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Fenn lz A CRIANCA E A LINGUAGEM ESCRITA: CONSIDERACOES SOBRE A PRODUCAO DE TEXTOS Maria Cecilia Rafael de Gives ‘Ana Luiza Bustamante Smolka ALENCAR, Guna, S. cte.(rg). Derma con Fribuieds da Precdloga ce processes ae ange 4 eel. Sam By grains 2 aprence; be; Cais, » 2004. * Univcnidade Esadual de Camprss — UNICAMP. © desenvolvimento da crianga pode ser caracterizado como umf nf curso de transformagoes pelas quais competéncias emergem ¢ se dife- renciam no plano intersubjetivo, configurado pelas agdes do sujeito. *..” y mediadss pelo outro, © passam a0 plano inirsubjetivo, configurado pelo ir processo de intemalizagto. Isso significa que, dependendo das condigdes > “Ge aprenidizagem, esses transformag6es vio conduzir & sutonomia do sujeito em relagdo a algumas competéncias e abrir possibilidades para 0 surgimento de outras, Assim, no que respeita & evolucio da atividade de tinguagem escrita, 08 progressos no ler e escrever devem ser compreendidos considerando-se 4 qualidade das condigBes de produgo ¢ 0 papel fundamental dos interlo- cutores da crianca — adultos ¢ pares que aluam como agentes de mediagio em diferentes contextos, sobretudo na sala de aula, Além de ser incorporada pelo sujeito através de processos de interagio, 4 linguagem escrita é, ela propria, meio de interagdo, vivenciada na relagao enunciador-destinatério, Embora se trate de um modo de produgio de Jinguagem diferente da fala, a escrita sssume, camo aquela. Fungo comu- nicativa e individual, por ser uma atividade simbdtica pela qual 0 sujeito afeta a agio do outro € sua prépria agSo. Com apoio nessas concepgées, propostas por Vygotsky (1984, 1989), Pretendemos focalizar, agui, um aspecto da atividade de linguagem escrita, © da producio de textos. Examinaremos algumas caracteisticas desse pprocesso em criangas que se encontram nos anos iniciais de escolarizagao. io LL A eseriia ea fala Nas suas tentativas de escrever, a erianga vai aprendendo tanto as -correspondéncias do sistema escrito com a fala, quanto 2s diferengas enire cesses dois modos de produgo de linguagem. Na escrita, a produgio se c4 em condigdes diferentes da fala, implicando a geragio de um fluxo de discurs0 que se apsia na representagio mental da interagio com 0 destinatéio, A crianga tem, pois, que passar a produzir linguagem em condigoes diferentes daquelss vivenciadas nas suas conversagBes com 0 outto, akém de domminar 0 catdter alfabético do sistema e ajustarse as convengées de registro, como aquelas relativas 8 ontografia e 2 pontuagio. Para muitas das criangas screscenta-se 0 esforgo de aproximagio de uma variedade lingGistiea diferente a sua. © provesso de dominio dy cartier alfubétivu da esctita tem sido objeto de_muitas investigagées, evidenciando que a erianga, apds estabelecer a diferenciagio “desenho das coisas” vs “desenho da fala” (Luria, 1988), pass a escrever de acordo com certos critérios relativos a0 nimero © vvaricdade de combinag6es de letras ou marcas imitativas (Ferreiro e Tebe- rosky, 1986). Para alcangar a fonetizagio da escrita, a crianca tem que lidar de modo flexfvel com a relagio ‘significante-significado edicigit a atengdo & composi¢io sonora da palavrz, tomando esta como opaca e, a0 mesmo tempo, transparente a0 significado (Lundberg, 1979; Carmaher ¢ Rego. 1981), _ Estudos sugerem que, na busca de critérios de correspondéncia com a dimensio sonora da fala, 2 crianca elege inicialmente a silaba como uunidade a ser representada pelos sinais-letras (Ferreiro ¢ Teberosky, 1986). Argumento diferente aparece em andlises que sugerem ecorrer no um spoia ie Stabs ems", mas um recote de segmentes que se destacam istso em Fungo do rimo da fala que a crianga esti a eepezentar (Abate, 1968) era naae E provavel que haja um tatcio de possibilidades de correspondéncia, as quais vio sendo induzidas, confirmadas ¢ negadss pelo outro, até que « ciiaya tncorpore a ideia de representago do fonema. Todo esse movimento no sentido de chegar a conceber as unidades envolvidas ¢ determinado elas experiéncias que a crianga tem de tentar registrar sua fala, pelas interpretaces que 0 outro faz de seus regisiros. pelo grau de ajuda que o utro fomcce, pelos conhecimentos derivados das prOprias tentativas de ler, plas observagdes do ler © do escrever no outro (ver, a eS5e respeito, as s de Smolka [1988, 1989]. sobre a dindmica interativa em momentos, de Icitura e escrita na situagio de sala de aula). Nessas exploragies mediadas, a crianga vai incorporando o carster simbélico € a funcionalidade da escrita, compreendenda que esta serve para omeas coisas, relatar experiéncias, informar, persuadir elc. Vale dizer, vai dosenvolvendo a noyJo de