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Pontifícia Universidade

Católica do Paraná
Curso de Direito

PERÍODO/ TURNO
9º B - NOTURNO

NOME DOS ALUNOS


ARTUR FLEITH COUTO
LUIZ GUILHERME DELPONTE
PEDRO GALVÃO DE FRANÇA
WALMIR PACHECO CORDEIRO
WILLIAN CORDEIRO GOSLAR

DIREITO
DIREITO DE FAMÍLIA

NOME DO TRABALHO
TUTELA, CURATELA E TOMADA DE DECISÃO
APOIADA

Local, (dia /mês/ ano)


CURITIBA, 14/06/2016
QUESTÃO 1

Paulo, maior e capaz, e Eliane, maior e capaz, casaram-se pelo regime


da comunhão parcial de bens no ano de 2004. Nessa ocasião, Paulo já havia
herdado, em virtude do falecimento de seus pais, um lote de ações na Bolsa de
Valores, cujo montante atualizado corresponde a R$ 50.000,00, sendo certo
que Eliane, à época, não possuía bens em seu patrimônio. No ano de 2005,
nasceu João, filho do casal. Em 2006, Paulo vendeu as ações que havia
recebido e, com o produto da venda, comprou um automóvel de igual valor.
Em 2007, Paulo foi contemplado com um prêmio de loteria no valor atualizado
de R$ 100.000,00, que se mantém depositado em conta bancária. Agora, no
ano de 2012, o casal, pretendendo se divorciar mediante a lavratura de
escritura pública, decide consultar um advogado.

Na condição de advogado(a) consultado(a) por Paulo e Eliane,


responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados
e a fundamentação legal pertinente ao caso.

1) Pode o casal divorciar-se por meio de lavratura de escritura pública?

2) A respeito da partilha de bens em caso de divórcio do casal, qual(is)


bem(ns) deve(m) integrar o patrimônio de Eliane e qual(is) bem(ns) deve(m)
integrar o patrimônio de Paulo?
RESPOSTA:

1) Não, pois o CPC, em seu art. 1.124-A, permite o divórcio consensual


por escritura pública na hipótese do casal não ter filhos menores.

2) Integrará o patrimônio de Eliane R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)


correspondente à metade do valor do prêmio de loteria a que Paulo foi
contemplado. Esse valor entra na comunhão por ter sido adquirido na
constância do casamento, por fato eventual (art. 1.660, II, do CC).

Quanto a Paulo, integrará seu patrimônio, além dos R$ 50.000,00


correspondentes à metade do valor do prêmio da loteria a que foi contemplado,
que entrou na meação (art. 1.660, II, do CC), o automóvel, em seu valor
integral, por ter substituído a sua herança de R$ 50.000,00 pela morte de seus
pais (art. 1.659, I, do CC).

QUESTÃO 2

Maria, casada em regime de comunhão parcial de bens com José por 3


anos, descobre que ele não havia lhe sido fiel, e a vida em comum se torna
insuportável. O casal se separou de fato, e cada um foi residir em nova
moradia, cessando a coabitação. Da união não nasceu nenhum filho, nem foi
formado patrimônio comum. Após dez meses da separação de fato, Maria
procura um advogado, que entra com a ação de divórcio direto, alegando que
essa era a visão moderna do Direito de Família, pois, ao dissolver uma união
insustentável, seria facilitada a instituição de nova família. Após a citação,
João contesta, alegando que o pedido não poderia ser acolhido, uma vez que
ainda não havia transcorrido o prazo de dois anos da separação de fato
exigidos pelo artigo 40 da Lei 6.515/77.
Diante da hipótese apresentada, responda aos itens a seguir,
empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal
pertinente ao caso.

1. Nessa situação é juridicamente possível que o magistrado decrete o


divórcio, não obstante não exista comprovação do decurso do prazo de dois
anos da separação de fato como pretende Maria, ou João está juridicamente
correto, devendo o processo ser convertido em separação judicial para
posterior conversão em divórcio?
2. Caso houvesse consenso, considerando as inovações legislativas, o ex-
casal poderia procurar via alternativa ao Judiciário para atingir o seu objetivo ou
nada poderia fazer antes do decurso dos dois anos da separação de fato?

