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• Entamoeba – 500 milhões.

Aula 05 – Pediatria Básica – Aula do dia 13/06/2023


No Brasil 114 milhões de infestados, 15.4 milhões de crianças em
idade escolar infestadas – prevalência média de 30% (FIOCRUZ)
Problema de saúde publica de ordem mundial – associação com
aglomeração e baixas condições sanitárias. Está diretamente
relacionado a questões socioeconômicas.
Redução expressiva da frequência das parasitoses intestinais na
INTRODUÇÃO
cidade de São Paulo
Parasitismo é a relação entre os seres vivos na qual um organismo
(parasita) vive às custas de outro organismo (hospedeiro) e • 31% em 1984
dependente biologicamente deste. • 11% em 1996

Onde se localizam os parasitas? Prevalência de parasitoses intestinal em outras regiões do Brasil:

 Sobre o corpo (ectoparasitas) • Natal (RN): 76% (2003)


 Dentro do corpo (endoparasitas) • Neópolis (SE): 85% (2005)
 No ambiente (formas de resistência ou formas de vida • Parque indígena do Xingu: 96% (2008)
livre dos parasitas). Importante identificar qual o paciente que se beneficia do
VIAS DE INFECÇÃO tratamento. Tratamento antiparasitário depende de quem, onde,
dos sintomas. Não é necessário de forma sistemática,
Boca: água, alimentos e objetos contaminados – cistos de principalmente quando pensamos na microbiota intestinal que vive
Entamoeba hystolitica, Giardia lamblia, larvas de Ancilostoma em equilíbrio. A não ser que seja determinado parasita, paciente
duodenale, ovos de áscaris lumbricoides, Trichocephalus trichiurus, desnutrido, paciente com diarreia crônica que foi encontrado
enterobius vermicularis. microrganismo patogênico.
Pele: penetração de larva infectante em contato com solo
contaminado – Strongyloides stercoralis, Ancylostoma duodenale,
Necator americanos ou água contaminada por ccercarias – CLÍNICA
Shistossoma Mansoni. Na grande maioria dos casos a presença do parasita no aparelho
Principais grupos de parasitas do homem: digestivo do hospedeiro se dá de maneira equilibrada, sem que
ocorram sintomas de doença. O hospedeiro nesse caso é portador
 Protozoários são. O hospedeiro nesse caso é portador são, que muito
 Helmintos provavelmente não precisa tratar porque ele irá se contaminar de
 Artrópodes novo, parasitas são formas de resistência, estarão o tempo todo
ali no ambiente.
Equilíbrio entre as forças de ação do parasita e as forças de
defesa do hospedeiro.
Fatores de risco para maior morbidade:
• Baixa idade
• Desnutrição
EPIDEMIOLOGIA • Intensidade de infestação – rompimento do equilíbrio
• Migração anômala – pode causar sintomas.
Parasitose intestinal: ainda é considerado um problema de saúde
Ascaris eu trato, porque faz esse tipo de migração
pública de ordem mundial
causando sintomas.
OMS 1987: Padrão de parasitismo frequente
Quando suspeitar de parasitose intestinal?
• Ascaris – 900 milhões
• Dor abdominal crônica - pode suspeitar de parasitose,
• Ancilostoma – 900 milhões
porém nunca vamos ficar apenas com essa hipótese
• Trichura – 500 milhões.
direta.
• Náusea crônica
• Prurido anal
Parasitas intestinais que causam eosinofilia:
• Eosinofilia em criança não atópica
• Quando presente as situações predisponentes – Crianças não atópicas com eosinofilia podem estar infectadas:
condições epidemiológicas Helmintos:
Quadro sintomas x parasitas o Ascaris lumbricoides
o Ancilostomídeos (Ancylostoma spp, Necator spp)
o Trchuris trichiura
o Strongyloides stercoralis
o Solitária (Taenia solium and T. saginatum)
o Shicstosoma (S. mansoni, S. haematobium, S. japonicum)
o Toxocara spp
o Fasciola spp