que, a0 escrever, 0 sujeito enuncia 0 pensamento,, com algum propésilo, para si ou para © outro; configurando ou uma auto-Orientago ou uma relagéo entre sujeites. Quando a erianga comega a escrever alfabeticamente. tende a registrar cos enunciados com inimeras marcas da fala: nJo s¢ registra palavras como, fala C “assora”), como também liga e segmenta em fungdo do significado e do ritmo da fala. Assim, faz ligagbes a panir de biocos significativos. ionados 20 ritmo ¢ entonagio da fala (erumaveis”. “pufavor’ “derepente”, “quepassarinho bonito”). As formas de recone também comegam a se apoiar em enicsios derivados dda experiéncia com a prépria escrita: palavris como “de”, “com” e “em” passam agora a adquirir um estaruto independente para a cnanga, © que a leva a efetuar segmentagges como: “de pois”. “com tente", “em siste” € que fa’. Esses slo alguns dos aspecios do complexo jogo de estratégias que se mesclam na enunciacio do pensamento que se converte em texto escrito. ‘A tarcfa ndo € facil, pois 0 sujeito tem que coordenar 0 fluxo do pensamento, fem que se entrecruzam o discurso interior e a5 formulactes de enunciados ‘comunicatives, com as operagdes, quase sempre mais lentas, do registrar. Detém-se para decidir o que dird em seguida: interrompe para evocar a forma onogrifica de palavras; hesita 20 retomar 0 enunciado interrompido. Todo esse conjunto de operagbes na elaboragio do texto requer uma extensa experigncia para ser dominado e, na verdade, mesmo para o escritor experiente continua a exigir uma complexa coordenagso. Enfrentando essas exigéncias de coordenagio de operagies, 0 sujeito vai aprendenda a enunciar seu pensamento para 0 outro € st consttuindo como tutor. Parece Sbvio que a crianga se proponha a enunciar seu pensamento quando gera um texto. E, 10 entanto, encontramos criangas que mostram uma nogio indefinida, certamentz decorrente de suas experiéncias escolares, sobre a origem do dizer que se concretiza ns escrita, Numa sesso de produgio de texto’, fora da sala de aula, um aluno de scgunda séric, com hist6ria de repeténcia, nfo conseguia escrever um texto, que havia se disposto a fazer € pare o qual tinks levantado virias 1. Telos 0 episidios latvos 2 prudupio de tet, aga cxemplifeadn, sia de alunos de cols pibiea 43 edade de Campinas (SP). Alpsnt textos foram profes em abvidade epslar fe sla de lt © ouros em senses de atsidode com peguems grupes. fon da sala de aula, come pire Je um projets de pesquisa em andomeno. ‘idgias, Tratava-se de uma explicagio do jogo de futebol. Dizia nfo saber © que deveria ser escrito, A entrevistadora encorajou-o, pedindo que se embrasse das idéias que acabara de apresentar. O didlogo seguinte revela 4 origem de sua hesitacéo. * _Enuevistadora- Mas voc8 j4 contou tantas coisas sobre @ futebol ostaria de explicar sobre esse jogo no texto? CCrianga- Nao sei o que tenho que escrever © que E. Enito pense de novo em como voce explicou para nds. Como & esse jogo? C- 0 campo & de fulebol.. Os joadores chutam a bola para o acl. E- timo. Eno escreva isso, Est étimo. C- Mas 0 que € que eu tenho que escrever? E- Isso que voce disse, C- E como eu escreva isso? E. Teme escrever as coisas que disse (passa a dita) © campo ...€ de futebol... Os jogadores...chutam...a bola... pam o gol ee eee ee eee Apesar de algumas dificuldades para o registro ontogrifico, o' aluno tinha apacidade para escrever todas essas palavras. O que estava errado nto? © aluno tem 2 nogSo de que na produgio escrita sfo registradas Palavras, mas a provenigncia delas est em algum dizer que nfo é 0 seu, ‘sto €, no escrever hé um dizer que nfo € necessariamente 0 de quem tscreve. Supomos que pelo menos duas questdes, ambas relatives &s condicdes de ensino, determina essa desorientagio do aluno para transformar seu dizer em texto escrito. Hé, de um lado, toda uma histGria de reproduzir 0 ue esté na carilha, ou de compor frases sob encomenda, ou de repetir 0 Que foi dito"pela professora. Hf, de outro lado, a énfase no esforgo de dominar a forma onografica correta, fazendo com que a atengio se concentre a composigfo sonora da pulavra, na cadeia de palavras. Escrever se transforma em registrar palavrac E por isso que. para esse menino, era preciso que seu enunciado fosse objetivado na repeticao da entrevistadora para que o escrevesse. A retomada pela entrevistadora pemnitia que os enurgiados fossem tomados como objeto de registro. Assim, 0 problema nfo residia na enunciaco do pensamento znem no registro de palavras (embora lento), mas na rela¢o entre enunciar escrever. 