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ApRIANO CAMARGO Tee 5 eng adr ae) 1tuals EvVaS banhos defumagoes benzimentos ADRIANO CAMARGO SaaS oR SUMARIO PrerACIO DE RUBENS SARACENI JAGRADEGIMENT OSS ieseniaeat ease ee ae SAPRESENTAGAQ ets seen ees eee ea ITN RT 6G Xana nee ae as RTT Os Rituals 19 PREPARANDO A MENTE PARA OS RITUAIS 19. RO eae a SIMPLICIDADE — RITO E RITUAL Misrérios QUEM PODE FAZER RITUAIS COM ERVAS—____ 32 REGRAS BASICAS PARA O USO DO ELEMENTO NATURAL —__ 34 O QUE PODE ATRAPALHAR OU MESMO DESQUALIFICAR UM BOM RITUAL? 37 ASIREAS = ee 9 EMOGAO E IMAGEM MENTAL 39 SENTINDO A REZA 40 ATIVAGAO DO PODER REALIZADOR DAS ERVAS_________ 40 IREZAGIATIVAD ORAS caer eerie WOE ee ey 4) Evocagho BAsIca (Gurat) ag 8) PARA ACORDAR AS ERVAS SECAS I 44 ©) PARA ACORDAR AS ERVAS SECAS 2g 1D) PARA ACORDAR AS ERVAS SECAS 3 44 2) PARA COLHER A ERVA VERDE (FOLHA) ———___________ 45 HD) PARacocemius Rat gg ) PARA ATIVAR A DEFUMAGAO —___________ 45 H) PARA SE PREPARAR PARA UM TRABALHO COM ERVAS _____ 45 7) PARE ATEBiAs Ona sees SS ay 3) OUTRA REZA PARA BENZIMENTO 46 K) ACENDENDO UMA VELA 46 1) ATIvANDo UM BANHO (ou CHA) 46 M) AGRADECIMENTO FINAL 46 RBZAS TRADICIONAIS 47 Sut Ok Gauge oa eee See ee ET B) Pat Nosso 47 ye VR SE Ey ) Orago DE SAO FRANCISCO DE Assis 47 F) PRECE DE CARITAS 47 ¥) SALMO 23 48 6) Par Nosso ba Umpanpa — Pat Nosso pa Narureza 48 CONHECENDO AS ERVAS 49 ERVAS FRESCAS E ERVAS SECAS - DIFERENGAS ____________ 49 CCLASSIFICAGAO DAS ERVAS PARA MAGIAS RITUAIS 51 CLASSIFICAGAO DAS ERVAS NA CULTURA IORUBA SEGUNDO PIERRE VERGER—CULTOS DE MATRIZ AFRICANA. ‘igles criCamScannar CLASSIFICAGAO SEGUNDO PARACELSO— ALQUIMIA # MAGIA NATURAL 34 CLASSIFICANDO AS ERVAS 56 ERVAS QUENTES, MORNAS E FRIAS 56 ERVAS QUENTES OU AGRESSIVAS. 37 ConstperagOrs IMPORTANTES SOB AS ERVAS QUENTES OU AGRESSIVAS 58 Cuidados E 58 Frequéncia 58 ‘Tempo ¢ intervalo 39 Quantidade 6 Diregao. $1 ‘Mitos ¢ verdades 2 Mowocraria DE ERVAS QUENTES OU AGRESSIVAS 65 Arocita ~ Schinus terebinhiflia Raddi 66 Arruda— Ruta graveolens I. or Buchinha do Norte ~ Luffa operculata L. 6B Casca de Alho = Allium satioum L % Casca de Cebola ~ Allium cepa L. 2 70 Comigo Ninguém Pode — Dieffenbachia picta (Lodd.) Schorr, 71 Danda da Costa ~ Tiritica ~ Cyperus rotundus L. eT A EINE (72. Erva de Bicho ~ Polygonum persicaria L. B Espada de Santa Barbara — Sansevieria trifasciata Hort. a Espada de Sao Jorge ~ Sansevieria guineensis Hort. Eucalipto — Eucalypeus globulus Labill. 76 Fumo Tabaco ~ Nicotiana tabacum L. 7 Guiné — Petiveria alliacea L. 79 Jurema Preta— Mimosa hostilis Benth. 80 ‘Mamona ~ Ricinus communis. 2 Para Rio — Melia azedarach L. Be Peregun - Dracena Roxa~ Cordyline terminalis (L.) Kunth. pee: SF Picio Preto ~ Bidens pilosa L. 86 Pimentas ~ Capsicum sp. 87 Pinhao Roxo — Jatropha gossypiifolia L. ats RS Quebra demanda ~ Justicia gendarussa L. 89 ERVAS MORNAS OU EQUILIBRADORAS «<9. ConSIDERAGOES IMPORTANTES SOBRE AS ERVAS MORNAS—__ 9 Cuidados aL Frequéncia — a Quantidade 93 ‘Tempo c intervalo. 2 Diresio 94 \Verdade e mitos entre ervas quentes emornas 4 MOoNOGRAFIA DE ERVAS MORNAS OU EQUILIBRADORAS 95 Abre Caminho — Lygodizm volubile Sw. 96 Alecrim — Rosmarinus officinalis L, Alfavaca ~ Ocimum gratissimum L. 99 Alfazema (lavanda) ~ Lavandula officinalis Chaix 101 Anis Estrelado — cium verum Hook. Fil 103, iad cr Canna Artemisia — Artemisia vulgaris L. Benjoim ~ Styrax benjoin Dry. Boldo~ Plectranthus barbatus Andrews Café Folhas — Coffea artica L. Calendula Flor— Calendula officinalis L Camomila Flor — Masricaria chammomilla L. ‘Canela Casca ~ Cinnamomum zeylanicum Breyn. Capim Cidreira ~ Cymbopogon citratus (DO) Stapf Cipé Caboclo ~ Davila rugosa Poir, (Cips Prata— Banistera argyrophylla Colénia — Alpinia zerumber (Pers.) B.L. Burtt. & RM. Sm. Ceavo da {ndia ~ Syzygium aromaticum L. Etva Doce~ Pimpinella anisum I. Folha da Costa ou Saigo (kalanchoe) ~ Kalanchoe brasiliensis Camb. Gengibre~ Zingiber officinale Roscoe Girassol Flor e Semente — Helianchus annus L. Graviola ~ Annona muricata L. Hibisco ~ Hibiscus sabdariff Hortelas (Mentas em geral) Hortela Comum — Mentha sp Hortela Portuguesa ~ Mentha x villosa Huds Hortelé Pimenta~ Mentha spicata L Hortela Branca ~ Plectranthus sp. Hortelé do Norte - Plectranthus amboinicus (Lour) Spreng. Levante — Mentha arvensis L. Poejo— Mentha pulegium L. Incenso Resina - Olbano — Beswellia carterit Birdw. Incenso folha ~ Tetradenia riparia (Hochst.) Codd. Laranja folhase casca do fruto- Citrus auransium L. Limo folhas ~ Citrus limon (L.) Burm. F. Losna — Artemisia absinthisom Louto ~ Laurus nobilis Macela ~ Achyrocline satureivides (Lam.) DC Malva cheirosa~ Pelargonium sp. ‘Mangucira folhas ~ Mangifera indica L. Manjericio comum (gratido) ~‘Ocimuym bacilicum L. Manjericao comum (mitido) ~ Ocimum minimum L. Manjericdo Roxo ~ Ocimum basilicum purpureum Hort. Manjerona ~ Origanum majorana L. Melisca officinalis L. ‘Melissa brasileira — Lippia alba (Mill) NE. Br. Cidré Pessegueiro — Lippi sriphylla (L'Hér) Britton Mirra — Commiphora sp. Peregun Verde — Dracena ~ Dracaena fragans (L.) Ker Gawl, — Peregun verde-amarelo ~ Dracena - Dracaena fragans var. Maswangeana L. Picangueira— Eugenia uniflora L. Romanzeiro — Romd folhasecasca do fruto ~ Punica granatum L. Rosa Branca ~ Rosa centfolia L. Silvia — Salvia officinalis L, Samambaia ERVAS FRIAS OU ESPECIFICAS ANTES DE FALAR DAS ERVAS FRIAS OU ESPECIFICAS ENTENDENDO As Ervas FRIAS OU EsPEC{FICAS 104 105 106 108 10 aL m2 113 us 116 117 ug 120 12 122 123 125 127 128 129 129 130 131 131 133 134 135 136 137, 138 139 140 42 143, 145 146 146 148 149 150 150 151 151 153 155 156 158 160 162. 