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ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL


146 minutos

Aula 1 - Noções iniciais de Direito Penal


Aula 2 - Princípios fundamentais do Direito Penal I
Aula 3 - Princípios fundamentais do Direito Penal II
Aula 4 - Princípios fundamentais do Direito Penal II
Referências
 Aula 1

NOÇÕES INICIAIS DE DIREITO PENAL


Nessa aula, vamos estudar o tema "Introdução ao Direito Penal".
36 minutos

INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL

O que é a Introdução ao Direito Penal?


Introdução ao Direito Penal, como o próprio nome diz são os primeiros passos para o estudo do Direito
Penal, o qual analisa os comportamentos humanos mais perniciosos à sociedade, capazes de gerar uma
sanção, que tem por fim corrigir o erro cometido.
O Direito Penal tem a função de proteger os valores humanos, como a vida, a integridade física, a saúde, a
liberdade etc, bem como de alertar sobre as condutas que são reprováveis à coletividade, e que se o
indivíduo ao menos tentar praticá-las, será ele punido com sanções variáveis sendo a mais grave a restrição
de liberdade em regime fechado.
Além disso, o direito penal também apresenta um conjunto de valorações e princípios que orientam a
própria aplicação e interpretação dessas normas, tendo em vista, que deve ser uma ciência jurídica
equilibrada para que haja harmonia na aplicação dessas leis.

Onde encontrar a “Introdução ao Direito Penal” no Código Penal?


Decreto-Lei nº 2.848/1940

Mas onde podemos encontrar a “Introdução ao Direito Penal” no Código Penal? Confira a tabela a seguir!

Dec-Lei n° 2.848/1940 (CÓDIGO PENAL)

PARTE LIVRO TÍTULO CAPÍTULO ARTIGO

Título I - Da
Parte geral aplicação da lei
penal

E qual importância desse tema para o Direito Penal?


Para que você consiga completar seus estudos, sobre a Introdução ao Direito Penal é necessário que se
atente para as regras do Código Penal, da Constituição Federal e leis federais.
 É um tema importante, pois é o pontapé inicial para o estudo do Direito Penal e as suas implicações na
sociedade brasileira.

 Onde estudar a “Introdução ao Direito Penal”?


Para te ajudar em seus estudos sobre esse tema, sugerimos que você leia as seguintes obras:
• CAPEZ, F. Curso de direito penal. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2020
• BITENCOURT, C. R. Tratado de direito penal - parte geral. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2020

Vamos começar?
Agora que já entendemos o tema em linhas gerais, que tal começarmos nossos estudos e compreendê-lo em
mais detalhes?
Bons estudos!

MAPA MENTAL - INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL

Olá!
A seguir, apresentamos um mapa mental animado que resume o conceito de "Introdução ao Direito Penal"
e será essencial nos seus estudos.

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

Agora que você já viu a versão animada do mapa mental, que tal fazer download da versão estática do mapa?
Essa versão resume para você, em uma imagem construída em formato de organograma, os principais
conceitos do tema e como eles estão relacionados.
Basta clicar aqui para fazer download do arquivo.

CONCEITO DE DIREITO PENAL

Olá!
Ao final dessa leitura, esperamos que você seja capaz de:
1 - Definir o Direito Penal;
2 - Explicar o que compreende o estudo do Direito Penal;
3 - Interpretar o sentido do Direito Penal no contexto do Estado Democrático de Direito.
Quer baixar a versão em PDF desse texto? Basta clicar aqui nesse link.
Boa leitura!
Vamos aprender um pouco sobre o conceito de Direito Penal?
O Direito Penal é um ramo do Direito Público que dispõe sobre o poder punitivo do Estado, selecionando as
 condutas humanas indesejáveis, graves e reprováveis, capazes colocar em risco a vida em sociedade. Para
essas condutas, ele prevê sanções específicas e proporcionais aos danos ocasionados. De acordo com
Fernando Capez (2020, n.p.):

O Direito Penal é o segmento do ordenamento jurídico que detém a função de selecionar


os comportamentos humanos mais graves e perniciosos à coletividade, capazes de colocar
em risco valores fundamentais para a convivência social, e descrevê-los como infrações
penais, cominando-lhes, em consequência, as respectivas sanções, além de estabelecer
todas as regras complementares e gerais complementares e gerais necessárias à sua
correta e justa aplicação.

Representação de um crime de homicídio

Fonte: “The Public Domain Review”. Disponível em: https://the-public-domain-review.imgix.net/collections/the-newgate-calendar-


1795/newgate-thumb.jpg?w=640. Acesso em: out. 2020.

O QUE É O DIREITO PENAL?

Vamos conhecer o Direito Penal no ordenamento jurídico brasileiro?


O Direito Penal se apresenta em nosso ordenamento jurídico de duas maneiras distintas:
• 1) Conjunto de normas jurídicas: Determinam infrações de natureza penal e as sanções correspondentes
 (penas restritivas de liberdade, restritiva de direito, multa e medidas de segurança). O Código Penal é a norma
geral, mas não o único diploma legal que tipifica crimes e estabelece penas, existindo uma vasta legislação
penal especial, como, por exemplo, a Lei 11.340/06, a Lei 11.343/06 e a Lei 10.826/03.
• 2) Conjunto de valorações e princípios: Orientam a aplicação e interpretação das normas penais. Nesse
sentido, vale destacar a importância de princípios penais e constitucionais como o da anterioridade, da
legalidade e da intranscendência da pena.
A criação das normas penais incriminadoras acontece a partir da escolha dos bens jurídicos mais
relevantes, que não são suficientemente tutelados por outros ramos do direito (civil, administrativo,
econômico, tributário, etc.). Tais normas buscam fixar limites às punições estatais, equilibrando os direitos e
as liberdades individuais com as restrições necessárias à convivência humana.
O legislador, responsável por eleger os bens jurídicos a serem protegidos pelo Direito Penal, deve
acompanhar a constante evolução social ao longo do tempo e, a partir daí, excluir ou incluir alguns bens da
tutela penal. O crime previsto no artigo 154-A, do Decreto-Lei 2.848 (invasão de dispositivo informático), por
exemplo, foi criado para tutelar uma situação inimaginável antes da difusão da tecnologia e consolidação da
sociedade da informação.

 Saiba mais
Quer saber mais sobre conceito de Direito Penal? Então assista ao vídeo “O que é o direito penal?” do
canal “Prof. Thiago Aramizo”. Acesso em: out. 2020.

Você sabe quais são as funções do Direito Penal?


De acordo com Fernando Capez (2020, n. p.): “a missão do Direito Penal é proteger os valores fundamentais
para a subsistência do corpo social, tais como a vida, a saúde, a liberdade, a propriedade etc., denominados
bens jurídicos”. Para atingir a sua finalidade, o Direito Penal age de duas formas:
1. Função preventiva: Antes de punir qualquer indivíduo por lesar a ordem jurídico-penal, o legislador busca
motivá-lo para que não se afaste dela, estabelecendo normas proibitivas e impondo as sanções respectivas a
serem aplicadas diante de sua violação, para evitar a prática do crime.
2. Função repressiva: Quando um ou mais indivíduos violam determinada norma jurídica, a sanção
genericamente prevista se transforma em sanção efetiva. A ação preventiva, destinada a todos, torna-se uma
realidade concreta e repressiva.
Acerca do assunto, destaca o referido autor:
Desse modo, em um primeiro momento, sabe-se que o ordenamento jurídico tutela o
direito à vida, proibindo qualquer lesão a esse direito, consubstanciado no dever ético-

social “não matar”. Quando esse mandamento é infringido, o Estado tem o dever de
acionar prontamente os seus mecanismos legais para a efetiva imposição da sanção penal
à transgressão no caso concreto, revelando à coletividade o valor que dedica ao
interesse violado.
— (CAPEZ, 2020, n. p., grifos nossos)

Assim, as funções preventiva e repressiva do Estado se complementam e devem caminhar juntas para que
sejam efetivas. De nada adianta estabelecer normas proibitivas e impor sanções se elas não forem aplicadas
diante de eventuais violações, tornando-se uma realidade concreta e repressiva.

Quais são as principais classificações do Direito Penal?


A doutrina pátria divide o Direito Penal em objetivo e subjetivo, definindo-os da seguinte forma:
1. Direito Penal objetivo: conjunto de normas penais positivadas e as respectivas sanções penais
cominadas. Limita a subjetividade da atuação estatal, estabelecendo os limites a serem observados para a
prevenção e repreensão dos delitos.
2. Direito Penal subjetivo: direito de punir os cidadãos que cometem crimes. Trata-se, em verdade, de um
poder-dever de titularidade exclusiva do Estado, que manifesta o seu poder de império, observando as
limitações impostas pelo direito penal objetivo.
Outra distinção comumente abordada pelos estudiosos está relacionada ao Direito Penal comum e
especial. A distinção entre eles é simples: se o órgão responsável por aplicar a norma penal objetiva for a
justiça comum, trata-se do Direito Penal comum. Se, no entanto, a responsabilidade pela aplicação da norma
objetiva for da justiça especial, como a justiça militar e a justiça eleitoral, trata-se do Direito Penal especial
(Bitencourt, 2020, n.p.).
É importante ter em mente que a classificação acima explanada não deve ser confundida com aquela que
diz respeito à legislação penal comum e especial, que estão, respectivamente, no Decreto-Lei 2.848, isto é,
o Código Penal e nos demais diplomas legais que não sejam o referido Código.
Por fim, vale mencionar uma divisão relevante, porém ultrapassada, entre o Direito Penal substantivo e
adjetivo, que se referiam ao direito material e processual. Essa divisão não é mais utilizada porque
a autonomia do Direito Processual Penal foi reconhecida, sendo equivocado considerá-lo como integrante
do Direito Penal.

Vamos contextualizar o Direito Penal no Estado Democrático de Direito?


Você já deve ter notado que o Direito Penal é um instrumento fundamental para a construção de um
Estado Democrático de Direito, já que, além de proteger bens jurídicos indispensáveis ao convívio em
sociedade, ainda estabelece limites ao poder punitivo estatal, com o propósito de proteger a dignidade
da pessoa humana, bem como outros direitos e garantias constantes na Constituição Federal
(CRFB/88) e em tratados internacionais firmados pelo Brasil.
As ações preventiva e repressiva desse ramo do Direito buscam, conjuntamente, manter o equilíbrio do corpo
social, tutelando os bens jurídicos eleitos pelo legislador como de maior importância, tendo em vista a
 vontade do povo e o contexto histórico em que está inserido. Sobre o tema, expõe Cezar Roberto Bitencourt
(2020, n. p.):

Tomando como referente o sistema político instituído pela Constituição Federal de 1988,
podemos afirmar, sem sombra de dúvidas, que o Direito Penal no Brasil deve ser
concebido e estruturado a partir de uma concepção democrática do Estado de
Direito, respeitando os princípios e garantias reconhecidos na nossa Carta Magna.
Significa, em poucas palavras, submeter o exercício do ius puniendi ao império da lei
ditada de acordo com as regras do consenso democrático, colocando o Direito Penal a
serviço dos interesses da sociedade, particularmente da proteção de bens jurídicos
fundamentais, para o alcance de uma justiça equitativa.
— (grifos nossos)

CONCLUSÃO

Diante do exposto, é possível concluir que o Direito Penal exerce a função de proteger bens jurídicos
fundamentais para a subsistência do corpo social por meio da prevenção e repressão de crimes. O que se
busca é o respeito às normas e aos princípios vigentes a partir da intimidação coletiva, bem como da
consciência de sua necessidade e justiça.
Ademais, além da proteção dos principais valores do corpo social, este ramo do direito resguarda o próprio
infrator quando limita o poder de punição Estatal de acordo com as regras que regem um regime realmente
democrático.

