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Antifúngicos
Antifúngicos
SUMÁRIO
1. Introdução...........................................................................................................3
3. Anfotericina B......................................................................................................8
4. Flucitosina.........................................................................................................11
5. Azóis.................................................................................................................16
Fluconazol.................................................................................................................... 17
Itraconazol................................................................................................................... 18
Posaconazol................................................................................................................ 18
Voriconazol.................................................................................................................. 19
6. Equinocandinas.................................................................................................23
Referências.........................................................................................................................31
1. INTRODUÇÃO
As doenças infecciosas causadas por fungos são denominadas micoses e, com
frequência, são de natureza crônica. As infecções micóticas podem ser superficiais
e envolver apenas a pele (micoses cutâneas que se limitam até a epiderme), e outras
podem penetrar a pele, causando infecções subcutâneas ou sistêmicas.
As características dos fungos são tão singulares e diversas que eles podem ser
classificados em seu próprio reino. Diferentemente de bactérias, os fungos são eu-
cariotos, com paredes celulares rígidas compostas largamente de quitina em vez de
peptideoglicano (um componente característico da maioria das paredes celulares
bacterianas). Além disso, as membranas celulares dos fungos contêm ergosterol,
em vez de colesterol, encontrado nas membranas de mamíferos. Essas característi-
cas estruturais são úteis no direcionamento dos fármacos quimioterápicos contra as
infecções fúngicas. As infecções fúngicas em geral são resistentes aos antimicro-
bianos, assim como as bactérias são resistentes aos antifúngicos.
Figura 1: Locais de ação dos fármacos antifúngicos comuns. Os fungos são morfologicamente micror-
ganismos muito diversos, e esse diagrama de um fungo “típico” não tem a intenção de ser tecnicamente
correto. Os principais locais de ação dos agentes antifúngicos estão indicados como se vê acima.
Fonte: Autoria Própria
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A incidência de infecções fúngicas como a candidemia tem aumentado nas últimas
décadas. Isso é atribuído ao aumento do número de pacientes com supressão imune
crônica devido a transplante de órgãos, quimioterapia anticâncer ou infecção com vírus
da imunodeficiência humana (HIV). Nesse mesmo período, novas opções terapêuticas
se tornaram disponíveis para o tratamento das infecções por fungos.
Os agentes terapêuticos atuais podem ser amplamente classificados em dois gru-
pos: o primeiro, composto pelos antibióticos antifúngicos que ocorrem naturalmente,
como os polienos e as equinocandinas, e o segundo, pelos fármacos sintéticos, in-
cluindo os azóis e as pirimidinas fluoradas. Como muitas infecções são superficiais,
há inúmeras preparações tópicas. Muitos agentes antifúngicos são bastante tóxicos
e, quando o tratamento sistêmico se faz necessário, esses agentes têm de ser usa-
dos frequentemente sob supervisão médica estrita.
Síntese da
Equinocandinas
parede celular
Azóis
Síntese de ergosterol
Inibidores da
esqualeno epoxidase
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Se liga! Desde os anos de 1970, tem havido aumento estável na
incidência das infecções fúngicas sistêmicas secundárias graves. Um dos fa-
tores contribuintes foi o uso generalizado de antibióticos de amplo espectro,
que erradicam as populações bacterianas não patogênicas, as quais, em geral,
competem com os fungos pelos recursos nutricionais. Outras causas incluem
a disseminação da AIDS e o uso de imunossupressores ou agentes quimiote-
rápicos para o câncer. O resultado foi o aumento da prevalência das infecções
oportunistas, ou seja, infecções que raramente causam doença nos indivíduos
saudáveis. Pessoas idosas ou diabéticas, mulheres grávidas e vítimas de quei-
madura estão particularmente em risco em relação às infecções fúngicas, co-
mo, por exemplo, a candidíase.
