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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

CAMPUS CAPITÃO POÇO


CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL

CLASSIFICAÇÃO DO USO E COBERTURA DA TERRA DA SUB-BACIA DO


RIO INDUA – CAPITÃO POÇO – PA.

GIANCA DARLA DA CRUZ BEZERRA


MAIKOL SOARES DE SOUSA

CAPITÃO POÇO – PA
2019
GIANCA DARLA DA CRUZ BEZERRA
MAIKOL SOARES DE SOUSA

CLASSIFICAÇÃO DO USO E COBERTURA DA TERRA DA SUB-BACIA


DO RIO INDUA – CAPITÃO POÇO – PA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Florestal.
Área de concentração: Georreferenciamento

Orientador: Dr. Fábio Júnior de Oliveira


Coorientadora: Eng. Ambiental Josiane Matos Rocha

CAPITÃO POÇO – PA
2019
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Ficha Catalográfica
Biblioteca Maria Auxiliadora Feio Gomes / UFRA - Capitão Poço

B 574 Bezerra, Gianca Darla da Cruz

Classificação do uso e cobertura da terra da sub-bacia do Rio Induá –


Capitão Poço - Pa./ Gianca Darla da Cruz Bezerra, Maikol Soares de Sousa. -
Capitão Poço, 2019.
51 f.

Orientador Dr. Fábio Junior de Oliveira; Coorientador Josiane Matos Rocha

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação – Engenharia Florestal) –


Universidade Federal Rural da Amazônia, Capitão Poço, 2019.

1. Geoprocessamento. 2. Rio Induá, Capitão Poço-Pa – área – análise. I. Sousa,


Maikol Soares de. II. Oliveira, Fábio Junior de, orient. III. Título

CDD: 23 ed. 621.3678098115


Bibliotecária-Documentalista: Sheyla Gabriela Alves Ribeiro CRB-2/1372
GIANCA DARLA DA CRUZ BEZERRA
MAIKOL SOARES DE SOUSA

CLASSIFICAÇÃO DO USO E COBERTURA DA TERRA DA SUB-BACIA DO RIO


INDUA – CAPITÃO POÇO - PA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Florestal.
Área de concentração: Georreferenciamento

Orientador: Dr. Fábio Júnior de Oliveira


Coorientadora: Eng. Ambiental Josiane Matos Rocha

Data da aprovação: 19/02/2019

CAPITÃO POÇO – PA
2019
A Deus nosso criador.
Às nossas famílias, pela confiança e apoio nos
oferecido ao longo desta caminhada
AGRADECIMENTOS
GIANCA DARLA DA CRUZ BEZERRA

A Deus, nosso criador, que nos permitiu concluir o curso, mesmo diante das
dificuldades encontradas.

À Universidade Federal Rural da Amazônia, pela formação profissional.

Ao meu pai Antônio Canuto, pelo apoio prestado no decorrer do curso e a minha mãe
Maria Alaíde, exemplo de força e superação! Essa mulher me ensinou a importância dos
valores éticos e demonstrou que nossos sonhos podem ser realizados pela nossa
determinação.

A minha irmã, Laíza, e meu filho Enrique pelo apoio e paciência nas dificuldades que
enfrentei quando discente.

Ao meu noivo Ricardo Rhillen que sempre esteve presente me apoiando em todos os
momentos de minha vida com muita paciência.

Ao meu orientador Fábio Júnior, pela competência com a qual me orientou no trabalho
de conclusão de curso, assim como por ter disponibilizado seu tempo para que o
presente trabalho tenha se consolidado. Ao corpo docente que fez parte de minha
formação acadêmica.

À minha dupla de TCC Maikol Soares pela ajuda e dedicação no desenvolvimento deste
trabalho.

À minha turma de Engenharia Florestal 2014, onde conheci pessoas que foram
exemplos de perseverança.

À minha amiga Thais Amorim, exemplo de determinação e parceira de trabalhos


acadêmicos.

Enfim, a todos que participaram direta ou indiretamente na realização deste trabalho.


AGRADECIMENTOS
MAIKOL SOARES DE SOUSA

À Deus que sempre esta ao meu lado em todos os momentos, me deu força e coragem
para todos os dias vencer as dificuldades, a ele devo toda minha gratidão.

À Universidade Federal Rural da Amazônia, pela formação profissional, junto aos


membros que faz parte desta instituição.

A minha família que sempre esteve ao meu lado e sem duvida e a base de tudo para se
obter resultados positivos na vida, principalmente ao meu pai Mucio Alves e minha mãe
Maria Rosa Cleide pelo apoio prestado no decorrer do curso e da vida, auxilia e sempre
acredita em minha competência e força de vontade.

Ao meu tio Mauricio Alves, sempre me ajudou em todos os momentos e sempre me


apoiou nas minhas decisões junto ao meu pai.

À minha namorada Camila Reis que sempre esteve ao meu lado nas horas difíceis, me
apoiando, incentivando e possuindo a maior paciência comigo, e sua família.

Ao meu orientador Fábio Júnior, pela competência com a qual me orientou no trabalho
de conclusão de curso, assim como por ter disponibilizado seu tempo para que o
presente trabalho tenha se consolidado. Ao corpo docente que fez parte de minha
formação acadêmica.

À minha coorientadora Josiane Rocha, que me ajudou não somente no meu TCC, mas
sim na minha formação profissional, contribuindo com conhecimentos avançados de
praticamente todas as áreas técnicas do meio ambiente.

À minha dupla de TCC Gianca Darla que junto a mim desenvolveu este trabalho com
dedicação e responsabilidade.

Agradeço aos meus amigos que sempre estiveram presentes nesta jornada da vida,
enfim a todos que participaram direta ou indiretamente na realização deste trabalho.
RESUMO
Ao longo dos anos, as formas de uso do solo em uma Bacia Hidrográfica (BH) têm
passado por profundas transformações, resultantes de uma relação desarmoniosa entre
sociedade-natureza. A caracterização de uma BH é um dos primeiros e mais comuns
procedimentos executados em análises ambientais, de forma a elucidar as questões
relacionadas com o entendimento da dinâmica a nível local e regional. O presente
trabalho teve como objetivo avaliar o uso e cobertura das terras da sub-bacia hidrográfica
do Rio Induá, definindo suas características de uso entre os anos de 2004 e 2018, bem
como o seu mapeamento e delimitação. A área de estudo situa-se no município de
Capitão Poço, localizado a cerca de 210 km da capital Belém, situado no nordeste
paraense. Para a delimitação da referida área, se fez uso do Modelo Digital de Elevação
(MDE) derivado de imagem Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), como
processamento inicial, retirado do projeto TOPODATA. Para realizar o mapeamento
foram usadas as imagens do Sentinel 2. Para melhor análise dos dados de uso e
ocupação da terra, foram obtidos dados do TerraClass, gerados a partir do satélite
Landsat com resolução espacial de 30 m. Após esta obtenção de dados foi possível o
processamento das imagens pelo software Qgis 2.14. Com o desenvolvimento
econômico, percebe-se uma modificação nas formas de uso do território, onde,
geralmente, se faz a substituição da cobertura florestal por atividades econômicas. Com
base nisso, os resultados obtidos com o TerraClass, possibilitaram uma análise do uso e
ocupação das áreas, a partir de análises vetoriais e estatísticas. Assim foi possível
observar um aumento, não significativo, nas áreas urbanas entre os anos de 2010 e
2014, fato que pode ser justificado pela região, provavelmente, não oferecer uma forma
de incentivo financeiro que venha a contribuir com o atrativo populacional para a
referida sub-bacia. Houve predominância no uso da terra para fins agropecuários, onde
também foi possível observar uma preservação da área verde na sub-bacia, até por conta
da quantidade de recursos hídricos existentes na sub-bacia. Por fim, com as técnicas de
geoprocessamento, foi possível ratificar a forma predominante quanto ao uso e
cobertura da terra e diante do exposto, almeja-se que o uso e a ocupação da terra desse
local sejam melhor aproveitados, visando sua conservação.

