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Direito Coletivo do Trabalho

Ementa: Aula 1
✓ Introdução do Dir. Coletivo do Trabalho
✓ Esboço Histórico
✓ Objeto
✓ Denominação
✓ Conceito
✓ Problema da Autonomia
✓ Liberdade Sindical
✓ Conceito
✓ Classificação
✓ Liberdade Sindical e o posicionamento da OIT
✓ Organização Sindical
Introdução ao Dir. Coletivo do Trabalho

Esboço Histórico
O direito coletivo do trabalho nasce com o reconhecimento do
direito de associação dos trabalhadores, o que efetivamente só se
deu após a Revolução Industrial no séc. XVIII.

1. Desaparecimento das corporações de ofício;


2. 1720 ➔ surge o direito coletivo do trabalho, em Londres,
primeiras associações de trabalhadores, reivindicando
melhores salários e limitação na jornada de trabalho;
3. 1824, a chamada fase de tolerância aos sindicatos, no dia 21
de junho o parlamento Inglês editou o Ato Normativo
permitindo aos trabalhadores reunirem-se, embora ainda não
reconhecesse o direito de greve;
4. A primeira Constituição que permitiu o direito de livre
sindicalização foi a do México, de 1917, art. 123;
5. A Constituição de Weimar de 1919, foi considerada a primeira
constituição europeia a tratar de direito coletivo do trabalho;
6. Art. XXIII da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de
1948, afirma: “”; Toda pessoa, todo homem tem direito a
organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus
interesses.
7. A OIT editou diversos tratados sobre o tema, os mais
importantes: Convenção 87 (1948 ➔ Ainda não ratificada
pelo Brasil) e a Convenção 98 que trata da Negociação
Coletiva;
Introdução ao Dir. Coletivo do Trabalho
Esboço Histórico

8. No Brasil, o berço do Dir. Col. do Trabalho surge das Ligas


Operárias, como a de Socorros Mútuos (1872), Resistência dos
Trabalhadores em Madeireiras (1901), Operários de Couro
(1901) e a das Costureiras (1906);

8. Posteriormente foram criados as Uniões Operárias (União dos


Trabalhadores em Fábricas de Tecidos = 1907), União dos
Empregados no Comércio (1903), União Geral dos Chapeleiros
(1904), União dos Trabalhadores Gráficos (1904) etc.;

Obs: A expressão “Sindicato” passou a ser muito utilizada a partir


do ano de 1903, visto que os primeiros sindicatos criados por
normas estatais de 1903 foram: o Sindicato dos Trabalhadores
Rurais (Decreto 979) e o Sindicato dos Trabalhadores Urbanos
(decreto 1.637).
Introdução ao Dir. Coletivo do Trabalho
Objetivo

O Direito Coletivo do Trabalho ocupa-se das relações coletivas de


trabalho, isto é, das relações jurídicas nas quais os seus titulares
atuam, em regra, na qualidade de representantes de grupos sociais
e econômicos.

Denominação

Na doutrina, há duas expressões utilizadas para denominar esta


disciplina: Direito Coletivo do Trabalho ou Direito Sindical.

Conceito

Corrente Subjetivista: Ao conjunto de leis sociais que consideram


os empregados e empregadores coletivamente reunidos,
principalmente na forma de entidades sindicais, dá-se o nome de
direito coletivo do trabalho. (Cesarino Júnior)

Corrente Objetivista: Toma como ponto de partida , não os


sujeitos, mas as normas jurídicas, isto é, a matéria tratada no
direito coletivo do trabalho. No entanto esta corrente acaba por
admitir a inserção dos sujeitos na conceituação: Os grupos
profissionais ou sindicais.
Introdução ao Dir. Coletivo do Trabalho
Conceito

Corrente Mista: A corrente mista congrega tanto os aspectos


subjetivos como os objetivos. Segundo o Professor Amauri
Mascaro Nascimento: “é o ramo do direito do trabalho que tem
por objetivo o estudo das relações coletivos de trabalho e essas
são as relações jurídicas que têm como sujeitos grupos de pessoas
e como objetos interesses coletivos.”