164 166 166 168 ‘azn or CamScanner MAGNETISMO FEMININO (RITUAIS PARA MULHERES)—__________170 MAGNETISMO MASCULINO (RITUAIS PARA HOMENS)—_170 AMOR E HARMONIA CONJUGAL ag PROSPERIDADE, ABUNDANCIA E FARTURA 172 TRANQUILIDADE E PACIENCIA ag ESTIMULO, MOTIVAGAO E CORAGEM 176 EspIRITUALIDADE, MEDIUNIDADE E DESENVOLVIMENTO 178 EBVAN PAR ACRIANGAS oe eeees 1a akg oo ae ERVAS PARA GESTANTES 181 POTENCIALIZADORAS, MAGNETIZADORAS E ESTABILIZADORAS 182 ERVAS MEDICINAIS (FITOTERAPIA POPULAR)—______183 Chase seus preparos - regras bisicas 83 Para preparar o chd hé virias maneiras. As pr 184 Infusio 184 Decoorio 184 ‘Tisana 184 Maceragio. 184 SAL GROSSO 185 . Os PREPAROS RITUAL{STICOS 186 Bao A aE a Derusag 185 Os antacis 191 BATE-FOLHAS x sACUDIMENTO 194 BENZIMENTOS 196 Beiresiri ioxra ty eee cna ae as SES SESE IG Benzenvo JovENs BapULTos — agg Us rouco mats sore o peNzimenTo tay Poperes # DEVERES DO BENzEpOR ag BeNziMBNTO COM CHAVE 200 BENzENDO A pistANcIA ror BENZENDO UMA CASA 201 (CONSAGRACOES DE ELEMENTOS 202 RITUAIS COM ERVAS PARA TODOS OS DIAS —_________ 203 RITUAL DE LIMPEZA E ENERGIZAGAO COM ERVAS EMTRES PASSOS—_________ 204 Deresa ou MANUTENGAO ENERGETICA DIARIA 207 ATUAGOES NEGATIVAS COMO FUNCIONAM — OPOSIGOES AO TRABALHO 208 Onsessko espirrruat InyrernERincta MENTAL — Un TIPO DE MAGIA NEGA’ 208 Macta NEcATIvA com Uso De BLEMeNTos ag Proszgo fNTIMA OU AUTO ORSESSAO 208 CONSIDERAGOES FINAIS nt REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 212 Digtaleao com Cameanner PRerAcIo Cy 2 onheci o meu irmao Adriano Camargo hd muitos anos ¢ agora rece- F.seu cobvite para prefaciar seu livro intivulado “Rituais com Ervas’ convite este que, se me alegrou, no entanto preocupou-me, porque © tema “Ervas” exige um conhecimento amplo de quem se propée escrever sobre elas. Mas, apés ler o livro, minha preocupasao desapareceu, uma vez que também aprendi mais um pouco sobre elas, justamente através de uma forma de abordagem inédita ¢ de facil memorizacio. De fato, Adriano Camargo faz jus 20 seu apelido carinhoso, dado a ele por quem o conhece e com ele convive hé tanto tempo, que o chamamos de “O Erveiro da Jurema”. Lembrei-me que em 2000 ou 2001 0 Adriano me mostrou um esbogo, ainda em apostila, de todo um trabalho que ele vinha prepa- rando ¢ que, posteriormente, deu origem ao curso sobre ervas, jé mi: nistrado por ele ha alguns anos e que ja beneficiou os milhares de pes- soas que com ele estudaram as ervas e suas propriedades terapéuticas, energéticas ¢ espirituais. Assim como mergulhei na leitura desse livro, actedito que vocé, leitor que esta lendo este meu preficio, também se esclarecerd muito devido 4 forma singela com que o Adriano trata as ervas ¢ 0 mundo vegetal. Nao vou antecipar aqui os temas abordados com a propriedade que s6 0s profundos conhecedores ¢ amantes da natureza conseguem. Mas que deu vontade, isto este livro despertou em mim. ‘Ao meu irmao de fé e amigo Adriano Camargo meus parabéns por colocar ao piiblico interessado pelos poderes das plantas um ver- dadeiro formulario ritualistico e terapéutico, que iré ocupar seu justo e merecido lugar nas bibliotecas dos estudiosos das ervas. A vocé, leitor, uma boa e instrutiva leitura! Rubens Saraceni ———Rrruais com envas - BaNHOS, DEFUMAQOES E BENZIMENTOS ‘iataleado com Camscanner AGRADECIMENTOS agradecer é uma magia! “Por favor e muito obrigado sao palavras magicas que podem mo- dificar o dia de uma pessoa. Todos os livros devem conter uma parte de agradecimentos. Isso é praxe, assim como é praxe todo autor lembrar, aqui, de sua familia. O que o leitor normalmente vé nessa parte é comum a todos. Mui- tos até nem lem, pois j4 sabem 0 que vo encontrar. O que poucos se atém, é a importancia de algumas pessoas na vida de quem escreve. Os que leem os originais, os que trazem um café inusitado em horas pouco convencionais, os que aguentam um mau humor quando a inspiragio foge, ou os que s4o obrigados a esperar, mesmo sabendo que hd coisas “mais importantes” a serem feitas do que ficar escrevendo. E também os que sabem que um livro esta sendo escrito e mesmo assim tratam de lembrar o tempo todo o autor com a pergunta: — E © livro, estd pronto? Pois é, além de agradecer a todos, quero apontar sim como sao importantes. Cada um faz. parte de cada pedacinho realizado. Pode nao parecer, mas eu me lembro de cada trecho onde cada um participou com seu jeitinho pessoal. Muito obrigado! . Obrigado, Pai Criador! Obrigado, Mac Natureza! Obrigado a Umbanda! Obrigado aos Sagrados Papais e Mamaes Orixés! Obrigado aos Mestres Espirituais, que na forma de Caboclos, Pretos Velhos ¢ intimeros arquétipos lidam com nossa sensibilidade ¢ natureza humanas e sabem como ninguém do que nés mais precisamos. Obrigado ao meu Sagrado Pai Caboclo Ventania por ter tanta paciéncia comigo, com minha teimosia, preguica ¢ desculpas esfar- rapadas para coisas que deixo de fazer. E obrigado por confiar seus “Ventos de Aruanda” a esse vosso filho, aprendiz do vosso amor. Obrigado Pai Cobra Coral, Pai Arranca Toco (o Erveiro), Mae Jurema, Pai Floriano, Ventinho, Seu Capa, Seu Cova; 0 “Velho Er- veiro”, ¢ todos que de alguma forma tém dedicado sua vida espiritual —____Rrrunis com envas - Banos, DEFUMAGOES & BENZIMENTOS ‘iatalzad com Camscanner ES ACRADECIMENTCE! & evolucdo desse irmaozinho e que através de mim podem melhorar a existéncia de alguém. Obrigado por me fazerem util ao semelhante, esse mérito € todo vosso! Obrigado ao Poder Divino ¢ Forgas Naturais da Jurema, que con- fiaram esse trabalho a esse filho € irmaozinho, muitas vezes cego, surdo, mudo e ignorante das coisas, apenas sabendo que deveriam ser feitas. Em especial, mulher da minha vida, Andréia Conté