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MÓDULO 3- Calcular adequadamente os financiamentos das atividades de uma empresa comercial

CONTABILIZAÇÃO DE OPERAÇÕES FINANCEIRAS COM JUROS PREFIXADOS E PÓS-FIXADOS

Na contabilidade, segue-se o regime de competência, ou seja, os fatos contábeis só são contabilizados conforme ocorrem. O CPC
00 traz a definição e a importância do regime de competência da seguinte maneira:

O regime de competência reflete os efeitos de transações e outros eventos e circunstâncias sobre reivindicações e recursos
econômicos da entidade que reporta nos períodos em que esses efeitos ocorrem, mesmo que os pagamentos e recebimentos à vista
resultantes ocorram em período diferente. Isso é importante porque informações sobre os recursos econômicos e reivindicações da
entidade que reporta e mudanças em seus recursos econômicos e reivindicações durante o período fornecem uma base melhor para a
avaliação do desempenho passado e futuro da entidade do que informações exclusivamente sobre recebimentos e pagamentos à vista
durante esse período.
Portanto, os juros só são contabilizados após o período que foi transcorrido. Por quê?
Exemplo
Vamos supor que sua empresa tenha contraído um empréstimo de R$100.000,00, com juros de 1% a.m. para serem pagos, na
totalidade, após 12 meses. O que acontecerá se a empresa quitar o empréstimo na data de pagamento? Nesse caso, ela pagará
R$100.000 × (1,01)12 = R$112.682,50. Ou seja, os juros totalizarão R$12.682,50. Mas o que ocorrerá se ela pagar antecipadamente
no primeiro mês? Nesse caso, ela pagará R$100.000 × (1,01)1 = R$101.000,00.
Note que, agora, o valor dos juros é de apenas R$1.000,00. Ou seja, o valor dos juros muda com o decorrer do tempo e a
contabilidade deve refletir isso. Caso fossem contabilizados os R$112.682,50 na contabilidade, se a empresa pagasse
antecipadamente a dívida já no primeiro mês, o passivo ficaria maior em R$11.682,50 (pois a empresa pagou R$101.000,00, mas o
valor da dívida na contabilidade estava em R$112.682,50). Isso geraria um erro contábil que teria de ser corrigido. Dessa forma, é
sempre importante contabilizar os juros mês a mês, a fim de evitar erros contábeis.

Além disso, um aspecto muito importante é referente à diferença entre amortização e juros. No caso apresentado anteriormente,
após 12 meses, a empresa pagará R$112.682,50 sendo R$100.000,00 de amortização e R$12.682,50 de juros.

A amortização é a devolução do valor emprestado, e os juros são o pagamento pelo tempo do dinheiro.
É importante diferenciar, pois os R$100.000,00 não são uma despesa da empresa, já que ela apenas estaria devolvendo o valor que
tinha tomado emprestado e estava contabilizado em seu ativo. Porém, os R$12.682,50 representam uma despesa que a empresa
incorreu para obter o empréstimo.

A amortização é contabilizada por meio de uma contraprestação no passivo (diminui a dívida da empresa) no caixa, enquanto os
juros são contabilizados como despesa.

Veja o exemplo, a seguir, das contabilizações do exemplo anterior.

Clique nas informações a seguir.

Recebimento do empréstimo

C – Passivo = R$100.000,00
D – Caixa = R$100.000,00
Contabilizações dos juros (mês a mês)
Após o fim do primeiro mês

C – Passivo = (valor dos juros do mês)


D – Despesa = (valor dos juros no mês)
Esses valores das despesas de juros vão acumulando, mês a mês, na conta de passivo, até que a mesma chegue ao valor de
R$112.682,50 no décimo segundo mês, e o empréstimo é quitado, conforme lançamento a seguir:
Após o pagamento

D – Passivo = R$112.682,50
C – Caixa = R$112.682,50

No caso apresentado, os juros são prefixados, ou seja, os valores dos juros mensais são conhecidos já no início de contrato. No caso
dos pós-fixados, os mesmos são conhecidos com o passar do tempo. Um exemplo do caso de juros pós-fixados seria um
empréstimo tendo como juros o IPCA + 0,50% a.m. Nesse caso, sempre há um componente prefixado e um pós-fixado.

