a Bs)] 100 (Eq. 26)
em que a. é a razão entre a área coberta por uma peça de biomassa residual e a massa da peça
dessa biomassa residual; e Bs a biomassa vegetal residual na superfície do solo, kg ha-1 •
O subfator rugosidade superficial do solo (SR) é computado pela seguinte equação,
de acordo com Onstad et al. (1984):
C = ((SLR 11 EI3011 ) + (SLR ii EIJ(J; 2) + ... + (SLR ,n El10IJ] / El11l! (Eq. 30)
A temperatura média mensal é resultante da m édia dos valores dos dois período , P1 e P::-
Para o teor de água no solo, os algoritmos propostos são os q ue seguem:
O teor médio de água no solo é resultante da soma dos valores do dois períodos, P1 e P~.
P 1 e P 2 são valores calculados das variáveis temperatura e água no solo, respectivamen te
para o primeiro e segundo período de meio mês, no mês de referê ncia.
M, (M-1) e (M+l) são valores mensais de temperatura e de águ a no solo, respecti a mente
para o mês de interesse, para o mês anterior ao de interesse e para o mês s u b · equente ao
de interesse.
(Eq. 36)
em que R é o volume de chuva num período de meio mês, mm; e R0 o volume de chuva
ótimo para a decomposição da biomassa num período de meio mês, mm.
O efeito da temperatura (F) na decomposição da biomassa vegetal residual é
representado pela seguinte equação:
(Eq. 37)
em que Tª é a temperatura média num período de meio mês, ºF; TOa temperatura ótima para
decomposição da biomassa num período de meio mês, ºF; e A o coeficiente que representa o
decaimento da biomassa vegetal residual durante a decomposição (exponencial ou linear),
pela ação da temperatura.
Considerando que o valor de razão de perda de solo (SLR) é computado para um
período de meio mês, tal valor é calculado para um nível médio de biomassa vegetal
residual durante aquele período, pela seguinte equação, de acordo com Renard et al. (1997):
(Eq. 38)
em que Mª é o valor médio de biomassa vegetal residual durante o período de tempo,
t ha·1; e a o coeficiente que representa o decaimento da biomassa vegetal residual durante
a decomposição.
d e erosividade das chuvas e de grad iente a plicado q uando e efetua ~ma operaç_ã o em
co ntorno no terreno. Assim, 0 subfator Pc res ulta da interação desses efeitos de ermmados
ex perimenta lmente. A seguir, é descrita a fo rma como são dete rmi nados os efeitos dessas
va riáveis no subfator Pc.
- O efeito de altura dos diques no subfator Pc é descri to pelas segu intes equações, de
acordo com Van Doren et ai. (1950):
em que Pb é o valor base para o subfator Pc, corrigido pa ra o efei to de altu ra dos diques;
sm o seno do ângulo do declive onde o contorno tem seu maior efeito; , o seno do àngulo
do declive para o qual o v alor de Pb está sendo selecionado; se o seno do â ngu lo do declive
acima do qual o contorno é ineficiente·' Pmb o valor minimo de Pc para u ma dada altura de
dique com uma condição básica; e a, b, c, d são coeficientes em píricos q ue ta m bém variam
com a altura do dique.
- O efeito de erosividade das chuvas no subfator Pc é descrito pela seguin te equação,
de acordo com Moldenhauer e Wischrneier (1960) e Jasa et al. (1986):
em que Pe é o subfator Pc, corrigido para o efeito de eros ividade da chuv a; e P m o valor
mínimo do subfator Pc dependente da quantidade de enxurrada, numa dada condição de
manejo do solo submetida a uma chuva de 10 anos de período de retomo, com erosividade
de 10 MJ mm ha·1 h·1. Nesse caso, o volume de enxurrada é estimado pelo mé todo da Curva
Número (Mishra e Singh, 2003), a partir de um volume de chuva aval iado com base na
erosividade, segundo a equação a seguir, de acordo com Foster et al. (1980):
Vr = O255 [(EI30)10]º·662
1 (Eq. 43)
em que V, é a quantidade de chuva, mm.
- O efeito de gradiente no subfator Pc é descrito pela seguinte equação, de acordo com
McGregor et al. (1969) e Meyer e Harmon (1985):
(Eq. 44)
em que Ps é o subfator Pc para o contorno realizado em nível, corrigido para o efeito de
gradiente; P 0 o subfator Pc para o contorno efetuado em grad ien te; s 1 o seno do ângulo do
declive do gracliente ao longo do sulco; e s1 o seno do ângulo do declive da declividade do
terreno.
A eficácia do cultivo em contorno diminui ao longo do declive, de acord o com
Wischrneier e Smith (1978), dependendo da cobertura do solo pela biomassa vegeta l
residual. Foster et al. (1982) observaram que há um comprimento crítico de decli e, a partir
d o q ual o contorno perde eficácia no controle da erosão. Esse limite de comprimento de
d eclive para completa eficácia do cultivo em contorno no con trole da ero ão é dependente
d a rugosidade hidráulica da superfície, d a declividad e do terren o e da q uantidade de
enxurrada, sendo expresso pela seguinte equação, segundo Foster et al. (1982):
(Eq . 45)
em que 'e ~
o comprimento crítico de declive, m; nt o coeficiente de ru gosidade hidráulica
de Marn1ing; S o seno do ângulo do declive; Q a quantidade de enxurrada obtida por
meio da Curva úmero, mm; e 20 182 o valor obtido da calibração: comprimento 61 m ,
declividade 7 cm nY1, diques moderadamente aJtos, cultivo em fileiras em condição de
preparo convencional, grupo hidrológico de solo C e EI de 10 anos de período de retorno
.
1gua1a 1o M] nun ha-1 }yl. 30
Ps = (a
Op
- B) / Op
a (Eq. 46)
em que Ps é o valor para o subfator P5; g a carga de sedimentos na enxurrada ao final
declive se a faixa permite a deposição de s;dimentos dentro dela, kg m·3; e B a quantidade
de sedimentos depositados dentro da faixa, que é considerada benéfica para o solo no
longo prazo, kg.
Quatro casos são considerados para o efeito do cultivo em faixas na redução da
erosão, cada um deles com urna sequência de equações específicas, que não serão aqui
apresentadas, pois constam em Renard et al. (1997). São esses:
1° caso - Erosão ocorre em aJgurn lugar ao longo do declive. Isso é possível quando
a taxa de aumento da capacidade de transporte do fluxo é maior do que a de aumento da
desagregação de sedimentos ao longo da faixa.
2º caso - Deposição ocorre em algum lugar ao longo da faixa. A deposição acontece na
borda superior da faixa se a capacidade de transporte de sedimentos pelo fluxo é menor do
que a carga de sedimentos contidos no fluxo na borda superior da faixa.
3º caso - Ambas, deposição e erosão, ocorrem dentro da faixa. Quando a carga de
sedimentos que entra na borda superior da faixa é maior do que a capacidade de transporte
do fluxo nesse local da faixa, a deposição ocorre. A deposição deixa de existir dentro da
faixa quando a capacidade de transporte volta a superar a carga de sedimentos.
4° caso - A enxurrada é consumida dentro da faixa. Algumas vezes, a diferença de
infiltração de água no solo é tão grande entre faixas que toda a enxurrada de um declive
superior é infiltrada no solo dentro de uma faixa situada abaixo onde o solo apresenta alta
taxa de infiltração. Nesse caso, nenhuma enxurrada ou sedimentos deixam essa faixa.
comprimento cio decli ve e, com isso, diminuir O volume e c1 velocici.Jd' da enxurrada nos
interva los en tre os terraços. No enlanto, ec.sa cfi céÍ i;i varie! se o lerrt1ço · em níve l ou e m
gradiente, conforme consl;, ern Renard e t t1 I. (1997). Asc. im, é possíve l computa r o efeit o
do g radiente do terraço na perda ele solo, por meio da seguinte cquaç.Jo, segund o Foster e
Ferreira (1981):
Py =01e
,
2· 1 ' para s <9cmm '
,
(Eq. 47)
(Eq. ➔~ )
em que P" é o fator para saída de sedime ntos do ca nal do terrêlço; e s a d ecli vidade no ca n.1I
do terraço, cm m·'.
O subfator Pr para o planejamento conservacionis ta é, cntJo. computado peb equaç,10
seguinte:
PT = 1 - B(-1 - PV)
O Modelo WEPP
O modelo WEPP (Flanaga n e Neming, 1995) é cons tituído por um pacote de pro~ama
computacionais para a simulação de erosão. O pc1cote de programa perm ite, de forma
contínua e em ordem cronológica, predizer a quantidade de solo perd jdo ou depositado
numa encosta ou pendente. Assi m, simula a erosão hídrica decorrente de um evento
individual ou de vários eventos de chu va que ocorrem continuamente, endo c<1paz de
estimar tanto a erosão quélnto a deposição de solo na área. O WEPP é com base no fatore.
que interferem na erosão, relacionados com. os processos inerente ao fenó meno, que
são comandados, em regra, pelos atributos físicos do solo, pelo cresci mento das planta. ,
pela infiltração de água no solo e pelas caracterís ticas hidráulicas do e coamento. E· tc
modelo também considera os efeitos das mudanças de uso do solo na erosão e modela a
variabilidades espacial e temporal dos fa tores que acometem os proce os hidrológico e
as fases da erosão que ocorrem em uma encosta.
Além da componente de erosão, no WEPP també m e tá incluída a componente
climática, que usa um programa gerador de informações climáticas diárias; a componente
hidrológica, que é com base na eq uação de Green-Ampt modificada por l 1ein e LMson
para predizer a infiltração de água no solo. Utiliza-se de soluçõe- das equaçõe de ondas
c inemá ticas; a componente do balanço h ídrico diário; a componente do crescimento de
pla ntas e decomposição de biomassa vege tal residual; e a componente irrigaçã .
O WEPP calcula a d istribuição espacial e a temporal da de agregação de s lo e ua
deposição, além de estimar quando e onde, numa determinada bacia ou encosta, esta
ocorrendo erosão, o que possibilita adoção de medidas locais de conservação do I para
controlar a produção de sedimentos.
Para os dados climáticos diários que geralmente não estão dispo nívei , 0 \.VEPP utili z..1
o módulo gerador climático estocástico (CLIGEN). Para executar o CLI E , é ne -es · ário
fornecer o valor dos parâmeh·os que descrevem a condições climáticas locai : precipit.:i -ão
men al d e ento; probabilidade mensal d dias com ocorrência de chu va após di as com
chu va e de dia em chu va ap s dias com chuva; média e desvio-padrão de temperatura
má 'ima e mínima men al; media e desvio-padrão de radiação solar m nsal; média mensal
da intensidade de pr cipitação máxima em 30 min; média mensal da temperatura do ponto
de orvalho; e di tribuição estatística do tempo decorrido enh·e o ilúcio e o pico do evento
de chuva de inten idade n1áxima.
1o \ EPP, as condições de sulcamento da superfície do solo encontram-se no Su1face
l111po1111d111e11t Ele111e11t (WEPPSIE) (Foster e Lane, 1987). Para determinar o impacto do
e coamento concentrado nos sulcos no transporte de sedimentos, o usuário necessita
identificar as seguintes ilúormações: ponto máximo do fluxo e do volume; ponto máximo
da concentração de sedimentos na enxurrada e total de sedimentos produzidos; e tempo
de enchimento dos sulcos com sedimentos.
(Eq. 50)
em que Gs é a ca rga de sed imentos por unid ad de tempo e es paço, kg m I s·'; x a dic;t,,ncia
m orro abaixo, m; Oi a ta xa de desagregação na região dos entressulcos, kg m " s '; e Of c1
taxa de desagregação na região dos sulcos, kg m·2 s·' .
em que Ki é a erodibil idade em entressulcos, kg s·' m-1; i a intens id élde efetivél di! chuvc1.
m s·1; Ce o efeito cobertura vege tal; Ge o efei to da cobertura supe rficia l; R o esp,1ç,1mento
e ntre s ulcos, m; e w a larg ura dos sulcos, m.
em que B é o coeficiente de turbulência do fluxo por causa do impacto das go tc1s de ch u va,
adimensional (valor considerado igua l a 0,5); V, a velocidade de sedimentação de partículas
d e d eterminado diâmetro no fluxo, m s· 1; e q a vazão unitária de enxurrada, m 1 s·'.
Para que o modelo em pírico nas versões USLE e RUSLE possa ser utilizado no Sra il,
pelo menos em cará ter prelim inar, fal ta sair da inércia. Para isso, basta iniciar, pois, como
ocorre com quase tudo o que se pretende concretizar na vida, tem de haver um começo.
Nesse caso, não importa muito o grau de satisfação a lcançado inicialmente, até qu o-
fatos se estabeleçam quanto à pesquisa realizada pelos poucos e dedicado pesquisadores
brasileiros em erosão do solo. Para encorajá-los, é nece sirio também o devido apoio dado
por parte dos próprios colegas que a tuam nos demais ran:os da ciência do lo. É precis ,
pois, que se adqui ra tal coragem e que se receba tal apoio. E oport uno lembrar q ue o - ramos
d a ciência do solo são, todos, igualmente importantes e, mais do que i o, interligados
em conteúdo. Assim, a recomendação é tra bal har conjuntamente, d e forma inte!!radc1, não
im portando quanto se venha a errill· ou acertar. Portanto, conclui--e que o · problem.:is
a tua is enfrentados para a modelagem d e perda de solo no Brélsil -Jo de várias ordens , c1
saber: 1) d eficiência de recursos humanos dev idamente capacitados para tal; 2) deficienciJ
de recursos fin an eiros, de e h·utura e de interesse para instala r e condu z ir ex p e rime ntos
de lo n ga dura ão; 3) fa lta de sincroni a e de sinergi mo entre indi vídu os e entre ins tituições,
no sentid o d maximi zar os po tenciais e a aplicação d e recursos e d e minimi zar os cus tos;
e 4) falta d e organi zação e sistemati zação dos dados de erosão hídrica e xis tentes, o que
poderi a er resolvido com a organização dos dados em um banco.
Tendo em vista a natureza empírica do modelo nas versões USLE e RUSLE, idealmente
é necessário que se disponha de dados locais. No entanto, sabe-se que raramente é possível
conseguir-se isso nas condições brasileiras.
a opinião de Hudson (1995), qualquer uma das versões desse modelo alcançaria
sucesso nos seus propósitos, onde as informações necessárias à computação dos valores
dos seus fatores fossem abundantes. No entanto, no Brasil, sabidamente essa abw1dância
de dados não existe. Por isso, manifesta-se que, talvez, o mais importante é como aplicar os
princípios básicos de tais modelos nos países onde a requerida vasta acumulação de dados
de pesquisa ainda não existe, mas que, com certa urgência, precisam de linhas-guia para
conseguir os mesmos objetivos pretendidos com. eles. Tais objetivos são os de predizer a
erosão lúdrica pluviaJ do solo em condições especificadas, para poder selecionar os sistemas
de manejo e as práticas conservacionistas que irão reduzir satisfatoriamente a perda de
solo por erosão. Finalizando, Hudson (1995) ressaltou que o importante é utilizar qualquer
informação de pesquisa em erosão que esteja disponível e, ao mesmo tempo, deixar espaço
para que o modelo possa ser melhorado na medida em que novas informações da pesquisa
surjam e sejam disponibilizadas.
Com base no exposto, julga-se que, para obter valores de R, K, L, S, C e P para as duas
versões, USLE e RUSLE, no Brasil, poderia se proceder da forma como a seguir descrita,
enquanto informações da pesquisa não estiverem dispo1úveis, de melhor qualidade e em
maior número.
Em relação ao fator R (erosividade da chuva) nos locais onde existam registros
pluviográficos, recomenda-se utilizar a tradicional equação de energia cinética da chuva
(equações 2 e 3, para a USLE, e equações 11 e 12, para a RUSLE) .
os locais onde existem somente registros pluviométricos, no entanto, recomenda-
se utilizar alguma outra equação, mesmo que simplificada, como aquela com base no
coeficiente de chuva "Cc" de Fournier (1960), por exemplo, que foi ajustada por Lombardi
eto (1977) para as chuvas do município de Campinas, SP, constante em Bertoni e
Lombardi Neto (1990).
É importante chamar a atenção, entretanto, que essas equações, do tipo Fournier e
outras, devem ser ajustadas para as chuvas de determinado locaJ e utilizadas unicamente
para aquele local, não sendo possível usar a mesma equação para outros locais.
Quanto ao fator K (erodibilidade do solo), alguns dados foram, já, diretamente obtidos
por m eio de experimentos de erosão com chuva natural e chuva simulada para alguns solos
brasileiro . Assim, nas si luações d solo com atributo ígu i ou semelh nte , re omend ~
se utili zar tais dados para a predição d , erosã hídrica. en tanto, par o los onde
esse fator ainda não foi experimenta lm nt d termínad , cujos olo di tinto do
que já têm valores do fator K discrimi nados, pocl -se btê-lo indiretamente, por meio o
nomograma de Wischmeier, reconhecendo as límüações des pr cedim nt de acord
com Wischmeier e Smith (1978). Também, pode ser alca nçado e m qualquer outra equaçà
e, ou, procedimento que tenha sido d e en volvido e comprovado par o olo brasil ir ,
como o trabalho de Denardin (1990).
No tocante aos fatores de relevo, L (comprimento do declive) eS (inclinação do declive),
seus valores podem ser obtidos, desde que em declividades uníform e dentro do limites
de comprimentos de declive estabelecidos, utilizando as relaçõ originais a ociadas ã
versão USLE do modelo, desenvolvidas por Wischme ier e Smüh (197 ). Tam m, podem
ser usadas as relações desenvolvidas no Brasil para o município de Campinas, SP, como
constam em Bertoni e Lombardi Neto (1990). Nas situações de declívidades irregulare e
também dentro dos limites de comprimentos de declive estabelecido , para cálculo do fotor
combinado LS, pode-se utilizar o procedimento descrito em Wi chmeier e Smith (197 ).
Alternativamente, pode-se utilizar também o recurso computacional disponível no
software da versão RUSLE do modelo, conforme instruções no Agricult11ral Handbook nº 703
(Renard et al., 1997).
O fator C (cobertura e manejo do solo) é o mais complexo de ser obtido, por ser o mai
dependente de condições locais, pois varia com o regime de chuva e com o manejo e cobertura
do solo. Valores escassos desse fator existem para algumas situaçõe brasileira , o quais
se encontram divulgados, embora dispersos em artigos científicos e em disse.rtaçõe e t
de cursos de pós-graduação nacionais. Assim, em situações de similaridade de reuime d
chuva e de práticas de cobertura e manejo do solo, tais valores podem er utilizados para
predição da erosão hídrica pluvial do solo no Brasil. Não havendo dado de pesquisa lo ai
para o fator C, resta usar lógica e bom senso e, dentro do que estiver djsponível, atribuir
valores a esse por meio de comparações com valores conhecidos e di tintos de outro
locais, da melhor forma possível. Ouh·a opção é lançar mão do pr cedimento irnplificado
apresentado por Bertoni e Lombardi Neto (1990). Por certo, a altemati a ideal ' obter
valores locais para o fator C, conforme o procedimento apresentado por li hm ier e
Smith (1978), no Agricultura/ Handbook nº 537, ou por Re nard et al. (1997), n A ricuihtral
Ha11dbook nº 703. Isso vai depender, contudo, tanto do grau de detalhamento q uanto d
qualidade das informações existentes.
Finalmente, em relação ao fator P (prática conservacionista de uporte), tamb · m são
escassos seus valores no Brasil, como os apresentados por Bertoni e Lombardi eto (19 ).
Os valores do fator P podem diretamente ser utilizado ou, então, tomad orn referên ia
para atribuição de outros valores a esse. Alternativamente, pode- lançar mão do alor
constantes no Agricultura/ Hnndbook nº 537, deri ado por i hm íer e mith (1 ),
mesmo que eles tenham sido originados de dado de pesqui a obtido em ondiç - de
sistemas de manejo convencional do solo e em regiõe de clima temper do, no e , n
Estados Unidos, que também devem ser utilizados com lógic e com b m enso.
Parcela-padrão
Neste caso, o solo não foi cultivado, embora tenha sido preparado duas vezes por ano,
na mesma época em que são semeadas as culturas nos demais tratamentos do experimento.
O preparo do solo foi realizado com urna operação de arado e duas de grade, no sentido
paraJelo ao declive (morro abaixo) e, além disso, efetuada capina e quebra da crosta
superficial, manualmente com enxada e rastelo, sempre que necessário. A superfície do
solo permaneceu totalmente descoberta e sem crosta superficial, portanto, numa condição
de máxima erosão.
Condição de solo semelhante a essa é aquela que geralmente corre em lavouras de
alho da região, por exemplo, nos estádios iniciais da cultura. Nesse caso, considera-se o
preparo do solo efetivado no sentido paraJelo ao declive (morro abaixo).
- Fator erosividade da chuva, fator R (El 30) anual= 5 033 MJ mm ha·1 h-1 •
- Fator erodibilidade do solo, fato K anual = 0,0175 t ha h ha·1 MJ·1 mm·1 •
- Fator comprimento do declive, fator L = 1.
- Fator declividade do terreno, fator S = 1.
- Fator cobertura e manejo do solo, fator C = 1.
- Fator práticas conservacionistas de suporte, fator P = 1.
Para essa situação e parcela-padrão, a aplicação do modelo nas duas versões, USLE
e RUSLE, para predizer a perda média de solo anuaJ (A, t ha·1 ano·1), é feita do seguinte
modo:
A = R K L SCP, ou seja: A = 5 033 x 0,0175 x 1 x 1 x 1 x 1 = 88,1 t ha·1 ano-1.
~ ,
MANEJO E CONSERVAÇAO DO SOLO E DA AGUA
XV - MODELAGEM E MODELOS UTILIZADOS PARA E STIMAR A ERO SÃO DO S OLO 493
Semeadura direta
Nes te caso, o so lo foi cultivado, sem preparo m ecânico, d uas vezes por ,rno, com .1
culturas de sojél, milho e fe ijão (primavera /verão) e élveia, nabo--forrélgeiro e ervilhacZt
co mum (outono/ in verno) . A semeadura foi rea lizadél com ou o de máquina manual do
ti po "saraqu á", no caso das cu ltu ras de primavera/ verão, e manu zil a lanço, no cac;o da.
culturas de o utono/i nverno. O con tro le de pla n tas espon tâneas fo i feito manu al mente nu
com a u xilio de herbicidas. Ass im, a s u perfíc ie do solo permaneceu totalmente cober ta por
bio m assa vege ta l resid ua l, com baixa ru gos idade e sem crosta s u perficial , portanto, numa
co nd ição d e m ínima erosão. Cond ição de so lo semelhante a essél é aquela que geralmen te
ocorre em lavouras d a região, mas somen te naq ue las muito bem conduzidas em condiçJo
d e sem eadura dise ta, po r exem plo.
- Fa to r erosividad e d a chu va, fa to r R (El'.\j,) anua l = 5 033 MJ mm ha· 1 h· 1.
- Fa to r erod ibilidad e do solo, fa to K an ua l = 0,0175 t ha h ha· 1 MJ- 1 mm·1•
- Fa to r comprimen to do declive, fa to r L = 1.
- Fa tor d eclivid ade d o terreno, fa to r S = 1.
- Fator cobertura e ma nejo do solo, fa to r C = 0,0477.
- Fa to r prá ticas conservacionis tas de s u po rte, fator P = 1.
Para essa situação, a a p licação das versões USLE e RUSLE, para predizer a perda
m é di a d e solo anual (A, t ha· 1 ano- 1), é fe ita do seguinte modo:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
LITERATURA CITADA
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Encyclopedia of soil science. New York: Marcel Dekker; 2002. p.463-7.
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Es t;-i d o de S.in la ';-ita rinn . Rcv ílras Cienc So ln. 2000;24:657-IJH
Berto! 1, Bertól , B.irbosa F í . Simul.1dor d t• chu va ti po em pu xo corn brr1çni:; rn t.iti vos nwv1dn<:
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Ildegardis Bertol l/, Eternar Antonino Cassol 11 & Isabella Clerici De MariaH
11
Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciênci,1s Agrovet ·riná ri,1 , 1.igl''-, SC.
E-mail: ildegardis.bcrtol@udesc. b r
21 Universidade federal do Rio Grande do Sul, Farnldade de 1\ gro nomia, Depilr amen to J · Solo,;, Por " Ale re,
RS. E-mail: elemar.cassol'nlufrgs.br
V Instituto Agronômico de Campinas, Centro de Pesquis.1 e De5en volvi mcnto de Solo" e K -u r<;<,-; 1\ mb,en l,H ,
Campinas, SP. E-mail : icdmaria@iacsp.gov.br
Conteúdo
HISTÓRICO DA PESQUISA EM EROSÃO HÍDRICA DO SOLO NO BRASIL.. ................ ..... -- . .... . .. . '"i(" ()
METODOLOGIAS DE PESQUISA EM EROSÃO HÍDRICA PLUVIAL DO 0 ................- ...... ..... -...... 'ill 6
Experimentos em condição de chuva naturill......................................................... ... ...... . ...... ....... 30
Procedimentos de campo para a ins t.ilação e condução das parcel.-is experimenta ......- ... - Sl
Recursos..... ........................................................... .. ............................................................ .. . ... .
Recursos hum.inos ....................................................... ................................... .................. _ ..... ... :;()t-,
Berto! 1, De Maria IC, Souza LS, editorl'S. Manejo e conservação d) solo e Ja ,igu.1. \ iÇl ·a, 1\IC: ,ia c Jad,!
Bras ileira de Ciência do Solo; 20 18.
...
ero ão do solo~ ore ultado de um trabalho reali zado por um agente e rosivo, que
é a fonte potencial e ativa do proce so de erosão dotado de energia, que a ge sobre o solo.
O solo, por sua vez, como órgão passivo, pode dissipar parcialmente ou completame nte
a energia erosiva por meio de seus atributos e interfaces ou permitir que o agente ativo
produza o lTabalho, ou seja, a erosão. Assim, as perdas de água, solo e elementos e
substâncias químicas são resultantes do trabalho efetuado nesse processo.
Alguns pe quisadores entendem que não é necessário conhecer todas as interações
e h·a.nsformações que ocorrem no sistema solo e em suas interfaces dw·ru1te a ocorrência
de um evento erosivo. Uns estudiosos argumentam que é mais importante controlar as
perdas por erosão do solo do que entender a mecânica do processo; ouh·os, no entanto,
alegam que é necessário conhecer os detall1es do processo erosivo, a intensidade de sua
ocorrência e as interações e trru1sformações que o fenômeno da erosão gera no solo, ou
seja, é necessário conhecer a mecânica de erosão. Assim, segw1do estes, entendendo e
interpretando corretamente o processo erosivo, é possível descrevê-lo detalhadamente em
um modelo físico ou conceituai e, com isso, definir estratégias eficientes de controlá-lo.
Esta linha de pensamento é comprutilhada pelos autores deste capítulo.
Existem vários modelos de predição da erosão hídrica do solo; entre esses, os mais
importru1tes, para o caso do Brasil, sem dúvida são a USLE, na versão original e na sua
versão atualizada (RUSLE), e o WEPP. A USLE/RUSLE é um modelo empírico, e o WEPP,
fisicrunente embasado. A estrutura dos dois modelos está mais detalhadamente descrita no
capítulo 15 deste livro.
A pesquisa em erosão lúdrica pluvial do solo envolve, necessariamente, o conhecimento
e a quantificação de todos os fatores que influenciam a erosão, ou seja, a chuva, o solo, o
relevo, a cobertura e o manejo do solo e as práticas conservacionistas.
O fator chuva se baseia em suas cru·acterísticas fundrunentais e no escoamento
superficial (enxurrada) associado a ele. A quantificação deste fator para cada local é
necessária porque as diversas situações geográficas influenciam o clima e, este, determina
os padrões e as características das chuvas.
No modelo USLE/RUSLE, o fator erosividade da chuva utilizado na predição de
perda de solo é calculado com base em algwnas características das chuvas e determina
o potencial erosivo delas. Estudos básicos sobre características da chuva e seu potencial
erosivo são ainda pouco no Brasil, concentrando-se nas regiões dos principais grupos
de pesquisa citados. Os trabalhos realizados indicam que a metodologia empregada na
determinação do fator erosividade das chuvas usado na USLE/RUSLE é válida para a
maioria das condições brasileiras. No entanto, o cálculo do fator erosividade (fator R -
E½o), com base em dados registrados em pluviogramas e mesmo obtidos em estações
meteorolóo-icas
o
automáticas com exatidão suficiente, é extremamente traba]hoso, demorado
e oneroso. Alguns procedimentos com base em dados obtidos em pluviômetros têm sido
desenvolvidos em regiões desprovidas de pluviógrafos; enh·etanto, majs estudos devem
ser realizados para se definir um modelo de regressão para cada região de interesse.
O estado de arte para o fator R (expresso na forma de EI30) no Brasil, em MJ nu11 ha·1 h·1,
para O modelo USLE/RUSLE, pode ser representado pelos seguintes trabalhos,
principalmente: para Caruaru, PE - 2 100 (Margolis et ai., 1985); para 32 localidades do
PR - variando de 5 275 a 12 559 (Rufino, 1986); pru·a Mococa, SP - 7 747 (Carvalho et al.,
1989); para Campinas, SP - 6 738 (Lombardi Neto e Moldenhauer, 1992); para Lages e
Campos Novos, SC - 5 694 e 6 329, resp ctivamente (Berto!, 1993, 199 b); par Goiânia, GO
- 8 355 (Silva et ai., 1997); para Sete Lagoas, M - 5.835 (Marque et ai., 1998); para Lage ,
SC- 5 541 (Schick, 1999); para Chapecó, C-10 005 (Beutler, 2000); p ra Piraju, P - 7 07
(Roque et ai., 2001); para Lages, SC - S 790 (Berto! et ai., 2002); para Fortaleza, CE - 6 77
(Dias e Silva, 2003); para Seropédica, RJ - 5 472 (Carvalho et ai., 2005); para Quaraf, RS -
9 292 (Bazzano et al., 2007); para Uruguaiana, RS - 8 875 (Hickmann et ai., 200 ); para São
Borja, RS - 9 751 (Casso! et ai., 2008); para Ribeirão da Lages, RJ - 6 772 (Machado e al.,
2008); para Lavras, MG - 4 865 (Silva et al., 2009); para Rio Grande, RS - 5 135 (Bazzano et
al., 2010); para Aracruz, ES - 8 536 (Níartins et ai., 2010); e para Lages, SC - 5 033 (Schick
et al., 2014), entre outros. Assim, até o momento, este tema foi pesquisado principalmente
nos Estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, de São Paulo, do Rio de
Janeiro, de Minas Gerais, do Espírito Santo, de Goiás, de Pernambuco e do Cearc.
Para utilizar o modelo WEPP, não é necessário determinar um parâmetro erosividade
da chuva como é para o modelo USLE/ RUSLE. O WEPP requer um ba nco de dados
meteorológicos, que deve conter o registro diário de p recipitação plu vial, temperatura,
radiação solar, direção e velocidade do vento. Por isso, é imprescindível a ex.istênci de
estações meteorológicas com registros de longo prazo dessas variáveis. instituição ou
o pesquisador que desejar aplicar este modelo deverá buscar os dados fundamentai e
elaborar o banco de dados meteorológicos. O levantamento de es dados é um trabalho
ainda incipiente no Brasil, e é fundamental que os pesquisadores envolvidos urúformizern
imediatamente a forma e o tipo de banco dos dados, para que as informaçõe geradas
possam ser adequadamente comparadas umas com as outras e possam er utilizadas.
Na pesquisa de erosão hídrica pluvial do solo, especial atenção deve ser dada ao olo,
que é o agente passivo no processo erosivo, ou seja, aquele que sofre a ação do agente
ativo, a chuva. Cada tipo de solo apresenta uma capacidade distinta de resistir ero ão,
que, nos modelos de predição de perda de solo, é denominada fator eroctibilidade do solo
(fator K). Para uso no modelo USLE/RUSLE, o valor do fator K pode ser determinado
por métodos diretos e indiretos. Os métodos diretos requerem experimentação de
campo, de longo prazo em condições de chuva natural ou de curto prazo em condiçõ
de chuva simulada. Pelos métodos indiretos, o fator K pode ser discriminado por m ios
analíticos, utilizando modelos que relacionam atributos do solo com os valores desse fator
determinados pelos métodos diretos. É importante salientar que a metodologia utilizada
para definir a erodibilidade do solo, tanto pelo método direto quanto pelo indireto, de e
ser uniformizada para que os valores possam ser comparados entre i nas mai variadas
condições de obtenção.
O estado de arte para o fator K no Brasil, em t h IJ-1 mm·1, para USLE, pode ser
representado pelos seguintes trabalhos, principalmente: para um Latossolo ermelho, RS
- 0,021 (Denardin e Wunsche, 1980); para um Latossolo Vermelho, DF - 0,013 (Dedece et
al., 1986); para Mococa, SP - 0,0232 (Carvalho et al., 1989); para um Latossolo ermelho,
SP - 0,009 (Martins Filho e Pereira, 1993); para um Cambissolo Húmico, SC - 0,016
(Berto!, 1994a); para um Latossolo Vermelho, PR - 0,0084 Oacob et al., 19 -1); para um
Latossolo Vermelho, MG - 0,002 (Marques et al., 1997); para um Cambi . olo Húmico,
- 0,013 (Schick, 1999); para um Latossolo Vermelho, SC - 0,0212 (Beutler, 2000); para um
Cambissolo Húmico, SC - 0,0115 (Berto! et al., 2002); para os olo de SP - v riand de
0,0044 a 0,4278 (estimada - Mannigel et al., 2002); para um r itossolo Háplico, S - 0,011
(Bertol et al., 2007); para um Latossolo Vermelho, MG - 0,003_ (Sil et al., _009); e para um
Cambissolo Húmico, SC - 0,0175 (Schick et al., 2014), entre outro .
a ave ia e as mesmas técnicas ele manejo do so lo va lo res d o fator C de, respe~tiva mente,
0,0671 ; 0,0409; e 0,0372; Prochnow et ai. (2005), os q uais destina ra m pa ra o ca fe valores de
fator Centre 0,0866 e 0,1412 para diferentes sis temas e espaça mentos; e Schick (2014), o
qual designou o fator C para uma rotação com as culturas de aveia, soja, ervilhaca, milho,
nabo forrageiro e feijão, obtendo va lores d e 0,0096, 0,021 e 0,075, respectivamente, para a
semeadura direta, preparo reduzido e preparo convenciona l, n um pe ríodo de 22 anos.
Na RUSLE, o fator C é definido por s ubfatores (cobertura do so lo por biomassa
cultural residual - SC; cobertura do solo po r pla ntas - CC; ru gosid ade su perficial - SR;
e teor de água no solo - SM). No Brasil, o subfato r SR tem sido es tudado e avaliado em
diferentes condições, entre essas: alterações na ru gos idad e s uperficia l pelo preparo do solo
e pela chuva (Castro et ai., 2006); relações da rugosidade superficia l com a chuva e com a
estabilidade de agregados do solo em água (Berto! et al., 2006); relações da rugos idélde
superficial com doses de fitomassa residual de milho e com o volume de ch uva (Berto! et
ai., 2007); efeito residual do manejo do solo na rugos id ad e s uperficial (Zo ldan Júnior et
aJ., 2008); relações da rugosidade superficial do solo com a erosividade d a chuva (Berto! et
al., 2008); e efeito de uma operação de escarificação sobre a rugosidade su pe rficial e sobre
algumas variáveis hidráulicas (Berto! et ai., 2008). Alguns trabalhos fora m desenvolvidos
com vistas à discriminação do subfator SC, entre esses os de Streck (1 999) e Volk (2006).
As feições do relevo, como a declividade e o comprimento e as fo rmas do declive
são também fatores do processo de erosão hídrica do solo. Co m relação ao efeito do fator
relevo na erosão hídrica, muito pouco tem sido pesquisado no Bras il. O esta do de ar te
deste fator indica os seguintes trabalhos, onde os autores determinaram taxas de erosão
em diferentes comprimentos de declive, em condições de chuva simulada realizada
em nível de campo: Berto! (1995), Morais (1999), Amaral (2010) e Barbosa (2011). Estes
autores objetivaram determinar verdadeiramente comprimentos críticos de declive
para contemplar o fator C da RUSLE, no que se refere à falha da fitomassa residual no
controle da erosão, mas, concomitantemente, definiram taxas de perdas de água e solo em
diferentes comprimentos de declive. Foram feitos dois estudos em Argissolo (Berto!, 199.5;
Morais, 1999) e dois em Nitossolo (Amaral, 2010; Barbosa, 2011). É importante salientar
que os diferentes comprimentos de declive estudados por es tes autores foram simu lados
por meio de adição de fluxos extras de água na cabeceira de parcelas experimentais com 11
m de comprimento. Assim, deve-se pressupor que os comprimentos de declive simu lado
tiveram declividades uniformes, iguais às das parcelas experimentais-padrão, que foram
utilizadas para estes estudos.
Em condição de chuva natural, os poucos trabalhos realizados no Brasil para avaliar
o efeito do comprimento de declive na erosão incluem os de Bertoni et ai. (1972), em
Campinas, SP, trabalhando com comprimentos de 25 m, 50 rn, 75 me 100 m; e Bágio (2016),
em Lages, SC, em comprimentos de 11 m, 22 m, 33 m e 44 m.
As práticasconservacionistasseconstituem também em um fa tor de grande impo rtância
na magnitude das perdas de solo e água por erosão hídrica. o caso do modelo USLE/
RUSLE, essas práticas se constituem em cultivo em contorno, cultivo em faixas associadas
ao contorno e à rotação de culturas, e terraceamento agrícola, denominadas de práticas
conservacionistas de suporte. São consideradas de suporte, pois são complemen tare às
prá ticas básicas, como a cobertura do solo, por exemplo. o caso do Brasil, certamen te este
fa tor tem um efeito menor quando comparado com o efeito do fator cobertura e manejo
do solo, especialmente. Relações obtidas para este fator em pesquisas realizad as em ou tros
países podem, em princ1p10, serem empr gadas nas condições locais. Características
particulare podem ser estudadas, desde que as prioridades estabelecidas pelos outros
fatores e tejam atendidas.
Pesquisas em erosão lúdrica do solo vêm sendo conduzidas atualmente no Brasil, tanto
em condições de chuva natural quanto chuva simulada. Em chuva natural, as pesquisas
são realizadas em parcelas experimentais do tipo padrão, com 22,1 m de comprimento no
sentido do declive por 3,5 m de largura, segundo critério estabelecido por Wischmeier e
Smith (1978). Também, são conduzidas em parcelas experimentais em padrão estabelecido
pelo IAPAR (1975), ou seja, com 11 m de comprimento e 3,5 m de largura. Além disso,
a quantificação de erosão lúdrica em condições de chuva natural vem sendo conduzida
em parcelas de tamanhos variados, simulando condições de bacia hidrográfica e em
bacias hidrográficas reais. Sob chuva simulada, as pesquisas são realizadas utilizando
simulador de chuvas de braços rotativos (Swanson, 1965; Bertol et a]., 2012), em parcelas
de tamanho padrão para esse tipo de equipamento (11 m de comprimento por 3,5 m de
largura. Ainda, pesquisas são realizadas em microparcelas, com área útil de 0,36 m 2 (0,6 m
x 0,6 m), utilizando microssimuladores de chuva de diversos tipos, geralmente com um ou
dois bicos aspersores. Essas pesquisas, além de outras (Pote De Maria, 2003), determinam
principalmente a infiltração de água no solo e o arraste de sedimentos, comparando técnicas
de manejo em erosão em entressulcos e gerando informações para modelos de erosão, mas
não possibilitando a obtenção de parâmetros para a USLE/RUSLE.
Recursos
Para a instalação de experimentos de erosão lúdrica em condição de chuva natural,
em nível de campo, são necessários vários recursos que devem ser devidamente
disponibilizados antes de iniciar os procedimentos.
Recursos humanos
Os recursos humanos devem ser devidamente treinados e capacitados. São necessários
pesquisadores, preferencialmente em nível de doutorado e, na falta destes, em nível de
mestrado, os quais tenham cursado disciplinas formativas no assunto durante a obtenção
de seus títulos. Em especial, tais profissionais devem ter cursado disciplinas que abordam
conteúdos de hidrologia, mecânica de erosão e modelos de predição de erosão, em especial
a USLE/RUSLE e WEPP, além de outras disciplinas relacionadas à conservação do solo
Recursos materiais
Figura 1. Calhas coletoras, cano e divisor de enxurrada tipo "Geibb" entre as caixas.
Foto: lldegarclis Berto!.
Caso não exista área nessa condição, é aceita outra, contanto que os atributos do solo,
especialmente os físicos, estejam minimamente degradados, a não ser que essa condição de
degradação esteja sendo avaliada. Outro critério fundamental é que o tipo de solo da área
seja o mais homogêneo possível, em termos de textura, profundidade do perfil e atributos
físicos e químicos e que apresente declividade uniforme (Figura 2).
A declividade deve estar o mais próximo possível de 9 cm m·1, para satisfazer o
padrão do modelo USLE/RUSLE. No caso de áreas com declividades diferentes dessa,
pode ser usada outra, contanto que represente a condição da paisagem da região. O
tamanho da área deverá contemplar o número de parcelas experimentais planejadas, mais
uma distância mínima de 2 m entre elas e no mínimo 10 m abaixo e acima das parcelas.
Em seguida, o solo onde serão instaladas as parcelas deverá ser homogeneizado, por meio
de preparo mecânico com arado e grade e por meio de correção química e física, apenas se
for n ecessário para garantir a mesma condição inicial para todas as parcelas. O local onde
serão instaladas as parcelas do tratamento solo descoberto (parcela padrão do modelo
USLE/RUSLE) não deverá ser corrigida quimicamente. As demais parcelas poderão ser
cultivad as e, nesse caso, todas com a mesma cultura para uniformização da área e, ou,
identificação de áreas com alguma variação, até a instalação dos tratamentos em definitivo,
quando então essas se diferenciarão de acordo com cada tratamento.
a sequência, a calha oletora de cnxurrnda deveró ser ·o lo ,1Lfa nc1 part e rn[IÍ S b,lixél
do terreno, u s ja, na bord;:i inferior dél p.ir ela . E. sa ca lhn d everá ter uma inclinaç5o d e
ap ro'l:ima damcnte ... m 111 · 1 da~ extremidades p,m:i o centro e da bo rd a s u p ri o r p a ra a
dir ção do cano, devendo -cr colocad;:i cm perfeito nível e perfe ita m en te assen ta da sobre
o - lo. Em guida, a. chapa deverão ser cravad.:is nas la terais e na extrem idade upe ri or
da parcela, ini iand -se de baixo para ci ma, ou seja, da ca lha cm direção à parte mais
alta do t n- no. chapas deverão ser cravadas a uma profundid ade mínima de 1 O cm
no ola, com a extremidad obrepostas uma à outra em aprox imadamen te 10 cm. A
sobrepo içã de, e er feita de modo que a água que escoa dentro da parcela não saia. Do
lado de fora da parcela, a terra deve ser a1nontoada nos pontos de sobrepos ição das chapas,
de modo que a água que escoa por fora não entre na parcela. Para cravar as chapas no solo,
utiliza-se um pedaço de madeira dura, denominado "ICl", com 1 m x 0,1 m x 0,1 rn, com
um sulco longitudinal no centro de um dos lados. O ICI deve ser posicionado sobre a chapa
de modo que a borda superior dela fique dentro do sulco do equipamento. Batidas deve ser
dada sobre o ICI, com marreta, de modo a cravar a chapa no solo.
ma das extremidades do cano de PVC deve ser colocada no bico da calha coletora
de enxurrada e, a outra, dentro da primeira caixa coletora de enxurrada posicionada
dentro da trincheira, situada 6 m abaixo da parcela. Isso indica que a declividade do cano
deve ser mais ou menos a mesma do terreno, e que a borda superior da caixa coletora de
en 'urrada deve estar no nível imediatamente abaixo da extremidade inferior desse cano,
como indicado na figura 3.
O s ta nqu •s col tnr ci d C'nxurr,,d,1 d vi•m c;p r ínloc,H loc; irn12di,1 , wnt1! ,11-lai'<n
d,1 e xtr •miJc1d e iníc-rior do ca no rvc, d1• mnd n cpw f' c;,1 f'"<lremiJc1dP do e nn dt>'- t•j •
a enx urréld a dentro do primeiro tan quP. F.<it<' t,ln']W' p (fonnminr1dn d tanque P
sed imentaç.10, pois armélz na o<i s dim •ni ne; J tndo<i nc; tamJnhoi;" a ,H;u,1 . F P t nqut1
estará li gado a um segundo tanqu, por me in d u m divíc;or Je enxurr<1dc1. denominado dt>
ta nque de cole ta, que armél zena .i , gua e os qed imen to-,, prednmrn,m t>menle colou..! 1 • 4w•
passam pelo divisor de enxurrad a. Amboc; oc; ta nq u e; J ·em "-Pr coloc,H..lo~ em nivel nP
terreno e terem um o rifício (co m tampã o) s uficir>n tem •n t gr,rn le na b c:e pc1r.1 f cditM n
esgotamento da enxurrada e a lim peza por ocas i, o das col as de ,1mnc;trc1c;_Dentro dl' cc1Jt1
tanque, deve ser colocado um recipiente (balde'), posicion,1do c;nb ,1 e tremieiJJe do cc.1 0 ,
com capaci dade mínima d e ,.lQ L. t\ sim, por oc,1i;íão Je ()(:nrr '-nc1,1 Je chuvJc; d ~. 11x.o
vo lume, toda a enxurrada ficará arm azenada nes te recipiente, focili d do o proced1m1!nfo
d e coleta de amostras e de limpeza.
O tamanho das parcelas, o número e a d imensão do<; t.rnqu • cole o rec;, o numerP
de janelas no divisor Geib podem er vari jvei em raz ão do tipo de _olo, d ·cl1Vt', cl1m.1
e, principalmente, do comprimento da pt1rce ld, do tipo de v · •et.içJo nu c ultur t" d.1
técnicas de manejo, que serão estudadas. De talhes para o d imen~ion.1mento J,, trutur.i
de armazenamento da enxurrada ão apresentado · por B rtoni e Lomb.irdi , 'e o (2(i\ 11J.
r ali.zada sempre que nece ário, como adubações de cobertura e controle de faw1a e flora
inde ejá, eis.
Cálculo do volume total de enxurrada: (a) no balde ou no tanque 1 (de decantação); (b)
no tanque 2 (de coleta); e (c) cálculo do volume total.
Cálculo da concentração de solo e água nos sedimentos: (a) na amostra de sedimentos
vinda do campo; e (b) no total dos sedimentos.
Cálculo da concentração de sedimentos e água na enxurrada: (a) na amostra vinda do
campo, por tanque; (b) no total, por tanque; e (c) no total geral, nos dois tanques.
Cálculo final das perdas totais de solo e água: (a) volume de chuva; (b) perda de
água, em que (bl) é expresso em volume na parcela e (b2) em % da chuva; (c) infiltração
efetiva da água no solo, em que (cl) é expresso em volume na parcela e (c2) em % da
chuva; (d) concentração de água na enxurrada (%); (e) perda de solo, em que (e1) é
expresso em kg parcela·1 e (e2) em t ha·1; e (f) concentração de água na enxurrada(%).
Os recursos humanos devem ter as mes mas características daqueles des tinad os ao
experimento em condição de chuva natural, em termos de formação . Quantitati vamente,
são necessárias entre cinco e sete pessoas dev idamente trei nadas, dependendo do ti po
de simulador, para realizar uma chuva simuJada. Além desses, o utros colaborJdores são
necessários para os trabalhos de laboratório relativos ao processamento das Jmostr<1 e
análises físicas e químicas dessas.
Os recursos materiais relativos a equipamentos são também indispensáveis. O
sin1uladores mais utilizados são o simulador de chuva de braços rotativos, tipo S, anson
(1965), com braços movidos por motor, ou do tipo Empuxo (Berto! et al., 2012), com b raços
movidos por empuxo hidráulico. Esses simuladores devem ser devidamente equipado com
motobombas, mangotes, canos e curvas de 75 mm de diâmetro e registros para aduçào de
água de uma fonte até o simulador. Outros tipos de simuladores, como o micros imulador,
descritos por Meyer e McCune (1958), podem ser utilizados para microparcelas.
Da mesma forma que para experimentos com chuva natural, são neces árias
outros instrumentos, corno estufa, balança digital eletrônica, computador, impressora e
planilhas de cálculo, para computar as perdas de água e solo. Além disso, são neces-ários
pluviômetros para controle e checagem da intensidade de chuva aplicada.
Os recursos de ordem material indispensáveis para a adequada instalação e condução
dos experimentos são iguais aos destinados à chuva natural, como calha coletora de
enxurrada e placa divisória de parcelas. Outros utensílios iguais aos usados em chuva
natural também são necessários.
largura, de acordo com IAPAR (1975). Também aqui se recomenda que os tratamentos
ejam instalados respeitando wn mínimo de duas repetições, ou seja, duas parcelas para
cada tratamento. As condições d o terreno e a orientação da parcela em relação ao declive
devem ser iguais às d a chm a natural. Isto também ocorre com relação aos procedimentos
de instalação da calha coletora de enxurrada e das chapas divisórias das parcelas.
padrão. Estudos evidenciaram que apenas a en rgia ciné tica da chuva, por si só, n ão é
um bom indicador do potencial erosivo da chu va. Por isso, no mode lo USLE/RUSLE, a
ero i, idade é repr entada pelo ú1dice El , produto da e nergia cinética total da chuva (E)
-'º
pela sua intensidade máxima em 30 min (130). Detalhes dos procedimentos de obtenção
de se fator enconh·am-se no apítulo 15.
b.1. O valor de E deve ser co mputado para todas as chuva com LO mm ou mzii · de
vo lume.
b.2. O valor de El30 para as chuvas m nores do que 10 mm deve er cal ul.1do, se a
quantidade de chuva em 15 min for no mínimo de 6 mm.
b.3. As chuvas separadas por 6 h ou menos de e m er tratada como urna úni a chu\·a.
esse caso, somente um valor d e El11) deve se r co mputado paril o ,~rupo inteiro :le
chuva .
b.4. As ch uvas separadas por mais de 6 h são tratadas como diferente - chuvas, pilra
efeito do Ellll e do número de chu as.
b.5. A intensidade máxima em 30 min é computada como e il chuva tive_ e dur.-iJo no
mínimo 30 min, no caso de uma chuva durar meno do que 30 min.
b.6. Os valores de EI30 são compu tados e m unidade métric.:is. :-\ e ner!:!ia cint'.-hca unitária
da chuva é dada em MJ ha·1 mm·1 e a intensidade má:--.im.:1 em O min da chuv.-i em
mmh·1•
c.1 . Selecionar o pluviogTama para computar O valor de EJ10 da chuva, de acordo com as
orientações gemi dadas anteriormente . ·
c.2. parar, m anualmente com uso de lápis ou por meio de dispositivo digitalizador, as
sec õe~ do pluviograma cmn declividade uniforme na linha de regish·o da chuva.
O di positi\ o digitalizador é constituído por uma mesa digitalizadora dotada
?e pr~g-rama e pecífico para identificar e digitalizar os segmentos de chuva com
mtens1dade uniforme.
c.3. Ler a carta, registrar em uma planilha, numa coluna (coluna 1), o tempo em que
ocorreu a mudança de inclinação da curva e marcar, em outra coluna (coluna 2), a
quantidade de chuva acumulada.
c.4. Iniciar a computação dos valores, assim que o pluviograma estiver totalmente lido.
c.5. Subtrair a leituras sucessivas na coluna 1 e na coluna 2, para obter os valores de
outras duas colunas (colunas 3 e 4).
c.6. lf ultiplicar cada valor da coluna 4 por 60 s e dividir pelo valor correspondente da
coluna 3 para obter os valores de outra coluna (coluna 5), ou seja, a intensidade da
chuva, mm h·1 .
c.7. Utilizar a equação da energia cinética unitária da chuva (Equação 1), com cada um
dos valores da coluna 5 (intensidade da chuva, mm h·1).
Para o modelo USLE, a energia cinética unitária da chuva é calculada pela seguinte
equação:
Ec(mm) = 0,119 + 0,0873 loglOi (2)
em que:
Ec é a energia cinética para cada mm de chuva, MJ ha·1 mm·1; e
i é a intensidade da chuva, mm h·1 .
Para o modelo RUSLE, a energia cinética wutária da chuva é calculada pela seguinte
equação:
Ec (mml = 0,29 [1 - 0,72 exp (-0,05 i)] (3)
c.12. Discriminar o valor de El30 da chuva multiplicando o valor d e ene~gia cinética t? ta1
da chuva da coluna 7 da planilha pelo valor da intensidade máxima em 30 mm e
expressar o El30 em MJ mm ha·1 h·1•
em que:
EI30 é o índice de erosividade, MJ mm ha·1; nesse caso, como a intensi_dade da ch ~va é
uniforme, não se faz o produto da energia cinética pela intensidade máxt ma em 30 mm.
Q é a quantidade de chuva aplicada, mm.
i é a intensidade da chuva simulada, mm h·1 .
E:-.:perimento para obter o fato r K não devem ser realizados em parcelas pequenas;
por isso, 0 simulador de chuva deve ser do tipo Swanson ou similar. Nesse caso, os dados
de p~r~a de olo ão obtido em parcela-padrão para a chuva simulada, sob as seguintes
c ~diçoes: comprimento da parcela de 11 m ; largura da parcela de 3,5 m; declividade
umfor~,: do terreno dentro da parcela de 9 cm nY1; distância entre as parcelas de 3,5 m;
superfICie do olo mantida permanentemente descoberta (sem vegetação) e desprovida
de cro ~a superficial. A coleta dos dados de perda de solo com as chuvas simuladas para
detem,mar o fator K deve er iniciada pelo 1nenos dois anos após o solo ter sido mantido
perman:ntemente descoberto e sem vegetação. Recomenda-se a seguinte sequência de
chuva sunulada com 63,5 nm1 J,-1 de intensidade constante, a ser aplicada segundo Olson
et ai. (1962):
• Primeira chuva com duração de 60 mine volume de 63,5 mm (63,5 mm h·1) , aplicada
sobre o solo recém-preparado.
• Segunda chuva com duração de 30 min e volume de 31,75 nm1 (63,5 nm1 J,-1),
aplicada 24 h após a primeira chuva.
• Terceira chuva com duração de 20 min e volume de 21,17 nm1 (63,5 mm h-1 ),
aplicada 15 min após a segunda chuva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa em erosão do solo 1;0 Brasil é relativamente recente, comparada a países como
os EUA e alguns da farrapa e da Asia. Além de recente, quantitativamente desenvolveu-se
com relativa alta intensidade entre as décadas de 1970 e 1980, sofreu forte desaceleração daí
até a década de 2010, aproximadamente, e, a partir daí, tomou a ser intensificada até ao-ora.
Qualitativamente, é possível avaliar, com base no banco de dados existente, que boa ~arte
dos resultados até agora conseguidos são de boa qualidade, obtidos dentro dos padrões
metodológicos corretos. No entanto, outra parte é de bai"Xa qualidade pelo fato de os
experimentos conduzidos pma tal foram mal planejados e, por isso, geraram resultados de
difícil, para não d izer impossível, a pro eitamento. Assim, boa parte das informações obtidas d e
resul ta~os de pesq_uisa em erosão do solo no Brasil pouco servem ao propósito de mod elagem
de erosao e de efetivo aproveitamento no planejamento conservacionista.
De~ido ª? cenário, em parte negativo, quanto aos resultados de pesquisas em erosão
d o solo Já o~hdos, deve-se, mais do que nunca, estimular novas pesquisas, em especial
novo~ pes~m~ad ores, a trabalharem na direção da geração de conhecimentos nessa á rea .
Para isso~ indiscutivelmente, são necessárias pelo menos três ações importantes. Primeira,
prepara~ao d e recursos humanos em grande quantidade e elevada qualidade, especialistas
em erosao e conservação do solo em nível de doutorado. Segundo, disponibilização de
recurs~s financeiros por parte das agências financiadoras, para alimentar projetos de
pesquisa nessa área. Terceira, efetiva vontade política do poder público, especialmente
do gO\ erno federal, mas também dos estaduais, para estimular a geração e estruturação
de núcleos regionais de pesquisa nessa área. Desse modo, será possível, no médio e
long? prazo, obter-se dados de erosão do solo suficientes em quantidade e confiáveis em
qualidade, para atender as demandas de modelagem do fenômeno e de planejamento
conservacionista de solo em bases sustentáveis.
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Conteúdo
Berto! I, De Maria IC, Souza LS, editores. Manejo e conservação do solo e da água. Viçosa MG: 5oc· d d
Brasileira de Ciência do Solo; 2018. ' te e ª
528
lSABELLA CLERICI DE MARIA ET AL.
INTRODUÇÃO
ESTRATÉGIAS CONSERVACIONIST AS
Práticas
vegetativas
'- ,
7
Cobertura
• '
+
Infiltração de
' •
Escoamento
'
t t t t
1
,.
Práticas Práticas
edáficas mecânicas
\.
Práticas vegetativas
As práticas vegetativas são aquelas em que se utiliza a vegetação, tanto as plantas
vivas, também denominadas dossel, como a biomassa vegetal provinda das plantas
fenecidas, que podem ter sido cultivadas no próprio local ou trazidas de outras áreas. Essas
práticas são eficazes principalmente para proteger o solo da energia decorrente do impacto
das gotas de chuva e do cisalharnento da enxurrada, que promovem a desagregação do
solo e o selarnento dos poros superficiais.
A biomassa vegetal protege o solo também, em parte, na fase de transporte de
sedimentos, agindo na redução da velocidade da enxurrada. As práticas vegetativas têm
efeito na infiltração de água no solo e devem ser utilizadas no controle do escoamento
superficial. Esse efeito das plantas na pro~eção do sol? contra o_impacto direto das gotas de
chuva depende da densidade da vegetaçao, da arqwtetura foliar e da altura do dossel em
relação à linha da superfície do solo.
MAN EJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA Á GUA
XVII - PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS DO SO LO E DA ÁGUA 533
Assim, a erosão do solo é tanto menor quanto maior a densidade da vegetação e quanto
mais próximo do solo estiver o dossel da vegetação que o recobre. Também, a e r~são é
menor quanto maior for a porcentagem da superfície do solo coberta e quanto maio r fo r
a quantidade de biomassa vegetal que estiver sobre e sob o solo. É de vital impo rtà ncia
o sistema radicular das plantas no controle da erosão, considerando os seus efeitos na
manutenção da agregação das partículas e na formação de canais e poros no solo.
No controle do escoamento superficial, as práticas vegetativas estão em geral
associadas às práticas mecânicas, já que essas, como o terraceamento agrícola, são capazes
de reduzir o comprimento do declive e, com isso, controlar o volume e a velocidade da
enxurrada, sendo capazes de iníiltrar ou conduzir seu excesso.
Cobertura morta
A cobertura do solo com biomassa vegetal morta é a prática conservacionista mais
fácil de ser implementada, sendo eficaz no controle da erosão tanto hídrica quanto eólica,
e, provavelmente, a de menor custo. A fitomassa residual deixada na superfície do solo,
dependendo do tipo, da quantidade e da forma de distribuição, forma um colchão,
denominado 111ulch, que protege a superfície da energia de impacto das gotas de chuva e,
em parte, da energia cisalhante do escoamento superficial, em razão do controle do vo lume
e da velocidade deste. Além disso, incorpora matéria orgànica ao solo, aumentando a sua
resistência à energia dos agentes erosivos (Figura 2).
Pelo fato de a cobertura morta estar colocada no nível do solo, a dissipação da energia
cinética das gotas é completa e por isso mais eficiente do que a cobertura por plantas vivas.
Quando a cobertura do solo é proporcionada pelo dossel de plantas, existe a possibilidade
de as gotas interceptadas se refazerem, se agruparem em gotas maiores e readquirirem
energia, produzindo impacto sobre o solo se este estiver sem cobertura próxima da
superfície. Isso é constatado em condições de mata e reflorestamento comercial, onde se
observam grandes gotas impactando o solo, mesmo quando as chuvas que atingem a copa
são de baixa intensidade.
Figura 2. Áreas d e cultivo com solo descoberto (a), exposto à ação das chuvas; e área utilizando a
prática de cobertura morta (b) com fitomassa residual para proteção do solo contra O impacto
d as go tas d e chuva. Foto dos autores.
A cotJ:ertura morta sobre o solo apresenta ouh·as vantagens do ponto de vista agronômico
e do ambiental, que se somam ao efeito de conservação da água e do solo: diminui a
temperatura em termos absolutos e limita a amplitude térmica da superfície do solo, reduz
a evaporação de água, aumenta a infiltração e o armazenamento de água no solo; e mantém
condições adequadas para desenvolvimento da microfauna do solo. Com isso, a cobertura
morta ~ria no_so~o condições favoráveis para a elevação da produtividade das lavouras, a
proteçao da biodiversidade e a manutenção da atividade biológica diversificada.
O efeito da cobertura morta no controle da erosão vem sendo avaliado em cultivas
anuais e perenes há muito tempo (Marques et ai., 1961). Os diversos estudos de avaliação
e ~uantificação do efeito dessa prática vegetativa no controle da erosão indicaram que
deLxar a fitomassa residual na superfície, apenas, apresenta uma alta eficiência no controle
das perdas de solo e água, como evidenciaram os primeiros ensaios realizados no Brasil
(Quadro 1). Nestes trabalhos, ficou demonstrado que a palha deixada na superfície do solo,
mesmo não caracterizando a técnica denominada "semeadura direta", reduziu as perdas
de solo e água em cerca de 70 % em relação à palha queimada.
Quadro 1. Efeito do manejo de fitomassa cultural residual de milho nas perdas de terra e água por
erosão em um Latossolo férrico
Perda
Manejo da palha
Solo Água
t ha·1 % da chuva
Palha queimada 20,2 8,0
Palha enterrada 13,8 5,8
Palha na superfície 6,5 2,5
Fonte: Adaptado de Bertoni et al. (1972).
300 700
f =189,01 e"B-04• Á perda de solo 600
250
y =596,69 e·:z&.04• ♦ ~
.-;'(IS
,.e; perda de água 500
.... 200
d
à 400
õtil
QJ
150 i
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"Cl 300 "Cl
(IS d
"Cl
1i:l
100
200
...
-e,
QJ
p.. p..
50 100
o -+--------- - - -- ~ - -- - -- ----+ o
o 2000 4000 6000 8 000 10000
Fitomassa residual na superfície, t ha·1
Figura 3. Efeito da quantidade de fitomassa cultural resid ual de milh o deixados na superficie nas
perdas de água por escoamento superficial em um Latossolo férrico.
Fonte: Adaptado de Lombardi Neto et ai. (1988).
40,0
35,0 - milho
30,0 trigo
~
.... 25,0 --•-- soja
o'
õUl 20,0
QJ
'"O
15,0
~
~
p... 10,0
5,0
0,0
o 20 40 60 80 100 120
Cobertura do solo, %
Figura 4. Relação d a perda de solo (Ps) com a cobertura (C) por fitomassa residual de cultivo de
mi lho, trigo e soja.
Fonte: AdaptaJo d e Lopes t!t ai. (1987b).
....~ 100
~ 90
1 80
cu 70
"'CI
~ 60
ia
"3 50
6
e
ia
40 - 22%C
5
b0
30 - 62 %C
.19 20 -t-81 %C
~
u 10
~
p.,
o
o 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Tamanho dos sedimentos, mm
30
-:a)
6t.l -+-sUP
25
cà ---- Sl+lG
'"O
(0
20 -Ã-SI+2G
~
~
QJ 15
-+-s1+4G
co
'"O
QJ
'"O 10
co
'"O
·eo 5
'ã)
>
o ~ ~ M ~
o W
Cobertura do solo com fitomassa residual, %
f igura 6. Velocidade da enxurrada e cobertura do solo com fitomassa residual de trigo espalhada
uniformemente (SUP) e incorporada por uma (SI+1G), duas (SI+ 2G) e quatro (SI +4G) gradagens.
Fonte: Adaptado de CarvaU10 et ai. (1990).
(Figura 7). Pa lha de gra míneas e de outros tipos de fito massas, como aqueles resultantes de
poda u rbana, podem ser tra zid os para as áreas de cu ltivo pa ra formar a cober tura 1_:1orta
do solo . Trazer a pa lha de outros locais pode ser um problema se o local de produçao for
dis tante d o local de destino, o que aca rreta alto custo de tra ns po rte e de mão de obra para
dis tribuição.
Entretanto, a cobertura morta pode ser produ zida na p rópria área, com o cultivo de
plantas es pecíficas para isso, no período ad equado pa ra a cu ltur a principal, de fo_rma ~ue a
fitomassa d estas plantas, quando terminado seu ciclo ou q uando dessecadas, se1a dei xada
na s uperfície d o solo.
Entre os cuidados com a cobertura morta estão o controle do fogo, para que a
cultura principa l não seja atingida caso a palha seja incendiada; e a escolha de e~pé~ies de
cobe rtura morta que não sirvam de abrigo para pragas e doen ças da cul tura pnncipal. A
cobe rtura mo rta também potencializa os efeitos de geadas, o q ue, em situações especificas
d e locali zação, tipo de cul tura e épocas, deve ser evitada.
Figura 7. Cobertura morta para melhorar a qua lidade do solo e oferecer proteção contra a erosão em
pomar na região de Jundiaí, SP. Foto dos autores.
Esta t cnka pode er usada em locais onde O t rraceamento não apresenta resultados
satisfat rio , e mo em áreas muito declivo as, solos ra os ou muito arenosos e em solos
com baixa pem1eabilidade. Pode, ta mbe:m, ser associada aos terraços, cordões de terra
em contorno e cordões de pedra, aumentando a capacidade destas práticas mecânicas
no controle d as p rdas de solo por erosão e permitindo o cultivo de culturas perenes em
relevo movimentado e em áreas mais críticas. É utilizada também no controle de voçorocas
ou ~~~e, sulcos, interceptando o fluxo da água que se concenh·a no fundo, bem como
possibilita a fom1ação gradual de terraços em patamar pelo acúmulo dos sed imentos a
montante.
Os cordões de vegetação são eficazes para reter os sedimentos, pois reduzem a
'elocidade do escoamento superficial, provocando a deposição das partículas transportadas,
e filtram os sedimentos como um efeito mecânico em razão da densa massa de vegetação,
tendo como consequência o aumento da infiltração de água no solo.
Estima-se que esta prática controla cerca de 80 % das perdas de solo e 60 % das perdas
de água (Bertoni et al., 1972) e apresenta eficiência mesmo quando locada sem grande
precisão de nível e em declividades onde outras práticas são pouco eficientes.
A espécie escolhida para formar a faixa de vegetação deve, preferencialmente, ter
fim econômico, apresentar porte baixo, crescimento rápido e perenidade, formar densa
barreira com o solo, não ser invasora e nem servir de abrigo para pragas e doenças.
Algumas das espécies recomendadas são capim-cidreira (Cymbopogon citrnh1s), cana-de-
açúcar (Sacdwrum spp.), capim-elefante e capim-napier (Pennisehon purpureum) e vetiver
(01rysopogo11 zizanioides (L.) Roberty), entre outras.
O vetiver (Figura 8) vem sendo recomendado para estabilizar o solo em áreas
declivosas (Vetiver Network - http:/ /www.vetiver.org), e as espécies forrageiras e cana-
de-açúcar estão sendo indicadas para, adicionalmente, fornecer suplementação alimentar
aos animais domésticos, em pequenas propriedades.
.
Figura 8· Avaliação d a eficiência de cordões de vegetação permanente com capirn-vetiver no controle
Ih C
de perdas por erosão, em Latossolo Verme o, ampmas, . SP.
Fonte: Foto dos autor .
Quadro 2. Espaçamentos entre fai xas de vegetação permanente cm razão do tipo de <;olo e d..i
declividade do terre no
Tipos de solo
Argiloso com baixa Argiloso com alta
D eclividade Arenoso infiltração
infiltração
EH EV EH EV EH EV
% ---------------------------------------- m --------
<4 0,90 30 1,00 33 1,30 •B
5-8 1,20 20 1,35 23 1,75 29
8-22 1,50 15 1,70 17 2,20 22
EV = espaçamento vertical e EH = espaçamento horizontal.
Fonte: Adaptado de Lombardi Neto e Drugowid1 (1994).
corrida na faixa com p uca cobertura ou mobilizada pelo preparo é retido, pelo menos em
parte, na' egeta ão ainda xi tente na faixa com boa cobertura e não mobilizada .
Figura 9. Cultivo em faixas, alternando faixas com cultivo de cana-de-açúcar e com cultivo de
crotalária. Foto: Luiz Carlos Dalben, Agrícola Rio Claro.
Quadro 3. Variações da prática conservacionis ta cul tivo cm fai xas em rnão da escolha das cu ltura
e da disposição das faixas no relevo
A largura da faixa será menor quanto mais erodível for o solo, maior s ua declividade
e menor a densidade da cobertura proporcionada pelas culturas. Em geral, adota-se o
mesmo espaçamento que seria usado caso fossem utilizados terraços, facilitando inclusive a
futura construção destes, caso seja necessário. A largura destas faixas pode ser estabelecida
também com base no múltiplo da larpilla das máquinas, especialmente as semeadoras e
colhedoras que serão usadas na área. E preciso considerar que, quando a largura das faixas
em nível for muito irregular, haverá muitas ruas mortas, dificultando trabalhos d e cu ltivo
e tráfego de máquinas.
O cultivo em faixas com rotação entre plantas anuais e semiperenes (cana-de-açúcar
e pastagens) pode incluir um período com adubo verde ou planta de cobertura. Es ta
alternância de culturas no tempo e espaço adiciona o efeito da rotação de culturas na
melhoria da qualidade do solo e na sua resistência à erosão hídrica, mas exige cuidad os
na escolha das culturas e dos manejas, considerando pragas, doenças e manejo de plantas
infestantes.
Para a produção da cana-de-açúcar, foi desenvolvido um sistema de cultura em faixas,
associado à adubação verde e à redução do preparo do solo, denominado meios i (métod o
interrotacional ocorrendo simultaneamente, Barcelos, 1990) que consiste no plantio, em
faixas, de cana-de-açúcar intercalada com faixas para o cultivo de adubos verdes.
A cana-de-açúcar plantada é utilizada no ano seguinte para produzir mudas para
a faixa que estava com a adubação verde (Figura 10). Este sistema mantém o solo com
vegetação durante todo o período de reforma, reduz a porcentagem da área a ser preparada
e faz o efeito de barreira vegetal, retendo sedimentos e controlando a enxurrada, além de
reduzir o tráfego de máquinas para o corte e transporte das mudas, evitando compactação.
I
1-1 - - - -
3m 12m
Figura 10. Sistema de plantio em faixas, associado à adubação verde e à redução do preparo do solo
para a cultura de cana-de-açúcar, denominado meiosi.
Fonte: Foto do autores. Diagrama CATI / SAA.
Quadro 4. Efe ito do espaçamento e ntre pla ntas d café nas perdas d s?lo por ero~ào ~ídrica_e m
Argissolo e m ca fé novo (ele zero a cinco a no do planti o) e em ca fé to rmado (seis a 12 anos <l o
plantio)
As_ esp~cies indicadas como plantas de cobertura variam de acordo com as condições
e~afoc~máticas, o sistema de produção adotado e a época de plantio (Silveira e Stone, 2010;
L~m~ F1~1 o et ai., 2014). Há mais opções para a Região Sul do Brasil, onde as chuvas são
distnbmdas ao longo do ano, do que para a região central, especialmente no Cerrado, pelo
período de défice lúdrico acentuado no outono-inverno.
E~tre as principais espécies de granúneas (Poáceas) cultivadas no outono-inverno,
exclusivan:ente para cobertura do solo, estão a aveia-preta (Avena strigosa), a aveia-branca
(Av~rn sahva) e a aveia-amarela (Avena byzantina), o azevém anual e o perene (Lolium
multiflorum Lam) e o centeio (Secale cereale L.). Também, há granúneas de outono-inverno,
destinadas à produção comercial, que também podem ser consideradas como cobertura
do_solo, como a cevada (Hordeum vulgare), 0 trigo (Triticum spp) e o triticale (Triticoseca/e
Wittrnack). As gramíneas são importantes na produção de material vegetal, tanto na parte
aérea quanto nas raízes e, por isso, são eficazes na cobertura do solo e na agregação do solo,
além da ciclagem de nutrientes.
Com relação às leguminosas (Fabáceas) de outono-inverno, a ervilhaca (Vicia sativa),
ervilhada-peluda (Vicia villosa), parda (Vicia articulada), púrpura (Vicia atropurpurea),
húngara (Vicia pannonicn), hirsuta (Vicia Jzirsuta) e a de folha estreita (Vicia angustifólia)
são cultivadas. Além dessas, há a ervilha (Pisum sativum), a fava (Vicia Jaba), a serradela
(Omithopus sativus), o tremoço-branco (Lupinus albus), o amarelo (Lupinus luteus) e o azul
(Lupinus angustifolius), os trevos (Trifolium spp.), sendo os principais o encarnado e o
vermelho e o chícharo (Latliyrus sativus) importantes culturas para esta época do ano.
Estas leguminosas são importantes na produção de material vegetal, principalmente na
parte aérea, além de seu potencial na fixação de N2 por simbiose e, por isso, são eficazes na
cobertura e melhoria da qualidade química do solo, além da ciclagem de nutrientes.
Entre as gramíneas de primavera-verão estão o milheto (Pennisetum glaucum), o sorgo
forrageiro ou capim-sudão (Sorglzum bicolor L. Moench e Sorglzum sudanense L.), o teosinto ou
dente-de-burro (Zea mays subesp. mexicana). Também têm sido utilizadas corno plantas de
cobertura as braquiárias, como a Urochloa ruziziensis. Estas espécies são grandes produtoras
de material vegetal na parte aérea e nas raízes e, por isso, apresentam grande potencial
para formação da cobertura do solo e melhoria de sua estrutura. Dentre as gramíneas
destinadas à produção comercial, o milho (Zea mays) destaca-se como sendo protetora do
solo pela grande quantidade de fitomassa residual persistente que produz.
No caso das leguminosas de primavera-verão, mesmo cultivadas no início do outono,
a cobertura do solo pode ser feita com feijão-de-porco (Canavalia ensifonnis); mucunas
(Mucuna sp.) preta, cinza, rajada e anã; guandu (Cajanus cajan), especialmente o arbustivo e
0 anão; e as crotalárias (Crotalaria spectabilis, C. juncea, C. ocroleuca, C. mucronata, C. brevifl.ora
e e. grantiana). Estas leguminosas são mais import~tes na_pro~ução de mate~ial ~egetal,
principalmente na parte aérea, ~ém d: seu ~ote~cial na fixaçao de N 2 por s11nb10se, do
que as de outono-inverno e, por isso, sao mais efi_cazes do que a~uelas na cobertura e na
melhoria da qualidade química do solo, além da c1clagem de nutrientes.
Espécies como nabo-forr_ag~iro (Raphanus sativu~), colza ou ~anela (cruc_íferas)
(Brassica napus), espérgula (car10filáce~) _(Spergula _a1vens1s), no ~utono_-mverno; ~ girassol
(composta) (Helianthus annuus) e sesbama (le~osa) (Sesbama spec1osa), ~a pnrn~~era-
verão, entre outras, são pronussoras para cobnr o solo e melhorar seus ah·1butos fis1cos,
químicos e biológicos.
Cultivo consorciado
Figura 11. Plantio consorciado de cana-de-açúcar e adubo verde, em área irrigada, em Latossolo
Vermelho na região de Ribeirão Preto, SP.
Fonte: Foto dos autores.
s~tTm.ha, no ou tono-inverno (Ceccon, 2013). Nesse caso, as duas culturas (milho e forrageira)
sao semeadas ao mesmo tempo; no entanto, o milho se desenvolve mais rapidamente, e a
forrageira é som?reada. Após a colheita o milho, no final do período chuvoso, as forrageiras
esta~elecem rapidamente uma elevada biomassa, que pode ser pastejada ou apenas ter a
funçao de cobertura do solo para a posterior semeadura da soja em semeadw·a d ireta no
Yerão (Figura 12).
Figura 12. Consórcio entre espécies forrageiras e milho safrinha, em semead Uia direta com soja, no
verão, após a colheita do milho na região do Médio Paranapanema, SP.
Fonte: Foto d os auto res.
A elevada eficácia das pastagens no controle das perd as de solo por erosão hídrica é
decorrente da cobertura do solo pela parte aérea muito próxima do nível do so lo;~, no ca 0
das gramíneas, do efeito das raízes na estruturação do solo. Por outro lado, a re lativamente
baixa eficácia destas no controle das perdas de água é devida à compactação do solo,
geralmente presente nas pastagens por causa da alta carga animal e da baixa oferta de
forragem, decorrentes do manejo inadequado.
O alto escoamento superficial em pastagens cultivadas ma l man jadas pode
desencadear elevadas perdas de solo, em especial quando as pastagens ão cultivadas
sobre solos frágeis do ponto de vista de resistência à erosão (Figura 13).
Figura 13. Pastagens degradadas, com erosão laminar e em pequenos sulcos, bai..'Xa qualidade física e
fertilidade do solo resultando em baixa produção de biomassa e cobertura do solo.
Foto: Foto dos autores.
Paisagens com pastagens degradadas, com baixa cobertura, sulcos de erosão e trilha
decorrentes d e caminhamento animal são comuns em muitas regiões brasileiras. Por isso,
nem sempre as pastagens podem ser consideradas um uso conservacionista do solo, uma
vez que a presentam perdas de solo e de água e compactação da superfície.
Idealmente, deve-se manter a oferta de forragem em aproximadamente 12 % para
que as pastagens mantenham o ritmo adequado de crescimento vegetal, tanto na parte
aérea quanto nas raízes, para que, efetivamente, reduzam a erosão e conservem o solo e,
ao m esmo tempo, supram adequadamente os animais com forragem, confom,e dados de
Bertol e t al. (1998, 2000).
Figura 14. Sistemas de manejo (a) integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF), com a pastagem
estabelecida entre as linhas de eucalipto em Votuporanga, SP; e (b) integração lavoura pecuária
(TLP) estabelecida após cultivo de soja em Rancharia, SP.
Fotos: Fotos dos au tores.
Quadro 5. Efeito de práticas conservacionistas em cuJtUias anuais sobre as perdas de solo e água por
erosão
Perdas por erosão hídrica
Práticas água da
solo
chuva
t ha·1 %
Linhas de p lantio no sentido morro abaixo 26,0 6,9
Linhas de plantio em contorno 13,2 4,7
Linhas de plantio em contorno com alternância de capinas 9,8 4,8
Cordões em contorno com cana-de-açúcar 2,5 1,8
Fonte: Adaptado de Bertoni et al. (1972).
Figura 15. fanejo de plantas invasoras: (a) na entrelinha de pomar recém-implantado; e (b) em
pomar de limão manejado com roçadeira ecológica, concentrando a palha próximo à fileira de
plantas.
Fonte: Foto dos autores.
da erosão, principalmente pela falta de cobertura na superfície do solo e pela colheita total
das árvores (Figura 16).
Alguns estudos vêm demonstrando que há perdas por erosão nas á~ea~ d_e
reflorestamentos, principalmente na fase de implantação das espécies, sendo os pnnc 1~~ 1s
fatores: o preparo do solo no sentido do declive com mobiLização intensiva da su perficie,
os solos frágeis e o declive acentuado (Martins et ai., 2003; Pires et ai., 2006; Baptista e
Levien, 2010).
Práticas edáficas, como sistemas conservacionistas de preparo, corte das árvores
escalonado no tempo, controle do fogo, época de plantio e colheita fora da época ~ais
chuvosa, também devem ser planejadas para que não ocorram novos processos erosivos
nestes locais.
Figura 16. Paisagem de solos suscetíveis à erosão em declividade elevada, correspondente à classe
de capacidade de uso VII: (a) protegida por reflorestamento; e (b) sem cobertura após a colheita
em área total.
Fonte: Foto dos autores.
Práticas edáficas
As práticas conservacionistas de caráter edáfico são aquelas que, com modificações no
sistema de cultivo ou no manejo, promovem a melhoria das condições de fertilidade e de
qualidade física dos solos, de forma a contribuir para o controle da erosão.
. 10 s
sistemas de produção agropecuária e florestal, o consumo e a lixiviação dos
nuh·t~nte do solo, a degradação da matéria orgânica e a formação de camad as compac tadas
conlTtbuem para a d egradação dos atributos do olo relacionados com a su s tentação da
produção vegetal e infiltração de água no solo e, assim, proporcionam condições para
acelerar os processos erosivos.
As medidas de caráter edáfico se relacionam à manutenção e melhoria da qualidade
física e quíntica do solo. Solos equilibrados e consen adas quimicamente produzem
ma~s, com n~aior aporte de matéria , egetal, e, com isso, protegem mais e adicionam
maJor quanhdade de matéria orgânica, assim como solos que mantém uma estrutura
física adequada para o desenvolvimento radicular e a infiltração de água tornam-se mais
resistentes à erosão.
Entre os objeti, os das práticas edáficas está a manutenção da matéria orgânica do solo,
que tem importante relação com a erosão. Nos solos argilosos, a matéria orgânica modifica
a estrutura, formando espaço poroso entre as partículas, melhorando condições de aeração
e retenção de água. Nos solos arenosos, esta aglutina as partículas, estabilizando a esh·utura,
diminuindo o tamanho de poros e aumentando a capacidade de retenção de água.
Controle do fogo
O fogo vem sendo usado pelo homem há milênios para manejar a matéria vegetal e
preparar o terreno para a semeadma ou plantio. Esta prática apresenta algumas vantagens,
todas relacionadas à economia e facilidade na preparação de áreas para o cultivo. A
pronta mineralização de nutrientes pelo fogo pode propiciar aumento de produtividade
das culturas no curto prazo e ajudar a controlar pragas e plantas daninhas. No entanto,
o fogo apresenta desvantagens que superam essas vantagens imediatas. Os principais
problemas decorrentes do fogo são: eliminação da cobertura do solo, redução da matéria
orgânica, diminuição da atividade biológica pelo menos nos dias ou semanas após a
queima, eliminação de espécies vegetais menos resistentes, diminuição da infiltração e
armazenagem de água no solo, aumento do escoamento superficial e da erosão (Quadro
1). Com o aumento da erosão, aumentam as perdas de nutrientes (Berto! et aJ ., 2011) e o
empobrecimento do solo no longo prazo.
fitom assa e para a atividade biológica; e, por isso, a ca lagem é considerada também como
uma medida conservacionista de solo.
O fornecimento de Caem profundidade pela utilização do gesso agr ícola não s ub~titui
o calcário porque não corrige acidez nem reduz saturação de AI, mas melhora o ambiente
proporcionando condições para maior desenvolvimento radicula r.
A calagem, no entanto, em solos ácidos pode provocar desagregação e d ispersão da
argila na camada superficial, resultando no aumento do trans po rte de partículas de solo
pela erosão hídrica ou na elevação do encrostamento da superfície, que reduz a ca pacidade
de infiltração de água e aumento do escoamento superficial, no momento em que é aplicada
ao solo. Com o tempo, com a reação do calcário com o solo e o efeito no cresci mento de
raízes e das plantas, este efeito negativo do ca lcário é compensado, e as áreas corri gida
apresentam menores valores de perdas por erosão.
A adubação mineral e a adubação orgânica constituem-se em fator imprescindível
à manutenção da produtividade agrícola e, portanto, da cobertura vegetal. A adubação
adequada deve ser definida com base na análise de solo.
A adubação química serve para repor a quantidade de nutrientes de plantas, extraída
por estas durante o processo produtivo, e também aqueles nutrientes perdidos por
erosão hídrica durante o ciclo das culturas. Isso é fundamental para evi tar a depleção de
nutrientes, que, em nível acentuado, ocasiona enfraquecimento e incapacidade química do
solo. Com isso, a produção vegetal é rebaixada, diminuindo o teor de matéria orgânica do
solo e a proteção do solo com a fitomassa residual decorrente das plantas. Os nutrientes
N, P e K necessitam ser repostos com maior intensidade e frequência e, para isso, devem
ser seguidas tabelas de necessidades de nuh·ientes requeridas pelas plantas cultivadas,
acrescidas das quantidades perdidas pela erosão hídrica anualmente.
A adubação orgânica é principalmente aquela que utiliza dejetos de anima.is, mas
existe um uso crescente também dos resíduos agroindustriais e urbanos em áreas agrícolas.
O aumento no uso, tanto dos dejetos animais quanto das biomassas residuais de outras
fontes, está relacionado à necessidade imposta pelas legislações ambientais de disposição
adequada destes materiais e ao aumento da conscientização dos problemas causados pelo
descarte inapropriado, principalmente o impacto nos recursos hídricos.
Os dejetos comumente usados na adubação dos cultivas anuais, perenes e pastagens
são os de suínos, aves e bovinos. Os de suínos e bovinos são, em geral, aplicados na forma
liquida, enquanto os de aves, na forma sólida, cada um deles apresentando concentrações
variadas de N, P e K e de outros nutrientes, dependendo do tipo do animal e da forma
como é obtido e tratado. A quantidade de cada nutriente aplicado ao solo é dependente,
portanto, da quantidade de dejeto aplicado e do teor do nutriente no dejeto.
Esta forma de adubação, além de fornecer nutrientes às plantas, estimula fortemente
a produção vegetal e a atividade biológica do solo, o que, por sua vez, é fator importante
para aumentar indiretamente a resistência do solo à erosão hídrica.
A adubação orgânica é mais comum em culturas perenes, hortaliças e, principalmente,
em culturas de pequena expressão geográfica, mas intensivas. A pequena disponibilidade
de adubos orgânicos e o custo, em especial do transporte, limita seu uso mais generalizado.
Mesmo que a adubação orgânica não possa ser efetivada diretamente, devem-se adotar
práticas que proporcionam a preservação da matéria orgânica do solo, como utilização de
• du bos \'C'rd ~ • pl ;m tc\c; d oh rhJr . manut nção dl' rol r.rtu rn com fi tmna ssn rc<-id u a l
d u, ~ da!-or rn õcs d mobili 7ação da!- ra mada~ superfi ciai s.
Rotação de culturas
A rotação d e culturas significa alternar en1 um mesmo terreno diferentes culturas
numa sequência d e acordo com um plano previamente definido. As culturas não precisam
ser anuais, poi mandioca, cana-de-açúcar e pastagens podem estar num mesmo plano de
rotação. Os p rincipa is objetivos da rotação são obter melhor organização da distribuição
das culturas na propriedade, na economia de trabalho, no controle de plantas infestantes,
insetos e doenças, na manutenção da matéria orgânica e N do solo, no awnento da produção
e na redução d as perdas por erosão. A rotação de sucesso resulta, em longo pra.zo, em
elevação da produção e aumento da matéria orgânica do solo.
Esta prática, entre outras vantagens, proporciona aumento da cobertura vegetal de
diversas formas : altemáncia de cult-uras que produzem maior quantidade de biomassa,
diferentes velocidades de crescimento, diferentes tipos de raízes e diversos espaçamentos,
proporcionando uma variação na cobertura vegetal do solo, o que nã o ocorre nas
monocultura ; uso de culturas plantadas em épocas que proporcionam ma ior cobertura
vegetal d o solo em períodos críticos; alten:1.â!'cia de culrur~s que ~eram biomassa r~sidual
com d iferentes velocidades de decompos1çao; e exploraçao de diferentes profundidades
d o solo, em razão dos sistemas radiculares di versos, proporcionando melhor ciclagern de
nutrientes.
A rnt,1ç, n d <' cult ur,1 c: d PV<' 'lf'r pl,, n j dil par.t 'lllf' ;ipr?<en "'nutr e: v, rit1 en'- cn P
controle d e prclg;-1c;" do nr,ac:, cn ntrnlP dr m,, n, prn 'f' Í mPnln de n11 rit->n "'"· m~ li nr ,l
n,1 iníiltr;iç, o" armr17f'na gcm d<' .:ig11a . J lg Jma rc;pfrie'- dr> ,1 i 11bnc: ·n~r Jec: P pl;i ,1c: dt•
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PC verão PC verão e PC verão e RP verão ES
inverno SD inverno SD invem SDinvemo
Figura 17. Pe_rdas médias anuais de s?lo (t ha 1) e águ~ (d, L m 1) por l!ru - 0 em pr, ·p . r Jn 'iülo
con venoonal (PC), semeadura direta ( O), õ carihc, ç,fo (ES) e ro t.lç,1o J~ pr p (h \RP) nu
verão e inverno em Latossolo Vermelho, muito ,ugilo o, Ch.i p~ o. - -.
Fonte: Adaptado de Beuller e t ai. (2003).
Figura 18. Semead ura direta sem preparo prévio do solo em Argissolo de textura média/ argilosa
sobre palha de m ilho.
Fonte: Foto dos au tores.
Quadro 6 · Perdas de terra e águ a por erosão cm razão de d iferentes equipame ntos para preparo do
solo e sem eadura direta em sisten1as com um cultivo (milho/pousio) e dois cultivas
(soja / aveia) por ano, em Latossolo Vermelho com 6% de declive, Campinas, SP
Cultivos Escarificador Arado de discos Grade pesada Semeadura direta
Perdas de terra, t ha·1
milho/ p ousio(ll 3,5 6,3 4,4 1,7
soja/ aveiar.1 3,4 7,7 9,0 1,0
Perdas de água, mm
mfülO/ pousiof1l 37 68 47 25
soja/ aveiaf2l 40 93 110 13
uma operação de preparo do solo por ano. (2) duas operações de preparo do solo por ano.
(1)
Nas á reas rurais, observa-se que os processos erosivos mais intensos, com fo rmação
d e s ulcos profundos e voçorocas, geralmente são decorrentes de estradas e carreadores
mal loca li zados, fa zendo com que a água dél enxurrnda se acu mu le em grande volume em
determinados pontos do terreno.
Entretanto, se adequadamente locadas e dimensionadas, as es tradas ru rais podem
se tornar importantes práticas de controle das perd as de solo e água por erosão hídrica.
Seguindo o apresentado em Bublitz e Campos (1992), as estradas não podem se constituir
em locais de armazenagem e condução de enxurrada, ou seja, a enxu rrada não deve ser
orientada a escoar pelo leito das estradas e carreadores.
Assim, estradas e carreadores devem es tar localizados preferencialmente nos djviso res
de água, nas cotas mais elevadas do terreno, de maneira a d ivid ir as águas, o rientando-a
de um lado e de outro para as áreas de lavoura. A conformação idea l de estradas rurais é
aquela em que o leito é levemente abaulado e suavizado, com uma incl inação transversal
variando de 3 a 6 cm m·1 do centro para as laterais do leito e com uma incl inação no talude
lateral de no máximo 12 cm m·1 . Esse abaulamento do leito da estrada tem o objetivo de
evitar o acúmulo de água no centro da pista da estrada.
Ressalta-se que a água proveniente das estradas não pode causar erosão nas áreas
marginais e tão pouco nas áreas agrícolas adjacentes. Por isso, a condução da enxurrada
deve ser feita por meio de estruturas mecânicas denominadas, de forma a brangente, de
sangradouros. Estas estruturas têm diversas denominações, corno vírgulas e bigodes, que
variam conforme o tipo de construção e a região, e podem estar associadas a lomba das no
leito das estradas, utilizadas para diminuir a velocidade e conduzir a enxurrada (Figura 19).
As lombadas são construídas transversalmente no declive do leito da estrada. A altura
máxima da lombada deverá ser de 40 cm, após a compactação. ormalmente, o volume de
solo utilizado em uma lombada antes da sua compactação é cerca de 1,3 vez o volume de
uma lombada compactada. A largura da lombada deverá ser igual à largura da estrad a, e
o seu comprimento poderá variar de acordo com o declive e de forma que não dificulte ou
limite o trânsito dos veículos. De modo geral, quando a declividade do terreno no leito da
estrada for 6 %, projetar 50 % do seu comprimento a montante e os outros 50 % a jusante
da lombada; e quando a declividade do terreno no leito da estrada for de 6 a 10 %, p rojetar
30 % do seu comprimento a montante e os outros 70 % a jusante da lombada.
Os sangradouros conduzem a enxurrada proveniente das estradas para os terraços e
para as bacias de retenção, utilizados para armazenar e infiltrar a água d as estrad as e dos
carreadores, ou para outras estruturas de terra ou alvenaria, corno escadas hidráulicas,
por exemplo. Nos sistemas de conservação do solo com terraços, o intervalo entre os
sangradouros e as lombadas das estradas são um múltiplo do espaçamento entre terraços,
para facilitar a distribuição das estruturas e parcelar o excesso de enxurrad a no terreno.
As estradas internas ou de acesso às lavouras, quando mal locadas ou danificadas pela
erosão híd~ica e pelos trabalhos_de manutenção, de_vem ser recupera d as. A recu peração
deve ser feita de modo a regularizar e preencher o leito e elevar o seu nível, suavizando os
taludes e a baulando e suavizando o leito.
A r~~ari~ação e o preenchimento do leito da estrada deverão ser feitos em segmen tos
onde existirem megular1dades na estrada que comprometam o tráfego. o rrnalrnente, este
trabalho é realizado com motoniveladoras com escarificador, carro-tanque dis tribuidor
de água, grade de discos e rolos compactadores tipo pé-de-carneiro, liso-vibratóri e
pneum tico. preenchimento do leito da eslTada deve elevar o seu nível àq ue le que a
eslTada apre-enlava quando d a sua cons trução. De se modo, obtém-se a suavização dos
taludes com o m ínimo de corte lateral e movi,ncnto de terra dos mesmos.
. . ~u avi zil _ão dos ta ludes laterais da estrada tem o objetivo de estabilizilr as barrancas,
dmu!~umdo o n sco de desli zarnento do solo em massa para denh·o do leito da esh·ada por
oca iao da chuvas. Além disso, esta prática permite integrar as obras de conservação do
solo da e trada com as da lavoura .
Figura 19. Estrada rural com lombadas no leito e estrutura para condução da água da enxurrada para
o sistema de terraceamento da lavoura de citros.
Fonte: Foto d os a utores.
Is to é explicado pelo fato de que, na m d ida em que aum nta o comprimento da ~ampa,
aumentam-se o volume e a velocidade da enxurradzi superficial, aca rretando o romp imento
das barreiras formadas pelas marcas do preparo e culti vo na superfície d olo. No entanto.
fatores como tipo de solo e declividade do terreno modificam sua efeti vidade.
Entre as práticas mecânicas mais simples, o cultivo em nível é efe ti vo no contro le
da erosão e proporciona maior facilidade e eficiência no es tab lecimento de outras
práticas com base na orientação em nível, como cultivo em fai xas cordões de veoetação
permanente, por exemplo.
Considera-se que tanto o preparo do solo quanto a semead ura em nível não elevam
o custo de produção, pois não requerem nenhum investimento adicional. Lombardi ·eto e
Drugowich (1994) apresentaram dados indicando uma economia de 9,4 % no cons umo de
combustível e de 12,8 % no tempo gasto na operação, quando utilizado o cultivo em nível.
Enb.-etanto, o cultivo em nível vem sendo abandonado em diversas regiões, com o
objetivo principal de aumentas o rendimento operacional das operações mecanizada ,
associado à retirada de sistemas de terraceamento em nível. A utilização de manejo
conservacionistas, com implantação adequada e efetivo controle da desagregação e
aumento da infiltração da água no solo, permite fazer o cultivo sem seguir perfeitamente
as curvas de nível, mas certamente a orientação das linhas de semead ura no sen tido do
declive deve aumentar a ocorrência de erosão.
Terraceamento
Os terraços são utilizados para reduzir a erosão em entressulcos e e m sulcos, pre eni ndo
a formação de sulcos profundos e voçorocas. Esta prática se aplica especialmente quando,
ainda que a superfície do solo esteja protegida e práticas para melhorar a infiltração de
água tenl1am s_ido adotadas, h~ p_rodução de grande volume de enxurrada, principalmente
por causa do tipo de solo, decl1v1dade ou grande comprimento das vertentes.
A eficiência de terraços no controle de erosão em muitas áreas agrícolas e O estímulo
à construção de terraços por programas governamentais de controle da ero ão reforçaram ,
ao longo do tempo, a ideia de que os terraços, utilizados isoladamente, promo iam a
conservação do solo.
Tipos de terraços
Os terraços apresentam variações em sua forma, dependendo das condições locais
(clima, solo, declive, sistema de manejo e cultura) e da dis ponibilidade de máquinas e
implementas para sua construção e manutenção, de forma a atende r as condições
específicas de cada lavoura ou empresa agrícola.
Considerando estas variáveis, os terraços podem ser classificados de acord o com
a função, o modo de construção, a largura da faixa de movimento de terra para a sua
construção e a forma do perfil.
Diferentes implementas estão disponíveis para a construção de terraços, como
os arados de tração animal ou mecânica, de disco ou aiveca, fixos o u reversíveis, as
motoniveladoras ou patrol, as escavadeiras hidráulicas, as lâminas e pás carregadeiras e
os terraceadores. Em razão do implemento escolhido para a construção do terraço, podem
ocorrer variações quanto à construção ou forma dos tipos apresentados.
pod em é\T~1azenar a e gua por longo período para que sua capacidad e não seja supe rada
p~la_ p~óximas chuvas, re ultando em rompimento e formação de sulcos de erosão . Assim,
~a~ mdi~ados para solos que apresentem alta permeabilidade, possibilitando uma rápida
mfiltraçao d a água a té camadas mais profundas do solo.
Figura 21. Terraços de infiltração (a) armazenando água após chuva intensa; e terraços de drenagem
(b) orientando a enxurrada para canal escoadouro.
Fonte: Foto dos autores.
O terraço tipo Nichols (Figurn 22) é construído cortando-se a terra e movim ~tando-a
sempre de cima para baixo, de forma que a terra usada pélra formar o cliqu e é rehrada da
parte s upe rior do declive, local onde vai fic ar o canal do terraço.
Este tipo de terraço apresenta um Célnal aproximadamente triangular e com ~ase
estreita pela limitação da técn ica construtiva, sempre tombando a terra apenas para baixo.
Pode ser utilizado em terrenos com declive mais acentuado, sendo recomendado pa ra
áreas com declividades entre 1.6 e 18 cm m·'.
A técnica construtiva, em razão da limitação na operacional ização das máquinas e
nos equipamentos usados, limita ampliar a largura do cannl, e o implemento de melho r
rendimento é o arado reversível.
O terraço tipo Mangum (Figura 23) é construído movi mentando a terra de uma faixa
mais larga, tombando a terra de cima para baixo e de baixo para cima, o ra em um sentido
e ora em outro, alternadamente, em passadas de idas e voltas do implemento. São terraços
com canal aproximadamente trapezoidal ou parabólico e, como a técnica construtiva
permite, apresentam canais mais largos e mais rasos que o tipo ichols, formando terraço
de base méd ia ou larga.
Pode ser construído com implementas fixos ou reversíveis e, por causa da facilidade
de operacionalização das máquinas e equipamentos, é utiLizado em terrenos com declive
suave, de até 16 cm m-1.
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Figura 22. Terraço tipo Nichols. Diagrama CA11/SAA.
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Terraço 111 latlll pa1unta
Infiltração
Infiltração
Figura 24. Perfil apresentando esquematicam ente um s is tema de terraceamento, ind icando o
espaçamento horizontal (EH) e o espaçamento vertical (EV) entre os terraços.
Quadro 7. Valores de X para ser utilizado na fórmula de Bentley, de acordo com o nível de resistência
do solo à erosão (RSE)
Prática Mecânicalll Vegetativa e mecânica 121
Cultura Perene Anual Perene Anual X
Locação Gradjente Nível Gradiente Nível Gradiente Nível Nível
Alta Alta 1,5
Média Média 2,0
Bruxa Alta Baixa 2,5
Média 3,0
Baixa Alta 3,5
RSE
Média Alta 4,0
Baixa Alta Média 4,5
Média Bruxa Alta 5,0
Baixa Média 5,5
Bruxa 6,0
n l Prática mecânica = Terraço. (2) Prática vegetativa e mecânica = Cordão em contorno e faixa pem1anente de rete nção.
Fonte: Adaptado de Rio Grande do Sul (1985).
moderada/ lenta
D Muj to baixa <0,5 variável variável 0,75
lenta/ lenta
C11 Razão entre os horizontes B/ A.
Fonte: Adaptado de Lombardi Neto et al. (1991).
Quadro 9. Valores do fator u para grupos de cultura, conforme a proteção que oferecem ao solo, para
determinar o dimensionamento do espaçamento vertical entre terraços
Grupo Culturas u
1 feijão, mandioca, mamona 0,50
2 amendoim, algodão, arroz, alho 0,75
3 soja, batata, melancia, leguminosas 1,00
4 milho, sorgo, cana, aveia, abacaxi 1,25
5 banana, café, citros 1,50
6 pastagens bem formadas 1,75
7 reflorestamentos, seringueira 2,00
Fonte: Adaptado de Lo mbardi Neto et al. (1991).
Quadro 10. alores do fator m para grupos de preparo e mobilização da superfície, conforme
a redução que prO\ ocam na proteção do solo, para determinar o dimensionamento do
espaçamento vertical entre terraços
Grupo Preparo primário Preparo secundário Fitomassa cultural residual m
1 GA, ER G incorporada ou queimada 0,50
2 AD, AA GN incorporada ou queimada 0,75
3 GL GN parcialmente incorporada 1,00
4 Escarificador GN parcialmente incorporada 1,50
5 Sem preparo Sem preparo na superfície 2,00
GA-grade aradora; ER=enxada rotativa; AD=arado de disco; AA=arado de aiveca; GL=grade leve; e GN=grade niveladora.
Fonte: Adaptado de Lombardi Neto et ai. (1991).
Quadro 11. Vél lores de coeíiciente de enxurrad él para solo-; cul tivad os utilizatlo· para 0
A ecção transversal do canal do terraço (S, m2) é a área que será ocupada pela água
durante a am1azenagem. A secção do canal dos terraços necessária para armazenar o
v~lume de ~nxurrada é obtida pelo quociente entre o volume máximo de enx~rrada (V,
m ) produzido na área de captação, calculado pelas equações 5 ou 6, e o comprimento do
terraço (CT, m):
s = (V /CT) (7)
Para terraços com canal na fonna triangular, a secção (S) é representada pela expressão
que relaciona a base (B) com a altura 01) do canal:
S = (B. h) / 2 (8)
Para terraços com canal na forma trapezoidal, a secção (S) é representada pela
expressão que relaciona a base maior (B) com a base menor (b) e com a altura (h):
S = (B + b)/ 2h (9)
Para os terraços de base estreita, a forma de construção no campo permite que se
obtenha uma secção transversal de aproximadamente 0,45 m2; para os de base média, de
aproximadamente 0,45 a 0,75 m 2; e para os de base larga de, aproximadamente, 0,75 a 1,5
m 2, independentemente do comprimento do terraço.
Terraços com seções de canal maiores têm grande capacidade de armazenamento e,
com isso, menor será a probabilidade de seu transbordamento. No entanto, os com grande
capacidade de armazenamento de enxurrada apresentam riscos, e devem ser evitados, em
especial em solos com horizonte superficial com baixa agregação, como solos de textura
média ou grande quantidade de areia fina na camada superficial.
Conhecida a secção do canal do terraço necessária para armazenar um determinado
volume de enxurrada, é possível dimensionar o canal. O dimensionamento depende do
tipo de canal a ser adotado, enquanto o tipo de canal, por sua vez, depende da secção
necessária para armazenar esta enxurrada.
Quando a secção necessária é menor do que 0,45 m 2, para o caso de terraços de base
estreita, o canal é triangular. No caso de a secção necessária ser maior do que 0,45 m 2, para
terraços de base média ou larga, o canal deverá ser do tipo trapezoidal.
Para canais com formato triangular, é necessário arbitrar um valor para h, que,
normalmente, é de aproximadamente 0,6 m. Para canais com formato trapezoidal, é
necessário arbitrar valores para b, h, calculando B; ou arbitrar valores para B, h, calculando
b; ou arbitrar valores para B, b, calculando h.
A vazão máxima de enxurrada (q, m 3 s·1) num canal de terraço de drenagem é calculada
com base no coeficiente de escoamento (C), na intensidade máxima média de chuva (i, mm
h•l) para período de retorno (T) d~ 10 a 15 anos para o local de estudo e na área de captação
(A, ha), utilizando a Equação Racional (Ramser, 1927):
q = (C . i . A)/360 (1 O)
A área (A) é calcu lada pelo produto en tre o comprimen to dos terraços (CT, m) até 0
ponto de sa ída e o espaçamento horizonta l (EH, m) entre eles. O coeficiente de escoamento
(C), que representa a fração da precipitação que será convertida em enxurrada em razão de
fatores da superfície do terreno, é obtido em tabelas (Quadro 11 ).
A intensidade máxima média das chuvas é aquela que ocorre em um tempo igual ao
do tempo de concentração da área. Os terraços de drenagem apresentam comprimento
entre 500 e 600 m, e o gradiente poderá ir até 6 m por 1 000 m (0,6 cm m·1), sendo mais
comum 3 m por 1 000 m (0,3 cm m·1) .
A velocidade da enxurrada no canal do terraço varia entre 0,6 e 0,75 m s·1 para que não
ocorra erosão no canal e também para que não ocorra excessiva deposição de sedimentos
no fundo do canal. Portanto, levaria de 11 a 19 min para a água percorrer do início ao fim
do terraço. O tempo médio de 15 min foi proposto como o tempo de concentração para
determinar a intensidade máxima da chuva que irá resultar na enxurrada máxima, no caso
de solo manejado com preparo convencional (Lombardi eto et ai., 1991).
As intensidades máximas de chuvas variam com o microclima em cada região e são
obtidas em mapas, tabelas e equações com coeficientes locais que relacionam intensidade-
duração-frequência (Pfafstetter, 1957; Pruski et ai., 1997).
Para o cálculo do gradiente do canal (g), calcula-se o raio hidráulico (R, m), com base
na relação entre a secção do canal (S, m 2) e seu perímetro molhado (Pm, m):
R = (S/Pm) (14)
O perímetro molhado (Prn, m) varia com o formato do canal, seja triangular ou
trapezoidal.
Na semeadura direta e outros manejas conservacionistas, no cálculo da taxa máxima de
enxurrada (q), o coeficiente de escoamento (C) depende de mais informações de pesquisa.
Dados desta natureza para semeadura direta em vários tipos de solo e diversos tipos e
quantidades de fitomassa cultural residual e de formas de semeadura são apresentados em
Morais (1999), Amaral (2010) e Barbosa (2011), para as condições brasileiras.
Finalizados estes cálculos, é preciso saber se a q calculada será drenada com segurança
no canal dos terraços que serão construídos. Considerar também nesse caso que a secção
máxima possível para um terraço de base larga, por exemplo, é de 1,5 m 2, ou pouco maior.
Caso a q supere a capacidade de drenagem dos canais, é necessário diminuir o valor
de q inicialmente calculada e relacionada com o EH determinado com base no comprimento
crítico de declive, até que a q seja drenada com segurança nos canais dos terraços.
A diminuição de q pode ser calculada também aqui com base de que h á uma relação
linear entre q e o comprimento de declive no campo, segundo Bertol (1995), Morais (1999),
Amaral (2010) e Barbosa (2011). Assim, altera-se o valor de q com base no ajuste de EH e de
acordo com a secção calculada para os canais dos terraços.
.
Figura 25 Canal de terraço apresentando selamento da superfície pelas partículas sedimentadas na
·
superfície, · · - de água em L atosso Io VermeIho, em Campmas,
reduzindo a mfiltraçao . SP. Foto d os
autores.
Mulching vertical
o mulching vertical, fundamentado no aumento da taxa de infiltração de água no
solo, é constituído por sulcos com dimensões de 7,5 a 9,5 cm de largura por 40 cm de
profundidade, dispostos em nível~ ou seja, perpendicularme~te ao decl_ive do terreno,
e preenchidos com palha (Denardm et al., 2008). ?s sulcos sao preenchidos com palha
disponível na propriedade rural ou no mercado reg10nal.
A irtdicação do mulchíng vertical está limitada a solos bem drenados e a áreas específicas
de lavouras manejadas sob semeadura direta com declives propensos à concentração de
enxurrada ou com problemas evidentes de erosão.
Figura 26. Bacia de retenção para controle do escoamento superficial em estradas em (a) área de
pastagens e (b) cultivo de eucalipto.
Fonte: Foto dos autores.
Embaciamento
É urna prática de controle de erosão recomendada para culturas perenes, como café
e citros, em que uma depressão é construída no terreno nos intervalos entre as linhas da
cultura.
Com a mecanização _d e todas as operações nestas culturas, os terraços para condução
ou armazenamento da agua de enxurrada representam um obstáculo ao trânsito de
máquina e impleme.ntos para o tra tos culturais e à retirada das colheitas. Além de reduzir
0 rendimento operacional, a eficiência do terraços é redu zida, principalmente em solos de
te ·tura are.no a.
As o_p erações agrícolas subsequentes como capinas mecânicas são feitas de tal forma
que contribuam para manter um canal cenb·al. Embora a capacidade individual de cada
canal em controlar a enxurrada seja baixa, sua eficiência é assegurada pelo grande número
deste e pela pequena área de captação de cada um (Lombardi Neto e Drugowich, 1994).
---
Figura 27. Perfil de um pomar com sistema de embaciamento para controle da enxurrada.
Fonte: E..c.quema d e Lombardi Neto e Drugowich (1994).
Figura 28. Área rural com práticas conservacionistas que não estão re<1lizando a fun •ão a ue se
. ~ 1
d es tmam.
fonte: Fo to dos a utores.
Em resumo, a superfície do solo deve ser mantida coberta para ser protegida contra
0 impacto direto das gotas da chuva, evitando a desagregação rugosa e permeável para
promover alta infiltração de água no solo e diminuir a enxurrada, e com estruturas mecânicas
para manejar o excesso de chuva. Com isso, evita-se a desagregação e o transporte do solo
pelo impacto das gotas da chuva e pelo fluxo concentrado superficial.
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1/ Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Pato Branco, Departamento de Agronomia. Pato
Branco, PR. E-mail: nilvania@utfpr.edu.br
21 Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ema ter-PR), Curitiba, PR.
E-mail: oromar@emater.pr.gov.br
3/ Universidade Federal do Paraná, Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, Cu.ritiba, PR.
E-mail: nfavaretto@ufpr
Conteúdo
Berto! I, De Maria IC, Souza l.S, editores. Manejo e conservação do solo e da água. Viçosa. MG: Sociedade
Brasileira d e Ciência do Solo; 2018.
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590 NILVANIA APARECIDA DE MELLO ET AL.
INTRODUÇÃO
As mudanças ambientais que caracterizam a chamada crise civilizatória, decorrente
da forma como o homem moderno relaciona-se e apropria-se dos recursos naturais, chegou
a tal extremo que ameaça a continuidade do atual modo de vida. A redução da cobertura
flor-estal, ~ degradação do solo, a poluição da água e as mudanças climáticas são cada vez
mais sentidas no dia a dia pelo cidadão comum.
O solo é o recurso natural que mais sofre degradação no mundo. Dados da FAO
(2015) apontaram que cerca de um quarto dos solos do planeta encontra-se degradado.
O crescimento populacional gera uma demanda maior por fibras, alimentos e energia,
aumentando assim a pressão sobre o solo. No entanto, a degradação do solo é decorrente da
falta de planejamento integrado do uso dos recursos naturais e da visão de desenvolvimento
baseada somente no aspecto econômico e não na sustentabilidade dos processos (Lal, 1999;
Pierzynski et al., 2000). Isso acontece tanto em ambiente rural quanto urbano, acelerando a
degradação do solo (Doran et al., 1994) e da água (Haygarth e Jarvis, 2002; N ovotny, 2002).
A poluição da água vem sendo mundialmente discutida, sendo um dos principais
problemas referentes à sustentabilidade ambiental da produção agrícola, pecuária e
florestal (Lal e Stewart, 1994; Haygarth e Jarvis, 2002). A escassez de água ocorre não
somente pela falta de quantidade, mas também de qualidade, ou seja, quando existe o
recurso, os padrões de qualidade não são aceitáveis para um determinado uso ou o custo
de tratamento é extremamente elevado (Bertol et al., 2014).
Entretanto, o correto planejamento do uso da terra, considerando os elementos
ambientais, sociais, econômicos e culturais, é a melhor estratégia para diminuir a degradação
dos recursos naturais e também para recuperar áreas já degradadas (Lal, 2000; Santana, 2003).
Inúmeros estudos realizados em diversos países com diferentes condições climáticas
têm demonstrado que a bacia hidrográfica é a unidade de planejamento ideal para a gestão
dos recursos naturais com vistas na produção sustentável (Lal, 2000; Maxted et al., 2009,
Sharpley e Wang, 2014). No Br~il, a Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997 (Brasil, 1997),
também conhecida como Lei das Aguas, estabeleceu a bacia hidrográfica como unidade de
gestão e planejamento.
A bacia hidrográfica integra fatores bióticos, abióticos e sociais, podendo ser
dividida em unidades menores, as sub-bacias que podem constituir-se em microbacias
hidrográficas. As microbacias, com área inferior a 25 km 2, idealmente, permitem um
levantamento detalhado de informações e uma predição correta dos principais processos
hidrológicos e, portanto, são consideradas wlidades ideais de planejamento agrícola e
ambiental (Huggins, 1979; Schwab et al., 1981; Bragatto, 2011). Em termos de gestão, a
microbacia facilita a implantação de uso da terra e manejo integrado do solo com vistas à
conservação dos recursos naturais, bem como o mo1litoramento dos resultados advindos
da gestão integrada.
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Hidrografia
De 1: 1 aneira geral, a ocupação das terras agrícolas no Brasil não seguiu qualquer tipo
de pl~eJamento, o que resultou num processo de ocupação desordenado. Muitas terras
de bat ·o eotencial foram incorporadas em atividades intensivas, acelerando a degradação
do solo. E comum , erificar-se o desrespeito à aptidão agrícola das te1Tas em áreas de
elevada fragilidade, por exemplo, áreas úmidas, áreas ripárias, declive acentuado, solos
pouco profundos, entre outras. Jo entanto, a sustentabilidade ambiental da produção
a~íco_la depende da utilização das terras de acordo com seu potencial. No Brasil, existem
dois ~1s~emas clássicos de avaliação do potencial de uso agrícola das terras, o Sistema de
Avaliaçao da Aptidão Agrícola das Terras (Ramalho Filho e Beek, 1995) e o Sistema de
Capacidade de Uso das Terras (Lepsch et al., 2015).
~ adequação de sistemas produtivos já implantados envolve não apenas mudanças de
mane10 do solo e das culturas, mas do tipo de uso do solo. Na maioria dos casos, a solução
deste problema é altamente complexa, por envolver fatores fundiários, socioeconómicos,
culturais e políticos, que vão além da esfera técnica. A correção do uso inadequado implica,
muitas vezes, em recapacitar o produtor rural e readequar a mão de obra disponível. A
FAO (2014) recomenda que sempre que possível, na adequação de sistemas produtivos,
seja dada preferência para a adoção de técnicas que já foram validadas localmente com a
participação dos agricultores. Ao proceder desta forma, não se corre o risco de fomentar
técnicas ou tecnologias que estejam além das possibilidades dos agricultores envolvidos.
1o entanto, sabe-se que na maioria das vezes é preciso adaptar todo o sistema para um
novo modelo de produção.
Diante disso, a adequação do sistema produtivo deve ser realizada em etapas e
de forma transicional para não comprometer a lucratividade da atividade agrícola.
O planejamento das propostas deve envolver uma equipe técnica, preferencialmente
multidisciplinar, com participação dos produtores, para que o máximo de possibilidades
e cenários sejam avaliados e readequados, garantindo, assim, a efetiva implementação das
mudanças sugeridas.
atividades dos seres humanos ou de qualquer outro ser vivo (Pierzy nski e t ai., 2000). Nes te
capítulo, para fins de padronização, será utilizado o te rmo poluição.
A poluição das águas pode resultar de fonte pontu al e não po n tual (Chap man,
1998; Pierzynski et ai., 2000; Novotny, 2002). A fonte pontu al é també m conhecida c~ ~o
fonte direta; e a não pontual, como fonte difusa ou fonte indireta. Considera-se polutçao
pontual aquela em que o poluente é despejado diretamente no curso de água, como
esgoto doméstico, resíduo de indústria, dejeto de animais, entre outros. Essa fon te de
poluição, com contribuição principalmente dos centros urbanos e indus triais, é fa cílJrn~nte
identificada e possibilita um controle mais eficaz baseada inclusive em norma hvas
claramente definidas pelos órgãos governamentais. Poluição não pontual é aquela em que
o poluente é transferido aos cursos de água após percorrer um caminho de trans porte,
seja via superfície ou via subsuperfície do solo. Um exemplo é a entrada de nutrientes e
pesticidas nos cursos de água via escoamento superficial. Essa fonte de poluição é de d ifícil
identificação, com contribuição principalmente da atividade agrícola (Lal e Stewart, 1994;
Haygarth e Jarvis, 2002), especialmente em preparo convencional com aplicação excessiva
de fertilizantes e pesticidas em áreas de aJta fragilidade ambiental, como em solos po uco
profundos e declive acentuado (Manosa et al., 2001; Merten e Minella, 2002; Hart et ai.,
2004). Este potencial é ainda maior durante eventos de precipitação intensiva (Takeda et
al., 2009).
Dentre os caminhos de transporte do poluente do solo para os cursos de água, des taca-
se o escoamento superficial (movimento horizontal da água na superfície), porém o fluxo
de matriz (movimento vertical e uniforme da água no perfil do solo) e o fluxo preferencial
(movimento vertical da água via bioporas ou fissuras) também contribuem especialmente
com poluentes de elevada mobilidade no solo (Haygarth e Jarvis, 2002).
Na transferência de poluentes do solo para a água, os dois principais mecanismos ou
processos envolvidos são desagregação e solubilização (Haygarth e Jarvis, 2002), o que
simplificadamente poderia ser associado ao processo de erosão (caminho de superfície) e
lixiviação (caminho de subsuperfície), respectivamente.
