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3.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NOS ESTÁGIOS

3.1 ESTÁGIO I

O Estágio curricular foi realizado na fazenda Caju da Bahia, que atua cerca de
20 anos com o foco na produção de frutíferas em especial a banana. Estando a
empresa localizada em São José do Rio Grande, município de Riachão das Neves
na Bahia.

Durante o período de estágio pude acompanhar e contribuir em todos os


processos da bananicultura, envolvendo todos os tratos culturais, monitoramento de
pragas e doenças e coleta de dados da lavoura para análise e para que fossem
identificados possíveis problemas que afetam a produção.

Figura 1 – Sede da Fazenda Caju da Bahia

Fonte: Acervo do autor, 2022

Vale ressaltar que a bananicultura desempenha um papel crucial na economia


das regiões produtoras, além de ser uma das principais fontes de renda para
agricultores e trabalhadores rurais, a produção de bananas gera empregos diretos e
indiretos ao longo de toda a cadeia produtiva, desde o cultivo até a comercialização.
Ademais, a banana é uma fonte versátil de nutrientes essenciais para a saúde
humana. Rica em vitaminas, especialmente a vitamina C e as do complexo B, além
de minerais como potássio, magnésio e manganês, a banana é reconhecida por
seus benefícios para o organismo.

Na fazenda, a primeira atividade que pude acompanhar foi a coleta de dados


dos tratos culturais, sendo essa uma tarefa realizada diariamente pelo supervisor
pela manhã. Nesse processo, o supervisor percorre todas as áreas da empresa,
monitorando o que precisa ser feito em relação à desfolha, desbaste, irrigação,
controle de pragas, limpeza de base, entre outros aspectos. Após analisar todas as
áreas, os dados são repassados ao gerente da fazenda para que as atividades a
serem realizadas pelos colaboradores sejam organizadas.

Figura 2 – Coletando dados sobre os tratos culturais

Fonte: Souza, 2022

Após isso se dá início a realização dos tratos culturais na lavoura, essa


atividade é de extrema importância para garantir o bom desenvolvimento do bananal
e assim atingir frutos com o padrão de qualidade exigidos no mercado. Ao realizar
esses tratos culturais de forma regular e adequada, os agricultores podem melhorar
a qualidade dos frutos, reduzir o risco de doenças e pragas, aumentar a
produtividade da lavoura e, consequentemente, garantir uma colheita mais rentável
e sustentável ao longo do tempo. Assim, a importância dessas práticas vai muito
além da simples manutenção das plantas, sendo essenciais para o sucesso e a
viabilidade econômica da cultura da banana.

Dentre os principais tratos culturais realizados estão:

- Desfolha:

Consiste em eliminar as folhas secas que não mais exercem funções para a
bananeira, bem como todas aquelas que embora ainda verdes possam interferir no
desenvolvimento do fruto. Sendo uma prática crucial na lavoura de banana, pois
influencia diretamente na saúde e no desenvolvimento das plantas.

Figura 3 – Realizando a desfolha

Fonte: Souza, 2022

A remoção das folhas danificadas, amareladas ou afetadas por doenças não só


melhora a estética do bananal, como também promove uma melhor circulação de ar
entre as plantas, reduzindo assim o acúmulo de umidade e minimizando o risco de
proliferação de fungos e bactérias. Além disso, a desfolha permite uma melhor
penetração da luz solar nas folhas restantes, otimizando o processo de fotossíntese
e contribuindo para o crescimento vigoroso dos cachos. Essa prática também é
essencial para a identificação precoce de problemas fitossanitários, permitindo que
medidas corretivas sejam tomadas rapidamente, antes que afetem gravemente a
produção.

Neste caso, o número de operações dependerá da necessidade de cada planta


e/ou ocorrência de doenças no bananal. Assim, para realizar essa atividade, é feito o
uso de um equipamento “foice” ou “podão”, qual é o equipamento próprio para
executar a função orientada.

- Desbrota:

A desbrota consiste na remoção dos brotos laterais que surgem ao redor da


planta principal. Esses brotos, se não forem controlados, podem competir por
nutrientes, água e luz solar, prejudicando o crescimento e o desenvolvimento
adequado da bananeira. Além disso, o acúmulo excessivo de brotações pode
resultar em um denso emaranhado de plantas, dificultando o manejo e a colheita.
Portanto, a desbrota é realizada para manter o equilíbrio na lavoura, permitindo que
a planta principal receba os recursos necessários para produzir cachos de banana
de qualidade.

Figura 4 – Desbrota das touceiras


Fonte: Souza, 2022

Essa prática também auxilia na prevenção de doenças, uma vez que reduz a
densidade de plantas e facilita a circulação de ar, diminuindo assim o ambiente
propício para o desenvolvimento de patógenos.

As brotações surgem a partir dos 40 a 60 dias após o plantio. Com isso são
selecionados preferencialmente os brotos vigorosos, deixando três brotações por
touceira, a “mãe” a “filha” e a “neta”.

