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Maria Helena Bezerra Cortez

Marcelo Rocha Cortez

Direito
Ambiental
Direito
Ambiental
Maria Helena Bezerra Cortez
Marcelo Rocha Cortez

Direito
Ambiental

Natal/RN
2014
presidente
PROF. PAULO DE PAULA

diretor geral
PROF. EDUARDO BENEVIDES

diretora acadêmica
PROFA. LEIDEANA BACURAU

diretora de produção de projeto


PROFA. JUREMA DANTAS

FICHA TÉCNICA

gestão de produção de materiais didáticos


PROFA. LEIDEANA BACURAU

coordenação de design instrucional


PROFA. ANDRÉA CÉSAR PEDROSA

projeto gráfico
ADAUTO HARLEY SILVA

diagramação
MAURIFRAN GALVÃO

designer instrucional
SÍLVIA BARBALHO BRITO

revisão de língua portuguesa


PROFA. ANA AMÉLIA AGRA LOPES

revisão das normas da ABNT


LUÍS CAVALCANTE FONSECA JÚNIOR

ilustração
RAFAEL EUFRÁSIO DE OLIVEIRA
Catalogação da Publicação na Fonte (CIP).
Ficha Catalográfica elaborada por Luís Cavalcante Fonseca Júnior - CRB 15/726.

C827d Cortez, Maria Helena Bezerra Cortez.


Direito ambiental / Maria Helena Bezerra Cortez, Marcelo
Rocha Cortez ; edição e revisão do Instituto Tecnológico
Brasileiro (ITB). – Natal, RN : 2014.
94 p. : il.

ISBN 978-85-68100-35-6
Inclui referências

1. Direito ambiental. 2. Proteção ambiental.


3. Regulamentação ambiental. I. Instituto Tecnológico
Brasileiro. II.Título.

RN/ITB/LCFJ CDU 349.6


“Todos têm direito ao meio ambiente ecologica-
mente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade, o dever de defendê-lo e
preservá-lo para presentes e futuras gerações.”
(Artigo 225 da Constituição Federal de 1988)
Índice iconográfico

Atividades Vocabulário Importante

Mídias Curiosidade Querendo mais

Você conhece? Internet Diálogos

O material didático do Sistema de Aprendizado itb propõe ao aluno uma linguagem objetiva, sim-
ples e interativa. Deseja “conversar” diretamente, dialogar e interagir, garantir o suporte para o es-
tudante percorrer os passos necessários a sua aprendizagem. Os ícones são disponibilizados como
ferramentas de apoio que direcionam o foco, identificando o tipo de atividade ou material de estudo.
Observe-os na descrição a seguir:

Curiosidade – Texto para além da aula, explorando um assunto abordado. São pitadas de conheci-
mento a mais que o professor pode proporcionar ao aluno.

Importante! – Destaque dado a uma parte do conteúdo ou a um conceito estudado, que seja con-
siderado muito relevante.

Querendo mais – Indicação de uma leitura fora do material de estudo. Vem ao final da competência,
antes do resumo.

Vocabulário – Texto explicativo, normalmente curto, sobre novos termos que são apresentados no
decorrer do estudo.

Você conhece? – Foto e biografia de uma personalidade conhecida pelas suas obras relacionadas
ao objeto de estudo.

Atividade – Resumo do conteúdo praticado na competência em forma de exercício. Pode ser apre-
sentado ao final ou ao longo do texto.

Mídias – Contém material de estudo auxiliar e sugestões de filmes, entrevistas, artigos, podcast e
outros, podendo ser de diversas mídias: vídeo, áudio, texto, nuvem.

Internet – Citação de conteúdo exibido na Internet: sites, blogs, redes sociais.

Diálogos – Convite para discussão de assunto pelo chat do ambiente virtual ou redes sociais.
Sumário
Apresentação institucional 09
Palavra do professor autor 11
Apresentação das competências 13

Competência 01
Contextualizar a estrutura política brasileira 17
A estrutura política de nosso país 17
Separação dos poderes 20
As políticas públicas 22
Resumo 24
Autoavaliação 25

Competência 02
Interpretar as principais de proteção ao meio ambiente 29
A Constituição brasileira e o meio ambiente 29
O desenvolvimento sustentável na constituição 31
A Política Nacional do Meio Ambiente 34
Resumo 40
Autoavaliação 41

Competência 03
Analisar a proteção legal conferida às florestas brasileiras 45
O Código Florestal Brasileiro 45
Entendendo a Lei sobre as Áreas de Preservação Permanentes 46
As Áreas de Preservação Permanentes podem ser ocupadas? 52
A proteção do Código Florestal às Reservas Legais Florestais 54
Proteção legal da Mata Atlântica 56
Resumo 58
Autoavaliação 58

Competência 04
Analisar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da natureza 63
A base legal do SNUC 63
Definição de unidades de conservação 64
Resumo 69
Autoavaliação 70

Competência 05
Interpretar a política nacional dos recursos hídricos 75
A Titularidade 75
Fundamentos e objetivos 76
Resumo 79
Autoavaliação 79

Competência 06
Contextualizar o Estatuto da Cidade e o Plano diretor 85
Base legal 85
Plano Diretor 86
Resumo 88
Autoavaliação 89

Referências 91
Conheça o autor 94
Apresentação institucional
O Instituto Tecnológico Brasileiro (itb) foi construído a partir do sonho de educadores e

Direito Ambiental
empreendedores reconhecidos no cenário educacional pelas suas contribuições no desen-
volvimento econômico e social dos Estados em que atuaram, em prol de uma educação de
qualidade nos níveis básico e superior, nas modalidades presencial e a distância.
Esta experiência volta-se para a educação profissional, sensível ao cenário de desen-
volvimento econômico nacional, que necessita de pessoas devidamente qualificadas para 9
ocuparem vagas de trabalho e garantirem suporte ao contínuo crescimento do setor pro-
dutivo da nação.
O Sistema itb de Aprendizado Profissional privilegia o desenvolvimento do estudante a
partir de competências profissionais requeridas pelo mundo do trabalho. Está direcionado
a você, interessado na construção de uma formação técnica que lhe proporcione rapida-
mente concorrer aos crescentes postos de trabalho.
No Sistema itb de Aprendizado Profissional o estudante encontra uma linguagem clara
e objetiva, presente no livro didático, nos slides de aula, no Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem e nas videoaulas. Neste material didático, um verdadeiro diálogo estimula a leitura, o
projeto gráfico permite um estudo com leveza e a iconografia utilizada lembra as modernas
comunicações das redes sociais, tão acessadas nos dias atuais.
O itb pretende estar com você neste novo percurso de qualificação profissional, con-
tribuindo decisivamente para a ampliação de sua empregabilidade. Por fim, navegue no
Sistema itb: um estudo prazeroso, prático, interativo e eficiente o conduzirá a um posicio-
namento profissional diferenciado, permitindo-lhe uma atuação cidadã que contribua para
o seu desenvolvimento pessoal e do seu país.
Palavra do professor autor
Seja bem-vindo ao mundo do Direito Ambiental!

Direito Ambiental
O nosso estudo é responsável por toda a regulamentação legal sobre o meio ambiente
no Brasil, tratando desde a sua proteção e preservação, até as formas de uso sustentável
dos recursos naturais. Daí sua grande importância para todos os níveis educacionais.

Você perceberá que o Direito Ambiental é uma área multidisciplinar, por envolver con- 11
ceitos de diversos campos do conhecimento, em especial, da Biologia, da Geologia, da
Ecologia e da Geografia, o que a faz ainda mais prazerosa e instigante!

De um modo geral, vamos conhecer os principais institutos do Direito Ambiental, os pro-


blemas enfrentados na gestão do meio ambiente e como proceder para garantir a proteção
e o equilíbrio ambiental dos ecossistemas em que vivemos.

Está dada a largada para um novo mundo de descobertas fascinantes! Bons estudos!.
Direito Ambiental

12
Apresentação das competências
Nosso estudo de Direito Ambiental permitirá que você esteja apto, ao final, a con-

Direito Ambiental
textualizar e atuar na dinâmica que envolve os principais fenômenos jurídicos no âm-
bito da proteção ao meio ambiente. Para isso, nós buscamos dividir didaticamente o
conteúdo em seis competências, trabalhando em cada uma delas uma habilidade que
componha a sua formação humanística e técnica, no que se refere ao tema central
deste estudo: meio ambiente. 13
Então, vejamos: na primeira competência, você irá contextualizar a estrutura políti-
ca do nosso país e conhecer a importância da participação popular no surgimento das
nossas políticas públicas.
Em seguida, na segunda competência, você interpretará as principais leis de prote-
ção ao meio ambiente: a Constituição Federal e a Política Nacional do Meio Ambiente.
Faremos uma leitura crítica dos princípios constitucionais e dos institutos jurídicos
fundamentais para o alcance da proteção ambiental.
Já na terceira competência você irá analisar e discutir, criticamente, os danos cau-
sados as nossas florestas, investigando os instrumentos jurídicos adequados a sua
reparação, pois iremos examinar o Código Florestal e a Lei da Mata Atlântica. Nesta
competência vamos nos apropriar dos conceitos de áreas de preservação permanen-
tes e reservas legais. Além disso, reconheceremos a importância da preservação das
nossas florestas.
Na próxima competência, a quarta, você irá analisar criticamente o que vem a ser
o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e suas principais funções no
tocante à preservação dos ecossistemas e da biodiversidade para a manutenção da
qualidade de vida da população.
Dando prosseguimento, na quinta competência você terá a oportunidade de inter-
pretar a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), bem como realizar uma refle-
xão analítica sobre os eventos hidrológicos críticos que assolam o planeta, reconhecen-
do sua participação como agente de preservação desse recurso fundamental à vida,
a água.
Por fim, na sexta e última competência você irá contextualizar o Estatuto da Cidade
e um de seus principais instrumentos, o Plano Diretor, através de estudos, debates e
pesquisas da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Vamos em frente?
Direito Ambiental

14
Competência
01
Contextualizar a estrutura
política brasileira
Contextualizar a estrutura
política brasileira
Aqui no Brasil são bastante comuns críticas negativas a respeito da nossa política e dos
nossos governantes. Questionamos, por exemplo, o funcionamento do sistema de trans-
porte, os benefícios financeiros concedidos aos políticos e as condições atuais da educa-
ção e da saúde. Mas, será que nós conhecemos bem a realidade política brasileira a ponto
de sugerir melhores soluções para os problemas que enfrentamos? E ainda, será que você
conhece a estrutura política do nosso país?

Esse conhecimento é fundamental na construção do pensamento crítico de uma socie-


dade, pois será através dele que iremos identificar as raízes históricas da nossa formação
política, compreender melhor o funcionamento das instituições e conhecer as atribuições
legais dos governantes.

Direito Ambiental
E quanto a nós, será que temos algum papel no quadro político brasileiro? Vamos
descobrir?

Para isto, nesta competência você estudará a relação entre as políticas públicas brasi-
leiras e a participação popular, mediante o exercício de importantes institutos jurídicos: a 17
cidadania e a democracia.

Para ajudar a compreender bem essa relação, vamos começar por uma exposição so-
bre a Teoria Política, passando pela organização político-administrativa do nosso país, do
seu estado e da sua cidade.

Mãos à obra!

A estrutura política de nosso país


Ao iniciarmos o estudo a respeito da Teoria Política brasileira é importante conhecer o
conceito da palavra “política”, a qual, conforme o Novo Dicionário Aurélio pode ser retratada
sob diversos aspectos, quais sejam: econômico, governamental, eletivo e de civilidade.

O que é Política? 1. Ciência dos fenômenos referentes ao Estado; ciência política.


2. Sistema de regras respeitantes à direção dos negócios públicos. 3. Arte de bem
governar o povo. 4. Conjunto de objetivos que informam determinado programa
de ação governamental e condicionam a sua execução. 5. Princípio doutrinário
que caracteriza a estrutura constitucional de um Estado. 6. Posição ideológica a
respeito dos fins do Estado. 7. Atividade exercida na disputa de cargos de governo
ou no proselitismo partidário. 8. Habilidade no trato das relações humanas (FER-
REIRA, 2001, extraído da internet).

