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Glória do futebol. Um diamante gigante. Um olhar distraído.

Jude e Lucy são dois felizes noivos, mas isso não significa que
a vida é um mar de rosas. Mais uma vez, Jude e Lucy são separados
por treinamentos de futebol e um emprego de verão que cria novas
tensões. Agora é a vez de Jude ter problemas de confiança. Será que
as notícias da mudança de vida de Lucy irá uni-los ou terminar o seu
relacionamento para sempre? Pode o amor triunfar para sempre ?
Capitulo 01

A ltos e baixos. Indo e voltando. Uma e outra vez.


Esse era o nosso padrão. Esse era nosso mundo.

Com um cara como Jude Ryder ao meu lado, os


baixos da vida eram mais baixos e os altos eram mais
elevados. Esta era a nossa realidade, a nossa história... Nossa
história de amor. Nós brigamos, nós nos exaltamos. Nós
erramos, nós pedimos desculpas. Nós vivemos, nós
aprendemos. Jude e eu tínhamos cometido um monte de
erros na história da nossa relação, mas uma coisa que
sempre me pareceu certa? Nosso amor que consumia um ao
outro.

Esta era a minha vida.

E você sabe o quê?

A vida era malditamente boa.

Mesmo apesar do fato de que eu não tinha ideia de


onde eu estava.

— O que você está fazendo? — sussurrei de volta para


Jude, continuando a deixá-lo me levar para o buraco negro.
— Algo que você vai amar. — ele respondeu, apertando
meus ombros enquanto me guiava. Meus saltos começaram a
ecoar em torno de mim.

Então nós estávamos em um túnel, mas qualquer coisa


para mim pareceria um túnel escuro porque Jude me fez
fechar os olhos no momento em que tinha atendido a porta
esta noite. Era mais do que apenas vagar por aí dentro da
velha caminhonete dele, que fazia um barulho tão familiar
para mim, era a melhor parte de um encontro em uma sexta-
feira à noite, aqui dentro eu já tinha perdido o rumo de todas
as maneiras que uma garota poderia perdê-lo.

Levando em consideração o fato de que Jude Ryder era


meu noivo, meu comportamento tem estado um pouco fora de
ordem nos últimos anos, mas eles estavam especialmente
descontrolados esta noite.

Será que este túnel tem um fim? Quanto mais


seguimos para baixo, mais alto os meus
passos ecoavam em torno de nós.

— Isso que você está fazendo é ilegal? — perguntei, não


sabendo se eu realmente queria saber.

— Essa pergunta é uma pegadinha? — disse ele,


parecendo divertido.

— Essa resposta é uma pegadinha?

Ele não respondeu imediatamente. Em vez disso, eu


senti sua boca quente na pele na base do meu pescoço. Uma
respiração completa para fora, e uma respiração completa
para dentro, lenta e profunda e sufocante, antes que seus
lábios roçassem uma parte aquecida da pele.

Eu tentei não reagir quando o seu toque em mim serviu


para deixar cada pedacinho de mim como louca, mas mesmo
depois de anos juntos, Jude ainda poderia me desvendar com
um toque. Minha pele estava pinicando com pequenos
arrepios que percorriam a minha parte inferior das costas
quando sua boca se afastou.

— Certamente há alguns pontos que poderiam ser


classificados como ilegais de acordo com a Bíblia. — disse ele,
em voz baixa com desejo. Não tão áspero quanto ficava
quando ele precisava de mim ali mesmo, ainda era contido o
suficiente para que eu soubesse que ele não ia me jogar
contra a parede mais próxima e começar a subir a minha saia
antes de darmos mais um passo adiante. — Será essa a
resposta para sua pergunta?

— Não. — eu disse, tentando soar controlada.


Tentando soar como se ele não tivesse feito o meu
estômago se apertar com o desejo de um beijo. — Isso não
responde a minha pergunta. Então, vamos tentar
novamente... — limpei minha garganta, me lembrando de que
eu estava tentando soar inalterada. — Em qualquer corredor
interminável que você está me levando adiante, em uma
direção e local qualquer que você está nos levando, poderia
qualquer um desses delitos ser considerado ilegal se
tivéssemos que ser julgados no tribunal?
Ele não fez barulho, mas eu sabia que ele estava
tentando conter uma risada. Uma das baixas e retumbantes,
aquelas que vibravam através do meu corpo quando ele
estava pressionado contra mim. — Já que você colocou dessa
forma... — ele começou, me parando de repente. Suas mãos
deixaram meus ombros e bateram nas minhas pálpebras. —
Sim. Pode ser. No entanto, — ele disse: — Eles têm que nos
pegar primeiro. Abra os olhos, amor.

Pisquei os olhos algumas vezes para ter certeza de que


o que eu estava vendo era real.

Depois de mais meia dúzia de piscadas, eu poderia


estar razoavelmente certa de que o que os meus olhos
estavam vendo era, de fato, real.

Estávamos dentro do Carrier Dome, apenas na boca de


um dos túneis. No entanto, eu nunca a tinha visto desta
forma nos últimos três anos assistindo quase todos os jogos
em casa. No centro do campo, logo linha das cinquenta
jardas, estava um cobertor espalhado, e o que parecia ser
uma cesta de piquenique descansava em um canto. Um
punhado de velas brancas em frascos claros estavam
espalhados ao redor do cobertor. Isso era calmo, silencioso, e
em paz.

Nem as três primeiras palavras que você costuma usar


para descrever uma arena de futebol da faculdade.
E este não era o lugar que a garota esperava que seu
noivo fosse levá-la em um grande e surpreendente encontro,
aquele que você se arrumou toda para sair.

Eu sorri.

Não é o que eu esperava, mas exatamente o que eu


queria.

— O que você acha? ‘Ilegal’ se enquadra? — ele


perguntou, enrolando seus braços ao redor da minha cintura
e colocando o queixo sobre meu ombro.

Eu não conseguia tirar os olhos da cena à luz de velas


em frente a mim. Um piquenique na linha de cinquenta
jardas.

Eu sabia que isso não entraria da lista dos dez tops


encontros mais desejados pela maioria das garotas, mas isso
certamente seria o número 1 para esta garota aqui.

— É apenas ilegal se formos pegos. — eu respondi,


virando a cabeça para que ele pudesse ver o meu sorriso,
antes de me libertar de seus braços e correr para o cobertor.

Esta era a primeira vez que eu tinha estado dentro do


campo desde que Jude e eu ficamos noivos no nosso primeiro
ano de faculdade, mas realmente parecia que tinha sido a
apenas um punhado de dias atrás. Eu descobri mais um dos
clichês da vida por estar com Jude: Quanto mais feliz você
está na vida, mais rápido ela passa por você. A vida era uma
vadia louca se pessoas felizes eram recompensadas com uma
vida que parecia curta demais. Vida curta ou vida longa, isso
não importa, eu não estava desistindo de Jude de qualquer
maneira.

Na linha de vinte cinco jardas, eu me virei,


continuando a correr para trás. Jude ainda estava na boca do
túnel, me olhando com um sorriso, parecendo como se fosse
apaixonado por mim do mesmo modo que ele tinha estado,
no dia em que ele confessou o seu amor. Aquele olhar, mais
que qualquer um dos outros, tinha me pegado de todas as
maneiras que o olhar de um homem deveria ‘pegar’ sua
garota.

Eu olhei para as arquibancadas mais uma vez para ter


certeza de que estávamos sozinhos. Eu me sentia tão
malditamente exposta aqui, o que era irritante, mas quantas
garotas poderiam dizer que estavam na linha das cinquenta
jardas tendo um piquenique com o quarterback universitário
número 1 do país?

Yeah, isto era uma daqueles momentos únicos da vida,


e eu não ia deixar isso passar por mim.

Inalando uma respiração lenta, peguei a barra da


minha blusa e comecei a deslizá-la para cima do meu
estômago.

A expressão de Jude mudou instantaneamente. Sua


testa formou vincos mais profundos e um canto de sua boca
se contorceu.
Levantando uma sobrancelha, eu levantei o resto da
minha blusa, puxando-a sobre a cabeça e jogando-a sob a
grama sintética. Minha adrenalina estava bombando. A
antecipação de ter Jude comigo me incendiava, e a emoção de
estar aqui estava atirando-me nas alturas.

Enrolando meus braços nas minhas costas, eu soltei


meu sutiã. Ele estalou livre, deslizando pelos meus braços
para se juntar a blusa aos meus pés.

Jude não estava apenas olhando para o meu rosto por


mais tempo.

Molhando seus lábios, ele começou a vir até mim.

Eu comecei a minha jornada para trás novamente,


mostrando um sorriso tímido. Eu estava indo me divertir com
ele, o atraindo para isso. Eu estava fazendo com ele o mesmo
que ele tantas vezes fez por mim.

Ele parou assim que eu comecei a afastar-me, olhando


para mim como se soubesse exatamente o jogo que eu estava
jogando, e ele tanto amava e odiava ser um peão nisso.

Parando apenas tempo o suficiente para sair dos meus


saltos, deslizei meus dedos sob a cintura da minha saia e
baixando-a nos meus quadris, diminuindo apenas o
suficiente para ela se juntar a parte superior da minha
calcinha. Eu deixei tanto a saia, como a calcinha se juntarem
em meus tornozelos.
Os olhos de Jude voaram para baixo, seu peito subindo
e descendo visivelmente, mesmo a partir de onde eu estava a
trinta metros de distância dele. Quando seus olhos mudaram
de volta para os meus, eles estavam escuros com uma única
coisa.

Necessidade absoluta.

Seu corpo saltou para a ação quando ele invadiu o


campo atrás de mim, correndo no mesmo ritmo que ele fazia
quando estava jogando uma partida. Virei-me e ri com cada
passo que eu corria para longe dele.

Foi um esforço inútil, correr de Jude, - tanto agora -


quanto na vida em geral.

Jude sempre me alcançava. Às vezes, ele me dava um


bom começo de vantagem, mas ele nunca me deixava ir muito
longe.

Desta vez, eu quase consegui correr dez metros antes


de sentir braços fortes em torno de mim. Um grito de
surpresa pontuando o meu riso quando ele me puxou com
força contra ele. Não só conseguiu cobrir trinta metros no
tempo que eu tinha levado para correr menos de um terço,
como ele também tirou a camisa no processo. O calor saindo
do seu peito aquecendo as minhas costas, e o movimento de
seus músculos contra mim, quando ele inspirava e expirava
todo o resto.

— Indo a algum lugar? — ele disse, cutucando o meu


pescoço até que eu dei-lhe um melhor acesso a ele.
— Qualquer lugar, — respondi, deixando minha cabeça
cair para trás contra ele quando sua boca alisou o arco do
meu pescoço. — Enquanto você estiver comigo.

Senti o seu sorriso contra a minha pele. Suas mãos


deslizaram para baixo, parando quando chegaram aos meus
quadris. — Como você se sentiria sobre 'qualquer lugar' ser
aquele cobertor ali?

Tudo ao sul do meu umbigo se apertou. — Diria que,


mesmo que eu não tivesse tanta certeza, você continuaria
tentando me convencer. — eu disse, deslizando minhas mãos
para baixo nos seus braços, fazendo uma pausa para enrolar
meus dedos em suas mãos que ainda repousavam sobre os
meus quadris.

Ele pressionou mais forte contra as minhas costas. —


Você estaria certa. — ele disse, deslizando a suas mãos para
cima do meu estômago quando ele nos guiou na direção do
cobertor. Suas mãos não pararam até que caíram sob um dos
meus seios, moldando-os em torno dele.

Beliscando a pele do meu pescoço, ele acelerou o passo


até que estávamos entre das velas incandescentes. Na ponta
do cobertor, Jude me virou. Sua boca se abriu enquanto ele
sugava correntes de ar em estouros rápidos. Este era o seu
olhar de tortura. Quando ele não podia me ter rápido o
suficiente.

Era um olhar que eu tentava saborear, porque nunca


durava muito tempo. Eu só conseguia segurar Jude tempo o
suficiente antes de mim, ele, ou ambos desistissem de tentar
prolongar o inevitável.

— Droga, Luce. — ele respirou, acariciando meu rosto


com a mão. — Você é tão bonita.

Eu sorri. Não tanto pelo que ele disse, mas com a


maneira como ele disse. Jude transmitia suas emoções e
intenções em palavras e expressões que faziam coisas
saudáveis para o coração das garotas. — Se você está
tentando me convencer com um pouco de preliminar, vou te
dizer um segredo. — eu disse , enrolando meus braços ao
redor da parte de trás do seu pescoço. — Você está tendo
sorte, não importa o que você diga ou faça, então pode
guardar as palavras doces para um momento em que você me
deixar puta e esteja tentando conseguir um pouco de sexo
pra amenizar a situação.

Ele riu, seus olhos cinzentos escurecendo com cada


toque. — Eu não consigo me lembrar de dizer palavras doces
para poder ter você.

— Oh, cale-se já. — interrompi, sorrindo para ele.

Um canto de sua boca superior se curvou. — Por que


você não me cala? — ele desafiou, seu olhar caindo para os
meus lábios.

Pressionando mais firme contra ele, deixei meus dedos


esquiarem até o plano de seu estômago, liquidando em tempo
real os seus jeans. Apertando o botão livre, eu deslizei minha
mão para dentro enquanto meus lábios cobriram a sua boca,
um gemido escapou.

Isso certamente o calaria.


Capitulo 02

A
cabeça de Jude estava reclinada no meu colo
enquanto ele mastigava uma maçã e olhava para o
teto da cúpula. Ele ainda estava nu da cintura
para cima, mas o jeans não tinha feito todo o seu caminho
para fora. Aparentemente, nós não tínhamos sido capazes de
justificar a espera de três segundos que ele teria levado para
libertá-lo deles antes que pudéssemos chegar até o ponto do
negócio.
Nós não éramos conhecidos por sermos pacientes.
Eu reclamei em voz alta para obter o meu suéter e saia
de volta antes de trocarmos uma fome pela outra e
mergulharmos na cesta de piquenique, embora minha
calcinha e sutiã ainda estivessem na linha de trinta jardas.
— Amanhã é o grande dia. — disse ele em torno de
outra mordida na maçã. O ar cheirava com a doçura picante
da fruta na boca. Não sendo capaz de resistir, eu me inclinei
para beijá-lo, querendo provar o aroma. Era ainda melhor
combinado com o sabor de sua boca.
Ele estava derramando o ego do notório Jude Ryder
quando eu me inclinei para trás. Ele sabia o que fazia comigo.
E ele adorava.
Eu adorava também, embora não amasse o quão bem
ele sabia disso.
— Amanhã eu posso virar um jogador de primeira
linha, Luce. — continuou ele, circulando meu tornozelo com
os dedos. — Nós poderemos ser milionários em 24 horas.
Eu tive que me esforçar para não estremecer
visivelmente. Esta conversa, – o acordo, o dinheiro, o estilo de
vida, - tinham sido uma área de contenção no ano passado,
com a probabilidade de Jude estar sendo convocado para
times profissionais. Eu não tinha tanta certeza de como eu
me sentia sobre isso, mas Jude tinha certeza por nós dois.
O problema era que a sua confiança não estava
passando para mim. De qualquer forma, quanto mais
confiante ele se tornava, menos eu me sentia. Dinheiro tinha
o potencial de mudar as coisas. Ele tinha o potencial de
mudar as pessoas. Eu estava preocupada sobre como tudo o
dinheiro poderia mudar. Eu o amava. Eu, nós, do jeito que
estávamos agora.
Jude estava em seu primeiro ano de faculdade quando
começaram a surgir um milhão de tipos de oportunidade, o
tipo de coisa que jogadores universitários iriam vender a sua
alma para conseguir. Mas também significava que ele estaria
abandonando a escola. Ele chegou até aqui, uma parte de
mim queria vê-lo colar grau, brilhando para todas as pessoas
da nossa cidade que o tinham sempre o rotulado como um
elevado abandonador escolar. Jogar na liga profissional tinha
sido sempre o sonho de Jude. Eu não poderia adiar o seu
sonho mais do que ele poderia ser meu.
— Do jantar de sanduíches de pasta de amendoim esta
noite para em 24 horas, termos de prato principal um filé
amanhã à noite. — continuou ele, com o rosto quase
brilhando quando seus olhos caiam na terra do dinheiro. —
Nós poderíamos ter um apartamento novo, um novo carro de
luxo. Nós poderíamos tirar umas férias no Havaí. Voar de
primeira classe e toda essas merdas. Pense nisso, Luce. Tudo
o que quisermos, tudo que podemos ter. Sempre que
quisermos. Não mais lutando em por aí melando as unhas de
graxa ou servindo mesas tarde da noite para pagar a conta de
energia. — Ele fez uma pausa, um sorriso satisfeito se
tornando mais profundo em seu rosto. — Nós poderíamos ter
tudo, amor.
Engoli em seco. — Pensei que nós já tivéssemos. —
Minha voz soou mais triste do que eu quis dizer a ele.
A pele entre as sobrancelhas de Jude se enrugou. — O
que você quer dizer? — ele perguntou, seu olhar se
concentrado em mim.
— Pensei que nós já tivéssemos tudo. — repeti. — Eu
estive em ambos os lados da linha de dinheiro, e a única
coisa que muda é o seu código postal. Isso não pode fazê-lo
feliz se você não estiver bem sem ele também.
— Bem, eu estive no lado perdedor do jogo do dinheiro
toda a minha vida, e, sei que o dinheiro pode tornar a sua
vida melhor, se você não pode sequer encontrar o suficiente
para ter um quarto com travesseiros na cama ou levar uma
muda de roupas nas lavanderias locais em Washington. —
soltando sua maçã para o lado, ele sentou-se e virou-se até
que estava de frente para mim. As velas piscaram à sua volta,
sombreando as fendas de seus músculos, com destaque para
os picos deles, e fez as linhas nítidas de sua mandíbula ainda
mais definidas. Um homem como Jude não deveria ser
classificado como bonito, mas em momentos como este, ele
meio que era.
Jude Ryder. Meu lindo noivo.
Ele estava esperando por minha resposta.
— Ok, então o dinheiro pode tornar a sua vida melhor,
se você for pobre. — eu disse, erguendo meus olhos de onde
as ranhuras traçavam os seus músculos abdominais. — Mas
não estamos desamparados, Jude. Somos estudantes
universitários com um teto sobre as nossas cabeças, temos
gasolina em nosso tanque, roupas em nossos armários, e
casacos em nossas costas. Eu não poderia imaginar ser mais
feliz do que sou agora, e se fosse possível, o dinheiro seria
certamente a última coisa em uma lista que poderia me fazer
mais feliz que isso. — peguei o copo plástico que Jude tinha
enchido de uma garrafa de vinho espumante barata e dei um
gole. Estava uma delícia. Eu estava tão feliz com uma garrafa
de cinco dólares de vinho espumante de um mercado
qualquer como eu estaria com a melhor garrafa de
champanhe que o dinheiro pudesse comprar.
— Não, nós não estamos desamparados, mas também
não estamos prosperando no departamento de dinheiro,
Luce. — disse ele, pegando a minha mão e puxando-a em seu
colo. — E você está certa que dinheiro não poderia me fazer
mais feliz do que eu já sou agora. — Ele sorriu tão grande
que fez a cicatriz em seu rosto enrugar. — Mas isso significa
que posso finalmente me livrar do pedaço de merda que
chamo de caminhonete e comprar um jacked up1, de
trezentos e cinquenta cavalos, preta, um monstro de
caminhonete.
Eu revirei os olhos e o empurrei.
— E nós podemos negociar esse seu pequeno kart para
um conversível cheio de energia. — ele continuou.
— Eu gosto do meu Mazda. — eu murmurei,
arrancando uma uva da videira e jogando-a na minha boca.
— E podemos comprar uma casa com um quarto para
cada dia do ano, com tantos empregados e mordomos que
você não teria que levantar um dedo novamente. A menos que
fosse para pedir um suco fresco e natural de laranja. — Ele
estava realmente em um rolo, as palavras saindo de sua
boca, seus olhos brilhando com as visões. Meus próprios
olhos estavam se estreitando quando meu estômago revirou.
— O dinheiro muda as pessoas, Jude. — sussurrei,
olhando para o meu copo.
Ficamos em silêncio quando deixamos isso se resolver
entre nós.
— É com isso que você está preocupada? — disse ele,
sua voz suave. — Que o dinheiro vá mudar você?
Balancei minha cabeça, concentrando nas bolhas que
se infiltraram nas laterais do copo. — Não. — eu disse, antes
de olhar em seus olhos. — Que mude você.
Seus olhos se estreitaram por um breve segundo antes
de se arregalaram com entendimento. Enrolando um braço
em volta do meu pescoço, ele me puxou para ele. — Venha

1
Um modelo de caminhonete turbinada, quatro portas, com rodas altas.
aqui. — ele sussurrou na minha orelha, passando o outro
braço em torno de minhas costas. — A única coisa que
poderia me mudar é você, Luce. — disse ele. — Você, e mais
nada. Incluindo montanhas de dinheiro. — ouvi o sorriso em
sua voz. — Não importa o que aconteça amanhã, ou quantos
milhões sejam atirados em mim, eu serei o mesmo cara que
eu sou agora. — Ele esfregou as minhas costas, pressionando
círculos lentos na minha espinha. — Eu só vou te buscar em
uma caminhonete que você não terá mais vergonha de ser
vista dentro.

— Eu nunca estive com vergonha de ser vista com


você. — disse, deixando-o dobrar minha cabeça sob o seu
queixo. — Nem mesmo daquela sua lata velha.
Ele soltou uma gargalhada. — É bom saber, Luce. Bom
saber.
Capitulo 03

C
omo você não está nervoso? — Eu perguntei a
Jude, onde ele estava casualmente encostado
contra uma parede. Estávamos na infame sala
verde na primeira noite das convocações.

Alcançando a sua mão na minha, ele ergueu um


ombro. — Os treinadores já sabem quem será escolhido. Não
há nada que eu possa fazer agora para mudar isso. — Uma
vez que eu agarrei a sua mão, ele me puxou para perto e
dobrou, me apertado contra ele. — No entanto, estou
começando a ficar nervoso, você está prestes a surtar a
qualquer momento.

Eu não chegaria tão longe. Lembrei-me de respirar. —


Contanto que você me mantenha segurada assim, pelo menos
não vou quebrar a minha cabeça ao meio, se eu surtar.

Seus braços se apertaram em volta de mim, antes que


ele começasse a balançar no tempo de uma batida
imaginária. — Você pode dançar na frente de centenas de
pessoas e nem sequer transpirar. — disse ele. O movimento
foi me relaxando. — Mas seu noivo está aguardando o
telefonema para ver para qual cidade ele vai estar se
mudando para que ele possa chutar algumas bundas grandes
do time de futebol, e então fica a uma linha fina surtar. —
Apertando um beijo na minha têmpora, ele encostou a testa
na minha, com um pequeno aceno de cabeça. — Justamente
quando eu acho que sei tudo sobre você, Lucy Larson.

Minha risada soou maníaca. Provavelmente porque era


assim que eu me sentia. — Eu tenho que segurar você em
seus pés de alguma maneira.

As sobrancelhas de Jude se moveram contra a minha


testa. — Você é excelente nisso, Luce.

Esse tom novamente. A corrente que revelava que ele


estava tentando dizer algo mais. Tinha havido uma
quantidade crescente de ‘correntes’ nos últimos meses.

— O que isso significa? — perguntei, levantando


minhas próprias sobrancelhas para que ficassem tão altas
quanto as dele. Eu me lembrei que não estávamos sozinhos,
que estávamos cercados pelos melhores jogadores de futebol
da faculdade, junto com suas famílias e amigos mais
próximos. Este não era nem o lugar nem o momento de
entrar em uma de nossas brigas.

— Significa, se você não me mantivesse sob meus pés a


cada segundo de cada dia, eu já teria descoberto uma
maneira de levá-la ao altar até agora. — disse ele, e tudo se
encaixou no lugar. Ele estava de mau humor porque ele não
me tinha descalça e grávida na cozinha ainda.

Ok, então ‘descalça e grávida’ pode ter sido um


exagero, mas não havia como negar que Jude queria que eu
fosse sua mulher no segundo depois de eu ter concordado em
casar com ele. Ele só estava pedindo, implorando, e depois,
quando eu negava, respondendo ‘Ainda não’, ele ficava todo
mau humorado.

Não era que eu não queria me casar com ele. Jude iria
ser o meu marido. Eu ia ser a Sra. Jude Ryder um dia. Eu
simplesmente não estava pronta para que esse dia fosse hoje.
Ou ontem. Ou amanhã, se quer saber.

Eu queria terminar a faculdade e ter alguns anos de


experiência em um trabalho real na dança antes de me tornar
uma senhora. Eu não quero ser conhecida na história do
século XXI como a menina que concluiu a faculdade para
obter um grau de SENHORA.

Então, a minha resposta era: — Ainda não.

Mas o dia virá.

No entanto, isso não era o que Jude gostava de ouvir.


Então, ao invés de discutir novamente a minha lista de razões
válidas para adiar o casamento, eu redirecionava a conversa
para outra coisa. Eu tinha me tornado uma ninja nisso.

— E se eu não o tivesse mantido em seus pés nos


últimos três anos, você não estaria prestes a fazer uma
escolha na primeira-rodada e teria assinado a sua vida para
longe das montanhas de dinheiro. — respondi, jogando suas
palavras de volta para ele.

— Vamos lá, Luce. Estou ficando cansado da sua


rotina, parar, soltar, e desviar do assunto. — ele disse,
olhando para mim, mas ainda assim mantendo-me perto. —
O casamento não é o fim do mundo.

— Então por que você continua agindo como se o meu


fosse acabar se eu não quiser me casar amanhã?

— Porque o seu falar ‘agora não’ é o fim do mundo. —


disse ele, lutando contra um sorriso. — Vamos, baby. Case-se
comigo. — disse ele, não como uma pergunta, mas como um
comando. Eu não respondi, deixando os segundos assinalar
para fora o silêncio ao nosso redor. — Case comigo, — ele
repetiu, desta vez como uma súplica. Ele me esmagava um
pouco de cada vez, Jude suplicando-me para casar com ele.

— Eu vou me casar com você. — respondi.

Ele sorriu para mim. — Quando?

Eu sorri de volta. — Em breve.

— Posso ter isso por escrito? — ele perguntou. —


Talvez uma data, uma hora e um local?
Sabe, apenas para que eu possa ter certeza de estar lá
quando o clima de casamento acertar você? — Ele desviou o
olhar, a leveza indo embora de seu olhar, deixando-o
sombrio.

Caramba. Nós oficialmente cruzamos a linha de


‘ficando ligeiramente chateados’ para ‘completamente feridos’.
Eu odiava que Jude se sentisse assim, mas eu não podia
desmoronar. Eu não poderia casar-me, porque eu me sentia
culpada. Isso seria um casamento fadado ao fracasso, e
quando eu dissesse: — eu aceito. — isso seria uma coisa de
uma única vez.

— Jude Ryder, — eu disse, inclinando seu queixo até


que ele estava olhando para mim. — Você está tendo um
momento de insegurança? Pensei que fosse imune a eles. —
tentei um sorriso, mas o senti superficial. — Você está
preocupado que não vou me casar com você? — Até o meu
tom de voz soava artificial, muito mel com açúcar para ser
acreditável.

Inclinando a parte de trás de sua cabeça contra a


parede, ele levantou o rosto para o teto. Ele não podia olhar
para mim, ou não queria, mas seus braços nunca se
afrouxaram. E eu sabia que, não importava o que foi dito ou
feito, ele nunca o faria. Essa era uma das das muitas razões
pelas quais eu amava esse homem.

— Estou começando a me preocupar. — disse ele,


finalmente, mudando seu olhar ao redor da sala, fingindo que
estava interessado em um punhado de jogadores andando
pela sala como leões enjaulados, e seus respectivos séquitos
familiares e amigos tentando, e falhando, em acalmá-los.

— Jude. — eu disse, puxando seu queixo de volta para


mim — Jude olhe para mim. — esperei que ele se voltasse
para mim. Eu peguei um vislumbre de quão vulnerável Jude
Ryder era. Quão aterrorizado que ele estava de um dia ser
abandonado pela pessoa que mais amava. Como os
fantasmas de seu passado - sua mãe abandonando o seu pai,
deixando de ser preso - isso tinha sido ressuscitado por
minha indecisão. Ao vê-lo desta forma eu quase corri para o
casamento na capela mais próxima.

Quase.

Tive que morder a língua para não dizer às palavras


que eu sabia que iriam acalmar a dor instantaneamente. Eu
cuidadosamente pensei em outras coisas que esperava que o
apaziguassem. — Eu vou casar com você um dia. Um dia,
mais cedo ou mais tarde. — comecei, segurando o seu olhar,
nem mesmo permitindo-me um piscar de olhos que
quebrasse o contato. — Nunca houve uma pergunta para
isso, eu sou sua. Sim, nós não somos marido e mulher ainda,
mas eu sou sua. E você é meu. Será que um novo título e um
pedaço de papel realmente importam tanto assim? — Eu já
sabia a resposta de Jude para isso.

— Sim. — ele disse, sua mandíbula apertando


enquanto seus olhos brilharam. — Merda, sim, isso importa,
Luce.

Eu vacilei a partir da intensidade de sua voz.

— Eu quero você de todas as maneiras que uma pessoa


possa estar com a outra. Em todos os sentidos. — disse ele,
sua voz baixa. — Eu quero você como minha esposa. Minha.
Esposa. — ele repetiu, quando o Jude territorial estourava
livre de sua gaiola.

O Jude territorial tinha um jeito de trazer à tona a Lucy


temperamental.
— E então o quê? Recebo um novo avental e espátula a
cada Natal e xixi em minha perna todos os dias antes de ir
trabalhar, para marcar seu território? — atirei para trás,
ciente que havia outros ao nosso redor a uma distância
audível, mas não me importando neste ponto.

— Droga, Luce. — Jude fervia, trabalhando a língua em


sua bochecha. — Não faça essa sua coisa louca de ‘Luce
temperamental’ e torça as minhas palavras todas para o
inferno. Se eu quisesse alguém submissa, uma dona de casa
respeitosa, tenho certeza como merda que não teria caído de
amor por você. — Ele estava alguns graus abaixo de um grito,
mas eu sabia que não iria durar, desde que eu estava
planejando lhe responder com uma escolha de poucas
palavras de quatro letras, seguido por dizendo-lhe para meter
a cabeça onde o sol não brilha.

E, em seguida, seu celular tocou.

Um silêncio caiu sobre a sala. Nossa discussão foi


embora tão rapidamente quanto tinha começado. Deslizando
o telefone do bolso, Jude olhou para mim. Seus olhos
estavam arregalados com excitação, brilhando com
antecipação. Esta era a ligação que ele esperou por boa parte
dos três anos passados. Ele havia deixado o seu coração,
suor e sangue em campo após cada jogo em sua carreira
universitária e, agora, os sacrifícios estavam prestes a serem
pagos em um naipe de espadas.

Ou notas de dólar.
Ele me deu um sorriso rápido e me aproximei com o
braço que ele ainda tinha em torno de mim. Seus olhos
brilharam ao seu telefone. Eles ficaram ainda mais largos.

— San Diego. — ele sussurrou, examinando a tela


novamente. Seu sorriso dividiu seu rosto pela metade.
Inclinando a cabeça para trás, ele piou com toda sua força,
enchendo a sala em silêncio com a celebração.

Eu balancei a cabeça em encorajamento, reunindo–me


com um sorriso para ele. Isto era o que ele queria; este time
era a sua primeira escolha. Ele merecia isso. Ele precisava do
meu apoio.

Respondendo a chamada, ele segurou-o ao ouvido. —


Senhor, você acabou de adquirir o melhor filho da puta que
poderia ter conseguido.

Minha boca caiu, mas só um pouco. Eu tinha


aprendido há anos que quando Jude chegava, ele nunca dizia
ou fazia o que era esperado.

O interlocutor do outro lado disse algo, ganhando


algumas risadas de Jude.

— Vou ganhar alguns campeonatos para você, senhor.


— disse ele, sorrindo ao telefone. — Obrigado por me dar
uma chance.

Além da voz de Jude e meu coração batendo para fora


do meu peito, a sala ainda estava quieta. Todo mundo tinha
parado seu ritmo e virado para nos ver. A maioria dos
jogadores parecia feliz por ele, balançando a cabeça em
reconhecimento, embora alguns usassem expressões ácidas,
sem dúvida confusos quanto ao porquê de Jude Ryder ter
recebido a chamada antes que eles tivessem.

Eu poderia dar-lhes uma resposta: Era porque Jude,


ainda na universidade, foi considerado o melhor quarterback
do país e ele acredita no trabalho em equipe, ao contrário de
um número crescente de jogadores estrelas que pensavam
que o futebol era um esporte de um homem só.

Terminando a chamada, o rosto de Jude estava em


branco com o choque, então ele rapidamente se transformou
na pessoa mais hilariante que eu já tinha visto. Pendurado
com a cabeça para trás, Jude abriu a boca e soltou um grito
de coiote no volume que fez a sala tremer.

A sala irrompeu em aplausos, mas mesmo com dezenas


de outros gritos, o grito de Jude ainda dominava a sala. Eu
não poderia me impedir, vê-lo assim, superado pela emoção,
tive que juntar-me a ele. Nem mesmo toda a minha
apreensão e ansiedade poderiam turvar minha alegria neste
momento.

Inclinando minha cabeça para trás, eu gritei junto com


ele e joguei meus braços para o ar. Ele tinha conseguido. Ele
não apenas tinha conseguido isso, ele tinha sido um chute
único logo na primeira rodada. De repetente, de conturbado e
criminoso, para, embora ele não tivesse me dito o número
ainda, provavelmente, um dos jogadores de futebol mais bem
pagos do país.
Este era o negócio em que os sonhos americanos foram
feitos, e eu tinha que experimentá-lo ao seu lado.

Levantando-me no ar como se eu fosse nada mais


substancial do que uma bola de futebol, Jude me girou.

— Nós conseguimos, Luce. — ele gritou para mim, sua


cicatriz beliscou profundamente em seu rosto a partir do
sorriso que ele usava. — Nós realmente conseguimos.

E este era o lugar onde Jude e eu tínhamos opiniões


diferentes. Eu pensei que estávamos bem, indo muito bem, o
tempo todo. Mas devolvi o sorriso e balancei a cabeça. — Sim,
baby. — eu disse. — Nós conseguimos.
Capitulo 4

E
stávamos no aeroporto tendo outro angustiante
adeus. Uma sensação de déjà vu.
Pelo menos dessa vez o Jude não apareceu
furando a segurança usando apenas uma bata de hospital,
embora eu estivesse chorando agora tanto quanto eu tinha
chorado daquela vez.
— Por que você está chorando, Luce? — Jude
sussurrou no meu ouvido, me apertando como se ele
estivesse com medo de me soltar.
Apertei os meus braços em volta dele, fungando em sua
camiseta molhada. Não úmida, nem mesmo manchada de
lágrimas, ela estava totalmente encharcada de um lado. — Eu
tenho algo no meu olho.
— Aí está a minha menina durona. — ele disse, o
sorriso aparente em sua voz.
A última coisa que eu me sentia agora era durona, mas
se era mais fácil para ele acreditar que eu era, então eu podia
fingir junto. — Você vai perder o seu voo. — eu disse,
engolindo o caroço que estava alojado no meio da minha
garganta.
— Há outro. — ele disse. — O treino só começa
amanhã, então não importa que horas eu chegue essa noite.
— Ele não estava sendo impertinente. Jude não teria
problema nenhum em perder o voo e pegar um mais tarde se
isso significasse ficar assim um pouquinho mais.
Mas se ele chegasse tarde essa noite, ele estaria
acabado amanhã de manhã para o seu primeiro treino, e ele
precisava estar no seu melhor. San Diego tinha que saber
desde o primeiro dia que eles tomaram a decisão certa. As
primeiras impressões eram tudo e segundas impressões não
significavam nada.
— Não. — eu disse, forçando-me a levantar a cabeça do
peito dele. — Você não pode perder o seu voo. Então é melhor
você ir. — dei um tapinha no traseiro dele e olhei em seu
rosto. — Sim, eu sei. Eu choro feio. — admiti, fingindo um
sorriso.
— Eu não posso te deixar assim. — ele disse, limpando
uma lágrima com seu polegar. — Eu já te deixei sozinha
muitas vezes quando não deveria ter deixado. Quando você
precisava de mim. Eu não farei isso de novo.
Estas não eram apenas palavras para ele. Jude nunca
dizia ou fazia algo como uma mera formalidade. Ele estava
falando totalmente sério que ele não iria embora, com ou sem
voo, comigo nesse estado atual de choradeira. Eu precisava
ser forte por ele, como ele tinha sido por mim inúmeras vezes.
Piscando meus olhos, eu os limpei com a barra da
manga da minha blusa. Forçando minha boca no que parecia
ser um sorriso convincente, eu encontrei o seu olhar. Os
cantos dos olhos dele estavam enrugados de preocupação, o
resto de sua expressão um degrau abaixo de torturada. Esse
deveria ser um momento de celebração, mas eu estraçalhei
tudo, graças às minhas lágrimas.
Nossas vidas estavam prestes a mudar, a dar uma
reviravolta, e enquanto qualquer outro ser humano que
andava na terra teria considerado um contrato de sete dígitos
para jogar em um dos melhores times na liga era o melhor
tipo de reviravolta que um casal podia ter, eu sentia o oposto.
Dinheiro e fama faziam coisas às pessoas. As transformavam.
E enquanto eu tinha completa fé no Jude, eu não tinha fé no
mundo que ele estava prestes a se enfiar.
Jogadores de futebol são uma espécie que atraem as
mulheres. Atacantes que ganhavam milhões jogando nos
domingos à noite eram cercados de todo tipo de fantasia
feminina já criada. Jude estava indo para a Califórnia, a
meca das meninas bonitas, e a última imagem que ele teria
de mim era uma Lucy com o rosto vermelho com seu cabelo
embaraçado preso em um rabo de cavalo, de pijama, já que
nós havíamos dormido até mais tarde e quase perdemos o
voo.
Falando de voos... Jude precisava passar seu traseiro
pela segurança em cerca de dois minutos.
— Vá. Estou bem. — Ele fez uma careta. — Melhor do
que bem. — esclareci, dando um sorrisinho para ele. — Vá
chutar alguns traseiros famosos. Mostre a eles que são um
monte de mariquinhas que ganham dinheiro demais e sem
talento. — Ficando na ponta dos pés, pressionei meus lábios
nos dele. Faminta por mais Jude em torno de mim, como
sempre acontecia quando nos beijávamos.
Quatro anos juntos, e eu ainda sentia cada beijo até a
ponta dos meus dedos dos pés. Ele tinha um dom, e eu não
era tímida sobre aceitá-lo.
— Duas semanas para eu te ver novamente. — ele
disse contra a minha boca, colocando as duas mãos nos
meus quadris. — Melhor aproveitar bem. Realmente bem.
Meu sorriso se curvou contra a boca dele. Melhor
aproveitar bem tinha sido a nossa despedida nos últimos
quatro anos sempre que nós tínhamos que dizer adeus por
qualquer período de tempo. Era um momento agridoce, mas
um que eu nunca deixava passar por mim sem me entregar
totalmente.
Desta vez, especialmente, não era exceção.
Passando meus dedos pelo pescoço dele, eu o puxei
para mais perto. — É bom mesmo que você aproveite bem.
— Sim, senhora. — ele disse, colocando a mão no meu
traseiro e erguendo-me no ar. Eu coloquei minhas pernas em
volta da cintura dele, e nossas bocas se moveram uma contra
a outra de forma que deveriam ser reservados para o quarto,
não cercados pelas massas que faziam o seu caminho pelo
aeroporto.
O que tinha de grande tabu em demonstrações
públicas de afeto, por falar nisso? Não era como se nós
tivéssemos forçando ninguém a assistir.
Jude se mexeu para que ele pudesse me segurar com
um braço enquanto o outro percorria a minha nuca.
Massageando a base da minha nuca, ele me puxou para mais
perto. Nossos lábios se esmagaram com mais força um no
outro. Abrindo a boca dele, minha língua deslizou para
dentro, saboreando-o. Explorando-o. Clamando-o.
Os dedos do Jude se curvaram mais profundamente no
meu traseiro enquanto nós continuávamos a nos beijar, seu
gemido baixo engolido pelo coro de aplausos que se irrompeu
ao nosso redor. Os jovens agentes da segurança foram os que
gritaram mais alto, embora um fluxo de recrutas
uniformizados não estivesse disposto a serem deixados de
fora do concurso de gritos.
A mão do Jude deixou o meu pescoço e se estendeu
atrás de mim. Das risadas que seguiram os aplausos, eu
podia imaginar que sinal ele estava dando a todos.
— Bastardos tarados. — ele murmurou contra a minha
boca, colocando-me de volta no chão. Ultimamente, o Jude
estava cada vez menos demonstrando afeto em público,
enquanto eu aproveitava cada chance que eu tinha. Onde
quer que seja. Ele disse que tinha algo a ver com ele não
concordar com um monte de caras se masturbando com o
rosto da noiva dele mais tarde naquela noite.
Ele olhou feio para o mais escandaloso dos ofensores,
em seguida ele olhou de volta para mim. Apenas imaginar ele
indo embora para longe de mim, eu podia sentir aquelas
malditas lágrimas retornando.
— Eu queria poder ir contigo. — sussurrei, antes de eu
perceber o que eu estava dizendo.
As sobrancelhas dele tocaram o céu. — Você pode,
sabia. — ele disse rapidamente, já olhando para o balcão de
venda de passagens.
— Tenho mais umas duas semanas de faculdade para
terminar. — ofereci tão rapidamente quanto ele, virando a
cabeça dele antes de ele começar a ir em direção ao balcão.
— Então venha quando a faculdade terminar. — ele
disse. — Eu te mandarei a passagem e você pode passar o
verão na praia enquanto eu trabalho igual um louco no
campo.
— Exatamente. Você estaria tão ocupado com o
treinamento, eu nunca te veria.
— Mas pelo menos eu poderia rastejar para a cama
contigo toda a noite. — ele disse, colocando-me novamente no
chão. Por mais estranho que parecesse, meus pés no chão
firme pareciam menos naturais do que quando eles estavam
em volta do Jude.
— E entrando em um coma depois dos seus
treinamentos duplos. — eu discuti.
Um canto da boca dele se curvou. — Eu posso estar
acabado toda noite, mas nunca estaria tão cansado para
aquilo. — suspirei em exasperação. — Você apenas terá que
ficar por cima.
Eu o empurrei, ganhando nada mais do que uma
risada.
— Ter o meu traseiro chutado no campo de dia, e
curtindo uma rodada de sexo estilo vaqueira à noite. — Seus
olhos escureceram. — Soa como o meu tipo de verão.
Olhei feio para ele, não impressionada, mas era de se
admirar que eu pudesse olhar para o lindo rosto dele com
alguma coisa que não fosse reverência, até mesmo agora.
— Vamos lá. — ele disse. — Venha comigo. — Eu já
estava abrindo minha boca para protestar quando ele me
cortou. — Quando você terminar suas aulas.
— Vou pegar aulas no verão, Jude. — eu disse,
desviando o olhar. Pode ser que eu tenha me esquecido de
mencionar isso.
— O quê?! — ele resfolegou. — Quando você decidiu
isso? — Ele parecia igualmente irritado e magoado.
— Quando decidi que eu queria ser a melhor dançarina
que eu pudesse ser. — vociferei em resposta.
Jude pausou antes de responder. — Mate as aulas. —
ele disse enfim. — Você não precisa ir para a faculdade. Você
pode apenas dançar.
Eu podia sentir as pontas das minhas orelhas
começando a esquentar com o sangue pulsando através de
mim, — Sem uma graduação, eu teria sorte se eu
conseguisse dançar em um palco de uma faculdade
comunitária como uma substituta. — eu disse, cada palavra
uma onda emocional. — Eu preciso fazer isso. Preciso trilhar
o meu próprio caminho da mesma forma que você está
trilhando o seu.
— Sim, mas o meu caminho nos dará milhões, então
por que você não cruza para o meu? — ele disse sem um
pingo de remorso.
— Não tem nada a ver com o dinheiro, Jude. — eu
disse, um degrau abaixo de um grito. Por que ele não estava
entendendo isso? Dinheiro era dinheiro, nada a não ser isso,
nada mais.
Ele se mexeu, parecendo querer esfregar suas têmporas
em frustração. — Então do que se trata? — ele perguntou. —
Porque você admitiu que não tem a ver com o dinheiro. Não
tem a ver comigo. Não tem a ver com casamento. — A voz
dele estava ficando mais alta. — Então de que porra se trata
todo esse negócio de 'trilhar o meu próprio caminho', Luce?
Porque pensei que éramos um time agora. Pensei que nós
tomávamos as decisões que fossem melhores para nós como
um casal.
Abri minha boca para responder com algo, mas teria
sido uma mentira. Quando eu falhava em tudo mais, quando
a merda realmente estava acontecendo, eu tornei prioridade
nunca mentir para o Jude. Eu mordi meu lábio enquanto eu
enrolava por uma resposta. Os ombros do Jude caíram
enquanto o resto do corpo dele relaxava. — Vamos lá, amor,
do que se trata isso?
Balançando a cabeça, afundei mais alguns dentes no
meu lábio. — Eu não tenho certeza. — admiti, e enquanto eu
sabia que era uma resposta imbecil, pelo menos era a
verdade. Eu não tinha certeza do por que era tão importante
para eu trilhar o meu próprio caminho no mundo, mas era.
Eu não pensei que eu veria o Jude parecer tão
frustrado. Limpando a garganta, ele pegou o meu cotovelo e
me puxou para mais perto dele de novo. — Case comigo,
Luce. — ele sussurrou, seus olhos implorando aos meus para
encontrá-los.
Droga. Ele não estava fazendo isso de novo. Ele sabia
que a minha fraqueza por ele era profunda, e juntando isso
com o tom pedinte e aqueles olhos torturados, ele estava
fazendo um belo trabalho de demolir a minha resolução.
— Eu vou. — eu disse, ainda me recusando a olhá-lo
nos olhos.
Ele não deixou a poeira baixar com as minhas
palavras. — Nesse momento? — Tanta esperança era
sagrada. E eu iria acabar com ela com um golpe rápido no
pescoço.
— Num momento mais tarde. — sussurrei, formando
um meio sorriso que era mais uma careta do que um sorriso.
Ele ficou em silêncio pelo que pareceu ser uma hora,
como se estivesse esperando que eu voltasse atrás, ou
processando as palavras e o significado por detrás delas.
Finalmente, ele suspirou... longa, e profundamente, e de uma
forma que deu vida a novas lágrimas nos meus olhos.
— Te amo, Luce. — ele disse, pressionando um beijo na
minha testa. — Se você mudar de ideia, você sabe onde me
encontrar. Eu caso contigo no meio da noite em uma capela
aos pedaços em Las Vegas se essa é a única opção que nós
tivermos. O que você quiser, quando você quiser. Eu estarei
lá. — Enterrando seu rosto no meu cabelo, ele inalou
profundamente antes de se virar e ir em direção aos portões
da segurança.
Minha garganta estava muito apertada para deixar as
palavras passarem, e os meus olhos estavam tão cheios de
lágrimas que eu não via nada a não ser uma sombra alta se
afastando de mim. Dois segundos haviam se passado desde o
último toque dele, e o meu corpo já estava tremendo pelo
afastamento.
Seriam duas longas semanas.
Capitulo 5

D
uas semanas... quatorze dias... não haviam
apenas passado lentamente. Tinha sido como
viver um ano no inferno a cada segundo. Jude
havia ligado toda noite, soando tão cansado como era
esperado de um jogador novato da Liga Nacional de Futebol
Americano após uma diária dupla esgotante no calor de
quarenta graus. Eu vivia por essas ligações, mas eu meio que
as temia também, porque eu sabia que nós estaríamos
desligando logo depois e o relógio iria recomeçar até nós
conversarmos novamente. Outras vinte e três hora e meia no
relógio, por favor.

Eu tentei me manter ocupada, mergulhando nas


últimas semanas de aula, dançando até tarde da noite para
audiência nenhuma, apenas um auditório vazio. Eu havia
terminado minha última prova final ontem e estava me
sentindo confiante que o meu terceiro ano da faculdade havia
sido o meu maior sucesso até agora.

Eu havia passado a primeira parte do dia agendando


entrevistas na esperança de que pudesse arrumar um
emprego temporário de verão que pudesse funcionar com o
meu horário das aulas. No entanto, muitas faculdades já
haviam terminado suas aulas, e parecia que a maioria dos
trabalhos, ou pelo menos os melhores que não pagavam
migalhas já haviam sido preenchidos. Eu teria sorte se eu
pudesse arrumar um trabalho de meio período sendo
garçonete em um café tarde da noite.

Eu aceitaria. Eu não era exigente, especialmente nestes


dias. Eu aceitaria qualquer tipo de emprego que eu pudesse
encontrar, especialmente com o Jude longe o verão inteiro.
Eu precisava de algo, — na verdade, muitas coisas, — para
manter minha mente longe de sentir saudades dele.

E se isso significava servir café e bolinhos em


lanchonetes até eu estar azul, eu faria bem isso.

Depois de agendar umas duas dezenas de entrevistas,


eu parei em alguns mercados de especiarias a procura dos
ingredientes certos para o jantar dessa noite, porque hoje era
o dia número quatorze. A volta muito esperada do Jude para
casa. Deixa para o coral de aleluia, porque eu estava
balançando e acenando minhas mãos aos céus o dia inteiro.
O voo do Jude iria chegar tarde, então não era exatamente
‘jantar’, mas eu nunca vi o Jude recusando um bom prato de
comida não importando qual hora do dia, — ou noite, —
fosse.

Desde o início da faculdade eu havia aprendido a


cozinhar. Bem, meio que aprendido a cozinhar. Não por
curiosidade, mas por necessidade. A comida do refeitório era
o último recurso, especialmente depois de comer as obras
culinárias do meu pai por anos. Na verdade, eu estava
bastante certa que o ingrediente número um na macarronada
do refeitório era papelão.

A outra opção era comer fora toda noite, o que, com um


apetite como o do Jude, era impossível com o salário pífio de
um estudante universitário. Então eu aprendi a cozinhar.
Nada sofisticado, mas bom, uma comida caseira nutritiva.

O cardápio dessa noite consistia em frango assado,


purê de batata com alho, e feijão verde assado, — o prato
favorito do Jude Ryder. Como os fins de semana durante o
ano letivo e os dois últimos verões, quando eu havia me
mudado para o apartamento meu e do Jude em White Plains.
Este ano, no entanto, eu estava planejando em morar nele
durante o meu último ano e usar o transporte público para
chegar à cidade. Eu estava farta de viver nos dormitórios.
Farta.

O apartamento era um pouco melhor do que


considerado condenado, mas, Deus, eu o amava. Era nosso.
Onde nós podíamos ficar juntos. Onde nós formamos mais
memórias do que a maioria dos casais conseguiam numa vida
inteira. Era um lar, e eu estava feliz por estar aqui por mais
um verão.

Eu teria ficado mais feliz se o Jude estivesse aqui


também. Mas essa noite eu o teria por quase vinte e quatro
horas, porque ele tinha um raro dia de folga do treinamento e
teria que voltar na segunda pela manhã. Então logo que ele
passasse pela porta, eu não iria me fixar no fato de que ele
estaria indo embora em menos de vinte horas. Eu iria viver
cada momento como se fosse um ano. Eu iria fazer do tempo
a minha cadela, ter a minha vingança pelo que ela tinha feito
comigo pelas últimas duas semanas.

Eu verifiquei o horário no meu novo iPhone que o Jude


havia mandado na semana passada, o primeiro do que ele
havia dito que seriam muitos presentes legais.

Depois de ter avisado-o que era melhor que ele não


começasse a me tratar como algum tipo de amante cara que
ele havia enfiado do outro lado do país, eu o agradeci
profusamente e dei a ele dezenas de beijos pelo meu novo
lindo telefone.

— Merda! — gritei quando minha mão acidentalmente


encostou-se à caçarola que estava com os feijões verdes que
havia acabado de assar na temperatura de duzentos graus
por mais de uma hora. Eu estava prestes a passar a
queimadura embaixo da água quando a hora se registrou no
meu cérebro. — Dupla merda! — Jude estaria aqui a
qualquer minuto e eu não estava pronta. Essa noite eu queria
que tudo estivesse perfeito. Normalmente eu teria ido pegá-lo
no aeroporto, mas então eu não conseguiria surpreendê-lo
com o que eu estive planejando pelos últimos dias.

Ele tinha soado magoado quando eu disse que ele teria


que pegar um táxi porque eu estava planejando algo. Mas
quando repeti que estava planejando algo, com a quantidade
certa de inflexão, eu conseguia sentir o seu sorriso clássico
através do telefone.
Cobrindo minhas mãos com luvas térmicas, levei
apressadamente o feijão para a nossa mesa de jantar. Não era
nada mais do que uma mesa para uso artesanal de plástico
de dois metros de comprimento cercada por uma mistura
variada de cadeiras desencontradas, mas quando você a
cobria com uma toalha de mesa bonita, ela melhorava um
pouco, então nós parecíamos menos com estudantes
universitários pobres e mais como recém-formados com seus
primeiros empregos remunerados.

Colocando o prato sobre a mesa, eu ouvi passos


caminhando pela escada. Passos fortes. As paredes eram
finas assim e os passos do Jude eram bem altos assim.

Afrouxando o nó do meu roupão, eu o deixo deslizar


pelos meus braços e o atiro no sofá. Depois de verificar duas
vezes que as velas estavam acesas, a mesa posta, e a música
tocando no volume certo ao fundo, eu sento na cadeira. A
cadeira está fria, enviando uma corrente fria da minha
espinha até o meu traseiro. Uma cadeira de metal dobrável
provavelmente não era a minha melhor opção para sentar
para uma garota que estava nua.

Bem, nua exceto pelos saltos de camurça azul turquesa


que eu escolhi para combinar com a gravata que eu tinha
frouxamente amarrada em volta do meu pescoço. Uma
gravata que tinha SAN DIEGO escrito acima de um raio
amarelo apenas uma dezena de vezes.

Recostada na cadeira, eu coloquei meus pés na mesa,


cruzando os tornozelos enquanto eu girava a gravata entre os
meus dedos. Era um momento muito Uma Linda Mulher. Na
verdade, aquele filme, que estava sendo reprisado toda noite
na TV, tinha sido a minha inspiração.

Os passos estavam ficando cada vez mais altos, apenas


mais alguns passos da nossa porta. Eu respirei fundo,
tentando me acalmar, já que eu estava agora alcançando
novos níveis de uma antecipação épica. Fora a vez que nós
nos separamos no colegial, esse tinha sido o tempo mais
longo que nós ficamos sem nos ver. Deveria ser considerada
uma forma de tortura ficar separada de um cara como o Jude
Ryder por duas semanas.

Bambu sendo enfiado embaixo das unhas era uma


brincadeira de criança em comparação ao que eu havia
passado.

Mexendo no meu cabelo, eu observo a porta sem


piscar, esperando que os passos parem na frente da porta...
então, logo que eles continuaram pelo corredor, esperando
que eles fizessem a volta e retornassem.

Eu esperei um minuto, muito depois que os passos


haviam desaparecido dentro de um apartamento. Ok, alarme
falso. Mas ele estaria aqui logo. Talvez ele tivesse ficado preso
no aeroporto, ou talvez o tráfego estivesse horrível essa noite.
Ou talvez...

Não, eu não iria me deixar pensar nisso. Ele estava


vindo. Ele tinha que vir. Nada poderia parar o Jude do que
ele queria muito menos a Liga Nacional de Futebol
Americano.

E foi aí que o meu telefone tocou, fazendo-me saltar.


Eu ainda não estava acostumada com o toque do meu novo
telefone. Atrapalhando-me para pegá-lo, eu sorri quando a
foto do Jude apareceu.

— Onde você está? — eu disse logo que atendi. —


Tenho uma baita de uma surpresa esperando por você.

Ele ficou em silêncio por uns dois segundos, e então ele


suspirou.

Meu coração se afundou. — Você não vai vir. Não é? —


tentei não soar tão desapontada como eu estava me sentindo.

Outro suspiro. — Eu sinto tanto, Luce. O técnico


decidiu passar uma sessão obrigatória de treinamentos extra
para os novatos no fim da tarde, e ele chamou uma sessão
matutina amanhã, também.

A voz dele estava laboriosa, como se ele estivesse


correndo, além de que havia um tumulto ao fundo. — Eu
tentei te mandar uma mensagem entre os treinos para te
avisar, mas parece que não foi enviada.

Não. Definitivamente não.

— Onde você está? — perguntei, descruzando meus


tornozelos, e colocando meus pés no chão.

Não tinha sentido em manter uma pose se ele não iria


aparecer para apreciar a vista. — No vestiário. Eu te liguei no
segundo que cheguei aqui depois de terminar o treino do dia.
— ele disse, tentando falar por cima das vozes de cinquenta
de seus companheiros de equipe. — Você está me ouvindo
bem?

— Sim, eu consigo te ouvir. — disse, mas ele não


esperou pela minha resposta.

— Ei, caras! — Jude gritou, as palavras abafadas do


que eu achei que fosse sua mão sobre o bocal do telefone. –
Vocês se importariam de falarem mais baixo um pouco? Eu
estou com a minha garota no telefone!

Gritar exigências para os seus colegas de equipe pode


não ter sido a melhor maneira de forjar relações como o
novato no time, mas depois de um coro inicial de Uh e ah e
beijos ecoando em volta do vestiário, os barulhos ao fundo
diminuíram.

Incrível. Duas semanas no time e ele já conseguiu o


comando e o respeito de seus colegas. Não que eu precisasse
de outra confirmação, mas o Jude realmente havia
descoberto sua vocação na vida.

— Luce, assim está melhor?

— Sim. — eu disse, franzindo a testa para a mesa e


toda a comida que eu passei metade do dia preparando. —
Está ótimo.

— Sinto muito, amor. Eu sinto, muito mesmo. Você


não pode imaginar o quanto preciso te ver agora. — ele disse
com tanta firmeza, que eu podia sentir sua dor. Era a mesma
dor da separação me atravessando nesse momento. — Eu
preciso da minha dose de Luce. Muito.

Eu mordo minha bochecha; eu não iria chorar por


causa disso. — Eu preciso da minha dose de Jude, também.
— digo. — Então, quando você acha que nós vamos poder nos
ver de novo? — Se ele disser mais duas semanas, eu não
tenho certeza de que eu irei conseguir segurar a minha
sanidade.

— Você pode pegar um vôo na próxima quinta-feira? —


Ele não espera pela minha resposta. — Tenho um dia
tranquilo na sexta e apenas metade de um dia no sábado.
Nós podíamos passar cada minuto que não estiver no campo
juntos. Eu prometo. Você virá? — Por que ele estava me
suplicando, eu não sabia. Eu precisava vê-lo com a mesma
urgência que ele queria me ver.

— Claro. Eu vou. Vou marcar um voo essa noite.

— Já está feito. — ele disse. — Eu vou te enviar por e-


mail as informações sobre o voo depois.

Claro que ele já havia marcado. — Tão confiante que eu


fosse dizer sim?

Eu podia sentir seu sorriso através do telefone. —


Estava confiante de que eu poderia te persuadir, não
importando qual fosse a sua resposta.
Embora ele não estivesse ali para ver, eu sorri em
resposta a ele. — Você não está mais no campo, Ryder. Não
esqueça de deixar o seu ego lá.

Ele riu baixinho agora, aquela risada retumbante dele.


— Você de todas as pessoas deveria saber que esse ego vai
onde eu for, Luce.

— Uma garota pode sonhar. — foi minha resposta.

Isso me valeu outra risada dele. — Então... — ele disse,


sua voz tornando-se suave, — O que você está usando nesse
momento?

Se apenas ele soubesse, ele estaria correndo para o


aeroporto e alugando o primeiro voo para cá.

Eu olhei para o meu corpo. Não muita coisa.

— Algo.

— Algo? — ele disse, soando ofendido. — Como algo vai


fazer um cara sobreviver por outra longa semana longe de
sua garota?

— Use sua imaginação, — sugeri, girando a gravata


enquanto eu arquitetava um plano.

— Estou sem imaginação nenhuma. — ele disse com


um resmungo. — Preciso de detalhes. Detalhes detalhados.
— Sua voz havia se tornado baixa novamente, como se ele
estivesse com medo de que um de seus colegas estivesse
ouvindo. — Para começar, que tal a cor, material, e estilo da
calcinha que você está usando.
Calor subiu pelo meu corpo. Era um amigo bem-vindo.
— Isso pode ser difícil de detalhar. — eu disse, abaixando
minha voz. — Já que eu não estou usando nenhuma.

— O quê?! — A voz do Jude explodiu pelo telefone.


Segurei o telefone longe do meu ouvido no caso de outro grito
estar a caminho. Quando ele falou novamente, era numa voz
controlada e sussurrada. — Você está falando sério, Luce?

— Você não desejaria estar aqui para descobrir? —


provoquei, o que foi prontamente seguido por outra gemido.

— Eu não achei que pudesse me sentir pior sobre não


estar aí esta noite, mas eu deveria saber. — ele disse. — Que
mais você está ou não está usando? — foi a próxima
pergunta.

Eu sorri. Era bom saber que eu podia deixá-lo louco do


outro lado do país depois de ele ter acabado de aguentar dez
horas de treinamento. Eu observei meu corpo novamente.
Sapatos? Uma gravata? E então eu percebi que uma foto
valeria mais do que mil palavras.

— É meio difícil descrever. — eu comecei. — Por que


não tiro uma foto e envio para você?

— Eu gostei desse plano. — Parecia que ele estava com


o seu sorriso diabólico.

Então eu o fiz. — Ok, eu vou desligar e então eu vou te


enviar uma mensagem com a foto. Parece bom?

— Parece ótimo, — ele disse.


Logo que eu desliguei a ligação, coloquei meus pés de
volta na mesa. Ajustando a gravata para que ela ficasse no
meio do meu peito, eu dobrei meu braço sobre a cabeça e
agarrei o topo da cadeira. Experimentando algumas
expressões na tela da câmera, eu me decidi por uma que eu
imaginei que o Jude gostaria mais: um sorriso suave coberto
por olhos expectantes. Tirando a foto, eu olhei duas vezes
para me certificar que ele veria o que-eu-estava-ou-não-
usando na foto. A foto inteira.

Sim, era quente.

Digitando uma rápida mensagem que se lia, QUERIA


QUE VOCÊ ESTIVESSE AQUI, eu apertei o enviar antes de
me convencer do contrário. O aviso de entrega de mensagem
apitou, e eu mal tive chance de morder meu lábio inferior
quando o meu telefone tocou.

A foto do Jude apareceu na tela de novo. Isso foi


rápido.

Eu o deixei tocar algumas vezes antes de atender.

— Então, — respondi. — O que você achou da gravata?

A respiração dele estava esbaforida novamente. — Que


gravata?

Eu ri, ele soava sério.

— Ah, você quer dizer a gravata que está enterrada


entre esse lindos seios seus? — A voz dele não era nada mais
do que um sussurro. — Se eu não estivesse tão
fervorosamente com ciúmes dela, eu poderia até ter gostado.

Passei meus dedos por ela novamente. — Bem, eu a


comprei para você, então eu me certificarei de levá-la na
semana que vem. Sei que você tem o total de uma gravata em
seu nome, então agora você terá duas.