Camargo, esse ser de luz que caminha comigo ¢ que verdadeiramente me suporta em todos os sentidos. Amor, nosso livro esta pronto! A minha filha Thais, que trouxe um sentido cm minha vida e me deu motivos para ser cada vez mais cor- reto. Quando a gente aprende que ensina mais com o exemplo, € isso que acontece. As palavras movem, mas os exemplos arrastam! A meméria de meus pais, Antonio Elisa, pelo dom da vida, por terem moldado meu cardter com sua simplicidade e honestidade e por me proporcionarem essa experiéncia na matéria. Ao Mestre Pai Rubens Saraceni pelo incentivo, por todo 0 apoio, por ser quem é¢ estar onde esta e por ter aceitado prefaciar esse livro. O senhor sabe da sua importncia, e isso é 0 que importa! Ao Pai Ronaldo Linares, pela sua dedicagio 4 Umbanda e por todo 0 apoio. Obrigado especial e de muito corag4o 4 Familia Ventania. Nao vou colocar aqui todos os nomes, mas quem é, sabe que é. E quem esta, sabe que esta. A esses meus verdadeiros irmaos de Fé, meu muito obrigado sempre! Aos irmaos de caminhada, de sina e destino, que se dedicam a ensinar o que sabem ¢ aprender com o que ensinam. Aos alunos que desde 0 ano 2000 vém alimentar seu espirito com 0 conhecimento das ervas. Ao Jornal de Umbanda Sagrada e seu editor, Pai Alexandre Cumino, por todo seu trabalho, pelas oportunidades e portas sempre abertas. A todos os jornais e revistas que permitiram que 0 conheci- mento fosse levado de forma simples, em palavras escritas. Precisarfamos de mais algumas paginas para que todos os que séo importantes na minha vida possam ser lembrados nominalmente aqui. Recebam minha gratidao. Que Deus Nosso Pai Criador, que Mamae Natureza, Seu Poder Divino e Forgas Naturais possam os abengoar sempre! Muito obrigado, muito obrigado, muito obrigado! ~ Baniios, DEFUMAGOES E BENZIMENTOS. Se do com Cams _____ ApresenTacAo ‘0ss0 dizer que fago 0 que mais gosto e gosto muito do que fago. O tra- ‘com as ervas foi substituindo naturalmente meu campo de formacao original. Durante alguns bons anos militei como um profissional de exatas, mais precisamente trabalhando com tecnologia da informacao. Esse trabalho com a natureza e seus elementos tem completado os campos de conhecimentos, habilidades e atitudes necessérias para que eu proprio me encontrasse, conhecesse e pudesse enfim acreditar que era capaz de realizar algo, néo apenas para mim, mas principalmente para meu seme- Ihante. A Umbanda é religido. F religido do bem e para o bem. Cresci na Umbanda e nela me formei como pessoa e actedito que esse conceito, muito falado ultimamente, sempre esteve nas bases dessa forma de encontrar a Deus em nés préprios. Entender a si préprio vem se tornando matéria obrigatéria para todos nés, praticantes das religides naturais, as que tém na “Natureza” sua base. Nao s6 na natureza de elementos, mas na natureza humana, como ensinado arduamente pelos guias espiricuais e aprendido de forma empitica através das manifestagGes meditinicas, dos arquétipos, linhas de trabalho que tra- zem em seus tracos humanos regionais, uma forma de expresséo que leva a um entendimento maior da nossa prépria origem divina. Por traz da aparéncia infante de uma crianga, um “eré” manifestado em seu médium, ha um campo vastissimo para o entendimento de que “renovar é preciso”, Para que tudo possa atingit um ponto de sabedoria, € preciso constante renovagao. Para que novas energias se estabelecam é ne- cessiria a alegria da crianga. Se vocé sente as religiGes da natureza assim também é um dos nossos. Somos muitos, eu tenho certeza, e somos fortes. Nosso livro sagrado € escrito todos os dias, de um por do sol a outro, em cada ciclo da natureza. Somos do bem e para o bem, ¢ 0 ser humano que nao est4 no bem é porque ainda néo compreendeu sua natureza. Essa é a busca da humanidade, o entendimento da sua prépria origem, Ao apresen- tar “Rituais com Ervas—banhos, defumagées ¢ benzimentos’, pego licenga, béngao, amparo e protecao aos sagrados Mestres da Luz do Saber. Esscs, invisfveis aos olhos dos descrentes, pois néo fazem a minima questo de se pronunciarem em piiblico aqui, nesse meio humano, entendido por nés como um ponto transitério no caminho da evolucio espiritual. S40, —_____Rrruals com gnvas - BANHOs, DEFUMAGOES E BENZIMENTOS ‘iatalzao com Camscanner 14 Annesexracho. impessoais ¢ colocam suas individualidades a servico do coletivo através de muitas formas de entendimento 0 que chamamos de religido, se servindo para isso de nomes e simbolismos que estao no nosso inconsciente humano. Adotam e permitem a melhor forma para nés os entendermos, efeito esse observado também nos seres da natureza. Sao esses os inspiradores desse trabalho, Aqueles que na maioria das vezes nao se identificam, apenas caminham junto comigo, na mata ou na selva de concreto ¢ tecnologia. Convidam-me a observar os ciclos das ervas, as partes, folhas, cascas, raizes, frutos, lores, enfim, observar o que estd contido ali, no elemento. Conduzem-me a observar as grandes e pequenas Arvores ¢ as minimas, mas perceptiveis, manifestagSes de Deus na Nature- za, Sao eles que permitem hoje essa troca de experiéncias através desse livro. Esses escritos nfo sao apenas para Umbandistas ou outros religiosos, s40 para todos nés que buscamos formas simples € objetivas de compreender 0 que jd se faz hd milénios dentro das culturas e religioes. Uma abordagem peculiar e cuidadosa, comprovada pela repeticéo, de que € possivel se servir do conhecimento da natureza para nosso benefi- cio. Oferecemos uma pequena parte desse trabalho que comecou de forma simples e assim, simples, permanece em esséncia. E a experiéncia da busca pessoal por respostas, e isso