Neste tópico, nós iremos conhecer a atual estrutura política do Brasil através da identi-
ficação do sistema de regras que direcionam a organização do Estado e a composição do
Governo brasileiro.

Quanto à organização do Estado, um país pode apresentar duas formas de organização


territorial: estado unitário e estado federativo. Na primeira, há apenas uma entidade cen-
tral e única, sem subdivisões territoriais, a exemplo de França, Portugal, Holanda e Uruguai.
Direito Ambiental

Por outro lado, no estado federativo há subdivisões autônomas, dotadas de governo


próprio, porém a autoridade superior é do governo central. O que caracteriza o Estado
federal é a coexistência de dois governos distintos: o federal e o estadual (MALUF, 1999).

O Brasil é um exemplo de estado federativo, sendo constituído por subdivisões adminis-

18 trativas autônomas (Estados, Municípios e Distrito Federal), cujo poder superior é exercido
pela União Federal, a qual detém com exclusividade a representatividade da soberania
brasileira.

Importante
Conceito de soberania: é o supremo poder ou poder político de um es-
tado, que nele reside como um atributo de sua personalidade suprema.
Já Soberania Nacional é a denominação que vem firmar o conceito de-
mocrático, em virtude do qual a soberania atribuída ao Estado pertence
ao próprio povo, constituído em nação. Neste particular, pois, a soberania
nacional advém da soberania do povo, escolhendo sua forma de governo
e instituindo as bases da política do Estado, a que se dá a organização
política (SILVA, 2000, p. 763).
Quanto à organização governamental (formas de governo), temos também duas sub-
divisões básicas: a monarquia e a república. A diferença fundamental entre elas está na
origem do poder: enquanto que na monarquia o poder é transmitido ao longo da linha
sucessória e, geralmente, acompanha os laços familiares (hereditariedade), o acesso ao
poder na república não está restrito aos pertencentes a certa linhagem hereditária. Neste
caso, o representante é escolhido pelo povo, através de eleições periódicas (eletividade e
temporalidade do Governo).

Nas lições de Sahid Maluf (1999, p. 178) a monarquia se subdivide em: absoluta,
constitucional e parlamentar. A monarquia absoluta “é aquela que todo o poder
se concentra na pessoa do monarca. Exerce-o, por direito próprio, as funções de
legislador, administrador e supremo aplicador da Justiça”. Já na monarquia cons-
titucional, o poder do monarca é limitado ao exercício do poder executivo, uma vez
que os demais poderes, legislativos e judiciários, são exercidos por instituições in-
dependentes. Na monarquia parlamentar, o poder do monarca é ainda mais limita-

Direito Ambiental
do, pois ele não exerce função de governo, “o Rei reina, mas não governa” (MALUF,
1999, p. 179). O poder executivo é exercido pelo Primeiro Ministro (ou Conselho de
Ministros) que responde diretamente ao Parlamento.

19
De acordo com o professor Machado Paupério (1969 apud MALUF, 1999, p. 179),
“existirá República toda vez que o poder pertencer ao povo ou a um parlamento que o
represente.” Para uma República ser constituída, são necessárias três condições funda-
mentais: um número razoável de pessoas; uma comunidade de interesses e de fins; e
um consenso do Direito.

Curiosidade
Você sabia que o Brasil já foi uma monarquia? Isso mesmo! Entre os anos
de 1822 e 1889, o Brasil foi governado por uma Monarquia Constitucional,
cujos Imperadores foram Dom Pedro I e Dom Pedro II, respectivamente.

Maquiavel, pensador italiano responsável pela divisão dualista das formas de governo,
costumava afirmar que a Monarquia era o governo da minoria, enquanto a República o
governo da maioria (MALUF, 1999, p. 177).
Internet
Conheça quem foi Maquiavel e entenda o papel desempenhado por este
grande pensador iluminista ao longo da história: <http://www.brasilesco-
la.com/sociologia/ciencia-politica-maquiavel.htm>.

São exemplos de Estados Monárquicos: Reino Unido, Canadá, Dinamarca, Espanha,


Japão e Suécia. São exemplos de Estados Republicanos: Brasil, Estados Unidos, Alemanha,
Portugal e França.

Atividade 01
Direito Ambiental

Faça uma pesquisa sobre as formas de estado e de governo de três países


que não foram trazidos nos exemplos acima. Compartilhe suas descober-
tas em nosso fórum!

20
Podemos concluir até agora, que o Brasil é um estado federativo (forma de estado) e
republicano (forma de governo). Razão pela qual é denominado oficialmente como Repú-
blica Federativa do Brasil.

Separação dos poderes


Não podemos entender a estrutura política do nosso país sem conhecermos outro im-
portante aspecto da Teoria Política: a organização dos poderes. Aqui vamos identificar o
papel que nossos governantes (presidente, governadores, prefeitos, deputados, senadores
e vereadores) podem assumir diante das suas verdadeiras atribuições.

No Brasil, adota-se a célebre “separação dos poderes”, que consiste em distinguir


três funções estatais: administração, legislação e jurisdição. Estas funções correspon-
dem aos três poderes constituídos: Executivo, Legislativo e Judiciário, todos harmôni-
cos e independentes entre si, ou seja, não há hierarquia, nem subordinação entre eles
(MORAES, 2002).
Curiosidade
Charles de Montesquieu, grande pensador político do Iluminismo, ficou
famoso pela teoria da separação dos poderes. Leia mais sobre ele e sobre
a separação dos poderes no site <http://www.brasilescola.com/politica/
tres-poderes.htm>.

Dessa forma, para que a independência entre os poderes seja assegurada, é im-
prescindível a existência de regras que informem quais são as suas respectivas atribui-
ções (competências). Em nosso país, essas normas estão presentes na Constituição
Federal de 1988.

Você conhece a Constituição Federal brasileira? A Constituição é a lei fundamental

Direito Ambiental
e suprema de um Estado, que contém normas referentes a sua estruturação, for-
mação dos poderes públicos, forma de governo, organização do poder de governar,
distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos (MORA-
ES, 2002, p. 36). Acesse ao site: <http://www.planalto.gov.br> e faça o download
da Constituição Federal de 1988. 21

Figura 1 – Constituição Federal de 1988


Fonte: <http://abelhudonews.blogspot.com.br/2009/10/hoje-na-historia-21-anos-da.html>. Acesso em: 15 set. 2014.

Para sua melhor compreensão a respeito da organização dos poderes no Brasil,


apresento um quadro destacando os três poderes, suas respectivas competências e
representantes legais:
PODERES
COMPETÊNCIAS REPRESENTANTES LEGAIS
CONSTITUÍDOS

Executivo Administrar a coisa pública, isto é,


exercer um papel ativo na condu- O presidente da República, os governado-
ção e operacionalização da gestão res dos estados e os prefeitos municipais.
pública e, também, executar as leis.
Os membros do Congresso Nacional (sena-
dores e deputados federais), das Assem-
Legislativo Criar as leis.
bleias Legislativas (deputados estaduais) e
das Câmaras Municipais (vereadores).

Órgãos que compõem a organização da


justiça: o Supremo Tribunal Federal, o
Garantir o cumprimento das leis
Judiciário Conselho Nacional de Justiça, o Superior
como forma de pacificar os conflitos
Tribunal de Justiça, os Tribunais Federais,
sociais.
do Trabalho, Eleitorais, Militares e os Tri-
bunais Estaduais, além dos juízes fede-
rais e estaduais, de um modo geral.

Quadro 1 – Os três poderes, suas competências e representantes legais


Direito Ambiental

Fonte: autoria própria (2014).

É importante, finalmente, destacar que a separação dos poderes do Estado representa


um grande avanço para a manutenção do Estado Democrático, pois a concentração de poder
em uma única esfera poderá representar o retorno ao Estado Ditatorial (MORAES, 2002).
22

Importante
Estado Democrático é a expressão utilizada para designar que o governo
de determinado Estado se constitui nos moldes da democracia, ou seja,
o poder é do povo, que o expressa através do voto, elegendo os seus re-
presentantes, seja diretamente ou indiretamente. No Estado Ditatorial, a
participação do povo é minimizada (às vezes até anulada), não havendo
nenhuma forma de eleição e concentrando excessivamente o poder nas
mãos dos mandatários.

As políticas públicas
Agora que você já conhece a organização política brasileira, é chegada a hora de conhe-
cer também a forma de concretização das ações de governo dos nossos representantes,
as chamadas políticas públicas.
As políticas públicas representam o conjunto das ações de governo que buscam efetivar
direitos assegurados aos cidadãos e considerados prioritários num dado momento históri-
co. São exemplos as ações voltadas à educação, à saúde e ao meio ambiente.

Processo de surgimento das políticas públicas e o exercício da


Cidadania
As políticas públicas podem ser formuladas tanto pelo Poder Executivo, quanto pelo Poder
Legislativo, seja por iniciativa própria ou mediante demandas e propostas da sociedade. A par-
ticipação da sociedade na formulação das políticas públicas é essencial e, por isso, muitas leis
já trazem a obrigatoriedade da participação popular no seu processo de criação. Exemplo disso
é a Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, conhecida como “Estatuto das Cidades”, que esta-
belece a gestão democrática por meio da participação da população e de associações repre-
sentativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento
de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano (BRASIL, 2001).

Direito Ambiental
Internet
Conheça um pouco mais sobre a sociedade civil em: <http://pensadoresbra-
23
sileiros.home.comcast.net/~pensadoresbrasileiros/RobertoCampos/a_
sociedade_civil.htm>.

A participação popular deve ser assegurada mediante a realização de audiências pú-


blicas, em que deverão ser apresentados e discutidos os planos, programas e projetos de
determinados setores. Neste contexto, o exercício da Cidadania, além de ser um direito, é
um dever de participação popular nas decisões políticas da sociedade, através do qual se
legitima as deliberações dos nossos governantes.

Atividade 02
Assista a uma Audiência Pública sobre uma questão ambiental na Câmara
Municipal da sua cidade e elabore um texto crítico relacionando os concei-
tos de cidadania, democracia e poderes constituídos, atrelados ao meio am-
biente. Compartilhe seu texto no nosso fórum e discuta com seus colegas!
Você pode estar se perguntando: por que todas essas informações são importantes no
estudo de Direito Ambiental?

Conhecer a estrutura política do nosso país é enriquecedor para qualquer cidadão bra-
sileiro, pois também faz parte do exercício da cidadania o conhecimento dos nossos direito
e deveres perante a sociedade em que vivemos. Para você, operador da proteção conferida
ao meio ambiente, esse aprendizado se torna ainda mais importante, uma vez que ao
técnico em meio ambiente, entre outras práticas, caberá a operacionalização de toda uma
estrutura legal e administrativa a serviço do meio ambiente.

Assim, é imprescindível para o técnico em meio ambiente o conhecimento da organiza-


ção administrativa dos poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário), de forma
a reconhecer a competência de atuação e os limites de cada um deles, pois você poderá
atuar como agente licenciador junto a um órgão ambiental (Poder Executivo), poderá tam-
bém trabalhar a serviço da justiça como perito ambiental (Pode Judiciário) e até mesmo
trabalhar como consultor ambiental na elaboração de políticas públicas e na legislação
ambiental (Poder Legislativo).
Direito Ambiental

Veja o quanto será diversificada a sua atuação no mundo profissional. Mantenha-se


firme nos estudos e siga avante!

24 Resumo
Nesta competência, você construiu a habilidade necessária para contextualizar a es-
trutura política brasileira, através da Teoria Política que estuda a organização do Estado,
do Governo e da Sociedade; e identificou que a organização territorial do Estado pode ser
federativa ou unitária. Observou também que na federação, como é o caso do Brasil, o
Estado é composto por subdivisões administrativas (estados, municípios e distrito federal)
autônomas. Porém, é importante lembrar-se que o poder central é exercido pela União Fe-
deral. Já o exercício do Governo pode se dar através da Monarquia ou da República, sendo
a primeira constituída através de uma linha sucessória e vitalícia, enquanto que a Repúbli-
ca é dotada de eletividade e temporalidade.