Palavras-chave: Área, análise, geoprocessamento.


ABSTRACT

Over the years, the land use ways in a Watershed have past by profound
transformations, resulting from a disharmonious relation between society and nature.
The morphometric characterization of a Wathershed is one of the first and most
common procedures carried out in environmental analyzes, in order to elucidate the
issues related with the understanding of the dynamics at the local and regional level.
The objective of this study was to evaluate the land use and coverage of the
hydrographic sub-basin of Rio Indua, defining his use characteristics between 2004 and
2018, as well as its mapping and delimitation. The study area is located in the
municipality of Capitão Poço, located about 210 km from the capital Belém, in the
northeast of Para. For the delimitation of this area, the Digital Elevation Model (MDE)
derived from Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) was used as initial
processing, in which it was taken from the TOPODATA project. To perform the
mapping, the images of Sentinel 2 were used. For better analysis of the land use and
occupation data, TerraClass data were obtained, generated from the Landsat satellite
with spatial resolution of 30 m. After this data acquisition it was possible to process the
images using the software Qgis 2.14. With the economic development, one can notice a
modification in the forms of use of the territory, where, generally, the substitution of the
forest cover by economic activities is made. Based on this, the results obtained with
TerraClass enabled an analysis of the use and occupation of deforested areas, based on
vector and statistical analyzes. Therefore, it was possible to observe a non-significant
increase in urban areas between the years 2010 and 2014, a fact that may be justified by
the region not offering a form of financial incentive that would contribute to the
population attractiveness for the sub-basin. There was a predominance of land use for
agricultural purposes, where it was also possible to observe a preservation of the green
area in the sub-basin, due to the amount of water resources in the sub-basin. Finally,
with geoprocessing techniques, it was possible to ratify the predominant form of land
use and coverage, and in view of the above, it is hoped that the land use and occupation
of this site will be better utilized, with a view to its conservation.

Keywords: Area, analysis, geoprocessing.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação de uma Bacia Hidrográfica ............................................. 2


Figura 2 - Inter-relações entre as atividades potencialmente poluidoras na bacia
hidrográfica. .................................................................................................................................. 3
Figura 3 - Mapa de Localização do Município de Capitão Poço – PA ................... 6
Figura 4 - Mapa da Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Indua, Capitão Poço – PA ...... 7
Figura 5 - Imagem TOPODADA (Folha 01_48 – Região do Guamá) .................... 8
Figura 6 - Imagem Sentinel2. (USGS) .................................................................... 8
Figura 7 - Mapa das mudanças da classe do TerraClass destacando as Áreas
Urbanas no município de Capitão Poço – PA, no período de 2004 à 2018. ............................... 14
Figura 8- Análise da classe do TerraClass para as Áreas Urbanas no município de
Capitão Poço – PA, entre o período de 2004 a 2014................................................................... 14
Figura 9- Análise da classe TerraClass para Agricultura Anual no município de
Capitão Poço – PA, entre o período de 2004 e 2014................................................................... 15
Figura 10 – Mapa das mudanças da classe TerraClass para a Agricultura Anual no
município de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018. ............................................. 16
Figura 11 - Mapa das mudanças da classe TerraClass para Mosaico de Ocupação
no município de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018. ........................................ 17
Figura 12- Análise na classe do TerraClass para o Mosaico de Ocupação no
município de Capitão Poço-Pa, entre o período de 2004 e 2014 ................................................ 18
Figura 13- Análise na classe do TerraClass para Pasto Limpo no município de
Capitão Poço entre os anos de 2004 a 2014 ................................................................................ 19
Figura 14- Análise na classe do TerraClass para Bovinocultura no Município de
Capitão Poço entre 2004 e 2017. ................................................................................................. 19
Figura 15- Mapa das mudanças da classe TerraClass para Pasto Limpo o município
de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018. .............................................................. 20
Figura 16- Mapa das mudanças da classe TerraClass para Pasto Sujo no
município de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018 .............................................. 21
Figura 17- Análise na Classe TerraClass para Pasto Sujo no município de Capitão
Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2014. ................................................................................ 22
Figura 18-Mapa das mudanças da classe TerraClass para Floresta no município de
Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018 .................................................................... 22
Figura 19- Análise na Classe TerraClass para Floresta entre o período de 2004 a
2014 no município de Capitão Poço - Pa .................................................................................... 23
Figura 20- Mapa das Mudanças da Classe TerraClass para Vegetação Secundaria
no município de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018. ........................................ 24
Figura 21- Classe vegetação Secundaria do TerraClass 2004 a 2014 .................... 24
Figura 22- Mapa das Mudanças da Classe TerraClass para o Desmatamento no
município de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018. ............................................. 25
Figura 23- Classe Desflorestamento do TerraClass no período de 2004 a 2014. .. 26
Figura 24- Mapa das Mudanças da Classe TerraClass para Regeneração com pasto
no município de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018. ........................................ 27
Figura 25- Classe Regeneração com Pasto do TerraClass, no período de 2004 a
2014 ............................................................................................................................................. 27
Figura 26- Classe Outros do TerraClass 2004 a 2014............................................ 28
LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APP – Área de Reserva Legal


BH – Bacia Hidrográfica
CAR – Cadastro Ambiental Rural
CFB – Código Florestal Brasileiro
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
LAR – Licenciamento de Atividade Rural
m – Metro
MDE – Modelo Digital de Elevação
PDDU – Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
PMGIRS – Plano Municipal de Gestão Integral de Resíduos Sólidos
RL – Reserva Legal
SEMMA Secretarias Municipais de Meio Ambiente
SIRGAS – Sistema de Referência Geodésico
SHP – shapefile
SPC – Semi-Automatc Classification Plugin
SRTM – Shuttle Radar Topography Mission
TauDEM – Terrain Analysis Using Digital Elevation Models
USGS – United States Geological Survey
PNRH – Política Nacional de Recursos Hídricos
SNGH – Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 2

2.1 Conceitos e definições adotados ................................................................................. 2

2.1.1 Bacia Hidrográfica e Sub-Bacias ............................................................................. 2

2.1.2. Uso e cobertura da terra .......................................................................................... 4

2.1.3. Geoprocessamento .................................................................................................. 4