por nao acreditar que estava, simplesmente, pondo em pritica um conjunto de crengas e superstigées sem fundamento ou explicagio, por menor que seja. Como num impulso, um dia acordei com uma imensa vontade de aprender sobre as ervas... Eu sou Adriano Camargo, chamado carinhosamente de Erveiro da Jurema — apenas um irmao que gosta de falar ¢ escrever com 0 coracio. Quem escreve, seja o tema que for, procura passar nas palavras escritas aquilo que acredita, sente ¢ que gostaria que todos pudessem perceber tam- bém. E um compartilhar intenso entre o escritor, sua obra ¢ seu piiblico. Alguns escrevem para si mesmo, outros pensando em seus leitores. Mas 0 escritor nao escreve por obriga¢40, ou porque tem prazos a cumprir e tem que ser feito. Escrever é um épio capaz de tirar do amago, do intimo, um sentimento que nem sempre pode set colocado em palavras escritas. Muito obrigado a vocé leitor por permitir que eu compartilhe, sim- plesmente, do meu coragdo ao seu. Tenham todos uma étima leitura e uma fantéstica viagem ao mundo das ervas! Adriano Camargo Rirvats cow envas- Banos, peruMco :MENTOS ae SSaTTioncansie INTRODUCAO ‘empre que falamos sobre 0 uso das ervas, nosso mental, ou nossa ~consciéncia, nos remete ao universo mistico das benzedeiras, dos raizei- ros, das pessoas envolvidas com a vida no campo ¢ 0 uso dos elementos da natureza na forma de alimentos, chds ¢ preparos medicinais. Desse universo também fazem parte os remédios para todos os males € um conjunto de palavras incompreensiveis na forma de rezas ¢ ladainhas que, se nao tém um poder de realizagao imediato ou propor- cionam um show de luzes ¢ cores alucinantes, envolvem os participantes do processo numa aura de mistério ¢ Fé, que comungam com a cura esperada e a realizacao de pelo menos 0 necessirio bem-estar espiritual. A imagem mitolégica do alquimista, da bruxa, feiticeira, ou da simplesmente “fazedora de garrafadas”, tio discutidas ¢ desconheci- das pelos povos da cidade, jé formaram no passado a tonica desse mundo simples e ao mesmo tempo incompreendido. Lembro que de crianga, invariavelmente era levado para ser ben- zido em alguma casa distante da nossa onde morévamos. Distante quando se é crianga pode ser apenas alguns quartcirées.. Mesmo ma- mie sendo também capaz de benzer (os outros), eu tinha que ser aben- soado por pessoas diferentes, essa era a regra. Na visio do menine, as casas das benzedeiras cram fantisticas, verdadeiros templos da bruxaria, cheias de pocdes magicas acondicio- nadas em potinhos de porcelanas coloridas em armarios de férmica branca com cintilantes dourados e puxadores de madeira escura. Nas paredes da casa, quadros de Sao Jorge, lemanja, o Sagrado Coracio de Jesus e Nossa Senhora. Em cima da geladeira frascos e caixinhas de remédio dividiam 0 espaco com imagens de Nossa Senhora Aparecida, Santo Anténio, Sio Bento, Sao Benedito, Cosme e Damiao e Santa Barbara. Olhando da sala, uma cortina de pano branco separava um cémodo que deveria, na minha visdo infantil, guardar coisas espetaculares, inimaginaveis mesmo. No corredor que ligava o jardim da frente da casa com o quintal no fundo, sempre havia um cachorro preso na corrente, mais um ou dois gatos dormindo preguigosos na soleira da porta, um periquito na gaiola, e eventualmente algumas galinhas ciscando em liberdade. —RITUAIS COM ERVAS - BANHOS, DEFUMAGOES E BENZIMENTOS ‘ataizads com Camscanner 16 Intropugio Nesse quintal, terreiro de chao empocirado, era exposto um va- ral de roupas recém-lavadas ou clamando. para serem recolhidas, er- guido ao alto com um bambu préprio para a funcéo. As ervas soltas no quintal, pareciam que cresciam ali sozinhas, abandonadas & prépria sorte de destino. Arbustos de boldo, losna, uma pequena laranjeira ¢ um loureiro — um em cada canto do muro. Nao podia faltar a arruda, a alfavaca ¢ um sem mimero de orqué- deas devidamente acondicionadas em latas grandes, dessas de dezoito litros que hoje a gente compra com tinta. Os cheiros que eu mais lem- brava eram da arruda e do manjericdo, que identifico hoje pela memé- ria olfativa e que me levam em lembrancas para essa época. Verdadei- ras historinhas vivas aos olhos, reavivadas a cada benzimento semanal. Ir benzedeira era um fardo pra mim, nio me sentia nada bem. Allgo me incomodava, além do fato de ténque sentar no seu colo pra ser benzido. Nao era sé isso, havia algo a mais que eu podia sentir e nao conseguia explicar. Mas enfim, crianga nao tem querer mesmo (pelo menos naquela época nao tinha) e mac sabia das coisas. Fato ¢ que eu sempre ficava muito bem depois do benzimento, dormia tranquilo nao dava trabalho por alguns dias. Uma vez acomodado, depois de ter aguardado impaciente que as senhoras tomassem seu café, ché, ou coisa parecida, colocassem a conversa em dia, falassem do. preco do gis, ou de como as coisas na venda do Seu Miro e no mercadinho da japonesa estavam custando os olhos da cara, Id ia eu ser benzido. A benzedeira normalmente estava de vestido estampado, cabelo agrisalhado e preso para trés, tinhas as méos inchadas pelo trabalho doméstico e um hilito de cravo-da-india inconfundivel. De vez em quando era pega de surpresa com um avental de cozinha florido ¢ molhado do trabalho no tanque ou na pia. Nessa pia da cozinha, onde apareciam as panelas brilhantes, lavava as mos com um pedaco de sabéo em barra, enxugava no avental, que se ndo estava usando, muitas vezes estava preso num prego da parede. Ta até o quintal e voltava com dois galhos de arruda ¢ um ramo de outra erva qualquer. Colocava um dos galhos de arruda atris da orelha, 0 ou- tro esfregava nas méos, ¢ a outra erva juntava a algum outro objeto - um ctucifixo, ou