Os poluentes por sua vez podem ser transferidos do solo para os cursos de água em
duas formas, solúvel (dissolvido) ou particulado (associado aos sedimentos) (Haygarth
e Jarvis, 2002). Consequentemente, de modo geral, poluentes com grande capacidade de
adsorção nas partículas minerais e orgânicas do solo têm maior potencial de ser transportado
na forma particulada via escoamento superficial (processo de desagregação/ erosão),
enquanto os com baixa capacidade de adsorção têm maior potencial de ser transportado
via subsuperfície (processo de solubilização/ lixiviação).
ai., 200 ). O objetivo principal é reter sedimentos e poluentes associados ao escoa mento
pela criação de uma barreira física. O mecanismo de retenção favorece a deposição de
edimentose poluente particulados, enquanto a infilh·ação favorece a retenção de poluentes
na forma solúvel. Os nutrientes retidos no sistema podem ser absorvidos pelas plantas e,
ou, imobilizados por microorganismos (Hickey e Doran, 2004). A eficiência de retenção de
poluentes depende de vários fatores, enh·e estes a largura da vegetação (Hickey e Doran,
2~04; Yuan e Bingner, 2009). Bortolozo et ai. (2015) avaliaram a eficiência da largura de
fai ·as vegetadas com campo nativo (5, 10, 20 e 30 m), na região dos Campos Gerais do
Paraná, na retenção de sedimento e nuh·ientes trasportados via escoamento superficial.
Quanto maior a largura da faixa vegetada, maior a retenção (retenções superiores a 70 %
foram obtidas com faixas de 10 m de largura), indicai1do a necessidade da manutenção da
vegetação ripária afim de reduzir o aporte de poluentes nos cursos de água .
A manutenção da vegetação ri pária, aJém de preservai· a qualidade da água (Mehaffey
et ai., 2005; Yang et aJ., 2007), visa estabilizar as encostas e melhorar a biodiversidade (Yuan
e Bingner, 2009).
A adoção da microbacia como w1idade de ação é um passo importante para o controle
do escoamento superficial, elemento-chave para a melhoria da água nos aspectos qualidade
e quantidade. A eficácia no controle do escoamento superficiaJ decorre da possibilidade de
conduzir ações de forma integrada nos distintos componentes da microbacia (estradas,
áreas agrícolas, áreas úmidas, áreas de preservação, entre outros).
função socia l e preservar os recu rsos naturais. A Lei das Águas, Lei 9.433, janeiro d e 1997
(Brasi l, 1997), consid era a bacia hidrográfica como unidade de ges tão dos recursos n~turais,
remetendo a necessidade de conservação do solo e da flora pa ra daí resultar a qualidade e
proteção das águas.
Apesar d is to, a agricultu ra brasileira ainda se baseia amplamente num modelo q ue
reforça impactos indesejáveis, como a redução das áreas de vegetação nativa e a po luição
do solo e da água pelo uso excessivo de agroq uímicos. Ainda é muito comun o aumento ~a
produção agrícola forçando um avanço sobre as áreas de Reserva Legal e de Preservaça o
Permanente. A d iscussão, elaboração e promulgação do novo Código Florestal levou mais
de 10 anos, para ao final chegar-se a um novo texto legal que modifica significativamente
as exigências quanto as Áreas de Reserva Lega l e Áreas de Preservação Permanente.
O Novo Código Florestal, Lei 12.651/2012, foi publicado em maio de 2012 e traz como
questão central a necessidade de conjugar a proteção da flora e fauna com o desenvolvimen to
econômico (Brasil, 2012 e Valera, 2014).
As Áreas de Preservação Permanente são fortemente associadas à proteção dos corpo
hídricos, por isso são consideradas bens de interesse comum a todos os brasileiros. e elas, o
direito de propriedade é modulado pelo bem maior que é o interesse da coletividade. Estas
áreas são protegidas juridicamente por cumprirem a função de manter o equiUbrio do
ecossistema (Nobre, 2014), embora isoladamente não sejam capazes de garantir a P:oteção
à biodiversidade e manutenção de todos os processos ecológicos, por causa disso a Area de
Reserva Legal continua sendo necessária.
Devem ser considerados outros aspectos além daqueles relacionados ao uso do solo
nos cultivas agrícolas anuais, como a readequação dos acessos à sede da propriedade, os
caminhos e as estradas internas, os pontos de dessedentação de animais e os pontos de
abastecimento de água para os pulverizadores.
O reconhecimento da importância da interface rural-urbano leva à adoção de
estratégias de desenvolvimento, que considera a possibilidade de novos riscos, como o
aumento de enchentes, assoreamento e poluição dos rios, muitas vezes mananciais de
abastecimentos de água. Estes novos riscos devem ser considerados nas estratégias de
manejo e planejamento das microbacias.
Os programas devem ser implementados de forma descentralizada e participativa,
uma vez que não há como implementar ações sem a participação das comunidades e da
sociedade. A participação consciente da sociedade gera corresponsabilidade, potencializa
resultados e amplia o alcance do programa.
O conhecimento como base de ação deve ser conduzido para consolidar trabalhos
de pesquisa, materializando-os em manuais, vídeos, guias, de forma que sejam acessíveis
para técnicos e produtores.
Os incentivos financeiros são importantes para alavancar mudanças, mas não devem
ter seu repasse tratado como uma das finalidades do Programa. Devem ser vistos como
complementares aos recursos de outros atores, especialmente aos dos próprios produtores
rurais.
Os instrumentos legais de comando e controle devem ser usados de forma
complementar às ações de organização e incentivo, principalmente com produtores mais
resistentes à adoção de práticas conservacionistas.
A estrutura institucional é necessária e deve ser adequada para prestar serviços de
qualidade na esfera pública e privada. É preciso que ao menos parte das ações pretendidas
seja de fato executada pela estrutura institucional. A aglutinação de outros agentes
e parceiros estratégicos em adição aos executores, ao longo do programa, fortalece sua
implementação e complementa lacunas institucionais.
O conceito de sustentabilidade ambiental, social e econômica deve nortear programas
e políticas públicas, sob pena de fracasso, especialmente após o término das ações
(intervenções) e dos incentivos. A forma de ação do Programa deverá levar em conta
os impactos da adequação ambiental na vida dos produtores e adotar estratégias que
permitam se ajustar financeiramente às mudanças propostas.
Deve ser adotado o monitoramento e a avaliação em todas as instâncias de
coordenação para antever barreiras na execução do Programa. Tecnologias modernas de
monitoramento devem ser adotadas, especialmente as ligadas ao sensoriamento remoto e
geoprocessamento, visto que estas técnicas permitem a redução dos custos destas ações,
geralmente caracterizadas como o principal entrave para sua execução.
As tecnologias preconizadas numa microbacia devem considerar a diferenciação de
produtores, segundo suas características culturais e socioeconômicas.
Pré-diagnóstico
A etapa do pré-diagnóstico se constitui em um conjunto de procedimentos q ue
vai desde a escolha da microbacia até a obtenção, o preparo e a análise preliminar de
informações cartográficas para que possam ser utilizadas por meio do geoprocessamento
e sensoriamento remoto. Esta etapa compreende também a análise inicial das informações
geradas, com vistas a fazer um reconhecimento de particularidades da microbacia. Is to
permite maior eficiência e rapidez às fases do diagnóstico e planejamento de ações.
Diagnóstico
O diagnóstico de uma microbacia hidrográfica tem como propósito fornecer
informaç~~s detalhadas e exata p~ra o planejamento de ações que promovam a
s ustentabilidade dos recursos naturais. Para tanto, na etapa do diagnóstico, devem er
corrigi_d as e cons_olidadas _as informaç~e: prel~minares obtidas no pré-diagnóstico e
fornecidas outras mformaçoes, como aphdao agr1cola das terra , pontos críticos, conflitos
de uso, condições socioeconômica da população e grau de associati ismo existente.
-~
Cla56e5 d e oolo
LVdí
NVd (
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Figura 2. Mapas preliminar (esquerda) e corrigido (direita) de solos da microbacia São Roque,
município de Realeza, PR.
Quadro 2. Área das classes de solo da microbacia São Roque identificada no levan tamento preliminar
e após o levanta mento de campo (corrigido)
+ Munldpio de Realezia - PR
Mlcrobada Slo Roque (3148 ha) + Munidpio de RaJcz.a - PR
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1
e-=) Pertm.etro D Pertmetro
. Nucenles . Ni15a!%úa
NR!oe N Rlos
Figura 3. Mapas preliminar (esquerda) e corrigido (direita) da hidrografia da microbacia São Ro ue
município de Realeza, PR. q '
Quadro 3. Número de nc1. ccntes e exte nsão total dos rios di't micrnb;icia fio Roque ide ntificad os n o
le,·ê'lnlamen to preliminar e ap s o k,·a11li'lme nto de ca mpo (corrigid o)
º de nascentes Extensão total dos rios
Levantamen to Levant amento Levantamento Levantamento
Preliminar Corrigido Preliminar Corrigido
--------- - - - -- -- 111 - --------------- -----
51 57 59 880 48 373
~ - lo do ~.lodo tolo
- Cdnvc fio:-est.Jl - Culbvo Oorlf'Stal
l ? CulturJ anuoll
• ==-.
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Cci!mamw
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Rodovu
cu!t,vm..
- Flor"~ rutlv•
P~gcm culuv.CU
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- ~ r: bci!Hmr..n - Stdt C' bcnit.1l0n.U
- 1\(ud,
- Al;udt
Figura 4. Mapas preliminar (esquerda) e corrigido (direita) da ocupação do solo da microbacia São
Roque, município de Realeza, PR.
- Sistema viário: Em razão do pap I que as estrad as rurais ocupam no desenvolvi~ nto
da agricultura, conforme já enfatizado, é importante que s jam corretamente cara~tenzada
e dimens ionadas. É importante também id entificar a locali zação das estradas, s internas à
propriedade ou nas divisas entre propriedades, bem como se é estrada vicinal, municipal,
estadual ou federal. Tais informações possibilitam definir responsabilidad:s n~ cas~ de
danos ambientais ocasionados por uma estrada. Os dados (Figura 5 e Quadro ::,) ev1d nc,am
que o levantamento de campo alterou expressivamente o número e a ex ten ão d estrada
rurais identificadas no levantamento preliminar. O aj uste dessas informaçõ ~uxilia
tanto na elaboração do planejamento conservacionista do solo, bem como nos serviço de
manutenção das estradas.
+ +
D Pmrrdro
Si.stc:nu vi hio SbttmA vi.:irio
NA>1.i1,o N A1fal10
N T=• N Trrra
Figura 5. Mapas preliminar (esquerda) e corrigido (direita) do sistema viário da microbacia São
Roque, município de Realeza, PR.
Quadro 5. Número e extensão das estradas rurais da microbacia São Roque identúicad no
levantamento preliminar e após levantamento de campo (corrigido)
fu~di á1ia d a mi robacia . ju~tifica também pcl.1 ncce ·sidacte de, é1p6s o plm1ejélmento déls
aç ~ - para a micro bacia, elaborar 0 planejamento consen acionis t.i de cada propriedélde ru ra 1,
0 e,ito desta eta pa depende da participação dos .igricultores e do nível de interação entre
estud o d e caso, considera -se á rea de confl ito aque la onde es tá o orre nd o um a oc u~a_ção
al é m d a sua a ptid ão, porta nto uma c;u pc ru ti lização. Áreas d s ubutili zação o u mél xima
utilização são conside rad as á reas se m co nflito. O mapa de conflito p d e rá ser ob e poGto
ao mapa fundiári o, o qu e possibilita rá identifica r tamb m que propried ad es aprec;enta m
conflitos de ocupação do solo. A id entificação e lo alizaçào das á reas d co nfl ito tê m como
propósito informar ao profissional res ponsável pelo plan jamento da microbac,a pa rJ_q ue
áreas e para quais agricultores deve rá ser propos to mod ificaçõ 5 na ocupação, com vis tas
a ajustar a ocupação do solo com a aptid ão das terras.
c:::J Per1metro
/.\/Rios
□ rmmetro
Ãreas de conflito
Confilto na API'
- Confllto
Sem ronlllto
= Sem rorúllto
Conflito (APP C'OIJ'I cultura5 a,,113 • ~ .e 1,,_,nlMtnru,.J
Figura 6. Mapas de conflito entre a ocupação atual do solo e a aptidão agrícola das terra- (e5querd a )
e de conflito de ocupação atual do solo nas áreas de preservação permanente (direita) da
Microbacia São Roque, município de Realeza, PR.
Quadr_o 6. rea d conflito cntTe a ocupação atual d o solo e a aptid ão agrícola das terras na microbacia
o Roque
Quadro 7. Área de conflito de ocupação atual do solo nas áreas de preservação permanente (APP)
na microbacia São Roque
Formas de conflito Área Área
ha %
Conflito de uso (APP com cultivas anuais) 135,0 36,3
Conflito de uso (APP com pastagem) 41,0 11,0
Conflito de uso (APP com benfeitorias) 20,0 5,4
Sem conflito de uso (APP com floresta nativa) 175,7 47,3
Total 371,7 100
Em razão dis to, é comum os cursos d'água sofrerem assoreamento do I ito. ascentes
e outros mananciais como açudes e represas também podem esta r asso reado , com sua
funcionalid ade comprometida e até mesmo suprimida .
- Poluição pontual dos mananciais: Muitas propriedades rurais têm uas des e a té
outras benfeitorias como pocilgas e estábulos estabe lecidas próxi mo aos cu rc;o; d' água,
com o lançamento de dejetos e esgoto doméstico d iretamente nesses mana nciai . E com um ,
especialmente nas microbacias que contem áreas urbanizadas, os cur os d'água ·ere m
utilizados para descarte de lixo ou para lança mento de esgoto doméstico o u indu triaL
Entretanto, mananciais d'água podem ser utilizados para abasteceT pu lveri zadores,
largamente utilizados para aplicar agrnqu(micos nas lavouras, cons tituindo-se em risco de
contaminação destes mananciais.
- Depósitos irregulares de embalagens de agroquímjcos: [icrobacias o nde
agroquímicos são empregados intensivamente (inseticidas, herbicidas, fungicida etc.),
sem que haja um serviço organizado de recolhimento das emba lagens vazias, podem
apresentar locais de concentração destas embalagens, se con titu i.n do em ponto de
contaminação ambiental.
Planejamento de ações
As informações obtidas na fase de diagnóstico permitirão planejar as ações
necessárias para a sustentabilidade ambiental, econômica e social da microbacias, q ue
devem prever medidas que possibilitem a recuperação e conservação dos recursos natu rais.
Assim, o plano de ação deverá ser concebido com o propósito de garantir sustentabilidade
a todos os processos produtivos conduzidos pelos agricultores da microbacia. Do ponto
de vista do controle da erosão hídrica, as medidas a serem implantadas devem ter um
enfoque sistêmico, de tal forma que possibilitem controlar todas as fases deste processo, o u
seja, a desagregação do solo ocasionada pela chuva ou pelo cisalhamento do escoamento
superficial (1 ª fase), o transporte de sedimentos pelo escoamento uperficial (2ª fa e ) a
deposição dos sedimentos transportados (3ª fase). As ações planejadas deverão considerar
a necessidade de serem adotadas pelos agricultores, não apenas de forma individual, mas
também coletiva. Assim, o planejamento das ações para a microbacia, além de propor o
que produzir, considerando a aptidão agrícola das terras, deverá também indicar q ue
medidas conservacionistas deverão ser adotadas. O Programa Microbacias recomenda a
adoção de um plano de ação de caráter sistêmico, empregando técnicas que promovam a
recuperação e a manutenção dos atributos químicos, físicos e biológico do solo (práticas não
estruturais), combinadas com práticas estruturais de controle do escoamento superficial,
como o terraceamento.
planejamento da microbacia, seja feito O planejamento ind ividua l de _c ada pr~p ri_ed ade
e que em conjunto com cada agricultor sejam ava li adas as estratégias econo mica , c1
dispon ibilidad e de mão de obra na propriedade, a poss ibilidade de ucessão e os planos
familiares em méd io e longo prazos para então definir-se a recomposição da fl o ra.
Em alguns casos, a propriedade já apresenta Área de Reserva Legal e de Preserva~ão
Permanente, bastando poucos ajustes para que seja atingida uma situação id a i. ~ uitas
vezes, este ajuste não é fácil ou bem visto pelos agricultores, mas deve ser sempre enfatizad o
pelo técnico. Mesmo não havendo mais a necessi dad e de recomposição da reserva lega l,
permanece a necessidade de atendimento ao potencial de uso agrícola das terras, bem como
a necess idade d e racionalizar-se o uso dos recu rsos natura is. Nem sempre a agricu ltu ra
praticada por extensão é rentável. Em alguns casos, é mais re ntável manejar correta mente
as á reas adequadas ao cultivo anual que pulverizar os recursos em diversas áreas que darão
um baixo retorno econômico e levarão a propriedade a um balanço ambien ta l negativo.
Organização social
No planejamento conservacionista com enfoque em rnicrobacias, a orgaruzação dos
agricultores é fundamental para o sucesso do empreendimento. Um grupo organizado
tende a manter-se mais coeso e fiel em torno de uma meta, tem maior capacidade de
disputar mercado, consegue melhores preços, tanto para compra como para venda, e pode
chegar a superar as dificuldades impostas pela estrutura fundiária, otimjzando os recursos
naturajs disponíveis.
Borges (2013) avaliou o desempenho de uma rnicrobacia rural local izada no sudoes te
do Paraná, onde os agricultores, sob orientação da empresa de extensão governamental,
reorgaruzaram seus sistemas de produção para proceder à readequação ambiental da
microbacia, onde corre o Rio Manduri. A microbacia era composta por 22 propriedades,
todas classificadas como pequenas propriedades, ou seja, com menos de quatro módulos
fiscais. No Estado do Paraná, cada módulo fiscal equivale a 20 ha. A maior propriedade
envolvida no projeto tinha 68 ha; e a menor, 6 ha. Na primeira etapa, ocorrida em 2002,
foram implantadas as cercas para proteção do ambiente ciliar, demarcado em concordância
com a legislação vigente, que previa um mínimo de 30 m para cada margem do rio. A
maioria das propriedades precisou isolar áreas que antes se encontravam sob cultivo
anual. Em média, todas as propriedades da microbacia passaram a ter um mínimo de 25
% de sua área sob preservação permanente. Na sequência, foram instituídas as mudanças
no s is tema d e produção, incluindo-se rotação de culturas e cuJ tivos perenes nas áreas
de baixa aptidão. Dez anos após a implantação do projeto, apenas quatro propriedades
afastaram-se completamente do planejamento inicia l, embora tenham mantido as áreas
d e preservação permanente. Com relação à adoção de práticas como rotação de cu lturas,
70 % das propriedades envolvidas seguiram o que foi planejado inicialmente, relatando
apenas pequenos ajustes ao longo dos 10 an os de projeto. Quanto às práticas mecânicas
de conservação do solo e da água, 60 % das propriedades envolvidas aderiram a estas
técnicas, que continuaram sendo mantidas após 10 anos de implantação. A principal
atividade econômica na microbacia deixou de ser a produção de g rãos e passou a ser a
pecu á ria le iteira (60 % da renda gerada na rnicrobacia). A agricultura representa apenas 22
% da renda. Na figura 7, apresentam-se os dados sobre as relações sociais e de manutenção
do capital social na Microbacia Mandmi.
Figura 7. Capital e relações sociais obtidas em 22 famílias da comunidade Manduri, Marmeleiro, PR.
Fonte: Adaptado de Borges (2013).
A maioria das famílias não apenas seguiu cumprindo as decisões tomadas de forma
coletiva como procurou fiscalizar as demais quanto ao cumprimento das metas e ações
estabelecidas pela comunidade. A maioria é ligada a algum tipo de estratégia associativista,
com destaque para a cooperativa, que auxilia nos processos de compra e venda que ocorrem
na Microbacia. Além disto, ações de permuta com os demais moradores da comunidade
passaram a ser frequentes, especialmente a permuta de mão de obra, implementas, insumos
e sementes.
Estes dados apresentam que o planejamento conservacionista do solo e da água
com enfoque nas microbacias exige muito mais esforço que o planejamento isolado
das propriedades. Porém, em sua execução, pode ocorrer a formação de um extenso
capital social, que fará com que as decisões tomadas pelo grupo se mantenham coesas,
mesmo quando o sucesso da rnicrobacia significa abrir mão de vantagens individuais
imediatas.
O manejo e a conservação dos recursos naturais em uma rnicrobacia caracterizam-
se pela complexidade, uma vez que este espaço geográfico normalmente apresenta
variações expressivas de solo, relevo, uso da terra, técnicas de manejo do solo,
sistemas de produção etc. Na dinâmica de uma microbacia, interferem agentes
externos diretamente interessados nos recursos naturais (solo, água e florestas) e nos
produtos gerados (alimentos, energia, água, fibras, madeira), quanto os interessados
em comercializar insumos e equipamentos demandados para o manejo dos recursos
naturais e para diferentes processos de produção.
Experiências têm evidenciado que os melhores resultados de trabalhos em
microbacias foram obtidos quando ocorreu a participação efetiva dos agricultores,
desde a escolha da microbacia a ser trabalhada até as etapas do planejamento e gestão.
Todavia, é também importante a participação de outros agentes como prefeitura,
cooperativas agrícolas, sindicatos rurais, empresas ligadas à geração d e energia elétrica
e ao abastecimento público de água, órgãos responsáveis por legislações ambientais,
instituições de ensino etc.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O correto manejo e conservação dos solos agrícolas ou urbanos deve bu car re u i ta dos
que vão além daqueles de caráter eminentemente econômico, visando a o timização de
aspectos ambientais, capazes de atingir a sociedade como um todo. Pen a r o manejo a
conservação do solo a partir do enfoq ue da microbacia, seja ela rural ou urbana, exige um
esforço de integração de diversas técnicas, diferentes áreas de conhecimento e diferente
segmentos da sociedade.
A microbacia hidrográfica contém uma diversidade de relevo, solo e drenaoem
muito mais complexa que aquela verificada na escala de propriedade rural; por fo,
seu planejamento integrado exige uma série de requisitos com o quais os profissionai
gera lmen te não estão habi tuados. No entanto, o foco na microbacia não deve permitir
que aspectos específicos de cada propriedade fiquem relegados ao ·egundo plano. O
a te ndimento à legislação ambiental, por exemplo, deve ser executado em cada uma d a
prop~iedades _en~o~vi~as, porqu~ en~bora ~ !_egislação an:biental trate de atender aspecto
r:l~c1onados a ~111anuca ?ª bacm h~dro?rahc~, as pe~~hdades ão aplicadas eguindo a
log1ca d a propriedade privada. Assim, e preciso equilibrar a capacidade de u d •o lo
com os as pectos sociais de cada microbacia e propriedade, de forma que es as •iga m
616
NILVANIA APARECIDA DE MELLO ET AL.
LITERATURA CITADA
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J .. u,Ju,11 , ü• m,1d1 11.i J., ( llrl1 l unt1h,1 ll 'AH I )L 1'1'1-1
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1
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Conteúdo
INTRODUÇÃO
Para se fom1ular um plano de uso de terras com fins agrícola , é nec ário co nhecer
o nível e o tipo de tratamento que estão sendo dado à área em que tão. L o porque ·a
áreas podem estar com vegetação nati a, muita constituindo parte da fronteira a<>Tí ola,
sendo utilizada com agricultura ou, ainda, podem estar abandonadas, ap · u ·o. Em área
remotas, como as da Amazônia, por exemplo, ainda majoritariam nte m \·eo ta ·ã
nativa, o planejamento de uso agrícola só fará entido e executado na área indicadas par 1
desenvolvimento, por um zoneamento ecológico- ocioeconômico (ZEE). e e mplementado
pelo zoneamento agroecológico (AEZ).
Em áreas com desenvolvimento J.á consolidado, o zoneamento a rroecol · oico de\ e
o o
ser imple mentado como ferramenta de planejamento, com base na avalia ·ão do p tencia l
agrícola das terras. VaJe lembrar que um ponto importante, para ·e de ·envoh·er qualque r
tipo de ferramenta de planejamento de uso das terr , é a exi tência de um b.1.nc de dados
completo, com informação técnica referente ao mai diferente- a- p to env lvid -.
ponto de partida para a formulação do planejamento para m a.:rríc la ~ a avalia -J, d
potencial das terras, embora não exi ta um orte claro entre e · ·e d i tema ·. qu ·J )
Be rto! 1, De Maria IC, Souza LS, editore . ~l.lnejo e con:,erva J do ~olo e d.:i <lgtiJ. \'i -0 , 1, \1 ,: 5'i..: ,~•J JJc
Brasileira de C i~ncia d o o lo; 2018.
622 ANTONIO RAMALHO FILHO
c mpl m ntar s. Quem qu r que esteja envoh ido na avaliação da aptidão das terra estará
en\' lvid no planejamento deu O de terras em níveis regional, de imóvel ou d e produção.
d e zonea mento complementares st;í dcscri tJ cm StrJpílsc;on et ai. (201 2)· Z AE' rnnis
dire tamente relacionado com o tema des te capitulo, e; rtí di scutido a s g uir com mais
dctc11 he.
O zoneamento agroecológico
O zoneamento c1groecol ógico (ZAE) te m como meta fornece r informação básic~ pa_ra
se empreenderem projetos de desenvolvimento no que conce rn e ao uso do te rntó no.
Ele apresenta alternati vas para tomadores de decisão, visando o uso adequ il do e
s us tentável das terras. Com tal propósito, inclui ati vida des de co leta de dados biofíc;icos,
e socioeconômicos, sistematizando-os e ,rnal isando-os, bem como to rn ando a informação
disponível para pessoas dos segmentos envol vidos no zonea mento e, consequentem nte,
no processo de planejamento de uso das terras. O zonea mento agroecológico é o resultado
do cruzamento de dois segmentos, o da avalic1ção da a ptid ão d as terras, como está de cri to
em Ramalho FiU10 e Beek (1995), e o da avaliação da ap tid ão cl imática e do ri co climc' tico,
como é definido por Sans et ai. (2001).
Essa modalidade de zoneamento deve ser entendi da com o co m plementar ao
zoneamento ecológico-econômico (ZEE). Em adição à informação fi ico-biótica, també m
incluem aspectos técnicos e socioeconômicos. Tal assertiva é particu larmente impo rtante
quando o planejamento des tina-se às áreas chamadas ' nova ', ou a inda não ocu pada com
atividades agropecuárias e silviculturais.
O termo "agro", aqui utilizado, tem sentido amplo para s ignifica r tod o o aspectos do
trato das terras, de plantas, dos animais e da floresta, de acordo com d iferentes propó itos
e circunstâncias. Em sentido mais restrito, o zoneamento agroecológico consiste em
espacializar o potencial das terras de uma região para determinada cu ltura ou produto,
como uma base para o planejamento do uso sus tentável das terras, em harmo nia com a
biodiversidade. Como tal, metodologicamente, apresenta uma estrutura o rganizada que
comporta um conjunto de regras com base nas necessidades ecofis io lógicas d a cu ltura
que são comparadas com a oferta ambiental, ou seja, com as condições do cl ima local e do
solos e suas relações com o ambiente.
O principal produto do ZAE é um controle, melhorado e be m planejad o, da
atividades agrícolas, no que se refere ao uso adequado dos recurso , por m eio de um
enfoque participativo.
O ZAE doravante será visto como poderosa ferramenta para suprir a base técnica
suportar as políticas públicas para promover as tomadas de decisão de cará ter p rivado
para o planejamento do uso sustentável das terras. Alguns benefícios im portante do ZAE
podem ser enfatizados:
- É um primeiro passo importante no sentido do uso sus tentável do recur o natu rai
uma vez que o zoneamento realizado com base nos preceitos d a ava liação d a aptidão da~
terras evidencia a potencialidade, a vulnerabilidade, bem como a dis ponibilidade de terras
aptas, es pacializadas por georreferenciamento, em níveis regional e local.
- O uso sustentável dos recursos, por meio do uso das terra , de aco rdo com a •ua
aptidão, incrementará a produtividade, com cus tos menore , e, consequentemente,
aumentará a competitividade no mercado.
- 1 ro\'cr informa õc~ bá icas para apoiar decisões relacionada ao planejamento das
terras, com en foqu.., eco! gico e ciocconômico em uma base sustentável.
. - uso c1ltcrna ti vo das terra e da .-1gua por produto e por região, sob a adoção de
diferente ní\'eis terno! gi os (ca pital intensivo-extensivo) atende à produção agrícola de
brga e pequena e cala.
. . - Dispor terreno para trabalho de pesquisa, assistência técnica e ex tensão para
diferentes empreendedores.
- Po ibilita o fortalecimento institucional e propicia o trabalho interdisciplinar.
Portanto, diferentes tipos de atributos ambientais e socioeconómicos d evem ser
considerad o em um zoneamento agroecológico. Aqueles atributos usados na avaliação
da aptidão das terras e da aptidão climática são componentes básicos para se chegar
ao zoneamento agroecológico. Uma vez concluído, o zoneamento agroecológico de
determinada área tem como propósito servir de base para nortear o planejamento
do uso agrícola das terras em bases sustentáveis, em conformidade com os preceitos
conservacionis tas.
Um exemplo de zoneamento agroecológico, realizado com procedimentos
metodológicos totalmente informatizados e com base em técnicas de georreferenciamento,
que levou em conta os aspectos aqui enfatizados, é o " Zoneamento Agroecológico da
cultura da palma de óleo (dendê) para as áreas desflorestadas da Amazônia", publicado
pela Embrapa (Ramalho Filho et ai., 2010) e feito utilizando dados de recursos naturais
contidos na base pedológica da Amazônia Legal - base digital em escala compatível com
a escala 1:250.000 (SIV AM, 2004).
A ava liação dc1 a ptid ão das terras pa ra fin s el e uso c1grícola pocl s r r alizada tan to
pélrn tipos gern is el e uli lização (lílvouras, pélsto, sil vicultura, tí reas a erem preservadas)
como pma cu ltu rns es pecíficas, como milho, soja, cana-de-açúcar, café, palma-de-óleo.
Conforme a metodologia citc1da anterio rmen te, as terras são então avaliada em quí:ltro
classes de ap tidão, segund o a intensidade de suéls limi tações: Boa, Regu lar, Restrita ou
Marginal e Inapta. Essas classes são estabelecidas de aco rdo com o g rau de inlensidad
com que o fator de limitação interfere as condições das terras sob dois o u mais nív is
tecnológicos. Atua lmente, têm sido uséldos os níveis B e C (méd ia e a lta tecno logia,
respectivélmente), conforme Ramalho Filho e Beek (1995).
Na ava liação da ap tidão das terras, é estabelecido um conjunto de regras que
re presenta as necessidades ecofisiológicas da cul tu ra em relação a cinco fa tores limi tativos:
Deficiência de Fertilidade; Deficiência de Água; Excesso de Água, incluindo riscos de
inundação; Susceptibilidade à Erosão; e Impedimentos à Mecanização. O utros fatores
limita ntes podem ser utili zados na ava liação, dependend o das características fisiográfica
d a á rea, e desde que exista m dados suficientes para estabelecer e parametrizar os graus de
delimitação: Nulo, Ligeiro, Moderado, Forte e Muito Forte. Obtém-se a ela se de aptidão
pela comparação dos graus de limitação das condições das terras com as neces idade da
culturas ou tipos de utilização; ou seja, condições das terras versus necessidades da cultura
ou produto. Essa forma de avaliar o potencial das terras segue os critér ios e procedimentos
d escritos no Sistema de Avaliação da Aptidão das Terras (Ra malho Filho e Beek, 1995).
Reconhecimento da
necessidade de mudanças
Avaliação da aptidão
Estabelecimento de objetivos das terras
Plano de uso das terras,
implicações políticas e
Completa análise _ _ _ Análise dos Sistemas necessidade de futuros
socioeconômica Integrados de Produção estudos
. o agrí ola em conformidade com a aptidão das terras de cada área a se r <1gricu 1ta da .
m eio a a\'aliação da aptidão de cada unidade de olo mapeado na área . O resultado é
a indicação do tipo deu o adequados ao local.
. - _E scolha de cultura climaticamente adaptadas. O meio é a avaliação da aptidão
chmáhca e do risco climático atribuído à área, bem como da determinação da época de
plantio de cada cultura - zoneamento climático. O resultado é a diminuição d e riscos na
produção. E se aspecto é particularmente importante para o pequeno agricultor, o qual,
normalmente, tem aversão ao risco, ou seja, não tem capacidade para suportar riscos.
- Aju te de tecnologias com o perfil do agricultor e economicidade. A agricultura
uma atividade sofi~ticada e cara, já que procura garantir, na medida do possível, alta
p~o~uti\'idade e retorno econômico. Há alguns meios para se c01úeri.r economicidade à
ahvidade agrícola, entre esses: avaliação socioeconôm.ica para se identificarem os principais
sistema de produção da área onde o agricultor vai operar e, dessa forma, possibilitar a
indicação de práticas agrícolas adequadas a cada caso; agricultura de precisão; e uso de
culturas certificadas e adaptadas climaticamente. Trata-se de uma avaliação integral da
aptidão das terras em que se leva em conta não somente o solo e a água, mas também os
sistemas de produção domjnantes na área planejada. Há um procedimento metodológico
para essa avaliação integral em Ramalho Filho (1992). O resultado é o maior retorno da
atividade, com economia de recursos, e em harmonia com o ambiente e, portanto, c01n
ganhos ambientais.
- Aspectos sociopolíticos (sustentabilidade social), que dependem de políticas agrárias
governamentais e do esforço comunitário dos agricultores; portanto, fora do alcance do
agricuJtor, individualmente. Os meios recomendados para cumprir esse passo são: a
adoção da rnicrobacia como unidade de planejamento. Um agricultor não pode adotar
merudas que protejam as suas terras em detrimento de vizinhos, pri.ncipaJmente a jusante;
adequação funruária; cadastro técnko, cooperativismo; assistência técnica e crédito
facilitado. O resultado é uma produção agrícola com sustentabilidade ambiental, social e
económica.
Essa abordagem, levando em conta diferentes níveis de manejo/ tecnológicos, está mais
focada na avaliação da aptidão de terras e na sustentabilidade da atividade agronômica
para os diversos níveis geográfico, regionaJ, de microbacia e do imóvel agrícola. Esse
procedimento visa ruagnosticar práticas agrícolas, que estejam ao alcance do agricultor,
operando em pequena ou grande escala. Essas duas escalas de produção têm, em comum,
o agronegócio como premissa.
O Sistema de Avaliação da Aptidão das Terras (Ramalho Filho e Beek, 1995) é um
desenvolvimento em nível de país que segue a filosofia da metodologia da FAO- Fra111ework
for Land Evnluntion (FAO, 1976), que se configura como uma estrutura geral adaptável
em cada país ou região. Por isso, foi chamado de 'FAO brasileiro' por Resende (1983). O
método de avaliação do potencial de terras mencionado anteriormente (Ramalho Filho e
Beek, 1995) é preconizado e utilizado pela Embrapa para interpretar levantamentos de solo
no Brasil, em diversos níveis categóricos. Foi também usado para analisar os levantamentos
de solos executados pelo Radambrasil e, experimentalmente, na Colômbia (Zandonadi et
ai., 1980). Em decorrência de seu dinamismo, ao considerar mais de um nível de manejo,
e de seu caráter mais técnico-cientifico, é exigido nas especificações técnicas de projetos
licitados pelos órgãos públicos federais para desenvolvimento agrícola.
O desenvo lvimento desse métod o partiu da base desenvo lvid a para avalia r a _aptidão
de solos no Bras il, por Bennema et a i. (l965), e os fundam en tos teóricos des nvolv1dos por
0
Beek (1978). Essa experiência desenvolvida no Bras il foi ma is ta rde aproveitada p la FAO
pa ra a m plia r e pu blica r a estrutu ra gera l de avaliação da a ptid ão das te rras (FAO, ·1 76).
Então, na ve rd ade, não seri a esse método d e avaliação o FAO brasi leiro e, sim, a estrutura
d a FAO é que seri a FAO brasileira.
Em confo rmid ade com a filosofia da FAO (] 976), as classi fi cações técn ica como a
ava liação d a ap tidão de terras e a classificação da ca pacidade de uso das terras (Ramalho
Filho e Beek, 1995; Lepsch et ai., 2015), ou seja, as que classifica m o potencial de terra ,
d evem basea r-se em levantamentos e mapeamentos de solos. Essa assertiva assegura que
os resultad os de análise de dados de a mostra de so los, de determjnado local do imóve l
o u g leba, possam ser correlacionados e extra polados pa ra toda a superfície do poügono
referente àquele tipo de solo, assim como permi te ainda replicar as indicações de uso para
o utros polígonos referentes àq uela mesma unidade de solo/ unidade de mapeamento
e a mbiente. Isso confere representativ idade geográ fi ca das conclusões do estudo e da
econo mia de tempo na amostragem.
Esse p rocedimento cons titui um req uisito básico para o planejamento de uso de um
imóvel rural ou de uma grande área estudada.
O planejamento de uso das terras inclui um elenco de atividades em diferentes temas.
Nesse conjunto de temas, para se separarem os d iferentes tipos de solos ou paisagens da
área ou do imóvel, podem ser incluídos: o levantamento-mapea men to (Embrapa, 1995), a
classificação (Santos et ai., 2013) e a avaliação do po tenciitl das te rras e a indicação do uso
mais adequado a cada un idade ma peada o u gleba e, sobre tudo, a indicação das prática
agrícolas ou de manejo com diferentes níveis de tecnologia, em conformidade com a clilsse
d e aptidão de cada urudade de terra. Essa classe depende do gra u e tipo de limitação e
da ca pacidade técnica e financeira do agricultor, bem como de seus anseios em termos de
retorno esperado do uso do imóvel.
A definição desse contexto em que o agricultor opera, q ue constitui os sistemas
integrados de produção (janning systems), depende da observação sobre di ersos temas
que são os atributos desses sistemas integrados. Podem ser adotados os seguintes atribu tos
socioeconômicos:
- Tam anho do imóvel (grande, médio, pequeno).
- Uso a tua l (lavouras temporárias ou perenes, pasto plantado/ melhorado, ilvicu ltura
e, ou, refl o restamento; terras ociosas ou em pousio; e culturas com característica
ecofisiológicas especiais).
- Tipo de tração (a nin1al, mecânica).
- Prá ticas de manejo (calagem/ adubação, drenagem, conservação de solos).
- Dis tância do mercado (grande, média, pequena) .
- Orientação de mercado (subsistência, comercial, combinada).
Critérios, parâ metros e procedimento me todológicos, bem como a forma de
classificar esses atributos e a combinação d eles para se categorizarem os di er os sistema
d e prod ução, podem ser consultados em Ramalho Fi lho (1992), o q ual trouxe também
fo rmas de agrupar os agricultores em diferentes sistemas integrados de produção para
plan jamento. A agricultor cabe tomar a. decisões locais e determinar prioridades e ntre
ª diferente_ at hidade prop stas no planejamento, por mais importantes qu e essas sejam .
. Yeja-se o que obsen·ou J. P. Singh (1974) : "fora. teiros e especialis tas deveriam_apenas
delmcar ;1ltematfras para o uso das terras; a decUio final deve ser prerrogat iva dos
agricul tores beneficiários" .
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tecnicamente, entende-se que o uso das terras para fins agrícolas, para ser praticado
de forma adequada e sustentável tem como base o planejamento, o qual é realizado
utilizando-se base de dados sobre os recursos da área a ser utilizada para agricultura
(_olo, geologia, litografia, vegetação, hidrografia, topografia, clima). A integração destes
indicadore bem como dos recursos tecnológicos disponíveis conduzirão à formulação do
zoneamento agroecológico (ZAE).
Essa base de informação é obtida por levantamentos que são, consequentemente,
interpretados para possibilitar a avaliação do potencial das terras que, associada a
avaliação do risco climático, constitui ferramenta básica para formulação do zoneamento
agroecológico. A avaliação da aptidão das terras sob diversos níveis tecnológicos ou níveis
de manejo visa diagnosticar o comportamento das terras em níveis operacionais diferentes
(Ramalho Filho e Beek, 1995).
Este procedimento, recomendado para o trato cultural das terras para diferentes
tipos de uso agrícola, é o primeiro passo no sentido da sustentabilidade do sistema, assim
como o meio eficiente para usar o recurso terra em harmonia com a proteção an1biental
e com a estrutura socioeconómica da área em questão. Não obstante a sustentabilidade
do sistema produtivo deva ser a pedra de toque, a referência, deve ser observado que os
nutrientes retirados com as coll1eitas precisam ser repostos no solo; ou seja, agricultura não
é mineração.
A questão socioeconómica a ser integrada ao planejamento de uso das terras pode ser
tratada metodologicamente por meio do estudo e categorização dos principais sistemas
integrados de produção praticados na área sendo planejada. Este aspecto integrado à
a valiação da aptidão física das terras conduz a uma avaliação integral do potencial das
terras. A escala dos levantamentos dos estudos básicos deve ser previamente observada.
AGRADECIMENTO
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Campinas, SP. Pesquisador Visitante, Universidade d e São Paulo, Escola Su perior de Agricu ltura "Luiz de
Queiroz", Piracicaba, SP. E-mail: igo.lepsch@yahoo.com .br
Conteúdo
INTRODUÇÃO········································································································································-····-··-············ 63~
PRfMEIROS CONTATOS COM O PROPRIETÁRIO DA TERRA ........................................................ ·-················ 635
VlSTORJAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PLANEJAtvfENTO ..................................................... - ................ 635
INTERPRETAÇÃO DO LEV ANT AtvfENTO DO tvfEIO FÍSICO ...................................................... ·-·····-············· 637
ELABORAÇÃO DO PLANEJA IENTO PROPRlAMENTE DITO ··························································-············· 6-+0
CO SrDERAÇÕES FINAIS ......................................................... .................................................. .............. ·-·············· 6-+1
AGRADECINlENTOS..................................................................................................................................................... 6-+3
LITERATURA CITADA ................. .. ........................................................................................... .................... ·--· ........ 6-+ ~
INTRODUÇÃO
13e rtol I, De t\ilaria IC, Souza LS, editores. lancjo e conservilçJo d o so lo e d.:i j 0'l.la. iços.1, :-. te : -iL><l.iJc
Brasile ira d e C iê ncia do Solo; 2018.
634 lGO FERNANDO LEPSCH
d u apro eitament . p ar de exi tirem muito conflitos que induzem á rias formas
de de rada ào da terra , um intere e maior deve ser dedicado à erosão induzida do solo
quando é ubmetido à agricultura.
teITa agricultada são potencialm nte ameaçadas quando não estão protegidas
con_tra a erosão do olo. A deterioração, não apenas dessas terras, mas também das florestas
nah\ a , dos campos d pastagens naturais e das áreas urbanizadas, evidencia apenas urna
fra ão da tri te hi t: ria da erosão. Carregadas pela água ou pelo vento, as partículas do
ola da área erodida ão, posteriormente, depositadas em outros locais, em tomo de
áreas de baixa altitude na paisagem ou em mananciais de água, próximas ou distantes das
terras erorudas - até me mo em outros continentes. A consideráveis distâncias, a jusante
ou a sotavento, o edimentos e as poeiras causam grandes impactos na poluição da água e
do ar, gerando tan1bém elevados prejuízos econômicos e grandes custos para a sociedade.
Felizmente, muito se tem aprendido sobre os mecanismos da erosão, e algumas técnicas têm
sido desenvolvidas para controlar, de forma efetiva e com baixo custo, as perdas de solo na
maioria das situações (Brad e Weil, 2013).
Para que haja um devido controle das perdas de solo pela erosão, é necessário harmonizar
os ruversos tipos de terras com uma agricultura praticada de forma mais racional possível, a
fim de otimizar urna produção sustentável, satisfazer as diversas necessidades da sociedade
e, ao mesmo tempo, conservar os recursos genéticos e os solos dos quais dependem.
Essa harmonização, dos tipos de terras com os tipos de uso, só é possível com adequado
planejamento do uso com base na avaliação sistemática do potencial das terras, das alternativas
de seu aproveitamento agrícola e das conruções econômicas e sociais que orientam a seleção
e adoção das melhores opções (FAO, 1976). O planejamento do uso da terra pode ser feito
em diferentes níveis: nacional, regional ou local. Pode também enfatizar diferentes aspectos:
econômicos, sociais ou conservacionistas. Diferentes tipos de decisão devem ser tomados
em cada um desses níveis, em que os métodos de planejamento e os tipos de planos também
diferem. Em cada nível, há necessidade de diferente estratégia de planejamento do uso da
terra, de acordo com políticas que indiquem as prioridades de projetos que abordem essas
prioridades e de um planejamento operacional para iniciar os trabalhos a serem executados.
este capítulo, serão abordados planejamentos em nível local - propriedades agrícolas -
enfatizando as práticas necessárias para controlar a erosão induzida, que comumente ocorre
em solos submetidos à agricultura (FAO, 1976).Tais projetos, do uso do solo para fins agrícolas,
II
costumam ser denominados de planejamentos conservacionistas".
Como planejamento conservacionista, entende-se a organização e espacialização
das atividades, bem como a programação de um conjunto de recomendações e práticas,
economicamente exequíveis e compatíveis com a capacidade de uso da terra, a ser seguido
na exploração de uma propriedade agrícola. Nesse contexto, atenção maior é dedicada
à especificação das práticas conservacionístas mais adequadas para a proteção e, ou,
melhoria dos recursos naturais: solo, água e vegetação.
Em qualquer empreendimento humano, é necessário um planejamento prévio,
considerando-se uma sequência lógica de etapas: coleta de dados factuais necessários;
análise desses dados; tomada de decisões; e avaliação dos resultados. Contudo, muitas
II
vezes, decisões sobre o uso da terra e as práticas de manejo na agricultura são tomadas às
pressas", com explorações agrícolas iniciando-se sem coleta de dados em um levantamento
do meio físico, estudo piloto ou abordagem planejada do uso da terra (Hudson, 1971).
Consequências maléficas podem advir dessas atitudes improvisadas; como principais
são as pe rdas de solo e él poluição cios cursos d'águél pela cros5o induzida d o solo. Com
um p lélnejélmento conservacioni sta, serão poss íveis identifica r as terras que estão ·endo
excessivamente erodidas, selecionar os tipos ele culti vo de aco rdo com os tipos de solo e
recomendar as práticas que red uzam à erosão em níveis toleráve is.
Várias etapas são necessárias para elabo rar os planejamentos conservacionic;tas, desde
os primeiros contatos com os proprietários agrícolas até a apresentação final do plano, com
os mapas e memoriais descritivos.
ua nec 5 idade de mapa de levantamento do meio físico e das anotações sobre meio
ec nomico e ocial.
INTERPRETAÇÃO DO LEVANTAMENTO DO
MEIO FÍSICO
GRUPO B: terras impróprias para culturas, mas ainda adaptáveis para pas tél gem,
silvicultura e refúgio à vida silvestre. Compreende as segu intes clélsses:
Classe V: terras com pequeno risco de erosão, mas com outrns limitações, de forma tal
que têm seu uso restringido às pastagens ou ao reflorestamento.
Classe VI: terras com limitações tão severas, no que diz res peito ao risco de erosão,
tornando-se impróprias para a maior parte dos cultivas, limitando seu uso às pastagens
ou ao reflorestamento.
Classe VII: terras com Limitações muito severas, que as tomam impróprias para cultivo
e linútam seu uso às pastagens ou florestas, com práticas complexas de conservação.
ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO
PROPRIAMENTE DITO
Uma primeira decisão deve ser feita sobre quais são os elementos mais importantes do
uso atual das terras que requerem modificações. Primeiro, deve-se considerar se as glebas
de uma fazenda que se encontra em boas condições devem ser preservadas. lncluem-se
as áreas ainda ocupadas por vegetação natural - se essas compreenderem 20 % ou menos
da propriedade. Depois, deve-se procurar melhorar as glebas de cultivo que não estão em
boas condições; para isso, muitas vezes é necessário modificar o arcabouço da propriedade,
planejando novas estradas internas ou "carreadores". Tal arcabouço normalmente é feito
sobre o mapa de capacidade de uso e do atual uso das terras.
Um esboço preliminar de novo arcabouço da propriedade deve ser feito para
ser discutido com o proprietário. Somente depois que houver um acordo em todas as
modificações, um mapa definitivo do uso planejado pode ser elaborado. Depois da
identificação dos tratos de terra que são mais susceptíveis à erosão - ou quais terras já estão
mais erodidas - deve ser feita uma seleção e indicação das práticas de conservação do solo
mais adequadas, visando reduzir a erosão e o transporte de sedimentos a níveis aceitáveis.
Essas práticas conservacionistas devem ser estabelecidas com boa base científica, devem ser
tecnologicamente viáveis, adaptáveis ao uso preferido da terra, rentáveis e de baixo custo;
além disso, devem estar de acordo com as condições econômicas e culturais do proprietário.
Muitas vezes, certos tipos de explorações agrícolas da terra, já estabelecidos há algum
tempo, mas que estão em desacordo com a cai:acidade de uso das terras, podem ser
trocados de lugar ou eliminados completamente. E comum também que o plano proponha
mudanças ele posição de caminhos e cercas. Barragens e diques cos tuma m ser locali zados
no mapa. Tudo isso deve ser feito dentro de normas económicas e em um esca lona me nto -
normalmente durnnte cinco anos- compatível com as possibilidades do proprietário rurél l.
Depois de concluído o pla nejamento pode ser apresentado na fo rma d e três m <1 pas e
um memorial descritivo. Dois deles são opta tivos; o da capacidade de uso das terras e O do
u so atual; o mapa do planejamento é o mais essencia l.
O memorial técnico-descritivo tem como principal finalidade descrever, em ling uagem
acessível ao usuá rio, tudo aquilo que foi notado nos mapas, a lém das o bserva_çõe e
interpretações adicionais. Nele estará desenhado todo o novo arcabouço da propried ad e
(estradas, carreadores, cercas, canais divergentes e escoadouros). O memorial descriti vo
indicará as melhores explorações para cada gleba e as práticas de conservação d o solo
aconselhadas, incluindo um cronograma de execução. Porta nto, nele deverão ser descritos
todos os atributos da terra que possam influir na exploração racional, quer sejam notad as
nos mapas durante trabaU10 de campo ou nas cadernetas ou inferidas dessas e o utras
fontes de informação. Esse deverá conter também um resumo que descreva a metod ologia
de trabalho empregada.
Não existem normas rígidas para elaborar o memorial técnico-descritivo. Os principais
itens, que podem ser abordados, são os seguintes: introdução (finalidade do plano etc.);
levantamento do meio físico (localização geográfica, clima, solos, relevo, uso atual das
terras); capacidade de uso das terras (unidades de uso, subclasses e classes); descrição d as
glebas planejadas (localização, extensão, uso atual e planejado e práticas de conservação do
solo); e programação das operações necessárias à implantação do projeto, com cronograma.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
l
- Perfil do
solo
Profundidade
Textura
Permeabilidade
Fatores limitantes
1
,__ Declive do
solo - Classe
Comprimento
Regularidade
1
Características
físicas
- ,__ Erosão do
solo - Tipo
Grau
Caminhos
Benfeitorias semoventes
Oima
- Diversos Forma e tamanho da
propriedade
Localização
Situação das águas
Mercados e preços
,-- Zona
Valor das terras
Características
econômicas
-
Situação financeira
--- Proprietário Situação econômica
Riscos
figura 1. Fluxograma do planejamento racional de uma propriedade agrícola, dentro dos princípios
da conser ação do solo.
Fonte: Adaptado de Lcpsch ct aJ. (2015).
AGRADECIMENTOS
À Profa . lva na Quintão de Andrnd e, pela revisão fin al do tex to; e ao col ga An tô ni o
Ramalho Filho, pelas críticas e suges tões apresentadas.
LITERATURA CITADA
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Fabrício de Araújo Pedron 11, Ricardo Bergamo Schenato 21 & Magnos Baron i:.V
Conteúdo
Be rto( I, De Maria IC, Souza LS, ed itores. M,m ejo e conservação d o solo e Ja água. Viço c1, MC : • •iL-<l.1de
Bras ile ira de C iência do Solo; 20 18.
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646 FABRÍCIO DE ARAÚJO PEDRON ET AL.
INTRODUÇÃO
Os so los encontrados nos centros urbanos, e mbora possa m m;:i nte r se us c1tri bu tos
naturais, de maneira geral se ca racte rizam pela acentuada modificação a ntrópica. Esses
solos tê m sido amplamente descritos como uma mis tura de ma te ri a is, frequen tem nte
de origem antrópica, que diferem daqueles pedogenéticos (De Kimpe e Mo re i, 2?00). ;\
grande maioria dos solos urbanos oferece cond ições inadequadas ao d esen volv imento
vegetal em razão da ocorrência de fatores limitantes ao crescimento rad ia l, co mo: res tos
de construções como tijolos, borrachas, pedaços de made iras, ferros, concre tos, re tos
de pavimentos, materiais plásticos e encanamentos das redes de drenagem, san itá ria e
elétricas. Não raramente, esses solos têm seus horizontes removid os o u a lterados e eu<;
atributos químicos, físicos e biológicos modificados pela in trodução d e materia i ex ternos,
provoca ndo situações indesejáveis, muitas vezes de difícil correção.
A água é outro recurso natural imprescindível ao desenvol imento das cida d es.
Embora o planeta seja chamado de planeta água, frequentemente aco mpa nha m-se
casos de falta de água em áreas rurais e centros urbanos, ocas ionand o dano ambien ta is
e econômicos importantes à sociedade. A ,1gua é um bem e sencia l à vi da e no meio
urbano desempenha funções importantes para o conforto térmico e qualidade de vid a da
população. A água é imprescindível para o desenvolvimen to de qualquer o rgan ismo vivo,
incluindo a vegetação, os animais e a população humana. O processo de evapo tra ns piração
da água retira calor do ambiente, reduzindo o gasto energético em áreas urbanas (G il! et ai.,
2013). A sanitização de materiais, equipamentos e a mbientes é també m função impo rtante
da água no meio urbano.
Apesar de sua importância, muitas pessoas ainda não têm acesso à água po tável de
qualidade, mesmo em áreas urbanas. Estimativas s ugerem que apenas 60 % da d ema nda
global por água potável serão satisfeitas em 2030 (Kontokosta e Jainb, 201.5). lguns
levantamentos têm apontado para o uso humano de águas contaminadas, tanto em á reas
rurais como em áreas urbanas, tornando-se um caso de saúde pública (Amaral e t ai., 2003).
O manejo e a conservação das águas em áreas urbanas têm sido um d e afio
complexo, muitas vezes abordado de forma inadequada pelo poder público. A
urbanização descontrolada, o uso equivocado de fontes de águas limpas, o desperdício, a
contaminação, o tratamento inadequado e a falta de ações técnicas e educativas no sentido
do uso sustentável da água têm contribuído para aumentar a complexidade de a que tão
(Kontokosta e Jainb, 2015).
Da mesma forma, para a conservação adequada dos aios, co m fo rte reflexo na
qualidade da água em áreas urbanas, os ges tores urbanos devem considerar seu atributo
intrínsecos que determinam sua aptidão e limitação de uso. É comum nos centros urbano
a conversão de ambientes frágei s em áreas consh·uídas, que oferecem risco em razão d a
sua ins tabilidade, como encostas de morros, banhados e margens de cursos d ' água. E e
ambientes d esempenham papel importante no equilíbrio natural, devendo ser pre ervad os
das pressões antrópicas.
N esse sentido, o manejo conservacionista do solo e da água em áreas urbanas pas a peb
adoção de práticas e tecnologias disponíveis; enb·etanto, e as demandam planej :1ment
adequado para a sua implantação. Como as cidad es exige m solos adensado - pura re -istir
às obras de engenharia e, ao mesmo tempo, solos porosos e fr iávei para u portílr as áreas
verdes, toda atividade ur.bana nece~s~ta de planejamento e investimentos esp cifico pa ra
ma nutenção de um ecossistema equ1hbrado, onde as pessoas tenha m egurança e e nfo rto
(Albe rti, 2010; Page et al, 2015).
Existe uma carência muito o-rande de informações sobre os solos exis tentes sob a s
cidades, que são necessárias par:um melhor planejamento de uso desse recurso natural.
O mapeam nto e a ela sificaçào dos solos, ao considerar seus atributos morfológicos,
~ísicos, químicos e mineralógicos, permitem determinar seu potencial de u s o . Essa s
mfo~·IT1ações, juntamente com o diagnóstico do avanço urbano e mapeamento das áreas
de nsco, são úteis para o planejamento do uso racional dos espaços urbanos e contribuem
para o manejo e a conservação sustentável da água. Tais informações sobre os solos e a
água evitariam a degradação deles, reduzindo dessa forma os custos do desenvolvimento
urbano.
Diante do exposto, o objetivo deste texto foi reunir informações sobre questões
relacionadas à conservação do solo e da água em ambientes urbanos, tratando das
especificidades desses recursos naturais nas áreas urbanas, apresentando práticas de
manejo alternativas para a proteção deles e destacando, sempre que necessário, as interfaces
de ambientes rurais e urbanos nessas questões.
Figura 1. Diferente intensidades de ocupação urba.na e sua relação com as alterações a.ntrópicas
nos -olos. (a): área urba.na com alta intens idade de ocupação e solos com alto grau de alteração;
(b): área urbana com média intensidade de ocupação e solos naturais associados com solos
alterados; e (c): área urbana com baixa intensidade de ocupação e solos naturais com pequenas
a.Iterações (Cidade de Natal, RN).
Fonte: Foto do, au to re;;. (2015) .
II
. los centros urbanos, comumente se referem aos solos pelo termo solos urbanos",
que significa os solos encontrados nesses locais (Stroganova e Agarkova, 1993; Jim, 1998;
Craul, 1999; De JGmpe e Morei, 2000; Pedron et ai., 2004, 2006a). Esse termo é usado para
destacar diversas alterações nos atributos, comuns no meio urbano (Pedron et ai., 2004).
Entretanto, considerando a complexidade das atividades realizadas nesses ambientes
e seus efeitos sobre os solos (Blume, 1989), torna-se por vezes complicado distinguir as
características pedogenéticas das resultantes do uso urbano dos solos.
Segundo De JGmpe e Morei (2000), outras definições são apresentadas para solos
urbanos, considerando sua natureza e intensidade de alteração. Muitas vezes, solos
urbanos são equivalentes a urna subdivisão de solos antrópicos; no entanto, muitas áreas
urbanas, como parques e campos naturais, não se caracterizam pelas modificações típicas
11
de atividades urbanas. Portanto, destaca-se que, nesse texto, solos antrópicos" é um termo
que contempla aqueles significativamente modificados pelo uso intenso e continuado
do homem por meio da exploração agrícola, mineral, urbana, industrial, dentre outras,
enquanto "solos urbanos" referem-se a solos que se encontram no ambiente urbano,
modificado ou não pela ação humana.
A ação antrópica nos solos encontrados no meio urbano pode provocar diversas
alterações morfológicas, físicas e químicas (SchleuB et ai., 1998). As modificações mais
frequentes no solo em áreas urbanas são a remoção dos horizontes superficiais em áreas de
corte, estratificação de camadas com materiais distintos nas áreas de aterro e introdução de
materia is exógenos provenientes de descartes de construções utilizados para reconstituição
do solo removido Oim, 1998), aumentando a variabilidade horizontal e a vertical do solo,
e m razão da dis tribuição do mél teriél l, muitas vezc , d e fo rrnél he te rog0ner1 na á r a (D,
Kimpe e Mor 1, 2000).
Essél heterogeneidélde morfo lógica do solo é importa nte, pois ca usa dcsc~nti nu idacl e_
nos flu xos para manutenção cio eq uilíbrio ambienta l (Azevedo e Da lmolm, 2?0.·4). A,:,
a lterações na densidade, porosidade, estrutura e textura oca io naclas p la ativtd ,i dcs
huma nas sobre os solos, assim como a ad ição de subs tância qu conte nha m elemen tos
químicos potencialmente tóxicos, influenciam todo o ambiente urbano. Em boril processo<;
na turais, como os pedogenéticos, possam imprimir alteraçõe seme lhé! nt s no$ o los,
as a tividades antrópicas caracterizam-se e distinguem-se cless p rocessos pe la su,i
intens idad e e rapidez.
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Anti g,1 \ \•lh,1 J1 1\-l' lll l{L'CL'l1k l11 du~trt d
n·-.1d1·rht 11
O solos como um todo são corpos poros0 apa zes de rl'ler · tran m1tir ,1~u,1 ('xo .
2000). as cidade , os solos apresentaff1 g rande po ten ia l p.u,, armilzt'nM a. ,, ~ucl. d ,1:
chuvas, re te ndo-c1s por tempo consiclcr, vel, ev itando ,, dl'scarg,1 r,1p1d<1 p.:iril e 1..u rso ·
d 'água, o que geralmente ocasionam enxurradas (B, rbos.1 l'l ai., _Ol2; Y, o l.' ai., _015).
alagamentos, des li za mentos ele en ostas, erosilo, tr,1n mi ~j de d ·n .:i l' d..1m.J ..10
património público e privt1clo (Peclron ct ,1I., 200.l). 1 • ' l' n~o. ,l 1mp~rm~ 1b1l1L.l ,tu
uperfic ia l excessiva deve se r co ntrolada para e it, r a pt:rda dt'!-", .._t.•rv1ço ,1mb1~nt..ll
proporcionado pelo a lo (Gar ia et a i., 2014) .
Uma função especial do solo é il de cr o hábitilt para um.1 t>lt> ' i.l I Jivl'r-.1J, 1 JL·
organis mos vivos. O número de s pêcies mi crobianil no -;olo ~ p r vavê lmentt.• l n. ior
entre todos os hábitats (Crawford et ai., 2005). luitos d ss:s rg..mbm .._ r aliz.1m ... ~ r\ 1 ·os
ambientais importantes, pois são responsáveis pel, i la •m de nu tri •nte n n ll r ,1-' t:
degradação de s ubs tánc ias tóxicas. Outros ap r ~entam · kv.1do pott•n 1 1 p.:ir~ , proJu · ..1
de produtos farmaco lógicos. Muitos dele Jinda n,1 for,1m id ntifi ·, d ~ t: ôtu l do:-.
(Coleman e Whitman, 2005).
Poré m, com tamanha riqueza Jc es pé ics, o s lo tr1mb m p 1 • . ., •r vdo r dt> e n - 3
huma nas. É g rande o número de organism os qu o utiliz, me m vetor n, tr, n · m,~o
de doenças. Entre as principai · doenç d i ·semin.1d s p r e: · - podem ..,~r •ira l.1-..
ancilos tomíase, ascaridía e, amebíase, co l rJ , Lli rr 1a infoú :tu ,1, di -c ntt:ri b,ul:lr,
esquistoso mose, es trongiloidíasc, f bre tit o ide, ft>br, p.1ri.1tít iJc: , s, lm nd ..,t:, t ni~ .. t.!
cisticercose (Bra il, 1006).
,
MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E o AGu
654 FABRÍCIO DE ARAÚJO PEDRON ET Al ,
esses c,1sos, o solo serve como _uport-e na manutenção do ciclo de v ida d e vários
age ntes Cílu, adorcs e trnnsmissorcs dessas doençns, como inseto , bactérias, protozoários,
pla telmintos, f ungos c outros organismos (Pedron et ai., 2004). Estudos sobre a contaminação
feca l de árcéls urbanr1s por caninos evidenciam que a exposição humana a esses riscos é
signi fica tiva, e a condição socioeconómica da população tem relação com o número de
animai e a ta\.a de contaminação (Rubel e Wisnivesky, 2005).
O solo pode e\.ercer outras funções que não aquelas ligadas à manutenção do equilíbrio
natural, como a culturais. Essa funçõe estão relacionadas com as atividades antrópicas,
como a fonte de ma téria-prima para artefatos de trabalho e artís ticos e a preservação
de artefato histórico , que são respon áveis pela expressão histórica e cultural das
civilizaçõe (Aze, edo et ai., 2007). A compactação frequente dos solos urbanos reduz
ignificativamente a porosidade, dificultando a peneh·ação da água e dos gases, reduzindo
a ati,·idade biológica e criando um ambiente propício à preservação de artefatos (Howard
et ai., 2015). Um exemplo brasileiro do estudo de registTos culturais de antigas civilizações
no solos são os trabalhos sobre as terras pretas arqueológicas na Amazônia (Kampf e
Kern, 2005). Confom,e esses autores, a pedoarqueologia, ciência que trata da interface
entre os solos e a arqueologia, é bastante recente no Brasil e apresenta um campo aberto
para a atuação dos técnicos e cientistas do solo.
Outro exemplo interessante da função cultural dos solos em ambientes urbanos
relaciona-se aos estudos etnopedológicos de ambientes urbanos da idade antiga. A
etnopedologia é um conjunto de abordagens interdisciplinares, que trata das interações
dos homens com os solos e outros componentes dos ecossistemas, em tempos passados e
presentes (Alves e Marques, 2005; Araújo et ai., 2013). De acordo com esses autores, um
enfoque maior tem sido dado ao uso dos solos rurais, enquanto as áreas urbanas oferecem
um campo de investigações ainda aberto. A compreensão dos saberes acerca do uso do solo
em ambientes urbanos de civilizações antigas pode contribuir para o manejo sustentável
dessas áreas nos dias atuais e futuros.
o I USS Worki11R Crn11p (Wf{B, 2014). O termo 'solos antró pi os' ta m bém apa rece no s is tema
fra ncês (Spa;:i rgaren, 2000) e aus tralia no (lsbe ll, 2002).
O Sai/ Tnxa11a111y (Sai/ Survey S!nff, 2014), siste ma a me ric,ino que e propõe cl c lc1c::-;ificc1r
os solos do mundo, por isso um cios siste mas mélis uti li z,1dos internacinnc1lmente, tr.Jz
hori zontes dia gnósticos e atributos d iagnós ti cos pa ra enquadra r os solos ,intrópico,; de
origem urbana. No Sai/ Tnxo110111y não há um a ord em específica pa rcJ os solos urbc.1n?: ~u
mesmo os ant,-ópicos. A estratégia desse sis tema é fozer uso d e dois ho ri zontes s uperf1 C1a1S,
o m1t'1ropic epipedo11 e plngge11 epipedon, que são form<1d os pela adi ção de a rtefatos humc1nos
não ligados à agricultura. Esse sistema também lança m ã o de a tri buto diagnó ticos
relacionados com solos alterados ou transportados pelo homem, q ue d ão o ri gem a c;ete
classes utili zadas em nível de s ubgrupo, send o e las: Ant!tnquic, A11t!troden ic, Arrthrapic,
Plnggic, Hnploplnggic, Anthroportic e Anthrnltic. Nos níveis de famí lia e séri e também são
previs tas c lasses que definem a natureza dos mate riais antrópicos, co m o Melhnn0Re11íc,
A sfnltic, Concretic, Gypsifnctic e Artifnctic.
Já o s is tema internacional da IUSS Working Cro11p (WR B, 201-1), m ai conhecido
como World Refere11ce Base for Sai/ Resources (WRB), apresenta a o rd e m dos Tcclzno~o/5,
que enquadra os solos formados pela ação antrópica com significativa adição de a rtefatos
artificiais, típicos de atívidades urbanas e industriais. Além disso, o W RB também utiliza
dentro dos materiais diagnósticos a classe Artefncts, que apresenta fra g mentos de materiais
antrópicos urbanos e industriais, e a classe Tec/111ic !tnrd material, q ue representa a ocorrência
de materiais endurecidos como asfalto e concreto, ambas com o critério diagnó tico para
a ordem dos Tec/inosols. Como qualificadores principais e s u plementares, o WRB util iza
uma série de classes relacionadas com as a tividades urbanas, com o as seguinte : Ekrnnic
(presença de Tecftnic hnrd material próximo da s uperfície), Garbic (p resença de Artcfacts e
resíduos orgânicos), Technoleptic (presença de camada endurecida - Teclmic lwrd material
dentro de 100 cm da superfície), Tcchnic (camadas ricas em materiais antrópicos - Artefact_ ),
Urbic (camada rica em fragmentos urbanos - Artefncts) e Trm1sportic (ca madas de olos
transportadas por maquinário) .
O Sistema Brasileiro de Classificação d e Solos (SiBCS) a tualmente não contempla o
termos solos antrópicos e solos urbanos, apenas h orizonte A antróp ico (SiBCS, 2013), que
se refere a camadas alteradas pedogeneticamente co m influencia antrópica, com o a terras
pretas arqueológicas da Amazônia. Nesse caso, o horizonte A antrópico não considera as
modificações humanas típicas de ambientes urbanos e industriais. o XXIX Congresso
Brasileiro de Ciência do Solo, em 2003, foi apresentada a proposta de criação da o rdem do
Antropossolos, que não foi levada adiante.
A ordem dos Anh·opossolos foi proposta no SiBCS para o e nquadramento de olo
alterados pela ação antrópica. Esses solos d evem a presentar uma o u vcc\rias cam.:idas
antrópicas com, no mínimo, 40 cm de espessura, fo rmadas por materiais di er_os e
apresentando atributos morfológicos, físicos e químicos variávei , conforme o m a teriais e
o ambiente e nvolvidos na sua formação (Cu reio e t a i., 2004). Esse autore organizaram 0
dife re ntes tipos d e intervenção humana nos processos de construção de es solo em trê
grupos : a dição d e materiais, decapitação de ma teriais e m obilização d e materia i di er os,
todos promovidos exclus ivamente pela ação humana.
Alguns estudos tê m apontado para a necessidade da inclusão de uma ordem no iB
que conte mple os solos anh·ópicos e urbanos. O h·abalho realizado por Kampf et ai. (1997)
com solos cons truídos em áreas d e mineração s ugeriu qu e o olos fo sem classificados
co~rn " ntro. olo ", dada a impossibilidade de agrupamento com as demai s classes
existente no iB . an tos e t ai. (2013a), estudand o os solos denominados " terras pretas
arqueológicas" d o sul do Esta do do Amazonas, conclu íra m que a criação da o rden1 dos
AntTopo solos ou, pelo meno , a inclusão de urna classe "antrópico", em nível d e s ubgrupo
no iBCS, tornaria o sistema mais adequado para o enquadramento dos solos avaliados.
Entretanto, a complexidade da a tividades urbanas e seus efeitos nos solos têm
dificultado o e tabelecimento de critérios para classificar os solos urbanos. Esses solos
podem ser diferenciados pela alta concenh·açào de metais pesados (Wei et ai., 2009; Wei e
ang, 2010; Andersson et ai., 2010; Luo et ai., 2012; Lark e Scheib, 2013), metano (Blume,
1989), alter~çào da proporção das bases trocáveis e CTC (Stroganova e Agarkova, 1993; Jim,
1998; De K1mpe e Morei, 2000), deposição de rejeitas de construção e industriais (Sch leup
et ai., 199S; Alexandrovskaya e Alexandrovskiy, 2000) e, ou, alteração d o regime hídrico e
térmico do solo (Stroganova e Agarkova, 1993).
A água é uma substância muito simples, formada pela combinação de dois á tomos
de H com um átomo de O (H:P), e imprescindível à manutenção da vida do planeta.
Todos os seres vivos contêm água no seu corpo, por isso dependem dessa substância
para viver. A água também é um importante agente de intemperismo, potenciaJizando a
alteração das rochas, a forma ção de solos e a liberação de nutrientes para os organismos
vivos. esse contexto, a água exerce papel fw1damental na manutenção dos ecossistemas
terrestres e de toda a sua biodiversidade, e é exatamente nesse ponto que a água e os solos
estão funcionalmente ligados. O solo disponibiliza a sua porosidade para reter a água, os
gases, e os seus constituintes coloidais para adsorver nutrientes, enquanto a água faz o
papel de transporte desses nutrientes para as plantas e dema is organismos vivos, a mbos
d esempenhando funções importantes na manutenção da cadeia trófica (Azevedo e t ai.,
2007).
Embora a Terra seja conhecida como o " plan eta água", já que 70 % da sua s uperfíc ie é
constituída por água, nem todo o seu volume está disponível para o consu mo huma no e o
animal Os dados evidenciaram que, do total d a água no planeta, menos d e 3 % é água doce
e que apenas 0,3 % dessa água está disponível em rios e lagos. O restante encontTa-se e m
aq uíferos ou con gelada nos polos, geleiras e montanhas. Nesse sentido, o Bras il é u m país
privilegiado, pois 12 % da água doce disponível no mundo enconh·a-se aq ui. Entr eta nto,
tal fa to demanda responsabilidades social e am biental, que não têm sido tradu z idas em
atitudes a té então.
o ns id crávcl parcela da popu lação nào tem acesso à águil potáve l. Dado da
WWAP (2015) s ugeriram que a quantidad idea l mínima de água por dia por habita nte
para seu consumo e higiene é de 20 L. Entretanto, somente no Brasil exislem O m ilhõ s
d e indi víd uos sem acesso à água tratada . No mundo Lodo, são 748 milhõe de P ssoélc:,
cons idera ndo os dados até 2012 da Wf-1O/UNICEF (2014). Há estima tiva d q ue 1,8 bilhão
de pessoas consomem água con laminada com Escheric/1in cofi, o rga nismo indicador de
contamjnação fecal (WWAP, 2015). Isso tudo representa que tõc d saúde pública, que
devem ser solucionadas com estudos e inves timentos, visa nd o a qu al idade de vida das
pessoas e preservação ambiental por meio da proteção dos seus recursos natu rais.
Os dados atuais da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciencia e
Culturél (UNESCO-ONU), em relação ao consumo e preservação d a q ual idade da ,ígua no
mundo, não são estimulantes. O último relatório sobre a água no mundo (WWAP, 2015)
estimou que as reservas hídricas globais deverão reduzir em 40 % a té o a no d e 2030 e q ue
20 % dos aquíferos, responsáveis pela água consurruda pela metade d a po pulação mundial,
já são ex plorados acima de sua capacidade. Nessas d uas últimas d écad as, o cons umo de
água cresceu duas vezes mais que a população; portanto, considerando o cr esci mento
demográfico atual desenfreado, serão mwtos os desafios futuros para resolver a q uestões
envolvendo a água.
Conforme apontaram Cooley et aJ. (2014) e o relatório da U ESCO-O (!vVWAP,
2015), a crise globaJ da água é uma questão de govemança. Os dados evid enciam que
existem recursos hídricos para suprir as demandas atuais e futuras; no entanto, há
necessidade d e se mudar o padrão de consumo, gerenciamento e compartilhamento do
recursos hídricos. Os centros urbanos têm sido responsáveis por uma pres ão eno rme
sobre os recursos hídricos (o uso doméstico demanda 11 % da água doce; e o indus trial,
4 %), visto que concentra a demanda por água potável em pequenas áreas, e levando os
custos de abastecimento. Os centros urbanos também têm alta capacidade de poluição
desses recursos. As demandas agrícolas (70 % da água doce) e energé ticas (15 % da água
doce) também têm influenciado a escassez de água. Conforme a figura 3, a demanda de
água a umentará em 55 % em 2050 (WWAP, 2015); portanto, as técnicas mais eficien te de
irrigação agrícola, o aumento na captação de águas da chu va e o desenvolvimento urbano-
industrial sustentável serão exigidos para reduzir essa dema nda.
A falta de programas eficazes de proteção da qualidade da água tem co ntribuíd o
para a s ua contaminação, com efeitos na saúde da população (Amaral et ai., 2003).
Aproximadamente 12 mj)hões de pessoas vão a óbito anualmen te em razão dos problemas
relacionados à má qualidade da água. No Brasil, o cc:m sumo de água imprópria é re ponsá el
por 80% das internações hospitalares via Sistema Unico de Saúde (SUS) (Merten e linella,
2002). Conforme dados da WHO/ UNICEF (2005), as doenças provocadas pelo consumo
de água imprópria são responsáveis pela morte de 4,5 rnil crianças por dia. Embora o ·
d ados não estejam atua lizados, esses dão ideia da dimensão do problema e evidencia m
que a água sempre será questão de saúde pú blica.
Especifica mente nas áreas urbanas, a água é um recur o natural importante e e ·cas 0
que te m sofrido fo rtes a lterações resultantes do uso antrópico. Suas mais di ersa funções,
discutidas ad iante no texto, tom am a água fLmdamental às cidades; porém, 0 crescimento
urbano e o da população têm aumentado significativamente a demanda pela água, 0
que, a ssociado às mudanças cUmáticas atuais (Cooley et ai., 2014), tem pro ocado a s ua
escassez nesses ambientes. Além disso, a alteração do ciclo hidrológico e a contaminação
do re ursos hídrico pelas atividades urbanas e industriais têm interferid o lanlo nos
e O istema urbanos quanto nos rurnis, acarretando danos econômicos, a mbientais e
saciai (Sun e Lockab~,, 2012).
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■ Doméstico D Indústria
Figura 3. Comparação entre as demandas de água doce em 2000 e 2050, considerando as diferentes
demandas e organizações internacionais. OECD: Países filiados à organização para a cooperação
económica e desenvolvimento; e BRUCS: Organização dos países Brasil, Rússia, Indonésia,
índia, Oüna e África do Sul.
Fonte: W\-VAP (201 5).
urbnnos te m e levado potcncinl para conta minação do le nço l freMico e de zo~as de reca~?êl
de aquífe ros, fato que tem promovido c1 co ntél m inação ela água d e po os (Silva Ara ui o,
2003). Já as águas da chu vc1, ao entrare m c m contato com a<; <; uperfíc ies im pem,eáve is
dos centros urbanos, ca rregam consigo todé:I a ca rga d e pa rtícu las n las clepositad.:i s, que
també m detê m elevado potencial de contaminação d os rec ursos híd ricos e do c.;olo (Zha ng
et ai,. 2010; Barbosa et a i., 2012; Sánchez e t a i., 201 5).
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Figura 4. Exemplo das ilhas de calor nas áreas urbanas, onde as áreas verdes apresentam menor
temperatura relativa.
Fonte: AJ a pt,1do de Azevedo et ai. (2007).
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Figura 5. Alteração do ciclo hidrológico em á reas intensamente urba nizada (a), comparadas a .ireas
não urbanizada (b).
ª re~ar_g a d o curso d 'água . Essa êllterações no ciclo hidrológico tem efeit os e m as p ectos
eco! g,cos do e ossis tema ( zevcdo ct êll., 2007).
O propósito da con ervação dos solos e da água não é somente preservá-los, mas, s im,
manter ua capacidades produtivas, quando submetidos aos mais diferentes usos. Um
solo urbano impermeabilizado pela sua cobertura com concreto encontra-se preservado;
no entanto, incapaz de exercer suas múltiplas funções ambientais e tecnológicas (Troeh et
ai., 1991 ). Da mesma forma, o manejo e a conservação dos solos, quando aplicados de forma
correta, por si só já são suficientes para mitigar a maioria dos problemas de contam.inação
da águas (Merten e Minella, 2002). Portanto, tratar da conservação dos solos é também
cuidar da conservação da água.
O u so e manejo dos solos e das águas urbanas são praticados, de maneira geral, sem
o planejamento adequado. No caso do solo, como é um recurso natural subsuperficial,
não visível aos olhos, e seu manejo conservacionista gera custos adicionais, esse é
frequentemente negligenciado, o que acaba promovendo danos ao ecossistema urbano.
Os solos e a água são recmsos fundamentais para a ecologia dos ambientes naturais e
antropizados; por isso, a sua conservação é importante para a manutenção da qualidade
ambiental, com efeitos na saúde da população.
A falta de um planejamento conservacionista do ambiente como um todo, durante as
atividades urbanas, provoca problemas de degradação dos solos e da água, acometendo tanto
áreas urbanas quanto rurais. A compactação e erosão dos solos, a poluição e contam.inação
de solos e água, as inw1dações, os deslizamentos de encostas e a transmissão de doenças
são exemplos de situações resultantes da falta de conhecimento do comportamento dos
solos, quando submetidos às aplicações urbanas (Pedron et ai., 2004) .
Esses problemas, muitos deles considerados desastres, afetam milhões de pessoas
todos os anos no mundo. O número anual de mortes em razão dos desastres naturais
é calculado em mais de 100 nlil pessoas, com outros 216 milhões de vítimas não fatais
(Guha-Sapir et al., 2014). No Brasil, apenas em 2013, mais de 18 milhões de pessoas foram
acometidas por desastres naturais. Nesse ano, foram contabilizadas 183 mortes, e 79 %
dos óbitos estiveram ligados a eventos de chuvas intensas, deslizamentos, enxurradas,
inundações ou alagamentos (Brasil, 2014). Esses dados evidenciam a importância dos
eventos relacionados à precipitação e movimentos de massa .
Es tudo realizado em parceria entre o Banco Mundial e o Governo brasileiro (Toro
et ai., 2014) apontou que os custos dos quatro maiores desastres naturais ocorridos entre
2008 e 2011 no Brasil totalizaram R$ 15,3 bilhões. Os deslizamentos da região serrana do
Rio de Janeiro, em 2011 , foram causadores de um prejuízo de R$ 4,78 bilhões, enquanto as
enchentes que assolaram Santa Catarina em 2008 contabilizaram um custo total da ordem
d e R$ 5,32 bilhões. A perda de vidas humanas, no entanto, é ainda mais impressionante:
20 vítimas, em Pernambuco; 36, em Alagoas; 11 O, em Santa Catarina; e cerca de 1 000, no
Rio d e Jan eiro.
encon~~-se uma e trutura pouco de envolvida por causa das condições de selamento
superficial, que dificultam a evolução esh·utural do material depositado.
Figura 6. Alterações morfológicas típicas de solos urbanos. Perfill: deposição superficial de resíduos
de construção civil no topo do horizonte A; Perfil 2: mistura de horizontes em áreas de aterro;
Perfil 3: deposição de lixo urbano criando uma camada antrópica; Perfil 4: depósitos de areia com
resíduos de lixo e construções; Perfil 5: introdução de camadas de pedras e impermeabilização
superficial com asfalto; e Perfil 6: solo natural compactado, com selamento superficial.
Fonte: Adaptado de Schleub et al. (1998) e Puskás e Farsang (2009).
Uma das variáveis físicas mais alteradas em solos urbanos é a sua densidade. A
compactação aumenta a densidade do solo (USDA, 2000b). Quarito mais compactado estiver
o solo maior será sua densidade e menor será seu espaço poroso. De acordo com a figura 7,
os solos urbanos, geralmente, apresentam maior densidade que os solos de áreas naturais e
agrícolas, pois são facilmente compactados pelo tráfego de máquinas e pelos equipamentos
pesados (Gilman, 1997). A compactação do solo interfere no desenvolvimento das plantas,
no fluxo e na retenção de água no solo.
Como visto, a degradação dos solos urbanos provoca alterações físicas, que modificam
a aeração do solo, retenção e disponibilidade de água e resistência à penetração das raízes,
acometendo diversos serviços ambientais corno a sustentação da agricultura urbana e de
áreas verdes e a regulação do ciclo hidrológico urbario. Essas alterações contribuem para o
aumento das enxurradas e inundações urbanas e contaminações dos solos e da água.
A introdução de materiais exógenos nos solos urbarios também promove a sua alteração
química. Conforme Jim (1998), os r~s!d~os de con~trução~ princip_almente cimento, tornam
0 solo alcalino e promovem desequibbnos de nutrientes, mfluenc1ando o desenvolvimento
de muitas espécies vegetais. A matéria orgânica e CTC dos solos tendem a ser alteradas,
pela destruição do horizonte superficial natural e pela adição de areia no solo (Puskás e
Farsang, 2009). A frequente lavagem dos solos resultarite dos processos erosivos também
contribui para a redução ela sua fertilidade química natu ral. Entretanto, em a_Ig_u_ns casoS,
como na d eposição de resíduos orgânicos, pode ha ve r melho ri a na disponi bilidade de
nutrientes dos solos (Hu et ai., 2007).
Solo l Soln2
Prof. Densidad e do solo (kg d m )
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Desse modo, fica evidente que o primeiro passo para a formação da erosão é o
impacto direto causado pelas gotas das chuvas, provocando desagregação das partículas
do solo, deixando-as soltas sobre o terreno e susceptíveis ao transporte pelo escoamento
superficial (Brady e \rVeil, 2013). Esse impacto direto ocorre somente quando sua superfície
está desprovida de vegetação; existindo cobertura vegetal, as plantas amortecem o impacto
das gotas da chuva, e as raízes não deixam a terra ser carregada pela enxurrada, além de
facilitar a infiltração da água que cai no terreno.
As atividades humanas, ao alterarem a interação entre os fatores citados anteriormente,
podem levar à aceleração ou redução do processo erosivo. A erosão acelerada normalmente
está associada ao desmatamento para a extração madeireira, à produção agrícola ou às
construções urbanas; essas últimas podem alterar substancialmente os atributos do solo
(Zhang et al., 2012).
A erosão lúdrica ocorre em regiões urbanas ou rurais, localizadas próximas a margens
de rios e lagos ou em regiões litorâneas. Neste último caso, o desprendimento das partículas
do solo é causado pela ação das ondas, que dependem da velocidade e intensidade dos
ventos e alteração das marés (Rangel-Buitrago et ai., 2015). As ondas entram em contato com
0 solo próximo à margem, desagregando-o e colocando em suspensão grande quantidade
de material; e ao retornarem carregam o material em suspensão, depositando-o, no fundo
dos mares e das represas, nos deltas e nos meandros dos rios. Mesmo quando existem
sistemas dissipadores de energia, a força das ondas pode trazer danos às áreas litorâneas,
e a manutenção desse espaço torna-se muito difícil (Feagin et ai., 2009). Na figura 8,
evidencia-se a colocação de blocos de rochas próximas à margem de praia em Natal, RN, e
Guara pari, ES, com o intuito de evitar a erosão lúdrica ocasionada pelas ondas.
o tipo de solo também exerce influência na magnitude da erosão. Os solos possuem
diferentes texturas, estruturas, permeabilidades e densidades, além de diferentes atributos
mineralógicos, biológicos e químicos. Aqueles com coesão interna, como solos argilosos,
resistem mais à desagregação das partículas causada pela gota de chuva, porém possuem
menor permeabilidade, dificultando a infiltração da água e ocasionando ma ior escoamento
superficiaL
Figura 8. Proteção contra erosão hídrica marinha com blocos de rochas (enrocamento). (a): litoral
de Natal, Rio Grande do Norte; (b): litoral de Guarapari, Espírito Santo; e (c) e (d ): danos
provocados pela erosão em estruturas urba nas no litoral de Natal, Rl'\J.
Fonte: Fotos dos autores (2015).
Inúmeras tccnica podem ser utilizadas para conter os processo erosivos em áreas
urbanas. 1a figura 9, é apresentado um exemplo de estrutura de contenção composta por
pneu usados e pedra basáltica, para impedir O aumento da erosão na aba de uma ponte
de concreto. Outros e ·emplos com a mesma finalidade são a utilização de técnicas corno
gabi_õe , biomantas e bion-etentores, aplicadas principalmente no revestimento de margens
de nos e canais, proteção de estribos de pontes, taludes em estradas e vias de comunicação,
sendo todos eficientes na proteção de estruturas urbanas contra a ação erosiva da água e
do vento.
Figura 9. Exemplos de técnicas de bioengenharia para estabilização de taJudes. Talude com erosão
(a), estrutura de contenção em construção (b), estrutura finalizada (c) e estrutura com vegetação
integrada dois anos após a ~talação (d), disposição de gabiões nas margens de dreno urbano
(e) e biorretentores de madeua em talude (f).
Fonte: Fotos A, B, C e D: Baroni cl ai. (2012); E e F dos autores (2015).
Alagamento
IJ1undação
31 ,
1.,.
-, ~
16°..
10%
S~o
Figura 11. Oi criminação da s ituação das áreas relacionadas aos diversos deslizamentos ocorridos no
Rio de Janeiro, em 2011.
Fonte: Adaptado de Brasil (2011).
Figura 12. Cicatrizes dos deslizamentos em encostas urbanas da região de Blumenau, SC (a), em
2008, e urbana-rural na região Serrana do Rio de Janeiro (b), em 2011.
Fonte: Brasil (2011).
Por meio de estudos prévios, algumas téaucas de engenharia podem ser implantadas
de forma temporária ou definitiva para evitar ou prevenir os deslizamentos. As principais
obras implantadas sem a utilização de estruturas de contenção são os retaludamentos,
por meio de obras de corte ou aterro, drenagens superficiais ou profundas, ou ainda a
proteção superficial do solo, de forma natural ou artificial. Com a utilização de estruturas
de contenção, podem ser construídos muros de gravidade, muros de flexão, estruturas
atirantadas ou obras de aterro e cortes reforçadas (Figura 13).
I
D11 nagem /
___,__
.....__ ,__ ~/~
Drenagem superficial
. - .
superficial Drenagem==-:.::,==~
Talude profunda
revestido com
vegetação Tirantes ou
grampos
Muro de arrimo
Figura 13. Exemplos de técnicas que podem ser empregadas para aumentar a estabilidade d as
encostas.
Entreta nto, ex is tem a lguns casos o n le a complexidad e das encostas o u os cus to<;
envo lv id os to rn am a reali zação de obréls d contenção inviá veis. Nesse casos, é n c '-,frio
monitora r esses locais e identifica r as regiões q ue devem ser interd itadas, proibind o J
ocupação nas áreas que apresentam riscos. Nessas silu ações, o ecossistema natura l dev ser
mantido para a estabilização natural das encostas e para a prestação d s rviço'i ambi ntais
e paisagís ticos importantes as áreas urbanas.
Quadro 1. Composição química de compostos orgânicos de origem urbana frequentemente utili zados
como condicionadores de solos ou descartados em aterros
Santo André, Juramento, Concentração
Rio de Janeiro, RJ máxima
Variável química SP MG
permitida no
CL 1997111 CL 1993121 CL 1995bl~I LEPI LEI~)
pH (H,O) 8,0 4,4
C org. (g kg-') 281,63 65,5
total (g kg-1) 12,71 0,01
Cd (mg kg- ) 1 85
2,8 1,5 0,1
Cr (mg kg-') 81,0 90,0 45,0 46,7
Cu (mg kg-') 4.300,0
403,0 199,0 196,0 71,0
Ni (mg kg-') 34,0 420,0
23,0 64,0 29,3
840,0
Pb (mg kg-') 196,0 278,0 243,0 56,9
7.500,0
Zn (mg kg-') 496,0 480,0 370,0 302,0
57,0
Hg (mg kg-1) 5,7 0,06
111CL = Composto de lixo gerado em 1997 (Oliveira et ai., 2002); !2!Composto de lixo gerado em 1993 e 1995 (Collier et ai., 2004);
lllLE = Lodo de esgoto, data de origem não informada (Nogueira et ai., 2007); <•iconfom1e Cetesb (1999).
No meio ur bano, é mu ito comu m O descarte desses rejeitas indus triais e m a terros
irn1dequados q ue posteriormente acabam se transformando em área de asse ntame ntos
urbanos. Existem vários exemplos no Brnsil, onde comunidades inte iras, inclus ive com
inves timen tos públicos em infrélestru tura, são élssentadas sobre esses antigos aterros,
acarre tando uma série de h·anstornos à vida e saúde desséls pessoas.
Na região de São Paul o aparece m do is exemplos: o cond omínio Ba rão de Mauá, com
sete mil moradores, em Mauá, fo i construído sobre um antigo aterro indus trial. esse
condo mínio, a pracinha infa ntil precisou ser aterrada, pois o solo local apresenta va mais
d e 40 s ubs tâncias tóxicas; entre essas, o benzeno; e o Shopping Center No rte, maio r centro
com ercial da zona norte de São Paulo, també m construído sobre uma área de ate rro. Em
2011, o loca l fo i considerad o pela prefei tura como área de risco de ex plosão pela presença
de gás me ta no. Também como exemplo, não menos importante, é uma vi la no município
de Santa Maria, RS, assentada sobre an tigo aterro de lixo urbano (Figura 14). Nesse loca l,
os mo radores consomem hortaliças e frutélS prod uzidas sobre os resíduos do lixão.
Figura 14. Assentamento urbano sobre áreas de an tigo aterro sanitário u rbano (lixão), em Santa
Ma ri a, RS. A: Vila sobre o antigo lixão; B: perfil de solo urbano obre o aterro, com destaque
pa ra o acúmulo de lixo na ca mada superficial (100 cm); C: escavação do perfil; e D: ista do
pá tios das casas, com des taque para o acú mulo de lixo.
Font e: Fotos cios .iutores (2013).
A contam.inação de solos e águas s ubterrâneas por com bus tíveis automotivos tem se
to rnado u ma preocupação relevante. O aumento do consum o de com bustíveis fósseis e
b iocom bus tíveis, em razão do crescimento da fro ta de veículos, tem aumentado os riscos
de acidentes pelo derrama mento desses com postos no am biente (Corseu il e Marins, 1997;
M uller e t a i, 2013). Esses vazam entos ocorrem p rincipalmente por causa de acidentes
durante o transporte o u em reserva tórios mal manejad os nos postos de combu stíveis. 0
caso da gasolina, combustível mais comum no meio urbano, seu derram amen to pro mo erá
ª contaminaçilo de aquífero , cau ando danos aos usuários dessas águas. A dissolução
parcial da gasolina permitirá que os hidrocarbonetos monoaromáticos, benzeno, tolueno,
eti lbenzeno e ·ilenos, todos solúveis, contaminem o aquífero. Esses compostos são perigosos
à saúde huméllla, pois acometem o istema nervoso central e em algumas situações podem
provocar càncer (Corseuil e Marins, 1997; Forte et ai., 2007).
Há algum tempo, o Brasil se tornou o maior consumidor de agrotóxicos do mw1do,
mesmo não sendo o maior produtor de alimentos. Os monocultivos agrícolas demandam
grandes quantidades de insumos externos como adubos e agrotóxicos. O s agrotóxicos
são produtos industriais altamente tóxicos e nocivos à saúde humana, utilizados para o
contTole de insetos, doenças e plantas consideradas danosas à produção agrícola (Siqueira
e Kruse, 2008).
O problema dos agrotóxicos interfere tanto nas áreas rurais quanto nas urbanas.
Mesmo sendo mais utilizados nas áreas rurais, principalmente em lavouras de
monocultivos extensivos, esses produtos também são utilizados nos cinturões verdes e
mesmo em pequenas áreas de produção agrícola denh·o do meio urbano. O uso desses
produtos pode acarretar a poluição de solos e águas e acometer diretamente animais e
humanos que entram em contato com os produtos (Grisa et aJ., 2008; Moreira et ai., 2012).
1
esse caso, as aplicações urbanas são mais críticas, pois o risco de contato hun1ano é
superior, deméllldando a utilização de alternativas sustentáveis, com base nos preceitos da
agroecologia (Machado e Machado, 2005).
Os solos e as águas mbanas também podem apresentar contaminações por patógenos
nocivos à saúde humana. Esse tipo de contaminação é mais frequente em comunidades
de baixa renda, onde o Séllleamento, as práticas de higiene e o acesso à água potável são
deficientes ou inexistentes (Rubel e Wisnivesky, 2005; Razzolini e Günther, 2008). Esses
organismos patogênicos geralmente são transmitidos por vetores como cães, gatos, roedores,
aves e insetos. Por isso, ambientes com esgoto a céu aberto e disposição inadequada de lixo
são considerados insalubres, pois, ao atraírem os, etores, tornam-se locais de alto risco.
A poluição dos solos e da água ocasionada pelo seu uso inadequado é unia questão de
saúde pública. No quadro 2, são apresentados os principais problemas de saúde adquiridos
em áreas urbanas pela poluição de solos e águas. Verifica-se que, além de acesso à água
potável, a população necessita de poUticas públicas que tratem a saúde e o saneamento de
forma integrada, permitindo que as cidades sejam ambientes limpos e saudáveis.
A falta de políticas públicas para o manejo e tratamento adequado de resíduos tem
contribuído para a contaminação de solos e águas urbanas e rurais. De acordo com Silva e
Araújo (2003), organismos patogênicos como coliformes fecais e totais foram encontrados em
águas de poços urbélllos utilizadas para o consumo humano em Feira de Santana, na Bahia.
Os dados de Vasconcellos et ai. (2006) evidenciaram que as águas do Rio São Lourenço, no
RS, também apresentam elevados teores de coliformes totais e termotolerantes, resultantes
da descarga de esgotos urbanos no rio. Esses exemplos representam a realidade brasileira,
de contaminação hídrica nas áreas UJ"banas e no entorno delas.
Quadro 2. Esque ma das p rincipais doenças a dquiridas c m á reas ur ba nas p lél po lu içJo d e _c;o lo e
ág uas, s uas rotas ele transmissão e medida s ele control e (Ada ptad o d e 5 lin u , 2()04; Bra d , 2006 ;
Forte e t .i l., 2007; Razzolini e Cün thcr, 2008)
Diversas são as enfermidades provocadas pelo contato humano com solos e água
contaminados. Segundo dados de Bernard (1997), a presença de altos teores de metai
pesados como chumbo e mercúrio pode provocar sérios problemas no Sistema er o 0
Central (SNC) de fetos e crianças, assim como o cádrn.io pode acarre tar problemas re nais.
Conforme Selinus (2004), elevados teores de cobre e cromo causam danos aos rins, enquanto
o cobalto e selênio podem provocar paradas cardiorrespiratórias.
Existem diversas técnicas que poderiam ser consideradas boas práticas de manejo
conservacionista dos solos e da água nas cidades; entretanto, serão destacadas algumas que
apresentam grande impacto na solução de problemas urbanos importantes, como erosão,
contaminação de solos e águas, inundações e disseminações de doenças. Essas técnicas
têm sido praticamente ignoradas pelos técnicos e gestores urbanos das cidades brasileiras,
mesmo sendo relativamente simples e de baixo custo, quando comparadas aos danos
ocasionados pelos problemas citados. Portanto, a implementação delas é fundamental para
conservar os ambientes urbanos e melhorar a qualidade de vida nesses espaços.
s ilvestre, c1s mé.lrgens ele cursos cl 'ãgua e os hábitos humano , oferecendo á rea. de lazer e
rec reação (Gomes e S0cires, 2003).
A recriação de espaços naturais nas cidades, por meio das á reas ve rdes, de fo rma que
seus efeitos sejam benéficos à população, demanda conhecimento técnico. A descons ideração
de padrões técnicos aliada à falta de preocupação com esses es paços tem prejudicado a
qualidade do verde urbano (Pedron et aJ., 2004). De acordo com o trabalho de Pedron e
Santos (1996), as áreas verdes urbanas em Santa Ma ria, RS, apresentam inúmeras falha
estruturais que limitam o desenvolvimento da vegetação e os seus benefícios paisagístico ,
como presença de restos de construções, espécies vegeta is inad equadas, au sência de
irrigação e adubação dos solos. Esse exemplo parece ser a regra gera l em muitas cidades
do Brasil.
Os gestores urbanos devem entender os propósitos e a importância desses espaços para
que em seus projetos sejam consideradas as especificações mais adequadas a cada s ituação.
O trabalho de Morero et al. (2007) apresentou uma série de indicadores ambientais que
devem nortear o planejamento de implantação e a manutenção de á reas verde urbanas.
Conforme esses autores, aspectos relativos às caracterís ticas dos usuários, do cl ima, da
qualidade do ar, da geologia, dos solos, do relevo, da cobertura vege tal e da d renagem do
terreno, associados a questões educativas e legais, devem ser considerados pelo técnicos
para a qualidade das áreas urbanas. Esses autores ainda propuseram a lgumas orientações
para a implantação de áreas verdes, conforme a situação da pai agem na cidade de
Campinas, SP, apresentadas no quadro 3, que podem servir de gu ias para esse propó ito
em outras cidades.
Quadro 3· tient,,ç:'lcs parn implantar áreas verde, urban,L de acordo om a situnç5o da paisagem e
popula ão u uária (adapt.ido de forcro et ai., 2007)
Telhados verdes
O crescimento populacional e a expansão das cidades têm gerado enorme impacto
ambiental sobre os ecossistemas naturais. Questões como a alteração do ciclo hidrológico
e seus efeitos negativos e nocivos à população urbana têm demandado recursos muitas
ezes inexistentes, refletindo em baixa qualidade de vida e de segurança para os cidadãos.
esse contexto, a busca por práticas de manejo conservacionistas que minimizem os efeitos
do processo de urbanização sobre a paisagem tem exigido a utilização de técnicas não
tradicionais, como os telhados verdes (Santos et ai., 2013). Os telhados verdes ou telhados
vivos (Figura 16) são estruturas de teUléldos adaptadas para comportarem substratos e
plantas (Obemdorfer et ai., 2007).
Inspiradas nos jardins suspensos da Babilônia, essas superfícies vegetadas foram
desenvolvidas para desempenhar diversos serviços ambientais, como redução no volume
e retardo do escoamento superficial (Getter e Rowe, 2006; Mentens et ai., 2006; Costa et al.,
2012), aumento da biodiversidade (Brenneisen, 2006), diminujção da poluição do ar (Yang
et ai., 2008), seq uestro de carbono (Getter et ai., 2009), conservação de energia nos prédios,
redução das ilhas de calor, aumento da vida útil do telhado e melhoria da qualidade visual
da paisagem (Oberndorfer et ai., 2007) .
Os telhados verdes são divididos em intensivos e extensivos. O s intensivos são
aqueles que apresentam uma espessura de substrato maior, com o es ta belecimento de
jardins e labornclos. São telhados ele maior custo e maior d emand a d e ma nu tenção. Pnuem
inclus ive permitir a circu lação de pessoas. Os tel hados ex tens ivos aprese~ta m _ men~r
espessura de subs trato e, geralmente, uma espécie única de bai xil manutença~. Suo ~il lS
baratos e evidenciam objetivos limitados ao isolamento té rmico e à retença d e agua
(Oberndorfer et ai., 2007). No quadro 4 apresentam-se as princ ipa is diferenças e ntre esses
dois tipos de telhados verdes.
Reservatório
de água drenada
do telhado verde
- Vegetação
- Solo ou substrato
Membrana filtro
Dreno
-- - Isolamento para raízes e água
-- Estrutura do telhado
Jardins de chuvas
Assim como os tell1ados verdes, os jardins de chuvas são considerados s is temas
de biorrentenção de águas e poluentes, com base no conceito de compensação de áreas
impenneáveis. Basicamente, as diferenças entre esses sistemas são que os jardins de chuvas
estão localizados ao nível do terreno e captam, de forma predominante, águas pluviais
oriundas do escoamento superficial. Os jardins de chuvas são pequenos reserva tó rios d e
águas pluviais que utiüzam solos, plant~s ~rnamentais e microrganismos para a d espoluição
e retenção das águas das chuvas, contr1bumdo para o embelezamento da paisagem urban a
e a redução do volume de água escoada para as redes de drenagem (Melo, 2011; Liu e t al.,
2014).
Os jmdins ele chu vas podem ser construídos na fo rma de canteiros fechados o u em
depressões naturais cio terreno, em pálios particula res ou áreas verd es públicas (Fi gura 17),
onde a água se acumula e lentamente infiltra no solo. Esses ambientes são preenchidos com
m aterial g ran ular, confe rindo elevada perm eabi lidade, e materia l orgánico, po tencializando
os efeitos de retenção, fi ltração e infiltrnção (Melo e t ai., 2014). Quando a ág ua das ch u vas
excede a capacidad e d e retenção do jardim de chu va, elas são desviadas por drenos para a
rede de drenagem urbana (Liu et a i., 2014).
O s jardins de chuvas são importantes na manutenção da q ualidade da água urbana .
Os dados d e Trowsdale e Simcock (2011) demonstraram que um sis tema de biorretenção
Qardim de chu va) sob descarga de uma área industrial e uma rua movimentada foi
eficiente na redução do pico de vazão e vo lume e na filtragem de sedimen tos em s us pensão
e m e tajs pesados. Conforme esses autores, os jardins de chuva captam as águas pluviais do
escoa mento supe rficial, frequentemente contaminadas por sedi mentos e metais, impedindo
que esses componentes nocivos ao ecossistema hídrico atinjam os cursos d' água, reduzindo
a s ua qualidade.
Casa
Rua
Entradaesaídadeágua
da rua
- - - Meio fio
-:_ - - - Vegetação
- Rua
~t;~e~;~~;~;;~~;~~~;;E~;~t1;;:;..::------__ -·-Manta
Solo ou substrato
geotextil
Areia grossa
Material agregado (brita)
Solo existente no local
Pavimentos permeáveis
Os pavimentos permeáveis são materiais porosos ou com faci litação da in61tração de
águas pi uviais, destinados à pavimentação de calçadas, ruas, pátios, praças e estacionamentos.
Considerando que esses espaços constituem uma porção significativa do meio urbano, esses
pavimentos têm a função de redu zir o escoam ento superficial pela retenção e infiltração
d e águ as pluviais (Acioli, 2005; Melo, 2011), contribuindo para a mitigação de inundações
urba n as e contaminações de águas pluviais e dos cursos d ' água (Araújo et al., 2000).
- -- - - - - - - Bloco de concreto
~ - - - - - - - - Concreto permeável
f'T""'7-:~~lt"r""'7""--../
a-i-- -- - Meio fio e sarjeta
a u mento ela dema nda por produtos industria lizados, há a introdução d e novds ubc;tJ nci,, s
s inté ticas nocivas aos ecossistemas. Por isso, a geração de resíd uos só lid os e o d c;~a rte e
trata men to deles devem ser cons idernd os como q uestões d e saúde pública e ambien ta l,
req uerendo, portanto, a in tegração entre políticas econô micas, soc ia is e a m bienta i
(N unesmaia, 2002; Go uveia, 2012).
O descar te inadequado de resídu ossól idos nos ambientes ur banos in flu encia <l di nà m ica
hídrica e sa úde da população. Aterros clandestinos a céu aberto e d esca rte de resíduos
em cursos d 'água ou mesmo nas ruas promovem o entupimento das red es d e drenagem,
ocasio na nd o inundações e erosões. O acúmulo de lixo atra i e prolifera o rga n is mos-veto r de
doenças, e a decomposição desse produz um líq ui do cha mad o de chorume, com eleva d
po tencia l para poluição dos solos e da águ a. Essas situações descritas in te rferem nél saúde
da p o pulação (Jacobi e Besen, 2011).
A coleta seletiva e a reciclagem do lixo podem contribu ir pa ra umél cidade méli
saudável e m te rmos sociais, econômicos e ambientais. Jacobi e Bese n (2011) ap on ta ra m
para um gas to aproximado de R$ 725 miU1ões com a coleta e o aterro de resíduo sólido
urba nos em São Paulo, em 2010. Apenas 0,001 % desse valor e ra utilizado pa ra a coleta
seletiva, d esperdiçando aproximadamente R$ 750 mjlhões em materia is qu e poderiam ser
reciclados, mas fo ram enterrados nos aterros; esse exemp lo se repete em d ife rentes esca la
em muitas cidades brasileiras.
Nesse contex to, a questão educaciona l de redução do cons umo e ge ração de resíd uo
n a fonte é uma questão de atitude política. A diminuição do consumo por s i só já gera meno r
volume d e resíduos. A reciclagem do lixo doméstico pode contribuir para os menores
gas tos públicos com coletas e aterros e para redução d a degradação ambiental provocada
p elos ate rros sarutários inadequados. Conforme Jacobi e Besen (2011), a cobrança de taxa
ajustada pelo volume gerado pode ser bom mecanismo de educação. Pa ra unesma ia
(2002), o ca minho é a adoção de tecnologias limpas, q ue permitem a redução na geração
d e resíduos.
686
FABRÍCIO DE ARAÚJO PEDRON ET AL.
Dados ambientais
Figura 19. Exemplos de mapas interpretativos (temáticos) importantes para o planejamento urbano.
Fonte: Adap tado de Pcd ron cl ai. (2006a).
688
FABRÍCIO DE ARAÚJO PEDRON ET AL .
O SAPUT leva em conta apenas um nível de manejo das terras, sendo esse avançado
ou desenvolvido. Nesse caso, a disponibilidade de novas tecnologias pode alterar a classe
de potencial de uso, exigindo constante revisão. Ressalta-se que esse sistema aponta
a melhor forma de utilização das terras urbanas, sem proibir seu uso com determinada
atividade. Para tanto, o sistema considera primeiramente as legislações ambientais em
vigência no âmbito federal e, em seguida, atributos das terras (Pedron, 2005). O SAPUT
foi projetado em módulos de uso, que são os diferentes grupos, onde outros poderão ser
incluídos no sistema de forma a atender as demandas dos técnicos e gestores urbanos. Em
pesquisas onde foi testado, o SAPUT apresentou desempenho promissor, quando aplicado
à classificação técnica de áreas urbanas e suburbanas (Pedron et al., 2006).
A proposta de avaliação do potencial de uso urbano de Souza et ai. (2014) utilizou os
seguintes planos de informações: solo, geologia, geomorfologia e uso da terra. Para cada
plano, são considerados diferentes atributos. Cada atributo apresenta valores de referência
obtidos na literatura. O grau de fragilidade (potencial urbano) das áreas é determ.inado por
meio de um modelo matemático simples, pela média aritmética dos valores de referência
dos diferentes planos de informações. Essa proposta evidencia as seguintes classes de
potencial: adequada, subutilizada, sem potencialidade e áreas de risco. Quanto maiores
os valores de referências, maiores as fünitações apresentadas pelas terras. A classe área de
risco é discriminada pela resolução das APP e, assim como no SAPUT, essa tem prioridade
sobre as demais.
Franco et ai. (2009) e Souza et ai. (2014) não consideraram o fator de máxima limitação
para a classificação final do potencia] ou risco das áreas. Essas classes são determinadas por
m édias ponderadas ou aritméticas de valores arbitrários para cada atribu to considerado.
Os sistemas que utilizam o fator de máxima linútação para definir o potencial de u so
das terras são ma is seguros, pois o risco de superestimat:iva do potencial é inexistente.
Entretanto, a proposta de Souza et ai. (2014) é específica para a região d e Ilhéus, Bahia,
dificultando a sua aplicação em outras regiões.
Cons id ernndo a relevâ ncia do te ma, os profissionais brasil iras d everiêlm ter um
s is te ma d e class ificação técnico oficial êlplicado élOS élmbientcs urbêlnoc;, c? m s u_ ~so
previ s to em lei. A SBCS deveria ter um gru po de estud o para a geração ?e_um ~1s tema u~ico
aplicado às á reas urbanas, fornecendo informações ao diversos prof1ss1ona1.s envolvidos
na gestão desses espaços. Esse sis tema oficial seria avaliado e atua lizado cons ta nte mente.
Da mesma forma, esse sistema deveria te r seu uso ampa rado pela legis lação c1mbienta l,
impondo a qualificação do planejamento de uso dos recursos naturais no desenvolvimento
urbano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
"A diferença entre o que fizemos e o que 5011105 capazes de Jazer já seria
suficie11te para resolver a maioria dos problemas do mundo." - \llaha tma Gh.mdi
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Em brapa Solos, Rio de Janeiro, RJ . E-mai l: wenceslau .te ixeira0 e mbrc1p.:i.br
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Univcrsid;ide FederJ I cio Amazon;is, Manaus, A 1. E-mai l: hedinaldo -vufam.ed u .br
.,; Ll3R Engenhari;i e Consulto ria LTDA, São P;i ulo, SP. E-mc1il: wi llc rhcrmeto. LBR711petrobra ·.com .br
·11
Em brapa Cerrados, Pl.:inaltina, Df-. E-mail: klebcrson.souz.1'!)g mail.com
51 Compan hia de Pesq uis;i de Recursos Minernis, e rviço Geológico do Brasil, Rio de Janeiro, RJ.
E-m;i il: edgar.sh inzato@c prm.gov.br
61 Consultor, Santarém, PA. E-mail: goetz.schroth'Qig mail com
Conteúdo
I T RO D UÇÃO .................................................. ........ ..... .................. ...................................................... ·- ··--· •- •·• ...... .. ... 702
ASPECTOS GEOLÓC ICOS E GEOMORFOLÓG ICOS DAS VÁRZEAS AMAZÓNICAS ................................ 702
O FENÓ MENO DAS "TERRAS CAÍDAS" .......................................................................... ... ...................... ............ 7~
VEG ETAÇÃO DAS VÁRZEAS AMAZÓ ICAS .................................................................... - .. ....... _ ............ ....... 7
OS ESTUDOS E A CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS DAS VARZEAS A AMAZÓNIA CENTRAL .. - ..... 705
Características gera is dos solos de várzeas ........................................................................................................... 709
As principais classes de solo das várzeas .:imazônicas ... ...................... .................... ...................................... 709
G le issolos Há plicos ............................................. .... ............................. ........................ ............ _ ............ .......... 709
Dis tinção e ntre os Gleissolos ........................................................................................................... -...... __.... 711
eossolos Flúvicos ................................................................................................ ·- ............ ___ ._ ........... - .... 71...,
O utro solos associados .............................. .........................................................................- ......................... 71"'
As Terras Pre ta de Índio na vé'l rzeas .. ................................. ..................... ........... .................................. -- .......... 714
Com posição granul ométrica e m ine ralógica dos sedi mentos e solos das várzea amazônic'1 .... _......- .... 715
A tri bu tos químicos dos solos de vé'lrzea da Amazônia ........................................................... _.- .......... _ .......... 717
CMbono o rgâ nico e nitrogénio em solos de vá rzea da Amazônia ................................- ...... ···- ·--................ 717
Efei tos da inu ndação sobre os a tr ibutos q u ím icos dos solos .... ...................... _.................- .................. - ............ 71
USO AGRÍCOLA DOS SOLOS DAS VÁRZEAS AMAZÔN ICAS ......................................................_................... 719
Cu ltivo de ho rta liças ······················································································--··············•········--················ ............. 719
Cu ltivo de fib ras: Ju ta e malva ............................................. .. ....................................... . ........................... ·- ··--· .. 719
Pas tagens nas vá rzeas amazônicas .......................... ................................................... .......................... _..... ........... 720
S is te mas agroílores tais e m .íreas de vá rzea .................................................. ...................... ...... ................ ·- ···- .. :-2l
A exploração dos aça izais ················"" '· "···· ---- ················· .. ,·····--····· ........... ············· .. ·········- ······ ··-- --····-····· .... .. 7'21
Cultivos d e ciclo cu rto nas várzeas amazônicas ····················································-···················- ·---···· ·· .... ....... 721
CONSIDERAÇÕES FI AIS ............... ..................................................... ............ .......... .... ........................... ............. --'22
U TERATURA CITADA ................. .................................... .................... .. .. ....... ..... ........ ...... .................. .. - ..... ..... ... . .
Be r to! 1, De Ma ri a IC, Souza L.5, editores. Manejo e conservação do :.olo e d<1 ,igua. Viço.s,1 , ~IG: -, :ieJ.1de
Bras ileira de iê ncia d o Solo; 20Ul.
702
WENCESLAU GERALDES TEIXEIRA ET AL.
INTRODUÇÃO
O processo de formação das várzeas ocorre pela deposição de sedimentos nos vales que
foram escavados pela água, principalmente no período da última glaciação, quando o nível
do mar estava entre 70 e 100 m abaixo do nível atual (Costa et ai., 2010). Posteriormente,
com a s ubida do nível das águas, os rios diminuíram o flu xo e a velocidade de suas águas
e afogaram seus canais, e aqueles rios com maior carga sed imentar ac umularam seus
serumentos nos vales, formando a paisagem de várzea. Essa paisagem muda suas feições em
ra zão d a hidrodinâmica dos rios, q ue trnnsfo rma m conti nu amente o él m bí~nte d a :á rzen,
ca rncterizand o essa área pelo seu intenso dinamismo (Sioli, 1984). Em vá n as loca li d ad es,
os rios de várzea continuam a fluir sobre essas formações sed imenta res, re movendo ou
adicionando sedimentos. A extensão do ambiente das vá rzeas na pa isage m pod e ser muito
a mpla, por vezes dezenas ou até mais de uma centena de km das margens do rio (Teixeira
et ai., 2007; Dantas e Maia, 2010; Teixeira et ai., 2010b). O am biente de várzeas pod e ser
dividido em terraços fluviais e planícies de inundação (Figura 1).
Figura 1. Desenho esquemático da distribuição dos microambientes nas vá rzeas amazônica . APt -
Argissolo Amarelo alunúnico, Ffa - Plintossolo Argilúvico alúm inico, RUve - eossolo Flúvico
Eu trófico.
Fonte: Ada ptado de Lima et ai. (2006).
Os terraços fluviais são formações correlatas ao período pleis tocênico, com períod os
de deposição de sedimentos que retrocedem até 40 000 Antes do Presente (A.P.), e as
planícies de inundação fluvial são formações quaternárias, do HoJoceno recente (<10 000
anos A.P.; Rosseti et ai., 2007). As várzeas apresentam grande variabilidade morfo lógica
e deposicional, reflexo dos distintos tipos de sedimentação oriundos de padrões de
drenagem meândricos de grande sinuosidade, como nos rios Purus, Juruá e Javari, ou
anastomosado, como no rio Solimões, que evidenciam processos geomorfológicos bastante
ativos. Essas áreas de deposição são identificadas como planícies de acreação, planícies d e
decantação, barras arenosas e diques marginais (Latrubesse e Franzinelli, 2002). Sternberg
(1998) destacou que, nas várzeas amazônicas, "as águas submetem as terras a cons tantes
retoques, de modo que o terreno, sobre o qual hoje os sedimentos são depositados, amanhã
poderão ser removidos". As diferentes vazões, cargas de sedimentos e caracterís ticas d a
água transportadas pelos rios (Victoria et al., 2001; Filizola et ai., 2011) irão condicionar, em
conjunto com os diferentes ambientes deposicionais, a grande variabilidade dos solos, q ue
formam um ambiente descontínuo, o que, em termos de uso agrícola, dificulta a mecanização
em larga escala e demanda grande esforço amostral para sua caracterização (Teixeira et a i.,
2008). Essa elevada variabilidade reflete, em mapas em maior escala, a impossibilidade
da individualização das classes de solos nesses ambientes, que são descritos como solos
Hidromórficos (CETEC, 1986a,b,c; Embrapa, 1990). A ablação das margens dá-se pe lo
fenômeno das "terras caídas"; sobre o efeito desse fenômeno, há numerosos e dramá ticos
relatos na literatura amazônica (Igreja e Franzinelli, 2006), conforme descrito a seguir.
--
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Figura 4. Mapa exploratório d e solos - Folha SA 21 - Santarém - Projeto RADAMBRASJL - Escala
ao milionésimo.
Fonte: Brasil (1 976).
,
XXII - 0 M ANE JO DO SOLO NAS VÁRZEA S DA A M AZÔNIA 70 7
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l:250(XIO
Figura 5. Mapa de distribuição das classes de solos dominantes no ambiente de várzeas da Amazónia
Legal, compilad o da base pedológica do Sistema de Proteção da Am azônia (SlPAM).