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Doenças fúngicas sistêmicas (ou “disseminadas”) são muito mais graves do que
as infecções superficiais. A mais comum é a candidíase. Outras situações graves
são a meningite criptocócica, a endocardite, a aspergilose pulmonar e a mucormico-
se rinocerebral. Atualmente, a aspergilose pulmonar invasiva é uma causa importan-
te de morte entre os receptores de transplante de medula óssea ou indivíduos com
neutropenia. A colonização pelo Aspergillus nos pulmões do paciente com asma ou
com fibrose cística pode levar a uma situação similar, denominada aspergilose bron-
copulmonar alérgica. Em outras partes do mundo, as infecções fúngicas sistêmicas
incluem blastomicose, histoplasmose, coccidioidomicose e paracoccidioidomicose;
estas são frequentemente infecções primárias, ou seja, não são secundárias à redu-
ção da função imunológica ou à alteração dos microrganismos comensais.
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MAPA MENTAL: FUNGOS E INFECÇÕES FÚNGICAS
INFECÇÕES FÚNGICAS
Fungos
Leveduras semelhantes a Fungos filamentosos Fungos dimórficos
leveduras
Trichophyton spp.,
Cryptococcus Candida Epidermophyton Histoplasma Coccidioides Blastomyces
Aspergillus fumigatus
neoformans albicans floccosum, capsulatum immitis dermatidis
Microsporum spp.
Doenças principais:
Doenças principais:
Doença principal: Sapinhos, Doença principal: Doença principal: Doença principal: Doença principal:
infecções na pele e
Meningite Candidíase Aspergilose pulmonar Histoplasmose Coccidioidomicose Blastomicose
nas unhas
sistêmica
Tratamentos
Tratamentos
Tratamentos Tratamentos comuns: Tratamentos Tratamentos Tratamentos
comuns:
comuns: Anfotericina, comuns: Voriconazol, comuns: comuns: comuns:
Itraconazol,
flucitosina, Fluconazol, anfotericina, Itraconazol, Itraconazol, Itraconazol,
terbinafina,
fluconazol itraconazol caspofungina, anfotericina anfotericina anfotericina
griseofulvina
outros azóis
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3. ANFOTERICINA B
A anfotericina B é um antifúngico poliênico natural produzido pelo Streptomyces
nodosus. Ela se liga ao ergosterol nas membranas plasmáticas das células dos fun-
gos sensíveis. Ali ela forma poros (canais) que precisam de interações hidrofóbicas
entre o segmento lipofílico do antifúngico polieno e o esterol. O poro desorganiza a
função da membrana, permitindo o vazamento de eletrólitos (particularmente potás-
sio) e pequenas moléculas, resultando na morte da célula.
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A anfotericina B é fungicida ou fungistática, dependendo do microrganismo e da
sua concentração. Ela é eficaz contra uma ampla variedade de fungos, incluindo
Candida albicans, Histoplasma capsulatum, Cryptococcus neoformans, Coccidioides
immitis, Blastomyces dermatitidis e várias cepas de Aspergillus. A anfotericina B
também é usada no tratamento de uma infecção por protozoário, a leishmaniose. A
resistência dos fungos, embora infrequente, está associada à diminuição do conteú-
do de ergosterol na membrana fúngica.
A anfotericina é muito pouco absorvida quando administrada oralmente, e essa
via é usada apenas para o tratamento das infecções fúngicas do trato gastrointesti-
nal superior. Pode ser utilizada topicamente, mas, no caso das infecções sistêmicas,
é, em geral, administrada através da formulação em lipossomos, ou outras prepara-
ções que contenham lipídios, por infusão intravenosa lenta. Isso melhora a farmaco-
cinética e reduz o peso considerável dos efeitos adversos.