56 Odservames outros casos, também de aprendizagem lenta, que, no entanto, revelam dificuldades um pouco diferentes. Um aluno que rcalizave 4 mesma atividade do exemplo anterior, dizia nto saber que escrover Depois de algum encorajamento, comegou a estrever ¢ logo intmempes sua produsio. Apés uma conversa com 0 menino, a entrevistadore se dispes a atusr como escriba, © 0 texto foi compleiado. Ao final. outra enlrevistadora Se aproximou e teve com cle o seguinie dislogo: E- Que 6timo. voc completou 9 texto! Mas (em tom de brincadeira), tem ois tpos de letra aqui, Essa parte aqui do texto € dela ow sus? CE minha, E- Mas a leva € dela, C- Mas fui eu que falci, Ela escreveu mas ex falei. ‘0 texto é de quem falou. ee Ao comparamos as dificuldades dos dois alunos, notamos uma se melhanga apenas aparente. Amos precisavam de ajuda para produzir 0 texto € apresentavam um registro lento e hesitante de palavras, Mas 0 problema subjacente ndo era 0 mesmo; num caso, havia uma distorgio da felagdo entre cnunciar © escrever, enquanlo 10 outro, s¢ manifestava uma “Gificuldade grande para coordenar as operag6es implicadas naquela relacio, Esses problemas se instalam jf a partir do infcio da experiéncia escolar, quando a crianga se vé diante da tarefa de escrever 0 i, 0 Ie, 0 10. isoladamente ou dentro de pslavras. Mesmo quando apreendidas na sua relagdo com 05 sons da fala (0 que nem sempre ocorre nas primeiras etspas de instrugia), tais unidades 0 corspondem a significados que podem ser pensades ¢ expressos pura o out, e tis palavras se originam de um dizer alheio. Quando, na escola, a crianga tem que fazer um enorme esforco, Por nio ter vindo “preparada”, para incorporar a correspondéncia alfabética f atender a exigncias onograficas, as stividades escolares podem induzir uma abordagem reprodutiva da escrita ou uma resisténcia © escrever. Af, 0u 8 coordenagt0 do fluxo de pensamento e da escrta toma-se excessivamente penosa, ov a prépria enunciagdo desvincula-se do eserever 2. A organizacdo dos enunciados na escrita A evolugio da qualidade de organizsg0 que a crianga impte sos enunciados no texto € uma questo ainda insuficientemente explorida na investigueio, mas algumas caracteristicas da produgio tém sido apontadas, 37 tais como: a ere 6a de oragdes subordinadss. 0 refinamienio ni emprego de recursos cossives entre proposicaes agjacenies, 0 aumento da variedade de G8es ¢ 0 alendimento gradual a com de géneros confome ilu (1984) © Schnowiy (1988), ngtes ram as andlises de Kress (1982), Perera Se a crianga escreve pons-nos exani tuncismiy seu pensamento para 0 outro, im- aquelss caracterisicas que mais se relacionam & comu- bilidade Jo texto. & proposigio dirigida a um leitor, destin presen Rg comum aparee counciades. Esta € une U de textos, a incompleiudk ncia pica das exigéncias d= coordenacto uo Hluxo de pens.menio, enquento discurso interior, com a organizaio de Giscurso comunicativo © com as operagGes dz registro deste, Uma canes, eserevendo uma hisiéria sobre um “indio sapeca”, incluiu o seguinte trecho: tele cucomsow uin passarinne muito bonita ele ficou com IT ele matar 0 passarinho". Nessa passagem omitiu Ipena cel, Ouro exemplo estd mum lexto sobre problemas da escola, quando a crianga escolhey como tema 2 destauigao Uo patrimdaio. A porgdo intermedisia d2 seu texto foi assim construida: “E a diretora podia mandaz consertas as caneiras que estio quebradas. | i N3o baguncar dentro da classe ter mais cuidado com a classe, cuidado com as cansiras”. A passagom omitida foi IE as criangas devia! Assim, a incomplewde ¢e enunciados pode “vir Gs refe fou relagdes no marcadzs, Também pode resultar da ¢- née eelagies percebidus, Isso ¢ itusirado por um sogmenta de ferents a problemas da escola. em que o aluno esereveu sobre a5 videagss quebradas de sus sala de aula; “Os vidros quebrados pro mao vento pingos 2 chuvas", Parclelamenie & incomplemde d= enuneiados, os textos mutes vezes apreseniam ambigiidade referencial. um problema que costuma emergir mals raramente em trocas conversacionais. nas quais os recurs0s expressivos € a possibilidads ¢e apoio no coatexio imediato facilitam a referenciagio. Uina ocorréncia tipica de referéncias que wazem uma confusio potencial Dara 0 Ieitor esti a0 uso de pronomes. quando, por exemigio, ndo se pode concluir, dentro d& ducs ou meis possibildades, 3 quem se refere 0 “el Outras ins amibigidade advém da referéncia a um contexta no Paniihado pelo leitor (por exemplo: “A quadra das meninas podera sor Id embaixo depois daquela sata nova"), ou de uma superposicZo em referéncias sucessivas (907 exemple: “quando o ilo da india descobriu que ele foi Pescar cla foi wirés dele com uma eanoa”. onde a intenso era a de escrover i i quando 2 india descobriv que @ filho dela foi cont uma csnoa"), foi atrés cel Outrs caractetsica dos textos infantis € 2 repetigio de