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28/11/2014 Unidade 4 ­ “Mais que nunca é preciso cantar...

” (de 0h30 a 2h00 de dedicação)

Unidade 4 ­ “Mais que


nunca é preciso cantar...”
(de 0h30 a 2h00 de
dedicação)

Unidade 4 ­ “Mais que nunca é preciso cantar...”

Site: EaD2 ­ SEaD/UFSCar


Curso: Educação Musical ­ prática e ensino 6 ­ G5 (EM)
Livro: Unidade 4 ­ “Mais que nunca é preciso cantar...” (de 0h30 a 2h00 de dedicação)
Impresso por: Edvaldo Luis Sbrissa 478482
Data: sexta, 28 novembro 2014, 09:47

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28/11/2014 Unidade 4 ­ “Mais que nunca é preciso cantar...” (de 0h30 a 2h00 de dedicação)

Sumário
Unidade 4 ­ “Mais que nunca é preciso cantar...”
4.1. Primeiras palavras
4.2. Problematizando o tema
4.3. Texto Básico para Estudos
4.3.1. Grupos Vocais
4.3.2. Questões que se aplicam a todos os grupos vocais
4.3.3. Reflexões sobre a aplicação nos grupos vocais das propostas dos educadores musicais da
primeira geração.
4.4. Considerações finais
4.5. Atividades de aplicação, prática e avaliação
4.6. Estudos complementares
4.6.1. Saiba mais...
4.6.2. Outras sugestões de fontes de informação (links, revistas, filmes etc.)
4.6.3. Referências bibliográficas
Dicas para o Educador Musical

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Unidade 4 ­ “Mais que nunca é preciso


cantar...”
Unidade 4 ­ “Mais que nunca é preciso cantar...”

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4.1. Primeiras palavras


O título desta Unidade foi baseado na Canção de Carlos Lyra e Vinícius de Moraes, intitulada
Marcha de quarta­feira de cinzas,

“E no entanto é preciso cantar,


Mais que nunca é preciso cantar,
É preciso cantar e alegrar a cidade”

Nesta unidade vamos voltar o nosso olhar para os diversos grupos vocais que podemos formar
e vamos discutir maneiras de aplicar as abordagens e propostas dos diferentes educadores
musicais, da primeira geração, para desenvolver o nosso trabalho.

Na Disciplina Introdução aos Métodos, Técnicas e Fundamentos em Educação Musical você


teve a oportunidade de conhecer diferentes abordagens relativas à alfabetização musical, à
musicalização e à educação musical.

Espero que você tenha compreendido a importância destas abordagens que servirão de
referencial teórico para a construção do seu conhecimento enquanto educador musical.

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4.2. Problematizando o tema


O tema desta Unidade vai nos ajudar a pensar na possibilidade de realizarmos a difusão da
cultura musical através de grupos vocais amadores ou profissionais, uma vez que cantar,
participar de ensaios ou de apresentações musicais proporcionará o fazer musical.

A educação musical deveria ter tanta importância no Brasil quanto teve na Grécia, que sempre
tem sido para nós do Ocidente, um ponto de apoio. No entanto a ausência da música na grade
curricular trouxe algumas perdas que, a meu ver, precisam ser recuperadas. Isto será possível se
trouxermos a educação musical de volta ao cotidiano das pessoas.

Kodály, educador musical e compositor húngaro, afirma: “A educação musical contribui para
o desenvolvimento de diversas faculdades da criança, não afetando apenas suas atitudes
especificamente musicais, mas também sua percepção em geral, capacidade de concentração,
reflexos condicionados, horizonte emocional e cultura física”. (SZÖNYI, 1996, p.18)

Nesta Unidade apresentamos algumas idéias, para o futuro educador, sobre a utilização da voz
que auxiliarão no desenvolvimento destes fatores proporcionando aumento da qualidade de
vida.

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4.3. Texto Básico para Estudos

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4.3.1. Grupos Vocais


Como vimos anteriormente o canto é uma forma de expressão, praticado por todas as culturas.
É uma atividade comunitária e deveria ser acessível a todos. A esta atividade de Cantar em
Grupo dá­se o nome de Canto Coral. O termo Coro é italiano e vem do original grego Chóros.
Em sua origem Chóros representava um conjunto de aspectos: Poesia, Canto e Dança.

