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Ee Agee metade do século XX se ca- racterizou pela intensificagao do crescimento das cidades brasileiras, em fungio de diversos fato- tes como: concentracio da terra, modernizagio da agricultura, politica habitacional, industriali- zasio, entre outros. A modernizacio da agricul- tura contribuiu para a intensificasio da migra- 20 do campo para a cidade, 0 que resultou na formagao de grandes aglomerados urbanos e de cidades de portes médio ¢ pequeno. Hoje, sabe-se que a urbanizagio ¢ um fend- meno universal e ineversivel, isto é, a urbanizagio ‘ocorre em todo o mundo, embora com intensidades diferentes, em virtude das peculiaridades de cada pais ce de cada regio, Sergipe nio fica fora desse processo ‘¢suas cidades também eresceram a depender de situ- ages econdmicas ¢ de politicas diversas. 5.10 sIsTEMA URBANO SERGIPANO No Brasil, a legislagdo define que as sedes dos municfpios sio cidades, independente do iniimero de habitantes e das atividades econdmi- cas desenvolvidas. No sistema urbano brasileiro, Aracaju considerada um centro submetropolitano, ¢s- tando sob a influéncia de Salvador, metrépole regional nordestina. ~ A estrunuracio do sistema urbano sergipano cst baseada na primazia de Aracaju, que exerce for- te influéncia em todo o territério sergipano e alcan- as dreas limitrofes da Bahia. © tamanho do territério ¢ a presenga de um sistema de rodovias radiais em boas condigoes de acessibilidade, io responsiveis pelo fortalecimento dda capital, que concentra fiang6es administrativas, industrials, comerciais e de servigos, atraindo fluxos de pessoas e mercadoris. ‘Atualmente, todas as sedes municipais esto ligadas & capital por rodovias pavimentadas, o que faclita os deslocamentos da populaco mas, por ou- tro lado, enfraquece as atividades locais, dificultan- do o crescimento das fiungGes urbanas, sobretides naquelas éreas em que as atividades econdmicas $i mais frigeis ¢ a renda da populacio é mais baixa. Aracaju atende a cerca de um milhao e di zentas mil pessoas, isto é, parte da populagae Terminal Rodovirio de Arai sergipana com condi fangio da renda. Fundada cm 17 de margo de 1855, A foi uma cidade projetada para ser a capital de gipe, substituindo Sao Cristovio, que ja apreses tava sinais de decadéncia. A questio e: foi um dos principais motivos da mudanga: @ cessidade de controlar a saida dos produtos sem panos, especialmente o agiicar, com a cobranga impostos. Assim, desde o seu surgimento, ju, além da atividade administrativa, tinha ou fungio, que era a portudria. No restante do século XIX, a capital vyessou iniimeras dificuldades, que acomete populacio em funcao das condigdes ambi indspitas, que faziam proliferar doengas, maldria € 0 célera morbus. Além disso, as & digdes de infra-estrutura cram bem pres No inicio do século XX, Aracaju recebeu pamentos urbanos, como cnergia elétrica, de distribuigao de égua tratada, esgotamento nitério, bondes, melhorando a qualidade de v dos seus moradores. Com a presenga da fe ¢€, posteriormente, das rodovias, a cidade fe ceu o seu papel, redimensionando a organiza espacial do Estado de Sergipe A partir da segunda metade do século XX, Aracaju apresentou répido crescimento popu- lacional em fungio de algumas condigdes, que ocorreram paralclamente & implantagio da in- diistria extrativo-mineral, constituindo-se em fortes atrativos para a populagio: a) a concentragio da terra e 0 avanco das