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& no sofrimento_e isolamento, na “travessia_do as contradigies~ da existéncia humana» portanto a diversidade de ex, vari@veis em functio das condicionantes biolégicas, geogréficas, socio-culturais, ambientais, econdmicas, etc, que fez surgir a filosofia na Grécia Antiga, com u iedade de esgolas filoséficas, cujos_principais ntos Elemiticos ‘abrangiam essencialmente trés campos: |i fisica: fica}e Postulavan: 0 relativismo do conhecimento humano,. porque reconheciam a portida experéncia vivida, (porque) supde a experignge ‘trégicn de todas ‘que rienfumna delas era detentora exclusiva da verdade e por isso, mantinham um idlogo permanente entre si. 9 Sain E embora tivessem em comum a questio da origem do mundo, da compreensdo e explicagtio de fenémenos naturais, sociais e das instituicdes, seus contetidos distinguiam-se pelo modo como cada uma abordava esses temas expressava a compreensto de tais coisas. Porque cientificamente a cada época corresponde um Baradigma’?, isto é, um tema bésico_em volta _do qual gira a investigactio e pensamento cientificos do momento; visto que «cada sdbio trabalha num campo que —Zscolheu em funciio da ideia a priori que se faz do mundo e de si préprio»; na Antiguidade pré-socratica predomina um cosmocentrismo, que_tenta compreender. explicar a natureza fisica, 0 universo. Antes portanto do surgimento da Filosofia ra colénia de Mileto, por volta do VIT século aC, admite-se que havia na Grécia ‘Antiga, certas crencas conviccdes espontineas relativamente & natureza ¢ origem do direito e do Estado, mas até af podemos afirmar com toda a seguranga avia de direito e do Estado. A verdade porém & que sem_ falando, Filosofia. - in La Philosophie découverte dans les Textes, citado por B >p. 162 Segundo o epistemdlogo americano Thomas Kuhn, ‘de conceilos, problemas. normas.e regras de pesquisa. mesias reeras © normos ¢ a mudanca de paradigma ‘para a modalidade de ciéncia exiraordinaria. A Gca. por isso, entre dois paradigmas existe. uma, ‘esto emt desacordo total com os de outro sobre - _ Portanto com a filosofia ainda nos primérdios da reflexio cientffica, no hd, Seriamente falando, filosofia do direito © do . visto que a ciéncia da época > Preocupava-se mais em encontrar a! Isto & i i ‘verso, Ora preacupada com a explicaco do |. . Wiiverso, a ciénca naturals. pré-soerética no tem em conta © home, Considerado parte daquelee como tal, explicdvel apenas em fungo da compreensio r do ‘todo do mundo” Em relactio portanto ao direito e ao Estado, os fildsofos jénios, pso-e.ao julgar ¢.natureza. ? Estado idéntica ds restantes leis. da-Cosmas, confundem as leis da natureza fisica ‘com as normas sociais que regula as relacdes no Estado (direito). Porque 0 cosmos constitula aos olhos dos jénios, o universo dentro do qual 0 homem vivia encoixado como uma. parte no todo, sem nenhuma espécie de autonomia, néio perguntando por si nem péla natureza do fendmeno que reside na reflexto; é apenas no perfodo a derradeiro da Epoca pré-socrética que surgiré uma teorizaciio dando lugar & uma verdadeina especulacio metafisioa sobre a origem e fim teleokigico do universo, f das coisas e entes nele existentes, assim como do préprio homem e das suas relagées com o Absoluto. Eel ais LA. OS PRIMETROS TEMPOS -“"~ 06, 25-74) p- 2 re, saceee pe 4) Pitégoras (570-496 a 6) é um insigne matemético, mito conbecido por : +ter formulado o famoso teorema que leva seu nome, € sobretudo por ser o primeira... ro osofic E porque seré que os seres do Universo se acomodam ds matemdticas? Os_ pitagéi consideram como Unica explicagio possivel, Mateméticas so também_os princpios_dos_seres. ¢ con y Ratemdti aft est constinven & a Ur 5 itagSricos: os jcedem de. eee eae: Seca mare no west Gurls @_nio_morisra_da ‘Ratureza, e estabelecendo uma série de oposicdes entre os dois termos (par-impar, limitado-ilimitado, bom-mau, luz-obscuridade, etc), as quais mais no sto do que i aspectos ou