— E a primeira coisa que eu vou fazer é te amarrar com


ela e transar com você até que nós dois estejamos azuis.
Sim, eu senti essas palavras até as minhas partes
íntimas.
— Jude. — eu avisei. — Pode não ser a melhor hora
para discutir servidão e transa quando você está cercado
pelos seus colegas de time. Eles vão pensar que nós temos
algum tipo de coisa pervertida acontecendo.
— Eles estariam errados? — Há um certo grau de
provocação na voz dele, mas apenas uma fração.
— Sim. — eu enfatizei. — Eles estariam. Nós não
usamos chicotes, correntes, ou seja lá que outras coisas
existam. Eu sou uma purista do sexo.
— Você acabou de usar as palavras sexo e purista na
mesma sentença? — ele disse, soando ofendido.
— Isso seria afirmativo. — respondi, tomando um gole
de água para me acalmar.
— Por favor, Luce, pelo amor do meu orgulho e ego
masculino... Por favor, nunca use as palavras sexo purista
para descrever o que nós temos novamente. Quer dizer, qual
é a próxima? Você vai nos comparar com sorvete de
baunilha?
— Não. — eu disse, me divertindo que ele havia ficado
tão insultado. Quando se tratava do que eu e o Jude fazíamos
entre os lençóis, ou em cima da cadeira, ou contra a parede,
ou inclinados sobre o capô da caminhonete dele, etc, etc, etc,
não havia espaço para reclamação. Mas eu tinha que me
divertir um pouco com ele. — Eu diria que a nossa vida
sexual era mais na linha da baunilha francesa, se eu tivesse
que atribuir-lhe um sabor.
— É isso. — ele disse, determinação florescendo em
sua voz. — Eu vou te apresentar para o primo safado da
baunilha francesa, o chocolate trufado. — O barulho ao
fundo de repente começou a diminuir enquanto eu podia
ouvir o eco de suas chuteiras correndo por um corredor.
— Ryder, que esquema doido você está aprontando
agora? Eu vou mesmo querer saber? — Uma das muitas
coisas que eu amava a respeito do Jude era a sua habilidade
de me manter no suspense. Ele era a definição de
espontâneo, e eu havia me rendido a ele em algum lugar ao
longo do caminho.
— Baunilha francesa. — ele repetiu, soando ofendido
enquanto ele continuava sua corrida. — Estou insultado.
— Jude, qual é. — eu disse, balançando a cabeça. —
Você já me ouviu reclamar? Porque nem um sussurro de
reclamação já cruzou a minha mente quando se trata de eu e
você e...
— Nosso sexo de baunilha francesa. — ele interrompeu.
Eu cobri minha boca para conter a minha risada. — O
que você está tramando? O suspense está me matando.
— Eu já te contei. — ele respondeu, quando o trote de
suas chuteiras parou. — Vou te apresentar para o primo
mais legal da baunilha francesa. — Um rangido estridente
esmaeceu em um gemido baixo... era um som que eu estava
familiarizada.
— O que você está fazendo na sua caminhonete? — eu
perguntei, inclinando-me para frente no meu assento. Essa
conversa tinha tomado um rumo do devastador para o
intrigante em dois minutos. — Você não está planejando
atravessar o país nesse ferro velho, está? Porque você pode
pensar que essa velharia tem outros duzentos mil
quilômetros nela, mas você ficará sem carro antes que possa
cruzar a linha do estado da Califórnia.
Ele bufou. Jude se ofendia seriamente quando alguém
tentava tirar sarro do segundo amor de sua vida: sua
caminhonete enferrujada que estava tão desgastada por
causa da idade que você não conseguia dizer qual tinha sido
sua marca e modelo original. Jude pode querer uma
caminhonete mais sofisticada algum dia, mas essa sempre
teria um lugar especial no coração dele.
— Não, por mais que eu gostaria de quebrar todas as
leis de trânsito e velocidade que existem para te dar uma
introdução em primeira mão do chocolate trufado, você
apenas terá que esperar até a próxima quinta-feira para isso.
Eu precisava de outro gole de água. — Você sabe o que
eles dizem? A chave para a felicidade é ter algo para se
esperar. — eu disse, tomando outro longo gole para garantir.
— Eu vou te mostrar algo para você esperar. — Jude
tinha dominado a arte de inflexão; essas palavras não eram
exceção.
Que se dane beber... eu iria ter que mergulhar na água
se ele continuasse esse tipo de conversa. — Ainda mais para
ficar ansiosa.
— Eu vou desligar, Luce, e te ligar logo em seguida. —
ele disse. — Ok?
— O... k?
A linha ficou muda e, antes que eu pudesse me
perguntar o que ele iria fazer agora, o meu telefone estava
tocando de novo. Ao invés da foto do Jude que normalmente
apareceu sempre que ele ligava, o telefone me mostrou em
tempo real, solicitando uma chamada de Face Time.
As peças do quebra-cabeça do que ele estava tramando
estavam começando a se juntar. Aceitando o pedido de Face
Time, eu me encarei na tela por mais alguns segundos antes
de eu desaparecer e alguém que eu adorava observar muito
mais apareceu. Eu ajustei o telefone para que ele apenas
pudesse ver do pescoço para cima.
O sorriso infame dele apareceu imediatamente. — Hey,
Luce.
— Hey, Jude. — respondi, erguendo uma sobrancelha.
Vê-lo deixou o meu coração tão feliz quanto o fez doer.
Queria ser capaz de alcançar através daquele telefone e tocá-
lo e ter as mãos dele em mim. Parecia uma eternidade desde
que nós estivemos juntos. O dia que os fabricantes de
celulares descobrissem uma maneira de programar uma
opção de teletransportação ou uma realidade virtual nesses
tais de ‘Smartphones’, seria o dia que eu os chamaria de
'Smart', antes disso eles não eram inteligentes em nada.
— Bela camiseta. — eu disse, elogiando-o.
Sua pele havia escurecido devido ao sol do sul da
Califórnia, e seu cabelo, que ele normalmente mantinha
curto, havia crescido mais longo e com um tom mais claro.
Seus olhos cinzentos estavam de um tom metálico essa noite,
em algum lugar entre a prata e o chumbo. Um brilho de suor
pontilhava seu rosto, sujeira marcava seu pescoço, e suas
ombreiras faziam-no parecer ainda mais sobre humano em
tamanho do que normalmente parecia.
— Belo rosto. — ele disse, seu sorriso se tornando
ainda mais pronunciado.
— Eu sei o quanto você o ama. — respondi, — Então
eu queria te dar um close-up.
— Amor, esse rosto é tão lindo que um homem poderia
morrer feliz só de olhar para ele, mas você não pode fazer isso
comigo quando sei o que está à mostra abaixo dele. — A pele
entre as sobrancelhas dele se enrugou quando seus olhos se
estreitaram. O rosto de sofrimento do Jude era quase tão
sexy quanto o seu sorriso.
— Você quer dizer isso aqui? — eu disse, inclinando o
telefone para que ele passasse pelo meu corpo. Lentamente.
Eu vi o rosto do Jude mudar de sofrido, para expectativa,
para excitado, terminando no voraz.
Ele permaneceu em silêncio, a não ser pela tensão em
sua respiração intercalando com a minha.
— Porra. — ele sussurrou quando eu voltei para o meu
rosto. Sorri timidamente para ele. Eu não sei o que era...
Jude já havia me visto nua mais do que eu havia me visto,
mas algo sobre compartilhar isso pelo telefone, quando não
havia jeito de ele me tocar, fez a experiência se tornar dez
vezes mais íntima.
— Você é um bastardo sortudo. — citei o ditado favorito
dele.
— E eu não sei disso? — ele disse, lambendo os lábios.
— Tem algo que você possa usar para apoiar seu telefone? —
ele perguntou, ajustando o dele e fazendo o mesmo era a
minha aposta.
— Talvez?
— Luce. — ele disse, exasperado.
— Tudo bem, — eu cedi, pegando a garrafa de vinho
espumante e deitando-a sobre a mesa. Colocando o meu
telefone contra ela, eu o ajustei para que ele tivesse uma vista
de tudo.
— Eu improvisei e usei o vinho que nós deveríamos
usar para celebrar hoje à noite para deixar minha mão livre.
Feliz agora?
— Sempre feliz. — ele disse, se mexendo no assento de
sua caminhonete. — Porque você vai precisar de suas mãos
livres para o que nós estamos prestes a fazer.
Engasguei com o gole de água que eu estava tomando.
Outro pedaço do quebra-cabeça deslizando no lugar.
— Do que diabos você está falando, Ryder? — Eu disse
depois de limpar minha garganta. — E o que diabos você está
fazendo se mexendo tanto? — A cabeça dele desapareceu da
tela enquanto ele se levantava. As mãos dele deslizaram pelas
laterais, puxando a costura de sua calça de elastano.
— Tirando minha calça. — ele disse, sem rodeios. Sem
vergonha... nem mesmo um pouco. O torso dele abaixou bem
a tempo de eu pegar a versão explícita desse vídeo.
— Por quê? — eu disse, minha voz falhando.
Os lábios dele se abriram, revelando um sorriso que fez
minhas coxas se apertarem. — Porque eu estou prestes a
fazer a baunilha francesa sofrer um pouco.
Merda. Ele estava louco. Totalmente louco.
— Eu gosto da baunilha francesa. — respondi, minha
voz tão trêmula que você poderia pensar que eu era uma
virgem na noite do baile.
— Se você gosta de baunilha francesa, Luce, eu posso
te garantir que você vai amar isso.
Merda duas vezes.
— Vou amar o quê? — Eu me amaldiçoei. Por que eu
tinha que me fazer perguntar para as quais eu já sabia a
resposta?
— Você se tocar para mim. — ele respondeu, sua voz
tão profunda que era obscura.
Merda três vezes até ao infinito.
— Eu não vou fazer isso. — disse firmemente.
Vadias fazem sexo por telefone. Eu certamente não
fazia isso. Eu faria qualquer coisa pelo Jude, com talvez a
exceção disso.
— Sim, você vai. — ele disse, sua confiança era o
oposto total do que eu estava sentindo. — Apenas finja que é
minha mão em você.
— Eu não teria que fingir se você estivesse aqui como
deveria ter sido. — disse, erguendo as duas sobrancelhas.
— Você está toda mal-humorada essa noite, Luce. —
ele disse. — Um orgasmo resolveria isso. — Ele me
interrompeu antes que eu pudesse discutir. — Você sabe que
sim. Vamos lá, amor. Por mim?
E então ele me deu o olhar... aquele olhar. Aquele que
seus olhos ficavam claros e carinhosos. Na batalha do
homem contra a mulher, esse olhar não deveria ser
permitido.
Eu cedia toda maldita vez. Desta vez também.
— Tudo bem. — eu suspirei. — Por você.
O sorriso dele explodiu por um momento, bem antes de
ser substituído por desejo.
— Quem é o bastardo sortudo? — ele disse
retoricamente, apontando um dedo para si mesmo. — Isso aí.
Este cara.
Eu ri, relaxando agora que eu havia aceitado o desvio
que essa noite havia tomado. Na verdade, eu não estava
apenas relaxando, eu estava ficando animada.
Precisava de outro gole de água, mas eu havia
esvaziado o meu copo antes da conversa sobre o sexo pelo
telefone. Mordendo meu lábio, senti meu rosto esquentar.
Como a pessoa fazia isso? Eu não tinha um manual.
Se eu tivesse uma taça de vinho comigo teria me
sentido mais desinibida. Medindo o alargamento das pupilas
do Jude, eu acho que não haveria tempo para isso.
— Então... — comecei. — Quando nós começamos?
Eu teria sido a pior profissional do sexo do mundo
inteiro. Meus pais teriam ficado orgulhosos.
Um canto da boca do Jude se ergueu. — Eu já comecei,
Luce.
Maldição, sabendo que o Jude estava se tocando nesse
momento fez o meu corpo sair do controle de um jeito
familiar. Não precisaria de muito 'toque' para me fazer chegar
até o final.
— Suponho que esse sorriso bobo no seu rosto deveria
ter entregado. — eu disse, deslizando minha mão no lugar.
— Essa é minha garota. — ele disse, sua voz rouca.
Meus olhos se fecharam no começo, enquanto o meu
corpo se adaptava ao meu toque.
— Que diabos nós estamos fazendo? — eu disse, minha
própria voz rouca.
— Fazendo o melhor que nós podemos com o que nós
conseguimos essa noite, Luce. — foi sua resposta imediata.
— E mostrando à baunilha francesa como é que se faz,
— eu acrescentei, deslizando minha outra mão pela minha
barriga antes de dar um puxão sugestivo na gravata.
— Merda. — Jude balbuciou, os músculos em seus
ombros aumentando a velocidade.
Deixando minha cabeça cair para trás, eu comecei a
massagear o meu seio, apertando o mamilo entre os meus
dedos.
— Puta merda. — Os olhos do Jude não podiam ter
ficado maiores. — Nós estamos mostrando à baunilha
francesa como é que se faz, amor.
Se não fosse pela confiança dele, combinado com a
maneira que eu já havia aceitado a sua ideia, eu teria
tentando me convencer a não fazer a coisa toda. Mas eu já
estava muito longe para frear agora.
— O que você está imaginando nesse momento? — eu
perguntei, olhando nos seus olhos, fingindo que eram as
mãos dele passando em mim.
— Com a vista que eu tenho agora? — ele disse,
piscando. — Quem precisa imaginar? Isso bem aqui, uma
linda mulher se tocando da maneira que você está, é o sonho
americano, Luce.
As palavras dele enviaram uma outra onda de prazer
no meu corpo. — Vamos apenas dizer que você esteve aqui
hoje à noite... — eu comecei. — E você acabou de entrar no
apartamento. O que você teria feito?
— Quer que eu fale safadezas para você, Luce? — ele
perguntou com um sorriso. — Porque tudo o que você tem a
fazer é dizer a palavra e eu felizmente direi coisas muito sujas
para você.
— A palavra. — eu provoquei.
— Se eu não estivesse prestes a gozar, eu estaria te
dando um sermão sobre a sua falta de capacidade no
departamento de comédia.
— Espere por mim. — eu disse, afundando meus
dentes no meu lábio inferior. Isso sempre o deixava louco.
— Sempre, Luce. — ele disse. — Sempre.
— Ok, então eu acabei de passar pela porta. — ele
começou, seus ombros perdendo a velocidade. — E lá está
você, nua, exceto pela gravata linda no seu pescoço, se
tocando e olhando para mim com esses olhos de foda-me.
Um dos muitos dons do Jude, do DNA conquistador do
Jude, era sua voz. Era grossa o bastante para fazer o interior
de uma mulher vibrar, mas era clara o suficiente para
atravessá-la. No entanto, sempre que nós ficávamos íntimos,
aquela voz dele ficava o mais profunda possível, vibrando em
todos os locais certos.
— Eu teria atravessado a sala em dois segundos, e ter
você contra a parede mais próxima em outros dois segundos
depois disso... — ele disse, os músculos do seu pescoço
aparecendo. Ele estava se forçando a se segurar. Ele não teria
que se segurar por muito mais tempo. — Eu tiraria essa
gravata do seu pescoço, seguraria seus pulsos atrás de suas
costas, e amarraria os dois tão apertados que eu poderia
fazer o que quisesse contigo, da maneira que eu quisesse
fazer.
— Ah, Deus. — suspirei, colocando minha perna em
cima da mesa para me dar melhor acesso.
— Depois, no tempo que demoraria para você colocar
suas pernas ao meu redor, eu teria aberto meu zíper e a
minha boca estaria na sua. E então, amor... — ele disse, sua
própria cabeça indo para trás. — Eu não daria a você até você
vir pegar.
Nesse ritmo, com esses tipos de palavras, eu não iria
aguentar por muito mais tempo.
— Então, meus pulsos estão amarrados atrás de mim,
minhas pernas em volta de você, eu me abaixaria, te
provocando até eu fazer você vir pegar. — Aquelas palavras
tinham acabado de sair da minha boca? Nessa hora, com o
meu êxtase se aproximando cada vez mais, eu não poderia ter
certeza.
— E você estaria tão pronta para mim, que eu me
enterraria profundamente dentro de você que eu poderia
gozar naquela hora mesmo. — ele continuou, gemendo no
final. — Mas então você começaria a se mover, fazendo aquele
giro com o quadril que você sabe que me deixa louco, e
então...
— Como o idiota rápido que você não é, — eu
interrompi, sentindo o meu clímax crescendo, — Mas como a
deusa sexual que eu sou, eu sussurraria algumas palavras
safadas em seu ouvido ao mesmo tempo em que eu me
apertaria em torno de você, e você gozaria com tanta força
que você me mandaria pelo abismo.
— Ah, Deus. — ele gemeu, seu rosto se alinhando.
— Eu não posso esperar Luce. Eu vou gozar com força,
— ele disse, seus olhos ficando em mim. — E vou imaginar
que estou enterrado totalmente dentro de você quando eu o
fizer.
Era só isso que eu precisava. O empurrão final antes
de eu o seguir.
Meu corpo ficou tenso antes de eu me soltar, e então
eu estava tremendo pela intensidade do orgasmo me
atravessando. — Jude. — suspirei de novo e de novo
enquanto ele fazia o mesmo com o meu nome, pareado com
outras duas palavras de quatro letras.
Enquanto as últimas ondas de prazer estavam
atravessando o meu corpo, coloquei minha perna novamente
no chão. A parte inferior do meu corpo estava tremendo e a
minha respiração estava entrecortada na melhor das
hipóteses.
— Eu posso ter me enganado, Luce. — Jude disse
depois que nós dois começamos a respirar normalmente de
novo.
Ajustando-me na cadeira, eu dei a ele um sorriso pós-
orgásmico. — Enganado sobre o quê?
— A sua dança sendo a coisa mais linda que eu já vi.
Meu sorriso ficou mais largo. — Ah é?
— Ah. É, — ele enfatizou. — Porque o que eu acabei de
ter o prazer de assistir pelos últimos cinco minutos foi uma
coisa de outro mundo.
Eu ri. A expressão em seu rosto estava séria. — E eu
quero te parabenizar pela sua improvisação em conseguir
transformar uma noite horrível em algo... não tão horrível. —
Ele se inclinou para frente. — Parabéns para você, Luce. —
ele disse com uma piscadela.
Eu fiquei mais corada do que já estava. Eu estava um
desastre físico. O tipo bom de desastre. As partes internas
das minhas coxas estavam ainda tremendo, meu mamilo
esquerdo estava dolorido da dor que eu havia desencadeado
sobre ele, e o meu pescoço ainda estava dolorido de me mexer
tanto.
— Então. — eu disse. — Mesma hora amanhã à noite?
— Eu estava parcialmente brincando, mas em grande parte
estava falando sério.
As sobrancelhas do Jude se ergueram. — Quem disse
que nós precisamos esperar até amanhã à noite para repetir?
— ele disse, inclinando-se contra o assento da caminhonete
novamente. — Eu tenho a noite inteira, Luce.
Pegando o telefone, segui em direção ao quarto. Eu
teria que ficar confortável para essa rodada. — Eu também.
Capitulo 5

E
u dormi demais. Soube disso porque acordei com
aquela sensação de pânico, consultando meu
telefone pela hora. Ao invés de me mostrar isso,
no entanto, a imagem no meu telefone era do quarto do Jude.
A conta do Face Time ainda estava ligada, chegando nos seis
dígitos.

Colocando minha cabeça novamente no travesseiro, eu


exalei. Pela primeira vez desde setembro do ano passado,
parecia, que era aceitável que eu dormisse além da conta. Eu
não tinha que estar em nenhuma aula nesse horário, ou um
ensaio que eu tinha que encaixar antes do café da manhã.
Tirando as minhas aulas de verão, o meu horário estava
aberto para eu preencher como eu quiser.

Virando de lado, eu olhei para o quarto dele. Ele deve


ter deixado o telefone para trás para que eu pudesse acordar
desse jeito. Era um pequeno gesto que parecia ser gigantesco.

A equipe o colocou em um hotel durante o treinamento


da pré-temporada até que ele encontrasse algo mais
permanente, o que aparentemente alguns jogadores
reclamavam sobre a devida falta de espaço. Pela aparência, o
quarto de hotel do Jude era quase tão grande quanto o nosso
apartamento. Além disso, ele era cinco vezes mais legal e não
tão antigo.

Depois da segunda rodada ontem à noite, o Jude


sugeriu que nós mantivéssemos o Face Time ligado para que
nós pudéssemos dormir juntos. Bem, foi mais uma exigência,
mas foi uma que eu fiquei ansiosa para concordar. Com o
tempo que demorou para ele seguir de carro para o
apartamento dele, eu já tinha quase caído no sono, cansada
de correr o dia inteiro, dos dois orgasmos, e discutir com ele
sobre o quão cara a conta de telefone dele ia ficar se nós
fizéssemos esse negócio de Face Time todos os dias, a noite
inteira, como ele queria.

Ele disse que não estava nem aí sobre a conta, ou o


dinheiro; ele se importava em me ver dormir toda a noite.
Sim, eu derreti e cedi naquele instante.

Me enroscando no travesseiro, eu encarei a cama vazia


dele. Os lençóis dele estavam retorcidos, as cobertas no pé da
cama, e os travesseiros estavam amontoados em uma torre
inclinada. Jude nunca havia sido de dormir bem, nunca
dormindo mais do que duas horas de cada vez antes de algo o
acordar. Ele sempre tratava isso como ele sendo um quase
insone, mas eu sabia o motivo de ele acordar tão
repentinamente, engolindo um grito, seu corpo coberto em
uma camada de suor. Jude tinha pesadelos. O mesmo tipo
que eu tinha... o dele apenas vinha de um ponto de vista
diferente. Ele estava no lado da arma e do homem que havia
matado o meu irmão, e eu estava do outro.
Nos finais de semana que nós dividíamos a mesma
cama, ele dizia que dormia melhor, mas sabendo quantas
vezes ele pulava no meio da noite quando eu estava ao lado
dele, eu odiava pensar em como suas noites eram quando eu
não estava ao lado dele.

Jude tinha um treino logo cedo. E um treino noturno.


Igual a todos os dias. Na verdade, se ele não estava no
campo, ele estava em um dos três lugares: no restaurante do
hotel enfiando comida goela abaixo, sentado em uma cadeira
gigante no telefone comigo, ou tentando e não conseguindo
dormir na cama que eu estava olhando. A vida dele era
ocupada, suas horas cheias com lugares para estar e pessoas
para interagir.

Meus dias pareciam ser o oposto.

Sem o Jude, eu tinha a dança, estudos independentes,


e alguns amigos que estavam, na maior parte do tempo,
muito ocupados com suas próprias vidas para arrumar tempo
para sair comigo. Meses se passaram desde que eu vi a Holly
pela última vez, a amiga mais antiga do Jude; algo sobre um
emprego em tempo integral, viver do outro lado do país, e ter
um filho de quase quatro anos mantinham uma garota
ocupada. Quando a Indie, minha antiga colega de quarto, não
estava dormindo com corretores e médicos do plantão em um
dos clubes que ela frequentava na cidade, ela estava em
Miami dançando até o pôr do sol, dormindo com latinos que
ela tinha uma queda secreta. Thomas, o meu parceiro de
dança, era barman à noite na cidade e estava tendo
problemas de garota com a dançarina que ele estava saindo
há um ano. O que ele chamava de problemas de garota, o
resto do mundo chamava de traição.

Thomas gostava de acreditar no melhor de todos, Deus


o abençoe, e essa era uma qualidade honrável para se ter...
Quando você não estava namorando com uma garota que
acreditava que dormir com uma série de caras por trás das
costas de seu namorado era aceitável.

Depois de eu pegar o meu telefone de sua base, eu


demorei alguns segundos antes de eu ser capaz de terminar a
ligação. Eu tinha uma janela para o quarto do Jude, e eu não
queria fechá-la. Mas a vida tinha que continuar; eu não podia
permanecer embaixo das cobertas o dia inteiro encarando
uma cama desfeita do outro lado do país. Eu tinha que
levantar, passar por uma rotina, e fazer o meu melhor para
fingir que o meu coração não tinha ido para San Diego com
ele. Esse não era um conceito estranho para mim, fingir até
conseguir; eu havia feito isso por cinco anos, logo depois do
assassinato do meu irmão.

Eu sabia que isso era diferente. Jude não havia sido


morto a sangue frio; eu sabia disso. Mas meus pulmões
pareciam que iam entrar em colapso a cada respiração; e o
lugar onde o meu coração costumava bater sentia como um
vazio oco. Não que eu precisasse de mais prova, mas
maldição se eu não amava aquele homem mais do que era
saudável para mim.
Eu digitei uma mensagem rápida, apertei o enviar, e
então eu me forcei a sair da cama. Chuveiro ou café primeiro?
Depois de pensar nisso por um bom minuto, percebi que eu
aparentemente estava incapaz de tomar até as menores das
decisões.

Depois de mais uns dois minutos de indecisão, escolhi


a opção do café. Eu tinha várias entrevistas para marcar, sem
mencionar uma bagunça na cozinha e na sala de jantar para
limpar. Em seguida, eu tomaria banho, e então iria para o
estúdio de dança, e então...

Ah, meu Deus. Eu estava vivendo a vida como se fosse


um programa passo-a-passo. Não é legal. Para provar a mim
mesma que eu não estava me tornando uma pessoa passo a
passo. Eu agi. Tomei banho primeiro, e então fui correr atrás
das entrevistas enquanto esperava o café coar.

Eu já tinha tomado metade do café quando terminei de


fazer a inscrição da oitava e última entrevista. Balançando o
pulso, certa de que eu estava experimentando os primeiros
estágios do túnel de carpo daquela maratona de preencher as
lacunas, joguei uma muda de roupas na minha mochila de
dança e eu não poderia ter saído do apartamento rápido o
bastante. Duas semanas e eu ainda não havia me
acostumado a ficar sozinha nele.

Eu não tinha certeza se um dia eu me acostumaria.

Duas horas depois, eu entreguei todas as inscrições.


Metade dos lugares disse que as vagas já haviam sido
preenchidas, a outra metade disse que daria uma olhada e
me ligaria se quisessem me entrevistar.

Quando eu disse que ligaria na próxima semana para


me informar, eu era prontamente respondida com alguma
variação da resposta não-ligue-para-nós-nós-ligamos-para-
você.

A perspectiva no departamento de emprego de verão


não estava parecendo boa. Sem o Jude por outra semana.
Sem trabalho por sabe se lá quanto tempo. Sem amigos
dentro de uma viagem de meia hora.

Quando cheguei ao estúdio, eu estava sentindo todas


as gamas de pena de mim mesma. Havia uma única maneira
de parar esse trem de autopiedade.

Eu estava vestida e pronta para ir em tempo recorde.


Eu me movi sem o acompanhamento da música, cada
movimento uma extensão do que eu estava sentindo. Quando
comecei a suar, a minha fase do ‘que-dó-de-mim-mesma’ já
havia terminado. E quando os meus dedos começaram a
formigar, eu havia acumulado endorfinas positivas o
suficiente para me lembrar que a vida era muito boa.

Dando um tempo para beber água, verifiquei meu


telefone. Eu estava vendo se havia ligações perdidas ou
mensagens, mas o horário chamou minha atenção. Meus
olhos esbugalharam. Eu deveria parar de ficar surpresa em
como eu perdia a noção do tempo quando dançava da
maneira que eu havia feito hoje, mas perder quatro horas no
espaço do que pareceram ser duas danças não era algo que
eu me acostumaria.

O estúdio ficava tranquilo nas noites do fim de semana,


e, fora a funcionária adolescente obcecada por seu telefone,
eu era a última pessoa no lugar. Depois de trocar os meus
sapatos, eu me apressei para o carro, para voltar correndo
para um apartamento vazio. Liguei cada luz, até mesmo a TV
apenas para ter um pouco de barulho ao fundo. Terminei de
limpar a bagunça do jantar fracassado de ontem à noite, eu
me servi de uma tigela de granola e aconcheguei no sofá, o
meu telefone balançando no meu colo. Tentei não olhar para
a tela dele a cada cinco segundos.

Uma hora depois, a autopiedade havia começado a


passar pelas minhas veias. Jude deve ter tido um dia absurdo
de treino; ele normalmente conseguia me mandar uma
mensagem rápida ou duas durante o dia. Mas não hoje. Eu
estava decidida a não me tornar uma daquelas namoradas
grudentas que ficavam ligando atrás do namorado a cada
hora, embora que hoje á noite, eu estava perigosamente perto
de entrar nesse trem.

Depois de muitos toques na tela do meu telefone,


enrolando, me convencendo a não ligar para ele, apenas para
me convencer a ligar para ele no próximo segundo, o telefone
toca.
Eu estava tão animada que quase derrubei o telefone.
Eu estava com tanta pressa, não olhei a tela para ver quem
estava ligando.
— Senti tanto a sua falta hoje. — cumprimentei o Jude,
meu sorriso esticando.
Silêncio por um segundo do outro lado. — Eu também
senti muito a sua falta? — foi a resposta incerta. A resposta
feminina.
— Holly?
— Na maioria dos dias. — ela respondeu.
— Ah. — eu disse, tentando não soar chateada.
— Desculpa. Pensei que você fosse o Jude.
— Desculpe te desapontar, Lucy. — ela disse, enquanto
o pequeno Jude começava a falar sem parar ao fundo.
— Não. Estou feliz que é você. — eu disse, contando
uma meia verdade.
— Mentirosa. — Ela pausou, silenciando um pouco o
Jude, e pedindo a ele para ir brincar com os blocos de montar
dele.
— O quê? Você e o Jude tiveram algum tipo de
encontro sexual por telefone essa noite?
Revirei meus olhos. Se a Holly soubesse. — Quantas
vezes tenho que te dizer que a nossa vida sexual não é da sua
conta?
— Você pode me dizer quantas vezes você quiser. Eu
nunca vou parar de meter o meu nariz nos negócios
escandalosos seus e do Jude, — ela disse. — Eu sou uma
mãe solteira, Lucy. Tenho uma chance melhor de morrer em
um acidente aéreo do que transar de novo, então pare de agir
como uma freira e deixe-me viver perigosamente através de
você.
Outra virada de olhos, mas apenas porque nós
estávamos no telefone. Holly não tolerava revirar de olhos em
sua presença, especialmente se fosse direcionado a ela. — Vá
achar outro casal para viver vicariamente. Jude e eu estamos
oficialmente fora dos limites vicários. — disparou como uma
sirene novamente. Ela o deixou estar dessa vez. — E agora eu
sou oficialmente uma mãe solteira desempregada. — ela disse
com um suspiro.
— Você foi demitida do salão? Você trabalha lá há
anos. O que aconteceu?
Ela limpou a garganta. — Eu posso ou não ter
'acidentalmente' misturado minhas tintas de cabelo. — Eu
'posso' ter aplicado um cor de cabelo verde neon em uma
cliente que por um acaso também era a ex-namorada do meu
irmão, que se tornou ex depois de dormir com metade da
população masculina do país por trás das costas dele. — Eu
podia ouvir o sorriso zombeteiro na voz da Holly. — Foi uma
total coincidência.
— É claro que foi. — brinquei.
— De qualquer forma, meu chefe disse que
coincidência ou não, uma cabeleireira misturar loiro
platinado e verde neon era plausível de demissão por justa
causa.
— Por favor. Como se todas as cabeleireiras não
tivessem uma história parecida. — eu disse. — Pelo menos a
sua 'coincidência' veio com um chute ligeiro no traseiro do
carma na sua cliente traidora.
Holly riu. — É por isso que te liguei Lucy. Eu sei que
animação não é realmente um negócio seu, mas você sempre
consegue me animar sempre que eu preciso.
— Animação de lado, — eu disse, — Estou contente de
poder ajudar.
Holly respondeu com algo, mas ela foi abafada pelo
pequeno Jude que batia em algo que soava como tambores.
Ou pratos. Ou algo que estava à altura da tarefa de fazer os
meus tímpanos zumbirem.
— Então o que você vai fazer agora? — perguntei, a
explosão musical ao fundo havia parado.
Outro suspiro da Holly. — O único outro 'salão' nessa
cidade, e eu estou usando a palavra de maneira solta, é o
Super Cortes, — ela disse. E eu podia vê-la encolhendo. — E
já que eu não posso me dar ao luxo de ter qualquer tipo de
orgulho quando eu tenho leite e sapatos para comprar ao
homenzinho, eu já passei por lá para ver se eles estavam
contratando. Isso seria um grande nada.
Desta vez, eu suspirei com ela. — Isso é horrível, Holly.
Você trabalhou tanto para ser independente e sustentar o
pequeno Jude...
— Minha mãe estava certa o tempo todo. Desde quando
eu era uma garotinha, ela sempre dizia que eu estava
destinada a coisas não tão boas. Ela previu que eu estaria
grávida e usando bolsa alimentação antes do meu aniversário
de dezenove anos.
Ela pausou, sua voz mais baixa do que o normal.
— Grávida antes dos dezenove, bolsa alimentação
alguns anos depois. Parece ótimo saber que eu vivo de acordo
com as expectativas da minha mãe.
— Ah, Hol, — eu comecei, me sentindo inútil estando
do outro lado do país. Eu queria dar um grande abraço nela,
fazer uma xícara de chá e descobrir o que fazer. Se ela
estivesse aqui, eu poderia fazer mais do que apenas oferecer
algumas palavras vazias.
E foi aí que a resposta de uma qualidade de gênio veio
até mim.
— Vem morar comigo. — As palavras tinham saído um
momento depois de a ideia ter surgido na minha cabeça.
Holly ficou em silêncio do outro lado. Tão em silêncio
que eu tive que verificar se a ligação não havia caído.
— O quê? — foi sua resposta.
— Você me ouviu, — eu disse apressadamente. Eu
estava ficando cada vez mais animada com a ideia. —
Empacote suas coisas e venha para cá. Você pode viver
comigo sem pagar aluguel, e há diversos salões próximos
onde eu tenho certeza que você poderia trabalhar.
Mais silêncio. — E o pequeno Jude?
Eu demorei alguns momentos para entender o que ela
estava perguntando. — E não há nada que o pequeno Jude
possa fazer com esse lugar que poderia possivelmente deixá-
lo em piores condições do que ele já está. — Eu estava
surpresa, e um pouco magoada, que ela tinha pensado que
teria que perguntar sobre o pequeno Jude. Eles eram um
pacote. Eu não convidaria um sem o outro.
— Você faria isso? — ela disse, seguido por uma
fungada. Se eu não a conhecesse melhor, eu pensaria que a
muralha de pedra que era Holly Reed estava próxima às
lágrimas. — Você realmente deixaria esse homem das
cavernas doido e destrutivo e eu morarmos contigo?
— Hol, — eu disse, — Eu estive dividindo esse lugar
com um doido e destrutivo homem das cavernas, até ele ser
convocado e se mudado para o outro lado do país. Eu tenho
uma vaga para homem das cavernas que precisa ser
preenchida o mais rápido possível.
O pequeno homem das cavernas escolheu aquela hora
para gritar, — Eu tenho que fazer cocô, mãe!
— Você sabe como ir ao banheiro sozinho, — Holly
respondeu.
— Eu não consigo tirar minha calça! — foi a resposta
do pequeno Jude. — Preciso da sua ajuda!
— Eu estarei aí em um minuto!
— Viu? — eu disse rindo. — Ele vai preencher os
sapatos de homem das cavernas do Jude perfeitamente.
— Eu te amo tanto, Lucy. — ela disse. — Não sei o que
eu faria sem você e o Jude.
— Por favor. Você é a garota mais durona que eu
conheço. Você é uma lutadora, Holly. Você se sairá bem.
— Cara, como eu te enganei bem, — ela respondeu
baixinho. Tão parecida com o Jude. Longas extensões de
dureza, interrompida por breves lapsos de vulnerabilidade.
— Sabe, se você precisar de dinheiro... — comecei,
limpando a garganta. — O seu melhor amigo acabou de
conseguir um emprego bem decente, e eu tenho um pouco de
dinheiro guardado também. Tudo que você tem a fazer é
pedir, Holly.
Ela ficou em silêncio por um tempo. E então ela fungou
novamente. — Te. Amo. Tanto, — ela repetiu. — E essa foi a
coisa mais legal que alguém já me ofereceu, mas eu não
posso aceitar dinheiro de vocês, Lucy. Eu apenas não posso.
Ok?
Eu não precisava de uma explicação. Eu entendia.
— Ok. — eu disse, percebendo que a Holly era tão
parecida comigo como ela era parecida com o Jude.
— Mãe!
— Santo grito, homem das cavernas. — eu disse,
fazendo uma nota mental de começar a assar bolinhos para
os meus vizinhos para que eles estejam de bom humor
quando o garotinho que gosta de gritar se mudar.
— Eu tenho que ir. Eu tenho trinta segundos antes
dele fazer cocô na calça. — ela disse, soando como se ela
estivesse correndo pelos cômodos. — Me ligue amanhã para
combinarmos os detalhes?
— Me ligue hoje à noite depois que você colocar o
homem das cavernas para dormir para que você esteja aqui
amanhã, — eu disse, pulando do sofá. Eu precisava começar
a me preparar para os novos colegas de casa.
Holly riu. — Alguém está com um caso sério de
solidão?
Eu soltei a respiração. — O pior caso.
— Não se preocupe. Logo você terminará a faculdade
casada com um dos bem mais pagos jogados no país, e
vivendo em uma casa do tamanho dessa merda de cidade.
Essa declaração, exceto a parte de casar com o Jude,
deixava o meu estômago enjoado.
Capitulo 7

M
esmo parecendo que a quarta-feira à noite
nunca chegaria, ela finalmente estava aqui.
Depois de uma sessão vespertina esgotante no
estúdio de dança, eu tinha voltado para o apartamento e
saboreado uma porção para uma pessoa só de tofu frito. Eu
estava solitária. Morbidamente solitária. Eu nunca tinha
pensado que eu seria a garota que não suportaria ficar
sozinha, mas essa era a primeira vez que eu vivia sozinha.
Sozinha. Totalmente sozinha.

Eu era uma dessas garotas.

No entanto, hoje à noite era a última noite que eu teria


que passar somente comigo mesma, porque eu estaria com o
Jude amanhã à noite e pelo final de semana inteiro, e então a
Holly e o pequeno Jude estavam vindo de avião na segunda à
tarde.

No curso de quatro dias, Holly havia conseguido


arrumar um trato bom nas passagens aéreas, encontrado
alguém para comprar o seu trailer, empacotar tudo, marcado
entrevistas em todos os salões em White Plains, e começado a
procurar por uma creche para o pequeno Jude.

Eu demorei um pouco com os pratos do jantar,


decidindo o que fazer comigo mesma pelas próximas duas
horas. Era muito cedo para ir dormir, eu havia esfregado e
desinfetado cada superfície no apartamento três vezes nesta
última semana, e nós estávamos em plena época de reprises
na televisão.

Eu estava indo em direção ao banheiro para tomar um


longo banho de espuma quando uma batida soou na porta.
Eu pulei, havia se passado um tempo desde que eu tinha
recebido visita.

— Estou indo! — falei enquanto seguia para a porta.


Eu não estava esperando ninguém, e nenhum amigo meu ou
do Jude vivia próximo o bastante para dirigir tão tarde da
noite apenas para dizer oi.

— Vamos logo! Coloque um roupão, e traga um de seus


traseiros para a porta! — uma voz familiar gritou do outro
lado da porta. — Eu estou criando pés de galinha aqui fora.

Eu estava sorrindo quando abri a porta. — Ei, Indie.

— Ei, garota, — ela disse, colocando uma mão no


quadril. — Por que você demorou tanto? — Ela olhou por
cima do meu ombro.

— Ele não está aqui. — eu disse. — Mas se estivesse


você teria esperando bem mais tempo do que esperou. Muito
mais tempo

Combinei o meu rosto com a Indie, esperando que uma


de nós cedesse. Ela o fez primeiro.
O canto da boca dela se moveu. — Aí está minha
garota. Agora mova esse traseiro ossudo aqui e me dê um
pouco de amor.

Rindo, eu coloquei os meus braços em torno dela. Ela


estava usando salto plataforma, então ela estava
assustadoramente alta... tão alta que o queixo dela passava
por cima da minha cabeça.

— Esta é uma surpresa. — eu disse, fazendo sinal para


ela entrar no apartamento.

Indie entrou, olhando para o quarto como se ela não


acreditasse que o Jude não estivesse lá. — Uma surpresa boa
ou ruim?

— Quando se trata de você, Indie, — eu disse,


caminhando para a cozinha. — O melhor tipo de surpresa.

Ela piscou. — Sim. Eu sou muito legal, não sou?

— Como se você e a metade da população masculina da


costa leste não estivessem conscientes disso. — eu provoquei,
enchendo uma chaleira com água. — Você quer um pouco de
chá?

— Apenas se você tiver o tipo que eu gosto.

Soltando sua bolsa na mesa de jantar, ela sentou-se.

Revirei meus olhos enquanto olhava o meu estoque de


chá. — Será que isso serve. Sua Alteza? — perguntei,
acenando o pacotinho no ar.
Indie o inspecionou antes de assentir.

— Perfeito.

Eu acendo a boca do fogão e coloco a chaleira nele. —


Tão previsível, — eu repreendo.

— Vamos lá, Lucy. Você conhece a minha regra. Eu


gosto do meu chá da mesma forma que eu gosto dos meus
homens.

— Escuro e forte. — eu murmuro, dando a ela um


olhar.

— Sim, bem, pelo menos eu não tomo o meu chá verde


e sem gosto igual você. — ela atira de volta. — Quer dizer, o
que isso diz a respeito do Jude?

— Com certeza eu senti sua falta, Indie. — eu disse.

— Claro que sentiu, — ela disse, verificando seu


telefone. — Como não sentir?

Indie e eu poderíamos ir por mais cinco rodadas


facilmente, mas eu tenho que ir para cama essa noite ainda,
e, julgando pela maneira que ela está vestida, ela tem planos
de dançar a noite inteira em alguma danceteria.

— Não querendo soar rude, porque você sabe que eu


amo um pedaço de torta da Indie, mas o que você está
fazendo aqui? — eu pergunto, colocando os saquinhos de chá
em duas xícaras. Indie era uma garota da cidade grande. Ela
evitava estar em subúrbios como se isso indicasse a ruína
social.
Ela ergue um ombro enquanto mandava mensagem
rápida. — O meu irmão está aqui a trabalho, e um antigo
colega dele da equipe da lacrosse que está trabalhando com
ele é gostoso. E solteiro. E Porto Riquenho. — Ela ergue as
sobrancelhas para mim, seus olhos brilhando.

— Claro que seria um homem que te atrairia para os


subúrbios. Não a sua colega de quarto de dois anos e boa
amiga. — Eu bato o meu dedo no balcão, sabendo que era
inútil tentar fazer a Indie se sentir culpada. Não estava no
DNA dela.

— Garota, nenhum homem ou amigo poderia me trazer


aos subúrbios sozinha. — ela disse, — Mas um homem muito
gostoso e uma amiga espertinha podem.

Pelo menos eu era a metade da razão para ela estar


aqui.

— Quanto tempo você vai ficar na cidade? — eu


perguntei, achando que ela estaria no primeiro voo da manhã
para Miami.

— Algumas semanas mais ou menos. Anton está


gerenciando um novo ramo de atendimento ao consumidor
aqui na cidade, e como a humilde segunda filha, o meu
trabalho é ficar fora do caminho e fingir parecer ocupada. —
Ela fez um giro com o dedo.

— Se você vai entrar no negócio da família, por que


você está se formando em música? — O bule começou a
assobiar, então eu desligo o fogo e alcanço a panela quente.
— Estou me formando em música porque é o que eu
amo. Vou entrar no negócio da família porque eu quero
ganhar dinheiro de verdade, — ela diz, bufando. — Umagino
que se eu cumprir um tempo esse verão e um ano ou dois
depois que eu me formar, mamãe e papai não irão se
importar enquanto eu vivo de música e da minha poupança
por umas duas décadas.

Eu coloco a água quente em duas xícaras. — E a sua


primeira tarefa nesse novo emprego é ir festejar a noite inteira
com um lindo Porto Riquenho? — eu digo, tentando esconder
o meu sorriso.

— O que eu posso dizer? Estou vivendo o sonho. — O


telefone dela apita novamente. Era um barulho que
combinava com a Indie. Alguém sempre estava mandando
mensagem para ela, a qualquer hora do dia.

Eu pego as duas xícaras e as carrego até a mesa.

— Ei, você quer vir conosco essa noite? — ela disse,


olhando para o seu telefone. — Será apenas eu, o Anton, e o
Ricky. Nós vamos a melhor danceteria da cidade,
aparentemente, o que não é muita coisa. Eu ficarei surpresa
se eles ainda tiverem uma garrafa de Cristal para nós
celebrarmos.

— Que horror, — brinquei, colocando a xícara na frente


dela. — Como a senhora pediu. Escuro, e forte o bastante
para arrancar sua calcinha.
Piscando, India ergueu sua xícara até seus lábios. —
Neste caso, vou querer outra.

— Obrigada pelo convite, e uma noite na cidade é


exatamente o que eu preciso, mas vou pegar um voo no início
da manhã para ir ver o Jude, — eu disse, tomando um gole
do meu chá verde.

— Onde o Jude está?

— San Diego. Ele teve que ir fazer um treinamento pré-


temporada umas duas semanas atrás. — eu disse.

As sobrancelhas dela se levantam. — Então se o Jude


está em San Diego, que diabos você está fazendo aqui nesse
buraco infestado de ratos?

Eu mostro a língua para ela, o que faz eu ganhar outro


giro de olhos. — Estou tendo uma aula de verão.

— Aula de verão? Por favor, — ela disse, fazendo um


som com seus lábios. — Você tem tantos créditos extras que
você poderia se formar um semestre mais cedo se você
quisesse.

Fiz uma nota mental para não ser tão aberta com a
Indie no que se tratava de quaisquer aspectos da minha vida.
Ela havia nascido com um detector de mentiras integrado
nela.

— Estou procurando um emprego, também. — eu


acrescentei, concentrando-me na minha xícara de chá.
— Por favor duplo, — ela disse, fazendo o mesmo som
com a sua boca. — Por que você precisa de um trabalho
horrível ganhando um salário mínimo quando o seu homem é
o novo membro do clube dos milionários?

Eu suspirei. Bem, era mais como um gemido. — Não,


você também não, Indie. — Eu já tive que dar uma explicação
digna da equipe de debate ao Jude; eu não estava ansiosa em
oferecer uma repetição.

Abaixando sua xícara, ela estudou o meu rosto por um


momento. — Ah, — ela disse afinal, — Entendi.

— Você entendeu o quê? — respondi, sem realmente


me importar contanto que eu não tivesse que explicar o que
eu inteiramente não entendia.

Sorrindo, ela jogou suas mãos no ar. — ‘Todas as


mulheres que são independentes...’2 — ela cantou,
balançando no ritmo da música imaginária.

Eu ri e me juntei. — ‘Levante suas mãos para mim’, —


eu cantei de volta, lembrando-me do motivo pelo qual eu
estava me formando em dança e não música. Eu não
conseguia cantar uma nota, nem para salvar a minha alma.

— É esse o problema? — ela perguntou baixinho.

— Parcialmente.

— E qual é a outra parte? — ela perguntou, pegando a


minha mão.

2
Trecho da música do Destiny Child, Independent Woman.
— Eu ainda estou tentando entender a outra parte, —
admiti. Contrário ao que eu havia pensado, eu me senti bem
ao contar a alguém que eu não tinha ideia do por que eu
precisava conquistar o meu próprio caminho
financeiramente, mas sabia que tinha que fazer.

— Então, que trabalho de salário mínimo você estará


sendo escravizada pelo resto do verão? — ela disse antes que
eu pudesse tomar outro gole.

Eu ergo um ombro. — Não encontrei um. Ainda. — Eu


estava determinada a encontrar, no entanto, e se eu havia
aprendido uma coisa na vida, era que a determinação
obstinada da Lucy Larson frequentemente conseguia o que
queria.

O rosto da Indie enrugou antes de ela colocar o telefone


na orelha. — Isso está prestes a mudar. — ela disse.

— Eu quero saber?

Ela ergueu o dedo em sinal para eu esperar enquanto


eu ouvia alguém responder do outro lado. — Estou a
caminho, — ela rosnou.

Boa saudação.

— Bem, o Ricky terá que esperar um pouquinho mais,


— ela corta antes que a voz do outro lado consiga falar mais
algumas palavras. — Você terá que esperar também, irmão
mais velho.
— Ei, Anton. — eu disse alto o bastante para que ele
pudesse me ouvir por cima da voz da Indie.

— Sim, essa era a Lucy. — ela respondeu. — Sim, Lucy


Larson, minha antiga colega de quarto.

— A primeira e única, — eu disse, seguindo para o


fogão para pegar o bule. India também bebe seu chá da
mesma forma que ela passa pelos seus homens: rápido e
vorazmente.

— Lucy mora aqui, — Indie e continuou a explicar. —


Não, obviamente não o ano inteiro, idiota. O apartamento
aqui é o ninho de amor dela e do noivo no qual eles fazem as
coisas mais sujas.

— Indie, — eu sibilei, colocando mais água em sua


xícara, — Se controle.

— Não, ele não está aqui. — Indie disse, dando um


tapa na minha bunda enquanto eu sigo de volta para a
cozinha. — Ele está em alguma coisinha tipo treinamento de
futebol americano.

— Coisinha? — inquiri.

Ela me dispensa com um aceno. — Eu já a chamei. Ela


tem um voo logo cedo pela manhã, então ela vai passar essa
noite.

— Da próxima. — eu falo novamente para que Anton


possa me ouvir.
Eu ainda não conheci o irmão da Indie, mas eu já
estive em várias dessas conversas de três lados que sinto
como se o conhecesse. De muitas maneiras, ele me lembra do
meu irmão. Ele cuidava da India, falando com ela quase que
diariamente, tinha um senso de humor de matar, e nunca
parecia não ter assunto. Em uma palavra, o Anton era
carismático.

— Você pode fechar sua boca por dois segundos para


que eu possa chegar ao motivo pelo qual estou te ligando? —
Indie interrompeu depois de alguns momentos.

Sentando-me novamente, eu ouço Anton responder. —


Fechando a boca.

— Obrigada. — Indie diz, acomodando-se em sua


cadeira. — Você está procurando por um assistente
administrativo?

Indie esperou pela resposta dele.

— E quanto você está planejando pagar por hora?

O rosto de Indie se enrugou quando o Anton


respondeu. — Vamos fazer o seguinte. Você aumenta isso
para dezoito dólares por hora e eu tenho a melhor assistente
administrativa que você poderia sonhar em encontrar.

— Você gostaria de entrevistá-la primeiro? — ela disse,


erguendo seus ombros. — Ok. Entreviste-a. — Erguendo o
telefone na minha direção, ela pressionou o botão do viva-voz.
— Oi de novo, Anton, — eu disse, fazendo cara feia
para a Indie por me colocar nessa situação repentina. —
Desculpe que a minha amiga é tão louca.

— Lucy? — ele respondeu, soando tão surpreso quanto


eu. — Não se preocupe com isso. Desculpe que a minha irmã
seja uma maníaca insistente.

— Sem problemas. Já estou acostumada depois de três


anos. — respondi, enquanto sorria inocentemente para ela.
Ela me mostrou o dedo.

Anton riu. Sua voz era tão profunda que quando ele
ria, soava mais como um estrondo do que uma risada. —
Então você realmente está procurando por um emprego, ou a
India tem comido bolinhos ‘especiais’ de novo?

Indie olhou feio para o telefone.

— Eu realmente estou procurando um emprego, — eu


disse, sentindo-me como se eu tivesse que livrá-lo dessa ao
dizer que não estava interessada em ser uma assistente, para
que ele não se sentisse obrigado a me dar o emprego, mas eu
precisava de um emprego, e trabalhar para o irmão da Indie
durante o verão seria melhor do que cerca de 99% de
quaisquer outros empregos que eu possa encontrar.

— Você tem qualquer experiência administrativa?

— Não. — eu disse. — Mas eu aprendo rápido.

Indie fez sinal de positivo para mim.


— Quantas palavras por minuto você consegue digitar?
— Anton perguntou em seguida, soando totalmente como um
homem de negócios que ele havia se tornado desde quando
ele se formou na faculdade há alguns anos atrás.

Eu olhei para a Indie, procurando ajuda. Ela


balbuciou. — Eu não sei.

— Hum... algumas. — eu disse, fazendo uma careta.

Anton ficou em silêncio por um momento.


Provavelmente tentando descobrir uma maneira de me
rejeitar gentilmente. — Qual é a sua proficiência com o
Microsoft Office Suite?

— Bem. — eu disse, tentando manter uma voz


nivelada. O negócio é tentar me divertir um pouco com essa
entrevista improvisada. — Eu já fui a dançarina principal no
Quebra-Nozes três vezes.

Indie deu uma tapa em sua perna, balançando com


sua risada silenciosa. Dei um chega para lá nela, pronta para
explodir na minha risada não tão silenciosa quando o som do
Anton engasgando com suas próprias risadas através do
telefone.

— Ok, Sr. Poderoso. — eu disse. — Eu nunca trabalhei


em um escritório antes, e não sei quantas palavras eu
consigo digitar por minuto ou qual é a minha proficiência no
Microsoft Office Suíte... – fiz um sinal de aspas com as
mãos... – Mas eu sou esforçada. Eu chegarei no horário, e
não irei embora até que eu tenha digitado a quantidade de
palavras que você precisar. Ok?

— Mais alguma coisa? — Anton perguntou,


parcialmente controlado.

— Sim, mais uma coisa. Se você está procurando uma


daquelas tontas sorridentes que só pegam café, eu não sou
sua garota. — Essa era positivamente a pior entrevista de
emprego na história das entrevistas. Caiu e se quebrou Lucy.
De volta aos classificados.

— Já que eu não gosto muito de garotas tontas. —


Anton disse depois de alguns segundos. — E eu realmente
odeio café e sorrisos, eu diria que você acabou de arrumar
um emprego.

O quê?

Encarei o telefone, certa de que eu não havia ouvido o


que pensei ter ouvido.

Indie deu um soco no ar enquanto eu permaneci em


silêncio.

— Você pode começar amanhã logo cedo?

Anton estava todo homem de negócios novamente.

Eu dei uma sacudida rápida da minha cabeça. — Eu


vou viajar amanhã de manhã, mas pode ser na madrugada de
segunda-feira.
— Nem mesmo um dia no emprego e você já está
pedindo dias de férias? — Anton provocou. — Que tipo de
funcionária acabei de contratar?

A realidade estava começando a aparecer. Eu tinha um


emprego. Um emprego com salário bom trabalhando para o
irmão de uma das minhas melhores amigas. — O tipo de
funcionária que você vai agradecer aos céus por ter. — eu
joguei de volta, pronta para pular da minha cadeira e fazer
um passo de dança.

— Lucy Larson, assistente administrativa. — Anton


disse. — Eu gostei do som disso. Te vejo na segunda de
manhã.

— No primeiro horário da manhã. — eu disse. —


Obrigada, Anton. Você não vai se arrepender.

— Não, Lucy, — ele respondeu, — eu tenho certeza que


não.

Você sabe aquela pessoa que é a primeira a pular de


seu assento no instante que o avião ‘para totalmente?’ Sim,
essa seria eu.

Eu era a primeira pessoa em pé e a primeira pessoa


que saiu do avião naquela quinta-feira em San Diego.
Enquanto eu me apressava pela área de retirada de
bagagens, eu tive que lembrar a mim mesma para andar, não
correr. Mais do que uma vez eu esqueci.

Eu vi o Jude antes de ele me ver. Ele estava girando em


círculos, e seus olhos caíram em mim depois de mais uma
volta. Seus ombros relaxaram quando ele sorriu. — Oi, Lu-cy!
— ele gritou... igual ao Rocky, o lutador... acima do barulho
do aeroporto, começando a correr em minha direção.

Eu não me importei que nós estivéssemos chamando a


atenção de todo mundo por perto; nem me importei sobre o
espetáculo que nós estaríamos dando a eles logo. A única
coisa que eu me importava era o cara correndo com toda a
velocidade e colocando seus braços ao meu redor.

Eu não estava andando mais. Minhas bolsas estava


batendo contra mim enquanto eu desviava das pessoas, e os
cantos dos meus olhos arderam com as lágrimas que estavam
se formando. Você pensaria que ele tinha sido mandado para
a guerra no Oriente Médio durante o último ano pela maneira
como nós estávamos atacando um ao outro.

Quando o Jude me alcançou, ele me agarrou e me


ergueu e me girou. Eu aproveitei o passeio, me perguntando
como outra pessoa conseguia fazer eu me sentir inteira
novamente. Quando o Jude finalmente me colocou no chão,
eu deixei a minha bolsa e mala cair no chão. Me apertando
em seu abraço, ele se pressionou contra mim com a mesma
intensidade, tão apertado quanto era possível. Deus, eu me
senti tão bem.
— Merda. — ele sussurrou no meu cabelo. — Eu não
consigo passar tanto tempo assim de novo. — A mão dele
segurou a base do meu pescoço e seu outro braço pressionou
a parte inferior das minhas costas.

Meus próprios braços estavam apertados em um


abraço mortal ao redor da cintura dele. — Eu também não.

Enquanto as pessoas pegavam suas bagagens da


esteira de bagagens ou esperavam na fila por uma xícara de
café, Jude e eu ficamos parados ali, congelados no tempo.
Cinco minutos, dez minutos, nenhum minuto? Eu não sabia.
E eu não me importava.

Ele tinha o mesmo cheiro, sabonete e masculino, e sua


pele havia escurecido outro tom por causa do sol da
Califórnia.

— Prometa-me agora mesmo que nós nunca ficaremos


tanto tempo sem nos vermos novamente, — ele disse,
aninhando-se no meu pescoço.

A respiração dele contra a minha pele me deu arrepios.

— Prometa. — ele repetiu, olhando com firmeza em


meus olhos.

— Eu somente prometerei o que eu posso garantir que


vou cumprir. — eu disse, lembrando-me do porquê a
honestidade era uma faca de dois gumes quando o rosto dele
caiu um pouco.
O polegar dele roçou sob a gola da minha camiseta. —
Prometa-me que você casará comigo.

Eu exalei. Essa era fácil. — Eu prometo.

O rosto dele foi de desanimado para animado no espaço


de duas palavras. — Prometa que você casará comigo nos
próximos seis meses.

De volta à zona de perigo.

Eu respondi com uma erguida da minha sobrancelha.

Ele riu. — Sim, sim. Você é tão difícil, Luce, — ele


disse, mantendo-me enfiada embaixo de seu braço enquanto
ele se virava em direção ao carrossel de bagagens. Havia
apenas uma mala restante girando nela.

Pegando minha mala, Jude fingiu estar sobrecarregado


pelo seu tamanho. Ou peso. Ou os dois.

— Deus, Luce, — ele disse, olhando de mim para a


mala. — Se eu não soubesse, eu acharia que você estava
pensando em ficar por algum tempo.

A teatralidade contínua do Jude com a minha mala


chamou a atenção de algumas pessoas esperando pela
próxima leva de bagagens. Um menininho em particular.

— Duas noites é algum tempo para uma garota, — eu


disse, incapaz de tirar os olhos do menininho olhando o Jude
boquiaberto. Não importa onde nós fôssemos Jude ganhava
várias expressões boquiabertas. Os menininhos o encararam
divertidos; eu apenas tolerava as mulheres encantadas
porque eu não conseguiria matar toda a população feminina
mundial sozinha. — Além disso, eu tenho um presente ali
para você que ocupou pelo menos metade do espaço.

— Presente? — Os olhos dele brilharam. — Um


presente sem motivo especial?

— Esses não são os melhores? — eu disse, pegando a


mão dele e o arrastando pela loja do aeroporto. Eu tive uma
ideia.

— Eu também tenho um presente para você, — ele


disse, orgulhosamente enquanto eu olhava a loja.

— Um presente sem motivo especial? — eu perguntei


enquanto encontrava o que eu estava procurando.

Puxando a mão dele, eu fui em direção do presente.

— Esses não são os melhores tipos? — ele disse.

— Sim, eles são, — eu disse, pegando a bola de futebol


roxa e amarela antes de seguir para o caixa.

— Luce, eu posso arrumar uma dessas para você de


graça, — ele disse, soando confuso. — Uma oficial com os
autógrafos de todo o time se você quiser.

O caixa me cobrou, e, antes que eu pudesse entregar o


dinheiro para ela, Jude deslizou um cartão preto lustroso na
mão dela. — Deixa comigo, — ele disse.
Está tudo bem. Sem problemas, eu tive que dizer a
mim mesma. Ele está apenas pagando por uma bola de
futebol. Eu agradeci ao caixa, e então revirei minha bolsa até
eu encontrar uma caneta. Entregando a ele a caneta, eu
segurei a bola no lugar. — Eu só quero um autógrafo.

Ele fez aquele meio sorriso, meia risada própria dele


que era de longe a expressão mais sexy no maldito mundo
inteiro, antes de assinar o nome dele do lado direito dos
laços.

— Eu acho que a minha fã número um deveria ganhar


melhor do que uma bola de futebol do aeroporto. — ele disse,
me seguindo enquanto eu seguia para o carrossel de
bagagens.

— Ah, acredite em mim. — eu falei por cima do ombro,


— A sua fã número um estará exigindo que você dê a ela algo
melhor mais tarde à noite.

Ele riu, aquela risada com timbre baixo dele. — Eu vivo


para te servir.

Empurrando os meus pensamentos para o lado que


estava deixando o meu corpo todo formigando, eu fui em
direção ao garotinho que ainda estava olhando boquiaberto
para o Jude. O garoto não estava nem piscando.

Eu me ajoelhei ao lado dele, segurando a bola para ele.


— Você parece ser um fã do Jude Ryder, — eu disse, sorrindo
enquanto os olhos do menino se arregalaram mais ainda
quando ele viu a assinatura.
— O maior fã dele. — o menino disse, sua voz alta e
excitada.

— Nós dois, garoto, — eu disse, mostrando a bola


quando ele ficou congelado.

Quando ele finalmente agarrou a bola, seu rosto se


iluminou de uma maneira que uma criança poderia. Era
incrível como a assinatura de um cara que eu amava poderia
fazer o dia de uma pessoa. Era uma coisa pesada, e algo que
eu não tinha certeza de estar pronta para processar ainda.
Jude havia sido alguém importante em Syracuse, claro, mas
agora jogando para a Liga Nacional de Futebol Americano iria
significar um nível totalmente novo de fama.

Eu pisquei para o garoto antes de levantar.

— Obrigado. — ele falou enquanto eu seguia para onde


o Jude estava parado com as minhas malas.

Eu acenei para o garoto enquanto ele corria para os


seus pais e enfiava a bola na cara deles.

— Eu sei que você não quer que isso se torne


conhecimento público, mas você é provavelmente a pessoa
mais doce por aqui. — Jude disse sua voz e olhos carinhosos.

Fiz uma careta com o exagero em relação ao doce.

— Acho que você acabou de fazer o ano daquele


carinha. — ele disse, colocando minha mochila em um braço
e pegando minha mão na sua outra. — Uma linda estranha o
escolhe dentre uma multidão. Essa é uma história que ele
estará contando aos amiguinhos dele pelos próximos dez
anos a partir de agora.

— Aquele garoto não tinha olhos para nada a não ser


você e aquela bola. — provoquei enquanto nós seguíamos
para o estacionamento.

— Eu teria me aproximando e o cumprimentado, mas o


carinha parecia já estar quase hiperventilando já.

— Sim, eu acho que foi uma boa coisa você ter ficado
para trás. — Eu ri. — Estou certa que o coração dele não
teria conseguido aguentar se você tivesse conversado com ele.

Pegando as chaves do bolso, Jude parou


repentinamente na frente de uma caminhonete preta grande.
— E eu estou certo de que o meu coração não aguentaria se
eu não te beijar. — ele disse, descansando a mão no meu
quadril. — Bem aqui. Nesse momento. — Ele se aproximou,
até que eu consegui sentir seu corpo contra o meu. — E,
Luce? Eu quero que você me beije até eu estar com as pernas
bambas.

Aquela sensação de derretimento que eu tinha sempre


que ele olhava para mim da maneira que ele estava olhando
agora começou a se espalhar pela minha barriga.
Entrelaçando os meus dedos atrás de seu pescoço, eu me
apoiei nas pontas dos pés. — Eu vivo para te servir. — eu
sussurrei, citando sua frase anterior, antes de pressionar
meus lábios aos dele.
Esse não foi um beijo suave. Não foi doce ou um beijo
tímido também. Esse era o tipo de beijo que você dava
quando você sabia que a morte estava próxima. Esse era o
tipo de beijo que você conseguia sentir em cada parte de você,
e o tipo de beijo que estava perigosamente perto de me fazer
explodir bem naquele local no estacionamento do aeroporto.
Mesmo estando completamente vestida.

Minhas mãos moveram-se do seu pescoço para a borda


da camiseta dele. Passando meus dedos por dentro, eu
brinquei com a pele que seguia ao longo de sua calça jeans.
Nossas línguas se enroscaram enquanto meus polegares
seguiam para baixo. Gemendo dentro da minha boca, Jude
enfiou suas mãos nas minhas costas, empurrando-se contra
mim.

Ok, sim. Se ele continuasse pressionando e se movendo


contra mim desse jeito eu estava a dois segundos de arrancar
as roupas de nós dois.

Quando ele me levantou, eu coloquei minhas pernas ao


redor dele. Pressionando minhas costas contra a
caminhonete, ele inclinou o meu pescoço sobre o capô para
proporcionar a ele um melhor acesso. A boca dele saiu da
minha e foi para o meu pescoço, beijando e sugando a pele
sensível até que eu não conseguir mais respirar.

Em algum lugar no fundo da minha mente


sexualmente enlouquecida, eu percebi que o dono da
caminhonete provavelmente não estaria de acordo com o
Jude e eu mandando ver, fazendo sexo vestidos no capô, mas
eu estava além de palavras... e de me importar.

Então quando as cliques e flashes de câmeras


começaram a crescer de volume, eu nem prestei atenção.
Tudo o que eu sentia era a boca do Jude e o corpo dele se
movendo em cima do meu. Era óbvio que era só com isso que
estava se importando também, porque não foi até que as
pessoas e as câmeras estavam a alguns carros de distância
que um de nós tomou conhecimento.

— Jude! Jude! — eles estavam gritando. — Lucy! Lucy!


— Mais gritos e disparos, tanto que acabou nos tirando da
nossa névoa de pegação.

Os músculos do Jude ficaram tensos em cima de mim,


e, quando o seu rosto se ergueu do meu, eu vi uma expressão
familiar que eu não havia visto há muito tempo. Dr. Jekyll,
conheça o Sr. Hyde.

— Jude. — eu implorei. — Acalme-se. — eu o persuadi


enquanto ele me colocava no chão.

Os fotógrafos continuaram a gritar para nós. Alguns


comentários eram muito vulgares para serem repetidos. As
câmeras dele nunca pararam de disparar.

Angulando-se na minha frente, o Jude ficou ainda mais


tenso.
Merda. Isso não acabaria bem para todas as partes
envolvidas se eu não pudesse convencer o King Kong a descer
do Empire State Building.

— Jude. — eu disse, agarrando seu braço e tentando


virá-lo. Ele não se mexeu. — Está tudo bem. São apenas
fotos.

Deus, os músculos no braço dele pareciam que iam


explodir através da camiseta dele.

— Elas são fotos de você e eu, Luce. — ele respondeu


agitado enquanto as câmeras continuavam a disparar. —
Fotos de você e eu fazendo algo que eu não quero que todo
mundo veja.

Por que ele estava apenas parado ali, deixando que eles
tirassem mais fotos dele prestes a explodir?

— Essa não é a primeira vez que nós estivemos sob o


escrutínio público. — eu disse. — E não será a última. E eu
com certeza não vou parar de deixar você me beijar daquela
maneira quando e onde der vontade, então é melhor que nós
nos acostumemos agora. — não sei onde eu estava achando
razão para ser razoável.

— Como ela é na cama, Jude? — um dos fotógrafos,


que não tinha senso de preservação, pediu.

— O que você disse, idiota? — Jude andou alguns


passos para frente. Eu não o soltei, então ele teve que me
arrastar junto.
— Jude, pare. Pense! — gritei, percebendo que ele
somente havia ficado mais forte nessas semanas de
treinamento de verão. — Pare e pense!

Meu corpo não conseguiria pará-lo, mas minhas


palavras poderiam. Parando abruptamente, Jude olhou para
mim. Foi o olhar mais rápido, mas seu rosto inteiro se
transformou naquela troca silenciosa. Ele fechou os olhos e
respirou algumas vezes antes de olhar novamente para os
fotógrafos.

Mexendo os ombros para tentar diminuir a raiva, ele


tirou o telefone do bolso. Segurando o telefone, Jude tirou
uma foto. — Pronto. Eu tenho o rosto de todos vocês na
minha câmera agora, — ele disse, sua voz controlada. Por
pouco. — Se eu ver ou ouvir sobre algumas dessas fotos
sendo impressa, eu vou atrás de cada um de vocês. — Jude
apontou seu dedo para o fotógrafo que havia sido estúpido o
bastante para perguntar sobre as minhas habilidades na
cama. — Começando contigo.

Depois de eles recolheram o queixo caído no chão


deles, os fotógrafos começaram a se dispersar. Um arriscou
tirar mais uma foto, mas pensou melhor quando assassinato
relampejou no rosto do Jude. Apenas quando o último deles
havia saído de vista, os ombros do Jude pareceram relaxar.
Virando-se, ele teve a decência de parecer tímido.

— Desculpa? — ele disse, esfregando sua nuca.


Eu o empurrei, orgulhosa de sua restrição. — Se eu
tivesse uma moeda para cada vez que eu disse... não, que eu
gritei... ‘Jude!’ e ‘Pare!’ na mesma frase, eu seria uma mulher
rica.

Pegando minhas malas novamente, ele colocou um


braço por cima do meu ombro. — Você já é uma mulher rica,
— ele disse, fazendo o meu estômago cair. Eu não era uma
mulher rica. Ele era rico.

— E se eu tivesse uma moeda por realmente te ouvir


quando você gritava as palavras ‘Jude!’ e ‘Pare!’ na mesma
frase... — Ele sorriu para mim. — Eu ficaria na classe média.

— O que você acha que o dono diria se ele soubesse o


que nós acabamos de fazer no capô da sua nova
caminhonete? — eu disse enquanto o Jude me girava para o
lado dela.

— Ele provavelmente pediria para repetir a


performance.

Eu ri. — Provavelmente. Apenas pervertidos tarados


dirigem caminhonetes assim.

Pegando a maçaneta do carro, Jude abriu a porta. —


Eu concordo contigo na parte do tarado, mas nós poderíamos
esquecer a parte do pervertido? Eu realmente não quero que
a minha noiva pense em mim como um pervertido.

Minha boca se escancarou enquanto Jude situava


minhas malas no bando de trás. — Isso é seu? Quando você o
comprou? Onde está a sua velha caminhonete? — Eu não
conseguia parar o fluxo de perguntas.

Estendendo sua mão para mim, ele me ajudou a subir


na caminhonete. Eu tive que pular para entrar.

— Essa é minha. Eu comprei há uns dois dias. E a


minha antiga caminhonete será desmanchada logo que for
possível. — Fechando a porta atrás de mim, ele deu a volta
pela frente e subiu no assento do motorista. Até mesmo o
Jude com o seu tamanho de gigante teve que pular para
entrar.

Quando ele ligou a ignição, o motor ganhou vida. Era


tão alto, que ele vibrava o carro. — Agora, nessa caminhonete
nós poderíamos mandar ver. — ele disse, observando os
assentos de passageiros, onde havia mais do que o bastante
de espaço para ‘mandar ver’.

— Nós não tivemos nenhum problema na sua outra


caminhonete. — murmurei, prendendo o meu cinto de
segurança.

Jude parou no meio de dar a ré para fora da vaga,


observando o assento vazio, e então olhando para onde eu
estava sentada no meio do assento. — Você odiava aquele
balde velho enferrujado, — ele disse, visivelmente magoado
que eu não estava sentada ao lado dele como eu
normalmente fazia.

Desapertando meu cinto, eu deslizei até estar


pressionada contra ele. O corpo do Jude percorrendo o
cumprimento do meu era a única coisa familiar nessa
caminhonete. — Era uma relação de amor e ódio. — eu disse
na defensiva. — Que era mais amor do que ódio.

Claramente apaziguado, ele colocou o braço por cima


dos meus ombros e continuou a sair do local de
estacionamento. — Bem, eu ainda tenho a lata velha, então
você pode se despedir antes que ela vá para o céu das
caminhonetes.

— Eu não estou preparada para ela ir para o céu das


caminhonetes. — fiz bico, me perguntando por que eu estava
tão chateada. Jude estava certo: eu não era a maior fã da sua
antiga caminhonete. Mas agora, vendo que ela havia sido
trocado por algo novo e lustroso, me deixava ansiosa por
razões que eu não queria admitir para mim mesma.

— Eu te comprei um presentinho, — Jude disse. —


Está no porta luva.

Quando ele estava livre da garagem, ele se lançou. Você


teria pensado que a caminhonete estava com um motor de
Fórmula 1 pela maneira que ela decolou.

— O meu presente sem motivo?

— Só porque eu te amo. — ele disse, claramente


ansioso para eu abri-lo.

Eu estava nervosa, até mais depois de ter visto a nova


caminhonete, o custo o qual eu não poderia nem imaginar.
Quando eu abri o porta-luvas, uma caixa azul com um
laço branco apareceu. Eu a peguei, já quase sem conseguir
respirar. Eu nunca havia recebido um presente em uma caixa
azul e branca, mas era irônico. Toda mulher sabia de que loja
ela vinha e o que estava dentro. Era um ritual de passagem
feminino identificar este específico tom de azul.