Em seguida, você também aprendeu que a separação dos poderes constitui um ins-
trumento essencial para a concretização da democracia e que no Brasil adota-se a trípli-
ce separação de poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Viu também que as políticas
públicas correspondem às ações de governo dos nossos representantes, as quais podem
advir dos Poderes Executivo e Legislativo ou, ainda, da participação direta da população
através da apresentação de projetos, programas ou planos aos seus representantes elei-
tos. Neste sentido, é de suma importância que você reflita sobre até que ponto os temas
aqui estudados têm reflexos no seu cotidiano profissional e pessoal, buscando agir como
um cidadão comprometido com a comunidade onde vive.

Autoavaliação
1. A República Federativa do Brasil tem como forma de Estado:

a) Estado Democrático de Direito;

b) Estado Federal;

c) Estado Unitário;

d) Estado Republicano.

2. Assinale a alternativa incorreta, em relação à Constituição atual:

a) A forma federativa de Estado é característica de nosso país;

Direito Ambiental
b) O regime de governo Presidencialista não se constitui em cláusula pétrea;

c) O Município não é entidade federativa;

d) A soberania é um dos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil.

25
3. O Governo Republicano tem como traços distintivos:

a) O acesso do povo ao poder;

b) A eletividade dos mandatários e a vitaliciedade dos mandatos eletivos;

c) A vitaliciedade e a hereditariedade;

d) A centralização das decisões políticas e administrativas.

4. A República, Federação e Presidencialismo são, para a Constituição de 1988, respecti-


vamente:

a) Forma de Governo, forma de Estado, sistema de Governo;

b) Forma de Estado, sistema de Governo, regime de Governo;

c) Sistema de Governo, regime de Governo, forma de Estado;

d) Forma de Estado, regime de Governo, sistema de Governo.


5) A Constituição originada de órgão composto por representantes do povo, eleitos direta-
mente não pode ser chamada de:

a) Votada;

b) Promulgada;

c) Outorgada;

d) Popular.
Direito Ambiental

26
Competência
02
Interpretar as principais leis
de proteção ao meio ambiente
Interpretar as principais
de proteção ao meio ambiente

Agora que você já conhece a organização do Estado brasileiro e as atribuições inerentes a


cada um dos Poderes Constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário), vamos analisar juntos,
a base legal de proteção ao meio ambiente, conhecer quais os instrumentos de atuação do
Poder Público e da sociedade na busca de um verdadeiro desenvolvimento sustentável.

A Constituição brasileira e o meio ambiente


Estudamos na primeira competência o conceito e a importância da Constituição Fede-
ral. Vale lembrar-se que é ela a nossa principal lei, e de onde parte toda a organização do

Direito Ambiental
ordenamento jurídico de um Estado (leis, decretos, portarias, instruções normativas).

Curiosidade 29
O Brasil, desde a sua independência, teve sete Constituições: as de 1824,
1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. Alguns consideram como uma
oitava Constituição a Emenda nº 1, outorgada pela junta militar, à Consti- Paradigma: mode-
tuição Federal de 1967, que teria sido a Constituição de 1969. No entanto, lo, padrão. Algo que
vai servir de exem-
a história oficial considera apenas sete (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, plo numa determi-
2008, extraído da internet). nada situação. São
regras orientadoras
estabelecidas
previamente e que
servirão de limites
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 foi a primeira Constituição dentro de um
determinado grupo
Brasileira a trazer a expressão “meio ambiente” (MACHADO, 2009). Até o momento de (Fonte: <http://
sua promulgação, em 5 de outubro de 1988, a proteção ao meio ambiente tinha passa- www.significados.
com.br/paradig-
do à margem de todas as constituições anteriores. Essa importante inovação foi fruto ma/>. Acesso em:
da mudança de paradigma da nossa sociedade que, a partir da metade do século XX, 01 set. 2014.).

começou a enxergar a proteção ambiental como condição essencial à sadia sobrevi-


vência humana na terra.

Muitos autores, entre eles Édis Milaré (2005), denominam a Constituição de 1988
como “Constituição Verde”, em razão do destaque que foi dado às normas de proteção do
meio ambiente. As disposições sobre meio ambiente nessa Constituição estão previstas
em diversos títulos e capítulos, mas essencialmente no Título VIII, Capítulo VI, Artigo 225.

Internet
Acesse ao site do Planalto e faça a leitura completa do Artigo 225 da nossa
Constituição. Vamos lá? Acesse: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicaocompilado.htm>.

Pela leitura do dispositivo constitucional, o meio ambiente ecologicamente equilibrado


pode ser conceituado como um direito de todos, de natureza coletiva (bem comum do
povo) e essencial à sadia qualidade de vida, impondo a responsabilidade compartilhada
Direito Ambiental

do cidadão e do Poder Público pela sua defesa e proteção (MILARÉ, 2005).

30
Importante
O meio ambiente ecologicamente equilibrado é o resultado da conjuga-
ção equilibrada entre a preservação dos bens ambientais (água, fauna,
flora, ar, solo) e a fruição pelo homem de forma consciente.

Destaquei o termo “responsabilidade compartilhada” para chamar a sua atenção ao


conteúdo que nós já estudamos. Está lembrado? Não custa nada refrescar a memória e
fazer uma nova leitura, associando ao conceito de cidadania (estudado na competência
anterior) com a responsabilidade do cidadão em garantir a proteção do meio ambiente.

Agora que você já relembrou o conceito de cidadania e o relacionou ao dever da par-


ticipação popular na proteção ambiental, será fácil compreender que “o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado” possui natureza coletiva, em razão dele se en-
quadrar na categoria daqueles direitos que ultrapassam a esfera puramente individual,
pois os efeitos de uma degradação ambiental possuem reflexos em toda a coletividade
(MIRANDA, 2010).
Figura 2 – O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado
Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/-7OxPAbGrjBc/Td_-w9bgVQI/AAAAAAAABuc/
XrWBVEi1Ls4/s400/ponte+f%25C3%25A9rrea+sobre+o+Ca%25C3%25AD+-
-+a%25C3%25A9rea.jpg >. Acesso em: 15 set. 2014.

Direito Ambiental
Imagine, por exemplo, o lançamento de esgoto em um rio. Agora, responda: o prejuízo
será apenas para aquele indivíduo que fez o lançamento irregular ou para toda a popula-
ção? É bem evidente que o efeito dessa degradação vai atingir toda a coletividade, princi-
palmente aos moradores da localidade ribeirinha, podendo, inclusive, atingir a população
de outras cidades, já que a poluição poderá ser levada pelo curso das águas até quilôme-
31
tros de distância do local do lançamento daquela poluição.

Atividade 01
Faça uma pesquisa sobre a poluição de rios e lagos por lançamento irre-
gular de esgoto. Anote os principais dados da pesquisa: cidade, nome do
rio, alcance e efeitos da poluição sobre a população atingida e compartilhe
suas impressões em nosso fórum.

O desenvolvimento sustentável na constituição


O princípio do desenvolvimento sustentável foi conceituado pela primeira vez no Re-
latório de Brundtland, em 1987, como “aquele que atende às necessidades da presente
geração sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas
próprias necessidades” (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVI-
MENTO, 1988, p. 46).

Internet
Acesse ao site <http://www.onu.org.br/a-onu-em-acao/a-onu-e-o-meio-
-ambiente/> e leia sobre a importância do Relatório de Brundtland: Nos-
so Futuro Comum, que trouxe o conceito de desenvolvimento sustentável
para a agenda global.

Pois bem, o desenvolvimento sustentável está ligado à ideia de manutenção das condi-
ções de salubridade do meio ambiente para que as próximas gerações possam desfrutar
Salubridade: con- as mesmas condições ambientais que nós (a atual geração) dispomos.
Direito Ambiental

dição ou situação
(visivelmente am- Nesse sentido, para alcançarmos o verdadeiro desenvolvimento sustentável temos que
biental) que não
nos considerar como parte integrante da proteção ambiental. O princípio 04 da Declaração
afeta (pelo menos
não de maneira da ECO 92 é bastante claro: “para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção
potencial) a saúde
ambiental constituirá parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser
32 dos indivíduos
presentes. considerada isoladamente deste.” (Fonte: <http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/
rio92.pdf>. Acesso em: 01 set. 2014).

Curiosidade
Rio 92 ou ECO 92 foi a II Conferência das Nações Unidas sobre meio am-
biente e desenvolvimento humano, realizada em 1992, no Rio de Janeiro,
com objetivo principal de discutir sobre o desenvolvimento sustentável e
o processo de degradação ambiental. O evento contou com a participação
de governantes de diversas nações e resultou na aprovação de acordos,
programas e protocolos assumidos pelos países signatários. O mais impor-
tantes deles, a chamada Agenda 21, se comprometia com a promoção, em
escala planetária, de um novo padrão de desenvolvimento para o século
XXI, abrangendo os aspectos de proteção ambiental, justiça social e efici-
ência econômica.
Devemos nos lembrar, ainda, que falar em desenvolvimento sustentável requer a conju-
gação e interação de três pilares fundamentais: desenvolvimento econômico, desenvolvi-
mento social e preservação do meio ambiente. Sem esses três pilares, a sustentabilidade
não se concretiza.

Direito Ambiental
Figura 3 – Os três pilares fundamentais para o desenvolvimento sustentável
Fonte: <http://www.engenhariaemsolucoes.com.br/wp-content/uploads/2012/05/
Desenvolvimento-sustentavel-300x162.jpg>. Acesso em: 15 set. 2014.

Frederico Amado (2012, p. 57, grifo nosso) nos lembra de uma questão bas- 33
tante importante:

[...] as necessidades humanas são ilimitadas (fruto de um consumismo


exagerado incentivado pelos fornecedores de produtos e serviços ou
mesmo pelo Estado), mas os recursos ambientais naturais não, tendo
o Planeta Terra uma capacidade máxima de suporte, sendo crucial bus-
car a sustentabilidade.

Édis Milaré (2005, p. 65-68), citando a publicação da ONU intitulada Cuidando do Pla-
neta Terra: uma estratégia para o futuro da vida (1991), enumera os seguintes princípios
da vida sustentável:

1 – Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos;

2 – Melhorar a qualidade da vida humana;

3 – Conservar a vitalidade e a diversidade do planeta;

4 – Minimizar o esgotamento de recursos não renováveis;


5 – Permanecer nos limites da capacidade de suporte do Planeta Terra;

6 – Modificar atitudes e práticas pessoais;

7 – Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio meio ambiente;

8 – Gerar uma estrutura nacional para a integração de desenvolvimento e conservação;

9 – Construir uma aliança global.

Diálogos
Com base nos princípios acima apresentados, compartilhe a sua reflexão
sobre o assunto com seus colegas em nosso fórum, no seu Ambiente Vir-
tual de Aprendizagem (AVA). Apresente exemplos de práticas sustentáveis
adotadas por você e seus familiares em suas atividades cotidianas.
Direito Ambiental

A Política Nacional do Meio Ambiente


34 A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) foi instituída pela Lei Federal nº 6.938, de
31 de agosto de 1981, e constitui um marco normativo do Direito Ambiental, pois inegavel-
mente representa um passo precursor na busca pela proteção ambiental em nosso país.

No art. 4º, da Lei nº 6.938/81, encontramos os objetivos específicos deste importante


diploma legal. Ela visará:

I – À compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da quali-


dade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

II – À definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equi-


líbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Territórios e dos Municípios;

III – Ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relati-


vas ao uso e manejo de recursos ambientais;

IV – Ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso


racional de recursos ambientais;
V – À difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e infor-
mações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de
preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;

VI – À preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas a sua utilização


racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio
ecológico propício à vida;

VII – À imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os


danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais
com fins econômicos. (BRASIL, 1981, extraído da internet).

Frederico Amado (2012, p. 90) nos ensina que “já no ano de 1981 se plantou legal-
mente no Brasil a semente do desenvolvimento sustentável, pois a PNMA, desde então,
prevê entre seus objetivos a compatibilização do desenvolvimento econômico com a pre-
servação ambiental”.

Direito Ambiental
Para alcançar os objetivos estabelecidos no Art. 4º, a PNMA, em seu Art. 9º, enumera
o licenciamento ambiental como um dos instrumentos indispensáveis para o controle e
proteção do nosso meio ambiente. Mas, você sabe o que é o licenciamento ambiental?
Segundo a PNMA, o licenciamento é o procedimento administrativo por meio do qual se
avalia a localização e se autoriza a implantação e operação de determinada atividade ou 35
empreendimento considerado efetivo ou potencialmente causador de poluição ou degra-
dação ambiental.

