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Determinantes Históricos e Tendências Atuais Da Estomaterapia
Determinantes Históricos e Tendências Atuais Da Estomaterapia
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 4
8.2 Epidemiologia.............................................................................. 39
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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2 A HISTÓRIA DO TRATAMENTO DE FERIDAS
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ainda, aplicavam sob a forma de unguento a hortelã, a papoula e um fungo
cultivado. (Fernandes AT, 2000).
Nessa mesma época, os ameríndios utilizavam vegetais adstringentes e
derivados de ovos de aves para cobrir as feridas. (Fernandes AT, 2000).
Celcius (53 a.C.–7 d.C.), no início da era cristã, descreveu os sinais da
inflamação e classificou, pela primeira vez, as feridas e as soluções para uso tópico
em: adstringentes, cáusticos, erosivos e hemostáticos. Descreveu ainda o
tratamento das feridas recomendando limpeza, retirando inclusive os coágulos.
(Fernandes AT, 2000).
Galeno (130–200), que liderava a escola médica de Alexandria, valorizava
os processos supurativos e utilizava substâncias que favorecessem o processo
cicatricial. Aegineta (625-690) classificou essas substâncias conforme seu efeito,
como por exemplo, hemostáticas – cobre, giz, água fria, vinagre e vinho; para
limpeza - caramujo moído, acetato de cobre, resina de pinho, terebentina, sangue
de pomba, fezes de lagarto, mel cru. (Fernandes AT, 2000).
Em Bolonha, no séc. XI, Bruno classificou a cicatrização em primeira e
segunda intenção. No séc. XIII, acreditava-se que o pus não mais era necessário à
cicatrização de feridas, assim era indicada sua limpeza com vinho e a retirada de
corpos estranhos. No entanto, no séc. XIV, Guy de Chauliac (1300-1368)
recomendava ainda a supuração para liberação do pus e propôs cinco princípios
para tratar as feridas: remoção de corpos estranhos; reaproximação das bordas;
manutenção desta aposição; conservação dos tecidos e tratamento das
complicações. (Fernandes AT, 2000)
Ambroise Paré, cirurgião francês (1510-1590), autor da máxima “eu cuido
das feridas, Deus as curas”, substituiu o óleo fervente que até então vinha sendo
utilizado para o tratamento das feridas por armas de fogo, por pomada à base de
terebentina, óleo de rosa e gema de ovo. Dominique Anel (1673-1790) criou um
instrumento, a seringa de Anel, para retirar sangue e pus de feridas, que até então
eram sugados pela boca do médico. (Andrade, 1992)
No atendimento aos militares feridos, nas batalhas do início do século XIX,
utilizavam-se o fogo, compressas ferventes e aguardente. Nessa época, o número
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de infecções de feridas pós-operatórias reduziu, devido à recomendação de
remoção dos tecidos desvitalizados. O pus ainda era considerado benéfico no
tratamento de processos infecciosos, e o estímulo da supuração era feito com
sanguessugas, emolientes e cataplasmas. Os curativos eram realizados com
esponjas e lençóis sujos nos hospitais e com cremes gordurosos aumentando as
contaminações. Para isolar as feridas dos miasmas, cobriam-nas com borracha e
folhas de ouro ou, como alternativa, recobriam-nas com pasta de algodão. Léon Le
Fort preconizava a lavagem das mãos, higiene e limpeza dos ferimentos com álcool.
(Andrade, 1992)
No final do século XIX e início do XX, o uso do álcool tornou-se mais comum,
assim como dos antissépticos metálicos. A solução de hipoclorito foi introduzida
para limpeza de feridas em 1915, por Dakin. Por volta de 1920, surgiram os
mercuriais orgânicos, como o mercúrio-cromo, em substituição aos inorgânicos,
para os quais as bactérias já haviam desenvolvido resistência. A prata foi
largamente disseminada nessa época para tratamento de feridas por queimaduras.
Também sais inorgânicos de alguns metais foram utilizados, como o zinco, ferro e
alumínio. (Andrade, 1992)
Entre os anos de 1920 a 1940, surgiram as pomadas contendo enzimas,
destinadas ao desbridamento químico das feridas. Além disso, foram desenvolvidos
trabalhos científicos que não só buscavam um melhor tratamento, mas também a
compreensão do processo cicatricial. No decorrer desse século, várias soluções
foram introduzidas como antissépticos, tais como, violeta de genciana, clorhexidine,
quaternários de amônio, polivinil-pirrolidona-iodo (PVP-I), entre outras. Os curativos
que apenas cobriam as feridas, mantendo-as em um ambiente seco, “livre” de
germes, denominados passivos, continuavam sendo aplicados. (Andrade, 1992)
A partir de 1950, experimentos realizados em animais, por três laboratórios,
com o intuito de observar a cicatrização, resultaram em experiências revolucionárias
sobre esse processo. A partir de então, o princípio de cicatrização úmida foi aceito
com superioridade em relação às coberturas passivas, pois promovia interação
direta com o ambiente da ferida. Surgia a ideia das coberturas interativas, ou seja,
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aquelas que promoviam um ambiente favorável ao processo cicatricial. (Andrade,
1992)
No início dos anos de 1970, Roove demonstrou que um ambiente úmido,
sem crosta, aumentava a migração de células epiteliais através do leito da ferida,
facilitando o seu fechamento. (Andrade, 1992)
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uma limpeza eficaz, e um valor superior a quinze, traumatiza as frágeis células do
tecido de granulação, além de carrear bactérias para tecidos mais profundos.
