humanidade.
Para encontrá-las, era necessário # Pensamentos Filosóficos Principais:
Escola Nossa Senhora do Rosário.
Diretora: Conceição Lourenço.
Prof.: Wilton Sampaio.
1º Bimestre de 2024. (EJA - 1ª Etapa)
Filosofia Clássica
# Período Antropológico ou Socrático
Este período é chamado de antropológico porque
a filosofia investiga as questões humanas, como a
ética, a política e as técnicas. O ponto de partida da
filosofia é a confiança no pensamento ou no homem
como ser racional, capaz de conhecer a verdade.
# Filósofo Sócrates (470 a.C – 399 a.C)
Sócrates foi um filósofo
grego, embora não tenha
sido o primeiro filósofo da
história, pois este foi Tales
de Mileto, é reconhecido
como o fundador não só da
Ciência Teórica como
também da Ética. Nasceu
em Atenas no século V a.C.
época em que sua cidade
tornou-se a metrópole da
cultura grega. Sua abordagem filosófica concentrou-
se principalmente na busca pela verdade e na
importância do autoconhecimento.
# Pensamentos Filosóficos Principais:
1. Conhece-te a ti mesmo: Sócrates acreditava que
existiam verdades universais válidas para toda a
refletir sobre elas. Ele enfatizava o
autoconhecimento como ponto de partida para a
busca da verdade. O famoso oráculo universal dado
pelo deus Apolo na mitologia grega era: “Conhece-te
a ti mesmo”. Antes de buscar qualquer verdade, o
homem precisava se autoanalisar e reconhecer sua
própria ignorância. Sócrates expressou essa ideia com
a célebre frase: “Só sei que nada sei”.
2. Ironia e Maiêutica: Sócrates era conhecido por
sua ironia. Ele fingia ignorância sobre um assunto
para estimular o diálogo e incentivar as pessoas a
questionarem suas próprias crenças. Além disso, ele
desenvolveu a técnica da “maiêutica”, que significa
“parto das ideias”. Nesse método, ele solicitava vários
exemplos particulares do que estava sendo discutido,
conduzindo seu interlocutor ao reconhecimento de
sua própria ignorância.
3. Virtude e Conhecimento: Sócrates acreditava que
o conhecimento e a virtude eram inseparáveis. Ele
buscava entender o que era o bem, a justiça e a
coragem. Para ele, a virtude estava intrinsecamente
ligada ao conhecimento.
4. Importância do Autodomínio: Sócrates valorizava
o autodomínio e a autorreflexão. Ele acreditava que
a busca pela verdade exigia disciplina mental e
autocontrole.
Em resumo, Sócrates deixou um legado filosófico
marcado por sua abordagem crítica, questionadora e
pela busca incessante pela verdade e pelo
autoconhecimento.
# Filósofo Platão (428 a.C - 347 a. C)
Um dos mais importantes
pensadores da filosofia grega,
fundou um pensamento
metafísico próprio, atribuindo
à questão do “ser” e das
“essências” o princípio e a
chave para obter qualquer tipo
de conhecimento sobre o
mundo.
1. O Mundo das Ideias: Uma das concepções mais
famosas de Platão é a existência do “Mundo das
Ideias” ou “Mundo das Formas”. Ele argumentava
que além do mundo físico que percebemos com nossos
sentidos, existe um mundo de ideias perfeitas e
eternas. Nesse mundo, estão as essências das coisas, os
conceitos e as ideias fixas e imutáveis que descrevem
essencialmente cada ser ou objeto existente.
Definição do Mundo Inteligível: Realidade
imaterial, eterna e imutável ou mundo das
Ideias, formas ou essências atemporais, que
tem uma realidade autônoma, tanto em
relação ao mundo sensível, do qual constitui o
modelo perfeito, quanto ao pensamento
humano (ideias subjetivas), sendo o ser
essencial transcendente daquilo que existe no
tempo e em nossos pensamentos (ideias
objetivas).
Paradoxalmente, Platão defende um
idealismo realista. A ideia não é mera forma
subjetiva, com a qual o sujeito pensa a
realidade. Ela é a própria essência do real; é
nela que o real se torna transparente para a
inteligência. Aderir à ideia é aderir ao real,
na sua fonte. O conceito reflete a Ideia, em
plano subjetivo, e é por isso que Sócrates pôde
considerá-lo fundamento do discurso
científico, de caráter necessário, imutável e
universal. Assim é superada a ameaça do
relativismo e do ceticismo da sofística.
Portanto, como discípulo de Sócrates, Platão
assegura na idealidade inteligível o
fundamento conceitual e universal da
verdade.