uma patevra wensiado inisirg, A tendéncia a repetir € outra tarea da inicial: nas tzocas de didlogo a repetigio se insere tianral ¢ Mais do que redundincia, ess: retomadas de informa;0 ceracisrizam une ficades enunciagos (Barthes, 1984), Vemias, no sntanto, que mulias das repetigdes observadas constituem menos une fessor uipica da fala © mais um reflexo da experisncia com textos didsticns bési mas eriangas escrevem um2 sucesso de senlencas inivisdss por uma mesma palavre, em goral funcionando como svieito, numa organi discurso que ¢ estranha 2 sev proprio modo de false A qualidade de orgenizacio do texto infant também se revela na ma de segtenciar proposigdes. Em certas produgdes. a ordem das pro= posigdes pode ser alicrada sem que © conjuswo de’significadas seja sibs. tancialmente sfetado; as vezes, a reordenaglo até se faz necesséria para 0 leitor aprender os significados. A esse respeito, podemos cbservar que nas namativas, a crianga aiinge logo um nivel sofisticada de orgonizaczo, Embora. na etapa inicial, a produggo de pequenas histérias ou relatos de experigncia possa revelar esiratégias incipientes de encadeamento, muito cedo so consiruidas narratives com proposig0es que no sto reordendveis € com grande coeréncia global. Em geral tis produgGes tendem a ser mais complexes que as relativas a textos ndo narratives. A mslor facilidade de o:denar proposighes no ai resulta, entrerante, 2 um emprego deliberado de 1910 do um apoio na seqiléncia de eventos que estd implicada to evocado ou nas representagdes criades em tomo de dada TZ0, 0 uso predominantz de marcadores de relagdes aditivas e temporais, mais facilmenie utilizagos pela crianga. dio conta de um encageamento coeso na narrativa, Ademais, mesmo que no sejam incluidos tis marcadores, a propria seqilenciag0 de proposigdes tende 2 fefletir a organizado temporal dos eventos. Do mesmo mode, a ordenas3o de proposices em textos ndo-narativos vai depender du grav de organizagio das represeniagGcs que a cvianga tem sabre 05 assuntos associados 20 tdpico abordade. E esse grav de orgaaizagto que vai permit um encadeamento mais ou menos coeso. Nesse 250, porém, 05 conhecimentos gue o sujeiio tem que enuncias slo g: organizados por relagdes Sieriravicas ou de implicasgo e nio de fempord. Sea erianga nto tem essas do testo se:$ marcas por tal consi ou &: 59 que © ato de escrever seja mero reflexo dos conhecimentos evocados, pois estforgo imaplicada no ordenar 9 texto 44 forma e organizagio 20 pensamento, contriduinio assim para o ineremenio da propria sistematizagto. iportante lembrarmos que, além dé o texto ngo-narr relages complesas, 2 crianga costums ter com ncia experisncias, Sobreiude fora da escola, com textos exisas0s esiruturades mais na forma de relatos pessoais ou historias do que na de cxslicagdes, descrigdes, Estes usos de ls vivencia cord gem de modo dif Tativas, Sto diversos, por exemplo, os modos pelos quais se apresantam & ccansa um conto infantil @ uma explicas lum evento, Ane essas consideragbes, no lsborar um texto dissenative, a enanya as vezes se deslogue gare 0 formato narrative, Isso io signifies, porém, ove ela soja incspsz de snicular roposigSes fora desse formato. Ng atividade. jf mencionada, de explicagga lo Jogo <2 futcbol, ur menino de teresira série iniciou com proposigtes le marureza disscmativa e recorreu, em seguida, 2 isresisuvel namacio de uma panida: “Serginho er com a bola, chutov pela Isteral para Edson, chega 0 adversas. € Edson toca pelo centro-ataque". Nessa alnurs, 0 mening foi lembrado de t2ntar explicar o jogo: passou, ent, faciimente, 20 card dissenativo, explicando as agies do jo: atividade, out we, no esforgo de srianga revelou um upo comum de marca da narrative, Constnsits um texto iniviramente dissensiivo, exce10 “Ea uma lum jogo de futebol de s2!20" Embors as inewrstes pela nevrativa poss:m consigurar ume indiferen- cingio de tipns de Wexto, devemos lembrar que a se int fa apropfiadaments & exptisagio. argume segunda sécs, na elzhoragso de texto sobre problemas ¢2 escola, ar 4 savor de uma smpliaedo do refeitdrio. inscriu, na argumeniagdo, o reiato de um incidente ocorido com ele proprio e que dava a dimenst> do Problema — devido 20 espuco resisio, as erlangas se empurravam ¢ um Prato de sopa foi demubado sobre indo sua orelha. © formato de hist6ria pode, ainda, servir de apoic para uma exposigao, Que dquire seu caréter geral stravés do uso do verbo no tempo presente, © texto apresertago 2 seguir ilestra esse tipo de recurso, alm de conter um episidio propriamente narstivo, com 0 verbo ma tempo passado. O texto foi etsborado por uma menina de terceira série, ep6s atividades de discussi0 de proakemas socials Testo & possivel de ago etc. Um menino de (© menor abangonsdo € abandonada des anos mais eu pe Vai aprenden a robar um >: inho desde 4 ho de bolacha 69 . 