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Instituigdes de Ensino Superior e Desenvolvimento Regional: 0 Caso da Regiao Norte do Paranaé* Cassio Rolim? ‘Maurfeio Serra? Resumo: As universidades sempre contribufram para 0 desenvolvimento dos paises. Entretanto, a preocupagao com a sua contribuicao para o desenvolvimento regional ¢ recente e deriva de um intenso processo de globalizacio e também de sum novo olhar sobre a competitividade das regides e sobre os sistemas regionais deinovagao. Nesse sentido, o engajamento das universidades com outros atores na regitlo é esperado com o propésto de fornecer respostas as necessidades da regio. © objetivo deste artigo ¢ analisar o esforgo cooperativo entre as TES (Instituigdes de Ensino Superior) da regio Norte do Parana ¢ os seus parceiros regionais em prol do desenvolvimento regional. Palavras-chave: Instituicdes de Ensino Superior; Desenvolvimento Regional; Sistema Regional de Inovacao; Parana, _fsteatgn rita da paruirado IMME /OECD (The Programme on netttona Monagementin i _Edwoaon|Orpenintion for EronomicConpeaton and Deseopre, ital Supporting the Contriton of Higher EaheatonInsttions to Repional Development, que conto conta a Secreta de Ca, “Teenslgae Ensino Superior do Estado do Parana. Os autres agradecer 5 varias instuctes paripantes 2s psoas clas iad, speialmente aos prlesores Auta Caos Lupian (VEM)e Rosana Lt Ro ‘goes (UEL). Events sree onisees sande inteza responsable de dos stores _2Prfeso do Departaenta de Economia edo Programa de Pis-Graduaro am Desexvalvimento Econnico a Unverstade Federal do Patani (PPGDE FPA). E-mail caso rin ule be Profesor do epartarsento de Ecopomin edo Programa de Pis-Graduac em Desenvaimento Econo a Unversiate Federal do Parani (PPGDE/UPPR). mail sera@apebe ‘Revista de Eeonomia, 35 8.3 (6n039). B10, set ex 2005, Etre UFFR % ROLIM, C SERRA, lnetinigbe de Ensino Higher Education Institutions and Regional Development: The Case of Northern Parand Region Abstract: Universities have always contributed to the development of countries. However, the concern with their contribution to regional development is recent and derives from an intense globalization process and also from a new way of Tooking at the competitiveness of regions and at regional innovation systems. In this regard, the engagement of universities with others regional actorsis expected in order to provide responses to regional needs. The objective of this article is to analyse the cooperative efforts between HEIs (Higher Education Institutions) in the northern Parana region and their regional partners in the quest of regional development. Keywords: Higher Education Institutions; Regional Development; Regional Innovation System; Parand. JEL: 120; Rio Introdugio Este artigo teve origem na demanda da Secretaria de Ciéneia, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Parand (SETI), que objetivava avaliar oimpacto socioecondmico das instituigdes de ensino superior (IES) paranaenses. Nesse sentido, dois tipos de andlise de impactos eram almejados: um de curto-prazo, que foi realizacio com base numa literatura consagrada que utiliza a andlise de insumo-produto e os modelos de equilibrio geral computivel (Rolim & Kureski 2006) e 0 segundo de longo-prazo, objeto do presente artigo, sendo a sua realizacao baseada na metodologia espeeifica da OCDE (Organizacao ‘para Cooperacao e Desenvolvimento Econémiico), que foi desenvolvida para 0 seu projeto Supporting the Contribution of Higher Education Institutions, ‘to Regional Development (OCDE 2005). A concepgio bisica que norteou projeto é de que a educacio superior cumpre ‘um papel relevante no proceso de desenvolvimento econdmico, cultural € social dos paises e, principalmente, das regides. De fato, a dimensio regional ‘passa a ter uma importancia capital na medida em que o ambiente regional/ Jocal é tao importante quanto a situacao macroecondmica nacional na deter minagio da habilidade das empresas em competir numa economia globaliza- da, ou seja, a dispomibilidade dos atributos regionais/locais (conhecimento, hhabilidades, etc.) inflniré fortemente na decisao locacional das empresas, 0 que faz das universidades regionalmente engajadas pecas-chave das regides onde estio inseridas. 0 objetivo deste artigo é analisar o esforgo cooperativo entreas TES da regio, ss ‘Revista de Eeonomia, 35 9.3 (4n033)p. 87-103, sede. 2005, Eira UFPR ROLIM,C; SERRA M,Insinistes de Ensin, Norte do Parand, considerando fundamentalmente as suas duas prineipais, universidades estaduais, a UEL (Universidade Estadual de Londrina)ea UEM. (Universidade Estadual de Maringa), eos demais atores regionais em prol do, desenvolvimento regional, levando em consideragao as barreiras internas e externas as universidades para coneretizi-lo. Para tanto, opresente artigo est estruturado em cinco sessdes, além desta introdugao. A primeira fazum breve enguadramento teérico da questao, a segunda expée 0 enfoque metodolégico adotado, a terceira especifica 0 contexto paranaense, a quarta apresenta 0s prineipais resultados do estudo de caso e por fim, as consideragdes finais