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PROPOSTA DE MELHORIA NA DRENAGEM URBANA EM VIAS PÚBLICAS: UM

ESTUDO DE CASO NA AVENIDA COLARES MOREIRA LOCALIZADA EM SÃO


LUÍS – MA

PROPOSAL FOR IMPROVEMENT IN URBAN DRAINAGE ON PUBLIC ROADS: A


CASE STUDY AT AVENIDA COLARES MOREIRA LOCATED IN SÃO LUÍS - MA

Samuel Monteiro da Silva Filho1


Mestre. Alessandro Resende Machado2

1 INTRODUÇÃO

Tratar de drenagem urbana é abordar sobre o manejo das águas pluviais urbanas, ou
seja, aquele volume de água disposto em meio terrestre e que muitas das vezes está associado
a grandes problemas ao homem. A drenagem urbana surge com o propósito de controle do fluxo
de água, por minimizar o risco de enchentes sendo de grande valia a elaboração de projetos
estruturais adequadas de galerias de escoamento e não-estruturais também, como a adoção de
planos de gerenciamento de resíduos sólidos adequado, contundo, essa realidade não é
evidenciada em muitas cidades, ficando evidenciado o ineficaz sistema que as cidades dispõem.
Constantemente observa-se que os centros grandes centros urbanos ficam cada vez mais
passíveis a ocorrência de desastres de ordem ambiental, mesmo que com uma crescente
industrialização, aparato tecnológico e consequente urbanização, sendo por isso, o principal
fator que justifica a necessidade de intervenções nos ambientes naturais para que sejam
edificadas estruturas que atendam adequadamente as necessidades da população inserida no
espaço. Porém, identifica-se que a própria urbanização não traz apenas benefícios, sendo ela
própria uma das grandes causadoras de problemas e agravamentos sociais, devido a
modificação dos espaços, identificado pela implantação de calçadas, edifícios, praças públicas,
retirada de áreas verdes, excesso de impermeabilização do solos e vários outros fatores que
fazem com que caraterísticas naturais, tal como a percolação do solo, seja perdida, e, com isso,
seja originado problemas em respostas às mudanças impostas. Tal fato passou a despertar
interesse no aspecto de relação antrópica e alteração da paisagem natural, e, por isso, agressão
ambiental, refletindo por exemplo em elevadas vazões de escoamento superficial e desordem
urbana.
O estudo surge com o objetivo principal de propor melhorias na situação do sistema de
galerias pluviais para drenagem urbana na Avenida Colares Moreira da cidade de São Luís em
função das principais vias de escoamento de tráfego. Tendo em vista esse cenário, torna-se
necessário também analisar o plano diretor da cidade e mecanismos legais que permitam uma
administração eficiente do sistema de drenagem da cidade, constatar os pontos críticos de
alagamento das vias do estudo de caso, verificar os dispositivos de drenagem existentes para a
via e dimensionar um sistema de drenagem que conduza adequadamente as águas pluviais do
local de estudo.
Tendo em vista que avanço tecnológico e crescimento dos centros urbanos,
desencadeiam alterações não só na paisagem, mas também contribui para alterações de cunho
ambiental, com isso, a necessidade de ocupação, muitas das vezes sem planejamento, faz com
que diversos problemas impactem a vida social, fazendo surgir uma grande necessidade dos
poderes públicos a agirem por meio de manutenções corretivas e preventivas, ocasionando

1
Aluno Concludente do Curso de Engenharia Civil – Email: contato.samuelmonteiro@gmail.com
2
Orientador – Mestre – Email:
inclusive em elevados gastos financeiros.
Muitas das vezes as obras são desenvolvidas apenas com a finalidade de serem um
objeto que irá atender a uma finalidade específica, por exemplo, uma estrada que atende a
fluidez de veículos, contudo, quando pensadas, mesmo que passem por um planejamento,
algumas das vezes alguns pontos não são considerados, pois pensa-se apenas no objeto, mas
não muito na influência que acarretará em determinada região. Assim, não considerando essa
problemática, faz-se surgir problemas não tão esperados, como as enchentes nos centros
urbanos, ocasionados pela péssima estrutura de drenagem urbana e de gerenciamento dos
resíduos sólidos. Diante disso, torna-se necessário compreender não só os aspectos estruturais,
mas também a dinâmica de ocupação e as medidas necessárias para o combate da problemática,
de modo que seja estipulado estratégias a serem seguidas, visando o bem social, econômico e
de meio ambiente.