O Canto Coral é uma atividade socializadora por excelência, tendo como característica
principal a união. União nas vozes, na harmonização dos sons, dos ritmos, dos sentimentos e
dos interesses. Sendo assim, deveria ser uma atividade básica e um prolongamento da
Educação Musical. Uma excelente oportunidade de reunir e unir as pessoas para fazerem
música. Este é um espaço que ainda pode ser conquistado e ampliado em nossa sociedade.

A pessoa que prepara e ensina o grupo coral recebe o título de Regente Coral. O Regente Coral
tem grande responsabilidade nos ensaios e deve saber cantar corretamente.

Na prática do canto coral faz­se necessário a educação da voz. À atividade de educação da voz
dá­se o nome de Técnica Vocal e aos exercícios vocais, Vocalizes.

A colocação da voz não pode ser esquematizada por regras


simplistas. Cada cantor deve achar, através do exercício, o
ponto exato onde sua voz esteja bem colocada. Isto não se
consegue em poucos ensaios, nem dizendo teoricamente como
fazê­lo. (...) Com um trabalho paciente, sem exageros,
consegue­se milagres. (ZANDER, 1979, p. 205)

O Regente

Um bom Educador Musical deveria ser um bom Regente Coral.

O Regente precisa desenvolver uma comunicação não verbal com o Grupo Coral, para isso
alguns aspectos tornam­se fundamentais e devem ser desenvolvidos.

* Mantenha contato visual


* Use as mãos expressivamente
* Reja os cantores e não a partitura
* Trate a todos com amabilidade e não como ditador
* Cuidado com “maneirismos” (aquelas coisas que podem distrair os cantores)

Lembre­se que a atitude do regente pode causar tensão inconsciente nos cantores. Se o regente
estiver com uma postura tensa diante do grupo essa tensão pode se refletir no grupo.

Classificação das Vozes

Atualmente a classificação das vozes para um grupo coral é a seguinte:

VOZES FEMININAS:
Soprano – voz aguda
Meio­Soprano – voz intermediária entre o Soprano e o Contralto
Contralto – voz grave

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VOZES MASCULINAS:
Tenor – voz aguda
Barítono – voz intermediária entre o Tenor e o Baixo
Baixo – voz grave

Ao fazer uma classificação vocal é necessário observar o timbre e a tessitura1 e não somente a
extensão2 . Para se fazer uma classificação exige­se muita observação e habilidade por parte do
professor, pois é esperado que o aluno esteja bem à vontade, cantando com naturalidade. Após
um período é conveniente fazer uma revisão geral na classificação das vozes, pois as vozes vão
se desenvolvendo conforme vão sendo trabalhadas.

Cabe ao Regente fazer uma distribuição das vozes nos naipes buscando homogeneidade no som
sem perder as características de timbre de cada voz.

No Brasil as vozes que predominam são as vozes de Meio­Soprano e Barítono, alguns afirmam
que isto se dá devido ao clima, mas inda não temos estudos mais aprofundados sobre o assunto.
No entanto, temos observado que as vozes que se destacam na Itália são os Sopranos e Tenores
e na Rússia as vozes graves.

Formação de Grupos

Existem várias possibilidades de formações de grupos vocais. O número de participantes vai


depender das condições que se tem para o trabalho e do resultado que se espera alcançar.

* Quanto ao número de elementos nos grupos vocais, podemos ter:

1 cantor – Solo
2 cantores – Dueto
3 cantores – Terceto ou Trio
4 cantores – Quarteto
5 cantores – Quinteto
6 cantores – Sexteto
7 cantores – Septeto
8 cantores – Octeto

Um Coro de Câmara é composto por um número entre 20 e 30 participantes, já um coro grande


deveria ter entre 60 e 80 pessoas. O número ideal para um conjunto simples é de 32 a 40
cantores.

* Com Vozes iguais ou mistas

São formados por vozes iguais quando reúnem apenas vozes femininas ou apenas vozes
masculinas, ou ainda vozes femininas e vozes infantis.
São considerados coros mistos aqueles formados por vozes femininas e vozes masculinas ou
vozes infantis e masculinas.