Importante
É obrigação do empreendedor, prevista em lei, buscar o licenciamento
ambiental da sua atividade junto ao órgão competente, desde as etapas
iniciais de seu planejamento até a sua efetiva operação.

A licença ambiental, resultado do procedimento de licenciamento ambiental, é o docu-


mento emitido pelo órgão ambiental que condicionará a atividade e/ou empreendimento
licenciado de modo a prevenir eventuais danos ou degradação ambiental.
Internet
Entre no site do CONAMA e faça a leitura completa da Resolução nº 237/97,
que dispõe sobre as normas de licenciamento ambiental: <http://www.
mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html>.

O licenciamento ambiental possui três fases distintas, cada uma delas corresponderá a
um tipo específico de licença ambiental. Acompanhe abaixo:

FASE PRELIMINAR Licença Prévia

A primeira delas é a fase preliminar, em que o órgão ambiental analisará o planejamen-


to do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando
a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem
Direito Ambiental

atendidos nas próximas fases de sua implementação.

FASE DE INSTALAÇÃO Licença de Instalação

Nesta fase, o órgão licenciador autoriza a instalação do empreendimento ou atividade


36 de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados,
incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem
motivo determinante.

FASE DE OPERAÇÃO Licença de Operação

Aqui será autorizada a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação


do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de contro-
le ambiental e condicionantes determinados para a operação. (CONSELHO NACIONAL DO
MEIO AMBIENTE, 1997, extraído da internet).

Curiosidade
A instalação e operação de atividade sujeita ao licenciamento ambiental
sem a respectiva licença ambiental é considerada crime ambiental pelo
artigo 60 da Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as
sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesi-
vas ao meio ambiente. Acesse a Lei de Crimes Ambientais no link a seguir:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm>.

Vamos fixar esse importante conceito? Licença Ambiental é o ato administrativo pelo
qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de con-
trole ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídi-
ca, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras
dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas
que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental (CONSELHO NACIONAL DO
MEIO AMBIENTE, 1997).

Por falar em degradação ambiental, a PNMA também nos traz o seu respectivo concei-
to, junto ao de poluição. Vejamos:

Direito Ambiental
Degradação da qualidade ambiental: a alteração adversa das características do
meio ambiente. Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de ati-
vidades que direta ou indiretamente: 37
a) Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) Afetem desfavoravelmente a biota;

d) Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabe-


lecidos. (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, 1997).

Vejamos alguns infelizes exemplos de degradação ambiental. Na primeira imagem, ve-


mos a degradação de um curso d’água pelo acúmulo de resíduos em sua superfície. A
segunda imagem retrata duas tristes realidades: a existência em nosso país dos “lixões” e
o problema social dos catadores de lixo. A terceira imagem traz a questão do controle das
emissões atmosféricas, que é crucial para frear o aquecimento global.
Figura 4 – Degradação de um curso d’água
Fonte: <http://oglobo.globo.com/fotos/2011/06/06/06_MHG_lixo_Rio.jpg>.
Acesso em: 15 set. 2014.
Direito Ambiental

38

Figura 5 – “Lixão”
Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/-AAlF5SyQFIg/UJvA7LYNm2I/AAAAAAAAAFU/
aZj1Qazpbek/s1600/
LIX%C3%83O.jpg>. Acesso em: 15 set. 2014.

Figura 6 – Controle das emissões atmosféricas


Fonte: <http://eco4u.files.wordpress.com/2013/04/poluicao-do-ar.jpg>.
Acesso em: 15 set. 2014.
Atividade 02
Com base no que estudamos até aqui, explique com suas palavras a se-
guinte equação: atividade econômica + licenciamento ambiental = susten-
tabilidade ambiental. Compartilhe sua resposta em nosso fórum.

Outra importante inovação da PNMA foi a criação do Sistema Nacional do Meio Ambien-
te (SISNAMA), que detém a competência para efetivar a Política Nacional do Meio Ambien-
te, formado por todas as instâncias ambientais da federação (união, estados e municípios),
com a seguinte estrutura:

I – Órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da

Direito Ambiental
República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o
meio ambiente e os recursos ambientais;

II – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),


com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes
39
de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais, e deliberar,
no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio am-
biente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;

III – Órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a fina-
lidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política
nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;

IV – Órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re-
nováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Instituto
Chico Mendes), com a finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes go-
vernamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências;

V – Órgãos seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de


programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a
degradação ambiental;

VI – Órgãos locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fis


calização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições (Fonte: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8028.htm>. Acesso em: 01 set. 2014).
Dentre a estrutura apresentada, o CONAMA é sem dúvida a esfera de maior projeção do
SISNAMA, pois ele representa um verdadeiro parlamento ambiental brasileiro, em que são
apreciadas e votadas as propostas de regulação do setor ambiental do país, as conhecidas
Resoluções do CONAMA.

Internet
Entre no site do Ministério do Meio Ambiente e acesse as Resolu-
ções do CONAMA: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano.
cfm?codlegitipo=3>.

Resumo
Direito Ambiental

Nesta competência, você conheceu a importância da Constituição Brasileira de 1988,


para o meio ambiente, conhecida como “Constituição Verde” em razão do destaque que
foi dado às normas de proteção ambiental, tendo inaugurado na história da constituição
brasileira, um capítulo próprio para o meio ambiente.
40
Viu também que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado possui natu-
reza coletiva e difusa, isso porque ultrapassa a esfera puramente individual, já os efeitos
de uma degradação ambiental possuem reflexos em toda a coletividade. Estudou, ainda,
os pilares do desenvolvimento sustentável: o econômico, o social e o ambiental. Viu que
sem a conjugação desses três aspectos, o desenvolvimento sustentável não se concreti-
za. Em seguida, você também aprendeu que a Política Nacional do Meio Ambiente, insti-
tuída pela Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, constitui um marco normativo
do Direito Ambiental, pois inegavelmente representa um passo precursor na busca pela
proteção ambiental em nosso país, tendo como um dos seus principais instrumentos o
licenciamento ambiental.

Autoavaliação
1. Constituem-se pilares do desenvolvimento sustentável:

a) Desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e preservação do meio ambiente;

b) Desenvolvimento cultural, desenvolvimento social e desenvolvimento artístico;


c) Desenvolvimento econômico e desenvolvimento social apenas;

d) Preservação do meio ambiente natural e desenvolvimento social apenas.

2. O conceito de Desenvolvimento Sustentável parte da ideia de que:

a) Para sustentar o consumo da população mundial, a destruição do meio ambiente deve-


ria ser contida nos países pobres;

b) O atendimento às necessidades básicas das populações, no presente, não deve com-


prometer os padrões de vida das gerações futuras;

c) O padrão básico de vida humana tem esgotado os recursos naturais e a alternativa


seria rever o modo de viver nas grandes cidades;

d) O desenvolvimento industrial deve diminuir, amoldando-se um novo modo de vida às


gerações atuais e otimizando o uso de produtos artesanais.

Direito Ambiental
3. A Política Nacional de Meio Ambiente não possui como objetivo:

a) A compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da quali-


dade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

b) A definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilí- 41


brio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios;

c) O estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas


ao uso e manejo de recursos ambientais;

d) O fomento exclusivo ao desenvolvimento econômico relacionado ao extrativismo


florestal.

4. São órgãos do SISNAMA:

a) Conselho Nacional do Meio Ambiente e IBAMA;

b) Senado Federal e Câmara dos Deputados;

c) Ministério da Agricultura e IBAMA;

d) Congresso Nacional e Conselho Nacional do Meio Ambiente.


5. A Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República é um órgão do SISNAMA de
característica:

a) Central;

b) Executora;

c) Seccional;

d) Local.
Direito Ambiental

42
Competência
03
Analisar a proteção
legal conferida às florestas brasileiras
Analisar a proteção
legal conferida às florestas brasileiras
Nós já estudamos até aqui os principais fundamentos da Política Nacional do Meio
Ambiente. Nesta competência, iremos percorrer outro importante caminho: o exame da
proteção legal conferida as nossas florestas. Tema dos mais valiosos no Direito Ambiental,
pois, sem dúvida alguma, a manutenção da cobertura vegetal é imprescindível para a pró-
pria sobrevivência das espécies, inclusive, nós, seres humanos. Isso porque não há água
sem floresta, e não há floresta sem água! Essa união é indissolúvel. Portanto, sem uma
política florestal realmente eficiente não podemos falar em equilíbrio ecológico e nem em
desenvolvimento sustentável. Mãos à obra!

O Código Florestal Brasileiro

Direito Ambiental
O ano de 2012 foi marcado por inúmeros debates a respeito da publicação da Lei Fede-
ral nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que instituiu o novo Código Florestal e revogou a Lei
Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que tratava do tema até então.

As discussões envolvendo a questão demonstram a importância do debate no cenário 45


político e econômico do nosso país, haja vista que a proteção conferida às florestas afeta
diretamente o setor agropecuário brasileiro, que cada vez mais demanda espaços agricul-
táveis em áreas com cobertura vegetal nativa.

Na esfera jurídica, tanto o antigo (Lei nº 4.771/65) quanto o novo Código Florestal são
importantes instrumentos na manutenção da cobertura vegetal, pois regulam o uso e a
eventual remoção das florestas no Brasil.

Para alcançar esses objetivos, o Código Florestal de 1965 criou as Áreas de Preserva-
ção Permanentes (APPs), que incluem todas as formas de vegetação situadas nas mar-
gens de corpos d’água, nos topos de morros e encostas íngremes, entre outros. Nessas
áreas é proibido o desmatamento, salvo nos casos de utilidade pública, interesse social ou
baixo impacto. Foram criadas também as Reservas Legais (RL), que são porcentagens das
propriedades que devem manter a cobertura vegetal nativa.

O Código Florestal atualmente em vigor (Lei nº 12.651/2012) não trouxe modificações


significativas em relação aos conceitos de APP e RL, conforme veremos a seguir.
Entendendo a Lei sobre as Áreas de
Preservação Permanentes
A APP é um espaço territorial especialmente protegido e o seu conceito está definido no
Art. 2, Inciso II da Lei Federal n 12.651/2012:

Área de Preservação Permanente (APP): área protegida, coberta ou não por vege-
tação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisa-
gem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna
e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. (Fonte:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>.
Acesso em: 01 set. 2014).

Podemos observar que a função das APPs vai além da preservação da vegetação ou
da diversidade biológica (biodiversidade). De acordo com o Ministério do Meio Ambiente
Direito Ambiental

Diversidade bioló- (CAMPANILI; SCHAFFER, 2010, p. 285), as APPs “são áreas com atributos e características
gica ou biodiver-
sidade: “significa
ambientais especiais, cobertas ou não por vegetação nativa, que têm uma função ambien-
a variabilidade dos tal muito importante e abrangente, voltada, em última instância, a proteger espaços de re-
organismos vivos
de todas as origens
levante importância para a conservação da qualidade ambiental, e assim também garantir
46 e os complexos o bem-estar das populações humanas”.
ecológicos de que
fazem parte, com- As APPs estão descritas no artigo 4 do novo Código Florestal e têm incidência em todo
preendendo ainda
a diversidade den-
território brasileiro. Vamos conhecê-las e comentá-las.
tro das espécies,
entre espécies e
de ecossistemas”
(MILARÉ, 2005,
APPs 1
p. 318).
As primeiras APPs citadas no novo Código Florestal (BRASIL, 2012) são as faixas margi-
nais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde
a borda da calha do leito regular, em largura mínima de:

30 metros Cursos d’água de menos de 10 metros de largura;

50 metros Cursos d’água que tenham de 10 a 50 metros de largura;

100 metros Cursos d’água que tenham de 50 a 200 metros de largura;

200 metros Cursos d’água que tenham de 200 a 600 metros de largura;

500 metros Cursos d’água que tenham largura superior a 600 metros.