Problema da Autonomia
É possível identificar três correntes doutrinárias que procuram
enquadrar a posição enciclopédica do direito coletivo do trabalho
na ciência do direito. A primeira afirma a unidade do direito do
trabalho; a segunda advoga a autonomia do direito coletivo do
trabalho e a terceira, embora não se firme a autonomia do coletivo
direito do trabalho, admite que este se encontra em fase de
transição.
Introdução ao Dir. Coletivo do Trabalho
Teoria da Unidade do direito do trabalho
Para esta corrente, o direito do trabalho nada mais é do que um
segmento, uma parte, do direito do trabalho. Vale dizer, o direito
do trabalho é o gênero, sendo espécies o direito individual do
trabalho e o direito coletivo do trabalho.

Vale a leitura da obra de:


✓ José Martins Catharino (Tratado elementar de direito sindical.
São Paulo : Ltr, 1977), o texto referente esta teoria está na
página 69;

✓ Mozart Victor Russomano (Princípios gerais de direito sindical.


2ª edição. Rio de Janeiro : Forense, 1997), o texto referente
esta teoria está na página 49/50; e

✓ Cesarino Júnior (Direito Sindical. São Paulo : LTr, 1980), o texto


referente esta teoria está na página 26.
Introdução ao Dir. Coletivo do Trabalho
Teoria da Autonomia do Direito Coletivo do Trabalho
Para esta corrente, em primeiro lugar destaca que os sujeitos
participantes do direito coletivo do trabalho, não são os mesmos
que participam do direito do trabalho .

Teoria da Autonomia do Direito Coletivo do Trabalho em Fase de


Transição
Para esta corrente não chega a afirmar solenemente a autonomia
do direito coletivo do trabalho, mas admite a sua crescente
independência.
Liberdade Sindical
O sindicalismo teve origem nas lutas e reivindicações da classe
operária, fato que traduz, necessariamente, a ideia de liberdade do
indivíduo não só frente ao Estado, mas também frente a outros
indivíduos: os detentores de capital e dos meios de produção.

✓ O que vem a ser liberdade sindical?


A expressão liberdade sindical pode ser analisada sob diversas
perspectivas.

✓ Forma metodológica: Concerne a todo o direito sindical, desde


as suas raízes históricas até as novas estruturas sociais,
políticas, econômicas e jurídicas contemporâneas.

✓ Forma Conceitual: Tem por objetivo o conteúdo da liberdade


sindical e suas diversas manifestações, de maneira a se conferir
garantias aos sindicatos para que estes possam alcançar e
cumprir os seus objetivos maiores.
Liberdade Sindical
Conceito
Um direito ou conjunto de direitos que se atribui, enquanto
titulares dos mesmos, ao sindicato ou à organização patronal.
(Gros Espiell).

✓ Segundo a observação de José Francisco Siqueira Neto:


“para que haja liberdade sindical efetiva, necessária se faz a
existência de um ordenamento jurídico que viabilize o exercício da
liberdade sindical sem qualquer tipo de restrição, seja em relação à
organização, seja em relação à negociação coletiva e, também, em
relação ao direito de greve.”
Liberdade Sindical
Classificação
Há várias classificações doutrinárias acerca da liberdade sindical,
vejamos:

✓ Liberdade de Associação: Não basta que a ordem jurídica


garanta a existência de sindicatos, porquanto a liberdade
sindical é um juízo de valor, dependendo do modo como o
sindicato, numa dada ordem jurídica, é concebido, se relaciona
com o Estado, com seus congêneres e com seus representados.

✓ Liberdade de organização: O direito de organização funciona


no sentido de inibir o Estado de praticar atos que possam ferir
o direito subjetivo de liberdade, e atua como uma garantia
constitucional deferida aos grupos, não admitindo, por
exemplo, uma legislação com a qual o Estado venha a
determinar com caráter de exclusividade os fins ou as formas
organizativas da realidade sindical.

✓ Liberdade de Administração: A liberdade de administração


sindical exige a presença de dois requisitos: a democracia
interna e a autarquia externa. A primeira representa a garantia
de que, internamente, haverá legitimidade das relações entre
os sócios, permitida a livre disputa do Poder. A segunda
garante a inexistência, do lado externo, de qualquer tipo de
pressão que interfira na Administração da entidade.
Liberdade Sindical
Classificação

✓ Liberdade do Exercício das Funções: Tem por objeto assegurar


os meios para que o sindicato possa exercer as funções de
representação, de negociação, assistenciais, de cobrar
contribuições, de colaborar com o Poder Público etc.