2.2. Legislações Aplicáveis .......................................................................................... 5

3. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 6

3.1 Área de Estudo ........................................................................................................... 6

3.2 Área amostral .............................................................................................................. 7

3.3 Sistematização dos Dados .......................................................................................... 9

3.4 Caracterizações quanto ao uso e cobertura da terra .................................................. 11

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 13

4.1. Área Urbana............................................................................................................. 13

4.2 Agricultura Anual ..................................................................................................... 15

4.4 Pasto Limpo .............................................................................................................. 18

4.5 Pasto Sujo ................................................................................................................. 20

4.6 Floresta ..................................................................................................................... 22

4.7 Vegetação secundária ............................................................................................... 23

4.8 Desflorestamento ...................................................................................................... 25

4.9 Regeneração com Pasto ............................................................................................ 26

4.10 Outros ..................................................................................................................... 28

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 29

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 31

ANEXOS
1

1. INTRODUÇÃO

O crescimento demográfico e o socioeconômico são frequentemente


acompanhados de aumentos na demanda por produtos, cuja quantidade e qualidade são
de fundamental importância (BUENO, GALBIATTI, BORGES; 2005). O
desenvolvimento econômico intensificou a industrialização, a agricultura, a urbanização
e, consequentemente, os impactos negativos no meio ambiente, refletindo o
desequilíbrio ocasionado pela forma desordenada do homem interferir no meio sem os
mínimos cuidados de preservação e manutenção ambiental.
A bacia hidrográfica caracteriza-se como um conjunto de terras drenadas por
um rio e seus afluentes, no qual é formado nas regiões mais altas do relevo por divisores
de água, com dinâmica associada a elementos (pedológicos, hidrológicos,
geomorfológicos, climáticos, fauna, flora e ocupação antrópica), que necessita de uma
gestão adequada (LIMA e ZAKIA, 2000).
Ao longo dos anos, as formas de uso da terra em uma bacia hidrográfica têm
passado por profundas transformações, resultantes de uma relação desarmoniosa entre
sociedade-natureza, o que acarreta no comprometimento da funcionalidade do sistema,
bem como na degradação dos recursos naturais (PEREIRA, 2007).
O manejo ambiental em uma bacia hidrográfica aparece como uma forma de
gestão, no qual estabelece procedimentos de conservação e recuperação, através de um
diagnóstico que pode ser realizado por meio de dados morfológicos (CHIOQUETA,
2011). A obtenção dos dados morfométricos evidencia a dinâmica do espaço, através de
indicadores físicos específicos (ANTONELI e THOMAZ, 2007).
Para fins de análise espacial, o uso e cobertura da terra é a informação mais
acessível em uma imagem de satélite, pois a mesma permite a visualização e
identificação direta dos elementos geometricamente apresentados, (DA COSTA
ARAÚJO FILHO et. al., 2007).
Com base no exposto, este trabalho tem como objetivo avaliar o uso e cobertura
das terras da sub-bacia hidrográfica do Rio Induá, município de Capitão Poço – PA,
definindo suas características entre os anos de 2004 e 2018. O Rio Induá tem sessão
cortante em maior território na comunidade de Santa Luzia do Induá, no qual possui
como atividade econômica, em sua maioria, como renda parcial ou total a agricultura, e
os quintais são utilizados muitas vezes com a finalidade de complementar a renda
familiar.
2

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Conceitos e definições adotados

2.1.1 Bacia Hidrográfica e Sub-Bacias

A bacia hidrográfica (BH) compõe-se basicamente por um conjunto de


superfícies vertentes e de uma rede de drenagem formada por cursos de água que
confluem até resultar um leito único no exutório (GARCEZ e ALVAREZ 2002), no
qual pode ser considerada como um sistema físico onde a entrada é o volume de água
precipitado, e a saída é o volume de água escoado pelo exutório (Figura 1) (TUCCI,
2007).

Figura 1 – Representação de uma Bacia Hidrográfica


Fonte: Google imagens

Faustino (1996) destaca que uma bacia hidrográfica pode conter sub-bacias
hidrográficas menores, sendo que conforme os trabalhos desenvolvidos pelo referido
autor, a classificação de bacias hidrográficas pode ser realizada a partir da área (km²),
sendo que até 100 km2, a área pode ser classificada como micro-bacia; quando a referida
área estiver entre 100 km2 e 700 km2, esta pode ser classificada como sub-bacias
hidrográficas; e quando for superior a 700 km2 a área é considerada como bacia
hidrográfica.
3

Deve-se ressaltar que diversas definições de bacia hidrográfica foram


formuladas ao longo do tempo e percebe-se grande semelhança e consideração, dos
autores, no recorte espacial, baseado na área de concentração de determinada rede de
drenagem. Entretanto, as definições que envolvem as subdivisões da bacia hidrográfica
(sub-bacia e microbacia) apresentam abordagens diferentes tocando fatores que vão do
físico, político ao ecológico (TEODORO et al., 2007).
Pelo caráter integrador, Cunha e Guerra (1996) citaram que as bacias
hidrográficas são consideradas excelentes unidades de gestão dos elementos naturais e
sociais, pois, nessa óptica, é possível acompanhar as mudanças introduzidas pelo
homem e as respectivas respostas da natureza. Ainda de acordo com esses autores, em
nações mais desenvolvidas a bacia hidrográfica também tem sido utilizada como
unidade de planejamento e gerenciamento, compatibilizando os diversos usos e
interesses pela água e garantindo sua qualidade e quantidade.
Os estudos relacionados às bacias hidrográficas e suas redes de drenagem
sempre mereceram atenção da geomorfologia por terem papel fundamental na
esculturação do modelo terrestre (HORTON, 1945; STHALLER, 1957; CUNHA e
GUERRA, 1996; VERÍSSIMO et al.,1996; LANA, 2001;). Entre as atividades
desenvolvidas dentro de uma BH, têm-se como resultado alguns fatores que resultam
em alterações na qualidade ambiental pelas rotas ou transporte e poluentes, como
irrigação, pecuária, indústrias, entre outras atividades (Figura 2) (NOVOTNY, 2003).

Figura 2 - Inter-relações entre as atividades potencialmente poluidoras na bacia hidrográfica.


