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(Oxford 4) I Knew You Were Trouble - Lauren Layne
(Oxford 4) I Knew You Were Trouble - Lauren Layne
Prologo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Chapter 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Epilogo
Índice
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Epílogo
Prólogo
UM ANO ATRÁS
Uma coisa que ninguém avisou à Taylor Carr para estar preparada
em seu primeiro dia no emprego novo na revista masculina mais
vendida do país?
Sem fôlego.
No entanto, estava ficando cada vez mais claro que Cassidy era a
regra, não a exceção. Até agora em seu tour pelas instalações, ela
conhecera pelo menos meia dúzia de caras que se qualificariam
como perfeitas notas dez em sua agenda de contatos.
Seu novo chefe lançou lhe um olhar arrependido quando ele fez uma
pausa no passeio deles pelo escritório.
— Odeio ter que fazer isso no seu primeiro dia, mas tudo bem se eu
pedir que outra pessoa te acompanhe no resto de seu tour? Tenho
uma reunião da qual tentei escapar em cinco minutos, mas...
Cassidy sorriu.
Brit sorriu.
— Devo também contar a ela que o café é ruim porque você não
substitui a máquina? — Brit disse para um Cassidy já em retirada.
Surpresa, Taylor riu com divertimento. Ela nunca fora muito feminina.
Durante a infância, havia sido quase dolorosamente tímida, de uma
maneira que as outras crianças interpretavam como retraimento. No
ensino médio, a conduta fria de sua tia já havia afetado Taylor o
suficiente para que a sensação de ser evitada pelas outras garotas
não a machucasse… tanto.
— Até onde eu sei, não é uma regra oficial. Só sei que me falta
maturidade emocional para lidar com um romance no local de
trabalho.
— Nem mesmo uma ficada em uma confraternização de feriado?
— Por favor, não diga isso para ele — Brit respondeu em tom de
brincadeira. — Ele já é insuportável o suficiente.
Dessa vez, o sorriso que Taylor deu foi verdadeiro. Ou Brit não
comprou as vibes de “mantenha-distância” de Taylor, ou não se
importou, e já havia decidido cumprir a ameaça que fizera sobre se
tornar sua nova melhor amiga.
No segundo em que seu olhar colidiu com o dele, ela soube que o
homem que a observava era tudo o que os outros caras da Oxford
não eram.
Taylor virou a cabeça, mas quando fez isso, podia jurar que o viu rir.
Dela.
Ela havia ficado até mais tarde a fim de terminar o treinamento para
novos funcionários – todos aqueles cursos online exigidos pelo RH,
os quais a maioria reforçava o óbvio e fritava os neurônios.
As portas de um dos elevadores estavam fechando quando Taylor se
aproximou, mas ela rapidamente deu um soco no botão de descida,
na tentativa de pará-lo.
Era ele.
Ela estava errada sobre a camisa social branca. No fim das contas,
não estava para fora, mas sim enfiada em uma calça jeans escura,
com a dose certa de desleixo.
De perto, ficou ainda mais claro que ele não fazia seu tipo. Taylor
sempre procurava caras sérios e bem-vestidos. Caras com quem ela
poderia contar.
— Nick Ballantine.
— Sim.
— Qual equipe?
— Isso foi ego no seu tom de voz, Sr. Ballantine? — ela retrucou.
— Srta. Carr.
— Sim? O quê?
Ela era irritadiça e sabia disso. Mas desejava que, só uma vez,
alguém compreendesse. Que entendessem que ela não era assim
tão fria, mas sim cautelosa. Que não sabia como demonstrar
vulnerabilidade ou delicadeza não porque não sabia sentir, mas
porque havia passado os últimos vinte e poucos anos sendo
constantemente lembrada de que chorar a tornava alguém fraca, que
sentimentos a deixariam vulnerável e que a única pessoa com quem
podia contar era ela mesma.
Hoje não era esse dia, e Nick Ballantine não era o homem que faria
isso.
— E qual é o veredito?
Ela deu um passo à frente e bateu uma unha vermelha duas vezes
contra o peito dele.
— Definitivamente não gosto.
O problema?
Se ela tivesse algo para reclamar, seria que o trabalho talvez fosse
um pouco mais atarefado do que ela pensou que seria, devido a uma
alta quantidade de estratégias a serem feitas para obter vários
clientes de uma vez.
Ela ficou um pouco irritada ao perceber que ele tinha mãos ágeis.
— Aqui está.
Ela não teve que olhar para Nick para saber que ele estava se
vangloriando, mas olhou do mesmo jeito. Sim. Estava se
vangloriando.
Ele levantou as sobrancelhas, desafiando-a a mentir e dizer que não
gostou.
Ela achou que ninguém a tivesse ouvido, mas Nick hesitou enquanto
voltava para a mesa, os olhos colidindo com os dela.
Taylor havia trabalhado duro para agradar a mulher difícil que a criou,
mas se tornar uma advogada foi algo que ela aceitou fazer até um
certo ponto. Ela havia tentado. Aguentou um semestre inteiro na
faculdade de Direito de Harvard antes de reconhecer que nada
daquilo a atraía.
A infância de Taylor não foi festiva. Havia sempre uma falsa árvore
de Natal de mesa, por insistência de Taylor. E, embora dinheiro
nunca tivesse sido um problema, os presentes que ela recebia eram
práticos, nunca divertidos. As meias, inexistentes. E nem é
necessário dizer que não houve momentos assando biscoitos na
cozinha, decorando casinhas de gengibre ou cantando canções
natalinas, e Taylor aprendera logo no primeiro Natal passado sob o
teto da tia que o Papai Noel era uma fantasia comercial.
Não, não. Nada mais. Estava só esperando que minha única parente
viva pudesse querer fazer algo divertido no feriado. Ou pelo menos
me ver.
— Desculpe, Carr. Não sabia que essa era sua copa particular.
Apesar de que, para ser justa, ela sempre agia de forma mesquinha
quando estava perto desse cara. Nos dois meses que se passaram
desde seu primeiro dia, quando discutiram no saguão de entrada,
seus caminhos ocasionalmente se cruzaram, mas nenhum dos
encontros foram amigáveis.
Como sempre, não havia sinal de gravata, mas hoje ele usava um
casaco esportivo por cima da camisa social que ressaltava-lhe os
ombros largos. A cintura afilada. O abdômen esculpido. Droga.
— Não fazia ideia que para ser barman era necessário diploma —
ela comentou maliciosamente em relação a outra carreira dele.
Por mais que ela odiasse admitir, a resposta dele foi bem-merecida.
Ela ergueu o queixo de modo desafiador e fez o que tinha que ser
feito.
Bradley havia sugerido mais de uma vez que eles deveriam “sair
juntos” depois do expediente, e Taylor tinha quase certeza de que ele
não quis dizer como colegas de trabalho.
Ela imaginava que, mais cedo ou mais tarde, aceitaria. Mas, apesar
de em teoria ele ser tudo o que a atraía, ela simplesmente não
conseguia se fazer sentir... interessada.
Ela podia jurar que viu algo parecido com compaixão surgir no rosto
dele, mas não estava interessada.
Ela estava quase do lado de fora quando ele a chamou de volta com
um breve:
— Carr.
— O quê?
— Você pode dizer não. Não vai ferir meus sentimentos — ele
resmungou.
— Vou pensar sobre isso. — Ela ergueu a mão para o batente lateral
da porta, tamborilando levemente com a palma da mão, tentando
pensar no que dizer. — Obrigada. Isso é...
Uma das coisas mais agradáveis que alguém já fez por mim.
Ela ainda sorria quando voltou para o escritório. Então seu sorriso se
transformou em uma careta.
Taylor sempre teve orgulho de ser ousada, mas foi preciso toda sua
coragem para se virar e refazer os próprios passos.
Por favor, ainda esteja lá, por favor, ainda esteja lá...
Ela quase colidiu com ele enquanto Nick saía da copa, mas ele a
segurou pelo cotovelo com a mão livre, firmando-a no lugar.
— Janta comigo?
Não aconteceu.
— Taylor...
— Estou saindo com uma pessoa — ele disse em uma voz suave. —
Sinto muito. Pensei que você soubesse.
Era aterrorizante.
Ela não se deu conta de para onde estava indo. Não percebeu o que
estava prestes a fazer até Bradley Calloway olhar para cima,
surpreso ao vê-la de pé na porta dele.
Ele não era como o cara que parecia conhecê-la bem até demais. O
cara que não gostou do que viu.
Almejar companhia?
— Nick.
Ainda assim, ela não conseguiu deixar de dar uma olhada rápida
nele. Ele parecia... diferente.
Um relacionamento.
Não propriamente errada. Pelo menos ela não pensava que era.
Ela realmente gostava de Bradley. Ele tinha um riso fácil, era legal.
Taylor assumira que Nick Ballantine era o tipo de homem que sempre
andava devagar, nunca com pressa para fazer nada. Mas ela estava
errada. Ela não tinha certeza de como ele atravessou o escritório tão
rapidamente, mas ele chegou até a porta primeiro e fechou-a antes
que ela conseguisse escapar.
— Desde quando?
Ela assentiu.
— Você me conhece há, sei lá, quatro meses? A maioria dos quais
passamos brigando ou evitando um ao outro? Não é você que decide
quem é o cara certo para mim.
— Eu gosto dele.
Os olhos castanhos dele brilharam com algo que ela não conseguiu
decifrar. Então, ele abaixou o braço que segurava a porta e enfiou as
duas mãos nos bolsos.
— Sim, aposto que gosta. Ele provavelmente faz qualquer coisa que
você pede. Deve passar ferro até na cueca. Vocês fazem a unha
juntos?
— Mentirosa.
Ela soltou o próprio pulso e abriu a porta antes que ele pudesse
segurá-la novamente.
Nem um pouco.
Irritante.
E além do mais, ela não se importava com o que Nick fazia com a
vida amorosa dele.
Esta noite, a única pessoa para quem Nick queria fazer um coquetel
era ele mesmo.
Nick recusou.
Não havia ninguém que ele respeitasse mais que Cassidy, tanto
como chefe quanto como amigo. E no que dizia respeito à
competição desenfreada que existia em ambientes corporativos, não
havia melhor lugar para se trabalhar que a Oxford.
Pelo menos não todos os dias. O dia em que Lincoln Mathis voltou
de sua licença um mês antes havia sido bom para Nick. Uma chance
de ele voltar ao seu estilo livre de viver, em que ele escrevia artigos
quando sentia vontade, trabalhava como barman quando sentia
vontade.
Vinha dela.
Ele não parou para pensar que ele provavelmente era a última
pessoa no mundo que ela gostaria que a visse assim.
Somente quando ele estava bem ao lado dela foi que ela o notou e
recuou o corpo ofegante.
— Desculpa.
— Sim.
— Eu sinto muito.
— Ela criou você? — ele perguntou, lembrando que uma vez ela
mencionara não ter nenhum outro familiar.
Taylor assentiu.
— Você vai fazer o que nasceu para fazer — disse ele calmamente.
Com convicção. — Você vai lutar. Vai continuar vivendo, como ela
gostaria que você fizesse.
Nick pensou que sabia o que lia no rosto dela agora, e orou a Deus
para que estivesse errado.
— É Bradley.
Ele balançou a cabeça. Ela o deixou abraçá-la porque ele era o único
por perto, não porque o queria. Não porque se importava com ele.
De ambas as partes.
Ele se virou e viu o momento exato em que tudo o que ela queria
dizer desapareceu por trás do próprio escudo protetor.
Capítulo 1
ATUALMENTE
Exceto hoje.
Hoje Taylor sequer notou a maneira como seus saltos cor bordô
tocaram o piso de mármore do saguão de seu novo prédio. Ela não
estava pensando em poder.
O som do início de sua nova vida com o homem que ela amava.
Mas ela não era melosa. Ou sentimental. Inferno, não era nem
romântica.
