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“Em dias de incertezas e equívocos teológicos, quando muito

do secularismo influencia nossa reflexão sobre a fé, saudamos


com alegria o opúsculo do jovem teólogo Jeovan Caetano sobre
Cristologia. De modo objetivo e sucinto, o autor ressalta a
centralidade de Cristo para uma elaboração teológica centrada
e fundamentada. Que Deus abençoe a leitura e estudo desta
obra concisa e pertinente.”
Pr. Luiz Sayão
(Pastor e Diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo)
“Tenho a alegria de recomendar esta pequena obra do jovem escritor Jeovan P. Caetano. Trata-se de um livreto que renova em
nós o compromisso de continuar olhando para Jesus com as lentes robustas da Revelação de Deus. A obra também comunica
que a Doutrina Bíblica nunca sai de moda, é sempre atual, e é um sólido fundamento para aumentar nosso amor por Jesus - sua
pessoa, sua obra, seu ensino e sua missão.”
Pr. José Junior
(Pastor Presidente - Primeira Igreja Batista de Cuiabá/MT e Docente Nacional do Instituto Haggai – Brasil)

“Quem é Jesus para você? Este livro nos traz o conhecimento do mestre Jesus de uma maneira contextualizada e atual.
Fortalecendo nossa fé e nos consolidando na Verdade.”
Pr. Joaquim R. V. Neto
(Pastor da Igreja Batista Nacional Jacarandás – Sinop/MT)

“Este livro nos mostra um Deus que veio ao mundo em forma de homem, enfrentou os percalços da vida, morreu e hoje vive para
sempre. Uma leitura agradável e edificante.”
André Felipe C. Vilarindo
(Advogado – Membro da Primeira Igreja Batista de Cáceres/MT)

“Você não está diante apenas de uma obra cristológica, mas também soteriológica que comunicará de forma objetiva e coesa o
Evangelho a você!”
Leonardo Magalhaes
(Teólogo - Membro da PIB em Rio Várzea – Itaboraí/RJ)

“Quem é Jesus para você? É uma temática difícil, onde vários teólogos tem tentado modificar o que Cristo foi, é e sempre será.
Essa obra veio para mostrar o Cristo Bíblico e Histórico.”
Márcio Jonathan R. Valadão
(Teólogo e Historiador – Membro da Primeira Igreja Batista em São Cristóvão/RJ)

“Maravilhosa obra. É um convite para nos aprofundarmos na pessoa de Jesus. Tenho certeza, que, assim como a mim, esta
leitura irá lhe impactar espiritualmente e revelar quem é Jesus para você.”
Raphael Egues Ranzani
(Servidor público - Membro da Primeira Igreja Batista de Cáceres/MT)

“O livro é elogiável, de maneira bem didática e com linguagem fluente, nos leva a um passeio sobre a vida de Jesus e sobre o
que ele representa para a humanidade.”
Rubens Pagliuca Marques
(Advogado - Membro da Primeira Igreja Batista de Cuiabá/MT)
Copyright © 2021 EDITORA TULIP
Copyright © 2021 JEOVAN CAETANO

Todos os direitos reservados

1ª edição: 2021

ASIN: B0987Z2LL6

As citações bíblicas usadas, salvo indicação em contrário, são da versão NVT de 2016 da editora Mundo Cristão.

Pirataria é pecado!
Proibida a reprodução por quaisquer meios a não ser em citações breves com indicação da fonte.

Diagramação, Capa e Edição:


Marcos Rafael de Melo

Revisão:
João Marcos Freitas

EDITORA TULIP

Paulista, PE
www.editoratulip.com
contato@editoratulip.com
SUMÁRIO

SOBRE O AUTOR
Agradecimentos
APRESENTAÇÃO
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
CRISTOLOGIA NA HISTÓRIA
A Humanidade de Jesus
A Deidade de Jesus
Testemunho Apostólico Sobre Cristo
O Evangelho de Jesus Segundo Apóstolo João
Perspectiva de Hebreus
Perspectiva Paulina e de Outros Apóstolos
SOBRE A RESSUREIÇÃO
O CRISTO CONFESSADO PELA IGREJA
As Duas Naturezas
Credo Apostólico
Os Três Ofícios de Cristo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Afinal, Quem é Jesus?
SOBRE O AUTOR

Jeovan P. Caetano tem 34 anos, nasceu em Cuiabá, capital de Mato Grosso, onde mora
atualmente. Se converteu aos 16 anos, se formou em Administração (UFMT) e Teologia pelo
Seminário Teológico Batista Kairós, se especializou na área teológica. Atualmente trabalha com
finanças e serve na Igreja Batista Jardim Universitário. É casado com Sirlene Caetano e é pai da
Alice, de 4 anos. No momento da publicação desse livro sua esposa se encontra gestante do
segundo filho.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente, por um dia ter me alcançado com sua graça. A minha mãe, por
me ensinar a ter fé, ao meu pai por me mostrar que o conhecimento é uma riqueza de grande
valor. A minha esposa, Sirlene, pelo amor, cumplicidade e carinho dispensados a mim ao longo
dos últimos 12 anos. E a minha filha Alice, por alegrar os nossos dias.

“A marca distintiva de um filho de Deus não é a perfeição, e sim


a fome por Cristo.”
— John Piper
APRESENTAÇÃO

A teologia tem várias faces, consequentemente alguns caminhos. Podendo ser histórica,
sistemática, bíblica, prática, filosófica ou apologética. Inclusive estas classificações podem
variar. Entretanto, por mais que as abordagens e rumos se diferenciem, não tem como isolá-las,
pois, uma influência diretamente na outra.
O tema proposto por este livro é um destes casos. Seria estranho estudar teologia cristã
sem passar pelo estudo da cristologia, isto é, a Doutrina de Cristo. O trabalho feito pelo Jeovan
parte do objetivo de tornar acessível esta doutrina, de forma objetiva e em constante diálogo com
outras áreas da teologia.
Se você nunca teve contato com um estudo mais profundo acerca de Cristo, certamente
encontrará nesta obra uma grande oportunidade de crescimento teórico, com grande potencial
prático, pois conhecer melhor Jesus e sua obra tem grandes implicações.
Justamente por isso creio que aqui há um material que pode ser muito útil para a igreja
brasileira, uma ótima ferramenta para oportunizar aos cristãos de nossas igrejas um estudo mais
acurado de tudo que envolve a pessoa e a missão de Jesus, o Cristo.
Caso você já tenha certa bagagem neste tipo de estudo, encontrará nesta obra uma leitura
contemporânea de questões que atravessaram séculos, podendo rememorar algumas coisas e ter
reforço em outras.
O autor possui significativa vivência eclesiástica, tendo testemunhado os efeitos de uma
boa teologia e de uma má. Diante de tudo que presenciou e da convicção de um chamado
interno, já há um certo tempo procura meios de servir a igreja de Cristo. Este exemplar é um
protótipo disso.
Pr. Romilson Junior
(Pastor da Igreja Batista Lirios do Campo – Nova Mutum/MT)
PREFÁCIO