Quadro 1. Ár ea total e distribuição percentual em relação ao total das áreas de várzeas e área da
A m azônia de áreas com Gleissolos, Neossolos Flúvicos e O rganossolos na Amazónia Lee>al
Símbolo Classes de solos Á.rea Várzea Amazónia legalº'
2 CV
km .-o - -
c::J Cld-..HiakoÁlko
IIGP> . Gla f'ouoo HmucoQJiro. A moJcr.tJo. ""tur:1 ..1- . n:la o fllmo.,i,co Jc m ~ li. IV
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f'V.1. Pui.W,lico \'d'mclboAmard u oh o. rlu1lkc1A nlOJcndo k...~una afilli.b.l. rdC\o f\l!Wltl a au, c ooJulM.Jo
Gleissolos Háplicos
Os Gleissolos Háplicos (Figura 7) ocorrem predominantemente em relevo plano e
raramente em suave ondulado, nas planícies de inundação (várzeas baixas e restingas) e em
alguns terraços. Estão distribuídos por toda a Amazônia ao longo dos cursos d' água; é a elas e
de solo dominante e ocupa uma área de aproximadamente de 350 803,08 km-, correspondente
a 6,99 % das terras da Amazônia Legal. Os Gleissolos apresentam forte gleização, resultante
de processamento de intensa redução de compostos de Fe, em presença de matéria orgànica,
com ou sem alternância de oxidação, por efeito de flutuação de nivel do lençol freático, em
condições de regime de excesso de umidade permanente ou periódico (Figura 7). Quando
esses solos secam, ocorre o processo de oxidação dos compostos reduzidos de Fe, formando
manchas amareladas ou avermelhadas, o que eventualmente toma os - 0 los com cor de
tons amarronzados, retirando, temporariamente, o caráter gleizado.
Figura 7. Perfil de um Gleissolo Há plico Ta Eu trófico nas margens do Amazonas, Parintins, AM.
com o discutid o em item anteri or. Normalmente, não há limitação quanto à falta de água; a
d e fi ciência ele oxigênio pode ser limitação forte a muito forte a plantas sensíveis à hipóxia,
por ca usa do excesso de água em grande parte cio a no. Quanto à meca nização, tamb m
apresenta limitações forte a muito fortes em rnzão do excesso de água que re tringe o uso de
máquinas agrícolas, além da descontinuidade das áreas. O desenvolvimento de máquinas
agrícolas adaptadas para o cultivo desses solos é fundamental pa ra a s ua incorporação ao
processo produtivo agrícola mais intens ivo.
Neossolos Flúvicos
cuja caracterí tica principal é a má drenagem. São normalmente áreas cons tituídas de
c~m~le ' OS de solo , cuja individualização em unidades de mapeamentos homogê neas é
difícil. a base pedológica do SlPAM - IBGE, grande parte dos solos do litoral maranhense
aparece nes a unidade de mapeamento.
Quadro 2. Ar~ibu tos quírnicoc; c.Je um pe rfi l d e eo c;solo Flú v ico Ta Eutró fico, A a nlróptco (Terra
Pre ta de lndio) e m á rea de vá rzea do rio Solimõe , J\M
pH I'"' f'<" 1( NJ e.,·, Mg'' AI' ' H •AI SIJ CTC 'í''' V ' mm e
Hor
H,O KCI mg kg-' - mg dm ' -- cmnl, kg-' - 0.'o - g kg-'
/\ 5,83 5,12 3 96 199 14 r,,-13 2.()7 tl,00 1,65 Q.()7 10,72 '11 ~~ 1) 11,f!
2c, 6,49 4,9-1 62 -13 0,00 0.-12 11,71', 12.Pl r,.i 'Ti () J :zq
65 19 9,06 2.45
2c, 6,37 -1,53 1-16 83 38 22 8,91 3.5-1 0,00 1,07 12,r,.i 11,7 1 C)(J 'l'2 () J.71,
3Au 6,38 4,99 165 898 45 58 12,4ft 2.61 0,00 2,1(, 15,+1 17,W ~I) ~Jl o 3,Y,
3C, 6,70 4,83 74 215 ·18 40 12.42 2,71 0,00 J.-13 15,-13 1'1,Ji5 "SI <n o 2.01
3C, 6,66 •l,67 •I 83 -17 44 12,97 3,58 0,00 1.08 16,86 17,94 100 •J.1 o 1,/JI
extraído cm solução de ácido cítrico; mP exh'aldo por Mel ich 1; fllatividadc da argila; "' satu raçJo por bases; e ,si sarurJçJo por
111 P
alumínio.
Fon te: Macedo (2009).
Quadro 3. Comr o, ição da, iraçõe granulométricas de Gleissolo e eossolos Flú vicos de várzeas na
maz" 1ua
Horizonte Prof. (cm) GP' 1 Classe tcxhir.tl
ArCiil Siltc Argila ADA''1
Grossa Fina
'),,
Quadro 4. Assembleia mineralógica das frações argila, silte e areia fina de Gleissolos e Neossolos das
várzeas da Amazônia
Solo Horiz. Argila Silte Areia fina
GXve A O, Vm, Es, Mi/ U, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/ lJ, Es, CI, Vm, Fs Qz, Mi/ li, Vm , Ct, Fs, Pg
2Cg O , Vm, Es, Mi/JJ, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/ li, Es, CI, Vm, Fs Q z, Mi/li, Vm, C t, Fs, Pg
RUve A O , Vm, Es, Mi/ JJ, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/ li, Es, CI, Vm, Fs Q z, Mi/ li, Vm, Ct, Fs, P g
ses O , Vm, Es, Mi/li, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/ li, Es, CI, Vm, Fs Qz, Mi/ li, Vm, C t, Fs, Pg
RU\'e A O , Vm, Es, Mi/ li, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/ li, Es, CI, Vm , Fs Q z, M i/ 11, Vm, Ct, Fs, Pg
30 O , Vm, Es, Mi/ li, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/ li, Es, Cl, Vm, Fs Q z, Mi/ li, Vm, Ct, Fs, Pg
Gxve _ Glei.ssolo HAplico Ta Eutrófico; Ruve - Neossolo Flúvico Ta Eutrófico; Ct - caulinita; C I - clo rita; Es • esm ectita; Fs -
feld s pato; li _ ilita; .M1 - mica; Pg - plagioclásio; Qz - quartzo; e Vm - vermicul ita.
Fonte: Li.ma et ai. (2007).
'<7 '1
7,37 0,08 2,57 20.&l 23,41 - 5,23 qq <1
2Cg 6,51 4,47 33 •14 80 13,01
Neossolo Flúvico T,1 Eu trófico
A 5,40 3,91 2.5 79 32 10,62 2,52 0,51 .5,53 13.~ 19,01 124.9 71 4
e .5,98 4,39 71 52 33 10,79 2,37 0, 10 3,15 13,43 16,5 31
2C2 5,76 4,26 10 38 32 10,88 2,42 0,10 3,20 13~::;..1 16,74 9-U.5
30 5,21 3,78 78 47 39 10,49 2,50 0,99 5,10 13.28 1 ,JS 72 ;
4C4 5,48 3,96 67 46 41 11,37 3,11 0,54 3,72 1-1.7 18,5 so -t
ses 5,60 4,02 45 +l 63 11, 17 3,4-1 0,42 3,20 14,99 1 ,19 68,20 ,2 3
eossolo Flúvico Ta EutTófico
A 5,38 4,36 92 300 186 9,04 3,34 0,19 5,62 13,96 19 - 6.52.7 71
e 5,62 4,14 14 72 .59 10,08 4,11 0,35 3,79 14,93 1 ,72 36,00 2
,
2C2 6,36 4,43 11 39 44 ·1,87 4,98 0, 13 1,88 10,14 12,02 .5, 8--1
3C3 6,41 4,44 173 35 -18 4,0-1 5,62 0,13 1,73 9,96 11.69 97,42 ~5
SB - soma de base ; CTC - ca pacidade de tToca de cátions a pl-1 7.0; ,\,\ - atividade da fr.:iç.'io .:irgila; \ ' - satur.içjo por bases;~
m - saturação por alumlnio d a CTC detiva.
excesso ou defic iê ncia no so lo, c m rr.1zão principalmen te ela <. mudanç,1s ele p H, ,,carretando
dificuld ades para o desenvolvimento e.l os vegetélis (Ponnamperu mc.1 , 1977).
O uso agrícola dos solos das várzeas da região Amazónica é determinado b,1sicc1 m n t
p e lo período desubmersãoa que esses estão s ubm etidose,conseq ue ntemente, pela limitação
d e 0 2, dado que na grande maioria dessas áreas não há limitélçõec:; q uanto à fertilidade
d os solos. O s agricultores têm desenvolvido p ráticas de con vivencia com as limitaçõ
impostas pelo excesso de água no solo, decorrente da proximidade do lençol freático, as
quais inclue m a seleção das áreas para determinada cultura, a seleção das cultu ras e a
práticas d e culti vo e manejo. Em geral, a maior parte dos culti vas se concentra nas á reél
mais elevadas, que compreendem os diques marginais, a lgumas ilhas mais a ltas o u p a rte
mais altas no interior da vá rzea (terraços). Nos terraços, predomina m eossolos Flúv icos,
enquanto as partes mais baixas (restingas) são dominadas por Gleissolos Háplicos.
Uma das revisões mais abrangentes feitas sobre as potencialidades agrícola da
várzeas flu vio-marin.has da Região Amazônica, em especial, foi ap resentada por Lima et
al. (2000).
Cultivo de hortaliças
Próximo aos grandes centros urbanos, como Manaus, Belé m e Santarém, a seleção
das espécies cultivadas na várzea, além de a tender as variáveis de adaptação a m biental,
téllllbém obedece às d emandas do mercado, havendo, nessas localidades, o cu ltivo de
hortaliças. Para conviver com o excesso de água no solo, em muitas dessas área , o cu lti vo
de hortaliças é feito em camalhões, o u diques, acompa nhando o declive da área para
facilitar a drenagem e escoa mento das águas s uperficiais. Nos plantios transversais ao
declives ou em curvas de nível ocorre aumento excessivo de umidade no solo, ocasionando
doenças e alta mortalidade de plantas na área de culti vo (Souza, 2007). Em geral, não se
faz uso d e implementos agrícolas de tração a nimal ou mecanizada nas áreas d a Arnazània
Central; pra ticam ente, não se faz o revolvimento do solo, além da formação do ca malhões
para o cultivo das hortaliças. O plantio das demais espécies é feito e m covas rasa e com
pouco preparo do solo, após a vazan te nas áreas, que ficam limpas, ou após capina e
queima nas á reas com vegetação na tural (Figura 5). Souza (2007), estudando o us do -alo
e m com unidades de várzea no trecho Coari-Manaus, observou a adoção de con -orcio
de hortaliças (a lface com cebolinha e coen tro com cebolinha) (Figura 2), e ntre hortaliça e
frutífe ras (mamão, pimenta-de-cheiro e chicória) (Figura 3), a lé m de outra e pécies, como
milho e m a lva, milho e feijão.
várias á reas ela vé'Í rzea a mazôniCél, a cri ação ele bov inos ca rac t riza -se po r um s is te ma
mi gratório, e m qu e, durante a estação chu vosa, os élnim,,is permanecem nas pac;tagens de
bai xa qualidade néls á reas ele terra firm e, co m ba ixo rendimento e frequentemen te perd ,1
de peso dos animais. Com él S vazélntes d as águéls, as vá rzeas são cobe rtas po r pas t;:i gen_
de boa qualidade, para onde os bovinos são trans ferid os. Nessas pas ta genc; d e vJ rzec1 ,
os animais apresentam ótimos índices ele ganho de peso. A integração la vo ura- pecuári,1-
floresta, que poderia se concretizar como alte rnati va para a reno vaçiío das pas ta gens da
áreas de terra firme, tem como entrave a falta d e trad ição na semeadu ra de lavourds de
grão em vá ri as localidades da Amazónia . A deficiê ncia de N nos am b ientes J e vJ rzea e
conseq u entemente nos ecossistemas de pastagens pode se r s uperada com o uso combinad o
de leguminosas forrageiras adaptadas ao ambiente de vá rzeas. O melhor apro veitamento
das áreas de pastagens de várzeas para a exploração pecuá ria com bubalinos e bov ino e. t.:í
na dependência de estudos de seleção de gramineas nati vas e introduzidas (, ascimento e
ai., 1987) e m elhorias no manejo do rebanho.
ob~táculo a obtenção de ultivare que sejam resistente é'ls doenças, especia lmente
a podridão radicular. Dentre o cultivares sele ionados para o am biente de vá rzeas,
d_e tacam-_e a ~àe Joana, Amazonas-Embrapa e Flor de Boi, que apresentam ciclo de
cinco a se te meses, podendo ser culti vados e colhidos no período das vaza ntes e início
da _en ch entes. Essa , aried ade npres ntam produtividade méd ia em torno de 15 t ha·1 de
tuberculos fresco , podendo alcançar até 24 t ha·1•
_ _ a Amazônia, o feijào-caupi ou feijão-de-praia (Vig11n 1111g11ie11/ntn) é cultivado
pnnc 1yi_almente na áreas de várzeas. A Embrapa tem pesquisado e la11çado variedades
e ~ecificas para o cultivo do feijão-caupi nesse ambiente, entre essas as variedades BR
lPEA \ 69 e BRS Caldeirão.
O milho também apresenta variedades com grande potencial para o cultivo n as
várzeas, com destaque para as variedades selecionadas; os plantios de milho nas áreas de
várzeas não necessitam da prática de calagem para correção da acidez, que por cau sa dos
elevados preços de frete toma esse produto muito oneroso na Amazônia. Tanto para a
m andioca como para o mill1o, o controle das plantas daninhas é um dos fatores principais
para o aumento da produtividade nas áreas de várzea (Cravo et ai., 2002). A fertilidad e do
solo que garante o crescimento das espécies cultivadas também possibilita o crescim ento
das espécies invasoras, cujo controle constitui um dos maiores desafios para o manejo do
solo nas várzeas.
A produção do arroz (Oryzn sntivn) no Brasil é proveniente na sua maioria de
ecossistema de várzea, sendo a rizicultura irrigada considerada como estabilizadora da
safra nacional, uma vez que não é tão dependente das condições climáticas, como no
caso dos cultivas de sequeiro. Na área da Amazônia Legal, é uma atividade de expressão
econômica nas áreas d e várzea nos Estados do Tocantins, Maranhão e Amapá.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ocupação humana da Amazônia tem sido debatida há muitas décadas (Becker, 1980;
Meggers, 1987). Várias hipóteses buscavam explicar a aparente inexistência d e socied a des
complexas nas terras baixas, em contraposição às complexas sociedad es a ndinas (Jncas,
Chimú, Nazca, Paracas) e da América central (Maias, Olmecas, Az tecas). Meggers (1987)
elaborou uma tipologia de paisagens com base na capacidade produtiva dos solos, para
d emonstrar como o meio a mbiente impunha Limitações ao desenvolvimento c ultura l,
distinguindo dois ambientes principais na Amazônia: a terra firm e, de solos pobres; e a
várzea, beneficiada pela fertilização anual dos rios. Acredita-se que a ocupação huma n a
n a Amazônia não só é bastante antiga (Roosevelt, 1991), como, em alguns lu gares, foi
intensa, permitindo inclusive o surgimento de grandes cacicados (Neves e Petersen, 2006;
H eckenberg et al., 2008). O modelo de agricultura amazônica q ue vem s urgindo desses
estudos é complexo, provavelmente com o uso de sistemas mistos de maior complexidade
que os monocultivos. Apesar das críticas às hipóteses dos fatores limitantes à ocupação
human a na Amazónia, vários autores (Lathrap, 1975; Meggers, 1987) concordaram que
a várzea e as áreas em rios de águas pretas ou em terra firme apresen tam oportunidades
e limitações dis tintas. As várzeas são c~~azes de sustentar os maiores assen ta m entos
humanos graças à fertiJidade do solo e facilidade de acesso aos recursos da fa una aq u á tica.
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..
XXIII - MANEJO DO SOLO EM AMBIENTE
DE TERRAS BAIXAS: A EXPERIÊNCIA DA
REGIÃO SUL
Enio Marchesan 11, Leandro Souza da Silva11, Rogério Oliveira de Sousa 31 &
Eloy Antonio Pauletto31
Conteúdo
Berto! 1, De Maria IC, Souza LS, editores. Manejo e conservação do o\o e da o1gu a. Viços.1, MG: · e<l.1Je
Brasileira de Ciência do Solo; 2018.
J
730
ENIO MARCHESAN ET AL.
Q~::: : 0
INTRODUÇÃO
os Estados do Rio Grande do Sul (RS) e de Santa Catarina (SC) existem extensas
áreas de terra em posições baixas do relevo, denominadas de áreas de terras baixas ou
de várzeas, cuja característica principal é a existência (ou ocorrência) de longo período
de tempo em condição de saturação com água. Parte dessas áreas é preferencialmente
utilizada para o cultivo de arroz irrigado por alagamento, tendo em vista que essa espécie
apresenta estruturas (aerênquimas) capazes de difundir o 0 2 desde a parte aérea até as
raízes, garantindo a atividade metabólica mesmo na condição de solo saturado.
O alagamento para o cultivo do arroz proporciona boas condições agronômicas ao
cultivo, como o controle de plantas daninhas e aumento da disponibilidade da maioria dos
nutrientes às plantas de arroz, por exemplo. No entanto, existem diferentes estratégias de
implantação e cultivo do arroz irrigado, em razão dos atributos dos solos, da disponibilidade
de água para a irrigação, da topografia, do tamanho das áreas e das propriedades e da
maquinaria disponível para o cultivo.
Também, um aspecto a ser considerado no manejo do solo nas áreas de terras baixas
é que, quando alagadas, uma das principais consequências da saturação é o rápido
esgotamento do 0 2, já que ele é consumido pela respiração dos microrganismos e se
difunde lentamente do ar para a água.
Em consequência, o metabolismo microbiano aeróbico, predominante no solo,
é alterado para anaeróbico, com reflexos nos ciclos biogeoquímicos do C e de outros
elementos. Assim, tanto a disponibilidade de nutrientes corno a transferência dos
elementos para os sistemas aquáticos e para a atmosfera são diferenciados em relação ao
solo não saturado.
De outra forma, a água estabelece relação estreita entre o uso do solo e a contaminação
da própria água, com especial destaque para a transferência de agroquím.icos de solos
agrícolas. A localização geográfica dessas áreas, normalmente próximas a cursos de água,
exige cuidados especiais em relação ao manejo do solo e da água e ao uso de insumos, por
causa do potencial de contaminação.
Além disso, o monocuJtivo de arroz proporciona o aumento da população de plantas
daninhas, pragas e doenças associadas ao cultivo, que podem atingir níveis elevados,
dificultando O controle e elevando o custo de produção. Ainda, pode ocorrer o surgimento
de indivíduos resisl nles, de difícil cont-role, o que pres nt mente ~ uma realidad
es pecia lmente com relação às plantas daninhils.
O cultivo tradicional no ambiente de terras baixas utili za o p re paro convenciona l do
solo para o arroz irrigado, interca léldo com pélS télgem para pecuária d corte extensiva no
RS e o culti vo de arroz pré-germinado em SC. Atualmente, no RS, o manejo tradiciona l
ve m sendo substituído por ourros, como cu lti vo mínimo, semeadura di reta e suce ão/
rotação de culturas com es pécies não irrigadas; e, em SC, o cultivo mínimo já ubstitui
parte do s istema pré-germinado.
Atualmente, o uso intensivo das á reas de terras baixas visa implantar si temas
s ustentáveis de produção, com o objeti vo de permitir a continuidade e melhoria da
produção de arroz nesses ambientes.
Assim, observou-se o aumento de cultivas não irrigados, com des taque para a oja e
o milho. Também, vê m sendo utilizados cultivas de inverno, como azevém e aveia, com
melhor aproveitamento do potencial de uso do solo, bem como espécies e leguminosa
mais adaptadas, o que auxilia a integração lavoura-pecuária como estra tégia de produção
sustentável nesse ambiente.
Pelo exposto, os desafios em relação ao manejo de solos de terras baixas tem agora
ourros componentes, como os cultivas reaLizados sem irrigação por alagamento e a
exigências es pecíficas em termos de química, física e biologia do solo. Acresça-se a i o a
sucessão ou rotação de cultivas nesse ambiente, o que vai envolver período em que o olo
estará alagado e períodos em que esse permanecerá em condição de aerobio e, dificultando
ainda mais o manejo do solo para a manutenção das melhorias já alcançadas.
Com isso, buscou-se desenvolver tecnologias de produção que envolva m redução de
operações para implantar e conduzir os cultivas, associadas à conservação do olo e da
água e diminuição de custos de produção. Esses aspectos serão relacionados neste texto,
utilizando-se das informações da literatura e aquelas geradas pelas pesquisas referentes ao
manejo de solos de terras baixas.
. O prin cipal ultivo de grão nessas áreas é o arroz irrigado por inundação. No RS,
cul
d tiva-se
. anualmente aproximada mente 11 , Mha de arroz e aproximadamente 287 000 ha
ºlª em rotação com arroz (IRGA, 2017); e, em SC, cultiva-se cerca de 150 000 ha de
arr~z, que, segundo Conab (2017), representam juntos ao redor de 75 % da produção
nacional de arroz.
OC'L \N
Al i.ANIi ·o
Essas áreas podem estar associadas com a ocorrência de outros solos de terras altas,
de acordo com a posição na paisagem, como representado na figura 2, para a região da
Depressão Central do RS.
Alguns solos não hidromórficos localizados em áreas de relevo suave ondulado a
ondulado, adjacentes aos solos de terras baixas, são também utilizados com a cultura do
arroz e, no atual estádio de formação, passam por alagamentos periódicos no período de
cultivo do arroz.
RS, esses solos ocorrem principalmente na região da Campanha e Fronteira Oeste;
0
e, em se, estão distribuídos em praticamente todas as regiões arrozeiras, pertencendo à
classe dos Argissolos, Luvissolos, Cambissolos, alguns Chernossolos e Neossolos.
Argissolo
Vermelho
Argissolo Bruno
Acinzentado
Plintossolo Argilúvico
Planossolo Háplico
Gleissolo Háplico
Planossolos
Os Planossolos se caracterizam por apresentarem sequência de horizontes A-E-
Bt-C; entretanto, em muitos casos, não ocorre o horizonte E. O horizonte A normalmente
evidencia cor mais escura, contrastando com o horizonte E de cor mais clara, ambos
normalmente com baixos teores de argila, enquanto o horizonte B expõe incremento
abrupto de argila e pode exibir cores características de gleização (acinzentada com ou sem
presença de mosqueados vermelhos ou amarelos). Apresenta mudança textura! abrupta
entre os horizonte A (ou E) e B, sendo o horizonte B chamado de plânico, que caracteriza
essa classe de solo diferenciando-a da classe dos Gleissolos.
Os Planossolos, em termos gerais, são especialmente aptos ao cultivo do arroz irrigado
e, com sistema de drenagem eficiente, podem ser utilizados com culturas de sequeiro como
milho, soja, sorgo e pastagens cultivadas.
Gleissolos
Os Gleissolos formam, juntamente com os Planossolos, a duas classes de solo de
terras baixas mais importantes nos Estados do RS e de SC. o RS, ocorrem em toda
as regiões de solos de terras baixas e, em muitos casos, encontram- e associado ao
Planossolos, não sendo possível determinar a sua real área de ocorrência.
Quando associados aos Planossolos, ocorrem nas pequenas depressões do terreno
ou nas partes mais baixas da paisagem em desníveis normal.mente inferiores a 1,5 m. O
Gleissolos apresentam sequência de horizontes A-Bg-Cg, A-Cg ou H-Cg (Streck et ai., 2008)
e textura média a argilosa, sem a presença de horizonte Bt e mudança textural abrupta, o
que os diferenciam dos Planossolos. Evidenciam cores acinzentadas por causa do intenso
processo de gleização, podendo permanecer a maior parte do ano saturados por água_
A utilização agrícola dos Gleissolos é limitada pelo grau das restrições relacionadas
ao excesso de água, que é maior do que as impostas pelos Planossolo , o que restringe o
uso de máquinas e irnplementos. Porém, quando for possível realizar drenagem adequada,
além do cultivo do arroz irrigado podem ser utilizados com sucesso com culturas de
sequeiro (soja, milho, sorgo e hortaliças), pois normalmente são mais férteis que a maioria
dos Planossolos.
Alguns Gleissolos de áreas alagadiças e os chamados Gleissolos Sálicos o u Tiomórficos
de regiões litorâneas são inaptos ao cultivo, por apresentarem alta concentração de sais
solúveis e materiais sulíídricos, e devem ser utilizados para preservar a fauna e flora.
Chernossolos
Os Chemossolos são solos de profundidade variável com sequência de horizontes A-Bt
(ou Bi)-C; e os horizontes B e C podem apresentar acumulação de carbonato de cálcio. O
horizonte A (A chemozênico) é bem provido de matéria orgânica, o que lhe confere cores
escuras. O manejo desses solos é muitas vezes limitado por atributos físicos indesejáveis
por causa da presença de minerais expansivos (duros, quando secos; plásticos e pegajosos,
quando úmidos). São aptos ao cultivo de arroz irrigado e pastagens. Os Chernossolos que
não apresentarem limitações físicas muito intensas podem ser utilizado com culturas de
sequeiro com sucesso, principalmente em razão da alta soma e saturação por bases.
Neossolos
Os Neossolos são solos de formação recente com sequência de horizontes -C-R, A-C
ou A-R, podendo apresentar horizonte B desde que esse não possa ser enquadrado em
qualquer tipo de horizonte B diagnóstico.
Os Neossolos Quartzarênicos são pouco férteis em razão da textura muito areno a e
dos baixos teores de matéria orgânica, sendo utilizados principalmente para o rulti O de
abacaxi, no RS, e milho, mandioca, batata doce, abóbora e fumo, em SC (Pinto et al., 2004).
Os Neossolos Regolíticos e Litólicos estão sendo utilizados inadequadamente com a
cultura do arroz, principalmente aqueles localizados em rele o de alta declividade, por
causa do risco de degradação. Nesses solos, o preparo convencional e a ero ão hídric
favorecem o afloramento de pedras, dificultando manejes futuro .
Plintossolos
Organossolos
Essas peculiarid ades, embora favo ráveis pa ra o culti vo d o arroz irrigado, torna m- e
a ltamente restriti vas quando da utili zação desses solos com cu lturas de s queira.
Em face dos ma teri ais mui to d is tin to que deram origem a esse'i solos ( ed i~en tos
fl u v iolac us tres, lagu nares e mari nhos d as planícies costeiras e de s dim ntos aluv1ona re
0
o riund os de rochas sed imenta res, ígneas e metamórficas das d e pressõ s, pla naltos e serras)
e d os d ife rentes gra us ele hid romorfismo, os seus atri butos mor fo lógicos, fís icos, híd r icos
e minera lógicos são muito variados, 0 que determina d ife rente classes com dife rent s
limi tações e aptidões de uso.
o qu ad ro 2, apresentam-se os atribu tos fís ico-híd ri cos de ho rizontes de alguns so los
de terras baixas do Estado do Rio Grande do Sul.
Os Planossolos, do ponto de vis ta físico, se ca racteriza m po r ap resenta r textu ra que
va ri a d e franca a franca-argilosa nas ca madas superfi ciais, com alta concen tração de ilte
e uma textura argi losa nas camadas mais profundas (Quad ro 2), determ ina ndo a presença
d e um horizonte Bt praticamente impermeável.
Embora apresente boa quantidade de poros, a a lta relaçi'ío micro/ macroporos
d e termina baixos valores de condutividade hidrá ulica saturada (K,1 Q uadro 3) associado
com a presença de um horizonte im permeável em camadas m ais profu nda .
A presença de um espaço aéreo maior que 10 % nas camad a uperficiais, q uando
se cons idera a capacidade de campo como a água retida a uma tensão de 33 k Pa, nào
descaracteriza a necessidade de drenagem quando esses são cu ltivad os com cu ltu ras de
s equeiro.
Esses solos apresentam valores de água retida na capacidade de cam po em tomo d
30 %, que pode ser considerado razoável para a maioria das cu lturas de sequeiro. Entre tanto,
a quantidade de água disponível é baixa em razão da grande quantidade de a reia e ilte,
principalmente nas camadas superficiais, e de predom ínio de agregados pouco está e is
pela presença, normalmente, de baixos conteúdos de matéria orgànica.
A baixa quantidade de água dispon_ível, além de con tribuir para a ocorrência de défice
lúdrico no solo, determinará a ocorrência de turnos de rega mais frequentes na irrigação
de culturas de sequeiro.
Com relação à consistência, esses solos a presentam uma co n is tência ligeira a
medianamente plás tico, não apresentando dificuldades no preparo d o solo. Alguns de ses
solos podem apresentar concentrações de a elevadas, man tendo alta quantidade de
argila dispersa.
Co mo esse caráter solódico se encontra no horizonte B ou abaixo, pro avelmente
não constitui fa tor restritivo ao desenvolvimento das cultu ras. elas e d os Pla no olo
é normalmente utilizada com pas tagens, podendo ser cu ltivados com cul tu ras de verão
como m ilho, soja e sorgo nas áreas com boa drenagem e com arroz irrigado na áreas mais
pla nas. Requerem, entre tanto, cuidados especiais na sua conservação, pois são olo_ m u ito
su scetíveis à erosão.
cm %
kg m 1 m·' - -m'm·1- - - rrr1 m·' - -kgkg - ' - -
dm.J
~
)> Planossolo Háplico Eutrófico solódico - Unidade de mapeamento Pelota
z Ap 0-20 43,3 46,9 9,8 1 1,45 0,472 0,026 0,498 18:1 0,346 0,265 0,152 0,257 0,215 0,042
m
1...,
o E 20-29 51,3 35,9 12,8 1 1,65 0,302 0,052 0,354 6:1 0,203 0,11 0,151 0,151 0,135 0,016
m l3 29-65 39,0 29,4 31,6 2 1,66 0,386 0,049 0,435 8:1 0,343 0,310 0,092 0,492 0,285 0,207 3
Quadro 3. Condutivid ade hidráulica sa turada dos principai5 c;o loc; de terras bnixas do Est.1do do Rio
Grande cio Su l
Classe de
Classe de So lo Hor-izonte K 0 (mm h·1)
permeabilidade
Os Plintossolos são geralmente solos mais profundos, com fertilidade natural baixa
e textura franca, nas camadas superficiais, e argilosa, nas mais profundas. A presença
de nódulos endurecidos pela ocorrência de ciclos de umedecimento e secagem em
profundidade, identificados como plinti ta, caracteriza a presença de um sistema de
drenagem deficien te.
Esses solos apresentam um espaço poroso adequado para a maioria das culturas
de sequeiro, entretanto, constituído por urna relação micro/ macroporos maior que 2:1,
o q ue au menta a energia de retenção de água no solo e, consequentemente, diminui a
disponibilidade às plantas.
Valores baixos de água disponível podem ser observados quando se diminui o valor da
umidade na capacidade de campo (CC) pelo da umidade no ponto de murcha permanente
(PMP), que podem ser corroborados pelo relativamente alto espaço aéreo (Quadro 2) e pela
alta permeabilidade (Quadro 3), principalmente na camada superficial.
A consistência desses solos considerada medianamente plástica na camada superficial,
com índices de plasticidade mais elevados, pode representar maiores restrições ao preparo
do solo, quando comparado com a classe dos Planossolos.
A maior ocupação dos Plintossolos é com campo nativo de cobertura rala e de baixa
qualidade, podendo ser utilizados com reflorestamento com eucalipto ou com culturas de
sequeiro, desde que se tomem providências no sentido de corrigir a fertilidade com o uso
de corretivos e fertilizantes, aumentar o conteúdo de matéria orgâ nica por meio do uso de
p lantas recuperadoras e prevenir a deficiência de água em alguns períodos.
Em razão da espessura do horizonte A, da granulometria com maior quantidade de
areia e silte e da alta permeabilidade, não é recomendado o cultivo do arroz irrigado, isto
que requerem elevadas quantidades de água para sua saturação.
A classe dos Chemossolos se caracteriza por apresentar normalmente ,tlta fertilidade
natu ral, de coloração escura com argilas de atividade alta, bem como a lta saturação por
bases. Apresenta grande quantidade de microporos (Quadro 2) e, consequentemente, bai. a
disponibilidade de água e com permeabilidade que varia de moderada a nula (Quadr 3),
ne e i~ando de um i tema de drenagem mu ito eficiente pt1ra que possa ser trabalhada
convenientem ente com cultura de sequeiro.
_ Por causa da presença de argilas de atividade alta associadas a argi las expansivas,
es ª ela ~e de solos pode apresentas problemas de plasticidade e pegajosidade quando
fflo~h~do , podendo ser degradados por tráfego excessivo de máquinas agrícolas. A
aptidao deu o dessa classe é com a cultura do arroz irrigado em rotação com pastagens,
apresentando alta produti\ idade.
s nlura ção por bases, não se cons tituindo em limi tação pa ra o c ulti vo desc;es solos co m .1 rroz
ou co m c ulturas d e sequeiro.
O s teores de P nos solos de te rras bélixas no rmalmente são baixoc;. Ape5J r di so, a
recomendação de ad u bélçào fosfatada parJ o a rroz irrigad o por inundação é muito abaixo
daquelas utilizadas para cu lturas de sequeiro, pois o alaga m ento ci o solo favo rece a
disponibilidade de P às pla ntas, como será discutido mais adian le. Para J cultu ras de
sequ e iro cul tivadas em solos de terras baixas, os teores de P baixos se constit ue m e m fa to r
limita nte ao desenvolvimento das plantas e à produti vidade, o qu e se rá mai bem discutido
na seq uência deste capítu lo, no subi tem AdequJção q uími ca do so lo parJ o c ultivo de Jr ro z
irrigado e cul turas não irrigadas em rotação.
A quantidade de K disponíve l em solos de terras bai xa do RS apresenta-se na
fa ixas média e a lta em 65 % das amoslTas de solos ava liad os po r Vede lago et ai. (2012).
As porcentagens variaram e m razão da região do es tado a m ostrada, destacando-se a
ca mpan ha co m os maiores valores (78 % das amostras nas ela ses média e alta ), por Cé'IU a
da presença de solos argilosos e com argilas do tipo 2:1 (es mectitas).
Na região da planície costeira externa encontram-se as maio res porcentagens de solo
com baixo e muito baixo teores de K (50 % das amostras de solos avaliadas), e m decorrência
do predominio de solos com baixos teores de a rgi la.
Em geral, as limitações em atributos químicos do solo em terras baixas são m enos
impacta ntes para o cultivo de arroz irrigado, em razão das a lterações que ocorrem apó
o alagamento, mas podem condicionar o potencial produtivo das culturas não irrigadas
cultivadas em s ucessão/ rotação.
e e a o, bact ria anaer bica podem fazer uso de moléculas inorgânicas oxidadas
e tent no olo, como NO3·, óxidos mangânicos (Mn 3• ), óxidos férricos (Fe3• ) e SO/,
coino aceptor s de el tron alternativo ao 0 no processo de respiração.
2
o 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Alagamento, d
,...
XXIII - MAN EJO DO SOLO EM AM BIENTES DE T ERRAS BAI XAS: A E XPERI ÊNC I A ·.. 74 3
- ..........
XXIII - MANEJO DO SOLO EM AM BIENTES DE T ERRAS BAI XAS: A EXPERIÊNCIA · .. 745
Quadro 4. AL,-ibutos de um solo de terras ba ixas an tes e após J remoção do solo com aproximadc1mente
35 c m d e profundidade para njvela mento da s upe rfície da á rea, c m 1996/ 97, em solo de terras
baixas. Sa n ta Maria, RS, 2000
Componentes Antes da remoção do solo Apó a remoção do so lo
man in lhante. fat r básicos da maioria dos manejas são a semeadura em solo
e o m pr ença de lâmina de água.
a emeadura d arroz ~m alo seco, 0 principal manejo do solo utilizado no Rio
Grande do ul o cultivo mínimo, com cerca de 60 %, 0 que inclui prepru:o antecipado e
em adura direta, eguido do manejo convencional com aproximadamente 30 % (SOSBAI,
20l~). Já o i tema pré-germ.inado, que é realizado com sementes pré-germinadas sobre
lâmina de água, repre enta cerca de 10 % da área. Em Santa Catarina, predomina o sistema
pr -g rminado. Observa-se aumento do uso de semeadura em cultivo mínimo de arroz
irrigado no Rio Grande do Sul e mais recentemente em Santa Catarina também. Os
• • • f I
méinejo convencional é gue as operaçôes ele preparo ou adcguação da á rea podem e_r _fei t.1s
ao lo ngo do ano ou na entressafra, reduzindo cus toe, e proporcionando maio r prob.:ibil idade
de rea lizar a semead ura na épocél preferencial, es pecialmente cm á reas mc1 iores.
Semeadura direta
A semead ura di reta de arroz irrigado é ainda pouco utili zzida no Rio G ra nd e do Sul,
pois a colheita, na mélioria das vezes, é reél lizada com solo úmido o u com presença de
lâ mjna de água, o q ue promove rastros e a necessidade de corrigi r a supe rfície do terre no.
Em lavo uras de arroz onde é possível colher com grau de umidade do solo a po nto de nJo
necessitar reorga ni zar a superfície de le, pode-se efetu a r nova semeadura so bre a resteva
d o ar roz, com presença de biomassa resid ual de planta(s) de co bertura, como o azevém, o u
m esmo em áreas com vegetação na ti va.
Em áreas de cultivo de soja, o gue te m sido observado é a semeadura di reta do arroL
sem necessidade de preparo adicional pélra implantação, exceto a confecção dêls ta ipac,.
Essas duas propostas, tanto para áreas de arroz como para as d e soja, se constituem num
ava nço tecnológico de manejo, pois contem p lam princípios da semeadura dire ta u tilizad os
nos cul tivos não irrigados e maguinmia semelhan te para semeadura dos o utros ma nejos
em solo seco. Busca-se pela pesquisa viélbilizar a u tilização de outras espécies pa ra planta
d e cobertura como a aveia e de leguminosas, dependendo da á rea o u do m anejo .:idotado.
A semeadura do arroz pré-germinado no cul tivo irrigado consiste em util izar e me ntes
pré-germinad as, que são lançadas em área prev iamente inundada com lâmina de água de
ce rca d e 5 cm. O diferencial desse sistema em relação aos sistemas de cultivo em olo eco
é que a semeadura é feita em solo cuja lâ mina de água fo i estabelecida aproximada mente
d e 15 a 20 d antes da semeadura. O preparo da área pode ser feito e m olo seco e depoi
comple tad o o processo de preparo com p resença de lâmina de água .
É um sistema de cultivo com alto controle sobre a época de semeadura, poi pouco
depende d as condições climá ticas, a lém do con h·ole de algumas planta infe tantes,
especialmente o arroz vermelho, por causa da presença de lâmina de água de de o início
d o ciclo d o a rroz. Uma das exigências é de q ue a área seja sistematizada e nivelada em sua
s upe rfície, sendo por isso mais comum em áreas de pequena propriedade. O procedimento
d e preparo ado tado ru ferencia-se e por isso será descrito separadamente, de acordo com
Sosba i (2016).
Nas cond ições de cultivo do s istema p ré-germ inado de Santa Catarina, Estado com
gra nde experiência nesse sistema de cultivo, as operações de preparo do solo normalmente
com preendem três etapas: a) Lncorporação da resteva de arroz e de plantas infes tant .
Essa operação é feita preferencialmente em solo seco para evitar a proliferação de plantc1s
infesta ntes aq uáticas, especialmente de gra ma-boiadeira, utilizando en..xada rotativa, grade
o u arado. Em áreas infes tadas com arroz-vermelho, deve-se evitar a aração ou e-Tadagem
profu nda do solo após a colheita, considerando q ue o enterrio das semente ~i.e arroz-
vermelho no solo aumenta a sua longevidade. Sementes de arroz-vermelho m,mtida:=;
p róximas da su perfíc ie do solo germinarão e perderão a viabilidade mais rapidarn~nte e
estarão mais sujeitas à predação por pássaros, insetos e microorganis mos d o que aquel.:is
entenada : b) F nna ão da lama. objetivo é preparar O olo para sei: nivelado e alisado,
. nd,, r~ahz:da em lo alagado, c m O auxílio de grade, enxada rotativa ou roda ~e. ferro
tipo gaiola ; e ) Reni elamento e alisamento do solo. Após a formação da lama, utilizam-
se pranchões de madeira para tomar a superfície lisa e nivelada, própria para receber a
emente pré-germinada.
Em algumas regiões do Rio Grande do Sul, busca-se um sistema próprio de preparo
do olo, que compreende basicam.e nte as seguintes operações: a) Uma ou duas arações
e 1: 1 solo e~o; b) Uma ou duas gradagens para destorroar o solo, tendo-se o cuidado de
nao pul enzá-lo para que pequenos torrões impeçam o arraste de sementes pelo vento; c)
Aplainamento e entaipamento da área; d) Inw1dação da área com uma lâmina de água de,
no máximo, 10 cm, mantendo-a por, no mínimo, 15 d antes da semeadura para diminuir
a infestação de arroz-vermelho; e) Alisamento com pranchões de madeira; e f) Semeadura
das sementes pré-germinadas. Assim, esse sistema praticamente exige a regularização da
superfície do solo em nível, que proporciona altura uniforme da lâmina e estruturação que
permita o manejo da água quase que individualmente por quadro.
_ .........
XXIII - M A NEJO DO S OLO EM AM BI ENTES DE T ERRAS B AI XAS : A EXPERI ÊNCI A ·• • 749
pi, ô~ t~tTa\. Mai recentemente, inh·oduziu-se O u O de politubos ou mang uei ras ~lásticas
t~ara _1~nga ão. ão _tecnol gias que preci am ter um grande esforço d e pesquisa para
nhficar seu m,:me10, sua r spostas e seus impactos.
es e contexto, a lavoura de anoz irrigado pode ser considerada ao mesmo tempo uma
fonte desse gases como também de alto potencial para conh·ole das emissões, desde que
adotadas práticas mitigadoras. Os fatores de solo, clima e manejo que controlam o efluxo
de ~E~ no arroz irrigado são muitos (Le Mer e Roger, 2001), o que dificulta identificar com
exahdao a magnitude de cada fator nos mecanismos responsáveis pelo efluxo dos GEE e
sua real influência nas taxas de efluxo promovidas pelo cultivo de arroz irrigado.
Tais fatores poderiam ser utilizados na mitigação do efluxo de GEE, mas alguns
apresentam baixa viabilidade prática de utilização enquanto outros poderiam ser
introduzidos na produção de arroz sem comprometer sua área e produtividade.
O CH 4 é o principal gás de efeito estufa enutido em áreas cultivadas com arroz, mas as
emissões são significativamente reduzidas (média de 25 %) quando a semeadura direta e o
cultivo mínimo são utilizados em comparação ao manejo convencional (Bayer et aJ., 2014).
A redução nas emissões de CH4 tem importante e positiva repercussão, já que a
produção de arroz usando o cultivo mfrumo vem se tomando o manejo predominante
no RS. É importante destacar também que tanto as emissões de N 2O, outro importante
gás de efeito estufa, como a produtividade do arroz, não foram influenciadas pelo uso da
semeadura direta e do cultivo mínimo (Souza, 2013).
Também, uma prática que tem apresentado resultados consistentes quanto à mitigação
das emissões de GEE em solos cultivados com arroz irrigado é a irrigação intermitente, desde
que o cultivo do arroz permaneça com lâmina de água por um período que não interfira na
produtividade e qualidade de grãos, que varia conforme o manejo da irrigação e genótipo
utilizado. Os resultados obtidos pela pesquisa demonstraram que a supressão da água na
irrigação intermitente contribuiu para uma redução das missões de GEE de aproximadamente
50 %, principalmente de CH4 (Zschomack, 2011; Wesz, 2012; Buss, 2012; Moterle et aJ., 2013).
AJém desse benefício, a supressão da água pode contribuir também para a redução
do volume de água necessário para a irrigação do arroz, sem interferir negativamente no
rendimento de grãos (Martim et al., 2009). Entretanto, Moterle et al. (2013) observaram que
os efeitos da irrigação sobre a emissão de metano são dependentes das condições climáticas
e que a redução na emissão ocorre quando as precipitações permitem a ausência da làmina
de água durante o cultivo (Figura 4).
A diversificação de culturas sobre a emissão de gases de efeito estufa e sequestro de
e estão centrados, em primeiro lugar, na oportunidade de se cultivar a área sob regime de
"sequeiro", onde, não havendo inundação do solo, reduz significativamente a emissão de
metano (Camargo et ai., 2013).
Resultados obtidos por Bayer et al. (2013) evidenciaram que o cultivo de soja (em
área anteriormente cultivada com arroz irrigado) reduziu em aproximadamente 10 vezes
a emissão de GEE, sobretudo de CH 4, comparativamente a uma área cultivada com arroz
irrigado. Também, o benefíc~o do si~te~a é no sen~do de redu~ir o nú11;ero d:
operações
agrícolas e, com isso, reduzu a enussao de C advindo da que11na de oleo diesel. Outro
be nefíc io adv indo da introdução da soja em á reas de arroz é a r du ção no u: ~ de fe rti liz~ntes
nitrogenados, qu e são substitu ídos pela ap licação de inoculantes esp c 1f1 cos, red unnd o
assim as e missões de N 2O do solo.
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35
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5 -e- Irrigação continua
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Irrigação em banhos
O .J..._---r----r---,--,--,---,----,---.--~-T------r-----.L550
7 15 22 29 34 46 52 61 68 76 89 101
Dias após o alagamento
Figura 4. Efluxo de CH4 em diferentes sistemas de irrigação e precipi tação pluvial em cada coleta nos
anos agrícola 2007 /2008 (a) e 2009/2010 (b). As barras verticais indicam o de vio-padrão da média.
As setas sobre o eixo x indicam as datas em que ocorreu a ausência da lâmina de água sobre os lo.
Fonte: Mo terle et al. (2013).
Organização/sistematização da área
A organização da área tem como meta atender quatro objetivos principais. O primeiro
deles é de que a água da chuva que ocorreu fora da lavoura não deve entrar na área de
cultivo. O segundo é de que a água proveniente de chuva que ocorreu na lavoura deve ser
retirada o mais rápido possível, ou seja, ter bom sistema de drenagem. Já o terceiro é de
que a irrigação por inundação, se necessária para cultivas que não o arroz irrigado, deve
ser rápida e uniforme na área. O quarto é viabilizar a semeadura e demais operações de
manejo, no momento desejado.
Para evitar a entrada de água, podem ser estabelecidas estruturas externas à lavoura,
como canais ou djques. A drenagem da área de cuJtivo é constituída de canais principais que
retiram a água para fora da lavoura, conectados a drenos superficiais que devem se manter
funcionais desde o preparo final da área, antes da semeadura, até a colheita, particularmente
para cultivas não mantidos com lâmma de água por inundação, como a soja.
O número de drenos de superfície é dependente do tipo de solo, da localização
geográfica, da qualidade do nivelamento da superfície e do gradiente da área, entre
outros aspectos. Um sistema de drenagem bem estabelecido auxilia também no caso de
ser necessário irrigar por inw1dação os cultivas alternativos ao arroz, pois facilita a rápida
drenagem do excesso de água.
Os canais de irrigação devem contemplar a distribuição da água o mais individualizado
possível nos talhões de irrigação, prevendo múltiplas entradas na área a ser irrigada. O
sistema de irrigação e a drenagem com qualidade e rapidez se completa com o perfeito
nivelamento da área, que pode ser com nível zero ou com pequeno gradiente. Por fim,
0 sistema viário faz parte do processo de estruturação da área de cultivo, facilitando a
logística dentro da área de cultivo.
o resulta do das propostas apresentadas visa planejar o uso da área para que as práticas
de manejo possam ser realjzadas no momento de sua máxima expressão de resposta. Para
isso, 0 controle da drenagem da área é ponto-chave. No entanto, em algumas regiões, pela
carência de chuvas em determinados períodos, a irrigação é muito importante para suprir
d éfices hídricos, ou mesmo para obter produtividades majs elevadas. O objetivo é de que
a organização/sistema~açã~ da área contri?ua para _reduzir_estresses por excesso e por
falta de água e a operac10nahdade do maneJO e movunentaçao na área, que deverão ser
Quadro 5. Atributos físicos de solo de terras baixas cultivado com arroz irrigado (média de cinco
repetições). Santa Maria, RS, 2013
Porosidade Condutividade
Camada Densidade Macroporosidade Microporosidade
total hidráulica
cm kg dm-3 m3m-3 mmh·1
0-10 1,4 0,463 0,135 0,327 3,5
o rompimento de parte dessa camada pode ser feito com dispositivos da própria
semeadora ou utilizando equipamentos de preparo de solo como grades ou escarificadores.
Cada um tem convenientes e inconvenientes, que devem ser analisados, e uma decisão
pode ser específica para cada situação. O efeito de diferentes sistemas de implantação
de soja em terras baixas na resistência mecânica à penetração pode ser visualizado na
figura 5.
Figura 5. Resistência mecamca do solo à penetração (MPa) em d iferentes profund idades (cm )
d e um Planossolo Há plico Eutrófico arênico, no estádio V4 d e planta de oja, em razão dos
diferentes sistemas de implantação de soja em área d e terras baixas. San ta Maria, RS. 2013. TI -
Convencional; T2 - Semeadura direta; T3 - Escarificado na semeadura; T--1- NLicrocamalhào; T:i
- Escari ficado em maio, mantendo o solo expos to sem cobertu ra vegetal; e T6 - Escarificado em
maio, mantendo a cobertura vegetal (azevém ).
Fonte: Marchesan ct ai. (2013).
Essas diferenças de resis tência à penetração mecânica poderão o u não e expre sar
em produtividade de grãos, dependendo de outros fa tores, especia lmente do regime de
chuvas durante o período de cultivo. No e ntanto, ressalta- e q ue o objetivo é m obilizar
minimamente o solo.
O escariJicador realiza trabalho de mobi lização do o lo em maior profund idade
do que a grade e é executado por meio de operação independente, tendo ariaçõe de
especificações técnicas e, por consequência, do trabalho efetuado. Pode e igir gradagem
posterior e, ou, renivelamento da superfície do solo corno complemento de seu preparo
pa ra a semeadura, o que envolve maior cus to, tem po dispendido e mobilização d a área.
Além d isso, o trânsito de máquinas pode ficar p rejudicado apó chu a o u com olo
ú mi do em razão da menor resis tência. Cuidados es peciais q uan to à umidade do olo no
momento da operação, tipos de solo e p ro fund idade de tra balho e tão entre o- a · pecto
que d evem ser avaliad os ao decidir por essa prática.
, Em tra?alho realizado por Marchesan et t1l. (2013a), encontrou -se que n escarifi cação
de area culh vada com arroz proporcionou produtividade de soja de cerca de 20 % s uperior
ao tTat~mento n ão escarificado na média de du as safras agrícolas. Os autores explicaram
essas diferença por meio da massa seca de raízes, dos nódulos e da parte aérea, além da
concenb·ação de nut,-ientes no tecido foliar.
Em levantam ento efetivado em lavoura comercial de área de coxilha, e m cultivas de
soja, milho e trigo e utili zando ferramentas de agricultura de precisão, Santi e Amado
~20_07) constataram que os locais da lavoura de n1aior produtividade apresentavam taxa de
infiltração duas vezes maior do que os locais de baixa produtividade de g rãos.
Como hipótese, além do rompimento da camada compactada, pode ter havido maior
disponibilidade hídrica na região do sistema radicular em períodos de falta de chuva, assim
como minimização do estresse por excesso hídrico, em períodos chuvosos. O excesso de
águ a pode ter sido drenado mais rapidamente para fora da região de maior concentração
de raízes, favorecendo a aeração e processos fisiológicos da planta.
O rompimento de parte da camada compactada utilizando dispositivos da própria
semeadora é uma alternativa que precisa ser estudada e compreendida em ambiente de
terras baixas. A semeadora dispõe de mecanismos que podem executar esse trabalho,
podendo ser utilizados jm1tamente com a operação de semeadura, o que é urn aspecto
importante a ser considerado. Entretanto, ainda são necessários mais estudos para que
as duas operações tenham o desempenho esperado. A uniformidade de distribuição
das sementes em profundidade e o perfeito contato semente-solo são aspectos técnicos
fundamentais a serem considerados.
Trabalhando em área de terras baixas com camada compactada a cerca de 10 cm de
profundidade, Vizzotto (2014), testando mecanismos da semeadora com o objetivo de
rompimento de parte da camada compactada, constatou que o mecanismo haste sulcadora
proporcionou maior produtividade de grãos de soja, quando comparado com disco duplo
e disco ondulado, tendo atribuído esse resultado à maior capacidade de infiltração de água,
melhorando a drenagem e aeração do solo. Esse resultado evidencia que a semeadora pode
ser utilizada como alternativa para melhoria do ambiente do sistema radicular das plantas.
No quadro 6, apresenta-se o efeito de escarilicação do solo, de mecanismos da
semeadora e de irrigação sobre o rendimento de grãos de soja em área de terras baixas
tradicionalmente cultivadas com arroz. A escarificação promoveu maior rendimento de
grãos de soja, mas mecanismos da semeadora que mobilizam mais o solo na linha de
semeadura também apresentam efeito positivo na produtividade.
Os resultados evidenciaram que a irrigação promove aumento no rendimento
de grãos de soja, mesmo tendo sido feita no i.iúcio do ciclo da soja. Pode-se inferir que
a semeadora pode ser utilizada como instrumento para melhoria do ambiente radicular
da soja em terras baixas, com menos mobilização do solo, e que no planejamento de uso
da área deve-se considerar a possibilidade de irrigação como propos ta de manejo dessas
áreas para O cultivo de soja. Segundo Drescher et ai. (2011), a haste sulcadora influencia no
microambiente próximo à semente, interferindo na emergência das plântulas e o teor de
água no solo.
Q uadro 6. Rendimento de grãos de soja, em ambientes de terras baixas, e m razão dos sis te n:ias d e
implantação e da irrigação, culti va r BMX Tornado, em duas safras agrícolas. Sa nta Mana, RS,
2015
Sistemas de implantação Safra 2013/2014 Safra 2014/2015
kg ha·1 -
Disco duplo (DO) 4 082 b 3 759 d
Disco ondulado 4 273 ab 3 829 cd
Haste 4 405 ab 4 327 b
Haste+ MAS 4107b
Haste desencontrada(1l 4 222 b
Microcamalhão 4 345 ab 4 013 e
Escarilicado + DO 4484 a 4 749 a
Irrigação
Com irrigação 4444 a 4 311a
Sem irrigação 4121 b 3 988 b
Média 4 283 4150
CV(%) 7,4 3,14
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey (p<0,05). MAS ml'Ca nismo de
D
acomodação do solo. l'lHaste desencontrada da linha de semeadura 5 cm. Safra 2013/ 2014, uma irrigaçJ o em V-t Safra de
2014/2015, duas irrigações, sendo uma em R3 e uma em RS.
Fonte: Adaptado de Sartori et ai. (2015).
0
, aspecto prá tico, uma das premissas para sua instalação seria a lterar o mínimo
pos l\'el a superfície do solo, reduzi ndo O trabalho na área para instalar o cu ltivo segu inte.
10 111 1
: -cado, enconh·am-se máquinas desenvolvida que fazem conjunta m ente as
operaçoes de semeadura e rea li zação de microcamalhões. Essa estrutura constru ída serve
como drenagem de superfície e também para eventual irrigação da área.
. Takahashi et ai. (2006) avaliaram a conh·ibuiçào da fixação biológica dos nódu los de
5 ºJª e da _absorçào de njh·ogênio do solo em razão da semeadura em carnalhões e do preparo
convencional de área de arroz convertidas ao cultivo de soja. Encontrara m que a realização
de ca~1alhões elevou o rend imento de g,·ãos, tendo relacionado esse resultado à melhor
aeraçao do ola no período chuvoso, citando como hi pótese para isso que em h·aball10
sem_elh a~te fei:o anteriormente a concentração de 0 2 na região das raízes foi m aior onde
ha\'iam sido feito camalhões, em razão da melhor drenagem. O tratamento com carnal hões
proporcionou m aior absorção de N pela planta, mas não houve consis tentes diferenças
entre os preparas do solo quanto à fixação biológica de
Como consideração fi nal deste item , pode-se dizer que, em ambiente de cultivo de
arroz irrigado, a presença de camada compactada próximo à superfície do solo é um
fa tor restritivo ao desenvolvimento de cultivas não irrigados por inundação, como a
soja. essas condições, o manejo da escarificaçào do solo tem-se evidenciado como um
tratamento referência de melhoria em prod utividade. No entan to, por causa do custo dessa
prática agrícola, alternativas devem ser pesquisadas. Por fim, essa é uma área de carência
de informações de pesquisa, que deve ser adequada às diferentes condições de lavoura e
técnicas conservacionis tas de manejo dos solos nesse ambiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O arroz irrigado é o principal cultivo em áreas de terras bai.xas do Rio Grande do Sul
e de Santa Catarina. O ambiente de terras baixas, pela sua localização geográfica e pelos
seus atributos químicos e físicos em razão da sua formação, manejo e uso de irrigação
por inundação da área, de acordo com o que se faz na maioria das áreas, exige ainda um
elevado número de operações mecanizadas.
O momento de realizar o preparo da área é decisivo para que o cultivo de arroz po a
ser feito na época de semeadura que proporcione elevado potencial de rend imento d
grãos.
O manejo pós-colheita com preparo antecipado da área é uma prá tica de manejo
fundamental para viabilizar a semeadura na melhor época, além de outro a pecto de
conservação do solo e auxilio no manejo de plantas daninhas da área, pragas e d oenças.
A possibilidade de efetivar rotação de sistemas de implantação da la oura u tilizando
semeadura do arroz em ambiente com ou sem lâmina de água na área e eme d ura de
outros cultivas em solo sem presença de lâmina de água é uma estra tégia de manejo para
a sustentabilidade do processo de produção de arroz, pois en oi e diferentes manejo do
solo e de outras práticas culturais.
A introdução de outros cultives nesse ambiente de terras bai, as, tradicion lmente
utilizado com arroz irrigado, exige adequações e manejo da área para q ue esse culti
sejam realizados com menor risco, especialmente os cuidados em relação à dren gem da
área e ao estabelecimento de condições adequadas ao bom desen oi iment do i tem
radi8:1lar da~ plantas. Entre esses se podem citar a necessidade de adequação das partes
químtea e fís ica do solo, com consequências na parte biológica desse. Isso, a lém de elevar
0
cu st0 de produ ão, está aliado às dificuldades para o cultivo de ouh·as espécies n ã o
adaptadas a essa condição, especialmente a esh·esses lúdricos, tanto por falta como por
e. cesso d e água.
É ~ecessário, então, num primeiro momento, adequar a área para receber cultivas
alternativos e, na sequência, identificar as espécies e os cultivares mais adaptados. Isso
em ol e planejamento para efetuar a organização da área para que se tenha maior controle
tanto da drenagem como da irrigação. Além da parte física do solo, há necessidade de
adequar a parte química dele, pois, sem o alagamento, a disponibilidade de nutrientes
passa a ser diferente daquela com cultivo de arroz e com isso a adubação também tem que
ser adequada.
Os custos de produção de arroz irrigado são elevados em razão das operações de
preparo da área e irrigação, associadas ao aumento dos gastos com defensivos agrícolas. É
preciso alterar esse cenário com o desenvolvimento de tecnologias que promovam menor
mobilização do solo e redução do uso de água com uso racional de defensivos. A rotação e,
ou, sucessão de culturas em terras baixas passa a ter papel importante para se ter produção
mais intensiva e sustentável de áreas de terras baixas.
A proteção do solo com plantas de cobertura durante o período de inverno é outra
prática de conservação do solo e de manejo de plantas daninhas muito importante também
no sentido de ciclagem de nutrientes.
Assim, a rotação de culturas, as plantas de cobertura e a menor mobilização do solo
permitem o uso da semeadura direta como forma de implantação de cultivas em áreas de
terras baixas. Porém, em razão do que foi exposto neste texto, constitui-se num desafio que
precisa ser cada vez ser mais bem entendido nas diferentes condições edafoclimáticas de
solos de terras baixas, como forma de tornar mais sustentável a produção de arroz irrigado
e de outros cultivas nesse ambiente de produção.
LITERATURA CITADA
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E-mail: milton.veiga@unoesc.edu .br; carlil.pmdolfo1iJunoesc.edu b r
21 Empresa d e Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Ca tarinil, Centro de Pesqu1<;J p.tra Ag-ncultur..i
Familia r, Chapecó, SC. E-mail: lpwi ld@epagri.sc.gov.b r
31 Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rura l de Santa Catarina, Centro de Infonnaç de Reem
Ambientais e de Hidrometeorologia de Santil Catarina, Florianópoh , SC. E-mail: baci~epagn.sc gov b r
Conteúdo
Be rto! 1, De Maria IC, Souza LS, editores. Manejo e const'rvação do olo e du ág ua. ·
IÇOS.l, .\ 1 .
Brasi leira de C iência do Solo; 2018.
770
MILTON DA VEIGA ET Al.
INTRODUÇÃO
das regiões onde ocorrem solos de encosta no Brasil. Em Sa nta CatJrina, mais de 90 % das
propriedades possuem menos de 50 ha, ocupando a proximadam nte 40 º'n das ár eas dos
estabeleci mentos (Dufloth et ai., 2005). Muitas dessas propriedad es tend m .ª _desa~a~ecer
do cená ri o agrícola do Estad o se não forem dadas aos agr icultores as cond,çoes rrurnmas
n ecessá rias pa ra a manutenção do homem no ca mpo, e esses não ulilizarem as terras de
acordo com sua aptidão.
Dessa forma, é sempre recomendável que os agricultores o rd ene m a explora~~es
dentro de s ua propriedade de acordo com as características de cada gleba. Para auxil ic1r
os agricultores no planejamento do uso e manejo das terras em s ua s proprie~a_d es, foram
propos tos diversos sistemas de avaliação d as terras, que podem ser def1mdos como
processos de prever o desempenho dessas no tempo de aco rdo com tipos de utilização
específicos (van Diepen et ai., 1991; Rossiter, 1996). Essas p revisões são, então, usadas pa ra
guiar decisões estratégicas sobre o uso e ma nejo das terras.
Tradicionalmente, os sistemas de avaliação de terras são com base em levantamento
de solos e inventários das terras, sendo conhecidos, portanto, como s istema
interpretativos. Em nivel mundial, os levantamentos interpretativos com fin não agrícolas
se tomaram cada vez mais importantes desde o inicio da década de 1950 (Bartell i, 1966),
levando posteriormente ao desenvolvimento de métodos aplicados à agricultura, como a
classificação de capacidade de uso das terras (Kl ingebiel e Mon tgomery, 1961) e os di versos
sistemas de avaliação e planejamento de uso das terras propostos pela F AO (F AO, 1976,
1983, 1984, 1985, 1991, 1993, 1996).
No Brasil, o primeiro sistema interpretativo de capacidade de uso das terras foi
proposto em 1964 (Bennema et ai., 1964), seguido por outros sistemas similares (Ramalho
Filho et al., 1978; Lepsch et al., 1983, 2015). Esses autores, no entanto, salientam q ue as
disparidades regionais de emprego de tecnologias agrícolas e de capi tal se constituem numa
das principais limitações ao emprego dos sistemas de avaliação de terras em territórios
extensos, como ocorre no Brasil, fazendo com que a aptidão agrícola deva ser avaliada,
considerando os diferentes níveis de uso dessas tecnologias denominados de níveis o u
tipos de manejo.
Exemplificando esse aspecto, caso os critérios utilizados para avaliar as terras no
Brasil fossem aplicados para os solos de encosta da Região Su l, grande parte das áreas
deveriam ser destinadas para preservação permanente. Em Santa Catarina, apenas 26,1 %
da área apresenta declividade menor que 20 % (Dufloth et al., 2005), condição em que se
toma viável o cultivo mecanizado das culturas desde que a profundidade e pedrego idade
não sejam restritivas. Apesar de suas limitações, as regiões de ocorrência dos solos de
encosta apresentam elevada importância social e econômica pela grande concentração de
pequenas propriedades e pela significativa participação na produção agropecuária, como
pode ser observado na imagem de uma micro bacia do me io-oeste catarinense apresentada
na figura 1. Visando aperfeiçoar o planejamento conservacionista nas propriedade
situad as nas encostas, foram efetuadas diversas adaptações para regiões específica (Klamt
e Sta mmel, 1984; Uberti et ai., 1991; Bacic, 1998).
Klamt e Stamrnel (1984) apresentaram alternativas de uso, manejo e conservação
d e solos de encostas basálticas do Rio Grande do Sul, enquanto Uberti et al. (1991)
d esenvolveram uma metodologia para classificar a aptidão de uso das terras para 0
Estado de Santa Catarina. Essa metodologia considera o tipo de m anejo ma.is avançado
possível para cada situação encontrada, que seja praticável dentro das possibilidade dos
Figura 1. Imagem de satélite de uma núcrobacia hidrográfica no município de Ouro, SC, onde se
observa o uso atual de solos de encosta em pequenas propriedades do meio-oeste catarinense.
Fonte: Imagem extraída de Zampieri et ai. (2005).
Informações
/ p-
,,
Informações Opções realistas
interpretadas de uso das terras
- Possibilidades financeiras
- Legislação
-Aspectos sociais
- Preferências culturais
- Infraestrutura
Decisões sobre o
uso das terras
Neste mesmo livro, o planejamento de uso das terras é abordado nos capítulos 19
(Planejamento de uso das terras para fins agrícolas) e 20 (Planejamento conservacionista
do uso do solo em propriedades agrícolas).
, A ,.,
ho uve rnzoável adoção do sistema de terraccél mento de base e treila com gréldiente, o mesmo
não acontecendo nas áreas mais íngremes (Monega t, 1991). Pa ra o autor, a não adoção d a
prá tica ocorreu pelas seguintes razões princi pais: dificuldade de cons trução em solo rasos e
com pedregosidade; muita exigência de mão de obra par a construção e man utenção; pouca
eficiência da prática em si, por ser feita de forma isolada e não observar a recomendação de
espaçamento; e perda de área efetivamente plzintada, entre outras.
Na década de 1980, a prática de terraceamento foi subs tituíd a pe la construção de
cordões de pedra ou de vegetação. Os cordões de pedra e vegetado se cons ti tue m em práticas
conservacionistas semelhantes aos terraços, sendo recomendadas para as cond ições de solo
e topografia das pequenas propriedades localizadas nas encostas (Wild ner, 1994; Merten et
ai., 1994). Segundo Pundek (1985), essa prá tica é recomend ada pa ra á reas com decli vidade
entre 26 e 35 cm m·1• Embora adaptados às condições das pequenas propriedades
localizadas nas encostas, devem ser associados com outras prá ticas conservacionistas para
que se obtenha um controle efetivo do processo eros ivo (Wildner, 1994).
A construção de cordões de pedra também exige muita mão de obra e tempo pa ra
execução. Cons titui-se basicamente na colocação de pedras maiores em cordões em
contorno, formando barreiras para o escoamento s uperficial. Havendo erosão na área entre
os cordões, ou mesmo o tombamento do solo por ocasião do preparo, ocorre acúmulo de
terra na base do cordão e, com o tempo, passa a se cons is tir em patamares, reduz indo a
declividade do solo. Por esse motivo não se recomenda ou se recomenda com restrições
a confecção de cordões de pedras em Neossolos muito declivosos, em razão do risco de
erosão e exposição da rocha matriz na parte superior da faixa entre os cordões.
Em razão do aumento da escassez de terras e do consequente aumento do eu p reço,
alguns agricultores passaram a sistematizar as terras mecanizáveis que apresentam
pedregosidade moderada, promovendo a sua remoção e aterramento em can a is abertos
perpendicularmente ao declive (Figma 3), que favorecem a infiltração de água no solo,
reduzindo o escoamento superficial.
Terraços
O terraceamento é uma prática mecânica para manejo da água e conservação do solo,
cujo uso é limitado em áreas com solos de baixa aptidão agrícola, principalmente se adotada
isoladamente. Por isso, quando o relevo e a profundidade do perfil do solo se constituírem
em fatores limitantes, a construção de terraços, de qualquer tipo, deve ser associada à
construção de outras práticas mecânicas e do uso de outras práticas conservacionistas.
Caso isso não ocorra, o risco de erosão e suas consequências podem ser maiores do que
quando não há terraceamento (Calegari e Vieira, 1999).
Na situação de relevo onde não há uniformidade de solos, ou seja, onde existem
diferentes tipos ou associações de solos com atributos distintos, em especial a profundidade
do perfil, os níveis de pedregosidade superficial, o afloramento de rochas, a desuniformidade
do padrão de relevo e a presença de vertentes temporárias, a definição do espaçamento
entre terraços deve levar em consideração o solo com a menor capacidade de infiltração
(Vieira, 1987). Também se recomenda que a construção de terraços seja limitada à extensão
da ocorrência dos solos mais profundos, cujo perfil proporcione a construção da estrutura
necessária sem a exposição do horizonte C (Figura 5). Não é recomendado o uso de terraços
nos locais onde há ocorrência de solos rasos ou com presença de elevados níveis de pedras
em superfície e no perfil do solo. Nessa situação, em razão da disponibilidade de pedras,
e para dar destino às pedras dispersas, o recomendado é a construção de patamares ou
cordões de pedras.
Nos solos cujos perfis apresentam horizontes superficiais arenosos, sobretudo quando
há horizonte E com transição abrupta para o horizonte B (Bt), por causa da elevada
permeabilidade no horizonte superior e baixa no inferior, há possibilidade de ocorrer
escoamento subsuperficial da água armazenada no canal construído acima e causar
rompimento do terraço por meio da sua base construída no horizonte arenoso. Em solos
onde não há horizonte E e, ou, o gradiente textura! é menor, essa situação não é comum
ou com mínima frequência. Vieira (1987) recomenda que nessas situações os canais dos
- __,
XXIV - MANEJO CONSERVACIONI STA DE SOLO S EM ENCOST AS NO · · · 77 7
tcrrn ços sejam escavados até o horizonte s ubsuperficia l, de fo rma q ue a pa rte infe ri or da
pa red e do canal seja o próprio perfil cio solo, sem revolvim nto, ca rac t riza nd o um terraço
do tipo "embutido" . É importante registrar, também, q ue em solos a renosos há problemas
para estabilização e resistência do camalhão do terraço cm razão da estrutura de grãos
s imples ou fracamente desenvolvida e d a cons istência solta desse tipo d solo. Pa ra
tanto, é recomendável a manutenção mais frequente cio terraço, assim como a proteção
do camalhão com gramíneas, como capim-elefant e, cana-de-aç úca r, ca pim-vetiver, cap im-
cid rei ra ou pastagens perenes em ge ral (Figu ra 5).
Cordão de pedra
O cordão de pedra, também conhecido como patamar ou taipa de pedra, é urna prática
de manejo da água e de conservação do solo muito tradicional das encostas basálticas do
Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, onde ocorrem solos que apresentam os mais
diversos graus de pedregosidade superficial ou no interior do perfil do ·olo.
A construção de um patamar de pedra é urna tarefa á rdua (Figura 6), que e. ige
muita mão de obra e planejamento. Dessa forma, era muito comum a existência de um
mestre construtor de taipas em cada comunidade e, por exigir muita mão d e obra, era
realizada em regime de mutirão, em que os participantes apre enta am muita dedicação
e solidariedade.
É importante registrar que, muito embora as pedras representem dificuldades para
efetua r as práticas de manejo do solo, essas se constituem em excelente" cobertura d o olo" .
_,
XXIV - MAN EJO C ON SERVACIONISTA D E SOLOS EM ENCOSTAS NO ·· • 779
Figura 8. Canal djvergente e bacia de captação utilizados para evitar a entrada de água de estradas
nas lavouras.
Canal escoadouro
O canal escoadouro é outra estrutura complementar que serve de suporte para
o escoamento das águas dos terraços comuns, dos terraços divergentes e dos cordões
vegetados ou de pedra até o loca] definitivo de armazenamento na propriedade ou de
vazão para fora da propriedade.
Recomenda-se que o canal escoadouro seja construído nas depressões naturais do
terreno, em forma de "V" aberto, de modo a ter capacidade para suportar maiores volumes
de água à medida que desce o declive. É necessário, também, que o leito do canal seja
revestido permanentemente com vegetação rasteira e, sempre que possível, associado
a renques transversais de vegetação de maior porte (porte arbustivo, de alta densidade
de raízes) ou barreiras de pedras, madeira ou galhos, cuja função é diminuir ao mínimo
a velocidade do fluxo de escoamento superficial da água morro abaixo. Pequenas áreas
de capoeira ou capões de mato poderão ser utilizadas para essa finalidade, desde que
previamente vistoriadas e, ou, adequadas e monitoradas periodicamente para evitar que,
aos poucos, o leito desse local se converta em sulcos ou voçorocas.
(Fi g ura 9b) também auxilia na redu ção da erosão dentro do s u leito. A consn:ução co_rr~ta
das es tradas rurais ou a realocação dessas em contorno ta m b m é u ma prá hca mecaruca
complementar que au xilia na redução da enxurrada em áreas de la voura. assim como no
trans porte de sedimentos para os cursos de água .
Figura 9. Caminhos internos e estradas rurais construídas em contorno (a) reduzem a erosào no leito
do rio, sendo mais significativos quando vegetadas (b).
e stu ~o, os_a~tore não detectaram alterações significativas nos atributos químicos do so~o e
na_ P 10?utw1dade de milho, mas a redução na produtividade por tonelada de solo erod ido
foi muito alta, comprovando o efeito acentuado da erosão na diminuição da produtividade
dos solo de encosta que apresentam baixa profw1didade efetiva.
Culth o n1ínimo
O cultivo mínimo é conceituado como a quantidade mínima de operações de campo,
desde o preparo do solo até os tratos culturais, requeridas para criar condições à germinação
da se~1ente e ~o estabelecimento da planta (Curi et al., 1993). Em termos de manejo do solo,
o cultivo m (rurno identifica o sistema onde apenas as faixas correspondentes às linhas de
semeadura são preparadas por meio da abertura de sulcos com equipamentos especiais. No
caso dos solos de encosta nas pequenas propriedades do oeste catarinense, Monegat (1981)
difunde a ideia do cultivo mínimo utilizando plantas de coberturn do solo de inverno, em
especial a ervilhaca comum (Vicia sativa) . Como o preparo do solo consiste somente na
abertura do sulco para semeadura da cultura, o restante da área continua sendo protegida
pela planta de cobertura. Nesse manejo, a cobertura do solo é parcialmente incorporada por
ocasião do sulcamento (20 a 40 %, dependendo do espaçamento da cultura subsequente); e
o restante, parcial ou totalmente por ocasião do controle das plantas daninhas ou adubação
nitrogenada de cobertura, quando incorporada (Monegat, 1991). Para esse autor, o principal
benefício do uso do cultivo mmimo nas pequenas propriedades familiares localizadas nas
encostas é a redução da necessidade de mão de obra na época de preparo do solo, quando
comparado ao preparo convencional, quando toda a área é preparada.
Segundo Monegat (1991), existem quatro tipos de cultivo mínimo. Esses se diferenciam
em razão da espécie de planta de cobertura e da fase em que ele se encontra por ocasião
do seu manejo: cultivo mínimo na fase inicial de crescimento da planta de cobertura,
geralmente com reforço por ocasião da semeadura da cultura sucessora; cultivo mínimo
na fase de floração plena da planta de cobertura; cultivo mmirno após o acamamento da
planta de cobertura; e cultivo mínimo após a colheita da cultura antecessora (Figura 10).
É importante deixar claro que o cultivo mínimo é especialmente adaptado para
culturas que exijam maior espaçamento entre fileiras, como milho, mandioca e fumo. A
cebola é a única cultura com menor espaçamento (0,5 m entre lirlhas), em que o cultivo
mínimo foi utilizado em larga escala. Para esse cultivo, foi realizada uma adaptação nas
enxadas rotativas tracionadas por microtratores e por tratores de pequeno porte, que
preparam urna faixa de aproximadamente 0,15 m de largura x 0,15 m de profundidade,
com incorporação concomitante do adubo, para depois ser efetivado o transplante das
mudas de cebola (Silva et al., 1993).
Monegat (1991) esclarece que o cultivo mínimo pode apresentar alguns inconvenientes,
como: maior dificuldade na operação de sulcamento sem preparo em comparação ao
s ulcamento no manejo convencional; maior ocorrência de ratos e lagarta rosca; e dificuldade
de manejo das plantas druúnhas, exceto quando utilizados herbicidas. Se maJ planejado,
pode interferir negativamente ~os_ :,istemas de produção tradicionais, como c ultivas
intercalares e consórcios de substitu1çao.
Figura 10. De cima para baixo e da esquerda para direita: cultivo mínimo d urante o ciclo vegetativo
de ervilhaca comum; aspecto no final do ciclo vegetativo da ervilhaca; culti o mínimo ap a
colheita da cultura de inverno; e cultivo mínimo de cebo1a.
Fonte; Fotos extraíd as de Monegat (1991).
Semeadura/plantio direto
Corresponde ao manejo em que a semente, muda ou parte vegetativa é colocada
diretamente no solo não revolvido previamente, usando-se máquinas especiais. Somente é
aberto um pequeno sulco ou cova de profundidade e largura suficientes para garantir uma
boa cobertura e contato do material com o solo, resultando em re olvimento de no máximo
25 a 30 % da superfície do solo. O manejo das plantas daninhas antes e depois do plantio
geralmente é feito com herbicidas (Curi et ai., 1993).
A semeadura direta em solos de encosta expandiu-se mais tardiamente do que no
solos de baixa declividade, em razão da presença de pedras na superfície, que dificultam o
manejo das plantas de cobertura, e da carência inicial de equipamentos adequado par a
semeadura nesse tipo de topografia.
O primeiro equipamento utilizado para semeadura direta nos solos de en co ta foi
o saraquá, conhecido regionalmente como matraca ou pica-pa u. o entanto, egundo
Monegat (1991), o uso desse equipamento apresenta algumas deficiên cias de ordem técnic
ou operacional, quais sejam: dificuldade de alinhamento da emead ura, principalmente
quando há bastante palha; dificuldade de penetração do saraquá quando a cobertura
morta for espessa ou o solo estiver compactado ou seco; desuniformidade de germin ã
e desenvolvimento das plantas quando ocorre estiagem, e m razão de qu e m uitas ment
ão col ca d a mmto
· ra a ; as planta se ressentem pela carência de N, que e, imo
· b't I'iza d o
na d ecomposição inicial da biornas a residual; ocorrência de estiolamento de plântulas
quando a camada de cobertura morta for muito espessa; e maior risco dos efeitos de geadas,
por cau a da proximidade da cobertura morta.
Merten (1994), estudando a produção de feijão em sucessão a diferentes plantas de
cobertura de inverno e mesmo pousio, observa que o rendimento médio d e grãos foi de
1 287 kg ha·1 na semeadura direta com semeadora adubadora de tração animal; de 1142
1
kg ha· , quando o solo foi preparado com aração + duas gradagens; e de 1 088 kg ha·1
na semeadura direta com saraquá, confirmando as li1nitações ao uso desse equipamento
para semeadura direta sem prévio sulcamente do solo, conforme observado por Monegat
(1991 ).
Durante a década de 1990, o uso de semeadoras de tração animal para semeadura
direta foi amplamente difundido, havendo incremento na área plantada nesse manejo nos
solos de encosta. A área manejada em semeadura direta em microbacias hidrográficas
trabalhadas pelo Projeto Microbacias/BlRD em 12 municípios do meio-oeste catarinense,
onde predominam solos de encostas e pequenas propriedades familiares, aumentou de 10
para 40 % da área cultivada com cereais de verão, principalmente mill10, entre as safras
95/ 96 e 97/98 (Veiga e Trombetta, 1998). A maior adoção dessas semeadoras adubadoras
(Figura 11), no entanto, ocorreu em solos de textura franco-arenosa a franco-argilosa, sem
pedregosidade, uma vez que os equipamentos geralmente apresentam menor eficiência
em solos de textura argilosa ou pedregosos.
F' ll. Semeadora manual (saraquá, matraca ou pica-pau), semeadoras de tração anin1al e
mecani•zada , equipamentos utilizados para realizar semeadura direta em solos de e ncosta.
igura
-r
XXIV - MANEJO CONSERVACIONISTA D E SOLOS EM E NCOSTAS NO ·.. 785
O uso da adubação verde como prática agrícola, mesmo antes da Era Cri lã,_co~si ·tia
na incorporação ao solo de matéri a vege ta l não decomposta (fitom~ssc1), com a f~na l~dade
de conservar e, ou, recuperar a produtividade das terras agricultáveis. Para essa finalidad e
e ram utilizadas bas icamente espécies da família Fabaceae, conhecidas co mo legumjnosas,
como o tremoço (Lupin11 s sp.).
O conceito mais difundido e aceito ca racteri za a adubação verd e como o cultivo
de plantas em rotação, sucessão e, ou, consorciação com culturas comercia is (anuai s o u
perenes), incorporando-as ao solo ou mantend o-as em superfície, visando suél proteção,
bem como a manutenção e, ou, recuperação dos atributos físicos, químicos e biológicos
do solo (Costa et ai., 1992). Partes dos adubos verd es podem ser utilizadJs pa ra outro5
fins como produção de sementes para alimentação animal e, o u, huma na, produção de
fibras, forragem, entre outras (Myasaka, 1984). Esse é um aspecto importante, pois quanto
maiores as opções de uso e os benefícios potenciais dos ad ubos verdes, maiores serão a
chances de adoção dessa prática por parte dos agricultores. esse novo enfoque, além
das Fabaceas cultivadas tradicionalmente, podem ser culti vadas também as gramínea
(Poa ceas), crucíferas, cariofiláceas etc. Em condições específicas, plantas espontâneas de
diversas familias, gêneros e espécies botânicas não tradicionais, podem ser utilizadas para
adubação verde.
O manejo mrus tradicional, caracterizado pela incorporação dos adubos verde , foi
largamente utilizado até o inicio dos anos de 1970, com o objeti vo específico de incorporar
a matéria vegetal para melhoria das condições químicas do solo, ou seja, para manutenção
ou recuperação dos teores de matéria orgânica e de N, via fixação biológica (FBt .
Com o advento da Revolução Verde, no final dos anos de 1960, ocorreu a intensificação
da agricultura e a ocorrência de elevados índices de perdas de solo pela erosão hídrica.
A prática da adubação verde, então, mudou radicalmente com a introdução de nova
espécies, em especial as de ciclo anual de inverno, e o seu manejo passou a ser efetuado
de modo a deixar toda a palhada sobre a superfície do solo como uma das estratégias para
controle da erosão. Os próprios adubos verdes passaram a ser denominados de "plantas
de cobertura do solo"; e a adubação verde ocorreu como" prática de cobertura do olo" ou
"cobertura morta".
Manejo da fitomassa
O manejo da fitomassa está diretamente relacionado com o sistema de preparo do solo
e de semeadura da cultura subsequente. Para o pequeno agricultor em áreas de encosta,
essa é uma etapa complicada, uma vez que as operações são realizadas predominariternente
com o uso de tração animal e exigem esforço humano e maior consumo de mão de obra
(Monegat, 1991).
A quantidade de fitomassa a ser produzida em determinada área de exploração agrícola
depende, basicamente, do interesse e objetivo do agricultor. O tempo de perrnariência
da cobertura vegetal é definido tomando-se por base o sistema de produção adotado
na propriedade, podendo ser maior ou menor do que aquele até então preconizado por
essa prática agrícola. O que não se deve prescindir é da cobertura do solo sob cultivo,
em qualquer época do ano, com vistas à manutenção de sua integridade física, química e
biológica (Wutke, 1993).
Assim sendo, o agricultor pode optar por três sistemas básicos de manejo: incorporação
total da fitomassa, caracterizando a tradicional adubação verde; incorporação parcial
da fitomassa, distinguindo o chamado cultivo mínimo; e sem incorporação ao solo,
descrevendo a semeadura direta.
com herbi cida. Após uma ou duas s1: manas do aca mamento, quando a fit o massa esti ver
e m e stádio avançado de secamento, procede-se ao sulcamento. Para o s ulcame nto e m
re teva de adubos verdes de porte ereto (aveia, centeio, nabo forra geiro, crota lárias etc.),
recomenda-se o uso do arado de tração animal ou "arado fuçador". Em restevas de adubos
' erdes d_e h ábito volúvel (ervilhaca comum, ervilhaca peluda, mucuna etc.) aconselha-se a
adaptaçao de um disco de corte na frente da pá do arado, para cortar os ta los das plantas.
_P~ra o manejo da fitomassa sem incorporação ao solo, podem ser utili zados m é todos
mecarncos (rolo-faca e, em casos especiais, as roçadeiras ou picadores) e, ou, m é todos
químicos (dessecação com herbicidas). Os métodos mecânicos devem ser usados com
muito critério, principalmente no que se refere à época do manejo, para evitar problemas
de mau acam am ento e, ou, rebrota. Por isso, o acamamento deve ser feito na floração plena
ou fase de grão leitoso, conforme a espécie a ser manejada. Quanto ao método químico, e m
geral, são utilizados produtos de ação total (dessecantes). Recomenda-se muito critério no
seu u so, principalmente com relação à tecnologia de aplicação, para evitar problemas de
intoxicação e danos ao meio ambiente.
Quadro 1. Concentração m édia de nutrientes e teor de matéria seca de alguns materiais orgânicos
Quadro 2. Eficiência dos nutrientes aplicados no solo pelos diferentes tipos de esterco, e m cultivas
sucessivos
Segundo Freitas (1995), durante muito tempo, o trabalho de con e ação do solo
e da água em.solos de encosta foi desenvolvido utilizando as unidades tradicionais de
planejamento até então conhecidas, quais sejam as comunidades e as propriedades de
forma isoladas. O incentivo maior era para adotar práticas mecanicas de conserva - 0 do
solo, corno o terraceamento (Pundek, 1994). A adoção inicial foi grande, mas em p uc
temp a prática foi abandonada porque O manejo da terra entre os terraços era feito na
fom1a convencional, não conlTolando de forma eficiente a erosão e degradação do solo.
O incentivo ao uso de práticas vegetativas de conh·ole da erosão, como a adubação
erde e os preparas com menor revolvimento do solo, como o cultivo núnimo, h·ouxeram
bons resultados. No entanto, as ações continuaram sendo pontuais e pulverizadas, diluindo
0 esforço dos extensionistas rurais e contribuindo, também, para a falta de ação integrada
CONSIDERAÇÕES FINAIS
qual se enquadra grande percentual dos o los de nco ta . Esse ab ndono tem s acentuado
també m pela redução do número de filhos por família, poi o uso e manejo de as rea
demandam muita mão de obra.
Em função da expansão da bovinocultura de leite nas áreas d encosta basálticas no uJ
do Brasil, a tendência atual é a implantação de pastagens perene em áreas anteriormente
utilizadas com culturas anuais. Desde que bem manejadas, as pa tagens repre entam
uma condição de uso mais apropriado para os solos de encosta quando con ideramo
conjuntamente os aspectos técnicos, ambientais, econômícos e sociais do uso da terra.
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Conteúdo
Berto! I, De Maria IC, Souza LS, editores. Manejo e conservação do solo e da .ígua. Viços.i, \ {G: - \:'Jade
Brasileira de Ciencia do Solo; 2018.
-------'9-~• .... . ------
800
MARCO ANTONIO D E ALMEIDA LEAL ET AL ,
Adubação verde
······························································· ....................................................................................... 820
Produ ão de bi ma . a e .1cúmulo de nitrogênio ........................................................................................ 820
Influências bre atributo. do solo ················································································································· 822
Forne imento de nutrientes..................................................................................................................... 822
Atribu tos químicos do solo ..................................................................................................................... 822
tributos físico. do solo.... ...................................................................................................................... 823
tributo biológicos do solo.. .................................................................................................................. 824
Estrat· gia de manejo da ad ubação verde ................................................................................................... 825
uce õe de cultu ras .............................................................................................................................. 825
Con. órcios com leguminosas anuais ou semiperenes......................................................................... 826
Consórcios com leguminosas herbáceas perenes................................................................................ 828
tilizaçào de coberturas mortas vegetais ............................................................................................. 830
Avaliação de outras espécies para adubação verde.................................................................................... 831
Consórcios de hortaliças........................................................................................................................................ 832
Controle biológico conservativo................................................................... ........................................................ 832
llódulo de produção de hortaliças...................................................................................................................... 833
Sistemas agroflorestais .............................................. ............................................................................................. 835
Construção participativa d o conhecimento ........................................................................................................ 836
CO STDERAÇÕES FlNAJS ......................................................................................................................................... 837
LITERATURA CITADA................................................................................................................................................ 837
INTRODUÇÃO
Sistemas Naturais
Deposições Atmosféricas
Sistema solo-planta t-----------_.,_____,
Fração
Fração mineral
Orgãnica disponível
Matriz
Mineral
Os principais fluxos de nutrientes estão representados por setas. Observa-se que, além
dos fluxos de nutrientes entre os três principais compartimentos do sistema solo-planta,
também ocorrem fluxos de entrada e saída de nutrientes. As principais entradas ocorrem
por meio da djsponibilização dos nutrientes contidos na matriz mineral e por meio das
deposições atmosféricas, incluindo a fixação biológica de nitrogênio (FBN). As principais
saídas ocorrem por meio das perdas decorrentes de erosão, lixiviação e volatilização.
Este modelo teórico é útil para se compreender a importância do balanço de nutrientes
para a sustentabilidade do siste~a. No entanto, em unid~des de produção, é difícil se
quantificar todos esses compartimentos : fluxos de. nu_tr1entes. Em termos práticos, a
análise da fertilidade do solo revela-se um importante indicador da disponibilidade desses
nutrientes para as plantas.
Sistemas naturais
Nos sis temas natu ra is (Figu ra 1), as entradas e saíd as de nutrien tes estão em equ ilíbrio,
ou seja, a quantidade de nutrientes que entra no sistema é a mesm a q u sai. A manutenção
da vege tação nativa e da matéria orgâ nica do solo resulta em elevado conteú d o de nutrien tes
nesses compa rtimentos. Nesses sistemas, as perdas de nutrientes geral me n te ão pequent1s,
e m razão da cobertura do solo com a vegetação nati va, qu e red uz os processos de erosão
e lixiviação. Por sua vez, as entradas de nutrientes são g randes, ta mb, m por causa da
cobertura com a vegetação nativa e do maior conteúdo de matéria orgâ nica, q ue podem
contribuir para a FBN e o aporte dos nutrientes contidos na matriz m inera l. Além di so,
é importante considerar que a vegetação na tiva e o maior conteúdo de matéria orgânica
promovem efeitos benéficos sobre os equilíbrios hídrico, térmico e ecológico do ambiente.
Os maiores acúmulos de biomassa vegeta l e matéria orgâ nica ocorrem, geralmente,
em solos com elevada fertilidade natural, cuja matriz mineral possui elevada capacidade de
fornecimento de nutrientes. Porém, mesmo os solos cuja matriz m ineral é muito pobre em
nutrientes podem manter uma elevada quantidade de biomassa vegetal. Um exemplo di so
é a Floresta Amazônica, que se desenvolve, geralmente, em solos com reduzidos teores de
nutrientes na matriz mineral. Neste ecossistema, a cobertura vegetal e a ma téria o rgânica
constituem os principais reservatórios de nutrientes (Figura 2), além de proporcionarem
reduzidas perdas de nutrientes e elevados aportes atmosféricos. esse caso, a re tirada da
vegetação nativa resulta no rápido esgotamento da fertilidade do solo, tomand o-os pouco
produtivos. De acordo com Kato et ai. (2014), é frequente encontrar na Amazôn ia áreas de
pastagens ou de produção agrícola que são abandonadas após os primeiros anos de uso.
Sistemas agropecuários
A atividade agropecuária promove alterações no equilíbrio original dos si temas
naturais. A intensidade destas alterações depende da resiliência do sistema e do nível de
modificação causado pela produção agropecuária. São duas as alterações que mais im pactam
no balanço de nutrientes do sistema (Figura 3): 1 - a derrubada da vegetação nativa e ua
substituição pela cultura comercial, com redução da cobertura vegetal, que res ulta na
redução dos estoques de nutrientes na biomassa vegetal e na matéria orgânica, no aumento
das perdas por erosão e lixiviação e na redução do aporte de via FB ; e 2 - a sa ída ou
exportação de nutrientes do sistema por meio dos produtos da atividade agropecuária.
Degradação da fertilidade
Floresta Amazônica
Deposições Atmosféricas
Sistema olo-planta
Fração
Orgtnica
Matriz
- -- - - - - Mineral
. ~-c,_Qj - -
Sistemas Agropecuários
Motriz
,, -,.
t,,. 11 1
Mineral
1 - - - - ~
Degradação da fertilidade
Deposições
Atmosféricas
Sistema solo-planta 1 - - - - - - - - - -- ---+----,
Exportação
~
~ a
Matriz
Perdas MineraJ
Em condições desfavoráveis, a degradação do solo pod e ser tão intensa qu e este perde
to ta lmente sua capacidade prod utiva (Figu ra 5). Este processo de degradação geralmente
se inicia com a derrubada e quei ma da vegetação nativa, seguidos pela su a s u bstituição por
cultu ras de elevada demanda por nutrientes. Os nu trien tes p resentes na b iomassa veoe ta l
são prontamente disponibilizados, proporcionando elevad a produtividade inicial. Com
a redução d o conteúdo de nutrientes ~o sistema, resultan te do balanço negativo entre a
entradas e saídas, a prod utividade sofre redução const.:mte até inviabilizar a manutençã
da cultura de ele ada demanda por nutrientes. Esta então é substituída por atividades
agrope uárias de reduzida demanda por nutrientes, como a pecuária extensiva. Nesse
ca 0 , e a lotação de animais for excessiva, agravada por queimadas periódicas, pode
ocorrer a eliminação da cobertura vegetal do solo e o surgimento de voçorocas. De acordo
com Dias Filho (2011), pelo menos metade das pastagens brasileiras estão degradadas ou
apresentam algum grau de degradação.
Solo Degradado
Deposições
Atmosféricas
Sistema solo-planta
Biomassa
Vegetal
Fração
Orgânica
Matriz
--- - - --- ...
V-;..i7.t.l~ Mineral
l - - -
figura 5. Esquema de um solo degradado, sem capacidade de manter qualquer cobertura vegetal,
onde os nutrientes aportados são rapidamente perdidos, resultando em severos impactos
negativos nos equilíbrios térmico e hídrico do ambiente e nos equilíbrios econômico e social da
população.
Fonte: M.A.A. Leal, figura não publicada.
d e nutri entes. Ve rsões mod crnac; clcstac; es tra tégiac; te m s idn d es n vo lvicJas e são muito
uti liza d as no manejo do solo em s is temas o rgâ nicos ou m tra ns ição agro cológicd.
j j j j
Matriz Mineral
Figura 6. Esquema que representa a estratégia de concen tração espacial. Os nutrientes aportados
naturalmente em uma grande á rea de solo são trans ferido e concentrados em uma área menor,
aumentando a sua oferta e proporcionando maior desenvolvimento vegetal.
Fonte: M.A .A . Leal, figura não publicada.
Em relação à fo rma espontânea, ocorre nas várzeas, q ue recebem grande parte dos
nutrientes que são perdidos por erosão e lixiviação d e á reas situadas e m cotas m ais e levadas
na bacia hidrográfica. Is to pode ocorrer em pequena escala, como no caso de m icrobacias,
o u e m grande escala, como nos vales dos grandes rios. Oi" ersas ci ilizaçõe ao red or do
mundo se desenvolveram e sobreviveram por centenas ou milhare de ano com ba e na
p rod ução agropecuária mantida por meio d a deposição de nutrien tes no olo d e árzea.
A concentração espacia l de nutrientes també m pode ser feita de maneira artificial. Um a
d as formas m ais tradicionais é a integração lavoura-pecu ária, o nde os a ni mais pas tejam e
retiram nutrie ntes d e uma grande área, e seus excrem entos são reco lhidos e u tilizad s para
fertil izar uma área menor, onde são cultivad as espécie vegetais m a is e igente -. l e
caso, além de nutrientes, é adicionada grande q uantidad e d e matéria o rgànica, o que tem
efe ito benéfico sobre diversos atributos do solo, como atividade b iológica, agregaçã ,
infiltração e retenção de água, en tre ou tras. Existem di erso ou tros sis tema d e produ ão
Cultivo
comercial ~ ~ ~
j j j 1
Matriz Mineral
l j j j
co mo J perclil d gr.:incle pr1rte dJ mat ' riél orgJnica. Segundo Gli i::;s man (2001 ), •1 uma
l mpcratura d 200 " é1 300 " , por 20 a 30 min, hj r cluç5o d 5 ·•:, da maté ri a o r~á ni a,
associaclJ a perdas ele N e S por v la tili z.ição. O solo d es ob rio d p s as queimada
es tá s ujeito ao processo ele e rosão, r sultand o em perdas doe; nutri nte contido na u.:i
ca mada s uperficia l. As queimadas tnmb m promovem a rcduçã do ban o de ·ement •s
e da di ve rsidade bio lógica do a mbie nte. /\ utili7,açJo de técnicas s ic; ternJc; q ue evi tem
a reali zação das qu eimadas, como os sis tema agroflo reslai c;, e limina cl oco rrencic1 de c;p _·
efeitos negativos.
Adubação
Deposições Mineral
Atmosfêricas
Sistema solo-planta f - - - - - - - - - + - - - - - - - --tl
Exportação
Fração
mineral
disponível
Matriz
Mineral
Figura 8. Contaminação dos mananciais em razão da perda de nutrientes por li.xi viação resultante da
aplicação excessiva de fertilizantes de elevada solubilidade.
Fonte: M.A.A. Leal, figura não publicada.
acord o co m Magd o ff e Van Es (2000), 0 trans porte dos nutriente por longa dis tâ ncias é
esse nc ia l para o sis tema a limentar modern o.
Sociedade Rural
~ ;
.;
ll Solo
Figura 9. Represen tação de uma sociedade rural, em que tanto as produçõe vegetais e animai
q uanto o seu consumo pelas pessoas e a disposição de seus re íd uos ocorrem em um mes mo
território, o que promove a ciclagem dos nutrientes e a sustentabilidade do is tema.
Fonte: M.A.A. Leal, figu ra não publicada.
Sociedade Globalizada
Figura 10. Representação de uma sociedade urbanizada e globalizada, onde a produção wgetal, a
produção animal, e o consumo desses, junto com adi po ição de e u · re iduo , ocorrem cm
territórios distintos, o que resulta em problemas de esgotamento de nutrientes em al guns 1 •,li·
e de excesso de nutrientes em outros.
Fon te: M.A.A. Leal, figura não pubLicada.
Leite+ carne
Esterco + urina
Madeira+
Bovinocu Itu ra
Recuperação
do solo
Biomassa residual
Alface
Escoras Couve
Floresta Salsa
Carvão
Biomassa Hortaliças
Esteios ou residual Cebolinha
Serraria Tomate
Agrofloresta
Biomassa Cenoura
residual
Biomassa
residual
Biomassa
Avicultura residual
Suinocultura
Esterco
Piscicultura
Ovos+came
Fração
Orgânica
lalriz
Mineral
Deposições
Adubação Orgânica Atmosfêrlcas
Fração
Orgtnica
Matriz
Perdas Mineral
Figura 13. A ampliação da cobertura e da diversidade vegetal reduz as perdas por erosão e lixiviação
e aumenta os aportes via deposição atmosférica e via matriz mineral, além de contribuir para
os equilfbrios hídrico, térmico e biológico do ambiente e para a estabilidade econômica do
agricultor.
Fonte: ~ilA.A. Leal, figura não publicada.
J
XXV - MANEJO DO SOLO EM (U LT I VOS Ü RGÂNICOS O U EM TRA NS I ÇÃO ... 8 17
Depo-;içõco;
At mosfé ricas
Produtos
agropecuários
Emprego e
renda
Equilíbrio
hídrico
Equil1brio
térmico
Equilíbrio
biológico
. latn,
Perdas Mineral
Figura 14. Exemplo de sistema sus tentável com elevad a capacidade produ tiva e q ue con tribui para
a manu tenção dos equilíbrios híd rico, térmico e ecológico do ambiente, bem corno para os
equilíbrios econômico e social da popu lação.
Fonte: M.A.A. Leal, figu ra não publicada.
Fazendinha Agroecológica km 47
O Sistema Integrado de Produção Agroecológica, ta mbém conhecido como
"Fazendinha Agroecológica km 47", é resultado de uma parceria iniciada em 199 entre
a Em brapa Agrobiologia, a Universidade Federal Rura l do Rio de Janeiro (UFRRD, a
Emp resa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (PESAGRO-RIO) e o
Colégio Técnico da UFRRJ (CTUR).
A Fazendinha Agroecológica km 47 ocupa uma área de apro. imadamente 70 ha,
represen tando um espaço de pesquisas e do exercício da agroecologia em base cientfficas,
dentro de uma estratégia que busca a sustentabilidade da a tividade agropecuária.
O manejo adotado na Fazendinha Agroecológica prioriza a ciclagem de nu trien tes
a partir da integração das atividades de produção anima l e vegetal e da autossu fic iêncic1
em N, fazendo uso da rotação e diversificação de culturas e d a FB . t este e -paço, a
redução dos processos erosivos é uma prioridade, assim como a manutençã do t'\:}Ui!ibrio
nu tricional das plantas e de populações de insetos-pragas, patógenos e ervas esp n tãnea
em níveis toleráveis, sem o emprego de técnicas que rep resentem impact neg tivos
Fertilização orgânica
A adição de materiais orgânicos tem papel fundamental no manejo do solo em
cultivos orgânicos ou em transição agroecológica. Os estercos consistem em urna das fontes
empregadas com essa finalidade, tanto para o fornecimento de nutrientes quanto para o
aumento dos teores de matéria orgânica no solo.
Oliveira et al. (2008b) avaliaram o efeito da aplicação de doses de "carna" de aviário,
como fonte de N, sobre o desempenho agronômico de inharne (também conhecido como
taro) cultivado em plantio direto, em sucessão com aveia-preta (Avena strigosn). A adubação
de cobertura com "carna" de aviário promoveu aumento significativo na produtividade
daquela hortaliça, que atingiu o valor máximo com a dose de 130 kg ha·1 de N (equivalente
a 4,4 t ha•l de "cama" de aviário). O irlharne colhldo apresentou um teor de 16,7 g kg-1 de
N nos rebentos. Uma vez que parte deste nutriente encontra-se na forma de proteína no
inhame, a prática da adubação orgânica com "cama" de aviário favoreceu o aumento da
qualidade nutricional dessa hortaliça.
Apesar do potencial ~e _uso da "cama" ~e avi~i? p~ra a utilização corno fertilizante
orgânico, a legislação brasdelfa sobre produçao or?aruca 1mp~s ~estrições ao seu uso. Esse
tros estercos só podem ser empregados em sistemas orgarucos de produção quando
; :postados e bioestabilizados (Brasil, 2014). Além disso, nem sempre os produtores
0
Quadro 1. Produção de matéria seca da parte aérea de mudas de alface, beterraba e tomate, a p.irtir
de diferentes substratos
Figura 15. Os compostos do tipo "Bokashi" representam uma alternativa para a fertilização orgânica
em áreas de cultivos de hortaliças.
Autor: E. da S. Araújo.
Adubação verde
Produção de biomassa e acúmulo de nitrogênio
Figura 16. Crotalária (Crotalnrin j1111cen - (a) e mucuna-cinza (M11rnnn prurims - (b) são exemplo de
leg uminosas empregadas como adubos verdes.
Autor. E. da S. Araújo.
...
XXV - MAN EJO DO S OLO EM (U LTIVOS ORGÂNICOS OU EM T RANSI ÇÃ O · · · 8 23
Ca nellas et a i. (2004b) ava liaram o teor e a qu alidade da maté ria orgân ica de um so lo
culti vado com d iferentes legumi nosas herbácea perenes (am ndoim-fo rrageiro, cudzu
tro pica l e siratro) . Verificou-se que as leguminosa ava liada promoveram acúmulo de
ácidos húmicos na camada superficia l. Os ácidos húm icos pod em se r utilizados como
compostos indicadores dos efeitos do manejo sobre a fração o rgâ nica do olo, poi ap ar
do redu zido tempo de condução do experimento (28 meses), foi verificada incorporação
signi fica ti va de C e N provenientes da biomassa resi dua l da legu minosa . Em outro
estudo rea lizado nesse mesmo experimento (Canellas et ai., 2004a), a q uantidade de P
em ligações diésteres foi maior nas amostras de solo sob cobertura de leg umi nosas do
que sob a gra mínea que constitui a vegetação espontânea d a á rea (Panícum maxinwm). A
permanência da biomassa residual da parte aérea das leguminosas na uperfície do _olo,
a pós o corte, promoveu aumento na razão P diéster/ P monoéster. Es es resu ltados pod em
ser usados para justificar o aumento da d isponibilidade de P para as p lantas em olos
cultivados com leguminosas.
Amendoim-forrageiro 7-l
Cu d zu tropical -l7
Siratro -lS
Área capinada 8-l
Fonte: Ad apta do d e Per in et al. (200-I).
. Avaliando outra área também coberta por essas mesmas espécies, Perin et al. (2002)
verificaram que os valores do diâm.etTo méruo ponderado dos agregados no solo com
cobertura
. d as Iegununosas
. · foram superiores aos da área capma · d a, o que d emons tra o
efeito fa orá el dessas espécies na estabilização dos agregados do solo.
Os re ultados associados ao uso da adubação verde sobre ah·ibutos físicos do solo
tam~ém podem representar um impacto na redução das perdas de água e de solo por
erosa_o. Canralho et ai. (2009) avaliaram as relações entre a erosividade da chuva e os
pa~oes de precipitação com as perdas por erosão para diferentes tipos de preparo de um
Argisso~o ermelho-Amarelo. A cobertura vegetal do solo proporcionada pelo plantio de
crotalária (Crotalnria juncea) e a manutenção de sua biomassa residual sobre a superfície
do terreno após o corte promoveram maior proteção contra o impacto das gotas de chuva
sobre a superfície do solo.
Quadro 5. úmero d e esporos e de propágulo infec tí vos d f ungns micom 7 ico<; arbu ,;culare,;
indígenas d o solo, após o culti vo de ad ubos verd s
Quadrn 6. Densidade de indivíduo na macrofouna do solo em poma r de fig uei ra, ob diferente _
coberturas do solo
Grupo de Grama-
Siratro Cobertura morta de grama-batatai
invertebrados bata tais
indivíduo m-~
Coleoptera 29 ab111 9b ""'6 a
Diplopoda 181 a 35 b 173 a
Gastropoda 50 a 6b 13 b
Oligoch aeta 180 a 103 b 131 ab
Formicidae 625 a 1145 a ~1 b
111 Valores
seguidos da mesma lcl:Ta nas linhas n,'\o diferem cnl:Te si pelo teste de Tukey (p<0,05).
Fon te: Adaptado de Merlim et .1!. (2005).
Sucessões de culturas
grand<:5 quantidades de biorna 0sa pelo adubos verdes. Entre as espécies utilizadas para essa
modalidade, estão as crotalárias, as mucunas, o feijão-de-porco e o guandu .
. O culti\ o combinado de alguns dos adubos verdes nesse período do ano com culturas
de 1:11teresse econômico como O milho pode contribuir para a formação de palhada capaz
de mcr~mentar a cobertura do solo, em razão da relação C/N mais elevada, além de
pro.porcionar retomo econômico durante O processo de adubação verde. Risso et al. (2009)
verificaram que a introdução de milho em consórcio com as leguminosas Crotnlarin juncea
(semeada no mesmo dia do milho e manejada por meio de um corte) e mucuna-cinza
(semeada aos 40 d após o milho e cortada de uma só vez) apresentou-se uma prática capaz
de produzir altas quantidades de biomassa vegetal e de acumular N na biomassa residual
gerada. Ainda segundo esses autores, o desempenho do milho não foi reduzido quando se
empregou o arranjo espacial em linhas duplas de plantio.
Uma possibilidade também de utilização de leguminosas consorciadas com milho, no
período chuvoso, envolve a colheita de espiguetas imaturas, conhecidas corno m.inimilho.
Corrêa et al. (2014) avaliaram o efeito da adubação verde com Crotnlaria juncea consorciada
ao milho, para a colheita de minimilho, antecedendo a couve. Após o corte dos adubos
verdes, a biomassa residual foi combinada com duas formas de preparo do solo: semeadura
direta e preparo convencional. O monocultivo de milho proporcionou produtividade e
número de espigas de rninimilho comerciais maiores, além de maior acúmulo de N, P,
Ca e Mg, nas espigas despalhadas, e de N, K e Ca, na palha das espigas. Entretanto, o
consórcio proporcionou maior número de espigas por planta (0,91). A maior produção de
biomassa foi proporcionada pelo consórcio de crotalária e milho (7,43 t ha·1). O acúmulo
de N proporcionado pelo consórcio foi superior ao do monocultivo de milho e equivalente
ao do monocultivo de crotalária. Na couve, houve diferença apenas na emissão de folhas
(1967083 unidades ha·1), com superioridade da semeadura direta.
Uma segunda alternativa para introduzir a adubação verde por meio da sucessão
de culturas é realizar o plantio e condução das espécies empregadas para essa finalidade
durante a época seca do ano. Nas condições climáticas da Fazendinha Agroecológica,
isso corresponde a fazer o plantio dos adubos verdes no período de fevereiro a abril. A
principal desvantagem nesse caso relaciona-se à reduzida produção de biomassa por essas
espécies, em razão das condições climáticas adversas, como baixas temperaturas e quedas
na precipitação pluviométrica. Deve-se evitar o plantio tardio de leguminosas sensíveis
ao fotoperíodo, como é o caso das crotalárias (Espindola et al., 2005). Um exemplo dessa
modalidade de adubação verde foi avaliado por Espindola et al (1998), os quais avaliaram
a influência da sucessão com leguminosas e vegetação espontânea sobre o desempenho
da batata-doce. As leguminosas Crotalaria jun.cea, feijão-de-porco, guandu e mucuna-
preta proporcionaram P;oduçõe_s su~sequentes de. ~atata-doce superiores à observada
após a vegetação espontanea, ev1denc1ando o beneficio da sucessão leguminosas/batata-
doce (Quadro 7). As produções de tubérculos associadas às leguminosas superaram
a proporcionada pela veget_ação espo~tânea em até 116 %. S:gundo os autores, um dos
fatores responsáveis pela baixa produçao ~e batata-doce associada à vegetação espontânea
(com predomínio de Paspalum notatum) foi a elevada relação C/N dessa espécie.
disponíveis. Entretan to, deve-se ev itar sua realização cm co ndições de red uzida
disponibilidade de água para evi ta r a competição por e se recurso.
.
Figura 17. G uan du (Cn'J·a11 us cajan) representa uma
. alternativa para a formação de faixas intercalares
d e cuJtivo, em consórcio com cul turas anuais.
Autor: E. da S. Araújo.
de cobe rturas vivas permanentes, se m q u e haja necesc;idade d' novoc; pla n tio.e: c1 cada ann
(Figura 18) . Quando se empregam leg uminoséls de hábito de c rescím nto volúvel par_é1 ~,sa
finalidade, deve se r realizado o coroamento das c ulturac; perenes quando f0 r necec;sano.
Quadro 9. Biomassa seca da parte aérea de plantas cspont.'t ncilc; c m pJrceJJc; de inhame cultívc1J o
e ntre faixas de g uandu s ubmetidas a difer entes mancjos
Figura 18. Leguminosas herbáceas perenes, como cudz u tropical (P11eraria phnseolv1dt?..--), podem :-er
e mpregadas como coberturas vivas do solo e m áreas de pomares.
Autor: E. da S. Ar.:iujo.
Perin et ai. (2009) avaliaram o efeito de coberttuas vivas, formada por legumino ·as
herbáceas perenes, sobre a produção do segundo ciclo de bananeira e . anícão. Os
tratamentos envolveram amendoim-forrageiro, cudzu tropical, si.ratro, vegetação
espontânea (com predonúnio de Pn11irn111 11111xim11111) e vegetação espontànea + fertiliza 5.o
nitrogenada para a bananeira. Nesse último tratamento, a dose de apl icada equiv.:ileu a
90 kg ha·1, sendo parcelada em doses iguais nos meses de janeiro e março. O pe-o do cacho
e o da penca foram superiores nas coberturas vivas de iratro e rudzu tropical, quando
comparados aos demais tratamentos. Todas as leguminosas proporcionaram maior
crescimento das bananeiras, maior número de folhas emitidas e maior proporção de cachos
M AN EJ O E C ON SE RVAÇÃO DO SO LO E DA ÁGUA
_ _ _ _ir,. _ _ _
830
MARCO ANTONIO DE ALMEIDA LEAL ET AL.
lhido '~m relação aos tratamentos com. vegetação espontânea (sem e com N-fertilizante).
A le?'-1nuno as siratro e cudzu tropical favoreceram o desenvolvimento das bananeiras,
a(ssociado a ganhos de produtividade e eliminação da adubação nitrogenada no bananal
Quadro 10).
Quadro lO. Peso do cacho, produtividade e percentual de cachos colhidos aos 10 meses após a emissão
de perfilho de bananeiras cv. Nanicão, consorciadas com coberturas vivas de leguminosas
herbáceas perenes ou com vegetação espontânea com e sem fertilização nitrogenada
Coberturas vivas Peso do cacho Produtividade Cachos colhidos
kg t ha·1 %
Amendoim-forrageiro 8,49 b(ll 5,31 b 56,25 c
Cudzu tropical 10,89 a 12,09 a 100,00 a
Siratro 11,51 a 10,87 a 85,00 b
egetação espontãnea<2> 6,27b 1,04 c 12,50 e
Vegetação espontânea+ N 11,54 a 4,01 b 31,25 d
111
\lalores seguidos da mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). C2l Com predomínio de capim-
colonião (Pnnicum marin111m).
Fonte: Adaptado de Perin et al. (2009).
o u arbó reas pode entiio ser es palhada na supe rfície cio lerreno, como cob rtur.t mo rt.-.
vegetal. Dentre as espécies empregada para essa fina lidade, d ec:; tacam-se ac; 0 ra m íne;:i<; e
legu minosas.
O liveira et ai. (2008a) ava liaram difere ntes tipos de cob rturas morta e c;e us efeito
sobre o controle de plantas espontâneas e o desempenho agronó mico de alface. De manei ra
geral, a utilização das coberturas mortas contribuiu para a redu ção da populaçc1o das plantt1s
espontâneas observadas nos canteiros cu ltivados, e m comparação ao tra lamento-contro le.
Quanto ao desempenho da a lface, a uti lização de biomassa residual de legumino .JS
herbáceas, como Crotn/nrin j1111ce11 e guandu, e arbóreas, como eritrina Erytltri110 poc11pigi111111 )
e g liricídia, favo receu características como massa de matéria fresca, diélmetro Ja cab ça e
teor de N daquela hortaliça. Os autores associam os benefícios trazidos pelo emprego d<l -
coberturas mortas de legumi.nosas com a disponibilização de pa rél a cultura, liberado por
meio da rápida decomposição da biomassa residual.
Diversos autores evidenciaram os benefícios trazidos pelo emprego de cobertura mo rtas
vegetais sobre o desempenho de hortaliças. Barros et ai. (2009) e Santos et al. (2011 ) avaliaram oc:;
efeitos dessa prática sobre os desempenhos agronõmkos de cebola e cenoura, respectiva mente,
constatando aumentos de produtividade e redução da população de plantas espontânea
832
MARCO ANTONIO DE ALMEIDA LEAL ET AL.
Consórcios de hortaliças
O . ~onsórcio apresentam vantagens em relação aos monocultivos, pois perrnitem
uma uti11Zação mais eficiente dos recursos naturais e favorecem populações de organismos
ben ficos ao agroecossistemas. Fatores como a identificação de cultivares e a época de
semeadu~a ou transplantio podem ser manejados para melhorar a eficiência do consórcio
~e hortaliças. Um dos indicadores empregados para avaliar o desempenho agronômico de
si sten~as consorciados é o índice de equivalência de área (IEA), que avalia o renrumento
de dois_ ou mais cultivas consorciados, quando comparado ao renrumento obtido com os
respe~hv_o s monocultivos (Gliessman, 2001). Segundo esse autor, valores de IEA superiores
a 1,0 md1cam que a produtividade das culturas no consórcio é maior que as obtidas nos
respectivos monocultivos.
Salgado et al. (2006) conduziram dois experimentos, ao longo de dois anos, com o
objetivo de avaliar o desempenho agronômico dos consórcios das cultivares de alface
Regina 71 (lisa) e Verônica (crespa) com cenoura cultivar Brasília e rabanete Hibrido nº 19.
o primeiro experimento, os tratamentos consistiram de alface crespa em consórcio com
cenoura, alface crespa em consórcio com rabanete e os respectivos monocultivos. No segundo
experimento, usou-se alface lisa em lugar da crespa. Os consórcios avaliados apresentaram
elevados valores de IEA (Quadro 11), evidenciando o uso eficiente dos recursos disponíveis.
Quadro 11. Valores de índice de Equivalência de Área (ou Uso Eficiente da Terra) associados aos
cultives de alface crespa cv. Verônica ou alface lisa cv. Regina 71, cenoura cv. Brasília e rabanete
Hfbrido nº 19
Paula et al. (2009) avaliaram a realização de consórcios entre alface (cv. Regina 2000)
e cebola (cv. Alfa Tropical), mantendo-se o espaçamento da cebola e transplantando-se a
alface em três épocas distintas: no mesmo dia, 15 e 30 d depois da cebola. Tais tratamentos
foram comparados aos monocultivos de alface e cebola. Com exceção do tratamento relativo
ao transplantio da alface aos 30 d após a cebola, os consórcios avaliados evidenciaram-se
vantajosos, uma vez que a introduç~o da alface não reduziu a prod_utividade da cebola,
enquanto O crescimento da folhosa fo1 comparável ao do seu monocultivo.
Quadro 12. Número total de indivíduos por espécie das espec1es de joaninhas (Coleoptera:
Coccinellidae) coletadas em couve consorciada com coentro e cou ve em monocultivo
Número de indjvíduos
Espécies de joaninha
Couve + coentro Couve em monocultivo Total
Cycloneda sa11guineae 40 o -!O
Eriops co11nexa 16 -1 20
Harmonia axyridis 1 1
Hippoda111in co11verge11s 4 2 6
Hyperaspis (H. ) festiva o 3
Hyperaspis nota/a o 1 1
Scym1111s (Prd/us) sp. 1 o 1 1
Sci;1111111s (Pull11s) sp. 2 o 1 1
Total 61 13 7-l
Fonte: Adaptado de Resende ct ai. (2011).
possibi lidades ele cenários de comercia lização, o lucro líquido proporcionad o pelo sistem<1
de prod ução orgânico, torna-se evidente.