Com a teoria do “Mundo das Ideias” Platão
fundou as bases do idealismo, uma doutrina
filosófica que atribui ao conhecimento
exclusivamente racional e às Ideias imateriais a
fundamentação de todo conhecimento verdadeiro,
sem riscos de erros. Pois, para ele, o verdadeiro
conhecimento está no Mundo das Ideias, enquanto o
conhecimento das percepções sensoriais dos sentidos
e o próprio mundo sensível pertencem ao âmbito da
ilusão, do engano e do erro.
2. O Método Dialético de Platão: Como discípulo de
Sócrates, Platão deu continuidade ao método
dialético de seu mestre, mas fazendo algumas
alterações. Em sua dialética, não encontramos a
aplicação da ironia. Sua dialética utilizava-se apenas
do diálogo e da argumentação. Através desse método,
ele buscava alcançar um entendimento mais
profundo e verdadeiro das questões filosóficas.
Definição do Mundo Sensível: Realidade
empírica, material e temporal constituída
pelos objetos e seres da experiência sensorial;
mundo sensível da percepção dos sentidos.
Solução Platônica ao Problema Filosófico de
Heráclito e Parmênides
O problema que Platão se propõe a resolver com
essa Teoria dos dois Mundos é a tensão entre
Heráclito e Parmênides.
✓ Para Heráclito, o Ser é o devir, cujo princípio
essencial é a mutabilidade, que explica e justifica a
transformação incessante da realidade temporal. A
permanência ou imutabilidade de qualquer coisa ou
ser é uma ilusão; tudo está em constante movimento
e transformação.
✓ Para Parmênides, a mutabilidade não pode
constituir a verdade do Ser; o devir é pura ilusão.
Pois, se o Ser é a verdade, não preciso deixar de ser
aquilo que já é. Portanto, deve ser necessariamente
imutável, transcendente, atemporal.
Heráclito, para Platão, é o filósofo que explica o
mundo em que vivemos e que, de fato, está em devir.
O fluxo eterno existe. O engano de Heráclito estava
em considerar o devir como a totalidade do real,
quando é apenas a marca do mundo sensível, isto é,
do mundo das coisas materiais e corpóreas,
submetidas ao nascimento, à transformação e à
corrupção. O devir é a realidade do mundo das
aparências, percebidas por meio dos nossos sentidos.
Em razão de o mundo sensível ser o mundo das
aparências e das transformações, nele e dele só
podemos ter opiniões (doxa).
Parmênides, segundo Platão, encontra-se mais
próximo da verdade do que Heráclito. Ao exigir a
identidade, imutabilidade, perenidade e  2º - Mas, para Platão, a verdade deve ser também
singularidade do Ser, Parmênides foi o primeiro a
aproximar-se do mundo inteligível, isto é, do mundo
das formas incorpóreas e imateriais, imutáveis e
eternas. A identidade, imutabilidade, perenidade e
singularidade das formas imateriais é a marca do
mundo das essências ou das ideias. O engano de
Parmênides estava em supor que havia uma única
essência, o Ser, quando, na verdade, existe uma
pluralidade de essências, que são as Ideias,
conhecidas exclusivamente pelo pensamento.
Sócrates descobre o conceito universal e permite
que o conhecimento se constitua em sua
essencialidade inteligível. Com ele, torna-se possível
explicar a existência de um discurso válido, para
todas as pessoas e para todos os tempos.
No entanto, Sócrates se contentara em evidenciar
apenas a existência do conhecimento universal e
necessário, que perdura apesar do fluir do mundo das
sensações. Deixou, porém, não resolvida a questão da
origem da universalidade e da necessidade do
conceito, uma vez que os sujeitos humanos são eles
também particulares e contingentes. De onde provém
aos conceitos a força de transcender ao fluir das
sensações? Essa foi a pergunta que Platão se fez e que
o preocupou, desde o início da sua reflexão. No
Mênon, diálogo que constitui uma primeira etapa do
esforço especulativo de Platão, a Teoria das Ideias já
se encontra elaborada: ao mundo subjetivo do
conceito corresponde o mundo objetivo das Ideias.
Pois, segundo Platão, existe um mundo de realidades
ideais. Esse é o mundo da inteligibilidade plena, o
fundamento de todo o processo racional, o mundo
real por excelência.
# Sobre o Conceito de Verdade
Há dois conceitos clássicos como definições da
verdade:
 1º - A verdade pode ser uma propriedade do nosso
pensamento e da nossa linguagem: é a verdade lógica.
