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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE PATOS

UNIFIP CENTRO UNIVERSITÁRIO


CURSO DE BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

ANTONIO SEVERINO DO NASCIMENTO NETO

Arquitetura cenográfica: proposta de um cenário para


videoclipe explorando a linguagem visual e a comunicação
de significados

PATOS - PB
2023
ANTONIO SEVERINO DO NASCIMENTO NETO

Arquitetura cenográfica: proposta de um cenário para


videoclipe explorando a linguagem visual e a comunicação
de significados

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Centro Universitário UNIFIP,
como requisito para obtenção de diploma de
Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Prof. Esp. Luana Stephanie de


Medeiros.

PATOS - PB
2023
ANTONIO SEVERINO DO NASCIMENTO NETO

Arquitetura cenográfica: proposta de um cenário para


videoclipe explorando a linguagem visual e a comunicação
de significados

APRESENTADO EM ____ DE ______________________DE 2023.

_____________________________________________
ORIENTADORA - MEMBRO DA BANCA

_____________________________________________

PROFESSOR - MEMBRO DA BANCA

_____________________________________________

PROFESSOR - MEMBRO DA BANCA

PATOS - PB
2023
Arquitetura cenográfica: proposta de um cenário para
videoclipe explorando a linguagem visual e a comunicação
de significados

RESUMO

Palavras-chave:

Sumário
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE PATOS .................................................................. 12
UNIFIP CENTRO UNIVERSITÁRIO ................................................................................. 12
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 5
Objetivos ..................................................................................................................... 6
Objetivo Geral.......................................................................................................... 6
Objetivos Específicos ............................................................................................... 6
Objeto de Estudo ..................................................................................................... 6
Estrutura do Trabalho ................................................................................................ 8
1. REFERENCIAS ...................................................................................................... 75
5

INTRODUÇÃO

Os vídeos musicais (MV’s) são um fenômeno mundial e tem impacto


significativo na cultura pop e na indústria da música e do entretenimento. Eles
explodiram graças ao avanço das mídias digitais, desempenhando um importante
papel na maneira como a música é consumida, interpretada e compartilhada.
As produções audiovisuais apresentam artistas e/ou bandas, criando uma
experiência que compreende letra, melodia e cenário, o que termina por repercutir no
engajamento dos fãs e na adesão de milhares de jovens e adultos, em todo o mundo,
transformando, não somente a música, mas a indústria musical e audiovisual do
planeta.
Por causa da grande repercussão, muitas mídias têm sido produzidas para
plataformas de streaming1, como o YouTube, por exemplo, impulsionando a
divulgação de artistas e suas músicas (Abreu, 2019). Entre os principais nomes em
ascensão, como Justin Bieber, Katy Perry, Psy, etc. (Geyser, 2022), destaca-se a
produção musical da cantora e compositora Dua Lipa, que ganhou notoriedade ao
lançar o álbum autointitulado Dua Lipa.
Em seus clipes, a artista utiliza-se de elementos retrô e cenários
contemporâneos que incluem elementos de dança, cores, luzes e um visual inspirado
nos anos 1980 e 1990 (Holden, 2020). A cantora se solidificou no mercado fonográfico,
consolidando-se como uma das artistas mais influentes da música pop
contemporânea (Vanderhoof, 2021).
Obviamente, isso impacta também a Arquitetura. Com produções regadas a
grandes investimentos, a cenografia assume um papel crucial na produção musical
da artista, adotando referências que vão desde a concepção conceitual do cenário até
a direção de arte, passando por linguagens do design, da fotografia, das artes
plásticas e da Arquitetura.
Nesse contexto, a produção cenográfica entra como um elemento chave na
produção e expressão conceitual da música, e na figuração do videoclipe,
despertando emoções e interpretações múltiplas. Cabe também referenciar que,
dentro dessa abordagem, a produção de sentido entra em cena. Imageticamente, se

1
A palavra streaming se refere à transmissão contínua de dados de áudio e/ou vídeo, permitindo que
os usuários consumam conteúdo digital em tempo real, sem a necessidade de baixar o arquivo
completo antes de reproduzi-lo ( Haas, 2023).
6

constrói uma realidade “criada”, segundo padrões de significante e significado que


impactam o público – a conhecida semiótica (Israel, 2020).
Com o propósito de definir as sensações adquiridas a partir dos
estímulos/espetáculos, esta pesquisa trabalha com a hipótese de que a Arquitetura
Cenográfica tem importância e influência na divulgação da mensagem artística dos
grupos musicais, enquanto ferramenta de comunicação, por isso, se
manifesta/materializa também a partir da criação de cenários.
Utilizando a arquitetura cenográfica como pano de fundo, e a forma como ela
pode impactar a comunicação dos artistas, entende-se que as sensações de imersão
e potência emocional se intensificam na produção audiovisual, enquanto forma de
expressão/representação. Partindo dessa premissa, a cenografia atua como mola
mestra de impacto, contribuindo para a própria significação da cantora, enquanto
potência artística, e demostrando a importância da comunicação audiovisual como
ferramenta de linguagem universal.

Objetivos
Objetivo Geral

Sabendo que o contexto da criação de vídeos não é unidirecional, sendo


transpassado pela interpretação de múltiplos significados, este trabalho tem como
objetivo geral propor um estudo cenográfico para uma composição da artista Dua Lipa,
utilizando os conceitos da semiótica.

Objetivos Específicos

• Compreender a linguagem representativa da Arquitetura Cenográfica;


• Entender as relações entre referente, interpretante e signo;
• Interpretar o interesse dos MV´s como forma de entretenimento para o público.

Objeto de Estudo
Como este trabalho trata da produção musical da artista Dua Lipa, abre-se um
parêntese para discorrer sobre sua trajetória artística, apresentando,
pormenorizadamente, a composição da música Future Nostalgia.
7

A artista nasceu em Londres, na Inglaterra, em 1995, mas teve sua carreira


lançada apenas em 2015, alcançando o topo das paradas musicais na Europa com o
lançamento do single Be The One; por causa da boa repercussão, lançou outras
músicas e parcerias com grandes nomes da música mundial como: Sean Paul, DJ
Martin Garrix, Diplo, demostrando versatilidade no estilo musical (Dezeer, 2022).
Em 2019, Dua Lipa ganhou seus dois primeiros Grammys, nas categorias
Artista Revelação e Melhor Gravação Dance, com o hit “Electricity”, apresentando uma
sonoridade que se destacou no cenário musical e solidificou ainda mais a carreira da
artista, como uma das cantoras pop mais importantes de sua geração (Travessoni,
2022).
Lançado em março de 2020, o álbum Future Nostalgia apresenta um som que
remete ao passado, mas com tendências modernas e vanguardistas. O álbum é uma
fusão entre influências pop, disco e dance, proporcionando uma experiência sonora
que mescla sensações "futuristas" e "nostálgicas", ao buscar inspiração nos estilos
musicais das décadas de 1970, 1980 e 1990, e com elementos contemporâneos que
resultam em um som enérgico e emocionante (Graca, 2020).

Figura 1: Capa do álbum “Future Nostalgia”, de Dua Lipa.

Fonte: Fandom (2019)

O álbum rememora uma experiência que celebra o passado, enquanto olha


para o futuro, de acordo com a opinião da própria cantora, sendo influenciado por
8

vários artistas como: Gwen Stefani, Blondie, Madonna, Prince e Outkast (Aranha,
2023). As faixas musicais combinam elementos da era disco com a estética moderna
do pop, recebendo aclamação da crítica por sua coesão, sonoridade e a capacidade
em abraçar influências do passado, sem perder a identidade contemporânea.
Além disso, o álbum ganhou alguns prêmios importantes, como o Álbum
Britânico do Ano, no Brit Awards, e o Grammy de Melhor Álbum Vocal de Pop ( Aranha,
2023). Nos primeiros versos da faixa-título, intitulada "Future Nostalgia", Dua Lipa faz
menção a John Lautner, renomado arquiteto norte-americano conhecido pela criação
de um estilo arquitetônico atemporal e futurístico (ver Figura 2).

Figura 2: Imagem ilustrativa sobre o estilo arquitetônico ( chemosphere house)

Fonte: Joshua White, disponível em MCM DAILY ( 2015).

De maneira semelhante, a artista formulou um conceito que entrelaçou


elementos clássicos e modernos da música, com um pop sofisticado e repleto de
batidas pulsantes e cativantes, criando uma atmosfera que remete tanto à nostalgia
de décadas passadas, quanto a um futuro imersivo.

Estrutura do Trabalho

Este trabalho está estruturado em duas partes distintas, sendo organizado em


quatro capítulos. A primeira parte corresponde à introdução, cuja finalidade é abordar
a temática e sua problemática, além de estabelecer os objetivos geral e específicos
9

do estudo. O primeiro capítulo concentra-se na metodologia onde serão descritos os


métodos e procedimentos utilizados na pesquisa. O segundo capítulo é o referencial
teórico, onde os principais conceitos relacionados ao estudo são definidos, será
discutido o papel da arquitetura cenográfica e sua relação com a semiótica e os vídeos
musicais. O terceiro capítulo aborda a análise de projetos correlatos. O quarto capítulo
será um estudo cenográfico em maquete física para uma música da artista Dua Lipa.
Por fim, a segunda parte corresponde à conclusão, na qual serão apresentados os
resultados alcançados na pesquisa do tema, juntamente com as considerações finais
relacionadas ao estudo
10

1 METODOLOGIA

1.1 Tipo de pesquisa

Neste capítulo, são expostos os recursos metodológicos utilizados no decorrer


da pesquisa, juntamente com os métodos empregados para a contribuição e análise
dos dados científicos relacionados ao tema.
Segundo Gerhardt e Silveira (2009), o presente trabalho utiliza, quanto à sua
abordagem, o método qualitativo, que abrange dimensões não passíveis de
quantificação, com o enfoque em descrever, compreensão e explicação das relações
entre o âmbito global e o local, no contexto de determinados fenômenos sociais.
Sua natureza é de pesquisa aplicada, visto que objetiva gerar conhecimentos
para aplicação prática, bem como solucionar problemas específicos. A pesquisa
aplicada é impulsionada por considerações de natureza prática, visando atender às
demandas da sociedade moderna, seu principal objetivo é contribuir para a resolução
de problemas concretos, com foco na aplicação direta e na busca de soluções práticas
(Andrade, 2017).
Quantos os objetivos da pesquisa, é classificado como pesquisa exploratória,
que tem como propósito promover uma compreensão maior do problema com o
propósito de formular hipóteses.
Os procedimentos de pesquisa classificam-se um estudo de caso. Segundo
Frossard (2021), é um método ou técnica de pesquisa, habitualmente utilizado nas
ciências da saúde e sociais, o qual se caracteriza por desenvolver um processo de
busca e indagação, assim como a análise sistemática de um ou vários casos. Com
isso, será proposto uma elaboração de uma maquete cenográfica, com interpretação
semiótica, para o videoclipe da música Future Nostalgia, da cantora Dua Lipa. Durante
este estudo, analisa-se as etapas do processo criativo, desde a pesquisa inicial ao
desenvolvimento conceitual, até a execução prática da maquete, considerando a
narrativa da música.

O estudo está estruturado em cinco etapas, especificadas a seguir:

1.2 Revisão Bibliográfica: para a estruturação teórica da pesquisa, o trabalho vai


se basear em livros, artigos, dissertações, teses, etc., que tenham relevância
11

com a temática e a discussão dos achados de caso. Para tal, o trabalho se


utilizou a plataforma Google Acadêmico, contando com a busca direcionada
pelas palavras: “semiótica”, “cenografia”, “vídeos musicais”, “arquitetura
cenográfica”, visando aprofundar o conhecimento do tema. Com os eixos da
pesquisa: Dinâmica dos vídeos musicais e o entretenimento do público,
Arquitetura cenográfica e Semiótica – significante e significado.

1.3 Definição do objeto empírico: esta etapa se destinou a avaliar a produção


musical da artista Dua Lipa e definição do objeto empírico deste trabalho, a
composição Future Nostalgia. A canção é faixa-título do segundo álbum de
estúdio de Dua Lipa, lançado em 2020. O título "Future Nostalgia" sugere a fusão
de elementos do passado e do futuro na música, o que é uma característica
chave do álbum.

1.4 Análise de projetos correlatos: esta etapa destinou-se a uma seleção de três
produções cenográficas de videoclipes relevantes para a pesquisa. A escolha
dos videoclipes baseou-se em critérios que consideraram a pertinência ao tema
da pesquisa, bem como a disponibilidade de materiais relacionados, como
making of e informações detalhadas desde a concepção até a execução das
produções cenográficas dos videoclipes em questão.
Os critérios de análise cenográfica foram extraídos dos fundamentos do design
e da arquitetura, segundo a percepção de Dondis (2007); Lupton e Cole (2008);
Nogueira (2005); e Barbosa (2007). Para os autores, a abordagem de análise avalia
os seguintes critérios de composição: cor, forma, textura, escala, movimento,
equilíbrio, figura/fundo, hierarquia, volumetria e luz.