Sistemas agroflorestais
Os sistemas agroflorestais consistem na associação de jrvo res com culti vas .:Jgrícolas
e, em algumas situações, também com animais, de forma imul Ui nea ou sequenciJI. Esc; <;
s istemas podem apresen tar diferentes níveis de complexidilde, desde arranjos sim pie<;, com
poucas espécies por unidade de área, até arranjos complexos, com grnnd e diver idade de
espécies. Alguns dos resultados desenvolvidos pela equipe da Fazendinha Agroecológica
envolvem cultivo de café Conüon (Coffen cmzeplrom) a rborizado e sis tema Jgroflore tal
regenera tivo e análogo (SAFRA).
No cu ltivo de café arborizado, são condu zidos talhões dessa cultura em con órcio com
eritrina e gliricídia. Na mesma área, também é conduzido um talhão d e café cultivado a pleno
sol. Avaliações desses sistemas agroflorestais indicaram que esses contribuíram para reduzi r
a amplitude térmica do ar e as temperaturas das fol hJs e do solo (Ricci et ai., 2013). i o talh,10
de café arborizado com gliricídia, foram determinados, após a poda des a espécie, a biomassa
e a taxa de decomposição de folhas e ramos e suas influências na nutrição nitrogenada do
cafeeiro. A biomassa da parte aérea obtida com a poda parcial das árvores de glíricídia fo i de
33,5 kg de matéria seca por árvore (Quadro 13), sendo a quantidade de ramos, cerca de tres
vezes maior do que a de folhas. Obteve-se com a poda cerca de 1 e 3 t ha·1 de folhas e ramos,
respectivamente. Esses valores, potencialmente, representam o aporte em solo de -13,3 e 1 ,6
kg ha·1 de N, respectivamente (Coelho et al., 2006). Dessa fo rma, a gliricidia se comportou
como importante fonte de material orgânico e N para o café.
Q uadro 13. Biomassa de matéria seca e teor de N da pa rte aérea de gliricídia consorciada com café
Conilon
nos municípios de Petrópolis e São José do V<1 le do Rio Preto. Os res ultad o rela tivo à
a ná lise emergética revelaram que os siste mas de prod ução ava liad os contribue m para o
d esenvolvimento econômico sem perturba r o equil íbrio ambiental. o entan to, o autor
des taca que as estratégias adotadas nesses sis temas devem res tringir à proporção dos
inves timentos em recursos não renováveis.
Guerra et ai. (2007) descreveram um conjunto de experiências conduzid as na
Comunidade dos Albertos, em Petrópolis, região Serrana flu mi nense, envolvendo a
introdução do uso de plantas de cobertura do solo para a semeadura direta de ho rtal iça
Por meio dessas experiências, agricultores e pesquisad ores pudera m cons ta ta r os diferentes
benefícios da semeadura direta no culti vo de hortaliças, como: redução da movimentação e
perda d e solo; diminuição da infestação de plantas espon tâneas; desem penho agronómico
s imilar ou superior; e manejo de determinadas doenças, como o mofo branco, causado
pelo fungo Sc/eroti11in sc/erotiorn111, na cultura de fe ijão-de-vagem . Tais benefícios fo ra m
debatidos com os agricultores, de forma a contribuir para s ua sen ibilização q ua nto à
relevâ ncia dessa prática agrícola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Práticas de manejo do solo adaptadas para sistemas de cultivo o rgânico o u em tran ição
agroecológica contribuem para o aumento da sustentabilidade d e agroecossis temas. esse
sentido, são exemplos: a fertilização orgânica, a adubação verde, o consórcio en tre culturas
de interesse econômico e os sistemas agroflorestais, que estimulam melhorias em atributos
do solo e diversificação dos ambientes cultivados. Parte desses benefícios se dá por meio
do estímulo aos processos biológicos, como a ciclagem de nutrientes e a fixação biológica
deNr
Embora os resultados de pesquisas obtidos pela equipe da Fazend inha Agroecológica
demonstrem exemplos desses benefícios, toma-se necessária a realização de estudos
adaptativos desse conjunto de práticas e insumos para diferentes condições edafoclimáticas,
preferencialmente por meio de processos participativos que envolvam agricultores e agentes
de assistência técnica e extensão rural. Isso des taca a importância da adoção d e estratégias
que estimulem a integração entre diferentes atores das áreas de ensino, pesquisa e extensão.
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Conteúdo
USO ATUAL DO SOLO PARA PRODUÇÃO AGRÍCOLA COM CULTURAS A VAIS I A REGIÃO
CENTRO-OESTE .................................................................................................................................................... ·--
CULTURAS DE PRIMAVERA-VERÃO .................................................................................. ·····························- ··· 847
SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO NA REGIÃO CE TRO-OESTE ········································- - ·······-···- ······ 8-t
O desenvolvimento e a adoção da semeadura dire ta no Centro-Oeste ...................... ·······- ········-·······- --·· 9
Outros sistemas de manejo utilizados na região Centro-Oeste........................................... ·-········-- ····--··· -
PLANTAS PARA COBERTURA DO SOLO ·················································································-························.... -2
CULTrvos EM CONSÓRCIO ·····································································•············································- ················ -7
O SISTEMA DE TNTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA E A PRODUÇÃO DE SOJA ............... - ··· ............... 61
CONSIDERAÇÕES FINAIS ······························································································································--········
LITERATURA CITADA ..................................................................................................... ·-·················- ······-·- ·- ····--· 6-
Be rto! I, De Maria IC, S0U2a LS, editores. Man jo <' conservação do solo t! da água. iço-a, MC : ocicdadc
Brasileira de Ciência do Solo; 2018.
844
Júuo CESAR SALTON ET AL.
Pastagens
plantadas
46.006.200 ha
29%
Pastagens
naturais
3.807.323 ha
Lavouras 8%
17.196.800 ha
11%
propiciou o culti vo de mi lho no período de outono/inverno, deno m inado " mill'.~ safrinh.i"
ou milho de segunda sa fra . Por causa dos bons res ultados ve rificados, a R~gtao C,:ntro-
Oeste passou a adota r esse cultivo, com ve rtiginosa ex pansão, ocupa ndo mais de 3,.J N!ha
em MT, ma is de 1,5 Mha em MS e quase J Mha em GO. Na medida em que O cultivo
do " milho safrinha" aumentou, houve decréscimo do culti vo do milho em sua é poca
norm al (verão), passando de mais de 1,5 Mha de hectares em 1980 para cerca de OA M~a
na safra 2012/2013. A grande expansão, na verdade, fo i observada com a cultura da ºlª·
que ocupava apenas 378 000 ha na safra 1976/77 e passou para 13,9 Mha de h_:ctares n.i
safra 2013/14. Essa expansão pode ser observada nos três Es tados dessa Reg1ao, ma é
destacada em MT.
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Figura 2. Evolução da área cultivada com culturas de grãos no Bra il e na Região Centrerüeste (CO)
e participação relativa dessa região durante o período de 1976/77 a 2013/ 1--1.
Fonte: Adaptado de Conab (201-1).
' 1()
700 lgodã 1&10
1(,00 ._
Arroz
1400 1
1200
l OCO
i'\
soo
600
400
200 J
300
[;J 250 j
Feijão outono/inverno
□
200 1
1
IS '
'
150 GO ' ..,''
.'
,' '"
I 'I
140
4.50
120 -
Girassol , Trigo
400 1
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1
'
1
350
300
1 ' ...
1
1 250
ê 40 ''
-<
1-IOO • - -, 4CXXJ - . - -
Milho 1•
□ 3500- □
Milho 2•
IS 3000 COIS
GO 2500
2íXXJ
HXXXl
9(XX)
Soja Sorgo
F 3 Evolução da área cultivada com as principais culturas nos Estados de Mato Grosso do Sul,
igur~a;o Grosso e Goiás entre os anos agrícolas de 1976/77 e 2012/13.
Fonte: Adaptado de Conab (2014).
Milho
68,0
1%
Soja
8.615,70
90
Sorgo
144,90
2%
Algodã
37,5 MS
2%
Feijão
Milho 17,40
27,0 1%
1%
Soja; trigo
2.120JJ 11,6
~s 1%
0%
GO
Girassol
3,6
0%
Milho
288,2
8%
Sorgo
276,.3
8%
Trigo
7,9
0%
Figura 4. Área cultivada (kha) e distribuição relativa ('X,) das culturas de grão , no período de
primavera/verão e outono/inverno, durante a saira 2013/ 1-l nos Estado de Mato Gros o do
Sul, Mato Grosso e Goiás.
fonte: /\Japtado de Conab (201-l).
MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SO LO E DA Á G UA
848
Júuo CESAR SALTON ET AL.
corre a u ão oja/ m.ilho afrinha, 0 i tema de cultivo se cons titui de soja semeada
obre
_ _biama a r 'd I ual de milho em o revolvimento pr via do solo. Nessas condições,
nao ao at ndido o fundamento da emeadura direta (SD), no contexto do manejo
on en acioni ta do solo como um todo, de modo especial o que precon.iza a cobertura
P rn~anente do olo e a rotação de cultw-as; neste capítulo, a menção à SD será sempre
con idei:ada neste contexto. Nessa situação, a biomassa residual da cultura de milho é
predonunantemente constituída por colmos, que não cobrem completamente a superfície
do : 010 - Es a cobertura é variável em razão da qualidade da lavoura de mill10, dependente
da epoc': de semeadura, do clima e da tecnologia envolvida no cultivo (hfbrido, adubação,
populaçao de plantas etc.). Ceccon et ai. (2013) relataram que a quantidade média
de fitomassa residual de m.ilho, na entressafra, em MS, é de 4 t ha-1 de matéria seca no
momento de semeadura da soja, promovendo uma cobertura da superfície do solo de 38,7
% em média .
FMAMJ JASOND 1
1Situação tradicional MILHO 1
1 Situação atual
1
o sistema de cultivo soja/ milho não gera suficiente aporte de carbono (C) ao solo,
ois conforme Zanatta et ai. (2014), para a condição climática do Mato Grosso do Sul é
~ece'ssário O aporte de 6,3 t ha·1 ano·1 de C para manter o equilibrio no estoque de C em
Latossolo Vermell10 Distrófico de textura argilosa, por exemplo. O aporte de fitomassa
um_d ai proporcionado pela sucessão soja/milho é insuficiente, já que geralmente oscila
res1 u . A • , •
Para o Estado de MT, além ela cultura da soja, clestaca-s o algodo iro herbá eo
(Gossypi111111Iirs11 /11111 L. r. lntifo/i 11111 Hutch .), q ue ocupa cons ide rável á rea, e sua produção
e beneficiamento resultam em elevado valo r económico. Essa cultura 'exigente quanto
à qualidade do solo, desenvolvend o seu máx imo potencial produtivo em olo<; fértei ,
profundos e bem estruturados.
Nos ú ltimos 15 anos, a produção brasile ira d e algod5o passo u por profundas c1lteraçõe.;
tecnológicas, qu e resultaram em ex pressivos aumen tos de produt ivid.Jde. Esses clVc1nço.;
fora m possíveis graças a uma série de fatores, como o a ume nto do uso de insumos, o
melhoramento genético e a intensificação da meca ni zação da lavoura. Apesa r dos elevados
re ndimentos, o aumento gradativo do custo de produção é um fa to p reocu pan te, poi o
processo produ ti vo do algodoeiro pode tornõu-se ins us tentável. Para isso, é imprescindível
a o timização dos recursos naturais, de modo a evita r a degradação do solo e a rcd uçc10 da
produção, do emprego e da renda. Atrndmente, 94 % das áreas d e produção nacional de
algodão concentram-se no biorna Cerrado, e o Estado do MT é o maio r produtor (Conab,
2014). O algodão semeado em segunda safra, nos mese de janeiro e feve reiro, representa
65 % da á rea, cultivado após a soja superprecoce (Galbieri et a i., 2014). Ainda nesse biorna,
o Estado da Bahia é o segundo maior produtor, onde predomina o a lgodão emeado em
primeira safra, nos meses de novembro e dezem bro, com exceção para o cultivo irrigado,
em que a semeadura ocorre em janeiro e fevereiro (Conab, 2014).
Inde pendentemente da cultura, para a man utenção da s ustentabilidade produtivJ
do solo, é fundamental o uso de sistemas conservacionistas de manejo do solo, que
contribuam para a melhoria dos atributos físicos, q u ímicos e biológico para o adequado
funcionamento das funções do solo.
era . único cultivo. Durante o período de entressafra, como não havia opções viáveis de
culti 0 , 0 lo fica a em pousio ou era ubmetido a periódicas gradagens. Essas operações
acelt:_ra run o proce so de degradação desse, com a perda de matéria orgânica e acentuada
erosao. ~omo exceção, em prute do MS, como havia a necessidade de semear o trigo, na
sequencia da soja, a tempo de que a cultura pudesse aproveitar as últimas chuvas do período
das "~guas", desenvolveu-se a semeadura do trigo sobre a resteva da soja, permitindo a
antecip~çà~ da semeadura. Essa prática chegou a ser empregada em área superior a 0,4 Mha
em 198; (Figura 3). O sucesso alcançado com a semeadura do trigo, sem o preparo prévio
do ~olo, levou os agricultores a expandir o manejo para oub:as culturas, destacando-se a
ª'.eia nas_ regiões menos quentes e posterionnente o milheto, ocupando então as áreas de
chma mrus quente, incluindo MS, sul de MT e sudeste goiano. Estima-se que nos anos de
1990, mais de 1 Mha eram semeados com milheto. A partir de 1993, o trigo deixou de ser a
cultura comercial de entressafra, sendo substituído gradativamente pelo mifüo, pois, com a
semeadura sem o preparo prévio do solo, ganhava-se tempo e reduziam-se os riscos de perdas
pela estiagem ou geadas. Posteriormente, no final da década de 1990 e inicio dos anos 2000, a
oferta de melhores equipamentos e novos conhecimentos pemutiram aplicações de insumos
com mais qualidade e maior eficiência. Um importante fator para a viabilização da SD foi a
semeadura da soja sobre áreas de pastagens, que resultou no desenvolvimento da Integração
Lavoura-Pecuária (ILP), compondo, em sua totalidade, a SD, pois atende plenamente a seus
fundamentos. A utilização dos conceitos e equipamentos da agricultura de precisão passou
a ser importante ferramenta de auxílio nas operações agropecuárias. Muito relevante para o
aperfeiçoamento da SD e da ILP foi a possibilidade de uso de cultivares transgênicos de soja,
facilitando e viabilizartdo a semeadura em áreas de pastagens e com problemas de infestação
por plantas daninhas.
A partir da viabilidade da semeadura de soja sobre pastagens, aumentou-se a
diversificação de sistemas de produção, em que a criatividade e as particularidades
regionais puderam ser exploradas e novas opções e modalidades de cultivo estão sendo
praticadas. Destaca-se a expansão dos cultives consorciados, como milho e forrageiras,
durante a entressafra, que garante a viabilidade dos sistemas produtivos, com cobertura
da superfície do solo por palha, diversificação e rotação de culturas.
corre tivos e fertili zantes no solo, contro la r pla nta clJ n inha , incorpo rar ,10 c;?I~ bio~assa
cu ltura l res idual, faci litar a semeadura e " fo vo recer o a reja m ' n to" do solo, a infdtraçc10 d e>
água e o desenvolvimento elas raízes. No e ntJ nto, exceto a necessidade de eli minação da
biomassa cultural resid ual, os demais moti vos a legad os pa ra uso do p re pa ro con vencional,
e m gera l, resulta m numa solução efêmera, preci ando rea liza r novamente o revolvi me nto
do solo na safra seguinte. O fa to relevante é que, como as raízes do J lgodoeiro no rmalmente
crescem a té profundidades maiores qu e 30 cm e são se ns íveis il com pact<1ção do _alo, o uso
de subsoladores na cotonicultura também é comum. Após a s ua uti liz,1ção, es pecialmente
em condições de so lo com pouca umidade, normalmente são neces á ri a g radagen P ra
desfazer torrões e propiciar adequada semeadura do algodão, nd o q ue tais op raçõ s
atuam para reduzir ou mesmo desfazer os efeitos almeja d os com o uso do subsolador.
Portanto, por mais que o revolvimento do so lo contribua mo me nta neame n te para solução
dos problemas, com o passar do tempo a degradação do solo é inevi táve l. 1 so, no conjunto,
caracteriza um man ejo do solo comumente utilizado na cultura do a lgodão.
No preparo convencional, o solo fica mais s uscetível à compactação, à ero5ão
(Nyakatawa et ai., 2001), à redução dos teores de matéria o rgânica e a outros efeito
negativos sobre o ambiente produtivo, independentemente d a ad oção da rotação d
culturas como estratégia de aumento de biomassa residual no solo (Silvc1 et ai., 1994;
He mani e Fabrício, 1999; Hernani et al ., 2002). Silva et ai. (1994) observaram, apó_ cinco
anos de cultivo em preparo convencional no Oeste da Bahia, q ue os teore de materia
orgànica do solo reduziram em 45, 68 e 73 % para os so los de tex tura argilosa, média e
arenosa, respectivamente. Atualmente, essa região é respon áve l por cerca d e 30 ~~ da área
e da produção brasileira de algodão, e dada a impo rtà ncia da maté ria orgânica pa ra o_
atributos físicos (Silva e Mendonça, 2007; Braida et ai., 2011), qu ímicos (Silva e Mendonça,
2007) e biológicos (Moreira e Siqueira, 2006; Silva e Mendonça, 2007) do solo, há qu e e
preocupar com a sustentabilidade do sistema produtivo, quando se pratica es a fo rma de
manejo ao longo de vários anos.
A destruição da biomassa cultural residual do algodoeiro, no PC é trad iciona lmente
realizada por meio de aração e gradagem. Na SD, essa operação é realizada por método
químicos (herbicidas), mecânicos (roçadeiras ou outros implemento que não revolva m o
solo) e culturais (rotação de cultura).
Alguns avanços tê m ocorrido em relação à formação de palha.da para cu ltura. do
algodoeiro. Um sistema de produção denominado de " semidireto" e m sendo u ado, e m
que o solo é revolvido após a colheita da cultura de safra ou de segunda safra, também
conhecida como safrinha, com os mesmos equipamentos utilizados no PC. Poré m, no
início do período chuvoso, entre setembro e meados de outubro, normalmente é sem eado 0
milheto (Perrniset11m glaucu111), substituído às vezes por crotalária nas áreas com hist ' ric de
fitonematoides. Essas espécies de cobertura posteriormente são de ecadas com herbicid ,
objetivando a semeadura do algodoeiro. Comparado ao PC, o s i tema "semidireto" p ro tege
melhor o solo, por meio da cobertura, espec ialmente no e tádio in icial de desem ol ime n to
da cultura (Ferreira e Carvalho, 2011).
Apesar da melhoria. na cobertura do o la, quando realizada a des truição da biom assa
c ultura l residual do algodoeiro no sistema " emiclireto", ão empregado irnplernent · d e
preparo do solo, como as grades aradoras e grades niveladoras. Co rno a.ltemativ::i. .:1 es. e
método mecânico de destruição, têm-se a roçagem ou trituração d a pla ntas e a utiliza ão
de herbicidas, principalmente para o controle da rebrota de algod eiras, que iabiliza
deco mposição dél biomc1 sa. A coberlurél morta, r c; ulta nte apenas dac; bíomJ<: ·a residuais
de lavo uras anteriores e de plantas daninha , ge ralmen t é insufici nt pariJ c1 plena
co berturn do solo, além de não proporcionar o efei tos ben ' fico dn rotc1çJo c;obre O so lo e
a c ultura subsequente.
A introdução de forrageíras perenes com objetivo d e fo rmação de pJlhc1da é uma
estratégia adequada para todas as regiões, es pec ialmente pa ra JS á reas onde a s~meadu ríl
do milho se torna muito arriscada pelJ fa lta de chuvas. Em experimento r ~lizado : m
Dourados (Figura 6), com diferentes espécies d e g ramíncJs fo rragei ra<; m c ult~vo soltem)
na entressafra para formação de palhada, res ultou em aumento da produçao de º1•1 •
p rincipalmente para as braquiárías Ru ziziensi , Dec umben e Xaraés.
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Figura 6. Produtividade da soja na safra 2010/11 , em se mead ura dire ta, apó diier nte culti o. de
forrageiras durante a entressafra em um LVd argiloso de Dourado , :--.t
Fonte: Brevileri e t ai. (2010).
Figura 7. Raízes de Brndliaria ruziziensis e Cajanus cajan até 2 m de profundidade, 120 d após
semeadura consorciada, em fileiras alternadas. Santa Helena de Goiás, GO.
Foto: Ana Luiza Dias Coelho Borin.
Figura 8. Cultivo do algodoeiro em semeadura direta sobre palhada de Brachiaria nizizic.7. 1Sis.
Fotos: Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira.
Quadro 1. Espécies de cobertura como estratégia para amenizar problemas do sistema de produção
do algodoeiro no Cerrado
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Crotalaria spectabilis
Crotalaria j uncl!i1
Crotalaria odiroleuca
Oljanus cajan (Guandu)
Sorglium bícolor (Sorgo)
Pennisetum glaucum (Milheto)
Bradiíaria ruzizitnsís
Brachíaria brizant/ia cv Piatã
Panicum mazimum (Aruana,
Mombaça e Tanzânia)
Raphanus sativus (Nabo)
ar NR - Não recomendável, SI - Sem informação.
I - Ideal, R - Regul '
Fonte: ferreira et al. (2012).
Produção
de grãos
ssss
Cultivo
consorciado
(milho + forrageira) li Produção
de palha e
raízes Reciclagem
liberaçã d
nutrientes
biológica Estrutura
do solo do solo Melhoria da qualidade
do solo
Figura 9. Modelo teórico que demonstra o cultivo do milho safrinha consorciad com plant
forrageiras e a melhoria da qualidade do solo.
milho é iável, a utilização do consórcio com braquiária é uma ótima alternativa, podendo
re ultar na produção de grãos e no aporte de matéria vegetal ao solo. Esse tipo de cultivo
tem se e 'pandido em razão dos ótimos resultados verificados, como pode ser observado
na produtividade da soja na safra 2009/10, em Campo Grande, com a paJhada proveniente
do consórcio do mill1o safrinha com braquiárias (Figw-a 10).
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4.000
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e
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11.soo
1.000
500
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Figura 10. Produtividade de soja (cv. BRS 246 RR) obtida em semeadura sobre palhada de forrageiras
tropicais consorciadas com milho. Campo Grande, MS, safra 2009/10. Médias seguidas pela
mesma letra pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knott (p<0,05).
Fonte: Adaptado de Kichel et al (2012).
MOS (g kg·1)
o 10 20 30 40 50
0aS
5 a 10
-§ 10a20
J 20a30
30a40
40a60
60a80
E2ZZl Mi lho+braquiá ria /soja
80 a 100 - Milho sol te iro/ soja
Figura 11. Teor de matéria orgânica do solo (MOS) de um LVdi cultivado durante três safras com
milho solteiro e milho consorciado com braquiária na entressafra da soja.
Fonte: Fazenda Boa Vista, Douradina, MS. 2012.
0a5
Sa 10
- 10a 20
_§_2o a30
j 30a40
40a50
50a60
60a 70
- 1' lilho+br.iqui:\ria/ ja
70a80
- Milho lteito/ oja
80 a 90
Figura 12. Comprimento de raízes de soja num l Vdf cultivada durante três safras com milho solteiro
e milho consorciado com braquiária na entre safra da soja.
Fonte: Fnenda Boa Vis ta, Douradina, 1\-15. 201'.!.
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Dourados Naviraí Floresta
Fgura
1
13. Produtividade de grãos de milho em espaçamentos de 45 e 90 cm entrelinhas cultivados
solteiro (M solt) e em consórcio com B. ruziziensis (M+Ruz) e Marandu (M+Mar) em Dourados,
MS, aviraí, MS, e Floresta, PR, na safra 2012. Médias seguidas pela mesma letra, em cada local,
não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).
Fonte: Silva et ai. (2013b).
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1000
2006/07 2010/11
Figura 14. Produtividade de soja em sistemas de manejo, por ocasião de safra com regular distribuição
de chuvas (2006/07) e com ocorrência de veranicos (2010/11), em Dourados, MS. PC: preparo
convencional, SD: semeadura direta e ILP: integração lavoura-pecuária. As barras indicam o
valor do desvio-padrão.
Fonte: Adaptado de Salton et al. (2014).
Vários efeitos sinérgicos podem ser apontados com relação aos aspectos biológicos
do solo. Salton et ai. (2013) verificaram, após 12 anos de avaliação de um experimento
em Dourados, MS, que a SD e o ILP apresentaram os mefüores resultados para variáveis
microbiológicas (C da biomassa microbiana, quociente metabólico), densidade e
diversidade da macrofauna e controle de fitonematoides, em comparação ao PC.
Com relação à ocorrência de plantas daninhas, o cultivo da soja em SD ou no sistema
ILP apresenta vantagens em compara~ão ao monocu.ltivo da soja em SPC, conforme
apresentado por Co~cen ço et al. ~2011) (Figura 16). S:gundo esse~ autores, a área coberta por
Jantas daninhas foi 87 0%superior no PC, em relaçao aos demais. Destaca-se O importante
~feito da braquiária, por ser eficien_te e rápida em cobrir a superfície, acumulando matéria
seca e impedindo que outras espécies recebam luz solar para o seu desenvolvimento.
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4 000 -
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2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14
Safras
Figura 15. Produtividade da soja em sistemas de manejo implantados em um l eossolo qua rtzar~nico
de Selvíria, MS, nas safras 2008/09 a 2013/14. ILP: Sistema de integração lavoura-pecuá ria,
rotação pastagem/soja, PC: monocultivo da soja em preparo convencional e SD: monocu lbvo
da soja em semeadura direta.
Fonte: Adaptado de Salton et ai. (2013).
200
150
100
40
30
20
10
o
PC SD TLP
Figura 16. Área coberta, número de plantas e matéria seca de plantas daninhas ob rvad.-is em tr
manejas conduzidos por 16 anos, em Dourados, IS. PC: monocultura de aja em prcpar
convencional, SD: semeadura direta e ILP: rotação soja/ pastagem em semeadura direta.
Fonte: Adaptado de Concenço et ai.(2011).
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- "jl
870
lAÉRCIO DUARTE SOUZA ET AL.
Manejo do olo
··························································.. ·············· ......................................................................... . 891
Cobertura do olo 893
CO i IDERAÇÕES Fl ; ;··.. ········..................................................................................,............................................ .
···············································................................. ....................................................... . 895
,
INTRODUÇÃO
Clima
A zona tropical está localizada entre as latitudes 23 º 27' N (Trópico de Câncer) e
23 º 27' S (Trópico de Capricórnio) do Equador. Nessa zona, ocorre a maior incidência de
radiação solar, e os raios incidem de forma perpendicular em relação à superfície terrestre
em algum período do ano. As temperaturas são elevadas durante a maior parte do ano, e
as estações são definidas com base na ocorrência da pluviosidade e na umidade relativa do
ar (Ayoade, 2004) . No Brasil, a zona tropical situada ao norte da linha do Equador engloba
parte dos Estados do Pará, Macapá, Amazonas e Roraima; ao sul dessa linha, abrange a
maior parte dos estados brasileiros, exceto o Rio Grande do Sul, Santa Catariana e parte do
Paraná, pois o Trópico de Capricórnio está próximo de Maringá, PR, o que situa na zona
tropical cerca de 90 % do território nacional.
As correntes de convergência de massas de ar que ocorrem próximas ao Equador
tomam as chuvas intensas nessa zona, onde a pluviosidade anual varia de 1800 a 5 000
mm, a maior do planeta, sendo denominada Trópico Úmido. O regime de chuvas e a
temperatura tendem a diminuir com o aumento da latitude, afastando-se da linha do
Equador. A zona denominada subúmida, que predomina no Brasil, tem diversos tipos
de climas, e a pluviosidade varia entre 800 e 1 800 mm ano-1, com grande diversidade na
forma de distribuição anual. O semiárido tem pluviosidade entre 250 e 800 mm, e a zona
árida apresenta menos de 250 mm anuais de chuva (Webster et ai., 1998).
Solos
Na zona equatorial, o clima submete os solos a intenso processo de infiltração e
drenagem com água de alta solubilidade, fenômeno que catalisa a velocidade das reações
no solo e acelera o processo de perda da sílica, resultando na predominância de argilas
dos tipos 1:1 (caulirúta) e óxidos ~ol~veis de Fe (goe~hi~a e hematita) e ~e Al (gibbsita)
(Alleoni et al., 2009). Nas zonas.tro~1crus de ~enor ~luv1os1dade, h~ menor ~te~perização
nos solos, ocorrendo teores vanáve1s de argilas do tipo 2:1 (esmectita e vernucuhta com ou
sem hidróxido d e AI entre camadas) (Kampf et al., 2009).
No Bras il, os solos classificados como Argissolos e Latossolos ocupam respectivamente
24 e 39 % da sua superfície, o que soma 63 % dos solos agrícolas brasileiros. Os atributos
que predominam nesses solos são: baixo pH; baixa capacidade de troca canônica (CTC);
· •ias com parte de seu potencial de carga que depende do pH, podendo gerar cargas
e argi fí · d I ·d
positivas em alguns ~ontos d~ super c1e oco 01 e e uma vari_á vel capacidade de troca
aniõrúca (CTA), em s1multane1dade com a CTC. O pH e a capacidade de troca diminuem
mais
. elevado d 0 que o PCZ , p01s· há predomínio de cargas negativas
· nos co Ió'I d es, a d vm
· d· o
n,a1or exnai - :l D CD e menor estabilidade das ligações químicas
' r- :1 5 ªº 1.. a
· entre a s argt·1 as, sen d o
0
grau de dispersão função da m.ineralogia do solo (Uehara e Gillman, 1980; Albuquerque
et a1., 2000; V, eber et ai., 2005). Esses problemas geralmente são registrados em aplicações
de dose elev~das de calcário - acima de 4,0 t ha•l por ano - em solos muito intemperizados,
ou quando a incorporação foi realizada de forma inadequada e concentrou o calcário em
determinado volume de solo.
Quadro 1. Valor da produção por área de algumas fruteiras em relação à ja e caru-de açúcar, no
período de 2008-2013, média brasileira versus média estadua l
O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, com -12,6 ~lt produzidas
em 2,2 Mha. A fruticultura emprega 5,6 milhões de pessoas, o que corresponde a 3-l- <~
da mão de obra agrícola, pois para cada cem mil dólares im e tido são gerado tres
empregos diretos e permanentes e dois indiretos, fixando no campo milhare~ de familias
como pequenos ou médios proprietários, ou arrendatários, produzindo alimento de
alta qualidade nutricional e alta qualidade nutricional e consumo em ascensão (Brilzilian
Fruit, 2012; Hortifruti Brasil, 2014) . Entre os 20 produtos agrícolas com o maiore alore
de produção no Brasil, estão incluídas cinco frutas no ano de 201_, que ão em ordem
decrescente: laranja, banana, uva, abacaxi e mamão (PA l, 2012).
As fruteiras tropicais consideradas globais - encontradas nas feiras e no mercad s de
grande parte do planeta - são abacaxi, banana, mamão e manga (Mugnozz~, 19 o). Es a
revisão aborda os cultivas do abacaxi, da banana e do mamão, nde o Bra il O primeir ,
o quinto e o segundo produtor mundial, respectivamente. A produtividade média d - 1l)
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Abacaxi Banana Mamão
□ Brasil □ Mundo
Figura 1. Produtividade média dos maiores produtores do mundo nas culturas de abacaxi, banana
e mamão em relação ao Brasil, período de 2007 a 2012, com volume de 75,78, 76,6 e 74,55 % da
produção mundial, respectivamente.
Fonte: IBGE (2015).
FRUTEIRAS TROPICAIS
Abacaxi
Origem
O abacaxi pertenceàfamiliaBromeliaceae,queconsistede56gêneroseaproximadamente
2 794 espécies. As bromeliáceas estão adaptadas nas formas terrestres e epífitas, ocupando
desde O trópico úmido ao subtrópico frio e seco. O gênero Ananas tem como provável
centro de origem a região da Amazônia, compreendida entre 10 ° N e 10 ° S de latitude e
entre 55 ° o e 75 º O de longitude. O abacaxizeiro, espécie A nanas comosus, é originário das
zonas central e sul do Brasil e parte do nordeste da Argentina e do Paraguai. São cultivadas
mais de 30 variedades de Ananas comosus nos diversos países tropicais (Eeckenbrugge et
al., 2003).
Economia
A produção mundial de abacaxi, considerando a média entre os anos de 2007 a
2012, apresenta o Brasil co~o o ~aior pro~uAtor _com 11,~ % ~~ t?tal em peso de frutos e
produtividade de 37,9 t ha·, segmdo da Ta1Iand1a (11,4 Yo ), F1hpmas (10,9 %), Costa Rica
(9,3 %) e Indonésia (7,6 %) (FAO, 2015). No Brns il, os Es tados co m maio r prod uçã no
pe ríod o de 2008 a 2013 fo ram Paraíba CJ8,4 %), Pará (17,4 %), Minas Gerai (15,3 %), Bahia
(8,3 %), Rio G rande do Norte (6,7 %) e Ri o de Janeiro (5,9 %), o que so ma 72 % da produção
nacional. A distribuição territorial da fruteira é am pla (Norte, No rdeste e Sudes te) e
produção é destinada ao mercado interno de fr utas frescas, pois menos de 1 % do total da
produção é exportad o (IBGE, 2015).
Instalação do pomar
O abacaxi prefere climas onde a tempera tura oscila entre 22 ºC e 32 ºC, com uma
amplitude térmica de 8 a 14 ºC. Temperaturas maiores do q ue 40 ºC o u m enores do q ue
20 ºC reduzem o crescimento da planta, o que limita a alti tude para a instaJação de pomares
entre 800 e 900 m. A distribuição de chuvas deve ser regular, e o vol ume ideal está entre
1 000 e 1500 mm anuais, embora o abacaxizeiro, que é uma bromeliácea, não necessite d
grande volume de água. A umidade relativa do ar d eve ter média anuaJ igual o u maior que
70 %, pois se menor do que 50 % ocorrem rachaduras nos fru tos. Deve haver de 6, a ,2 h
de brilho solar por dia, pois dias mais curtos provocam a floração p recoce, e alta insolação
causa a queima dos frutos (Reinhardt et al., 2000; Malézieux e Bartholomew, 2003).
O pomar de abacaxi exige solos com boa drenagem e p rofund idade efe tiva de no
mínimo 1,0 rn, pois não tolera encharcarnento, e o excesso de água favorece a propagação de
patógenos. O declive da área não pode ser maior do que 5 cm m-1, em razão do crescimento
lento da planta e da demora em cobrir o solo, o que facilita a erosão. As mudas para plantio
podem ser do tipo: 'coroa', 'filhote', ' filhote-rebentão' e ' rebentão', sendo esta última a
mais utilizada devido ao vigor e ciclo mais curto. A dis ponibilidade de cad a tipo d e m uda
é função da variedade. As variedades mais plantadas são: 'Sm ooth Cayenne', 'Pér ola',
'Queen', 'Singapore Spanish', ' Espanola Roja' e ' Perolera'; no en tanto, 70 % da produção
mundial de abacaxi provêm de 'Smooth Cayenne' (Reinhard t e t al., 2000).
Os espaçamentos na cultura do abacaxi são adotados em razão do porte do culti ar,
da mecanização disponível e do destino da produção, entre outros fatores. As maiores
densidades de plantio, dentro dos limites recomendados, aumentam a produtiv idade, mas
diminuem o tamanho do fruto. A população mínima deve ser de 37 000 plantas ha-1• A
distribuição pode ser em filas simples: 0,90 x 0,30 m (37 030 plantas ha-1) e 0,80 m x 0,30
m (41 660 plantas ha-1), ou em fil as duplas: 0,90 m x 0,40 m x 0,40 m (38 460 plantas ha·1),
0,90 m x 0,40 m x 0,35 m (43 950 pla ntas ha -1) ou 0,90 x 0,40 m x 0,30 m (51 280 plantas ha-1) .
No plantio em filas duplas, as plantas dev em ser alternadas. Esse sis tem a facilita a limpa
no es paçamento maior e dificulta no espaçamento menor. o caso de p lantio irrigado , a
d ens idade de plantio pode ser maior em relação à mesma s ituação em sequeiro (Reinhard t
e Cunha, 2000) . Apesar de tropical, o abacaxi sofre com o e. cesso de insolação, pois O sol
poente em frutos provoca a ' queima-solar' . Para evitar esse problema, o plan tio deve er
no sentido leste-oeste.
Morfologia e fisiologia
Uma planta de abacaxi fisiologicame nte madura pesa aproxim a d amen te 3,5 kg, tem
u m a área foliar de 2,2 m2 e um sistema radicular com po uca gramas. Observa-se, na figura
2, que, aos oito meses, o peso do s istem a de ra.izes é de cerca de 90 g e, aos 1_ m es,
alcança 190 g; além de poucas, 95 % das raízes estão localizados nos primeiros 20 cm do
solo ~ nforza to et al., 1968). O abacaxizeiro explora pouco volume de solo, mas tem a ajuda
de raizes axilares localizadas na base das folhas, e também da superfície das folhas, nas
nartes
r-
ma·is b rancas, que absorvem nuh·ientes.
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6
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0-10
10-20
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'"'O 20-30 ~
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~ 50-70 l
70-100
100-130
□8 meses □ 12meses
Figura 2. Sistema radicular do abacaxizeiro " Branco de Pernambuco", aos 8 e 12 meses após plantio
em Latossolo \ ermelho do Estado de São Paulo.
Fonte: lrúorzato et al . (1968).
Manejo do solo
0 abacaxi é considerado uma planta acidófila, e o pH do solo d eve estar próximo ou
abaixo de 5,5. Se houver a necessidade de calagem, aplicar com 30 a 90 d antes do plantio,
corrigindo a acidez pelo método da saturação por bases que, para O abacaxi, é de 50 %
(Souza, 2009). A planta necessitt1 de 0,123 cmol kg- 1 de Ca e 0,104 cmolc kg·' de 1g no solo
para produzir de forma satisfatória - um déci~o do qu necess ita a maioria da culturas.
Para atingir esse teor de Ca e Mg no solo, a ca lagem deve se r utilizada, ma s a aplicação
for de grande quantidade, podendo ultrapassar o pH 5,5, completar a aplicação com ge so,
que não provoca alterações no pH (Malézieux e Bt1rtho lomew, 200 ). Manter o pH d o
solo entre 5,0 e 5,5 também é um meio para controlar a ocorrência de fungos do gênero
Phytophthorn spp., que danificam as raízes do abacaxi (Souza e Cunha, 2000). o entanto,
segundo Sarah et ai. (1991), o solo mantido com pH abaixo de 6,0 favorece a propagação do
nematoide Prntylenc/111s brnc/1iurus, que também danifica as raízes da planta, o que, nesse
tipo de caso, deve ser resolvido com a adoção de variedades resistentes a esse hei minto.
Trabalhando com Smooth Cayenne (resistente a AI) e Tainung No.17 (susceptível a A I),
em soluções nutritivas com pH 4,5 e concentrações de AICl 3 de O, 100, 200 e 300 µmol L- 1,
Hong Lin (2010) observou que, na ausência de AI, as duas variedades diminuíram o volume
de raízes; na concentração de 100 µmol L-1de A1Cl,, ambas aumentaram o comprimento da
raízes; nas concentrações de 200 e 300 ~tmol L·1, à variedade Smooth Cayenne continuou
aumentando o comprimento e diâmetro das raízes e o teor de Ca, Mg e K nos tecidos da
planta, sem alterar a absorção de micronutrientes. A variedade Tainung dimi nu iu o teor de
cátions nos tecidos, o peso e o volume das raízes a partir de 200 µmol L·1 e, ainda, a absorção
de Fe, Mn e Cu na concentração de 300 µmol L·1, e o AI adsorvido as raízes foi maior em
todas as concentrações. A tolerância ao estresse do A1 é atribuída à capacidade de manter
a absorção de Ca, Mg e K de forma seletiva, sem acumular A1 nas raízes, desenvolvida em
algumas variedades.
Os sintomas nutricionais do abarnxi são avaliados no solo e na denominada folha
'D'. A adoção dessa parte da planta para análise é por ser uma folha fácil de identificar
e de maturidade precoce. No Brasil, utiliza-se mais a análise de solo. As recomendações
de adubação são ajustes de atributos do solo, clima e sistema de produção, daí existir
praticamente um manual de adubação para cada estado. O cálculo baseia-se nos teores
de nutrientes existentes no solo, o que gera variação no volume de adubo aplicado. Para
estimar o consumo para um ciclo do abacaxi, considerou-se o teor ' intermediário' de 6 a
10 mg dm-3 para o P e 0,08 a 0,15 cmolc drn·3 para o K•, que são frequentes nos solos onde
se produz abacaxi no Brasil. Seguindo as recomendações de Souza (2009) e Sobral (2007),
chegou-se ao consumo total de 310 kg ha·1 de N, 70 kg ha-1 de P,O, e 310 kg ha-1 de K,O,
sendo o P aplicado no plantio e o N e K parcelados em cinco vezes. A ordem decrescente
da extração de macronutrientes é K, N, Ca, Mg, S, e P e dos micronutrientes é [n, Fe, Zn,
B, Cu. Mo (Malavolta et ai., 1999).
Cobertura do solo
Algumas práticas adotadas no cultivo do abacaxi, como manter o solo limpo no - meses
iniciais após o plantio, em alguns casos até a floração no oitavo ou nono mes, seguida da
remoção ou queima da biomassa cultural residual, tem provocado a degradação do olo e o
comprometido da produção após alguns ciclos de cultivo. O controle de plantas espontàneas
geralmente é realizado com quatro aplicações de herbicidas pré-emergentes (6 kg ha·1 a
10 kg ha-1, por ciclo) e seis capinas manuais, ou mais, em razão do solo e do clima. O solo
mantido por longo tempo descoberto e o lento crescimento do abacaxi provocam a erosão
e o arraste dos insumos, contaminando o solo e a água no seu entorno (Mato et ai., _006).
1400
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1200 ■ Exp. mfn.
e 1000
s
ã 800 □ Res. mfn.
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e: 600
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□ Res.máx.
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N K p Ca Mg
Figura 3. Nutrientes exportados ~frutos e pro~águJos) e bio~_ssa residu~I deixad a_no solo (hastes
e folhas) no ciclo de produçao do abacaxi para a produtividade máxima e mirnma d e diversas
regiões produtoras.
Fonte: M~ézieu.x e Bartholomew (2003).
- ...........
XXVII - MANEJO DO SOLO EM CULTIVO DE ABACAXI, BANANA E MAMÃO 879
O tratamento da indução floral (fIF) é uma necessid ade no pomar d e abacaxi, pois JS
florações ocorrem diversas vezes, amadurecendo uma peq uena porcentagem de frut os de
cada vez, o que obriga a realizar diversas colheitas, o qu e aumenta o tráfego na área e o
custo de produção, dificulta a exploração do segundo ciclo e dirrunui o tamanho méd io dos
frutos. A floração natural tem relação com a va riedade e o estado de desenvol vi mento da
planta. Fatores climáticos também induzem a floração e podem ocorrer no período seco ou
no de chuvas. Para evitar esses imprevistos, a floração é induzida aplicando fítorregulad ores
na roseta foliar ou pulverizando sobre a planta. O TTF melhora a quantidade e q ualidade
dos frutos colhidos e a época mais favorável à sua venda . A época de apl icação do TlF é
função da data de plantio, da variedade, do clima na região e do mercado da produção
(Reinhardt, 2001).
As pragas e doenças que atacam o pomar de abacaxi são diversas, ma deve ser
ressaltado que em nenhum tipo de ocorrência fitossani tária recomenda-se a q ueima da
biomassa residual do abacaxizeiro como forma de eliminar os patógenos. Informaçõe
sobre o manejo fitossanitário do abacaxi podem ser encontradas em Mato et ai. (2009).
Ao final do ciclo de produção, em pomares bem condu zidos e em bom estado de
fitossanidade, a exploração da soca - segundo ciclo de produção - deve ser avaliada.
Para isso, os 'rebentões' devem estar bem desenvolvidos, e o plantio não pode ter sido
influenciado pela fusariose ou infestado por cochonilhas e, ou, brocas. O manejo da soca é
similar ao do primeiro ciclo em relação à adubação, à irrigação e aos tratos fitossanitários,
mas com as vantagens de exigir menor número de capinas por causa da cobertura vegetal
já existente; reduzir a adubação para a metade das doses do primeiro ciclo; as plantas se
desenvolverem mais rápido e permitirem o TIF entre seis a oito meses após a colheita
da primeira produção, diminuindo o ciclo para 12 ou 14 meses. É um manejo mais
conservacionista, pois cobre o solo por mais tempo sem revolver a sua superfície e diminui
o volume de insumos aplicados. A produtividade é menor que à do primeiro ciclo, pois
reduz o peso médio e o número de frutos colhidos por área; entretanto, a rentabilidade é
semelhante em razão do seu menor custo de produção (Reinhardt, 2001).
Banana
Origem
A bananeira é uma planta da classe Monocotyledoneae, ordem Scitarninales, fa m.t1ia
Musaceae, subfamília Musoideae, gênero Musa, constituída por quatro séries ou seções,
onde a seção (Eu-) Musa é a mais importante, pois apresenta o maior número de espécies do
gênero Musa e a ampla distribuição geográfica e abrange as espécies comestíveis (Danta e
Soares Filho, 2000). A palavra 'banana' engloba grande número de espécies ou híbridos do
gênero Musa. A banana (Musa sp.) tem origem no sudeste Asiático, nas regiões da wlalásia
e Filipinas, onde muitas bananeiras selvagens ainda crescem. Foi levada para a lndia e
se expandiu até Madagascar. Navegadores a propagaram nas Ilhas Canárias e depois na
República Dominicana e no Haiti, de onde se espalhou pelos países tropicais da América
(Morton, 1987).
Economia
Instalação do pomar
A temperatura ideal para a bananeira está entre 15-35 ºC, não podendo ficar abaixo
de ~2 ºC, pois há distúrbios fisiológicos que prejudicam o fruto. A lunúnosidade não pode
ser mtensa, pois as melhores taxas de fotossíntese ocorrem entre 1 000 e 2 000 lux. Acima
desse intervalo, a taxa toma-se muito lenta; e abaixo de 1 000 lux, praticamente cessa.
A distribuição de chuvas deve estar entre 1 200 e 2 000 mm anuais; e a estação seca, se
houver, não pode durar mais do que três meses. Se há ocorrência de ventos com grande
velocidade em alguma época do ano, deve-se proteger o pomar com quebra-ventos de
plantas arbóreas (Turner et ai., 2007).
A bananeira não tolera áreas encharcadas e exige solos com boa drenagem,
profundidade efetiva com no mínimo de 1,0 m e o nível do lençol freático a 2,0 m da
superfície. A granulometria do solo recomendada deve ter argila entre 150 e 300 g kg-1
(Delvaux, 1995), embora no Brasil grande parte dos pomares esteja em solo com o teor de
argila acima de 300 g kg-1. Quanto ao declive, os locais com menos de 8 cm m -1 são os mais
recomendados, mas o plantio é viável nas áreas com inclinação de até 12 cm nr1, onde ainda
é possível realizar o preparo mecanizado do solo, trabalhando em nível. Nos declives entre
12 e 30 cm m -1, as práticas são realizadas por tração animal ou humana, e também são
maiores os riscos de erosão, o que aumenta a necessidade de práticas conservacionistas
além das usuais como o plantio em nível e a cobertura do solo, incluindo aí os cordões em
contorno, renques de vegetação e terraços para reduzir a velocidade da água e a erosão,
gerando considerável aumento no custo de produção. ·
A propagação comercial da bananeira é realizada por mudas. Cada bananeira produz
de nove a 10 mudas nos primeiros 12 meses, até a emissão do cacho. O material pode ser de
origem do próprio bananal ou adquirida em viveiros. O pomar escolhido para produção
de mudas deve estar isento de pragas e doenças, os rizomas devem ter menos de três anos
e não deve ser retirada mais de uma muda por louceira. A retirada da muda do solo deve
ocorrer após a colheita do cacho e o corte da planta-mãe. As mudas preferidas são dos tipos
'chifre', com altura de 0,3 a 0,6 m, peso de 2 a 4 kg e desenvolvimento urúforme; e 'chifrão',
com altura de 0,6 a 1,5 m, peso de 3 a 5 kg e desenvolvimento rápido e uniforme (Alves
et ai., 2004). O plantio pode ser em covas de 0,3 x 0,3 x 0,3 m ou de 0,4 x 0,4 x 0,4 m, ou
em sulcos com 0,3 m de profundidade, na direção leste-oeste. Recomenda-se a rotação de
culturas antes e depois da implantação do pomar, para evitar possíveis rebrotas do plantio
anterior (Lima e Alves, 2004).
Os espaçamentos para o plantio da bananeira variam de 4 a 12 m 2 por planta, em razão
d orte da planta, do destino da produção, da fitossanidade e do tipo de solo (textura,
~p teor de nutrientes e declive). O arranjo dessas variáveis pode gerar plantios em
~eiras simples com espaçamentos que variam de 2,0 x 2,0 m; 2,0 x 2,5 m; 3,0 x 2,0 m; e até
MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA
XXVII - MANEJO DO SOLO EM CULTIVO DE ABACA XI, BA NANA E MAMÃO 881
4,0 x 3,0 m, o que faz a população de plantas entre 2 500 e 833 plantas ha·'. ·os sistemas de
plantio em fileiras duplas, com uma fila mais larga e uma estreita (3,0 x 2,0 x 2,0 m até 4,0 x
2,0 x 3,0 m), a população varia de 2 000 a 1 429 plantas ha·1• É poss ível a inda, dentro de cada
espaçamento, aumentar o número de mudas por cova, o que dobra ou triplica a população
em cada espaçamento (Lima e Alves, 2004).
Morfologia e fisiologia
A morfologia da bananeira é muito peculiar, pois a planta mantém o caule abaixo do
solo - denominado de rizoma - de onde são emitidas as raízes e o pseud oca ule, sendo este
composto por 30 a 70 foU1as, compridas e largas, de onde saí a inflorescencía com as flore.
que formam as pencas. O número de frutos varia de 40 a 220 por cacho, de acordo com a
variedade (Borges e Souza, 2004).
A bananeira é uma planta sem tecidos lenhosos e aparentemente sem mecani ~mos
de controle para a perda de água, que armazena em grande vol ume nos seus tecidos. Um
pomar de bananas no estádio de antese contém em sua matéria vegetal água equ ivalente
a 30 L m·2, enquanto uma floresta contém 15 L m·2 ; e o trigo, cerca de 3,0 L m·~ (Turner et
ai., 2007). Segundo Robinson (1996), a bananeira necessita de grande vol ume de água para
produzir, pois tem grande potencial de transpiração por causa de suas fo lhas grandes e
do alto índice de área foliar (IAF); tem um sistema de ra ízes pouco profundo e com pouca
capacidade de remar água do solo próximo do estado seco; e, ainda, manifesta rápida
resposta fisiológica ao défice de água, principalmente nas folhas em formação e frutos
novos. Turner et ai. (2007) questionam as afirmações de Robinson (1996) sobre o consumo
de água pela bananeira; citam, entre outros, Turner e Thomas (1998), os quais relatam
que a secagem do solo, onde estava apenas metade do sistema de raízes da bananei ra,
provocou imediato fechamento dos estômatos, embora houvesse água disponível para
a outra metade das raízes e as folhas estivessem túrgidas, ou seja, os estômatos fecha m
ao sinal de défice hídrico em qualquer local do sistema de raízes, o que pode induzir ao
errôneo diagnóstico de estresse hídrico. Os mesmos autores sugerem uma reavaliação do
indicadores e da forma de medir as necessidades hídricas da bananeira. esse tema, Lu
et ai. (2002), medindo o fluxo de água das raízes para as folhas pelo rizoma da bananeira,
observaram que a máxima densidade de fluxo foi de 15 g cm2 h·1, enquanto para a manga
foi de 35 g cm2 h·1 e em espécies de florestas tropicais foi de 40 g cm~ h· 1, concluindo que o
menor valor de fluxo da banana, apesar da folha ser maior do que as de todas as demais
espécies, é função da taxa IAF - que na bananeira é alto - versus área de flu, o do xilema,
que na bananeira é muito baixo.
A grande quantidade de K absorvido pela bananeira é utilizada basicamente para
aumentar o potencial osmótico interno, o que lhe atribui maior capacidade de acúmulo
de água nos tecidos da planta (Delvaux et ai., 2005). O fato de o caule ser subterràneo
permite que armazene água sem entrar em equilíbrio com a atmosfera, onde a demanda
por água é maior do que no solo, pois, além da radiação solar e do vento, a temperaturas
são maiores e menos constantes; expostas à luz e à atmosfera estão apenas as folhas 0
frutos. Os frutos da bananeira ajustam a taxa de crescimento em razão da água disp nível
no solo e da maior concentração de K nos seus tecidos. Esse mecani mo permite que o
fruto mantenha alguma taxa de crescimento mesmo quando diminui a disponibilidade
d e água. A redução dessa taxa ocorre no início do seca.menta do solo, 0 que prejudica
o ta manho do fruto comercialmente, mas esse continua a crescer, m esmo em solo seco,
porque con egu e manter a água com o menor potencial · entre lod os os ó rgaos- d a PIan ta,
que passam a direcionar o fluxo de água nessa direção (Turner et ai., 2007) . Quando diminui
a _concentração de K no fruto, em razão de O solo estar muito seco, o potencial osmótico
nao decresce, o que é atribuído a outras fontes de potencial osmótico como os açúcares
(Mahouachi, 2008).
(0,50 m), ca upi e sorgo (0,48 m) e crota lári a es pectabilis (0,40 m) . A concentração d
raízes na profundidade de 0-0,20 m foi a lta para todas as espécies, mas todas s up rar a m
a profundidade efetiva média de 0,38 m (Belalcázar et ai., (2003) . A maio r concentração de
raizes próximo a superfície fez com que o s istema de raízes com maio r den idade fosse o
de menor profundidade efetiva (crotalária espectabi lis), enquanto o guandu, com a me nor
dens idade, foi o de maior profundidade (Figura 4).
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1 º FP • cu • CR • CA º se 1
Figura 4. Densidade de comprimento total de raízes da bananeira 'Terra' em cinco coberturas
vegetais (FP = feijão-de-porco; GU = guandu; CR = crotalária espectabilis; CA = caupi; 5G =
sorgo forrageiro) .
Fonte: Borges e Souza (2010).
Quadro 3 · Índices de qualidade para atributos físicos, químicos e morfológicos do solo, que
detenn inam a pr dução de banana
b . de atributos f'1s1cos,
Influência · · ·
qumucos ·
e morfológicos do solo para o d esenvoIv1men
· to d a
ananeua, em uma proporção de peso variando de Oa 1.
Profundidade efeti\ a 0,70 pH 0,25
Te ·tura 0,20
0,60 Saturação por bases
Estrutura 0,35 Matéria orgânica 0,40
Drenagem 0,35 Alumínio trocável 0,40
Resi tencia à penetração 0,35 Sais solúveis 0,60
Conduti\ idade hidráulica 0,35 Relação de adsorção do sódio (SAR) 0,60
Densidade do solo 0,35 Porcentagem de sódio trocável 0,60
Água disponível 0,50 Capacidade de troca catiônica 0,40
Fonte: Gauggel et al. (2003).
Manejo do solo
A quantidade de adubos aplicada em um pomar de banana durante 24 meses em
relação ao N varia de 375 a 495 kg ha-1 . Para o P20 5 varia de 140 a 200 kg ha-1; e para ~O,
de 750 a 1200 kg ha-1, sendo o N e o K parcelado em 14 vezes e o P em três vezes (Sobral,
2007; Borges e Souza, 2009). O total de nutrientes absorvido pela planta, proveniente dos
adubos e do solo, tem urna parte exportada da área com a remoção dos frutos (cachos),
enquanto outra é devolvida ao solo com as folhas, pseudocaules e rizomas. Hoffmann et
ai_ (2010) observam em seis variedades de banana que a devolução ao solo é maior do que a
exportação, em termos médios, para todos os elementos (Figura 5). No entanto, a importação
de N foi maior para uma; e a de P, para três variedades. Borges et al. (2002) observam que
0 maior coeficiente de variação foi para a devolução do P; e o menor, para a exportação de
K. Estima-se que no núnimo dois terços da parte vegetativa da bananeira são devolvidos
ao solo, nas desfolhas normais e pelos pseudocaules e folhas cortadas no momento da
colheita. A produção de matéria seca está entre 10 e 15 t ha-1 ano-1 (Souza e Borges, 2001).
Essa adição aumenta os teores de K (139 %), Ca (183 %), sorna de bases (140 %), CTC (21 %),
saturação por bases (100 %) e matéria orgânica (12 %), quando comparada ao solo mantido
sem cobertura (Borges, 1991). As folhas e o pseudocauJe mantidos na superfície também
preservam a água e amenizam a temperatura do solo.
Sendo uma planta que requer grande quantidade de nutrientes em seu ciclo de
produção, a bananeira altera alguns atributos do solo na sua rizosfera, pois a absorção
do Ca e Mg é por fluxo de massa, ~nquanto_ a do K~ N03-, NH4 +, H 2PQ4- e Mn depende
de mecanismos de troca de energta. Os rrucronutnentes (Fe, Mo, B) são regidos por
mecanismos de oferta e demanda na zona das raízes (Turner et al., 2007).
Atualmente, os pomares de banana são mantidos em média por cinco a seis anos
na mesma área. Após a sua remoção, o solo deve ser submetido a um sistema de pousio
O
tação de culturas. Avaliando um pomar cultivado durante 30 anos, Serrano (2003)
oub r a que, em razão de f atores corno a contínua
. a bsorçao
- d e K pelas raízes da bananeira,
0
servd e adubos acidificantes e a dificuldade de incorporar
o uso . calcário em um pomar formado ,
ocorreu a diminuição do pH e o aumento da acidez trocável e do Al em solução livre de
forma linear nos três horizontes do solo (Quadro 4), o q ue d imi nui o volume das raízes da
planta e, por consequência, a sua capacidad e de absorção de água e nul rient s.
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N p K s
□ Frutas ■ Biomassa residual
Figura 5. N utrientes exportados do solo (fruto e cachos) e d a bio rna sa residual deixada no solo
(folha, pseudoca ule e rizoma) no ciclo de produção da banana, média de seis variedades de
diversas regiões produtoras.
Fon te: Hoffmann et ai. (2010).
período de tempo; utiliza r os fertilizantes com alto índice de acidez em menor quantidade,
mas com maior número de aplicações; e localizar O adubo no mio de 0,9 m ao redor da
planta (Serrano, 2003) .
Cobertura do solo
110 18
16
100
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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SO LO E D A ÁG UA
888
LAÉRCIO DUARTE SOUZA ET AL.
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1997 11-1998 -1
1-o- RBA --+- RBL --+-- CAP 1
Figura 7. Armazenagem de água no solo cultivado com banana ao longo do tempo, até 0,40 m
d ~ p~ofundidade, sob as coberturas vegetais. RBA = biomassa da bananeira sem qualquer
drrec10namento; RBL = biomassa da bananeira concentrada na rua de 4 m; e CAP = solo
descoberto (capina).
Fonte.: Borges e Souza (2004).
Sem CM ■ Com CM
05/04
20/04
21/05
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o 5 10 15 20 25
2
N' de plantas infestantes m·
Figura 8. Plantas companheiras em bananal com e sem cobertura morta (0-.1) do solo.
Fonte: Oliveira e Souza (2003).
Mamão
Origem
O mamoeiro é originário da América Tropical, entre o noroeste da América do Sul
e o sul do México. Pertence à famí lia Caricaceae, que contém cinco gêneros; entre es es,
o gênero Cnrica, que é composto de 22 espécies, sendo a espécie Carica papaya L a mais
cultivada na zona tropical (Dantas e Castro Ne to, 2000).
Economia
Instalação do pomar
fruto da pla n. ta em produção (Clemente Marler, 2001). Em alguns casos, é necess árº10
P1antar árvore p erene como quebra-ventos no entorno do pomar.
10
? mamoeiro é uma planta susceptível à hipoxia - ausência de 0 2 no solo -, e o
~ trn~ ado por 2 d inata as plantas em razão do fechamento total dos estômatos.
nd
próximo da aturação, ocorre o fechamento parcial dos estômatos e pode demorar
até 9 d para o fechamento completo (Campostrini e Glenn, 2007). Quando a hipoxia
desaparece, a plantas que permanecem se recuperam de forma muito lenta e manifestam
amarelecimento nas folhas mais jovens e queda das mais velhas, o tronco torna-se fino e
alto eª produção é reduzida (Khondaker e Ozawa, 2007). Ocorre também maior incidência
da doença 'podridão-do-colo-do-mamoeiro', causada por fw1gos do gênero P'1ytophtl10ra,
que e pr~pagam em meio saturado. Em razão disso, o pomar deve ser ins talado em solos
permeá eis, com profundidade efetiva maior do que 1,0 m e o lençol freático a mais de
2,0 m da superfície. O declive adequado é de até 10 cm ni-1, pois a planta cobre o solo
lentamente e, mesmo no ápice do seu desenvolvimento, não o cobre completamente, o
~ue facilita a erosão. O plantio em nível e a cobertura vegetal do solo são recomendações
imprescindíveis (Souza e Oliveira, 2000).
A propagação do mamoeiro em plantios comerciais se dá por meio de sementes. No
caso do grupo 'Solo', as sementes podem ser oriundas do pomar do produtor e apresentam
diversidade de sexo, enquanto as do grupo 'Formosa', como o Tainung n°l (lubrido),
que são adquiridas de firmas produtoras e têm alto custo, há garantia quanto ao vigor
e praticamente 100 % são de plantas hermafroditas. O plantio pode ser em canteiros
ou embalagens individuais, o substrato deve ser analisado e corrigido quanto ao pH e
enriquecido de nutrientes. No grupo 'Solo', são postas três sementes por saco e realizado
um desbaste aos 20 d, permanecendo apenas a planta mais vigorosa. No plantio em campo,
são colocados de dois a três sacos por cova, pois ocorre diversidade de sexo com flores
masculinas, femininas e hermafroditas que produzem frutos diferentes, necessitando fazer
um.a seleção. A floração ocorre três a quatro meses após o plantio, quando é efetuado o
desbaste eliminando as plantas do 'mamão macho' -frutos sem valor comercial- deixando
as hermafroditas, cujos frutos são mais apreciados. No caso do grupo 'Formosa', é colocada
apenas uma semente por saco e apenas um saco por cova, pois há garantia que se trata de
uma planta hermafrodita.
As covas para plantio devem ser de 0,3 x 0,3 x 0,3 m ou em sulcos com profundidade
de 0,3 a 0,4 m . Também é utilizada a subsolagem, com profundidade de no mínimo 0,5 m,
corno sulco de plantio para romper a coesão nos solos dos Tabuleiros Costeiros do sul
da Bahia e norte do Espírito Santo. A densidade de plantas é determinada em razão da
variedade, do tipo de maquinário utilizado, do manejo do solo e clima. Nos espaçamentos
em fileiras simples, a distância nas entrelinhas varia de 3,0 m a 4,0 m; e nas linhas de 1,8 m
a 2,5 m, com uma densidade de plantas de 1 000 a 1 851 plantas ha·1 • Nos sistemas de
fileiras duplas, existe uma distância maior entre as linhas que varia de 3,6 m a 4,0 m , e uma
dis tância menor entre as linhas, que assim como o plantio na linha é de 1,8 a 2,5 m , o que
gera uma densidade de 1231a2058 plantas ha·1 (Oliveira e Trindade, 2000).
Morfologia e fisiologia
0 mamoeiro é uma planta tropical, com metabolismo C3, classificad a como herbácea
p erene que pode produzirdn:utos por m~s d~ c_inc~ anos,d mas que são explorados
economicamente por apenas 01s anos em razao pnnc1pa mente e problemas fitossanitários.
Manejo do solo
892
LAÉRCIO DUARTE SOUZA ET AL.
prática como calagem, ges agem subsolagem fertirrigação e cobertura vegetal (Carvalho
C ai ., .2004·' c ruz et al., 2014). O plantio
et ' '
de leguminosas .
nos solos coesos dos Tabuleiros
0st
_ eiro , em rotação de culturas ou ern consórcio deve ser adotado nos sistemas agrícolas
st
ai e abeleci.do , pois a capacidade de as raízes de~sas plantas peneh·ar nas camadas coesas
atenua a res1·s tenc1a
~ · a, penetração para outros cultives (Souza et ai., 2013). No entanto, em
solos onde a coesão está em profundidade maior do que a capacidade da subsolagem
(O,S m), 0 sistema de raízes do mamoeiro pode não responder à subsolagem nem às
coberturas vegetais, mantendo 90 % das raízes até 0,50 m do caule e 80 % na profundidade
de 0-0,4 m (lnforzato e Carvalho, 1967; Costa e Costa, 2003; Souza et al., 2006).
_A compactação é uma deformação na estrutura do solo que altera a disponibilidade de
nu trientes ~a rizosfera, pois interfere na movimentação da água no solo e, consequentemente,
~os m~arusmos de fluxo de massa e difusão que transportam os nutrientes até as raízes,
mter~enndo no crescimento da planta (Alvarenga et al., 1995). O aumento da resistência do
solo a penetração dim.inuiu o volume das raízes no solo de quatro variedades de mamão,
a taxa fotossintética líquida, a condutância estomática e a concentração interna de CO no
mesofilo foliar e aumentou a temperatura foliar de todas as variedades (Campostr~ e
Yamarushi, 2001).
A exigência nutricional do mamoeiro é alta, pois a planta cresce rapidamente até o
nono mês, quando começa a realizar a floração, seguido do crescimento e da maturação
dos frutos, mantendo os três processos de forma simultânea, o que aumenta muito a
necessidade de suprimento de água e de nutrientes. A calagem é calculada pelo método
da saturação por bases, que deve ser 70 % da CTC, e realizada com antecedência de dois
a três meses antes do plantio. Recomenda-se substituir de 20 % a 30 % do calcário por
gesso (CaS04, 28i0) para aumentar a saturação por bases em profundidade e diminuir o
efeito do A}3 + no perfil do solo. O teor de Mg2• deve ser maior do que 0,9 cmolc dm-3; caso
seja menor, utilizar o calcário dolorrútico (25-35 % de CaO e MgO > 12 %). O teor mínimo
de Ca2• no solo deve ser de 2,0 cmolcdm·3, o pH deve estar entre 5,5 e 6,5 e o AP+ deve ser
menor do que 0,4 cmol, dm·3 (Oliveira et al., 2010).
Quanto à aplicação de macronutrientes, considerando os teores no solo para o P entre
10-30 mg dm·3 e para o K entre 0-0,15 cmolc dm·3, as quantidades aplicadas durante o ciclo
da cultura de 24 meses seriam: N de 500 a 680 kg ha·1, P20 5 de 190 a 250 kg ha·1 e ~O de
360 a 490 kg ha·1, sendo o P parcelado de quatro a seis vezes e o N e o K entre 12 e 14 vezes
(Oliveira e Coelho, 2009; Oliveira et al., 2010). ?liveira e ~aldas (2004) cit~ Cunha e Haag
(1980), os quais aferiram a marcha de absorçao de nutrientes do mamoeiro, observando
que, além de O consumo de adubos ser muito elevado, a porcentagem do que se concentra
nos frutos e é exportada também é muito alta, quase igual ao que retorna ao solo para N , P
e K na forma de biomassa residual, chegando a ser maior para o Ca e o Mg (Figura 9), fato
incomum para a maioria das fruteiras.
A elevada quantidade de adubos aplicada ao solo no pomar de mamão pode provocar
• t rações indesejadas, como a baixa mobilidade do P e o seu acúmulo em alguns locais,
~:uzindo a deficiências de Fe e Zn. Os adubos utilizados como fonte de N geralmente
"2 acidificantes, e o monitoramento do pH do solo, principalmente no segundo ano,
sao do ocorre máximo da colhe1ta, · po d e m
. d.1car a necess1'd a d e d e correção com calcário.
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Áua;' tes orgânicas podem substituir parcialmente as fontes sintéticas d e N e melhoran1
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s físicos, químicos e biológicos
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Se o adubo for um esterco, deve haver
uma verificação em vaso quanto a contammaçao por sementes d e plantas indesejadas.
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Figura 9. Nutrientes exportados (frutos) e fi tomassa deixada no olo (caules e folhas) no ciclo de
produção do mamão.
Fonte: Cunha e Haag (1980).
Cobertura do solo
As constantes entradas de máquinas nas entrelinhas do pomar- dua veze por emana
- uma para pulverizar e outra para colher, compacta m o solo e dificultam a emergência
da vegetação e também das culturas em consórcio. Para controlar a vegetação e pontànea,
o uso de roçadeiras é o mais adequado; a grade não é aconselhável, pois grande parte
das raízes do mamoeiro é superficial, havendo risco de corte dessas. O uso de herbicida
deve ser em pós-emergência e na linha de plantio, com o cuidado de não atingir as folha
do mamoeiro ou partes verdes do caule. Uma alternativa ao uso da roçadeira é o manejo
de leguminosas nas entrelinhas da cultura para o controle de plantas espontànea , o que
melhora atributos físicos do solo e aumenta a produti idade (Carvalho et a1., 200-l; ouza
et a i., 2015).
Avaliando os efeitos de diferentes coberturas vegetais em mamão, incluindo o manejo
d a vegetação espontânea e as entrelinhas mantidas limpas d urante todo o ciclo da cultura.
Cruz et a i. (2014) observam que, em relação à estrutura do olo, toda as legumino a
s uperaram a tes temunha, mas, em relação à produtividade do mamão, a melhor cobertura
foi a crotalária juncea (Figura 10).
O manejo do solo em um pomar de mamão envolvendo a subsolagem, na linha de
plantio, e o plantio de leguminosas (amendoim-fo rrageiro - Aracliis pin tai - e fe ijão-de-
p orco, Canavalia e11sifonnis), nas entrelinhas da fileiras duplas, apre~entou O ·i-tema
radicular mais profundo e com as maiores densidades de raiz, no trata ment envol\'endo
a s ubsolagem na linha associada, com amendoim-forrageiro, ou na entrelinhas, com
feijão-de-porco. A maior concentração de raízes ocorreu nc1 profun :tidade Je 0-0,_ m
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Como já exposto, os pomares de mamão estão cm zonas que chove m mais de 1 400
mm por ano; mas, como a planta não s uporta défice de água no solo por mais de 3 d, sem
que comprometa a qualidade dos frutos, há necessidade de um s istema de irrigação para
suprir essas ocorrências. Os sistemas mais utilizados nesses po mares ão gotejamento e
microaspersão, que funcionam para períodos de veranicos, pois não há água disponível
para irrigação em grande escaJa e de forma contínua nos Tabuleiros Costeiros, exceto
algumas propriedades com acesso a pequenos ri os ou barragens. Esses si te mas, geralmente
em fertirrigação, depositam água e nutrientes próxi mo à s uperfície, o que promove o
direcionamento e a concentração das raízes para próximo dos emissores e da s uperfície do
solo (Coelho et ai., 2005; Souza et ai., 2016).
Vale ressaltar que o preparo do solo no pomar de mamão deve ser realizado com
escarificadores, ao invés de arado e grade, para diminuir o revolvimento do solo e
manter a cobertura vegetal. A drenagem, nos solos dos Tabuleiros Co teiros, é função da
profundidade da camada coesa e da granulometria do perfil, devendo ser viabil izada com
a subsolagem profunda na linha de plantio e leguminosas e gramineas nas e ntrel inhas, ao
invés do plantio em camalhão (Souza et al., 2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
para
. a cultura do mamao,
- segmdo
· da banana e do abacaxi CUJO
· consumo é mUI
·to b ruxo
·
(F1gura 12). '
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t f! f!~n
o
o 100 200 300 400 500 600 700
Tempo (dias)
OAbcx ■ Banl □ Ban2 6Mam1 6Mam2
Figura 11. Quantidade de nitrogênio aplicada em um ciclo de produção das culturas do abacaxi,
banana e mamão para a produção núnima (1) e a máxima (2).
Fonte: Dados obtidos por Sobral (2007), Borges et al. (2009), Souza (2009), Oliveira e Coelho (2009) e Oliveira et al. (2010).
250 -
200 -
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1:::,.D
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o 1 1 1 1 1
Figura 12. Quantidade de ~Ps~p~cada em um c_iclo de produção das culturas do abacaxi, banana,
mamão para a produçao muuma (1) e a máxima (2).
Fonte: Dados obtidos por Sobral (2007), Borges et ai. (2009), Souza (2009), Oliveira e Coelho (2009) e Oliveira et ai. (2010).
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Tempo ( dias )
OAbcx Ban 1 DBan2 b..Maml 6.Mam2
Fig ura 13. Quantidade de Kp aplicada em um ciclo de produção das culturas do abacaxi, banana e
mamão para a produção mínima (1) e a máxima (2).
Fo nte: Dados obtidos por Sobral (2007), Borges et ai. (2009), Souza (2009), Oliveira e Coelho (2009) e Oliveira et ai (201 0).
- O abacaxi é a cul tura que consome a menor quantidade de adubos, mas é o que
menos devolve ao solo em razão da remoção ou queima cotidiana da sua biomassa cultural
residual. A bananeira retorna ao solo grande parte dos nutrientes que retira quando
in corpora folhas, hastes e rizomas, mas deixa uma lacuna no que se refere a sua grande
necessidade de adubação com K. O mamoeiro é o que exporta do solo a maior quantidade
de n u trientes e o que devolve proporciona lmente a menor quantidade, sendo também o
maior consumidor de N e P em números absolutos.
- A prospecção, beneficiamento e industrialização dos adubos são processos com
grande demanda de energia, sendo as perspectivas de aumento de preço para esses
insumos algo irreversível e premente, o que obrigará a extrema racionalidade do seu uso.
As alternativas devem contemplar, no caso do abacaxi, a manutenção e incorporação da
biomassa cultural residual ao solo, o que atenderia a grande parte da demanda nutricional
da cultura. Para a cul tura da banana, o foco deve ser a substituição e, ou, a diminuição do
consumo de K industrializado, mas mantendo a produção. Já para o mamoeiro, é necessário
estabelecer doses menores de aplicação dos macronutrientes N, P e K e utilizar práticas de
consórcio com p lantas que aumentem o nível de devolução de nutrientes ao solo. Segundo
ANDA (2014), deve-se utilizar calcário e gesso e manter o pH e a saturação por bases
adequada para a cultura, aumentar o teor de matéria orgânica no solo, usar fertilizantes de
liberação lenta, inibidores da nitrificação e uréase, melhoradores da absorção de nutrientes,
bio-fertilizantes, inoculantes microbianos, fertirrigação, fórmulas e fertilizantes específico
por local.
- Quan to à capacidade de absorver água, assim como em relação ao equilíbrio entre
os estômatos e a demanda de água da atmosfera, a planta melhor adaptada entre as tres
fruteiras é o abacaxizeiro, pois, apesar do pequeno sistema de raízes, tem meios para obter,
armazenar e liberar água utilizando mecanismos mais eficientes para a captação de CO,. A
bananeira retém grande quantidade de água nos seus tecidos, mantém o rizo ma enterrado,
onde é submetido a menor demanda de água do que na atmosfera, e ainda possui
mecanisn1os~ es p ec1' fi co nas folhas, controlando os estômatos para ev ·ita r perd as para a
a t1110 fera o - .
· mamoeiro, ne e aspecto, é a mais frágil dessas culturas, pois apresenta um
~equeno e uperficial volume de raízes, não tem mecanismos de retenção o u armazenagem
e água, ma necessita de grande volume de água disponível durante todo o c iclo.
- C?manejo do solo no sistema de produção do abacaxi não utiliza consórcios e
contrana todas as premi sas de conservação do solo, pois utili za um regime de capinas
~ue mantém o solo descoberto durante os oito primeiros meses exposto à radiação e ao
impacto das chuvas, provocando a sua degradação. A bananeira cobre bem o solo com
a su a própria biomassa, mas só permite consórcio até os 12 ou 14 meses, pois a partir daí
ocorrem res trições por causa do sombreamento e das brotações, que fazem desaparecer
0
espaçamento original e dificultam algumas práticas culturais mecanizadas. Quanto ao
pomar ~e mamão, que muito necessita de cobertura vegetal, as práticas mecanizadas
semanais de pulverizações (do 4º ao 24º mês) e de colheitas (do 9° ao 24° m ês) compactam
as entr~linhas do pomar e dificultam, mas não impedem, o desenvolvimento de coberturas
vegetais. A rotação de culturas com adubos verdes é uma recomendação fundamental
antecedendo o plantio do abacaxi, antes da instalação e depois da remoção do pomar de
banana e do mamão.
- Os atuais sistemas de produção dessas três fruteiras utilizam pouca ou nenhuma
prática conservacionista dos recursos solo e água; até mesmo os adubos verdes e, ou, a
cobertura vegetal do solo são pouco utilizados. Práticas como o plantio em nível, cordões
de contorno vegetados ou terraços são escassas na paisagem da área plantada com os três
pomares, considerando o território nacional.
- Os pomares de mamão, em razão do seu alto índice de mecanização, geralmente
estão localizados em áreas planas ou suavemente onduladas com declive menor do que
8 cm m ·1 . No entanto, as suas linhas de plantio formam rampas relativamente longas com
o solo mantido descoberto, compactado e com baixa taxa de infiltração da água, o que
acentua os efeitos dos processos erosivos. Os pomares de banana têm grande parte de
sua produção oriunda de áreas planas, mas também de áreas íngremes de encostas, que
não permitem a mecanização. Entretanto, o fato de a bananeira ter grande capacidade de
autossombreamento e gerar uma fitomassa capaz de cobrir o solo de forma relativamente
rápida e, ainda, o grande número de rebrotas que faz com que o espaçamento e o
alinhamento inicial do plantio, contra ou a favor do declive, seja perdido após um ano ou
dois, atenua parcialmente os efeitos da erosão. Os pomares de abacaxi, de maneira geral,
predominam em áreas de meno~ declive, ~as também estão em áre~s íngremes onde são
cultivados com práticas manuais. As capmas para manter o solo hmpo e a forma lenta
de cobrir o solo do abacaxizeiro acentuam os efeitos da erosão em qualquer declive. A
remoção ou queima da biomassa cultural residual após a colheita, nas áreas íngremes,
potencializa ainda mais os processos erosivos.
_ Quanto à capacidade de absorver água, assim como em relação ao equilíbrio entre os
estómatos e a d emanda de água da atmosfera, a planta melhor ad ap tad a é o abacaxizeiro,
pois a p esar do pequeno sist_ema_ ~e raízes, tem meios ~ara obter, armazenar e liberar água
tilizando mecanismos mais eficientes para a captaçao de COi- A bananeira retém uma
~ande quantidade de ~gua nos ~eus tecido:', mantém_o rizoma en~~rrado onde é submetido
à m e nor demanda d e agua, e amda mantem ~ ecarusmos especificas nos estômatos para
•t as p erdas para a atmosfera. O mamoeiro, nesse aspecto, é a m a is frágil dessas
ev1 ar fi · d
culturas, pois apresenta um pequeno e super eia 1vo1ume e raízes, não tem 111ecanismos
de retenção ou armazenagem de água, mas necesc;ita de gra nde volume d água di ponível
durante todo o ciclo.
- O solo, antes da sua formação, quando ainda é uma rocha ou cascalho, já está sendo
coberto por liquens, algas e fungos. A evolução milenar da fo rmação de um solo s rá
acompanhada por um sistema vegetal, também sob evolução, na sua superfície. Quando
desenvolvido e definido em profundidade, o solo es tará coberto por plantas extrema.mente
adaptadas àquela condição edafoclimática, que será a cobertura com a maior capacidade
de propiciar o seu melhor estado de preservação.
- A remoção da vegetação nativa e a ins talação de culti vas agrícolas uma atividade
milenar e ininterrupta, que busca atender à demanda por a limentos, fibras e energia da
população humana; um fenômeno antropogênico que vem aumentando seu potencial de
impacto, mediante a disponibilidade de ferramentas e tecnologias que estão influenciando
a qualidade e quantidade do carbono orgânico do solo (COS) e do nitrogênio to tal T).
Murty et ai. (2002) já alertavam que a conversão de florestas por á reas agrícolas havia
decrescido em 24 % o COS e em 15 % o NT, considerando uma média global.
- A destruição da vegetação nativa também ameaça à biodivers idade do planeta . Um
inventário global realizado por Mugnozza (1996) estimava q u e existiam 3 000 frutei rza
tropicais, 10 000 gramíneas e 18 000 leguminosas, entre o utras espécies. A agricultura
atual produz e utiliza em quantidade e em escala global, basicamente apenas quatro
fruteiras tropicais: abacaxi, banana, mamão e manga; sete gramíneas: trigo, arroz, milho,
cevada, sorgo, centeio e aveia; e seis leguminosas: feijão, soja, ervilha, am endoim, alfafa
e trevo. A estimativa, em 1996, era que cerca de 200 000 espécies de plantas ainda não
haviam sido identificadas. Pode-se afirmar que desse período para os dia atuais muitas já
desapareceram e não serão mais conhecidas.
- A variabilidade genética, que ainda se encontra nos remanescentes de vegetação
nativa - valor absoluto e imprescindível para o futuro do manejo agrícola do planeta - que
está localizado nas florestas tropicais, representa as alternativas de cruzamentos para o
melhoramento de plantas ou mesmo para a substituição de espécies quando dominadas
por pragas e doenças. Os sistemas de produção agrícola devem incorporar a preservação
do solo e a manutenção de reservas de vegetação como uma necessidade vital para manter
esses ciclos funcionando.
- Nos solos tropicais, onde predominam as argilas de baixa CTC, a adição de matéria
orgânica para manter ou aumentar o COS é fundamental para a s ua melhoria estrutural,
biológica e química. As fontes de matéria orgânica podem er adubos verdes, biorna sa
residual dos cultivas e, se houver disponibilidade, os resíduos orgânicos industriai ,
estercos e biocarvão, entre outros. Retirar o carbono da atmosfera e incorporar ao solo
é uma prática que precisa ser reaprendida nos sistemas atuai de produção agrícola. Os
demonstrativos dos retornos em termos de qualidade da produção, manutenção dos
recursos naturais e estabilidade da produção ao longo do tempo são inúmeros.
-As fontes minerais de nutrientes industrializados devem ser ubstituídas parcialmente
por a lternativas como a fixação biológica de N, as rochas fosfatadas e potássicas moídas,
as compostagens e as misturas organo-minerais para aumentar a eficiência da aplicaçã ,
diminuir os custos da produção e preservar os recursos naturais olo e água.
LITERATURA CITADA
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Roberta Volante.J/
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11 Ins tituto Agronôm ico de Campinas, Centro de Ci tricu ltura Syl io Moreira, Co rd l'irópohs, SP.
E-mail: ddm@cen trndecitricultura.br, boa re tto@iac.s p .gov.br, femando'i kc m. br
J/ Ins tituto Agronômico de Campina , Campinas, SP. E- mai l: za rnbros i@iac.s p .gov.br; quagg:ioÍ!iiac. p ov.br
'1 U ni ve rs idade Estadu al Paulista, Campus d e Ja boticabal, Pós-G raduação em Agronom i..i (Produy'lo Vt'g('tal).
Jabotica bal, SP. E-ma il: privolan te@yahoo.co m .br
Conteúdo
INTRODUÇÃO
Be rto ( I, Dl' Maria IC, Souzc1 LS, editores. l\lanejo e onsêrv ,1ç.1o do s lo e J .1 água. Viç Su. l'\IC : - ·,e~llJe
Bras ile ira de Ciência d o olo; 20 18.
908
JosÉ EDUARDO CORÁ ET AL.
olo, corpo lTidimen ional na naisagem, é resultado da ação combinada dos fatores
de forn1a çao,
- como material de origem, r
relevo, organismos (fauna e fl ora ) e c Li ma, num
e pa O de tempo (Jenn ,, 1941) e de processos pedogenéticos de formação (adição, perda,
tran for~1ação e h·an locação), que, especificamente, são os processos denominados
de_ latohzação, argilu iação, podzolização, gleização e outros. Portanto, o conjunto de
atnbuto (qu ímico , físicos, biológicos, morfológicos e mineralógicos) de determinado solo
depende da interação enb·e os fato res e os processos de formação como: composição da
r~cha _de origem, o que interfere na taxa de alteração pelo intemperismo; das condições
chmá~ca ; da, egetação existente; e da sua posição na paisagem. Dessa maneira, o produto-
olo di~ere do material do qual foi derivado em muitas propriedades e características, cujo
conl~ecimento permite prever seu padrão de comportamento, ou seja, suas lunitações e
qualidades para determinado uso (= aptidão). A aptidão define a capacidade de suporte
do solo para discriminado uso (atividade), sendo a base para estabelecer o plano de manejo
adequado e raciona] para a atividade agrícola. O plano de manejo com base na capacidade
de suporte auxilia na prevenção da degradação do solo e na manutenção da estabilidade
da produtividade da atividade (culturas).
Também fica clara a necessidade de se conhecerem as características da atividade
agrícola para determinar as limitações e qualidades do solo. Quando essa não é compatível
com a aptidão e capacidade de suporte do solo (uso e, ou, manejo do solo), pode se tornar
inviável tanto de forma econômica quanto ambiental, diminuindo a capacidade produtiva
do solo ao longo do tempo. Portanto, é necessário conhecer as limitações e qualidades
do solo para sua adequada utilização para que, então, essa atividade seja econômica e
ambientalmente sustentável.
Os citros possuem grande capacidade de adaptação em relação aos diferentes tipos de
solos. Esse fato, entretanto, não permite afirmar que a planta apresente todo o seu potencial
produtivo em todos os tipos de solos. Portanto, é necessário conhecer as exigências edáficas
das plantas de citros, que é uma combinação de variedades copa e porta-enxerto, para
definir as limitações e qualidades de determinado solo à citricultura.
Assim, este capítulo tem como objetivo apresentar as principais classes de solos para
a citricultura, assim como o manejo do solo considerado adequado desde a implantação à
condução do pomar adulto, com base em resultados de pesquisa e experiências práticas.
Contudo, não se tem a pretensão de esgotar o assunto, pois se entende que esse manejo deve
ser dinâmico, adaptando-se às novas tecnologias e aos avanços alcançados na meilloria
genética das espécies comercialmente cultivadas.
Os citros compreendem um grande grupo de plantas dos gêneros Citrus, Fort1111 ella
e Poncirus e hfbridos da família Rutaceae, _que são repr_esentados por laranjas, tangerinas,
. _
)1moes, limas (ácidas e doces), pomelos, c1dras e toran1as. São originários principalmente
. . d eh· J _ d ,
'ões subtropicais e trop1ca1s a ma, apao e o sudeste da Asia, incluindo áreas
d as reg1 h b ' F·1· . I d . ,
do leste da Índia, Banglades , como tam em 1 1pmas, n onés1a, Austrália e Africa. No
Brasil, os citros foram introd uzidos pelos portuguescc;, no começo do éculo XV I (Don.:idio
e t ai., 2005).
A citri cu ltura é uma das princi pais a ti vidades .:igrícolas de importá ncia econõmic<l
e social pa ra o Brasil. Des taca-se pela produção de la ranjas-d oces, tangerinas e lima-;
ácidas, que contribuem com o maior vol ume do to tal bras ile iro de frutél s. Em número. ic;so
representa 48 % dos 40,9 Mt obtidos em 2016. Banam1, abacax i, melancia, mamão, uva e
m açã, juntas, so maram, em 2016, 39 % (Anu ári o Brasileiro da fruticultura, 2017) .
As laranjas são os pri ncipais frutos cítricos cu lti vados no mundo. O Bras il de té m 34 n~
do to ta l mund ia l de 51,8 Mt (USDA, 2014), em cerca de 720 000 ha , com gra nd e concentração
no Es tado de São Paulo, cuja produção fo i cerca de 11 ,9 Mt, em 2014 (1EA, 201 S).
O Estado de São Paulo responde por a proximada mente 65 ()~ da produção de limas
ác idas e limões e por 23 % das ta ngerinas no país. Seguem em importâ ncia na produção
bras ileira de citros os Estados da Bahia, de Sergipe, de Minas Gerais, d o Paraná e do Rio
G ra nde do Sul. Em São Paulo, cerca de 80 % da produção d e lara nja d estina-se à indústria
e exportação do suco. Q uanto à comercialização da laranja i11 nntt1 rn, o volume para os
m ercados internos e de ex po rtação é menor, con tudo, ve m crescen do proporcionalmente
ao mcremento da renda dos brasileiros à sua exigência pa ra melhoria da qua lidade dos
frutos.
Na Bahia, a produção de laranja concentra-se nas regiões d o Li to ra l 1 or te (Ri o Real),
Agreste d e Alagoinhas (Itapicuru) e Recôncavo Sul (Cruz d as A lmas). Em Sergipe, os cinco
municípios maiores produtores estaduais são Itabaininha, Cris tiná polis, Salgado, Lagarto
e Boquim. Os solos cultivados com citros nos Estados da Bahia e de Sergipe apresen tam,
como caracterís tica diferencial, horizontes subsuperficiais a densados, denominado
horizontes coesos, que se constituem na principal lim itação agrícola para os citros e,
portanto, exigindo manejo com alg umas especificidades. Por esse fa to, tais olo serão
tra ta dos separadamente no capítulo 29 des te livro.
Em Minas Gerais, as regiões produtoras são o Triângulo Mine iro, ui e norte do
Estado (Souza e Lobato, 2001). A citricu ltura no Triângu lo Mineiro é u m p rolongamento da
citricultura d o norte de São Paulo, sendo a safra direcionada para as ind ús trias de uco de
São Paulo (Boteon e Neves, 2005). Já o norte de Minas dedica-se à produção de Tahiti; e o
sul, à produção de tangerina ponçà, segundo Souza e Lobato (2001 ). r o Estado do Paraná, a
produção é voltada à ex portação de suco, como no Estado de São Paulo, e está concen trada
no no roeste do Estado, na região de Paranavai (Bo teon e eves, 2005). A participa ão do
Ri o Grande d o Sul na produ ção brasileira é principalmente vol tada para tangerinas (13 °6).
O s citros apresentam bom desenvolvimento em regiões o nde a tem peratu ras do ;ir
varia m de ?? a33 ºC. Enh·etanto, perdas de prod ução podem ocorre r quando as tem peraturas
ficam acima de 35 ºC e abaixo de l3 ºC, em razão d a d iminu ição da fotossínte e do -
prejuízos no florescimento e na fixação de fr utos jovens (Syvert -en e Llovd, 1996; tedina
e t a i., 2005). O período enh·e o florescimento e a ma turação do fru tos pod~ variar d e nov 1
1 111
. : , dependendo da e p cie ou ariedade, da combinação copa/porta-enxerto e das
e nd1 ç s edaf climática (Pio et ai., 2005). É esse intervalo que define as va riedades tidas
como pr coce (Hamlin e Westin), meia-estação (Pera) e tardias (Va lência, Natal e Folha
ilur ha).
p e ríodo de chuvas, se obse rva r a ma relecime nto no poma r sob Argis o los com grildíentc
textura! elevado, causado po r de fi ciência mo mentânea de N.
Figura 3 . Perfil de Neossolo Quartzarênico típico localizado no Município de São Carlos, SP.
Foto: J. E. Corá.
Q u adro 6. Atributos químicos de Neossolo Quartzarénico típico, Município de São Carlos, SP.
O manejo adequado para cada classe de solo deve ser com base no conhecimento do
compo~tamento daquela classe em relação à planta e ao ambiente. Isso só é possível com o
conhecimento do conjunto de ah·ibutos do solo com elevada influência na produtividade
da ~ultura, o que é conseguido com um detalhado levantamento do solo nas áreas
de:tm_adas à implantação da cultura. Adequar cada uso ao ambiente que lhe é mais
propno é a melhor prática de manejo e conservação do solo e da água. Nesse contexto, os
estudos pedológicos são de extrema utilidade. Apesar da disponibilidade de ferramentas
como geoprocessarnento, os trabalhos de campo continuam sendo insubstituíveis nos
levantamentos de solos e nas atividades afins.
A marcação das linhas de planti o. Em segui da, a dess caçã do mato com herbicida
não seleti vo numa faixa de 2,4 m de largura ao longo das li nhas de plantio. Com o mato
seco, a abertura dos sulcos de plantio com profundidade d e 30-40 cm.
A incorporação do calcário no sulco dever ser feita com auxílio de um subsolador
com três hastes. Quando esse implemento é eq uipado com reservatório de fertilizantes,
recomenda-se aplicação de P em profundidade na mesma operação, conhecida como
tríplice operação (Figura 6). A quantidade de P recomendada é de 120-16 kg ha·• de P2ü ,1
independentemente do teor de P no solo. Deve-se dar preferência por fontes de P olúveis
em água como superfosfato simples e, se possível, contendo 0,5 º~ de Zn.
(Quaggio et al., 2005). A plantas deficiente em p evidenciam folha s maduras com tamanho
aur:_'\en_tado, de cor bronzeada, sem brilho, coriáceas, que caem, prematuramente, qua nd o ª
ca~encia d P s~vera. Por essa razão, os ramos tornam-se desfolhados da base para O ápi~e
(Figura 7), em decorrência da redisti-ibuição do nutriente das folhas mais velhas para as mais
novas, flores e frutos (Mattos Jr et ai., 2005; Zambrosi et ai., 2012a).
. O beneficio da aplicação do p no sulco de plantio para a formação de pomares mais
vigoroso foi comprovado pelo fato de o crescimento inicial das laranjeiras ser favorecido
pel~ melhor distribuição do fertilizante fosfatado em profundidade no solo, comparado à
aplicação concentrada na camada superficial (Quadro 11; Zambrosi et al., 2013). A interação
do P com a matriz do solo e a ocorrência de p em formas orgânicas, além da baixa taxa de
difusão desse elemento na solução do solo, fazem com que a disponibilidade na rizosfera
seja limitada, restru1gindo a absorção pelas raízes e o seu crescimento (Vance et al., 2003;
Zambrosi et al., 2008). Esse fato se torna mais relevante considerando que adubações
subsequentes são realizadas na superfície do solo, cuja umidade é baixa durante períodos
de veranico, reduzindo ainda mais a disponibilidade de P para as plantas.
Destaca-se que a baixa disponibilidade de p compromete o crescimento das raizes
(Quadro 11). Portanto, pomares jovens, cujas plantas apresentam maior crescimento do
sistema radicular em decorrência do adequado fornecimento de P no plantio, se apresentam
mais vigorosos, como resultado da maior capacidade de absorção de água e nutrientes
pelas plantas.
Quadro 11. Massa ele ma téria seca (MS) de folhas, pa r t aé rea ' r a11: de rvDrt' jovenc; de d trns e m
razão de doses e íorm;is de aplícaç, o de f(i c; (oro no so lo
P/ P0 79,4 17 ,8 118,7
120
• Cravo
■ Oeópatra
......._ • Swingle
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100 o
Pêra/Oeópatra Pêra/Cravo Pêra/Oeópatra Pêra/Cravo
Combinaçiies copa/porta-enxerto Combinações copa/porta~
figura 9. Crescimento do sistema radicular (a) e eficiência de absorção de P (EAP) (b) em plantas
jovens de laranjeira Pera sobre dois porta-enxertos. As letras indicam diferença significativa
pelo teste F (p<0,05).
fonte: Adaptado de Zambrosi et al. (2013).
Os citros adaptam-se bem a solos mais arenosos na superfície, com bom arejamento
para as radicelas e ~adiente textura] entre o_s horizontes A e B; portanto, com maior
capacidade de r_e~ençao de água em profun?1_dade. ~ntretanto, não toleram solos com
drenagem insuficiente, mesmo que_tempor~na (Cora et al., 2005) . Portanto, além da
susceptibilidade a d_o~n?as e questoes relacionadas ao ambiente corno temperatura e
déficit hídrico, a definiçao do porta-enxerto deve passar, obrigatoriamente, pelo estudo
das )imitações e qualidades do ambiente para cada porta-enxerto, baseando-se no conjunto
de atributos do solo, como mencionado.
A textura, retenção de água e drenélgem são con iderados os a tri butos do solo de
maior importância e que não devem ser negli genciados, portanto, na d fi nição d_e P rta-
enxerto. De maneira geral, nas partes mai s altas da paisagem, onde o relevo mais plano,
geralmente ocorrem solos com maior produndidade efetiva e bem d renéldos e, de p n dendo
da textura, com menor retenção de água. Nessas condições, deve- dar preferência P ra
porta-enxertos mais tolerantes ao estresse hídrico, em combinação com copa precoces,
onde os frutos já terão sido colhid os antes do período de seca. Em área cujos . olos
apresentam boa drenagem e gradiente textura! entre os horizontes, o que ocorre, em er L
na meia-encosta da topossequência, recomenda-se porta-enxerto de citrumelo Swingl ,
com copas de variedades precoces e tardias, e tangerinas Sunki, pa ra a variedade Per •
A variedade Pera é considerada de meia-estação e incompatível com porta-enxerto de
citrumelo Swingle; portanto, sendo necessário utili zar-se de interenxerto.
Nas partes mais baixas do relevo, onde podem ocorrer solos com drenagem 1mp rfeita,
deve-se evitar porta-enxerto de tangerina Sunki, considerado ensível à condição d e
drenagem insuficiente. Nessa condição, o porta-enxerto mais recomend ado é o citrumelo
Swingle, que possui maior tolerância aos períodos curtos de encharcamento.
Atributos químicos
O manejo da adubação dos pomares, principalmente por causa do uso continuado de
fertilizantes nitrogenados arnoniacais, se apresenta como causa principal da acidificação
do solo. A acidificação promove perdas de Ca e Mg para camadas mais profundas do perfil
do solo, diminuindo os teores desses elementos nas suas camadas superficiais (CantareUa
et ai., 2003), onde se concentra maior volume de raízes das plantas. Es e processo pode
ser mais intenso na região do bulbo úrnido no solo, em pomares fertirrigados, dadas as
características termodinâmicas na solução do solo e pela maior absorção de r -amoniacal
comparado ao N-nítrico pelas plantas (Quaggio et al., 2007, 2014).
Um dos aspectos mais importantes a ser considerado no manejo da acidez do solo
para os citros se refere ao efeito residual da calagem e à resposta à produção (Ander on,
1971; Quaggio et al., 1992a), embora essa variação seja em razão do poder-tampão do olo
e da intensificação do manejo. Com o objetivo de evitar a aplicação de doses inadequada
de calcário, a avaliação da acidez do solo deve ser feita com base nos re ultados da análise
química em amostras de terra coletadas na faixa onde são realizada as adubaçõe-.
Em pomares já implantados, a aplicação do calcário em faixas, com distribuição de
70 % da dose recomendada sob a projeção da copa das plantas, é opção eficiente para
corrigir a área mais acidificada do pomar, em decorrência das ad ubações nitrogenadas.
Entretanto, em pomares fertirrigados, recomenda-se aplicação de 100 % da dose sob a
projeção da copa, por causa de o efeito de acidificação do solo ser maior ne - a regiã . De
maneira geral, a época mais adequada para se realizar calagem em solos sob citricultura
é entre os meses de março e abril, precedendo a efetí ação das aplicaçõe de fertilizantes.
O manejo da adubação dos citros deve ser estabelecido para as fases de: planti -
discutido anteriormente; formação - árvores jovens com menos de quatro anos de idade;
e pomar em produção - árvores adultas. Nesse último caso, há distinção das doses de
fertiliza. n tes recomendadas para os grupos de variedades de laran1as,
· 1·ima ác1'd a, 1·imoes,
-
tangennas e tangar. Ainda, para pomares de laranjas em produção, as recomendações de
adubaç~o devem levar em consideração a qualidade desejada para a fruta e o seu destino,
se para mdústria ou mercado i11 nnh,m. As definições de doses, modos e épocas de aplicação
e fonte dos fertilizantes são abordadas em detalhes por Quaggio et ai. (2010) .
2002; Hirata et ai., 2009). A adoção do manejo da entrelinha d os citros co~ c~~ert\ira
do solo na projeção da copa das árvores tem demonstrado, ainda, redução s,gn.ificat~va
de ocorrência da doença dos citros, por dificultar a propagação do fungo (Pliy[(ost,cta
citricarpa), aumentando a produtividad e do pomar (Azevedo ct ai., 2012).
Figura 10. Manejo do mato na entrelinha do citros por meio de gradagem. Taquantinga, SP,
outubro/2015.
Fotos: P.R. Volante.
Figura 11. Manejo do mato na entrelinha do citros utilizando-se roçadeira lateral tipo ecológica
(direita). Detalhe evidenciando palhada depositada na linha de plantio. Mogi Mirirn, P.
Fotos: F. A. Azevedo.
e d iferentes roça dei ras (convencional e ecológica) tem demons trado ad qu do contrnl a
po pulação de plantas infestantes, na linha de culti vo dos citros, quando s maneja ave etaçào
interca lar com roçadeira lateral ti po ecológica (Figura 12). A opção pela<; braqu i ria<; no
m encionado estudo se deu pelo fa to da sua usual uti lização como p rá tica conservacionista,
seja em semeadura em áreas que aind a não estão estabelecid as, seja por meio da sua
manutenção e controle em áreas onde estão estabelecidas (Souza Filho et al., 2005).
o mencionado estudo, Molinari (2012) observou menor perda de água do solo,
qu ando o manejo das plantas da entrelinha do pomar fo i rea li zad o com roçade ira tipo
ecológica, e o solo na linha de plantio foi man tido coberto por biomassa residual resul tant
da d epos ição da palhada das braquiárias. Esse efeito foi associado à maio r ínfiltr.ição
d e água na camada de O a 20 cm d o solo (Soares et al., 2002). Segundo es es autores,
menor disponibilidade de água no solo fo i observada nas áreas com co ntrole de plantas
infestantes com herbicida. Avaliações também demonstraram maio r resis tê ncia do olo
à penetração na linha de plantio no tratamento com roçadeira convencio nal (Figura 13).
Menores valores para o uso de roçadeira ecológica fo ra m ob ervad o na entrelinha da
cultura, em detrimento ao efeito que essa roçadeira proporciona na entreli nha, retirando a
massa vegetal da entrelinha e projetando-a para linha. No caso da roçad eira convencional,
a massa roçada é mantida na entrelinha.
Convenàonal
(Maio/13) □ Ecológica
(Fev./13)
(Out/12) 121,6 a
Figura 12. Densidade de plantas daninhas na linha de citros e m pomar de lima ácida Tah iti
manejado com roçadeiras convencional ou ecológica desd e 2010 (Mog i Mi ri m, SP, 2012-2013).
""Tukey (p<0,05).
Fonte: So uza Filho et ai. (2005).
40
Figura 13. Resistência do solo à penetração na linha e entrelinha de pomar de lima ácida 'Tahiti'
manejado com roçadeiras convencional e ecológica (Mogi Mirim, SP, 2013).
LITERATURA CITADA
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Conteúdo
INTRODUÇÃO
Berto! (, De Maria IC, Souza 15, editores. Manejo e conservação do solo e d a água. ·iç -a, l\.l . _ •ieJaJe
Bras ile ira de Ciência do Solo; 2018.
936
LUCIANO DA SILVA SOUZA ET AL.
2
(~ ,0 : ~), pxim.ei_ro prod~1t~r nacional. A Bahia também apresenta a tercei:ª áJ"ea colhida
( 3,8 10 ) no culti\ o do hmao (lBGE, 2015). Na Bahia, a produção de laranJa concentra-se
na zona do _Litoral 1 orte/ Agre te de Alagoinhas, sendo o município de Rio Real (Litoral
orte) ~ 1;1~ 1or produtor estadual, com 32,2 % da área colhida e 34,4 % da produção estadual.
0 murucxpxo de ltapicuru (Agreste de Alagoinhas) é o segundo produtor estadual, com
19,7 % da área colhida e 18,5 % da produção. Na zona do Recôncavo Sul, o maior produtor
de laranja é O município de Cruz das Almas, contribuindo com 3,7 % da área colhida e 4,9 %
1ª p~o~ução es_ta?ual. ~m Sergipe, os cinco mwúcípios maiores produtores estaduais são
tabaxrunha, Cnstinápohs, Salgado, Lagarto e Boquirn, respectivamente com 12,4; 10,4; 9,8;
9,0; e_S,5 ~ da área colhida e 11,9; 10,7; 10,1; 9,4; e 8,8 % da produção estadual. Na figura
l, ~vxdencia_-se a localização dos pomares citrícolas, e, na figura 2, apresenta-se a evolução
da area colhida e do rendimento médio de laranja, limão e tangerina, no período de 2001 a
2011, nos Estados da Bal1ia e de Sergipe.
A citricultura na Balúa e em Sergipe encontra-se localizada en'"l solos coesos de
Tabuleiros Costeiros, cujas peculiaridades físicas e quínúcas conduzem a aspectos
diferenciados de manejo em relação a outras regiões citrícolas do Brasil.
2 4
MUNICÍPIOS
1. Lagarto
2. ltaporanga D' Ajuda
3. Riachão do Dantas
4. Boquim
5. Salgado
6. Estância
7. Itabaianinha
8. Pedrinhas
9.Arauá
10. Santa Luzia do ltanhy
11. Tomar do Geru
12. Cristanópolis
13. Umbaúba POLO ClTRÍCOL.-\ DO
14. Indiaroba ESTADO DE SERGIPE
B HIA SERGIPE
L lv\NJ RANJA
35 711000 35
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TA-,'GERINA TANGERlNA
1200 35 1 200 l5
c=i Arco colhido -+- Rmdim..'l'ltO!Mdto c:::::J Are, colhido -+- Rendlmenlo ~ io
1 lXXl 30 J (XX) 30
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2001 2002 2IXD 200l 2005 2006 2!XJ7 2005 2009 2010 2011 2012 2001 2002 2003 20J.I 2005 2006 2!XJ7 200S 2009 2010 2llll 2lll2
Figura 2. Evolução da área colhida (ha) e do rendimento médio (t ha·1) de laranja, limão e tangerina
nos Estados da Bahia e de Sergipe, no período de 2001 a 2012 (IBGE/PAM, 2001 a 2011).
Fonte: Gráficos elaborados pelo pesquisador José da Silva Souza, da Embrapa Mandioca e Fruticultura.
Figura 3. Área ocupada pelos Tabuleiros Costeiros na Região I ardeste do Brasil, com cerca de
10 Mha.
Fonte: Silva et ai. (1993).
Quadro 2 · Resullad os d e an~lises físicas de dois solos de tabuleiro lorn li zad os c m Sapeaçu, BA
Horizonte Porosidade
Areia total Silte Argila Os Ko
Total Macro Micro
m- --- - - --- g kg•l --- - - - - ---------- n 1
1
nY' ---- - --- kg d m·1 mmh·1
Lii tossolo Amarelo Distrocoeso argissólico
p (0-0,18) 615 0,11 0,24 1,57 96,8
11 6 269 0,35
AB (0,18--0,-16) 526 0,26 1,59 32,4
103 371 0,34 0,08
BA (0,46-0,c O) 444 0,09 0,28 1,55 11 ,3
90 466 0,37
Bw1 (0,80-1 ,50) 375 106 0,35 0,03 0,32 1,57 8,6
519
Bw2 (1,50-1,60 +) 353 144 503 0,42 0,11 0,31 1,40 46,5
Argissolo Amarelo DislTocoeso
A p (0-0,20) 660 111 229 0,31 0,08 0,23 1,72 55,1
AB (0,20-0,46) 538 111 351 0,33 0,05 0,28 1,64 51 ,5
BA (0,46-0,67) 433 101 466 0,31 0,01 0,30 1,68 7,1
811 (0,67-1,03) 396 104 soo 0,35 0,03 0,32 1,55 2,3
Bt2 (1,03-1,24) 390 155 455 0,36 0,03 0,33 1,53 3,3
BC (1,24-1,50 +) 362 155 483 0,36 0,03 0,33 1,53 14,3
Os = densidad e d o solo; e K,, = conduti\'idade h id ráulica saturada .
Fonte: Paiva e t al . (2000).
Souza (1996, 1997), com base na avaliação das limitações físicas e químicas apresentadas
pelos solos coesos das áreas citrícolas, concluiu que qualquer interferência de uso e manejo
em tais solos, visando aumentar a produtividade das culturas, passa, necessariamente,
por: 1) melhoria do crescimento radicular em profundidade, para aumentar a superfície
de absorção de nutrientes e, principalmente, de água pelas raízes e, com isso, minimizar
os efeitos das frequentes estiagens que ocorrem em grande parte dos locais de ocorrência
desses solos; para tanto, devem ser superados os problemas de impedimento físico e químico
ao crescimento radicular em profundidade, que tais solos apresentam; 2) superação dos
impedimentos que a camada coesa impõe na dinâmica e na capacidade de armazenagem
da água no perfil, para minimizar os constantes défices hídricos a que estão sujeitos os
cultivas estabelecidos em tais solos; e 3) melhoramento dos atributos químicos do solo, por
meio da calagem, gessagem e adubação, visando diminuir a saturação por alwnínio em
profundidade e aumentar o suprimento de nutrientes em profundidade.
16
•
RP "" 0,0002 U.,.-,
12 1
R = 0,9667
COESO
RP = 0,0879 l.J'1·9111
2
4 R = 0,6616
NÃO COESO
• •
o+------,------r------.-----.---1
0,035 0,055 0,075 0,095 0,115
1
Umidade do solo (kg kg· )
Figura 4. Curvas de resistência à penetração (RP) em relação à umidade no olo, em horizonte· coeso
e não coeso, em Latossolo Amarelo Distrocoeso de tabuleiro sob m a ta, em Crnz da Almas. BA.
Fonte: Giarola et ai. (2001 ).
Em razão da presença de coesão em solos de tabuleiro, res ultand o em alta resis tência
do solo à penetração, Souza et aJ. (2008) observaram, em Argissolo Acinzentado (PAC)
não coeso (Quadro 3), valores bem mais elevados de densidade de raízes de ci tros por
horizonte, variando de 3,4 a 4,1 vezes superiores aos de Latossolo Amarelo Distrocoeso
argissólico (LAx) e Argissolo Amarelo Distrocoeso (PAx) (Quadro 2), respectiva mente,
com predominância de raízes com diâmetro menor do que 1 mm (Figura 5). O olo LAx
e PAx apresen taram densidades de raízes semelhan tes entre si, nos quatro horizontes.
A densidade de raízes nos horizontes superficiais do LAx e PAx foi semelhante àquela
observad a no horizonte mais profundo avaliado no solo PAC. Esses dado confirmam q ue
a coesão realmente constitui-se em severa restrição ao crescimento e aprofundamen to das
raízes de citros, que se evidenciar am altamente sensíveis à presença da coesão no solo.
Quadro 3. Resultados de an álises físicas de Argissolo Acinzentado não coe o de tabuleiro, localizado
e m Sapeaçu, BA
Porosidade
Areia total Silte Argila Os
Horizonte Total Macro Micro Kº
-m - gkgl ml m J kgdm ) mmh 1
Argissolo Acinzentado
Ap (0-0,30) 83-1 116 50 0,37 0,22 0, 1- 1,63 165,g
AE (0,30-0,70) 808 139 53 0,36 o,:m 0,16 1, O 1
El (0,70-0,87) 829 134 37 0,36 0, 19 0.17 1.71
·º
í ,9
E2 (0,87-1,05) 841 136 23 0,35 0,1 0,17 1,73 47,
E3 (1,05-1,30) 837 HO 23 0,35 0,20 o,1- 1.7-1 1-U
Bt (1,30-1,50 +) 752 l+l 10-l 0,32 U,16 0,16 1.7 10.S
Os = d,msidade do solo; e Ku = condu tividade hiJ ráulic.i s.itur.:id.i.
Fonte; Paiva et ai. (2000).
o, o
Diâmetro das raízes
•<lmm □ 1-2mm •>2mm
ôO, O
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co
LAx PAx PAC
Classes de solos e horizontes
Figura 5. Valores médios de densidade de raízes de laranjeira 'Hamlin' enxertada em limoeiro
'Cravo', em três classes de diâmetro, por horizonte, em uma topossequência de solos de
tabuleiro, localizada em Sapeaçu, BA, composta por Latossolo Amarelo Distrocoeso argissólico
(LAx), Argissolo Amarelo Distrocoeso (PAx) e Argissolo Acinzentado (PAC), não coeso.
Fonte: Souza et al. (2008).
demons trar te nd é ncia para o aprofundamento e.lo sis te m a r.:icl icula r. O s J 'mais po rla-
e n xe rtos ocupara m po ições inte rmed iá ri as.
Um problema d a citricultura nord e tina é a g rande p reclominé'l ncia do limã o 'C ravo '
co mo porta-enxerto, o que torna urge nte a d ivc r ificação d va r icdad parJ e e; ' fim.
Nesse sentido, a Embrapa Mandioca e Fruticultura desenvo lve projeto a fim de identificc1r /
desenvolver novos porta-enxertos para citros, adaptados esp cia lmcn te a altds dens idc1d e;
populacionais e a ambientes adversos, como é o caso dos TC, co m s olos coesos e com
a ltos teores de a lumínio e m profundidade. Esses se co nstit ue m e m impedimento fí s ico
e químico, res pecti va mente, ao cresci m e nto e apro fund amento das raízes d.:i planta <;
cí tricas, tornando-as vulneráveis aos frequ e ntes défices hídricos da região, refletind o na
s ua produtividade e longevidade.
Magalhães (1987) avaliou a tole rância de porta-en xertos de ci tro ao alumínio e
observou que o limão ' Rugoso da Flórida FM', seguido da tan gerina 'Cleópatra' e do lim ii n
'Volkameriano', foi o que se evidenciou mais to lernnte ao al umíni o. O limão 'Cravo' foi o
que apresentou a menor tolerância (Figurn 6).
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Q:i' 5,0
L.
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4,0
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3,0
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Alumí nio no solo (m g dm )
Diante da alta sens ibilidade das raízes dos citros à coesão do olo (Cintra et ai., 1999;
Souza et ai., 2008), Peixoto et ai. (2006) avaliaram a dis tribuição do i tema radicula r
de l1 porta-enxertos para citros sob copa de laranja ' Pera', em Argis olo cinzentado
Distrocoeso, verificando ~ue o limão ' Rugoso r-.,[azoe' foi o porta-enxerto que a pre -ento u
maio r densidade e aprofundamento de raízes, segu ido pela tangerina ' S un ki' x English
Trifoliata 63/264, tange rina 'SLU1ki' x Englis h T rifoliata 256, tangerina ' unki' C P~ fF
(02) MaraviU1a e tangerina 'SLU1ki' x English Trifoliata 26-t O limão ' Crav ' e O limão
' Volkameriano' foram os que apresentaram menor crescimento radicular (F igura 7) .
1,2
0,00-0,10 m
1,0
D 0,10-0,20 m
õ
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o, O 0,20-0,-11 m
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Figura 7. Densidade de raizes em 11 porta-enxertos para citros, sob copa de laranja 'Pera', em
Argissolo Acinzentado Distrocoeso de Tabuleiro Costeiro. T1 = Limão 'Cravo'; T2 = Tangerina
'Sunki' x Citrumelo Swingle 314; T3 = Limão ' Cravo' x Tangerina 'Cleópatra'; T4 = Tangerina
'Sunki' x English Trifoliata 63/264; T6 = Citru.melo Sv.ringle 4475; T7 = Citrumelo Swingle B;
TB = Limão 'Volkameriano'; TIO= Tangerina 'Sunki' CNPMF (02) Maravilha; T12 = Tangerina
'Sunki' x English Trifoliata 256; TI3 = Limão 'Rugoso Mazoe'; e T14 = Tangerina 'Sunki' x
English Trifoliata 264.
Fonte: Peixoto et al. (2006).
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Figura 8. Balanço híd rico climatológico para Cru z das Almas, BA, pa ra o pe ríod o d e 1971-199 ,
calculado segundo Thornthwaite e Mather (1955), para 100 mm d e capacidade de armazenagem
d e água no solo.
Fonte: Ins tituto N.icion íl l de Meteorolog i.i, 13rns il iíl, DF.
Em complemento ao balanço híd rico clim a tológico (Fig ura 8), foi ava liada a
dispo ni bilidad e d e água no solo ao longo do tem po, a té 1,50 m de profundid ade, duran te
os a nos d e 1996 e 1997, em d ois solos distrocoesos de tabu leiro de uma topossequência
localizad a em Sapeaçu, BA, e m um poma r cítrico. Revelo u-se que o La tossolo mareio
Dis trocoeso a rgissólico, localizad o no terço su perior da topossequê ncia, perma neceu seis
quinzenas em 1996 e cinco em 1997 se m água disponíve l para as plantas (teo r de água
no so lo veri fica do em campo menos o teor de água a -1500 kPa de tensão) (Figura 9),
e nqua nto o Argissolo Amarelo Distrocoeso, no terço médio, pe rmaneceu 10 q u inzenas em
1996 e 11 em 1997 na mesma condição (Paiva et al., 1998). Tais d ad os fora m com parados
co m os obse rvados em Argissolo Acinzentado, não coeso, d e textura a renosa e localizado
no te rço i.nferior da topossequência estudada, q ue se a presentou com água disponível para
as plantas cítricas a té 1,50 m de profund idade, d u ran te todo o pe ríod o d e ava liação. Em
co ncord â ncia com a água dis ponível, as p lantas e ncontrada no Argi solo Acinzentad
aprese ntaram crescimento estatisticam en te su pe rior àq uelas localizadas nos d ema is solo ,
não havendo d ife rença entre as plantas localizadas nesse~.
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Q uinzena
Figura 9. Água disponível em razão do tempo até 1,50 m de profundidade, em três solos de tabuleiro
(LAx = Latossolo Amarelo Distrocoeso argissólico; PAx = Argissolo Amarelo Distrocoeso; e
PAC= Argissolo Acinzentado não coeso), localizados em Sapeaçu, BA, em 1996 e 1997.
Fonte: Paiva et ai. {1998).
Os pomares de citros nos TC não têm uma fase de repouso durante o ano, pois não há
uma estação mais fria ou de baixa luminosidade, o que mantém as plantas em atividade
constante durante todo o ano. Esse fenômeno, adicionado aos períodos de estresses hídrico
e nutricional, ocasiona o declínio da produção entre 15 e 18 anos de idade, enquanto
nas zonas subtropical e temperada isso ocorre após os 25 anos. Tentando retardar esse
envelhecimento precoce em pomar de laranja ' Baianinha' enxertada em limão 'Cravo', com
12 anos de plantio em Latossolo Amarelo Distrocoeso dos TC, Souza et al. (2004) fizeram
a subsolagem nas entrelinhas do pomar e substituíram a grade por roçadeira e cobertura
do solo com leguminosas. Também renovaram a parte aérea das plantas com diferentes
intensidades de podas. Esses autores observaram que a subsolagem seguida da cobertura
do solo com leguminosas, sem poda ou com poda leve, aumentou a água disponível no solo
em todas as camadas do perfil durante os dois anos de avaliação. O pomar com poda severa
teve menos água disponível no solo que a testemunha (pomar com a condução anterior). A
disponibilidade de água diminuiu em todos os tratamentos na profundidade de 0,30-0,90
~ em razão da presença de coesão, dificultando os fluxos ascendente e descendente de
água no perfil do solo. O maior volume de água disponível às plantas ocorreu na camada
de 0,90-1,50 m, onde pequena porcentagem das raízes geralmente tem acesso (Figura 10).