Eu trouxe a caixa para o meu colo e a encarei.

— Abra. — ele encorajou. — Eu estava morrendo para


te dar desde que eu comprei na semana passada.

Eu sorri. Era impossível não sorrir com esse olhar


juvenil no rosto dele. — Essa é uma caixa muito chique, Sr.
Ryder, — eu disse, desatando o laço.

— Walmart faz os melhores pacotes de presente, não é?

Eu dei uma cotovelada nele. — Boa tentativa. — Eu


duvidava que fosse ganhar outro presente do Walmart dele
novamente. A ideia me deixou triste.

— Abra. — ele disse. — Nada é bom demais para a


minha garota. É bom saber que eu finalmente posso bancar
as coisas que você merece.

— Jude...

Antes que eu pudesse dizer seja lá o que eu estava


planejando em falar, a boca dele estava na minha, rápida e
com força. E tão rapidamente quanto, havia acabado. Eu
poderia ter pensado que eu havia inventado tudo se eu não
tivesse ainda o gosto dos lábios dele nos meus lábios.
— Abra. — ele disse, seu rosto presunçoso.

Ele sabia exatamente o que ele estava fazendo e usou


isso para sua vantagem. Ele poderia ter me pedido para pular
de um penhasco, e eu estaria tão confusa que eu teria feito
isso.

Eu respirei fundo e abri a tampa.

Acomodada dentro estava um bracelete de prata.


Simples e elegante. Algo que eu teria escolhido para mim, se
eu me permitisse escolher algo tão bom.

— Uau. — eu sussurrei, puxando-o para fora. Ele era


pesado e frio ao toque.

— Você gostou? — Ele olhou entre a estrada e eu.

— Agora, isso sim é um bracelete, — eu disse, sem ter


que fingir a minha animação para ele.

— Vire do outro lado — ele instruiu. — Há algo mais.

Enviando a ele um olhar curioso, eu girei o bracelete.


Havia uma gravação na parte interna, e as palavras me
deixaram fraca em todos os lugares que uma garota poderia
ficar fraca.

— Para a minha Luce. — eu li. Na palavra Luce havia


duas pedras brilhantes ao redor. Meu pai teria amado a
referência ao ‘Lucy in the Sky with Diamonds’. — Que possui
todas as primeiras vezes que importam. Uau, — eu repeti. As
palavras estavam me falhando.
— O que você acha? — ele perguntou, olhando para o
bracelete com orgulho.

— Jude. — eu comecei. — É... é... — eu não conseguia


balbuciar mais do que uma palavra. Deslizando o bracelete
para o meu pulso esquerdo, eu procurei pelas palavras certas
que iriam expressar o meu agradecimento.

Nada.

Totalmente de língua presa. Eu era uma dançarina,


não uma escritora; o meu corpo expressava a maneira como
eu estava me sentindo cem vezes melhor do que as minhas
palavras jamais poderiam.

E então eu tive uma ideia.

Aproximando-me, eu beijei a cicatriz dele. Uma vez,


duas vezes, e então uma terceira vez antes de eu mover para
a sua boca. Eu havia pegado-o de surpresa. Isso era aparente
pela maneira como seus músculos ficaram tensos. Pegar o
Jude Ryder de surpresa era raro, e eu iria aproveitar.
Enchendo sua boca inteira de beijos suaves, eu saboreei o
momento. Nossos outros beijos eram tão apaixonados e
inflexíveis. Eu me sentia consumida por eles, mas este eu me
segurei nele. Eu apreciei o aroma salgado em sua pele. A
sensação da plenitude de seu lábio inferior na minha boca. O
sabor da sua língua contra a minha.

Eu pressionei um último beijo no centro de sua boca.


— Obrigada, — eu disse. — Eu amei o meu bracelete. — Ok,
um último, último beijo. — E eu te amo.
— Maldição, mulher, — ele disse, assobiando pelos
dentes. — Tenha piedade. Se é esse o agradecimento que eu
recebo, eu te darei joias todos os dias.

Enquanto eu inclinava a minha cabeça em seu ombro,


eu admirei o bracelete. Ele tinha um dedo, e agora um pulso.
E ele tinha o meu coração. Jude Ryder estava lentamente
tomando conta de mim, uma parte de corpo por vez.

— E disponha.

Nós ficamos sentados em silêncio por alguns minutos.


Eu deslizei meus dedos pelos dele enquanto ele estava feliz
por desenhar círculos no meu braço. Era pacífico, e apesar de
que estes tipos de momentos silenciosos estivessem
aumentando durante o nosso tempo juntos, a paz não era
uma coisa comum em nosso relacionamento. Eu esperava
que um dia isso mudasse.

— Ei, eu preciso que você vista uma coisa. — ele disse,


tirando algo de seu bolso.

Meus olhos se estreitaram na coisa que ele estava


pendurando em seu dedo indicador.

— Uma venda? — eu disse. — Uma venda de cetim


preta? O que eu estava dizendo mesmo sobre você ser um
pervertido tarado?
Ele balançou a cabeça. — Isso não tem nada a ver com
tesão, bizarrice, perversidade, — ele disse, ficando cada vez
mais inquieto a cada palavra.

Eu segurei a minha risada. — Maldição, — eu


provoquei. — Aí está uma maneira de estragar o dia de uma
garota.

— Tão difícil. — ele disse baixinho. — Apenas coloque.


Eu tenho outra surpresa para você.

Pegando a venda, eu a coloquei. — Essa surpresa tem a


ver com alguma diversão tarada, perversa e bizarra?

— Não. — Ele deu risada.

— Maldição dupla.

Mais risada. — Luce, você está acabando comigo hoje.

— Isso é porque eu gosto desse tipo de coisa. Sabia? O


tipo de coisa tarada, perversa e bizarra. — Se eu ia ficar
vendada para que ele pudesse me levar para outra surpresa,
eu iria deixar o meu lado sarcástico correr solto.

Não demorou muito até a caminhonete parar.

— Nós chegamos. — ele disse, sua voz toda juvenil e


animada novamente.

— Nós chegamos aonde?

Pegando minhas mãos, ele me ajudou a sair da


caminhonete. Felizmente, ele me ergueu da caminhonete,
porque eu não queria pular vendada sem saber onde infernos
eu iria parar.

— Aqui, — ele respondeu, guiando-me pelos ombros.


Nós estávamos nos movendo por uma superfície dura.
Concreto? Asfalto? Pedra, talvez? Fora o som da água
corrente, fontes possivelmente, era silencioso. Ele não poderia
ter me levado para uma loja; nós não estávamos na praia...
onde diabos nós estávamos?

De repente, ele me pegou em seus braços e correu até o


que eu presumi ser a escada, antes de eu ouvir uma porta
abrir. Me virando de lado, Jude caminhou para dentro antes
de me colocar no chão. O meu coração já estava na garganta
antes de ele retirar a venda.

A primeira coisa que eu vi foram seus olhos. Eu queria


continuar olhando para eles, e nunca desviar o olhar, porque
eu já sabia o que eu iria ver quando eu o fizesse. Eu estava
amedrontada de mudar o meu olhar.

— Eu não consegui encontrar um laço grande o


bastante para colocar ao redor dela, — ele disse, virando-me.
— Espero que você não se importe.

Felizmente o Jude estava com os braços ao meu redor,


então quando eu vacilei no lugar, ele me manteve de pé. Nós
estávamos parados em um cômodo cavernoso, um espaço que
poderia caber uma casa de tamanho decente, e nós
estávamos apenas no hall de entrada. Um cômodo que uma
pessoa poderia atravessar para chegar aos outros que era do
tamanho do chalé dos meus pais. Havia duas escadarias que
subiam para o segundo andar. Uma para subir? Uma para
descer? Eu não tinha ideia, mas não era a única coisa
exagerada sobre esse lugar. O lustre pendurado no centro do
cômodo era do tamanho de um fusca, os móveis eram tão
ornamentados que passava do ponto de serem ofensivos, e os
pisos de mármore eram tão lustrosos que eles quase que se
parecia com pistas de patinação no gelo.

— O que é isso? — eu sussurrei, esperando que a


resposta que eu havia chegado fosse errada.

— O que logo será a residência do Sr. e Sra. Ryder, —


ele respondeu, enfiando seu queixo por cima do meu ombro.
Ele estava sorrindo como um louco, mas isso mudou quando
ele viu o meu rosto.

— Luce? — ele disse, a animação sumindo da sua voz.


— O que está errado?

Fechei os meus olhos. Eu não conseguia continuar


olhando ao redor. Cada nova coisa que eu via me deixava
muito mais perto de ter um ataque de pânico completo. – O
que é isso, Jude?

— Nossa casa. — ele disse lentamente.

— Não. Nossa casa está lá em Nova Iorque.

A testa dele se enrugou. — Não, aquele lugar é um


apartamento condenado que nós alugamos. Aquele lugar é
uma vacina de tétano esperando para acontecer, — ele disse,
soando na defensiva. — Você está parada na nossa casa. O
lugar que será nosso daqui um ano.

— Eu gosto do nosso apartamento. — sussurrei, saindo


de seu abraço. As coisas estavam mudando muito rápido. A
Liga Nacional, a mudança para o outro lado do país, o
dinheiro, a casa... Tudo estava se movendo em grande
velocidade e eu não conseguia nem começar a manter o
ritmo. Nós tínhamos procurado trocados embaixo do sofá
para pagar a nossa conta de energia elétrica no mês passado,
e esse mês nós estávamos parados dentro de um hall de
entrada de uma casa que era do tamanho de um país
pequeno.

— Você odeia aquele lugar. — A voz dele estava ficando


mais alta, e ele estava olhando para mim daquela maneira
novamente. Como se ele não me reconhecesse.

Eu odiava aquele olhar.

— É uma relação de amor e ódio que é mais...

— Que diabos, Luce? — ele interrompeu. — Que tipo


novo de loucura você pegou?

Isso acionou o meu temperamento, como o dele, que


chegou a superfície. No entanto, como o Jude, eu estive
controlando o meu. Eu entendi que na cabeça do Jude, ele
havia escolhido esse lugar pensando que eu amaria. Eu sabia
que no fundo de cada decisão que o Jude tomava, a minha
felicidade estava no topo das suas prioridades, e eu amava
isso nele. Eu sabia que o coração dele estava no lugar certo
quando ele decidiu nos transformar em um casal rico do dia
para noite, mas eu estava chateada com a maneira que ele
havia feito isso. Como ele podia tomar essa enorme decisão
de vida sozinho sem nem mesmo me consultar primeiro? Nós
éramos um time. Nós deveríamos estar tomando essas
decisões como um.

Mordendo a minha língua, eu respirei lentamente antes


de ousar responder. — A mesma pergunta de volta para você:
Que tipo de loucura você pegou? — eu disse, nada de
antagônico na minha voz, porque não era dessa maneira que
eu queria dizer. Eu realmente estava me perguntando que
tipo novo de loucura o Jude havia contraído para sair e
comprar um lugar como esse.

Estalando seu pescoço de um lado para o outro, Jude


levou um tempo para responder. Nós dois estávamos
trabalhando para manter o nosso nervoso preso. — Estou
alugando o lugar nesse momento até eu conseguir o meu
primeiro grande cheque, e então o dono concordou em vendê-
la para mim totalmente mobiliada. — Ele parou e respirou
fundo novamente. — Você deveria ver a lagoa e a quadra de
tênis no fundo. O lugar é ótimo.

— Lagoa? Quadra de tênis? — A minha barriga estava


cada vez mais enjoada. Eu me lembrei mais uma vez que o
Jude havia feito isso porque ele me amava. Não porque ele
queria me irritar até não querer mais. Engoli o que eu queria
dizer. — Jude, nós temos vinte e um anos.
— Nós somos milionários de vinte e um anos. — ele
disse dando de ombros. — E agora que eu tenho os meios
para te dar tudo e qualquer coisa, eu vou fazer isso. Eu quero
te fazer feliz, Luce. É só para isso que eu ligo, — ele disse,
apontando para mim. — Você. Feliz. Para sempre.

— Feliz? — repeti, cruzando meus braços. — Você acha


que é isso que me deixa feliz? O que você fez? Foi até a
biblioteca local e verificou o O Guia do Idiota para Fazer a Sua
Mulher Troféu Interesseira Feliz?

Tentei morder a língua de novo. Cara, eu tentei, mas


aparentemente atingi a minha cota de mordidas na língua de
hoje.

— Porque se eu fosse uma mulher interesseira então


imagino que isso me deixaria muito feliz, — eu disse,
estendendo meu braço ao redor do cômodo. — Mas eu não
estou. Apesar de você querer que eu seja uma garota que
queira o seu dinheiro, eu não sou essa garota!

O que estou dizendo? Porque eu estou tão brava?

O rosto do Jude foi de chocado, para triste, para bravo


em dois segundos. — Não, você não é essa garota, Luce.
Parece que não consigo fazer nada para te fazer feliz esses
dias. Talvez você apenas não queira ser feliz.

Aquelas palavras eram como um tapa na cara. Eu me


lembrei de novo que essa casa era a maneira do Jude mostrar
o seu amor por mim, mas o meu temperamento havia
estourado e eu não conseguia mais controlar. — Aqui vai
uma dica. Se você está procurando fazer alguém feliz, talvez
você devesse pensar sobre o que eles querem, não o que você
quer que eles queiram.

Colocando suas mãos na nuca, Jude se afastou de


mim. — E aqui vai uma dica para você. Você tem que estar
disposta a deixar a felicidade entrar quando ela vem no teu
caminho.

As palavras dele me fizeram vacilar.

— Como que comprar uma casa para nós no sul da


Califórnia sem me perguntar primeiro equivale a felicidade?
Eu moro em Nova Iorque, Jude. Nova Iorque.

— Você mora em Nova Iorque por mais um ano. — ele


disse, encarando a parede mais próxima como se ele quisesse
bater a cabeça dele contra ela. — Quando você terminar a
faculdade você pode ir embora e se mudar comigo.

Isso não foi um tapa. Isso foi um soco. Um soco forte


na barriga. — Eu posso ir embora de Nova Iorque e vir morar
contigo aqui? Na Califórnia? Numa mansão do tamanho da
mansão da Playboy? — Como poderia haver tal desconexão
entre nós? De onde ele havia tirado que ele poderia mapear a
minha vida inteira para mim sem nem se consultar comigo
primeiro? — Quem disse que eu quero mudar para o outro
lado do país para viver aqui contigo na terra dos peitos e
sorrisos falsos?

Pelo olhar na cara dele, você poderia pensar que eu


havia acabado de dar um soco no estômago dele. — Quando
você concordou em casar comigo. Quando você me deixou
colocar aquele anel no teu dedo. — Suas palavras eram
lentas e controladas. Tanto que elas eram assustadoras.

— Então o que você ouviu quando eu disse sim para


me casar contigo é que eu voluntariamente - não,
alegremente, - largaria mão dos meus sonhos, de planos
futuros, etc, etc, para que você pudesse viver o seu? — Eu
gritei. — Porque acho que eu não li as entrelinhas.

Jude fechou os olhos. — O que você quer, Lucy? — Eu


me encolhi internamente. Ele me chamava de Lucy só quando
ele estava realmente puto ou magoado. — Porque
aparentemente eu não tenho uma maldita ideia. Então me
conte. O quê. Diabos. Você. Quer?

— Eu quero terminar a faculdade. Estou fazendo


faculdade de dança, então sei que pode parecer louco, mas eu
quero realmente dançar depois que eu me formar. — Eu mal
podia olhar para ele naquele momento. Não por causa do que
ele estava dizendo, mas por causa do que eu estava dizendo a
ele. Eu não queria magoá-lo; na verdade, eu queria o oposto.
Então quando eu o magoava, eu me odiava.

— Ok, você quer dançar. — Ele estendeu seus braços


nas laterais. — Boa notícia, Luce. Você pode dançar aqui em
San Diego. Problema resolvido.

Eu bufei. — O problema não está resolvido. Se eu


quiser dançar em alguma porcaria de versão de Lago dos
Cisnes em um teatro comunitário uma vez por ano, eu posso
dançar aqui. Eu não trabalhei um monte, dançando pelos
últimos quinze anos da minha vida, para executar danças
meia boca na frente de senhores roncando que pagaram dez
dólares por um ingresso.

A testa do Jude se enrugou. Bem, ela ficou mais


enrugada. — Então o que você está dizendo? Você quer ficar
em Nova Iorque quando você terminar a faculdade?

Como nós não conversamos sobre isso antes? Talvez


porque nós estávamos muito ocupados vivendo no momento,
ou tropeçando em nossos passados, nós esquecemos de olhar
para frente. Nós perdemos a parte do futuro em nosso
relacionamento.

— Nova Iorque. Paris. Londres, — eu disse, dando de


ombros. — Essas são as cidades onde os dançarinos querem
ir para dançar.

Eu podia ver a batalha interna do Jude. O mesmo QUE


PORRA É ESSA que eu estava vivenciando. Por que nos levou
tanto tempo para descobrir que o que eu queria e o que ele
queria poderia não se alinhar?

— Bem, merda, Luce. Eu não fui escolhido pelos Jets.


Ou os Giants. Ou alguma liga Europeia, — ele disse,
balançando a cabeça. — Eu fui escolhido pelos Chargers. Eu
ficarei em San Diego por um tempo.

Assenti. — Eu sei.

— Você sabe do quê?


— Eu sei que você está em San Diego. Eu sei que eu
estou em Nova Iorque.

Eu queria, - eu precisava, - de um tempo nessa


conversa. Algumas horas para descobrir o que estava
acontecendo, o que havia sido dito, e para onde ir depois
disso. Eu sabia das minhas prioridades, e o Jude estava
acima da dança, mas o Jude me colocava acima ou abaixo do
futebol em sua mente?

Acho que não. Ele havia provado que eu vinha em


primeiro lugar várias vezes, mas isso, - a casa, a
caminhonete, as expectativas, as presunções, - tudo isso
estava começando a me preocupar. Eu precisava pensar
seriamente sobre algumas coisas, e eu não podia fazer isso
com ele me olhando da maneira que ele estava agora. E eu
certamente não podia fazer isso dentro desta mansão usuária
de esteroides.

— Onde isso nos deixa então, Luce? — ele disse, sua


voz baixinha e seu rosto cansado. Ele parecia que precisava
de um tempo para pensar nas coisas com tanta urgência
como eu.

Onde isso nos deixa? San Diego? Nova Iorque? Algum


lugar enfiado no meio?

— Numa encruzilhada. — eu disse dando de ombros.

— Uma encruzilhada? — ele repetiu, vindo na minha


direção. — Depois de tudo que nós passamos, você está me
dizendo que nós estamos em uma encruzilhada quando eu
coloquei uma aliança no seu dedo e todos os nossos sonhos
estão finalmente se tornando realidade?

Respirei fundo antes de responder. — Não. Todos os


seus sonhos estão se tornando realidade. Eu ainda estou
trabalhando nos meus, então sim, nós estamos em uma
encruzilhada.

As veias em seu pescoço estavam subindo para a


superfície. Ele estava puto, e eu estava apenas deixando tudo
pior. — Nós não estamos em uma encruzilhada, — ele falou
entre os dentes.

— Ah, sim, nós estamos em uma maldita encruzilhada!


— eu gritei em resposta.

Seu rosto ficou um pouco vermelho. — Não. Nós. Não.


Estamos.

— Sim. Nós. Estamos! — Deus, nós realmente


estávamos fazendo isso? Uma briga com repetição de
palavras, como um casal de adolescentes?

— Droga, Lucy Larson! — ele gritou. — Não, nós não


estamos! E acabou. Então pare de falar sobre encruzilhadas.
Na verdade, apenas pare de falar, porque tudo que está
saindo da sua boca é totalmente louco!

Eu senti as lágrimas chegando a superfície e eu não


iria deixá-las cair aqui. — Você é realmente um idiota às
vezes, sabia? — Eu disse, antes de correr pelo enorme hall de
entrada, seguindo em direção à parte de trás da casa. Eu
precisava escapar do Jude, respirar um pouco de ar puro, e
endireitar minha mente novamente. Eu estava uma bagunça
e iria ficar apenas pior se eu ficasse no mesmo cômodo que
ele por outro minuto.

Eu ouvi o Jude xingar do fundo dos seus pulmões


antes de seus passos soarem atrás de mim. — Espera Luce.
— ele disse, mas eu não podia. Não dessa vez.

Correndo pelo corredor, eu me encontrei,


aparentemente, no quintal. Mas esse era um quintal como
nenhum outro. Como a casa, ele era espaçoso e elaborado. A
‘lagoa’ que eu ouvi tanto sobre ela estava na minha frente.
Havia uma rocha natural saindo de dentro do centro da
lagoa, com tobogãs que davam para a piscina. Isso me
lembrou da piscina do hotel onde nós ficamos em Bahamas
quando eu tinha dez anos. Eu e o meu irmão não saímos
daquele negócio a semana inteira.

Atrás da piscina havia outra estrutura, essa era mais


do tamanho de uma casa normal. Eu acho que era a casa da
piscina. Eu ouvi os passos do Jude se aproximando, mas eu
não estava pronta para ele. Ele gostava de conversar sobre as
coisas primeiro, e pensar nelas depois. Eu era exatamente o
oposto, e eu sabia, dado o tema quente, se nós
continuássemos de onde nós paramos antes de eu ter umas
duas horas para me acalmar, outra briga com gritos estaria a
caminho.

Eu posso não ter amadurecido o suficiente para evitar


gritar, mas eu era sábia o bastante para tentar evitar quando
eu pudesse. Avançando pelo quintal, eu esperava que seja
qual fosse a parte do quinta que estava atrás da próxima
virada me trouxesse algum tipo de proteção temporária ou
esconderijo. No instante que virei, eu sabia que a paz e
tranquilidade não estariam na programação de hoje.

Juntos sobre um pátio amplo estavam algumas


dezenas de corpos. Bebidas na mão, conversando uns com os
outros, eles não me notaram logo de cara. E então Jude veio
correndo, ainda gritando o meu nome.

E então eles me notaram.

— Que...

— Mer... — Quando eu comecei, o Jude terminou.


Capitulo 8
au. Nós somos terríveis dando uma festa

U
de champagne na mão.
surpresa. — Um cara que parecia que poderia
mover uma carreta avançou com um par de taças

Eu ainda estava tentando determinar se eu tinha


desembarcado em Oz quando o gigante, cujos ombros e andar
pomposo revelavam-no como um linebacker3 de partida, me
entregou um copo. Eu o peguei automaticamente, tentando
ignorar todos olhando para mim como se eu fosse um
experimento que deu errado.

— Podemos ter estragado toda a parte da surpresa,


mas nós certamente não vamos estragar a parte “festa”. — O
gigante entregou o outro copo para Jude, tirou então um
frasco do bolso da jaqueta. Desapertando a tampa, ele
levantou. — Pela nova dona e senhora deste castelo
Califórnia. Que as festas sejam selvagens e o sexo ainda
mais. — Piscando o olho de volta para nós, ele gritou, —
Saúde!

Um coro de “Saúde!” explodiu, mas eu estava além das


palavras. Mesmo de uma sílaba. Eu não estava certa sobre
essa zona nebulosa que me encontrei, mas eu queria sair.

3
Posição defensiva no jogo de futebol americano.
Agora.

— Terrell, — Jude disse vindo por trás de mim. Eu


podia sentir o calor de seu corpo, ele estava tão perto, e eu
queria tanto ter esses braços me segurando agora... então eu
me afastei alguns passos. Eu estava e não estava pronta para
seus braços em volta de mim. — Que diabos é isso? — Jude
não soava zangado, mas ele não estava feliz.

— Uma tentativa de festa surpresa, — Terrell


respondeu. — A equipe queria batizar seu novo berço
apropriadamente. E o que diz de um batismo melhor do que
trinta de seus colegas desordeiros, as suas quentes mulheres,
namoradas, amantes, encontros e tudo mais... — suas
sobrancelhas balançaram em sugestão, — Além da bebida.

Atrás de mim, Jude suspirou. Ele parecia tão cansado


quanto eu me sentia.

— Além disse, queríamos conhecer a infame Lucy. —


Terrell continuou, sorrindo para mim. — Eu sou o cara que
impede seu homem de ter sua bunda chutada, Lucy, — disse
ele, estendendo a mão. Era tão grande, que ele envolveu toda
a minha. — Nosso QB4 aqui supõe que os movimentos
extravagantes dele, e não meus, irão impedi-lo de cair, mas
vou deixar você por dentro de um pequeno segredo. — Terrell
inclinou-se. — Ele está errado.

Uma rodada de riso passou pela multidão.

— Jude faz um monte de suposições, — eu disse,


dando-lhe um olhar aguçado.
4
Quarterback.
Terrell olhou entre mim e Jude antes de pegar o copo
da mão de Jude e direcioná-lo para uma mesa com mais
garrafas de álcool do que pessoas. — Suponho que você
precisa de algo mais forte do que isso, — Jude olhou dele
para mim, mas ficou com Terrell. O Jude que eu conhecia
não teria deixado ninguém puxar ele longe de mim.
Especialmente quando eu estava chateada e desconfortável.

— Senhoras! — Terrell gritou. — Façam de Lucy uma


da gangue.

Eu fiquei lá por mais alguns instantes, sentindo como


se eu fosse a última pessoa a ser escolhida para a bola,
quando uma das meninas se afastou do jogador que estava e
se aproximou. Ela não estava vestida como as outras, que
aderiram à política de menor-é-melhor quando se trata de
escolher um vestido. Ela estava usando um vestido
transpassado arejado e sandálias douradas, e, ao contrário
do resto dos rostos femininos olhando para mim como se eu
fosse chiclete na parte inferior de um sapato, ela tinha um
sorriso no rosto. Um sorriso sincero.

— Então você é a Lucy sobre a qual Jude não consegue


parar de falar. — disse ela, em vez de apertar minha mão,
puxou-me para um abraço. Como seu sorriso, seu abraço era
verdadeiro. — É bom conhecer a garota sobre qual um cara
não consegue se calar. Lembra-me da forma como meu
marido costumava ser sobre mim antes de nós termos quatro
filhos e nos tornamos os românticos mais preguiçosos do que
nunca. — Ela fez sinal para o grupo de rapazes ao qual Jude
tinha sido escoltado. Um cara mais ou menos da altura e
peso de Jude inclinou a cerveja em nossa direção. — Eu sou
Sybill, e aquele é meu marido, Deon, bem ali.

— Ei, Lucy! — Deon inclinou a cerveja para nós


novamente. — Eu sou o que ganha o salário deles. Esses
outros posers5 só gostam de gastá-lo.

Deon recebeu uma rodada de empurrões dos


indivíduos ao seu redor.

— Está certo, baby! — Sybill disse, antes de volta sua


atenção para mim. — Então... Como você está aguentando?

Como prudente que sou, eu normalmente não


derramava minhas entranhas para estranhos, mas o sorriso
caloroso de Sybill cortou direto através de minhas regras e
restrições de derramar-entranhas. — É muito para assimilar.
— comecei. — Semanas atrás, Jude era um estudante
universitário, e agora ele vai estar jogando em milhões de
televisores em alguns meses.

— Isso certamente é muito para assimilar. — disse ela.


— Quando Deon foi convocado, estávamos nos formando na
faculdade. Eu fiz as malas e me mudei atravessando o país e,
não estou brincando, descobri que estava grávida uma
semana antes de seu primeiro jogo. — Ela riu, olhando para o
marido de uma maneira que eu estava acostumada. Era o
jeito que eu olhava para Jude. — Eu estava com tanto medo
de falar que eu não disse a ele até o jogo acabar. Nós nos
casamos um mês mais tarde e decidimos que era tão
divertido, que poderíamos muito bem ter mais três.

5
Pessoa que diz ser o que não é, ou diz fazer algo que não faz.
— Isso soa como um inferno de um monte de coisa
para absorver de uma vez, — eu disse, movendo uma garrafa
de água da mesa. — Mas olhe para você agora. — Fiz um
gesto entre eles, porque palavras eram inúteis quando se
tratava de descrever a sua ligação óbvia.

— Um casal que tem que agendar uma transa para ter


certeza de que temos tempo para fazer isso. — Ela piscou
para mim. — Mas é uma boa vida. E tenho um bom homem
que me deu quatro crianças que amo tanto que eu me sinto
um pouco doida às vezes.

Ok. Eu estaria roubando Sybill nesses eventos e não a


deixaria ir. Nunca. Nós poderíamos balançar nossos jeans e
camisetas juntas enquanto o resto das meninas pavoneariam
em torno de cetim e lantejoulas.

— Falando dos meus quatro pequeninos... —


Vasculhando a bolsa, Sybill tirou um telefone e atendeu. — O
que há Jess?

Franzindo a testa, ela apontou para o marido. — Ok, dê


a Riley um pouco de Sprite e uma bolacha de água e sal.
Estaremos em casa em meia hora.

— Pequenino doente? — adivinhei.

— Pequenino vomitando espaguete-e-almôndegas, —


disse ela. — Hey, Deon! Riley está doente. — Deon acenou e
correu para dentro.

— Sinto muito que seu homenzinho está doente. — eu


disse. — Espero que ele fique melhor logo.
— Conhecendo Riley, ele vai estar de pé e jogando Wii
no momento em que nós chegarmos em casa. — Ela acenou
para alguns dos convidados atrás, batendo no meu
antebraço. — Não deixe que as outras meninas a intimidem,
Lucy, — ela disse calmamente. — Não há muita coisa
acontecendo aqui — ela encostou em sua cabeça — ou aqui,
— sua mão se moveu para seu coração, — mas elas são
facilmente controladas. Elas são tão rasas, tudo que você tem
a fazer é dizer-lhes sobre sua bolsa nova, ou vestido, ou
implante de silicone, e você será uma da gangue. Leve elas no
papo e você estará dentro.

Olhei para onde o resto do grupo estava, então, para


Sybill, que se dirigia para dentro da casa. — Eu não acho que
quero entrar.

Ela me deu um sorriso. — É, eu também não.


Obviamente nunca fui ou serei “aquela” menina, — disse ela
com um encolher de ombros — Eu gosto de você, Lucy
Larson. Vamos ser amigas.

Foi uma forma tipo jardim de infância de colocar isso,


mas tão honesta. Uma coisa boa tinha vindo deste dia, eu
tinha uma nova amiga. — Eu gosto de você também. Amiga.

Ela acenou antes de olhar para trás para Jude. —


Agradável apartamento, QB! Sinto muito por comer e correr,
mas a vida chama.

Jude olhou entre Sybill e eu, não fazendo um bom


trabalho tanto quanto eu estava de fingir que nós não
tínhamos acabado de ter uma discussão a minutos atrás. —
Obrigado, Sybill, — ele respondeu. — Estou feliz que você
finalmente conheceu Luce.

Com Sybill fora, e Jude começando a fazer o seu


caminho em direção a mim, aquele grupo de meninas à
minha direita era uma distração bem-vinda. Eu ignorei o fato
de que seus vestidos eram tão brilhantes que, juntos, eles
criavam uma bola de discoteca coletiva. Também ignorei que
eu seria a garota de menores seios no grupo. Menor por uma
vitória esmagadora.

Tudo que eu sabia era que eu não estava pronta para


falar com Jude ainda, eu não estava pronta para deixar para
trás as coisas desagradáveis que nós dissemos um para o
outro, e eu certamente não queria uma repetição daquela
explosão. Eu passaria por isso, - eu sempre fiz, - mas não
agora.

Enquanto Jude se aproximava, eu me aproximei mais


das meninas. Eu deveria ter me lembrado de que “pular” não
era exatamente um jeito casual de fazer o seu caminho para
um grupo. Cada cabelo alisado por chapinha e loiro-platinado
virou-se para mim. Quantas vezes eu precisava estar no local
em meus 21 anos de vida? Sério?

No entanto, a minha jogada não-tão-furtiva tinha


funcionado. Jude não estava mais marchando em meu
caminho. Homem esperto.

De fora da panela, para dentro do fogo.

Diga alguma coisa, Lucy, ordenei-me enquanto todas


esperavam, olhando para mim, como se eu não pertencesse
ali. Então lembrei-me das palavras de sabedoria de Sybill. Eu
me agarrei na primeira coisa que me chamou a atenção.

— Amei seu anel, — eu disse, apontando para a garota


ao meu lado, com a mão enrolada em torno de uma taça de
champanhe.

Houve um momento de silêncio antes de um coro de


“awww’s” passar pelo grupo.

— Isso é tão doce de você dizer, — A garota do anel


disse, colocando a outra mão em seu peito. Uau. Eu tinha
visto peitos grandes em meus dias, mas essas coisas. Eles
poderia ter tido seu próprio código postal. — Chad deu-me
pelo nosso aniversário.

— Quantos anos vocês tem de casados? — Eu


perguntei, sentido-me como se estivesse nessa coisa de
pequena conversa.

— Não nosso aniversário de casamento, boba, — disse


ela, rindo como se eu fosse algo fofo.

— Oh! — eu disse. — Quantos anos vocês têm estado


juntos?

— Dois meses hoje. — Ela diz orgulhosamente.

— Vocês têm saído por dois meses, e ele deu a você


isso? — Quem quer que fosse Chad, ele era um idiota
certificado. Ou quem quer que esta menina do anel fosse, ela
era bastante talentosa no que fazia.

— Não, ela ganhou isso, porque ela está lhe fazendo


boquetes por dois meses. — a menina a minha esquerda
disse baixinho atrás de risinhos. — Ela é, obviamente, muito
boa com a boca.

Todas as garotas se juntaram com ela em risinhos,


mesmo a garota que fez os melhores boquetes do grupo,
aparentemente.

— Uau, — eu disse. — Bom para você. — Eu não tinha


outra resposta. Sybill estava certa: Não havia nada
acontecendo lá em cima, em suas cabeças.

— E você? — A menina de cabelos escuros na minha


frente saltou. — Vamos ver o seu anel.

Segurando minha mão, eu não podia evitar o sorriso


que se formou. Um que eu sempre fiz quando eu olhava para
o meu anel de noivado. Ele tinha um jeito especial de me
lembrar de Jude e meu passado, bem como a promessa do
nosso futuro. Havia uma coisa poderosa naquele anel.

— Quão grande é? — Ela perguntou.

Continuando a admirá-lo, eu disse. — Um terço de um


quilate.

Algumas risadinhas agudas, seguidas por um silêncio.


Quando eu olhei para cima, encontrei a garota de cabelo
escuro lutando com um sorriso. — Oh, — disse ela,
mostrando seu anel, que era dez, se não vinte vezes maior
que o meu. — Eu não sabia que eles faziam diamantes tão
pequenos.

Outra rodada de risadinhas. E agora eu estava irritada


mais uma vez. Pelo menos não era com Jude. Ele trabalhou a
bunda para economizar dinheiro suficiente para comprar
meu anel de noivado, e essas cadelas hipócritas que
provavelmente nunca tinham trabalhado um dia em suas
vidas estavam indo mijar no seu trabalho duro?

Yeah, não no meu turno.

— Eles vêm em todas as formas e tamanhos, — eu


disse, encontrando seu olhar com o meu. — Assim como
tipos de cérebros. — Arqueando uma sobrancelha, girei em
meus calcanhares e sai. Eu não poderia fugir rápido o
suficiente.

Parecia que eu ia ter uma amiga nesta multidão este


ano. Uma verdadeira amiga valia mais do que cinquenta
amigas da onça que riram do meu anel de noivado. Cadelas.

Depois da não-tão-casual escapada do covil das leoas,


eu vaguei pelo quintal. Desde que era mais como um parque
do que um jardim, deveria ter sido fácil encontrar um local
tranquilo.

Eu ainda podia ouvir o rugido maçante da festa quando


meu telefone soou na minha bolsa. Supondo que era Jude, eu
estava pronta para ignorar quando um número de telefone
diferente, mas um familiar apareceu na tela. Eu não estava
realmente com vontade de falar, mas a pessoa do outro lado
não era uma de longas conversas de qualquer maneira.

— Oi, Papai. — respondi, enquanto continuei a tecer


meu caminho através da paisagem. Eu tinha certeza de que
havia ainda uma outra desagradável fonte exagerada a espera
no fim do meu caminho, então troquei as direções.
— Olá, my Lucy in the Sky, — ele cumprimentou,
soando como o pai da minha infância. O pai que não tinha se
tornado um preso emocional e físico pela totalidade de minha
adolescência. — Eu só estou ligando para dizer oi e checar
como você está.

Eu sorri o maior sorriso que eu era capaz no momento.


Papai ligava toda semana, no mesmo dia, na mesma hora.
Você podia programar um relógio para as chamadas de papai.
— Oi para você, e obrigada por me checar. Estou em San
Diego visitando Jude.

Eu não ofereci nada mais. Se eu dissesse ao meu pai


sobre Jude e nossa briga na Super Mansão, ele não estaria
desligando o telefone tão cedo.

— Como está Jude? — ele perguntou ansiosamente. Eu


não era a única grande fã de Jude Ryder na família Larson.
Meu pai era o segundo nesse departamento.

— Jude está... — procurei pela palavra certa: Uma


sombra acima de louco e bebendo o California Kool-Aid6
provavelmente eram frases que eu deveria guardar para mim.
— Ele tem estado muito ocupado, pai. Eu acho que todo o
sol, as longas horas no campo e cifrões estão o deixando um
pouco louco.

Papai riu para si mesmo.

— Mais louco do que o normal, — esclareci.

6
Um drink.
— Alguma atualização da frente nupcial? — perguntou
papai, fazendo uma transição suave, não-tão-suave.

Eu gemi. — Você também, não. — eu lamentei. — Se


não é você, é mamãe. Se não é mamãe, é Jude. Se não é
Jude, é outra pessoa. O que acontece com todo mundo
querendo saber todos os detalhes sobre o nosso próximo ou
não-tão-próximo casamento? — Eu não queria ser tão mal-
humorada com o meu pai. Foi apenas um caso de pergunta
errada, na hora errada.

— Lucy in the Sky, — Papai disse, soando a imagem da


calma, — Eu não quero só saber cada detalhe do seu
casamento, próximo ou não. Eu quero saber cada detalhe de
toda a sua vida. — Eu podia ouvir aquele sorriso fraternal em
sua voz. — Mas desde que você não é mais uma aluna de
jardim de infância, que tal eu apenas resolver saber se você
está feliz?

Eu exalei. Papai tinha um jeito de me acalmar somente


com a sua voz. — Isso funciona para mim.

— Eu quis dizer isso, docinho. Sua felicidade é tudo


que eu me importo, — ele disse. — Se faz você feliz ficar noiva
pelo resto de sua vida, eu estou bem com isso. — Eu ri
vivamente. Papai pode estar bem com isso, mas conheço
outro homem que não estaria tão satisfeito. — Se um
casamento às pressas em Vegas faz você feliz, então que seja
isso.

— Obrigada, papai. — eu disse.


— O que quer que você e Jude decidam, sua mãe e eu
estamos bem com isso. — ele disse. — Ok?

Era um peso fora dos meus ombros, saber isso, mas o


problema era que eu não podia decidir o que eu queria agora.
Eu precisava de um tempo e de uma xícara de chá para me
ajudar com o meu mar de indecisão.

— Tudo bem, papai. Obrigada, isso significa muito para


mim. — eu disse.

— Bem, você significa muito para mim, Lucy in the


Sky.

Quando eu saí do banho, eu espreitei pela janela do


banheiro. Os últimos retardatários da festa tinham ido
embora. Hoje tinha sido um inferno de um dia, e eu sabia que
amanhã seria, também. Portanto, esta noite eu queria
esquecer tudo correndo em torno da minha mente e dormir
um pouco. Eu precisava fechar a porta desse dia e abrir uma
nova de manhã.

Eu tinha desligado todas as luzes na casa da piscina


na esperança de que Jude estaria muito bêbado ou muito
cansado para vir me procurar. Claro, eu sabia que isso era
uma ilusão. Eu sabia que ele viria. Eu só esperava que
quando ele fizesse, ele me daria o espaço que eu dissesse que
precisava. Jude não era o maior fã de “espaço”, dada a nossa
experiência passada com isso.

Eu estava pegando um copo do armário quando a


batida soou na porta da casa de piscina.
— Luce? Você está aí? — Sua voz era estridente.

Antes que eu tivesse a chance de responder, a porta se


abriu e ele entrou.

Seu rosto estava tão preocupado quanto sua voz tinha


soado. — Eu estive procurando por você em todos os lugares,
— disse ele, dando mais alguns passos para dentro. — O que
você está fazendo aqui fora?

Escondendo-me de você. Tentando colocar meus


pensamentos em ordem. — Quase indo dormir. — Eu
respondi, largando o copo. Água tinha soado bem até Jude
chegar. Agora, a única coisa que parecia boa, era ele.
Especialmente com o jeito que ele estava olhando para mim.

— Você está se escondendo de mim. — ele declarou,


enfiando as mãos nos bolsos.

— Não. — eu disse, apertando o laço do meu roupão. —


Eu estou me escondendo deste lugar.

O queixo de Jude apertou. — Esse lugar é a nossa


casa, Luce. É minha e sua.

— Não, Jude. Esse lugar pertence a você e a pessoa


que você quer que eu seja. Não a pessoa que eu realmente
sou.

Batendo na parede com o punho, ele caminhou em


minha direção. — Tudo bem. Esse não é o lugar que você
quer, vamos nos livrar dele. — disse ele, olhando para mim
como se eu fosse todo o seu mundo. Ele sabia que eu derretia
sob esse olhar. Fazia dias, semanas, e ele estava usando
minha falha contenção a seu favor.

Fechei os olhos e respirei lentamente para me acalmar.


Eu já podia sentir o sangue correndo em certas partes do
meu corpo por tê-lo sozinho e nesta distância. Eu não podia,
eu não iria dormir com ele até que eu tivesse trabalhado
através dessa porcaria na minha cabeça.

— Diga-me o que você quer, Luce. — ele disse, parando


a poucos pés em frente a mim. Eu podia sentir seu cheiro, eu
podia quase sentir seu gosto em meus lábios. Eu podia quase
senti-lo...

Eu balancei minha cabeça, mantendo meus olhos


fechados. — Eu não sei. — eu admiti, sentindo ele parar mais
perto.

— Diga-me o que você quer. — ele demandou, e agora


seu corpo pressionado no meu.

Droga. Minha enfraquecida determinação estava


prestes a ser uma causa perdida.

Então sua boca se moveu para o lado do meu ouvido, e


o calor da respiração dele quebrou em meu pescoço. — O
que, — ele sussurrou, — você, — seus dentes se afundaram
em minha orelha, — quer? — Seus quadris flexionaram em
mim, e quando eu senti ele duro contra mim, esse último
pedaço de contenção que eu tinha estado agarrada
escorregou direto pelos meus dedos.

Abri meus olhos. Agora que eu tinha pulado, eu estava


indo desfrutar da queda.
Eu esperei até que ele olhou para meus olhos. — Eu
quero você, — eu disse, meus dedos se movendo para seu
zíper. Eu estava muito além do ponto de preliminares. —
Aqui. Agora. — Deslizando o zíper para baixo, eu descansei
minha boca fora de sua orelha. — E duro.

Jude respirou afiado, mas isso era toda a surpresa que


ele se permitiu. Suas mãos fizeram um rápido trabalho de
desamarrar meu robe. Agarrando meus quadris, ele me
ergueu e carregou-me até a mesa. Sua boca encontrou a
minha e ele me beijou como se ele nunca tivesse me beijado
antes. Ele estava desesperado, e com fome, e quase doloroso.

Mas a dor me caiu bem. Eu precisava sentir isso agora

Depois de abrir o botão de sua calça, puxei-a para


baixo. Agarrando-o em minha mão, eu deitei de volta na
mesa. Jude olhou para mim, com seu rosto em uma mistura
de emoções. Minha mente, pela primeira vez desde esta tarde,
estava clara. E contente.

Enquanto eu o guiava para mim, ele fez uma pausa. —


Tem certeza que você está pronta? — Disse ele, sua
respiração tensa.

— Venha descobrir. — eu respondi, envolvendo minhas


pernas ao redor de sua cintura para atraí-lo mais perto.

Seu rosto enrugou quando a minha mão se moveu para


cima e para baixo, mas ele se conteve.

— Jude, — eu sussurrei, — Por favor. — Eu levantei


meus quadris até que eu podia senti-lo exatamente onde ele
deveria estar.
Movendo apenas um pouco lá dentro, ele gemeu. Eu
gemia mais alto. A tortura era uma loucura, e se ele ia jogar
agradável e lento, eu tinha acabado de modificar sua ideia.
Agradável e lento não estava na agenda para hoje à noite.

Ao mesmo tempo, eu apertei minhas pernas em volta


dele, flexionei mais os quadris, efetivamente tomando o resto
dele dentro de mim.

— Oh, Deus. — Eu suspirei, sentindo como se eu


pudesse gozar agora que ele foi todo o caminho dentro de
mim. Quando os seus quadris flexionaram, eu quase fiz.

— Merda, Luce, — disse ele, respirando pesadamente


fora da minha orelha. — Você realmente estava pronta.

Realizando essa coisa de giro do quadril que o levou até


a parede, movi a sua mão do meu quadril até que ele estava
cobrindo meu peito. — Então o que você está esperando?

Suas mãos apertaram tanto meu quadril e meu peito, e


então ele começou a mover mais seus quadris. Eu queria
duro, e isso era o que eu recebi.

Cada vez que ele empurrou para dentro de mim eu


tinha certeza que ia gozar, mas eu não fiz. Desta vez, eu era a
única esperando por ele. A mesa começou a balançar
embaixo de mim quando ele pegou o ritmo. Meus dedos
perfurando suas costas, tudo que eu podia fazer era esperar e
apreciar a forma como ele me fazia sentir.

Ouvi cada rosnado baixo quando ele deslizou para


dentro, junto com cada gemido torturado quando ele deslizou
para fora. — Venha, baby, — ele respirou, balançando em
mim mais rápido. — Eu quero sentir você gozar.

Sua mão deslizou do meu quadril mais para baixo, até


que o polegar estava circulando sobre o meu clitóris.

Eu sabia que estava perto, mas meu orgasmo veio no


instante seguinte. O corpo de Jude me tocou dentro e fora de
todas as maneiras e me mandou por cima da grande borda
tão poderosamente, eu me senti como se estivesse sendo
rasgada por dentro. Eu gritei o nome dele, sentindo o meu
músculo contrair em torno dele quando ele bateu em mim
uma última vez. Ele suspirou meu nome tantas vezes que
perdi a conta, antes de cair em cima de mim.
Capitulo 9

E
u ainda podia sentir o cheiro de Jude no meu
travesseiro, mas sua cabeça não o estava
compartilhando com a minha a noite toda. Bem, a
noite toda depois de nossa escapada sexual para fazer as
pazes em cima da mesa.

Mas ele estava perto. Sua voz fora do tom, cantando a


música tocando no rádio era um grande prêmio. Enquanto eu
rolava, um sorriso já estava no local.

Quando meus olhos pousaram na parte traseira, de


uma bunda nua, usando a máquina de café, meu sorriso
ficou mais amplo.

— Eu mencionei recentemente que bela bunda você


tem? — Eu disse, apoiando-me sobre os cotovelos, porque se
o traseiro nu de Jude estava em exposição para o meu prazer
e admiração, eu estaria indo apreciar a vista.

Ele sorriu para mim enquanto servia café em um copo.


— Só ontem à noite, quando você estava agarrando-o
enquanto gritava o meu nome.

— Minha nossa. Alguém acordou do lado arrogante da


cama esta manhã. — Eu estava tentada a ver a hora em meu
telefone, mas isso teria significado desviar o olhar. A hora
podia esperar, um Jude nu fazendo café não podia.
— Eu acordo nesse lado da cama todas as manhãs,
Luce, — disse ele, virando-se.

Como a menina má que eu era, meus olhos se


concentraram em um determinado ponto. — Sim, você
certamente acorda. — O meu sorriso não poderia esticar
ainda mais, sem doer.

— Bom dia, — disse ele, estendendo a xícara de café,


enquanto eu continuei com o meu concurso de encarar.

— Sim, é. — eu respondi, sentando-me.

— Ok, Luce, você tem que parar de olhar para mim


desse jeito, ou então eu vou me atrasar para o treino. — Ele
esperou até que meu olhar moveu-se para ele antes de me
entregar o café. Esse era provavelmente o melhor, olhar
pasmo de mulheres e vapor de copos de líquidos não vão bem
juntos.

— Se você não me quer olhando para você assim, você


deveria ter colocado algumas roupas. — levantei uma
sobrancelha para ele quando eu tomei um gole. — Obrigada
pelo café. Muito doméstico da sua parte.

Arrebatando suas boxers7 descartadas ontem à noite,


ele as subiu em posição antes de apressar-se ao meu lado. —
Eu gosto de servir você dos pés a cabeça — disse ele, os olhos
percorrendo meu corpo. — E todo o resto.

7
Cueca.
Suspirei em meu copo. — Aqui está uma dica. Se você
não quer se atrasar para o treino, você não deve dizer essas
coisas também.

Seus olhos clarearam e voltaram-se para os meus


quase que imediatamente. Como ele poderia ir de estar
encharcado de sexo em um momento para todo negócios no
próximo, eu não sabia, mas era algo que eu duvidava que eu
alguma vez seria capaz de dominar. — Você não exatamente
me deu a chance de dizer-lhe ontem à noite, já que estava
ocupada me devastando na mesa que agora se tornou
oficialmente a minha parte favorita de móveis, — ele estudou
a mesa enquanto um lento sorriso se formava, — Mas eu
sinto muito por tudo ontem, Luce. Eu queria que o dia inteiro
fosse perfeito e não poderia ter sido mais errado.

Não, ele não pôde ser. Bem, pelo menos até a noite.

Peguei a mão dele e a apertei. — Eu sinto muito,


também, — eu disse, tão familiarizada com as palavras que
eu poderia ter sido uma especialista certificada até agora. Na
história do nosso relacionamento, "Eu sinto muito", "Perdoa-
me", e "eu errei" vinham quase tão frequentemente como "eu
te amo".

— Se você não gosta da casa, tudo bem. Nós vamos


encontrar uma outra. — disse ele, colocando um braço sobre
meus ombros. — Eu quero que você seja feliz, Luce, e eu
nunca teria escolhido este lugar se achasse que ele iria
aborrecê-la.
Eu suspirei de alívio. Ontem tínhamos brigado por
causa dessa conversa. Hoje, podemos falar sobre isso com
calma e de forma construtiva. Talvez fosse assim que
precisávamos abordar esses tipos de minas terrestres no
futuro: nus e na cama.

— Eu sei disso, Jude. Isso apenas me pegou de


surpresa. Tudo está vindo para mim tão rápido, e às vezes eu
sinto como se eu não tivesse a chance de recuperar o fôlego.
— Fiz uma pausa para tomar outro gole. — Você sabe?

— Acredite em mim, eu sei, — ele respondeu com um


aceno de cabeça. — Você não precisa explicar isso para mim,
Luce. Eu entendo, e eu sinto muito que eu fiz toda essa coisa
mais difícil para você. Vou ligar para o meu agente imobiliário
esta tarde e ele vai começar a procurar um lugar diferente.
Ok? — Ele me puxou para mais perto, enfiando a minha
cabeça debaixo de seu queixo.

— Será que este agente imobiliário está procurando por


três quartos, dois banheiros? — Comecei a dizer a mim
mesma para ficar calma, então quando e se isso mudar para
o aquecimento, eu poderia controlá-lo melhor.

Jude gemeu, mas não era o seu pleno direito de um,


como ele também estava tentando acalmar a si mesmo antes
de qualquer um de nossos temperamentos esquentar. — Você
percebe quanto dinheiro eu vou fazer este ano? Certo, Luce?
E o quanto estarei fazendo a partir de agora.

— Eu sei. Eu sei. — eu disse, mordendo minha língua


para que meus próximos comentários ficassem internos. —
Mas como é que isso muda quem você é? E quem sou eu? E o
que nós queremos? — Eram, o centro de tudo isso, as
perguntas que eu precisava de respostas.

— Isso não me muda, ou você, ou o que nós queremos,


Luce. — ele disse calmamente. — Tudo que isso muda é
nosso estilo de vida. E quantos carros maneiros nós teremos
em nossa garagem de cinco carros.

Eu coloquei o meu café para baixo na mesa de


cabeceira. Ele não estava entendendo, ou eu não estava
sendo clara. Eu não queria mais carros do que eu tinha
dedos. Eu não queria mais garagens do que eu tinha cabelos
na minha cabeça. Eu queria Jude. E um teto acima de nós,
junto com um carro confiável e alimentos nos armários
estaria bom.

— Eu não quero mudar o nosso estilo de vida, — disse.


— Pensei que o nosso estilo de vida atual estava muito bem.

— É muito bom, Luce. É bom pra caralho. — disse ele,


mantendo-me perto. Este era o jeito para ter uma conversa
difícil, me segurando com força contra ele. — Mas poderia ser
muito melhor. Todas as vezes que eu queria ir para a loja de
joias e comprar a maior, e mais brilhante maldita coisa que
puder, todas as vezes que eu queria levá-la para algum
restaurante chique e pedir a coisa mais cara do menu só
porque eu queria que você tivesse o melhor. Todos os
invernos que eu queria pegar você em uma SUV, então
passaríamos o inverno todo nos divertindo. — Ele fez uma
pausa e inclinou a cabeça na cabeceira da cama. — Estou
cansado de não ser capaz de dar as coisas que você merece.

O que ele estava dizendo estava puxando meu coração,


mas isso não fez nada para aliviar a tensão que construiu
quando ele começou a falar sobre dinheiro. — Eu sei que você
está, amor. Eu sei que você está, — disse. — Mas a coisa é,
todos esses anos que você acha que estava me dando a
segunda melhor...

— Mais como a quarta melhor. — ele murmurou.

— Bem, então eu devo ser uma garota do tipo quarta


melhor, porque eu nunca me senti enganada, nem achei que
estivesse saindo perdendo.

Ficamos em silêncio por um momento, embora os


nossos pensamentos estivessem tão altos que não era
exatamente em silêncio.

— Luce? O que há sobre o dinheiro que te faz tão


desconfortável?

Merda. Ele poderia muito bem ter me colocado de volta


na mesa, pois me senti como nua e vulnerável com essa
pergunta em aberto. Jude tinha essa estranha capacidade de
cortar o papo furado e ver o que estava no coração do que eu
estava tentando esconder. Alguns dias eu amava este dom
dele. Alguns dias eu odiava.

Eu não tinha certeza que tipo de dia era ainda.

Eu inspirei e expirei, empurrando as meias-verdades


que eu estava escondendo atrás de mim, tentando chegar ao
que realmente estava me incomodando. Agora eu estava
pronta para dizer o que sentia enquanto estava perto do
coração dele. — Eu venho de um lugar onde eu sei o que é ter
muito dinheiro no banco, você nem sequer percebe que
poderia se preocupar com algo como dinheiro, — comecei,
torcendo em seus braços para que eu pudesse me enrolar
mais. — E venho de um lugar onde eu sei o que é ter tão
pouco no banco que você não tem certeza se você vai ter uma
casa para chamar de sua casa no próximo mês. Eu conheço
os altos e baixos. O dinheiro não pode fazê-lo feliz. Eu não
quero fingir que pode, ou vai.

— Luce, eu sei disso, — ele interrompeu. — Eu sei que


não posso te fazer feliz, se você já não estiver. Mas você e eu,
nós criamos algo tão fodidamente grande antes de tudo que
isso só pode ficar maior com um pouco de cha-ching8 no
banco.

— Não, — eu disse abruptamente. — Vê? É isso. Eu


não quero que meu medidor de felicidade na vida esteja
amarrado a algo como dinheiro. De maneira nenhuma. Eu os
quero separados. — levantei uma mão, estendendo-a para a
direita. — Aqui está Lucy e a montanha russa que são
minhas emoções. — Jude foi inteligente o suficiente para não
sorrir seu reconhecimento. — E aqui está o dinheiro, — eu
disse, levantando minha mão e segurando-a para a extrema
esquerda. — Eu não quero que eles estejam ligados. Nunca.

8
Som da caixa registradora, de dinheiro entrando.
— Nunquinha? Ou nunca, nunca? — Agora ele estava
sorrindo. — Porque há uma diferença.

Eu lhe dei uma cotovelada antes de responder. —


Nunca, nunca, nunca.

Ele contemplou por um momento antes de assentir. —


Ok. Acho que posso administrar isso. — Ele soou tão sincero
quanto parecia.

— Sim?

Agarrando as minhas mãos estendidas, ele beijou cada


uma. — Sim.

Quem teria imaginado que uma rodada de sexo


selvagem na mesa e uma noite de sono poderiam preparar o
caminho para uma conversa produtiva sobre algo que nós
havíamos estado gritando ontem?

Oh, sim. Homens imaginam isso. Desde o tempo do


homem das cavernas, quando mesas não eram nada mais do
que pedras planas. Até o momento que eu, como mulher,
descobri isso e comecei a usá-lo a meu favor.

— Você não precisa de mais nada? — Ele beijou minha


testa antes de rolar fora da cama. — Se eu não sair nos
próximos trinta segundos, eu vou me atrasar para o treino.

— Eu preciso... De uma coisa, — respondi, atirando o


lençol para o lado, — Mas parece que você tem lugares para
ir.

Os olhos de Jude ficaram em meu rosto, mas eu podia


dizer que estava o matando fazer isso.
— Você é cruel, Luce. Você sabia disso?

— Mm-hmm, — eu disse, rolando para o meu lado para


lhe dar uma visão melhor. Sorri quando seu olhar desviou no
menor segundo.

Batendo em suas bochechas, ele virou-se e agarrou seu


jeans. — Por que você não vai às compras ou algo assim,
enquanto eu estou no treino? — disse ele, puxando a
carteira. — Há uma porrada de lojas ao redor que estariam
ansiosas para atender uma futura esposa de um quarterback
da NFL. — Deslizando o cartão preto brilhante, ele o segurou
fora.

Puxei o lençol sobre mim.

Ele fez uma careta.

— Você estava aqui na conversa que acabamos de ter?


— perguntei, olhando para o cartão preto.

Sua careta foi para outro tom mais escuro antes de


passar. — Sim, eu estava. — Colocando o cartão de volta em
sua carteira, ele ficou ali, olhando desamparado.

Eu não queria que ele se sentisse assim. Eu sabia que


Jude queria cuidar de mim; isso estava à frente de sua mente
com tudo o que ele fez. Eu só não precisava ou queria ser
cuidada com um cartão preto brilhante.

— Você acha que eu poderia pegar emprestada sua


caminhonete? — perguntei, esperando que isso facilitasse a
sua necessidade-de-fazer-algo-para-Lucy. — Eu estava
pensando em ir para a praia e vegetar o dia todo.
— É claro, — ele disse, cavando a mão no bolso
novamente. Como previsto, ele pareceu aliviado por ser capaz
de fazer algo para mim que eu estava disposta a aceitar. —
Está com o tanque cheio, então leve aquele bebê para dar
uma volta. — Ele estendeu as chaves da sua nova
caminhonete.

Elas eram brilhantes, também.

Tudo era tão malditamente brilhante agora. Eu nunca


pensei que seria tão anti-brilho.

— Vamos lá, eu não conseguiria ver por cima do


volante daquela coisa, Jude, — eu disse, piscando para
tornar o golpe mais fácil. — Isso é, se eu fosse realmente
capaz de subir nela sem sua ajuda. Eu precisaria de um
banquinho ou uma escada.

— Você quer que eu chame um motorista ou algo assim


para você? — ele perguntou, e então seu rosto se iluminou. —
Ou por que você não vai comprar para você aquele carro
esporte novo que eu tenho vontade de te dar. Desta forma,
você pode escolher a sua própria cor.

Eu levantei minha mão e mordi minha língua. —


Obrigada. Por todas as ofertas, — disse, — Mas eu estava
pensando que eu poderia apenas ter o seu velho balde de
ferrugem.

Jude franziu a testa.

— Então, se eu cochilar na praia durante todo o dia,


não vou ter que me preocupar com algumas crianças idiotas
arranhando sua nova caminhonete. — Esta era parcialmente
a razão pela qual eu queria ter a caminhonete velha, mas
certamente não era o principal motivo.

Um flash de aborrecimento apareceu em seu rosto, mas


passou. — As chaves estão na ignição, — disse ele,
deslizando em seus jeans. — E eu só mudei o óleo e dei-lhe
uma melhorada, então você não deve ter quaisquer
problemas com o ferro velho.

Olhei para a camisa que ele estava pegando. Eu sabia


que as roupas eram a exigência, mas elas deveriam ser
exceção no caso de Jude Ryder.

— Troca de óleo? Melhorada? — Eu disse quando ele


puxou a camisa sobre a cabeça. — Esta é a caminhonete pela
qual você estava inflexível sobre demolição ontem?

Ele revirou os olhos quando ele deslizou para os seus


tênis. Pelo menos esses eram os mesmos velhos maltrapilhos
que eu estava acostumada. — Você está arrebentando as
minhas bolas, mulher.

— Eu serei sua esposa em breve, — eu disse. — Estou


só fazendo o meu trabalho.

Ele congelou a abotoadura na metade. — Em breve? —


Ele repetiu, com os olhos piscando.

Uh-oh. Não como amanhã ou na próxima semana. —


Tão breve quanto eu sou capaz disso, — eu disse, meu
coração vibrou um pouco do jeito como ele estava olhando
para mim. Com um olhar, Jude era capaz de derreter todos
os músculos antes de apertarem em antecipação.
Jude sorriu. — Eu vou aceitar isso. — disse ele, e
agora, em vez de para cima, a braguilha estava indo na
direção oposta.

Meu pulso já estava correndo. — O que você está


fazendo?

Atravessando o quarto, ele saltou para a cama. — Eu


vou me atrasar. — ele disse, antes de sua boca e corpo
cobrirem o meu.

Se havia alguma coisa que eu poderia ter me


acostumado no Sul da Califórnia? As praias e o sol. Umas
boas oito horas tinham passado quando eu tinha feito nada
mais físico do que virar de um lado para o outro. Isso, e abrir
a tampa da minha garrafa de água.

Eu poderia me ver aqui.

Agora, se o Sul da Califórnia fosse só conhecido como


um dos principais locais de dança do mundo, eu teria estado
favorável. O sol estava começando a cair no céu, mas havia
pelo menos mais uma hora boa de raios UV para absorver, e
eu não queria perder, graças a um caso grave de fome.

Para influenciar o voto saia-ou-fique, meu estômago


roncou novamente.

— Tudo bem. — eu resmunguei, fazendo uma nota


mental de que da próxima vez que eu viesse para a praia, eu
precisaria trazer mais do que uma barra de granola.
Antes que eu pudesse começar a arrumar as minhas
coisas essenciais de praia, meu telefone tocou. Eu o agarrei e
li a mensagem. “Todos os caras estavam me perguntando por
que eu tinha esse sorriso estúpido no meu rosto todo o dia.”
Seguido por uma carinha feliz. “Eu culpei você.”

“Eu levarei com prazer a culpa por esses sorrisos


estúpidos”, eu digitei, vestindo meu próprio sorriso estúpido
quando algumas memórias saltaram à mente. “Espero que
você não se importe de usar outro desses amanhã”. Seguindo
por uma carinha piscando.

Sua resposta foi instantânea. “Infernos, não”.

Eu ri e, antes que eu pudesse digitar uma resposta,


meu telefone tocou novamente. “Onde você está? Nunca é
muito cedo para começar trabalhar ou fazer aquele estúpido
sorriso de novo.”

Nunca tinha ouvido uma afirmação mais verdadeira.


Eu digitei, “Ainda na praia. E eu já estou sorrindo só de
pensar em fazer você sorrir.”

Sentei-me e joguei meu protetor solar em minha bolsa,


quando sua resposta veio. “Eu vou encontrar você e pegar o
jantar no caminho...” Sua mensagem terminou com três
pontos e, então meu telefone soou com outra mensagem. “E
eu estou sorrindo por você sorrir pensando sobre me fazer
sorrir.”

Eu ri, imaginando ele com o sorriso em sua cara,


pressionando o acelerador, e ajustando suas calças. “Já
chega de sorrir,” eu digitei. “Apresse-se, porque eu quero que
você me faça gemer.”

Como se eu estivesse em perigo de ser pega passando


bilhetes em sala de aula, eu olhei para os dois lados. Quando
sua resposta veio, eu quase pulei. “Planejando isso, Luce.”

Eu me movi no meu assento, sentindo gotejar calor em


todos os lugares certos.

Alguns assobios soaram na minha frente. Eu olhei para


cima, quando uma dupla de rapazes carregando pranchas de
surf passaram, boquiabertos

— Sim, — gritei, dando aos surfistas um olhar de


“sério?”, — São peitos!

Um deles teve a decência de afastar o olhar. O outro


apenas sorriu mais. Esse era o Jude dos dois. — Não, bebê,
— o presunçoso respondeu, — São mamilos.

Eu olhei para baixo. Merda. Sim, definitivamente eram


mamilos aparecendo para todos da Praia La Jolla ver. Maldito
Jude e todas as suas mensagens eróticas direto para os raios
do inferno.

Eu não tinha uma resposta mal-humorada, mas eu não


podia deixar o surfista ter a última palavra.

Embrulhando meu braço em volta do meu peito, eu


mostrei o dedo do meio com a outra mão.

Inclinando o queixo em resposta, ele piscou e


continuou andando.
Os homens eram criaturas irritantes. Em todas as
esferas da vida. Mesmo quando você estava sozinha,
descansando na praia.

Desnecessário dizer, que eu passei a próxima meia


hora descansando de barriga para baixo.

Pelo menos até que eu avistei uma forma familiar


arrogante em seu caminho em direção a mim. Eu levantei e
corri até ele, como se eu não tivesse o visto em meses. Ele
tinha um saco de papel e um moletom debaixo do braço e
parecia ter recém tomado banho. No entanto, o modo como
ele estava me olhando era o oposto de limpo.

— Onde está aquele sorriso estúpido que você me disse


em mensagem? — Eu disse enquanto me aproximava.

— Ele sumiu quando vi o que você estava vestindo, —


ele respondeu com firmeza. — Ou o que você não está
vestindo. — Ele correu os olhos pelo meu corpo, parecendo
que não podia decidir se desaprovava ou aprovava.

Eu sabia a forma de decidir sua mente.

Enrolando meus braços ao redor do pescoço dele, eu


levantei na ponta dos pés e dei um beijo em sua boca,
começou suave, mas não acabou dessa forma.

— Aqui, — Jude disse, cortando nosso pequeno beijo,


— Coloque isso. — Ele estendeu seu velho moletom Syracuse
e esperou.

— Por quê? — perguntei, fazendo-me de boba. Em


qualquer outra ocasião eu teria alegremente deslizado para o
extremamente grande moletom de Jude, mas não quando eu
estava sendo mandada.

— Porque você me deixou duro umas cem jardas atrás


nessa coisa. — Ele apontou para meu biquíni. — Eu não
gosto da ideia de um monte de outros caras saírem olhando
para a minha garota. — Ele balançou o moletom para mim.

Não. Não vai acontecer.

— Quem se importa? — baixei o seu braço estendido e


sorri para ele. — É só a sua ereção que consegue ir para a
cama comigo.

Jude bufou e cruzou os braços. — Diga isso para os


idiotas que estarão se masturbando para você entre os
lençóis deles hoje à noite.

O ato autoritário cresceu rápido. Eu cruzei os braços e


segurei meu chão. — Eu não sei por que você está tão
nervoso. Isto não é nem mesmo meu biquíni pequeno. — Não
era. Quando se tratava de biquínis, este era realmente
inofensivo.

Ele franziu a testa enquanto inspecionava o meu


biquíni de novo. — Tudo o que eu estou vendo é um pequeno
triângulo e um bocado de cordão, Luce. — disse ele,
parecendo torturado mais uma vez. — E você está tentando
me dizer que isso não é pequeno?

Respondi com um encolher de ombros evasivo.

— Só há uma maneira de resolver o debate de


pequeno... — Os olhos de Jude varreram de cima a baixo o
calçadão, estreitando algumas vezes ao longo do caminho. —
Eu ganhei, — ele disse, por fim. — Cada bastardo dentro da
distância de vista está olhando você, Luce.

Olhei ao redor da praia. — Nós vamos ter que


concordar em discordar, — eu disse. — Porque eu tenho
certeza que não sou eu, mas você que eles estão olhando.

Ele fez uma careta.

Ele tinha chegado a uma conclusão diferente.

— Não, não por essa razão, — eu disse, dando a ele um


leve empurrão. — Você acha que talvez, só talvez, eles estão
olhando para você porque acontece de você ser o mais novo
quarterback do Chargers?