Neste pequeno ensaio sobre a doutrina de Cristo, o leitor irá se deparar, de uma forma deliciosa,
com uma apresentação sobre as principais características da vida e obra de Jesus, tanto do Cristo
Deus quanto da pessoa de Jesus, sua humanidade. De forma correlacionada, neste livreto, será
apresentado um Salvador e um homem perfeito, o qual talvez o leitor mais novo na fé (objetivo
desta obra) ainda não tivera a oportunidade de conhecer esta perspectiva trabalhada nas páginas
que se segue.
“Quem foi (é) Jesus para você?” aborda sobre o quão Deus e o quão homem foi Cristo.
Trata-se de um breve ensaio, tanto dos dias do carpinteiro de Nazaré neste mundo, quanto da
personificação do Deus todo poderoso, que criou absolutamente tudo e a tudo governa, controla,
intervém, permite e não permite acontecer e ser. Ao término destas páginas muitas interrogações
e curiosidades sucederão o pensamento do leitor, de forma a instigar a curiosidade do
pensamento no saber de Cristo. Certos de que a doutrina de Jesus é uma área do conhecimento a
ser degustada, vivenciada e estudada por toda a vida, aqui se encontrará, com uma escrita de fácil
acesso, uma pequena antologia a respeito da doutrina do Salvador, tão necessária para nossos
dias.
Luiz Fernando Lima Trabachin Facanha
(Revisor literário e amante da filosofia cristã)
INTRODUÇÃO

contexto histórico do nascimento de Jesus havia uma tradição cultural e religiosa, muito
O bem documentada pelo antigo testamento, que evidenciava a espera de um messias
prometido ao povo de Israel. Apareceram muitos falsos cristos que foram facilmente
desmascarados pelos judeus por não cumprirem integralmente os feitos profetizados na antiga
aliança. Foi apenas em Jesus que todos os requisitos profetizados no Antigo Testamento se
cumpriram. O Novo Testamento colabora com essa expectativa ao mencionar o tempo em que
Jesus nasceu como “o tempo certo” e em algumas traduções como "a plenitude dos tempos"
(Gálatas 4.4).
A história do Messias começa com o domínio do império Romano sobre o povo de Israel,
no ano 37 a.C. com o Rei Herodes, o grande. Seu reinado foi marcado por grandes construções
em detrimento do sofrimento e da exploração do seu povo, foi ele que, por medo de ter seu trono
roubado, ordenou a morte de todos os recém-nascidos menores de dois anos, fato mencionado na
narrativa bíblica em Mateus 2. Herodes governava com tirania e opressão. De acordo com o
calendário atual, Herodes faleceu no ano 4 a.C., mas sim, ele foi contemporâneo do nascimento
de Jesus, isso ocorreu por um pequeno erro de cálculo no calendário cristão, esse erro subtraiu
em torno de 3 a 6 anos ao passo que o próprio Jesus teria nascido no ano 6 a.C., se fôssemos
seguir o calendário vigente em nossos dias, mas isso é pouco relevante para nossa pesquisa,
então não aprofundaremos nesse assunto.

"Mas, quando chegou o tempo certo, Deus enviou seu


Filho, nascido de uma mulher e sob a lei. Assim o fez
para resgatar a nós que estávamos sob a lei, a fim de nos
adotar como seus filhos." (Gálatas 4:4-5).

Jesus nasceu num contexto de domínio, tirania e opressão. Maria, sua mãe, iria se casar
com José, antes que tivessem relações íntimas achou-se grávida por ação divina, mais
especificamente do Espírito Santo. José, seu esposo, não querendo difamá-la, resolveu repudiá-la
em segredo. Enquanto assim decidia foi surpreendido pela visita de um anjo do Senhor em
sonho, dizendo:

“José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua


mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito
Santo. Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o
nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus
pecados”. (Mateus 1.18-25).
Nossa proposta é discorrer primeiramente sobre a natureza humana de Jesus,
posteriormente sua divindade, considerando suas declarações acerca de si mesmo, o testemunho
dos apóstolos e, por fim, vamos analisar as evidências da ressureição de Cristo por uma
perspectiva histórica, pois esse evento foi determinante para que a igreja primitiva enxergasse a
natureza divina de Cristo.
CRISTOLOGIA NA HISTÓRIA

o período conhecido como patrística, que alguns historiadores consideram o período da


N história da igreja dos primeiros séculos, contemplado entre o século II aos meados do IV
século, foi o período que foram elaborados os primeiros pilares da fé cristã de maneira
propositiva e sistemática. Devido a várias divergências em aspectos fundamentais da fé, surgiu a
necessidade de organizar todo o conhecimento acerca dos escritos e de se formular uma doutrina
que estaria de acordo com a tradição dos ensinamentos dos apóstolos e com as escrituras
sagradas (escrituras está que ainda estava sendo formada, que foram recebidas e reconhecidas
como canônicas num processo gradual e progressivo pela igreja). E entre os assuntos mais
importantes, uma questão central, a natureza de Jesus, o messias. Como sua obra, ministério e
vida deveria ser entendido pela igreja doutrinariamente com base no entendimento dos apóstolos.
Vários documentos escritos nessa época apontavam para um cristo divino e humano. O
“didaqué”, o “credo dos apóstolos” e vários escritos considerados “apócrifos” pela igreja (por
conta de sua origem desconhecida, com a veracidade de autoria e conteúdo um tanto suspeita),
cada do seu modo, e qual com suas ênfases seja na humanidade ou na deidade de Cristo.
Inácio de Antioquia, no século II, escreve diversas cartas a comunidades cristãs e ataca
exatamente os “docetas”, isto é, grupo que surgiu daqueles que diziam que o Filho de Deus teria
assumido apenas uma aparência humana. Ele lhes opõe a plena realidade da encarnação, portanto
era preciso se defender dessa heresia, vinda principalmente de seitas gnósticas e de outros grupos
sectários.

Logo em seguida, nesse mesmo período o que mais fora debatido eram os problemas
metafísicos: como a natureza divina e humana de Cristo poderiam coexistir? Como essas duas
naturezas se relacionam? Como pode ao mesmo tempo Jesus ser Deus e homem? Como podem
coexistir em uma pessoa duas naturezas? Já no século IV, surgem os arianos que era um grupo
que acreditava que Cristo era subordinado ao Deus pai, e que Jesus era uma espécie de semideus
ou um deus inferior. Nesse contexto que o imperador Constantino convocou um concilio
chamado concilio de Nicéia (325 d.C.), uma reunião com toda a cristandade da época, em torno
de 300 bispos, para se debater qual era a natureza Cristo de acordo com as sagradas escrituras.
No final das discussões, o arianismo foi considerado uma heresia e começaram a formular o
documento chamado de “Credo Niceno” ou “Credo dos apóstolos”, que seria uma confissão
resumida do que a igreja cristã realmente crê. Isso é uma prova histórica incontestável de que
desde os primeiros anos de fundação a igreja se esforçou para manter uma certa unidade nos
pontos centrais da fé, ou seja, uma ortodoxia em relação a doutrinas essenciais. Mas para manter
a catolicidade (termo que se refere a unidade doutrinária da igreja), precisava de mais pesquisa,
mais estudo para definir ainda uma série de questões fundamentais e nesse mesmo século viria o
concílio de Constantinopla (381 d.C.). Esse por sua vez reúne 150 bispos e reafirma a divindade
de Cristo, e reconhece a divindade do Espírito Santo como terceira pessoa da trindade. Logo em
seguida, já no século V, tivemos o Concilio de Calcedônia (451 d.C.) esse último tratou de forma
especifica das duas naturezas de Cristo de maneira tão refinado que por vários séculos a
comunidade dos santos de Deus (igreja) tem mantido essa tradição teológica, tamanha a
profundidade dos debates realizados. O que não significa que não falamos mais sobre o tema,
mas desde então a igreja passou a ter as duas naturezas de Cristo como uma doutrina “Pétrea”,
portanto, imutável, inegociável para todos aqueles que se confessarem como cristão.

