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Dados Internacionais de CatalogagSo na Publicagio (Cz?) (Canara Brasileiza do Livro, SP, Brasil) Geutdo da qualidade + tépicos avancados / otdvio J. oniveira (org:) ~ S40 Paulo # Cengage Lesening, 2015, BN 978-85-721-0386-7 1. Controle de quatidede 2. qualidade total - Gerencsanento I. Oliveisa, Otévie o3-4273 0-658.4013 indices para catélogo sistenstico: 1, Gestao da qualidade : adeintstracio de empresas 658.4013 2. Gualidade + Gestdo : Adninistragio de enprnsas 658-4013 1 de Pro- fo Paulo: io Paulo, \ Revista com.br/ » 273p. venharia SP), Pes- io 2000. ‘esquisa tracting 1B.12), Capitulo 11 Qualidade de Vida no Trabalho Valter Rodrigues de Carvatho INTRODUGAO Muito se tem discutido sobre a questdo do trabalho. Categorias profissionais tém-se mobilizado em busca de melhores condigées nao apenas no sentido pecunidrio, como também no sentido de que as empresas oferecam aos seus funciondrios oportunidades de desempenharem suas fungdes sem os desgastes ocasionadores de problemas fisicos € mentais. O trabalhador moderno depara-se com 0 avanco tecnol6gico que vem amea- cando a sua permanéncia no emprego, mas, por outro lado, pode significa para ele um desafio que 0 motiva na busca da educacao continuada e das especializagées, para que acompanhe as mudangas verificadas, tornando-o apto a novas oportunidades ou ao crescimento dentro da organizacao em que esta inserido. Essa nova era ~ do conhecimento — exige que o trabalhador s2ja um empreendedor e esteja engajado nos principios da empregabilidade. As empresas, do outro lado, esto atentas as suas inquietagdes, visto que os trabalhadores necessitam ser valorizados compreendidos, pois a maior parte das suas vidas ¢ de dedicacdo ao trabalho, perma- necendo grande ntimero de horas nos ambientes internos das organizagées. Ignorar essas circunstancias é desconhecer as leis que regem o proprio universo e estar se opondo ao desenvolvimento sustentavel. | GENESE E EVOLUGAO De acordo com Tozzi (1985), 0 problema em questao remonta & Revolugao Industrial, quando, com 0 advento das fabricas espalhadas pelos centros urbanos, os pequenos agri cultores e trabalhadores rurais migraram para as cidades e, sem qualificagdes para aten- derem as necessidades do setor fabril, aglomeravam-se em moradias inadequadas e sem condigdes de higiene e limpeza. As cidades ndo possufam infra-estrutura suficiente para atender as demandas emergentes. 159 160) ¥/ Gestio ok Quiwo0e: ror cos ngvons [As fabricas também nao ofereciam ambientes saudaveis, capazes de proporcionar ‘aos trabalhadores condigdes favoraveis para que executassem suas tarefas, 0 que provocava fadiga, decorrente dos excessos de esforgos e demasiadas jornadas de tra- balho. Nessa época, os operdrios nao tinham nenhuma representagio de classe nem lei que os protegesse, resultando em superexploragao de mao-de-obra, porquanto 05 patrées tinham como objetivo somente o lucro, pouco importando o bem-estar social da classe operdria. ‘A satide das pessoas era comprometida em virtude da total falta de higiene dos ambientes fabris, em que proliferavam doencas nao apenas pelo contagio, como, principalmente, pelo grande esforgo fisico a que eram submetidos os empregados: Sua alimentacdo era insuficiente e 0 que mais agravava sua situagdo eram os aci- dentes de trabalho, porquanto nao se pensava em preveni-los e tampouco em quali- dade de vida. O objetivo das fébricas estava centrado na produgao e, conseqiientemente, no lucro. Diversos movimentos em defesa dos trabalhadores surgiram na época, cau- sando grandes conflitos entre patres e empregados. Os baixos saldrios pagos pelos patrdes contribuiam também para sua condicao de miserabilidade. O principal movi- mento em prol do trabalhador surgiu sob a lideranca de Luddi! que, revoltado com a excluséo social motivada pelos avancos tecnolégicos que desempregavam a mao-de- obra desqualificada, comecou a provocar incéndios nas fabricas em sinal de protest a tecnologia. Para Chiavenato (1993), as teorias da administrago sofreram grandes influéncias dos economistas liberais que defendiam o principio de que a ordem natural é perfeita Postulavam