— Isso não importaria se eu fosse Peytom Manning9, —


Jude disse, pressionando seus lábios. — Com você correndo
por aí nesse mais-cordas-do-que-biquíni, — suas mãos
gesticularam de cima a baixo para mim de novo, — Nenhum
olho estaria virado em minha direção.

Tentei segurar, mas eu não consegui evitar que o riso


saísse furtivamente. Era fofinho quando ele ficava levemente
chateado. Não era tão fofo quando ele ficava completamente
chateado.

Os olhos de Jude pegaram algo atrás de mim. — Hey,


idiota! — ele gritou, estreitando seus olhos. — A menos que
você queira estar lendo sua edição mensal da revista Playboy

9
Grande quarterback que quebrou vários recordes na NFL.
em braile pelo resto de sua vida, é melhor você virar seus
olhos agora!

Eu descansei minha mão em seu lado e corri meu


polegar em círculos lentos. Lentos, círculos calmantes. —
Você poderia ficar mais territorial? — provoquei.

— Já ouviu falar do Oriente Médio, Luce? — Disse ele,


sorrindo. — Da cabeça aos pés cobertos por camadas sobre
camadas de material. — Ele fez cócegas em meus lados. O
pior já tinha passado.

— Já ouviu falar da Europa? — Eu respondi, entre


acessos de riso. — Banho de sol de Topless? Achei que você
tinha dito uma vez que era um fã disso.

— Espertinha, — ele murmurou, antes de segurar o


moletom de volta. — Vamos lá. Coloque isso, — ele pediu. Ele
pediu. Ele não ordenou, exigiu ou comandou. Ele pediu. Bem,
ele quase implorou.

— Ok. — eu disse, porque eu não podia dizer não. Eu


agarrei o moletom dele e o vesti. Quente, confortável, e
cheirava bem como ele. Eu estava meio que considerando
levar ele amanhã, quando eu voltar para NYC10.

— Ok? — Ele estava olhando para mim como se


estivesse esperando o final da piada.

Deslizei o capuz em posição para dar ênfase. — Ok.

— Justo quando eu acho que já entendi você


totalmente, Lucy Larson, — disse ele, enrolando o braço em

10
New York City, tradução em português: Cidade de Nova York.
volta do meu pescoço e me puxando para perto, — Você vai e
faz algo totalmente inesperado. Como me ouvir.

Enfiei minha mão no bolso de trás da calça jeans dele


enquanto nós íamos em direção ao meu pequeno lugar à
beira-mar. — Ainda nas letras miúdas, ballbusting11, — eu
disse, batendo quadris com ele. — Futuras esposas são
obrigadas a manter seus futuros maridos em alfinetes e
agulhas em todos os momentos.

— Ahh, — ele disse, — Eu realmente preciso verificar


tudo nessas letras miúdas.

— Se você não conseguir ler isso, eu tenho certeza que


vou conseguir dar-lhe uma demonstração real de cada ponto
no meio do caminho. — eu disse quando nos aproximamos da
minha toalha de praia. — O que há para jantar? E por favor,
não puxe lata de caviar e uma garrafa de champanhe desse
saco ou então eu estou chamando uma intervenção.

Ele me estendeu o saco de papel. — Porque eu sabia


que isso iria... — minhas sobrancelhas levantaram. —
Absolutamente não fazer você feliz ou infeliz, porque dinheiro
não tem qualquer influência em seu medidor de felicidade, —
ele bateu as sobrancelhas, obviamente satisfeito consigo
mesmo, — Eu peguei alguns tacos de peixe de um vendedor
ambulante e um pouco de cerveja barata de um posto de
gasolina.

Ele sorriu como o diabo e sacudiu o saco. Eu o agarrei


e me sentei na toalha antes de rasga-lo. — Tacos de peixe de

11
É uma prática agressiva em que as mulheres chutam, torcem e maltratam o saco escrotal masculino.
um vendedor de rua e cerveja barata? — eu disse, não tendo
certeza se ia para a cerveja ou os tacos primeiro. Meu
estômago fez a decisão por mim. — Isso, meu amor, me faz
muito, muito feliz. — Tirei um taco embrulhado e joguei em
seu colo quando ele se sentou.

— É claro que um jantar que me custou dez dólares


faria você feliz, — ele disse, rasgando a embalagem. — Você
pode ser mais exasperante?

Essa era a pergunta de um milhão de dólares.

Pegando uma cerveja do saco, eu torci a tampa e


entreguei a ele. — Uau. Você realmente perdeu as letras
miúdas se você não sabe a resposta para isso, baby.

Ele mordeu metade do taco e revirou os olhos. — Coma


seu jantar. — disse ele com a boca cheia. — Eu posso ouvir
seu estômago reclamando daqui.

Rasgando a minha embalagem, eu o toquei antes de


dar uma mordida.

Maldição. Ok, então Cali12 poderia ser foda pelo sol,


pela praia, e pelos tacos de peixe.

— Bom? — Jude perguntou enquanto eu continuei o


caso de amor em minha boca.

Eu lembrei minhas maneiras e esperei até que eu


engoli minha comida antes de responder. — Bom é um
insulto para a grandeza desse taco de peixe. — eu dei outra
mordida enquanto Jude agarrou outra cerveja fora do saco.

12
Califórnia.
Depois de torcer a tampa, ele a tirou. — Termine com um gole
disto e a vida vai ter novo sentido depois de experimentar
isso, Luce.

Eu nem sequer espero terminar de mastigar antes de


tomar um gole. Santo orgasmo pelo paladar.

— Sim, essa é a coisa. — ele disse, batendo sua garrafa


contra a minha antes de tomar um gole.

— Eu. Amo. Você. — eu disse, dando outra mordida. —


Muito. Muito mesmo.

Enchendo a outra metade do taco em sua boca, ele


olhou para mim dessa maneira que eu já tinha me
acostumado. Como se eu fosse tudo que ele queria e tudo que
sempre vai querer. Eu não sei como seus olhos eram capazes
de expressar isto, mas eles faziam. Terminando sua enorme
mordida, ele moldou a mão contra a minha bochecha. — Eu
te amo. Muito. Pra caralho, Luce.

Inclinando-me em sua mão quente, eu toquei minha


garrafa contra a dele. — Saúde.
Capitulo 10

D
ois tacos de peixe, duas cervejas, e duas horas
mais tarde, eu ainda não estava pronta para sair.
Nem mesmo de perto dele.

— Você quer o último? — perguntou Jude, segurando


um taco.

— É todo seu. — eu disse. Lançando-me atrás dele, eu


deslizei minhas mãos para cima em sua camisa. — Você quer
uma massagem? — Não era tanto uma questão como uma
formalidade. Em quatro anos, eu nunca tinha visto Jude
negar uma massagem.

— Claro que sim. — disse ele com a boca cheia de taco


de peixe.

Aplicando pressão, eu trabalhei meus polegares para


cima dos músculos de sua coluna vertebral. Ele suspirou,
inclinando-se para o meu toque. — Será que está bom?

— Claro que sim. — Ele largou o taco e abaixou a


cabeça.

Eu pressionei meus dedos nos músculos expostos de


seu pescoço. — Que tal isso? — Eu disse, nunca tenho
certeza quanto a pressão que ele deseja aplicar. Alguns dias
era qualquer pressão, quando ele só gostava da sensação de
minhas mãos nele. Outros dias eu não conseguia punir os
músculos o suficiente. — Será que ainda está bom? — Eu
perguntei, apertando os músculos do pescoço até os ombros.

Ele gemeu. — Claro que sim.

— Parece que esta será a noite do ‘claro que sim’.

Ele pendurou no pescoço inferior, me dando melhor


acesso. — Claro que sim.

Já estava escuro por um tempo, nós tínhamos assistido


ao pôr do sol mais cedo e tinha sido uma visão incrível. Eu
sabia que nunca iria esquecer. Estava começando a entender
o que fazia com que dezenas de milhões de pessoas que
viviam aqui, fossem apaixonados pelo lugar.

— Você pode se imaginar fazendo isso todas as noites?


— Eu disse, trabalhando ao longo de um nó desagradável em
torno de seu ombro. — Tacos e cerveja barata na praia?

— Soa como uma vida fodidamente boa, Luce, —


respondeu ele. — Eu estaria completamente dentro.

— Eu vi uma pequena casa à beira-mar para alugar


um pouco mais abaixo na praia. Devemos alugá-la por
algumas noites durante as férias de Natal e então poderíamos
ver o pôr do sol todas as noites. — Tendo trabalhado com
sucesso um nó, me mudei para o próximo.

— Vendido. — disse ele. — Você, eu, Natal, praia, sol.


Onde é que eu assino?

Debrucei-me sobre seu ombro enquanto eu continuava


a massagear suas costas. — Bem aqui.
Seus lábios roçaram os meus.

— Eu não posso dizer se tudo isto aqui são nós, —


disse eu, passando atrás dele de novo, — Ou se seus
músculos estão apenas incrivelmente duros, mas você
definitivamente tem algo que precisa trabalhar para tirar.

Ele riu quando voltei a trabalhar em um nó que era tão


grande quanto o meu punho.

— O quê?

— Luce, — disse ele, pegando uma das minhas mãos e


enrolando-a em torno de sua cintura. — Eu sempre tenho
algo que precisa trabalhar para fora. — Minha mão roçou
pelo sua calça jeans, até que ele resolveu a questão sobre
algo que me senti tão duro como os músculos que eu estava
tentando aliviar.

— O trabalho de uma menina nunca termina, — disse


eu, agarrando-o.

Ele virou a cabeça, a boca procurando a minha, mas eu


tinha outros planos. Na pegada, eu puxei o capuz sobre
minha cabeça.

— O que você pensa que está fazendo? — Ele


perguntou, seus olhos ficando escuros enquanto eles
desnudavam meu corpo.

Cheguei para o centro das minhas costas, e dei-lhe um


puxão. — Eu estou indo trabalhar em algo aqui na praia.
— Aqui? — Sua voz foi uma oitava mais alta. — Não.
Não, você não está. — Suas palavras poderiam ter sido contra
ele, mas seus olhos não estavam. — Além disso, sexo na
praia é altamente superestimado.

Eu nivelei-o com o meu olhar.

— Pelo que eu ouvi, — acrescentou, dando-me um


sorriso inclinado, — A areia fica em todos os tipos de lugares
que não deveria.

Agarrando a gravata em volta do pescoço, eu puxei ele.


— Eu não estou pensando em ter sexo na areia. — eu disse,
deixando meu top cair na areia. Jude ingeriu. — Estou mais
para uma menina de água.

Sem outra palavra, eu comecei a caminhar para as


ondas trovejantes.

— Há tubarões e merdas por aí, Luce, — ele me


chamou.

Eu sorri enquanto continuei no meu caminho feliz. Até


onde ele iria me deixar ir antes que não pudesse ficar de fora?
Captando meus dedos nos fundos de meu biquíni, eu os
deslizei pelo meu corpo.

Uma vez que eles estavam jogados na praia, eu me virei


para ele.

Ele engoliu em seco novamente e se levantou. Seus


tênis já estavam fora.
— Então é melhor você vir me salvar, — Falei de volta.
— Desses tubarões e merdas do tipo.

Dei um balanço sobre a onda, e me virei em direção à


água.

Jude amaldiçoando atrás de mim, e um olhar sobre o


meu ombro revelou que ele estava tirando suas roupas tão
rapidamente quanto as roupas poderiam ser tiradas. Eu
estava de joelhos diante a temperatura da água registrada.
Frio mal descrevia. Número da nota mental de um milhão e
um: O mar é mais agradável da praia do que da água.

Senti seu sorriso em meu pescoço antes que sua língua


tomasse o seu lugar. As mãos de Jude viajaram até meu
estômago, até que encontraram os meus seios.

— Belas marquinhas. — ele respirou no meu pescoço.

— Eu trabalhei nelas durante todo o dia, — eu


respondi, deixando minha cabeça cair para trás contra ele.
Quando suas mãos e boca se moveram sobre mim, eu não
sentia mais o frio da água. Lá não havia nada, além do calor.
Um calor que era sentido profundamente em cada nervo.

Uma de suas mãos se moveu do meu peito e arrastou


para baixo do meu estômago. Quando fez uma pausa abaixo
do meu umbigo, seu dedo se moveu contra mim. Minha
respiração engatou em meus pulmões.

— E eu estou pensando em trabalhar em você a noite


toda.
Capitulo 11

E
u estava tão cansada de dizer adeus nos
aeroportos. Se Jude me pedisse para ficar com
ele, felizmente eu teria perdido meu vôo.

Pisquei e dois dias e duas noites se passaram. Eu sabia


que o próximo par de semanas antes de Jude estar
programado para voar para Nova York passaria como se cada
dia fosse um ano.

— Luce? — Jude colocou a cabeça para dentro do


caminhão depois que ele pegou minha mala da cama. — Não
que eu me importe, mas se não apressar, você vai perder o
seu voo.

Segurei meu suspiro e coloquei uma cara brava.


Lançando-me para baixo do assento, eu dei um tapinha no
volante. — Essa lata velha me traz muitas lembranças boas,
— eu disse. —Não vá desfazer-se dela enquanto eu estiver
fora.

Jude balançou a cabeça quando ele pegou minha mão


e bateu a porta. — O que você vê nesse pedaço de merda? —
disse ele, chutando o pneu traseiro enquanto andamos pela
garagem.
Sorri para mim mesma antes de responder. — Eu gosto
de coisas um pouco ásperas em torno das arestas. Além
disso, é o que está dentro que conta.

— É o que está dentro que conta, — repetiu ele. —


Quem disse isso?

— Um cara que eu conheço. — Coloquei meu ombro


debaixo do braço e envolvi meu braço atrás dele.

— Ele deve ser incrível, — disse ele, sorrindo para mim


de lado.

Eu fiz uma careta e acenei com a mão de uma forma


mais ou menos. Ele riu, verificando os dois lados antes de
cruzar a estrada para o terminal.

— Isso não é o que você estava dizendo ontem à noite,


— disse ele.

Agarrei seu lado. — Eu não estava falando muito, que


eu bem me lembre.

— Não, você não estava falando muito. Houve uma


porrada de gemidos, no entanto.

Isso lhe rendeu algumas pitadas mais difíceis.

— ‘Jude’, — ele gritou, me imitando ontem à noite. —


‘Sim! Sim! Sim! Você é incrível!’ — Eu não conseguia nem
fingir estar irritada com ele. Estava rindo tanto que um par
de lágrimas começou a vazar dos cantos dos meus olhos. —
‘Jude... Incrível... Ryder! Sim! Sim! Siiiiiimm!’
Ele estava fazendo uma cena à medida que se
aproximava da calçada do check-in, mas eu estava muito
histérica para notar. Meu gigante noivo estava pulando,
agitando, gritando, não se importando com o que ninguém
pensasse.

— Controle-se. — pedi no meio o meu riso, golpeando-


lhe o braço. — E se o que acabou de fazer é um pouco
parecido com o que eu faço durante o sexo, devo parecer um
hipopótamo prestes a dar à luz.

Deixando de lado o ‘Lucy Larson Orgásmico Show’, ele


riu comigo. — Nah. — Ele riu mais uma nota antes de sua
expressão mudar. — É a coisa mais sexy que eu já
experimentei, Luce.

Felizmente, as suas palavras não eram mais alto do


que um sussurro, mas quando nos aproximamos do balcão,
eu tinha certeza de que o calor correndo em meu rosto,
emparelhado com o sorriso torto de Jude, deu a essência do
que ele tinha acabado de sussurar em meu ouvido.

Pelo sorriso malicioso no rosto do funcionário, ele


pegou mais do que apenas a essência.

Enquanto eu esperava o meu bilhete, Jude entregou


minha mala e deu uma olhada no meu rosto. Em apenas um
mês atrás, essa dica teria pago por um filme e jantar, o
funcionário do balcão entregou-me meu bilhete, mas ele tinha
olhos para ninguém além de Jude. Eu conhecia aquele olhar,
mas era estranho compartilhá-lo com os homens de meia-
idade.

— Você é Jude Ryder. — ele disse, parecendo e agindo


como um fã intimidado. — Não é?

Enfiando as mãos nos bolsos, Jude piscou para mim.


— Jude Incrível Ryder, — ele conseguiu com uma cara séria.
Eu não poderia realizar a mesma façanha.

Chegando-se atrás de mim, Jude passou os braços em


volta de mim. — O que é tão engraçado?

Ele brincou.

Empurrando uma caneta e um jornal em nós, o pobre


rapaz parecia que estava prestes a estourar um vaso
sanguíneo. Era tão estranho o modo como as pessoas
tratavam Jude agora, como eles o idolatravam. — Posso ter o
seu autógrafo? — Sua voz estava trêmula.

— Pode apostar que sim. — respondeu Jude,


destampando a caneta enquanto o funcionário abriu a
primeira página do jornal local. Nele havia uma enorme
fotografia de um homem e uma mulher à noite. No oceano.
Mar. E bundas.

— Merda. — eu murmurei, torcendo nos braços de


Jude, esperando que ele não tivesse visto ainda.

Nada de bom viria de Jude ver isso.

Seus olhos estavam fechados na imagem, como se ele


não tivesse certeza do que estava vendo. A confusão
deslocando para a raiva com o rosto vermelho no tempo que
me levou a plantar minhas mãos em ambos os lados de seu
rosto.

— Jude. — eu disse, tentando soar calma. Tentando


manter a calma para ele, quando não senti nenhuma. Calma
era impossível, quando um foto nua frontal de mim estava
estampada em quem sabia quantos milhares de papéis. —
Está tudo bem. Acalme-se. — continuei, tentando desviar
seus olhos para se concentrar em mim. Mas ele não desviava
o olhar da imagem abaixo do título.

‘Ryder tem jogado dentro e fora do campo’.

O fotógrafo deve ter pegado a imagem certa quando ele


se juntou a mim na água e me virei. Além de seu rosto e
braços, era tudo de Jude que o estúpido tinha apanhado.
Mas comigo, eles tiveram que fazer uso da ferramenta foto-
borrão em um par de lugares.

Jude arrancou o papel da mão do homem e olhou com


raiva para ele. — Que porra é essa? — Virando, Jude enfiou o
papel na parte de trás da calça e esperou.

Uma vez que o funcionário percebeu que Jude não ia se


mover até ter uma resposta, ele encolheu os ombros. — Um
jornal. — Ele teve a decência de parecer envergonhado.

— Isso não é um jornal. — Jude disse, fervendo. Os


músculos de sua mandíbula rolaram sob minhas mãos. —
Isso é um retrato nu de minha noiva.
Caramba. Seu rosto tinha acabado de passar do
vermelho para o roxo. Logo estaríamos além do ponto onde
qualquer coisa que eu poderia fazer seria falar com ele para
se acalmar.

— Tem mais desses aí atrás? — Correndo atrás do


balcão, Jude inspecionou a área. Seguindo-o.

— Jude. — eu disse, — Pare.

— Não, não, — disse o funcionário, erguendo as mãos.


Eu poderia dizer que ele não tinha a intenção de qualquer
desrespeito quando pediu para Jude assinar uma foto nua
minha e dele, mas eu também sabia que o homem nunca,
jamais, tentaria algo como isso novamente.

— Quem mais tem um desses? — Jude exigiu depois


que ele ficou satisfeito que não houvesse mais jornais atrás
do balcão.

O homem olhou de Jude para mim com as


sobrancelhas juntas, sua expressão se transformou em algo
como, É sério que você está me perguntando isso? — Quem o
assina ou apenas comprou a edição de domingo? — Sugeriu
ele, esgueirando-se longe de Jude.

Jogada inteligente.

Só então, o olhar de Jude afastou dentro do terminal,


onde um homem em um terno estava depositando partes de
um... Merda.
Jude virou-se e correu para longe antes que eu
pudesse oferecer um sorriso de desculpas para o funcionário
dos tickets.

— Jude! — gritei quando entrei no terminal. Além de


despedidas, eu também estava cansada de fazer cenas.

Ele não olhou para trás, ele nem sequer desacelerou,


apenas manteve o radar no homem que estava levantando a
porta da máquina de venda para pegar seu jornal da manhã.

Antes que ele tivesse a chance de desdobrá-lo, Jude


estava sobre ele.

Merda, merda.

Eu estava correndo agora, também, mas ainda assim


foi uma centena de metros de distância.

Arrebatando o papel das mãos do homem, Jude se


elevou sobre ele, carrancudo como se ele fosse o único
responsável por meus dentes, mamas, e os dedos liquidados
na frente da página.

— Jude! — gritei mais alto desta vez, tentando chamar


sua atenção.

Funcionou. Seu olhar se voltou para mim por um curto


momento, mas foi suficiente. Os ombros de Jude foram
diminuindo e a raiva em seu rosto havia esmaecido enquanto
eu cheguei a ele.

Ofegante dos meus duzentos metros rasos, eu atei as


mãos em torno de seu antebraço.
— Respiração profunda para dentro, — eu instruí. —
Respire fundo para fora. Pense. — levei a minha própria
respiração, observando seu peito subir e descer. — Pense.

Quando eu estava certa de que Jude não ia martelar o


cara no chão, afrouxei meu aperto em seu braço. — Desculpe
por isso. — disse, dirigindo-se ao homem, que estava olhando
estupidamente para Jude como se ele fosse um tigre que
escapou do zoológico. No entanto, ele não parecia assustado,
apenas intrigado. Esse cara não tinha instinto de
sobrevivência nenhum.

— Posso sugerir amenizar a raiva de vocês, com um


pouco de ioga e meditação, jovem? — disse o rapaz, com uma
voz incrivelmente calma. Como se ele não tivesse apenas sido
coagido por 250kg de músculos e fúria.

Arqueando uma sobrancelha, ele inspecionou Jude


mais um momento antes de se virar e tomar sua alegre,
forma não-sobrevivência de instinto.

— Droga, Jude. — eu assobiei, arrancando o papel das


mãos. — Você poderia agir mais equilibrado?

Ele não precisa me responder. Nós dois já sabíamos a


resposta para isso.

Assistindo o homem de terno a uma certa distância,


Jude inspirou. — Você pode acreditar nisso?
— O quê? Yoga e meditação? — Eu disse, esperando
aliviar o clima. — Soa como se pudesse fazer maravilhas para
o seu temperamento.

Quando Jude virou-se para mim, os olhos estreitando


ainda mais, percebi que aliviar o humor não estava na
agenda do dia. — Não é a merda da yoga, — disse ele,
sacudindo o jornal roubado na frente do meu rosto. — Esta
merda.

Eu estremeci quando eu olhei para a foto novamente.


Esse fotógrafo não poderia ter estado em uma posição
melhor. Se o meu cabelo fosse dois tons mais claros e meus
seios três tamanhos maiores, eu poderia ter sido uma
Coelhinha da Playboy.

— Oh. — eu disse, rezando pros meus pais não verem


esse flagra. Quero dizer... foto. — Essa merda. Sim, isso é
uma merda.

— Que porra é essa? — Jude não poderia estar mais


espantado com a minha atitude blasé. Verdade seja dita, é
claro que eu estava chateada, mas o que eu poderia fazer?
Perseguir todo mundo e olhar cada maleta? Perder minha
calma não ajudaria Jude a se acalmar.

Eu precisava me controlar para ele, porque era evidente


que ele não poderia fazê-lo por si mesmo.

— Isso é uma merda. — ele repetiu, batendo a foto com


a mão. — Você está nua para todo o maldito mundo ver,
Luce. Minha noiva vai ser a fantasia de todo punheteiro da
cidade hoje. E você não tem nada mais a dizer do que ‘Isso é
uma merda’?

Contei até cinco antes de responder, porque a resposta


que queria rolar direito da minha boca não ia ajudar a
acalmá-lo. Teria feito o oposto. Calma, calma, calma, eu me
lembrei antes de responder.

— Há uma outra palavra que você gostaria que eu use


para descrevê-lo? — perguntei, trabalhando para manter
minha voz plana. — Existe alguma maneira que você gostaria
que eu agisse agora? — Bom trabalho, Lucy. Mantenha a
calma em sua gaiola. — Porque, se 'que merda' não funciona
para você, como você o descreveria?

— Isso é uma guerra. — disse ele, com os olhos ônix.

Merda. Ele definitivamente estava puto.

Puxando seu telefone do bolso, ele deu um soco em um


número, ao mesmo tempo ele colocava dinheiro na máquina
de jornais. Ele poderia estar prestes a estourar, tanto quanto
ele poderia ter estado prestes a incendiar algo. Quando Jude
estava na zona de raiva, eu nunca soube o que ele poderia
fazer. A única coisa que eu sabia era que o resultado final
não seria coisa boa.

No entanto, o que ele fez em seguida não estava nem


na minha lista top-10. Enfiando algumas moedas na
máquina, deixou cair a porta e, em vez de quebrar a máquina
em pedaços, pegou toda a pilha de jornais em seus braços.
Ok, ele estava na zona de raiva que se inclinou em direção a
mais louca do que com raiva.

Isso foi tão ruim, se não pior.

— Jude. — eu assobiei, olhando para algumas pessoas


que tinham parado para assistir ao show. — Que diabos você
está fazendo?

— Estou tomando todos os jornais desta maldita


máquina, — ele respondeu, depositando sua braçada no lixo
mais próximo possível, — E então eu vou encontrar qualquer
outra máquina de jornal no aeroporto e fazer o mesmo. E
então eu vou para cada máquina maldita de jornal na cidade
e destruir cada um destes filhos da puta até que a única
cópia que reste seja a minha própria.

Minha boca estava aberta. Ele tinha caído em algum


ponto durante seu pequeno discurso, mas eu não tinha
certeza de quando.

— Hammon. — Jude fervia no telefone. Eu senti pena


de quem estava no outro lado. — Você verificou o jornal da
manhã...? — O rosto de Jude escureceu. — Se você não for
rasgar essa porra dessa primeira página agora, você não será
meu agente na hora do almoço.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, enquanto


Hammon foi dizendo ou fazendo que o que sabia. Eu não
duvido que ele estivesse, na verdade rasgando o jornal agora.
Dado o anual salário de Jude e o contrato de vários anos,
Hammon poderia se aposentar como um homem feliz em
cinco anos, se ele jogar suas cartas direito e não mijar fora de
Jude Ryder.

— Pronto? — Jude disse, cruzando os braços.

Porra, ele realmente estava esperando enquanto


Hammon rasgou a minha foto pornográfica.

— Assim que eu desligar o telefone com você, eu quero


que você ligue para o jornal e quero que você descubra o
nome, endereço e número de telefone do editor, o
proprietário, o escritor babaca que escreveu isso, e o fotógrafo
que está prestes a ser um homem morto.

Apenas quando eu pensei que ele tinha trabalhado


além do temperamento extremo, lembrei-me como a raiva de
Jude corria profunda. Foi como um vulcão: mais latentes do
tempo, mas quando se explodia... Ele realmente explodia. O
passado fez a ira de Jude uma parte do seu presente e futuro,
era um fato. No entanto, ele teve uma escolha sobre se
deixava a raiva governar a sua vida. Até agora, ele tinha feito
um inferno de um trabalho em mantê-la contida, bem,
controlada, pelo menos. Mas agora ele estava realmente se
perdendo de um modo assustador.

— ‘Por quê?’ — Jude disse, estalando seu pescoço. —


Isso é uma pergunta que você tem certeza que quer me
perguntar?

Demorou um segundo para Hammon responder.


— É hora de ganhar sua comissão. — Desligando, ele
guardou o telefone e olhou para o chão.

Sua raiva era desenfreada. Ele perdeu todo o controle e


estava correndo em nada, mas que impulsos. O que eu
poderia dizer ou fazer para acalmá-lo? Eu sabia que nada
menos do que um milagre iria funcionar nesta fase.

Então, o que, em todo o mundo das palavras e


respostas, me levaria isso?

Talvez o pior.

— Gibão.

Jude não poderia ter parecido mais assustado do que


se eu tivesse tirado a minha roupa e começado a correr pelo
terminal.

— Gibão. — eu repeti, porque agora que eu estava indo


por este caminho insano, poderia muito bem continuar
apitando. Além disso, seus olhos já haviam aliviado para um
aço cinza.

— Luce? — Jude se aproximou e tocou a parte traseira


de sua mão contra a minha testa.

Ele passou as mãos em cima de mim como se eu fosse


um degrau abaixo de um quarto acolchoado. Teria sido
irritante se ele não estivesse tão visivelmente preocupado.

— Eu estou bem. — assegurei a ele. — Realmente.


Me puxando para ele, ele continuou a me estudar. —
Então por que você está divagando isso?

Revirei os olhos. — Gibão.

Outro lampejo de preocupação em seus olhos. —


Gibão? — Disse ele lentamente.

Acenei com a cabeça.

— Luce, que porra é um gibão?

Até agora, como era, meu plano para enganar o


monstro de Jude e devolvê-lo para sua gaiola estava
funcionando.

— É um tipo de macaco. — eu disse, passando os


braços ao redor dele. Cada músculo seu estava em estado de
alerta. — Eu costumava vê-los no zoológico quando eu era
uma garotinha.

Ele ergueu a mão. — Você sabe que eu adoraria saber


cada pequena coisa que você está disposta compartilhar
comigo, Luce, mas o que diabos um gibão ter a ver com seus
peitos estarem na primeira página do jornal?

Fingi que não estava falando com um homem alterado.

— Se você ficar quieto por um minuto para que eu


pudesse falar mais de três palavras, então você aprenderia o
que um gibão e meus seios têm em comum. — Fiz uma pausa
e estampei um sorriso para ele.
Ele ficou quieto. Jude tinha aprendido muito nos anos
que estiveram juntos.

— Lembro-me de saber que gibões são principalmente


monogâmicos. Eles escolhem um acasalam e passam o resto
de suas vidas com esse companheiro. Eles cuidam de seu
companheiro, protegem-no, limpam-no, alimentam-no. Tanto
o macho quanto a fêmea. Não há uma distinção entre sexo. —
As sobrancelhas de Jude franziram juntas. — Estes gibões
vivem em seu próprio mundinho. Eles não deixam nada, ou
qualquer outro gibão ficar no caminho do vínculo que eles
formaram. Eles vivem em sua bolha, fora do resto do mundo,
e não deixam que o que esteja acontecendo fora de sua bolha
entre.

O que diabos eu estava dizendo? Eu realmente estava


prestes a ter um total e irreversível chilique.

E então cada ruga no rosto de Jude achatou. Olhando


nos meus olhos, vi seus olhos irem de aço a cinza prata.
Quando sua mão roçou minha bochecha, eu sabia que a
minha loucura tinha apelado para a sua e, de alguma forma
conseguiu anulá-lo.

— Luce, — disse ele, com um canto da boca


transformando-se, — Você está dizendo que somos dois
gibões?

Meu sorriso se formou. Eu tinha meu Jude volta. —


Bem, você pode ser um deles. Você é um peludo.
Algumas risadas depois, sua boca caiu para a minha.
— Vem cá, minha linda, inteligente, gibão sexy.

— E calma, — acrescentei, em torno de seus beijos. —


Eu sou um gibão calmo. — Eu não poderia começar qualquer
outra coisa, porque sua boca fez as palavras impossíveis.

Quando ele me beijou, senti a tensão abandoná-lo.


Cada vez que nossas línguas se tocaram, todos os lados dos
nossos lábios, cada toque, esmaeceu sua raiva.

— Pelo menos a nova e melhorada calma Lucy Larson


ainda pode beijar o inferno fora de mim, — disse ele, depois
de pressionar um último beijo na minha testa. — Me diga
como você foi capaz de ficar sem explodir tudo?

Eu sorri para um homem sobre o ombro de Jude que


estava esperando para pegar seu jornal da manhã. Não hoje,
não agora.

— Yoga e meditação. — respondi, fazendo o meu


sorriso de Jude.

Seus olhos rolaram. — Bem, o que for responsável por


isso, acalma meu lado louco, estou orgulhoso de você, Luce.
— disse ele, antes de seus olhos vagaram pelo meu corpo. —
Sua testa enrugou. — Apesar de estar orgulhoso de você por
um lado, não entendo como você pode estar tão bem sobre
tudo isso, Luce.

Havia um monte de ‘tudo isso’ ocorrendo agora. Mais


do que o normal. — Tudo o quê?
— Uma foto nua de você estampada na primeira
página. — disse ele, mantendo a voz controlada, embora os
tendões de seu pescoço estivessem surgindo. — Suas mamas
à mostra para o mundo inteiro. Quero dizer, merda, esses são
os meus peitos. Nem todo mundo deve desfrutar.

A raiva se transformou em dor, e, no caso de Jude, que


nada em torno de nós significava algo, tudo estava em perigo
de ser destruído. Deixei-me exalar. Parecia que eu estava
segurando a respiração por dez minutos seguidos.

Falando de tempo... Se não acabar com isso logo eu ia


perder meu voo.

— Não, querido, — eu disse, olhando para eles, —


Estas são as minhas mamas. Eu apenas te dei um total
acesso a eles. — Ele fez uma meia careta, meio sorriso para
mim enquanto eu continuei. — E a única razão que eu sou
capaz de ficar bem com isso é porque eu sei que sempre vai
haver esse tipo de coisa, Jude. Você está no olho do público
em uma grande escala agora. Vai haver escândalos, ou fotos,
ou rumores, ou qualquer outra coisa que vem com ser um
quarterback figurão. — Soltando a minha mão da dele, eu
teci meus dedos com o seu. — Mesmo antes da NFL, não
havia escassez desse tipo de merda em nossas vidas.

Fiz uma pausa e deixei-o trabalhar essas palavras.


Nosso caminho nunca tinha sido bom, e, apesar de muitas
vezes eu me ver desejando por isso, o nosso futuro
provavelmente não seria. Eu percebi isso no primeiro ano
fora, escolhi e aceitei, e fiquei com minha vida... Com Jude.
Havia coisas piores do que solavancos na estrada.

Além disso, eu tinha um homem como Jude, que me


amava como se não houvesse amanhã. Solavancos na estrada
eram um pequeno sacrifício a fazer para esse tipo de amor.

— Okay. Duas coisas. — Jude disse, esfregando a parte


de trás do seu pescoço como ele gostava de fazer quando
estava trabalhando em algumas coisas. — Um, eu acredito
que quando você aceitou ser minha esposa, aquela coisa de
‘tudo que é meu é seu’, aplica-se, portanto, aos seus peitos
que são, de fato, meus. — cruzei os braços, enquanto ele
continuava andando sobre gelo fino. — Do jeito que o meu
corpo pertence a você, Luce, — acrescentou com uma
piscadela. — E dois, você está dizendo que está bem com
viver em nossa própria pequena bolha gibão?

As palavras gibão e bolha vinda da boca de Jude Ryder


deixava essa conversa muito engraçada. Mas ele quis dizer o
que disse. Sério.

— Se eu chegar a viver nessa bolha com um certo cara


que eu amo. — corri meu polegar para baixo a cicatriz em sua
bochecha. — Então sim, eu quero viver em uma bolha. — Foi
a única opção, realmente. A menos que eu quisesse ser
derrubada em alguns difíceis percalços narcóticos antes de
eu completar vinte e dois anos, Jude e eu teríamos que
descobrir uma maneira de separar-nos dos olhos do público e
do escrutínio que, com certeza, nos seguiria. — E você? Como
a bolha lhe parece?
— Com você, Luce, — disse ele, pegando a minha mão
quando ela deixava seu rosto. Segurando-a em sua boca,
beijou minha mão suavemente. Aquele beijo, pressionado
para que o pedaço de pele na minha palma, tivesse uma linha
direta com todas as terminações nervosas do meu corpo. —
Eu vou tomar qualquer tipo de vida, contanto que eu tenha
que fazer isso com você ao meu lado.

— Ao seu lado. Do seu lado. Lado a lado...

Ele levantou a mão. — Você está dizendo que você está


comigo, Luce, não importa o que venha?

— Estou dizendo que eu sempre estive com você, Ryder


— beijei um canto de sua boca, e depois o outro, — E sempre
estarei.

Seu sorriso era tão grande, que sua cicatriz


desapareceu em seu rosto. Este era o meu sorriso favorito
dele. Não porque fazia a cicatriz desaparecer, mas porque ele
deixava tudo fácil, mesmo que por alguns momentos.

Seu sorriso arrogante era meu segundo favorito.

— Você. — Ele apontou para mim antes de virar o dedo


sobre ele. — Eu. Bolha. — Seu dedo agora circulou em torno
de nós, antes de fazer um movimento sacudindo. — O
mundo.

— Parece perfeito. — respondi, meus olhos se


deslocando em direção ao posto de controle de segurança. Eu
ia perder meu vôo se eu não saísse agora. Quando olhei para
ele e vi aquele vislumbre familiar de saudade e vontade
naqueles olhos cinzentos, o meu estômago foi ao fundo do
poço.

Ok, trinta segundos.

— Três semanas. — disse ele, seguido por um gemido.

Eu gemia minha resposta.

Agarrando-me perto, ele baixou a boca no meu ouvido.


— É melhor fazer valer a pena então.

Eu fiz o meu melhor.


Capitulo 12

N
a segunda-feira seguinte, eu me encontrei em
uma situação difícil.

Não apenas porque o último dia e meio havia


passado dolorosamente lento desde a última vez que eu vi o
Jude, tanto que não parecia justo, e eu ainda tinha mais
dezenove dias para aguentar, mas porque eu estava
despreparada para o código de vestimenta em meu novo
emprego.

Eu tinha meia hora antes das oito, e eu sabia que a


única coisa pior do que aparecer para o primeiro dia mal ou
bem vestida demais, era estar atrasada. Mandei uma rápida
mensagem para a Indie, rezando para que ela tivesse alguma
ideia se a minha posição nas Indústrias Xavier era o tipo de
lugar que requeria mais uma saia e uma blusa ou era mais
calça e camisa.

Enquanto esperava pela resposta dela, eu esperava que


a empresa fosse mais do tipo algodão livre de amarrotados.

Enquanto eu estava ajeitando o meu sutiã no lugar,


meu telefone apitou.

Eu franzi a testa quando eu li a resposta dela. O


ANTON É DA VELHA GUARDA, IDIOTA DO ESTILO MAD MEN.
COMO SUA AMIGA, EU TENHO QUE TE ACONSELHAR A SE
VESTIR BEM. MAS COMO SUA IRMÃ, EU REALMENTE QUERO
QUE VOCÊ APAREÇA DE MINI-BLUSA E SANDÁLIA SÓ PARA
IRRITÁ-LO.

Eu suspirei e peguei a minha saia social preta do


cabide. Quando estava vestindo-a, meu telefone apitou com
outra mensagem da Indie. BOA SORTE, TORNE A VIDA
DELES UM INFERNO.

Eu digitei O MESMO e apertei no enviar antes de pegar


a minha camisete branca do guarda-roupa, juntamente com
meus saltos pretos.

Quando terminei de me trocar, eu me apressei para


sair do apartamento. Embora, graças ao aperto da saia, ‘se
apressar’ para ir a qualquer lugar era uma piada. O mais
rápido que eu podia ir era em um trote.

Quando cheguei ao Mazda, demorei dez minutos para


chegar ao escritório. Quando passei por um prédio familiar,
percebi que o meu novo emprego tinha outro privilégio... O
meu estúdio de dança era próximo. O tempo seria curto esse
verão, e se eu quisesse a dança como prioridade, eu teria que
criar algum tipo de programação criativa. Talvez eu pudesse
encaixar algumas manhãs antes de ir para o trabalho, ou
durante o intervalo do almoço, ou quando eu conseguir uma
ou duas horas depois do trabalho. Felizmente, a minha aula
de verão era um estudo independente, então contanto que eu
acumulasse quatro horas no estúdio toda semana, eu
passaria no curso.
Depois de verificar duas vezes o endereço do lado de
fora do prédio com o endereço e o número que eu tinha no
telefone, encontrei uma vaga no estacionamento e segui para
o meu primeiro dia de trabalho.

Eu sempre fico nervosa no primeiro dia de qualquer


coisa, mas essa manhã fui consumida por borboletas. Eu
teria pensado que estaria mais calma, já que eu meio que
conhecia o Anton, mas isso pareceu criar o efeito oposto.

Talvez porque ele fosse o irmão da Indie, e eu não


queria colocar nenhum deles em uma posição delicada se as
coisas não dessem certo, ou talvez eu estivesse nervosa
porque ‘Assistente administrativa’ soava como um trabalho
bem profissional para uma aluna universitária.

Enquanto eu estava passando pela porta giratória, meu


telefone apitou. Eu o tirei da minha bolsa. E parei no meio do
hall de entrada para que pudesse admirar a foto. Jude estava
com sua vestimenta de ginástica dentro do vestiário,
estendendo uma mão cheia de rosas. Rosas vermelhas.

O texto lia, DESCULPA NÃO PODER ESTAR AÍ PARA


ENTREGÁS-LAS PESSOALMENTE.

E só assim, o nervoso sumiu.

Uma foto e lindas palavras do Jude e eu estava tão


calma quanto eu poderia estar.

Antes de seguir em direção ao elevador, eu respondi a


mensagem, EU SOU UMA VADIA DE SORTE.
Eu tinha sorte por tantos motivos. Todos esses motivos
começando e terminando com o Jude.

Uma vez dentro do elevador, eu não pude resistir e


olhei a foto novamente. Quando desviei o olhar, algumas das
pessoas ao meu redor estavam me encarando como se elas
não conseguissem imaginar por que eu estava radiante em
uma manhã de segunda-feira. Se apenas eles soubessem.

As portas se abriram no quinto andar e eu segui pelo


corredor, ainda carregando sorrisos e alegria. Quando
cheguei a uma porta que lia, INDÚSTRIAS XAVIER, eu passei
a mão pela minha saia, endireitei meus ombros, e apenas
quando tive certeza que eu parecia como uma assistente
administrativa deveria parecer, eu abri a porta.

O escritório não era enorme, nem era excepcionalmente


acolhedor, mas era como eu imaginava que um escritório de
repartições deveria parecer. Ele tinha cheiro de máquina
copiadora, e havia até mesmo uma planta seringueira enfiada
no canto de trás de onde ficava um bebedouro.
Aparentemente, eu era a primeira a chegar, porque eu não
havia visto uma única cabeça sobre o labirinto de paredes
dos cubículos, ou computadores ligados.

As luzes estavam acesas, no entanto, e alguém havia


destrancado a porta, então eu não poderia ser o cavaleiro
solitário nas Indústrias Xavier. Dando mais alguns passos
para dentro, eu vi o que eu imaginei que seria a minha mesa,
situada do lado de fora de um grande escritório fechado.
Eu não sabia disso por causa da placa de identificação
que dizia: LUCY LARSON; nem tinha a ver com a placa de
identificação na porta atrás da minha mesa que dizia: ANTON
XAVIER. Eu sabia que era o meu espaço porque havia
dezenas de vasos espalhados pela mesa, transbordando de
rosas vermelhas.

O grande sorriso que estava começando a machucar os


meus músculos do sorriso estourou novamente quando eu
alcancei um envelope branco em um dos vasos. Para que eu
pudesse meio que estar aí pessoalmente. O bilhete estava
assinado com um, Beijos, Sr. Maravilhoso.

Por falar sobre uma ótima maneira de começar o


primeiro dia no trabalho. Fora que o papai e a mamãe haviam
me deixado um correio de voz na vinda para cá, me desejando
sorte e um ótimo primeiro dia.

— Gostaria de poder dizer que essa ideia foi minha, —


uma voz soou atrás de mim.

Eu me virei, e minha boca foi ficando escancarada. Eu


poderia estar olhando para uma versão masculina da Indie,
apenas uns dois centímetros mais alto, talvez um tom mais
escuro. Eu poderia ter confundido Anton e a Indie por gêmeos
se eu não soubesse que Anton era alguns anos mais velho.

— Que ideia? — eu disse, imaginando que se ele não ia


começar com uma saudação comum, eu não precisava
também.
— As flores. — Anton respondeu, apontando para a
minha mesa. — É o seu primeiro dia e o seu chefe não
pensou em pedir flores para te receber. Ainda bem que
alguém pensou nisso.

Decidi não mencionar que se o Anton tivesse pensado


em me mandar flores e o Jude descobrisse, Anton estaria
falando com a voz mais fina pelo resto da vida dele.

— Eu não estava certa sobre o que vestir, então eu


espero ter acertado. — eu disse, olhando para a minha roupa.
Em contraste, Anton estava com um elegante terno azul-
marinho e uma gravata listrada marrom. Eu definitivamente
estava mal vestida, se esse era o padrão.

— Você não poderia estar melhor se eu tivesse te


vestido. — ele respondeu com um sorriso.

— Ah — eu disse, desviando minha atenção dele. Ele


estava me encarando daquela maneira sem piscar, não
sexualmente, mas de uma maneira inquisitiva que me deixou
desconfortável. Eu não queria ser inspecionada. Eu queria
bater o ponto, ganhar dinheiro, e bater o ponto novamente. —
Isso é bom.

Anton veio em minha direção e estendeu sua mão. —


Que bom finalmente te conhecer pessoalmente, Lucy Larson,
— ele disse, seu sorriso tão branco e perfeito que não parecia
real. — E se eu soubesse que você era ainda mais bonita
pessoalmente do que apenas em fotos, eu nunca teria te
contratado.
Eu revirei meus olhos. Ele flertava. Tal irmão, como a
irmã.

— E por que isso? — disse, percebendo que o meu eu


espertinho iria encaixar muito bem aqui. — Porque você não
estaria mais na disputa por funcionário mais bonito aqui do
escritório?

A cabeça do Anton inclinou para trás enquanto ele ria.


Sua risada, assim como sua voz, era limpa e quase musical.
— Indie me avisou que você era esquentadinha. Pela primeira
vez, eu estou feliz que ela estava certa sobre algo. — ele disse,
seus ombros ainda mexendo. — Mas não, essa não é a razão.
Pelo menos, não a razão principal. Meu pai mantém uma
regra, e apenas uma única regra, nos negócios. Ele diz que
todo o resto pode ser dobrado ao longo do caminho se
necessário, menos uma coisa. — Ele pausou, me estudando
novamente. Eu observei as pupilas dele, e nenhuma vez elas
vagaram ao sul do meu rosto.

— O que é? — eu disse, já que ele obviamente não iria


dizer nada mais até eu perguntar.

— A regra do cinquenta/cinquenta em contratar um


assistente. — ele disse, com um dar de ombros como se fosse
de conhecimento comum.

— Isso vai ser bom.

Anton deslizou uma mão em seu bolso da calça. — Ter


certeza que ela tenha mais de cinquenta anos e cinquenta
quilos acima do peso.
— Não percebi que eu tinha vindo trabalhar com um
chauvinista. — eu disse, seguido por um suspiro exagerado.
— Por que essa é a regra número um?

Ele imitou o meu suspiro. Nós tínhamos falado


algumas frases, mas eu tinha uma sensação que eu tinha
encontrado o meu oponente. — Para que não haja tentação,
— ele disse.

Balançando minha mão esquerda na frente dele, eu


esperei que ele visse o anel em um certo dedo importante. —
No caso da Indie ter esquecido de mencionar, eu estou noiva.
Então não haverá qualquer tipo de tentação.

Anton me estudou por outro momento antes de dar um


largo sorriso.

— Fruta proibida. Querer o que o homem não pode ter.


Eu não acho que isso funcionou tão bem para o Adão e todo
aquele negócio de anjo caído. — O sorriso dele se abriu mais
enquanto ele esperava pela minha resposta. Ele estava
gostando dessa brincadeira.

Já que era o meu primeiro dia no trabalho, decidi


segurar o que eu queria dizer a ele.

— Quando você estiver pronto para me dizer o que eu


tenho que realmente fazer... — eu disse, gesticulando para a
minha mesa e computador. — Eu não me arrumei toda para
nada.
— Não. — Anton deu uma risadinha, dando a volta na
minha mesa. — Você certamente não o fez. — Passando pela
mesa, ele abriu a porta de seu escritório e caminhou para
dentro. Quando ele chegou à mesa, ele olhou de volta para
onde eu estava parada na porta. — Quando você estiver
pronta para eu te falar o que você terá que fazer de verdade...

Ele apontou para a cadeira na frente da mesa dele e


esperou.

— Eu não sabia que estávamos brincando. — eu


murmurei, apenas alto o bastante para ele ouvir.

Ele sorriu e ligou seu computador.

O escritório do Anton era elegante... Se você gostasse


do toque de modernidade de década de 60. Como a Indie
havia dito, era uma cena tirada de Mad Men, as garrafas
extravagantes de cristal de licor exibidas em uma prateleira
atrás de sua mesa. Assim como sua irmã mais nova, Anton
tinha um gosto caro.

Eu sentei-me na cadeira em frente a ele e esperei.

— Você sabe alguma coisa sobre o que nós fazemos


aqui nesse escritório? — ele perguntou, seus olhos fixados em
seu computador, todo profissional. Ele podia trocar de humor
tão rápido quanto eu.

Eu deveria ter feito uma pesquisa? Era tarde demais


agora.

— Não. — Legal. Está soando bem inteligente, Lucy.


— Eu amo uma mulher honesta. — ele disse, seus
olhos passando rapidamente sobre mim. — E uma que não se
envergonha disso.

De negócios para brincadeiras em dois segundos.


Anton iria me deixar no escuro. — E eu amo um homem que
chega ao ponto, — eu disse. — Ainda hoje.

Voltando ao seu computador, ele começou a digitar. —


Aqui está um resumo rápido sobre as Indústrias Xavier, filial
de White Plains, — ele disse, digitando furiosamente. Seus
dedos eram quase um borrão naquele teclado. — Nós somos
um centro de atendimento de suporte ao cliente aqui. Nós
temos vinte funcionários e fazemos a triagem de
aproximadamente oitocentas ligações por dia.

— Um call center? — eu estava confusa. — As


Indústrias Xavier eram uma empresa de desenvolvimento de
jogos de tabuleiro, certo? — Eu poderia ter jurado que era
isso que a Indie havia dito.

— Isso mesmo, mas desenvolver, distribuir, e vender


jogos de tabuleiros é apenas metade da batalha. A outra
metade é manter os lojistas e clientes satisfeitos. — A guerra
dele com o teclado chegou ao fim. Apertando uma última
tecla, ele se inclinou em sua cadeira de espaldar alto.

Graças aos céus eu não estava me formando em


administração, porque isso não fazia sentido para mim. —
Feliz? Não é por essa razão que eles estão comprando um de
seus jogos? Para que eles fiquem... Felizes?
— Sim, a felicidade é definitivamente um efeito
colateral desejado. No entanto, os humanos, enquanto
espécie, têm essa necessidade de denunciar ou rever ou
descarregar suas opiniões para alguém que se importa. — Ele
acenou suas mãos antes de dobrá-las por cima da mesa. — É
para isso que estamos aqui.

— Para nos importar?

Anton olhou para mim como se a minha confusão fosse


bonitinha. — Para fingir nos importar.

— C-certo — eu disse, mexendo em meu lugar. Eu


entendi porque tantos políticos tiveram origem em
administração. Eles estavam mentindo em seu caminho até o
topo por décadas. — E o meu trabalho é fingir me importar?

— Não, você não vai atender qualquer uma das ligações


dos clientes. Você vai trabalhar para mim. — Ele se inclinou
para frente. — Então o seu trabalho é se importar com
entusiasmo.

Quanto mais ele dizia, mais pelo buraco eu caía.

— Você pode definir ‘se importar’ em deveres básicos do


trabalho? — perguntei. — Como apontar lápis, fazer cópias,
esse tipo de coisa?

Abrindo uma gaveta, Anton deixou cair uma pasta


grossa na minha frente. — Para começar, eu gostaria que
você passasse por essas folhas de ligações e tome nota de
quanto tempo durou cada ligação, juntamente com quantos
minutos quem ligou teve que esperar antes de chegar a um
colega.

Olhei de boca aberta para a pasta... Ela era maior do


que qualquer livro escolar que eu já havia visto.

— É para eu terminar isso até o final do verão?

Aquele sorriso lento do Anton voltou para o lugar. ─ Eu


te darei até o almoço.

Eu estava ganhando o meu salário aqui nas Indústrias


Xavier.

Eu tinha certeza de que tinha feito um bom negócio,


mas percebi na hora do almoço que foi o Anton que tinha
feito um bom negócio.

Eu não sabia como eu tinha feito, ou quem havia


parado o tempo para eu conseguir terminar, mas eu estava
na minha última folha daquela pasta do tamanho de um
dicionário quando a porta do Anton se abriu.

— Hora do almoço. — ele anunciou, colocando seu


casaco que possuía um tipo de brilho suficiente para eu saber
que havia custado uma pequena fortuna.

Olhando para a hora no meu computador, eu senti os


meus olhos se esbugalharem. Era quase uma hora. — Ah,
cara. Eu sinto muito, Anton. Eu fiquei tão imersa nesse
projeto que eu nem reparei no horário. — eu disse, girando
na minha cadeira para encará-lo. — O que você normalmente
come no almoço? Eu vou e compro agora.

As sobrancelhas dele se juntaram como se ele tivesse


sido insultado. — Se a Indie descobrir que eu reduzi você, de
qualquer maneira, forma, ou jeito, a uma copeira com salário
bom, ela iria me escalpelar e me deixar na floresta para os
ursos.

Tampei minha caneta e a coloquei novamente no


suporte. — E se você me der novamente outro projeto como
esse e esperar que eu termine antes que o ano acabe, pode
ser que eu faça o mesmo contigo. — sorri docemente.

— Você fala com todos os seus chefes desse jeito? — ele


perguntou, inclinando-se na minha mesa.

Eu ergui uma sobrancelha. — Apenas com aqueles que


merecem.

Balançando a cabeça, Anton apontou para a porta. —


Vamos lá. Hora do almoço.

— Hein? — Outra joia brilhante da boca de Lucy


Larson.

─ Comida. Sustento. Você. Eu. ─ Ele apontou para a


porta novamente. ─ Agora.

Duas coisas me pararam de aceitar o convite do Anton


naquele momento. A primeira era o Jude. E a segunda era o
Jude. Ele era tão territorial quanto eu, e eu sabia que não
estaria de acordo se outra mulher estivesse levando-o para
almoçar por capricho.

— Acho que vou ficar e terminar isso aqui. — menti. —


Eu trouxe um lanche comigo.

— Já chega de protestar. Você lutou bem, mas é inútil,


porque eu sempre consigo o que quero. — Os olhos do Anton
brilharam, enquanto senti o meu humor implorar para virar.
— Além disso, é tradição da empresa que foi passada pelo
meu pai. Regra número dois no mundo dos negócios: Você
sempre leva o funcionário para almoçar no primeiro dia. Isso
é apenas bom para os negócios.

Várias vezes na minha vida eu havia me sentido como


uma idiota. Essa seria uma dessas vezes. Esperando que o
Anton não pensasse que eu estivesse agindo muito como uma
louca, coloquei os meus saltos novamente e me levantei.

— Longe de mim ficar no caminho das tradições


consagrados pelo tempo e bons negócios. — eu disse,
pegando minha bolsa antes de dar a volta na mesa.

Anton estava com a porta aberta e esperando. Quase


todos na cidade dos cubículos tinham voltado do almoço, e
assim como hoje de manhã, sempre que eu olhava por cima
do meu monte de papelada, eles estavam me observando.

Encarando fosse talvez uma melhor palavra.

— Ficarei com o meu celular se alguém precisar falar


comigo. — Anton anunciou antes de fechar a porta atrás de
nós. — Não se preocupe. Eles se acostumarão contigo em
alguns dias.

Eu o segui em direção ao elevador. — Com o que eles


se acostumarão? — Eu não estava ciente de que era algo ou
alguém que era necessário se acostumar.

— Eles estão um pouco deslumbrados. Não é todo dia


que você começa a trabalhar em um call center com uma
garota que namora com um dos atacantes mais falados da
Liga Nacional de Futebol Americano, e uma que acabou de
ser fotografada pel...

Ele pausou quando os meus olhos se esbugalharam


antes de se estreitar nele. Merda, merda, merda, merda,
merda. Merda no palito.

O escritório inteiro viu aquela foto?

Anton havia visto aquela foto?

Alguns dos olhares masculinos faziam um pouco mais


de sentido agora. Eles estavam me encarando como se
tivessem me visto pelada porque eles tinham, de fato, me
visto pelada.

Merda.

— Você viu? — Não era realmente uma pergunta, mas


eu precisava de confirmação.

Anton teve a decência de parecer envergonhado.

Bem nesse momento as portas do elevador se abriram.


Salvo pelo elevador.

— Você quer conversar sobre isso? — ele perguntou,


tentando, mas falhando, em não sorrir.

— Não. — eu vociferei, cruzando meus braços. Acho


que não tinha pensado que aquela foto teria se espalhado
pelo país todo. Eu deveria saber.

— Não se preocupe. Eu não olhei. — ele disse, sua voz


baixa. — Não consegui evitar que os outros vissem, mas eu
não vi. Sinto muito que isso aconteceu. — A expressão dele
demonstrava sinceridade. A primeira que eu havia visto no
Anton.

A raiva saiu em ondas de mim. — Sim, eu sinto muito


também. — eu disse quando as portas se abriram no primeiro
andar.

Sentindo que eu não queria falar sobre isso mais, ou


ele mesmo não queria mais falar nisso, Anton acenou para
alguém que passava. — Tem um lugar ótimo bem na esquina.
Eles fazem de tudo. Sopas, pães, sanduíches, esse tipo de
coisa. — Ele esperou eu passar pelas portas giratórias
primeiro. — Parece bom? — ele perguntou quando ele se
juntou a mim na calçada.

— Parece bom.

No final das contas, o café ficava na metade do


quarteirão do escritório. Embora tivesse passado do auge da
hora do almoço, o lugar ainda estava movimentado. O cheiro
de pão fresco e manjericão me atingiram com força total logo
que nós entramos.

Anton teceu um caminho até a única mesa disponível,


acenando para algumas das garçonetes atrás do balcão, que
coraram quase imediatamente. Como se esperava, Anton
gostava de flertar. Um mulherengo de marca maior.

Nós mal tomamos nossos assentos quando uma das


garçonetes sonhadoras colocou copos de água na nossa
frente.

— Ei, Anton. — ela disse, colocando o cabelo atrás da


orelha.

Eu acenei minha mão em saudação, mas eu estava


invisível.

— Ei, anjo. — ele respondeu. Quando ele olhou para


ela, você teria pensado que ela tinha acabado de morrer e ido
para o céu pelo olhar sonhador em seu rosto.

Tão rápido como ela chegou, ela saiu. Anton


obviamente deixava a maioria das garotas sem palavras.
Ainda bem que eu não era como a maioria das garotas.

— Anjo? — eu disse, dando a ele um olhar nem um


pouco impressionado. — Isso é o melhor que você pode dizer?

Ele tomou um gole de água, a expressão divertida dele


se acomodando em seu rosto. — Você está questionando a
minha jogada? — ele disse. — Porque eu tenho mais jogo do
que eu consigo manejar.
— É o que diz você e cada outro homem na história, —
eu rebati. — Mas para um homem que diz ter uma jogada
ótima, isso foi fraco. Acho que o meu namorado da sexta série
me ganhou com um ‘Ei, anjo’.

— Bem, Srta. Sabe Tudo... — Anton se inclinou para


frente... — Acontece que Angel é o nome dela. — Uma
sobrancelha subiu e ele esperou.

Eu não tinha nada. Eu não sabia nada também.


Obviamente.

— Então... — eu disse, tomando um gole d’água, — E


esse tempo hein?

Anton riu, claramente mais entretido do que insultado


pelo meu último ataque de ‘sabe-tudismo’.

— Por que você, a Indie e eu não nos juntamos e


brigamos verbalmente a noite toda? — ele disse. — Nós
vamos ter que resolver isso.

— Parece que nós já estamos fazendo isso. — eu disse,


sorrindo o meu pedido de desculpas.

— Ei, Anton. — A mesma saudação e os olhos


apaixonados, garçonete diferente.

— Oi, Mel13. — ele cumprimentou, me dando um olhar


de soslaio. — Tão doce quanto o nome. Você poderia anotar o
nosso pedido?

13
O nome dela é Honey, foi adaptado para Mel por causa da piadinha de cantadas e nomes.
Mel não ficou tão estupefata quanto a Angel havia
ficado quando o Anton nivelou o olhar nela com aqueles olhos
castanhos claros. — Ao seu serviço, — ela respondeu,
mordendo seu lábio de uma maneira sugestiva e nada
inocente.

— Lucy... — Anton acenou para mim... — Já escolheu


o que você quer?

— Eu quero a salada Caprese, por favor. — eu disse.


Mel não olhou uma vez para mim ou para longe do Anton
enquanto ela anotava o meu pedido. A equipe do restaurante
obviamente estava bebendo a água do Anton e estava sedenta
por mais.

— Anton. — Mel disse, suas pálpebras se abaixando, —


O que você gostaria?

Peguei meu copo e tomei outro gole de água. Essa


garota estava realmente se esforçando. Eu duvidava que ela
se oporia se o Anton dissesse para ela encontrá-lo no
banheiro masculino em cinco minutos.

— Qual é a sua sopa do dia? — ele perguntou,


respondendo aos seus olhares flertivos.

— Creme de tomate.

Nunca pensei que creme pudesse soar tão lascivo.

— Hum, eu vou querer isso. — ele disse. — Eu estou


vivendo no limite hoje.
— Homem selvagem. — eu disse, entregando o menu a
Mel. — Cuidado.

— Então, Lucy, — ele disse, — Já que minha irmã


nunca para de falar de você, eu sinto como se já te
conhecesse.

Eu podia apenas imaginar o que a Indie havia contado


para ele. Na verdade, eu não queria imaginar.

— Ok, eu vou tirar o chapéu de ‘chefe’ e colocar o


chapéu de ‘amigo’ e te perguntar algo que eu provavelmente
não deveria...

Ele pigarreou e se inclinou para frente.

— Me conte sobre o seu namorado...

— Noivo, — esclareci. — E a Indie te contou tudo sobre


mim e nada sobre o Jude? — A garota amava o Jude. Bem,
todas as garotas amavam o Jude, mas a Indie o amava de
uma forma platônica, não da forma faça-me gemer.

— Aqui está o que eu sei sobre o Jude através da Indie.


E essas são as palavras dela, não minhas. — ele disse,
mexendo-se em seu lugar. — Ele é ótimo, tem uma bunda
legal, e pode fazer você corar depois de quatro anos juntos.

— Indie. — suspirei. — Todas essas coisas por um


acaso são verdades, mas há muito mais no Jude do que isso.

Anton assentiu com a cabeça. — Eu espero que sim, —


ele disse. — O que fez você se apaixonar por ele?
Essa não era a conversa que eu estava esperando ter
com o meu chefe no meu primeiro dia, mas expectativas, em
minha opinião, era um esforço desperdiçado. Decepção
estava no final de cada expectativa.

— Não foi tanto o que fez eu me apaixonar por ele, —


comecei, olhando para a janela. — Era como se eu não
pudesse não me apaixonar por ele.

— Todo aquele negócio de, ‘as estrelas se alinharam e


destino predestinado’? — ele adivinhou, seu sorriso me
dizendo que ele pensou ter acertado. Mas ele estava errado.

— Não. Mais como se nós tivéssemos feito as estrelas


se realinhar e o destino não teve nada a ver com isso.

Antes que ele pudesse responder, o meu telefone tocou.

— Desculpa, — eu disse, prestes a apertar o ignorar


quando o Anton me deu um aceno.

— Atenda, — ele disse. — Você não está no horário de


trabalho, e eu ainda estou com o meu chapéu de ‘amigo’.

— Ok, — eu disse. — Eu serei rápida.

Anton assentiu e acenou para mim.

— Alô, — eu respondi, virando-me no meu assento. —


Quem fala é o Sr. Maravilhoso?

A risada baixa do Jude veio através do telefone. — Pode


acreditar, Luce, — ele disse. — Como foi o seu primeiro dia?
— Está cerca de dez vezes melhor agora, graças a esse
cara que me mandou cerca de um milhão de rosas.

— Um milhão de rosas vermelhas. — ele disse.

— Obrigada. Você é verdadeiramente incrível, tanto


dentro como fora... — Eu substituí o pigarreio da garganta
pela palavra que eu queria... — do quarto.

— Estou tão orgulhoso de você, Luce, — ele disse, por


cima de alguns gritos e gemidos ao fundo. Ele deve ter dado
uma parada durante o treino para ligar. — Um trabalho e
tanto que você arrumou.

— Espera. Você está orgulhoso agora? — eu disse,


agradecendo a Angel com um aceno quando ela deixou a
salada na minha frente. Anton a agradeceu com uma
piscadela, o que a deixou nas nuvens. — Quando isso
aconteceu?

— Quando decidi parar de ser um idiota egoísta, —


Jude respondeu. — Eu preferiria você aqui comigo para que
eu pudesse me arrastar para cama contigo toda noite? Claro
que sim. Mas se é isso que você precisa fazer, eu não preciso
entender para te apoiar durante o caminho.

Fiquei com os joelhos moles naquele momento. Ainda


bem que eu estava sentada.

— Olha como estamos maduros? — respondi, olhando


para o Anton. Ele não havia começado a sopa dele e estava
obviamente esperando por mim antes de começar.
Eu o encorajei com um aceno. Muito cavalheiro dele,
mas não tinha sentido a sopa dele esfriar enquanto eu
terminava a ligação com o Jude.

— Então o que você está fazendo agora? — Jude disse.


— Você não vai ficar em apuros se o chefe te pegar no
telefone, vai?

— O chefe já me pegou no telefone. — respondi,


sorrindo para o Anton. — Mas acho que ele não se importa, já
que ele está sentado na minha frente no almoço.

Jude ficou em silêncio do outro lado, por tanto tempo,


que eu tive que verificar que eu não havia perdido a ligação. –
Jude?

— Você está almoçando com ele? — A voz dele era


baixa, controlada.

Nada bom. — Sim?

— Sozinha? — A voz dele ainda era baixa, mas


estremeceu um pouco.

Nada bom mesmo. — Sim?

Jude exalou bruscamente. — Ele sabe que você está


noiva?

A voz dele estava fazendo eu me contorcer no lugar.


Como se eu tivesse feito algo errado.

— Sim.
Ele respirou fundo algumas vezes antes de responder.
— Me deixa falar com ele.

— Por quê? — perguntei, sabendo que era uma ideia


ruim de longe.

— Porque ele precisa de um lembrete que você está


noiva, minha noiva, — ele disse. — E, portanto, fora dos
limites para ele.

Eu olhei para o Anton. Ele ainda estava esperando


pacientemente, ignorando o cara do outro lado do telefone
que de bom grado teria passado através do alto-falante e o
estrangulado se fosse possível. Empurrei a minha cadeira
para trás e abaixei minha voz, esperando que o Anton se
tocasse e pedisse licença para ir ao banheiro ou algo assim.
— Jude, — sussurrei, — Mesmo que ele saiba ou não, aceite,
ou se importe que eu esteja noiva. Eu. Sei. — Eu disse
firmemente. — Eu sei que estou noiva, e é só com isso que
você precisa se preocupar. — lancei outro olhar ao Anton. Era
óbvio que ele estava fingindo não estar intrigado pela minha
conversa.

— Você sabe que você está noiva? — Jude disse,


fungando. — Então porque está concordando em almoços
privados com o seu chefe?

Ele estava começando a esquentar. Eu também. A


diferença foi que escolhi deixar o meu fogo brando.
Nunca pensei em ser classificada como uma das
pessoas calmas, e controladas que existem por aí, mas eu
estava começando a me surpreender.

Eu abri os meus punhos antes de responder.

— Porque eu estava faminta. Porque ele convidou.


Porque é tradição da empresa levar os novos funcionários
para almoçar. Porque não há nada remotamente íntimo entre
nós. Porque eu tinha certeza que você confiava e me apoiava
o suficiente para fazer minhas próprias escolhas sábias. E...
— certamente havia mais centenas de razões... — E porque
eu estava faminta.

Anton pigarreou. — Lucy. — ele disse, saindo de seu


assento — Eu deveria ir?

Balancei a cabeça.

— Sim. — Jude vociferou, tendo ouvido-o. — Sim, pode


apostar que ele deveria.

— Jude. — eu avisei.

— Coloque-o no telefone, Luce, — ele disse. — Eu


preciso falar com ele.

Anton se levantou para ir e eu balancei a cabeça


novamente, e apontei para o seu assento. Eu não iria deixar
essa discussão entre o Jude e eu ser resolvido por
desistência. Ele precisava confiar na minha discrição, minhas
escolhas, e minhas decisões. Ele precisava confiar em mim.
Anton sentou-se novamente hesitantemente, parecendo
tão desconfortável quanto uma pessoa poderia estar.

— Não.

— Luce. — ele respondeu.

— Jude, — eu devolvi. — Não.