Porém, eosinofilia não é só parasitose e atopia, o repovoamento


medular (recuperação pós processo infeccioso) – resposta com
eosinofilia
Se paciente não for do grupo de risco nem precisa tratar, mas se
paciente faz uma queixa específica relacionada a determinado
parasita, é bom tratar para diminuir a queixa.
HELMINTOS
Como investigar as parasitoses intestinais? • Ascaridíase
Exame: Protoparasitológico de fezes • Enterobíase
• Tricuríase
• 1 método de sedimentação, para ovos (Hofman, Pons, • Ancilostomíase
Janer, Lutz)
• Estrongiloidíase
• 1 método de flutuação para cistos e ovos leves (Wilis,
Faust) Ascaris lumbricoides (lombriga):
• Outro específico de acordo com a suspeita (Baermann, o Verme cilíndrico de 20 cm (macho) a 35 cm (fêmea)
Kato Katz) o Coloca 200 mil ovos/dia que tem grande resistência no
• Colhidas 3 amostras com intervalo de 1 semana (aumento ambiente externo, durando 12 meses
de sensibilidade de 50% para 60 a 90%) o Não se ficam a mucosa, alimentam-se de nutrientes
• Sensibilidade é baixa – alto índice de falso negativo presentes na luz intestinal. Ficam em formato de gancho
e se prendem dessa forma na mucosa e vão se
alimentando com nutrientes presentes na mucosa.
o Se locomovem na luz, podendo ocorrer migração anômala
ou obstrução da luz em infestações maciças. Pode causar
obstrução pancreática obstrução de vesícula, ducto biliar,
, luz intestinal (bolo de áscaris – manifestação maciça)
Migração anômala: via biliar, apêndice, vias aéreas, pâncreas.

Obstrução intestinal:
Ciclo de Loss: maturação da larva no pulmão, passagem pulmonar Enovelando ate formar obstrução intestinal, o problema é que essa
em seu desenvolvimento. obstrução intestinal tem edema, sofrimento vascular, podendo
evoluir com necrose do intestino sendo abdome agudo obstrutivo.
Acrônimo NASA:
• Risco maior em desnutridos e crianças de 1 a 6 anos
o Necator americanos
• Sintomas: cólicas, distensão abdominal, anorexia, vômitos
o Ancylostoma duodenale
biliosos, diarreia, desidratação (muito por perda de 3°
o Strongyloides stercoralis
espaço), febre.
o Ascaris lumbricoides
• Exame físico: massa cilíndrica palpável em região
periumbilical ou próxima aos flancos
• Complicações: isquemia de alça, necrose, perfuração e
vólvulo do intestino (bolo de áscaris age como cabeça de
volvo, intestino gira sobre o próprio eixo, até entrar em
sofrimento vascular) Quem tem risco de rotação
intestinal, maior a probabilidade de fazer volvo intestinal.
• RX: sinal do miolo de pão, atenção se perfuração intestinal

