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~~. Waldir Pedro ». (organizador) | GUIA Neuropsicopedagogia, Neuropsicologia e Neurociéncia Ana Luiza Navas Ana Maria Antunes de Campos Angela Cristina Munhoz Maluf BeatrizAcampora BiancaAcampora Claudia Panizzolo Danielle Abranches Brito Elis Brito Lima Eugénio Cunha Fatima Alves Geraldo Pecanha de Almeida Gladis dos Santos Joao Oliveira Julia de Oliveira Santos Luciana Rivillini Ferreira Maria Dolores Fortes Alves Maria Tereza Mazorra dos Santos Marta Pires Relvas Miryam Bonadiu Pelosi _Nathalya Herzer Reis Nelma Alves Marques Pintor Renata Mousinho Roberte Metring — Simaia Sampaio Sirlandia Reis de Oliveira Teixeira Valdelcia Alves da Costa Vitor da Fonseca Digitalizado com CamScanner Alfabetizagao: teflexdes sobre dificuldades e disturbios da leitura e escrita - Dislexia \ Simaia Sampaio Falar € um proceso natural, ¢ sua construgio depende, necessaria- mente, do contato frequente com sujcitos que tenham desenvolvido tal habilidade, bem como exige que estejam preservados os aparelhos: cog- nitivo, auditivo, motor e fonolégico, A mesma proficiéncia, entretanto, nao se aplica & aprendizagem da leitura e escrita. Ler nao ¢ espontaneo. Sua aquisicao requer funcionamento adequado do sistema nervoso central ¢ integragdo de todas as areas cerebrais relacio- nadas com a meméria, a atengao, a cogni¢ao, a audigio ¢ o processamento auditivo, a visio ¢ o processamento visual, além do desenvolvimento pré- vio da linguagem. Aprender a ler s6 é possivel porque o cérebro da crianga, ja contém as estruturas neuronais apropriadas (DEHAENE, 2012), que se desenvolvem antes mesmo de ela aprender a ler, devido ao desenvolvi- mento linguistico e visual da crianga. Desde bebé, jé existe uma organizagio na rede cortical do hemisfério esquerdo: a regio temporal superior esquerda é responsivel por analisar os sons da fala, e 0 sulco temporal superior esquerdo é responsivel pela and- lise progressiva dos fonemas, das palavras ¢ das frases. Em um bebé de er’s meses, quando escuta frases, além da ativagao destas areas, também ocorre a ativagdo da drea de Broca (regio relacionada & produgio da fala e anilise da gramitica). Ao longo do primeiro ano de vida, as areas da linguagem continuam a se desenvolver em decorréncia do contato com pessoas do seu convivio, Entre 0 quinto € 0 sexto ano de vida, é esperado que a crianga ja tenha dominio da representagio detalhada da fonologia da lingua materna, j4 possua um vocabulério de milhares de palavras € ja domine as principais estruturas gramaticais. Todas estas regras ¢ representagOes estario presentes 81 Digitalizado com CamScanner GUIA PRATICO DE NEUROFDUCACAD nonin do cinto neuronal da fila pronto pata g : * Nes em, Con joscom a experiencia da esrita (DAHAENE, ap et), Monn, Concomitantemente a este Processo, de: cnvolve otemporal dircita, re s, orientagio, profundidade dos of mento de rostos. O sistema visual continu: Ve-se 9 Sistem, finando a dite e005 € reconhan” senvolver aoc ial ativando a regio oceipy nagio para cor at ase des © seis anos de idade, perfodo em que se inic 4 4 aprendizagem i. letras e palavras esctitas. ‘ Ainda que se tenha todo este aparato neuroldgico em étimo Funcions mento, a crianga dependers da mediagio de alguém, com experiéncia em, alfabetizagao, que a auxilie na apresentacao ¢ decodificacio dos signos, Nos iiltimos anos, diversos estudiosos Procuraram desenvolyer métodos que pudessem alfabetizar de maneira eficiente © maior nie mero de criangas possiveis. Observamos que, por mais efras queo metodo scja, ¢ por mais competente que o mediador seja, sempre exis- tirdo criangas que nao conseguirao aprender a ler no mesmo tempo das demais criangas de sua idade € muitas continuario com suas dif- culdades ainda na vida adulta. Muitas criangas terminam o ano da alfabetizagao sem ter de- senvolvido a habilidade da leitura € escrita, sendo apontadas como ainda é comum em algumas “Cada crianga aprende no seu tempo”, “Esta crianga ainda gem”. Mas sera que devemos atribuir esempenho em tarefas de leitura? E de do? E 0 que dizer de criangas inteligen- uem rendimento de leitura insuficiente apenas & imaturidade o baixo d que imaturidade estamos falan fes, mas que ainda assim poss para sua idade cronolépica? Entende-se por matura 7 ; cial do 's40 © desenvolvimento do potencial d organismo ocorrido em determinados momentos da vida do indivi duo. Este desenvolvimento est4 relacionado as estrucuras neurolégicts © corporais que sofrem influéncia também da hereditariedade (JOS ¢ COFLHO, 2012), isto quer dizer que existem momentos para cada aprendizagem acomtecer. Gesell (1976) afirma que “a