Você está na página 1de 6
CONTAGEM DE CELULAS SOMATICAS E CALIFORNIA MASTITIS TEST NO DIAGNOSTICO DA MASTITE CAPRINA SUBCLINICA SOMATIC CELLS COUNT AND CALIFORNIA MASTITIS TEST IN THE GOAT SUBCLINICAL MASTITIS DIAGNOSIS Elizabete Rodrigues da Silva’ Tomoe Nodas Saukas* Francisco Selmo Fernandes Alves! Raimundo Ryzaldo Pinheiro! RESUMO - A mastite é doenga altamente © SUMMARY ~ The mastitis are highly prevalent prevalente em rebanhos leiteiros de todo 0 mundo. Os agentes causais das mastites em caprinos sio se- melhantes aqueles da doenca em bovinos, sendo os Staphylococcus aureus os mais freqiientes patoge- nos associados a forma clinica e os Staphylococcus coagulase negativa 4 forma subclinica da mastite caprina. O diagndstico da mastite clinica é facil, baseado primariamente nos sinais clinicos; entre- tanto, 0 diagnéstico da forma subclinica é um pro- blema, tendo-se como métodos auxiliares os testes fisico-quimicos do leite e os testes baseados no au- mento do conteiido celular da glindula mamaria Por serem rapidos e de fécil execugao, os testes ba- seados no aumento celular do leite sio muito utili- zados, sendo o California Mastitis Test (CMT) ¢ a contagem de células somiticas do leite (CCS) os mais empregados. Neste trabalho fazemos uma re- visio sobre 0 uso € valor destes testes no diagnés! co da mastite caprina subclinica. PALAVRAS-CHAVE ~ Mastite, diagndstico, Cali- fornia Mastitis Test, contagem de células soma- ticas, caprino, illness in dairy herd of the world. The causal agents of goat mastitis are similar those of cattle, with the Staphylococcus aureus the most frequent pathogens associated with clinic form and Staphy- lococcus coagulase negative al the subclinical form of the mastitis. The diagnosis of clinical form is easy based primarily upon the presence of clinical symptoms; however, the subclinical form is diagnosed by physicochemical tests and the tests based on incrased cells of the milk. The California Mastitis Test (CMT) and Somatic cells count (SCC) are easy, quickly to perform based upan cells contents of milk. In this work we revise the useful and validity of these tests on the diagnosis of subclinical mastitis in goats. KEY _WOR. = Goat mastitis, diagnosis, California Mastitis Test, somatic cells count. INTRODUCAO © aprimoramento da criagao de caprinos trouxe como desta- que um aumento da produgao leiteira © 0 desenvolvimento de imimeros produtos lécteos, al- guns de tecnologia rudimentar, ‘outros sofisticados, necessitando "Médico Veterinirio, EMBRAPA-Centco Ni # Professor Adjunto, Medicina Veteriniria ional de Pesquisa de Caprinos, Estrada Sobral-Groairas, km 4, 62100970, Sobral, CE. -ventiva, Universidade Federal Rural de Pet smbuco, $0000, Recife, PE. 8 R. bras. Med. Vet., v.18, n.2, 1996 de tecnologia complexa na sua manipulagao ¢ produgao (Birgel, 1985). Dentre os alimentos de ori- gem animal utilizados na ali- mentagao humana, 0 leite de ca- bra ocupa lugar de destaque de- jo a0 seu alto valor nutritivo (Egito & Pinheiro, 1989). Uma de suas caracteristicas € a alta estibilidade, sendo, conse- qiientemente, indicado para a alimentagdo de criangas, idosos © pessoas debilitadas (Furtado, 1981; Barros & Leitdo, 1992). © melhoramento das ragas caprinas com vistas a aumentar a produgao leiteira é um dos fa- tores que tem contribuido para a alta incidéncia ¢ severidade das patologias da gléndula mamaria, especialmente mastites (Smith & Roguinsky, 1977) ‘A mastite representa um fator limitante