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O que fazer para que. positivamente, vida e fe et Caen ec gat wy ten eae CM ye eer ret ae Circa Meter miner gen Oe ea com reir ty identidade, ou sefa, de sua autotranscendéncla? cee tera Pred oe Cee tetas oe ecient oreo Cree eee ene Cee ncn MRCua Ls cakes Comets neon ty See oe ScUorsttee net ay Ceo ee meet nr many eet oder eee Ca Ce eer cunt ta Racca oes teen ter nr ects Reece ee esc AMEDEO CENCINI A AMARAS O SENHOR TEU DEUS Peicologia do encontro com Deus segs Do criginal om ingua teliena ‘Ainera i Signore Dio tuo — Psologia del! ineontr con Dio © Centro Béltarinle Dohoniana, Bolegne, 1985 ‘Tradugto MT. Volare Marcart ds originals Carton Reet, capa Claudio Cuator APRESENTACAO ‘Amards 0 Senkor teu Deus — Psicologia do encontro com Deus — 6 um livro que te apresenta, logo do inicio, como rare signiieativo om sou ginore. Destina-se, antos de mais nede, a todos os que eréem — eoneagrados ou legos —, empenhados numa eaminhada Ae crescimento humane ¢ espiritual. Destina-se, cutrossim, f8 todes of que buseam um desenvolvimento integral de si ‘mesmos ¢ da sociedad om que vivem, desejosos de chogar, tem empecithos, & plenitude individual, bem como do che ‘gar @ uma missio mais fecunda, 0 autor propée-se dar, direta indiretamente, uma resposta — que por sua vez se torna proposta — a alg ‘mas perguntas muito frequentes, como estas: “O que fazer para quo, positivamente, vida ef formem uma unidade? Como levar uma vido alimentada pola £6 individual © so Cialmente fecunda e incisiva? Que caminho seguir para faci litar craseimento da pessoa, de acordo com sua verddei- ra identidade, on seja, de sua antotranscondincia?” Para responder a estas e a cutras perguntas que toda pesson que deveja crescer faz @ sh mesma, 0 stor propée lum itinerdrio d¢ pesquisa ¢ de prepesta ao mesmo tempo, feito em dois momentos: ¢ homem em busca de si mesmo, © 0 homem em busea de Deus, Trata:se de dois processos fstritamente ligados ¢ interagentos, Um faclita ou dieulta © outro, dependondo da mancira como é vivido. No primei- 1 itineréri, somos ajudados a descobrir como se dé 0 pro- cvsso de auto-identifieapio © quais s80 0s seus resultados fom base nas eondigsos de paride. Dole resulta a urgoncia de uma eulo-identifieapdo que permite um decenvolvimonto integral da pessoa em nivel ndo apenas corporal ¢ psfquico, mas sebretado onteligico. No segundo, 0 mais central, deli ‘ciase 0 processo psicclogin sotoposto a um autontice en minke de fe, com 23a exigénela de viver uma faco dosostra- 5 turante do homem velho, uma fase subliminal em que se nevite, aa prépria vida, «© mistésio de Deus e do proprio hhomem, « uma fase reestraturante, na qual, aos pouecs, © hhomom novo naseo 2 se torna adulte, O itieravio termina ‘com a propesta de am encontro viviicante com a Palavra ‘de Deus, ne cotidiano da vida. De acordo com san prépria especifcidade, o autor con- juga a Psicologia e a Tecloga, esclarece alguias instancias ‘contrais da estratara ¢ de fancienamenta da personalida ‘a religiosdade, om vista do uma autintion intogragée: £0 ‘ida, Ble se detém no mbite de uma eencepso abrangen- te da pessoa, além das formas de limitagses recorrentes de Justapesipao ede dicotoria. Mostra ecmo 9 caminho de froseimento humane © erstlo converge para wm procosse tradual de unificagio da pessoa, Unifieasdo que se manifes: tna consisténcia de si mesmo, na fecundidade de vida, na capacidede de atitude flexivel diante das inevitave's provae eos da vida. E na capacidado de amar com autenticidado, integralidede ¢ plenitude, a Deus e aos irmios que 2¢ en: contram © centro ¢ 0 critéringuia de uma. personalidade matlara, como também de uma rdigiosidade bem inserida nna personalidade @ na vide, eapaz de promover a pessoa © ‘9 sociedade, ‘A explanapio do stinerrio 6 feita de mansira simples, ‘com ume Iinguagem fuente, discursive, que aclara eoncei tos as vezes bem difceis. Dai uma explanagie linear, faci mente eompreensivel, que agiliza © confronto da préoria vida ‘com ¢ que vom sendo exposto. 0 itinerdrio apresenta-se como ferol a suminar mu tas situapies da vida, como também estimala nessa esforgo individual 0 colativo. ‘Trata-s, do fato, do wm encontro fo. ceunde, no dia-ardia, entre a Psicologia e a vida espiritual. Encontro esse que deve ser incentivado através de media (608 validas como a que estemos apresentande, Giuseppe Sovernigo _—_-” Ie Primeira Parte 0 HOMEM A PROCURA DE SEU EU Conhecer-so a si mesmo 6 uma necetsidade © um di ver a0 qual ningusm pede subtraie se. O homem tem neces sidade do saber quem 6 Nio pode viver, se ndo deseobre ‘que sentide tem sua vida. Arviscase a ser infeliz, so mio reconhecer sun dignidede. Por ste, podemes dizer que esta tos, cada dia, & procura do noses ox. E uma busca conti nua, embora 8s vezes incenscionte, freqientemente dil & apareatemente contraditéria, Bntreianto, nfo acaba nunca, TE ¢ justo que seja assim. Com efelto, 4 sdentidads nao 6 ado Diologice, insta mes eromossomoe « facilmente reco nhecivel. Tampeueo 6 ama verdade a ser contemplada © na qual se deve crer, de maneira mais.ou mens estatien © passiva, Quando muito, & um ponts de ehegeds, wma voce f0 totalmente possoal a sor realisada, De fato, née pode- mot saber © que somes ¢ intuir ¢ que fomes chamalos a ser, mas 6 quando vivermos tudo isso teremos descaberta ‘onsso eu. E se esta caminhada & procura do nosso au pas Sar por diividas, inegurangas, ou até mosme por ras erises do identidade, havors também sempre boas razses para se esperar que a nossa busca, se honesia e persisten- ha de ser reeompensada, Exsas "boas raz5os eonstituom ¢ motive ¢ 0 objeto de costudo destas paginas Capitulo Primeiro INSEGURANCA E IMAGEM NEGATIVA DE SI MESMO *Confio mito puso em mim mosme..” "Nao me sin- te seguro... “Sempre temo ndo ser capaz ‘Sho expreeedes dfprentos, mas que Genctam a presen- sa de um unico problema: e inseguronca. Frases como 6- fas, oavern-se com sempre maior freqiéncia até mesmo om fossos ambientes, E vem sempre acompanhadas de uma ftitude de fatal resignagio, como se ndo houvesse mais nada fa fazer. Ent, eonaclame-nos eom a sencagio de que x0 trata de uma espésie de “mal comum”. Sensagdo essa, de ‘odo algam imaginsria, Uma pesquisa feta por Pe. Rulla revela que 75% dos sacerdetes « religiotos“safrom” de muito pouea autoestima, Ea experidncia lingo torapbutica confirma esse fo im- pressionante (que, aids, acontece também entre os ligos) Taso parece estranho, B, de fate, 6 Vivernos em am ‘mundo que quis toimosamente reivindiesr para o homer ‘autoridade absoluta de gerir a prépria vida. E com respeite A nossa vocagéo, 6 preciso lembrar que Deus “confiou” em nés, comprometea-se conosea, encarre- gonde-nos de anuncile, Ent, por que a mairia das pes- foas quo roeoberam essa missio sentom.-se interiormente negativas, inseguras? Precisamento por gormes homens sos aunties & que devenos ter uma confiangs emental em nés mesmos. De fico, quem se sente “incepez” nde. pode ponsar om gerir sua vida de forma criginal © corajosa, Tampouco pode pensar em ‘perder-se”, evangelica Inente, quer néo se sente intariormonte bastante seguro de Nama palavra, trha-se realmente um problema viver @ tenting inadequados para tanto, 1. INSEGURANCA NEGADA: OS “FANFARROES” Bate tipo de inseguronga conctitai um preblema to grande que muitas vezes a pessea prefere ignoré-te,tentan- do caminnos alternatives fara, pelo menos, continuar viven- fdo sem consogiéacias. Apresentaremes, aqui, does manei ras opostas de se viver o mesmo probloma da insegaranga: hepa ou suporidla, Representam dois eatilos de vida to- talmente diferentas, Vamos descrevé-los em sea estado puro, forgonde um poneo, para que melhor sparegam suas cara terislicas fundamentaie, Na vida real, as cosns apresentam- Se de maneira diferente, cex0 por easo. O problema, entre- tanto, eontinua sendo 9 mesmo. A primeira mancira de (por assim dizer) resolver 0 probloma da insegutanga € a de. negéla, B 0 que prefe em o3 *fanfarroes’ Com relagan asi mesmo, 0 fenfarrée jarece suportar sobretudo eva propria limitagto, anucla Timitagae natural (le qaalidades, de virtudes, de comporta- rents) que nfo, pode eiminar da condirfe humana © que dove ser aceita Ele tem como que medo de si mesmo, de Sua zone negativa, por temor de encontrar nola quem sabe ‘9 qué. Bntdo corvence'se de que ela néo existe, Deste modo, toda @ sua