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Cabra ooo SCLUSAO de MAIO E-BOOK PROPORGAO AUREA Capitulo 3 do livro: ESTETICA E COSMETICA em clinica integrada restauradora Dr, José Mondelli, 2008, 1° edi¢ao Capitulo 3 PROPORCAO ae AUREA - Fundamentos da Proporcao Aurea Formas em Proporcao Aurea Proporgao Aurea Aplicada 4 Odontologia Porcentagem Aurea Capitulo PROPORCAO AUREA “Este fendmeno possui em seu drnago propriedades tinicas e parece tao mi fico nas suas qualidades que confunde a imaginacao ¢ frustra o ntendinaen- to.” Robert M. Ricketts CONSIDERAGOES GERAIS E IMPORTANCIA HISTORICA A ideéia da beleza acompanha o pensamento humano desde os pri- meiros registros de sua existéncia. Quem observa as pinturas pré-hist6- ricas como as da caverna de Lascaux, na Franca, nao consegue deixar de imayinar que os homens da tdade da pedra ja tinham um apurado senso estético muito antes de inventarem a roda. Os gregos antigos tratavam a beleza como algo sobrenatural, um si nal da presenca divina. Na Idade Média, os teSlogos catélicos cultiva- vam uma atitude ambivalente em relagao a ela. Eles temiam a beleza como tentagio demonjaca e vaidade mundana. Ao mesmo tempo, reve- renciavam-na como sinal da graca de Deus, j que o homem teria sido feito. sua imagem e semelhanca. O escritor alemdo Thomas Mann (1875 1955) definiu-a. em seu romance Morte ent Veneza. como “a tiniea virkucle que podemos perceber por meio dos nossos sentidos”. As demais virtu- des, como a bondade, a sabedoria e a verdade, sao invisiveis. De todas as formosuras, a mais pocerosa é aquela que diz respeito a0s préprios seres humanos. No mundo inteiro, gasta-se mais coma bele- za do que com a educagao. Futilidade? O escritor russo Ledo Tolstéi (1828— 1910), que de fitil nao tinha nada, lamentava o fato de ter “o nariz muito grande, os labios grossos demais e um par de olhos pequenos e tos”, Segundo ele, “nada causa um impacto maior no desenvolvimento de um homem do que a sua aparencia, nao tanto a aparencia real quanto a sua convieeao de ser ou nao atraente”. A literatura geral ¢ especializa- da demonstra fartamente o que a ciéncia tem feito para entender esse fenémeno misterioso que leva muitas pessoas a atravessar oceanos para apreciar as maravithas da natureza e da criagao artistica ou a gastar boa parte de seu dinheiro com roupas, cosméticos e gi 81 Estéticae Cosmética em Clinica Integrada Restauradora [Proporta durea ~ uma formule mmatemdtica para definir a arnt: nia nas proporgdes de qualquer f- gua, escudburt, estrutura ou. mio- mumento. Ninguém levou a beleza to a sério quanto os antigos gregos. Eles olhavam para a natureza ¢ ficavam imaginando se seriam capazes de reproduzir aquilo que os deuses desenharam ou produziram. Na busca de uma explicagao racional para o belo ou para a logica da natureza, eles descobriram eestabeleceram os conceitos de simetria, equilibrioe harmo- nia como pontos-chave da beleza de um conjunto,** Asnecessidades de preciso dos arquitetos e escritores gregos resulta- ram no descobrimento de férmulas mateméticas para controlar a preci- sio da morfologia de objetos ou edificagoes que eram consideradas boni- tas. Apenas uma pequena porgao dessas formulas sobreviveu, como as proporgoes de Platao, Polyclitus, Lysippus e principalmente a de Piti- goras. As estruturas, monumentos, esculturas e pinturas derivadas des- sas formulas, que envolviam v conceily de hennvuiia, eyuiliLaiv, sin tria e proporcao, foram estudadas por filésofos ¢ matematicos e aplica- das pelos artistas, arquitetos, engenheiros durante aquela época e por varias geragdes. Dessa procura incessante, resultou e pontificou a proporcio éurea, também chamada divina ou “magica” — uma formula matematica para definir a harmonia nas proporgdes de qualquer figura, escultura, estru- tura ou monumento. Uma lei natural, denominada por Luca Pacioli, em 1509, “Proporcao Divina”, e por Kepler, em 1600, “Propriedade Divina”, ja era conhecida desde o inicio da histéria da humanidede e registrada no Egito antigo, tornando-se popular na arte romana e arquitetura grega. “Este fendme- no posstti em seu amago propriedades tinicas e parece tao mistico nas suas qualidades que confunde a imaginagio e frustra 0 entendimento.”? AS partes, elementos, formas, estrutures ou conjuntos organizados em proporcao aurea parecem mostrar uma nogdo de beleza maxima ¢ fun- do mais eficaz ou proficiente. Essa relacao proporcional constitui uma Tei natural de Crescinento, para os reins antinval e vegetal, e é encontra- da nas suas anatomias e aplicada na arquitetura ¢ obras de arte. A pro- porgio durea ¢ reconhecida como um principio organizador e uma dire triz segura para atingir a plenitude de beleza da natureza.” Assim, tudo que cresce no universo, a excecao do mundo mineral, cresce segundo 0 ritmo da seccao 4urea. O artista quase sempre é influenciado pela beleza da natureza e tenta colocar essas caracteristicas em suas obras, a fim de imité-la.*" Esea relacio de proporcionalidade atraiu os primeiros artesdes e pin- tores, que criaram belas obras de arte nao somente para agradar aos sen- tidos como também para tentar atingir a plenitude da beleza natural. Assim, as pirdmides, 0s monumentos, es esculturas gregas, as catedrais goticas e objetos de arte foram intuitivamente construidos com o uso de proporgdes matemiéticas ou geométricas. Tais construcdes foram erguidas sem célculo algébrico e edificadas empregando-se comprimentos de cor- das ou tires de couro esticadas para manter os varios lados das paredes € colunas em proporcio, Desse modo, embora de maneira oculta, cla estd presente em obras tio dispares como a Piramide de Queops, 0 Parthenon de Atenas ou uma pintura de Leonardo da Vinci (Figs. 3.1, 3.2 € 36). Esse relacionamento, constante nos trabalhios do renascimento ita- liano, também pode ser encontrado tanto na composigao dos grandes pintores classicos, quanto na dos modemos. Assim, uma andlise meticu- losa de algumas obras de arte evidencia sua habilidosa aplicacao Fig, 33) Capitulo 3~Proporcito Aurea Fig. 3:1: A~desenho esquemiélico representative da pirimide de Queéps, exemplo de aplicagao da proporgao éurea na itetura egipeia: maior AB= 1,618; menor BC= 1,00; B ~ pirdmides do Egito. Fig. beradamente utilizada, Por isso apresenta caracteris 0 Parthenon foi construido, segundo © conceite pitagoriano, por Phidias e outros; a seccao de ouro foi deli- ica singular e tinica, nunca atingida por outros menumentos. As colunas do Parthenon nao sio idénticas, porém mantém entre si uma relagao constante, dai a sua perfeicao e sublim: 1. Seccionando-se suta fachada pelo método infografico, formam-se um quadrado e um retangulo menor em posigao ‘vertical, Suas linhas horizontais formam um retangulo horizontal que obedece exatamente as dimensdes éureas. Devido a Phidias, famoso escultor grego que usou vastamente a pro- porcdo durea, em especial na construgdo do Parthenon (Fig; 3.2), essa correlacao foi chamada pelos matematicos do come¢o do século XX de Phi, simbolizando as letras gregas da primeira parte de seu nome. A ins- tituicdo Phi € to comum que é usada similarmente ao Pi, 0 qual qual- ‘quer estudante do ensino basico conhece 20 analisar circulos e esferas. O Phi foi relacionadoa varios aspectos de beleza daquela 6poca e simboliza~ vaa chamada“ propriedade divina” da relacao de Fibonacci ou a “propor- fo divina” de Pitagoras. Desde sua formulacao na antigitidade, esta proporcio, chamada de “proporcao divina, proporcao éurea, proporgao de ouro, proporgio dou- rada” ou “seco de ouro” ou “seccao perfeita”, atraiu a atencao de misti: cos, fildsofos, artistas e cientistas, os quais viram nessa relacao “uma ideéia utilizada pelo Criador para gerar o similar a partir do similar” ist | Estética e Cosmética em Clinica tntegrada Restauradora Fig. 3.3 — As proporcdes morfoldgicas sao Esse ntimero misterioso ¢ mistico continuou a ser estudado ¢ interpretado, culminando com a extensao de sua forma linear para a forma de superficie. Mui réncia a essa divina proporgao como aquela que atinge 0 equili- brio das formas, constantemente enfatizando seu valor estético. Aafirmacao de que a divisao de uma superficie pelo ntimero de ouro gera um apelo especial, transmitindo e irradiando beleza, explica a constante referencia ao axioma basico do conceito pita- goriano: “Tudo esté no niimero.” (© primeiro filosofo a se ocupar com a beleza foi Plato (427 aC-347 aC). Para ele, belo era tudo aquilo em que as partes se agrupavam de um modo coerente para compor a harmonia do con: junto, Arietstoles (384 a.C.-322 a.C,) introduziu uma idéia-chave: a da simetria. Ela podia ser entendida tanto de uma forma estrita, quan- os artistas fizeram e fazem refe- do lados opostos de uma figura dividida por um eixo central so exatamente iguais, quanto num sentido amplo, de proporcao e equi- rio entre as partes. Plotino (270 a.C. 205 a.C.), um filésofo roma~ no, acreditava que para uma coisa ser realmente bela, nao bastava a ia aparéncia geral ~ a harmonia precisava estar presente em cada detalhe, “A beleza nao pode ser construida a partir da feitira”, dizia Fssas teorias pretendiam criar padres universais para 0 bonito € 0 feio. As mesmas férmulas que detiniam o tamanho ideal de um d Huturalmenteintegradesesta composigay HFS eram Validas para uma pessoa, uma palsagem ou uma flor. atual em que um sistema de linhas ¢ vol O conceito de beleza corresponde freqtientemente & harmo- me semesclam com os requisites estéticos nia nas proporedes. A proporgéo origina-se da nogio de relaciona- liamon, 1999). 