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Venha a nós o Vosso Reino!

Pe. Pedro Barrajon, LC.

Boa tarde e bom dia a todos! Aqui é o padre Pedro Barrajon, que vai tratar um tema em
relação ao combate espiritual nos padres da igreja. Vamos tratar estes pontos que estou
mostrando. O primeiro ponto que vamos tratar é sobre: O combate espiritual entre o
bem e o mal, anjos e demônios. Vamos dar uma introdução sobre o que é combate
espiritual. Num segundo momento vamos ver como na Igreja primitiva se vivia isso
(esse combate) por meio de um ato muito concreto que eram os exorcismos. Logo, o
mesmo, já não na igreja primitiva do tempo de São Paulo e dos atos dos Apóstolos, se
não mais bem nos primeiros séculos do cristianismo. Finalmente no ponto quatro
vamos a ver como os anjos entram também neste combate que tem o homem, ajudando
ao homem contra o demônio e as potencias do mal, e finalmente vamos dizer alguma
coisa sobre o combate espiritual nos padres do deserto.

Começamos com o combate espiritual. Partimos de que o homem é um ser ferido pelo
pecado, pelo pecado original e necessita, pois , lutar contra umas forças que o induzem
ao mal, e é uma condição humana que todos temos que lutar. Essa condição se dá
ainda mais no cristão, se todo mundo tem que lutar por ser homem, o cristão está
numa tal condição que esta luta é necessária para poder levar o reino de Jesus Cristo ao
mundo, sobretudo olhando o exemplo de Jesus.

Jesus mesmo pediu isso, pediu que levássemos essa cruz, que nos abnegássemos, que
lutássemos contra o mal e o demônio, contra nossas tendências, e isso o vemos na vida
de são Paulo, vamos ver agora com alguns textos, o vemos como vivência entre as
primeiras comunidades dos cristãos, mas também ao largo de toda a história da igreja,
ao largo da vida dos santos, da ascética e da mística cristã.

Temos alguns textos que nos falam desta luta, em primeiro lugar no livro de Jó 7-1, que
nos diz em latim: “Militia est vita hominis super terram” em outras palavras: a vida do
homem sobre a terra é um combate, uma milícia é uma luta. É um texto muito citado
pelos padres da igreja porque reflete uma grande verdade, e essa é a experiência de
todos os dias, que a vida do homem sobre a terra é um combate. São Paulo fala sobre
isso, e ele fala de um combate contra nós mesmos, mas também como um combate
contra as potencias do mal, contra o demônio.

Vamos apresentar dois textos conhecidos, o de Romanos 7, que fala da luta contra si
mesmo, é um texto que São Paulo fala sobre a própria experiencia, e disse que a lei é
uma lei espiritual de ter que lutar, ele que é uma pessoa de carne, vendido ao poder do
pecado, ou seja, numa condição que o pecado tem um poder sobre ele muito grande, e
ao ter um poder tão grande, diz que não compreende como procede, como atua,
porque não faz o que quer, se não que se aborrece com o que faz. É uma experiencia
que com frequência temos nós, que as vezes temos bons propósitos e não os fazemos,
fazemos na verdade o contrário, e se faço o que não quero estou de acordo com a lei em
que é boa, em realidade não sou eu quem obra, mas o pecado que habita em mim.
Então se eu faço algo que não quero, então quem é que o faz? O pecado que habita em
mim, Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com
efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem, já que não faço o bem que
quero, mas o mal que não quero esse faço.” É muito dura essa expressão de São Paulo,
muito verdadeira e que a podemos aplicar em nossas vida, que com frequencia
fazemos o mal não queremos e o bem que queremos fazer, não o fazemos: “Ora, se eu
faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então
esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o
homem interior, tenho prazer na lei de Deus;Mas vejo nos meus membros outra lei,
que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado
que está nos meus membros.” E ele conclui este paradoxo, este estar submetido a esta
agitação entre o mal e bem, entre o pecado e a graça “Miserável homem que eu sou!
quem me livrará deste corpo que me leva a morte?”. Ele reconhece que vive neste
corpo, se refere as tendências do mal que o levam ao pecado, e o pecado que o leva a
morte, e a pergunta é: Quem me livrará desta condição? Pois me livra Deus, por meio
de Jesus Cristo “Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu
mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.”
Aqui já nos está dando São Paulo, esta orientação fundamental do cristianismo, neste
combate espiritual o que conta sobretudo na balança é a ação de Deus, a ação da graça.