Quadro 2 – Faixas marginais dos cursos d’água


Fonte: Brasil (2012).
Aqui, o legislador protegeu a “mata ciliar”, ou seja, a vegetação que margeia os cursos
dos rios e tem como principais funções prevenir o assoreamento dos cursos d’água e res-
guardar a segurança das pessoas contra enchentes, auxiliando na absorção das águas
durante as cheias. É por isso que ela é chamada de “mata ciliar”, pois, assim como os
cílios protegem os nossos olhos contra os agentes externos que podem ser nocivos (como
sujeira, micro-organismos, luz solar excessiva), as “matas ciliares” protegem os rios das
agressões externas que podem ser nocivas à sua salubridade ambiental.

Direito Ambiental
Figura 7 – Faixa da APP ao longo de um curso d’água 47
Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/-XJEqnsDpxaI/T_HuNSBDxfI/AAAAAAAADTk/US-
GFY2Ghb8A/s640/mataciliar.jpg>. Acesso em: 15 set. 2014.

APPs 2
São as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:

100 metros Corpo d’água acima de 20 hectares de superfície em zona rural;

50 metros Corpo d’água com até 20 hectares de superfície em zona rural;

30 metros Para qualquer corpo d’água em zona urbana.

Quadro 3 – Larguras no entorno dos lagos e lagoas naturais


Fonte: Brasil (2012).

APPs 3
São as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramen-
to ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do
empreendimento.
O legislador optou por deixar a delimitação da metragem da APP dos reservatórios
artificiais para ser definida pelo órgão ambiental durante a fase de licenciamento am-
biental. Dessa forma, a dimensão da APP deverá constar na licença ambiental conce-
dida para a área.

APPs 4
São as APPs no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja
sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 metros.

Segundo Frederico Amado (2012, p. 193), “a nascente é o afloramento natural do len-


çol freático que apresenta perenidade e dá início a um curso d’água, ao passo que o olho
Perenidade: d’água é o afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente”.
permanente,
eterno, constante.
Intermitente: al-
ternado, salteado, APPs 5
interrompido por
Direito Ambiental

períodos. As encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na
linha de maior declive.

A importância dessas APPs reside, sobretudo, na prevenção de desastres envolvendo


a erosão do solo.
48

A erosão é o desgaste do solo e das rochas, assim como o seu transporte, pro-
vocado por água da chuva, vento ou ação do gelo.

A erosão acarreta a destruição das estruturas (areias, argilas, óxidos e húmus) que
compõem o solo, conduzindo os nutrientes e os sais minerais existentes para as partes
mais baixas do relevo. Em solos cobertos por vegetação, a erosão é quase inexistente, pois
a esta dificulta tal processo. Vale salientar que a erosão é um processo natural, sempre
presente e importante para a formação dos relevos. O problema acontece com a retirada
da vegetação, deixando o solo exposto e provocando uma erosão exagerada, o que pode
ocasionar na desertificação.

Muitas ações produzidas pelo homem apressam o processo de erosão, por exemplo:

- Ocupação do solo (impede grandes áreas de terrenos de absorver as águas, o que au-
menta o transporte de materiais, devido ao escoamento superficial);

- Avanço imobiliário em encostas (além de desmatamentos, provocam a erosão acelera-


da devido ao declive do terreno);

- Técnicas agrícolas inadequadas;

- Desmatamentos.

Como se vê, a erosão do solo pode ser evitada pela manutenção da vegetação nativa,
pois os fatores que a causam (tais como a chuva e o vento) serão minimizados pela pre-
sença da cobertura vegetal. Ela funciona como um obstáculo natural ao carreamento dos
sedimentos à base do morro ou montanha.

Direito Ambiental
49
Figura 8 – Ocupação irregular de uma encosta
Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/-tpgUSHx5DIk/TbGFS4Lbi8I/AAAAA
AAAAFE/Vf1ij_vNKvk/s1600/desabamento_RJ.jpg>. Acesso em: 15 set. 2014.

Atividade 01
Faça uma pesquisa sobre as principais catástrofes ambientais brasileiras cau-
sadas em decorrência da erosão do solo. Compartilhe seus resultados no AVA.

APPs 6
São as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues.

De acordo com o art. 3, Inciso XVI do novo Código Florestal (BRASIL, 2012), restinga é o
depósito arenoso paralelo à linha da costa, de forma geralmente alongada, produzido por
processos de sedimentação, onde se encontram diferentes comunidades que recebem
influência marinha, com cobertura vegetal em mosaico, encontrada em praias, cordões
arenosos, dunas e depressões, apresentando, de acordo com o estágio sucessional, estra-
to herbáceo, arbustivo e arbóreo, este último mais interiorizado.

Figura 9 – Paisagem do nosso litoral que retrata uma restinga


Fonte: <http://www.cabufa.com/fotos/cabo-frio/praias/pero/praia-pero-pon-
tal-01.jpg>. Acesso em: 15 set. 2014.
Direito Ambiental

APPs 7
As sétimas APPs citadas no novo Código Florestal são os manguezais, em toda a sua
extensão.

O mangue, conforme o art. 3, Inciso XIII, do novo Código Florestal (BRASIL, 2012), é o
50
ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação das marés, forma-
do por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se associa, predominantemente, a
vegetação natural conhecida como mangue, com influência fluviomarinha, típica de solos
limosos de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira,
entre os Estados do Amapá e de Santa Catarina.

Figura 10 – Manguezais em toda sua extensão são APPs


Fonte: <http://www.americaelementall.com/pt/noticias/tophd/manguezal-ilha-de-
-boipeba-bahia-brasil/>. Acesso em: 15 set. 2014.
Internet
Saiba mais sobre a importância dos manguezais, conhecidos como os
berçários da vida marinha, em: <http://www.mma.gov.br/biodiversidade/
biodiversidade-aquatica/zona-costeira-e-marinha/manguezais>.

APPs 8
São as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 metros em projeções horizontais.

A Resolução CONAMA 303, de 20 de março de 2002, conceitua os tabuleiros e chapa-


das da seguinte forma:

Direito Ambiental
[...] paisagem de topografia plana, com declividade média inferior a
dez por cento, aproximadamente seis graus e superfície superior a
dez hectares, terminada de forma abrupta em escarpa, caracterizan-
do-se a chapada por grandes superfícies a mais de seiscentos metros
de altitude. (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, 2002, extra-
ído da internet).
51
APPs 9
São as áreas no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de
100 metros e inclinação média maior que 25°. Elas são delimitadas a partir da curva de ní-
vel correspondente a 2/3 da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo
esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente
ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação.

Figura 11 – Topo de morro com a floresta preservada


Fonte: <http://www.miriamprochnow.com.br/wp-content/uploads/2010/06/
topo-de-morro-foto-Wigold.jpg>. Acesso em: 15 set. 2014.
APPs 10
São as áreas em altitude superior a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetação. Aqui
o objetivo é preservar a fauna e flora tão diferenciada no Brasil por habitar em elevadas
altitudes.

APPs 11
São as áreas em veredas (também conhecidas como “savanas brasileiras”), a faixa
marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 metros, a partir do espaço
permanentemente brejoso e encharcado.

As Áreas de Preservação Permanentes podem


ser ocupadas?
Em regra, não será possível a ocupação das áreas de preservação permanentes, jus-
Direito Ambiental

tamente em razão das suas importantes funções ecológicas. Todavia, excepcionalmente o


legislador permitiu a utilização dessas áreas para algumas atividades de utilidade pública,
de interesse social ou de baixo impacto ambiental, descritas abaixo, conforme a Lei nº
12.651, de 25 de maio de 2012 (BRASIL, 2012).
52

Utilidade pública
a) As atividades de segurança nacional e proteção sanitária;

b) As obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de trans-


porte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano,
aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia, telecomunica-
ções, radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições esportivas es-
taduais, nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto, neste último caso,
a extração de areia, argila, saibro e cascalho;

c) Atividades e obras de defesa civil;

d) Atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das funções


ambientais referidas no Inciso II deste Artigo;

e) Outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento


administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendi-
mento proposto, definido em ato do chefe do poder executivo federal.
Interesse social
a) As atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como
prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e
proteção de plantios com espécies nativas;

b) A exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou posse ru-


ral familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que não descaracterize a
cobertura vegetal existente e não prejudique a função ambiental da área;

c) A implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades educa-


cionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais consolidadas, observadas as
condições estabelecidas nesta Lei;

d) A regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados predominantemente


por população de baixa renda, em áreas urbanas consolidadas, observadas as condi-
ções estabelecidas na Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009;

e) Implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes

Direito Ambiental
tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes integrantes e essenciais da
atividade;

f) As atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas


pela autoridade competente;
53
g) Outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento
administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade pro-
posta, definido em ato do chefe do poder executivo federal.

Atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental


a) Abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando ne-
cessárias à travessia de um curso d’água, ao acesso de pessoas e animais para a
obtenção de água ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflo-
restal sustentável;

b) Implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes


tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água, quando couber;

c) Implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo;

d) Construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro;

e) Construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades qui-


lombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em áreas rurais, onde o abas-
tecimento de água se dê pelo esforço próprio dos moradores;

f) Construção e manutenção de cercas na propriedade;

g) Pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros requisitos previs-


tos na legislação aplicável;

h) Coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas,


como sementes, castanhas e frutos, respeitada a legislação específica de acesso a
recursos genéticos;

i) Plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produ-


tos vegetais, desde que não implique supressão da vegetação existente nem prejudique
a função ambiental da área;

j) Exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e familiar, incluindo


a extração de produtos florestais não madeireiros, desde que não descaracterizem a
cobertura vegetal nativa existente, nem prejudiquem a função ambiental da área;
Direito Ambiental

k) Outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventuais e de baixo impacto


ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) ou dos Conselhos
Estaduais de Meio Ambiente.

54
A proteção do Código Florestal às Reservas
Legais Florestais
Assim como as APPs, as Reserva Legais (RLs) representam um importante instrumento
de proteção e manutenção das florestas brasileiras, pois, no caso das RLs, o proprietário
rural deverá manter obrigatoriamente uma parcela da sua propriedade com cobertura ve-
getal, cujo percentual variará de acordo com o ecossistema da região.

O conceito normativo de RL, nós encontramos no Art. 3, Inciso III, do novo Código Florestal.

Importante
Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse
rural, delimitada nos termos do Art. 12, com a função de assegurar o uso
econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, au-
xiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos, e promover
a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna
silvestre e da flora nativa (Fonte: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em: 01 set. 2014).

É importante que você compreenda que o instituto da RL significa uma garantia à bio-
diversidade regional, e não apenas a preservação do ecossistema interno da propriedade,
isso porque a manutenção de parte da cobertura vegetal de todas as propriedades rurais
gera um ganho ambiental cumulativo, que beneficia todo o ecossistema regional.

Ao contrário das áreas de preservação permanentes, cuja localização depende de


algumas características do local (como vimos anteriormente), as áreas de reserva legal
possuem seus percentuais estabelecidos no Artigo 12, do novo Código Florestal (BRASIL,
2012). Vejamos:

Direito Ambiental
Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de
Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preser-
vação Permanentes, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à
55
área do imóvel, excetuados os casos previstos no Art. 68 desta Lei:

I – Localizado na Amazônia Legal:

a) 80% no imóvel situado em área de florestas;

b) 35% no imóvel situado em área de cerrado;

c) 20% no imóvel situado em área de campos gerais.

II – Localizado nas demais regiões do país: 20%. (Fonte: <http://www.planalto.gov.


br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em: 01 set. 2014).

Pois bem, pela leitura do Artigo 12, vê-se que o proprietário rural somente poderá su-
primir vegetação de uma parcela da sua propriedade, mediante autorização do órgão am-
biental, devendo, obrigatoriamente, manter a cobertura vegetal nativa no percentual esta-
belecido em lei:

[...] 80%, nas áreas rurais de florestas situadas na Amazônia Legal;


35%, nas áreas rurais de cerrado situadas na Amazônia Legal; 20%,
nas áreas rurais de floresta ou vegetação nativa situadas em áreas de
campos gerais na Amazônia Legal e em outras regiões do Brasil. (AMA-
DO, 2012, p. 222).