NA PRÁTICA

Jurisprudência

O sistema carcerário brasileiro e o Estado de coisas inconstitucionais


Na decisão da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 347, o STF reconheceu que o
sistema penitenciário brasileiro viola direitos fundamentais expressos na Constituição da República
(CRFB/88). Nesse sentido, o plenário da Corte reconhece a necessidade de adoção de medidas sistemáticas
por todos os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) para solucionar o grave problema, que resulta em
sanções penais desproporcionais e desumanas.
 Saiba mais
Filme

Milagre na cela 7
Separado de sua filha, um homem com deficiência intelectual precisa provar sua inocência ao ser preso
pela morte da filha de um comandante. A possibilidade de se aplicar uma pena de morte a alguém que
não cometeu um crime nos remete à importância de limitar o ius puniendi do Estado.

VIDEOAULA: CONCEITO DE DIREITO PENAL

Olá!
A seguir, apresentamos a videoaula que trata sobre o tema "Conceito de Direito Penal".
Bons estudos!

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

ESCOLAS DE DIREITO PENAL

Olá!
Ao final dessa leitura, esperamos que você seja capaz de:
1 - Apontar as escolas do Direito Penal;
2 - Diferenciar as escolas do Direito Penal.
Quer baixar a versão em PDF desse texto? Basta clicar aqui nesse link.
Boa leitura!

Vamos aprender um pouco sobre as Escolas do Direito Penal?


Conhecemos como Escolas Penais as diversas correntes de ideias e teorias filosófico-jurídicas em matéria
penal, desenvolvidas no decorrer dos séculos VIII a XX, as quais expressaram o pensamento dos juristas de
certos períodos sobre as questões criminais fundamentais, bem como os objetos do sistema penal.

Representação artística dos objetos de estudo das Escolas Penais


Fonte: “The Public Domain Review”. Disponível em: https://publicdomainreview.org/collection/the-history-of-burke-and-hare-and-of-the-


resurrectionist-times-1884. Acesso em: nov. 2020.

AS PRINCIPAIS ESCOLAS PENAIS

Você conhece as principais Escolas Penais?


As Escolas Penais surgiram ao longo da história, defendendo diferentes correntes de pensamento e buscando
respostas para questões relacionadas à legitimidade do direito de punir, à natureza do delito e ao fim das
sanções penais, a partir do contexto em que estavam inseridas. Segundo Cezar Roberto Bittencourt (2020,
n.p.):

Essas diferentes correntes, que se convencionou denominar Escolas Penais, abarcaram


concepções das mais variadas para a explicação do delito e justificação da pena e, por isso,
foram definidas como “o corpo orgânico de concepções contrapostas sobre a legitimidade
do direito de punir, sobre a natureza do delito e sobre o fim das sanções.

É importante destacar que não há uma Escola Penal melhor do que a outra, mas apenas pensamentos
que refletiam a mentalidade de determinada época. Ademais, todos esses pensamentos são relevantes,
pois influenciaram significativamente na consolidação do Direito Penal nos moldes atuais. Abordaremos, aqui,
as quatro principais Escolas Penais, que foram a Clássica, a Positivista, a Técnico-Jurídica e a Funcionalista.

Vamos falar sobre a Escola Penal Clássica?


A Escola Penal Clássica ou Idealista, que surgiu no decorrer do século XVIII, teve como principais
expoentes Cesare Beccaria e Francesco Carrara. O Marquês de Beccaria escreveu o clássico “Dos Delitos e
 das Penas (1764)”, grande referencial teórico da época contra os abusos do regime absolutista e dos excessos
punitivos, estudado ainda na atualidade. Sobre o tema, adverte Bitencourt (2020, n.p.):

Não houve uma Escola Clássica propriamente, entendida como um corpo de doutrina
comum, relativamente ao direito de punir e aos problemas fundamentais apresentados
pelo crime e pela sanção penal. Com efeito, é praticamente impossível reunir os diversos
juristas, representantes dessa corrente, que pudessem apresentar um conteúdo
homogêneo. Na verdade, a denominação Escola Clássica não surgiu, como era de esperar,
da identificação de uma linha de pensamento comum entre os adeptos do positivismo
jurídico, mas foi dada, com conotação pejorativa, por aqueles positivistas que negaram o
caráter científico das valorações jurídicas do delito.

Orientada pelos ideais iluministas, esta escola foi construída com base em princípios de cunho humanitários e
liberais, como a defesa dos direitos individuais e o princípio da reserva legal, na contramão da tradição
absolutista, do processo inquisitório e da tortura. Seus principais fundamentos eram os seguintes:
1. Livre-arbítrio: capacidade do agente decidir entre a prática de um comportamento lícito ou ilícito;
2. Dissuasão: o mal da pena deve superar o benefício a ser alcançado pela prática da infração penal;
3. Prevenção: impedir que o réu cause novos danos à sociedade;
4. Retribuição: atribuir ao indivíduo uma pena proporcional ao mal por ele cometido.
Foram os clássicos que começaram a construir o ideal de exame analítico do crime, distinguindo os seus
vários componentes, e a entender a pena como uma medida repressiva e pessoal, a ser aplicada ao autor de
um fato delituoso, cujo ato se deu com consciência e vontade. Tal escola compreendia o crime como um
ente jurídico, que consistia na violação de um direito e o delinquente como um ser livre, que pratica o
crime por uma escolha moral, alheia aos fatores externos.
Ademais, entendiam pena como uma forma de prevenção de novos crimes, de defesa da sociedade e também
uma necessidade ética para reequilibrar o sistema, como apregoava Immanuel Kant. Além disso, buscou-se
limitar os poderes do juiz, a fim de transformá-lo em um mero executor legislativo.

Vamos falar, também, sobre a Escola Penal Positivista?


A Escola Positivista, que surgiu no século XIX, examinava o crime sob o ângulo sociológico, estudando, de
forma prioritária, o indivíduo criminoso.
Diferentemente da Escola Clássica, os positivistas negavam o ideal de livre-arbítrio e afirmavam que o crime
seria resultado de um fenômeno social e natural, oriundo de causas biológicas, físicas e sociais. Nesse sentido,
expõe Bitencourt (2020, n.p.):
A corrente positivista pretendeu aplicar ao Direito os mesmos métodos de observação e
investigação que se utilizavam em outras disciplinas (Biologia, Antropologia etc.). No

entanto, logo se constatou que essa metodologia era inaplicável em algo tão circunstancial
como a norma jurídica. Essa constatação levou os positivistas a concluírem que a atividade
jurídica não era científica e, em consequência, proporem que a consideração jurídica do
delito fosse substituída por uma sociologia ou antropologia do delinquente, chegando,
assim, ao verdadeiro nascimento da Criminologia, independente da dogmática jurídica.

Os principais nomes da Escola Positivista são Cesare Lombroso, Rafael Garofalo e Enrico Ferri. O primeiro
era um médico que defendia a ideia do criminoso nato, o qual já nasceria com uma predisposição orgânica
para o crime, consubstanciada em deformações e anomalias anatômicas, físicas e psicológicas. O segundo, ao
seu turno, acreditava que o crime era determinado por fatores antropológicos, físicos e sociais, e os
criminosos podiam ser classificados como natos, loucos, habituais, ocasionais e passionais (sob o efeito da
paixão).

Análise das características físicas de possíveis delinquentes

Fonte: “The Public Domain Review”. Disponível em: https://publicdomainreview.org/collection/alphonse-bertillon-s-synoptic-table-of-


physiognomic-traits-ca-1909. Acesso em: nov. 2020.

Vamos falar sobre a Escola Penal Técnico-Jurídica?


A Escola Técnico-Jurídica, seguindo as ideias de Arturo Rocco, Karl Binding, Vincenzo Manzini e Giacomo
Delitala, teve início em 1905, com o objetivo de desenvolver a ciência penal como uma ciência autônoma,
com objeto e métodos próprios, não devendo ser estudada e analisada juntamente com outras ciências, como
a antropologia, a sociologia e a filosofia, na medida em que o estudo do Direito Criminal deveria se restringir
apenas ao Direito Positivo vigente.
Para os integrantes dessa Escola, o delito seria puramente uma relação jurídica, de conteúdo
individual e social. A pena constituiria uma reação e uma consequência do crime (tutela jurídica), com função
preventiva geral e especial, aplicável aos imputáveis, e a responsabilidade do agente seria moral, uma vez que
esse é dotado de livre-arbítrio.
 Mais do que uma escola, o tecnicismo jurídico seria uma orientação, uma metodologia de estudo, levando-se
a efeito o estudo sistemático do Direito Penal.

Vamos falar sobre a Escola Penal Funcionalista?


O funcionalismo penal, que surgiu no decorrer do século XX, teve Claus Roxin e Gunther Jakobs como
seus principais expoentes. Ambos concordavam que a construção do sistema jurídico-penal deve orientar-se
exclusivamente pelos fins do Direito Penal.
Roxin, defensor da vertente teleológico-funcional, entendia que o fim do Direito Penal, apto a orientar a
construção do sistema jurídico-penal, era a proteção de bens jurídicos. Jakobs, por sua vez, representante
do funcionalismo radical, acreditava que a função do Direito Penal era a proteção das normas jurídicas.
O funcionalismo, com destaque para o teleológico-funcional, teve grande influência na construção do Direito
Penal brasileiro, que busca satisfazer as necessidades sociais, através de um sistema aberto a novas políticas
criminais de proteção aos bens jurídicos mais importantes. É justamente por isso que o seu estudo é tão
relevante.

CONCLUSÃO

Tendo em vista o conteúdo apresentado, preparamos para você a seguinte tabela, contendo as principais
características de cada uma das Escolas do Direito Penal:

Fundamentos Expoentes

Essa Escola foi construída com


base em princípios de cunho
humanitário e liberal, na
contramão da tradição absolutista,
Escola Penal Clássica do processo inquisitório e da Beccaria e Carrara

tortura. Seus principais


fundamentos eram o livre-
arbítrio, a dissuasão, a
prevenção e a retribuição.

Diferentemente da Escola Clássica,


os positivistas negavam o ideal de
livre-arbítrio e afirmavam que
Escola Penal Positivista o crime seria resultado de um Cesare Lombroso, Rafael Garofalo

fenômeno social e natural, e Enrico Ferri

oriundo de causas biológicas,


físicas e sociais.
Essa Escola defendia que a ciência
penal deveria ser tratada como
 uma ciência autônoma, com objeto
e métodos próprios, não devendo
ser estudada e analisada Arturo Rocco, Karl Binding,
Escola Penal Técnico-Jurídica juntamente com outras ciências, Vincenzo Manzini e Giacomo
como a antropologia, a Delitala
sociologia e a filosofia, na medida
em que o estudo do Direito
Criminal deveria se restringir
apenas ao Direito Positivo vigente.

