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Métodos para o estudo do interior da geosfera

O conhecimento da Terra implica investigações diretas, baseadas na


observação e no estudo de materiais e processos geológicos acessíveis ao
ser humano, e métodos indiretos, que fornecem dados sobre a
constituição e as condições de zonas profundas, inacessíveis diretamente.
Métodos diretos:
● Estudo dos materiais que afloram.
● Perfurações na crosta.
● Materiais imitidos durante a atividade vulcânica.

Métodos indiretos:
● Estudo de planetologia e astrogeologia.
● Estudo de gravimetria.
● Estudo de geomagnetismo.
● Estudo de sismologia.
● Estudo de geotermismo.

-Métodos diretos

● Estudo da superfície visível - Permite o conhecimento mais ou


menos completo de rochas e de outros materiais que afloram ou que
é possível ver diretamente em cortes de estrado das, de túneis, etc.
Esse estudo pode ser complementado em laboratório, mas
restringe-se a uma parte muito superficial da Terra.
● Exploração de jazigos minerais efetuada em minas e escavações -
Fornece dados diretos até profundidades que oscilam entre os 3km
ou 4km.
● Sondagens - Perfurações envolvendo equipamento apropriado que
permite retirar colunas de rochas (carotes) correspondentes a
milhões de anos de história e que contam ao geólogo muitos
acontecimentos do passado da Terra.
Magmas e xenólitos - Os vulcões lançam para o exterior materiais oriundos
de profundidades que podem atingir 100km ou 200km, ou mesmo mais.
São como ‘janelas’ para o interior da Terra, por onde os cientistas podem
investigar esse interior.
Embora a composição do magma não seja igual à do manto que o
originou, os cientistas podem inferir acerca de certas condições em que
foram gerados, como sejam as condições da temperatura e de pressão e
sobre a composição do manto terrestre.
O magma, ao movimentar-se arranca e incorpora fragmentos de rocha do
manto e da crosta. Esses fragmentos são transportados e ficam incluídos
na rocha magmática após a solidificação, construindo xenólitos (do grego
xénon = estranho + lythos = pedra) ou encraves. Estes encraves podem ser
provenientes de profundidade de cerca de 200km ou mesmo mais.

-Métodos Indiretos

É um estudo feito à distância que implica uma abordagem


interdisciplinar.
Entre as informações indiretas, são de salientar aquelas que são fornecidas
pela planetologia, pela astrologia e pelos métodos geofísicos.