aprendizage™ nunca pode transcender a maturagao”, Qualquer tentativa de oa mento antes que o indi madurecido para dererminadt iduo esteja 82 Digitalizado com CamScanner GUIA PRATICO DE NEUROEDUCACIO angio produz uma pseudorrealizagao temporiria ou o fracasso para alcangar 0 comportamento estimulado (GRIFFA e MORENO, 2008). Nao se espera que um bebé de cinco meses tenha controle dos esfinc- reves pois ase conhece um marco desta matura dois anos de idade; também nao se espera que falar com trés meses de idade, Gio que é por volta do se cs uma crianga aprenda a , an Pols ja se conhece um marco para esta maturagao que é por cos ta de um ano e meio quando a crianga come- ga yerbalizar as primeiras palavras; a. ras; assim também ocorre em relagdo j aprendizagem da leitura, ou seja, nao se deve ensinar uma crianca de trés ou quatro anos a ler, pois se sabe que a crianca estard madura para esta aprendizagem por volta dos seis ¢ sete anos de idade, embora possamos conhecer criangas que aprenderam a ler aos cinco anos com facilidade, mas é a excegao. Portanto, estando tudo em ordem com seu aparato neuroldgico ¢ inserida em um contexto escolar eficiente, é es- perado que uma crianga de oito anos jé tenha aprendido a decodificar eter relativa compreensao do texto. Diversos aspectos que podem levar uma crianga a apresentar difi- culdades nessa etapa de alfabetizacao precisam ser investigados, tanto de ordem bioldgica quanto ambiental, para que se evite culpar ‘nica e exclusivamente a crianga por seu prejuizo no letramento. E inegavel que muitas criangas da Zona Rural ou da periferia da Zona Urbana, cujos recursos sao escassos, enfrentam desafios para fre- quentar as aulas com regularidade, seja pelas dificuldades encontradas no percurso até a escola, seja por doengas devido & falta de adequada assisténcia médica pré e pés-natal, ou mesmo 4 falta de incentivo dos pais. Estas criangas, frequentemente, nao possuem o apoio da familia para efetivar sua aprendizagem, visto que muitos pais séo analfabetos nao possuem recursos para auxilid-las. Muitas criancas s4o designadas a trabalhar na roga, no turno oposto, ou mesmo a ser pedintes em sina- leiras, nao sobrando tempo nem motivagao para se dedicarem aos estu- dos. Outras sofrem por desnutricéo ocasionando prejuizos na atencao €meméria, componentes fundamentais no processo de aprendizagem. Exames simples como audiometria ¢ oftalmolégico nao sao realizados anualmente, deixando de detectar sérios problemas que poderao ocasio- nar baixo rendimento escolar. 83 Digitalizado com CamScanner UIA PRATICO DE NEUROEDUCAGAG sda infincia ja constataram que criancas in, er desorganizado, desestruturado ou mesmo Jar concur oe significativos em seu processo de aprendizg oe eenciay frequentemente, brigas entre os pais oy, eau gas que ee das a abuso sexual ou outros tipos de cS oy pe rer dificuldades neste Processo de aprendizagem mas ts lento apresentar desvios em scu desenvolvimento psiquico, on vitimas de violencia podem apresentar comportamentos des gas deficits emocionais 04 mesmo graves transtornos (CAMINE A LiPp. 2014, P- an 7 remorizada apresen' 793). Schain (1978; p- 6) concorda que uma ctian tard dificuldades na concentracio devi,” sr re cain, tendo difculdades na adapragio escolar ad De alguma maneira criangas se protegem. Algumas se retraem pore no sere frdas. Algumascriam fantasis pra se ene. fim e tornarem suas vidas mais faceis de serem vividas. Algumas brincam-trabalham-aprendem (pois tudo esté ligado) como se nada importase, deixando de fora 0 que é doloroso. Alguras se protegem querendo aparecer; estas so as que recebem mais aten- do, o que frequentemente tende a reforcar 0 comportamento tnais detestado pelos adultos. (OAKLANDER, 1980, p.75) Sctidag Estudioso ids em Violentg Psicopedagogose psicélogos, que trabalham em instituigées ou clini cas, e que recebem criangas com este perfil, precisam estar atentos a estas situagées, antes de pensar em um diagnéstico de disturbios de aprendiza- gem. Nao hd como efetivar um trabalho exclusivamente com a crianga se nao houver apoio de outros setores para intervir na causa. A familia preci- saser, frequentemente, esclarecida sobre o apoio que deve oferecer crian- a nesta etapa de alfabetizacao. Se nao puder oferecer apoio pedagdgico, que, ao menos, ofereca as necessidades mais bdsicas de que © aprendiz necessta:alimentagéo e sono adequados, exames de rotina, feivdads orientacao na organizagéo e tempo para estudo. E imprescindivel csclare- cer ¢ envolver a familia; do contratio, corre-se o risco de apontar 4 propria crianga como tinica causadora do seu fracasso na leitura e escrita- re Criangas que