RESPOSTAS:

1. A Emenda Constitucional 66/2010 deu nova redação ao parágrafo 6º do


artigo 226 da Constituição Federal, excluindo a exigência do prazo de 2
(dois) anos da separação de fato para o divórcio direto, motivo pelo qual
o magistrado poderá decretar o divórcio como pretende Maria, já que o
dispositivo da Constituição prevalece sobre o artigo 40 da Lei 6515/77,
por se tratar de norma hierarquicamente superior à legislação federal.
2. A Lei 11.441/2007 acrescentou o artigo 1.124-A ao Código de Processo
Civil possibilitando a separação consensual e o divórcio consensual em
cartório, através de escritura pública e observados os requisitos legais
quanto aos prazos, como uma forma alternativa de resolução de
conflitos de interesses ao Poder Judiciário. Assim, o ex-casal, por não
haver filhos menores e haver consenso no Divórcio, já que a Emenda
Constitucional 66/2010, que deu nova redação ao parágrafo 6º do artigo
226 da Constituição Federal, acabou com a exigência do decurso do
prazo de 2 (dois) anos da separação de fato para a dissolução do
casamento pelo divórcio, poderá efetivar o divórcio direto em cartório,
valendo-se da autorização dada pelo artigo 1.124-A do CPC.
QUESTÃO 3

José iniciou relacionamento afetivo com Tânia em agosto de 2009,


casando-se cinco meses depois. No primeiro mês de casados, desconfiado do
comportamento de sua esposa, José busca informações sobre seu passado.
Toma conhecimento de que Tânia havia cumprido pena privativa de liberdade
pela prática de crime de estelionato. José, por ser funcionário de instituição
bancária há quinze anos e por ter conduta ilibada, teme que seu cônjuge
aplique golpes financeiros valendo-se de sua condição profissional. José,
sentindo-se enganado, decide romper a sociedade conjugal, mas Tânia, para
provocar José, inicia a alienação do patrimônio do casal.

Considerando que você é o advogado de José, responda aos itens a


seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação
legal pertinente ao caso.
1. Na hipótese, existe alguma medida para reverter o estado de casado?

RESPOSTAS:
1. É uma Ação de anulação de Casamento, com base no art. 1.557, II, CC,
pela ignorância do cônjuge quanto à prática de crime anterior ao
casamento pelo outro cônjuge.

QUESTÃO 4

Antônio é casado com Maria pelo regime de participação final nos


aquestos. Quando do pacto pré-nupcial Antônio estabeleceu que seu
patrimônio era de R$ 300.000,00 – trezentos mil reais; e, o patrimônio de
Maria, por sua vez, era de R$ 350.000,00, depositados em conta corrente
particular. Durante o seu casamento Antônio recebeu uma doação de seu pai,
uma fazenda no valor de R$ 400.000,00 – quatrocentos mil reais. Maria
adquiriu onerosamente durante o casamento um patrimônio de R$ 280.000,00
– duzentos e oitenta mil reais. Diante destas informações, determine.
1. Qual ou quais são os valores e ou bens que serão considerados para o
cálculo da participação final nos aquestos na dissolução do regime de
bens.
2. Qual ou quais são os valores e ou bens que serão excluídos do cálculo.
3. O valor da participação final nos aquestos – se houver.
4. Qual o valor patrimonial total que cada cônjuge sairá deste casamento.

RESPOSTAS
1. Antônio – patrimônio de R$ 300.000,00 + doação R$ 400.000,00 +
onerosamente R$ 280.000,00 = R$ 980.000,00
Maria – patrimônio de R$ 350.000,00 + onerosamente R$ 200.000,00 =
R$ 550.000,00
Valor para o Cálculo – R$ 280.000,00 + R$ 200.000,00 = R$ 480.000,00
÷ 2 = R$ 240.000,00
Maria ganhou menos onerosamente R$ 200.000,00
PFA – O que falta para chegar no R$ 240.000,00
PFA = R$ 40.000,00
2. Valores excluídos = Antônio R$ 700.000,00 e Maria R$ 350.000,00
3.