Com base na evapotranspiração apresentada nos estádios fenológicos de maior
demanda hídrica pelos porta-enxertos limão 'Volkarneriano Palermo' (LVP), limão
'Volkameriano Catânia' (LVC), limão 'Cravo' (LC), limão 'Rugoso da Flórida' (LRF)
e tangerina ' Cleópatra' (TC), sob copa de laranja ' Pera', em Argissolo Acinzentado
Distrocoeso de tabuleiro de Umbaúba, SE, Ci.nh·a et al. (2000) concluíram que o LC foi o que
apresentou melhores características de adaptação, enquanto a TC foi a menos adaptada;
os demais porta-enxertos ocuparam posições intermediárias. O balanço hídrico realizado
ara os porta-enxertos considerados no trabalho permitiu concluir que a maior demanda
hídrica da laranja 'Pera' aconteceu nos meses de outubro e novembro, corno também no
final do período seco (março), durante a fase de maturação dos frutos.
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0,90- 1,10 ~ E----+---➔
Figura 10. Compa ração entre as médias da água d ispon ível (Tukey p < 0,05) e m cada profun idade
do perfil de La tossolo Amarelo Distrocoeso, para os tratamentos sem poda (SP), poda leve (PL ),
poda severa (PB) e testemu nl1a (T) (pomar com a conduçào anterior), no período de 1/ 3/ 1996 a
1/3/ 1998 em Cruz das Almas, BA.
Fonte: Souza et ai. (20Q.l).
ntes de abordar algumas pesquisa s realizadas e alguns res ultados sobre o manejo
do_ solo em citricultma na Bahia e em Sergipe, são apresentados as pectos ge rais sobre os
princípio bá icos em manejo e conservação do solo.
que pode ser efetuada em rnmpo é evitar 0 5 extremos d umid ad , o u c;eja, vit.:i r realiza r
práticas com umid ade suficiente pa ra não lev,rntar po ira e nem aderir aos impl mento
e p neus, red uzindo aind a a possibilidade de "patinam nto" e compactil à e Jum ,nta ndo
a eficiência de h·aba lho da máquina; e e) no caso da realizaç.'io da s ubc;o lagem, a á rea d ve
estar subme tida ao pousio ou a uma cobertura por adubos verd es e acumulado fitomassa
em s ua superfície; após a roçagem deixar a cobertura vege têll secar durante ai uns di a,;
para aplicar a subsolagem. Nesse momento, a umidade do solo deve estar mai parc1 um
es ta d o friável ou seco, em toda a profundidade de atuação do implemento. Ca o o so lo
esteja mui to úmido, deve-se aguard ar algum tempo parn que seja atingida c1 um idad
adeq uada, ou seja, sa indo da consisténcia plás tica para a friá vel.
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Figura 11. Distri~uição do sistem a ra~icular da _lar~nja ' Pera' em profundiJade no perfil de Lato , "OI
A marelo D1strocoeso de tabuletro, em dois sistemas de manejo, em Con eição do ,-\lmeidd, na
Bahia (a), e Boquim, em Sergipe (b).
Fonte: Carva lho l'l ai. (1999).
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C.Almeida-BA Rio Rcal-BA Umbaúba-SE Lagarto-SE ~édia
Figura 12. Produção de laranja 'Pera' em solos de tabuleiro, em dois sistemas de manejo do solo, em
municípios localizados na Bahia e em Sergipe.
Fonte: Car\'alho e l ai. (1998).
Os resultados obtidos cerca de quatro anos após o plantio (Figura 13) evidenciaram
nítida superioridade do "plantio direto" em todas as quatro variáveis medidas (diâmetro
do tronco, altura da planta, volume da copa e produção), nas três combinações copa/
porta-enxerto (laranja 'Pera', li.ma ácida 'Tahiti' e tangar 'Murcott', enxertadas em limão
'Cravo'). A similaridade dos resultados para o "plantio direto" na presença e ausência de
subsolagem, exceção apenas para a produção da laranja 'Pera', apresenta a possibilidade
de o " plantio direto" dispensar a utilização da subsolagem por ocasião do plantio, prática
essa dispendiosa e às vezes de dilícil acesso por pequenos produtores de citros.
A avaliação de raízes, efetuada em plantas de tangelo 'Page' enxertadas em limão
'Cravo' ao longo da linha e entrelinha de plantio e em razão da profundidade (A)
e da distância da planta (B), para o plantio com mudas (M) e "plantio direto" (PD), na
Fazenda Poço das Pedras, município de Rio Real, Bahia (Figura 14), evidenciou maior
densidade de raízes no "plantio direto", na grande maioria dos casos, principalmente em
maior profundidade (Figura 14A). Isso comprova o prejuízo causado pelas podas e pela
extirpação da raiz pivotante e pelo enovelamento no sistema radicular que ocorrem nas
mudas, portanto tornando-o mal formado, o que não ocorre no "plantio direto".
Dessa forma, Rezende et ai. (2002), Brito et ai. (2006), Calfa (2010) e Rezende (2013)
comprovaram a superioridade do" plantio direto" em comparação com o plantio de mudas.
Este último sistema apresenta crescimento retardado e produtividade prejudicada por
causa dos sucessivos cortes e das perdas de raízes, quando das transplantações sementeira-
viveiro-local definitivo.
Informações levantadas com os produtores de citros da região citrícola de Rio Real,
no Litoral Norte da Bahia, permitiram estimar a existência de aproximadamente 1 000 ha
de citros unplantados em "plantio direto", envolvendo produtores de todos os extratos
(grandes, médios e, principalm.ente, pequen_os). Os po~ares in~talados des~a maneira tên:-
se revelado mais precoces, mais tolerantes a seca, mais produtivos e, possivelmente, mais
longevos do qu e aq ue les originéÍ rios cio p lanti o de mud ac;, po r so fre rem °:enos com nc;
períodos de défices hídricos que ocorre m n a região citríco la dJ Ba hi.:i e dt• S rg ipe, cnnfo r~c
abordado no item "balanço hídrico e s uprime nto de jgua pJ ra os c itro5 c m ~o loc; coesnc; ·
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Figura 13. Resultados de diâmetro do tronco, él ltu ra da planta, vol ume da copa"' proJ uçc'10 pa ra o
plantio com mudas e "plantio direto" (PD), com e sem s ubsolagem, pa ra a laranja 'Pera' (LP),
üma ácida 'Tahiti' (LT) e tangor ' Murcott' (TM), no município d e Rio Rea l, Bahia.
20 2 11
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1a Linh.1 Entrdinh., j
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Figura 14. Densidade total de raízes (cm ctm-J de solo) de plantas de t,mgelo ' Pagc· em.ert.1 J ,1 · t:m
limão ' Cravo', ao lo ngo d a linha e e ntrdinha de plantio e em ruzâo d a profundi :iade (a) e
dis tâ ncia da planta (b), para o pla ntio com. mudas (~1) e " plantio dire to" (PD), na FJ zend,1 p ·o
das Pedras, município de Rio Real, Bahia, cm 2009.
Quadro 5._Cronograma de atividades em manejo do solo para a cih·icu ltura na Bahia e em Sergipe,
para 11nplantaçào de pomares e em pomares já implantados
Período Clima Prática
Na fase de implantação de pomares
Quadro 5. Cont.
Período Clima Prá t ica
Na fa se de implantação de po mares
A pi icar él acl u baç,io c.l pl,mtio com bac;e n,1 an,1l1c;t•
Chu vas mai s do so lo, cons idPr.indo a<; q u anticlt1des e 0<; tipoc; dl'
Junho
frequen tes
ad ubos e os modos d aplic.1ção rL'co mcnd,11.Joc;
Plan ta r .is mud as de c itros nas cova abertél c; n.:ic; linha,
subsoladas. No cJ-;o d e util i.raçJo dn "pl,mtio diret<l",
as se men tec; do porta-e nxerto c;clecion.ido poderJo
Chuvas mais ser p lantadas di retamente no c.im po o u em boi ·us
Junho pl ás ticas. Nesse caso, ter o cu idado de tr;:in<;feri r p<1r,1
frequentes
o campo assim qu e a raiz p1vo ta nte atingir u fundo do
recipiente, evitand o assi m o enovcl.imen o do c;1stem..1
radicular.
Chuvas mais
Junho Pla ntar leg uminosa nas e ntrelinha _ dos pom..in_><;_
frequentes
Aplicar as adubações d e cobertura com bc1se na ,máli<;t•
Chuvas com
Julho em diante do solo, cons ide rand o as quantidad~ e º" lipoc; de
menor frequência
adubos e o modo de .iplicaçJo recomendados.
Ceifa r as legu m inosa a uma altura em tomo de n.20
Setembro/ outubro/ Final do período
m, deixando a fitomassa na su perfície do o lo como
novembro chuvoso
cobe rtura morta.
Em pomares já implantados
Cole tar a mostras de solo na profundidade de 0-0,20 m
Dezembro Seco
e enviar para ,má lise.
Logo após a primeira chuva , aplicar todo o calcário
Seco, chuvas dolomitico recomendado, su bstituindo 25 "'~ Je C ,O
Ja neiro/ fevereiro
ocasionais corno gesso; e gradear ou escari.ficar com o _olo com
baixa umidade, ou seja, no estado de con.sistencia friável.
Aplicar me tade do 1 , todo o p e m etade do ,,
Início cio período recomend ados pela análise do solo, e m cobertur.:1.
Março
chuvoso na projeção da copa ou entrelinha, com o solo ú m ido
para evi tar/ minimizar a perda por olatiliz.:içào.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
LITERATURA CITADA
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Clenio Nailto Pillon21, Andrea De Rossi Rufato 11 & José Francisco Martins Pereira 21
1
1 Embrapa Uva e Vinho, Vacaria, RS. E-mail: luciano.gebler@embrapa.b-r; a ndrea.rufato~ •mtrrapo1 br
21 Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. E-mail: g ilberto.nava!Ge m brapa.br; adi! on.bam~r i;embr<1p,1.br;
flavio .carvalho@embrapa.br; clenio.pillon@embrnpa.br; jose.fm pcre1ra~ l'mbrapa.br
Conteúdo
BREVE HISTÓRICO
Berto( !, De Maria IC, Souza LS, editores. •lanejo e con-~rvação d o solo ~ J.i água. Vi,-o . :'\ IG : - -1~[.i !e
Bras ileira de Cii!ncia do Solo; 2018.
--
962
LUCIANO GEBLER ET AL .
_,
XXX - MAN EJO DO SOLO EM FRUTICULTURA DE (UMA T EM PERADO 963
Uma vez que isso oportuni za a restrição do trâns ito de máquinas agrícol s, acaba por
resu ltar em maior aceite da prática conscrvacionista com base nas linha de plantas em
curvas de nível o u patamares, agregadas à cobertu ra do solo .
Um caso a ser observado separadamente é a cultura do morangueiro que difere
das demais por ser herbácea e de pouco tempo de exploração (< 2 ano ). Pelo fato de a
mecanização privilegiar a implantação das áreas de culti vo, os demais tr;Jtos são feitos
manua lmente, lança ndo mão da cobertura de solo com mulching plástico, em vez da
cobertura verde. Mesmo nesses casos, não há preocupação pela im plantação de medi das
conservacionistas físicas, além da cobertura do solo.
para construção de patamares em declive ao longo das encostas dos morros, construindo-
os largos o suficiente para a implantação de uma linha de plantas, no mínimo, e permitindo
a passagem das demais máquinas agrícolas para os devidos tratos culturai (Figu ra l ).
Figura 1. Pomares de caqui instalad os em áreas muito declivosas, utiliza ndo patamares cons truídos
por meio do corte das encostas
Foto: Jean Francisco Carminatti.
Nessas situações, segue-se o propos to por Koller e t ai. (2013), os quais preconizaram
que as práticas conservacionistas devem ser realizad as antes da implantação do pomar,
incluindo: a) construção de patamares em nível, quando o solo é profundo e permite
altas taxas de infiltração de água; b) construção de patamares em declive, q ue permite o
escoamento do excesso da água, quando o solo é raso o u com horizonte 8 denso e com
baixa capacidade para infiltração de água; c) alocação de canais escoadouros ve(7etado ,
a fim de evitar a formação de voçorocas; e d) sempre que possível, realizar o plantio das
mudas em nível. Tais práticas têm por fina lidade reduzir o comprimento da rampa para
diminuir a velocidade de escoamento superficial e aumentar o tempo de permanência da
água na área, facilitando, assim, a infiltração.
Ao final do período de implantação do pomar, a vegetação espontànea (geralm ente
campo nativo, gramíneas nativas ou plantas infestantes) assume o papel de cobertura do
solo, possibilitando a redução de custos de ressemeio anual de plantas como trevo, aveia,
azevém, grama ou outras espécies comerciais, ocorrendo s ua perenizaçào na área.
Até a década de 1990, esse tipo de pomar em fruticultura temperada era comum,
principalmente no caso de pessegueiro e arneLxeira, mas foi perdendo importància até eu
q uase desaparecimento. Atualmente, se res tringe às áreas muito declivosas ou com alta
pedregosidade, exigindo planejamento detalhado, resultando no uso exclusivo de mã de
obra hwnana para sua condução.
Entretanto, nessas áreas, é possível verificar a aplicação de todos os princípios
preconizados para proteção do solo contra a erosão hídrica, com a construção de patamare ·
vegetados e com pedra, em nível ou declive, com plantio de fileiras em nível com e sem
d esaguadouro. Isso é feito mesmo que implique na adoção de curvas mortas, sempre
acompanhado da cobertura do solo, muitas vezes manejada com espécies para adubação
. d.macea),
verde' com0 erv1·111aca (Vicia sativa), maku (Lot11 s serrano), festuca (Festuca arun
entre outras esp cies.
Mesmo assim é preconizado que essas áreas sejam previamente manejadas com
Subsolagem, escarificação, lavração ou gradagem e recebam o mesmo tratrunento que as
áreas com manejo mecanizado. Sendo áreas limítrofes ao uso de máquinas, muitas vezes só
será aplicada tração animal com arados fuçadores e gradagens. O plantio, com a adubação
de base, nesses casos, ainda é feito em covas que, por não apresentarem espelhamento em
suas paredes, aumentam a infiltração de água nesses pontos.
O achego de terra durante a adubação e no controle de plantas infestantes, nos casos
do uso de capinadeiras, contribui tanto para a formação dos pequenos crunalhões na fila de
plant~s ~orno para a estabilização dos patamares vegetados e das curvas de nível, alterando
a decbv1dade das fileiras e contendo ou reduzindo o processo erosivo nessas áreas.
O problema para a manutenção dessas áreas produtivas é a escassez de mão de obra
para os tratos culturais no pomar e o esforço dispendido em qualquer atividade, pois todas
as operações envolvem trabalho humano (capina, aplicação de agroquímicos, colheitas e
transporte de caixas etc).
60~--------------- 50..-----------------~
45
~ 50
til 40
.9
..Ê
QJ
40 35
-o
o
~ -
•Herbicida
y = 45,7 + 1,40x - 0,053x2 R2 = 0,88....
30
• Herbiàda
~ 30 .. Roçado - y = 29,7 + 2,37x - 0,099x' R1 = 0.97-
25
fil
p,:: - - y =39,6 + 0,914x R =0,91...
2 ._ Roçado
= 30,08 + 0,845x R' = 0,89-9
2011..__.,....::::=::::~:::::::::::::;:::::::::::::::::::::::;:::::::::::::::=;==:::::J
o 5 10 15 20 25
Doses de carnas de aviário, t ha·1
Figura 2. Rendimento da i:n~cieira, cv. 'Fuji': e m resposta às doses de cama de aviári aplicada
a nualmente na superhc1e do solo e aos sistemas de manejo das plant:ls e pontâneas, safras 2000
e 2003.
Fonte: Adaptado de Nava (2010).
Pelizza et ai. (2009) verificaram que o uso de roçadas em sistema orgànico de produção
de maçãs foi ineficiente em reduzir a competição da vegetação espontànea com as macieiras
e, por isso, recomendaram o uso mais frequente de roçadas durante o período egetativ
e d e frutificação, quando as linhas das plantas são mantida com algum tipo de cobertura
vegetal.
Figura 3. Cobertur~ ~erde do solo propiciada pelo maku (Lo/11s serm110) na linha d e plantio de um
pom ar de m acieira.
Foto: G ilberto Nava .
2,8
a
2,6
2,4
2,2
o
w'
..C
2O
I
o
'-
~ 1,8
z
1,6
1,-l
1,2
1,0
Capina L. Serrano Mul c h ing Roçd<lo
Uma prática que também pode aliviar os efeitos da competição por plantasespontàneas,
que se desenvolvem nas linhas de plantio em pomares, é a roçada realizada nas entrelinhas
com transferência da fitomassa residual para a linha de plantio, formando urna camada
de cobertura que inibe ou reduz o desenvolvimento dessas e, ao mesmo tempo, auxilia na
contenção da enxurrada e na retenção dos sólidos em suspensão (Figura 5).
Figura 5. Manejo da cobertura do solo em pomar de macieira com transferencia de fitomas are idu.il
da entrelinha para a linha de plantio.
Foto: Gilberto ava.
Quadro 1. Teores foliares de nitrogênio, produção e índice ravaz de videiras Cabernet S~µvignon
cultivadas em consórcio com plantas de cobertura do solo submetidas a dois manejo?
Tratamentos
Variável Safra CV
TI(I )
T2 T3 T4 TS T6 T7
N (g kg- 1) 09/ 10 30,3 28,6 26,8 30,2 26,5 28,5 27,8 7,2
10/ 11 22,3 27,7 25,1 25,8 26,4 23,3 21,7 5,6
Produção 09/ 10 2,14 2,50 2,38 2,45 2,29 2,50 2,59 13,6
(kg planta·1) 10/ 11 3,34 3,92 4,05 4,12 4,04 2,69 3,30 11,7
índice Ravaz 09/ 10 2,07 2,25 2,07 2,20 2,08 2,36 2,28 10,1
10/ 11 6,78 5,69 5,49 6,16 5,69 6,32 6,56 9,4
Contrastes
Test. vs anuais Test. vs perene Anuais vs perene Sem vs com manejo
09/ 10 ns ns ns •
10/ 11
_ ..... (2)
ns •
Produção 09/ 10 ns ns ns ns
(kg planta·1) 10/ 11 -** 11S
..... ns
...
XXX - MANEJO DO SOLO EM FRUTICULTURA DE CLIMA TEMPERADO 971
espont5neas, proporcionou maior taxa d e cobertura do solo. Ainda com relaçJo videi ra,
Rosa et a i. (2009) ana lisaram O efeito de lres cobertura vegetais (vege tação espontânea,
aveia-preta e consórcio de trevo-branco+ trevo-verm elho+ aze vém) e m B nto Gonçulves,
RS, e verificaram que a produção de uva na safra colhida e m 2004, após um uno da
introdução desses tratamentos, foi maior no tratamento aveia e me nor no cons reio,
refletindo o efeito de planta de cobertura que teve maior produção de fitomassa na aveia
em relação ao consórcio (Quadro 2).
Quadro 2. Produção de cachos de uva fresca por planta e m razão de diferen tes sistemas de manejo e
espécies de cobertura, em três safras, num Cambissolo Háplico Eu trófico, e m Bento Gonçalves,
RS
Embora a maneira mais simples para constituir uma cobertura vegetal seja deixar
desenvolverem-se as espécies espontâneas da região, o plantio de espécies oportunamente
selecionadas permite obter importantes resultados fitotécnicos (Quadro 3), bem com o o
rápido estabelecimento e a cobertura do solo (Rufato et ai., 2006, 2007). O uso da aveia
em pomares (Figura 6), além de promover a cobertura do solo, tem efeito marcante
sobre a ciclagem de nutrientes e o controle de diversos patógenos causadores de doenças
radiculares.
No final do ciclo da aveia (agosto/ setembro), deve-se proceder à rolagem das plantas
a fim de formar a cobertura do solo. A rolagem pode ser feita utilizando-se rolo faca, uma
barra de ferro ou tronco de árvore tracionado pelo trator. Em algumas situações, as plantas
tombam espontaneamente, não sendo necessário realizar a rolagem. Também pode ser
usada a dessecação, principalmente na linha de plantio, caso haja alguma competição com
a cultura de interesse.
Quadro 3. Parâmetros \'egetativos de plantas de pessegueiro condu zid as em y psiloi~ (~) e líder
central (LC), em razão de diferentes coberturas vegetais, sob o sistema de produçao mtegrada
d e pessegueiro - PTP
Incremento no diâmetro Índice de volume de copa lndice de fertilidade
do tronco (mm) (mJ) (gemas cm·')
1éctias seguidas de letras distintas na mesma coluna diferem entre si pelo deste de Duncam (p<0,05).
Fonte: Rufato et al. (2006).
papel regulador na dish·ibuiçào de água no ambiente, e servir como " buffer" na formação,
degradação e atenuação de produtos danosos ao ambiente.
. Ass_im: a capacidade de regulação das águas em solos d~ diferentes_ qualid,a?es
~u~nciana diferentemente os processos erosivos, com base nos diferentes atnbutos f1s1c_o,
qu1m1cos e biológicos. Isso permitiria diferentes comportamentos na fase de desagregaçao
de partículas, pela variação da força de retenção dos agregados nos diferentes solos, e
de arraste de partículas pelo fluxo da enxurrada, incluindo-se a consideração do tipo de
manejo aplicado.
. A qualidade do solo tem duas partes: uma, intrínseca, que se refere à capacidade
merente de ele sustentar o crescimento das culturas; e outra, dinâmica, que pode ser
influenciada pela ação do homem (Carter, 2002).
Atributos inerentes à qualidade do solo, como mineralogia e distribuição do
tamanho de partículas, são vistos como praticamente estáticos e evidenciam poucas
mudanças no tempo. Entretanto, atributos dinâmicos da qualidade do solo englobam
aquelas propriedades que podem sofrer alterações em períodos de tempo relativamente
curtos, como o conteúdo de matéria orgânica do solo (MOS), as frações lábeis da MOS
e a agregação e macroporosidade, em resposta ao manejo e ao uso antrópico e que são
fortemente influenciadas por práticas agronômicas (Carter, 2002) e por atributos do solo.
Diversos estudos realizados em solos sob diferentes manejas têm considerado a
MOS como um atributo-chave da qualidade de um solo (Doran e Parkin, 1994; Conceição
et al., 2005; Mielniczuk, 2008). Essa se refere ao material orgânico total, incluindo a
biomassa identificável de plantas (recursos primários), biomassa oriunda de animais e
microrganismos (recursos secundários), matéria orgânica dissolvida, substâncias liberadas
por raízes de plantas, como gomas e rnucilagens, e substâncias húmicas de estrutura mais
complexa, como os ácidos húmicos e a humina (Stevenson, 1994).
A MOS apresenta importante papel no ciclo do C do planeta e constitui-se no segundo
maior compartimento de C do solo, desconsiderando-se as reservas de combustíveis fósseis.
Enquanto os estoques de C na atmosfera atingem 750 Pg (1 Pg = 1015 g), e o C armazenado
na vegetação é ao redor de 550 Pg, a MO do solo armazena 1 500 Pg de C (Stevenson, 1994).
Somente o C existente nos oceanos supera o C orgânico armazenado no solo. A
queima de combustíveis fósseis e a oxidação da MOS contribuem para a manutenção,
ou mesmo o incremento dos teores atuais de C02 na atmosfera, enquanto na contramão
está a fotossíntese, o processo mais eficiente• e econômico de captura do CO2 atmosférico,
transformando o C02 presente no ar em tecido vegetal na presença de luz.
A dinâmica da MOS contempla fluxos de matéria e energia entre compartimentos
da terra (atmosfera, vegetação, solo, água e organismos) e processos físico-químicos e
biológicos, que reduzem e oxidam compostos orgânicos na medidc:) em que as reações se
processam.
Na atmosfera, o C02 encontra-se na forma mais oxidada. Por meio da fotossíntese,
as plantas absorvem o C02 e incorpo~am o Cem seus tecidos vegetais, que contêm, em
média, 40 % deste elemento na maténa seca. Parte desse C é incorporada ao solo durante
0 período de crescimento dos veget_ais por meio ~a liberação de exsudatos radiculares. O
C presente na biomassa cultural re~1d~al é depositado sobre O solo (parte aérea) ou no seu
interior (raízes), quando da senescenc1a ou morte das plantas (Pillon et al., 2004).
Ao mesmo tempo, e especialmente quando a ad ição de biomassa cultu ral resid ual ao
solo é pequena, os microrganismos cio solo, para sua sobreviv · ncia, u ti lizam parte d C
armazenado na MOS como fonte de C e energia . Neste processo, uma porcentagem do C é
oxidada, liberando CO2 e água, constituindo a ta xa básica d e minera lização anual da MOS
(Stevenson, 1994).
Essa taxa é maior para solos arenosos do que para os argilosos e maio r em regiões
de clima quente e úmido do que em regiões de clima frio e ou seco. Como re ul tado
da ação microbiana sobre o C adicionado ou já exis te nte no solo, ocorrem fluxos de C
dos compartimentos mais lábeis (biomassa cultural residual em decom posição) para
compartimentos majs estáveis da MOS (matéria orgâruca associada à fração mine ral ou às
frações de maior grau de humificação) (Mielnkzuk, 2008).
A quantidade e qualidade das adições e perdas de C no solo determinam a di reção à
s ua s ustentabilidade ou degradação. Ambas, arução e perda de C do solo, depend em direta
ou indiretamente do seu manejo. Quando as taxas de adição e perda se equi va le m, o is tema
atinge um estado estável. Geralmente, o revolvimento do solo potencializa a perdas por
erosão e oxidação biológica da MOS, especialmente em ambientes tropical e s u btro pical.
Sob altas temperaturas e umidades, o mírumo revolvimento do solo é determinante para o
acúmulo de C e N.
Dependendo do manejo adotado, o solo pode funcionar como um reservató rio de C
(neste caso, ocorre aumento da MOS e melhoria da qualidade) ou como fonte de CO 1 para
a atmosfera. A capacidade de armazenamento de C pelo solo depende do clima, ti po de
solo (rruneralogia, textura), tipo de vegetação e manejo. O homem, pelo manejo ad o tado
à fitomassa residual e ao solo, pode contribuir para o aumento da capaddade d es e em
reter C por mais tempo. Nesse contexto, solos de textura mais argilosa, com predomíruo
de óxidos de Fe e, ou, AI e ainda minerais do tipo 2:1, bem como aqueles localizados em
ambientes mais frios, tendem a apresentar maiores estoques de C. Adicionalmente. manejo
que contemplam mínimo revolvimento do solo contribuem para maior preserv açã o do C
no solo (Bayer e Mielniczuk, 1999).
Por exemplo, sistemas de cultivo e culturas que possuem a capacidade de alocar C
a maiores profundidades no perfil, via sistema radicular, representam uma importante
contribuição para seu armazenamento no solo. Nesse contexto, a utilização de plantas
de cobertura em pomares contribui para a proteção do solo aos agentes erosi os, para a
ciclagem de nutrientes e para o aporte contínuo de fitomassa cultural residual (C jo em) ao
sistema, com reflexos positivos para a manutenção e melhoria da qualidade do solo (Pillon
et ai., 2004).
Figura 7. Experimento de chuva simulada para avaliar o efeito de cobertura de solo e consequente
arraste de contaminantes pelo escoamento superficial, em pomar de maçã.
Foto: Ederson Gobbi.
Quadro 4. Contraste de médias das perdas de água por escoamento superficial, em sistemas de
manejo do solo em pomar de maçã
-
ns
T2 vs T3
ST: sistema _tra~icio~; A : aveia ~r~. d~~ada_; AD: aveia dessecada; SC; sol~ sem coberrura; TI : teste]; TI: teste 2; e T3: teste
3 . Ns: não s1gn1ficauvo pelo teste F, · sigruficahvo pelo teste F (p<0,01). Sem interação esta tística significativa entre sistema de
manejo e teste.
Fonte; Gobb1 et al. (2011 ).
Q uadro 5. Contraste de rnédi.is das perdas totais de solo no escoa m ento u~e rficía_l, e m ·c;t_e ma c: de
manejo do solo em pomar de maçã, sobre um La tosc;o lo Bruno Di s tró f1 co típico, localizado na
estação experimental d a Embrapa uva e vinho de Vacaria
ST 158 69 58 ns ns
AN 194 61 46 ns n
AD 154 92 117 ns ns
Contraste
se vs (ST, AN, AD) ** .... -tt
ST VS (AN, AD) ns ns ns
ANvs AD ns ns ns
ST: sistema tradicional; AN: aveia não dessecada; AD: aveia dessecad.:i; SC: solo sem cobertu ra; TI . teste I; T2 teste 2; e ·n te-:t-e
3. s: n5o significativo pelo teste F; •·: significativo pelo teste I' (p<0,0l). Int eraç.1o esta tística significativa entre si.stcm.:i d~ maneio
e teste (p<0,05).
Fonte: Gobbi et ai. (2011).
Essas informações reforçam a ideia de que a cobertura do solo resol veria o problemas
imediatos provocados pelo impacto das gotas de chuva sobre o solo (desagregação da
partículas e seu arraste) . No entanto, constata-se que o escoamento superficial, por i,
apresenta a capacidade de arraste de elementos ionizáveis em água, como o fósforo.
O P reativo total (FRT) é a forma química do elemento, que, presente nos sedimentos
suspensos na enxurrada da erosão, é carreado em maior quantidade pelo escoamento
su perficial e é o principal responsável pela contaminação dos corpos d' água (Gérard-
Marchant et ai., 2005; Barbosa et ai., 2009). Com a deposição do sedimento pas a a haver
predominância do P reativo dissolvido, que pode ser carregado por distàncias maiores
em concentração suficiente para disparar processos degradativos nos recursos hídrico
(Shigaki et ai., 2007).
Sharpley e t ai. (1994) argumentaram que as águas dos lagos são sensíveis ao P reativo
da enxurrada, principalmente os que apresentam área superficial maior que 10 ha; os que
se estratificam durante o verão em condições normais; e os que evidenciam baixas taxa de
fluxo anual. lsso, sem dúvida, pode se constituir num problema, tendo em vista a recente
proliferação das pequenas centrais hidroelétricas e açudes para irrigação.
O P reativo que é arrastado pela enxurrada provém tanto daquele aplicado ao alo na
forma de adubo como aquele disponibilizado pela rocha matriz do solo e pela ciclagem das
plantas de cobertura, e aproximadamente 50 % dele pode ser arrastado no terço inicial de
uma chuva (Gebler et ai., 2012).
Uma vez que nas linhas e entrelinhas de um pomar existem plantas de cobertura,
o escoamento superficial durante uma chuva será apresentado como um fluxo de águ
limpa, pois os sedimentos são filtrados na resteva existente. Entretanto, uma ez que o FRT
n ão está nos sedimentos, mas ionizado em água, ele continuará sendo arrastado, mesmo
em fl uxos de água aparentemente cristalina. Portanto, a cobertura do solo, por i 5 ,, pode
er ineficiente para controlar o deslocamento desse material até um corpo d ' água, caso
não exi stam. barreiras físicas (patamares, terraceamento, plantio em curvas de nível) que
arn1 azenem a água de enxurrada na superfície e forcem a infiltração dessa água no solo.
A avaliação da necessidade da implantação desses sistemas em um pomar específico
d;pende de um estudo de risco de cada caso, pois pomares distantes de cursos ou corpos
d água poderiam ser considerados mais "seguros" que outros situados às margens d'água,
com base nessa avaliação de risco como um indicador ambiental.
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11
Comissão Execuhva do Plano da Lavoura Cacaueira, Centro de Pesqui a do ÚGlu, I abuna. BA
E-mail: quintinoar@gmail.com; gasod re@hotmail.co m; rche po t wya hoo.com .br; el reis-!7âgm.11l.com;
roberiopacheco@gmail.com; so_santana@yahoo.com.br; pau1o .marrocos@agricultura.gov br;
raul .valle@agricultura.gov.br
21 Universidade Estadual de Santa Cruz, Departamento de C ie ncias Agrárias e Ambientais, Ilhéus, BA.
E-mail: arli@uesc.br; gahal.85@gmail.co m
Conteúdo
Be rto ! I, De Maria IC, Souz,, LS, editores. Mane1·0 e conser açJo d o o lo e da a· ó,t,•
""'. tç 'IG : - ..:tt.-ua
a, .~ .. , d e
Brasile ira d e Cif!ncia do Solo; '.!018.
984 QUINTINO REIS ARAUJO ET AL.
INTRODUÇÃO
monoculti vos de ca na-de-açú ca r, café e caca u, fo ram es tab lecid os e m solos com J lta
fertilid ade natural; entretanto, com O passar cio tempo, os atributos qu ali tati vos d esses_so los
diminuíram, co m reflexos não a penas no d eclínio das produti vidad es, m ac; na qu alid ade
ambienta l dos agroecossistemas (Resend e et a i., 2007d).
O culti vo do cacaueiro na Bahia se es tabeleceu inicia lmente numa fai xa litorâ nea
ocupada pelo Biorna da Mata Atlântica, onde as condições edafoclimática , como a
fertilidade na tural e a disponibilidade de água, favo recem a nutrição d os cacaueiros q ue
s ubsis tem há mais de 260 anos (Souza Jr. et ai., 1999; Araujo et ai., 2012; Loureiro e t al.,
2012) . A capacidade de suporte dos solos da região para a cacauicultura, trad icionalme nte
extrativista, no decorrer de todos esses anos, está relacionada aos materiais de origem e à
pedogênese dos solos da região, que ga rantiram sua ferti lidade natural q ue manteve o
cacauais (Santana et ai., 2002; Chepote et al., 2012).
O sistema de cultivo de cacaueiro mais antigo e predominante é a Cabruca. 1 esse
sistema, os cacauais são formados dentro de uma mata raleada, mantendo-se alguma
espécies nativas e também introduzidas outras de interesse agrícola com a fu nção de
sombreamento (Lobão, 2007; Dantas, 2011). A Cabruca representa mais de 50 º~ do
600 kha de cacaueiro atualmente culti vados na região sudeste da Bahia e por causa da sua
composição agroflorestal funciona como corredor natural entre trechos da mata original,
sendo também habitat de muitas espécies d a fauna e flora (Inácio, 2005; Lobão, 2007).
A partir da década de 1960, os insumos agrícolas, como fertilizan tes e agrotóxico ,
foram adotados nas atividades agrícolas do país e geraram aumento ignifica tivo na
produção agrícola que nessa época foi subsidiada pelo governo com uso de pacote
tecnológico geralmente atrelado ao crédito (Chiapetti, 2009) . Entretanto, de acordo com o
autor, a alteração dos mecanismos de financiamento e a consequente queda na oferta de
crédito agrícola, no final da década de 1980, foram os principais motivos do estabelecimento
da crise na lavoura cacaueira. Essa crise é comumente associada apenas ao problemas
fitossanitários, como a chegada em 1989 da "vassoura-de-bruxa", doença causada pelo
fungo Monilioplrtlrora perniciosa. Esse autor ressalta que a falta de crédito fez com que o
produtores suspendessem a aplicação do paco te tecnológico recomendado pela CEPLAC,
bem como a insegurança estabelecida na região pela ação devastadora da va oura-de--
bruxa muitos produtores abandonaram suas lavouras. Esses fatores as ociados diminuíram
dras ticamente a produtiv idade dos cacauais da Bahia, expondo-os a problemas nutricionais
e fitossanitários (Chiapetti, 2009).
A partir de então existe um esforço dos produtores rem anescentes para retomar a
agricultura do cacau. Contudo, a falta de recw-sos financeiros aind a apre enta entrave
para as práticas de manejo dos cacauais, como podas e diminuição do sombreamento; n
aspecto do manejo do solo, as práticas de correção de acidez e a repo ição de nutrien te
exportados pela cultura não são satisfatórias.
O cultivo do cacaueiro tão bem adaptado nessa região impediu que os ecossis temas da
Ma ta A tlântica fossem completamente dizimados (Santana et ai., 2008). Comparando e e
culti\ o a outro , apresenta uma série de vantagens do ponto de vista conservacionista, pois
manteve a estrutura pedológica original da paisagem, por s ua semelhança com o estrato
vegetativo natural (Epps et al., 2006; Gama-Rodrigues et ai., 2011).
- - - s... ..
LEGENDA
SUDESTE DA BAHIA
2010
Classes de Solos
1
BA = At;lsaolo
....,,~~OM,llfa---- • Nltoaaolo
NM M'TOSX:ll014U\JCO o . . a c . ~
~OMMMl.O o..a..
1111,,Q ~ trro.N'TOSSQ.O~ .-........ . _ . . . .
M e t , ~ 0 " " " " ' 8 . O 0 . -. . . . . . . •~OAMllltllll.O~-----•
·~~o....---• , _.a,,__
U/11'1S501,00IIIIOl,ICOO,.,. . . . . . ~
...
~ ~o o.a,-..,...
--
~0~0..---
~ ~0..---- • Organouolo
1 1 ~1 ~~ O.ICS - ()1111:c:...u.oSSOlO ~ ...,._ ..,_
~~~
- - • Gl...llUCLO ..UUC:Ot. .._,..,.._ . . . , _
~
~
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""" ~ \.'IJDalJ,C)D,a-- .........
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o Cambl111olo • Aaaoc&açao
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•Glelaaolo
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1
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P "SZ"l=il!!!!!!!!!!!!!i=;;õl!!!!-
, J 1ou 10
~
- . ;:
-
figura 1. Mapa de solos do sudeste da Bahia, 4ª Aproximação.
-
Fonte: Santana et al. (201O).
2
Q uadro 1. Descrição da ocupação espacia l d os so los do sudes te da Bahia cm área (km ) porcenta gem
(%) das unidad es de mapea mento
Área
Lege n da Classes de Solos %
km1
PAd l Argissolo Ama relo Distrófico abrúptico 1 240,7 1.35
PAd2 Argisso lo Amarelo Distrófico latossól ico 6 146,1 6,70
PAdx Argissolo Amare lo Distrocoeso abrúptico + Arg1ssolo Ama relo I 5 2-t8,4 16,61
Distrófico plfntico + La tossolo Amarelo Distrocoeso típ ico
PAd3 Argissolo Ama relo Distrófico típico J..LO 0,04
PVAd Argissolo Vermel ho-Ama relo Distrófico abrúptico 491,4 0,53
PVAel Argissolo Vermelho-Ama relo Eu trófico cambissólico -l 009,1 .37
Argissolo VermeU10-Amarelo Alítico típico+ Gleissolo Há p lico Ta 1 291 ,7 l,-ll
PVAal
Eutrófico solódico
Argissolo Vermelho-Amarelo Eu trófico abrúpt ico + G leissolo Há p lico 2 494,0 2,72
P VAe2
Ta Eu trófico vertissólico
PVd Argissolo Vermellio Distrófico la tossólico 7,0 0,01
CXve Cambisso lo Há plico Ta Eu trófico gleissólico -t71 ,9 0,51
CXbe Cambissolo Háplico Tb Eutrófico latossólico ~ 5,.! 9,24
CXbd Cambissolo Há plico Tb Distrófico latossólico 55,9 0,06
MTo Chem ossolo Argilúvico Órtico lu vissólico 12 652,6 13,7
EKu Es podossolo Humilúvico 1-liperespessso típico 222,0 0,2-l
FSKo Espod ossolo Ferrihumilúvico Órtico típ ico l 651 ,2 1,80
GXve G leissolo Há plico Ta Eu trófico solód ico l 629,9 1,,
LAdl La tossolo Amarelo Distrófico argissó lico 6-n.5 0,73
LAd2 Latossolo Amarelo Distrófico Hpico 18 937,0 20,62
LVe La tossolo Vermellio Eutrófico típico 34,3 0,04
La tossolo Verme lho-Amarelo Distroférrico típico+ Cambissolo
LVAdf 3 191 ,0 3,47
Há plico Distroférrico saprolitico
Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico típico+ Latossolo Amarelo
LVAd 7000,0 7,62
Distrófico cambissólico
RUq Neossolos Flúvicos Psamíticos típicos 700,6 0,76
RQol Neossolos Quartzarên icos Órticos típicos 352,5 o
RQ2 Neossolos Quartzarênicos Ô rticos típicos (a rgissól icos) 306,5 0.33
NBd Nitossolo Háplico Distrófico cambissólico 603,3 0,66
Ni tossolo Háplico Eutroférrico saprolftico + Ar gissolo Amarelo
NBe Eutrófico abrúptico + Luvissolo Cróm ico Ôrtico típico + G leissolo 9-0,9 1,02
Háplico Eutrófico vertissólico
OXs Organossolo Háplico Sáprico típico+ O rganossolos Háplicos típ icos 136,2 0,15
Subtotal 997,0 96,93
Áreas urbanas, rios, outros 2 22,6 3,07
Tota l 91 19,6 100
Fonte: Santana et ai. (2011).
Durante décadas, se estudaram alguns dos atributos d o solo considera dos mais litnitantes
para o cultivo do cacaueiro. o quadro 2, destacam-se as principais inform ações sobre as
condições físico-hídrica (estrutura, textura, porosidade, drenagen1, aeração, compac tação,
profundidade, disponibilidade e retenção de água no solo); condições mineralógicas
(mineralogia da fração argila e fração areia; condições químicas (complexo sortivo,
pH, teores de P, matéria orgânica, AP+ etc.); condições do sistema radicular (quanto à
profundidade efetiva, aeração - oxigênio, densidade do solo, saturação por alumínio etc.).
Quadro 2. Identificação e definição das condições adequadas de atributos de solo para o cultivo do
cacaueiro
Literatura de
Atributo Definição
Referência
Condições identificadas e, ou, adequadas para o cultivo do
Física
cacaueiro:
Drenagem Boa à moderada Silva (1979).
Granular moderada à forte (horizonte A) e em blocos
Estrutura subangulares moderados a fortes ou maciça porosa que se Silva (1979).
desfaz em pequenos grumos (horizontes B e C)
A microporosidade < 40 % tem sido relacionada com solos
Porosidade Silva (1979).
bons para cacaueiros
Cacauais, em especial sombreados, diminuem a perda de água
Silva (1979).
por escorrimento superficial
Equivalente de umidade variando de 0,2 a 0,4 kg kg·1 Silva (1979).
Disponibilidade e Horizonte Glei e drenagem deficiente prejudicam
retenção de água Silva (1979) .
fornecimento d e oxigênio e desenvolvimento do cacaueiro
56,5 % de água disponível no solo para obter o máxi mo
Siqueira et ai. (1987).
rendimento da produção de cacau
V ,? 40 %
p <?8 mgdm-3
pH 5,5 - 6,5
Continu a ...
Quadro 2 - Cont.
Literatura de
Atributo Definição Ref renci
Raízes Condições identificadas e, o u, adequada!! para o cu ltivo do
cacaueiro:
Cha rte-r (1947), Ha rd v
Profundidade efetiva > 100 cm (1 97:i)
Maior % de ralzes do cacaueiro na camada de O a 10 cm d o C id, ma (1 97()),
solo; 75 % do sistema rad icular dos clones TSH-1 IRA e TSH-565 ChPp te (2009).
encontram-se na profundidade de Oa 20 cm d o so lo
Ku mme ro w Pt .il.
As rad icelas concentram-se e ntre O e 5 cm (1 9 2)
outras esp cies de plantas de interesse conhecido, destacando-se culturas perenes como a
seringueira, café e pupunJ1eira e semiperenes como a bananeira.
Pela correta interpretação dos atributos do solo e suas funções edáficas, é possível
prever o comportamento da planta frente às possíveis limitações no sistema solo-planta-
atrnosfera. Essas limitações, de forma geral, podem ser predominantemente físicas
ou químicas. Entretanto, um cultivo perene como o cacau tem participação cada vez
mais intensa no decorrer do tempo nas relações ecológicas do solo, sendo esse sistema
bastante complexo. Por isso, aspectos edáficos de interesse direto para o desenvolvimento
do cacaueiro, corno a dinâmica de nutrientes, profundidade, a.reação, adensamento e
compactação, textura e água no solo, também exercem funções ambientais importantes no
agroecossisterna.
Dinâmica de nutrientes
Para o estabelecimento de uma cultura e planejamento de uso sustentável do solo, é
necessário investigar os teores dos nutrientes, fazendo um levantamento do histórico de
manejo das áreas agricultadas para saber se houve correção de acidez dos solos e reposição
de nutrientes via adubação, que são fatores requeridos para satisfazer os limites críticos
exigidos pelas culturas (Souza Jr. et al., 1999; Lopes e Guilherme, 2007; Goedert e Oliveira,
2007).
O conhecimento das exigências nutricionais do vegetal também é de suma importância
para estabelecer um planejamento da cultura sobre o solo, pois permitirá a reposição
equacionada dos nutrientes exportados pela planta e, além disso, a previsão de quanto
desses nutrientes estará ciclando no ambiente (Dechen e Nachtigall, 2007).
Como parte das considerações que subsidiam definições e procedimentos para o manejo
de solos, de forma integrada aos estudos de pedologia, muitas pesquisas relacionadas com
a dinâmica dos nutrientes desenvolveram e impulsionaram a cacauicultura brasileira e
ainda são referências para a lavoura. Dentre as muitas informações geradas, no quadro
3 destacam-se alguns resultados de pesquisa relacionados à dinâmica e ciclagem de
nutrientes e nutrição mineral para cultivo do cacaueiro.
a
XXX - MANEJO DE SOLO S PARA O CULTIVO DO CACAUEIRO 991
Quadro 3. Resultados ele pcc,quísns c,obre n cJiniÍ m íca , cíclagem J n utrícntec, <' nutrição rnin ral pa r
o cultivo cio cnca uciro
AtTibutos Pri nci pal ii res ull.ido~
Pro<luçJo anual Je fo lhedo nD'I si~tcm ,1,; ,1grnílo rl"Stai, cnm c,ic,, u,.,ro ,. iJenc-inu Fnnl<"' í2tlflfi/
maior apo rte de fito massa residual JPÓ'- períodos d L• m<•nnrr<: p renpit,1 <(1('<;
Cac;1uciro ni'ío sombread o apri:"5ento u m a ior qu.mtiJ,1J e d<> b1t1rnJ~s., elo qtJL' " ~,1nt.ir1,1 ,. C1!-.1l..i-l<,>-
C iclagcm de
sombread o --.Jnd, ifl'\;1
N utrie n tes
A chuvJ é fonte de K, tant o pela s ua composiç,iu n,1tur.1l como pd,1 l1~1vi,1ç.'in tias RC'\lnr,ut"'- e \.fir.inJ.i
folha s, do tronco e d o fnlh cd o WAI;.
O teor Je N variou e n1 ra zão d o solo . com os teorl"S al to" no , 1tossoln Eutrnfémco lgu • ('t .1I. ( l'T7•1
e ba ixos no Latossolo Distrococfü
Absorção de N, pelo cacauei ro. ocorre u nas fo r mas n ít rica e ,1mnn1JcJI S.:.nt,m.i e JI f1 'l~fl)
1 itrog t'nio O I fo i o nutriente n1ais expo rtado pelo caca ue iro \lala\"oltd ( 1<11<7)
Res postas mais expressivas com a aplicação d e 60 kg h,1 1 ,m o' de nitrato de c-jlcin Chepot (' \ 'J.JI,.
adicio nados a 90, 60 e 5 kg h::r ' an0' 1 de P 10 ., K,O c Zn, respt.-cllvam('nte (20(4 )
O P foi o nutriente qu(' 111,1ís limita a produtiv id ade do cacaueiro em -.,ler; rnm C<1b,1l.i-l<,"'Jnd r! ,11.
baixa acidez (19)(:!J
Cabal.1-R,,..,1nd ,. <..Jn-
ívcl crítico de 5 mg dm ' para extrator Mchl ich-1 tana (1 '182).
Cdb.JLi-R°'ind l't ,li
Maiores produções para J qose 90 kg ha: ' de P,0 1 (] :!)
Fósforo
Os clones TSH 79:!, TSA 65-1, TSI-1 11 88 e CEPEC 2006 aprc«ent.1r.1m
comportamen to semelhante q uan to j produç,io d e mJ téria seca ..i rl'il fol i.1r,
conteúdo e eficiência de a bso rçjo do P
No Estado da Bahi,1, 92 % dos solos cul tivad os com carnueiros ,i prest.'ntJm teor
Sod rl- e ai 12012).
disponívd d e P inferior a 9 mg dm·'
Sant.m.1 e Sant.m.i
O K foi o nutriente que mais se Jcumu lou nos tecidos d o cacau ei ro
( 1973).
Po t,íssio O K foi o segundo nu tTiente mais exportado pela cultu ra do C,1Caue1ro \ la.l,lVoltil (19t<7).
\ l1randJ ,, li;ue
K' trocilvel (0,05 e 2,90 cmol, dm'1) cm diferentes cxlr,lto res
( 19;'-l l.
Maior reserva de micronutricn t.:s no Ni tossolo Eutrofé rr ico e m enorL><a teor~ d"
Sant.irw ,. l~"Ue ( 1972)
Zn e Cu nos L.1 tosso lo Vermelho-Amarelo e La tossolo Distrocoeso
OutTos a spectos Os teor('S de Cu disr onívcl e to tnl variaram cm r<1z.Jo d o solo e da ;:iplicaçJo d"
nutriciona is fungicidas cúpricos
Em anos secos, maio res produtividadt•s ocorreram em so los m e nos ft.>rtei.;
• l Uú.1 Jr. ct .11. (1')99\.
(argilosos), com maior capacid ade tampiio de P
utrienh!s exportados para I t de am endoas secils de cacau (cm k~): ;-,,:. 3 1; P-
-l,9; K- 53,8; Ca- -1,9; e Mg- 5,2 Thong,.. '.\:g (197, ).
Macro nutrientes
Exportados Conte údo media de NPK em kr; ha 1cm améndo.is secas e casca d l.' fru tos dl.'
cacaueiros pJrJ produtividade d e ·t 500 kg ha I Ame ndo.:i: N- 38,7; p . .i,S; K-
20,-l; e Casc,1: N- 18,3; P- 2,ó; e K- 69,-l
Teores na casca d o fruto de .:,1caueiros a ltamente produ tivo · (mg kg·'): 13-- 33; ~ lal:wol t.i l't .1L
Cu- 16; Fe- 165; Mn-101 ; Mo-0,0-1; e Zn- 61 l19S-l)
Mic ronutr ientes
Exportados Tl!Ores nas améndoas secas de fru tos d e c.icJuci ros alt.:imente rrod uh vo-. (mi; ~ laia, oh.a d ,11
kg·'): 8-- 12; Cu- 16; fo. 80; Mn- :!8; Mo- 0,0-l; e Zn- -17 (1~) .
Evidilnci.:is de tolerância ,\ saturaç.io de AI cm solos até JO "'• parJ .:Jc.Juctro cm \li rand:11! Di;:i,,
produção \ 1'171)
Maio r crescimento do clonl.! TSH-11tl8 e um a.:rés.:irnL, dJ p rod uçJo d ,• ,.1c.1u
Calagem q uando SI.' aplicou corretivo p.ira elevar ,1 saturaç5o d e b,l S<.'S ,1 ,·,i lore,. de 61.) º;, Reis e t ai. \200t,)
O n ível crítico de 10 w
., pa r,1 saturJç..io Jc AI cm ·oto,, e c n!sc1m c n to d e m u das D.:i.l1g,1r '-' F.11,...,n.1
~en1inJis de cacau~iro \:!lli)5)
Quadro 3. onl.
A d eficiência de Zn foi a mais incidente nos solos da região cacau eira da Bahia C he potc e t ai. (2005).
Faixa de su ficiência nutricional de macronutrientes na folha diagnóstica (g k g· ' ):
N , 20-25; P, 1,7-2,5; K. 18-24; Ca. 8-15; Mg. 4-S; e s, 1,0-2,5 Sou za Jr. e t al. (2012).
Diagnose Foliar
Faixas de suficiência nutricional de micronutrientes na folha diagnóstica
(mg kg·'): B, 30-70; Cu, 10-2-; Fe, 50-250; Mn, 150-750; Mo, 0,5-1,5; e Zn, 0-150 Sou za Jr. e t ai. (2012)
Profundidade do solo
Essa característica do solo pode ser interpretada sob dois aspectos: profundidade
pedológica e profundidade efetiva ou fisiológica; a primeira refere-se à espessura dos
horizontes pedológicos, enquanto a segunda é aquela até onde podem penetrar as raízes
do cacaueiro (Hardy, 1975; Oliveira, 2008a).
O ideal é que a profundidade efetiva coincida com a espessura do solo, o que nem
sempre ocorre nos solos cuJtivados com cacaueiros, pois muitos deles têm impedimentos
físicos que fazem com que essa profundidade seja inferior à espessura pedológica. Situações
anômalas foram observadas em solos rasos do litoral sudeste da Balúa quando as raízes
exploraram espaços além da espessura dos horizontes A, B e C (Cadirna, 1970). Hardy (1975)
indicou que a profundidade do solo penetrável pela raiz do cacaueiro deve ser pelo menos de
1,5 m, enquanto Charter (1947) estabeleceu um núnimo de 1,5 m variável com a precipitação
e com a textura do solo. Dessa maneira, a profundidade sempre dependerá da textura e
estrutura do solo, além das condições climáticas e da posição topográfica. No entanto, pode-
se estabelecer um limite entre 1,2 e 1,8 m corno ideal para satisfazer um enraizamento capaz
de suprir as necessidades em água e nutrientes, evitando-se oscilações na produção por
variações das condições ambientais, especialmente excesso ou falta de chuvas.
Para a cacauicultura do sudeste da Bahia, a profundidade efetiva tem grande relevância
na escolha de áreas de plantio. Nessa região, trabalhos desenvolvidos por Cadima (1970)
e Chepote et ai. (2009), sobre o desenvolvimento radicular , evidenciaram que a maior
concentração de raízes de cacaueiros, provenientes de mudas seminais, está na camada
de O a 30 cm, e em clones reproduzidos por estaquia; a maior concentração de raízes
encontram-se na camada de Oa 20 cm. Em solos sem impedimentos físicos, a raiz pivotante
do cacaueiro tem crescimento retil(neo, podendo atingir mais de 2 m de profundidade.
São desejáveis os solos com condições ideais para o desenvolvimento do sistema
radicular para que as raízes possam aproveitar maior volume de solo, especialmente em
profundidade para suprir as necessidades hídricas da planta, minimizando os efeitos
climáticos adversos, e absorver os nutrientes das camadas inferiores. As raízes do cacaueiro
são imped idas de se desenvolverem prin ipalm nte q uando ocorrem no <;nfn CJ mada~
adensadn s, rochas contínuas ou concreções lélte ríticJ<;, pod ~nclo tamb m o o rre r em solns
com drenagem deficiente e condições adversas de text ura (Sm yt h, 1967).
Aeração do solo
A renovação do ox igênio do so lo é v ital à rc piração dJs raízes, ass im como
a eliminação do dióxido de carbono e de outros gases é necessá ri a para o crescimento
das raízes do cacaueiro (Silva, 1979). A deficiênci a de acração do solo é provocada pelo
excesso de água e, na maioria das vezes, es tá diretamente relacionada com .:L co nd ições
de dren agem. Nessa sil:uação, quan to mais próximo o lençol freá tico esteja da superfície
menos aeração haverá no perfi l do solo, ocasionando a formação de um s istema radicular
s uperficial. Essél condição ocasiona, em épocas de seca prol o ngada, danos à p rodução do
cacaueiro por es tarem s uas raízes limitadas a camadas próx imas à superfície cio olo.
A aJ tura do lençol freál:ico e, ou, o tempo em que esse permanece p róxi mo à superfície
são, n a maioria das vezes, as condições que regulam o grau de adeq uabi lidade do solo .i
cacauiculru ra . Silva et a i. (1977) verificaram que quando o lençol freático permanece acima
de 1 m do seu nível médio (normal), por um período de mais de seis meses, o cacaueiro
produz pouco, o que não acontece quando o tempo de permanê ncia é de ape nas !:rês meses.
,
Agua no solo
O cacaueiro é uma espécie com pouca to lerância à seca. Alvim (1960), rraba lh.:indo
com plantas com seis meses de idade, determinou que é nece sJria uma umidade
dis ponivel no solo de mais de 60 % da CC para que o cacauei_ro mantenha seus e tômato
completamente abertos, o que vale dizer que, abaixo de se conteúdo, n :du z- e a prin(ipal
via de co municação entre as fol has e a atmosfera.
e o atributos de retenção de umidade dos hori zontes superiores do solo não são
favorávei , o cacaueiro ofrem com o abaixamento do lençol freático nos períodos de
seca. As área de baixadas ofrem a influência da elevação periódica ou permanentemente
alta do lençol freático. Essas condições anaeróbicas impedem a formação de raízes
profundas. Para dinünuir o efeitos do esh·esse hídrico, causados nos períodos de seca,
deve-se proceder ao uso de 11111/cl1 (cobertura morta) com pseudocaule de bananeira e outras
fitomas a residuais, a fim de manter o solo com temperaturas menores e um suprimento
de água localizado próximo ás raízes do cacaueiro (Silva, 1979; Oliveira, 2008b).
Análise de solo
A amostragem do solo para análise físicas e químicas é uma das principais etapas na
avaliação de um solo (Santos et ai., 2005). Recomendações precisas de utilização de corretivos
e fertilizantes são diretamente proporcionais a uma boa amostragem (Cantarutti et al., 2007).
Portanto, essa etapa é crítica na correção e adubação do solo, já que, se a amostra não for
representativa da área, pode levar a recomendações errôneas, por melhor que seja a qualidade
do serviço prestado pelos laboratórios. Assim, é importante que a área amostrada seja a mais
homogênea possível quanto a relevo (posição de topo, encosta e baixada), textura e cor do solo.
Nos cacauais em produção, para se efetuar a amostragem (Chepote et al., 2012), deve-
se percorrer a área em zigue-zague, retirando amostras simples, de volumes iguais, à
profundidade de O a 20 cm, com o auxílio de trado, enxada ou pá reta. Os pontos de coleta
devem estar afastados de casqueiras, formigueiros, detritos orgânicos e de locais erodidos
próximos de residências ou estradas. Deve-se afastar o folhedo antes de retirar a amostra.
Em áreas previamente adubadas, é importante escolher os pontos onde foram aplicados
os fertilizantes.
Em regiões de Neossolos Flúvicos Distróficos ou Argissolos Distróficos com históricos
prévios de saturação de alumínio superior a 30 %, é necessário coletar amostras às
profundidades correspondentes aos intervalos de O a 20 e 20 a 40 cm.
Recomendações práticas que devem ser observadas para coleta de solos para fins de
sugestão de corretivos e fertilizantes em cacauicultura:
1. Uma amostra composta deve ser constituída por pelo menos 12 amostras simples
por área homogênea.
2. A amostra composta de áreas homogêneas não deve ser superior a 5 ha e
preferencialmente deve representar 2 ha.
3. A amostra composta, de aproximadamente 300 g, deve ser enviada para o laboratório
0 mais rapidamente possível a fim de evitar alterações no solo.
4. Os dados informativos sobre local, a profundidade amostrada e as adubações
anteriores devem ser anexados.
5. Uma nova amostragem deve ser realizada após o terceiro ano de adubação.
Calagem
A ap licação de calcário, a calagem, se constitui co mo éJ principal p rá ti ca Jgrícola de
correção de ac idez no solo (Sousa et a i., 2007) . No caso específico do CéJCcJ u eiro, a c,11.:igem
visa alca nçar no solo uma relação molar Ca: Mg de 3:1 (Reis e t ai., 2006).
A necessidade de corretivos para o caca ueiro em solos ácidos e de bai, il fe rtilidade,
como Latossolos Distróficos, visa a elevação dos teores de Ca 2 • + MgJ• para 3 cmo l_dm ';
nos Neossolos Flúvicos Dis tróficos e Argissolos Vermelho-AmJrelo Di tró fico , q ue
apresen tam baixos teores de Ca 2 ' e Mg2 ' em baixas co ncentraçõe · e teor de AI '-- troe, vel
superior a 2 cmol, dm·3, a quantidade de co rre ti vo objetiva normal mente il re du çc1o da
saturação de alumínio para valores inferiores a 30 %.
O método para determinar a necessidade de ca lagem, e m o los da Bahia, incluindo-
se aplicações para o cacaueiro, foi estud ado por Menezes e t a i. (1999). Com base nes
método, utiliza ndo-se dos valores de pH do solo, estimarJm-se os va lo res de sa turnçào
por bases (V) para Argissolos Vermelho-Amarelos da região Cacaueira, egundo dados
da Embrapa/SNLCS Qacomine et ai., 1979). O valor médio encontrado para foi 63 ··~ -
Com base nesses dados, sugere-se a necessidade de ca lagem pelo crité rio propo. to po r
Raij (1981): NC T\~ V,) , em que C é a necessidad e de co rre ti vo (t/ ha); T eq ui valt!
à capacidade de troca catiônka (CTC) a pH 7 (cmo l, clnY 1 ); V2 corre ponde à aturaçào
por bases esperada; e V 1 é a sa turação por bases atual do solo. e se contexto, Rei et c1l.
(2006) verificaram o acrésci mo da produção ele caca ue iros quand o e aplicou corn:tivo
para elevar a satu ração de bases a valores de 60 %.
Gesso agrícola
O gesso agrícola, sulfato de cálcio <li-hidratado (CaSO_
• 1
·2H,O
-
), é uma razoável fonte d
cálcio (17 a 20 % de Ca) e de enxofre (14 a 17 % de 5). E um sal pouco -olúvel em água l-,.5
g L·1), mas pode atuar a umentando a força iónica da alução do alo, perm itindo a c ntínua
liberação dos íons do sal para a solução dura nte muito tempo ( o u a et al., _007). Ou ~
do gesso agrícola, na melhoria do ambiente radicular das planta . tem · ido relatado po r
diversos autores em várias culturas. Isso se deve à movimentação de Ca para as camaJas
s ubs uperficiais do solo e, o u, diminuição dos efeitos tóxico do alumínio troe..\ el (Ritchev
e t a i., 1980; Lopes, 1983; Sousa et a i., 2007). ·
A acidez nas ca madas subsuperficiai de 20 a -t0 cm dificulta a penetraçã de raiz~:-;
do cacaueiro em razão dos baixos teores de cálcio (Ca 1 • < 0,4 c mol, dnr ') e elevados teore
d e al umínio (> 0,5 cmol, dnY3 de AP· e, ou, saturaçJo por l;. > 30 °'o). Ess.1 acidez p l Je
provocar diminuição na produção, principalmente e m regiões ~u sceptí e i a •o rrênci.1 ·
d e veranicos, já que qua nto menor for o aprofundamento do · is te m,1 r, dicular, menor
Adubação mineral
Para recomendar fertilizantes e corretivos, é imprescindível levar em consideração
os atributos físicos e quínticos do solo, como granulometria, profundidade efetiva,
drenagem, pH, H+Al (acidez potencial), P disponível e bases trocáveis (K+, Ca 2 + e Mg2•),
grau e distribuição do sombreamento e estado fitossarutário da plantação (Sousa et ai.,
2007; Cantarutti et al., 2007; Chepote et ai., 2012). Além desses aspectos, em particular para
o cultivo do cacaueiro, devem ser considerados ainda o regime hídrico e as inundações
que ocorrem periodicamente em algumas áreas de cultivo do cacaueiro no Estado da Bahia
e a existência de impedimentos físicos prejudiciais ao bom desenvolvimento do sistema
radicular da planta (Chepote et ai., 2012).
A adubação mineraJ de cacaueiros baseia-se nos níveis críticos de P disponível e K
trocável, que proporcionam maior desenvolvimento e produção, determinados em ensaios
de campo (Cabala et ai., 1985). Em um experimento no campo, foi determinada a dose de
N correspondente a 60 kg ha·1 ano·1 (Chepote e Valle, 2004). Com base nesses critérios,
12 formulações são recomendadas na adubação do cacaueiro. Essas estão apresentadas
no quadro 5, com as respectivas quantidades de nutrientes por hectare e na mistura de
fertilizantes (Cabala-Rosand et ai., 1985).
As doses dos fertilizantes devem ser aplicadas em cobertura, em círculo para áreas
planas e em meio círculo para áreas acidentadas, nos raios de 20, 30 e 50 cm, respectivamente
para O 2º, 6º e 10º mês; 70, 90 e 100 cm, para o 12º, 16º e 20º mês de plantio no campo; e 120,
140 e 150 cm, para o 24°, 300 e 36° mês (Figura 2). A partir do 36º mês, a aplicação também
poderá ser feita em faixas laterais às plantas medindo 150 cm de largura em solos de relevo
acidentados (Chepote et ai., 2012).
1
1 ulrientc (kg ha )
Adubação orgânica
Para o cultivo do cacaueiro, de modo semelhante a outros cultives, a adubação orgânica
deve ser adotada preferencialmente quando o teor de matéria orgânica for inferior a
30 g kg-1 . Estudo realizado por Chepote (2003), num Latossolo Vermelho-Amarelo D is trófico,
indicou que o uso de 8 t ha-1 ano-1 de composto de casca do fruto de cacau promoveu
incremento de 133 % na produção de amêndoas secas de cacau, quando comparado com a
testemunha sem adubo (de 527 para 1 229 kg ha-1). Nesse caso, os adubos orgânicos foram
aplicados nas seguintes doses: 2 kg por cova no plantio de composto de casca de cacau e
esterco de gado na proporção volumétrica (4:1) e 4,6 e 8 t ha-1 no 1°, 2º e 3º ano de produção,
respectivamente.
Também foi verificado por Chepote (2003) que a aplicação de 4,0 kg planta-1 ano-1
de composto de casca do fruto de cacau e esterco de gado + 50 % da adubação mineral
promoveu incremento de 188 %, quando comparado com a testemunha {de 527 para
1 518 kg ha-1). Nesse caso, os fertilizantes devem ser aplicados nas seguintes doses: 1,0 kg
por cova de composto de casca de cacau e esterco de gado no plantio; 2,3 e 4 t ha-1 no 1º, 2°
e 3º ano; e mais 50 % da dose de adubo núneral recomendado com base na interpretação
da análise de solo.
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de chu vas intensas com eleva da condição de erosividade, es pecia lmente por predominar
na paisagem natural uma estrutura de relevo muito acidentado. A exposição dos solo
aos processos erosivos pode trazer grandes limitações para a atividade agrícola, incluindo
perdas acentuadas de nutrientes e insumos e impactos ambientais como assoreamento e
poluição de cursos d'água com as partículas que são transportadas pela água para as partes
mais baixas do relevo (Bertoni e Lombardi Neto, 1999).
A cacauicultura do Estado da Bahia, inserida na Mata Atlântica, um dos biornas mai
agredidos pelas atividades humanas, representa inúmeros papéis ecológicos; e isso a toma
uma atividade agrícola conservacionista, seja pela predominância do" i tema de cultivo"
da Cabruca (Lobão, 2007), seja pela proteção dos recursos hídricos e pedológicos (San tana
et ai., 2002; Araujo et ai., 2012; Loureiro et ai., 2012).
A região Cacaueira da Bahia por apresentar a maior parte das terras ocupadas por
sistemas agrossilviculturais, onde o cacau é a principal cultura de interesse económico, é
um exemplo de estratégia para diminuir a erosão (Paiva e Ara ujo, 2012). Particularmente,
no agroecossistema Cacau-Cabruca ocorre deposição constante de mate rial orgânico pela
própria cultura e pela mata adjacente, formando uma camada orgânica ou errapilheira,
que é conhecida na região como cobertura " bate-folha" (Araujo e Paiva, 2003; [nácio, 2005).
Esse tipo de cobertura vegetal morta contribui para reduzir os danos ca usado_ pela ação
erosiva das chuvas, especialmente em condições tropicais (La! et al., 19 O).
Inácio (2005), trabalhando com solos cultivados com cacaueiros, verificou aumento
das perdas em um Chemossolo Argilúvico Órtico típico com a elevação dos valores das
classes de declividade do terreno; as perdas foram maiores no tratamento sem cobertu ra
do que no com cobertura. Esse autor também verificou que a cobertura "bate-folha" foi tão
eficiente quanto a pastagem na proteção do solo contra os processos erosivos, assim como
a erodibilidade para o solo anteriormente cultivado fo i de 1,48 x 10-5 kg- 1 s· 1 m-' e para o que
foi cultivado com Cacau-Cabruca foi de 1,15 x lQ-6 kg- 1 1s· 1 m-1.
Apesar dos aspectos positivos da serrapilheira dos cacauais, is o não significa que
o cacauicultor pode ficar despreocupado com a erosão. Profissionais que trabalham
com manejo e conservação do solo, ao visitarem as fazendas de cacau da região, têm
observado com frequência a ocorrência de erosão laminar em áreas declivo as. 1 essas
áreas, a cobertura do solo, proporcionada pelo cacau, conjuntamente com outras plantas
que compõem os sistemas agroflorestais, não é suficiente para evitar completamente a
erosão. Desse modo, o cacauicultor deverá introduzir alguma prá tica de conservação para
aumentar a resistência do solo contra a erosão, evitando assim a diminuição do eu potencial
produtivo. Em cacauais, dependendo da classe de solo e das condições de relevo (po -ição
na paisagem), práticas como monitoramento da fertilidade do solo, ad ubação orgânica,
manejo da arquitetura da planta (podas), uso de plantas de cobertura (em lavouras jo en ),
quebra-ventos e manejo integrado de pragas devem ser recomendadas.
Em decorrência da crise estabelecida na lavoura cacaueira, a partir de 1990, o s udes te
da Bahia passou por mudança muito importante no uso de seus solos. A alteração
m ais significativa, em muitas áreas, foi a substituição do sistema Cacau-Cabruca pela
pastagens, pelos pomares de frutíferas e pelo monocultivo do café. Essas mod ificações no
uso da terra têm gerado preocupações com relação à conservação do solo, pois, até então,
os agricultores não viam necessidade de adotar técnicas conser acionis tas, uma vez que a
p ro teção do solo promovida pelos cacauais no sistema Cacau-Cabruca era mai eficiente
do que os outros tipos de usos que surgiram (Paiva e Araujo, 2012).
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- j
1010 MARX LEANDRO NAVES SILVA ET AL.
INTRODUÇÃO
O cultivo do café no Brasil é distribuído ao longo de todo o país, havendo grande riqueza
no que diz respeito a variedades de cafés produzidos. Entre as áreas disponibilizadas para
0 cultivo, a maior parte é ocupada pela espécie arábica. Os Estados com as maiores áreas
de café em produção são, em ordem decrescente: Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo,
Bahia e Rondônia (Brasil, 2014), com abrangência dos biornas Mata Atlântica, Cerrado e
Amazônia.
A cafeicultura na região da Mata Atlântica data do período Colonial, onde, com a
queda da mineração, o café se instalou inicialmente nas regiões do Vale do Paraíba,
Baixada fluminense e sul de Minas, expandindo-se para oeste a partir de 1850, passando
por Campinas, SP, e posteriormente chegando a Ribeirão Preto, SP, onde se consolidou.
Essa atividade gerou gra nde adensa me nto urba no, proporcionando con ·trução de
ferrovias, contribui ndo para O aumento do d esmata men to no sécu lo XIX. A ata Atlântica
local iza-se sobre uma imensa cadeia de mo nta nhas, com solos predominantemente pouco
p rofundos (A rgissolos, Ca mbissolos e Neossolos), ácidos, de baixa fertilidi!de natu r L
e levad a umidade e méd io teor de matéria o rgã nicil no solo. A pouca profundidade do so lo
e o excesso de água tornam-se favorávei s à ocorrênciél de erosão do tipo des locamento e,
ou, desliza mento de massas de solo, eventos comuns nesse biorna . O ciclo de deslizamentos
de solo nas partes mais altas e a deposição de materia l na pa rtes ma is baixa favo recem
a menor cobertura vege tal nas encostas, fo rmand o clareiras; nessa situação, a ero õ -
pod em evoluir para sulcos e voçorocas.
O Cerrado é uma das mais recentes regiões produtoras de café, tendo s ido a cultura
introdu zida na década de 1970. Atualmen te, ocu pa mais de 200 Nfha, di tribuidos no
Estad os de Mi nas Gerais, Goiás, Ma to Grosso, Mato Grosso d o Sul, Tocantins, Bahia, Piauí
e Ma ranhão e no Distrito Federal. A região do Cerrado mineiro se des taca como uma da
mais tecnificadas do mundo na prod ução cafeei ra; grande pa rte do café prod uzido pelos
55 municípios da região, localizados no Alto Paranaíba, Triângu lo Mineiro e noroeste de
Minas, é ex portada. O cultivo ocorre predominante mente em La tos olos, com relevos mai
s uav izados, altitude média entre 800 e 1 000 m e estações climá ticas (seca e úmida) bem
definidas. Nesse biorna, predominam as erosões do tipo laminar, u lcos e voçorocas.
Na região Amazônica, Rondônia se des taca na produção de café, sendo a cul tura perene
mais difundida no Estado, compondo uma das prin cipais fon tes de renda de inúmera
farrúlias da zona rural. De modo geral, o cultivo de café na Amazônia é feito em pequenas
glebas, com baixo nível tecnológico e grande aproveitamento de mão-de-obra familiar, com
propriedades rurais que normalmente não passam de 10 ha. A área plantada em Rondõnia
está em tomo de 160 ha, com cerca de 90 % da espécie robus ta, sendo a cultivar conilon
utilizado em aproximadamente 95 % das fazendas (Nu nes et ai., 2003). O relevo da região é
dominantemente suave ondulado; 94 % do território apresen ta altitudes de 100 a 600 m. De
acordo com SEDAM (2002), os solos predominantes no Estado são os Latossolos C º~),sendo
26 % La tossolo Vermelho-Amarelo, 16 % Latossolo Amarelo e 16 % Latossolo Vermelho. Os
Argissolos e Neossolos ocupam 22 % do território; os Carnbissolos, 10 %; e os Gleissolos, 9 °b.
Outras classes de solos ocupam o restante da área (1 %). A implantação do café nessas regiões
se deu, na grande maioria das áreas, após a d errubada da mata e q ueima da biorna a, endo
as lavouras igualmente implantadas sem a utilização de corretivos, fertilizantes e manejo
conservacionista, resultando em rápido declínio da produtividade em relação ao pri meiros
anos d e cultivo, após a abertura da área (Schlindwein et al., 2012). esse biorna p redominam
as erosões do tipo laminar e sulcos.
Manejo convencional
No manejo convencional ocorre maior compactação do solo em razão da degradação
da estrutura e redução da atividade microbiana, resultando em maiores perdas de solo
e água por erosão hídrica. Estudo desenvolvido por Carvalho et al. (2007), com lavouras
conduzidas por 15 meses, verificou a influência de diferentes sistemas de manejo do solo
cultivado com cafeeiros na erosão lúdrica, obtendo perdas de solo na ordem de 0,2899
t ha-1 para cultivo convencional, enquanto o manejo conservacionista apresentou valores
de 0,2113 t ha·1 para o mesmo período estudado.
As maiores perdas no manejo convencional ocorrem por causa das práticas agrícolas
inerentes, que alteram a estrutura do solo, provocam diminuição do tamanho e número de
poros e dificuldade de penetração das raízes. Adicionalmente, favorece o encrostamento
(da superfície do solo) pelo impacto direto das gotas de chuva. Essas crostas reduzem
substancialmente a capacidade de infiltração de água no solo, causando enxurradas e
promovendo erosão laminar e em sulcos. Essa situação é agravada em virtude das capinas
realizadas nas entrelinJ,as de plantio, tornando O solo exposto e não fornecendo obstáculo
ao escoamento superficial.
Manejos conservacionistas
Os manejas conservacionistas baseiam-se em menor mobilização e maior cobertura
vegetal do solo, promovendo aumento de sua qualidade, pois há tempo uliciente para
a melhoria da estrutura do solo e formação de bioporas. Os fatores que favorecem a
preservação da fauna e da flora promovem a ciclagem de nutrientes, a partir da ação de
sistemas radiculares diversos, e propiciam um contínuo apo rte de biomassa residual na
superfície do solo.
A decomposição da vegetação aumenta o conteúdo de matéria orgânica do solo nos
manejas conservacionistas, melhorando sua estrutura, porosidade e capacidade de retenção
de água. Além disso, a fitomassa residual interceptam as gotas de chuva e dissipam sua
energia, evitando a desagregação das partículas e promovendo redução da capacidade de
transporte do sedimento erodido.
Os efeitos do manejo agroflorestal na manutenção da fertilidade do solo podem r
considerados como fatores diretos no controle da erosão hídrica, além da proteção em razão
da cobertura do solo fornecida pelas copas das árvores, da camada de serapilheira e do papel
das árvores como obstáculo ao escoamento superficial. Em diversos países produtores da
América Latina, a utlização do cultivo em sistemas agroflorestais (SAF) tem sido alternativa
para o incremento da diversidade vegetal e aumento da renda do produtor de café.
A adesão ao sistema de cultivo sombreado a.inda é discreta, mas crescente no decorrer dos
anos. Os principais fatores que influenciam essa transição são: redução de custos de produção,
aumento da renda do agricultor, melhoria da qualidade da bebida, diminuição da taxa de
decomposição da matéria orgânica, preservação do ecossistema e redução da erosão lúd.rica.
Sendo assim, do ponto de vista da conservação do solo, o cultivo sombreado é mais
adequado que aquele a pleno sol, pois as árvores fornecem sombra e criam condições
microclimáticas compatíveis com a ecofisiologia da planta de café. Além disso, a copa da
árvore protege o solo contra a erosão e proporciona aporte contínuo de material orgà.nico,
que é fundamental na manutenção da qualidade do solo em agroecossisternas tropicais ,
que dependem, em grande parte, da produção de biomassa, do aporte de fitomassa
residual e da taxa de decomposição da serrapilheira. Dessa maneira, ocorre proteção ao
solo e fornecimento de alimentos para os organismos que nele vi em, além de melhoria da
sua estrutura, retenção de água e fornecimento de nutrientes nele.
Dentro desse raciocínio, uma proposta conhecida corno mulclzing ertical vem sendo
implementada, principalmente no sul do Brasil e baseia-se na construção de sulcos
semelhantes aos terraços, que, cheios de biomassa cultural residual, tem como objeti · 0
a redução da velocidade da enxurrada e o aumento da infiltração de água no solo e da
permeabilidade, potencializando o aproveitamento das águas provenientes das chuvas.
O manejo AP Romero, utilizado predominantemente no Alto São Francisco, MG,
também apresenta proposta conservacionista, com o intuito de preservar e, ou, melhorar
as condições físico-lúdricas e químicas do solo (Serafim et al., 2011). esse manejo, a prática
conservacionista adotada é a vegetativa, sendo utilizadas gramíneas visando à cobertura
do solo nas entrelinhas do café, garantindo proteção contra o impacto direto das gota
O solo suporta tanto serviços dos ecossistemas q uanto da segu rança alimentar. o
entanto, aproximadamente 15,1 % da á rea mundia l vêm sofrendo d gradação induzida
pe lo homem, em que 83,6 % resultam da erosão (La l, 2001). Um do im pactos adversos mais
graves da erosão é a perda de produtividade em razão da d iminuição da profundidad->
efetiva do solo. É difícil medir diretamente o decréscimo da prod ução por ca usa da ero<:Jo
ao longo do tempo, pois em alguns casos a erosão redu z a produti vidade de fo rma tão
lenta que se torna imperceptível em curto es paço de tempo; entretanto, com o decorrer dos
anos resulta em enormes áreas de solos degradad os e improdu tivos.
Dessa forma, a erosão torna-se um dos principa is fo tores de desgaste e decadência dc1s
áreas produtoras de café no Brasil. Em termos econô rrúcos, a erosão represen ta eminente
risco de perda de produtividade, tomando mais onerosa a cons trução d a fe rtilidade do
solo por meio de adubações, uma vez que grande parcela d os nutrientes ad icionados é
perdida junto com o sedimento ou com a água da enxurrada. Ambien talmente, a e rosão
consiste em um grave problema tanto pelo empobrecimento do solo, q ue gera redução da
cobertura vegetal e desequilíbrio do ambiente, quanto pelos riscos de conta m inação dos
corpos d'água, havendo possibilidade de inviabilizar a produção agrícola no decorrer dos
anos em razão da degradação da área.
Visto que boa parte dos cultivas de café no Brasil ocorre em regiões de relevo
acidentado, atenção com as práticas e os sistemas de produção que visem à redução das
perdas de solo e água, toma-se de grande importância para a s us tentabilidade da atividade
cafeeira. Portanto, o entendimento dos fatores que influenciam a erosão hidrica nas regiões
produtoras é ferramenta essencial para mitigar os processos erosivos.
Assim, serão apresentados a seguir os componentes da Equação Universal d e Perdas
de Solo (EUPS), com os objetivos de elucidar os agentes causadores da erosão e propor
medidas de controle. A EUPS é o modelo de erosão mais amplamente difundido em todo
o mundo e fornece informações úteis para o planejamento adequado e conservação do solo
e da água. Esse modelo caracteriza-se por estabelecer uma estimativa da perda d e solo
média anual. Os dados de entrada incluem fatores naturais (erosividade - R, erodibilidade
- K, comprimento de rampa e declividade - l.5) e fatores antrópicos (cobertura do solo - C
e práticas de manejo e conservação - P).
AvaJiando o padrões de chuva para a mesma região, Aquino et al. (2013) observaram
que a precipitação local caracterizada pelo padrão de chuva avançada, que tem o pico de
maior intensidade no início do evento.
O conhecimento do potencial erosivo da chuva, bem como sua maior ocorrência,
auxilia no planejamento de práticas como a coll1eita, quando a área de copa é reduzida
por causa das perdas de foll1as, necessitando adotar medidas que visam proteger o solo do
impacto direto das gotas de chuva.
gerando assim o cisalhamcnto do solo e o ;:i rrastc de pa rtícu las, q u , m con junto comª
infi ltração d ificul tada de água, cm razão da elevada velocidade da enxu rrada an lo ngo J a
encos ta, intens ifica m o processo erosivo.
Dessa forma, conserva r a cobertu ra vegeta l em pe lo menos 60 ''~ da á rea e ~t!li.1-ar 0
terracea mento agrícola para redu zir O fato r co mprím nto de ra mpa Seio essenc1a1s para
manter a s ustentabilidade da ati vidade cafeeira em áreas decli vosas.
Po rtanto, técnicas de terraceamento, que eccionem o comprimento do dec live,
v isando interrom per o fl uxo do escoamento superfi cia l e promover a in filtração de cÍgua
no perfil do solo, são bastante eficazes na red ução das perdas de solo, gua, e -o rgâ nico,
nutrientes e na manutenção da sustentabilidade da a ti vidade ca feeira em á reas decli vosa ·.
Cobertura vegetal
O fa tor cobertura vegetal pode ser com preendid o como a relação entre as perda d
solo em uma á rea cultivada e as perd as em uma á rea sem cobertu ra vegeta!, variand o no
d ecorrer das estações do ano por causa d as oscilações climá ticas e seus efeitos sobre ,1
vegetação.
Várias são as maneiras que a cobertura vege ta l pode cola bora r para redu zir as perda
de solo, água, e-orgânico e nutrientes por erosão, como: redução d o volume de água q ue
chega a o solo, por meio da interceptação; a lteração da dis tribu ição do tamanho da gota
d e chuva e consequente perda da energia cinética da chu va; di minuição do escoamento
superficial; favorecimento da infiltração da água no solo; e melhoria no balanço hídrico.
A eficiência do cafeeiro como cobertura vegetal e proteção contra as perda de so lo e
água va ria de acordo com a espécie, a idade da planta e o ma nejo ado tado. Estudo rea lizado
por Prochnow et ai. (2005), envolvendo perdas de solo e água em Coffea arnbica L. no Estado
d e São Paulo, evidenciou que o espaça mento entre plantas e idade d a cu ltura infl uenciam
na erosão. Os resultados indicam que o espaçamento não influencia na perd as d e olo,
m as promove maior perda de água nos primeiros 60 mese de cul tivo em razão do maior
espaço na linha e na entrelinha de plan tio e, consequentemente, maio r tem po pa ra as
plantas recobrirem o solo.
A m aior velocidade do crescimento vegetal é proporciona l à eficiência da planta
em m a nter o solo coberto d uran te o ciclo produtivo; nesse sentido, os autores ci tados
a pontaram o período crítico para perdas de solo e água correspo ndente ao p rimei ros 60
meses de cultivo, em que a redução das perdas de solo eq u ivale u a 7 %, com parada com
uma situação de solo descoberto. A eficiência do café como cobertura do solo foi m.1is
exp ress iva entre os cinco e 12 anos de crescimento da planta, havendo d iminu ição d e 99 °"0
das perdas de solo no sistema.
No quadro 1, evidenciam-se estudos de perdas de olo po r ero ão hídrica em a lguns
cu ltivas de café no Brasil. De modo ger al, observa-se que os prime iro ano sã os mais
críticos quanto à suscetibilidade do solo aos processos erosivos. O estabelecimento :la
cultura após o terceiro ano garante melhor área de copa e, de e modo, maio r recobrimento
d o solo, tom ando a interceptação da água da chuva pelas plan tas de café mais efiôente.
Sã o apresentadas, no q uadro 2, as perd as totais de solo e á gua para os diversos manejos
d a cultu ra do cafeeiro pós-plantio e solo descoberto (Carvalho et al., 2007). 0 , manejas
Quadro 1. Perda de solo e água em algumas áreas de cafeeiro de acordo com a idade em diferentes
conclições de manejo e locais no Brasil
Condição Local/Idade
Londrina, PR(ll
0-26 meses 27-38 meses 39-44 meses 51-62 meses
1
- - - - - -- -- - Solo (t ha· ) - - - - -- - - - -
Solo descoberto 238,50 98,25 102,26 118,27
Cafeeiro 185,30 76,36 44,59 33,93
Londrina, PR(ll
0-12 meses 13-24 meses 24-36 meses
Solo Água Solo Água Solo
tha·1 % t ha·1 % t ha·1
Solo descoberto 105,50 18,50 115,00 15,10 109,30
Cafeeiro 83,00 13,30 93,30 13,60 76,00
Pindorama, SPC2l
0-60 meses 60-120 meses
Solo Água Solo Água
t ha·1 % t ha·1 %
Café- práticas edáficas 0,60 1,30 0,01 1,20
Café - práticas vegetativas 1,15 1,70 0,06 1,10
Café - práticas mecânicas 1,10 1,70 0,06 1,00
Pindorama, SPf.l>
0-60 meses 60-144 meses
- - -- - ---Solo (t ha·1) --------
Quadro 2. Perdas de solo e água para os diversos manejas da cultura do cafeeiro pós-plantio e solo
descoberto
Tratamentoslll
. Estudo~ <lesem oi idos por Pereira et al. (2014) sobre o crescimento de cafeeiro do
cultn ar Rubi no ui de Minas Gerai demonstraram que a idade da cultura, o adensamento
e O u~o de in-igação influem na altura da planta e no número de ramos plagiotrópicos, onde
o maior adensamento combinado ao uso de irrigação favoreceu o crescimento da planta,
destacando o sistema irrigado como promotor de crescimento precoce.
la mesma região e u sando a mesma cultivar, Rezende et al. (2014) observaram
varia~ão no índice de área foliar (lAF), que tende a ser maior na presença de irrigação e em
planhos .adensados. Os autores apontaram ainda significativa redução do lAF no período
de colheita. Nessa fase também é importante a adoção de práticas conservacionistas, corno
~ manutenção de biomassa cultural residual na área para proteger as partículas do solo do
impacto desagregante da água da chuva.
Não é difícil perceber que plantas jovens, com menor área de copa, quando em
espaçamentos maiores, tendem a levar mais tempo para recobrir o solo, sobretudo
quando o processo de incremento orgânico à serapill1eira é tardio. As perdas de solo por
erosão nas plantações de café podem ser consideráveis em sistemas de manejo que não
têm sombreamento adequado ou que possuem baixa densidade de plantio, com pouca
cobertura morta formada pela serapilheira. Nessa perspectiva, os plantios sombreados são
altemati\ as interessantes para proteção do solo e incremento de matéria orgânica, com
consequente ganho nutricional para a cultura.
O cultivo sombreado em sistemas agroflorestais (SAF) é praticado em países como
Colombia, Venezuela, Panamá e México, na busca por aumento de diversidade vegetal
e de renda para os produtores. Em contrapartida, os cafeicultores brasileiros tendem a
preferir o cultivo a pleno sol em razão do receio da perda de produtividade, exigência de
maior mão de obra e dificuldade de mecanização nos plantios sombreados. Desse modo,
estima-se que aproximadamente 90 % dos cultivas de café no Brasil sejam conduzidos a
pleno sol (Ricci et al., 2006).
Pesquisa desenvolvida na Venezuela por Ataroff e Monasterio (1997), incluindo
cultivo de Coffen arabica a pleno sol e cultivo sombreado, apresentou que as perdas de
material da fração mineral fina são mais críticas quando o café é cultivado a pleno sol,
ocorrendo o dobro de perdas nesse cultivo quando comparado ao sombreado. Os autores
mencionaram ainda que 98 % da camada superficial do solo avaliado incluem material
dessa fração granulométrica, destacando assim o cuidado que é necessário ter para evitar
as perdas de solo em superfície. Também, segundo os autores, pode implicar, no cultivo
a pleno sol, quando comparado ao sombreado, na frequência de reforma do plantio, que
chegou a ser mais que o dobro no café a pleno sol, isso porque o plantio é reformado
quando as plantas estão vellias, estádio esse alcançado aos seis anos no cultivo a pleno sol
e até aos 30 anos no cultivo sombreado.
Ainda favorecendo os processos erosivos, o cultivo a pleno sol provoca maior
evapotranspiração, acarretando em maior demanda hídrica quando comparado ao sombreado,
tomando O solo mais seco e mais suscetível ao deslocamento de massa em superfície.
Em contrapartida, pesquisas têm apresentado que o sombreamento inibe o crescimento
de espécies espontâneas, como as gramíneas, que são sabidamente capazes de recobrir o
solo, protegendo-o contra a erosão. O oposto é verificado em condições de cultivo a pleno
sol, em que a incidência da radiação solar favorece o crescimento de espécies espontâneas,
res ultando em maior aporte de matéria orgânica ao solo (Salgado et al., 2006).
A preferência brasi leira para os culti vos a pleno sol decorre tJmb 'm da fa l ª. de
estudos sobre a produtividade dos cu ltivas sombreados. Para Ricci e t ai. (2006) , muitos
dos estud os qu e apontam perd a de produti vidade no culti vo de café c;ombread~ fora m
observados em áreas de sombreamento muito denso. O planejamento c1propnado da
densidade de sombreamento e do espaça mento adequado das plantas certamente r~ ultaria
em produtivid ade maior. Os autores observa ram que o sombreamento reduz a taxa d
crescimento das plantas somente nos 15 primeiros meses, além de diminuir o número dt;>
grãos; entreta nto, aumenta O peso desses de modo a alcança r produtividade eme lhante ao
cultivo a pleno sol.
A escolha das práticas de manejo a serem empregadas na cultura do ca fé visando
reduzir as perdas de solo e água por erosão hídrica é de grande importância para assegurar
a produtividade do plantio e evitar as perdas de nutrientes, resultando em economia na
adubação. A adoção de revolvimento ou não do solo na área até a execução de práticas
s imples, como a forma de controle de plantas daninhas, resul tam em maior ou menor
proteção contra a erosão.
Es tudos desenvolvidos por Carva lho et ai. (2007), envolvendo o controle de planta
infestantes em café, constataram que, em cultivo convencional, o controle por meio
de roçado (CCR) promoveu perda anual de solo de 0,1098 t ha·1 mes·1 contra perda
equivalentes a 0,2899 t ha·1 mês·1 para a capina manual (CCq e 0,2050 t ha·1 mês•1 para
o sistema empregando herbicidas, como evidenciam-se no quadro 2. Assim, esse último
sistema apresentou perdas intermediárias de solo, enquanto a prática do roçado parece
ser a mais conservadora; e a capina manual é a que mais favoreceu as perdas de solo. O
autores explicaram que após o roçado a palhada se distribui de modo mais homogêneo
na superfície do solo, além do fato de que as plantas daninhas residuais que permanecem
vivas se recompõem gradativamente após o corte, propiciando maior proteção contra o
impacto direto das gotas de chuva e favorecendo a infiltração de água no solo.
Mesmo conhecendo-se os efeitos devas tadores da erosão hídrica sobre as culturas,
a sustentabilidade do solo e a segurança produtiva dos plantios, o estudo envol endo
erosão hídrica em cultivas de café ainda são incipientes no Brasil, sobretudo no que diz
respeito ao efeito da adoção de práticas conservacion.istas na redução das per das de solo e
água causadas pela erosão.
Práticas conservacionistas
As perdas de solo, água, C-orgânico e nutrientes representam ri co de esgotamento
do solo e geram custos adicionais na manutenção das culturas. A ad ção de práticas
conservacionistas implica não somente no uso sustentável do solo, mas também n
aumento da produtividade das culturas e, em alguns casos, na red ução de custo com
correção e adubação do solo por causa do aporte de nutriente de modo natural ou como
consequência de redução dos processos erosivos.
As prá ticas conservacionistas podem ser classificadas em: (a) edáficas, quando se
recorre a práticas que alteram o manejo do solo, fa o recendo a cons truçã Ja fertilid 1de do
solo e reduzindo a erosão. São consideradas práticas edáficas o controle de queimadas, a
adubação, a calagem, a gessagem, : ntre outras; (b) vege ta ti a , m que a vegetação é us.ida
para proteger o solo conb·a a erosao, como o refl orestamen to, o ultivo em fui.xa •, cord - es
de vegetação, entre outras; e (c) mecânicas, que visam reduzir a energia cinetica d á rua da
da lixiviação de nutrientes, bem como de sua volatili zação, e c.1 otimizc.1çJo dn uso da á Uil
por fa vorecer a infiltração e reduzir a eva poração, a lém de tornar mais eficiente a ciclage rn
d e nutrientes.
A prática de cultivo adensado em ca feeiros tem se evidenciado como interes ante
alternativa para a proteção do solo e redu ção da erosão, assegurando ma io r aproveitc1mento
das adubações, manutenção da água no sistema, ganho em nutrientes por causa do aument_o
da biodi versidade e consequente es tímulo das atividades biológicas do solo, essenetc.11,
para os ciclos biogeoquímicos.
Calagem e gessagem
A calagem ne~te capítulo é co~1siderada _uma prática con ervacionis ta por promover
o ma ior desenvolvimento do cafeeiro, a partir da correção da acidez, contri bu indo as.sim
para o maior recobrimento do solo pela vegetação. Para o cafeeiro, a calagem é gera lmen te
impre cindível, uma vez que a acidez do solo inibe atividades biológicas como a fixação de
2 por bactérias e compromete a disponibilidade de alguns macro e m.icronutrientes para
as plantas.
. A adição de ges o ao solo não altera O pH, desse modo não há efeito da gessagem sobre a
acidez do solo. Enb·etanto, essa prática aumenta a clisponibilidade de Ca e Sem profundidade
e melhora as condições físicas do solo como porosidade e estabilidade de agregados.
Estudos desenvolvidos por Silva et ai. (2013) afirmaram que a gessagem promove maior
crescimento das raízes do cafeeiro em profundidade, aw11entando assim a área de exploração
radicular e o aproveitamento dos nutrientes no solo, além de promover a floculação da argila
e melhorar a estabilidade de agregados em profw1didade. Adicionalmente, foi verificada
elevação do estoque de C até a profw1clidade de 15 cm quando o solo foi tratado com
fosfogesso. Carducci et al. (2015) obtiveram resultados semelhantes, onde a aplicação de
gesso proporcionou melhor distribuição espacial do sistema radicular, com características
homogêneas no perfil do solo, principalmente no sentido vertical.
Adubação
Sejam adubações verde, orgaruca ou mineral, todas induzem a modificações na
condução do cafezal, alterando a fertilidade do solo e de atributos covariantes, sendo aqui
considerada urna prática conservacionista de caráter edáfico.
O uso do solo corno substrato para produção agrícola demanda nutrientes
indispensáveis para o desenvolvimento das plantas. Em sistemas nativos, as plantas
devolvem ao solo os nutrientes absorvidos por meio dos ciclos biológicos. Nos sistemas de
produção comercial, a exportação de nutrientes por meio das colheitas força o esgotamento
da fertilidade do solo quando adubações corretivas e de manutenção não são realizadas.
Nesse cenário, não é incomum o abandono de áreas com pouca ou nenhuma cobertura
vegetal e sob intensa ação de agentes erosivos.
o Cerrado brasileiro, encontram-se áreas com significativa produtividade no setor
cafeeiro, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. Entretanto, os solos dessa
região já foram considerados marginais para a agricultura por causa da sua baixíssima
fertilidade natural. A construção da fertilidade desses solos, sem dúvida, é uma prática
conservacionista e ajuda a explicar as elevadas produtividades dos cafezais, quando
devidamente manejados.
Terraceamento
A construção de terraços consiste em urna prática conservacionista de caráter
mecânico e é de grande eficiência para o controle de perdas de solo, água, C-orgânico e
nutrientes (Pruski, 2006; Pruski et al., 2009). Por causa da diminuição do comprimento de
rampa, os terraços favorecem a infiltração de água no solo, quando alocados em nível, ou
promovem a drenagem controlada da água, quando em gradiente (Bertoni e Lombardi
eto, 2014). O terraceamento em nível é recomendado para solos mais homogêneos em
profundidade como os Latossolos e os Neossolos Quartzarênicos. Já o terraceamento em
gradiente é recomendado para solos mais heterogêneos em profundidade e com média à
baixa infiltraçã o de água, podendo ser com gradiente progressivo ou cons_tante para os
Argisso los e Cambissolos, respectiva mente (Lombardi Neto et ili., l 976, 1993; Prus ki et ui.,
2006; Pru ski, 2009; Bertoni e Lombardi Neto, 2014).
Ainda é muito comum no Bras il O culti vo de café em terrenos decl ivosos, gert1lme te
com solos pouco profundos, 0 que agravam 0 5 procec:; sos de d egra dação do solo pela
erosão hídrica. O emprego de terraços para esses casos constitui a lternativa para amenizar
as perdas de solo e água e evitar a fo rmação de sulcos e voçorocas na área, sobretudo
quando al iado a outras práticas conservacio nis tas; nesses casos, os terraços devem r de
base es trei ta.
No café cultivado em áreas montanhosas, é comum utilizar o chamad o terraço tipo
patamar. Esse tipo de terraço é constituído de uma plataforma onde é p lantado o café e de
um talude que deve ser estabilizado com revestimento com gramíneas e, ou, legumi no _as
ou outro tipo de vegetação. A plataforma deve ser limitada por pequeno cordão de terra na
s uperfície e ter pequena inclinação para o interior, a fim de evitar o escorrimen to da água
de um terraço para outro imediatamente inferior, o q ue pod eria levar a erosão no ta lud ,
pondo em risco todo o terraceamento. Normalmente, o terraço tipo patamar é con truido
com trator de esteira com lâmina, mas em alguns casos pode ser feito com implementos de
tração animal e até mesmo manualmente. Esse tipo de terraço, considerando seu alto cu to
de construção, só é viável economicamente em áreas valori zadas para produção de alto
rendimento (Lombardi Neto et al., 1993). Na construção do terraço em patamM, deve- e
tomar cuidado em relação à exposição do horizonte Cem razão de ess a presentar grande
fragilidade em relação à erosão hídrica.
Na grande maioria dos casos, o horizonte C, geralmente de cor rósea, apresenta
estrutura fraca em blocos subangulares, porém quando o solo está úmido o u molhado e a
estrutura praticamente desaparece. Poucas chuvas são s u ficientes para produzir ulcos de
erosão nessas condições, que podem evo luir facilmente para voçorocas. Ass im, quanto
mais próximo o horizonte C estiver da superfície do solo, mais instável é o ambiente desse
no tocante à erosão hídrica (Resende et ai., 2014)
Apesar dos benefícios trazidos pelo terraceamento nas culturas, não é raro ob ervar
o abandono dessas construções por parte dos produtores em razão da falsa ideia das
complicações na mecanização das áreas terraceadas, onde a entrada de máquinas para
colheita ou preparo do solo seria dificultada pela presença do terraço. De se modo, o
dimensionamento do terraço deve ser muito bem planejado, tanto para as egurar seu
adequado funcionamento, sem que haja rompimento da cons trução, q uanto para ev itar
dificuldades de manejo da área cultivada, estimulando o produtor no tocante manutenção
da estrutura construída.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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.J
XXXIII - MANEJO E CONSERVAÇÃ O DO
SOLO EM CANA-DE-AÇÚCAR
Denizart Bolonhezi1', Oswaldo Julio Vischi Filho21, Walane M. P. de Me llo Ivo 31,
André Cesar Vitti'I/, Antonio Cesar Bolonhezi 5/ & Sandro Roberto BrancaJiãobl
11 Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Instituto Agro nó mico de C :unpmas, Centro Je
Cana-de-Açúcar, Campinas, SP. E-mail: denizart@iac.s p .gov.br
21 Secre taria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São P,lUlo, Coordenadona de Deiesa Agropt'CUáriJ,
Campinas, SP. E-míli l: oswaldo@cda.sp.gov.br
J/ Embrapa Tabuleiros Costeiros, UEP de Rio La rgo, Rio Largo, AL. E-mail: wala ne.1vog embrapa.br
' 1 Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Polo Regional Centro Sul, Piracicaba, P.
E-mail: acvitti@apta.sp.gov.br
s; Universidade Estadual Paulista, Campus de Ilha Solteira, Ilha Solteira, SP. E-mail: bolonha G.Jgr.Íl·1 .um.'5p.br
"' Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Instituto Agronômico de Campinas, Centro Je
Cana-de-Açúcar, Campinas, SP. E-mail: brancaliao@iac.sp.gov.br
Conteúdo
Bertol 1, De Maria IC, Souza LS, editores. M,u1ejo e conserv.Jçí'io do sol ~ da .igu.J. Viç -.1 , :-.1G: - cieJ.ide
Brasileira de Ciência do Solo; 20 18.
1030 DENIZART BOLONHEZI ET AL.
INTRODUÇÃO
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Ano
Figura 2 Evolução da produção e estagnação da produtividade de açúcar na Austrália entre 1970 e 1995.
Fonte: Adaptado de Garside et ai. (1997).
7,00
_,,-------~--- ·······,,
6,00
-6 5,00
~ 4,00
j 3,00
..... •·
,,
65,8 %
....,,...
---------
················· ··········
,,
-
-Crua
- - Queimada
2,00 ........ Área Colhida
····· ·· Área Total
1,00
<10 '
0,00
A colheita mecanizada de cana crua deixa sobre a su perfície do solo entre 9.0 e 19,2 n0
da biomassa totaJ produzida, que representa em média 15 t ha·1 de matéria eca om cerca
de 120 g kg-1 de fibras (landell et al., 2013a; Franco et aJ., 2013). O palhiço é compos t das
folhas secas e do ponteiro verde da cana (média de 8 t ha-1) e apresenta alta relação C/ ,
que diminui de 97 para 68, após 12 meses, caracterizando um material muito recalci trante
(Oliveira et al., 1999). O sistema cana crua proporciona maior controle da plantas daninh as
(Christoffoleti et al., 2007), reduz erosão (Prove et al., 1995; Sparo ek e Schnug, 2001),
fav orece o crescimento radicular (Bali-Coelho et al., 1993), contribui com fertilizaçã e '
e K ( '1eier et ai., 2006; Franco et al., 2007; Trivelin et ai., 2013), mantém a temperatura do
olo mai baixa (Oliveira et al., 2001 ), reduz as perdas de água do solo (Dourado- eto et
ai., 1999), awnenta o estoque de C (Razafimbelo et ai., 2006; Galdos et ai., 2009; Cerri et ai.,
2011), além de proporcionar ganhos em produtividade de cohnos (Ball-Coelho et al., 1993;
Tominaga et al., 2002; Bolonhezi e Gonçalves, 2015).
o entanto, no sistema de colheita de cana crua, o tráfego intensivo de máquinas e
equipamentos pesados, quando associado com alta wnidade no solo, pode proporcionar
aumento dos problemas relacionados com a compactação (Braunack et ai., 2006). Do
plantio até a colheita, incluindo os tratos culturais, em cinco anos são estimadas mais de
30 operações mecanizadas na mesma área (De Maria et ai., 2016). Rossini (2014) informou
que cada faixa de tráfego recebe carga couespondente à metade da carga da máquina em
cada passada, sendo duas passadas de cada um dos equipamentos a cada ciclo, sendo: uma
colhedora (15 t), wn trator de 149 HP (8 t), dois h·ansbordos (6,5 t) e um trator de 115 HP
(6,7 t). Com esta composição ao longo de seis cortes e considerando a capacidade de 5 t de
colmos em cada transbordo, o tráfego acumulado proporciona uma carga total equivalente
de 388 t, somente na faixa do rodado. Um esquema ilustrativo do tráfego durante a colheita
de cana crua pode ser observado na figura 4.
Figura 4. Esquema ilustrativo do tráfego durante a colheita mecanizada de cana crua demonstrando
0 impacto sobre a compactação do solo.
Fonte: Adaptado de Rossini (2014).
O impacto da mecanização da colheita d e ca na obre os atribu tos fís icos do solo pode
reduzir a produtividade de colmos e a longevidade do ca na via l. A renovaçii_o _d ca ~aviai5
é necessária para manter elevada a produti vidad e méd ia das á reas comercrn1s cul t,vadclS
com cana-de-açúca r. Os critérios para reform a são va riáve is de acordo com a empresa
região produtora e são dependentes: do his tórico d e p rodutiv idade do ta lhão (com menos
de 60 t ha·1 de colmos, recomenda-se a reforma d o canavia l), da necessidade de s ubstituição
de genó tipos, da ocorrência de problemas fítossanitáríos (nematoides, insetos e patógeno ),
da necessidade de correção da ferti lidade e da compac tação do so lo, da per p ctivJ de
a umento dos lucros frente aos custos de implantação, en tre ou tros. Em algumas usinas, o
percentual destinado pa ra reforma é fi xo em ·15 % d a á rea plantada por ano (Bol onhezi et
a i., 2014).
De acordo com Garside e Bell (2011), cerca de 80 % d a com pactação d e olos em
canaviais colhidos mecanicamente é decorrente da prim eira coiheita. A compactação
provocada pela reorganização estrutural das partículas e d e seus agregados, resultando
em aumento da densidade do solo e redução da porosid ade total (D ias Júnio r, 2000). A
principal causa é o excesso de pressão exerc ida pelo tráfego de máquinas e equipamentos
sobre o solo, principalmente em condição de umidade acima d o id ea l (Vischi Filho, 2014).
A compactação do solo também pode ocorrer quando as o pe rações fo rem realizada com
o solo na zona de friabilidade, caso seja ap licada a esse solo pressões maiores do que a sua
capacidade de suporte de carga (Kondo e Dias Júnior, 1999).
Conforme Hakansson e Voorhees (1997), sistemas que propo rciona m pouco
revolvimento do solo e apresentam tráfego de máquinas pesad as po d em prom over
compactação do solo até 40 cm de profundidade, como no sistema de cu ltivo da cana-
de-açúcar. Em razão das operações de carga dinâmica, a d istribuição, o ta manho e a
continuidade de poros são influenciados negativamente, o que impl ica d imin u ições na
permeabilidade ao ar e à água, promovendo redução no desenvolv imento radicular da
cultura (Horn e Lebert, 1994). Atualmente, a compactação do solo está ocorre nd o em nívei
elevados, requerendo pesquisas e alternativas para solucionar esse problema ( ischi Filho,
2014).
Estudos buscam modelar o comportamento da estrutura d o o lo, visando à
determinação de sua capacidade de suporte de carga para uma condição específica de
mq11ejo, que poderá ser usada para evita r a compactação ad icional d o olo (Ko ndo e
Dias Júnior, 1999; Silva et ai., 2001; Assis e Lanças, 2005; Silva et al., 2006a; asconcelos
et al., 2012). A pressão de pré-consolidação é um indicador da máxima carga à q ual o
solo foi submetido no passado (Dias Júnior, 1994; Dias Júnior e Pierce, 1996) . Pa ra a aliar
a capacidade de suporte de carga, utilizam-se modelos de compre s ibilidade com base
na pressão de pré-consolidação (op), que predizem a m áxima pressão que um o lo pode
suportar nas diferentes umidades sem causar compactação adicional (Si) a e t al., 2001; ilva
e t al., 2003a; Silva et al., 2006a; Silva et al., 2010; Souza et al., 201 2a), permitindo e tabelecer
es tratégia de prevenção da compactação do solo. íveis al to d e cornpac taçã do solo
podem ocorrer quando as pressões de contato do rodado ou dos implemento ul trapassam
a capacidade de suporte de carga. Como exemplo, citam-se os e tudos realizados por
Vischi Fiiho et al. (2015), em áreas comerciais de cana-de-açúcar, o quais encon traram
va lores de capacidade de suporte de ca rga para Lato solo ermelho conforme de rito
n o quadro 1. lnformações dessa natureza devem ser geradas para o utro tipos de solo,
visando identificar os níveis de pressão que podem ser aplicado ao olo sem casion ar
com pactação.
Quadro 1. Atribu tos físico-m ecânicos do solo para o teores d e água na faixa de fria bilidade,
estimados pelo modelo op=lQ(••buJ, para os sistemas de colheita m ecan izada com um e três ciclos
(C 11 e CM3, respectivamente) de cultivo de canteiro, nas cam adas de 0,00-0,10; 0,10-0,20; 0,20-
0,30; e 0,30-0,-10 m
Camada cm Ds (lC)fl 1(kg dm.J) D S (lP)<11 (kg dm.J) op (LC)''I crp (lP)í2l (kpa)
Caracterizada como uma cultura semip re ne, o p repa ro do solo para o plantio des a
cu ltu ra ocorre apenas uma vez a cada ciclo de ci nco a seis anos, sempre feito em nível. e,
a lé m d isso, a cobertu ra imposta pelo crescimento dJ parte aéreJ da cJnJ-de-açúca r, após
qu atro a cinco meses da colheita, é de, aproximadamente, 100 % da superfície. Isso leva a
crer q ue se os Ta buleiros Costeiros tivessem s ido oc upJd os por culturas anuais, em vez da
cana-de-açúcar, o estado de conservação dos solos poderia estar bem pior do que o quc1dro
atua l, principalmente nas encostas.
De acord o com Marques et ai. (1961) e Lom bardi Neto et ai. (1982), estudos de perdas de
solo e água duran te 13 anos (entre 1943 e 1959) demonstrara m q ue a cana-de-açúcar perdeu
em média 16,4 t ha·1 ano·1 de solo e 98 mm de água (2,8 % da chuva anual), considerand o
solos da região de Macaca, SP, e Ribeirão Pre to, SP. Com base nestas pesquisas, verifica-
se, na figura 5, que a cana-de-açúcar é considerada uma cultura pouco vulnerável, em
comparação à ma mona e mand ioca, que perdem acima de 30 t ha·1 ano·1, e semelhantes à
en contradas na cultura do milho.
120
~ 100
- 100 92
o
l(O
~ 80 64 60 60
60 48 44
40 30 29
16
20
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Cultura
Figura 5. Índice relativo da erosão do solo para diferentes culturas em relação à mamoru
(54,6 t ha·1 ano·1 de solo). Resultados dos 48 experimentos em quatro lo alidades entre 1943 e
1959.
Fonte: Adaptad o de Marques et ai. (1961).
No quadro 2, pode-se observar resultado demonstrando perdas acima de -lO t ha•t ano 1_
Contudo, nota-se que a maior vulne rabilidade ocorre na fa e de cana planta, em irtude
da coincidência do solo recém-preparado com a cul tura em início de d esen olvimento.
De acordo com estes resul tados, De Maria e Dechen (1998) esclareceram q ue as perdas de
49 t ha·1 ano·1 e 7,5 % da ág ua da chuva correspondem respecti arnente à retir da de 0,3
cm de solo e necessidade de proporcionar meios de e coar lOO L m ·2 de água de ~nxurrada.
Re sal ta-se que os re u ltados presentes na literatura foram obtidos em outras circunstâncias,
quando não havia mecanização em larga escala. De Maria et al. (2016) relataram perdas de
11 t ha-1 ano-1 de solo e 3 % da água oriw1 da da pluviosidade anual, considerando a média
de cinco cortes, embora considerando somente O período de implantação as perdas podem
atingir valores entre 60 e 100 t ha-1 de solo.
Deve-se salientar que os problemas mais graves de erosão em talhões de cana-de-
açúcar estão associados com a localização de estradas e carreadores. Lombardi Neto e
Drugowich (1994) iruormaram que mesmo com a ocorrência de poucos eventos chuvosos
os estragos são consideráveis, pois nos carreadores a enxurrada acumula em grandes
'olumes, necessitando de sistemas de drenagem adequados. Scarpinella (2012) estimou
que somente em São Paulo existam aproximadamente 285 kha com carreadores em talhões
de cana-de-açúcar e que estes são responsáveis por 70 % da erosão ocorrida.
Quadro 2. Valores médios de perdas de solo e água por erosão em Latossolo Vermelho, com 12,8 cm m-1
de declividade em estudo de longa duração
Perdas de Solo Perdas de Água
Fases da Cultura
(t ha-1 ano-1) (% da chuva)
Cana Planta 49,0 7,5
2° corte 0,2 0,3
3° corte 0,01 0,1
Méma de 12 anos 16,4 2,8
Fonte: Adaptado de Lombar di Neto et ai. (1982).
Estudos sobre erosão foram desenvolvidos no Nordeste de forma mais intensa entre
os anos de 1970 e 1980 (Leprun, 1981, 1988; Barreto et al., 2008), intensificando-se de forma
mais tímida uma década depois (Albuquerque et al., 1998; Silva e Dias, 2003; Bezerra e
Cantatice, 2006). Aspectos relacionados à erosividade das chuvas da região e erodibilidade
de alguns solos foram estudados (Leprun, 1988), bem como aqueles vinculados aos fatores
C, uso e manejo, e P, fatores práticas conservacionistas (Leprun, 1988; Margolis e Galindo,
1991).
No entanto, resultados relacionados à cultura da cana-de-açúcar ou à regia.o de
cultivo predominante desta cultura são poucos. Leprun (1981) alertou que o leque de
pesquisas em erosão que ocorreu no Nordeste, nas décadas de 1970 e 1980, e que parecia
extenso e completo, no entanto, não era. Segundo o autor, nenhum campo experimental
foi estabelecido na Zona da Mata, que, todavia, é a mais populosa e a mais explorada
com monoculturas industriais, com destaque para a cana, nem na zona de florestas pré-
amazônicas, nem nos cerrados ocidentais, sendo esse o quadro vigente até hoje (Silva,
2014).
Vinculados diretamente à cana-de-açúcar, pode-se destacar o trabalho de Silva et ai.
(1985), que, com o objetivo de avaliar os efeitos de diferentes coberturas vegetais sobre
as perdas de solo e água, esses autores relataram valores de perdas de solo variando de
74,6 t ha-1, em solo descoberto, até 0,95 t ha-1, em pastagem plantada. O cultivo da cana-
de-açúcar resultou em urna perda de 6,2 t ha-1, valor bem abaixo daquele alcançado pelos
culti va s de a lgodão (48,1 t ha·1), milho (26,2 t ha·1) e feijão (20,9 t ha·1), confirmando a
tendência de a cana-de-açúcar apresentar pe rd as d e solo relativa m ente menores.
Em condição de cana cru a, as perdas podem ser reduzid as en tre três e 10 vezes (Bertoni
et ai., 1986; Prove et ai., 1995). Bertoni et ai. (1986) observa ram que em declividade de
8,5 cm m ·1 e 12 cm m·1, com ch uva de 1 300 mm, na condição de ecm a q ueimada, foram
perdidos 20,2 t ha·1 de solo e 8 % da água da chu va, e nqua n to em cana crua as perdas fo ram
de 6,5 t ha·1 e 2,5 % da água. Prove et a i. (1995) quantifica ram a erosão em cana-de-açúcar
cultivada em região tropica l da Austrá lia e concluíram q ue e m sistem a con vencional de
preparo do solo as perdas médias são da o rdem de 148 t ha·1 a no·1, enquanto no ístema
plantio direto perde-se menos de 15 t ha·1 ano·1• Esses pesqujsad o res escla receram que
a quantidade de fitomassa residual mantida foi menos re levante q ue a elim inação do
preparo do solo.
Todavia, para as condições do Brasil, Martins Filho et ai. (2009) concluíram, em
pesquisa conduzida em Argissolo com cinco anos de colheita m eca nizada, util izando
chuva si mulada (60 mm h·1 por 65 min), que a manutenção de 50 e 100 /)ri do palhiço reduz
em 67 % e 87 % as perdas de solo por erosão, respectivamente (Fig ura 6). Em trabalho
complementar, Souza et al. (2012b) informaram que a manutenção de coberturas inferiore
a 50 % proporcionam considerável enriquecimento do sedimento por m a téria o rgâ n ica e
nutrientes. Já Bezerra e Cantaiice (2006) avaliaram o efeito de diferentes cober tura do olo
(palhada e parte aérea da cana) sobre o escoamento s uperficial na erosão entre sulco , sob
chuva simulada. Os autores encontraram que o efeito somado do dossel e d a fito ma sa
residual da cana promoveu simultaneamente o aumento da rugos idade h idrá u lica e dos
volumes de interceptação vegetal, determinando as m enores lâminas de escoamen to
superficial e os maiores volumes de infiltração, proporcionando, assim, menores taxas de
desagregação do solo, concluindo que, para todo o ciclo da cultura da cana, observou-se
diminuição das perdas de solo com o aumento das taxas de cobertura.
7
tha·l
o 20 40 60 80 100
% de palha
1 1
Figura 6. Perdas de solo por erosão (t ha· ano· ) em razâo da porcentagem de cobe rtura da u perfid
do solo em Argissolo sob sistema cana crua.
Font~: Adaptado de Martins Filho et ai. (2009).