passaram por tratamentos de satide no inicio da su infincia, principalmente aquelas que foram submetidas a erarament! mais invasivos, tendem a receber muita atencao da familia. Arengio & 84 Digitalizado com CamScanner afarividade sho imprescindiveis © devem sempre estar prresentes part que panjeito se sinta acothido ¢ tenha pleno desenvolvimenta prelquicn, No ennanto. ATCNERO demasiada envolve superprotegio que impede a cria dese desenvolver enquanto sujeito-apre pac podem se sent a ; nidiz, Ein alguimas situagéies. on 1 culpados pela doenga acometida 4 ctianga ¢ tenelem Myeres compensar a0 Tonge eos. an0s tintes, fazende mutes mimes. dando-lhes tudo que pedem, mesmo que nao haja mais resqutcies da de vpca.o que pode levar a uma atrofia em sua autonornia Avida é uma aprendizagem constante c esta acantecende a todo 0 momento, nao se reduz As aprendizagens escolates. Engatinhar, andar, falar, saltar, correr, langar objetos ¢ empilhar sio conquistas didrias que yao acontecendo a partir de esforgos do bebé, Todavia, facilitar demai vida da crianga poderd ocasionar prejuizos dificeis de serem temediados a longo prazo. Nao ¢ incomum encontrarmos criangas que ainda tomam mama- dcira aos seis anos de idade, ainda usam fralda quando ji deveriam ter dcixado aos dois ou trés anos, ainda nao conseguem usar 0 vaso saniti- rio aos sete anos, precisando de alguém para lhe fazer 0 asscio, ainda nado tomam banho, sozinhas, ou nao lavam seus prdprios cabelos! Enfim, a lista é enorme. Muitas mies de criangas maiores de sete anos sinaliza: “Ble jé toma banho sozinho, mas preciso dar sempre uma verificada finalizar o banho” ou “Tenho de lavar os cabelos dele porque ele fica brincando 0 tempo todo no chuveiro e nao faz direito”. Este tipo de argumentacio passa a mensagem para a crianga de que ela € incompe- tente, € se ela é incompetente para se cuidar, também é incompetente para aprender. De quem é a culpa? Certamente nao é da crianga, € posso dizer sem medo de errar que a crianga ainda nao conquistou tais habili- dades pela dificuldade dos cuidadores em the atribuir tarefas ¢ acreditar que so competentes para isto. Salvo se houver problemas motores acen- tuados ou um deficit cognitive que a impega de realizar o autocuidado, nao ha por que fazer por cles. Criangas muito “mimadas” so criangas mais resistentes a novos desafios. A aprendizagem sistematica exige um ego fortalecido para per- manecer na escola de forma autonoma, seguir regras ¢ para enfrentar a complexidade em reter uma variedade de informasoes necessirias que 85 Digitalizado com CamScanner GUIA PRATICO DE NEUROEDUCAGAO \ Jo ¢ concentragio. Se forem mimadas em casa, dese : ares, s¢ Nido segucm regras em Casa, ™ : os huge madas em todos 10 sept oes ; sem eguit regras cm outros lugares. Tudo isto implica ¢ difi accitam s : onic ats . = 9 de aprendizagem. A propria linguagem pode nao se desenyo|. process aii Aas ‘ adequadamente sc adultos continuarem falando tio infantil zados ver adeq! por acharem “engragadinha” esta fala inicial, A crian. anto A crianga, : ca a cresce, mas continua com a fala infantilizada chamada de tatibiay (JOSE ¢ COELHO, 2002). HA sindromes neuroldgicas, claramente definidas, que podem ex. plicar as dificuldades de aprendizagem na leitura, mas que nio sig descobertas até que sejam solicitados exames de imagem. A experi- éncia nos mostra que raramente médicos, principalmente do Sistema Unico de Saude, solicitam exames de imagem de crianga com idade avangada que nao conseguem aprender sequer as letras, possivelmente pelas dificuldades que encontram nas unidades em que trabalham, e por ser este exame muito caro, normalmente sé é solicitado em casos de acidentes. Embora saibamos que as dificuldades para realizar tais exames so enormes para quem depende da satide publica, é necessé- rio insistir nesta investigacao. exigem atens: Nig Culta 9 Em um estudo realizado por Robertson e cols. (2001), foram ava- liadas 145 criangas que tiveram EHI (Encefalopatia hipdxico-isquémica — falta de oxigenagao neonatal), sendo 56 leves, 84 moderados e 5 gra- ves, todas com a idade de oito anos. As que haviam apresentado EHI moderada e grave tiveram performance intelectual, integragao visdrio- motora, escores de vocabulatio ¢ de aritmética significativamente infe- riores comparados aos que tiveram EHI leve e aos do grupo de controle. Algumas criangas sequer conseguem aprender as letras, e muitas ndo s4o submetidas a exames a fim de investigar se hd lesdo e a dimensio da mesma, 0 que acaba dificultando o entendimento da situagéo por parte dos professores ¢ do estabelecimento de uma Pedagogia mais diretiva. Todos os exemplos de