Fonte: LARENTIS, (2004)
4

2.1.2. Uso e cobertura da terra

O uso e cobertura da terra designa qualquer forma de ocupação, tanto pela


cobertura vegetal natural, quanto pelas diversas atividades humanas a exemplo de áreas
urbanas, atividades agropecuárias, mineradoras, industriais e extrativistas (CHEPAK,
2008). Chepak (2008), também destaca que o uso do solo não pode estar desvinculado
de medidas indutoras de uso correto e de instrumentos reguladores que norteiam o
desenvolvimento, sendo oportuno enfatizar a importância das BH como unidades de
planejamento e de desenvolvimento microrregional, propícias ao macrozoneamento
ambiental, bem como ao manejo dos recursos naturais.
Para fins de análise espacial, o uso e cobertura da terra é a informação mais
acessível em uma imagem de satélite, pois a mesma permite a visualização e
identificação direta dos elementos geometricamente apresentados, (DA COSTA
ARAÚJO FILHO et. al., 2007) e explicam que a “obtenção de informações detalhadas e
precisas sobre o espaço geográfico é uma condição necessária para as atividades de
planejamento e tomada de decisões”. Para os mesmos autores, os mapas de uso e de
cobertura da terra são considerados instrumentos que auxiliam a cumprir essa função,
constituindo-se em mecanismos bastante adequados para promoverem o
desenvolvimento sustentável, além de serem imprescindíveis ao planejamento regional
ou local do terreno.
Entre os danos ambientais que podem ser observados em uma BH, podem ser
destacados os problemas de erosão hídrica, em decorrência de atividades agrícolas, de
forma a provocar degradação, do modo a provocar um dos problemas mais sérios da
atualidade, influenciando a produção agrícola, devido ao consequente empobrecimento
do solo e ao abastecimento de água, acarretando a redução de sua disponibilidade nos
reservatórios, devido ao assoreamento (VALLE JÚNIOR et al., 2010).

2.1.3. Geoprocessamento

A necessidade de promover o desenvolvimento industrial, comercial e


econômico de um município, minimizando impactos ambientais, além de proporcionar
os direitos adquiridos da população de bem-estar físico, mental e social, faz-se
5

necessária a criação de mecanismos de desenvolvimento sustentável que acima de tudo


respeite as condições locais de cada região (OLIVEIRA, PTS de et al.,2008).
Uma ferramenta que vem sendo usada com êxito no controle e monitoramento
ambiental é o geoprocessamento. Segundo Silva (2003), geoprocessamento representa
qualquer tipo de processamento de dados georreferenciados.
O geoprocessamento pode ser definido como um conjunto de tecnologias
voltadas à coleta e tratamento de informações espaciais para um objetivo específico.
SILVA e ZAIDAN (2004) definem geoprocessamento como uma tecnologia, sendo
vista como uma junção de conceitos, métodos e técnicas em torno de um instrumental
tornado disponível pela engenhosidade humana.
Um sistema de geoprocessamento pode ser tratado como tal, destinado ao
processamento de dados referenciados geograficamente (ou georreferenciados), desde a
sua coleta até a geração de saídas na forma de mapas convencionais, relatórios, arquivos
digitais, entre outros (INPE, 2006).

2.2.Legislações Aplicáveis

Como forma de facilitar a gestão territorial, pode se considerar a Lei


Federal Nº 9.433, de 8 de Janeiro de 1997; em que institui a Política Nacional de
Recursos Hídricos (PNRH) e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (SNGH), e através dessa política, a bacia hidrográfica é considerada uma
unidade territorial (BRASIL, 1997).
Da mesma forma, têm-se a Lei Estadual Nº 6.381, de 25 de Julho de 2001;
dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos (PERH), em que, também,
considera a adoção da bacia hidrográfica como unidade físico-territorial para
implementação da política (PARÁ, 2001).
Na esfera municipal, tem-se a Lei Municipal Nº 163 de 23 de Julho de
2010; no qual dispõe sobre a Política Municipal de Meio Ambiente, onde, também
estabelece princípios, objetivos, instrumentos de ação, medidas e diretrizes, para o fim
de preservar, conservar, proteger, defender o meio ambiente (CAPITÃO POÇO, 2010).
6

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de Estudo


A área de estudo situa-se no município de Capitão Poço, localizado na
Amazônia Oriental a cerca de 210 km da capital Belém, situado no nordeste paraense,
com as coordenadas W 47° 14' 03.03" , S 02° 02' 37.56" e uma área total de 2.899,553
km². A história de Capitão Poço está vinculada de maneira direta ao processo do
chamado avanço das frentes pioneiras que resultaram na instalação de migrantes,
originários de outras partes do país em território paraense, sob influência da Belém-
Brasília (IBGE, 2010).
O município está limitado ao Norte pelo Município de Ourém, ao Sul pelos
Municípios de Ipixuna do Pará e Nova Esperança do Piriá, a Leste pelos Municípios de
Garrafão do Norte e Santa Luzia do Pará e a Oeste pelos Municípios de Irituia, Mãe do
Rio, Aurora do Pará e Ipixuna do Pará (Figura 3) (PMGIRS, 2014). O limite geográfico
entre o município de Capitão Poço e Ourém dar-se pelo Rio Guamá, sendo este o rio
principal do município (PDDU, 2006).

Figura 3 - Mapa de Localização do Município de Capitão Poço – PA


Fonte: Autores

De acordo com a classificação de Koppen, o clima desta região é tipo Am,


considerado um clima tropical de monção chegando ter precipitação pluviométrica de
2250 mm anuais. O município situa-se, geomorfologicamente, em uma zona plana,
7

formada por sedimentos antigos e basalto, com predominância do solo do tipo Latossolo
Amarelo areno-argiloso (PDDU, 2006).
A cobertura vegetal do município encontra-se bastante devastada e é composta
por culturas perenes, capoeira, culturas de subsistência, pastagens naturais e artificiais.
Quando analisamos os aspectos econômicos do município, é importante levar em
consideração, dentre outros fatores, a sua capacidade de geração de renda pelas
atividades da pecuária e agricultura, sendo que desenvolvem atividades de lavoura
permanente e lavoura temporária (PMGIRS, 2014).
O rio principal de Capitão Poço é o Rio Guamá, com uma drenagem formada
basicamente por afluentes como o Induá, Arauaí, Iacaiacá, Igarapé Grande, Pacuí claro,
Caraparu, Igarapé Açu, Braço do Antero e Goiabarana (PMGIRS, 2014).

3.2 Área amostral

A área de estudo foi obtida a partir da delimitação da Sub-Bacia hidrográfica do


Rio Induá, tendo em vista que se trata de uma forma convencional de delimitação de
territórios para fins científicos e de planejamento (Figura 4).

Figura 4 - Mapa da Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Indua, Capitão Poço – PA


Fonte: Autores

Para a delimitação da referida área, se fez uso do MDE (Modelo Digital de


Elevação) derivado de imagem SRTM (Shuttle Radar TopographyMission), como
8

processamento inicial, no qual foi retirado do projeto TOPODATA


(www.dsr.inpe.br/topodata) a folha que contempla a área de estudo é 01_48, o que
engloba a região do guamá (Figura 5). Para realizar o mapeamento, as imagens do
Sentinel2 (Figura 6) foram obtidas no site do Serviço Geológico dos Estados Unidos
(https://earthexplorer.usgs.gov/) disponibilizadas gratuitamente. Para melhor análise
dos dados de uso e cobertura das terras foram obtidos dados do projeto TerraClass, do
Instituto de Pesquisas Espaciais, gerado a partir do satélite Landsat com resolução
espacial de 30 m (INPE; EMBRAPA, 2013). Após a obtenção dos dados, foi possível o
processamento das imagens pelo software Qgis 2.14.