Essa Escola defendia que a


construção do sistema jurídico-
penal deveria orientar-se
exclusivamente pelos fins do
Escola Penal Funcionalista Claus Roxin e Gunther Jakobs
Direito Penal. Para Roxin, o fim do
Direito Penal era a proteção de
bens jurídicos e para Jakobs era a
proteção da própria norma.

 Saiba mais
Quer saber mais sobre as Escolas Penais? Então assista ao vídeo “15.1. Escolas Penais” do canal “Minuto
Penal”. Acesso em: out. 2020.

NA PRÁTICA

Artigo

Escolas Penais
Esse artigo científico apresenta, em linhas gerais, as principais características das mais importantes escolas
penais, abordando desde os antecedentes históricos até as diferenças precípuas das escolas. Além disso,
analisa as contribuições principais e a influência dessas escolas no Direito Penal Brasileiro.

 Saiba mais
Livro
“Crime e Castigo” de Fyodor Dostoevsky
É um romance clássico do século XIX, que conta a história de um assassino em busca de redenção e
ressurreição espiritual. São exploradas as mais diversas facetas da psicologia humana, sujeita a abalos e
distorções, que influenciam fortemente nas escolhas realizadas.
 “Dos Delitos e das penas” de Cesare Beccaria
É uma obra clássica, que se propõe a criticar e examinar os abusos cometidos durante o absolutismo,
destacando valores indispensáveis para evitar que isso ocorra novamente. Aponta a lei, a convenção
social e a distribuição equitativa das vantagens entre os membros da sociedade como formas de
proteção do cidadão contra eventuais violências do Estado.

VIDEOAULA: ESCOLAS DO DIREITO PENAL

Olá!
A seguir, apresentamos a videoaula que trata sobre o tema "Escolas do Direito Penal".
Bons estudos!

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

VÍDEO ENTREVISTA – INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL

Olá!
A seguir, apresentamos a vídeo entrevista que trata sobre o tema "Introdução ao Direito Penal".
Bons estudos!

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

Aula 2

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL I


Nessa aula, vamos estudar o tema "Princípios Penais Fundamentais".
40 minutos

INTRODUÇÃO - PRINCÍPIOS PENAIS FUNDAMENTAIS

Quais são os Princípios Penais Fundamentais?


Os Princípios Penais Fundamentais são: o princípio da legalidade, da intervenção mínima, da adequação
social, da ofensividade, da responsabilidade penal subjetiva, da responsabilidade penal individual e da
 proporcionalidade, que são de suma importância para o direito penal enquanto ciência jurídica.
Para alguns doutrinadores, existem princípios fundamentais mais “fortes” e princípios mais “fracos”.
Existem doutrinadores que "vêem" com maus olhos o grau de abstração e generalidade dos princípios que,
consequentemente, podem demandar uma subjetividade por parte do aplicador da lei, apresentando riscos
à segurança jurídica.
Conforme o professor André Estefam (2020) “Nem todo princípio, ademais, possui elevado grau de abstração
e generalidade, bastando citar como exemplo o princípio da retroatividade benéfica da lei penal, previsto no
art. 5º, XL, da CF, veiculando em texto cuja precisão linguística não permite elevada margem criativa da parte
do intérprete.” (2020, 1.1)
Diante do exposto, existe um embate entre os princípios e regras em todos os ramos do direito, e no direito
penal não é diferente, mas de todo modo, os princípios penais fundamentais tem o seu lugar no dia a dia da
área penal.

Onde encontrar os “Princípios Penais Fundamentais” no Código Penal?


DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940

Mas onde podemos encontrar os “Princípios Penais Fundamentais” no Código Penal? Confira a tabela a seguir!

Dec-Lei n° 2.848/1940 (CÓDIGO PENAL)

PARTE LIVRO TÍTULO CAPÍTULO ARTIGO

Título I - Da
Parte geral aplicação da lei
penal

E qual importância desse tema para o Direito Penal?


Para que você consiga completar seus estudos sobre os Princípios Penais Fundamentais é necessária a
leitura da doutrina mais recente.
É um dos temas mais importantes do Direito Penal, pois é necessário para o entendimento do restante da
matéria.

 Onde estudar os “Princípios Penais Fundamentais”?


Para te ajudar em seus estudos sobre esse tema, sugerimos que você leia a seguinte obra:
• ESTEFAM, André, Direito penal 1 - parte geral - artigos 1 ao 120. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2020
Vamos começar?
Agora que já entendemos o tema em linhas gerais, que tal começarmos nossos estudos e compreendê-lo em
 mais detalhes?
Bons estudos!

PRINCÍPIOS PENAIS FUNDAMENTAIS

Olá!
Ao final dessa leitura, esperamos que você seja capaz de:
1 - Explicar os fundamentos dos princípios penais fundamentais;
2 - Constatar os princípios penais fundamentais;
3 - Justificar os princípios limitadores do poder punitivo do Estado.
Quer baixar a versão em PDF desse texto? Basta clicar aqui nesse link.
Boa leitura!

Vamos aprender um pouco sobre os princípios penais fundamentais?


A intervenção do Estado na esfera individual deve ser limitada por conta da fragilidade do indivíduo em
comparação ao ente estatal. Os princípios penais fundamentais são responsáveis por estabelecer limites
ao ius puniendi, e essa função é muito importante para evitar possíveis arbitrariedades e abusos no momento
da aplicação da lei penal.

VAMOS FALAR SOBRE OS PRINCIPAIS PRINCÍPIOS PENAIS FUNDAMENTAIS?

Você conhece os princípios penais fundamentais?


Para iniciar esse estudo, vamos enumerar os principais princípios penais fundamentais e seus respectivos
fundamentos, de acordo com o autor Cezar Roberto Bitencourt, para que você tenha uma visão do conjunto
antes de adentrar no estudo de cada um deles.

Princípio Fundamento

Artigo 1º, do Decreto-Lei 2.848; Artigo 5º, inciso


Princípios da legalidade
XXXIX, da Constituição Federal (CRFB/88).

Princípio da intervenção mínima Doutrina

Artigo 1º, do Decreto-Lei 2.848; Artigo 5º, incisos


Princípio da irretroatividade da lei penal
XXXIX e XL, da Constituição Federal (CRFB/88).

Princípio da adequação social Doutrina


Princípio da insignificância Doutrina

 Princípio da ofensividade Doutrina

Princípio da culpabilidade Artigo 18, do Decreto-Lei 2.848

Princípio da proporcionalidade Doutrina

Artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal


Princípio da presunção de inocência
(CRFB/88).

Princípio de humanidade Artigo 5º, incisos XLVII e XLIX, da Constituição


Federal (CRFB/88).

Vamos estudar os princípios penais fundamentais abordados na obra de


Bitencourt?

Princípio da legalidade:
O princípio da legalidade é uma das principais garantias fundamentais asseguradas ao indivíduo dentro de um
Estado Democrático de Direito e tem sua aplicação em todas as áreas das ciências jurídicas. No Direito Penal,
está expressamente previsto no artigo 5º, inciso XXXIX, da Constituição Federal (CRFB/88), que diz que “não
há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, redação que pouco difere
daquela contida no artigo 1º do Decreto-Lei 2.848.
As principais funções desse princípio são:
1. Proibir a retroatividade da lei penal;
2. Proibir a criação de crimes e penas pelos costumes;
3. Proibir o emprego de analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas;
4. Proibir incriminações vagas e indeterminadas.
A partir do princípio da legalidade, podemos dizer que a lei é a única fonte do Direito Penal quando se
quer proibir ou impor condutas sob a ameaça de sanção, configurando-se como uma peça fundamental na
limitação da atividade punitiva do Estado.

Princípio da intervenção mínima:


O princípio da intervenção mínima consiste na ideia de que a criminalização de uma conduta deve
ocorrer apenas se ela colocar em risco os bens jurídicos mais preciosos para a sociedade, tais como a
vida, a liberdade e o patrimônio.

Princípio da irretroatividade da lei penal:


O princípio constitucional da irretroatividade da lei penal, descrito no artigo 5º, inciso XL, da Constituição
Federal (CRFB/88) dispõe que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Assim, a lei nova não
atingirá fatos anteriores à sua vigência, exceto se for mais benéfica ao acusado.
Princípio da adequação social:
O princípio da adequação social prevê que uma conduta não será considerada típica, ainda que se
 enquadre em um dispositivo legal incriminador, se for socialmente adequada ou aceita, de acordo com
os valores predominantes na sociedade.
Tal princípio possui dupla função. A primeira é a de limitar a abrangência do tipo penal, dele excluindo as
condutas consideradas socialmente adequadas. A segunda função é direcionada ao legislador, para orientá-lo
na escolha de condutas a serem proibidas ou impostas e na revogação de tipos penais.

Princípio da insignificância:
Também conhecido como princípio da bagatela, o princípio da insignificância dispõe que é possível que
uma conduta formalmente típica seja excluída da proteção do direito penal se ausente a sua tipicidade
material, isto é, a relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal. É o caso, por
exemplo, do furto de uma escova de dente dentro do supermercado.
Para o STF, são necessários os seguintes requisitos para a aplicação do princípio da insignificância:
1. Mínima ofensividade;
2. Nenhuma periculosidade social da ação;
3. Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento;
4. Inexpressividade de lesão jurídica provocada.

 Saiba mais
Quer saber mais sobre o princípio da insignificância? Então assista ao vídeo “Exemplo de aplicação do
princípio da insignificância em um caso real” do canal “Evinis Talon”. Acesso em: out. 2020.

Princípio da ofensividade:
O princípio da ofensividade prevê que o Estado só pode punir as condutas que lesionam ou colocam em
perigo os bens jurídicos penalmente tutelados. Assim, de acordo com Bitencourt (2020, n.p.): “Para que se
tipifique algum crime, em sentido material, é indispensável que haja, pelo menos, um perigo concreto, real e
efetivo de dano a um bem jurídico penalmente protegido”.

Princípio da culpabilidade:
O princípio da culpabilidade é fundamental para que seja possível a responsabilização da pessoa humana por
um fato típico e ilícito. Tal princípio veda a responsabilidade objetiva no direito penal e apregoa que
ninguém responderá por um resultado se não houver causado com dolo (vontade ou assentimento de
cometer o crime) ou culpa (violação de um dever objetivo de cuidado).

Princípio da proporcionalidade:
O princípio da proporcionalidade consiste em exigência inerente ao Estado Democrático de Direito, que
determina a proteção do indivíduo contra intervenções estatais desnecessárias ou excessivas, que
 causem aos cidadãos danos mais graves do que os necessários para a proteção dos interesses públicos. Sobre
o tema, conclui Bitencourt (2020, n.p.):

Para concluir, com base no princípio da proporcionalidade é que se pode afirmar que um
sistema penal somente estará justificado quando a soma das violências – crimes,
vinganças e punições arbitrárias – que ele pode prevenir for superior à das violências
constituídas pelas penas que cominar..