dificuldades na aprendizagem da leitura ci- tados, com exce¢io de lesées cerebrais severas, se a crianga permanecer em uma escola receber treino especifico extra, Assim, Icitura ¢ compreensio. quadas oportunidades sio passiveis de correg4o com metodologia adequada ¢ poderd tornar-se fluente em sua Entretanto, algumas Pessoas que receberam ade- de estudo e que possuem nivel de inteligéncia a 86 Digitalizado com CamScanner GUIA PRATICO DE NEUROEDUCAGAO média ou acima da média, talver nunca consigam aprender a ler ¢ esere- ver com fluéncia, Nao sé irio apresentar dificuldades para aprender a ler mas também a dificuldade itd persistir até sua vida adulta, pois se trata de um deficit persistente, Como ressalta Shaywitz, (2006), “a dislexia é uma condigao crdnica ¢ que nao representa um atraso tempordrio no desenvolvimento da lcitura”, Mas, por que a dislexi it existe? O que cau esta condiga Para responder a esta pergunta, pesquisadores precisaram, primei- ramente, identificar 0 circuito responsivel pela leitura. Para ler, é neces- sirio um sistema de linguagem, ou seja, a leitura depende de circuitos cerebrais jé preparados para a linguagem (SHAYWITZ, 2006, p. 62) ¢ € necessirio conhecer 0 que faz parte deste circuito para encontrar a resposta. Em 1861, 0 médico Paul Broca recebeu um francés de 51 anos, Leborgne, que foi apelidado de Tan, por ser a tinica palavra que conseguia pronunciar. Antes de ir até Broca, ele ja estava hospitalizado ha duas décadas sofrendo com epilepsia, perda de fala e paralisaco do lado direito. Morreu uma semana depois de se tornar paciente de Broca. O exame post mortem revelou uma lesio significativa na superficie da regido frontal esquerda, hoje conhecida por area de Broca. A perda da capacidade de articular palavras, conhecida hoje como afasia de Broca, no entanto, nao impede a capacidade de compreensio da linguagem. A base da leitura — linguagem e fala -, portanto, estava estabelecida, ou seja, originava-se no cértex cerebral. Observando diversas situagées clinicas, Carl Wernick, neurologista alemio, identificou que uma lesio na parte superior do lobo temporal (atrés da parte superior da orelha) também produzia outro tipo de afa- sia, entretanto, ao contrario da afasia de Broca que nao consegue articu- lar as palavras, nesta afasia, o sujeito consegue articular as palavras, mas nao consegue compreender a linguagem, como se ouvisse somente um som confuso do tipo “io40i0i040%0". Estavam, portanto, identificados dois danos: um que destrdi a fala € outro que destréi a compreensio, dois componentes importantes para aleitura. Mas, a pergunta sobre como surge a dislexia ainda nao esta res- pondida. Qual circuito neural é necessario para leitura, jd que disléxicos articulam a fala ¢ compreendem a linguagem? 87 Digitalizado com CamScanner UIA PRATICO DE NEUROEDUCACAO Na alexia adquirida, a pessoa contraiu a capacidade de |e, a alexia 3 as I J 4 um acidente vase a perdeu devido a uma lesio como em ular Ceteby, Mas, 0 que dizer dos disléxicos que n40 sofreram lesio alguma des wes : nfo possuem a capacidade de efetivar uma leitura fluente? Estudos mostram que, no caso da dislexia de desenvolvimen em que a leitura nao se estabelece normalmente, ja ha algo ettade desde o inicio, desde a formagio do cérebro na vida intrautering Shaywitz (2006, p. 63) explica que milhares de neurdnios que cay, Tegam as mensagens fonoldgicas necessérias a linguagem nao 0 co. nectam adequadamente para a formacao das redes de Fessonancia que possibilitam a adequada capacidade de leitura. O sistema neural pata anilise fonoldgica estaria mal conectado, interferindo na linguagem falada na linguagem escrita. Isto é posstvel ser visto por meio de tomografias ou ressonincia mag. nética em exames comuns? Nao, porque estas imagens apresentam infor. magées sobre estrutura ¢ nao sobre as funcées. Desta forma, nao € possivel identificar um disléxico solicitando uma ressonancia magnética. Entretanto, foi por meio de exames de ressonancia magnética fun- cional — um exame néo invasivo, sem radiacéo ¢ sem injegdes — que foi possivel identificar os circuitos da fala e leitura. Mas, nao estamos falando de um exame destes que sao solicitados pelo médico em uma consulta. Estamos nos referindo a outro modelo de exame, com a mesma méquina, ou scja, colocando o eérebro para funcionar no momento do exame. Uma Pessoa que é boa Ieitora seria submetida ao exame de ressonancia mag- nética e, durante o exame, seria pedido a ela que lesse, falasse, pensise imaginasse e, entio, se acenderiam as areas de cada habilidade. Desta forma, foram identificadas duas vias paralelas de leitura: a via fonoldgica que permite