É claro que ela não tinha certeza. Mas sempre foi o tipo de garota
que mergulhava de cabeça em tudo que fazia, então...
Nada ainda.
— Bradley?
Taylor ficou irritada, mas não surpresa. Bradley tinha tirado a manhã
de folga a fim de receber os ajudantes para a mudança, e não seria
estranho da parte dele voltar para os escritórios da Oxford e
trabalhar por algumas horas no turno da tarde.
Taylor voltou para a cozinha, pretendendo mandar-lhe uma
mensagem de texto dizendo que, se ele não chegasse logo, ela faria
a desfeita de abrir o champanhe sem ele.
Mas...
Bradley
Ao longo dos anos, Taylor ficou boa nisso. Quase tão boa quanto a
própria Karen. Porque ela aprendeu da maneira mais difícil que havia
algumas situações em que a emoção simplesmente não podia ser
evitada – a morte de Karen, seis meses atrás, havia sido uma delas.
Mas isso?
Tudo certo.
— Filha da...
Ela nem estava brava. Não de verdade. Como alguém que já fora
uma “fujona” dedicada de qualquer coisa que se parecesse com
compromisso, estabilidade e fidelidade, ela entendia os motivos de
Bradley.
Decidir morar junto havia sido um grande passo – um que ela nunca
dera e, até onde ela sabia, um que Bradley também nunca havia
dado. Ele achava que tudo estava acontecendo rápido demais e que
envolvimento emocional poderia complicar as coisas, principalmente
com uma colega de trabalho.
Mas...
Capítulo 2
Ela se virou, e não ficou surpresa ao ver o olhar dele pairar de forma
descarada em sua bunda, antes de encontrar seus olhos com uma
expressão de tédio.
— Ballantine.
— Bom dia.
Que nojo. Ele era a única pessoa que conseguia pegar uma
saudação inofensiva e fazer a expressão soar como se ele tivesse
acabado de sair da cama com uma piscadela e uma ereção matinal.
Ele entrou na copa e enfiou os dentes brancos e retos em uma
maçã.
— Não fique tão irritada. Pensei que essa coisa de traje social te
deixasse toda derretida.
Normalmente.
Não havia nada de fácil em Nick. Nem um ano atrás, nem seis
meses atrás e definitivamente não agora.
Não que Nick fosse mais másculo que Bradley. Nick era só... mais
rústico. Menos previsível.
Ela não gostava de pensar naquele dia. Nunca. Por várias razões.
Não.
E como Bradley não estava aqui para ela descarregar toda essa
frustração, ela a dirigiu para alguém que definitivamente merecia.
O sorriso que ele deu foi lento e lupino. Sexy, se você for alguém que
gosta desse tipo de coisa. E ela não gostava. Ela queria homens
previsíveis. Nick Ballantine não se qualificava para o papel.
— Ah-há! Vitória!
Taylor arrancou um pedaço da fita, pegou o folheto que havia
impresso em seu notebook corporativo mais cedo naquela manhã e
marchou até a geladeira.
— O original, mesmo?
— Nada.
— Taylor.
— Nick.
O homem por quem ela esperou a manhã toda para ficar a sós
estava aqui, bem no momento em que Nick Ballantine estava com as
mãos em seu rosto, e como plano de fundo, havia o desespero dela
pregado na geladeira.
Bradley congelou quando a viu, e ela tinha quase certeza de que viu
o desejo de se virar e correr cintilar no rosto dele.
Mais uma vez, ela sentiu uma pontada de decepção. Com ele. E
consigo mesma por aparentemente tê-lo interpretado mal. Ela achou
que ele era melhor que isso.
— Bom dia, Bradley — disse Taylor, satisfeita por sua voz ter soado
calma e amigável. Bem como deveria. Durante a maior parte do ano,
ela teve muita prática fingindo que ela e Bradley não eram nada além
de colegas.
Exceto por alguns amigos próximos que sabiam que eles estavam
namorando, eles fizeram um ótimo trabalho – na maior parte do
tempo – em esconder a relação amorosa dos colegas.
Ele entrou na sala e pegou uma xícara de café, voltando sua atenção
para o outro homem.
— Não percebi que você tinha pego outro trabalho. Para fazer o
quê?
— Espero que seja um serviço externo que o leve para muito, muito
longe. Talvez ele precise de alguém para fazer uma reportagem
sobre os invernos da Sibéria — disse Taylor a Nick, observando
Bradley de soslaio.
Covarde.
Seria difícil pra caramba fazê-lo ser razoável quando ele se recusava
a sequer fazer contato visual.
Nick, perceptivo demais para seu próprio bem, notou a tensão e deu
uma rápida olhada nela e em Bradley, assumindo um olhar
especulativo.
— Eu.
Capítulo 3
Era óbvio que Bradley queria que Taylor permanecesse sem colega
de quarto. O que não estava tão óbvio era o porquê. Por que o filho
da puta simplesmente não se ofereceu para morar com ela?
Ele se ofereceu.
E foi... estranho.
Nick nem gostava de Taylor, e sabia que nada a deixava mais puta
do que quando diziam o que ela deveria ou não fazer.
— Taylor…
Sua oferta de deixar uma mulher com quem ele saía casualmente
ficar “por alguns dias” em sua casa se transformou em uma situação
em que a mulher havia se tornado uma sem-noção pegajosa que se
recusava a ir embora. Pouco importava que ele tivesse terminado
com ela.
Ele tinha algumas semanas para descobrir o que fazer, mas morar
com Taylor teria lá seus benefícios. Mudar-se com outra mulher
deixaria finalmente claro para Jackie que eles haviam terminado de
uma vez por todas. Nunca haviam começado, na verdade.
— É difícil imaginar por qual razão você está tendo dificuldade para
conseguir um colega de quarto.
Ah, merda.
Tanto ele como Taylor levavam tudo numa boa, mas magoar
intencionalmente uma mulher ia contra toda a educação que ele
recebera dos pais.
Era toda a confirmação que ele precisava para saber que sua
intuição acertara na mosca.
Ele viu o momento em que isso ocorreu, viu quando os olhos dela se
arregalaram em compreensão. Soube no momento em que ela
percebeu que deixar Nick se mudar para o apartamento dela seria o
vai se foder final para Bradley.
Ela pressionou os lábios, uma expressão que ele sabia que ela
pensava ser arrogante, mas na verdade era a que usava quando
estava nervosa.
— Você, eu, toda essa proximidade. Pode ser difícil resistir a mim.
O maxilar dela tensionou, mas ela não olhou para Bradley, apenas
segurou o olhar de Nick e deu-lhe a resposta que ele precisava.
Ela sentiu também. Ele soube disso pelo jeito que ela soltou um
suspiro, pela maneira que ela piscou numerosas vezes, parecendo
adoravelmente desequilibrada.
Taylor puxou a mão de volta, olhando para ele como se fosse culpa
dele que eles tivessem química corporal por baixo de toda aquela
inimizade.
Tanto ele quanto Bradley se viraram para vê-la sair da sala, a bunda
firme exibida em um vestido apertado, a mais pura perfeição.
Finalmente.
Capítulo 4
— Você poderia, por favor, não falar assim? Vai arruinar meu apetite
por esse sanduíche perfeitamente delicioso.
Brit Robbins estendeu a mão sobre a mesa e roubou uma das
batatas fritas de Taylor.
Por qual razão Hunter e Brit não se pegavam de uma vez era um
mistério para Taylor, mas Brit jurou de pés juntos que ele era só um
amigo, e Taylor deixou para lá. E, embora Taylor os achasse
perfeitos um para o outro, ela poupou a amiga de todo aquele
discursinho de você está secretamente apaixonada por ele.
Daisy Sinclair era outra daquelas mulheres raras com quem Taylor
parecia se dar bem. A amizade entre as duas era recente, então ela
não a conhecia tão bem quanto conhecia Brit, mas Taylor a adorava
na mesma medida.
O cunhado de Daisy era o editor-chefe da Oxford e, depois de se
mudar para Nova York, Daisy conseguira um emprego temporário
como recepcionista da empresa durante o período de licença
maternidade da recepcionista regular.
Daisy bufou.
— Tenho certeza de que estou ouvindo errado. Não foi você quem
me disse que iria desfazer nossa amizade para sempre se eu
namorasse com o Nick?
— Desembuchem.
— Desembuchar o quê?
— Vocês duas têm algo a dizer, algo que acham que não vou gostar.
Vamos, digam.
Taylor balançou os dedos em um gesto que dizia anda logo com isso.
Ela não gostava quando amigos enrolavam para dizer a verdade.
Daisy e Brit sabiam disso.
Taylor piscou.
— Há uma diferença entre sair para jantar com Nick e morar com
Nick — disse Daisy. — E eu realmente gosto do Nick. Eu não estava
usando-o intencionalmente.
Taylor poderia jurar que ouviu Brit abafar a palavra babaca com uma
tosse.
Já era ruim o bastante ter terminado com ela por meio de uma carta,
apesar de ela ter tentado entender o lado dele. Conversas difíceis
também não eram exatamente o forte dela.
Taylor riu.
— Mas, falando sério, como você consegue estar tão feliz agora? —
Brit pressionou. — Eu estaria me entupindo de vinho ou sorvete. Ou
ambos.
Isso é porque você não foi criada por Karen Carr, pensou Taylor.
Taylor nem tinha certeza de que sabia como ter uma. Ela não
conhecia outro jeito de lidar com a rejeição que não fosse com uma
armadura de guerra e um plano.
Capítulo 5
Em vez disso, ele sorriu e virou-se para o vão da porta onde ela
estava, mal-humorada, bebericando uma taça de vinho Chardonnay.
— Você não precisa ter pressa para sair daqui — disse ele, pegando
uma caixa vazia e largando-a na frente da cômoda, antes de
despejar uma gaveta cheia de camisetas no papelão. — O contrato
vai durar até o final do próximo mês.
Não era culpa dela que ele fosse tão idiota. Tampouco era culpa dela
que em sua educação ele foi ensinado que homens de verdade
tratam as mulheres com respeito, o que significava que ele não tinha
coragem de tirá-la à força do apartamento.
Houve um tempo em que Nick era o tipo de cara que sabia ler as
mulheres. O cara que só precisava dar uma olhada em uma mulher
para saber se ela só estava atrás sexo casual, se era sexy mas
caótica ou se era o tipo de garota para apresentar à mãe.
Prova disso foi que quando Jackie se aproximou do bar dele alguns
meses atrás, ele a considerou meiga, divertida e uma perfeita
relação-sem-compromisso em potencial.
Nick não pensou duas vezes antes de dizer que ela poderia ficar na
casa dele por algumas noites enquanto resolvia o problema.
Não foi o maior erro que ele já cometera tratando-se de uma mulher,
mas estava definitivamente entre os cinco primeiros.
Quase da noite para o dia, Jackie deixou de ser uma garota divertida
que amava rir e nunca enchia o saco dele por não telefonar, e virou
uma pessoa paranoica e emotiva que achava que todas as
mensagens que ele recebia eram de outra mulher e que cada turno
de trabalho dele era uma desculpa que ele usava para “sair pegando
todas”.
Era irritante? Pra caramba.
Mas ele culpava a si mesmo muito mais do que a ela. Certo, talvez
culpasse a ex um pouquinho. Ela não somente arrancou seu coração
– assim que percebeu o quanto havia interpretado-a mal, ele perdeu
a confiança em sua capacidade de ler as mulheres.
No entanto, a verdadeira razão pela qual ele soube que era a mãe
dele foi pela intenção da mensagem: bisbilhotar.
Nick, querido, não sei se você viu minha mensagem e e-mail, mas
seu irmão disse que você estava de mudança? Me mande o seu
endereço para que eu possa enviar um presente de boas-vindas.
Devo comprar algo para apartamento de solteiro, ou...?
Não que ela fosse acreditar nele. Ele não podia nem mencionar o
nome de uma mulher sem sua mãe usar a palavra casamento na
mesma conversa.