de vez em quando, uma colher de pau ou de metal mesmo. Colocava-me carinhosamente no colo e de posse dos ramos galhos de ervas e desse objeto, que quando era o crucifixo néo me agradava em nada por ver a imagem de Cristo na cruz sofrendo, co- Riuats com ERvAs - BaNHOS, DEFUMAGOES F RENZIMENTOS igtatzao com Camseannar Tiree eeie SE megava uma intermindvel rotina de rezas que cu no entendia nada. Sei que de vez em quando ela perguntava alguma coisa pra minha mie que respondia ou com meu nome, ou com alguma interjei¢ao monossilabica, e a reza continuava. Final do martirio, tinha que beber goles de 4gua numa caneca de louca branca e depois ganhava um doce, umas balas ou uma gulo- seima caseira qualquer. Essa rotina de benzimento ficou estagnada na minha meméria durante anos. Sem dtivida nenhuma, as benzeduras que aquelas senhoras aprenderam sabe Deus com quem, eram rituais que aplicavam de forma incontestavel. Jé que contei essa histéria toda, deixa-me explicar: 0 motivo para tanto benzimento é que eu sempre fui uma crianga “um pouco proble- miatica”. Nasci prematuro, exigia bastante cuidado de satide, dormia mal, principalmente porque tinha algumas visées e percepcées. Era um tanto agitado e dava um trabalhao danado, pois vivia acometido por pequenas doencas que hoje seriam simplesmente despachadas pe- os médicos como simples viroses. Mesmo mame sendo médium de Umbanda, médium de atendi- mento, benzedeira, enfim, santo de casa nao faz (ou fazia) milagres, o remédio era recorrer ao poder de outros para que a coisa se acalmasse. ‘Tem muitas outras historias como essa, ¢ das que eu lembro, uma in- teressante foi de uma vez que fui levado a um benzedor; ¢ esse era bem Jonge mesmo, porque foi uma “viagem” de dia inteiro. Um senhor negro, enorme, que nos recebeu, ele € sua esposa, numa casa muito simples. Lembro que demoramos pra chegar la ¢, quando enfim chegamos, era hora do almogo. O homem nos convidou para entrar ¢ colocou-nos mesa para al- mogar, Eu olhava para ele ¢ ele pra mim, eu com medo ¢ ele com seus olhares em minha diregéo parecia que me conhecia ou que me jd esperava. Até hoje eu nao sei se via mesmo ou se era simples impresséo. Mas que ha um indio grandio li... Tinha sim! © homem entrou por uma porta que levava a outro cémodo da pequena casa, ajoelhou, acendew uma vela, rezou em siléncio e quando levantou e saiu jé era outra pessoa. Esse indio estava dentro dele e fora ao mesmo tempo, o envolvia por completo ¢ eu via o homem ¢ 0 indio se projetando dele. Ele falava comigo com uma voz potente, tonitruante, era como se ao mesmo tempo em que bronque- ‘asse comigo, tratava-me com carinho e respeito. Eu tinha uns cinco ou seis anos de idade ¢ lembro que aquele homem, negro ¢ indio 20 mesmo Rrruats GoM exvAs - BaNHos, DEFUMAGOES # wezientos J J ‘iatalzad com Camscanner IntRopucio tempo, disse, entre as muitas baforadas de um charuto cheiroso, algumas coisas que viriam acontecer comigo, sobre a vida espiritual, mediunidade, enfim, disse palavras simples e objetivas sobre meu futuro e a responsabili- dade dos meus pais sobre isso. Falava de um modo quase incompreensfvel, pois carregava um sotaque forte. Era a forca viva, a presenca do caboclo. Benzeu, abengoou e nos mandou embora. Durante anos essa lembranga ficou adormecida e quando tive oportunidade de pergun- tar, 0 tempo com meus pais na terra jd ndo permitia. Ficaram a imagem e algumas frases na lembranga, também a forma simples de promover o bem ea figura forte do Caboclo. Essas passagens no sao totalmente integrais porque a memoria vai se perdendo e dando lugar 3 ideia racional e adulta das coisas, ou é adormecida pelo tempo ¢ pela tecnologia. Se tenho coragem de relembré-la3 é porque ao falar de rituais com etvas, benzimentos formas simples de nos servirmos dos ele- mentos da natureza, ndo consigo me desvencilhar dessas préticas que comp6em nao somente a minha vida, mas a vida de toda uma geragao de pessoas que foram benzidas, passaram por processos religiosos e se curaram ¢ acabaram descobrindo um caminho mediiinico ou um ca- minho de entendimento e respeito & natureza, mesmo que aprendido pela simples experiéncia e observagéo. Hoje essa forma de falar sobre rituais, através da escrita, amparada pela tecnologia, pelos meios modernos de comunicagdo, internet, etc. deverd ser lembrada daqui a alguns poucos anos como uma forma até arcaica de professar o conhecimento da magia natural e suas praticas. Todas essas joias, lembrangas da minha infancia, servem para ilustrar esse caminho ritualistico, mostrando seja de forma figurada, ou direta mesmo, para aqueles que se sentiram dentro da histéria, que 6s rituais estéo presentes em nossas vidas 0 tempo todo, € que nos envolvemos com eles naturalmente. V8 Rervass com zrvas- Bavito DEFUMAQOES & BENZ ‘igtalzao com Camseannar Os Rituals PREPARANDO A MENTE PARA OS RITUAIS Preparar seu préprio banho, sua defumacao, fazer um benzi- mento em si mesmo requer na prética boa vontade, bom senso, uma pitadinha minima que seja de esperanca que venha colada na Fé, no desejo de realizar 0 bem para si, para o semelhante, para a comunida- de, para 0 universo ¢ uma boa dose de coragem. Coragem de vencer a preguica, 0 desinimo, a fraqueza que acompanha ¢ € resultado das obsessées espirituais, as atuacées negati- vas nossos préprios encontros com nossa realidade interior. Nés seres humanos tentamos o tempo todo encontrar des- culpas para nossas dificuldades. Tentamos encontrar 0 culpado do lado de fora, assim como aquela pessoa que a0 manobrar o carro numa rua bate a traseira do veiculo na lixeira instalada na calgada, amassa os dois, gerando assim um prejuizo, mas, nao