converter a cadeia de letras em sons da lingu* ou seja, os fonemas; ¢ a via lexical que permite acessar um dicionirio mental, onde estd armazenado 0 significado das palavras (DEHAENE, 2012, p. 25). A psicéloga Uga Frith (aud DEHAENE, 2012) propés um modelo de trés estagios de leitura, nos quais a crianga passa de uma etapa 2 oum dentro de meses ou anos, sendo lento ou ripido este progresso, vai depo der de cada individuo, 88 Digitalizado com CamScanner GUIA PRATICO DE NEUROEDUCAGAO. A primeira ctapa &a logogrifica, também conhecida por pictorica, que surge em torno dos cinco ou seis anos de idade, Nao ha compre- ensio da légica da escrita, © que acontece é 0 reconhecimento global da palavra da mesma forma que a crianga reconhece outros objetos visualmente, diferenciando o tamanho, a palavras escritas sio t forma, a cor. Nesta etapa, as ‘adas como desenhos (CAPOVILLA, 2005), em que a crianga nao consegue penetrar na composigao grafémica das palavras ou de efetuar a leitura de novas palavras, limitando-se ao re- conhecimento do aspecto geral de palavras muito familiares. A crianga pode “ler” coca-cola, Mc Donald, mas, se houver troca de uma letra, isso nao afetard sua “leitura”, pois o que cla observa sio os aspectos globais como forma e cor. Nesta etapa, também esta incluida a iden- tificacao do préprio nome, o que leva alguns pais a acreditarem que a crianga ja esta lendo, o que é um engano. O mesmo som inicial do seu nome nao ser identificado em outra palavra, por exemplo: a crianga identifica escreve MATEUS, mas, se pedirmos a ela que escreva MA- CACO, ela poderé colocar letras aleatérias, tais como: ACFGR, nao havendo relacao da grafia com o fonema. A segunda etapa de leitura é aquela que a crianga aprende a asso- * ciar as letras & sua prontincia, convertendo grafemas em fonemas. Este proceso de decodificacéo refere-se & etapa fonolégica, na qual a crian- ¢a presta atenc4o aos componentes menores das palavras, ou seja, uma ou duas letras sio associadas aos seus devidos fonemas, que se juntam formando as silabas, e estas juntas formam as palavras. A crianga deve identificar 0 som da letra e nao o nome da letra, devido as variagSes: se a letra C é nomeada como “SE”, isto nao ajudaré a crianga a compreender aletra C na palavra CASA. Esta ndo é uma tarefa répida para a crianga que esta aprendendo a ler, estas descobertas serao feitas gradativamente no processo de alfabetizagao. Aos poucos, a crianga vai descobrindo que os fonemas podem ser recombinados formando novas palavras. E o que chamamos de consciéncia fonémica. Esta tomada de consciéncia nao é espontinea ¢ depende do ensi- no explicito de um cédigo alfabético, pois, sem este, a consciéncia dos fonemas nao aparece (DEHAENE, 2012, p. 221). Mesmo os adultos analfabetos tendem a fracassar em tarefas de manipulagio fonémica, por exemplo: temos a palavra FATO, se tirarmos o F que palavra for- 89 ¢ Digitalizado com CamScanner GUA ificuldades identificar que jo dificuldades em i que nova ee alfabetos néo apresentam dlifculy ag ad ma? Eles apresen im (TO, Entretanto, an — ATO, Entretan! entan ba, também p como da ¢ ba, nO apron 5 7 ular as silabas ¢ as rimas, podendo facil ‘am “$rgio” possuem a mesma terminacgg So} a ; 7 A ni e 7 ra. Pessoas analfabetas terao dificuldades em aa pular ©*clUsivameny, os fonemas, nao se dando conta que 0 mesmo fonema pode care s palavras ¢ que o mesmo fonema pode estar g diferentes posigdes nas P n ", “calga” es ”. Foi evelou o estudo feito pelo pg: “gaia”, “calea” ¢ “massa”, Foi o que F p Pilg José Morais (apud DAHAENE, 2012, p. 219). A leitura tende a progredir do mais simples ao mais comple, Apés ter dominado o alfabeto, a crianga Passe relacionar as letray formando silabas. Inicialmente a crianga lé com mais facilidade sth. bas formadas por uma consoante ¢ uma vogal — CV (ato, lata, = bola) que sio as chamadas palavras regulares, tendo maior dificuldy de em palavras irregulares formadas por silabas contendo CCV (pra, che, ho, Ihi), CCVC (trés, troc). Estas tiltimas serio progressivaments lidas a medida que a crianga aprende a combinar as consoantes. formada inciar os sons da fala, em dil 8 dificuldades em manip’ identificar que “drfto” ¢ A terceira etapa é a ortogrdfica, Nesta etapa, a crianga ja precisa ter ampliado seu repertério de unidades visuais combinando letras, silabas € morfemas. A rota utilizada ¢ a lexical, pela qual a leitura é realizada de forma global e automatica, no sendo mais necessdrio ler lentamente, pois jé existe certa quantidade de palavras no Iéxico mental (dicionétio mental), que proporciona agilidade & leitura. Nos leitores fluentes, a lei- tura somente serd mais