O como foi mesmo era uma armadilha. Ele não dissera nada a ela.
Ele não devia nenhuma explicação à Jackie, e aprendeu da maneira
mais difícil que dizer a alguém como Jackie que iria morar com outra
mulher, não importa o quão platônica – e antagônica – fosse a
situação, era o mesmo que implorar por problemas.
— Taylor.
Ele nunca havia pensado muito no nome neutro de Taylor Carr, mas
caramba, estava agradecido por isso agora.
— Eu o conheço?
Nick nunca pensou que chegaria o dia em que estaria ansioso para
morar com a megera da Taylor Carr, mas tinha que ser melhor que
sua situação atual.
Claro, sua motivação inicial para morar com Taylor foi fugir de Jackie.
E talvez punir Calloway só por ser um idiota.
Mas havia outros benefícios também. Taylor podia não ser sua
mulher favorita no planeta, mas talvez fosse esse o ponto.
Ao menos Taylor ele havia lido bem. Ele gostava de saber o que ela
era. Competitiva, fria, sarcástica. Taylor Carr era um livro aberto, e
ajudava o fato de o embrulho mal-humorado ser também gostoso.
Mas quando, de costas para Jackie, Nick ergueu uma caixa de
roupas e colocou-a no topo de uma das pilhas, sentiu uma onda de
desconforto.
Nick tinha certeza absoluta de que ele e Taylor Carr tinham assuntos
não resolvidos.
O que ele não tinha tanta certeza era porque diabos ele queria
resolvê-los.
Capítulo 6
Mesmo sabendo que era muito pesado para arrastar sozinha, ela
colocou as duas mãos em um dos braços e fez um esforço cheio de
teimosia para colocá-lo de volta no devido lugar.
— Então é assim que vai ser? Você vai ficar me secando o tempo
todo?
— E tenho certeza de que você não tem ideia do que ela faz com a
sua bunda, certo?
Mas, para puni-lo por dizer isso em voz alta, ela se virou e curvou-se
sobre o sofá novamente, um pouco mais devagar desta vez,
querendo torturá-lo.
— Eu passo.
Ela ficou exatamente onde estava. Essa era a casa dela. Ela se
recusava a se sentir desconfortável.
Irritante.
— Deixar Calloway puto, levar você pra cama e criar uma distância
entre mim e uma ex louca.
— Estou mais curiosa para saber que tipo de garota sequer cogitaria
sair com você.
Nick e Daisy podem não ter tido nada sério, mas não deve ter sido
fácil para o orgulho dele vê-la escolher outra pessoa.
— Então, essa tal de Jackie — disse Taylor, esperando levar os
pensamentos dele em uma direção diferente. — Totalmente surtada?
Mas de jeito nenhum ela iria pronunciar uma palavra sequer sobre
isso para Nick.
— Então tá.
— Então tá o quê?
— Que atitude babaca, concordar em morar com uma garota e
desistir bem no dia da mudança.
— São onze da manhã — disse ela quando ele foi até a geladeira.
— Sim. Claro.
— Bem... — Ele tomou outro gole. — Bem. Quer mesmo saber? Meu
caso com Jackie? Nunca foi sério. Nunca. Me ofereci para deixá-la
ficar na minha casa por algumas noites, e sim, usei essas mesmas
palavras, e ela apareceu naquela mesma tarde com um caminhão de
mudança.
Taylor piscou.
— O que isso quer di... Ah, espera, já entendi. Você é um cara legal
que estava ajudando uma garota surtada, mas Bradley é um
completo idiota. É isso que seu discurso encorajador quer dizer?
— Eu realmente te odeio.
Nick sorriu.
A alfinetada doeu mais do que ela esperava, mas ela era inteligente
o suficiente para se retirar em vez de deixar transparecer.
Taylor desfilou com sua calça, sua bunda e sua cerveja até o quarto,
desfrutando completamente da batida satisfatória que a porta deu ao
se fechar atrás dela.
Capítulo 7
Taylor não sabia muitos detalhes, graças a Deus, mas a versão que
contaram para ela posteriormente foi que ela foi concebida no banco
de trás de um Chevrolet, após muitas doses de uísque.
O carro sequer pertencia aos pais dela. Nenhum dos dois jamais
teve mais de cem dólares no bolso. Não, eles decidiram deixar a
situação ainda mais elegante e tiveram um sexo dos bons no banco
de trás do carro de um amigo.
Isso resultou em um casinho de duas semanas, seguido por um
término repentino, mas tranquilo. Depois disso, provavelmente nunca
mais se veriam.
Sua mãe ficou com ela por admiráveis dois anos antes de decidir que
a maternidade não era a praia dela. Foi embora para assumir o posto
de backing vocal de uma “estrela” há muito tempo esquecida, mas
acabou morrendo de overdose aos 25 anos.
Pelo que a tia lhe dissera, todo o tempo livre de Vance Carr era gasto
em rachas, um hobby que ele tinha.
A irmã mais velha de Vance Carr, Karen, era a única coisa entre a
pequena Taylor e o sistema de adoção.
Uma vez, Karen disse à Taylor que, embora ela e o irmão não
fossem próximos, foi ela quem insistiu no teste de paternidade
quando a mãe de Taylor apareceu grávida.
Taylor era grata por isso. Porque quando Karen soube que era a
guardiã legal da sobrinha de quatro anos, ela não contestou. Taylor
era uma Carr, e isso era tudo que Karen precisava saber. Se Karen
alguma vez se queixou com alguém por herdar um filho que não
queria, não foi com Taylor.
Não houve abraços nem sorrisos, mas mesmo em uma tenra idade,
Taylor pôde sentir a confiança da tia. A competência dela.
Sua tia nunca se casou e, até onde Taylor sabia, nunca sequer
cogitou isso. Lendo nas entrelinhas, Taylor imaginava que a tia
também não planejara ter filhos, mas Karen Carr dificilmente era o
tipo de mulher que diria não às responsabilidades.
Ainda assim…
Mas agora, em vez de estar morando com Bradley, ela estava sendo
colega de quarto de Nick Ballantine – de todas as pessoas no mundo
–, e isso a deixava desequilibrada pra caramba.
Ela não parou para pensar que estava alguns minutos adiantada
antes de bater o punho de forma impaciente na porta e abri-la, como
havia feito um milhão de vezes antes.
Exceto que em todas essas outras vezes, ela nunca havia sido
recebida por essa visão.
A outra mulher saltou para trás, mas não rápido o suficiente.
— Jessica?
Claro que sim. Essa era Jessica... qual era o sobrenome dela?
Hayes?
— Sim — ela conseguiu dizer, aliviada por sua voz estar firme. — Eu
conheço a Jess…
Pelo canto do olho, ela podia jurar que viu Jessica tentar esconder
um olhar de choque, mas Taylor manteve a atenção em Bradley.
— Taylor…
Ela não ficou lá para deixá-lo concluir a frase com algum chavão
patético, na frente da ex... não, atual namorada.
Sua tia havia lhe ensinado muitas coisas, mas havia uma habilidade
crucial na vida que sua guardiã legal nunca havia ensinado a ela.
Capítulo 8
— Pela última vez, não vou falar sobre isso com você — Nick disse
ao telefone, pegando as chaves do bolso e deslocando o celular para
a outra orelha.
— Você não pode esperar que eu acredite que você está morando
com uma mulher de forma platônica — disse Celine. — Isso nem faz
sentido. A menos que ela seja lésbica. Ela é? Me deixe falar com ela.
Quero contar sobre como você coloca as caixas de leite vazias de
volta na geladeira.
Quando Nick entrou, foi recebido por um som nas alturas; ele parou
onde estava. Tendo sobrevivido anos morando com duas irmãs
durante a adolescência de ambas, Nick era familiarizado por demais
com o que ele considerava músicas de “mulheres com raiva”:
melodias de angústia e fúria que uma mulher que foi desprezada
escutaria.
— Ballantine.
Ela abriu a boca, como se quisesse dizer algo hostil, depois a fechou
e desviou o olhar. Aquilo disse tudo que ele precisava saber.
A música indicava que ela estava com raiva, mas todo o resto dizia
que ela estava sofrendo.
Droga.
Nick debateu por cerca de dez segundos sobre o que faria a seguir,
antes de se afastar da porta e voltar para a cozinha.
Qualquer homem com meio cérebro teria deixado uma mulher nesse
estado se recuperar do término sozinha. Bem, talvez teria primeiro
removido o martelo da mão dela.
Mas parece que ele tinha também um ponto fraco idiota – um que
não gostava de ver Taylor, normalmente impenetrável, como algo
diferente de alguém destemida e batalhadora.
Mas ela não estava quebrada. Ele já a vira quebrada, naquela única
vez. E não era a mesma coisa. Essa versão de hoje era de uma
Taylor furiosa. Não de uma Taylor arrasada. Ele queria se certificar
de que ela entendesse a diferença.
Um minuto depois, ele voltou ao quarto dela. Ela olhou para cima,
surpresa com o reaparecimento dele, e fixou os olhos nos de Nick
por uma fração de segundo antes de olhar para as duas taças de
vinho cabernet nas mãos dele.
Ela estava um pouco mais pálida que o normal, mas não havia
nenhuma vermelhidão ou inchaço ao redor dos olhos que pudessem
dar indícios de lágrimas. Ótimo.
— Com o tanto que você pagou por aquele sofá espalhafatoso, não
poderia ter comprado uma peça de mobiliário já montada? Qual é a
razão desse móvel barato que mais parece uma recordação dos
tempos da faculdade? — ele perguntou.
— Estante.
— Não. Homens.
Ela não explicou quem Karen era, porque não precisava. Não para
ele.
Nick a observou pelo canto do olho. Ela não olhou para ele enquanto
falava, e ele se perguntou se ela estava se lembrando daquela noite
no escritório da Oxford. A noite em que ela o deixou abraçá-la, só
para trocá-lo por Calloway.
Ele queria perguntar se aquela noite era a razão pela qual ela o
odiava tão intensamente. Mas em vez disso, perguntou:
— Livro?
— Sim.
Ele riu.
O que ele disse era verdade: seus livros vendiam bem, mas ele
dificilmente era um autor renomado. O que ele não disse a ela – não
dissera a ninguém – é que ele recebia um bom dinheiro por seu
trabalho. Nick lançava dois ou três e-books por ano, em seu próprio
ritmo, à sua própria maneira, e havia conquistado seguidores leais.
Nick adorava escrever ficção, mas não faria isso tão bem se não
vivesse a vida ao máximo nos momentos em que não estava atrás
do computador. O tempo que ele passava na Oxford e no bar, sem
mencionar o seu amor por viajar, mantinha a imaginação dele
impulsionada.
— É mesmo?
Merda.
— Reataram? Você sabia que ele estava saindo com ela? — Ela
acusou. — Eu sou a única que não conhecia esse segredinho?
— Não é de conhecimento geral. Para começo de conversa, foi ela
quem o indicou para a Oxford. Poucas pessoas sabiam.
O queixo de Taylor caiu, então ela riu, embora não houvesse alegria
no ato.
Era difícil acreditar que uma mulher tão intensa pudesse realmente
se importar com um verme covarde como Calloway.
— Nick.
O olhar dele voou para o dela. Ela já havia usado o primeiro nome
dele? Ele achava que não. E se ela tivesse usado, teria sido em um
tom habitual, para chamá-lo pelo nome, não no leve tom de súplica
que ele ouvia agora.
Ele olhou para cima e segurou o olhar dela. Deixando-a descobrir por
conta própria.
— Eu não sabia — disse ela. — Eu não fazia ideia de que ele estava
saindo com alguém quando nos conhecemos.
— Então agora que Calloway voltou com a Jess, você vai seguir em
frente?
Nick não sabia por que se importava tanto com a resposta dela, mas
a observou cuidadosamente.