para a produgao de lei- te © um problema em rebanhos de todo 0 mundo (Schukken et al, 1990; Adkinson et al., 1993). A exemplo do que ocorre em vacas, a mastite caprina de- termina grandes prejuizos eco- némicos representados pelo des- carte do leite, custos com dro- gas, assisténcia veterindria, au- mento da mao-de-obra, redugio da quantidade © qualidade do Ieite © produtos lécteos manufa- turados (Dulin et al, 1983, Lewter et al., 1984; Stchling et al., 1986; Barros & Leitio, 1992; Lima Junior et al., 1993, Montaldo & Martinez-Lozano, 1993; Degraves & Fetrow, 1993), além de ser importante problema de saide piiblica (Guss, 1975). Dentre os agentes ctiolégicos identificados da mastite caprina a maioria é similar aqueles en- contrados na espécie bovina, en- tre eles Streptococcus sp., Staphylococcus coagulase posi- tiva e coagulase _negativa, Escherichia coli, Actinomyces pyogenes, Pasteurella sp., Nocardia sp., Clostridium sp. € fungos micelianos (Moraga et ., 1974; Guss, 1975; Venugo- pal & Paily, 1980; Dulin et al., 1983; Lerondelle & Poutrel, 1984; Manser 1986; East et al., 1988; Siddique et al., 1988; Santos, 1990; Kalogridou-Vas- siliadou, 1991; Kalogridou-Vas- siliadou et al., 1991), Além des- tes agentes, os caprinos apre- sentam mastites especificas cau- sadas pelo virus da artrite encefalite caprina (Hinckley, 1983) e micoplasmas (Manser, 1986; East et al., 1987; Lima Jinior et al., 1994), Os Streptococcus sp. apre- sentam-se com baixa freqiién- cia, no se constituindo em im- portante causa de mastite em ca- bras como 0 é em vacas (Guss, 1975; Hunter, 1984; Manser, 1986; Santos, 1990). O Staphy- lococcus aureus é a bactéria mais importante ¢ freqitente nos casos de mastite clinica caprina (Manser, 1986). Na forma subelinica da doen- ga, os Staphylococcus coagu- lase negativa tém sido os mais freqientemente reportados (Mo- raga et al., 1974; Venugopal & Paily, 1980; Dulin ct al., 1983; Manser, 1986; Santos, 1990; Maisi, 1990A; Kalogridou-Vas- siliadou 1991; Lerondelle et al., 1992) O diagnéstico da forma clini- ca da mastite caprina é facil, baseado primariamente na pre- senga de sintomas (Lerondelle & Poutrel, 1984; Santos, 1990) Entretanto, a detecgdo da mas- tite subclinica nesta espécie representa um problema (Smith & Roguinsky, 1977; Maisi, 1990A). O diagnéstico desta forma da doenga € feito através de testes bacteriolégicos, sendo métodos auxiliares os testes ba- seados no aumento do conteado celular da glindula maméria & testes fisico-quimicos do leite (Guimaraes ct al., 1989; Sears et al., 1993; Lima Junior et al., 1994; Lerondelle & Poutrel, 1984). Por sua praticidade ¢ rapi- dez, os testes baseados no au- mento celular do leite so os mais difundidos (Moraga et al., 1974), Dentes estes, 0 Califor- nia Mastitis Test (CMT) e Con- tagem de Células Somaticas do leite (CCS) so os mais utiliza. dos (Manser, 1986). CELULAS DO LEITE ‘CAPRINO Ha consideravcel variagao de tipos © nimeros de células no leite caprino, encontrando-se células epiteliais, neutréfilos, linfécitos, mondcitos e outras (Guimares et al., 1989). Além destes tipos de células, o leite caprino apresenta grande nime- 10 de corpisculos citoplasma cos, 05 quais nao tém niicleo ¢ resultam dos processos fisiolé- gicos de secregao apécrina do leite nos caprinos (Hinckley, 1983; Dulin et al., 1983; Droke et al., 1993). Em particular, as irritagdes da glandula mamaria aumentam grandemente 0 mimero de neu- tréfilos no leite, podendo alcan- gar até 90-95% do