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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED


PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
IES: FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE CAMPO MOURÃO –
FECILCAM
NRE: CAMPO MOURÃO
ESTADO DO PARANÁ

UNIDADE
DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
LINGUA PORTUGESA

TEMA:
ENSINO E APRENDIZAGEM DE LEITURA
TÍTULO
CONFABULANDO: LEITURA PARA ALÉM DAS PALAVRAS
AUTORA
Maria Goretti Barbosa

ORIENTADORA
Prof. Dra. Elizabeth Labes

CAMPO MOURÃO
2011
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
ESTADO DO PARANÁ

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES PDE-2011

1- IDENTIFICAÇÃO

a) INSTITUIÇÃO DE ENSINO:
FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE CAMPO MOURÃO – FECILCAM
b) PROFESSORA ORIENTADORA IES:
PROF. DRA. ELIZABETH LABES
c) PROFESSOR PDE:
Maria Goretti Barbosa
d) NRE:
Campo Mourão
e) ÁREA/DISCIPLINA:
Língua Portuguesa
f) TÍTULO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA (UNIDADE DIDÁTICA):
Confabulando: Leitura para Além das Palavras.
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Confabulando: Leitura para Além das Palavras.

Esta Unidade Didática visa a melhoria da aprendizagem na prática da leitura e


escrita dos alunos que ingressam na 5ª série(6º ano) do anos finais do ensino
fundamental e que apresentam dificuldades em sua aprendizagem, bem como,
contribuir junto aos professores que trabalham nas séries iniciais com atividades
metodológicas e teórico-práticas, que poderão ser desenvolvidas em sala de aula
como forma de aprimorar os processos de leitura e escrita e, por conseqüência,
alcançar melhora efetiva no processo de ensino-aprendizagem do funcionamento
das linguagens enquanto forma de interação social.

A necessidade de elaborar um trabalho específico sobre ensino/aprendizagem da


leitura firmou-se após anos de exercício profissional como educadora. No trabalho
com as 5ª séries e também em sala de apoio à aprendizagem, conseguimos
constatar que a maioria dos alunos apresentava sérias dificuldades na compreensão
dos enunciados presentes nas atividades propostas. Muitos, ainda, encontravam-se
na fase da decodificação, segmentando palavras com mais de duas sílabas, obtendo
portanto, inadequada apropriação dos sentidos suscitados pela materialidade
linguística. Estas dificuldades levam ao questionamento tão comum do: “qui qui é
pra fazê?”. Encontramos alunos que, além de apresentarem tais dificuldades na
leitura, a escrita estava aquém de sua idade/série, apresentando inclusive,
dificuldades até no traçado das letras.

As atividades de leitura e compreensão textual serão ancoradas na concepção de


linguagem assumida pelas DCEs: leitura vista como um ato dialógico, interlocutivo1.
Acreditamos que o trabalho específico com leitura, concebida como processo de
interação entre os sujeitos, possa contribuir para o letramento. Para tanto,

1
SEED, Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Língua Portuguesa – 2008, p. 71- Paraná.
5

pretendemos desenvolver atividades de leitura com o gênero fábula para efetivar a


leitura para além das palavras, ou seja, possibilitar que os alunos percebam que
além das palavras há muitas possibilidades de leitura contidas nas palavras e que
podem ser „lidas‟ por meio de experiências e conhecimento de mundo, confabulando
o clássico e o contemporâneo. A escolha do gênero fábula deu-se por apresentar
narrativas curtas, alegóricas, envolventes, atrativas e ao mesmo tempo lúdicas, quer
seja por suas personagens personificadas, quer seja pelo enredo. Causam interesse
e facilitam a leitura integral da narrativa conduzindo ao encantamento e ampliando o
imaginário, despertando nos alunos o senso de observação dos valores e contra-
valores que permeiam a realidade. Este gênero contempla todos os elementos
necessários para desenvolver a formação do cidadão crítico, não deixando de
estimulá-lo ao encantamento e ao fascínio, uma vez que trabalha também com o
universo imagético, que em muito contribui para iniciar a leitura, especialmente, para
aqueles alunos que se encontram nas séries aqui consideradas.

O despertar da Leitura para além das palavras por meio do gênero proposto,
motivará o aluno a observar o seu entorno, bem como, o levará à reflexão e
discussão de valores éticos e sociais.

Sendo a fábula um gênero que suscita a crítica e a intervenção nas situações


histórico-sócio-política-econômica e educacional por meio de alegorias e
prosopopeias entre outros componentes, possibilitará aos alunos ampliar sua
capacidade de análise e produção de “saborosas historietas”2 nas quais possam
espelhar comportamentos e situações do seu cotidiano.

Acreditamos que a prática de leitura e contextualização de fábulas, dos valores da


contemporaneidade com a realidade dos alunos, estimula a compreensão de mundo
e a conscientização como indivíduo enquanto cidadão inserido na história, sujeito
apto ao letramento presentes nas práticas sociais e discursivas.

Este material didático foi organizado fundamentando-se nas DCEs e na concepção


de linguagem apregoada por Mikhail Bakthin (1999), que afirma a mesma enquanto
processo de interação social: “ visando aprimorar os conhecimentos linguisticos e

2
Manuel Aveleza, 2003, XXIII (Interpretando algumas fábulas de Esopo)
6

discursivos dos alunos, para que eles possam compreender os discursos que os
cercam e terem condições de interagir com esses discursos” (SEED,
DCEs.2008.p.50). Apresentamos então, atividades que podem de contribuir para a
melhoria do ensino e aprendizagem das linguagens nas séries iniciais dos anos
finais do Ensino Fundamental nas escolas públicas paranaenses.

Despertar, primeiramente, nos alunos de 5ª série (6º ano), através do gênero fábula,
o gosto pela leitura para que possam compreender melhor o processo de produção
dos sentidos textuais e, deste modo, possam ampliar sua visão de mundo e atuar
enquanto sujeitos frente aos desafios da sociedade contemporânea.