(Borges, 2001)
Atualmente, a utilização de antissépticos para desinfecção das feridas é
bastante contraditória, muito embora tais produtos sejam ainda frequentemente
utilizados com o intuito de reduzir o crescimento bacteriano e, por conseguinte,
impedir a infecção. No entanto, tais substâncias são tóxicas não só às bactérias,
como também às células humanas. Na década de 1920, Fleming investigou a ação
de vários antissépticos utilizados em feridas com infecção e concluiu que todos
eram mais tóxicos aos leucócitos quando comparados às bactérias. (Borges, 2001)
Ademais, algumas soluções antissépticas são inativadas ou têm sua ação
diminuída em presença de exsudato plasmático ou de sabão. Na literatura, há
afirmações de que soluções antissépticas podem mesmo potencializar o processo
infeccioso nas feridas, além de não debelarem ou reduzirem o efeito de outros
fatores favoráveis ao desenvolvimento de infecção de ferida. (Borges, 2001)
O tratamento de feridas é um cuidado antigo e muitas foram as técnicas e
os produtos desenvolvidos ou aplicados para este fim. Embora muitos estudos já
tenham sido desenvolvidos buscando esclarecer o assunto e apontando novas
alternativas, esta pequena revisão de literatura aponta para a existência de
contradições e lacunas nessa área específica do conhecimento a serem
preenchidas. No entanto, caso as dúvidas deixem de ser suscitadas ou as
contradições deixem de existir, o conhecimento torna-se estático. Portanto, faz-se
necessário que os profissionais da área de saúde estejam constantemente
atualizando-se e participando do desenvolvimento de pesquisas e de sua
divulgação, sendo o enfermeiro sujeito fundamental nesta área em questão.
(Borges, 2001)
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3 PRINCÍPIOS ÉTICOS NO TRATAMENTO DE FERIDAS
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Considerando que o tratamento de feridas é um processo complexo
e dinâmico, altamente especializado, que depende de avaliações
sistematizadas, prescrições distintas de frequência e tipo de
cobertura apropriada para cada fase do processo de cicatrização.
(COREN, 2008)
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instrumental conservador, desde que tenha capacitação técnico-
científica para os procedimentos e para intervenções apropriadas,
em caso de complicações. Ou seja, é imprescindível a associação
da prática profissional à responsabilidade e competência técnicas.
(COREN, 2008)
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ferimento não é essencial, podendo servir para um montante maior na
reparação. A localização, porém, pode ter enorme significado para
determinadas pessoas. Uma cicatriz no rosto de uma bela modelo,
disputada para desfiles internacionais, não terá equivalência com o golpe
na face de bronco caipira. (MARMITT, 1999).
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5 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE
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5.1 Aspectos anatômicos e fisiológicos da pele
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diferenciação celular e a divisão mitótica, e também são responsáveis por reparar o
dano. Os queratinócitos dos estratos córneo e lúcido sofrem um queratinização ou
cornificação, passando por processos que envolvem modificações moleculares, a
fim de manter o número de células e promover a renovação celular
(KIERSZENBAUM; TRES, 2016).
Os melanócitos derivam da crista neural e contêm, no seu citoplasma,
organelas especializadas, denominadas melanossomas, onde ocorre a síntese da
melanina. A enzima tirosinase regula a produção de melanina, a qual se inicia pela
oxidação da L-tirosina à L-Dopa e oxidação de L-Dopa à dopaquinona. Com a
transformação espontânea da dopaquinona em leucodopacromo e dopacromo,
inicia-se uma cascata bioquímica, na qual termina com a formação do pigmento
castanho-preto chamado eumelanina. A combinação de dopaquinona com cisteína
ou glutationa resulta em cisteinildopa e glutationildopa. Ambos passam por uma
série de transformações, gerando, finalmente, um pigmento vermelho-amarelo
chamado feomelanina. O pigmento melânico, geralmente, é uma mistura da
eumelalina e feomelanina. A cor da pele pode variar nos indivíduos, de acordo com
a região onde ele habita. Da mesma forma, sexo, idade, condições climáticas e
também a saúde (metabolismo) influem sobre a pele. As pessoas de pele escura
têm apreciável quantidade de melanina em todas as camadas da epiderme,
enquanto que as pessoas de pele clara há pouca melanina distribuída entre as
camadas da epiderme (RIVITTI, 2014).
Além dos melanócitos, existem outras células dendríticas na epiderme: as
células de Langerhans. Essas células originam-se na medula óssea e constituem
de 2 a 8% da população celular total da epiderme, são células dendríticas periféricas
do sistema imune, portanto, tais células estão envolvidas nos processos de resposta
contra antígenos estranhos na pele. Por fim, as células de Merckel são receptores
táteis (mecanorreceptores) e são abundantes nas pontas dos dedos e na base dos
folículos pilosos (KIERSZENBAUM; TRES, 2016).
A derme se trata de um tecido conjuntivo compressível e elástico,
constituída por fibras de colágeno e elastina. Fortemente irrigada e inervada, sua
função é dar sustentação e nutrição à epiderme e aos anexos. A sua espessura
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varia entre de 1 a 4 mm, com um valor médio de 2 mm. Ela é subdividida em derme
papilar, constituída por inúmeras papilas dérmicas interdigitadas com as pregas
interpapilares formando a junção dermoepidérmica, que é constituída por tecido
conjuntivo frouxo e a derme reticular é a maior parte da derme, de tecido conjuntivo
denso não modelado. A principal célula do tecido dérmico, encarregada da
reparação tecidual, é o fibroblasto, pois ativa a proliferação de proteínas para a
cicatrização e remodelação cutânea. Essas fibras colágenas são dispostas em
diferentes sentidos, e conferem resistência ao estiramento. Também se encontram
nesse tecido os anexos cutâneos, os vasos sanguíneos e linfáticos, ainda, os nervos
e terminações nervosas sensoriais, que podem ser livres ou encapsuladas
(KIERSZENBAUM; TRES, 2016).
A hipoderme ou tecido celular subcutâneo é a camada mais profunda da
pele, de espessura variável, composta por tecido conjuntivo frouxo e também por
tecido adiposo, ou seja, células repletas de gordura divididos por septos fibrosos
compostos de colágeno, por onde correm vasos sanguíneos, linfáticos e nervos.
Funcionalmente, a hipoderme, além de depósito nutritivo de reserva, participa no
isolamento térmico e na proteção mecânica do organismo às pressões e aos
traumatismos externos, facilitando a mobilidade da pele em relação às estruturas
subjacentes (BORGES; SCORZA, 2017).