O choramingo suave que ela deu foi metade dor, metade fúria, e ele
não ficou nem um pouco surpreso quando ela empurrou a taça de
volta para ele e agarrou a primeira parte montada da estante de
livros nas mãos dele.
— Dá o fora.
— Taylor…
— Fora — ela sibilou. — Eu não quero você aqui. Tenho que dividir
meu apartamento com você, mas meu quarto é zona proibida.
Entendeu?
— Dá. O. Fora.
Ele deu.
Não porque ela mandou. Mas porque, por um momento idiota, Nick
não quisera nada além de desmanchar aquele beicinho furioso da
boca atrevida de Taylor Carr com um beijo.
Capítulo 9
— Manda ver.
— Coisa que você viu, tipo, umas quatro vezes. E você sabe que era
uma situação esquisita. Não queríamos que ninguém soubesse que
estávamos namorando.
— Eu sei que você pensa que estava apaixonada por ele. Estou só...
Não tenho tanta certeza de que ele era bom o bastante para você.
— Mas…
— Mas nada, Taylor. Ele terminou com você no dia em que iam
começar a morar juntos. Por uma carta. Isso faz ele soar como o
herói da história para você?
— Sabe do que estou farta? — Taylor rebateu, se colocando de pé e
agarrando com raiva a tigela de pipoca antes de marchar até a
cozinha. — Estou farta de outras pessoas me dizendo como me
sinto. Você e Nick não sabem quem eu amo ou deixo de amar. Acho
que conheço meu próprio coração.
O olhar de sua amiga era piedoso, e foi isso que mais incomodou
Taylor. Como Brit se atrevia a ficar ali parada e dizê-la que ela não
amava Bradley? Como o maldito Nick Ballantine se atrevia a tentar
dizer que ela não sabia reconhecer a própria felicidade?
Não eram eles que decidiam o que a fazia feliz. Era ela. E Taylor
decidira que Bradley era…
— Estou de saída.
E, embora Taylor não concordasse que Bradley não era o cara certo
para ela, Taylor estava um pouco envergonhada de se enxergar da
forma pela qual ela agira no mês passado através dos olhos dos
amigos, até mesmo de Nick.
Ela tinha agido como uma chorona com pena de si mesma, feito uma
vítima que só fazia devorar sorvete – a própria antítese de tudo o que
ela já representara.
Vencedores não veem a vida através dos olhos dos vitimados, Taylor.
Quando ela se virou, Nick ainda estava lá, olhando para ela.
Ela deu uma outra olhada cheia de ironia nele antes de pegar um
copo no armário.
Foi só a primeira vez que ele a tocou quando nenhum deles estava
saindo com outra pessoa.
E aterrorizante.
Ela se deixou acreditar que o péssimo timing dos dois era um sinal –
o destino avisando que eles não deveriam ser nada além de inimigos
que viviam brigando.
Mas na outra noite, quando ele a tocou, ela... chegou a se
questionar.
A desejar.
Sem dizer nada, ele arrancou a jarra das mãos dela, encheu o copo
dele e depois o dela.
Idiota.
Quando ela ergueu os olhos para o rosto dele novamente, ele estava
lhe dando um sorriso de quem sabia o que estava fazendo, e era
exatamente o que ela precisava para tirar a si mesma da própria
bruma de... o que quer que tenha sido.
Nick ficou olhando para ela por um longo momento, depois deu de
ombros.
— Ok — disse ele, depois se virou e foi em direção ao próprio
quarto.
— Nunca disse que você era — disse ele, virando-se, mas sem
caminhar de volta até ela.
Só que agora ela não tinha mais tanta certeza que queria dar-lhe um
soco. Ela queria encostar a palma da mão ali, queria saber se a
barba curta sempre-presente seria macia ou áspera. Queria saber
como seria a sensação daqueles pelos contra a pele dela, entre as…
Uou.
Capítulo 10
— Eu vou fazer para vocês dois — Nick disse, acenando para Hunter
e Jackson enquanto pegava a taça adequada. — Mas você... — Ele
apontou a taça própria para coquetel na direção de Lincoln Mathis.
— Você vai arrebentar minhas bolas se a bebida não for rosa,
cremosa e não tiver uma borda crustada de açúcar?
— Daisy?
— Desgraçado. Prepare para mim o que quer que você for fazer para
eles. Eu aguento.
Nick sorriu em resposta, um pouco aliviado por se aproximar um
pouco mais do círculo íntimo de Lincoln Mathis.
Ele nunca colocou a mão nela, a não ser para ajudá-la com o
casaco.
Nick ficava feliz por isso. Não somente porque significava que
Lincoln não tinha motivos para odiá-lo, mas porque significava que
ele e Daisy ainda podiam ser amigos – amigos de verdade. Ela ia
para o bar de vez em quando com Brit ou uma das garotas da
Stiletto.
Ele gostava muito dela – o suficiente para respeitar que ela estava
obviamente superfeliz com Lincoln. E embora Nick se achasse um
cara bonito, até ele sabia que Lincoln Mathis era mais adequado
para Hollywood do que para a Oxford. O homem tinha cabelos
pretos, olhos azuis e um suprimento insuportável de piadinhas
prontas.
— Taylor, hein? Sempre soube que tinha algo fermentando sob toda
essa porcaria de “eu te odeio” de vocês dois.
Merda.
— Ele foi de Jess Hayes para Taylor e agora voltou com a Jessica —
disse Hunter, o desdém nítido na voz. — Não me incomodaria tanto
se a linha do tempo em que as duas coisas aconteceram não
estivesse tão perto de se sobrepor.
— Que idiota. Ele não poderia ter escolhido mulher pior para
enganar. Tenho certeza de que Taylor Carr poderia chutar todas as
nossas bundas. Ao mesmo tempo.
— Não acho que você precise teorizar que mulheres tigresas são
gostosas — ponderou Hunter. — Está implícito, certo?
— Cross, não faça Lincoln começar a falar dessa merda. Ele vai
acabar levando o assunto para um tópico estranho do Animal Planet,
e nunca mais vai calar a boca.
Deus sabia que ele não podia perguntar à Taylor. Eles voltaram a se
falar, mas não de uma maneira civilizada. Nos últimos dias, a
animosidade dos dois foi promovida a nível de ameaça global em
alerta.
— Estou dentro.
— Não.
— É castanho, caralho…
— Espera aí. Você está propondo que você seja a pessoa com quem
ela vai transar para superar o término?
Talvez transar com uma mulher que ele sabia que era problema
fosse o antídoto perfeito.
Capítulo 11
Ela sabia como abrir uma garrafa de vinho, mas nunca uma dera
tanto trabalho antes. Ela precisava de um especialista em vinho, ela
precisava…
Não pela primeira vez, ela ficou aliviada pelo apartamento de dois
quartos ter a característica bastante incomum de Manhattan: dois
banheiros. O pensamento de compartilhar um banheiro com Nick
Ballantine era… perturbador.
Nick não estava nu, embora a visão dele usando nada além de uma
toalha azul escura enrolada na cintura fosse quase tão boa quanto
se ele estivesse.
Ele era alto, tinha ombros largos e ficava bem de roupa, mas nu era
ainda melhor.
Ele abriu uma gaveta da cômoda e tirou uma camiseta e uma boxer,
embora não parecesse estar com pressa para vesti-las. Por ela tudo
bem.
Ele encarou.
Ela estava tentando usar o tom de sarcasmo habitual dos dois, mas
sua voz saiu meio provocante e sedutora.
— Não no bar.
— Sim.
— Descobriu?
— Basicamente.
— Sim. — Todos.
Ele foi até o armário, e ela ficou estranhamente contente quando ele
pegou duas taças de vinho em vez de uma.
Ela sorriu por sobre a taça de vinho. Não. Ele não perguntaria.
Ele era parecido demais com ela – provavelmente estava morrendo
de vontade de saber o que Taylor achou do livro, mas era orgulhoso
demais para se expor diante de sua nêmesis.
— De nada.
Por mais que tentasse, ela não conseguia parar de passear os olhos
pelo corpo dele.
— Eventualmente.
— O que pode tornar o ato de falar sobre isso comigo mais fácil.
Taylor abriu a boca para dizer-lhe que a lógica dele era ridícula, mas
então percebeu que ele tinha certa razão.
Ela também se perguntou se, em algum nível, era por isso que ela e
Nick haviam concordado em morar juntos nesse jeito estranho de
convivência. De certa forma, na maioria das vezes, eles poderiam
ser eles mesmos perto um do outro, porque não fazia sentido fingir
ser outra pessoa para alguém que não dava a mínima de qualquer
maneira.
Ela não precisou explicar qual noite era. A noite em que Taylor
descobriu que sua única parente – a única pessoa em sua vida que
realmente se importava com ela – havia morrido. A noite em que
Taylor estava sozinha no escritório da Oxford.
E então, ele escutou-a contar tudo sobre Karen. Sobre como sua tia
a adotara e cuidara dela quando ninguém mais o fez.
Ela piscou, porque a resposta fria dele não era exatamente o que ela
esperava – ou tinha esperanças de ouvir.
Nick deu uma risadinha fria e engoliu o resto do vinho. Ele colocou a
taça no balcão e olhou para ela.
Capítulo 12
O que ela não adorou foi o pedido de Bradley, por e-mail, para que
eles se encontrassem em uma reunião à tarde, como antigamente, e
que ela levasse cópias impressas do anúncio comercial da próxima
edição da revista, em vez de analisá-lo nos próprios iPads, como
costumavam fazer. Aparentemente, um figurão da Rolex estava no
edifício e queria ver como o anúncio do relógio da marca, que
ocuparia duas folhas inteiras, ficaria nas páginas brilhantes da revista
física. E as várias reuniões de Bradley significavam que ele
aparentemente não conseguia imprimir o anúncio sozinho.
A princípio, a vontade que ela teve foi de dizer a Bradley para enfiar
as duas páginas onde o sol não brilha. Não porque era um pedido
irracional – era irritante, mas não tão incomum em um mundo em
que as pessoas às vezes gostavam de fingir que ainda viviam nos
anos da era Mad Men.
Não, ela queria dizer a Bradley onde exatamente ele poderia enfiar o
rascunho do anúncio que ela tinha que imprimir, porque ele não se
incomodou em avisá-la pessoalmente.
Ela poderia não ter certeza se queria ver Nick – ou, nesse caso,
Bradley. Mas tinha muita, muita certeza de que não queria ver a
mulher diante da impressora.
Droga.
— Não tem problema — disse Taylor, odiando o quão falsa sua voz
soava. — Eu volto depois.
— Taylor.
Foi o tom silencioso e desesperado na voz de Jessica que fez Taylor
parar, quando o que ela realmente queria era se virar e arrastar Brit
para um almoço acompanhado de bebida alcóolica.
Taylor hesitou por uma fração de segundo, sem ter certeza de que
queria ouvir a mulher pela qual Bradley a deixara.
Mas então, ela supôs que, se Nick estivesse certo, a própria Taylor
também era a mulher por quem a outra fora deixada.
Desgraçado.
— E, ainda assim, você voltou para ele — Taylor observou.
— Eu o amo.
Aliás, ela poderia jurar que havia um ligeiro tom de dúvida no final da
declaração de Jessica também. Como se talvez ela, assim como
Taylor, estivesse começando a se perguntar se Bradley era mesmo o
cara perfeito que um dia elas acreditaram que era.
Parecia que não havia mais nada a dizer e, quando Taylor começou
a se afastar, Jessica falou novamente.
— Sim, ele mencionou que você revisa os livros dele — disse Taylor,
querendo ter certeza de que Jessica ficasse ciente de que ela
conhecia Nick. Mesmo que não estivesse totalmente certa de que
realmente o conhecia. Deus é testemunha de que ela não era boa
em desvendar aquele homem.
— Com todo o respeito, meio que é sim — disse Taylor com um leve
sorriso.