Reconhecer a função social do gênero fábula, identificando valores contidos


nas fábulas eruditas e contemporâneas ora apresentadas;
Desenvolver atividades para reconhecer os mecanismos linguísticos
discursivos do gênero fábula, bem como explorar a materialidade não verbal
própria do gênero;
Reconhecer o gênero fábula a partir da comparação com outros gêneros;
Discutir os valores da contemporaneidade abordados nas fábulas, para que
os alunos se reconheçam como partícipes da mesma;
Abordar os valores da sociedade contemporânea: individualismo,
competitividade, aparência, consumismo, do ter/poder, em suas produções
textuais;
Produzir, coletivamente, fábulas focando situações cotidianas;
Socializar leituras e produções de fábulas.
7

Os valores contemporâneos às vezes influenciam a tomadas de atitudes


impensadas;

As embalagens são valorizadas para seduzir. Valoriza-se o efeito, o brilho, a


marca, o logotipo;

Os valores essenciais às vezes são menosprezados pela arte da sedução


visual. Entretanto „o essencial é invisível para os olhos‟3.

Faz-se necessário e urgente valorizarmos o ser em sua essência, respeitando suas


capacidades e incentivando-o a superar as vicissitudes do cotidiano. A interação por
ações que valorizem o sujeito como ele é, poderá levá-lo a modificar a si e ao seu
meio sem ferir os demais, sem ultrajar os direitos de seus pares. O convívio social
através de suas práticas sócio-interativas e culturais vem contribuir para a formação
de sujeitos capazes de superar os limites impostos por ideologias escravagistas.

A maneira como nos comunicamos com as pessoas podem revelar


ideologias aparentemente ocultas.

3
O Pequeno Príncipe – Antoine de Sait-Exupéry
8

Portanto, no primeiro contato com a turma é muito importante deixar claro a


interação, deixando transparecer para os alunos que os mesmos têm voz e vez
para expressar seus conhecimentos. O professor conduz seus alunos ao diálogo
permitindo a participação de todos.

Quando houver dificuldade de participação dos alunos, proporcionar


confiabilidade e segurança, fazendo-se perceber que toda e qualquer
participação será respeitada.

A interação entre alunos e professor se faz constante. Este deve estar atento a toda
fala individual e da turma em si.

Aproveitar não só a fala, mas também cada gesto, olhar.


É sempre necessário completar as falas/ideias, instigar/provocar a
participação dos alunos, proporcionando novos questionamentos, novas
falas, novas “leituras” e entendimento, não só das palavras, mas do
mundo que as cercam.

Além de nos comunicarmos por meio das palavras, nos encantamos, confabulamos
ideias e ideais, sonhos e fantasias, projetos e conquistas. Por meio das palavras
questionamos os acontecimentos e podemos entender melhor as pessoas: suas
atitudes, seus valores, seus pensares e seus conceitos e preconceitos. As palavras
podem revelar mundos desconhecidos. A leitura nos leva de volta ao passado, nos
mantêm atentos aos acontecimentos contemporâneos e nos remete ao futuro,
promovendo diálogos com todos à nossa volta o tempo todo.
9

As palavras são portas e janelas. Se debruçamos e reparamos,


nos inscrevemos na paisagem. Se destrancamos as portas, o
enredo do universo nos visita. Ler é somar-se ao mundo, é
iluminar-se com a claridade do já decifrado.( Queirós, Bartolomeu
Campos - O livro é passaporte, é bilhete de partida - 1999)

Este mundo fantástico está a nossa disposição, basta interagirmos. Propomos


agora, uma viagem para além das palavras e a busca do encantamento com o
universo delas – com o conhecido/desconhecido, partindo do saber dos alunos.

À medida que se revela o oculto, vai-se descortinando o novo, o desconhecido ,


possibilitando que os alunos apreciem o ato de ler apropriando-se de novos
conhecimentos.

A cada página lida, compreendida, será um novo mundo compartilhado, tanto


consigo mesmo, quanto com seus pares. Janelas de abrem, levendo-o a ver e
entender para além das palavras, ampliando seus conhecimentos de mundo, vão se
tornando sujeitos de sua história, enquanto partícipes do seu meio social.
10

Ilustração: Romão Felipe Lemanski Barbosa

Certa raposa, tendo-se introduzido na


casa de um ator, e remexendo em cada um
dos apetrechos dele, encontrou, inclusive, uma
cabeça de máscara, artisticamente trabalhada.
Então, tomando-a nas patas, exclamou: “Oh! Que
cabeça! Porém não tem cérebro!”
Esopo
11

Esta fábula concerne aos homens magníficos de corpo,


mas desprovidos de raciocínio. (Manuel Aveleza de
Sousa, 2003. P.13).

Moral: Uma bela aparência não substitui o valor do espírito4.

Sugestão inicial:

Leitura sem mencionar que se trata do gênero fábula.

Leitura da fábula feita pela professora sem que os alunos tenham cópias.

Após a leitura conversar sobre os elementos que compõem a fábula.

Indagar sobre a história, seus personagens.

Estes questionamentos podem nortear alguns diálogos:


Vocês já conheciam esta história ?
O que há de incomum na história? (espera-se que mencionem a fala da
raposa);

4
http://www.metaforas.com.br/infantis/araposaeamascara.htm ; http://nossofolclore54.zip.net/
12

Investigar os conhecimentos dos alunos sobre o animal protagonista desta fábula.

Quem já viu uma raposa?


Quais são suas características?
Onde costuma habitar?
De que se alimenta?
Como a raposa é conhecida?
Visite os sites:
http://pt.shvoong.com/social-sciences/communication-media-studies/1822087-raposa-
m%C3%A1scara-teatro-f%C3%A1bulas-s%C3%A1tiras/#ixzz1OtrRZl8N
http://www2.uol.com.br/vyaestelar/animais.htm
http://www.mundovestibular.com.br/articles/5081/1/Vozes-de-Animais-e-Barulhos-ou-ruidos-
de-coisas/Paacutegina1.html

A interação será progressiva: à medida que os alunos forem expressando seus


conhecimentos.

1. Verificar se os alunos percebem no texto, a ausência das características


físicas, animalesca da raposa.

As características da raposa, enquanto animal, estão presentes neste


texto?
Como a raposa é apresentada. Parece ser uma raposa comum?
(espera-se que reconheçam características além da física do animal;
(esperteza, sagacidade, raciocino...)
Vamos confirmar estas ideias lendo o texto!
13

Distribuir o texto para os alunos silenciosamente.

Dar tempo necessário para que possam ler e expor compreensão, a partir de
seus conhecimentos cognitivos empíricos.

E então, podemos verificar quais características da raposa estão presentes


no texto? ( incentivar a participação de todos. O conhecimento dos alunos
podem levar a novos questionamentos sobre a fábula, até o momento não
foi dito que se trata do gênero fábula) .
Estas características estão escritas no texto?

Diante da participação dos alunos é possível que se chegue a conclusão de que no


texto não se menciona as características próprias do animal, mas características que
lhes foram atribuídas.

