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> Trabalho como conceito filosofi Nas PAGINAS DOS MANUSCRITOS ECONOMICO- Fitos6Ficos, KARL Marx APRESENTOU A SUA CONCEPCAO Sate e 3B) TRABALHO CUJAS IDEIAS, SEGUNDO PUSS UNO IA TRANSFORMARAM-SE EM UM VERDADEIRO MANIFESTO CONTRA A ALIENAGAO DOS HOMENS CUE UL @ Trabatho smraneun, em 23 de Enum tars ive Heidelberg tere formazan pscenltca m0 Isto de Picanacn feet a deena 853920, siteo festato ts Pscuins SechisdeFreniiute cher de ie i det potas @ trabatho ¢ um dos temas de investigacéo mais importantes da Geversos aspects di exiaince be- ‘mana, como a Histeia. 2 condiges materia da vida, as deologias e tf mesmo a rcbgido. Asim, por exemple, do ponto de vista material, studa- se 0 modo como a atividade assalariada esté E- gada i sobrevivéncia do trabalhador e, do ponto de vista ideoligico, investiga-se como 0 t deixou de ser uma atividade inferior, a partir da reforma ideologica protestante. Karl Marx foi um dos principais tebricos do trabalho. Nasua teoria, © processo de trabalho ocupa um posto muito importante e tem um aspecto duplo a saber, 0 de transformacio materiale de valorizagio do ca- pital. No pensamento etondmico de Marx, otra balho tem de ser tomado com referéncia aalguma coisa, desvinculando-se da sua utilidade pritica imediata. Sua importincia, nesse caso, refere-se smaneira como pode se encaixar em un sistema ‘miais amplo, que é 0 processo de produgio mate- ial Gs existéncia no capitalismo. Wes Mamuscritos Econdmicos e Filoséficos, es- (pesiseste 0 Primeiro Manuscrito, Marx apre- See ae eee de trabalho diferente daquele Be Sees ae atealismo, Nessa obra, ele expoe Ss See Siestes respeito dz existéncia hu- teats Goempemiesan ponto de vista da eco- omnis politics que msmumrindas as acdes humanas smotivagies de endemmecmmtimica. Com efeto, co conceito filoséfice de trainin €formulado por Marx em contraposigSo,& S86 emo, con- cepcio deturpada de confemcas € as cit- ‘cunstincias reais alienadas das relagbes de pro- dugdo, De acordo com isso, @ Erich Fromm, no preficio de seu livro Conceito Mar: Homem, afirma que @ filosofia de Marx repre- senta um protesto contra a alienaco do homem, contra sua transformacao em objeto, sua desuma- nizagio e automatizacdo, inerentes & evolugio do industrialismo ocidental. teorias Trabalho e propriedade “£ o trabalho, portanto, que atribui a maior parte do valor & terra, sem 0 qual ele dificilmente valeria alguma coisa; é a ele que produtos terra; por tuco isso a arelo e pao desse acre ce trigo valem mais do que o produto de um acre de uma terra igualmente boa, mas abandonada, sendo o valor daguele o efeito do trabalho (...)” Joun Locxe. “Da PROPRIEDSDE"s TRECHO DE O SEGUNDO: SOBRE 0 GOVERNO: aNcLU{DO ‘NO LIVRO OS: COS DA Porfrica, VOL. 1. FRANCISCO Warrort (onc). Sao PAULO: ATICA, 2002. ___ Mare inicia 0 Primeiro Manuscrito afi ‘mando que a economia politica parte dos fatos, como dados verdadeiros subjacentes a estru- tura econdmica e social, mas nao faz esforgos para explicé-los. A teoria econémica concebe Somente 0 processo material segundo o qual se dé a existéncia da propriedade privada, a separacio entre trabalho, capital ¢ terra, a di visio do trabalho, a competigio e a conceitu- agao de @ valor de troca. Todavia, conforme Marx, o que deveria ser explicado é admitido ‘como ponto de partida para a formulacio das leis econdmicas, sem que hala a preocupacio compreender como essas leis se originam de propriedade privada ¢ da base da distingio extre trabalho, capital ¢ terra. Desse modo, ha ‘icioso ma economia politica, uma vez que afirms o que deveria deduzir, analoga- srente i teologia, quando explica a origem do seal mz queda do homem: assegura como fato ‘storico aquilo que deveria elucidar. @ Herbert Marcuse, em seu ensaio Sobre os Fundamentos Filoséficos do Conceito de Trabalho Alienado na Ciéncia Econémica, considera que a teoria econémica prescinde de ‘uma definigdo de trabalho enquanto tal. Nesse campo de conhecimento, trabalho é entendido apenas como atividade econémica e, por conse- guinte, como essencialmente contraposto a ati- ‘vidades artsticas, politicas e a todas as que no estejam diretamenteligadas as relagbes de pro- ducio. Dentro do aimbito da economia politica diz Herbert Marcuse, 0 conceito de trabalho foi reduzido, até chegar a signi- ficar somente a atvidade dirigida, comandada, nndo-livre. isto € 2 atividade assalariada. Essa reducéo do conceito de trabalho a um aspecto ‘econfmnico bem determinado, embora apresente ‘ums aparente neutralidade, constitui um prejul- gemento dos seus principios mais importantes ‘Ne medida em que é entendido como uma ati- ‘vidade determinada, na qual intervém de modo decisivo as nogdes de objeto de trabalho, final dade e resultados, o conceito de trabalho pode sec aplicado amplamente a diversos tipos de ati- ‘vidade econdmica legitimando a exploragso da forca de trabalho no capitalismo. # our @ Valor KaviMarreconhace que ‘istales elabocu em Sos BieaaMlcbmaco uma ‘ancepo precrsora na ‘arta de compreendero \arercomo forma. Todi, norelrente 20 "abalho™ Desttles possi uma ‘isboconpatvel de E eutempo. ele valotzava B vitude doce. 30 sentido eguca, tras d tempo ive pte Sathadade pmnica © 5 ssi. | Q Herbert 5 geo teden poco socio aleno roan Mares (698: vegroura vertu, © Partido Souakbemocrts Ale, formou-e om fosofa fenofinal daceads ce 4920, fo pan reebug 5 estudarcom Martin Heldeger com quem Winela de amiagto erica Detamtia fui, Maree debou ‘Nenana em 193, 65002 femaquefotaaitiée re Instat de Pesquisas Sodas de nk, aquele moments Saseadoem Gene Com Adare e Horie, areas vai para os EUR 1m 3934, onde consti 5 uma si cals Jnelectua univers Here Maeuse ein ras univeridages de Columbia, Honard. Brande Calor. = Segunda Guera Manda desempenhou papeige salsa de elt pra 0 sei Geespionagem do fovemo ameriara. Com final do conto, deca ‘ecreve vs como Eos clang (1955)€0 omen Unidimensinal (0960 > CAPA < sd UMA ATIVIDADE VITAL O conceitofiloséfico de trabalho formulado por Karl Marx abarca ontologicemente todo da existincia do homem. Nao se trata de uma atividade determinada, como no sentido econ ‘ico, mas a prixis fundamental e especiica da espécie humana, na qual ha uma unio essencial entre homem ¢ objetividade. Assim, Marx en tende que o cardter de uma espécie qualquer re- side no tipo de atividade vital que ela exerce, de forma que o trago distintivo da humanidade se- ria o fato de o homem fazer de sua atividade vital tum projeto de sua vontade e de sua consciéncia, Dessa forma, enquanto o animal éidéntico sua atividade vital e sua produgio nao vai além do ‘que necessita imediatamente para si e para sua prole, o homem, por meio do trabalho, proce- de & construgio pritica de um mundo objetivo, através da manipulacdo de natureza inorginica Isso é, para Marx, a afirmacio do homem en- quanto ser genérico consciente. O trabalho, por consequéncia, é que permi- te 20 homem construir sex mundo objetivo © a si mesmo enquanto individan, buscando 2 satis- facdo de suas necessidades Newe ampecta. para Marx, as |homem ativo na constrasso de si mes