2 METODOLOGIA

O estudo incialmente será caracterizado como sendo de cunho bibliográfico, cuja


abordagem será qualitativa e descritiva, sendo assim, em um primeiro momento haverá uma
busca por estudos de autores que sejam tidos como referência na área de estudo relacionados
ao tema de Drenagem Urbana, e, concomitantemente, um estudo acerca do Plano Diretor da
Cidade de São Luís, tendo em vista avaliar a existência do projeto de drenagem da região.
Em um segundo momento serão realizadas visitas in loco na região do bairro do
Renascença, localizado em São Luís - MA, especificamente na interseção da Ruas dos Pardais
com a Rua Azulões e o cruzamento entre a Avenida Colares Moreira com o intuito de se
conhecer a região e realizar registros fotográficos, visando compartilhar a real situação em que
se encontra o local e analisar a situação estrutural das galerias.
No terceiro momento, a etapa final, será desenvolvido um dimensionamento que visa
atender aos fluxos hídricos advindos da chuva da região. O estudo compreenderá uma
abordagem quali-quantitativa que visa descrever as características locais, bem como estipular
valores numéricos que atendam a capacidade de escoamento, sendo assim, caracterizado uma
pesquisa cujo objeto de estudo enquadra-se como de caso único.
O aspecto descritivo encontra-se embasado por Gil (1999) no qual pontua que
esse tipo de pesquisa proporciona ao pesquisador estabelecer relações de causa e efeito em
função dos fatos observáveis, além de contribuir em informações necessário que acarretam no
conhecimento detalhado da situação, com isso, é possível buscar uma compreensão
aprofundada das ocorrências analisadas. Além do mais, no aspecto bibliográfico,
Marconi e Lakatos (2021) destacam que esse tipo de pesquisa é caracterizado como a base dos
estudos científicos, pois proporcionam aos pesquisadores um maior aprofundamento acerca da
problemática levantada, por isso, destaca-se que as pesquisas não devem ser apenas descrição
de fatos observáveis, mas, também discursões em torno de conceitos e teorias,
concomitantemente, ao observado.
Para o levantamento bibliográfico serão utilizados artigos científicos, monografias,
dissertações, teses e relatórios técnicos, consultados em plataformas digitais, tais como o
Google Acadêmico, o Scielo e os repositórios institucionais das Instituições de Ensino Superior.
Serão considerados estudos publicados no período de 2010 a 2021, com exceção de autores de
grande relevância na área que serão usados estudos mais antigos. A escolha dos estudos dar-se-
á para aqueles que tem uma relação direta com o tema, sendo excluídos aqueles que não estão
no espaço de tempo escolhido e que não tenham ligação direta com o tema. Os principais
descritores de busca serão: Drenagem Urbana; Manejo de Águas Pluviais e Enchentes.
3 DRENAGEM URBANA