A Amazônia Legal compreende os estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondô-


nia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13° S dos estados de
Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44° W, do estado do Maranhão.

Proteção legal da Mata Atlântica


A Mata Atlântica vem sendo destruída desde o ano de 1500, com a chegada dos colo-
nos europeus. Nesse intervalo de pouco mais de 500 anos, a relação dos colonizadores
com a floresta e seus recursos foi a mais predatória possível.

Em razão deste estado precário que a Mata Atlântica se encontra depois de todos esses
séculos, a Constituição Federal elevou a Mata Atlântica à condição de patrimônio nacional,
Direito Ambiental

garantindo a ela uma maior proteção legal no tocante a sua preservação.

Essa proteção legal somente veio no ano de 2006 com a edição da Lei Federal nº
11.428, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do bioma Mata Atlân-
tica, e dá outras providências. Esta lei define como Mata Atlântica um conjunto de forma-
56 ções florestais e ecossistemas associados.

Artigo 2º. Para os efeitos desta Lei, consideram-se integrantes do bioma Mata Atlân-
tica, as seguintes formações florestais nativas e ecossistemas, associados com as
respectivas delimitações estabelecidas em mapa do Instituto Brasileiro de Geogra-
fia e Estatística (IBGE), conforme regulamento: Floresta Ombrófila Densa; Floresta
Ombrófila Mista, também denominada de Mata de Araucárias; Floresta Ombrófila
Aberta; Floresta Estacional Semidecidual; e Floresta Estacional Decidual, bem como
os manguezais, as vegetações de restingas, campos de altitude, brejos interioranos
e encraves florestais do Nordeste (Fonte: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2004-2006/2006/lei/l11428.htm>. Acesso em: 01 set. 2014).

De acordo com Frederico Amado (2012, p. 359), “a Mata Atlântica é um bioma com alta
diversidade biológica, mas que tem hoje menos de 8% da sua cobertura original, claman-
do por socorro”. Portanto, o objetivo desta Lei é o de preservar o que resta de vegetação
nativa da Mata Atlântica em nosso país e, para tanto, criar meios para que a floresta e os
ecossistemas associados voltem a crescer onde hoje estão quase extintos.

De acordo com a Lei (CAMPANILI; SCHAFFER, 2010, p. 308), a utilização e a supressão


da vegetação caracterizada como Mata Atlântica dependerá do tipo e do estágio de rege-
neração da floresta:

Vegetação primária: o corte e a supressão somente serão autorizados em caráter excep-


cional, quando necessários à realização de obras, projetos ou atividades de utilidade públi-
ca (desde que destinada área equivalente à desmatada para conservação) e para pesqui-
sas científicas e práticas preservacionistas (BRASIL, 2006).

Vegetação secundária em estágio avançado de regeneração: o corte, a supressão e a


exploração somente serão autorizados em caráter excepcional, quando necessários à re-
alização de obras, projetos ou atividades de utilidade pública, mineração, loteamentos e

Direito Ambiental
edificações (desde que destinada área equivalente à desmatada para conservação) e para
pesquisas científicas e práticas preservacionistas (BRASIL, 2006).

Vegetação secundária em estágio médio de regeneração: vale o mesmo que para o es- 57
tágio avançado, mas também é autorizado corte, quando necessário, ao pequeno produtor
rural e populações tradicionais para o exercício de atividades e usos agrícolas, pecuários
ou silviculturais imprescindíveis a sua subsistência e de sua família (BRASIL, 2006).

Vegetação secundária em estágio inicial de regeneração: o corte, a supressão e a explo-


ração poderão ser autorizados pelo órgão estadual de licenciamento, desde que a vegeta-
ção primária e secundária remanescentes do bioma Mata Atlântica não seja inferior a 5%
da área original no Estado (BRASIL, 2006).

Atividade 02
Agora que você já conhece os casos em que a legislação, excepcionalmen-
te, autoriza a supressão da Mata Atlântica, é importante que você também
saiba conceituar e visualizar na prática os estágios de regeneração de uma
floresta. Para isso, deverá fazer uma leitura da Resolução CONAMA 05/1994,
no site <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano.cfm?codlegitipo=3>, e
realizar um estudo de caso identificando, na sua cidade, três exemplos de ve-
getação em diferentes estágios de regeneração. Não deixe de tirar fotos e de
compartilhar seu trabalho no AVA.

Resumo
Nesta competência, estudamos a proteção legal da vegetação brasileira, que há muito
vem sendo desmatada. Para tanto, averiguamos que o legislador criou institutos de prote-
ção ambiental, dentre os principais, estão as Áreas de Preservação Permanente (APP) e as
Reservas Legais. Como bem vimos, as APPs protegem uma determinada área, a partir de
uma imposição legal, em razão de sua importância para a manutenção do ecossistema. Já
Direito Ambiental

as Reservas Legais tem o fito de resguardar um percentual de propriedade rural, a fim de


proteger o bioma regional e garantir o seu uso sustentável.

A partir daí, vimos a importância de um dos biomas mais ricos ecologicamente e que
atualmente se encontra quase que totalmente destruído, a Mata Atlântica. Em razão disso,
58 estudamos que o legislador conferiu proteção constitucional a tal bioma e, ainda, editou a
chamada Lei de Mata Atlântica.

Autoavaliação
1. A Área de Preservação Permanente (APP) é:

a) Um local destinado à recreação e ao turismo;

b) Uma faixa destinada a preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geo-


lógica e a biodiversidade;

c) Um local de proteção faunística, cuja exploração vegetal é sempre possível;

d) Um local de proteção vegetal onde a extração mineral é sempre possível.

2. É exemplo de APP:

a) Os parques e praças públicas;

b) As áreas no entorno das nascentes e dos olhos d'água perenes no raio mínimo de 100
metros;

c) As áreas em altitude superior a 3.000 metros;

d) As faixas marginais de cursos d’água naturais.

3. As APPs:

a) Jamais poderão ser ocupadas;

b) Podem ser ocupadas, sendo necessário apenas que se pague a taxa de ocupação devida;

c) Podem ser ocupadas, desde que haja a devida previsão legal;

d) Podem ser ocupadas unicamente para atividades recreativas e de turismo.

4. Assinale a incorreta, considerando esta afirmativa: a Reserva Legal deve ter o percen-
tual de:

Direito Ambiental
a) 80% da área total, no imóvel situado em área de florestas;

b) 35% da área total, no imóvel situado em área de cerrado situada na Amazônia Legal;

c) 20% da área total, no imóvel situado em área de campos gerais;

d) 30% da área total, nos imóveis urbanos. 59

5) A Constituição Federal elevou a Mata-Atlântica a condição de:

a) Patrimônio Internacional;

b) Patrimônio Nacional;

c) Patrimônio Indígena;

d) Área de Preservação Permanente.


Competência
04 61

Analisar o Sistema Nacional


de Unidades de Conservação da natureza
Analisar o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da natureza
Feche os olhos e imagine que você esteja em um lindo campo recoberto de flores e de
uma belíssima vegetação arbustiva, um vento ameno sopra em sua face... Caminhe por
ele. Mais adiante, você encontrará uma esplêndida cachoeira. Experimente sentar em uma
pedra próxima à água e aprecie essa paisagem por alguns minutos.

E aí, gostou do passeio? Não foi uma experiência relaxante e agradável?

Pois bem, lugares como o que você percorreu em sua imaginação existem graças ao
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), criado para garantir uma gestão
eficiente de espaços territoriais que possuem atributos ecológicos relevantes para o meio
ambiente. Nesta competência, estudaremos o regramento legal do SNUC e conheceremos

Direito Ambiental
os tipos de unidades de conservação existentes no Brasil. Respire um bom ar fresco e
vamos em frente!

A base legal do SNUC


63
Em 18 de julho de 2000, foi publicada a Lei nº 9.985, que institui o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza, tendo como finalidade principal a criação de
mecanismos de gestão dos espaços territoriais que, por questões de relevantes atributos
ecológicos, precisam ser conservados e protegidos de forma mais rigorosa e eficaz (BRA-
SIL, 2000).

Desta forma, a instituição do SNUC sistematizou, em uma única lei, o conjunto de unida-
des de conservação que existia em legislações esparsas fragmentadas. O SNUC seguirá os
seguintes objetivos, nos termos do Artigo 4º da Lei nº 9.985/2000. (BRASIL, 2000).

I– Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no


território nacional e nas águas jurisdicionais;

II – Proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

III – Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas


naturais;

IV – Promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;


V– Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no pro-
cesso de desenvolvimento;

VI – Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;

VII – Proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espe-


leológica, arqueológica, paleontológica e cultural;

VIII – Proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

IX – Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

X– Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e


monitoramento ambiental;

XI – Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;

XII – Favorecer condições, promover a educação e interpretação ambiental, a recreação


em contato com a natureza e o turismo ecológico;

XIII – Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicio-


Direito Ambiental

nais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura, e promovendo-as


social e economicamente. (BRASIL, 2000, extraído da internet).

64
Atividade 01
Faça uma pesquisa sobre o SNUC. Existem críticas sobre o Sistema? Quais?
Compartilhe suas descobertas em nosso fórum.

Definição de unidades de conservação


Vamos conhecer a definição de unidades de conservação segundo a Lei do SNUC?

Importante
Está no Art. 2º, I da Lei da Mata Atlântica: “O espaço territorial e seus re-
cursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características
naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objeti-
vos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administra-
ção, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.” (Fonte: <http://
www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=322>. Acesso em:
01 set. 2014).

Portanto, cada unidade de conservação deverá ser um espaço territorial definido


por suas características ambientais próprias, em especial seus recursos naturais, no
qual o manejo humano ocorrerá em bases sustentáveis para atender às presentes e
futuras gerações.

Desta forma, para melhor caracterização das Unidades de Conservação, estas se


dividem em dois grandes grupos: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso
Sustentável.

Direito Ambiental
Todas as unidades de conservação serão regidas por um Plano de Manejo, que
consiste no documento técnico que estabelece o zoneamento e as normas, que
devem presidir o uso de toda a área e a utilização dos recursos naturais.

65

As Unidades de Proteção Integral são aquelas nas quais não se admite a intervenção
humana, onde o objetivo primordial é a preservação da natureza. São espécies de unida-
des de proteção integral: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monu-
mento Natural e Refúgio de Vida Silvestre (BRASIL, 2000).

Figura 12 – Unidade de Conservação de Proteção


Integral: Parque Nacional do Iguaçu
Fonte: <http://www.cataratasdoiguacu.com.br/portal/paginas/136-cataratas-
-do-iguacu-mapa-do-parque.aspx>. Acesso em: 15 set. 2014.
Figura 13 – Monumento Natural Pontões Capixabas, no Espírito Santo
Fonte: <http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades-coservacao/
Monumento_Natural_Pont%C3%B5es_Capixabas_I.JPG>. Acesso em: 15 set. 2014.

Já as Unidades de Uso Sustentável são aquelas nas quais o objetivo básico é a compa-
tibilização entre a conservação da natureza e a utilização sustentável de parcela dos seus
recursos naturais (BRASIL, 2000):
Direito Ambiental

a. Área de Proteção Ambiental;

b. Área de Relevante Interesse Ecológico;

66 c. Floresta Nacional;

d. Reserva Extrativista;

e. Reserva de Fauna;

f. Reserva de Desenvolvimento Sustentável;

g. Reserva do Patrimônio Natural. (BRASIL, 2000, extraído da internet).

Figura 14 – Unidade de Conservação de Uso Sustentável: Floresta Nacional do Tapajós


Fonte: <http://seguirviajando.com/Content%2fImages%2fCargadas%2fFloresta%
20Nacional%20do%20Tapajos%2f6841%2fLugar%2fchica_Tapajos.jpg>. Acesso em: 15 set. 2014.
Figura 15 – Unidade de Conservação de Uso Sustentável: Genipabu,
no Rio Grande do Norte
Fonte: <http://www.baixaki.com.br/imagens/wpapers/BXK198_Genipa-
buRN800.jpg>. Acesso em: 15 set. 2014.

Considerando que as Unidades de Proteção Integral possuem um maior grau de pre-


servação ao meio ambiente do que as Unidades de Uso Sustentável, estas podem ser
transformadas, total ou parcialmente, naquelas, desde que realizem os estudos técnicos

Direito Ambiental
de viabilidade, bem como a consulta pública.