Portanto, em casos assim, a contabilização é um pouco diferente. A mecânica contábil é a mesma, no entanto, como os juros são
definidos mês a mês de forma dinâmica, a taxa tem que ser calculada sempre ao lançamento, em vez de se lançar uma taxa fixa.
Por exemplo, se o IPCA foi 0,25%, em fevereiro de 2020, a taxa do mês para a contabilização da despesa com juros seria de 0,75%
do saldo do passivo (0,25%+0,50%). Porém, em março de 2020, como o IPCA foi de 0,07%, a taxa para a contabilização da despesa
com juros seria apenas de 0,57% (0,07%+0,50%).

No entanto, pode haver casos em que ambas as taxas estejam descritas em taxas anuais (a.a.), mas precisamos atualizar o valor mês
a mês (a.m.) para fins contábeis. Como fazer essa transformação? Vejamos um exemplo:

Exemplo
Uma empresa emite um título que paga 5,0% + IPCA a.a., mas o IPCA foi de 0,2% no primeiro mês. Qual é o valor contábil dos
juros, no primeiro mês, a fim de se ajustar o passivo? Primeiramente, temos de transformar a taxa prefixada, que está em a.a., em
a.m. Isso pode ser feito utilizando a fórmula de juros compostos, conforme veremos a seguir:

1,05=1+i12=>i=1,0512-1=>i=0,00407=0,407%
Desse modo, um título que rende 5,0% + IPCA a.a. é como um título que rende 0,407% + IPCA a.m. A partir dessa transformação,
podemos calcular o valor para o mês, que será de 0,407 + 0,200 = 0,607%. Assim, o valor para atualizar o título nesse mês seria de
0,607%.

PERDAS ESTIMADAS EM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSAS

À diferença dos casos que vimos até aqui, este item se refere à parte que detém o direito de receber o crédito. Muitas empresas, para
manter as suas margens de lucro e aumentar a sua clientela, vendem seus produtos a prazo para continuar a financiar as suas
atividades.

Entretanto, para todas as vendas, há a probabilidade de os clientes não efetuarem os pagamentos, com o famoso “calote”.

Tal “calote” faz parte da operação da empresa, de modo que ela deve reconhecer sempre uma provisão para isso. Tal normativa
estava no CPC 38 até o ano de 2018 e foi substituída para pelos CPCs 47 e 48.

O CPC 00, que traz todo o arcabouço teórico da Contabilidade, diz o seguinte sobre a representação fidedigna das informações
contábeis em relatórios financeiros:

Relatórios financeiros representam fenômenos econômicos em palavras e números. Para serem úteis, informações financeiras não
devem apenas representar fenômenos relevantes, mas também representar de forma fidedigna a essência dos fenômenos que
pretendem representar. [...] Para ser representação perfeitamente fidedigna, a representação tem três características. Ela é completa,
neutra e isenta de erros. Obviamente, a perfeição nunca ou raramente é atingida. O objetivo é maximizar essas qualidades tanto
quanto possível. A representação completa inclui todas as informações necessárias para que o usuário compreenda os fenômenos
que estão sendo representados, inclusive todas as descrições e explicações necessárias.
Ou seja, a contabilidade tem de representar, fidedignamente, todas as transações e a realidade econômico-financeira da empresa. É
irreal esperar que todos os seus clientes façam os pagamentos em dia e sem probabilidade de “calote”. Ademais, a normativa
contábil estabelece que “[a] representação completa inclui todas as informações necessárias para que o usuário compreenda os
fenômenos que estão sendo representados”. Em outras palavras, os usuários das informações contábeis e financeiras que a empresa
disponibiliza precisam saber da estimativa que a empresa faz de possíveis “calotes” que receberá no futuro. Assim sendo, a empresa
deve demonstrar essa possibilidade em seus demonstrativos contábeis.

