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LITERATURA

LÍNGUA PORTUGUESA
Prof. Caroline Becker

ESTUDANTE: MATERIAL

TURMA: DATA: 1º TRIMESTRE

Youtuber
Gurizada, assistiremos
ao vídeo “Tour pelo meu
rosto”, da Youtuber Gabi
Oliveira. É um vídeo bem
Para assistir ao
antigo já, mas segue
vídeo, basta
bastante interessante. acessar o QRCODE
acima ou escrever
Antes ou depois no youtube “Tour
de assistir, pelo meu rosto
pense sobre Gabi Oliveira”
estes aspectos:

um/a youtuber é alguém que faz vídeos e posta no Youtube;


o conteúdo desses vídeos é MUITO variado: pode ser uma análise de um filme ou
jogo (também chamada de resenha), pode ser uma conversa sobre um jogo, pode
ser um vídeo de maquiagem etc. O importante é perceber as principais
INTENCIONALIDADES dos vídeos: vender algo? apresentar um objeto artístico?
defender uma opinião? Lembre-se: isso tudo pode vir misturado no mesmo vídeo!
os vídeos utilizam a VOZ e o CORPO e muitas vezes são mais ESPONTÂNEOS, ou
seja, a linguagem MUITAS VEZES (não sempre!) será INFORMAL, marcada pela
ORALIDADE. Lembre-se: a linguagem FALADA e a linguagem ESCRITA seguem regras
distintas. Ainda assim, ao escrever, posso REPRODUZIR características da FALA; o
mesmo pode acontecer ao falar, pois posso ser bastante FORMAL e seguir as
regras da escrita. Por exemplo: eu tava X eu estava.

O que compõe um ROSTO?


(faça uma lista de SUBSTANTIVOS)

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Abaixo, temos a transcrição do vídeo.
Orientações: use o espaço à esquerda para fazer anotações.

Oi, gente, tudo bem com vocês? Eu sou a Gabi Oliveira e numa
conversa com a maravilhosa “Tá, querida?!”, que criou a TAG “tour
pelo meu corpo”, ela me contou que gostaria que todas nós
falássemos sobre nossos processos de aceitação aqui no YouTube.
Eu aceitei o desafio, mas tive que repensar no meu contexto. Eu
confesso que um tour pelo corpo não faria muito sentido pra mim
porque eu tenho um corpo considerado dentro dos padrões e essa
nunca foi uma questão. Mas eu lembrei de algo que agora é muito
exaltado aqui no meu canal, mas que foi, e às vezes ainda é,
sinônimo de dor: todos os traços do meu rosto.
Falando de forma geral, por todo meu rosto nós encontramos
o que são chamados de traços negróides. Eu tenho nariz largo, a
boca grande, arcada dentária protuberante, gengiva escura, além, é
claro, da minha pele. Além disso, olhos da cor da noite. Mas vamos
lá. Vamos por partes…
Comecemos então pelo temido nariz. O meu, como vocês
podem ver, é bem largo, não tem ponta fina e, quando eu sorrio,
olha só o que acontece (zoom no rosto sorrindo): ele se abre,
obviamente. Agora, imagina se eu deixasse de sorrir por causa disso
ou ficasse tirando fotos só (pose de cara fechada). O triste é saber
que sim, em algum momento eu deixei de sorrir por causa dele. Na
infância, o meu nariz era o meu martírio. Foram horas e horas
usando pregador para ver se eu conseguia afiná-lo, isso com 6 ou 7
anos. Esse nariz, tão inofensivo, que hoje eu considero que combina
tanto com o resto do meu rosto, já foi motivo de muito choro. E foi
só na fase adulta que eu percebi que isso não era um problema só
meu. Em conversas com pessoas negras de pele clara, a gente vê
que o nariz, por muitas vezes, se torna o traço da dor, aquele que,
se pudesse, seria apagado, afinado de qualquer jeito. Já em
pessoas negras de pele escura, o nariz é o que, por muitas vezes,
acrescenta mais um peso. Ele continua sendo o principal motivo de
zoação. Esse nariz tão inofensivo. E agora eu te pergunto: o que te
fez acreditar que esse nariz aqui é feio (aponta para o próprio
nariz) e esse aqui é bonito (mostra foto de nariz fino em uma
pessoa branca)? Por que é que os dois não podem ser bonitos? Um
nariz fofinho desses…