contente, ainda desce e chuta a lixeira como se cla, metal inerte, fosse a cul- pada da barbeiragem. Resultado: dois dedos do pé quebrados e 0 prejuizo do amassado, que inicialmente nao era tao grande assim, fica bem maior. Esse é um exemplo de que encarar as dificuldades de frente acaba saindo mais barato, mais rapido ¢ melhor resolvido. * Reconhecer as dificuldades préprias ¢ nao arrumar desculpas um grande comeco para um bom ritual. Escreva em algum lugar que possa ficar visivel para vocé:, Sem desculpas! E leve isso como meta. Na hora de buscar algum culpado, reflita. Tenha certeza que esse primeiro ritual, de acreditar que pode viver sem desculpas para si mesmo, é um excelente caminho para dominar os deménios internos. Isso mesmo, essas entidades miti- cas tio clamadas por alguns religiosos em seus calorosos cultos, po- dem viver em nossas mentes inconscientes. E como aquela “forca de costume”, aquele comodismo no qual nosso mental adormecido se encaixa e desenvolve sistemas de protegéo para quando a acao é diferente do cotidiano. ‘A mente reage contra 0 que nao é costumeiro. Acostume-se a0 ostracismo e & preguiiga e vera que a cada dia fica mais dificil sair da situagao. E quando tentar, sentir algo a impeli-lo ao contratio. Mui- 10s atribuirao isso a fatores externos... Rituals COM ERVAS - BANHOS, DEFUMACOES E BENZIMENT ‘iatalzad com Camscanner a ee 0 aie — Seré que tem algum feitico feito contra mim? — Quem seré que nao quer que eu faca esse banho de ervas? — Me senti mal s6 de pensar em rezar.. Ji atribuindo tudo isso a alguma entidade mitica... De acordo com a expressio de H.P.Blavatsky: ‘A mente é boa serva, mas cruel senhor.” E nds dizemos: “A propria mente cria oposigées aos esforcos para domind-la.” Nesse caso, dominar a mente é crer em si mesmo, na magia, no poder transformador que o ritual, a reza, o benzimento podem trazer. Crer em Deus Nosso Pai Criador, como a verdadeira fonte de tudo e a0 invocé-Lo, crer realmente em seu Poder Divino ¢ Suas Forgas Naturais, manifestadas em nosso meio através da simplicidade da natureza de elementos ¢ da natureza humana, em suas nuances, tons, cores e formas, ¢ de sentimentos positivos ¢ negativos. E manter 0 foco, a atencio, a perseveranca naquilo que é 0 obje- tivo da magia ritual. A facilidade, por exemplo, de sentar-se a frente do computador ¢ encontrar tudo nos sites de busca, torna-nos um tanto acomodados. E. necessétia uma real vontade de melhorar para sair do lugar comum, sair desse comodismo ¢ ir & luta. A vontade, por menor que seja, para no minimo sair do lugar co- mum e levantar da cama ou do sofa. Com isso, esses recursos da depres- sdo espiritual vio diminuindo e dando lugar a uma sensaco étima de plenicude por realizar algo de bom para si mesmo. Aos que conseguem vencer essa primeira barreira, fica 0 gostinho da vitéria ¢ o sentimento de— “Porque nao fiz isso antes”? Um ritual de limpeza energética, um banho de ervas, por exem- plo, sem diwvida nenhuma poderd ajudar a tirar a pessoa de um estado de obsessio espiritual que a impede de enxergar as oportunidades que estio positivamente no seu camino. Mas a vontade de sair da situacio deve permitir esse processo ritual. Actedite que pode e poder4, acredite que nao pode ¢ nao poder. Das duas formas vocé estard certo. Escolha o que é melhor para vocé. Entenda isso e sua mente terd dado 0 primeiro passo para que os rituais sejam_proveitosos e plenos em sua vida. 20 Rirons cow eevas - Banos, peruMAgbES F BENzIMENTOS eee sss.‘ Saco com omsoanhh Os Riruars O Que sAo RITUAIS E légico que quando falamos de rituais entendemos, pois nossa mente assim est preparada para entender, que precisaremos de formas ¢ formulas liniirgicas, palavras mégicas, rezas rebuscadas em termos in- compreensiveis, e dirigidas a segunda pessoa do plural (Vés) para todas as entidades evocadas. Podemos citar aqui diversas formas rituais ligadas a contextos muito interessantes, mas que nem sempre estio disponiveis a todos. Aos que estudam as ciéncias herméticas em profundidade, esses nossos escritos podem parecer égua com acticar, mas aos simples de coracio, esta dispo- nivel um campo de possibilidades. De que adianta um conjunto de conhecimentos guardado numa caixa? Para que serve eu saber dezenas de benzimentos ¢ nao dividi-los com ninguém? Esse livro nao trata de desenhar simbolos, pentagramas, fazer bonecos de cera, nem se vestir de capa preta e capuz na lua cheia e evocar poderes ocultos numa lingua estranha. Esses rituais existem, tém seu fundamento, sua base alicergada em religides e conceitos antigos, funcionais para quem os pratica, mas, como disse, nada abrangentes e indisponiveis para a grandé maioria das pessoas. Falar de ritual é lembrar-se‘de formas folcl6ricas, cultos secretos ¢ antigos a deuses ultrapoderosos, desconhecidos pelos pobres mortais, as pessoas normais como nés, Exagero? De jeito nenhum! E exatamente isso 0 que vem & mente. Acreditamos que para fazer um ritual se exige preparo, conhecimento de causa € efeito, iniciagio, etc. Mas se observarmos, somos seres ritualisticos. Quem nao tem seus proprios rituais ao acordar? Levantar, espreguicar, ir ao banheito, escovar dentes, tomar banho, etc. Sempre no mesmo ritmo e na mesma sequéncia. Ritual é forma, é maneira de executat. Uso ritualistico das er- vas nada mais é do que a forma natural, ordenada, para se usar os elementos e absorver o melhor em termos de resultado. Poderfamos simplesmente chamar essa pritica natural de “magia”, mas entendo esse termo de outra forma. Magia é transformacao. Usamos magia quando queremos mudar o estado de alguma coisa. Quando queremos transformar uma situagio, mudar