Caso contrário, conduzir os diálogos até que percebam que as características,


peculiares dos humanos, não estão expressas literalmente no texto, mas tornam-se
perceptíveis por meio das ações da raposa e pela oralidade. (discurso direto –
característica do gênero fábula).
14

Conversar sobre a linguagem, sua importância enquanto meio de interação social.


Suas peculiaridades entre humanos e demais seres existentes. As representações
de fala dos animais, prosopopeias, na linguagem humana. Seus objetivos. Estes
questionamentos podem ser utilizados na condução do diálogo.

Questionar junto aos alunos a linguagem humana e a animal:


Raposa e os outros animais falam a linguagem humana?
Como é possível escrever a fala dos animais?
Vocês conhecem outras histórias onde aparecem os bichos falando?
Essas histórias têm um nome especial. Alguém sabe o nome que se
dá às histórias que os personagens são animais falantes?
(É possível que os alunos cheguem ao gênero fábula – caso contrário
retomar a história do gênero, ou se não têm conhecimento, introduzir
tanto a história quanto as características próprias do gênero fábula.)
15

A Raposa e a Máscara pertence ao fabulista grego Esopo.

Esopo tinha para quê e para quem criar suas fábulas. Por meio de suas
histórias ele representa as pessoas que exerciam funções importantes
na sociedade. Fazia críticas, elogios...

Ao serem passadas de geração a geração as fábulas foram sendo


escritas, recitadas e adaptadas a realidade dos fabulistas, sempre com
o intuito de ensinar e dar lições de moral para alguém.

As fábulas contam histórias reais ou imaginárias, seus personagens geralmente são


animais e seres inanimados – personificados - representando pessoas da
sociedade.

Se necessário explicar sobre as figuras de linguagens: Prosopopeia e a metáfora.

Todos sabem o que é representar?


Quem quer dizer para nós?
Se necessário, esclarecer : representar é diferente de atuar. A
representação na fábula é simbólica.
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FUNÇÃO SOCIAL DO GÊNERO FÁBULA.

O gênero fábula pode ser considerado narrativo e didático ao mesmo tempo pro
que:

Essencialmente oferece um conteúdo moralizante ou didático.

Sempre contém uma moral. Nas mais antigas encontra-se escrita ao final do
texto.

Geralmente é um texto muito breve e com poucas personagens.

Possui uma grande inventiva, riqueza imaginativa e de colorido.

É inverossímil.

Sua exposição de vícios e virtudes é maliciosa, irônica.

Veja mais: http://pt.encydia.com/es/F%C3%A1bula#G.C3.A9nero_literario <acessado em 25/05/2011


às 14:20>.

Todo gênero tem sua função social, seu para quê, estabelecida nas esferas da
comunicação. O gênero fábula é produzido para ensinar, aconselhar e orientar o ser
humano; outras visam: a critica social, denúncia, lições de vida; modelo de
comportamento.
17

Esopo criou „A raposa e a máscara‟ possivelmente referido-se a Téspis,


ator grego, que representou o deus Dionísio em 560 a.C. usando
máscaras.
Quem é Dionísio?
Dionísio é o deus grego do vinho e mais... no império romano ele passou a
ser conhecido pelo nome de Baco.

Observe mais uma vez o início da fábula:

“Certa raposa, tendo-se introduzido na casa de um ator,”

Propor aos alunos que analisem os motivos pelos quais o autor da fábula utilizou
justamente uma raposa para entrar na casa de um ator.

SUGESTÃO: Quais os motivos que levaram Esopo a escolher a casa de um ator


e não outro profissional?

Investigar sobre os conhecimentos que os alunos têm sobre ator. Instigando para
que partilhem seus conhecimentos sobre este profissional, quais os destaques que a
nível da mídia (novelas, programas humorísticos, ...), suas melhores atuações,
formação, valores, etc., contextualizando-os com a fábula; bem como seus
pertences, „objetos‟ que guardariam em casa.
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Questões que podem ser feitas aos alunos .

O que faz um ator? Onde trabalha? Quem pode ser ator? Onde
reside? Quais atores você conhece? Quem você admira? Que
ator/atriz você não gosta?
É próprio de raposa entrar em casas, residências?
Por tratar-se de uma fábula, quais seriam os motivos que levaram a
raposa a entrar na casa do um ator?
Que objetos um ator, da fábula, guardava em sua casa?
Um ator , nos dias atuais, costuma guardar objetos de seu trabalho
em sua casa? Que tipos de objetos?

Solicitar aos alunos para que indiquem as diferenças entre os elementos que
compõem a fábula:

raposa (animal irracional),

ator (animal racional),

máscara (objeto). Elencando diferenças extratextuais, (além das palavras,


contextualizando com a realidade, contemporaneidade) pertinentes a cada
elemento.

Levar o aluno a inferir as características biológicas, físicas, intelectuais de cada


elemento.
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TRABALHANDO A

MATERIALIDADE LINGUÍSTICA

Motivar a participação dos alunos propondo que observem o início da fábula.

Vamos ler novamente o início da fábula!


a. Alguém poderia dizer o significado da primeira palavra da fábula?
b. Que sentido esta palavra tem no texto?
c. Por que o autor escolheu justamente esta palavra e não outra?
Poderíamos substituir esta palavra por outra sem alterar o(s) sentido(s) do
texto? Como ficaria?

Deixar que digam;

Observar/ler o início da fábula, provocando a inferência sobre a atitude da


raposa „ter-se introduzido na casa de um ator‟.

Pode-se também explorar a „Certa raposa‟;

Explorar os sentidos propostos no texto (escolhidos pelo autor) para


iniciar a fábula com esta indefinição.

Ir esclarecendo as possíveis razões desta indefinição no texto à medida


que for analisando sua composição.

A expressão „certa raposa‟ ao mesmo tempo que indica particularização,


indica um elemento novo, ainda não definido, assinalado pelo pronome
indefinido: „certa‟.
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Realizar momento de reflexão sobre comportamentos, atitudes e valores a


partir da materialidade linguística,contextualizando a atitude da raposa
com os dias atuais. Ex.: Entrar na casa de outra pessoa sem ser
convidado (a) pode ter consequências.

Promover a inferência dos alunos sobre os fatores sociais que levam seres
a este tipo de atitude e suas consequências. Citar exemplos atuais tanto a
nível nacional quanto internacional.