Ele meio que suspirou, meio que gemeu, e ficou em


silêncio novamente. Eu estava familiarizada o bastante com a
frustração dele para saber que ele estava esfregando a nunca
agora, enquanto cada centímetro de seu rosto estava
enrugado. — Eu estou do outro lado do país, Luce.
Completamente desamparado enquanto você está almoçando
com o seu chefe que provavelmente é um bonitão de terno
que pensa que só porque todas as garotas antes de você
cederam ao charme dele, você irá também. — Eu estava feliz
que ele não estava aqui para me ver, porque um pequeno
sorriso abriu minha boca. Jude havia acertado em cheio;
Anton era um bonitão de terno. — O que você espera que eu
faça, Luce?

Essa era uma resposta fácil. E quase impossível de ser


conseguida. — Confie em mim.

Algo curto e baixinho veio da extremidade do Jude,


mas eu não entendi. Mais alguns momentos de nada. Eu
juro, metade da ligação dele havia sido em silêncio enquanto
um de nós processava o que o outro estava pensando.
Eu acho que você poderia dizer que nós finalmente nos
graduamos da Faculdade Pense Antes de Falar.

— Maldição. — ele disse baixinho.

Eu entendi totalmente essa resposta. — Viu por que


isso é tão difícil para mim?

— Sim. Eu estou começando a entender porque você


ficou tão louca em outras épocas, — ele disse, entendendo o
que eu havia me tornado ‘em outras épocas’. Psicótica,
raivosa, uma lunática que atirava-chamas-pelo-nariz teria
sido uma descrição mais precisa. — Ok, eu confio em você.
Eu não confio nele, ou em qualquer outro homem que acha
que está tudo bem levar uma mulher que está noiva de outro
homem sozinha em um almoço. Isso não é legal no meu livro.

Meu sorriso não era pequeno mais. Eu tinha a


confiança do Jude, mesmo em uma situação onde ele
realmente não queria oferecê-la. — Essa é alguma regra
masculina que eu perdi?

— Regra masculina número dois, — ele disse


solenemente. — Você não pode mexer com a mulher de outro
homem. Nunca.

— E qual é a regra número um?

— Não mexa comigo. — Só pelo tom dele, eu sabia que


aquele sorriso arrogante estava em plena floração.
— Palavras para se viver, — eu disse. — Embora eu
ache que eu mexi bastante contigo. — Em mais de um
sentido.

— Você, e apenas você, é a única exceção à regra, Luce.

— Bem, há uma exceção a todas as regras, — eu disse,


percebendo que eu já estava além de ser rude, tendo estado
tanto tempo no telefone. — A conversa foi boa, mas eu tenho
que voltar para o meu...

— Encontro.

— Almoço, — eu esclareci. — Eu te amo. Obrigada pela


ligação, as flores, e a confiança. Eu te ligo mais tarde à noite
quando a Holly e o pequeno Jude estiverem acomodados.

— Dê um abraço na Hol por mim. Você pegou a bola


para o pequeno Jude, certo?

— Eu vou, e sim. — respondi.

— Mais uma coisa. — ele disse.

— Qualquer coisa.

— Coloque ele no telefone. — ele disse, apenas


parcialmente brincando.

Eu resmunguei. — Você pode falar com ele


pessoalmente quando vier para cá, daí eu posso monitorar o
que você está dizendo.

— Estraga-prazeres. — ele murmurou.


— Te amo.

— Te amo, Luce.

Terminando a ligação, eu ofereci um sorriso


envergonhado para o Anton. — Sinto muito sobre isso.

Ele ergueu a mão, acenando como se não fosse grande


coisa.

— Não, sério. Eu sinto muito. — Meu primeiro dia no


trabalho, e eu havia acabado de discutir com meu noivo no
telefone por quase dez minutos durante o almoço. Não era
algo que me garantiria a placa de funcionária do mês a
qualquer momento em um futuro próximo.

— Foi divertido. — ele disse. — Eu não acho que vi


tanto drama assim desde que a Indie me forçou a ver a
última temporada do Na Real quando eu estava no ensino
médio.

Eu não tinha certeza se ele pretendia que isso fosse


uma brincadeira ou uma provocação, mas doeu. Não era da
conta do Anton, mas eu tinha que esclarecer as coisas. — O
Jude é dramático. Eu sou dramática. Juntos nós formamos
uma grande produção. — Cortando a minha salada Caprese,
eu dei uma mordida. Comida, até que enfim.

Anton finalmente baixou sua colher para sua sopa. Um


cavalheiro. Não era exatamente o que eu esperava de um
irmão da Indie.

— Isso não soa saudável.


Minhas sobrancelhas se juntaram. Eu não iria deixar
um cara que pensava que pedir um creme de tomate era viver
no lado selvagem me dissesse o que era e não era saudável.

— Talvez para você, mas não para mim.

Pronto. Essa era uma maneira de resumir todas as


explicações da tarde em uma única sentença.

— Me perdoe por falar o que eu penso, mas eu sou um


Xavier, — ele disse. — Como ser controlador é saudável para
qualquer um?

— O Jude não é controlador, — eu disse, dando um


suspiro. — Ele é protetor.

— Há uma diferença? — ele perguntou, saboreando


uma colher cheia de sopa. Ela provavelmente já estava fria.

— Sim, há uma diferença enorme.

Controlar é completamente diferente de proteger. Eu


estava tentada a pegar meu telefone e jogar nele.

— O Jude é protetor comigo porque ele sabe


exatamente que tipo de coisas horríveis acontece lá fora no
mundo e não quer que eu passe por nada daquilo. E se eu
passar, ele é capaz e disposto a me proteger. — tentei não
soar na defensiva. Eu gostava do Anton, mas suas perguntas
estavam começando a me incomodar. — No entanto, embora
eu saiba que ele deseja que eu deixe-o fazer isso, ele me deixa
tomar minhas próprias decisões. A única pessoa que me
controla sou eu.
Anton franziu os lábios. — Controlador, protetor,
possessivo. Eu jogaria todas essas coisas na mesma
categoria, — ele disse, me observando. — Não é saudável.

Esse cara não sabia quando recuar. Nem eu.

— No que você se formou na faculdade? — perguntei,


esperando que se eu tentasse um caminho diferente para
explicar, eu poderia ganhar essa batalha de conversação.

— Eu me formei em ciências políticas e economia, —


ele disse, parecendo não se incomodar pela minha abrupta
mudança de assunto.

— Ok, então em termos de ciências políticas... — eu


meditei, rolando os dedos sobre a mesa. Lâmpada de alerta.
— Jude não é um tirano. Ele não manda em mim ou espera
que eu obedeça cada palavra dele. Ele é mais como um
conselheiro, — eu expliquei. — Um conselheiro que não
apenas oferece bons conselhos mas que sabe quando chutar
umas bundas se necessário.

Anton tomou mais uns dois goles de sopa, enrolando.


— Então você tem todo o drama, ele é... — ele
propositadamente limpou a garganta —... Protetor, e você não
consegue me explicar exatamente por que você o ama, apenas
que você não conseguiria não amá-lo. Lucy, não me bata com
muita força, mas isso soa como uma paixão. Ou
encantamento. Não amor.

Cara, eu não estava conseguindo um descanso essa


tarde. Do Jude para o Anton, estes caras iriam fazer eu
perder a paciência. Eu inalei e contei até cinco. Não
importava o que o Anton pensava, nem importava o que
qualquer um pensava. Eu não iria deixar a dúvida se rastejar
para dentro da minha mente. Eu amava o Jude. Ele me
amava. Ele havia se provado mais de uma vez, ao longo de
quatro anos. Eu estava farta de duvidar.

— Nós teremos que concordar em discordar, — eu


disse, abaixando meu garfo, porque eu tinha terminado o
almoço e essa conversa. — Nós provavelmente deveríamos
voltar.

— Lucy, — ele disse, — Eu não quis te ofender. Eu falo


o que penso, quando na maior parte do tempo eu não deveria.

— Porque você é o irmão da Indie, meu chefe, e um


cara bem legal, acho que nós deveríamos fazer um pacto de
não falar sobre o meu relacionamento novamente. — olhei
bem nos olhos dele. — Porque eu não vou, nem por outro
segundo, deixar você tentar rebaixar o que eu e o Jude temos.
Você não nos entende. Não tem problema. Você não seria o
primeiro e com certeza você não será o último. Mas eu não
posso ser sua amiga se você continuar a dizer essas coisas.

— Você não pode ouvir nada que você não queira


ouvir?

— Não, não é isso. Com o Jude e eu, nós passamos por


mais coisas nesses quatro anos do que a maioria dos casais
passa em quatro vidas juntos. Eu entendo que as
probabilidades não estão ao nosso favor. Eu também não me
importo. — Uau, eu estava empolgada. Hora de voltar ao
normal. — Estou cansada de ouvir as pessoas nos dizer como
somos errados um para o outro. Só porque você não entende
não quer dizer que não é verdadeiro.

Anton ergueu suas mãos em rendição. Boa escolha. —


Isso é justo. Eu acho que consigo fazer isso.

— Veremos, — eu disse. Eu tinha minhas dúvidas de


como o Anton ‘conseguiria’.
Capitulo 13

P
arecia que uma manada de rinocerontes tinha
sido solta dentro do meu apartamento.

O pequeno Jude estava fazendo seu xará


orgulhoso, gritando e grunhindo como um homem das
cavernas. Eu tive um dia longo no trabalho, meus pés
estavam me matando e eu estava exausta, mas eu não
conseguia chegar ao meu apartamento rápido o suficiente.
Parecia uma eternidade desde que eu tinha alguém ansioso
para me ver quando eu chegasse a casa. Tanto tempo desde
que outras vozes que não as vindas da TV ou a minha própria
voz enchia o meu apartamento. Parando em frente a porta, eu
bati. Parecia um pouco estranho estar batendo na minha
própria porta. Até que ouvi o trotar dos pezinhos do pequeno
homem das cavernas trovejando em direção à porta.

— Tia Luce chegou! Tia Luce chegou! — Apesar de


Luce ter soado mais como Woose.

A porta abriu com tanta força que ricocheteou contra a


parede.

— Tia Luce!

Eu sustentei uma mão no meu quadril.


— Você viu um garotinho, senhor? O nome dele é
Jude, e ele tem mais ou menos esta altura.

Eu estendi minha mão na altura dos ombros dele

— O tio Jude e eu temos um presente para ele.

— Tia Luce, sou eu!

— O quê? De jeito nenhum. Você é grande demais para


ser o pequeno Jude.

Ele revirou os olhos. Nem mesmo quatro anos de idade


e a criança podia administrar um sólido revirar de olhos.

Sem duvida ele aperfeiçoou esse movimento com sua


mãe. No entanto, ele era a cara de Sawyer, o pai dele.

Tanto que quando seu rosto se ergueu para cima com


seu sorriso, eu esqueci onde eu estava e quem estava na
minha frente.

— Mamãe diz que eu estou crescendo como uma erva


daninha, e eu não sou mais o pequeno Jude. Eu sou LJ14. —
Ele declarou, se esticando e ficando um pouco mais alto.

— LJ, eh? — eu disse. — Quem disse?

— Thomas disse. — ele diz, apontando para trás, para


o apartamento.

Um estrondo, seguido por Holly, disparando uma


sequência de disparates, bobagem...

14
Little Jude, que quer dizer: Pequeno Jude.
Parecia que precisavam de mim.

— LJ é muito grande para dar aqueles abraços


realmente bons dele?

LJ levou um momento de reflexão antes de balançar o


tufo de cabelo dourado.

— Nah.

Eu abri meus braços e ele mergulhou bem entre eles.

— Bom. Porque eu estava morrendo por um bom


abraço. — Plantando um beijo em sua bochecha, me dirigi
para dentro. — Você já vai demolir o meu apartamento? —
Eu gritei para Holly, que estava furiosamente recolhendo os
antigos troféus de football de Jude que tinham sido
derrubados da prateleira.

— Eu tenho um garotinho que acredita que é um T.


rex15 na maioria do tempo. — Ela replica, colocando o último
troféu de volta no lugar. — A questão não é se esse lugar será
demolido; é quando.

Holly atravessou a sala, parecendo mais exausta do


que eu já vi. Suponho que viajar através do país com um
pequenino faça isso com uma garota.

— Você tem certeza que não quer repensar isso, Lucy?


Não é tarde demais, você sabe. Eu ainda não terminei de
desempacotar.

15
Tyranosaurus Rex
— Se você apenas pensar em ir embora, eu vou
literalmente amarrar você e te manter prisioneira. — Eu digo,
abraçando LJ mais apertado.

Dando-me um abraço de lado, Holly bagunça o cabelo


de LJ.

— Bem, este é o seu depósito de segurança e sanidade.

Aparentemente duas garotas agindo como mães


cuidando dele era seu limite. Fazendo uma careta, LJ se
contorceu para fora dos meus braços.

— Como foi a viagem?

— Foi bem melhor do que poderia ter sido graças ao


meu amigo pequeno Benadryl16.

Holly disse, vendo LJ indo direto para a cozinha.

— Hey, Thomas! Não tem nada melhor para fazer esta


noite? — perguntei em direção a cozinha. Eu não tinha
percebido que ele ficou ao redor depois de pegar Holly e Jude
no aeroporto quando entrei, mas Holly e LJ tinham um jeito
de conseguir a atenção das pessoas.

Balançando uma colher no ar, Thomas sorriu. — Eu


disse a Holly que eu poderia ficar por aqui e relaxar com LJ
enquanto ela se estabelece. — Ele disse, bem antes de LJ
agarrar as pernas dele.

— Jude Michael Reed! — Holly gritou. Droga, ela


tinha o tom de mãe tão certo que eu estremeci. — Se você não
16
Remédio infantil para Alergia.
se acalmar e começar a agir como o doce, e bom garotinho
que eu sei que pode ser, o pobre Thomas nunca voltará para
nos ver.

Os olhos de Thomas deslocaram-se para Holly, e


mesmo eles sendo marrom escuro, eu teria julgado que eles
ficaram um pouco suaves. Holly já tinha deixado uma
impressão nele. Ele balançou a colher de novo.

— Eu tenho três irmãozinhos, então eu garanto a você,


não há nada que ele possa fazer comigo que já não tenham
feito.

Desligando o fogo, Thomas pegou LJ e o jogou por


sobre seu ombro antes de galopar ao redor da sala em
círculos.

Pobres vizinhos no andar de baixo.

— Então esse é seu parceiro de dança? — Holly diz,


assistindo os dois pulando e gritando ao redor da sala.

— É ele.

— Eu posso ver por que Jude virou um idiota quando


ele o encontrou despindo você. — Ela diz, voltando para a sua
mala.

— Isso não é exatamente uma revelação, Holly. Jude


iria, e irá virar um idiota sobre qualquer coisa que lembre
remotamente um homem e que tente me ajudar a me despir.
— Eu a sigo e sento no sofá.
— Yeah, mas Thomas é fofo. — Ela diz, roubando um
olhar para ele.

Minhas sobrancelhas se juntam. Thomas era bom de


se olhar de uma bela forma.

Cabelo preto e longo, olhos quase tão escuros quanto, e


pele de alabastro impecável. Ele era suave para os olhos e
tinha prendido a atenção de mais da maioria das dançarinas
na escola, mas a definição de fofo delas e fofo de Holly não se
parecem,e não parecia que iriam se alinhar.

Holly estava mais na mesma página que eu: ela gostava


do brusco, áspero, bonito, tipo todo-macho.

— Você pensa que Thomas é fofo? — perguntei.

— Você não?

Eu encolho os ombros, vendo Thomas e LJ agora


lutando no chão.

— Sim. Mas...

— Sim, Sim, eu sei, — Holly interrompeu. — Ele joga


no outro time. Isso é óbvio. Olha o quão atencioso ele é, como
ele se veste bem, e como seus olhos nunca vagam abaixo do
meu pescoço.

Eu estava prestes a esclarecê-la quanto à orientação


sexual de Thomas quando LJ veio como um alarme de
incêndio. Eu faço uma nota metal de pegar algum Excedrin17
na próxima vez que estivesse na loja.

— Tia Luce, isso é para mim? — ele perguntou. Bem,


ele gritou.

— LJ. Você estava mexendo nas coisas da Tia Lucy? —


Holly disse enquanto ele corria em nossa direção com o
presente na mão. Jude até mesmo tinha embrulhado com
papel amarelo e azul.

— Estava no quarto dela. — ele disse, girando o


presente em suas mãos.

— O que você estava fazendo no quarto dela? Eu disse


que o quarto da Lucy está fora do limite.

— Eu esqueci de te dizer. — Eu digo, pegando LJ e


jogando-o em meu colo.

— Vocês irão ficar com meu quarto e eu ficarei aqui


fora.

— O quê? — Holly diz, como se ela tivesse ouvido


errado. — Não. De forma alguma, Lucy Larson. Nós viemos
sob um entendimento que não seríamos um inconveniente
para você, não queremos que se desloque por nós.

Thomas cai bem ao meu lado. O cabelo dele parece que


girou num liquidificador algumas vezes.

— Você irá me escutar uma vez, sua pirralha teimosa?


Você e LJ ficarão com meu quarto. Ele precisa de um lugar
17
Remédio para dor de cabeça.
calmo onde possa dormir, e há dois de vocês. Eu já
encomendei um colchão de solteiro e um par de divisórias de
quarto para colocar aqui para mim, então está feito. — Eu
arqueio uma sobrancelha e espero. Holly gosta de discutir
comigo tanto quanto Jude gosta. Embora o que ela fez depois
eu não estava esperando.

Eu estava pronta para mais cinco rodadas desse vai-e-


vem. Em vez disso, ela se jogou ao meu lado e me puxou para
um abraço que estava tão apertado que quase cortou minhas
vias respiratórias.

— Não sei o que eu teria feito sem você e Jude. — Ela


fungou no meu cabelo. Eu nunca a tinha visto chorar. De
fato, eu havia chegado à conclusão de que ela não podia
chorar.

— Você ficaria bem, Holly. — Eu a assegurei, assim


como Jude e eu fizemos quando ela tentou nos dar mais
crédito do que merecíamos. Holly tinha atravessado o Nilo
proverbial todo por conta própria, Jude e eu estivemos
apenas ali para fornecer um pouco de ajuda pelo caminho.

Acariciando suas costas algumas vezes, eu pisquei


para LJ.

— Bem. Você vai ficar encarando essa coisa a noite


toda ou você vai rasgar o embrulho?

O rosto dele se iluminou bem antes de um furacão de


papel rasgado voar pelo ar.
— Uma bola de futebol! — ele disse, pulando para cima
e para baixo. — Uma bola de futebol de verdade. Não uma
para bebês.

Arqueando o braço para trás, ele lançou-a diretamente


no estômago de Thomas. Thomas resmungou, desastrado
com a bola, como se ele não soubesse se devia jogá-la ou
piruetar com ela.

— Santo snickies.18 — Holly diz, examinando a bola


nas mãos de Thomas. — Tem assinaturas nessa coisa?

— Snickies, sim. — respondo, percebendo que eu teria


de vigiar minha boca agora que um inocente conjunto de
orelhas estava por perto. Isso, mais do que qualquer coisa,
pareceu que seria a parte mais difícil dessa situação.

— Como as assinaturas de um certo Jude Ryder e o


resto de seus colegas do time?

Holly estava boquiaberta com a bola agora.

Eu atiro para ela um sorriso malicioso. — Não. Jude


Ryder e o resto dos membros do Bad Boys Club.

— Nessa caso, — ela disse com um sorriso lento, —


Onde estão os números de telefone?

Thomas estendeu a bola para LJ antes de saltar em pé


do sofá. Concentrando sua atenção na porta, ele se moveu.

— É melhor eu voltar, — ele diz. — Tenho uma hora de


estrada pela frente.
18
Time de futebol americano.
Holly e eu trocamos olhares. Thomas parecia pronto
para passar a noite no sofá, e agora ele não podia sair daqui
rápido o suficiente.

Pulando em pé, eu o segui. — Obrigada de novo,


Thomas. — eu disse, abrindo a porta para ele. Devo-lhe
muito.

Ele pausa no caminho para a porta e olha para onde LJ


estava jogando sua bola para Holly.

— Não, você não deve. Eu não tenho me divertido tanto


assim desde a noite do karaokê, quando você cantou uma
versão bêbada de ‘Hey Jude’ antes de cair do palco.

Eu fiz uma careta para ele. Essa foi uma noite que eu
não gostava de lembrar. Jude estivera na cidade naquele fim
de semana, e o bartender esteve com uma mão pesada nas
minhas bebidas naquela noite. O resultado não foi bonito.

Thomas ainda não conseguia tirar seus olhos de Holly,


então comecei a bolar um plano.

— E que tal se você me deixar preparar seu jantar


sexta de noite, então? Como uma forma de expressar meus
agradecimentos eternos.

Esperei enquanto ele trabalhava algo em sua cabeça.

— Vamos lá. Você pode passar a noite aqui, então você


não terá que se preocupar em dirigir tarde da noite.

Seus olhos se arregalaram com isso. — Tem certeza?


— Hol. — chamei por sobre meu ombro, — Você tem
certeza de que queremos que Thomas venha jantar aqui
sexta?

Depois de lançar a bola para os braços de LJ, ela olhou


para nós. E eu jurei que ouvi uma aceleração do coração de
Thomas.

— Sete horas. — ela diz — Não se atrase.

Sorri vitoriosa para Thomas e aguardei.

— É um encontro. — ele diz enfim, antes de seu rosto


ficar vermelho. — Quero dizer, é um jantar. Um jantar
encontro…— Um outro tom de vermelho. — Sexta é o
encontro, e jantar é o evento. — Estremecendo, ele se vira. —
Eu vou morrer agora

— Obrigada por tudo! — Holly gritou enquanto ela


vinha para o hall, — Foi bom conhecê-lo Thomas.

Ele coloca a cabeça dentro do apartamento. — Foi legal


conhecê-la, Holly.

Ela atirou para ele um sorriso que fez o pobre garoto ir


para um tom mais escuro. Dando-me um aceno, Thomas se
apressou para descer as escadas. Ele só não fez isso duas
portas abaixo antes que tropeçasse... Em seus próprios pés.

— Você está bem aí embaixo, Grace? — perguntei


enquanto ele se impediu de cair.
— Eu não estou exatamente me sentindo como eu
mesmo essa noite. — ele responde, olhando para seus pés
como se eles o tivessem traído.

— Eu me pergunto por quê. — dou a ele um sorriso


torto.

Ele balança a cabeça. — Boa noite, Lucy.

— Boa noite, Grace.

Ele me dá um ‘joinha’ com as mãos antes de descer o


resto de uma vez só. Eu nunca vi Thomas viajar desse jeito,
nem uma vez em nossos três anos de performances juntos.

— O que você fez com o garoto? — perguntei assim que


fechei a porta.

— O fiz pensar duas vezes sobre ter filhos. — Holly diz,


voltando ao trabalho de desempacotar sua mala.

— Não, ele foi picado pelo mosquito Holly tão forte


que…

— Jude! — Holly gritou, correndo até onde LJ estava na


frente do meu vaso de samambaia. Sua calça estava ao redor
dos tornozelos. — Por favor, por favor, por favor, não me diga
que você acabou de fazer xixi na planta da tia Lucy.

LJ levantou suas calças e fez careta. — Ela parecia com


sede.

Eu explodi em risadas, mas fui silenciada rapidamente


quando Holly voltou seu olhar poderoso para mim.
Dando-me um olhar que dizia ‘Ria apenas mais uma
vez, eu te desafio’ ela marchou para LJ.

— Onde você supostamente deveria ir?

— Ao banheiro. — LJ disse, como se fosse obvio.

— Especificamente.

— Ao vaso. — Ele acenou.

— Então por que você acaba de fazer xixi na planta da


tia Luce?

— Eu te disse. Ela estava com sede.

Intervenção de tia em ação. Pegando o regador de um


canto, eu segui para onde HOLLY se erguia sobre LJ.

— Você está certo; ela estava com sede. Mas eu sei que
minha pequena samambaia é alérgica a xixi de garotinhos. —
dei uma cotovelada em Holly antes que ela me desse uma
cotovelada de volta, — Então da próxima vez que ela estiver
com sede, você pode usar isso para dar um pouco de água. —
Eu estendi o regador para LJ. — Esse será seu trabalho aqui.
Manter a planta feliz e saudável. Acha que consegue fazer
isso?

LJ inspecionou o regador, girando algumas vezes antes


de assentir.

— Yeah. Eu vou cuidar da planta, Tia Luce. — ele


disse, soando tão solene quanto um garoto de quase quatro
anos de idade poderia soar.
Então seus olhos foram para a TV na frente do e sofá e
eles se iluminaram.

— Mãe? Posso assistir Yo Gabba Gabba19!?

Holly checou o relógio na parede da cozinha. — Vá lá.

Depois de colocar cuidadosamente o regador ao lado da


planta, LJ saltou para a TV e agarrou o controle remoto.

— Ele precisa de ajuda com isso? — perguntei.

— Está brincando? Ele sabe quando e em que canal


passa Yo Gabba Gabba! desde que tinha dois anos. — ela
disse, olhando da planta para mim. — Desculpe-me sobre
isso. Como eu disse, um pequeno homem da caverna.

— Não se preocupe. — Eu disse — E se isso faz você se


sentir melhor, eu tenho bastante certeza que essa não foi a
primeira vez que urinaram ali. Eu estou quase certa de que
Jude teve a honra após tomarmos um par de garrafas de
champagne no ano novo e o banheiro estava longe demais
para ir quando ele precisou.

— Homens. — Holly diz, franzindo o nariz para a


planta. — Eles procuram por qualquer desculpa que possam
para tirar aquela coisa fora da calça. Idade não é um fator.
Obviamente. — Seus olhos pousaram em LJ, que estava
extasiado por um programa que parecia se passar durante
uma jornada amarga.

19
Programa educativo exibido pela Disney.
— Vamos lá. Vamos levar suas coisas para o quarto
assim vocês podem dormir um pouco. — Eu disse, pegando
outra mala deles. — Tenho certeza que você está batida.

— Como um saco de pancadas. — ela disse, agarrando


outra mala e me seguindo. — Tia Lucy e eu iremos terminar
de desempacotar. Deixe-me saber se você precisar de algo,
LJ.

— Os brownies estão prontos? — LJ perguntou, seus


olhos colados na TV.

Holly olha para o relógio do microondas. — Outros


vinte minutos.

— Tá. — ele disse, soando como se vinte minutos fosse


uma eternidade. — Eu te amo, mamãe.

Todas as linhas de tensão no rosto de Holly


desapareceram.

— Eu te amo, Jude.

— É LJ. — ele diz, olhando para longe apenas por


tempo suficiente para encontrar o olhar de Holly.

— Desculpa, eu esqueci. — ela diz. — Eu amo você, LJ.

Droga. A Criança poderia fazer xixi em toda e qualquer


superfície do apartamento se ele continuar a dizer coisas
assim. Eu me senti completa novamente. A maior parte. Eu
sabia que não importava quantas pessoas eu colocasse no
lugar, nunca seria o suficiente para encher o vazio que Jude
deixou para trás... Ninguém poderia preencher exceto ele.
Com a mala em cima da cama, eu abri e comecei a
trabalhar, eu já havia colocado lençóis limpos e esvaziado o
armário e as gavetas para Holly e LJ.

— Lucy, eu ainda não me sinto bem pegando o seu


quarto. — Holly diz, jogando sua bolsa por cima da cama. —
Quero dizer, é seu espaço. Você deveria ficar com o quarto.

— Quer parar? — Eu falei, forçando a gaveta superior


antes de colocar as calças dobradas de LJ dentro. — Está
feito. Minha decisão final. Fora de questão.

— Eu amo quando você fala como uma vadia comigo.


— Holly diz, fazendo movimentos bruscos com o cabide no
closet. — Isso me deixa excitada.

Eu ri e joguei o casaco de LJ para ela pendurar. —


Como está a procura por emprego? Alguma sorte?

Eu amava que eu fosse amiga de uma mulher que


acreditava em criar seu próprio destino.

— Eu começo amanhã de noite. — ela diz


orgulhosamente, deslizando um pequeno vestido em um
cabide.

— Maravilhoso. Você pode encontrar um trabalho


nessa cidade do outro lado do país em um fim de semana. Eu
levei semanas e mesmo assim precisei ter o irmão mais velho
de uma amiga me jogando um osso.
Holly fez careta. — Eu precisei ter ajuda de amigos
também. — Ela sorriu para mim antes de colocar alguns
cabides dentro do armário.

— Qual salão você conseguiu o emprego?

— Les Cheveux Chic. — ela diz. — E é apenas, tipo,


meia milha daqui, então eu posso andar para o trabalho.

— Wow. Esse é um dos melhores salões na cidade,


Holly. — Eu falo impressionada. — Longo caminho a se
percorrer.

— Sim, bem, eu acho que eles estavam desesperados


por alguém, com todos os novos negócios que eles têm
conseguido, então quando a proprietário ouviu que eu
estivera cortando e pintando minha cota de cabeças por cinco
anos, ela logo me contratou pelo telefone.

Holly pegou uma braçada de sutiãs e calcinhas de sua


mala. Eu acho que todas as cores do arco-íris estavam
representadas, assim como todo padrão e tecido. Não é uma
coleção ruim para uma menina que afirmou não usar roupa
intima na metade do tempo.

— No entanto minha agenda foi sugada. Estou


trabalhando noites e fins de semana e tenho um grande total
de um dia de folga. — Abrindo uma gaveta no armário que
pertencia a Jude, ela largou suas não mencionáveis coisas
atrevidas dentro.

— Que horas da noite?


— Das seis às dez de segunda a quinta. — ela
respondeu. — Aparentemente o salão está tentando ser mais
amigável com as mulheres que trabalham.

— E aqui eu estava impressionada sobre as mulheres


que trabalhavam a noite. — Eu brinquei, indo para a próxima
gaveta.

— Quem está falando de mim? — Holly joga de volta,


acertando uma calcinha amarelo brilhante no meu rosto.

Eu me esquivei antes que tocasse em mim. — Eu


aposto que trabalhando nesses turnos da noite quando você
tem tantos profissionais entrando e saindo, você vai
conseguir uma tonelada de gorjetas.

— Provavelmente. — Ela disse com uma careta. — Mas


eu estou levando a merda de um tempo para achar uma
creche para Jude. Parece que toda creche nesta cidade fecha
às seis horas, e se eu não posso encontrar uma creche, então
eu não posso pegar o trabalho...

Eu sorri. Era bom ser capaz de ajudar. — Acontece que


eu conheço uma certa creche da titia que tem uma vaga e
está aberta vinte e quatro horas e sete dias na semana.

Holly congela, bem antes de seu rosto enrugar. — De


jeito nenhum, Lucy. Não, não e não. — ela disse. — Você já
fez mais do que o suficiente. Não há nenhuma possibilidade
de que eu fosse deixar você de babá para meu homenzinho
quatro noites na semana e mais o fim de semana inteiro. De
jeito nenhum.
Eu reviro os olhos. Holly não entendeu que eu não
estava fazendo isso estritamente pela bondade do meu
coração. Eu queria alguém para preencher meu tempo então
eu não iria ficar deprimida querendo Jude. Eu não podia
imaginar alguém que fosse tão qualificado para essa tarefa de
me distrair que LJ.

— Sim, desse jeito. — Eu respondo, Fechando a gaveta.

— Nem mesmo pense em argumentar comigo sobre


isso, Lucy Larson. — Holly avisou, sacudindo um dedo para
mim. — Porque eu vou ganhar.

Eu não estava planejando argumentar. Eu estava


planejando ser vitoriosa.

— Holly, você e LJ são como família. Eu amo vocês


dois. Deixe-me fazer isso.

Meu pedido estava funcionando. Um pouco.

— Vai lá. Isso resolve ambos os nossos problemas.


Você precisa de alguém para cuidar de LJ e eu preciso de
alguém para me fazer companhia. — Segurando alto uma
pequena camisa dele escrito HOMEM DAS GAROTAS, Eu
continuei. — Todo mundo ganha com isso.

A boca de Holly tinha caído aberta mais ou menos na


metade do meu último discurso. Balançando a cabeça ela
olhou para mim como se tivesse se certificando.

— Você está falando sério, Lucy? — ela perguntou. —


Você percebe que, o que acaba de testemunhar não foi
proporcionado por açúcar, certo? Essa é a forma que ele é
durante todo o dia, todos os dias. É incessante, uma
supervisão fora de jogo.

Eu cruzo os braços. — Você já acabou? — Pergunto.

— Já acabou? — ela imitou. — Não, não acabei. Eu


posso passar toda a noite, baby.

Eu digo — Eu não estou desistindo até que eu consiga,


então por que você não nos poupa tempo e esforços e apenas
aceite logo.

Alguns momentos se passam em silêncio. Nada, apenas


o som daquela música trippy-ass20 enchendo o apartamento,
antes que seus olhos ficassem úmidos.

— Vem aqui, sua teimosa e doce mulher. — ela diz,


abrindo seus braços.

Eu deixo Holly me abraçar até que senti que fosse


desmaiar novamente.

Algumas horas depois o apartamento estava escuro,


com exceção do ronco do homenzinho LJ. Em duas horas
conseguimos desempacotar, trabalhamos num cronograma
semanal que detalhava quando eu estaria de babá, assim
como uma lista de afazeres e de compras, demos banhos em
LJ (o que foi mais ou menos como eu imaginara que seria
20
Música estilo reggae, muito escutado por fumantes de maconha.
lutar com um leão-marinho escorregadio) e limpamos não só
um, mas dois copos de leite derramados.

Nem eu, nem LJ choramos sobre o leite, mas Holly


ficou perto de chorar quando o derramamento número dois
foi acabar no meu casaco. Eu tinha a mandado ir para a
cama, prometendo que enviaria LJ assim que ele tivesse
terminado sua terceira tentativa com o copo de leite.

Eu adicionei copo à prova de derramamentos de


líquidos no topo da lista de compras antes de levá-lo para
perto de Holly, que já estava num sono tão profundo que nem
mesmo reagiu quando LJ cambaleou para o lado dela. Até
que minha cama chegasse, eu estaria acampando no sofá,
que ficava bastante confortável quando você emparelha com
um par de aconchegantes cobertores e travesseiros.

Quase assim que minha cabeça atingiu o travesseiro,


eu me senti caindo no sono. O dia havia sido exaustante para
mim também.

Foi quando meu telefone tocou.

Saltei acordada. Eu não podia acreditar que eu tinha


quase esquecido de Jude e meu telefonema noturno.
Piscando para clarear meus olhos sonolentos, eu aceitei o
pedido de Face Time.

— Ei, bonitão. — Eu disse, soando tão cansada quanto


me sentia.
— Merda. Acordei você, Luce? — Sua testa franziu,
mas seu rosto continuou num sorriso.

— Se você tivesse esperado outros trinta segundos você


teria. — Eu disse, me apoiando em meu cotovelo. — Foi um
inferno de dia.

— Um inferno de dia bom ou ruim?’

— Muito bom, na verdade. Apenas ocupado. E


exaustivo. — Eu disse, — Melhor agora que vou terminá-lo
com você. — eu disse a ele deixando-me absorver o tanto de
Jude quanto eu pudesse através do telefone. Isso era tudo o
que eu teria por outras vinte e quatro horas. Ele estava de
volta no seu hotel depois de finalmente entrar em seu senso
que nós não precisávamos de uma casa de dez mil metros
quadrados para ser a nossa primeira. Jude estava sentado na
cama, e ele estava sem camisa.

Eu realmente estive cansada a menos de um minuto


atrás? Isso não parecia possível pelo jeito que meu sangue
estava sendo bombeado através de minhas veias agora.

— Então... — ele começou, seu sorriso entortando, —


Você parece bem cansada, mas eu queria ver se você se sente
como se fosse ter alguns doces sonhos essa noite.

Minhas coxas se apertaram. — Eu não estou mais


exatamente sozinha. — sussurrei, lançando um olhar para o
quarto. — Eu não posso ter sexo por telefone regularmente
com você com um garoto de três anos de idade sob meu teto.
— Apenas fique quieta. — ele sugeriu.

Eu ri alto antes de me parar.

— Quando foi a ultima vez que eu fui capaz de me


manter quieta durante... isso?

Com uma sobrancelha arqueada. — Nunca. Mas há


uma primeira vez para tudo, Luce. — Ele estava tão
malditamente confiante, eu quase queria dizer-lhe não só por
princípios. Mas eu sabia que eu não iria. Meu corpo já tinha
começado a aspirar ao topo somente com as suas palavras.

— Você sabe que se eu tiver que tentar essa coisa toda


calma, não vou ser capaz de falar sujeira com você. Certo? —
Eu disse, roçando meus dedos pela minha barriga. Minha
pele estava extrassensível de antecipação.

Jude se mexeu na cama antes de colocar sua boxer na


frente da câmera.

— Esse é um sacrifício que estou feliz em fazer. — E


então ele jogou a boxer de lado, me dando uma visão
completa.

Eu engoli em seco, e então escorreguei minha mão


dentro de minha calça.

— Tia Luce?

Eu saltei, jogando o telefone no processo.

— LJ?! O que está fazendo em pé? — Minha voz estava


duas oitavas mais alta.
— Eu ouvi vozes e quis ter certeza de que estava tudo
bem. — ele disse, vindo para o lado do sofá com seu pijama
dos vingadores.

O telefone havia escorregado atrás das almofadas do


sofá, mas eu podia ouvir a risada baixa de Jude vindo dele.

— Estou bem. — eu disse enquanto pegava o telefone


— Estava apenas dizendo boa noite para o Tio Jude. —
Verificando a tela para certificar-me de que a visão tinha
mudado, eu coloquei-o em frente a LJ.

— Tio Jude! — Seu rosto se iluminou parecido com o


de Jude.

— Ei, homenzinho. Como está indo?

— Bem, mas não fale muito alto, ok? — Ele pediu,


erguendo o dedo à boca. — Minha mãe não sabe que eu
escapei da cama.

— Você escapou por Tia Luce?

LJ assentiu.

— Bom trabalho. — disse Jude. — Você é o homem da


casa agora, então eu estou confiando em você para cuidar de
sua mãe e tia Luce.

— Jude, ele tem três anos. — Eu disse, virando a tela


em minha direção. Ele havia colocado uma camiseta mais
rápido do que eu poderia tirar a minha.

— Tenho quase quatro anos. — LJ disse com orgulho.


— Sim, Luce. Ele tem quatro anos.

— Tá certo, homem da casa. — Eu disse, virando a tela


em direção a LJ.I. — Diga boa noite. Já passou muito da sua
hora de ir para a cama.

— Mais um minuto? — LJ implorou.

— Sim, mais um minuto? — A voz de Jude se uniu a


dele.

Suspirei. — Tudo bem. — LJ fez uma pequena dança.

— Toca aqui — Jude disse erguendo uma mão,


enquanto LJ fazia um toca aqui para a tela comemorando.

— Obrigado pela bola, tio Jude. Você vai me ensinar a


jogar mil metros? — Estava escuro, mas os olhos de LJ
estavam brilhando.

— Eu vou te ensinar a jogar dez mil metros.

— Wow. — LJ respondeu pasmo.

— Vou levá-lo ao parque quando eu for visitá-los em


algumas semanas. Nesse meio tempo, pratique colocando seu
braço para trás e dando prosseguimento a seu lançamento.

Os olhos de LJ se estreitaram enquanto ele armazenava


as instruções.

— Você vai estar jogando como um profissional antes


de perceber.
— E… O tempo acabou. — Eu interrompo, percebendo
que se eu estiver prestes a cuidar desse garoto seis dias na
semana, eu teria que me acostumar a ser uma adulta
responsável. LJ gemeu e encolheu os ombros.

— Escute sua tia Luce, homenzinho. — Jude disse. —


De homem para homem, aqui está um conselho. Você terá
que descobrir quais batalhas vale a pena lutar. E essa não é
uma que você vai ganhar.

LJ contemplou essa pérola de sabedoria por todo um


segundo antes de assentir.

— Certo. Boa noite, tio Jude. Boa noite, tia Luce. —


Ele acenou e começou a ir para o quarto. — Eu te amo.

Eu virei o telefone, assim Jude poderia assisti-lo indo.

— Amo você, homenzinho.

Quando eu ouvi o click da porta do quarto se fechando,


eu girei o telefone.

— Esse foi um grande aviso. — provoquei, enquanto


seu sorriso crescia quando me viu.

— Isso, Luce, foi apenas um atraso. — ele implicou,


deixando essas palavras pairando. Jude Ryder, um otimista
esperançoso.

— Não, Jude. — Eu disse, sustentando o telefone


contra uma pilha de porta copos na mesa de café. — Esta foi
uma situação ‘corta o clima’.
— Luce, de jeito nenhum. — Ele gemeu. — Você me
deixou todo excitado e agora está quebrando meu pênis por
ondas telefônicas?

Virei para o meu lado, tentando não rir. — Não. Eu vou


dormir. — respondi, soprando-lhe um beijo. — Boa noite.
Amo você, Jude.

Um bom minuto depois que eu fechei meus olhos, ele


suspirou. Eu nunca soube que podiam residir tantas
emoções em um suspiro. — Boa noite. Amo você, Luce.

Nesta noite, meus sonhos escolheram continuar onde


Jude e eu havíamos parado. Êxtase.
Capitulo 14

E
u cai no sono segunda de noite e era sexta
quando eu acordei. Era maravilhoso como o
tempo podia passar rápido quando nossas vidas
têm um emprego num escritório das nove às cinco, jantares
de macarrão de forno com queijo, e Yo Gabba Gabba!
Compromissos, preciosas horas apertadas no estúdio
de dança, e os telefonemas noturnos do amor da minha vida.
Além disso, Holly amava seu trabalho, e eu,
geralmente, ficava ansiosa para ir para casa.

Então eu poderia acabar com um três-quase-quatro


anos de idade toda noite. Era impossível sentir algum grau de
autopiedade quando você está na presença de um garoto que
é tão feliz e energético quanto LJ. Além de que, depois de
persegui-lo por todo lugar durante quatro horas, eu era capaz
de cair no sono tão cedo quanto minha cabeça atingisse o
travesseiro. Para desgosto de Jude.

Eu estava sorrindo comigo mesma enquanto brincava


com as diversas caras de cachorrinho de Jude quando ele
avançava, quando Anton saiu bruscamente do seu escritório.
— Gravata xadrez ou listrada? — ele perguntou,
balançando duas gravatas na minha frente.
Aparentemente, consultora pessoal de guarda-roupa
era um dos muitos chapéus que eu usava aqui nas indústrias
Xavier. O trabalho tem ido bem. Eu estava aprendendo as
manhas, e eu estava tão ocupada que os dias passavam
voando. Eu tenho digitalizado e criado tantas planilhas que
eu tinha certeza que podia concluir meu trabalho com os
olhos fechados.
— Qual a ocasião? — perguntei, desligando meu
computador. Era alguns minutos depois das 5hs na sexta.
— Jantar com um encontro às cegas. — ele disse,
inspecionando as gravatas criticamente. — Uma garota com
quem minha amiga foi para escola. Ela é uma designer
gráfica, gosta de glam rock21, e corre em maratonas. Isso é
tudo o que sei sobre ela, que é o porquê de eu vir aqui sem
experiência no esforço de escolher a gravata.
Se Anton achou que escolher a gravata certa era tudo
quando se tratava de conseguir um segundo encontro, eu
entendia por que ele continuava solteiro.
— A xadrez. — Eu disse, dando um toque com o fim do
meu lápis.
A pele entre suas sobrancelhas formaram linhas. —
Tão confiante. Tão certa. — ele disse, segurando a gravata
xadrez no alto. — Como você decide?
Eu usei o teorema de Pitágoras e usei um gráfico. Eu era
uma espertinha insuportável.
— É o que eu gosto. — Eu disse, fazendo careta.
O rosto de Anton relaxou assentindo, ele avaliou a
gravata com novos olhos.
— Será a xadrez. — ele disse, indo de volta para seu

21
Abreviação de Glamour Rock subgênero musical de rock.
escritório. — Obrigada, Lucy. Tenha um bom fim de semana.
— Você precisa de qualquer outra coisa? — Eu
perguntei, já com a bolsa em meu ombro.
Eu tinha o nosso primeiro jantar de sexta para
preparar para cinco hoje e, enquanto Anton tem sido
verdadeiro com sua palavra e não trouxe meu relacionamento
a tona novamente nesta semana, eu me senti desconfortável
em estar a sós com ele.
E isso me deixou maluca. Além de um flerte inofensivo
de vez em quando, Anton tem sido um verdadeiro cavalheiro,
tanto que até caminha comigo até meu carro todas as noites
para ter certeza de que eu cheguei segura. Eu não devia me
sentir inquieta por estar perto de outro homem, e o fato de
que eu me senti assim me deixou ainda mais inquieta.
— Não, é hora de ir. — ele disse do escritório. — Eu
também estou saindo daqui. — Reaparecendo com a gravata
xadrez no lugar e vestindo um colete, em vez de seu paletó,
ele segurou a porta do escritório aberta e esperou por mim.
Eu desliguei as luzes e fui até a porta o mais rápido
que pude. Ele tinha colocado um pouco de colônia que era
picante e doce, e o fato de eu ter percebido isso me deixou
nervosa.
Nós andamos em silêncio para o elevador, e nosso
silencio se arrastou enquanto esperávamos.
— Eu lhe deixo desconfortável? — Anton perguntou.
— Quando você faz esse tipo de pergunta, sim, me
deixa. — Eu disse quase me jogando dentro do elevador
assim que as portas se abriram.
Anton deu um passo gigante para dentro e parou na
minha frente.
— Por quê?
Eu achei difícil de acreditar que ele precisava me
perguntar o porquê. — Pela forma que você está me olhando
agora. E por causa das coisas que você diz. — dei alguns
passos para trás até que estava contra a porta do elevador.
— Você é meu chefe. É irmão da minha amiga. Você não pode
me olhar desse jeito, ou dizer esses tipos de coisas para mim.
— Por quê? — ele perguntou, inclinando a cabeça.
A sua calma, suas perguntas de uma palavra só
estavam me irritando.
— Porque... — a gênia dentro de mim respondeu.
— Eu já estive num relacionamento com uma mulher
que trabalhava comigo, Lucy. — Ele disse, olhando para mim
intensamente. — E eu já estive em um relacionamento com
amigas da minha irmã. Acredite em mim, isso não é o que
está me impedindo de te perseguir.

Merda. Esse olhar no seu rosto, combinando com o tom


de sua voz, me fez desejar poder colocar outros cinco pés de
espaço entre nós. Agradecidamente, o elevador parou
bruscamente e as portas se abriram. Eu estava fora daquelas
portas mais rápido do que eu pensei que pudesse me mover.

— Então, bom, aqui está. — Anton disse, caminhando


ao meu lado. E iria levar “Get a Clue”22 por mil anos. — Eu
estou atraído por você, Lucy. Eu quero ter você, e eu quero
que você queira que eu te possua.

22
Filme americano, com suspense e várias perseguições.
Se eu não responder, eu poderia acordar amanhã e
fingir que nada disso aconteceu? Eu disparei pela porta
giratória e disparei em direção ao Mazda.
— Mas eu não vou agir com a minha atração, faltando
o respeito com...
Eu girei para ele. Isso era demais, e tarde demais num
dia. — Desrespeito com uma cara que iria te matar nesse
mesmo lugar em que você está se ele ao menos descobrisse o
que você acabou de dizer?
Ele balançou a cabeça. — Não. Desrespeitoso com você.
Eu ri asperamente. — Você tem um jeito dos infernos
de mostra respeito por mim. — Eu disse, mexendo com as
minhas chaves.
— Eu respeito você o suficiente para te dizer a verdade.
— ele falou, indo para o lado quando abri a porta. — Eu
quero que você saiba que tem opções.
Mordi minha bochecha para me impedir de cravar nele
palavras que eu iria me arrepender depois.
— Eu não quero opções.
— Claro que quer. — ele disse. — Toda garota quer. —
E essas palavras, junto com sua expressão, que era
condescendente demais pro meu gosto, trouxeram as
palavras que eu tenho tentado manter em segredo bem para
a superfície.
— Vá se foder, Anton. — atirei antes de bater a porta e
sair do estacionamento, sem checar o retrovisor nem uma
vez.
Eu estava tremendo. Tremendo pelas emoções que
estavam se derramando de mim. Senti como se todas as
emoções possíveis estivessem presentes, entretanto, as mais
barulhentas eram a raiva e a confusão. Raiva por razões
óbvias. Anton não tinha direito de dizer essas coisas para
mim, uma mulher noiva. Para não mencionar, uma noiva que
era também sua empregada. Nenhum direito mesmo.
Confusa por não ter entendido por que Anton havia dito elas
em primeiro lugar. Ele era inteligente e determinado para
uma falha dessas. Ele não fazia coisas por capricho, então eu
podia assumir que ele havia planejado toda essa coisa de
derramar seus sentimentos no elevador. E isso me deixou
mais confusa e estressada. Minha vida já estava complicada o
suficiente. Eu não precisava de um cara que eu conheci cinco
dias atrás confessando sua atração por mim. Anton nem
tinha um parafuso a menos ou excesso de confiança. Nem
mesmo era uma opção aceitável, como ele disse. Não que
quisesse opções em primeiro lugar.
Merda. Agora eu estava pensando sobre opções, graças
a meu amável chefe me fodendo a cabeça numa sexta à noite.
Eu queria ligar para Jude. Eu queria dizer para ele tudo o
que aconteceu e tudo o que eu estava sentido em relação a
isso. Eu queria falar com meu melhor amigo sobre tudo isso.
Infelizmente, nesse caso, meu melhor amigo acabaria
por perder as estribeiras e atravessar o país numa batida de
coração se ele soubesse que qualquer outro homem, Anton
especialmente, tinha dito essas coisas doces para mim.
Então, eu não liguei para ele. Em vez disso, encarei a estrada
e dei alguns socos no volante. Quando cheguei a casa eu me
sentia melhor.
E pior.
Melhor por que eu me lembrei de que não importa o
que qualquer cara diga ou faça eu nunca tinha amado
ninguém além de Jude. Senti-me bem em lembrar disso. E
me senti pior porque eu iria ficar desempregada novamente
na segunda de manhã. Eu não poderia... Não, eu não iria
trabalhar para um cara que confessou ter algo por mim. Esse
era todo o monte de drama que eu não precisava na minha
vida agora. Sem mencionar que eu acabei de mandar meu
chefe se foder. Eu posso não ter uma tonelada de experiência
em trabalhos, mas eu sabia que estava no caminho para ser
despedida. Enquanto segui para meu apartamento, eu me
forcei a arquivar o assunto Anton e esquecer sobre isso até
domingo de noite, quando eu tiver que ligar para ele e dizer
para colocar um anúncio no jornal para uma nova assistente.
Eu iria aproveitar essa noite. Não era frequentemente que eu
era capaz de ter alguns dos meus melhores amigos no mesmo
lugar, e eu não estava prestes a arruinar isso me deprimindo.
Então Anton estava atraído por mim. Grande coisa. É
um país livre e ele poderia ficar atraído por qualquer uma que
ele quisesse. A partir de agora, sua atração estava fora de
minha mente.
Seguindo pelo corredor, eu já podia sentir o cheiro de
jantar e ouvir as risadas vindas do apartamento. Eu estava
sorrindo quando abri a porta.
— Tia Luce! — LJ me recebeu assim que eu passei pela
porta, como se ele estivesse de guarda.
— LJ! — Eu o cumprimentei de volta, cheirando o ar.
Enchilhadas23 de galinha, um dos meus preferidos.
— Por aqui. — ele disse numa voz digna, antes de
pegar minha mão e me puxar para o banheiro.
— O que você está fazendo, seu homem louco? — Eu ri
enquanto ele me rebocava. Ele era forte para um garoto de
quase quatro anos.
— Eu escolhi um pijama e chinelos para você. — disse
ele, apontando para eles equilibrados na borda da pia —
Quando você estiver confortável, nós podemos jantar e eu vou
até mesmo te trazer seu prato. — Seu rosto estava tão
iluminado com animação que passou para mim.
— Obrigada, gentil senhor. — Eu disse, curvando-me
formalmente. — Mas a que devo a honra de todo esse
tratamento especial?
— Mamãe diz que você tem trabalhado duro por toda
semana e você é nosso anjo e você merece um pouco de DLC.
— ele recitou, saindo do banheiro.
— Você quer dizer TLC?
Ele rolou os olhos para mim. — Nope. DLC.
Eu cobri minha boca para me impedir de rir. — Bem,
eu estou ansiosa para minha noite de DLC24.
Ele sorriu radiante antes de fechar a porta. A próxima
coisa que ouvi foram seus passos em direção a cozinha
enquanto ele gritava.
— Ela está ficando confortável! Ela está ficando
confortável! Eu quero encher o copo dela com suco de maçã
23
Uma panqueca de milho mexicana, muito condimentada.
24
Era realmente TLC, que é um canal de TV americana.
agora!
Eu não poderia sair da minha saia e da minha blusa
rápido o suficiente. Eu tinha vestido a mesma saia preta duas
vezes essa semana, graças a minha falta de vestuários para
trabalhar, e eu tinha esperança de remediar isso em algum
momento deste fim de semana.
Talvez agora, ao invés de conseguir alguns trajes novos,
eu poderia conseguir para LJ um novo par de sungas para
que ele possa nadar na piscina pública. LJ tinha realmente
escolhido meus pijamas a dedo sem qualquer ajuda de Holly.
O top estava bom. Eu sempre vesti uma variedade de
camisolas. Entretanto, ele combinou com um par de boxers
de Jude que tinha escrito, TENHA SORTE, e então, para
terminar, LJ tinha me emprestado suas pantufas na forma
mais aterrorizante do Gabba Gabba! O vermelho e escamoso
cara de um olho. Assim que eu deslizei em meu top e subi a
boxer de Jude, eu me apertei nas pantufas. E apenas por que
eu não podia resisti, eu dei uma boa olhada no espelho e
explodi em risadas. Esse traje era demais para não
compartilhar. Tirando uma foto com meu celular, eu escrevi
uma mensagem rápida: APOSTO QUE VOCÊ DESEJAVA
ESTAR AQUI PARA DESFRUTAR DE TODA ESSA
SENSUALIDADE, antes de enviar para Jude. Abrindo a porta,
eu pus os ombros para trás e transformei o corredor numa
passarela. Indie foi a primeira a visualizar meu trabalho, e a
cerveja que ela estava bebendo disparou em jatos de seu
nariz. Cuspindo e rindo ao mesmo tempo, ela cutucou Holly,
que estava cortando um pé de alface.
— Isso aí, garota! — Indie disse, estalando os dedos.
Holly, seguida por Thomas, explodiu em risadas logo
depois, lançando alguns assovios e ovações.
Eu fui parar na cozinha e fiz uma pose. Mais risadas.
Indie até mesmo deixou sair um ronco, o que, é claro, apenas
fez todos rirem mais forte. Enquanto eu estava mantendo a
pose, uma mãozinha pegou a minha.
— Você está linda, Tia Luce. — LJ disse, sua voz e seu
rosto cheios de admiração.
— Tudo graças à você. — Eu disse, batendo meus
calcanhares como Doroth antes de seguir para a pia. — Vocês
precisam de ajuda com o quê?
— Apenas fique fora do caminho. — Thomas
sussurrou, me cutucando enquanto ele abria uma sacola de
batatinha e despejava numa tigela. — Indie estava prestes a
virar uma cadela quando eu derrubei o coentro no chão.
— Eu ouvi isso, fadinha. — Indie disse, atirando um
olhar para Thomas.
— Claro, vá para o insulto simples. Sim, Sim. Eu sou
um dançarino me formando em ballet. — ele disse, jogando
uma batata na direção de Indie — Você está apenas com
ciúmes porque minha bunda fica melhor num par de jeans
que a sua.
— É o suficiente, vocês dois. — Holly ordenou, trazendo
uma tigela de guacamole. — Eu tenho estado brincando de
árbitro a tarde toda e eu estou cheia.
— Ele insultou minha bunda. — Indie disse, colocando
uma mão em sua cintura.
— Eu não insultei sua bunda. — Thomas respondeu.
— Apenas coloquei que a minha, de fato, é melhor que a sua
de se olhar.

Quando percebi que estivera lavando as mãos durante


todo o tempo que Indie e Thomas estavam no vai e vem eu
desliguei a torneira. Gemendo, Holly bateu a tigela no balcão.
— Ok. Indie vire-se. — Ela mandou, sacudindo o dedo no ar
em círculos. Indie não reclamou, ela até mesmo rebolou para
deixar a bunda na direção dela. — Legal. Eu vou dar um nove
de dez. — Apenas Indie ficaria insultada que sua bunda
tivesse sido um nove numa escala de dez. — Ok Thomas vire-
se. — Holly disse, esperando, mas Thomas não estava se
movendo. Ele congelou no lugar. Familiarizada com os
cervos-de-cara-para-os-farois, eu ajudei ele. Agarrei seus
ombros e o virei. Até mesmo prendi sua camiseta e destaquei
seu traseiro com minhas mãos, estilo, Vanna White style25.

Inspecionando Thomas, Holly inclinou sua cabeça para


um lado, depois para outro, antes de seus olhos ficarem um
pouco sonhadores. Vindo por trás dele, ela bateu ambas as
mãos nas bochechas de Thomas e apertou. Thomas se
sobressaltou de surpresa, mas não argumentou.
— Thomas vence. — Holly anunciou, dando um
tapinha carinhoso na bunda de Thomas antes de recuperar a
tigela de Guacamole.

— Tanto faz. — Indie falou amuada, carregando uma


bandeja de enchiladas para a mesa. — O que eu tenho aqui
atrás é um perfeito dez, baby.
25
Estilosa apresentadora de TV.
— Experimente isso. — Holly disse, — Prove. — Holly
disse, com um dedo coberto por um montão de guacamole na
frente da minha boca.

— Eca, de jeito nenhum. Eu não gosto de abacate. —


Enruguei meu nariz e pisei longe dela antes que ela enfiasse
o dedo na minha boca.

— Thomas, então você experimenta. — Levando seu


dedo para a boca de Thomas, ela parou. Talvez pela forma
que Thomas estava olhando para ela, ou talvez pela forma
que ela estava olhando para ele, mas estava claro que eles
estavam bastantes autoconscientes um do outro. A outra
mão dela pousou na curva do cotovelo dele bem antes dele
abrir a boca. Holly deslizou deu dedo dentro da boca dele,
bem quando Thomas fechou a boca, LJ veio correndo para a
sala.

— Eu não derramei nem um pouquinho. — ele


anunciou orgulhosamente enquanto ele pegava uma jarra do
balcão. Isso sacudiu os dois do estupor. Limpando sua
garganta, Holly puxou seu dedo de volta. — O que você acha,
muito picante?

Thomas parecia como se precisasse de uma madeirada


em sua cabeça para clarear sua mente. Eu estava prestes a
procurar por uma quando ele sacudiu a cabeça. — Não. —
suponho que uma reposta coxa de uma palavra era melhor
que nada.

— Talvez sem sal suficiente? — Holly sugeriu, olhando


para todo lugar menos para Thomas. Repentinamente seus
olhos ficaram alérgicos a Thomas. — Há definitivamente algo
faltando.

O rosto de Thomas ficou deliberativo. — De onde estou.


— ele disse, — Está bom pra caralho.
Eu estava começando a me sentir como um terceiro
peão. Então comecei a ir para a mesa quando uma batida
soou na porta. — Yeah! Ele chegou. — Indie disse, batendo
palma enquanto corria para a porta. — Alguém que vai
concordar comigo.
Eu não sabia que Indie ia convidar seu último
brinquedo para o jantar. Não que ela fosse se importar se eu
soubesse, ou se aprovasse ou não. Eu estava planejando
escapar para detrás da divisória para me trocar quando ela
abriu a porta com tudo.
— Anton! — Ela disse, jogando seus braços ao redor do
pescoço dele. Anton. Exatamente a mesma resposta que eu,
soque com menos entusiasmo. Na verdade, completamente
oposto de entusiasmo. Ele ainda usava a gravata xadrez e o
colete quando Indie o puxou para dentro. Ele teve a decência
de fazer cara de culpado quando olhou em minha direção.
Isso foi até que ele me viu. Ou viu o que eu estava vestindo.
Ele estava sorrindo no momento em que viu as pantufas. Mas
o sorriso morreu assim que ele percebeu o olhar que eu
estava lhe lançando.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, soando
tão mal educada quanto uma pessoa poderia ser, — Achei
que você tivesse algum tipo de encontro quente às escuras
essa noite.
— A vadia cancelou no ultimo momento. — Indie
respondeu por ele. — E quando meu irmãozinho me mandou
uma mensagem pela primeira vez que ele levou um bolo, eu
não poderia não convidá-lo para nosso primeiro jantar de
sexta-feira para lamber suas feridas. Aliás, trouxemos
cervejas e mamãe fez alguns drinques de Jell-O26 para a festa
depois que o pequenino for para cama. — ela disse, acenando
com a cabeça em direção a LJ, que estava muito ocupado
jogando sua bola de futebol para cima para nos dar atenção.
— Você não se importa, não é, Luce? — Indie perguntou,
finalmente tendo um segundo para olhar para mim. Em vez
de bater no rosto de Anton como eu queria, estampei um
sorriso no rosto.

— Não, por que eu me importaria? — Eu disse, indo


para a cozinha pegar outra cadeira. — Porque não iria querer
que meu chefe, irmão da minha amiga se unisse a nós para o
jantar? — Eu estava mentindo muito mal, era óbvio pela
forma que Holly e Thomas estavam me encarando, como se
eu tivesse arrebentado um fio no meu cérebro ou algo assim.

— Estou sentindo sarcasmo. — Indie disse, quando eu


marchei de volta à mesa e joguei os pratos em cima desta.

— Quer dizer que eu não fui sutil?

— Não exatamente. — ela disse, enquanto eu colocava


para fora um pouco de frustração no guardanapo que eu
dobrava. — Dia ruim no trabalho? — Ela adivinhou.

— Eufemismo. — murmurei antes de olhar para cima e

26
Bebida forte e adocicada.
pegar Anton olhando para o meu decote. Então o Santo
Anton era imune ao sul do pescoço de uma mulher.

— Eu estou indo embora. — Anton disse, levantando as


mãos e recuando em direção à porta.
— A melhor ideia que você teve no dia inteiro. — Eu
disse, cruzando meus braços.
— Calma aí, vocês dois. — Indie disse, agarrando o
braço do irmão e arrastando ele para trás. — O que I-N-F-E-
R-N-O está acontecendo aqui?
Thomas e Holly foram para a mesa e estavam
assistindo a coisa toda como se fosse um grande acidente de
trem que não conseguiam desviar o olhar.
— Posso responder essa com quarto palavras. — Eu
disse, cruzando meus braços mais apertados. — Anton é um
C-U-Z-Ã-O. — soletrei meu xingamento, lancei um olhar para
LJ, óbvio. Nada além dele e sua bola de futebol. O rosto de
Indie se franziu enquanto o de Anton despencou.
— Você está certa. Eu fui um... — ele lançou um olhar
a LJ. — C-U-Z-Ã-O. Um grande e insensível C-U-Z-Ã-O, e eu
sinto muito. — Ele deu alguns passos em minha direção, mas
parou uma vez que eu endureci. — Você vai me perdoar?
— Você vai prometer parar de agir como um grande e
insensível C-U-Z-Ã-O?
— Eu não posso garantir isso. — ele disse. — Mas
posso prometer que vou tentar. — Alguns passos mais perto,
até que eu pude cheirar a colônia perigosa dele. — Então?
Perdoado?

— Perdoado? Não sei. — respondi sinceramente. — Mas


você pode ficar. — Querendo por algum espaço entre nós, eu
voltei para a cozinha. Fiquei tentada a cortar a outra metade
da cabeça de alface só para colocar um pouco da minha
frustração para fora, mas me contive. Ao invés disso, eu
estalei meu pescoço, estalei meus dedos e agarrei uma
Corona. Não me incomodei com o Limão.

— Lucy, minha garota, eu não sei como você conseguiu


obter o primeiro pedido de desculpas do meu irmão que eu já
ouvi em minha vida, mas isso deve te tornar elegível para ter
o seu próprio feriado nacional. — Indie disse, pegando um
lugar na mesa. — O dia em que Lucy Larson põe C-U-Z-Õ-E-
S em seu lugar.
— Indie, isso faria todos os dia da minha vida serem
feriado. — Eu disse, escolhendo um lugar tão longe de Anton
quanto possível.
Holly levantou sua cerveja e bateu-a contra a minha.
— Amém, irmã.
— Posso sentar perto de você, tia Luce? — LJ
perguntou, contorcendo-se ao meu lado.
— Está tudo bem para mim se estiver tudo bem para
sua mamãe.
— Mãe? Está tudo bem?
— Divirta-se. — ela disse, cortando a enchilada de LJ
em pedacinhos pequenos.
Thomas distribuiu a todos uma enchilada antes de
tomar o seu lugar em frente a Anton.
— Então qual a sua história, Anton? — ele perguntou.
— Outra que não seja a de C-U-Z-Ã-O?
Anton riu. — Eu vou te salvar dos detalhes, já que são
bastante entediantes.
— Eu duvido disso. — Thomas disse enquanto dava
uma mordida na enchilada. — Quero dizer, como pode um
cara com nome Anton, que é o próximo na linha para
comandar uma companhia multi milionária, sem mencionar o
cara que pode tirar Lucy Larson do sério, ter uma história
entediante? É impossível.
Mergulhei no meu jantar na esperança de que se eu
tivesse a boca cheia de comida eu não iria disparar tudo o
que era melhor manter para mim mesma.
— Acredite em mim, é tão excitante quanto Sorvete de
baunilha francês.
Engasguei com minha comida. Realmente engasguei.
LJ ficou em pé em sua cadeira e deu algumas batidas
em minhas costas enquanto eu bebia suco de maçã. Quando
eu olhei para cima depois do meu incidente, todos estavam
me encarando.
— O quê? — Eu disse, expressando minha gratidão a
LJ com um sorriso. — Sempre achei sorvete de baunilha
francês mais gostoso. Isso é tudo.
— Você acha que a unidade psiquiátrica está fechada
para a noite? — Indie murmurou.
Fiz uma careta para ela enquanto eu refletia se comer o
meu jantar ia ser mais perigoso do que não comê-lo
— Já que meu irmão mais velho está tendo esse raro
momento de honestidade, eu darei os detalhes sobre a Anton
Shaft Xavier.
— Espera. — Thomas acenou com o garfo. — Seu nome
do meio é Shaft?
Anton deu de ombros. — Nossos pais são grandes fãs
dos Shaft.
Thomas bateu palmas, claramente em reverência.
— Não tem como sua história de vida ser entediante
com o nome do meio sendo Shaft.

— A única pessoa cuja historia de vida é mais excitante


sou eu. — Indie disse, tomando um gole de sua cerveja. —
Certo. Então, ASX27 em poucas palavras... O que é
estranhamente irônico, já que é bem próximo é um C-U-Z-Ã-
O. — Ela sorriu como se fosse uma revelação. — Ele era o
capitão do grupo de lacrosse no ensino médio. Presidente do
corpo estudantil em seu último ano. Namorou toda e
qualquer líder de torcida até que fez dezoito anos.

Anton suspirou, e agarrou a cerveja de Indie antes que


ela pudesse pará-lo. Ele tomou um longo gole.
— Ele conseguiu uma bolsa de estudos em Dartmouth,
graduated summa cum laude, se graduou com honras, foi
para as olimpíadas no time de Lacrosse; ele escalou o monte
Godwin-Austen três anos atrás, atravessou o Atlântico por
conta própria dois anos atrás, e há um ano ele perdeu sua
noiva.
Anton engasgou com a cerveja. Um monte de
engasgamento estava acontecendo hoje.
— Merda, Indie. — ele disse, antes de Holly igualar seu
olhar ao dele — Quer dizer, M-E-R-D-A, Indie.