✓ Garantias aos Dirigentes Sindicais: Protege a ação sindical,


mediante repressão à conduta antissindical, proibição de atos
desleais. Aqui também se encaixa a garantia de estabilidade no
emprego conferida aos dirigentes sindicais.

✓ Liberdade de Filiação: Também denominada liberdade


negativa: “ninguém está obrigado a ingressar ou a não
ingressar em um sindicato.”

✓ Em relação ao indivíduo: Consiste na liberdade de aderir, de não


se filiar ou de demitir de um sindicato.

✓ Em relação ao Grupo Profissional: Caracteriza-se pela liberdade de


fundar um sindicato; de denominar o quadro sindical na ordem
profissional e territorial; de estabelecer relações entre sindicatos
para formar agrupações mais amplas; para fixar as regras
internas;, formais e de fundo para regular a vida sindical; nas
relações entre sindicalizado e o grupo profissional etc.
Liberdade Sindical
Classificação

✓ Liberdade de Filiação: (...)

✓ Em relação ao Estado: Tem por fundamento a independência do


sindicato em relação ao Estado; o conflito entre a autoridade e o
Estado e a ação sindical; integração dos sindicatos no estado.
Organização Sindical
Natureza Jurídica
✓ Pessoa Jurídica de direito público: Nos países totalitários não
há liberdade sindical. Os sindicatos não têm qualquer
autonomia perante o Estado. São, ao revés, órgãos do próprio
Estado, do qual dependem diretamente. São exemplos de
sindicatos de natureza publicíscista os sindicatos nos países
que integram o antigo bloco socialista e os que existiam na
Itália fascista.

✓ Pessoa Jurídica de direito privado: Quando o sindicato tem


plena autonomia perante o Estado, sua disciplina jurídica
resulta do seu poder normativo ou de normas que o situam
como associação nos moldes do direito comum, aflora aí a sua
natureza de pessoa jurídica de direito privado, embora com
algumas peculiaridades, para que possa cumprir sua função
precípua em defesa de interesses de grupos.

✓ Modelo brasileiro: Pessoa jurídica de direito provado que


exerce a função de defender os interesses coletivos dos
membros da categoria que representa, bem como os
interesses individuais dos membros da respectiva categoria,
não mais desempenhando, como antes de 1988, funções
delegadas ao Poder Público.
Organização Sindical
Critérios de Representação Sindical
Tendo em vista que a árvore sindical brasileira é bifurcada em dois
ramos – um, integrado pelos trabalhadores e outro, pelos
empregadores - , é possível encontrar alguns critérios que
procuram explicar a base sociológica sobre a qual o sindicato se
assenta. Tudo dependerá do modelo sindical a ser adotado pelo
respectivo Estado.

Sindicato por Profissão: Reúne todos os que militam numa


determinada atividade profissional, independentemente da
empresa ou do setor de atividade em que trabalhem.

Sindicato por empresa: Aquele representativo de todos os


trabalhadores que laboram numa empresa, independentemente
da profissão que nela exerçam.

Obs.: No Brasil atotamos, como regra, o sindicalismo por categoria


econômica e profissional, admitindo, excepcionalmente, o
sindicato por profissão, também chamado de categoria profissional
diferenciada (CLT, art. 511, §3º).
Organização Sindical
Súmula 374 do TST
Empregado integrante de categoria profissional diferenciada não
tem o direito de haver de seu empregador vantagens previstas em
instrumento coletivo no qual a empresa não foi representada por
órgão de classe de sua categoria.
Organização Sindical
Do Registro Sindical
O art. 8º, I da CRFB/88 preceitua que:
“A lei não poderá exigir autorização do Estado para fundação de
sindicato, ressalvando o registro no órgão competente, vedadas ao
Poder Público a interferência e a intervenção na organização
sindical.”

Súmula 677 do STF


“Até que a lei venha a dispor a respeito, incumbe ao Ministério do
Trabalho preceder ao registro das entidades sindicais e zelar pela
observância do princípio da unicidade.”