(Estes questionamentos podem ser(serão) adequados aos enunciados


dos alunos, sem obrigatoriedade de sequência, a comunicação dialógica
dependerá dos atos de fala no momento da interação com os mesmos)

Como a raposa entrou na casa de um ator?


O que podemos dizer deste comportamento?
Ela agiu corretamente?
E as pessoas, podem entrar em casas que não lhes pertencem
sem autorização?
Isto acontece hoje? Quem entra em casas sem autorização?
Há quem „entra‟ outros ambientes da sociedade sem permissão?
Há diferença eu dizer „entrou‟ e „invadiu‟?
Que sentidos podem ter?
Quais valores poderíamos atribuir a estas atitudes e/ou
comportamentos?
O que leva/levaria um ser a se apossar do que não lhe pertence?
O que acontece com quem se apossa de coisas alheias?
Estas atitudes poderíamos afirmar que são boas?
21

VEJAMOS NO TEXTO

QUAIS PALAVRAS INDICAM AS AÇÕES DA RAPOSA.

“...tendo-se introduzido...” locução verbal – verbo no gerúndio composto(tem


valor de pretérito, indicando processo já concluído no momento em que se fala
ou escreve); o pronome reflexivo – se – (a raposa), portanto a raposa entrou na
casa sem autorização – a presença do pronome reflexivo - deixa claro a ação
da personagem.

Veja:

A palavra „se‟ refere-se a qual palavra no texto?


A expressão „tendo-se introduzido‟ nos informa a atitude da raposa.
Esta atitude nos revela que a ação foi concluída.
Portanto, podemos afirmar que o texto deixa claro que a raposa não foi
convidada, mas que “entrou” na casa ou “invadiu” a casa.
Esta ação foi realizada, pertence ao passado.

Há no texto outros elementos que indicam ações passadas e ainda outros indicam
ações que nos dão a ideia de movimento, ou seja, o texto se materializa de forma
que, mesmo escritas há tanto tempo, se mostram como atuais e em
desenvolvimento.
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Para os alunos pode-se então indagar:

Poderiam nos dizer quais outras palavras que indicam a maneira como
a raposa faz suas ações?

Há diferenças entre as palavras que indicam suas ações?

Quais palavras indicam que as ações da raposa estão ainda: em


desenvolvimento, em movimento, não foram totalmente terminadas.
Como estão escritas? (Palavras: remexendo/tomando).

Quais palavras indicam que as ações foram concluídas pela raposa?


Como estão escritas?( Palavras:encontrou/exclamou).

Leia com atenção o enunciado:

“...encontrou, inclusive, uma cabeça de máscara...”

Observem como o mesmo está escrito.

Vamos ler todos juntos? (A leitura pode ser feita mais vezes, se necessário dar
ênfase ao ler o advérbio).

Que sentido a palavra „inclusive‟ indica no texto? A palavra „inclusive‟ pode ser
substituída por outra(s)?

O autor da fábula deixa claro as razões/motivos/objetivos pela escolha desta


palavra.
23

O advérbio – inclusive ( até; até mesmo) reforça a ideia de a raposa ter encontrado
outras coisas, pois na oração anterior o autor deixa claro que ela remexeu em tudo
que encontrou na casa do ator: „...remexendo em cada um dos apetrechos dele...‟).
Espera-se que o aluno chegue a esta leitura. Até mesmo, pode indicar que a raposa
encontrou outros objetos antes de ter encontrado a cabeça de máscara.

Com os seus Alunos:

Diante da afirmação: “remexendo em cada um dos apetrechos dele” é possível


afirmar que a raposa sabia o que procurava ou o que queria encontrar?
Justifique?

Refletindo com o professor:

(A raposa mexia /remexia nas coisas de um ator, fica claro a natureza da raposa:
mexer, escarafunchar, neste contexto, talvez a procura de comida. Não sabia o que
encontraria. A expressão: “encontrou, inclusive, uma cabeça de máscara”; comprova
que ela não procurava por máscaras, “uma” indica indefinição – informação nova -
abrindo espaço para outros objetos, e até mesmo outras máscaras, confirma-se no
adjetivo (advérbio) „artisticamente trabalhada‟; esta „cabeça de máscara‟ chama a
atenção da raposa a tal ponto dela se apossar da „cabeça de máscara‟ e admirá-la:
“tomando-a nas patas, exclamou:” (Utilize as indagações a seguir para nortear o
diálogo. A condução das mesmas dependerá da receptividade dos alunos, se
necessário faça ampliação/adequação).
24

„Artisticamente trabalhada‟, indica a maneira como a máscara foi


confeccionada – própria para o teatro – feita com determinado objetivo: a
representação artística).
Quais motivos levaram a raposa a se apossar da „cabeça de máscara‟?
O que há nesta „máscara‟ que chama atenção da raposa?
O que você entende pela expressão: „artisticamente trabalhada‟?
Saberiam dizer às pessoas/entidades/órgãos que confeccionam máscaras
atualmente?
As máscaras são produzidas para quem? Com quais finalidades?
Onde são utilizadas „máscaras‟?
Em quais situações/momentos?

Há outros enunciados na fábula que indicam informação nova, indefinição.


Vamos ler a fábula observando os enunciados/ as palavras que dão sentido de
indefinição. (Fazer a leitura com os alunos. Estes podem, ao identificar os artigos
indefinidos, destacá-los, para depois inferir junto aos demais).Questionar a
importância desses enunciados para a compreensão da fábula;

(„um ator‟; „em cada um dos apetrechos dele‟. Estes enunciados informam
elementos indispensáveis para a compreensão da narrativa; sem eles não
haveria sentido; primeiro o autor da fábula nos informa o local, onde a raposa “se
introduziu”, (na casa de quem), não foi na casa de qualquer pessoa, mas de um
ator; um nos indica indefinição; não deixa claro de que ator se trata, porém esta
informação nova é fundamental para o entendimento simbólico (representativo)
da narrativa. Em seguida indica a ação de raposa “remexendo” isto nos indica
que antes de „remexer‟ ela procura, vasculha, mexe e remexe, “em cada um dos
apetrechos dele”. Veja: em que ela remexe? indefinição marcada por não deixar
claro o que realmente ela procurava, o que realmente queria encontrar mas,
deixa claro o que a raposa fazia na casa do ator.
25

A ESTRUTURA COESIVA
Vamos observar a colocação de alguns enunciados na fábula:
Solicite aos alunos que destaquem a expressão:
„remexendo em cada um dos apetrechos dele‟ .
Sabemos que em relação à estrutura coesiva o pronome possessivo „dele‟ remete a
outra palavra no texto.