pastagens, resultando na liberagio de mao-de- obra no campo; b) o Estatuto da Terra, editado na dé cada de sessenta, que retirou das proprieda- des grande ntimero de trabalhadores, que migraram para as cidades; c) as atividades industriais instaladas ¢ programadas, como o Pélo Cloroquimico; d) o surgimento de grandes conjun- tos habitacionais construidos pelo Estado. Nesse processo evolutivo Aracaju mantém a primazia entre as cidades sergipanas, enquan- to cidades tradicionais perderam posigio, como Capela, Nedpolis e Maruim. As que formam a Regio Metropolitana conseguiram ascensio, a exemplo de Nossa Senhora do Socorro ¢ Sio Cristévao. Estancia e Proprid perderam posigio, a0 contrario de Itabaiana e Lagarto, que assu- mem lugar de destaque no cenatio urbano esta- dual (Quadro 13). Apenas nove cidades tém populacio urbana superior a 20.000 habitantes, de- monstrando a fragilidade de um sistema que se caracteriza pela presenga de pequenos centros, sendo que um niimero significativo tem populagio inferior a 5.000 habitantes (Figura 65) Quadro 13 AAS Dez MAIORES c (ext PoPLAC %o) 1960-2000 Aracaju Aracaju Aracaju Aracaju Aracaju 2 Bstincia Estincia Estincia ‘Nossa Sra, do Socorro Nossa Sra. do Socorro. 3. Proprié Prop htabaiana Estincia Sito Cristovao - Itabaiana Itabaiana_ ‘Lagarto: Itabaiana ‘Iabaiana_ $* —StoCCrist6vlo—_Lagarto Prope Sto Cristovao Estancia © Nebpotis ‘Sto Cristévio Tobias Barreto _Lagarto Lagarto 7 Lagarto Nesipolis Sto Cristévlo —Proprié “Tobias Bareto * Capela Capela Capela “Tobias Barreto Proprid &: Simo Dias Tobias Barreto Boguim Nossa Sra da Gléria—Laranjeiras 10° Marui — Simio Dias ‘Simao Dias sd ~ [Simao Dias Nossa Sra daGléria Fonte: DINIZ, 1987 e IGE, Censo Demogrt 991,200, FIGUEA GS SERGIPE POPULAGAO URBANA - 2000 HABITANTES: ~ de 5.000 '5.000 a - 10.000 10,000 @ - 20.000, 20,000 a 63.116 131.279 431.534 4.2 CENTRALIDADE E HIERARQUIA URBANA Aracaju € 0 centro regional que comanda © sistema urbano sergipano, com forte primazia sobre as demais cidades, em decorréncia da pre- senga de fungdes mais especializadas dos setores tercidrio € quaternério, além da intensa recente Bair ani, res de upto rece, Ars Itabaiana, Estincia e Lagarto sio subcen- tros regionais que dispoem de fungdes comer- ciais e de servigos para atender as populagdes dos municipios vizinhos Estincia & o bergo da cultura sergipana, ten- do editado 0 primeiro jomal de Sergipe em 1832. Desde o século XIX desenvolveu importante papel comercial no sul do estado, mantendo estreitas te- lagées com a Bahia. No século XX, a presenga da indvstria téxtil constituiu um reforgo para aumentar essa centralidade, fortalecica, posteriormente, pelas indistrias de beneficiamento de produtos ropicais (sucos de laranja, tomate, abacaxi e outros frutos) c, mais recentemente, por fiungGes ligadas 3 educacio. Lagarto é um centro que se desenvolveu de forma mais acentuada na segunda metade do século XX, a partir dos resultados das atividades agricolas. Hoje, ¢ um importante centro empresarial, com ati- vidades comerciais ¢ industrais significativas, am- pliando sua atuagio sobre o centro-sul do Estado e municipios limitrofes da Bahia, Lepr, imporant eae cers Trabaiana é 0 maior centro comercial do in- terior do Estado, constituindo-se um grande distr buidor de produtos agricolas para todos os munici- pios, alcangando até Paulo Afonso, na Bahia. Nos Uiltimos trinta anos, intensificou suas atividades eco- némicas, com destaque