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1.

Introdução

Este trabalho foi feito no âmbito da disciplina de Filosofia, com o intuito de procurar a
resposta à premissa proposta, de se todos os meios são justificáveis para um determinado
fim.

Para responder à premissa, vai se recorrer a argumentos filosóficos substanciados por


filósofos como John Stuart Mill, Immanuel Kant e Jeremy Bentham, além de argumentos
expostos por estes filósofos também serão argumentados argumentos fundamentados
pelos membros do trabalho. Irá se desenvolver uma análise de cada argumento
apresentado, argumentos estes que serão quer a favor da premissa apresentada
inicialmente, mas também argumentos que tentam refutar a premissa já exposta.

Finalmente iremos poder encontrar uma conclusão sobre o tópico onde pontos de vista
subjetivos poderão ser encontrados de ambos os membros participantes do trabalho.

2. Argumentos a Favor

Talvez a resposta a esta pergunta depende em quais são os fins ou objetivos e quais serão
os meios dispostos a ser utilizados por um indivíduo para concretizar os seus objetivos. Se
os fins são bondosos e nobres e que para chegar a esses fins também foram usados por
sua vez meios igualmente bondosos e nobres. Mas regularmente não e por este sentido
que maior parte da população tende a usar todos os meios para chegar a um fim,
normalmente é usado como uma desculpa para conseguir superar os seus objetivos quais
quer que seja os meios utilizados para tal, independentemente de quanto imorais, ilegais ou
desagradáveis os meios sejam, dando assim uma caracterização egoísta a quem se guia
por esta teoria filosófica, designada por utilitarismo.

Um exemplo de usar certos meios necessários para que se possa atingir um determinado
fim com o objetivo de atingir a maior felicidade possível é se num dia antes de um exame
escolar muito importante onde apenas se pode utilizar caneta de tinta azul, um aluno em
vez de trazer uma caneta de tinta azul escolheu uma de tinta preta, mas ele sabe que um
colega seu tinha 10 canetas azuis em cima da mesa, claro que ao este aluno tirar uma
caneta a este colega agiu egoistamente, não pensando que o seu colega se importe,
pensado apenas que tentou atingir a máxima felicidade possível prejudicou o seu colega e
beneficiou-se.

Vários filósofos defendem esta teoria, como o caso do seu fundador e desenvolvedor
Jeremy Bentham e John Stuart Mill, respetivamente que argumentam que o utilitarismo é a
resposta a esta pergunta, já que o utilitarismo defende isso mesmo, que quaisquer que
sejam os meios utilizados para chegar a um fim desde que uma felicidade máxima seja
alcançada. Continuando com este raciocínio, podemos argumentar mais argumentos a favor
desta premissa.

Subjetivamente, num caso em que um indivíduo tenha que se recorrer a um meio que para
chegar a um certo fim tenha que influenciar outros indivíduos, irá sempre haver um grupo de
indivíduos ou indivíduo favorecido num caso como estes. Como dado com o exemplo das
canetas, houve no momento em que o nosso sujeito fez uma escolha, uma pessoa
favorecida, ele mesmo, entretanto podia mesmo ter sido mais que uma pessoa favorecida.
Isto acontece porque o ser humano, por natureza é egoísta num sentido que faz decisões
por outras pessoas ao pensar que elas podem não se importar ou não irão notar. No
exemplo dado podemos imaginar agora que as outras 9 canetas deixadas ao colega do
sujeito falham, deixando-o impossibilitado de fazer o exame, sendo a única caneta que
funciona a que lhe foi tirada, o meio ainda justifica o seu fim já que o objetivo era ter uma
caneta para fazer o exame, a culpa não é do sujeito que as outras não funcionem, ainda é
moralmente correto? Não, já que numa balança, o número de indivíduos prejudicados é
igual ao número de indivíduos beneficiados.

Outro argumento a favor de que qualquer meio justifica um fim é que, dado a um sujeito
uma questão como por exemplo, A querer matar B, e A pergunta a este sujeito onde B está,
o sujeito sabe a resposta, mas não a quer dizer como é natural. Aos olhos de filósofos
defensores do utilitarismo isto foi moralmente correto, já aos olhos de outras teorias morais
como a defendida por Immanuel Kant, não seria considerada moral já que o sujeito mentiu,
neste caso o fim do sujeito seria salvar B, neste caso todos os meios seriam justificáveis
para salvar B de modo a que a nossa consciência, humana, pudesse prosseguir.