A anfotericina está fortemente ligada à proteína, penetrando pouco nos tecidos e
nas membranas (ex.: a barreira hematoencefálica), embora seja encontrada em con-
centrações bastante elevadas nos exsudatos inflamatórios e possa atravessar a bar-
reira hematoencefálica mais prontamente quando as meninges estão inflamadas. É
eliminada muito lentamente através do rim, sendo seus traços encontrados na urina
por dois meses ou mais após o fim da administração.
As doses de anfotericina B intravenosa variam de 0,1 a 1,5 mg/kg por dia. A dose
habitual para a maioria das micoses sistêmicas é de 0,5 a 1 mg/ kg por dia. As doses
do complexo lipídico de anfotericina B são geralmente 5 mg/kg por dia. A dose de
anfotericina B lipossomal varia de 3 a 5 mg/kg por dia (dependendo da indicação),
enquanto o complexo de colesteril sulfato de anfotericina B é mais comumente ad-
ministrado em doses que variam de 3 a 4 mg/kg por dia.
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fármaco, mas com doses maiores permanecem lesões residuais. A azotemia é
agravada por outros fármacos nefrotóxicos, como aminoglicosídeos, ciclospori-
na, pentamidina e vancomicina, embora a hidratação adequada possa reduzir a
gravidade. Para minimizar a nefrotoxicidade, pode-se usar uma carga de sódio
com a infusão salina normal e a anfotericina B em base lipídica.
• Hipotensão: Pode ocorrer queda da pressão arterial tipo choque acompanhada
de hipopotassemia, exigindo suplementação de potássio. Deve-se ter cautela
em pacientes que usam digoxina e outros fármacos que podem causar flutua-
ções de potássio.
• Tromboflebites: A adição de heparina à infusão pode aliviar esse problema.
• A anfotericina B não deve ser administrada concomitantemente ou sequencial-
mente com outros agentes nefrotóxicos, se possível.
• Pacientes que recebem digoxina ou relaxantes musculares podem estar predis-
postos à toxicidade ou ao efeito aumentado desses agentes após hipocalemia
induzida por anfotericina B.
• Existem dados que vinculam anfotericina B e reações pulmonares agudas em
pacientes que recebem transfusões concomitantes de leucócitos, mas essas
reações também podem ocorrer sem as transfusões. As infusões de anfoterici-
na B devem ser o mais afastadas possível das transfusões de leucócitos.
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MAPA MENTAL: ANFOTERICINA B
Vias de administração:
Usos: Infecções
Oral (infecção do TGI
invasivas graves
superior), IV (principal)
Anfotericina B
Efeitos adversos:
febre e calafrios, lesão Via primária de eliminação:
renal, hipotensão, desconhecida
tromboflebites, anemia
Formulações à base
de lipídios: menor
nefrotoxicidade
4. FLUCITOSINA
A flucitosina (5-FC) é um agente antifúngico sintético ativo por via oral que se
mostra efetivo contra certa faixa limitada (principalmente leveduras) de infecções
fúngicas sistêmicas. Se administrada de forma isolada, comumente a resistência ao
fármaco ocorre durante o tratamento, de modo que é usualmente combinada com a
anfotericina no caso de infecções sistêmicas graves, como a candidíase e a meningi-
te criptocócica.
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Saiba mais! A flucitosina é um agente antifúngico originalmente
desenvolvido em 1957 como um antimetabólito. Embora não tenha encontrado
nenhum papel como agente antitumoral, é usado no tratamento de certas infec-
ções fúngicas.
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Figura 3: Mecanismo de ação da 5-FC. Legenda: 5-FdUMP, 5-fluorodesoxiuridina; 5’-monofosfato;
dTMP, desoxitimidina; 5’-monofosfato.
Fonte: Autoria Própria
A 5-FC é bem absorvida pela via oral. Distribui-se por toda a água corporal e pe-
netra bem no LCS. A 5-FU é detectável em pacientes e provavelmente resulta da
biotransformação da 5-FC pelas bactérias intestinais. A excreção do fármaco e seus
poucos metabólitos é por filtração glomerular, e a dosagem precisa ser ajustada em
pacientes com função renal comprometida.