No enunciado acima destacamos a palavra „dele‟. Esta palavra refere-se a outra já mencionada
no texto? A qual palavra?

Convidar os alunos a nova leitura, destacado que a conclusão da fábula inicia-se


com um advérbio de tempo. Lembrando que nosso foco não é estudarmos a classe
gramatical, mas o sentido do enunciado no texto.
Então, tomando-a nas patas, exclamou: “Oh! Que cabeça! Porém não tem cérebro!”
Com quais outras palavras ou expressões o enunciado „então‟ está
relacionado?
Que efeitos de sentidos podem ter no texto o advérbio de tempo „então‟?
Se retirássemos „então‟ deste enunciado a frase teria sentido?
Quais palavras poderiam substituí-la sem afetar o sentido do texto?

Prossiga para a próxima análise, após entendimento do porquê de cada elemento


coesivo na fábula.

Observe a expressão: „tomando-a‟.


A palavra „a‟ neste texto reporta-se a outra palavra. Qual?
Esta construção é significativa para o texto?
Se trocássemos de lugar teria o mesmo efeito/significado?

Oh! Que cabeça!‟ - Esta expressão indica a maneira como a raposa admira o
objeto que vê e se apossa dele.

Que elementos visuais revelam esta admiração?


26

Porém não tem cérebro!‟ A palavra „porém‟ foi colocada para completar um
pensamento.
Que sentido tem esta palavra na fábula?
Há outras palavras que têm o mesmo sentido? Quais?
Se necessário lembrar as conjunções adversativas.

CONTEXTUALIZANDO COM OS ALUNOS


5
Nas fábulas os animais falam e transacionam como seres humanos atuantes na
sociedade. Conduzir os alunos a contextualizar os personagens representados em
„A raposa e a Máscara‟ considerando o contexto histórico de produção com a
realidade contemporânea.

No texto: “Oh! Que cabeça! Porém não tem cérebro!”

Quais significados podemos atribuir a esta fala da raposa no contexto


de sua produção?

A quem se reporta Esopo na fala da raposa?

Quais motivos poderiam tê-lo levado e escolher justamente uma


raposa para representá-lo nesta fábula?

Poderíamos utilizar desta personificação nos dias atuais?

Com quais sentidos? Por quê? Para quem? Com quais


finalidades/objetivos?

Qual o significado de uma cabeça não ter cérebro, vazia, mesmo


sendo linda?
Hoje, o que pode significar uma cabeça linda, mas vazia?

5
Dica de Leitura: http://www.miniweb.com.br/cantinho/infantil/38/didaticos_fabulas.html
acessado em 22/05/2011 às 18:34
27

Após o que apresentamos até o momento podemos realizar a viagem para Além das
Palavras da fábula “A Raposa e a Máscara”

Ator =hypokutés; Téspis – ator grego de 560 a. C.(primeiro


ator a representar que se tem conhecimento);

A raposa é o próprio Esopo, por


„Uma cabeça de máscara‟ não têm
ele ser muito inteligente, sagaz,
cérebro, portanto não pensa. Esopo
esperto. Esopo faz analogia às
refere-se ao deus Dionísio, já morto.
representações (as máscaras)
que se incorporam e revestem „as
cabeças‟, das pessoas vazias, ou
Dionísio que de louco passou a cultivador
seja, que não pensam.
de uvas e a fabricar vinhos, vivia
embriagado. Utilizava o vinho para seu
prazer. Todos que o adoravam
Por que cabeças vazias? A saboreavam esta bebida em sua
embriaguês deixa as mentes sem homenagem. O vinho é conhecido como
possibilidades de raciocínio a bebida dos deuses.

MORAL DA FÁBULA
„Uma bela aparência não substitui o valor do espírito‟.

Com os alunos:
Qual a moral desta fábula? O que vocês entenderam ?
Esta moral tem o(s) mesmo(s) sentido(s) nos dais atuais?
Quais ensinamentos esta moral pode transmitir na atualidade?

Vocês conhecem algum dito popular/ provérbio que poderíamos contextualizar com
a fábula e sua moral? motivar a participação citando os exemplos: „Por fora bela
viola, por dentro pão bolorento‟ / „Quem vê caras não vê corações‟ / „As
aparências enganam‟.
VISITE O SITE: http://www.mulhervirtual.com.br/ditados.htm#P

Ex.:
28

Em grupos de três alunos.

Escolham um dos „ditos populares/provérbios que foram ditos em sala


e/ou trouxeram e façam as possíveis leituras com a fábula.

Procurem observar, falar e anotar o que podem ter em comum e diferente,


não esquecendo de contextualizá-los com a realidade. Dar tempo para a
execução da atividade. Em seguida, cada grupo apresenta suas análises
para a turma.

O QUE PODEMOS AVALIAR?


Coerência textual;
Como organizaram a apresentação;
Respeito aos turnos de fala;
Contextualização com os textos e a realidade;
Leitura dos textos produzidos pelos mesmos para verificação da coerência
textual das produções realizadas.

Há máscaras confeccionados artisticamente e máscaras invisíveis!

Dicas de leitura: (artigo excelente sobre as máscaras diárias):


http://www.espirito.org.br/portal/artigos/eneas-canhadas/as-muitas-mascaras-que-
usamos.html -- http://vamospoetar.wordpress.com/teatro/
29

Em que ocasião as pessoas usam máscaras?

Os justiceiros e super heróis usam que tipo de máscara? Por que razão?

Existem outros sujeitos que usam máscaras para ocultar sua identidade nos
dias atuais? Quem são?

A atualização da fábula completa-se com a compreensão atual da utilização de


máscaras quer positivamente, quer negativamente.

Citar os diversos usos, épocas, situações. Ir conduzindo as discussões de modo que


todos possam participar, inferir, acrescentar informações.

O professor, após ilustrar e trabalhar os temas que a fábula apresenta vai então,
atuar como mediador no processo educativo, acrescentando informações
necessárias, provocando seus alunos a pensarem, analisarem e refletirem sobre os
acontecimentos. Desde o cenário artístico, (carnaval – teatro – filmes: heróis, que se
escondem em máscaras) até as máscaras invisíveis utilizadas pela sociedade em
sua totalidade, ou seja, personalidades conhecidas, políticos, religiosos e criminosos
entre outros.

Há máscaras visíveis e invisíveis.