lenta para palavras irregulares desconhecidas ou pseudopalavras (palavras inventadas). Mas, nao é possfvel resumir a aprendizagem da leitura apenas uti- lizando-se da fonica, pois, como ressalta Savage (2015), “a fonica pot ser descrita como um componente necessdrio, mas nao suficiente” do letramento. Mas, Por que nao é suficiente? Na frase, “Esta casa é bastan- te negotifa”, a crianga poderd conseguir ler a frase ¢ a palavra diferente negotifa (pseudopalavra), utilizando-se do conhecimento da fonica, ms nao saberd como é a casa porque desconhece 0 significado desta pale vra, que, no exemplo, é uma palavra inventada, Portanto, leitura é um atividade que envolve, além da decodificagio, a compreensio da leitur® 90 Digitalizado com CamScanner GUIA PRATICO DE NEUROFDUCAGAO que éanniliada pelos anos ante " res quando a crianga entra em contato com a Tinguagem do ambiente, Mas, para disléxicos sintagio & bem mais complexa do que isto. Nio se trata apenas de conhecet as palavras pata ter compreensio do teato. Disléxicos se enroscam nao apenas nia leitura de frases mas tam- pém na propria palavra! Cometem trocas de letras, omitem ou acrescen= tam lettas dentro da palavra, Confundem palavras com outeas parecidas co que € pior, na maioria di » se dio conta do erro ¢ seguem 41 é uma compreensio superficial, veres, cferuando a leitura, cujo resultado fi falha, distorcida ow limitada do texto. A escrita ortogrifica dos disléxi- cos é afetada, pois apresentam habilidades metalinguisticas para tefle- xao ortografica bastante restr (MOUSINHO, 2009; MOUSINHO ¢ CORREA, 2009). Portanto, se o método global funcionasse para estas pessoas, clas nfo cometeriam rantastrocas até sua idade adulta, mesmo tendo tido a oportunidade de conviver em escolas diariamente com me- todologias adequadas c sendo inteligentes. Entio, quais as dificuldades implicadas em individuos disléxicos? que os impede de ler fluentemente? Para que a leitura seja plenamente desenvolvida, ¢ necessirio © adequado funcionamento de dreas relacionadas 4 consciéncia fonémica como o sulco temporal superior esquerdo ¢ 0 cértex pré-frontal inferior (érea de Broca), assim o individuo tera habilidade em manipular men- talmente os sons da fala (DEHAENE, 2012). Nao é necessério que as criangas tenham conhecimento das letras do alfabero para participar de atividades de consciéncia fonémica (SA- VAGE, 2015), assim é possivel, e porque nao dizer importante, que as criangas sejam estimuladas desde cedo com jogos de linguagem, como Fimas ¢ aliteragGes, mesmo sem conhecer as letras. Estas atividades readem a facilitar 0 processo de alfaberizagio, mesmo em criangas que poderao vir a ter diagnéstico posterior de dislexia. Varios estudos j& mostraram que a maioria dos disléxicos sofre de um deficit particular na conversio dos signos escritos em fonemas, ou seja, sofrem de distirbio no tratamento dos fonemas e na conscién- cia fonolégica, além de apresentar dificuldades em desenvolver estraté- gias fonoldgicas de reconhecimento imediato das palayras (SANTOS, o1 Digitalizado com CamScanner GUIA PRATICO DE NEUROEDUCAGAO x00), Além disto, estos sugerem que ctiangas dislexieas apy, deficit cons da fila, podendo apresentar dy plo, ba de pa, principalmente na p che, z cul, defivits de percep Hos " em distinguir, por exem | vinci eile (GAVAGE, 2015). A experiéncia clinica nos mostra que ride (SAVAGE, 2 d le aly ; ri : * i sits como dificuldades na eq, i dlisléxicos possuem outros deficits onic motora, mas isto no & uma repra. Pesquisas por meio de RMI tém mostrado claramente 38 dre . Nao se trata de alteragao na is Fesen, iy tadas em pessoas com disle ate, xi 7 adas em pessoas com cerebral, cuyj éncia se apresenta no! as sim de alteracg 5 fancionamento. Paulesu ¢ scus colegas (in oe 2012) cong. guiram visualizar 0 conjunto da rede cerebral da leitura, por Meig cimara de pésitrons, enquanto disléxicos c um grupo de contioe lin palavras simples. O detalhe é que participaram disléxicos italianos, f... ceses ¢ ingleses, a fim de descobrir 0 que havia de comum no cétebry destas pessoas de cultura linguistica diferente. Observou-se clara stb. tivacio da regio occipitotemporal ventral esquerda, no mesmo local em todos os disléxicos dos trés paises. Isto significa dizer que a distexia possui mecanismos cerebrais universais para as escritas alfabéticas, 0; estudos mostraram uma subativacao da regiéo occipitotemporal vent] esquerda (sede da forma visual das palavras), mas mostraram também uma superativagéo, durante a leitura, no cértex frontal inferior esquer. do (4rea de Broca), mais utilizada por leitores iniciantes. Como o dis. léxico possui uma ativacdo