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E agora, vamos para os meus olhos. Eu realmente amo os
meus olhos! Vou tentar mostrar mais de perto pra vocês: olha esses
olhos! Eu acho os meus olhos tão, tão vivos. Amo o formato, a cor…
olhos escuros tão pouco valorizados, por que, afinal, quem de nós
nunca ouviu: “fulano teve sorte de puxar os olhos verdes do avô”.
Sorte? Essa não seria só mais uma característica? Bonita, sim, eu
acho também, mas, me digam: o que faz olhos claros estarem no
topo do que é considerado bonito? Você já se perguntou isso? Ah,
outra coisa que eu amo nos meus olhos é que eles sorriem. Quer ver
só? (aproxima a câmera dos olhos enquanto sorri).
E falando em sorriso, vamos para a boca. Ressecada por sinal.
Meus lábios são para a frente, bem carnudos e tem duas cores, olha
só. O fato da minha arcada dentária ser para a frente, muitas vezes,
me impediu de tirar foto de lado. Vocês se identificam com isso?
Mas agora, olha só no Instagram (mostra foto sorridente de perfil).
Outra coisa que eu lembro é que quando eu era criança eu era
atormentada pelo personagem “negra maluca”. Sim, esse tipo de
representação afeta, e muito, crianças. Eu odiei o fato de ter lábios
grossos por muito tempo por causa disso. Mas hoje eu, realmente,
amo os meus lábios. Principalmente, o fato deles serem de duas
cores. Eu fico toda boba quando alguém me pergunta qual é o
batom que eu tô usando. Eu, simplesmente, falo: “não, essa é a cor
natural dos meus lábios”.
Ainda sobre o rosto, uma coisa que eu já comentei com vocês
é que minha cara é um pouco tortinha. Essa parte aqui ó, tá vendo?
É um pouco assim. E a minha dentição de baixo ainda me incomoda
um pouco. Então, provavelmente, um dia vocês me verão de
aparelho. E aqui vale esse adendo: você não precisa achar tudo em
você perfeito! Não vamos entrar nessa utopia. Sendo que nenhuma
dessas características podem te impedir de viver bem com você
mesmo. Imagina se eu parasse de sorrir porque eu não coloquei
aparelho ainda. Imagina isso… ou se eu parasse de gravar vídeos
porque eu acho minha cara torta.
Agora vamos à nossa tão famosa gengiva. No vídeo
“respondendo a haters” eu já comentei sobre ela, que eu amo essa
gengiva marronzinha, sério. Eu acho ela muito, muito bonitinha! Se
eu sorrio e ela não aparece, eu não me reconheço (zoom no sorriso,
evidenciando a gengiva). Essa era uma característica na qual eu