A empresa, de acordo com tais normativas, deve estimar, nas suas operações financeiras de venda a prazo, o percentual dos
créditos que possui liquidação duvidosa, isto é, que possui o risco de “calote”. PERDAS ESTIMADAS EM CRÉDITOS
DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSAS

À diferença dos casos que vimos até aqui, este item se refere à parte que detém o direito de receber o crédito. Muitas empresas, para
manter as suas margens de lucro e aumentar a sua clientela, vendem seus produtos a prazo para continuar a financiar as suas
atividades.

Entretanto, para todas as vendas, há a probabilidade de os clientes não efetuarem os pagamentos, com o famoso “calote”.

Tal “calote” faz parte da operação da empresa, de modo que ela deve reconhecer sempre uma provisão para isso. Tal normativa
estava no CPC 38 até o ano de 2018 e foi substituída para pelos CPCs 47 e 48.

O CPC 00, que traz todo o arcabouço teórico da Contabilidade, diz o seguinte sobre a representação fidedigna das informações
contábeis em relatórios financeiros:
Relatórios financeiros representam fenômenos econômicos em palavras e números. Para serem úteis, informações financeiras não
devem apenas representar fenômenos relevantes, mas também representar de forma fidedigna a essência dos fenômenos que
pretendem representar. [...] Para ser representação perfeitamente fidedigna, a representação tem três características. Ela é completa,
neutra e isenta de erros. Obviamente, a perfeição nunca ou raramente é atingida. O objetivo é maximizar essas qualidades tanto
quanto possível. A representação completa inclui todas as informações necessárias para que o usuário compreenda os fenômenos
que estão sendo representados, inclusive todas as descrições e explicações necessárias.
Ou seja, a contabilidade tem de representar, fidedignamente, todas as transações e a realidade econômico-financeira da empresa. É
irreal esperar que todos os seus clientes façam os pagamentos em dia e sem probabilidade de “calote”. Ademais, a normativa
contábil estabelece que “[a] representação completa inclui todas as informações necessárias para que o usuário compreenda os
fenômenos que estão sendo representados”. Em outras palavras, os usuários das informações contábeis e financeiras que a empresa
disponibiliza precisam saber da estimativa que a empresa faz de possíveis “calotes” que receberá no futuro. Assim sendo, a empresa
deve demonstrar essa possibilidade em seus demonstrativos contábeis.

A empresa, de acordo com tais normativas, deve estimar, nas suas operações financeiras de venda a prazo, o percentual dos créditos
que possui liquidação duvidosa, isto é, que possui o risco de “calote”. Normalmente, isso é feito por meio de previsões estatísticas
que levam em conta tanto os valores passados que não foram pagos quanto aspectos macroeconômicos, tais como taxa de juros,
inflação, PIB etc.

A contabilização é feita por meio de uma conta redutora no ativo. Vejamos um exemplo a seguir:

Reversão da perda
Retomando o exemplo anterior, vamos supor que a empresa revisasse sua estimativa de PCLD de 10 mil para 8 mil. O lançamento
de reversão seria feito da seguinte maneira:

C – Reversão de PCLD = 2.000

D – Provisão para créditos de liquidação duvidosa = 2.000

Nesse caso, a reversão é contabilizada como uma receita da empresa.

A contabilização é feita por meio de uma conta redutora no ativo. Vejamos um exemplo a seguir:

OPERAÇÕES COM INSTRUMENTOS FINANCEIROS

Primeiramente, temos de definir o que é um instrumento financeiro. O instrumento financeiro pode ser definido como um contrato
que dá origem a um ativo ou passivo financeiro, ou a um instrumento patrimonial. Portanto, os casos anteriores que já analisamos se
enquadram em instrumentos financeiros. Agora, vamos analisar a contabilização de operações com instrumentos financeiros de
forma mais geral.

Os ativos financeiros deverão ser contabilizados da seguinte maneira:

Clique nas informações a seguir.