Princípio da presunção de inocência:


O princípio da presunção de inocência está previsto no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição
Federal (CRFB/88), que determina que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória”. Apesar de ser um princípio com maior repercussão no processo penal,
exerce relevante influência no direito penal, estando intimamente relacionado à dignidade da pessoa humana.

Princípio de humanidade:
O princípio da humanidade sustenta que a dignidade da pessoa humana deve ser sempre resguardada
durante o cumprimento da pena.

Exemplo de cela que viola o princípio de humanidade

Fonte: “Getty Search Gateway”. Disponível em: http://media.getty.edu/museum/images/web/thumbnail/31398201.jpg. Acesso em: nov.
2020.
CONCLUSÃO


Diante do exposto, é possível concluir que os princípios penais fundamentais se complementam, tornando o
direito penal compatível com o Estado Democrático de Direito. Tais garantias são essenciais, considerando seu
papel de proteção dos cidadãos em face do poder punitivo estatal, evitando, assim, que injustiças e abusos
sejam cometidos em face destes. Além disso, sempre vale ressaltar que cabe ao Estado priorizar a dignidade
da pessoa humana, reconhecendo-a como um valor central e indispensável.
Ademais, todo indivíduo precisa ser visto como sujeito autônomo, responsável por seus próprios atos e
passível de punição por eles, desde que haja respeito à lei, aos limites impostos e ao jus
puniendi estatal.

NA PRÁTICA

Jurisprudências

Proibição da execução provisória da pena


Nessa decisão, o STF decidiu que o cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de
todos os recursos, proibindo a sua execução provisória da pena devido ao princípio constitucional da
presunção de inocência.

Aplicação do princípio da insignificância a um furto de caixas de bombons


O STF deferiu pedido em habeas corpus e determinou a extinção definitiva do procedimento penal
instaurado contra acusado de furto de caixas de bombons por ausência de tipicidade material da conduta que
lhe foi imputada, considerado, para esse efeito, o princípio da insignificância.

 Saiba mais
Filmes
Laranja Mecânica
O violento líder de uma gangue de delinquentes é preso e recebe a opção de participar de um programa
que pode reduzir o seu tempo na cadeia. Ele vira cobaia de experimentos destinados a refrear os
impulsos destrutivos do ser humano, mas acaba se tornando impotente para lidar com a violência que o
cerca.

MAPA MENTAL - PRINCÍPIOS PENAIS FUNDAMENTAIS

Olá!
A seguir, apresentamos um mapa mental animado que resume o conceito de "Princípios Penais
Fundamentais" e será essencial nos seus estudos.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.


Agora que você já viu a versão animada do mapa mental, que tal fazer download da versão estática do mapa?
Essa versão resume para você, em uma imagem construída em formato de organograma, os principais
conceitos do tema e como eles estão relacionados.
Basta clicar aqui para fazer download do arquivo.

VÍDEO ENTREVISTA – PRINCÍPIOS PENAIS FUNDAMENTAIS

Olá!
A seguir, apresentamos a vídeo entrevista que trata sobre o tema "Princípios penais fundamentais".
Bons estudos!

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

INTERVENÇÃO MÍNIMA

Olá!
Ao final dessa leitura, esperamos que você seja capaz de:
1 - Interpretar o princípio da intervenção mínima;
2 - Explicar o alcance do princípio da intervenção mínima;
3 - Julgar a relação entre Direito Penal e sociedade.
Quer baixar a versão em PDF desse texto? Basta clicar aqui nesse link.
Boa leitura!

Vamos aprender um pouco sobre a intervenção mínima?


O princípio da intervenção mínima, também conhecido como ultima ratio, é um princípio que orienta e limita
o poder punitivo do Estado, dispondo que a criminalização de uma conduta só é legítima se tal conduta
colocar em risco os bens jurídicos mais relevantes para a sociedade.

O PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA

Vamos conceituar o princípio da intervenção mínima?


O princípio da intervenção mínima se baseia na ideia de que o Estado apenas deve utilizar-se do Direito
Penal para prevenir possíveis lesões aos bens jurídicos considerados de maior importância para a
sociedade. Assim, caso outras formas de sanção ou meios de controle social se mostrem suficientes para a
tutela de um determinado bem, a sua criminalização é inadequada.
Por ser o mais agressivo dentre os instrumentos normativos de regulação social e coação de condutas
lesivas, na medida em que atinge os principais direitos e garantias fundamentais do indivíduo, o
Direito Penal deve ser utilizado como última hipótese, quando já não houver mais alternativas disponíveis.
 Nesse sentido, leciona Bitencourt (2020, n.p.):

[...] se para o restabelecimento da ordem jurídica violada forem suficientes medidas civis
ou administrativas, são estas as que devem ser empregadas, e não as penais. Por isso, o
Direito Penal deve ser a ultima ratio do sistema normativo, isto é, deve atuar somente
quando os demais ramos do Direito revelarem-se incapazes de dar a tutela devida a bens
relevantes na vida do indivíduo e da própria sociedade.

 Saiba mais
Quer saber mais sobre o princípio da intervenção mínima? Então assista ao vídeo “Princípio da
Intervenção Mínima, Fragmentariedade e Subsidiariedade Penal - Curso de Direito Penal” do canal “Tulio
Vianna TV”. Acesso em: out. 2020.

Você sabe quais são os desdobramentos do princípio da intervenção mínima?


O princípio da intervenção mínima tem como principal desdobramento a necessidade de identificar os
bens jurídicos mais relevantes para a sociedade para que sejam tutelados pelo Direito Penal. Além
disso, ele impõe a descriminalização de condutas que atentam contra certos bens que, com a evolução da
sociedade, deixaram de ser considerados fundamentais, fazendo retirar do nosso ordenamento jurídico-penal
alguns tipos incriminadores.
Um grande exemplo disso foi a descriminalização da prática de capoeira em 1937. O Decreto 847, mais
conhecido como Código Penal de 1890, punia com prisão de dois a seis meses aquele que fizesse “nas ruas e
praças públicas exercício de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação Capoeiragem”. Uma
conduta anteriormente considerada atentatória a bens jurídicos importantes, de acordo com os valores
sociais da época, se tornou, hoje, uma manifestação artística e cultural que simboliza a resistência das vítimas
da escravidão.
A capoeira, atualmente, além de não configurar crime, é considerado um esporte tipicamente brasileiro, que
mistura arte marcial, cultura popular, dança e música, sendo motivo de muito orgulho e muita admiração.

 Saiba mais
Quer saber mais sobre a história da capoeira? Então assista ao vídeo “História da Capoeira - História em
3 Minutos” do canal “Gingado Capoeira”. Acesso em: out. 2020.
Outro exemplo da descriminalização de condutas com base no princípio da intervenção mínima é a retirada
do crime de adultério do nosso ordenamento jurídico. Até 2005, o ato de se relacionar com terceiro na
 constância do casamento era considerado crime por consistir em uma grave violação dos deveres conjugais,
passível de tutela penal. Com a evolução social, entendeu-se por bem utilizar outros ramos do direito para
coibir o adultério, visto que o bem jurídico protegido não está mais entre os eleitos como de maior relevância
pela sociedade.

Representação artística do adultério

Fonte: “Getty Search Gateway”. Disponível em: http://media.getty.edu/museum/images/web/enlarge/00055101.jpg. Acesso em: out. 2020.

Vamos falar sobre os princípios da subsidiariedade e da fragmentariedade?


Os princípios da subsidiariedade e da fragmentariedade são subprincípios da intervenção mínima. O
primeiro aduz que a atuação do Direito Penal somente é legítima quando os outros ramos do Direito, mais
brandos, mostrarem-se insuficientes para o controle social. Ele está mais relacionado ao plano abstrato, isto é,
ao aspecto legislativo, impondo limites à atuação do legislador, que deverá criar norma penal apenas quando
não houver soluções menos invasivas para solucionar o problema.
O princípio da fragmentariedade, por sua vez, determina que o Direito Penal somente deve intervir quando
ficar demonstrada a existência de relevante lesão a bem jurídico fundamental da sociedade. Tal intervenção
se dá no caso concreto, quando houver lesão significativa ao bem tutelado. Assim, caso a lesividade da
conduta seja ínfima, a incidência da norma punitiva deve ser afastada naquela situação. O princípio da
insignificância é, então, desdobramento lógico do princípio da fragmentariedade.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, é possível concluir que o estudo da intervenção mínima é extremamente importante para
a compreensão das bases de um Direito Penal realmente democrático, capaz de limitar ingerências indevidas
do Estado na vida do cidadão, principalmente quando a sua liberdade está em jogo.
NA PRÁTICA


Jurisprudência

Aplicação do princípio da insignificância a um furto no valor de R$ 99,00 (noventa e


nove reais)
O STF, no julgamento do HC 144.551/RS, aplicou o princípio da insignificância para afastar a tipicidade
material do furto de um par de sapatos femininos avaliado em R$ 99,00 (noventa e nove reais), tendo em vista
que tal conduta não causou lesividade relevante à ordem social, havendo que incidir, por conseguinte, o
postulado da bagatela.

VIDEOAULA – PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA

Olá!
A seguir, apresentamos a videoaula que trata sobre o tema "Princípio da intervenção mínima".
Bons estudos!

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

VIDEOAULA – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Olá!
A seguir, apresentamos a videoaula que trata sobre o tema "Princípio da legalidade".
Bons estudos!

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

OFENSIVIDADE

Olá!
Ao final dessa leitura, esperamos que você seja capaz de:
1 - Interpretar o princípio da ofensividade;
2 - Explicar a função político-criminal e a função interpretativa ou dogmática do princípio.
Quer baixar a versão em PDF desse texto? Basta clicar aqui nesse link.
Boa leitura!

Vamos aprender um pouco sobre a ofensividade?


O princípio da ofensividade, implícito no ordenamento jurídico brasileiro, prevê que o Estado só pode punir as
condutas que lesionam ou colocam em perigo os bens jurídicos penalmente tutelados. A seguir, abordaremos
 o conceito deste princípio, bem como as suas funções e aplicação prática.

O PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE

Vamos conceituar o princípio da ofensividade?


O princípio da ofensividade se baseia na ideia de que o legislador penal só pode criminalizar os fatos
que lesem ou ofereçam concreto perigo de lesão aos bens jurídicos mais importantes. A intervenção
penal estatal se legitima apenas quando a conduta representa efetiva e concreta lesão ou ameaça de lesão a
um interesse socialmente relevante.
De acordo com Cezar Roberto Bitencourt (2020, n.p.): “Para que se tipifique algum crime, em sentido
material, é indispensável que haja, pelo menos, um perigo concreto, real e efetivo de dano a um bem
jurídico penalmente protegido”. (grifo nosso)
Fernando Capez (2020, n.p.), por sua vez, expõe: “O princípio da ofensividade considera inconstitucionais
todos os chamados ‘delitos de perigo abstrato’”, pois, segundo ele, “não há crime sem comprovada lesão ou
perigo de lesão a um bem jurídico”.

