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EXCELENTÍSSIMO JUIZ...

(juízo competente que está apreciando a


demanda proposta)

Processo nº _________________

AUTOR(A), já qualificado(a) nos autos da presente AÇÃO JUDICIAL em


epígrafe, ajuizada em face da UNIÃO FEDERAL e do BANCO DO BRASIL
S/A, vem a presença de Vossa Excelência, oferecer

RÉPLICA À CONTESTAÇÃO

apresentada pela Ré, pelas razões fáticas e jurídicas adiante que seguem.

Em sua peça repressiva, alega a Ré, falta de interesse


processual por parte do Autor e ilegitimidade passiva.
Acontece Exa., que o Autor veio se socorrer da Justiça, pelo
fato de ter ocorrido resistência a sua pretensão, na via administrativa, quando se
dirigiu a uma agência bancária afim de verificar os seus extratos da conta
PASEP.
Encontrando, portanto, óbice ao seu pleito, o postulante buscou
junto ao Judiciário a solução de tal impasse. Conquanto tenha assim
diligenciado, a UNIÃO, sabendo que o perseguido recurso, como de praxe, não
é pago ao seu beneficiário pela via administrativa, daí a constante deflagração

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de procedimentos judiciais visando a obtenção daquele, visto a pretensão
resistida, recheou a sua refutação com inconsistentes alegações, desprovida do
menor adminículo de prova.
É de bom alvitre lembrar que o interesse de agir não se
confunde com o exaurimento da via administrativa, até porque tal imposição,
mostra-se totalmente inconstitucional, pois afronta diretamente CLÁUSULA
PÉTREA DA CARTA MAGNA DE 1988, qual seja: ART.5,XXXV, in verbis:
"Art.5- Omissis
XXXV- A Lei não excluirá de apreciação do Poder Judiciário,
lesão ou ameaça ao Direito."

Da vertente ressai, portanto, a quão legítima, válida e correta


demonstra o pleito da liberação, em favor do requerente, do integral valor
depositado no sistema PASEP.
Não se deve olvidar, outrossim, da aplicação dos Princípios da
Boa-fé subjetiva e objetiva, que possuem em sua própria expressão, uma
conotação de "estado de consciência" ou convencimento individual de obrar (a
parte) em conformidade ao direito.
Paulo Bonavides sobre o assunto menciona que:
“princípios de direito são aplicados a casos concretos, caso
ocorra colisão entre dois princípios, a solução consiste em
diminuir-se a eficácia de um princípio e elevar-se a eficácia do
outro, segundo critérios de proporcionalidade e razoabilidade,
pendendo-se em favor do princípio de maior peso ou valor para
aquele caso, vale dizer, considerando-se suas circunstâncias
peculiares.” (2002, p. 251-2)”

Os princípios gerais do direito são verdadeiros condutores da


atual legislação, pois visam inclusive aplicar os regramentos previstos na
Constituição Federal.
Muitos doutrinadores descrevem princípios como "alicerces"
do ordenamento jurídico, sendo que o princípio da boa-fé objetiva, objeto de

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discussão do presente trabalho serve de parâmetro para aplicabilidade da lei nas
relações contratuais, é o que será demonstrado.
O princípio da boa-fé objetiva importa na exigência do dever de
lealdade entre os contratantes com respeito às expectativas legítimas geradas no
outro. O Código Civil de 2002 expressamente prevê a aplicação do princípio da
Boa-fé objetiva nos artigos 113, 187 e 422.
O artigo 113 disciplina sua função interpretativa nas relações
jurídicas privadas, já o artigo 187 dispõe que a boa-fé objetiva é um limite ao
exercício de direitos subjetivos e, por fim, o artigo 422 do Código Civil, aponta
a boa-fé como fonte autônoma de deveres jurídicos.
Decorrem exatamente dessas três situações apontadas acima, as
três principais funções do princípio da boa-fé objetiva: Em primeiro lugar, o
princípio da boa-fé objetiva é fonte autônoma de deveres jurídicos; logo em
seguida pode-se apontar a função de limite ao exercício de direitos subjetivos e,
por fim, também é critério de interpretação e integração dos negócios jurídicos.
Face ao acima exposto, requer a V.Exa., se digne de dar
irrelevância a contestação simplória apresentada pelos Réus, julgando
conseguintemente procedentes os pedidos contidos na exordial em todos os seus
termos.
Com relação à ilegitimidade passiva, não merece prosperar os
argumentos apresentados pela Ré, pois a instituição se negou a apresentar os
documentos que por direito o autor tem juz, não podendo se eximir do seu dever
jurídico.
Ora Exa., de acordo como a Lei Complementar 8/70, se extrai o
polo ativo da presente ação, uma vez que em se art. 5º, elenca as pessoas que
estarão aptas a receber os valores decorrentes da relação jurídica sob exame.
Nesse sentido:
Lei Complementar 8/70
“Art. 5º - (...)
§ 4º - Por ocasião de casamento, aposentadoria, transferência
para a reserva, reforma ou invalidez do servidor titular da
conta, poderá o mesmo receber os valores depositados em seu

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nome; ocorrendo a morte, esses valores serão atribuídos aos
dependentes e, em sua falta, aos sucessores.”