para a diversificagZo de fun- ges comerciaise a instalagio de pequenos estabele- cimentos industriais. comércio de auropesas ¢ de motopegas se fortaleceu, alcangando areas distantes. Os servigos de satide e de educagio também se ex- pandiram, atraindo pessoas de outros municipios e aumentando sua centralidade, que extrapola aquela da feira, t20 tradicional em Sergipe }/ Proprid, importante centro localizado &s mar- gens do Rio Sao Francisco, tinha forga de centrali- dade sobre 0 norte do Estado de Sergipe. A cida- de teve fingio de transbordo, antes da construgio da ponte que liga Sergipe a Alagoas, facilitando as comunicag6es do Nordeste com as demais regides brasileirs. Além disso, o cultivo do arroz, nas lagoas naturais, formadas pelas cheias do rio, ¢ as ativida- des industriais, também fortaleciam a dindmica do municipio. Com a construgio das barragens ¢ das hidrelétricas, o regime do rio foi alterado ¢ a rizi- cultura passou por grandes transformagdes, a partir da construgio dos perimetros irrigados, causando dificuldades para a populacio. Estes fatores afetaram a vida da cidade, que perde parte de sua centralidade. Margen doi Sto Fane Prop Tobias Barreto, Nossa Senhora da Gloria ¢ Aquidaba sio cidades médias que dispoem de fungGes para atender & sua populagio ¢ & de mu- nicipios imediatamente vizinhos, sendo que a maior centralidade ocorre no dia da feira sema- nal, que se fortalece, tendo em vista a melhoria das condigdes de acessibilidade e de renda, Tobias Barreto, cidade situada no sul do Estado, leva 0 nome do seu filho mais ilustre, grande advogado e intelectual que elevou 0 nome de Sergipe para além fronteiras. A cida- de tem nos bordados ¢ nas confecgdes © ponto central de suas atividades. O mimero de pesso- as que ali bordam e costuram é muito grande, tendo na feira o ponto alto para a sua comer- cializagao. Jé é tradicional a Feira da Coruja, realizada durante a madrugada, especialmente para a venda, em atacado, a pessoas ou grupos que revendem os produtos em outros munici- pios ¢ estados. Avenida 7 de Jno, Tobias Bares Nossa Senhora da Gldria, no noroeste do Estado, é considerada a porta de entra- da do Sertao Sergipano. Apés a construgio da Hidrelétrica de Xingé ¢ da introdugio de politicas puiblicas que intensificaram a ocupa- a0 da drea sertaneja, essa cidade ganha uma nova dinamica. A atividade comercial vem se fortalecendo, em virtude de uma maior di- $$ i - —_— versificagao dos produtos ¢ dos servicos, feira semanal é muito organizada, apresen- tando uma setorizagio dos produtos, 0 que contribui para atrair compradores do sertio sergipano e baiano. ‘ows Secor Gli principal ecto rbano do sero Aquidaba, no Agreste norte, caracteriza- se pela forga de sua feira, que vem se intensi- ficando a partir da pavimentagio das rodovias que ligam os municipios vizinhos e da diversifi- cacao de lavouras como a mandioca, 0 abacaxi, entre outras. 'ASUWDI: Cet Pano em asen0. Nossa Senhora das Dores, Capela, Ma- ruim, Laranjeiras, Carira, Boquim, Irabaia- ninha, Umbatiba, Ribeirdpolis, Pogo Verde Porto da Folha so pequenas cidades, com for- ga de atragio sobre a zona rural dos seus pro- prios municipios. ‘As demais sedes municipais se constituem de aglomerados rurais/urbanos, com disponibili- dade de fangoes comerciais ¢ de servigos destina~ Tae. Pegueno seni do Sul do esa, das ao atendimento da populagdo local que, 8 sua maioria, se ocupa com atividades agricola: Nesses pequenos