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AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE AÇÚCARES ORGÂNICOS E


CONVENCIONAIS

Article in Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais · June 2014


DOI: 10.15871/1517-8595/rbpa.v16n2p155-162

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15 3,215

5 authors, including:

Silvia Bettani Maria Teresa Mendes Ribeiro Borges


Universidade Federal de São Carlos Universidade Federal de São Carlos
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Marta Verruma-Bernardi
Universidade Federal de São Carlos
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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.16, n.2, p.155-162, 2014 155
ISSN: 1517-8595

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE AÇÚCARES ORGÂNICOS E


CONVENCIONAIS

Silvia Raquel Bettani1, Carlos Eduardo Lago2, Daiara Aparecida Mendes Faria3, Maria
Teresa Mendes Ribeiro Borges4, Marta Regina Verruma-Bernardi5*

RESUMO

Este estudo teve como objetivo avaliar as características físico-químicas e sensoriais de


diferentes açúcares: açúcar orgânico cristal, açúcar orgânico demerara, açúcar cristal
convencional, açúcar cristal refinado e açúcar mascavo. Na análise físico-química foram
determinados: polarização, umidade, cinzas condutimétricas, açúcar redutor, aminoácidos,
fenólicos, turbidez, cor ICUMSA e pH. Para analise sensorial foi realizado levantamento de
atributos utilizando o método Rede e em seguida, foi feito teste de ordenação dos atributos mais
citados. Os resultados mostraram que na análise físico-química o pH das amostras de açúcares
variou entre 6,0 a 6,7, a polarização variou de 85,9 a 99,2 °Z, aminoácidos apresentaram valores
entre 1,0 a 151,6 mg/kg, açúcares redutores (AR) variaram de 0,05 a 5,6%, cinzas variou de
0,01 a 1,35%, para cor ICUMSA os valores ficaram situados entre 18,8 e 50,778 U.I, fenólicos
apresentaram valores entre 1,8 a 56,8 mg/kg e em relação aos resultados de turbidez entre 3,2 a
428,0 NTU. As amostras apresentam-se significativamente diferentes quanto aos parâmetros
sensoriais de aparência, aroma e textura.

Palavras-chave: cor, textura, composição química, açúcar.

PHYSICO-CHEMICAL AND SENSORY SUGAR ORGANIC AND CONVENTIONAL

ABSTRACT

The study evaluated the physico-chemical and sensory characteristics of different sugars: sugar
crystal organic, organic demerara sugar, crystal sugar conventional refined crystal sugar and
brown sugar. In physical-chemical analysis were determined polarization, moisture,
conductivity ash, reducing sugars, amino acids, phenolics, turbidity, pH and color ICUMSA.
For sensory analysis was performed using the lifting attributes and then testing was done
ordering of attributes cited. The results showed that the physical-chemical analysis of the
samples the pH of sugars ranged between 6.0 to 6.7, the bias ranged from 85.9 to 99.2 ° Z
amino acid varied from 1.0 to 151.6 mg / kg, reducing sugars ranged from 0.05 to 5.6%, ashes
varied from 0.01 to 1.35%, for ICUMSA color values were located between 18.8 and 50.778 I.U
phenolic showed values between 1.8 to 56.8 mg / kg and compared to the results of turbidity
between 3.2 to 428.0 NTU. The samples are significantly different regarding the sensory
parameters of appearance, aroma and texture.

Keywords: color, texture, chemical composition, sugar.

Protocolo 15 2013 05 de 08/03/2013


1
Curso de Licenciatura em Química. Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Araras, SP,
Brasil, e-mail: raquelbettani@gmail.com
2
Curso de Bacharelado em Engenharia Agronômica. Bolsista PIBITI/CNPq. Centro de Ciências Agrárias, Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar) Araras, SP, Brasil, e-mail: kadulago@yahoo.com.br
3
Mestre em Agroecologia e Desenvolvimento Rural, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Araras, SP, Brasil, e-
mail: daiaramendes@yahoo.combr
4
Departamento de Tecnologia Agroindustrial e Sócio-economia Rural do Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal
de São Carlos (UFSCar) Araras, SP, Brasil, e-mail: mtmrborg@cca.ufscar.br
5
Departamento de Tecnologia Agroindustrial e Sócio-economia Rural do Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal
de São Carlos (UFSCar) Araras, SP, Brasil, e-mail: verruma@cca.ufscar.br
* Endereço para correspondência: Departamento de Tecnologia Agroindustrial e Sócio-economia Rural, Centro de Ciências
Agrárias, Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, Rodovia Anhanguera Km 174, Zona Rural, CEP 13600 970,
Araras, SP, Brasil. e-mail: verruma@cca.ufscar.br
156 Avaliação físico-química e sensorial de açúcares orgânicos e convencionais Bettani et al.