A pele desempenha diversas funções: proteção contra injúrias, barreira
impermeável que impede a desidratação, regulação da temperatura corporal,
síntese de vitamina D e ainda desempenha função como órgão sensorial. Entre
estas a mais importante é de proteção ao organismo humano, atuando como uma
barreira contra agressores físico-químicos (abrasão e corrosão) e biológicos
(microrganismos, proteínas estranhas e outros) (AZULAY, 2004).
Assim, a pele é um órgão vascularizado e esse suporte vascular é
responsável por uma função primária da pele: a termorregulação. Além disso, o
suporte vascular tem importante papel na nutrição da pele e dos apêndices. A
organização dos vasos permite que o fluxo sanguíneo seja rapidamente alterado
para atender às necessidades de perda ou conservação do calor. (AZULAY, 2004).
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Existem três redes que fazem o suprimento vascular da pele: plexo
subpapilar (ao longo da camada papilar e reticular da derme), plexo cutâneo (no
limite das camadas papilar e reticular da derme), plexo hipodérmico ou subcutâneo
(na hipoderme ou no tecido adiposo subcutâneo). Existem anastomoses
arteriovenosas que se desviam da rede capilar, são muito comuns nas regiões
reticular e hipodérmica das orelhas, lábios, nariz, mãos e pés. Os desvios
vasculares estão sob controle autônomo e garantem a circulação cutânea profunda,
por isso que, na face, essa circulação é afetada pelo estado emocional. (AZULAY,
2004).
A maioria dos tratamentos estéticos utilizados atualmente baseia-se na
reparação do dano induzido à pele. Os estímulos podem provocar a danificação ou
destruição da epiderme, e esta deve ser reparada por meio de um mecanismo
chamado cicatrização. (AZULAY, 2004). O processo de cicatrização envolve quatro
etapas distintas, desde o reconhecimento do dado ao reparo da lesão:
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se também a neovascularização e a formação do tecido de
granulação.
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5.2 Tipos de pele e aspectos anatomofisiológicos
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sebo. A pele tem pouca luminosidade, é áspera e apresenta finas linhas de
expressão ao redor dos olhos e da boca. Uma pele extremamente seca pode
descamar, principalmente, nas costas da mão e no lado exterior dos braços,
antebraços e pernas. Esse tipo de pele costuma ser mais manchada, ressecada e
repuxada, é sensível ao sol, vento e poluição. (BORGES; SCORZA, 2017).
A pele oleosa tem a produção de sebo aumentada, assim, apresenta um
aspecto mais brilhante, espessa, com poros dilatados, principalmente nas regiões
centrais da face, nariz, bochechas e queixo e, ocasionalmente, espinhas. Envelhece
mais lentamente, e também tem menor tendência ao aparecimento de rugas e linhas
de expressão, além disso seu pH é mais alcalino. A oleosidade varia de um dia para
o outro, causada pela hiperatividade das glândulas sebáceas, que produzem mais
sebo do que o necessário em decorrência da entrada na puberdade, alterações
hormonais, estresse, uso de certos medicamentos e exposição ao calor ou
humidade excessiva. (BORGES; SCORZA, 2017).
A pele mista é caracterizada pelos poros dilatados no nariz, testa e mento.
Tem uma oleosidade mais intensa nesta área e leve tendência a formar cravos
(zona T). Na região das bochechas, há pele normal ou seca, com aparecimento de
rugas variável. É um tipo de pele muito comum nos habitantes dos países de clima
mediterrâneo. Os tratamentos cosméticos devem levar em consideração essa
realidade, tratando das duas áreas separadamente, de acordo com as suas
características próprias (BORGES; SCORZA, 2017).
Uma outra classificação, amplamente difundida, é a de Fitzpatrick, que no
ano de 1976, classificou a pele humana em seis tipos, de acordo com o fototipo e
etnia, com variação do tipo I (pele mais branca) ao tipo VI (pele negra), conforme
apresentado no Quadro 1. A classificação deste tipo de pele, segundo Fitzpatrick
tem sido utilizada para categorizar a sensibilidade cutânea à radiação ultravioleta,
embora tenha sido baseada, originalmente, em reposta à pele branca (ROBERTS,
2009)
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5.3 Patologias comuns da pele
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A acne acomete adolescentes e adultos jovens de ambos os sexos, sendo
mais precoce em adolescentes do sexo feminino do que do sexo masculino. É
causada pela obstrução do folículo pilossebáceo e/ou produção exacerbada de
sebo, em algumas regiões do corpo, em especial na face e tronco, que ocasiona a
formação de comedões, pústulas e lesões nódulo císticas cuja evolução depende
da intensidade do processo inflamatório que leva à formação de abcessos.
Geralmente, ocorre por algum distúrbio hormonal, mas também, por uso de alguns
medicamentos ou então estresse e alimentação. De acordo com a característica
clínica das lesões, a acne passa a ser classificada em cinco graus de acometimento:
grau 0 (pré-acne/hiperqueratose folicular), grau I (acne com comedões/comedões e
pápulas), grau II (Acne pápulopustulosa/ pápulas e pústulas superficiais), grau III
(acne pústulo nodular/pústulas profundas e nódulos) e grau IV (acne nódulo
quístico/nódulos, quistes e cicatrizes) (ARAÚJO; DELGADO; MARÇAL, 2011).
A rosácea é uma doença inflamatória crônica, que acomete,
predominantemente, a área centro-facial, sobretudo as regiões malares, nariz,
região frontal e mento. Caracteriza-se por episódios recorrentes de ruborização,
edema e vermelhidão facial, complicada pela presença de pápulas, pústulas,
telangiectasias e fibrose tecidual. Em alguns casos mais graves, podem ocorrer
alterações oculares inflamatórias, como conjuntivite ou inflamação da córnea,
pálpebra e íris. A rosácea é uma doença de curso crônico e não existe um
tratamento que a elimine definitivamente, mas ela pode ser mantida sob controle.