que os bens naturais, sociais e econémicos tém cardter eterno, que os direitos humanos sao inaliendveis e que existe uma harmonia preestabelecida em toda a coletividade de individuos. ‘Afirmavam também que devia haver uma separacgio entre a vida economica ea influéncia estatal, porquanto, na viso liberalista, 0 trabalho segue os principios fecondmicos ¢ a mdo-de-obra esté sujeita a mesmas leis da economia que egem 0 mercado de matérias-primas ou 0 comércio internacional. Todavia, os operdrios dependem dos patrdes porque S10 0s donos dos meios de producio. O postulado principal do liberalismo ¢ a livre concorréncia. Nessa corrente de pensamento convém salientar que: Adam Smith visualizava 0 principio da especializacdo dos operdrios e 0 da divisio do trabalho. 2 James Mill sugeria medidas relacionadas com os estudos de tempos ¢ movimentos ‘como meios de incremento a produgio. C David Ricardo enfocava o trabalho como um fator de custo que envolvia capital, salério, renda, produgao, precos e mercados. 1 John Stuart Mill propunha um conceito de controle para evitar furtos nas empresas. 7 Trabalhador chamado General Luddi, que iderou o movimento lula BREO estru nada maic quar dea subs sh par apt orcionar s, 0 que s de tra- sse nem uuanto os social da higiene 0, como, regados. 08 aci- m quali- itemente, ea, cau 30s pelos pal movi- do coma mao-de- protesto ifluéncias 5 perfeita, 9, que os vem toda sondmica >rinefpios regem 0 operdrios sostulado o convém ao do covimentos fia capital, npresas, Capitulo 11 Quawowe oe Vion no Teas ¥ 161 O liberalismo, doutrina econémica do periodo de desenvolvimento capitalista, que se fundamentava no individualismo, no jogo das leis econOmicas natvrais e na livre concor- réncia — foi responsével pela criacao de intensos conflitos sociais. O capitalismo se agigantou. So a is i ai eae situasdes problemitias de organizagio de trabalho, de Qmicaede padrdode vida. Foi com 0 advento da Revolugao Industrial, na Inglaterra, a partir de 1776, que as estruturas comercial, social, politica e econémica sofreram profundas mudancas, ocasio- nadas pela invengéo da maquina a vapor, por James Watt. Todavia, a administracao sofreu maior influéncia com a segunda etapa da Revolugao Industrial, por volta de 1860 a 1914, quando da revolugdo do ago e da eletricidade, provocada por trés importantes aconteci- mentos: 0 desenvolvimento do aco, 0 aperfeigoamento do dinamo e a invengao do motor de combustdo interna. Houve nesse perfodo varias transformagdes no setor industrial: a substituicao do ferro pelo aco; a do vapor pela eletricidade e pelos derivados de petréleo; © desenvolvimento da méquina automética e, em conseqiiéncia, a especializagao do tra- balho com maior énfase no dominio da indtistria pela ciéncia; no desenvolvimento de novas formas de organizagao capitalista e na formacao de grandes acumulacdes de capital decor- rentes dos trustes e de fusdes de empresas. A Revolugio Industrial deu origem, portanto, a burguesia industrial (donos da nova indtistria) e ao proletariado (trabalhadores da nova indiistria), consolidando 0 surgimento dessas classes e caracterizando as transformagdes sociais mais importantes da época que significaram a afirmagdo do modo de produgio capitalista como inquestionavelmente dominante. Todavia, um dos seus efeitos mais signi- ficativos foi o acirramento da luta de classes, culminando com uma série de movimentos durante todo o século XIX. Foi a partir daf que o proletariado comecou a criar entidades capazes de organizé-lo e fortalecé-lo nas lutas pela melhoria de condigdes de trabalho e de vida. Novas doutrinas econdmicas e sociais foram elaboradas, vinculadas ao pro- cesso de industrializagao e urbanizagao ~ o liberalismo e o socialismo. 