Se sintomas clínicos..
SINAL DO MIOLO DE PÃO OBSTRUÇÃO INTESTINAL
Síndrome de Loeffler:
Paciente terá quadro respiratório relacionado a esse ciclo
pulmonar.
Febre + tosse + eosinofilia
o Tosse seca em acessos, podendo eliminar um parasita
o Dispneia leve a moderada
o Febre baixa
o Pode haver perda de peso
o Pneumonia persistente a antibioticoterapia
o RX: infiltrado intersticial difuso, transitórios e migratórios.
Por exemplo, você está fazendo uma pneumonia e
quando repete a pneumonia foi para lá, no hemograma Obstrução intestinal – Tratamento
fez eosinofilia, lembrar da síndrome de Loeffler. 1. Hospitalização
2. Jejum
3. SNG para descompressão gástrica e medicação, • Tratamento:
quanto mais alta mais vomito quanto mais baixa mais 1. Mebendazol 100 mg 12/12 h por 3 dias
distensão. Passa a sonda no estômago e deixa ela 2. Abendazol 400 mg dose única
aberta criando um mecanismo de saída, de ar, 3. Nitazoxanida 7.5 mg/kg de 12 em 12 horas por 3
produtos. Desobstrução é importante em todo dias
abdome agudo obstrutivo, quanto mais alta a
obstrução mais vômitos, quanto mais baixa mais
distensão abdominal você tem.
4. Hidratação parenteral
5. Gavagem: Óleo mineral VG 10-30 ml a cada 3 horas
por 24 horas até que o óleo saia pelo ânus. O óleo
serve para lubrificar os áscaris para eles
escorregarem e saírem da situação de obstrução.
6. Piperazina que paralisava o áscaris – 75 a 100
mg/kg/dia durante 5 dias (controverso)
Geralmente desobstrui em 8 a 30 horas
Atenção: cirurgia se rigidez ou abdome reativo, risco de
perfuração resposta insatisfatória ao tratamento clínico, se
múltiplos níveis hidroaéreos.
Investigação:
PPF – Técnica de sedimentação: Faust Hoffmann TRICURÍASE
Trichuris Trichura
• Ciclo simples
• Vive no ceco-trauma e sangramento que pode levar a
anemia, enterorragia e diarreia crônica.
• Particularidade de fazer oposição no reto
• Quando temos manifestações maciças pode ter edema
no reto e pode levar a prolapso retal por perda de tônus
TRATAMENTO: da mucosa retal
Tricuríase entra no diagnóstico diferencial de prolapso
• Albendazol – 400 mg em dose única (maiores de 2 anos
retal. Mas, tem séries de outras causas e grande parte
de idade). Anti-helmínticos
de causa idiopática
• Mebendazol 100 mg 12/12h por 3-6 dias (repete em 21-
• Diagnóstico: Fauts, Lutz, Kato-Katz.
30 dias depois, maiores de 1 ano de idade). Anti-
• Tratamento:
helmínticos.
1. Mebendazol 100 mg 12/12h por 3 dias
• Nitazoxanida 7.5 mg/kg de 12/12h por 3 dias. Principal
2. Albendazol – 400 mg dose única
antiparasitas.
3. Nitazoxanida – 7.5 mg de 12/12 horas por 3
dias.
ENTEROBÍASE:
Enterobius vermicularis (Oxiúrus)
• Ciclo simples
• Autoinfecção próprio paciente se auto-infesta
• Ovoposição fora do intestino na região anal, prurido anal,
vulvovaginites de repetição (lembrar)
• Diagnóstico: Fita gomada (Graham) e pesquisa de leito
ungueal e parasitológico de fezes.
• Semelhante ao ancilostoma porem pode ocorrer
autoinfecção interna ou externa por redeglutição do
parasita.
• Quadro clínico: bronquite, Loeffler, náuseas, diarreia,
síndrome de má absorção, dores abdominais
• Pode levar a sepse por enterobactérias (auto infestação
interna) e síndrome hiperinfecciosa pelo uso de CE
(corticosteroide). Pode ser uma das causas de Fail to
Thrive ou síndrome celíaca, assim como a giardíase
• Ao fazer corticoterapia, lembrar de fazer tratamento
antiparasitário antes, principalmente por causa do
Strongyloides
• Corticoide em alguém com estrogiloidíase pode levar
explosão dessa população. Quando vai fazer bloqueio do
eixo, mais de 7 dias de corticoides fazer tratamento
parasitário antes.
ANCILOSTOMÍASE
• Diagnóstico: Baermann, Rugai
Ancylostoma duodenale e Necator americanos • Tratamento:
1. Tiabendazol 25 mg/kg/dia de 12/12 h por 2
• Ciclo simples se ingerido
dias
• Ciclo pulmonar se cercaria – se a forma de entrada dele
2. 2- Albendazol- 400 mg por 3 dias
for através da pele
3. 3- Ivermectina 200 mcg/kg/dia, dose única
• Prendem-se a parede intestinal e sugam sangue – 0.05
(na hiperinfestação)
a 0.5 ml/dia/verme
4. Mebendazol também pode ser usado
• Principal complicação é a anemia
• Também mudam de lugar 4-5x ao dia lesando a mucosa
• Diagnóstico: Anemia, Faust
• Tratamento:
1. Mebendazol 100 mg 12/12 h por 3 dias
2. Albendazol – 400 mg dose única