total de célu- las (Guimaraes et al., 1989) As células epiteliais podem estar em nimero excessivamente grande em varios periodos da lactagao (Hinckley & Williams, 1981; Hinckley, 1983). A maio- ria dos pesquisadores considera as células epiteliais como parte dos processos fisioldgicos na cabra (Smith & Roguinsky, 1977). Entretanto, alguns atri- buem este fendmeno a infeccio pelo virus da artrite encefalite caprina (Hinckley, 1983) ¢ micoplasmas (Lima Jinior et al., 1994) ‘As células epiteliais, junta- mente com os corpiisculos cito- plasmaticos, contribuem para uma clevada contagem de célu- las totais do leite caprino (Hin- ckley, 1983; Droke et al. R. bras. Med. Vet., v. 8, 0.2, 1996 9 1993), especialmente quando métodos de contagem nao apro- priados so utilizados, como a contagem eletrénica ¢ contagens jicroscépicas utilizando coran- tes nao especificos (Dulin et al., 1983). Na enumeragao das células somaticas do leite caprino, Lloyd (1982), citado por Gui- mares et al. (1989), encontrou contagens superiores a 750.000 céls/ml de leite, sendo 21% de células linfoides, 69% de neu- trofilos € 0-6% de células epi- teliais Em estudo comparativo do leite de diferentes espécies, Smith & Roguinsky (1977) en- contraram uma média_ de 750.000 céls/ml para o leite caprino, dos quais 21,3% de cé- lulas linféides, 69,3% de neu- tréfilos © 04% de células epi- teliais CALIFORNIA MASTITIS TEST Desenvolvido por Schalm & Noorlander (1957), este teste mede indiretamente a concentra- go de leucécitos no leite (Paape et al., 1963), e & um dos mais difundidos como auxiliar no diagnéstico da mastite sub- clinica em bovinos. Entre suas vantagens citam-se a rapidez, ficil manejo ¢ exatidio (Moraga et al., 1974), Além disso, é am- plamente usado, tanto no labora- tério como a nivel de campo (Pettersen, 1981; Poutrel & Lerondelle, 1983) Esta prova bascia-se nos principios da reagao das células sométicas com a soda; entretan- to, seus autores verificaram que a adigfo de um agente ten- soativo methora o poder de des- truigdo das células. Schalm & Noorlander (1957) adicionaram, entdo, um agente tensoativo amnidnico, 0 qual atua também sobre os glébulos de gordura, facilitando sua dispersio, redu- zindo scus volumes e permitindo melhor avaliagao das reagdes. © mecanismo da reagdo ba- seia-se na liberagio do acido desoxirribonucléico (DNA) do niicleo das células somaticas, destruido por agao da soda e do detergente amnidnico, resultan- do em uma mistura gelatinosa, A avaliagao dos resultados posi- tivos na prova CMT é¢ feita atra- vés da intensidade da vis- cosidade desenvolvida (Schalm & Noorlander, 1957; Birgel, 1985). Entretanto, existem contro- vérsias quanto ao uso deste teste em leite caprino (Smith & Ro- guinsky, 1977; Pettersen 1981; Santos, 1990). A exatid’o do CMT 6 duvidosa nessa espécie e isto deve-se a presenga das cé- lulas epiteliais que, juntamente com os leucécitos, reagem ao CMT causando uma interpreta- Gio diferente da usada para bo- vinos (Lewter et al, 1984; Hunter, 1984; Silva Barcellos et al., 1987). Os corpasculos cito- plasmaticos, por ndo apresenta- rem nucleo, nao reagem ao CMT €, conseqiientemente, nao inter- ferem nos resultados deste teste (Pettersen, 1981) Schalm & Noorlander (1957) relacionaram as reagdes do CMT para o leite da espécie bo vina com os escores constantes da Tab. | Schalm et al. (1971), estu- dando a interpretagao da reagao CMT para leite de cabras, rela- cionaram o numero de neutré- filos com a reagao do