tureza e da Histéria. Ao apropr ‘em suas relagbes com o mundo, o hemem Son v 5 SoReal Prbicacie: 988 Um aes tarzan do Le Nowell sustofanets André ss rabalho € examinada com o suport de eandes pensadors, de Kar Mare Hanah “rence mostra como arazio econémics © 2 dvisto do trabalho urapassam os mes das organiagGes alcangam 2 cimensSo subjetiva ds individuos. “-ACORROSAD DO CARATER aaex @ Richard Sennett Pabtache 1998 Ee ben de socio aetna cat ex ‘ealhadofesbizad,acssado pels Seonezas nao consegue estabelece vinco- scot perspectivas de longo praz. MPDPROLETARIOS @ Ricardo Antunes re akeaeae 2005 panei Seas soca Ricardo @ Ludistas Revola oped que ating Seuougeenre161101812,0° rroviments ads ncowse a gatera, mas seespalhou routs pases da Europa Dude ra oma acto 8 Cescete mecani2acze do Inds eo consequent fumento do desemoreg.08 ‘pervs vam a5 icas pa uebrr as maquins wa sreeces Onome tem publica ro ral lives ome Aa, espe eA ‘ates do Now Copa, todos pubtiados pela Recor Ricard Senet possul um ‘ena nteret: itm: Fiehardeennettcom @ Ricardo Antunes sped em Soca totabao, reo ae Cate ates 6 prtessr lr do oeperamenta de Sodelogs do HUnlean. neste em Gila Potica {untcanp 1980 autor tensa USP, 1989 ¢ tre doce em Soop Sorrabal Unica, 1998), cao tunes ft Visng esearch Felon na university. Sussex, na ater hotunes esceveveorpnizou ‘guns dos ats releventes Tos soe tema “rabtho™ ‘obras ene os uals ‘Ades 00 Tobaho? Cotes, 2010) 0 Centinent do Labor 2 eben Exess ‘ena, 2008 ‘Botenpo, 2011) ¢ADiléica ! Crises contemporaneas “A relacdo capital- trabalho sempre tem um papel central na dinamica do capitalismo e pode estar na origem das crises. Mas hoje em dia o principal roblema reside no ato de o capital ser muito poderoso e 0 trabalho muito fraco, e nao o contrario.”. Davi Harvey. O ENIGMA ‘DO CAPITAL - E. AS CRISES DO CAPITALISMO. SAO PAULO: BOITEMPO, 2011. Nos Manuscrites, Marx escreve que @ pro- priedade privada é, por um lado, resultado ne~ cessitio do trabalho alienado, € por outro, 0 ‘meio pelo qual trabalho se aliena. Uma vez que 0 fruto do trabalho nao pertence a quem 0 pro- ‘durin, ele pertence @ um ser estranho, a quem se destinard sua fraigSo. Nesse aspecto, 0 proceso alienado de producio estabelece uma relagio entre o produtor ¢ outros homens, bem como a relagio destes com a produgio e 0 produto. Portanto,« aividade produtoa no € livre, mas se realiza sob 2 coergao de um homem estra- tho ao ato produtivo, criando-se a dominagio do nio-produtor sobre a producio ¢ os frutos dela. Desse modo, o trabalho alienado afasta 0 Geréncia Cientifica “A geréncia cientifica significa um do de aplicar os métodos da s problemas complexos e crescentes do controle do trabalho nas empresas capitalistas em rapida expansao. Faltam-lhes as caracteristicas de uma verdadeira ciéncia porque suas pressuposic¢des refletem nada mais que a perspectiva do capitalismo com respeito as condigGes de produgao. Ela parte, nao obstante um ou outro protesto em contrario, nao do onto de vista humano, mas do ponto Re vista do capitalista, do ponto de vista da geréncia de uma forca de trabalho ° refrataria no quadro de relacées sociais antagonicas. Nao procura descobri e confrontar a cau: mas a aceita como w uma condicao “natural”. Investiga nao o trabalho em geral, mas a adaptagao do trabalho as necessidades do capital. Entra na oficina nao como representante da ciéncia, mas como representante de uma caricatura de geréncia nas armadilhas da ciéncia”. HARRY BRAVERMAN. “A GERENCIA CIENTIFICA” IN: TRABALHO E CAPITAL MonopotisTA: A DEGRADACAO