Dando um salto para o século XIX, o principal foco de pesquisa na área acadêmica passou
a ser o Jesus histórico. Como o Cristo divino com seus milagres ficou incompreendido pela
maioria esmagadora da academia, Jesus, o personagem histórico, teve uma grande aceitação
entre os estudiosos mais eruditos; os historiadores separam o Cristo da tradição cristã do Jesus de
Nazaré, o carpinteiro histórico, esse último, segundo eles, vale a pena resgatar todos os registros
para conhecê-lo, já o primeiro citado é apenas fruto de uma tradição mística.

Essa busca pelo Jesus histórico é a busca pelo conhecimento factual sobre Jesus, sem os
rótulos da religião, sem a influência da cultura cristã do nosso tempo. Talvez o estudioso desse
tempo que obteve o maior destaque foi o teólogo e historiador alemão Adolfvon Harnack e até
hoje suas obras são utilizadas como base para a teologia liberal. De uma maneira bem resumida e
até reducionista – pois o objetivo da pesquisa não é dialogar com a obra do estudioso
mencionado, mas sim elencar de maneira sintetizada as ideias, Harnack diria que Jesus era
apenas um homem bom, um mestre de grandes verdades espirituais e terrenas, entretanto, não
um ser divino, não a segunda pessoa da Trindade, nem ao menos um realizador de milagres; tudo
que se diz a respeito de Cristo teria sido construído décadas depois de sua morte.

De lá pra cá a busca pelo Jesus histórico trouxe contribuições significativas para a igreja.
Outros estudiosos vieram posteriormente elaborando cristologias de diversas perspectivas que se
dividiriam basicamente em dois tipos: "cristologia do alto", que focava nas declarações
metafísicas de Cristo, no seu aspecto divino, e o outro tipo seria a "cristologia de baixo" com
uma abordagem mais histórica, levando em conta os aspectos terrenos de Jesus. Ambas as
abordagens são interdependentes, possuem pontos fortes e pontos fracos, mas isoladamente são
incompletas e inconsistentes. Porém, se juntarmos as duas é possível formular uma doutrina de
Cristo equilibrada em que o Cristo Salvador e o Jesus histórico sejam a mesma pessoa. A igreja
está empenhada em preservar esse ensino.
A HUMANIDADE DE JESUS

A humanidade de Cristo parece tão óbvia que não desperta a mesma curiosidade, nem a
quantidade de controvérsias que gera a natureza divina. Mas o que precisamos saber é que a
questão da encarnação diz respeito a nossa salvação: Cristo como homem sofreu as nossas dores,
padeceu como um ser humano, foi castigado em nosso lugar e morto de forma substitutiva para
que tenhamos paz com Deus. Então esse fato mostra um elo com o evento do pecado de Adão,
consequentemente do abismo que foi gerado entre o homem e Deus.
Quando analisamos as páginas do Novo testamento sobre a personalidade de Jesus vimos
que Ele expressou emoções essencialmente humanas. A começar pelo fato de ter uma família
comum, apesar de ter sido concebido de uma maneira não convencional, Ele amava seus irmãos,
seus pais e discípulos.

“O discípulo a quem Jesus amava ocupava o lugar ao


lado dele à mesa.” (João 13.23).

[Breve comentário: Esse versículo está localizado num momento histórico da última ceia,
onde o Espirito revela a Jesus que ele iria ser traído, e Ele revela aos discípulos que isso
aconteceria. Pedro acena para João perguntar ao mestre quem iria o trair, e Ele responde “aquele
que eu der o pedaço de pão molhado”, pão este que foi oferecido a Judas no verso 26. O
discípulo amado citado no versículo 23, provavelmente era o próprio apóstolo João, o autor desse
evangelho, ele se refere a si mesmo dessa maneira.]

No episódio que o jovem rico se aproximou dele indagando o que era necessário para
herdar o reino dos céus, a bíblia diz que Jesus o amou. Jesus era um homem piedoso até para
com aqueles que ele não tinha nenhum relacionamento direto. Ele interpretou a lei com os olhos
de misericórdia e amor. Ele já sabia que a sua obra era de redimir pecadores e não punir.

“Com amor, Jesus olhou para o homem e disse: ‘Ainda


há uma coisa que você não fez. Vá, venda todos os seus
bens e dê o dinheiro aos pobres. Então você terá um
tesouro no céu. Depois, venha e siga-me.” (Marcos
10.21).

[Breve comentário: O jovem rico tinha aparentemente tudo, mas lhe faltava a vida eterna,
contudo ele parecia ser amável e dedicado as coisas de Deus. Mas não estava disposto a pagar o
preço para seguir a Jesus, a obediência era pura religiosidade, pois o seu coração estava nos seus
bens. Quando Cristo pede para ele vender tudo, ele se retira triste. E não é mais mencionado nas
escrituras, ele parece ter feito sua escolha. Logo em seguida no verso 23, Jesus diz que é
impossível que um rico entre no reino dos céus sem a intervenção de Deus. Porque o que é
impossível para o homem é possível para Deus.]
Jesus agiu de forma bastante humana em várias situações: teve fome, sede, sentiu tristeza
um pouco antes da sua traição, chorou a morte de seu amigo Lázaro, experimentou a sensação de
abandono (Marcos 15.34). Viveu como homem e morreu como homem. Mas ressuscitou como
Deus, de forma corpórea e visível e num corpo incorruptível. Trataremos mais adiante das
evidências deste fato.

“Por volta das três da tarde, Jesus clamou em alta voz:


‘Elí, Elí, lamá sabactâni?’, que quer dizer: ‘Meu Deus,
meu Deus, por que me abandonaste?” (Marcos 15:34).

[Breve Comentário: Esse versículo está localizado no episódio da crucificação. A


zombaria do povo e dos sacerdotes é a prova possível mais relevante de que Jesus reivindicou os
títulos de rei, messias e salvador. Naquele dia houve trevas ao meio dia, trevas esta que prefigura
a ira de Deus, logo em seguida Jesus pronunciou essa frase que expressa o sentimento de
abandono daquele que sempre esteve com o Pai por toda a eternidade.]

Diante de todas essas narrativas da bíblia sagrada concluímos que nosso Senhor Jesus
Cristo viveu plenamente sua natureza humana, sendo acometida por traumas, dilemas, alegrias,
problemas e até necessidades como as que temos nessa vida.
A DEIDADE DE JESUS
A deidade de Cristo é um aspecto da doutrina de Cristo crucial para a teologia Cristã. Na
formulação deste aspecto da doutrina de Cristo, como todas as outras utilizamos como fonte
principal o testemunho das sagradas escrituras. Alguns estudiosos respeitados se esforçam em
encontrar Jesus de forma divina no antigo testamento. Dessa forma, qualquer evento espiritual
não convencional gera uma tentativa hermenêutica de colocar Jesus no texto, visando a
construção de uma teologia cristocêntrica. Por exemplo, quando o texto diz que Deus se refere a
si mesmo com verbos no plural, do tipo "façamos" em Gênesis, ou em seu nome "Elohim". São
textos que dão alguma evidencia que possa colaborar na construção de um fundamento para a
doutrina da trindade, mas devemos ser honestos que são indícios textuais insuficientes para a
formulação de uma doutrina cristã. Temos que admitir que sem a revelação do Novo Testamento
teríamos apenas conjecturas acerca da trindade e da deidade de Cristo no que diz respeito a
manifestação da face divina do filho do homem. Cremos que a revelação de Deus foi
progressiva, portanto, muito do Novo Testamento explica o antigo, lançando luz naqueles textos
que outrora eram sombras.

