Você está na página 1de 42

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA

CAMPUS CRICIÚMA
CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO
UNIDADE CURRICULAR: PROCESSOS E CONTROLE INDUSTRIAL II
PROFESSOR: RODRIGO BATTISTI

PROCESSOS E CONTROLE
INDUSTRIAL II

SABÕES E DETERGENTES

Prof. Rodrigo Battisti


rodrigo.battisti@ifsc.edu.br
HISTÓRIA DO SABÃO
➔ O sabão comum é o mais antigo produto de limpeza.

➔ Registros indicando a utilização de sabão na Europa


(franceses, alemães e italianos) em ~2000 a.C

➔ Conforme escritos encontrados no papiro de Ebers,


datado de 1550 a.C., os povos orientais e os gregos,
embora não conhecessem o sabão, empregavam, na
medicina, substâncias químicas semelhantes - obtidas
por um método similar ao de obtenção do sabão,
utilizadas como bases para a confecção de pomadas.

➔ Árabes produziam sabão a partir de sebo caprino e


cinzas de madeira (200 d.C)
HISTÓRIA DO SABÃO
➔ Séc. IX – XIII: “industrialização”
do sabão na França, Alemanha
O banho de “corpo nu”
e Itália era pecado

➔Séc. XIV: Inglaterra

➔ No século XVIII, os sabões finos mais conhecidos na


Europa vinham da Espanha (Alicante), França
(Marselha) e Itália (Nápoles e Bolonha).

➔ No Brasil, a difusão e produção do sabão demorou


mais tempo, mas em 1860 já existiam fábricas de
sabão em todas as cidades.
HISTÓRIA DO SABÃO
➔ 1813 a 1823 – Michel Eugéne
Chevreul: químico francês,
elucidou a composição química
das gorduras naturais.

Livro: Recherches chimiques sur


les corps gras d'origine animale
➔Atualmente consumimos uma enorme quantidade de
produtos derivados de sabões e detergentes em nosso
cotidiano.

4
Fabricação do Sabão em Barra
▸A equação abaixo representa genericamente a
hidrólise alcalina de um óleo ou de uma gordura:
Processo em Batelada
Processo Batelada
➔ Utilizado em fábricas de pequeno porte.
Adiciona-se os reagentes (gordura, água e NaOH), deixando-os reagir a
sob aquecimento (150 °C) por aproximadamente 30 min. Em seguida,
adiciona-se NaCl: separação em duas fases
Saponificação Contínua
➔ Método empregado por grandes fabricantes, com produção de cerca de 300
ton/dia.

➔ Hidrólise contínua do triglicerídeo para a obtenção dos ácidos graxos,


seguida da reação de neutralização com NaOH.

➔ As gorduras utilizadas não são compostas pelo glicerídeo de um único ácido


graxo.
● Para processos especiais, existem ácidos graxos com pureza superior a 90%;
● O fabricante do sabão escolhe a matéria-prima de acordo com as propriedades
desejadas.
Saponificação Contínua
Saponificação Contínua
(C17H35COO)3C3H4 + H2 O → 3 C17H35COOH + C3H5(OH)3
(estearato de glicerina) (ácido esteárico) (glicerina)

C17H35COOH + NaOH → C17H35COONa + H2 O


(ácido esteárico) (estearato de sódio)
(sabão)
Vapor Água de
d´agua Resfriamento condensador
Bomba
Tanque Pressão Alta
Ácidos flash Soda
graxos Cáustica
Receptor
Vapor d destilado
Água ´agua
Quente

Neutralizador Vapor d
Hidrolisador ´agua
252ºC e 41 atm
Ácidos
graxos
Gorduras e Misturador Vapor
catalisador - ZnO Destilador do sabão d´agua
a
alto-vácuo Tanque
flash

Resíduos Acabamento Ar
convencional do
água sabão: barras,
Vapor d flocos ou pó Trocador de
´agua Calor

Sabão em barra
aerado
Evaporadores Glicerina bruta
Glicerina
▸ É um subproduto da fabricação do sabão.

▸ Ela é adicionada aos cremes de beleza e sabonetes, pois é


um bom umectante, isto é, mantém a umidade da pele;

▸ Em produtos alimentícios é adicionada com a finalidade de


manter a umidade do produto ;

▸ Outra utilidade da glicerina é na fabricação do explosivo


conhecido como nitroglicerina.
Os umectantes, como por exemplo a glicerina, interagem
com a superfície do material que se deseja umectar (pele,
cabelo, produto alimentício) e também com a água. A
interação com a água ocorre por meio de ligações de 11

hidrogênio.
Mecanismo de Atuação do Sabão
na Sujeira
A água, por si só, não consegue remover certos tipos de sujeira, como,
por exemplo, restos de óleo. Isso acontece porque as moléculas de água
são polares e as de óleo, apolares.