De acordo com os autores, estes critérios se caracterizam em:

• Cor: o elemento gráfico do dinamismo é um atrativo poderoso que aguça a


curiosidade do espectador, incitando suas emoções. Sua função principal é
facilitar a organização dos elementos em uma página, seja dividindo-os em
zonas distintas ou agrupando aqueles que são semelhantes, servindo como
guia para que o receptor encontre as informações que ele deseja (Ambrose;
Gavin, 2009). A cor é uma ferramenta utilizada para realçar ou ocultar
12

elementos, diferenciá-los, destacá-los ou até mesmo excluí-los. Entre todos os


elementos, a cor é provavelmente a que mais apela para o lado emocional do
espectador.
• Forma: uma linha se une para formar uma figura, um plano com limites– as
formas são planos com limites. Segundo Dondis (2007, p.57) “existem três
formas básicas: o quadrado, o círculo e o triângulo equilátero”. O autor ainda
define que as formas básicas são figuras planas e simples. Cada uma delas
pode ser facilmente descrita e construída, embora tenham características e
significados únicos. A partir de suas variações, é possível criar uma infinidade
de outras formas.
• Textura: “é o elemento visual que frequentemente substitui as qualidades de
outro sentido, o tato” (Dondis, 2008, p. 70). Contudo, a textura pode ser
apreciada e explorada tanto pelo tato quanto pela visão, ou até mesmo por uma
combinação dos dois. Uma textura pode não ter propriedades táteis, sendo
apenas óptica, mas onde existe a textura tátil, a textura visual inevitavelmente
estará presente. A textura adiciona detalhes preciosos à imagem, enriquecendo
a superfície e capturando o olhar do espectador.
• Escala: de maneira direta, a escala diz respeito às dimensões, sejam elas as
dimensões precisas de um objeto físico ou a relação entre uma representação
e o objeto que ela representa (Lupton; Phillips, 2008). A escala também está
ligada à percepção do tamanho de um objeto. Em outras palavras, a escala é
altamente relativa, já que o tamanho de um objeto pode variar dependendo de
sua localização e da presença de outros objetos nas proximidades. E, só será
percebida se houver a justaposição entre dois objetos, o grande não pode
existir sem o pequeno.
• Movimento: frequentemente, a percepção do movimento já se encontra
implícito no modo que as pessoas veem. Anteriormente, o movimento era
exclusivo do cinema e da televisão. No entanto, com uma rica exibição de
detalhes e o uso de perspectiva, luz e sombra intensificadas, é possível iludir o
olho e sugerir movimento em representações visuais estáticas, embora seja um
desafio maior evitar distorções (Dondis, 2008).
• Equilíbrio: o equilíbrio é o componente que proporciona uma sensação de
conforto visual. Isto acontece quando o peso de uma ou mais coisas está
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distribuído igualmente ou proporcionalmente no espaço. Para tornar o


equilíbrio mais dinâmico, pode-se utilizar tamanho, textura, cor, valor e formas
contrastantes para contrabalançar ou realçar o peso de um objeto (Lupton;
Phillips, 2008).
• Figura/Fundo: a percepção visual é estabelecida com base nessa relação.
“Uma figura (forma) é sempre vista em relação ao que a rodeia (fundo)” (Lupton;
Phillips, 2008, p.85). Esses elementos também são conhecidos como espaço
negativo e positivo, e estão presentes em todos os aspectos do design. A
utilização da relação figura/fundo em um projeto, embora conceda o poder de
criação, também pode eliminar formas. Em geral, as pessoas tendem a não dar
a devida importância ao fundo. No entanto, os designers veem os espaços que
separam e circundam os elementos como novas oportunidades, explorando
essa relação entre forma (figura) e contraforma (fundo) para criar contrastes e
moldar formas que atraem o olhar.
• Hierarquia: a hierarquia é a sequência de prioridade dos elementos que devem
ser levados em conta no projeto. Ela se expressa por meio de variações em
escala, tonalidade, cor, peso, posicionamento e outras formas. No aspecto
visual, a hierarquia direciona a entrega e o impacto da mensagem. Sem ela, a
comunicação gráfica se torna um obstáculo à comunicação, tornando-a
confusa e ineficaz. A hierarquia indica a transição de um nível para outro
(Lupton; Phillips, 2008).
• Volumetria: é a manifestação da arquitetura que surge da combinação
harmoniosa de seus elementos plásticos e construtivos (Nogueira, 2005). Ela
envolve a articulação das formas, volumes e espaços em um edifício, dando-
lhe a sua identidade e presença no ambiente
• Luz: a iluminação tem um impacto significativo nas respostas humanas ao
ambiente. Essas respostas podem variar desde a percepção do óbvio, como a
beleza dramática de uma paisagem iluminada, até a resposta emocional
evocada por um candelabro com velas em uma mesa de jantar. (Barbosa,
2007). Portanto, desempenha um papel multifacetado, não apenas em termos
de visibilidade e estética, mas também na criação de atmosferas, na promoção
do bem-estar e na eficiência dos espaços, tornando-a um elemento vital da
arquitetura.
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1.5 Proposição cenográfica para a composição: nesta etapa será proposto um


estudo cenográfico (em maquete) para a música objeto de estudo deste trabalho,
considerando as relações de significante e significado, já presentes na
cenografia, e suas mediações com o signo, o objeto e o interpretante,
determinados pela semiótica.

1.6 Interpretação da linguagem de sentido: nesta etapa, discorre-se sobre a


análise cenográfica da proposição, levando em consideração a teoria da
semiótica de Peirce. Esta teoria examina a potência significativa dos signos e
sua capacidade de gerar significado na mente de quem os assiste, permitindo
uma compreensão mais profunda das interações entre significante e significado
no contexto cênico, classificando os signos em primeiridade (sensações
imediatas), secundidade (relações causais e dinâmicas) e terceiridade
(significados simbólicos). Isso aprofunda a compreensão das interações entre o
que é visto no ambiente cênico e o que é interpretado, enriquecendo a
linguagem visual.

Figura 3: Diagrama Metodológico.


15

Procedimentos e Ferramentas

Fonte: Elaboração própria (2023).


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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Dinâmica dos vídeos musicais e o entretenimento do público

De acordo com Moller (2011), o videoclipe, também conhecido como vídeo


musical ou Music Vídeo (MV), é uma forma de curta-metragem audiovisual que
combina música e imagens, produzido com propósitos promocionais ou artísticos. A
dinâmica dos videoclipes (MV – Music Vídeos) é um aspecto importante no
entretenimento do público, em diferentes contextos, incluindo a música, a dança e
outras formas de apresentação artística.
Os videoclipes são uma forma de arte que tem a capacidade de unir música,
dança e performance em um único formato. Uma dinâmica cuidadosamente planejada
pode levar o público em uma jornada emocional através da música, fazendo com que
eles se sintam envolvidos e conectados com o artista e sua mensagem.
Segundo Chion (1994), a música pode ser considerada como um elemento que
agrega valor à imagem em um videoclipe, mas é importante destacar que,
dependendo do caso, tanto a imagem quanto a canção podem ter igual importância
na composição do produto final. A hierarquia entre esses elementos irá variar de
acordo com as especificidades de cada videoclipe. Por exemplo, algumas canções
podem apresentar uma sonoridade que se conecta com determinados traços
imagéticos, como a articulação vocal do intérprete, por exemplo, criando uma
associação poderosa entre música e imagem. É importante salientar que a escolha e
a combinação adequadas de som e imagem podem gerar um impacto emocional
significativo no público, tornando-se um dos principais fatores para o sucesso de um
videoclipe.
Os videoclipes, são uma forma de produção audiovisual que sofre influências
do cinema, da televisão, da publicidade e das tecnologias modernas, muitas vezes
sendo explorado comercialmente para fins de promoção. Sua ascensão teve início
nos anos 1980, impulsionada pelo surgimento do canal Music Television (MTV). Com
o advento da cibercultura2 e de várias plataformas de mídia, o videoclipe reformulou

2
A palavra cibercultura se refere-se o enriquecimento da diversidade cultural em todo o mundo
e tem possibilitado o surgimento de culturas locais em meio a uma cultura global. Uma das
características mais marcantes da cibercultura é a prática de compartilhar arquivos, música, fotos,
filmes, entre outros, o que promove a formação de processos coletivos (Lemos, 2015).
17

seu espaço original na televisão e passou por uma transformação significativa graças
às novas possibilidades oferecidas pela produção na internet, utilizando as mídias
digitais. Hoje em dia, os videoclipes são disseminados na rede através dos sites dos
próprios artistas, plataformas de compartilhamento de vídeos, como o YouTube, por
exemplo, além das redes sociais e outros meios disponíveis (Guedes; Nicolau, 2015).
No final das décadas de 1970 e início dos anos 1980, a música pop se
disseminou tanto no cinema norte-americano quanto no Brasil. No Brasil, o programa
Fantástico da Rede Globo produzia e exibia videoclipes como parte de sua
programação, mesmo que não fossem o seu foco principal, tornando o país pioneiro
na transmissão desse gênero (Holzbach, 2012).
Em 1º de agosto de 1981, a MTV foi inaugurada nos Estados Unidos, marcando
a exibição de "Video Killed the Radio Star", da banda britânica The Buggles. Esse
videoclipe foi escolhido como o primeiro a ser transmitido pela MTV e desempenhou
um papel significativo no tocante à popularização do formato desse tipo de mídia.
Desde então, os videoclipes tornaram-se uma parte integral da indústria da música e
da cultura popular em todo o mundo (Rocha, 2020).

Figura 4: Video Killed the Radio Star

Fonte: YouTube (2010).

A partir das décadas de 1980 e 1990, tanto Madonna quanto Michael Jackson
já estavam envolvidos na criação de videoclipes de maior escala como exemplo:
“thriller” e “like a prayer”. De fato, ambos os artistas têm obras que figuram na lista dos
videoclipes mais dispendiosos já produzidos. Como uma forma de arte e
entretenimento, suas produções inovadoras atraíram a atenção do público e
estimularam o interesse em videoclipes como um meio de expressão artística. Com o
crescimento da internet, a valorização de produções cinematográficas desse porte
tornou-se ainda mais evidente.
18

Figura 5: Cena do clipe de Thriller, do cantor Michael Jackson

Fonte: O Globo (2022)

Figura 6: Cena do clipe like a prayer, da cantora Madonna

Fonte: Papel Pop (2019)

Os dois artistas foram pioneiros em muitos aspectos, desde a estética visual


até a narrativa e a produção, e tiveram um impacto duradouro nas mídias e na cultura
popular, ajudando a definir uma era na história dos videoclipes, os quais continuam a
ser referência para artistas e diretores de vídeo até hoje.
De acordo com Jenkins, Forde e Green (2014), o YouTube oferece uma
variedade de usos que permitem que os vídeos circulem tanto em nichos estritos
quanto em grupos de interesse mais amplos, refletindo assim interesses culturais
diversos. Portanto, pode-se dizer que a plataforma se tornou um canal importante para
a disseminação e promoção da música pop em geral. Com isso, os espectadores
19

podem desfrutar de uma variedade de videoclipes, nacionais e internacionais, e a


qualquer momento, em qualquer lugar, através de seus dispositivos móveis ou
computadores.
As canções com seus respectivos videoclipes têm conquistado uma alta e
rápida popularidade, já que a maneira como as pessoas consomem música passou
por uma transformação radical na era digital – estamos na era da transmissão
contínua, onde os novos serviços digitais de distribuição de música resultam em um
grande consumo de serviços de mídia digital.
Essa tendência tem reconfigurado o cenário da indústria musical e introduzido
a música pop em um novo modelo de disseminação simbólica, destacando-se as
paradas musicais. Essa evolução, como gênero audiovisual, teve um impacto
significativo na indústria fonográfica como um todo, virando uma ferramenta essencial
para a promoção dos artistas, o que terminou por impulsionar as vendas de álbuns e
estabelecer um vínculo mais profundo com os fãs (Rodrigues, 2019).
Com isso, os artistas com seus videoclipes, encontraram nas plataformas de
streaming uma maneira eficaz de alcançar fãs em todo o mundo. Os vídeos podem
ser compartilhados facilmente, alcançando o público dentro dos nichos e, ao mesmo
tempo, se propagando por meio de grupos de interesse mais amplos. Essa dinâmica
permitiu que os gêneros musicais conquistassem uma base de fãs global,
ultrapassando as fronteiras físicas e culturais dos países.
Além disso, proporcionou aos usuários da internet a oportunidade de explorar
a cultura de vários lugares, e de forma mais acessível, contribuindo para a
disseminação do interesse pela cultura – a conhecida “viralização”, vídeos
compartilhados em massa nas redes sociais, alcançando um público ainda maior e
gerando buzz3 significativo em torno dos artistas e da música.