teste, dan- do os valores apresentados na Tab. 2 Tab. 1 - Escores das reagdes do California Mastitis Test (CMT) para leite da espécie bovina, segundo Schalm & Noorlander (1957) Excores Reagio CMT Negative Mistura permanece liquida sem evidéncia de foemagae de prevpitado “Tragos (7) ‘Uma leve precipitagdo que tende a desaparecer com a continuagdo dos movimentos da placa Frace positivo (1) ‘Uma distinta provipitagio sem, entretante formar gel ‘Claro positivo (2) ‘A mistura torna-se eapessa, imediatamente com alguma sugestio de formagio de gel forma-se um batho no centro da mistura Forte positive (3) Forma-se um distinto gel © qual tende a aderir 4 placa, formando elevasdo central Tab. 2 - Relagio da reag&o ao California Mastitis Test (CMT) 0 nimero de neutréfilos/ml de leite de cabras, segundo Schalm et al. (1971). Ra N+ médio de neutrafitos/ml Dou. 68,000 ‘Tragos (1) 268,000 1 £00,000 2 2,560,000 3 > 1.000.000 80 bras. Med. Vet., v.18, n.2, 1996 Neste mesmo estudo, estes autores verificaram que cabras sem mastite podem apresentar reagdes tragos ou 1+. Por outro lado, 2+ ¢ 3+ podem ser impor- tantes indicativos de infecgao intramaméria. Guimaraes et al. (1989) pro- puseram uma alterago dos pa- rametros do teste CMT em rela- gio a CCS, encontrando os valo- res mostrados na Tab. 3 pre indica infeccdo nesta espé- cic animal (Lewter ot al., 1984; Maisi, 190A), Manser (1986) isolou Sta- phylococcus coagulase negati- va, Streptococcus sp. ¢ Pasteu- reila haemolitica de amostras de leite caprino com escore 1+ ‘ou mais para o CMT, entretanto, amostras com os mesmos esco- res foram bacteriologicamen- te negativas. Segundo Hunter Tab. 3 - Relagio da reagdo ao California Mastitis Test (CMT) e 0 namero de células somaticas/ml de leite caprino, segundo Guimaries et al. (1989). Reagto TN? médio de células vomtie até 7,92 x 10" > 7,92 x 10? até 1,36 x 10° > 1,36 x 10° até 1,70 x 10° Lima Jinior et al. (1994) ob- servaram que de 732 amostras de leite de cabras submetidas a0 CMT, 53,85% deram reagdo 3+ com CCS de 5 x 10°céls/ml e, destas, houve elevada proporgio de amostras negativas ao exame bacteriolégico. Os valores limites para mas- tite caprina subclinica foram ob- servados por Upadhyaya & Rao (1993) que consideraram 0 CMT > 1+ como indicador de infec- gio desde que associado a outro teste, por exemplo, contagem to- tal de leucécito, se esta for > 63.000 céls/ml. Eles enfatizam a importancia de mais de um teste para o diagnéstico da mas- tite subclinica, como sugerido por Siddique et al. (1988). Pettersen (1981) demonstrou que 0 limite para o CMT deve ser em torno de 2+ para indicar infecgdo na espécie caprina. Um baixo escore do CMT tem sido sugerido como bom in- dicador da auséncia de infecgao intramaméria em cabras, entre- tanto, um alto escore nem sem- > 1,70 x 10" (1984), a baixa produgdo dos animais, idade e estagio de lac- tago so fatores que podem contribuir para estes achados. Maisi (190A), estudando 0 efeito de infecgdes subclinicas no bere caprino, encontrou CMT escores 0 ou T durante toda a lactagdo, com excecao do periodo colostral; partes do ibe- re infectadas deram CMT 1 a 3+, Por esta razio, ainda segun- do este autor, 0 limite para o CMT deve ser em torno de 2+ para indicar infecgdo. CMT 1+ deve dar suspeita de infecgao intramaméria Maisi (1990B) encontrou di- ferengas significativas para o CMT de cabras de diferentes lactagdes; cabras de primeira lactagao apresentaram escores mais baixos que animais de se- gunda lactagao