INTRODUÇÃO 90% das receitas auferidas nesse setor. A busca


por qualidade em produtos agroindustriais tem
Os alimentos orgânicos podem ser mostrado um crescimento constante e
sucintamente definidos como aqueles alimentos significativo decorrente de mudanças nas
in natura ou processados, oriundos de sistema preferências dos consumidores, motivadas,
orgânico de produção agrícola e industrial. principalmente, por preocupações com a saúde
Neste sistema são adotadas técnicas que buscam pessoal e da família. Nesse contexto existem
a oferta de alimentos saudáveis, livres de consumidores dispostos a pagar um pouco mais
contaminantes intencionais, ao mesmo tempo por produtos que possuam alguns atributos
em que respeitam e protegem o meio ambiente, desejados (Lima, 2006).
visando, ainda, a sustentabilidade ecológica e O consumo de açúcar no Brasil cresceu
econômica, a maximização dos benefícios expressivamente nos últimos 60 anos, passando
sociais e respeito à integridade cultural das de 15 para 50 quilos per capita anual. Nota-se
comunidades rurais (Lima, 2006). que algumas empresas da indústria do açúcar
Embora o sistema orgânico não garanta a estão buscando a diferenciação de seus
ausência total de resíduos de contaminantes produtos, procurando obter um produto com
químicos nos alimentos, por problemas valor agregado e também com características
relacionados à contaminação ambiental com que o diferencie dos demais (Storel Júnior,
produtos persistentes, como organoclorados, e 2003).
também por derivação de propriedades Quanto à forma de produção e à
convencionais, pode-se afirmar que os tecnologia aplicadas ao sistema, ambas
alimentos orgânicos tendem a apresentar níveis convergem ao conceito de “organismo”
reduzidos destes contaminantes e aponta que, mencionado anteriormente, no qual o açúcar
para a comercialização, os produtos deverão ser orgânico é diferente de todos os outros tipos,
certificados por instituições credenciadas, que pois não utiliza ingredientes artificiais em
deverão seguir os critérios a serem nenhuma etapa do ciclo de produção. É
regulamentados junto ao órgão fiscalizador considerado natural desde o plantio, sem
(Darolt, 2003) adubos e fertilizantes químicos, passando,
Para Darolt (2003), a certificação é um claro, pela produção industrial sem cal, enxofre,
processo de inspeção das propriedades ácido fosfórico e tantos outros elementos
agrícolas, realizado com uma periodicidade que adicionados ao produto refinado, trata-se
varia de dois a seis meses, para verificar se o exclusivamente de sacarose é com este intuito
alimento orgânico está sendo cultivado e que algumas usinas estão produzindo o açúcar
processado de acordo com as normas de orgânico (Souza, 2003), respeitando por isso as
produção orgânicas. O foco da inspeção não é o características industriais e agrícolas do sistema
produto, mas a terra e o processo de produção. de produção orgânica.
Assim, uma vez credenciada, a propriedade A composição nutricional e as
pode gerar vários produtos certificados, que características sensoriais também variam de
irão receber um selo de qualidade. acordo com alguns atributos inerentes ao
A certificação orgânica não pode ser sistema de produção tais como: condições de
atestada por características visíveis do produto crescimento, estação do ano entre outros, mas
final, pois se refere aos métodos e processos de essa variável também pode ser afetada pelo
produção, que são impossíveis de serem transporte, estocagem e preparação do alimento.
detectados pelo consumidor no contato direto Constatou-se que existe um número pequeno de
com o produto final. A certificação orgânica diferenças em teor de nutrientes entre os
constitui, assim, uma forma de agregar valor ao alimentos orgânicos e os que são produzidos
produto através do aumento da confiança do convencionalmente, mas que é pouco provável
consumidor no produtor, pela intervenção de que elas tenham relevância em termos de saúde
uma terceira parte, que teoricamente fiscaliza o pública (Dangour et al., 2009, Bourn &
produtor “em nome” do consumidor. Os Prescott, 2002).
produtos orgânicos são, por isso, classificados Segundo Borguini & Torres (2006)
por alguns economistas como “bens de estudos que compararam alimentos produzidos
confiança” (Souza, 2003). por meio dos sistemas orgânicos e
O crescimento da produção orgânica e do convencionais foram avaliados sob três
mercado consumidor ocorre em todo o mundo. diferentes aspectos: valor nutricional, qualidade
Os maiores mercados estão situados na Europa sensorial e segurança do alimento. Os estudos
e nos Estados Unidos, que representam mais de afirmaram que existe reduzido número de