vida torna-se um esforye continuo, mais ou mo hot desesperado, de ignorar essa tal drea intern, tida com> hhegra. Ume tentativa que ele conseue pareialmente, mas fque sobretudo torna a persoralidade vacilante e insegure, De fato,teme-se mais 0 que se desconhece, B, lgicamente, onde hd mats tomor, maior & a inseguranca, "Tais possoas sto, por conseguinte, internamente fre cas e incensciontemente madroses. Mus no conseguem con- 0 vvencer-se disso, Por isgo, extornamento aparecem » contra. Fie de que slo. Elas “nunca eran”. Polo controrio, estio sempre dispostas a culpar 0s outros ¢ as “estrutaras’ Quando pogas em flagrant, iertamse sobcemaneira. No fim, porém, conseguem provar que estavam com a razzo. Na verdaie, € muito dif lovilas a acoitar um verdadeire Caminho de formasdo,estimeléclas pare uma andlise critica Ge si mesmas.Falts-thes a premissa bisiea, ou sea, a cova gem de admitir trangailamente a propria limiaagao. Nao sto ‘capazes de ce quottionar. Dizem ser isto coisa para crian- fea8 A vera € que elas tim medo de um verdadeire exc ime de consciencia. A estima que Lém de si mesmas apare- ‘2, a ae olhos, totalmente otimista:julgam se todo-podero- fn9 ¢, tactamente, acreditam possuir a crteza absolute. Na, Tealidade, porém, viver eleraamente insatsfitae e prefun- Gamente tristas, ainda que se precurem disfercar. No relacicnamento eam es outras pessoas, esta ambi- jguidede manifesinse de diferentes maneires. Dado que o STanfarrdo” cento-ce dominade por uma poreepeaa nogativa = inetnscia e insupertdvel — do si mosme, o relacionam: to com outra pessoa servird nde openas para negar come também para coairadizer tat percepgde. Sea prnespie com: pertamentel, sem divida inconsciente, sera este: “quanto tnais eu dominar, mais sersi gnts". Esse tipo de pessoa tr, Ae foto, necessidade de dominar, do colocar-te ecima das ‘demais, nfo se contenia em ser uma entre as demai Quanto mais acima se encontra, mais se convence de ser positiv, E no tento essripules quanto aos mois a usar. ‘Tem, por exemplo, o senso inato da competizle: v8 todos os relacionamentes interpesscais come ocasito de_confronte ‘exagperade, de inveja subtil, de espirito de conflito levade fo extreme (manifetapies oseas de uma inseguranga funda- mental, B o cléseico tipe de pestoa que considera o sor dife rente do oatzo como um atentado & préprin segurangs. Por ‘sso, agride, dreta ou indiretamente. Na comunidade ow na familia em quo vive, existe quate sempre algum “bode ex- u DiatSrio™ sobre quem ola deccarroga teda a culpa, alkruém ‘eulpado por possus ‘arecterisica ow qualidade que The fas lombrar as prépriaslimitagies © que, por conseguin. te, deverd ser atacado © desaparve 0 fanferrto & uma espécie de “corstio” da comunide. de. Ou eno, ( outra pessibilidade) corea-so de amigos © ae aliados dos quais ce coneitai “padrinho". Alé mesmo o apostelady deste inseguro “fanfarrdo" deve abedecer as “leis que mantim e sustentam seu eu". Por cutra: @ atividade apostélice precisa garantirthe 0 sentido de positividade pessoal. E 6 logien qua tein assim, porque ‘quando a pessoa nie peresbe “dentrs” de si sea proprio va lor, precisa “busear* seguranca fora de si mesma, fos resul- fados daguilo que faz, naguilo que dela pensam os outros Nao 6. Mas quanto mais alguem ee sents ineonocientemen: te inseguro, tanto mais precisa de éailo e de sucesso. ALE ‘mesmo sua vida ¢ seu apostolado se reduzirdo, de um lado, 2 ama busca frenétiea de aplauss, e de outro, a uma fags Aesesperada do fracasso. Nem podord aceitélo, pois seria a anfirmapio inexorével daquela esfera negativa de si mes- ‘me que cle teima em no querer admitir, At6 seu apoatolado & feito em fungéo do proprio eu. ‘Um eu 0 qual née se quer, em hipstese alguma, renunciar, 0 “Fanfarréo" esta disposto a destruir tudo, tenes a meso, Jamais acitaria perder-te a si mesme por cous do Reino, renunciar a si mesmo por causa do outro, Als, como Bederia porderse quem no est seguro de si mesmo? Mas, +€ 0 apstolo ndo chega a percer-te, como podoré conteibuir para a construpio do Reine? Para nada servira, ena prt 9, seu problema iré continu ” LE 2, INSEGURANCA SUPORTADA: Os TIMIDOS Ontra moncira, diamotralmente oposta, de viver @ propria inseguranga consiste em nada fazer pora reagir con tra ela. B a atitude cos assim chamades “tiniccs™, Estes tom 8 vantagem, pelo mencs om teoria, de recnhecer a propria ‘mseguransa, Entresant, limitam-se a viver queixandoce dela. Suportamna. Descobrem apenas os eapestes neyatives a prépria personstidade. Nao sakem perceber, ou e fazer em medida insufsionte ¢ insignifcativa, seus aspoctes pos! ‘vos. Jastamente aqui estd s questdo: nao € que no conse. ssuem ver, € que, no conceito que tom do préprie eu, epmee, ‘gem como mais importantes qualidedes acidentais que Thos faltam (come, por exemple, néo possuir certas qualidades articticos ou particulares capcidades do expressde de ‘ofdo). Qualidades essas que os timidce gustaria de possvie fem vex das realidades essenciais que jd possuem (como! Drépria voeagde, qualquer que seja, ¢ dam da vida, a capaci ade de amar etc), mas que els ni sebem aprecier ade. quodernente. Em outras palavras: née sabem percebor devi amente, como significatives e centrais, es aspetice peat vos da prépria personalidade. B, assim, os aspectas negati. vos para eles pesam mais na valerizapio do préprio va" Por iso, a pessoa sente-se inadoquada, Tem mede de nib ser capaz e se facha. isso resulta um cfreulo vieoos, orque, quanto mais alguém se eente inseguro, mais se fe. cha. E vice-versa, E esse sentido de inseguranga-inadequa, $80 006 pouces se estenderd a todes 06 seteros da vide ate mesmo da vida espiritual (om que e sentido de inadequa- ‘so porte faciImente ser confundido com humildade), Oprimidos como estéo polae préprias limitayses, os Limits sentom-se, por ascim dizer, pisioneiros de um pore 2 sontimento de culpa ou de inferioridade. O quo ado sig. niflea que eles admitam isso disnte dos outros, ou que este: jam dispostos a suportar sompre tudo, Talvez 0 fagam par ‘algum tempo; calam-se e engolem... até explodir com Furia neontrolada mesmo com apartncia de sintomas psicelégices Utranspiragto, tromores, ondas de calor no rosto ete). Sie, pordm, exploases esporadieas. Normalmente, 0 inseguro t= Imido tendo a fechor-se em si mesmo ¢ 0 isolarse, Ese, tventualmente, sai de sua clausura, é apenas para “refugiar Sse" nalgum grapinho-a, talver sob a proteyto de algum Tanfarrdo", Ao mesmo tempo que isto The permite viver numa atitude ‘descompromissoda”, delegando aos outros tarefas e responssbilidades, ofereceihe também ccaside de tilecarse numa posigse enties, ebmada porque nfo expos- ta, e de projetar nos outros seu sentimento do culpa e de inadeauayto, justificande até mesmo seu descompromisse fem 0 passar por “vitima’ © apostclado do timido € abertaments mercado pelo complexo de inferioridade. Aquele misto de pessimisme-viti- ‘mismo ¢ de atitado descompromissada que earacteriza a sua Vida, no The permite ser sinal vivo do amor de Deus. O seu nig Taro, um apostolado de “defes, sem grandes esfor $95, como que para proteger um eu ja’ frac, que ndo pre- tendo corner otros riceos. Paralise-o 0 medo do insucesso, [Bm todo o case, o seu nlo serd nunca um aninsio entasias ta, apabxonado, que implique sactificios pessoni. Evite, eu que oon grande © tre enfr math Not, rstac cunt tec tao 9 ae ole tmperar'n snide belsae ¢viehdade de penne eit Net the rave encontrar peston © ale como ra sree, Nos sonar a dvng, ot gan ae tora cfenen ganda enfrmos, nda ue nf sabe eve ther ro apa debendr tanbem do ato do err pormaneid ness ane de ate eare 18 2. NIVEL PSIQUICO Este nivel inleressanos muito mais, E uma outra possitilidade de nos definirmos: a que nos ¢ oferecida pela ‘oferéncia acs nossos folentos © qualidades, as assim cha- ‘madas “riquezes do ser", come por exemplo, 0 préprio QI ou fa capacidade de sair-se bem numa deierminada tarefa, ou ‘8 afirmasto no trabalho, ou mesmo, a pniprin retidae de ‘omportamento ou porfeipio moral, Aqui a poston enfatiza tudo 0 que possui © que espera conguistar com os “seus! Dréprios meios,e gragas a “seus” esforgos B, sem divida alguma, um nivel superior go primeiro © menes superficial. De fato, sab esse ponto de vista, 0 ind viduo desccbro 0 que o diferencia nio s6 des sores inte 29, mas até mesmo dos seus somelhantos, © que dé orig nalidade e sentido positivo & sua