Instrumento ofensivo ao bem jurídico: vida

Fonte: “Getty Search Gateway”. Disponível em: http://media.getty.edu/museum/images/web/thumbnail/265646B1V1.jpg. Acesso em: nov.
2020.
 Saiba mais
Quer saber mais sobre o princípio da ofensividade? Então assista ao vídeo “Direito Penal - Princípio da

Ofensividade ou Lesividade - Prof. Daniel Buchmüller” do canal “Prof. Daniel Buchmüller”. Acesso em: out.
2020.

Você sabe quais são as funções do princípio da ofensividade?


O princípio da ofensividade se baseia na ideia O princípio da ofensividade apresenta duas importantes
funções. A primeira delas consiste em uma orientação fornecida ao legislador quando da elaboração de
tipos penais, a fim de que se atenha à exigência de que a conduta proibida deve representar perigo concreto
a bens jurídicos socialmente relevantes.
A segunda função diz respeito à interpretação e aplicação da norma ao caso concreto, determinando que
o intérprete legal exponha diretamente qual bem jurídico protegido pelo tipo penal foi efetivamente
colocado em perigo.
A atuação desse princípio como limitador do poder punitivo do Estado tem início no momento de elaboração
da norma penal, a fim de impedir a criminalização de condutas inofensivas ou que não tragam perigo aos
bens jurídicos de maior relevância, muito embora possam ser vistas como imorais ou em desacordo com os
preceitos sociais.
Apesar de tratar-se de princípio de suma importância, a ofensividade ainda não encontra previsão expressa
no ordenamento jurídico pátrio, tratando-se uma construção doutrinária e jurisprudencial, a partir de uma
interpretação da Constituição Federal (CRFB/88) e dos princípios nela previstos, especialmente por rechaçar
a incriminação de condutas por mera inadequação aos preceitos sociais, sem que se constate um resultado
juridicamente relevante.

Vamos ver como o princípio da ofensividade é aplicado na prática?


O princípio da ofensividade vem sendo cada vez mais utilizado pelos tribunais superiores para afastar a
incidência dos tipos penais em algumas situações concretas. Há um importante debate acerca da
aplicabilidade do referido princípio em relação ao crime previsto no artigo 183, da Lei 9.472/97, que comina
pena de detenção de dois a quatro anos para a conduta de desenvolver clandestinamente atividades de
telecomunicação.
Em determinados casos, como se verá de forma mais detalhada, a Segunda Turma do STF se manifestou no
sentido da atipicidade de tal conduta, visto que não resulta em dano ou perigo concreto relevante para
a sociedade, de modo a lesionar ou colocar em perigo o bem jurídico tutelado pela norma (segurança
dos meios de telecomunicações) na intensidade reclamada pelo princípio da ofensividade.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, é possível concluir que o princípio da ofensividade possui grande importância para a
consolidação de um Direito Penal democrático. Tal princípio, voltado para o legislador e para os aplicadores
da lei, se presta a limitar o poder punitivo do Estado, impedindo a criminalização de condutas inofensivas ou
que não tragam perigo aos bens jurídicos de maior relevância, ainda que possam ser vistas como imorais ou
em desacordo com os preceitos sociais.

NA PRÁTICA

Jurisprudências

Aplicabilidade do princípio da ofensividade para afastar a tipicidade material da


conduta de operar clandestinamente rádio comunitária
Nessa decisão, a 2ª Turma do STF entendeu que a conduta de operar clandestinamente a rádio comunitária
106,5 FM, formalmente prevista no artigo 183, da Lei 9.472/97, não resultou em dano ou perigo concreto
relevante para a sociedade, de modo a lesionar ou colocar em perigo qualquer bem jurídico na intensidade
reclamada pelo princípio da ofensividade, sendo irrelevantes as consequências do fato.

VIDEOAULA – PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE

Olá!
A seguir, apresentamos a videoaula que trata sobre o tema "Princípio da ofensividade".
Bons estudos!

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

Aula 3

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL II


Nessa aula, vamos dar sequencia ao tema "Princípios Penais Fundamentais".
28 minutos

MATERIALIZAÇÃO DO FATO

Olá!
Ao final dessa leitura, esperamos que você seja capaz de:
1 - Definir o princípio da materialização do fato;
2 - Relacionar o princípio da materialização do fato à hipótese de crime tentado.
Quer baixar a versão em PDF desse texto? Basta clicar aqui nesse link.
Boa leitura!
Vamos aprender um pouco sobre materialização do fato?
O princípio da materialização ou exteriorização do fato indica que ideias ou estilo de vida não podem ser
 criminalizados, devendo o direito penal se ocupar apenas com ações lesivas aos bens jurídicos de terceiros. A
seguir, abordaremos o conceito e os principais desdobramentos desse princípio.

Representação dos pensamentos humanos, que não podem ser punidos pelo Direito Penal

Fonte: “Getty Search Gateway”. Disponível em: http://media.getty.edu/museum/images/web/thumbnail/24805101.jpg. Acesso em: nov.
2020.

O PRINCÍPIO DA MATERIALIZAÇÃO DO FATO

Vamos conceituar o princípio da materialização do fato?


Segundo o princípio da materialização do fato (nullum crimen sine actio), o Estado só pode definir como
crimes as condutas humanas externas e voluntárias, ou seja, aquelas que se apresentam como fatos, por
meio de uma ação ou omissão concreta.
Assim, é vedado ao Estado incriminar condutas humanas involuntárias, situadas exclusivamente na
mente do agente. Ninguém pode ser punido por seus pensamentos, desejos ou meras cogitações. Além
disso, o estilo de vida do indivíduo, suas convicções pessoais, ideologias ou a sua própria personalidade não
podem ser utilizados como fundamento para eventual responsabilização criminal ou agravação da pena.
Adota-se, portanto, o direito penal do fato e não o direito penal do autor.
 Saiba mais
Quer saber mais sobre o princípio da materialização do fato? Então assista ao vídeo “Princípio da

Materialidade (Direito Penal de Autor X Ato) - Curso de Direito Penal - Túlio Vianna” do canal “Tulio Vianna
TV”. Acesso em: out. 2020.

Você sabe as diferenças entre o direito penal do fato e o direito penal do


autor
O princípio da materialização ou exteriorização do fato foi responsável por inaugurar o direito penal do
fato, em contraposição ao direito penal do autor. O direito penal do fato dispõe que apenas ações ou
omissões concretas podem ser punidas pelo direito penal. De acordo com Fernando Capez (2020, n.p.):

O direito penal não se presta a punir pensamentos, ideias, ideologias, nem o modo de ser
das pessoas, mas, ao contrário, fatos devidamente exteriorizados no mundo concreto e
objetivamente descritos e identificados em tipos legais. A função do Estado consiste em
proteger bens jurídicos contra comportamentos externos, efetivas agressões previamente
descritas em lei como delitos, bem como estabelecer um compromisso ético com o
cidadão para o melhor desenvolvimento das relações intersociais.

O direito penal do autor, por sua vez, se baseia na ideia de que o direito penal não deve castigar o ato,
que em si mesmo não expressa muito valor, mas sim a atitude interna corrompida do agente. Nesse
sentido, expõe Capez (2020, n.p.):

Na Alemanha nazista, por exemplo, não havia propriamente crimes, mas criminosos.
Incriminavam-se os “traidores” da nação ariana e não os fatos eventualmente cometidos.
Eram tipos de pessoas, não de condutas. Castigavam-se a deslealdade com o Estado, as
manifestações ideológicas contrárias à doutrina nacional-socialista, os subversivos e assim
por diante.

Assim, resta claro que é inadmissível, em um Estado Democrático de Direito, a existência do direito
penal do autor, devendo ser adotado o direito penal do fato. Por essa razão, o ordenamento jurídico
brasileiro, em consonância com os valores contidos na Constituição Federal (CRFB/88), aderiu ao direito
penal do fato, apesar de infelizmente ainda apresentar alguns resquícios do direito penal do autor.
Parte da doutrina aponta como exemplo de resquício do direito penal do autor a utilização das
circunstâncias judiciais “conduta social” e “personalidade” do agente, previstas no artigo 59,
do Decreto-Lei 2.848, para agravar a pena do réu, defendendo que tais circunstâncias deveriam ser
utilizadas apenas em favor deste, sob pena de se formar julgamentos com base em pensamentos e ideias,
mas não em fatos.
 Ademais, pelas mesmas razões, o plenário do STF declarou como não recepcionado o artigo 25,
do Decreto-Lei 3.688, popularmente conhecida como a Lei de Contravenções Penais, que comina pena de
prisão simples de dois meses a um ano e multa para aquele que for encontrado em poder de gazuas, chaves
falsas ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prática de crime de furto, depois de
condenado, por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada, ou quando conhecido como
vadio ou mendigo, desde que não prove destinação legítima.

Vamos relacionar o princípio da materialização do fato e a hipótese de crime


tentado?
A aplicação do princípio da materialização do fato se faz clara na hipótese de crime tentado, prevista
pelo artigo 14, inciso II, do Decreto-Lei 2.848, que diz que o crime será tentado quando, iniciada a execução,
não se consumar por circunstâncias alheias à vontade do agente. Nesse caso, só há crime a partir do
momento em que são iniciados os atos executórios, ou seja, quando a conduta humana e voluntária é
exteriorizada através de ação ou omissão.
Assim, em regra, as etapas do iter criminis anteriores à execução, quais sejam, a cogitação e a
preparação, não são passíveis de punição. Isso porque o agente ainda não praticou nenhum fato exterior
que resulte em qualquer lesão a um bem jurídico, e as suas condutas internas não podem ser objeto de
punição pelo Estado. Há, no entanto, algumas exceções nas quais a preparação é punida como delito
autônomo. Os exemplos citados pela doutrina são os artigos 288 e 291, do Decreto-Lei 2.848 e o artigo 16,
§ único, inciso III, da Lei 10.826/0

CONCLUSÃO

Tendo em vista o conteúdo apresentado, preparamos para você a seguinte tabela, diferenciando o direito
penal do fato do direito penal do autor:

Direito penal do fato Expoentes

Objeto do direito penal Ações ou omissões concretas Ações ou omissões concretas

Artigo 25, do Decreto-Lei 3.688:


Artigo 121, do Decreto-Lei 2.848: Pune-se o indivíduo pelo simples
Exemplo Pune-se a conduta de matar fato de já ter sido condenado
alguém. anteriormente ou de ser
conhecido como vadio
ou mendigo e trazer consigo
instrumentos empregados
 usualmente na prática de crime de
furto, ainda que não os utilize.

NA PRÁTICA

Jurisprudência

Não recepção do artigo 25, do Decreto-Lei 3.688 pela Constituição (CRFB/88)


O STF, julgando o RE 583523/RS, entendeu que o artigo 25, do Decreto-Lei 3.688, é anacrônico e não foi
recepcionado pela CRFB/88, pois não se pode admitir a punição do sujeito apenas pelo que ele é, mas sim
pelo que ele faz, pois concluir de forma diversa seria aceitar, num Estado Democrático de Direito, o indesejado
e combatido direito penal do autor.

Artigo

Traços do direito penal do autor no ordenamento jurídico brasileiro


Esse artigo científico analisa os institutos da conduta social e da personalidade do agente quando usados no
critério de fixação da pena, demonstrando que configuram, na prática, o uso do direito penal do autor ao
invés do direito penal do fato, adotado pela CRFB/88 e pelo Decreto-Lei 2.848.