1al(Ma- mento, porcentagem ou medida na sua determinacao numérica e implica na quantificagao de normas que podem ser aplicadas a cada realidade fisica. A idéia da aplicagdo dessa linguagem as ar- rquitetura como um critério objetivo de avaliacao despertou a c30 de geragies de fildsofns, matematicas, artistas, arquitetns, gedmetras e outros estudiosos, desejosos de provar a hipdtese de que a beleza também poderia ser expressa matematicamente ou quantificada. ‘A elaboracdo de uma formula matemdtica, com base nos elementos empregados por Euclides, que continha uma proporgao no relaciona- mento harménico entre as partes, atribuida a Pitigorase conhecida como Gigs. 38 e 3.9), ‘A proporsao é de 1,0 para 1,618 que, em ntimeros inteiros, pode ser expressa como 3 para 5; 5 para 8; 13 para 21; 34 para 55 e assim progres- sivamente (a soma de dois numeros anteriores forma 0 seguinte e sta razdo tende para 1,618). Essa qualidade é exatamente a mesma observa- da na série ou relacao de Fibonacci. Tal relacéo ligou a geometria a mate~ matica, pois essa ciéncia foi batizada de “geometria sagrada” ou “magi- ca dos ntimeros” Presume-se que a férmula de Pitégoras e a série de Fibonacci tenham surgido da simples observacao do corpo do homem por ele mesmo ou de algumas formas encontradas na natureza. Como o corpo humano tem essas relacéies proporcinnais, era de se esperar que se considerassem ta bém harmoniosas as formas que tivessem relagSes proporcionais, ape sar de desiguais. Para tanto, pode-se tomar uma linha e corté-la, seccioné-la ou de marcé-la em um ponto, de tal modo que a proporcao entre as partes menor e maior scja igual a existente entre a parte maior eo todo. Dividin- do uma coisa pela outra, os gregos chegaram ao ntimero irracional 1,618. tes proporgio aurea ou divina, deu crédito a essa hipstes [A percepeio da beleza como una xpresade corporal pods variar de sum indioidno para outro...J Qualquer coisa, uma linha, uma grandeza, uma parede, dividida por 1,618, resulta em duas partes desiguais cujo ponto de divisao (ponto ureo) estabelece uma relacao proporcional e harmonica entre elas (Fig. 3.12). ‘A proporcao durea poite ser definida como a correspondéncia harménica entre duas partes desiguais, na qual a relagio entre a parte menor € a maior é igual a relagio entre a parte maior ¢ 0 total da soma das duas partes. Essa proporcao durea parece ter propriedades tinicas e impressio- nantes, com uma qualidade dinamica que por alguma razao atrai a aten- doe égravada no subconsciente e pode ser notada na natureza (filotaxia), em animais e no corpo humano como algo belo, harménico ¢ equilibra- do,” Essa caracteristica dinamica da proporgio durea significa que ela traduz acdo, vida e continuidade, o que tem sempre atraido as artes pela satisfagao, serenidade e euforia que transmit. ‘A morfologia estética esta baseada na nogio da beleza e na teoria ma- tematica do corpo proporcional naturalmente ligado ao conceito pitagoriano. Polyclitus (440.a.C.), que produziu um estudo matemético da beieza, Lonisiderado o primeiro ensaio tedrico das artes, O Canon, afirmou: “A beleza, finalidade da arte, depende da simetria de todas as partes do corpo e da relacdo existente entre essas partes € entre cada uma delas €0 todo; a beleza depende de uma infinidade de diferencas ¢ dos resul tados da harmonizaco de uma multiplicidade de nimeros.” Sua esté: tua, O Doryphorus, baseada no calculo de 7 ¥4 (sete e mea) vezes a alture da cabeca para 6 corpo taco (relagao de 1:1,333), foi considerada ejulgade como a consolidacao das leis essenciais da natureza (Fig. 3.4). Nessa es tatua, percebe-se no apenas a beleza de um corpo de atleta proporcio nalmente esculpido, mas também a materializagao de um dos primeiro: ensaios tedricos das artes, ‘A percep¢ao da beleza como uma expressao corporal pode variar dé um individuo para outro, de uma civilizagao para outra ¢ de um grup. Gtnico para outro. As proporcdes julgadas bonitas variam com a época porém, algumas se tornaram doutrinas ow padroes de beleza. ‘Aarte grega elevow os principios da estética av nivel da consciéncia Ela fez desses principios os objetivos da arte e deu estrita expressio « eles, aplicando relacoes proporcionais, estabelecendo a fundagao da har monia. Sob a influéncia do conceito pitagoriano, os escultores gregos de século IV aC. utilizaram o nimero dourado nas proporgies das sua: estatuas. No Apollo Belvedere (Fig. 3.5), que tornou o escultor romanc Lysippus (320 a.C.) uma celebridade, todo 0 corpo estava proporcional « ito vezes a altura da cabeca, numa relacao de 1:1,250.°" Mais tarde, os padiroes gregos e romanos foram adaptados por un dos artistas italianos mais famosas, Leonardo da Vinci (1452-1519), que reproduzin as proporcdes de Pitégoras em um clissico desenho, Sauan of the Ancients (Fig. 3.6B). Esse desenho, revelador do interesse de Di Vinci pela matematica e medidas humanas ideais, ilustrou o livro de monge franciscano Luca Pacioli, De Divina Proportionale (A Proporgac Divina). Em seu livro, Pacioli mostrou a proporcao aurea em diferente locais, da forma humana a construcdes e pinturas e, segundo ele, Deu escolheu o corpo humano como um codigo para expressar a formula di Fig. 34 -O Doryphorus, de Polyclitus tu estitua 0 corpo estd proporcional a7 % Estéticae Cosmética om Clinica Integrada Restanradora Nes. (ete e meia) ve7es a altura da cabeca, Fig. 3.5 — Apollo Belvedere, de Lysippus, na qual todo © corpo esté proporcional a cite vezes a altura ca cabeca. tudo que é belo. que 0 homem é a medida de todas as coisas ¢, é também o que ha de mais importante no mundo. £ a obra-prima da filogenia e & a obra-prima de si mesmo.” De acordo com a definigao proposta por Leonardo da Vinci, as proporgdes ‘Afirmavam os gregos com justa razao de uma face ideal di iam estar relacionadas em tercos ‘ou retangulos dureos, um para cada segmento facial (Fig, 3.6A). Segundo Da Vinci, “nenhuma investigacao huma- na pode ser considerada ciéneia se ndo abrir © seu cami- nho por meio da exposicéo ¢ da demonstracéo matemé- tica”. Os cirurgides plisticos na atualidade avaliam a be- Jeza do corpo humano com base na mesma tegra e na pro- porgéo éurca. Elea obscrvam, por exemplo, q entre a cintura/quadril e busto/quadril apenas gera apa- a relagdo réncia estética quando esté numa relacao entre 0,6 e 0,7 {proporgies ideais para 0 corpo dos modelos feminines). 4 idéia mais importante que resulta dessas regras 6 que aoa aparénciaé a normaoua média, Aavalia ‘oda propor- cdo humana verificada pela referéncia aos padroes gregos e romanos ao longo do tempo recebeu aprovagio estética und nime. Entretanto, a introducao de parametros atualizados pode servir como um ingrediente necessério para alcancar a caracterizagao da proporgao humana. As regras modernas, estabelecidas cientificamente e ba- seadas na anat omia € nas proporgées médias do corpo hu- mano, foram inicialmente aplicadas na obra Rules of He Siu dio, de Charles Blanc. Mais recentemente, em 1950, Le Corbusier desenvolveu uma escala baseada nas proporcées dureas do corpo huma- no, que cle penzava integrar um eopago vivo dimensional de acorcio com seus movimentos e posicdes.” A harmonia nas proporgdes 6 definida atualmente como um principio estético; parte da beleza essencial Dessa forma, iniciou-se o desenvolyimento dos estudos sobre estética, dominados por uma abordagem psicolégica os conceitos de simpatia, forma e comportamento, que eclip- saram as pressuposigées da este! virtual a crenca de que a natureza ea beleza deveriam depen- der apenas de regras numéricas originadas de um desi real de simplificagao. Embora pela raza0 dos fatos a propor- cao seja matemetica, atualm binar a quantificacdo numérica da beleza com sua quantifi- cagio psicofisica,! que ¢ a sensibilidade clinica do profis ica matemdtica, tornaram nte parece mais pertinente com- Um advogado pode interpretar essa relagao como sendo simplesmente um conjunto de elementos para formar um jufzo, mas o matematico a encara como um dosafio para ox- ploragdes mais profundas. O metafisico a aceita como uma questao de ordem divina e o bidlogo a considera um fendme- no bisico da natureza. O clinico pode empregar esse princi- pio como guia no diagnéstico ou tratamento. Capitulo3 - Proporga jo Aurea | 37] B 3.6: A~na célebre pintura da Monalisa,a mais popular ce Leonardo da Vine, poce-se notar 0 respeito pelas pro- orgies morfologicas, quesao naturalmente integradas na composicao do conjunto todo. O artista aplicou um sistema de Tinhas, formas ¢ volume de um retingulo Sureo que se mescla com seus conceitos intelectuais de percepcao visual e csttiea, irradiando e transmitindo bele7a, harmonia, sorriso suave e atratividade sem tensio visual. B ~ proporyes reproduzidas por Da Vinci nocléssico desenho Square ofthe Ancients, em quea partir das extremidaces da figura cle tragou tum circulo (feminino) etum quadrado (masculino),que possibilitam identificar as proporcoes dureas do corpo h FUNDAMENTOS DA PROPORGAO AUREA Embora possa parecer de dificil interpretagio e até desnecessirio, 0 conhecimento dos fundamentos basics e dos célculos que envolvem a proporcio durea sao essenciais para embasar técnica ¢ cientificamente asta aplicagao em casos clinicos nos quais a estetica deva ser efetivamente cousitlesade, ‘Como salientado anteriormente, as definigdes das leis de beleza harmonia foram uma constante preocupagao dos filésofos e matemsti- cos gregos. Para eles, a conexao da beleza com os valores numéricos se- gue a filosofia de que a beleza sempre ¢ fundamentalmente exata. Uma teoria ha muito tempo aceita, da divina proporcio ou proporcao aurea, a qual foi formulada por Pitagoras a partir dos elementos empregados por Euclides, em que duas partes desiguais possuem relagoes harménicas, nao apenas simboliza a beleza ¢ 0 conforto em nivel primitivo, como também 6 0 segredo da morfologia normal. Constitui uma lei natural de crescimento, tanto para os vegetais quanto para os animais. Assim, duas partes independentes podem ser relacionadas nessa proporcdo e podem contribuir com outras em relagdes harmOnicas. As partes relativas tam. bém podem ser uniformes em relagao as outras, dai a origem da equagac harmonica. Estél Férmula de Pitagoras eCosn auradora ‘aem Clinica Integrada Quando se fala de proporcao, fala-se de raz3o. Razo é 0 termo usado para se referir a relacdo em grau ou niimero entre coisas simila- res. Pode-se dizer ainda que a razdo de duas giandezas da mesma espécie 6 aquela exprossa pelos niimeros correspondentes as suas me- didas, quando aferidas com a mesma unidade (Fig, 37). Assim, dados os segmentos AB e CD, sendo AB =3e CD = 5, dir-se~ A que a tazao entre eles 6 de3 +5 =0,6 05 +3=1, isto é, obedecem a uma proporgio constante apesar de desiguais, A determinagao do comprimento dessas duas partes desiguais, mas proporcionais, chamada por Euclides de “divisio de uma linha em ex- trema e média razao”, deu origem ao ntimero de ouro (1,618 ou 0,618, respectivamente na multiplicacdo e divisao das proporcdes geométri. cas), ntimero este que & a razao entre duas grande~ zas, uma maior ¢ outra menor, conduzindo a igual- dade, de acordo com a seguinte formula matematica: o 1 2 3 = Met =_Ma_=_2_=_2_=0618 Ma Me+Ma 1415 3,236 “ - ou Onde. Ma = Me+Ma = 14/5 = 1,618 ‘grandeza menor 0 1 2 3 4 5|| “Me ~ Ma 2 “grandoza maior Ao observar a diferenca existente entre as duas férmulas, notamos que a primeira inicia a divisao da menor parte pela maior e a segunda estabelece justa~ mente 0 contrério, a maior pela menor, porém sao apenas formas diferentes de expressar a mesma pro- Fig. 37 - O niimero 3 exprime quantas vezes a unidade esta contida na primeira grandeza. O niimero 5 exprime ‘quantas vezes a unidace esté contida na segunda grande- porgao aurea. Este talvez scja o motivo de confusdo entre mateméticos, artistas e também dentistas, ao za;as duas grandezas sao diferentes, mas obedecem a uma proprio constante.