centros ¢ freqiiente a migra gio pendular, ou seja, pela manha, hi um grande iimero de trabalhadores que se desloca para = zona rural, retornando no final do dia em fim go das _pequenas distincias ¢ das condigdes de acessibilidade. SEER (5.3 A Fol METROPOLITANA A produgio do espago metropolitano de Aracaju € resultante de politicas ptiblicas, com ages diretas ¢ indiretas, desenvolvidas nos «i timos trinta anos, a exemplo daguelas referen- tes A industrializagao, habitacao e verticalizagio, Algumas dessas politicas nio se efetivaram com. a intensidade esperada, como aquclas ligadas 4 implantagao de complexos industriais, como 0 Pélo Cloroguimico, mas a expectativa da sua re- alizagio trouxe um conjunto de migrantes que ‘ocuparam a cidade, ampliando o seu espaso. AA partir da década de setenta, as politicas pui- blicas de habitago empurraram a cidade na diregi0 dos municipios vizinhos, iniciando o fenémeno da metropolizagao, que jé alcanga Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro e So Cristvio, verda- deiros bairros da capital. Nessas éreas, a construgio de grandes conjuntos habitacionais contribuiu para intensificar © parcelamento da terra, surgindo um, grande ntimero de Joteamentos mas também de ‘ocupagoes clandestinas (Tabela 22). Embora Aracaju tenha recebido 0 maior nimero de unidades, os trés municipios jun- tos receberam uma quantidade superior, com destaque para Nossa Senhora do Socorro, que recebeu 40,80% das unidades habitacionais, Es- sas unidades foram construfdas distantes da sede daqueles municipios. As condigdes administra- tivas dos municipios eram frdgeis para suportar esse grande crescimento populacional, criando dificuldades de gestio desse novo ¢ mais com- plexo espago, ‘Assim, Aracaju amplia sua malha em mi- cleos isolados, ganhando maior complexidade em fungio de uma populagio de aproximada- mente 767.000 habitantes, que convive com problemas de infra-estrutura como educagio, satide, saneamento, transporte, desemprego, po- breza, violéncia e marginalidade, Nos ultimos vinte e cinco anos, a Grande Aracaju apresentou um crescimento relativo da populagio urbana da ordem de 127,5%, mas como micleo central da formagio metropolitana, foi a sede que menos cresceu, enquanto Nossa Senhora do Socorro aumentou 10.667%, situagio semelhante a de municipios localizados na periferia das grandes metrdpoles (Tabela 23 e Figura 67) Teta 22 Giasor Anca Unaois Hansson contains La COHAB 1968-2002 17291 Aracaju "Nossa Senhora do Socorro “17.433 Total * 3.296 39.453, Fonte: CEHOP, 2003 3.296 20587 48.15 a 17.433 40.8 0 42.749 100,00 148 ‘So Cristévao 11.703 75.353 63.650 343,87 Font: IGE; Censo Demogrifco, 1980, ¢Estimativa de Populist, 205, Enguanto niicleo central de um espago me- A cidade ganha ares_metropolitano: tropolitano em formacio, Aracaju vai sendo eliti- com o fortalecimento de setores econdmicos, zada, com 0 fortalecimento da classe média, re- como a construcao civil que, com suas ativida. sultando numa valorizagao da terra, que conduza des (construgio de grandes conjuntos habita- verticalizagio, marca da modernidade ciomais e de obras de infra-estrutura) ampliow My i) HHI J Vertcalizagdo dn Avenida Beira Mar, bso Treze de Julbo. Arcau. 