Figura 5 - Imagem TOPODADA (Folha 01_48 – Região do Guamá)

Figura 6 - Imagem Sentinel2. (USGS)


9

3.3 Sistematização dos Dados

Como base para a análise dos dados, foram considerados os produtos do


projeto TerraClass, sendo essas informações definidas pelo projeto INPE-Prodes, o qual
realiza o monitoramento por satélites do desmatamento por corte raso na Amazônia,
assim como pelo INPE-TerraClass, conforme as classes temáticas, no qual objetiva
promover a qualificação da máscara do desmatamento acumulado do PRODES,
conforme as relacionadas a seguir:

 Vegetação Secundária;
 Agricultura Anual;
 Pasto Limpo;
 Pasto Sujo;
 Regeneração com Pasto;
 Pasto com solo Exposto;
 Mosaico de ocupações;
 Área Urbana;
 Reflorestamento;
 Floresta;
 Hidrografia
 Mineração;
 Outros;
 Área não Observada; e
 Desmatamento.

Além desses, foram utilizadas as bases vetoriais do IBGE (2010), a exemplo


dos limites municipais e hidrografia. Após obter os dados vetoriais e raster (imagens)
necessários ao processamento, iniciou-se o trabalho com a projeção das imagens no
software Qgis 2.14, para o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas
(SIRGAS), em sua realização do ano de 2000 (SIRGAS, 2000). Após isso, foi recortado
10

o MDE conforme o limite do município de Capitão Poço, para ter uma melhor
facilidade e rapidez de processamento dos dados.
A delimitação da sub-bacia hidrográfica também foi realizada pelo software
Qgis 2.14 juntamente com a ferramenta TauDEM - Terrain AnalysisUsing Digital
Elevation Model (hydrology.esu.edu/taudem), que consiste em um conjunto de
ferramentas que permite a delimitação de bacias hidrográficas de maneira automática,
rápida e objetiva utilizando o modelo de elevação digital (MDE).
Os passos para a delimitação da sub-bacia foram:
(1) Remoção de depressão, onde há a correção do MDE para que não tenha
problemas nos passos seguintes no decorrer do algorítimo Pit Remove (Remover
depressão); pois este algorítimo realiza a remoção de todos os poços, depressões ou
buracos presentes no MDE, sendo esse o primeiro processo executado com os
algoritmos do TauDEM; e após a remoção das depressões, este MDE pode ser
considerado como hidrologicamente corrigido.
(2) Com a ferramenta Direção de Fluxo D8 cria-se grades que considera a
elevação, descida acentuada assim determinando a direção do fluxo na superfície em
apenas uma direção dentro de oito possíveis caminhos. Este método estima para cada
pixel presente na imagem oito direções para o fluxo hídrico. O algoritmo D8 Flow
Directions gera dois arquivos raster: a direção de fluxo e a declividade. Para isso, foi
informado o MDE no item Pit Filled Elevation Grid, seguindo da indicação do nome
do arquivo processado no campo D8 Flow Direction Grid, sendo por fim, gerado o
raster D8 Slope Grid pelo TauDEM.
(3) Obtenção do fluxo acumulado na superfície por meio de ferramenta
D8Contributing Área, que consiste na representação da linha composta pelos pixels
selecionados na etapa anterior e nesta etapa já é possível definir o exutório da bacia,
obtendo em seguida a área de contribuição da bacia. A Área de Contribuição
corresponde aos limites de uma bacia hidrográfica determinados pelo ponto de
escoamento; e para esse processo é necessário iniciar com a criação do mapa raster da
área de contribuição, bem como indicar a foz ou exutório da bacia (outlets) mediante
criação de pontos; finalizando com a criação de um novo raster, o raster D8
Contributing Area indicando o ponto de escoamento nos parâmetros, podendo ser um
exutório, barragem ou reservatório; assim o TauDEM delimitará uma sub-bacia
específica.
11

(4) Para a delimitação da rede de drenagem, foi utilizado o algoritmo Stream


Definition by ThreresholdDefin, onde no campo Accumulated Stream Source Grid
foi informado o raster D8 Contributing Area. No campo Threshold, foi mantido o
limiar com valor 100; e no campo Stream Raster Grid foi informado o nome e o local
de saída para o arquivo. Nesse processo, o TauDEM gerou a rede de drenagem
segmentada no formato raster.
(5) Após a criação da rede de drenagem, foram criados arquivos shapefiles do
tipo ponto no Qgis, onde foi indicado o ponto de exutório.
(6) Para a delimitação do limite da bacia, fez-se uso do algoritmo D8
Contributing Area. Para esse processo, houve a inversão das cores do raster de
contribuição com intuito de gerar uma linha tracejada a partir do ponto de escoamento;
sendo este o limite da segunda área de contribuição gerada com auxílio dos algoritmos
do TauDEM. Para o processamento, foi informado Flow Direction no item D8 Flow
Direction Grid e foi determinado o exutório no item Outlets Shapefile; e por fim, foi
gerada a área de contribuição de acordo com os limites da sub-bacia.
Como a bacia é obtida em um arquivo raster (imagem) foi necessário a sua
conversão para o formato vetor (polígono), para realização dos cálculos de área e
perímetro.
(7) O último passo para os processos de delimitação de bacias hidrográficas foi
realizado com o TauDEM. Para isso, utilizaram-se os algoritmos Stream Network
Analysis Tools e Stream Reach and Watershed.
Com as imagens Sentinel 2 foi realizado um tratamento prévio no software
TerraAmazon 4.5, que se trata de uma ferramenta própria para o processamento de
imagens de satélite. A composição colorida foi realizada pelo mesmo software onde se
teve resultados excelentes. Após a composição, foi realizada uma modificação no seu
histograma para poder visualizar os objetos com melhor facilidade.

3.4 Caracterizações quanto ao uso e cobertura da terra

Para a classificação quanto ao uso e cobertura da terra foi realizada no Qgis


2.14 através da ferramenta Semi-Automatc Classification Plugin (SPC), em que houve o
treinamento com a função (ROI creation), que indica cerca de 10 amostras de cada
classe para o processamento da imagem completa. Desta forma, a classificação
12

supervisionada aplica-se o algoritmo e reconhece as classes de forma completa na área


de estudo.
As classes geradas pelo plugin foram convertidas em raster e shapefile (shp), e
com o propósito de obter uma melhor quantificação das áreas foram realizadas visitas in
loco para a coleta de coordenadas geográficas com aparelho receptor GPS modelo
garmin 64S, com o propósito de em cada zona detectar possíveis erros da classificação
pela ferramenta, bem como validar informações obtidas com a classificação.
Para a caracterização do Uso e Cobertura da terra, através de dados
secundários, foram utilizadas as bases de dados do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE-TerraClass), referente aos anos de 2004, 2006, 2008, 2010, 2012,
2014, em que foram considerados os indicadores econômicos da bacia hidrográfica,
quanto aos índices de crescimento e/ou redução ao longo dos anos.
Os indicadores foram analisados conforme a base do INPE-TerraClass, bem
como do INPE – Prodes e a extração de indicadores foram realizadas com arquivo
RASTER Sentinel 2 2018. É importante destacar que para a análise do TerraClass, o
INPE faz uso das cenas do satélite Landsat-5/TM, com nível de correção geométrica
igual a 3 (reamostragem pelo vizinho mais próximo) e projeção UTM, no qual foi
gerado um produto cartográfico com erro interno de 30 m (COUTINHO 2013).
Com os dados da sub-bacia definidos, foram analisados os produtos do projeto
TerraClass para comparações, as informações são definidas pelo INPE, conforme as
classes temáticas.
Com base nesses dados, assim como a localização da sub-bacia está dentro de
uma região em que são desenvolvidas várias atividades; o exemplo da agricultura e
pecuária. O mapa de uso e cobertura da terra foi gerado a partir do mosaico que a sub-
bacia ocupa, e para isso, foi definida uma classificação de zonas:

 Solo exposto;
 Área de floresta;
 Agricultura; e
 Pastagem.