pessoa, Bniretanin, ease nivel apresenta também viscos evi- dentes: 0 race fundamental de uma visto parcial do home, limitada a aspectos particulares que nem sia ot mais im pportantes. Conseqientemente, quando uma pessoa se identi fea sé e sobretude neste nivel, teré tal conseiéncia de suas possibilidades e potoncilidades, que busca sua auto-raliza ‘0 apenas nequele sentido, aeroditande, plen ta, aero oriador o senhor de ti» do que poedui ‘Mas vejames dotalhadamente 0 quo aeontoce neste tipo de aato-identificagio, a. 0 talento como fonte de identidade © eabedal do dotos e qualidades poscosis ascumem, ‘antes de mais nada, uma importincia fundamental: const. tem a fonte de identidads. A essas qualidades e doves @ hhomem “psiquies" confia as préprins esperangas de positivi dae. Sonte-so alguém o se accita apenas quando conctate ‘due possulcertas talentos ou tem certeza de sairse bem em muitas eoisns. Sua dignidade © amabilidade nao sio, por 19 tanto, algo de ebjetiv, seguro e estavel: dependom da exis- lene, ow nfo, dessas mesmas qualidades. Baseado nelae, ole so sentird ow um fracassade ou um super-homem. |At6 mesmo na perspectiva vocacional sua identidade assumird a forma de suse eapaeiéades: serto elas — @ se- mente elas — que irdo sugeriniprogramar a escolha do esta to de vida, da. profissdo, e, talver, — pelo menos indiroi mente — dos valores e eritérios sobre os quais eiificar a prépria existencia, Assim, o talonto, fonte de identidade, Tormar-sed também am linite natural ¢ itranspontvel para a propria veilizagio. De fato, auir ¢ eseolher unicamente basoado nesse eritério: "srei capac” — “ndo serel capaa”, € sbefar as aspiragSee © qualidades da pessoa. Sera muito Cie, para quem vive assim, poder exgir de si mesmo mais fdo que tem corteza de saber fazer. Nao poderd permitirse 6 lux» de arricear a propria imagom, de tontar realizar ci- Sas novas ¢ win tanto audaciosas, Ser autintieo signficara tnada mais do que manifestar e repetir, mais ou menos roti neiramente, os préprios dons. b. Dependéncia da fungiio esta supervalorizagio do talento pessoal deriva uma, sitangio parignsa de desequilbrio externo. A pessoa, sem ‘mesmo dare conta, corre 0 risco de se tornar mats ow Tnenes dependente de ma eérie do coisas. Primeiramente, dda funggo e do ambiente, que The garantem a possibilidads ‘le exprimir-se do uma certs mancia: apbia-se nela inteira- mente, chegando até a “identifiear co” com ela. E como se a Sua personalidade imergiste no fang, com o riseo de — a. Tonge prazo — perder 2 prépria originalidade e fiewr sufoca da. Be enoo paradenal do “esoravo da fangio", ou sea, dar faacle cue pensa encontrar na funpée no 66 a censito pars trovolar as proprias eapacidades, mes até mesme a possi ‘Unde do existir @ de s0 afirmar. Ea assure como ume rou: pa que néo se quer tir mais ‘Terna-se, entin, inamovivel 20 daquela determinada fungie ou atividade. Ou enti, néo ‘esta por nada disposte a “sacrificar™ sans qualidades, a per- fer, sinda que 2 parcial ou momentaneamente, a vcasiso de manifeatar algumas delos. Sabe-so, centudo, quo as cireunstancias normais da Vida de tedes, ou 0 plane de valores livremonte escolhide pelos religises, pedem ni rar, exigi este tipo de dispon Bilidade ¢ do rendncia, om vista, naturalmente, de um bem rmaicr 04 dos interessee do Reins, Sori muito diel que tais ‘pessoas tenham essa liberdade interior... mesmo se 6 exata: mente gragas a este sacrifo que, mulias vezes, uma pes 20a dosecbro ser expaz ¢ dotada também em outros sotores, fe que se Ihe abrem novas e impensacas porspectivas. ‘Ao eontrévio, quando ¢ a funglo &u ¢ trabalho profs: sional que confere identidade, torname-nos, mais eede ou ‘ais tarde, simples assalarindos, poueo erativos e sempre ‘monos livres para ser nds mesmos. ©. Necossidade extrema de resultado positive Quando ¢ a funsdo que identifia a pessoa, esta sen tir-ses ebrignda a ter sucesso em turlo, ou, pelo menes, bora resultado, E 6 isto uma dts plores condenagsos que # pes- s00 pode impor-se. E, ontretanto, eoncogiGneia natural do ‘que falamos acima a’dependéncia da fungi faz inevitavel ‘mente entrar na ligiea da dtiea dessa mesma fungao. Dene tro desea ética, a peesoa ee jalge por aquilo que fez ax por guile que dé, pela qualidade da fangdo que desempenha da ontribuigao socal, pels resultados visveis. Entio a pessoa Duscars, com todas a8 forgss, 0 resultado excelente, dando ‘xgeasive impertincia & toda’sitaapo em que o “eu se exi- ‘be, a ponto de identificar-se com os préprios eventuais su- estos: dla no $6 tem Sucessos, mas é os seus mesmos ste a 0 fendmeno ¢ compreensivel: & questdo de “sabrevi véneia” do eu como entidade postiva. Trata-e, pis, do sat Virlhe @ integridade, de doseobrir, a todo custo, uma imo: rem que The possbilite a aecitagde de si mosma. Ademais, fuma pessoa assim sentir& necessidade mio 36 de saber, mas, fe possivel, de mostrar que possui muitas qualidades, para {que tamiosm o8 outres possam valorzd-las postivamente © tgarantirdhe seu valor. 1B ama cutra componente daquela famigerada ética da fungéo: em forga dela, es outros tornam-se os juites natu rais do sua prestagio de servisos. E, uma ves que 0 julgt- mento doles ¢ importante, néo 6 Improvavel que a pessoa procure adeqoar-ee — mais ou menos eonscientamente — 20 fue eles esperam, & como so sua vida — segundo 0 pare ter seoreado de Nouwen — fosse como um grande quadro fhegro onde alguém vai anotando, vez por vez, 03 ponies Ootides nas varias... eibigses Batretanto, antas mesmo de darse conta disse, essa pessoa eniregou a propria vida (e a propria paz) a estes fraitos juizes. Poderd até mesmo passar toda a vida a mnendigar” estima. "Toda essa dependénsia dos outros ¢ dos resultados ‘onerates do tude 0 qua fe2, poders chagar 20 ponto de con laminar a pareze do ansncie, em so tratando de um apSsto- Jo. De Tato, assim nio estaria mais, ou ndo estaria mais ‘exclusivamonte agindo em fungdo do Reino, mas também ‘daquele consenso social de que tem vital necessidade, Poo- ova pouco, a imagen social toraa.se fonte de identidade & regra de vida, Ademais, sobre empobrecer a pessoa, como lltorior fruto dessa abstrda ética da funcéo, a dependéncia tla apreciapao dos outros levéla-é a manifestar e a promo- ver apenas aquelas qualidades peesoais mois aprecinéas Secialment2 ou que provecam um imediaio impacto no am Diente, arriseando-se, dessa forma, a subestimar © a néo Asenvolver aquelas qualidados poscoais menos evidentos, ‘menos quotadas, ow que nio esto muito na moda, Quem quer, # too custo, agradar 08 outros & ebrign do a renunsier fatalmente a alguina coisa de si, talvez até ‘mesmo & parte melhor. 4. Horror do fracasso ‘ais pessoas temerso 0 fracasso, considerando-» como toma afronta a propria personalidede, como uma negacio da positividade do eu. ‘Tao logo esoa imagom social seja diminaida por algum fnsucesso, elas Lem @ impressio de nio valer mais nada e de sentir sabre s\ mesmas ima comp que sentenga de nega~ fividade. Oa entdo, 20 tua imagem nao corresponder As #x- pectativas delerminadas pelo ultimo sucesso, sentirse-a, Subitamente, pessoas initeis. Entio, existem daas pessibl des: ou schrevim a depressaoviesconforto com afastamen to da situapao, juntamento com frases choies do lamentos e ‘auto-compaixto (como acontecs com a timid’), ou, fo centririo: sobrevem raiva-cilera, subite, agredindo a tiluagdo com palavras cheias de orgulho, de autc-afirma- fo. Ou entdo, descerrega se a culpa sobre os outros (6 @ aso do “fanfar) ‘Numa pelavra: neste nivel de autosidontifiapao € proibide errar. e, Nao-aceitagae do pecado ‘Todevia, existe uma entra esnseqlincia quo se refers ‘mais diretamenie & Vida espiritual: € w incapacidade de dmitir ¢ de aceitar com serenidade 0 proprio pecado. ‘Tamlém isso ¢ tido como um outro fracasse ou como tama negasse da postividade do oo. De foto, neste nivel de identidade, a santidade 6 tida eobretudo como uma eenquis- ta pessoal, frato de penoscs atos de virtude © do *merité- roe” eafergos da vontade, como se fosse possivel alguém ey santificar-se com suas priprins forpas ou como se a santidar {de fasce um bom exchusivamente pessoal, um embelezar 0 Dréprio roste, nada mais do quo uma avto-realizagio ético- zaral quo nos faz parecer melhores do que os outros, @ 80 ‘om dom do Deus para e bem de todos. ‘Sendo assim, a experitneia eotidiana do pecado, ao ‘mesmo tempo que detmente esta pretensfo