® Andlise do pentéagono se referirem sobre o valor do ntimero de ouro (0,618 ou 1,618) ou a relagao aurea (1,0:1,618 ou 0,618:1,0). A descoberta desse intrigante relacionamento na harmonia entre duas partes desiguais foi atribuida a Pitdgoras, que se baseou no pentégono regular e nas cinco pontas de uma estrela (Fig. 18) para estabelecer a proporgao 1,0 para 1,618. E um fator constante, po- dendo scr derivado de diversos métodos, como por exemplo pela bis secgao de uma linha, a partir de um triangulo dureo do pentagono ou pela diagonal da metade de um quadrado. Uma estrela de cinco pontas pode ser vista, por exemplo, no centro de uma maga, nos formatos de uma carambola ou de ume estrela do mar e em infinitas manifestacdes da natureza (Fig. 3.11). Desse modo, o simbolo secreto de Pitgoras foi 0 pentagono, com sua estrela de cinco pontas, que constitui a representa~ do geométrica da proporcio durea. Um pentagono dureo é o resultado da conexdo dos pontos de uma esitela de cinco pontas, em que todos os cinco lados tém comprimentos iguais (Fig. 3.8) e representa o simbolo da escola pitagoreana, cujos se- Capitulo s~Proporso Aurea Estrela de cinco pontas | Divisio em cinco tidngu: los dures e formagao de ‘um pentagono interno, rogular (pontaculo) Essas conex6es formam trangulos em relagoes de proporcao aurea no pentégano: ‘seopdo maior AB = 1,618; secc0 menor B Ww ‘Aadigo do extreme menor ao maior divide uma | linha por essa proporgéo. r A conexdio externa dos vertices da estrela forma 0 ppentagono maior e a diisdo interna forma entagonce, estrelae © trangulas 1 Modida da relagao dos lados menor © maior do tringulo aureo. 1 | 1618 CCriagao Ge uma figura em forma de reténgulo na qual 0 0,818 menos que 0 comprimento. ‘comprimonto 6 1,618 vez a altura, ou a altura tom | Fig. 3.8 ~ Método desenvolvido por Pitégoras para estabelocer a proporgio durea: a conexao dos vértices da estrela de cineo pontas forma um pentigono e varios triangulos dureos (A, B, Ce D); proporcao durea identificada na relacéo de comprimento dos segmentos laterais dos triangulos formadios dentro do pentagono; Fa adicao do lado menor 20 maior forma uma linha dividida em proporgao urea ou a criacao de um retingulo com comprimento e altura propor- cionais (G). Estética e Cosmética em Clinica Integrada Restauradora guidores se envolveram profundamente no estudo da proporgio éu- tea, Conectando-se um vértice aos dois cantos opostes de um pentgono, um triangulo éureo é formado (BED), Cruzando-se esse triangulo com uma linha que conecte 08 dois outros lados (AC), dividir-se-a o pentagono tm partes proporcionais aureas e a linha em si ficara f | dividida nos pontos P e Q em partes proporcionais e reciprocas (Fig. 32). Algumas dessas relacdes inter- | dependentes ou reciprocas podem ser detectadas na face humana, como o comprimento do nariz ¢ do la- bio superior (Fig. 3.32). | ‘A base do fendmeno é a “secgéo durea, de ouro ou perfeita’: uma linha reta pode ser cortada ou di- Gein oni at preivet al cist jiect compel to proporcional da parte menor, comparada com a ‘maior, é gual ao da parte maior paraa soma das duas partes, que é a linha total ou comprimento original (Fig, 3.10). ‘Assim, a proporgio durea ¢ a tinica na qual a rela- a0 do menor para o maior é a mesma do maior para 6 todo, Vérias outras proporgbes como a de Platao, Fig. 39 ~ Analise de um pentégono: quando se conecta 0 verticesuperior com os dois inferiores, formers wit Lah = gulo dureo (BDE). Cruzando-se esse triangulo com uma li- nha (AC) que conecte os dois outros vertices, dividirse-s ‘8 lados do triangulo em partes proporcionais. A linha AC também ficard dividida em partes dureas em Pe Q. Nota- se que a linha AC esta dividida em proporgao durea nes pontos Pe Q. Lysippus e Polyclitus foram usadas através da his- tona, enquanto a proporcao aurea por suas qualida- es persistiu nas artes ¢ arquitetura como a mais uti- lizada. A razao pela qual elementos obtidos por meio da divisdo por esse ntimero de ouro sao diferentes de qualquer outra proporcao e quais so essas dife- rengas foram demonstradas matematicamente: B c se AC 6 dividido por BC em duas partes desiguais tem-se: menor = maior maior. = _BC_- 5. BOT todo -AB_= 2. = 04 BOOS o7L Os resultados dessas ciuas equagdes sao diferentes, enquanto os re- sultados das equagoes que utilizam o numero ce ouro, como divisoes de superficie ou de segmentos lineares sao iguai 0,618 B c Anenor_= AB = 0,618 = 0,618 maior BC _maior_ = BC = todo AC. 1 —1_ - 0618 1618 Capitulo 3-Proporgito Aurea El Isso demonstra matematicamente que qualquer linha dividida pela proporgao durea esta em equilibrio em torno do ponto de divisao. Go = Ee AB 40 | PR So ~ aee ~ 1818 AC _ 1,618 ae ag tee Fig. 3:10 ~ Duy foninas pata eapressat & proporyay dua A= (BC), obtém-se 0,618. Rolacionando-se a maior parte (BC) com o toco (AC), obtém-se também o valor 0,618; B= quando AB representa o segmento maior ¢ BC o menor, efetuando as razdes ABBC e AC:AB, obtém-se 1,618, Progressdes geométricas As progressdes lineares ¢ a divisio de superficie pelo mesmo niime- ro do comuns tanto na natureza geométrica quanto aritmeticamente. AS progressdes yeométricas pudeit ser encontradas tas conclias, tas folhas e nas flores.” A espiral logaritmica é uma bela representacio sim- bolica de uma progressaio geométrica.” Descartes, que a examinou em 1638, designou-a de espiral eqitiangular, pois o Angulo em que um raio vetor corta a curva, em qualquer ponto, & constante eo seu raio aumenta em progressio geométrica, enquanto seu angulo polar aumenta em pro- C Fig. 3.11 - Formas pentagohais manifestas na natureza: A identifica-se no local das sementes uma D=flor com cinco pétalas. estrela do mar; B ~ seccionando-se uma magi a0 meio, estrela dacinco pontas identificada em um lade cinco pontas;C rambola; gressao aritmética. Na musica, a duplicagio de uma oitava constitul uma progressio geométrica, enquanto a ia harmonica é uma agile: progresséo aritmética A sseqiiéncia 1. 2. 4. 8, 16, 32, 64 & 1m exemplo de progressio geomé trica, na qual cada termo & multiplicado por 2 para se chegar ao préximo termo. As progressdes, regressivas e progressivas, usando os ni da proporcao dourada sao tinicas e extraordinarias porque: 1,000 + 0,618 = 1618 ¢ 1,000x 1618 = 1,618. A organizacao pode ocorrer em progressio geométrica om aritméti- ca, sempre tendo em mente que nas progressdes geométricas hé duas alternativas para seriar os ntimeros; pela multiplica: da termo por 1,618 ou pela divisdo por 0,618. 1,000 x 1,618 = 1,618 1,000 + 0,618 = 1,618 1618 x 1,618 = 2,618, 1,618 + 0,618 = 2,618 36 2,618 + 0,618 = 4,236 6x L618 = 6,854 4,236 + 0,618 = 6854 6,854 x 1,618 = 11,09 6854 + 0,618 = 11,09 Capitulo3~Proporcao Aurea Ea Progressao aritmética Na progressio aritmética, cada termo é a soma dos dois termos precedentes, & semelhanga da série numérica de Fibonacci: 0,618 + 1,000 1,000 + 1,618 1,618 +2618 4236 +2618 6,854 + 4,236 ‘Tem-se assim, uma progressao de ntimeros na qual se conseguiu, por meio de trés métodos diferentes (dois geométricos e um aritmético), pro- duzir 03 mesmos resultados. METODOS PARA OBTENGAO DA SECGAO AUREA “A goometria possui dois grandes tesoures: um € 0 Teorema de Pitdgoras; 0 ou- fro, a divisio de uma linha em extrema e média razdes. O primeiro, podemes compa- rar @ uma medida de ouro; a0 segundo, pademos chamar de jeia precicsa.” Kepler (1571-1630) Alli de seccio ou divisio de uma linha, parte, muro, figura, parede ‘ou qualquer coisa de modo que se obtenham dois segmentos de tama- nhos diferentes, mas em proporcdo harmonica entre si, 6 conhecida des- de a mais remota antigitidacie como aquelas praticadas pela arquitetura do Egito antigo nas construgdes de pirdmides e pelos gregos nas obras de arte e monumentos. Método matematico © mais interessante e impressionante no método matematico é que existe um ponto em qualquer segmento de reta que pode ser chamado de ponto éureo, Para enconiré-lo, basta dividir comprimento de qualquer segmento de reta pelo mimero “irracional” 1,618 ou multiplicar pelo nti mero 0418. No exemplo da figura 3.12, com uma linha AC de 144 milime- fos, 0 resultado dessa divisao ser 89 mm para a parte maior ABe 55 mm para a parte menor BC, ficando a linha seccionada no ponto aureo B. Ao se dividir 89 por 55 a razdo sera 1,618, enquanto em 55 por 89 a tazao tende para 0,618, Por sua vez, 144 ~ 89 = 1,618, enquanto 89 + 144 = 0618. Portanto, o método matematico além de exibir a magia do rime- 70 1,618, demonstra sua oficiéncia e simplicidade em se conseguir uma boa proporcao para qualquer figura, linha ou parte de alguma obra na qual se deseja conseguir 0 ponto de equilibrio estético para elementos ou partes desiguais. a 144mm c 2 it i A 8 ¢ 89 mm 3mm Fig. 3.12 - Método para se obter a secsio durea ou ponto dureo dividindo-se um comprimento qualquer por 1,618. 