 Saiba mais
Filme
A lista de Schindler
Um comerciante no mercado negro, membro do próprio Partido Nazista que, apesar de seus defeitos,
amava o ser humano, fez o impossível para conseguir salvar mais de mil judeus dos campos de
concentração nazistas, que eram punidos e mortos pelo simples fato de serem considerados inimigos do
Estado.
O zoológico de Varsóvia
Um casal responsável pelo zoológico de Varsóvia trabalhou com a resistência e planejou salvar centenas
de judeus ameaçados pela invasão nazista no país. Eles buscaram reduzir os estragos causados pelo
nazismo, que perseguia as pessoas consideradas ameaças ao regime.
VIDEOAULA – MATERIALIZAÇÃO DO FATO


Olá!
A seguir, apresentamos a videoaula que trata sobre o tema "Materialização do fato".
Bons estudos!

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

RESPONSABILIDADE PENAL INDIVIDUAL

Olá!
Ao final dessa leitura, esperamos que você seja capaz de:
1 - Interpretar o princípio da pessoalidade;
2 - Explicar a função político-criminal e a função interpretativa ou dogmática do princípio.
Quer baixar a versão em PDF desse texto? Basta clicar aqui nesse link.
Boa leitura!

Vamos aprender um pouco sobre responsabilidade penal individual?


O princípio da responsabilidade penal individual, também conhecido como princípio da responsabilidade
pessoal, estabelece que somente o condenado poderá ser submetido à pretensão punitiva estatal. A
seguir, realizaremos uma abordagem histórica e conceitual e prática acerca desse princípio.

O QUE É O PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL INDIVIDUAL?

Vamos fazer uma breve abordagem histórica sobre o princípio da


responsabilidade penal individual?
No passado, não apenas o autor do fato respondia pelo delito cometido, como também as pessoas
ligadas ao seu grupo familiar ou social. Assim, quando o condenado falecia antes do integral cumprimento
da pena, seus parentes e amigos poderiam ser obrigados a substituí-lo na execução da sanção a ele imposta.
As Ordenações Filipinas, por exemplo, que vigoraram no Brasil de 1603 até o início século XIX, continham
vários dispositivos em que a pena era cominada diretamente aos familiares do ofensor. O Decreto de 17 de
junho de 1759, por sua vez, estabelecia penas que passavam do condenado para os seus filhos e
descendentes.
O primeiro diploma legal brasileiro que assegurou o princípio da responsabilidade penal individual foi
a Constituição de 1824, sendo ele reproduzido em todas as constituições seguintes, com a única
exceção da Constituição de 1937, também conhecida como “Polaca”, em razão do contexto autoritário em
que foi elaborada.

Vamos conceituar o princípio da responsabilidade penal individual?


O princípio da responsabilidade penal individual está previsto no artigo 5º, inciso XLV, da Constituição
Federal (CRFB/88), que estabelece que “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
 obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens serem, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”.
Neste sentido, é importante ressaltar que o princípio em questão é dotado de uma função
interpretativa para nortear o aplicador da lei, bem como de função político-criminal, tendo em vista
representar uma clara limitação ao poder punitivo do Estado, que fica impedido de aplicar qualquer tipo
de sanção penal àqueles que não praticaram crimes, ainda que tenham relações familiares ou de
amizade com eventuais criminosos. Nas palavras de Fernando Capez (2020, n.p.): “Ninguém pode ser
responsabilizado por fato cometido por outra pessoa. A pena não pode passar da pessoa do condenado
(CRFB/88, artigo 5º, XLV)”.

 Saiba mais
Quer saber mais sobre o princípio da responsabilidade penal individual? Então assista ao vídeo
“Princípio da Pessoalidade/Intranscendência da Pena - Artigo 5º, XLV, da CF/88” do canal “Prof. Diego
Pureza”. Acesso em: out. 2020.

Vamos ver como o princípio da responsabilidade penal individual é aplicado


na prática?
Um debate extremamente importante acerca da aplicação do princípio da responsabilidade penal
individual diz respeito ao confinamento de mulheres grávidas ou mães de crianças sob sua
responsabilidade em estabelecimentos prisionais precários, subtraindo-lhes o acesso a programas de
saúde pré-natal, assistência regular na gestação e no pós-parto, e, ainda, privando as crianças de condições
adequadas ao seu desenvolvimento.
Não há dúvidas que os filhos das presidiárias são fortemente prejudicados pelo encarceramento de suas
mães nessas situações. Tal prática viola o princípio da intranscendência, segundo o qual a pena não pode
passar da pessoa do condenado.
Assim entendendo, os tribunais superiores têm frequentemente concedido habeas corpus, determinando a
substituição da prisão preventiva pela domiciliar (sem prejuízo da aplicação concomitante de medidas
alternativas) de mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de crianças e deficientes, enquanto não
forem criadas condições mínimas de dignidade para a permanência delas com os seus filhos.

Carinho e presença materna, que deveriam ser garantidos a todas as crianças


Fonte: “Getty Search Gateway”. Disponível em: http://media.getty.edu/museum/images/web/thumbnail/10605301.jpg. Acesso em: nov.
2020.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, é possível concluir que o estudo do princípio da responsabilidade penal individual é de
extrema relevância para a consolidação de um Direito Penal realmente democrático, capaz de limitar
ingerências indevidas do Estado na vida do cidadão, principalmente daqueles que sequer praticaram
atos delituosos, como é o caso das crianças atingidas pela prisão de suas mães em estabelecimentos penais
inadequados para que permaneçam com elas em condições dignas.

NA PRÁTICA

Jurisprudência

Aplicabilidade do princípio da responsabilidade penal individual para a concessão de


HC coletivo impetrado em favor de presidiárias gestantes ou mães de crianças sob
sua responsabilidade
Considerando que o Estado brasileiro tem sido incapaz de garantir cuidados mínimos relativos à maternidade
de mulheres em situação prisional e constatando que esses cuidados se direcionam não só a elas, mas
também aos seus filhos, o STF determinou, no HC 143641/SP, a substituição da prisão preventiva pela
domiciliar das mesmas.
VIDEOAULA – RESPONSABILIDADE PENAL INDIVIDUAL


Olá!
A seguir, apresentamos a videoaula que trata sobre o tema "Responsabilidade penal individual".
Bons estudos!

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA

Olá!
Ao final dessa leitura, esperamos que você seja capaz de:
1 - Explicar a responsabilidade penal subjetiva;
2 - Diferenciar a responsabilidade penal subjetiva das ideias de crime doloso e culposo;
3 - Ponderar sobre o alcance das ideias de vontade e consciência.
Quer baixar a versão em PDF desse texto? Basta clicar aqui nesse link.
Boa leitura!

O PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA

Vamos aprender um pouco sobre responsabilidade penal subjetiva?


O princípio da responsabilidade penal subjetiva, também chamado de princípio da culpabilidade, veda
a responsabilidade objetiva no direito penal e apregoa que ninguém responderá por um resultado se não
houver causado com dolo ou culpa. A seguir, abordaremos os principais pontos relacionados a esse princípio.

Vamos conceituar o princípio da responsabilidade penal subjetiva?


O princípio da responsabilidade penal subjetiva dispõe que a responsabilização penal só é possível
quando o agente pratica um ato por livre e espontânea vontade, com o intuito de obter o resultado
ocorrido ou, no mínimo, causa o resultado por inobservância de um dever objetivo de cuidado.
Assim, um indivíduo será punido apenas por fatos subjetivamente próprios, sendo vedada a
responsabilização por fatos de terceiros, casuais, fortuitos ou imprevisíveis. Sobre o tema, ensina Capez
(2020, n.p.):
Nenhum resultado objetivamente típico pode ser atribuído a quem não o tenha produzido
por dolo ou culpa, afastando-se a responsabilidade objetiva. Do mesmo modo, ninguém

pode ser responsabilizado sem que reúna todos os requisitos da culpabilidade. Por
exemplo, nos crimes qualificados pelo resultado, o resultado agravador não pode ser
atribuído a quem não o tenha causado ao menos culposamente.

Nota-se, portanto, que não basta que determinada conduta se enquadre em um tipo penal para que seja
considerada crime, sendo imprescindível que exista dolo ou culpa do indivíduo quanto ao ato que está
praticando. Busca-se, pois, excluir do direito penal a possibilidade de atribuir-se eventual responsabilidade
objetiva.

 Saiba mais
Quer saber mais sobre o princípio da responsabilidade penal subjetiva? Então assista ao vídeo
“Princípio da responsabilidade penal subjetiva” do canal “Professor Bruno Freitas”. Acesso em: out. 2020.

O artigo 18, parágrafo único, do Decreto-Lei 2.848 determina que, salvo os casos expressos em lei, ninguém
pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. Mas qual é o conceito de
dolo? E de culpa?
O mesmo dispositivo legal define, em seu inciso I, o crime doloso como um crime cujo resultado foi
desejado (teoria da vontade) ou produzido pela assunção de um risco (teoria do assentimento). Capez
(2020, n.p.) descreve o dolo da seguinte forma:
É a vontade e a consciência de realizar os elementos constantes no tipo legal. Mais amplamente, é a vontade
manifestada pela pessoa humana de realizar a conduta. Dolo é o elemento psicológico da conduta. Conduta é
um dos elementos do fato típico. Logo, dolo é um dos elementos do fato típico.
O inciso II, por sua vez, diz que o crime culposo é aquele que decorre da imprudência, negligência ou
imperícia do agente delituoso. Nesse sentido, expõe Capez (2020, n. p.):

Em suma, para saber se houve culpa ou não, será sempre necessário proceder-se a um
juízo de valor, comparando a conduta do agente no caso concreto com aquela que uma
pessoa medianamente prudente teria na mesma situação. Isso faz com que a culpa seja
qualificada como um elemento normativo da conduta.

Por fim, é importante ressaltar que a punição a título de culpa é excepcional, só sendo possível se houver
expressa previsão legal.
 Saiba mais
Quer saber mais sobre as diferenças entre o dolo e a culpa? Então assista ao vídeo “Dolo e culpa:

Explicação super fácil” do canal “Me Julga – Cintia Brunelli”. Acesso em: out. 2020.

Você sabe diferenciar a responsabilidade penal subjetiva da responsabilidade


penal objetiva?
Para facilitar o estudo deste assunto, preparamos para você a seguinte tabela, contendo as principais
diferenças entre a responsabilidade penal subjetiva e a responsabilidade penal objetiva:

Responsabilidade penal
Responsabilidade penal objetiva
subjetiva

Para que haja responsabilidade


Para que haja responsabilidade
penal subjetiva, é necessário
penal objetiva, é necessário
Requisitos comprovar a conduta, o resultado,
comprovar apenas a conduta, o
o nexo causal e o dolo ou a culpa
resultado e o nexo causal.
do agente delituoso.

A responsabilidade objetiva é
inaplicável ao direito penal, sendo,
A responsabilidade subjetiva é a
Requisitos porém, admitida
única aplicável ao direito penal.
excepcionalmente na seara civil e
administrativa.