e este equivore, ornse Frustradora ¢ deeperta na pessoa tim estranho sen timento de culpa, no mais ligndo ao pesar sincaro de ter ‘fendido « Deas, mas & desilusdo/raiva de dessobrie-se im- perfito ‘Também aqui h& duas possiveis alternatives, aparen- temente opcetae: 0 a forsdo perjeroionisia para ideais ina tingiveis que termina por deeportar eseripales @ rgider de femportamenta, lasies © depresses, Ou, a0 coniririo, & Dprecungdo de ndo ter peondos ou de ter apenas elgura pe ‘Guena imperfeigdo, t8o pequona que néo chega @ provocar rises permite que a pessea continue a se julgar melhor {do que of oatres, que s80 (pobres) pecaderes. ‘Base tacenho ¢ flo modo de entondor a santidade & 1a si mesmo pode até levar — pouco a pouco — a ume per fda ou a uma deformegto da pripria conscitncia de pecado. ‘ho invés Ge deseebrilo profandamante enraizado no corasée, ‘a pessoa ird tde-somente identifiedlo com as transgresstios comportamentais de um certa eidige de conduta moral. Em Serde onto eome ingratidao do filho para com 9 Pai, ‘chard cator com a cenceiineia tranquila s6 pelo fato de no tor ecmatido “pecados mortis’. ‘Bm todo caso — @ 6 a consequincia mais grave — ‘essa incapacidate de admitir ¢ de accitar « prépna culpe fmpedo que o “Justo” sinta necessidade da miseriesrdia dos men muite monos, da de Deus. O que impede que @ pessoa faga a experiénea, tipicomente erista, do perdido di- 4 £. Complexo de inferioridade Brquanto isso, nasce ¢ erevee dentro da pesson uma perigosa sensogio de negativisme pessoal, que poders até tomar-se um vordadviro ¢ priprio sentiments de infe- rioridade. E um outro riteo possivel dessa mancira de iden. lifcarse. Ningaém poseui todas ap qualidades expressivas operativas, intelectusis ou morais. A vida de ninguém é um fentinay sucesso! Mas mesmo que o fosse, homem alam reaolveria 9 probloma de sua estima, Soa vida tomar-se-ia tuma corrida sempre mais frenética em busca de sucesso 0 do @xite, sem jamais ter a sensagdo de ter inalmente a cer- teaa do proprio sar positivo, Tera a impressio de precisar, vyez por vex, recomesar tude do neve © de nio satisfazer nunca defiitivamente a necessidade de sontirse digno do fstima, E coma alguém que bebe continuamente ¢ continua em a improssao de estar morrendo de sede... Por qut? B simples: porque 0 homem foi eriado de oeordo com determi nalas leis e exigéncias que precisam ser levadas em conta, febretaro se quer satisfazer as necessidades radicadas em ua moama naturoza Fundamentalmente, conforme aos diz a Psieologio, 0 hhomem nda se encontrard nunca, precurando-se demasiada- mente, assim como néo conseguiré jamais satisfaser sua necessidade de estima, fazeno dela a finalidede imediate de ‘eu agir, e mute menos ibudindo-se de que 08 outros, de fore, podderéa resolver seus problemas intornoe, problemas que 36 ‘ele cabe enfentar. Bis porque, aplauses € aprovapées, 9 esses o louvores no poderio jamais satisfaze-l Por mais (quo 08 roveba, podera sempre davider de merechlos, emer nio ser'o-que ele aparenta sor externamonte, ou en Ho, angustir-se por nllo ser capaz de prestar servigos sem: pre'naquole nsvel, ou mosmo, sentir cada vez mais neces dade daquela porgic eatidiana de slogios ¢ de estimulos. assim, a pessoa nfo gora nem mesmo por seus sucostes © promepies. Ou entde, gozard apenas por um instante, © 25 depois encontrar-sea, de nove, a lutar @ a sonhar com a Enfim, vive numa tensso contines, ecmplicandy a pri pia vida e a doe cutros. Protonde © maximo de si mosmo, a0 mesino tempe, Tem a mania de comparar-ce, emp tivamenta, com os demais. Ese por acaso perde nessa cempetipio, sente invgja @ clume dos “mais dotados”. Numa palavra: a posses fica doprimida ¢ com raiva de si mesma. 4. Erro de distracio 18 bom lombrar que indo isto tandéncia perfeecionis- ta, rivalidade, inveja ete) constitui uma ferga patquiea que poderia ser muito melhor emprerada dentro do quadro de Intaresses e de valores do uma pessoa. + uma energia t80 preciosa que, por exemplo, 0 apés- {elo poderia empregar pera um anuineio entusiasta © vibran- te do Reino de Deas, Pelo contrdrio, ole 0 decpordiga, ain- da que sem culpa e sem mesmo dat-se canta, complicando ‘8 propria vida e a dos outros. (0 verdadeiro motivo do “desperdicio”, ou stjay a ver- Aadeira Hdontidade da erise ¢ precisamenie esta fila de fuute-identidade, E tor Timitade © centido do préprio ou a aspectos que, embora relevantes ¢ proprios para earacten ar uma posted, nfo constituem sua estrutara essencial, B ter ligade 0 proprio valor a éxites incertos de qualidades pesseais que, depoie, foram desmentides pelos fates, ov que fexigem um pre;o muite alte para acontecer Contude, cada um de nés deve admitir que 6 tentado fa identifcarse, em nfvel psfauico, ¢ de fato se identifica, Anda que minimamente. Entao, ¢ inevitavel: na medida em ‘quo Formos homens “psfquices", © entusiasmo pelo Reine tornar-se-d tensiaipreecupaeio por nés mesmes, © © enta sasmo dingmico pelo amincio da mensagem far preju ado pela bates passiva de nosso eu, ey ‘Talves tena sido sempre 0 pecndo do homem: querer ser como Deus (Adto), on pretender atingir 0 céu com 0 priprio esforgo (Bebe). Nae 0 consegaindo, fea profunda- mente angustiade, Ndo 90 dé eonta daquilo que 6, daque- Ja “esperanga” gue tras dentro de si ‘Sem dsvida, isto constital mais um posedo de distra- #10 do que de soberba; um pecado de falta de conhecimento fe si mesmo, B proviso, ent, descobrir “os motivos dessa ‘eporanga’s NIVEL ONTOLOGICO Os niveie corporal @ pafguico, pals, nao sia, por si ‘mesmos, suficientes para dar ao homem’ um sentido ade- quado do préprio eu. Por mais que sejam importantes, je tals poderao, por si sés, satishver A exigéneia fundamen tal de co tor um sontide substancial o estavelmenta positi- vo da prépria identidads. Para isco é procio desser « um nivel mais profundo e constitutive, Bm cutras palavras, no basta que a pessen tenha conscitncia de possuir multas ‘qualidads. & prosioo saber para quem e por que ust-las, de {que mancira e por quais objetioos. Trata-co, enfim, da fun- amentar a propria identidade sobre conteddos mais “radi ‘xis, como agueles que p nivel onteligeo oferece [esse nivel, definimo-nos por aguilo que somos & por aquilo que somes chamados a ser Bm termos mais preci- foe: a pessoa descobre ¢ eonstrSi a prépria identidade om ‘torno da relacio entre o ew alucl, com suns necessidades potendialidades, € 0 eu ideal, com seus valores objelivos € fae finalidades. N&o ¢ mais, on no ¢ mais simplesmente ‘aquilo que posstdrnas que ird decidir da nossa positividade, ‘mes 0 que somos nto mais profando de nossa identidade smal Me), coma teres haan, ome ein 6 ce oe consagradas, O eu atual ¢ 6 eu ideal sio os dois lementos esruturas dese tipo do auto identfento, Fa Para identiien Drotudo: fem nivel ontelégien & preciso, so- 1, A presenga desors dois componentes. Com efeito, 0 hhomem no pode ser considerado apenas em Fangio de suas nneeessidades atnais, Nao seria mais humano aquele ser do ‘qual a¢ quisesce cubteair 0 anssio do valores ohjotivos. Mas dleverse dizer também, que tal enccio nfo ¢ vao: o ser hue ‘mana, como tal, possul potencialidades positivas que 0 hab Iitam a responder eflerrmente a esse anseio objetivo. Alem isso, 6 mister oncontrar: 2. 