Deve-se evitar os fatores que provocam a sua exacerbação. Possui 3 estágios,
sendo o estágio I representado por eritema ou cianose, o estágio II pode
desenvolver telangiectasias e sensibilidade a cosméticos e medicamentos, já o
estágio III apresenta eritema e pústulas persistentes por algumas semanas ou mais
(TRINDADE NETO et al., 2006).
O melasma é uma dermatose comum que cursa com alteração da cor da
pele normal, resultante da hiperatividade melanocítica focal epidérmica de clones
de melanócitos hiperfuncionantes, com consequente hiperpigmentação melânica
induzida, principalmente, pela radiação ultravioleta. É caracterizada por manchas
de tonalidade acastanhada variada, simétricas que acometem áreas expostas da
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pele, principalmente as regiões frontal e malar. Afeta ambos os sexos, com maior
incidência em mulheres, especialmente, gestantes. Ocorre em todas as raças,
particularmente, em indivíduos com fototipos altos, que vivem em áreas com
elevados índices de radiação ultravioleta. O melasma é classificado de acordo com
características clínicas e histológicas. A localização do pigmento pode ser
epidérmica, dérmica ou mista. Essa classificação tem importância para definir a
escolha terapêutica e o prognóstico. O tratamento do melasma tem como principal
objetivo o clareamento das lesões, prevenção e redução da área afetada, com o
menor número possível de efeitos adversos. Embora a afecção tenha uma
relevância somente do ponto de vista estético, ela pode atrapalhar a vida social,
familiar e profissional dos indivíduos acometidos, pois provoca efeitos psicológicos
que não podem ser negligenciados (MIOT et al., 2009).
As estrias definem-se como um processo degenerativo cutâneo, com uma
atrofia tegumentar adquirida, em geral linear, atrófica e superficial e, eventualmente,
franzida discretamente, com mínimas rugas transversas ao seu maior eixo que
somem quando tracionadas. Apresentam caráter de bilateralidade, isto é, existe
uma tendência da estria a distribuir-se simetricamente e em ambos os lados.
Evoluem clinicamente em estágios semelhantes aos de formação de uma cicatriz.
Com lesões ativas, eritema e nenhuma depressão aparente, podem ser originadas
por diversos fatores, porém, existem teorias que tentam justificar sua etiologia. As
estrias, frequentemente, aparecem por motivo de obesidade, estresse, gravidez,
atividade física vigorosa (musculação), uso tópico ou sistêmico de esteroides
(cortisona ou ACTH), infecções agudas e debilitantes (HIV, tuberculose, lúpus, febre
reumática) e tumores suprarrenais. Estudos apontam para causas multifatoriais,
como fatores endocrinológicos e mecânicos, além deles, existe uma predisposição
genética e familiar. A expressão dos genes determinantes para formação do
colágeno, de elastina e fibronectina está diminuída em pacientes com estrias,
existindo uma alteração no metabolismo do fibroblasto. (SABBAG; OLIVEIRA; LUBI,
2010).
No início, na fase inflamatória, as estrias são avermelhadas e podem estar
discretamente elevadas, uma vez que se apresentam edemaciadas devido ao
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processo inflamatório. Elas podem apresentar um infiltrado perivascular linfocítico
em torno das vênulas, o que explicaria uma ocasional queixa de prurido com
erupções planas levemente rosadas e, eventualmente, dor. (SABBAG; OLIVEIRA;
LUBI, 2010).
Já quando as estrias estão em fase mais avançada, a epiderme fica delgada
devido ao achatamento das cristas epiteliais e a perda de colágeno e elastina.
Dessa forma, as lesões adquirem uma coloração esbranquiçada (estria alba) e
podem ser denominadas como nacaradas. É indicado iniciar o tratamento para
melhoria das estrias quando estas ainda estão na fase inicial, rubras, pois o
processo de cicatrização ainda não se encerrou, portanto, é mais fácil fazer a
reversão (SABBAG; OLIVEIRA; LUBI, 2010).
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6 EVOLUÇÃO DA CICATRIZAÇÃO
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A cicatrização surge no momento em que o tecido não tem restauração
completa, provavelmente devido a uma lesão grave, levando à formação de uma
cicatriz por deposição de tecido conjuntivo ou fibroso. A fibrose, frequentemente
vista no fígado, nos rins e nos pulmões, refere-se à extensa deposição de colágeno
nesses órgãos, posterior à inflamação crônica. A fibrose também se desenvolve em
tecidos com exsudato inflamatório, como visto na pneumonia, sendo denominada
de organização. É importante destacar que a cicatrização permite que o tecido
lesado recupere a sua capacidade funcional; contudo, algumas vezes, não há a
reconstrução da anatomia original do tecido (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2016;
REISNER, 2016).
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A cicatrização é uma consequência da lesão grave às células do tecido que
não foram reparadas pela regeneração. Ao contrário da regeneração, a cicatrização
não restaura o tecido, somente “remenda”, substituindo as células parenquimatosas
com dano por tecido conjuntivo. O processo de cicatrização inicia com o
recrutamento de células do sistema imune para a indução da inflamação. Nesse
momento, os macrófagos são essenciais para o reparo, pois eliminam o agente
agressor, além de secretarem citocinas e fatores de crescimento, essenciais para a
angiogênese e a proliferação de fibroblastos.
A angiogênese tem como função a nutrição e o fornecimento de oxigênio
para o reparo do tecido, permitindo a formação de novos vasos sanguíneos. Esse
processo é ativado por fatores de crescimento endotelial vascular (VEGFs, do inglês
vascular endotelial growth factors), que induzem a proliferação de células
endoteliais pelo processo de brotamento vascular. Então, macrófagos, fibroblastos
e células epiteliais migram para a área lesada pelo estímulo dos fatores de
crescimento de fibroblastos (FGFs, do inglês fibroblast growth factors) e formam o
tecido de granulação. O tecido de granulação é caracterizado por pequenos vasos
neoformados, células inflamatórias, tecido conjuntivo frouxo e pela proliferação de
fibroblastos. A proliferação de células endoteliais é inibida pelo fator de crescimento
transformante (TGFβ, do inglês transforming growth factor beta), e o fator de
crescimento derivado de plaquetas (PDGF, do inglês platelet-derived growth factor)
tem a função de recrutar células musculares lisas.