energeticamente o padrio vibratério irradiado pela aura de uma pessoa ou de uma casa. Reruns com eRvAs - Banwos, DEFUMAGOES E BENZIMENTOS 20 ‘iptalizago com Camscanner 2 Os Riruais Magia é transformacao. Magia é poder. Magia ¢ Poder Transforma- dor. A magia ainda hoje é usada nas suas polaridades positiva e negativa. A magia por si s6, escrita ¢ descrita aqui ou em outros livros, por defini¢ao éneutra, assim como os elementos, por mais grotescos que parecam, séo como faca em mao de morto: ndo oferecem perigo se no forem ativados, ou sé nao lhe derem vida. Ler um livro de rezas como simples leitura nao implica na ativaco desse mistétio € no desencadear de ages relativas a essa magia tao conhe- cida, Tragar uma estrela de cinco pontas no chao, ou na areia da praia, nao faz de ninguém um mago. E necessdrio “se colocar” como ativador, rezar, invocar um poder, senti-lo, solicivar, pedir, convidar essa forga para atuar de forma viva e ati A diregao que a magia toma respeita as determinagoes do seu ativa- dor. Podemos afirmar entéo que a magia esté“no mago em primeira ins- tancia e nos elementos como fatores fixadores e mantenedores da magia, dando-lhe permanéncia Um mesmo elemento de magia positiva pode ser usado para magia negativa, de acordo com a vontade do seu ativador. ‘A magia se baseia na intengéo, no propésito do seu ativador. O con- ceito de magia positiva ¢ negativa estd af, no mago responsével pela ati- vagao, Bascia-se no resultado ¢ na posterior colheita dessa consequéncia, que, com certeza, respeitando-se a regra universal de ago ¢ reacéo, vird de encontro a si mesmo com seu poder. Fazer magia pode parecer complicado nesses termos iniciéticos, mas é muito mais simples do que se imagina. Transformamos muito em nosso dia a dia. Por que seré que os adeptos da bruxaria natural tém, na cozinha, seu grande altar, 0 ponto maximo, o ponto de forcas da bruxa mae? Por que é na cozinha que tudo se transforma, na cozinha que os alimentos so modificados e preparados para ser fonte de energia. Portanto, se vocé jé preparou um simples ché, ja participou de um ato de magi colher a erva, lavar, deixar escorrer, colocar a gua para ferver, colocar a erva dentro d’gua, coar, enfim seguiu e praticou um ritual. E se esse cha que vocé preparou seguiu um critério, como SIMPLICIDADE — RITO E RITUAL Simplicidade néo é simplismo. Trabalhar com simplicidade os le- mentos naturais, nao quer dizer abrir mao do respeito a eles. Nao é reduzir JAIS COM ERVAS - BANHOS,-DEFUMAGOES-&-BENZIMENTOS. Rr ‘italeao com Camscanner Os Rimini aeons a a pritica das religides a nada. Respeitamos sim as praticas livdirgicas, mas dentro da concepgao de cada religiao. Se o praticante se sente bem ampara- do por aquela religiosidade, que a pratique sem medo, Aceite ¢ respeite seus dogmas e preceitos. Faga aquilo que reza a cartilha da religido ¢ boa sorte. Os magos modernos nao usam mais chapéus pontiagudos nem roupas bordadas com estrelas. S4o pessoas comuns que entenderam 0 sentido da simplicidade tiram das coisas simples beneficios para sie para seus semelhantes. Quer dizer que pessoas comuns podem fazer seus preparos, se ligar A cnergia divina contida nos elementos naturais, no caso as ervas, usando © que tem A mio, usando os recursos de sua cozinha, de seu jardim, dos vasos que tem em seu apartamento. E principalmente, sem depender de se “iniciar” numa religiéo com dogmas secretos ou praticas ocultas. Seguem as definigées adaptadas sobre tito ¢ ritual de acordo com os diciondrios da lingua portuguesa mais conhecidos ¢ consultados, Aurélio e Michaelis e a enciclopédia livre Wikipédia: Rito: - Conjunto de ceriménias e formulas de uma religido e de tudo quanto se refere ao seu culto ou liturgia. - Cerimonial proprio de qualquer culto. - Culto, religiao, seita. - Ordem ou conjunto de quaisquer ceriménias. - Rito de iniciagao: ceriménias, de cardter religioso ou néo, realiza- das na admisséo de um individuo a uma sociedade ou associagdo ~ Coriménias oficiais realizadas por ocasido, por exemplo, de um enlace matrimonial. Rrrvat: - Pertencente ou relativo aos ritos. ~ Que contém os ritos. - Livro que contém os vitos, ou a forma das ceriménias de uma religido. - Cerimonial. - Conjunto das regras a observar; etiqueta, praxe, protocolo. Um ritual acontece em concomitancia de sujeitos, tempo e espago. Necessita, também, de objetivos, procedimentos, técnicas, instru- ‘mentos ¢ objetos. Em Man and his works: the science of cultural antropology, Mel- ville Herskovits, adverte-nos para a necessidade de atermo-nos para os Rervats com ERvas - BANHOS, DEFUMACOES E BENZIMENTOS 2% igtalzao com Camscanner Os Rirvats aspectos que dao sentido as praticas sociais. Musica, danca, festas, pro- ducées estéticas, roupas ¢ comidas, por exemplo, fazem parte de um universo cuja ordenagéo social, cultural e politica amplia o conceito de ritual. Nesse sentido, os espagos ritualisticos ndo sdo apenas os ligados a religido ou misticismo. Um saléo de beleza, por exemplo, apresenta certas regras. Nessa am- pliagéo, seria correto afirmar que a vida em sociedade (tipica da humani- dade) sé tem sentido a partir do entendimento dos rituais que a circunda: Ur ritual pode ser executado em intervalos regulares ou em situ- acées especificas. Pode ser executado por um tinico individuo, um gru- (po, ou por uma comunidade inteira; pode ocorrer em locais arbitrérios, especificos, diante de pessoas ou privativamente. Um ritual pode ser restrito a certo subgrupo da comunidade e pode autorizar ou sublinhar 4 passagem entre condigées sociais ou religiosas. O espaco do ritual é passivel de miltiplas interpretagées. Os propdsitos dos rituais