fraca nas regides laterais do cortex temporal esquerdo, tente compensar utilizando-se de uma estratégia anormal, ou seja, ativando a regiéo temporoparictal direita. Shaywitz (2006) em sua pesquisa de mais de dez anos, identi- ficou que os bons leitores ativam sistemas neurais altamente inter- conectados que incluem regides das partes posterior (occipitotem- poral) ¢ anterior (frontal) do lado esquerdo do cétebro, sendo esta ultima a mais ativada, Ela identificou trés caminhos neurais paraa leitura: a area parietotemporal ¢ 0 frontal, que s4o caminhos mais lentos ¢ analiticos, utilizados por leitores iniciantes; e a area occip totemporal, uma via rapida utilizada por bons leitores, Nas imagens: ela identificou que estas dreas Posteriores, destinadas a uma leiturt fluente, estéo subativadas nos disléxicos, 92 Digitalizado com CamScanner GUIA PRATICO DE NEUROEDUCAGAO Distéxleo A esquerda leitores normais ativam sistemas neurais que esto em sua maioria na parte posterior do cérebro (dreas sombrea- das); & direita, leitores disléxicos subativam esses sistemas de leitura da parte posterior do cérebro ¢ tendem a superativar as dreas frontais. (SHAYWITZ, 2006, p.74) Tais imagens séo importantes, para demonstrar este caminho neu- ral feito por pessoas que nao possuem deficit na leitura e por aqueles que possuem, como os disléxicos. E para aqueles que ainda duvidam que a dislexia exista, os estudos por imagens so muito claros ¢ evidentes. Dehaene (2012) cita também outra causa pouco conhecida da dis- lexia: as migragdes neuronais. Tais migracdes ndo podem ser vistas em exames de ressonancia magnética. A autora relata que o neurologista americano Albert Galaburga, do Hospital Beth Israel de Boston, examina desde 1979 cérebros de disléxicos mortos por outras causas. Ele descobriu numerosas “ectopias”, ou seja, os neurdnios nao estariam no lugar correto. Durante a gestacao, no cérebro do feto, ha um deslocamento de neurénios corticais migrando até a zona germinal em todos os ventriculos, onde se formam por divisdo celular, até a posi¢ao final nas diferentes camadas do cértex. Acontece que, em disléxicos, a migragao neuronal parece alterada. Albert descobriu pequenos grupos de neurénios na superficie do cértex, que teriam ultrapassado sua posi¢4o normal, ou seja, os neurdnios nao te- riam chegado ao seu alvo. Se os neurdnios estio mal colocados, as regides implicadas na leitura nao funcionariam em seu nivel normal, acarretando deficits fonol6gicos e visuais. E importante ter em mente que o QI (Quociente Intelectual) médio ou alto nao é o melhor prognosticador de leitura (SNOWLING, STA- CKHOUSE e cols., 2004), portanto mesmo criangas vistas como muito 93 Digitalizado com CamScanner 1a PRATICO DE NEUROEDUCAGAO Guar a apresentar dificuldades na fe, aa . vir si éy Se Estudos tém q nética para dislexi = la di ) por meio o a Iona nenética também como caus dat dislex spor me de €Stitdos ig do a genética ae ola dislexia, 12" aR ndes cujos membros foram afetados pe i dislexia, Hg, 4° hee so ara cesenvolver a dslexin em indigo” filhos de disléxicos diagnosticados ou filhos de baa ave presenta, os de diskéxicos diagnosticados ov foram digg ditfeldades na leitura escrita, mas que nunca foram diagnosticags” quarto ¢ metade das criangas cuja mae oy Pai é (SHAYWITZ, 2006, p. 86)”, inteligentes podem espertas ¢ inteligente pod ger houver uma predisposiga familias tanto, predisposi “Um mimero entre um q tm sio disléxic: disléxico também sao disléxicas Consideragées finais Migracées erradas de neurénios, alteragdes nos genes, Cortex tem. poral esquerdo que nao se ativa. Com todas estas alteragoes biolégicas, serd ainda possivel que uma pessoa disléxica venha um dia ser um leito fluente? Para esta pergunta, a resposta é que nosso cérebro é Plastico, ¢ que as intervencoes alteram os circuitos neurais permitindo modifica g expressio de nossos genes. Migracées erradas afetam pequenas Tegises do cértex, mas existem milhdes de circuitos no cérebro da crianga que podem compensar. Pesquisas tem demonstrado que leitores nao fluentes, no inicio da sua vida escolar, nao pioram a sua leitura, entretanto continuam com as dificuldades se ndo houver nenhum tipo de intervencio, Poucas criangas recebem ajuda extra para superar seus proble- mas de leitura, ¢ a maioria nao recebe a ajuda correta. O reforgo normalmente é esporddico, em um tempo limitado, e, apesar de os professores serem bem intencionados, nao utilizam estratégias efi- cientes. Criangas disléxicas, e mesmo aquelas nao disléxicas, mas que possuem dificuldades na leitura por causas exégenas, devem ser sub- metidas a um programa de treinamento frequente, com