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Células inflamatórias induzem a proliferação e a ativação de fibroblastos
pela secreção de TGFβ. Esse fator de crescimento tem ação anti-inflamatória e
papel importante na produção de colágeno e fibronectina, além de inibir a
degradação da MEC pelas metaloproteinases (MMPs, do inglês matrix
metalloproteinases). Por fim, há a progressão do tecido de granulação para a
formação da cicatriz madura, com diminuição dos vasos sanguíneos e posterior
transformação de fibroblastos em miofibroblastos, que possuem a função de
contração da cicatriz (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2016; REISNER, 2016).
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Lábeis (instáveis) — Os tecidos lábeis possuem células que se
dividem de maneira contínua, e a substituição das células desses
tecidos se dá a partir da maturação de células-tronco e da
proliferação de células maduras. Esses tecidos possuem capacidade
de regeneração rápida como resposta a uma lesão, devido ao alto
potencial regenerativo das células-tronco. Fazem parte desses
tecidos as células hematopoiéticas e os epitélios de superfície da
cavidade oral, do útero, das tubas uterinas, do colo uterino, da
vagina, do trato urinário, da pele, dos ductos que drenam as
glândulas salivares e o pâncreas e do trato gastrintestinal.
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O estroma possui a função de sustentação e nutrição, sendo constituído por
tecido conjuntivo e vasos sanguíneos. As células do estroma, assim como
macrófagos e células epiteliais, controlam a proliferação celular, por meio da
produção de fatores de crescimento que se ligam à MEC. Os fatores de crescimento
ativam vias de sinalização para o desencadeamento da síntese de proteínas que
conduzem as células até o ciclo celular, assim como de proteínas com função nos
pontos de checagem, que detectam danos ao DNA ou aos cromossomos. Dessa
maneira, a interação entre as células estromais (fibroblastos, células do sistema
imunológico, células endoteliais) e a MEC é fundamental para o controle da
proliferação celular e para a renovação do tecido (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2016).
No Quadro, estão dispostos fatores de crescimento importantes no
processo de reparo.
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Fonte: Adaptado de Kumar, Abbas e Aster (2016).
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O processo de reparo é composto por diferentes fases, e as células
estromais estão intimamente ligadas a essas fases. Na fase hemostática, após uma
lesão, há a formação da matriz provisória, com a associação de fibrina com
fibronectina e vitronectina. Essa matriz funciona como um substrato para o
recebimento de macrófagos, fibroblastos, queratinócitos e células endoteliais.
(BARRETT et al., 2014; HAMMER; MCPHEE, 2016; KUMAR; ABBAS; ASTER,
2016; REISNER, 2016).
A produção de TGF-β e PDGF promove o recrutamento de mais células
para a matriz provisória. Ainda, durante a fase hemostática, a trombina tem a função
de estimular a liberação de citocinas pelas células endoteliais e monócitos.
Essas citocinas, como interferon-γ, promovem a polarização de macrófagos
M1. (BARRETT et al., 2014; HAMMER; MCPHEE, 2016; KUMAR; ABBAS; ASTER,
2016; REISNER, 2016).
Na fase inflamatória, os macrófagos M1 são responsáveis pela defesa do
hospedeiro e pela eliminação de detritos. Posteriormente, os macrófagos são
polarizados para M2 (fenótipo pró-fibrótico e pró-angiogênico) e, juntamente com a
ação de diferentes fatores de crescimento e citocinas secretados por diferentes
células, levam à fase proliferativa. Durante a fase proliferativa, há formação do
tecido de granulação, composto por macrófagos e linfócitos, novos vasos pequenos,
fibroblastos e pela nova MEC. Macrófagos produzem TGF-β1, FGF2, IGF-1 e
PDGF, que induzem a síntese da nova MEC pelos fibroblastos. Posteriormente,
VEGF, TGF-β e FGF2 promovem a angiogênese, estimulando a migração de
células endoteliais para o interior da ferida e a expressão do receptor de integrina.
O fator induzível por hipóxia 1α induz a transcrição de VEGF. Por fim, o EGF, o fator
de crescimento semelhante à insulina (IGF, do inglês insulin-like growth factor) 1 e
o fator de crescimento nervoso (NGF, do inglês nerve growth factor) estimulam a
reepitalização da superfície da ferida pelos queratinócitos e por células-tronco.
(BARRETT et al., 2014; HAMMER; MCPHEE, 2016; KUMAR; ABBAS; ASTER,
2016; REISNER, 2016).
Na fase de remodelamento, há o aumento da síntese de colágeno e a
produção da cicatriz, com alterações na organização do colágeno, induzidas pela
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lisil-oxidase liberada pelos fibroblastos. Durante o remodelamento, o inibidor
tecidual de metaloproteinase, produzido por células mesenquimais, equilibra a
degradação da MEC pelas MMPs. É importante destacar que as MMPs são
produzidas por células epiteliais e sinoviais, macrófagos, neutrófilos e fibroblastos
(BARRETT et al., 2014; HAMMER; MCPHEE, 2016; KUMAR; ABBAS; ASTER,
2016; REISNER, 2016).
Na Figura, podemos observar os diferentes fatores de crescimento
recrutados após uma lesão cutânea.
34
6.3 Fatores que influenciam no processo de cicatrização
35
A infecção é uma variável que potencializa a inflamação, elevando o dano
tecidual pelo recrutamento de células do sistema imune inato e adaptativo, com
indução de resposta inflamatória por ativação de citocinas. Assim como as
infecções, doenças de base também podem afetar o reparo do tecido. O diabetes e
a arteriosclerose podem levar à ulceração das feridas, como consequência da falta
de cicatrização e de uma vascularização inadequada, respectivamente. (KUMAR;
ABBAS; ASTER, 2016).