94 Estéticue Cosmética em Clinica lutegrada Restawradora Método geométrico A finalidade é localizar um ponto de divisdo de uma linha que de- pois de seccionada tera a porcio menor relacionada ao segmento maior, assim como 0 segmento maior estaria em correta proporcao em relacdo a linha completa. Esse ponto qualitativo pode ser facilmente obtido atra- vés da geometria, empregando-se régua, compasso e lapis, conforme ilus- tra a figura 3.13. Inicialmente, traca-se uma linha reta AC, a qual & di- vidida a0 meio (M). Coloca-se entao a ponta seca do compasso em uma das extremidades dessa linha (C) ¢ a grafite em sua bisseccio (M), giran- do 0 compasso até formar um semicirculo. Traga-se entio uma nova reta que parte do ponto (C) onde estava a ponta seca do compasso, até essa semicircunferéncia, obtendo 0 panto D, de modo que a nowa linha forme um Angulo de 90° em relacao ao tragado original. Conectando-se as duas extremidades, forma-se um triangulo retangulo (ACD). Com a ponta seca do compasso em D ea gratite em C, traca-se uma semicircunferéncia determinando 0 ponto X na hipotenusa (AD). Para se conseguir uma seegio dourada na reta original, traca-se entio uma nova semicircun: feréncia com 0 compasso, sendo que a ponta seca deverd estar no vértice do angulo formado pela linha originaria ¢ a hipotenusa (@ngulo CAD) e a grafite deverd estar na linha AD em X. Transferindo-se essa medida & linha originaria (AC), consegue-se entao uma seccao aurea dessa linha no ponto B (Fig. 3.13). Fig, 3.13 - Método geométrico para se obter a seecio durea: 1~ inicialmente traca-se uma linha eta AC, a qual & dividida a0 meio no ponto M. Coloca-se endo a ponta seca do compasso em uma das extremidades (C) dessa linha e a grafite em. M, girando o compasso até formar um somicirculo. Traga-se entdo uma nova reta que parte do ponto C, onde estava a Panta seca do compesso. até essa semicircunierencia (ponto PD), de mada quie a nova linha ferme asm Angi de a0? om telagdo ao tragade original (AC); 2 ~ conectando-se as duas extromidades, forma-se um triangulo retangulo (ACD); 3— colocando-se a ponta seca do compasso em De a grafite em C, traca-se outra semicircunferéncia que seccionaré a linha AD em X; 4 traca-se uma nova semicitcunferencia com compasso, sendo que a ponta seca devers estar no vértice do Angulo formado pela linha originéria ¢ pela hipotenusa (angulo CAD) a grafite devers estar na linha AD em X. Transfe- rindo-se essa medida a linha origindria (AC) consegue-se entao uma seccao Aurea dessa linha no ponto B; 5 linha original seccionada, oncle a distincia AB é 0,618 do total da linha AC, que por sua vez, é 1618 vez o tamanho de AB. Capitulo3—Proporgito Aurea Propriedades da proporcao aurea A seecio urea parece ter propriedades tinicas e por alguma razao atrai a atencdo ¢ é gravada no subconsciente como bela e harmoniosa. A dvisao de uma linha, parte ou segmento qualquer exatamente ao meio (Gimetria exata), apesar de dar uma sensagao de equilibrio, torna-se algo monétono ¢ estitico. Mas quando se trabalha em proporcao aurea, exis- teum estimulo da visio, que caracteriza a “simetria dinamica” (Fig, 3.14). & interessante notar que se B, divide AC em média e extrema razi0 (seco durea) e se forem marcados no segmento AC os pontos By By, B,, .. de tal sorte que AB, = B,C; AB, = BB, AB, = B,B,; entao B. divide AB, _, em média e extrema razao. Isso demonstra uma seqiiéncia infinita de Socedas dureas em uma dada rota, A diviséo de uma linha AC qualquer por um ponto éureo B forma dois segmentos cuja razao entre as partes menor € maior ou maior e 0 todo permanece constante (Fig. 3.14 - 3). Ao se mover 0 ponto, para um laco ou outro, ter-se-to duas proporgdes que nao sao as mesmas nem estio em equilibrio. O tinico momento em que esas duas partes estao em equilibrio é quando elas estio divididas em proporgao durea Assim, a divisdo satisfatoria de uma superficie em partes que con- trastam em forma e tamanho, mas que esto relacionadas entre si, 6 chamada razao repetida. Existem muitas manifestagdes de proporgao na natureza ena arte, mas a diviséo de uma superficie pelo nimero dureo cria um equilfbrio, nao obtid quando a mesma superficie 6 dividi- da por qualquer outro ntimero e, 0 mais importante, gera um efeito psicol6- gico de avaliagao estética, transmitindo equilibrio, harmonia e beleza."” @ 2 5 _—_—_—————— 35 3,5 0,618 1,0 A 8 c Fig, 3.14 ~ Propriedades da seccao urea: 1 ~a divisio de uma linha em qualquer ponto nao gera equilibrio e quando esta dividida exatamente ao meio, toma-se mondiona ¢ estatica (2); nas linhas divididas ou seccionadas em proporca0 urea, o local B representa o ponto de equilibrio entre essas duas dimensées diferentes, numa progressio geométrica e aritmética éuren (3), que transmite equilibrio, harmonia e beleza. Estéticae Cosmética em Clinica Integrada Restauradora Na matematica, 0 Phi é representado pelo simbolo grego 8, e as relagies de Phi foram denominadas séries aditivas, progressives ou ta- -zoes repetidas, Iniciando com um valor representado pela unidade ori- ginal 1,0; 9 vale 0618 ¢ @ vale 0,382 e © vale 0,236 e assim sucessi- ‘vamente em direcao a dimensoes menores, numa serie regressiva. Para ‘05 ntimeros de dimensoes maiores, @ corresponde a 1,618; O' a 2,618; © a 4,236; O° a 6854 e assim sucessivamente num crescimento pro- porcional, formando uma série progressiva. O valor de 1,618 mais 0618 ¢ igual a 2,236, que nada mais 6 que a raiz quadrada de 5, da formula de Pitégoras. Fsses mtimeros formam uma progressdo natural, com cada valor sendo miltiplo da proporgio urea Phi (Fig. 3.15). Fig. 3.15 - Divisio ou secgdo de ouro e as progressdes geométrica e aritmética em proporcio éurea, Quando a seccio menor € considerada 1,0, a maior tem 1,618 vez o seu comprimento; quando o segmento maior € considerado 1,0, © ‘menor tem 0,618 do seu tamanho. Fssa relacao durea de crescimento para mais ou para menos constitui as series progressivas e regressivas proporcionais em diregio as dimensGes maiores ou menores. SERIE NUMERICA DE FIBONACCI Foi por volta do século XII, quando © mundo ocidental adotow os ntimeros arabicos, que o matematico Leonardo de Pisa, mais conhecido. coma Fibonacci (Filius Bonaceio), apresentouem 1202 noseu Lioro do Abaco ou Livrodo Cleulo a famosa relacao numérica conhecida atualmente como a “série de Fibonacci” ou também chamada “ntimeros magicos”, que traduzia em termos matemiticos a proporgio aurea. As propriedades dessa série foram. os principais meios ou argumentos para demonstrar as enormes vantagens do sistema de numeracio hindu-ardbico sobre © romano. Leonardo de Pisa acreditava que a série ou fendmeno matemético traduziria um crescimento harmonioso encontrado em diversas formas da natureza.'* Nao restam dtividas que os termos matematicos de Fibo- nacci explicando a relagao divina ajudaram a estabelecer as bases das obras de arte do Renascimento. No século IX, uma grande contribuigao Capituta 3~ Proporco Aurea pata a teoria da proporcionalicade foi feita pelo livro do cientista ale- mio Zeising", que dividiu © corpo humano de acordo com a série de Fibonacci (Fig. 3.20A). Para criar a sétie, inicia-se com uma equagao simples de adigao, 0+ 1 = 1, que segundo a linguagom matemstica pode ser exprosea por 1, = 11, + jor OU Seja, cada termo da série & a soma dos dois anteriores. O proximo niimero a ser adicionado nessa equacdo, 1, € o resultado da equacao anterior, que também ¢ 1; sao somados um ao outro, nessa or- dem, para criar o préximo termo (1 +1 = 2). Assomas de cada linha (1, 1, 2, 3,5, 8, 13, etc.) sao a série de Fibonacci, ilustrada a seguir: OF =2 1+2=3 5+8=13 84+13=21 134+21=34 21+34=55 34455 = 89 55+89= 144 89 + 144 = 233 ete. Em outras palavras, a seqiiéncia é produzida a partir do numero 1, sendo quea razao entre dois termos sucessivos (1, /m, ,.) aproxima-se cada vez mais de 1,618 a medida que n aumenta. Usando o 13° ¢ 12° termos dessa série, para exemplificar, tem-se: 233+144 = 1 618 ¢ 144+233 = 0,618. Op nvimerus de Fibouacci, depois do 13° termo da sérte, aumentam em uma proporgio imutével de 1,0 para 1,618. Portanto, a partir dessa parte da série, os ntimeros de Fibonacci esti em “proporcao divina”, isto 6, s40 dureos, de ouro, magicos ou perfeitos em relagdo aos seus adjacentes (Fig. 3.16). Surpreende-se que a razao durea esteja intimamente relacionada com essa seqtiéncia, pois aparentemente uma coisa nao tem nada a ver com a outra, Divida 3421 = 161905 55 +34=1,61765 89-55 = 161818 dd = 8 293 + 144 = 377 + 233, 610 +377 987 + 610 ou 144 + 233 = 0,61805 233 + 377 = 0,61803 377 + 610 =0,61803 610 = 987 = 061803 Nas plantas, os ntimeros de Fibonacci revelam fortemente a sua pre- senga no fendmeno botinico chamadb filotaxia.” Na anélise sobre 0 ar- ranjo das folhas de algumas plantas, observa-se a manifestagao dos nti- meros de Fibonacci. Podem ser citados como exemplos 0 salgueiro, a Estética e Cosmética ent Clinica Integrada Restauradora @ Eixo horizontal: série numérica de Fibonacci. # Eixo vertical razdo entre os termos sucessivos e regressivos. Fig. 3.16 - Grifico representativo da série de Fibonacci. Apds o 19° niimero, a série progride em uma proporgéo imuté- vel de 1,0 para 1,618. Sea razao for calculada do maior para o menor, o limite tende para 1,618; e a razao for calculada do menor para o maior, o limite tende para 0,618, estabelecenco assim a razdio éurca entre os termos sucessivos & regressivos. rosa, a orquiclea, a dalia, entre outras flores de jardim, ¢ algumas arvo- res de frutas que possuem carogo, nas quais as stias folhas seguem em tomo do caule um modelo helicoidal, ou seja, o ntimero de folhas e de voltae correeponde aos valores 1, 1, 2, 3, 5, 8 13, 21a. noa termos da sucesso de Fibonacci" (Fig. 3.17). E sabido que cada espécie ve- gelal tem seu préprio modelo de desenvolvimento, nao obstante estar sujeita a uma variedade ocasional dentro da espécie, A explicagio para esse fendmeno, presenca ou prevaléncia dos n meros de Fibonacci na filotaxia nao esta claramente elucidada. Talvez. a simetria desempenhe o papel principal no proceso de crescimento, por- que ela mantém 0 equilibrio mecdnico de um caule, propicia as folhas a melhor posigao de serem expostas a luz e suporta um fluxo regular de nutrientes."