Ao analisarmos as sagradas escrituras começamos pela autoconsciência de Jesus, ou seja, o


que ele pensou e acreditou sobre si mesmo. Alguns têm argumentado que Jesus não reivindicou
sobre si nenhuma autoridade divina e realmente não enxergamos na Bíblia uma proposição direta
de Jesus afirmando: "eu sou Deus". Porém o que encontramos são afirmações totalmente
inadequadas para alguém que é menor que Deus. Por exemplo, Jesus disse que enviaria "seus
anjos" (Mateus 13.41); na Palavra de Deus os anjos são mencionados como "os anjos de Deus"
(Lucas 12.8,9).

“O Filho do Homem enviará seus anjos, e eles


removerão do reino tudo que produz pecado e todos que
praticam o mal.” (Mateus 13.41).

[Breve comentário: Nesse versículo Jesus está falando da consumação do século, no juízo
final. No dia em que ele voltará o ímpio e o justo seguirão destinos distintos e ao se referir ao
reino dos céus como reino do filho do homem, ele reivindica de forma notável sua autoridade.]

“Eu lhes digo a verdade: quem me reconhecer aqui,


diante das pessoas, o Filho do Homem o reconhecerá na
presença dos anjos de Deus. Mas quem me negar aqui
será negado diante dos anjos de Deus.” (Lucas 12:8-9).

[Breve comentário: Jesus estava falando sobre o temor que temos dos homens,
principalmente homens violentos ou poderosos. Os discípulos poderiam ser tentados a ocultarem
a sua fé por medo. O que Jesus nos ensina é que, melhor é sofrer em mãos humanas do que
rejeitar a Deus e enfrentar o seu juízo, experimentar a condenação. Ele nos mostra que não há o
que temer, pois tudo está sob o controle e a soberania de Deus.]
Há referências ainda mais relevantes, por exemplo: Ele se referiu ao reino como sendo seu,
reino este que várias vezes foi mencionado como "Reino de Deus" (Mateus 12.28 ,19.24;
21.31,43). E repare que, até o momento, não usamos referência alguma do evangelho segundo
relato de João. Uma vez que o evangelho de João foi um evangelho reconhecidamente escrito
para anunciar a divindade de Cristo ao mundo, sendo assim, há uma ênfase clara na natureza
divina de Jesus. Trataremos sobre as declarações desse livro posteriormente de maneira breve,
porém separadamente.

Outras referências igualmente significativas são as prerrogativas reivindicadas por Jesus no


livro de Marcos. Ele se coloca na posição de poder a ponto de perdoar pecados, o que só era
realizado por Deus (de acordo com a lei), tal evento foi relatado em Marcos 2.5: “Ao ver a fé que
eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Filho, seus pecados estão perdoados”.

Ele prossegue em todo o Seu ministério atribuindo a si várias prerrogativas divinas, em


Mateus 25. 31-6 ele fala de julgar o mundo, Ele se assentará em seu trono glorioso e separará as
ovelhas dos bodes. Nenhum ser humano comum pode definir a condição espiritual ou determinar
os destinos de todas as pessoas, essa atribuição só pode ser realizada por um Deus todo poderoso.

Mateus 26.63-64 relata que durante o seu julgamento disseram a Jesus: "ordeno que jures
pelo Deus vivo e diga-nos se tu és o Cristo, o filho de Deus". Jesus respondeu: "contudo, digo-
vos que de agora em diante vereis o filho do homem assentado à direita do poderoso, vindo sobre
as nuvens do céu".

“Quando o Filho do Homem vier em sua glória,


acompanhado de todos os anjos, ele se sentará em seu
trono glorioso. Todas as nações serão reunidas em sua
presença, e ele separará as pessoas como um pastor
separa as ovelhas dos bodes. Colocará as ovelhas à sua
direita e os bodes à sua esquerda. ‘Então o Rei dirá aos
que estiverem à sua direita: Venham, vocês que são
abençoados por meu Pai. Recebam como herança o
reino que ele lhes preparou desde a criação do mundo.
Pois tive fome e vocês me deram de comer. Tive sede e
me deram de beber. Era estrangeiro e me convidaram
para a sua casa. Estava nu e me vestiram. Estava doente
e cuidaram de mim. Estava na prisão e me visitaram.”
(Mateus 25:31-36).

[Breve comentário: O juízo de Deus era o tema de todo o discurso. Ele finaliza dizendo que o
filho do Homem estará no trono, na sua glória e julgará todas as nações. A linguagem de Jesus
parece fazer referencia a Daniel 7.9-14, ele se coloca no cenário apocalítico em que ele estará de
posse de sua autoridade de forma plena, mas nessa ocasião o juiz será o próprio Deus, toda a
passagem claramente se refere a Jesus, o reinado, a autoridade que na antiga aliança só pertence
a Deus.]
Então, diante de tudo que vimos nos Evangelhos não há como não constatar que Cristo
tinha uma natureza divina. Se há judeus hoje que não acreditam que Jesus reivindicou a sua
autoridade divina, um grande número de judeus daquela época pensou totalmente diferente, pois
o acusaram de heresia e blasfêmia, justamente por ele requerer atribuições que somente Deus
poderia fazer.

C S Lewis popularizou a excelente reflexão do Chamado "trilema" do grande pregador do


século XVIII John Duncan. Abaixo temos o trecho mencionado no livro Cristianismo Puro e
Simples:

“Estou tentando impedir que alguém repita a rematada


tolice dita por muitos a seu respeito: ‘Estou disposto a
aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas não
aceito a sua afirmação de ser Deus.’ Essa é a única
coisa que não devemos dizer. Um homem que fosse
somente um homem e dissesse as coisas que Jesus disse
não seria um grande mestre da moral. Seria um lunático
– no mesmo grau de alguém que pretendesse ser um ovo
cozido — ou então o diabo em pessoa. Faça a sua
escolha. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou
não passa de um louco ou coisa pior. Você pode querer
calá-lo por ser um louco, pode cuspir nele e matá-lo
como a um demônio; ou pode prosternar-se a seus pés e
chamá-lo de Senhor e Deus.”

Esse argumento consiste em dizer basicamente que diante de todos os registros que temos
acerca da vida de Jesus, e de tudo que ele fez e disse sobre si mesmo, ou ele seria um mentiroso
compulsivo, ou um lunático, ou ele era exatamente quem dizia ser, um Deus. Não há como fugir
dessas três conclusões, todo aquele que requerer sobre si uma autoridade divina não pode ser
tratada apenas como um ser humano iluminado, como um sábio incomum ou até mesmo como o
maior dos profetas. Entretanto, tais pensamentos são comuns ainda hoje, e crido por diversas
religiões, como o espiritismo kardecista e o islamismo. Esse rótulo barato de apenas um "homem
bom ou iluminado" não faz sentido diante de tudo que conhecemos sobre Cristo. Ou Ele é
alguém mentalmente doente, ou um charlatão, ou de fato um Deus.
TESTEMUNHO APOSTÓLICO SOBRE CRISTO

O testemunho apostólico é extremamente importante e historicamente válido, pois em sua grande


maioria foram discípulos que, além de aprendizes e amigos pessoais de Jesus, foram testemunhas
oculares de seus ensinamentos, milagres e ressureição. Na bíblia há menções a outros apóstolos
de segunda ou terceira geração de cristãos, porém esses não são detentores do oficio dado pelo
próprio Cristo de constituir o fundamento da igreja, a escrita os trata como “apóstolos” por conta
da tradução mais fiel as línguas originais, que seria “enviado” no grego, ou seja, uma espécie de
missionário da igreja primitiva, cujo objetivo era pregar o evangelho numa região ainda não
alcançada pela igreja.
O EVANGELHO DE JESUS SEGUNDO APÓSTOLO
JOÃO