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Avaliação físico-química e sensorial de açúcares orgânicos e convencionais Bettani et al. 157

estudos bem controlados, que sejam capazes de preparação das fichas de avaliação dos
viabilizar uma comparação válida. Com açúcares.
possível exceção ao conteúdo de nitratos, os Foram apresentadas 20 gramas de cada
estudos não verificaram fortes evidências de amostra, codificadas com três dígitos e foi
que alimentos orgânicos e convencionais realizado o teste sensorial de ordenação
diferissem quanto ao teor de nutrientes. Neste segundo a ABNT (1994), em relação à cor
sentido este trabalho tem por objetivo avaliar as (clara - escura); granulosidade visual (fina -
características físico-químicas e sensoriais de grossa); sabor doce (fraco - forte); aroma
diferentes tipos de açúcar. característico de açúcar (fraco - forte) e
solubilidade do açúcar na boca (lenta - rápida)
MATERIAL E MÉTODOS
Análise estatística
Material
A interpretação dos dados obtidos nos
Para realização dos experimentos, foram testes de ordenação foi de acordo com a ABNT
adquiridos três quilos de açúcar de cada (1994), que indica a diferença crítica entre os
amostra, que foram codificadas de A à H totais de ordenação em nível de 5%.
dividido-as em: açúcares cristal orgânicos (A,
B), açúcar cristal convencional (C), açúcares RESULTADOS E DISCUSSÃO
demerara orgânicos (D, E, F), açúcar mascavo
orgânico (G) e açúcar refinado convencional Análises físico-químicas
(H). As amostras foram obtidas na cidade de
São Carlos e Araras/SP. A Tabela 1 mostra os resultados obtidos
nas analises físico-químicas das 8 amostras de
Análises físico-químicas açúcares.
Quanto aos resultados de Pol
Os parâmetros físico-químicos analisados (polarização), as amostras de açúcar variaram
foram: Umidade pelo método de perda de peso de 85,9 a 99,2 ºZ. A legislação brasileira
por secagem segundo o Instituto Adolfo Lutz somente estabelece para os diferentes tipos de
(2005) Pol segundo metodologia ICUMSA açúcar o teor de sacarose (Pol) como parâmetro
(2011) GS 2/3-1 e GS 1/2/3-1, Açúcar Redutor de especificação. Segundo a norma o mínimo
(AR) por espectroscopia no UV-VIS segundo de sacarose que os açúcares podem apresentar
Fermentec (2003), Fenólicos e Aminoácidos é: Açúcar Cristal - 99,3 %, Açúcar Refinado -
realizados por espectrofotometria na região do 98,5%, Açúcar Cristal Moído – 98,0%, Açúcar
visível, descritos respectivamente como, Demerara – 96,0%, Açúcar Mascavo – 90,0%.
métodos 29 e 35 em BSES (1991), Cinzas De acordo com a resolução da CNNPA (Brasil,
Condutimétricas segundo ICUMSA (2011) GS 1978) somente os açúcares refinados
2/3-17 e GS 1/3/4/7/8-13, Cor U.I descrito em apresentam outros parâmetros além da Pol para
ICUMSA (2005) GS 2/3-9 e GS 1/3-7, pH, classificação que são: resíduo mineral fixo
solução 10% como preconizado pelo Instituto (cinzas), cor ICUMSA e umidade. Neste caso
Adolfo Lutz (2005) e Turbidez descrito em os refinados são classificados em: Amorfo de
Lopes & Borges (2004a). As análises foram Primeira, Amorfo de Segunda e Granulado.
realizadas no Laboratório de Análises e Para estes açúcares é possível receber a
Simulação Tecnológica (LAST) do denominação de Superior, Extra ou Especial no
CCA/UFSCar. rotulo caso seu teor de sacarose seja superior à
99,0%.
Análise sensorial descritiva de ordenação De acordo com os resultados, os açúcares
cristais (A, B e C) encontram-se abaixo das
Para o levantamento de atributos especificações estabelecidas pela legislação
sensoriais foram utilizados 20 indivíduos não brasileira. Quanto aos demeraras (D, E e F),
treinados. O desenvolvimento da terminologia observa-se que todos encontram-se acima do
descritiva das amostras foi realizado baseando- estabelecido pela legislação. Para o açúcar
se no Método de Rede citado por Moskowitz mascavo a amostra analisada (G), apresentou
(1983). Os termos que apareceram com maior valor inferior ao estabelecido pela legislação. O
frequência (quando mais da metade dos açúcar refinado especial analisado também
provadores citaram) foram utilizados para apresentou valor inferior ao especificado para
esta classificação.