ou mais 0 tipo de patogeno parece afetar a reagio do CMT. Leron- delle & Poutrel (1984) encon- traram reagdes menores para amostras infectadas com Sta- phylococus coagulase negativa, € escores maiores para aqueles infectados com Staphylococcus aureus, Streptococcus sp., Acti- nomyces pyogenes e Myco- plasma, Entretanto, Kalogridou- Vassiliadou et al. (1992) de- monstraram que 81% das partes infectadas por Staphylococcus aureus © Streptococcus sp. de~ ram escores 2+ ou 3+ € 65% das infectadas por Staphylococ-cus coagulase-negativa também de- ram reagao 2+ ou 3+. Para Barros & Leitdo (1992), © CMT é bastante utilizado para detectar mastites subclinicas em cabras, desde que a CCS esteja acima de 1x10*céls/m! CONTAGEM DE CELULAS ‘SOMATICAS DO LEITE Por células somiticas enten- de-se 0 conjunto de leucécitos ¢ células epiteliais presentes no leite (Lang, 1992). A contagem de células soma- ticas é largamente aceita como indicador do estado de saide da glandula mamaria (Rota ct al., 1993). A resposta frente a processos mastiticos € caracterizada por uma rapida redugao de leucéci- tos no sangue e aumento na glindula maméria; desse modo, a concentragao daquelas células no leite indica o grau de infla- mag&o no ubere (Paape et al., 1963). Devido a presenga de grande quantidade de células epiteliais corpusculos citoplasmaticos no leite caprino, a concentragao de leucécitos podera ser detur- pada (Rota et al., 1993). Segun- do Maisi (1990B), a CCS tem- se tornado imprépria para a es- pécie caprina devido a presenca dos corpiisculos citoplasmaticos Por esta razdo, para contagens acuradas do conteiido celular do leite de cabras, métodos especi- ficos que distinguem células nucleadas devem ser usados (Paape et al., 1963; Dulin et al., R. bras. Med. Vet., v.18, n.2, 1996 81 1983; Hinckley, 1983; Hinckley, 1990: Maisi, 1990B; Kalogri- dou-Vassiliodou et al., 1992; Droke et al., 1993) Para Hinckley & Williams (1981), apenas contagens dos Ieucécitos deveriam ser utiliza- das para o diagnéstico de infec- ges do iibere caprino, ao invés da contagem de células soma- ticas totais Hinckley (1983), estudando a interferéncia das células epite- liais © corpusculos citoplasmati- cos na contagem total de células somaticas do leite de cabras, ve- rificou que a contagem combi- nada de massas citoplasmaticas mais as células mononucleadas (células epiteliais e outras) ex- cediam cm mais de 1,5 x 10* céls/ml em varios periodos da lactagao. Siddique et al. (1988), estu- dando a CCS no leite caprino, concluiram que o seu uso para detectar mastite subclinica é de valor limitado, Dulin et al. (1983) afirmam que a média de contagem das células no leite caprino pode va- riar de 750,000 a 5.400.000 céls/ml, principalmente quando sio usados métodos de contagem inespecificos. O nivel de células somiticas a partir do qual deve ser consi- derada a anormalidade do leite de cabras ¢ de 500.000 céls/ml segundo Stehling et al. (1988) Estes autores afirmam, ainda, que as alteragdes na composigao quimica do leite passariam a ser significativas a partir do limiar de 300.000 céls/ml ¢ a produti- vidade do leite passaria a ser progressiva e significativamente reduzida, através de infeccdes sucessivas, a partir de 100.000 céls/ml Segundo Smith & Roguinsky (1977), contagens de 1,5 x 10° céls/ml indicam mastites causa- das por organismos patogénicos e contagens de 12 x 10%céls/ml tém sido obtidas de amostras de leite de animais no estégio final da lactagdo, Hinckley (1990) afirma