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nunca tinha visto problema algum, até que eu cheguei na internet e
recebi vários e vários relatos de mulheres que falaram que
passaram a aceitar melhor a gengiva delas a partir do momento que
viram a minha imagem e me viram mostrando um sorriso largo. E é
realmente muito significativo pra mim perceber como a minha
exposição estética ajudou de alguma forma essas mulheres.
Agora os dentes. Esses dentes eu puxei do meu pai. Vocês
vivem me elogiando e perguntando o que eu faço para eles ficarem
tão brancos. E eu não faço nada, gente. Mas eu confesso que não
acho meus dentes tão brancos assim. O que faz parecer que eles
são mais brancos é o contraste da minha pele com os dentes. Mas
no final, são só dentes, né? Que, por sinal, eu nem lembro se eu
escovei pra gravar esse vídeo.
E já que falamos nela, vamos para a pele. A gente normalmente
vê que o rosto é mais claro que o corpo. No meu caso, é o
contrário. O rosto é mais escuro. Ele também tem algumas manchas
que, na verdade, não me incomodam muito. Essa daqui é a da
sinusite (sinalizando uma marca no nariz). Algumas manchas
escuras que são super comuns em peles negras. Mas um detalhe é
que eu vivo recebendo mensagens “como eu queria ter a sua pele”
ou “como eu queria ter a pele escura como você”. Eu entendo quem
comenta essas coisas, porque, afinal, uma das características de
quem tem mais melanina é uma pele mais lisinha, com menos poros.
Mas ainda é a pele escura, a mais temida. Basta ver uma pele escura
na rua para apertar o passo; bastou ver a foto de um menino de
pele escura para relacioná-lo ao abandono. É a pele escura que
mais atrai o “macaca”.
Hoje eu olho pra tudo isso aqui, esse turbilhão de dor e
aceitação, e eu gosto do que eu vejo. Eu acho que tudo isso
combina. Sei que muitos de vocês também gostam. Mas eu já tenho
26 anos, esse processo começou muito tarde pra mim. E se aceitar
não faz com que a estrutura não te afete. Não me livra, não vai livrar
minhas filhas e filhos, não livra nenhuma criança negra. Nós vivemos
num país extremamente afetado pelo racismo, onde isso é bonito
[mostra uma foto de uma mulher branca], isso é até aceitável
[mostra uma foto de uma mulher negra de pele clara] e isso é
horrível, feio [mostra foto de mulher negra de pele retinta].

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Mas essas referências do que é bonito e do que é feio não
nascem com a gente. Elas são aprendidas. E nós podemos, sim,
questioná-las e parar de reforçá-las. Você não precisa querer ter
um nariz mais fino, ter medo de que seu filho nasça com cabelo
crespo e não precisa comemorar porque ele nasceu com olhos
claros. E aqui eu não estou falando em restringir. Uma coisa não
precisa se tornar feia para que outra seja bonita. Eu estou falando
em ampliar o espectro.
E, nesse momento, um questionamento que surge pra mim é:
o que nós temos feito para que o racismo estético não se
perpetue? Que frases vocês vão tirar ou já tiraram do seu
vocabulário? É sempre bom lembrar que somos nós que temos o
papel de mudar isso. E pra quem tem características como as
minhas e ainda está em processo, eu deixo aqui umas palavras de
Malcon X: Quem te ensinou a odiar a textura do seu cabelo? Quem
te ensinou a odiar a cor da sua pele a tal ponto que você almeja
ficar mais branco? Quem te ensinou a odiar a forma do seu nariz e
lábios? Quem te ensinou a odiar você mesmo da cabeça aos pés?
Quem te ensinou a odiar a sua raça, tanto, que vocês não querem
estar perto uns dos outros? É bom você começar a se perguntar
quem te ensinou a odiar o que Deus te deu.

QUESTÕES
Liste características positivas que Gabi Oliveira fala sobre o seu rosto.
1) Lembre-se: ao copiar o trecho, use aspas. Também é preciso indicar em qual
parágrafo está o trecho.

Após assistirmos ao vídeo, fica evidente que Gabi Oliveira está lutando contra
2) o racismo. De que modo ela organiza essa luta? O que ela diz? De que modo ela
argumenta?

Tendo em vista o que você leu e ouviu, diga: na sua opinião, o vídeo direciona-
3)
se mais às mulheres, aos homens ou aos dois? Justifique a sua resposta,
trazendo informações do texto acima.

A youtuber faz duas perguntas aos espectadores ao final do vídeo: O que nós
4)
temos feito para que o racismo estético não se perpetue? Que frases vocês
vão tirar ou já tiraram do seu vocabulário? E então, que respostas você poderia
dar a essas perguntas?

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