Utilitaristas em casos como estes, rejeitam moralidades guiadas por regras rígidas que
identificam uma classe inteira de ações como certas ou erradas. É discutível que é um erro
tratar um mundo inteiro de ações como certas ou erradas visto que os efeitos das ações
diferem quando estas são feitas por um sujeito em diferentes situações onde a moralidade
deve focar-se em consequências e fins subjetivos e únicos. São estes efeitos que
determinam o que será considerado como certo ou errado em casos específicos aos olhos
de utilitaristas. Estes reconhecem que seria útil até certo ponto ter como na teoria moral de
Kant, regras fixas e rígidas que definem firmemente e objetivamente o que é certo e errado
independentemente de qualquer que seja o caso em estudo, mas que no geral sempre que
na busca de um fim, se o sujeito se vir obrigado a violar uma regra em vez de a obedecer,
em retorno de uma felicidade maior, este deve de o fazer.

Um argumento final que sustém esta teoria é o facto de que uma parte da população
poderia tomar como correto estes meios, assim, questões que impõem um dito julgamento
moral sob um sujeito teriam objetivamente uma resposta correta. Assim que esta parte da
população aceitasse esta perspetiva de que certos meios, extremistas ou não, fossem
justificados para atingir um determinado fim, cada decisão tomada sobre como o ser
humano se deveria comportar irá automaticamente depender das consequências tornadas
realidade a partir de uma série de meios existentes onde o sujeito escolheu apenas um
deles. Isto é, se conseguirmos prever a quantidade de bons resultados produzidos a partir
de vários meios disponíveis, involuntariamente poderíamos saber quais destes seriam
considerados como moralmente certos ou errados. Vários céticos ao utilitarismo, mais em
concreto á premissa em estudo, argumentam que será impossível medir quantidades de
bem-estar, contrariamente ao argumentado, fazemos isto normalmente. Se por exemplo,
existirem duas pessoas em sofrimento e existir apenas medicamentos suficientes para uma
delas, (para a continuidade do exemplo assumiremos que uma delas está perante uma dor
extrema, enquanto outra apenas está a experimentar um leve desconforto) iremos dar de
certeza os medicamentos existentes à pessoa que está a experienciar uma dor extrema.
Apesar de este exemplo ser um exemplo bastante rudimentar, prova que por natureza, o ser
humano consegue definir respostas objetivas a questões onde questionam a sua
moralidade sobre o que será certo ou errado.

Jeremy Bentham forneceu um modelo para raciocinar este tipo de decisões, a ética
hedonista onde idêntica o bem como a procura da felicidade através da procura do prazer.
Este modelo foi criado para mostrar quais os fatores que deveriam ser utilizados na
determinação se um certo meio conseguiria providenciar definidas quantidades de prazer,
felicidade, dor e sofrimento, Bentham argumentou que este modelo iria autorizar fazer
julgamentos corretos sobre que ações seriam consideradas moralmente corretas ou
erradas.

3. Contra-Argumentos

Vários filósofos argumentam contra esta mesma premissa que certos meios não justificam
os seus fins, tal como Immanuel Kant que argumenta que se uma sociedade seguisse um
modelo filosófico moral como o utilitarismo, onde de certo modo justifica a premissa em
estudo, até um certo ponto poderia funcionar, mas com os seus limites já que como
argumentado por este, se cada indivíduo quando exposto a um dilema moral pudesse
escolher qualquer meio que quisesse, poderia ser usado como uma desculpa para cometer
atos imorais sem que lhe fossem impostas consequências. Por exemplo, se um sujeito
estiver exposto a uma questão da natureza de ‘Se tivesses que matar alguém para salvar o
mundo, era capaz?’. Se a resposta for ‘sim’, então segundo utilitaristas um meio não tão
moral justifica um meio bondoso e nobre. Mas existe outros fatores a considerar em um
dilema como este: a moralidade da ação/meio, a moralidade do fim alcançado e a
moralidade do sujeito a cometer o meio. Na situação indicada, a ação (homicídio) é
obviamente imoral e tal também o é sujeito. Mas salvar o mundo é uma ação bondosa e
produz um resultado moral. Mas que mundo seria este, onde assassinos seriam deixados
escolher quem assassinar, e onde assassinar alguém seria considerado justificado deixado
um assassino sair em liberdade. Ou o assassino encontra responsabilidades pelas suas
ações no mesmo mundo que foi salvo por si mesmo? Kant diz que o assassino deve ser
preso e julgado pelas suas ações, já que segundo a sua ética Kantiana onde o que dita uma
ação como moral ou não é o meio utilizado e o seu fim.