™* 'lodavia, a Botdnica esté ainda muito distante de uma ex- plicagio satisfatéria para tal fenomeno.* Os fractais, contudo, ajuciam a entender certas formas naturais inex- plicadas pela geometria tradicional, como as cadeias de montanhas, os flocos de neve eas folhas das drvores. Sao figuras que repetem sua estru- tura infinitamente em escalas cada vez menores, com infindaveis possibi- lidades (Fig. 3.41) Talvez.o caso mais notavel da manifestagio dos mimeros de Fibonacci nas plantas estoja rolacinnada cam a familia Compositae e, em particular, no girassol. No disco da flor do girassol, encontram-se sementes que formam dois conjuntos de espirais logaritmicas: um dos conjuntos esta disposto no sentido horatio e 0 outro no sentido anti-horario. O numero de espirais logaritmicas de cada conjunto ¢ diferente, mas sao dois niime- ros consecutives da série de Fibonacci" (Fig. 3.18A). Capitulo 3 Proporgiio Aurea Fig. 3:17 - As folhas, em virios casos, seguem em torno do caule uma seqiiéneia helicoidal com mimeros de folhas voltas coincidentes coma série de Fibonacci: A —desenho esquematico mostrando a disposicio helicoidal das folhasem uum caule; B ~ seqtiéncia de Fibonacci observada nas fothas da orquidea; C ~ desenho esquematico demonstrando a distribuigao dos galhos de grande parte das plantas, através do crescimento/divisdo em periodos regulans Na “cabeca” de um girassol com 5-6 polegadas de diametro, a inter- seecio das espirais logaritmicas das sementes mostra uma série de 55 espirais longas cruzando com outras 89 espirais curtas (55289 se aproxi- ma de 0,618 e 89 + 55 = 1,618). Nas cabecas de girassois menores ou maiores os ntimeros mudam, mas a proporgio se mantém. Isso demons. tra interacéo da proporgio durea com a série matematica de Fibonacci cexistente na natureza!™" (hig, 3.18), Outro modelo real no qual se observa a presenga dos ntimeros de Fibonacci é o caso das teclas de um piano (Fig. 3.19) A matematica e a miisica estabelecem entre si uma relagao historica des- de 0 tempo dos gregos. Pitégoras e os seus seguidores fizeram muitas descobertas em musica. Um fato hist6rico relaciona-se com a descoberta de Pitagoras de que, quando uma corda vibratéria é reduzida a metade, ela soa uma oitava mais alto. ‘A matematica desempenha um importante papel no modo como a mtisica interpreta a intensidade e tonalidade dos sons. Em mtisica, 0 som tem um tom alto ou baixo, ou seja, agudo ou grave, sendo que cada tom é feito de vibracoes. As vibragSes lentas produzem tons baixos ¢ as ripidas produzem tons altos. Esse mimero de vibragdes por segundo conhecido como freqiiéncia. Na misica ocidental, uma escala é determinada por uma nota fun- damental (tonica) e as demais notas seguindo intervalos de tom (inter valo completo) e semitom (meio intervalo) fixos e preestabelecidos. Num. teclado de piano, pode-se visualizar a escala maior através da disposi- {a0 das teclas brancas e pretas. O intervalo entre uma tecla e outra (bran- ca ou preta) 6 sempre de meio tom e as notas representadas pelas teclas pretas podem ser chamadas de sustenidos ou bemdis, se forem avaliadas acima ou abaixo das teclas brancas, respectivamente. Uma oitava ¢ 0 intervalo entre dois tons de mesmo nome. 00 Estética e Cosm Fig. 3:18: A: deseriho esquematico do padrio espiral de um das espirais logaritmicas ica em Clinica Tntegrada Restaxeradora asso: B ~ girassol no qual se pode notar e cruzamento Levando em consideracio a nocdo de oitava & observando a figura 3.19, chega-se a conclusdo que 13 € o ntimero de teclas que formam uma oitava da cescala cromética; 8 é 0 nximero de teclas brancas que constituem a escala maior; 5 é 0 niimero de teclas pretas que constituem a outra escala e dispostas em grupos de 2e3, Uma vez mais 2,3, 5,8, 13 sdo, respectivamente, © terceiro, quarto, quinto, sexto € sétimo termos da sucessao de Fibonacci. Os génios da nuisica clés (Beethoven, Brahms, Tchaikovsky e Mozar lica (Rossini, Verdi, Puccini e Bizet) compuseram al- gumas de suas obras intuitivamente em proporeao, rea para que emitissem sons ordenados com rit- 9 ¢ harmonia de propagacio no espaco. 9 — Nuimero, disposigao e agrupamento das t m piano de acordo com os termos da sucesso de Fi bonacci, Na area da mensuracio, osmiimeros de Fibonacci so utilizados como um modo répido de conyersio, entre duas unidades de comprimento: 0 quilometro ea milha. A sucessao de Fibonacci pode ser aplicada para estimar a con 4e milhas para quilémetros, através do uso de qualquer par de seus elementos consecutivos, Por exemplo, 3 milhas sao, grosseiramente, 5 quilometros; 5 milhas sf0, por sua vez e grosseiramente, iguais a 8 quildmetros; 8 milhas sio, do mesmo modo, iguais a 13 quilémetros, e assim sucessivamente. A tabela de conversio funciona realmente, pois existe uma certa similaridade entre 0 valor que dé a razao de dois ntimeros consecuti- Fibonacci (1,618 é, aproximadamente, a constante de propor vos de cionalidade entre as duas unidades de comprimento) ¢ o fator geral de convercso para passar de milhas para guilometroe 6 1,509, Visto que 0 fator de conversio de milhas para qui pmetros tern um. valor que dista da razao dos ntimeros de Fibonacci (1,618) somente nove sucessao de Fibonacci pode atuar como ume rapida e resolti- tabela de conversso de milhas para quilémetros, como se pode ob- servar na tabela 3.1 Caplets Preporpns urea P01] Tabela 3.1 — Conversio de milhas para quilmetros, usando a sucesso numérica de Fibonacci como meio de resolugao répida Quilémetros 2 35 8 | 13! | ar | isa [65 5 ‘Milhas 2 e| euler ise Z Razao 15_|166 [16 [1625 ]1615 | 1619 [1617 |... | 1618 As larguras dos espagos das grades de Levin (Fig. 3.49), cujos valores si 0,618, 1,0, 1,618, 2,618 e assim sucessivamente, estio também em progressio aritmética. E uma demonstracao de uso da série de Fibonacci, em que cada numero 6a coma dos dois nuimeros prévioe: 1, 1, 2,3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, ete,,cuja razdo tende para 1,618 e 0,618, dependendo se € feita do maior em relacéo ao menor ou vice-versa, respectivamente, estabelecendo a conexao com a proporgao aurea. Esse padrao ndo 6 uma progressao aritmética simples: ele segue uma lei exponencial, que pode ser aplicada & odontologia estética. Tal progres- sio é mais agradvel aos sentidos e fornece uma relagao tinica ¢ atraen- te, estabelecendo uma simetria proporcional bioldgica para a composi- ‘ao dentatia e suas relagdes com 0 sorriso e a composigao dentofacial Assim, toda vez que se emprega na pritica odontolégica a relagao 1,618: 1,0: 0,618 como, por exemplo, nas grades de Levin (Fig. 349) esta se lancando mao da proporgio durea, da progressio geométrica ou da série de Fibonacci Essa relagio est atualmente sendo explorada com muita énfase pe- los profissionais de estética, na determinacao do tamanho aparente dos dentes, numa proporcao repetida para dividir horizontalmente os seg- mentos dentarios dos lados esquerdo e direito em proporcéio com a me- tade do sorrio, A associacao da matemética com a muisiea, as artes, a engenharia, a arquitetura, a medicina ea odontologia € mais uma prova de que a pri- meira nao subsiste isoladamente no seu mundo, pelo contrario, além de investigar situacdes que sao puramente mateméticas, ela procura auxi- liar outras areas do conhecimento, interpretando tais casos segundo as suas teorias e métodos de resolugio. ‘A matemiética 6 por exceléncia uma das ciéncias que procura inter- pretar o real, a fim de que o homem possa, de certo modo, conhecer algo mais acerca dos fendmenos naturais e, assim, poder melhor reagit e, con- seqtientemente, melhor desfrutar das possibilidades que esses fenome- ‘nos possam conter para serem sempre aplicados em beneficio da socie~ dade. FORMAS EM PROPORGAO AUREA De acordio com o ideal grego da perfeigao estética do corpo, as rela- Ges entre as suas partes devem 2er regidas pormedidassureas, Oumbigo marca um ponto Aureo de divisao no comprimento do corpo. A mesma proporgao deve ocorrer na cabeca (dividida pela linha horizontal dos olhos), na distancia entre o nariz.e o mento (dividida pela boca no limite entre 0s labios) e também nas maos, nas quais as falanges demarcam pontos dureos nos dedos (Fig. 3.20), Estéticwe Cosmética em Clinica lutegrada Restauradora Fig. 320— Relaces proporcionais manifestas do corpo do hamem, de acordo com os ideais de perfeigao dos gregos (A © ©); B — pormenor das falanges, em que se identifica com o compasso a proporgac’ dutta entre elas (adaptado de Ricketis™) Quando a relagao de medidas numa figura é agradavel, a razio da proporgdo € geradora dessa boa conformagao. Através dos tempos, vé rios artistas, arquitetos, gedmetras ¢ outros estudiosos se encantaram com a pesquisa das proporgoes. O estudo tedrico da forma levou-os o perceber a existéncia de certas medidas titeis, agradaveis e/ou simpati cas, que se traduziam em boa proporcao, Um quad ido, retangulo, trian gulo ou circulo uniforme transmite um senso intelectual de estética na maioria das bras ro arte. Algumas dessas relagdes ac tornaram classi- cas, estando presentes nas mais diferentes obras de arte, como a propor. sao 1:12, gerada pela diagonal do quadrado; 1-N5, chamada de propo rada pela diagonal da metade do quadrado; 1:\3, proporgao do retingulo de Platio; de Lysippus (1,0 + 1,250 = 0,80) ¢ de Polyclitus (1,0 + 1,333 = 0,75), conforme ilustra a figura 3.21. Na geomeitia, o ntimero de ouro ou seccao de ouro governa as pro- porgées do pentégono (Fig. 3.8). As formas pentagonais, como a estrela de cinco pontas, séo extremamente comuns na natureza (Fig. 3.11). Pode- se notar a presenca da proporedo durea com muita facilidade nas flores (filotaxia) e nas asas das borboletas (Fig. 3.22). Retangulo aureo Quando os segmentos da secgao de ouro séo usados para construir um retangulo com uma base de 1,618 ¢ uma altura 1,00, formam um “retingulo dureo” (Fig. 