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158 Avaliação físico-química e sensorial de açúcares orgânicos e convencionais Bettani et al.

Tabela 1. Valores médios dos parâmetros físico-químicos dos açúcares.


Tipo de Pol Umidade % pH Cor Cinzas Fenólicos AR AA Turbidez
açúcar* °Z 10% U.I % mg/kg % mg/kg NTU
A 99,2 0,01 6,3 524 0,08 2,5 1,6 1,0 58,1
B 98,5 0,02 6,3 426 0,03 2,3 0,9 8,8 40,9
C 99,0 0,01 6,3 19 0,01 1,8 0,05 1,0 3,7
D 97,1 0,08 6,7 2.461 0,41 6,5 1,2 35,5 64,6
E 98,8 0,13 6,4 2.233 0,31 7,0 1,0 49,4 73,6
F 99,1 0,01 6,5 343 0,06 3,3 0,9 23,3 23,9
G 85,9 2,90 6,0 50.778 1,35 56,8 5,6 151,6 428,0
H 99,2 0,22 6,3 191 0,26 2,2 0,6 15,4 4,7
*Açúcares cristal orgânicos (A, B), açúcar cristal convencional (C) açúcar demerara orgânico (D, E, F), açúcar mascavo
orgânico (G) e açúcar refinado especial convencional (H).

Na prática o mercado interno de açúcar especificação não previsto para este tipo de
no Brasil, divide-se em direto (utilizados direto açúcar, pela legislação brasileira. Estudos
na mesa do consumidor para adoçar leite, sucos descritos por Verrruma-Bernardi et al. (2007)
etc) são esses açúcares cristais e refinados e os com mascavo, sugeriram valores inferiores a
industriais, cristais de baixa pureza, demerara, 2,4 % para açúcar mascavo, em função da
VHP e líquido. Segundo Oliveira et al (2007) a estabilidade do produto.
polarização (Pol) do açúcar oficialmente O alto teor de umidade em alguns
expressa em °Z (graus Zucker) define a gêneros alimentícios significa que ele pode
porcentagem aparente de sacarose no açúcar, trazer riscos para a saúde do consumidor, por
cujo valor para açúcar de consumo direto é criar ambiente propício para a proliferação de
sempre superior a 99,7%. Açúcares com teores microrganismos (INMETRO, s.d.). Os açúcares
de sacarose inferior a 99,5% são basicamente de alta Pol (alta pureza), dada a sua baixíssima
utilizados como matéria-prima para posterior atividade de água, é classificado como produto
refino e nunca são consumidos diretamente, estável microbiologicamente. No entanto
exceto nos casos de açúcar mascavo, rapadura e açúcares de baixa polarização (baixa pureza),
melado. como os demerara e principalmente os
Em estudos descritos por Verruma- mascavos a alta umidade aliada à alta
Bernardi et al. (2007), sobre Pol em nove concentração de nutrientes para microrganismos
amostras de açúcares mascavo, descreveram tornam o produto susceptível ao
que apenas duas amostras estavam com teores emboloramento.
superiores a 90%. Generoso et al. (2009), Estudos descritos por Verruma-Bernardi
analisando a Pol em 31 amostras de açúcares et al. (2007), com 9 marcas comerciais de
mascavo, descreveram que os resultados de açúcar mascavo, encontraram valores de
polarização variaram de 74,89 a 96,93ºS e sete umidade entre 1,35 e 4,44%. Generoso et al.
amostras apresentaram-se dentro do padrão (2009), relatam que a alta umidade em açúcar
estabelecido pela legislação brasileira. pode causar diversos problemas como
Evidenciando a necessidade de adequação da empedramento, dissolução de cristais (o açúcar
legislação vigente, uma vez que o baixo teor de se apresenta melado), infecção por
sacarose dos açúcares mascavos não implica em microrganismos, desdobramento de sacarose
má qualidade deste produto. em glicose e frutose, o que implica baixa vida
Para os teores de umidade, observou-se útil para o produto.
que houve uma variação entre 0,01 a 2,90 %. A Silva & Parazzi (2003), mostraram que o
legislação vigente especifica teor máximo de teor de umidade do açúcar mascavo em relação
umidade somente para açúcares refinados ao convencional cristal ou refinado foi quatro
(0,4%), sendo que para o açúcar refinado vezes maior, com destaque para as marcas
especial a legislação prevê umidade máxima de provenientes de coletas em bares e em pequenas
0,3% (Brasil, 1978). Conforme a avaliação dos propriedades.
açúcares, sete apresentaram-se dentro do padrão Nos açúcares analisados o pH variou
estabelecido pela legislação brasileira, sendo entre 6,0 a 6,7, não havendo valor mínimo ou
que a amostra de Mascavo (G) apresentou teor máximo especificado. Lopes & Borges (2004b)
de umidade de 2,90 %, parâmetro de relataram que esta variação se dá pela adição de