que cabras no meio da lactagdo, sem mastite bacteria na, podem exibir CCS de 1 x 10° céls/ml ou mais. Para Groo- tenhuis (1980), contagens exce- dendo 1,5 x 10* céls/ml so evi- déncias de mastite. Poutrel & Lerondelle (1983) ¢ Lerondelle & Poutrel (1984) consideram o limite de 1,5 x 10° cels/ml eficiente para detectar infecgSes intramamarias ¢ dao uma proporgao de erro aceitavel (amostras negativas classifica- das como positivas). No entanto, Lerondelle et al. (1992) consi- deraram 0,8 x 10° céls/ml como © limite que permite detectar in- fecgdes intramamarias, diminu- indo 0 erro de classificar amos- tras negativas como positivas. CONCLUSOES Diante dos dados obtidos por pesquisadores sobre diferentes aspectos do uso do CMT e CCS em leite caprino, podemos con- cluir que = 0 CMT e a CCS sio iiteis no diagnéstico da mastite ca- prina subclinica, entretanto, va- rios fatores (por exemplo, fase da lactagao, produgdo e nimero de lactagdes) devem ser levados em consideragdo ao interpretar 05 resultados. = A utilizagio de um nico teste tem pouco valor para o di- agnéstico da mastite caprina subclinica, devendo sempre ser usado mais de um teste. = A contagem microscépica direta, fazendo-se uma diferen- ciagdo quanto aos tipos de célu- las, seria mais precisa no diag- néstico das mastites caprinas. = Os CMT escores 2+ ¢ 3+ podem ser considerados como indicativos de infecg%o no meio do periodo da lactagao de ca- bras; entretanto, para uma maior seguranga, o teste bacterioldgi- co deveria ser utilizado. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ADKINSON, RW. INGAWA, KH BLOUIN, D.C., NICKERSON, S.C. Distribution of clinical mast among quarters of the bovine udder, Journal of Dairy Science, v.76, n.t1 453-3459, 1998, BARROS, G.C. de, LEITAO, C.H.S. Influ ncia da mastite sobre as caracteristicas fisico-quimicas do leite de cabra, Pes. guisa Veterinaria Brasileira, v.12, 1.3/4, p4$-48, 1992 BIRGEL, EH. Enfermidades da glandula maméria dos caprinos: mamites. {n: MANEJO, PATOLOGIA E CLINICA DE CAPRINOS. S20 Paulo: Sociedade Paulista de Medicina Veterinirias, 1985. p.283-227. DeGRAVES, F.J., FETROW, J. Economics of mastitis ané mastitis control. In Update on bovine mastitis The Veter'~ nary Clinics of North America: Food Animal Practice, ¥9, 0.3. p421-433, 1993, DROKE, E.A., PAPE, M.J, DICARLO, A L. Prevalence of high somatic cell counts in bulk tok goat milk. Journal of Dairy Science, +76, m4. p.1033- 1039, 1993, DULIN, A.M, PAPE, M.l., SCHULTZE, W.D., WEINLAND, BLT. Effect of pa rity stage of lactation, and intramam- mary infection. Journal of Dairy Science, W866, a.11, p.2426-2434 98s, EAST, NE... BIRNIE, E.F, PARVER, TB. Risk factors associated with mattis in dairy goats. American Journal Veter: nary Research, v8. n.§, p.776-779, 1987, EGITO, A.8. do, PINHEIRO, RR. Pro ducdo higiénica do leite de cobra Embrapa + CNPC, 1989. 6p. (Com: ado Técnico, 20) FURTADO, MM. Leite de cabra: caracte- tisticas especiais. Seu uso na alimen- aslo, Intolerincia. Revista do Insti t0°de Laticinios Candida Totes. \.36, 214, p31-37, 1981 GROOTENHUIS, 'G. Milk cet count in machine milked dairy goats. The Te terinary Quarterly, v2, n.2, p.l2l- 122, 1980, QUIMARAES, MPM.P, CLEMENTE, W. T, SANTOS, E.C., RODRIGUES, &. isico-qulmicos do leite pa- ra diagnéstico de mamite saprina Ar: guivo Brasileiro de Medicina Tetering ia @ Zooetenia, v1, n.2. p129-142, 1989, GUSS, B.S. Dairy goat herd health pro blems. Journal of the American Veter: nary Medical Association, ¥.167, 0.12, p.1076-1079, 1978. HINCKLEY, LS. Revision of the somatic cell ‘count standart for goat milk Dairy, Food and Environmental Saris fation. v.10, 29, p.548-$49, 1990 HINCKLEY, L.S. Somatic cell count in re- lation to caprine mastitis. lezerinary Medicine/Small Animal Clinician, ¥. 