3,23). Esse retingulo obiido a partir da diagonal da metade do quadrado ¢ encontrado nos padroes arquiletonivus, eu. obras de arte, cartas de baralho, cartoes de crédito, janelas, molduras de quadros, formato de livros, jornais, etc. A maioria dos objetos de uso diario pode se tomar tediosa ou cansativa, se nao for formada com essa relagao proporcional, também chamada de “simetria dinamica”. ° ingulo obtido a partir da diagonal do quadrado, por exemplo, apesar Capitulo3~Proporgaio Aurea Tr} 1,0 4,250 1,333 | 1,0 1,0 1,0 ‘Ay cc 121 -Quadrado 1,0 + 1,250 = 0,800 1,0 + 1,333 = 0,750 (Retanguto de Lysippus) (Rerangulo ce Folyciitus) 1,414 1,618 1,732 1,0 1,0 1,0 a lo 1212 ou 151,414 = 0,707 2(14V5) ou 618 = 0,618 1293 ou 141,732 = 0,577 (Retangulo da diagonal (Retangulo de Pitagoras) (Retangulo de Platao) do quadrado) Fig. 321 ~ Relagi as dos retingulos de boa proporgio: A - quadrado com a base ¢ 0 lado possuindo 1,0; B— proporgao da estdtua de Lysippus, na qual 0 corpo possui ito ve7es a altura da cabega, que estabeleceu um retangulo com 1,250 de altura e 1,0 de base; C ~ proporgio da estitua de Polyclitus, na qual © corpo possui sete vezes e meia a altura da cabeya, gerando um retangulo com 1,333 de altura e 1,0 de base; D = relacho gerada pela diagonal do quadra- do com a altura medindo 1,414 e a base 1,0; E - proporcdo durea de Pitégores jerada pela diagonal da metade do quadrado com a altura do retingulo medindo 1,618 e a base 1,0; F~ proporcao de beleza de Platao encontrada em um retngulo de lados 1,732 ¢ 1,0, formado pelas duas metades de um triérgulo eqiilatero. da boa proporeao (1,0:1,414) ndo possui as mesmas qualidades do éu- reo (Fig, 3.24). Isso também pode ser afirmado em relagao aos demais retdngulos de boa proporcao (Fig. 3.21), que nao possuem as mesmas propriedades do retingulo. de Pitagoras. A primeira pesquisa importante a respeito das propriedades esteticas do retingulo dureo foi realizada por Gustav Theodore Fechner" no final do século XIX. Ele fez milhares de mensuracées da razao largura/com- primento de retangulos vistos comumente ~ cartas de baralho, janclas, pPapéis de carta, capas de livro ~ e descobriu que a média aproximava-se do Phi (0,618). Ele também testou as preferéncias individuais exten- sivamente ¢, a0 final, constaton que a maioria das pessoas preferia um certo retdngulo cujas proporgdes estavam préximas do retangulo sureo. Estética e Cosmeética em Clinica ltegrada Restauradora Fig. 3.22 — Exemplo de proporgio durea na natureza, demenstiado pelo compasso binériv, que sempre estabelece Proporcio consiante entre as partes maior e menor em qualquer abertura. Pode-se notar a proporgio éuurea nos vasos das folhas de cafe (A), abacate (B), amora (C) e na asa de tuma borboleta (De E). —__— 1418 Fig. 3.23 - Método para obter um retingulo éureo (ADGF) a partir da diagonal da metade do quadrado, Capituto3Proporgdo Aurea As experiéncias de Fechner" foram repetidas por Lalo” e Thorndike,* com metodologia e rigor cientifico atualizados. Em cada condicao ou tipo de retingulo, os resultados foram semelhantes, confor- uw utustta a labela 3.2, que transmite os resultados de Fechner" ¢ Lalo2” Esses dados demonstram uma preferéncia popular por um formato de retangulo bastante aproximado ao do retangulo 4ureo (Fig. 3.25). A fachada de Parthenon, um dos principais tem- plos gregos, construido no século V a.C, em Atenas, tem suas linhas em forma de retingulo e expressa a idéia cléssica das proporcies ideais. Ao seccionar sua fachada por metodo infografico, de modo a formar um quadrado, iré sobrar um retangulo menor, em Fig, 324 - Obtengio de um retangulo (ADGF) a partir da posicdo vertical, cujas proporgies serao iguais as da diagonal do quadrado. fachada retangular original (Fig. 3.2). No prédio das Nagées Unidas, planejado por varios arquitetos, entre eles, Le Corbusier, a linha arquiteténica é de um retangulo em proporcao aurea (Fig. 3.26). Uma espiral logaritmica ou eqiiiangular origina-se de uma série pro- gressiva de retingulos (Fig. 3.27A) ou triangulos aureos (Fig. 3.34) uni- dus por suas extremidades. Esse tipo de crescimento ou desenvolvimen- to harmonioso esta presente em intimeras conchas, flores (Fig. 3.27B) € no padrao de crescimento das diferentes partes do corpo humano (cra- nio, tronco, dedos, maos, pés, maxila, mandibula, ete.),!"7 conforme ilustra a figura 3.20. Asimetria dinamica significa que a proporcée surea parece demons- trar alguma forma de aco a mente em vez de estar estatica ou morta. Em outras palavras, essa relacdo parece ter vida, transmitindo animagao c estimulo, muitas plantas e animais mostram a sua beleva em funcio dela. Uma série de tais retangulos caracteriza a face humana (Figs. 3.28 3.29) e possibilita encontrar relagdes dureas verticais para avaliar a esté- tica facial Tabela 3.2 ~ Porcentagens de preferéncias ¢ ndo-preferéncias individuais para 10 (dez) retangulos com relagao a razao largura/comprimento: a preferéncia recaiu para a raza0 0,62 que se aproxima de 0618. Ravio: Methar Pior Largura/Comprimento Retangulo Retangulo de cada retangulo testado Fechner (%) Lalo (%) Fechner (‘%) Lalo (%) 1,00 30 17 27.8 225 083 02 10 19,7 16,6 0,80 20 13 94 oA 075 25 95 25 91 069 77 56 42 2S 0,67 206 11.0 4 06 0,62 350 303 00 00 057 200 63 08 06 050 75 80 25 125 040 15 153 357 266 1000 100.0 100,0 100,1 Estéticne Cosmética em Clinica Tutegrada Restauradora Fig, 3.25 — Grifico correlacionando a razao langura/comprimento de diversos retangulos, com a preferencia individual (adaptado de Huntley". retingulo facial ideal (retangulo dureo), de acordo com Longacre & Stefano,” serve de base para a avaliagao da composigao facial ou na recomposigao de faces deformadas para a condigio estética nor- mal. Fsses autores demonstraram a importancia do niimero de ouro & das relagdes proporcionais éureas na andlise e planejamento das cirurgi- as plisticas faciais. A reconstrucio de uma face humana deformada, ain- da segundo eles, nao é uma arte livre e improvisada, baseada em intui- Ges ou impressdes; ao contrério, & uma arte complexe, baseada | em leis matematicas ¢ geomeétricas. A pesquisa de Ricketts” demonstrou o significado biologico da propor¢io Aurea e da série de Fibonacci, encontrando secedes 4u- reas com trés dreas interdependentes ou de congruéncia, icenti- ficadas nos retingulos faciais de frente (Figs. 3.28 a 3.31) e de perfil (Figs. 3.32 e 3.33). Na visao frontal (Fig. 3.28) a primeira proporcao aurea extraida da altura facial total foi do triquio (na testa) ao canto do olho, re- presentada com o valor de 1,0 (4), € do canto do olho ao mento (2), valendo 1,618. Uma medida reversa do mento 4 aba do nari correspondendo & seecao menor 1,0 (5), também estava em pro- porgao aurea com a secga maior 1,618, do triquio a aba do nari (3). Isso faz do comprimento do nariz (canto do olho & aba) a area de balango, congruéncia ou de interdependéncia do tergo médio da face. Isso pode oferecer ao ortodontista, cirurgiao ortognatico ou ci- rurgido plastico um ponto de referencia.” Uma segunda série em proporedo éurea foi demonstrada por Ricketts,® a partir do olho a borda do queixo ou tecido mole do mento. Do canto do olho a aba do nariz foi representado por 1,0 Fig. 326 ~ Na fachada do prédio das Na. (Fig: 328-8) e do nariz ao mento 1,618 (Fig. 3.28 ~ 5). O reverso ‘goes Unidas, pode-se observar em sua li demonstra que do estémio ao mento vale 1,0 (Fig. 3.28 — 7) e do nha arquitetonica, com forma de retingu- estdmio ao canto do olho representa 1,618 (Fig. 3.28 — 6). Desse Jo vertical, que ele obedece exatamente as modo, a distincia entre a base do nariz e o estomio (atualmente dimensoes aureas. define o comprimento do labio superior) representa o balango ou Capitulo 3—Proporgito Aurea c nasce de uma série de reldngulos dureos, Esse tipo de desenvolvimenta harmonio- into da extremidade da concha ial logaritmica; C — 27: A—espital logaritmica q S0 estd presente em inuimeras conchas ¢ lores encontradas na na vas cdmoras estao construidas sobre a estrutura de uma ¢ smanho das| 1ne7a; B—0 seccionan permite visualizar que suas suces pormeror da espiral numa vista mais aproximada, A medida qute a concha cresce, © mas seu formato permanece inalterado. arocem as relay +s facials reciprocas Fig. 328 ~ Proporcies duureas sumarizadas em esquemas infygraficos nos quis ap 0s rotangulos dureos: A ~ 1 = altura da face; 4:2 = triquio-canto do olho: canto do olho-mento; 5:3 = mento nariz: aba do nariz-triquio; 8 to do olho-aba do nariz: aba do nariz~mento: 7:6 = menio-estomio: estimio-canto sstOmio-aba do nariz: aba do nariz-canto do olho; 9:7 = aba do nariz-estémier estémio-mento; B= as 5.