A luta contra o mundo, as potencias do mal, temos em Efesios 6, 10- 19. No texto São
Paulo aconselha aos efesinos a armar-se desta armadura de Deus contra o demônio:
“No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-
vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas
do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os
principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as
hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” Portanto, tomai toda a armadura
de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.” São
Paulo fala desta luta que todos nós reconhecemos em nossas vidas, de que temos que
resistir as ciladas do demônio com a armadura de Deus, e aqui ele explica qual é esta
armadura de Deus “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a
verdade, e vestida a couraça da justiça” A armadura de Deus é a verdade, refletida na
palavra de Deus, a justiça também refletida na sua lei, calçados os pés com o zelo pelo
evangelho da paz, o evangelho da paz que tem que ser pregado e o desejo apostólico
nos defendem do maligno e usando sempre o escuda da fé, pois o adversário ronda
como leão buscando a quem devorar, resisti firmes na fé “com o qual podereis apagar
todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a
espada do Espírito, que é a palavra de Deus Orando em todo o tempo com toda a
oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por
todos os santos, E por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra
com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho.” Aqui São Paulo está
revelando esta luta que ele levava, uma luta que não é contra a carne e o sangue, se não
contra os espíritos que estão nos ares, contra os demônios.

Bem, este é o primeiro ponto, um ponto de introdução onde temos dois textos da
escritura que nos falam do combate e temos a experiência do ser humano que nos
recordam nossa condição. Vamos passar a um segundo ponto, onde vemos que na
Igreja primitiva se combate com a pregação ao reino de Jesus Cristo, o evangelho de
Jesus Cristo, se segue realizando através de um fato muito peculiar, que é a expulsão
dos demônios através dos exorcismos.
Nesta Igreja primitiva os discípulos expulsam demônios no nome de Jesus, como Jesus
o tinha predito e ele mesmo tinha realizado “no meu nome expulsarão demônios” (Mc
16,17). Ele fez muitos exorcismos em sua vida pública e sabe que seus discípulos, em
seu nome, o farão também. No livro dos Atos dos apóstolos se narra vários destes
exorcismos. O mesmo São Paulo conta no livro dos Atos dos apóstolos que também o
faz. Por exemplo os apóstolos no Atos dos apóstolos 5, 12-16 “E muitos sinais e
prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos....15..... De sorte que
transportavam os enfermos para as ruas. 16 E até das cidades circunvizinhas concorria
muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos;
os quais eram todos curados.” Levavam aos apóstolos pessoas com espíritos imundos e
eles os curavam, aqui temos as orações de cura, liberação e exorcismo. Temos de modo
especial um apostolo, o apostolo Felipe em Samaria, como nos conta o livro dos Atos
no capítulo 8, que desceu a Samaria, prega a Cristo, “E as multidões unanimemente
prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia;”
Quais eram estes grandes sinais? “Pois que os espíritos imundos saíam de muitos
que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. E
havia grande alegria naquela cidade.”

Portanto o apostolo Felipe prega o evangelho, cura as pessoas e expulsa os demônios,


realizando com sua pregação o combate espiritual. O mesmo fará o apostolo Paulo na
cidade de Filipos “E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma
jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos
seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos
anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. E isto fez ela por
muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus
Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu.” (Atos 16:16-18). Paulo luta
contra o mal fazendo este exorcismo a esta jovem que tinha um espirito chamado de
adivinhação, que ela o punha, não para o serviço do bem , mas sim para conseguir
dinheiro.

Também em Efeso, temos a ação exorcista contra o mal, o combate espiritual de São
Paulo “E Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias. De sorte que até
os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam
deles, e os espíritos malignos saíam.” (Atos 19:11,12). Bastava usar o lenço que Paulo
tinha tocada que se realizavam milagres e exorcismos. “E alguns dos exorcistas judeus
ambulantes tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham espíritos
malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo prega.” (Atos 19:13). O que
fazem é tentar imitar a Paulo nos exorcismos. O mesmo capítulo fala destes sete filhos
de um tal Esceva, sumo sacerdote judio, que era quem fazia estes exorcismos. O
espírito mau respondeu “a Jesus o conheço e sei quem é Paulo, mas vós, quem sois?”
(At 19, 14). Ao querer fazer exorcismos a quem Paulo pregava, pois o espírito mal dizia
que não os conhecia “E, saltando neles o homem que tinha o espírito maligno, e
assenhoreando-se de todos, pôde mais do que eles; de tal maneira que, nus e feridos,
fugiram daquela casa.” (Atos 19:16). Então havia gente que queria fazer exorcismos,
mas não dava muito certo, queriam lutar contra o espírito do mal, mas de um modo
não correte.
Então neste segundo ponto vemos que a igreja, pregando o evangelho em nome de
Jesus Cristo tal como o havia pedido o senhor, tinha que realizar curas em seu Nome e
também se tem esta luta contra o mal por meio do exorcismo.