Dessa maneira, ao lavarmos um prato sujo de óleo, formam-se as


micelas, gotículas microscópicas de gordura envolvidas por moléculas de
sabão, orientadas com a cadeia apolar direcionada para dentro
(interagindo com o óleo) e a extremidade polar para fora (interagindo
com a água).
➔ A cadeiaapolar de um sabão é hidrófoba (possui aversão
pela água) e que a extremidade polar é hidrófila (possui
afinidade pela água).
16
Mecanismo de Atuação do Sabão
na Sujeira

Diminuem a tensão superficial da água, de modo que esta


possa "molhar melhor" os materiais (daí os sabões serem
chamados de substâncias tensoativas, ou seja, substâncias
que abaixam a tensão superficial de um líquido).
Mecanismo de Atuação do Sabão
na Sujeira

São concentradas as partículas de óleo ou gordura em


micelas coloidais, que se mantêm dispersas na água (daí
os sabões serem chamados de substâncias emulsificantes
ou surfactantes).
Detergentes

➔ Osdetergentes sintéticos atuam da mesma maneira que os


sabões, porém diferem deles na estrutura da molécula.

➔ Sabões são sais de ácido carboxílico de cadeia longa, e


detergentes sintéticos, na grande maioria, são sais de
ácidos sulfônicos de cadeia longa.

➔ Atualmente existem muitos outros tipos de detergentes com


estruturas diferentes, mas que, invariavelmente, possuem
uma longa cadeia apolar e uma extremidade polar.

18
➔ Os detergentes sintéticos podem ser aniônicos ou catiônicos,
dependendo da carga do íon orgânico responsável pela limpeza.

19
Há também, no mercado, alguns produtos que
contêm detergentes não-iônicos.
A PRODUÇÃO DE DETERGENTES
➔ Os detergentes podem ser produzidos por reações
de sulfonação de alcanos de cadeia longa;

20
➔ Outraforma de obtenção detergentes é através de
reações a partir de alcenos e álcoois de cadeia longa.
22
FABRICAÇÃO DE DETERGENTES
EM PÓ
➔ Principal reação → Sulfonação de um alquilbenzeno

23
Alquilbenzeno Álcool NaOH
Graxo
Sulfonador Água Sulfatador Água Neutralizador
Água

Óleum
Óleum
Depósito
Polpa
Surfactada
Ar

Ar e partículas de detergente em pó
Ciclone Surfactantes
Ar

Filtro Tripolifosfato de
Sódio
Aditivos
Ciclone
Torre Água
Embalagem
de
Atomização

Peneira
Ar Quente
Misturador

Perfume
Detergente 116ºC
em Pó Fornalha
Recuperado seco
Balanço de Massa para
Detergente em Pó
▸ Alquilbenzeno : 75 kg
▸ Álcool graxo (do sebo): 75 kg
▸ Óleum: 150 kg
▸ Solução de NaOH: 200 kg

▸ Silicato de Sódio: 125 kg


▸ Tripolifosfato de Sódio: 500 kg
▸ Diversos aditivos: 30 kg
▸ Água: 500 kg

Base de Cálculo: 1.000 kg do produto acabado


Diferenças Entre
Sabões e Detergentes

➔Forma de atuação em águas duras e águas ácidas;

➔Os detergentes não perdem sua ação tensoativa,


enquanto que os sabões, nesses casos, reduzem
grandemente e até podem perder seu poder de
limpeza.

➔ Nessas águas ocorre uma interação entre a


molécula do sabão e os sais de cálcio ou
magnésio. O produto desta reação precipita
como um sal insolúvel . É este o fato que o
26
impossibilita de exercer a função de limpeza.
➔Em águas duras os sais formados pelas reações dos
detergentes com os íons cálcio e magnésio, encontrados
em águas duras, não são completamente insolúveis em
água, o que permite ao tensoativo sua permanência na
solução e sua possibilidade de ação.

27
➔Em águas ácidas, os detergentes são menos
afetados pois possuem também caráter ácido,
formando um produto que não é completamente
insolúvel em água, permanecendo, em solução e
mantendo sua ação de limpeza

28
ADITIVOS EM SABÕES E
DETERGENTES
➔ Aditivos: melhoram a eficácia ou reduzem seu custo.

➔ Agentes quelantes, como os fosfatos, aparecem


praticamente em todas as fórmulas de produtos de
limpeza.

● Retiram íons de metais que estão presentes na água e


que podem reduzir a ação do sabão ou detergente
como os íons cálcio e magnésio, componentes que
tornam a água dura e prejudicam a ação dos
tensoativos aniônicos.
29
ADITIVOS EM SABÕES E
DETERGENTES
➔O carbonato de sódio (Na2CO3) e o bicarbonato de sódio
(NaHCO3) corrigem o pH dos detergentes neutralizando
sua acidez natural. Fosfatos como o trifosfato de sódio
(Na5P3O10) também auxiliam na redução da acidez da
água.