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A 5-FC deve ser administrado por via oral em quatro doses divididas (25 mg/kg
em intervalos de 6 horas) em pacientes adultos e pediátricos. Embora o intervalo de
doses publicado de 5-FC em adultos com função renal normal seja de 100 a 150 mg/
kg por dia, recomenda-se que uma dose total de 100 mg/kg por dia não seja exce-
dida. Raramente existe uma indicação para doses superiores a 100 mg/kg por dia,
mas, se usado, o risco de toxicidade é significativo.
Os efeitos adversos incluem neutropenia, trombocitopenia reversível e depressão
dose-dependente da medula óssea. Deve-se ter cautela em pacientes submetidos
a radiação ou quimioterapia com fármacos que deprimem a medula óssea. Pode
ocorrer disfunção hepática reversível com elevação das transaminases e fosfatase
alcalina sérica. Distúrbios gastrintestinais (GI), como náuseas, êmese e diarreia, são
comuns, e pode ocorrer também enterocolite grave.
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Se liga! A terapia combinada de 5-FC com anfotericina B é reco-
mendada para o tratamento inicial de pneumonia criptocócica grave e menin-
goencefalite e, menos frequentemente, para infecções por candidíase invasivas
selecionadas. A 5-FC também é usada como parte de um regime totalmente
oral em combinação com fluconazol para meningoencefalite criptocócica em
países onde é difícil administrar anfotericina B. Devido a uma alta incidência de
resistência primária e/ou adquirida, o uso de flucitosina como monoterapia é
significativamente restrito.
Flucitosina
Usos: Pneumonia
criptocócica grave, Via primária de eliminação:
meningoencefalite, Renal
candidíase invasiva
Efeitos adversos:
neutropenia, trombocitopenia
reversível, depressão da
medula óssea, disfunção
hepática, distúrbios do TGI
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5. AZÓIS
Os azóis são um grupo de agentes fungistáticos sintéticos, com um amplo es-
pectro de atividade antifúngica. Clotrimazol, econazol, fenticonazol, cetoconazol,
miconazol, tioconazol e sulconazol se baseiam no núcleo imidazol, e itraconazol, po-
saconazol, voriconazol e fluconazol são derivados triazóis.
Os azóis inibem a C-14 α-desmetilase (uma enzima CYP450), bloqueando, assim,
a desmetilação do lanosterol em ergosterol, o principal esterol das membranas dos
fungos. A inibição da biossíntese do ergosterol desorganiza a estrutura e a função
da membrana, o que, por sua vez, inibe o crescimento da célula fúngica.
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isavuconazol demonstrem atividade semelhante contra a maioria das espécies de
Candida. Por exemplo, o fluconazol possui excelente atividade contra leveduras. O
itraconazol fornece um espectro estendido, mas a biodisponibilidade inconsistente
limita o uso desse agente em pacientes graves. O voriconazol é o agente de primeira
linha no tratamento da aspergilose invasiva, mas sua biodisponibilidade é impre-
visível e determinada geneticamente, está associada a efeitos colaterais únicos e
carece de atividade contra os Mucorales, agentes da mucormicose. Entre os azóis,
posaconazol e isavuconazol têm o mais amplo espectro de atividade. Ambos estão
disponíveis como formulações intravenosas e orais. O cetoconazol é ativo contra as
micoses endêmicas, dermatófitos e Candida spp.
