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Texto 4 - Contratualistas
Texto 4 - Contratualistas
Este texto é um extrato (com algumas modificações) da Obra de Dalmo de Abreu Dallari
“Elementos de Teoria Geral do Estado”; do artigo “As bases do pensamento democrático
liberal: uma visita às obras de John Locke e Jean-Jacques Rousseau” de Lier Pires
Ferreira e do artigo “Fundamento do estado de natureza e do estado de sociedade civil no
pensamento político de John Locke” de Nilton Marcelo de Camargo.
Estado:
Conceito de Estado: "uma pessoa de cujos atos se constitui em autora uma grande
multidão, mediante pactos recíprocos de seus membros, com o fim de que essa pessoa
possa empregar a força e os meios de todos, como julgar conveniente, para assegurar a
paz e a defesa comuns". O titular dessa pessoa se denomina soberano e se diz que tem
poder soberano, e cada um dos que o rodeiam é seu súdito.
Uma vez estabelecida uma comunidade, ela deve ser preservada a todo custo por
causa da segurança que ela dá aos homens. E afirma, então, que mesmo um mau
governo é melhor do que o estado de natureza. Todo governante tem obrigações
decorrentes de suas funções, mas pode ocorrer que não as cumpra. Entretanto, mesmo
que o governante faça algo moralmente errado, sua vontade não deixa de ser lei e a
desobediência a ela é injusta. Para cumprir seus objetivos, o poder do governo não
deve sofrer limitações, pois, uma vez que estas existam, aquele que as impõe é que
se torna o verdadeiro governante.
Principais Obras:
Jean Jacques Rousseau (1712 – 1678) Do Contrato Social;
Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos
A explicação da existência e a da Desigualdade Entre os Homens;
Discurso Sobre as Ciências e as Artes;
organização da sociedade a partir de um Emílio, ou da Educação;
Os Devaneios de um Caminhante Solitário;
contrato inicial, aparece em Rousseau
As Confissões
especialmente em seu livro "O Contrato
Social" (1762).
O contratualismo de Rousseau,
exerceu influência direta e imediata sobre a Revolução Francesa e, depois disso, sobre
todos os movimentos tendentes à afirmação e à defesa dos direitos naturais da pessoa
humana. Ainda hoje é claramente perceptível a presença das ideias de Rousseau na
afirmação do povo como soberano, no reconhecimento da igualdade como um dos
objetivos fundamentais da sociedade, bem como na consciência de que existem
interesses coletivos distintos dos interesses de cada membro da coletividade.
Contrato Social:
O que Rousseau pretende estabelecer no Contrato Social são as condições
de possibilidade de um pacto legítimo, através do qual os homens, depois de terem
perdido sua liberdade natural, ganhem, em troca, a liberdade civil. No processo de
legitimação do pacto social, o fundamental é a condição de igualdade das partes
contratantes. As cláusulas do Contrato, quando bem compreendidas, reduzem-se a uma
só: a alienação total de cada associado, com todos os seus direitos, à comunidade toda.
Rousseau afirma que na impossibilidade de ser aumentada a força de cada
indivíduo, o homem, consciente de que a liberdade e a força constituem os instrumentos
fundamentais de sua conservação, pensa num modo de combiná-los. Segundo
Rousseau, essa dificuldade pode ser assim enunciada: "encontrar uma forma de
associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associado, de qualquer
força comum; e pela qual cada um unindo-se a todos, não obedeça, portanto, senão a si
mesmo, ficando, assim, tão livre como dantes". E conclui Rousseau: "Tal é o problema
fundamental que o Contrato Social soluciona”. É então que ocorre a alienação total de
cada associado, com todos os seus direitos a favor de toda a comunidade. Nesse
instante, o ato de associação produz um corpo moral e coletivo, que é o Estado (executor
de decisões), e sendo chamado de soberano quando exercita um poder de decisão. O
soberano, portanto, continua a ser o conjunto das pessoas associadas, mesmo depois de
criado o Estado, sendo a soberania inalienável e indivisível.
No Estado de Natureza existe, como vimos, liberdade e igualdade e o Contrato
Social longe de aniquilar isto, deve proteger tais direitos. O Contrato Social procede a
uma correção, suprindo as deficiências resultantes de desigualdade física e fazendo com
que os homens, podendo ser desiguais em força ou engenho, se tomem iguais por
convenção e de direito. Por isso ele próprio formula a conclusão de que, se indagarmos
em que consiste precisamente o maior bem de todos (Possível somente através do
Contrato Social) e que deve ser o fim de toda legislação, encontraremos dois objetos
principais: Liberdade e Igualdade.
Assim, os indivíduos são titulares de direitos naturais somente pelo fato de serem
indivíduos, independentemente de pertencerem ou não a uma sociedade civil. O indivíduo
pode ordenar ações, regular posses e pessoas conforme sua conveniência. CONTUDO,
Nenhum indivíduo tem o poder arbitrário para destruir a vida, a liberdade ou a propriedade
alheia, visto que todos os indivíduos se encontram providos de iguais faculdades e, no
Estado de Natureza, compartilham da mesma lei natural. Por corolário, a lei natural impõe
limites, condicionando os indivíduos a praticar atos de conservação e proibindo-os de
praticar atos de destruição, salvo se necessários à preservação do seu direito natural.
John Locke coloca o estado de natureza como um estado de convivência humana
pacífica e tolerável, se todos os atos dos indivíduos forem dirigidos pela razão. Entretanto,
nem todos os indivíduos no estado de natureza seguirão a razão em todas as coisas
dadas por Deus. No estado de natureza a inclinação humana para as paixões muitas
vezes suprime a ética e os atos de violência, arbitrariedade ou de transgressão da lei,
praticados por um indivíduo contra outro ou contra a coletividade, culminam na sua
violação.
São estas violações da lei natural que podem levar ao que Locke chama de estado
de guerra no Estado de Natureza.
Desta forma o Estado de natureza, conquanto benéfico à existência humana, não
constitui uma garantia ótima contra a violação da propriedade - quer material ou não -
bem como não possibilita a maximização das ações coletivas. Foi para superar estas
limitações que os homens celebraram o contrato que estabeleceu a sociedade civil.
Bibliografia
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva,
2011.