3
Buzz é um termo usado na música para descrever a excitação e a antecipação em torno de um artista
ou uma música antes do lançamento da mesma ou sua apresentação. É uma forma de criar entusiasmo
e expectativa para o público, o que pode levar a um aumento de vendas, streamings e visualizações.
20

2.2 Semiótica – significante e significado

A semiótica é um campo de estudo que se dedica à análise dos sistemas de


signos e símbolos utilizados na comunicação humana (Melo, 2015). Seu propósito
fundamental é analisar os processos de formação de qualquer sinal como um
fenômeno que gera significado e sentido. Ela busca entender como esses signos e
símbolos são usados para representar e transmitir significados em diferentes
contextos, desde a linguagem verbal até as formas de comunicação não verbais,
como a própria arte. Um dos conceitos fundamentais da semiótica é a distinção entre
significante e significado. O significado se refere ao conceito ou ideia que um signo
representa, enquanto o significante é a forma física ou perceptível deste signo.
De acordo com Nöth (2003), a Semiótica, que é o estudo dos signos e da
semiose, ou seja, dos processos de significação, abrange fenômenos tanto na
natureza quanto na cultura. A origem do termo “semiótica” remonta à palavra grega
“semeion”, que significa “signo”. Além disso, “sêma” é outra expressão grega que
também pode ser traduzida como “sinal” ou “signo”. Ela tem por tarefa estudar todos
os tipos possíveis de ações sígnicas, quer apresentem referências humanas, animais
ou artificiais.
Segundo as explicações de Walther-Bense (2000) e Sanataella (2000), para
que algo seja considerado um signo, é necessário que possua a capacidade de
representar ou substituir algo diferente dele próprio. O signo não é o objeto em si, mas
sim a sua representação na mente do interpretante, caracterizando-se como um
processo mental e relacional que, não necessariamente, possui uma relação direta
com o objeto que o representa.
A teoria semiótica de Charles Sanders Peirce é fundamentada na ideia de que
nunca teremos acesso à realidade em sua forma pura, uma vez que tudo o que existe
não se apresenta diretamente, mas se representa através de sinais perceptíveis ao
observador. Segundo Peirce, tudo o que existe é uma entidade semiótica. Essa
concepção se estende até mesmo a uma ideia, considerando a capacidade inerente
de qualquer ideia de se referir a outras (Iasbeck, 2010).
Para a Santaella (2015), a Semiótica é parte da estrutura filosófica ampla de
Peirce4 e tem como base a Fenomenologia, uma investigação dos processos mentais

4
A teoria dos signos de Charles Peirce é uma das principais correntes da semiótica. Peirce (2003)
acreditava que os signos eram compostos por três elementos principais: o signo em si, o objeto a que
21

envolvidos na percepção das coisas, como cheiros, sons, formações volumétricas,


lembranças, abstrações, etc. – quando um fenômeno é percebido, ele se transforma
em um emaranhado de ideias de fundo psicológico, carregando características
simbólicas distintas.
Ao se estudar os processos de significação, a semiótica é capaz de revelar a
potência significativa dos signos e sua capacidade de gerar efeitos na mente. Isso
significa que, por meio dos signos, é possível transmitir ideias e emoções de forma
eficaz e influenciar o pensamento e o comportamento das pessoas. Para melhor
esclarecer essa questão, Peirce (2003) elenca três categorias para a percepção da
consciência, que são: a primeiridade, que se trata de um sentimento instantâneo e
passivo da qualidade; a secundidade, que é a consciência de uma interpretação
múltipla da percepção; e a terceiridade, que é a consciência sintética que combina o
tempo, o aprendizado e o pensamento. O signo é capaz de despertar as três
categorias na consciência, começando pela primeiridade, com a percepção de sua
qualidade mais imediata ou sentimento evocado; logo a seguir com a secundidade,
que verifica a possibilidade da existência de algo, e terceiridade, que finaliza a cadeia
de pensamento com um julgamento sintético.
Santaella (2007) ainda afirma que essas categorias são onipresentes em
qualquer fenômeno, ou seja, ocorrem simultaneamente em todas as situações.
Porém, é importante perceber as suas especificidades. Na primeira categoria, a
primeiridade, a ênfase é dada à qualidade pura e imediata das coisas, sem considerar
qualquer relação com as outras; nela se percebe a consciência tal como ela é,
considerando um evento ou momento específico, que corresponde ao acaso e à
variação espontânea.
Na secundidade, as coisas já são percebidas em um campo de possibilidades,
isto é, num contexto de abertura à sugestão – é a categoria que envolve a ação,
reação e relações de causa e efeito – nesta categoria, a percepção reage tanto aos
fatos, quanto às possibilidades por trás dos fatos, sugerindo conflitos, surpresas ou
até as dúvidas (Santaella, 2007).

se refere o significante e o interpretante, que é a pessoa ou a coisa que interpreta o signo. Peirce
chegou à conclusão de que existem três elementos universais e formais presentes em todos os
fenômenos que são percebidos e processados pela mente: esses elementos são chamados de
primeiridade, secundidade e terceiridade (SANTAELLA, 2008).
22

Na última categoria, a Terceridade, entende-se os fenômenos tais como eles


são, em suas relações e conexões com as outras coisas/demandas de significado – é
a categoria que envolve a representação – nela, ocorre a síntese intelectual do que
foi apreendido e parte-se para inteligibilidade do fenômeno, ou seja, a forma como ele
é interpretada pela consciência (Santaella, 2007).
Em suma, a Primeiridade é a apresentação do signo, a Secundidade é a
representação do signo no campo das possibilidades e a Terceridade é o poder
interpretativo do signo (Queiroz, 2007). Em suas teorias, Peirce (2003) cria um modelo
abrangente de correlação entre os signos e a comunicação – a tabela abaixo ilustra
essas relações e aborda a forma como elas aparecem em diferentes contextos.

Quadro 01: Categorias de Pierce: Interdependências, interações e inter-


relações.
Relação do signo
Categorias Relação do signo Relação do signo
com seu
com ele mesmo com seu objeto
interpretante

Representado pelo
Quali-signo
(qualidade), é uma
Representado pelo
experiência pré- Representado
Rema-signo, é a
consciente da pelo Ícone-tipo do
primeira
interpretação, uma signo, qualifica o
Primeiridade interpretação do
impressão ou objeto por meio de
signo, a interface
sensação que sua semelhança
mais qualitativa da
ocorre com ele
percepção
independentemente
de qualquer
referência externa

Representado Representado pelo


Secundidade Representado pelo pelo Índice, Dicente, é utilizado
Sin-signo representa um tipo para descrever um
23

(existente), que é a de signo que se tipo de signo que


percepção inicial da refere ao seu diz, afirma ou
consciência e suas objeto primeiro, representa algo
inter-relações. São por meio de sobre uma
frequentemente alguma conexão situação ou evento
associados a natural e particular, é uma
fenômenos existencial entre abordagem de
perceptíveis e eles. signo que se
observáveis no refere a uma
mundo físico existência real.

Representado pelo Representado pelo


Legi-signo (uma lei), Argumento, é um
é um signo que tipo de signo que
comumente segue segue uma regra
um padrão pré- ou lei pré-
estabelecido. Ele estabelecida. Os
representa um Representado argumentos são
sentido atribuído às pelo Símbolo, é vistos como
regras ou padrões um tipo de signo mediadores entre
pré-estabelecidos, a cuja relação se os objetos
Terceiridade
partir de um sistema estabelece (premissas) e os
de significados segundo uma intérpretes
compartilhado, convenção, uma (conclusão), e
como a linguagem regra ou lei desempenham um
verbal, por exemplo, papel fundamental
em que palavras na construção do
têm significados conhecimento e na
definidos por busca por
convenções inferências válidas
linguísticas e racionais

Fonte: Elaborado a partir Santaella (2002), Queiroz (2007) e Merrell (2012).


24

De acordo com Iasbeck (2010), os três níveis presentes em cada signo, em


proporções variadas, formam um pressuposto fundamental que embasa a teoria de
Peirce. Dependendo da predominância de interpretantes associados a cada nível, o
signo pode ser classificado como quali-signo, sin-signo ou legi-signo. Em outras
palavras, se um signo tiver uma quantidade maior de interpretantes arbitrários ou
legais, ele será inevitavelmente um símbolo (legi-signo). Se os interpretantes
estiverem mais relacionados às sensações, o signo será um ícone (quali-signo). E se
os interpretantes estiverem ligados à existência física que pode ser verificada pelos
sentidos e inferida logicamente, o signo será um índice (sin-signo).
Pelo exposto, deixa-se claro que a base dos conceitos Peirceanos está
enraizada na semiótica e em outras áreas do conhecimento, fundamentada em
categorias universais de experiência, em suas tricotomias e classes de signos. Esta
abordagem é fundamental para compreender a relação entre o signo, o objeto e o
interpretante, além compreender os processos de significação e comunicação já
presentes na vida cotidiana. Embora a obra de Peirce seja complexa e apresente
diversas nuances, sua contribuição é valiosa para entender a complexidade do
mundo.

2.3 Arquitetura cenográfica – Semiótica e Cenografia

A cenografia representa uma síntese histórica e tecnológica do ato criativo em


cena, abrange atualmente todo o processo de concepção e construção do espetáculo
estético-espacial e da sua representação visual. O cenógrafo recorre a elementos
como cores, iluminação, formas, linhas e volumes para resolver as demandas
apresentadas pela produção artística, incorporando suas nuances poéticas em uma
variedade de mídias e contextos (Urssi, 2006).
A cenografia, muitas vezes, é efêmera, o que resulta em um processo de
planejamento, execução e montagem mais ágil do que o encontrado na arquitetura,
proporcionando espaço para experimentar com diversos materiais, mão de obra,
iluminação e outras possibilidades criativas. Esse procedimento assegura que o
criador esteja ativamente envolvido e consciente de todas as etapas, desde o
planejamento até a implementação e utilização da obra (Silva, 2021).
25

De acordo com Cohen (2007), a cenografia é a representação visual de tudo


que é apresentado em uma cena, seja em música, teatro ou publicidade. Ela é uma
combinação harmoniosa de cenário, figurino, adereços, iluminação e até mesmo a
movimentação dos atores ou personagens, pois eles também criam fluxos, massas e
volumes em um espaço específico. A cenografia envolve a composição em um espaço
tridimensional, o “lugar teatral”, onde são estabelecidas tensões, equilíbrio e
desequilíbrio, movimento e contrastes, por meio de elementos básicos como luz, cor,
formas, volumes e linhas.
Esses elementos delimitam o ambiente e, em muitas ocasiões, o período em
que se desenrola a narrativa, seja de maneira realista ou simbólica. De maneira
análoga a uma obra de arte, como uma pintura, uma tela ou uma fotografia, a
cenografia desempenha um papel fundamental ao facilitar a identificação, a interação
e a partilha de experiências e emoções entre o palco e o público. A principal missão
dessa configuração cênica é concretizar um cenário temporal e espacial, e comunicar
visualmente a ação, atribuindo significado às escolhas dos elementos dramáticos que
destacam o tema, o enredo e o contexto emocional (Silva, 2007).
Como o componente primordial da representação teatral, o espaço é moldado
pelo ser humano e se enriquece por meio de signos verbais, sonoros, táteis e visuais.
No contexto da mimese, o corpo, como elemento inaugural, não se desvincula da ação
e sua imagem e presença assumem um papel ativo e carregado de significado no
intérprete. A cenografia não pode ser considerada como uma arte independente;
permanecerá incompleta até que um corpo ocupe esse espaço e possa estabelecer
um diálogo e conexão com o público (Urssi, 2006)

Figura 7:
26

Figura 8:

De acordo com Maia e Muniz (2018), a interação entre o ator e o cenário passa por
uma transformação significativa. Os cenários não se limitam mais apenas a
representar um espaço, eles desempenham um papel mais amplo, influenciando não
apenas a ambientação, mas também a vida dos personagens e, consequentemente,
afetando suas características e hábitos.
Nesse contexto, a cenografia não é mais apenas um pano de fundo estático,
mas torna-se uma força ativa na construção da narrativa e na caracterização dos
personagens. Os cenários têm o poder de moldar o comportamento, as interações e
até mesmo a psicologia dos personagens, criando uma ligação única entre os
elementos cênicos e a atuação dos intérpretes. Essa evolução na relação entre ator e
cenário revela a capacidade da cenografia de transcender seu papel tradicional e se
tornar uma parte essencial da experiência teatral.
Um cenário deve ser estruturado visualmente, assim como por uma linguagem
(convencional e significativa). O estudo da cenografia, centrado na significação, indica
que a interpretação específica varia de um tempo e espaço para outro, influenciando
ou distorcendo convenções como formato, estilo e significado, assim como sua
interconexão com outras áreas do conhecimento humano criando uma conexão com
o ator, tempo e espaço, permitindo uma compreensão completa do ambiente cênico
(Urssi, 2006).
27