Não há previsão legal desse tipo


Previsão legal Artigo 18, do Decreto-Lei 2.848. de responsabilidade no Decreto-
Lei 2.848.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, é possível concluir que o estudo do princípio da responsabilidade penal subjetiva é
extremamente importante para a compreensão das bases de um Direito Penal realmente democrático, capaz
de limitar ingerências indevidas do Estado na vida do cidadão, principalmente quando a sua liberdade está em
jogo.

NA PRÁTICA

Jurisprudência
Aplicabilidade do princípio da responsabilidade penal subjetiva para afastar o crime
de homicídio culposo imputado ao presidente e administrador do parque de
diversão Hopi Hari

Nessa decisão, o STF entendeu que não é possível responsabilizar o presidente de um parque de diversão
pela morte de visitante se não houver comprovação de dolo ou culpa de sua parte. Para julgar procedente
o habeas corpus impetrado e extinguir o processo versando sobre esse tema, argumentou-se que não há, no
ordenamento positivo brasileiro, a possibilidade constitucional de reconhecer a responsabilidade penal
objetiva, prevalecendo, sempre, em sede criminal, como princípio dominante do sistema normativo, o dogma
da responsabilidade com culpa.

VIDEOAULA – RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA

Olá!
A seguir, apresentamos a videoaula que trata sobre o tema "Responsabilidade penal subjetiva".
Bons estudos!

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Aula 4

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL II


Nessa aula, vamos dar sequencia ao tema "Princípios Penais Fundamentais".
35 minutos

INSIGNIFICÂNCIA

Olá!
Ao final dessa leitura, esperamos que você seja capaz de:
1. Compreender o significado da insignificância;
2. Compreender como os Tribunais têm aplicado o princípio;
3. Justificar a relevância do princípio.
Quer baixar a versão em PDF desse texto? Basta clicar aqui nesse link.
Boa leitura!

Vamos aprender um pouco sobre insignificância?


O princípio da insignificância ou da bagatela é mais um princípio do Direito Penal que restringe a abrangência
das normas que preveem crimes e cominam penas, limitando, assim, a ingerência indevida do Estado na vida
 do cidadão. A seguir, abordaremos o conceito e os pontos mais relevantes relacionados a esse princípio.

O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

Vamos conceituar o princípio da insignificância?


Também conhecido como princípio da bagatela, o princípio da insignificância é decorrência dos princípios
da intervenção mínima, da fragmentariedade e da subsidiariedade, desenvolvidos pelas ideias do
movimento funcionalista de Claus Roxin. Tal princípio dispõe que é possível que uma conduta
formalmente típica seja excluída da proteção do direito penal, se ausente a sua tipicidade material,
isto é, a relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal.
É o caso, por exemplo, do furto de uma escova de dente dentro do supermercado. Tal conduta se encaixa, em
tese, ao tipo penal previsto no artigo 155, Decreto-Lei 2.848 (furto). Todavia, há que se considerar a ausência,
nesse caso, de efetiva lesão ao bem jurídico protegido pelo tipo penal (patrimônio) ou de causa para justificar
a aplicação de sanção penal, sendo consequência a atipicidade dos fatos. De acordo com Bitencourt (2020,
n.p.):

A insignificância reside na desproporcional lesão ou ofensa produzida a determinado bem


jurídico penalmente tutelado, com a gravidade da sanção cominada. A insignificância situa-
se no abismo que separa o grau da ofensa produzida (mínima) ao bem jurídico tutelado e a
gravidade da sanção que lhe é cominada.

Assim, é imprescindível que exista uma efetiva proporcionalidade entre a gravidade da conduta que se
pretende punir e a gravidade da intervenção estatal (sanção). O princípio da insignificância preconiza
que, para uma conduta ser considerada criminosa, é preciso que seja feita não apenas uma análise
quanto à adequação do fato à conduta típica descrita em lei (tipicidade formal), mas também quanto à
gravidade da lesão e à relevância do bem jurídico atingido (tipicidade material).

 Saiba mais
Quer saber mais sobre o princípio da insignificância? Então assista ao vídeo “Princípio da Insignificância
- Simplificando Direito Penal” do canal “Simplificando Direito Penal”. Acesso em: nov. 2020.

Você sabe quais são os requisitos para a aplicação do princípio da


insignificância?
Para o STF, são necessários os seguintes requisitos para a aplicação do princípio da insignificância:
1. Mínima ofensividade: o delito cometido deve ser inofensivo, não podendo ofender (moralmente ou
 fisicamente) a sociedade nem a pessoa prejudicada;
2. Nenhuma periculosidade social da ação: o delito cometido não pode causar perigo ou potencial de
perigo para a sociedade, as pessoas e o patrimônio;
3. Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento: o crime cometido não pode ser reprovado
socialmente para que seja insignificante. Embora o furto de uma escova de dente dentro do supermercado
seja um furto, não é socialmente reprovável, visto que não causa dano considerável e decorre de uma
necessidade;
4. Inexpressividade de lesão jurídica provocada: o crime cometido não pode causar uma lesão jurídica
expressiva para que seja insignificante, isto é, o ato de lesividade insignificante pode ser caracterizado na
tipicidade formal, mas não na tipicidade material, pois não há lesão para justificar uma sanção penal.

 Saiba mais
Quer saber mais sobre o princípio da insignificância? Então assista ao vídeo “Exemplo de aplicação do
princípio da insignificância em um caso real” do canal “Evinis Talon”. Acesso em: nov. 2020.

Você sabe qual substrato do crime é excluído quando o princípio da


insignificância é reconhecido?
A corrente tripartite, adotada pela maioria da doutrina, afirma que o crime é dividido em três substratos: fato
típico, ilicitude e culpabilidade. O fato típico, por sua vez, é composto pela conduta, pelo resultado, pelo nexo
causal e pela tipicidade, sendo esta última afastada quando reconhecido o princípio da insignificância.
A tipicidade constitui-se pela tipicidade formal e material. A primeira está relacionada à adequação do fato à
descrição normativa da conduta proibida pelo Direito Penal. A segunda diz respeito à lesão ou perigo de lesão
ao bem jurídico tutelado.
É justamente na tipicidade material que se revela o verdadeiro sentido do princípio da insignificância,
fazendo-se necessário, para a aplicação da sanção penal, que o ato praticado tenha exposto a risco ou
provocado lesões significantes ao bem jurídico tutelado.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, é possível concluir que o estudo do princípio da insignificância é extremamente importante
para a compreensão das bases de um Direito Penal realmente democrático, capaz de limitar ingerências
indevidas do Estado na vida do cidadão, principalmente quando a sua liberdade está em jogo.

NA PRÁTICA

Jurisprudências
A reincidência, por si só, não impede a aplicação do princípio da insignificância
A 2ª Turma do STF, no julgamento do HC 138.697/MG, entendeu que a reincidência, por si só, não impede a
 aplicação do princípio da insignificância. Além disso, para a Corte, diante da inexpressiva ofensa ao bem
jurídico protegido, a ausência de prejuízo ao ofendido e a desproporcionalidade da aplicação da lei penal,
deve ser reconhecida a atipicidade da conduta.

Aplicação do princípio da insignificância a um furto de caixas de bombons


O STF deferiu pedido em habeas corpus e determinou a extinção definitiva do procedimento penal
instaurado contra acusado de furto de caixas de bombons por ausência de tipicidade material da conduta que
lhe foi imputada, considerado, para esse efeito, o princípio da insignificância.

VIDEOAULA – PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

Olá!
A seguir, apresentamos a videoaula que trata sobre o tema "Princípio da insignificância".
Bons estudos!

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PROPORCIONALIDADE

Olá!
Ao final dessa leitura, esperamos que você seja capaz de:
1. Compreender o significado da proporcionalidade;
2. Compreender como os Tribunais têm aplicado o princípio;
3. Justificar a relevância do princípio.
Quer baixar a versão em PDF desse texto? Basta clicar aqui nesse link.
Boa leitura!

Vamos aprender um pouco sobre proporcionalidade?


O princípio da proporcionalidade consiste em exigência inerente ao Estado Democrático de Direito, que
determina a proteção do indivíduo contra intervenções estatais desnecessárias ou excessivas. A seguir,
abordaremos o conceito e os pontos mais relevantes relacionados a esse princípio.

O PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

Vamos conceituar o princípio da proporcionalidade?


O princípio da proporcionalidade funciona como limite da atuação discricionária do poder público e se
baseia na ideia de que o Estado não pode, por meio do Direito Penal, causar, aos cidadãos, danos mais
 graves do que os necessários para a proteção dos interesses públicos. Segundo Bitencourt (2020, n.p.):

Para concluir, com base no princípio da proporcionalidade é que se pode afirmar que um
sistema penal somente estará justificado quando a soma das violências – crimes,
vinganças e punições arbitrárias – que ele pode prevenir for superior à das violências
constituídas pelas penas que cominar. Enfim, é indispensável que os direitos fundamentais
do cidadão sejam considerados indisponíveis (e intocáveis), afastados da livre disposição
do Estado, que, além de respeitá-los, deve garanti-los.

Assim, é atribuída ao legislador e ao julgador a responsabilidade de realizar um juízo de ponderação sobre a


relação existente entre o bem que é lesionado ou posto em perigo (gravidade do fato) e o bem de que
pode alguém vir a ser privado como decorrência daquela conduta delituosa (gravidade da pena). Trata-
se de uma vedação à imposição de penas que não possuam uma relação valorativa com o delito cometido, de
forma que a gravidade da pena deve ser diretamente correspondente à gravidade do fato, considerado como
delito, a que se destina.

Vamos falar sobre os fundamentos e as dimensões do princípio da


proporcionalidade?
Embora o princípio da proporcionalidade não conste, de forma expressa, no texto constitucional, encontra-se
insculpido em diversos outros princípios constitucionais, tais quais: a exigência da individualização da pena
(artigo 5º, inciso XLVI, da CRFB/88); a proibição de determinadas modalidades de sanções penais (artigo 5º,
inciso XLVII, da CRFB/88); e a admissão de maior rigor para infrações mais graves (artigo 5º, XLII, XLIII e
XLIV, da CRFB/88).
A análise do referido princípio deve ser feita em três dimensões:
• Adequação da pena: a cominação de uma sanção penal deve ser o meio adequado para se alcançar a
proteção do bem jurídico pretendida;
• Necessidade da pena: a medida não deve exceder os limites indispensáveis à manutenção da finalidade
que se almeja, sendo esta finalidade legítima;
• Proporcionalidade em sentido estrito: a pena aplicada deverá ser proporcional à natureza e extensão da
lesão abstrata ou concreta do bem jurídico tutelado.