0 equildsrio entre esses dois componentes. Quer di 2er, deve haver uma difererga entre aquile que cada um de fe ponea que é ¢ aguile que sonte que deve ser (© eu atual e 0 ex. ideal no podem ientifearse, nem ser confusamento sobrepostos, Paltaria, nesse caso, aguela tensdo salutar para precises valores quo péem em movimen- toa nosso dinamismo psiquice. Por outro lade, a distancia entre 03 dis contasdos nao ove ser excessiva nem insuperdvel, a ponto de frustrar a tendéneia nataral do ser humano para @ erescimento © 0 amadurecimento, Deve, polo contrario, ser uma distancia tinal vu sei, realista e que ¢ eu abual possa ating. Mais particalarmente, € otimal a distancia entre o eu atval 0 0 bu ideal que, de um lado, ¢ acossvel e possivel de ser per~ farvido; de outro lado, salva a natureza do valor ideal, 0 ‘Qual, por si mesmo, jamais serd totalmente aleansade. Por feonseguinte, de um lado é tal que exerce uma forte atro- ho, levand> a poseea @ caminhar e a experimentariconhe- ter’ sempre mais o ideal; do outro, manifsta progressiva- ‘mente as suas exighacias, estimulando-a cada vex mais. ‘A distancia etimal € uma relapio do equilbrio dina- ‘mico entre esses dois opestos: acessiveVinatingivel, araen- talexigonte, Entretante, importa nfo exquecer que ndo se trata de um equilbrio cetatie, mas, sim, progressive: quan- to mais me aproximo do valor, tanlo mais pereabo quo ele 8 ime transeend; quante mais 0 experimento, tanto mais des- cubro sas exigincias. [Nao 6 sempre fil encontrar osse equiv. Nos dois «220s acima descrtes, por exempl, tal distincia otimal nao toiste. O “fanfarriot simplesmente a descarta, Seguro como co juga, acredite estar agindo sempre correiamente, ser perfeito oa quase poreite. Polo contraric, mio pereehe cue assim confunde aguilo que ele & com aquilo que deveria ser ‘Sou ot atual vive artificiosamente “inlade’, sé para escom Aero dossonfianga quo tem de si mesmo. Ao passo que seu feu ideal vive de todo oucente, ndo existindo mais tensio para os valores. Na autoidentidade do *timido’, ao invés, a distincia ‘entre os dots componentes € insuperével:o valor tio badala A torna-so algo de inatingivel, 2 tal ponto que a pessoa sente-se ineopes, eulpada, eontinuamente frustrada. Seu eu tual € como que espeziahade pelas expectativas cxagera fdas do sou oa ideal. Na pratien, € como se ndo existisse. (© resultado, messes dois casos, ¢ « precariedade do coneeita de Hdentidade, do qual decorre a inseguranga, neg {a por um © suportada pelo outre. No entanto, ambos zea bam por manifesté-la numa mecma sitangio de esatiidade: nunca “se orientam" para. os valores; ¢ “fanfarrdo" porque feredita ja téles aleangado, o “timido” porque desiste de porsegut le Vejamos, entao, como 6 possfvel Yorientarse” para um ‘exato conecite do si metm, respeltando-se as eondigées acl sma expostas. a. O eu atual: um germe de positividade [Antes de mais nada, é proviso “recuperar” um sentido potencialmente positivo do ew aiual, Eu disse: *recuperar’, ‘endo adguirir ou conquistar, porque dentro de nés j& exis te uma pectividade radical, polo menos em nivel potencial, ‘Talvee s6 nos vesta redescobrila oa fez@-le emorgir plona- 9 mente, uma vez que nos esquecemos dela... ou nela no fereditames safiienternente. Kr todo caso, ela existe © nos ortenee por dirite, Ndo 6, pois, algo que davames procw: rar ou esmelar, Deus sabe onde! Tampouco devemas bused le fora de nis mesmes, na estima dos outros ou em situa- ‘bes de gratifeagao e de sueesso, mas dontre de n6s mes ‘mee, na parte mai¢ espencial do nossa idontidade humana eersta, {36 em nivel simplesmente humano, por exemplo, esta bositividede potencial ¢ evidente. De fato, toda pessoa pos: Su enorglas extromamente preciosa: ¢ capa de amar, de ‘apaixenar-se, de coquocor-ce a si mosma para se doar aos tres; & capaz de realizagdes de valor, do criar algo que tenha significado, que leve a mares de sua originalidade, e {que 6 irropativel e inconfandivet E verdade que essa mosina pessoa pode ngo usar de- vidamente tsis energias, pode amar o air de forma egorsta © destraidera, Centudo, continua tendo a sapacidade do lamar ¢ de ser criativa em sentido oblativeleonstrutivo, em fungao de valores bom determinados. 1B — 6 bom notar — se esas capacidadesinervias sto pripriae da todo ser humana, elas constituers um apelo do ‘gual ninguém pode fugir ‘Assim, se todo tivéssemos a coragem de ser eriativas, 1 vida soria menos. monétona © mais rica. Roferimo-nos Aquela criatividade disercta, do din-a-dia, simples 0 talvoz silencioss., que se manifesta até mesmo nas pequenes coi- sas,na taréfa catdiana exeentada ¢om um ela sempre reno- vado © néo apenas por rotina essa pessoa sonte enda vex monot necessidade do sratificagdes externas (fama, louver apresiagdo ete) simples- mente porque ja tem em si um motivo de gratificarao pro- anda: © de tor podido ofereeer algo de si mesma, ma tando, escim, cua unicdade singuloridade, ‘Tal evitividede no 6 um hobby. & um dever que a valor ¢ colorido & vide, sem nesossidade do coisns grandio: 30 9 © famoons; engrandeco a pessoa © faz com que ela 50 sinia digna de estima, Pouco importa se ndo postui grandes qualidades © determinades talents. Nada mode se nfo tem um QU pré- prio do ginio ou nao canseane empolgar o piblico quando fala, ou nem mesmo s0 nio « eapaz de desempenhar dever- inadas tarefas. Tambémn nfo dramatize quando erra, ou quando pereebe que algaém € melhor do que ela... Peo eon taro, quanto mais doseobre em si mesma esso germe de pesitividade radical, com 0 prazor de sor ela mesma, tanto mais sabe apreciar e desfratar daguclas qualidades peculis res que também el, como tedo ser hamano, possai de for ‘riginal, Por isso, nao vive continaamen- ‘por aguilo quo no tom, Em nivel eristée, entde tal estima de si mesmo rose bbe uma nova e preciosa eonfirmagdo. Saber quo foros eria dos & imagem e semelhanga de Deus ¢ @ maior e a mais Significativa garantia de ama positividade profundamente ingerita om nesso sor, ainda que apenas em germe desde o nosso nascimento, B uma verdade de f& na qual todos acr ditamos. Dela deveria brotar espontaneamente um conceite positive de nés mesmos. FEntao, por que existe tanta gente insezara, insatistei> ta — ate momo entre og ersties @ 08 religiases —, buscar do uma eotima de si, eada vez mais inatingivel? Acrodito que nao soja por falta de 6 Talver 6 por ae,a pessoa, sem mesmo dar-se conta, dé sompre. mais Importéneia a determinadas qualidades e maneiras de sor ‘que a sociedade aprecia © que The conguistam estima dos outros. K que ela se esquece do nome que recsben de Devs como se ndo Ihe “bastases” gor filha de Deus para santir. se positiva. essa forma, essa vordade de f atinge apenas a sua inteligéncia, Nao desce ao coragio e, muito menos, & viven tiada no dia-a-dia. Acredita nela, mas nse 2 assimila; mais a ‘8 anuncia do que a vive. Kis o motive daquele sentido de frastrogo © de incalisfagso profunda, mesmo dianto des os e das provas de estima, que’ Ihe do — eome ja vimos — uma sitisfagzo sempre menos duradoura e faz com ‘que se arrisgae a mendigar 6 que j4 poss Quem, pelo contrério, percabe em si mesmo trages da semelhanga dvina 0 90 alegra com isso, dossabre messes rmesmes tragee a esperanga do ver plenamente satisfeta a ‘sua sede de positividade. B apenas uma esperanca que po- enia também nunea chegar a ser_uma reslidade. Mesmo ‘assim, com essa esporanpa no corapt, a paesca poder eon tinuar acreditando em st mesma ¢ fazer com que sua vida seja uma transparéncia daquela imagem divina, desenvolv ‘monto progressive daguele germe de postividade que rece eu de Deus conto wm dom. b. 0 ew ideal: a realizacao da positividade 0 ser humeno, como vimos, tom potancislidades pes tivas, Pode tender para 0 bem. Sabe ompregar sua vida de forma censtrativa, Possui, como dom, uma energia sama: mente preciosa, sinal de sua semelhanga com Devs Bhtrelanto, na vida, tudo isso nio basta. A maturida- de nao se constrot com simples tendéncias. Sem so atuali ar, @ capacidadde permances apenas tedrea. A encrgia pro. tsa do am eritério bem determinado para ser adequada mente canalizada. Em ouiras palavras, « eu atual ndo & suficiente para expliar tado © homem, nom Ihe pode dar 0 sentido completo ¢ definitivo de ova propria identidade. & apenas um germe, uma promessa, uma esperanra. Algo que Doderin corromper-se, ser traf, mal interpreado des ‘montido. Sobretude quando ¢ a prépria pessoa quem so fez de intérprete absoluta do préprio destine « administradora fauténoma desse mesmo tesouro, escclhends objetivos ‘eis, coma também estabelecendo para si mesma regras € excogios, 3 Agindo ascim, telver tonha a impressio agradavel do centirse livre ¢ auto-uficionte, sonhera e eriadera de si mesma, Todavia, mais cedo ou mais tarde, deverd pergun- tar-te se de fato esta realizando 0 seu verdadelro eu ou se, pelo eontréric, etd apenas perseguinds um fantasma, Heiste po homem, em todo homem indistintamente, ‘uma oxigéneia fandamontal que talvez ndo se eneentre, come necessidade, nos manuais de Psicclogia, mas que, nio cbs tante, toda pesson deve levar em conta, com toda a serieda- Ge. E a necossidede de revelagao: 9 homem precisa saber duem ele € chamado a ser Essa pergunte 6 to importante © a resposta, tio d cisiva, que ele ndo pode eorrer 0 risco de enganarse, con fando demasiadnmente no simples bom senso cu nes seus fing silogiomos, Deve acoitar que nap sabe, oa deixar de ‘croditar que tudo 6 ovidento, baseando-co nos seus negé- ios © experiéncias, como se iéso The padesse gerantir um home (fama? 0 homem € um serdliante-de-Deus (Pollane). A vida fave reesbou coma dom & um eaminho eujo comego e, mais finds, 0 fim ele desconhece, Somente aquele que tha dew, celocando ncla um trago de si mesme, pode manifostar Ihe © sentido € o lugar preciso que o homem tem de ocupar na vida Bisse sentido ¢ esse lugar preciso constituer 0 conted- do de sou eu ideal. Nele o bomem encentrase a si mesmo aquilo quo é chamado @ sor, deseobro a propria fsiono: in feighes, tal como foi idealieado pelo Criador. Not valores que onstituom sou eu ideal, o homom no Aesccbre apenas simples normas a seguir ou'modeles a co iar. Desecbre, antes, a revelagio do préprio eu, uma real dado que procisa internalianr, fazer prions, torna-la viva na propria care... a pento de se encontrar sempre mais nde S54 naquilo que € (2 ew atual), mas também naguilo que cle 6 chamado a ser, anqucle homem novo que Deus diandia The voi rovelando pacientemonts eonstraindo mole... a ‘experitncia de Paulo: "Vivo, mas j4 nfo sou ca que vivo, pais 33 6 Crista que vive om mim" (Gl 220). & a exporiéncia do ‘quem descobrin san verdadeira identidade © doiva que cla The transforme a vida e se torne © seu préprio eu Mas, concretamente, como se df essa relevago do ou idea =A imagem de Deus. Antes de mais nada, oxisto uma revelapia que Dens fas de si moor. ‘Com ofoits, Deus 6 nosso Pai, trazamos profundamen- te lmpressa em nds @ auo imagem. Nao se pode conceber o Thomem sem essa relapdo, ou sem procurar entender os si- nnais dessa mistarisa, mas real semelhanga, ‘Bm outras palavras, 0 cotihecimento do homem e de seu destino ests profundaments Tignda a0 conhecimento de Deas e de sua vertade eradora: a identidade do homem esta “escondida” em Deus. & este um principio replete de conse ‘quéneias e de uma profunda relevincia com relagéa ao pro- Dbloma de idontidade do homer. Iste quer dizer que: 1) Na revelagdo de Dous, 0 sor humane encontra, ou comeja a deseobrir, misteriosamente velada, a revelapie de feu proprio eu e de sew eu ideal, De fate, seré plenamente le mesmo eomente quando conseguir aquele trago do seme Thanga que constitu’ a esséncia verdadeira do seu ev. B por ‘seo que © profela pede dizer: “Sethor, trazemos © teu nome!” (Ir 14,9). 2) Consequentemente, quose poderiamoe efirmar: tembém de quando Deus "fola” de si, fala, de certa form née, porque a nossa identidade ¢ chamada ede sorreepondonts, quaso complemontar & ident Be ele € a videira, nés somes os ramos. Se cle & o bom tor, nés somos suas ovelhs, Se ele € a dgaa viva, nds viver remos para sempre behendo dessa sua fonte ete a Bo préprio Jesus quem noo garante, dando:nos a entender que seria lusério e enganador qualquer outro er: trio para definir © homer, 9) Ademais, outra prosiosa eonsoqincia dessa mara vithosa renlidade a Palavra de Deus torna-se, coneretamen- ta, 0 lugar e a fante dessa mesma revelayao, A Histria da. selvagie ¢ a grande histsria de teda a humanidade: ela nes iz quem somos, de onde viernos ¢ para onde vamos. Tudo fo que Deus “iste”, revela seu plano eriador e constitai um pelo 40 homem para que se conforime a esse plano, ‘Toll Palavra que sai da boca do Pei terna-so, pera faquele que crs, luz a The revolar © proprio ser e alimento ‘otidiano para nutrir sua vida nove, até o dia em que ess tesmma palavra tiver realizagdo plena, =... nur especial seguimento de Cristo xiste também uma optra revelapto, mais pessoal expecifiea, que atinge nessa individualidade e marca a reali- ‘avd defintiva de nossa identidade, Deus eolecou om née uma tamente divina, iniea e ir- repetivel € um germe que tede homom encontra em si mes ‘me e em sua histria pessoal, em tudo o que faz parto de Sua vida tao chela de vestiios de um amor criador, admira- vyelmente poreeveranto ¢ personalizado Gragas a e550 amor, 2 pessoa se descobre inica © repetivel, como aquele germo que esta dentro dela, e desco- bre também a si mesma ¢ saa miss B quando o homem so docide 2 sccitar esse amor @ dorhe uma respesta, sabe que serd preseo intorpreté-a de forma totalmente original, de acordo eam sua propria perso nalidade, Als, foi © proprio Deus Pai, t20 rico de imagina- (lo criadora, que nfo nos ideou nem criou tedos iguais ¢ fenturmados, Pelo contrario, ele nos dew um nome ¢ uma fisionomia incenfundiveis. Como, entao, descobritos? 36 ‘Jé falamos da Palévra, que diaa-dia nos vai manifes- tando 0 plano que Deus tem sobre nés. Hd, porém, outros pontas de referéncia nesta busea da propria voesgfo: sto 08 SSinais dos tempos, 9 conselho shamingdo da am diretor espi ritual, a experidneia pessoal de eada dio, a nossa mesma histdria e realidade ete. Todas mediogies precisas de que Deus se serve para nos manifestar a sia vontade. ‘Todo aquele que busca com sinceridade ehega, quase sompre e nunca imediatamente, a desccbrir © chamado de ous. O que importa © autentica a vocagie como apelo de Deus ¢ a atitude com a qual a pessoa a descabre © a asst ime, e também o significado e as caracteristieas que The ateiboi 2) Antes de mais nada, essa revelapio € um dom es pecial a providéncia do Pai. Ble deseja 0 nosso bem © a nessa auto-realizapio muito mais do quo % dosejomos és For isco, apontaines também 0 eaminho a fim de ndo noe Aesviarmos, corrende o riseo de perder tude, 2) B um dom destinado, em primeiro lugar, a cada pessoa individvalmente. Com ofvits, 6 ess0.nome, pronuneia ddo uma vez por todas @ jamais repetide pelo Pai, que eons- titui a pessoa no {tora inconfundive, conferindo-The Identidade e pesitividade. B 6 somente gragas a ist, ou sea, roalizando-c, que @ pessea constrdi a propria flisidade @ vive fem plenitude suas potenciaidades. 9) & um dom para os outros. Nunca s6 em fungio da pessoa que @ reeebe, mas sempre em beneficio do prexime. © dom da vocapao, que vera de Deus, nao pode per- rmanoeer dontro dos limites do eu. Foi-nes dado para os ob- trot © nos roaliza, na medida am que nes fas sair de nés Quando a identidade © missdo forem entendidas come simples processo de auto-aperfegoamento, pesson esters ainda bem longe de Wantifiear-se corretaments, uma ‘vor quo ainda ndo chegou a destobrir tow préprio ea, nem 4) Ademais, & am dom para ser vivenciado com os owiros, com aqueles que condividem nosse mesmo projeto de vide. Sendo “projeto" divino, dom do alto, nenhuma pessca pode pretender entendéclo sezinha, ou realiné-le plonamen- te em toda a eva riguoza. Cria-se, ontio, um vinculo pro- fando entre aqusles que desesbrem ter o mesme nome, Um {orna-se, para o outro, dom previoso # prasenga indispen- save assim que nasce a fainflia humana ou a comanida- ae religosa na qual cada mombro se torna intérprate do mesmo dom, de forma original. Por sua vez, 0 préprio dom “vive" € é visivel no testemunho undinime de todos 0s mem- bros. 5) Enfim, 6 am dom quo 2¢ torna eeguimenta, espe ficando:se sempre mais comp uma forma particular de se- guir Jesus Cristo e de imitate, Crisia mesma acaihew © vi veneion como dom sua vocagte de Silko, a ponto de park Ind-la conoseo, H comente eom elo quo pedemes aprendor 6 dizer “Abbé? e a condividir a alegria de ter Deus como Pal, Por isso, teda veeapio 6 um soguimento especial de Cristo: uma forma diferente de viver a mesma filiagio divi nna para o bem dos irmaos. Entdo, quando a voeagao se tor- -na seguimento, a identidade revela-se plonamente. & come te 0 mistério da criasdo se completasse defintivamente. E como se aquela eriatura, ideada pelo Pai a imagem do Fi Tho, nascesse e se tornasse finslmente adults, ©. Carisma e carismas Nesta altura, também resolve.se radicalmente 0 pro- Dlema da positividade do ex. & uma pontividede recsbida ‘como dom, juntamente com a propria voeapto; antes, identi fica-se com ele. Conseaiientemente, quem descobre a propria ‘ocapto resolve também ¢ preblema da propria estima. Eo resolve som fezer dole... um grando probloma, o sem 03pe a rar que Tho reseluam os outros, antes, aceitando um apelo (quo © ectimula a s¢-dear-aog utres 6 a se preoeupar me ‘hos com os préprios sucessos ou com os prépros fraeassos. to deecjo eapasidade do se doar, de forma earacto- ristiea e original, 6 que constitui a, Toda pessoa 0 possui, Primeiraments, um carina vocecionatidea!, que manifesta 0 projeto do eu, a escotha do estado de vida (cx sado ou soltiro,Ieigo eu saeordote ete), com os valores @ bs ohjetivos que Ihe so inerentes. Depois, poseui carismas funcionais-otuais que dizem respeito hs mamneiras de