Esses re ultados, juntamente com outros obtidos nas demais regiões do país (De Maria
e Dechen, 1998; Garbiate et al., 2011), ratificam a importância da colheita da cana crua, que,
em razão da manutenção da fitomassaresidual sobre o solo, pode proporcionar grande efeito
na redução da erosão na áreas de produção da cana-de-açúcar. Resultados preliminares
de estudos de erosão nos tabuleiros de Alagoas demonstram que a permanência de 50 % da
fitomassa residual na superfície do solo tem levado a perdas de solo semelhantes àquelas
das áreas onde todo a palhada permaneceu sobre este (Mello Ivo, 2012), indicando que,
pelo menos sob ponto de vista da erosão, metade da palhada produzida pela cana poderá
ser retirada do sistema, sem maiores prejuízos ao solo.
Figura 7. (a) Encros tamento da camada superficia l. (b) Com pactação da ca mada subsuperlicial.
Fotos: Oswaldo Vischi Filho.
Os tipos de erosão podem ser classificados em "erosão laminar" ou "em entr ulcos" e
"erosão em sulcos", ambas proporcionando o assoream ento dos mananciais. A erosão laminar
pode ser classificada como Ligeira, modernda, severa, muito severa ou extremamente vera e
é causada pelo impacto das gotas de chuva ou água de irrigação no solo descoberto. Quando
o fl uxo laminar não é interrompido, ganha energia e transforma-se em fluxo turbulento; por
conseguinte, ocasiona o arrastamento de partículas e erosão em sulcos. Já a erosão em ulco
é classificada, quanto à profundidade, como superficial, rasa, prohmda e muito profunda
(voçoroca); e, quanto à freqüência, pode ser ocasional, frequente ou m uito frequente (Lepsch et
al., 2015). O fato causador da erosão geralmente pode ser atribuído pelo longo comprimento da
rampa e pela falta de rugosidade na superfície. O "assoreamento" é a deposição dos sedimento
oriundos das camadas de solo erodidas, que são carreados pela enxurrada para as partes mais
baixas do relevo, justamente onde na maioria das vezes localizam-se os cursos d' água e demais
mananciais, causando a poluição ou a degradação dos mesmos.
gkg' kg kg '
Latossolo Vermelho Eutroférricofl1 Argilosa 520 <0.-l0
Latossolo Vermelho Eutróficofll Argilosa 4-10 <0.31
Latossolo Vermelho Distróficor- 1 Argilosa 315 <0,:5
La tossolo Vermelho Distroférrico()l Média 560 <0,-15
La tossolo Vermelho-Amarelo14l Média 326 <0, 18
Argissolo Vermelho Média 171 <0,22
Argissolo Vermelho-Amarelo15l Média 186 <0,25
Nitossolo Vermelhol61 Ar gilosa 270 <0,32
Cam bissolo(7) Argilosa +H <0,13
Cambissolol•I Média 29-l <0,:23
Neossolo Quartzarênico Arenosa ~50 <0,26
r11A umidad e deverá estar abaixo do limite de pla.sticid,1de. Cl•Visch1 Ftlho et ai. (20 15). •' 1Ar.iujo Junior ._.1 .il. (- ffil). ' '-5.:vo:,.nano ., 1
ai. (201 0). csiracheco e Cantalice (2011). 1º5ilva et al. (2010). ven.1110 d ,11. (2008) .
figura 8. (a) Erosão laminar. (b) Encrostamento e assoreamento do sulco. (e) Escoamento superficial
e assoreamento de terraços. (d) Erosão por sulcos decorrente de rompim ento de terraços. (e)
Voçoroca (Neossolo Quartzarênico em Araraquara, SP, após 400 mm d e chuva em uma semana
em fevereiro/2016). (f) Assoreamento de mananciais.
Fotos: a _ Qswaldo Vischi Filho; b - ~ r t Bol_onhezi (Catanduva/SP); e - Antonio Cesar Bolonhezi (Aparecida do Taboado/ MS);
d -AdalbcrtO Lanziani; e - Roberto Mikio Arabon (CDA, Araraquara/SP, fevereiro / 201 6); f - Oswaldo Vischi Filho (Agudos/ SP).
ai
XXXIII - MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO EM CANA- D E-AÇÚCAR 1045
De acordo com essa legislação as penaJidades inci dirão sob.re os au tores, seja m esses
arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes, técnicos resp onsáveis o u proprietário da
área. O infrator deverá apresentar no prazo de 60 dias, pror rogáveis por mais 60 dias, um
projeto contendo a determinação das "classes de capacidade de uso do solo" (Lepsch et al.,
2015) da área em questão e um plano de definição da temologia de conservação de solo,
que deverá ser implantado no prazo previsto, além da aplicação de penalidade p ecuniária
no valor mínimo de 20 a 1000 UFESP (unidades fiscais do Estado de São Pa ulo).O valor
de uma UFESP é atualizado anualmente, sendo de R$ 25,70 para 2018 (Comunicado DA-
96/2017, de 21 de dezembro de 2017).
No Paraná, a aplicação da Lei Estadual nº. 8 014, de 14 de dezembro de 1984,
regulamentada pelo Decreto Estadual nº. 6120, de 13 de agosto de 1985, alterad o p elo
Decreto nº. 5 509, de 8 de agosto de 1989, é realizada pela Agência de Defesa Agropecuária
do Paraná (ADAP AR). Esta legislação conservacionista foi pioneira no Brasil e, de acordo
com a Portaria n.º 272 (ADAPAR, 2016), prevê multas de cinco a 17 UFP (Unidade Fiscal do
Paraná, valor de R$100,60, em agosto/2018) por hectare. Essa legislação teve sua ap licação
acelerada após a criação da ADAPAR e atualmente está sendo aplicada de maneira efetiva.
Figura 9. (a) Manejo da palhada da cana com enleiramento (Lençóis Paulista/SP). (b) Manutenção
total da palhada.
Fotos: a - Oswaldo Vischi Filho; b - André Cesar Vitti.
Figura 10. (a) Sistema Meiosi com cultura comercial de soja {Rincão, SP). (b) Sistema Meiosi com
adubo verde Crotnlaria spectnbilis (Usina Iracema, lracemápolis, SP).
Fotos: a - Denizart Bolonhezi; b - José A. Donizeti Carlos.
Figura 11. (a) Espaçamento alternado. (b) Faixa de 3 m com tráfego conh·olado (Usina Porto das
Águas, Chapadão do Céu, GO)
Fotos: a - Oswaldo Vischi Filho; b . Denizart Bolonhezi.
(•)V
Figura 12. Substituição de terraços embutidos por terraços base larga. (a) Antes do projeto. (b)
Linha vermelha = divisa da propriedade. Linha preta = carreadores. Linha amarela = terraços
existentes. Linha azul= terraços de base larga.
Figura 13. Principais tipos de terraços utilizados na cana-de-açúcar. (a) Base larga com 16 m. (b)
Embutido (patamar). (e) Invertido. (d) Mangum construido com arado de discos
Fotos: Oswaldo Vischi Filho.
As dimensões e formas dos terraços são definidas em razão do tipo de solo, relevo e
manejo adotado, contudo, dependem também da disponibilidade de equipamentos e da
busca em maximizar o aproveitamento da área plantada. Nesse sentido, terraços de base
larga permitem 100 % de aproveitamento e requerem uso de terraceadores, ao contrário dos
terraços embutidos e invertidos, que reduzem a área disponível. Conforme a declividade
do terreno, Lombardi Neto et al. (1991) estabeleceram a seguinte recomendação: base larga
(2-8 cm m-1), base média (8-12 cm m-1), base estreita (12-18 cm m-1) e patamar (> 18 cm m ·1) .
Os terraços passantes são assim denominados por permitirem que as máquinas transitem
em qualquer direção passando por cima do camalhão; todavia, podem compactar e
orientar o fluxo da enxurrada, sobretudo em solos arenosos (De Maria et al., 2016). Quando
construidos de forma inadequada, comprometem o plano de conservação e, em algumas
circunstâncias, podem agravar os processos erosivos. Os melhores equipamentos para
construção dos terraços de infiltração são as motoniveladoras e as escavadeiras hidráulicas,
por causa da menor compactação ocasionada no canal ou base (Figura 14). Em razão da
maior área de terra raspada no processo de construção com terraceadores, recomendam-se
dobrar as doses de calcário, gesso e fosfato e, quando possível, utiliz ar torta de filtro nas
faixas de solo revolvido, com a finalidade de recomposição química. os terraços de base
estreita e embutidos, a área revolvida é menor, tomando-os mais resistentes, porém de em
também receber correção no canal (Bertolini et al., 1993; De faria e 1artins, 2015).
Figura 14. (a) Motoniveladora consb·uindo terraço de base larga. (b) Pá carregad eira criando terraço
embutido. (c) Terraceador edificando terraço de base larga. (d) Retroescavadeira elaborando
terraço invertido.
Fotos: a, b e e. o ~ valdo Vischi Filho; d · Jorge A. Quiessi.
_ .............
XXXIII - MANEJO E CON SERVAÇÃO DO SO LO EM C ANA-DE-A ÇÚCA R 1053
Figura 15. (a) Paisagem com plantio de cana-de-açúcar somente com a alocaçã de terraço ; (b)
Planejamento da sulcação e alocação de canais escoadouros pel técnica modem , de i temas
de lnformações Geográficas
Fotos: Tedson Luiz Freitls de Azeved o.
Figura 16. Solos na paisagem e riscos de erosão. Na paisagem, quando no topo, apresenta solos
de textura muito argilosa; e, na baixada, textura média para arenosa (a) Se a contenção não
for adequada no topo, os riscos de erosão em formar voçoroca são grandes; (b) L-Latossolo,
N-Nitossolo, GX-Gleissolo Háplico; os números representam teores de argila (1 = >150-
250 g kg1, média arenosa; 2 = 250-350 g kg1, média argilosa; 3 = >350-600 g kg·1 , argilosa; e
4 = > 600 g kg1, muito argilosa); (c) Em razão de a enxurrada cortar o solo mais profundo, pois
não apresenta boa estrutura, diferente da figura 2b onde o escoamento é mais superficial por
causa da forte agregação do solo (d).
Fotos: André Cesar Vitti.
r1IIIIIII
XXXIII - MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO EM (AN A- D E - A ÇÚCAR 10 55
manejo d e solo mais adequado; por exempl o, nos La toc;so los de tex tura média, 1_ eo<;so lo5
Quartzarénicos e Litólicos, Argissol os e Cambissolos, em cspeci,il oc; rasoc;, evi tar o <;e u
pre paro no período das águas para que esses não fi q u m descob rtos, poic; .1presentam
maiores riscos de serem erodidos, principalmente se ocorrem em ,í r as com dec lividat.!c.
Evitar o preparo no período chuvoso e manter com cobe rtura vegeta l. Em bora os solos
argi losos sejam mais difíceis de serem erodidos em relação aos citadoc; a nterio rmente,
devem-se tomar os mesmos cuidados, principa lmente o nd e ocorre topografia5 mais
acentuadas. Esse conceito também pode auxiliar na qua lid ade elo p reparo, co mo para olo
de textura mais argilosa, que evitam-se o prepa ro e pla n tio no per íodo q ue os solos ec;tão
com baixa umidade, pois pode ocorrer forma ção de to rrões.
ormalmente, na região Centro-Sul, durante o inverno, as ch u vas são escas<;a
demanda irrigação por ocasião do plantio; nesse caso, os solos a rgi losos necessitam d
lâminas maiores e, na majoria das vezes, deve-se repetir a irrigação, enquan to em solos de
textura média precisa-se de lâminas menores de u-rigação.
Em razão da expansão da lavoura canavieira e das alterações na mecanjzação e no manejo
específico, a cana-de-açúcar passou a ser plantada praticamente o ano todo. A região Centro-
Sul apresenta, portanto quatro épocas de plantio: fevereiro a abril (cana-de-ano-e-meio), maio a
agosto (cana-de-inverno), setembro a novembro (cana-de-ano) e dezem bro ano 1 e janeiro ano
2 (cana-dois-verões). Nota-se que este último plantio pode es tar incluido tanto nos plantios de
ano e meio (mês de janeiro) como no de ano (mês de dezembro). Tanto o plantio d e cana-de-
ano como o de dois verões não é recomendado para solos com impeilimentos e, ou, com baixa
infiltração, como os Neossolos Litólicos e ArgissoJos, bem como solos pouco estruturados
como os Latossolos de textura mills arenosas e Neossolos Quartzarêrúcos, pois são faci lmente
erodidos. Deve-se dar preferência para solos de textura mais argilosa, com condições químicas
e físicas favoráveis como os Latossolos e Nitossolos Eutróficos (elevada CAD - capacidade
de água disporúvel). Também, devem-se evitar ainda áreas declivosas, principalmente no
período das águas estando esses solos descobertos. As épocas de plantio da cana-de-açúcar e a
principais recomendações do ponto de vista da brotação, do desenvolvimento das plantas e do
controle da erosão estão representadas no quadro 9. Como já mencionado para os sistem as de
preparo de solo, cada região tem sua particularidade e, em razão de suas condições especifi.cas,
torna-se necessário um ajuste a partir de infonnações locais.
A adubação do canavial após cada colheita pode ser associada à e arilicação da
entrelinha e é uma prática conhecida como cultivo da soqueira. O cultivo da soqueira
dependerá de algumas considerações como a taxa de infiltração de água no solo, a umidade
do solo após a colheita, a presença ou não da palhada, a época de cultivo e a forma de aplicar
o fertilizante (linha, próxjmo a entrelinha, em área total, incorporado o u não), bem como 0
desenvolvimento do sis tema radicular. a decisão de realizar o culti o, deve-se executar 0
mais rápido possível, pois quanto mais tempo demorar o cultivo mecânico e te passa a trazer
problema no novo sistema radicular que formou por ocasião da rebrota da oquei ra. Ca 0
tenha necessidade de aplicação de corretivo, deve-se realizar ante do cultivo. Em relaçã à
profundidade de cultivo, não há necessidade de efetuar um culti o profundo (profundidade
de 10 a 15 cm) nas áreas sem problemas de compactação abaixo de a camada. o id eal é
que o solo ap resente umidade suficiente para não formar torrões. O benefícios d o culti 0
são que com a escarificação do solo há a permissão da incorporação d o adubo, cas seja
u tilizado fonte de N que favo reça perda~ ~or volatilização; e evita o escoamento su perficial,
principalmente em áreas com certa decltv1dade, com a melhoria da infiltração d e ~'i•ma. Em
condições de clima seco no período de safra, o cultivo, independentemente da textura do
sol , fica compr metido a não er nas soqueiras de outubro a abril, pois teria condições
fa r i de umidade. Em Argissolos de relevo ondulado até fortemente ondulado não se
recom nda o culti o, independentemente da texh.rra.
Figura 17. (a) EnJeiram ento e recolhimento ~e pa_U1a antes do preparo d o solo, Pitang ueiras, SP.; (b)
Recolhimento e enfardamento do palhiço, Pitangueiras, SP
fotos: oeni 7..art Bolonhezi.
~
eONSERVAÇAO 1 /
MANEJO E DO SOLO E DA AGUA
...........
XXXIII - MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO EM CANA-DE-AÇÚCAR 1057
Figura 18. (a) Gradagem em soqueira de cana-de-açúcar; (b) Aração; (c) Gradagem niveladora; e (d)
Enxada rotativa em preparo para amendoim
Fot,o s: Oenizart Bolonhezi.
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XXXIII - MANEJO E CON S ERVAÇÃO D O S OLO EM CANA-DE-AÇÚCAR 1059
Figura 20. (a) Destruidor mecânico de soqueira d e cana e detalhes do equipamento, Jardinópolis, SP.; e
(b) Detall1e das facas do triturador.
Fotos: Deniz,1rt Bolonhezi.
ª camada
197
mais compactada) e a profundidade crítica. De acordo com Spoor e 0 dwin ?
( ), ª profundidade crítica deve ser entre cinco e sete vezes a largura da ponteira, que,
e não considerada, ele, a a força de h·ação requerida, não aumenta a área mobilizada e
pode até ocasionar compactação.
Quadro 10. Taxa de infiltração de água em três manejas de solo, aos 60 d após plantio da cana-de-
açúcar
Quadro 11. Produtividade de colmos (t ha·') de ca na-d e-açúca r e m dois . i tc mc1s J manejo, e m cc111c1
p la nta , pa ra as condições da África do Su l
Produtividade de Colmos (TCH) Umidade do solo (0-10 cm)
Sistema
Arenoso Média
"'"
Preparo Conve ncional 137 103 9,7
Plantio Direto 152 110 20,7
Fonte: lggo e Mobcrly (1976).
Figura 22. (a) Incorporação de adubo verde no canteiro. (b) Faixas de solo preparado em área de
braquiária dessecada.
figura 23. (a) Esquema demonstrando os sulcos duplos em canteiros e faixa de tráfego (Gentileza
MAFES~); e (b) Desenvolvimento do sistema radicular em trincheira aberta em canteiro.
pelo tráfego, principalmente ao longo dos cort s s ubs quentes (~i gu ra 24). De acor~o
com Marasca et ai. (2015), a resistência do solo à penetração medid a ~~ sulco do plantio
em preparo convencional total é três e sete vezes maior q ue a verificada _no preparo
localizado profundo sem e com controle de tráfego, respectivamente. A ulcaçélo pr~funda
e canteirizada tem que ser direcionada de maneira mais adequada pos ível, _respeitando
um planejamento feito anteriormente, pois pode causa r erosão. Deve-se salientar que o
uso sem critérios dessa tecnologia pode ocasionar problemas operaciona is (atolamento de
tratores, rebaixamento da soqueira, confinamento do sis tema radic ular etc.).
Figura 24. (a) Distribuição de corretivos, composto apenas de torta de filtro e, o u, esterco para erem
incorporados no canteiro; e (b) Incorporação dos corretivos em preparo localizado.
Figura 25. (a) Equipamento Rip Strip adaptado para cana-de-açúcar. (b) Transplantadora de cana-de-
açúcar no preparo em faixa.
Fotos: Denizart Bolonhezi.
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Preparo
convencional
Sistemas de Manejo do Solo
Figura 26. Produtividade de colmos (t ha·1) ~e duas v~iedades de cana-de-açúcar propagadas pelo
método MPB (muda pré-brotada) em diferentes sistemas de manejo de solo sobre fitomassa de
mucuna verde. Média de quatro repetições em amostragem realizada 10 meses após plantio
(maio de 2016). APTA, Ribeirão Preto, SP. Letras maiúsculas comparam médias entre sistemas e
minúsculas entre variedades de cana-de-açúcar, pelo teste de Tukey (p<0,05).
Fonte: Cardoso et ai. (2016).
Figura 27. (a) Detalhe do disco corta-palha de 66 c_m (26 polega~as); (b) Semeadura direta de soja
sobre pallúço de cana crua; (c) Cultura da SOJa sobre palluço de cana crua; e (d) Detalhe da
quantidade de fitomassa residual da colheita de cana durante desenvolvimento da soja.
Fotos: Denizart Bolonhez.i.
Figura 28. (a) Amendoim em semeadura direta sobre fitomassa residual de cana-de-açúcar; (b)
Operação de arranquio em semeadura direta sobre cana crua; (c) Amendoim enleirado após
arranquio em condição de palhada; e (d) Detalhe das vagens de amendoim envolvidas pela
fitomassa residual da cana-de-açúcar.
Fotos: Denizart Bolonhezi.
figura 29. (a) Equipamento Rip Strip sobre soqueira de cana-de-açúcar; e (b) Preparo em faixa sobre
soqueira de cana-de-açúcar.
Fotos: a - Derúzart Bolonhe7J, e b - Pedro Farias Jr.
-100
]'-200
-
~
cu -300
'"O
:e
~ -400 -+- Plantio Direto - Linha
d:: ~ ~ o Convencional
-500
-+- Rip strip - Linha
-600
Figura 30. Resistência do solo à penetração medida na linha do amendoim em d iferent istema de
manejo de solo na reforma de cana crua. Planalto, SP. Medidas obtid as em 07/ 01 / 2016. Médi,
de 30 pontos de leitura em cada sistema de manejo.
Fonte: Bolonhezi et ai. (2016).
Corno apresentado, existem informações técnicas suficientes para ado tar em i temas
de manejo conservacionistas em reforma de canaviais colhidos sem queima pré ia, tanto
para a cultura da soja quanto para a do amendoim. Para as princip ais espécies de adubo
verdes (Crotalarin juncea, Crotalnrin spectnbilis, Crotnlnria ochroleuca e mucunas), tamb , m
existe viabilidade da semeadura direta, com ganhos em produtividade de fitoma
(Bolonhezi et al., 2014). Contudo, o plantio direto da cana-de-açúcar após sas opções
de sucessão ou rotação ainda é pouco adotado, mesmo com re ultados de pesqui a q ue
demonstraram não haver redução significativa e às vezes ganhos na produtividade de
colmos. Bolonhezi et ai. (2010) estudaram a combinação de diferente opções de culturas
de sucessão (pousio, amendoim rasteiro, soja, girassol, Crotalaria juncea, rnucuna erd )
com três sistemas de manejo do solo (preparo convencional com grade e arado, preparo
reduzido com subsolador cr~zando a soqueira dessecada e plantio direto) para as condiç
de um Latossolo Vermelho Acrico localizado em Guaíra, SP. Os r ultado dem nstraram
que não houve diferença estatística entre os tratamentos quanto à produti idad e de colmo
da variedade SP86-155 nos três primeiros cortes, independent mente d a cultura ant ri r,
em plantio mecanizado (Figura 31).
140
121,8 a
120 117,7 a 118,5 a ■ Primeiro
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corte 2008
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Preparo convencional Preparo reduzido Preparo direto
Figura 32. (a) Plantio direto mecanizado de cana so~re pal~ada de mucuna-cinza, Usina Guaíra, SP.;
e (b) Plantio direto de cana sobre resteva de s01a, Guaua, SP.
fotos: Derúzart Bolonhezí.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Brasil, anualmente, são reformados mais de 1,3 Mha d e canaviais, onde a colheita
mecanizada de cana-de-açúcar sem queima já é predominante no Centro-~ul e está em
expansão no Nordeste e outras regiões produtoras. Este sistem a de colheita presenta
características que reduzem as perdas de solo e água como grande q uantidade da palha
(média de 15 t ha·1) distribuída na superfície após o corte, rugosidade s uperficial d o terreno
(desnível entrelinha e soqueira) e vários ciclos de exploração sem preparo de solo. Todavia,
no período de reforma, em virtude da coincidência com meses de maior pluv io idade e da
intensidade do preparo do solo, a erosão hídrica aumenta expressiva mente, tom ando-se
imprescindíveis as práticas conservacionistas, inclusive a construção de terraços. Existe
legislação sobre uso do solo na maioria dos estados produtores, mas somen te nos Estado
do Paraná e São Paulo a defesa agropecuária é a responsável pela aplicação dessas leis.
Quando são adotados os princípios da agricultura conservacionis ta (mínimo
revolvimento do solo, cobertura permanente e rotação de culturas) na reforma do
canaviais, aliados ao tráfego controlado, é possível reduzir a erosão, aumentar o estoqu e
de C no solo, elevar a produtividade de colmos nos primeiros cortes e permitir expressiva
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Ai
XXXIV - MANEJO DO SOLO EM SISTEMAS
DE CULTIVO DE EUCALIPTO E P'ÍNUS
José Leonardo de Moraes Gonçalves1/, José Henrique Tertulino Rocha11 & Clayton
Alcarde Alvares~
11 Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz'', Departamento de Ciências
Florestais, Piracicaba, SP. E-mail: jlmgonca@usp.br
21 Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura "Luiz d e Queiroz", Departamento de Oencias
Florestais, Programa de Pós-Graduação em Recursos Florestais, Piracicaba, SP.E-mail: rocha.jht@gmail.com
31 Suzano Papel Celulose, Suzano, SP. E-mail: caalvares@yahoo.com..br
Conteúdo
INTRODUÇÃO ··································································································································-·-·········--····-···- 1 2
LOCALIZAÇÃO DAS PLANTAÇÕES............................................................................................ ·-···-·-·--···-··· 1
SOLO E TOPOGRAFIA.................................................................................................... - ·······-··•··· ···-··········-············· 1086
1-USfÓRICO ···································································································································-··--···•·············-···· 1 7
PERDAS DE SOLO EM PLANTAÇÕES FLOREST AlS ..........................................................·-··-··············-··--· 1090
MANEJO DE BIOMASSA VEGETAL RESIDUAL.. ...............................................·-··············-··················-·-········· 1092
Mé todos ··············-······················· 1092
Biomassa vegetal residual florestal e nutrientes····································································- ···················-·-- 1094
Decomposição e liberação de nutrientes······························································-···················--··············-···-- 1097
Efeitos nos atributos do solo..................................................................................- ....................... ·---·····--····· 1099
Efeito na produtividade de madeira ................................................................................ ·- ··-··········-·················· 1101
EFEITOS DOS lMPLEMENTOS DE PREPARO DE SOLO...................................... ·-················· ·········- ·······- ······-- 1102
Readensarnento do sulco de subsolagem ................................................ -······························--·-············--····· 1109
PREPARO DE SOLO EM ÁREAS FORTE ONDULADAS E MONTANHOSAS .......- ......... ··-···-·-·····-·-··· ·· 11 n
Subsolagem ·······································································································-- ···- ··········- ·- ·······- ·- ··-··-······-·-· 1111
Preparo de solo restrito às covas de plantio......................................................- ........... ,........·-···········-·- ······· 111_
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ····················-······-··········-····-····-·······-·-· 1113
LITERATURA QDADA 1114
INTRODUÇÃO
Em 2012, a área total ocupada pelas plantações florestais de eucalipto, p ínus e outras
espécies no Brasil totalizou 7,02 Mha, sendo 70,8 % dessa área plantada com eu calip to;
22,0 %, com pínus; e 7,2 %, com outras espécies florestais: A cacía meamsii, Acacía mangium,
Hevea brasiliensis (Seringueira), Schizolobium amazonícum (Paricá) e Teclona grandis (Teca)
(Figura 1). Parte das plantações de pínus está sendo substituída por eucalipto. Entre 2006
e 2012, a área plantada com pínus foi reduzida em 323 kha (-3,1 % por ano) (Abr af, 2013).
As maiores plantações florestais são encontradas na Região Sudeste (42,4 %),
principalmente nos Estados de Minas Gerais e São Paulo (Quadro 1). Grandes plantações
também podem ser encontradas na Região Nordeste (11,7 %), no Estado da Bahia; na
Região Sul (29,1 %); na Região Centro-Oeste (11,0%), principalmente no Estado de Mato
Grosso do Sul; e na Região Norte (5,8 %), no Estado do Amapá (Abraf, 2013). A m aior
concentração de plantações florestais ocorre nas Regiões Sudeste e Sul do Brasil, onde es tão
localizadas as principais indústrias de celulose, papel, aço e painéis de madeira. Em razão
do alto preço da terra nessas regiões, a silvicultura brasileira está avançando para outras
regiões chamadas de "novas fronteiras florestais", como tem ocorrido na última década
nos Estados de Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí e Tocantins.
Diretamente relacionado com a quantidade de chuva, com os índices térmicos e com
a sazonalidade climática, as plantações de eucalipto foram estabelecidas em áreas onde
a vegetação natural era a Mata Atlântica (61 %), o Cerrado (21 %), a Floresta Amazônica
(10 %), os Pampas (7 %) e a Caatinga (1 %) (Figura 1).
As plantações em áreas de arrendamento e fomento florestal dobraram nos últimos
cinco anos. Em 2012, 17,4 % das plantações foram estabelecidas em áreas arrendadas; e
13,5 %, em áreas de fomento florestal. Nesses sistemas de produção florestal, as empresas
têm como objetivos garantir o fornecimento de madeira, reduzir a quantidade de capital
em ativos fixos, diminuir as despesas com frete e promover programas de apoio à geração
de emprego local (Abraf, 2013).
Equador
-a Am
- Af
Aw
-
ªa ªª
BSh
Cfb
- Csb
aa cwa
Cwb
As Csa a Cwc
,----
'
1
Trópico de
1
1
1
1
··········eapriêórriio
1
1
Áreas plantadas (ha)
• 500 - 20 000
• 20 001 - 50 000
• 50 001 - 100 000
• >100000
I
Í Estados Brasileiros
figura 1. Distribuição das plantações florestais nos diferentes biornas naturais e climas do Brasil.
Tipos climáticos de Kõppen: A = clima tropical: sem défice hídrico (Af), monçônico (Am), com
inverno seco (Aw) e com verão seco (As); BSh = clima semiárido de baixa latitude e altitude;
d = clima subtropical ú.mido: com verão quente (Oa) e verão temperado (Cfb); Cs = clima
subtropical com verão seco: quente (Csa) e temperado (Csb); Cw: clima s ubtropical com inverno
seco: verão quente (Cwa), verão temperado (Cwb) e verão curto e fresco (Cwc).
Fonte: Modificado de AbraJ (2013), Gonçalves e t al. (2013) e Alvares e t al. (2013).
Quadro 1. Área de florestas p lan tadas em 2012, o rd e m e s ubo rde m do so lo, tex tura J o so lo, topogra fia
regiona l e extensão dos solos nas diferentes regiões d o I3rasil
Área Solo
plantada
Área plantada
Região
1 000 % Ordem e Textura do solo T opografiam l 000 %
kha total subordem do solo kha região
Sudeste 2 978 42,4 Plana a o ndulada 1 691 56,7
Latossolos M(,dia a muito argi losa
Média (Hor-A)/ méd ia a O ndulada .-i fo rte 675 22,7
Argissolos argilosa (Hor-B) ond ulada
Ondulada .-i fo rte 437 14,7
Cambissolos Média a argilosa o ndu lada
Neossolos
Forte o nd u lada a 133 4 ,5
• Litólicos Média a a rgilosa mo nta nhosa
Plana a suave -B 1,-!
• Quart2.:rrênicos Arenosa o ndulad a
Su l 2043 29,1 Cambissolos Argilosa Forte ondu lada 04 39,4
Média (Hor-A) / média a Suave o nd ulad a a 468 22,9
Argissolos argilosa (Hor-B) forte ond u lad a
Suave o nd ulada a 455 22,3
Latossolos Média a muito argilosa ond u lada
Neossolos
Forte ond ulada a 191 9.3
• Litólicos Média a argilosa mo ntanhosa
Pla na a s uave 21 1,0
• Quartzarênicos Arenosa o nd uJada
Média (Hor-A) / argi los a Plana a sua ve 104 5,1
Planossolos ondulada
(H or-8)
Nordeste 819 11,7 Plana a u ave 260 31,7
Latossolos Média a a rgilosa
o ndulada
Arenosa a média (Hor- A 50,1
Argissolos O nduJada -110
/ média a argilosa (Hor-B)
Neossolos
Plana a uave ,O
• Quartzarênicos Arenosa 66
o ndulada
Cambissolos Argilosa Forte ond uJada 56 6,
Plana a uave
Plintossolos Média
o nduJada 28 ,➔
Centro- 775 11,0 Latossolos Média a muito argilosa Plana .1 o ndulada 36 -!7,6
Oeste
Neossolos
• Quartzarênicos Arenosa Plana a uave
339 43,7
ondulada
• Litólicos Argilosa Forte o ndulada 6 0.7
Média (Hor-A) / média a Ondulada a fo rte
Argissolos -!O ::,, _
argilosa (Hor-8) ondulada
Cambissolos Argilosd a muito argila a Forte o ndulada d
mo ntanhosa 15 1,9
Média (Hor-A)/ argilosa Pla na a ·uave
Planossolos 7 0,9
(Hor-B) o nd u lada
No rte 401 5,8 Latossolos Média a muito argilosa Plana a onduJada 253 63,0
Média (Hor-A)/ m1.:dia a
Argissolos O ndulada '6 21,5
argi losa (Hor-8)
Neossolos
• Qua rlzarênicos Arenosa Plana a s ua e
o nuulada JS 9,-!
SOLO E TOPOGRAFIA
profundidades são diversas, desde rasos a muito profundos. Em geral, o Neossolo Litólico
e Gleissolo possuem atributos físicos desfavoráveis ao desenvolvimento das plantações
florestais com fins comerciais e situam-se dentro de áreas de preservação permanente da
vegetação natural. Os Neossolos LitóLicos apresentam baixa profundida~e, alto teor_ de
argila e, geralmente, de média a alta fertilidade. Os Neossolos desenvolvidos de arenitos
ou sedimentos arenosos (Neossolo Quartzarênico) são cultivados principalmente no
Centro-Oeste, por exemplo, em Mato Grosso do Sul, em terrenos com topografia plana
a suave ondulada. Há cerca de 853 kha (12,2 %) de Neossolos sob cultivo com plantaçõe
florestais, principalmente nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.
A topografia é muito acidentada, variando de forte ondulada a montanhosa (Quadro 1).
No Estado do Rio Grande do Sul, existem extensas áreas plantadas em Planossolos
(104 kha), em áreas com topografia plana a suave ondulada e aJto gradiente textural. Esses solos
apresentam geralmente horizonte A com textura média sobre horizonte A plânico argiloso. Em
muitos lugares, as plantações de eucalipto expressam efeitos da anoxia. Juntamente com uma
área de 7 kha na região Centro-Oeste, esses solos atingem 1,6 % do total.
O restante (35 kha = 0,6 %) é composto por Plintossolos, encontrados nas Regiões
Norte e Nordeste.
HISTÓRICO
manejo con encional, ficando o banco de sementes das plantas daninhas nas suas camadas
u~erficiais (não soterrado). Isso causa aumento da infestação dessas plantas, dificultando
ou inviabilizando, operacional e economicamente, o controle manual.
A eliminação da queima como prática de limpeza do terreno foi inicialmente adotada
em p~antações de eucalipto estabelecidas no Mwucípio de Itatinga, SP, em 1989, em áreas
da Cia. Suzana Papel e Celulose. Faziam parte de um conjunto de operações, almejando
0 cultivo mínimo do solo, com base em trabalhos desenvolvidos por Zen et ai. (1995).
0 período entre 1984 e 1989, a queima da biomassa vegetal residual foi gradualmente
- ..
XXXIV - MANEJO DO SOLO EM SISTEMAS DE CULTURA DE EU CALIPTO E · · • 1089
O período de adequação dos sistemas operacionais foi curto, com grande benefícios
econômicos. Entre 1990 e 1993, a adoção do cultivo mínimo em áreas acidentadas
representou redução de 23 % nos custos de reforma flores tal e aumento de 56 % na eficiência
de mão de obra. Em áreas planas, a redução de custo operacional foi de 46 %; e o aumento
da eficiência da mão de obra, de 86 % (Gava, 2002).
Na fase de consolidação da nova técnica, alguns pesquisadores e técnicos contrários à
novidade alegavam, por exemplo, que o cultivo rrúnimo causava desbalanço nutricional às
plantas, favorecia a propagação da "ferrugem" foliar (Puccínín psídi1), dificultava o controle
das formigas saúva (Attn spp.) e quenquém (Acromyrmex spp.) e produzia povoamentos de
crescimento irregular. Felizmente, esses argumentos foram, pauJatinamente, desabilitado
ou superados. Nessa fase, sobretudo em São Paulo, foram importantes as pesquisas
cooperativas desenvolvidas por meio do Programa Temático de Silvicultura e Manejo
(PTSM), com base no IPEF e na ESALQ, que se iniciaram em 1995.
Na figura 2, são apresentados alguns princípios, objetivos, estratégias e prática
silviculturais realizadas atualmente, para que os sistemas de produção florestal sejam
sustentáveis. No transcorrer deste capítulo, serão aprofundadas as explicações sobre o
conteúdo desta figura.
PRINCÍPIO
• U,o ronser,,:,c!onista dos recunoo n;otunds
• Ad<!quada c:aradmza;l.o das llmi~ • potmdalldada
do amblentr de produção (sitio) e seleçio dos ~ótfpos
mais •proprlados ao Jca,J
• Desmvolftf pntlcu de man,jo espodfic:u pan, o sitio,
bu.scando mlnlmlzar estteoes blõtJcos e ablõtkm.
• Manterouaummtara blodlwnld..deea ronoctlYldade
ecolõgia, e presernr a lnl~dade do ecowtmui hldrico
na paisag,,m.
r. ~ deapkm{hlmdm
odapwlm . . dUemúa lllioa.q,wllO ~
~à-lpad;a.àapaiae
Resultado esperado ""~
• Plantio nu1tocao dlmáàa, ...,..
apropmd_,o
• Manter ou aw:nffltar a qlWidad• do Jltlo
• Awnen.tar ll efidencl& da u,o dm recunm
natunll
• Mlnlml= os lmpadol causados ,obre o mdo
ambiente
• Produzir madeira de alta qualidade e produtm
n'1o madcirein>I
• Retomo econõinko de lnv-..t.una\101 rulludao
por um.a gesllo orientada pelo merc,do
Figura 2. Algtms princípios, objetivos, estratégias e práticas silviculturais realizad tu !mente para
que os sistemas de produção florestal sejam sustentáveis. asª
Fonte: Gonçalves et ai. (2014b).
resultou num quadro gra'Ye de degradação do solo por erosão. Nesse context~, Silv et a~. (2011)
avaliaram a influência de manejes adotados nos plantios florestais com eucalipto (euca!Jpto em
nível - EN; eucalipto em desnível - ED; e eucalipto em desnível com queima - EDQ) sobre
perdas de solo e água por erosão hídrica em relação às diminuições em floresta nativa (FN),
pastagem (PP) e solo descoberto (SD), num Latossolo Vermelho Distrófico típico, textura
muito argilosa (LV), assim como em Latossolo Vennelho-A.marelo Distrófico típico, textura
muito argilosa (LVA), durante o ciclo de cultivo do eucalipto. O estudo foi conduzido em dois
municípios: Belo Oriente (LVA) e Guanhães (LV), situados no Vale do Rio Doce, região Centro-
Leste do Estado de Minas Gerais. A tolerância de perdas de solo por erosão hídrica admissível,
nas regiões, é de 7,2 t ha·1 ano-1 para o LVA e de 11,2 t ha·1 ano·1 para o LV.
Os tratamentos com eucalipto apresentaram perdas de solo e água abaixo do sistema
de máxima perda (SD), indicando que essa cultura se encontra adequada em termos de
erosão hídrica, mesmo quando utilizados manejas não conservacionistas, com exceção do
eu calipto em desnível (ED), no LV, que apresentou perdas de água s uperiores ao solo
descoberto (Quadro 2). Essa eficiência está ligada ao fechamento e entrelaçamento das copas
das árvores e à formação da serapilheira, que, com o crescimento da floresta, intercepta as
gotas de chuva, evitando o impacto, desprendimento e transporte das partículas de solo,
além de aumentar a infiltração de água nesse. A FN, nos dois primeiros períodos, apresentou
perdas menores que os demais tratamentos nas duas classes de solo. Esse comportamento
d eve-se à ampla cobertura vegetal do terreno nesse tratamento. A pastagem evidenciou-
se menos eficiente que o eucalipto na redução das perdas de solo, exceto para eucalipto
com q ueima de biomassa cultural residual no LVA, sendo, contudo, mais promissora na
retenção e infiltração de água. De modo geral, o LVA teve reduções de solo maiores que
o LV, mesmo apresentando potencial erosivo menor. Esse fato está relacionado à maior
declividade onde o LVA se encontra (entre 31 e 42 cm m·1 ), relativamente ao LV (entre 18 e
27 cm m·1), e aos atributos diferenciais de cada solo. O LVA apresentava teores de areia fina
e muito fina maiores que o LV, o que conferiu a esse solo maior capacidade de arraste, pois
as partículas mais finas são facilmente transportadas pelo fluxo de água. Os tratamentos
com eucalipto apresentam perdas de solo e água maiores nos dois primeiros anos de
sua implantação (período 1), decrescendo nos períodos subsequentes, exceto, em LV, no
tratamento onde o eucalipto foi plantado no sentido do declive e com queima da biomassa
cultural residual (EDQ), em que o período 2 (quarto e quinto ano) foi o que apresentou
maior perda de solo. Assim, os períodos iniciais após o plantio são os mais críticos.
Quadro 2. Perdas de solo e água em plantações de eucalipto sob diferentes manejos e em áreas de
referência
Perdas de solo Pel'das de .\~a
Períodolll El,/1 SD(]I FN PP EDQ ED EN SD FN PP EDQ ED
kg ha·• por período %
LV
l 10m 15 475 23 2255 38 263 86 2.0 0,2 1,0 1,1 2.0 1,3
2 11240 1569 4 716 78 20 16 1,5 0.1 o, 0,5 1, 1, 1
3 8 208 4 l 2 2 3 0,2 0,1 <
<0,1 0,5 0,5
0,1
L A
l 11032 32933 72 104 1439 247 H9 5,0 1,0 ')
7,1 5,7 5,6
2 12 211 23596 29 197 249 85 43 12.0 0,5 2, 4,4 2,1
2.-
3 8040 2287 130 519 11 8 6 38,5 11,0 5,7 1.2
1.1 1-
!ll perfodo 1 -segundoe terceiro_ano; período 2-quartoequinlo ano; e perfodo3-sexto e timo ano. !ll ~ p tendal erosivo da chuva
em MJ mm ha·1 h:1 ano·1• (J) tvtaneios: 50 - Solo ~e;;coberto, F - _floresta natural, PP - pastagem plantada, EDQ - eucalipto plant do em
d esrúvel com queima da biomas.5a cultural residual, ED - eucab pto plantado em desnível e EJ _ eucalipto plantado em nível
Fonte: Adaptado de Silva ct al. (2011).
Métodos
A cobertura do solo com vegetação e, ou, biomassa vegetal residual é a melhor
proteção contra a erosão. Essa proteção ao solo é diretamente proporcional à quantidade
de biomassa, estratificação do dossel e exploração do perfil de solo pelo sistema radicular.
lsso ocorre porque as copas da vegetação e a camada de biomassa vegetal residual
acumulada sobre o solo impedem o impacto direto das gotas de chuva sobre os agregados
do solo. Dessa forma, os agregados não são desintegrados em suas partículas básicas: areia,
silte e argila, evitando-se assim o desencadeamento do processo erosivo. Além disso, a
vegetação e biomassa vegetal residual funcionam como obstáculos ao cam.inhamento de
excedentes hídricos, reduzindo a velocidade da enxunada. Com o aumento do tempo de
permanência das águas de escorrimento sobre o terreno, as taxas de infiltração são maiores,
dim.inuindo as perdas de água do sistema e o poder erosivo da enxurrada. Em florestas
na.rurais ou plantações florestais, estabelecidas com boa tecnologia, os excedentes de água
são núnimos, na maioria das vezes se extinguindo dentro das próprias florestas. Portanto,
o aproveitamento das águas por causa da infiltração é má.xin10.
Em áreas de implantação florestal, as situações mais comuns são o plantio em áreas
antes usadas como pastagens ou culturas agrícolas, onde a quantidade de biomassa vegetal
residual é, relativamente, pequena ou média; essa biomassa é de consistência macia e
apresenta rápida decomposição. Entretanto, em área de reforma florestal, anteriom1ente
cultivadas com espécies florestais, a quantidade de biomassa vegetal residual (serapilheira,
toco, galho, ponteiro, folha, casca) pode ser grande, que, dependendo das espécies, pode ser
predominantemente dura e com taxa de decomposição lenta, principalmente os componentes
mais lenhosos. Por exemplo, os galhos e os ponteiros de eucalipto são mais duros e com taxa
de decomposição menor do que os de pínus. A quantidade de biomassa vegetal residual
florestal remanescente sobre o solo pode variar de 10 a 120 t ha·1, dependendo da espécie, da
região, da idade, do espaçamento e do sistema de colheita usado (Gonçalves et ai., 2000; Ou
Toit et al., 2008; Sankaran et al., 2008; Rocha et al., 2016a) (Figura 3).
A biomassa vegetal residual, dependendo do tipo e da quantidade sobre o terreno,
pode causar alguns transtornos, constituindo-se em obstáculos que diminuem o rendimento
e a qualidade operacional do preparo de solo. Além d.isso, pode dificultar o combate às
formigas, pois acaba camuflando seus ninhos.
Dependendo do sistema de colheita da madeira, mecanizado (harveste1/fonvnrder, feller-
bund1er/skidder) ou semimeca.nizado (com motosserra), a biomassa cultural residual pode
ficar irregularmente distribuída sobre o terreno, com quantidades que variam de Oa 20 kg m·2
de biomassa. A biomassa residual da colheita pode ficar distribuída no campo de forma
aleatória ou sistemática. Em áreas onde a colheita de madeira foi mecanizada, a biomassa
residual fica distribuída aleatoriamente sobre o terreno. Nesse caso, há necessidade de
remover ou picar essa biomassa residual nas linhas de preparo de solo e plantio, com
objetivo de se evitar a aderência dessa nos implementos, o que diminui a qualidade e o
rendimento operacional do preparo de solo e de outros tratos culturais subsequentes.
Comumente, adota-se como procedimento a convivência com a biomassa vegetal
residual, com objetivo de economizar operações e reduzir os danos ao solo. Para isso, o
preparo de solo é realizado sem movimentar ou alterando o núnimo possível a disposição
e as caracterí tirns d essél biomassa residual. São us<1clos vá ri os recu rsos, por exemplo: ª
adaptação d e acessórios mecânicos nos implementas de preparo de solo, como O disco
cortante de raízes e biomassa residual e él haste retrátil do subso lador; o des locam nto lateral
da biomassa vege tal residual com limpa-tri lho, seguido da subsolage m . A lte rnativa mente,
o limpa-tri lho e o subsolador podem ser conjugados, possibilitando a realização de u_m_a
única operação (Figura 4); a elevação do chassi do tra tor com rodas e, o u, pne us es peciais
(p.ex., pneus maiores); a modificação do espaçamento de plantio, de fo rm a a possibilitar
a feitura das operações em faixas de terreno com menos obstáculos (Gonçal ves e t ai.,
2002). O planejamento operacional detalhado de glebas e talhões (micropla nejamento) é
fundamental para viabi lizar a aplicação desses proced imentos.
Em razão da interdependência entre as operações sil viculturais, seus planejamento
e execuções devem ser conjuntos e sincronizados, de form a a propagar e m cadeia os
efeitos benéficos de alguns procedimentos nas operações subsequentes. Assim, o sistema
de colheita e a disposição da biomassa vegetal residual têm acentuada repercussão na
eficiência (rendimento, custo, danos ao ambien te) das operações de reforma e manutenção
das plantações.
Figura 3. Biomassa vegetal residual da colheita (copa e casca) e do cultivo ( erapilheira) de um.a
plantação de eucalipto usada para produção de madeira para celulose, cortada aos ete ano-
de idade. As quantidades de biomassa vegetal residual são valores médios encontrados nas
plantações. A área foi reformada utilizando cultivo mínimo do solo.
Figura 4. Aspectos operacionais do implemento limpa-trilho usado para deslocar a biomassa vegetal
residual no leito de plantio, antes da subsolagem. Se houver pequena quantidade de biomassa
residual sobre o terreno, o uso do limpa-trilho pode ser conjugado com o subsolador.
Quadro 3. Qua ntidade méd ia de nutrientes exportada com a mad eira d e e uca lipt_?P1 (E._ grnndis, E.
urophylln x grnndis e E. 11ropl1ylln) e de p;11115 taednm, com o u sem casca, e m razao d o increme nto
m é dio anua l aos se te e aos 25 anos de idade, respectivame nte
Pi1111s taeâa
N utriente TMA (m ha· ano·
1 1 1
)
30 40 50 10 20 27
1
kg ha·
Madei ra com ca ca
N 198 264 330 248 333 371
p 41 54 67 14 18 33
K 116 155 194 55 105 174
Ca 202 270 338 79 139 231
Mg 23 31 39 21 27 '19
s 37 49 61
Madeira sem casca
N 168 224 280 201 256 305
p 32 42 53 8 10 27
K 66 88 110 44 85 152
Ca 83 110 138 71 94 211
Mg 12 16 20 18 27 -!4
s 34 45 56
Fontes: <1> Neves (2000), Santana e t ai. (2008), Gonçalves et ai. (2000) e Rocha e t ai. (201 6b). r.i Bizon (2005).
Nutrientes
Compartimento Massa
N p K Ca Mg s B Fe Zn Mn Cu
t ha· 1
kgha·1 g ha·1
Folha 3 57 5 21 25 11 3 89 203 41 313 8
Galho 4 18 3 15 18 6 1 55 233 92 653 13
Casca 12 40 12 67 160 15 4 152 519 130 790 43
Lenho 150 224 42 88 110 16 45 291 7191 1280 880 148
Total Pate área 169 339 62 191 313 48 53 587 8146 1543 2636 212
Raiz grossa (> 3mm) 20 75 3 28 31 6 3 32 789 59 112 12
Raiz fina (< 3mm) 4 22 1 4 17 3 1 15 708 43 61 6
Serapilheira 25 187 10 36 209 24 13 250 9500 520 4300 58
Total 218 623 76 259 570 81 70 884 19143 2165 7109 288
(IJ Q solo local foi classificado como Latossolo VermeU10-Amarelo Distrófico, textura média.
Fonte: Gonçalves et aL (2000).
Quadro 6 . Quantidade de nutrientes na biomassa res idual florestal re manescentes ·obre o solo,
após a colheita de um povoamento de E. grnndis com oito anos d e id a d e, e m tra ta m e ntos q ue
receberam diferentes práticas de manejo dessa biomassa
MRP 11 Massa N p K Ca Mg s
- tha· 1
- kg ha·1
Folha
MRe 6,5 (12) (2) 103,3 (35) 4,1 (17) 16,6 (22) 34,8 (12) 9,7 ( 16) -1,6 (21)
MSe 2,0 (7) 20,9 (11) 0,9 (7) 0,7 (12) 13,3 (12) 2,5 (9) 1,3 (9)
Galho
MRe 17,5 (32) 55,1 (19) 7,5 (31) 11 ,0 (14) 46,8 (16) 16,-1 (26) -1,3 ( l 9)
MSe 14,0 (47) 44,0 (23) 5,9 (46) 2,1 (34) 37,0 (32) 11,7 (-10) 3,9 (29)
Casca
MRe 25,0 (45) 82,8 (28) 8,8 (36) 43,9 (57) 181 ,5 (62) 29,0 (46) 9,0 (40)
MSe 3,0 (10) 11,4 (6) 0,3 (3) 0,6 (10) 7,2 (6) 2,6 (9) 1,0 (7)
Miscelânea
MRe 6,5 (11) 53,9 (18) 3,9 (16) 5,2 (7) 27,9 (10) 7,4 (12) ·H (20)
MSe 11,0 (36) 118,3 (61) 5,7 (44) 2,7 (44) 56,6 (50) 12,5 (42) 7,5 (55)
Total
MRe 55,5 [5,27]C3I 295,1 [31,2) 24,3 (4,0] 76,8 [15,9) 291,0 [26,0] 62,5 (6,1 ) 22,3 (3,5]
MSe 30,0 [3,10) 194,6 (24,0) 12,8 (0,7] 6,1 [1,5) 114,1 (13,6) 29,3 (4,8 ] 13,7 [1,7]
<'>Manejo da biomassa residual, sendo: MRe - manutenção de toda a biomassa residual (folhas, galh os, cascas e !-eTapilheira) e
MSe - Manutenção apenas da serapilheira. mrercentual do nutriente acumulado na fração. Pl Desvio-padrão.
Fon te: Rocha et ai. (2016a).
~,ec:es após a colheita se deve à maior concenh·ação dos nutrientes nas fo lhas e nos galhos
fi~1os,_ ~u~ decompõem rapidamente, remanescendo apenas galhos gross~s e cascas que
sao d1f1ce1s de decompor. Es a dinâmica de decomposição da biomassa residual florestal é
fortemente influenciada pelas condições climáticas como as limitações hídricas e térmicas.
A alta velocidade de decomposição nos primeiros meses após a colheita é suportada
por grande aumento na atividade microbiana, 0 que pode resultar em imobilização
inicial de alguns nutrientes. Rocha et ai. (2016a) observaram imobilização de N e S nos
primeiros 60 DAC. Aos 300 DAC, foi notada liberação de aproximadamente 50 % do N, P,
Ca, Mg e S e 80 % do K, presentes na biomassa residual florestal (folhas, galhos, cascas, e
serapilheira) mantida sobre o solo (Figura 6). O K demonsh·ou liberação mais rápida que
os demais nutrientes, pois esse elemento não forma nenhum composto dentro da planta,
permanecendo en1 sua forma livre (Figura 6 e Quadro 7).
MR =MI. J-k,t)
100
*-
.fl
e:
!lJ
80
~
!lJ
1ã 60
E
~
<ti
til
til
40
~
20
o
o 50 100 150 200 250 300
Tempo (d)
Figura s. Massa remanescente (MR) média (n=9) da bi~n:1as~a residual florestal e se~s respectivos
comportamentos descritos por model_?s exponenc1~s sunp_Ies, conforme sugerido por ?I:on
(1963), após a colheita de uma plantaçao de E. grand1s com 01to anos. A taxa de decompos1çao e
o tempo são apresentados em dias.
Fonte: Adaptados de Rocha el ai. (2016a).
0,30 parn Pi11us laedn; e Poggiani (1985), k igual a 0,37 para Pinus oocarpa e k igua l a 0,41 para
Pinus caribea var. hondurensis.
140
120
e N
.--...
~
.._,, - ·· - ·O- p
100 -- - y -- K
....
\.---'------.......... '-.
~
5 - · - · -Õ - - Ca
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\ ..".~ ---~--- Mg
1
...
80
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20
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--~
o
o 50 100 150 200 250 300
Tempo (d)
Figura 6. Velocidade de liberação dos nutrientes contidos na biomassa residual da colheita (folhas,
galhos, cascas e serapilheira) de um povoamento de Eucalyptus grandis de oito anos em um
Latossolo de textura média na região de ltatinga, Estado de São Paulo.
Fonte: Adaptados de Rocha et ai. (2016a) por Gonçalves et ai. (2014a).
Q uadro 7. Quantidade de nutrientes liberada da biomassa residual florestal sobre o solo nos primeiros
300 d após a colheita
MRf(l) N p K Ca Mg s
kg ha· 1
~om O d_e correr do tempo. As práticas de manejo de biomassa residual aplicadas pouco
influenci~am nos teore de nutrientes no solo, pois, logo após as mineralizações deles,
foram rapidamente ab orvidos pelas árvores.
Esse autor também avaliou o efeito da remoção de biomassa residual no teor e na
~ualidade da matéria orgânica do solo (MOS). No final da rotação de cultivo (oito anos de
idade), o teor total de carbono de compostos orgânicos oxidáveis (CO) variou de 30 a 40 g
kg·1, na camada de 0-5 crn; de 12 a 16 g kg·1, na camada de 5-10 cm; e de 7 a 8 g kg·1, na camada
de 10-20 cm. Na camada de 0-5 cm, em média, 42 % do CO foram caracterizados como
facilmente oxidado (Fração 1); 42 %, corno mediamente oxidável (Fração 2); e 16 %, como
de difícil o 'idação (Fração 3). Na carnada de 5-10 cm, houve aumento da contribuição da
fração 2 no CO; e, na camada de 10-20 cm, diminuição da quantidade de carbono oxidado
na fração 1 e aumento na fração 3, sugerindo incremento em frações mais recalcitrantes em
detrimento das frações mais lábeis.
Com o decorrer do tempo após a colheita, no tratamento em que a biomassa residual
florestal foi mantida sobre o solo (MRe), Rocha (2014) verificou que os teores de CO das
frações 1 e 2 da camada de 0-5 cm do solo se mantiveram constantes. Nesse tratamento,
a fração 3 apresentou pequena redução. A diminuição na fração de maior dificuldade de
oxidação ocorre por causa do efeito priming (Brady, Weil, 2013). A adição de biomassa
residual não decomposta sobre o solo pode ter aumentado a atividade microbiana, o que
resultou na decomposição de formas menos lábeis de carbono no solo. Contudo, em médio
prazo, não ocorrem alterações nas frações mais lábeis, em razão da constante reposição
dessas frações por meio da decomposição da biomassa residual mantida sobre o solo. No
tratamento em que a biomassa residual foi removida (SRe), ocorreu redução no CO. Essa
perda foi bastante acentuada na fração 1 e ausente na fração 3. Com a remoção da biomassa
residual, o CO decomposto no solo pela ação microbiana não foi reposto, ocorrendo redução
em seu teor. Essa diminuição ocorre mais intensamente nas frações mais lábeis (Figura 7).
Em muitos trabalhos, o manejo da biomassa residual florestal influenciou o teor
de matéria orgânica do solo apenas nos primeiros anos, após a adoção de diferentes
práticas de manejo, não sendo observado efeito dessas práticas no final da rotação de
cultivo (Mendham et al., 2002, 2003; Laclau et al., 2010). Isso ocorreu principalmente
quando se avaliou o carbono total do solo em regiões de clima temperado, ou em áreas
com solos argilosos. O carbono total do solo, em razão da sua alta estabilidade, apresenta
poucas e lentas modificações por causa do manejo do solo, especialmente em plantações
florestais, cujas intervenções no solo ocorrem em baixa frequência. Em regiões de clima
temperado, por causa das menores temperaturas e da precipitação pluvial, a atividade
dos microrganismos decompositores é mais lenta, o que, conjuntamente com a presença
de argilas de alta atividade, contribui para a maior estabilização da matéria orgânka no
solo. Com isso, há menor sensibilidade às práticas de manejo. Em solos com maior teor de
argila, em razão da formação de complexos organorninerais, a matéria orgânica apresenta
maior estabilidade que em solos arenosos. Mendham et ai. (2003) observaram que em
solos argilosos o manejo da biomassa residual de Eucalyptus globulus na Austrália não
influenciou O teor de CO nesses. Eles relataram que, em solos arenosos, a remoção dessa
biomassa reduziu o teor de CO no solo, sendo esse efeito observado até o final da rotação
de cultivo, aos sete anos de idade.
45 (a)
20 (b)
40
35 15
30 -+- MRe
-O- RRe
25 10
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O 25 (e) 10 (d)
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20 8
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I I
p < 0,001 p < 0,001
5 2
o 2: o~
o 50 10 150 200 250 300 o 50 10 150 200 250 300
DAC
Figura 7. Teor total de carbono de compostos orgânicos oxidáveis (CO) (a); e teores d e carbono d e
compostos orgânicos facilmente oxidáveis (b), mediamente oxidáveis (c) e d ificilmente oxidávei
(d) na camada de 0-5 cm do solo, nos tratamentos onde toda a biomassa residual foi mantida
sobre o solo (MRe) e onde toda ela foi removida (RRe). As barras nos pontos médios indicam
o erro-padrão, e a barra sem o ponto assinala a diferença mínima significativa pelo tes te LSD.
Valores sob as barras determinam a probabilidade do teste F.
Fonte: Rocha (201-1).
},
113
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300
225
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o 2 3 4 5 6 7 8 9 O 2 3 4 5 6 7 8 9
Idade (anos)
Figura 8. olume de madeira com casca d e plantações de E. grandis em tratamentos que receberam
diferentes práticas de manejo de biomassa residual, sendo: MRe - manutenção de toda biomassa
residual sobre o solo, MSe - remoção da parte aérea e manutenção apenas d a serapiU1eira, RRe
- Remoção de toda biomassa residual. a) Primeira rotação de cultivo; e b) Segunda rotação de
cultivo, com replantio das árvores e manutenção dos mesmos tratamentos. As barras indicam
as diferenças mínimas significativas pelo teste LSD (p<0,05) e os valores sobre as barras a
significância do teste F.
Font~ Adaptado d e Rocha et al. (2016b).
Figura 9. Implementas usados para o preparo do solo em áreas manejadas em cultivo mínimo: (a)
subsolador florestal; (b) coveadeira dupla; (c) motocoveadeira; e (d) Coveadeira Rotree.
Quadro 8. Rendimento operacional de preparo de solo com dife rentes implementas, no espaçamento
de plantio de 3,0 m entrelinhas
até a superfície do solo num ângulo de 45 ° (Figura 10) (Ri poli et a i., 1985; Balas treire, 198_7;
Sasaki et ai., 2002), gerando um volume de solo desadensado, q ue apresenta urna relaçao
quadrática com a profundidade de subsolagem (Figura 11). Se o solo esti ver muito úmid_o,
esse ângulo aumenta, e o volume de solo mobilizado diminui . Por isso, a s ubsolagem nao
deve ser feita com solo muito úmido.
(b)
'/-//==
Figura 10. Seção de solo desadensado pela passagem da haste de um subsolador em que a sapa ta
do subsolador ao deslocar causou tensão de cisalhamento à sua frente que se propagou até a
s uperfície do solo num ângulo de 45 ° (a). A profundidade de su bsolagem foi H; e a largura
desadensada, L. Com essas dimensões, deduzem-se a área da seção de solo desadensada (S 0 ) e
o vol ume de solo desadensado por hectare (V0), admitindo-se um comprimento C subsolado.
5 aios
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4,4.
y = C. H: (a= 45')
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Solos
friáveis
1
o
o 20 40 60 80 100 120
Profundidade de subsolagem (cm)
Figura 11. Relação quadrática entre o volume de solo desadensado por planta (espaçamento
de plantio 3 m x 2 m e 3 m x 3 m) e a profundidade de subsolagem. Para os solos friáveis, a
profundidade de escarificação ou subsolagem varia entre 20 e 50 cm; para os solos coesos, entre
80 e 100 cm. O volume de solo desadensado por planta é obtido pela equação quadrática: y =
CH2, em que C é o comprimento subsolado por planta; e H, a profundidade de subsolagem,
conforme demonstração feita na figura 10.
Em solos friáveis, de textura grossa ou ricos em óxidos livres, mais porosos, como
o Neossolo Quartzarênico, Latossolo Vermelho-Amarelo, Latossolo Vermelho Distrófico,
que ocorrem comum.ente em relevo plano a ondulado, a subsolagem não forma torrões
firmes. Nesses solos, o potencial de resposta ao preparo é menor, guardando relação direta
com a disponibilidade de água e nutrientes. Em muitas situações, o preparado de solo
restrito às covas de plantio pode ser suficiente para atender à demanda inicial das mudas.
Suas boas condições físicas possibilitam seus preparas em qualquer época do ano (Figura
13). Essa é uma condição que favorece o plantio de inverno (realizado no período mais seco
e frio do ano), prática cada vez mais comum na região centro-sul, por causa das inúmeras
vantagens culturais (Gonçalves, 2002). Pela mesma razão, possibilita o preparo de solo e o
plantio em períodos com veranicos, desde que seguido de irrigação pós-plantio, de forma a
prover bom suprimento de água às mudas nas primeiras semanas de adaptação no campo,
até que o sistema radicular esteja bem implantado no solo (Gonçalves et ai., 2000).
o uso da coveadeira dupla ou a abertura de covas manualmente pode "pulverizar"
muito O solo, quebrando parcial ou integralmente sua capilaridade. Esse efeito é mais
drástico em solos de textura leve e nos períodos mais quentes e pouco chuvosos, para
mudas recém-plantadas (sistema radicular restrito). Geralmente, nesse caso, as taxas de
sobrevivência são menores, em razão da defic iência hídrica ca usada pela não migração
da água existente em regiões adjacentes à cova e ao efeito salino do adubo. 1 e sas
ci rcuns tâ ncias, é necessário aumentar o número e a frequência das irrigações.
Figura 12. Preparo de Argissolo Amarelo argiloso caulinitico coeso (densidade no horizonte B argílico
= 1,6 kg dm·3) com subsolagem profunda, no suJ da Bahia: (a) subsolador florestal com haste
capaz de atingir 100 cm de profundidade; (b) aspecto operaciona l da sub olagem profunda; (c)
seção triangular de solo subsolado; (d) concentração de raízes grossas e finas na seção ub olada,
três anos após o plantio de eucalipto. As plantas se beneficiam da maior profundidad e efetiva
do solo promovida pela subsolagem, au mentando sua tolerância ao alto estre e hídrico.
em muitos casos, in iável. Quando esses solos estão com a umidade muito elevada, a
Subsolagem não promove o desadensamento do solo, fazendo apenas um " risco" (Figura
14b), o que restringe ocre cimento do sistema radicular.
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10
Figura 14. (a) Torrões grandes formados após a subsolagem na superfície de um Latossolo Amarelo
caulinftico compactado. Esses precisam ser fragmentados por meio de preparo secundário, de
modo a se criar um leito adequado à abertura de covas e ao plantio das mudas; (b) Efeito da
subsolagem d esse solo quando muito úmido. A haste subsoladora apenas "risca" o solo, sem
desadensamento ou d escompactação lateral, o que restringe o crescimento do sistema radicular.
Figura 15. (a) Detalhe da grade leve acoplada ao subsolador para promover o destorroamento do
solo; (b) plantio mecanizado de mudas de eucalipto em faixa de solo subsolado e d estorroado.
Recomenda-se que a largura dessa faixa não ultrapasse 1 m.
Quadro 10. Volume de solo preparado por planta em razão da ação do subsolador, da coveadeira
d u pia, da coveadeira Rotree e por meio de coveamento manual. Foi considerado um espaçamento
de plantio de 3 m entrelinhas e 2 m entreplantas (1 660 plantas ha·1)
Implemento de preparo Profundidade de
Volume de solo
do solo trabalho
cm dm3 / planta m 3 ha·1 Relati vo (%)
Subsolador florestal 20 80 133 4
40 320 531 16
60 720 1195 36
100 2000 3 320 100
Local (cm}
Local (cm)
E15 C 015 D30 D4.5
E4S E30 E15 C D15 030 045
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10
10
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(b)
(a) JO
30
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&::
10 • 12 meses pós-subsolagem
24 meses pós-subsolagem
20
30
40
50
Figura 16. Isolinhas de resistência à penetração no solo (2 MPa), obtidas pelo penetrô metro de impacto,
delimitando a área mobilizada de solo em razão do tempo pós-su bsolagem e respectivos desvios-
padrão: (a) Latossolo Vermelho Distrófico textura média oxídico; (b) Latossolo Vermelho
Distrófico textura argilosa caulinítico e (c) Latossolo Vermelho Distrófico textura m uito argilosa
oxídico. No eixo X, o ponto C está localizado na linha central de subsolagern; e, nos demais, à
esquerda e direita, à distância de 15 cm um do outro.
Fonte: Sasaki (2005).
Em algumas regiões acidentadas de Minas Gerais e São Paulo, como nos Vales dos
rios Doce e Paraíba do Sul, onde há extensas plantações de eucalipto, duas técnicas de
cultivo mínimo do solo têm sido usadas, dependendo das condições fisiográficas do
terreno, estreitamente relacionadas com as possibilidades de mecanização.
Subsolagem
Se o relevo é plano a ondulado, com declives de até 12 cm m·1, o preparo de solo é
feito com um subsolador florestal nas linhas de plantio, em nível ou com ligeiro desnível.
A profundidade média de preparo é de 30 a 40 cm nos solos de textura arenosa e média;
e de 35 a 50 cm, nos de textura argilosa. O volume de solo preparado varia de 180 a SOO
dm3 / planta, ou seja, 300 a 830 m3 ha·1, se a população de plantio for de 1 660 plantas ha·1
(espaçamento 3,0 m x 2,0 rn).
Em áreas com d eclive (: ntTe 12 a 40 cm 11 ,-1, 0 preparo de solo pode ser fe ito com
sub olagem no _entido da pendent(: (profundidade de 30 a 40 cm) (Figura 17). Para isso,
algumas condições são essenciais, com objetivo de se evitar a erosão, sobretudo n as linhas
sub oladas. Essa prática só deve ser usada em áreas manejadas em cultivo m ínimo do solo,
em épocas pouco chuvosas, quando só ocorrem as chuvas de baixa(< 2,5 mm IY') ou m édia
i.nten idade (de 2,5 a 7,5 mm lY 1). Assim, na Região Sudeste e Centro-Oeste, o solo n ão deve
ser subsolado no entido do declive durante o verão, entre dezembro e fevereiro, quando
ocorrem chuvas de alta intensidade (> 7,5 nun lY1), que podem gerar excedentes hídricos
que escorrem como enxurrada e flu xo de água subsuperficial lateral. Além d esses cuidados,
a linha de subsolagem não deve ser contínua. A cada 15-20 m, a haste subsoladora d eve
ser levantada, mantendo-se 1 m de solo não subsolado. De preferência, a subsolagem deve
ser feita no outono ou na primavera, e o plantio realizado logo em seguida. As linhas de
subsolagem, no sentido do declive, devem ficar ao menos a 3 rn do leito das estradas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ciclo longo de cultivo das plantações florestais constitui uma vantagem em relação
às culturas anuais, pois implica em menor movimento de máquinas e dá ao solo maior
tempo para recuperar-se de eventuais danos. Essa afirmação tem como base o princípio de
que nenhum implemento de preparo do solo promove melhorias em sua e trutura, o que
só pode ser conseguido por meio da atividade biológica de organismos do solo ou pela
ação do sistema radicular das plantas.
Com o cultivo mínimo do solo, o setor florestal tem mantido o u recuperado a boa
qualidade do solo, principalmente seus atributos estruturais e funcionais. r essa condição,
o solo consegue sustentar a produção biológica, prover água limpa para os mananciais
e funcionar c~mo um ta_mpào ~mbiental; . por exemplo,_ atenuando e degradando
compostos nocivos ao meio an1b1ente. Por isso, essa técnica de manejo d s olo tem
recebido, progressivamente, mais destaque, sobretudo no planejamento e na gestão deus
dos recursos edáficos, hídricos e biológicos. Novos desafios tem urgido no sentido de
disponibilizar inovaçõe~ tecnológica_s ca~a vez 1:'e~o: agres ivas ao ambiente, 0 que te m
requerido maior conhecimento e aplicaçao de pnnc1p10s e processo ecológicos.
LITERATURA CITADA
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11 Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Polo Centro Les te, Rfüei rão Preto, P.
E-mail: branco@apta.s p.gov.br
21 Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Polo Alta Sorocabana, Preside nte Prudente, P.
E-mail: and reiacs@apta.sp.gov.br
31 Instituto Agronômico de Campinas, Centro de Horticu ltura, Campinas, SP. E-mail: feli pe@iac. p.gov.b r
~, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Polo Nordeste Paulista, Mococa, SP.
E-mails: factor@apta.sp.gov.br, slimajr@apta.sp.gov.br, jane@apta.sp.gov.br
51 Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura
Ecológica, São Roque, SP. E-mail: tiveLli@apta.sp.gov.br
Conteúdo
INTRODUÇÃO
Berto! I, De Maria IC, Souza LS, editores. Manejo e conservação do solo e da água. iço-a, MG: ocied a le
Brasileira de Ciência do Solo; 2018.
1120 ROBERTO BOTELHO FERRAZ BRANCO ET AL.
vegetativo e a harmonia entre as propriedades fís icas, químicas e biológicas. Ações de manejo
são estratégicas e compõem um conjunto de d iretrizes e procedimentos sus tentados _Pe la
"construção" de um solo, cujas características positivas superam em muito as nega~vas,
com o estabelecimento de um balanço "positivo", o que permite a perenidade prod u tiva.
Métodos conservacionistas de preparo do solo têm sido cada vez mais adotados no
cultivo de olerícolas, visando à redução dos impactos ambientais na exploração do solo
para produção de alimentos. A formação de palha promove proteção do solo contra o
escoamento superficial, ação direta de raios solares (Silva et ai., 2006; Wutke et ai., 2010)
e manutenção da umidade do solo (Oliveira Neto et ai., 2011; Freitas et al., 2006), o que
proporciona adequado ambiente de cultivo das hortaliças. A decomposição lenta e gradual
da palha na superfície do solo eleva o teor de matéria orgânica, com impacto positivo na
fertilidade do solo e produtividade das culturas (Pinheiro et al., 2004; Wang et al., 2009).
A presença da palha na superfície do solo também diminui a temperatura do solo nos
horários mais quentes do dia em até 8 ºC no perfil de 5 cm de profundidade, contribuindo
para melhoria do desempenho produtivo das culturas (Morote et ai., 1990). Na figura
2, está demonstrado o efeito da palha de milheto na superfície na temperatura do solo
cultivado com alface, comparado ao cultivo sem palha.
No cultivo de hortaliças, métodos conservacionistas ainda são pouco adotados, talvez
em razão da escassez de informações técnico-científicas que subsidiem essa tecnologia. O
paradigma da necessidade de preparo convencional do solo também é forte entrave para
adoção de técnicas conservacionistas. Entretanto, resultados científicos têm comprovado a
eficiência dessa tecnologia no cultivo de hortaliças.
Os sistemas conservacionistas estão alicerçados em três pilares, que s ustentam a base
tecnológica para implantar as culturas, que são: o não revolvimento ou revolvimento mínimo
do solo, a manutenção permanente de plantas e fitomassas residuais na superfície do solo e a
rotação de culturas (Derpsch, 2008). Dessa maneira, o plantio direto e o preparo reduzido do
solo são ferramentas indispensáveis para execução da agricultura conser vacionis ta .
Figura 2. Efeito da palha de milheto na temperatura do solo com a cultura da alface sem cober tura
(30,2 ºC) e com palha (26,5 ºC).
Foto: Andréia C. S. 1-firata.
Plantio direto
A busca por sustentabilidade nos sistemas de produção em olericu.ltura tem norteado
pesquisas relacionadas ao plantio direto de hortaliças, envolvendo estudos de espécies de
plantas de cobertura para formação de palha para cultivo da alface (Purquerio e Tivelli,
2007; Purquerio et a.l., 2011b; Hirata et ai., 2015), tomate (Kieling et a.l., 2009; Silva et ai., 2009;
Branco et al., 2013), berinjela (Castro et ai., 2005), melancia (Branco et al., 2015), beterraba
(Purquerio et a.l., 2009; Purquerio et ai., 2011a; Factor et a.l., 20126;), brócolis (Melo et ai.,
2010), cebola (Factor et a.l., 2009), cebolinha (Araújo Neto et a.l., 2010), coentro (TaveUa et
al., 2010), batata (Fontes et a.l., 2007), dentre outras (Figura 3).
Figura 3. Cultivo de beterraba (a), cebola (b) e tomate (c) em plantio direto.
Fotos: (a) Luiz F. V. Purquerio; (b) Thiago Factor; e (e) Andréia C S. Hirata.
au mentar a distância entTe terraços e curvas de níveis, disponibilizando maior á rea para
a culturas.
O cultivo de plantas de cobertura como crotalárias, mucunas, milheto e aveia é
importante para formação de palha para o siste1na. Quanto maior a produção de palha,
melhor será a qualidade do plantio direto. Um ponto extremamente irnportante para o
sucesso na formação de palha é a densidade de cultivo das plantas de cobertura. Para isso,
é imprescindível utilizar semeadoras eficientes em distribuir uniformemente as sementes
numa população ideaJ para que as plantas se estabeleçam e cresçam adequadamente para
formação de palha. Então se recomenda espaçamento entrelinhas de 20 a 50 cm e densidade
de acordo com a espécie a ser cultivada.
Todavia, um aspecto importante em relação ao plantio d freto de hortaliças é a espessura
da camada de palha. O excesso de palha pode prejudicar o estabelecimento de muitas
hortaliças, mesmo no sistema de transplante. Trabalho realizado com plantio direto de alface
em palha de milheto (Pen11isetu111 glnucu111) evidenciou que, quando dessecado em estádio de
desenvolvimento avançado, o milheto promove redução acentuada no estande da alface, em
razão do excesso de palha fon:nada, o que resulta em queda na produtividade. As mudas
da alface são muito suscetíveis ao sombreamento formado pelo excesso de palha (Figura 4).
Os resultados deste trabalho evidenciaram que a quantidade de palha de milheto ideal seria
em tomo de 10 t ha-1 para o plantio direto da cultura (Hirata et ai., 2015). Madeira (2009)
também ressaJtou que na cultura da cebola algumas dificuldades têm sido encontradas para
o estabelecimento adequado e uniforme da população de plantas, especiaJmente quando se
tem excesso e, principalmente, deswuformidade na distribuição de palha. Para resolver os
problemas de distribuição das sementes de cebola, deve-se optar por cultives anteriores de
plantas de cobertura ou mesmo culturas comerciais que produzam quantidade satisfatória
de palha, mas que não sejam em excesso, a fim de possibilitar contato ideaJ da semente com
o solo e consequentemente boa população de plantas da cultura.
Após a rolagem das plantas de cobertura, aplica-se herbicida dessecante para con trole
da vegetação espontânea em estabelecimento. Entretanto, há d ive rsos tra ba lhos que buscam
eliminar a utilização de herbicidas para plantio direto de horta liças pelo des~n volvim:nto
de modelos rolo faca que consigam matar as plantas de cobertura e a vegetaçao espon tanea
remanescente (Kornecki et ai., 2009; Moyer, 2011; Ciaccia et a i., 2015).
Figura 5. Operação de roçada manual de plantas de cobertura para plantio de hor taliças.
Fotos: Andréia C. S. Hirata.
Atualmente para o Estado de São Paulo, existe uma recomendação oficial de calagem,
adubação orgânica e química de plantio, bem como de adubações de cobertura para,
aproximadamente, 49 diferentes espécies de hortaliças (Raij et al., 1997). Para o Estado
de Minas Gerais, 27 diferentes espécies são citadas (Ribeiro et a1., 1999). Porém, essas
recomendações são para o sistema de cultivo convencional não para o plantio direto.
No plantio direto, por causa do não revolvimento do solo, há acúmulo de nutriente
no perfil s uperficial do solo, a aproximadamente 5 cm, o que melhora a disponibilidade de
nutrientes para as hortaliças cultivadas nesse sistema e, assim, reduzindo a quantidade de
fertilizantes aplicados nos cultivas com o tempo.
Canteiros permanentes
A técnica de cultivo de hortaliças em canteiros permanentes ca racteriza- e pelo
cultivo sequencial no mesmo canteiro por vezes consecutivas sem revolvimento do solo.
Os canteiros são construidos com enxada rotativa encanteiradora. A dimensão d o can teiro
é geralmente de 1,1 m de largura por 30 cm de altura; o comprimento é de acordo com
a necessidade do produtor ou disponibilidade de área, sendo, em seguida, coberto com
mulching plástico ou palha.
No caso do rnulching plástico, estica-se o plástico de polietileno na s uperfície do
canteiro, sendo as laterais presas com grampos ou com a própria terra. Essa operação pode
ser feita manualmente ou por máquinas integradas que na mesma operação constroem os
canteiros, distribuem as fitas de irrigação por gotejamento e esticam o plástico na superfície
dos canteiros. Posteriormente, realizam-se os furos no plástico onde serão transplantada
as mudas, em espaçamentos adequados para a cultura a ser cultivada. Em campos de
produção de alface e demais hortaliças folhosas, cultivam-se as plantas sequencia lmente
por várias vezes, sem realizar o preparo do solo, alternando-se apenas as covas de plantio.
Essa técnica de cobertura do solo com mulching plástico em interação com manejo
adequado de fertilização parcelada das hortaliças reduz em até 80 % a lixiviação de nitra to
(Ruidisch et ai., 2013).
A cobertura do canteiro permanente com palha também tem res ultado agronômico
e ambiental bastante eficiente. O princípio desse sistema consiste no cultivo de plantas
de cobertura anteriormente ao das hortaliças, e dessa forma a massa de matéria seca da
parte aérea produzida permanece na superfície do canteiro formando um mulching de
palha. Plantas de cobertura como mucunas, crotalárias, milheto e aveia-preta são opções
para formar a cobertura. A semeadura pode ser feita a lanço, com leve incorporação das
sementes. Todavia, podem-se utilizar semeadoras dimensionadas para semeadura em
canteiros. No final do ciclo, rolam-se as plantas no canteiro e aplica-se herbicida dessecante
para o estabelecimento do mulching de palha.
Para cultivo de hortaliças folhosas como alface, que tem ciclo comercial de
aproximadamente 30 a 45 d, cultiva-se a lavoura por ma is de um ciclo no me mo
canteiro, com o aproveitamento da palha remanescente. Produtores de hortaliças folhosa
trabalham com aveia-preta no inverno para produção de palha e cultivo de alface no verão,
com expressivos resultados na produção. Dessa maneira, os canteiros protegidos com a
palha suportam melhor as fo~tes chuvas de_verã_o, possibilitando a produção na época de
entressafra, com redução em impactos amb1enta1s e custo de produção.
Um m étodo agr011oh1:11co
• •
· tam b érn pos1hvo,
L
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desenvolvido por produtor de folhosas
em Pa~ dmho, SP, é o cultivo do milheto no canteiro para formação de palha para cultivo
su cessivo de duas safra de alface e uma de brócolis em plantio dire to voltando com o
milheto e sem preparar o solo para novamente duas safras de alface e ~ma de brócolis e
assim sucessivamente (Figura 8).
Em cultives de ciclo mais longo corno tomate e pimentão, cerca de 160 d, a palha
do canteiro permanece por apenas uma safra. Após o término do cultivo das hortaliças,
as plantas de cobertura são novamente semeadas para formação de palha nos canteiros,
, isando o cultivo de hortaliças. Esse ciclo repete-se sucessivamente por vários anos sem
realizar o preparo do solo, caracterizando dessa forma o cultivo de hortaliças em canteiros
permanentes com rotação de culturas com plantas de cobertura.
É importante ressaltar que pode ser dispensável o uso de canteiros em muitas
hortaliças. Trabalhos realizados com a cultura da alface com ou sem o levantamento de
canteiros (Figura 9) evidenciaram que não houve diferença entre os manejos. O solo da
área experimental apresentou teor de areia acima de 80 %, o que pode ter favorecido esse
sistema de plantio (Hirata et al ., 2015).
Quadro 1. Massa média das raízes e produtividade de beterraba em razão de diferentes plantas
formadoras de palha. APTA/Fundação de Pesquisa - São José do Rio Pardo, SP, 2009
Quadro 2. Massa da matéria seca (t ha-1) da palha de coberturas vegetais isoladas e consorciadas e
produtividade da cultura do tomate (kg ha-1) sobre palha das culturas de cobertura em plantio direto
A viabilidade agronómica do plantio direto de alface cv. Vera sobre coberturas vivas
perenes de granúnea e leguminosa em sistema de manejo orgânico foi avaliada no período
de inverno. o plantio direto de alface sobre cobertura viva de grama bata tais e amendoim-
forrageiro acarretou desempenho semelhante ao dessa horta liça, em sis tema de preparo
convencional do solo, com nível máximo de produtividade de 56 t ha·1 (Oliveira et ai.,
2006). Apesar desse resultado, é importante ressaltar que a biota do so lo necessita de alguns
ciclos da cultura com cobertura viva para se recuperar e res ultar em infl uência positiva na
produtividade de diversas culturas olerícolas.
Ainda para alface (cv. Vera), foram conduzidos dois cultivas seq uenciais com o p lantio
sobre a Crotalaria spectabilis, com a semeadura da crotalária rea lizad a sobre ca nteiros antes
dos cul tivas da alface. A crotalária foi manejada de qua tro diferen tes fo rmas: picada e
deixada sobre o canteiro; cortada a 3 cm do solo e deixada sobre o canteiro; cor tad a a 3 cm do
solo e retirada da subparcela; e dessecada com herbicida e deixada em pé sobre o canteiro.
No primeiro cultivo, a crotalária quando dessecada não foi tombad a e o som breamento
gerado nas plantas foi prejudicia l ao desenvolvimento delas. As pla ntas de alface não
e ncontraram luz suficiente para se desenvolverem adequadamente. No segundo cultivo,
após dessecação com herbicida, as plantas de crotalária foram tomba das e a p rodu tividade
verificada nesse tratamento aumentou em relação ao primeiro cultivo. o segu ndo en aio,
a m assa de matéria fresca e seca, o diâmetro da planta e a produtividad e da alface foram
maiores nos tratamentos que tiveram a cobertura do solo com a palha d e crotalária em
detrimento daquela onde essa foi retirada (Quadro 3) (Purquerio e Tivelli, 2007).
Quadro 3. Massa de matéria fresca (MMF) e seca (l'vlMS), diâmetro d a planta (DP) e p rodutividade de
alface em razão do manejo da crotalária (Crotalaria spectabilis). Instituto Agronô mico, Campinas,
2006
reste, ~-na~ral e.º preparo convencional proporcionaram os melhores resultados em_ todas
as vana~ eis avaliada na planta, comparado com O plantio direto com cobertura viva de
amend01m-fo1Tageiro e plantas espontâneas (Tavella et al., 2010).
Para a cultura da batata, nos tratamentos onde não foi feita a.ração, isto é, foram adotados
0 pl~tio diret~ ~ o cultivo núnimo, as produtividades médias de tubérculos comerciais, nos
e cpenment~s 1IT1gados por gotejamento e aspersão, foram apenas 62 e 56 %, respectivamente,
daquela obtida no melhor tratamento, onde o solo foi convencionalmente preparado com
~ado d: aiveca. Os autores ressaltaram que O solo argiloso da área experiinental pode ter
influenciado no resultado negativo, uma vez que em outros trabalhos com solos arenosos
e plantio mecanizado têm sido verificados resultados positivos (Fontes et al., 2007). Tais
resultados evidenciam que cada cultura apresenta suas especificidades. · Desse modo,
sistemas de cultivo devem ser estudados de acordo com as características de cada uma delas.
Tradicionalmente estabelecidas por semeadura direta ou por transplante em canteiros,
as culturas da beterraba e cebola vem enfrentado problemas na produção nos últimos anos,
principalmente no que se refere à mão de obra para o plantio e conservação do solo e da
água. Diante desses problemas, nos últimos anos têm aurnentado o interesse de produtores
e técnicos pelo plantio direto, principalmente em razão das vantagens ambientais,
econômicas e de menor uso de mão de obra que esse sistema de plantio proporciona
(Derpsch, 1984; Purquerio, 2010; Marouelli et al., 2010a).
Normalmente, a beterraba é cultivada pelo sistema de semeadura direta, embora possa
ser uma das poucas raízes tuberosas que permite o transplante; assim, o estabelecimento pode
ser realizado também pelo plantio de mudas (Filgueira, 1982; Ferreira e Tivelli, 1989). Esses
dois métodos quando colocados em prática pelo produtor geram diversos questionamentos,
principalmente quanto à produtividade e ao tempo de cultivo (Gribogi e Salles, 2007).
Apesar de o transplante de mudas prolongar o ciclo da cultura (McKee, 1981), essa prática
proporciona maior qualidade das raízes, além de reduzir a quantidade de semente utilizada
no plantio (Filgueira, 2003, Negrini et al., 2006). Para a semeadura direta, as vantagens seriam
ganho de tempo no ciclo e ausência de ferimento nas raízes e, ou, estresse, que ocorrem
na fase de adaptação das mudas após o transplante, porém com maiores problemas de
germinação e crescimento de plantas (Minami, 1995), o que resulta em desuniformidade do
estande de plantas final (Gribogi e Salles, 2007), além do gasto com sementes.
Resultados de pesquisa com métodos de estabelecimento de plantas de beterraba
(semeadura direta ou transplante) em plantio direto demonstraram que a produtividade
total de raízes de beterraba foi superior no sistema de semeadura direta em relação
ao transplante, e que o sistema de transplante com mudas formadas em viveiros pode
favorecer o surgimento de anéis brancos em razão do cultivar utilizado para a produção
(Tivelli et al., 2009; Factor et al., 2012a). Além disso, no plantio direto com semeadura
direta no campo obteve-se aumento de produtividade de 13 % em relação ao convencional
(Factor et al., 2012a) (Quadro 4).
Res ultados semelhantes foram obtidos para a cultura da cebola em plantio direto,
onde maior massa de bulbos, bulbos de maior diâmetro e, consequentemente, maior
produtividade total foram obtidos a partir do estabelecimento de plantas por semeadura
direta 110 campo (Factor et ai., 2012b) (Quadro 5). A ausência de ferimento nas raízes
e do estresse que ocorre na fase de adaptação após o transplante pode favorecer o
desenvolvimento das plantas e consequentemente a produção em semeadura direta no
campo Gaime et a i., 2001 citado por Reghin et al., 2006).
-- .
XXXV - MANEJO CONSERVACIONISTA DO SO LO NO CULTIVO DE ÜLERÍCOLAS 1135
- - - - - - - - - - t ha·1 - - - - - - - - - -
Estabelecimento de plantas
Mudas 27,6 B a 25,4 B a 26,5 A
Semeadura direta no campo 36,7A b 42,1 A a 39,4 B
Média 32,2 a 33,7 a
M~dias seguidas de mes ma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha nào diferem entre si, pelo teste de Tukey (p<0.05).
Fonte: Factor et ai. (2012a).
Quadro 5. Distribuição dos bulbos de cebola nas diferentes classificações comerciai , massa média
dos bulbos (MMB) e produtividade total (PT) em razão do sistema de prod ução e método de
estabelecimento de plantas. APTA, São José do Rio Pardo, SP, 2010
Classificação de Bulbos
Tratamentos MMB PT
15-30 mm 30-50 mm 50-70 mm 70-90 mm Cº'
% g t ha '
Sistema de produção
Plantio convencional 1,5 a 28,9 a 58,3 a 11,5 a 1,1 a 86,3 a - ,Oa
Plantio direto 1,1 a 25,8 a 62,8 a 10,5 a 0,8a 85,8 a 56,0 a
CV% 25,2 18,9 8,1 30,0 21,0 20.5 12,9
DMS 1,0 10,3 9,2 8,3 0,5 7,74 1 ,6
Estabelecimento de plantas
Transplante de mudas 1,8 a 39,7 a 58,1 a 0,6 b 0,3 b ,Ob 43,6 b
Semeadura direta no campo 0,8 a 15,0 b 63,1 a 21,3 a 1,6 a 104,2 a 70,-la
CV% 32,3 14,2 9,3 30,3 35,0 15,0 13,
DMS 0,8 7,5 9,6 6,3 0,9 n, 7,2
C1l NC - não comercial. Médias seguidas de mesma lel:Ta na co luna não diferem entre si, pelo teste de Tukq (p<0,05).
Fonte: Factor et aJ. (2012b).
60
50 L-----------
-....
r t!
.
.e 40
.......
QJ
"O
rt!
"O ♦ . ..
·;;: 30
....:::, ···············
"O
...o
Q..
20
10
---------
..... ···• ······-······
15-30mm
30-50mm
y = -0,1412 + 0,0000009x
y = 1,831 + 0,0000288x
R2 = 86,0
R2 = 95,6
- · - · ♦· - · - 50-70 mm y = 26,67~
- ·- ··- ·... - .. - . >70mm 9 = 1,6842 + 0,0000288x R2 = 71,1
Figura 10. Produtividade total de cebola (PT) com as classificações comerciais (15-30 mm, 30-50 mm,
50-70 mm e> 70 mm), em razão de diferentes densidades de plantio. APTA, São José do Rio
Pardo, SP, 2010.
Fonte: Lima Júrúor et al (2011).
- .
--
XXXV - MANEJO CONSERVACIONISTA DO SOLO NO CULTIVO DE ÜLERÍCOLAS 1 137
110
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· · ···· · · · · · · · · · · ·· ·• ·········· · · ··· · ······ · · · · · · · · ······· ·· ....
o
o 75 150 225 300
Dose de potássio (kg ha·')
.
•
- •- -
50-70 mm
70-90 mm
9 = 0,000470x' + 0,1239x + 28,6374
9 = 0,000353x' + 0,118749x + 40,9243
R' = 60,7*
R' = 89,5*
··· ··• . .. . >90mm 9 = 6,50"'
Figura 12. Produtividade total (PT) e com a classificação comercial (classe O = < 15 mm; classe
1= 15 a 30 mm; classe 2 = 30 a 50 mm; classe 3 = 50 a 70 mm e classe 4 = 70 a 90 mm; e classe
5 = > 90 mm) em razão de doses e parcelamento da adubação potássica. APTA, São José do Rio
Pardo, SP, 201 O.
Fonte: Factor e l aJ. (2011 b).
ser utili zada para a maioria das hortaliças folhosas, raízes (cenoura, mandioquinha-salsa,
nabo, entre outras), h1bérculo (batata, batata-doce) e bulbo (alho, cebola) (Figura 13).
Figura 13. Irrigação por pivô central em área de plantio direto de beterraba e cebola, São José do Rio
Pardo, SP.
Fotos: Jane fari a d e C. Silveira.
Figura 14. Monitoramento da irrigação com a utilização de tensiômetros em á rea irrigada por pivô
central sob plantio direto de cebola na Fundação de Pesquisa Luciano Ribeiro da Silva, São José
do Rio Pardo, SP (Fotos 2010 e 2011).
Fotos: Jane Maria de C. Silveira.
Quadro_6. Lâmina bruta to tal d e irrigação aplicada no ciclo (TRRJG), precipitações ocorridas durante
0 Ciclo (PRECIP), lâ mina total (TOTAL), número d e irrigações (NI), lâmina m édia p or irrigação
1pl), p rodutividad e total de bulbos (PTB) e e ficiência do uso da água (EUA). APTA, Fundação
d e Pesq . Lucia n o Ribeiro da Silv a, São José do Rio Pardo, SP, 2010-2012
Ano IRRIG PRECIP TOTAL NI Mpl PTB EUA
-- - - m 111 - ----------- --------- nu11 kgha· 1
kgha·1 mm·1
2010 226 174 400 42 5,4 103000 257
2011 285 72 357 50 5,7 73300 205
2012 335 199 534 54 6,2 82235 154
FontC': SilvC'ira C'l ai. (2013a).
Nos três anos avaliados, a eficiência do uso da água da cultura da cebola em plantio
direto pode ser considerada alta. Estudos realizados por Vilas Boas et al. (2011) com sistema
de irrigação por gotejamento evidenciaram que a produtividade de cebola ('Optima') foi
da ordem de 45 t ha·1 para manejo da iJTigação com tensão de -15 kPa, totalizando uma
lâmina de irrigação no ciclo de 453 mm, com número médio de irrigações de 43, o que
representou eficiência no uso da água da ordem de 107 kg ha·1 mm·1 para as condições de
sistema de plantio convencional na região de Lavras, Minas Gerais.
\!Vang et al. (2005) constataram que a lâmina de irrigação na cultura do tomate para
uma tensão -30 kPa foi 85 % menor do que a -5 kPa com utilização de plantas de cobertura.
Os au tores apresentaram que a redução das taxas de irrigação em relação ao controle
(-5 kPa) aumentou a produtividade comercial do tomateiro em 25 e 34 % em 2001/2002 e
2002/ 2003, respectivamente.
Marouelli et al. (2006, 2008, 2010a), na região do Cerrado do Brasil Central,
quantificaram redução de 10, 19 e 13 % na necessidade de irrigação de tomateiro para
processamento, de cebola e de repolho, cultivados em plantio direto, respectivamente.
Apesar de resultados promissores, em se tratando de plantio direto em horticultura,
têm-se ainda urna carência de tecnologias específicas para o plantio direto de hortaliças em
condições irrigadas, tanto em relação aos intervalos entre irrigações quanto lâminas aplicadas.
O plantio direto e o uso de cobertura morta, entre outras práticas, apresentam resultados
promissores no manejo de plantas daninhas, o que favorece a redução da mão de obra e de
herbicidas na propriedade, além de promover um sistema de produção mais sustentável.
O efeito físico da palha formada pelo plantio direto ou cobertura morta é bastante
importante na regulação da germinação e da taxa de sobrevivência d as plântulas de
algumas espécies.
A palha reduz a temperatura e amplitude térmica do solo, o q ue interfere na
genrunação de espécies de plantas daninhas que tem sua dormência influenciada pela
temperatura. Ensaio realizado com a cultura da alface demonstrou que no solo descoberto
hor~a~ça co_m o o a lho e a alface, por exemplo, como cobertu ra morta visando o manejo d e
especies d arnnha , tornando muitas vezes desnecessária a utilização de herbicidas. Contudo,
é importante ressaltar que, dependendo da intensid ade de infestação de plantas daninhas,
outras medidas de controle durante o cultivo podem ser necessárias para complem entar o
controle, a fim de evitar d anos na produção e qualidade das horta liças. A cobertura morta
é uma técnica comum em cultivas orgânicos. Na figura 15, pode ser observado o cultivo
de cebola em palha de B. decu111be11s e lablab (Dolichos lablab) h·ansportado até o canteiro e
posterior transplante da cebola.
Figura 15. Cultivo de cebola com palha de B. decumbens (esquerda) e lablab (Doliclros lnblnb) (direita)
transportado até o canteiro antes do transplante da cultura.
Foto: Andréia C S. Hirata.
(Cnj~nu s cnjnn), mucuna-cinza (Mu cunn pruriens) foram avaliad as na rei n~estação ~e plant~
daninhas e sobre o desempenho agronômico de alface, em cultivo orgâ nico. A remfestaçao
dos canteiros pelas plantas daninhas não diferiu entre coberturas m o rtas, mas a red ução
da densidade populacional da vegetação reinfestante chegou a 83 %, em comparação ao
tratamento controle (Oliveira et ai., 2008).
Morse e Abdul-baki (1998) ressaltaram que o plantio direto é opção v iável para a
produção de brócolis, todavia destacaram que grande quantidade de fi tomassa resid ual,
uniformemente distribuída, é necessária para a supressão de plantas daninhas q uando a
pressão dessas é al ta.
No plantio direto da berinjela, a palha roçada da crotalária foi mais eficiente q ue a do
milheto e da vegetação espontânea no controle da população de plantas danjnhas (Castro
et a i., 2005). O plantio direto também auxilia no controle quírruco de plantas daninhas na
olericultura. No quadro 7, pode ser verificado que aos 46 d após a dessecação das plantas
de cobertura na cultura do tomate, mesmo após a primeira aplicação dos herbicidas pós-
emergentes, houve elevada emergência de plantas infestantes nos tratamentos com palha
de plantas daninhas e solo sem cobertura. Os valores elevados referentes à palha de B.
decumbens é em razão da rebrota dessa espécie. O milheto evidenciou-se a melhor espécie
para controle de plantas daninhas, seguida de B. ntziziensis. A palha da B. ntziziensi
(Figura 16) pode ser mais prorrussora que a da B. decumbens em áreas de hortaliças, pois
forma touceiras menores e a cobertura mais uniforme (Silva Hirata et ai., 2009).
Quadro 7. Número e massa seca de plantas daninhas emergidas sobre a palha d e gramíneas
forrageiras na cultura do tomateiro rasteiro, conduzido no sistema meia estaca, aos 46 e 136 ruas
após a dessecação. APTA, Álvares Machado, SP, 2009
Dias após a dessecação
46 136 46 136
2
Matéria seca (g m· ) Densidade {número m·2)
Brachinrin decumbens 0,96b 43,93a Sb a
B. rttziziensis 0,29b 9,65ab 25b 16a
Milheto 3,26b 0,41b 71b 10a
Palha de plantas daninhas 13,36a 33,73ab 1.21 2a 31a
Sem cobertura 16,83a 32,30ab 904a 84a
Mt'.!dias egu idas por letras minúsculas nas colunas nao diferem significativamente pelo teste de Tu. ey (p<0,05).
Fonte: Sil va Hirata et ai. (2009).
Na cultura da alface, verificou-se que as coberturas do solo com palha de arroz, p alha
de café, B. briz11nth11 e serragem controlaram a infestação de plantas invasoras no cultivar
Regina 2000. Entretanto, verificou-se grande infestação na testemunha com redução de
produtividade.
O p lantio direto tan1bém tem sido uma prática bastante promissora para O manejo
da tiririca. Jakelaitis et ai. (2003) constataram elevada redução do banco de tubérculos
no pla ntio direto, com predomínio de tubérculos dormentes, em relação ao p lan tio
conven cional. De acordo com os autores, o sucesso do plantio direto no controle da tiririca
Deve ser ressaltado ainda que as plantas daninhas também exercem importante pa~el
no manejo do solo. Essas plantas são pioneiras e povoa m á reas degradada , 0 que ev ita
a perda de solo além de reciclar nutrientes. Desse modo, manejadas de fo rma adequada,
podem ser aliad as no manejo conservacionista. Na figura 17, podem er vis_ual izados
cordões de plantas daninhas entre os can teiros cobertos com mulching piá ttco. E sa
plantas podem ser roçadas periodicamente e contribuir para a conservação do olo.
Figura 17. Plantio de alface em mulching plástico e cordões de plantas daninha entre o cant iros
promovendo proteção do solo.
Foto: Andréia C. S. Hirata.
e toma_te) sobre palha de aveia, logo após O transplante e 39 d após esse, e m ambie nte
protegido.
Figura 18. Cultivo experimental de feijão-vagem, pepino, pimentão e tomate sobre palha de aveia,
logo após o transplante (esquerda) e 39 d após esse (direita). Instituto Agronômico, Campinas,
SP.
Fotos: Luis Felipe V. Purque rio
Também são verificados para os micronutrientes B, Cu, Fe, Mn e Zn teores acima de 0,6;
0,8; 12; 5,0; e 1,2 mg dm·3, respectivamente, considerados elevados nos solos em geral.
A salinização dos solos pode ter origem natural, como naqueles localizados em zonas
áridas e serniáridas, onde a evaporação é superior à precipitação (Barros et al., 2004), ou
ser induzida pelo homem, pelo manejo inadequado no uso de fertilizantes químicos e
orgânicos. Essa última causa é a de maior impacto econômico, pois é verificada em áreas
onde se realizou investimento de capital, como é o caso do ambiente protegido ou estufas
agrícolas.
1
kg h a~ de P; 124 e 314 kg ha-1 de K; 93 kg ha-1 de Ca; 54 kg ha-1 de Mg, 183 g ha-1 de
Cu; 6.,4- kg ha·1 de Mn; e 461 g ha·1 de Zn (Pereira Filho et ai., 2003; Braz e t al., 2004).
O gi_-a~de conteú~o de_K associado à sua elevada produção de matéria seca caracteriza essa
espec1e com o muito eticiente na reciclagem desse nutriente (Burle et ai., 2006).
Em trabalhos recentes, enconh·am-se resultados de pesquisa com efeitos de ad ubação
verde em áreas degradadas sobre a química do solo, demonstrando os efeitos benéficos
dessas plantas. Porém, resultados específicos com enfoque de plantas extratoras de
nutrientes, utili zadas em ambiente protegido, são mais escassos.
Como os produtores obtêm sua renda a partir da comercialização dos produtos
gerados nas estufas agrícolas, é necessário que esse ambiente de cultivo fique mobilizado
com as plantas extratoras de nutrientes o menor tempo possível. As duas espécies citadas
apresentam crescimento inicial rápido, evidenciando desenvolvimento satisfatório em
70 d de cultivo no tocante à cobertura do solo, ao potencial de exh·ação de nutrientes e à
fom1ação de fitomassa .
Purquerio et al. (2011c) verificaram que o potencial produtivo de fitomassa da C. juncea
(56,0 t ha-1) e do milheto (89,9 t ha·1) foi grande num período reduzido de produção (53 d),
com época de semeadura tardia, dentro de ambiente protegido. Na figura 19, ilustram-se
detalhes de parte do manejo experimental para recuperar solo salinizado com as plantas
de m.ilheto e crotalária aos 23 d após a semeadura e, posteriormente, no momento da sua
retirada do interior do ambiente protegido, quando já estavam atingindo a altura do pé
direito da estrutura (1,80 m) de ambiente protegido, tipo arco, utilizada para produção
de hortaliças folhosas, após 53 d da semeadura. Ao término do cultivo da C. juncea e
do m.ilheto, houve redução para todos os nutrientes nas duas profundidades avaliadas
em relação à análise química inicial. Dessa forma, as plantas de coberturn devem entrar
no contexto de rotação de culturas em ambiente protegido com finalidade de também
colaborar para dessalinização dos solos.
Figura 19. Plantas de crotalária (Crofa/ari~ ju_ncea) e milheto (Pe1111'.sel_um glaurn111) aos 23 d após
a semeadura (esquerd a) e quando atingiram a altura do pé du·e1to da estrutu ra (1,80 m) d e
ambiente protegid o, tipo arco, após 53 d da semeadura, sendo retiradas de dentro d essa
estrutu ra (direi ta). São Carlos, SP.
Fotos: Luis Felipe \1 . Purquerio.
Em a mbiente de culti vo protegido ele hortaliça , é comum a incid ncia de ne ma~o ides,
fungos e bactérias fitopatogênicos, que depri me m significati va m nte il produçao das
culturas. Excelente ferramenta para controle de ta is problemas é a ro tilção. de cultur~s. e
utilização de plantas de cobertura no sistema. Es pécies como milheto, crota lána e pectab1l1s,
targetes são comprovadamente efici entes em redu zi r a popu lação de nema toides do _olo,
assim como espécies da famíUa brassicacea são efi cientes no contro le d e fito pa tógeno de
solo. Dessa maneira, seria imprescind ível o manejo do solo com plan tas de cob rtura e
rotação de culturas para sustentabilidade da produção hortícola em a mbiente pro te ido.
jogos d e faca, o qu e permite o culti vo apenas na fa ixa de plantio, ca ra cteri za ndo O prepc1ro
reduzido (Souza e Resende, 2003; Hamerschmidt, 2012).
Somente dessa forma, as diretrizes pma a recuperação e manute nção da ferti lidade
dos solos agrícolas propostas por Khatounian (2001, 2013) se rão alcançad as. A pesa r da
complexidade dos es tudos dos ecossistemas na turais, Khatounian (2013) elencou q uatro
diretrizes: manter uma camada fotossintetizante ati va 100 % do te m po; mante r urna trama
radicular densa e ativa 100 % do tempo; manter uma camada genero a de cobertura
morta sobre o solo; e maximizar a biodivers idade. A cobertu ra do solo pod e ser a lcançada
com a utilização das plantas de cobertura, que atende todas as di retr izes p ro posta po r
Khatounian (2013).
Caso o manejo e a conservação do solo e da água não sejam repensad os pelo
agricultores que usam sistemas orgânicos, situações identi fica das por Kami yama et a i.
(2011), em investigação realizada em 2008 por meio de agricul tores q ue utilizam es ~
sistemas orgânicos dos mwlicípios de [biúna e Socorro, no Estado de São Pa ulo, não serão
contornadas. De acordo Kamiyama et ai. (2011), esses agricultore d os dois municípios
possuem maior grau de percepção de atitudes conservacionjstas do q ue os agricul tore que
usam sistemas convencionrus dos mesmos murucípios. Contudo, não foi encon trado pelos
autores diferenças entre os atributos físicos do solo (densidade e esta bilidade d e agregad o )
nos sistemas orgânicos e convencionrus. A similaridade entre os a tributos físicos do solo
em áreas de agricultores que empregam sistemas orgânicos e convenciona is de Ibiúna e
Socorro foi justificada pelo tipo de preparo do solo para as horta liça , semel han te no dois
sistemas, com base na utilização frequente da enxada rotativa.
Souza et al. (2010) relataram a experiência de duas décadas da Unidade de Referência
em Agroecologia, em Domingos Martins, ES, onde o manejo orgânico é realizado pela
compostagem de biomassa cultural residual, da cobertura morta e adubação verde, do
manejo de ervas espontâneas, com rotação de culturas, entre outras práticas. De acordo
com esses autores, os resultados do sistema indicaram elevações s ignificativas do teor de
matéria orgânica e de nutrientes. O pH do solo foi elevado pelo manejo orgânico. O manejo
orgânico realizado nessa Unidade pernlitiu melhorar e manter os a tributos q u ím ico do
solo ao longo dos anos, com potencial para sustentar excelente níveis de prod u tividade
em hortaliças (Souza e Pereira, 2010).
No manejo do solo para cultivo orgânico de hortaliças, de em-se priorizar prá ti as
que atendam as quatro diretrizes dos ecossistemas naturais citadas ante riormente. As
estratégias para isso deverão ser ajustadas de acordo com as condições locais e entre
técnicos e agricultores.
O manejo e a conservação do solo e da água em sistemas orgânicos d e produção de
hortaliças devem ser revistos, em relação ao preparo convencional. O is tema tecnológico
produtivo introduzido de condições temperadas para tropicaj compromete a fertilidad
e a biodiversidade do solo. Dessa forma, o cultivo núnim.o e o plantio direto d e hortali as
são alternativas sustentáveis para o manejo e a conservação do solo e da água em cul turas
de ciclo curto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Exi 5te~1 inú~eras possibilidades de se manejar o solo de maneira conserv acionis ta,
com redu ao do nnpacto ambiental, desde o controle de erosão até a preservação dos
recursos h ídricos. Enh·etanto, para o sucesso na execução do preparo conservacionista do
olo, é necess~rio bom planejamento da propriedade e o comprometimento do produtor
rural em adenr a e se manejo. A utilização de equipamentos adequados para o preparo
do solo, a semeadura e o h·ansplantio das culturas é também fator muito importante para
o sistema._N~ Brasil, é resh·ita a disponibilidade de equipamentos agrícolas para preparo
con ervac1orns ta do solo direcionado a hortaliças. Enh·etanto, o preparo conservacionista
com qualidade técnica viabiliza a produção hortícola, com redução nos custos de produção
e no impacto ambiental.
Esforços têm sido feitos na busca de alternativas para reduzir o intenso revolvimento do
solo no cultivo de olerícolas. Embora cada uma das culturas apresente suas peculiaridades,
deve-se buscar o preparo mínimo possível de solo para a realidade de cada uma delas, com
o intuito de aprimorar cada sistema de produção. Para que essa meta seja atingida, um
esforço conjunto da pesquisa e extensão deve ser direcionado para o setor.
O uso de práticas conservacionistas resulta em impactos positivos no manejo de
plantas daninhas, adubação e irrigação.
AGRADECIMENTOS
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Conteúdo
INTRODUÇÃO
Be rto ! !, De Ma ria IC, Souza LS, editores. Manejo e conservação do ·o lo e d.i ágttd. iç sa, IG: ciedade
Brasileira de C ie ncia do Solo; 2018.
1164 MOACYR BERNARDINO DIAS-FILHO & MONYCK JEANE DOS SANTOS LOPES
CICLAGEM DE NUTRIENTES
Fósforo
O fósforo é crítico para o desenvolvimento vegetal por estar principalmente envolvido
na transformação de energia e na reprodução das plantas. Na natureza, o fósforo é
encontrado em rochas, minerais e na matéria orgânica do solo. No solo, o fósforo ocorre
na forma de íons inorgânicos ou como parte de compostos orgânicos. Os íons solúveis de
fosfato inorgânico são absorvidos pelas raízes e incorporados à biomassa da planta, ficando
nela retidos indefinidamente, até serem colhidos (e.g., durante o pastejo), ou naturalmente
reciclados (e.g., senescência ou dispersão das sementes).
Em decorrência da capacidade de se ligar quimicamente ao sistema coloidal do solo,
o fósforo pode ter a sua disponibilidade temporariamente reduzida para as plantas. Essa
característica toma a disponibilidade do fósforo altamente limitante em muitos solos
tropicais. Em pastagens, a imobilização do fósforo disponível no solo, motivada pela
adsorção geoquímica pode, em certos tipos de solo, influenciar fortemente a eficiência
da sua ciclagem. Isso ocorre por causa da diminuição da disponibilidade desse elemento
para absorção pelo capim e, corno consequência, para o consumo pelo gado. A adsorção
do fósforo é maior em solos mais ácidos. No Brasil, a adsorção do fósforo no solo é,
especialmente, importante em pastagens formadas no biorna Cerrado (Dias-Filho, 2011).
Dessa forma, dentre os nutrientes para as plantas, o fósforo é, em geral, citado corno
o mais limitante para a produtividade primária de ecossistemas tropicais, em solos com
elevado grau de internperisrno. Por ter baixa mobilidade relativa no solo e alta estabilidade
e, ainda, porque suas entradas em ecossistemas terrestres natura.is são aproximadamente
equivalentes ou até maiores do que as saídas (por exemplo, via escoamento superficial e
erosão), o fósforo existe em quantidades relativamente constantes nesses ecossistemas.
Na maioria dos ecossistemas agrícolas, entretanto, as perdas de fósforo podem ser
relativamente altas, em decorrência da colheita dos produtos vegetais (e.g., forragem,
grãos, frutos) . Além disso, esses ecossistemas antropizados são geralmente mais suscetíveis
a perdas do fósforo do solo por escoamento superficial e erosão. Isso decorre da menor
cobertura vegetal e da menor capacidade de infiltração da água das chuvas nesses solos,
quando comparados a solos em ecossistemas naturais. Assim, em razão da importância
para a produção primária da pastagem e a suscetibilidade do fósforo a perdas, ou
imobilização no solo, a manutenção de teores adequados de fósforo disponível há muito
tem sido descrita como um dos maiores desafios para quem maneja a fertilidade do solo
em pastagens tropicais (Dias-Filho, 1998).
Na pastagem, o pisoteio do gado e o pastejo alteram a taxa de movimentação e de
distribuição do fósforo dentro desse ecossistema e aumentam o seu potencial de perda. A
maioria do fósforo excretado pelo gado bovino está nas fezes. A concentração desse nutriente
é relativamente alta nas placas de fezes, as quais, principalmente em pastagens de baixa
produtividade (i.e., em degradação), tendem a ser depositadas em loca.is com pouca ou
nenhuma vegetação, ficando expostas à ação das intempéries. Nesses loca.is, a lém da maior
degradação da matéria orgânica do solo, o potencial de perda do fósforo pode ser grandemente
aumentado pela lixiviação de formas orgânicas de fósforo, escoamento superficial e erosão
lúdrica, particularmente em locais mais declivosos (Ranúrez-Avila et ai., 2011 ; Nesper et al.,
2015; Sigua, 2015). Isso ocorre porque O trânsito frequente do gado cria trilhas ~ue s. rvem de
canais de escoamento para a água da chuva. Além disso, o superpastejo e o pisoteio po~em
favorecer o aparecimento de áreas de solo descoberto e compactado. Essas áreas desprovidas
de vegetação frequentemente são mais suscetíveis a perdas por escoamento do fósforo e à
erosão superficial de solo e de partículas de fitomassa residual.
A ciclagem interna de fósforo na planta forrageira é alterada pelo pastejo. Isso aconte~e
porque, geralmente, as folhas com as mafores concentrações de nutrientes (folha mai
jovens) são mais consumidas pelo gado. Em consequéncía disso, diminui a eficiência da
remobilização interna do fósforo (e de outros nutrientes) na planta, estimulando a absorção
do fósforo do solo por essas plantas. Se a reciclagem, via dejetos animais, não for eficiente (o
que geralmente ocorre, principalmente sob baixas taxas de lotação) e, ainda, se não houver
entrada de fósforo no sistema, por meio da adubação fosfa tada, o fósfo ro disponível do
solo sofrerá um progressivo esgotamento. Em uma situação oposta, se o capim não for
consumido pelo gado (baixa eficiência de pastejo), a maioria do fósforo que é absorvido
do solo pelo capim ficará retido nos tecidos dessas plantas, tomando-se temporariamente
indisponível. Esse fenômeno poderia ser considerado um tipo de imobil ização biológica,
já que os nutrientes absorvidos pelas raízes ficariam, por certo tempo, imobilizados nos
tecidos da planta e, portanto, indisponíveis para serem absorvidos por outras plantas.
Portanto, o ajuste de carga animal à forragem disponível é uma prática de manejo
importante para a ciclagem de fósforo (e de outros nutrientes) na pastagem. Fenômeno
semelhante ocorre também com as plantas espontâneas na pastagem. Essa imobilização
biológica é intensificada pela capacidade de transferência de nutrientes contidos nas folhas,
por meio do processo de remobilização interna. Nesse processo, antes da senescência e
queda no solo das folhas mais velhas, parte dos nutrientes de maior mobilidade (e.g.,
nitrogênio e fósforo) são transferidos para tecidos mais jovens da planta, o que resulta em
baixa concentração desses nutrientes na serrapilheira e, como consequência, no solo.
Nitrogênio
Nos vegetais, o nitrogênio é parte importante das proteínas, ácidos nuc.léicos,
hormônios e da clorofila. Diversos microrganismos estão envolvidos nas alterações que o
nitrogênio sofre no ambiente. Por meio da fixação biológica, bactérias associadas às raízes
de certas leguminosas e capins são capazes de transformar o nitrogênio do ar em uma
forma assimilável para as plantas. No solo, o nitrogênio contido na matéria orgànica é
disponibilizado para as plantas por meio da mineralização, processo também intermediado
pelos microrganismos.
Nos sistemas de pastagem, as principais vias de entrada natural de nitrogênio são
a fixação biológica, a deposição de formas cominadas de pela água da chu a e pela
deposição de poeira. As entradas não naturais (i.e., antropogênica ) são as adubaçõe
inorgânicas e orgânicas e a suplementação proteica do gado. As principais v ias de
perdas são por processos físicos (lix~viação e erosão), químicos (volatilização), biológicos
(denitrificação) e pela queima da. biomassa. ~egetal. Em pastagens ativas, as perdas de
nitrogênio podem ocorrer por meio da volatilização da amónia (principalmente da urina)
e das emissões gasosas do solo e das plantas, lixiviação, erosão hídrica e eólica, remoção
via produtos animais (carne, leite e lã etc.), e ~or meio de gases, durante e entuais queimas
da pastagem (Steele, 1987; Russelle, 1997; Enksen et al., 2010; Cai e ki ama, 201 ).
Quadro 1. Mudanças em atributos do solo induzidas pela tempera tura, durante a q ueima
Deve-se observar que a magnitude das mudanças produzidas pelo fogo no solo
(Quadro 1) serão consequência não somente da temperatura per se, mas também da
duração desse aquecimento, da d isponibilidade de oxigênio e de ah·ibutos do solo, como
teor de matéri a orgânica e um.idade, composição mineral e propriedades térmicas (Santín
e Doerr, 2016). Assim, sob 1nenores inten sidades (temperaturas) predominam mudanças
biológicas no solo, evoluindo para mudanças químicas, sob intensidades moderadas, e
físicas, com o aumento da intensidade do fogo (McKenzie et al., 2004).
A intensidade e a duração do fogo são determinadas pelo tipo de biomassa, sua
inflamabilidade e quantidade. Por exemplo, o fogo em uma pastagem limpa, bem formada,
com poucas plantas espontâneas lenhosas, pode ser rápido e de baixa intensidade; enquanto
que o fogo em pastagens mais "sujas", com muita biomassa lenhosa, ou com necromassa
enleirada na pastagem, normalmente é duradouro e de alta intensidade. No entanto,
conforme re\ isado por Santín e Doerr (2016), a temperatura do solo durante a queima
normalmente n ão excede a 100°C, até a evaporação da água do solo. Ademais, como os
solos, em geral, são considerados mau condutores de calor, mesmo uma combustão intensa
normalmente induziria apenas à uma penetração limitada de calor na superfície desse
solo (primeiros milímetros ou centímetros) (Certini, 2005), causando, portanto, alterações
diretas bastante heterogêneas em termos espaciais nesse solo (Santú1 e Doerr, 2016).
e erosão. Em áreas que sofreram preparo mecânico, 0 solo fica aindc1 m ais v ulner ável à
erosão. Por essas razões, o manejo recomendado na fase de formação da pas tagem deve
visar a imediata e eficiente cobertura do solo pelas plantas forrageiras. O objetivo principal
é garantir a conservélção do solo e O uso eficiente dos nuh·ientes e, como consequência,
evitar a degradação prem a tura d a pas tagem e d o próprio solo.