Segundo Vaz (2004) drenagem urbana é todo aquele processo de gerenciamento de água
da chuva que escoa no meio urbano, envolvendo diversas medidas cujo objetivo é minimizar
os riscos que as populações possam passar quando sujeitos a inundações, possibilitando além
do mais um certo grau de desenvolvimento urbano de forma harmônica e sustentável. Com o
passar dos anos, atrelado às consequências geradas pelo crescimento econômico e somados ao
aumento populacional tiveram como consequência uma deficiência nos recursos-hídricos, tal
fato encontra embasamento pela grande frequência e magnitude de inundações no meio urbano,
cuja ação promove uma degradação ambiental.
Ainda segundo Vaz (2004) destaca que a visão acerca da drenagem se mudou do cenário
antigo (base de análise apenas econômica) para o novo, sendo este identificado por se tratar de
uma compreensão integrada do meio ambiente (social, legal, institucional e tecnológica) com o
intuito de resolver as problemáticas com o extinto político.
O Brasil, infelizmente, ainda lida com a fata de tratamento de esgoto, transferência de
inundação na drenagem e falta de controle de resíduos sólidos e atrelado a isso, deve-se
mencionar que a quantidade da água na drenagem pluvial contém uma enorme carga de
poluentes devido as vazões envolvidas (TUCCI, 2008). O limitado poder de disposição de
recursos hídricos em algumas bacias para a realização do uso para atividades básicas para a
população só reforça o fato de que o controle de poluição, concomitantemente, faz parte do
cenário de drenagem, já que este serve como um guia para a dispersão de agentes poluentes no
decorres do percurso hídrico (MARTINS, 2012). É de chamar atenção o fato que devido ao
aumento desenfreado da urbanização, o despejo de efluentes, por exemplo, nos recursos
hídricos acabam por voltar a sua origem (rio) totalmente contaminados, tal fato é de chamar
atenção para a necessidade para a realização de um plano de gerenciamento de drenagem urbana
a fim de minimizar a problemática, pois a consequência é a deterioração dos mananciais e a
redução da quantidade de água da população (VAZ, 2004).
Não se pode tratar em drenagem sem mencionar o fato dos planos diretores. Basicamente,
a gestão de drenagem urbana compreende aspectos relacionados aos 3P: Planejamento,
procedimento e preparo. A priori, o planejamento refere-se a parte mais complicada do
processo. O planejar, refere-se à elaboração dos planos diretores, implantação de sistemas e
projetos. Ressalta-se que os planos diretores devem englobar os aspectos específicos para
drenagem urbana bem como os planos municipais e os projetos integrados, envolvendo
saneamento agregando aos planos existentes (MARTINS, 2012).
A drenagem, por diversas vezes, é vista como inimiga do meio social, bem como a
urbanização é vista como inimiga da sustentabilidade, conforme afirma Vaz (2004, pág. 1): “A
urbanização causa enchentes para a própria urbanização”. Segundo Martins (2012), a ocupação
desordenada das várzeas eliminou as naturais áreas de armazenamento e escoamento,
mostrando que administrar o problema de drenagem consiste em resolver um problema de
alocação de espaço (volume). A limitada disponibilidade hídrica em algumas bacias para
atendimento de todas as demandas humanas também ensina que o controle da poluição faz parte
do problema ‘drenagem’, já que esta é um vetor para a condução e dispersão de poluentes no
meio hídrico.
Ainda na linha de análise, deve-se ter noção dos tipos de poluição. Consideremos cargas
pontuais (levemente controladas) e difusas (geradoras de materiais transportados com
facilidade para os corpos hídricos), devem ser tratadas com atenção, pois se tornam um grande
desafio no que tange a questões de inundações e interrupção de via de tráfego, portanto é
necessário o reconhecimento dos resíduos sólidos como um problema de drenagem
(MARTINS, 2012).
Outro ponto relevante dentro dessa temática é a impermeabilização do solo. Esse processo
é responsável direto pelo tempo de concentração e pelo aumento de escoamento superficial das
bacias em zona urbana. Em estudos realizados de forma inovadora no país, Campana et al.
(1994) constatou que a densidade populacional tem uma forte relação com as taxas de
impermeabilização do terreno, pois foi visto que os resultados tendiam a um teor de 65% a
partir de 100 habitantes/hectare, enquanto que considerado a verticalização nas cidades esse
teor aumentava.
A impermeabilização da bacia causada principalmente pela expansão desenfreada dos
espaços urbanos tem provocado a diminuição da capacidade de retenção, armazenamento, de
infiltração, consequentemente tem ocasionado um aumento no escoamento superficial o que
gera uma grande problemática nos grandes centros urbanos que são as inundações. De modo
geral, a ocupação do espaço urbano sem a devida consideração das limitações ambientais da
região, tem ocasionado efeitos diretos no meio ambiente antrópico (RIGHETTO, 2009).