ser da ‘essen que esta a servigo daquele projeto e daquela escolha (por exemplo, as mosmaa qualidades pefquicas e morais, ox fs particulares eapacidades naturais que habilitam a pessoa para tum detorminao servip) © carisma vocacionsl esté ligado ao eu ideal; 03 cars: mas fancionais, #0 ev abaal. Quem, por exemplo, recebeu 0 farisma vocacional da vida matrimonial seri chamado a feneoatrar nele ¢ sentido da prépria realizagio ©, por eonse- guinte, também a fonte da propria positividade, vivende-o feome um dom que prosisa sor partilhado com outros. Antes ‘de tudo, partilhndo vom a pessoa quo tenha recobido © mes ‘mo earaina ¢ ccm a qual deverd estabelecer una unio que, fntes mosmo de ser fisiea, ses) unio de intentos, de valores, de pvjetas, do gorar vida ‘Formar, om essa pessoa, uma familia significa tornar- 20, progressivamonts, dem um para 0 outro, 6, juntos, dar Vila a outros seres humanes, t2stemanhando, ao, mesmo tempo, um amor que ao pode limitar-se A esfera familar. sep ja 6 seguir a Cristo, vivendo em plenitude a Figueza de préprie sor © dos proprios dons. Da mesma forms, ainda que com eontosidos diferen- ‘es, & chamedo a realizar-se quom reecbeu o carisma do tinistério sacerdotal ou da consagrarto religiosa Sendo nossa inteneko aprofundor, de modo particular, ‘8 dindmica voeacional das pestoas consagradas, frisaremos © que segue. 38 t O carisma vocacional da pessoa consagrada identifica se com ¢ carisina de seu Instituto, Por isso, ela deve saber ‘aptar 0 signifiendo e a fanpto tambim psicoligicos dese dom: 1, O carisma de um Institute ndo ¢ apenas um con- Junto de tradiptes ou uma histéria do passado. Tampoace & jum evento mistico ou ama forma de rezar, de exoreer © ‘apostelado ou do viver 03 compromicsos da vida religiosa. Quando muito, € tudo isso ao mesmo tempo e, ainda mai ‘viviieado por esta profinda eonviesso: 0 earismia de minha fanlia religiosa & 6 revelagco defnitia do men eu ideal @ nome que Deus me dew; € oquela peculiar semelhanga com ‘Deus que sou charsado a manifestar. Nesse carisma encon: tro 0 mea en ¢ @ minha vocapao de forma total e muito mais isa, porquo ele ado 6, nom pode sor, manifestaglo gens tea de um modo de viver, ou vaga exigeneia aseético-espir tual. £, sim, uma proposta detalhada e precisa que abran- ‘ge todes ct” aspector do minha existincis, dandoJhe wm satis inconfundivel, ‘Kip por que 6 fundamental estadar/mediter o earisma oun histéria, a experiéneia miotien do Fundador, a riquo- za da traciplo ele, com uma atitude de religiose respeite, de veneragto sincera, de gratid&o profunda, Bsa histéria ¢ toda ela um dom do Espirito, £ tam: bem um poueo a minha histérc, ob, pelo menos, ela me foferocp a chavo do leitara para interprat-la @ para nola Aesecbrir sempre mais o mistério do meu eu. ‘Nee contaddos que dofinem 9 carisma redescabro os tragos de minha prépria fisionomia, es detalhes daguele semblante que Deus Pai eriou e continua a criar em mim, imagem de sou Filho, 2, Além disso, 0 carisma — come jd dissemos — ¢ um dom para os outros, deve ser partilhade com os outros. Nio & para o bemestar paleclogico nem mesmo espiritual da posses que o reeebe. ————————————————_—STCS Nao nos consagraros a Dous para garantir a nossa salvagi, nem para iludir-nos de poder aleangar a perfeisao, mmas para dizer sim a um chamado que implica sempre bem dos outros. (© carisma de eadn Congregesio surgi para respon der a perticularos necessidades, materials ou esvirituni, de flgumes categories de possoes, Ele nfo ¢ eoncebivel sem este {mpulso e esta atengZo orientada para ot outros. E isso que ‘constitu’ e earacteriza a identidade carismética de toda familia religices. Do ouire lado — como verernos melhor a sexuir — 0 préprio carisma & um ideal a ser vivido com pessoas que ‘querem ‘ndo. apenas para formar um grape ow organiza Shathor o trabalho, mas chegur, juntos, a uma interprotagae Inais completa e objotiva dosse mesmo cars ‘Vive-se em comunidade porque o dom do Baprito dev, necessoriamente, ger compartilnad. Sé assim é que nascem ft comunidade religiosa ¢ @ comunidade humana, o tester ho tomne-se efice” e o carisma manifesta sua rigueza medi- fante @ ealaboragdo do ead membro. 2, Com eftito, ¢ eariema comporta um especial sea mento de Cristo, B como tal, é« realizapto natural do “ {amos o homem A nossa imagem e semelhanga’; reproventa Prontevide copocifiec dessa mesma semelhanga, individuan- Goo num particular aspecto da pessoa de Crist, imagem © expressio do ser do Pai (ef Hb 1). Quem escolhe um Instituto, doscobre, na realidad, por ‘um dom do Espirita, uma peculiar sintonia entre goa eu tnais profunds ¢ um espectico seguimento de Cristo. B come ce uma raisteioea atrardo 0 levasse a descobrir, naguela Singular imitagdo de Cristo, eua nova identidade, aquele eu (que é chamado a ser, escondido cor Criato em Deus (ct. Cl 32). A pertir das, sau compromisso 6 realizar essa identifi eagle, O seu viver, do ponto de vista psicolgieo e nfo ape- fas espiritual, € Crista (ef, PI 1,20) interprotado naquola perspective particular. 0 Nels esses que prometem uma positividade fic, mas sem igarantia alguma, Nem esté mais vineulada 208 dostinos in~ Goriat de realidades por demais frégeis ¢ inotaveis para éar ‘seguranga ao homem. ‘A partir do momento em que a pessoa dossebre set ex ideal no carisma @ no tipo de seguimento de Cristo que ‘te prope, sua estima, ¢ 9ua identidade comeram a ter um fundamento estivel & uma estima positiea que ninguém tmaia the pode tirar. ‘Alig, tudo o que antes buscava com uma tensio fe- Dil, na esporanga ansiosa do sentirse positiv, agora ¢ vi vide de forma completamente diferenta, como pessca livre, ‘Nao renuneia — nein seria justo © possival — & riqueza de ‘ous nivels psiquico e corporal, mas os interpreta © admi- intra, dando nes um signifieado totalmente novo, de acor- de co er ears. Agere conse mae 4, NIVEL METAPSIQUICO {Nao se trata propriamente de uma fase nova no pro- cesso da auto-identiicaglo, Estamos sempre dentro do nivel ‘otelégico. Quem te identifiea em tal nivel entra, inevitavelmen- te, nesta copésie de subfaze que chamamos de motapsia fi, Literalmente, © termo signifea “para além do psfauico”. Com efetc, n esta altura de seu caminhe de identificagdo, fa potsca recupora e re-assume totalmente a prépria. realida- de peiguica do eapacidades, qualidades ete. Tudavia, peree- ‘bea, avilia e manifesta de um novo ponto de vista, 0 da fun identifieapio em nivel ontoldgies, que vai abertamente flém de uma intorpretapao “psfquica”, como 54 vimos. a Vejamos, mais do porto, algumas caractoraticas des sa interprotapio do além do paiquicn 1. Primeiraménte, eria-se, na vida da pessoa, ume 1opa hierarquia de valores. A mesma relagto hiersrquica que existe entro cariemas funcionais-atanise earisma vecacionel: deal. Mais. concretamente: o que aparece como mais impor ante e decsivo j4 nao sto as préprias qualidados e eapacd dates. A possoa ndo Fundamenta mais sabre elas a ceperan vidade, nem continuam sendo o Ambite siznificativo da prépria auto-realizagto. Conti rnuarao sendo importantes, origins @ signifieativns, se fo. rem usndas om fangle do préprio ou ideal. Sio, de foto, carismes “Funcionais", oa soja, estdo a servico do carisme voeacional. Por eonseguinte, sto am meio, nio um fim. Fé ‘exatamente o fim que livra ossas qualidades o eapacidades ‘da insignifcdncin noreicita ¢ Thee oferoce um sadio crits rio de expressio. Conerotamente: ser intcligente, ou criativo, ow capaz de desempenhar determinadas fungSes... continua vendo pleno significado, mas s¢ coma meio para sa viver melhor & Prépria identidade voeacional, da qual é também uma meni {eatasao viaivel ¢ pessoal. 2 Nesta nova hierarguia de valores, todas as rique- 285 do nivel psiquieo tornam.se ndo mais uma propriedade, ‘mas, sim, um dom, De fato, entcam também no conceito de ‘arisma. 830, por isso, antes de tude um dom recebido, Pa: em parte daquile que é "}é positive, presente no eu aruat ‘ daquele dom maior que'¢ a vida, a qual ndo se sustonta or contrate, © sim, pela gratuidade ¢ pela deago. Com ‘feito, nés as receberos totalmente de grasa, E continun- ‘mos a constatar, cada dia, coma tudo e que somos ¢ tems, ‘que fazomos 0 oferecomes, antes née 0 roevbomee. Quando se recomheee isso, nasce espontanea uma gra tiddo profunda por aqucle que nos eumuloe de bens, e, com 4 gratidfo, uma alegria serena por todo bem que temos — € nfo € pouro! —e por aquele que vemos nos outros. 