Fluconazol
O fluconazol foi o primeiro membro da classe dos antifúngicos triazóis. Ele é o
menos ativo de todos os triazóis, com a maioria do seu espectro limitado a leveduras
e alguns fungos dimórficos. Não tem utilidade no tratamento da aspergilose ou da zi-
gomicose. Ele é altamente ativo contra C. neoformans e certas espécies de Candida,
incluindo C. albicans e C. parapsilosis. A resistência é uma preocupação com outras
espécies, incluindo C. krusei e C. glabrata. O fluconazol é usado na profilaxia contra
infecções fúngicas invasivas em receptores de transplantes de medula. Ele também
é o fármaco de escolha contra C. neoformans após tratamento de indução com an-
fotericina B e 5-FC e é usado no tratamento da candidemia e da coccidioidomicose.
O fluconazol é eficaz contra a maioria das formas mucocutâneas de candidíase. Ele
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é usado comumente como tratamento oral de dose simples contra vulvovaginite por
candidíase.
O fluconazol está disponível em formulações de uso oral ou IV. É bem absorvido
após administração oral e distribui-se amplamente pelos líquidos e tecidos do or-
ganismo. A maior parte do fármaco é excretada inalterada por via renal, e as doses
precisam ser reduzidas em pacientes com disfunção renal. Os efeitos adversos mais
comuns com o fluconazol são náuseas, êmese, cefaleia e urticária. Pode ocorrer he-
patotoxicidade, e o fármaco deve ser usado com cautela em pacientes com disfun-
ção hepática.
Itraconazol
O itraconazol é um triazol sintético que tem amplo espectro antifúngico compa-
rado com o fluconazol. O itraconazol atualmente é o fármaco de escolha para o tra-
tamento de blastomicose, esporotricose, paracoccidioidomicose e histoplasmose.
Ele raramente é usado para o tratamento de infecções por espécies de Candida e
Aspergillus, devido à disponibilidade de fármacos novos e mais eficazes.
O itraconazol está disponível em duas formas farmacêuticas de uso oral: cápsula
e solução oral. A cápsula oral deve ser ingerida com alimento e idealmente com uma
bebida ácida, para aumentar a absorção. Em contraste, a solução deve ser tomada
com o estômago vazio, pois a alimentação diminui sua absorção. O fármaco se dis-
tribui bem na maioria dos tecidos, incluindo ossos e tecido adiposo. O itraconazol é
biotransformado extensamente no fígado, e o fármaco e seus metabólitos são ex-
cretados na urina e nas fezes. Os efeitos adversos incluem náuseas, êmese, urticária
(especialmente nos pacientes imunocomprometidos), hipopotassemia, hipertensão,
edema e cefaleia. Pode ocorrer hepatotoxicidade, especialmente quando é adminis-
trado com outros fármacos que afetam a fígado. O itraconazol tem efeito inotrópico
negativo e deve ser evitado em pacientes com evidência de disfunção ventricular,
como insuficiência cardíaca.
Posaconazol
Posaconazol, um triazol sintético, é um antifúngico de amplo espectro estrutu-
ralmente similar ao itraconazol. Ele está disponível como suspensão e comprimido
orais e como formulação IV.
O posaconazol é usado comumente para tratamento e profilaxia de infecções in-
vasivas por Candida e Aspergillus em pacientes gravemente imunocomprometidos.
Devido ao amplo espectro de atividade, o posaconazol é usado também no tratamen-
to de infecções fúngicas invasivas causadas por Scedosporium e Zygomycetes.
O posaconazol tem baixa biodisponibilidade oral e deve ser administrado com
alimentos. Embora o posaconazol tenha meia-vida longa, a suspensão é adminis-
trada em doses divididas ao longo do dia devido à absorção saturável no intestino;
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o comprimido é administrado uma vez ao dia. Diferentemente dos outros azóis, o posa-
conazol não é biotransformado no fígado pela CYP450, mas é eliminado por glicuroni-
dação. Os efeitos adversos mais comuns incluem distúrbios gastrointestinais (náuseas,
êmese e diarreia) e cefaleia. Como outros azóis, o posaconazol pode causar elevação
nas transaminases hepáticas séricas. Fármacos que alteram o pH gástrico (ex.: inibido-
res da bomba de prótons) podem diminuir a absorção oral de posaconazol e devem ser
evitados quando possível. Devido à potente inibição da CYP3A4, o uso concomitante de
posaconazol com inúmeros fármacos (ex.: alcaloides do Ergot, atorvastatina, citalopram,
risperidona, pimozida e quinidina) é contraindicado.
