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Grego Instrumental
Grego Instrumental
GREGO BÍBLICO
INSTRUMENTAL
Prof. Dr. Gladson Pereira da Cunha
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GREGO BÍBLICO
INSTRUMENTAL
PROF. DR. GLADSON PEREIRA DA CUNHA
3
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Profa. Me. Cristiane Lelis dos Santos
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
4
GREGO BÍBLICO
INSTRUMENTAL
1° edição
Ipatinga, MG
Editora Prominas
2023
5
GLADSON PEREIRA
DA CUNHA
Doutor em Teologia Sistemática-
-Pastoral pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Mestre em Ciências da Religião, com
concentração na área da antropo-
logia da religião, pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie (UPM). Espe-
cialista em Filosofia e Psicanálise pela
Universidade Federal do Espírito San-
to (UFES). Graduado em Teologia pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie
(UPM). Licenciado em Filosofia pela
Universidade de Franca (UNIFRAN). É
professor de disciplinas do curso de
Teologia e de disciplinas filosóficas e
humanísticas para os cursos de licen-
ciaturas do Centro de Ensino Superior
FABRA, no município de Serra (ES). Foi
professor temporário de Filosofia e So-
ciologia para o ensino médio/técnico
no Instituto Federal do Espírito San-
to (IFES-Campus Santa Teresa), entre
2013-2015. Coordenou a graduação
em Teologia e as licenciaturas em Fi-
losofia, História e Ciências Sociais. A
temática de suas publicações iniciais
é composta por estudos socioantro-
pológicos sobre as relações entre re-
ligião e cultura, principalmente entre
o luteranismo de imigração e a etnia
pomerana, temática trabalhada no
mestrado.
Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão
do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar
ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para
determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica,
mostradas a seguir:
FIQUE ATENTO
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes
nas quais você precisa ficar atento.
VAMOS PENSAR?
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade,
associando-os a suas ações.
FIXANDO O CONTEÚDO
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos
conteúdos abordados no livro.
GLOSSÁRIO
Apresentação dos significados de um determinado termo ou
palavras mostradas no decorrer do livro.
7
SUMÁRIO
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO GREGO BÍBLICO
1.1 A Origem dos Gregos .......................................................................................................................................................................................................................................................................11
1.2 A Língua Grega ...................................................................................................................................................................................................................................................................................12
1.3 O Grego Bíblico ..................................................................................................................................................................................................................................................................................13
FIXANDO O CONTEÚDO .........................................................................................................................................................................................................................................................................15
UNIDADE 2
CONHECENDO OS ELEMENTOS DO GREGO BÍBLICO
2.1 O Alfabeto ..............................................................................................................................................................................................................................................................................................18
2.1.1 Consoantes .......................................................................................................................................................................................................................................................................................19
2.1.2 Vogais .................................................................................................................................................................................................................................................................................................19
2.2 A Grafia .................................................................................................................................................................................................................................................................................................20
2.3 Sinais Diacríticos ..............................................................................................................................................................................................................................................................................21
2.3.1 Aspirações .......................................................................................................................................................................................................................................................................................21
2.3.2 Acentos ............................................................................................................................................................................................................................................................................................21
2.3.3 Trema ..............................................................................................................................................................................................................................................................................................22
FIXANDO O CONTEÚDO ........................................................................................................................................................................................................................................................................23
UNIDADE 3
SUBSTANTIVOS, ARTIGOS, ADJETIVOS E PRONOMES
3.1 Substantivos .......................................................................................................................................................................................................................................................................................26
3.1.1 A flexão dos substantivos ...........................................................................................................................................................................................................................................................26
3.1.2 As declinações do substantivo ...............................................................................................................................................................................................................................................28
UNIDADE 4
PREPOSIÇÕES, CONJUNÇÕES E ADVÉRBIOS
4.1 Preposições ........................................................................................................................................................................................................................................................................................44
4.2 Conjunções .......................................................................................................................................................................................................................................................................................46
4.2.1 Conjunções aditivas ..................................................................................................................................................................................................................................................................47
4.2.2 Conjunções adversativas ........................................................................................................................................................................................................................................................47
4.2.3 Conjunções explicativas ..........................................................................................................................................................................................................................................................47
4.3 Advérbios ............................................................................................................................................................................................................................................................................................48
FIXANDO O CONTEÚDO .........................................................................................................................................................................................................................................................................51
8
UNIDADE 5
VERBOS GREGOS
5.1 Modificadores Verbais ................................................................................................................................................................................................................................................................54
5.1.1 Modo ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................54
5.1.2 Tempo ..............................................................................................................................................................................................................................................................................................55
5.1.3 Voz .....................................................................................................................................................................................................................................................................................................56
5.1.4 Pessoa e Número .........................................................................................................................................................................................................................................................................57
5.2 Aparato de Conjugações ........................................................................................................................................................................................................................................................57
5.3 Formas verbais ...............................................................................................................................................................................................................................................................................59
5.4 Conjugações verbais .................................................................................................................................................................................................................................................................60
5.4.1 Verbos com terminação -ω ...................................................................................................................................................................................................................................................60
5.4.2 Verbos ειμι ...................................................................................................................................................................................................................................................................................68
5.4.3 Verbos com tema -μι ...............................................................................................................................................................................................................................................................71
5.4.4 Verbos irregulares ....................................................................................................................................................................................................................................................................79
FIXANDO O CONTEÚDO .........................................................................................................................................................................................................................................................................81
UNIDADE 6
TÓPICOS EXEGÉTICOS
6.1 Introdução à exegese do Novo Testamento ...............................................................................................................................................................................................................84
6.1.1 O que é exegese? ..........................................................................................................................................................................................................................................................................84
6.2 Princípios da Exegese .................................................................................................................................................................................................................................................................85
6.2.1 A inerrância das Escrituras .....................................................................................................................................................................................................................................................85
6.2.2 A consistência das Escrituras ...............................................................................................................................................................................................................................................85
6.2.3 A recepção pela comunidade cristã primitiva ..............................................................................................................................................................................................................86
6.2.4 A ação do Espírito Santo .........................................................................................................................................................................................................................................................86
6.3 Passos da Exegese .......................................................................................................................................................................................................................................................................87
6.3.1 Trabalhe o texto ...........................................................................................................................................................................................................................................................................87
6.3.2 Trabalhe o contexto ..................................................................................................................................................................................................................................................................88
6.3.3 Trabalhe a teologia do texto .................................................................................................................................................................................................................................................90
6.3.4 Trabalhe a aplicação do texto .............................................................................................................................................................................................................................................90
FIXANDO O CONTEÚDO.........................................................................................................................................................................................................................................................................92
UNIDADE 2
A Unidade 2 do curso de grego bíblico concentra-se em proporcionar uma
compreensão aprofundada dos elementos fundamentais dessa língua. O foco
principal é no alfabeto grego, na grafia das palavras e nos sinais diacríticos que
desempenham um papel crucial na interpretação e pronúncia correta.
UNIDADE 3
A Unidade 3 do curso de grego bíblico aprofunda o estudo da estrutura da língua,
centrando-se em quatro categorias gramaticais essenciais: substantivos, artigos,
adjetivos e pronomes.
UNIDADE 4
Na Unidade 4, o curso de grego bíblico se aprofunda na análise de outras classes
gramaticais fundamentais: preposições, conjunções e advérbios. Essa parte do curso
visa proporcionar aos alunos uma compreensão abrangente desses elementos,
que desempenham um papel crucial na construção e interpretação de frases e
textos em grego bíblico.
UNIDADE 5
Na Unidade 5 do curso de grego bíblico, a atenção se volta para o estudo
aprofundado dos verbos gregos, que desempenham um papel central na
construção e compreensão das estruturas linguísticas. A unidade aborda diversos
aspectos relacionados aos verbos, oferecendo uma visão abrangente das nuances
gramaticais e semânticas dessas palavras.
UNIDADE 6
Na Unidade 6, o curso de grego bíblico se aprofunda em tópicos exegéticos,
fornecendo aos alunos as ferramentas necessárias para a interpretação crítica e
contextualizada do Novo Testamento. A exegese é uma prática fundamental para
compreender as Escrituras de maneira mais profunda, levando em consideração o
contexto histórico, cultural e linguístico.
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INTRODUÇÃO AO
ESTUDO DO GREGO
BÍBLICO
11
1.1 A ORIGEM DOS GREGOS
Com a morte de Alexandre em 323 a.C., após vários conflitos, o império foi dividido.
Posteriormente, cada unidade do antigo império foi incorporada pelos romanos, como
parte do seu poderoso império.
De todas as armas de Alexandre, talvez a mais poderosa tenha sido a cultura.
Durante o período de conquistas gregas, houve um processo de intercâmbio cultural
com os povos conquistados. Estes povos assimilaram e incorporaram a arte, a filosofia,
a política, a religião e a língua grega. Este último elemento cultural, foi um dos mais
significativos para o mundo, pois se tornou a língua franca do mundo antigo.
FIXANDO O CONTEÚDO
1. O nome Grécia foi dado por outro povo aos habitantes do Peloponeso e de algumas
ilhas no Mediterrâneo. Qual era o povo daquela região?
a) Arábia.
b) Roma.
c) Egito.
d) Tessalônica.
e) Israel.
a) V-F-F-V
b) V-F-V-V
c) F-F-V-V
d) V-V-F-V
e) V-V-V-V
4. A formação de uma língua é um processo que requer tempo e uma série de inter-
relações humanas. O mesmo aconteceu com o grego bíblico. Qual é a ordem dos
períodos de desenvolvimento da língua grega?
a) O Grego koiné
b) Pré-Homérico
c) O Grego Moderno
d) A Era dos Dialetos ou Período Clássico
e) O Grego Bizantino ou Medieval
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Marque abaixo a ordem correta:
a) a – b - c – d – e
b) e – c – d – b – a
c) b – d – a – e – c
d) d – a – c – b – e
e) c – a – b – d – e
a) Eólio
b) Jônio
c) Dório
d) Ático
e) Adriático
a) Normal
b) Língua do povo
c) Grego
d) Bárbaro
e) Comum
7. Marque a opção correta: O helenismo foi um período que disseminou a cultura grega
através das conquistas militares. Um dos principais elementos do helenismo foi a:
a) Língua
b) Filosofia
c) Arte
d) Estratégias militares
e) Arquitetura
CONHECENDO OS
ELEMENTOS DO
GREGO BÍBLICO
18
2.1 O ALFABETO
Todo sistema de escrita possui um alfabeto. O alfabeto grego é formado por 24
letras. Lembre-se que cada letra é uma representação gráfica de um fonema. Logo,
você identificará letras e fonemas que possuem correlatos no português. Isso poderá
ajudá-lo no seu estudo.