€ 6 identificam os limites dos retingulos dureos existentes na face; que possuem aproximadamente as do, do olho: 9: didas mesmas cimensées em altura SERGE | Estética e Cosmética em Cli Integrada Restauradora Fig. 329 ~ Proporcao aurea tomada da altura total da face: A ~a abertura menor do compasso localizada entre o triquio €0 canto do olho equivale a 1 ¢ ¢ abertura maior, do canto do olho ae mento equivale a 1,618; B — a inversio do compasso estabelece a abertura menor do mento a aba do nariz.equivalente a 1,0 ea abertura maior da aba do nariz.20 triqutio valendo 1,618. ial Fig. 330 — Proporcdo durea com area de congruéncia ou interdependente localizada entre os tercos médio e inferior da fare: A—a ahertura menor do compassa Iocalizada entre a canto da alho @ a aha da nariz 6 igual a 1,0, enquanta a abertura maior da aba do nariz ao mento equivale a 1,618; Ba inversio do compasso, sem alierar suas aberturas, estabelece que a seccio menor, enire o mento € 0 est6mio, equivale a 1,0, enquanto a abertura maior, localizada entre 0 estdmio 20 canto do alho, 1,618. Isso faz do comprimento do nariz (canto do olho —aba do nariz) a area de congruencia, de balanco ou de interdependéncia nesta série de relagSes dos tergos médio ¢ inferior da face. Capitulo 3~Proporgiio Aurea Fig. 331 ~ Proporcao aurea com area de congruéncia, reciproca ou de interdependéncia localizada ¢ estabelecida pelo comprimento do libio superior (base ou aba do nariz até o estémio): A auséncia de relagao durea entre o comprimento do labio superior e a distancia estémio ~mento, devido ao excesso de altura do terco inferior da face; B~a inversio do compasso, sem alterar a abertura, também demonstra desproporgao vertical entre essas dimensées. D Fig. 351: C ~ abertura menor do compasso que equivale a 1,0, entre a base do nariz. ¢ 0 estémio, enquanto a seccéo ‘maior, igual a 1,618, fica estabelecida entre o estdmio e o mento; D —a inversao do compasso, sem alterar sua abertura, demonstra a correspondéncia entre essas cimensGes ¢ 0 equilibrio dos ter¢os inferior ¢ médio da face. jo i Estética e Cosmética em Clinica Integrada Restauradora Fig. 3.32—Retingulos Sureos erelagées facias recfprocas de perfil: A quando um retangulo dureo € tracado a partir da altura facial e cartado na ponta ou base do nariz, percebe-se uma bisseccao desse retangulo no canto lateral do olho. Nota-se também uma proporcao durea a partir do canto do olha, ponta do nariz ¢ linha de divisio dos Isbios ¢ outra a partirdo mento, estémioe ponta do nari, as queis sd0 reciprocas; B~ notar que o retangulo da parte superior da face (1), meio da face (2) ¢ parte inferior da face (3) tém a mesma altura, devido as areas congruentes ou reciprocas entre 2¢ 3. a drea de congruéncia nesse leque de medidas. Modernamente, o ci rurgido ortognatico ou plastico pode usar esse comprimento labial como uum guia, o ortodontista pode empregé-lo no plano de tratamento orto- pédico e 0 dentista restaurador no restabelecimento da estética dos seg- mentos dentérios anteriores." ‘Uma terceira relagao medida foi encontrada na analise das proporgoes. otho-nariz-lébio-queixo, estabelecendo o comprimento do labio superior (medida 9 na figura 3.28), com o valor 1,0, do olho ao nariz estava em proporeao aurea a ele (Fig. 3.28 ~ 8), assim como do estémio ao mento (Fig. 3.28 - 7). Desse modo, os trés retangulos identificados nessas faces esto equi librados e posstiem aproximadamente as mesmas dimensGes. Fles sao: da testa a0 olho, do olho & boca e do nariz, ao mento (medidas 4, 5 ¢ 6). Capitulo 3 Proporgio Aen Pi] Fig 3.33 ~ Relagdes faciais reciprocas de perfil evidenciadas com o compasso posicionado de duas maneiras diferentes: A= abertura menor do nariz ao estomio e maior do estomio ao mento; B — inversao do compasso mantendo a abertura menor ~ estomio & base do nariz ¢ a maior — da base do nariz ao canto do olho; C— compasso colocado frontaimente e, visin de perfil, com a abertura menor localizada entre 0 estomio ¢ a bae do nariz, enquanto a maior abertura vai do ‘estémio ao mento; D ~a inversio do compasso sem alterar sua abertura mostra que a climensio maior a partir da aba lo nariz, até o canto do olho é a mesma do estomio a0 mento. Isso demonstra, praticamente, que em pessoas com slimensdes verticais equilibradas, 0 comprimento do lébio superior e do nariz. si0 as éreas reciprocas que definem os relangulos durecs bisseccionados no estémio e na base do nariz, nas partes média e inferior da face; E~ falta de corres- pondéncia entre as aberturas do compasso, devido ao excesso de altura vertical do terco inferior da face ou da distancia base do nariz-mento (relagao de oclusio Classe TM) Estéticae Cosmética em Clinica Integrada Restauradora Triangulo dureo Quando se conecta 0 canto superior com os dois cantos inferiores de um pentagono, forma-se um tridngulo isdsceles, cuja base vale 1,0 ¢ 9 Tados 1,618; elo & chamado de teiingulo éureo, de boa proporgio ou perfeito. A bisseccio de um dos angulos de 72 graus da base divide tal Angulo em dois de 36 graus e secciona os lados opostos do triangulo com partes em proporcao durea (Fig. 3.34). Um outro método para conseguir um triangulo aureo é a partir de um segmento de reta seccionado em proporcao éurea: quando a dimensao da sec¢ao maior (AB) ¢ marcada com um compasso ¢ transferida a partir de cada extremidade da seco menor (BC), um ponto D 6 encontrado na InterseccSo dos dois arcos de circunferéncia obtidos. Isso forma um trian ilo 4nten com 1,618 de lado por 1,0 de base que, medido goometrica- mente, é um triangulo isésceles com 72°, 72° e 36°, possuindo também diversas propriedades e qualidades tinicas (Fig. 335). Se um dos angulos da base do triéngulo € bisseccionado (72° = 36°+ 36°), a bisseccao intersectaré o lado oposto do triangulo em partes proporcionais aureas e assim, progressivamente, para formar um novo tridngulo dureo. i qi D Fig. 334~ Método para se obter um tridngulo dureo: A ~a conexao do canto superior do pentigono com os dois cantos nferiores forma um triéngulo aureo (BDF); B — quando um dos angulos inferiores é bisseccionado, forma-se um novo triangulo (de 36”, 72’ 72°) que divide o lado oposto com partes também em proporgéo aurea; C — com uma série de bissecgées do Angulo de72°, varios triangulos semelhantes so formados; D— quando os trés vertices dos tridngulos S50 conectados em uma curva Suave, forma-se uma espiral logaritmica Capitito3-Proporgao Aurea | 113] Fig, 3.35 - Outro método para produzir um tridngulo 4ureo, tomando-se a linha AC seccionada em proporso durea no ponto B:a medida AB é marcada com compasso e transferida para os pontes B e C; na interseccdo dos dois arcos de Circunferéncia obtidos, tem-se a ponto D; unindo-se AD e CD, forma-se um triangulo aureo, com angulos internos 72°, 72 € 36%. Notar que o tridngulo BCD também ¢ éurco, Se uma série de bissecges como esta for feita © 08 vértices de cada triangulo progressivamente menores forem conectados, uma espiral lo- garitmica seré produzida. Essa espiral descreve 0 crescimento das con- chas do mar, dos chifres ¢ © desenvolvimento dos incisivos no roedor. Ela foi encontrada na céclea do ouvido interno e é a base sobre a qual a mandibula humana cresce™*##* (Fig. 336). Fxiste, portanto, uma rela- ao de ganho de tamanho progressive da mandibula durante o crescimen- to sem modificar seu formato. Segundo Ricketts® e Moss et al.”, existe um centro polar de crescimento no plano sagital da face humana. Esse centto polar esté localizado na bese do osso esfendide, exatamente no forame redondo, um ponto neural para 0 nervo maxilar. A partir desse ponto, o crescimento parece ocorrer de forma radial, como os raios do sol. Ficou evidente, a partir desse fenomeno polar, que um certo princi- pio subjacente estava sendo expresso. As estruturas localizadas em re. ides préiximas a0 centro cresciam menos, enquanto as partes mais dis tantes cresciam mais, a fim de manter uma proporcao facial adequada, em um contexto tridimensional. Portanto, uma relagio de ganho de ta- manhovem perdera forma cra demonstravel durante 0 processo de exesci mento. Uma relagio muito interessante entre um triangulo dureo e o forma- to das arcadas foi demonstrada por uma pesquisa citada por Ricketts,"'a qual levou a descoberta de cinco variagées distintas no formato natural da arcada humana. Na arcada inferior, pode-se tracar uma linha reta que uniré as superficies vestibulares do primeiro pré-molar até 0 primeiro molar. A extensio dessas linhas até a sua interseccio numa arcada de tamanho médio forma um Angulo de 36 graus e permite a construcao de um triangulo dureo ou perfeito (Fig. 3.37). As arcadas ovéidese afuniladas ainda sao precisas, mas nao tanto como a normal ou a médi Quando as arcadas sdo reconstruidas com proporgdes similares as indicadas nas figuras 3.45 e 3.46, elas sio agradveis aos sentidos. Agora pode-se compreender porque um dente ausente, malposicionado ou de tamanho incorreto, uma arcada com colapso oclusoperiodontal ou um fis | Estética e Cosméticu em Clinica Integrada Restauradora Fig. 3.36 — A unio das extremidaces de triangulos aureos progressives forma uma espiral logaritmica, Este 6 0 padrio do-arco de crescimento des 5 20s 18 anos de idade da mandibula humana, que aumenta progressivamente de tamanho ‘som modificar sua forma anatomica (adaptado de Rickett Fig. 337 — Relacdo entre o triangulo aureo e os cinco formatos de arcada, que caracteriza a populagao humana. Notar 0 tritngulo dureo estabelecido na arcada mais tipica ou normal (adaptado de Ricketts"). espaco excessivo no arco podem ser to desagradaveis. Uma propor- ‘Ao Aurea também se estende na grande maioria de casos aos detalhes do formato e tamanho de cada dente. Fssa proporgao deve ser parte integrante dos principios gerais da estética que, junto com o formato, a cor ¢ 0 posicionamento, sao de interesse para o dentista reabilitador da composi¢ao dentaria e dentofacial. SIMETRIA DE DESENVOLVIMENTO Desde os tempos de Aristételes, 0 conceito de simetria pode ser en- tendido tanto de forma estrita, em que os lados opostos de uma figura de um ser animal ou vegetal dividido por um eixo central sio exatamen- te iguais, quanto num sentido amplo, de proporsao e equilibria entre partes desipuais Capitulo 3— Proporedo Aurea E A literatura especializada demonstra que o fendmeno do crescimen to craniofacial polar e bipolar descrito por Ricketts" e Moss* e do cresc\ mento em espiral logaritmica das unidades progressivas de cresciment possuem uma natureza comumn, Esses autores verificaram, durante o cree cimento facial. varias mudangas no tamanho, sem nenhuma alteragao n forma, de varias estruturas como a maxila, mancibula e cavidades funcic nais. Thompson”, descrevendo o crescimento em espiral, afirmou: “No crescimento de uma conche nao se pode imaginar uma let mais simples de que ela ird aumentar em largura & comprintento numa mesma proporcéo invarié- vel: essa simplistica lei é a que a natireza tende a seguir. Tanto a coricha quanto @ criatura em seu interior crescem em tamanho, mas no mudam a forma; a existéncia dessa constante de relativiciade de crescimento ou similaridade cons- lunte de formu € a essencia e pode ser considerada a base para definir a espiral logaritntica,” Essa definigio demonstra que o principio da secgio urea e os ndime ros de Fibonacci constituem a base para a harmonia eo crescimento or denados da face humana e do corpo inteiro. A proporcdo correta é essencial para a harmonia e ritmo facial. £ beleza ¢ encontrada em ritmo