s30, tecidas na iltima sessao. Universidade e Regiaio papel das universidades no processo de desenvolvimento regional vem recebendo uma atencdo crescente nos tiltimos anos ¢ esta sendo considerado como um elemento-chave deste processo. Nas tiltimas décadas, em fungio da compreensio de que as inovagées tém um papel relevante no desenvol- vimento econdmico dos paises houve uma preocupacao crescente com os condicionantes dessas inovagées, sendo esta a motivacdo para uma extensa literatura sobre o queé chamado de Sistema Nacional de Inovagoes, Economia, do Conhecimento, ete. Em paralelo ocorren um debate renovador sobre 0 desenvolvimento das regides. A moderna coneepeo considera que as regides ‘com maior possibilidade de desenvolvimento so aquelas que conseguem. estabelecer um projeto politico de desenvolvimento congregando os seus diferentes atores, fazendo parte desse projeto, na sua vertente econmica, a utilizagZo intensiva e coordenada do conjunto de conhecimentos existentes, nna regiao para aumentar a sua competitividade. Ocncontro dessas duas vertentes dé origem ao coneeito de Sistema Regional de Inovacao. As primeiras referéncias ao termo surgitam no infeio dos anos noventa eo referencial tedrico para este conceito pode ser encontrado prin- cipalmente nos trabalhos de Cooke (1997, 1998a, 1998). Segundo Cooke & Morgan (1998:71), 0 atual estigio de desenvolvimento do conceito de Sistema Regional de Inovacao pode ser assim sintetizado: As regides que possuem oconjunto‘deal de organizagties para a inovacioinseridas ‘em um meio institucional adequado (Johnson & Gregersen, 996; Mailat, 995) onde igngsessistimieas e eomunicagio interativa entre as atores da inovacio é ‘um feto normal, enquadram-se na designagio de sistema regional de inovacao.A cexpectativa é que ease conjunto de onganizagées sea constituido de universidades, laboratérios de pesquisa basica,Iaboratérios de pesquisa aplicada, agencias de traneferencia de tecnologia, organizagSes regionais de governanes, piblicas © privadas, (p.ex., associagbes comerciais, cameras de comercio), organizagdes de treinamento vocacional, bancos, empresérios dispostoe a desenvolver novos produtos em parcerias de riseo, pequenas e grandes empresas interagindo. Revista de eonomia, v.95, 2.3 (an0 aq) p. 87-109, e/a, 2009, Eitora UFPR & ROLIM, C SERRA, lnetinigbe de Ensino _Além disso essas organizagdes devem demonstrar vinculos sistémioos através de programas em comum,participacio conjunta em pesquisa, axes de informagSese pelo estabelocimentode inhas deacio politica pelas organizacies de rovernancs sees temas que combinam aprendizado com eapacidade de inovasio, “upstream” e “downstream”, e que merecem, portanto, a designacio de sistemas regionals de inovagao. ‘Nesta sintese, pode-se ver a existéncia de varios subsistemas correlatos na constitui¢ao de um Sistema Regional de Movacao (ver Figura 1). Entre os ‘mais importantes, encontram-se os subsistemas financeirose de aprendizado e um outro subsistema, relacionado a cultura voltada para a produgao. Sem © primeiro, as possibilidades de inovacio ficam muito reduzidas, particular mente para estruturas regionais em que predominam as pequenas médias empresas. O sistema de aprendizado é fundamental, uma vez que as restri- «Ges 20 sen funcionamento significam restrigdes de acesso ao conhecimento acumulado e, portanto, a anulagao da possibilidade de gerar algum tipo de inovagao (Cooke et al. 1997). Finalmente, a cultura produtiva, que significa ograu de envolvimento local com as atividades que se desenrolam na regio, esté relacionada ao ambiente e as atitudes voltadas para essas atividades e, portanto, decorrem da existéncia de uma mentalidade empresarial e de uma cultura técnica inerente aos habitantes da regiao, que é advinda da trans- missio de conhecimentos e saberes, passados de pai para filho. Isso pode ser expresso pelos conceitos de milieu e milieu inovateur desenvolvidos no Ambito do GREMT - Groupe de Recherche Européen sur les Milieux Innova- ‘teurs (Maillat 1994) UNIVERSIDADES E REGIAO ENQUADRAMENTO DA QUESTAO SN [“REGIONALISWO SISTEMA REGIONAL DE INOVAGAO ‘SUBSISTEMAS == (===) (ae FIGURAa Fonte Hlaboragio propia ° ‘Revista de Eeonomia, 35 9.3 (4n033)p. 87-103, sede. 2005, Eira UFPR ROLIM,C; SERRA M,Insinistes de Ensin, Essa literatura acentua as particularidades dos sistemas regionais de apren- dizado, integrante de um sistema regional de inovaco porque o aprendizado 60 ponto de partida para a inovacao. De fato, o aprendizado significa uma ‘mudanga na eapacitag3o de uma pessoa ou de uma organizagao, isso porque esse aprendizado & concebido nao s6 como um acréscimo de informacdes, ‘mas também, e numa perspectiva piagetiana, como um processo de interaca0 entre.o quese sabe sobre tima determinada situago e o que se pode perceber como novo nessa situagao. esse sentido, é perfeitamente possfvel distinguir, em termos de formacao, do conhecimento, dois niveis de aprendizado: o primeiro seria aquele que fornece a competéncia (habilidade para realizar uma tarefa espeeifica) € 0 segundo aquele que prové a capacitacio (compreensio dos