No Brasil temos visto Coros Femininos, Coros Masculinos, Coros Universitários, Coros de
Terceira Idade e Coros Profissionais.

Dá­se o nome de “Meninos Cantores” ao Coro formado apenas por meninos. Esta é uma
tradição ainda hoje mantida na Europa e quase inexistente no Brasil.
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Coro Infantil – formado por meninas e meninos.

Destacamos a seguir alguns aspectos que devem ser levados em consideração ao se trabalhar
com um grupo vocal infantil.

É importante brincar e cantar com as crianças, pois com isso cria­se um vínculo afetivo e
prazeroso

O adulto deve servir de modelo vocal para a criança

Ajudar a criança a perceber diferença entre cantar e gritar

Adequar o canto às suas possibilidades vocais, enquanto educador, e às das crianças

Oferecer às crianças possibilidades de:

desenvolver sua expressão,


seus gestos,
seu caráter,
concentração na interpretação da canção,
experimentação sonora,
aprender a ouvir o outro e o grupo,
improvisar e inventar canções.

* Com acompanhamento ou sem acompanhamento

É denominado Coro “a cappella” aquele sem acompanhamento instrumental. No entanto, pode­


se ter um Coro “a cappella” onde os instrumentos reforcem ou substituam uma das vozes do
coro.

O melhor posicionamento para os instrumentos, no caso de uma orquestra é entre o Coro e o


Regente.

Um grupo vocal pode ser acompanhado por piano ou teclado, ou ainda por um violão e também
por instrumentos de percussão ou ainda pela guitarra e baixo elétrico.

* Profissional ou Amador

Chamamos de Coro Profissional àquele formado por vozes selecionadas e que são contratadas
para prepararem um repertório artístico.

Em sua grande maioria os Coros são amadores e podem ser formados pelos mais diferentes
grupos: homens, mulheres, crianças, moços, operários, sábios, poetas, camponeses e
estudantes.

1 Tessitura é o conjunto de notas onde o cantor tem maior volume, pois a voz é emitida em toda
a sua plenitude com facilidade e homogeneidade.

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2 Extensão é o limite de sons emitidos por uma voz , do grave ao agudo.

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4.3.2. Questões que se aplicam a todos os


grupos vocais
Abordaremos a seguir algumas questões importantes e que se aplicam a todos os grupos vocais
indistintamente.
O Educador Musical deve priorizar as atividades do canto em conjunto.

Se for possível forme um grupo coral. Em primeiro lugar decida sobre um som coral ideal e
trabalhe para desenvolvê­lo. Parta de um som básico que contenha:

Variedade de cores (pense em timbres de instrumentos)

Flexível, mas com intensidade constante

Com vibrato controlado

Energia suficiente para sustentar cada frase

Variação ampla de dinâmica

Gostaria também de lembrá­lo de alguns elementos que afetam o som:

Atitude

Flexibilidade

Equilíbrio

Fraseado

Postura

Controle respiratório

Qualidade vocal

Junção das vozes

Afinação

Dinâmica

Dicção

Ritmo

Expressão facial

Atenção ao conjunto

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Compreensão completa do texto

Use traduções literais


Enfatize a importância de palavras

Desenvolva aquecimentos – fluxo respiratório constante em dinâmica suave

Use o piano (ou teclado) o mínimo possível

Inclua exercícios auditivos

Trabalhe o uníssono1 do coro

Preste atenção ao uso dos lábios e língua

Encoraje o coro a cantar com um som direcionado

Execute os aquecimentos em andamento flexível

Vale a pena também chamar a atenção para alguns procedimentos de ensaio que afetam o som.

Entusiasmo por parte da liderança

Planejamento

Condições físicas (um local adequado, limpo e arejado)

Posicionamento dos Cantores

Mandar X Pedir

Variedade nos exercícios e no repertório

Contraste entre as partes do ensaio

Acompanhamento adequado ao grupo

Expectativa

Relacionamento do regente com os cantores e entre os cantores

Cantando em grupo uma pessoa poderá:

Explorar vários tipos de vozes (falar, cantar, sussurrar, gritar, zumbir, cantarolar)

Desenvolver o controle da voz (cantar as diferentes alturas de maneira afinada)

Experimentar um repertório variado de composições específicas para o canto coral

Desenvolver a musicalidade

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Desenvolver sua capacidade auditiva

Desenvolver o conhecimento do corpo para expressar­se corporalmente

Desenvolver a habilidade de conviver com o grupo

Repertório

A escolha das canções é uma importante tarefa do Regente, no entanto esta tarefa poderá ser
compartilhada com o grupo. Cabe ao Regente a pesquisa de um repertório adequado ao seu
grupo, devendo ser rigoroso nesta seleção.