ANTONIO MARIA
R$ 300.000,00 R$ 350.000,00
R$ 400.000,00 doação ...................................
R$ 280.000,00 R$ 200.000,00
R$ 40.000,00 – PFA R$ 40.000,00 + PFA
Final – R$ 940.000,00 Final – R$ 590.00,00

QUESTÃO 5
Antônia, viúva de Manoel, contrai segundas núpcias com Joaquim, no
dia 31 de Outubro de 2005, após regular procedimento de habilitação. Do
casamento entre Antônia e Manoel nasceram Manoel Júnior e Antonieta.
Ocorre que Antônia, quando casou com Joaquim, ainda não havia realizado o
inventário dos bens de Manoel. Considerando apenas os fatos narrados,
pergunta-se:
1) O casamento entre Antônia e Joaquim é nulo? Por quê?
2) Qual o regime de bens aplicáveis, como regra, a casos como o
narrado acima? A resposta dever ser justificada, inclusive com a menção dos
dispositivos legais aplicáveis.

RESPOSTAS
1) Não se trata de nulidade do casamento de Antônia e Joaquim,
apenas submissão a uma causa suspensiva, ou seja, enquanto não der o
inventário respectivo, sofrem os referidos, especialmente a primeira, restrição
do direito de casar. Conforme descreve o artigo 1523,
I: “o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não
fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros”. Porém, se
comprovadamente, não ocorrer prejuízo, os nubentes podem ser autorizados
pela regra do parágrafo único do art. 1523: Parágrafo único. É permitido aos
nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas
previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de
prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa
tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar
nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
2) Assim, o regime aplicável ao caso é o separação de bens consoante
dispositivo 1641 I “I - das pessoas que o contraírem com inobservância das
causas suspensivas da celebração do casamento”, tanto pela inobservância
das suspensivas, quanto pela necessidade de suprimento se for o caso do
pedido de dispensa de aplicação da restrição do parágrafo único do art. 1523
supra (tomado esse caso como variação de suprimento).
QUESTÃO 6

Márcio e Renata casaram-se há dez anos sem estabelecer pacto


antenupcial. O marido adquiriu com o fruto dos últimos cinco anos de seu
trabalho um valioso apartamento na capital de São Paulo. Há dois anos Márcio
herdou do seu pai uma casa no Guarujá e uma outra em Campos do Jordão.
Essas duas últimas propriedades renderam um total de 100 mil reais em
aluguéis no último ano, que foram utilizados na aquisição de um veículo
importado. No ano passado Renata ganhou de seu tio uma casa em Atibaia
vendendo a mesma para adquirir outra em Campinas. No mês passado, Márcio
jogou na loteria esportiva e ganhou dez mil reais.
1. Determine de quem é a propriedade legal de cada um dos bens
mencionados na questão, justificando legalmente.
2. Quanto ao valioso apartamento da capital, caso Márcio deseje vendê-lo,
precisará da anuência de Renata?

RESPOSTAS
1. No silencio dos nubentes vigora o regime da Comunhão Parcial de Bens
prevista no Art. 1.658 e ss. O apartamento na capital de são Paulo é
comum da constância do casamento. A casa herdada do pai na cidade
de Guarujá e a de Campos de Jordão são comunicáveis, pois foi
adquirido por herança de seu pai, prevista no artigo 1.660, III, do CC. A
residência de Atibaia que ganhara de seu tio a título de doação também
é comunicável, prevista no art. 1.660, III, do CC. O valor de R$
10.000,00 ganhado na loteria federal é comunicável a Renata, pois foi
adquirido após a comunhão.
2. Quanto ao valioso apartamento na capital, márcio precisará da anuência
de Renata, conforme previsto no art. 1.647 do CC ou seja precisa da
OUTORGA UXORIA.

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