 Saiba mais
Quer saber mais sobre o princípio da proporcionalidade? Então assista ao vídeo “Aula 7 Penal – Tema:
Princípio da Proporcionalidade” do canal “Fazer Direito”. Acesso em: nov. 2020.
Você conhece os principais desdobramentos do princípio da
proporcionalidade?
 Tendo em vista a definição do princípio da proporcionalidade, é possível notar que ele possui dois
importantes desdobramentos:
Proibição do excesso: visa proteger o direito fundamental à liberdade, garantido a todo cidadão pela
Constituição da República de 1988, na medida em que coíbe punições desnecessárias por comportamentos
que não se enquadram dentro dos critérios de relevância exigidos pelo Direito Penal, bem como a cominação
de penas desproporcionais à gravidade da lesão ao bem jurídico tutelado.
Na fixação da pena-base, por exemplo, não existe uma quantidade de aumento preestabelecida para cada
circunstância desfavorável do artigo 59 do Código Penal, porém o juiz não pode incorrer em excessos. O
princípio da proporcionalidade baliza a discricionariedade do magistrado.
Proibição da proteção deficiente: tem por finalidade evitar que um direito fundamental seja
deficientemente protegido, seja por meio da eliminação de fatos típicos relevantes, pela cominação de penas
que não fazem jus à importância do bem jurídico lesado ou, ainda, pela aplicação de institutos que beneficiam
indevidamente o réu. Os mandados constitucionais, contidos nos artigos 5º, incisos XLIV (racismo) e XLIII
(tortura, tráfico ilícito de drogas, terrorismo e crimes hediondos), e 227, §4, da Constituição Federal, são
exemplos dessa proibição da proteção deficiente.

Representação artística de proporcionalidade


Fonte: “Getty Search Gateway”. Disponível em: http://media.getty.edu/museum/images/web/enlarge/00022701.jpg. Acesso em: nov. 2020

CONCLUSÃO

Diante do exposto, é possível afirmar que o princípio da proporcionalidade se trata de uma decorrência
obrigatória da condição de Estado Democrático de Direito, posto que impõe um juízo de ponderação
entre interesses individuais e coletivos, partindo-se de uma hierarquia de valores que deve ser,
necessariamente, respeitada pelo legislador e pelo julgador.

NA PRÁTICA

Jurisprudência
Aplicabilidade do princípio da proporcionalidade para afastar a prisão processual se
esta for mais gravosa ao acusado do que a pena da suposta infração cometida
No julgamento do HC 182.750/SP, a Quinta Turma do STJ entendeu ser ilegal a manutenção da prisão

provisória na hipótese em que seja plausível antever que o início do cumprimento da reprimenda, em caso de
eventual condenação, seria em regime menos rigoroso que o fechado, em consonância com o princípio da
homogeneidade, indicado como corolário do princípio da proporcionalidade).

 Saiba mais
Filme
Laranja Mecânica
O violento líder de uma gangue de delinquentes é preso e recebe a opção de participar de um programa
que pode reduzir o seu tempo na cadeia. Ele vira cobaia de experimentos destinados a refrear os
impulsos destrutivos do ser humano, mas acaba se tornando impotente para lidar com a violência que o
cerca.

VIDEOAULA – PROPORCIONALIDADE

Olá!
A seguir, apresentamos a videoaula que trata sobre o tema "Proporcionalidade".
Bons estudos!

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ADEQUAÇÃO SOCIAL

Olá!
Ao final dessa leitura, esperamos que você seja capaz de:
1 - Interpretar o princípio da adequação social;
2 - Explicar o alcance do princípio da adequação social;
3 - Verificar a relação entre os delitos e as condutas socialmente adequadas.
Quer baixar a versão em PDF desse texto? Basta clicar aqui nesse link.
Boa leitura!

Vamos aprender um pouco sobre a adequação social?


O princípio da adequação social, implícito no nosso ordenamento jurídico, prevê que uma conduta não deve
ser considerada típica se for socialmente aceita, mesmo que se enquadre em um dispositivo legal
incriminador. Abordaremos, a seguir, o conceito deste princípio, bem como as suas funções e aplicação
prática.
O PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL


Vamos conceituar o princípio da adequação social?
O princípio da adequação social dispõe que condutas socialmente aceitas não devem ser consideradas
crimes, ainda que representem um risco para a convivência social.
Trata-se, portanto, de um princípio limitador do poder punitivo estatal, que reduz a abrangência do tipo
penal, bem como orienta o legislador na escolha das condutas a serem proibidas ou impostas e na
revogação de tipos penais. Segundo Capez (2020, n.p.):

[...] o Direito Penal somente tipifica condutas que tenham certa relevância social. O tipo
penal pressupõe uma atividade seletiva do comportamento, escolhendo somente aqueles
que sejam contrários e nocivos ao interesse público, para serem erigidos à categoria de
infrações penais; por conseguinte, as condutas aceitas socialmente e consideradas
normais não podem sofrer esse tipo de valoração negativa, sob pena de a lei
incriminadora padecer do vício de inconstitucionalidade

 Saiba mais
Quer saber mais sobre o princípio da adequação social? Então assista ao vídeo “Aula 10 Penal - Princípio
da adequação social” do canal “Fazer Direito”. Acesso em: out. 2020.

Você sabe quais são as funções do princípio da adequação social?


O princípio da adequação social possui duas importantes funções. A primeira delas está relacionada à
restrição da abrangência dos tipos penais, limitando o seu alcance interpretativo. Direciona-se ao aplicador da
norma, evitando que condutas socialmente aceitas sejam punidas criminalmente.
A segunda função desse princípio consiste em orientar o legislador na escolha das condutas que deverão ser
protegidas ou punidas, a fim de se tutelar apenas os bens jurídicos considerados de suma importância. Assim,
cabe a ele realizar uma constante revisão do ordenamento jurídico penal, para que acompanhe a evolução
social e, em consonância com os demais princípios norteadores do Direito Penal, exclui a proteção vigente
sobre aqueles bens cujas condutas, então tipificadas, já se adaptaram perfeitamente ao contexto em que se
encontram.
Por fim, é válido ressaltar que o princípio da adequação social, por si só, não é suficiente para revogar
normas penais incriminadoras. Trata-se apenas de uma orientação ao legislador e ao intérprete das normas
penais.
Embora o costume seja uma fonte do Direito Penal sempre que beneficie o réu, para o nascimento do direito
positivo, é necessário o reconhecimento geral e a vontade geral de que a norma costumeira atue como direito
vigente, além da inserção formal desta norma no ordenamento jurídico. Nesse sentido, ainda que certas
condutas incriminadas não mais sejam consideradas como de natureza grave pela sociedade, elas somente
 poderão ser revogadas por meio de lei nesse sentido.

Vamos ver como o princípio da adequação social é aplicado na prática?


Há uma grande discussão acerca da aplicação do princípio da adequação social, que diz respeito à
venda de produtos piratas (conduta punida pelo artigo 184, §2º, do Decreto-Lei 2.848), tendo em vista
tratar-se de conduta corriqueira da sociedade brasileira. Entretanto, tanto o STF quanto o STJ já
manifestaram entendimento no sentido da inaplicabilidade do referido princípio ao delito, afirmando
que, havendo prova da materialidade delitiva, deverá ser considerada típica a conduta.
Outro debate sobre o assunto está relacionado à possibilidade de utilizar o princípio da adequação
social para excluir a tipicidade material da conduta de manter casa de prostituição, delito que, mesmo
após as recentes alterações legislativas, continuou a ser tipificada no artigo 229, do Decreto-Lei 2.848.
O STF entendeu que isso não é possível, visto que a manutenção de estabelecimento em que ocorra a
exploração sexual de outrem vai de encontro ao princípio da dignidade da pessoa humana.

Cabaré

Fonte: “Getty Search Gateway”. Disponível em: http://media.getty.edu/museum/images/web/thumbnail/071239B1V1.jpg. Acesso em: nov.
2020
CONCLUSÃO


Diante do exposto, é possível concluir que o princípio da adequação social é extremamente importante para a
consolidação de um Direito Penal democrático. Tal princípio, voltado para o legislador e para os aplicadores
da lei, não é capaz de revogar tipos penais, pois apenas a lei pode fazer isso. Por essa e por outras razões, os
tribunais superiores não têm reconhecido a sua aplicação para afastar a criminalização dos crimes previstos
nos artigos 184, §2º e 229, do Decreto-Lei 2.848.

NA PRÁTICA

Jurisprudências

Inaplicabilidade do princípio da adequação social em relação à conduta de expor à


venda CDs e DVDs piratas
O STJ editou a Súmula 502, estabelecendo que presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em
relação ao crime previsto no artigo 184, § 2º, Decreto-Lei 2.848, a conduta de expor à venda CDs e DVDs
piratas.

Inaplicabilidade do princípio da adequação social em relação à conduta de manter


casa de prostituição
A primeira turma do STF rejeitou habeas corpus a comerciantes que exploravam casa de prostituição por
entender que o princípio da adequação social não é apto a afastar a criminalização dessa conduta.

 Saiba mais
Filme
L’Apollonide
Esse filme retrata as experiências e o cotidiano desgastante de sete prostitutas, expostas a doenças,
gravidez dramática e humilhação sexual em uma casa de tolerância – bordel.

VIDEOAULA – PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL

Olá!
A seguir, apresentamos a videoaula que trata sobre o tema "Princípio da adequação social".
Bons estudos!

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.


REFERÊNCIAS

7 minutos

Aula 1

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. vol. 1. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
Cap. I “Conceito de Direito Penal”, itens 5, 6 e 7.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível
em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: nov. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Legislação Federal. Disponível
em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: nov. 2020.
BRASIL. Lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003. Legislação Federal. Disponível
em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.826.htm. Acesso em: nov. 2020
BRASIL. Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006. Legislação Federal. Disponível em:
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: nov. 2020
BRASIL. Lei 11.343, de 23 de agosto de 2006. Legislação Federal. Disponível em:
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em: nov. 2020
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. Cap. 1
“Introdução”, itens 1.1, 1.2 e 1.3.

Aula 2

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. Vol. 1. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
Cap. II “Princípios limitadores do poder punitivo estatal” (inteiro).
BRASIL. Decreto 847, de 11 de outubro de 1890. Código Penal. Legislação Federal. Disponível
em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/d847.htm. Acesso em: nov. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Legislação Federal. Disponível
em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: out. 2020.
BRASIL. Lei 9.472, de 16 de julho de 1997. Legislação Federal. Disponível
em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: out. 2020.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível
em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: nov. 2020.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. Cap. 1
“Introdução”, item 1.4.3.9.
Aula 3


BRASIL. Constituição (1824). Constituição Política do Império do Brazil. Disponível
em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm. Acesso em: nov. 2020.
BRASIL. Constituição (1937). Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Disponível
em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao37.htm. Acesso em: nov. 2020.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível
em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: nov. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Legislação Federal. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: out. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei 3.688, de 3 de outubro de 1941. Lei das Contravenções Penais. Legislação Federal.
Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3688.htm. Acesso em: out. 2020.
BRASIL. Lei 10.286, de 22 de dezembro de 2003.. Legislação Federal. Disponível
em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.826.htm. Acesso em: out. 2020.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. Cap. 1
“Introdução”, item 1.4.3.11.

Aula 4

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. Vol. 1. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
Cap. II “Princípios limitadores do poder punitivo estatal”, item 6.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. Vol. 1. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
Cap. II “Princípios limitadores do poder punitivo estatal”, item 9.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível
em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: out. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Legislação Federal. Disponível
em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: nov. 2020.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. Cap. 1
“Introdução”, item 1.4.3.4.

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