mecanismos subjacentes a solucao do problema envolvido na tarefa).. Na medida em que esse sistema regional de aprendizado interaja, formal ou informalmente, com universidades, institutos de pesquisa, agéncias de treinamento vocacional, transferéncia de teenclogia, parques tecnologicos, e também com as empresas em geral, ele tende a se transformar em um Sistema Regional de Informacao (Cooke & Morgan 1908), E dentro dessa perspectiva que se insere a adequacao das universidades para desempenhar um papel determinante no proceso de desenvolvimento regional, sendo possivel distinguir duas trajet6rias dlaras: a universidade que est na regido ea que éda regiao. Na primeira, a universidade simplesmente se localiza na regio, se caracteriza por um reduzido nimero de vinculos © compromissos com a regio e com o seu desenvolvimento e o produto do seu trabalho esta direcionado para o contexto nacional e/ou internacional Jana segunda trajetoria, a universidade demonstra ter um forte impacto no processo de desenvolvimento regional, estabelece vinculos e compromissos {ntensos como futuro da regio eo produto do seu trabalho, além de ter como referéncia a qualidade académica universal, esté voltado para a superacao das questées da regio. Esca distinglo entre ser e estar na regiao faz toda a diferenca para o desenvolvimento regional. 2. Procedimentos Metodolégicos ‘Toma-se importante salientar que toda a metodologia aplicada na regio norte do Parani, objeto de estudo do presente artigo, foi desenvolvida pela OCDE, (2005) e consistin de cinco etapas. A primeira delas foi a apresentacio aos, ‘membros das IES da regiao norte paranaense e aos atores regionais do que iria ser realizado, Para isso, foram feitos seminarios em Londrina e Maringa com a presenca de membros da UEL.e da UEM e dos atores regionais perten- centes ao setor produtivo, politicos, representantes das instituigSes de ensino superior privadas e demais representantes da sociedade civil organizada, Revista de eonomia, v.95, 2.3 (an0 aq) p. 87-109, e/a, 2009, Eitora UFPR a ROLIM, C SERRA, lnetinigbe de Ensino ‘Nasegunda etapa foram coletadas informagoes pelas proprias universidades em umexercicio de auto-diagnéstico. Para tanto, foi aplicado um questionario, ‘baseado na metodologia da OCDE (2005), eujasinformagoes serviram de base para o relatério final sobre a regio norte do Parana (Rolim et al. 2006). A terceira etapa resumiu-se a visita feita pelos coordenadores aos atores regio- nais representativos, que foram previamente indicados pelos coordenadores, de grupos de trabalho das duas universidades estaduais, UEL e UEM, da regiao estudada. As entrevistas realizadas tinham como objetivo conhecer as expectativas e as experiéneias jé vivenciadas desses atores com relacao as referidas universidades. Aquarta etapa teve como foce central a realizacao de workshops na UELena UEM coma participacio de membros da academia eda comunidade regional trabalhando em uma anélise SWOT (pontos fracos, pontos fortes, desafios e oportunidades), a partir des principais pontos do questionario preenchido ppelas IES da regio, sendo que ambos os workshops foram eonduzidos com apoio do SEBRAE. Por fim, a tiltima etapa consistiu na redacao do relatério, elaborado pela coordenacao do projeto, o qual foi enviado aos coordenadores dos grupos de trabalho nas IES e, através deles, aos demais atores regionais. Este relat6rio foi o documento que serviu de embasamento para a visita da missio de especialistas da OCDE. Na realidade, essa metodologia da OCDE procurou responder as seguintes questdes: 1) contribuigao da pesquisa & inovagio regional, que incluia trés itens: resposta as demandas e necessidades regionais; condigées estruturais, ‘para promover a pesquisa e a inovacio; ¢ processos facilitadores da trans misao e aproveitamento do conhecimento; 2) contribui¢ao do ensino & aprendizado ao mercado de trabalho e a profissionalizacao, que abrangia 0s, seguintes tépicos: territorializacao do processo de aprendizagem; atracao de estudantes ¢ emprego regional; promo¢io de edueacio continua, treinamento e aperfeicoamento profissional; formas alternativas de ensino; e otimizacao do sistema regional de aprendizagem; 3) contribuigao ao desenvolvimento social, cultural e ambiental, em que trés aspectos eram abordados: desenvol- ‘vimento social; desenvolvimento cultural; ea sustentabilidade ambiental; 4) capacitagio para a cooperacao regional, que incorporava seis preocupacdes: ‘mecanismos para promover 0 envolvimento universidade-regiao; promoca conjunta do didlogo e iniciativas de interesse regional; avaliacao e mapeam« todoimpacto da universidade; capacitagao institucional para o envolvimento regional; gerenciamento dos recursos hhumanos e finaneeiros; e eriacao de ‘uma nova cultura organizacional; e 5) as conclusdes, ou seja, 0 aprendizado com a auto-avaliacao, que continha os seguintes itens a serem respondidos: que priticas e metodologias so mais promissoras para melhoraracapacitagio regional e que fatores contribuem para o seu sucess0?, que sinergia existeentre 0s objetivos da universidade e da regiao? existe conflito de interesses?, que {ncentivos existem ao nivel institucional, setorial, departmental, individual para um maior engajamento?, quais os principais desafios colocados para = ‘Revista de Eeonomia, 35 9.3 (4n033)p. 87-103, sede. 2005, Eira UFPR ROLIM,C; SERRA M,Insinistes de Ensin, 0s diferentes tipos de tomadores de decisao?, potencialidades, problemas, oportunidades e ameacas para aumentar a contribuicio da universidade para co desenvolvimento da regido, ea possibilidade de as IES tornarem-se o forum, para a elaboracio de uma estratégia politica para a regiao. 