Conforme a análise do MDE foi criado um mapa hipsométrico da sub-bacia para


possibilitar o conhecimento do relevo da região onde se localiza a sub-bacia, os pontos
13

mais altos e baixos com diferentes tonalidades de cores para melhor representar as
altitudes do local.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As formas de uso do território são modificadas conforme desenvolvimento


econômico, onde, geralmente, se faz a substituição da cobertura florestal por atividades
econômicas, sendo o referido fato considerado pelo INPE através da caracterização
quanto ao uso da terra. Dessa forma, os resultados obtidos com o TerraClass,
possibilitou uma análise do uso e ocupação das áreas desflorestadas, a partir de análises
vetoriais e estatísticas. (COUTINHO 2013).
Após a delimitação da área de estudo através do software Qgis, resultou em
uma sub-bacia, com área total correspondente à 123 km² .

4.1. Área Urbana


A área urbana considerada na análise espacial a partir de concentrações
populacionais formadoras de lugarejos, vilas ou cidades que apresentam infraestrutura a
exemplo de ruas, casas, equipamentos públicos, posicionados de maneira muito próxima
e com distribuição espacial regular (COUTINHO, 2013).
Conforme pode ser observado na Figura 7, houve um aumento não
significativo nos aglomerados urbanos entre os anos de 2008 e 2014 (Figura 7), fato que
pode ser justificado pela área não oferecer uma forma de incentivo financeiro que venha
a contribuir com o atrativo populacional para a referida bacia.
14

Figura 7 - Mapa das mudanças da classe do TerraClass destacando as Áreas


Urbanas no município de Capitão Poço – PA, no período de 2004 à 2018.
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.

Conforme pode ser observado na figura 8, não houve dados para os anos de
2004 e 2008 na base do INPE-TerraClass (e a variação entre os anos citados foi
correspondente a 0,24 %.

Área Urbana
2,50
2,10 2,14
ÁREA URBANA (%)

1,91
2,00

1,50

1,00

0,50
0,00 0,00
0,00

2004 2008 2010 2012 2014

Figura 8- Análise da classe do TerraClass para as Áreas Urbanas no município de


Capitão Poço – PA, entre o período de 2004 a 2014.
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.
15

4.2 Agricultura Anual

Conforme os dados obtidos pelo INPE-TerraClass, o indicador agricultura


anual considera, sobretudo, os grãos, com emprego de padrões tecnológicos elevados,
tais como o uso de sementes certificadas, insumos, defensivos e mecanização.
Com isso, o referido indicador, conforme pode ser observado na Figura 9 e 10,
houve uma elevação nos índices entre os anos de 2008 e 2010, na área de estudo. A
redução observada no ano de 2012 pode ser atribuída ao possível não repasse de
informações à instituição de pesquisa, em decorrência da inexistência de dados para o
referido período.

Agricultura Anual
12
AGRICULTURA ANUAL (%)

9,8
10

8 7,0

2
0 0,0 0
0

2004 2008 2010 2012 2014

Figura 9- Análise da classe TerraClass para Agricultura Anual no município de


Capitão Poço – PA, entre o período de 2004 e 2014.
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.
16

Figura 10 – Mapa das mudanças da classe TerraClass para a Agricultura


Anual no município de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018.
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.

Com base nos dados obtidos pelo IBGE (2018), o município de Capitão Poço
apresentou um aumento na produção de mandioca, o qual resultou em uma variação de
6.000 toneladas entre os anos acima relatados, enquanto que para as produções de
malva, houve a permanência de um valor nos dados de produção; e para a produção de
milho, houve uma redução correspondente à 696 toneladas.
Para o ano de 2018, a análise foi realizada a partir do processamento da
imagem Sentinel 2, sendo importante considerar que esta possui alta resolução (10 m)
que quando comparada com o Landsat (Base de análise para o INPE-TerraClass)
apresenta uma maior precisão nos dados obtidos, conforme apresentado na Figura 10.

4.3 Mosaico de Ocupação

O mosaico de ocupação refere-se às áreas representadas por uma associação de


diversas modalidades de uso da terra e que, de acordo com o Coutinho et al., (2013), em
decorrência da resolução espacial das imagens de satélite, não é possível uma
discriminação entre seus componentes, sendo importante considerar que a agricultura
17

familiar é realizada de forma conjugada ao subsistema de pastagens para criação


tradicional de gado, tanto em áreas de várzeas quanto de terra firme.
Com base no exposto, percebe-se uma grande variação no indicador entre os
anos de 2004 e 2018, podendo ser atribuído à resolução da imagem processada
(COUTINHO et al., 2013), pois no ano de 2018, por se tratar do processamento da
imagem Sentinel 2, percebe-se uma maior área ocupada pelo indicador na bacia (Figura
11).

Figura 11 - Mapa das mudanças da classe TerraClass para Mosaico de


Ocupação no município de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018.
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.
Observa-se um destaque para o ano de 2010 (Figura 11) e quando comparado
com a figura 12; além de considerar que o referido indicador considera a associação de
diversas modalidades de uso da terra, podemos atribuir uma relação direta com o
indicador Agricultura Anual, tendo em vista que a população, com atividades na bacia,
possui baixo poder aquisitivo e acaba realizando a agricultura familiar de forma
conjugada ao subsistema de pastagens.
18

Mosaico de Ocupação
20,0 18,7

MOSAICO DE OCUPAÇÕES (%)


18,0
16,0
14,0
12,0 10,5
10,0
7,5
8,0
6,0 4,8
4,0 3,2
2,0
0,0
2004 2008 2010 2012 2014

Figura 12- Análise na classe do TerraClass para o Mosaico de Ocupação no


município de Capitão Poço-Pa, entre o período de 2004 e 2014.
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.

4.4 Pasto Limpo

As áreas de pasto limpo fazem referência às áreas de pastagem em processo


produtivo, com predomínio de vegetação herbácea; trata-se de áreas recém-implantadas
ou com baixa infestação por invasoras herbáceas e arbustivas, além da ausência de
indivíduos arbóreos (COUTINHO, 2013). Com base no exposto, nota-se uma
considerada variação nos percentuais dos indicadores entre os anos de 2004 e 2014
(Figura 13), no qual pelos dados do IBGE 2018, verifica-se uma convergência com as
informações obtidas no INPE-TerraClass, a exemplo dos anos 2012 e 2014 em que
houve um aumento do indicador pasto limpo, bem como no número de bovinos na
atividade rural em Capitão Poço (Figura 14).
19

Pasto Limpo
60,0
53,5
50,0 45,9
43,6
PASTO LIMPO (%)
40,0

28,4
30,0
22,8
20,0

10,0

0,0
2004na classe
Figura 13- Análise 2008 2010 para
do TerraClass 2012 2014 no
Pasto Limpo
município de Capitão Poço entre os anos de 2004 a 2014.
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.