Temos uma variedade muito grande com relação ao Repertório para os grupos corais, pois toda
música que se escreveu desde o Renascimento está notada em pauta e os grupos vocais sempre
foram contemplados com composições de diferentes épocas, estilos e gêneros.

As músicas folclóricas podem ser utilizadas com o objetivo de transmitirem o conhecimento de


costumes e experiências artístico­populares.

O ensino do Repertório pode acontecer por solfejo ou por audição. Mesmo que você utilize a
metodologia de ensino por audição é interessante que aos poucos vá introduzindo a partitura. A
cada ensaio ou aula é possível apresentar novos elementos que compõem a partitura.

É também função do Regente realizar uma preparação do grupo física, psicológica e


musicalmente. Lembre­se que palavras de aprovação e de encorajamento são sempre bem­
vindas!

Planejamento de ensaio

Para que se tenha um ensaio envolvente é fundamental que haja um planejamento onde vários
aspectos devem ser observados.

* Recepção ­ acolhimento

É importante lembrar que as pessoas vêm dos mais diferentes lugares e atividades e trazem
diferentes motivações e diferentes necessidades.

* Atividades de relaxamento
* Exercícios de respiração
* Aquecimento Vocal ­ Vocalize
* Afinação
* Ensaio de Naipes
* Ensaio em conjunto
* Desaquecimento Vocal
* Avaliação do trabalho realizado e das apresentações públicas
* Trace objetivos a curto, médio e longo prazos
* Busque a ajuda de um grupo de apoio

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1Você tem um uníssono quando todos estão tocando ou cantando na mesma altura de som. Em
um coro formado por vozes femininas e masculinas teremos o canto separado por uma oitava,
neste caso usa­se a expressão em uníssono. A música que é cantada em uníssono é chamada de
monofônica.

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4.3.3. Reflexões sobre a aplicação nos


grupos vocais das propostas dos educadores
musicais da primeira geração.
Dalcroze

Lembra­se das propostas apresentadas por Dalcroze? Elas encaixam­se perfeitamente em uma
atividade de um Grupo Vocal, pois ele sugere que o treinamento rítmico musical deve
acontecer através da experiência corporal. O movimento corporal é fundamental, pois através
dele as pessoas, particularmente as crianças, gostam de explorar, experimentar e encontrar
novas formas de animar seus corpos.

Outro aspecto apontado por Dalcroze e que se encaixa em uma atividade vocal é a de
desenvolver uma escuta apurada. Segundo Dalcroze, um bom ouvido é essencial para um bom
músico e para desenvolver esta habilidade é dada ênfase ao canto.

“Da mesma forma que o corpo é usado como instrumento natural rítmico, a voz é usada como
instrumento natural tonal, e por conseqüência disto como veiculo de expressão no treinamento
de solfejo no Método Dalcroze”. (Edith Wax: Dalcroze Dimensions­ tradução de Clises
Mulatti)

De acordo com Dalcroze, para que o processo de aprendizagem aconteça, é de fundamental


importância que o organismo todo esteja envolvido. É preciso criar uma perfeita harmonia
entre a mente e o corpo.

Willems

Para Willems o canto desempenha um papel muito importante na educação musical. Mesmo as
pessoas que mal conseguem repetir um som depois de um período de trabalho têm conseguido
cantar. Elas devem ser estimuladas a desenvolver a audição através de canções muito simples.

Em seu livro La Préparation Musicale dês Tout­petits ele apresenta exemplo de diversas
espécies de canções que ajudarão ao educador musical a introduzir os elementos teórico a partir
da prática, possibilitando ao educando um contato natural entre a teoria e a prática.