0S tipos de falta 2te. Nessz mesma —| ee ; a bolsa © depois uma eareiza ¢ assim i indo al se juntar com uma quaditha « aeua vm tones af cle pode ser preso mas se ele nio for preso e tiver que anos se toma ubava # es trazer ele vivo ou eu isla mandar 0 ¢; eu fosse pre ne FO ou para poder vive forzzido da poli ubando ou assas '2 como Jack estriador ele essassinav'a pava ele era foragido ds policia davan recompenst part mono se eu fosse presidente da Inglaterra naquele tempo ito em sima dele pra tuzer vivo ou mono mas x do Brasil eu fazeria mais casas aberta creches e orfansto, Um tiga de texto pode, assim, se constinuir alicercado sobre outros, que transparscem seis como supore pari a organizagte global, seia como recurso complementar configurido mum loca de proposicdes. Lim texto a’sserailva pods conter elementos d2 narragi0, 10 passo que a nerrativa pode incomporar descrigdes, Apeser disso, a dife iclago entz= textos com Propasitos diversos tem que se estabelecer a0s poucos. a partir de epomue nidades variadas de produ convengdes tanto ios de organ AS convengdes devem ser vivenciadas em oporuni¢ades nio epen cam se escrita mas 2 etitstios de or 10 restriva pa: Na_produsio possibilidades de Hiberdade de romper com convencoes, Um t am que 2 coesio impacto no Ieitor, Se as convengdes al para ume éssertago sobr deliberadas de or bra deliberada de conv: . nas quais a crianga aprende a sjuster-se 2 no que diz respeito a constinuinies temétieos como a im de leitura, Alm disso, 3 experigncia com um tige ile condieées para o sujsito dominer os demais tipos. ma Schuiewiy (1988), no hé texto propedéutico, um que “prepare” 0 scritor para todos os otros. Perera (1384) 5 na mesma linha, uma 10 da competéncia ns atividads de lirguagen emos cont'd reste ponto, diz respelto os no de se indeziz, ainds C2 gradualmente, a crianga 2 alende! ghes de text. Nido teriam estes um ra a elaborugdo criativa da linguagem? do escritor experiente sio feitas opgies entre varias organizar 0 texto ¢ ordener proposicoes: hi. ainds, 2 10 literdrio pode canter trechos $ delideradamente quebrada para provocar um cero imposias 4 criangs. como, par exemplo, 0 estilo MOS TEC nlasio pura incoporar convenses traz_provavelmente Mas € importante nio confendir as so! ives no Eaniza¢So que sie refiexo do indiferenciagio, O que al acanlecs camo esctitor expert: bonadasas de 0 dle assumic § com a erianga, que ni iberadas, slo coisas diferentes. A limitagio ou no da eviatividade do text do, dos provessos intezativas em mo da produ peli qual as atividades de linguagem escri de lesio so desenvolsidas e as experiéncias de leitura = es slo inter-retacionadas. Os riscos de pera da criativida mais da Timitayso de acesso a textos para letwura, da estrciteza des propdsitos lo eserever, da exigéncia de repatigso de informagio nos exercicios escrites, vias redugdes cujos temas surgem anificialmente da mode mecinico pelo ual 0 texto pronto & tratado. Tudo isso pode conferir um carder reprodusivo av at0 G2 esc: vai depends, anes de 6a cranes, Inpora Quando nos ra imos aos riseos da reprodugio em contextos 13 wais & desencorsjada a produgio espontines, nio estamos sugerindo ext lla SER, eM contre, inteiramente autGnoma. O como € 9 que & janga enuncia d= modo espontinco podem estar apeiados no dizer joutros. Ao escrover histérias de mado, a criange evoca cendries, caraccers € agbes Upicas de érécuics, 38 wasms. bruxas ov saci, incorporando outzos iscursos. Tr porém, de uma incorporagio que implica sujeito © re- Sob condigdes favorsveis, relasies noves mais auténomas vio emergings, num processo de indivi gue enuncia, © cesscimento da qualidade go texto vai depe es9 6a escrta, ¢ qual € propiciads ow limitads ne vale dizer, lnguagem es: condisdes de grade: S Broscss0s interativos que permeiam 2s atividades ta na sala de aula. A crianga pode escrever algumas palav uma proposiggo ov um conjunto articulado de progosigies. Nio sto pes especificos de texto, em si, mas as condigSes em que so produzides ‘que Ines conferem efeiividad: 3. Os momentos da producto do texto © prosesso ds producir 0 texto nao comese ¢ fermina com as primeires Ultimas palavres registsdas. A situagio ave desencadeia a stividade JH comega a prefigurar o texto, pois caracteriza seus progositos © destinacio © antecipa as possibilidades de repercussic. A situagio desoncadesdare do iexto pode st cor de modos 80S, a panir de experisncias variadas — leit 3 Ou ouvidas, e suntes estudados, cizcunstinicias vividus ou imaginadas ete, Nas insténcias om que 2 aividade de texto provocad g ingicagdo