FIQUE ATENTO
O sigma minúsculo é a única letra do alfabeto grego que possui duas formas. A primeira
forma σ é a forma básica. A segunda forma ς é chamada de sigma final, pois ocorre ape-
nas no final de palavras: άθεος | Άρτεμας
19
Assim como ocorre com o alfabeto em português, as letras do grego bíblico podem
ser divididas em duas categorias: consoante e vogais. Vejamos as características mais
importantes destas duas categorias:
2.1.1 Consoantes
Guturais κ γ χ
Dentais τ δ θ
B. Semivogais
Já as consoantes semivogais não necessitam das vogais para complementar
seu fonema. Dentre elas estão as consoantes λ μ ν ρ σ. Uma subdivisão ainda é possível
em duas categorias: líquidas e sibilantes. Tais categorias têm a ver com a formação do
fonema que cada morfema representa.
Categorias Consoantes
Líquidas λμνρ
Sibilante σ
C. Duplas
Por fim, as consoantes duplas são aquelas que são o resultado da junção de dois
fonemas consonantais. Nesta categoria estão as consoantes ζ ξ ψ. Tais morfemas são
formados como segue:
Morfema Junção Fonema
ζ δ+σ DZ = Zebra
ξ κ+σ KS = Sexo
ψ π+σ PS = Psiquê
2.1.2 Vogais
Observe que as vogais α ι υ não alteram a sua forma, podendo ser curtas ou longas
dependendo das palavras. Por isso, também, são designadas como vogais variáveis.
Porém, ε e ο são vogais curtas e η e ω são as formas alongadas (MACHEN, 2004).
No grego bíblico também há encontros vocálicos que são chamados de ditongos.
“O ditongo consiste em duas vogais que produzem um único som” (MOUNCE, 2009. p.13).
Há duas formas de ditongos no grego. A primeira forma é o ditongo propriamente dito.
Nele, a segunda vogal será sempre ι ou υ. Veja os exemplos:
FIQUE ATENTO
O alfabeto grego foi a base para o surgimento do alfabeto cirílico desenvolvido por Cirilo
e Metódio, que eram missionários cristãos no séc. IX. Este novo alfabeto foi usado para
grafar muitas línguas eslavas, como o russo, o búlgaro e o sérvio.
2.2 A GRAFIA
Como você pode ver no quadro do alfabeto, a maioria das letras gregas possuem
relação com o nosso alfabeto. Esse é um aspecto que facilita significativamente a grafia
e a leitura das palavras. Porém, existem algumas letras que não possuem relação com o
português, ainda que representem fonemas existentes em nossa língua. Uma forma de
se familiarizar com o alfabeto é escrevendo. Para isso, é importante memorizar a ordem
de cada letra e a forma de escrevê-las. Isso requererá de você repetição e prática, da
mesma maneira que você aprendeu o alfabeto português. Observe o alfabeto como
transcrito abaixo:
21
Perceba que as letras maiúsculas são escritas entre as linhas e que todas elas
possuem tamanho similar. Já no alfabeto minúsculo haverá diferença no tamanho das
letras e algumas ultrapassarão as linhas métricas.
FIQUE ATENTO
O texto grego é escrito majoritariamente usando o alfabeto minúsculo. Mais moderna-
mente, nomes próprios passaram a ser escritos com a letra inicial maiúscula. Orientamos
os alunos a terem um caderno de caligrafia, que o ajudará a treinar o traçado das letras.
2.3.1 Aspirações
2.3.2 Acentos
A trema [ ¨ ] é um sinal que caiu em desuso na língua portuguesa, mas que existe
em algumas línguas modernas. A função do trema é indicar que um encontro vocálico
não é um ditongo e que as vogais devem ser lidas separadamente. Por exemplo, como
ocorre com os nomes Moisés [Μωΰσης] e Isaías [Ησαΐας]
GLOSSÁRIO
Palavras mais comuns no grego bíblico
Θεός Deus μήν (μηνός) Mês
Ἰησοῦς Jesus καιρός Tempo (oportunidade)
κύριος Senhor χρόνος Tempo (cronológico)
Χριστός Cristo πνεῦμα Vento, espírito
Μεσσίας Messias υἱός Filho
ἄνθρωπος Homem θυγάτηρ Filha
πατήρ Pai ἀδελφός Irmão
μήτηρ Mãe ἀδελφή Irmã
ὥρα Dia λόγος Palavra
ἡμέρα Dia οὐρανός Céu
νύξ Noite μαθητής Discípulo
σάββατον Sábado καιρός Tempo
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FIXANDO O CONTEÚDO
1. Aprendemos que todo sistema linguístico escrito possui um alfabeto, que representam
os fonemas usados no idioma e que servem para grafar as palavras. Quantas letras
formam o alfabeto grego?
a) 23
b) 21
c) 26
d) 24
e) 34
2. Cada alfabeto possui uma ordem específica que serve para a memorização das
letras e dos fonemas por elas representados. Qual é a ordem correta do alfabeto grego?
a) α β γ δ ε ξ η θ ι κ λ μ ν ζ ο π ρ σ [ς] τ υ φ χ ψ ω
b) α β γ δ ε ζ θ η ι κ λ μ ν ξ ο π ρ σ [ς] τ υ φ χ ψ ω
c) α β γ δ ε ζ θ η ι κ λ μ ν ξ ο ρ π σ [ς] τ υ φ χ ψ ω
d) α β γ δ ε ζ θ η ι κ λ μ ν ξ ο ρ π σ [ς] τ υ ψ χ φ ω
e) α β γ δ ε ζ η θ ι κ λ μ ν ξ ο π ρ σ [ς] τ υ φ χ ψ ω
a) ρ π σ
b) β π φ
c) β ρ φ
d) β ρ θ
e) δ π φ
a) ε η ο ω
b) ο υ ω
c) α ι υ
d) α ε ι ο υ
e) α υ
7. Assim, como ocorre na língua portuguesa, também no grego ocorre o fenômeno dos
encontros vocálicos, dentre eles o ditongo. Dentre as possibilidades de ditongos, há
uma denominada de ditongo impróprio. Em qual conjunto de vogais ocorre o ditongo
impróprio?
a) α ε ω
b) α η ω
c) α η ι ω
d) α ι ω
e) α ι ο ω
a) Líquidas e sibilante
b) Surdas e sibilante
c) Sibilantes e guturais
d) Líquidas e concretas
e) Líquidas e palatais
25
SUBSTANTIVOS, ARTIGOS,
ADJETIVOS E PRONOMES
26
3.1 SUBSTANTIVOS
Aprendemos que a função do substantivo é dar nome aos entes, aos seres
e às coisas. Mas, como nos lembra o gramático Evanildo Bechara, “o substantivo
exerce por excelência a função de sujeito (ou seu núcleo) da oração e, no domínio da
constituição do predicado, as funções de objeto direto, complemento relativo, objeto
indireto, predicativo, adjunto adnominal e adjunto adverbial, funcionando como sujeito
[...]” (2009. p.169). Isso significa que morfológica e sintaticamente, o substantivo é uma
classe de palavras de grande importância para uma língua. O mesmo ocorre com o
grego bíblico.
Gênero
Como as antigas línguas indo-europeias como o latim, o grego bíblico possui três
gêneros: masculino, feminino e neutro. Uma distinção simples:
O masculino, que, além de nomear os seres masculinos,
é usado para nomes de rios, ventos e meses; o feminino,
que, além de nomear seres femininos, é usado para no-
mes de cidades, países, ilhas e a maioria das árvores; e o
neutro, que é usado em diminutivos (embora designem
seres masculinos ou femininos), além de nomear fenô-
menos que, por si, não possuem gênero (REGA; BERG-
MANN, 2004, p 71).
Número
O grego bíblico é flexionado quanto ao número. Como no português, o grego
possui dois números: o singular e o plural. Vejamos alguns exemplos:
Casos
O substantivo grego possui uma forma de flexão denominada caso. Cada caso
possui uma função sintática específica. Assim, pelo caso em que o substantivo é
flexionado, saberemos se o termo é o sujeito ou o predicado da oração.
Os estudiosos do grego bíblico discutem sobre o número de casos. Para os fins de
nossos estudos, consideraremos os quatro principais casos do substantivo grego. São
eles: nominativo | genitivo | acusativo | dativo.
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CASOS FUNÇÃO EXEMPLO
NOMINATIVO Sujeito da oração ἡ βασιλεία τῶν οὐρανῶν
o reino dos céus
Declinações
Quando estudamos o grego bíblico, aprendemos que há três paradigmas de
declinação do substantivo. Declinação é um tipo de flexão que ocorre com algumas
classes de palavras, como no caso dos substantivos, que altera a forma da palavra, de
acordo com a função sintática da mesma numa frase.
No grego bíblico, há três paradigmas de declinação. O quadro abaixo ajudará a
compreender a base do seu funcionamento.
DECLINAÇÃO PARADIGMA
Primeira Substantivos femininos terminados em -α e –η
Substantivos masculinos com terminação em - ας e –ες
Segunda Substantivos masculinos terminados em -ος
Substantivos neutros terminados em -ον
Terceira Substantivos masculinos terminados em -ν -ντ -ρ -k -e -υ
Substantivos femininos terminados em -ξ e -ις
Substantivos neutros terminados em -ματ e -ος
Substantivo Feminino -η
ἀγάπη
Singular Tradução Plural Tradução
Nominativo ἀγάπη amor ἀγάπαι amores
Genitivo ἀγάπης do amor ἀγαπῶν dos amores
Dativo ἀγάπῃ ao amor ἀγάπαις aos amores
Acusativo ἀγάπην amor ἀγάπας amores
Substantivo Masculino -ρ
πατήρ = pai
Singular Tradução Plural Tradução
Nominativo πατήρ pai πατέρες pais
Genitivo πατρός do pai πατέρων dos pais
Dativo πατρί ao pai πατράσι(ν) aos pais
Acusativo πατέρα pai πατέρας pais
Substantivo Feminino -ξ
σαρξ = carne
Singular Tradução Plural Tradução
Nominativo σαρξ carne σάρκες carnes
Genitivo σαρκός da carne σαρκων das carnes
Dativo σαρκί à carne σαρξί(ν) às carnes
Acusativo σάρκα carne σάρκας carnes
Substantivo Feminino -κ
γυνή = mulher
Singular Tradução Plural Tradução
Nominativo γυνή mulher γυναῖκες mulheres
Genitivo γυναικός da mulher γυναικῶν das mulheres
Dativo γυναικί à mulher γυναιξί(ν) às mulheres
Acusativo γυναῖκα mulher γυναῖκες mulheres
31
Outra consideração a ser feita é que o caso dativo plural, o substantivo
sempre terminará com a consoante num (ν). Neste caso, trata de um num eufônico
ou, simplesmente, num móvel. Sua permanência ou não, dependerá da palavra
subsequente. O num permanecerá se a palavra seguinte for iniciada com uma vogal ou
se for a última palavra da frase. Mas, o num cairá se a palavra subsequente for iniciada
com uma consoante (REGA; BERGMANN, 2004).