O que é proposto para os iniciantes tem aplicação também para os mais adiantados no estudo
da música, pois as melodias que se encontram na literatura barroca, clássica, romântica, ou
moderna poderão ser trabalhadas, cabendo ao professor ajudar ao aluno a tomar consciência
dos diversos elementos musicais que estão ali presentes.

Willems ressalta também a importância da invenção de canções pelo aluno, qualquer que seja o
seu grau de adiantamento no estudo de música. É muito interessante também quando isso se dá
através de certos ritmos corporais.

A Prof. Carmem Maria Mettig Rocha estudou com Willems e tem contribuído para que a
metodologia aplicada por ele seja conhecida no Brasil, através de cursos, palestras e livros. É
ela quem nos informa,

A Educação no método Willems é acessível a todos, dotados ou não. Graças as suas bases
ordenadas e vivas, assegura o desenvolvimento do ouvido, do sentido rítmico, preparando a

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prática do solfejo, instrumento ou qualquer disciplina musical. Esta Educação permite


influenciar favoravelmente a Educação das crianças atrasadas ou deficientes. (ROCHA, 1990,
p.22)

Outros aspectos apresentados por Willems que poderão ser desenvolvidos em outra ocasião:
ritmo, harmonia, desenvolvimento auditivo (audição interior), memória musical, afinação,
criação musical, interpretação e efeitos terapêuticos da música.

Kodály

Kodály apresenta a educação musical focada no canto, no entanto a utilização de instrumentos


musicais e o movimento do corpo estão presentes em seus ensinamentos. Você se lembra que
ele valorizou o folclore de sua terra e resgatou, juntamente com Béla Bártok, as músicas
húngaras transmitidas de forma oral? A partir deste resgate, foram disponibilizadas cerca de
cem mil canções.

Ele acreditava que a música deveria ser uma experiência proporcionada à criança pela escola,
pois o canto diário, aliado aos exercícios físicos, desenvolve o corpo e a mente da criança.
Além disso, entendia que a música deveria ser levada para o cotidiano das pessoas,
possibilitando sua realização nos lares e nos momentos de lazer.

Entendia que as melodias deveriam ser ensinadas primeiramente cantando­as e não as tocando
ao piano e os cantores deveriam ser ensinados a ler música. Para a leitura indicava o solfejo
relativo, baseado no solfejo tônico, com o dó móvel (tonic sol­fa), utilizado na Inglaterra.
Apontava a importância do canto coral inclusive para os instrumentistas, pois entendia que é
particularmente útil para a compreensão das vozes intermediárias.

Em conferência realizada em 1941 Kodály apontou as seguintes questões, que nos são trazidas
por SZÖNYI (1996, p. 17 e 18):
* A música pertence a todos, e uma correta educação musical oferece os meios para apreciá­la
e dela usufruir.

* A cultura musical deve ser iniciada nos jardins de infância, e tão logo seja possível, em lugar
de ser feita tardiamente na escola secundária, como costuma acontecer.

* A verdadeira base da cultura musical não consiste de modo algum no aprendizado obrigatório
de um instrumento, mas na prática do canto.

Em outra palestra realizada em 1946 Kodály aponta dois problemas enfrentados pelos músicos
profissionais:
* Em um bom músico o ouvido deveria ser sempre o guia dos movimentos de seus dedos.

* Poder ler facilmente uma partitura, sem a ajuda de um instrumento, é prova de uma melhor
compreensão da interpretação musical.

Orff

Mesmo tendo Orff estimulado a participação em grandes conjuntos instrumentais, a integração


que propõe entre ritmo, movimento e improvisação são elementos facilmente utilizados no
canto coletivo, bem como o eco, as perguntas e respostas e os ostinatos.

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Podemos utilizar o conceito apresentado por Orff, de que as pessoas aprendem música criando,
ouvindo e tocando e aplicá­lo ao canto. A audição é uma das habilidades principais a serem
desenvolvidas, uma vez que propõe a criação em grupo. Para se criar ou improvisar em grupo é
necessário ouvir e interagir com os outros participantes do grupo.

Suzuki

Aparentemente Suzuki não teria nenhuma contribuição para os grupos vocais, pois ele
desenvolveu a sua metodologia para o ensino do violino. Mas você está lembrado de qual foi a
sua motivação maior ao ensinar as crianças? O propósito primordial de Suzuki não era treinar
músicos profissionais e sim desenvolver o caráter, e a sensibilidade dos alunos. Tinha por meta
trabalhar para a felicidade das crianças, por isso incentivava o estímulo e participação da
família.