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cal na fabricação, não havendo valor mínimo e isso não se aplica, uma vez que a remoção dos
máximo especificado. Em meio ácido, a compostos que geram cor não faz parte e não
sacarose sofre reação de inversão, resultando são permitidos no processamento destes
em açúcares redutores: glicose e frutose. A açúcares. Sendo assim, estes produtos
inversão ocorre em condições ácidas, pH menor necessitam de uma classificação especial
que 7,0 (Chen & Chou, 1993). (diferente).
Para minimizar as perdas de sacarose, por Para o teor de cinzas, os valores variaram
inversão ácida, bem como por degradação de 0,01 a 1,35%. Segundo o INMETRO (s.d.) o
alcalina as condições de trabalho durante o valor de cinzas deve ser inferior a 0,2%.
processamento do caldo de cana-de-açúcar são Conforme mostram os resultados, quatro
monitoradas, de maneira que o pH permaneça o amostras estão em conformidade com a
maior tempo possível próximo da neutralidade legislação e as amostra D, E, G, H apresentaram
(pH 7,0), dando origem assim a um produto valores de 0,41, 0,31, 1,35 e 0,26 % de cinzas
final com pH também próximo a neutralidade respectivamente, estando, portanto acima do
(Andrade, 1998), como foi obtido para todas as valor de referência.
amostras analisadas. Os constituintes inorgânicos da cana-de-
Quanto aos resultados obtidos para cor açúcar ocorrem na forma de íons, sais,
ICUMSA, os valores situados ficaram entre integrantes de complexos moleculares
18,8 (C) e 50.778 U.I (G). Para fins de orgânicos ou como compostos insolúveis. Os
comparação, o valor de cor ICUMSA para o principais cátions são o potássio, elemento que
açúcar refinado especial deve ser inferior a 80 aparece em maior quantidade (60% das cinzas
U.I. Lopes & Borges (2004b) descreveram que presentes no caldo), cálcio, ferro, alumínio,
o uso excessivo de cal com elevação do pH a sódio, magnésio, manganês, cobre, zinco e
valores superiores a 7 também interfere na cor boro. Entre os anions destacam-se os fosfatos,
do produto pois o processamento de caldos cloretos, sulfatos, nitratos, silicatos e oxalatos
nestas condições pode causar a destruição da (Chen & Chou, 1993).
sacarose e o consequente escurecimento do De acordo com Lopes & Borges (2004b),
açúcar. A cor é um parâmetro importante da para uma melhor qualidade do açúcar, é
aparência, pois é percebido logo no primeiro importante que a variedade de cana utilizada
contato do consumidor com o produto e pode forneça uma garapa com baixo teor de cinzas,
fornecer informação sobre o processamento. De pois altos teores de cinzas significam altos
acordo com Lopes & Borges (2004b), durante a teores de potássio, o qual confere um sabor
fabricação do açúcar mascavo formam-se desagradável ao açúcar, além de dificultar a
muitos materiais coloridos como as cristalização.
melanoídinas (cor amarela). Em açúcares Os resultados para açúcares redutores
brancos se a temperatura de cozimento for (AR) variaram de 0,05 a 5,62 %. Os açúcares
muito alta ou o tempo de cozimento muito redutores (AR) podem ser originários da
longo podem ser formados compostos própria cana, que quando não madura possui
denominados caramelos, que possuem cor teores superiores a 1% ou originários da
escura. Os caramelos escurecem o açúcar inversão da sacarose durante o processo de
(açúcar preto), porém também lhe conferem um fabricação. Como conseqüência do
sabor especial de açúcar queimado que pode processamento de caldos em altas temperaturas,
agradar alguns consumidores. O método altos valores de AR podem ser evitados
ICUMSA verifica se a coloração do produto utilizando-se a cana madura, fresca e
está de acordo com a classificação utilizada principalmente pela aplicação da cal,
pelo fabricante no rótulo do produto. Quanto promovendo a neutralização do caldo. O alto
mais baixo esse índice, mais claro, ou mais teor de AR também dificulta a obtenção do
branco, é o açúcar. À medida que esse índice ponto final de cozimento para cristalização da
aumenta, o açúcar vai adquirindo uma sacarose, resultando em um produto com
coloração mais escura. aparência úmida e com tendência para melar ou
A cor do açúcar é um parâmetro de empedrar, ou ainda pode causar a perda deste
qualidade que agrega valor principalmente aos ponto levando o produtor a grandes prejuízos.
açúcares denominados cristais. Poderia ser Lopes & Borges (2004b) sugerem teor
promovida uma discussão de resultados no máximo de açúcares redutores de 2,4%, bem
sentido de classificação dos açúcares, no como indicam que seja sempre feita a correção
entanto, para os açúcares orgânicos e mascavos do pH com adição da cal. Verruma-Bernardi et