Decreto nº 71618/72
“Art. 18. O Banco do Brasil S.A. manterá contas
individualizadas para cada servidor, na forma que for
estipulada pelo Conselho Monetário Nacional.
§ 4º Por ocasião de casamento, aposentadoria, transferência
para a reserva, reforma ou invalidez do servidor titular da
conta, poderá o mesmo receber os valores depositados em seu
nome; ocorrendo a morte esses valores serão atribuídos aos
dependentes e, em sua falta, aos sucessores."

O art. 1º da Lei nº 6.858/80 dispõe que os valores devidos pelos


empregadores aos empregados e os montantes das contas individuais do Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço e do Fundo de Participação PIS-PASEP, não
recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em cotas iguais, aos
dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma da legislação
específica dos servidores civis e militares e, na sua falta, aos sucessores
previstos na Lei Civil, indicados em alvará judicial, independentemente de
inventário ou arrolamento.
A Lei Complementar nº 08/70 instituidora do Programa de
Formação do Patrimônio do Servidor Público – PASEP, em seu art. 5º, delega
ao Banco do Brasil a competência para operacionalizar o Programa, da seguinte
forma:
“Art. 5º - O Banco do Brasil S.A., ao qual competirá a
administração do Programa, manterá contas individualizadas
para cada servidor e cobrará uma comissão de serviço, tudo na
forma que for estipulada pelo Conselho Monetário Nacional.”

Nesse sentido, o Banco do Brasil como agente operador do


Programa PASEP, possui ingerência procedimental sobre as contas e dever de

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guarda dos valores repassados, motivo pelo qual se insere na relação jurídica
processual em tela, que questiona justamente aspectos desta operacionalização,
junto com a responsabilidade constitucional da União.
Ainda se faz presente, que o Banco do Brasil presta serviço
público, devendo ser aplicada a responsabilidade civil objetiva, que somente
deverá ser afastada se comprovada a inexistência de defeito no serviço ou a
culpa exclusiva do autor ou de terceiros, como será adiante explicitado com
mais rigor tendo falhado em exibir os extratos condizentes com o serviço por
ele prestado como agente operador do Programa1.
Tudo isto, de acordo com o entendimento dos nossos Tribunais,
verbis:
“PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO REFERENTE À
CORREÇÃO MONETÁRIA - DEPÓSITOS
INDIVIDUALIZADOS PROVENIENTES DO PASEP.
LEGITIMIDADE PASSIVA DO BANCO DO BRASIL S. A.
INAPLICABILIDADE DO VERBETE Nº 77 DO STJ.
Nas causas em que se discute correção monetária dos depósitos
provenientes do PASEP, o BANCO DO BRASIL S. A. é parte
legítima para figurar no pólo passivo da relação processual, eis
que a súmula 77 do STJ não tem aplicabilidade à espécie,
verbete esse que cuida de ações relativas às contribuições.”
(Acórdão n.118782, 19980110452062APC, Relator: EDSON
ALFREDO SMANIOTTO, Revisor: ROMÃO C. OLIVEIRA,
2ª Turma Cível, Data de Julgamento: 09/08/1999, Publicado no
DJU SEÇÃO 3: 27/10/1999. Pág.: 19)
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PASEP. CORREÇÃO MONETÁRIA. AÇÃO DE
COBRANÇA. BANCO DO BRASIL. LEGITIMIDADE
PASSIVA.

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É dizer, uma vez que a União procedeu ao depósito dos valores em conformidade com a Lei, deve o
Banco do Brasil atuar de acordo com a sua função, sofrendo as consequências processuais de condutas
ilícitas que suprimam o direito da parte autora ao valor a que faz juz pela sua condição jurídica subjetiva.