Considere também que no dativo plural haverá uma transformação do κ em ξ.
Isso ocorre, porque κ se une ao σ do sufixo σιν. A união destes morfemas gera o fonema
KS que é representado pelo morfema ξ.
3.2 ARTIGO
Artigos
Masculino Feminino Neutro
Singular Plural Singular Plural Singular Plural
Nominativo ό (o) οἱ (os) ἡ (a) αἱ (as) τό τά
Genitivo τοῦ (do) τῶν (dos) τῆς (da) τῶν (das) τοῦ τῶν
FIQUE ATENTO
No desenvolvimento da língua portuguesa, o uso do neutro foi absorvido pelo masculino.
Assim, o artigo neutro grego não possui uma forma específica para equivalente no por-
tuguês. Por isso, a tradução utilizará tanto o masculino quanto o feminino, de acordo com
o termo traduzido.
Outro detalhe importante acerca do artigo é que ele não possui múltiplas
declinações como o substantivo. Deste modo, ele manterá seu paradigma inalterado,
a despeito das declinações do substantivo. Observe abaixo exemplos de substantivos e
suas declinações e veja como o artigo flexiona em concordância com o substantivo.
32
Masculino
Singular Tradução Plural Tradução
Nominativo ό λόγος a palavra οἱ λόγοι as palavras
Genitivo τοῦ λόγου da palavra τῶν λόγων das palavras
Dativo τῷ λόγῳ à palavra τοῖς λόγοις às palavras
Acusativo τόν λόγον a palavra τοὺς λόγους as palavras
Feminino
Singular Tradução Plural Tradução
Nominativo ἡ ἀγάπη o amor αἱ ἀγάπαι os amores
Genitivo τῆς ἀγάπης do amor τῶν ἀγαπῶν dos amores
Neutro
Singular Tradução Plural Tradução
Nominativo τό βιβλίον o livro τά βιβλία os livros
Genitivo τοῦ βιβλίου do livro τῶν βιβλίων dos livros
3.3 ADJETIVOS
Os adjetivos são uma classe de palavras conhecida por dar qualidade ou expressar
atributos dos substantivos. No grego bíblico também há adjetivos e a sua função é a
mesma que no português. Um ponto que deve ser salientado é que “os adjetivos têm
uma importância teológica que dificilmente encontra rival” (MOUNCE, 2009, p.79). Isso
requer quer compreendamos adequadamente o uso do adjetivo.
Atributiva
Como o nome sugere esta função atribui uma qualidade ao substantivo. Para
identificarmos a função do adjetivo. A construção atributiva possui duas formas. A
primeira é denominada atributiva simples ou adjetivo de primeira posição (MOUNCE,
2009) e segue a seguinte estrutura: artigo + adjetivo + substantivo. A segunda é
denominada de atributiva restritiva ou adjetivo de segunda posição (MOUNCE, 2009),
seguinte uma estrutura artigo + substantivo + artigo + adjetivo.
Vejamos os exemplos abaixo:
SIMPLES: ὁ πιστὸς θεὸς
o fiel Deus
RESTRITIVA: ὁ θεὸς ὁ πιστὸς
o Deus o fiel
Uma das características do adjetivo grego é que ele também flexiona em grau.
Há três graus no adjetivo: o positivo, o comparativo e o superlativo. O grau positivo é
o grau padrão do adjetivo: πιστὸς. Vejamos como os graus comparativo e superlativo
funcionam.
34
Grau comparativo
O grau comparativo é o resultado do acréscimo do sufixo. A forma básica deste
sufixo é -τερος. Ele transmite a ideia de “mais que”. Veja o exemplo abaixo:
GRAU COMPARATIVO
Singular Plural
Positivo Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino Neutro
ἅγιος ἅγιοτερος ἅγιοτερα ἅγιοτεον ἅγιοτεροι ἅγιοτεραι ἅγιοτερα
santo Mais santo Mais santas Mais santo Mais santos Mais santas Mais santos
FIQUE ATENTO
Existem outras formas menos comuns do adjetivo comparativo. Estas formas ocorrem
com os adjetivos irregulares e suas terminações são variáveis. Alguns podem modificar
significativamente o termo. Exemplo: πολύς πλείων
[muito] [muito mais]
Grau superlativo
O grau superlativo transmite a ideia de “muito mais” e é obtido pelo acréscimo do
sufixo é -τατος. Ele transmite a ideia de “mais que”. Veja o exemplo abaixo:
GRAU SUPERLATIVO
Singular Plural
Positivo Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino Neutro
ἅγιος ἅγιοτατος ἅγιοτατα ἅγιοτατον ἅγιοτατοι ἅγιοταται ἅγιοτατα
santo Muito mais Muito mais Muito mais Muito mais Muito mais Muito mais
santo santas santo santos santas santos
3.4 PRONOMES
A classe dos pronomes funciona como substitutos para o substantivo. Geralmente,
usamos os pronomes a fim de evitar a repetição do substantivo na oração. Esse também
é um recurso que encontramos no grego bíblico. Por exemplo:
Κύριον τὸν θεόν σου προσκυνήσεις καὶ αὐτῷ μόνῳ λατρεύσεις.
Ao Senhor o teu Deus adorarás e a ele somente cultuarás (Mt 4.10)
Singular Plural
Primeira Pessoa Primeira Pessoa
Grego Tradução Grego Tradução
Nominativo ἐγώ eu ἡμεῖς nós
Genitivo μου (ἐμοῦ) meu ἡμῶν nosso
Dativo μοι (ἐμοί) a mim ἡμῖν a nós
Acusativo με (ἐμέ) mim ou me ἡμᾶς nos
Singular Plural
Segunda Pessoa Segunda Pessoa
Grego Tradução Grego Tradução
Nominativo σύ tu ὑμεῖς vós
Genitivo σου (σοῦ) teu ὑμῶν vosso
Dativo σοι (σοί) a ti ὑμῖν a vós
Acusativo σε (σέ) ti ou te ὑμᾶς vos
36
Quando observamos o singular dos pronomes de primeira e de segunda pessoa,
vemos que há uma forma entre parênteses. Tais formas são chamadas de enfáticas.
Isso, porque seu uso serve para enfatizar pessoas distintas na oração. Contudo, a
tradução é a mesma. A razão para este fato é porque o verbo grego indica a pessoa
em suas flexões, sendo desnecessário o uso do pronome na oração. Portanto, da forma
enfática determina a qual pessoa do discurso o autor quer enfatizar.
Singular
Terceira pessoa
Caso Masculino Feminino Neutro
N αὐτός ele αὐτή ela αὐτό ele/ela
G αὐτοῦ dele αὐτῆς dela αὐτοῦ dele/dela
Singular
Terceira pessoa
Caso Masculino Feminino Neutro
N αὐτός eles αὐταί elas αὐτά eles/elas
G αὐτῶν [deles/delas]
FIQUE ATENTO
O grego bíblico não possui uma categoria de pronomes possessivos, como ocorre no
português (ALMEIDA, 2009. p.179,180). Como então a língua se refere à ideia de possessão?
Simples! O grego usa o genitivo dos pronomes pessoais singular e plural para suprir essa
falta. Também usam o genitivo do adjetivo na função atributiva. Neste último caso, a ideia
é enfatizar a posse.
Os pronomes reflexivos são aqueles que indicam que o sujeito da ação também
é objeto de sua ação. Em outras palavras, o sujeito tanto executa quanto sofre a
ação. Falando sua a função, Wallace afirma que “o reflexivo é usado para destacar a
participação do sujeito na ação verbal, como objeto direto, objeto indireto, intensificador”
(2009, p.350).
Vejamos as formas destes pronomes, considerando as pessoas e o número.
37
Pessoa Singular Plural
1ª ἐμαυτοῦ = eu mesmo ἑαυτῶν
Nós mesmos
2ª σεαυτοῦ = tu mesmo
Vós mesmos
3ª ἑαυτοῦ = ele mesmo Eles mesmos
Primeira Pessoa
Plural
Caso Masculino/Feminino Tradução
G ἑαυτῶν Nossos mesmos | Nossas mesmas
D ἑαυτοἱς A nós mesmos | A nós mesmas
A ἑαυτους Nós mesmas | Nós mesmas
Segunda Pessoa
Singular
Caso Masculino Tradução Feminino Tradução
G σεαυτοῦ vosso mesmo σεαυτῆς vossa mesma
D σεαυτῷ a tu mesmo σεαυτῇ a tu mesma
A σεαυτον tu mesmo σεαυτην tu mesma
Segunda Pessoa
Plural
Caso Masculino/Feminino Tradução
G ἑαυτῶν Vossos mesmos | Vossas mesmas
D ἑαυτοἱς A vós mesmos | A vós mesmas
A ἑαυτους Vós mesmos | Vós mesmas
Terceira Pessoa
Singular
Caso Masculino Tradução Feminino Tradução
G εαυτοῦ dele mesmo εαυτῆς dela mesma
D εαυτῷ a ele mesmo εαυτῇ a ela mesma
A εαυτον ele mesmo εαυτην ela mesma
38
Terceira Pessoa
Plural
Caso Masculino/Feminino Tradução
G ἑαυτῶν deles mesmos | delas mesmas
D ἑαυτοἱς a eles mesmos | a elas mesmas
A ἑαυτους eles mesmos | elas mesmas
Exemplo:
Os pronomes recíprocos são usados para indicar uma ação ou sentimento mútuo
existente entre duas ou mais pessoas, enfatizando a ideia de uma ação realizada por
todas as partes envolvidas de forma recíproca. Por essa razão, não existe uma forma
para o caso nominativo. Assim, a forma lexicográfica é o genitivo ἀλλήλων e ocorre
apenas no plural.