Olhar qual síndrome clínica se encaixa com determinado parasita e


não olhar parasitose como uma coisa única.
PROTOZOÁRIOS
• Amebíase
• Giardíase
ESTROGILOIDÍASE:
Amebíase
Strongyloides stercolis
• Entamoeba histolytica (principal forma patogênica)
• Helminto que acomete o duodeno
• Formas comensais: Endolimax nana,
• Entamoeba coli, Dientamoeba fragilis,
• Entamoeba díspar (pode vir a ser patogênica)
• 50 milhões de pessoas infectadas no mundo 2. Etofamida 100 mg 8/8h por 5 dias até 40kg e 200 mg
• todo (OMS-2011) nos maiores de 40 kg
• Ingestão de cistos em alimentos, água, moscas Amebíase invasiva:
1. Metronidazol 35-50 mg/kg/dia 8/8h por 10 dias
2. Secnidazol 30 mg/kg/dia, dose única. Principal
medicamento no tratamento de protozoário.
3. Tinidazol 50 mg/kg/dia, 1 vez por dia por 2 a 5 dias
Pode dar colite e ser diagnostico diferencial de abcesso hepático.
GIARDÍASE
• Giárdia lamblia – o protozoário mais comum do nosso
meio, maioria das vezes comensal. Eventualmente pode
trazer uma super população de giárdia trazendo muitos
sintomas,
• Protozoário flagelado
• Fonte de contaminação: água contaminada, alimentos,
Quadro clínico: 90 % assintomáticos insetos..
• Ciclo assexuado, cisto e trofozoíto
• Forma intestinal: Disenteria (colite – frequência alta,
volume baixo, tenesmo, dor ao evacuar muco e sangue)
amebiana + insidiosa, ao longo de 1-2 semanas: diarreia
com muco e sangue, febre, náuseas, tenesmo e dor
abdominal. Pode cronificar com diarreia recorrente
• Ameboma: resposta inflamatória proliferativa secundária
a manifestação por ameba, levando a subestenose
intestinal.
Quadro clínico: Forma extraintestinal: invade corrente
• Invadir a corrente sanguínea e acometer, principalmente,
sanguínea e acomete pulmão, cérebro e principalmente
fígado, causando abcesso hepático por ameba.
Patogenia:
Abscesso hepático: febre e dor em QSD, irradia para o ombro e
escápula D e piora com a tosse, ao caminhar, ao respirar • Barreira mecânica na mucosa duodenal (atapetamento)
profundamente interferindo na absorção intestinal – síndrome de na
absorção intestinal.
• Geralmente único na porção superior do lobo direito
• Leva a atrofia vilositária em graus variados
• Diagnóstico diferencial de F.O.I (febre de origem
• Lesa a estrutura do enterócito, redução dissacaridases
indeterminada duração maior que 30 dias e não tem um
• Não invade mucosa, sem formas extraintestinais
foco).
• SSCBDA e desconjugação de sais biliares levando a má
absorção de gordura no intestino.
Diagnóstico: Faust, sorologia, exames de imagem
Síndrome de supercrescimento bacteriano em delgado alto
(SSCBDA). Bactérias no delgado, contaminação do delgado que não
é para ter bactérias, apenas o cólon.
Tratamento:
Síndrome de má absorção: FTT + Diarreia Crônica
Amebíase assintomática:
FTT: criança que tem dificuldade para crescer.
1. Teclosan 50 mg 8/8 h até 7 anos e 100 mg nos maiores
de 7anos Diagnostico diferencial de síndrome celíaca, crianças muito
magrinhas, desnutridas, com distensão abdominal e diarreia crônica.
Diarreia crônica independente do estado nutricional pensar em
giardíase, pode tratar empiricamente e investigar o resto.
Perfil celíaco: criança muito emagrecida com distensão abdominal.
Quadro clínico: 90% é assintomático, se deficiência de IgA (defesa
de mucosa) maior morbidade. Desde cólica e diarreia aguda e
autolimitada até Sd. de má absorção
Deficiência de IgA fator de risco para doença celíaca.
Diagnóstico: Faust, aspirado duodenal, antígeno nas fezes.
Tratamento:
• Metronidazol 15 mg/kg/dia 8/8 h por 5 dias
• Albendazol 400 mg/dia 1 vez ao dia por 5 dias
• Nitazoxanida 7.5 mg/kg/dia de 12 em 12 horas por 3
dias

Giardíase – diagnóstico diferencial de síndrome celíaca – criança


muito emagrecida com distensão abdominal.

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