As principais cau sas de insucesso na formação da pastageJT1 e, portanto, de exposição
do solo à m aior perda de nub·ientes, são o preparo inadequado da área, o u so de sementes
de baixa qualidade (baixo valor cultural), a semeadura em taxa, época ou profundidade
inadequada e a época não apropriada do primeiro pastejo. Outra causa da m á formação
da pastagem é o uso de espécies forragei.ras não adaptadas às condições de ambiente e de
manejo.
A respeito do preparo do solo, é essencial que, para minimizar os efeitos danosos
do preparo convencional do solo, a mobilização desse solo deve ser feita sempre
em intensidade que vise a sua conservação. No caso da semeadura direta, em áreas
previamente usadas para o cultivo de lavoura, o risco de perda de solo (e nuh·ientes) seria
menor, porém igualmente real. Portanto, o preparo correto do solo, o uso de sementes
certificadas, o cálculo acertado da taxa de semeadura e o plantio na profundidade correta
são medidas muito importantes para alcançar uma rápida e eficiente cobertura do solo
e minimizar a sua perda. Além disso, como as pastagens deverão ser formadas (ou
renovadas) preferencialmente em áreas previamente usadas para pecuária ou agricultura
e que, no momento da formação, se encontram abandonadas ou subutilizadas, a adubação
(e correção) será essencial para o rápido estabelecimento dessa pastagem. Assim, além de
se adequar aos resultados da análise de solo, essa adubação deverá também ser apropriada
ao tipo de capim que será plantado (Quadro 2). Portanto, quanto maior for a exigência
do capim, maior será a necessidade de melhorar a fertilidade do solo para a formação da
pastagem.
,
MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA AGUA
XXXVI - MANEJO DO SOLO EM PASTAGENS 1175
Figura 2. Aspecto de uma pastagem de Brachiaria briza,1tha cv. Marandu com forte ero ão pro
pelo escoamento superficial da água da chuva.
Foto: Moacyr Bernardino Dias-Filho.
Semeadura direta
emead ura direta a inda é uma prática conservacionista relati vamente pouco u sad a
em _past_agens no Bra il. Segundo Vilela et ai. (2006), uma condição importa nte para a
reahzaçao da sem eadura direta em pastagens é que O terreno seja apropriado para plantio,
isto é, deve permitir o tráfego de máq uinas e implementas. Para isso o ideal é que não
contenha troncos, tocas, e pedras, e não contenha áreas n:mito erod idas ou com a existência
e 'Ce siva de trilha oriundas do deslocamento do gado.
De acordo com Andrade e t al. (2016), praticamente não existe diferença no cu s to da
reforma de pastagens, quando se compara a semeadura direta e o método con vencional
mecanizado de preparo do solo. A razão para isso é que a diminuição de gasto em operações
mecanizadas, proporcionada pela semeadura direta, é contrabalançada pela necessidade
de maiores gastos na compra de insmT1os para viabilizar essa prática.
Com o aumento do uso da integração lavoura-pecuária, é esperado que também deva
aumentar o u so da semeadura direta para a formação de pastagens no Brasil.
impacta diretamente a coberturn vegetal e a densidade do a lo, sendo, portanto, ~ap~z l~e
alterar atributos físicos e químicos desse solo, al ' m de poder cc1 usar p rdas cons1d rave1s
de solo por erosão.
O manejo do pastejo nada mais é do que a forma co m que se permite ao animc1is
terem acesso ao pasto, isto é, o controle da q uantidade de a nimais e do tempo em que píls!o
é pastejado. Um problema frequente de mau manejo do pastejo o uso de taxa Je lo taçao
(número de animais por área) ou períodos d e desca nso (tempo e m que o pasto permanece
sem pastejo) que não levam em conta o ritmo de crescimento do pa to. im, quand o o
uso da pastagem pelo animal ultrapassa a capacidade dessa pastagem em se recuperar do
pas tejo (consumo de forragem maior do que a oferta), o resu ltado é a fo rte dimjnuição da
cobertura vegetal e a consequente maior ex posição da superfície desse solo. 1 esse solo
descoberto aumenta a possibiUdade de co mpactação (a ume nto da densidade do solo e
redução da porosidade), de escoamento superficial, de erosão hídrica e de perda de matéric1
orgânica. Assim, as taxas de lotação, bem como os períodos de descanso da pastagem,
devem sofrer ajustes periódicos, não podendo, portanto, serem fixos. O que vai de erminar
as taxas de lotação e os períodos de descanso da pastagem será o ritmo de crescimento da
plantas. Deve-se observar que cada tipo de capim tem características próprias quanto à
tolerância ao pastejo, isto é, à desfolhação e ao pisoteio. Essas caracterí ticas são também
fortemente influenciadas pelas condições do ambiente como fe rtilidade e umidade do olo,
temperatura do ar e luz.
Uma forma eficaz de avaliar a capacidade de crescimento da pastagem é ob ervar
a sua altura. Recomendações de altura para entrada (pré-pastejo) e saída (pós-pastejo)
para diversos capins, quando manejados em sistema de pas tejo rotati vo, assim como para
capins em sistema de pastejo contínuo, com taxa de lotação variável, têm ido divulgados
em diversos estudos, conforme são mostrados nos quadros 3 e 4 .
Mesmo quando bem manejadas, para que as gramíneas assegurem uma cobertura
eficiente ao solo, os cuidados conservacionistas em pastagens não devem ser menosprezados
(Bertol et al., 2006). Assim, em pastagens formadas em solos mais v ulneráveis à compactação
(e.g., mais argilosos), o controle da pressão de pastejo (número de animais por área) e
da permanência dos animais (tempo de pastejo) deve ser uma precaução constante do
pecuarista, particularmente quando houver aumento considerável na umidade desses
solos (épocas mais chuvosas ou durante a irrigação da pastagem). razão para i -o é que,
como o aumento da compactação do solo decorrente do pisoteio animal, tam bém a umenta
a possibilidade de escoamento superficial e, como consequência, de erosão hídrica.
Quadro 3. Alturas médias do capim indicadas para entrada (pré-pastejo) e saída dos animais (pós-
pastejo) para duas condições de fertilidade do solo em sistema de pastejo rotativo
Saída
Capim Entrada
maior fertilidade menor fertilidade
---------- ---------------------------- cm --------------------------------------
Gênero Bracl1iaria
Marandu 35 15 20
Xaraés 30 15 20
Piatã 35 15 20
Mulato 30 15 20
Humidicola 20 5 10
Gênero Panicum
Aru ana 30 10 15
Massai 55 20 30
Mom baça 90 30 50
Tanzânia 70 30 50
Quénia 70 25 35
Género Cynodon
Estrela 35 15 25
Tifton-85 25 10 15
Género A11dropogon
A. gaya11us 50 25 35
Fonte: Adaptado de Dias-Filho (2011).
........
XXXVI - MANEJO DO SOLO EM PASTAGENS
1179
Quadro 4. Altura média de pastejo indicada para capins em istema de pas tejo contínuo com taxa d!:!
lotação va riável
Capim Altura de pastejo
cm
Marandu 20
Paiaguás 30
Xaraés e Piatã 25
Estrela 25
Tifton-85 15
Fonte: Dins-Fil ho (2011 ).
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1184 LUIZ CARLOS BALBINO ET AL.
INTRODUÇÃO
praga, doenças e plantas daninhas; valorização dos sis temas tradicionais de manej_o dos
recursos; redução da pressão antrópica na ocupação e no uso de ecossistemas e a m biente
frágeis; e adequação às novas exigências do mercado (Balbino et a i., 2011a).
A sustentabilidade do setor agropecuário deve estar diretamente relacionada co~
a evolução dos sistemas de produção, tal qual a Semead ura Direta (SD) e a Integraçao
Lavoura-Pecuária (ILP).
A 5D, em razão das suas prerrogativas básicas, é importan te para as regiões tropicais
graças aos seus efeitos na conservação e melhoria da qualidade do solo. Entreta nto,
nessas regiões e principalmente no Cerrado brasileiro, para assegurar uma produção
agrícola sustentável, é preciso recorrer a novos sistemas de culturas que preconizem o
não revolvimento do solo e o cultivo de plantas de cobertura, antes e depois da cultura
comercial, para produzir mais biomassa e proteger permanentemente o solo (Scopel et ai.,
2005).
Já a TLP proporciona benefícios recíprocos à lavoura e pecuária, reduzindo as causas
de degradação física, química e biológica do solo, resultantes de cada uma das explorações
(Kluthcouski e Stone, 2003). Mais recentemente, a introdução do componente florestal em
sistemas de integração agropecuária gerou o conceito mais amplo de lntegração Lavoura-
Pecuária-Floresta (ILPF), com inúmeras possibilidades de combinação espaço-temporal
entre os componentes agrícola, pecuário e florestal, resultando em diferentes sistemas
(silvipastoril, silviagrícola, agropastoril e agrossilvipastoril).
Na visão de Conway (1987), um agroecossistema sustentável compreende a busca de
produtividade, que indica a obtenção da maior quantidade de produtos ou energia ou valor
da produção por unidade de insumos/recursos aplicados à produção; estabilidade, que se
refere à constância da produtividade frente às flutuações normais do clima; sustentabilidade,
que está associada à habilidade do sistema para manter a produtividade quando sujeito
às forças normais de flutuação do ambiente; resiliência, que diz respeito à capacidade do
sistema em reagir, em menor tempo, a determinado distúrbio (velocidade da retomada de
crescimento das pastagens após estresse climático); e invulnerabilidade, ou seja, quando a
diversidade de produtos reduz o grau com que o sistema é vulnerável ao distúrbio.
Por sua vez, a associação do componente arbóreo às pastagens e lavouras adquire
importância, que tende a ser maior quando utilizada em regiões agropastoris com grande
fragmentação e insulamento de remanescentes florestais naturais ou com pastagens
degradadas (Porfirio da Silva, 2006; Franchini et ai., 2011a). Também lacedo (2000)
alegou que a integração de árvores em meio a lavouras e, ou, pastagens se constitui em
alternativa à produção intensiva de lavouras e pastagens em monoculturas, além de er
uma opção agroecológica, que inclui em seus conceitos referenciais os principais elementos
da sustentabilidade, ou seja, o econômico, social e ambiental.
Portanto, as diferentes modalidades de sistemas integrados podem contribuir
significativamente para o estabelecime~to de urna agricultura dentro dos preceitos da
sustentabilidade, pois contorna e comge os desequilíbrios impostos pelos sistemas
simplificados de produção, cujo manejo de solos e culturas é preconizado em detrimento
do conservacionismo.
Este capítulo objetiva apresentar alguns conceitos, modalidades e exemplos de manejo
de solos em sistemas i~tegrados e de q~e forma essa estratégia de produção contribui para
a consolidação da Agncultura Sustentavel.
Semeadura direta
A estimativa de adoção da SD, na safra 2011/2012, era de 31,8 Mha em todo o território
brasileiro, conforme levantamento divulgado pela FEBRAPDP e CONAB (Febrapdp,
2013). A crescente adoção da SD, no Brasil, se deve às inúmeras vantagens que essa técnica
proporciona, como conservação do solo e da água; economia de combustíveis; economia
de tempo e de mão de obra; maior possibilidade de semeadura na época certa; menores
riscos na seca, em razão da retenção de umidade no solo; melhor resposta da cultura às
chuvas após um período de seca; obtenção de estande mais uniforme (melhor germinação
e emergência); melhor efeito de fertilizantes e defensivos; menor oscilação de temperatura
do solo; aumento do teor de matéria orgânica do solo (MOS); elevação na fertilidade
do solo e reciclagem de nutrientes; intensificação da estabilidade dos agregados; menor
compactação do solo; maior infiltração da água e reposição da água subterrânea; aumento
da atividade biológica do solo; redução dos custos produção; recuperação de pastagens
degradadas e aproveitamento de áreas margmais; possibilidade de realização da segunda
safra, principalmente na região do Cerrado; probabilidade de realizar integração lavoura-
pecuária; possibilidade de uso em pequenas propriedades; auxílio na redução da emissão
CO e outros gases de efeito estufa; e aumento da produtividade (Phillips e Young, 1973;
Pri~avesi, 1979; Dijkstra, 1984; Gassen e Gassen, 1996; Hernani e Salton, 1998; Triplett e
Dick, 2008; Santos et al., 2011; Franchini et aJ., 2012).
Segundo Landers (1997), a evolução da SD no Cerrado é incrível, apesar do mito de
que essa técnica não teria sucesso em clima tropical, por causa da rápida decomposição da
cobertura morta. Assim, a produção de palha em condições de sequeiro apresenta grande
desafio para a sustentabilidade da técnica. Contudo, o autor afirmou a exis tência de várias
opções para produção de cobertura morta no Cerrado, como utilização do milho na rotação
de culturas, cultura da "safrinha" (ou segunda safra); cobertura verde permanente ("lona
viva"); e rotação de culturas com pastagem por meio da ILP.
. . Há muitos anos, as áreas de produção de arroz de terras baixas no sul d o Brasil são
utilizada em rotação com pastagens. No Bi ama Cerrado, as primeiras pesq uisas para
compreender os sistemas de consórcio enh·e culturas anuais e forrageiras tiveram início
no final da_ década de 1970. As instituições ligadas ao Sistema Nacional de Pesquisa
Agropecuária (SNPA) pesquisam e recomendam sistemas agrossilvipastoris há muitos
anos. as décadas de 1980 e 1990, essas desenvolveram e aperfeiçoaram tecnologias para
recuperar pastagens degradadas (Kluthcouski et ai., 1991; Macedo, 1993) e pesquisas
sobre sistemas silvipastoris (Baggio e Schreiner, 1988; Baggio e Carpanezzi, 1989; Montoya
Vilcahuarnan e Baggio, 1992; Sclu·einer, 1994; Montoya Vilcahuaman et ai., 1994; Baggio
e Porfírio-da-Silva, 1998), bem como sistemas de integração lavoura-pecuária (Lustosa,
1998; Moraes et ai., 2002). Em 1986, iniciaram-se alguns trabalhos de pesquisa com sistemas
de ILP na região central do país pela Embrapa Cerrados, em Planaltina, DF, culminando
na implantação, em 1990, de um experimento de longa duração, com objetivo de estudar
diferentes sistemas de TLP. Em 1991, foi lançado, pela Embrapa Arroz e Feijão, o "Sistema
Barreirão", que é composto por um conjunto de tecnologias e práticas de recuperação de
áreas de pastagens em degradação, embasadas no consórcio arroz-pastagem (Kluthcouski
et al., 1991).
Segundo Los (1993), a ILP em SD é viável tanto para a pecuária de corte como a de lei te
e, para tal, pode-se lançar mão de diversas possibilidades, cujo limite fica na adequação da
região, no clima, no solo e no produtor. A seguir algumas possibilidades:
i) Pecuária sazonal: aproveitamento da pastagem para o ciclo em questão; quando
existem problemas de compactação pelo pisoteio, distribuição desuniforme de cobertura
remanescente, locais de concentração de rastros e distribuição desuniforme de esterco, o
manejo de gado deve ser seguido com a retirada dos animais em dias de chuva, permanência
restrita na área e retirada total com tempo hábil para que a forragem se recupere e produza
boa cobertura morta para a SD.
ii) Pecuária contínua, seja para produção de carne ou leite: essa modalidade é viável
para explorações tecnificadas e de maior retorno econômico. Para evitar a sazonalidade
devem-se armazenar alimentos na forma de silagem ou feno, utilizando gramíneas de
inverno; e pode ser conduzido pastejo com complementação no cocho ou totalmente
confinado, usando, por exemplo, silagem de milho.
iü) Pecuária intercalada com agricultura: inversão do uso das glebas com agricultura
e pecuária com várias vantagens, o que propicia recuperar a estrutura física, a fertilidade e
o teor de matéria orgânica do solo em determinadas fases do sistema.
Los (1997) ressaltou que o objetivo principal da ILP é melhorar o aproveitamento dos
bens de produção, da mão de obra, das máquinas, das benfeitorias e do solo, assim como do
produto oriundo da exploração. Para melhor entendimento, o autor enumerou diferentes
formas de integrar esses sistemas, visando a utiJização de bovinos ou bubalinos para
produção de carne e leite: (i) introdução de forrageiras num sistema agrícola implementado
com culturas anuais; (ii) introdução de cultivas agrícolas em áreas sob exploração pecuária;
(ijj) introdução de exploração pecuária em áreas agrícolas; (iv) abertura de áreas com
implantação de pastagens para posterior introdução de agricultura; (v) recuperação de
solos agrícolas com introdução de pastagens; e (vi) implementação de culturas agrícolas
para renovação de áreas ocupadas com pastagens.
0 final dos anos 1990, surgiram propostas que envolviam o uso de sistemas de ILP
com rotação Javoura-pastagem para produção de grãos e produção de forragem para a
entressafra e acúmulo de paJhada para a SD. Em 2001, consolidou-se o "Sistema Santa Fé",
Um dos aspectos mais inovadores é a aplicação dos conceitos de ILP em SD. Embo ra
haja questionamentos a respeito dos efeitos da entrada de animais em áreas de SD (Moraes
et al., 2002; Marchão et ai., 2007; Santos et ai., 2011; Debiasi e Franchini, 2012), observ ou-se
forte crescimento na adoção da tecnologia de ILP em SD, com particularidades em cada
região. Os sistemas silvipastoris também foram es tudad os e difundidos na mesma é poca
(Baggio e Schreiner, 1988; Baggio e Carpanezzi, 1989; Montoy a Vilcahuaman e Baggio,
1992; Montoya Vilcahuarnan et ai., 1994).
A inclusão do componente arbóreo aos subsistemas lavouras e pastagens representa
wn avanço da JLP, evoluindo para o conceito de ILPF, quando se adota s ua modalidade
agrossilvipastoril (Figura 2). O componente agrícola pode restringir-se à fase inicial de
implantação do componente florestal ou fazer parte do sistema por vários anos, sendo o
componente pecuário o que permanece com o crescimento das árvores no estádio final da
integração.
A dinâmica de nutrientes na solução do solo pode ser bastante infl uendada pelo
manejo do solo e das culturas. Apesar da disponibilidade de íons na solução ser a melhor
forma de estimar a disponibilidade de nutrientes no solo, no Brasil são mais comu ns es tudos
sobre a disponibilidade de nutrientes no complexo de troca. Os íons solú veis, provenientes
de corretivos e fertilizantes ou oriundos da decomposição da matéria orgânica, estão
potencialmente disponíveis às plantas. Em períodos de alta intensidade de chuva, pode
haver uma drenagem do excesso de água, favorecendo a movimentação descenden te
dos íons. Espera-se que, em sistema de integração lavoura-pecuária, haja diminuição das
perdas dos nutrientes por lixiviação devido à melhor ciclagem dos nutrientes.
Com o objetivo de contribuir com informações sobre a disponibilidade de íons na
solução do solo, foi desenvolvido um estudo por Oliveira (2007), visando avaliar riscos
potenciais de perdas de nutrientes por lixiviação nos vários sis temas d e manejo em área
experimental submetida durante 14 anos aos sistemas de ILP (Integração Lavoura-Pecuária,
Pastagern-Lavoura=PL e Lavoura-Pastagem=LP) e, complementarmente, o movimento de
íons foi avaliado em solo sob lavoura contínua, com preparo convencionaJ (PC) e SD.
Considerando sua importância para a nutrição das plantas, o es tudo de Oliveira et al.
(2011) abrangeu os seguintes íons: CJ·, SO/ -, N03·, H 2PO~·, K♦, Mg2· e Ca 2+. De forma geral,
independentemente das profundidades e dos sistemas de manejo, a concentração de íons
nas soluções em ordem decrescente de grandeza foi: NO3• > Cl· >SO~ 2·>1-l • -'-2
PO,t· e Ca 2• > K ·
2
> Mg ♦, seguindo a ordem de afinidade de íons com as cargas do solo. As concentrações
dos ânions e cátions na solução do solo apresentam padrão sirniJar; o íon NO · evid encia
as maiores concentrações. Em relação aos sistemas avaJiados, as concentraçõe; d e fons na
solução do solo, independentemente da profundidade analisada, decrescem na seguinte
ordem: as de lavoura contínua sob PC; lavoura contínua sob SD e ILP; e pastagem
contínua. As concentrações dos íons na solução do solo, à profundidade de 1,5 m, sob
pastagem contínua e ILP, são as mais baixas, o que indica menores riscos de l.ixiviação
em comparação às de áreas de lavoura contínua, principalmente aquelas com preparo do
solo convencional; nesses sistemas, o íon NO3• demonstra maior potencial d e perdas por
lixiviação (Figura 3).
10.000 (a)
1.000 (b)
8 .000
800
..J
õ 6.000
600
...
!Ô 4.000
... ... ...
z 400
2.000
ns 200
ns
30 60
ru;
90 120 Dia.s
o I:::::::====:::==;:::::::::::_
O 30 60 90 120 Dias
1.500
... 200 (d)•
r-
..J
l 1.000
soo
600
...
(e)
200 (f)
soo
..J
õ
400
150 •
... ...
! 300 100
•..,
~ 200
50
100
0+------~--~---
30 60 90 120Dias 0 30 60 90 120 Dias
1.500 .w
~
l
~ 600
300 ,...._~---=:;,..
30 60 90 120 Diu
611/2005 27/4/2005 611/2005 27/4/2005
Dala Dai.a
1----L-PC --o-L-SD -.-p -----LP-SD -o-PL-SDI
Figura 3. Concentrações de nitrato (a, b) e dos cátions potássio (e, d), magnésio (e, f) e cálcio (g, h) na
solução do solo, sob diferentes sistemas de cultivo, nas profundidades d e 20 (a, c, e, g)
e 150 cm (b, d, f, h), no ano agrícola 2004/2005. L-PC - Lavoura contínu a sob preparo
convencional. L-SD - Lavoura contínua sob semeadura direta. P - Pastagem contú1ua
de Brnchiaria decu111be11s. LP-SD - Lavoura após quatro anos de pastagem. PL-SD -
Pastagem após quatro anos de lavoura. ns Não significativo. *, **e *** Significativo a
p<0,05, p<0,01 e p<0,001, respectivamente, para cada data de coleta das soluções do
solo.
Fonte: Oliveira et ai. (2011 ).
De maneira geral, Oliveira (2007) observou que a inclusão da pas ta gem ~a rotação
com lavoura de forma alternada tem potencial para reduzir a perda d_e n~tnentes er:n
relação aos cultivas contínuos com lavoura. A pastagem permanente foi o s is tema mai
eficiente na redução das perdas por lixiviação, seguidos pelos sistem as de ILP alternado e
lavoura contínua (Figura 4).
500 60
(a) (b)
450
400
]'
bÕ
350 c40
I 300 ~
.g
i 250 (li
"O
o
] 200
150
·e. 20
-~
100 ]
50
o o
200 40
(e) (d)
a L-SPC
]'
□ L-SD
150 bà30
e
I ~
o
■P
■ LP-ILP
! 100 ~ 20
..
"O
,o ■ PL-ILP
] 50
V
-]~ 10
o o
NO;
Figura 4. Drenagem estimada (mm) pelo modelo SARRA para os anos agrícolas 2004/ 2005 (a) e
2005/ 2006 (c) e quantidade (kg ha-1) dos íon.s (b e d) nitrato, potássio, magnésio e cálcio lixiviados
no solo sob diferentes sistemas de cultivo. L-PC - Lavoura contínua sob preparo convencional_
L-SD - Lavoura contínua sob semeadura direta. P - Pastagem contínua de Brachiaría decu mbens.
LP-ILP - Lavoura após quatro anos de pastagem. PL-ILP - Pastagem após quatro anos de
lavoura.
Fonte: Oliveira (2007).
Quadro 1. Valores médios de P no solo extraídos por res ina (P-resina) e Mehlic h-1 (P-Mehlic.h) 100
dias após a e me rgência (DAE) da cultura da soja, de acordo com a ad u bação na Pª s t ª gem dentro
das faixas de adubação na soja
o 19,44 a 5,50 a
20 16,46 a 7,10 a
40 28,26 a 8,63 a
100 kg ha·1P20 5
o 24,96 a 8,28 b
20 45,66 a 40,00 a
40 38,91 a 13,87 b
n1 Mé dias seguidas de letras iguais, dentro de cada nível de adubação n.i soja nas colunas, não d ife rem entre i pelo te5t~ de
Student-Newman-Keuls (SNK) (p<0,05).
Fonte: Eberhardt et ai. (2017).
Quadro 2. Valores médios do teor de fósforo na p lan ta (P-planta), de matéria seca (MS), rendimento
de grãos (RG) e fósforo acumu lado na parte aérea (P-acumulado) aos 100 dias após em ergência
(DAE) da cultura da soja, de acordo com a adu bação na pastagem e adubação na soja
Adubação
P-planta Matéria seca Rendimento de grãos P-acumulado
na pastagem
kg ha·1 Pp5 g kg-1 kg h a·1 kgha·1 kg ha· 1
Adubação na soja
O kg ha·1 P2O 5
o 1,45 c 1636,10 c 1524,93 e 2,37 c
20 1,88 b 2672,20 b 2856,84 b 5,05 b
40 3,06 a 3586,10 a 3647,43 a 10,96 a
1
50 kg ha- P 2O5
o 1,72c 3222,20 b 232-1,71 b 5,62 b
20 2,45 b 3575,00 b 3496,68 a ,75 b
40 3,02a -!781,50 a 3905,34 a H ,SOa
100 kg ha· Pp5 1
24
20
16
12
8 E
A li e D
• Módulol
2009 2010
Sj 5j Sj Ar p 5j 5j Ar p
Gs+Br ML+Br Mi+Br Sg+Bbm p Gs+Br ML+Br Mi~Br Sg+Bb p
Ar 5j 5j p p Ar 5j 5j p p
Mi+Bb ML+Br Mi+Br p p Mi+Bb ML+Br Mi+Br p p
p Sj Ar p Sj
p ML+Bbp Ml+Br p Ml+Br
Figura 5. Mapas dos teores de P no solo nas coletas de 2009 e 2010. O asterisco indica diferença
significativa entre anos no teor de P pelo teste t de Student. Os módulos A, B e C representam
sistemas de ILP na fase de lavoura (cultivo de soja, milho, girassol, arroz e orgo), enquanto
os módulos D e E evidenciam sistemas ILP na fase pecuária (cultivo de Brachiaria bri:antha ~ -
BRS Piatã). Sj: soja; Ar: arroz; Mi: milheto; ML: milho; Gs: girassol; Bb m: Urochloa brizantlt cv.
Marandu; Bb p: Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã; Br: Brachiaria niziziensis; g: sorgo forrageiro;
P: pastagem permanente de Bracliiaria brizanlha cv. Marandu + Brachiaria brizantha c . BRS Pia tã.
Fonte: Adaptado de Franchini et ai. (2011b).
As principais estratégias para reduzir a emissão dos gases de efeito e tufa (GEE)
consistem na redução da queima de combustíveis fósseis, na diminuição do desmatamento
e das queimadas, no manejo adequado do solo e, por fim, nas estratégias de m~ imização
do sequestro de C no solo. No contexto das duas últimas estratégias, o manejo do solo, com
uso de práticas conservacionistas, é indiscutível para sua otimização (Carvalho et aJ., 200 ).
Segundo Carvalho et al. (2010a), a lLP vem apresentando considerável poten ial de
acúmulo de C no solo. Esses autores apresentaram resultados de trabalhos na região do
Cerrado com incremento nos estoques de C do solo em sistemas de fLP sob o, quand
comparados aos de áreas sob SD sem a presença de forrageira na rotação ou suces ã je
cultivos. o potencial de sequestro de C da SD no Brasil já ha ia sido compr ado, por
exemplo, pelos trabalhos de Bayer et al. (2006), Franchini et al. (2007) e Babujia et al. ('.!010).
A ele\'. ação do teores de matéria orgânica do solo e a melhoria da qualidade fís ica do
solo com a mtrodução d as pastagens em áreas agrícolas com níveis adequados de fertilidade
demonstram que a ILP tem potencial para reduzir o impacto ambiental das atividades
produtivas, diminuindo as emissões de GEE, dando maior estabilidade à produção das
culturas anuais e melhorando o aproveitamento da água e nutrientes (Franchini e t al.,
2010a).
Salton (2005), avaliando as taxas de acúmulo de C em diferentes sistemas de uso e
manejo do solo no Cerrado, observou que os maiores estoques de C estão relacionados
com a presença de forrageiras, resultando na seguinte ordem decrescente de estoques de
C no solo: pastagem pern1anente > ILP sob SO > lavoura em SO > lavoura em cultivo
convencional. Esse autor notou que as taxas de acúmulo de C no solo, nas á.i-eas de ILP sob
50 em relação a lavouras em SO, foram de 0,60 t ha-1 ano-1 e 0,43 t ha-1 ano-1, respectivamente
para estudos na região de Dourados e Maracaju. Resultados de Carvalho et al. (2009), na
Região do Cerrado, indicaram que a taxa de acúmulo de C na conversão da 50 para ILP
sob 50 pode ser muito maior, variando de 0,8 t ha-1 ano-1 a 2,8 t ha-1 ano-1 .
Leiteetal. (2008) utilizaram o simulador computacional CQE5TR para estimar estoques
de carbono de compostos orgânicos do solo (COS) em experimento de longa duração com
50 e ILP e observaram variação de 34 t ha-1 no solo sob SO, com rotação soja-milho e plantio
convencional com arroz a 36 t ha-1 no solo sob ILP, com rotação a cada quatro e dois anos,
o que significou redução de 26 e 22 %, respectivamente, em relação ao estoque original
sob floresta nativa. Posteriormente, os sistemas com ILP em 50 passaram a aumentar os
estoques de COS e alcançaram valores entre 49 t ha-1 e 57 t ha-1. Esses resultados realçam
a importância da ILP associada à 50 em meU1orar a qualidade do solo e contribuir para o
sequestro de carbono. Adicionalmente, observou-se que a ILP, com rotação a cada quatro e
dois anos, sequestrou 0,4 t ha-1 ano-1 e O, 34 t ha-1 ano-1, respectivamente. Os demais sistemas,
onde não há a presença da ILP, emitiram carbono para atmosfera (0,09 t ha-1 ano-1 e 0,30 t
ha-1 ano-1).
De acordo com os resultados de trabalho realizado na região de transição entre
Cerrados e floresta tropical amazônica por Franchini et ai. (2010b), a utilização de sistemas
de ILP que contemplem o emprego de pastagens perenes em áreas agrícolas, associadas à
50, tem potencial para mitigar o impacto ambiental das atividades agropecuárias por meio
do sequestro de até 29,8 t ha-1 de CO2 , nos dois primeiros anos de adoção dos sistemas. A
maior parte do CO2 sequestrado é proveniente do C acumulado nas raízes das forrageiras
tropicais, que podem produzir em torno de 10 t ha-1 de matéria seca.
Dado o reconhecido papel das árvores, sequestrar C e mitigar a emissão de GEE,
os sistemas de ILPF que contemplam o componente arbóreo apresenta m importante
contribuição para o balanço de emissões de GEE. Nair et ai. (2011) relatara m um sistema
de ILPF na região do Cerrado constituído por eucalipto em combinação com as culturas
do arroz e soja nos primeiros dois anos, seguidos de pastagens de braq uiá ria pastejada
com gado de corte, a partir do terceiro ano do estabelecimento da plantação. Esses estudos
indicaram que os sistemas agrossilvipastoris armazenam maior quantidade de C em
relação ao monocultivo florestal ou forrageiro, tanto na superfície como em s ubsuperfície.
Maia et ai. (2006) recomendaram o sistema silvípastoril para a manutenção da
q ualidade do solo e produção de alimen_tos na regi~o do semiárido cearense. Oliveira et
al. (2008), objetivando estimar a produçao de madeJra, o estoque de C e a rentabilidade
económica, incluindo a venda d e créditos de C de sistemas sil vipastoris com Eucalyptu s
g rnndís e Pínus elliotlii em consórcio com pastagens, d mons tra ra m qu a v_e n~a de crédito
d e C torn a o com ponente florestal ainda mais atra ti vo, em decorr ~ncia, principalmente, da
receita auferida desde o início do projeto.
De acordo com MUiier et ai. (2009), com a criação do Mecanis mo de De e nv~l~imen to
Limpo (MDL)(ll, foi gerado amplo debate sobre o potencial da silvicu ltura e agros il vic ultura
como atividades elegíveis para sequestro de C. Esses a utores estudaram o e toque de Cem
um sistema silvipastoril misto com E. grandis e Acncia mangi11m e observar~m u_m t~taJ de
24,8 t ha-1 de matéria seca e 11,17 t ha-1 de C para o eucalipto; para a acácia, foi es~mado
total de 6,94 t ha-1 de matéria seca e 3,12 t ha-1 de C, totalizando 31 ,74 t ha-1 de matéria eca
e 14,29 t ha-1 de C. Para o componente pastagem (Brachíaria dernmbens), foi dete~minado
acúmulo de 1,28 t ha-1 de matéria seca e 0,58 t ha-1 de C somente b iomassa res idual de
pas tejo.
Tsukamoto Filho (2003) observou que a quantidade de C fixado pelo e ucalipto no
sistema agrossilvipastoril variou de 3,80 t ha-1 de C a 80,67 t ha· 1 de C (do l º ao 11º ano),
devendo ser ressaltado que, na idade de rotação técnica de volume de madeira, em tomo
de cinco anos, o total fixado foi de 52,82 t ha-1 de C; e, na idade de rotação económica,
época de venda de madeira, de 59,25 t ha·1 de C. Em termos de C02, os números fo ram
de 193,33 t ha-1 sequestrados na rotação técnica; e 216,84 t ha-1, na rotação econômica.
Portanto, o sistema ILPF foi considerado o mais indicado para projetos de fixação de C
pois, na idade de cinco anos, o eucalipto nesse sistema fixou maior quantidade de C que
nos espaçamentos tradicionais. Esse sistema fixou mais C que o eucalipto em mo nocuJtivo
plantado nos espaçamentos 3 x 2 me 3 x 3 m, os monocultivos de arroz e soja e a pas tagem,
sendo ótima opção para projetos de MDL no Brasil.
A atividade pecuária conduzida em sis temas de lLPF pode ter saldo de emissões de
GEE nulo ou até negativo. Os impactos na melhoria no manejo alimentar de s is temas de
produção de gado de corte, na fase de cria em regime de pastagens, foram estudados por
Barioni et al. (2007), os quais realizaram simulações, considerando crescimento linear por
duas décadas dos coeficientes técnicos da pecuária brasileira, em resposta à ele ação da
taxa de nascimento de 55 % para 68 %; redução na idade de abate de 36 me e para 2
meses; e redução na taxa de mortalidade de 7 % para 4, 5 %. 1 esse no o cenário, seria
possível manter praticamente estáveis as emissões de CH4 ao mesmo tempo em que c1
produção de carne seria aumentada em mais de 25 %.
A crescente restrição à exploração madeireira de flores tas naturais propicia redução
no fornecimento de matéria-prima para a indústria madeireira, como madeira errada,
laminação, faqueado, produtos de madeira de maior valor agregado (P ), pi o,
porta, janela, moldura, ferramentas, painel colado lateralmente, etc., o que pode provo ar
aumento de preço dos produtos manufaturados. Tanto mó eis (de painéis reconstituídos
como de madeira serrada) quanto PMV A são produtos essencialmente imobilizad o re de
C. O s s istemas de ILPF poderão corroborar para menor pressão e regularização de oferta
de produtos madeiráveis ao mesmo tempo em que promovem a adequ ação ambiental da
pecuária nacional ao constituir sistemas de produção capazes de neutraliza r a emi ão
de CH4 pelo rebanho de ruminantes. O potencial de mitigação de GEE em s istemas
intensivos com árvores de rápido crescimento (>2,2 cm de diâmetro ao a n no Brasil é d
1
aproximadamente 5,0 t ha-1 ano- de C"1 (média para 11 anos) fixado na mad eira (tronco)
1
( ) Meca~smo de Des~~volvimento Limpo (M~L) é um _d~s ~1ecani.smos de ~e, ibiliz_,u;.i criad s pelo Prol _ lo
de Quio to para auxiliar o processo d~ reduçao de em1ssõe:s de i,,>a _es de efeito estuta (GEE) u de captura de C
(ou sequestro de C), por parte dos pc11ses do Anexo Ida Convcnçc10 sobre Mudanç.i J o lima.
das árvores, conforme dados de Tsukamoto Filho (2003). lsso eq uivale à ne utralização por
ano da emissão de 13 bovinos adultos (450 kg PV).
H á estudos que também apontam para a probabilidade do efeito interativo entre o
potencial de sequestro de C pelos elevados acúmulos de biomassa forrageira, biomassa
florestal, pelo acúmulo de matéria orgânica do solo e pela maior eficiência de ferti lizantes,
e, consequentemente, a capacidade de esses sistemas compensarem as emissões de CH4
oriundas da fermentação entérica de bovinos (Carvalho et al., 2001; Tsukamoto Filho, 2003;
Cerri et al., 2006; Ja.ntalia et ai., 2006; Oliveira et.al., 2007; Segnini et. ai., 2007; Primavesi
et al., 2007; Fisher et ai., 2007; Carvalho et ai., 2008; Macedo, 2009; Carvalho et ai., 2010a).
Em estudo conduzido por Almeida et al. (2011), em Campo Grande, MS, estão sendo
avaliados dois sistemas de ILPF com capim-piatã (Brachiaria b,izantha cv. BRS Piatã) e
eucalipto (Eucalyptus urograndis), em densidades de 227 árvores ha-1 e 357 árvores ha-1 ,
respectivamente. Os sistemas foram implantados em 2008 corno estratégias de recuperar
pastagens de braquiária. Após 16 meses da implantação das árvores, e ao atingirem o
porte adequado para a enh-ada de animais em pastejo, foi mensurada a biomassa de cada
componente de uma árvore por parcela. N ão houve diferença entre as densidades de
árvores para cada componente, obtendo-se valores médios de massa de matéria seca por
árvore de 5,20 kg de folhas; 3,59 kg de galhos; 8,80 kg de tronco; e 5,22 kg de raízes de um
volume de solo de 2 m 3 • Considerando-se apenas a biomassa do tronco (38,6 % d a m assa
seca total) e as emissões de CH4 e de N 20, os sistemas de ILPF com densidades de 227 e 357
árvores ha-1 foram capazes de compensar as emissões de gases de efeito estufa equivalentes
a 1,84 e 3,04 animal ha-1 ano-1, respectivamente (Quadro 3), que suportaram uma taxa de
lotação média de 1,76 UA ha-1, após um ano da avaliação das árvores.
Outro trabalho realizado por Guimarães Júnior et al. (2016) comparou sistemas de
produção pecuária a pasto em termos de emissões de metano entérico e sequestro de
carbono. Foram comparados (i) o sistema ILP; (ii) o sistema ILPF com 2 linhas de Eucalyptus
urograndís espaçadas em 22 m (417 árvores ha·1); e (iii) uma pastagem de baixa produtividade
(PBP). As taxas de lotação nas áreas foram 3,0, 1,7 e 1 cabeça por ha, respectivamente. As
emissões entéricas dos bovinos (ECH4 ) consideradas foram obtidas por Mandarino et ai.
(2015) e os dados de acúmulo de carbono no solo nos sistemas TLP e PBP foram obtidos num
experimento de longa duração (24 anos) de acordo com Jantalia et ai. (2006) e Sant' anna et
ai. (2015). Dados obtidos por Pulronik et ai. (2015) foram utilizados como referência para os
valores de acúmu lo de carbono pelo tronco das árvores no Sistema ILPF (24,5 % menor que
no ILP). Parn a taxa anua l de fi xação de carbono pelo tronco da árvores no componente
arbóreo fo i considerado o valor de 0,0306 para cada árvore (densidade de 0,51 x volu me ~e
0,06 m 3) com 46 % de carbono. Os resultados demonstraram que as altas taxa de lotaçao
e capacidade de suporte das pastagens resu ltaram em altas ta xas de emissões de °:etano
e n térico nos sistemas ILP e ILPF em comparação ao PBP (Quadro 4). Contudo, 0 acumulo
de carbono no solo no ILP e o carbono adicional fixado pelo tronco das á rvo res no ILPF
possibilitaram compensar até 100 % do ECH,J emitido. Adicionalmente, os sis te •mas ILP e
ILPF ap resentara m um balanço positivo anual de 1,3 e 23,0 Mg C02 eq ha· 1, respecbvamente.
O oposto ocorreu na pastagem de baixa produtividade PBP, que a presentou um balanço
negativo de carbono equivalente a 0,4 Mg C02 eq ha·1• Os autores concluíram que .º
exceden te de carbono fixado nos sistemas integrados podem compensar o ECH, de ma1
de uma cabeça no ILP até 20 cabeças no IlPF.
Quadro 4. Emissões de metano entérico, taxas de acúmulo de ca rbo no no solo, carbono fi xado pela
árvores (tronco) e balanço anual de ca rbono em diferentes sis temas de produção pecuários no
Cerrado. Planaltina-DF
Acúmulo de carbono
Carbono fixado no
ECH/ 1 no s0)0121 Balanço annual de
Sis tema troncom
Mg CO2 eq ha·1 ano-1 (100 cm depth) carbono
Mg c o2 eq ha· 1 ano- 1
Mg c o2 eq ha·1 ano-1 Mg c o? eq ha· 1 a n o- 1
ILP 3,4 4,7 o + 1,3
ILPF 2,0 3,5 21,5 + 23,0
PBP 1,1 0,7 o -OA
n>CH, Potencial de aquecimento global - PAC (num horizonte de 100 anos) rela tivo a C02 = 25; •· ilx.l média de acúmulo de
ca.rbono no solo po r ano: ILP = 1,273 Mg ha·• ano·•; ILPF = 0,961 Mg ha·• ano·•; PBP = 0.182 Mg ha·1 ano '; ITCarbono iixc1do pelo
tronco no ILPF = 5,869 Mg ha· 1 ano·•.
Fonte: Adaptado de Guimarães Júnior et ai. (2016).
A busca por alternativas tecnológicas que possibilitem o uso racional do olo tem
sid o a tônica das discussões em torno do tema manejo susten tável do solo para uma
agricultura conservacionista. Dos componentes do manejo, o preparo do olo talvez seja a
a tiv idade q ue mais influencia no comportamento de sua qualidade fís ico-hídrica, pois atua
diretamen te sobre a estrutura do solo. Além das modificações na porosidade e densidade,
o manejo provoca alterações na estrutura do solo que interferem na retenção de água e
resis tência mecân ica do solo à penetração radicular (Silva et al., 1994; Oliveira et a i., 2003),
indicando possíveis restrições ao desenvolvimento apropriado das plantas.
Da mesma fo rma, a compactação do solo originada pela compre são do tráfego
de máqui nas (Fl~wers e La!, 1998) e a decorrente do pisoteio bo ino (lanzano a e t al.,
2007) são as principais causas da de_gradação física dos solos culti ados. Esse problema
au~enta con: a inte~si~ade_do trál,ego de máqu in~s _e o excesso de carga animal por
unidade de area, pnnc1palm~n.te quando as cond1çoes de umidade do solo não se
encontram adequadas a esse tipo de manejo. Essas práticas a lteram a estrutura lesse,
que é um dos atributos físicos mais importantes (Corrêa, 2002), com impactos diretos na
geometria e na distribuição de poros por tamanho (Richard et ai., 1999; Bouwman e Arts,
2000), alter_a1:do, em maior ou menor grau, conforme O nível de compactação, a retenção
e a condut1v1dade de água do solo (Richard et ai., 2001; Beutler et ai., 2005). Por isso, a
~urva de retenção de água do solo (CRA) tem se revelado como atributo físico-hidrico
11T1portante nos e tudos da qualidade física desse, com vistas a nortear as práticas de uso
e o manejo sustentável dos sistemas de produção agrícola (Marchão et ai., 2007; Santos
et ai., 2011). Esse atributo físico-hídrico, que descreve a relação enh·e conteúdo de água
e o potencial de retenção na matriz do solo, varia no tempo e espaço. As informações
decorrentes dessa caracterização possibilitam calcular valores de outros atributos do solo
(Scott, 2000), como densidade do solo, porosidade total, saturação efetiva, entre outros.
De acordo com Kluthcouski e Stone (2003), a formação e manutenção de cobertura
morta nos h·ópicos, com destaque para o Cerrado, foram algw1s dos principais obstáculos
para o estabelecimento da SD, onde as altas temperaturas, associadas à un1idade adequada,
promovem a decomposição rápida das fitomassas residuais. O cultivo de milheto, no final
ou na entrada do período chuvoso, para formação de cobertura morta, principalmente na
agricultura de sequeiro, foi o que permitiu o grande impulso na adoção da SD na região.
Porém, os autores ressaltaram que a situação que predomina na agricultura irrigada do
Cerrado é a inexistência de cultivo de espécies exclusivas para formar cobertura morta
e que, na agricultura de sequeiro, é muitas vezes baseada somente na biomassa cultural
residual proveniente dos cultivas de safrinha, principalmente de sorgo e milho.
Com a adoção de sistemas de ILP, a SD ganhou impulso de qualidade, principalmente
em regiões mais secas, como o Cenado, pela melhor formação e qualidade de palhada
oriunda da dessecação de forrageiras, como as espécies do gênero Brachinrin, após pastejo.
De acordo com Stone et al. (2003), a estruturação do solo provocada pelas gramíneas, pelo
seu sistema radicular fasciculado que penetra facilmente no solo, mesmo em camadas
compactadas, reflete na permeabilidade do solo, ou seja, na facilidade que a água encontra
para movimentar-se por seu interior. Dessa forma, nos sistemas de ILP, o cultivo sob SD em
palhada de pastagens favorece a infiltração e o armazenamento de água no solo e subsolo.
A presença de palhada na superfície do solo, em quantidade adequada, é de
grande importância na agricultura irrigada. Ela altera a relação solo-água, pois previne
a evaporação, reduzindo a taxa de evapotranspiração das culturas, principalmente nos
estádios em que o dossel dessas não cobre totalmente o solo, resultando em redução na
frequência de irrigação e em economia nos custos de operação do sistema de irrigação.
Estudos realizados no Cerrado evidenciaram que as perdas de água por evapotranspiração
durante o ciclo do feijoeiro dependem da quantidade de massa de matéria seca das culturas
de cobertura do solo, sendo menores sobre palhadas de braquiária (Braclúarin briznlllhn cv.
Marandu) e mombaça (Panicum mnximum cv. Mombaça), ambas as gramíneas forrageiras
com elevada produção de biomassa (Stone et ai., 2008).
Em trabalho realizado por Marchão et aJ. (2007), cujo objetivo foi avaliar o impacto de
sistemas de ILP sobre atributos físico-hídricos do solo, assim como o potencial uso desses
atributos corno indicadores da qualidade física de um Latossolo, observou-se que todos
os sistemas de uso e manejo do solo causaram impacto negativo nos ah·ibutos densidade,
umidade volumétrica, resistência à penetração, porosidade total, macroporosidade,
rru croporosídade efetiva e água prontamente d!sponivel do solo. Foram observados
incrementas na resistência à penetração e na densidade do solo em todos os sistemas em
compa ração ao cerrado nati vo. Entretanto, a compac tação resul tante do pi ot io dnimal
durante quatro anos da fase pastagem, nos sistemas de f LP, não atingi u valores crític~ q ue
pudessem limitar culti vas anuais s ubseq uentes. A poros id ade tota l e a m acroporos1d ade
foram maiores no Cerrado e na SD, em relação ao PC.
N a região do Cerrado, o impacto do piso teio anima l sobre os atribu tos físicos, químico
e biológicos do solo tem recebido pouca a tenção d a pesqu isa. Apesa r de alguns poucos
resultados indicarem não haver efeito prejudicia l da compactação pa ra as culturas anuais
subsequentes ao pastejo, notou-se que a compac tação é a rgume n to a inda utilizado pelos
produtores de grãos para a não adoção do sis tema. esse sen ti d o, Ma rchão et ai. (20O9a)
a valiaram o impacto de um sistema íLP sobre a resis tência à pe netração de um solo a renoso
do oes te baiano, com baixo teor de matéri a orgâ nica e a lto teor d e a reia fi na. De maneira
geral, de um lado, os res ultados demonstra ram q ue nas cond ições d o solo da região,
cons iderados frágeis e altamente susceptíveis à erosão e compac tação, e m razão do alto
teor de areia fina, a adoção de um sistema de " boi sa frin.h a", o nde os a nimais permanecem
na lavoura apenas durante a entressafra, não causa compactação muito d r, tica do solo
(Figura 6). Por outro lado, os resultados s ugeriram q ue, para solos a rena os, os valo res
críticos de resistência do solo à penetração (RP) podem ser mais ba ixos q ue o valo r de 2,5
MPa, considerado crítico pela literatura (Tay lor et ai., 1966).
TIS
10 TIS
(lj
Camada Umidade (g g·') ns
"O (cm) Sem pastejo Com pa.stejo
OI
"O 0 - 20 0,11 0,10
:a 20 20 - 40 0,11 0,11
]
e
~ TIS
30 ns
n==30
ns
- - - Com pastejo
-e- Sem Pastejo
40 ns
Figura 6 Comparação de perfis de resistência do solo à penetração ([ndice de one) em área de ILP
(c~m pas~ejo) e na mesma área_ sob p~1ada de ~úl~o com Bracliiana m:::.i.::it?"n is sem pastejo
(piquete isolado). Valores médios de cmco avaltaçoes (repetições) em seis á reas dentro do
p iquete (ns=não significativo e *=significativo pelo te te t, p<0,05).
Fonte: Ma rchão et al. (2009a).
Nesse sentido, Franc.hini et ai. (2010a), avalia ndo a RP d o solo e m si temas d e íl...P na
reg ião nordeste do Mato Grosso, observaram que ,1 prese nça de past o-em perman n te
por um o u dois anos foi efetiva na redução desse a tributo, em relação área condu zid a à
MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA
1204 LUIZ CARLOS BALBINO ET AL.
sob lavoura contínua (Figura 7). Verificou-se que O módulo culti vado com soja por
nove anos sucessivo apresentou valore de RP superiores à pastagem de 1 º ano, o
que foi mais evidente na ca1nada de 10 a 40 cm. Esses resultados podem ser atribuídos
principalmente à ação do sistema radicular da Brnc'1inrin brizn11tlw, que, por ca usa da sua
agressividade e vigor, é capaz de romper camadas com maior densidade, descompactando
o olo biologicamente, sem a necessidade de intervenção mecânica. Além disso, em áreas
exploradas por longos períodos exclusivamente sob lavouras ru1Uais, as pressões aplicadas
pelo rodados durante o tráfego de máquinas agrícolas tendem a se acu1nula rem na camada
de 10 a 15 cm, levando à compactação delas (Genro Junior et ai., 2004) . lsso não ocorre
em áreas sob pastagem, onde o tráfego de máquinas agrícolas é praticamente eliminado.
Pode-se inferir que o módulo cultivado com soja por nove ru1os consecutivos apresentou
compactação na camada de 10 a 20 cm, capaz de resh·ingir o crescimento radicular dessa
cultura. Observou-se ainda que os valores de RP medidos na pastagem de 2º ano foram
maiores comparativamente à pastagem de 1 ° ru10, considerando a camada de 10 a 20 cm
(Figura 7). Esses resultados podem ser relacionados principalmente à redução do vigor
do sistema raclicular da pastagem a partir do 2° ano de implantação, em conjunto com o
acúmulo das pressões aplicadas pelo pisoteio animal. Mesmo assim, a RP (10 a 40 cm) nesse
tratamento continua sendo inferior ao observado na área cultivada com soja por nove anos
consecutivos. Assim, os resultados obtidos por meio da determinação da RP evidenciaram
que o uso de forrageiras tropicais em sistemas de ILP melhorou a qualidade física do solo,
proporcionando, em um ano, a eliminação de camadas compactadas produzidas pelo uso
contínuo do solo com soja.
No mesmo contexto, em trabalho realizado na região norte do Paraná, em solo de textura
muito argilosa, Debiasi e Franchini (2012), avaliando o efeito de diferentes intensidades
de pastejo (6,9; 9,4; e 16,5 unidades animais ha·1) sobre a RP do solo, a porosidade e a
produtividade da soja, observaram que apenas na camada superficial (O a 5 cm) a RP e a
porosidade foram influenciadas pela intensidade de pastejo. O pastejo aumentou o grau de
compactação da camada superficial do solo independentemente da carga animal utilizada.
Nas camadas mais profundas, houve efeito das maiores pressões de pastejo apenas sobre
a RP, atingindo, na maior pressão de pastejo, níveis restritivos ao desenvolvimento
raclicular. Os resultados inclicaram que o uso de altas pressões de pastejo pode aumentar
a compactação do solo até 30 cm de profundidade. Desse modo, o uso de carga animal
compatível com a capacidade de suporte da pastagem e a RP são importantes para manter
a qualidade estrutural do solo. Apesar do aumento da RP observado nas maiores pressões
de pastejo, não foi influenciada a produtividade da soja do cultivar BRS 255, enquanto
a do cultivar BRS 294 foi aumentada nessa condição. A resposta do cultivar BRS 294 foi
proporcionalmente inversa à quantidade de palha na superfície do solo, indicando que o
manejo adequado da dessecação pode ser mais importante do que a condição física do solo
em sistemas de ILP.
Por causa da maior complexidade dos sistemas ILPF, a interação entre os seus
componentes ainda precisa ser mais bem entendida para que a sinergia entre esses possa
ser maximizada. O comportamento de sistema ILPF sobre a produtividade do componente
agrícola pode ser ilustrado pelo estudo desenvolvido por Antonio et al. (2012) na região
noroeste do Paraná. Em uma área de ILPF implantada em 2009, no município de Santo
Inácio, noroes te do Paraná, foi avaliada a influência do componente arbóreo sobre a
produtividade da soja no tercei~o ano de ~ondução. O sistema ILPF, composto por renques
simples de eucalipto da espécie Corymbia maculata, espaçados em 14 m enh·e renques e
4,2 m en~e. árvores, foi cultivado com soja no verão e Bracltiaria ruzizie~1sis n~ inverno.
A produtividade da soja no sistema ILPF foi comparada com a da ºJª cultivada em
área próxima sem arborização (Figura 8). o componente arbóreo pro porcionou redução
médi a de 4,3 % na produtividade da soja. A produtividade da soja dentro do renq~ e
variou de acordo com a posição em relação às árvores e em relação orientação geogr fica
(Figura 9). As linhas de soja próximas às árvores tiveram a produ tividade reduzida, sendo
o efeito majs intenso para as posições com incidência direta do sol da tarde. A linhas
de soja localizadas na porção central do renque tiveram a produti vidade aumentada. A
configuração do sistema ILPF com baixa densidade ar bórea e as característica da espécie
de eucalipto utilizado, como copa reduzida, fu ste reto e sem bifurcações, proporcionaram
condições favoráveis para a integração com soja, mesmo após 30 meses do plantio da
árvores.
Soja
o 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 MPa
o
3,0
10
2,5
20
2,D
30
1,S
40
1,0
50
60 ..J::::::::....._ ....:=-...:__ _.L.,._:~...:::-...L....::=:::.-LJ 0,5
Pastol ano
Pasto 2 anos
o
10
20
30
40
50
60
Figura 7. Resistência do solo à penetração em diferentes fases do sistema de ILP. Dado repr -entam
a média de cinco transectos de 2 m com intervalo de 10 cm entre leituras. Fazenda Certeza,
Querência, 10/12/2008.
Fonte: Adaptado d e Franchini e t ai. (2010a).
t~rmicos e fo~m a~ores de nuvens interceptadoras de radiaç5o solar, pois, com suas
fi tomas as res1dua1s sobre o solo, também atuam como interceptadores e armazenadores
de águas pluviais (Primavesi, 2007) .
.. . A integração de .árvores e cultives agrícolas pode resultar numa uti li zação ~ais
eficiente de água, nutriente e radiação solar do que geralmente é possível em m onocult1 vos
florestais e agrícolas. Uma das razões biológicas de interesse para sistemas integrados é
que as árvores usam porções da biosfera, que plantas agrícolas ou animais geralmente não
usam, o que resulta em maior produção de biomassa total (Macedo et al., 2010) .
Dentro Fora
160
140
68
120 64
60
56
100
-6
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Jã
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36
60
32
28
24
40
20
16
20
o
O 5 10 O 5 10
Distância (m)
Figura 8. Mapas d e produtividade da soja (sacas ha·1) dentro e fora dos renques de e ucalipto.
Font.e-: Antonio et ai. (2012).
-
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G)
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~ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Distância horizontal (m)
Figura 9. Diferença de produtividade de grãos de soja dentro dos renques em relação ao cu ltivo
solteiro, sem eucalipto, de acordo com a distribuição espacial da linhas de semead ura.
Orientação geográfica também válida para a figura 8.
Fon te: Antonio e t ai. (2012)
e ainda associado com a disponibilidade de N, que parece exercer papel regulador nesse
sistemas. Dentre as comunidades beneficiadas pelo uso da ILP, destacaram-se os gêneros
Oligochaeta (minhocas) e Coleoptera (besouros coprófagos), que têm papel-chave na
estruturação do solo. Santosetal. (2008) verificaram que houve efeito significativo de p lantas
de cobertura sobre os grupos taxonômkos e a densidade relativa da macrofauna edáfica,
e que a família leguminosa favoreceu a maior densidade relativa de invertebrados do
solo, enquanto as gramíneas beneficiaram os grupos da serrapilheira. Ainda, esses autore
observaram que a leguminosa crotalária apresentou maior densidade da macrofa una,
seguida pela braquiária solteira, braquiária em consórcio com milho, sorgo, esti losantes,
guandu, milheto e mombaça.
De maneira geral, a avaliação da macrofauna tem evidenciado ser um indicador
razoável da qualidade do solo, apesar de esse campo de estudo a inda não ter sido
devidamente explorado em relação à macrofau.na. Os sistemas de ILP, associados à 50 na
fase lavoura, especialmente com a rotação gramíneas/leguminosas, ti veram as melhores
condições para o desenvolvimento das espécies de "engenheiros" do solo, em comparação
às pastagens e culturas contínuas. A densidade e diversidade da macrofauna, avaliadas em
nível de morfoespécies, são ainda indicadores eficientes para medir o impacto de diferentes
sistemas de uso da terra, em solos do Cerrado.
Os resultados dos levantamentos em áreas agrícolas demonstraram ainda que, para
o caso da SD e da TLP, a macrofauna varia por causa do tipo de cobertura, sendo a lguns
grupos mais comuns empalhadas de gramíneas com alta relação C/ , como os térmitas e
outros, que são favorecidos por urna palhada de melhor qualidade com baixa relação C/ ,
a exemplo dos Formícidae, Oligochaeta e Coleoptera, indicando preferência alimentar
desses organismos pelas leguminosas. Este trabalho demonstrou ainda que, de maneira
geral, as plantas de cobertura da família leguminosa favorecem maior densidade relativa
de invertebrados do solo, e as gramíneas beneficiam os grupos da serrapilheira.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Conteúdo
Berto! 1, De Maria IC, Souza LS, editore ·. lant!j e onse aç.io do · lo e da gua. iç • . \.1 .. . - :ieJ.a.Je
Brasileira d e Ciência do olo; 2018.
1220 ÁLVARO VILELA DE RESENDE ET AL.
INTRODUÇÃO
70
- Amostra~ de
solo com GPS
62,6
60
56,1 - Mapeamento de
campo com GPS
5'1,3
50
46,8 - Análise de d.idos de
"'
.2l monitor de
e:
(li produtividade
40
"oe: - Venda e suporte de
monitor de
!E' produtividade
~
(li 30 28,1
-e,
~
27,5 - rma~
por satélite
20
- Venda e suporte de
sistema de guia
10 automático
- - Mapeamento de
condutividade
o elétrica do solo
o uso de GPS, ist mc1. de informação geográfica (SIG) e sensoriamcnlo remoto (SR) vêm
endo amplamente utili zadas e, quando combinadas, fornecem informações preciosas com
regis tros armazenados em formato digital. Todavia, seu sucesso depende forte,nente de
métodos confiávei de coleta, processamento e interpretação de dados espacializados.
80
- - - Serviços de precisão oferecidos
70
..,__,. 65,5
64,9 ---Guia por GPS com
"' 60 60,8 controle manual
~
e:
~ 50 - - - Guia por GPS com
e: controle automático
39,2
8.. 40 ---Mapeamento com SIG
"'
~ _L,.:,__._::::::::,.~--- 31,6 para fins legais
~ 30 - - - Imageamento aéreo
* 20
20,b ou por satélite
~ 12,3 - - - Mapemaento de condutividade
10 elétrica do solo
e= - - - GPS para fins logísticos
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2013
Figura 2. Tecnologias de precisão mais populares ao longo do tempo nos EUA. O levantamento de
2013 foi realizado a partir de questionário respondido por 171 representantes do setor, cobrindo
34 estados americanos. Para detalhamento do item "Serviços de precisão oferecidos", vide
figura 1.
Fonte: Adaptado de HoUand et al. (201 3).
a redução do des perd ício ele defensivos e O controle de tráfego nas la vouras, c1meniza ndo
os problemas de compactação do solo e de contaminação a mbi ntal. Benefícios d s il
n a tureza, além de ga nhos em prod uti vidade e em qua lidade indus trial, fora m re~atados
como principais moti vadores da adoção dessa tecnologia em á reas d e ca n.a-de-açuca r ~e
u s inas d e São Paulo (Silva et ai., 2010). Confo rme se observa na figura 2, os s is temas de _u~ a
por GPS com controle manual ou automático aparecem entre as tecnologia de pr c 15ao
mais populares nos EUA.
Figura 3. Visão do interior das cabines de trator (esquerda) e pulverizador (di reita) em u o ah..la lmente
no Brasil, destacando a diversidade de comandos, os monitores e outro dis positivo eletrô nicos.
Fotos: Álvaro Resende.
Figura 4. Sistema de agricultura de tráfego controlado em 3 m/9 m/27 m, com ajuste d a bitola de
rodados e das larguras de implementas para padronização dos deslocamentos e da redução de
área compactada no talhão de cultivo.
Fonte: Adaptado de Vermeulen e Chamen (2010).
d e terminar se as áreas são m<1is apropriadas parn a pecuária ou il vicultura. Al~m _dis 0 ,
em conformidade com a legislação ambiental, não podem ser esquecida as ~va_liaçoes de
áreas para preservação permanente (APP) e para conservação dos recur os htdncos.
De acordo com Gianezini et ai. (201.2), a geotecnologia des taca-se pe la possibilid ade
de leitura e análise do meio a partir da coleta de informações sobre atributo d os solo e
seus recursos. Em grandes áreas, a enorme quantidade de informação necessária Pª '.ª. e se
estudo muitas vezes torna o trabalho cansativo e demorado, inviabilizando o trad JCio nal
método de abertura de perfis e a coleta de amostras de solos. Os regis tros em pa pel e
mapas de algumas décadas atrás vêm definitiva mente sendo s ubstituídos por arqu ivos
digitalizados, com informações de localização geográfica, e apresentados em vá rios
formatos, facilitando o manuseio e a extração de dados com fe rramentas d e informá tica.
Muitos estudos apresentam mapas de aptidão agrícola para determinada ár ea com
base na integração de diversas informações cartográficas, como mapas de declividade,
de solos, de pluviosidade etc. Francisco et ai. (2012), utiliza ndo esses mapas obtido
nas secretarias de estado e agência de águas da Paraíba (Paraiba, 2006; AFSA, 2014) e
informações do zoneamento agropecuário (Brasil, 2014), elaboraram mapas de a ptidão
agrícola para as principais espécies de fruteiras cultivadas no Estado. Se considerada então
uma área de interesse, como no caso da mesorregião do Agreste apresentada na figura 5,
podem-se obter informações mais precisas de quais localidades têm potencial produtivo
para a cultura desejada. Nesse exemplo, foi apresentado o mapa para a cultu.ra da banana,
de forma a auxiliar o empreendedor ou produtor a decidir em quais áreas é mais viável
investir.
Bases cartográficas preexistentes vêm sendo utilizadas no mundo inteiro como forma
de auxiliar na espacialização e visualização das áreas agrícolas. Além das condições
natu.rais, complexas interações de ordem social, econômica, política e cultural podem
interferir no modo como o solo está sendo utilizado. As terras agricultáveis têm se tomado
o maior biorna da terra, ocupando aproximadamente 40 % da superfície terrestre (Foley
et ai., 2005), de forma que organismos internacionais que observam e gerenciam o uso da
terra necessitam de respostas e atualizações rápidas. Entretanto, quando se deseja a aliar
áreas em escala mundial, nem sempre as técnicas mais simples são suficientes para obter
mapas exatos.
Em um estudo para avaliar a aptidão agrícola para 16 culturas de grande intere se
mundial (cevada, mandioca, amendoim, milho, rnilheto, dendê, batata, colza, arroz
irrigado, centeio, sorgo, soja, cana-de-açúcar, girassol, trigo irrigado e trigo de erão),
Zabel et ai. (2014) avaliaram a distribuição global dessas culturas usando não só base
cartográficas mundiais, mas também dados meteorológicos e climáticos, além de
ferramentas matemáticas corno a lógica Fuzzy para a decisão de incertezas. Os autore
elaboraram um mapa de aptidão atual para as culturas avaliadas em 23 regiõe cobrindo
todo o globo terrestre (Fi~ra-6), u~l~z_ando a base c~mf leta de cartas topográficas digitai
terres tres de alta resoluçao d1spo1:1~1bzadas pela ~ ssao Sl111ttle Radar Topography 1 ri.s-ion
(SRTM), que fornece o modelo digital de elevaçao com medidas altimétricas preci a a
cada 90 por 90 rn da superfície_ terr~stre (U~S, 2014). distribuição da aptidão agrícola
para as culturas em estudo fo, obtida considerando, além do relevo, 0 clima e os tipos
de solos (Figura 6). As zonas temper~das possuem tempera turas adequadas, precipitaçã
suficiente e, geralmente, solos apropnados. Entretanto, a adaptação das culturas na zonas
tropicais depende fortemente da precipitação anual para seu adequado re imento.
Adicionalmente, foi identificada restrição em razão dos solos com acidez e pobre em
matéria orgãni a na r giões Av,, ou A da ela sificação climática de Kõppen, o que levou
os autore a identificarem cenários futuros das áreas de redução da aptidão agrícola após
2070. Como resu ltado do estudo, foi avaliado que 91 % das terras com aptidão para essas
culturas no mundo já estão ocupadas pela agricultura e que, se considerada a suficiência
em água, o uso de si temas irrigados adicionaria 1,8 milhão de km 2 de áreas apropriadas.
Cha_m~u-se atenç~o também para a perda de aptidão em regiões importantes como o Brasil
e a Afnca subsaanana, caso não haja adoção de novas tecnologias. E interessante notar que
es e tipo de estudo ó é possível mediante o uso de SIC, por causa do enorme volume de
dados a ser processado.
!ma, Categoria 3: ÁrP.ll a,m das,e dr c:,.p&Cidadr de u,o Ctllll fones liini~ para utiliaçlo
~~ com acultura, devido l5 c:aractmsticu dr c1m1Ap • u.,oci~ de dDe de tierru
~!F=,~ ,--~7"00' inaptas parucultun
Cmgmialt: ÁrP.ll CD1I1 dn!e5 de capacidade de u:,o, rom limi~ forte pana
cullun, dmdo a aru1dstia de fmi!idad, dos 10los •/ ou dnnagem l!Xt1!SISiva
- Cmgar!il: unproprilspmaexpknr;Joagrirola,smdo~porclned,
!NAFTA capoci,wl, de1150 ou ~dedaas,a,jasCIIIClmtiasdouolose/ou topografi.a
lf-- - - - - - 1 rJO' lpn,ll!llWl\ re!lrições lltVm5 pm utilmç!D, Lllm5pCl!1dendo l, dfllllis c.tegotils dtJ polencial
~==~~~-::!rflmstal~~cw~1m11=========================!
~~,-1
E5CAl.A GRAFICA
o 50km
ProjeçJo lJfM
DatumSAD69
Figura 6. Mapa de aptidão agrícola para 16 culturas de interesse mundial, considerando condições
de sequeiro e áreas irrigadas, com dados climáticos e de produção obtido num período de 29
anos (1981-2010).
Fonte: Adap tado d e Zabel et ai. (2014).
et ai., 2007; Carioca et ai., 2011; Gopal e Shetty, 2013). Boas correlações entre a refletância
e os teores de óxidos de feJTo no solo vêm sendo obtidas, inclusive a partir de ima gens
de satélite Landsat com resolução espacial de 30 m, que já evidenciararn potencial para
e timativa e ma peamento desses compostos nos solos (Escadafal e Huete, 1992; Akso y et
ai., 2009; Demattê et ai., 2009).
Demattê et ai. (2009), avaliando a capacidade de estimativa dos compostos Fe 2O 3, TiO 2
e SiO" por meio de imagens do sensor TM a bordo do satélite Land sat-5, consegu iram
coeficientes de determinação de 0,67; 0,72; e 0,65, respectivamente. Como forma de validação,
amostras de solo foram analisadas quimicamente em laboratório, obtendo-se também os
seus dados espectrais, o que possibilitou enquadrá-las em h·ês classes, dependendo do
teor de óxido de Fe: hipoférricas (<80 g kg·1 de solo de Fe2O 3), mesoférricas (80-180 g kg·1 )
e fé.rricas (180 a 360 g kg·1). As arnosh·as analisadas em laboratório corresponderam ao
hori zonte B, enquanto as imagens de satélite forneceram dados espech·ais da superfície do
solo. Mesmo com essas diferenças entre horizontes, o modelo espectral obtido utilizando
o sensor a bordo do satélite apresentou baixos erros quando comparado aos resultados
laboratoriais. Das 84 amostras classificadas na análise laboratorial como hipoférricas, 80
foram corretamente classificadas a partir de imagens, alcançando 95,2 % de acerto. Os erros
nas quatro amostras restantes foram associados à proximidade do limite de teor de Fe
entre classes e também ao tamanho do pixel da imagem Landsat (30 x 30 m), que sofre a
influência de todos os elementos dentro dessa área, mas retorna um único valor. Quando
consideradas as 14 amostras classificadas como mesoférrica, o modelo espectral por satélite
retomou 100 % de acerto. Entretanto, as cinco amostras férricas foram classificadas como
mesoférricas, indicando a necessidade de inclusão de mais amosh·as para melhoria do
modelo, bem como a ocorrência de erros nos valores limites. O mesmo método foi utilizado
para determinar o teor de argila do solo, encontrando-se 76 % de concordância com as
amostras analisadas em laboratório. Dessa forma, os autores concluíram que os sensores
orbitais permitem estimar teores de Fe2Oy SiO2, TiO2 e de argila no solo, observando que a
refletância espectral com esses sensores fornece informações apenas da superfície, servindo
então para um mapeamento preliminar desses atributos do solo. Os resultados desse tipo
de SR podem auxiliar no direcionamento da coleta de solo no campo para amostragens
inteligentes, possibilitando diagnósticos de meU1or qualidade e, eventualmente, redução
de custos do processo.
Além da textura e do teor de óxidos de Fe, muitos outros atributos do solo têm
sido adequadamente estimados por SR, incluindo teor de umidade, capacidade de troca
canônica, condutividade elétrica, teores de C orgânico e inorgânico, pH e disponibilidade
de macro e micronutrientes (Sudduth e Hum.mel, 1993; Slaughter et ai., 2001; Thomasson
et ai., 2001; Shepherd e Walsh, 2002; Sullivan et ai., 2005; Ge et ai., 2007; Waiser et ai., 2007).
Uma tendência recente é a utilização de espectrômetros de laboratório para aquisição
de dados hiperespectrais de solo. Por causa da informação espectral altamente detalhada,
05 atributos do solo podem ser determinados quantitativamente por m eio de adequado
processamento dos dados. Quase todos os estudos relatados envolvem comprimentos de
onda nas regiões do espectro eletromagnético visível (visible - VIS) e infravermelho próximo
(near ínfrared - NJR), embora alguns comp_onen~es_do solo apresentem assinaturas espectrais
nas regiões termal e infravermelllo méd10 (1111d 111frared - MIR). No entanto, os principais
a tributos edáficos podem ser estudados por combinações entre as refletâncias no VIS e NIR,
tornando essas regiões potencialmente úteis na estimativa de muitos componentes do solo.
Quadro 1. Algun procedimentos necessários para avaliar dados com ferramentas utilizadas em AP
Formato dos dados Tratamentos iniciais Tratamentos específicos
Correção geométrica
Correção radiométrica
Recorte da área de interesse
Reamostragem (quando necessário)
Obtenção de dados como refletância ponto a ponto,
gerando nova carta-imagem pa"ra Iodas as bandas
Classificação supervisionada e não supervisionada para
fins de mapeamento temático
Limpeza e retirada de dados Geração de cartas-imagem de índices de vegetação ou de
Imagens orbitais (flFF, erróneos por causa dos problemas
GeoTIFF) água
operacionais Detemlinação de parãmelros climatológicos e
agrometeorológicos, como evapolranspiração da cultura,
temperatura do solo etc.
Confecção de carias com inserção e manipulação de
arquivos vetoriais em vários formatos
Extração de dados para tratamento gcoestatíslico e
krigagem
Remoção de erros
A produtividade de uma cultura ~ de~erminada por ações tomadas ao longo de
um período, sendo dependente de vários tatores, como a variedade utilizada, épo a
da sem eadura, taxa de semeadura, práticas de cultivo, controle de pragas, tipo de olo,
dis ponibilidade de água, efeitos do c~1:1ª'. tratos culturais anteriores, além do próprio
objetivo de produção atual e outras vanave1s que dependem da decisões e habilidade do
produtor. Todos esses fat~res influen~i~ o p~tencial produtivo da cultura e podem gerar
discrepâncias que necessitam de analises mais aprofundadas, antes de uma tomada de
d ecisão para as próximas safras (Brandão et ai., 201-t).
O tratamento adequado dos dados vai garantir a confiabilidade dos m a péls resultantes.
Um h·atamento inicial básico é a retirada de erros originados durante a aquisição dos
dados, eITos do operador, diferenças de velocidade de máquina, amosh·agem em pontos
atípicos etc. Mapas digitalizados também podem conter erros, especialmente quando não
são apropriadamente atualizados. Enfim, os erros podem advir de várias fontes e por isso é
importante o conhecimento do histórico da área. A ocorrência de dados muito discrepantes
(ou tlicr5=) é relativamente frequente na AP, mas não deve passar despercebida. Se os erros
não são abordado adequadamente, os usuários dos mapas podem chegar a conclusões
en-ôneas, pondo em risco a credibilidade e validade dos resultados.
a análise da produtividade obtida por meio de sensores acoplados às colhedoras,
por exemplo, é necessário eliminar dados tendenciosos, inexatos ou incoerentes, sendo
recomendado o uso de filtros para sua exclusão (Sudduth e DrmruT\ond, 2007). Mapas de
produtividade podem conter erros comw1s que estão bem descritos na literatura, como
eITos de posicionamento, largura de plataforma incorreta, tempo de chegada dos grãos
no sensor, mudanças bruscas de velocidade etc. (Blackmore e Moore, 1999; Thyle'n et al.,
2001; Menegatti e Molin, 2004). Não existe wn método-padrão para a limpeza de dados
de produtividade, embora sejam sugeridas diferentes técnicas de filtragem ou triagem
(Menega tti e Molin, 2004; Sudd u th e Drummond, 2007). Blackmore e Moore (1999) relataram
que até 32 % das medições realizadas em um experimento de campo foram removidas ao
usar seu algoritmo de filtragem. Thyle'n et al . (2001) removeram de 10 a 50 %, dependendo
da técnica de filtragem aplicada. Cabe esclarecer que, em razão da alta densidade de dados
amostrais nos mapas de produtividade, que varia de 250 a 1.500 registros por hectare,
dependendo da configuração de frequência de coleta de dados pela colhedora em lavouras
de grãos (Molin, 2002), não há comprometimento da precisão durante a filtragem, mesmo
com altos percentuais de remoção de registros.
ou conduti vidade elétrica do solo. Dessa forma, esses senso re a uxilia m na identificação
de possíveis áreas com maior va ri abi lidade, possibilita ndo a escolha p révia do número de
pontos a serem amostrados e do espaça mento entre eles, no in tuito de iden tifica r a ca usas
daquela variabilidade. A utilização da geoestatística se faz necessá ria nas d ife rentes eta pas
dessa abordagem.
De acordo com Molin (2001) e Bernardi et ai. (2014), na AP são utilizados cada vez
mais os recursos oriundos de alta tecnologia, como o GPS de precisão, os eq uipa mento
automatizados, além de imagens de satélite e de câmeras a bordo de veícu los a reos não
tripulados (V ANT), que fornecem informações bastante precisas, em gra nde quantidade
e com alta frequência no espaço e tempo. Essas informações são úteis, poi podem ser
correlacionadas espacialmente com outras de difíci l obtenção po r causa d o cu to elevado
e da alta demanda de mão de obra. Adicionalmente, é possível direciona r as amos tra en ,
concentrando-se nas regiões onde exista maior va riabilidade e diminuindo a d en idade
amostral nos locais mais uniformes (Vieira et ai., 2008); ou seja, a amos tragem in teligente
usa a variabilidade de variáveis indicativas (como topografia, cor do solo, condutividade
elétrica aparente, índice de vegetação etc) para al terar a densidade de pontos, o nde os
locais de grande variabilidade devem ser amostrados com maior intensidade.
Para Machado et ai. (2006), a condutividade elétrica aparente do solo, que é esti mada
por meio de sensor de contato, de forma automática e em muitos pontos no campo, reflete
adequadamente a variação nos teores de argila e contribui na definição de zonas de manejo.
Na figura 7, ilustra-se um sensor de contato sendo utilizado na cultura da cana-de-açúca r
para mapeamento da condutividade elétrica, com o objetivo de otimiza.r a amos tragem e
estabelecer correlações com outros atributos do solo para estudo de va riabi lidade espacial.
Figura 7. Sensor de contato Veris®para medição e mapeamento da conduti idade el trica a parente do
solo, sendo utilizado em lavoura de cana-de-açúcar (Foto: Célia Grego). À direita, repre·ent:ação
d e um condutivímetro de solo com base na grade tratorizada e ação dos campo elé trico .
Fonte: Reetz Junior (2014).
Dados obtidos por diferentes meios, como coleta in loco, sensores, mapas te má tico ,
imagens de satélite ou fotos aéreas, devem ser necessariamente georreferenciados e e tar
suficientemente próximos para garantir a caracterização da ariabilidade espacial.
U m componente essencial na análise geoestatis tica é o semi ari grama ( ieira, _Q O),
estimado pela equação 1.
. 1 (),)
2
y (11) = N(li )"f [Z(x, )- Z(x,+ '1)]
2 Eq. 1
em que N(h) é o número de pares de valores medidos Z(xi) e Z(xi+h), separados por um
vetor h .
25
•
r:;
20 • • •
u
e
, r:;
·;::
r:;
15
>
,-
]10
• Ca 0-20cm
o
o 20 40 60 80 100
Distância (m)
Figura 8. Exemplo de semivariograma ajustado pelo modelo esférico para dados d e teores de cálcio
trocável (Ca) no solo, na profundidade de Oa 20 cm.
Fonte: Ada p tado d e G rego et a i. (2010).
Figura 9. Mapa de isolinhas para biomassa de pastagem no período do verão em l ova Odes a, SP.
Fonte: Adaptado de Grego et ai. (2012).
10), us~nd o 12 ,·izinhos e peso igual " 2. Esse método é de fá cil utili zação e não exige
conhecimento em :1.:cnicas g oestatística , ~cndo o procedimento-padrão da maioria dos
· nffímrcs ~e ~ IG di ponfYeis, embora nem ---mpre garanta mapas de qualidade. Alguns
snftwares Já of _n: cem a opçào geoestatística, com o o ArcG IS®, ou podem ser empregados
· oftwa rcs gratuitos orno o pacote geoestatístico Vesper<t• (Whelan et ai., 2001) . No caso do
mapea~iento d~ produtividade, dada a grande quantidade de pontos registrados durante
ª colheita, obtem- e mapa confiáveis independentemente do m étodo de interpolação
(Figura 10).
Figura 10. Mapas de produtividade obtidos a partir de diferentes tipos de processa mento dos dados
registrados pela colhedora. Mapa bruto da coll1edora (a); e mapas obtidos considerando o uso
do sensor d e colJ,eita a cada quatro passadas, com interpolação pelo inverso da distância sem
média dos pontos centrais (b); por krigagem sem média (c); e por krigagem com média dos
pontos centrais (d).
Fonle: Adaptado d e ShiralSuchi e .Machado (2003).
Processamento de imagens
Correções radiométrica, atmosférica e geométrica
Para interpretar imagens aéreas ou de satélite , as d if r enças reso lução e_vem _er
observadas, não só durante a obtenção do dado, mas ta mbém na etapa J planei mento
para amostragens no campo, especialmente quando há coleta de dado d olo ou d planta
e pretendendo-se comparar com as imagens. Preferencia lmente, a d fi n íçao e ta~anho de
amostra e da quantidade de subamostras d eve garan tir qu sejam r p res ntahv e; com
relação a um pixel da imagem (Landau et ai., 2014). Em gera l, a ima ens d télite _ão
disponibili zadas ao usuário em sua forma bruta, e para adequado u n c itam de p ré-
processamento envolvendo correções radiométrica, atmosféri ca e eom trica.
Todas as operações de pré-processa mento são direcio nad a .l recuper.ição dc1s
imagens adquiridas pelo sensor, removendo efeito dos ruíd o ca u sado po r ínterfer nc i,
atmosféricas e limitações do sistema, como a curvatura d o lobo terr tre no momento
da aquisição da imagem e o desgaste dos sensores em movimen t . O o re-. b rd o
dos satélites medem a radiância espectral de cada pixel e os a rmazena m em fo rma <li 0 1tal.
Esses valores são denominados de nível de cinza ou intensidade do pixel o u , ainda, número
digital e variam de O a 255 (8 bits para o satélite Landsat), corre pond ndo e escala de cor
variando de preta a branca. O nível de cinza significa que o alvo absorve totalment .i
energia recebida (O % de refletância) e o nível 255 significa que o alvo refle te totalm nte .l
energia recebida.
A calibração radiométrica é o processo de conversão do número digi tal de cada pixel
da imagem em radiância espectral monocromática. E a radiância mon ocromáti as
representam a energia solar refletida por cada pixel, por unidade de e rea, d t mpo,
de ângulo sólido e por unidade de comprimento de onda; porém, medida na o rbita do
satélite. Para todos os satélites, estão disponibilizada equaçõe de calib ração radiom · tri ,
similares. Cada satélite possui seus coeficiente de calibração e mé to d o j · aJidado para
calibração radiométrica.
A refletância recebida pelos sensores a bordo de plataf rma paoa1 sofre
interferências em razão da presença de constituintes atm o férico como v.1po r de a~.:i,
nuvens ou gases. Esses efeitos atmosféricos são cons iderado- ru íd o ao inal (refl t ' nci
pura) e devem ser minimizados, pois causam absorção, e palhament refr - d enerci
eletromagnética. Para avaliações exatas, como as utilizada na P ou n o mo nitoramento
do uso e cobertura do solo, a correção atmosférica da imagens · impre in í 1. Tod
os cálculos de índices de vegetação, índices de cobertura do solo, umidad e te m per tur
do solo, evapotranspiração de culturas ou de áreas flo res tada , bem om d et rmin ão
de componentes do solo necessitam da refletância mono romáti a, o u refletân ia e- p tr l
planetária em cada banda (Bastiaanssen et ai., 199 ; Mather, 199 ). T · nic e - ljh •are_- q ue
visam corrigir os efeitos da atmosfera êm sendo de en oi ido e primorad -.
A utilização de modelos com base na teoria da transJerên ia radiativ a (Ch ndr e h r,
1960) exige o conhecimento dos constituinte tmo férico n hor · ri de p em do
satélite. No entanto, a coleta de todos os dado que permit m - r c terizà - m.inuà ::i
e completa da a tmosfera, s~bre defi~d_a ár~a e~1 . d:terminad ins tant , nem . "m pre e
possível. Métodos de correçao atmo fe n ca a d1 1di 1os em d is rupo : n e · p tr de
ondas curtas e na fai a do te_rm~l (onda lon_0 as). gra1:de mai ria J - m d 1 plic eis
à AP s tá concentrada no pnme1ro grup , diretamente ligada .1 - p r e d inlere . n
ag,·icull-~ra, com base na estima tiva do albedo, da energia solar e dos índices d e vegetação
como O lndice de Vegetação por Diferença Normalizada (Nor111nlizerf Differe11ce Vege tntion
lnrfcx - ND\11). Os mt:todos de correção atmosférica na faixa do term al são empregados
na estim ativa da tempera tura de superfície e são mais complexos por exigir mais dados
m eteorológico e dados de emissividade em local específico com boa acurácia.
Sanches et ai. (2011), avaliando três 1nétodos de calibração atmosférica, concluíram
que o 1DV1 obtido a partir d e imagens de satélite é sensível à influência da a tmosfera .
Sem correção, o NDVl dos alvos d e vegetação tende a ser subestimado, podendo gerar
infom1ação que não corresponde à realidade observada no campo.
Por fim, na etapa inicial de processamento de imagens, é preciso realizar a correção
geom étrica. O planeta Terra é aproximadamente esférico. O processo de mapeamento
exige a conversão da projeção da área curvada para um plano. Dependendo dos métodos
de projeção, as coordenadas de uma área no mapa podem não representar exatamente as
da área curvada na superfície do globo, exigindo processo de retificação para remoção
das distorções intrínsecas durante a tomada da imagem. As distorções geométricas são
decorrentes basicamente de três fatores:
a) Em razão da plataforma: efemérides (posição e velocidade), em que a variação da
velocidade causa sobreposições e lacunas entre varreduras sucessivas; variações de escala
no sentido transversal às varreduras; variação da altitude etc.
b) Distorções inerentes ao sensor.
c) Distorções por causa do modelo da Terra, que provoca o deslocamento entre
varreduras sucessivas em razão do movimento de rotação do planeta; o formato da Terra
(esfericidade), que provoca distorção panorâmica; e o deslocamento por causa do relevo
da superfície terrestre.
As imagens orbitais devem passar por um tratamento estatístico, a fim de servir
à base cartográfica com precisão e exatidão. Precisão pode ser definida como o grau
de concordância de uma série de medidas feitas sob condições similares. Traduz-se na
confiabilidade da imagem em possibilitar ao usuário uma avaliação da dispersão ao se
tomarem posições planimétricas. A precisão associa-se ao desvio-padrão das medições,
enquanto exatidão descreve a proximidade do valor amostral com o valor verdadeiro.
A retificação ou correção geométrica de uma imagem é, portanto, o processo de
transformar uma imagem de forma a inserir propriedades cartográficas de um dado
sistema de projeção com suas respectivas coordenadas (Figura 11). Vários processos exigem
fidedignidade da posição apresentada na imagem, como criação de mosaicos; criação de
cartas de índices de vegetação; criação de vetores e arquivos de contorno (shnpefile); e
extração de medidas precisas como área, distâncias e perímetro. Além disso, uma imagem
deve sempre ser retificada na atualização de bancos de dados e durante a integração do
SR com Geodésica (GPS) e SIG, removendo as distorções inerentes ao sistema antes da
confecção de mapas. Assim, um mapeamento só deve ser utilizado como fonte fidedigna
de informação quando associado a processos de avaliação de exatidão dos dados que o
compõem .
Referl!ncla
(x.,. y.,J
Figura 11. Correção geométrica: uso de equações matemáticas de transformélçào (a); flu xograma de
representação usando pontos de apoio (b).
Fonte: Adaptado de Sebem (2014).
Tratamento de imagens
Depois de calibradas, as imagens devem passar por tra tament s para auxiliar
as visualizações de interesse nos mapas a serem produzid o . lgurna técnicas de
processamento de imagens digitais são utilizadas para au: iliar na interpretação visu al da
imagem. Existe grande variedade de técnicas para melhorar a qua lidade da imau-em, endo
comumente usados o contraste, o realce dos Limites e algumas filtragen e peciai para
melhorar a percepção visual das imagens de satélite.
Algumas técnicas podem alterar a resolução da imagem ou me mo a u men tar .1 área
de cobertura, como é o caso da fusão e do mosaico de imagem . P r ca u a da limitação
da largura da faixa de passagem do satélite, algumas vezes são neces árias d u as ou rnai
cenas para visualizar a área desejada. Assim, em imagens previamente georreferen iada ,
é possível realizar a junção de várias cenas, formando uma única imagem com a me rn
resolução espacial. Essa técnica é muito utilizada em fotos aéreas o u rt fo to e é chamada
de m osaico. Já a fusão usa a combinação de imagens de diferente · cara teristic , -pectrais
Zhang et_ai. (~?09), a fusão também pode manter a integridade da imagem multiespectral
de maneira eticaz, dependendo da h·ansformação usada. Os métodos de tnmsformação
mais comuns são o IHS (RGB para IHS=lntensidade, Matiz e Saturação), o PCA, ou análise
de componentes principais, que é um método estatístico multivariado usado desde 1901
por Pearson, e a transformação de Brovey, que é uma operação aritmética simples (Vrabel,
1996).
A classificação ou categorização dos pixeis por meio de amostragem estatística permite
a extração de feições das imagens. Na classificação de imagens digitais, a cada pixel é
realizada uma associação a uma informação qualitativa (atributo) . O valor de cada nível
de cinza para cada pixel pode ser associado à refletância dos materiais que o compõem no
terreno. Consequentemente, cada pixel ou um conjunto de pixeis estará relacionado a uma
classe ou tema. A classificação de dados digitais pode gerar, atualizar e complementar um
banco de dados geográficos. A associação de dados vetoriais e matriciais, hoje viabilizada
nos principais sofruJares de sensoriamento remoto (Erdas®, Emapper®, GvSig, Spring, PCI®,
Envi~, ldrisi®, QGIS, entre outros), permite, a partir de rotinas de álgebra matricial e de
análise estatística, extrair informações exatas dos objetos imageados.
Os processos de classificação podem ser supervisionados ou não supervisionados.
O método de classificação supervisionada consiste na identificação controlada pelo
usuário ou conhecedor da área (analista). Esse é com base na fotointerpretação, e o usuário
seleciona um conjunto de amostras na imagem de feições conhecidas previamente. Essas
amostras devem representar o melhor possível as feições a serem classificadas e ser as
mais homogêneas possíveis (baixo desvio-padrão). Existem várias técnicas de classificação
supervisionada e as mais comuns usam núnima distância, também chamada de distância
espectral, e máxima probabilidade, ou verossimilhança, que é com base no teorema de
Bayes (Gelman et al., 2003).
A classificação não supervisionada, ou classificação com base em objetos, requer do
usuário apenas algumas condições como número de classes_e interações. O algoritmo
permite agrupar pixeis com características espectrais similares. E necessário posteriormente
associar classes aos agrupamentos, procedimento esse que é feito de maneira totalmente
automatizada. Esse processo também pode ser denominado de segmentação, que significa
0 agrupamento de pixeis dentro de determinados intervalos de variação. O método mais
utilizado é o Self-Organizing Data Analysis Teclmique ou Isodata. Esse algoritmo permite
reunir pixeis de maneira sequencial, por meio de uma mínima distância espectral (Gonzalez
e Woods, 2000). Os algoritmos para segmentação de imagens são geralmente com base
nas propriedades básicas de valores de níveis de cinza, descontinuidade e similaridade.
Enquanto a descontinuidade aborda o particionamento da imagem com base em mudanças
bruscas d e tons de cinza, a simjlaridade é baseada no limiar e crescimento de regiões.
o crescimento de regiões é uma técnica de agrupamento espacial em que somente pixeis
adjacentes, contíguos na imagem, podem ser agrupados.
Físicos
Contorno das lavouras
Nutrientes Relevo e aspecto do solo
Inseticida Volume de raízes
Compactação
Nematicida Drenagem
Umidade
Herbicida
Fungicida
, do solo
~
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Ir'
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,::. Capacidade de
~>~:f§) - ~, / }
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de sementes ......
"'= ~ ;
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&>'b-,, r.> troca catiônica
~
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~
X pH
Taxa de !:
~
semeadura Biológico
.·.... ~ - ~ ··..._ ~
Preparo
. ··---º ·.
Modolagm, • •-taçlo .
Q,
0
Produtividade
do Solo
. • avaliaçio C,, Plantas
·-. êf
Matéroia
Água orgânica
Doenças
-1 t,.-,,:
'<1ções e Tomada
Extensionistas
Figura 12 Componentes de um sistema de suporte à decisão para AP usando SIG como ponto
de conexão entre os dados georreferenciados obtidos por sensoriamento remoto, tomada de
decisão e aplicações em campo.
Fonte; Adaptad o d e Wilson (2005). Cortesia: Sérgio Cobcl - Embrapa Algodão.
(a) (b)
NDVI
--===---• km
O 10 20 40
--===---- km
O 10 20
+
-10
Figura 13. Monitoramento do índice de vegetação NDVl na bacia hidrográfica do rio do Peixe, na
Paraíba, em duas datas de passagem do satélite Landsat TM: 29 de agosto de 2008 (a) e 1 de
novembro de 2008 (b).
Fonte: Adaplado de Cunha et ai. (2011).
(a) (b)
O
--===---• km
lO 20
+
-10 --.:=::::::a---~m
O 10 :'.O
+ -10
Te mperatura (em ~q
Ts < 20 21 ?? 23 24 25 26 27 28 29 3l 32 33
Figura 14. Monitoramento de temperatura da superfíc_ie do solo na bacia hidrográfi a do rio do Peixe,
na Paraíba, em duas datas de passagem do satélite Landsat TM: 29 de agosto de _Q (a) e 1 de
novembro de 2008 (b).
Fonte: Cunha e t ai. (2011 ).
são menos estáveis e apresentam maior vibração mecânica que as em ta manho _normal.
Quanto menor for o tempo de exposição, maior será a possibilidade de obte r imagen
nítidas com a aeronave em movimento e sujeita a vibrações. De acordo com Jorge _(2003), ª
velocidade da aeronave é um dos principais fatores que interfe-re na qualida~e da im~gem,
que será menos nitida quanto maior a velocidade de voo. Os fatores que influenciam a
qualidade das imagens aéreas obtidas são: sensibi lidade do elemento capturador de
imagem; abertura do diafragma (ou íris); tempo de exposição; condições de ilumínaçã~ do
local; velocidade horizontal da aeronave; vibração linear da aeronave na direção dos e1xo
de arfagem e rolagem; e vibração angular da aeronave em relação aos e ixos de arfagem,
rolagem e guinada.
As imagens aéreas são geradas a partir de uma projeção cônica central, diferentemente
das cartas topográficas que apresentam perspectiva ortogonal (Figura 15). Tai característica
acarreta distorções que podem interferir na qualidade métrica da fotografia, a tal ponto de
inviabilizar seu uso na elaboração de bases cartográficas. As distorções ocasionadas pelo
sistema de projeção das câmeras fotográficas são ractioconcêntricas, de modo que quanto mais
distante os objetos estejam do centro das fotografias, maiores serão as distorções (Figura 16).
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Projeto cônica Projeto octogona l
A
Figura 15. À esquerda, representação esquemática das projeções cônica e ortogonal. À direita,
exposição do deslocamento radial, em que os pontos A e B se encontram na fotografia
(a e b) deslocados da posição que teriam se o terreno fosse plano (a' e b'). A está deslocado
negativamente e B, positivamente; isso é, para fora. Por semelhança de triângulos, corrigem-se
esses deslocamentos.
Fonte: Adaptado de Ribeiro (2002) e Tonm1aselli e Reiss (2005).
Figura 16. Efeito de distorção panorâmica. Foto tirada do edifício mais alto de Dubai, o Burj Khalifa,
a 801m.
Fonte: Disponível em: <https:// photogarcthy.fücs.wordprcs .com/ 2012/ 05/ burj-khal ifa-1.jpg>. Acesso: 1l-sete mbro-2017.
Os planos de voos fotogramétricos são projetados de modo que se tenha uma cobertura
completa da área desejada. Para isso, devem ser obtidas sucessivas fotografias, idealmente
verticais e nadirais, que apresentem wna zona de sobreposição, ou seja, a mesma área
da superfície terrestre deverá ser captada e registrada em várias imagens distintas com
sobreposição longitudinal entre 60 e 80 % e sobreposição transversal entre 20 e 30 % do
tamanho da cena, conforme representado na figura 17. Nesse sentido, câmeras digitais
automáticas podem ser programadas em quadros por segundo, dependendo da resolução
que se deseja.
Uma das principais técnicas para correção das dis torções ~ 0 process~ ~e
ortorretilicação das imagens, por meio do qual se realiza a conversão do s istema de pr~Jeçao
das fotografias, passando-se do sistema cônico para o ortogonal. A lém da cor~eçao _do
sistema de projeção, esse processo também possibilita a atenuação de ou t:ª: d• s t0 r~oes
como aquelas relacionadas com o relevo e com variações da estação de exp osiçao .ºc?rnd as
durante o voo. O procedimento de ortorretificação é um trabalho técnico espeCiahzado e
exige uma série de parâmetros e informações que pode ser mais bem entendida a partir das
publicações de Schowengerdt (1997), Gonzalez e Woods (2000) e Liu (2007).
Atualmente, para o monitoramento de culturas e acompanhamento de safras têm
sido utilizadas câmeras digitais com boa resolução, mas que não são métricas. Embora
a maioria das fotografias aéreas utilizadas em mapeamento seja o btida com câmaras
aerofotogramétricas (em geral, 153 mm), muitas aplicações com finalidades agrícolas têm
sido bem sucedidas, adotando-se câmeras de 35 mm e 70 mm embarcadas em pequenos
aviões para o registro e a análise de lavouras. Esse tipo de câmara tem sido chamado de
não métrica ou câmera de pequeno formato, e as imagens obtidas são as fotografi as aéreas
de pequeno formato. Essas câmeras têm sido utilizadas em aeronaves menores ou mesmo
em V ANT e drones Gorge et al., 2014). Além da flexibilidade de coleta de dados q uando o
produtor necessita, pois só depende do operador da aeronave, essas câmeras d.igitais são
de baixo custo, simples de operar, automatizadas e com capacidade de memória suficiente
para armazenar centenas de fotos em um único voo.
O processamento de imagens dessas câmeras deve ser feito por método analítico,
utilizando-se softwares com funcional.idades específicas. De acordo com Vasco e Ribeiro
(2000), esse método pode alcançar a mesma exatidão dos métodos convencionais da
fotogrametria. Embora tenha a vantagem da rapidez na obtenção e armazenamento dos
dados, o uso de câmeras fotográficas de pequeno formato apresenta como desvantagens a
necessidade de um número maior de imagens para recobrir a área desejada, as distorções
geométricas maiores, a dificuldade de conseguir a superposição planejada em razão das
variações de velocidade durante o voo e a dificuldade de estabilização do voo Oorge, 2003;
Silva et ai., 2005).
Jorge (2003) apresentou uma metodologia para tratamento das distorções provocadas
por variações de velocidade e de estabilização do voo de imagens obtidas com câmeras
digita.is a bordo de aeromodelos. No trabalho desse autor, observou-se que, apesar do
descarte de muitas cenas por causa de problemas de n.itidez, inclinação inadequada ou
iluminação insuficiente, foi possível identificar áreas atacadas por doenças e pragas em
culturas como soja, milho, eucalipto, cana-de-açúcar e citros (Figura 18). Procedimentos
similares podem ser adotados para mon.itorar e diagnosticar fatores que influenciam
os padrões visuais da superfície do solo e da condição nutricional das lavouras, sendo
aplicáveis para definir práticas de conservação do solo e da água, manejo da cobertura
vegetal, locais para amostragens direcionadas no campo e apoio para delimitar zonas para
manejo com AP.
Após o georreferenciamento, as imagens devem ser aprimoradas para interpretação
visual e confecção de mapas. Todo o processamento e mapeamento dos dados fom,arão a
base do SIG, que, por sua vez, armazenará as iJúormações necessárias à tomada de decisão
emAP.
Figura 18. Emprego de imagens aéreas, obtidas a partir de câmeras digitais em aeromodelos, para
identificar áreas anormais em lavouras. À esquerda, imagem da cultura de citros tomada a 50
m de altura, evidenciando a presença de plantas afetadas pela doença " declínio dos citros" . À
direita, lavoura de soja com área afetada por nematoides.
Fonte: Jorge (2003).
e e ntusiasmo. Com isso, mui tos produtores se tornaram ávidos por novas tecnologias,
bu scando maior eficiência na gestão das propriedades. Por sua vez, a indústria de má~uina
e equipamentos, para atender a esse mercado, tem desenvo lvido inovações para satisfazer
aos anseios dos produtores por redução de mão de obra e custos, com concomitantes
ganhos de produtividade, de modo a obter maior rentabilidade num cenário agríco la cada
vez mais competitivo.
Sensores utilizando diferentes princípios de fu ncionamento vê m sendo desenvolvidos
para auxiliar na interpretação de fatores condicionantes à produtividade das cu ltu ras. Hoje
existem sensores para atender aos mais diversos objetivos, desde a pesquisa científica até
aplicações em larga escala cobrindo grandes extensões territoria is.
Sensores de solo e plantas, portáteis ou embarcados em satélites, aviões, VANT (Figura
19) e máquinas agrícolas se tornaram grandes aliados dos profissionais e são assimilados
rapidamente pelo setor produtivo que trabal ha com maior nível de investimento.
Multiplicaram-se os modelos de VANT e drones, assim como os novos equipamentos neles
acoplados, atendendo a urna gama de funcionalidades em diversos segmentos (Zhang
e Kovacs, 2012). De acordo com Reetz Junior (2014), embora já utilizados em diferente
explorações na agricultura, há grande campo onde os VANT poderão ser úteis num
futuro próximo, como na aplicação de regulagores de crescimento e no monitoramento
de moléstias em plantas, visando minimizar o uso de produtos químicos nas lavoura .
Por esses veículos estarem cada vez mais sofisticados e robustos, podem ser progra mados
para seguir rotas determinadas e, sem a necessidade de intervenções humanas, realizar o
trabalho de forma mais ágil e eficiente.
Figura 19. Veículo aéreo não tripulado 0/ ANI) sobrevoando área de milho em São Cario , SP.
Foto: Embrapa Instrumentação Agropecuária.
De acordo com Zhang et ai. (2002), são vários os tipos de sensores utilizado em AP. o
diagnóstico de solos e o monitoramento do esta~o nutricional de plantas e da produ ti idade,
visando aperfeiçoar o manejo das adubações, m.tegram os principais focos de aplica ·ão de
sensores na agricultura. Jorge e Inamasu (2014) mencionaram possibilidades de ~so de
Figura 20. Equipamentos com sensores para o manejo de ferti~za~ã~ com nitrogênio. Clorofilômetro
SPAD®(esquerda) e sensor ativo de dossel Green Seeker (direita).
Fotos: Álvaro Resende.
..Jml•MM
1 Sensoriamento I Sensoriamento
Figura 21. Modelo esquemático de sensor de dossel acoplado a um trator agrícola para monitorar em
tempo real a biomassa de plantas.
Fonte: http://ag.topconpositioning.com/pt-br/ ag-produtos/ cropspec.
nu~·iente. Em muitas ituaçõe , a quantidade de amostras que vem sendo utilizada não
é a 1deaJ . O autor enfatizou que seguir a recomendação científica é caro e demorado, mas
negligenciá-la pode tornar a prática pouco eficiente e sem o retorno esperado. Assim, o u so
de sensores capazes de coletar dados de solo em alta densidade certamente contribuirá para
o aperfeiçoamento do processo de amosh·agem de solo, aumentando a confiabilidade dos
diagnósticos e, consequentemente, a eficiência das intervenções de manejo sítio específico.
lesse sentido, o mapeamento do solo por meio de sensores ten1 crescido em razão da
robustez dos equipamentos, do baixo custo e da possibilidade de interpretar resultados
de diferentes atributos que permitem o planejamento e a gestão do manejo em níveis
métricos no campo (Zhang et al., 2002). Assim como os sensores utilizados em plantas, no
mercado já existem sensores para serem utilizados tanto manualmente quanto embarcados
em maquinário. Os primeiros sensores para uso no solo avaliavam a heterogeneidade por
meio da refletância da cor do solo na porção visual do espectro (Frazier et al., 1997). Anos
depois, o uso de imagens aéreas e de satélites foi sendo melhorado e ampliado, permitindo
aumentar o nível de informação sobre o solo por meio do reconhecimento de padrões
existentes em outras variáveis como a paisagem, o relevo e a topografia.
Adamchuck et al. (2004) mencionaram a existência de opções de sensores elétricos,
eletromagnéticos, óticos, radiométricos, mecânicos, acústicos, pneumáticos e eletroquímicos
para avaliar variáveis de solo existentes nas mais diferentes condições de uso e manejo.
Cada um deles é voltado à avaliação de atributos específicos do solo, podendo-se, porém,
integrar os resultados para permitir maior conhecimento das relações solo-planta. Alguns
sensores permitem avaliar, simultaneamente e em tempo reaJ, mais de um atributo, como
textura do solo, teor de matéria orgânica, salinidade, compactação, pH e teores de N03e K.
Sensores para leitura da refletância espectral no comprimento de onda do infravermelho
próximo (NIR) são utilizados em larga escala para analisar o conteúdo de matéria orgânica
e a umidade do solo em diferentes profundidades (Hummel et al., 2001). Equipamentos
como o espectroradiómetro (Figura 22) têm sido testados no Brasil para avaliar a refletância
espectral do solo e de plantas na faixa NIR.
figura 22. Dois mode los de espectroradiomêtros portáteis acoplados a notebooks para leitura e
a rmazenamento de dados em tempo real.
Fotos: Valdinei Sof1a t-ti e Ziany Bra nd ão.
(Zhang et aJ., 2002). A condutividade elétrica aparente funci ona como bom indicado r para
o monitoramento de atributos do solo como salinidade, textura, umidade, densidade, teor
de matéria orgânica e CTC. De maneira geral, quanto maior o teor de a rgila, maior a rnedi_d a
de condutividade elétrica, pois as partículas dessa fração conduzem mais corren te elétrica
do que a areia ou o silte. De forma análoga, em condições de mais umidade e presença de
sais, há maior condutividade elétrica. Desse modo, a condutividade elétrica aparente pode
auxiliar no reconhecimento de zonas com maior potencial de lixiviação, indicação de doses
de herbicidas, definição de bordas em classificação de solos, classes de drenagem, recarga
de lençol freático, entre outras (Moline Rabello, 2011).
Basicamente, um equipamento para avaliar a condutividade elétrica mede, por meio
de eletrodos carregados eletricamente, as ondas magnéticas que são trans mitidas em
razão do potencial elétrico do solo (Figura 7). Um sistema georreferencía as medições
com um receptor GPS e armazena os dados coletados a intervalos de um segundo em
formato digital. Portanto, é possível obter alta densidade de dados por área, permüindo
produzir mapas detalhados da condutividade elétrica do solo (Figura 23) e correlacionar
com outras variáveis de interesse. Combinando os sensores de condutividade elétrica com
um penetrômetro, é possível mapear possíveis restrições ao desenvolvimento radicular ou
permeabilidade a água e disponibilidade de nutrientes no perfil do solo (V eris Tech.nologies,
2015).
Figura 23. Condutividade elétrica aparente (CE) do solo a 30 cm de profundidade, medida com 0
sistema Veris 3100®, a distância de 25 m (a) ou 7,5 m (b) entre passadas, para detemúnar zonas
de manejo em área de integração lavoura-pecuária.
Fonte: Adaptado de Perez e t ai. (201-1).
Quando se fala em sensores, é preciso lembrar que no Brasil ainda existe certo
c01úundimento entre os s~ns~res_ util~ados para m~~ear informações de solo e planta com
aqueles embarcados pela mdustna agnc~la para fac1h~ar a operacionalidade do maquinário.
Como exemplo, os controladores d~ sessao em p~Jvenzador:s são equipamentos acoplado
naqueles implementes, mas que nao tem sua açao necessariamente oltada para aplicação
seguindo alguma 'ariabilidade exi tente no terreno. Nas semeadoras ocorre esse mes mo
co1i.fundimento, poi são oferecidas aos produtores semeadoras com dispositivos de
controle de fluxo de fertilizantes e de distribuição de sementes como sendo mecanismos
para a AP, mas que na verdade operam independentemente da variabilidade do terreno
(Adamchuck et ai., 2004).
As verdadeira semeadoras de precisão apresentam mecanismos em cada linha
de cultivo que, juntamente com softwares específicos, controlam. e variam a distribuição
das sementes ou fertilizantes em razão de outras informações coletadas anteriormente
(produtividade, fertilidade do solo, condutividade elétrica, penetrometria etc), permitindo
modificar a população de plantas ou a adubação em cada local da lavoura de forma
conveniente. Tem-se buscado, a partir da integração de mapas temáticos diversos, auxiliar
na delimitação de zonas de manejo homogêneas, que receberão deposição de sementes
e nutrientes de acordo com as variabilidades existentes entre elas (Luchiari Junior et ai.,
2011).
Por fim, merece destaque a possibilidade de se usarem sensores para mapear a
produtividade durante a operação de colheita, os quais já são disponibilizados para
culturas de grãos, algodão e cana-de-açúcar, por exemplo. Para grãos, essa tecnologia está
bem consolidada, e as rotinas para sua utilização já foram devidamente estabelecidas.
Sensores de produtividade acoplados às colhedoras possibilitam obter mapas de colheita
e visualizar o desempenho produtivo das culturas de forma espacializada ao longo dos
talhões, a partir do registro de dados em alta densidade durante o deslocan1ento da
máquina, garantindo elevada representatividade e confiabilidade.
Considerando-se os fatores que influenciam a produtividade e a importância dos mapas
de colheita nas tomadas de decisões para cultivos posteriores, muitos autores defendem
não só a geração do mapa de uma safra, mas a necessidade de criá-lo dentro de um sistema
de gestão que armazene uma base histórica de alguns anos (Molin, 2002; Milani et al., 2006;
Suszek et al., 2011; Santi et al., 2012, 2013). Assim, as informações coletadas em diversas
safras são avaliadas para se chegar a uma conclusão plausível a respeito de um problema
especifico. Dessa forma, os mapas de produtividade também possibilitam a avaliação dos
efeitos de diferentes práticas agrícolas na produção, auxiliando em atividades de pesquisa
ou em testes de campo realizados pelo próprio agricultor.
As informações dos mapas de colheita expressam o comportamento final dos cultivos
frente à combinação de todos os fatores que influenciaram o seu desenvolvimento. A
construção de um histórico desses mapas no decorrer de urna série de safras permite
identificar padrões de variação da lavoura que não seriam detectados pelo mapeamento
de outras variáveis isoladas. Assim, subáreas com padrões de produtividade contrastantes
e estáveis ao longo das safras indicam locais que devem receber maior atenção para
diagnósticos direcionados e manejo sítio específico das causas de variabilidade da
produção. Sem dúvida, o mapeamento das colheitas é uma etapa crucial para se avançar
no gerenciamento das propriedades com base na AP (Santi et ai., 2009). Não obstante,
mesmo quando dispõe de colhedoras equipadas com sensores, a maioria dos produtores
brasileiros ainda não reconhece o real valor dos mapas de produtividade.
Em razão do caráter ácido e das baixas reservas de nutrientes natura lmente disponíveis
nos solos tropicais, o uso de corretivos de acidez e de fertilizantes representa o conjunto
de práticas agronômicas que mais impacta a produtividade e o cus to de pro_d _ução da
agricultura brasileira. A necessidade de aplicações frequentes desses insumos e a dificuldade
de se dimensionarem exatamente as quantidades requeridas ao longo do tempo, em
condições diversas de fertilidade do solo e culturas, implicam em risco de aportes sub ou
superestimados. As duas situações têm reflexo na sustentabilidade dos ambientes agrícolas,
seja pela restrição ao potencial produtivo quando há fornecimento subótímo de nutrientes,
seja pela possibilidade de contaminação ambiental quando são feitas aplicações excessivas.
A ação antrópica sempre visa uniformizar as áreas de cultivo numa condição de
fertilidade do solo favorável ao desenvolvimento vegetal, mas tal objetivo ra ramente
é alcançado de forma plena, por causa da dificuldade de controle exato das operaçõe
relacionadas ao manejo das lavouras, especialmente em talhões de grande extensão. Assim,
por mais que se prime pela qualidade, não é possível ficar imune a problemas de regulagem
de equipamentos distribuidores de fertilizantes, entupimentos, erros de aplicação, falhas
de estande de plantas, variações de produtividade, entre outros. Esses problemas acabam
por influenciar aleatoriamente os fluxos de entrada (adubação e ciclagem de nutrientes das
palhadas) e saída (remoção na colheita e perdas do sistema) de nutrientes em diferentes
pontos da lavoura, fazendo com que as variabilidades espacial e temporal da fertilidade
do solo sejam não apenas inerentes aos ambientes de produção, mas influenciadas pelas
intervenções antrópicas. Os agricultores devem aprender a conviver com a variabilidade
e manejá-la da melhor forma possível, pois, na realidade, se está constantemente gerando
novas variabilidades ou "manchando" os solos.
Os procedimentos requeridos para que se possam manejar as variações da fertilidade
do solo necessariamente iniciam-se por um diagnóstico do estado atual das condições de
acidez e disponibilidade de nutrientes, o que geralmente demanda conhecer também a
textura do solo. Esse diagnóstico é feito a partir de uma amostragem no campo, segundo
critérios que garantam boa representatividade das amostras a serem analisadas em
laboratório. No sistema de amostragem tradicional, se utiliza uma ou poucas amo tras
compostas para representar um talhão de cultivo, o que permite obter informações sobre a
condição média de fertilidade do solo, a partir da qual se definem doses fixas de corretivos
e fertilizantes a serem distribuídas ao longo de todo o talhão. Essa abordagem corresponde
ao chamado "manejo pela média da lavoura", que, obviamente, não considera de forma
satisfatória as variações de fertilidade normalmente existentes dentro de uma p lantação e
favorece erros de dimensionamento, a menos ou a mais, em relação à real necessidade em
diferentes partes da lavoura.
A possibilidade de se georreferenciar os locais amostrados abriu caminho para
realizar diagnósticos particularizados em diferentes pontos do talhão, cujos dados podem
ser interpolados para visualização na forma de mapas, com a finalidade de e adotar 0
m anejo localizado ou sítio específico de atributos relacionados à acidez e disponibilidade
de nutrientes no solo. Desse modo, pa~tes do t~_lhão ~ue apresentam distintas condições
químicas no solo devem receber quantidades diferenciadas de corretivo e fertilizante',
que constitui a essência do manejo da fertilidade na abordagem da agricultura de precisão.
1
21,1 -:!S.S 21º·240
h-5. ~ 2-10 • 2[,2
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- 271 - 29-1 230 - 250
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- 288 -308
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200 melros +
Figura 24. Teores de potássio (K, em mg dm-3) no solo obtidos a partir de amostragens em grades
com células ou quadriculas de 0,25 ha (a); 1,0 ha (b); 2,25 ha (c); e 4,0 ha (d), que resultam em
diferentes conformações das zonas de maior e menor disponibilidade do nutriente.
Fonte: Resende et al. (2006).
Ainda são frequentes falhas operacionais não percebidas por agricultores e técnicos
nas aplicações à taxa variável. Tais falhas precisam ser corrigidas ou minimizadas, conforme
enfatizado por Gimenez e Zancanaro (2012) ao chamarem atenção para os problemas de
calibração e as limitações mecânicas de equipamentos centrífugos de distribuição a lanço
de corretivos e fertilizantes utilizados por muitos produtores na implementação de doses
variáveis desses insumos. O ideal é que o coeficiente de variação entre as quantidades
de determinado produto distribuídas em diferentes pontos na largura de passada do
equipamento (perfil de aplicação) fique abaixo de 15 %. Para isso, é preciso aferir as
regulagens por meio de testes com coletores em condições de campo, para os diferentes
produtos e doses que se desejam aplicar. Há também limitações de alguns equipamentos
quanto a defasagens de tempo de resposta na mudança de doses, para mais ou para menos,
durante as aplicações a taxa variável. Processos de segregação por tamanho e densidade de
partículas d.ificuJtam obter uniformidade nas aplicações a lanço de corretivos e fertilizantes,
em especial de adubos NPK do tipo mistura de grânulos (Fulton et ai., 2013). Portanto,
depreende-se que, por mais que se busquem homogeneidade e estabilidade das condições
de fertilidade do solo por meio da AP, ainda existirão variações involuntárias induzidas
pela atividade humana nos ambientes de produção agrícola.
Embora ainda haja obstáculos técnicos e operacionais a serem superados, os benefícios
potenciais d.a AP no manejo da fertilidade do solo são muito relevantes e, com a contínua
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existe consenso de que o manejo de solos com AP não deverá se limitar às prá ticas de
amostragem georreferenciada e à adubação em taxa variável, como ainda ocorre na maioria
das áreas produtoras no Brasil. Deve-se avançar, agregando melhor controle operacional e
abordagens aperfeiçoadas. Espera-se melhor integração dessas duas práticas com outras,
como o monitoramento do vigor vegetativo das culturas por sensores proximais ou remoto
e as imagens aéreas ou de satélite, mapeamento de colheitas, sistemas guiados por satélite
para o controle de tráfego de máquinas no campo, semeadura à taxa variável, entre outras.
Embora complexa, a efetiva integração dessas tecnologias converge para a composição de
um processo gerencial mais completo das lavouras, que certamente contribuirá para maior
eficiência de uso dos recursos solo e água, aumentando a sustentabilidade na propriedade
agrícola.
Uma vertente promissora é a integração espacial de fatores determinantes da
produtividade das culturas, com a organização de multicamadas de dados relacionados a
tais fatores, em multianos de monitoramento dos talhões, de modo a catalisar informações
mais consistentes para a tomada de decisão de manejo agronômico (Figuras 25 e 26). Essa
lógica parte da premissa de que diferentes locais dentro de uma lavoura apresentam
potencial produtivo distinto em decorrência da interação de atributos intrínseco (relevo,
mineralogia, textura, capacidade de retenção de água e nutrientes, profundidade do solo,
drenagem e microclima) e extrínsecos (histórico de uso e manejo, sequ ência/ rotação de
culturas, práticas conservacionistas e efeitos benéficos ou detrimentais da ação antrópica).