As máscaras invisíveis, as pessoas usam sem cobrir seus rostos – usam máscaras
no seu jeito de agir, falar, no seu relacionamento com os „amigos‟, „colegas‟, „no
trabalho‟, „na política‟... enfim há diversas formas de usar “máscaras”.

As máscaras visíveis, „confeccionadas artisticamente‟, além do entretenimento,


também „podem‟ ocultar personalidades.
30

Junte-se a mais 2 colegas. Organizem 3 exemplos, situações, em que vocês


observaram, perceberam que as pessoas utilizaram ou utilizam de máscaras no dia
a dia respondendo as questões propostas:

As pessoas hoje, em nossa sociedade, usam máscaras invisíveis?

Que tipo de máscara as pessoas usam no dia a dia?

Internet, redes sociais, sites de bate papo, blogs, as pessoas interagem


simultaneamente ou não, podem interagir teclando, falando. Neste
contexto tecnologico há máscaras? Conhecem algum caso? Comentem
sobre o assunto com seu grupo e organizem a apresentação para a sala.

Dar tempo para que realizem a atividade. Cada grupo expõe suas reflexões.

Levantar questionamento sobre textos: poemas, músicas atuais que falem


sobre o tema da fábula;
Pergunte se conhecem a Pitty. Deixar que falem.
Se necessário dizer que a Pitty canta uma música que se chama: máscara.
Perguntar se conhecem a música. Se conhecem letra. Se ela teria a mesma
função social da fábula estudada (dependendo da(s) resposta(s) questionar o
porquê. (dependendo das respostas acrescenta-se as informações sobre a
estrutura da fábula e da letra da música). Provoquem se querem ouvir a
música. (Neste ponto, o professor, já deve ter providenciado todo o material
para ouvir a música, bem como já deve ter providenciado a letra da melodia).
Apresente a música; (reserve a letra);
Colocar a música. (Tanto a letra quanto o áudio podem ser encontrados em
http://letras.terra.com.br/pitty/80314/ também no YouTube). Ouvir novamente
e se tiver o clipe, coloque-o para os alunos assistirem.
31

Música: Máscara / Pitty

Composição: Pitty

Tira, a máscara que cobre o seu rosto


Se mostre e eu descubro se eu gosto
Do seu verdadeiro jeito de ser...
...
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja...

Depois ouvir a música faça a seguinte reflexão:

Qual nome desta música? (Se não foi dito o nome da música)

Na música da Pitty ela pede para que se tire a máscara.

De que máscara ela se refere?

Em que ocasiões, circustâncias usamos máscaras?

A aparência é importante?

O que mais preocupam as pessoas a sua volta hoje?

Quais valores parecem ter mais relevância na sociedade?

e. Em sua vida o que, realmente, tem valor?

Após a reflexão entregue a cópia da letra para leitura e análise comparativa.


32

Vamos observar o formato desta composição, seu conteúdo e os sentidos contidos


na letra da música da Pitty.

Nesta estrofe a compositora enfatiza a importância de ser como se realmente é,


a essência.

Mesmo que seja estranho, seja você


Mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja...

Poderiam explicar os motivos pelos quais aparecem repetidos „mesmo que


seja‟ em todos os versos desta estrofe?

Vamos observar os dois textos: a fábula e a letra da música quanto: a


tipologia , a intencionalidade, o público alvo para quem foram escritas, a
época, contexto histórico de produção.

Como o gênero musical se apresenta na materialidade linguística?


A função social deste gênero é diferente do gênero fábula?
O que têm em comum e diferente?

Podemos afirmar que „A raposa e a máscara‟ é uma fábula que tematiza


valores da contemporaneidade?

Seus personagens poderiam representar, hoje, que pessoas de nossa


realidade?

Junte-se ao seu grupo e reescreva a fábula utilizando elementos da realidade


atual. Lembre-se de que são representados, ou seja, aparecem sob as figuras
de animais, aves ou objetos.
33

Espera-se que os alunos cheguem a conclusão de que muitos se escondem em


máscaras invisíveis, mostrando-se o que realmente não são, valorizando mais o que
se pode ver, a aparência, o ter: ter o melhor celular, a melhor calça jaens, o melhor
tênis, a melhor mochila, cadernos, carros, etc. Podemos considerar que estas são
„máscaras invisíveis da contemporâneidade‟.

A partir da realidade de cada um, surgiram novas máscaras, importante é que eles
se situem como agentes partícipes, refletindo esses valores, se apropriando destes
conhecimentos empíricos, e expandindo sua criticidade.

Deixar claro que o que realmente importa são os valores internos, os valores que
transformam tanto o sujeito como seu meio, os valores que fortalecem os laços de
amizade, companheirismo, honestidade e responsabilidade.

Ilustração: Romão Felipe Lemanski Barbosa


34

Ilustração: Romão Felipe Lemanski Barbosa

Pavoneando-se como sempre, o Rei das


penas carnavalescas fazia pouco caso do
Grou: "Que penas horrorosas e que asas disformes tu
apresentas, enquanto que eu me visto de roupas
principescas e brilhantes que movimento de modo
sempre mais e mais vistoso!" Retruca o Grou:
"Entretanto, eu vôo até o alto dos céus, beirando as
estrelas enquanto que tu arrastas todo esse fausto no
meio das Galinhas, ao rés do chão sujo que pisas com
teus feios pés escamosos!"
La Fontaine
35

O PAVÃO E GROU LA FONTAINE6

Proporcionar aos alunos esta fábula para que possam estabelecer parâmetros
comparativos com „a raposa e a máscara‟.

Moral - Melhor é sermos nós mesmos, com liberdade de conhecer, do que


exibir apenas riquezas, sem alcançar a beleza das alturas dos méritos
próprios.

Distribuir cópias da fábula para que a leiam silenciosamente. Em seguida questionar


para que apontem características comuns e diferentes contidas nesta fábula e na
fábula anterior.

Quais valores/virtudes que esta contém?


Em que podemos dizer que são semelhantes?
O que há de diferente?

Após estas reflexões poderá ser realizado leitura em conjunto da fábula, instigando
a participação de todos, para que à medida que for lendo possam fazer analogias,
tanto das fábulas, quanto da letra da música, observando os valores/virtudes, bem
como os contra valores, que elas nos remetem a observar na realidade.
Comportamentos e atitudes pessoais, partindo de nossas próprias condutas às das
pessoas com as quais convivemos. Incluindo nestas reflexões: Autoridades políticos,
religiosos, empresários, atuais.