Exemplo:
ἀλλήλους ἀγαπήσατε
Amai-vos uns aos outros (1 Pedro 1.22)
SINGULAR
Caso Mas/Fem Neutro Tradução
N τις τι alguém/algo, algum/alguma, um/uma, qualquer
G τινός de alguém/algo, algum/alguma, um/uma, qualquer
D τινί para alguém/algo, algum/alguma, um/uma, qualquer
A τινά τι a alguém/algo, algum/alguma, um/uma
39
PLURAL
Caso Mas/Fem Neutro
N τινές τινά alguns/algumas, uns/umas, quaisquer
G τινῶν de alguns/algumas, uns/umas, quaisquer
D τισί(ν) para alguns/algumas, uns/umas, quaisquer
A τινάς τινά a alguns/algumas, uns/umas, quaisquer
Os pronomes interrogativos são aqueles que tem como objetivo obter respostas
específicas dentro de uma sentença. Basicamente, no grego bíblico, os pronomes
interrogativos são idênticos aos indefinidos. Vejamos suas formas:
SINGULAR
Caso Mas./Fem Neutro Tradução
N τις τι alguém/algo, algum/alguma, um/uma, qualquer
G τινός de alguém/algo, algum/alguma, um/uma, qualquer
D τινί para alguém/algo, algum/alguma, um/uma, qualquer
A τινά τι a alguém/algo, algum/alguma, um/uma
PLURAL
Caso Mas/Fem Neutro
N τινές τινά alguns/algumas, uns/umas, quaisquer
G τινῶν de alguns/algumas, uns/umas, quaisquer
D τισί(ν) para alguns/algumas, uns/umas, quaisquer
A τινάς τινά a alguns/algumas, uns/umas, quaisquer
FIQUE ATENTO
Se pronomes τις ou τι seguirem um substantivo ou um verbo, isso é um indicativo que tais
pronomes são indefinidos. Mais uma vez: esteja atento ao contexto da sentença!
40
3.4.6 Pronomes relativos
Como afirma Jeremy Duff, “a função do pronome relativo é unir em uma única
sentença o que poderiam ser duas sentenças” (2005. p.111). Lembre-se que o pronome
concorda com o antecedente em gênero, número e caso. Logo, o pronome relativo
flexiona de acordo com a declinação do antecedente. Vejamos as formas do pronome
relativo:
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Iniciamos o nosso estudo sobre as classes gramaticais a partir do substantivo. Vimos
que existem similaridades com a língua portuguesa. Considerando isso, qual é a função
do substantivo no grego bíblico? Marque a resposta correta.
2. Continuando a falar sobre os substantivos, aprendemos que eles sofrem flexões. Qual
afirmação abaixo corretamente descreve os tipos de flexões que os substantivos gregos
sofrem?
3. Aprendemos que os substantivos declinam em caso, algo que não ocorre na língua
portuguesa. Cada caso possui terminações que definem o caso e concordam com o
gênero do substantivo. As terminações -η -ας -ης e -ος -ον pertencem respectivamente
a que paradigmas de declinações?
a) Segunda e primeira
b) Masculina, feminina e neutra
c) Primeira e segunda
d) Segunda e terceira
e) N.R.A
a) V-V-V
b) F-V-F
c) V-V-F
42
d) F-F-V
e) V-F-F
a) Os adjetivos são uma classe de palavras conhecida por dar qualidade ou expressar
atributos dos substantivos.
b) As funções do adjetivo são: atributiva, predicativa e substantiva
c) A terminação -τερος é a terminação do grau superlativo
d) Os adjetivos flexionam em grau, gênero, número e caso
e) N.R.A
7. O grego bíblico não possui uma categoria específica de pronomes possessivos. Como
determinamos a ideia de posse através dos pronomes?
8. Os pronomes recíprocos são usados para indicar uma ação ou sentimento mútuo
existente entre duas ou mais pessoas, enfatizando a ideia de uma ação realizada por
todas as partes envolvidas de forma recíproca. Esses pronomes são importantes no Novo
Testamento. Quais são as formas do pronome recíproco. Marque a resposta correta:
PREPOSIÇÕES,
CONJUNÇÕES E
ADVÉRBIOS
44
4.1 PREPOSIÇÕES
Neste capítulo, estudaremos as preposições. Muitas pessoas têm a tendência
de menosprezar as preposições por considerá-las uma classe de palavras que serve
apenas para fazer conexões entre parte de uma oração. Porém, são as conexões que
elas constroem que dão sentido à oração. Uma coisa é dizer: “dente leite”. Outra coisa
bem diferente é dizer: “dente de leite”. Como veremos, as preposições são igualmente
significativas no grego bíblico.
Características das preposições
A primeira característica das preposições que consideraremos é o número
limitado de palavras que compõem essa classe gramatical. Observe a tabela abaixo:
Na língua portuguesa, a preposição é “uma palavra invariável que tem por função
ligar o complemento à palavra completada” (2009, p.334). Tal função permanece no
grego bíblico. Deste modo, uma das principais características das preposições gregas é
que elas são invariáveis. Portanto, não flexionam e nem possuem inúmeras declinações,
mas apenas uma forma.
Contudo, as preposições terminadas em vogais sofrem uma modificação quando
são sucedidas por palavras iniciadas com vogal. Neste caso, a vogal final da preposição
é substituída por uma apóstrofe [ ` ]. Esta modificação é chamada de elisão.
45
FORMA PADRÃO FORMA MODIFICADA TRADUÇÃO
ἀνά ἀν' de / em
ἀντί ἀντ' em favor / lugar de
ἀπό ἀπ' para longe de / a partir de
διά δι' para baixo / segundo / conforme
ἐπί ἐπ' em cima de / durante
κατά κατ' para baixo / segundo / conforme
μετά μετ' Com / entre / após
παρά παρ' para o lado de / da parte de
ὑπό ὑπ' sob / debaixo de / por [agente / causa]
Outra modificação das preposições ocorre quando estas são sucedidas por
vogais com aspirações ásperas. Isto ocorre com as seguintes preposições:
Com isso em mente, é necessário que o estudante do grego bíblico entenda que a
preposição é importantíssima na leitura e na compreensão do texto. Assim, o significado
no texto dependerá do caso do substantivo.
4.2 CONJUNÇÕES
Iniciemos o estudo das conjunções. Mas, afinal, o que é uma conjunção? Almeida
define a conjunção como “o conectivo oracional, isto é, é a palavra que liga orações”
(2009, p.345). Tal categoria de palavras é fundamental para que haja coesão e clareza
na construção das orações.
No grego bíblico, também há conjunções. Uma das características das conjunções
gregas é que elas são palavras invariáveis, isso quer dizer que não flexionam. E, elas
podem ser divididas em três grupos: aditivas, adversativas e explicativas. Vejamos de
47
maneira detalhada cada um destes grupos.
Conjunção Tradução
δέ e | mas
καί e | também
μέν mas
ουδέ nem
τε e
Segue uma lista das conjunções aditivas mais comuns no texto do Novo
Testamento:
Segue uma lista das conjunções explicativas mais comuns no texto do Novo
Testamento:
Conjunção Tradução
ἄρα pois |então | ora
γάρ porque
διό porque | por isso
διότι porque | por isso
ει se
εαν se | já que
ἴνα de sorte que | para que
ὃτι porque
οὔν pois |então | ora
ὥstε e assim | pois | por isso
FIQUE ATENTO
As conjunções são uma classe de palavras que requer muita atenção do estudante do
grego bíblico. Como você pode observar, a mesma conjunção pode ser usada com outro
sentido, de acordo com o contexto da frase. Por isso, é importante atentar-se para a es-
trutura da frase e a construção gramatical de todo o texto.
4.3 ADVÉRBIOS
Fundamentalmente, os advérbios são modificadores do verbo. No grego bíblico,
a grande maioria dos advérbios é formada a partir dos adjetivos. Isso ocorre pelo
acréscimo da terminação -ως.
ADJETIVO TRADUÇÃO ADVÉRBIO TRADUÇÃO
άξιος digno άξιως Dignamente
δίκαιος justo δίκαιως Justamente
κακός mau κακως Mal
καλός bom καλως Bem
49
Assim como ocorre com os adjetivos, os advérbios também flexionam em grau
comparativo e em grau superlativo. Para isso, é acrescentado o sufixo comparativo
-τερον ou o sufixo superlativo -τατα. Veja os exemplos:
FIQUE ATENTO
No grego bíblico, a relação entre adjetivos e advérbios é estreita. Os adjetivos servem ao
propósito de qualificar substantivos, enquanto os advérbios cumprem a tarefa de qua-
lificar verbos. Um exemplo em português pode nos ajudar a compreender essa relação.
Podemos dizer:
Ele é um corredor rápido.
Ele correu rapidamente.
O mesmo acontece com o grego bíblico! Então, conhecer os adjetivos auxilia na compre-
ensão dos advérbios.
Porém, nem todos os advérbios seguem esse padrão, por isso são designados
como advérbios irregulares. Tais advérbios possuem formas específicas e alguns passam
por uma transformação radical, como o advérbio πολύ (muito) que no comparativo é
modificado para πλειον (muito mais). Dadas as limitações do nosso curso, orientamos os
alunos a atentarem para as formas dos advérbios, memorizando suas flexões e utilizem
um bom léxico grego-português.
Alguns advérbios podem ser divididos em três categorias:
A. Advérbio de tempo:
Nesta categoria estão os advérbios que indicam quando uma ação ocorre. Alguns
exemplos:
B. Advérbio de modo:
Trata-se de um advérbio que descreve como uma ação é realizada. Por exemplo:
Advérbio Tradução Advérbio Tradução
οὕτως desta maneira ταχέως rapidamente
εἰκῇ sem causa ὄντως realmente
εὖ bem τάχα talvez
C. Advérbio de lugar:
É um advérbio que indica onde uma ação ocorre. Exemplo:
50
Advérbio Tradução Advérbio Tradução
ἄνω acima ἐκεῖθεν de lá
ἄνωθεν de cima ὧδε aqui
κάτω abaixo ἐντεῦθεν de lá
ἐκεῖ lá
51
FIXANDO O CONTEÚDO
2. Aprendemos que as preposições podem ser regidas pelos casos dos substantivos,
mudando o seu sentido de acordo com o contexto. Qual conjunto de preposições abaixo
corresponde à categoria de preposições regidas por três casos?
6. Os advérbios foram uma das classes gramaticais estudadas nesta unidade. Quais
das afirmações abaixo definem os advérbios?
7. Sabemos que os advérbios de tempo descrevem quando uma ação foi realizada. Dito
isto, qual das alternativas abaixo traduz adequadamente os advérbios de tempo αὔριον,
νῦν, πώποτε?
VERBOS GREGOS
55
5.1 MODIFICADORES VERBAIS
5.1.1 Modo
Indicativo
O modo indicativo, como o nome sugere, indica uma ação ou estado como
eles são de fato. Por isso, o indicativo pode ser considerado o modo da asserção, ou
apresentação da certeza” (WALLACE, 2009, p.448), podendo ser usado tanto para fazer
afirmações quanto para fazer questionamentos. Veja os exemplos abaixo:
Forma afirmativa:
Forma interrogativa:
Subjuntivo
O subjuntivo é o modo da possibilidade, da dúvida, da hesitação, da expectativa
e da incerteza. Como argumenta Duff, o subjuntivo é uma “parte de uma construção
mais ampla, e é essa construção que tem um significado” (2005, p.190). Em outras
palavras, compreender o que se quer expressar através do subjuntivo requererá tempo
e dedicação por parte do estudante do grego bíblico. Veja o exemplo:
Imperativo
Como ocorre no português, no grego bíblico também há um modo imperativo.