A relação entre semiótica e cenografia é estreita, uma vez que a cenografia é


uma linguagem que utiliza signos para comunicar ideias. Através do uso de objetos,
cores, luzes, sombras e outros elementos, o cenógrafo cria um ambiente que sugere
um determinado significado para o espectador. Santaella (2002) propõe um método
analítico que permite lidar com as diferentes naturezas de mensagens, incluindo-se
componentes verbais, imagéticos, sonoros, etc. (e suas combinações), para mapear
processos de significado, como a união de um perfil de imagem com outro de som, ou
de palavras e imagens, por exemplo.
A função da semiótica é estudar os signos, que vão além das formas verbais
de linguagem e se estendem a diversas maneiras de comunicação. Isso inclui áreas
como arquitetura, música e artes plásticas, em que os signos são utilizados para
transmitir alguns significados. Pessoas que trabalham com arquitetura, por exemplo,
buscam transmitir uma mensagem ou intenção inicial através dos signos utilizados em
seus projetos, utilizando-se de signos e símbolos na criação e concepção do espaço
cênico. A cenografia, portanto, utiliza-se desses símbolos (elementos visuais,
sonoros, espaciais, etc.) para transmitir significados e sensações ao espectador,
amparando-se na semiótica para compreender como esses elementos são percebidos
e interpretados pelo público.
Na perspectiva da autora, a abordagem considera os processos de referência
e aplicabilidade da mensagem, bem como a forma como a percebemos, sentimos e
compreendemos o conteúdo enquanto interpretantes. Com base nessa teoria, é
possível extrair estratégias metodológicas para a análise de diversos processos
empíricos de signos, como a música, as imagens, a arquitetura, a publicidade, os
filmes, os vídeos e até a própria cenografia.
Embora o termo cenografia seja visto como um processo de criar ou produzir
um cenário para uma produção cênica, ela engloba tudo que é registrado visualmente
no palco, como o cenário, o figurino, a iluminação, o som, etc., pois tem como meta
criar impressões no público, marcada pelo jogo de fluxos, massas, volumes, cores,
etc. (Dias, 1995).
A arquitetura cenográfica, portanto, tem a capacidade de apresentar uma
multiplicidade de interpretações, em diferentes momentos. Isso ocorre porque a
disposição dos espaços, o design e a iluminação, por exemplo, afetam as pessoas de
maneira diversa, sendo assim, pode-se esperar que a arquitetura, como linguagem
28

não verbal, é capaz de transmitir não apenas um conceito, mas diferentes


entendimentos e percepções a partir de uma construção/conceitualização.
Nesse sentido, a semiótica também pode ser usada para entender como o
espectador interpreta a cenografia. É a partir da análise dos signos que se pode
compreender como o espectador recebe e interpreta a mensagem comunicada pelo
cenário. Por exemplo, o uso de uma determinada cor pode evocar diferentes emoções
em diferentes indivíduos, e a escolha de uma cor específica pode influenciar a forma
como o espectador recebe/interpreta uma mensagem. Neste sentido, entende-se que
a cor, a textura e a disposição dos objetos podem sugerir, por exemplo, significações
diversas, passeando por uma época histórica, uma região geográfica, atmosferas de
tensão ou medo, ou ainda, percepções de descontração, a depender dos elementos
utilizados e como eles se configuram para causar determinadas impressões.
De acordo com Rizza (2013), a semiótica trata dos conceitos e das ideias de
como esses mecanismos de significação se desenvolvem natural e culturalmente. A
arquitetura, por sua vez, é reflexo das significações culturais e das compreensões da
natureza de uma determinada sociedade. Desse modo, ela é capaz de expressar
ideias e conceitos através de uma linguagem não somente estética, mas também
espacial e temporal. A arquitetura representa sinais entre o ser humano e os diferentes
espaços em que ele habita, dentro de um contexto histórico, cultural, político e social
específico. Como tal, ela é uma forma de comunicação especial capaz de estabelecer
relações tanto entre pessoas quanto entre espaços.
Em síntese, a semiótica é uma ferramenta útil na cenografia porque ajuda os
cenógrafos a criar um ambiente visual coeso e que transmite uma mensagem própria
– ela é uma ferramenta útil tanto na cenografia quanto na arquitetura, ajudando os
profissionais a escolher elementos visuais que transmitam a mensagem diretiva de
seus projetos, ou seja, criar espaços visualmente atraentes que transmitam uma
mensagem específica sobre a qual se deseja intencionar.
29

3 ANÁLISE DE CORRELATOS

Para a elaboração da proposta cenográfica, foram realizados estudos de


referência cenográficas em videoclipes. Aplica-se os princípios da semiótica e do
design como forma de análise, buscando compreender os elementos cenográficos
utilizados e os significados simbólicos subjacentes a essas escolhas. Ao se
aprofundar na análise, será capaz de desvendar os mecanismos pelos quais os mv’s
transmitem as mensagens intencionais por trás de cada videoclipe e criam uma
experiência visual envolvente para seus fãs.
Nesse contexto, os videoclipes selecionados incorporam um apelo visual com
mensagens subjetivas, adicionando significado à narrativa da letra. A análise da
cenografia dos videoclipes será apresentada a seguir, detalhando alguns quadros,
mostrando os visuais e estéticas incorporados pelos artistas.

BLACKPINK – Kill This Love M/V

Ficha técnica
Direção: Seo Hyun-seung
Direção de arte: JinSil Park
Figurino: Edward Park
Composição da música: Teddy Park e Bekuh BOOM
Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?v=2S24-y0Ij3Y

Figura 10: Imagem ilustrativa da capa da música.

Fonte: Last.fm (2023).


30

O videoclipe Kill This Love, lançado em 2019 e dirigido por Seo Hyun-seung,
que já havia trabalhado com o grupo em outros vídeoclipes, como "Boombayah" e
"Playing With Fire", é um dos videoclipes mais icônicos do grupo BlackPink. Com sua
estética e mensagem, o videoclipe obteve enorme popularidade desde o seu
lançamento.
O vídeo se desenrola em várias cenas, com as quatro integrantes do grupo
apresentando coreografias marcantes. Com uma letra que fala sobre como superar
um amor que não está mais funcionando, o clipe é conhecido por sua estética
exuberante e visualmente impactante, com cores vibrantes e figurinos elegantes.
Na primeira cena, alinhada à ideia de Primeiridade, a personagem é
representada como uma entidade divina, evidenciada pela cantora vestida de branco.
Apesar do clichê romântico dos cisnes em forma de coração, a cor branca na
personagem simboliza um amor puro e idealizado, marcando o início da relação (ver
Figura xx).

Figura 11: Imagem ilustrativa de análise (0:15 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2S24-y0Ij3Y&ab_channel=BLACKPINK.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.
31

Quando se observa a cena em uma proposição de possibilidades, como elenca


a Secundidade, pode-se verificar uma alusão cênica de contraste (cisne preto x cisne
branco), como na peça de William Shakespeare, "O Lago dos Cisnes", por exemplo,
em que o cisne branco representa a pureza e a inocência, enquanto o negro simboliza
a maldade e a malícia. Essas interpretações podem variar conforme o contexto
cultural, artístico ou literário do expectador, como uma percepção de dualidade no
sentimento, que ora converge à pureza, ora converge à astúcia, ou uma dualidade
entre o bem e o mal, luz e escuridão, em transcendência com a percepção de infinito
que se ancora no plano de fundo (céu aberto entre nuvens).
Em continuidade à mesma cena, conforme a Figura 12, em questão, é retratado
um coração lapidado com joias, simbolizando um amor precioso, valioso e desejável.
Essa representação sugere a possibilidade de idealização, destacando a ideia de que
o amor é precioso. Observa-se o cuidado dado ao coração, como se fosse um tesouro
valioso.
Figura 12: Imagem ilustrativa de análise (0:29 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2S24-y0Ij3Y&ab_channel=BLACKPINK.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

No entanto, não demora muito para o coração se partir e se transformar em


uma representação de dor, tristeza e sentimentos que um dia foram positivos, mas
que agora são apenas memórias fragmentadas, fragilizadas e vazias de significado.
O amor foi quebrado, assim como o encanto de uma suposta felicidade.
Para uma percepção final da cena, o significado de Terceiridade entoa um
sentimento de falta de plenitude, como resposta a uma emoção dúbia, como foi
apresentado por alguns símbolos como os cisnes e o coração coroado de joias.
32

• Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


Cor: a imagem tem uma paleta com predominância do branco e preto e tons
quentes de laranja e amarelo, que adicionam um elemento de dramaticidade e contrate
ao cenário.
Forma: A imagem tem uma plástica que apela à ideia de infinito (plano de
fundo), onde subjazem a dualidade de dois grandes cisnes em contraste às facetas
do amor Shakespeariano: ora puro, ora destrutivo.
Textura: o plano de fundo apresenta contrastes de imagem com o plano de
frente (primeiro plano), no tocante à textura. Enquanto o primeiro plano é em
rugosidades, tanto dos cisnes quanto do figurino, criando um jogo de luz e sombras,
o plano de fundo apresenta uma textura suave, apesar de, imageticamente, compor
um nascer ou pôr do sol em meio a nuvens, gerando um ponto de contraste
interessante entre figura-fundo.
Escala: a cena tem duas escalas, uma em primeiro plano (evidenciando
elementos maiores que a figura humana – a artista ocupa a maior parte do quadro) e
outra em segundo plano, onde se tem a representação real do nascer ou pôr do sol
em plano de fundo.
Movimento: a cena tem uma sensação de movimento a partir da visualização
dos braços da artista estendidos e os pescoços dos cisnes curvados, formando um
coração, uma mensagem pragmática que leva à percepção de afetividade,
sentimentos.
Equilíbrio: a imagem tem uma simetria equilibrada, com a artista e os cisnes no
eixo de simetria, no centro do quadro.
Figura/fundo: a artista e os cisnes são a figura, enquanto o céu, com o sol,
forma o fundo, criando um contraste claro na imagem.
Hierarquia: na cena, o ponto hierárquico se estabelece na artista, que é o
elemento mais proeminente na imagem, os cisnes aparecem em segundo plano e o
céu e sol, em terceiro.
Volumetria: dadas as proporções do quadro, a análise da volumetria se
equivale à análise do item forma.
Luz: a luz na cena foi feita através de iluminação artificial, criando uma
iluminação suave, semelhante à luz do sol ao nascer ou se por.
33

Logo em seguida, abre-se um novo cenário. Outra integrante do grupo faz uma
entrada impactante na cena, chutando as portas do suposto “Paraíso” que, no MV, se
configura como um lugar mercadológico, com prateleiras de supermercado, onde se
poder comprar e escolher a vontade.

Figura 13: Imagem ilustrativa de análise (0:30 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2S24-y0Ij3Y&ab_channel=BLACKPINK.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

Em conformação com a ideia de Primeiridade, o ambiente mostra-se carregado


de informações, mas, quando se observa a cena em uma proposição de
possibilidades, como elenca a Secundidade, percebe-se que algumas caixas de
cereais, presentes na cena, trazem referência de um amor mercadológico, que se
pode encontrar facilmente e é carregando de sensações dúbias entre doce e
devastador, que pode faz alusão aos relacionamentos tóxicos e abusivos – conceito
maior da música e do vídeo clipe.
Para uma percepção final da cena, o significado, que está representado na
Terceiridade, chama a atenção para uma linguagem visual poluída de informações,
representada pelas inúmeras caixas de cereais empilhadas, que fazem alusão a um
amor perigoso, não saudável e destrutivo. Sob a perspectiva dos signos e da
linguagem visual, presentes na tipografia e elementos gráficos, o cenário transmite
uma mensagem de “armadilha”, reforçada pela ambiência de falso paraíso que, em
vez de azul (cor da calma e da tranquilidade), aparece em vermelho (cor das paixões
34

desenfreadas e das emoções turbulentas), evocando uma emoção mais explosiva e


visceral.

• Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:

Cor: o cenário é visualmente impactante, com a predominância de vermelho


nas paredes e prateleiras, e caixas multicoloridas no suposto Paraíso, que mais
parece uma loja de supermercado. A artista, no centro, com um figurino que remete à
imagem de garotas de programa, isto é, como uma metáfora à ideia de mulher
“comprável”, dá ainda mais contraste à cena.
Forma: a imagem apresenta um contexto de formas ora lineares, ora quadradas
e prismáticas, com predominância na percepção retangular das caixas de cereal e dos
pontos de visualização em quina (porta de acesso ao suposto paraíso) e da
diagramação de piso também com matriz quadrada. Do ponto de vista cenográfico, a
exacerbação da forma quadrática tem relação com o contexto de agressividade da
cena, já que o diálogo oposto (com uso da forma orgânica), traria a sensação de
harmonia e não de caos.
Textura: a textura das caixas de cereais é extravagante, com muita informação
e tipografia agressiva e colorida, trazendo informações de um amor sem ponderação,
beirando a acessos de violência e loucura.
Escala: a cena envolve a artista em um grande “tumulto” de informações, que
não dão margem a um pensamento racional, é um contexto de dramaticidade e caos,
embora em aparente ordem. A escala do ambiente é compatível a de um quarto
fechado cheio de informação, onde não se pode “respirar”.
Movimento: a composição arquitetônica, em si, não apresenta muito
movimento, já que a repetição da linearidade e da forma prismática cristalizam a ideia
de um caos organizado, sem movimento.
Equilíbrio: a imagem é equilibrada, com um eixo de simetria claro no centro do
quadro, rebatendo a mesma composição projetual à direita e à esquerda, com a artista
no centro e os doces de cada lado.
Figura/fundo: a artista no centro da imagem serve como a figura principal, com
os doces e a loja vermelha servindo como o fundo.
Hierarquia: a cena tem uma forte sensação de hierarquia, com a artista em
primeiro plano, no centro, e os doces margeando-a até o fundo.
35

Volumetria: a imagem apresenta uma sensação de espaço cercado, através da


disposição tridimensional das caixas de doces nas prateleiras e do volume levemente
curvado ao fundo. O arremate se dá pela porta do suposto “céu”, que lembra a quina
de uma parede, uma ponta, sugerindo a ideia de agressividade também pela forma.
Luz: a loja apresenta uma iluminação de contraste (cênica), em um jogo de luz
que põe em foco certos planos de visualização, destacando as cores vibrantes das
caixas de cereal para criar um ambiente caótico e expressivo.
Com o desenrolar do enredo, e se chegando na primeira parte do refrão,
apresenta-se uma cena com elementos cenográficos marcantes, como que um
cenário de guerra e em ruínas – conforme figura 14.

Figura 14: Imagens ilustrativa de análise (1:30 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2S24-y0Ij3Y&ab_channel=BLACKPINK.
Acesso em: 16 denovembro, 2023.
36

Em relação à Primeiridade, a imagem demonstra uma clássica referência ao


personagem de Lara Croft, dos filmes/jogos do Tomb Raider; a referência à
personagem se dá em função do estereótipo das artistas, que também transmite a
percepção de mulher livre, independente e cheia de recursos, que tenta lutar contra o
aprisionamento em que está inserida.
Em relação à Secundidade, a cena demonstra um ambiente com algumas
características romanas, e com uma pegada de luta e ação, como forma de manifestar
a complexidade e as diferentes facetas das relações abusivas, retratando tanto
momentos de força e determinação, quanto momentos de conflito e destruição.
Por fim, na Terceiridade, o cenário constrói a imagem simbólica de decadência
e desintegração, manifestada pela queda o mito (estátua em plano de fundo) – ela
parece evocar uma metáfora para o tema da música, que fala sobre romper com
relacionamentos tóxicos e abusivos – reforçando a dualidade entre o amor e a dor
presente no conceito do vídeo.

• Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


Cor: a imagem é predominantemente cinza, com tons amarronzados, como que
em um cenário de guerra. A estátua, ao fundo, na cor branca, remete à memória de
uma suposta incorruptibilidade do mito, em um primeiro aspecto de análise; porém,
pelo posicionamento ao chão e a dedução de um estado de destruição, sugere que
este mito não é tão incorruptível assim, como demonstrado em outras cenas do clipe
onde se faz alusão à posição masculina na análise.
Forma: o cenário apresenta formas geométricas que lembram um casarão
antigo, com pilares aparentes e robustos e um arco pleno como pano de fundo; sugere
um ambiente irregulares pós-desastre, composto por sujeira e escombros.
Textura: a textura áspera e irregular do cenário sugere um ambiente sujo,
descuidado, abalado, em ruínas, com o uso de materiais sem um acabamento fino ou
danificados.
Escala: a escala lembra a de um ambiente com pé-direito alongado ou duplo,
supostamente com coberta danificada, de onde se é possível começar a ver a luz
natural. Embora o ambiente apareça em suposta destruição, há aqui um aspecto de
contraste interessante com a cena anterior, onde há maior cuidado nas superfícies,
37

mas o pé-direito é baixo (achatado) e luz é artificial. Nesta cena, em particular, tem-
se a percepção de que se começa a ver a luz no fim do túnel.
Movimento: a cena sugere um movimento em ruína, como se tudo estivesse
desmoronando ou para desmoronar; a presença da estátua ao chão, já quebrada, e
as paredes em grande dano, denotam que edifício (outro nome para o amor
vivenciado), está prestes a cair.
Equilíbrio: do ponto de vista projetual, o ambiente foi construído de forma
simétrica e equilibrada, mesmo em estado de ruína. Os parâmetros de focalização
visual estão bem distribuídos, inclinando-se levemente à esquerda pela presença de
peso do busto da estátua.
Figura/fundo: a figura neste caso está representada pelas artistas, enquanto o
cenário se apresenta em fundo; como há um contraste visual importante denotado
pela cor do figurino utilizado, esta característica se encontra bem marcada no espaço.
Hierarquia: na cena, o ponto hierárquico se estabelece nas artistas que são o
elemento mais proeminente na imagem, ao fundo, amarrando a cena, a composição
cenográfica não gera contraste com o plano de frente.
Volumetria: equivalente à análise feita na categoria escala.
Luz: a iluminação suave e difusa cria sombras suaves, o que contribui para a
sensação de profundidade e volume, porém há dois pontos focais de importantes –
que o contexto leva a crer ser a representação da luz natural, a partir do zênite – que
evocam a ideia já descrita de luz no fim do túnel.

Na mudança de cena, as integrantes dançam dentro de uma armadilha, similar


àquelas usadas para capturar animais selvagens, em outra ambientação de cenário
em ruínas. Como se isso não fosse suficiente para ilustrar a ideia de que o amor é
uma armadilha que atrai, engana e machuca, em conformação a ideia de
Primeiridade, o ângulo da filmagem faz com que a armadilha pareça um coração
“afiado”.
38

Figura 15: Imagem ilustrativa de análise (2:15 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2S24-y0Ij3Y&ab_channel=BLACKPINK.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

Figura 16: Imagem ilustrativa do making of

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=X-aaDs5heQ4.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

Em seguida, o ambiente em ruínas dá lugar a um cenário de vermelho intenso,


com uma iluminação proposital e sombras marcantes, para marcar o conflito e as
dores da desilusão humana. De acordo com a teoria das cores, o vermelho pode
simbolizar tanto amor como o perigo, alerta ou algum tipo de violência e agressão –
retratando o contexto de perturbação evocado no MV.
39

Dentro da perspectiva de Secudindade, há uma clara manifestação da paixão


como uma armadilha, onde os riscos estão sempre presentes. Para aprofundar a
análise, observa-se que o risco é iminente, já que o contexto cenográfico ao redor
representa uma imagem de destruição em grandes proporções. Por fim, na
Terceiridade, percebe-se que a grande armadilha do amor pode sugerir perigo ou
desafio, já que as artistas brincam sobre ela, podendo ser interpretada como um
símbolo de falsidade, astúcia e traição que estava lá o tempo todo, já que a cena
anterior mostra o edifício ainda construído.

• Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


Cor: a cena apresenta dois momentos, o primeiro de fundo branco e um
segundo de fundo vermelho. O fundo branco faz a memória do encontro com a luz, já
que na cena anterior ela era barrada pelo edifício já em ruínas; com a queda do edifício
e a verificação de que ele é a simbologia do amor como armadilha, a cena transfere a
luz de pacificação, tom branco, para a desilusão amorosa que agora é clara e visível
em tom de vermelho.
Forma: a cena é composta por uma grande armadilha de caça em formato de
coração, cheia de espinhos, pronta para disparar e pegar a sua presa. Ao centro, vê-
se uma plataforma dourada, onde as artistas performatizam; no entendimento
semiótico, a cor dourada é a representação da dignidade das artistas que inocentes
caíram em uma cilada.
Textura: existe um contraste claro entre a figura da armadilha, cheia de
espinhos, a plataforma metálica lisa e indefectível e as ruínas ao chão. A placa
metálica dourada e sem imperfeições representa a inocência de que teve o coração
iludido por um amor armadilha. Ao observar em relação a cena anterior, vê-se que as
ruínas agora ao chão representam o edifício que antes estava por cair, revelando uma
estrutura (a armadilha – um outro nome para um amor corrompido) que estava lá o
tempo todo.
Escala: objeto cênico da armadilha faz referência a escala cênica, com grande
proporção. O fato deste artefato ser tão grande tem relação com o contexto do outro
e não das artistas principal é grande, com a forma circular ocupando a maior parte do
quadro.
40

Movimento: o movimento é um aspecto chave desta cena, tanto no design da


armadilha quanto na ação das asrtistas sobre ela. Isso cria uma sensação de
dinamismo e energia na composição geral.
Equilíbrio: A imagem é equilibrada, com a forma circular e as artistas no centro
criando uma sensação de simetria.
Figura/fundo: as artistas no centro da imagem são o ponto focal, com a forma
circular da armadilha agindo como o fundo.
Hierarquia: a hierarquia na imagem é claramente definida, com as cantoras no
centro atraindo a maior parte da atenção.
Volumetria: a imagem tem uma forte sensação de volume, especialmente na
forma circular com espinhos.
Luz: a luz na imagem parece vir de várias direções, predominantemente de luz
branca e, em seguida, de vermelha, criando uma dramaticidade para a cena e gerando
sombras e destaques interessantes.

No desfecho do videoclipe, pela primeira vez, surgem dançarinas de apoio,


todas mulheres, seguindo a liderança do BlackPink, que se encontram no centro da
cena.
Figura 17: Imagem ilustrativa de análise (2:50 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2S24-y0Ij3Y&ab_channel=BLACKPINK.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

Em conformação com a ideia de Primeiridade, vê-se a impressão de poder e


autoridade, auditada num cenário suntuoso e opulento, que remete a um palácio; esta
imagem transmite uma mensagem de dominação, controle, mas, sobretudo, de
renascimento. Em uma hipótese de possibilidades, como elenca a Secundidade, a
imagem sugere que o grupo “deu a volta por cima”, agora que, plenas, assumiram o
41

controle de suas vidas e de suas relações, e se apresentam como donas do palácio


reconstruído que parece ser o seu santuário, o seu coração; uma outra perspectiva é
vista na formação militar de infantaria, como contexto de reflexão para o aprendizado
futuro, como quem se arma e se militariza para estar pronto a enfrentar qualquer
ameaça; neste sentido, a cena evoca a percepção de que o que precisa ser defendido
é precioso e, portanto, há uma formação de “exército” que está pronto para guardar
este lugar que, neste caso, representa o coração.
Como afirmativa de Terceiridade, esse componente de ambiência tanto
suntuoso, quanto "militar", adorna poder e respeito assumido pela reconstrução do
ser, já que o percurso do videoclipe se finda a glorificação das artistas como marco
de plenitude, força e autoridade – as mulheres encontram sua própria revolução.

Figura 18: Imagem ilustrativa do making of

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=X-aaDs5heQ4.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.
42

• Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:

Cor: a imagem é dominada por cores contrastantes. Os dançarinos estão


vestidos de preto e branco, que se destacam contra as paredes do palácio em cores
claras e suaves.
Forma: o cenário é dominado por arcos. Essas formas arredondadas são
contrastadas pelas linhas retas da escada onde os músicos estão posicionados.
Textura: a imagem apresenta uma textura suave de mármore nas paredes de
todo o cenário, transmitindo a ideia de um palácio luxuoso e imponente.
Escala: a escala é evidente na comparação entre os dançarinos e o grande
salão. O salão parece imenso em comparação com os dançarinos, o que aumenta a
sensação de grandiosidade.
Movimento: o movimento é dado a partir da complexidade de arcos e formas
orgânicas que se dispõe na cena. A diferença de patamares também gera
movimentação do olhar em diversos planos de visualização, culminando com o
arremate com um órgão de tubo ao fundo, que aparece com disposição linear em ritmo
piramidal.
Equilíbrio: o cenário é simétrico, com os arcos e patamares proporcionando um
equilíbrio visual.
Figura/fundo: as dançarinas, em suas roupas coloridas, são a figura principal
contra o fundo do cenário e dos músicos.
Hierarquia: a hierarquia é estabelecida pela posição dos dançarinos na frente
do cenário e dos músicos nos patamares ao fundo.
Volumetria: o volume é criado pelos arcos e pela escada, que dão uma
sensação de tridimensionalidade ao cenário.
Luz: a iluminação é suave, com tons de vermelho, e provém de várias direções,
criando sombras e destacando os dançarinos e músicos.
43

Videoclipe Look What You Made Me Do - Taylor Swift


Ficha técnica
Direção: Joseph Kahn
Direção de arte: Brett Hess
Cenógrafa: Brett Hess
Figurino: Joseph Cassell, Ashlyn Dixon, Andrew Hunt, e Shannon Stokes
Composição da música: Fred Fairbrass, Jack Antonoff, Richard Fairbrass, Rob Manzoli e Taylor Swift
Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?v=3tmd-ClpJxA

Figura 19: Imagem ilustrativa da capa do álbum reputation no qual a música está inserida.

Fonte: Glamour (2017).

"Look What You Made Me Do" é um videoclipe icônico da cantora Taylor Swift,
lançado em 2017 como parte da promoção de seu sexto álbum de estúdio,
"Reputation". O videoclipe foi dirigido por Joseph Kahn e gerou impacto devido à sua
abordagem visual e às mensagens simbólicas incorporadas.
A música destaca-se pela atmosfera vingativa, na qual Taylor Swift expressa
sua resposta a críticas e situações adversas que enfrentou ao longo de sua carreira.
Com letras assertivas e confrontadoras, ela faz referências a conflitos e rivalidades
passadas, transmitindo uma mensagem de empoderamento e autodeterminação
(Englishcentral, 2023).
44

Na cena inicial, o videoclipe começa com Taylor Swift emergindo de um túmulo,


simbolizando o renascimento de sua imagem pública. No cemitério, há lápides com
referências a diferentes fases de sua carreira e conflitos passados.

Figura 20: Imagem ilustrativa de análise (0:20 minutos)

Fonte: Youtube (2017).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3tmd-ClpJxA
Acesso em: 23 de novembro, 2023.

A cena em questão, com a ideia de Primeiridade, pode ser vista na atmosfera


sombria e misteriosa do cemitério, na cor azulada que dá um tom frio e triste à cena.
Com Taylor emergindo de um túmulo, evoca uma sensação de renascimento,
transformação e vingança contra aqueles que a “mataram” publicamente. A atmosfera
do cemitério, os tons sombrios e a imagem de Swift saindo do túmulo são elementos
que criam uma impressão imediata de mudança.
Com a ideia de Secundidade, é acentuada pela presença de lápides com
referências a situações passadas de sua carreira, sugerindo uma conexão direta entre
a artista e sua própria história. A escolha do cemitério como cenário também pode ser
interpretada como uma resposta visual a críticas e controvérsias anteriores.
Para uma percepção final da cena, o significado de Terceiridade, essa cena
estabelece uma relação simbólica mais ampla. O cemitério e a imagem de emergir de
um túmulo podem ser interpretados como símbolos de reviravolta. Na terceiridade, a
45

cena pode ser vista como uma representação simbólica do ciclo de vida e morte,
sugerindo que a "velha Taylor" está morta, dando lugar a uma nova fase ou persona.

• Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


Cor: a imagem apresenta uma paleta de cores predominantemente azul e preta,
com alguns detalhes brancos no vestido da artista e iluminações em laranja. Essa
combinação cria um ambiente com uma atmosfera macabra.
Forma: a cena possui uma composição que evoca a ideia de um cemitério, as
lápides se destacam como elementos principais, exibindo formas de cruz que
acentuam a temática, apresentando cruzes e algumas esculturas. A escolha desses
elementos sugere uma estética, reforçando a atmosfera que remete a um ambiente
fúnebre.
Textura: a imagem tem uma textura de concreto em suas lapides, como
também textura de solo com folhas caídas, criando uma atmosfera de sujeira. Essa
atenção aos detalhes texturais não só enriquece visualmente a imagem, mas também
intensifica a experiência do espectador, criando uma conexão mais imersiva e realista
com a temática do videoclipe.
Escala: a escala faz memória ao jogo do Infinito. Embora haja uma delimitação
clara ao fundo, a composição cenográfica traz a sensação de infinito, sem delimitação
de céu ou de planos além túmulos e/ou paredes do cemitério.
Movimento: o momento capturado é estático, mas a já que se a representação
de objetos cristalizados no tempo, como lápides de cemitério. É importante notar que
boa parte das lápides estão tombando, ao passo que, no momento seguinte há um
reajuste destas estruturas, como um prelúdio para o seu ressurgimento, o acerto de
contas.
Equilíbrio: a imagem é equilibrada, com a figura central que é a artista
ancorando a composição.
Figura/fundo: o mesmo que equilíbrio.
Hierarquia: a figura central (artista), é o elemento mais importante na imagem,
com os elementos de fundo a apoiando.
Volumetria: a volumetria da imagem se dá pela presença de inúmeras lápides
no cemitério, delimitadas por o que sugerem ser paredes ao fundo.
46

Luz: a escolha da iluminação em tons frios e sombrios, como o azul, contribui


para a atmosfera macabra, conferindo uma sensação de mistério e dramaticidade à
cena. As sombras criadas por essa iluminação reforçam os contornos das lápides,
esculturas e outros elementos, acentuando a estética geral do cemitério.
Em seguida, surge um cenário imponente, assumindo uma postura de poder
enquanto está sentada em um trono elaborado. A atmosfera é intensificada pela
presença de várias cobras ao seu redor, evocando um ar de intriga e mistério. A cena,
tem uma estética ousada e vingativa no videoclipe, captura a essência de
transformação e empoderamento.

Figura 21: Imagem ilustrativa de análise (0:50 minutos)

Fonte: Youtube (2017).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3tmd-ClpJxA
Acesso em: 23 de novembro, 2023.
47

A cena em questão, com a ideia de Primeiridade, a imagem pode ser vista na


atmosfera sombria e misteriosa do cenário. O ambiente tem características gótica
como as janelas de vitrais e as velas no altar, e a artista vestido de vermelho evocam
sentimentos de reverência, mistério.
Com a ideia de Secundidade, percebe-se a resistência e o contraste na
imagem. A artista, sentada em seu trono, parece desafiar o ambiente, enquanto seus
súditos lhe servem chá, representados, neste caso, pelas cobras.
O significado de terceiridade dessa cena finalmente, a interpretação da imagem
leva a entender a relação entre a artista e o ambiente. A figura representa a cantora
desafiando as normas e tradições representadas pela catedral. As velas brancas
podem indicar algum tipo de ritual ou cerimônia, adicionando outra camada de
significado à cena.

• Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


Cor: a imagem é predominantemente em preto e dourado, criando um ambiente
gótico e suntuoso, acrescentando mais dramaticidade à cena. Destaca-se o vestido
vermelho da artista no centro, intensificando ainda mais a composição visual pela
ideia de realeza/divindade.
Forma: a cena apresenta uma visão abrangente de uma catedral gótica,
destacando as formas distintivas desse estilo arquitetônico, como arcos apontados e
abóbadas de cruzaria.
Textura: marcada tipografia dourada em relevo, impressa nos artefatos de
paredes e arcos.
Escala: a imagem é de grande escala, com a artista no centro figurando como
autoridade.
Movimento: a cena é estática, o movimento advindo dessa concepção se dá
pelo deslocamento das cobras.
Equilíbrio: a imagem é equilibrada com a cantora com um vestido vermelho no
centro atuando como ponto focal. Também se verifica uma simetria balanceada,
evidenciando a artista no centro da imagem.
Figura/fundo: o mesmo que equilíbrio.
48

Hierarquia: a artista com vestido vermelho no centro, sentada em um trono é o


elemento mais importante na imagem, com a catedral gótica atuando como um
elemento de fundo.
Volumetria: é notável que o cenário apresenta uma verticalidade e
grandiosidade. Algumas características principais contribuem para a volumetria desse
cenário como: a escada ao centro, arcos ogivais, abóbodas de cruzaria.
Luz: a iluminação na imagem reforça a figura-fundo, onde parece vir de uma
fonte não vista, com um ponto focal na artista, criando sombras dramáticas.
Em outra cena, a artista surge dentro de uma gaiola, cercada por paparazzi,
vestindo um traje laranja semelhante aos utilizados por detentos nos Estados Unidos.
No entanto, ela brinca, realiza um banquete e, aparentemente, diverte-se. Durante
essa refeição, mesmo estando enclausurada, ela desfruta de uma lagosta
acompanhada por um rato, simbolizando traição e dedo-duro.

Figura 22: Imagem ilustrativa de análise (1:21 minutos)


49

Fonte: Youtube (2017).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3tmd-ClpJxA
Acesso em: 23 de novembro, 2023.

Com a ideia de Primeiridade, a primeira impressão pode ser observada pela


forma na qual a cantora está inserida, assemelhando-se a uma gaiola de pássaros
dourada, evocando uma sensação de confinamento. Além disso, destaca-se a
combinação de cores, que inclui o laranja do seu figurino e o vermelho do balanço.
Com a ideia de Secundidade, observa-se a artista presa na gaiola, sugerindo
uma luta ou confronto. A presença de pessoas fora da gaiola pode indicar a vigilância
da artista e a falta de relação com o mundo exterior.
Para uma compreensão final da cena, sob a Terceiridade, seu significado pode
conduzir a diversas interpretações. A presença da artista na gaiola pode simbolizar
restrições ou limitações impostas pela sociedade ou autoimpostas. As pessoas ao seu
redor podem representar a vigilância imposta a ela como uma pressão externa a sua
realidade.

• Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


Cor: a imagem tem um esquema de cores predominantemente dourada na
estrutura da gaiola e laranja no figurino da artista, criando um contraste forte e
atraente com o fundo escuro, enegrecido.
50

Forma: o objeto cênico principal é a gaiola, que apresenta uma imponente


estrutura, com a artista em seu interior. A gaiola possui um formato circular e faz
memória à prisão vivenciada pela artista.
Textura: a gaiola tem uma textura metálica na cor dourada, fazendo memória a
um passarinho valioso que voar, mas não pode.
Escala: a gaiola é grande e ocupa a maior parte da imagem, enquanto a figura
(a artista) no centro é menor em escala, o que aumenta a sensação de confinamento.
Movimento: a criação de cena, em si, é estática. O movimento advém do
balanço presente na concepção cênica.
Equilíbrio: o equilíbrio cênico se dá pela conformação radial do cenário. A
gaiola, objeto central tem formato circular, margeada por vigilantes posicionados
radialmente em relação à presença da cantora.
Figura/fundo: a gaiola, junto com a cantora, é a figura cênica principal da
composição; aparece suntuosamente dourada, com a cantora ao centro. O fundo é
cuidadosamente enegrecido para dar destaque a esse elemento central da cena.
Hierarquia: a gaiola apresenta-se como ponto hierárquico dominante, com a
artista ao centro. Ela representa o ponto focal de destaque cênico.
Volumetria: o mesmo que figura/fundo e hierarquia.
Luz: a iluminação é dramática feita com canhões de iluminação, com luzes
brilhantes destacando a figura no centro e criando sombras fortes.

No decorrer do videoclipe, a cantora assume a postura de uma dominatrix,


liderando um esquadrão alinhado mulheres que parecem perfeitamente alinhadas ao
seu comando de dominadora. Essa representação pode sugerir uma resposta às
críticas sobre a autenticidade de seu grupo de amigas, insinuando que talvez tenha
sido percebido como algo montado e superficial, ou até mesmo uma crítica reflexiva
ao próprio conceito de "squad"5.

"Squad" é uma expressão em inglês que se traduz para "pelotão" ou "tropa". No contexto
organizacional, os Squads referem-se a equipes multidisciplinares, ou seja, colaboradores de diversas
áreas que colaboram de maneira conjunta em prol de um objetivo comum.
51

Figura 23: Imagem ilustrativa de análise (1:50 minutos)

Fonte: Youtube (2017).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3tmd-ClpJxA
Acesso em: 23 de novembro, 2023.

No contexto da imagem, a ideia de primeiridade pode ser vista na atmosfera


geral criada pela cena - a cantora no palco, o esquadrão alinhado, a iluminação
vermelha. Esses elementos criam uma sensação imediata de poder, controle e
uniformidade.
Com a ideia de Secundidade, pode ser percebida na relação entre a cantora e
seu esquadrão. Há uma clara distinção entre a líder (a cantora) e os seguidores (o
52

esquadrão). A postura da cantora, a posição do esquadrão e a uniformidade das


roupas reforçam essa relação de poder
Por fim a Terceiridade, pode ser interpretada como a mensagem crítica que a
cena está tentando transmitir. A representação pode ser uma resposta às críticas
sobre a autenticidade do grupo de amigas da cantora, sugerindo uma percepção de
superficialidade ou artificialidade.

• Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


Cor: a imagem é dominada por uma tonalidade vermelha, que pode evocar
sentimentos de paixão, poder e até mesmo perigo. Isso reforça a ideia de que a
cantora está no controle e tem uma presença poderosa.
Forma: as formas na imagem são principalmente retangulares (o palco, as
telas, a formação do esquadrão), o que sugere estabilidade e ordem. É importante
observar que não há nivelamento das relações. A cantora que aparece sobre uma
plataforma, em nível mais alto que as demais personagens, exerce uma função de
soberania e poder.
Textura: é evocada pela relação visual da luz com o contexto da cena. O
cenário em si traz uma percepção de textura visual com um banho de luz sob corpos
desnudos, marcando a presença de elementos humanos na cena.
Escala: a escala traz a composição do olhar para a artista, encabeçando o
pelotão. A ideia de soberania é bem representada nesta cena.
Movimento: a cena é sumariamente estática, com movimento apenas da
cantora como líder do pelotão. Todos parecem paralisar diante da suas
ordens/comando.
Equilíbrio: a imagem é equilibrada/simétrica, com a cantora no centro e o
esquadrão uniformemente distribuído em ambos os lados.
Figura/fundo: a cantora serve como a figura principal, com o esquadrão e o
palco agindo como o fundo. Isso ajuda a destacar a cantora e acentuar seu papel de
liderança.
Hierarquia: a hierarquia é claramente estabelecida, com a cantora no topo e o
esquadrão abaixo dela.
Volumetria: o mesmo que forma.
53

Luz: a iluminação vem principalmente do fundo, criando um efeito dramático e


destacando a cantora e o esquadrão.

Em uma das últimas cena do videoclipe, a artista aparece ao lado de oito


bailarinos com um cropped escrito “I Love T.S.” (Eu Amo T.S.) representando os oitos
relacionamentos vazados da artista.
A mesma frase foi utilizada por um dos namorados dela, Tom Hiddleston, em
2016. Dizem que a cantora persuadiu o ator a vestir essa blusa; talvez por isso, os
dançarinos pareçam tão desconfortáveis ao lado dela no clipe.

Figura 24: Imagem ilustrativa de análise (2:06 minutos)

Fonte: Youtube (2017).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3tmd-ClpJxA
Acesso em: 23 de novembro, 2023.
54

Com a ideia de primeiridade, somos imediatamente atingidos pela sensação de


elegância e sofisticação. A grandiosidade do salão de baile, a riqueza dos lustres, a
beleza da artista no centro - tudo isso contribui para uma sensação geral de luxo e
glamour.
Já na secundidade, pode ser vista na interação entre os dançarinos e a artista
e o espaço ao seu redor. A maneira como eles estão posicionados no salão de baile,
a forma como suas poses se relacionam com o ambiente.
Por fim na terceiridade,

• Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


Cor: a imagem é predominantemente em tons claros com detalhes em dourado
contrastando com os figurinos preto.
Forma: a cena é composta por formas geométricas, como as janelas com
formas arredondadas, os lustres circulares e alguns boiserie retangulares sobre todo
o cenário.
Textura: a textura do cenário é composta por mármore branco nas paredes,
madeira por todo o piso e alguns detalhes dourados simbolizando algo luxuoso.
Escala: a imagem é grande em escala, com os lustres e o fundo ocupando uma
quantidade significativa de espaço.
Movimento: a cena é estática. O movimento é dado pelos bailarinos.
Equilíbrio: a imagem é equilibrada, com os dançarinos em primeiro plano e os
lustres e paredes adornadas ao fundo.
Figura/fundo: a artista e os dançarinos em primeiro plano são a figura, enquanto
o resto do cenário como fundo.
Hierarquia: a hierarquia na imagem é estabelecida pela posição da artista e os
dançarinos.
Volumetria: o mesmo que forma.
Luz: é marcada pela presença dos lustres. Indiretamente a cena sugere
iluminação cênica difusa.
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Videoclipe Brisa - IZA

Ficha técnica
Direção: Felipe Sassi
Direção de arte: Felipe Sassi, IZA e Bianca Jahara
Cenógrafa: Erica Betbeder
Figurino: Camila Viana
Composição da música: Pablo Bispo, IZA, Ruxell e Sergio Santos
Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?v=0J8nAzl2bv4

Figura 25: Imagem ilustrativa da capa da música

Fonte: POPline (2019).

Lançado em 2019, o vídeo musical "Brisa" destaca elementos de reggae e pop,


revelando a diversidade sonora da artista. Com uma atmosfera de verão, IZA
demonstra seu talento em cenários que incluem um navio e uma praia. A direção ficou
a cargo de Felipe Sassi, que também colaborou com a cantora na autoria do roteiro.
De forma geral, a música fala sobre estar na “brisa”, desfrutando da vida e da
natureza.
Logo na primeira cena, encontra-se a artista junto com seu grupo feminino em
uma cena cheia de cor, coreografia e um cenário de uma caravela onde foi projetada
e executada.
56

Figura 26: Imagem ilustrativa de análise (0:07 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0J8nAzl2bv4. Acesso em: 16 de novembro,
2023.