2 [Nao hé mais Ingar para 9 inveja, para o comploxo de inferieridade 6 pare oquela gresscira ingonuidade,tipien do nivel psiquice, que infelicitam nossa vide, e perturbando, por ‘nossa enuss, também a de quem vive ao nesso lado. ‘Agora, a pessoa se aceta: deseabro o seu positive € 9¢ ‘legra com isso; reecnhece 0 sew negative e nd se desespe ra, Pelo centrarie, eonsegue rir do si mesma, nfo se toman- ‘do demasiadamente a série. & porquo aprondou a conviver ‘com suas dificuldades, e jd née se fax mais de vitima por fauusa de algumas alfinetadas.. Sabe perfetamente que, falém do seus fracasses, ela poreai uma postividade radical @ inatacdvel. Terna-se, assim, uma pessoa feliz ¢ finalmen- te livre Livre para pereeber que ndo fad nada de mats belo fe mais natural do que colocar sues eapacidades & disposi- 0 dos outros. Alia, iato 6 porfitamento égico: recebeu gratuit mente, sonie que precisa dar gratuitamente (ef, Mt 10,18) ‘Tudo » que possui, ela o recebeu como dom. Seria, Bois, abeurdo © mosquinho vangloriar-se por isso (ef, 1Cor 4,0, ‘ou ja, wsdlo como propriedade privada, para a realizagao de seus pequenos projetos. Ademais, seria contro aos seus proprio intetesses, porque significaria a perda dos dons que ‘essui, uma ver que toda capacidade empregada sé em be- heficio préprio tomna.se, na realidade, um dom despe dbo... Pelo contrério, equilo que colocamos & disposigde de todis, eresce ¢ se dosenvolve sempre mais. Além disso, dé nos @ animadora certara do que tudo ¢ dom: nds mesmos ‘somos dom o somos chamades a sé-o cada dia mais 3, Quem se doa — ¢ no apenas foz “gestos de doa 0” — encarna inevitavelmente a atitude e a mentalidade do servo, ( nexo entre dom e servige ¢ evidente. #0 mesmo que existe entre dom roosbide e dom pertilhado. Onde nap exis- te propriedade privada, tampouce pode haver quem 6 tin- ta dono € pretenda administrar os proprios dotes © capac dades como bem The apraz, para sua auto-realizapio ou para 48 5, Bnfim, essa interpretapio dos préprios dons “para além do psiquico" faz. com que a pessoa possa vivé-los € ‘manifesa-los plonamente, evando-osfrutifiear ao cntiplo. Quor porque cla ae sento interiormonte ecrena @ livre: nfo vive muito envolvida emotivamente quando tem osaside de ‘mostrar suas qualidades, nem se sente bloqueada pelo medo de orrar, tampoueo pela ansia de querer seir-se bem, a todo custo, Quer, sebretado, porque ae sente fortemente impulsio- nada por seu eu ideal, que a estimula a dar o melhor de Si Conseqientemente, ndo ink enterrar os proprios talentos, ‘Antes, falosd render 20 maximo, vivendo-cs com plenitude ‘© goncrosidade muito maiores do que aquela pessoa que 0s desfruta s6 par Na verdade, nada como um eu ideal com valores transcendentais para impulsionar 0 nosso dinamismo ‘Palqieo « soliitar um eontinao esforg cheio de energia € de eritividade, do entusiasmo.c do forza eonvinconte a historia do grio de trigo narrada no Evangelho ¢ gue shoamee a dar e/a freruncar” prodasré mite rato. 5, NIVEL METACORPORAL De mésma forma que » nivel peiquiee, também 0 cor poral deverd ser reassumido pela dimensdo ontoligica ¢ to- talmente reinterpretado, Torna-se, assim, “‘metacorporal", ou ‘ja, alm do eorpérco, ‘A peston que se identifien em nivel ontoligico "ve" a +ealidade do préprio corpo no mais como fento nica ¢ par licularmente significativa de positividade (a ambigio de se ter tim corpo sadio-fortejover), mas, sim, como abjeto « lugar de deagao. Renuncia ate @ proprisdade do sua vide Fisica ecoloea euas qualidades fisicas a servigo do valor que descobriu no eu ideal. Bm verdade, jé no se preocupe tan- te consigo mesma, com sua sade, com seu descanso, com ta jovilidade e exuberdneia (com todas as comedidades que tudo isso Ihe pode dav)... Pelo contrério, esté disposta a arriscar tado iss, por amor do Reino de Deus. Vive, cada ia, com simplicidade © porsaverangn, 2 corage do martin, do compromotimento, que é como quo uma morte lenta, mas ue, na realidade, multplia as foreas e toma a vida um dom maravilhoso a servi de muitos. Ademais, ter o préprio corpe como dom ¢ née como posse significard interpretar corretamente aquela mistorio- ‘1 unido de eorpos que so dé ne matriménio. ‘Quem reesben esse tipo de earisma vocacional desco- bbre, mediante sua realidade corporal, uma atropio polo ou- tro e consegue dar igual significado ao encontro sexual. Esse ‘tornase, entdo, expressip da entrega de si mesmo e do de- ‘ojo de integragao reciproca, implica maravilha ¢ gratidse, pprovoca prazer © omogio intense. Mat vai muito além dis- 59. O aspecto mais gratificante estd como que oculio na sensapio de entraga a um ta, para ser plenamente si mes: imo ¢ fazer com que © cutro também seja plonamente ele ‘mosmo, ebrindo-c, juntos, para gerar novos vides. Do mesmo modo, quem reecbou o cariema da “virgin- ode” tem, até com maior evidéncia, 9 préprio corpo ccm dom. A remincia & expresso genital projeta sua afetivida- de e sua vida sexual para um mundo de signficados nao ‘mais limitados a0 componente corporal, come ee fesse uma omanagio dee, © corpo da pessoa virgem, nfo usado gonitalmente, torna-e simbolo da superagio da’ dimensdo corporal. O fata de nao estar envolvido sexualmente com um parceirolibera ‘energins que permitem amar mais pessoas; 0 absterse do razor genital-soeual fax a peasoa sentir aa alegrias mois profundas do relacionamento humano, quando isso ¢ feito Ssomente para o ber do eutro ‘Tudo isso, entretanto, juntamente com a interpretagio ‘metscorporal da relagéo conjugal, torna-se possivel porgqua ‘2 possoa ja dotecbriu dentro do si mesma sua positividade, fem valores ideais que o constituem no ser ¢ que “vio além a 4 seu mesmo corpo, embora servindo-se dele e de sua lin- ‘iagem para manifestar-se. ‘No é, portanto, a poténcia sexanl nem a eventual fastinaggo eonquistadora que fundamentam o valor da pos- ‘oa humana, ‘Todavia, existem possoas que, embora ineonscionte- mento, aereditem sor alguém somente quando consoguem engodar’. Ha também pessoas consaxradas que nio se 80 conta de estar identifeando o proprio valor © a pripria amabilidade com saa atrapdo pessoal, do poder contar com tum certs relacionamento privilegiado, de ter alguém em ‘quem se apolar, sofrendo, mais do que ¢ normal, a absten- fg80 da relapio’ sexual, Embora aparentemente possa nto hhaver nenhum envolvimento genital sexual, é bem provavel ‘que, nesses casos, haja um evidente resquicio de identifica- ‘lo em nivel corporal. B 6 possivel que seja exatamente esse nyolvimento a eriar problemas também na area afetivo- ‘sexuel. ‘Quanto a iss0, Boskor falaria de sexo como “simbolo de imortalidade’, como uma espécie do fdolo que leva 0 hhomem a iludirse de néo ter limitagées, ser todo-poderoso, dominador, fascinante e até mesmo imertal. Um flolo que The fard sentir como uma merte 0 fata de renumeiar ao uso do sexo, ¢ que The tornard muito mais dificil e deloreca a propria mori Plo contrério, quem se identifica em nivel metocorpo ral nfl tem necessidade de buscar ilusées que 0 consoler, Simplesmente porgu, na realidade, eneentra a razio de seu viver ¢ do soa morror, naguilo que ole 6 0 é chamado a sor. Ademais, descobre — adimirado — que tal razio € idéntica vive-se © morrese pela mesma razdo, porque o bern recebi- do (@ vida) tende “naturalmente” a se tornar bem doado (a morte) E-é sempre essa mesma raze que fundamenta a sua pesitvidade. ‘A prépria morte, entio, — acontecimento negative por ‘exeeléncia —, como também 0 enfraquecimenta fsico cw vvelhice, ndo chegam de improviso para essa pessoa, como um 4s ‘centocimento sinistr, tomido © suportade, maldito © rei ‘ado, mas, sim, como a légiea conseqiénsia de uma vida vivida plenamente, sem mesquinharias e sem economia ‘egaste de energis, sem temores pagtes de viver menos, © sem a pretensao irveal do proprio bem ostar.. Sabretude, 0 fim de sous dias sord 0 ponte final © a oferta suprema de uma vida quo se tornow, progressivamen. ‘te, dom para 03 outros, © ponto mais alto e a "eelebracdc” de uma positividade indostrutivel que vai para alm da ‘morte. Ka pessoa tera conseidneia de que ninguém, nem forjas inimigas nem dostinos eros Tho traram a vide, mao {i ele proprio quem a entregou (ef, Jo 10.18). Figure 1 — Os niveis doidontidade GL ONTOLG GS Sree Ty METARS ON? GY STACOREN “ Oy ng 6) OEU

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