Fatores mecânicos, como íleo adinâmico, vômitos, tosse ou cirurgia do
abdômen podem elevar a pressão sobre a ferida, resultando em um estresse local
e posterior separação ou ruptura da ferida (deiscência). A deficiência de vitamina C
e de algumas proteínas pode resultar na inibição da produção de colágeno.
Podemos notar, então, que o estado nutricional do indivíduo pode afetar
profundamente o processo de cicatrização. Por fim, medicamentos como os
glicocorticoides enfraquecem a cicatriz, devido a seus efeitos anti- -inflamatórios,
inibindo a síntese de TGF-β e atenuando a fibrose (KUMAR; ABBAS; ASTER,
2016).
36
7 FATORES QUE INTERFEREM NO TRATAMENTO DE FERIDAS
37
crescimento celular, prejudicando a cicatrização (Sarandy, 2007). Já os fatores
sistêmicos, que dificultam a cicatrização, incluem estado nutricional, hipovolemia,
hipotensão, hipóxia, hipotermia, infecção, trauma e uso de medicamentos anti-
inflamatórios (Neto, 2003).
Várias deficiências dietéticas têm sido implicadas na cicatrização de feridas
(Halloran & Slavin, 2002). Estudos têm demonstrado que a falta de proteínas, antes
da ocorrência do ferimento, propicia a formação de reações teciduais menos
exuberantes do que quando a depleção ocorre após o ferimento (Neto, 2003). A
vitamina C (ácido ascórbico) é essencial para a síntese de colágeno e também é
necessária para a produção de N-acetil galactosamina, um componente de matriz
e tecido de granulação. Deficiências de vitamina C diminuem a resistência da ferida
à tensão e atrasam a cicatrização da lesão. O magnésio é necessário para a síntese
de proteínas e a deficiência do zinco dificulta a função das metaloproteinases da
matriz (MMPs), que são essenciais para o colágeno e fase de remodelagem
(Halloran & Slavin, 2002).
O efeito da temperatura na cicatrização de lesões está aparentemente
relacionado ao seu efeito nos tônus vasomotores periféricos. Diminuições na
temperatura ambiental exercem uma vasoconstrição reflexa autonômica, que reduz
a microcirculação local, através da diminuição da oxigenação e nutrição tecidual
(Neto, 2003). A temperatura mais baixa é um dos fatores que determinam os
diferentes padrões de cicatrização entre as diversas regiões anatômicas do equino
(Paganela et al., 2009).
Alguns medicamentos podem interferir na cicatrização de feridas,
produzindo efeitos negativos sobre a pele, tornando-a mais suscetível ao
surgimento de lesões e outras patologias cutâneas (Freitas et al., 2011). Os anti-
inflamatórios esteroidais restringem a fase inflamatória da cicatrização causando
efeito inibitório na taxa e qualidade da cicatrização. Como consequência, ocorrem
atrasos na formação de tecido de granulação, proliferação de fibroblastos e
neovascularização. Entretanto, o efeito de uma única dose de esteroides pode não
afetar as fases de cicatrização (Neto, 2003).
38
8 ETIOLOGIA DAS PRINCIPAIS ÚLCERAS
8.2 Epidemiologia
8.3 Patologia
40
8.3.2 Úlceras gástricas
41
9 LIMPEZA DE FERIDAS
42
pensos anteriormente aplicados (Baranoski & Ayello, 2006). Contudo, na prática, as
decisões sobre a utilização de determinadas soluções de limpeza têm sido
baseadas na experiência, nas políticas dos serviços e na preferência pessoal.
De modo geral, uma solução de limpeza de feridas ideal tem as seguintes
características: não ser tóxica para os tecidos humanos; continuar a ser eficaz na
presença de material orgânico; reduzir o número de microorganismos; não causar
reações de sensibilidade; estar amplamente disponível, ser eficaz em termos de
custo; e permanecer estável durante um grande prazo de validade (Flanagan,
1997).
O soro fisiológico preenche todos os critérios acima indicados. O soro
fisiológico (0,9%) é a solução de eleição para a limpeza de feridas por ser uma
solução isotónica que não interfere com o processo normal de cicatrização, não
causa lesão nos tecidos, não provoca reações de sensibilidade nem alergias e não
altera a flora bacteriana normal da pele, o que poderia permitiria a proliferação de
organismos mais virulentos (Fernandez et al., 2008; Joanna Briggs Institute [JBI],
2006; Lawrence, 1997).
A água corrente também é recomendada e tem a vantagem de ser eficiente,
eficaz em termos de custos e acessível (Angeras, Brandberg, Falk, & Seeman,
1991; Fernandez et al., 2008).
O uso seguro da água corrente para irrigação da ferida tem vindo a ser cada
vez mais reconhecido, especialmente em feridas crónicas, valendo a pena
considerá-lo como uma alternativa aceitável a outros produtos. De fato, Flanagan
(1997) argumenta que a água corrente tem sido usada durante séculos para tratar
feridas, sem que que tenha sido reportado qualquer efeito negativo. Apesar disso,
o possível risco de infeção e o facto de não ser uma solução isotónica têm sido as
duas preocupações mais citadas relativas ao uso de água corrente.
Neste sentido, vários estudos revelaram que não há diferença significativa
entre as taxas de infeção e de cicatrização em feridas irrigadas com soro fisiológico
ou água corrente (Angeras et al., 1991; Griffiths, Fernandez, & Ussia, 2001; Moscati
et al., 1998). De facto, Angeras et al. (1991) observaram uma maior taxa de infeção
em feridas irrigadas com soro fisiológico. No entanto, os profissionais de saúde têm
43
sido alertados contra o uso de água corrente na limpeza de feridas com exposição
de osso ou tendão, sendo recomendado nestes casos o uso de soro fisiológico
(Fernandez et al., 2008; Lindholm, Bergsten, & Berglund, 1999).
Por outro lado, não há consenso entre as autoridades no tratamento de
feridas relativamente ao uso de soluções estéreis ao invés de soluções não-
estéreis.