3. O Contexto Parananse e a Regidio Norte Oestado do Parané se localiza na regiao sul do pafs e faz fronteira ao norte ‘com o estado de Sao Paulo; a0 sul com Santa Catarina; a noroeste com Mato Grosso do Sul; a oeste com o Paraguai; ¢ a sudoeste com a Argentina. O seu territério abrange 199,554 km2, 0 que corresponde a dois tercos do tamanho da Itilia ou a 2,35% do territorio brasileiro, ¢ 0 seu PTB equivale a 6% do PIB brasileiro, A populacio paranaense tem 9.563.458 habitantes, o que equivale a 5,45% da populacao brasileira, e se concentra predominantemente na Regiao ‘Metropolitana de Curitiba (RMC), cujo principal pélo urbano é a cidade de Curitiba. © PIB da RMC, devido ao grande afiuxo de investimentos privados, capitaneados pela indtistria automobilistica, cresceu a taxas elevadas aolongo datiltima década e representa atualmente cerca de 38% do PIB do Parana. J ‘a mesorregiao Norte Central, que é o objeto do presente estudo, representa cerea de 16% do PIB estadual. © Parana tem uma hist6ria de colonizagio recente. No séeulo XVI, nos pri- ‘mérdios da colonizagio brasileira, a ocupacdo populacional era restrita apenas, a0 litoral paranaense e a regiao em que hoje Se encontra a capital do estado. A ocupacéo intensiva da regio norte paranaense ocorreu somente a partir de 3940 ¢ foi em decorréncia da expansao do cultivo do café em Sao Paulo. De fato, acafeicultura, de meados do século XIX, foi omotor do desenvolvimento deste estado da federacao. Até um passado recente, o norte do Parand foi uma das Areas mais présperas do estado. A ocupacio do sudoeste paranaense s6 {oi iniciada na segunda metade do séeulo passado como resultado dos fluxos, migrat6rios provenientes do Rio Grande do Sul, onde ainda prevalecia uma agricultura familiar baseada na subsisténcia, Com efeito, 0 povoamento do Parand se deu a partir de trés diferentes fren- tes de ocupacdo, provenientes de diferentes partes do Brasil, cada qual em set momento histérico especifico. Tal fato gerou um problema complexo para a administracao estadual, pois em varias ocasides houve tentativas de emancipagio em diferentes partes do territério paranaense. Em outras, palavras, a maneira pela qual a ocupacao foi efetivada acabou por ser um. fator contrario a emergéncia de uma identificacao territorial. Na realidade, ocupacdo populacional historicamente se efetivou em oposicao A prépria coesao e identidade do estado. Revista de eonomia, v.95, 2.3 (an0 aq) p. 87-109, e/a, 2009, Eitora UFPR = ROLIM, C SERRA, lnetinigbe de Ensino Em geral, o Parand tem sido earacterizado como um estado agricola. No de- correr dos iltimos quinze anos, emergiu no estado um dos mais modernos sistemas agricolas do pais. Sendo o Brasil uma poténcia agricola, com niveis, de produtividade que se tornaram padrao internacional de referéncia, pode- se afirmar que o Parana possui um dos setores agricolas mais dindmicos do mundo. Por outro lado, 0 processo de industrializacio de Curitiba, assim como das cidades que constituem sua regio metropolitana, ocorreu a partir dos anos setenta. Iniciando-se em setores tradicionais, ligados a producao madeireira e alimenticia, este proceso evoluiu para setores mais dinamicos ‘emodernos, com énfase na indistria metal-mecanica e de materiais elétricos ¢ cletrénicos. Estas novas indiistrias foram, em termos gerais, extensoes de empresas nacionais e multinacionais que se expandiram a partir da regiio ‘metropolitana de Sao Paulo. Alguns bons exemplos podem ser citados como © caso da Volvo, que se instalou na RMC nos anos setenta, e de outras em- presas que consolidaram o pélo automobilistico da regiao nos anos noventa, taiscomoa Renault ea Audi-VW. Além de fatores locais de atragao, a politica expansionista de incentivos fiscais implementada pelo governo paranaense foi um fator importante para a industrializagio da RMC. ‘Uma sintese do estado do Parana poderia caracterizé-lo pela coexisténcia de dois grandes espacos econdmicos: um sob a égide do agronegécio e outro sob a égide da economia urbano-industrial (Rolim 1996). Especificamente em relacio a regio Norte do Parana, nao ha um claro consenso a seu respeito. Pode-se dizer, no entanto, que ele est centrado dinamicamente no eixo Londrina-Maringa, englobando uma vasta érea que engloba pelo menos trés mesoregides: Noroeste do Paran4; Norte Central do Parana; e Norte Pioneiro do Parana. A mais importante delas é a do Norte Central. Trata-se da segunda mais importante regido paranaense, uma vez que depois de Curitiba, as duas prineipais cidades do estado - Londrinae Maring ~ encontram-se nesta regiao. Nestas cidades, respectivamente, localizam-se as maiores universidades estaduais do Parana: a UELe a UEM. ‘A Mesorregido do Norte Central organiza-se ao longo de um eixo de 120 km que liga as cidades de Londrina e Maringa. Constitui-se em um pélo de atra- io de outras areas da regio norte do Parana e de areas vizinhas do estado de Sao Paulo e do Mato Grosso do Sul. A populacao concentrada nesta area, 6 de mais de trés milhoes de habitantes. Apesar da importancia da regiao Norte do Parand como um todo, este estudo se detém na anilise de Londrina e Maringé, as principais cidades do Norte Central. Reunidas, elas possuem uma rea de 24.419 km. Nos anos setenta, oNorte Central chegou.a possuir mais de 25% do total do valoradicionado do Parana. Atualmente, possui apenas 15%. A razio paraa perda de importancia relativa na economia do estado foram as altas taxas de crescimento industrial da Regifio Metropolitana de Curitiba que emergiu como um importante lécus * ‘Revista de Eeonomia, 35 9.3 (4n033)p. 87-103, sede. 2005, Eira UFPR ROLIM,C; SERRA M,Insinistes de Ensin, do processo de descentralizacao da industrializacao brasileira’. Contudo, 0 Norte Central, em termos absolutos, e devido a forte expansao da sua produti- vidade agricola, vem apresentando bons niveis de desenvolvimento econdmico nos iltimos anos, ainda que o dinamismo do passado tenha se arrefecido um. poueo (ver Tabela 1). ‘TABELA 1 ~ MESORREGIOES DO PARANA, INDICADORES SELECIONADOS, aa 3 care Tapas Munispios Toul Crescimenlo Uilauizasdo wp Vat Deseaprego Popaleconl, adconato 3) 15912000 Fis do Esato ‘Noroeste a 7 37 7 centro 25 GHGS ms ea 17 -Ocenta NoteGntral 79 1.829.068 1.24 88,5 as 4 Nome 6 HB as Te 28 85 Pionero Care eas a8 aye 08 waa Onental Onre a ee 846 38 28 ‘udcete 7 es 39 38 35 8 Centro Sel a) Gog 38 us Sudeste 2 aman O88 6 28 ° Metopoliana = g7 gags ad oe8 459 4a ecCortiba Parend 9 9sfeas8 Bus 100 8 Fonte: ahora prop om dadoe do INGE (2000) « IPARDES (2004) Esta frea foi colonizada e desenvolvida por intermédio da cafeicultura. As condigées climaticas adversas provocaram uma grande quebra da safra de café na metade dos anos setenta eas plantagoes de café quase desapareceram, da regiao. A substituicao por outras culturas agricolas, sobretudo por planta- Ges de soja pela pecudria, tornou o Norte Central um dos mais importantes pélos agricolas do Brasil. A regido, principalmente o eixo Londrina-Maringé, apresenta uma notavel tradicio de organizacio em grandes cooperativas, agricolas e também 1d se encontra a segunda maior concentracao industrial do Parana. Essas indiistrias esto estreitamente ligadas ao agronegécio e 208, ‘mereados urbanos, predominando as atividades relacionadas aos segmentos, moveleiro, téxtil, alimenticio, plastico e mecanico, entre outros. E importante ressaltar que o setor de servicos vem se tornando o prineipal setor do eixo Londrina-Maringa, dada a sua crescente urbanizacao. ‘Comparando o Norte Central com a mesorregido Metropolitana de Curitiba é possivel verificar que ambas possuem alto nivel de urbanizacao. Entretanto, «4 Gunes 65s do slo cima fen pal eto nde parnaones & grad rela OIC, a0 paseo gue 3 ego do Note Cuatzelconuibul com 246%. Revista de eonomia, v.95, 2.3 (an0 aq) p. 87-109, e/a, 2009, Eitora UFPR 25 ROLIM, C SERRA, lnetinigbe de Ensino esta Gltima mesorregido possui mais de 30% da populacao do estado (ver tabela 1). Em relacio & participacdo da populacdo ocupada, os dados sio similares 4 participacao no total da populacdo do Parané, mas a diferenca mais significativa reside na participacio da mesorregiio Metropolitana de Curitiba na economia estadual (considerando o Valor Adicionado Estadual). 0 peso relativo desta tiltima mesorregio é quase quatro vezes o da Norte Central, sendo outro aspecto importante de ser sublinhado a sua elevada taxa de urbanizacao. A regio Norte Central esta a cetea de 600 km da cidade de Sao Patilo e a mais de 1.500 km de Brasflia. Ha uma boa rede de rodovias e também tanto Londrina como Maringé tem v6os regulares para as prineipais cidades do pais. Em cerca de uma hora de v6o é possivel chegar aos aeroportos internacionais, de Sao Paulo e/ouno Rio de Janeiro, o que as torna cidades conectadas com © Brasil e 0 resto do mundo. 4. As Universidades o Norte do Parané* As universidades da regio norte do Parané, especificamentea UEL ea UEM, tm uma estreita ligacao com a regiao, sendo o desenvolvimento desta, em. grande medida, fruto da ativa participacio delas nos problemas regionais. Embora esta participacao seja visivel, ainda ha muito a ser feito. De fato, as, relagbes entre as universidades estaduais do norte paranaense e a sociedade civil precisam ser mais estimuladas de modo que as restrigdes de ambas as, partes possam ser superadas, 0 que favoreceria, de um modo geral, a todos eas atividades produtivas em particular, uma vez que estas necessitam cada ‘vezmais de capital humano qualificado (os alunos formados) e das pesquisas e inovagdes desenvolvidas na academia. Tanto a UEL quanto a UEM estio abertas & sociedade, uma vez que os seus espagos podem ser utilizados pela populacao local, hd uma consideravel pro- mogao de atividades culturais, e cursos e programas sao oferecidos para os, diversos segimentos sociais. Entretanto, estas universidades, apesar de todo © progresso feito nas tiltimas décadas, esto muito longe do nivel alcangado pelas universidades dos paises desenvolvidos e do que elas mesmas, com. ‘Poucas mudangas, podem oferecer. 