A Prof. Thais Nunes comentou com vocês que um bom estímulo familiar refletirá no
desenvolvimento do ser humano, tornando­o mais seguro, criativo, interativo e mais bem
preparado para enfrentar os conflitos da vida. Suzuki acreditava que para o processo de
aprendizagem de uma criança ser bem sucedido, deveria incluir a participação direta dos pais.
Estes ensinamentos caberiam perfeitamente em uma proposta de coro infantil.

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4.4. Considerações finais


Apresentamos nesta unidade as várias possibilidades de formação de grupos vocais e a
importância do canto coletivo.

Vimos também que o educador musical deve estar preparado para atuar como um Regente
Coral, favorecendo às pessoas uma melhor compreensão de sua voz, da escuta, das atividades
musicais que possibilitarão um desenvolvimento pessoal equilibrado.

Outra abordagem que foi feita diz respeito aos educadores musicais da primeira geração e suas
contribuições para a atividade do canto coletivo.

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4.5. Atividades de aplicação, prática e


avaliação
Confiram as orientações detalhadas para as atividades práticas na sala do seu Pólo.

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4.6. Estudos complementares

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4.6.1. Saiba mais...


Apresento a seguir algumas frases ditas por compositores considerados importantes na História
da Música. Estas frases encontram­se no Livro As Bases Psicológicas da Educação Musical, de
Edgar Willems.

Quanto ao canto:

Wagner: “O canto, o canto e ainda o canto. O canto é de uma vez para todas a linguagem pela
qual o homem se comunica aos outros musicalmente...O órgão musical mais antigo, o mais
verdadeiro, o mais belo, é a voz humana; e é só a este órgão que a música deve a sua
existência”.

Telemann: “cantar é o fundamento da música em todos os seus aspectos”.

Mozart: “Quem não sabe pois que a música cantada deve ser em todos os tempos a finalidade
de todos os instrumentistas, visto que, em toda a composição, é necessário que nos
aproximemos do natural”.

Quanto à melodia:

Haydn: “Inventai uma bela melodia e a vossa música, qualquer que seja a sua natureza, será
bela e agradará certamente. È a alma da música, é a vida, é o espírito”.

Beethoven: “A melodia é a linguagem absoluta pela qual o músico fala a todos os corações”.

Schumann: “se se tiver um coração reto, se se tiver aprendido alguma coisa, e se se cantar
como uma ave sobre o ramo, daí sairá a música mais autentica”.

Ambros1 : “Apenas a melodia, mesmo se ela é cantada a uma só voz, reúne todos os elementos
da arte musical, pois ela leva, além do movimento rítmico, o conteúdo harmônico”.

Neste momento do curso, esta é uma ótima oportunidade para você rever as referências
bibliográficas que foram apresentadas na Disciplina Introdução aos Métodos, Técnicas e
Fundamentos em Educação Musical.

1 Célebre historiador da música

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4.6.2. Outras sugestões de fontes de


informação (links, revistas, filmes etc.)
Visite o site da Osesp, www.osesp.art.br e veja as diferentes formações corais que eles
desenvolvem.

Que tal acompanhar a programação do Teatro Municipal de São Paulo? Confira o site
www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/teatromunicipal

Coral da UDESC realizando um Negro Spiritual

e um Adoniran Barbosa

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Presentinhos do Youtube:

Cantata 147.1 Concentus Musicus Vienna. Arnold Schoenberg Choir. Nikolaus Harnoncourt,
conductor.

Montserrat Figueras com Jordi Savall

La Traviata ­ G. Verdi

Vou Deixar ­ Samuel Rosa. adpt. Edu Lakschevitz


Regencia: Eduardo Lakschevitz / Solista: Érica Toledo

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4.6.3. Referências bibliográficas


FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e fios: um ensaio sobre música e
educação. São Paulo: Editora UNESP, 2005.
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28/11/2014 Unidade 4 ­ “Mais que nunca é preciso cantar...” (de 0h30 a 2h00 de dedicação)

Dicas para o Educador Musical


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