Jessica olhou para a pilha de papel nas mãos e depois para Taylor.
— Ok. Ok, tudo bem. Ele disse que percebeu que queria casar e ter
filhos, e que você não queria nada disso. Mas eu quero essas coisas,
então...
Taylor sentiu uma onda de mágoa surgir dentro de si, não somente
pelas palavras de Jessica, mas pela deslealdade de Bradley.
Ela e Bradley conversaram sobre filhos. Taylor havia dito a ele desde
o início que nunca se via tendo filhos, assim como dizia a todos os
homens com quem se envolvia.
Ele simplesmente sorriu, puxou-a para perto e disse que por ele tudo
bem, que contanto que a tivesse, ele não precisaria de filhos, que
eles seriam a família um do outro.
Reunião de Bradley.
Céus, ela era uma idiota. Por se envolver com um colega. Que
estava envolvido com outra colega. Quanta baboseira, parecia uma
novela.
Mas mais do que tudo, ela estava irritada consigo mesma por se
envolver com um homem que não sabia o que queria, ou quando
queria.
Melhor assim. Não havia mais nada a ser dito. Ela só podia torcer
para que Jessica abrisse os olhos em relação a Bradley o mais
depressa possível.
Quanto à Taylor?
Capítulo 13
Ela mentiu.
Isso deixou Nick à vontade para fazer os drinques que ele gostava
de fazer, para aqueles sentados ao balcão de mogno. Ele examinou
a área da esquerda à direita, bebendo um copo de água gelada. O
trio de mulheres gostosas no canto estava bem estabelecido com
seus champanhes, o casal esquisito desfrutando de um primeiro
encontro bebia vinho tinto e Manhattan, um punhado de participantes
da conferência bebericava gim com tônica. A idosa Sra. Bay tomava
um gole de seu uísque habitual, outro casal ainda olhava o cardápio
de coquetéis e…
Ela riu.
Ele sorriu.
— Às vezes ela é.
— Belo eufemismo. Talvez suas cantadas não sejam tão ruins, afinal.
— Você colocou uma bebida cujo nome era uma homenagem a mim
no cardápio?
Ela riu.
— Ok, agora você definitivamente vai fazer uma bebida para mim. E
é melhor que esteja boa.
Ainda bem. Dessa forma, Nick teria mais tempo para descobrir o que
fazer para Taylor.
— O que é isso?
Nick olhou para o local e, sem dúvida, o grupo que bebia gim com
tônica estava claramente dando a ele um olhar que dizia “outra
rodada”.
Nick serviu os gins com tônica e fez outra rodada preventiva para os
outros clientes, sentindo os olhos de Taylor fixos nele durante todo o
tempo.
Quando ele voltou para perto dela, ele meio que esperava que seu
interesse em falar com ele tivesse diminuído, ou que ela tivesse
voltado a atenção para o celular, como a maioria das pessoas
solteiras no bar costumava fazer.
— Devo confessar que — disse Nick — nunca pensei que veria o dia
em que você estaria no meu bar.
Taylor olhou para a bebida e passou uma unha vermelha pela borda.
— Calloway de novo?
— Não. Ele não. Minha tia. — Ela olhou para cima. — Hoje é o
aniversário dela. Eu só… Não sei. Não queria ficar sozinha, e pensei
em ligar para Brit ou Daisy. Mas depois percebi que também não
queria estar com ninguém. — Ela torceu o nariz. — Isso
provavelmente nem faz sentido.
— Karen não bebia. Uma taça de vinho tinto no jantar, talvez, mas
nunca um coquetel. Se você a conhecesse, entenderia. Ela não fazia
o tipo que tolerava a perda dos próprios sentidos.
— Eu te odeio.
Ele sorriu, porque ambos sabiam que ela não o odiava. Não no
momento, de todo modo.
Nick cerrou os dentes. Ele não queria pensar mal dos mortos, mas
essa Karen estava realmente dando nos nervos, mesmo dentro de
um caixão. Não era de admirar que Taylor fosse, bem... Taylor.
— Eu não duvido que você sinta falta pra caramba da Karen, mas ela
não estava certa sobre tudo.
Taylor piscou.
— Como assim?
— Não soe tão cética. Pergunte a si mesma: em que bar você entrou
essa noite? — ele disse, se endireitando e dando uma piscadela. —
Depois, se pergunte o porquê.
Capítulo 14
Feliz.
Sendo assim, foi um choque enorme que, quando ela caminhou (ok,
talvez tivesse desfilado um pouquinho… os sapatos eram realmente
fantásticos) para as instalações da Oxford às nove e meia da manhã,
ela deu de cara com…
Nick Ballantine.
— Sim, Taylor?
Taylor sentiu o olhar de Nick nela, mas não olhou para ele.
— Eu não a confrontei — disse Taylor. — Eu esbarrei com ela na
copiadora. Nós conversamos. Só isso. Por que todo mundo parece
achar que uma carnificina vai acontecer sempre que eu tenho uma
conversa com alguém?
— Quer responder?
Ah.
Ele acenou com a cabeça para Brit, que apenas revirou os olhos, se
virou e foi embora. Que amiga boa.
— Bom dia, Taylor. Nick. Como estão indo as coisas por aqui?
— Certo.
E ela seguiu, porque ele era seu colega, mas seu corpo estava muito
mais consciente do homem de quem ela se afastava do que do
homem de quem se aproximava. Taylor sentiu o olhar de Nick fixo
nela enquanto ela seguia Bradley, desejando que, pelo menos desta
vez, soubesse o que Nick estava pensando.
Ele fora gentil com ela ontem à noite – inferno, ele havia sido gentil
com ela com muito mais frequência do que ela merecia. Mas ele
nunca demonstrou nenhum interesse nela como mulher, e... bem,
isso a incomodava.
Ela se sentou.
— Certo.
Ele franziu o cenho, sentindo claramente que ela não iria facilitar as
coisas para ele. Ele limpou a garganta.
E de quem é a culpa?
— Eu estou bem.
Patético.
— Você está morando com Nick Ballantine — ele falou, como se ela
não estivesse profundamente consciente disso. Em todos os níveis
possíveis.
— Taylor…
Ele piscou.
— Uma transferência.
— Que por…
— Ele tem várias vagas disponíveis — insistiu Taylor. — E agora que
o novo design do site principal foi aprovado, ele precisa de alguém
para descobrir como melhor integrar os anúncios ao conteúdo.
— Taylor…
— Você ama mesmo o lado digital das coisas — ele admitiu em voz
baixa.
Taylor não disse nada. Ela não tinha certeza se ele estava falando
sobre perdê-la como colega de trabalho ou como mulher, mas ela
não se importava.
— Não. Mas gostaria da sua garantia de que isso não afetará nosso
relacionamento de trabalho.
— Obrigada. De verdade.
— Eu tenho que dizer “de nada”, ou posso fazer birra por um tempo?
Agora? Tudo o que ela conseguia pensar era que estava pronta para
algo diferente.
Capítulo 15
— Irmãos? Irmãs?
— Dois de cada.
— Taylor.
— O quê?
— Você perdeu a parte em que eu disse que tinha duas irmãs? Acho
que sei o significado de um “ah” quando ouço um.
— Não é nada.
— Desembucha, Carr.
Mas quando seus olhos voltaram para o rosto dele, o ego dela
recebeu um tapinha desconfortável.
— Mas…
Afetada pelo que ele disse, ela começou a dar um passo para trás,
mas ele estendeu a mão e agarrou o queixo dela firmemente entre o
polegar e o indicador.
— Quando você vier para a minha cama, quero que seja por minha
causa. Não porque eu não sou o Calloway.
— Eu te disse, eu já…
— Como?
Ele pressionou o polegar nos lábios dela, somente uma vez, depois
deixou o braço cair.
Ele sorriu, colocando as mãos nos quadris dela para empurrá-la para
trás antes de dar um tapinha brincalhão em sua bunda.
— Vamos dar um passo de cada vez. Por enquanto, que tal um
jantar?
O queixo dela caiu quando ele voltou para trás do fogão, parecendo
completamente imperturbável com a discussão que acabaram de ter.
Enquanto isso, cada parte dela formigava.
Ansiava.
Capítulo 16
Ele também não a ouvia bater na porta, coisa que ela havia notado; e
na semana e meia que se passara desde que ele emitiu o decreto
que dizia que os dois deveriam manter as mãos longe um do outro,
ela passou a entrar no quarto dele sem bater, muitas vezes se
jogando na cama e mexendo no celular até que ele terminasse a
cena que estivesse escrevendo e se virasse para ver o que ela
queria.
Esta noite, no entanto, ela não estava tão paciente assim, e depois
de dois minutos tentando ignorar o fato de que ela continuava
andando de um lado a outro, ele tirou os fones de ouvido e deu um
suspiro.
— Que bicho te mordeu, Carr?
— Eu preciso de ajuda. Por favor. Assim que você puder fazer uma
pausa.
Ele foi, só porque estava com bloqueio criativo e, de todo modo, não
conseguia escrever nada de bom na página.
Toda vez que ela o tocava, por mais casual que fosse o toque, ele
quase se esquecia do próprio decreto idiota de um mês e a colocava
contra a parede, ou no sofá. Ou contra o balcão. Ou no chão. Ele
não se importava. Fazia somente alguns dias, e ele já estava
morrendo.
— Tá falando sério?
— E você acha que videogames são o jeito certo de fazer isso. Você
comprou uma arminha de brinquedo também?
Ela olhou para os sapatos, e ele quase se sentiu mal por provocá-la.
— É um clássico.
— Ah! Esse aí. O nerd da Best Buy insistiu que eu precisaria disso
aqui caso fosse jogar com mais de uma pessoa…
Ele balançou a cabeça, exasperado, depois fez um sinal para que ela
trouxesse os controles para ele.
— Senta.
Ela fez o que ele disse, quase saltitando, enquanto ele carregava o
jogo. Nick entregou-lhe o controle principal, que ela pegou
timidamente. Então, ela olhou para ele e deu um tapinha no espaço
ao lado dela, esperançosa.
Nick suspirou.
— Você sabe que eu vou te dar uma surra nesse jogo, não sabe? —
ele falou, pegando o outro controle.
Nick lançou um olhar assustado para ela e ficou ainda mais surpreso
ao ver Taylor Carr corar – algo assim não acontecia todos os dias.
Ele pensou que fosse um gesto acidental, mas então notou o rubor
na bochecha dela. O sorriso malicioso nos lábios.
Não. Ele não era o único que ainda pensava em como seria quando
os dois ficassem nus.
Ele sorriu e começou a ensinar a Taylor Carr tudo o que sabia sobre
Mario Kart.
Capítulo 17
— Sim.
— Isso é o que você diz — Brit falou. — Mas parece esquecer que
eu tenho que dividir um escritório com vocês dois e seus feromônios.
A tensão sexual é insuportável.
Daisy assentiu.
— Duas semanas.
— Vai passar.
De alguma forma, o cara que outrora era a única pessoa que ela não
suportava, passou a ser a que ela mais ansiava para ver todos os
dias. Ele era engraçado, grosseiramente fofo e – talvez a
característica mais atraente de todas – parecia ter muita pouca
tolerância para com as besteiras que Taylor dizia, coisa que ela
achava surpreendentemente revigorante.
Daisy estremeceu.
Ainda assim, ela deixou Brit direcionar o assunto para algum drama
que estava tendo com a madrasta medonha dela. Elas pararam de
conversar por tempo suficiente para pedir uma variedade de rolinhos
de sushi, antes do foco do assunto se voltar para Daisy, que contou
sobre o casamento que estava organizando para uma noiva
neurótica que insistia que Daisy encontrasse uma maneira de
permitir que a preciosa gata dela fosse a “daminha” que levava as
flores.
Agora que todas estavam a par dos assuntos essenciais da vida uma
da outra, um ligeiro silêncio tomou conta do grupo enquanto elas se
esforçavam muito para não falar sobre o único tópico ainda na
cabeça de todas.