27
Anton Shaft Xavier. ‘Cuzão’ foi traduzido do ‘Ass’ em inglês.
— O que você quer dizer com ‘ele perdeu sua noiva? —
Thomas perguntou, inclinando-se para frente. — Tipo, um dia
ele acordou e não podia encontrá-la?
Anton levantou a mão. — Vamos apenas deixar...
— Não, tipo de perder ‘um dia ele acordou e recebeu o
telefonema dizendo que ela havia morrido num acidente de
carro. — Indie explicou.
— M-E-R-D-A. — Anton suspirou, balançando a cabeça
para Indie.
Eu me senti um pouco enjoada. Enjoada em meu
estômago e minha cabeça. Anton havia estado noivo e ela
tinha morrido. Recentemente. Eu nunca teria imaginado que
Mr.Suave-demais-para-seu-próprio-bem tivesse um passado
tão trágico. Anton parecia mais com o tipo de cara ‘amigos
com beneficio’, não o tipo de casar.
— Por que você não disse a ninguém? — perguntei a
Indie. Ela havia compartilhado cada detalhe pessoal de sua
vida comigo. Eu não conseguia entender que ela tenha
esquecido de mencionar esse detalhe.
— Anton não quer que eu fale para o mundo sobre isso.
— ela disse.
— O que obviamente funcionou fantasticamente. — ele
disse, mantendo seu olhar grudado em sua direção.
— O quê? — ela disse. — Faz um ano, Anton. Eu sei
que não é algo que você esqueça, mas eu gosto de pensar que
é algo que você irá, eventualmente, seguir em frente.
— Por mais divertida que esta conversa seja. — Ele
disse, sorrindo apertado. — Eu acho que poderíamos deixar
para lá e mudar para tópicos que não envolvam morte e
noiva?
Indie bufou, aparentemente não pronta ainda para
deixar para lá.
O que quer que seja simpatia ou empatia ou alguma
combinação dos dois, eu falei.
— Alguém viu algum filme bom ultimamente? —
perguntei, tentando soar natural. — Eu não tenho visto um
faz muito tempo e não tenho nem ideia do que está passando.
Estou pensando em levar Jude para ver um quando ele
estiver na cidade.
— Tanto para não falar sobre noivos...
— Então Deus me ajude, Indie. — Eu me mexi. — Eu
vou te colocar de castigo e te deixar lá a noite toda se você
não baixar um nível, ou três.
— Eu deixo você emprestar meu lugar se você quiser.
— LJ saltou, apontando para o banquinho no canto em que
ele passou momentos difíceis.
— Dê-me um pouco de amor. — Indie disse,
estendendo a palma da mão para LJ. — Você é como meu
irmão no crime.
LJ bateu na mão dela com as duas e então Indie voltou
a jantar, como se estivesse planejando ficar em silêncio por
um tempo. Reparei. Eu deveria saber sobre colocar Indie
perto de um garoto de três anos de idade se eu quisesse fazê-
la se comportar.
— Eu tenho escutado ótimas coisas sobre esse novo
filme de espionagem filmado nos anos quarenta. — Thomas
disse, limpando o ar. Como agradecimento a Thomas, fui até
a geladeira pegar para ele uma cerveja gelada.
— Oh sim. — Holly disse, apontando com o garfo para
Thomas. — O trailer daquele filme pareceu assustador.
— Vocês deveriam ir na próxima sexta depois do jantar.
— Eu disse, estendendo a cerveja para Thomas. — Eu
poderia ficar com LJ e vocês dois poderiam tomar uma bebida
e ver a sessão da noite.
Holly estava olhando para mim como se eu tivesse três
cabeças.
Thomas, entretanto, ergueu sua cerveja para mim. —
Isso soa ótimo. O que você acha Holly? Você topa?
O olhar curioso de Holly se deslocou para Thomas. —
Claro, mas você realmente quer bancar o motorista
novamente semana que vem? — ela disse finalmente. — Você
tem certeza que quer ir comigo? Não há alguém que você
preferiria...
— Tenho certeza. — Thomas interrompeu.
Olá, Sr. Óbvio.
— Okay, então. — Holly disse. — É um encontro.
Thomas engoliu. — É… Sim.
Eu sorri para meu colo... Esses dois estavam tão
quentes um com o outro, que eu estava morrendo por um
deles descobrir e apenas admitir de uma vez. Eu não tinha
certeza sobre quem seria o primeiro a fazê-lo, mas eu
esperava que acontecesse logo.
Depois disso, o jantar foi bem; Sem mais momentos
estranhos, seguidos por silêncios ainda mais estranhos. Uma
hora depois, nada sobrara do jantar a não ser alguns pedaços
de batata. Holly e Indie clamaram por misericórdia e
desabotoaram os jeans meia hora atrás, mas eu com aquele
boxers de cós elástico estava bem. Anton lavou os pratos
enquanto Thomas limpava a mesa. LJ e as meninas
amontoaram uma pilha de cobertores e travesseiros no chão
da sala antes de fazer a fortaleza mais legal do mundo, com
até o ultimo lençol que eu tinha na casa.
— Eu tenho que tirar uma foto disso. — Anton disse,
rolando suas mangas para baixo enquanto ele saía da
cozinha.

— Sem fotos! — LJ disse, rastejando para fora da


fortaleza. — Isso é super secreto.

— Bom ponto. — Anton respondeu, guardando o


celular no bolso. — Se isso ficar público, todo garotinho terá
um desses.
Mexendo com os controles, eu consegui fazer o DVD
player cooperar.
— O que você está assistindo? — Thomas perguntou.
Enquanto se jogava perto de Holly. Coincidência? Eu
acho que não.
— Era do Gelo! — LJ respondeu, se jogando bem entre
Holly e Thomas.
Indie já havia clamado seu lugar e já estava no
segundo Jell-O quando eu rastejei para o lado dela.
Quando Anton pôs sua cabeça para dentro, eu fiquei
autoconsciente de novo. É claro que seus olhos pararam bem
em mim, e um sorriso se pôs em posição quando ele viu que
eu também estava olhando para ele.
— Espaço para mais um?
Eu estava prestes a dizer não quando LJ o silenciou.
— O filme está começando. — ele disse. — Sem
conversas a menos que queria acabar no canto do castigo.
— Indie. — Eu sussurrei, sacudindo ela. Ela estava
quase adormecendo. — Indie. Troca de lugares.
Sem resposta.
Ela estava pressionada entre eu e Thomas, que tinha
LJ e Holly ao seu lado, o que deixou o espaço perto de mim
vazio.
Embora não tenha ficado vazio por muito tempo.
— Esse lugar está vago? — Anton sussurrou,
rastejando pro meu lado.
— Você acreditaria em mim se eu dissesse não?
— Okay. Agora você está apenas machucando meus
sentimentos. — ele disse, colocando alguns travesseiros em
posição.
— Eu não acho que você tenha algum.

Ele riu. — Será que você vai me deixar saber quando


você estiver pronta para superar esta tarde? Você sabe, eu
não estou segurando a minha respiração.

Meu humor estava melhorando, e eu não tinha certeza


de como me sentia sobre isso. — Você começa a prender o
fôlego agora, e eu direi ‘quando’ eu estarei pronta para te
perdoar.
— Se eu fizesse isso, temo que estaria morto antes
mesmo de você considerar. — ele sussurrou. Aparentemente,
nem mesmo sussurrar era permitido.
LJ sentou-se reto e nos silenciou. — Tia Luce. — ele
disse naquela voz de aviso que eu usei com ele meia dúzia de
vezes num dia.
Eu movi meus lábios num, ‘Desculpe’, antes de fechar
minha boca com um zipper imaginário e jogar a chave longe.

— De quem é esse telefone? — Holly disse, olhando


para a fileira de corpos.

— Mãe. — lamentou LJ antes de pular para cima e


apertar o pause do DVD. Enquanto ele correu para o
banheiro, eu chequei meus bolsos pelo meu celular. Espera,
eu não tinha bolsos. De fato, eu não tinha visto meu telefone
há algumas horas, desde quando eu me troquei no banheiro.
Era tarde, então isso significava que era um certo alguém
fazendo suas ligações noturnas.

Eu murmurei uma maldição bem antes de LJ dobrar a


esquina, com o telefone na mão. — Ei, tio Jude. — ele
cumprimentou com um aceno.

Eu xinguei de novo, quando o que eu deveria estar


fazendo era estar saltando e indo o mais longe de Anton que o
apartamento permitisse.
Não escutei o que Jude disse, mas eu pude dar um
palpite pela resposta de LJ. — Sim. Ela está bem aqui. —
Virando o telefone pela sala, LJ veio em minha direção e
estendeu-o.

O rosto de Jude foi do branco para o preto no tempo


que seus olhos levaram para se mover de mim para o espaço
perto de mim. — Luce. — ele disse, o músculo de sua
mandíbula trabalhando. — Quem porra é esse cara?

— Jude. — Eu disse, sentindo meu temperamento


acender. — Bom ver você também.
Holly deu um salto e impediu LJ de dar play no filme.
— Vamos vestir seu pijama, LJ. — ela disse, indo pelo
corredor. Uma coisa que Holly havia aprendido sobre Jude
através dos anos: Quando ele estava puto, ele não perderia
tempo em cuspir certas palavras que não eram feitas para
pequenas orelhinhas.
Thomas correu atrás deles.
— Seria bom te ver também, se você não estivesse tão
horizontalmente perto de outro cara...
O olhar de Jude não desviou de Anton nem uma vez,
como se achasse que ele fosse entrar em combustão se o
encarasse por tempo suficiente.
— Deixe-me adivinhar quem é esse idiota... — ele disse.
— O homem cuja lápide está prestes a ter escrito: Anton
Xavier.
Eu sabia que deveria estar envergonhada por meu
noivo estar agindo desse jeito. Eu sabia que deveria estar
mortificada. Mas eu estava com raiva demais para isso.
— E você deve ser o sem controle Jude Ryder. — Anton
respondeu, sentando em seus calcanhares.

Se havia uma fresta de esperança para este confronto


de testosterona, era que os golpes não iriam deixar
hematomas.

— Anton. — Jude disse, sentando mais ereto. — Você é


mais baixinho do que imaginei.
Mate-me. Mate-me agora mesmo. Por que eu não estava
clicando no botão de encerrar a conversa? Por que eu não
tinha clicado no instante em que LJ estendeu aquela merda
para mim?
Por que eu era uma idiota, esse é o porquê.
Eu levantei e fui para a cozinha, esperando que Anton
fosse ficar onde ele estava então eu poderia começar o
controle de danos. É claro que Anton calou a boca e estava
apenas dois passos atrás de mim quando eu parei na
cozinha.
— Jude. — Anton disse, movendo-se para frente da
tela. — Sua cabeça é menor do que eu achei que seria.
— Fofo. Realmente fofo. — As veias no pescoço de Jude
pareciam prontas para explodir. — Eu espero que você seja
corajoso o suficiente para dizer algo assim para mim
pessoalmente.
— Eu sou corajoso o suficiente.

Jude sorriu um pouco loucamente demais para o meu


gosto. — Algo para pra eu ficar ansioso de ver. — Eu estava
começando a me perguntar se a próxima exibição de
masculinidade iria incluir eles tirando seus pênis fora da
calça e comparando os tamanhos. Eu cotovelei Anton,
esperando que ele pegasse a pista. Não aconteceu.

— Você planeja vir sexta feira a noite para jantar daqui


a duas semanas? — Jude perguntou.
— Se eu estiver convidado.
— Você não está. — eu disse instantaneamente.
— Sim, ele está. — Jude disse com aquele sorriso louco
aumentando um pouco. — Isso é, se você for corajoso o
bastante.
— Eu estarei aqui. — Anton fez o que eu imaginei ser
uma olhada de cima para Jude.
— Não, você não vai. Você não foi convidado. — Eu
disse.
— Eu o convidei, Luce.
Eu trouxe o celular mais para perto, até que meu rosto
era tudo o que aparecia na tela. — E eu acabo de desconvidá-
lo.
— Desculpe, Luce. Mas esse apartamento é tanto meu
quanto seu. E eu o convidei.

Eu estava perdendo meu aperto. Meu noivo e meu


chefe estavam lutando por mim como se eu fosse algum
troféu brilhante. Essa foi a última gota.

— Tudo bem. Você quer convidar Anton? Convide


Anton. — Eu me mexi, enquanto minhas mãos começaram a
tremer. — Se divirtam, porque eu tenho certeza que eu não
estarei aqui. — as linhas na testa de Jude suavizaram
quando ele olhou para mim. — Agora, se vocês rapazes
tiverem acabado com a briga de galos, vocês irão embora
agora mesmo. — Eu mandei, apontando Anton a direção da
porta. — Eu estou terminando com você. E desligando você.
— eu disse, estreitando meus olhos para Jude.

— Luce. — ele começou, mas eu era fiel a minha


palavra. Antes que Jude pudesse falar mais uma palavra, eu
fiz o que eu devia ter feito há três minutos.
Eu apertei desligar.
— Lucy, me desculpe. — Anton disse.
— Fora. — Eu disse, apontando para a porta — Apenas
Saia. Eu tive o suficiente por um dia.

Anton pareceu como se quisesse falar mais, mas pela


primeira vez ele ficou quieto. Depois de deixar escapar um
longo suspiro, ele foi em direção à porta e não olhou para
trás.
Capitulo 15

A
s ligações de Jude começaram a chegar cerca de
30 minutos mais tarde. Eu não as atendi. Eu não
estava pronta.
Indie tinha dormido durante toda a chamada infernal
do Face Time, e Holly, Thomas, e LJ ficaram escondidos até a
barra ficar limpa. Quando ficou, Thomas voltou para a sala,
envolvendo-me em seus braços, e não soltou até que eu
tivesse quase adormecido.
Ele me carregou para minha cama e me botou para
dentro antes de rastejar de voltar e ele mesmo adormecer.
Era um pouco depois da meia-noite, e eu estava
emperrada naquele lugar entre o sono e o despertar, quando
eu finalmente atendi a ligação de Jude. Não seria exagero
supor que ele me ligou pelo menos 50 vezes.
— Ei, Sr. Persistente. — eu digo com uma voz de sono.
— Luce. — ele suspira. Eu posso sentir seu alívio nessa
única palavra.
— Você estava fora da linha ontem à noite, Ryder. — eu
digo, lembrando a mim mesma para ficar calma.
— Eu sei. — ele respondeu sua voz toda baixa e áspera,
como se ele não tivesse falado uma palavra em dias. — Mas
assim como você, Luce.
— Huh? — eu sento-me na cama. — Eu não fui aquela
que verbalmente ameaçou matar um homem.
— Não, não foi você. Mas você foi a única que estava
aninhando-se com ele e praticamente dividindo um assento.
— Sim, Anton estava perto de mim. Assim como estava
Indie. E Thomas. E Holly. E LJ, também. Nós estávamos
todos acampados no chão assistindo A Era do Gelo em uma
fortaleza incrível.
Como em todo Face Time convido Jude, sempre faço
isso e parecia estranho simplesmente conversar com ele. Eu
não podia ler a expressão em seu rosto; eu apenas podia
adivinhar como ele se sentia pela sua voz.
— Aquele cara está a fim de você, Luce. Eu sei que você
não acredita em mim, e eu sei que você quer acreditar que ele
é só um amigo, mas amizade é a última coisa que vem em
sua mente quando se trata de você. — sua voz estava tão
controlada, tão contida. Eu estava orgulhosa dele... Ainda
irritada, mas orgulhosa.
— Nós não estávamos nem mesmo perto o suficiente
para tocar os cotovelos Jude.
— Mas isso não muda o fato que ele queria tocar você e
facilmente poderia ter feito isso, desde que estava deitada
bem ao lado dele.
Com tudo o que aconteceu esta noite, eu tinha deixado
de lado a bomba que Anton soltou depois do trabalho. Eu
tinha planejado contar para Jude. Porque isso não era uma
coisa que eu pensei que eu deveria esconder dele, mas agora,
depois que Jude já estava chateado, ele certamente fretaria
um avião e voaria através do país, só assim ele poderia
chutar a bunda de Anton pessoalmente. Seria uma mentira
se eu omitisse isso por talvez uma semana?
Pela culpa que corria pelas minhas veias, eu acho que
seria.
— Agora, Luce. Desculpe o jeito que enlouqueci essa
noite. Isso é tudo sobre mim. – ele diz interrompendo os meus
pensamentos. — Mas preciso que você mantenha distância de
Anton. Eu sei que você acredita no melhor de todo mundo,
mas nem todo mundo tem as melhores intenções, Luce.
— Como você espera que eu mantenha distância? Ele é
meu chefe. Eu arquivo a papelada dele e apresento seus
relatórios de despesa e faço as apresentações de PowerPoint
dele de segunda à sexta. — depois de levar algumas horas
para me acalmar, eu percebo que foi um pouco precipitado
querer sair. Eu tinha um emprego, um bom, um remunerado,
eu não queria arrumar minha caixa de papelão porque meu
chefe tinha admitido que ele estivesse atraído por mim. Anton
certamente não tem sido o primeiro chefe que tinha uma
queda pela secretária.
— Lembre-me de novo porque você foi tão insistente em
ter seu próprio emprego?
Eu suspiro minha resposta.
— Tudo bem, tudo bem. Então você não pode manter
uma distância física dele, mas você pode se manter
emocionalmente distante dele. Isso é tudo o que estou
dizendo, Luce. — ele diz soando mais cansado que qualquer
outra coisa. Que era do mesmo jeito que eu me sentia. — E
não deitar mais perto dele com um monte de cobertores e
merda, vestida com nada além de uma regata minúscula e
minha cueca. Tudo bem?
— Você está pedindo ou falando?
— Você realmente precisa que eu peça Luce?
— Depois de toda a coisa hoje à noite... — eu digo
tentando não repetir isso na minha cabeça. — Sim eu preciso
que peça.
— Pedir. Estou sempre pedindo, Luce. — ele diz. —
Algumas vezes eu apenas peço com um pouco mais de
entusiasmo.
Eu ouvi um quase sorriso em sua voz e podia sentir o
meu próprio começando a nascer.
— Algumas vezes? Mais como o tempo todo.
Ele deu uma risada baixa. — Sim, você está certa. Mas
a única razão que estou pedindo com entusiasmo é porque eu
me importo com você, Luce. Eu me importo com você mais
que eu jamais me importei com qualquer outra coisa. Eu teria
feito qualquer coisa, sacrificado qualquer coisa, e eu digo
qualquer coisa, para proteger você.
— Eu não colocaria Anton Xavier no topo da lista do
que preciso ser protegida. — eu replico.
— Eu colocaria. — ele responde instantaneamente. — E
se você está tendo um tempo difícil para entender onde eu
quero chegar, só coloque-se em meu lugar. O que você faria
se você descobrisse que eu estava trabalhando para alguma
garota bem rica, que faria qualquer coisa para me levar para
a cama, e então você ligou uma noite para dizer boa noite e
me encontrou aconchegado ao lado dela? — ele pausa
provavelmente para guiar o seu ponto do que para respirar.
— Sua reação seria tão diferente da minha?
Eu queria atirar de volta um, É claro que seria, ou,
Inferno sim, mas eu não consegui. Porque eu sabia que ele
estava certo. Jude me fez entender o seu ponto de vista, e
isso era um feito digno de um Nobel da Paz.
— Não, não seria. — eu admiti relutantemente. — Eu
teria arrancado o olho da vadia para fora pelo telefone se
precisasse.
Jude estava realmente rindo agora. Ouvir sua risada
me fez rir alto também. — Então nós entendemos um ao
outro, Luce.
— Sempre. — eu digo bocejando sobre a minha risada.
— Algumas vezes só demora um pouco para chegarmos lá.
— Algumas vezes? — ele diz. — Que tal o tempo todo?
Eu me deito e me enterro no meu travesseiro. —
Obrigado por ligar 50 vezes e se desculpar.
— Obrigado por atender na quinquagésima ligação e
aceitar.
No momento depois disso, nós desligamos, eu estava
livre para descansar/acordar na terra do limbo. Eu não
acordo até meu pequeno-carinha-despertador estar saltando
na minha cama, carregando panquecas na forma de bolas de
futebol.

Era noite de sexta novamente. Nossos jantares de final


de semana com nossa reunião em família, já parece ser uma
tradição de longa data. Semana passada nós fizemos
manicotti e pão de alho, e essa semana estávamos fazendo
nossa refeição favorita para convidados especiais: X-Burgers
e batatas fritas.
Jude tinha voado cedo esta tarde, e mesmo que eu
tivesse lutado com unhas e dentes para tirar o dia de folga e
poder pegar ele no aeroporto, Anton teve um dia cheio, lotado
de reuniões e chamadas em conferência, e disse que se
alguma vez ele precisou de secretária, hoje era o dia. Então
eu estava presa no escritório hoje quando Jude desembarcou.
Eu sabia que ele estava provavelmente já no nosso
apartamento, apenas esperando.
Eu estava assistindo a tela do meu computador como
um falcão, então ele mudou para 5 da tarde, eu estava fora
da minha cadeira e no meio da porta antes que alguém
tivesse desligado seus computadores na cidade do cubículo.
Anton tinha ido para uma reunião fora do escritório uma
hora atrás, então eu não tinha que checar com ele para ver se
ele tinha alguma tarefa de última hora para mim antes de
sair.
Uma vez que estava dentro do Mazda, eu lutei contra
todos os seus instintos para NASCAR28 em meu caminho de
volta para o apartamento. Eu me forcei a seguir o limite de
velocidade, e até me forcei a encostar no shopping para fazer
uma compra rápida. Minhas noites e fins de semana olhando
LJ estavam funcionando melhor que qualquer um de nós
poderíamos ter imaginado. Ele me escutava tanto quanto um
28
National Association for Stock Car Auto Racing. (associação automobilística norte-americana
que controla os campeonatos de stock car.)
mini homem das cavernas poderia, ele me ajudava com
tarefas ao redor do apartamento, e eu poderia até mesmo sair
com ele em público sem ter que me preocupar em deixar para
trás um rastro de caos.
Contudo, a loja que eu estava me dirigindo agora não é
uma que queira levar um garotinho. Não demorou muito para
escolher o que eu pensava que Jude gostaria mais, desde que
ele não era difícil de agradar quando se tratava de lingerie.
Eu paguei por ela, e estava de volta ao Mazda em menos de
dez minutos.
Uma vez que eu estava no estacionamento, eu me
chequei no espelho. Aplicando uma camada de batom e
adicionando um toque de blush, eu estou usando uma saia
cobalto e uma blusa sem mangas, emparelhado com um
potente de couro par de saltos vermelhos, que estava certa
que estaria deixando Jude um pouco selvagem. Esses são os
meus sapatos que ele mais gosta, apesar de preferir quando
eu estou sem nada.
Eu estava esperando que fosse exatamente isso que ele
estava planejando para hoje à noite. Sabedoria da logística,
nós íamos ter que ser criativos, mas você sabe o que dizem:
Necessidade é a mãe da invenção.
Eu subo as escadas tão rápido quanto eu ousei nesses
saltos de 10 cm, e continuei até caminhar pelo corredor.
Como estava se tornando normal, eu podia ouvir risadas
enquanto me aproximava do apartamento, mas pela primeira
vez em semanas, meu Jude foi jogado na mistura. Meu
coração apertou por ouvi-lo sem o filtro do telefone. Sua voz,
sua risada, foi feita para ser experimentada sem filtro.
Eu escancaro a porta e estouro para dento. O cômodo
ficou em silêncio seguido da minha entrada dramática. Eu
não noto ninguém mais; eu não poderia ao menos dizer quem
estava lá e onde eles estavam. Tudo o que eu vi foi ele.
E tudo que ele viu fui eu.
Eu mal tive tempo de jogar minhas bolsas antes dele
atravessar a sala. Seus braços feridos ao meu redor e ele me
puxou forte contra ele.
Eu estava em casa.
— Luce. — ele respirou, tecendo meu cabelo com seus
dedos.
Passei meus braços em torno de seu pescoço e deixei
meu rosto cair na curva de seu pescoço. Eu inalo o seu
aroma. Eu o inalo. — Senti sua falta também.
— Senti sua falta mais.
— Ah é?
Sua boca desce até minha orelha. — Sim.
— Então prove. — eu digo pressionando meus lábios
em seu pescoço.
Inclinando-se para trás, ele aninhou meu rosto em
suas mãos, segurando-o firme enquanto sua boca descia
lentamente para a minha. Ele me beijou gentilmente, quase
ternamente. Foi doce e suave, e o tipo de beijo que poderia ter
me derretido para uma pilha de mingau se ele não tivesse me
segurando tão fortemente.
Seus lábios moviam os meus e os separaram antes que
sua língua entrasse na minha boca. Quando ela tocou a
minha, deslizando e explorando com a excitação do primeiro
toque e a familiaridade do último, um gemido devagar
escapou de mim. Minhas mãos deixaram seu pescoço,
vagueando pelo resto do seu corpo como se elas não
pudessem chegar ao próximo lugar rápido o suficiente. Suas
mãos seguiam a minha liderança, para cima, para baixo, ao
redor e em torno. Deslizando, apertando, escavando. Foi o
suficiente para minha cabeça girar.
Quando meu dente roçou a ponta da sua língua, o
fôlego foi apanhado de seus pulmões, antes de ele me
empurrar contra a parede. Seu corpo pressionado na minha
frente era mais duro do que a parede pressionada nas
minhas costas. Ele era duro nos lugares certos. Todos os
lugares que fez o calor surgir no centro do meu corpo.
— Tudo bem, esse é um jantar em família e noite de
filme. — a voz de Holly entrou no mundo que Jude e eu
criamos sempre que estamos juntos. — Não a noite do
swinger em um teatro decadente que tem uma porta dos
fundos.
Eu gemo em protesto quando a boca de Jude deixa a
minha, mas as suas mãos não. Elas ficam na curva do meu
quadril de tal modo que eu ainda podia sentir o desejo entre
as minhas pernas crescendo.
— Como foi isso para aquele ‘então prove’? — ele disse
seu peito subindo e descendo arduamente.
— Vou deixar você saber mais tarde esta noite. — eu
digo. — Depois que todo mundo estiver no quarto e você for
me encontrar. — levanto uma sobrancelha em sugestão.
Seu pênis se balançou. — Você acha que seria rude se
nós disséssemos para todo mundo dar o fora?
Eu rio e agarro a mão dele na minha. — Talvez só um
pouco. — rebocando ele atrás de mim, eu rodo.
Holly está de pé atrás de LJ com suas mãos cobrindo
os olhos dele. — Vocês dois acabaram? — ela disse com um
piscar de olhos.
— Sem promessas. — Jude responde.
— Sim. — eu digo acotovelando ele. — Por agora, pelo
menos.
— Coelhos insolentes. — ela murmurou com rolar de
olhos antes de descobrir os olhos de LJ.
LJ estava com uma camisa do Chargers Jersey29 que
era uns dois números maior, e sua língua estava azul de
lamber o pirulito em sua mão que era tão grande quanto o
seu rosto. Se ele estava esperando que esse pequeno cara
fosse para a cama e dormir antes da meia-noite, tio Jude não
deveria ter carregado ele com milhares de gramas de açúcar
algumas horas antes da hora de ir pra cama.
— Porque tia Luce e tio Jude são coelhos insolentes?
Meus olhos incharam quando Jude tentou abafar sua
risada atrás de mim. Isso não funcionou tão bem.
Holly congelou no seu caminho para cozinha. — Porque
eles gostam de ser... Acariciados. — Holly sacudiu sua

29
Jogador de futebol americano.
cabeça. Ver ela assim, com a língua para fora, era tão raro
quanto um eclipse solar. — Porque eles gostam de...
— Porque eles são bonitinhos e fofos. — Thomas
interrompeu.
As sobrancelhas de LJ se juntaram por um segundo
antes de ele voltar a trabalhar em seu pirulito. — Oh, ok. —
Correndo para sua caixa de brinquedos, ele começou a
vasculhar. Crise evitada.
Holly agradeceu Thomas com um sorriso.
— Boa defesa, Thomas. — eu digo, agarrando uma
cerveja da geladeira para Jude. Pescando a cerveja do balcão,
eu dirijo minha mão para baixo sobre ela. A tampa bateu
para fora, tilintando quando caiu no chão.
— Maldição. — Jude diz, quando eu entrego-lhe a
cerveja. — Você sabe quão excitado eu fico quando você faz
isso.
— Oh, Deus, vocês dois. Sério? — Holly gemeu soando
mais ciumenta do que irritada. Agarrando alguma coisa para
fora do chão, ela marchou em direção a Jude e eu. Segurando
a bola saltitante do Homem-Aranha de LJ, ela olhou para nós
dois. — Vocês se lembram de quando usavam balões entre os
meninos e meninas nos bailes da escola para ter certeza de
que eles mantinham distância?
Eu dei a ele um sério? Olhar. — Você não está forçando
essa coisa contra os meus peitos.
— Você está certa, eu não estou. — ela me deu um
sorriso doce antes de esmagar a bola entre Jude e eu. Ao sul
em nossos umbigos. — Pronto, agora o resto de nós pode
realmente comer hoje à noite, desde que vocês não serão
capazes de se esfregar um ao outro a cada dois segundos.
Jude olhou para baixo para a bola entre nós e estourou
em uma risada. — Meu Deus, Luce. Você tem falado sobre
mim de novo? — ele disse flexionando seus quadris contra a
bola, me empurrando com sucesso contra a geladeira. —
Você sabe que eu gosto disso pervertido, mas mesmo para
mim, isto pode ser um esforço.
Eu suspiro. — Eu tenho certeza de que isso não
impediria você.
— Não. — ele disse inclinando a cerveja para mim. —
Não impediria.
— Mãe?! — LJ gritou da caixa de brinquedos. — O que
é pervertido?
O rosto de Jude congelou em surpresa. Holly deu um
empurrão nele antes de limpar sua garganta.
— É quando uma corrente fica enroscada30. — Thomas
disse todo prosaico.
— Oh. — LJ respondeu antes de voltar para
descarregar todo o conteúdo da caixa de brinquedos.
— Boa defesa, meu homem. — Jude disse levantando
seu queixo para Thomas.
Thomas balançou sua cabeça enquanto ele continuou
empilhando x-burguers em uma bandeja de servir. — Então
hoje eu sou “seu homem”, mas não muito tempo atrás eu era
Peter Pan. O que fiz para merecer essa promoção?

30
A palavra usada por Jude para dizer ‘pervertido’, tem realmente o duplo sentido de ‘enroscado’.
— Primeiro, eu chamava você de Peter Pan porque eu
sou um idiota ciumento que apenas achou você despindo a
minha garota. — Jude explicou. — E você é “meu homem”
porque você tem cuidado das três pessoas mais importantes
da minha vida.
Thomas lutou com um sorriso. — Quem poderia saber?
O atleta estúpido é profundo.
— Sim, Sim. — Jude disse tomando um gole da sua
cerveja. — Já ouvi piadas de atleta burro suficiente pela
eternidade.
— E eu tenho ouvido piadas de Peter Pan suficiente
para pelo menos as últimas duas eternidades. – Thomas
atirou de volta, antes de se dirigir para a mesa com a bandeja
segurando mais X-Burguers do que nós poderíamos comer
em uma semana.
Jude tomou outro gole antes de examinar a garrafa. –
PBR31? — ele disse, olhando a impressão. — Luce, você sabe
como me tratar direito.
Eu envolvo um braço ao redor dele porque, depois de
três semanas separados, eu não mais quero ser separada. —
Nada além do melhor para o meu homem.
— Vamos lá. Vamos comer, — ele disse rodeando um
braço ao redor do meu pescoço. — Estou faminto.
— Eu também. — eu digo, abaixando a minha voz
desde que jovens ouvidos e insinuações sexuais não devem
andar juntos. — Mas não de comida.

31
A PBR é uma empresa norte-americana que promove competições internacionais de
montaria em touros.
Jude parou no lugar. Sua boca abaixou do lado de fora
da minha orelha. — Você pare com esse tipo de conversa ou
eu vou derrubar você e mandar ver nessa mesa mesmo.
Arrepios já começaram a subir, mas quando seu dente
roçou no lóbulo da minha orelha, esses arrepios explodiram
para a superfície mais rápido.
Tudo bem. Dois podem jogar esse jogo. Eu subi na
ponta dos pés para colocar minha boca em sua orelha. — Eu
estou tão pronta para você que minha calcinha estaria
molhada... — eu falo, indo um passo mais longe e chupando
a ponta de seu lóbulo da orelha entre os dentes. — Se eu
estivesse vestindo alguma.
Sua respiração fica presa entre os dentes.
Iluminando-o com um sorriso inocente, eu continuo
para a mesa. Somente quando eu estava sentada, ele veio
atrás de mim. — Graças a você e essa boca indecente, eu
tenho que levar um pequeno tempo fora no banheiro.
— O quê? — eu digo girando minha cadeira. — Nós
estamos prestes a comer o jantar. Um banho frio pode
esperar.
Eu marco um ponto para Lucy Larson. Ela venceu essa
rodada de preliminares verbais.
— Meu pau está tão duro que um banho gelado não
poderia nem mesmo começar a ajudá-lo. E eu não vou sentar
para o jantar com uma ereção de barraca nos meus jeans. —
ele falou no meu ouvido. — Estou indo esfregar isso para
fora. E já estarei de volta.
Falando de calcinhas molhadas...
— Vou ajudar. — eu digo pulando para fora da minha
cadeira.
Ele agarrou a minha mão e me puxando. — Bom. Suas
mãos são mais suaves que as minhas.
Nós tínhamos acabado de chegar perto do banheiro, tão
perto que eu já estava alcançando o botão da calça jeans de
Jude, quando uma única batida soou do lado de fora da porta
da frente.
Uma única batida seguida por três mais rápidas.
Eu queria chorar de desapontamento. Se nós
tivéssemos sido dois segundos mais rápidos, nós já
estaríamos atrás daquela porta fechada e minha mão estaria
deslizando para cima e para baixo... — Olhem aqui. Nós
temos um comitê de boas vindas. — Indie disse e depois a
porta oscilou aberta.
Com Anton do lado dela.
— Merda.
Será que isso apenas deslizou para fora da minha
boca?
— ‘Olá’. ‘Bom ver você’. ‘Legal de sua parte fazer isso’.
— Indie disse entrando. — Estas são algumas saudações
geralmente aceitas ao receber alguém em sua casa. —
sorrindo para mim ela deu um rápido abraço em Jude. — É
claro que é legal ter meus braços ao redor do seu corpo sexy
de novo. Alguma ideia porque nós tivemos que empurrar
através de um mini exército de paparazzi acampados lá fora
na calçada?
— Ei, Indie. — Jude disse com seus olhos travados em
Anton. — Eu espero que você tenha chutado alguns desses
sanguessugas para o lixo no seu caminho pra cá.
Suspirei. Eu deveria ter estado muito absorvida e
focada em chegar ao apartamento que não notei que a
pequena multidão de pessoas do lado de fora do nosso
apartamento tinham câmeras ao redor dos seus pescoços.
Parecia que onde quer que Jude Ryder fosse assim faziam os
fotógrafos. Parecia que nós não poderíamos deixar o
apartamento por todo o fim de semana, o que na realidade...
Não era um negócio tão ruim.
— Eu espero que você esteja se conectando com minha
garota hoje à noite, porque ela precisa de algum doce, doce
amor. — Indie disse, dando uma palmadinha na bochecha
dele e passando para o corredor. — Tem sido um tempo
desde que eu vi rosto bonitinho de Lucy recém F-O-D-I-D-O.
— Não se preocupe. — Jude a responde, continuando
sua encarada em Anton, que não parecia nem um pouco
intimidado. — Eu planejo tomar contar da minha garota. A.
Noite. Inteira.
Eu coro tão forte que eu poderia sentir o sangue
correndo no meu pescoço. — Oi, Anton. Bom te ver. — eu
digo envolvendo as duas mãos ao redor do braço de Jude. —
Mesmo para você, esse é um inferno de movimento corajoso.
— Lucy. — ele replica com um sorriso divertido.
Eu atiro a ele um sorriso apertado antes de puxar o
braço de Jude. Bem, isso não estava acontecendo. — Agora,
se você já terminou de falar sobre a minha vida sexual com o
meu chefe... — eu puxo novamente, mais forte dessa vez.
Não. Uma das desvantagens de estar com um homem que
poderia empurrar um ônibus escolar era se sentir como a
maior covarde do mundo. — Eu tenho uma meia dúzia de x-
Burguers com o meu nome neles.
Jude endireitou-se na frente de Anton, não caindo na
isca do x-Burger. — Você deve ser Anton.
Como ele conseguia fazer algumas palavras inofensivas
soarem como uma ameaça de morte?
Anton olhou diretamente para o braço de Jude
enrolado sobre mim. — E você deve ser Jude.
— Em carne e osso. — ele disse. — Não há mais
telefones nos mantendo separados se você tentar se
aconchegar com a minha garota novamente.
— Jude. — eu avisei possivelmente pela milionésima
vez na minha vida.
— Tudo bem. Como vamos fazer isso? — Anton disse
deslizando as mãos em suas calças. — Eu não tenho brigado
por causa de uma menina desde quinta série. Nós vamos
fazer isso lá fora? Derrubarmos bem aqui na soleira da porta?
Agendar um compromisso? Estou em território desconhecido
aqui.
Eu poderia ter rido, mas toda a situação não foi tão
engraçada. Onde estava todo mundo quando eu precisava da
ajuda deles para separar esses dois? Uma espiada sobre o
meu ombro revelou a minha resposta.
“Alheio” era o nome do jogo que estava rolando na
cozinha.
— Vamos esclarecer uma coisa agora mesmo. Nós não
estamos brigando por uma garota. Luce é a minha garota. Ela
sempre será a minha garota. — as veias do pescoço de Jude
estavam começando a inchar. Estávamos a duas etapas de
distância de punhos voando. — O motivo que nós estamos
brigando é sobre o jeito que você olha para a minha garota. O
jeito que eu sei que você pensa sobre ela. O jeito que eu sei
que quer tê-la. É por isso que estamos brigando. — Jude
endireitou as costas para ficar um pouco mais alto. Ele tinha
um jeito de fazer seus 7,5cm de vantagem parecer que ele
estava elevando-se sobre Anton. — Mas vamos ser honestos.
Desde que eu e você sabemos que você não tem chance em
uma luta contra mim, porque nós não fingimos que eu acabei
de chutar a sua bunda até o ano que vem e você para de
tentar seu caminho para o julgamento, coração ou calças de
Luce. Você entendeu?
— Eu nunca fui daqueles que pegam o caminho fácil.
— Anton replica tão calmo como se ele estivesse conduzindo
uma reunião de negócios. — E eu não gosto de fazer o que me
dizem então eu temo que isso seja inútil, grandalhão.
— Anton. — eu silvo, imaginando se ele tinha vontade
de morrer. Pelo o que ele estava dizendo, eu acho que ele tem.
— Então como nós vamos fazer isso? — Anton repete,
dando um passo adiante. Eu tinha subestimado Anton. Eu o
imaginava mais como um tipo de cara pacifista e antiguerra.
Eu não poderia estar mais errada. Ele não iria desistir de
uma briga tão cedo tanto quanto Jude iria. Anton só usava
um terno para a batalha.
— Eu vou bater em você. — Jude respondeu, dando o
seu passo adiante.
Sim. Eles estavam indo fazer isso. Bem aqui na soleira
da porta.
— O jantar está pronto! — Holly gritou. — Se vocês não
me querem atirando o jantar de vocês para fora da janela é
melhor vocês terem seus traseiros em seus três assentos.
Quando o fim dos tempos estava sobre nós, Holly Reed
estava aqui para nos salvar.
— Mais tarde então. — Anton disse considerando Jude
como passado.
— Esperando por isso. — Jude disse seu olhar fazendo
buracos nas costas de Anton.
— Muito maduro. — eu disse cutucando ele.
— Pensei que você disse que esse cara não tinha uma
coisa por você, Luce.
Ainda não contei a Jude o que Anton disse para mim
aquela tarde a duas semanas atrás no escritório. Nenhuma
hora parecia ser a certa para descarregar esse pequeno
segredo sujo. Muito menos agora.
— Qual o seu ponto?
— Aquele imbecil tem uma coisa séria por você. Uma
coisa séria.
Eu esfrego o seu braço tentando acalma-lo. — Como
você sabe disso? — perguntei fingindo que eu não tinha
certeza se ele estava certo.
— Porque quando ele olha para você, me lembra do
jeito que eu olhava para você quando nos conhecemos.
— E como era isso?
Jude agarrou minha mão na sua e me levou para a
mesa. Ele suspirou. — Como se tudo tivesse acabado. Como
se a garota que eu estava olhando fosse a única que eu iria
passar o resto da minha vida.
— E você não olha mais para mim desse jeito? — eu
brinco.
— Eu ainda olho, mas existe uma confiança atrás
desse olhar agora. Uma confiança porque eu sei que você é
minha. — Jude puxou minha cadeira para mim e moveu sua
boca para mais perto da minha orelha. — Aquele cara olha
para você com a incerteza que eu tive no começo. Quando eu
não tinha certeza se eu poderia ter você. — ele diz
tranquilamente. — Aquele cara quer você, tudo bem, mas eu
vou ter a maldita certeza que ele saiba que ele nunca vai te
ter.
— Ei, Tarzan, — eu digo quando ele toma o seu lugar
ao meu lado. — Baixe seu tom um degrau, ou dez.
Ele me deslizou um sorriso. — Você sabe que esse não
é o meu estilo, Luce.
— Então porque você não pega um x-Burger e enche
sua boca com ele antes de começar a atirar mais alguma
ameaça de chutar a bunda do meu chefe. — gesticulo para a
bandeja de burguers que Holly estava segurando para Jude.
— Então Lucy. — Anton disse da outra ponta da mesa,
posicionado de modo que ele e Jude não poderiam continuar
exatamente de onde eles haviam parado em seu concurso de
encarar. — Eu ainda não tive a chance de conversar com você
sobre isso ainda, mas eu estava imaginando se você seria
capaz ficar no outono uma vez que escola começar.
Minha nossa, isso não vai dar certo.
— Lucy vai estar ocupada...
Eu levantei minha mão, cortando Jude. — Eu posso
responder por mim mesma, muito obrigada.
Jude levantou sua mão em rendição, claramente
divertido.
— Eu vou estar ocupada, — atiro um olhar para Jude.
— Com a faculdade. Eu realmente vou estar empilhada com
trabalho de curso do meu último ano, e então eu vou estar
indo e vindo para San Diego para ver Jude várias vezes
também.
A mão de Jude caiu no meu joelho. — Não tanto
quanto eu vou estar indo e vindo para ver você.
— Eu posso montar um esquema conforme o seu
horário disponível. — Anton disse quando todos os outros
estavam mastigando seu jantar em silêncio. Mesmo LJ sabia
que algo estava acontecendo. — Em apenas três semanas,
você já provou ser bastante produtiva para as Indústrias
Xavier. Eu não posso simplesmente deixar você ir.
Jude apertou meu joelho mais por irritação do que por
reafirmação.
— Eu vou dobrar seu salário. — Anton anunciou antes
de dar uma grande mordida em seu x-Burger.
Jude abriu sua boca, mas eu não estava deixando isso
ir mais longe, sem acrescentar meus comentários.
— Isso não é sobre o dinheiro. — eu digo. Anton
arqueou uma sobrancelha. — Bem, isso não é totalmente
sobre o dinheiro. Eu apenas não tenho tempo. Eu quero me
empenhar nas coisas em minha vida que são mais
importantes que dinheiro. — eu digo, agarrando o pote de
ketchup e esguichando uma bola no meu prato. — Além
disso, Jude tem montes de dinheiro. Eu tenho certeza que ele
pode me emprestar alguns trocados se eu precisar disso.
Eu espiei em cima para Jude. Esta foi uma fonte de
desconforto para mim, uma questão de orgulho, e admitindo
para uma mesa com os meus amigos mais próximos que eu
estava disposta a depender de Jude para um suporte
financeiro fez eu me sentir muito... Vulnerável. De uma
maneira ‘estou-pelada-onde-está-a-palmeira-mais-próxima?’.
Mas pegando um olhar do rosto de Jude, aliviou a
maneira de que eu estava me sentindo. Ele não parecia feliz;
ele parecia aliviado. Como se eu tivesse removido um peso
dos seus ombros. Eu não entendia, mas eu não preciso disso
para me sentir contente por fazer ele se sentir desse jeito.
— Pensei que você gostaria de fazer seu próprio
dinheiro. Ser independente. Noiva de um multimilionário ou
não. — Ok, Anton não tinha um desejo de morrer por cortesia
de Jude. Ele vai morrer com os cumprimentos de Lucy
Larson.
Desta vez foi a minha mão que moveu para a perna de
Jude, dando um aperto. — Está certo. Eu gostaria de fazer o
meu próprio dinheiro. — eu digo, querendo ensopar uma das
minhas batatas fritas e através da mesa no rosto de Anton. —
Mas se Jude alguma vez precisar disso, então esse dinheiro
será todo dele. E eu acho que ele sente do mesmo jeito sobre
o dinheiro que faz.
— Maldição, eu certamente sinto, Luce.
Eu amei o modo que ele estava me olhando agora
mesmo, como se ele nunca tivesse estado mais orgulhoso de
mim. Eu queria mais do que qualquer coisa escarranchar
nele naquela cadeira e beijá-lo até que nós dois estivéssemos
com o rosto azul.
Mas eu tinha alguém que precisava ser colocado em
seu lugar.
— Mais alguma coisa? — eu digo, desafiando Anton
com meus olhos.
— Tenho um monte de “mais alguma coisa”. — ele
disse soltando seu hambúrguer em seu prato. — Eu tenho
tantos “mais alguma coisa” que eu poderia ir por toda a noite.
Mas para começar com uma palavra que soma tudo isso. —
Anton sacudiu seu dedo entre Jude e eu. — Doentio.
Jude disparou levantando do seu assento. Eu não
sabia que rota ele tomaria para chegar até Anton, mas eu não
estava descartando a voando diretamente sobre a mesa.
— Já chega! — Holly levantou de seu assento também.
— Meu garoto de três anos de idade se comporta melhor que
todos vocês. — ela olhou para LJ, que estava tentando encher
sua narina com uma batata. — E isso não quer dizer muita
coisa.
Ela olhou para Anton. — Comporte-se. — depois ela
virou aqueles olhos doidos para Jude. — Comporte-se. — e
então para mim. — Comporte-se. — Tomando seu lugar, ela
puxou a batata do nariz de LJ. — O que a mamãe sempre diz
para você sobre usar palavras amáveis, bebê?
LJ sentou-se na cadeira, muito satisfeito por ser
incluído nesta conversa. — Se você não pode dizer nada bom,
não diga nada.
Holly despenteou toda a cabeça dele. — Alguma
pergunta? — ela pergunta para a mesa.
Nada.
Além de um pouco mais de olhares de morte destinado
ao outro, Jude e Anton não disseram outra palavra para o
outro durante o jantar, embora não fosse exatamente uma
experiência de jantar tranquilo. Entre LJ, Indie e Holly
tentando falar sobre os outros enquanto Thomas tentou e
falhou em adicionar seus comentários, meus ouvidos estavam
zumbindo bem na hora que Jude começou o seu terceiro x-
Burger.
— Onde você coloca tudo isso? — eu pergunto,
terminando uma metade de um desses hambúrgueres.
Ele deu os ombros enquanto mastigava uma mordida
do tamanho de uma bola de tênis.
— Eu tenho um pressentimento que vou precisar da
minha energia esta noite.
Ah. Aí estava aquela preliminar sedutora que eu tinha
sentido falta. — Bom pressentimento.
Ele sorriu para mim enquanto continuava a mastigar.
Eu ainda não tinha ajustado isso: Jude sendo mega rico. Ele
não tinha quase nenhuma maneira à mesa, vivia de jeans e
camiseta branca, e pensava que Hamptons32 era uma banda
de rock dos anos 70. Você nunca poderia saber olhando para
ele que ele era um milionário.
E eu amo isso sobre ele.
Eu espero que continue tendo jeans esportivo e
camiseta daqui a dez anos.
— Então, como foi o filme que vocês viram na última
sexta-feira? — Indie perguntou acenando uma batata para
Thomas e Holly.
— Foi tudo bem, — Thomas disse. Holly não poderia
parecer mais ofendida. — Mas a companhia foi fenomenal. —
ele esclareceu dando a ela um piscar de olhos.
— Foi isso o que eu pensei. — ela disse.
— Vocês ficaram ou fizeram alguma coisa louca depois?
Holly engasgou com o hambúrguer. Thomas ficou
vermelho, um raro tom de escarlate, graças sua pele clara.
— Indie. — eu digo. — Você pode ser mais
constrangedora?
— Essa é uma pergunta retórica? — ela perguntou,
enquanto Jude bateu nas costas de Holly.
— Sim. Eu suponho que seja.
Indie soprou-me um beijo, antes de voltar para a
grande inquisição. — Então? Desembuchem. — ela disse
olhando entre Holly e Thomas. — Vocês dois tem tanta tensão
S-E-X-U-A-L reprimida um pelo outro que eu quase desmaiei
por falta de oxigênio.

32
Cidade litorânea conhecido por seus moradores milionários.
— Deus, Indie. — eu disse atirando uma batata frita
nela, ela se esquivou então a batata voou para o peito de
Anton.
Eu sorri. Ainda mais. — Não. — Holly disse cobrindo as
orelhas de LJ. — Nós não nos beijamos ou fizemos alguma
coisa louca ou naturalmente pervertida, desde que você
apenas tem que saber.
Jude cobriu a boca, mas não estava mantendo seu riso
contido.
— E apenas para uma futura referência, nós nunca
vamos nos beijar. — ela adiciona.
A cabeça de Thomas chicoteado para o lado. — O quê?
— ele diz para Holly. — Por quê?
A pele entre as sobrancelhas de Holly se enrugam. —
Porque eu sou uma garota. — ela disse devagar como se
estivesse confusa. — E você gosta de garotos.
A boca de Thomas e a minha caem no mesmo
momento. Talvez eu devesse ter sido mais direta com Holly
sobre a atração de Thomas por ela, mas eu pensei que era
óbvio. Eu não tinha percebido que ela ainda pensava que ele
era gay depois da primeira noite que todos nós jantamos.
A julgar pelo olhar magoado no rosto de Thomas, eu
não acho que ele nunca mais seria o mesmo depois deste
golpe. — Você acha que eu sou... Sou... Gay? — Droga. Ele
não poderia ter soado mais insultado também.
Os ombros de Holly caíram enquanto suas mãos se
afastaram de orelhas de LJ. — Você não é?
— Eu fico com o pequeno homem. — Jude disse, de pé
e agarrando LJ. Ele atirou o garoto sobre seus ombros, para a
alegria de LJ. — Você quer que eu te ensine como lançar uma
bola de futebol por dez mil jardas agora?
— Sim! — LJ respondeu rindo quando Jude andou com
ele abaixo pelo corredor desaparecendo do cômodo.
Esse homem estava conseguindo uma transa tão boa
hoje a noite.
— Então espera. — Holly sacudiu sua cabeça. — Você
não é gay? Você gosta de mulheres? — Isto estava claramente
balançando sua visão de mundo.
— O que? Não! — Thomas se contorceu em seu
assento.
— Não, você não é gay, ou não, você não gosta de
mulheres? — Holly perguntou.
— Não, eu não sou gay! — essa era a primeira vez que
eu ouvi Thomas levantar sua voz. Eu suponho que se existe
uma hora para um cara perder a cabeça, era quando a garota
que ele gosta pensava que ele era gay o tempo todo.
— Uau. — Holly deu outro balanço em sua cabeça. —
Esta revelação é... Profunda.
— Inacreditável. Minha vida inteira pessoas tem
assumido que eu sou gay porque sou um dançarino. Pessoas
me julgavam porque eu me enfiei em outro tipo de elastano
que os outros garotos no vestiário. — Thomas empurrou sua
cadeira de volta, levantando-se e dirigindo-se para a porta. —
Eu não pensei que você fosse uma dessas pessoas também,
Holly.
— Thomas. — Holly chamando atrás dele. — Espere.
— Eu acho que não. — ele disse continuando a
esbravejar para a porta. — Eu vou achar alguns garotos para
beijar.
Quando ele bateu a porta, balançou as paredes.
— Ele não é gay? — ela disse mais para si mesma que
para qualquer outra pessoa. — Você sabia?
— Ele tem sido meu parceiro de dança por três anos. —
eu replico, encarando a porta. — É claro que eu sabia que ele
não era.
— Por que você não me disse?
— Porque eu pensei que você descobriria depois da
primeira noite que se encontraram. — eu disse odiando o
jeito que Holly estava olhando para mim, como se eu tivesse a
traído.
— Eu pensei isso, até que fomos ao nosso encontro na
sexta-feira. — ela disse. — Até que ele continuou trazendo à
tona esse cara, Samuel. Ele estava falando sobre ele fazer o
café da manhã naquele dia, e como ele sempre deixava suas
toalhas molhadas pelo chão, e... – o rosto de Holly
empalideceu. — Oh, meu Deus, Samuel é o companheiro de
quarto de Thomas, não é?
Eu estalei minha língua. — Bingo.
— Merda. — ela disse batendo com o punho na mesa.
— Você gosta dele, Hol? — perguntei, sentindo como se
eu já soubesse a resposta.
Ela mordeu o lábio e assentiu.
— Muito?
Outro aceno.
— Então o que você continua fazendo aqui? — eu digo.
— Vá atrás dele.
— Por favor, Lucy. Mesmo se ele gostasse de mim antes
de eu chamá-lo de gay, ele nunca iria falar mais nada para
mim.
— Só há uma maneira de descobrir. — Indie saltou. Eu
estava surpresa que ela tinha levado tanto tempo para dar
seus conselhos não requisitados. Ela normalmente teria dado
imediatamente. Além dela, Anton estava quieto uma vez na
vida.
— Você acha que eu tenho alguma chance no inferno
que ele ainda goste de mim depois do que eu disse? — os
braços de Holly estavam agitados um sinal claro que ela
estava pirando.
Indie apoiou o queixo dela sobre o seu punho e deu a
Holly um olhar de cima a baixo. — Garota. Eu acho que
aquele homem gostaria de você se você dissesse a ele para
reverenciá-la toda vez que você a visse. Ele está caidinho por
você, caidinho ao quadrado.
— Lucy? — ela disse seus olhos passando de mim para
a porta.
— Ele definitivamente gosta de você. E eu acho que
você gosta dele também. — eu digo. — Então porque você não
vai atrás dele e definitivamente se ‘gostam’ um do outro?
Os cantos da boca de Holly se contorceram. — Alguém
tem um gloss labial à mão? — Indie deslizou um tubo para
fora de seu bolso traseiro.
— Sempre a mão. — ela disse atirando-o para Holly,
que conseguiu pegá-lo, apesar de estar no meio de uma
daquelas jogadas de cabelo que ela adorava fazer. Aplicando
uma camada de gloss, Holly caminhou para a porta como
uma mulher em uma missão.
— Boa sorte. — eu gritei.
Depois que a porta bateu fechando em um total de
duas vezes nos últimos dois minutos, Jude e LJ ressurgiram
no cômodo, com a bola de futebol na mão.
— Tio Jude me ensinou a segurar a bola de futebol
como ele faz. — ele anunciou saltando para a mesa.
— Tudo certo? — Jude perguntou, vindo atrás de mim
e esfregando meus ombros.
— Espero que sim. — eu digo sentindo como se meus
olhos estivessem prestes a rolar na parte de trás da minha
cabeça a partir da magia que seus dedos estavam
trabalhando em meus músculos.
— Hora do filme! — LJ disse vasculhando através da
coleção de DVD. — Eu posso ficar entre você e Tia Luce na
fortaleza?
Os olhos de Jude prenderam em Anton, e eles se
estreitaram. — Você é o único homem que vai ficar entre Tia
Luce e eu.
Tanto para o drama voltar para nós.
Capitulo 16

H
olly e LJ estavam em seu quarto —
provavelmente dormindo, já que eu não tinha
ouvido um pio de lá nos últimos dez minutos.
Indie estava caída no sofá, imagino que em um estupor
bêbada no qual as trombetas da segunda vinda poderiam ter
explodido e ela não teria se mexido. O pobre Thomas ficou
com o chão, mas eu tinha colocado alguns cobertores para
que ele não fosse acordar com muita dor nas costas.

Depois de reaparecer trinta minutos mais tarde, a mão


de Holly na sua, ambos com as suas faces coradas e os lábios
inchados, Thomas e Holly aninharam-se um ao lado do outro
dentro da fortaleza e não tinham falado uma palavra. Tudo o
que foi dito ou feito tinha sido eficaz.

Felizmente, Anton tinha tomado a dica de que ele não


era bem-vindo para a nossa festa do pijama de sexta à noite e
tinha graciosamente ido embora, dizendo que ele tinha uma
partida marcada de manhã cedo de tênis.

Você pode imaginar a diversão que Jude teve com esse


pequeno pedacinho de informação.

O apartamento estava, enfim, tranquilo.

Trancando-me dentro do banheiro com a minha


compra de mais cedo, eu escovei meus dentes. Duas vezes.
Eu esfreguei um pouco de loção Satsuma e passei uma
escova no meu cabelo. Eu me inspecionei no espelho.
Malditamente quente. Após três semanas de celibato, Jude ia
estourar alguma coisa quando ele me visse no meu pequeno
número. Inferno, após três semanas de celibato, eu estava
prestes a arrebentar algo apenas pensando sobre o que
estava me esperando atrás de um par de divisórias.

Peguei outro olhar no espelho de corpo inteiro na parte


de trás da porta do banheiro. Algo estava faltando, mas eu
não conseguia descobrir o quê. Meu sutiã era de um material
rosa pálido puro. Tão puro que você poderia ver os meus
mamilos através do tecido. Minha calcinha era da mesma cor,
mas feita de rendas, e ainda tinha ligas que foram instaladas
em um par de meias de nylon pretas puras que tinha
costuras correndo até as costas. Saltos pretos de verniz
terminaram a roupa. Se você pudesse chamar isso de uma...
roupa.

Tudo a partir do pescoço para baixo estava pronto; era


do pescoço para cima que eu precisava de alguma coisa. Algo
que fosse doce-e-sexy como o resto do meu traje era.

A ideia surgiu.

Puxando a gaveta que estava transbordando com


produtos de higiene pessoal de Holly e prendedores de cabelo,
eu vasculhei até que eu encontrei o que eu estava
procurando. Assim que eu estava puxando-o para fora, uma
batida suave soou do outro lado da porta.
— Luce? — Jude sussurrou. Meu corpo se apertou em
antecipação apenas com a sua voz. — Se demorar mais
tempo aí eu vou estourar a porta abaixo e tomar você na pia
do banheiro.

Essa imagem era atraente em muitos níveis. — Não


seria a primeira vez — sussurrei de volta. — Basta ficar frio.
Vou sair em trinta segundos.

— Esses trinta segundos são tempo demais. — disse


ele de volta, antes que eu ouvisse seus passos preenchendo o
corredor.

Mais do que depressa, acabei o grande lenço de cetim


preto ao redor da minha cabeça, amarrando-o no arco
perfeito que eu deslizei para o lado.

Colegial inocente encontra sedutora-não-tão-inocente.

Sorrindo para mim mesma no espelho, peguei meu


roupão de banho e coloquei-o antes abrir a porta. Estava
escuro e silencioso. Jude estava a apenas seis metros de
distância.

Eu não queria fazer barulho, o que realmente


necessitou um pouco de foco quando eu tinha um par de
saltos de stripper em meus pés, de modo que seis metros pés
podia muito bem ter sido seis milhas. Na ponta dos pés nos
últimos passos, eu deslizei entre as divisórias do quarto.

Jude estava descansando no colchão, só de cueca. Sua


pele era bronzeada, e contra todas as leis da física conhecidas
pelo homem, seus músculos haviam crescido. Seus olhos
estavam fechados, mas eles se abriram no momento em que
eu escorreguei dentro do quarto.

— Desculpe por manter você esperando. — eu


sussurrei.

— Eu também — disse ele, colocando os braços atrás


da cabeça. — Minhas bolas estão tão malditamente azuis que
vão acabar criando um novo tom de azul.

Eu comecei a rir, mas me controlei. A última coisa que


eu queria era acordar um dos quatro corpos adormecidos
neste apartamento, porque eu não poderia lidar com uma
porção de gratificação noturna atrasada. Se eu tivesse bolas,
eu poderia garantir que as minhas teriam estado mais azuis
do que as dele.

— Deixe-me te compensar por isso. — eu disse,


encolhendo os ombros do meu robe. Antes que ele tivesse
alcançado o chão, os olhos de Jude haviam aumentado além
de sua capacidade.

— Considere-se perdoada — disse ele, os olhos


correndo em cima de mim.

Eu tentei ignorar o que estava subindo em sua cueca,


mas eu não podia. Eu precisava disso dentro de mim. Eu
queria isso agora.

Eu rastejei através do colchão para ele, segurando-me


em cima dele para deixá-lo de propósito um pouco louco.
Quando o meu rosto estava diretamente acima do dele, eu
parei. Eu sorri para ele, divertindo-me com o poder que eu
obviamente tinha sobre ele. — Como vão as coisas lá em
baixo? — eu disse, abaixando minha boca para que ela
estivesse um pouco acima da dele. Tão perto que eu podia
sentir sua respiração vindo de seus lábios.

Suas mãos agarraram meus quadris enquanto seus


quadris flexionaram-se até encontrarem os meus. — Vai estar
muito melhor quando eu estiver enterrado profundamente
dentro de você.

Eu não tinha certeza se o gemido que me escapou foi


devido as suas palavras ou a contínua pressão de seus
quadris contra os meus, mas eu colocaria uma aposta igual
em ambos.

Cheia de coragem, eu me abaixei para ele, deixando


toda a minha curva de peso contra ele. Senti sua ereção
correr do fundo da minha calcinha para o topo do meu
umbigo. Eu subia e descia contra seu corpo. Sua boca estava
já não deslizando contra a minha; ela estava chupando e
beliscando.

Quando eu deslizei para cima dele uma terceira vez, eu


quase gozei logo em seguida. Eu estava tão pronta que estava
molhando as boxers dele, mas eu não queria chegar tão longe
sem que ele estivesse dentro de mim. Eu levantei meus
quadris para remover a tentação do atrito, e tentei recuperar
o fôlego.
Tentei e falhei.

— Esse é um bom sutiã, Luce. — Jude disse,


parecendo quase tão ofegante como eu me sentia. Uma mão
deixou meu quadril e viajou até o meu estômago antes de
colocar-se no meu peito. O polegar e o dedo pegaram meu
mamilo e deram-lhe um puxão suave. — Eu me pergunto que
gosto seus mamilos tem através dele.

Em um movimento bem sucedido, a boca de Jude


tomou o lugar dos dedos. Sua língua brincava com meu
mamilo antes de ele tomá-lo em sua boca. Começou suave,
mas mudou. Quanto mais ele chupava, mais perto eu ficava
de um orgasmo.

Inclinando-me para trás, eu me libertei de sua boca.


Eu não viria, até que ele estivesse se movendo dentro de mim,
e uma vez que era óbvio que eu não poderia adiar por muito
mais tempo, peguei o cós da cueca e puxei-o para baixo.

— O quê? — Jude sussurrou, sorrindo para mim. — Já


chega de preliminares?

Como não poderia ser? Eu senti como se estivesse


prestes a explodir se eu tivesse que esperar mais um minuto,
e ali estava ele, casualmente relaxado e reclinado,
aparentemente feliz em mover e chupar a noite toda.

— Eu preciso de você dentro de mim, Jude, — eu disse,


agarrando-o. Isso teve uma reação nele. — Por favor.
Eu estava abaixando minha mão quando ele levantou
seus quadris, com sucesso me tirando dele. Eu estava de
costas e ele estava pairando sobre mim antes que eu
soubesse como eu tinha chegado lá.

— Diga isso de novo. — ele sussurrou, antes de colocar


a sua boca no meu pescoço.

— O quê? — Eu respirei.

— Implore-me. — disse ele, bem antes de seus dentes


se afundaram em meu pescoço. Eu vacilei, mas mais de
prazer do que de dor.

— Por favor — eu disse, apertando minha região pélvica


contra ele. — Por favor, Jude.

Sua boca ficou no meu pescoço, sugando-o


suavemente. Suas mãos deslizaram para baixo da minha
cintura, continuando pelos meus quadris e deslizando em
torno da frente da minha calcinha. Seu dedo polegar parou
sobre o meu clitóris e circulou.

— Sim. — Eu suspirei, flexionando contra seu toque. —


Por favor, amor. Foda-me.

Seu polegar parou, logo antes dele rasgar as rendas. —


Com prazer. — disse ele, pouco antes de entrar em mim.

Eu praticamente gritei de alívio antes da mão de Jude


cobrir minha boca.

— Shhh — ele sussurrou, sua voz rouca enquanto ele


se movia mais fundo dentro de mim. — Eu vou te fazer gozar
duro, Luce, mas preciso que você fique quieta para não
acordar a casa inteira.

Ele deslizou para fora, e eu queria chorar.

— Você pode ficar quieta? — Ele perguntou, esperando.

— Quando foi a última vez que eu fui capaz de ficar


quieta? — Eu disse, tentando levá-lo de volta para dentro.
Mas ele não estava concordando com isso. Ele não ia entrar
em mim novamente até que eu concordasse. — Eu vou ficar
quieta — disse eu, mais rapidamente como eu já tenha dito
três palavras.

— Bom — disse ele, mal me entrando, — Mas apenas


no caso de... — Pegando o lenço de cetim que eu tinha
amarrado no meu cabelo, ele deslizou-o para baixo sobre o
meu rosto até que ele estivesse cobrindo minha boca.

Isso, com a menor quantidade dele dentro de mim,


quase me fez gozar novamente.

Sua boca encontrou meu outro mamilo neste momento,


e assim que ele o tomou, seus quadris flexionaram-se e
empurraram ainda mais fundo dentro de mim. Eu quase
gritei de novo, mas a minha promessa fresca em minha
mente, juntamente com o lenço cobrindo minha boca, serviu
para mantê-la contida. Seu ritmo pegou até que ele estava
respirando tão fortemente quanto eu. Eu estava orgulhosa de
mim mesma que eu tinha conseguido segurar meu orgasmo,
mas quando a sua boca se moveu do meu peito para fora da
minha orelha e ele começou a sussurrar palavras, começou
um espiral fora de controle.

— Assim mesmo, amor. Assim mesmo. — ele respirou,


não só se movendo mais rápido, mas mais duro agora. — Eu
quero sentir você gozar, Luce.

Meu corpo perdeu todo o controle, e eu era incapaz de


contê-lo por mais tempo. Eu senti todos os meus músculos se
contraírem em torno dele quando ele afundou dentro de mim
mais uma vez, encontrando sua própria liberação. Meus
gemidos começaram a escorrer ao redor do lenço, crescendo
tão alto que Jude teve que cobrir minha boca com a mão.

O corpo de Jude tremeu sobre o meu, enquanto o meu


estava tremendo mais violentamente. Um brilho de suor
cobria seu rosto quando ele levantou acima do meu. Mesmo
que ele estivesse respirando rapidamente, ele ainda era capaz
de sorrir. Ele desamarrou o lenço cobrindo minha boca antes
de seus lábios tomarem o seu lugar. A maneira como ele me
beijou, com tanta paciência e ternura, não ajudou a acalmar
o meu corpo tremente.

— Case-se comigo — disse ele no espaço entre nossas


bocas.

Graças ao êxtase no qual eu ainda estava nadando,


esta questão não me colocou na borda como normalmente
fazia. — Em breve. — eu respondi-lhe.

Ele passou os dedos pelo meu cabelo e me deu um


último beijo. — Vou aceitar isso. — disse ele, reunindo-me em
seus braços enquanto ele ficou confortável. — Essa é uma
melhoria em relação a ‘algum dia’.

Eu não sabia se em breve significava amanhã, ou no


próximo mês ou no próximo ano, mas...

— Droga, vocês dois. Isso foi malditamente quente.

Jude e eu ficamos tensos ao mesmo tempo.

— Como é que uma garota deveria conseguir dormir


depois disso? — Indie continuou.

Eu teria estado constrangida se eu não estivesse ainda


no meu estupor pós-sexo.

— Bons sonhos, uma vez que você o tiver. — eu


respondi.

Jude riu na parte de trás do meu pescoço, e, com os


braços em volta de mim, eu estava dormindo antes mesmo
que eu soubesse que eu estava caindo.
Capitulo 17

E
u pisquei os olhos e quando eu os abri de novo, o
verão tinha passado por mim.

Era o primeiro dia de aula do meu último ano.


Entre trabalhar mais de quarenta horas por semana, cuidar
de LJ mais quarenta horas por semana, tomando mais um
par de voos para visitar Jude, dando jantares de sexta-feira e
noites de cinema, e tentando espremer um par de preciosas
horas de dança todas as manhãs, eu senti que tinha um caso
grave de mono.

Depois da sexta à noite com fogos de artifícios de Jude


e Anton, Anton apareceu somente quando Jude estava em
San Diego. Foi uma jogada inteligente. No geral, Anton era
um bom rapaz, e enquanto ele seguiu a minha regra e não
falou de Jude, nós conseguimos passar a maioria dos dias.
Graças ao trabalho que ele me deu, eu tinha sido capaz de
construir um fundo de dia chuvoso decente, e nós ainda
descobrimos uma maneira de me deslocar daqui a algumas
horas durante o ano letivo. Jude não estava entusiasmado
com a ideia, mas ele sabia melhor do que me empurrar sobre
o assunto. Anton era meu chefe, irmão da minha boa amiga,
um conhecido amigável. Nada mais.