82 R. bras. Med. Vet., v.18, n.2, 1996 78, n8, 1267-1271, 1983, HINCKLEY, LS. WILLIAMS, LF. Diag~ ‘nosis of mastitis in goats. Veterinary Medicine/Small Animal Clinician, v.76, 0.5, p.711-712, 1981 HUNTER, A.C. Microflora and somatic cell content of goat milk. The Veteri- nary Record, v.114, 0.13, p.318:320, 1988, KALOGRIDOU-VASSILIADOU, D. Mat- titiselated pathogens in goat milk. ‘Small Ruminant Research, Va, 1.2, 203-212 1991 KALOGRIDOU-VASSILIADOU, D., MA~ NOLKIDIS, K., HATZIMINAOGLOU, J. Changes’ in’ mastitis pathogens in {oat milk throughout lactation. Small Ruminant Research, vA, 0.2, p.197- 201, 1991 KALOGRIDOU-VASSILIADOU, D., MA- NOLKIDIS, K., TSIGOIDA, A. Soma- tie cell counts in relation to infection status of the goat udder, Journal of Dairy Research, v.89, 1, p.21-28, 1992, LANG, M. Vatagens econdmicas do controle ‘das mastiter em rebanhos leiteiros. Atwalizagio Téenice Pfizer, 1992, 6p. Ant o15, LERONDELLE, C., POUTREL, B. Cha- ‘acteristics of non-clinical mammary infections of goats. Annales Recher- ches Veterinaire, v.13, 8.1, pe103- 112, 1984, LERONDELLE, C., RICHARD, Y., IS- SARTIAL, J. Factors affecting somatic cell counts in goat milk, Small Ru- ‘minant Research, v8, 1/2, p.129- 139, 1992. LEWTER, M.M., MULLOWNEY, PC., BALDWIN, E.W., WALKER, R.D. Mastitis in goats.” The Compendium Continuing Education, v8, 1.7, pl7- 425, 1984, LIMA JUNIOR, A.D, NADER FILHO, A VIANNI, M.C.E. Sensibilidade in vic tro dos Staphylococeus aureus ¢ Sia- phylococcus coagulase Tador em casos de mastite capring, 4 aaplo de antibidticor e quimioterépicos. Arquivo Brasileiro de Medicina Vete- rinaria e Zooteenia, v.43, 03. p29) 296, 1993, LIMA JUNIOR, A.D., VIANNI, M.CE., NADER FILHO, A. Estudo comparati vo entre algumas caractersticas fsico- ‘Quimicas,celularese bacteriologicas do Ieite de cabras reagentes © negativas a0 California Masts Test. Arguivo Bro- sileiro de Medicina Veterinaria e Z00- tecnia, v.46, 3, p.290-300, 1994, MAISI, P. Analysis of es in caprine milk and antitrypsin. Small Ruminant Re- search, v3. 0.5, p.485-492, 1990 B. MAISI, P. Milk NAGase, CMT and an- titrypsin a8 indicators of eaprine subeli- nical mastitis infections. Small Ru- Iminant Research, v3, 0.8, p-493-801, 1990 A. MANSER, P.A. Prevalence, causes and la- oratory diagnosis of subclinical masti- tis in the goat. The Veterinary Record, W118, 0.20, p-$52-884, 1986, MONTALDO, f., MARTINEZ-LOZANO, FJ. Phenotypic relationships between udder and milking characteristics, milk prodution and California Masttis Test fn goats, Small Ruminant Research, ¥ 12, 03, p329.337, 1993, MORAGA, L., ZURITA L., RIVAS, M._ PA LAVICINO, I, RUSCH, KContribu- cin al estudio de la mastitis del capri- ho. Revista de la Sociedad Medicina Veterinaria de Chile, v.24, 0.1, p3-10, 1974, PAAPE, MJ., HAFS, H.D., SNYDER, W.W. Variation of estimated numbers of milk cf pyfonina y-methyl green sain Journal of Dairy Science, v.46, 8.11, p.12ll-1216, 1968. PETTERSEN, K-E. Cell content in go milk, Acta Veterinary Seandinavia, v. 22, m2, p.226-237, 1981 POUTREL, B., LERONDELLE, C. Cell content of goat milk: California mast Uis tet, counter, and fossomatic for pre- dicting half infection, Journal of