Este modo transmite de forma direta uma ordem, comando, conselho ou exortação.
Assim, o imperativo “indica a intenção de quem fala, sem esclarecer se aquilo que foi
expresso se tornará realidade ou não” (REGA; BERGMANN, 2004, p.29). Um detalhe sutil
no imperativo grego é o apelo à consciência.
Infinitivo
56
O modo infinitivo no grego bíblico é mais uma das formas nominais do verbo. O
seu objetivo é descrever a ideia geral do verbo, sem a necessidade de definir o agente
da ação. Schalkwijk nos lembra que “nem todos os tempos têm infinitivos” (1994. p.100).
Por essa razão, ao estudarmos as conjugações, não consideraremos o modo infinitivo.
Veja um exemplo do uso do infinitivo no texto bíblico.
Particípio
O particípio é um modo muito importante no grego bíblico. Basicamente, o
particípio é um “adjetivo verbal”. Assim, a função do particípio é expressar um estado,
desprovido de quaisquer conexões temporais.
καὶ πολλοὶ τῶν Κορινθίων ἀκούοντες ἐπίστευον καὶ ἐβαπτίζοντο.
...também muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram batizados (Atos 18.8).
5.1.2 Tempo
B. Futuro: Assim como ocorre com o aoristo, o futuro também descreve uma ação
sem considerar a sua causa ou os seus efeitos. A diferença é que tal ação ainda será
realizada. Por isso, seu aspecto é pontilear. Exemplo: λύσω = eu soltarei
ὁ Ἰησοῦς ὁ ἀναλημφθεὶς ἀφ᾿ ὑμῶν εἰς τὸν οὐρανὸν οὕτως ἐλεύσεται ὃν τρόπον ἐθεάσασθε
αὐτὸν πορευόμενον εἰς τὸν οὐρανόν.
Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir
(Atos 1.11).
FIQUE ATENTO
No grego bíblico os tempos verbais podem ser divididos em duas categorias. Os tempos
primários (Presente, Futuro, Perfeito) e os tempos secundários (Imperfeito, Aoristo, Mais-
-que-perfeito). Isso será importante em nosso estudo do sistema verbal grego.
5.1.3 Voz
Lembre-se que no sistema verbal a voz é a maneira como os verbos são expressos
em uma oração, a fim de demonstrar o papel que o sujeito gramatical desempenha,
ou seja ele é quem executa a ação ou é o que sofre a ação. No grego bíblico, os verbos
possuem três vozes: ativa, passiva e a média.
A voz ativa é a mais utilizada no grego bíblico. Essa voz comunica que o sujeito da
frase é aquele que realiza a ação em questão. Por sua vez, o Novo Testamento também
emprega a voz passiva, sendo esta a segunda forma mais utilizada. Essa voz sugere
que o sujeito da oração é o destinatário da ação que está sendo realizada contra ele. E
por fim, a voz média sugere que o sujeito tanto realiza quanto sofre a ação realizada.
58
FIQUE ATENTO
O grego bíblico pode ser muito sutil. Tal sutilidade é vista nas vozes verbais, mais propria-
mente no uso da voz passiva e da voz média. Com exceção dos tempos aoristo e futuro,
as formas verbais são idênticas nas vozes média e passiva. Logo, é o contexto que define
a voz utilizada pelo autor e, consequentemente, a intenção dada ao texto.
Finalmente, os últimos aspectos verbais que temos que considerar são as pessoas
e o número. Os verbos do grego bíblico flexionam em pessoa e número. Como ocorre
no português, temos no grego três pessoas (1ª pessoa, 2ª pessoa e 3ª pessoa) e dois
números (singular e plural). Usando o verbo λύω como paradigma de conjugação, o
verbo pode ser apresentado em pessoas e números da seguinte forma:
PESSOAS SINGULAR PLURAL
1ª Pessoa λύω λύομεν
Contudo, algumas consoantes não serão reduplicadas com a sua forma, mas
serão substituídas, formando sílaba com a vogal ε.
χ κ φ π θ τ
σ ζ σ ξσ
Usemos como exemplos os verbos θεραπευω (curar) e φύω (crescer):
B. Sufixos Temporais
Os sufixos temporais são aqueles que seguem imediatamente a raiz do verbo.
Não são todos os tempos que possuem sufixos temporais. A tabela abaixo nos dá uma
visão geral destes sufixos:
D. Terminações pessoais
As terminações pessoais indicam as pessoas gramaticais e a modalidade da voz,
considerando os tempos verbais. Para isso, os tempos verbais são divididos em tempos
primários e secundários. São chamados de tempos primários o presente, o futuro e o
perfeito. E, tempos secundários são o imperfeito, o aoristo e o mais-que-perfeito. Para
o aluno que está conhecendo o grego bíblico, é suficiente conhecer as terminações e
distingui-las na leitura do texto.
VOZ ATIVA
TEMPOS PRIMÁRIOS TEMPOS SECUNDÁRIOS
Singular 1ª Pessoa --- -ν
2ª Pessoa -ς -ς
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa λύ-o-μαι Eu estou sendo solto
2ª Pessoa λύ-η Tu estás sendo solto
3ª Pessoa λύ-ε-ται Ele está sendo solto
PLURAL 1ª Pessoa λυ-ο-μεθα Nós estamos sendo soltos
2ª Pessoa λύ-ε-σθε Vós estais sendo soltos
3ª Pessoa λύ-ο-νται Eles estão sendo soltos
62
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa λύ-o-μαι Eu solto para mim
2ª Pessoa λύ-η Tu soltas para ti
3ª Pessoa λύ-ε-ται Ele solta para si
PLURAL 1ª Pessoa λυ-ο-μεθα Nós soltamos para nós
2ª Pessoa λύ-ε-σθε Vós soltais para vós
3ª Pessoa λυ-ο-νται Eles soltam para si
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa λύ-σ-ω Eu soltarei
2ª Pessoa λύ-σ-εις Tu soltarás
3ª Pessoa λύ-σ-ει Ele soltará
PLURAL 1ª Pessoa λύ-σ-ο-μεν Nós soltaremos
2ª Pessoa λύ-σ-ετε Vós soltareis
3ª Pessoa λύ-σ-ο-σι(ν) Eles soltarão
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa ε-λυ-ον Eu soltava
2ª Pessoa ε-λυ-ες Tu soltavas
3ª Pessoa ε-λυ-εν Ele soltava
PLURAL 1ª Pessoa ε-λυ-ομεν Nós soltávamos
2ª Pessoa ε-λυ-ετε Vós soltáveis
3ª Pessoa ε-λυ-ον Eles soltavam
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa ε-λυ-ο-μην Eu estava sendo solto
2ª Pessoa ε-λυ-o-υ Tu estavas sendo solto
3ª Pessoa ε-λυ-ε-το Ele estava sendo solto
PLURAL 1ª Pessoa ε-λυ-ο-μεθα Nós estávamos sendo soltos
2ª Pessoa ε-λυ-σεθε Vós estáveis sendo soltos
3ª Pessoa ε-λυ-ο-ντο Eles estavam sendo soltos
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa ε-λυ-ο-μην Eu estava soltando para mim
2ª Pessoa ε-λυ-o-υ Tu estavas soltando para ti
3ª Pessoa ε-λυ-ε-το Ele estava soltando para si
PLURAL 1ª Pessoa ε-λυ-ο-μεθα Nós estávamos soltando para nós
2ª Pessoa ε-λυ-σεθε Vós estáveis soltando para vós
3ª Pessoa ε-λυ-ο-ντο Eles estavam soltando para si
64
D. Forma do Indicativo Aoristo
O indicativo aoristo aponta para uma ação ou estado assertivo totalmente
realizada no passado, sem considerar sua causa. Como ocorre no indicativo imperfeito,
no aoristo também há o acrescimento do aumento ε prefixando a raiz verbal. Mas,
também, há o acréscimo da partícula temporal σα, que é uma característica do aoristo.
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa ε-λυ-σα Eu soltei
2ª Pessoa ε-λυ-σας Tu soltaste
3ª Pessoa ε-λυ-σεν Ele soltou
PLURAL 1ª Pessoa ε-λυ-σα-μεν Nós soltamos
2ª Pessoa ε-λυ-σα-τε Vós soltastes
3ª Pessoa ε-λυ-σα-v Eles soltaram
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa ε-λυ-σα-μεν Eu soltei para mim
2ª Pessoa ε-λυ-σ-ω Tu soltaste para ti
3ª Pessoa ε-λυ-σα-το Ele soltou para si
PLURAL 1ª Pessoa ε-λυ-σα-μεθα Nós soltamos para nós
2ª Pessoa ε-λυ-σα-σθε Vós soltastes para vós
3ª Pessoa ε-λυ-σα-vτο Eles soltaram para si
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa λε-λυ-κα Eu tenho solto
2ª Pessoa λε-λυ-κα-ς Tu tens solto
3ª Pessoa λε-λυ-κ-εν Ele tem solto
PLURAL 1ª Pessoa λε-λυ-κα-μεν Nós temos solto
2ª Pessoa λε-λυ-κα-τε Vós tendes solto
3ª Pessoa λε-λυ-κα-v Eles têm solto
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa λε-λυ-μαι Eu tenho solto para mim
2ª Pessoa λε-λυ-σαι Tu tens solto para ti
3ª Pessoa λε-λυ-ται Ele tem solto para si
PLURAL 1ª Pessoa λε-λυ-μεθα Nós temos solto para nós
2ª Pessoa λε-λυ-σθε Vós tendes solto para nós
3ª Pessoa λε-λυ-vται Eles soltaram para si
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa ε-λε-λυ-μηι Eu tinha sido solto
2ª Pessoa ε-λε-λυ-σο Tu tinhas sido solto
3ª Pessoa ε-λε-λυ-το Ele tinha sido solto
PLURAL 1ª Pessoa ε-λε-λυ-μεθα Nós tínhamos sido soltos
2ª Pessoa ε-λε-λυ-σθε Vós tínheis sido soltos
3ª Pessoa ε-λε-λυ-θτο Eles tinham sido soltos
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa ε-λε-λυ-μηι Eu tinha soltado para mim
2ª Pessoa ε-λε-λυ-σο Tu tinhas soltado para ti
3ª Pessoa ε-λε-λυ-το Ele tinha soltado para si
PLURAL 1ª Pessoa ε-λε-λυ-μεθα Nós tínhamos soltado para nós
2ª Pessoa ε-λε-λυ-σθε Vós tínheis soltado para nós
3ª Pessoa ε-λε-λυ-θτο Eles tinham soltado para si
Modo Subjuntivo
O subjuntivo é o modo da possibilidade. Ele supõe o desejo para realização de
algo. No grego bíblico, o subjuntivo ocorre apenas no tempo presente e no aoristo.