6
Fonte: http://pt.shvoong.com/books/mythology-ancient-literature/2023076-pav%C3%A3o-grou-f%C3%A1bulas-
contos/#ixzz1MkRyX4vu
36

Ilustração: Romão Felipe Lemanski Barbosa

Sugerimos como terceira leitura a fábula „O Corvo e o


Pavão‟ „Gralha enfeitada com penas de pavão‟ ambas
reescritas por Monteiro Lobato. in Fábulas Monteiro Lobato
– Ilustrações Alcy Linhares. Ed. Globo,2010,
p58/59//18/19.
37

Sugestões de Atividades da fábula „ o corvo e o pavão‟ – versão Monteiro


Lobato.

Organizar grupos de três a quatro alunos para que possam fazer a leitura
desta fábula. Analisá-la e apresentar as reflexões para os demais.

a. Converse com seu grupo a respeito dos personagens desta fábula.


b. Que valores/virtudes podem ser atribuídos aos personagens?
c. Em nossa realidade há pessoas com características semelhantes as
apresentadas nesta fábula?
d. Quais ensinamentos esta fábula nos apresenta?
e. Estes ensinamentos são importantes para nossa convivência?
Argumente.

Organizem suas reflexões para ser publicada no painel de nossa escola. Sejam
criativos: o grupo pode organizar sua exposição com ilustrações; HQ; cartazes;
enfim: vamos pavonear , não deixando de olhar para nossos próprios pés.
38

Ilustração: Romão Felipe Lemanski Barbosa

A GRALHA ENFEITADA COM PENAS DE PAVÃO 7

(MONTEIRO LOBATO p.18/19)

Reflexões e sugestões de atividades da fábula: „gralha enfeitada com penas de


pavão‟ – versão Monteiro Lobato.

Leitura da fábula, „gralha enfeitada com penas de pavão‟ feita pelo(a)


professor(a).

Dialogar com os alunos sobre os personagens. As caracteristicas peculiares


de cada personagem enquanto aves e no contexto
figurativo/imaginário/representativo.

Feitas as reflexões, professor e alunos, distribuir cópias da fábula.

7
Lobato, Monteiro, 1882-1948. Fábulas / Monteiro Lobato; ilustrações Alcy Linares. – São Paulo: Globo, 2008.
p18/19
39

Incentivar para que realizem a leitura silenciosamente.

Após a leitura solicitar para que destaquem as caracteristicas dos


personagens que lhes chamou mais atenção: pode ser que seja a fala de
um deles, ou quaisquer outros aspectos.

Observar o desenvolvimento de leitura e criticidade presentes nas


observações e nas falas dos alunos.

Analisar juntos. Deixar que se expressem, a interação torna-se


indispensável para avaliação do ponto de partida: Primeira fábula, os
progressos elencados a cada aula ou dificuldade a serem superadas. (ex.:
Quem são „gralhas‟? Quem são „pavões‟? Na sociedade, na escola, no
trabalho, ...);

Incentivar a participação de todos, inclusive dos mais „distantes‟, alheios


aos acontecimentos da aula, (quietos ou inquietos).
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Reflexões para o(a) professor(a). As mesmas podem ser feitas com os alunos. ( se
necessário, fazer adequações).

Quantas gralhas encontramos ao nosso redor apoderando-se de plumagens falsas


para enganar os demais? Somos capazes de reconhecer a verdadeira gralha
escondida ante penas de pavões. Julgamos sem nos importar se realmente não são
quem nos parecem ser? Permitimos que se apresentem como realmente são, ou
valorizamos os „enganos‟, as aparências?

Será que não somos pavões deixando cair penas por onde andamos? Se deixarmos
cair penas que não mais nos servem, não deveríamos nos incomodar com os que
recolhem essas penas para se „enfeitar‟. O que não serve para uns pode ser útil
para outros.

A exemplo da fábula em questão, o ser-sujeito de sua história assume as


responsabilidades por seus atos. Ação x reação. A convivência exige de cada um
atitudes que converjam para o equilíbrio social. Para tanto necessita reconhecer-se
enquanto sujeito histórico no contexto de sua comunidade habitacional e co-
responsável por seus pares. A fuga de identidade pode se transformar em
transtornos existenciais e em perda da essência.

Leitura para Além das Palavras, buscará junto aos alunos a promoção de valores

essenciais para aprendizagem além das mesmas.


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Sugestões de atividades a serem realizadas com alunos: (avaliação).

Proporcionar momento de silêncio e reflexão. Música orquestrada de fundo.

Entregar cópia das questões para cada um. Estipular um tempo para a
realização da atividade. Cuidar quanto ao horário da aula. Seria interessante
que fosse um período de aula geminada e a atividade fosse realizada no
inicio, para não haver rompimento da mesa.

INDIVIDUALMENTE..

Qual ave desta fábula lhe chamou mais atenção?


Com qual delas você teria uma „conversa‟ em particular?
O que você diria a ela?
Imagine que você a encontra em um lugar só seu. Neste lugar você
tem toda liberdade para conversar com esta ave.
A exemplo dos fabulistas que deixaram registrados suas fábulas. Você pode
registar sua „conversa‟ e, se desejar compartilhar com seus colegas,
apresente-a para sala, caso contrário apresente-a para a professora. Para
isto você organizará esta conversa em forma de texto.

As avaliações serão concomitantes a cada atividade realizada. Diagnóstica e


progressiva, valorizando ações e apropriações; incentivando-os a superar as
possíveis dificuldades encontradas. Retomando toda e qualquer dúvida,
dando voz e vez aos alunos.

Para ter maior conhecimento sobre o gênero fábula os alunos serão levados
ao laboratório de informática para pesquisar sobre fábulas. Em sala de aula
farão exposição de sua pesquisa.
42

A produção de fábulas faz parte das avaliações diagnósticas.


Incentivar os alunos a produzir suas próprias fábulas.
Escolha os animais/aves/objetos que serão os personagens da sua fábula.
Observe tudo e todos à sua volta.
Use sua criatividade.
Dê asas à imaginação.
Observe a estrutura da fábula.
Escreva a mais bela fábula de nossa história.
Não se esqueça sua fábula será apresentada para seus colegas de sala e
para os colegas de outras salas.