- Ensacamento dos cachos:

O ensacamento dos cachos é uma técnica empregada na cultura da banana


com o objetivo de proteger os frutos em desenvolvimento contra danos causados por
pragas e intempéries climáticas. Nessa prática, os cachos são cobertos com sacos
plásticos, geralmente quando estão em estágios iniciais de crescimento.

Figura 5 – Realizando o ensacamento dos cachos

Fonte: Souza, 2022


Essa medida de proteção cria uma barreira física que impede o acesso de
insetos, como a mosca-das-frutas, e pássaros, que podem causar danos
significativos aos frutos. Além disso, o ensacamento também protege os cachos
contra condições climáticas adversas, como chuvas intensas ou ventos fortes, que
podem ocasionar danos físicos nos frutos em formação.

- Eliminação do coração:

O corte do coração da bananeira é uma prática que visa direcionar a energia


da planta para o desenvolvimento dos frutos. O “coração” é removido para permitir
que a planta concentre seus recursos na formação e no crescimento dos cachos.
Essa técnica é realizada de forma cirúrgica, geralmente com o uso de ferramentas
afiadas e esterilizadas, para evitar danos à planta.

Figura 6 – Corte do “coração”

Fonte: Souza, 2022

A eliminação do coração resulta em diversos benefícios, incluindo o aumento


do peso dos cachos, a melhoria da qualidade dos frutos e a aceleração do seu
desenvolvimento. Além disso, ao cortar o coração, reduz-se o risco de infecção por
patógenos, como fungos e bactérias, que podem se proliferar na região do caule
central. Assim, após a retirada da ráquis masculino, são colocadas fitas com
diferentes cores para demarcar a data do manejo. Com isso, depois de 13 semanas
aquele cacho já está pronto para ser colhido.

Outra área que pude estar acompanhando durante o estágio foram os


monitoramentos de pragas dentro da lavoura, tendo como enfoque principal o
moleque da bananeira, este que é uma das principais insetos-pragas presentes
dentro de um bananal.

Figura 7 – Monitoramento de pragas por meio das armadilhas

Fonte: Souza, 2022

O monitoramento é realizado duas vezes por semana e visa conhecer a


incidência de pragas na lavoura, sendo realizado através da utilização de armadilhas
atrativas. Essa técnica é eficaz na identificação precisa das pragas. Além disso, um
aplicativo é empregado para auxiliar na identificação e registro dos danos
encontrados na plantação, proporcionando uma análise mais detalhada e uma
tomada de decisão mais informada.
Além dessas atividades estive realizando a coleta de amostras de solo para
analise em laboratório, e com base nos resultados fosse permitido que decisões
estratégicas pudessem ser tomadas com base na fertilidade atual do solo.

A análise de solo é um procedimento da agricultura, pois fornece informações


essenciais sobre a fertilidade do solo. Nesse processo, amostras de solo são
coletadas em diferentes pontos da área de cultivo e enviadas para laboratórios
especializados, onde são realizadas diversas análises químicas e físicas.

Essas análises avaliam parâmetros como pH, teor de nutrientes (nitrogênio,


fósforo, potássio, entre outros), matéria orgânica, textura do solo e presença de
elementos tóxicos. Com base nos resultados obtidos, o agricultor pode ajustar a
adubação e o manejo do solo de forma mais precisa, garantindo um melhor
aproveitamento dos recursos e uma produção agrícola mais sustentável.

Figura 8 – Coletando amostras de solo

Fonte: Souza, 2022

Além da coleta de amostras do solo, na empresa também era realizado a


coleta de amostras foliares, para assim avaliar a quantidade de nutrientes que estão
sendo extraídos pelas plantas e assim avaliar-se possíveis deficiências nutricionais.
Essa atividade era realizada duas vezes ao ano, coincidindo com a análise
química do solo. Consiste na utilização da planta como indicadora dos nutrientes
disponíveis no solo, permitindo detectar quais nutrientes estão sendo extraídos.

Para isso, é feita a coleta da terceira folha da bananeira, com


aproximadamente 10 a 15 cm de comprimento, na parte interna mediana do limbo,
com a remoção da nervura central. Após a coleta, as amostras são identificadas com
os dados da fazenda e enviados para o laboratório para análise.

Figura 9 – Coleta de amostras foliares

Fonte: Souza, 2022

Por fim, uma das últimas atividades que acompanhei foi a coleta de
amostras para avaliar a efetividade do sistema de irrigação. Essa coleta tem como
objetivo proporcionar à fazenda um controle e equilíbrio adequados da quantidade
de água no solo, visando monitorar a lâmina aplicada.

Esse controle busca captar dados essenciais da irrigação para evitar que as
plantas sofram estresse hídrico. A coleta é realizada sensorialmente, em
profundidade de 0 a 40 cm. Após a coleta em todas as áreas ou talhões e a
verificação da umidade presente no solo, o responsável pela irrigação liga a água
nas áreas que necessitam ser irrigadas de acordo com a análise sensorial realizada.

Figura 10 – Coleta sensorial da irrigação

Fonte: Souza, 2022

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