de tema (Qs vezes substituida pelo “lems livre"), Tee apomads ym Universo temdtico, mas essa fora de insaler a produgio inde a conduzir a uma evocacto limitada de represemtagdes-pertincntes ¢ a carac- para quem © para que se esereve, O jo: 0 destinalino 4 0 professor, que vai conigir = graliar Segendo cenos critérios: a conseqiiéncia € a infomnagio sobre a gutlidad= 40 desempenho na tarefa. Empobrece-se a noglo de interagdo & es iidades de destinagio ¢ rep2rcussio da que foi escrito, Nessa dinémica, também se omite 4 etapa de producio em que a sianga examina, de forma orientads, 0 texto elsborado, Perde-se a opor- nnidade Ge estabelecr: a compreensio de que comectes ¢ mudanges si0 recess Sempre por uma breve instrugao as Ge ajustrmento fazsm pane do préprio processo 2 so sipicas da propria produsio adults. A carregio direta e independeme pelo professor impede a possibilidads de corregGes espontineas e de reformulagtes que a crianga 36 pode efemsar com ajuda, sob orientagio ou em atividade ccaperativa com seus pares. Pesquises mosiram que a crianca € pouco propensa a 10 espontinea e que, quando esa ocone, se limia a cteracdes de aspectos de superiicie (como questtes onogréficas, flexdes), nfo. sfelando aspectos de base (como incomplenude de enunciados. ambiguidade referencia! Esse ¢ um motivo adicions! para que a5 condigdes de produso incluarn momentos de exame do oriprio texto AS consideragées ¢ process0 2 producto <: ores salientam a necessidade de se pensar 9 texia como um cuso de eventos, desde 0 desencadeamenio att a desinagio ¢ ropercussto. A existincia de um curso sempre igual, exceto pelos temas sobre os quais se escre 2s perspectivas de um envolvimento atvo 60 sujeto e de um aprimorameno fe S086 compestnciss, Nesse ct"30, 08 procesios inieraves relevanies n2o Gizem respito speras rlagGes professor-aluno, & inergdo com os pares tem um pagel iniporante na constiigbo da atvidade de linguagem exert 0 que, em. pera, fea otszurecigo pela insiséncia de eano tipo de prética 4am Se apolar axchisivarente na produgdo intividual ca dire tenio da iatia de que a aprandizagem sO se dé a rla;20 €9 wluno com 0 professor, quanto da degicto de que a cranga deve fazer socinha porque, caso contrsio, no estard revelando sua real competéncia, A produgio em psres ou grupos epomuniss inimers eprendizagens 9 wrnscovrem, porém, de modo Tell, ads a exigéaca de se negociar ¢ lidar com as posigdes orupadas pelos individuos na interusao. A 6 prescrga de scus pares € sempre muito si quando escreve individualmenie, busca chances de coment eonlimegies do outro, 2A observagdo de ums revisio de texto, feita em sala de cui ima monina de terceiza sé, ilusira as tertativas de burtar a exig fio interagir durante a stividade, A professors havis determinada que 2 sio fosse feita individuaimente, O texto era sobre “Um passeio a outro " ¢ 0$ alunos deveriam mudar “o que julgsssem necessério”. 4 imenina relew seu t2xt0 2, provaveimente por no Saber 0 4 escrever nova narrativa, Comecou aktemando sua atengio para o te amerior e 0 novo. Depois de algumas sent f retomou: to 1g28, leu 0 que havia escrito “Quando eu estava quase che; Inucrrompeu por slgum te a uma outra crianga, yando a Lt mp0 part observar a repreensio da professora ‘Minha nave espacial parou 2 quendo eu fui ver a ‘ colina sinha scabado, Gragas a Deus eu. Parou, ajeitou-se na cansir, apontou 0 lépis, conversou com a colega a0 lado. AS duas mostrarsm seus textos uma 2 outs inka levado selina eu coloquei na minha nave” € toda a cls: A menina conversou com 2 colegs mest NIO. A womou alenands a todos scbre 0 tempo que resizva para a ina se deiinhe a thar uma colega pinango 2 usha com ok “NOs chegamos a Li A professora saiu da sa ou de escrever, Interrompe para dizer algo & colege. “Que slegria” Mostra 0 texto para a obs minutos sem escrever, dora. Fica aproxima¢am quatro Conversa de novo com a coleg: sobs ~pessoulment a tarefa, © texto continuou de'moca semelhante, num desdobramento marceda Por interrupgoes deliberadss ov provocadas, por eventos ligados 4 tarefa e Por desvios. Apesar de no sercm consemtidas, 2s intersg0es ocorreram, afetando de ulgum modo o proceso © 0.produio. A pemissic pare 2 atividade coopsrativa e 0 oferccimento de orizniagio explicite para a revist 6 teria, por canto, resultido em una oponunidade efetiva, apreadizegem m: 4A ese ita como modo de interagio ¢ de ctto-regulacéo A vivéneia da din&mica do curso de producto vai permitir snudan na abordagem que o sujeito assume na escrita, A investicacio sugere que, za elaboragio de textes, 0 escritor iniciante assume uma abordegem de yelato do conhecimenco", enquanio o eseritor expesieme aborda a stividade como “transformago do