2 ABORDAGEM CLASSICA DA ADMINISTRAGAO Os primeiros trabalhos sobre administracao surgiram no século XX, com o advento da Administragdo Cientifica de Taylor, dando énfase as tarefas, e & Teoria Classica de Fayol, que enfatizava as estruturas. Em virtude das conseqiiéncias da Revolucao Industrial, - como o crescimento acelerado e desorganizado das empresas, s2u aumento de sfo e a necessidade de elevar a eficiéncia e a competéncia das organizacoes, ori a Abordagem Classica da Administragao. A principal preocupagio da Administragio Cientifica foi tentar eliminar o fan- tasma do desperdicio e das perdas sofridas pelas indiistrias norte-americanas e elevar os niveis de produtividade por meio da aplicagio de métodos e técnicas da en- genharia industrial. Fayol partia do todo organizacional e da estrutura para garantir eficiéncia a todas as partes envolvidas, tanto aos érgaos, secdes e departamentos como &s pessoas (ocu- pantes de cargos e executores de tarefas), a0 cohtrario de Tayler, que estava centrado apenas nas tarefas, sem levar em consideracao 0 homem enquanto executor. Ambos, 182 V7 Gesthoor Quwoie:rorcns manos porém, tinham o mesmo objetivo: a busca da eficiéncia das organizagdes. Mas foi com © aparecimento dos cientistas sociais, psicdlogos e socidlogos que surgit a Teoria das Relagdes Humanas, de Elton Mayo, época em que foram desenvolvidos estudos sobre ‘o homem e o seu comportamento nas organizacées, identificando 0 homem econdmico © 0 homem social com desejos, anseios e necessidades. Porém, Taylor foi o primeiro a dedicar-se aos estudos do trabalho, valorizando-o quando de suas preocupagées sobre observacdo e estudos sistematicos, pela adminis tracdo cientifica, ao se configurar um grande aumento na capacidade e conseqiiente alta de produgao, elevando as massas trabalhadoras dos paises desenvolvidos aos niveis desconhecidos na historia, Mas, para Drucker (1997), isso apenas contribuiu para lancar as bases sobre as quais pouco se construiu a partir de entao. O operério recebeu pouca atengio e o trabalhador intelectual quase nenhuma, mesmo nao faltando discursos de que o trabalho intelectual era 0 fator de desenvolvi- mento. Todavia as praticas dos estudos sérios e sistematicos ficaram restritos a alguns aspectos das atividades do trabalhador. "A Administragao como ciéncia nao pode deixar que cientistas e estudiosos cumpram as suas tarefas e muito menos 0 trabalhador, porquanto o assunto necessita de atuali- zacio, pondo-se em pratica os conhecimentos existentes, a fim de tornar o trabalho produtivo e o trabalhador realizado, dotado de espirito empreendedor. E preciso saber aplicar 0 conhecimento acerca do trabalho, dos trabalhadores e das suas atividades. ‘A satisfagdo pessoal do trabalhador, desacompanhada de trabalho produtivo, 6 um fracass0; como também € fracass0 0 trabalho produtivo que destr6i a realizagio do trabalhador. Nenhuma das hip6teses é, na realidade, sustentavel por muito tempo (Drucker, 1997). Conclui-se, portanto, que o trabalho, além de ser impessoal, é também objetivo ~ constitui-se em uma tarefa e como tal est sujeito a lei aplicada aos objetos pela qual esto sujeitos a uma l6gica centrada na andlise, na sintese e no controle. 3 AS TEORIAS PSICOLOGICAS Para Aguiar (2000), 0 mundo subjetivo das coisas, o mundo social das normas e insti- tuigdes e 0 mundo subjetivo das vivéncias e sentimentos, propostos por Habermas, situam uma ago comunicativa que coordena suas diferentes naturezas. ‘A ética discursiva est fundamentada no imperativo categ6rico de Kant, que norteia 0 julgamento moral da razo prética, onde o set humano jamais deve ser visto ou usado como ‘meio, mas somente como fim em si mesmo (Aguiar, 2000). A QVT (Qualidade de Vida no Trabalho) requer uma reflexao sobre o trabalhador enquanto individuo que cria expectativas de emancipacao pautada na teotia da agio comunicativa, baseada na Etica Discursiva, que define o homem como um ser capaz de refletir e analisar isoladamente, sem deixar de estabelecer relacdes dialégicas com outras pessoas, fundamentado na justica, na verdade e na autenticidade. Essa corrente define, portanto, que 0 individuo como ser social nao consegue viver fora do seu con- texto. Por outro lado, outra corrente da psicologia entende que o acontecimento social, decorrente das relagies interpessoais, exerce um poder coercitivo da autoridade para quem se deve obediéncia, ocasionando discussdes nas relagdes empregado-empregador. émico indo-o minis- ite alta niveis langar huma, wolvi- alguns apram atuali- ‘balho saber es. Capitulo 11 GuaLionos 0¢ Vion wo Teaaano ¥ 163. A psicologia organizacional