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160 Avaliação físico-química e sensorial de açúcares orgânicos e convencionais Bettani et al.

al. (2007), pesquisando 9 marcas de açúcar medida da turbidez fornece uma idéia da
mascavo também obtiveram uma variação eficiência da separação do material insolúvel e
ampla nos teores de açúcares redutores: 1,43 a coloidal presente no caldo de cana-de-açúcar
6,59%. (Caldas, 2005).
Os fenólicos e os aminoácidos estão O açúcar mascavo é um produto natural e
diretamente relacionados com a coloração do não refinado, apresenta portanto, todas as
açúcar, os valores para fenólicos variaram entre partículas com coloração presentes
1,7 a 56,8 mg/Kg, sendo o menor teor obtido originalmente no caldo, não removidas durante
para amostra de cristal convencional (C), e o a fabricação (Verruma-Bernardi et al., 2007).
maior teor para açúcar mascavo (G), como o
esperado. Na produção de açúcar mascavo não Análise sensorial de ordenação
se utiliza do processo de clarificação que
remove o excesso de compostos fenólicos. A Os resultados da análise sensorial
geração de cor se dá pela oxidação dos mostraram que os açúcares diferiram nos
fenólicos por ação das enzimas fenoloxidases atributos sensoriais (p≤0,05), demonstrando a
(PO) formando quinonas, esta reação é heterogeneidade das amostras (Tabelas 2 e 3),
catalisada pela presença de metais como o ferro fato esperado devido a heterogeneidade das
(Fe) (Godshall, 1999). amostras em relação principalmente da
As quinonas participam de reações de aparência, textura e sabor.
adição com outros compostos celulares como No levantamento dos atributos sensoriais,
proteínas e amido (Vickers et al., 2005), os que apareceram com maior frequência no
também fornecendo açúcares escuros. levantamento foram: aparência (cor e
Quanto ao teor de aminoácidos as granulosidade), sabor (doçura), aroma
amostras apresentaram valores de 1,0 a 151,6 (característico de açúcar), textura (solubilidade
mg/Kg, sendo que as amostras de açúcar cristal e granulosidade). Estes atributos foram os
orgânico (A) e cristal convencional (C) analisados no teste de ordenação.
apresentaram os menores teores e a amostra de Para os resultados (8 amostras e 20
açúcar mascavo (G) apresentou o maior teor de respostas) constatou-se que, para que haja
aminoácidos. Os aminoácidos são compostos diferença significativa entre as amostras ao
potencialmente responsáveis pela formação de nível de 5% de significância, a diferença entre o
cor no açúcar cristal produzido, devido somatório de cada par de amostras deve ser
principalmente a reações entre aminoácidos e igual ou maior que 47 (ABNT, 1994).
açúcares redutores que são os reagentes da Os resultados para aparência e aroma
Reação de Maillard (Bobbio & Bobbio, 1995). estão apresentados na Tabela 2. Observou-se
A variedade de cana e o local onde ela é que, para o atributo cor, as amostras G, D, F
plantada podem resultar em caldos ricos em (p≥0,05) apresentaram maior somatório, logo a
polifenóis ou aminoácidos que acabam coloração mais escura; seguidas das amostras
resultando em cor no açúcar. Isto pode ser A, B, E, H (p≥0,05) e, por ultimo, com
controlado ou evitado pela experiência do coloração mais clara, a amostra C, sem
agricultor, que pode testar diversos sítios de diferença significativa para as amostras E e H.
plantio e variedades (Generoso et al., 2009). Já em relação a aparência granulosa as amostras
Para turbidez as amostras de açúcar D, F e A foram classificadas como as mais
cristal convencional (C) e açúcar refinado (H), grossas sendo duas delas açúcar demerara,
apresentaram os menores valores apresentando diferença significativa das demais
respectivamente sendo 3,7 e 4,7 NTU. As amostras, onde a amostra H ficou com o menor
amostra A, B, D, E e F apresentaram valores somatório, portanto a mais fina do grupo a qual
entre 23,9 e 73,6 NTU e a amostra de açúcar se trata de açúcar refinado convencional.
mascavo (G) apresentou o valor de 428 NTU, Em relação ao aroma, as amostras F, G e
sendo a mais turva. D apresentaram maior somatória, logo são as
A turbidez de uma solução tem como com o aroma mais forte, com diferença
definição geral a redução da sua transparência significativa com as amostras E e A.
devido à presença de material em suspensão. A