A cena em questão, com a ideia de Primeiridade, traz a sensação de alegria e


diversão. As cores vibrantes, a disposição dos dançarinos e o cenário do navio criam
uma sensação de aventura e fantasia, simulando a ideia de viagem ou aventura.
Com a ideia de Secundidade, a presença do navio indica um ambiente
marítimo, onde transmite a ideia de trabalho em equipe e precisão, à procura de um
lugar onde possam curtir a brisa e desfrutar da natureza.
Para uma percepção final da cena, o significado de Terceiridade entoa um
sentimento de buscar por novas experiências e aventuras, como foi representado por
o símbolo principal da cena que é o navio.

• Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


Cor: as cores vibrantes usadas no navio e nas roupas dos dançarinos
adicionam um elemento de alegria e energia ao cenário. Elas contrastam com o azul
calmo do céu, criando um equilíbrio visual.
Forma: o navio é um elemento arquitetônico importante na cena. Com formas
predominantemente curvadas e geométricas tem uma estrutura robusta e compacta,
com um casco largo e uma superestrutura que se estende ao longo do convés.
57

Textura: a textura do navio parece ser limpa, com apelo visual à artista e suas
dançarinas e na maior parte construído em madeira.
Escala: a escala do cenário é compatível com a de um navio histórico/antigo,
com os dançarinos ocupando a maior parte do espaço. O céu azul e as nuvens
brancas fornecem um fundo expansivo e um ar de infinito.
Movimento: o movimento é dado a partir das formas orgânicas e curvadas do
navio que se dispõe na cena. As linhas suaves e sinuosas da embarcação conferem
uma dinâmica única à composição, sugerindo uma harmonia essencial com as ondas
do oceano
Equilíbrio: a imagem é simétrica, com as dançarinas em primeiro plano e o
navio em segundo plano.
Figura/fundo: o navio e os dançarinos formam a figura, enquanto o céu azul e
as nuvens brancas formam o fundo. Há um contraste claro entre a figura e o fundo.
Hierarquia: na cena, o ponto hierárquico se estabelece na artista principal,
observando-se, a partir dela uma sucessão de planos visuais de dançarinos até o
limite do barco.
Volumetria: está bem representada na figuração concreta de um barco, com
elementos característicos que compõem o cenário neste ponto da música. além de
ser um elemento chave para a cena, traz um contexto de imersão e
tridimensionalidade, o que adiciona profundidade à imagem.
Luz: a luz na cena foi feita através de iluminação artificial para trazer a sensação
de dia ensolarado com foco vindo de cima, criando sombras e destacando os
personagens no navio.
58

Figura 27: Imagem ilustrativa do making of

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=U9_QLQkbJr4. Acesso em: 16 de novembro,
2023.

Figura 28: Imagem ilustrativa do making of

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=U9_QLQkbJr4. Acesso em: 16 de novembro,
2023.

Logo em seguida, entra a cena do nado sincronizado, na qual a artista e suas


dançarinas se movem em perfeita sincronia, realizando uma coreografia em torno de
um objeto em camadas. Isso proporciona uma estética de leveza à apresentação.
59

Figura 29: Imagem ilustrativa de análise (0:10 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0J8nAzl2bv4. Acesso em: 16 de novembro,
2023.

Em conformação à ideia de Primeiridade, o ângulo da filmagem faz com que a


o objeto pareça um bolo em camadas. A primeira sensação que temos ao olhar para
a imagem é a de harmonia e sincronia. As cores vibrantes, a disposição das
nadadoras e a água azul brilhante criam uma sensação de beleza e equilíbrio.
Dentro da perspectiva de Secudindade, neste caso, podemos inferir o esforço
e a dedicação necessários para realizar tal performance. A cena transmite a ideia de
trabalho em equipe, precisão e leveza, elementos essenciais na natação sincronizada.
Por fim, na Terceiridade, interpretada como uma representação da beleza e da
harmonia por contraste (azul x rosa) que podem ser alcançadas através do trabalho
em equipe e da dedicação. Além disso, a natação sincronizada é um esporte que
combina força, graça e precisão, e essa imagem captura esses elementos de maneira
eficaz.
60

Figura 30: Imagem ilustrativa do making of

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=U9_QLQkbJr4. Acesso em: 16 de novembro,
2023.

• Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:

Cor: a cor dominante nesta imagem é azul e rosa, com destaques em branco
na logomarca do patrocinador (amaciante Downy)
O Amaciante Downy Concentrado Brisa de Verão, de tonalidade azul, apresenta uma
embalagem que sugere flores rosas, proporcionando suavidade e uma experiência
sensorial singular.
Figura 31: Imagem ilustrativa do amaciante Downy

Fonte: Downy (2021).


Disponível em: https://www.downy.com.br/pt-br/comprar-produtos/essenciais-do-dia-a-
dia/amaciante-downy-brisa-verao/. Acesso em: 19 de novembro, 2023.
61

Forma: a cena é composta por um grupo de pessoas em uma formação circular


em camadas, com uma pessoa no centro em primeiro plano. A forma circular da
volumetria lembra a tampa do amaciante visto de cima, imerso num mar azul temático
tanto da música quanto do patrocinador.
Textura: a textura da água/mar; azul x amaciante; rosa x flores da embalagem
e das roupas das pessoas.
Escala: a escala sugere uma visualização top-down radial, onde o primeiro
plano de visualização foca na artista, em sucessivas camadas até se perder no
mar/amaciante.
Movimento: é dado pelas ondas do espelho d’água e movimento das
dançarinas.
Equilíbrio: a imagem é perfeitamente equilibrada, em formato radial, que denota
a ausência de início e fim, focando no pivô central que é a artista.
Figura/fundo: as pessoas na imagem são a figura, com a água servindo como
fundo (contraste azul x rosa – figura rosa fundo azul).
Hierarquia: a artista no centro da imagem é o ponto focal, com as outras
servindo como elementos de apoio.
Volumetria: tampa do amaciante
Luz: cênica focal
62

Em continuidade ao videoclipe, conforme a Figura 32, em questão, é retratado


um cenário praiano, dominado por uma barraca de coco com um telhado de palha,
decorado com flores e plantas coloridas.
Na cena há a artista está em pé dançando, isso sugere que elas estão aproveitando
o clima quente e ensolarado.

Figura 32: Imagem ilustrativa de análise (1:00 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0J8nAzl2bv4. Acesso em: 16 de novembro,
2023.

Em relação à Primeiridade, pode ser vista na barraca de coco, no meio da areia,


em um clima praiano, descontraído, relaxante e tropical que a imagem transmite. A
cena demonstra em primeiro plano a venda de coco e a artista aproveitando o que
leva a crer seja a estação do verão, férias, praia e tranquilidade.
Em relação à Secundidade, a cena retrata um ambiente praiano, evidenciando
algumas características. A presença das duas mulheres de biquíni pode ser
considerada um indicativo típico de um cenário de praia, já que é comum observar
pessoas vestindo biquínis nesse contexto. (plantas, paisagem paradisíaca, dreads na
cabeça e acessórios africanos, reagge que lembram a cultura da maconha).
Por fim, o cenário constrói a imagem simbólica da a Terceiridade que se revela
como estar na brisa, ou seja, uma alusão clara à sensação proporcionada aos
usuários da droga.
63

• Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:

Cor: a imagem possui uma paleta de cores associadas ao reggae e a cultura da


maconha com verdes, vermelhos e amerelos, sob um fundo azul de praia/céu que.
Isso contribui para a atmosfera tropical e relaxante do cenário.
Forma: a cabana tem uma forma simples e funcional, típica das construções de
praia. As palmeiras e toda vegetação adicionam uma variedade de formas orgânicas
ao cenário e uma memória à canabis, pelo formato das folhas (pontiagudas).
Textura: a textura do telhado de palha da cabana, a textura de madeira em toda
construção, das folhas das plantas e a areia da praia adicionam um elemento tátil à
imagem. Isso contribui para a sensação de estar em um ambiente paradisíaco
praiano.
Escala: condizente com dois planos de visualização: o primeiro, compacto e
pequeno, formado pelo cenário propriamente dito; o segundo, amplo e infinito,
formado pela paisagem de fundo
Movimento: do ponto de vista cênico, a imagem sugere uma visualização
plástica estática; o movimento aparente é dado pela coreografia da artista.
Equilíbrio: a imagem também simétrica e equilibrada, com a cabana ao centro
e a vegetação emoldurando ambos os lados. Isso cria uma sensação de harmonia e
estabilidade.
Figura/fundo: a cabana e as pessoas são as figuras principais na imagem, com
a praia e o oceano servindo como pano de fundo. Isso ajuda a destacar a arquitetura
da cabana.
Hierarquia: a cabana é o elemento mais proeminente na imagem, indicando
sua importância no cenário.
Volumetria: o cenário tem um volume simples e compacto, típico das
construções de praia. Isso contrasta com o volume mais complexo e orgânico da
paisagem em plano de fundo.
Luz: a luz do sol cria sombras fortes e contrastantes com o jogo de luz e sombra
do fim da tarde. A manifestação de sombras em formação direita-esquerda sugere
que o sol está a poente, já que no Brasil, ele só está a leste pela manhã. Isso contribui
com uma atmosfera de preparação para a noite que está por vir.
64

4 Programa de necessidades e Pré-dimensionamento

O programa de necessidades deste trabalho tem como objetivo principal a


definição dos blocos cênicos essenciais para a proposição/concepção dos cenários
arquitetônicos para o videoclipe. Busca-se, assim, estabelecer diretrizes claras e
criteriosas que orientarão a criação de espaços visuais dinâmicos e impactantes,
alinhados à linguagem narrativa e estética proposta para a produção audiovisual.
A escala escolhida para a confecção das maquetes é 1:25, proporcionando
uma representação detalhada e proporcional do bloco cênico. A utilização dessa
escala específica não apenas realça a precisão na reprodução das proporções do
bloco cênico, mas também facilita a visualização de cada elemento.
Para tal, definiu-se cortes cênicos representativos de cada programação
conceptiva, de forma que se apresentam o recorte linguístico da música equivalente
à cada produção cênica deste trabalho. Note-se, para tanto, que o bloco cênico 2 e 4
correspondem ao refrão da música e, portanto, serão concebidos por uma única
unidade plástica conceitual.

4.1 Definição de blocos cênicos:

• Bloco cênico 1 – Sala de TV (período do tempo 0:10 minutos)

Future / (Futuro)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)6
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)

You want a timeless song, I wanna change the game / (Você quer uma música atemporal,
eu quero mudar o jogo)
Like modern architecture, John Lautner coming your way / (Como a arquitetura moderna, John
Lautner vindo em sua direção)
I know you like this beat 'cause Jeff been doing the damn Thing / (Eu sei que você gosta dessa
batida porque foi o Jeff que produziu)
You wanna turn it up loud, future nostalgia is the name (future nostalgia) / (Você quer isso no
máximo, nostalgia do futuro é o nome (nostalgia do futuro)

I know you're dying trying to figure me out / (Eu sei que você está morrendo de vontade de
me entender)
My name's on the tip of your tongue, keep running your mouth / (Meu nome está na ponta da sua

6
No texto apresentado, existe a representação de duas linguagens musicais: a interpretada
pela artista Dua Lipa e o contexto de back vocal da música. Tudo que estiver relacionado a este
contexto, especificamente, aparecerá em sublinhado.
65

língua, continue com o falatório)


You want the recipe, but can't handle my sound / (Você quer a receita, mas não aguenta meu som)
My sound, my sound (future, future nostalgia) / (Meu som, meu som (futuro, nostalgia do futuro)

Neste bloco, a cenografia tem como objetivo criar a representação visual de


uma sala de TV com um toque retrô, incorporando todas as referências necessárias
para os próximos cenários que serão apresentados. A ambientação inclui elementos
que remetem a épocas passadas, como mobiliário vintage, cores nostálgicas7 e uma
seleção de objetos decorativos que antecipam e contextualizam as temáticas a serem
exploradas nas próximas cenas. Essa cuidadosa construção visual estabelece uma
conexão coesa entre os diferentes ambientes, proporcionando uma experiência
imersiva.
Matriz propositiva: a fim de desenvolver a concepção estética deste cenário,
será adotada a representação visual de elementos como sofá, mobiliário de apoio para
a televisão, tapete, luminária e uma variedade de outros objetos selecionados para
enriquecer o contexto cênico. Além disso, a inclusão de adereços, quadros, cortinas
e elementos decorativos específicos de uma estética retro fortalecerá a narrativa
visual.
Pré-dimensionamento: o dimensionamento deste bloco é de 6 metros por 5
metros.
Materiais utilizados: isopor, cola instantânea, tintas, acetato, papel Paraná,
iluminação e uma variedade de materiais adicionais como pequenos objetos
decorativos, miniaturas de mobiliário, tecidos para representar cortinas ou tapetes, e
outros detalhes que contribuirão para uma representação mais rica e fiel do cenário
em questão.