Pelo Custo Amortizado

Se a empresa mantiver o ativo com o propósito de receber os juros contratuais sobre o principal investido;
Pelo Valor Justo através de Outros Resultados Abrangentes (ORA)

Se a empresa mantiver o ativo tanto para negociação quanto para recebimento de juros;
Pelo Valor Justo através de Resultado

Se a empresa não se enquadrar em nenhum dos dois casos anteriores.


Vejamos a aplicação dessas regras nos exemplos a seguir:

A empresa XYZ compra 10 títulos de dívida que pagam 2% a.a. de juros mais 10.000 de amortização do principal anualmente. O
objetivo da empresa é receber os juros contratuais, e não negociar o título. A partir dessas informações, podemos calcular a tabela a
seguir:
Ano Saldo inicial Juros Amortização Recebimento Saldo final

1 100000 2000 10000 12000 90000

2 90000 1800 10000 11800 80000

3 80000 1600 10000 11600 70000

4 70000 1400 10000 11400 60000

5 60000 1200 10000 11200 50000

6 50000 1000 10000 11000 40000

7 40000 800 10000 10800 30000

8 30000 600 10000 10600 20000

9 20000 400 10000 10400 10000

10 10000 200 10000 10200 0

Podemos, nesse caso, realizar a contabilização do primeiro ano para a entidade que comprou essa dívida da seguinte maneira:

D – Ativo financeiro = R$1.000.000,00

C – Caixa = R$1.000.000,00

D – Caixa = R$120.000,00

C – Ativo financeiro = R$100.000,00

C – Receita com juros = R$20.000,00

O segundo lançamento será repetido todos os 10 anos até o saldo da conta ser zerado. No entanto, caso a empresa o mantivesse
também para a venda, ela deveria contabilizar o instrumento por meio do Valor Justo em ORA. Ou seja, vamos supor que a taxa de
juros básica caia e o instrumento esteja cotado em R$98.000,00 ao fim do ano 1. Nesse caso, os R$8.000,00 de “ganho” versus o
valor contratual de R$90.000,00 deverão ser contabilizados em outros resultados abrangentes, como veremos a seguir:

D – Ativo financeiro = R$80.000,00

C – Outros resultados abrangentes = R$80.000,00

Exemplo
Vamos supor que a empresa invista o valor de R$100.000,00 em um Fundo Multimercado e, após 1 mês, o saldo seja de
R$102.500.00. Tendo em vista que esse tipo de investimento não se enquadra em nenhum dos dois primeiros itens, o valor é lançado
como valor justo por meio do Resultado, conforme o exemplo a seguir:

D – Investimentos em Fundo Multimercado = R$100.000,00

C – Caixa = R$100.000,00

D – Investimentos em Fundo Multimercado = R$2.000,00

C – Receita financeira = R$2.000,00

VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. Uma empresa decide investir R$50.000,00 do seu caixa em um título que paga IPCA +2,0% a.a. A empresa deseja manter o título
até o vencimento e não negociá-lo. O título não possui cupons (o valor será pago apenas no vencimento). Após 1 ano, o valor do
IPCA foi de 2,25%. Como deverá ser feito o lançamento dos juros?

Não deve ser feito lançamento dos juros, apenas a marcação a valor justo.

Deve ser feito no valor de R$2.125,00 na conta do ativo contra a conta de Outros Resultados Abrangentes.

Deve ser feito no valor de R$2.125,00 na conta do ativo contra a conta de Receita Financeira no Resultado.

Deve ser feito no valor de R$4.250,00 na conta do ativo contra a conta de Receita Financeira no Resultado.

Deve ser feito no valor de R$ 4.250 na conta do ativo contra a conta de Outros Resultados Abrangentes.

2. Uma empresa tomou um empréstimo de R$100.000,00 com juros de 10% a.a. e pagamentos anuais. No primeiro ano,
pagou R$60.000,00, e no segundo ano, pagou R$55.000,00. Qual é o valor da amortização anual?

R$50.000,00

R$55.000,00

R$60.000,00

R$80.000,00

R$100.000,00

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