Esta consiste em o nosso juízo e nossas palavras
concordarem perfeitamente com a realidade que
julgamos reproduzir no pensamento e na linguagem.
necessariamente ontológica, isto é, deve significar
uma propriedade do Ser. Se o Ser é como deve ser,
então é verdadeiro: verdade ontológica. Neste sentido
falamos de ouro verdadeiro, flores verdadeiras, frutas
verdadeiras, etc. Em sua filosofia, Platão prioriza
mais este segundo sentido.
A distinção entre o verdadeiro ser e o ser
empiricamente existente, que não é verdadeiro ser,
por estar compreendido entre o Ser e o não-Ser,
domina inteiramente toda a filosofia platônica. Pois,
em Platão, o empiricamente existente nunca se
identifica totalmente com a sua Ideia. Para ele, o
verdadeiro é a própria Ideia. A Ideia é a verdade
ontológica do Ser.
O pressuposto para ambas as significações do
conceito de verdade é o mesmo: todo verdadeiro deve
ser algo de imutável, sempre idêntico consigo mesmo.
Portanto, o verdadeiro é eterno e atemporal. Por
séculos afora, este conceito de verdade dominou o
pensamento e a filosofia ocidental. Assim Platão
desenvolve a partir da metafísica de Parmênides e do
conceito universal de Sócrates sua concepção
filosófica de verdade.
# A Teoria da Reminiscência
Segundo Platão, na pré-existência de nossa alma,
junto dos deuses, contemplamos as Ideias em sua
realidade pura, cujas lembranças são despertadas em
nós pelas percepções sensíveis que temos das coisas e
dos seres em nosso mundo espaço-temporal. Conhecer
é, pois, reconhecer, é recordação de algo já
previamente sabido. Mas tais Ideias não têm seu
fundamento no mundo sensível, mas sim no mundo
inteligível. É esse conhecimento apriorístico que
possibilita ao homem ir além dos dados dos sentidos,
por recordar a verdade contemplada e, por isso, já
conhecida de sua alma.
Portanto, segundo Platão, o conhecimento
verdadeiro não provém da experiência, mas se
manifesta à consciência por meio da reminiscência.
Platão, ao mostrar que há em nosso espírito um
conhecimento imutável, cujo conteúdo tem valor
universal e a priori, supera a posição do relativismo
dos sofistas, tornando-se um dos primeiros grandes
adversários do materialismo e do empirismo.
# O Filósofo Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.)
Aristóteles nasceu em Estagira,
na Grécia, e se tornou um dos
mais influentes filósofos da
história. Ele foi discípulo
de Platão e tutor do jovem
Alexandre, o Grande. Seu
legado é vasto e abrange várias
áreas do conhecimento, desde
a lógica e a ética até a política e
a biologia.
# Pensamentos Filosóficos Principais:
1. Primazia dos Sentidos: De acordo com a Teoria
do Conhecimento de Aristóteles, os sentidos são o
ponto de partida para todas as formas de
conhecimento da realidade de tudo que há no mundo.
A experiência sensorial nos coloca em contato direto
com a realidade das substâncias concretas das coisas
e dos seres.
Nesse sentido, o pensamento aristotélico é
claramente diferente das ideias de Platão, para quem
o que nos rodeia não pode ser conhecido nem gerar
atividade intelectual significativa, uma vez que o
material é mutável e muda constantemente.
2. Criação de Conceitos: O processo de geração de
conhecimento começa com estímulos sensoriais. A
mente cria conceitos a partir desses estímulos,
sintetizando informações sensoriais. Esses conceitos
nos permitem compreender e categorizar o mundo ao
nosso redor.
3. Identificação e Saber: O saber para Aristóteles
envolve identificar as causas e razões das coisas. O
conhecimento mais elevado é representado
pela atividade de compreensão, que nos permite
conhecer a razão por trás dos objetos e eventos.
4. Três Tipos de Conhecimento:
✓ Conhecimento Produtivo: Básico e técnico,
voltado para a fabricação de objetos úteis.
✓ Conhecimento Prático: Relacionado à conduta
racional, tanto pública quanto privada. Busca a
virtude e a “boa ação”.
✓ Conhecimento Contemplativo ou Teórico: O mais
elevado, conduz à sabedoria e refere-se ao modo de ser
das próprias coisas.
A teoria do conhecimento de Aristóteles é a base
do empirismo, considerando-o o primeiro empirista
da história. Sua influência permeou muitas outras
correntes de pensamento, mesmo contemporâneas.