Depois de algum malabarismo criativo no meu


cronograma, eu ainda era capaz de ajudar Holly com LJ, e
Thomas era capaz de preencher as quartas-feiras, quando eu
tinha uma aula de noite. Thomas e Holly são um casal, um
casal quente, desde aquela noite em que eles descobriram que
Thomas é hétero, ambos admitiram que estavam atraídos um
pelo outro. Thomas tornou-se um elemento permanente no
apartamento. Eu estava prestes a convidá-lo a mudar-se,
mas estava preocupada com os problemas que poderiam
surgir de compartilhar um banheiro entre quatro pessoas
onde cada uma gostava de tomar banhos longos.

Minha última aula do dia tinha terminado mais cedo, e


como eu tinha algum tempo antes que tivesse que estar de
volta para cuidar de LJ, fui para o estúdio de dança em White
Plains. Eu quase não tinha chegado a ter tanto tempo para a
dança como eu queria neste verão. Com o circo que a minha
vida tinha se tornado, parecia que em algum lugar ao longo
do caminho, as minhas prioridades tinham começado a
mudar. Não necessariamente mudar, mas realinhar-se. Eu
estava começando ter uma melhor compreensão sobre o
conceito de que o mundo não gira em torno de Lucy Larson.

Um conceito que eu ainda estava tentando trabalhar


em minha mente.

O estúdio estava vazio, e eu levei um momento para


apreciá-lo. Momentos de quietude e solidão eram tão raros
agora que eu saboreava-os. Era irônico como alguns meses
atrás, tudo o que eu sentia era solidão, e agora eu ansiava
por alguns minutos de solidão.
Eu amarrei os minhas pontas33 e levei o meu tempo no
alongamento. Eu estava no meio de um trecho quadrangular
quando o meu estômago revirou. Seguido por um aperto e um
estrondo.

Peguei meu estômago, esperando que isso fosse passar.

Quando tudo girou, apertou, e o estrondo se repetiu,


corri para fora do palco e fui para o banheiro dos bastidores.
Eu não tinha vomitado em anos, mas eu acho que uma
pessoa nunca se esquece da maneira que ela se sente
enjoada antes que ela vomite. Essa foi uma série de
acontecimentos desagradáveis que ficaram para sempre
marcados em minha mente.

Eu poderia provar a bile subindo na minha garganta


enquanto eu corria para dentro do banheiro. Não havia um
segundo a perder antes do meu estômago se apertar mais
uma vez quando eu alcancei o vaso sanitário. Tossi e pairei
ali, apenas no caso. Depois de um minuto tinha passado e eu
estava bastante certa de que não haveria quaisquer réplicas,
eu dei descarga antes de ir para a pia para ligar a torneira.
Lavei minha boca e encharquei o rosto com água fria.

Eu já estava me sentindo melhor em cada vez que eu


secava meu rosto, mas eu não ia arriscar. Se eu tivesse
contraído algo, era melhor cortar o mal pela raiz antes que
piorasse. Troquei minhas pontas para as minhas sapatilhas,
deslizei meu suéter por cima da minha camisa, e voltei para o
Mazda. Eu ia tomar conta do LJ toda a noite, e estava
33
Sapatilha de ponta de ballet.
esperando para tirar uma soneca rápida antes de eu começar
a ir 60 milhas por hora até dormir.

Enquanto eu subia as escadas para o apartamento, o


sentimento de revirar o estômago estava voltando. Até o
momento em que eu estava destrancando a porta, ele voltou
com uma vingança. Depois de mais uma corrida para o
banheiro, eu quase não consegui a tempo de lançar-me pela
segunda vez em uma hora. Felizmente eu não almocei, ou
então este teria sido um calvário ainda mais desagradável.

— Lucy? — Holly bateu na porta, parecendo


preocupada. — Você está bem aí?

Eu gemia quando o meu estômago revirou novamente.


Desta vez, ele teve misericórdia de mim.

— Eu estou bem se você considerar morrer como bem.


— eu disse, perguntando-me por que a pia parecia tão longe.

A porta se abriu e Holly entrou.

— Onde está LJ? — perguntei, não querendo que o


pequeno homem testemunhasse isso. O garoto nunca mais
seria o mesmo.

— Desmaiou debaixo da mesa. — disse ela, parecendo


preocupada. — Você ficou doente?

— O que te faz pensar isso? — Eu disse, feliz que eu


tinha limpado o banheiro ontem, uma vez que o meu rosto
estava descansando no vaso. Ela olhou para o banheiro, com
seu nariz torcendo. — Oh, droga. Desculpe. — eu disse,
corando.

Holly pegou uma toalha e correu um pouco de água


sobre ela. Ajoelhou-se ao meu lado e envolveu-a em volta do
meu pescoço. Foi legal e me fez sentir melhor imediatamente.

— Eu devo ter comido algo ruim. — imaginei. Meu


estômago estava seriamente chateado comigo e revoltado.

— Você comeu cereal Kashi no jantar na noite passada


e sua maçã padrão no café da manhã. — disse ela, puxando
meu cabelo para trás e trançando-o. — Eu não acho que seja
algo que você comeu.

— Então, deve ser algum tipo de vírus da gripe. — disse


eu, começando a me sentir melhor. Por quanto tempo, eu não
tinha certeza.

— É o início de setembro, Lucy. Esta não é a


temporada de gripe. — Ela colocou um laço em torno do fim
do meu cabelo antes de deslizar a trança debaixo da minha
camisola.

— Então, eu devo ser uma das poucas afortunadas que


pega essa leva de verão raro. — eu disse, não querendo falar
sobre porque eu estava doente, mas como eu poderia ficar
melhor. Rápido.

Holly suspirou e deslizou ao redor até que ela estava


olhando para mim. — Quando foi a última vez que você teve a
sua menstruação?
Fiquei surpresa em primeiro lugar por sua pergunta,
que era tão abrupta como aleatória. Dois segundos depois eu
entendi aonde ela queria chegar.

— Você acha que eu poderia estar grávida? — Agora,


além de se sentir mal do meu estômago, eu me senti um
pouco fraca, também.

— Bem, não é como se você estivesse exatamente


abstinente, Lucy. — disse ela.

— Estou tomando pílula. — respondi, sentindo-me


como se eu estivesse tentando convencê-la tanto quanto a
mim mesma. Esqueci uma pílula aqui e ali, mas
normalmente eu era muito cuidadosa.

— Sim, mas você perdeu a parte em que diz que a


pílula é apenas noventa e nove por cento eficaz na prevenção
da gravidez? — Sua voz era tão suave como Holly nunca
tinha sido. Ela não estava dizendo isso para me chatear, mas
chateada era do jeito que eu me sentia.

— Mas às vezes nós usamos camisinha, também. —


Apesar de muitas vezes não.

— Então isso significa que às vezes não. — disse ela,


agarrando minha mão. — Eu não sou médica, mas eu tenho
certeza de que ‘às vezes’ não é uma garantia de que você não
vai ficar grávida.

Eu estava começando a entrar em pânico agora. Eu


estava começando a suar frio, e minhas mãos tremiam,
porque eu sabia que o que Holly estava dizendo poderia ser
uma possibilidade.

Eu estava tomando pílula, e usamos camisinha


durante às vezes em que era suposto ser mais provável ficar
grávida, mas ela estava certa: eu não estava abstinente,
então, eu não poderia excluir a gravidez cem por cento, dado
o jeito que eu estava me sentindo hoje. Por mais que eu
quisesse.

— Quando foi sua última menstruação? — Ela


perguntou de novo.

Eu não conseguia pensar. Eu mal podia respirar por


isso me levou um tempo para responder. — Um... um par de
meses atrás. Eu acho. — Isso não estava acontecendo. Não
podia ser. — Mas eu não menstruo todo mês. É irregular. —
Era uma coisa comum para os dançarinos ter períodos
esporádicos, ou até mesmo parar completamente. O estilo de
vida, combinado com o baixo teor de gordura do corpo,
realmente mexia com os nossos ciclos.

— Sim, mas você ainda tem o seu período, de modo que


você pode estar grávida. — Holly fugiu em direção a pia e
puxou uma das gavetas. Remexendo-a, ela tirou uma caixa
de papelão rosa e branca. — Só há uma maneira de saber
com certeza.

Essa coisa toda ficou ainda mais surreal quando Holly


acenou o kit de gravidez na minha frente.
Eu balancei minha cabeça. — Eu não acho que posso
fazer isso. — Uma parte de mim já sabia que Holly
provavelmente estava certa, e eu não estava pronta para isso
ser confirmado. Eu não estava preparada para pensar em
como minha vida mudaria totalmente e para sempre de todas
as formas.

Ela abriu a caixa e tirou um pedaço de palito branco.


— Eu vou ajudá-la.

Eu não sei quanto tempo eu olhei para essa vara


branca, mas Holly tinha que me ajudar, porque eu não era
capaz de me mover. Depois de me dizer o que fazer, ela
esperou comigo enquanto eu fiz xixi no teste. Um teste que
parecia que estava segurando a minha vida inteira na
balança. Como todos os meus sonhos e esperanças, e meu
futuro repousava sobre o resultado de uma ou duas linhas
cor de rosa.

Depois de nivelá-lo, Holly colocou-o na pia. — Temos


que esperar dois minutos.

Dois minutos poderiam muito bem ter sido duas


décadas. Eu queria dar uma espiada tanto quanto eu não
queria. Holly abraçou-me o tempo todo, esfregando a parte de
trás do meu pescoço e acariciando minhas costas. Era em
momentos como estes que você ficava mais grata por seus
amigos, porque não havia nenhuma maneira que eu pudesse
ter passado por isso sem ela.
— Ok, eu acho que é hora. — disse ela, dando à minha
trança um puxão suave.

— Apenas me diga. — eu disse, fechando os olhos. —


Eu não posso olhar.

— Tudo bem, Lucy. — disse ela. Ouvi-a colocar a vara


em cima do balcão. Ela quase engasgou, mas saiu como uma
sirene em meus ouvidos. — Lucy... você está...

Eu abri meus olhos no último minuto. Duas linhas cor


de rosa.

— Grávida.

E, então, eu desmaiei.

As vozes ao meu redor pareciam que estavam vindo


através de um túnel. Eram todas ecos. Eu queria abrir meus
olhos, mas eu não podia. Não porque estavam pesados, mas
mais porque eles se sentiam como se tivessem sido grudados
fechados. Eu queria fugir da escuridão, mas eu não podia.

E então eu ouvi um nome. Isso era tudo que eu


precisava para chutar através da escuridão.

— Temos que chamar Jude. — disse uma voz


masculina familiar.

— Sim. Sim, está bem. Vou pegar meu telefone.


Este foi o impulso final que eu precisava para abrir os
olhos.

— Não. — eu disse minha voz quebrando. — Não ligue


para ele. Eu estou bem. — Eu estava deitada no sofá, e
minha cabeça estava apoiada em um par de almofadas.

Holly e Thomas pairavam sobre mim, olhando para


mim, como você imagina que alguém iria olhar para um
cadáver.

— Quando você chegou aqui, Thomas? — Eu tentei


sentar, mas o meu corpo não estava querendo nada disso.

— Apenas um par de minutos atrás. Eu estava


pensando em levar Holly para o trabalho. — disse ele,
ajoelhando-se diante de mim. — Mas é uma coisa boa que eu
estava adiantado e estar acostumado a carregar você, ou
então você estaria acordando no chão do banheiro frio agora
mesmo. — Um pequeno sorriso se formou, mas não tocou
seus olhos.

— Você sabe? — sussurrei. Eu não podia dizer a


palavra. Eu nem sequer me deixava pensar nela, mas eu
podia sentir a palavra fazendo o seu caminho sinuoso através
da minha mente. Isso era tudo o que eu via quando eu
pensava sobre o meu futuro.

— Sim, Lucy. — ele disse, pegando minha mão. — Eu


sei. Holly não disse nada, mas era meio difícil ignorar o teste
de gravidez positivo em cima da pia.
Mordi o lábio, duro, esperando que isso mantivesse as
lágrimas contidas. Meu método testado e aprovado estava
falhando comigo.

Holly se ajoelhou ao lado de Thomas. Seus olhos


estavam vermelhos como eu imaginei que os meus estavam.
Ela segurou o telefone para cima. O número de Jude estava
na tela, junto com sua imagem. — É preciso ligar para Jude.
Ele precisa saber o que está acontecendo para que ele possa
estar aqui com você.

— Não. — eu disse, balançando a cabeça. — Agora não.

— Sim. Sim, agora. — disse Holly, segurando o telefone


para mim. — Ouça Lucy, eu sei que você está assustada
como a merda e confusa como o inferno, mas Jude vai ajudá-
la a passar por isso. Você precisa dele para ajudá-la a passar
por isso. E eu sei por experiência própria que Jude é uma boa
pessoa para se apoiar neste tipo de situação.

— Que tipo de situação é essa? — Eu disse, virando


para o meu lado para que pudesse olhá-la de frente. — A
situação não planejada da gravidez? Ou a situação eu-só-
tenho-vinte-e-um-anos? Talvez a situação eu-não-sou-
casada? E não vamos esquecer-nos da situação meu-futuro-
arruinado. — estava em uma perda de palavras pré-
passagem, mas agora eu não conseguia dizer o suficiente.

— Mãe? — LJ enfiou a cabeça para fora do quarto. —


Posso sair já?
— Não! — Thomas e Holly responderam ao mesmo
tempo.

— Eu vou ficar com o homenzinho. — Thomas disse,


dando um aperto de mão antes de pressionar um rápido beijo
nos lábios de Holly. — Vocês, meninas, não precisam de mim
aqui para oferecer soluções de qualquer maneira.

— Tia Luce? Você está bem? — O doce pequeno rosto


de LJ estava enrugado com preocupação.

A resposta para isso eu não poderia dar a uma criança


de três anos de idade, então, menti. — Sim, LJ. Eu estou
bem, amigo.

— Oh. Lucy? — Thomas parou abruptamente e estalou


os dedos. — Só pra constar, eu acho que você seria o inferno
de uma boa mãe. — Esse mesmo pequeno sorriso apareceu
novamente, mas desta vez foi refletido em seus olhos
também. Antes que eu pudesse responder, ele estava
entrando no quarto para ocupar LJ enquanto Holly e eu
discutimos o que ela estava pensando em discutir.

A coisa é que eu não estava em um estado de espírito


de falar. Eu necessitava processar. Eu precisava pensar. E,
então, talvez pudéssemos discutir.

— O que está acontecendo aí dentro, Lucy Larson? —


Perguntou Holly, batendo na minha cabeça.
— Um monte de tudo e um monte de nada. — eu disse,
perguntando-me se eu caísse de volta dormindo, eu poderia
acordar e descobrir que tudo isso foi um enorme pesadelo.

Holly suspirou e se sentou no chão ao lado do sofá. —


O que você vai fazer?

Eu não podia pensar nisso agora. Eu não queria pensar


nisso nunca. Mas eu sabia que teria que enfrentar não só
essa pergunta, mas respondê-la.

— Eu não sei.

— E quando é que você vai dizer para o Jude? — Ela


começou a acariciar o topo da minha cabeça de uma forma
que minha mãe costumava fazer quando eu era pequena e
tinha medo dos monstros que eu estava convencida que
estavam à espreita debaixo da minha cama.

— Eu não sei.

Holly exalou. — Como você se sente?

— Eu não sei. — estava vendo uma tendência em


desenvolvimento nas minha respostas. Eu sabia um monte de
nada. Tudo o que eu sabia era que eu me sentia confusa e
assustada e perdida.

— Eu sei que está acontecendo tudo muito rápido, que


você não teve tempo para processar ainda, Lucy, e eu posso
ver o quão aterrorizada está agora, mas você é forte. Você é
mais forte do que eu, e eu sei que isso provavelmente não vai
consolá-la, e talvez eu seja todos os tipos de idiota mesmo por
dizer isso, mas se eu posso criar uma criança, eu sei que você
pode também. Você tem Jude, e sua família e amigos, e...

— E não há futuro. — eu interrompi, vendo todos os


capitulos que eu ainda experimentaria na vida em chamas.
Como eu poderia dançar quando eu tinha uma barriga
redonda e grande? Como eu poderia dançar e viajar pelo
mundo com um bebê no meu quadril? O que eu tinha
trabalhado pra caramba para em um ano antes de eu
concluir a graduação de uma escola de dança de prestígio,
acabar grávida?

— Como você pode dizer que você não tem futuro? —


Holly disse, parecendo insultada. — Você tem o tipo de futuro
que a maioria das pessoas sonha.

— Um futuro que a maioria das pessoas costuma


sonhar.

— Espere. Você está dizendo que porque você vai ter


um bebê, toda a sua vida está em ruínas?

Parecia que era o que eu estava dizendo, mas eu estava


muito malditamente confusa para ter certeza.

— Porque, sim, um bebê vai mudar as coisas, mas isso


não vai acabar com sua vida.

Eu não tinha certeza se acreditava nela.

— Eu amo que você esteja aqui para mim e está


tentando me fazer sentir melhor, Holly. Eu realmente o faço.
Mas eu meio que só preciso de algum tempo para ficar
sozinha e resolver minhas merdas. — eu disse. — Tudo bem?

Parecia que ela queria discutir comigo, mas conseguiu


controlar-se. — Eu vou pedir a Thomas para levar LJ hoje,
assim, você pode ter um pouco de paz e tranquilidade. —
disse ela. — E, então, amanhã eu e você vamos encontrar um
médico e fazer uma consulta, porque não sei se você está com
quatro semanas ou quatro meses. — Eu estava a ponto de
desmaiar novamente, pensando que eu poderia estar grávida
de quatro meses. Certamente, a vida não seria tão cruel. Eu
precisava de tanto tempo quanto possível para envolver
minha mente em torno desta granada que tinha acabado de
explodir na minha vida, e só cinco meses e meio não seriam
suficientes.

— E, depois disso, vamos descobrir uma maneira de


dar a notícia a Jude e...

— Holly. — agarrei o braço dela. — Muita coisa, muito


rápido. Eu preciso de algum espaço para respirar.

— Você está certa. — disse ela, levantando as mãos. —


Eu só vou te dar um abraço gigante — ela colocou os braços
em volta de mim e me deu um abraço extremamente grande.
— E então eu vou pegar os meninos e vamos sair daqui.

— Obrigada, Holly. — eu disse, encolhendo-me mais


fundo no sofá. — Por tudo.
— Sabe, Lucy, só pra constar, eu estou na mesma
página com Thomas. — disse ela, descendo o corredor. — Eu
sei que você vai ser uma mãe incrível.

Tentei devolver o sorriso dela, mas eu não poderia fazê-


lo.

Tudo o que eu conseguia pensar era em sonhos


despedaçados. Tudo o que eu podia ver era o rosto chocado
de Jude quando eu lhe dissesse que estava grávida.

Eu estava chorando em silêncio no meu travesseiro


antes da porta se fechar atrás de Holly, Thomas, e LJ.

Eu vivi de bolacha água e sal e refrigerante de limão


durante uma semana. Meu estômago estava incapaz ou sem
vontade de deixar qualquer coisa descer. Essas foram as
primeiras coisas que eu pedi quando eu entrei no avião na
manhã de domingo, e a aeromoça me deu um sorriso,
dizendo-me: ‘Isso fica melhor’, e manteve os biscoitos
chegando.

Eu passei todo o voo tendo apenas uma pausa para


vômito no banheiro, e felizmente, o motorista que encontrei
no aeroporto para me levar ao Qualcomm Stadium mantinha
um saco de papel no banco de trás para fins de emergência.

Eu tive uma emergência.


Era o primeiro jogo de Jude da temporada, e quando
ele tinha comprado o bilhete para mim, ele queria fazê-lo
durante todo o fim de semana. Mas eu pensei que eu estaria
dançando em uma produção na escola no sábado à noite, e
eu tinha aula na segunda de manhã, assim, eu estava
fazendo uma viagem de Nova York para San Diego e de volta
em um dia.

Eu não tinha dançado na noite passada. Eu não tinha


nem ido e aplaudido a menina que tinha sido a minha
substituta. Eu estava em uma espécie de ‘estado delicado’.

Depois de marcar uma consulta para mim, deixando-


me lá, e, basicamente, empurrando-me para a sala de espera,
Holly fez com que eu visse uma ginecologista na quinta-feira.
Depois de cutucar, cutucar, e um ultrassom rápido, ela foi
capaz de determinar de quanto tempo eu estava.

Quase quatro meses nesse dia.

Apenas quando eu pensei que não tinha mais lágrimas


dentro de mim, naquele dia, na sala de exame, eu provei a
mim mesma que estava errada. Eu ainda não tinha dito nada
a Jude. Na verdade, eu estava tentando evitar seus
telefonemas durante toda a semana. Eu só não acredito que
se ele me pegasse no telefone por muito tempo, ele não seria
capaz de descobrir qual era o problema comigo. Por isso,
mandei muitas mensagens, e o tempo ajudou bem, porque ele
estava loucamente ocupado se preparando para seu primeiro
grande jogo.
Foi assim que eu tinha convencido Holly a manter a
boca fechada, quando deixei a minha consulta na quinta-
feira. Ela insistiu que Jude precisava saber. Tipo, agora. Ela
disse que ele precisaria de tanto tempo como eu para se
acostumar com a ideia de ser pai em menos de seis meses.
Isso tinha, é claro, começado um novo lote de lágrimas. Eu
culpava meus hormônios pelas minhas emoções, mas eu
sabia que apenas desempenharam um papel muito pequeno.

Eu disse à Holly eu não poderia dizer a Jude um par de


dias antes que ele estivesse jogando seu primeiro jogo como
quarterback na NFL que eu estava grávida. Fale sobre
bagunçar o jogo de um cara. Holly tinha visto a razão nisso,
mas insistiu para que eu dissesse a ele na semana seguinte,
ou, ela me ameaçou que iria dizer-lhe ela mesma.

Eu tinha comprado tempo, mas não muito. Enquanto


eu não queria mexer com a cabeça de Jude bem antes do
jogo, era mais uma questão de não saber o que eu diria para
ele. Uma garota não acaba de descobrir que estava grávida
aos vinte e um anos e se acostuma com a ideia em poucos
dias. Passei por quase todas as fases de enfrentamento:
medo, raiva, depressão, incerteza e tudo mais. Às vezes, eu
tenho uma pontada de emoção, - eu estava tendo o bebê de
Jude, afinal de contas, - mas então eu tinha uma pontada da
realidade. Eu tinha estado em um passeio de montanha-
russa emocional no tempo de uma semana, e estava exausta.

Eu estava tão cansada que eu desmaiei na segunda


metade da viagem para o estádio. O motorista teve que me
acordar e me lembrar de onde eu estava. Era oficial. Eu era
um desastre.

Quando eu estava fazendo meu caminho através das


portas, eu recebi uma mensagem de texto de Jude. VOCÊ JÁ
ESTÁ AQUI?

Seguindo o porteiro para onde quer que eles deixem as


esposas e namoradas dos jogadores, eu mandei uma
mensagem para ele de volta. ACABEI DE CHEGAR. VOCÊ
ESTÁ NERVOSO?

Sorri quando recebi sua resposta. NÃO MAIS.

Seguindo o porteiro em um elevador, digitei a minha


resposta. TÃO ORGULHOSA DE VOCÊ, AMOR. CHUTE
ALGUNS TRASEIROS LÁ FORA.

Sua resposta veio imediatamente. TE DIGO O MESMO.


VOU CHUTAR SIM.

AMO VOCÊ, JUDE.

AMO VOCÊ, LUCE.

Eu não sei como ele teve tempo de enviar mensagens


de texto, já que o jogo estava marcado para começar em
poucos minutos, mas eu sabia desde o início que Jude fazia o
que Jude queria.

Era bom ter um sorriso em meu rosto. Um real. Poderia


não ganhar nenhuma fita azul para o maior ou o melhor, mas
era um genuíno. Aquele sorriso fugiu no momento em que o
porteiro me acompanhou até uma grande sala forrada com
janelas. O campo de futebol parecia que era uma milha
abaixo de nós.

E se eu tivesse confundido uma boate por um estádio


de futebol?

A maioria das mesmas mulheres com as quais eu


estava saindo durante todo o verão, e algumas caras novas,
andava pela sala, bebendo seu champanhe ou água com gás,
usando vestidos e saltos. Elas tinham posto suas joias
suntuosas e suas maquiagens de noite.

Eu estava usando o meu padrão de vestuário de dia de


jogo: legging preta, botas de montaria, e uma camisa com
nome e número de Jude nas costas. Eu parecia uma caipira
em comparação com essas Glamazonas34 da Rodeo Drive.

Após os olhares iniciais, ninguém reparou em mim


enquanto eu caminhava pela sala. Bem, elas me notaram,
mas elas tentaram manter os narizes empinados e sua
expressão ‘que porra é essa?’ para elas mesmas.

Tudo o que eu queria fazer era assistir a um jogo de


futebol, torcer por Jude, e esquecer sobre a minha vida por
algumas horas. Eu queria desaparecer na multidão.

Desvanecimento não estava nas cartas quando você


aparece aparentando como se estivesse indo para uma festa
do pijama, quando todo mundo estava indo para uma festa
da Miss Janeiro na Mansão Playboy. Peguei uma garrafa de

34
Glamorosas + Amazonas.
água do final da mesa que estava repleta de alimentos e
bebidas, e segui para a cadeira final no canto.

Obriguei-me a esquecer sobre a sala e todos nela e


focar no jogo. Achei Jude imediatamente. Era engraçado
como ele finalmente misturou-se com os jogadores. No
colégio, ele parecia um gigante híbrido no campo. Na
faculdade, ele ainda tinha alguns centímetros e umas boas
vinte libras a mais que um monte de jogadores, mas agora, lá
no campo com os melhores do país, ele era equivalente. Eu
quase me levantei e comecei a torcer, mas me contive.
Ninguém aqui estava torcendo. Ninguém estava nem mesmo
vendo. Claro, o pontapé inicial não tinha acontecido ainda,
mas um levantamento das arquibancadas mostrou que as
pessoas estavam buzinando e gritando, porque isso era
exatamente o que você faz em um jogo de futebol, a partir do
momento em que você entra no estádio até o momento em
que o deixa.

Eu sabia que deveríamos ter os melhores assentos da


casa aqui, mas eu tinha ciúmes até das fãs se esgoelando lá
embaixo. Tenho que falar com Jude e ver se ele poderia me
arranjar alguns bilhetes nas arquibancadas. Eu sentia falta
do meu banco da frente e no centro, onde eu poderia gritar o
nome dele e fingir que ele me ouvia. Eu senti falta de ver sua
bunda ajustadas ao shorts de perto, e eu sabia que ia sentir
falta do nosso beijo pós-touchdown ainda mais.

Um minuto mais ou menos antes do apito inicial, a


porta se abriu e um rosto familiar apareceu dentro — E aí
vadias? — Sybill disse, enchendo a sala com a sua voz e
energia. Fui capaz de liberar a respiração que eu estava
segurando por não sei quanto tempo. Cumprimentando
algumas das meninas enquanto se dirigia para a mesa de
comida, ela parou quando me viu.

Eu acenei.

— Que diabos você está fazendo escondida no canto,


Lucy? — Disse ela, pegando uma coca da mesa quando ela
atravessou a sala em minha direção. Outro sorriso, um real,
floresceu quando eu chequei seu guarda-roupa: calça jeans,
tênis e uma camisa. — Essas cadelas te puseram de
escanteio por suas ofensas de moda? — Ela piscou quando
ela se sentou ao meu lado. — Quero dizer, vamos lá. O que
você está pensando, aparecendo em um jogo de futebol sem o
seu melhor vestuário de sábado à noite?

Foi uma risada que eu acabei de ouvir? Vinda de mim?

Não podia ser. Eu não tinha estado em um humor de


rir durante toda a semana.

— Yeah. Meu erro. Acho que da próxima vez, eu vou ser


banida para as arquibancadas com o restante dos desastres
de moda. — Isso soou com um pouco de humor. Seria a Lucy
Larson sarcástica fazendo um retorno?

Eu queria me levantar e dançar.

E então me lembrei de que eu tinha que dar uma


pausa. Porque eu estava grávida. Ordens do médico.
O sorriso e o sarcasmo nunca tinham desaparecido tão
rapidamente.

Jurava que eu podia sentir a minha barriga crescendo


sempre que eu lembrava que havia algo lá dentro.

— Você está animada? — Perguntou Sybill, cutucando-


me quando ela abriu sua coca.

— Yeah. Animada, nervosa, nomeie como quiser. — eu


disse.

— Sim, somos sempre nós que nos preocupamos


muito. Os caras estão tranquilos como pepinos lá fora. —
disse ela. — Mas não se preocupe. Eu assisti o aquecimento
de Jude, e o menino está preparado e pronto para nos levar a
um e zero esta noite.

— Você foi vê-los se aquecer?

— As crianças e eu sempre aparecemos uma hora


antes do jogo para ver os jogadores ficarem prontos.

— Você trouxe as crianças? — Voltei-me no meu lugar,


à procura de um punhado de munchkins35. — Onde eles
estão?

— Se Deus quiser, eles ainda estão em seus lugares


ouvindo a minha mãe. — disse ela. — Mas provavelmente
estão a ponto de saltar no campo e pedir para o pai deles
cantar 'We Are the Champions'. — Ela tomou outro gole de

35
Personagem do livro Terra de Oz.
refrigerante. — Não que isso tenha acontecido na temporada
passada...

— Espere — peguei o braço dela — você se senta nas


arquibancadas?

— Na fila da frente, baby. — ela disse com orgulho.

— Por escolha?

— Principalmente. Mas seria tão engraçado ver a


expressão no rosto dessas cadelas se eu arrastasse meus
quatro pequenos atrapalhados aqui, eu poderia fazer isso
uma vez para me divertir — disse ela, olhando para algumas
das meninas e agitando sua cabeça. — Isso tudo é um pouco
demais ‘Cidade Esmeralda’ para mim, sabe? Eu sou mais o
tipo de garota jeans-e-hot-dog.

— Sybill, eu sei que isso pode parecer precipitado, uma


vez que eu conheci você há pouco tempo, mas eu te amo. —
eu confessei. — Você se importaria se eu me sentasse com
você em futuros jogos?

— Eu adoraria uma pequena companhia que não fosse


a minha mãe ou a minha desova.

— Legal. Vou falar com Jude sobre eu marcar alguns


bilhetes com você, porque eu não acho que posso lidar com a
brigada da Barbie pelo resto da temporada.

— Tenho certeza de que ele não vai ter um problema


arranjando para você um bilhete. Deon iniciou-me aqui
também. — Ela riu, parecendo perdida em uma memória. —
Deus sabe que eu amo esse homem, mas às vezes ele é
simplesmente muito malditamente superprotetor.

— Eu conheço o sentimento.

— Jude disse que você esteve muito ocupada esta


semana, estando de volta à escola e tudo mais. Como você
tem passado?

O sistema hidráulico começou a se torcer. Que uma


questão pudesse me reduzir a uma confusão de choro era
mais uma prova de que eu era um naufrágio emocional
hormonal.

— Não está ruim. — eu disse, olhando para longe.

— Mas não tão ótimo também, né? — Perguntou Sybill.

Eu tinha ido de estar feliz ao vê-la para desejando que


ela fosse embora, no espaço de algumas perguntas.

— Não é tão ótimo também. — eu admiti.

— Então... — Ela se retorceu em seu assento para me


enfrentar. Seus olhos caíram para o meu estômago. — De
quanto tempo você está, querida?

Eu não tinha certeza se foi a minha boca ou as minhas


lágrimas que caíram primeiro.

— Está tudo bem, querida. — disse ela, pegando a


minha mão.

— Como você sabe? — perguntei, olhando ao redor da


sala. Ninguém estava prestando atenção em nós. Eu
duvidava que elas prestassem atenção em nós mesmo se eu
ficasse nua e começasse a fazer polichinelos.

— Estive grávida tantas vezes na minha vida, Lucy, que


eu posso dizer quando uma mulher está grávida antes que
ela possa.

Olhei para o meu estômago. Eu não estava mostrando.


Ainda. Mas eu estaria em breve. O médico disse que eu
poderia esperar um surto de crescimento começando no
próximo mês. Mesmo se eu quisesse, eu não seria capaz de
manter isso em segredo por mais tempo.

— Então? — Ela perguntou quando fiquei quieta.

— Estou de quase quatro meses. — eu disse, sentindo-


me mais leve só de ter admitido a alguém.

— E eu entendo que desde que Jude não estava se


vangloriando e falando sobre o pequeno precioso bebê antes,
ele ainda não sabe?

Eu balancei minha cabeça. — Isso faz de mim uma


pessoa horrível?

— Oh, Lucy, claro que não, querida. — Sybill envolveu


o braço em volta dos meus ombros e enfiou minha cabeça
debaixo de seu queixo. Ela não poderia ter mais do que dez
anos a mais do que eu, mas o gesto foi tão estimulante, ficou
claro que ela tinha sido mãe por um tempo. — Isso faz de
você uma pessoa assustada. Uma pessoa preocupada. Mas
não uma horrível. Nem perto disso.
— Então, por que me sinto como uma pessoa horrível?
— Eu disse, sufocando um soluço.

— Você se sente assim porque está grávida ou porque


não disse para Jude ainda? — Ela continuou a manter-me
perto e não me deixava afastar. Eu parei de tentar.

— Ambos. — admiti.

— Posso perguntar por que você não disse a Jude


ainda?

— Eu realmente não sei. — eu disse. — Estou com


medo de dizer a ele, eu acho. Estou com medo de qual sua
será reação. Estou com medo de que seus sentimentos
possam mudar. Estou com medo de que ele pode não estar
pronto para ser pai ainda. Estou com medo que ele não vá
querer uma gorda da faculdade quando ele é... — Eu acenei
para baixo no campo, onde o pontapé inicial estava
começando. — Tudo o que ele é.

Sybill suspirou enquanto derramei algumas lágrimas.


Quando deveria ter estado de pé aplaudindo, estava enrolada
em torno de si, uma tentando manter a outra junta.

— Sei o que é ter medo, Lucy. Deus sabe que eu sei —


disse ela, observando o campo comigo. — Vou lhe contar uma
história. Não é nenhum conto de fadas, mas tem um final
feliz. E eu sou uma espécie de especialista sobre ela, já que é
a minha história. — Ela fez uma pausa e tomou um gole de
refrigerante. — Deon e eu nos conhecemos quando estávamos
na faculdade. Senhor, eu amava aquele homem no momento
em que o vi, mas... Ele não exatamente me via. Não num
primeiro momento, de qualquer maneira. — disse ela, rindo
de si mesma. — Uma noite, nós dois estávamos na mesma
festa, e graças à minha prima que me emprestou um vestido
pequenino e me mostrou o que era rímel, Deon e eu
acabamos dançando. Depois de algumas danças, nós
estávamos nos beijando. E depois do que pareceram algumas
horas nos beijando, estávamos perdendo roupas e
procurando um quarto vazio. Fizemos sexo naquela noite. Foi
a minha primeira vez, e eu estava meio que horrorizada na
manhã seguinte porque tinha sido com um cara que eu mal
conhecia, durante uma festa selvagem bêbada.

Ela estava certa: Isso definitivamente não estava


soando como um conto de fadas, mas eu adorei. Amei a sua
história. Eu amei a forma como sua voz era toda mole quando
ela disse isso.

— Eu fiz da minha missão evitar Deon a todo custo


depois que acordei naquela manhã. E funcionou. Por todo um
dia. — Ela riu. — Esse rapaz foi em uma cruzada
perguntando a quem passasse se sabia quem era a menina
com a qual ele tinha estado na noite anterior. É claro que
muito poucos em seu círculo íntimo sabiam, porque eu era
uma perdedora em seu status de elite. Ele secretamente
‘correu’ para minha prima na cafeteria naquela noite, e ela
deu-lhe o número do meu telefone, o dormitório onde eu
morava, meu aniversário. Inferno, praticamente tudo, exceto
o meu número de seguro social. Assim, ele apareceu na
minha porta, flores na mão, com aqueles enormes olhos de
cachorrinho dele, pedindo-me para deixá-lo me levar para
sair em um encontro. Um encontro de verdade.

Eu estava começando a sorrir neste momento. Deus,


essa história era diferente, mas a mesma que a minha e de
Jude.

— Então, nós saímos em nosso primeiro encontro, e


um segundo e um terceiro. Começamos a passar cada minuto
livre que tínhamos juntos. Era algo que eu sabia que era
especial, algo que eu sabia que era para durar para sempre.
Dois meses depois, Deon foi convocado. Estávamos em
êxtase, e ele me pediu em casamento no mesmo dia. Eu
estava vivendo o sonho de toda menina, tanto quanto eu
estava preocupada, e então descobri que estava grávida.

Yep. Isso era muito semelhante à minha história e de


Jude. Tanto que eu quase me belisquei para ter certeza de
que não estava sonhando.

— Eu tinha certeza de que Deon ia me deixar. Por que


ele quereria ser amarrado a uma menina grávida quando
acabara de assinar um grande contrato com a NFL? Eu não
contei a ele em primeiro lugar. Não queria que o conto de
fadas chegasse ao fim. Eu não lhe disse até que comecei a
aparentar. Lembro-me de estar tão assustada que quase
desmaiei. — Mais algumas lágrimas escaparam dos meus
olhos. — Eu disse a ele na noite após o seu primeiro jogo. Eu
até tinha um ‘adeus’ pronto para ser recitado. E você sabe o
que ele disse logo depois que eu lhe disse? Quais as primeiras
palavras que saíram de sua boca quando eu lhe disse que
sua namorada de dezenove anos de idade, com a qual ele
estava há cinco meses, estava grávida? — Sybill deve ter
começado a chorar ao longo do caminho, também, porque eu
senti uma lágrima caindo na minha testa. — Ele disse, 'Eu
sempre quis ter uma família grande. Acho que é uma coisa
boa que começamos mais cedo’. — Ela balançou a cabeça e
riu. — Então, ele me disse que me amava e nos casamos um
mês mais tarde. E, dez anos e quatro filhos depois, o resto é
história. — disse ela, varrendo a mão para baixo em direção
ao campo.

— Você teve que sair da faculdade? — perguntei,


percebendo que Sybill era a melhor possível pessoa que eu
poderia pedir conselhos.

— Deixei a faculdade porque eu queria estar com Deon


e passar mais tempo com o bebê. Mas fui capaz de fazer
cursos on-line e consegui meu diploma ao longo do caminho.

— Você nunca se arrependeu? — sussurrei. — Ficar


grávida? Abandonar a faculdade? Desistir de seus sonhos?

— Nem um único dia. — disse ela. — Eu nunca me


arrependi de nada. Não vivo me lamentando, Lucy. É
venenoso. Lutei por certas coisas que senti que tinha que
lutar. Eu perdi? Claro que sim, perdi. Mas, se eu empilhar
tudo o que eu sinto que eu perdi e comparasse com tudo o
que ganhei ao longo do caminho, há um pequenino monte de
o-que-poderia-ter sido parado na sombra de uma torre sem
fim de o-que-tem-sido.
Eu já não estava chorando uma lágrima ocasional. Eu
era uma bagunça chorosa quente.

— Sim, eu já perdi coisas. Mas a vida é assim, Lucy. É


o que eu não perdi que conta em meu livro. Quando olho
para o rosto da minha família, eu sei que não mudaria
absolutamente nada se eu tivesse escolha.

— Então, você está dizendo que eu deveria ficar com o


bebê, dizer a Jude, e devemos criá-lo juntos? — perguntei
entre soluços. Eu não tinha certeza se alguém notou a
menina chorando no canto, e eu não teria me importado
neste momento.

— Não, eu não estou dizendo isso. Você é a única que


pode tomar essas decisões, — disse ela, — Mas eu sei que
quando você estiver pronta para tomá-las, você vai tomar as
decisões corretas para você.

Eu não sabia quem ou qual entidade divina trouxe


Sybill até o camarote esta noite, mas eu estava agradecendo a
quem quer que fosse. Eu me senti um milhão de vezes melhor
e mil quilos mais leve. Eu não tenho as respostas, mas eu
não estava mais com medo delas.

— Obrigada, Sybill. — eu disse, enxugando os olhos


com as costas do meu braço. — Eu mencionei que te amava
mais cedo, né?

— De nada, menina. — disse ela, dando aos ombros


mais um aperto antes de subir. — E eu vou mandar um
monte de amor de volta para você. Agora, eu realmente tenho
que encontrar a minha mãe antes que ela tenha um colapso
nervoso, mas se você quiser conversar, é só me dar um toque,
ok?

Eu balancei a cabeça. — Ok.

— Você está bem? — Disse ela, olhando ao redor da


sala. O jogo tinha começado, e ainda ninguém estava
olhando. A misericórdia era que ninguém estava me olhando
também.

— Sim, eu estou bem. — Pela primeira vez esta


semana, foi a única vez que eu tinha respondido a esta
pergunta sem mentir.

— Espero te ver com a gente no próximo jogo. Você


entendeu? — Disse ela, agarrando outra coca enquanto se
dirigia para a porta. — Preciso de toda a ajuda que puder
conseguir.

— Eu estarei lá. — eu disse, — E eu sou malditamente


boa com crianças.

Sybill me deu um sorriso. — Eu posso imaginar isso,


Lucy Larson. Eu posso imaginar isso. — Ela lançou um aceno
antes de sair.

Todo mundo ainda estava ocupado falando sobre o que


era tão importante que não poderia ser interrompido para
assistir ao jogo de futebol, e, enquanto eles estavam todos
agrupados em torno da mesa da comida, ninguém comia
nada.
Meu estômago roncou. Bolachas água e sal e
refrigerante não eram uma dieta especial de enchimento. Pela
primeira vez esta semana, tive um desejo quando meus olhos
pousaram na fruteira. Eu sabia que eu poderia me
arrepender, mas eu queria uma maçã. Levantando-me, passei
por alguns corpos para chegar à minha cobiçada maçã. Eu fiz
meu caminho de volta para o meu lugar ao mesmo tempo que
Jude entrava no campo.

Eu esqueci a maçã. Eu esqueci tudo, exceto ele


agachando na posição. Não parecia possível que quatro anos
atrás, ele tinha sido um relutante jogador de ensino médio, e
ali estava ele, prestes a fazer seu primeiro jogo no grande
campeonato.

Lembrei-me de respirar.

O central caminhou; Jude pegou sem esforço e parou


por alguns segundos, dando tempo aos receptores para
entrarem em posição. Seu braço estalou de volta e quando ele
lançou a bola, eu comecei a gritar. Torcendo. Tinha uns bons
segundos de tempo de espera, mas eu sabia que iria pousar
exatamente onde Jude pretendia que pousasse. Eu assisti
suficientes jogos dele para saber que ele raramente, ou
nunca, perdia sua marca.

Quando a bola caiu nos braços do receptor nas vinte


jardas, eu gritei ainda mais alto.

Eu era a única torcida, eu era a única a fazer barulho,


mas não estava preocupada com isso. Jude tinha apenas
jogado sua primeira partida pela NFL, um cara que tinha
apenas como objetivo ficar fora da prisão na escola, e lá
estava ele agora, vivendo o sonho, sendo observado e
celebrado por milhões de pessoas em todo o país.

Outra lágrima escorria do meu olho. Enquanto ele se


transformou em um deus do futebol, eu tinha me
transformado em uma seiva emocional.

Quando eu parei de torcer por tempo suficiente para


recuperar o fôlego, senti todos os olhos da sala em mim. —
Vocês viram isso? — perguntei ao grupo, acenando para o
campo.

Eu não esperei por uma resposta. Eu tinha um jogo


para assistir.

Eu não parei de torcer. Eu sabia que nunca estaria de


acordo com o que esta Cidade das Esmeraldas considerava
normal, e o que era mais importante para mim era que eu
nunca quis isso.
Capitulo 18

E
u estava sentada ao lado do homem mais falado
do país esta noite. Depois de completar quatro
passes de touchdown, sem ter uma única
interceptação durante o jogo todo, e levando seu time à
vitória que os analistas diziam precisar de um milagre
parecido com a ressurreição, Jude Ryder tinha provado a si
mesmo dez vezes mais em seu primeiro jogo da NFL. Ele
tinha se tornado um herói nacional hoje, mas ele ainda
envolveu seu braço sobre mim, enquanto fomos para o
aeroporto em sua caminhonete, como se ele fosse o mesmo
antigo bad boy de Southpointe High.
Eu estava exausta, mas isso tinha valido muito a pena,
fazer essa cansativa jornada de um dia, e eu sabia que era
muito importante para Jude. Principalmente porque ele não
tinha parado de me dizer isso.
— Eu já te disse quão orgulhosa estou de você? — eu
disse, desejando que todas essas luzes perto não fossem o
aeroporto.
— Só cinco minutos atrás. — seus braços apertaram
em volta de mim. — Obrigada por vir. Isso apenas não é o
mesmo quando você não está aqui para me assistir jogar,
Luce.
— Isso significa muito para mim, também.
— Você confirma sua presença daqui duas semanas a
partir de agora? Não temos jogo no próximo fim de semana,
mas temos outro jogo em casa no seguinte.
— Eu estarei lá. — eu disse, pensando que essa seria a
oportunidade que eu usaria para dizer a Jude sobre estar
grávida. Eu não queria fazer isso por telefone, e eu não estava
nem um pouco pronta para dizer a ele hoje. Mesmo se eu
estivesse pronta, não havia literalmente nenhum tempo.
Quando nós chegamos ao aeroporto, eu seria sortuda de ter
uns poucos dez minutos antes de ter que começar fazer meu
caminho para o meu portão. Esta era uma notícia que eu não
queria apressar. Eu não queria sentir como se eu estivesse
correndo contra o relógio para deixar sair. Eu queria todo um
dia se nós precisássemos disso, para falar as coisas, ou não
falar nada e apenas estar um com o outro enquanto nós
processávamos o desvio que nossas vidas estava tomando.
— E você poderá ficar aqui por todo o fim de semana,
certo?
— Todo o fim de semana. — eu disse, enquanto Jude
estacionava dentro da garagem.
— Eu estou tão cansado de dizer adeus para você,
Luce. — ele disse, batendo a palma da mão no volante. —
Estou cansado de rastejar em uma cama fria, e estou
cansado de enviar mais mensagens de texto para você do que
falar com você. Estou com saudades.
Eu estava exausta, e grávida. E emocional.
Suas palavras me fizeram chorar instantaneamente.
— Estou cansada disso, também. — eu disse,
mantendo minha cabeça pressionada contra seu ombro,
então ele não veria minhas lágrimas.
— Eu tenho a solução para isso, você sabe. Para isso
de nós dois estarmos cansados de estar longe. — ele disse,
soando hesitante.
— O que? Me sequestrar, sumir comigo e nos casar? —
eu disse, não tendo que adivinhar que isso era onde sua
mente estava.
Ele acenou contra minha cabeça. — Eu faria isso por
você, se eu pudesse. — e agora sua voz soava triste.
— Mas eu nunca te pediria isso. — respondi. — Você
tem compromissos e eu tenho compromissos. Só é uma droga
que os nossos compromissos devam estar em lados opostos
do país.
O rosto dele cutucou o meu. Ele queria que eu olhasse
para ele, mas eu não podia. Eu tive que colocar uma rolha
nessas malditas lágrimas antes de olhar para ele. — Meu
compromisso número um é você, Luce.
— Eu sei. — eu disse, limpando meus olhos com meu
braço. — O que você está me pedindo para fazer, Jude? Eu
sei que sou sua prioridade número um, mas eu também sei
que você assinou um contrato com uma pequena franquia
chamada de San Diego Chargers.
— Está certa, eu tenho um contrato. Por três anos. Se
no fim disso, você quiser que eu saia para que possamos
passar os próximos trinta anos mudando-se de uma dança
sagrada para a próxima, isso é o que eu vou fazer.
Soltei uma respiração lenta. — Você faria isso? Desistir
do seu sonho para que eu pudesse ter o meu?
— Amor, futebol não é meu sonho, — ele disse,
beijando minha testa. — Você é.
Uh-oh. Eu engasguei com o choro.
— Não me entenda mal. Eu amo futebol. Muito. Mas
não posso comparar isso com você, porque não há nada para
comparar. Eu assinei o contrato porque sou bom nisso, e eu
vou fazer muito dinheiro em três anos, nós estaremos
estáveis pela vida inteira, e você pode dançar através de todo
e qualquer palco que quiser e não ter que se preocupar com
dinheiro.
Eu sabia que eu deveria ir, mas não conseguia. Eu
estava cansada de deixá-lo.
— Três anos de futebol. Então, três anos de dança. E
assim por diante. É o que você está propondo?
— Eu estou propondo três anos de futebol, e você pode
ter o resto de nossos anos juntos dançando se isso é o que
você quer. — ele disse.
— E se nós quisermos iniciar uma família algum
momento ao longo do caminho? — perguntei, aumentando a
aposta. — Como fica o fator ‘bebê’ em nossa programação de
três anos dentro, três anos fora?
Seu corpo relaxou contra o meu. — Eu não posso
esperar pelo dia de nós termos filhos, Luce, porque você
estará me fazendo os mais lindos bebês, mas nós ainda
somos tão jovens. — o sorriso que estava formando em meu
rosto vacilou. — Nós mal temos 21 anos. Nós temos toda uma
década a frente antes de precisarmos começar nos preocupar
sobre aparecer algumas crianças. Nós temos tempo, então
vamos usá-lo. — ele disse, tentando virar seu rosto para que
ele pudesse ver o meu — Ok?
Respondi a ele com um aceno, porque eu não confiava
em mim mesma para falar.
— Luce? — ele disse preocupado, quando ele teve um
vislumbre do meu rosto. — Você está bem? — ele girou em
seu assento e segurou meu rosto para que eu não pudesse
afastá-lo.
— Sim. — eu disse, soando tão chateada como eu
pensei que faria. — Estou apenas cansada.
— Então porque parece que você está chorando? — ele
perguntou, deslizando o dedo sobre a minha bochecha.
— Porque eu derramo lágrimas quando estou cansada.
Ele fez uma careta. — Desde quando?
— Desde agora. — eu disse, precisando sair dessa
caminhonete, e não apenas porque eu tinha que ir para meu
voo. Eu sabia que se Jude não recuasse e tivesse a grande
inquisição, eu estava indo para a cova e dando-lhe a grande
notícia. A grande novidade que ele acabara de admitir não
estar pronto e não querendo por mais dez anos. Como eu
poderia dizer a um homem que pensou que teria uma década
sólida para se acostumar com a ideia de ser pai de uma
criança que estava prestes a ter em um pouco menos de seis
meses?
A resposta era: eu não poderia dizer a ele. Não agora.
Não com essas palavras tão frescas em minha mente.
— Qual é o problema? — O rosto de Jude escureceu
quando ele me viu. — Fale comigo, Luce.
Olhei para baixo, incapaz de encarar aqueles
torturados olhos por mais tempo. — Eu não posso. Não
agora. — eu disse. — Em breve.
Ele bufou. — Eu tenho ouvido essa palavra em breve de
você por três anos. Acho que a sua definição e a minha são
diferentes.
Eu não tinha três anos. Eu não tinha nem três meses.
Meu breve, neste caso, seria o breve dele.
— Breve. — eu disse. — Eu prometo.
— Eu não vou segurar minha respiração, — ele disse
com um suspiro.
Mordi o lábio. — Tenho que ir.
— Sim, sim, eu sei. Essa é a história de nossas vivas.
— ele disse, estudando-me como se ele estivesse tentando ver
dentro de mim. — Sei que você está cansada e precisa pegar
seu voo e não quer falar sobre o que quer que seja que está te
incomodando, mas depois de uma boa noite de sono você se
sentirá melhor. Eu quero que você me ligue qualquer hora,
Luce, qualquer hora. Não me importo se eu estou no meio de
um treino ou dormindo ou no banho. Eu vou atender. Apenas
me ligue. Amanhã, ou no próximo dia, ou no dia depois
desse, quando você estiver se sentindo melhor, e nós
falaremos sobre isso. Vamos trabalhar isso da maneira que
sempre fazemos. — Ele parou e esperou. — Ok, Luce? Nós
vamos trabalhar isso. Tudo vai ficar bem. — ele disse,
puxando-me de volta para seus braços. — Apenas me ligue e
nós vamos arrumar essa coisa juntos.
Eu o abracei de volta, eu não conseguia segurá-lo forte
o suficiente, mas eu nunca fiz aquela ligação no dia seguinte,
ou no dia depois desse, ou até mesmo do dia depois.

Mais uma semana passou, uma semana mais perto do


dia-P36, como Holly e eu tínhamos considerado isso. Jude e
eu tínhamos conversado todos os dias, mas nunca tivemos ‘a
conversa’. Fingi que tudo estava bem e me esquivava de suas
perguntas, mas eu sabia que não tinha enganado ele. Eu
estava mesmo evitando ligações dos meus pais, porque como
eu poderia falar sobre a escola e dança quando eu estava
guardando o segredo que eu estava em meu segundo
trimestre deles?
Então quando Anton perguntou se eu seria capaz de
trabalhar sábado, eu tinha dito sim sem um segundo
pensamento. Quando eu estava na faculdade ou trabalho,
minha mente estava distraída apenas o suficiente para eu
fingir que minha vida não era uma espiral fora de controle.
Anton tinha encontrado um novo administrador por tempo
integral uma vez que eu tinha voltado para a faculdade, mas
eu ainda trabalhava no sábado ou domingo na maioria dos
fins de semana. Havia sempre algum relatório que precisava
ser preenchido ou concluído ou iniciado. Havia sempre uma

36
Dia do parto
apresentação que precisava ser feita, e Anton não só não
tinha um problema com deixar-me trabalhar uma agenda
flexível, como ele encorajava isso. Não importava se eu
aparecia cedo ou tarde, sábado ou domingo, o cara sempre
estava lá. Eu estava começando a me preocupar se ele
morava no escritório.
Hoje, Thomas tinha estado livre para ver LJ enquanto
Holly estava no trabalho, então eu apareci na Xavier
Indústrias às oito da manhã. Eu não tinha levantando a
cabeça do computador quando Anton saiu do seu gabinete no
final da tarde.
— Obrigado de novo pela ajuda hoje, Lucy. — ele disse,
colocando uma garrafa de água na minha mesa. — É incrível
o quanto mais eu posso fazer quando não tenho alguém
mergulhando sua cabeça em meu escritório a cada dois
segundos.
— Sem problemas. — eu disse, salvando o relatório que
eu tinha estado trabalhando nas últimas horas antes de
desligar meu computador. Estava ficando tarde, e eu tinha
prometido pegar o jantar para todos hoje a noite.
— Como você tem estado ultimamente? — perguntou
Anton, com uma expressão séria. — Indie me disse que você
está perdendo um monte de aulas.
Traidora. Sem sobremesa para ela na próxima sexta à
noite.
— Estou bem. — eu disse com um encolher de ombros.
— Apenas passando por alguns problemas da vida.
— Jude é responsável por esse problema? — ele disse,
inclinando-se em minha mesa.
Um flash de raiva. Havia passado tanto tempo desde
que eu tinha sentido algo assim que o sentimento foi bem
vindo. Como um amigo por muito tempo perdido voltando
para casa por uma visita. — Deixe-me responder isso com
uma resposta de duas partes. — eu disse, cruzando meus
braços. — Não é da sua conta. E não é da sua conta. —
Levantando, peguei minha bolsa e fui para o cabide pegar
minha jaqueta. Eu queria sair daqui antes que Anton ficasse
esquentado.
— Eu faço você ficar desconfortável.
Bufei. — Isso não está qualificado exatamente como a
revelação do ano.
Anton riu. Irritante. — Bem, talvez isso vá estar. —
disse ele vindo em minha direção. — Eu sei por que eu faço
você se sentir desconfortável.
— Eu também sei por quê. — eu disse, olhando-o de
cima a baixo. — Tudo. Todo o pacote Anton Xavier me deixa
desconfortável.
Super. Eu acabei de mencionar Anton e pacote na
mesma frase, e então eu me sinto um pouco pervertida, e
esse era um sentimento antigo também. Um lado de sua boca
já estava levantando.
— Eu te deixo desconfortável porque alguma parte de
você gosta de mim. Alguma parte de você está atraída por
mim e isso te irrita. Alguma parte de você sabe que se não
estivesse com ele, você e eu estaríamos juntos. — Ele disse
isso tudo sem um pingo de remorso, nem mesmo vergonha.
Eu estava puta. Muito puta. Eu não tinha certeza se era
por quão errado ele estava, ou quão certo. Isso tudo era
muito confuso.
— Talvez. — eu disse com um preguiçoso encolher de
ombros. — Mas essa é a resposta para cada questão no
universo. Talvez. Talvez você e eu pudéssemos ter ficado
juntos em alguma realidade alternativa onde não houvesse
Jude, mas esse não é o caso. Existe um Jude. E eu estou
apaixonada por ele. — eu estava ficando exaltada apenas com
um grito tímido. Levantei minha mão esquerda, piscando o
anel na frente dele. — E nós vamos nos casar.
Anton guardou suas mãos em seus bolsos — Quando?
— Em breve. — fiz uma careta na minha escolha de
palavras. Ele notou isso também.
— Quanto tempo vocês estão noivos? — Ainda a
imagem da calma.
— Três anos.
Ele deu um passo até mim, eu dei um passo para trás.
— Pelo que vocês estão esperando?
Por que eu não o tinha cortado com toda a abordagem
não-é-da-sua-conta?
— Pela graduação da faculdade.
— Não, eu não acho que é isso. — disse ele, confiante.
— Eu acho que você está esperando porque está insegura.
Algo está lhe dizendo que este homem não é o caminho certo
para você, e você não pode matar essa voz.
— Uau, bom. — eu disse, batendo palmas. — E o
prêmio de delirante vai para... — parei de bater palmas para
varrer as minhas mãos de forma dramática para ele.
Quanto mais eu me exaltava, mais frio ele parecia.
Nada que eu dissesse ou fizesse poderia derrubar sua
máscara calma.
— Você disse, nós nunca poderíamos estar juntos, mas
isso é apenas porque você nunca esteve aberta para essa
ideia. — Ele deu outro passo até mim e desta vez, quando eu
dei um passo para trás, eu estava contra a parede.
Conveniente.
— Eu não quero me abrir para essa ideia. — eu disse,
avisando ele com meus olhos. Avisando-o para não dar outro
passo para perto.
Ele não prestou atenção no aviso. — Então eu vou
ajudá-la.
Antes que eu tivesse tempo para processar a sua
intenção, seus lábios estavam nos meus, suas mãos
seguindo. Apesar de sua boca estar inflexível, suas mãos
caíram suavemente na minha cintura e ficaram lá.
Eu tentei empurrá-lo imediatamente. Era um esforço
inútil com Jude, mas eu pelo menos consegui mover Anton,
embora não o suficiente. Seus lábios continuaram o ataque
contra os meus, como se fosse um náufrago implorando por
uma tábua de salvação, mas eu tinha jogado minha salvação
fora há muito tempo com um cara diferente, e nunca pedi ou
quis de volta. Eu sabia que o que Anton tinha dito era parte
verdade. Nós dois poderíamos muito bem ter terminado
juntos em um mundo sem Jude Ryder. Mas não era assim.
Anton era o substituto de Jude. Anton era o meu o que-
poderia-ter-sido, mas Jude era o meu foi, é, e será, para
sempre.
— Anton, pare. — protestei contra seus lábios
incansáveis.
Ou ele tinha ficado surdo ou estava me ignorando.
Nenhum funcionaria para mim.
Levantando a minha mão, eu dei um tapa duro em seu
rosto. — Pare com isso!
O tapa chamou sua atenção. Coisa boa, porque o meu
próximo passo teria sido uma joelhada afiada em sua virilha.
Quando Anton afrouxou o aperto em mim o suficiente,
dei-lhe outro forte empurrão, empurrando-o de volta a poucos
metros. — Você é um idiota. Que tal isso como uma resposta
do por quê não estarmos juntos? — Empurrando-o e
passando, só porque ele merecia, marchei em direção à porta.
— E mais uma coisa. Eu me demito!
Eu não esperei por uma resposta. Corri para o
elevador, esperando que eu estivesse no carro antes dos dois
últimos minutos me alcançar. Como aconteceu, eu senti
como se eu estivesse hiperventilando.
O que Anton disse poderia ser verdade, mas nada disso
importava. Eu estava com Jude. Eu queria Jude. Não havia
Anton e Lucy quando eu tinha dado o meu coração para Jude
Ryder há quatro anos.
Eu não tinha dúvidas de que, se você conectasse Anton
e eu em um computador de compatibilidade, nós sairíamos
do outro lado juntos. Eu sabia disso, mas isso não mudava
nada. Ele esfregando na minha cara quando o meu noivo
estava do outro lado do país, enquanto eu estava um
naufrágio emocional e hormonal, não era o que eu precisava
agora.
Assim que as portas do elevador abriram, eu corri
através do lobby, passei pela porta giratória, e continuei a
minha corrida até o Mazda. Eu estava puxando o meu
telefone da minha bolsa antes que eu soubesse que eu tinha
ido procurá-lo. Como se meus dedos tivessem uma mente
própria, eles socaram um número enquanto eu me arrastei
para dentro do carro.
Jude atendeu no primeiro toque. — Hey, Luce.
Só de ouvir a sua voz desencadeou a avalanche de
emoções que eu estava tentando segurar. Comecei a chorar.
Muito, balançando, sufocando os soluços. O tipo que eu tinha
experimentado apenas nos dias após o assassinato do meu
irmão.
— O que aconteceu, Luce? — A voz de Jude estava
cheia de preocupação. — Merda. Está tudo bem? Onde você
está? — Ele estava frenético e parecia que ele estava
correndo.
Eu inalei e contei até cinco, tentando me recompor o
suficiente para tranquilizá-lo de que eu não estava a morrer
em algum beco. — Eu preciso de você, Jude. — solucei. —
Sinto muito. Sei que já é tarde e sei que você tem treino na
parte da manhã, — era impossível conseguir as palavras, e
cada uma parecia uma vitória — Mas eu preciso de você.
Ouvi-o xingar baixinho. Não sei se a minha ideia de me
recompor o tinha acalmado ou o deixado mais em pânico. —
Eu estou chegando, amor. Estou chegando. — ele disse,
definitivamente correndo agora, porque eu podia ouvir o ar
cortando o telefone. — Eu estarei aí assim que eu puder.
Eu odiava me sentir tão fraca, como se eu precisasse
de alguém para me segurar, mas tentei não focar nisso.
Tentei me concentrar em como tinha sorte de ter alguém para
chamar quando eu precisava ser segurada apertada.
— Obrigada. — sussurrei enquanto eu tentava ligar o
carro. Minhas mãos tremiam, tornando-se difícil.
— Você está segura, Luce? — ele perguntou. — Você
está ferida?
Eu sabia que ele estava falando sobre a segurança e
machucados físicos, então foi por isso que eu respondi: —
Sim, estou segura, e não, eu não estou ferida.
— Onde você está? — Perguntou ele, antes de falar em
um tom cortante com alguém. Um motorista de táxi, talvez?
— Estou no meu carro. Estou voltando para o
apartamento.
— Você está bem para dirigir?
Tomei algumas respirações mais profundas até que
minha agitação parou. — Sim, eu vou ficar bem.
— Ok, Luce. Espere por mim no apartamento. Eu estou
no meu caminho até você, amor.
— Obrigada. — Não havia mais nada que eu pudesse
dizer.
— Eu amo você, Luce. — Sua voz ainda estava ansiosa,
mas ele me acalmou.
— Eu sei, Jude. — eu disse. — Eu sei.
Eu esperava que ele se sentisse da mesma forma uma
vez que dissesse a ele tudo o que eu estava escondendo dele.
Depois de uma viagem para casa com lágrimas, eu
achei Holly esperando por mim. Thomas e LJ estavam
sumidos.
— Você saiu do trabalho mais cedo? — perguntei,
forçando um sorriso.
— Jude me ligou. — disse ela, puxando-me em seus
braços. — Ele estava em pânico e me pediu para encontrar
você aqui até que ele voasse para cá.
— Sinto muito que você teve que deixar o trabalho mais
cedo. — eu disse, derretendo-me em seus braços.
— Isso não é com o que eu estou preocupada. — disse
ela, guiando-me em direção ao sofá. — Estou preocupada
com você. O que aconteceu? — Ela me inspecionou enquanto
ela me sentava. — Jude disse que você disse a ele que estava
tudo bem, mas ele não estava tão convencido.
— Eu estou bem no jeito que ele estava preocupado. —
eu disse, enquanto deslizava meus calcanhares.
— Jude está preocupado com você estar bem em todas
as maneiras que você pode estar, Lucy. — ela disse,
agarrando o travesseiro e o cobertor sobre a cadeira.
— Eu sei que está. E acho que estou tanto bem como
mal. Se isso é mesmo possível.
Deixei Holly abaixar-me no sofá até que minha cabeça
bateu no travesseiro.
— O que aconteceu? — Ela perguntou enquanto
mergulhava o cobertor em cima de mim.
De repente, bastou eu ter meus pés e minha cabeça no
travesseiro, eu me sentia exausta. Totalmente gasta do mês,
do dia, e da última hora. Isso tudo tinha me pegado, e meu
corpo ia se revoltar se eu não o deixasse se desligar por um
tempo.
— Vou te dizer mais tarde, Holly. — eu disse,
bocejando enquanto fechava os olhos. — Me acorde quando
Jude chegar aqui?
— Claro Lucy. — disse ela. — Durma bem. — Ela deu
um beijo na minha testa, e então eu estava dormindo.
Capitulo 19

-Q
uanto tempo ela tem estado dormindo? — A
voz de Jude quebra através dos meus sonhos,
mas não me liberta totalmente deles. Sonhos
que eram mais escuridão do que luz, mais pesadelo do que
sonho.

— Desde que ela basicamente entrou pela porta. —


Holly replica de longe.

— O que está acontecendo, Hol? — Seus dedos


começam a acariciar meu cabelo.

— Ela não falou, mas tenho algumas poucas ideias.

— Que ideias? — A voz dele estava tão cheia de


preocupação, e algo mais. Exaustão, talvez?

— Não, não é meu dever dizer. Lucy pode te falar o que


está acontecendo quando ela acordar.

A boca de Jude pressionou contra minha testa e ficou


lá por um tempo, como se ele estivesse tentando respirar em
mim. — Eu estava tão preocupado, Hol. Tão fodidamente
preocupado.

— Vai ficar tudo bem, Jude. O que quer que seja que
Lucy precisou de você, vocês dois vão resolver.

— Sim. — ele disse contra minha pele. — Eu sei.


Devem ter sido seus lábios, ou devem ter sido suas
palavras, mas um desses dois libertou-me, finalmente, da
cortina da terra dos sonhos.

— Luce? — O rosto de Jude estava embaçado enquanto


meus olhos se ajustavam. — Amor? Você está bem?

— Você veio mesmo. — eu disse, sorrindo para ele. Eu


já me senti dez vezes melhor apenas por tê-lo perto.

— Eu disse que viria.

— Eu sei. — Eu disse, movendo-me embaixo dele. —


Que horas são?

— Um pouco antes da meia noite.

— Como você chegou aqui tão rápido?

Seus dedos continuaram correndo através do meu


cabelo, tranquilizando-me. — Eu fretei um avião. — ele
respondeu. — Um rápido.

Dessa vez, o preço não me incomodou. Ele estava aqui


menos do que oito horas. — Obrigada. — Eu disse, sabendo
que essa palavra era inadequada, mas não sendo capaz de
oferecer a ele nada mais agora.

Jude sorriu em resposta. Ele estava tão perto que eu


podia sentir o cheiro do seu sabonete preferido. Tendo ele
aqui, sua presença, seu sorriso, seu cheiro... Eu estava em
casa.

— Sei que eu deveria provavelmente te deixar acordar e


dar a você um minuto, mas eu estou morrendo aqui, Luce.
Eu tenho estado morrendo desde que recebi sua ligação. —
Sua voz apertada novamente. — Qual o problema? O que
aconteceu?

Por uma das poucas vezes em minha vida, ele parecia


assustado. Medo das perguntas e medo das respostas.

— Antes de tudo. — Holly apareceu atrás de Jude


segurando um copo de suco de laranja e um punhado de
biscoitos. — Você não comeu nada por horas, Lucy. Coma
isso. Beba isso. Ou mais. — Ela piscou enquanto ela esperava
eu sentar.

