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Choque (Capítulo de Livro)
Choque (Capítulo de Livro)
O choque pode ser dividido didaticamente em três fases. A primeira ocorre quando
os prejuízos são reversíveis e os mecanismos compensatórios estão intactos; nela, o
tratamento é a reposição volêmica, iniciando-se com 1.000 mL de cristaloide e
reavaliando-se continuamente. Na segunda fase, há o desarranjo microvascular e a
disfunção de um ou mais órgãos. Na terceira fase, as alterações são graves e
irreversíveis, com lesões teciduais estabelecidas e alterações de repolarização
cardíaca e das membranas em geral.
4.2 FISIOLOGIA
A resposta inicial do organismo diante da perda sanguínea consiste em
vasoconstrição periférica (circulações cutânea, muscular e visceral) na tentativa de
preservar a perfusão de órgãos nobres (rins, coração e cérebro). Ocorre também
aumento da Frequência Cardíaca (FC) com o intuito de manter o débito cardíaco. Na
maioria das vezes, a taquicardia é o sinal mais precoce do choque.
Outros tipos de choque serão discutidos posteriormente neste capítulo, mas, apesar
de diferentes mecanismos, a resposta final torna-se semelhante.
4.3 DIAGNÓSTICO
Os primeiros sinais clínicos do choque são taquicardia e vasoconstrição cutânea, que
se manifestam como pele fria e diaforética (pegajosa). A FC, normalmente, é maior
em recém-nascidos, diminuindo progressivamente até a idade adulta. Assim, valores
considerados normais para crianças e adolescentes não são os mesmos para
adultos(Quadro 4.1).
4.4 ETIOLOGIA
No trauma, divide-se a etiologia do choque em hemorrágica e não hemorrágica,
sendo o choque hemorrágico o mais comum, responsável por 90% dos casos. As
causas de choque não hemorrágico são menos frequentes, porém se deve suspeitar
delas como diagnóstico diferencial nos casos em que não há resposta clínica com as
medidas iniciais.
#importante
Todo paciente politraumatizado em choque deve ser
considerado hipovolêmico até que se prove o
contrário.
4.4.1.1 Cardiogênico
4.4.1.2 Neurogênico
4.4.1.3 Séptico
Todo paciente traumatizado em choque, até que se prove o contrário, deve ser
conduzido como vítima de choque hipovolêmico. É possível estimar o percentual
volêmico perdido por meio de parâmetros clínicos (Quadro 4.3). Com base nisso,
orienta-se a reposição volêmica, que deve ser monitorizada pela melhora desses
parâmetros.
É útil lembrar que fraturas e lesões de partes moles podem ser responsáveis por
alterações hemodinâmicas. A perda sanguínea local pode ser volumosa. Em fraturas
de ossos longos, como úmero e tíbia, há perda de cerca de 750 mL. Fraturas do
fêmur podem sangrar até 2.000 mL. Em fraturas da bacia, vários litros de sangue
podem acumular-se no retroperitônio. A lesão de partes moles acarreta, também,
edema local com perda adicional de líquido, diminuindo ainda mais o volume
intravascular.
#importante
No politraumatizado, o principal tipo de choque é o
hemorrágico e este ocorre principalmente em razão
de sangramentos externos ou hemorragias
intracavitárias, como torácica, abdominal ou pélvica.
A passagem de cateter venoso central não deve ser realizada no atendimento inicial,
pois, além de consistir em um acesso longo e fino, apresenta o risco de punção
iatrogênica com pneumotórax ou hematoma da carótida. Na impossibilidade de
acesso periférico, devem ser realizadas as dissecções venosas (flebotomias). Em
pacientes pediátricos, é possível realizar o acesso intraósseo, que deverá ser
utilizado apenas durante a reanimação e com equipamento adequado.
Uma das mudanças da 10ª edição do ATLS tange à reposição volêmica. Preconiza-se
uma reposição inicial de 1.000 mL, e volumes subsequentes devem basear-se na
resposta do paciente. A reposição adequada de volume deve restabelecer, no adulto,
o débito urinário de aproximadamente 0,5 mL/kg/h. Na criança de 0 a 3 anos, o
objetivo é uma diurese de 2 mL/kg/h; na criança de 3 a 5 anos, de 1 mL/kg/h; entre 5
e 12 anos, espera-se atingir de 0,5 a 1 mL/kg/h. A resposta à reposição volêmica
inicial pode ser rápida, transitória ou mínima ou ausente (Quadro 4.5).
#importante
O ácido tranexâmico deve ser usado por via venosa, 1
g dentro das primeiras 3 horas do trauma.
#importante
A sonda vesical e a sondagem gástrica são
importantes medidas auxiliares para avaliação e
reanimação do politraumatizado com choque
hipovolêmico.
4.7.1 Idade
4.7.3 Gravidez