67
Diálogos
Compartilhe no AVA exemplos de Unidades de Conservação existentes em
sua região. Não nos deixe sem uma bela foto do local!

Para um melhor estudo a respeito das unidades de conservação existentes, criamos,


com base na Lei do SNUC, um quadro destacando os objetivos e características básicas de
cada um dos subtipos.

UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL


UNIDADE DE
OBJETIVOS CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
CONSERVAÇÃO

a) Permite-se a realização de pesquisas


científicas em no máximo 3% da exten-
Estação Ecológica Preservação da natureza e a reali- são, desde que não ultrapasse o limite de
zação de pesquisas científicas. 1500 hectares;

b) É proibida a visitação pública, exceto


quando com objetivo educacional.
UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL
UNIDADE DE
OBJETIVOS CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
CONSERVAÇÃO

a) É proibida a visitação pública, exceto


quando com objetivo educacional;
Preservação integral da biota e dos
Reserva Biológica
demais elementos naturais. b) A pesquisa científica depende de auto-
rização prévia do órgão responsável pela
administração da unidade.

Preservação de ecossistemas natu- Permite-se a realização de pesquisas


Parque Nacional rais de grande relevância ecológica científicas, atividades de educação e tu-
e beleza cênica. rismo ecológico.

Monumento Preservar ambientes naturais raros, Pode ser imposta a desapropriação da


Natural singulares e de grande beleza cênica. propriedade privada, caso necessário.

Proteger ambientes naturais em


Refúgio de Vida que se assegurem condições para Pode ser imposta a desapropriação da
Silvestre a existência e reprodução de espé- propriedade privada, caso necessário.
cies específicas.
Direito Ambiental

Quadro 4 – Unidades de Proteção Integral


Fonte: Amado (2012).

UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL


UNIDADE DE
OBJETIVOS CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
68 CONSERVAÇÃO
Área de grande extensão com certo grau
Disciplinar o processo de ocupação de ocupação humana, dotada de atribu-
Área de Proteção tos abióticos, bióticos, estéticos e cul-
e assegurar sustentabilidade do uso
Ambiental turais importantes para o bem-estar e a
dos recursos naturais.
qualidade de vida.

Manter os ecossistemas naturais de É uma área em geral de pequena exten-


importância regional ou local, e re- são, com pouca ou nenhuma ocupação
Área de Relevante
gular o uso admissível dessas áreas, humana, com características naturais ex-
Interesse Ecológico
de modo a compatibilizá-los com os traordinárias, ou que abriga exemplares
objetivos de conservação da natureza. raros da biota regional.

Área com cobertura florestal de es- a) É admitida a permanência das popula-


pécies predominantemente nativas, ções tradicionais que a habitavam quando
Floresta Nacional e tem como objetivo básico o uso de sua criação;
múltiplo sustentável dos recursos
b) A pesquisa científica é permitida e in-
florestais e a pesquisa científica.
centivada.

a) É proibida a exploração de recursos mi-


Proteger os meios de vida e a nerais e a caça;
Reserva Extrativista cultura das populações extrativistas,
b) A pesquisa científica é permitida e in-
assegurando o uso sustentável.
centivada.
UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL
UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO OBJETIVOS CARACTERÍSTICAS BÁSICAS

Área natural com populações ani-


mais de espécies nativas, adequa-
Reserva de Fauna das para estudos sobre o manejo É proibida a caça.
econômico sustentável de recursos
faunísticos.

a) É permitida e incentivada a visitação


pública e a pesquisa científica voltada à
Preservar a natureza e assegurar as
conservação da natureza;
condições e os meios necessários
Reserva de
para a reprodução; Melhoria dos b) É admitida a exploração de componentes
Desenvolvimento
modos e da qualidade de vida; Ex- dos ecossistemas naturais em regime de
Sustentável
ploração dos recursos naturais das manejo sustentável, e a substituição da co-
populações tradicionais. bertura vegetal por espécies cultiváveis, de
acordo com o plano de manejo da unidade.

Reserva Particular Só se admite a pesquisa científica e a visi-

Direito Ambiental
do Patrimônio Conservar a biodiversidade. tação com objetivos turísticos, recreativos
Natural e educacionais.

Quadro 5 – Unidades de Uso Sustentável


Fonte: Amado (2012).

69

Atividade 02
Com base no que estudamos, elabore um texto sobre qual a importância am-
biental das unidades de conservação e em quais grandes grupos estas se
subdividem. Compartilhe-o em nosso fórum!

Resumo
Nesta competência, você descobriu a importância das unidades de conservação para a
preservação do meio ambiente e da diversidade biológica, tendo por base na Lei instituido-
ra do Sistema Nacional de Unidades Conservação da Natureza (SNUC). Aprendeu, ainda,
que tais unidades se subdividem em dois grandes grupos que, dependendo do grau de
proteção, podem ser Unidades de Proteção Integral ou Unidades de Uso Sustentável.

Resta, portanto, cada vez mais claro que a sociedade depende de recursos naturais
para a sua sobrevivência. O setor empresarial, por exemplo, necessita diretamente de tais
recursos para o seu funcionamento e expansão, com utilização de madeira, óleos vegetais,
minérios, água, entre outros. Desta forma, a preservação ambiental por meio das unidades
de conservação, garantem tais recursos naturais nas presentes e futuras gerações.

Autoavaliação
1. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza tem por objetivo:

a) O incentivo à utilização dos recursos hídricos para exploração econômica pela iniciativa
privada;

b) Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no


território nacional e nas águas jurisdicionais;

c) Promover o desenvolvimento artístico e cultural das populações urbanas;

d) Proibir de forma definitiva a pesquisa científica nos ecossistemas protegidos ambiental-


mente.
Direito Ambiental

2. As Unidades de conservação se subdividem em:

a) Reserva Particular do Desenvolvimento da Fauna e Floresta Extrativista;

b) Área de Relevante Interesse Turístico e Área de Proteção Econômica;


70 c) Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável;

d) Unidades de Proteção Parcial e Unidades de Uso Sustentável.

3. São Unidades de Uso Sustentável:

a) Reserva de Fauna e Reserva Extrativista;

b) Área de Proteção Ambiental e Parque Nacional;

c) Floresta Nacional e Monumento Natural;

d) Refúgio de Vida Silvestre e Reserva Biológica.

4. São Órgãos do SNUC:

a) Ministério da Agricultura e Ministério do Meio Ambiente;

b) Conselho Nacional de Meio Ambiente e Congresso Nacional;

c) Senado Federal e Ministério do Meio Ambiente;


d) Instituto Chico Mendes e o IBAMA.

5. A Floresta Nacional:

a) É uma Unidade de Proteção Integral;

b) Tem por objetivo principal a proteção de uma paisagem de grande beleza cênica;

c) É uma área na qual a pesquisa científica é permitida e incentivada;

d) Não permite jamais a permanência das populações tradicionais.

Direito Ambiental
71
Direito Ambiental
Competência
05 73

Interpretar a política
nacional dos recursos hídricos
Interpretar a política
nacional dos recursos hídricos
Conforme já foi visto nas competências anteriores, a proteção à biodiversidade é
imprescindível ao bem-estar das presentes e das futuras gerações, motivo pelo qual o
nosso país, através de bases legais, determina inúmeros mecanismos de conservação
ambiental.

Vimos que um desses mecanismos foi a criação do Sistema Nacional de Unidades


de Conservação da Natureza, por meio do qual se instituíram inúmeras áreas nas quais
a intervenção humana é totalmente controlada.

Agora, de forma a complementar o que já foi estudado até então, analisaremos


como a política legislativa brasileira aborda o elemento fundamental à vida: a água.

Direito Ambiental
A Titularidade
Ao abrir uma torneira, provavelmente você já se perguntou: “essa água é segura
para o meu consumo? De onde vem a água que abastece a minha casa?” Além disso,
presenciamos diariamente o aumento dos custos de obtenção de água para o nosso 75
abastecimento, tornando cada vez mais penosa a obtenção de tal recurso.

A água é fonte da vida. Não importa o que fazemos ou aonde vivemos, afinal depende-
mos dela. Entretanto, por mais importante que ela seja, as pessoas continuam poluindo
os rios e suas nascentes, esquecendo o quanto ela é essencial para nossas vidas.

Queremos estar seguros de que obtemos água potável confiável e de elevada qua-
lidade. Sabemos da grande escassez que aflige o mundo, especificamente das águas
doces, em virtude do desperdício e da poluição irracional das correntes de água. As-
sim, no Brasil, tais fatores ensejaram um processo de publicização das águas.
Publicização: ato
Em razão da importância dos recursos hídricos para a vida, a Constituição Federal de tornar público.
lhes concede uma proteção jurídica. Segundo a Carta Magna (BRASIL, 1988), as águas Dar publicidade

pertencerão à União e aos Estados:

Artigo 20. São bens da União:


[...] III – Os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de
seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com
outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele prove-
nham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
VI – O mar territorial;
VIII – Os potenciais de energia hidráulica;
[...] Artigo 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I – As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em
depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de
obras da União. (BRASIL, 1988, extraído da internet, grifo nosso).

Curiosidade
Segundo a Constituição Federal (BRASIL, 1988), não há previsão de titu-
laridade de águas por parte dos Municípios.
Direito Ambiental

Ainda, corroborando com o mencionado entendimento constitucional, a Lei Federal nº


9.433, de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, determina que
a água é bem de domínio público e constituiu em um verdadeiro avanço legislativo, pois
estabeleceu critérios de utilização racional dos recursos hídricos, assegurando a todos a
76 necessária disponibilidade de água (MILARÉ, 2005).

Fundamentos e objetivos
A Lei Federal nº 9.433/97 não se limitou a regrar a titularidade das águas brasileiras,
mas também instituiu uma verdadeira Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRC), que,
logo em seu artigo 1º, expõe os seus fundamentos:

I – A água é um bem de domínio público;

II – A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III – Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo


humano e a dessedentação de animais;

IV – A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas;

V – A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política


Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos;

VI – A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a parti-
cipação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

(Fonte: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm>. Acesso em: 01


set. 2014).

Como se vê, além de afirmar que a água é um bem público, a Política Nacional de Re-
cursos Hídricos reconhece que a água é um recurso limitado e que possui valor econômico,
bem como na hipótese de escassez, já existe uma ordem de preferência de utilização para
o consumo humano e para a dessedentação de animais.

Direito Ambiental
Atividade 01
Faça uma pesquisa sobre os rios que banham o seu estado, indicando a res-
pectiva titularidade. Elabore um pequeno texto e partilhe com seus colegas
77
no nosso fórum.

Para ser implementada a PNRH, bem como para que seus órgãos e entidades atuem
satisfatoriamente, será considerada como ponto de partida a divisão das bacias hidrográfi-
cas brasileiras, buscando a atuação de forma descentralizada, ou seja, com a participação,
além do Poder Público, das comunidades e dos usuários, atendendo ao Princípio da Parti-
cipação Comunitária ou Cidadã.

A bacia hidrográfica é a área onde ocorre a drenagem das águas destinadas a um


curso de água, normalmente um grande rio. Ou seja, normalmente vários cursos de
água convergem para um rio principal, formando uma bacia hidrográfica. No Brasil,
as principais são a Amazônica, a Araguaia-Tocantins, a dos Rios Paraíba, São Fran-
cisco, Paraná, Paraguai, Paraíba do Sul e Uruguai (AMADO, 2012, p. 293).
No intuito de identificar as regiões através das quais seria orientada, fundamentada e
implementada a PNRH, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos elaborou a Resolução
nº 32/2003, que instituiu 12 Regiões Hidrográficas, sendo cada uma dessas regiões um
conjunto de bacias hidrográficas com características semelhantes.
Direito Ambiental

Figura 16 – Regiões hidrográficas


Fonte: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/
0000001694/md.0000020865.jpg>. Acesso em: 15 set. 2014.

78
Atividade 02
Pesquise em qual bacia hidrográfica está situada a sua cidade e aponte as
suas principais características. Compartilhe essas informações em nosso AVA.