preocupa-se com os individuos, quando da sua selegao e admissdo, em saber se esto adequados a ideologia da organizagao. Preocupa-se, pois, com as questdes organizacionais, procurando adaptar 0 individuo 3 organizagao. Explora © estudo da sua personalidade, seus valores, sentimentos, de certa forma aplicando processos manipuladores que eximem 0 individuo de ter pensamentos prprios, para que possa, mais facilmente, incorporar a filosofia da organizacao. A Etica Discursiva defende, entretanto, o principio de que o homem é um ser com desejos e necessidades, e a Escola das Relagdes Humanas aponta para as necessidades de auto-realizac4o como de maior importancia e as leva para além das fisiol6gicas e psicol6gicas. Leva a entender ser esse 0 prinefpio da fé, da luta, do desenvolvimento, da ética e da moral humana. Os conflitos existentes entre o trabalho e a mente das pessoas devem ser resolvidos quando o resultado dessa relagao exercer influéncia prejudicial 8 felicidade dos indi- viduos, & produtividade e & motivagao para o trabalho (Aguiar, 2000). Destarte, o homem, comé elemento essencial ao processo produtivo, nao pode ser vitima dessa relacao con- flituosa entre a organizacio do trabalho e o seu aparelho mental, porquanto poder comprometer seu desempenho, visto que a maior ou a menor produtividade pode estar vinculada ao seu estado motivacional. O trabalho, para alguns, é fator de salvacao, de equilibrio psfquico e de satisfagao afetiva, de maneira que, aliado a sublimagao passa ser responsével por recuperagies da satide mental (Aguiar, 2000). Diante do exposto, o trabalho passa a ter grande impor- tancia para a vida de cada individuo, pois, quando é possivel alié-lo a satisfacao pessoal, sem confundi-lo com felicidade, o individuo esté a um passo da exceléncia da qualidade de vida, uma vez que nao se pode distanciar uma da outra. £ preciso que os trabalhadores tenham suas necessidades satisfeitas pelas organizagbes, pois s6 assim elas os estardo provendo de clima e cultura propicios para que eles tenham consciéncia do seu papel na sociedade e de exercerem a sua cidadania. E de responsabilidade das organizagées a resolugdo dos conflitos existentes nos tra- balhadores, permitindo-Ihes, enquanto individuos que fazem parie do sistema criado or elas, melhor relacio com o trabalho ¢ tornando-o mais intelectual e menos repetitivo, para incentivar a sua criatividade e capacidade de inovagao. Para isso, faz-se necessério 6 trabalhador possa vivenia a sublimacio do seu 4 O TRABALHO E A QUALIDADE DE VIDA Qualidade de vida é a avaliagdo qualitativa da qualidade relativa das condigées de vida, incluindo-se atencao aos agentes poluidores, barulho, estética, complexidade etc. (Drucker, 1997). E sabido que a maior parte da vida de um trabalhador esté no seu local de trabalho, res- tando pouco tempo para 0 convivio com a familia, para com os amigos, entretenimentos 164°” Gsio oc Quasome:roneas amwgao0s € outras atividades sociais. Sabe-se também que os fatos acontecidos nesse local trans- cendem as muralhas da empresa, tendo grande influéncia em sua vida pessoal e familiar. Por outro lado, os desentendimentos familiares também so levados ao ambiente de trabalho (Schermerhorn Jr,, 1999). Por conseguinte, a qualidade de vida no trabalho constitui-se na qualidade de vida de cada um, uma vez que ndo se pode dissocid-la da esséncia do proprio homem. A maneira como as organizacdes tratam as pessoas pode gerar conseqiiéncias que so refletidas em ambientes externos, para muito além das fronteiras do espaco do trabalho. Portanto, cabe as organizagées a preocupagao com as praticas motivacionais, a fim de que 0 individuo encontre nesse ambiente um motivo para melhor desempenhar suas habilidades profissionais. Para Vasconcelos (2001), nesse contexto, vale ressaltar que outras ciéncias tém dado grande contribuigéo ao estudo do desenvolvimento da QVT, tais como: Satide, Ecologia, Ergonomia, Psicologia, Sociologia, Economia, Administracao e Engenharia, todas em- penhadas em desenvolver processos que beneficiem a relacao trabalhador-organizagio, em prol da melhoria das condigées humanas do trabalho, visando a maior produtivi- dade