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DitermMaAnpo pe Assis 628 éncia, cultura e trabalhos proficuos pelo fe ee elmo ume grande vitima da Fatalidade, e com de Pio dmenso de ler livros, por éle ofertados, tratando das mor- tes de Buclides da Cunha e Euclides da Cunha Filho... $e hotel 2 noite, iamos “Um Nome, Uma Vida, Uma Obra™, dele General em colaboracao com Angelo Cibela, ficando com q conviceao absoluta de que as tragédias de 15 de agésto de ho de 1916 nada mais foram do que designios 4 de jul t 1000 Gavels da Patalidade. Para essa conviccdo bastante se- ham og seguintes trechos de brilhante pagina do saudoso Mon- teiro Lobato: “Uma tragédia de Esquilo” — constante do re- ferido livro: Agora estou tranqiiilo com a minha consciéncia cristaé e de cidadao. Cumpri um dever reconhecendo plenamente a in- justica que fazia a um digno patricio. (Do “Diario da Manha” de 13-VI-50, Ribeiraéo Préto, S. Paulo). EUCLIDES, ENGENHEIRO DO DISTRITO DOIS ANOS DE PERMANENCIA EM LORENA Alves Mota Sobrinho Em dezembro de 1901, seguia Euclides da Cunha para a Sede de um novo distrito, Guaratingueta. Vinha de Sao Car- los, tendo deixado construida uma ponte em Sao José do Rio Pardo. Deteve-se em Sao Paulo uns dias, aceitando a remo- ¢a0, porque o novo distrito, na realidade, era melhor, por ficar justamente entre a capital paulista e a do pais. Era entaéo engenheiro de Obras Publicas do Estado de Sao Paulo e per- maneceria no velho recanto bandeirante, a frente do cargo, até principios de janeiro de 1904. Sao dois anos quase des: conhecidos da vida do grande escritor brasileiro éstes passa- dos no vale do Paraiba e podem ser entrevistos na correspon: déncia que de 14 manteve com amigos, parentes e companhei: ros de labor intelectual. Dois anos que antecedem & gloria e inicio da tragédia final de uma vida dura, trabalhosa, voltad para os altos interésses nacionais. Para conhecé-los consegw mos dois depoimentos pessoais de real valor. Um, do dr. Gam Rodrigues, médico de quatro geragdes, muito conhecido na re giao que o elegeu deputado estadual, e notavel pela cult humanistica formada na Universidade de Coimbra. De homem, enfim, capaz de compreender Euclides, sem fazer- restrigdes injustas. © outro depoimento, também interessantissimo, nao ter! origem denunciada, porquanto seu autor, muito modesto e de¢ : clarando-se suspeito, pela sua posicdo religiosa, quer-se __ -Servar apenas como andnimo educador dos filhos de Buclides Sente-se, patie padre inteligente e ex-diretor geral do Co Sao wim de Lorena, uma grande admiragao pel Payee ee.) oe tae nho para a to Car- do Rio _ remo- or ficar , entado e per- cargo, se des- passa- ‘espon- anhei- ja € a0 joltada usegui- Gama na re- altura Ye um er-1he > tera e de- , con Jides- Colé- » pela de de E _ jdade de Euclides ¢, 629 = ao fm por Nao ter o autor mesmo , or gmesmo tempc dentro da Tereja. Quix’, (8 Sertors> W™, Fesquic a8 info \drado sco 10 Ras, dispensamo-las por erties” enana supé: ces drado se: Tfluas ue podiam ser © TESTEMUNHO po pp GAMA Ri 4 0) 4 Rac Guclides aa es, te¥e oportunt oe oil ey ora, mane Cunha em Morar de conhec, Wt, de "Os Sertdes”, 4,StANde © respeltago ‘elts de 1902 4 Mpstado, aureolado eae w engenhelro Pony oa s ste . ra, 5 Siblicas rreita pe apés a eeiipanhe ub copetacuineny te aie reportagens no “Estado de ade Canudos-e das perce ene as cidades Herts Paulo”. las. sensacio- 4 para domicili S ao dilat: Hee oleate dees, Pela clrcunstancia de terse > gl matriculou os filhos: Solon, wage e adres Sal ade a fo havia nascido. » Buclides, Afonso, ‘Luis ainds 80. Luis : Le AS estatura, silhueta angul _ Bees aEtlA ajambrado, sempre mal accrue re auletos, pas que Vestia, no se adaptou a0 ecanhadovmnelo se podia reter-se em 1,ccanhado melo lorenense gntir na quietude do gabinete “uma esplondeda veer jenciosa, de amigos, que Ihe falavam ei ae hore sinceras”. Parava muito pouco em Gorse Cone te ao ed do principio de cada més, obrigatoriamente ne Bag Poe a restantes seriam absorvidos