Voriconazol
O voriconazol, um triazol sintético relacionado com o fluconazol, tem a vantagem
de ser de amplo espectro antifúngico disponível em formas de dosagem oral e IV. O
voriconazol substituiu a anfotericina B como o fármaco de escolha contra aspergi-
lose invasiva. Está aprovado para o tratamento de candidíase invasiva, bem como
infecções graves causadas por espécies de Scedosporium e Fusarium.
O voriconazol tem alta biodisponibilidade oral e penetra bem em todos os teci-
dos. A eliminação é primariamente por biotransformação pelas enzimas CYP450. O
voriconazol possui cinética não linear, que pode ser afetada por interações com fár-
macos, e variabilidade farmacogenética, particularmente polimorfismo CYP2C19. Os
efeitos adversos são similares aos dos outros azóis; contudo, concentrações eleva-
das e constantes são associadas com alucinações visuais e auditivas e aumento da
incidência de hepatotoxicidade.
O voriconazol não só é substrato, mas também inibidor das isoenzimas CYP2C19,
2C9 e 3A4. Inibidores e indutores dessas enzimas podem impactar nas concentra-
ções de voriconazol, causando toxicidade ou falha clínica, respectivamente. Além
disso, fármacos que são substratos dessas enzimas são impactados pelo voricona-
zol. Devido às significativas interações, o uso do voriconazol é contraindicado com
vários fármacos (ex: rifampicina, rifabutina, carbamazepina e a erva-de-são-joão).
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Fármacos exibindo concentrações plasmáticas elevadas quando admi-
nistrados simultaneamente aos agentes azóis antifúngicos
Fármacos exibindo concentrações plasmáticas elevadas quando
administrados simultaneamente aos agentes azóis antifúngicos
Antiácidos
- + -
(simultâneo)
Barbituratos + +
Carbamazepina + + + +
Antagonistas do
+ +
H2
Didanosina +
Efavirenzo + +
Nevirapina + +
Inibidores da bom-
- - + +
ba de próton
Fenitoína - + + +
Rifampicina + + + +
Rifabutina + + +
Ritonavir + +
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Algumas combinações adicionais de azóis contraindicadas
Fármaco Fluconazol Voriconazol Itraconazol Posaconazol
Alfuzosina X X X
Artemeter X X
Bepridil X
Clopidogrel X
Conivaptana X X X X
Dabigatrana X
Darunavir X
Dronedarona X X X X
Everolimos X X X X
Lopinavir X
Lumefantrino X X
Mesoridazina X
Nilotinibe X X X X
Quinino X X
Rivaroxabana X X
Salmeterol X X X
Silodosina X X X
Erva-de-são-joão X
Tetrabenazina X X
Tioridazina X X
Tolvaptana X X X
Tolvaptana X X
Topotecana X
Ziprasidona X X
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MAPA MENTAL: AZÓIS
Fluconazol Itraconazol
Voriconazol Posaconazol
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6. EQUINOCANDINAS
As equinocandinas são compostas por um anel de seis aminoácidos ligados a
uma cadeia lateral lipofílica. Todos os fármacos nesse grupo são modificações sin-
téticas da equinocandina B, que é encontrada naturalmente no Aspergillus nidulans.
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tolerados, podendo apresentar, como efeitos adversos, febre, urticária, náuseas e
flebite no local da injeção. Eles também causam reação tipo histamina (ruborização)
quando infundidos muito rapidamente.