— Meu Deus — disse Daisy com uma risada depois que o garçom
saiu apressado. — Ele vai pensar que você estava fazendo algum
tipo de referência ao seu rolinho de atum.
— Meu Deus.
Daisy assentiu.
— Eu normalmente estou.
— Se isso faz você se sentir melhor, não acho que ele esteja
realmente conseguindo o que quer — disse Brit. — Eu tenho o visto
ultimamente. Ele está com um tesão dos grandes reprimido.
Capítulo 18
Desde sempre.
— Está bem. Colette, você pode segurar as pontas por uns minutos?
Eu volto já.
Taylor deu um sorriso lento por cima do ombro e agarrou a mão dele,
puxando-o em direção ao banheiro feminino.
Ninguém respondeu, mas ela se abaixou para checar por baixo das
portas das duas cabines, por precaução, antes de se virar e trancar o
banheiro.
— Que por…
As mãos de Taylor voaram para os ombros dele. E ela ficou surpresa
ao notar que fora capaz de fazê-lo cambalear para trás até as costas
dele atingirem a porta do banheiro.
— Você não faz ideia do que eu quero — ele rosnou quando a unha
dela acariciou-lhe a mandíbula.
Ela riu.
Ele queria rir, queria dizer que não iria dormir com ela antes que o
final do mês chegasse, não até que ela tivesse realmente superado
Bradley. E que quando ele fizesse sexo com ela, não seria no
banheiro feminino de seu local de trabalho.
Mas o único som que saiu dele foi um grunhido sufocado quando os
seios firmes dela pressionaram contra seu peito, a mão livre
prosseguindo com a carícia provocativa ao longo da mandíbula dele.
Eles travaram uma guerra silenciosa com os olhos para ver quem
cederia e, caramba, ele iria vencer, mesmo que morresse tentando.
— Taylor…
— Como assim?
Ele fechou os dedos em volta do pulso dela e a girou para que suas
posições se invertessem – ela com as costas contra a porta, ele
prendendo-a ali com o corpo.
Ele esperava ver triunfo no rosto dela, mas havia apenas luxúria.
Ela era mais doce do que ele esperava. Ou talvez ele esperasse, e
por essa razão havia se segurado por tanto tempo, aterrorizado com
a possibilidade de ela ser completamente irresistível. De que uma
degustação, um beijo, nunca fosse ser o suficiente.
A língua dela encontrou a dele, um pouco timidamente a princípio, e
depois com mais ousadia. As mãos dela foram para os ombros dele,
acariciando-o ali como se precisasse aprender o formato de Nick,
antes de envolver o pescoço dele com os braços.
Ela o puxou para mais perto e ele deixou, a boca explorando cada
canto da dela. Nick deslizou uma mão pela nuca de Taylor, mantendo
o rosto dela contra o dele enquanto os dedos da outra mão
alcançavam o cinto atado na cintura dela. Ele ordenou os próprios
dedos a permanecerem onde estavam. Ordenou a si mesmo a
satisfazer-se apenas com o gosto dela.
Nick gemeu contra a boca dela e a sentiu sorrir. Ele mexeu no nó até
afrouxá-lo. Os dois paralisaram, e ele se afastou, observando o rosto
dela corar quando ele desfez o nó por completo.
Ela não abotoara nenhum dos botões. Claro que ela não abotoaria.
Taylor preferia viver a vida no limite, e agora ele aprovava de todo o
coração essa atitude.
Ela era mais magra do que ele pensara, quase frágil de uma maneira
que contradizia a personalidade feroz dela.
Nick deixou os polegares acariciarem a curva inferior dos seios dela.
Nada pequena aqui, no entanto, ele pensou, explorando o peso de
seus seios. Ali ela era macia e pesada – a coisa mais perfeita que
ele já vira. Que já tocara.
Minha.
Os dedos dela foram para a gravata dele, mas ele ainda não havia
terminado de tocá-la. Não queria nada que pudesse distraí-lo do
corpo dela.
Ele deslizou o dedo médio para bem fundo dentro dela, o polegar se
movendo mais rápido sobre seu clitóris.
Era tudo o que ele podia fazer para permanecer com ela: segurá-la
enquanto ela estremecia.
Fazer Taylor Carr gozar com a mão foi um dos momentos mais
gratificantes da vida sexual dele.
Foi porque parecia certo que ele se conteve. Ele não tinha certeza de
que qualquer um dos dois saberia o que fazer com esse tipo de
carinho instintivo.
Em vez disso, ele passou um braço em volta dela, deixando-a
recuperar o fôlego.
Então, ele sentiu dedos em seu cinto e tirou a mão dela de lá.
— Mas…
Ele sorriu.
— É assim que vai ser com você? Sempre faminta por mais?
Ele entrou no corredor, agradecido pelo local ainda estar vazio, mas
antes de retirar a mão da porta para deixá-la fechar, ele se virou para
ela.
— Carr.
Ele deu uma piscadela, mas foi só quando se afastou para voltar ao
trabalho que se deu conta de uma verdade bastante alarmante.
Capítulo 19
De todo modo, ela sabia por experiência própria que não deveria
incomodá-lo caso ele estivesse em casa. Ele sairia do quarto quando
tivesse terminado.
— Alô?
— Srta. Carr, aqui é Ken, da recepção. Uma tal de Srta. Young está
aqui querendo ver o Sr. Ballantine, mas ele não atende o telefone. A
jovem diz que é uma emergência.
Nada ainda.
Então ela mandou uma mensagem, Volte para casa o mais rápido
possível.
Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, houve uma batida
na porta, discreta, mas rápida, como se a pessoa do outro lado
estivesse surtando.
Taylor abriu a porta e deu de cara com uma loira linda e... um bebê.
Meu Deus.
— Não tenho mais ninguém para tomar conta dela — dizia a mulher.
— Eu pensei que o Nick…
— Ai, meu Deus. Você faria isso? Sei que não me conhece, mas
estaria me fazendo um favor tão grande, você não faz ideia.
A mulher parou.
Ela não perguntou isso. Mas cara, ela teria muitas perguntas a fazer
para Nick quando ele chegasse em casa.
Capítulo 20
Quando ele entrou na faculdade, quase todo mundo tinha um, e ele,
como a maioria das pessoas, aprendeu a depender de um celular.
Para tudo.
Ele até gostaria de dizer que não era o tipo de cara que corria
imediatamente para uma loja da Apple depois que seu iPhone se
chocava tristemente contra o chão da academia, mas…
Ele congelou.
De todas as coisas que Nick achava que nunca veria na vida, a visão
diante dele estava no topo da lista.
Maldita Kelsey. Maldita Kelsey, por fazê-lo passar por isso, por fazê-
lo lembrar que…
O corpo dela vacilou sobre o único salto alto no pé, antes de Taylor
se abaixar para removê-lo. Ela olhou ao redor, procurando em vão
pelo outro sapato, então desistiu e jogou o salto de lado.
Lá vem.
— Sim?
— Não.
— Então por que... por que você? Tive a impressão de que Kelsey
era uma ex sua, então por que ela presumiria que você tomaria conta
de uma criança que não é sua?
Taylor bufou.
— Não, com certeza não é isso. Ela só está exausta de tanto chorar
pelo tempo que você levou para chegar aqui.
— Vai passar.
— Isso o quê?
— Só porque eu não sou maternal, não significa que não sou gentil
— ela retrucou com mais severidade do que pretendia.
Ele lançou-lhe um olhar que dizia: Eu acho que não, mas assentiu.
— Justo, Carr.
Putz. Taylor não conseguia sequer lidar com uma criança por uma
única noite.
Mas aquilo era um pequeno lembrete de que ela e Nick, seja lá o que
fosse isso que os dois estivessem tendo, não estavam destinados a
durar para sempre. Ele se estabeleceria com uma garota legal que
daria filhos para ele e prepararia pratos assados em caçarolas, e
Taylor acabaria como…
Sozinha.
Taylor assentiu.
— Sim, claro.
Ela tentou se forçar a dormir, mas toda vez que fechava os olhos,
continuava a ver o rosto de Nick no momento em que ela perguntou
se Hannah era filha dele.
E hoje à noite ele teve que reviver aquela dor mais uma vez.
Taylor se livrou dos cobertores e saiu da cama. Ela podia não ser
maternal.
A porta de Nick estava fechada e não havia sinal de luz acesa por
baixo. Ela empurrou a madeira devagar.
— Nick?
Ela não conseguia ver a expressão dele no escuro, mas o viu virar a
cabeça na direção dela. Sabia que ele estava acordado.
— O quê, Carr?
Antes que pudesse se acovardar, Taylor foi até a cama e, sem ser
convidada, deslizou por baixo das cobertas.
— É mesmo?
Taylor assentiu.
Ele fez uma pausa, os dedos ainda brincando com o cabelo dela.
— Quando olho para trás, percebo agora que devia ter notado que a
insistência dela para que eu continuasse morando no meu
apartamento era um sinal de alerta, mas estava tão animado com a
chegada da bebê que não vi esse sinal. Hannah nasceu e…
— Não — Taylor respirou. Ela sabia que isso estava por vir, mas
ouvir a história se desenrolar como uma novela da vida real doía.
— Eu vou com você — disse Taylor. — Vou usar o meu vestido mais
vulgar. Não, melhor ainda, vou usar um vestido branco e vulgar. É a
vingança perfeita, confie em mim.
— Você sabe que vai ser difícil, certo? — Taylor disse, apoiando-se
em um cotovelo para olhar para ele. — Caso Kelsey continue
trazendo Hannah até você sempre que estiver em um aperto?
O rosto dele estava sério quando ele disse isso. Nick claramente
tentava manter a dor para si mesmo, em um esforço para fazer o que
era melhor para Hannah.
Ele gemeu.
Ela deu uma risada maldosa, porque os dois sabiam quem estava no
controle no momento.
— Sim.
— Eu não sabia. Eu com certeza não sabia que você tinha uma filha.
Ou que você achava que tinha.
Taylor esperava que ele dormisse nu, mas o fato de ele usar apenas
uma boxer não era nada mau. Os dedos dela sem-querer-querendo
roçaram a frente do corpo dele enquanto ela abaixava os cobertores.
— Taylor.
Ele não a parou quando ela deslizou o corpo mais para baixo,
puxando a cueca dele até que ele estivesse maravilhosamente nu, e
inteiramente dela.
Ela deveria saber. Nick Ballantine não implorava. Em vez disso, ele
juntou o cabelo dela em uma mão, e com a outra apertou os lençóis
embaixo dele enquanto a esperava. A respiração entrecortada dele
era o único sinal de que ele estava afetado.
— Porra.
Era o mais próximo de uma súplica que ela conseguiria dele esta
noite. E ela aproveitaria qualquer coisa que conseguisse.
Ela fez isso. Ela se deu por inteiro, e ele retribuiu, alternando entre
se impulsionar para dentro da boca dela e ficar perfeitamente imóvel
para que ela pudesse assumir o controle.
— Puxe sua camisola para baixo — ele pediu com a voz rouca,
olhando para ela. — Me deixe ver os seus seios perfeitos.
Ela fez o que ele pediu, afastando-se apenas por tempo suficiente
para deslizar as alças da peça pelos ombros até que a camisola
estivesse parada na cintura. Taylor ficou onde estava por um longo
tempo, amando a maneira como os olhos dele vidraram ao vê-la.
— Minha vez.
Então, ela colocou a boca de volta no pau dele, ainda mais ávida
dessa vez.
— Taylor.
Ela olhou para o corpo dele e encontrou seus olhos para dizer que
entendia o que ele estava dizendo. Ao mesmo tempo respondendo o
que ela mesma queria.
Desta vez, quando ele disse o nome dela, foi um apelo e uma súplica
e, com um último impulso, ele gozou na boca dela, finalmente dando
a Taylor o que ela queria: Nick Ballantine era inteiramente dela.