A. Forma do Subjuntivo Presente
No subjuntivo presente, a conjugação do verbo na primeira pessoa do singular é
idêntica ao indicativo presente. Por isso, atenção ao contexto. Contudo, na segunda e na
terceira pessoa tanto do singular quanto do plural, haverá o alongamento das vogais
auxiliares (ε = η | o = ω). Quanto às terminações temporais, elas são as terminações dos
tempos primários.
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa λυ-ω Que eu solte
2ª Pessoa λυ-η-ς Que tu soltes
3ª Pessoa λυ-η Que Ele solte
PLURAL 1ª Pessoa λυ-ω-μεν Que nós soltemos
2ª Pessoa λυ-η-τε Que vós solteis
3ª Pessoa λυ-ω-σι(ν) Que eles soltem
Nas vozes passiva e média também ocorrerá o alongamento das vogais auxiliares
(ε = η | o = ω). E, serão utilizadas as terminações pessoais dos tempos primários. Observe
que a forma é idêntica para ambas as vozes.
67
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa λυ-ω-μαι Que eu seja solto
2ª Pessoa λυ-η Que tu sejas solto
3ª Pessoa λυ-η-ται Que ele seja solto
PLURAL 1ª Pessoa λυ-ω-μεθα Que nós sejamos soltos
2ª Pessoa λυ-η-σθε Que vós sejais soltos
3ª Pessoa λυ-ω-νται Que eles sejam soltos
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa λυ-ω-μαι Que eu solte para mim
2ª Pessoa λυ-η Que tu soltes para ti
3ª Pessoa λυ-η-ται Que Ele solte para si
PLURAL 1ª Pessoa λυ-ω-μεθα Que nós soltemos para nós
2ª Pessoa λυ-η-σθε Que vós solteis para vós
3ª Pessoa λυ-ω-νται Que eles soltem si
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa λυ-σ-ω Que eu solte
2ª Pessoa λυ-σ-η-ς Que tu soltes
3ª Pessoa λυ-σ-η Que ele solte
PLURAL 1ª Pessoa λυ-σ-ω-μεν Que nós soltemos
2ª Pessoa λυ-σ-η-τε Que vós solteis
3ª Pessoa λυ-σ-ω-σιν Que eles soltem
Modo Imperativo
O imperativo é o apelo à consciência. Ele expressa uma ordem, comando ou
exortação. Contudo, este modo transmite a ideia de desejo cuja realização é uma
possibilidade.
Uma das características do imperativo é que ele é conjugado em apenas dois
tempos: presente e aoristo. Além disso, sua conjugação só leva em conta a segunda e
a terceira pessoas tanto do singular quanto do plural.
A. Forma do Imperativo Presente
No imperativo presente, a vogal auxiliar será a vogal curta ε. Já as terminações
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa λυ-ε Solta tu
3ª Pessoa λυ-ε-τω Solte ele
PLURAL 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa λυ-ε-τε Soltai vós
3ª Pessoa λυ-ε-τω-σαν Soltem eles
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa λυ-ου Sê solto
3ª Pessoa λυ-ε-σθω Seja solto
PLURAL 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa λυ-ε-στε Sede soltos
3ª Pessoa λυ-ε-σθω-σαν Sejam soltos
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa λυ-ου Solta para ti
3ª Pessoa λυ-ε-σθω Solte para si
PLURAL 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa λυ-ε-στε Soltai para vós
3ª Pessoa λυ-ε-σθω-σαν Soltem para si
69
B. Forma do Imperativo Aoristo
O tempo aoristo do imperativo sugere um aspecto pontilear, no qual uma ação
é plenamente realizada no passado, sem se considerar as suas causas. Na voz ativa,
haverá o acréscimo da partícula temporal σα, que é característica do aoristo.
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa λυ-σ-ον Solta tu
3ª Pessoa λυ-σα-τω Solte ele
PLURAL 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa λυ-σα-τε Soltai vós
3ª Pessoa λυ-ε-τω-σαν Soltem eles
Na voz passiva, haverá o acréscimo da partícula temporal θη, que ocorre tanto no
aoristo quanto no futuro, nesta voz.
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa λυ-θη-ον Sê solto
3ª Pessoa λυ-θν-τω Seja solto
PLURAL 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa λυ-θη-τε Sede soltos
3ª Pessoa λυ-θη-τω-σαν Sejam soltos
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa λυ-σα-ι Solta para ti
3ª Pessoa λυ-σα-σθω Solte para si
PLURAL 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa λυ-σα-σθε Soltai para vós
3ª Pessoa λυ-σα-σθω-σαν Soltem para si
zEstudaremos agora o verbo ειμι. Necessariamente, este ειμι não constitui um paradigma
específico. Ele segue o paradigma dos verbos com terminação em -μι. Então, por que
estudar o verbo ειμι? Simples, porque é um dos verbos mais usados no texto do Novo
Testamento. Logo, fatalmente você encontrará este ao ler o texto grego. Veja o exemplo
abaixo:
ἐγὼ μεθ᾿ ὑμῶν εἰμι πάσας τὰς ἡμέρας ἕως τῆς συντελείας τοῦ αἰῶνος
E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século (Mateus
28.20).
70
ἐγώ εἰμι ὁ ποιμὴν ὁ καλός
Eu sou o bom pastor (João 10.11).
Há algumas características que você deve estar atento ao estudar o verbo εἰμι.
Primeiramente, o verbo não possui o aspecto da voz. Como afirma David Black, “uma
vez que εἰμί expressa um estado mais que uma ação, não tem voz ativa, média e nem
passiva” (2009, posição 978). Porém, a tradução para o português implicará no uso da
voz ativa.
A segunda característica é que o verbo εἰμι funciona como o verbo to be em
inglês. Ou seja, o mesmo verbo encapsula dois estados distintos: ser e estar. Logo, será
o contexto que determinará qual ideia transmitida pelo termo. Portanto, esteja atento
ao contexto.
Por fim, a terceira caraterística é que o verbo ocorre apenas nos modos indicativo,
subjuntivo e imperativo. Isso diminui a quantidade de flexões e torna mais compreensivo
e prático o uso do verbo.
Modo Indicativo
Ao estudar o modo indicativo, lembre-se que este modo indica uma ação ou
estado como eles são de fato, de maneira assertiva.
A. Forma do Indicativo Presente
A forma do indicativo presente possui alguns pontos de atenção. Observe
atentamente a conjugação abaixo:
Modo Subjuntivo
É sempre bom ter em mente que o modo subjuntivo transmite a ideia de incerteza
e dúvida. Seu intuito é que algum estado seja vivenciado. Neste modo, o verbo ειμι será
conjugado apenas no presente.
A. Forma do Subjuntivo Presente
Veja a tabela abaixo:
VOZ ATIVA
TEMPOS PRIMÁRIOS TEMPOS SECUNDÁRIOS
Singular 1ª Pessoa -μι -ν
2ª Pessoa -ς -ς
Modo Indicativo
A. Forma do Indicativo Presente
Novamente, é preciso dizer que a voz ativa comunica que o sujeito da frase é
aquele que realiza a ação em questão. Observe a tabela de conjugação abaixo. Verifique
que as terminações temporais usadas no paradigma -μι são similares às utilizadas no
paradigma -ω. Assim, a voz ativa utilizará as terminações dos tempos primários como
ocorre com o paradigma -ω. Também a ocorrência do (ν) móvel na terceira pessoa do
plural.
73
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa διδωμι Eu dou
2ª Pessoa διδως Tu dás
3ª Pessoa διδωιν Ele dá
PLURAL 1ª Pessoa διδομεν Nós damos
2ª Pessoa διδοτε Vós dais
3ª Pessoa διδοασι(ν) Eles dão
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa δίδομαι Eu estou sendo dado
2ª Pessoa δίδοσαι Tu estás sendo dado
3ª Pessoa δίδοται Ele está sendo dado
PLURAL 1ª Pessoa διδόμεθα Nós estamos sendo dados
2ª Pessoa δίδοσθε Vós estais sendo dados
3ª Pessoa δίδονται Eles estão sendo dados
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa δίδομαι Eu dou para mim
2ª Pessoa δίδοσαι Tu dás para ti
3ª Pessoa δίδοται Ele dá para si
PLURAL 1ª Pessoa διδόμεθα Nós damos para nós
2ª Pessoa δίδοσθε Vós dais para vós
3ª Pessoa δίδονται Eles dão para si
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa δοθήσομαι Eu serei dado
2ª Pessoa δοθήσῃ Tu serás dado
3ª Pessoa δοθήσεται Ele será dado
PLURAL 1ª Pessoa δοθησόμεθα Nós seremos dados
2ª Pessoa δοθήσεσθε Vós sereis dados
3ª Pessoa δοθήσονται Eles serão dados
Na voz média, usa as terminações temporais típicas da voz média dos tempos
primários.
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa δώσομαι Eu darei para mim
2ª Pessoa δώσῃ Tu darás para ti
3ª Pessoa δώσεται Ele dará para si
PLURAL 1ª Pessoa δωσόμεθα Nós daremos para nós
2ª Pessoa δώσεσθε Vós dareis para vós
3ª Pessoa δώσονται Eles darão para si
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa εδιδουν Eu dava
2ª Pessoa εδιδους Tu davas
3ª Pessoa εδιδου Ele dava
PLURAL 1ª Pessoa εδιδομεν Nós dávamos
2ª Pessoa εδιδοτε Vós dáveis
3ª Pessoa εδιδοσαν Eles davam
Nas vozes passiva e média, percebemos que ambas possuem a mesma forma.
Em ambas ocorre o aumento temporal ε e o uso das terminações temporais dos tempos
secundários. Estude com atenção a diferença de sentido de cada voz e fique atento ao
contexto.