4.1 Priticas e Metodologias Promissoras para o Fortalecimento da Capacidade de Construcio Regional Apesar do vineullo das universidades com a regio edo fato delas serem as mais ‘importantes e pujantes universidades piiblicas estaduais, a estrutura voltada para pesquisa eo desenvolvimento (P&D) ea inovacio podeser considerada ‘5 Esta saga at sea era Ri a (2008), 6 ‘Revista de Eeonomia, 35 9.3 (4n033)p. 87-103, sede. 2005, Eira UFPR ROLIM,C; SERRA M,Insinistes de Ensin, ainda incipiente na medida em que elas ainda estao distantes da realidade das, ‘melhores universidades brasileiras e, principalmente, estrangeiras. Embora essas restricdes sejam uma realidade, hé um grande volume de conhecimento acumulado que nao consegue chegar aos potenciais utilizadores. Dentro deste contesto, algumas praticas ou metodologias parecem promisso- ras no sentido de que elas parecem estimular uma nova cultura voltada parao desenvolvimento regional e que esta assentada na parceria entre universidade esetor produtivo. Embora ainda existam varios obstaculos a serem superados, 6 notério o esforgo da UEL¢ da UEM em estreitar os lagos com as empresas €, ao mesmo tempo, mostrar claramente para meio que as cerea 0 que se faz e produz dentro da academia. As ineubadoras teenoldgicas, o Escritério de Negécios, por exemplo, sio iniciativas dessas universidades para fomentar a cooperacao com o mundo empresarial e os resultados, ainda que timidos, ‘comegam a aparecer e, por conseguinte, a sinalizar que os canais de ligagio, entre universidade e setor produtivo podem e devem ser ampliados. ‘Um aspecto importante de ser salientado, e que est relacionado ao comentario acima, é a necessidade das universidades promoverem um. melhor intercambio com a sociedade civil de modo que esta fique ciente nao s6 da sua importaneia como do seu potencial de PD em prol do desenvolvimento regional. Além da “conscientizacio” do meio que as ceream para 0 que € realizado no mundo académico, é preciso também, que as universidades tenham iniciativas para participar e acompanhar 0 que acontece no setor produtivo, sendo os parques tecnolégicos um bom. exemplo, uma vez que ha a possibilidade de um maior entrelagamento de académicos com empresarios. _Ammbas as universidades tém um bom desempenho no que tange aos aspectos culturais. Neste sentido, varios tipos de cursos e eventos sio oferecidos para toda a sociedade. Ha a participacio de integrantes da comunidade, de professores, de alunos e de téenico-administrativos da universidade tantos nos eventos quanto nos cursos, que costumam ter uma expressiva participacdo da sociedade. 4.2 Sinergias Existentes e Conflitos de Interesse entre as Inte es € os Objetivas das Instituigdes e da Regio Toda regio almeja alcancar um elevado padrao econémico, social e cultural em que sua popuilagio residentepossa desfrutar deuma excelente qualidade de vida. Por sua vez, as universidades estdo, de um modo geral, centradas em objetivos estritamente académicos. Embora os propésitos de regides e Revista de eonomia, v.95, 2.3 (an0 aq) p. 87-109, e/a, 2009, Eitora UFPR 2 ROLIM, C SERRA, lnetinigbe de Ensino universidades sejam distintos, estas dltimas certamente podem contribuir para a melhoria do patamar de vida de sua regiao através do que elas tém. de melhor a oferecer: a qualidade dos profissionais que elas formam, as pesquisas desenvolvidas em seus campi ea transferéneia dos seus resultados para a sociedade. Além disso, elas também podem fornecer ao meio que a cerca uma ampla variedade de atividades culturais, que acabam por fazer parte do calendario cultural promovido pela municipalidade. As sinergias entre as intengOes e os objetivos das universidades do Norte do Parana e da regio sao visiveis. Entretanto, essas sinergias nao si0 Tineares, ou seja, ha freqtientemente dissondncia entre as universidades, 0s governos e os demais atores regionais, na medida em que as primeiras se pautam basicamente por critérios académicos, ao passo que os segundos sao guiados por interesses politicos e os demais, em especial os vinculados As atividades econdmicas, pautam-se pela légica do mercado. Na realidade, as universidades dependem bastante de verbas estaduais e federais, 0 que vet a ser uma severa restricao para a uma atuacao mais abrangente e independente na sua prépria regiao. No entanto, se as sinergias sio visiveis, nos discursos, a sua praxis é muito dificil. 