conhecimento” (Scantamalie e Berciter, 1987). No primeira caso, escrever anunciar © que se conhece, lemibra ou quer dizer e elgo, O escritor constrdi representacées da tarefs com base na coniiguragto de propésito ¢ tCpico, mas, a0 gerar o texio, est preocupado com 0 que vai dizer em seguida e nfo monitora ou planeja deliberadamer significativas Sreserago de oericia. Eo grou de organizayso G3 rel ‘Zmemoea que val determina 9 quanto a infonnag expres ser levane € 88 proposigbes, organizadas. Na abordagem de transformacio do conhecimento, o escrever impOe-se como uma urefa de solugéo de problemas sobre 0s planos dos constituintes teméticos e dos principios de orsanizagio de discurso, A geragto do texto se coracteriza peio planejamento e replanejamento conscientcs. Aqui, o 20 ig escrever conduz a beneficias mais refinados; permite a0 syjsito no apenas suster mas também orzanizar a finha de peasameato, examinar a consistincis de sua linguegem e pensamento e efewar transformegces. ‘A designaco dada a essas abordagers pode, 2 nosso ver, suzerir uma nogio equivocada d: efculo 0. pensemento ( um processo constiraivo do pensamento (‘iransfonmagio" do conhecimente), Como ss. Tiemiamos antes, 0 ato de escrever, assim como 0 2 faler, nto € simples reflexo do pensamento pois a forma pela qual cada enunciado ¢ formalado € escrito afeta, por sua vez, 0 fluxo de enunciados seguintcs Ourra questio a ser destacads iz respeito &s limitagées de em forma de esgios. 0 qual oferece um conjunto de carscteristicas distinivas, a parir de um amplo cone longitudinal. mes carzce da espe: Ficagio de mecanismos envolvidos em mudangas d2 caréter especifico & vvatlagbes de produgio dentro de comes temporsis locatizadas. Nesse sentido, podemos nos Feponar 3 proposigio de Aburre (no prelo) pars 0 esmudo da construgio da escrita pela crianga, Embora se sefira mais esps- ficamente 3 nogdes de crianga sobre o carder alfabéticn dx escrita, a 65 Sncia pare a presonte discussio. A autora argumenta festa andlise em temos micro-histéricos. fundade no papel titutivo de processos dialdgicos, pura explicar variaces de componamentg frum dado momento ¢ avanges localizados. Ressalia, também, a necessidade Ue exame Ge procedientos epilingiisticos, utlizados pole cana nas ngas das esicuturas orais para as eseritas. Tais procedimentos consisiitiam 8 ainda nto conscientes, de reorganizacio de nog isticas. e marcarlam # transis fo para processos sistemtdticos e conseisniee Essas Consideragdes mostram-se relevantes também no que respeita 20 estudg it orsaniza¢i0 textwal. coms caminho para compreendemios methor os Brogress0s du erianga. O escritoriniciante no tem, ceriamente, esratévieg Hommes ¢ Tincares, 20 longo de largo intervalo de tempo. dentro de urna pa de “relsio do conhecimento Apesar das ressalvas fei dagens cngenida ordamal 5. julgamos interessante a distineS0 de abor- © Beircer (1957) por evidenciar, de modo Giferencas evolutivas concementes a0 grau de consciéncia das icacts no escrever e forma pela qual 0 conhecimento € rita, O que requer nossa atenglo € 0 Lato de que o escritor iniciante nto trata deliberadamente a organizacso textual enquanto components diferenciaca dentro do proceso de produce da escrita A usjetGria da primeira paca a segunda abordegem € provaveimen longa mas € importante que, desde as etagas ink © sscrever possam refinar tanta 2 enunciag para. ouue quanto a tomada dos préprios enunciadas, exteriorizados d= modo material Tae es, Como objcto de andise. O cresciments de nlvels de detioera¢%0 (ave precisa ser mais bem conhecido na esfera da pesquisa) envolve Nemslizagdes sucessivas de competincias que 2 constoem no. plano intersubjetivo © que pemmitem a consolidacao das fungdes comunicative feeulagio da ago do out) ¢ individual (auto-reguiagdo) da esericn SuBOMOS que as mudaagas nessa diego se iniciem nos esforyos de distingsa ta E6far 0 texto © pensar sobre o texl0, distingdo esa que nao manifesiada imediatamente peio escritor iniciante Por essa razio, a erianca mais nova go identifies com faclidade preblemas em sua producza, como enunciadas incompletos ou odscures Para tanto, ela teria que apy a seqiléncia de enunciagos nos seus sSpsctos organizacionais, de adeavacao a9 Ieitor-destinasécio no pre-ente ¢ Ge aniculacdo de relagGes intemas ao texto. A dificuléade implicate nisss Pode ser ilustrada peis revisio de um texto sobre futebol, por um mening eriénzias com 66 4: segunda série, Ao ser questionado sobre @ compreensibilidade de sua exposigo escriza, ele afizmava que tudo estava claro para qualquer de seus passivels leitores (eolegas e professores, para quem um livro escava sendo composio). A continuacio do questionamento, absizo reprodusi¢a, mostiou