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa ἐδιδόμην Eu estava sendo dado
2ª Pessoa ἐδίδοσο Tu estavas sendo dado
3ª Pessoa ἐδίδοτο Ele estava sendo dado
75
PLURAL 1ª Pessoa ἐδιδόμεθα Nós estávamos sendo dados
2ª Pessoa ἐδίδοσθε Vós estáveis sendo dados
3ª Pessoa ἐδίδοντο Eles estavam sendo dados
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa ἐδιδόμην Eu estava dando para mim
2ª Pessoa ἐδίδοσο Tu estavas dando para ti
3ª Pessoa ἐδίδοτο Ele estava dando para si
PLURAL 1ª Pessoa ἐδιδόμεθα Nós estávamos dando para nós
2ª Pessoa ἐδίδοσθε Vós estáveis dando para vós
3ª Pessoa ἐδίδοντο Eles estavam dando para si
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa εδωκα Eu dei
2ª Pessoa εδωκας Tu deste
3ª Pessoa εδωκεν Ele deu
PLURAL 1ª Pessoa εδωκαμεν Nós demos
2ª Pessoa εδωκατε Vós destes
3ª Pessoa εδωκαν Eles deram
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa ἐδόθην Eu fui dado
2ª Pessoa ἐδόθης Tu foste dado
3ª Pessoa ἐδόθη Ele foi dado
PLURAL 1ª Pessoa ἐδόθημεν Nós fomos dados
2ª Pessoa ἐδόθητε Vós fostes dados
3ª Pessoa ἐδόθησαν Eles foram dados
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa δέδωκα Eu tenho dado
2ª Pessoa δέδωκας Tu tens dado
3ª Pessoa δέδωκεν Ele tem dado
PLURAL 1ª Pessoa δεδώκαμεν Nós temos dado
2ª Pessoa δεδώκατε Vós tendes dado
3ª Pessoa δεδώκασι(ν) Eles têm dado
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa δέδομαι Eu tenho sido dado
2ª Pessoa δέδοσαι Tu tens sido dado
3ª Pessoa δέδοται Ele tem sido dado
PLURAL 1ª Pessoa δεδόμεθα Nós temos sido dados
2ª Pessoa δέδοσθε Vós tendes sido dados
3ª Pessoa δέδονται Eles têm sido dados
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa δέδομαι Eu tenho dado para mim
2ª Pessoa δέδοσαι Tu tens dado para ti
3ª Pessoa δέδοται Ele tem dado para si
PLURAL 1ª Pessoa δεδόμεθα Nós temos dado para nós
2ª Pessoa δέδοσθε Vós tendes dado para nós
3ª Pessoa δέδονται Eles têm dado para si
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa ἐδεδώκη Eu tenho dado
2ª Pessoa ἐδεδώκης Tu tens dado
3ª Pessoa ἐδεδώκει Ele tem dado
PLURAL 1ª Pessoa ἐδεδώκεμεν Nós temos dado
2ª Pessoa ἐδεδώκετε Vós tendes dado
3ª Pessoa ἐδεδώκεσαν Eles têm dado
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa ἐδεδόμην Eu tinha sido dado
2ª Pessoa ἐδέδοσο Tu tinhas sido dado
3ª Pessoa ἐδέδοτο Ele tinha sido dado
PLURAL 1ª Pessoa ἐδεδόμεθα Nós tínhamos sido dados
2ª Pessoa ἐδέδοσθε Vós tínheis sido dados
3ª Pessoa ἐδέδοντο Eles tinham sido dados
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa ἐδεδόμην Eu tinha dado para mim
2ª Pessoa ἐδέδοσο Tu tinhas dado para ti
3ª Pessoa ἐδέδοτο Ele tinha dado para si
PLURAL 1ª Pessoa ἐδεδόμεθα Nós tínhamos dado para nós
2ª Pessoa ἐδέδοσθε Vós tínheis dado para nós
3ª Pessoa ἐδέδοντο Eles tinham dado para si
Modo Subjuntivo
O modo subjuntivo é o modo da possibilidade. Com isso em mente, passemos
para as formas de conjugação.
A. Forma do Subjuntivo Presente
No subjuntivo presente, a conjugação do verbo na primeira pessoa do singular é
idêntica ao indicativo presente. Por isso, atenção ao contexto. Contudo, na segunda e na
terceira pessoa tanto do singular quanto do plural, haverá o alongamento das vogais
auxiliares (ε = η | o = ω). Quanto às terminações temporais, elas são as terminações dos
tempos primários. Também, esteja atento ao (ν) móvel na terceira pessoa do plural.
78
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa διδῶ Que eu dê
2ª Pessoa διδῷς Que tu dês
3ª Pessoa διδῷ Que Ele dê
PLURAL 1ª Pessoa διδῶμεν Que nós demos
2ª Pessoa διδῶτε Que vós deis
3ª Pessoa διδῶσι(ν) Que eles deem
Nas vozes passiva e média também ocorrerá o alongamento das vogais auxiliares
(ε = η | o = ω). As terminações pessoais utilizadas são as dos tempos primários. Observe
que a forma é idêntica para ambas as vozes.
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa διδῶμαι Que eu seja dado
2ª Pessoa διδῷ Que tu sejas dado
3ª Pessoa διδῶται Que ele seja dado
PLURAL 1ª Pessoa διδώμεθα Que nós sejamos dados
2ª Pessoa διδῶσθε Que vós sejais dados
3ª Pessoa διδῶνται Que eles sejam dados
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa διδῶμαι Que eu dê para mim
2ª Pessoa διδῷ Que tu dês para ti
3ª Pessoa διδῶται Que Ele dê para si
PLURAL 1ª Pessoa διδώμεθα Que nós demos para nós
2ª Pessoa διδῶσθε Que vós deis para vós
3ª Pessoa διδῶνται Que eles deem si
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa δῶ Que eu dê
2ª Pessoa δῷς Que tu dês
3ª Pessoa δῷ Que ele dê
PLURAL 1ª Pessoa δῶμεν Que nós demos
2ª Pessoa δῶτε Que vós deis
3ª Pessoa δῶσι(ν) Que eles deem
79
Como ocorre no aoristo na voz passiva, é acrescentado a partícula temporal
θη. Contudo, fique atento ao alongamento da vogal auxiliar e no (ν) móvel na terceira
pessoal do plural. As terminações pessoais serão as utilizadas na voz ativa.
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa δοθῶ Que eu seja dado
2ª Pessoa δοθῇς Que tu sejas dado
3ª Pessoa δοθῇ Que ele seja dado
PLURAL 1ª Pessoa δοθῶμεν Que nós sejamos dados
2ª Pessoa δοθῆτε Que vós sejais dados
3ª Pessoa δοθῶσι(ν) Que eles sejam dados
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa δίδοσο Sê dado
3ª Pessoa διδόσθω Seja dado
PLURAL 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa δίδοσθε Sede dados
3ª Pessoa διδόσθων Sejam dados
80
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa δίδοσο Dê para ti
3ª Pessoa διδόσθω Dê para si
PLURAL 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa δίδοσθε Deem para vós
3ª Pessoa διδόσθων Deem para si
VOZ ATIVA
SINGULAR 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa δός Dai tu
3ª Pessoa δότω Dai ele
PLURAL 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa δότε Dai vós
3ª Pessoa δόντων Deem eles
VOZ PASSIVA
SINGULAR 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa δόθητι Sê dado
3ª Pessoa δοθήτω Seja dado
PLURAL 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa δόθητε Sede dados
3ª Pessoa δοθέντων Sejam dados
VOZ MÉDIA
SINGULAR 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa δοῦ Dê para ti
3ª Pessoa δόσθω Dê para si
PLURAL 1ª Pessoa - -
2ª Pessoa δόσθε Dai para vós
3ª Pessoa δόσθων Deem para si
2. O modo verbal “indica a maneira pela qual a ação do verbo deve ser considerada”
(DUFF, 2005. p.248). Aprendemos que há cinco modos no grego bíblico: indicativo,
subjuntivo, imperativo, infinitivo e particípio. Quais afirmações abaixo são verdadeiras
acerca do que foi estudado acerca dos modos verbais?
4. As vozes verbais são em número de três no grego bíblico: ativa, passiva e média.
Quais afirmações sobre as vozes do sistema verbal grego estão corretas?
a) -μεν
b) -σο
c) -μεθα
d) -το
e) -σθε
8. O verbo ειμι é um dos verbos mais comuns do Novo Testamento. Assinale abaixo a
alternativa correspondente à conjugação no indicativo presente
TÓPICOS EXEGÉTICOS
85
Nesta última unidade, estudaremos os principais tópicos exegéticos referentes
ao estudo do Novo Testamento. O conhecimento do grego “koinê” visa capacitar os
estudantes no trabalho exegético.
É possível que este termo seja novo para alguns dos estudantes de teologia.
Também, é possível que alguns estudantes tenham uma ideia equivocada da exegese,
como se fosse um trabalho enfadonho ou mesmo desnecessário para a boa prática
teológica. Para outros, a exegese é um mero esforço acadêmico sem qualquer
implicação prática para a vida eclesiástica. Contudo, tais considerações resultam
do desconhecimento do que é a exegese e de uma postura preconceituosa e anti-
intelectual.
Como ferramenta do pensar teológico, a exegese é o ponto de partida para todo
processo do desenvolvimento da teologia. Afinal, a característica distintiva da teologia
cristã é o fato de que ela não é uma mera reflexão abstrata diante de um evento ou
fenômeno. Antes, a teologia cristã é uma reflexão biblicamente orientada, pois entende
que a Bíblia como Palavra de Deus, aplicando suas verdades às pessoas no seu contexto
histórico. No quadro abaixo, temos o caminho feito pelo teólogo até à aplicação das
verdades reveladas.
Exegese > Hermenêutica > Teologia Bíblica > Teologia Sistemática > Teologia Pastoral
Por essa razão, o teólogo suíço Karl Barth deu o seguinte conselho aos seus
alunos, antes de ser expulso da Universidade de Bonn, devido ao avanço do nazismo na
Alemanha, em 1935: “ouçam meu pequeno conselho: exegese, exegese e mais exegese!
Apeguem-se à Palavra, às Escrituras que nos foram dadas” (BARTH APUD FEE; STUART,
2008. p. 204).
Podemos definir exegese “como uma cuidadosa análise histórica, literária
e teológica de um texto” (GORMAN, 2017. P.270). Perceba que o centro do trabalho
exegético é o texto bíblico. Isso implica na compreensão do gênero literário do livro ou
da passagem em análise, a maneira como o autor utilizou-se dos recursos linguísticos
e a estrutura usada na construção da frase.
É preciso ser dito que o texto bíblico em questão é o texto na língua original. Por isso,
a necessidade do conhecimento do grego bíblico. Isso é tão sério para o cristianismo,
que o entendimento de muitos círculos é que as questões teológicas devem ser dirimidas
a partir do texto original e não das traduções, uma vez que o texto original é a fonte
inspirada e inerrante.