Isto continua nos primeiros séculos do cristianismo, em que a Igreja continua fazendo
exorcismos. A igreja reflexionando sobre a vida de Jesus vê no momento da paixão, o
momento cume no qual o demônio é vencido, ainda que ele pensa que neste momento
ele vai vencer, e na verdade é justo quando ele é vencido. Também sabemos que as
primeiras confissões de fé cristã, os primeiros símbolos, digamos assim, estão
relacionados com exorcismos.

Tem autores, como Justino, que ressaltam a eficácia destes exorcismos referente aos
pagãos. Nos diz Justino no livro segundo da Apologia “Jesus Cristo nasceu, por
vontade do Pai, para a salvação dos crentes. Vós mesmos podeis vos convencer vendo-
o com vossos próprios olhos. Há no mundo e em vossa cidade de Roma, muitos
endemoniados, que os outros exorcistas (eporkistai), magos, adivinhos, não tem
podido curar e que muitos de nós cristãos, exorcizando-os (eporkizontes) no nome de
Jesus Cristo, crucificado sob Pôncio Pilatos, ficaram curados e curam ainda, reduzindo
a impotência e expulsando aos demônios que possuíam os homens” (Apologia 6, 5-6).

Justino fala, no século segundo, desta atividade exorcística dos cristãos que expulsam
demônios e curam enfermos. Justino também fala da formula do exorcismo, “Em nome
do Pai de Jesus Cristo, crucificado sob Pôncio Pilatos” (Ef. Diálogo com Trifão 30,3).

Os pagãos usam técnicas para expulsar os demônios enquanto os cristãos fazem os


exorcismos em nome de Jesus.

“Todo demônio se submete, quando é exorcizado no homem deste Filho de Deus,


primogênito de todas as criaturas, nasceu de uma virgem, feito homem passível,
crucificado, sob Pôncio Pilatos de vosso povo, ressuscitado e que subiu ao céu”
(Diálogo com Trifão, 85, 2). O nome sob o qual os exorcismos são eficazes é Jesus
Cristo, o filho de Deus.

São Irineu de Lião luta também contra o gnosticismo, contra umas tendências que
seguravam ao cristianismo dirá no livro: Demonstração da pregação evangélica, que os
cristãos, fazem exorcismo, os demônios lhes obedecem quando se invoca o nome do
senhor Jesus. “Pela invocação do no de Jesus Cristo, crucificado sob Pôncio Pilatos,
Satanás se distanciou dos homens”. (Demonstração da pregação evangélica, 97) A luta
contra o mal e contra satanás acontecem também por meio destes exorcismos.

Também Tertuliano fala do poder dos cristãos, para fazer estas expulsões dos
demônios com a imposição das mãos e com o sopro que é um signo de expulsar o
demônio. Até mesmo Orígenes falará sobre a eficácia dos exorcismos cristãos,
invocando o nome de Jesus Cristo e quando se escuta atentamente a palavra de Deus.
Ele disse que os cristãos mais comuns os “Idiotai”, os cristãos simplesmente batizados
podem fazer e fazem exorcismos ao seu tempo, buscando deixar claro que não são
ritos mágicos porque vem da invocação de Nosso Senhor Jesus Cristo através da fé,
que é a que tem o poder, que Cristo da o poder para o exorcismo.
São Cipriano, bispo do norte da África, dirá que a iniciação cristã é uma luta contra o
demônio. O cristão que realmente o quer ser está acostumado com esta luta, começa
com a renúncia a Satanás, segue com os exorcismos pré-batismais e culmina com o
batismo. Referindo-se obviamente aos exorcismos que acontecem no sacramento do
batismo.

Também São Cirilo de Jerusalém, explica o rito da exsuflatio, que é esse sopro que se
faz sobre o que vai ser batizado, e que significa a expulsão do demônio e a invocação
do espírito, num livro explica as catequeses.

São João Crisóstomo também numa catequeses batismal explica que o exorcismo
batismal não é um rito que não tenha importância, porque “os exorcistas recebem aos
neófitos (os que vão ser batizados) como as pessoas que lhe dão um ar bom em uma
casa onde o Rei tem que descender, purificam inteiramente vosso espírito com as
temíveis palavras que expulsam as insidias do Maligno” (Catequeses batismal, II, 12). É
uma purificação do mal a que acontece através dos exorcismos neste combate
espiritual. Continuará dizendo São João Crisóstomo “Porque é impossível que o
demônio, por mais que seja temível, não deva, depois das palavras formidáveis e a
invocação do Mestre comum de todos os seres, vos abandonar com toda pressa”
(Catequeses batismal, II, 12). Por tanto fala da eficácia destes exorcismos e o poder de
Jesus Cristo na luta contra o mal.