séo variados. Eles podem incluir a con- cordancia com obrigacoes religiosas ou ideais, satisfagao de necessidades espirituais ou emocionais dos praticantes, fortalecimento de lacos sociais, demonstracao de respeito ou submissio, estabelecendo afiliacao, obten- gto de aceitagdo social ou aprovagdo para certo evento - ou, as vezes, apenas 0 prazer do ritual em si- Os rituais séo caracteristicos de quase todas as sociedades humanas conhecidas, passadas ou atuais. Eles podem incluir os vdrios ritos de adoragio e sacramentos de religibes organizadas e cultos, mas também os ritos de passagem de certas sociedades, como coroagoes, posses presi denciais, casamentos e funerais, eventos esportivos e outros. Varias ati vidades que séo ostensivamente executadas para concretizar propésitos, como a execugao da pena de morte e simpésios cientificos, sao carregados com ages simbélicas prescritas por regulamentos ou tradi¢do e, portanto, parcialmente ritualisticos. Varias agées comuns, como aperto de mao ou cumprimentos podem ser entendidas como pequenos rituais. O termo Rito tem wdrios sentidos. Rito é totalmente diferente que rituais. Muitas pessoas acham que essas duas palavras vém do mesmo significado, mas rito e rituais tém significados diferentes. No sentido mais geral, um rito é uma sucessto de palavras, gestos e atos que, re- petida, compée uma ceriménia (religiosa ou civil, na maior parte das vezes). Apesar de seguir um padréo, 0 rito néo é mecanizado, pois pode atualizar um mito e, assim, segue ensinamentos ancestrais e sagrados. Rrrvats Com ERvas - BANHOS, DEFUMAGOES E BENZIMENTOS ‘italeao com CamSEanner Os Rirvais E um conjunto de atividades organizadas, no qual as pessoas se ex- pressam por meio de gestos, simbolos, linguagem e comportamento, trans- mitindo um sentido coerente ao ritual. O cardter comunicativo do rito é de extrema importancia, pois néo é qualquer atividades padronizada que constitui um rito. Rito é aquilo que voce faz todo dia, como escovar os dentes. Isso é um rito. Vocé ndo para e se pergunta porque esta escovando os dentes, mas voct sabe que aquilo é uma coisa que voct sempre faz. A palavra “rito” pode também designar tipo de velocidade no ritual de processo juridico. Para nés, uma defini¢ao simples de ritual basta para o entendi- mento desse trabalho de RITUAIS COM ERVAS: O conjunto de objetivo, necessidade, oportunidade, determinacées e elementos usados para aleancar um objetivo transformador. O processo da magia. DEFINICOES SIMPLES A- Evocagéo e Invocagéo Muitos termos sio usados em préticas ritualisticas. Nés mesmos usamos diversas veres palavra como evocar, invocar,.consagrar, deter- minagées, entre outras. E como definir 0 que é correto em magia natural? Vamos colocar algumas definicées em pauta. Evocar * Eo ato de chamar uin poder ou forca na frente de si, ou num ambiente de ritual. A evocacao de espiritos traz essa entidade A sua frente, mas fora de vocé. Poderd também ser interpretado como a exigéncia da presenga de algo ou alguém. Invocar Clamar 0 poder ou forca em vocé. Poderfamos dizer ao pé da letra que invocar uma entidade é 0 mesmo que chamé-la para a incorporacéo meditinica, em que atuard de dentro para fora do seu médium. Entendido também como 0 ato de pedir a intercessio de um santo, junto a Deus, para a realizacao de algo. Nés usamos esses termos de forma genérica, pois 0 uso ¢ costu- Rrruais cont envas - Banos, Darumacdes e penzimentos 2, ‘igtalzao com Camscanner 26 Os Riruais me popular nao se atém & forma linguistica e sim 4 forma pratica. Ao fazermos uma evocacio ou invocacio, clamamos, pedimos convidamos: ao Poder Divino (Deus Pai Criador), mente pensante e vibrante (vibragao) universal; ¢ as Forcas Naturais, manifestacao viva de Pai Criador através da natureza, elementos c clementais, seres, génios, espiritos huma- nos ligados aos mistérios realizadores ¢ a0 campo especifico da magia ¢ sua energia movimentadora para.. ~-que se facam presentes na forma que possamos compreendé-las em nosso meio humano e para a realizagéo de algo em nds e para nbs, dentro do nosso merecimento e dos ditames da Lei Divina. Como podemos definir se invocamos para dentro ou para fora se esse clamor é ao Pai Maior, & Mae Natureza ea todas as suas formas de entendimento? Fica realmente dificil em magia natural sermos exatos ¢ simples ao mesmo tempo. Mas jé que estamos lidando com magia ritual e como disse, é ba- seada na intengdo do seu mago ativador, nos servimos dos mecanismos de compensacao que nao se preocupam com a linguistica da evocacao determinatéria e sim com o propésito, para que se movam no sentido da realizagao, todos os meios necessdrios para a execucao do intento. Resumindo: evocar ou invocar depende do que ficar mais fécil para vocé memorizar. Tenha certeza de que a Divindade, 0 Poder da Exva, enfim, a Forga que esta chamando néo se preocuparé com a gramitica nesses casos. Poderia dar como exemplo na religiéo de Umbanda quando se canta para a Mae Orixd Iansa. Aqui cu grafei Iansa, mas encontramos em varios titulos publicados Yansa, Inhaca ou Nhaca. Imagine se essa Amada Mae Orixa, ao ser saudada e clamada nos terreiros através dos cantos e toques de atabaque, fosse verificar se estéo cantando para Ians& com I ou com Y? Nio haveria presenga de Mie Iansé em terreito algum. E isso se processaria da mesma forma com muitas outras divindades. Omulu ou Omolu, Oxéssi ou Oxésse ou Oxéce? Algumas pessoas querem prezar pelo brilhantismo ¢ acabam sendo incoerentes. Pegando esse gancho sobre os Orixds, € comum Riruats CoM ERVAS - BANHOS, DEEUMACOES E BENZIMENTOS anata con caneeanne

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