No momento.
Ela riu.
— Um pouco.
Ela certamente não imaginou ficar aqui com ele. Não se permitiu
imaginar como seria bom dormir aconchegada no calor dele.
E foi melhor assim. Nada que sua imaginação pudesse ter conjurado
teria sequer chegado um pouquinho perto da realidade.
Capítulo 21
Ela riu.
— Tanto faz.
Ele tinha gosto de pasta de dente e dele mesmo, e ela o puxou para
mais perto, pressionando o corpo molhado contra o dele. Nick
gemeu, as mãos deslizando pelas costas dela para segurar sua
bunda, puxando o corpo inteiro dela contra o dele.
Como no dia em que ela usou o sobretudo, ele parecia saber tudo o
que ela gostava, cada toque que ela precisava, antes mesmo de ela
saber.
— Algo assim.
E então, antes que ele pudesse detê-la, os dedos dela envolveram o
pau dele. Ela ficou completamente excitada de novo ao sentir o quão
duro ele tinha conseguido ficar só de dar prazer a ela.
— Saia comigo.
— Ei, não sou eu quem está nos fazendo esperar — ela falou,
acenando com a colher na direção dele antes de mergulhá-la no
iogurte.
— Sair para jantar parece ser uma ótima ideia. Se eu pagar a conta,
você vai jogar um balde de água fria em mim?
Capítulo 22
Por fim, ela decidiu vestir algo sexy: um vestido preto e curto de
frente única.
— Isso significa que não vou ter sorte hoje, hein? — ela adivinhou,
passando a colher pela lateral do prato para raspar o restante do
crème brûlée.
Ele olhou para ela com curiosidade, e ela se apressou para falar.
— Em vez de...?
— Outras coisas.
— Outras coisas? — ele repetiu, a voz em uma provocação quando
se inclinou para frente. — Diga.
Ele sorriu.
— Ah. Entendi.
— Não, não foi isso que... — Ela suspirou. — Viu só? É isso que eu
quero dizer. Eu estrago tudo que envolva delicadeza.
Ou sentimentos.
Não era como se ela tivesse confessado amor eterno ou algo assim,
mas ela se sentiu muito mais vulnerável com aquela tagarelice
aleatória com Nick do que jamais sentiu com qualquer declaração
que fizera a Bradley.
Nick a levou para fora do restaurante sem dizer uma única palavra,
pegando os casacos de ambos no espaço destinado a isso, e a
ajudando a vestir o dela.
Taylor estava prestes a dizer que não estava gostando do gelo que
ele estava dando nela, mas antes que pudesse verbalizar isso, ele
pegou a mão dela, entrelaçando seus dedos nos dele.
— Exatamente isso.
Ela estava tanto faminta quanto nervosa pelo que estava por vir.
Ela não estava usando sutiã e, se ele não sabia disso antes, ficou
sabendo agora com os mamilos endurecidos dela roçando contra o
peito dele quando Taylor se moveu para se aproximar.
Taylor ouviu uma súplica baixa e se deu conta de foi ela quem a
proferiu, se deu conta de que precisava de mais. Agora.
Como ele usava mais roupas, eles lidaram com ele primeiro,
trabalhando juntos para livrá-lo de cada peça.
Com Taylor foi mais fácil. Ela tirou os sapatos enquanto ele puxava o
vestido de seda sobre a cabeça dela.
Ele puxou os quadris dela para cima e, antes que ela pudesse
raciocinar o que ele pretendia, Nick enfiou um dedo na calcinha,
puxando o tecido para o lado antes de pressionar a boca na boceta
úmida dela por trás.
Ela caiu de bruços, e ele distribuiu beijos ao longo de sua coluna até
se deslocar para o lado para deitar ao lado de Taylor, uma mão
quente nas costas dela.
Ele poderia se livrar dela facilmente, mas não o fez, optando por
levantar a cabeça e abocanhar um de seus seios.
Era rápido e cedo demais, mas ela não conseguia mais segurar.
Capítulo 23
Mas como o outro homem no local era Alex Cassidy, a quem Nick
considerava um amigo, ele entrou no escritório mesmo assim.
Ainda assim, nada disso tinha relação com o motivo de ele ter ido
parar nesse escritório.
— Não é esse tipo de ajuda. A matéria que você me deu está indo
bem, apesar de ser entediante pra caramba. Preciso de um tipo
diferente de ajuda.
Ele não sabia o que era mais irritante: a surpresa inicial dos homens
ou os sorrisos presunçosos e insuportáveis que se seguiram.
Armadilha de amor?
— Com essa ele te pegou, Cassidy. Além do mais, não existe uma
regra oficial que nos impeça de transformar colegas de trabalho em
amigos mais íntimos. Cole e Penelope já verificaram isso.
— E dormindo juntos?
Outro aceno, além de uma lembrança muito agradável da noite
passada. De todas as outras noites.
— Diferente como?
Ele quase disse mais fácil, mas não queria que Lincoln interpretasse
errado e achasse que Nick estava chamando a mulher dele de fácil.
Mathis era gentil por fora, mas tinha um lado alfa e protetor quando
se tratava da mulher dele.
Mas Nick não fazia ideia de como explicar que se envolver com
Taylor era como dormir de conchinha com um bastão de dinamite.
Tudo estava calmo agora, mas ela era a mulher mais intensa que ele
já conheceu, e ele tinha uma vaga sensação de que um passo em
falso por parte dele significaria que ele teria um trabalhão para
reconquistá-la.
Quanto mais tempo passava com Taylor Carr, mais ele a queria por
inteiro. E ele não conseguia escapar do pressentimento de que ela
não era dele.
Ele queria negar. Queria dizer que não dava a mínima para o ex de
Taylor.
Taylor podia até enxergar quem Calloway era de verdade com mais
clareza agora, e ele não achava que ela estava sofrendo pelo idiota,
mas ela nunca negou que se importava bastante com o outro
homem, mesmo que ele tenha provado não merecer esse carinho.
Era embaraçoso saber que, uma semana atrás, ouvi-la admitir algo
tão simples quanto gostar dele o fez sentir como se ele fosse o dono
do mundo.
Nick olhou sério para o outro homem, deixando-o saber que aquilo
não estava em discussão.
Principalmente porque ele não tinha uma boa resposta para dar.
Se importar com Taylor Carr parecia inevitável e perigoso. A mulher
era generosa, sedutora, gentil.
Nick quase sorriu. Pelo menos ele não era o único agindo feito um
aluno de ensino fundamental hoje.
— E vai passar?
— Não.
Capítulo 24
Taylor não tinha tanta certeza. Dizer que adotar a cadela foi uma
decisão impulsiva seria um eufemismo.
Ela quis salvá-los. E é claro que não poderia salvar a todos, mas
poderia salvar um...
Depois do trabalho, ela parou para comprar uma coleira e uma trela
e ligou para um pet shop perto do apartamento, pedindo ração,
petiscos, brinquedos e comedouros para serem entregues em casa.
Ela não sabia muito sobre cães, mas supunha que, no que dizia
respeito à aparência comum de cachorros, Bolinho não era uma
beldade.
— Ok, vamos ver o que mais esses cem dólares gastos no pet shop
me trouxeram — disse Taylor, indo até a sacola.
Bolinho não era particularmente alta, mas era robusta, e seu corpo
marrom fez Nick cambalear um passo inteiro para trás.
— Que por…
Nick olhou para a cadela tentando subir no corpo dele antes de seus
olhos procurarem por Taylor.
— Surpresa!?
— Ei, amiguinha. Creio que pela coleira cor-de-rosa você deva ser
uma garota?
Taylor bebeu outro gole de vinho para tomar coragem. Ele não
parecia bravo. Isso era um bom sinal.
— Nick, conheça Bolinho.
— Granulado.
— É sério.
Ele olhou para cima e viu pela expressão de Taylor que ela falava
sério.
Ela assentiu.
Talvez então ela soubesse como ser suficiente para um cara como
Nick, e não ficaria aterrorizada com a possibilidade do cachorro não
amá-la de volta, e…
— Não. — Ele deu um beijo rápido nela e deu um passo para trás. —
Eu gosto de cachorros.
Ele não disse isso de uma maneira cruel – foi apenas uma
observação discreta e perfeitamente verdadeira. E, no entanto, as
palavras dele foram como um tapa no rosto dela.
— Sim?
Ele bufou.
Ele olhou com ceticismo para a sala de estar, mas seus olhos
estavam calorosos e havia um sorriso despontando nos lábios.
Capítulo 25
— Estou bem ciente disso — disse ela, inclinando-se sobre ele para
um beijo.
Ele levou a mão para os cabelos de Taylor, e ela ouviu o livro ser
colocado de lado quando ele aprofundou o beijo. A língua
pressionando mais a fundo, explorando cada canto da boca dela
enquanto a outra mão brincava com a alça fina da camisola.
Taylor ergueu uma perna para montar nele e, embora ele tenha
permitido, em vez de abaixar a camisola, como ela esperava, ele
pegou as mãos dela, apertou-as entre as dele e deu um beijo rápido
nas pontas dos dedos dela.
— Nem um pouquinho.
— Desembucha.
— Oregon.
Ela paralisou.
Além disso, com a criação atípica que teve, Taylor não tinha certeza
de que ela saberia como agir no meio de uma família.
Ele sorriu. Mais uma vez, foi um gesto breve, como se ele sentisse a
hesitação dela.
Capítulo 26
Fazia três dias que a mãe dele recebeu alta do hospital e ela se
aproveitava de cada momento sendo mimada pelo marido e pelos
filhos. Ele supôs que era justo, considerando que ela havia dedicado
uma vida inteira para mimá-los.
Mas seu pai e irmãos estavam todos ocupados com outras coisas
hoje, o que significava que a mãe dele finalmente tinha o filho que
morava na Costa Leste todinho para ela interrogar.
— Não precisou.
— Intuição de mãe?
— Taylor.
— Bonita?
— Muito.
— Simpática?
Somente alguns meses atrás, simpatia não seria uma palavra que
ele colocaria junto ao nome de Taylor Carr em uma frase.
Mas se ele havia aprendido algo nessas últimas semanas, foi que a
maioria das coisas mais doces vinham em embalagens
extremamente picantes.
A guardiã legal fria como gelo de Taylor podia até ter conseguido
transformar a sobrinha em uma pessoa desconfiada, mas Karen Carr
não conseguiu extinguir a bondade de Taylor. Não foi capaz de
impedir Taylor de se tornar o tipo de pessoa que não só parava e
vasculhava a própria bolsa em busca de dinheiro toda vez que via
um mendigo, como também tentava convencer o desabrigado a
conversar com ela, deixando-os saber que eles eram dignos de ter
alguém para conversar. Karen não foi capaz de impedir Taylor de
entregar o próprio coração para uma cadela particularmente feia, ou
de fazer xícaras de cappuccino tarde da noite, quando Nick estava
em uma daquelas noites em que se sentia cheio de criatividade para
escrever.
Taylor era opinativa, teimosa e sarcástica pra caramba, mas esse era
só um lado dela. E ele gostava desse lado quase tanto quanto
gostava do lado acolhedor, encantador e surpreendentemente jovem
de espírito.
— Se parece bastante com amor para mim — a mãe dele sussurrou
por sobre a xícara de café.
E talvez fosse.
Ele evitou mencionar Hannah, a netinha que não era dela. Seus pais
estiveram presentes no nascimento de Hannah. Eles a amavam
como Nick a amava. Mas eram gentis demais para mencionar o
nome da criança.
— Mas você quer ter filhos — a mãe dele disse em uma voz suave.
— Sim, eu quero — Nick admitiu. — Mas também quero a Taylor.
— Bem, o que você quer que eu diga? Que se pode ter tudo na vida?
Eu queria me casar com um médico que me levasse para morar em
San Diego ou em algum lugar quente, onde eu daria à luz a três
meninas, sendo duas delas gêmeas com cachinhos louros e
nascidas no Dia dos Namorados.