Bom, depois pouco a pouco, e (agora vamos mais depressa), os exorcismo vão
entrando dentro de umas regras. Ao início são todos os cristãos que podem fazer, logo
serão todos os sacerdotes e por fim será o bispo quem delegará a alguns sacerdotes
para fazer o exorcismo. Sempre teremos um mistério que é o dos exorcistas que
poderão fazer os exorcismos com a permissão do bispo.

Uma vez visto isto, como os primeiros séculos viam como o combate espiritual se
realiza com os exorcismos e não só, pois os cristãos têm que combater contra o mal em
si mesmo e dar testemunho da fé por meio do martírio, mas, um meio muito eficaz são
os exorcismos.

Agora vamos passar ao quarto ponto para ver como os padres da Igreja da escola
alexandrina, de São Agostinho e do Pseudo-Dionisio sobretudo, nos falam de um
elemento que nos ajuda muito, de uma categoria de sedes que ajudam muito no
combate espiritual e que as vezes os deixamos meio abandonados que são os anjos.
Vamos falar primeiro de algumas linhas, depois da escola alexandrina, de Santo
Agostinho e por fim do Pseudo-Dionisio.

Os anjos em relação com Deus, segundo a teologia patrística, vivem para sua glória e
adoração, na liturgia alguns vem o sacerdote como aquele que ocupa o lugar de um
anjo, eles não conhecem a Deus em sua essência, se não mais bem em sua gloria, em
seu resplender,, então os anjos em relação a Deus o adoram, o glorificam e o defendem.

Em relação com os homens, são criados para servir aos homens e sua salvação, e já
começam nestes séculos, que são os primeiros do cristianismo, essa dotrina comum do
anjo da guarda, este anjo que todos levamos desde o dia do nossa batismo que nos
protegem até a vida eterna. Dizem que a vida dos monges, essa vida retirada nos
eremos ou na vida comunitária é parecida a vida dos anjos, por isso se chama também
vida angélica.

Aos anjos os padres da igreja dizem que não devemos adorá-los, mas só venerá-los. Se
compõe também neste tempo ladainhas angélicas para pedir intercessão aos anjos e se
segue a tradição neoplatônica, de modo especial o Pseudo-Dionisio, a hierarquias
angélicas, ou seja, estes coros que vão de cima até embaixo, que chegam de Deus até os
homens, e cada um destes coros, destas hierarquias tem uma missão e uma natureza
diferente. Os anjos são seres totalmente espirituais, criados por Deus, a imagem de
Deus, muitos padres da igreja situam sua criação antes dos cosmos, alguns no dia
primeiro, na criação da luz, dizem também que sua natureza não é totalmente
espiritual, se não algo material, ou seja em relação a Deus tem algo de material, mas em
relação aos homens são muito mais espirituais. Sua material seria muito sutil como a
do ar ou do fogo e lhes deu natureza uma natureza superior. Os anjos podem pecar e
por isso teremos que o anjo que peca se transforma em demônio.

Passamos a escola alexandrina onde temos Clemente e Orígenes que nos falam dos
anjos como subordinados ao logos divino. Se fala de seis anjos que vem o rosto de
Deus e que a Igreja terrestre está protegida neste combate espiritual pelos anjos. Cada
Igreja tem um anjo especial, os bispos inclusive têm um anjo protetor. Os anjos pedem
a intercessão pelos cristãos, especialmente esta figura que vai surgindo a do anjo da
guarda, que passou a tradição da Igreja e da doutrina cristã. Possuem corpo chamado
celestes, ou seja, tem algo de matéria e só a Trindade é incorpórea, o homem que é
espiritual, que alguns chamam o homem gnóstico, o homem que conhece as coisas do
espírito, sente essa presença angélica e esse mesmo homem chega a ser parecido a um
anjo.

Em Santo Agostinho temos um tratado dos anjos ainda mais desenvolvido. Ele recolhe
influências do platonismo, supera o erro maniqueo e fala muito dos anjos no
comentário ao livro do Gênesis e no livro da Cidade de Deus. São Agostinho distingue,
e não vou me deter muito nisso, nos vários modos de conhecer os anjos: a matutina, a
vespertina e a meridiana, sendo a melhor a meridiana pois se conhece as coisas em
Deus mesmo, desde Deus. Para Santo Agostinho os anjos foram criados no primeiro
dia na criação da luz primigênia, eles são criaturas e não criadores, pois só deus é
criador, e, alguns anjos pecaram porque se opuseram, segundo a posição de Agostinho,
se opuseram a conhecer as coisas no Verbo. Tem uma certa semelhança com os homens
enquanto são habitantes da cidade de Deus e eles se mostram também compassivos
com os homens. Alguns homens

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