e harmonia, com todas as partes em con cordincia Esses achados levam em consideracao os conceitos da ortodontia con temporanea: nao é mais uma questéo de apenas posicionar os dente juntos, mas harmonizar 0 conjunto de dentes ao restante das estrutura craniofaciais, alids uma teoria defendida por Angle’ ha quase um século Deve haver algum plano grandioso e um meio de controle para « \ beleza facial se desenvolver como uma escala “alométrica”, isto 6 cres cer sem perder a forma, A chave do crescimento, forma e beleza pode, em tiltima andlise, re sidi na matematica do espaco, tempo e ritmo. E possivel que tais relacionamentos venham ao encontro das relagées ‘matematicas basicas. Com a harmonia das proporgdes dureas, relacoes er faces ou padrdes faciais ideais e, especialmente, com o ntimero de éreat reciprocas ow Areas de congruéncia nas dimensoes lateral e frontal, ¢ conceito foi ponderado na possibilidade de que a mitose basica e a divi sao celular sio também monitoradas pelos fatores dos ntimeros de Fi: bonacci. A divisao celular, ocorrendo numa pivgiessiv ge pode produzir simetria absoluta e dinamica. Quando © crescimento esté completo, um certo ntimero de células de crescimento deve manter a sua fungao com o propésito de reposicao. Da molécula de DNA 2o corpo humano depois de formado, a sime- tria esta presente em tudo na natureza, sempre expressando equilibrio. Um individuo sadio € mais simétrico que um doente. O dia e a noite, 0 vai-e-vem das marés, as ondas sonoras ~ os exemplos sio infinitos. A simetria se manifesta na natureza de trés formas: rotacional. translacional e bilateral mngica naturel Rotacional } A partir de um ponto central, existe um padrio morfolégico que se repete progressivamente até completar um circulo, No floco de neve, SSS Estéticae Cosmética em Clinica Integrada Restauradora Translacional Bilateral esse padrao é hexagonal; na estrela do mar, pentagonal; nos caracéis, retangular; na mandibula, triangular. A disposicao das pétalas de uma rosa @ a teia de aranha sao exemplos de simetria rotacional (Fig, 3.38). Um padrao é deslizado numa direcao vertical ou horizontal, em distancias ou progressbes que si0 muiltiplos inteiros de sua largura ou dimensio, Os favas de me! das abelhas $40 um exemplo caracteristico (Fig. 9.39), Na forma bilateral, um plano chamado eixo de simetria di de duas regides, como um reflexo no espelho. A metade esquerda ¢ similar a di reita. E 0 que se vé no corpo humano. Dai a razao de a simetria ou forma bilateral estar presente na maioria das imagens religi Sempre que Deus ou Cristo so representados como simbolos da ver- dade ou da justica, aparecem em posicao frontal - portanto, simétrica ow bilateral — e nao de perfil. A imagem do Cristo Redentor da cidade do Rio de Janeiro pode ser citada como exemplo (Fig. 3.40). Na ansia de encontrar ordem na natureza, o homem passou a procu- rar padirdes até mesmo onde imaginava s6 existir 0 caos. Muitos fendmenos naturais nao sao previstos por leis matematicas ou explicadas pela geometria tradicional. Os fendmenos ditos “cadticos” so aqueles nos quais néo ha previsibilidade, como o gotejar de uma torneira, as variagGes climaticas ¢ as oscilages em bolsas de valores. Ao analisar estruturas que apresentam formas geométricas caracte: rizadas por modelos basicos, repetidos mesmo em escalas muito peque- nas, como as ramificagdes dos bidiauius, as fullias das divures, 0 aya do dos rios em uma bacia hidrogréfica, as cadeias de montanhas ou c lulas tumorais em crescimento, pode-se observar o universo fractal. Tra- ta-se de uma nova e rica area interdisciplinar que proporciona uma for- ma diferente de enxergar, avaliar e entender a natureza. 5a, Fig, 3.38 - Simeiria rotacional observade na disposigao das pétalas de uma rosa (A) e na teia de aranha (B) Capituio 3~Proporgaa Aurea Os fractais sA0 objetos ou figuras naturais que possuem forma “geométrica” com estruturas de complexidade infinita. Por mais ampliados que se- jam, surge sempre um néimero crescente de deta- Ihes, mostrando estruturas andlogas ao todo. Eles foram primeiramente identificados pelo matema- tico polonés naturalizado americano Benoit Man- delbrot, em 1967, criador do termo “fractal”, do latim fractus, que significa “fragmento” (Fig, 3.41). Existe uma diferenca entre a geometria tradicio~ nal, também chamada euclidiana, ¢ a fractal. A do grego Euclides, comumente ensinada nas escolas, presenta cimensiies hem dofinidas » «prantificadas para a natureza, ow seja: um ponto tem dimenséo 0; uma linha reta, dimensao 2; um volume, dimen sao 3. A geometria fractal, por sua vez, mostra infi- nitas possibilidades, com as dimensdes podendo apresentar mimeros quebrados, 0 que permite um ajuste bem methor as condicdes naturais. Um mate- | poroso, por exemplo, levando-se em conta 0s vazios, reentrincias ¢ rugosidades, tem uma di- mensao fractal entre 2 ¢ 3 tao ampla quanto a quan- tidade de mimeros reais fraciondrios. Desse modo, © aprofundamento no estudo dos fractais tornaria mais facil a quem intentasse analisar e entender al- guns fendmenos da natureza até hoje obscuros. As dimensées fractais podem, por exemplo, ser associadas ds imagens digitalizadas de células tu- morais em crescimento. Como os padroes de cres- cimento sao diferentes em células normais e cerosas, um método utilizando a geometria fractal permitiria diagnosticar o cancer através de progra- mas de computador que unissem técnicas de trata mento de imagens e rotinas de célculo de dimen- s6es fractais, Assim, 0 “caos organizado” dos frac- tais pode explicar formas ¢ condigdes de crescimen- to até entao inexplicadas pela geometria tradicional. COMPASSUS EM PROPORGAO. AUREA Sa movimentos invaridveis de expansio e diminuicéo em proporcao aurea constante entre as partes maior e menor. Sua manipulagao é muito gil, pois se abrem ese fecham livremente, possibilitando meras mensuragdes proporcionais dos dentes in- dividualmente, das composigoes dentarias, dento- faciais e faciais com precisio® Essas caracteristicas tornaram tais dispositivos uiteis e até indispensaveis para se conseguir resul dos estéticos mais precisos @ harmoniosos nas ¢ instrumentos cujas extremidades possuem Fig.3.39—Padrio de desenvolvimento do favo demel. Cada célula hexagonal éconstruida seguindo uma pro- gressio que é um miltiplo inteiro da célula original Fig, 3.40 ~ Imagem do Cristo Redentor, com forma bi- lateral ou simétrica Fig, 341 — Os fractais sao figuras que repetem sua es- truture infinitamente em escalas cada vez menores, demonstrando 0 “caos organizado". Estéticue Cosmética em Clinica tntegrada Restauradora tentes especialidades odontoldgicas, tais como ortodontia, cirurgia ortogndtica, protese ¢ dentistica restauradora. Da mesma forma, sio utilizados em especialidades médicas como cirurgia plastica, traumatolégica e reparadora. Com 0 uso desses dispositives ou divi- sores. as relacdes dureas podem ser facilmente identificadas para os dentes, maxilares, boca, face ¢, logicamente, para o corpo todo, antes & ap6s os tratamentos cinirgicos, reabilitadores, restauradores out orto- pédicos. O compasso ou divisor simples é um dispositive de duas hastes me- talicas em forma de X, cujo ponto de interseccao ou cruzamento permite a abertura ou fechamento das extremidades opostas (parte maior e me- nor) em proporgao durea constante, isto 6, na relacao 1,0 para 1,618 (Fig. 3.42), Os dentes tnitarios, em grupos ou relages dureas da boca inteira, podem ser identificados com esse cispositivo, Para se construir um instru. mento similar, basta lancar mao de duas hastes metélicas de aco inoxida- vel ou de pléstico (com 1618 mm de comprimento, 1,0 mm de espessura © aproximadamente 10 mm de largura) e estabelecer a intersecsao no ponto dureo de divisio em 100 mm para os segmentos maiores ¢ 61,8 mm para os segmentos menores (Figs. 342A eB), Isso permitira que as duas extremidades opostas mantenham suas distancias constantes em Proporgao durea durante a expansao ou diminuicgo da abertura, Um dos primeiros compassos hindrios em proporeao aurea foi des- tito por Joseph," em 1954, que o chamou de compasso de secgiio dourada. Nesse compasso, dois segmentos mais curtos, mantendo a relagao 1,0 para 1,618, $30 adicionados as hastes de um divisor simples e unidos pelos extremos a fim de estabelecer um terceiro ponto entre as extremida- des maiores desse divisor (Fig. 3.43). A interseccao ou ponto de unio dos segmentos menores permanecera constante ¢ 6 0 ponto de divisio dureo entre a parte maior e menor quando © compasso é movimentado na abertura ou fechamento, Shoemaker & Nestor,” em 1981, demonstraram a utilizagao de dois compassos de diferentes tamanhos, por oles idealizados (Nestor-Shoema- ker Golden Link calipers), para anélise facial, dentofacial ¢ dentaria em odontologia estetica Recentemente, foi lancado no mercado, pela fabrica de instrumentos odontoligicos Safident da Suiga, pela Dental Siniles ¢ pela Dental Sent L mites do Brasil, © compasso bindrio Golden Ruler, cujas articulagdes pei mitem movimentos de abertura e fechamento entre as partes maior € menor em prnporgio durea com bastante precieso (Fig. 3.11). A grande vantagem desse dispositivo é que ele mantém consiante as medidas de dimensoes maiores, como as da face, e de dimensdes menores, como as dos dentes. Possui também, acoplada na parte superior, uma régua milimetrada que marca as aberturas para avaliagdes de partes interde- pendentes ou congruentes da face da boca Capitulo 3 Proponcao Aurea ig: 342 ~ Compasse tra menor, invariavelmente e nples, cujas extremidades opostas se abrem e se fecham e s, uma maio: oreo Aurea constante: A. confeccionado pelo Prof Wilson Batista Mendes; B - de pléstico com trava de abertura, confeccionado pelo Prof. AntGnio Carlos Piccino. n luas ps Fle ago in Al B Fig. 3.43: A — desenho esquematico do compasso binério, d proporgdes dureas durante os movimentos de expan confeccionado pelo autor crito por Joseph, M., que mantém consiantes as sua: 113; B = similai 10 ou diminuicao de abe le aco inoxidave

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