4.3 Os Incentivos para um maior Comprometimento das IES com a Regiio Um dos grandes problemas para o engajamento das TES na regia éa falta de incentivos para essa pratiea. Na realidade, esse nao é um problema restrito, as universidades estaduais paranaenses na medida em que ele est presente na maioria das universidades piiblicas brasileiras. O quadro institucional vigente a partir da legislacio e das instituigdes federais nao traz incentivos as ‘nsereOes regionais. As instituigdes nacionais de fomento tém como critério de selecao e concessao de bolsas ¢ financiamentos a exceléncia académica segundo padrdes intemaeionais. O mesmo acontece com a maioria dos editais de concursos de propostas de pesquisa. Raramente eles contemplam a possibilidade de tratamento de questdes regionais. Dentro do Parané, a legislacdo ¢ as instituigdes também agem de forma semelhante. As pesquisas desenvolvidas na regiao sao, em grande parte, financiadas pelo governo estadual, através da Fundacio Araucéria e da UGF (Unidade de Gestéo Financeira), sendo ambas subordinadas 4 SETI. Esses recursos, além de escassos, s20 aplicados em funcao de uma diretriz, politica, que é temporaria e que muitas vezes esta divorciada dos reais interesses e necessidades da prépria regiao. Os editais de convocacao para propostas de pesquisa nem sempre trazem como prioridade o tratamento das questdes especificamente regionais. Por outro lado, muitos érgios piiblicos e instituigdes de pesquisa do estado tendemacontratar consultores ¢ instituicdes de pesquisa pertencentes a universidades de fora do estado. 8 ‘Revista de Eeonomia, 35 9.3 (4n033)p. 87-103, sede. 2005, Eira UFPR ROLIM,C; SERRA M,Insinistes de Ensin, Ao adotarem essas politicas, as instituicdes também eoutribuem para o desincentivo ao estudo de quesides regionais pelas universidades paranaenses, e para a dificuldade da formacio de capacity building no Parana. Os recursos estaduais destinados as universidades, por sta vez, esto relacionados a uma série de fatores especificos, tais como 0 nimero de alunos, de professores e pesquisadores, cursos oferecides, ete., que nio tem nadaa ver com as questées regionais. De fato, nao ha qualquer tipo de ncentivo para que professores e pesquisadores insiram ou adotematematica regional em suas atividades académicas, sendo importante destacar que as proprias universidades estaduais, especificamente a UEL e a UEM, nao estimulam que seu staff incorpore esta pritica. 4.4 Os Desafios Enfrentados pelos Diferentes Atores da Regio principal desafio a ser enfrentado pelo conjunto de diferentes atores regionais est na formagio de um consenso a respeito dos problemas e do futuro da regido. Embora existam os conselhos de desenvolvimento nas cidades de Londrina e Maringé, que funcionam com autonomia e relativamente sem grandes entraves, eles nao estio suficientemente instrumentalizados para conceber um plano de desenvolvimento queatenda as necessidades da regiao e que esteja em sintonia com o proprio plano de desenvolvimento das universidades, Na realidade, as diferentes “percepgdes, demundo”, das universidades e do setor produtivo, sao obstaculos reais que precisam ser vencidos para que todos ganhiem, principalmente a regio. Outro desafio, que esta intrinsecamente relacionado 20 anterior, é © das universidades assumirem 0 papel de lideranca no processo de desenvolvimento regional, ainda que possa ser questionado se essa é uma tarefa da universidade, ela poderia ter pelo menos uma participagao mais, efetiva nese processo. De ato, embora elas participem dos conselhos de desenvolvimento, dos institutos de tecnologia, das associagoes de ‘muniefpios e de programas de desenvolvimento de suas regides, o seu papel no processo de desenvolvimento regional ainda esta muito aquém do que poderia ser. Obviamente que o excesso de burocracia e os impedimentos da legislagdo universitaria sao barreiras significativas, mas existe também, certa comodidade inerente ao universo académico que tora a participagao das universidades junto a sociedade mais dificil Desafios importantes também esto presentes na area de formacao de profissionais. Embora as universidades estejam pautadas por valores universais na elaboracao de curriculos e na eriagao de cursos, elas nao tém. informagées precisas sobre 0 que a regio espera de seus alunos, qual 0 destino dos alunos formados, qual setor de atividades em que trabalham eem, Revista de eonomia, v.95, 2.3 (an0 aq) p. 87-109, e/a, 2009, Eitora UFPR » ROLIM, C SERRA, lnetinigbe de Ensino quelugar residem. Os cursos sao eriados e 0s eurriculos sao reformulados sem que haja uma investigacao profunda sobre a demanda que existe sobre esses conhecimentos. Também vinculado a esse desafio maior esta a ampliacdo da oferta de formacao continua para os profissionais jé formados. A disponibilizacao dos conhecimentos j acumulados nas universidades o direcionamento de pesquisas para as necessidades regionais &, também, ‘um grande desafio para as universidades. Talvez.a maior dificuldade resida justamente na solucao dos problemas de comunicacao com 03 usuarios. A grande questio a ser respondila é: como fazer chegar ao empresério tipico da regido 0s conhecimentos acummulados na universidade que podem aumentar a sua competitividade? Finalmente, um desafio significativo a ser enfrentado tanto pelas universidades como pelas autoridades governamentais € a mudanca da cultura interna em ambas as esferas, uma vez que a liberdade e o incentivo para que 0 corpo docente busque complementagées salariais sao aspectos relevantes. Um sistema que remunerasse os professores pelas tarefas, efetivamente realizadas e os deixasse livres para buscar complementacao salarial através de pesquisas, consultorias e cursos de curta duracao 20 invés de uma remuneracio tinica, provavelmente traria maior interacéo coma regizo. 