tomar 0 texto como um conjunio de ener enciom de modo or 2 9 leitar, iados que uma menia, uma cole sua, a9 souber esse jogo, ela vai entender jem como € 0 jogo lendo seu texto? C Acho que vai E. Mas tem coisa que pode ser que ela wo entenda, Vec8 mudaria al pare do texto para cia entender melhor? C- Bor, oe ela ndo que ele sabe futebot, E. Mes voct acha que uniar para 0 pai dela? CC (Higsiando) Scho que pode. Pode sim ey A fora incipiente d= pensar os aspectes orgerizacionsis do texto, sas suas relagoes intemas, também se revela em sitvagbes nas quais a crianga & solicitada a idendificar panes do texto 2 justifcas sua paniclo. © que core upicam.ate entre criangas mais novas e ainda com muita ais velhas (quasta serie) € a pariggo apoiade xy ciados de cada pane, A crianga jusiifica a partga . Sem apresentar considersgtes “metaexto”. O do se distingve clarsmiente do dizer o texto fargo de estabelecer tal distingso que comesem a se refinar comunicativa € individual da escrita, No que respeita & prin a criangs comesa a escrever provavelments assumindo o destinatério apenss “slgeém para quem fez 0 texio”, e.1 mulias de suas experiéncias de scrits. Em circunsidncias nas quals 0 destinatirio € mais concretamente configuride, como na elaboragio de cans ¢ bilhetes, a crianga tende a ema produgio mais dirigida para 0 outro mas, af, aparccem passagens que, Ge nowy, revelam marcas da iala, contigumdas no uso de estaiégias de converszeie, como se 0 destinatirio estivesse presente. Por esse azo m aparecer referdneias exofbricas (elativas a contentes nao Engtfsticos € no pantithades pelo Ieitor) ou enunciados coniendo relagbes no Jexica- liaudas. A incorporacio dus exigéncias desse miodo de inte Fever € 0 ier nfo ocorrem no mesmo ARS poucos a crianga passa a produe lender mesmo, vai ter gue perguntar para 0 pai ia pode emender 0 jogo sd lendo 0 seu texto, sem pers de informagio ¢ caracteriaicas do leisor e 2s peculiaridade: de do propésito A fungio individual se estabolece. inicislmente, quando a escrita € feita para si, willizada como recurso de memdria (c lembra# auto-organizagio (coisss pars orientar) ou de fruigdo (coises para expressar, Depois, também 2 escria pars 0 outro assume uma fungio individual, de arureza bem mais complexa, so pesmiir que 0 sujelio desenvolva uma atitade de andlise ame seu discurso e pensamento, Nesse processo, a fun%o comunicativa éa escrita contripui para aprimorar a fungto indivieual, a de organizar ¢ remular 0 proprio pensamento. Em resumo, as duas fungtes se diferenciam e passam a se alimenter reciprocamente, Sas condigbes le produgfo que lo possibilitar. em maior ou menor grau, essa diferenciagfo € 0 ay operagdes envolvidas na eseria emto de consciéncia das 5. Considerasées finais Nosso propisito fci o de apontar slgumas caractersticas do. processa de elaboracio de textos eserios pela criangs. O exame desse processo requer um envolvimento de angulos diversos, concementes as operscdes implicadas ne produgao do teristces do texto produaido © as relagoes entre esses duas instanc iam 9 varios momentos da product, Sob condigées favord incias com 9 escrever pod: Propiciar um aumento dz comperéncia comunicativa, da sistematizacio ¢ organi2agio do pripric conhecimento, da imaginagio criadora © da incor. poraglo de critérios légico.veronis implicadas na organizsgic do discurs. Com esses process0s, o sujeito vai se fazendo capaz de tomar seus enunciados Como objeto de andlise © de deliberar sobre ajustamenos relalivos a Constituintes teméticos ¢ aspectos orgenizacionais do texto. emto de processes € problemas que so reve!ados pe produgbes da crianca, buscamos salientar 0 papel constitutive das interagées splicadas nas condigbes da producto. Pars que 2 stividsde de éscrita se aprimore © o escrever tenha um impacto sig desenvolvimento do sujet, far-se necesssrio que 2 pritices educatives incentivem a enuncias2o do pensamento dentro ce diferentes tipos de texto, Tarquem propdsites interativos efstivos para 2 produgio escrita, configurem leitores diversos para 0 que No aponts icativo sobre 0 ee eee momentos do processo, desde a simuaglo desencadeadora até a revisto, destinagia « repercussio do texta Como afirme Vygotsky (1984). a escrits deve ser incorporada, jf no ambit ds instrocto, a uma tarefa necesséria e relevante para a vida, “S6 mos estar certos de que el2 se desenvolvers no coma hébito d= mio ¢ dedos mas como forma nove ¢ complexa de linguagera” 's Bibliograficas ABAURRE, M, B. M, (1988). he interplay between spontaneous wring and undedying linguistic representations. European Journal of Psychol- ogy of Education, 3(¢), pp. 415-430. (0 prele). 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