A caspofungina é a primeira opção para pacientes com candidíase invasiva, incluindo
candidemia, e a segunda opção para a aspergilose invasiva em pacientes nos quais a
anfotericina B ou o azol falharam ou não foram tolerados. A dose de caspofungina não
precisa ser ajustada na insuficiência renal, mas é necessária na disfunção hepática,
mesmo moderada. A administração concomitante da caspofungina com certos induto-
res das enzimas CYP450 (ex.: rifampicina) pode necessitar de aumento da dose diária
administrada. A caspofungina não deve ser administrada junto com ciclosporina, devido
à alta incidência de aumento das transaminases hepáticas no uso concorrente.
Micafungina e anidulafungina são opções de primeira linha para o tratamento de
candidíase invasiva, incluindo candidemia. A micafungina também é indicada para a
profilaxia de infecção invasiva por Candida em pacientes que serão submetidos ao
transplante de células-tronco. Micafungina e anidulafungina não necessitam ser ajusta-
das na insuficiência renal nem na disfunção hepática leve ou moderada. A anidulafun-
gina pode ser administrada em disfunção hepática grave, mas a micafungina não foi
estudada nessa condição. Elas não são substratos para as enzimas CYP450 e não têm
interações farmacológicas conhecidas.
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MAPA MENTAL: EQUINOCANDINAS
Local de ação:
síntese da parede celular
Classe mais
Equinocandinas Vias de administração: IV
tolerada e mais segura
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7. FÁRMACOS USADOS CONTRA
MICOSES CUTÂNEAS
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A terbinafina oral é o fármaco de escolha para o tratamento da dermatófito-onico-
micose (infeção fúngica das unhas). Ela é mais bem tolerada, requer menor duração
de tratamento e é mais eficaz do que itraconazol ou griseofulvina. O tratamento é
longo (em geral, cerca de 3 meses). Também pode ser usada contra Tinea capitis (in-
fecção do escalpo). Terbinafina tópica (pomada, gel ou solução a 1%) é usada para
combater Tinea pedis, Tinea corporis (ringworm) e Tinea cruris (infecção da virilha).
A duração do tratamento em geral é de 1 semana.
A terbinafina é ativa contra Trichophyton. Também pode ser eficaz contra Candida,
Epidermophyton e Scopulariopsis, mas a eficácia no tratamento de infecções clíni-
cas destes patógenos não está estabelecida.
A terbinafina está disponível para administração oral e tópica, embora sua biodis-
ponibilidade seja de apenas 40%, devido à biotransformação de primeira passagem.
É extensamente ligada às proteínas plasmáticas e se deposita na pele, nas unhas e
no tecido adiposo. Ela se acumula no leite e, por isso, não deve ser administrada a
lactantes. A longa meia-vida terminal, de 200 a 400 horas, pode refletir a lenta libe-
ração desses tecidos. A terbinafina oral é extensamente biotransformada por várias
isoenzimas CYP450 e é excretada principalmente via urina. Ela deve ser evitada em
pacientes com insuficiência renal moderada e grave ou disfunção hepática.
Os efeitos adversos mais comuns da terbinafina incluem distúrbios gastrointesti-
nais (diarreia, dispepsia e náuseas), cefaleia e urticária. Foram relatados distúrbios
de paladar e visão, bem como elevação temporária das transaminases hepáticas no
soro. A terbinafina é um inibidor da isoenzima CYP2D6, e o uso concomitante com
substratos dessa isoenzima pode resultar em aumento do risco de efeitos adversos
desses fármacos.
A naftifina é ativa contra Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton. Creme e
gel de naftifina a 1% são usados topicamente contra Tinea corporis, Tinea cruris e
Tinea pedis. Em geral, a duração do tratamento é de 2 semanas.
A butenafina é ativa contra Trichophyton rubrum, Epidermophyton e Malassezia.
Como a naftifina, a pomada de butenafina a 1% é usada topicamente para combater
infecções por Tinea.