No capítulo sobre a deidade de Cristo não utilizei nenhuma referência do evangelho de João para
que os leitores mais críticos não pudessem me acusar de desonestidade argumentativa, alegando
que eu estaria utilizando de fontes arbitrárias no ponto de vista historiográfico, pois sabemos que
o evangelho de Jesus, segundo João, foi escrito com o objetivo de enfatizar o aspecto divino de
Jesus. De acordo com a tradição da igreja o autor é o próprio apóstolo João, filho de Zebedeu
(um dos doze apóstolos de Jesus), é um dos livros que foi escrito com a finalidade de evidenciar
a natureza divina de Jesus à igreja, em uma sociedade submersa na cultura grega. Contudo, na
elaboração de uma cristologia que esteja de acordo com a tradição dos apóstolos, em uma
tentativa de produzir a verdade sobre Jesus Cristo, não podemos estar à parte da comunidade de
fé, o conhecimento acerca de Deus é para edificação da igreja, da comunidade de fé. Não
podemos cometer os mesmos erros dos teólogos liberais, duvidando do processo de revelação do
evangelho de Jesus segundo relato de João.
Os escritos de João, tanto o evangelho, quanto suas cartas, devem ser consideradas fontes
confiáveis, basicamente por três razões: primeiro porque João foi um dos discípulos mais
próximos de Jesus, um amigo, portanto testemunha ocular de quase todos os acontecimentos
relatados em seu evangelho, segundo porque o Evangelho de João foi considerado pela igreja, ao
longo dos séculos (num processo lento e gradual), palavra de Deus. E por último, nesse
evangelho há indícios claros e bem convincentes que João foi honesto em suas colocações a
respeito de Cristo, pois o relato histórico dos acontecimentos é muito similar aos outros
evangelhos. E há vários momentos em que os aspectos humanos de Jesus são mencionados. Ou
seja, o livro de João não se trata de um panfleto marqueteiro e propagandista de uma divindade
ilusória, irreal, que só existiria na mente de um discípulo fiel, um admirador. Nada de isso!
Trata-se da narrativa de alguém que percebeu claramente diante de tudo que viu, ouviu e
presenciou, um poder sublime, uma autoridade sobre-humana que somente Deus poderia ter.

Dito isso, vamos construir uma fé sólida, honesta e baseada na verdade a cerca de Cristo.
De forma cabal o evangelho de João testifica Jesus como Deus logo no seu início.

“No princípio, aquele que é a Palavra já existia. A


Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. Ele
existia no princípio com Deus. Por meio dele Deus criou
todas as coisas, e sem ele nada foi criado.” (João 1:1-3).

[Breve comentário: Esse texto se refere ao início do evangelho de João que surpreendentemente
faz um paralelo com o início de Gênesis, a ideia é dizer aos seus leitores que o “verbo” já existia
antes da criação, fazendo de Jesus coparticipante da criação, e finaliza afirmando a divindade do
Verbo: “o Verbo era Deus”.]
Jesus alegou um relacionamento extremamente próximo de Deus pai, tão próximo que deu
a entender serem da mesma essência ou substância, segue referências abaixo:

“Jesus respondeu: ‘Filipe, estive com vocês todo esse


tempo e você ainda não sabe quem eu sou? Quem me vê,
vê o Pai! Então por que me pede para mostrar o Pai?”
(João 14:9).
“O Pai e eu somos um.” (João 10:30).

[Breve comentário: Esses textos trazem a ideia de unidade de essência, embora com identidades
diferentes. Estas declarações estão em perfeita harmonia com todo o livro.]

O restante do livro apoia e amplia a visão do prólogo. Notório, diante das referências acerca
da divindade de Jesus, que o relato de João é talvez a maior declaração da natureza divina de
Cristo. Mas o fato de o livro querer revelar à igreja a divindade de Jesus de forma evangelística e
intencional, não abala em absolutamente nada a veracidade do que está escrito.
PERSPECTIVA DE HEBREUS

O livro de Hebreus é aparentemente um dos livros do Novo Testamento de mais difícil


compreensão para nossos dias. Este livro é bastante enfático quanto a divindade de Jesus. Nos
capítulos iniciais o autor dá muitos detalhes acerca de sacerdócio, alianças, sistema sacrificial de
Israel e entre outras questões. Contudo, Hebreus é um tesouro para aqueles que querem se
aprofundar no conhecimento de Deus. O autor da carta, que é desconhecido (a tradição acredita
que seja algum apóstolo ou alguém diretamente ligado ao corpo apostólico), cita o Filho de Deus
como o resplendor da glória de Deus, como a expressão exata do seu ser.
Veja a seguir:

“O Filho irradia a glória de Deus, expressa de forma


exata o que Deus é e, com sua palavra poderosa,
sustenta todas as coisas. Depois de nos purificar de
nossos pecados, sentou-se no lugar de honra à direita do
Deus majestoso no céu.” (Hebreus 1:3).

[Breve comentário: Esse trecho não nos deixa dúvidas que Deus falou no antigo testamento por
sonhos, visões e pelos profetas e nos “últimos dias” da história da humanidade Deus revelou
através de Jesus Cristo.]

Vemos no texto que por meio do Filho, Deus criou o mundo e o texto segue alegando que
Cristo com o seu poder sustenta todas as coisas. No versículo 8, que se trata de uma citação de
Salmo 45.6, o Filho é tratado como Deus. Do capítulo 1.4 - 2.9 a argumentação é que Cristo é
maior que os anjos e maior que Moises. Vale lembrar que na tradição judaica ele era visto como
maior dos profetas, talvez não pelo poder ou feitos milagrosos, mas pela missão que Deus o
havia dado.

O autor da carta aos Hebreus coloca Cristo numa categoria de Sacerdote eterno, segundo a
"ordem de Melquisedeque".

“Por isso Cristo não tomou para si a honra de ser Sumo


Sacerdote, mas foi Deus que lhe concedeu essa honra,
dizendo: ‘Você é meu Filho; hoje eu o gerei’. E, em outra
passagem, diz: ‘Você é sacerdote para sempre, segundo
a ordem de Melquisedeque.” (Hebreus 5:5,6).

[Breve comentário: O autor cita Salmos 2.7, o que nos faz entender que as qualificações
mencionadas nos versos 1 ao 4 no início do livro, agora são aplicadas a Jesus, dizendo que Cristo
foi designado por Deus para que fosse o sumo sacerdote eterno. Isso inclui a soberania do Filho
de Deus sobre toda a criação inclusive sobre os anjos.]
PERSPECTIVA PAULINA E DE OUTROS
APÓSTOLOS

Todos os apóstolos que andaram com Jesus, sentiram medo, fome, alegria, aflição e etc. Porém,
todos os seus apóstolos enxergaram um aspecto divino em Jesus, exceto Judas.
Eles viam Jesus como homem incomum, com grandes dons para ensinar e curar. Em
Mateus 16:16, por exemplo, temos Pedro declarando: " Tu és o Cristo o filho do Deus vivo".

[Breve comentário: Essa é a primeira vez que alguém deu a Jesus o título, o Cristo, o messias,
em seguida Jesus fala da Rocha que seria a afirmação de Pedro, tal afirmação seria o fundamento
da igreja.]

O acúmulo dessas revelações, levou a igreja a cultuar a Jesus já no começo da história do


cristianismo. No livro de Atos, Jesus já é tratado como "Nosso Senhor" e Ele é tratado como o
filho de Deus, o Messias prometido de Israel.

