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O que nos faz humanos ?

O que nos faz ser tão diferentes dos animais que


nos cercam ? Bom, para Aristóteles seria o fator raciocínio e nossa forma de usá-lo, de
saber usá-lo. Para ele continuamos sendo animais porém temos a capacidade de
raciocinar e nós agrupar/conviver a partir desse ponto inicial. Para ele é assim que
podemos distinguir o que seria um indivíduo, um humano, e eu sei que todos vão
pensar em alguma hora sobre alguma pessoa mais lerda ou mais idiota e pensar ´´nossa
ela não é um ser humano então´´ mas é bom lembrar que os limites estabelecidos
socialmente para o que é agradavel socialmente ou não, não é bem o foco desse
capitulo. Aqui, se a pessoa consegue pensar já pode ser considerada um indivíduo no
geral , conceitos gerais e de sociedade são diferentes, relembrando :).

Bom, tais conceitos se atualizam com Giovanni Pico della Mirandola que nos
traz uma visão mais pessimista por assim dizer. Em seu livro Discurso sobre a
dignidade humana o filósofo lança uma pergunta crucial até hoje na filosofia
moderna, que seria a seguinte:o que há de admirável em sua essência que dê a ele
maior dignidade em comparação aos demais? No cristianismo o ser humano seria
também um intermediário entre Deus e o animal mas Mirandola não acha isso
suficiente porque essa lógica propõe uma hierarquia social onde o humano não teria a
patente mais alta. Na visão clássica, se o ser humano está acima dos animais mas está
abaixo do universo e de Deus o que torna injusto toda essa lógica vendo que não faria
sentido o ser humano ser um ser intermediário.

O que faz um ser humano ser digno? Mirandola nos responde isso com um
mito; Deus criou tudo, todas as criaturas, e deu a cada uma delas um modelo, um
arquétipo, um projeto, que se caracteriza na natureza animal. Mas, quando foi criar o
ser humano, já havia esgotado todos os modelos. Então, Deus cria a humanidade sem
arquétipo, sem modelo, em suma, sem uma natureza própria. Esse mito nos faz pensar
que só é digno de relevância que se entende mesmo não tendo uma natureza

Jean Rousseau tinha conceitos diferentes e dizia que o principal critério para
identificar a identidade interpessoal do ser humano e consequentemente
diferenciar-nos de animais é o fato de que um humano consegue fugir do comum. Um
leão é programado para ser um leão e ele não vai sair disso, enquanto o humano
consegue ter sua natureza alterada por sua vontade, claro que o instinto já próprio
acaba atrapalhando o fator mudança muitas vezes, mas o humano ainda consegue ter a
capacidade de mudar por sua própria vontade.
Sartre vê que o ser humano precisa construir seu próprio projeto. Se há uma natureza
humana, a vida humana tem uma finalidade específica. Mas, se não há, o ser humano
está obrigado a escolher, construir seu próprio ser. “O homem está obrigado a ser
livre”, quando Sartre fala sobre essa suposta liberdade ele quer dizer que nós humanos
somos livres em escolher nosso próprio destino e caminho e caso você ( de uma forma
geral ok) não tenha um mínimo plano sequer sobre o que fazer de sua vida, então de
nada serve.
O filósofo em questão vai contra duas importantes linhas de pensamento que
seriam elas o marxismo e o cristianimo. De forma rude de se dizer ambas têm o
mesmo modelo de pensamento; na católica basicamente seus comportamentos são
justificados pelo propósito divino enquanto no marxismo já seria um propósito vindo
da sua determinada classe social. Sartre dirá o seguinte: se o ser humano não é
propriamente uma criatura, se não é exemplar de nenhuma classe, se não segue
qualquer projeto que lhe seja anterior, em suma, se sua existência precede sua
essência, então é preciso admitir que o ser humano não está ligado a nenhum destino
em particular, como é o caso de tudo aquilo que é projetado e fabricado.
Assim chega-se à conclusão que, de acordo com o modo de pensar de Sartre,
nós humanos somos capazes de criar nosso próprio destino e nosso próprio caminho
consequentemente. A liberdade aprisionadora de Sartre se dá em questão ao fato de
que por mais que sejamos livres de certa forma ainda nos prendemos em nós mesmos
tentando achar uma forma de seguir já que não temos nada predestinado.

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