concregées dos principios originais™. Relativamente a filosofia do direito e Estado, o pensamento dos pitagéricos é um idealismo que tem ainda nos tr seus ipostos, como nos jénios seus predecessores, muito de acturalisesz b)}Heraclito (540-480 a também fidado “o obscuro”,, mei da_histéria a a «tradigionalmente considerado como 0 fidsofo us eftmod radesmerve que tudo masa e nada permanec, que o Universo, no é mais-da que contino devir no qual a lei da identidade corece de r vigéncia, pois todas as coisas estdo submetidas a uma continua transformaciion™*. Herclito é o primeiro a introduzir na reflextio filoséfica, 2 conceite de “logos” entendido como uma alma espiritual e intelectual, i lica 0 universe. uma-razdo-universal, que ,« via da 8? ee re qualquer mudanca e de qualquer processo de criactio ras ‘ae ede: criaciio do Universo», configura-se 4 de um modo definitive; a. dos, i i 1 ¢ 0 conhecimento do visivel. Esta heranca da metafisica — _parmenideana serd de uma forma ou de outra, pecolhida pelos filssofos do V sésilo ~ QC, quando os Sofistas aparecem em Atenas e surgem também jé definitivamente. separados, os conceitos de "physis", "Wégos" ¢ "némes", que ssi — paradigma da filosofia, de cosmocentrismo para antropocentrismo, dando origem aos pressupostos de uma auténtica filosofia do direito ¢ do Estado. AR Designa-se por “sofistas” floresceram na segunda metade do século V.aC ‘releyantes: em primeire lugar incluem nos seus ensinamentos, disciplinas humanistas‘(retérica, politica, direito, moral, etc) e emsequndo, stio-as ” primeiras profissionais do ensino. ‘Ambos os aspectos mostram claramente que oS _ ofistas tinham um projecto bem definide de educacdo, que rompia com o ensino: tradicional, embora fosse jd inadequado para a exigéncia da época™”. SAsz«. i igs que rodeiam o oparecimento do _movimento ta: < ‘uma , ee fisicas anteriores. E uma outra, - ” \democrdtico estabelecido em Atenas. as Arete ! Quanto a circunstapcia filoséfica, que permitiu 0 aparecimento dos sofistas, can ae deve sense em conta af teorias fisicas anteriores, que deram lugar a uma eatitude: eee perante a filesofia da natureza, que se mostrava incapaz de produzi wm i Ee caceitdvel >, Esta atitude relativista que conduzia & negacdo da > possibilidade do conhecimento da natureza, leva os sofistas a conclyjrem que Sendo | a verdade inacessivel ao homem,_sé Ihe restom os i a | _ _ «incapacidade_de_produzir um_sistema aceitével_para todos» da filosofia_da natureza pré-socrdtica e 0 consequente,cepticismo,_i trudo_com _Demécrita, que se divulgam ¢ se generalizam no séc V oC, come atitude intelectual, “conforme plasmado ne xhomo mensuro> dgoras e «nido hd ser; se houvesse, ndo poderia ser conhecido © Idem: p. 31 Mas 0 que significa sofista? Sofista e sébio provém de «sophia» (sabedoria) Sofista significou originariamente “mestre da_sabedoria’, antes de possar a designar, em consequéncia das ferparhas tical de Plato, salquém que empresa Sofismas. que faz recursa d netérica: que_usa_de_uma_finguagem_incongrvents. Alguém que usa de raciocinio caprichoso, de mé fé, com (a premeditada) intengio de enganar e induzir os outros em erro». E assim definido, sofista (sophistés) € 0 posto irreconcilidvel de sdbio (sophos), porquanto aquele tende sempre a «adulterar os factos ou deformar os acontecimentos de um modo falso para Gjusté-los ds suas ideias, fornecendo (assim) aos leitores (e/ou ouvintes) um Pacate especial de venene. (Jd) que o esprito é mais yulnerével do que. Sees Porque pode ser envenenado sem sentir dor imediata»"* (ndr) ‘Mesmo se Xenofonte, em {Ditos memondveis de Sécrated", diz que (ndr). Como Célicles ¢ Trasimaco, Protdgoras sublinha por sua vez, a relatividade do conhecimento humano, ao considerar «o homem medida de todas as coisas», transferindo assim a base de todo o conhecimento para a subjectividade € relatividade. Assim sendo, também pare Protégoras, uma afirmacio pode ser _ - verdadeira numa situagio e falsa noutra © assim © “nomos” € considerado, go mesmo_modo que a verdade, objectividade absohrta_e universal: Estado, direito, justicn, verdade, amor. sir, ees ies onscreen shame, we nad @) se como afirmam os sofistas, uma afirmagéio pode ser verdadeira num instante e falsa noutro e se o direito e o Estado sto uma criacdo “arbitrdria’ do, homem, sujeitos aos seus caprichos e interesses, onde reside ent&o a ic ete siree oo ee sofistas, deve também o Estado, sem o qual, individuo nenhum e direito alqum seriam imagindveis, ser considerado uma inencio arbitréria do homem? Mas a.ser verdade e o Estado sto frutos da alguma_validade ontolégice, como podem os sofistas “formar bons homens de a ee eee rocusare acter oma verdace permanente’ ke evel objecto da ciéncia? ‘Sejam quais forem as respostas que venhames dar a estas interrogagies, nao Fodemos negar que apesar de screm os primeiros teéricas do idea! politica de democracia, os sofistes aparecem também A.2. SOCRATES quebra-cabecas para a histéria da Filosofia, porque munca escreveu nada. Portanto de Sécrates histérico sabemos apenas o que dele dizem seus principais discipulos, Plat&o (que o apresenta como o tinico verdadeiro sébio, injustamente imolado, por amor & verdade) e Xenofonte (que no-lo apresenta demasiado convencional e beato) Ou aindd Aristételes, que do o tendo conhecido pessoalmente, recolheu testemunhos de terceiros. Sécrates <€ um “facto histérico” que escapa @ histéria mas sua influéncia foi to grande que modificou radicalmente 0 modo de fazer ciéncia: com ele “alguma coisa muda”, de modo que depois dele, a filosofia passou a ser vista, ou no momento antes, ou no momento depois de Sécrates. Sécrates é um contempordineo dos sofistas para «0s quais o discurso éum fim -enfio um meio ao servico da verdade>™: em busca da compreensiio da esséncia das coisas, Sécrates opor-se-thes-d. Contra Protdgoras para quem “o homem é medida de todas os coisas”, contra o subjectivismo gnoseoldgico de Teeteto, que reduz 0 conhecimento a sensacio: contra Filebo para quem o bem é simples prazer ou ainda contra. -Trasimaco: e- Céclicles;-que-1 i i "Que sais je" 1990. fod Font) ec Sacra, op. A..F 0 malvinas cra prcforical x0 cob. ido que escolhrdes.aerepeder-s0s-ts. Com Sécrates o paradigma da filosofia grega desloca-se radicalmente para um ntropocentris , 00 introduzir um novo método na _reflexio filoséfics: 0 Se canal \Contrariamente aos pré-socrdticos e aos sofistas, Sécrates faz coincidir a atencio ldos"estudos sobre o Homem e seus problemas morais, conferindo desta feita uma | dimenstio prdtica @ filosofia. Partindo do pressuposto que ele préprio, nada sabe e ' 3 sabe que nada sabe, afirma a prépria ignoréncia ¢ vai em bused do saber, que. = nunca serd definitivamente alcancado, porque a sabedoria ndo pode ser possuida. ‘Se de um lado ninguém é detentor exclusivo da Verdade e de outro, como afirma (Heidegger, «ni sabe tudo tudo quanto sabemos é semy 7 tudo», diz Sécrates que para atingir 0 conhecimento, o homem deve libertar-se do conjunto de preconceitos, dos falsos ideais. e supersticdes que ocupam o seu = espirito, qual erva daninha. O saber pode e deve ser dominado mas nunca possuido, de forma que para Sécrates, ndo hd maior sabedoria seniio aquela que reconhece a prépria ignordncia, ponto de partida para a procura do conhecimento. ‘Mas ao confessar o seu estado de ignordincia, Sécrates chama a nossa atengtio sobre o facto de que sé devemos falar de conceitos cuja essBncia conhecemos: isto Ee é, s6 devemos falar bem de coisas cujos conceitos conseguimos realmente definir. Os atenienses consideram Sécrates.como.o mais sdbio de todos os gregos, porque. contrariamente aos sofistas, ele néo pretende tudo saber, nem tem doutrina alguma para ensinar; aliés, afirma publicamente a sua ignordincia. Os outros gregos néio sabem mas julgam que sabem, ao passo que Sécrates, porque reconhece que 0 Sires que sabe realmente nada é, comparado ao verdadeiro edhhecimento necessirio:& A exacta