“Logo, começou a falar de Jesus nas sinagogas, dizendo:


‘Ele é o Filho de Deus!’. Todos que o ouviam ficavam
admirados. ‘Não é esse o homem que causou tanta
destruição entre os que invocavam o nome de Jesus em
Jerusalém?’, perguntavam. ‘E não veio aqui para levá-
los como prisioneiros aos principais sacerdotes?’ A
pregação de Saulo tornou-se cada vez mais poderosa,
pois ele deixava os judeus de Damasco perplexos,
provando que Jesus é o Cristo.” (Atos 9.20-22).

[Breve comentário: Como era a prática de Paulo, durante todo seu ministério ele levava a
mensagem de Cristo primeiro para os Judeus nas Sinagogas, em seguida aos Gentios, era notório
que a pregação de Paulo se fortalecia ao decorrer do tempo.]

O apóstolo Paulo se refere frequentemente em suas cartas a divindade de Cristo. Em


Colossenses 1.15-20 escreveu que o Filho “é a imagem do Deus invisível”, é aquele em quem
“por meio dEle e para Ele todas as coisas subsistem”. Em Romanos 2.3, Paulo corrobora com
Mateus 25.31-46 e diz que Jesus julgará todas as nações.

Na carta aos filipenses, os estudiosos encontram alguns paralelos com as revelações do


Antigo testamento. Que se alinham doutrinariamente com as promessas sobre o Messias:

1. “Embora sendo Deus, não considerou que ser igual a Deus fosse algo a que
devesse se apegar.”;
Paralelo com o livro Gênesis 1.26, “a nossa imagem e semelhança".

2. “Em vez disso, esvaziou a si mesmo; assumiu a posição de escravo e


nasceu como ser humano.”;

Paralelo com o profeta Isaías 53.12, "derramou sua vida".

3. “Humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz.”;

Paralelo com o livro de Daniel 7.13, "parecido com filho de homens".

Paulo foi o escritor mais importante do Novo Testamento, ele elaborou uma teologia que se
alinhava com os ensinamentos do Antigo Testamento de forma mais completa explicando tipos e
sombras da antiga aliança. Os princípios se coadunam quando enxergamos como finalidade
última das escrituras revelarem o Filho de Deus. Paulo explicou muitos ensinamentos
incompletos acerca da expiação de Cristo, da salvação, dos reais objetivos da lei mosaica, da
relação entre igreja e Israel, e outros assuntos da fé. Basicamente, todos os assuntos complexos
da teologia cristã têm alguma contribuição do apóstolo Paulo, sobre a pessoa de Cristo não seria
diferente.
SOBRE A RESSUREIÇÃO

e acordo com o estudioso Pannenberg, (umas das maiores autoridades desse tema no
D mundo) afirma em sua obra “Fundamentos de Cristologia” (1974), que uma melhor
abordagem para lidar com o tema seria o uso da história, entendendo o caráter revelacional
das escrituras. À medida que Deus se revelou na história essa e outras ciências podem ser usadas
para a busca da verdade. Usada corretamente pode corroborar com as profecias de Deus nas
escrituras, nos revelando a verdade dos acontecimentos, não apenas de fatos que já ocorreram,
mas bem como de acontecimentos que ainda estão por vir, como as revelações apocalípticas.
A história como uma ciência de caráter materialista seria um fragmento de acontecimentos
no propósito completo de Deus, portanto saberemos plenamente o que de fato ocorreu, e o
porquê ocorreram, quando identificarmos o propósito final de tudo, o que será possível apenas
quando a história atingir o seu curso completo. Então, estudar a história da humanidade ou a de
Cristo demanda o mesmo esforço de encaixar peças de um quebra-cabeça.

Contudo, podemos ligar alguns pontos, por exemplo: na história a mudança de hábitos
culturais ou religiosas de um povo eram concretizadas durantes vários anos, por gerações
inteiras. Contudo, no primeiro século lemos que os cristão começaram a se desinteressar pela
cultura Judaica, alguns hábitos e até pretensões de serem reconhecidos e respeitados pelo império
romano se tornaram indiferentes para os primeiros cristão, o dia de adoração, de sábado passou a
ser no domingo (de acordo com os relatos o dia em que Jesus teria ressuscitado), os hábitos
alimentares e os locais de cultos se tornaram flexíveis e secundários, tudo isso ocorreu depois de
relatos sobre a ressureição de Cristo.

As primeiras testemunhas oculares da ressureição eram mulheres, aqui temos um problema


jurídico, o testemunho de uma mulher nos tribunais não eram levando em consideração, porém
os cristãos não esconderam que foram as mulheres que viram Jesus primeiro, se fosse uma
história inventada, para ser levada em consideração, falariam que os primeiros que viram Jesus
foram homens, assim a “história” ganharia mais credibilidade.

O desprezo dos romanos e dos gregos pela ressureição, para eles a matéria é má em sua
essência, um ser iluminado para eles jamais voltaria ao seu estado corpóreo, já os Judeus
acreditavam numa ressureição, mas somente no juízo final. Então para que a história fizesse
sentido e acabasse conquistando os corações greco-romanos os discípulos teriam que inventar
algum místico que não estivesse ligado com a matéria, para que eles enxergassem Cristo como
Deus.

Uma mudança cultural e religiosa muito relevante que, após os relatos de ressureição,
alguns judeus juntos com os primeiros cristãos começaram a adorar a Jesus Cristo como Deus
filho, os Judeus não tinham uma cultura idolátrica, vários deles foram martirizados por não
adorarem imperadores e reis, eram monoteístas radicais, mas após os relatos de ressureição o
objeto de adoração mudou muito rapidamente.

Alguns estudiosos sérios, verificam que todos esses acontecimentos contraculturais


colaboram para o fato da ressureição, eles consideram que a veracidade dos eventos deve ser
atribuída por seus contemporâneos, nesse caso os judeus que viveram no tempo que Jesus viveu.

Entre os Judeus da época há uma proclamação acerca da ressureição logo após a morte de
Jesus. Não há nenhuma alegação que o túmulo não estivesse vazio, parece que isso não estava
em questão entre judeus e os romanos contemporâneos de Jesus.

O já mencionado estudioso que é referência nesse assunto, Pannenberg, acredita que a


evidência de 1 Coríntios 15 é até mais significativa do que as dos evangelhos. Há evidencias para
estabelecer uma historicidade da ressureição, que é em si a essência da fé cristã e da divindade de
Cristo.

“Ele foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, como


dizem as Escrituras. Apareceu a Pedro e, mais tarde, aos
Doze. Depois disso, apareceu a mais de quinhentos
irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda está
viva, embora alguns já tenham adormecido.” (1
Coríntios15:4-6).

[Breve comentário: A menção de Paulo ao sepultamento se refere ao túmulo vazio, logo em


seguida Paulo cita as testemunhas oculares da ressureição e complementa que inclusive alguns
ainda estão vivas, convidando aos leitores a confirmarem tais fatos com essas pessoas.]