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O Banco do Brasil S/A, ao receber em depósito as
contribuições do fundo PASEP, torna-se responsável pela
correção monetária dos valores recolhidos em nome dos
participantes. E, assim, é parte legítima em ação que se cobra
diferenças relativas à correção monetária das contribuições
desse fundo. Embargos não providos. (Acórdão n.130033,
19980110452062EIC, Relator: JAIR SOARES, Revisor:
HAYDEVALDA SAMPAIO, 2ª Câmara Cível, Data de
Julgamento: 26/04/2000, Publicado no DJU SEÇÃO 3:
04/10/2000. Pág.: 7)
***
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
Despacho: RECURSO ESPECIAL NO(A) EMBARGOS
INFRINGENTES CÍVEIS N. 1998 01 1 045206-2
RECORRENTE(S) : BANCO DO BRASIL S/A
ADVOGADO(S) : FABER IRIA MATIAS e
outro(a)(s) RECORRIDO(S) : JOSÉ ALVES DE
SANTANA e outro(a)(s) ADVOGADO(S) :
VANIA CRISTINA PINTO DA SILVA DECISÃOI–
Cuida-se de recurso especial, interposto com base no artigo
105, inciso III, alíneas "a" e "c" da Constituição Federal, contra
decisão proferida, por maioria, pela da Segunda Câmara Cível
deste Tribunal d Justiça, cuja ementa encontra-se vazada nos
seguintes termos: PASEP. CORREÇÃO MONETÁRIA.
AÇÃO DE COBRANÇA. BANCO DO BRASIL.
LEGITIMIDADE PASSIVA. O Banco do Brasil S/A, ao
receber em depósito as contribuições do fundo PASEP, torna-se
responsável pela correção monetária dos valores recolhidos em
nome dos participantes. E, assim, é parte legítima em ação que
se cobra diferenças relativas à correção monetária das
contribuições desse fundo. Embargos não providos. (fl. 123)
Os recorridos, na origem, ajuizaram ação ordinária em desfavor

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do Banco do Brasil, alegando, que estão inscritos no Programa
de Formação do Servidor – PASEP, anteriormente a junho/87,
pleiteando a condenação do recorrente no pagamento dos
percentuais de 26.06%, 42,51% e 44,80%, referentes à correção
monetária dos saldos de suas contas vinculadas, nos meses de
junho/87, janeiro/89 e abril/90, respectivamente. O i. Juiz
singular, acolhendo a preliminar suscitada, declarou a
ilegitimidade passiva ad causam do recorrido, e extinguiu o
feito sem o exame do mérito, fulcrado nos artigos 3º e 267, VI,
do CPC, condenando cada autor no pagamento de honorários
advocatícios fixados em R$ 200,00, além das custas
processuais. Apelaram os autores e a Segunda Turma Cível, por
maioria, deu provimento ao recurso para, cassando a r. decisão,
declarar a legitimidade do réu para figurar no polo passivo da
relação processual. O réu interpôs embargos infringentes e a
Segunda Câmara Cível negou provimento ao recurso, nos
termos da ementa acima transcrita. Irresignado, o recorrente
interpôs o presente recurso, alegando que o O acórdão
vergastado, ao declarar sua legitimidade passiva ad causam,
violou a legislação federal, sem lograr indicar o dispositivo tido
por violado. De outro lado, suscitou dissenso pretoriano. Os
recorridos, devidamente intimados, não ofertaram contra
razões, conforme certidão de fls. 143 verso. II – A irresignação
é tempestiva, regular o preparo, as partes são legítimas e está
presente o interesse recursal. A irresignação do recorrente, com
fulcro na alínea "a" do permissivo constitucional, não merece
prosperar, eis que não logrou ele declinar quais dispositivos
legais teriam sido violados, tornando impossível a exata
compreensão da controvérsia. ( Súmula 284, do STF) Melhor
sorte não colhe a irresignação lastreada na alínea "c", uma vez
que o recorrente inobservou as exigências contidas nos artigos
541, parágrafo único do CPC, e 255 do RISTJ, deixando de

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fazer o cotejo analítico entre os acórdãos colacionados e a
decisão hostilizada, restando indemonstrado o dissenso
pretendido. III - Ante o exposto, indefiro o processamento do
recurso especial. Publique-se. Brasília, 09 de abril de 2001
Desembargador EDMUNDO MINERVINO Presidente do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios NCM.

Com efeito, inconteste a necessidade de manutenção do Banco


do Brasil no polo passivo da presente, sob pena de ferir o lídimo direito do
Autor, em razão do qual, deve o Réu sujeitar-se juridicamente, devendo este,
apresentar os documentos requeridos pelo Autor, sob pena de serem os valores
apresentados, considerados como corretos em eventual decisão de mérito.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto acima, a parte autora requer que Vossa Excelência a rejeição
in totum dos argumentos apresentados pela Ré, especialmente de questão
prejudicial, proferindo sentença de mérito no sentido de acolher os pedidos
constantes na exordial, bem como, condenar a requerida nas cominações legais,
por ser medida da mais lídima Justiça.

Nestes Termos,
Pede deferimento.

Estado, ___ de __________ de 201_.

(Nome, assinatura e número da OAB do advogado)

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