Outro ponto é que o trabalho exegético não se limita ao texto. Além de trabalhar
o texto, é necessário compreender o momento histórico em que ele foi escrito. Para isso,
é necessário construir todo um pano de fundo que os exegetas têm chamado de “Sitz
im leben”. Assim, o estudante de teologia precisa desenvolver uma pesquisa histórico
textual, a fim de localizar o texto dentro de seu contexto primário.
Diante disso, é necessário ter em mente que o termo exegese significa “conduzir
para fora”, daí a ideia extrair. O trabalho do exegeta não é moldar o texto à sua vontade,
mas é compreender o texto dentro do seu contexto e plica-lo de maneira adequada
86
à contemporaneidade. Deste modo, o objetivo da exegese pode ser definido como “a
descoberta do propósito do escritor bíblico ao escrever, ou o que é chamado de ‘intenção
autoral’” (GORMAN, 2017. P.270). Walter Kaiser esclarece essa definição, dizendo:
(...) a exegese procurará identificar a única intenção de
verdade de frases, cláusulas e sentenças individuais à
medida que constituem o pensamento de parágrafos,
seções e, em última análise, de livros inteiros... a exege-
se pode ser entendida neste trabalho como a prática e
o conjunto de procedimentos para descobrir o signifi-
cado pretendido pelo autor (KAISER JR, 1981.p.47).
O fato de a Bíblia ser um livro inspirado por Deus (2 Tm 3.16) e que em Deus não
há variação ou mudança (Tg 1.17), faz com que haja uma consistência entre seus
87
versículos, capítulos e livros. Portanto, pense em consistência como a capacidade de
aderir a padrões ou princípios de maneira uniforme, evitando mudanças arbitrárias ou
contradições.
Uma expressão latina traduz essa ideia: “Scriptura sacra sui ipsius interpres”. Em
bom português: A Escritura Sagrada interpreta-se a si mesma. Isso implica que, o estudo
do texto bíblico deve sempre levar em conta o texto como um todo. Falando sobre isso,
a Confissão de Fé de Westminster afirma:
A regra infalível de interpretação da Escritura é a mes-
ma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o
verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escri-
tura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto
pode ser estudado e compreendido por outros textos
que falem mais claramente (1997. 1.9).
Assim, o exegeta deve possuir uma visão holística das Escrituras Sagradas,
compreender a relação orgânica e vital de suas partes. Isso dará mais coesão e
coerência em sua aplicação.
Este princípio é peculiar para o trabalho exegético. Tal peculiaridade vem do fato
de que o cristianismo é uma fé comum, a despeito do tempo, do espaço e da cultura.
Ainda que existam elementos secundários que se transformam-se com as eras, outros
fazem parte daquilo que é fundamental para a fé.
Considerar a maneira como os primeiros cristãos receberam este ou aquele texto
bíblico reforça tanto o valor atemporal da verdade revelada como os vínculos credais
suportados pelos cristãos ao longo do tempo. Logo, o exegeta deve ter sensibilidade na
aproximação do texto bíblico, considerando os dois mil anos de história cristã. Quando
olhamos para o próprio texto bíblico, vemos os apóstolos utilizando o texto do Antigo
Testamento e fazendo afirmações ligadas à pessoa de Jesus (Atos 2.29-35 cf. Sl 16.8-11;
110.1).
Contudo, é necessário não confundir isso com a tradição extrabíblica sustentada
por alguns círculos cristãos. Os testemunhos aos quais nos referimos da recepção do
texto bíblico estão presentes nas páginas da própria Escritura. Afinal, os escritos dos
apóstolos revelam as dores, os desafios, as alegrias e as vitórias dos primeiros cristãos.
Contudo, isso não significa que o trabalho exegético será realizado como que
por mágica. R.C. Sproul e J.I. Packer são contundentes em dizer que “em questões de
interpretação, a Bíblia não assume qualquer tipo especial de mágica que muda os
padrões literários básicos de interpretação” (1978, p.63). Isso significa que o auxílio
do Espírito Santo é essencial, porém, não diminui a relevância do esforço humano em
compreender os padrões e construções frasais, extraindo do texto bíblico seus ensinos
e suas aplicações. A exegese é um trabalho que exige a sinergia entre o exegeta e o
Espírito Santo.
Leia o texto
A leitura do texto é o ponto de partida para a exegese. O objetivo desta leitura é
a familiarização com o texto. Por isso, leia o texto com atenção e repetidas vezes. Em
cada leitura, atente-se aos verbos, aos advérbios e às conjunções. Atente-se, também,
à construção das sentenças, às repetições de termos e ideias, bem como às ênfases
dadas ao sujeito.
Para que a tarefa exegética seja bem-sucedida, a leitura não deve ser resumida
à perícope a ser estudada. Leia cuidadosamente o contexto, tanto o anterior quanto
o posterior. Em se tratando de livros menores, como algumas cartas paulinas ou as
cartas gerais, recomenda-se a leitura de todo o texto. Como argumenta Gordon Fee,
“o conhecimento de todo o livro deve preceder o trabalho em qualquer de suas partes”
(STUART; FEE, 2008. p.322).
Traduza o texto
Foi para isso que você aprendeu grego instrumental, para traduzir o texto para seu
estudo pessoal e para a preparação de palestras e pregações. Este é um exercício que
demandará tempo e dedicação, além de um aparato que o auxilie em seu trabalho.
Pode parecer estranho ainda se falar em tradução do texto grego, quando temos
à disposição tantas traduções excelentes do texto bíblico. Contudo, Fee nos dá uma
razão significativa para que façamos a nossa própria tradução. Ele escreve:
De fato, você é a pessoa especialmente capacitada
para produzir uma tradução significativa – que você
poderá usar, em parte ou totalmente – como base para
o seu sermão, a fim de garantir que sua congregação
entenda bem a verdadeira força da Palavra de Deus do
modo em que a passagem a apresenta (STUART; FEE,
2008. p.323).
89
Na tradução, lembre-se de distinguir os elementos nominais e os elementos
verbais. Ao trabalhar os elementos nominais, atente-se aos casos dos substantivos
e como eles são afetados por seus modificadores, principalmente, os adjetivos e os
pronomes. Observe que os nomes próprios apontam para pessoas e lugares, e que
sua menção aponta tanto para eventos históricos quanto para relações pessoais e
sociais. Tais elementos apontam para os aspectos sintáticos das frases e sentenças.
Mas, também, aponta para aspectos contextuais.
Por sua vez, os elementos verbais apontam para as ações e os estados. Na
construção dos pensamentos e do sentido das sentenças, esteja atento aos tempos
verbais, especialmente considerando os aspectos temporais. Esteja atento às vozes
com as quais os verbos são usados, estando focado em como o sujeito se relaciona com
a ação ou estado expressos pelo verbo. Considere, por fim, os modificadores verbais,
especialmente os advérbios.
A tradução livre deve ser organizada numa tradução idiomática, ou seja, como a
mensagem contida no texto original pode ser transmitida de forma consistente através
do texto traduzido.
Compare as traduções do texto
Após o seu trabalho de tradução compare-o com outras traduções disponíveis.
Por vezes, é possível que tenhamos mais apreço pessoal por esta ou aquela tradução.
Contudo, deve-se levar em conta que as diversas traduções consideram as variantes
textuais, baseando-se no Textus Receptus (ou Texto Majoritário) e no Texto Crítico.
O Textus Receptus é uma compilação de manuscritos do Novo Testamento Grego
feita por Erasmo de Roterdã, no século XVI. Essa edição foi baseada em manuscritos
disponíveis na época, mas não tinha acesso a alguns dos manuscritos mais antigos e
melhores.
Por sua vez, o Texto Crítico é o fruto do trabalho de estudiosos posteriores que
pretendiam recriar o texto autêntico do Novo Testamento, baseando-se nos manuscritos
mais antigos, considerados como mais confiáveis. Esses estudiosos examinaram
meticulosamente várias discrepâncias textuais e se esforçaram para determinar
qual versão é a original mais provável. Isso faz do Texto Crítico uma abordagem mais
acadêmica.
A comparação de traduções auxilia na compreensão das divergências e
ênfases que cada tradição textual possui. Existem materiais de pesquisa e estudo que
apresentam de modo detalhado as variantes textuais encontradas no texto grego e
que podem ser usadas no processo de comparação, tais como o New Testament Greek,
Nestle-Aland e o Variantes Textuais do Novo Testamento Grego (SBB).
FIXANDO O CONTEÚDO
a) A teologia é um construto humano que exige uma base comum para reflexão, da
qual a Bíblia é uma destas bases revelacionais.
b) A teologia precisa responder os questionamentos humanos, por isso, ela ouve a “voz
interior” e estabelece uma ligação com a Escritura.
c) A teologia é uma reflexão abstrata e subjetiva, orientada pela mente do exegeta.
d) A teologia é uma reflexão biblicamente orientada, que compreende que a Bíblia é a
Palavra de Deus, que deve responder os questionamentos humanos.
e) Nenhuma das respostas acima
a) Apologética
b) Prolegômena
c) Hermenêutica
d) Homilética
e) Soteriologia
a) Somente as alternativas I, II e V.
b) Somente a alternativa I.
c) Somente as alternativas I e III.
d) Somente as alternativas I, IV e V.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
a) Religiosas e espirituais
b) Espirituais e morais, históricas e científicas
c) Religiosas, morais e espirituais
d) Espirituais, éticas e sociais
e) Morais, histórias e científicas
a) V-F-V-F-V
b) F-F-V-F-V
c) F-V-V-V-F
d) F-F-V-V-F
e) F-V-V-V-F
UNIDADE 1 UNIDADE 2
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 E
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 A
UNIDADE 3 UNIDADE 4
QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 B
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 E
UNIDADE 5 UNIDADE 6
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 C
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 D
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 A
97
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Lucerna. 2009.
CATACH, N. (org). Para uma teoria da língua escrita. São Paulo. Ática. 1996.
CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de bíblia, teologia e Filosofia. Vol.2. São Paulo. Hagnos. 2001.
HORTA, G. N. B. P. Os gregos e seu idioma. 4 ed. Tomo 1. Rio de Janeiro. Di Giorgio. 1991.
LASOR, W. S. Gramática sintática do grego do Novo Testamento. 2 ed. São Paulo. 1998.
PRICE, C. Biblical exegesis of New Testament greek: James. Eugene. Cascade Books.
2008.
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SACKS D. Encyclopedia of the Ancient Greek World. revised edition. New York. Facts on
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98
SCHALKWIJK, F. L. Coinê: Pequena gramática do grego neotestamentário. 7 ed. rev.
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TAYLOR, W.C. Introdução do estudo do Novo Testamento grego. 7 ed. Rio de Janeiro.
JUERP. 1983.
graduacaoead.faculdadeunica.com.br