aliada & satisfacdo do homem. Isso s6 € possivel quando 0 trabalhador encontra no ambiente de trabalho categorias conceituais que podem ser transformadas em fatores motivacionais que impliquem os critérios a seguir: 1. Compensagfo justa e adequada: visa medit a qualidade de vida no trabalho, tendo como parémetro o salédrio recebido pela tarefa realizada, observando-se a sua eqiiidade a outros membros que desempenhem as mesmas fungdes tanto na organizagéo onde trabalha como também de profissionais de outras empresas, Condigdes de trabatho: responsaveis pela medigao da QVT, de acordo com as condigées ‘que se apresentam no local de trabalho, com base nos seguintes critérios: 2.1, Jornada de trabalho: mede o ntimero de horas trabalhadas, dentro ou nao da legis- lagao trabalhista, e sua relagio com o trabalho desempenhado. 2.2. Carga de trabalho: mede a quantidade de trabalho exercido em cada turno. 2.3. Ambiente fisico: avalia as condigdes de bem-estar e conforto do local de trabalho e ‘organizacao para seu desempenho. 2.3. Material e equipamento: avalia a qualidade e a quantidade dos materiais dispo- niveis para a execucao do trabalho. . Uso e desenvolvimento de capacidades: verifica a QVT referente as oportunidades que o trabalhador tem de aplicar, no desenvolvimento das suas tarefas, os seus talentos, habi- lidades e competéncias profissionais. Oportunidade de crescimento e seguranca: verifica a QVT quanto ds oportunidades ofere- cidas pela instituicdo para 0 desenvolvimento e crescimento pessoal do trabalhador e para a seguranga do emprego, tendo como base perspectivas de ascensao profissional fe grau de permanéncia (seguranca). . Integragio social na organizagio: examina o grau de integragdo social na organizacao, observando igualdade de oportunidades, apoio social, trabalhos em equipe em det mento do individualismo. 9. Constitucionalismo:fiscaliza 0 grau de cumprimento dos direitos do empregado na orga- nizacao, como direito trabalhista, privacidade, liberdade de expresso e aplicagdo de normas ¢ rotinas e suas influéncias no trabalhador. ‘I trans- amiliar. ente de de vida nem. A que sao ‘abalho. fim de ar suas m dado ologia, fas em- tizagio, rdutivi- contra das em 40 como lidade a o onde indigdes da legis- 2 abalho e s dispo- 2s que o os, habi- 2 ofere- hhador ‘issional nizagao, m detri- na orga- cio de fiulo 11 Guazoie o¢ Vox wo Teasuno vv 165 7. Trabalho e espaco total de vida: responsdvel pela medigao do equilfbrio existente entre a vida particular do empregado e sua e a vida no trabalho, observando-se a jornada de trabalho e vida em familia, além de horérios de chegada e safda na empresa. 8. Relevéncia social da vida no trabalho: responsdvel pela medicio da QVT quanto a per- cepcéo e compreensao do empregado com relacdo & responsabilidade social da orga- nizagéo com a comunidade, seu relacionamento com os seus emptegados quanto & qualidade de prestagio de servigos, além de medir qual a visdo do empregado sobre a instituigao (imagem) etc. Tabela 11.1 Categorias conceituais de Qualidade de Vida no Trabalho ~ QVT ‘Compensagio justa e adequada Eqhlidade interna e externa Justica na compensacio Partilha de ganhos de produtividade Condigdes de trabalho Jomada de trabalho razodvel “Ambiente fisico segure e saudavel “Auséncia de insalubricade ‘Uso e desenvolvimento de capacidades Autonomia Autocontrole relative Qualidades miitiplas Informagées sobre o processo total do trabalho ‘Oportunidade de crescimento e seguranca Possibilidade de carreira CCrescimento pessoal Perspectiva de avango salarial Seguranca de emprege Integragao social na organizagio ‘Auséncia de preconceitos Igualdade ‘Mobilidade Relacionamento ‘Senso comunitario Constitucionalismo Direitos de protecio ae trabalhador Privacidade Liberdade de expresso ‘Tratamento imparcial Direitos trabalhistas, (0 trabalho e 0 espago total da vida Papel balanceado no trabalho Estabilidad de horérios Poucas muclangas geograficas ‘Tempo para lazer coma familia 3. Relevancia social do trabalho na vida Imagem da empresa Responsabilidade social da empresa Responsabilidade peles produtos Praticas de emprego Fonte: Caderno de Pesquisas em Administragao, SP, v.8,n. 1, p. 27, jan./mar. 2001 166 ¥ Gisti0 os Quuioae: res mvngases Conforme Sucesso (apud Vasconcelos, 2001), pode-se deduzir que a QVT abrange: Oi Renda capaz de satisfazer as expectativas pessoais e sociais. O Orgutho pelo trabalho realizado, O Vida emocional satisfatéria. O Auto-estima. Q Imagem da empresa/instituicio junto a opinio publica. Equiltorio entre trabalho e lazer. Q Horétios e condigdes de trabalho sensatos. O Possibilidade de uso do potencial. O Respeito aos direitos. 