instrugao es- pecifica, professor ou especialista treinado em técnicas baseadas em evidéncias eficazes, pois, “quando a crianga é disléxica nos primeiros anos da escola, ela continuard a experimentar problemas de leitura, @ 94 Digitalizado com CamScanner GUIA PRATICO DE NEUROEDUCAGAO Nao pode ser de qualquer jeito, nem em qualquer tempo ¢ es- paco. Estas criangas precisam de apoio efetivo, tao logo se detecte a dificuldade, antes que sua autocstima seja afetada, pois, como afirma Barbiero (apvd ALTREIDER, 2016), a dislexia pode gerar ansiedade, depressio, ideagio suicida e abandono escolar. Muitas criangas esto sendo diagnosticadas tardiamente, ou seja, os professores esperam tempo demais, alegando que cada crianga tem seu tempo, para efetuar o encaminhamento a um especialista para trei- no especifico. Shaywitz (2006) identificou que os problemas de leitura diagnosticados apés 0 quarto ano escolar sio muito mais dificeis de serem resolvidos. Como 0 cérebro é muito mais plastico nas criangas pequenas e potencialmente mais maledveis, se houver uma identificagio precoce, é possivel intervir de maneira que haja um redirecionamen- to dos circuitos neurais, Segundo esta autora (op. cit.), treinar criangas pequenas, antes mesmo de frequentar a escola, a prestar atencéo aos sons das palavras orais melhora significativamente sua aprendizagem na Jeicura e completa afirmando que a intervengao tardia gera uma dificul- dade maior para recuperar milhées de palavras nao lidas para alcancar seus colegas que continuam sempre & frente. Como vimos, o problema da maioria dos disléxicos esté no deficit fonolégico, portanto o investimento maior deve ser feito nesta area por meio de atividades de consciéncia fonolégica. Quanto mais cedo for realizada a intervencao, melhor seré 0 prognéstico quanto 4 evolugio na leitura. Savage (2015) afirma que a consciéncia fonolégica se desenvolve gradualmente ao longo da Educacao Infantil, mas néo é uma habilidade que as criancas desenvolvem espontaneamente, pois envolve diversas tarefas, entre as quais, a habilidade de identificar palavras, de decom- por sflabas e reconstrui-las, formando novas palavras. O mesmo autor ressalta que as criangas podem desenvolver esta habilidade tanto em ati- vidades diretas ¢ explicitas como em ocasides incidentais ou informais que surgem na rotina de classe ou por meio da literatura infantil. As tarefas mais indicadas de consciéncia fonoldgica dizem respeito alevar a criana a contar quantas silabas tem determinada palavra ¢ comparar com outras maiores ou menores; identificar 0 som inicial de uma palayra e agrupé-la a outras com 0 mesmo som inicial; identificar 95 Digitalizado com CamScanner GUIA PRATICO DE NEUROEDUCACAO da mesma forma o som medial ¢ 0 som final; pedir 4 Ctianga uma palavra como sapato ¢, retirando-se a sflaba sa, dizer que as Su, vra formard (realizar da mesma forma com o fonema); dizer 7 tne é formada quando se une os sons /s/, /o/ ¢ M/. Todas estas a an, ajudam a crianga a ampliar sua percepgao dos sons dos fonemay silabas, manipulando-as ¢ formando novas palavras ¢ NOVos Sons, y e Yopp (apd SAVAGE, 2015) sugerem que este treinamente do parte de um programa de letramento mais amplo, realizado em = ambiente rico em linguagem e literatura. Nao devemos una nog quecer de que tudo que é ensinado a uma ctianga que esta aprenden a ler deve estar dentro de seu contexto, para que associe sons, Palayrg e significados. As escolas devem engajar-se neste processo, para que criancas com deficit no sistema fonolégico possam ser submetidas a atividades, ent vendo tarefas de consciéncia fonolégica o quanto antes, Nao hé coma Prever que uma crianga desenvolverd ou nao dislexia, mas, se todas a condigées forem favoraveis, pelos motivos jé expostos neste capitulo, ¢ de suma importancia realizar uma estimulagao precoce. Caso a escola receba uma crianga maior ou um adolescente com todos estes deficits de leitura, possivelmente serd necessdria a interven. ¢40 de profissionais externos. Nestes casos, de idade tardia, a escola teré tum papel fundamental no que diz respeito & compreensio do proble ma, realizando adaptagées para cada caso, Ainda assim, é possivel rea- lizar treino de consciéncia fonolégica, adaptando as tarefas conformea idade. Nao hd necessidade de realizar adapta¢ao no tamanho de textos para disléxicos. “Uma palavra CNOFME e uma palavra minéscula $40, do ponto de vista da Preciséo da retina, essencialmente equivalentes (DEHAENE, 2012, p.25)”. Esta adaptacéo somente seré necesstias 0 disléxico também tiver alteragées visuais. 96 Digitalizado com CamScanner

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