5. Consideracées Finais 0 impacto das universidades sobre as regides em que elas esto inseridas & sempre um processo inacabado de longo prazo. Assim sendo, a avaliacio do, ‘impacto da UEL e da UEM sobre o Norte do Parané nao tem uma resposta definitiva. Ainda que na maioria dos seus aspectos eles apresentem sinais, positivos, este é um processo sempre em elaboracio. As politieas que esto sendo elaboradas e implementadas para a regiao tém como pressuposto fundamental a idéia de que a pesquisa, 0 desenvolvimento e a inovacio serdo elementos-chave para 0 desenvolvimento regional. Os Parques ‘Teenol6gicos sio vistos como potenciais alavancas para a economia regional © essas iniciativas tem tido o suporte de todos os atores, principalmente as universidades. Cabe aqui sublinhar que os conselhos eas agéncias municipais de desenvolvi- ‘mento foram oférum de discussao destas politicas, tendo as universidades um. ‘papel colaborativo enao de lideranca, conforme foi destacado anteriormente. Embora o governo estadual, através da SETI e do TECPAR, esteja apoiando estas iniciativas, ele nao as concebeu e, portanto, elas nao fazem parte de uma deliberada estratégia governamental de desenvolvimento para a regiao. Os agentes lideres desse processo tem sido as autoridades e os atores locais. Na 00 ‘Revista de Eeonomia, 35 9.3 (4n033)p. 87-103, sede. 2005, Eira UFPR ROLIM,C; SERRA M,Insinistes de Ensin, realidade, os Parques Tecnolégicos podem nao s6 contribuir para o desen- volvimento regional, como também servir para que as universidades eo setor produtivo possam estreitar os lagos e superar os preconceitos existentes em. ambos os lados no que se refere a um trabalho em conjunto. Outra dimenséo, nem sempre colocada como prioritéria pelos formuladores de politica, éa formagao do capital humano regional. Segundo Lundvall (2002), a maior contribuigao das universidades é a qualidade do profissional que elas disponibilizam para a comunidade. Assim sendo, aprofundar a percepca0, de quais s40 0s conhecimentos e habilidades necessarios para a regiao sera fundamental para 0 aperfeicoamento da formacio propiciada pelas univer- sidades. Também aqui, a explicitacao dessas necessidades requer um esforgo de todas os atores regionais. Seré muito dificil, face ao quadro atual, que as universidades assumam a lideranca na formulagio de um projeto de desenvolvimento para a regio. Isso, como vem sendo salientado, esta nas mos das lideraneas locais. As universidades tém participado do processo, mas as estratégiasem elaboraca0, precisam ser explicitas no que se espera concretamente das universidades como formadoras de capital humano da regiao e como produtoras e difusoras, do conhecimento que iré favorecer o aumento da produtividade e, conseqtien- temente, da competitividade do aparelho produtivo regional. Nunca é demais Jembrar que os prineipais atores regionais — as universidades, as liderancas politicas, os produtores, demais atores ~ sdo regidos por légicas diferentes. A construgao de regides 6, no entender de Boisier (1992), uma arte dificil cesta em sintonia com estas distintas légicas para se construirum projeto concreto de desenvolvimento voltado para a regio, Referéncias BOISIER, Sergio E,(1992).Eldificil arte de hacer region: las regiones como actores territoriales del nuevo orden internacional. Cusco: CBC. COOKE, P; URANGA, M.; ETKEBARRIA, L. (1977).“Regional innovation systems: institutional and organizational dimensions”. Research Policy 26: 475-491. COOKE, P.; BRACZYK, H-J.; HEIDENREICH, M. (1998). Regional innovation ‘systems: the role of governances in a globalized world. London: UCL Press. COOKE, P.; MORGAN, K. (1998). The associational economy: firms, regions and innovation. London: Oxford University Press. IBGE (2000). Censo Demogréfico. Rio de Jansiro: IBGE. TPARDES (2004). Leituras Regtonais. Curitiba: TPARDES. LUNDVALL, Bengt-Ake (2002). “The university in the learning economy”. DRUID ‘working paper n. 02-6, Aalborg: Aalborg University. OCDE (2005). Aide-memoire for regions participating in the OCDE project Sup- Revista de eonomia, v.95, 2.3 (an0 aq) p. 87-109, e/a, 2009, Eitora UFPR no ROLIM, C SERRA, netinigbe de Ensino.. porting the Contribution of Higher Education Institutions to Regional Devel- opment. Paris: OCDE. OCDE (2007). Higher education and regions: globally competitive, lcally engaged. Paris: OCDE. PNUD; IPEA; FIP (2009). Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Brasilia: PNUD. ROLIM, Cassio (1996), “0 Parané urbano eo Parané doagrobusiness:asdificuldades para a formulagao de um projeto politico”, Revista Paranaense de Desenvol- bimento, 86: 49-99. ROLIM, C.: KURESKI, R. 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