Todo o seu ser doeu quando ele perdeu Hannah, e ele assumiu que
se tornar pai novamente seria a única maneira de aliviar a dor.
Ele estava errado. Estar com Taylor o fazia se sentir mais vivo do
que nunca.
— Eu quero outro.
Ela fez uma careta, uma expressão que ele reconhecia muito bem
quando se olhava no espelho.
— Acho que deveríamos fazer uma ligação por Skype com essa tal
Taylor — dizia a mãe dele. — Eu quero conhecê-la.
Sua mãe sorriu, sem dúvida tendo notado que ele não negou o fato
de que algum dia haveria um casamento.
Capítulo 27
Se Taylor não estivesse tão ansiosa por uma distração, talvez tivesse
dito não ao convite.
Mas agora que estava aqui, se sentia feliz por não ter recusado.
Por mais estranha que fosse a dupla que as duas formavam, Taylor
ficou um pouco surpresa ao descobrir que gostava de Jessica Hayes.
Taylor assentiu, porque ela realmente entendia. Ela entendia bem até
demais a decepção de descobrir que o homem que você colocou em
um pedestal não estava nem perto de merecer essa posição.
— Não sei. Tem horas que quero só abrir meu coração, e outras em
que penso que ele não vale nem mais um suspiro meu.
Taylor olhou para ela, surpresa, depois ficou ainda mais chocada
quando percebeu que as palavras de Jess não a fizeram sentir nada.
— Muito ruim.
— Espero que o meu “mais” se pareça com o seu — Jess disse com
um sorriso tímido. — Alto, moreno, lindo e que trabalhe do outro lado
do meu corredor.
Jess sorriu.
— Ok, já que você conhece os dois homens, o que Nick é nesse seu
enredo chamado “Taylor é o sol”?
— Certo — Jess falou. — Nick sabe que você está apaixonada por
ele?
Taylor paralisou.
— Ok, talvez não nos envolver tanto assim nos assuntos pessoais
uma da outra.
Capítulo 28
Nick fez um alarde para contar à Taylor que ele esperava conseguir
uma reserva para um voo que sairia mais cedo, mas não havia
conseguido, e por isso chegaria tarde em casa.
Desde então, ele não entrou mais em contato, o que deixou claro
para Taylor exatamente o que ela precisava saber.
Mas da última vez que ela recebeu uma visita surpresa, um bebê
estava incluso. E por mais que Taylor estivesse surpresa com o
carinho que sentia pela pequena Hannah, a mãe da criança era outra
história.
— Oi, Bradley.
Se ele se sentia arrasado por Jess ter dado um fora nele, não
parecia. O suéter azul claro combinava perfeitamente com os olhos e
o jeans escuro demarcava perfeitamente o corpo em forma. Ele tinha
cortado o cabelo recentemente, e as covinhas estavam em total
exibição. Parecia mais engomadinho e arrumado do que nunca.
Ele falou isso de modo brincalhão, mas ela não achou graça.
Mas ele não valia o tempo perdido explicando. Ela deu de ombros.
— Sim.
Ele estremeceu.
— Foi mútuo.
Ele não era como Nick. Nick se igualava a ela em todos os sentidos,
fazia dela alguém melhor.
— Eu quero outra chance, Taylor. Não vou desistir de lutar por você.
Taylor tinha duas opções. Ela poderia tentar explicar a esse ogro
imbecil todas as muitas razões pelas quais eles não iriam reatar.
Ou…
— Sim?
— Eu estou grávida.
Ela olhou por cima do ombro para verificar o que havia levado
Bolinho a ficar nesse estado... e congelou.
Capítulo 29
Não!
— Nick…
— De mim?
— Nick. Não. Esse bebê não é de Bradley. Não tenho nada com ele
há meses.
Ele olhou para Nick, depois para ela, e Taylor percebeu que Bradley
estava finalmente caindo na real.
Taylor gemeu alto quando percebeu algo: Bradley não era o único ex
causando estragos nessa situação.
Droga.
— Tchau, Bradley.
Nick se moveu pela primeira vez, se afastando para que ela pudesse
empurrar o ex para o corredor.
Ela já havia batido a porta, não dando a mínima se ele ainda estava
lá ou não.
Ela respirou fundo e se virou para Nick, que ainda segurava as malas
como se estivesse se preparando para sair dali a qualquer momento.
De jeito nenhum.
Ok, em voz alta aquilo parecia um tanto patético. Mas caramba, ela
não era Kelsey. Ela nunca deixaria o filho de outra pessoa se passar
como de Nick. Ela nunca deixaria nenhum deles na incerteza, nem
por um segundo sequer, sobre quem era o pai da criança.
Quanta. Dor.
— Você mesma me disse. Que você não faz o tipo maternal, lembra?
Bem, sinto muito, Karen. Esse aqui me derrotou. Ele me fez amá-lo,
mas não me ama de volta.
Taylor havia chorado assim somente uma vez na vida: no dia em que
Karen faleceu.
Capítulo 30
— Você poderia, por favor, parar de ser tão gentil quando eu estou
bem no meio do momento mais vergonhoso da minha vida? — Taylor
murmurou, agarrando com raiva o lencinho de papel que lhe foi
oferecido e secando os olhos.
— Malditos hormônios.
Ele riu.
Ela não havia visto Nick essa semana desde o momento em que ele
foi embora do apartamento. Não tinha certeza de que queria vê-lo.
Você não se importa. Não se importa com o que ele faz. Ele está
morto para você.
Exceto que ele não estava. Ela ainda amava o babaca desgraçado.
Ainda amava o bebê dele que crescia dentro dela. O bebê deles.
E nada disso a fazia sentir alguma coisa. Mesmo se ela ainda não
tivesse aprendido a lição sobre não se envolver com alguém do
escritório, ela não conseguiria ter olhos para nenhum homem, porque
havia uma imagem constante de Nick que parecia estar sempre na
visão periférica dela, mesmo quando ele não estava por perto. E ele
definitivamente não estava por perto.
Até parece.
Capítulo 31
— No trabalho.
Nick assentiu.
— Hannah?
— Dormindo. Eu não sabia que você ia passar aqui, ou teria
atrasado um pouco o horário da soneca dela.
Kelsey assentiu.
— Por que eu fiz o quê? Trair você ou não te dizer que havia uma
chance do bebê não ser seu?
— A última parte.
Ele não se importava com o motivo de ela ter o traído. Deixara de se
importar com Kelsey há muito tempo. Com Hannah, no entanto...
isso sim tinha sido difícil de suportar.
Ela acenou uma negação, e isso o fez desgostar ainda mais dela.
Mas ele não estava aqui para fazer as pazes com Kelsey; ele só
queria respostas. Queria entender.
Nick cerrou os dentes. Era uma pergunta que ele havia feito a si
mesmo um milhão de vezes. Ele teria ficado mesmo sabendo que
Hannah não era dele?
Ele já sabia a resposta, no entanto. No fundo, sempre soube.
Pela Hannah.
Eu não a mereço.
A mulher que ele amava estava grávida do bebê dele, e ele estava…
Quando ele ouviu Taylor dizer que estava grávida, quando a viu com
Bradley, ele não foi capaz de raciocinar.
Kelsey não era uma pessoa ruim, mas era covarde. O tipo de pessoa
que evitava confrontos e duras realidades. Ela convencia a todos que
a cercavam de que ela era doce e gentil, quando na verdade só tinha
medo. Medo de fazer o que era certo, porque era difícil.
Ela era corajosa, mas não inquebrável. Ele a magoou. Como ela
poderia não estar magoada? Naquele momento, Nick se odiou tanto
que desejou poder morrer.
Não.
Mas ele não se deu ao trabalho de explicar nada à Kelsey. Ele tinha
coisas mais importantes com o que se preocupar.
Capítulo 32
O quarto dele não era tão grande quanto o dela, o que não dava
muito espaço para ela montar os móveis. Não que isso importasse.
Mas, por algum motivo, parecia importante que ela mesma fizesse
alguma coisa para o bebê. Ela queria fazer algo para o filho ou filha.
Um pouco.
Ele voltou.
— Uma cômoda.
Mas não mandou. Disse a si mesma que a única razão pela qual não
o mandaria ir embora era porque queria que a cômoda fosse
montada.
Ainda assim, ele não disse nada. Nem ela. Taylor simplesmente o
assistiu montar peça por peça da cômoda que um dia guardaria as
roupas minúsculas do bebê dela.
Era por isso que ele estava aqui? Nick estava apenas se
conformando com a ideia de que, se o resultado do estúpido teste de
paternidade tivesse o nome dele, ele teria um filho?
Porque por mais que ela estivesse sofrendo, por mais que seu
coração quisesse se afastar dele, não havia como manter Nick longe
do próprio filho. Qualquer atitude que envolvesse o desejo dele de
estar com o filho ou a filha, ela apoiaria.
Mesmo assim, ele não olhou na direção dela. Ela se forçou a olhar
apenas para as mãos dele, observando enquanto ele montava
silenciosa e competentemente a cômoda, até restarem somente os
puxadores.
Ele juntou as peças em uma mão, junto com a chave de fenda, mas
em vez de fazer os ajustes finais, estendeu as peças para ela.
Pelo núcleo familiar que nunca seria real, porque ele a magoou.
— Bem, você não tem esse direito — disse ela. — Não tem o direito
de me acusar de te trair, de me acusar de tentar fazer o bebê de
outra pessoa se passar como seu, e depois sair porta afora. Você
não tem o direito de fazer todas essas coisas, voltar, armar uma
cômoda e agir como se nada tivesse acontecido. Como se não
tivesse partido o meu coração.
— Você acha que eu não sei que não te mereço? — ele disse com
urgência, segurando o rosto dela com as mãos. — Acha que não sei
que agi feito um idiota? Que o bebê que você está carregando é
meu? Eu sei de tudo isso, Taylor, mas eis o que preciso que você
saiba. Preciso que saiba que eu quero muito esse bebê, mas que
quero você mais.
— Ah, entendi — ela zombou. — Seu sonho de ser pai finalmente vai
se tornar realidade, e você decidiu que eu sou um receptáculo tão
bom para sua prole quanto qualquer outra mulher?
— Não diga isso. Não diga isso! Sabe quanto tempo esperei para
que alguém dissesse isso e que fosse sincero na afirmação? Quase
ninguém diz, e ninguém é sincero — ela retrucou no meio de um
soluço. — Ninguém é sincero quando me diz isso.
Nunca.
— Mentira.
— Muito.
Nick suspirou.
— O que vai ser, Carr? Você pode dizer sim agora, ou amanhã, ou
no próximo ano, mas você vai dizer sim. E, a propósito, eu ainda
estou pagando o aluguel deste lugar, e vai levar tempo para você
conseguir me despejar, e todos os dias que tentar fazer isso, será
outro dia que em que vou pedi-la em casamento, e…
Mas ela também era uma boba, porque quando ele colocou o anel no
quarto dedo dela, ela começou a chorar.
Outra vez.
Ela assentiu.
Epílogo
— Suponho que o fato de eles terem me ligado para avisar que ela
entrou em trabalho de parto compensa o de eu não ter sido a
madrinha principal do casamento — Brit Robbins comentou,
tamborilando os dedos na cadeira da sala de espera. — Mais ou
menos.
— Sim, mas não me sinto tão mal por você, porque no ano passado
você foi a madrinha principal do casamento da sua irmã, onde
conheceu esse cara aí — disse Brit, apontando para Lincoln. — Eu
quero encontrar o meu Lincoln. Uma cerimônia de casamento seria
um bom lugar para começar.
— Eu também.
— Parem de ser esquisitos, por que estão parados aí? Entrem aqui e
conheçam nosso filho.
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Chapter 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Epilogo
Table of Contents
Prologo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Chapter 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Epilogo