• Bloco cênico 2 – Mulher Alfa (período do tempo 0:45 minutos)

No matter what you do, I'm gonna get it without ya (hey, hey) / (Não importa o que você
faça, eu vou conseguir sem você (ei, ei)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
I know you ain't used to a female alpha (no way, no way) / (Eu sei que você não está acostumado
com uma mulher alfa (sem chance, sem chance)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
No matter what you do, I'm gonna get it without ya (hey, hey) / (Não importa o que você faça, eu
vou conseguir sem você (ei, ei)

7
Entende-se por cores nostálgicas, a paleta de cores utilizada pelo design para representar e
valorar elementos gráficos, cênicos ou tridimensionais de estilo vintage.
66

(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)

I know you ain't used to a female alpha (no way, no way) / (Eu sei que você não está acostumado
com uma mulher alfa (sem chance, sem chance)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)

Neste bloco, a cenografia tem o objetivo de evocar sensações de feminilidade


e poder associadas a uma mulher alfa. A ambientação é elaborada, incorporando
elementos que simbolizam a autonomia, confiança e liderança associadas a essa
representação feminina de empoderamento.
Matriz propositiva: a fim de desenvolver a concepção estética deste cenário,
será adotada a representação visual de elementos que evoque sensações de
feminilidade e poder associadas a uma mulher alfa, pode integrar elementos
simbólicos que representam a independência e liderança. A cenografia presente neste
bloco pode incorporar estruturas arquitetônicas inovadoras e futurísticas. Além disso,
o uso de espelhos ou superfícies reflexivas pode simbolizar autoconhecimento e
autoconfiança.
Pré-dimensionamento: o dimensionamento deste bloco é de 10 metros por 7
metros.
Materiais utilizados: isopor, cola instantânea, tintas, acetato, papel Paraná,
iluminação e vidro, dessa maneira, a utilização cuidadosa desses materiais e técnicas
não apenas visa criar uma experiência visual cativante, mas também procura
transmitir a mensagem de feminilidade e poder associados à figura da mulher alfa.

• Bloco cênico 3 – Proteção frágil (período do tempo 1:00 minutos)

Can't be a rolling stone if you live in a glass house (future nostalgia) / (Não dá pra ser uma
pedra rolando se você tem teto de vidro (nostalgia do futuro)
You keep on talking that talk, one day you're gonna blast out / (Você continua com esse papo, um
dia você vai explodir)
You can't be bitter if I'm out here showing my face (future nostalgia) / (Você não pode ser amargo se
estou aqui mostrando meu rosto (nostalgia do futuro)
You want what now looks like, let me give you a taste / (Você quer saber como é o agora, deixa eu
te dar uma amostra)

Neste bloco, a cenografia busca intencionalmente transmitir não apenas as


sensações de fragilidade e transparência, mas também explorar a complexidade
desses elementos. O cenário meticulosamente elaborado, utilizando cores suaves,
texturas e materiais delicados e elementos visuais devem sugerir vulnerabilidade. Ao
67

mesmo tempo, a transparência representada não apenas como fragilidade, mas como
uma expressão de autenticidade e coragem.
Matriz propositiva: a fim de desenvolver a concepção estética deste cenário, a
escolha de utilizar um "teto de vidro" como metáfora visual é simbólica, representando
a transparência e a exposição. As cores suaves e a iluminação contribuem para criar
uma atmosfera fluida, onde a fragilidade e a autenticidade coexistem. Texturas
delicadas, como tecidos suaves e materiais translúcidos, enfatizam a sensação de
vulnerabilidade e expõem a verdade subjacente.
Pré-dimensionamento: o dimensionamento deste bloco é de 10 metros por 7
metros.
Materiais utilizados: isopor, cola instantânea, tintas, acetato, papel Paraná,
tecido, iluminação e vidro, a variedade de materiais propostos enriquecerá a narrativa
visual do cenário, transmitindo a mensagem objetiva da cena.

• Bloco cênico 4 – Mulher Alfa (período do tempo 1:18 minutos)

I know you're dying trying to figure me out / (Eu sei que você está morrendo de vontade de
me entender)
My name's on the tip of your tongue, keep running your mouth / (Meu nome está na ponta da sua
língua, continue com o falatório)
You want the recipe, but can't handle my sound / (Você quer a receita, mas não aguenta meu som)
My sound, my sound (future, future nostalgia) / (Meu som, meu som (futuro, nostalgia do futuro)

No matter what you do, I'm gonna get it without ya (hey, hey) / (Não importa o que você
faça, eu vou conseguir sem você (ei, ei)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
I know you ain't used to a female alpha (no way, no way) / (Eu sei que você não está acostumado
com uma mulher alfa (sem chance, sem chance)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
No matter what you do, I'm gonna get it without ya (hey, hey) ) / (Não importa o que você faça, eu
vou conseguir sem você (ei, ei)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
I know you ain't used to a female alpha (no way, no way) / (Eu sei que você não está acostumado
com uma mulher alfa (sem chance, sem chance)

(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)

Neste bloco, se repete o mesmo cenário do bloco 2.

• Bloco cênico 5 - Força Revelada (período do tempo 1:52 minutos)

You can't get with this if you ain't built for this / (Você não pode com isso se não nasceu
pra isso)
You can't get with this if you ain't built for this / (Você não pode com isso se não nasceu pra isso)
I can't build you up if you ain't tough enough / (Eu não posso te moldar se você não for forte o
68

suficiente)
I can't teach a man how to wear his pants (haha) / (Eu não posso ensinar um homem a usar calças
(haha)

Neste contexto, o bloco cênico busca transmitir a ideia de revelação e


exposição da força interior. O nome foi escolhido com o propósito de destacar que a
verdadeira força interior se revela durante a performance, enfatizando a importância
da autenticidade e resiliência.
Matriz propositiva: a fim de desenvolver a concepção estética deste cenário, a
ambientação incorpora elementos que simbolizam robustez, como estruturas sólidas
e elementos arquitetônicos imponentes. A paleta de cores pode incluir tons fortes e
marcantes, transmitindo uma sensação de poder e determinação.
Pré-dimensionamento: o dimensionamento deste bloco é de 10 metros por 7
metros.
Materiais utilizados: isopor, cola instantânea, tintas, acetato, papel Paraná e
iluminação, a variedade de materiais propostos enriquecerá a narrativa visual do
cenário, transmitindo a mensagem objetiva da cena.

• Bloco cênico 6 – Pista de Dança (período do tempo 2:10 minutos)

I know you're dying trying to figure me out / (Eu sei que você está morrendo de vontade de
me entender)
My name's on the tip of your tongue, keep running your mouth / (Meu nome está na ponta da sua
língua, continue com o falatório)
You want the recipe, but can't handle my sound / (Você quer a receita, mas não aguenta meu som)
My sound, my sound (future) / (Meu som, meu som (futuro)

I know you're dying trying to figure me out / (Eu sei que você está morrendo de vontade de
me entender)
My name's on the tip of your tongue, keep running your mouth / (Meu nome está na ponta da sua
língua, continue com o falatório)
You want the recipe, but can't handle my sound / (Você quer a receita, mas não aguenta meu som)
My sound, my sound (future, future nostalgia) / (Meu som, meu som (futuro, nostalgia do futuro)

(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)


(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
My sound, my sound, my sound / (Meu som, meu som, meu som)
(Future, future nostalgia) / (Futuro, nostalgia do futuro)

Neste cenário, a intenção é criar uma atmosfera retrô-futurista, mesclando


elementos dos anos 1980 com uma perspectiva futura. Este ambiente representa um
clube noturno, incorporando uma estética moderna e futurista, caracterizada por luzes
neon, cores vibrantes e decorações futurísticas. Essa fusão de estilos proporciona
69

uma sensação de nostalgia em relação ao futuro, resultando em uma estética


contemporânea e futurista.
Matriz propositiva: com o intuito de desenvolver a concepção estética deste
cenário, a ambientação integra elementos arquitetônicos que adotam linhas limpas e
geométricas, inspiradas no estilo futurista. Paralelamente, são inseridas referências
sutis a elementos retrô, como padrões característicos dos anos 1980. A fusão desses
estilos visa criar uma atmosfera singular, convidando o espectador a imergir em uma
experiência estética única, uma síntese entre o familiar e o desconhecido.
Pré-dimensionamento: o dimensionamento deste bloco é de 10 metros por 7
metros.
Materiais utilizados: isopor, cola instantânea, tintas, acetato, papel Paraná,
acrílico e iluminação, a diversidade de materiais sugeridos contribuirá para a riqueza
visual do cenário, comunicando claramente a mensagem desejada na cena.
70

5 Cronograma TCC II

Segue abaixo o Quadro 2, cronograma do TCC II, elaborado pelo autor para
otimizar a organização e produtividade das atividades realizadas durante o 10°
período do curso. Este cronograma abrange a divisão clara e detalhada das etapas.
Cada fase está estrategicamente planejada para assegurar um progresso consistente,
cumprindo prazos e metas estabelecidas.
71

Apêndice
72

A música assume um papel de destaque no álbum ao impressionar com a


sonoridade cuidadosamente elaborada por Dua Lipa, contendo elementos de disco,
electro e funk. A letra da música fala sobre empoderamento feminino, criando um tema
atemporal e feminista (Ozuna,2020). Segundo a versão original (e traduzida),
apresentada abaixo8:

Future Nostalgia

Future / (Futuro)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)

You want a timeless song, I wanna change the game / (Você quer uma
música atemporal, eu quero mudar o jogo)
Like modern architecture, John Lautner coming your way / (Como a arquitetura
moderna, John Lautner vindo em sua direção)
I know you like this beat 'cause Jeff been doing the damn Thing / (Eu sei que você
gosta dessa batida porque foi o Jeff que produziu)
You wanna turn it up loud, future nostalgia is the name (future nostalgia) / (Você
quer isso no máximo, nostalgia do futuro é o nome (nostalgia do futuro)

I know you're dying trying to figure me out / (Eu sei que você está morrendo
de vontade de me entender)
My name's on the tip of your tongue, keep running your mouth / (Meu nome está na
ponta da sua língua, continue com o falatório)
You want the recipe, but can't handle my sound / (Você quer a receita, mas não
aguenta meu som)
My sound, my sound (future, future nostalgia) / (Meu som, meu som (futuro,
nostalgia do futuro)

No matter what you do, I'm gonna get it without ya (hey, hey) / (Não importa o
que você faça, eu vou conseguir sem você (ei, ei)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
I know you ain't used to a female alpha (no way, no way) / (Eu sei que você não
está acostumado com uma mulher alfa (sem chance, sem chance)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
No matter what you do, I'm gonna get it without ya (hey, hey) / (Não importa o que
você faça, eu vou conseguir sem você (ei, ei)

8
Letra da música original e traduzida de conforme com o site letras.music.br, disponível em:
<https://www.letras.mus.br/dua-lipa/future-nostalgia/>. Acesso em: 11 set. 2023.
73

(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)

I know you ain't used to a female alpha (no way, no way) / (Eu sei que você não
está acostumado com uma mulher alfa (sem chance, sem chance)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)

Can't be a rolling stone if you live in a glass house (future nostalgia) / (Não dá
pra ser ser uma pedra rolando se você tem teto de vidro (nostalgia do futuro)
You keep on talking that talk, one day you're gonna blast out / (Você continua com
esse papo, um dia você vai explodir)
You can't be bitter if I'm out here showing my face (future nostalgia) / (Você não
pode ser amargo se estou aqui mostrando meu rosto (nostalgia do futuro)
You want what now looks like, let me give you a taste / (Você quer saber como é o
agora, deixa eu te dar uma amostra)

I know you're dying trying to figure me out / (Eu sei que você está morrendo
de vontade de me entender)
My name's on the tip of your tongue, keep running your mouth / (Meu nome está na
ponta da sua língua, continue com o falatório)
You want the recipe, but can't handle my sound / (Você quer a receita, mas não
aguenta meu som)
My sound, my sound (future, future nostalgia) / (Meu som, meu som (futuro,
nostalgia do futuro)

No matter what you do, I'm gonna get it without ya (hey, hey) / (Não importa o
que você faça, eu vou conseguir sem você (ei, ei)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
I know you ain't used to a female alpha (no way, no way) / (Eu sei que você não
está acostumado com uma mulher alfa (sem chance, sem chance)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
No matter what you do, I'm gonna get it without ya (hey, hey) ) / (Não importa o que
você faça, eu vou conseguir sem você (ei, ei)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
I know you ain't used to a female alpha (no way, no way) / (Eu sei que você não
está acostumado com uma mulher alfa (sem chance, sem chance)

(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)

You can't get with this if you ain't built for this / (Você não pode com isso se
não nasceu pra isso)
You can't get with this if you ain't built for this / (Você não pode com isso se não
nasceu pra isso)
I can't build you up if you ain't tough enough / (Eu não posso te moldar se você
não for forte o suficiente)
I can't teach a man how to wear his pants (haha) / (Eu não posso ensinar um
homem a usar calças (haha)

I know you're dying trying to figure me out / (Eu sei que você está morrendo
de vontade de me entender)
My name's on the tip of your tongue, keep running your mouth / (Meu nome está na
74

ponta da sua língua, continue com o falatório)


You want the recipe, but can't handle my sound / (Você quer a receita, mas não
aguenta meu som)
My sound, my sound (future) / (Meu som, meu som (futuro)

I know you're dying trying to figure me out / (Eu sei que você está morrendo
de vontade de me entender)
My name's on the tip of your tongue, keep running your mouth / (Meu nome está na
ponta da sua língua, continue com o falatório)
You want the recipe, but can't handle my sound / (Você quer a receita, mas não
aguenta meu som)
My sound, my sound (future, future nostalgia) / (Meu som, meu som (futuro,
nostalgia do futuro)

(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)


(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
My sound, my sound, my sound / (Meu som, meu som, meu som)
(Future, future nostalgia) / (Futuro, nostalgia do futuro)
75

1. REFERENCIAS

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