Bovinocultura
90.000
80.942
BOVINOS (N° DE BOVINOS)

80.000
67.692 68.597 69.660
70.000 66.305 64.872
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
2004 2008 2010 2012 2014 2017

Figura 14- Análise na classe do TerraClass para Bovinocultura no Município de


Capitão Poço entre 2004 e 2017.
Fonte: IBGE, elaboração Autores.

Ao analisar os dados vetoriais do INPE-TerraClass (Figura 15), foi possível


observar ao longo dos últimos 14 anos, o desenvolvimento da bovinocultura, sendo
importante destacar que após a análise de 2018 a partir da imagem sentinel 2, o referido
indicador resultou em um aumento considerável na área de estudo, podendo ser
justificado pelo aumento de precisão da imagem trabalhada.
20

O fato pode ser atribuído ao número de propriedades regularizadas


ambientalmente pelo Cadastro Ambiental Rural (CAR), bem como pela Licença de
Atividade Rural (LAR), o que, certamente, abriu portas aos produtores para
comercialização direta com frigoríficos e abatedouros.

Figura 15- Mapa das mudanças da classe TerraClass para Pasto Limpo o
município de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018.
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.

4.5 Pasto Sujo

O INPE-TerraClass considera pasto sujo as áreas de pastagem em processo


produtivo com predomínio da vegetação herbácea e cobertura de espécies de gramíneas,
frequentemente com presença de indivíduos arbóreos; o referido indicador envolve
diferentes estágios de degradação.
Ao associar com os dados obtidos no indicador Pasto limpo, verifica-se na
figura 16, que houve uma redução deste indicador entre os anos de 2004 e 2014 e
consequentemente o aumento do pasto limpo no mesmo período (Figura 15).
21

Figura 16- Mapa das mudanças da classe TerraClass para Pasto Sujo no
município de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018.
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.

No Figura 17, o ano com maior percentual do indicador pasto sujo, foi o ano de
2004, com 21,8 %, sendo este inversamente proporcional com o mesmo ano do
indicador pasto limpo.
De forma geral, a redução no percentual de pasto sujo entre os anos de 2004 e
2014 foi de, aproximadamente 13 %, sendo este um valor considerável, podendo ser,
também, justificada pelo aumento de regularização dos imóveis rurais e
consequentemente a abertura de mercado para o desenvolvimento da atividade de
bovinocultura.
22
Pasto Sujo
25,0
21,8

20,0

PASTO SUJO (%) 15,0


11,0
10,0 8,8
5,6
5,0 4,1

0,0
2004 2008 2010 2012 2014

Figura 17- Análise na Classe TerraClass para Pasto Sujo no município


de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2014.
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.

4.6 Floresta
Para o indicador Floresta, o INPE-TerraClass considera árvores pouco
alteradas ou inalteradas, com formação de dossel contínuo, composta por espécies
nativas e com padrões fitofisionômicos próximos aos climáxicos. Dessa forma, a Figura
18 especifica a vegetação correspondente, onde é possível perceber sua preservação,
principalmente, às margens dos recursos hídricos.

Figura 18-Mapa das mudanças da classe TerraClass para Floresta no município


de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018.
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.
23

Após o ano de 2012, podemos relacionar o aumento no percentual à alteração


do Código Florestal Brasileiro (CFB - Lei Federal n° 12.651/2012), no qual estabelece
as margens de proteção das Áreas de Preservação Permanente (APP) bem como das
áreas de Reserva Legal (RL) que devem ser respeitadas pelos proprietários de imóveis
rurais, além da intensificação das ações de fiscalização pelos órgãos competentes.
A figura 19 representa o percentual correspondente ao indicador floresta antes
do marco zero estabelecido pelo CFB, bem como nos anos posteriores.

Floresta
4,0 3,5
3,1
2,8 2,9
FLORESTA (%)

3,0 2,7

2,0

1,0

0,0
2004 2008 2010 2012 2014

Figura 19- Análise na Classe TerraClass para Floresta entre o período de


2004 a 2014 no município de Capitão Poço - Pa.
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.

4.7 Vegetação secundária

O INPE-TerraClass considera como indicador vegetação secundária, o estrato


arbóreo representado por floresta plantada (reflorestamento comercial), e árvores
plantadas (Cultura perene), com altura entre 2 e 20 m, ambos com presença opcional,
onde os indicadores como agricultura perene podem ser considerados na referida
análise.
Com base no exposto, e através da figura 19 podemos perceber, a exemplo do
ano de 2012, uma redução na classe Floresta e, consequentemente, um aumento no
percentual de vegetação secundária (Figura 20 e 21).
24

Figura 20- Mapa das Mudanças da Classe TerraClass para Vegetação


Secundaria no município de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018.
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.

O aumento representado na figura 21, certamente, pode estar relacionado à


aplicabilidade do CFB, bem como os incentivos dos órgãos fiscalizadores do estado,
através de campanhas educativas.

Vegetação Secundaria
25,0 23,1
21,9
Vegetação Secundária (%)

20,2 20,3
20,0
15,3
15,0

10,0

5,0

0,0
2004 2008 2010 2012 2014

Figura 21- Classe vegetação Secundaria do TerraClass 2004 a 2014.


Fonte: TerraClass, elaboração Autores.
25

4.8 Desflorestamento

A base do INPE-TerraClass relaciona o desflorestamento ao fenômeno de


supressão total da vegetação florestal, ou corte raso, fenômeno mapeado
sistematicamente pelo INPE-PRODES e utilizado como referência pelos órgãos
fiscalizadores para fins de autuação aos responsáveis.
Apesar dos incentivos à produção agropecuária, percebe-se que após o marco
zero do CFB, não foram identificados pelo PRODES focos de desmatamento na área de
estudo, apenas no ano de 2004 (Figura 22).

Figura 22- Mapa das Mudanças da Classe TerraClass para o Desmatamento no


município de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018.
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.

Mesmo identificando os focos de desmatamento, no ano de 2004, trata-se de


pequenos fragmentos quando comparada com a área amostral.
26

Desflorestamento
0,2

DESFLORESTAMENTO (%)
0,2
0,2

0,1

0,1
0,0 0,0 0,0 0,0
0,0
2004 2008 2010 2012 2014

Figura 23- Classe Desflorestamento do TerraClass no período de 2004 a 2014.


Fonte: TerraClass, elaboração Autores.