No próximo contra-argumentos apresentado, vai ser recorrido ao exemplo previamente


apresentado sobre as canetas e colegas, recordando que um colega tirou uma caneta a
outro sem a devida autorização no seu proveito. Quando o nosso sujeito decide recorrer a
este meio na busca do seu fim, ele proíbe a liberdade de outro sujeito, ele podia não querer
emprestar a caneta ao seu colega.

Este argumento baseia-se exatamente nesse princípio, na recorrência a certos meios um


sujeito pode agir de maneira a condicionar a liberdade de outro indivíduo como no exemplo
das canetas, que sociedade seria a que vivemos onde é permitido à opressão de opinião de
pessoas, uma sociedade avançada onde os tempos de opressão e suprimento de liberdade
teriam sido ultrapassados, mas que por decisão de alguém, este mesmo alguém poderia
julgar que poderia tirar esta liberdade a qualquer um sem quaisquer consequências apenas
porque achou ter agido na direção de um meio que produzia uma felicidade maior. Isto iria
significar que viveríamos numa ditadura, onde cada um seria o governante capaz de tomar
decisões por nós e outros por simplesmente raciocinar o que seria moralmente correto ou
não por seguir uma escala hedonista onde os critérios de julgamento são meramente
subjetivos.

O contra-argumento final apresentado será apoiado por uma teoria projetada por Karl
Popper, o utilitarismo negativo, esta teoria encaixa-se perfeitamente neste contra-argumento
à premissa original, já que esta teoria defende o facto que, ao contrário do utilitarismo, onde
é defendido que se deve de encontrar um fim em que as quantidades de prazer são as
máximas possíveis e as de dor e sofrimento são as mínimas possíveis, deve-se procurar
minimizar a dor e sofrimento mesmo que signifique uma mínima quantidade de prazer,
aplicando esta teoria à premissa em estudo poderemos questionar que um meio escolhido
por um indivíduo, além de ser considerado pelas vistas utilitaristas como moralmente
correto, foi o meio que causou o mínimo sofrimento possível? Não haveria outro método
que pudesse fornecer igualmente uma quantidade de felicidade igual ao meio escolhido ou
até superior? Se calhar esta pergunta nunca poderá ser respondida, já que quando um
sujeito escolhe agir por um determinado meio poderá sempre haver um sujeito a defender
que poderia haver outro meio que pudesse fornecer a menor dor possível, ainda menos que
anteriormente. Mas, obviamente, o mais sensato será escolher o meio que provoca menos
dor no momento e o que está mais acessível, mas o sujeito em causa também se deve
esforçar para que tal aconteça dependendo de cada situação, isto é, é empírico que o
sujeito em causa, deva procurar o máximo de meios possíveis para chegar ao seu fim, mas
que também deva ter em conta interesses pessoais onde se calhar este não tem o tempo
para elaborar um meio complexo de modo a minimizar a dor. Como acontece no exemplo
das canetas dos colegas, onde se calhar poderia ter havido outro meio disponível como por
exemplo ir procurar o seu colega e pedir-lhe emprestado uma caneta, ou ir pedir a outro
colega uma caneta, mas se calhar não devia de ponderar ir comprar uma caneta já que o
tempo está em contagem decrescente para o início do exame que está prestes a fazer.

4. Reflexões pessoais

Depois da produção deste trabalho, ambos os membros do grupo conseguiram fazer uma
reflexão filosófica sobre o tópico em estudo. Podem não ter chegado a uma mesma
conclusão mas conseguem formar uma opinião suportada com devidos argumentos a
suportá-la de maneiras quer seja de maneira subjetiva ou objetiva.

O . seguiu uma perspectiva mais utilitarista, mais em concreto, partilha o mesmo ponto de
vista que Karl Popper seguia com o seu modelo de Utilitarismo negativo, o João concorda
até certos limites que certos meios justificam os seus fins mas que estes meios têm que
minimizar sofrimento existente o máximo possível, já que, se seguirmos uma ética moral
como a Kantiana podemos não agir por um determinado meio ou não agir de todo, o que
invés de ter um determinado fim com alguma dor projetada, não agir de todo pode ainda ser
mais desastroso.

O . por sua defende maioritariamente uma ética moral mais parecida como a ética
Kantiana, o . argumenta que independentemente do fim disponível, mais vale não agirmos
se vamos causar mais alguma dor, isto é, se alguma dor for ser inferida a sujeito/sujeitos,
esta dor não deverá ser da nossa responsabilidade. Resumindo se um certo meio for
oferecido para tentar chegar a um fim e este meio causar qualquer tipo de dor, não deverá
ser utilizado e mais vale aceitar as consequências do que agir de maneira prejudicial,
mesmo que seja para uma causa maior, onde nós não temos o direito de infligir dor em
outros sem o seu consentimento.

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