Fatos aceitos como uma historicidade confiável pela historiografia moderna:

1. Jesus bíblico existiu;


2. Ele foi morto crucificado;
3. Seu túmulo estava vazio;
Diante dessas afirmativas, podemos construir uma historicidade confiável baseado nos
relatos dos contemporâneos de Cristo. Existem várias teorias a respeito do que teria acontecido,
mas nenhuma é tão coerente e provável quanto a narrativa bíblica.
O CRISTO CONFESSADO PELA IGREJA

alvez o maior problema em resolver a unidade da pessoa de Jesus seja conciliar a estrutura
T lógica, intrinsecamente humana, com uma realidade espiritual muito maior e mais
complexa do que as coisas existentes nessa terra. A natureza de Cristo foi a mola propulsora
para a discussão da doutrina da Trindade e ambas foram objetos de muitas heresias na igreja
primitiva e que até os dias atuais continuam reaparecendo em tempos e tempos. Sturz, em sua
Teologia Sistemática, afirma que a igreja reafirma três proposições ao longo dos séculos:
1 – Há um só Deus e somente ele pode ser adorado.
2 – Jesus Cristo é Deus e logo deve ser adorado.
3 – Há alguma diferença entre Jesus Cristo e Deus Pai.
São afirmações que, de acordo com a lógica humana, são paradoxais. Não há como
conciliar tais afirmações numa estrutura lógica de pensamento. Logo surgiram aqueles que para
salvaguardar o monoteísmo radical, consideraram Jesus um ser criado por Deus para ser eterno.
Esse grupo representado por Orígenes trouxe uma solução para essa questão. Eles
acreditavam que Jesus fosse uma espécie que não seria muito bem um ser humano, nem um
Deus, quem sabe um semideus subordinado a Deus pai. Abarcaram a primeira e a terceira
proposição e abriram mão da segunda para que o pensamento fosse logicamente compreensível.
Outro pequeno grupo representado por Sabélio acreditava que Deus pai, Jesus e o Espírito
Santo fossem modos de Deus agir, ou seja, Pai, filho e Espirito eram aspectos de Deus, logo, eles
criam que Jesus era Deus pai encarnado, que morreu e ressuscitou a si próprio e veio para igreja
na forma de Espírito.
Ambas as soluções contêm meias verdades, na última consideraram verdadeiras as
proposições um e a dois, abrindo mão da terceira. Portanto as duas soluções apresentadas até
aqui resultam na rejeição de uma das proposições.
A resposta correta, ou melhor, bíblica, veio com a contribuição de Tertuliano, o qual disse
que Deus é um em essência, mas três em pessoa. Seu conceito ficou conhecido como “trindade
econômica”.
AS DUAS NATUREZAS

Alguns pontos essenciais nos ajudarão a entender. Primeiro, o processo de encarnação foi muito
mais uma soma de seus atributos humanos do que uma dissolução de sua natureza divina.

“Embora sendo Deus, não considerou que ser igual a


Deus fosse algo a que devesse se apegar. Em vez disso,
esvaziou a si mesmo; assumiu a posição de escravo e
nasceu como ser humano. Quando veio em forma
humana.” (Filipenses 2:6-7).

Cristo se tronou humano ainda sendo divino. O que entendemos em Filipenses 2:6,7 é que
parte da sua divindade foi substituída por talentos humanos, talvez fique melhor para
compreender do que colocarmos Colossenses 2.9. O esvaziamento está se referindo em Cristo
assumir a condição ou forma de Servo. As escrituras só mostram uma submissão de Cristo diante
de Deus Pai quando se refere a sua missão, seu ministério terreno e não em relação ao seu ser.

“Pois nele habita em corpo humano toda a plenitude de


Deus.” (Colossenses 2:9).

Um segundo ponto muito importante e crucial é o entendimento da “união hipostática” de


Cristo (assim chamamos a compreensão da unidade das duas naturezas de Cristo), é uma unidade
que não opera de forma independente. Jesus não exercia sua divindade ora sua humanidade,
desconectada uma da outra de tal forma que os discípulos percebessem quando ele estaria sendo
Deus, quando estaria sendo plenamente homem. Acontece que, as condições humanas impostas a
divindade, limitavam o exercício do poder de Jesus. Millard Erickson traz uma analogia que
ilustra bem esse conceito, imagina o melhor boxeador do mundo tendo que competir numa luta
de mãos amarradas, isso não tira suas habilidades, nem modifica quem ele é para o esporte, mas
devido as condições impostas, suas habilidades ficam consideravelmente limitadas. Essa é a
situação do Cristo encarnado, assim como o lutador ele poderia tirar suas amarras, mas decidiu
não fazer.
Talvez uma terceira e última questão muito importante para a construção de uma doutrina
ortodoxa (correta) sobre Cristo, é a compreensão da humanidade de Cristo. A humanidade de
Jesus já foi demonstrada no tópico 2 como algo bíblico. Porém, por vezes pensamos de forma
indutiva, que a humanidade de Jesus é como a nossa humanidade, contudo devemos lembrar que
nossa humanidade está totalmente corrompida pelo pecado original, o nascimento virginal de
cristo possibilitou que a humanidade de Jesus fosse integra livre do pecado de Adão. Esse tipo de
humanidade fica mais fácil a união hipostática com a natureza divina gloriosa e sublime de
Cristo. Ele tinha a humanidade que nós teremos quando formos glorificados. Ainda nesse ponto
o ser humano é o único criado a imagem e semelhança de Deus, portanto a essência da
verdadeira humanidade é ser parecido com Deus, portanto nesse sentido Jesus foi mais humano
do que nós.
CREDO APOSTÓLICO

O Credo Apostólico é um dos documentos mais antigos e mais aceitos pela tradição Cristã, não
como escritura, mas como um resumo autêntico da fé bíblica. Tudo indica que esse documento
foi iniciado ainda no primeiro século e terminado por volta do VI século d.C.
Segue abaixo o documento na íntegra:
“Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e
da terra.

Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o


qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da
virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado; ressurgiu dos mortos
ao terceiro dia; subiu ao Céu; está sentado à direita de
Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para julgar os
vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja Universal; na
comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na
ressurreição do corpo; na vida eterna. Amém.”

Vamos nos ater apenas ao trecho em que Jesus é mencionado no Credo para esclarecer que
tipo de Cristo que nós cristão cremos, adoramos e professamos.
Posto isto, vamos elencar sete verdades fundamentais da nossa fé sobre Jesus Cristo.
Segue abaixo:
1 – Jesus aparece com o seu título de Cristo que quer dizer “Messias” no grego.
Reconhecidamente o ungido de Deus.
2 – O unigênito de Deus; O único gerado e não criado por Deus. De mesma essência e
substância. O Filho que sempre existiu desde a fundação do mundo.
3 – Nosso Senhor; Ele é Deus, digno de adoração. Não apenas um profeta ou um semideus.
Um Deus com mesmo poder de perdoar pecados e julgar a humanidade.
4 – Foi concebido pelo Espírito Santo; Maria sua mãe ainda virgem ficou gestante de Jesus,
como obra do Espirito Santo. Tinha uma humanidade perfeita o único que não cometeu pecado.
O nosso segundo Adão.
5 – Foi “julgado” por Pôncio Pilatos que não se posicionou diante da inocência de Jesus,
deixando prevalecer a vontade popular. E assim se cumprindo as profecias que o ungido de Deus
morreria em nosso lugar.
6 – Foi crucificado, morto, sepultado, ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; Fatos históricos
que nos garantem a veracidade de suas declarações acerca de sua própria natureza divina.
Ressurgiu de forma corpórea e visível. Ele venceu a morte.
7 – Está a destra de Deus Pai; Está em seu trono de glória e voltará como juiz para julgar
vivos e mortos.
OS TRÊS OFÍCIOS DE CRISTO

Os três ofícios de Cristo, os quais ele exerceu tanto em seu estado de humilhação (na forma
humana, antes da ressureição), como no seu estado de exaltação (já com o corpo glorificado,
após a sua ressureição), está prefigurado através da vida de vários homens ungidos por Deus na
antiga aliança, tais ofícios são: profeta, sacerdote e rei.
Como profeta, Ele é o porta voz da revelação da parte de Deus. Cristo nos revela a
vontade soberana de Deus sobre nossas vidas. Como Sacerdote, Ele veio para nos reconciliar
com o Deus pai, oferecendo a si mesmo como sacrifício afim de aplacar a ira e satisfazer a
Justiça de Deus. Ele é o único intermediador entre Deus e o Homem.

Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.


Ninguém pode vir ao Pai senão por mim” (João 14:6).

Como Rei, Ele Reina sobre todas as nações, nada acontece sem que Deus tenha total
controle sobre aquele acontecimento. Ele governa como um braço direito de Deus Pai, exerce seu
domínio com braços de amor.
Esses três ofícios dos tempos do Antigo Testamento eram apenas sombras de uma
realidade superior que apontavam para a pessoa e obra do Filho de Deus, o único, verdadeiro e
suficiente mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus nosso Senhor.
Gostaria de encorajá-los a se aprofundarem nesse assunto, que pudessem buscar um maior
conhecimento sobre esses três ofícios de Cristo, não é o foco dessa obra, mas é extremamente
útil e necessário que conheçamos. Esse é um aspecto da teologia que é excelente para nossa fé e
muito edificante para nossa vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

ara a correta compreensão da pessoa de Jesus Cristo, bem como para a formulação de outras
P doutrinas bíblicas utilizamos um quadrilátero que facilita nosso entendimento porque faz o
mapeamento da estrutura hierárquica de revelação sobre Deus, ou seja, são 4 elementos com
3 níveis de confiabilidade para entendimento da fé cristã por diferentes perspectivas que são
importantes para a igreja. Segue abaixo por nível de autoridade doutrinária e profética. Da mais
confiável para a com o menor grau de confiabilidade.
1 – A bíblia sagrada, que é a palavra de Deus revelada aos seres humanos, ocupa o primeiro
lugar na escala de autoridade para formulação doutrinária. Ela é a revelação objetiva de Deus, a
fonte de verdade infalível e suficiente para a compreensão de nossa salvação e a única regra de fé
e prática da vida cristã. Consideramos a bíblia sagrada inerrante no seu texto original e ela está
no topo quando se quer entender mais sobre Deus e seus propósitos para o mundo.

2 – Em segundo lugar, sendo julgada pelas escrituras, está a Razão e a Tradição cristã. A Razão
seria o raciocínio lógico, a capacidade cognitiva do ser humano, bem como a filosofia e outras
ciências que buscam a verdade, e são excelentes instrumentos complementares para facilitar a
interpretação bíblica, tais como, história, arqueologia, sociologia, psicologia e etc. A Tradição
cristã, seria todo o conhecimento construído com passar dos séculos de história da igreja, de
pensamento teológico e de vida cristã. A Tradição é uma riqueza para a igreja atual, porém os
“pais da igreja”, bem como os líderes que pavimentaram a nossa fé, não eram inerrantes. Por
isso, a tradição precisa estar sempre submissa a Palavra de Deus.
3 – Em terceiro lugar temos a experiência que, obviamente, será julgada pelas escrituras e, em
seguida, pela razão (aplicada ao texto sagrado) e pela tradição. Essa experiência talvez seja o
nível mais intuitivo, seria o que a ciência chama hoje de conhecimento empírico, aquele
conhecimento que é experimentado, esse conhecimento para a maioria das pessoas seria o mais
subjetivo porque depende da perspectiva do ser humano detentor da experiência, por isso precisa
estar de acordo com os dois níveis anteriores para formularmos uma doutrina cristã confiável.
AFINAL, QUEM É JESUS?

Podemos chamar Jesus de Nazaré, o carpinteiro, de Cristo o Filho de Deus, o filho legítimo do
Pai, da mesma essência e substância que Deus pai. Mas, fazendo jus a sua obra, talvez, os termos
mais adequados sejam Senhor e Salvador. Aquele que venceu a morte e toda autoridade foi dada
a Ele.
Servimos a um Deus empático, que habitou e andou entre nós, sofreu nossas dores, lutou
nossas lutas, enfrentou nossos problemas e dessabores, nos tirando a possibilidade de percebê-lo
como um Deus distante, mas apontando a todos que Ele venceria em nosso lugar. O que seria do
cristianismo sem Cristo? Ele é a essência do nosso modo de viver, o autor e consumador da
nossa fé, é a materialização do Amor de Deus apresentada ao mundo, e aplicada a todos aqueles
que creem. Perder a Cristo seria perder a razão da nossa esperança. Cristo nos trouxe a salvação,
sendo ele mesmo o sacrifício expiatório que nos justifica diante de Deus.

Toda estrutura religiosa é construída numa relação retributiva, onde a criatura busca se
aproximar de Deus através de atos cerimoniais, se esforçando para obter uma atenção da
divindade. O cristianismo é diferente, servimos a um Deus que se moveu em nossa direção, Ele
planejou o nosso resgate, teve misericórdia de nós. Por isso, todo estudo relacionado a doutrina
de Cristo deve gerar reflexões em nossas mentes e ao mesmo tempo convicções em nossos
corações, pois Cristo é mais que uma mera decisão, um time que se escolhe torcer, uma maratona
que se decide correr, Ele é o fundamento do qual devamos confiar a nossa existência, é a crença
que nos gera as implicações mais profundas, que abarcam todas as áreas de nossas vidas.

Estávamos mortos nos nossos delitos e pecados, Ele morreu por nós, para que pudéssemos
nascer de novo, nos realinhou com Deus pai, conforme nosso propósito original. Cremos que não
há mérito em nós, professamos uma relação graciosa com o Deus que veio resgatar as suas
ovelhas, e lhes oferecer a paz consigo. Ele é o autor de todo o processo salvífico, a salvação
expressa quem Ele é, bondoso e demasiadamente santo.

Diante de tudo o que foi visto, somente nos falta uma indagação, quem é Jesus para você?
Responder essa pergunta para si fará toda a diferença em sua conduta a partir da convicção dessa
resposta. No evangelho de João é mencionada a frase “eu sou...” sete vezes, afim de revelar a sua
verdadeira essência a nós. Os discípulos falaram para Jesus o que as pessoas estavam falando
sobre ele, e ele perguntou: “E vocês? Quem vocês acham que eu sou?”. Isso está em Mateus
16:13-16.

Definir quem foi Jesus na história é relativamente fácil, o mais impactante é definir quem
Ele é hoje para você. Ter em mente a certeza do que Ele realmente representa em sua vida.
Internalize essa resposta em seu coração e isso irá impactar profundamente as suas ações para o
resto de sua vida, assim como aconteceu comigo e com milhões de cristãos ao longo da história.
Essa verdade será consolidada no coração, irá perpassar seus pés e mãos e será refletida,
florescendo significado e sentido, em toda sua existência. Por meio dele nos movemos e
existimos. Quem é Jesus para você? Talvez essa seja a questão mais importante que um ser
humano deva responder. Aquela pergunta cujo a resposta está contida, não apenas algumas
implicações sérias para sua vida hoje, mas consequências essencialmente eternas.

Que essa obra tenha causado em você reflexão e temor. Meu intuito foi lançar luz no seu
caminhar, para que você, meu leitor, possa nutrir uma verdadeira espiritualidade, pois para se
achegar até Deus, Jesus Cristo é o único caminho.
REFERÊNCIAS
Barth, K. (2010). Credo. (E. d. Proença, Ed.) São Paulo: Fonte Editorial.

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