DO TRABALHO NO SECULO XX. RIO DE JANEIRO: ZAHAR, 1981 > \ = ss i“ a sus atividade vital e i] sobre a repro- -monstra que 0 salério & na verdade, parte do srabalho representa um in- - do capita, através da mais- se um meio para 0 processo ssurssacse. Como explica Marx, 0 fundo & ova de capital deveria exaurir-se, em essidade do capitalista de consu- snus mercadorias. Se tal reserva néo se esgota, é veegeeo trabalho acrescenta um fruto anual ao © qual pode entéo ser consumido, sem 0 capitalista se torne pobre. O trabalhador ‘oduz, além disso, 0 fundo do qual se retira sea pagamento, jé que s6 recebe depois que o valor de sua forga de trabalho é realizado em sercadoria e mais-valia, Portanto, o salério é tuma parte do produto, reproduzido pelo pro- psio operério e nao um pagamento com recur- ses do capital. Por conseguinte, de um lado, a alienacio € o ponto de partida do processo de odusio, pois nela se dé a separacio entre 0 ‘abalho e seu produto, entre as condigées obje- ssa forga subjetiva da criacio de valor. Por lado, também é 0 resultado da producio, sa medida em que esse ponto de partida acaba sreduzindo-se e reproduzindo-se permanente- misste, eternizando-se como consequéncia da wondacSo capitalist, wm Base no conceito filoséfico de tra- ode-se dizer que a critica de Marx a0 © nio se dirige meramente & distri- 1 senda, & exploragio econdmica ou a jntsie do produto do trabalho pelo capi- vexdade, 0s objetivos relativos ao de- nue leno das capacidades humanas = sbarcados pelas definicéese te- ‘s atividades humanas vitais walisaco de trabalho, a partir do satureza, quaisquer que ssi: © coerpiies econémicas. O umdi-cameas, ¢2libertaczo do mem a —.calho desranive ‘esas. Tans se de um retorno a atividade néo-alienada e, portanto, livre, que permita florescer uma so- ciedade em que o homem em sua plenitude seja 0 objetivo € nao a comercializagio de merca- dorias, Isso demonstra que o objetivo de Marx nao é meramente a prosperidade econémica do trabalhador, para que venha a possuir 0 mesmo que o capitalista, mas envolve uma visio mais ampla e filoséfica do homem. Por fim, Marx afirma que um aumento de salérios ndo passaria de uma remuneragio melhor de escravos, pois nao representaria a restaurago do significado e valor humanos do trabalho e do trabalhador. O sistema de salé- ios, na medida em que remunera o trabalha- dor, é uma conseqiiéncia necesséria da aliena. ‘Gao do trabalho. Do mesmo modo, a igualdade de rendas nio modificaria a relagio do traba- Thador com seu trabalho, somente tornaria a sociedade uma espécie de capitalista abstrato. Com efeito, a emancipacio da sociedade da propriedade privada se identifica com a eman- cipacio do homem do sistema de trabalho alienado, pois a servidio se manifesta na pro- porcéo em que os individuos sao vistos como coisas inferiores as que produzem. m CAS TS MARX, Aanuseritos econdncs eos Ins FROM: Conatomansto de homer. io ‘deanery: Zar, 1967, —_ cept ertea de a economio Dia 3veumes. Meso: Fondo de Culture condi, 1973, MARCUSE,H. cute Sociedade 2 S30 FIONN, E. Concelto meat de homer io de Janel: Zar, 1967, OFF, captalomodesorganizads, Sao Paula Prasilense, 1984, HABERNAS, |. 0 asars floss do Imoderidoe. boa: Dom Que, 1990, O82 A. Ades 0 Proletrodo. Ro de ani isms este © outrana er Fioeoha el Faculdade de Fsoha, tena Cgnis Humanse ddaunvesidace de So Paulo FLCKUSP, casa ‘specalia;a0em esis {issieosna Unersdace se Basta Cited Ure ‘hae professors ‘abtinna na Universi Federl de80Cros 5 cay

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