4 PLANEJAMENTO URBANO

Com o passar dos anos o desenvolvimento urbano acelerou, tal efeito ficou evidenciado
principalmente em meados do século XX com a concentração da população nas grandes
cidades, acarretando cada vez mais em espaços reduzidos, produzindo excesso de competição
pelos mesmos recursos naturais (solo e água), destruindo parte da biodiversidade natural. O
pleno desenvolvimento sustentável urbano tem a missão de melhorar a qualidade de vida da
população e a conservação ambiental, ressalta-se ainda que é essencialmente o papel integrador
na medida em que a qualidade de vida somente é possível com um ambiente conservado que
atenda às necessidades da população, garantindo harmonia do homem e da natureza
(MARTINS, 2012).
Segundo Tucci (2008), na esfera do ambiente urbano, deve-se atentar ao conjunto de ações
que o tornaram para tal, nesse contexto, para ter ciência de um bom cenário, devem-se apontar
os principais componentes socioambientais, são estes: planejamento e gestão do uso do solo,
infraestrutura viária, água, energia, comunicação, transporte e gestão socioambiental. Os
espaços urbanos de modo geral, configuram-se como sendo espaços comuns de consumo e
moradia. O desenfrear industrial acarreta cada vez mais em desenvolvimento econômico
gerando uma batalha contra o processo de urbanização. No que tange as áreas urbanas, Tucci
(2008) define que o planejamento urbano é mais direcionado para a cidade formal, enquanto
nos pequenos polos, as cidades informais, o que é mais conveniente é apenas a observação das
tendências de ocupação.

5 RESÍDUOS SÓLIDOS

Atualmente a grande problemática social está em conciliar avanço comercial com


volumes de produção. Um tema que chama bastante atenção é no que se refere a questão do
gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos. Muito vem se discutindo para reverter a
problemática causada no ecossistema urbano, o qual encontra na Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS), uma certa contribuição a qual encaminha para o enfrentamento dessa questão,
privilegiando a inclusão social. Cada vez mais, torna-se notório que o inadequado
gerenciamento dos resíduos sólidos gera impactos imediatos não só no meio ambiente, mas
também na saúde, o que muitas vezes pode-se considerar como uma questão de saúde pública
(TUCCI, 2008).
É válido enfatizar que os resíduos sólidos devem ser inseridos e analisados em
vertentes que englobam crescimento urbano e desenvolvimento das cidades. Segundo Costa et.
al. (2019) alguns agravantes ambientais estão estreitamente ligados aos processos de
crescimento e desenvolvimento das cidades, trazendo impactos que geram grandes
desequilíbrios nos ecossistemas locais.
É importante salientar que a taxa de resíduos produzidos no país é alta, estima-se que
por dia cerca de 180 e 250 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos são coletadas diariamente
(IBGE, 2010; ABRELPE, 2010). Além do volume absurdo, os resíduos vêm passando por certa
inovação, atendendo ao mercado consumidor, cada vez mais se passou a serem produzidos
objetos cuja composição contém elementos sintéticos e de alta periculosidade ao ecossistema,
e, principalmente, à saúde humana (FERREIRA e ANJOS, 2001). Ressalta-se ainda que a taxa
de crescimento da geração de resíduos supera em sete vezes a taxa de crescimento da população.
Enquanto que o crescimento populacional no país está em torno de 1% ao ano o de resíduos
está na faixa dos 7% ao ano, o que comprova uma grande ascensão (IBGE, 2010).
REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS


ESPECIAIS – ABRELPE. Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil- 2010. São Paulo:
Abrelpe; 2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Pesquisa


Nacional de Saneamento Básico, PNSB -2008. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999.

FERREIRA, J. A.; ANJOS, L. A. Aspectos de saúde coletiva e ocupacional associados à


gestão dos resíduos sólidos municipais. Cad Saude Publica 2001; 17(3):689- 696.

MARCONI, Mariana de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia


científica. 9º ed. São Paulo: Atlas, 2021.

MARTINS, J. R. S. Gestão da drenagem urbana: só tecnologia será suficiente? Artigo.


Escola politécnica, USP, São Paulo, 2012.

MARTINS, T. J. C. “Sistemas de Abastecimento de Água para Consumo Humano –


Desenvolvimento e Aplicação de Ferramenta Informática para a sua Gestão Integrada”.
Escola Superior Agrária, Bragança, São Paulo, 2014.

RIGHETTO, A. M. Manejo de Águas Pluviais Urbanas. Rio de Janeiro, RJ: ABES, 2009.

TUCCI, C. E. M. Águas Urbanas. Estudos Avançados, v. 22, n. 63, p. 97-112, 2008.

VAZ, V. B. Drenagem Urbana. Boletim informativo nº05/ano VI – maio/2004.


Universidade de Santa Cruz do Sul, UNISC, RS, 2004.

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