A preocupação do legislador com a prevenção de catástrofes naturais ou provocadas


pelo homem, de forma que se utilizem os recursos hídricos de forma cautelosa, mostrou-se
sensível com a enumeração dos seguintes objetivos através da Lei de Recursos Hídricos
(BRASIL, 1997, extraído da internet):

Artigo 2º. São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:


I – Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade
de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
II – A utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o
transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III – A prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de ori-
gem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.
A partir da leitura do Artigo acima, você pode claramente perceber a intenção do
legislador brasileiro em não somente proteger os nossos recursos hídricos contra in-
tempéries ou evitar a sua poluição, mas também, principalmente, garantir a duração
de tais recursos!

Mídias
Assista ao filme “Planeta Água” (“Planet Ocean”, 2012), dos diretores Yann
Arthus-Bertrand e Michael Pitiot. Ele ilustra como é primordial ao homem
aprender a viver em harmonia com os nossos oceanos, exibindo as belezas e
a riqueza da nossa água, fonte de toda a vida na Terra.

Direito Ambiental
Resumo
Nesta competência, você descobriu a importância das águas brasileiras através do ele-
vado grau de proteção jurídica, que tanto a nossa Constituição Federal quanto a Lei Federal 79
nº 9.433/1997, dão a este elemento fundamental à manutenção da vida, criando, ainda,
a Política Nacional de Recursos Hídricos. Estudou, ainda, que a água é bem de domínio
público, ou seja, pertence a todos e, portanto, requer uma gestão adequada e racional para
atender os objetivos essenciais da PNRH.

Assim, nossos recursos hídricos perfazem um importantíssimo componente para toda a


sociedade, além do abastecimento humano, também para a produção energética e agrícola.

Agora você reconhece que precisamos urgentemente mudar a visão de que os recursos
hídricos duram para sempre e começarmos a agir de forma sustentável, no intuito de ga-
rantir a sobrevivência das presentes e futuras gerações.
Autoavaliação
1. As águas brasileiras pertencem:

a) Aos particulares;

b) Às empresas concessionárias de abastecimento d’água dos Estados;

c) À União e aos Estados;

d) Aos Municípios.

2. Sobre o tema das águas, marque a alternativa incorreta: são bens da União...

a) Os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que ba-
nhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a ter-
ritório estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias
fluviais;
Direito Ambiental

b) O mar territorial;

c) Os potenciais de energia hidráulica;

d) Todas as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito.

80
3. Assinale a alternativa incorreta a respeito dos fundamentos da PNRC:

a) A água é um bem de domínio público;

b) A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

c) Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é unicamente o con-


sumo humano;

d) A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.

4. Não é bacia hidrográfica brasileira:

a) A Amazônica;

b) A Araguaia-Tocantins;

c) A do Rio Uruguai;

d) A do Rio Tâmisa.
5. Quanto aos objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos, assinale a alternativa
incorreta:

a) Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em pa-


drões de qualidade adequados aos respectivos usos;

b) Garantir o abastecimento internacional de água às comunidades que sofrem com


a seca;

c) A prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decor-


rentes do uso inadequado dos recursos naturais;

d) A utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviá-


rio, com vistas ao desenvolvimento sustentável.

Direito Ambiental
81
Direito Ambiental
Competência
06 83

Contextualizar o Estatuto
da Cidade e o Plano diretor
Contextualizar o Estatuto
da Cidade e o Plano diretor
Originalmente, a noção de meio ambiente nos remonta a duas origens: ao meio am-
biente natural e ao meio ambiente artificial. A primeira, estudada nas competências
anteriores, é formada a partir de tudo o que se encontra naturalmente constituído na
natureza. Já a segunda seria composta pela concretização da atividade humana atra-
vés de sua interação com os agentes naturais.

Por meio ambiente artificial deve ser entendido o espaço urbano construído, ou
seja, as cidades, com todos os seus elementos, incluídos, desta forma, os espaços
urbanos fechados e os espaços abertos, como as praças (PERES, 2009).

Portanto, nesta competência estudaremos o meio ambiente artificial, ou seja, a


materialização da atividade humana, construindo a capacidade que o tornará capaz de

Direito Ambiental
contextualizar o Estatuto da Cidade e o Plano Diretor.

Base legal
Conforme foi dito acima, o meio ambiente artificial é aquele construído e modificado 85
pelo homem. Um dos mais relevantes exemplos de patrimônio artificial é a cidade, com
as normas gerais da Política de Desenvolvimento Urbano estabelecidas pelo Artigo
182, da Constituição Federal:

Artigo 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder públi-


co municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar
o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar
de seus habitantes. (Fonte: <http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBD.
asp?item=1737>. Acesso em: 01 set. 2014).

Este mandamento constitucional é regulamentado pela Lei Federal nº 10.257/2001, mais


conhecido por Estatuto da Cidade, que tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento
das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar da população. É ele que estabelece as
normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em
prol do bem coletivo e da segurança dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.
Uma das diretrizes mais importantes que a política urbana visa implementar é, assim
“a sustentabilidade das cidades, entendida como o direito à terra urbana, à moradia, ao
saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao
trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações.” (AMADO, 2012, p. 413).

Curiosidade
Uma cidade sustentável é projetada atentando aos impactos socioam-
bientais. Seu modelo, dinâmica de desenvolvimento e padrões de con-
sumo respeitam e cuidam dos recursos naturais e das gerações futuras.
Direito Ambiental

86

Figura 17 – Cidade sustentável


Fonte: Xotoko (2014).

É importante saber que o meio ambiente do trabalho pode ser considerado uma moda-
lidade de meio ambiente artificial, nos termos do Inciso VIII, do Artigo 200, da Constituição,
garantindo-se ao trabalhador uma estrutura de trabalho que proporcione o mínimo de dig-
nidade, especialmente com a disponibilização dos equipamentos de proteção individual e
a construção de instalações seguras.

Plano Diretor
Como principal instrumento do Estatuto da Cidade, existe o Plano Diretor municipal, do
qual você certamente já ouviu falar.
Importante
O Plano Diretor é obrigatório para cidades com mais de 20.000 habitan-
tes, conforme o parágrafo primeiro do Artigo 182, da Constituição. Ele
garante uma cidade sustentável onde deve ser observado o saneamento
ambiental, devendo-se evitar a poluição ambiental e protegendo-se o meio
ambiente. Seu intuito é, portanto, equilibrar o crescimento econômico de
um determinado município com a adequada preservação ambiental.

Com efeito, o principal objetivo do Plano Diretor é a implementação de uma gestão


democrática da cidade, através da criação de órgãos colegiados de política urbana, nos
níveis nacional, estadual e municipal; de debates, audiências e consultas públicas; de con-
ferências sobre assuntos de interesse urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal e

Direito Ambiental
da iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimen-
to urbano (AMADO, 2012).

Segundo o Artigo 4º do Estatuto da Cidade, para a execução da política urbana, 87


são criados uma série de instrumentos que poderão ser utilizados, além do Plano
Diretor, como o zoneamento ambiental, o tombamento de imóveis ou de mobiliário
urbano, a instituição de unidades de conservação, o estudo prévio de impacto am-
biental (EIA) e o estudo prévio de impacto de vizinhança (AMADO, 2012, p. 414).

Desta forma, o Plano Diretor, conforme o Estatuto da Cidade, deverá prever a delimita-
ção das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o parcelamento, edificação ou utilização
compulsórios, considerando a existência de infraestrutura e de demanda para utilização.

Atividade 01
Faça uma pesquisa sobre o Plano Diretor da sua cidade e aponte os principais
instrumentos de organização do ambiente urbano. Compartilhe suas desco-
bertas em nosso fórum!
Ainda, para se atingir a sustentabilidade das cidades, é importantíssima uma boa mo-
bilidade urbana, o que claramente não verificamos, nos grandes centros urbanos de nosso
país, principalmente nos horários de pico de trânsito.

Nessa senda, foi promulgada a recente Lei Federal nº 12.587/2012, que instituiu a
Política Nacional de Mobilidade Urbana com o objetivo de integrar os diferentes mo-
dos de transporte, bem como a melhoria da acessibilidade e mobilidade de pessoas
e cargas em território municipal. Tem, portanto, o objetivo de contribuir para o acesso
universal à cidade.
Direito Ambiental

Figura 18 – Política Nacional de Mobilidade Urbana


88 Fonte: <http://www.pmpr.pr.gov.br/arquivos/Image/2bpm/transito2.jpg>.
Acesso em: 15 set. 2014.

Atividade 02
Compartilhe no fórum um pequeno texto sobre quais medidas de melhoria da
mobilidade urbana já foram adotadas na sua rua, cidade, estado ou região.

Resumo
Nesta competência, aprendemos que o meio ambiente não existe somente sob sua
forma natural. Afinal, também existe o meio ambiente artificial, que é aquele erigido pe-
los homens.

No intuito de regulamentar o crescimento desenfreado e desequilibrado do meio am-


biente artificial sobre o natural e, assim, preservar de forma sustentável a natureza, foi
editado o Estatuto da Cidade, de fundamento constitucional. Conforme observamos, o Es-
tatuto da Cidade cria uma série de instrumentos para ordenar o crescimento dos grandes
centros urbanos, sendo o principal deles o Plano Diretor, que organizará e regrará a cidade
sob o aspecto ambiental e urbanístico.

Autoavaliação
1. A Política de Desenvolvimento Urbano estabelecida pelo Artigo 182, da Constituição
Federal não:

a) É regulamentada pelo Estatuto da Cidade;

b) Torna o Plano Diretor obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes;

c) Tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e ga-
rantir o bem-estar de seus habitantes;

d) Determina que propriedade urbana cumpra sua função social quando atender às exigên-
cias fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

Direito Ambiental
2. Assinale a incorreta sobre esta afirmação: a sustentabilidade nas cidades...

a) Inclui o direito a terra urbana;

b) Inclui o direito a saneamento ambiental; 89


c) Inclui o direito a transporte;

d) Não inclui o direito ao lazer.

3. O principal objetivo do Plano Diretor é:

a) A implementação de uma gestão democrática da cidade;

b) A criação de órgãos colegiados de política urbana;

c) Possibilitar a criação de debates, audiências e consultas públicas;

d) Possibilitar a iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de


desenvolvimento urbano.

4. Assinale a alternativa incorreta sobre esta afirmativa: segundo o Artigo 4º do Estatuto


da Cidade, para a execução da política urbana, são criados uma série de instrumentos
que poderão ser utilizados, além do Plano Diretor.
a) Por exemplo, o zoneamento ambiental;

b) Por exemplo, o estudo prévio de impacto econômico (EIE);

c) Por exemplo, o tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;

d) Por exemplo, a instituição de unidades de conservação, o estudo prévio de impacto


ambiental (EIA).

5. Não é objetivo da Política Nacional de Mobilidade Urbana:

a) Integrar os diferentes modos de transporte;

b) A melhoria da acessibilidade e mobilidade de pessoas e cargas em território municipal;

c) Contribuir para o acesso universal à cidade;

d) Fomentar a utilização de veículos individuais.


Direito Ambiental

90
Referências
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BRASIL. Constituição (1988). Constituição [da] República Federativa do Brasil.


Promulgada em 5 de outubro de 1988. Senado Federal, Brasília, DF, 05 out.
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em: 17 set. 2014.

91
______. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro
de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006. Presidência da República, Brasília,
DF, 25 maio 2012. Disponível em:
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______. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional


do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências. Presidência da República, Brasília, DF, 31 ago. 1981. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm>. Acesso em: 17 set. 2014.

______. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos


Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta
o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal... Presidência da República, Brasília,
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sustentavel/>. Acesso em: 17 set. 2014. Somente il.

Direito Ambiental
93
Conheça o autor
Maria Helena Bezerra Cortez
Possui especialização em Direito Constitucional pela Universidade Federal do Rio Gran-
Direito Ambiental

de do Norte (2010); Graduação em Direito pela Universidade Estadual do Rio Grande do


Norte (2007). É advogada e professora do ensino superior.

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Marcelo Rocha Cortez


Possui especialização em Direito Empresarial pela Universidade Anhanguera-Uniderp
(2013); Graduação em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2012). É
advogado com escritório especializado em Direito Ambiental.

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