Dairy Science, v.66, 12, p.2575-2579, 1983. ROTA, AM. GONZALO, ©, RODRI- GUEZ, PL., ROJAS, A.T., MARTIN, L,, TOVAR, J.J, Effects of stage of Inc: tation and party on somatic cell counts in milk of Verata goats and algebraic ‘models of their lactation curves. Small! Ruminant Research, v2, 0.2, p.211- 219, 1993 SANTOS, LL. dos Mastite caprina, 1 Eviologia e sensibilidade dos micror- ganismos frente aos ontimicrobianos, It. Avaliagdo das provas "California Mestius Test"e "Whiteside Modifica do” como mitodos de triagem. Recife Universidade Federal Rural de Pernam- buco, 1990, 49.p. Tese Mestrado, SCHALM, O.W., CARROL, E.,, JAIN, N. ©. Bovine mastitis. Philadelphia: Lea & Febiger, 1971. 360 p. SCHALM, 0.W., NOORLANDER. D.0. Experiments and observations leading to development of the California Mas- titis Test. Journal of the American Ve- ferinary Medical Association, ¥.130, 1.5, p.199-207, 1957, SCHUKKEN, Y.H., GROMMERS, FJ. VAN. DE GEER. D., ERB, 'ILN., BRAND, A. Risk factors for liieal mastitis in herds with a low bulk milk somatic cell count. |. Data and risk factors forall cases. Journal of Dairy Science, v.73, ni2, p3462-3471 1990. SEARS, PM. GONZALEZ, R.IN., WIL- ‘SON, DJ\, HAN, Rill. Procedures for mastitis diagnosis and control. In: Up- date on bovine mastitis. The Veterinary Clinics of North America, v9, 0.3, P 445-468, 1993, SIDDIQUE, LH., HAFEZ, M., GBADA. MOSI, 8.G. Sereening for subel ‘mastitis in goats: testing thet terinary Medicine, v.83, 8.1, p87-88, 1988. SILVA BARCELLOS, T-, SILVA, N. d JUNIOR, A. de PM. Mamite eaprin em rebashos préximos a Bele Horizoa~ Minas Gerais. I~ Etiologia e sensi- jade a antibisticos. If - Métodor de iagnostico. Arguivo Brasileiro de Me- dicing Veterindria e Zootecnia, v.39, 1.2, p307-315, 1987, SMITH. C.M., ROGUINSKY, M. Mastiis and other discases of the goat's udder Journal of the American Veterinary Medical Association, ¥.171, 0.12, p. 1241-1248, 1977 STBHLING, R.N., VARGAS, O.L. SAN- TOS, E.C. dos, DUARTE, RM. Estu- 4o da evolugto da mamite caprina in- duzida por enterotoxins estafilocdcica € estreplocdcica. Arguivo Brasileiro de Medicina Yeterinéria e Zootecnia, v 38,0.5, p 701-717, 1986, STEHLING, R.N., VARGAS, LO. SOU- ZA, ILM, PORTUGAL, H.T.B. Rela- fo entre a contagem microscépicn di- Feta ¢ os tester “California mastitis teat” e “Whiteside” na determinagio de télulas somndticas em leite caprino. Re vista do Instituto de Laticinos Candi do Tories, VAS, 0.288, p.3-8, 1988, UPADHYAYA, TEN., RAO. A.T. Diagno ‘and threshold ‘valuer of subclinical mastitis in goats. Small Ruminant Research, ¥-12, 8.2, ».201-210, 1993, VENUGOPAL, K.’ PAILY, EP Incidence and etiology of mastitis in goats. Kera a Journal of Veterinary Science, v.11 I, ptl-I14, 1980, LUTO NA OFTALMOLOGIA VETERINARIA Faleceu nos Estados Unidos, aos 78 anos, o prof. William Magrane, pioneiro da oftalmologia veterindria, & qual dedi cou 33 anos de sua vida, tendo con- tribuide para a formagio de dezenas dos mais respeitiveis oftalmologistas No Brasil, foram seus discipulos os pro- fessores Paulo Barros ¢ Luimar Carlos Kavinski, da Universidade Federal do Parana, fundadores do Colégio Brasilei- ro de Otalmologia Veterinaria, que ora se declara de luo. Além de criar téenicas e concsitos ainda atuais e da dedicayfo ao magisté- rio, o prof. Magrane foi fundador de en- tidades de estudo © pesquisa, entre as quais a Sociedade Mundial de Oftalmo- logia Veterinaria R. bras. Med. Vet., v.18, n.2, 1996 83

Você também pode gostar