A redução nos índices de desmatamento pode ser atribuída ao trabalho


desenvolvido pelo estado nos últimos anos, após o início da campanha do Cadastro
Ambiental Rural (CAR), fato que ressaltou aos produtores a importância da manutenção
das APP’s, bem como das áreas de Reserva Legal. Da mesma forma, podemos citar as
ações de fiscalização pelos órgãos competentes, a exemplo das Secretarias Municipais
de Meio Ambiente (SEMMA).
De acordo com Coutinho (2013), a análise para o desflorestamento ocorrido no
ano de 2008 foi constituída pelos polígonos compilados do projeto PRODES, referentes
ao mapeamento das áreas desflorestadas em 2008, cujo uso e ocupação não foram
identificados, uma vez que o corte raso da floresta havia sido mapeado e contabilizado
durante o ano base de 2008 e, portanto, ainda não havia uma categoria de uso definida
para caracterização nos mesmos, o que pode ser considerado como justificativa para o
percentual encontrado na figura 23.

4.9 Regeneração com Pasto

As áreas correspondentes ao indicador Regeneração com Pasto são as que, após


o corte raso da vegetação natural e o desenvolvimento de alguma atividade agropastoril,
encontram-se no início do processo de regeneração da vegetação nativa, sendo ocupadas
predominantemente por espécies de hábitos arbustivo e arbóreo.
Ao analisar a Figura 24, observa uma considerada redução na área de
regeneração com pasto quando comparamos os anos de 2004 e 2014.
27

Figura 24- Mapa das Mudanças da Classe TerraClass para Regeneração com
pasto no município de Capitão Poço – Pa, entre o período de 2004 e 2018.
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.

A mesma relação pode ocorrer com os indicadores Pasto Limpo e Pasto Sujo,
pois ocorre uma relação entre os indicadores, no de 2012. Observa-se um aumento no
indicador pasto limpo, quando comparado em 2010, e na regeneração com pasto,
ocorreu à diminuição, de modo á reduzir a regeneração no ano de 2012, quando
comparado em 2010 (Figura 25).

Regeneração com Pasto


REGENERAÇÃO COM PASTO

14,0
12,0
12,0
10,0
8,0
(%)

5,6 5,3 5,5


6,0
4,0
2,2
2,0
0,0
2004 2008 2010 2012 2014

Figura 25- Classe Regeneração com Pasto do TerraClass, no período


de 2004 a 2014
Fonte: TerraClass, elaboração Autores.
28

4.10 Outros

No INPE-TerraClass o indicador outros faz referência às áreas que não se


enquadram nas chaves de classificação e apresentam padrão de cobertura diferenciada
de todas as classes do projeto, tais como afloramentos rochosos, praias fluviais, bancos
de areia entre outros.
Na área de estudo, não foi possível a caracterização desta classe temática nas
imagens de satélite, tendo em vista a metodologia adotada para a classificação a partir
dos dados do INPE-TerraClass. No entanto, houve uma análise quantitativa (Figura
26).

Outros
2,5
2,0
Outros (%)

1,5
1,0
0,5
0,0
2004 2008 2010 2012 2014

Figura 26- Classe Outros do TerraClass 2004 a 2014.


Fonte: TerraClass, elaboração Autores.

Ao considerar que o referido indicador considera praias fluviais, bancos de


areia e a rede de drenagem, a variação notada com o destaque no ano de 2012, podem
estar relacionados à rede de drenagem existente na bacia.
29

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao comparar os indicadores analisados, percebeu-se, nos últimos anos uma


redução em áreas destinadas ao cultivo/colheita de culturas anuais, bem como o
aumento de áreas com vegetação, sendo elas secundárias ou primárias, e
consequentemente foi possível perceber a relação inversa entre os indicadores pasto
limpo, pasto sujo e regeneração com pasto. Pela análise realizada a partir da compilação
do banco de dados do INPE-TerraClass, não foram evidenciadas as quinze classes na
área de estudo. Contudo, é notável a predominância das atividades agropecuárias
conforme os dados estatísticos observados no senso do IBGE.
Os principais responsáveis pelo desenvolvimento das atividades agropecuárias
dentro da sub-bacia hidrográfica do Rio Induá são os pequenos produtores, encaixados
na forma de economia da agricultura familiar, fato observado no indicador mosaico de
ocupação, pois quando houve uma comparação com o indicador da agricultura anual,
identifica-se uma relação diretamente proporcional quando houve a semelhança dos
anos considerados pela base de dados do INPE-TerraClass.
Para destacar a predominância do desenvolvimento da atividade agropecuária
como uso da terra na sub-bacia hidrográfica do Rio Induá, foi realizada a comparação
entre os indicadores pasto sujo e pasto limpo, assim percebeu-se uma relação
inversamente proporcional quando comparados os anos considerados pelo banco de
dados do INPE-TerraClass, sendo que nos últimos anos foi perceptível o aumento de
área preparada para a bovinocultura, conforme, também, apresentado pelos dados
obtidos pelo IBGE (2010).
Após a aprovação do novo Código Florestal (Lei n° 12.651/2012), os
proprietários rurais começaram a ser mais cobrados quanto à regularização ambiental de
seus imóveis, sendo pré-requisito para a abertura de mercado, o que pode justificar o
aumento no percentual de pasto limpo na sub-bacia, bem como no percentual de áreas
verdes e consequentemente, a redução na identificação de focos de desmatamento.
A análise realizada a partir do processamento de dados oriundos do INPE-
TerraClass, do INPE-Prodes, bem como o processamento de dados por meio da imagem
de satélite Sentinel 2, nos permite verificar o nível de confiabilidade dos dados obtidos,
tendo em vista que o INPE faz uso da imagem Landsat, o qual possui uma precisão de
30 m, enquanto que a do Santinel 2 possui 10 m. Ao considerar os níveis de precisão
das imagens consideradas para fins de análise, foi realizada uma análise in loco, onde
30

foram identificadas áreas com solo exposto, enquanto que na base está classificado
como área de vegetação.
Após a análise realizada na área de estudo, os resultados obtidos mostraram a
predominância no uso da terra para fins agropecuários, onde também foi possível
observar uma preservação da área verde na bacia, até por conta da quantidade de
recursos hídricos existentes na mesma, o que, também, evidencia o cuidado dos
pequenos produtores em não fazer uso da área total para fins produtivos, respeitando as
normativas e legislações vigentes.
Por fim, com as técnicas de geoprocessamento, foi possível ratificar a forma
predominante quanto ao uso e cobertura do solo. Diante do exposto, almeja-se que o uso
e a ocupação da terra desse local sejam mais bem aproveitados, visando sua
conservação, tendo em vista o importante papel que o mesmo desempenha no ambiente,
e principalmente a qualidade da saúde ambiental e humana, não dissociada desse
contexto.
31

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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35

ANEXOS
36

 Imagens da vistoria in loco das classes identificadas pelo INPE.

Imagem 1- Classe de Campo Pasto Limpo.


Fonte: Autores

Imagem 2- Classe de Campo Pasto Sujo.


Fonte: Autores
37

Imagem 3- Classe de Mosaico de Ocupação.


Fonte: Autores

Imagem 4- Classe de Campo Campo Agricultura.


Fonte: Autores
38

Imagem 5- Classe de Campo solo exposto.


Fonte: Autores

Imagem 6- Classe de Classe de Floresta.


Fonte: Autores

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