Griseofulvina
A griseofulvina causa ruptura do fuso mitótico e inibição da mitose do fungo. Ela
foi amplamente substituída pela terbinafina oral para o tratamento de onicomicose,
embora continue em uso contra dermatofitoses do escalpo e dos cabelos. A griseo-
fulvina é fungistática e requer longa duração do tratamento (ex.: 6-12 meses contra
onicomicose).
Preparações cristalinas ultrafinas são adequadamente absorvidas no trato GI
(TGI); a absorção aumenta com alimentos ricos em gordura. A griseofulvina se con-
centra na pele, nos pelos, nas unhas e no tecido adiposo. Ela induz à atividade da
CYP450 hepática, o que aumenta a velocidade de biotransformação de inúmeros
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fármacos, incluindo anticoagulantes. O uso da griseofulvina é contraindicado em
gestantes e pacientes com porfiria.
Nistatina
A nistatina é um antifúngico poliênico, e sua estrutura, química, mecanismo de
ação e perfil de resistência se assemelham aos da anfotericina B. Ela é usada para o
tratamento de infecções cutâneas e orais por Candida. A absorção no TGI é desprezí-
vel, e não é usada por via parenteral devido à toxicidade sistêmica (efeitos adversos
relacionados à infusão aguda e nefrotoxicidade). Ela é administrada como um fárma-
co oral (“gargareje e engula” ou “gargareje e cuspa”) para o tratamento da candidíase
orofaríngea (afta, sapinho); intravaginal, contra candidíase vulvovaginal; e tópico,
contra candidíase cutânea. Os efeitos adversos são raros após administração oral,
mas náusea e êmese ocorrem ocasionalmente. Formas tópicas e vaginais podem
causar irritação cutânea.
Imidazóis
Os imidazóis são derivados azóis e atualmente incluem butoconazol, clotrimazol,
econazol, cetoconazol, miconazol, oxiconazol, sertaconazol, sulconazol, terconazol e
tioconazol. Como classe de fármacos tópicos, eles têm ampla faixa de atividade con-
tra Epidermophyton, Microsporum, Trichophyton, Candida e Malassezia, dependendo
do fármaco. Os imidazóis tópicos têm uma variedade de usos, incluindo Tinea corpo-
ris, Tinea cruris, Tinea pedis e candíase orofaríngea e vulvovaginal.
O uso tópico está associado à dermatite de contato, à irritação vulvar e ao edema.
O clotrimazol também está disponível como pastilha (trocisco), e o miconazol, como
um comprimido bucal para o tratamento de aftas.
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Ciclopirox
O ciclopirox inibe o transporte de elementos essenciais na célula fúngica, in-
terrompendo a síntese de DNA, RNA e proteínas. Ele é eficaz contra Trichophyton,
Epidermophyton, Microsporum, Candida e Malassezia. Está disponível em formula-
ção injetável. Xampu com ciclopirox a 1% é usado contra dermatite seborreica. Tinea
pedis, Tinea corporis, Tinea cruris, candidíase cutânea e Tinea versicolor podem ser
combatidas com pomada, gel ou suspensão a 0,77%.
Tolnaftato
O tolnaftato distorce as hifas e interrompe o crescimento micelial dos fungos
suscetíveis. Ele é ativo contra Epidermophyton, Microsporum e Malassezia furfur. O
tolnaftato não é eficaz contra Candida. O tolnaftato é usado para tratar Tinea pedis,
Tinea cruris e Tinea corporis. Está disponível como pó, creme e solução a 1%.
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MAPA MENTAL: GERAL
Antifúngicos
Antibióticos
Sintéticos
antifúngicos
Pirimidinas
Polienos Equinocandinas Azóis
fluoradas
Usados contra
micoses cutâneas
Inibidores da
esqualeno Griseofulvina Nistatina Imidazóis Ciclopirox Tolnaftato
epoxidase
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REFERÊNCIAS
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2016.
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Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.
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