Como Aristóteles admite que a realidade é
composta de elementos mutáveis, saber significa
saber identificar o que é cada coisa. Este processo de
identificação consiste em reconhecer a causa
eficiente, a formal, a material e ao final. Ou seja, as
potencialidades que, para Aristóteles, residem na
matéria e que nos permitem compreender o vir-a-ser
de tudo no mundo em sua mudança e transformação.
1. Causa material, isto é, aquilo de que um ser é
feito, a constituição de sua materialidade (a
proporção dos quatro elementos: água, fogo, terra e
ar);
2. Causa formal, isto é, aquilo que explica a forma
que um ser possui (por exemplo, o formato de uma
árvore, de um homem, de uma mesa, de uma casa,
etc.). No pensamento aristotélico, a forma é
propriamente a essência do ente, aquilo que ele é em
si mesmo ou aquilo que o define em sua identidade e
diferença com relação a todos os outros entes;
3. Causa eficiente ou motriz, isto é, aquilo que
explica como uma matéria recebeu uma forma para
constituir sua essência (por exemplo, o ato sexual é a
causa eficiente ou motriz que faz a matéria do óvulo,
ao receber o esperma, adquirir a forma de um novo
animal ou de uma criança; o marceneiro ou
carpinteiro é a causa eficiente ou motriz que faz a
madeira receber a forma da mesa; o fogo é a causa
eficiente ou motriz que faz os corpos frios tornarem-
se quentes, etc.);
4. Causa final, isto é, a causa que dá o motivo, a
razão ou a finalidade para alguma coisa existir e ser
tal como ela é (por exemplo, o bem comum é a causa
final da política; a felicidade é a causa final da ética;
o Primeiro Motor Imóvel é a causa final do
movimento dos seres naturais, etc.).
Conceitos Aristotélicos Principais
❖ Conceito de Matéria: é o elemento físico de que as
coisas da natureza, os animais, os homens, os
artefatos são feitos; sua principal característica é
possuir virtude potencial ou conter em si mesma
possibilidade de transformação, isto é, de mudança.
❖ Conceito de Forma: é o que individualiza e
determina uma matéria, fazendo existir as coisas ou
os seres particulares; sua principal característica é
ser aquilo que uma essência é.
❖ Conceito de Potência: é a virtualidade que está
contida numa matéria e pode vir a existir, se for
atualizada por alguma causa (por exemplo, na
semente de uma árvore específica subjaz a
possibilidade de vir a ser uma nova árvore futura.
Assim sendo, na semente já temos a árvore em
potência. Semelhantemente, a criança é em potência
o adulto que virá a ser no futuro).
❖ Conceito de Ato: é a atualização de uma matéria
por uma forma e numa forma. Dito de outra maneira,
ato é a forma atualizada de uma potência antes
contida numa matéria.
Observação: Potência e matéria são idênticas, assim
como forma e ato são idênticos. A matéria ou
potência é uma realidade passiva que precisa do ato
ou da forma, isto é, da atividade que cria os seres
determinados. Graças aos conceitos de potência e ato,
a metafísica aristotélica pode explicar a causa e a
racionalidade de todos os movimentos naturais ou dos
seres físicos, isto é, de todos os seres dotados de
matéria e forma. Refutando o pensamento de
Parmênides, Aristóteles ensina que o devir não é
aparência nem ilusão, ele é o movimento pelo qual a
potência se atualiza, a matéria recebe a forma e muda
de forma.
❖ Conceito de Essência: é a unidade interna e
indissolúvel entre uma matéria e uma forma,
unidade que lhe dá um conjunto de propriedades ou
atributos que a fazem ser necessariamente aquilo que
ela é. Assim, por exemplo, um ser humano é por
essência ou essencialmente um animal mortal
racional dotado de vontade, linguagem e afetividade,
gerado por outros semelhantes a ele e capaz de gerar
outros semelhantes a ele, etc.
❖ Conceito de Acidente: é uma propriedade ou
atributo que uma essência pode ter ou deixar de ter
sem perder seu ser próprio. Por exemplo, um ser
humano é racional e mortal por essência, mas é baixo
ou alto, gordo ou magro, negro ou branco, por
acidente. A humanidade é a essência primordial
(animal, mortal, racional, voluntário), enquanto o
acidente (magro, gordo, alto, baixo, negro, branco) é
o que, existindo ou não, nunca afeta o ser da essência.
A essência é o universal; o acidente, o particular.
❖ Conceito de Substância: é aquilo em que se
encontram a matéria-potência, a forma-ato, onde
estão os atributos essenciais e acidentais, sobre o qual
agem as quatro causas; em suma, é o Ser
propriamente dito.
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