➔Aditivos para eliminar odores desagradáveis e anti-sépticos


são o bórax (tetraborato de sódio hidratado -Na2B4O7.H2O)
e o óxido de zinco (ZnO).
➔ Outros boratos como o perborato de sódio são utilizados
como alvejantes. A ação alvejante é causada pela formação
do oxigênio ativo, que o perborato libera em soluções
alcalinas ou em presença de ativadores.

➔ Enzimas: são proteínas que catalisam reações


específicas, auxiliando assim a eliminação de substâncias
indesejáveis que causam as manchas (gorduras, corantes
31
orgânicos, etc.)
Formulação de um Detergente
Doméstico
IMPACTO AMBIENTAL DE SABÕES
E DETERGENTES
➔ Sabões são fabricados a partir de substâncias presentes na
natureza viva (os óleos e as gorduras) e existem muitos
microrganismos capazes de degradá-los. Todo sabão é
biodegradável.

➔ Já os detergentes sintéticos podem ou não ser


biodegradáveis. Experiências mostram que os
detergentes de cadeia carbônica não-ramificada são
biodegradáveis, ao passo que os de cadeia ramificada
não são.

32
Biodegradabilidade dos
Detergentes
- Cadeia Ramificada;
- Dodecil benzeno sulfonato de
sódio (ramificado);
- Difícil biodegradação;
- Proibidos nos EUA em 1965;
- No Brasil em 1977;

- Cadeia Linear;
-Fácil biodegradação;
- Alquil benzenos ou;
- Alquil ésteres lineares.
➔ Sabões e detergentes usados nas residências atingem o
sistema de esgotos e acabam indo parar em rios e
lagos.

➔ Movimento das águas dos rios e lagos → formação de


uma camada de espuma na superfície,que impede a
entrada de oxigênio, essencial para a vida dos peixes.

33
➔As aves aquáticas possuem um revestimento de óleo em
suas penas e boiam na água graças à camada de ar
que fica presa debaixo delas.

➔Quando esse revestimento é removido, essas aves


não conseguem mais boiar e se afogam.

34
➔ Em regiões onde há água dura, os fabricantes adicionam ao produto
agente sequestrante, cuja função é precipitar os íons Ca2+ e Mg2+ antes
que eles precipitem o sabão. Um dos mais usados é o tripolifosfato de
sódio Na5P3O10.

➔ Esses agentes são nutrientes de algas e, quando vão parar num lago,
favorecem a proliferação delas. Esse crescimento exagerado impede a
entrada de luz solar; assim, as algas do fundo morrem e começam a
apodrecer. Esse apodrecimento consome oxigênio da água, o que, por
sua vez, acarreta a morte dos peixes. Esse processo é chamado de
eutrofização do lago.

35
MERCADO
➔Sabão em barras:

➔Segundo informações da Associação Brasileira das Indústrias


de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla), os sabões em
barra mantêm uma queda em se tratando de volume. No
acumulado dos últimos cinco anos, cerca de 70 mil
toneladas deixaram de ser comercializadas, sendo 30 mil
toneladas só em 2011.
➔ O consumo por pessoa de sabão em barra no Brasil é
de aproximadamente 1,28 quilo/ano.

36
➔Detergente:

➔Com faturamento de R$ 651 milhões em 2006, os


detergentes apresentaram um crescimento de 5,7% de
vendas em relação a 2005.
➔ Detergente em pó:

➔O mercado brasileiro de sabão em pó movimenta


anualmente, cerca de R$ 3 bilhões.

➔O consumo anual médio do produto é entre 3,5kg e


4,0kg per capita, segundo dados da ABIPLA;
Curiosidade…..
➔O conhecimento dos hábitos,
processos e condições de lavagem em
cada país são fatores de fundamental
importância para o formulador de
produtos, para determinar o
balanceamento dos diversos
componentes de uma específica
formulação.

➔O primeiro detergente em pó, lançado


no Brasil pela LEVER em 1953, foi o
RINSO, não teve grande aceitação no
mercado devido sua baixa
dispersibilidade/solubilidade.
As Marcas Mais Vendidas

➔OMO (Unilever) com 47,9%;


➔Brilhante (Unilever) com 9,6%;
➔Surf (Unilever) com 8,1%;
➔Ace (Procter & Gamble ) 7,7%;
➔Assim e Assolan (Hypermarcas) e outras marcas menos
conhecidas com 26,7%
REFERÊNCIAS

➔ FELTRE, R. Química. São Paulo, Moderna, 1992. vol. 3

➔ FREIRE, L.; Associados ABRA na Mídia: A indústria brasileira de


sabão; Revista Graxaria Brasileira, 2012.

➔ NETO, O. G. Z.; PINO, J. C. D.; Trabalhando a química dos


sabões e detergentes; Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Instituto de Química.

➔ PERUZZI, F. M.; CANTO, E. L. do; Sabões e detergentes; Química


na abordagem do cotidiano - Editora Moderna,2003.

Você também pode gostar