A resultante dessas interações dá origem a diferentes ambientes de produção dentro de
uma mesma lavoura. O ferramental da AP disponível atualmente permite vislumbrar a
possibilidade de identificação e delimitação mais acuradas desses ambientes (Santi et al.,
2012, 2013; Schwalbert et ai., 2014), para então se aplicar o manejo sítio específico, com
intervenções que levem à otimização dos investimentos em sementes, tratos culturais e
ins umos, de acordo com o potencial de resposta já reconhecido para cada local no campo
d e produção.
1200
1000
,.-....
E
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u
e:
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i:5 600
O PGRM
D PGRB
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o
o 200 400 600 800 1000 1200 1400
Distância (rn)
Figura 25. Delimitação de zonas de manejo a partir da produtividade relativa considerando seis
eventos de colheita sobrepostos de uma área de 57,4 ha, no município de Palmeira das M issões,
RS. Zonas de produ tividade de grãos alta (PRGA), média (PGRM) e baixa (PGRB).
Fonte: Adaptado de Santi et ai. (2012).
MAN EJ O E CONSERVAÇÃO DO SO LO E DA ÁG UA
XXXVIII - MANEJO DO SOLO SOB o ENFOQUE DA AGRICULTURA DE · ' ·
1261
'-....... Ma pa de IV de milho
Mapa de IV do trigo
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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA AGUA
XXXIX - QUALIDADE DO SOLO COM VISTAS
À AGRICULTURA CONSERV AC IO NISTA
1
1 Fertilità dei Sistema 5110/0 Consultoria Agronômica, Porto Alegre, RS. E-mail: margarncolodi@hotmajl.com
Conteúdo
INTRODUÇÃO
O termo soil qualihJ (qualidade do solo: QS) vem sendo mencionado desde a metade
do século XX, mas de~de a décad~ ~e _1990 tem sido ~nfatizado com mais frequência n 5
discursos sobre o ambiente. As defimçoes e, ou, conceitos atrelado ao termo - 0 di tinto ,
dependendo inclusive do local de origem do seu enunciado, se no Canadá, nos Estad ~
Unidos ou na Europa. Algumas definições denotam a preocupação com a aptidão e O us
Berto! 1, De Maria JC, Souza LS, editores. Manejo e conservação do solo e da água. iç
Brasileira de Ciência do Solo; 2018.
1272 MARGARETE NICOLODI
anin~ais e humano ) e Larson e Pierce (1991) como: (1) "condição de existência de um solo
rela~va a um padrão ou em termos de grau de excelência" e (2) "a capacidade de um solo
func10nar dentro dos limites do ecossistema e interagir positivamente com o ambiente".
Os conceitos apresentados anteriormente foram complementados com a ideia
de sustentabilidad e em longo prazo (Parr et ai., 1992). Todavia, enquanto o comitê da
SSSA adotou a concepção de QS restrita à capacidade do solo em funcionar (Doran et
ai., 1994), Larson e Pierce (1994) conceituaram QS como uma combinação de atributos
físicos, quím.icos e biológicos que fornece os meios para a produção vegetal e animal para
regular o fluxo de água no ambiente e para atuar como um filh·o ambiental na atenuação e
degradação de componentes ambientalmente perigosos. Doran e Parkin (1994), Mausbach
e Tugel (1995) e Karlen et ai. (1997) mantiveram a mesma concepção de QS publicada em
1991 pelo Na tional Researcl1 Council, usando outras palavras para expressá-la: " capacidade
de um tipo específico de solo funcionar, dentro dos limites dos ecossistemas naturais ou
manejados, para sustentar a produtividade das plantas e a.rumais, manter ou aumentar a
qualidade da água e do ar, e sustentar a saúde hwnana e habitação" (Karlen et ai., 1997).
Em 1998, MacDonald et ai. (1998) separaram a QS em intrínseca (QSI) e dinâm.ica
(QSD). A QSI foi definida como aqueles atributos do solo que contribuem para a capacidade
do solo de suportar urna função crítica específica (como, por exemplo o crescimento de
plantas), relativamente imutável no tempo. Enquanto a QSD, defin.ida em termos das
mudanças tempera.is, como a alteração de todas ou de certas propriedades da QS, (em
resposta ao uso e manejo), entre dois momentos. A QSI, diferentemente da QSD, não
pode ser avaliada independentemente dos fatores extrínsecos; por isso, não tem uma
metodologia de avaliação com padrões aplicáveis un.iversalmente (Carter, 2002).
Ta Europa, assim como em outras regiões de clima temperado e também nas de clima
tropical, nem a comun.idade científica nem os agricultores concordam com o significado do
termo QS. Uma vez que QS, em sentido amplo, significa grau de excelência, a diversidade de
interpretações se origina do ponto de vista e das motivações de quem usa o termo (tipo de
uso específico). O termo deve ser analisado detalhadamente; frequentemente mais usado
para descrever atributos do solo, deveria ser usado para esse propósito somente quando
relacionado às preocupações com sustentabilidade: (1) produtividade do solo, (2) impacto
no ambiente e (3) efeito na saúde humana (Schj0nn.ing et al., 2004b). Esse dualismo é uma
barreira significativa na comunicação (Carter et al., 2004).
A inclusão do conceito de QS no contexto das políticas da União Europeia demonstra
a integração entre as funções do solo e as ameaças de degradação na perspectiva do uso
sustentável do solo (Tóth et al., 2007). Nessa abordagem ela é descrita com base no
desempenho das funções do solo por meio da estimativa das metas de uso da terra,
considerando a d.inârnica do solo corno resposta ao impacto humano ou da natureza. Contudo,
eles enfatizam que QS pode não ser a mesma para diferentes propósitos. O conceito de QS
deveria ser concebido para melhorar o crescimento das J?lantas com o uso de tecnologias
ambientalmente responsáveis (Sojka e Upchurch, 1999). E necessário um significado mais
adequado para comunicar decisões à sociedade e prescrições de manejo aos agricultores,
com expressões que facilitem a transferência dos resultados da pesquisa (Schj0nning et al.,
2004c).
A reflexão sobre as mensagens que estão sendo divulgadas sobre QS é estimulada
por Sojka et al. (2003), a fim de evitar confundir o público desinformado sobre o solo
e de concentrar esforços para resolver os problemas mais graves. Eles até fazem um
comparativo com a saúde humana: numa emergência, o câncer é con rol do antes de
prescrever exercícios para tônus muscular; os recursos são concentrad s pa ra comb~ter
doenças graves, não para combater uma saúde fraca nem pa rn promo~er_u~a bon aude.
Do mesmo modo, deveríamos ser mais eficientes em comunica r os pnnc1pais problemas
e priorizar as pesquisas para solucioná-los. Se nós queremos controla r rosão, p r~cisamos
identificá-la como o problema, em vez da QS baixa; QS significa diferen tes catsas para
diferentes públicos em diferentes locais e épocas. QS signifi ca diferente coi as para
diferentes públicos em diferentes locais e épocas. Enquanto a p rod u ti vidade e erosão são
os focos da abordagem de QS nos Estados Unidos, a conta minação do solo é o foco na
Europa.
Outras abordagens
Soil vitality (vitalidade do solo)
A soil vitality é a habilidade contínua ao longo do tempo de manter um funcionamento
adequado do sistema solo por meio da diversidade de processos e organismos que nesse
participam (Eijsakers, 2004). A fim de recuperar e melhorar a composição e manter o
funcionamento adequado deve ser considerado para superar eventos e impactos adversos
a robustez, a flexibilidade e a resiliência. Portanto, vitalidade = robustez + resiliência +
recuperação + riqueza (estrutural e funcional) . A vitalidade do solo foi definida como uma
extensão do conceito de f ertilidade do solo ideal, publicado por Janssen (1999), em relação
à qualidade do manejo do solo. Esta extensão acrescenta os critérios de estabilidade e de
equilíbrio ao conceito, com princípios da teoria geral dos sistemas e da termodinâmica do
não-equilíbrio. A partir disso, a vitalidade do solo passa a ser definida como a habilidade do
ecossistema solo de se manter em equiHbrio num mundo em evolução (De Rui ter, 2004). Tal
definição pode ser usada para desenvolver práticas de manejo que restauram, preservam e
asseguram a sustentabilidade do ecossistema solo (De Ruiter, 2004; Verhoef, 2004).
químicos, físicos e biológicos estão em boas condiçõe (Vezzani e Ti lniczu k, 2009). Lirson
e Pierce (1991) sugeriram ligar os conceitos de Q e produtividade do solo. ~ utra5 veze5 ,_
conceito de QS tem sido aplicado no estabelecimento de relaçõ s causü-efe•t~ entre er? ao
do solo e produtividade (Lal, 1999). Nos últimos anos, o conceito de QS tem ido ampltad
para incluir, além da produtividade, a sus tentabilidade (Ca mba rd e lla et ai., 2004 )-
0 conceito de QS mais aceito é aquele direcionado à produção agrícola, porque _.:15
variáveis relacionadas com alta produtividade são boas para determinar a ~ (1 ortcltff,
2002; Lapen et ai., 2004; Zvomuya et ai., 2008). Existe sobreposição nos e nce1_to~ e QS e
produtividade do solo. No entanto, o de QS é mais abrangente que o de produtividade, e m
razão da ênfase no ambiente, nos múltiplos usos e na saúde humana (Ka rl n et ai., 2004).
para solos manejados por longos períodos sem revolvimento. A insufici ê.n~ia do conceito
mineralista da fertilidade já foi provada, mas somente quando adm~hre~ que essa
propriedade é gerada pela interação das condições físicas, químicas e b1ológica d.o _solo
se tornará mais evidente a import~ncia do nível de fertilidade na aptidão e na produtivrdarle
do solo.
As concepções de aptidão dosolo, fertilidade do soloe produtividade do solo se com p~eme~tam
e têm aplicação prática, uma no planejamento com base no ambiente que está ins~ndo e
a outra na melhoria das condições daquele solo para a última. Embora em determmados
períodos a degradação do solo e de outros recursos naturais tenha prevalecido em aJgumas
regiões, isso não significa que as pessoas tenham deixado de trabalhar para melhorar as
condições do solo, a fertilidade, a prod11 tividade e o ambiente. Essa preocupação existe desde o
início da agricultura, e a alternância de cenários faz parte da evolução, porém as novidade
Jashions deveriam ter efeitos práticos evidentes especialmente no contexto agrícola, já que
no político elas parecem ter.
AVALIAÇÃO
Funções
lesse contexto d a QS, nptidão do solo, snzíde do solo etc., muitos autores se referem
às funções do solo, embora também não exista consenso sobre o termo função. Alguns
autores preferem o termo uso, porque destaca o aspecto de manejo (Letey et ai., 2003) e
é mais apropriado para se referir às expectativas que as pessoas têm sobre as aptidões do
solo.
Desde a d écada de 1990, têm sido elencadas quais seriam as funções do solo (Larson e
Pierce, 1991; Doran e Parkin, 1994; Larson e Pierce, 1994; Biswas e Mukherjee, 1995; Brady
e \Neil, 2001; Gregorich, 2002). Segundo esses autores, as funções são: (1) servir como meio
para o crescimento das plantas; (2) servir de habitat para os organismos do solo; (3) servir
como meio para obras de engenharia humana; (4) regular os fluxos de água, de gases
e de energia no ambiente; (5) reciclar os materiais in natura e os produtos de descarte;
(6) responder ao seu manejo e resistir à sua degradação; (7) sustentar a produtividade
biológica; (8) promover a saúde do homem, das plantas e dos animais; (9) sustentar a vida
de todas as criaturas. As funções foram ah-ibuídns pelos autores para entender melhor o
objeto de estudo, no caso o solo. Isso não significa que o objeto tenha essas funções; trata-se
de um artifício para entender como interagem os outros objetos com o objeto de interesse.
Afinal de contas, será que é responsabilidade do solo "promover a saúde do homem, das
plantas e dos animais" ou é do homem "promover a saúde do solo, das plantas e dos
animais", Gá que as práticas e os usos são determinados pelo homem, enquanto o solo
somente reage ao que recebe?)
A avaliação de uma função requer a seleção de atributos, propriedades ou processos
que: (1) servir como meio para o crescimento das plantas; (2) servir de habitat para os
organismos do solo; (3) servir como meio para obras de engenharia humana; (4) regular
os fluxos de água, de gases e de energia no ambiente; (5) reciclar os materiais in natura
e os produtos de descarte; (6) responder ao seu manejo e resistir à sua degradação; (7)
sustentar a produtividade biológica; (8) promover a saúde do homem, das plantas e dos
animais; (9) sustentar a vida de todas as criaturas. (Karlen et ai., 1997). Uma vez definidas
as funções, os processos para cumprir cada fw1ção deveriam ser descritos detaU1adamente
e, então, selecionado um índice ou um conjunto mínimo de indicadores (Mininum Data Set
- MOS) para avaliar o desempenho de cada função (Doran e Parkin, 1994; Karlen e Stott,
1994; Larson e Pierce, 1994). Porém, os principais processos raramente são detalhados
(Schj0nning et ai., 2004b), além do que é impossível avaliar todas as funções, simultâneas
e até mesmo contraditórias. QS alta para produção não é garantia de qualidade alta para
proteção ambiental ou para biodiversidade ou sustentabilidade; e qualidade alta para uma
função, frequentemente, predispõe qualidade baixa para outras funções simultâneas (Sojka
et ai., 2003).
Indicadores e índices
A seleção de indicadores tem sido o principal foco das pesquisas em QS. D_ep~ndendo
da função p ara a qual uma avaliação está sendo feita, uma lista quase infin ita de indicado res
pode ser utilizada (Lal, 1999). Os indicadores de maior interesse são os físicos (o mc1is prami:sor
é a estrutura) e os biológicos (MO e atividade de grupos de organjs m os). Es a p r_eferê ncia ~
expectativa de que nesses grupos estejam os in d icadores mais sensíveis às alteraço da QS e
esperada, pois os quírrucos já fazem parte das avaliações de rotina da fertilidade e, conforme
a interpretação dos resultados, práticas de correção e de adubação são recom end adas e
adotadas. A moderruzação dos equipamentos analíticos possibilitou que dete:minaç- mais
es pecíficas de C, N e P sejam feitas, assim como de atividade de enzimas. E lógko que, se
a QS for considerada como aptidão ou se o objetivo for avaljar a degradação do solo, o
indicadores das condições físicas podem ou deveriam expressá-la melhor.
Um inrucador deve transmitir informação sobre potencial de impacto da mudança do
manejo nos resultados das funções do solo (Bremer e EUert, 2004). Existem muitos problemas
na seleção de indicadores, (de escalas temporal e espacial), como a necessidade de demonstrar
as relações de causa e efeito entre a QS e as funções no ecossistema, a acurácia, a pTecisão e o
custo da determrnação do MOS (Karlen et al., 2004). É difícil identificar os atribu tos que servem
como indicadores do funcionamento do solo, pelos inúmeros aspectos envolvidos na defirução
da qualidade e pela multiplicidade de fatores que controlam os processos biogeoquímicos e suas
variações no tempo, no espaço e na intensidade (Doran e Parkin, 1994). Outro fato relevante é
que são ressaltados somente os aspectos positivos dos inrucadores, como aumento dos teores
de MO, baixa densidade do solo, presença de minhocas e de microrgarusmos etc., todavia os
negativos também deveriam ser (Sojka et ai., 2003).
A busca por indicador pode ser ineficaz para manejas sus ten táveis e o índice introd uz
sign.ifjcatjv~ perda d~ informação do agroecossistema (Carter et ai., 2004). Alguns autore
admitem qué a Q9 não pode ser medida diretamente e s ugerem usar atributos do olo
sensíveis às diferentes práticas de manejo como indkadores, inerentes ou dinàrnico (Brejda
et al., 2000). Os indicadores inerentes são aqueles atributos relacionados à com po ição
natural de um solo e aos atributos influenciados pelos fa tores e processos de formação; e
os dinâmicos são os relacionados aos atributos e aos processos que mudam numa e cala
de tempo humana, como resultado das decisões de uso e manejo (YVienhold et al., 200-l).
Porém, na prática, essa diferenciação não melhora a estimativa da QS.
É óbvio que uma vez selecionados os indicadores - tendo a metodologia sido definida
nessa primeira etapa - são necessários os estudos de calibração para os uso específico
do solo, para as diferentes condições edafoclimáticas com práticas de manejo viá eis
nas diferentes regiões. Assim como, é importante ter consciência que essa fase é muito
demorada, portanto, se faz necessário estudar, recomendar e adotar as práticas de manej
para melhorá-lo, já que a área de solos degradados continua aumentando. Com isso, pode-
se aproveitar o alto potencial produtivo das culturas, culti ando um solo melho rado.
Um índice de QS deveria integrar atributos biológicos, físicos e q uímicos d olo
e os respectivos processos, ser acessível a muitos usu ários e ap licável a condiç - de
campo, ser sensível a variações de manejo e clima ao longo do tempo (Doran e Parkin,
1994). Para Tóth (2008), um único índice não é suficie nte para ter percepção ap li ável da
s u ste ntabilidade no planejamento do uso e da conservação do solo. E · -e a u tor u ~ere a
utilização de três: (1) Índice de ~ S, para expre_ssar a h~bilidade de o solo prestar e~iços
para O ecossistema e para a sociedade; (2) [nd1ce de Risco do Solo, para expressar ní el
de risco no qual é expo to aos perigo de degradação; (3) Índice de Sustentabilida d e, para
comparar a QS pelo gradiente de estresse ou distúrbio. Essas diferentes concep ções dos
índices, até conlTa tantes nos objetivos, decorrem dos diferentes conceitos e abordagens da
QS adotadas nas diferentes regiões e épocas.
Inúmeros esquc111ns p ara avaliar a QS foram desenvolvidos, entre eles: Soil Conditioning
I11dcx (SCI), por Hubbs et al. (2002); Soil Mnnngemen t Assess111ent Frmnework (SMAF), por
Andrews et ai. (2004); Agro Ecosystem Pe1formnnce Asscss111ent Tool (AEPAT), por Liebig et
ai. (2004); e Comel/ Sai/ Hea/t/1 Assess111e11t, por Giugino (2007) . Vários foram desenvolvidos
a partir do Productivity lndcx, proposto por Kin.iry et ai. (1983), enh·e eles: (1) QS = f (SP, P,
E, H, ER, BD, FQ MI), desenvolvido por Parr et aJ. (1992), em que SP são os alTibutos do
solo, P o potencial de produtividade, E os fatores ambientais, H a saúde humana e animal,
ER a erodibilidade, BD a diversidade biológica, FQ a segurança e qualidade dos alimentos,
MI os produtos adicionados no manejo; (2) QS = f (QSEl, QSE2, QSE3, QSE4, QSES,
QSE6), por Doran & Park.in (1994), em que QSEl é a produção de alimentos e fibra, QSE2
a erosividade, QSE3 a qualid.ade da água subsuperficial, QSE4 a qualidade dn água superficial,
QSES a qualidade do nr, QSE6 a qualidade dos alimentos. OulTos modelos para integrar os
valores de parâmetros determinados foram propostos por Pierce et ai. (1983), Gale et al.
(1991), Burger & Keating (1999). O esquema amplamente adotado é QSJ11dex = qwe (wt) +
qv. t (wt) + qrd (wt) + qspg (wt) foi desenvolvido por Karlen & Stott (1994), em que qwe é
a taxa de retenção de água, gwt taxa de transferência de água, qrd habilidade de resistir a
degradação, qspg habilidade de sustentar o crescimento das plantas, wt peso numérico de
cada função no solo.
A diversidade de índices propostos na literatura demonstra a incapacidade desses e
dos indicadores em expressar satisfatoriamente a QS. Além disso, Sojka e Upchurch (1999)
alertaram para a ilusão transmitida em trabalhos que citam somente um indicador de QS
(MO, peso de minhocas etc.) e o uso, por exemplo, de aroma como indicador. Qualidade
implica em pressuposição de valor, estes indicadores não são universais e estão sendo
arbitrariamente atribuídos por uma só escola de pensamento.
No Brasil, diversos estudos foram conduzidos avaliando indicadores com objetivo de
selecionar os mais adequados para diferentes tipos de solo, ambientes (semiárido, cerrado,
amazônico etc.), sistemas de cultivo (orgânico, convencional, semeadura direta) e grupos
de espécies (floresta.is, graníferas, pastagens, frutíferas etc.) (Quadro 1). Na maioria das
publicações não foram recomendadas práticas para melhorar o solo nem discutido conceito.
Porém, sugiram novas qualidades Jashions: qualidade biológica do solo, qualidade subsuperficial,
qualidade estrutural, qualidade química e, a mais citada, qualidade física do solo.
Contudo, a falta de habilidade de prescrever medidas específicas de manejo para atingir
um valor de índice de QS desejado foi enfatizado por Waldon et al. (1998) . Eles concluíram,
após 20 anos comparando práticas de manejo, que o esforço para mudar todo o solo para
atingir um padrão arbitrário pode não ser prático e possível economicamente. Para Aden.iyi
e Gbadegesin (2012), são necessárias diversas mudanças metodológicas na estimativa
da QS para guiar as decisões sobre manejo dos solos tropicais, enh·e essas: la) identificar
determinações que reflitam a deficiência de nutrientes e avaliar as ferramentas e os índices
nas regiões de clima tropical, pois a maioria foi identificada nas regiões de clima temperado
e avaliando poluição causada por nutrientes; 2a) conduzir estudos principalmente em
condições de campo para determinar os impactos dos usos do solo e das práticas de manejo
nos indicadores, 3a) analisar as limitações ao desenvolvimento radicular.
Quadro 1. Temas em destaque em alguns arti gos sobre QS publ icad os n o Brasil no século
XX I
2012 O liveira et a i. Qualidade física ... cultivado com soja ... em n í ei de com p.iL-taçào e crri çào
Contmua...
Quadro 1. Cont.
Ano Autores Título ou tema abordado no artigo
2012 Lima e t ai. Intervalo hídrico ó timo ... indicador d e melhoria da qualidade estrutural ...
2012 Sil\'eira Jr. e l ai. Qualidade iísica d e um Latossolo Vermelho sob plantio direto ...
201 3 OLiveira et ai. Qualidad e estrutural de um Latossolo Vermelho submetido à com pactação
2013 Serafim e t ai. Qualidade física e intervalo hídrico ótimo ... cafeeiro ...manejo con ervacionis ta ...
2013 Bono et ai. Qu alidade física d o solo em Latossolo ... cerrad os ... siste mas de u so e manejo
2013 Mota e t· ai. Qualidade física de um Cambissolo sob sisteanejo.
2014 Kuwano et ai. Soil quality i.ndicators in a Rhodic .. .. under different uses ...Para ná, Brazil.
2014 Sou za et aJ. Effects of traffic control on the soil physical quali ty ... su garcane.
2014 Oliveira et ai. .. . índices de qualidade física do solo sob floresta estacionai semidecidual.
2014 Melo et ai. Qualidade estrutural d e solos coesos ... d e Pernambuco tratados com ...
201-1 Neto e t ai. Qualidade física de um Latossolo ... no Cerrado brasileiro.
2014 Lima et ai. lndex of soil physical quality of hardsetting soils on lhe brazilia n coast.
2015 Cândido et ai. Métodos d e indexação de indicadores na avaliação da QS em relação à erosão ...
2015 Cherubin et ai. Qualidade física, química e biológica de um Latossolo com diferentes ...
No Bras il, dois enfoques têm sido propostos parn estabelecer padrõ s de ~~feréncia:
solo sob vegetação natural, por representar as condições ecológicas de estabilidad.e do
ambiente, e parâmetros agronômicos que maximizem a prod ução e conservem O ambiente
(Santana e Bahia Filho, 2002). Porém, antes de seguir um o u o utro, seria interessante P:nsar
e responder as seguintes questões: (1) Qual será a utilidade na prática da comparaçao da
QS entre diferentes países e regiões? (2) O resultado gerado fará com que sejam alterada
as práticas de uso dos recursos naturais e a matriz produtiva de a lguma região no mundo?
Raramente as melhores condições físicas, quimicas e biológicas de um solo s.3o
aquelas determinadas quando esse solo não é cultivado, mantido sob vegetação natural ,
principalmente, em geral, nessas condições ele é pouco produtivo e também e degrêlda.
Logo, esta não deveria ser a condição almejada para os solos agrícolas. É essencial admitir
que inúmeras vezes o cultivo e as práticas de manejo adotadas melhoram a condições do
solo. Isso aconteceu principalmente em solos tropicais e s ubtropicais, em vá rias regiões do
mundo. Obviamente, as condições do solo almejadas devem ser melhores do que as atuais.
Isso não significa que precisamos saber quais são as melhores condições físicas, químicas
e biológicas que podem ser alcançadas para cada tipo de solo nos inúmeros ambiente e
sistemas de produção. Muito mais importante do que comparar QS e ntre d uas regiões ou
escolher padrões é adotar imediatamente práticas que melhoram as condições do solo.
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O solo possui robustez, resistência e resiliência, capacidades que p rrru tem a ele
tolerar perturbações sem colapsar e se recuperar após uma mudança ambie n tal; m mo
assim é importante desenvolver estratégias de proteção ligadas ao u o e à po ição do so lo
na paisagem (Nortcliff, 2009). O reconhecimento das relaçõe adaptatims e não linear
permite aos cientistas verem oportunidades para práticas ino adoras na promoçã d
desenvolv imento sustentável. Uma abordagem para a s us ten tabilidade do recu rso
na turais foi apresentada por Moore (2009), descrevendo as paisagens corno -istemas
adaptativos complexos, com base em duas pressuposiçõe : la) as pai agens ão o resultado
d e uma combinação de múltiplos fatores, nenhum pode ser manipulado em influe nciar
o outro; 2a) processos e suas alterações interagem por toda a paisagem, freque ntemente
e m resposta às práticas de manejo. Abordagens que ampliam a percepçã d o - 0 1 no
ambiente contribuem para melhorar a compreensão das relaçõe entre o ~ istemas e eu
subsistemas e para aprimorar as práticas agrícolas de acordo com a pecificiddde da
região ou microbacia hidrográfica. O manejo ndnptnti-vo aplica o conhecimento de p r ce - 5
e da dinâmica do ecossistema para modificar e adotar práticas apropriadas à cultura I e 1
e ao ambiente local, também bus~~ co11stmir ar~ iliênci~ ( lueller e t ,"li., _QQ9). p rincipa l
problema, a identificação das prahcas de maneio que sao u tentá ei , p de er -u perado
identificando além da estabilidade do sistr111n solo, a resistê.n ia e a re -iliê n ia d s lo s b
manejas específicos (Schj0nning et al., 2004b).
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Nitrogênio mineral (%) Umidade(%)
◊ 50: Okg ha· N
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o PC okg ha-l N o 50: 60 kg ha" N 1
o 50 A/M: 180 kg ha" N
1
/ 50 G/M: Okg ha·1 N
PC: 180 kg ha·1 N ◊ 50: 120 kg ha·1 N O PC V/M: 180 kg ha· N
1
r /_) 50 G/M: 180 kg ha·1 N
◊ 50: 180 kg ha·1N O 50 V/M: 180 kg ha·1N
figura 3. Rendimento de grãos de milho, indicadores das condições químicas e umid ade do solo
avaliados no experimento em Eldorado do Sul conduzido há mais de 20 anos. PC = Preparo
convencional; SD = Semeadura diieta; Adubação nitrogenada aplicada no milho (kg ha·1); A
= aveia-preta (A vena strigosa); C = ca upi (Vigna unguiculata); G = Guandu (Cajanu s cajan); M =
rniU10 (Zea mays); e V= vica (Vicea saliva).
Fonte: icolodi (2007a).
1
Na África, tem sido colocada em prática a filosofia "grow the soils to grow tlze crops"
(cultivar O solo para cultivar plantas), introduzida por Crompton, em 1953, na Inglaterra, em
piores, sen~ adubação e monocultivo (Wander et ai., 2002) . Esses resultados confirmaram
que~~ práhca recomendadas para conservar o solo e melhorar a produtividade são aquelas
que Jª co~ece,_n os como (rotação, maior diversidade de espécies cultivadas, aplicação de
adubos mmera,s e corretivos etc.), e que a adoção delas ainda é importante.
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Adubação e população de plantas
Quadro 2. Identificação dos tratamentos, adubações e população de plantas ava liadas no Morrow
Plots, apresentadas na figura 4
Tratamento Adubação anual Plantas/hectare
Org. NPK Orgánica até 1955 e depois como tratamento NPK 59400
Orgânica até 1967 e depois com 336 kg ha·1 de N aplicado como uréia; P e
Org. PK alta K mantidos no - valores padrões > 125 e 628 kg ha·1, respectivamente 59400
Fonte; \'\'andcr cl a i. (2002).
1º trigo e m rotação
10 Melhor . PK
Fungicidas , 1r - •;t FY\t - % k~ h,1 :--,
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Período e cultivares de trigo
Figura 5. Evolução do rendimento(tl médio de grãos de cultivares de trigo cultivadas com d iferente
formas de suprimento de nutrientes e adoção de práticas agrícolas no Broadbalk (Crute, 2006).
PI Em 85% d e massa seca.
Fonte: Crute (2006).
usada adubação orgânica (maior adição de ), maiores também que o teores no solo das
parcelas 1 e 3. Desde 1950 as parcelas 1, 3 e 26 têm recebido adubação mineral com base na
análi e do solo, ma a 27 não foi adubada. Na avaliação feita 100 anos após a ins talação do
experimento verificaram-se os maiores teores de CO até 40 cm de profundidade no solo da
parcela 3, que recebeu adubo mineral para máxi ma produção entre 1888 e 1949, e entre 40
e 90 cm de profundidade no solo da parcela 26, que recebeu adubação orgânica entre 1888
e 1927, caJagem e da adubação fosfatada entre 1.928 e 1949 e, principalmente, foi cultivada
com rotação de culturas composta por 50 % de gramíneas e 50 % de leguminosas. Esses
resultados confirmaram a importância da calagem e adubação para conservar o solo e os
efeitos benéficos de algumas espécies cultivadas na melhoria do perfil do solo, inclusive
a 80 cm de profundidade. São necessárias mais pesquisas e calibração para entender a
dinâmica e as relações entre os 1úveis de carbono ativo para QS e snlÍde do solo e os teores
de MO. Todavia, muitos outros fatores podem ter contribuído na ação e no teor de CO e n a
sua distribu ição ao longo do tempo no perfil do solo (Miles e Brown, 2011).
80
100
120
0,1 0,3 0,5 0,7 0,9 1,1 1,3 1,5 1,7 1,9
.o ' Parcela 27'
Pa rcela 26
20 20
40 40
60 60
80 80
100 100
120 120
figura 6. Distribuição de carbono orgânico no perfil do solo após 27 (1915), 50 (1938), 74 (1962) e 100
anos (1988) de instalação do Sanborn Fie/d.
Fonte: Miles e Brown (2011).
produtividade do solo. Esse tipo de resposta foi obtido na avaliação de indicadores biológico5 ,
após 16 anos da implantação do experimento em Londrina, PR (Figura 7a, Bal~ta et a i.,
1998), após 17 anos da implantação do experimento em Eldorado do Sul, RS (Fig_ura 7 ~,
Conceição, 2002) e na avaliação de indicadores físicos (Figura 8; Conceição, 2006; 1co!odi,
2007a) e químicos (Figura 9; Nicolodi, 2007a) em três experimentos condu zidos há mai de
20 anos (em Santo Ângelo, Eldorado do Sul e Passo Fundo, RS).
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Figura 7. Indicadores biológicos do solo avaliados em Londrina (a) e em Eldorado do Sul (b). PC =
Preparo Convencional; SD = Semeadura direta; CN = Campo Nativo; A = aveia-preta (Avena
strigosa); C = caupi (Vigna unguirn/ata); M = mill10 (Zea 11rays); e V= vica (Vicea sativa).
Fontes: (a) Balot:a et aL (1998); e (b) Conceição (2002).
30 PCT/S
a) ■ PCA/M
20 ■ SDT/S
SDA/M
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b) ■P A/M
~ PCA+"'t./_M+C
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Classe de diâmetro dos agregados (mm)
Figura 8. Agregados na camada de 0-10 cm de profw1didade d_o solo nos experimentos em Santo
Ângelo (a) e Eldorado do Sul (b) . P~ = Preparo Conv_enc1onal; SD = _Semeadw-a direta; p =
Pa ngola (Digitaria decu111be11s); A= aveia-preta (A ve11a slngosa); Ab = Av~1a-branca (A ve11a sativa);
e = ca upi (Vig11a unguirn/ala); Cv = cevada (Ho1:deur11 ~u_lgare); M_= milho (Zea 111ays); S = soja
(Glycine mm:); Sg = sorgo (Sorglru111 vulgare); T = h·1go (Tnt1rn111 aest1v11111); e V = vica (Vicea satíva) .
Fontes: (a) Conceição (2006); e (b) /\'icolod i (2007a) .
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Santo Ângelo \
I
I
Figura 9. Teores de MO (a), P (b) e K (c) disporúveis e saturação po r bases d ) nas camadas de 0-10 e
0-20 cm de profundidade dos ~olos de experimentos conduzidos há mai de an em Eldorado _o
do Sul, Passo Fundo e Santo Angelo. PC= Preparo Convencional; SD = Sem eadura direta; =
aveia-preta (Ave11a strigosa); Ab = Aveia-branca (Avmn satii n); C = cau pi ( 1g11n un ,1ún tatn); Cv
= cevada (Horde11111 v11/gare); M = milho (Zen 111ays); S = oja (Glyci11e mn.x); Sg = orgo (Svr /rum
vulgare); T = trigo (Tritic11111 aestiv11111); e V = vica (Vice11 . ativa).
Fonle: Nicolodi (2007a).
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Sistemas de cultivo e espécies Indicadores biológicos da qualidade do solo
Figura 10. Nível de ordem do sistema do solo estimado a partir da agregação (a) e de indicadores
biológicos (b) avaliados em Eldorado do Sul. PC = Preparo Convencional; SD = Semeadura
di~eta; C = Campo Nativo; A= aveia-preta (Avena st,igo~a); C = caupi (Vig11a 1111g11iculata); M =
milho (Zea mays); e V= vica (Vicea sativa) .
Fontes: (a) Vez.z.ani (2001 ); e (b) Schmitz (2003).
refletir e (re)tomar um caminho mais útil nas pesquisas e ge ra r soluções exeq uívei pa r
os problemas reais.
As práticas de manejo são mais impactantes sobre a habilid ade de o olo f uncion~ do
que os atributos intrínsecos do solo. Já em 1999, Sojka & Upchurch perg untavam: quais 0
problemas específicos dos agricultores, do ambiente ou do agro negócio q u e s5o 0 _u f~ra m
resolvidos somente pela abordagem da QS? Eles afirmam que profissio nai~ e CJenti,;ta
do solo deveriam buscar a "qualidade do manejo do solo antes q ue o ma neJO_da _Q S · A
preocupação com a quantiiicação de algo tão ilusório quanto QS em nada contrrbu1 _para a
solução dos problemas que já são evidentes. Naquela época, eles anuncia va m que ap~n_iorar
a qualidade do manejo do solo trará efeitos imediatos e mais pronunciados na produ t,v1dnde,
na susten tabilidade e nos impactos ambientais do que décadas de pesquisa em QS per se.
Sanchez et ai. (2003) também demonstraram ter essas restrições; eles defendem
o rigor científico e uma interpretação apropriada, des tacando q ue os indicadores
qualitativos imbuídos de valores podem ser politicamente e socialmente atraente , ma
são cientificamente equivocados. A QS deve ser vista como um componente do manejo
integrado dos recursos naturais, com ajustes nos conceitos atuais, pois o uso de definiçõ
vagas dos seus atributos nas regiões tropicais seria um atraso. Esses a utores afirmaram q ue a
''fertility capabilihJ soil classíficntion ", amplamente usada para identificar atributos relevantes
para produção de plantas e manejo do ecossistema nos trópicos, é urna alternativa de
abordagem qualitativa e um passo em direção à melhoria nas regiões tropicais.
Práticas que melhoram ou mantêm a QS podem ser metas mais a tingíveis somente
se o enfoque da mensuração da QS for deixado de lado e se for enfatizada a manipulação
dos sistemas de manejo (Carter et ai., 2004). As estratégias de manejo, que mantêm a
integridade do ambiente, a diversidade do sistema agrícola e a conservação dos teores
de MO e nutrientes de fato, deixam benefícios ao sistema que promovem emergência de
qualidades no tempo. Idealmente, as opções de manejo são consideradas em relação a como
as diferentes práticas de manejo do solo afetarão a produtividade, o ambiente (composto pelo
sistema solo manejado) e a saúde humana (Schj0nning et ai., 2004b). lnclusive, o objeti o
do livro Managing soil quality challenges in modem agricrilture é promover a transferência
dos esforços em QS da estimativa para as práticas de manejo. Investir todos os esforços
enfrentando o problema da não-universalidade dos limiares dos indicadores implica no
risco de nunca abordar os problemas de manejo (Schj0nning et ai., 2004b). É preferí el
identificar limiar de manejo em vez de limiar de indicador para implementar o conhecimento
sobre a qualidade no planejamento do uso do solo (Bouma, 2004).
Logo, uma estratégia fundamental para preservar e melhorar o sistema solo é mudar 0
foco dos pesquisadores e dos agricult~res da atrib~ição de funções e avaliação da QS para
as práticas capazes de melhorar a qualidade do mane10 do solo. Todavia, para concretizar a
mudança é fundamental que as pessoas gastem menos energia na seleção de indicadores
e mais energia no incentivo e na adoção das práticas conservacionistas. É importante
consolidar essa mudança de foco, un:1a vez que diversas estratégias e prá tica agricolas
benéficas já são conhecidas dos pesquisadores e dos agricultores e foram detalhadas ne e
livro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A qualidade do solo foi tema de inúmeros textos nos últimos 25 anos em várias regiões
do mundo, com diversas definições, conceitos e métodos de avaliação. Não há consenso
sobre as concepções de q11alidade, aptidão, salÍde, vi talidade, produtividade e fert-ilidade do solo;
ela estão sendo di cutidas com frequência no exterior, mas raramente na Ciência do Solo
bra ileira. A grande maioria das pesquisas sobre QS, no Brasil e no mw1do, é focada na
avaliação, principalmente na seleção de indicadores. As publicações raramente têm por
objetivo avaliar ou recomendar adoção de práticas para melhorar o solo e a qualidade
dos prod11tos da agriculh1rn. Isso realmente seria uma enorme e bem vinda contribuição
da Ciência do Solo. Aliás, nesse 1110111e11to da Ciência do Solo, tem-se a impressão que os
indicadores de tudo agora são indicadores da QS e, pior ainda, que o conhecimento de
algumas áreas como a Conservação do Solo deixou de ser fw1darnental(!) e atrativo.
A crescente preocupação da população com o ambiente, a divulgação desse tema
na mídia e a inclusão dele nos debates políticos promoveram discussão, pesquisa e
disseminaram o interesse pela qualidade da água, do ar e do solo. Todavia, isso não
muda as necessidades para a conservação do solo, o estabelecimento de um cultivo, o
desenvolvimento das plantas, a produtividade das culturas e muito menos as necessidades
que as pessoas têm para se manterem vivas, como de se alin1entarem, consumir água e
respirar. Um fato essencial que está sendo desprezado é que a população mundial continua
crescendo e assim como o consumo de alimentos também. Além disso, infelizmente, grande
parte da população continua morrendo de fome. Desconsiderar a evidente necessidade de
aumentar a produção é um ato de extrema irresponsabilidade não só com a alimentação e o
bem estar de animais de estin1ação, mas com os seres humanos. Assim como é fundamental
não só preservar, mas melhorar o ambiente, também é aumentar a produtividade. Logo,
os humanos devem refletir mais sobre a importância de manter um determinado ambiente
intocável e não produtivo, em vez de melhorá-lo e torná-lo produtivo; (por exemplo, com
atividades silvipastoris), garantindo para o futuro ambiente e seres humanos saudáveis.
Algumas ilusões são necessárias para a evolução. Infelizmente, refletir sobre como está
sendo praticada a agricultura não é uma ação atrativa e nem o tema éfashion, como análise
de inrucadores de QS, visualização de mapas de fertilidade e de colheita coloridos, uso de
máquinas com pilotos automáticos etc. A facilidade em divulgar informações sobre temas
da moda às vezes induz à formação de opiniões equivocadas. Por isso, é imprescindível que
os autores e formadores de opinião tenham além do conhecimento, (científico e prático),
cuidado com as ideias divulgadas; é necessário considerar todo o contexto antes de noticiar
somente parte do discurso. Um exemplo disso é a afirmação de que a adubação nitrogenada
deve ser rurninuída para evitar a contaminação do ambiente. Porém, se a produção de
grãos de trigo e milho fosse reduzida em 50 % para proteger o ambiente, quantos seres
humanos a mais morreriam de fome no mundo por ano? Raramente são veiculadas
notícias informando que existem vários modos de diminuir o potencial de contaminação
do ambiente e como aproveitar melhor as habilidades que algumas espécies têm de fixar e
ciclar nutrientes. As habilidades de diversas espécies usadas em rotação foram estudadas;
entretanto, ainda é importante estimular o agricultor usar mais esse recu rso, demonstrar
os benefícios do cultivo dessas espécies nas entressafras e viabilizar economicamente essa
prática na propriedade. Uma contribuição relevante da Ciência do Solo para a sociedade
seria viabilizar e novamente promover a adoção das práticas agrícolas conservacionistas,
e ntre essas manter o solo cultivado durante o ano todo (processo colh r-semear), també m
priorizando o aumento da produtividade e a melhoria do ambíent .
Muitas práticas e tecnologias para produzir se m degradar ão conh ~ida_s e devem
ser estimuladas principalmente pelos pesquisadores, professores e ex tens io ms tas e por
políticas governamentais. Tem-se a impressão que se continua a consumir te mp_o da~do
voltas em torno dos problemas mais difíceis de resolver: melhorar as condiçõ 5 bwlóg:icas
e físicas do solo, já que as quinúcas podem ser facilmente reso lvidas com a plicaç~~ d e
corretivos e adubos. O aspecto positivo é que sob nova vestimenta, com recursos analíli~o
modernos, as pesquisas conffrmaram os benefícios da mudança do s i tema de c ulti vo
e a destacada importância da MO do solo e a necessidade de a umenta r o eu teo r . o
Brasil, a erosão e a degradação dos solos diminuíram muito com a mudança do s is te ma
de cultivo, mas muito ainda precisa ser feito, principalmente pa ra melhorar a ativ idad e
biológica a estrutura do solo e aumentar a infiltração de água e a continuidade dos poro •
Isso sim deveria ser incentivado inclusive promovendo a mudança de foco para q11nlidade
das práticas de manejo do solo.
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11 Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ema te r-PR), C uritiba, PR.
E-mai l: oroma r@emater.pr.gov.br
21 Empresa de Pesqui a Agropecuária e Extensão Rural de Sa nta Catarina, Centro de Pe'-<j u,sa para
Agricu ltura Familia r, Chapecó, SC.E-mail: lpwi ld@epagri .sc.gov.br
J/ Emater-RS, Porto Alegre, RS. E-mai l: s trec k@emater.tche.br
Conteúdo
INTRODUÇÃO
Na Constituição Federal, no artigo 225 do Capítulo VI, que trata do Mei mbiente,
é exposto que "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem d
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à cole tividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para a presente geração e a futuras
gerações".
Sendo o solo um dos mais importantes componente do Mt::io Ambiente e, por
consequência, um bem de uso comum do povo, cabe, portanto, ao Poder Públic , •uidar
d ele, uma vez que o ser humano depen~e ~o so~o para a ua obre i encia. o p nto de
vista agrícola esse recurso tem como prmc1pal função sustentar a vid.:i do h mem e d os
anjmais por meio da produção de alimentos. Justifica-se o fato de a Con tituiçã d ~ta a r
a necessidade da defesa e preservar os recursos naturais e, por on eqüencia, do oi , nã
Be rtol 1, De Maria IC, Souza LS, edi tores. Manejo e conservc1ç.10 d o . olo e d a .iguJ. Viço ·.1. M : _ oet!.1J e
Bras ile ira de Ciênci;,i do Solo; 2018.
1312 ÜROMAR ]oÃo BERTOL ET AL.
apena em razão d.1 importância d esse bem para a sociedade, mas ta mbé m em razão da
sua ínti ma relação om a água, outro r urso natural vi tal para o ser humano, b m com o
o fe itos de ~ª relação nos a pectos "qu alidad e e quantidade" da água.
]c1 está suficientemente den,onstrado que os solos ocupados pela agricultu ra n o Bras il,
particularmente aqueles manejados sob Semeadura Direta (SD), vêm recebendo e m sua
superfície do es crescente de adubo , bem como é notória a persistência e o agrava mento
da erosão hídrica em todo o paí . Por sua vez, a combinação do aporte crescente de a du bo
em uperfície com a ero ão hídrica acarreta perdas de nutrientes, que, quando consid eradas
cumulati\'am ente, alcançam valores de grande monta e representam prejuízos consideráveis
tanto ao produtor rura l como à sociedade, como: depreciação das terra ocasionad a pela
ero ão; neces idade de reposição de nutrientes, muitos deles dependentes de importação;
e proliferação nas águas de organismos aquáticos indesejáveis por causa da eutrofização
do mananciais pelos nuh·ientes aportados pela erosão. Merecem destaque ainda outros
efeitos da erosão hídrica, como: destruição de estradas e pontes; aumento no custo do
tra tamento de água para fornecimento às populações; redução da vida útil das barragens;
necessidade d e tratamento médico das populações, rmaJ e urbana, em razão de doenças de
\ eiculação hídrica; e diminuição na disponibilidade de peixes, em razão de níveis elevados
de turbidez e eutrofização das águas, prejudicando as populações ligadas à atividade
pesqueira. Em decorrência, cresce na sociedade a consciência de que o solo e a água são
recursos degradáveis, limitados e finitos quando submetidos a condições inadequadas de
uso e manejo.
A previsão de aumento crescente de participação do setor agropecuário na produção
de energia para os próximos anos, além da necessidade de produção de alimentos, tende a
elevar a intervenção antrópica para atender a essas demandas. Isso aumenta a preocupação
com a degradação do solo e da água. Entretanto, a elevação populacional, o incremento
e a diversificação d e atividades demandadoras de recursos lúdricos em quantidade e
qualidade têm provocado crises agudas de disponibilidade de água, em muitas regiões do
Brasil Por causa disso, tem-se ampliado a cada dia entre as populações, rural e urbana, o
entendimento de que a água é um recurso estratégico para a sobrevivência das espécies e
para a economia, uma vez que é vital para o desenvolvimento de atividades como irrigação,
criação de animais, geração de energia, processos industriais, navegação, higiene e lazer.
Uma das formas de o Poder Público cumprir com o dever cons titucional de cuidar
dos recursos solo e água, dado a importância desses recursos para a socied ade, é estruturar
e manter um serviço de Assistência Técnka e Extensão Rural (ATER) público. Isso é
evidenciado pelo fato de vá rios estados da federação terem desenvolvido p rogramas
exitosos de conservação do solo e da água; em todos esses programas a ATE R foi a principal.
Segundo os participantes do Seminário Nacional de Assistência Técnica e Extensão
Rural, realizado em junho de 2008, em que participaram 11 000 pessoas d e todos os estados
d a federação, os principais objetivos da política nacional de ATER é estimular e apoiar
iniciativas d e desenvolvimento rural s ustentável, visando à melhoria d a gu alidade de
vida das populações rurais, entendendo que o desenvolvimento rura l s us te ntável será
alca nça do pela prática de uma agricultura sus tentável.
Par a O Ministéri o do Desenvolvimento Agrário, o principal objetivo dos serviços
de ATER é melhorar a renda e a qualidade de vida das familias rurais, por m eio do
aperfeiçoa mento dos sistemas de produção, mecanismo de acesso a recursos, serviços e
re nda, d e forma s ustentável (Brnsil, 2004; a ntos, 2010). Po r sua vez, o desenvo lv imento é
cons ide rado sustentável quand o sati faz as necessidades prese ntec; se m comprom t r u
possibilidades elas futuras gerações suprirem as suas próp rias neces idades, defi n i ·ão esc;a
ratificada durante a EC0-92.
Ao iniciar este capítulo, julgou-se impo rtante diferencia r ex tensiio ru ral d e a_,.,istê ncia
técnica. Embora esses dois serviços atu em na transferência de tecnologiê1, J cred 1lil-s q ue
isso se reveste de importância em razão da diferença de enfoque que cada um imprime il l
desenvolver ações no meio rural e, por consequêncit1, na conservaçâo d o so lo e dc.l água.
A Extensão Rural caracteriza-se por ser um sistema de proced imentos técnicoc:; a ocíad os
a métodos organizativos, realizado por ex te nsionistas de ins ti tuições oficia is o u privadas,
e tem como propósito a educação do produtor rural e sua fa m ília (Bicca, 1992). Portanto,
pode-se considerar que a extensão rural também é um processo d e educação, porém de
caráter prático e permanente, que proporcione o crescimento do homem d o campo, inclu ive
no aspecto da organização rural. A Extensão Rural ta mbém pode ser defin id a como um
processo de educação informal, destinado a agricultores, d onas de casa, joven rurais e
demais interessados em melhorar as condições de vida das popuJações ruraí (Rib iro, 19 5 ).
Assim, a Extensão Rural particulariza-se por ser um sistema ed ucacional q ue se baseia na
realidade rural; busca atuar por meio de programas pactuad os com a po pulação rural a
partir dos problemas enfrentados por essa população e considerando a políticas públicas de
Estado (país, estado, município); procura agir de forma integrad a com outra in titu iÇ , em
especial a pesquisa; visa valorizar o trabalho em grupo; busca consid erar corno unidade de
trabalho a familia; e procura avaliar constantemente o trabalho em execução.
A Assistência Técnica, por sua vez, é definida como um conjunto de ações integrada
que objetiva dar condições aos usuários das áreas agrícolas, de ad o ta r e utilizar técnicas
recomendadas para atingir o êxito de seu empreendimento (Bicca, 1992). C onsidera ndo
esse conceito, o profissional que atua na assistência técnica te m com o açõ principai a
elaboração de projetos e a orientação e fiscalização na execução d e obras e serviço técnico .
Pode-se considerar, portanto, que a Assistência Técnica te m concepção tecnicista, em
que o processo educativo se dá numa relação de via única, em que o técn ico é o d etentor
do conhecimento; e o produtor rural, o receptor. Assim, a Assis tência Técn ica acaba se ndo
um processo de substituição de um conhecimento por outro, enqua nto a e, tensão rura l s
constitui em um processo de construção do conhecimento. uma abordage m ob a ótica
da comunicação, pode-se dizer que o agente da extensão rural é alg ué m q ue e comu nica
com o público rural, enquanto o assistente técnico faz comunicado (Fre ire, 1977).
Associação Brasileira de Crédito e Assist' ncia Rural (A B /\ R), ins tituíd a em 1 - 6 (Pei ot ,
1
2008).
Em 1974, o Governo brasileiro resolveu cri a r a Empresa BrJ ·ilei rc:1 d 1 '- i tencia
Técnica e Extensão Rural (EMBRATER), um a medida q ue viso u m, nter O _e rviço ~e
ex tensão rural no Brasil, cm razão do desint rcsse do Governo a me ricano na m,rnutençao
da cooperação técnico-financeira a esses serviços. A EMBRA TER foi conc; tituídJ com
personalidade jurídica de direito privado, o qu e se cons tituiu na estatizaçã~ do . e~vi~o
d e ex te nsão rural. O decreto que criou a EMBRA TE R incorporou o ter mo /\ss1 tencia
Técnica" e estabeleceu as fontes de recurso pa ra cu mprir com os seu objetivos, q ue e ram :
promover a integração com a Empresa Brasileira de Pesqu isa Agropecuá ria (EM BRAPA_);
coordenar a transferência de tecnologia e as ações estaduais de extensão; e p rcc;tar ap 10
financeiro às associadas que atuassem no serv iço d e /\TE R, urna vez q ue o d ecre to de
s ua cri ação a utorizou-a a aportar recursos para esse fim (Santana e Miziara, 2001 . Em
decorrência disso, foram criadas nos estados, as Empresa d e s i tência T nic.i e
Extensão Rural (EMATERs), que absorveram as ACA Rs .
O processo de democratização do país, fo rtalecido, so bre tud o, a pa rtir d a segunda
metade da década de 1970, propiciou o surgimento de um mov imento ocial ex ten ionj ta,
o que resultou em nova proposta de Extensão Ru rnl. Essa no a propo ta recome ndava a
construção de uma "consciência crítica" por parte dos extensionis tas e a recom e ndação
para o uso do "planejamento participativo". Es e mov imento, po r ua vez, le ou a
EMBRATER, na década de 1980, a optar por assi tir priorita riam ente o produ tore
familiares e assentados rurais. Além disso, passou a apoiar um m odelo de des n volv imento
rural ecologicamente correto, economicamente viável e socia lme nte justo, diferente do que
fazia a extensão rural nos seus primórdios, quando a tendia prefere ncialm nte o gra nd
produtores, tendo como principal preocupação transferir tecnologia de tinada ao proces o
de produção (Oliveira et ai., 2010).
A partir dos últimos anos da década de 1990 do sécu lo pa ado, alguns fa tores
contribuíram para o enfraquecimento dos serviços de A TER no pa · , en tre o fa to de
as instituições que prestavam esses serviços eram consideradas como e m fi.n lucrativo ,
filantrópicas e, nessa condição, isentas do pagamento de obrigações ociai , impo_ to e
taxas governamentajs. No entanto, a avaliação histórica da TER no Bra il e id ncia que o
período em que esse serviço produziu os melhores resultado para o prod u t re_ rur i
para a agricultura brasileira foi aquele em que o sistema era compo to por a eia ões i 1 ,
sem fins lucrativos, de direito jurídico (Santana e Miziara, 2007). U m fa to r que também
corroborou para o enfraquecimento dos serv iços de A si tênà a Técn ica e E. tensã Ru ra l
foi o té rnúno do créd ito subsidiado para a agricultura, que era a plicado p rin ipalm nt 1a
ATER.
Diante desse quadro e apoiado em inúmeros proble mas, em 19 O, o G vem d o
Pres idente Fernando Collor de Melo, no seu programa d e ref rma - enviado ao Congr ·
Nacional, propôs a supressão de instituições públicas, entre ela a ext in -ã d a E rnR--\ TE R
(Santana e Miziara, 2007), apesar da enorme importâ ncia d a E IBR. TER e mo p nt d
acesso dos produtores rurajs às moderna tecnologias. Com a e. tinçã da El lBR TER, ,1
res ponsabilidade pela coordenação da extensão rural pa u para a E1 IBR PA (Bra -iJ,
1990). No entanto, ainda no an o de 1990, foi criada a ! ciação Brasileira :ta- Em pre
d e Exte nsão Rural - ASBRAER, uma in.iciati a dos dirigente - i as E !ATER es d uai - om
o governo federal.
e:\ti nção da E 1BRATER cau sou desorgani zação de todo o siste ma ofici,il d e A TER,
prov?ca_ndo, nos estados, extinções, fusões, mudanças de regime jurídico, sucatea m e ntos
e, pnnc1palmente, a perda d e articulação entre di versas instituições orga ni zado ras do
serviço de exten ão, sendo ma is conhecid a por operação desmonte (Peixoto, 2008). Com
isso, as insti tuições de extensão rural passaram a depender qu ase que excl usivamente dos
goYernos estaduais e dos convênios com prefeituras. Diante desse contexto, as EM ATERs
tiveram que con truir uma relação de confiança com essas duas esferas govern amentais, o
que criou uma situação d e difícil conciliação - a ingerência política denh·o da extensão rural,
um entrave à continuidade dos trabalhos (Santana e Miziara, 2007). U1n efeito também d a
extinção da EMBRA TER foi o surgimento de um mercado privado de ATER por m e io
de organj zações não governamentais (ONGs) e cooperativas de assistê ncia técnica. Isso
promoveu a expansão dos serv iços de assistência de venda e pós-venda de insumos e de
equipamentos, mudando a relação entre pesquisadores, assistência técnica e extensão rural
e produ tores, influenciando n a transferência de tecnologia, tanto em man ejo e conservação
de solo quanto em ouh·as áreas.
o ano de 2010, o Governo Federal, por meio da Lei Nº 12.188, restabeleceu o serviço
oficial de Assistência Técnica e Extensão Rural, com a criação do Programa Nacional
de Assistência Técruca e Extensão Rural (PRONATER) e da Conferência Nacional
de ATER, que é aberta à participação de diferentes instituições (Brasil, 2010) . Uma das
funções da Conferência de A TER é defirur os recursos e as políticas públicas voltadas
ao desenvolvimento da agricultura, como a h·ansferência de tecnologia para recuperar e
preservar os recursos naturais. A Conferência Nacional de ATER em 2012 teve por objetivo
debater as diretrizes para a construção da Política Nacional de ATER (PNATER) para os
próxin1os quatro anos. O eixo de A TER para o desenvolvimento rural su stentável, período
2012 a 2016, estabeleceu como uma das prioridades para todo o Território Nacional
promover a integração entre os processos de geração e transferência de tecnologias
adequ adas à preservação e recuperação dos recursos naturrus. A Sociedade Brasileira de
Ciência do Solo é urna das instituições que deveria ter participação efetiva na Conferência
de A TER para garantir a formulação de políticas públicas e recursos financeiros para a
conservação dos recursos naturrus solo e água em todo o Território Nacional.
el e eliminélção da biomassa cultural residu nl pelo uso lo fogo. Nesc;a ·•po él'. pac; ou '.1 c;er
comum é1 necessich1de cio replant io elas lavo uras, por ca usa das p rdas parciai.; ou totai do
plantio provocadas pela e rosão hídrica. Em razão cless s probl mas, o Gn ern Fed ral,
por meio do Ministério da Agricultura, criou o Programa 1 a iona l de Cons rvaçã~ do ~lo
- PNCS, com o fim de implementar planos estadua is e municipais de combate '' e r:1...., 0 -
Foram constituídas equipes de pesquisa e extensão rural, com o propóc;ito d pe quic;ar e
difundir tecnologias de conservação do solo nos Estados de finas Ge rais , píri to antn,
São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Su l, principalmente vinculadas ac;
Secretarias Estaduais da Agricultura. No e ntanto, fo i dado énfase ap nas a consc a<:;cio
do solo e com foco, tão-somente, em prá ticas mecânicas de contro le da erosão como 0
terraceamento.
Um fator que também contribuiu para que os governo pa __ assem a dar maior
ênfase às ações de preservação e recuperação dos solos foi o já mencionado proce o
de democratização do país. Tal processo permitiu q ue in fo rmações sobre os problema
ambientais existentes nas diferentes regiões do país, s uas ca usa e responsávei , p,1-~assem
a ser do conhecimento da sociedade e essa pudesse se posicionar " cobrando" providência
dos governos.
A preocupação crescente sobre a necessidade de com bate r a ero ão hid ric,1 fez
surgir em muitos estados da federação, programas com a função e pecífica de p romo ·e r
a recuperação dos recursos naturais comprometidos. Es es programas se caracterizaram
por atuar estrategicamente no espaço geográfico de pequenil_ bacias hidro 0 ráfi~ ,
denominado de micro bacias, estimular a integração de diferente p rá tica conservacioni têL
e ter a Extensão Rural como o principal age nte executor. Exemplo de programas com .is
mencionadas características: Programa para o Desenvolvimento Racional, Recuperaçào
e Gerenciamento Ambiental da Bacia Hidrográfica do Guaíba - Pró-Guaíba. no Rio
Grande do Sul (Emater/RS, 1994); o Projeto de Recupe ração, Conservação e i\lanejo
dos Recursos Naturais em Microbacias Hidrográficas - Projeto I licrobacias 1, em anta
Catarina (Instituto ..., 1988); Programa de Manejo lntegrado de olos; Procrrama ie Manejo
Integrado de Solos e Água; Projeto Paraná Rural; Projeto Paran á Biodiver idade, no E tado
do Paraná. Entre as práticas conservacionistas propos ta pelo mencionado programas
para serem utilizadas integradamente no controle da ero ão hídrica, merecem citaçà a
correção do solo, o terraceamento, o plantio em nível, a SD, o u o de plantas de cobertura
do solo, a integração das estradas com a lavoura dentro de um e n foque conserva ioni ta,
o tratamento adequado dos dejetos de animais e a recupe ração da cobertur, flo r tal em
áreas estratégicas para a proteção dos mananciais de água.
No entanto, pode-se dizer que o emprego de prática con en·aciorú tas te forma
integrada, conforme preconizada pelos programas acima mencionado-, ai o e. c ·õ -, n • 0
ocorreu. A 50, com base em observações realizadas e mpirica mente, pa u a ~er d ifundid
como suficiente para o controle integral da erosão hídrica. Em dec rren ·ia di o, as práti as
de controle do escoamento superficial passaram a ser con iderada de- nece jria -, gu
levou à retirada do sistema de t~1-race~mento da lavouras de forma indis riminL1 d a e, por
consequência, a semeadura em 111vel fo1 abandonada (Dena rdin, 1 97). E _es pr ~ediment 5
passaram a comprometer os bons resultados de controle da ero -ã hídri a, bti i · p lo-
programas de manejo dos sol_os _e da ág_ua, es_p ecialmente n ca_o - em que h u e 0
emprego de práticas conservac10111stas de torma integrada. oncomitan te a e e fot , p.irte
s ignificativa dos agricultores que adotaram a SD pa sou a nã uti lizar a rotaçã :ie cultur 5
cmúorme preconizado essa técnica no conte, to da agricultura con rvaci ni ta, re ·u\tando
bás ico como o ge rencia mento das águas p luviais e a oi ta de li xo eíl u ntec;. om ª
contínu a mi gração das populações cio m io rur, 1 pa ra élS cidad es, te m c1um ntado
produção d e li xo e eflu entes e a im perm ea bi lização do solo m razão d ocupação das ter_rac;
pela cons trução civil (prédi os, casas e vias pública ). Em decorrência di c:o, t m h~v,do
elevação no vo lume das águas plu viais e cons q uent aumento de tr nsporte J_e lrxo
efluentes, que acabam sendo depositados nas li nhas de d renilgem natural, no meio rural.
Como desfecho dessa situação, obse rva-se o comp rome timento da qut1lída edil água e 0
aumento da degradação ambiental, principalme nte nc1 frontei ra cnlT o espaços urbano e
rural, com o crescimento da erosão hídrica, a té mesmo o surgimento de granel ·s voçoroca~.
Os sistemas de abastecimento público de água tem utilizado, na maioria dac; vezes,
mananciais que se localizam próximos aos aglomerados u rbanos - um recurso qu .1
empresas que prestam esse tipo de serviço ado tam corno medida pa ra dimínu1r os cu to_
do processo de implantação e operação dos sistemas de a bastecimento de água. A im,
face à proximidade dos mananciais com as cidad es e q uand o es e c;ão de uperfície, a
qualidade dos recursos hídricos desses mananciais é faci lme n te comprometida p lo .:i.porte
de lixo, esgoto e águas pluviais vindos da á rea urba na, confo rme já ex po to. Tal situação,
além de se constituir em risco à saúde humana, tem ocasionado aum n to doe; custos de
tratamento da água e, até mesmo, a sus pe nsão tem porá ri a de fo m ecim nto de a U« ,1s 7
populações.
O sistema viário, em particular as estradas ru ra is, vem- e con tituindo em um
dos principais agentes da erosão hídrica no meio ru ra l, sendo a fa lta de ín tegração da
estradas com as lavouras adjacentes o principal causador dis o. Por ua vez, as lavoura. ,
especialmente aquelas que não possuem práticas de con trole d o escoa m nto uper icial,
acabam por conduzir suas águas para as estradas, ocasionando dan o e, em consequencia,
dificuldade para o tráfego. Entretanto, a e xperiência tem evidenciad o que a integração
das estradas com as lavouras, dentro de u_ma ótica conservacio ni ta, tem- e constituido
em fator importante para o controle da erosão hídrica, a lém de (Ya ra n ti r a traf gabilidade
e proporcionar a redução dos custos de manutenção da m a lha viária para a prefeitu ras.
Merece citação, ainda, o fato de que no ambiente rural, a e trada , alé m d e o n tituir m
em meio de comunicação, cumprem papel importante no de en o lv imento d a agricultura,
com reflexo econômico expressivo especialmente sobre o agricultor fa miliar. categoria
de agricultor tem ampliado os seus negócios por meio d e ativid ad como c1 icultur ,
horticultura, suinocultura, piscicultura e bovinocultura de le ite, a tivid ad e - q ue demandam
estradas em boas condições de tráfego a qualquer tem po e co ndiçã lim,Hica, tanto p r
escoar a produção como para receber insumos.
As ações conservacionistas devem ser implementadas sob um · tica i t · mi a.
No entanto, as experiências também apresentam q ue no Bra il o em p reo d prat 1ca -
conservacionistas de forma não sistêmica é recorrente. Um exe m p l di - o a altem tiv
tecnológicas utilizadas para o controle d as perda d e água 1 , m m e d o do •éculo
passado, que se resumiam na implantação d e terraço na la o u ra . C m 0 - terr O t · m
como fw1ção principal o controle do escoamento s u perficial, atuilm basi am n te sobre
segunda fase da erosão, portanto, uma ação não · istem ica, o q ue e:\.plic · in uce5 - 05
colbjdos nesse período. No entanto, mai recentemente, d ifu ndiu - e a id e ia i qu ,1 o,
po r s i só, seria capaz de controlar a perdas tanto de o lo c mo d água, fo t es-e n"
confirmado por inúmeras pesquisas e por comp rovação n campo, · pecial men te no qu
se refe re às perdas de água, uma vez que s a t~cnica te m m 1io r eficácia n o - ntrole do
e fe itos do impac to da gota de chuva na superfíc ie d s lo, porta n t , obre a primeira ta ,
da erosão híd rica. Assi m, pode-se afirmar que, salvo exceções, 0 manejo e a conservação
do solo e_d a água sempre foram executados de forma parcial, ora com ênfase no controle
de uma tase da erosão, ora preconi zando O controle de outra fase; porém, quase nunca
no todo (Berto! et ai., 2012). Isso vem evidenciando para a extensão rural qu e as ações
conservacionis tas podem sofrer solução de continuidade que se acentua quando as ações
são implementadas isoladamente.
Pode-se considerar, pelos resultados já alcançados, que as tecnologias dis poníveis
para o controle das causas da erosão hídrica são suficientes, quando aplicadas d e forma
istêmica, bem como já estão identificadas aquelas mais indicadas para controlar cada fase
desse fenômen o. Assim, o conh·ole da erosão hídrica tem corno alternativas, já ·c onsagradas,
o seguinte conjunto de práticas: utilização do solo de acordo com sua capacidade de uso;
seccionamento da encosta pelo uso de terraços; operações em nível; integração das estradas
rw·ais com as lavouras sob critérios conservacionistas; cobertura do solo; e SD. Esse
conjunto de práticas pode, também, ser considerado como um controle da erosão hídrica.
Diante da importância da água e da necessidade em protegê-la, deve ser incluído nesse a
cobertusa, com florestas, das faixas de terra no entorno dos mananciais de superfície e dos
topos de morros (Berto! et ai., 2012) .
O fator econômico exerce influência expressiva na adoção das boas práticas
consen acionistas por paste do agricultor. Observa-se, por exemplo, a não adoção da rotação
de culturas pela maioria dos agricultores que adotaram a SD, uma prática considerada
importante dentro desse. A não adoção decorre, segundo os agricultores, do fato de as
denominadas plantas de cobertura não proporcionaTem retorno econômico direto. Disso,
têm resultado muitas lavouras em SD de pouca qualidade. Em relação ao controle da
enxurrada, constata-se que muitos agricultores, ao adotarem a SD, têm eliminado de suas
lavouras os terraços já implantados e, com isso, verifica-se o abandono do plantio em nível,
conforme já citado. A justificativa dos agricultores para a adoção desses procedimentos
é a necessidade de diminuir os custos de produção pela via do aumento da capacidade
operacional das máquinas. Também, w11a razão para esse comportamento que merece
citação é o emprego de máquinas e equipamentos superdimensionados para o tamanho e
as condições de relevo das lavouras em muitas regiões do país.
A dificuldade do profissional que faz assistência técnica e extensão rural para atuar
sistemicarnente nas ações de conservação e manejo dos recursos naturais, em razão da sua
incapacidade de analisar as causas da degradação do solo e da água de forma sistêmica.
Por consequência, essa dificuldade se estende para a proposição de estratégias técnicas de
correção dos passivos, também de forma sistémica. Parte dessa deficiência vem do fato de
muitos profissionais terem feito sua formação em instituições que ministram conteúdos
não abrangentes na ciência do solo. Contribui, ainda, para essa deficiência o fato de os
conhecimentos em ciência do solo, quase sempre, passarem a ser disponibilizados de
forma fracionada, por temas específicos, ou seja, de forma não sistêmjca . Entretanto,
esses conhecimentos normalmente são publicados em periódicos, na forma de trabalhos
científicos, a maioria de circulação restrita, de pouca presença principalme nte nas regiões
d o interior do país. Constata-se que é reduzido o número de obras escritas que contém
os conhecimentos de forma sistematizada, o que dificulta ao profissio nal que atua
diretamente com o agricultor ca pacitar-se sob o enfoque sistênlico. Em decorrência disso,
há um contingente expressivo de profissionais sem conhecimento para a importante tarefa
de elaborar um planejamento conservacionista quaJificado o suficiente para indicar as
limitações e o polencial dos recu rsos naturaíc; d cada propri dad - fato res esc; nciais para
a s ustentabilidade dos processos produtivos d nvolvidos p lo agri ultor.
Os programas e ações conservacionista d ve m se r impl e mentados de fo rm,
d escentralizada e participativa. A participação da comunidade, es p cic1l mentec1 co m~m_idade
local (município), tem-se evidenciado um fator ec;sencia l, não apenas pêl ra O e-x ito na
implantação de programas e ações, mas pa ra a garantia da continui dade e perenidc1_d_ d ns
trabalhos. A oportunidade de participação faz nascer o sentimento d corr ponsabih?ade
no cidadão, o que cria condições para a ampliação do alcélnce cios progr.1ma pela v 1c1 do
cofin anciamento local. Assim, decisões emanadas centralizada mente devem ser e itadac:.
Os programas de conservação do solo e da água devem consolidar tr<1bal hos
de pesquisa, materializa ndo-os como ins trumentos para a difu são da tecnolo ia
conservacionista por meio, por exemplo, de manuais, vídeos e discurso do corpo técnico
envolvido com os programas conservacionistas, de forma que técnicoc; e produtores te nhc1m
ins trumentos para a compreensão de realidades locais e adoção de p ráticas ad equada. . '>
experiências também têm demonstrado que as tecnologia preconiz.1das devem con idera r
a diferenciação de produtores, segundo as condições de posse da te rra, uma veL q ue i c:o
estabelece diferenças culturais e socioeconômicas.
Os incentivos financeiros (subsídios), normalmente ofertados pelo program.i oficiai
de conservação dos recursos naturais, não podem ser vistos por técnico e produtores como
um fim, embora importantes para obter mudanças. Os recursos devem ser admini_trado
de forma complementar aos recursos de outros atores, especialme nte ao dos próprio
produtores rurais. Entretanto, faz-se necessário disponibilizar incentivos na fo rma de
estrutura pública e privada adequada de prestação de serv iços e es pecialmente de recursos
humanos, uma vez que a inexistência ou a e cassez de tai recursos lev« à baixa e etivid«de
dos resultados.
A adoção de medidas conservacionistas tem sido vis ta, por parte do produtores
rurais e de determinados segmentos da sociedade, como iten amai no cu to de produç5o
e sem retorno econômico. Isso explica, ao IT1enos em pa rte, o fato de q ue, em no o pai ,
as ações em relação ao manejo e à conservação de solos e de água, têm neces itado -empre
de uma participação expressiva das diferentes instâncias de governo, particularmente a
instância estadual.
A difusão das tecnologias conservacionistas, quase sem pre, tem ido realizada em
separado da transferência de tecnologias dos processo produtivo , o u eja, 0 proce 5
produtivos são implantados e conduzidos sem enfoque conservacionista, o que, geralmente,
estabelece as causas da erosão hídrica. Assim, a condução do proc o produtivo , •em
considerar as boas práticas de manejo do solo e da água, tem proporcionado uma ituação
e m que primeiro são criadas as condições para a degradação d lo e das água , que,
posteriormente, demandam as tecnologias para correção do pa -- i o ambiental criaJo.
Não há, portanto, a preocupação com a sustentabilidade de e- proce 0 - , q ue consi tiria
em, por exemplo, executar um conjunto de medidas conserv.1cionista a.nt~edendo ,
implantação dos processos.
Os problemas de mau ma~ejo do solo e da _~gt_Jª têm- e manti :1 ao longo J
te mpo. Em 1956, a ASCAR, no Rio Grande do ui, Jª d1agn s ti a a us , por parte d -
agricultores, do plantio e dos tratos culturai no entido d declive, acompanh,mdo O maior
comprimento da gleba do teneno (ASCAR, 1956). Ob er a-se que tais prática e ntinu:1m
as r executada pelo õgricultorcs, principnlrn "1üe por parte daqueles que adotam a SD e
removeram os terraço . egundo Olingcr (2006), os agricultores tendem a adotar práticas
que lhes diminua o !Tabalho, embora es as conco1Télm para a produção d e grandes danos
à na tureza.
É importante ressaltar o papel que deve ser assumido pelas instâncias de governo e,
em particular, pela ATER oficiaJ, sobre a conservação do solo e da água, uma vez que esses
são patrimônios da nação brasileira, conforme já mencionado. Em cumprimento a isso,
cabe ao Estado assumir a função de articulador em relação à sociedade civil e participar
como parceiro no suprimento dos diferentes recursos necessários para executar programas
conservacionistas. Ao articuJar e desenvolver programas de recuperação e preservação dos
recursos naturais, além de facilitar o alcance dos objetivos, o Estado influencia positivamente
a população para o debate das questões ambientais. Tal iniciativa favorece o entendimento
do cidadão sobre a importância do solo e da água e, em consequência, estabelece na
sociedade uma condição favorável para a difusão das tecnologias conservacionistas. Isso
possibilita o engajamento dos diferentes segmentos da sociedade civil, de modo a garantir
a continuidade das ações, independentemente de soluções de continuidade que venham a
ocorrer nas esferas de governo.
Uma das formas de o Estado cumprir com o dever de cuidar dos recursos naturais
é con tribuir para que as unidades da federação esLTuturem e mantenham um serviço de
ATER oficial. Todavia, o cumprimento desse dever está ameaçado em razão da recente
criação da "Chamada Pública" por parte do Minjstério do Desenvolvimento Agrário;
um instrumento que se des tina a contratar, via edital, serviços d e entidades públicas ou
privadas para executar serviços de ATER com os agricultores famjliares. Conforme Diniz et
ai. (2012), os serviços contratados por meio desse instrumento têm como foco os processos
de produção agrícola e as cadeias produtivas, portanto uma ação de simples assistência
técnica e não de extensão rural propriamente dita, não se caracteri za ndo, entre tanto, como
manej? ~i~s recur os naturais tenha um enfoque de processo consLTutivi sta. Assim, tem-se
a poss 1b1hdade de elevar a capacidade crítica, o nível de consciência e o nível de resposta
da própria comunidade e assegurar que as tecnologias conservacionistas propostas serão
adotadas.
U1~1 dos aspectos importantes quando se pensa em desenvolver ações que visam a
melhoria e preservação dos recursos naturais é que tenha continuidade, dado o caráter
di1~~1ico do meio ambiente e que seus resultados tenham perenidade. Para alcançar tais
obJe~v_o_s, torna-se necessário elevar o nível da consciência preservacionis ta de modo a
po s1b1htar mudanças de comportamento da população rural. Para tanto, a educação
ambiental é o instrumento adequado e deve ser objeto da atenção da ATER, uma vez que
promo~ e a transferência de tecnologias denh·o de um enfoque educativo. Metodologias
apropnadas, quando aplicadas num enfoque de educação ambiental, favorecem a
participação nas diferentes etapas de implementação de ações conservacionistas e a
consolidação de um pacto social para a execução das ações que a comunidade, juntamente
com o técnico, definiu como apropriada para a correção dos problemas diagnos ticados.
Um aspecto que também deve ser considerado pela ATER, denh·o do propósito de
promover a preservação ambiental, é qual o entendimento do produtor rural quanto à
degradação dos recursos naturais sob o seu dominio. Almeida (2003) constatou, em
pesquisa desenvolvida com os agricultores, numa situação grave de degradação do solo,
que em tomo de 60 % não identificavam o problema em suas terras, comportamento esse
também registrado por profissionais que desenvolvem ações de manejo e conservação
do solo no meio rural. Tal condição constitui-se numa grande dificuldade para adotaT
tecnologias que se destinam a corrigir passivos ambientais, w11a vez que o reconhecimento
dos passivos é essencial para que haja adoção consciente. Tal constatação certamente
é parte da explicação sobre a ctificuldade de muitos agricultores que utilizam a SD, em
aceitar, por exemplo, a necessidade de manter em suas lavouras práticas de controle da
erosão lúdrica como o terraceamento, uma vez que alegam inexistir perda de solo, ainda
que seja evidente.
A ATER oficial deve se integrar às demais instituições que atuam no meio rmal ou
que tenham interesse e dependam dos recursos naturais solo e água e desenvolvam ações
conservacionistas. Nas últimas duas décadas, a força de trabalho das empresas oficiais de
ATER foi reduzida paulatinamente em razão da diminuição dos seus quadros. O espaço
deixado pelo poder público no desenvolvimento de ações conservacionistas vem sendo
ocupado por um conjunto expressivo de instituições de naturezas distintas, conforme já
citado, já que a degradação dos solos e da água que continua ocorrendo impõe a necessidade
de adotar medidas para que a agricultura tenha sustentabilidade. Tal situação corrobora a
necessidade de haver um Sistema de Extensão Rural Oficial que, em razão de sua natureza
e responsabilidade com a sociedade que o financia, deve adotar uma postura isenta de
outros interesses que não seja a preservação dos recursos naturais, bem como de se integrar
com as demais instituições que manifestam objetivos comuns. Uma iniciativa que pode
corroborar essa necessidade é a instituição de fóruns em diferentes níveis de instância
(estadual, regional, municipal), na forma de conselhos, grupos gestores ou colegiados. Tal
iniciativa, que pode ser liderada pela ATER, tem a possibilidade de mobilizar recursos
humanos e financeiros para desenvolver as ações que se fizerem necessárias. Além disso, a
existéncia de fóruns em diferentes instâncias faz com que o município, que é onde ocorrem
as ações de conservação e manejo do solo e água, receba o apoio das instâncias regional e
estad ual. Experiéncias tém evidenciado que essa estratégia contribui expressivamente para
compromete a chamada agricultura de precisão para fin s el e adu bação e correção do o la,
principalmente quando os corretivos e fertilizantes são aplicad os na super fície do solo. Sob
essa condição, tais insumos são facilmente trans portados a té os ma na nciais de água P la
enxurrada, que se forma nas lavouras, comprometendo, porta nto, a pre te ndida p r~ci ão
na aplicação dos produtos. Também, é oportuno incluir nesses argu me ntos a necessid<1 d e
de estabelecer estratégias de armazenamento da água no solo (Berto! et ai., 2012). A
inclusão dessas temáticas na difusão de medidas conservacionistas d eve-se à cons tatação
do crescente interesse na água por parte da sociedade e d o agriculto r, em pa rticu lar, o
que se tem constituído em fator favorável à adoção de tecnologias conservac ionista . Tem
sido possível comprovar, nos processos de difusão de tecnolog ias conservacionistas, que o
agricultor, particularmente o agricultor familiar, dá atenção à necessidad e de conservar o
solo para preservar a água, por causa do significado cad a vez maio r d esse rec urso para a
diversiJicação de atividades na propriedade rural e para a qualidade d e v ida das pes oac;
que residem no ambiente rural
O manejo e a conservação do solo e da água são comurnente v is tos pelo agricul tor
como ações de ordem exclusivamente ambiental e que representam cus tos sem re torno
econômico, o que constitui uma dificuldade para o produtor adotá-los. Assim, é necessário
difundir o conceito de sustentabilidade, ou seja, a indivisibilidade de ações a m b ien tais,
sociais e econômicas.
A já mencionada experiência de sucessos da ATER ao utilizar a micro bacia hidrog ráfica
como unidade de trabalho para o desenvolvimento de ações conservacionistas recomenda
que a extensão rural continue utilizando essa estratégia para implementar progra m as
que objetivem a conservação e manejo de solos e água. Pode-se afirmar que a rrúcrobacia
hidrográfica se caracteriza como um sistema geomorfológico aberto, que recebe energia na
forma de água que se precipita pelas chuvas naturais e perde energia pelo escoamento para
a rede de drenagem da porção da água da chuva que não se infiltra. o entanto, o emprego
de tecnologias conservacionistas, combinadas e de forma organizada no espaço geográfico
da microbacia hidrográfica possibilita que a perda de energia desse ambiente, na fo rma
de perda de água por superfície, seja expressivamente reduzida e, até mesmo, evitada.
A continuidade do uso da microbacia como unidade geográfica, portanto, constitui- e
estratégia importante para a extensão rural na condução das ações técnicas e operacionais
para a conservação e o manejo do solo e da água, dentro de uma visão sistémica, como é
esperado. Nesse contexto, é possível citar diversas justificativas.
A microbacia favorece a organização e participação dos produtores rurais e das
organizações governamentais e não governamentais para executar ati idades de m anejo
integrado de água e solo, pelo fato de desconsiderar o limite entre propriedade .. o
entanto, é importante a mudança de percepção por parte dos produtores rurais, n o
sentido de esses entenderem que a propriedade deles é uma porção de uma unidade
geográfica e que as divisas, embora continuem existindo formalmente, não poderão se
constituírem em barreira à implantação de práticas conservacionista , que proporcionam
melhor resultado quando instaladas integrando o espaço da unidade geográfica corno
um todo.
O limite superior da microbacia, o divisor de águas, é o ponto onde a enxurrada
apresenta menor energia de transporte. A implantação, a partir desse limite, de a propriad o
de conservação e manejo do solo e da água, como terraceamento, SD, semeadura e m nível,
localização correta das estradas e sua integração com as la oura , fa vorece o controle da
enxu1:rada. Assim, embora a água tenha a sua dinâmica, quando manejada adequadamente,
penrute ao homem controlá-la. Por sua vez, a contenção de toda a água da chuva que se
precipita no interior de cada microbacia contribui para a recarga dos diferentes mananciais
(nascentes, aquíferos de profundidade, córregos, lagoas). Isso concorre parn a melhoria
da água, em quantidade e qualidade nesses mananciais e a regularização do fluxo hídrico
nas nascentes e córregos, que, por consequência, concorre para a regularidade do fluxo
hídrico das grandes bacias, já que as microbacias são as grandes alimentadoras dos grandes
sistemas fluviais. Além disso, favorece uma maior disponibilidade de água às culturas,
contribuindo para a produção agrícola, principalmente nos períodos de estiagem.
A possibilidade de integrar todas as propriedades de um espaço natural como
a microbacia por meio do sistema de terraceamento e esse às estradas rurais constitui-
se, conforme ressaltado anteriormente, importante estratégia para o gerenciamento da
enxurrada, na redução dos custos de manutenção das estradas e diminuição de acidentes
de trânsito. Contribui, ainda, com a melhoria da água em quantidade e qualidade e para a
melhora do regime de vazão da microbacia.
A microbacia é o espaço geográfico com alta sensibilidade para demonstrar os efeitos
da intervenção sobre os recursos naturais (água, solo, floresta, biodiversidade), fazendo
com que nessa unjdade se possa observar wna relação direta entre o emprego de práticas
conservaciorustas e as melhorias ambientais decorrentes disso. Essa sensibilidade é um dos
aspectos que diferencia a rrucrobacia da bacia hidrográfica.
A água, em razão de estar em constante movimento, não pode se recuperar de maneira
eficiente somente em uma parcela da rede hidrográfica. Assim, para recuperar a água de um
manancial, é necessário levar em consideração a bacia hidrográfica como um todo. Assim,
como tudo o que acontece na terra se reflete nos rnananciais d' água, para alcançar a sua
melhoria, tanto no aspecto de qualidade quanto de quantidade, necessário é que o solo seja
manejado corretamente na nticrobacia como w11 todo. Pode-se dizer ainda que quando práticas
conservacionistas são implementadas de forma integrada em pequenas bacias, esses espaços
adquirem maior capacidade de resistir às alterações sem se degradarem irreversivelmente.
A contribuição que o manejo do solo e da água sob o enfoque da micro bacia proporciona
para a melhoria desses recursos naturais facilita a percepção dos resultados por parte
tanto dos agricultores quanto das instituições encarregadas do trabalho, particularmente
a A TER. Essa facilidade, por sua vez, faz com que o trabaU10 sob o enfoque da microbacia
facilite quantificar os ganhos ambientais ocorridos, condição essencial para, por exemplo,
compensar os agricultores por esses ganhos.
O desenvolvimento de ações no espaço geográfico d e uma pequena bacia favorece a
organização dos agricultores, o que facilita estabelecer parcerias entre esses, uma medida
de grande importância para implantar tecnologias conservacionistas. Experiências de
s ucesso evidenciaram que a organização de agricultores em microbacia, ocorrida durante
a execução de programas de manejo e conservação do solo e da água, foi capa z de manter
e a primora r a s es tratégias operacionais empregadas para esse fim, mesmo a pós a extinção
d o prog rama, o que evitou solução de continuidade. Tais experiências evidenciam a
exequibilida de d e esta belecer ações de recuperação dos recursos na turais solo e á gua
na concepção de " programa de estado", e que a mobilização d os agriculto res, por meio
d o trabalho em microbacia, é estratégia fa cilitadora para atingir esses objetivos. Uma
va ntagem ta mbém d e se tra balhar no enfoque de pequenas bacias é que a sociedade local
p ode, mais facilme nte, d efinir as regiões prioritárias a serem traba lhadas no município.
A mag nitude dos impactos ambientais das áreas urbanizadas sobre a5 áreas agrícolas
que tem sido observada, especialmente quando as primeiras são ocupadas sem o devi?º
planejamento, estabelece a necessidade de a ATER inclui r esses espaços nas estratégws
técnicas e operacionais para conservar e manejar o solo e a água . Por s ua vez, a divisão
d e um município em microbacias, invariavelmente, inclui áreas urbanizadas em uma ou
m ais microbacias. Portanto, não é mais possível ignorar a necessidade de integrar as áreas
ocupadas por nucleações urbanas, com as áreas ocupadas pela agricultu ra, quando se trata
de manejar solo e água. Para tanto, a microbacia hidrográfica tem-se apresentado o espaço
geográfico mais apropriado para reali zar essa integração e assim, mais facilmente, corrigir
os passivos ambientais decorrentes do conflito en tre esses diferentes espaços.
O contexto da microbacia favorece a aplicação de metodologias participati vas,
que são apropriadas a corresponsabilizar os agricultores para a melho ria do espaço em
que vivem. A metodologia participativa constitui-se convi te à ação e ao aprendizado
conjunto, possibilitando maior acesso ao poder decisório (Kummer, 2007). Isso enseja o
exercício do compartilhamento de responsabilidades jtmtamente com os demais pares
da microbacia, no diagnóstico de como se encontra o ambiente onde se vive e produz,
quais os passivos ambientais existentes, bem como o planejamento e a execução, também
de forma compartilhada, das ações conservacionistas necessárias. Tal exercício enseja o
crescimento do grupo em experiências associativas, o que eleva as possibilidades de
realizar ações que não apenas aquelas voltadas à preservação ambiental, podendo se
estender, portanto, a iniciativas grupais para o alcance de outros objetivos estratégicos do
interesse dos ocupantes da microbacia; é importante enfatizar que nesse contexto deve-se
inserir a pesquisa agropecuária para concretizar o tripé pesquisa-extensão-agriculto r, o
que pode tomar mais efetiva e objetiva a geração de tecnologias adaptadas às condições
dos agricultores e proporcionar maior eficácia à difusão das tecnologias geradas.
Por fim, é importante ressaltar uma vez mais o a té aqui apresen tado quanto à
conveniência da ATER de atuar em conservação de manejo do solo e da água no espaço
d a microbacia hidrográfica. A pequena bacia favorece o planejamento e a intervenção, em
relação à amplitude da bacia, uma vez que, na microbacia, a complexidade e as variáveis
socioeconômicas e geomorfológicas são mais reduzidas do que na bacia. Deve ser ressaltado,
ainda, que o fato de a menor amplitude da microbacia se tomar menos complexa em
relação a uma grande bacia favorece o planejamento da ocupação dos espaços produtivos,
considerando a capacidade de uso do solo. Permite também melhor visualizar e ocu par os
espaços que têm nítida vocação de proteção dos ecossistemas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar este capítulo sobre "A extensão rural e o manejo e conser ação do solo
e da água no Brasil", o até aqui exposto impõe a necessidade de destacar urna vez mai
aspec tos que julgamos relevantes.
As regiões agrícolas do país - especialmente aquelas localizadas nas á reas d e us
m a is intenso do solo - apresentam perdas inegáveis de solo e águ a e, por consequ ncia,
d e e lementos minerais. Em decorrência das perdas expressivas, cabe ao Poder Público,
d a do as responsabilidades em preservar os recursos naturais que a cons tituição lhe impõe,
ado ta r medidas para tal. Uma das medidas importantes são a organização e a manutenção
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Conteúdo
INTRODUÇÃO
Berto l 1, De Maria IC, o uza L.5, edi l\ires. ~l.rnejo e con:,ervo.1 ,\o J o · lo ' J,1 agu.1. Vi · - 1, ~IG: • :lL><laJI.'
Bra ileira de C iência do o lo; 2018.
1334 N ILVANIA A PARECIDA DE M ELLO & T IAG O M OD ESTO CAR N EIRO DA COS TA
pesar disso, pouca import/m cia tem sido dad a aos solos c m te rm os d e tra ta dos
internacio nais, e mesmo nas polític..1 s pú bli c.1s n,1Cio nc1 is, ev id encia ndo o po u co
conhecim ento q ue há sobre o mesm o nas es íer21s decisivas e evide nte desco,n p ro misso
com as impli açôes d o ma u u o dele, espcciél lmen te no q ue se re fe re ao mane jo e à
conservação.
O aumento da popula ão global, os in úmeros refl exos da crise cien tífica, geralme nte
con fu ndida com uma "crise am bienta l", e os riscos de escassez global de água evide ncia m
a urgência de di cutirem-se novas bases para a fo rma com o a humanidade relaciona -se
com o solo. Ao considerar-se o cenári o a tual do Brasil, é inegável a contribuição d a Ciência
do Solo no a ,·anço da p rod ução d e alimentos, no equil íbrio da ba lança comercia l e no
desenYoh·imen to das d iversas regiões do país.
o entan to, não se pode deixa r de mencionar que a ocupação e utilização d o solo no
Brasil, in tensificada a partir da década d e 1970, prioriza ram o econômico em de trime nto
do social e do ambiental, gerando enorme passivo com relação à degrad ação do solo e do
ambien te . Este é um fa to gravíssimo, considerando que o verdadeiro desenvolvime nto não
se caracteriza apenas pelo crescimento econômico, m as pela dish·ibuição dos resultados
deste crescimen to que deve se traduzir em melhorias nos níveis social e ambienta l. Nesse
sen tido, o desenvolvimento som ente surge quando alicerçad o no tripé econômico, social e
ambienta l, extrapolando, dessa fo rma, o reducionism o da esfera econômica (Sachs, 2008).
Portanto, nesse sentido, aü1da há muito a ser feito no Brasil, especialmente em relação
às decisões p olíticas. Para este fi m, um projeto de Governança d o Solo pode significar um
grande avanço.
Problemas ambientais, inclusive aque les relacionad os ao solo, têm sido relatados em
escala global desde 1970. A m aioria destes problemas é reflexo do modo cartesiano d e
apropriar-se d o ambiente,e, jus tamente por isso, é pouco provável que soluções ge radas com
base no m esmo modelo que causou os probl emas sejam eficientes. Novas possibilidades
vém sendo constru ídas em escala global, e uma d elas é a Governan ça Globa l d os Solos .
A ideia de uma política global d e proteção aos recw-sos naturaisfoi claram ente abordada
na Conferência d as Nações Unidas sobre Ambiente e Desen volvin1ento, realizada,em
1992, no Ri o de Janeiro (Weigelt e t ai., 2015). As nações presentes firma ra m acordos no
sentido de garan ti r a mudança da ma triz p rodutiva glo bal d e um modelo a licerçado no
desenvolvim ento econômico para um novo modelo, o desenvolvimento s us tentável, que
consi dera em si além d a d imensão econômjca as d imensões ambiental, socia l e cultural
(United N ations, 2011 ). Esse compromisso fo i sinte tizad o em dois d ocumentos, a Age nda
21 e a Declaração do Ri o. A princípio, o desenvolvimento s usten tável foi vis to como uma
fo rma d e alia r as tendéncias globais sem enfraquecer o contexto local . Se bem empregado,
era uma ferramen ta a favor do reforço dos modelos de governo locais, s upla ntan d o o
determi nismo da hegem onia g loba l da vertente econômka (Dernbach, 1998).
A parti r d e 1990 e na primeira década do século XX I, ficou evide nte q ue, quando se
tra ta do uso, d o m anejo e da conservação do solo, nad a é tão s imples. Entre lodos os recursos
na turais disponíveis no planeta, o solo é aq uele cujas fo rma s de uso são intrinsica m e nte
Embora já ex istn certa tradição no d ir ito nmbi ntal. há p uca I g1 ·lação e; >bre
o so lo (Boer e f-la nnam, 2014); e, guando xiste, geralm nt ca rece e efic.'.tciil nu d
regu lamentação. Questões relacionadas à d sertificação, à degradaçã acel rada, a reduçã
de áreas produtivas e ao aumento das manchas urbanas que alteram completam nte a
capacidade de o solo cu mprir serviços ambientais t m se tomado fr quent - no tratJdoc:;
internacionais que tutelam o ambiente; entretanto, esp cifica mente para o sol , nã exi t
ainda um acord o que permita ações da comunidade internaciona l obre d term inada
nação (Boer e Hannam, 2011), como é possível nos tratados obre mudançc1 clim ticil, paríl
citar um exemplo.
H á também a necessidade de integrar especiali tac; em legislação ambiental
internacional e cientistas do solo para que um provável marco le a i internacional
contemple também os instrumentos técrúcos-cientif icos que permitam maior in r j mo
entre os tratados já existentes e o correto morútora mento dos programas e da a õe qu
dele derivarem (Ha nnam e Boer, 2004).
A legislação também é considerada uma estratégia para equ ilibrar as relações de
poder que existem sobre o solo, que geralmente são assimétrica (Kibblewhite et ai., 2012).
Num lado da equação estão os proprietários e usuários direto do solo, o quai o ex pior m
e cujos interesses geralmente são diretamente relacionados à ua fu nção econàmic . D
outro, estão o governo e a sociedade em geral, que geralmente se preocupam mai com a
funções ambientais do solo. Os marcos legais podem ser utilizados para implantar mod lo
de uso mais conservacionistas, que concili.e m ambos os interes es (Bouma et ai., 2012).
Os tratados ou acordos vinculativos são importantes nesta e tapa do aju tes ntre
nações. Ser signatário destes acordos significa reconhecer que o problema exi te e ·
relevante para aquela nação; no entanto, há outros problemas, muitas vez _ de ord m
interna, atrelados aos modelos de governo e ao regime político de cada nação, que não ão
sequ er abordados nos tratados ambientais, mas que determinam a forma como a popula ão
se relacionará com os recursos naturais (Ma sey et ai., 2010). 1 lodelo neolib r a· de tado
núnimo, falta de políticas de proteção social, ausência de infrae trutura básica, política
equivocadas de distribuição e acesso a terra aceleram a degradação do recur o natur i ,
especia lmente do solo. É preciso que os acordos se preocup m tamb · m com o comb te
pobreza e o acesso a bens materiais, especialmente nas si tuaçõe em que os mai pobr _
estão sobre os solos de menor qualidade (Hurni e Wiesmann, 2010).
Durante os anos de 2014 e 20] 5, o Tribuna l de Con tas da Unicio (TC ) promoveu um
vasto trabalho visando gerar as bases para um processo de reconhecimento e V<1lor.:ição J e;
solos, que culmjne com formas mais ad equa das de uso des te recur o natural, e também ,ic;
políticas e os programas mais eficientes para ga rantir sua conservaçiio.
Embora o trabalho do TCU tenha se limitado à aná lise dos sol s não urbano , em
seu escopo estão contempladas, além das ações de gestão da Agricultura e Or .miz<1ção
Agrária, também as ações de gestão do meio ambien te, de fo r ma que o resultados _5o
muito abrangentes e podem ser estendidos també m pa ra os a m bien tes peri-urbano .
Os objetivos da auditoria realizada pelo TCU ernm basica mente lcva ntélr inform<1çôe
sobre os problemas relativos à regulação dél ocupação d os solo , < s u tentabi lidade e ao
planejamento futuro, avaliar a governança da reg ulação do uso e ocupação do olo
propor futuros trabalhos de auditoria sobre o tema.
Para realjzar a auditoria, foram utilizados os critérios do "Referencial para avaliaç- o
da governança de políticas públicas do TCU", por tratar-se de um i tema de avélltaçào
multicritérios, dos quais foram selecionados os componentes rnstitucionalização, Planoc; e
Objetivos, Coordenação e Coerência e ainda Monitoramento e Aval iação. Cada um de t .
critérios permüe explorar uma dimensão da governança exi tente e expor a lacuna_ que
impedem o avanço do processo.
O componente "Institucionalização" refere-se a aspecto , fo rmai ou informai , la
existência de uma política. Nele, são avaliados o grau de normatização, o u seja, a existência
de Leis, Decretos, e o Arranjo lnstitucional defirudo nos decre to re~lamentadores. , o
componente "Planos e Objetivos", é avaliada a coesão interna da políticas pública .
Nesse contexto, a política pública orienta-se por uma formul ação eraJ, qu d fine ua
lógica de intervenção de acordo com diagnósticos realizado e po r p la n _ que permitem
operacionalizar as ações necessárias, delineados em razão d a diretrize , objeti 0
prioridades.
Para o componente "Coordenação e Coerência", é avaliado o quanto a o rganizações
públicas trabalham em conjunto para obter os resultado a lmejad o . F ra m anali ada_
como as diversas instituições envolvidas na temática de solo se ar ticu lam, e coordenam
como utilizam suas estruturas em razão de resultados que e refo rça m mu tu amente.
Por último, o componente "Morutoramento e valia ão" t m p r pr sup · to iue
uma política pública deve possuir rotina para acompanhar u a · a - es para aferir s u
resultados e os utilizar para promoção de aperfeiçoamentos na p olítica.
A primeira constatação da aurutoria foi a ausência de um marco regu la tó rio especific
para o solo em nível federal. Ao contrário do que acontece, por exe m p l , o m a agua, não
existe uma ação governamental direcionada que congregue a · inicia tiva em tomo d tema
solo.lssonãosignificaquenãoexistam,deformae par a, tai marc -. apart dere,mlaç.'l ,
há as políticas de organização territorial, como o Zoneament Ec 1· gic Econ · mi , 0
Zoneamento Agroecológico e o Zoneamento g rícola de Rj5 limá ti l , ~11· m de div~rsas
políticas de acesso a terra e ao ordenamento fundiário, alé m 1 in - tru ment - d~ -1poi <1
organização territorial, como cadastro rurai , certificaç1 rura l e od-1str - -1mbit.=nt i .
Já par~ -~om~ntar a u tentc1bilidade, exis tem progra mas como o Progra ma de Co!11ba te à
De ert._hcaçao (este lash·ado em acordos internacionais), o Progranrn Prod utor d e Agua e o
Plano de Agricultura de Baixo Carbono, entre outros.
A implantação de um processo de governança precisa de " pontes de entendimento"
que faci litem a interação d os segm entos envolvidos (Frey, 2004). Para March e Olsen
(1995), a go,·ernança é m ais que o gerenciamento das coalizões e h·ocas políticas, pois
em ·olve também os cana is onde são criadas as regras, direitos e deveres dos envolv id os.
Isso significa que é preciso pensar continuamente não apenas nas formas d e participação,
m as também nos princípios norma tivos que direcionarão as ações concre tas; e, nesse
sentido, os m arcos regulatórios são de grande utilidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
perpe tu ada, mod ificada e melhorada po r me io dos atos de todos os , 1e me ntos que a
co ns titu em; porém, ela precisa de uma base pa ra es tab lecer-se.
Es ta base pode ser: (1) legal, por me io de docu mentos leg i !ativos q ue lhe deem
o ri gem; (2) político-adminis trati va, pela consolidação de u m grupo ou fó rum _que tr~te
da qu estão; e (3) social, pela mobilização da sociedad e e m torno d e um capital ocit1 I
comum. Em qua lquer dos modos, a gove mança pe rmite a s uperação da frngment,1~Jo
e compartimentalização das ações técnirns, não ma is se lim itando a uma p r pect1vcJ
unil a teral, seja ela econó mica ou não.
Nas ações d e manejo e conservação do solo e da água, não e separa estrutu rJ
e indiv íduo, ou seja, uma propriedad e es tá contida numa m icrobacia a sim com o um 0
m.icrobacia é formada por propriedades. A lógica natural do ma nejo e da con ervação é,
p o rta nto, mu ito mais próxi ma da governança que das ações isoladas e individuais; no
e ntanto, muitas e tapas ainda são necessárias para q ue, de fa to, se po sa atua r e m red -
Fa tores básicos como o estabelecimen to de uma d ire triz nacional para o maneio e a
conservação do solo e da água, a conjugação dos textos legais já exí ten tes, a unificação de
cadastros e procedimentos, a delimitação de co m petências e responsabilidades p reci ·am
ser implem entados. Um dos aspectos centra is da govemança é a coordenação em rede, de
form a colaborativa; entre tanto, se as etapas anteriores n ão fo rem cu mp rida , corre-se o
risco de a cooperação transfo rmar-se em com petição, em que a lguns dos pa re utilizarão
informações dos outros numa lógica preda tória.
Num processo de governança, novos arranjos o rganizac ionais podem s u rgir,
modificando as relações e interações entre os envol vidos. Nesse contexto, m uita vezes,
conciliar interesses divergentes não é tarefa simples e ne m sempre ocorre em ambiente
d e m áxima cooperação e confiança. H á um elevad o grau de s ubjetividade, especialmente
porque os aspectos políticos também são funda menta is nesse proces o. lesmo as im,
cons iderando que o solo e a água são recursos fin itos e que pertencem a toda humanidade,
a go vernança segue sendo a melhor a lterna tiva para d iscu tir a con ervaçào de ambo .
LITERATURA CITADA
2008.
..
1344 N I LVANI A APAR ECID A D E M EL LO & TIAGO MOD ESTO CAR N EIRO DA COSTA
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Cruz das Almas, BA. E-mail: lsouza@ufrb.edu.br; jfmela @ufrb.edu.br
~1 Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ci~ncias Agrovete r inárias, Lages, SC.
E-ma.il: ildegard is.bertol@udesc.br
J/ Ins tituto Agronômico de Campinas, Centro de Pesquisa e Desenvolvimen to de Solos e Recu rsos Am bientai.,
Campinas, SP. E-mail: icd maria@iac.sp.gov.br
Conteúdo
Be rlo l 1, De Maria !C, Sou za l.5, editores. tvlanejo e conservaçno do so lo e d a ,\gua. Viço-a, \IG: •iedade
Brnsile ira d e C iê ncia d o So lo; 2018.
1348 LUCIANO DA SILVA SOUZA ET AL
RESPONSABILIDADE DA CONSERVAÇÃ O DO
SOLO E DA ÁGUA
li,:~' incl u si, e quanto à relação enh·e manejo d o solo e da cultura. A susten tabi lid ade das
at1v1dades agrícolas tem forte relação com O correto uso da terra e com o ma nejo adeq uad o
e ,ª P_ropriado _do sol~, especia lmente qu anto ao conh·ole das perdas de solo por erosão
h1dnca, que, mqueshonavelmente, deve ser a primeira e maior preocupação v incul ada
COffl a sustentabilidad e destas a tividades.
O objetivo maio r da ciência d o solo é estabelecer o melhor uso possível para cada
so!~, sem degradar (Kohnke, 1968). Isso ressa lta a importância de, em primeiro lugar,
utili za r ~s terras de acordo com as classes de capacidade de uso e de a ptidão agrícola e,
conconutanteme nte, manejar o solo com ênfase no conh·ole da erosão hídrica, que é a causa
priJKipal de sua degradação. Segundo esse autor, a ciência do solo tem sid o dividida e m
Yários ramos: física, química, biologia, mineralogia, microbiologia, fertilidade, morfologia,
gênese, levantamento, classificação, manejo e conservação, que não pode1n ser separados
por lim.ites físicos ou mesmo discrintinados por grau de importfu1eia; muito pelo contrário,
devem ser objetos de um mesmo propósito, pelo que o citado autor afirma: " nenhum deles
terá valor se n ão for pesquisado e tratado de forma interativa com os demais" .
A concepção geral de que a conservação do solo e da água é de responsabilidade
exclusiva dos pesquisadores que atuam em erosão do solo deve ser definitivamente
refutada. Inquestionavelmente, conservar o solo, do ponto de vista técnico e científico, é
de responsabilidade de todos os cientistas de solo. Enquanto não ex.istir plena consciência
disso, jamais se praticará a conservação do solo e da água com o grau de responsabilidade
que deve existir, em qualquer lugar do mw1do e também no Brasil. Sem isso, os solos
do planeta, e também os do Brasil, evidentemente, passarão por processo crescente de
degrad ação e, mais dia, menos dia, ocorrerá um colapso, aquela situação d escrita por
Diamond (2005), em que as sociedades definem seu futuro a partir da forma de uso dos
recursos natura.is, com seríssimas consequências quando não respeitam os lim.ites da
natureza.
A conser vação do solo e da água não é sinônimo de controle de erosão; ela envolve
também o manejo adequado do solo com vistas a manter as funções dos seus atributos
fís icos, quím.icos, biológicos, morfológicos e h.idrológicos. Inquestionavelmente, no
entanto, a ênfase primeira na conservação do solo e da água, mas não exclusiva, deve ser
o controle das perd as de solo e água por erosão, já que o solo, uma vez perdido, não mais
retorna ao seu locaJ d e origem.
O conceito abordado por Kohnke (1968) considera que a agricultura conservacionista
deve ser permanente, com vistas a um futuro infuuto. De forma contrária, o " modelo"
de agricultura atualmente predom.inante no Brasil é imediatis ta, exausti vo, predatório e
degradador do s olo, em geral explorando-o fora dos princípios conservacion.istas. Isso tem
resuJtado em d eseq u ilíbrio com a natureza ou com os fa tores ambientais; se assi m n ão
fosse n ão exis tiria o grande passivo ambiental associado à agricultura, que já se referiu
anteriormente. Este " modelo" produz momenta neamente ma.is riqu eza mone tári a do que
a agricultura conservacionista, mas somente por período de tempo limitado a poucos a nos
ou a a lgumas gerações, sempre inferior em relação à vida, que é eterna e infi.Ju ta.
De preende-se disso, pois, que é eminente e emergenciaJ a mudan ça de a ti tude não só
dos aericu lto res brasileiros, mas da sociedad e como um todo e d os governa ntes, quanto
à a~i~ultura aq ui praticad a. Os solos brasileiros, inquestionavelmente, não vão supo rtar
0 ;atamen to q ue vém recebendo. Quanto mais demoraJ· essa mudança de a titude, m a is
difícil e onerosa será a recuperação e conservação dele.
Nesse contexto ele exigência, surgem alternati vas ele manejo de solo q u podem ser
consideradas interessantes do ponto ele vis ta de sua conservação, en tr e essas o "sistema"
semeadura direta/plantio direto. Embora, indubitavelmente, es te tipo d manejo d solo
apresente grande potencial de sustentabilidade, tem sido equi vocad amente apl icado de
forma generalizada e considerado sinônimo de agricultura conservacionjsta e até m ilagro il.
Ao mesmo tempo, este tipo de manejo do solo tem s ido ala vancad or do agronegócio
brasileiro, resultando em equívocos, que serão abordados em seguida.
s~r_colocada e~, _prá tica para redu zir as perdas de solo pela erosão, seja hídrica pluvial ou
eohca. em duvida nenhuma, SD/ PD é a técnica que, isoladamente, mais reduz a perda
d e s lo por era ão, e por isso alcançou o d e taque atual. Também, é evidente que ela não
rep_resenta nenl~uma garantia de que todo o problema de erosão será resolvido, já que seu
efeito na reduçao das perdas de água por escoamento superficial é bem menor do que na
redução das perdas de solo.
lo entendimento científico - e ao mesmo tempo prático - desta ques tão, sabe-se
que as perdas de solo pela erosão podem ser estimadas, cientificamente, pela Equação
Universal de Perda de Solo (Wischmeier e Smith, 1978), em que A = R K L S C P, em
que A é a perda de solo resultante do produto de seis fatores principais (cada um com
s ubfatores): ero ividade da chuva R, erodibilidade do solo K, comprimento do declive
L, inclinação do declive S, cobertura-manejo do solo C e práticas conservacionistas de
suporte P.
A técnica SD/ PD entra nesta equação apenas como um subfator do fator C. Portanto,
mesmo que o fator C tenha um valor baixo, como é o caso quando se usa SD/PD (C na faixa
de 0,02 a 0,05, na média para lavouras de culturas anuais em fileira), a perda de solo por
erosão A pode resultar em valor alto, por causa de valores elevados para os demais fatores
(R, K, L, Se P). Isso precisa ficar muito bem entendido entre todos aqueles que apregoam
o uso da técnica SD/SP como sendo milagrosa e como se seu uso exclusivo extinguiria a
erosão nas lavouras. Também remete à necessidade de utilizar SD/PD sempre associada a
práticas relativas ao próprio fator C e também ao fator P. Isso foi claramente demonstrado
no sul Brasil, com o retorno da erosão em alto grau em áreas submetidas à SD/PD (geradora
de fator C, apenas), onde houve a retirada de terraços (geradores de fator P).
A SD/PD é, essencialmente, uma técnica ou uma forma ou um modo de se
colocar uma semente, muda ou parte vegetativa de uma planta no solo. Não é Wlla
forma de preparo do solo em si e nem, muito menos e por si só, sinônimo de prática
ou de agricultura conservacionista, pelo fato de considerar apenas um componente da
agricultura conservaciorusta que é a ausência de preparo e a cobertura do solo. Sem
dúvida, é a técnica que, isoladamente, mais reduz a erosão hídrica como um todo,
em relação ao preparo convencional; no entanto, na maioria dos casos, reduz mais as
perdas de solo do que as de água. Está longe, portanto, de ser considerada um "sistema"
conservacionista, que, por definição, é resultante de um conjunto ordenado de operações
e ações, que, interligado, interage entre si, conserva o solo e a água e reduz as perdas a
valores núnimos aceitáveis. Isso sugere considerar-se imprópria a denominação da técnica
original (no-til! ou sem preparo) como um "sistema" SPD. Por oportuno, vale lembrar
que a expressão "plantio direto na palha" também é imprópria, visto que a presença de
palha está na origem na técnica, ou seja, se não tem palha não existe semeadura direta
ou plantio direto.
110- till (sem preparo do solo), impropriamente denominada de 5 D/ PD, mas também
ou lTas formas de preparo do solo e, até, po síveis combinaçõe o u al ternâncias entre elas.
No entanto, deve-se registrar também que ainda se sabe muito pouco ou quase nada sobre
este assunto no Brasil, representando importante lac una de conhecimento, com grande
potencial de ação investigativa na ciência do solo.
No início da década de 1970, por ocasião da intensificação da ocupação e do uso do
solo no Brasil, ocorreu certo encanto com a técnica SD/ PD por pa rte do agronegócio e
da ciência do solo, admitindo-se ser possível sua aplicação a todos os recan tos do Brasil;
concomjtan temente, esqueceu-se de pesquisar diferentes técnicas de preparo do solo, de
modo a se terem a lternativas à movimentação mecânica do solo. O Brasi l apresenta regiões
fisiográficas muito contrastantes, pressupondo-se que nem todas elas ou os eus solos
comportem a técnica de SD/PD.
Por exemplo, existem várias evidências de que a técnica SD/ PD reduz a q ualidade
física do solo na camada superficial, ou próxin10 a ela, por causa d o a umento da d ensidade
do solo e da resistência à penetração e à redução da porosid ade, com reflexo negati vo
sobre o desenvolvimento radicular, dinâmicas de água e ar e, possivelmente, rend imento
das culturas. A utilização eventual de práticas para descompactar s uperfic ialmente o
solo, como a escarificação, com retorno à utilização da SD/ PD, parece ser um tabu para
aficionados dessa técnica, como se ela, após iniciada, seja imutável.
É muito mais provável que diferentes técnicas de preparo do solo, isoladamen te, em
combinação ou em alternância, possam adequar-se melhor do que a técnica da 5D/ PD por
si só.
Apesar dessa lacuna, a gama de tecnologias conservadoras do solo q ue atualmente
se praticam e são apresentadas em detalhes neste livro permitiria pressupor um modus
opernndi diferente e favorável nas diversas formas de manejo e conse rvação do olo e da
água e, especialmente, na ampliação do uso da terra nas mais diversas fronte iras agrícolas
brasileiras, a exemplo da Região do Matopiba, ou ainda na implementação de p rogra mas
específicos como o Plano ABC - Agricultura de Baixo Carbono. t o entanto, exa ta men te
por falta de ações públicas adequadamente planejadas e executadas, não exis te q ualquer
evidência ou garantia de que isso venha a ocorrer de forma técnica e cientificamente mais
racional do que no início da década de 1970.
Conservar o solo é de responsabilidade de todos os cientistas de solo. Cabe-lhe
não ape nas desenvolver tecnologias ainda necessárias, mas, especialmente, fazer ver ao
u s u ário da terra, à sociedade em geral e, principalmente, aos governos federal, estadu al
e municipal que é incerto o futuro da conservação do solo e da água - e de tes recur os
em si - no Brasil, diante do" modelo" de agronegócio alicerçado basica mente na técn ica
SD/PD, que, por si só, não garante a solução do problema de erosão.
Os cientistas de solo são responsáveis por fazer com que a agricultura con ervacioni ra
promova o equilíbrio no tripé econômico/ ambiental/ social como fundamento para 0
verdadeiro desenvolvimento do Brasil. Cabe, enfim, à ciência do solo bra ileira defender
e criar diretrizes que viabilizem políticas de go ernança do solo compa ti ei com a real
situação e importância do solo brasileiro, face ao protagonismo d o Bra il no cenário
mundial de produção de alimentos, no presente e no futuro.
N esse aspecto, a inevitável atribuição dos cientistas do solo erá fazer \·er à o ied ade
em gera l e ao governo a existência e a importàn cia do solo como bem e encial à ida.
em 0 _sol~ 1~ã~ exi ~!r~o alimentos produzidos pelas plantas e animais; sem é-l S plantas n ão
havera ox~gern ~ su_t1c1ente para a respiração d e pratirnmente todos os seres vivos; sem o
sol~, que e o pnnc1pal regulador do !luxo de água no ecossistema, o próprio suprime nto
de ~gua_ na natureza estará comprometido, pois grande parte do ciclo hidrológico ocorre
no 1ntenor do mesmo.
, Hoje, qualquer pessoa, por mais simples que seja, sabe da importância de preservar
a agua.' as florestas e o ar; sabe dos eventos irregulares em relação ao clima (calor ou frio
excessivo, escassez ou excesso de chuvas causando catásh·ofes etc.). A população sabe e
sente como é ruim ficar sem água, sem ar puro e sem florestas para amenizar o calor,
especialmente depois da intensa divulgação das dificuldades oriundas dos problemas
de aba tecimento de água em grandes centros mbanos, especialmente em São Paulo. Foi
também muito divulgada a carência de água na Banagem de Sobradinho, no Rio São
Francisco, nas proxiinidades de Juazeiro, BA/Peh·olina, PE, com sérios prejuízos para
os agricultores irrigantes e toda a cadeia produtiva. A frequência com que estes temas
aparecem na grande mídia, principalmente na televisão, em noticiários e documentários,
conbibuiu para que a população em geral já esteja atenta a tudo isso.
Entretanto, as pessoas pouco ou nada sabem sobre o solo e sua importância e
essencialidade em relação aos fatos mencionados no parágrafo anterior, pois a núdia não
menciona nada sobre ele.
O Dia Nacional da Conservação do Solo no Brasil, comemorado em 15 de abril, em
homenagem à data de nascimento de Hugh Hammond Bennett, tem sido, ano a ano,
ignorado pela núdia, possivelmente por desconhecimento da sua existência. A mídia em
geral não tem qualquer sensibilidade ou conhecimento sobre a importância do solo e a
necessidade de divulgar isso para a população, conscientizando-a que o solo é um recurso
natural não renovável, como já abordado no início deste Capítulo.
Os cientistas do solo são em parte responsáveis por essa lacuna. É indispensável que
eles passem a empenhar-se na divulgação pela midia (escrita, falada, televisada e outras),
para a sociedade em geral e governo, da importância do solo de forma sistematizada e
contínua, reforçando isso em datas comemorativas relacionadas com a preservação do
meio ambiente ou dos recursos naturais.
Cabe aos cientistas do solo fazer ver à sociedade brasileira e ao poder público que
existe a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, congregando-os num esforço conjunto
de cwdar desse valiosíssimo patrimônio público que são os solos do Brasil. Tal condição
somente acontecerá com a intensificação da atuação dos cientistas do solo com a mídia,
sem o que os solos brasileiros nunca receberão sua merecida e justa importância.
Div ulgar, convencer e sensibilizar sobre a importância do solo para a vida não
será tarefa fácil. É preciso aproveitar as periódicas campanhas publicitásias relativas ao
aQ'Tonegócio
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ou ao m eio ambiente, utilizando recursos financeiros públicos (Ministérios da
A gricultura, Pecuária e Abastecimento, do Meio Ambiente, do Desenvolvim_ento Social e
Agrário, da Indús tria e Comércio e outros), e que sempre esquecemº. ~olo. E preciso que
a SBCS e os cie ntis tas de solo acoplem-se a essas campanhas para utili zar estes recursos
p ara sensibilizar a população em geral quanto à importância e essencialidade do solo para
a vida e à necessidade de s ua conservação e preservação.
É ju sto e necessário reconhe~er que, n~sse sentido, instituiçõ:s de ensino, pesquisa
e exte nsão, e a própria SBCS, tem-se dedicado ao terna educaçao em solos, atuando
LITERATURA CITADA