Eu virei para que pudesse encarar Jude e pegar o suco


de laranja e os biscoitos. — Obrigada, Holly. — De novo,
havia tanto pelo que eu tinha que agradecer a ela, mas uma
palavra de gratidão era tudo que eu tinha agora.

Jude esperou eu tomar um gole e engolir um pedaço de


biscoito de sal, mas eu poderia dizer que o jogo de esperar
estava matando ele. Como eu poderia contar gentilmente o
que me aconteceu essa tarde? Se houvesse uma maneira de
aliviar o golpe que o homem que Jude estava tão certo que
tinha uma coisa por mim tinha acabado de engessar seus
lábios nos meus, eu não estava encontrando uma.

Suave... amenizar... suavemente.

— Anton me beijou.

Suave, aparentemente, no meu livro, é ruim.

As linhas de preocupação do rosto de Jude se


aprofundaram, até que cada ruga de seu rosto se
transformou em um grande Canyon37. — Quando? — Sua voz
era tão áspera que me assustou.

— Antes de eu te ligar. — tomei outro gole do meu suco


e esperei.

— Onde? — Sua mandíbula estava travada e seus


ombros estavam tensos.

— No escritório.

E agora as veias em seu pescoço estavam pipocando


contra sua pele. Nós tínhamos batido o auge da raiva.

— Onde ele está agora?

— Eu não sei. — eu disse. — E não me importo.

— Bem, eu me importo, e estou prestes a procurá-lo. —


Ele puxou seu celular do seu bolso e começou a procurar
através da sua lista de contato. Eu sabia para quem ele
ligaria primeiro nessa caça ao Anton.

— Não. — eu disse, querendo arrancar o celular de


suas mãos e jogá-lo pela janela. Mas então ele apenas iria
encontrar o meu. — Você não está indo encontrá-loe para que
possa ensiná-lo uma lição e chutar a bunda dele.

— Isso é exatamente o que eu estou indo fazer. — ele


disse instantaneamente, parando quando ele chegou na letra
‘I’ em seu celular.

— Não, você não está. — Eu disse firmemente.


Colocando meu suco e biscoitos para baixo. Minha atenção e
mãos eram necessárias em outro lugar. — Eu não preciso de
37
Vale extenso e profundo.
você, ou ninguém mais, para provar a algum outro cara que
eu pertenço a você.

— Ele te beijou, Luce. — Jude disse seus olhos


imediatamente estreitando. — Parece que você precisa de
mim para fazer isso.

Gentilmente tracei a cicatriz que eu tinha memorizado


anos atrás. — Não importa quantos caras queiram, tentem,
ou efetivamente tenham sucesso antes de sentirem o tapa da
minha mão em suas bochechas. — eu disse, forçando ele a
olhar em meus olhos. — Porque o único deles que eu quero
beijar é você. E isso é o que importa.

Para provar, eu baixei meu rosto até nossas bocas


estarem apenas um fio de cabelo distantes. Nossos lábios não
tinham se tocado e a eletricidade já estava pulando entre nós.
Quando meus lábios cobriram os dele, aquela eletricidade
tornou-se algo mais. Nossos lábios juntos, suaves e sugando,
até minha respiração começar a pegar em meus pulmões. A
mão de Jude segurou meu rosto cuidadosamente, mas havia
uma corrente se formando nesse toque.

Eu terminei nosso beijo correndo minha língua ao


longo da ‘costura’ de seus lábios antes de pressionar um beijo
leve no canto da sua boca.

— Esse é quem eu quero beijar, e como eu quero que


ele me beije, até o dia que eu não puder beijar mais. — eu
disse, olhando dentro de seus olhos. A escuridão nele foi
embora. — Então não sinta como se você precisasse chutar
Anton na próxima semana para defender minha honra. Eu
posso defender minha própria honra. Apenas fique aqui.
Comigo. — Eu disse, batendo no sofá. — Beijar-me seria um
bônus.

Ele sentou do meu lado e agarrou minha mão. — Você


sabe que deve estar me matando não dar àquele pequeno
idiota um pedaço da minha bota, certo?

Eu acenei. De fato, eu estava surpresa que ele ainda


estava aqui, relativamente calmo, e falando em sua voz
normal de Jude novamente.

Esse beijo deve ter feito um milagre, porque o Jude que


eu conheço já teria seguido o cara e quebrado seu nariz.

— Mas eu quero você feliz. Nada é mais importante


para mim do que isso. — ele disse, suspirando. — Então eu
vou resistir a cada instinto, e não pendurá-lo na borda do
Empire State Building. — Outro suspiro, esse mais longo. —
Feliz agora?

— Você não tem ideia. — Eu disse, correndo meus


dedos através do meu cabelo. Estava uma bagunça, revestido
de lágrimas e ranho, com mais as horas de revirar no
travesseiro.

— Eu tenho uma rápida solução para isso. — Jude


disse, dando um tapinha em minha perna enquanto ele
levantava. — Vou caçar uma dessas coisinhas que amarram o
cabelo que você deixa por todo o lugar.

— Banheiro é um bom ponto de partida. — eu falei


atrás dele. Eu sorri. Jude tinha ido do fortão Hulk para meu
caçador de rabicó em menos de um minuto. Além disso, ele
estava aqui. Eu não me importava do porquê, ou os eventos
que levaram até o fretamento de um avião e voar através de
todo o país. Porque ele estava aqui.

— Impressionante. — Holly murmurou para mim da


cozinha, tomando um gole de uma xícara de chá. — Achei
que eu ia estar varrendo vidro por semanas a partir desse
tom especial irritado que ele ficou.

Antes de eu ter a chance de responder, eu ouvi um


estrondo de gaveta antes de Jude vir pisando para fora do
banheiro. — Porra, Hol. — disse ele, segurando algo em seu
punho. — Você ficou grávida de novo?

O rosto de Holly ficou confuso antes de ela perceber o


que estava na mão de Jude. Então seu rosto caiu.

— Que porra é essa? — Disse ele, segurando o teste de


gravidez na frente dela. O teste de gravidez que eu tinha
escondido na gaveta onde eu guardava minha pasta de dente,
protetor labial e rabicó. Merda.

— Jude. — eu disse, mas ele não me ouviu.

— Como diabos você cuidará de duas crianças sozinha,


Hol? — ele disse, soando realmente chateado.

— Jude. — eu disse novamente, dessa vez mais alto.

Holly estava encarando entre eu e Jude, não falando


nada. Ela não podia mentir, mas ela não queria me entregar.

— Diga alguma coisa. — Jude disse, agitando o teste.

— Jude! — Aí. Eu soei mais alto do que ele.


— O quê? — ele gritou, virando-se. Seu rosto suavizou
um pouco quando ele percebeu que virou para mim.

— Não é da Holly. — Eu disse, inconscientemente


passando minhas mãos sobre meu estômago. — É meu.

Nenhum registro imediato. Demorou um minuto. Mas


quando o rosto de Jude mudou de vermelho para branco, eu
sabia que minhas palavras se fixaram nele.

— É meu. — repeti, olhando para o teste.

— Espere... — Ele balançou sua cabeça, encarando o


teste, então de volta para mim. — O quê?

Eu rezei para que ele não ficasse chocado, porque eu


nunca tinha visto essa aparência pálida e fria em seu rosto, e
isso é certo como o inferno que parece como chocado para
mim. — O teste de gravidez é meu, — Ele realmente foi um a
um grau a mais de branco na palavra gravidez.

— Não brinque comigo, Luce. — disse ele, congelado no


lugar.

— Eu não estou. — eu disse com minha voz calma. —


Estou grávida.

Ele vacilou, mas se conteve. Oh, Deus. Ele estendeu as


mãos sobre o rosto, deixando-as lá. — Quando foi que você
descobriu?

Ele aceitou que eu estava, de fato, grávida. Nós


estávamos fazendo progressos, embora esta não era a
resposta que eu estava esperando. Eu sabia que ele não
estaria pulando de alegria, mas eu esperava um abraço e um
‘Nós vamos passar por isso juntos’.

— Duas semanas atrás.

Suas mãos caíram de seu rosto. — Por que você não


me contou?

Essa era a pergunta de um milhão de dólares.

— Por muitas razões. — respondi. — Muitas razões que


não importam mais.

Ele olhou para baixo para o teste em sua mão. — Elas


importam para mim.

Ok, eu poderia fazer isso. — Eu estava com medo.

— Do quê? — ele perguntou, não conseguindo tirar


seus olhos daquelas duas linhas rosa.

— Tudo. — eu respondi, porque era verdade.

— De mim? — Sua voz e a expressão em seu rosto me


quebraram. Eu o machuquei. A única coisa que eu nunca
quis fazer, mas nunca poderia escapar de fazer. Esse era meu
calcanhar de Aquiles: magoar Jude.

— Sim. — engoli o caroço se formando na minha


garganta.

Ele se encolheu. — Com medo de que eu viria a ser


algum pedaço de merda de pai como o meu foi?

Desta vez, eu vacilei. Esse pensamento nunca tinha


passado pela minha mente. Eu tive um monte de
pensamentos ansiosos, preocupações o suficiente para
preencher toda a vida de uma pessoa, mas esse não tinha
sido um deles.

— Não, Jude. — eu disse, querendo levantar e ir até


ele, mas eu não estava certa de que minhas pernas
funcionariam nesse ponto da conversa. — Isso nunca cruzou
minha mente.

— Então por que você estava escondendo o fato de que


você estava grávida de mim por duas semanas? Duas
malditas semanas!

Ele parecia perdido. E o tipo de perda onde ele não


estava esperando ser encontrado.

— Por causa disso. — eu disse, apontando para ele,


sentindo meu temperamento ferver até a superfície. — Porque
eu estava com medo de qual seria sua reação.

Ele virou o pescoço e olhou para longe de mim. — Sim,


bem, você estava certa em estar com medo.

— Óbvio. — eu respondi, perguntando-me se eu


poderia voltar para dois minutos atrás e contar a Jude eu
mesma que estava grávida antes de ele achar o teste.

— É meu?

Agora foi a minha vez de um golpe seu demorar um


pouco para estabelecer. Claro que eu ouvi ele errado, eu
disse, — O quê?

— É. Meu?

Não, eu não tinha ouvi ele errado.


— Jude! — Holly gritou da cozinha, marchando até ele
como se estivesse indo dar um soco em seu estômago.

— O quê? — ele disse seus olhos loucos. — Se ela


esconde o fato de que está grávida, quem sabe o que mais ela
esconde de mim?

Essas palavras, essa insinuação, cortaram-me como


nada tinha feito antes. Jude implicando que eu poderia ser,
ou ter sido, infiel a ele... Esse era um tipo de corte que nunca
curaria.

— Dê o fora. — sussurrei, encarando meu colo. —


Apenas dê o fora daqui.

Quando ele não se moveu, eu levantei da minha


cadeira e apontei para a porta, enquanto eu olhava para ele
com tiro de fogo em meus olhos. — Cai fora!

Eu vi seus olhos piscarem antes dele se virar, mas eu


não poderia dizer se tinha sido um lampejo de raiva ou
mágoa. Mas eu estava muito ferida para descobrir.

Jude invadiu o corredor e bateu a porta tão forte, que


eu pensei que ia cair de suas dobradiças.

Antes que eu caísse de volta para o sofá, eu ouvi uma


série de palavrões, então o que soou como um punho
passando por um pedaço de parede de gesso.
Capitulo 20

E
scola, baile, casamento, carreira... Jude. Minha
vida toda eu senti como se isso estivesse
pendurado na balança. Não havia mais uma coisa
que eu tivesse certeza. Bem, exceto por uma: eu estava certa
de que eu ainda amava Jude. Eu queria estar com ele, casar
com ele, viver e morrer com ele. Quando a vida te joga uma
bola curva como tinha me jogado, você percebe exatamente o
que é importante e o que não é.

Jude, e agora nosso bebê, estavam no topo dessa lista.

Depois de Jude ter saído furioso no sábado passado, eu


não vi ou ouvi dele desde então. Quatro dias e meio tinham
se passado sem eu saber o que ele estava pensando, ou onde
sua cabeça estava ou se nós íamos nos acertar, ou se ele
ainda queria casar comigo. Se eu não tinha desenvolvido uma
úlcera ainda, eu estava perto.

Quando eu tinha gritado para Anton, — Eu me demito!


— sábado passado, eu quis dizer isso. Ele tinha enviado um
buquê de flores e uma nota para desculpar-se, mas eu estava
forçada a não perdoar e esquecer por agora. Um dia, talvez,
mas não poucos dias mais tarde. Anton tinha cruzado uma
linha e provado que ele não poderia ganhar um não como
resposta. Era óbvio que nós não poderíamos apenas ser
amigos, então tomei uma decisão e cortei todo contato. Até
mesmo Indie me protegeu. Quando ela descobriu que ele
tinha me beijado, ela foi balística.

Depois eu matei aula de novo, Holly e Thomas


basicamente arrastaram-me para o estúdio terça feira de
manhã. Não durou muito tempo, no entanto, porque assim
que eu escorreguei em meu collant de dança eu podia ver a
menor das saliências esticar o tecido em cima da minha
barriga. Isto trouxe-me perto de um colapso. Não foi apenas a
saliência do bebê, foi tudo o que tinha empilhado nos dias
anteriores.

Uma caixa de lágrimas depois, Thomas me levou até


minha conselheira acadêmica e informou ela da minha ‘frágil’
condição enquanto eu derramei outra caixa de lágrimas. No
final do dia, nós tínhamos sido capazes de elaborar um
cronograma modificado que me permitisse continuar o
semestre sem ter que aderir a uma rigorosa carga horária do
curso de dança. Eu nunca tinha verificado antes, porque eu
não queria fazer nada além de dança, mas descobri que havia
muito poucos cursos teóricos que eu poderia ter para contar
para a minha licenciatura.

Desde que o bebê era esperado em algum momento de


fevereiro, eu não tinha certeza do que eu poderia fazer sobre
meu último semestre, mas estava tudo bem. Eu não
conseguia pensar tão à frente. Eu ainda não tinha envolvido
minha mente em torno de ter uma criança crescendo dentro
de mim, ou que, uma vez que eu desse à luz, eu poderia estar
criando-a sozinha.
Holly e eu tínhamos discutido os dois As, como ela
chamava eles: aborto e adoção. Eu não estava indo julgar o
que era certo para alguém mais, mas aborto apenas não era
uma opção para mim. Eu não poderia fazer isso, simples
assim. Nós conversamos sobre a adoção, até que percebi que
isso, também, não era uma opção para mim. Eu não tinha
planejado, eu não tinha visto isso chegando, nem sabia o que
eu estava tendo, mas era o meu bebê. E o bebê de Jude. Eu
não poderia dar a alguém. Eu sabia que isso estaria
destruindo os planos da minha vida, no presente e no futuro,
mas não era culpa do bebê. Então eu iria tê-lo e criá-lo.
Esperançosamente com Jude, mas sozinha, se isso fosse
minha única opção.

Então mesmo que a minha vida fosse como um gigante


ponto de interrogação, eu ataquei as poucas coisinhas que eu
poderia colocar um ponto. Eu li alguns livros sobre toda a
gravidez e parto, um tinha fotos, imagens detalhadas, do real
nascimento, que ainda me assombrava. Montei uma escala
de sono para ter certeza que eu dormia o suficiente, o que era
bastante fácil, considerando que meu corpo estava cansado
24 hora por dia, 7 dias da semana. Peguei minhas vitaminas
pré-natais, andei, fiz meus alongamentos, e bebi tanta água
que eu estava fazendo uma visita ao banheiro a cada meia
hora. E segui em frente.

Todo o conceito de ter um bebê crescendo dentro de


mim havia se estabelecido. E eu ia fazer tudo em meu poder
para me certificar de que estava saudável. Havia momentos
da noite, quando eu acordava e um lampejo de emoção
piscaria através de mim. Então eu encontraria o local vazio
ao meu lado e veria o meu telefone e não encontraria as
chamadas não atendidas ou mensagens de texto, e aquela
centelha de felicidade iria fracassar.

Não importa o que aconteceu, não importa o que Jude


fez ou não fez, eu sabia uma coisa: Eu ia ser a melhor mãe
que eu poderia ser. Eu duvidava de um monte de coisas, mas
isso era uma coisa que eu sabia de certeza. E não estaria
sozinha. Eu tinha Holly, que tinha um monte de experiência
de primeira mão para me ajudar. Eu tinha Indie e Thomas
para encorajar-me ao longo do caminho, dando tapinhas nas
minhas costas quando eu precisasse chorar, ou dizer-me
para se foder quando eu precisasse disso. Mesmo que eu não
tivesse dito a eles sobre o bebê ainda, eu tinha Papai e
Mamãe, também, e eu sei que eles estariam lá por mim. Eles
ficariam tão chocados quanto eu tinha estado no início, mas
eles se recuperariam, assim como eu fiz, e me ajudariam a
encontrar meu caminho nesta estrada assustadora.

Concentrei-me em pedaços da minha vida que eu


poderia controlar e tentei não me fixar nos que eu não podia.
Eu vivi a vida uma hora de cada vez, porque se olhasse um
dia sequer para o futuro, eu sentia o despertar de um ataque
de pânico.

Essa manhã era o dia do meu primeiro ultrassom.


Poderia descobrir o sexo do bebê se eu quisesse saber. Eu
senti como se tivesse acabado de acordar ontem, que eu tinha
acabado de descobrir que estava grávida, e hoje eu saberia se
estaria comprando macacão azul ou rosa. Como tantas
outras coisas da minha vida, isso era tudo muito surreal.

Até ontem à noite, eu não tinha tentado ligar para Jude


desde que ele saiu. Eu não conseguia me lembrar de quantas
vezes meu dedo pairou sobre o botão de chamada antes de eu
me acovardar, mas o medo de minha chamada ir para o
carreio de voz, ou de nunca ouvir ele de novo, era demais
para contemplar. Mas deixá-lo saber sobre o ultrassom era a
decisão certa. Eu, pelo menos, tinha que lhe dar a opção de
aparecer, porque mesmo se ele não quiser ter nada a ver
comigo, eu esperava que ele não sentisse o mesmo sobre o
bebê. Eu deveria ter dito a ele na hora que descobri que
estava grávida, eu entendo isso. Entendo por que ele estava
tão chateado.

Mas ele deveria ter me ligado no minuto depois que


percebeu o quanto ele havia sido um idiota naquele dia. Eu
ainda estava esperando por ele para entender isso. Quanto
mais tempo eu esperava, mais brava eu ficava. Mas acima de
tudo, mais triste eu ficava.

Depois de uma hora de ir para frente e para trás, eu me


conformei com uma breve mensagem de texto. Eu o deixei
saber o endereço de onde era o ultrassom, e a hora, e contra
o meu melhor juízo, terminei com um ‘DESCULPA. EU TE
AMO’. E cliquei em enviar antes que eu pudesse agonizar
sobre a mensagem por mais uma hora.

Eu não recebi uma resposta, nem mesmo quando


chequei meu telefone quando me sentei para preencher a
papelada na sala de espera, cinco minutos antes da minha
chamada, eu não tinha parado de ter esperanças. Holly e
Indie se ofereceram para vir dar apoio moral, mas eu tinha
dado meia dúzia de desculpas porque eu queria ficar sozinha
hoje.

Eu estava preenchendo tanta papelada que minha mão


estava começando a ficar dormente quando cheguei ao último
capitulo. ‘Apoio Paterno’. A primeira pergunta foi fácil,
embora as palavras cortantes de Jude soassem em meus
ouvindos quando eu marquei a caixa ‘sim’: ‘Você sabe quem é
o pai do bebê?’. A segunda e terceira não eram tão fáceis. ‘O
plano do pai é desempenhar um papel ativo na vida do
bebê?’. E ‘O pai está apoiando a gravidez?’. Tão logo eu estava
prestes a marcar sim para ambas, eu me convenci que a
resposta era não.

Depois me encontrando presa nas mesmas duas


questões quando a técnica de ultrassom me chamou, criei
minha própria alternativa de ‘Não sei’, para ambas.

— Oi, Lucy. — A jovem técnica me cumprimentou. Ela


não parecia muito mais velha do que eu. — Eu sou Amy. Por
aqui.

Eu a segui pelo corredor cheirando a antisséptico,


sentindo-me como se estivesse em um sonho. Ou um filme.
Minha vida eu já não sentia mais como minha, mas como se
eu fosse uma espectadora passiva observando, incapaz de
controlá-la.
— Como você está indo? — Ela perguntou quando
abriu a porta. A sala estava escura.

Eu estava pronta para responder com a minha resposta


padrão recentemente, ‘bem’, quando eu me parei.

— Estou apavorada. — eu disse, piscando-lhe um


sorriso de desculpas.

Amy riu. — Pelo menos você é honesta. — disse ela,


apontando-me para a cama de vinil coberta. — Acho que
pode se qualificar como a melhor resposta que eu ouvi
durante toda a semana. — Ela se sentou em uma cadeira de
rolamento ao lado da cama e começou a digitar em um
computador. — Vá em frente, sinta-se confortável e vamos
começar.

Eu inalei e tentei ficar confortável enquanto eu me


reclinava. Nada estava realmente confortável sobre isso, no
entanto. O quarto estava muito frio, o travesseiro estava
duro, o papel cobrindo a cama rangeu alto enquanto eu me
movia contra ele, e havia algo tão definitivo sobre descobrir se
eu estava tendo um menino ou uma menina. Eu também
sabia que eu não poderia estar confortável, porque Jude não
estava aqui comigo.

— Vá em frente e levante sua camisa, — disse ela,


pegando um tubo de seu carrinho. — E você vai ficar feliz em
saber que algum gênio inventou um aquecedor para esta
gosma lubrificante, então você não vai atingir o teto quando
eu esguichar um pouco em sua barriga.
Eu quase sorri quando eu puxei minha camisa para
cima. — Gosma lubrificante de barriga? É esse o termo
técnico para isso?

Amy sacudiu o tubo e apertou uma gota de bom


tamanho um pouco acima do meu umbigo.

— Tão técnico quanto eu sempre vou conseguir. —


disse ela, agarrando o leitor de ultrassom e baixando-o para o
meu estômago. — Eu vou dar uma olhada rápida nos
pulmões do bebê, no coração e na coluna vertebral, e então
nós podemos determinar o sexo, se quiser.

— Eu quero saber. — eu disse, enquanto ela distribuía


a gota ao redor.

Amy apertou um botão em um controle remoto e a TV à


minha frente clicou ligada. Era nada mais do que um monte
de linhas escuras e estáticas, até que, de repente, uma
pequena coisa em forma de feijão branco com braços e pernas
apareceu na tela.

— Aí está o seu pequeno amendoim. — ela disse,


revirando o instrumento para dar uma visão diferente.

Engasguei com um soluço que saiu do nada. Foi


primitivo, tudo sobre minha reação ao ver o bebê dentro de
mim na TV foi primitivo. Amy me deu um par de lenços logo
antes das minhas primeiras lágrimas caírem. Ela era uma
profissional.

Estas lágrimas não tinham nada a ver com hormônios


ou ser uma quente e gigante confusão pela maior parte do
mês. Estas lágrimas eram do tipo que vem de dentro da sua
alma. Eram as lágrimas de quando uma vida era criada ou
levada embora, e eu não tinha certeza se elas alguma vez
parariam.

— É um bebê saudável que você tem cozinhando aqui,


Lucy. — disse Amy, depois de um tempo. — Tudo parece
ótimo.

Outro ataque de lágrimas.

— Você está pronta para descobrir se é menino ou


menina? — ela perguntou mudando o ponto de vista mais
uma vez. Eu balancei a cabeça, porque eu estava sem
palavras.

A porta se abriu, enchendo a sala com um raio de luz


branca afiada quando um corpo deslizou para dentro.

— Eu estou muito atrasado? — perguntou Jude,


fechando a porta.

— Não. — Amy respondeu, — Você está na hora certa.

— Luce? — ele disse, chegando perto de mim. — Eu


cheguei tarde demais? — ele repetiu com um monte de
significado entre as palavras.

Levou um momento para os meus olhos se


reajustassem, mas quando eles fizeram e eu vi a expressão
em seu rosto, meu coração meio que quebrou e caiu no
mesmo instante. Ele tinha vindo. Ele não me decepcionou.
Ele estava aqui por mim quando eu mais precisava dele,
parecendo torturado e ansioso e tão assustado quanto eu.

Era a visão mais bonita que eu já vi.


— Não, Jude. — eu disse, estendendo a mão em
direção a ele. — Você não chegou tarde demais.

Ele pegou minha mão e se ajoelhou ao meu lado. — Eu


sinto muito, Luce. — disse ele, envolvendo a outra mão ao
redor da minha. — Eu te amo pra caralho. E eu amo esse
bebê na sua barriga para caralho. — Ele fez uma pausa,
mordendo o interior de sua bochecha. Parecendo uma perda
de palavras, ele encostou a testa em nossas mãos
entrelaçadas e fechou os olhos. — Eu tinha tanta coisa que
eu queria dizer, mas eu sinto muito, e eu amo você... vocês
dois, muito.

Eu estava convencida de que no mês passado os meus


canais lacrimais haviam se revoltado e se renovado pelos
oitos anos de tentar não chorar. — Eu sinto muito, e eu amo
você, também. — eu disse. Ele estava certo: Essas duas
frases realmente dizem tudo.

— Eu assumo que você seja o pai? — Amy disse,


lutando contra um sorriso enquanto nos observava.

Os olhos de Jude abriram. Ele levantou os ombros. —


Sim. Eu sou o pai.

— Bem, então, papai. — Amy disse, olhando para a tela


de seu computador. — Você está pronto para saber o que
você está tendo?

O olhar de Jude deslocou para a TV e seu rosto ficou


em branco. Branco com admiração. Ele tinha estado tão
centrado na nossa composição desculpe-amor que ele não
tinha notado o bebê na tela. Mas ele notou agora. E não
podia desviar o olhar.

Ele mal conseguia piscar.

— Olhe para isso. — Amy disse, balançando a cabeça.


— O bebê está acordado agora. Ela deve gostar da voz do
papai.

Minha cabeça virou para o lado. — Ela?

— Vocês vão ter uma menininha. — Amy disse,


piscando para mim antes de olhar para Jude.

Ele ainda estava paralisado, totalmente apaixonado,


enquanto observava os braços do nosso bebê e as pernas se
moverem. Então uma lágrima borbulhou no canto do olho,
antes de cair pela sua bochecha.

Foi a primeira lágrima que eu tinha visto Jude


derramar.

— Como você está? — perguntei em voz baixa.

— Sem fala. — ele respirou, estudando a tela como se


não fosse real.

— Essa é a primeira lágrima que eu vi você derramar —


eu disse, deslizando o polegar para baixo na pista úmida que
ele havia deixado pelo seu rosto.

— Essa é a primeira lágrima que eu já derramei —


disse ele, limpando a garganta. — Não posso imaginar um
melhor momento para deixar uma cair do que descobrir que
eu vou ter uma menina com você, Luce.

— Sim, — eu disse, — Eu também não.


— Bem, nós terminamos tudo aqui, — disse Amy. —
Mas vou imprimir algumas fotos para vocês colocarem na sua
geladeira e mostrar para todos seus amigos, esse tipo de
coisa. Então, digam tchau, Mamãe e Papai.

— Tchau, bebê. — sussurrei, olhando para a tela. Ela


ainda estava se movendo, quase dançando. Ela realmente era
a minha filha.

— Tchau, bebezinha. — Jude disse, antes de a tela


ficar preta.

— Vocês podem ter alguns momentos aqui, — Amy


disse, enxugando minha barriga com alguns tecidos antes de
se levantar. — E aqui estão as primeiras imagens do bebê. —
Ela me entregou uma fita de seis fotos tirada a partir de
ângulos diferentes. Todas elas trouxeram um sorriso ao meu
rosto.

Este era nosso bebê. Nossa menina. Surreal é a palavra


do dia.

— Você tem uma tesoura aqui? — Jude disse,


enxugando os olhos com as costas de sua mão. — Eu quero
colocar uma na minha carteira.

Amy sorriu e tirou uma de seu carrinho. Cortando a


parte superior de uma, ela entregou a ele. — Eu não preciso
de muito tempo para saber quando um bebê vai ser bem
amado e cuidado. — disse ela, entregando a imagem para
Jude antes de ir para a porta. — Eu não preciso mais do que
alguns segundos com os dois para saber que sua menina é
uma bebê de sorte. — Ela sorriu e começou a fechar a porta.
— Levem o tempo que quiserem.

Jude cuidadosamente dobrou sua foto antes de deslizá-


la em sua carteira, sua expressão pacífica.

— Eu sinto muito que não lhe disse imediatamente,


Jude. — eu disse, balançando as pernas ao redor enquanto
eu me sentava. — Eu nunca quis...

— Luce, você não tem nada que se desculpar, — ele


disse, olhando para minha barriga antes de encontrar meus
olhos. — Mas eu tenho. Eu me comportei como um idiota. Eu
fui um idiota.

Levantei minha mão, porque eu não ia deixá-lo levar


toda a culpa como ele sempre faz. — Deus sabe que eu te
amo por dizer isso, mas tenho muito pelo que me desculpar.
Então, por favor, deixe-me. Ok?

Ele sentou-se ao meu lado na beira da cama e acenou


com a cabeça.

— Eu deveria ter lhe contado no minuto depois que eu


descobri que estava grávida, — comecei, passando minhas
mãos pelas minhas pernas. — Mas eu estava com medo.
Aterrorizada. Eu não conseguia envolver minha mente em
torno do fato de que eu estava grávida, e me garanti de que
eu te diria assim que eu me acostumasse com a ideia. Eu
acho que descobri que você não se ‘acostuma’ com a ideia de
estar grávida quando é uma garota solteira de vinte e um
anos de idade, tentando terminar a faculdade.
Talvez ninguém, não importa qual seja sua idade ou
lugar na vida, acostuma-se com a ideia, porque era algo tão
além da compreensão. Algo épico. Criar vida. Sustentar vida.
Dar vida. Não era um conceito que fosse fácil para envolver
qualquer mente.

— Depois que uma semana se passou e eu não estava


me sentindo melhor, eu sabia que precisava dizer a você, mas
não queria que fosse por telefone, e eu não queria que fosse
algo que eu tivesse que ter pressa, por exemplo quando eu
voei para o seu primeiro jogo. Eu queria que houvesse um
momento e lugar perfeito para dizer-lhe, para que
pudéssemos entender essa bola curva juntos, mas eu deveria
ter me lembrado do meu histórico de ‘horas ruins’.

Jude pegou minha mão e teceu seus dedos nos meus.

— Eu deveria ter lhe contado antes. Desculpe-me que


eu não fiz. E sinto muito que você descobriu desta maneira.
— apertei sua mão. — Mas eu estou tão, tão feliz que você
está aqui comigo agora.

— Eu também, — ele disse, levantando minha mão até


os lábios. — Você terminou agora? Com seu pedido de
desculpas? — Seus lábios roçaram pelos meus dedos,
aquecendo a pele ao longo do caminho. — Porque eu tenho
algo como um pedido de desculpas monumental para fazer,
também.

— Você tem o palco, Sr. Ryder. — eu disse


cerimoniosamente.
Pressionando um último beijo em meus dedos, ele
abaixou as mãos em seu colo. — Eu fugi de você sábado à
noite porque eu estava com medo também, Luce. — disse ele.
— Eu estava com medo das razões que você tinha para
manter isso em segredo, em primeiro lugar. Eu estava com
medo que você sempre me culparia por ter ficado grávida. Eu
estava com medo que eu não tivesse o que é preciso para ser
um pai. Eu estava com medo de tanta coisa, mas o que eu
estava com mais medo era de perder você. — Sua voz era
firme enquanto os olhos abaixavam para a minha barriga. —
E perder nosso bebê. Eu corri aquela noite, porque eu estava
com medo, e o fato de que eu fugi quando você mais
precisava me deixou mais assustado ainda. Então isso é o
que eu tenho pensado sem parar, todos os dias, todo o dia,
desde sábado à noite. E você sabe o que eu descobri? — ele
perguntou, inclinando a testa na minha. Nessa proximidade,
seus olhos pegaram todo o meu campo de visão.

— O quê? — eu disse, quase beijando-o porque nossas


bocas estavam perto.

— Que não importa porque eu fugi, — ele disse,


olhando para mim sem piscar, — Porque eu voltei. Eu vou
sempre voltar, Luce. Não importa quantas estrondosas brigas
nós tivermos e não importam quantas falhas de comunicação
nós tivermos. Eu vou sempre voltar, porque você é onde eu
pertenço.

— São bastante revelações por aqui, Ryder. — Eu


disse. — Você tem um monte dessas, não?
— Eu não consegui ir tão longe com você sem ter uma
boa epifania batendo-me sobre a cabeça de vez em quando.

— Então, — eu disse. — Algo mais ou nós podemos


apenas nos beijar e fazer as pazes agora?

Sua testa saiu da minha. — Uma coisa a mais, — ele


disse, enquanto seu rosto enrugava. — Você estava
preocupada que eu fosse ser o tipo de pai que o meu era? —
Eu poderia dizer que ele estava tentando não mostrar o quão
difícil era essas palavras saírem, mas eu tinha visto esse
homem através de quatro anos de altos e baixos da vida.

— Eu falei sério no sábado, Jude, — eu disse, tentando


apagar as linhas de preocupação de seu rosto com meus
dedos. — Isso nunca foi uma das minhas preocupações.
Nunca, e você quer saber por quê?

— Por quê?

— Porque você está ciente disso, porque você está


preocupado com isso. Esse medo de tornar-se seu pai vai
levá-lo a ser o melhor pai que pode ser, — eu disse,
assistindo ao primeiro lote de rugas desaparecerem do rosto.
— Sabe o que me preocuparia, então? Se você fosse
esmagadoramente confiante de que nunca poderia tornar-se
ele. Se você fosse tão positivo que você nunca poderia, em um
milhão de anos, ser como ele, eu estaria preocupada que esse
tipo de confiança fizesse você preguiçoso. E isso ia tornar
mais fácil de cair em armadilhas quando os tempos difíceis
vierem. — parei para repirar. Eu estava realmente enrolada,
mas eu tinha muito para falar. — Mas isso não é como você
é, e isso é o porquê que eu não estou preocupada. E, Jude?
Eu não escolheria outro homem se eu tivesse o mundo inteiro
para escolher para ser o pai do meu bebê.

As últimas rugas restantes desapareceram. — Droga,


mulher, — disse ele, — Se continuar dizendo esse tipo de
coisa e eu vou derramar outra lágrima. — inclinando-se, ele
me beijou novamente, mas este durou mais tempo do que o
último, embora ainda fosse curto demais para o meu gosto.

— Então, nós estamos bem agora? Tudo fora de nossos


corações que precisa estar fora?

Como o distorcido cara que ele era, seus olhos


moveram-se para meu peito. Um sorriso largo apareceu.

Eu o empurrei em resposta.

— Então talvez eu tenha mais uma coisa para tirar do


meu peito.

— Há sempre mais uma coisa com você e eu.

— Sim, mas isso vai me apoiar por um tempo, se você


concordar com isso, — disse ele, esfregando a parte de trás
do seu pescoço.

— Você está nervoso? — Eu disse, chocada. A última


vez que eu conseguia me lembrar dele visivelmente nervoso
tinha sido na linha de cinquenta jardas, quando ele me
pediu...

— Casa comigo, Luce, — ele começou, soprando uma


respiração. — Eu preciso fazer o que puder para fazer essa
coisa toda certa, e da maneira que eu sei, o jeito é nos
transformar em uma família.

— Nós já somos uma família, amor. — eu disse,


perguntando-me se ele estava indo esfregar a pele em carne
viva de seu pescoço.

— Eu sei que somos, mas quero ser o tipo que pode


emoldurar sua certidão de casamento e pendurá-la acima da
lareira, — ele disse. — Eu quero que a nossa menina tenha
uma mãe e um pai que estão comprometidos um com o outro,
casados entre si. Eu quero que ela tenha um ambiente
estável e carinhoso que eu não tive. Eu quero que você seja
minha esposa e eu seu marido para a nossa menina, Luce,
mas eu estaria mentindo se não admitisse que tenho razões
egoístas para querer casar com você.

— Você tem o direito de ser egoísta, — eu disse,


pegando sua mão e puxando-a para longe de seu pescoço. —
Você foi um homem paciente comigo por três anos, enquanto
eu mantive toda a coisa de ‘em breve’.

— Sim, eu não acho que a sua ideia de ‘em breve’ vai


funcionar, Luce. Eu não quero que a nossa filha tenha idade
suficiente para se casar antes de nós. — Seu nariz enrugou.
— Espere. O que diabos estou dizendo? Nossa filha nunca vai
se casar. Ela nunca irá para um encontro. Na verdade, ela
nunca vai saber o que é mesmo um garoto, porque eu
enlouqueceria se ela trouxesse para casa um cara como eu.

Eu estava rindo. Aquela risada boa e verdadeira que faz


o corpo todo balançar. Eu não tinha rido assim há algum
tempo. Eu sorri para ele. — Eu ficaria feliz se ela trouxesse
para casa um garoto como você um dia, — eu disse. — Ela
faria sua mãe orgulhosa.

— Eu não penso assim. Toda a coisa de atração por


pedaço-de-merda termina com você. Nada além do melhor
para a minha filha.

— Ok, ok, — eu disse, segurando minhas mãos em


sinal de rendição, porque este era um tema que Jude e eu
poderíamos ir discutindo por dias e ninguém jamais seria
declarado vencedor. — Então, quando a gente se casa?

As sobrancelhas de Jude foram pra muito alto. —


Espere... Você está dizendo que você está pronta? Gostaria de
definir uma data e enviar os convites?

— Eu estou pronta. — eu disse, tentando não rir de


sua expressão. Ele quase parecia tão surpreso quanto
quando ele descobriu que eu estava grávida.

— O que você está pensando? Semanas? Meses? — Ele


estava torcendo as mãos, ele estava ficando tão animado.

— Estamos em um hospital, não estamos? — Eu disse,


encolhendo os ombros. — Tem que ter um capelão ou um
ministro ou alguém que pode nos fazer oficial.

Aquele olhar de choque que tinha estado no rosto de


Jude alguns segundos atrás? Sim, não tinha nada a ver com
o novo que ele tinha no momento.
Ele abriu a boca, mas nada saiu. Dando a sua cabeça
uma sacudida forte, ele tentou novamente. — Você está
dizendo o que eu acho que você está dizendo?

Eu sabia que estava louca, e amigos e familiares


bateriam em nossas cabeças quando descobrissem, mas eu
culparia os hormônios e o jeito que os olhos de Jude estavam
olhando para mim agora.

A vida era sobre compromisso. Era dar e ganhar, e com


Jude e eu, eu tinha estado mais ganhando do que dando em
nosso relacionamento. Ele tinha me dado tudo e faria tudo
isso de novo. Era minha vez de facilitar. Se eu casasse com
ele hoje ou daqui a dez anos, eu estava casando com Jude
Ryder. Era hora de eu deixar meus medos infundados e
dúvidas e agarrar o que era garantido: Jude.

— Se isso envolve você e eu dizendo ‘eu aceito’ essa


tarde, então sim, eu estou dizendo o que você pensa que eu
estou.

Eu nunca tinha visto ele sorrir do jeito que ele estava


agora. — E quando eu penso que eu não posso amar você
ainda mais...

— Eu vou e proponho um casamento apressado em


uma capela de hospital quando eu estou grávida e vestindo
uma camiseta e saia xadrez?

Seu sorriso ficou maior. — Exatamente. — Então, antes


que eu soubesse o que tinha acontecido, Jude me tinha em
seus braços e estava saindo pela porta.
Quando nós chegamos no corredor, ele começou a
correr. As cabeças das enfermeiras e médicos e pacientes
estavam girando ao redor para apreciar nós dois, rindo e
correndo o nosso caminho até a capela.

— Nós vamos nos casar! — Jude gritou entre o riso. —


Puta merda!

Jude não tinha me colocado no chão até que tínhamos


chegado na capela do hospital, no primeiro andar. Ele me
deixou na loja de presentes, dando-me um ótimo beijo longo
que fez meus dedos enrolarem nos meus sapatos, antes de
correr para encontrar o ministro. Ou o pastor. Ou o padre.
Ou quem quer que tenha a capacidade de nos casar. Nós não
nos importávamos.

Eu andei até o balcão da loja, esperando que eles


tivessem algo que servisse como um anel de casamento
temporário até que eu pudesse encontrar um adequado.
Minhas orações foram atendidas.

Haviam vários anéis escovados de titânio na vitrine.


Perfeito. Perguntei a mulher atrás do balcão se eu poderia vê-
los, e, depois de tentar três deles em meu dedo para
comparar, eu tinha certeza que eu tinha encontrado o que
caberia em Jude.

Foi um colossal montante de trinta dólares, e depois de


garantir à vendedora que eu não precisava dele embrulhado
para presente, pois estaria deslizando em um dedo,
esperançosamente, em menos de dez minutos, corri para a
capela.

Olhei para cima e para baixo no corredor, mas não vi


Jude, então eu empurrei a porta e achei quem eu tinha
estado procurando.

Em pé na frente de um altar. Havia um sorriso em seu


rosto que me fez pensar sobre as coisas que, provavelmente,
poderiam me atingir por um raio para tê-los em uma igreja.
Ele tinha enfiado sua camiseta branca, mas que era tão
formal como a ocasião exigia. Eu não estava melhor. Eu
ainda não tinha feito uma parada no banheiro das mulheres
para pentear meu cabelo ou colocar um pouco de gloss.

Era parte da beleza de hoje. Parte da beleza de Jude e


eu. Nós viemos como estávamos, sem os babados e as
perfumarias, aceitando o outro como é.

— Olá, minha linda noiva corando. — Jude disse


acenando com a cabeça para trás. — Eu arrumei um padre.
— Um homem idoso usando colarinho branco e um sorriso
estava por trás do que parecia ser mais um pódio do que um
altar. — E uma testemunha. — Ele apontou para um homem
de meia-idade sentado na primeira fila de bancos. — Você
achou um anel?

Eu levantei meu polegar, onde o anel pendia.

— Tudo o que resta é um par de assinaturas e ‘Eu


aceito’, então. — Jude disse, inclinando a sua cabeça,
incentivando-me a caminhar até o altar.
Jogando os ombros para trás e colocando um rosto
dramático, eu segurei um imaginário buquê de flores em
frente de mim e comecei a minha marcha nupcial em direção
ao homem que eu estava prestes a prometer uma eternidade.

— Baaa-bum-ba-bum, — Jude cantou em voz baixa,


imitando uma marcha nupcial. — Ba-bum-ba-bummm.

Mesmo em uma caminhada lenta, eu estava na frente


dele antes que ele terminasse de cantar.

— Eu não disse a você, Padre Joe? — Jude disse,


encaixando sua mão contra minha bochecha. — Ela não é a
coisa mais linda que você já viu?

O sorriso caloroso de Padre Joe cresceu. — Eu diria


que você é um rapaz de muita sorte.

— Infernos sim, eu sou... — A voz de Jude parou


quando ele deu ao padre um tímido sorriso. — Sinto muito.

Padre Joe apenas riu e cruzou as mãos na frente dele.


— Vamos começar?

— Inf... — Jude se conteve neste momento. — Pode


apostar.

— Obrigada por nos casar. — disse eu. — Eu aposto


que você não tem muitos casamentos apressados em um
lugar como este.

Padre Joe inclinou-se como se ele estivesse me


contando um segredo. — Você ficaria surpresa.

— Esta é sua última chance de fugir gritando, Luce, —


Jude disse, segurando sua mão na minha.
Estudei a porta antes de virar para ele. Peguei suas
mãos. — Que tal quando acabarmos aqui, nós fugirmos
juntos?

— Fechado. — Ele respondeu, acenando com a cabeça


para o Padre Joe.

— Sr. Ryder disse que gostaria de manter os votos


breves. — Padre Joe começou.

Eu ri. — Claro que disse.

— Se está tudo bem com você, Senhorita Larson.

— Uou. — Os olhos de Jude se arregalaram. — Você


percebe que é a última vez que você vai ser Senhorita Larson?

— Sim, isso é meio que a razão pela qual eu estou aqui,


— eu disse, rindo da ironia que o nosso casamento era tão
pouco convencional quanto todo o nosso relacionamento.

— E sim, Padre Joe, eu estou muito bem com manter


as coisas breves.

— Algo me diz que vocês dois tem uma relação muito


dinâmica. — Padre Joe disse, com os olhos brilhando.

Jude e eu olhamos um para o outro e sorrimos. — Você


não faz ideia. — dissemos em uníssono.

Padre Joe limpou a garganta e inclinou-se em direção a


Jude. — Filho, repita depois de mim...

— Oh, eu estou bem, Padre, — disse Jude, levantando


a mão. — Eu memorizei os votos há tempos.

— O quê? — Eu não deveria ter ficado surpresa.


— Eu nunca poderia saber quando ia finalmente casar
com você, e tinha que estar pronto para quando esse
momento chegasse, — disse ele.

Levantei-me na ponta dos pés e dei um beijo em seus


lábios. — Bem quando eu acho que não consigo me
apaixonar mais por você.

Ele piscou e soltou um suspiro lento pela boca. — Eu,


Jude Ryder Jamieson, tomo você, Luce Roslyn Larson, —
mordi o lábio para não sorrir, — Para ser minha esposa, para
ter e manter deste dia em diante, no melhor e ou no pior, na
riqueza, ou pobreza, na saúde e na doença, para amar e
valorizar até que a morte nos separe, — Ele soltou um longo
suspiro. — Que tal?

— Praticamente a coisa mais romântica que você já me


disse, — eu respondi.

— Muito bem, meu filho, — Padre Joe disse antes de


virar em minha direção. — Lucy, gostaria de repetir depois de
mim, ou você memorizou os votos também?

— Eu memorizei, Padre. — eu disse, apertando as


mãos de Jude. Surpreendentemente, nenhuma das nossas
mãos estavam pegajosas. Nenhum de nós estava nervoso
sobre fazer promessas de ‘para sempre’ ao outro. — Eu, Luce
Roslyn Larson, — agora foi a vez de Jude de não parar de
sorrir, — Tomo você, Jude Ryder Jamieson, para ser meu
marido, para ter e manter deste dia em diante, no melhor ou
no pior, na riqueza ou na pobreza, na saúde ou na doença,
para amar e respeitar até que a morte nos separe.
Quando terminei meus votos, eu me perguntei o que
tinha me tomado tanto tempo para chegar aqui. O que eu
esperava que me fez tão preocupada? Jude era tanto meu
agora como tinha sido até então. A simples troca de votos não
deveria mudar nada. Mas, enquanto eu estava aqui diante
dele, depois da troca de nossos votos, isso meio que mudou
tudo, também.

— Eu entendo que vocês têm anéis que vocês gostariam


de usar?

— Nós temos, — Jude respondeu, tirando algo do


bolso. Era um pequeno anel prata. A aliança de casamento
com três pedras alternadas. Parecia que ele tinha estado
esperando por esse momento, quando ele se vestiu hoje.

Segurando minha mão esquerda na dele, ele colocou o


dedo acima do meu dedo anelar.

— Essas pedras representam você e eu, Luce, e nossa


menina, — disse ele. — Esmeralda para o seu aniversário,
rubi para o meu, e ametista para o mês que é suposto ela
nascer. Eu queria que fosse especial, sabe?

Ele colocou uma séria quantidade de pensamento para


este anel. — Eu sei, — eu disse, lutando contra o nó na
minha garganta. — É lindo, Jude.

Ele colocou o anel no meu dedo. — Com este anel, eu


nos caso.

O anel de casamento com os três membros de pedras


dos signos da minha família brilhavam acima do anel de
noivado que eu tinha usado solitário durante três anos. Ele
estava feliz por ter seu companheiro.

Eu tive que limpar meus olhos antes de pegar sua mão


esquerda. — O meu não é tão significativo, mas ele vai
funcionar. Por agora.

— Ele vai funcionar para sempre, — disse ele,


admirando o anel.

Quando eu deslizei o anel no seu dedo, percebi que ele


iria funcionar para sempre. Convinha-lhe. — Com este anel,
eu nos caso.

Padre Joe olhou para nós. — E agora, pelo poder


investido em mim, eu vos declaro marido e mulher. Você
pode...

— Yeah, Padre, — Jude disse, colocando seus braços


ao redor de mim e me puxando para perto. — Eu memorizei
essa parte, também. — Sua boca cobriu a minha, e ele me
beijou. Foi um pouco como nosso primeiro beijo, tímido e
faminto, e um pouco como se fosse nosso último beijo, lento e
dedicado.

Meu primeiro beijo como uma mulher casada foi


malditamente incrível.

Só quando nós precisávamos de ar que os lábios de


Jude deixaram os meus. Ele suspirou. — Finalmente.

— Yeah, — eu disse, beijando sua cicatriz. —


Finalmente.
— Parabéns, — Padre Joe disse seus olhos ainda
brilhando. — Sejam bons um para o outro. — Dando-nos um
último sorriso, ele saiu de trás do altar e caminhou para fora
da capela, junto com nossa silenciosa testemunha.

— E agora? — perguntei, puxando-o para a porta. —


Agora que você já me fez uma mulher honesta, o que você
tem em mente?

— Nós provavelmente deveríamos pegar aquela coisa de


certidão oficial de casamento para que eu possa pendurá-la
na parede, — disse ele, sorrindo de orelha a orelha.

— Nós somos tão oficiais como eu e você precisamos


ser. — disse eu, — Mas uma certidão de casamento
emoldurada seria um toque agradável para a casa da família
Ryder. — Onde quer que a casa fosse. Nós estávamos em
uma espécie de fase ‘para ser decidido’ no departamento
casa. — Mas, quando eu perguntei ‘e agora?’, eu estava me
referindo às próximas horas futuras, não nos próximos dias
futuros.

— Neste caso... Que tal um bom jantar? Velas? Uma


garrafa de champagne? — ele disse, parando. — Ou uma
garrafa de água com gás?

Aparecendo através da porta, eu puxei ele. — Jantar


parece bom, — eu disse, puxando ele mais rápido pelo
corredor, até que nós tínhamos passado o elevador e a mesa
da enfermeira. — Mas eu tinha uma ideia melhor. — Parando
na última porta no fim do corredor, eu deslizei para dentro e
dei uma rápida olhada ao redor. Estava vazio, e tinha uma
chave na porta e uma cama de hospital, recentemente
arrumada, contra a janela.

— Eu estou aberto a melhores ideias, Luce, — Jude


disse quando eu puxei ele para dentro, — Mas o que nos
escondermos em um quarto de hospital tem a ver com isso?

Trancando a porta atrás de nós, eu o empurrei contra a


parede.

— Isso, — eu disse, beijando-o. Duro.

— Melhor ideia, — disse ele entre meus lábios


frenéticos. Minhas mãos agarraram a bainha da minha
camisa e puxei-a sobre a minha cabeça. — Ideia muito
melhor.

Sua camisa estava quase fora, e então, seus dedos


estavam liberando meu sutiã. Suas mãos deslizaram para
frente, cobrindo meus seios.

— Merda, Luce. — Jude se afastou de mim, seus olhos


caíram para onde as suas mãos tinham acabo de estar. Eles
arregalaram. — Que porra é essa?

— Estar grávida tem suas vantagens, — eu disse,


olhando para baixo, onde a minha bebê tinha feito meu peito
passar de P para M em seu caminho para o crescimento.

— Claro que sim, isso tem. — disse ele, levantando as


mãos de volta para a posição.

— Além disso, aumentou o desejo sexual, — eu


acrescentei com uma piscadela. — Nós estamos falando de
louco, ofegante, fazer-de-manhã-tarde-e-noite tipo de
aumento do desejo sexual.

— Se eu não entrar em você logo, vou estourar alguma


coisa, — ele disse, levantando-me e colocando-me reta na
cama. — Seus peitos enormes e sua boca suja estão fazendo
seu ponto em mim.

— Bem, é melhor se apressar, então, — eu disse,


beijando seu pescoço enquanto minha mão deslizava para
dentro da frente de suas calças.

— Merda, amor, eu estou falando sério. — Ele gemeu


quando minha mão apertou ao redor dele.

— Eu também. — respondi, deslizando minha mão


para baixo dele.

Então ele me tinha na cama e estava rastejando para o


espaço entre as minhas pernas. Seu rosto assumiu uma
expressão séria de repente.

— Podemos estar fazendo isso? — Disse ele, ainda


ofegante. — Com você estando grávida e tudo mais?

Se não fizéssemos isso, eu tinha certeza que eu iria


explodir em chamas. Peguei o botão superior da sua calça
jeans e puxei-o livre. — Parece estranho para você querer
abster-se do ato que fez o bebê por causa do bebê? — Eu
trabalhei em seu fecho.

— Você está falando na minha cabeça de novo, — disse


ele.
— Então, por que você apenas não cala a boca e faz já
amor com a sua esposa? — Agarrando o cinto de seu jeans,
eu o puxei para baixo.

— Ok. — Seus dedos escorregaram para dentro da


minha calcinha, e ele tirou-a pelas minhas pernas. A saia
teria que ficar, porque eu não podia esperar mais. — Vamos
ver como a Sra. Ryder é na cama.

Pairando sobre mim, Jude apoiou seus braços em volta


de mim e abaixou seu peito até que ele esmagou contra o
meu. Um pequeno sorriso estúpido formou em seu rosto.

— Eu acho que posso me acostumar com essas coisas,


Luce.

Levantei meus quadris até que eu podia senti-lo duro


contra mim. — Chega de falar.

Seu tonto sorriso se transformou em algo mais quando


ele empurrou dentro de mim. Eu estava tão pronta para ele
afundar todo o caminho dentro. Sua boca desceu para o meu
pescoço, sugando a pele sensível na sua boca, torturando-me
com cada beijo lento quando ele parou imóvel.

— Seja legal, — eu disse, tentando flexionar os quadris


contra os dele, mas ele tinha me parado. Eu estava a sua
mercê. — Eu sou sua esposa, afinal.

Jude deu ao meu pescoço uma mordida final antes de


seu rosto mover-se sobre o meu. — Já que colocou dessa
maneira. — ele disse, olhando fixamente nos meus olhos
enquanto ele deslizava de volta e, justo quando pensei que ele
estava saindo, ele empurrou para dentro.
Meu braço se debateu para o lado, enrolando ao redor
da parte de metal da cama. Parecia que, juntamente com o
aumento do desejo sexual veio a diminuição do impulso até o
orgasmo.

Minha outra mão enfiou-se em seu traseiro, enrolando


em sua carne enquanto ele pulsava dentro e fora de mim.

— Eu não posso esperar, amor. — gemi quando ele


enterrou dentro de mim novamente, já sentindo meu clímax
chegando.

— Eu não posso também, — ele arquejou, pegando o


ritmo até os meus gemidos virem ao mesmo tempo que os
seus. Seus dedos teceram se prenderam atrás do suporte da
cama enquanto eu pulsava em torno dele.

Envolvendo seus braços ao redor de mim, Jude virou e


me embalou para ele. Sua respiração era tão dura quanto a
minha enquanto nossos peitos subiam e desciam com a
mesma contagem.

— Eu te amo, Luce Ryder, — ele respirou, correndo os


dedos para cima e para baixo nas minhas costas.

— Eu te amo, Jude Ryder, — Eu olhei para ele. —


Então... Como foi a Sra. Ryder na cama?

Aquele mesmo estúpido sorriso apareceu em seu rosto.


— Fodidamente fantástica.

Eu ri na curva do seu braço. — Que bom, já que você


vai estar preso a fazer amor com ela até murchar e morrer.
— Que bom, — ele disse, parecendo feliz, satisfeito e
cansado. Isso era uma poderosa combinação.

— Então, Sr. Jude Ryder. — levantei minha cabeça em


seu peito e fingi falar em um microfone cerimoniosamente. —
Você acabou de casar com vinte e um anos, vai trocar as
fraldas de seu bebê antes de ter vinte e dois anos, e acabou
de ter sua lua de mel em uma cama de hospital. — Eu
segurei o microfone imaginário. — Como você se sente?

— Como o maldito bastardo mais sortudo do mundo.

Eu podia me identificar.

— Bem colocado, — eu disse. — Muito convincente.

Ele passou os dedos pelo meu cabelo e me olhou como


se eu fosse a coisa mais especial do mundo para ele. — Eu
tenho que ser convincente. Eu tive você dizendo sim poucos
minutos atrás, não é?

Pensei em todas as formas que ele tinha me arrancado


um sim. Naquele primeiro dia na praia, quando eu soube que
ele não era bom para mim, mas não poderia ficar longe.
Naquela manhã no meu armário, quando ele tinha
conseguido me fazer dizer sim para ir ao baile com ele. Seu
pedido de casamento na linha de cinquenta jardas na frente
de cinquenta mil torcedores. E, finalmente, no altar
tornando-me sua esposa, quando eu não podia dizer sim
rápido o suficiente.

— Yeah, Jude. — Eu disse. — Você com certeza teve.


EPÍLOGO

Jude estava na linha das cinquenta jardas novamente,


sendo aplaudido por dezenas de milhares de fãs, mas desta
vez eram uns poucos jogos em sua segunda temporada
jogando para o Charges.

Eu ainda estava sentada no banco da frente e no


centro, torcendo junto com o resto dos fãs.

Mas desta vez a nossa agitada bebê de seis meses


estava no meu colo. Nenhuma surpresa que ela tinha sua
própria agenda quando veio no dia que ela queria sair e
conhecer o grande mundo. Jude e eu éramos os pais dela,
afinal. Ela nasceu três semanas mais cedo, e eu não sei se
Jude respirou todas às doze horas do parto. Mas ele nunca
saiu do meu lado. Quando ela finalmente saiu, Jude mal
podia olhar para longe dela o suficiente para cortar o cordão.
Ele tinha chorado sua segunda lágrima nesse dia. E sua
terceira, e talvez mesmo uma quarta quando o médico disse
que nossa menina era perfeitamente saudável.

Após o semestre de outono, eu me mudei para San


Diego para ficar com Jude. Para ter nosso bebê e descobrir o
nosso futuro. Depois que ela nasceu, a vida tinha sido uma
loucura, mas eu tinha acabado de matricular-me em alguns
cursos em uma faculdade local que iria contar para a minha
licenciatura, então lenta, mas com segurança, eu ia me
formar. Terminar meu curso era mais uma questão de
orgulho e obstinada determinação.

Nós tínhamos chamado a nossa menina de Annalise


Marie Ryder. Não era um nome de família, nem tivemos que
agonizar sobre escolher apenas o significado certo. Jude
tinha se apaixonado pelo nome uma noite quando tinha
estado procurando livros de nomes de bebês, tipo, realmente
apaixonado. Eu sabia que ele teria recuado se eu dissesse
que não gostei ou que queria um nome diferente, mas Jude
teve um total zero de parentes de sangue em sua vida. Ele
ganhou o direito de nomear a menininha que era a metade de
seu DNA e estaria para sempre em sua vida.

Então era Annalise Marie. Ela se parecia comigo, mas


tinha os olhos cinzentos de seu pai, e podia formar
expressões em seis meses que eram estranhamente idênticas
ao Jude.

Falando de um certo Sr. Ryder... Jude ficou em


posição, pronto para a corrida. Eu estava prestes a aparecer e
pular e animar com um pacote Annalise de quinze quilos
quando alguém me virou de lado.

— Posso segurá-la, tia Luce?

LJ tinha crescido em um não-tão-pequeno homem no


período de um ano. Ele e Holly ainda viviam no antigo
apartamento em White Plains, mas agora Thomas vivia lá,
também. Ele pediu Holy em casamento no mês passado e
estariam se casando neste inverno. Nós não conseguimos vê-
los tão frequentemente como eu gostaria, mas vinham
algumas vezes por ano para um dos jogos de Jude ou para
brincar na praia, e nós fazemos o nosso melhor para voltar ao
leste.

— Claro, LJ, — eu disse colocando Annalise em seu


colo, mas mantendo minhas mãos perto. — Ela é um pouco
agitada, então segure firme.

— Eu vou. — disse ele, enrolando os braços apertados


em torno de seu tronco. Claro que ela acalmou quase
imediatamente, agora que o primo LJ a tinha.

O estádio estava barulhento desde o início até o fim do


jogo. Para ajudar a abafar alguns desses ruídos nas orelhas
do bebê, Annalise tinha seu próprio gorro de malha especial
que ela usava para cada jogo. Ao contrário de Jude, o dela
era rosa, e ela tinha um punhado de roupas do Chargers que
ela balançava junto com a camisa que eu usava.

Eu fiquei sentada ao lado de LJ apenas no caso de


Annalise decidir dar um salto voando de seus braços, e
acenei para baixo na linha de Sybill, que estava lutando com
seus próprios quatro filhos.

— Eu tenho que te dizer, Lucy, — Holly disse, me


dando uma cotovelada do outro lado. — Aquela pequena casa
na praia que Jude deu para você de presente de casamento é
muito fantástica. Só para você saber, LJ, Thomas e eu
estamos pensando em fazer o segundo andar em nossa casa
de inverno. Vocês não se importariam, certo?

Como estávamos jogando o jogo cotoveladas, dei-lhe


uma das minhas. — Não, nós não nos importaríamos. Desde
que LJ não faça xixi em todas as minhas plantas e Thomas
junte suas cuecas sujas.

— Yeah, eu não vejo isso acontecendo, — disse ela. —


Droga, eu acho que só vai ser eu!

Eu ri, sabendo que ela estava parcialmente séria, não


sobre deixar LJ e Thomas, mas sobre mudar-se. Eles sempre
ficavam conosco quando voavam desde que nós tínhamos o
quarto e a praia no nosso quintal, e quando vinham Holly,
Thomas e LJ, era realmente melhor, e mais feliz. Papai e
mamãe vinham nos ver bastante também. Algo sobre ter um
bebê na família foi especialmente motivador. Como presente
de casamento, Jude havia me surpreendido com as chaves da
casa de praia que eu queria alugar para as férias. Exceto que
em vez de alugar, nós compramos.

Então nós permanecemos nela pelas férias do ano


passado, e nós vamos ficar nela todas as férias depois disso.
Jude ainda havia vendido sua caminhonete turbinada e teve
seu velho piecer totalmente reconstruído. Eu não poderia
chamá-lo de POS38 mais, porque estava lindo.

— Como está indo o estúdio de dança? — Holly


perguntou, enquanto observava o campo.

Jude tinha pedido tempo no último minuto e foi fundo


em uma aproximação com seus companheiros.

— Ótimo. A pista de dança vem nesta semana e, ela foi


muito bem feita, — eu disse, vasculhando a bolsa de fraldas

38
Point of Service, traduzido como: Ponto de serviço, que é o estado que algo é chamado quando
precisa de melhorias, no ponto para receber tratamento ou serviço.
pela girafa de dentição de Annalise que ela gostava de roer. —
Eu já tenho uma lista de bailarinos inscritos.

— Essas pobres crianças irão para casa chorando


depois de passar uma hora na sala de aula com você como
professora. — disse ela, sorrindo para mim.

— Por que você não se inscreve na minha classe de


adultos e eu vou ter certeza de mandar você para casa
chorando. — eu respondi, espelhando seu sorriso.

— Não, — ela disse, cutucando Thomas ao lado dela. —


Meia-calça e sapatilhas são para os homens.

— Malditamente certa, bebê. — ele disse, puxando-a


para perto e beijando-a nos lábios.

Eu ri, e verifiquei o campo. Eles estavam fora do


amontoado e voltando na posição. Como mais um presente de
casamento, Jude tinha comprado um velho edifício degradado
em uma parte artística da cidade. Ele me colocou no
comando do projeto e da renovação para a sua
transformação.

Enquanto eu estava terminando o semestre de outono,


o estúdio de dança veio junto. Eu tinha feito alguns
progressos sólidos com os meus problemas com dinheiro.
Jude tinha prometido que o dinheiro e a fama não iriam
mudá-lo, e ele estava certo. Ele ainda andava com seus
velhos tênis Converse, com jeans Levi’s e bebia cerveja
barata, mas, o mais importante, ele ainda olhava para mim
como se eu fosse todo o seu mundo. Seus olhos ainda eram
suaves quando ele dizia, ‘Eu te amo’, e ele não hesitava em
ajudar a mudar um pneu para um estranho encalhado na
beira da estrada. Então Jude ainda era Jude, eu era ainda
eu, e nós ainda éramos nós. Praticamente a única coisa que
tinha mudado era nossa conta bancária, bem como ele tinha
prometido.

Entre torcer para meu time de futebol favorito e trocar


fraldas, eu ainda estava empenhada em trabalhar em algum
tipo de capacidade, mas eu vim a perceber que eu queria
trabalhar não tanto porque eu precisava fazer meu próprio
dinheiro, mas porque eu queria fazer a diferença. Emparelhar
aquele desejo com a minha obsessão pela dança... bem, o
estúdio de dança foi o resultado. Saber que um dia eu
poderia influenciar um jovem do jeito que Madame Fontaine
me influenciou me fazia sentir como se eu fosse a cereja no
topo de um muito gratificante sundae.

— Vai, Tio Jude, — LJ disse, cuidando para não gritar


com Annalise em seus braços.

— Aqui, amigo, — eu disse, chegando até ela. — Deixe-


me pegar ela para você poder levantar e pular e gritar para
Tio Jude. Você sabe que ele consegue ouvir você aqui, certo?

— Eu sei, — LJ disse, deixando-me pegar Annalise.

— Venha aqui, docinho. Vamos torcer por seu papai. —


Beijando a cabeça de Annalise, eu levantei assim que o
jogador central levantou a bola.

Jude nem sequer fingiu um passe, ele apenas segurou


a bola contra si mesmo e correu para a zona final.
Eu segurei minha respiração enquanto todo mundo ao
redor da arena explodiu. Quando ele bateu na dez eu me
deixei exalar. Ele estava indo fazer isso.

Quando seu pé alcançou a zona final, o teto do local


parecia que ia explodir de barulho. Eu estava lá e sorri para
ele. Ele ainda era um exibido.

Deixando a bola, virou-se e correu até a margem.

Ele cumprimentou alguns de seus companheiros


passando, mas não podia ser parado. Parando em nossa
frente, ele sorriu.

— Aquele foi para as minhas meninas, — ele disse,


deslizando o capacete para fora.

— E considere suas garotas suficientemente


impressionadas, — eu gritei, inclinando-me para frente.

Annalise realmente estava se contorcendo agora que


ela viu o pai dela. Ela estava sorrindo e fazendo bolhas de
saliva pela sua excitação.

— Vem cá, bebê, — disse ele, levantando os braços. Eu


entreguei-a as suas fortes mãos. — Você quer ver o melhor
lugar da casa?

Annalise sacudiu, balançando seus braços de bebê. Ela


era uma filhinha de papai.

— Ok, ok, — Ele riu, trazendo ela para perto dele. —


Mas primeiro eu tenho que ter uma pequena coisa de sua
mãe.
Sorrindo aquele sorriso dele que faz o meu estômago
cair, ele inclinou a cabeça para mim.

Inclinando-me, eu o beijei e, não diferente da primeira


vez que tinha feito isso, o resto do mundo desapareceu. Era
apenas Jude, eu e nossa garotinha.

Isso era o que você chamaria de uma espécie de


momento, um círculo completo.

— Amo você, Luce, — disse ele depois da pequena mão


de Annalise ter se enfiado entre nossas bocas. Ela agarrou o
lábio inferior de Jude e não largava.

— Amo você, Jude.

Virando-se, Jude carregou Annalise para o campo. Ele


não parou até que chegou ao meio da linha de cinquenta
jardas. Embalando-a em seus braços, ele fez um lento giro.
Câmeras estavam piscando, os fãs estavam gritando, e era
uma controlada anarquia, mas eu sabia que não havia
ninguém além de Jude e sua menina lá fora agora para ele.

Enquanto eu os assistia, eu sentia a mesma coisa. Nós


estávamos em nossa própria bolha, e era uma boa. Minha
vida não estava como eu tinha planejado que seria. Não
estava nem perto.

Estava umas mil vezes melhor.

Sybill tinha estado certa: As poucas coisas que eu


tinha sacrificado, ou colocado em espera, para estar com meu
marido e bebê valeram a pena. Aquele menino quebrado na
praia parecia como uma vida atrás. Anos se passaram, a
faculdade e a NFL, casamento e um bebê, mas de vez em
quando, quando Jude olha para mim e me da aquele lento,
conhecido sorriso dele, eu sou aquela menina em um biquíni
preto de novo, desejando um menino que eu nunca pensei
que poderia ser meu.

Fim!
Tradução:
Dayane, Serena, Catty, Ingrid,
Nina, Débora, Thaluana,

Revisão
Michelle, Nathy

Formatação
Anne
A trilogia Crash é composta por :

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