pelas viagen: ate eran oobrigava, no extenso distrito, das cabecelvamt Tite ata e Bice te Sacer penosas por regides Seine 001 8 achoeira e as de Sao Luis do Paraitinga. * O DESAJUSTADO Seu estranho aspecto, seu materialismo cot i versa entrecortada e impulsiva, nao iam eres oderiatn aa forma alguma ir — com a pacatez da sociedade provinciana ¢ beata da pequena cidade. Era ja grande demais para isso. Nao deixava, porém, de admirar as pelezas do vale do Paraiba e, quando se comemorou 0 aniversario de sua ponte sobre 0 tio Pardo, éle exclamava em carta a um dos amigos: (ah! nao estar ela num dos trechos déste incompardvel Paraiba). Também, nunca faltava com palavras de simpatia pela cidage em que residia, a Sua Lorena, a tranquila, a melancdlica Lo- tena das palmeiras imperiais sacudidas pelo sudoeste. Dife- ‘tente de um Monteiro Lobato, sem duivida, se Te i i sua aristocr x Ser ao sentir as velhas cidades com oT onUAntO. LOE minani uu emigrando para os grandes centros. bato pakeeiece enerv drama das “cidades mor- , f do os primeiros a-se diante do tas” i Ribeiroes Pretos, tao ricos ee tare empobrecidas, tornarem-se rotineiras ui “entre as ruinas Dae a é” é ‘ue sabe Jami 6” de cientista, a sae ads ne iz Gama ‘Rodrigues, seu prilho e a com a lo se converses als impressionav2 era 0 630 DierManvo be Assis negros, luminosos, 4 flor Raseore; conic que ocuperdo tide us0a ra face, e a maneira estranha e mutavel com que Se falava, sobretudo se argumentava, ¢ agudos, como que penetrando até o intimo 4 mentos; quando ouvia, eram ausentes e, embora pareciam mirar outros e mais distantes horizon outros e mais altos assuntos que os decorrentes ds ¢ao. Desconcertante e dominador... — completa ox Grigeen preocupacéo principal eram os assuntos s s6ficos: a sua obra, que na ocasiao trazia em te ipograficas. Seton prureo- de. elicentielto potien détxon tio a Lorena, parece que nada; fora dela, uma ponte na rodagem entrada da cidade de Gachoeira, que & arco romano e construiu com grande satisfacao; o editics, ® cadeia em Guaratingueta, e servicos menores ‘em outras a dades. UM INCIDENTE SINGULAR A propésito da construcaio da cadeia, o dr. Gama conta. um singular incidente. Viajava éle, um dia para Guaratingueta, quando encontrou, no trem, Euclides da Cunha, que para la também se dirigia. A certa altura da viagem, Euclides ergue. Se agitado, aproxima-se déle, visivelmente alterado e com seus olhos perturbadores profundamente cravados nele, indaga se vai a Guaratingueta; ao saber que sim, diz sentir_se mal, tao mal que receia nao poder 14 chegar e lhe pede, angustiado e aflito, para procurar o empreiteiro encarregado das obras da cadeia e lhe dizer, de sua parte, que a cota da Porta devia ser tal e tal... Tira do bdlso um pequeno e amarfanhado pedago de papel e, a pressa, escreve a lapis uns nuimeros que entrega ao dr. Gama. Procurou éste, como médico, acalma-lo e fazer ver que nada deveria recear, pois estavam quase chegando e 5 teria toda a satisfacao de acompanha-lo até o Servico. Real- mente, nada sucedeu. Ao desembarcarem dai a poucos minutos na vizinha cidade, Euclides da Cunha era j& outro homem, se- guro de si, sereno, e, calmamente, se dirigiu, a pé, para as obras, como se nada fdsse, e nada houvesse acontecido ! Estranhas eram as visitas de Euclides, como pai de alunos, ao Colégio de Sao Joaquim, segundo diz o padre informante nosso. Nunca obedecia aos dias e horas regulamentares do colégio. Quando chegava, procurava acodadamente um dos fi- lhos, cada um em seu dia, com éle caminhava para os patios de recreio, para as margens do ribeiréo que corre aos fundos dos terrenos do colégio, sentava-se no chao com o filho e con- versava agitadamente por alguns minutos, retirando-se a s és : ; AMIZADE COM O PE. JOAO GUALBERTO ai on, 0S, Padres professores pouco se detinha e quando era mais para discutir materialismo e positivismo um 86 sacerdote nosso ante | @le, se haver Fuclidec ‘osso_informante

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