compreenstio e explicagio do cosmos, do homem e do ser em sabe, mas sabe que ndéo sabe. Por isso sabe mais do que todes quantos = : Bares mp sober qu nk, saber. he I mirem se sas pensimentos io robusios ¢ vides ox fr2c0s € mal 44 ironig, a. uma reflexdo aa 9 rm * Na_realidade ndo dizer ada, como fazem os sofistas i, cola ude concn ge sabe: & £ess€ncia_na realidade ignora. E muito importante eran ponte’ importante saber qué o senso comum e a lingua, embora Tol Le da reflextio filosétice, sd apenas um ponto de partida e a discusstio dialéctica tem justamente por finalidade ultrapassé-los e superd-los. Para. hee existe é apenas aparéncia, visto que tudo se move e nada é fixo nem permanente; ‘Sécrates porém, mantendo a linha de uma perspectiva antropolégica iniciada pelos Eleates, que se opunham a vistio exclusivamente cosmocéntrica do mundo, defendida pelos filésofos jénios, que viam o homem como icdvel partir do cosmos: em oposicto, particularmente a Protagoras e Gérgias, procura’ estabelecer a ligacdo entre a lei da vontade humana, expressa no direito. € no Estado, e o principio intelectualistico da razéo, com valor objectivo™. Antes de tudo, Sécrates deve ser considerado como o novo fundador da crenga na raziio humana: as perguntas e questées indiscretas e perturbantes que coloca de forma aborrecida e exasperante, siio téo actuais e embaracantes como outrora. Mas se 0 leitor dos didlogos:platénicos gostaria-de receber resposta aos problemas postos por Sécrates, ele, na maioria das vezes, recusa-Ihe essas respostas, porque «o mais importante & que a pergunta seja posta e néio que a resposta seja dada». Os didlogos socréticos nééo chegam a nenhuma conclustio, porque a discusstio termina inconclusivamente por uma confisstio’ de ignordincia” Sétrates nos demonstravassim: a:fraqueza'dos argumentos‘do seu interlocutor, o infundado-das suas opinides, a inanidade das suas crencas. Mas foge & resposta, porque o seu papel ndo é emitir opinides nem formular teorias, o seu papel € examinar os outros @ quanto a si préprio, a tinica coisa que sabe é que nada sabe™. Os didlogos “socrdticos” néio tém por finalidade inculcar-nos uma doutrina (que Sécrates nunca possuiu), mas apresentar-nos a imagem radiosa do filésofo assassinado, defender e perpetuar a sua meméria e trazer-nos a sua mensagem. Qualquer didlogo comporta por issa.uma conclus lada por Sécrates, mas que o leitor temo dever & a capacidade de formular. Qs didlogos contém um ensinamento néo doutrinal que é uma ligtio de método, através da qual, Sécrates ensina o uso e o valor das definicées precisas dos conceitos empregues na discusstio e a impossibilidade de os chegarmos a possuir sem proceder, previamente, a uma reviséo critica das nocdes tradicionais, das concepgdes "“vulgares", recebidas e incorporadas na.linguagem. dos homens porque & unico que sabe que milo sabe» 45 i Para os Sofistas a experiéncia empirica des semtides € 0 tinico fundamento da, verdade, enquanto Sécrates contrapée dquela, a propria actividade imtelectiva que A Supera a aparéncia sensivel e conseque aprender os elementos essenciais a realidade e traduzi-los-em conceitos. Com Sécrates, a verdade volta a colocar-se in A ito ds leis passa o ter um consciéncia, que se exprime nofznesce fe jaime) (Gnoti seauton), isto é, «coniecgase: 7 “também Sy eabedoria que existe em ti” . Para Sécrates, toda a existéncia do homem/ é reguiada por leis: preciso obedecer a todas os sentences, justas ou injustas, r porque depois de ter infringido as leis, que raciocinios poderd ainda o homem fazer ‘acerca da virtude e da justica'»? (ndr). iy i oy ff gelwagele! A oi Tmerivny3 Pane eee a preys 2 ). Feitora Atica, 1989p. 16 x Bem‘. Mas afinal, porque foi Sécrates assassinado? Porque diz nada saber. mas ao @firmar publicamente a sua ignoréncia obriga os homens a olharem para dentro de si préprios, para o mais fundo das suas amas, tornando-se assim 0 inimigo publica = ‘nimero um dos politicos, sacerdates e detentores de