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Tabela 2. Resultados obtidos para análise sensorial de Aparência e Aroma


Aparência Aroma
Tipo de açúcar Cor Granulosidade Açúcar
A – Cristal Orgânico 100 110 50
B – Cristal Orgânico 80 84 78
C – Cristal Convencional 21 63 66
D – Demerara Orgânico 137 154 107
E – Demerara Orgânico 60 82 52
F – Demerara Orgânico 123 144 146
G – Mascavo Orgânico 160 58 126
H – Refinado Especial 39 25 95
Diferença mínima= 47

Os resultados para sabor e textura estão diferença significativa entre si, contudo a
apresentados na Tabela 3. Em relação ao sabor, amostra B também não apresentou diferença
atributo doçura, não houve diferença significativa com as demais amostras. Em
significativa entre as amostra, onde a que relação a textura granulosa, as amostras D e F
apresentou maior somatório foi à amostra G, foram as amostras mais grossas, as amostras G
em seguida D, F, B, A, E, H e C. e H foram as mais finas de acordo com a
Na textura, no atributo solubilidade as análise, e as demais amostras também
amostras H, G, E, A, C e B não apresentaram apresentaram diferença significativa.

Tabela 3. Resultados obtidos para análise sensorial de Sabor e Textura.


Sabor Textura
Tipo de açúcar Doçura Solubilidade Granulosidade
A – Cristal Orgânico 89 101 89
B – Cristal Orgânico 92 84 106
C – Cristal Convencional 75 96 73
D – Demerara Orgânico 99 49 153
E – Demerara Orgânico 89 108 91
F – Demerara Orgânico 94 45 147
G – Mascavo Orgânico 104 114 34
H – Refinado Especial 78 123 27
Diferença mínima= 47

CONCLUSÃO Terezinha. Santana do Paraíba, 1998. sem


pag.
- A legislação brasileira especifica oficialmente Bobbio, P. A.; Bobbio, F. O. Química do
poucos parâmetros de qualidade e para apenas processamento de alimentos. 2. ed. São
alguns tipos de açúcares. Estas especificações Paulo: Varela, 1995. 180 p.
devem ser revistas principalmente no que se Borguini, R. G.; Torres, E. A. F. S. Alimentos
refere aos açúcares que vem ganhando mercado orgânicos: qualidade nutritiva e segurança
como os demeraras convencional e orgânico, o do alimento. Segurança Alimentar e
mascavo e o cristal orgânico. Nutricional. Campinas. 2006. v. 13, p. 64-
- As amostras apresentam-se significativamente 75.
diferentes quanto aos parâmetros sensoriais de Bourn, D.; Prescott, J. A comparasion of the
aparência, aroma e textura. nutrional value, sensory qualities, and food
safety of organically and conventionally
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