De acordo com a literatura existente, a utilização de soluções antissépticas
pode comprometer o processo de cicatrização (Thomas et al., 2009) e, como
resultado, a utilização de soro fisiológico como solução de limpeza é amplamente
recomendada (Lawrence, 1997).
Na verdade, desde os primeiros tempos que as preparações de soluções
com propriedades antissépticas são tradicionalmente utilizadas. No entanto, os
estudos publicados têm sugerido que as soluções antissépticas podem prejudicar o
processo de cicatrização. Por esta razão, o uso de soluções antissépticas, tais como
iodopovidona, peróxido de hidrogénio ou hipoclorito de sódio, tem sido
desencorajado em várias orientações e vários estudos, dado que, na maioria dos
casos, estas soluções não promovem eficazmente a correta cicatrização das
feridas. Pelo contrário, a maioria dos estudos demonstrou que a utilização destas
soluções comprometeu a cicatrização da ferida, reduziu a resistência da ferida ou
aumentou a infeção ( JBI, 2006; Kramer, 1999).
A controvérsia em torno do uso de antissépticos desencadeou o
estabelecimento de orientações relativas ao uso de antissépticos por profissionais
de saúde especialistas no tratamento de feridas. Estas diretrizes também resultaram
em mudanças na prática clínica (Fernandez et al., 2008). Há uma preocupação cada
vez maior relativamente à utilização destes produtos, bem como ao
desenvolvimento da resistência bacteriana e a possível absorção sistémica de
antissépticos. Na maioria dos casos, a seleção destes produtos não tem uma
fundamentação científica sólida.
Mais recentemente, a nova solução de limpeza com base em polihexanida
e betaína surgiu como alternativa credível aos produtos atualmente disponíveis
(Kaehn & Eberlein, 2008; Santos & Silva, 2011). Esta solução em particular é eficaz
44
no tratamento de feridas infetadas/colonizadas, fornecendo condições ideais para a
cicatrização de feridas, reduzindo o tempo de cicatrização, os sinais de inflamação
e/ou infeção/ colonização, e proporcionando um maior controlo de odores. A sua
aplicação é indolor, estando especialmente indicada para o tratamento de feridas
crónicas e de difícil cicatrização (Kaehn & Eberlein, 2008; Santos & Silva, 2011).
10 DESBRIDAMENTO DE FERIDAS
45
(utilizam-se larvas de moscas estéreis) e o osmótico (emprego de produtos com
mecanismo de ação osmolar). O desbridamento biológico tem sido relatado em
nosso país; no entanto, com larvas não estéreis. Ao optar por determinado método,
devem-se considerar o custo, o risco e o tempo demandado por cada um.
(MILWARD, 1995)
46
desvitalizado através da degradação do colágeno. Não é totalmente seletivo e pode
ser doloroso, conforme o produto adotado, sendo mais utilizadas a colagenase e a
papaína. Nos Estados Unidos e na Europa, também são aplicados curativos com
as enzimas estreptoquinase e estreptodornase. (DEALEY, 1992)
47
11 PROTOCOLOS DE TRATAMENTO DE FERIDAS
48
13 A BOLSA COLETORA: INDICAÇÕES DE USO
49
Pacientes com ileostomia: Para os pacientes com ileostomia,
recomenda-se o uso de bolsa drenável opaca, a qual deve ser
esvaziada quando estiver com um terço ou menos da metade de sua
capacidade. (BORGES; RIBEIRO, 2015).
50
Bolsa fechada Fonte: Coloplast do Brasil (2017).
51
No que se refere a bolsas de estomias com placas convexas), a
necessidade se dá pela característica da estomia no que se refere à
protrusão. Pode ser utilizada por pessoas com colostomia, ileostomia
e urostomia, com a finalidade de gerenciar infiltrações decorrentes
de estomias retraídas e entorno irregular da pele
periestomia. (HOEFLOK; PURNELLl, 2017). Considera-se
adequado para colostomias uma protrusão da alça de 5 milímetros.
Para as ileostomias e as urostomias, por sua vez, recomenda-se 25
milímetros, direcionando, dessa forma, os efluentes para dentro da
bolsa coletora, o que minimiza seu contato com a pele na área do
recorte da base. (BURCH, 2014b). A convexidade é definida como a
curvatura da placa adesiva em direção à pele. Produtos convexos
são frequentemente citados como os meios indicados para estomas
retraídos, a fim de compensar irregularidades na pele periestomia.
(HOEFLOK et al., 2017).
52
também deve apresentar uma válvula de drenagem na parte inferior,
para que seja possível ser esvaziada quando estiver a um terço de
sua capacidade (BORGES; RIBEIRO, 2015).