poder: Sécrates morress porque foi sacrificado. Ora para viverem, os homens tém necessidade de certezase quando = _ 0s ndo +€m, alguém as inventa para o bem comum, (_) para atenuar as angdstias da . sociedade™ (ndr). ao 05fo010- Ne A.3. PLATAO ‘hie De seu verdadeiro nome_Aristacles, Plato é uma alamha que the foi dada, pore designar quer o extraordindrio volume da suc testa e largura dos seus ombros, quer para render homenagem & amplitude do seu estilo oratério™. O cerne da filosofia de Platéo_é a ética e seu objectivo principal é provar, confra os ce sofistas, a possibilidade de um saber afirmado. Os sofistas pretendem formar PS bons cidaddos e bons homens de Estado ensinando constituigia:e.do. da: Cidade; no'é:diferente do. problema das elites’e do seu ethos", da virtude politica’ Filosofar e fazer politica € uma e mesma colsa: nao hd salvacdo fora da lei e combater o sofista é ao mesmo tempo defender a Cidade contra a tirania, A-ciéncia absoluta ¢ a Cidade perfeita, niéo sto deste mundo. € tal qual se apresenta na realidade; a Cidade é perversa: €*md" e ignara. E ignara porque mé. «Que deve entao fazer o filésofo e como deve viver? Fugir? Para onde? Retirar-se- da Cidade (..), onde a mentira, a vaidade, 0 brilho da falsa aparéncia dominam € oprimem a justica, a verdade eo bem? Tornar-se estrangeiro? Refugiar-se na vida privada, no estudo, na contemplactio? E a mesma coisa em todo 0 lado». A cidade. humana émé e injusta por esséncia, e todas as formas sob as quais_sé_nos presente, so apenas uma e mesma realidade, a realidade do poder despético. E «o filgsofo estranho a qualquer Cidade terrestre, cidaddo do Reino do Espirito, Cidaddo do Cosmos, deve fugir da Cidade ou refugiar-se no estudo e na contemplaga0? Solugtio possivel mas rio perfeita, porque a vida humana, plena e inteira & im enenhum homem pode isolar-se impunemente dos outt : ir 49, ’ Como niio se pode _nem viver ma Cidade, nem dela se abstrair, € preciso Fepula. pore 0 Gene qe condena Storates, | Cidade mé © doentex (edry"Ela condena-o porque, sendo injusto, néio pode suportar um justo no seu seio © sendo ignara, niio pode suportar dentro dos seus muros um homem que possui o Saber e the mostra a sua ignordncia € a sua iniquidade. Quem pode reformar a Cidade ignara e injusta~ injusta porque ignara - € o filésofo, mas o saber no é Suficiente; é preciso também o poder™A soluctio a este dilema é apenas uma, embora paradoxal: «0 fildsofo niio tem lugar na Cidade, a niio ser como chefe». E Para que uma vida humana, digna de ser vivida, seja possivel, € preciso que os + fildsofos se tornem reis ou os reis filisofos. A seleccin e formacio da elite, a 5 ha ea preparaciio des futures dirigentes da Cidade, nao pode realizer-se ao Jo ), sem plano, sem método e sem principios. A ideia de que 0 fildsofo deve ser chefe ou rei dd Cidade forma.a bese da Y "Republica. Célicles reduz a filosofia ao papel de um elemento de cultura e manda ¥ 0 fildsofo abster-se de qualquer accio politica, para a qual é incapaz. Em resposta, § Platdo promumcia uma condenacio de todos as homens de Estado e opde-thes ‘Séerates, nico “politico” digno desse nome. Como niio se pode’ agir sobre homens __ jd feitos, jd pervertidos pela Cidade injusta, pela educactid recebida, é preciso | _Feformar a Cidade, embora muito dificil seja realizar esse designio. Mas Da: “problema da educacéo era candente na épom de Platdo, a reforma da Cidade, que é reforma politica e moral, porque « moral no se separa da politica, supde e implicn _ previamente, uma reforma da educaciio. Antes de reformar a Cidade, € preciso comecar por formar os seus futuros- -~ dirigentes e para o fazer, é preciso demonstrar que a formaraé: ae | mais que qualquer outra. Incumbe ao filisofo o dever e direito de instrur a> juventude, formar e educar as elites. Mas a educaciio que o sofista oferecia & juventude ateniense, nfo era de forma nenhuma melhor que a ontign, mais

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