ESTRUTURA DA FÁBULA

Histórias curtas: há um só conflito, isso resulta numa narrativa resumida;


Diálogo: no que se refere à linguagem, a fábula é objetiva gerando poucas
descrições e muitos diálogos;
Personagens: os animais são usados como personagens que representam
virtudes, defeitos e características dos seres humanos. Mas estas duas
personagens encontram-se sempre em desigualdade social: um em
posição alta e outro em posição baixa e desfavorável. São utilizados
de forma simbólica para criticar ou exaltar comportamentos
Moral: a moral escrita no final da fábula reproduz um provérbio, um dito
popular, cujos temas principais são lealdade, generosidade e as virtudes do
trabalho.
43

Após a produção, os alunos apresentam oralmente sua fábula para o professor e


demais colegas de turma.

Juntos podem escolher quais serão apresentadas para os demais alunos da escola.

As escolhidas serão entregues ao professor para que este faça as possíveis


correções e, se necessário reestruturação, fazê-lo de forma que todos possam
participar. Primeira correção com o(s) autor(s) para que possam entender e
reestruturar seu próprio texto; depois com demais alunos. É muito importante a
participação de todos no processo de produção da escrita.

Feita as devidas correções, dá-se tempo para os ensaios.

Apresenta-se para os demais alunos da escola, ou para as quintas-séries.

Professor, alunos e equipe pedagógica decidem juntos a melhor opção.

Os colegas / professores de Artes/Ed.Física e os demais profissionais da escola


podem colaborar na preparação do ambiente para as apresentações e confecções
dos materiais para as mesmas. A parceria com os demais profissionais é muito
importante para a concretização deste trabalho.

No dia das apresentações, se possível, convidar os pais dos alunos envolvidos no


projeto para participar.

Bom trabalho!
44

REFERÊNCIAS:
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil Gostosuras e Bobices. Editora Scipione,
1989.

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovitch. Estética da Criação Verbal. São Paulo, Ed.


Martins Fontes, 1992.

BORTONI, Ricardo,Stella Maria. Formação do professor como agente letrado /


Stella Maris Bortoni-Ricardo, Veruska Ribeiro Machado, Salete Flôres Castanheira. –
São Paulo: Contexto, 2010.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção Textual, análise de gêneros e


compreensão. 3. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 3. ed. Col. Primeiros Passos,


Brasiliense, 1997.

KLEIMAN, Angela. Oficina de leitura – teoria e prática. 13ª edição, Campinas, SP


– Pontes Editores, 2010.

KOCH, Ingedore Villaça. Ler e compreender: os sentidos do texto; Ingedore


Villaça Koch e Vanda Maria Elias. – 3. ed., 3ª reimpressão. – São Paulo: Contexto,
2010.

______.Argumentação e linguagem. 11ª.ed. – São Paulo: Cortez, 2008.

______.Desvendando os segredos do texto. 6. ed. – São Paulo : Cortez, 2009.

LIVEIRA, Gabriela Rodella de. Português: a arte da palavra, 6º ano/ Gabriela


Rodella de Oliveira, Flavio Nígro Rodrigues, João Rocha Campos; (ilustração Adolar,
Jean Galvão, Roberto Weigand, Samuel Casal). 1. ed. São Paulo: Editora AJS Ltda,
2009.

ORLANDI, Eni P. Análise do discurso: princípios e procedimentos. 8ª Edição,


Campinas, SP: Pontes, 2009.

PARANÁ. Secretaria do Estado de Educação. Diretrizes Curriculares da Educação


Básica. Língua Portuguesa.Curitiba: SEED/DEB, 2008.
45

QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. O livro é passaporte, é bilhete de partida.


Disponível em: www.dobrasdeleitura.com

REVISTA EDUCAÇÃO. Ano 11 – nº 131. Editora Segmento. Março 2008.

SANTOS, Ismael dos. Homens, raposas e uvas: a fábula na litertura brasileira/


Ismael dos Santos. – Blumenau : Edifurb, 2003.

SILVA, Ezequiel Theodoro da, – O ato de ler: fundamentos psicológicos para


uma nova pedagogia da leitura. 6ª Ed. – São Paulo: Cortez: autores associados,
1992. (Coleção educação contemporânea).

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Trad. Cláudia Schiling – 6.ed. – Porto Alegre:
Artmed, 1998.

SOUZA, Manuel Aveleza de, 1920 – Interpretando algumas fábulas de Esopo /


Manuel Aveleza de Souza. - Rio de janeiro: Thex Ed, 2003.

WACHOWICZ, Lilian Anna. O método dialético na didática. 2ª Ed. Campinas, SP:


Papirus, 1991. – (Coleção magistério: formação e trabalho pedagógico).

FONTE DE ILUSTRAÇÕES/MARCADORES:

Romão Felipe Lemanski Barbosa


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FICHA PARA CATÁLOGO


PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: Confabulando: Leitura para Além das Palavras.

Autor Maria Goretti Barbosa

Escola de Atuação Colégio Estadual 29 de Novembro Ens. 1º e 2º graus.

Município da escola Araruna

Núcleo Regional de
Campo Mourão
Educação

Orientador Professora Dra. Elizabeth Labes

Instituição de Ensino Faculdade De Ciências E Letras De Campo Mourão


Superior Fecilcam

Disciplina/Área (entrada no
Língua Portuguesa
PDE)

Produção
Didático-pedagógica Unidade Didática

Relação Interdisciplinar Artes, Educação Física, História, Geografia.

Público Alvo Alunos de 5ª série (6º ano)

Localização Colégio Estadual 29 de Novembro Ensino de 1º e 2º graus.


Rua Rio Grande do Sul, 185 - Araruna - Paraná
Este trabalho de Ensino e Aprendizagem de Leitura está
voltado para as 5ªs séries (6º ano) do ensino fundamental,
anos finais e sala de apoio a aprendizagem. Fundamentado
nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado
do Paraná e nas concepções teóricas vigentes nas
mesmas. Nortearemos as atividades de leitura e
compreensão textual ancorada na concepção de linguagem
Apresentação: em que a mesma é vista como um ato dialógico,
interlocutivo (DCEs, 2008).
Acreditamos que o trabalho específico com leitura,
concebida como processo de interação entre os sujeitos
possa contribuir para o letramento.
Apresentamos o gênero fábula numa abordagem linguística
imagética – discursiva. O objetivo maior é proporcionar o
gosto pela leitura para que os alunos possam compreender
melhor o processo de produção dos sentidos textuais;
ampliar sua visão de mundo e atuar enquanto sujeitos
47

frente aos desafios da sociedade contemporânea.

Palavras-chave : “Fábula”; “Gênero”; “Leitura”; “Valores sociais".

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