Obs.: A solicitação de registro é regida pela Portaria MTE 186/08 e


é realizada por meio de formulário eletrônico, cabendo ao
Secretário de Relações do Trabalho decidir, fundamentadamente, a
solicitação.
Organização Sindical
Da Administração do Sindicato
No ordenamento jurídico pátrio, o sindicato é administrado nos
termos dos seus estatutos, os quais, no entanto, devem observar
as regras estabelecidas na legislação pertinente.

De acordo com o art. 522 da CLT, a administração do sindicato será


exercida por uma diretoria constituída no máximo de sete e no
mínimo de três membros e de um Conselho Fiscal composto de
três membros, eleitos esses órgãos pela assembleia geral.

Constituem órgãos da estrutura interna dos sindicatos:

Assembléia geral: seu órgão soberano, que é constituída dos


associados do sindicato, com direito a voto nas suas deliberações
de sua competência.

Conselho Fiscal: Integrado por três membros eleitos pela


assembléia geral, a quem compete a fiscalização da gestão
financeira.

Diretoria: que é órgão executivo na estrutura sindical eleito pela


assembléia geral, é constituída de no mínimo de três e no máximo
de sete membros, dentre os quais um será eleito, pelos demais
diretores, presidente do sindicato.
Organização Sindical
Da Administração do Sindicato

Obs.: Os membros da diretoria e do conselho fiscal são destinatários da


garantia provisória no emprego, a partir do registro da candidatura, e,
se eleitos, ainda que suplentes, até um ano após o final do mandato,
salvo se cometerem falta grave nos termos da lei (CRFB/88, art. 8º, VIII
c/cCLT art. 493).

Súmula 369 do TST


DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item I
alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res.
185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
I - É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente
sindical, ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da
eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º,
da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra
na vigência do contrato de trabalho.

II - O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de


1988. Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º,
da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes.

III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só


goza de estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à
categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente.

IV - Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base


territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade.

V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical


durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe
assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543
da Consolidação das Leis do Trabalho.
Organização Sindical
Recursos Financeiros
São Basicamente quatro as fontes dos recursos financeiros das
entidades sindicais:

Contribuição Confederativa: Criada pela CRFB/88, art. 8º, IV, é


destinada ao custeio do sistema confederativo sindical brasileiro,
sendo fixada pela assembléia geral. Não havendo natureza
tributária, não depende, portanto, de lei para sua instituição,
inclusive, somente é devida aos trabalhadores ou empregadores
filiados à entidade sindical correspondente.

Contribuição Sindical: Trata-se de receita sindical prevista no art.


579 da CLT, sendo devida por todos que participem de uma
determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma
profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma
categoria ou profissão. Caso não exista tal sindicato, a contribuição
sindical será devida à federação correspondente à mesma
categoria econômica ou profissional, nos termos do art. 591 da CLT.

Mensalidade Sindical: A mensalidade sindical é uma espécie de


receita sindical prevista no respectivo estatuto, sendo constituída
de pagamentos realizados exclusivamente pelos associados
inscritos na entidade sindical.
Organização Sindical
Recursos Financeiros
Taxa Assistencial: Esta espécie de receita sindical é fixada em acordos,
convenções ou sentença normativa, como forma de custeio das
despesas realizadas durante a negociação coletiva de trabalho.

Precedente Normativo 119 do TST


CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS - INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS
CONSTITUCIONAIS – (mantido) - DEJT divulgado em 25.08.2014
A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o
direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade
de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou
sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade
sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo,
assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da
mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo
nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis
de devolução os valores irregularmente descontados.

OJ 17 do SDC – TST
CONTRIBUIÇÕES PARA ENTIDADES SINDICAIS. INCONSTITUCIONALIDADE
DE SUA EXTENSÃO A NÃO ASSOCIADOS. (mantida) - DEJT divulgado em
25.08.2014
As cláusulas coletivas que estabeleçam contribuição em favor de
entidade sindical, a qualquer título, obrigando trabalhadores não
sindicalizados, são ofensivas ao direito de livre associação e
sindicalização, constitucionalmente assegurado, e, portanto, nulas,
sendo passíveis de devolução, por via própria, os respectivos valores
eventualmente descontados.

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