53
14 A PESSOA ESTOMIZADA: ESTRATÉGIAS PARA REABILITAÇÃO
54
frouxas, para evitar que o dispositivo coletor seja identificado, incorporam novos
hábitos alimentares e chegam até a se afastar do trabalho. As relações sexuais e
atividades de lazer também são prejudicadas, levando o estomizado, em alguns
casos, ao isolamento social. Esses fatos são alguns exemplos que demonstram que
a qualidade de vida fica comprometida. (SILVA, 2006)
Ao descobrir o diagnóstico que impõe a confecção de um estoma intestinal,
a pessoa pode reagir de diversas maneiras. Quando assume a atitude de não se
entregar, fazer o que está ao seu alcance para sua melhor reabilitação e buscar
informações para enfrentar a doença, tende a aumentar seu sentimento de
confiança e a apresentar melhor adaptação ao tratamento, o que demonstra positivo
enfrentamento da doença. (SILVA, 2006)
Adaptar-se a um dado acontecimento, enfrentando situações semelhantes,
de formas bastante diversificadas, depende de inúmeros fatores que englobam,
além de características pessoais, aspectos emocionais, culturais e experiências
anteriormente vividas. (SILVA, 2006)
Todo esse contexto de doença e a proposta terapêutica imposta podem
provocar estresse, fazendo com que o indivíduo utilize o coping. O processo pelo
qual ele controla as demandas da relação com o meio para satisfazer o que é
exigido pela sociedade e, simultaneamente, manter o estado físico, psicológico e
social estáveis é denominado coping, sendo efetivo quando há o controle do
estressor antes deste se tornar uma ameaça. (SILVA, 2006)
No Brasil, coping não tem tradução específica, podendo ser entendido como
uma tentativa de superar o que lhe está causando estresse, ou seja, estratégias de
enfrentamento. Essas podem não ser efetivas quando a situação ameaçadora for
conduzida de forma ineficaz, resultando em crise e acarretando desequilíbrios
fisiológicos e psicológicos. A doença, por ser um evento estressor, exige do
indivíduo respostas de enfrentamento que causam impacto em sua saúde, gerando
significativas alterações no seu estilo de vida. (SILVA, 2006)
As mudanças ocorridas no cotidiano das pessoas com estomia geram
desorganização emocional intensa, resultando em períodos de sofrimento, o que
exige a busca de algumas estratégias para enfrentar essa nova condição. Cabe
55
ressaltar que as reações ocorridas por essas mudanças dependem de mecanismos
pessoais de enfrentamento, podendo ter menos ou mais intensidade e vir
acompanhadas de sentimentos como negação, raiva, agressividade, luto, entre
outros. (SILVA, 2006)
O enfrentamento tem como objetivo aumentar, criar ou manter a percepção
do controle pessoal frente a uma situação de estresse. Ele pode ser aprendido,
usado e adaptado, independentemente do agente estressor; é um processo
dinâmico, passível de avaliações e reavaliações. Está relacionado ao repertório
individual e a experiências vividas, podendo ser focalizado no problema ou na
emoção. Dependendo do momento e da situação, as duas formas podem ser
utilizadas pelo mesmo indivíduo. (SILVA, 2006)
Quando o foco está no problema, o indivíduo objetiva realizar mudanças
diretas no ambiente, sendo utilizado com mais frequência quando a condição é
passível de ser modificada; visa ao controle do objeto causador de estresse a partir
da solução ou minimização do problema. Para resolver a situação, busca usar
informações sobre o fator estressante, analisando as alternativas de ações de que
dispõe e optando por aquela que acredita ser a mais adequada. (SILVA, 2006)
Por outro lado, ao focalizar-se na emoção, tem como objetivo reduzir a
sensação de desconforto emocional, sendo mais utilizado em situações imutáveis;
o indivíduo tende a controlar e manipular a resposta emocional relacionada à
situação causadora de estresse. As estratégias empregadas têm elevada carga
emocional e derivam de processos de autodefesa pessoal; são mecanismos de
distanciamento, fuga e esquiva, com intuito de evitar um possível confronto entre o
indivíduo e o agente estressor, visando modificar a realidade e as sensações
desagradáveis desta. (SILVA, 2006)
Ambas as estratégias de enfrentamento, focadas na emoção ou na razão,
são empregadas para dominar, tolerar, reduzir ou minimizar eventos estressantes.
O enfrentamento envolve pensamentos e comportamentos usados para gerenciar
as demandas internas e externas das situações estressoras. De acordo com Krouse
et al. (apud Silva), os homens tendem a utilizar a estratégia de enfrentamento com
56
foco no problema, como a valorização excessiva dos dispositivos coletores,
enquanto as mulheres tendem a focar na emoção.
Além da dificuldade de enfrentar a doença, por estar impossibilitado de
continuar a exercer o seu papel, o paciente passa por sentimento de impotência e
inferioridade, podendo desencadear conflitos emocionais e reações psíquicas
associadas a crenças e a padrões de comportamento que inibem sua participação
ativa no tratamento. (SILVA, 2006)
O enfrentamento refere-se “aos esforços cognitivos e comportamentais
voltados para o manejo de demandas externas ou internas, que são avaliadas como
sobrecarga aos recursos pessoais”. (SILVA, 2006)
As estratégias de enfrentamento têm como objetivo minimizar os efeitos de
situações estressantes e manter o bem- -estar, e podem mudar de acordo com a
evolução e amadurecimento do paciente. (SILVA, 2006)
Portanto, a detecção de certas doenças traz profundas alterações no
cotidiano da pessoa afetada e compromete a sua qualidade de vida, pois ela deve
se adequar à sua capacidade de desenvolver as atividades diárias. Ocorrem
modificações na anatomia, dependência, tem sua sexualidade comprometida,
sentimento de inferioridade, sofrimento, alterações da autoestima e desequilíbrio
biopsicossocial. O comprometimento do bem-estar do paciente provoca bruscas
mudanças na sua qualidade de vida. (SILVA, 2006)
57
15 EPIDEMIOLOGIA DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA E ANAL
58
São fatores contribuintes para a IA: parto, dano no esfíncter anal, má
formação congênita, constipação crônica, diarreia, problemas neurológicos,
envelhecimento, diabetes, e outros fatores (ICS, 2015 p30-31).
59
15.2 Incontinência em desordens neurológicas e não neurológicas
60
hiperatividade detrusora, insuficiência intrínseca do esfíncter uretral, cirurgias da
próstata). (FLEISCHMANN, 2003)
A IU pode ser classificada de acordo com o tipo de incontinência em: IU de
esforços, IU de urgência e IU mista. A Incontinência Urinária aos Esforços (IUE)
ocorre devido a uma deficiência no suporte vesical e uretral que é feito pelos
músculos do assoalho pélvico e/ou por uma fraqueza ou lesão do esfíncter uretral.
Essa condição leva a perda de urina em situações de aumento da pressão intra-
abdominal, tais como, tossir, espirrar, correr, rir, pegar peso, levantar da posição
sentada ou até mesmo andar. Em geral, não ocorrem perdas em repouso e durante
o sono. Essa situação é bastante frequente em mulheres. Em homens sem
alterações neurológicas importantes, esse tipo de incontinência ocorre após
prostatectomia, onde o mecanismo esfincteriano proximal é removido. Nesses
casos, a continência fica dependente do esfíncter uretral estriado e uma lesão
parcial ou total deste componente esfincteriano pode levar a IU. (FLEISCHMANN,
2003).
61
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