0 Justica nas recompensas. s programas de satide muito contribuem também para a qualidade de vida no trabalho, pois proporcionam aos individuos 0 combate ao estresse, além de maior esta- bilidade emocional, melhor relacionamento, auto-estima e mais eficiéncia no trabalho, o que vem agregar valores ao sistema, uma vez que, como é do conhecimento geral, individuos saudéveis produzem com mais satisfacao e imprimem melhor qualidade 8s tarefas e aos produtos sob suas responsabilidades. Apesar da QVT nio ter o valor e 0 destaque merecidos nos processos da qualidade total, é de bom senso que seja considerada como o primeiro passo, Todos 0s outros proces- sos dependem da intervengao do trabalhador, porque, mesmo os processos automati- zados, sempre requerem sua atengo e capacidade de acompanhamento e observacao. As organizagdes empenhadas em implantacao de programas de QVT estardo climinando os conflitos internos existentes e caminhando para a perfeita implantaggo da qualidade total, pela qual seus produtos ou servicos terdo garantias que marcarao suas imagens, tanto no ambiente interno, integrado pelos seus empregados, como exter- namente, pelos consumidores. No Brasil, existem empresas empenhadas em desenvolver programas de qualidade de vida no trabalho, por entenderem que somente dessa maneira é possivel pensar-se em qualidade dos produtos ou servigos. Todavia, maior ntimero de outras empresas nao possuii qualquer estratégia voltada a QVT. Confundem, muitas vezes, beneficios exigidos por lei com qualidade de vida dos trabalhadores. Enquanto isso, nao desenvolvem nenhum tipo de melhoria para seus funciondrios porque esto, como no passado, cen- tradas somente no lucro e nao véem o trabalhador como aliado e sim como mao-de-obra assageira, desvinculada do seu desenvolvimento. @ Consideragées Finais Levering (apud Vasconcelos, 2001) relata que um local de trabalho saudével possibilita aos indi- vviduos outros compromissos que nao o trabalho, como a familia, o lazer, os hobbies pessoais etc. O empregado deve ter perspectivas no seu préprio projeto de vida e as organizacdes devem incentivé-lo na busca dos seus objetivos, concedendo-Ihe oportunidades de ascender pessoal e profissionalmente e integré-lo a sociedade como elemento produtivo, criativo e capaz de entender o seu papel como individu, no sentido de participar ativamente dos processos desenvolvimentistas dos espacos em que vive. lo 11 Quawoane o€ Via wo Teaaano vv 167 A qualidade de vida no trabalho, portanto, constitui-se na pea-chave do desenvolvimento humano enquanto profissional, pois é nas organizagées que ele, como trabalhador, encontra seu sucesso ou sua frustracio. Cabe as instituicées o cuidado da criagao de mecanismos capazes de proporcionar ao trabalhador uma esperanga de vida melhor, Dessa maneira, qualquer programa de qualidade tera sucesso nas organizagbes porque ela se tora intrinseca e, conseqiientemente, todo 0 produto ou servigo que passe por pessoas que tenham QVT tera o embriao desse bem-estar e satisfacao, @ Questées para Discussio 1. A preocupagio sobre as questées que envolvem o trabalhador no seu ambiente de trabalho deve ser incentivada pelo Estado ou pelas empresas? 2. Em sua opinido, Taylor teve uma visdo totalmente mecanicista ou se preocupou com a QVT? 3. Quais as vantagens da implantagéo de programas de QVT nas empresas? 4. Estabeleca um comparativo entre as relagSes empregado /empregador no periodo da Revo- lugao Industrial com o periodo atual 5. Que reflexos sociais provoca a QVT no trabalhador, na sociedade e nas empresas? & Referéncias Bibliograficas ABDUL, D.N. A. Administragdo em dilogo. 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