Planetologia e astrogeologia:
As técnicas aplicadas no estudo de outros planetas do sistema solar
podem ser usadas no estudo da Terra.
A astrogeologia aplica princípios e métodos geológicos a um plano mais
vasto, que inclui o sistema solar no seu conjunto. Tem fornecido muitas
informações que põem à prova os modelos sobre a estrutura do interior da
geosfera. O estudo dos meteoritos, por exemplo, tem permitindo
reconstruir os primários estádios de formação da Terra e confrontar a
natureza e a composição desses meteoritos com diferentes zonas que se
admite construírem o interior do globo terrestre.
Métodos geofísicos:
A geofísica é uma ciência que estuda a Terra por métodos físicos
quantitativos, através da propagação das ondas sísmicas, determinações
gravimétricas, eletromagnéticas, geomagnéticas e geotérmicas.
Gravimetria - Qualquer corpo situado à superfície da Terra experimenta
uma força (F) de atração para o centro da Terra, que, segundo a lei da
atração universal de Newton, é dada por uma expressão matemática.
A força da gravidade pode ser determinada por aparelhos chamados
gravímetros.
Para compararmos a força da gravidade em diferentes pontos da Terra é
necessário introduzir correções relativas a diferentes parâmetros (latitude,
altitude, presença de acidentes topográficos). Após a introdução destas
correções seria de esperar que a força gravítica fosse igual para toda a
superfície terrestre, como se ela fosse regular. Quando tal não acontece, as
variações são designadas por anomalias gravimétricas e tem de haver
outras causas para essas anomalias. Por convenção, considera-se que o
valor da força gravítica, ao nível médio da água do mar, é 0. As anomalias
gravimétricas acima e abaixo de 0 são, respectivamente, positivas positivas
ou negativas.
As rochas salinas, como têm baixa densidade e são mais deformáveis do
que as rochas encaixantes, quando sujeitas a forças tectónicas, ascendem,
formando estruturas geológicas denominadas domas salinos. A presença
no subsolo de um domo salino, que tem densidade inferior à das rochas
encaixantes, afeta localmente a força gravítica, que começa a diminuir nas
proximidades da região, registrando uma anomalia negativa. Dado que os
domas salinos estão muitas vezes associados a jazigos de petróleo, este
método é frequentemente utilizado na prospeção daquele combustível
fóssil.
Pelo contrário, a presença de um jazigo mineral mais denso do que as
rochas encaixantes determina à superfície uma anomalia gravimétrica
positiva.
Ao nível das cadeias montanhosas, como não se verificam anomalias
gravimétricas positivas, podendo mesmo existir anomalias negativas,
admite-se que por debaixo da montanha visível, existam profundas raízes
dessas montanhas formadas por rochas pouco densas. Essas raízes são
muito maiores do que a zona saliente visível e mergulham no manto mais
denso. Assim, o material mantélico que é mais denso fica mais profundo, o
que faz com que a sua influência diminua em relação à influência das
zonas da crosta
Densidade e massa volúmica - A densidade global da Terra pode ser
determinada indiretamente. A massa é calculada pela aplicação da Lei da
Atração Universal. O volume também é conhecido, pois sendo a terra
aproximadamente esférica e conhecendo-se o seu diâmetro, é fácil
calcular o volume. A razão entre a massa e o volume dá a massa volúmica,
que é cerca de 5.5 g/cm3. As rochas da superfície terrestre são muito
menos densas, apresentando uma massa volúmica média de 2.8 g/cm3.
Uma ilação a tirar desta constatação é que devem existir materiais de
densidade muito superior no interior do planeta.
A densidade é uma grandeza adimensional, numericamente igual à
massa volúmica.
Geomagnetismo - A Terra tem um campo magnético natural que é
responsável pela orientação da agulha magnética da bússola. Linhas de
força do campo magnético passam através do planeta e estendem-se de
um polo magnético para o outro.
Certas rochas, como o basalto, são ricas em minerais ferromagnéticos,
como, a magnetite. Durante o arrefecimento do magma, os cristais podem
ficar magnetizados instantaneamente quando a temperatura desce abaixo
de um certo valor, valor chamado ponto de Curie ( 585ºC para a magnetite).
Os cristais de magnetite funcionam como ímanes, com uma polaridade
paralela à do campo magnético terrestre na altura da sua formação,
conferindo à rocha uma propriedade idêntica. Mesmo que o campo
magnético terrestre mude, posteriormente, os cristais ferromagnéticos
incluídos na rocha conservam a sua polaridade, só perdendo se formam
aquecidos acima da temperatura correspondente ao ponto de Curie.
Certas rochas retêm, pois, uma ‘memória’ do campo magnético terrestre
na altura da formação dos materiais ferromagnéticos que contêm. Este
campo magnético que fica registado na rocha designa-se por campo
paleomagnético e o estudo dos campos paleomagnéticos designa-se por
palomagnetismo ( do Grego palaiós = antigo).
O estudo das propriedades magnéticas de lavas solidificadas,
nomeadamente de amostras de basalto retiradas dos fundos oceânicos,
mostra que o campo magnético tem mudado periodicamente a sua
polaridade, ou seja, o polo magnético, que está atualmente no Polo Norte
geográfico - polaridade normal - já esteve, no passado próximo do Polo Sul
geográfico - polaridade inversa. A mudança de uma polaridade normal
para uma polaridade inversa designa-se por inversão do campo magnético
terrestre.
Em 1952, um físico inglês, Patrick Blackett, inventou um aparelho,
chamado magnetómetro, que permite não só medir medir a intensidade
de campos magnéticos extremamente fracos como também determinar a
intensidade e o sentido dos campos magnéticos extremamente fracos
como também determinar a direção e o sentido do campo magnético
‘fossilizado’ nas rochas. Percorrendo os fundos oceânicos com um
magnetómetro verifica-se que a intensidade do campo magnético
verifica-se que a intensidade do campo magnético em determinadas
zonas é superior à intensidade média atual, anomalia positiva, e noutras
zonas é inferior, anomalia negativa. Estes dados permitem traçar o perfil
magnético desses fundos

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