0 canoiroevidenia os contrass de modos de ida pesentes ma cidade ‘Conjunto no Complexo Habaional Taigoea: Nossa Senhora do Soca seu capital e, conseqiientemente, sua forga na produgao do urbano. ‘As populagdes das classes populares sio empurradas para reas perifiéricas em micle~ ‘os de municipios vizinhos, como o Conjunto Eduardo Gomes ¢ adjacéncias, em Sao Crist6- vio, ¢ o Conjunto Jardim ¢ vizinhangas, além do Complexo Habitacional Taigoca, em Nossa Senhora do Socorro. Esses municipios passam a enfrentar problemas em fungio do répido crescimento e da fragilidade de sua estrurura administrativa. De fato, em Aracaju, como na maioria das dreas metropolitanas, a populagio ¢ a cidade crescem mais répido do que os re- destinados 4 sua manutengio, dos problemas urbanos, que se dia. avolumam dia- (5.4 As REGIOES GEOGRAFI J _ + SERGIPANAS ‘ Para facilitar a administragio, os Srgios priblicos definem regionalizagoes, cada uma obedecendo a critérios diversos ¢ baseando-se em interesses especificos. Ao Instituto Brasileifo de Geografia ¢ Estatistica (IBGE) cabe a tarefat de regionalizar o pais em grandes regides € os estados em meso € microrregiGes, a fim de pro= duzir informagées que contribuam para 0 €O- nhecimento da realidade e para o planejamento na busca da solugio dos seus problemas. Diferindo da maioria dos estados brasilei- ros, Sergipe nao adota uma tinica regionalizagio para as ages de planejamento, Cada secretaria el [16 8,750,6 km? 1.183.531 Lege Seep 2054 6632 % : 7309,3 Km? 196.396 Sent sepipeed ares 11,00 % Fone: Censo Demogriico, 2000, de estado estabelece suas regides para a conse- cugio dos seus objetivos, havendo, portanto, di- versas regionalizag6es, como nos casos da Edu- cagio eda Satide, apresentados no capitulo 4. As mesorregides definidas para Sergipe pelo IBGE sao trés: Leste Sergipano, Agreste Sergipano, ¢ Sertio Sergipano (Quadro 14 ¢ Figura 68) © Leste Sergipano compreende a faixa costeira ¢ reas circunvizinhas € se caracteriza pela maior densidade populacional, resultante da presenga da rea metropolitana de Aracaju ‘Além disso, ele se destaca pela atividade indus- trial, sobretudo a extrativo-mineral, e pela con- centragio de atividades comerciais ¢ de servigos. Na agricultura destaca-se a produgio da cana-de- aguicar, do coco-da-bafa ¢ de frutas, Atualmente, €alvo de politicas puiblicas voltadas para o turis- mo, sendo grande o seu potencial, em especial nas reas estuarinas. Agreste Sergipano se localiza entre 0 Li- toral ¢ 0 Sertio, numa drea de transigao climatica. Destaca-se por apresentar melhor distribuigio da terra, com forte presenga da pequena propriedade € da populagio rural. Ainda ¢ grande a diversida- de das atividades: no sul destacam-se a laranja, 0 limo, o maracujé, o abacaxi € 0 fumo, No centro, outros produtos alimenticios (feijao, milho, man- dioca) e a olericultura (batata-doce, inhame, hor- 135 = ‘Nossa Senhora da Gléria, Carira ¢ Porto da Folha taligas); a0 norte, 0 gado de corte ¢ 0 gado leiteiro, ‘Nessa mesorregiio concentra-se a maior parte da populagio rural do estado, com destaque para os municipios de Lagarto e Itabaiana. O Sertao Sergipano localiza-se no oeste do Estado, estendendo-se desde Pinhao até Canindé de Sao Francisco, no extremo no- roeste. Caracteriza-se por apresentar clima semi-drido, caatinga, solos rasos, grandes propriedades, ocupadas com pastagens ¢ la- vouras tempordrias. Af a densidade demogré- fica é mais baixa, em virtude de nao apresen- tar grandes centros urbanos, Nos tiltimos anos, o sertio tem sido alvo de movimentos sociais na luta pela terra, 0 que tem ocasionado varios assentamentos rurais ¢, conseqiientemente, 0 seu parcelamento. Predo- mina a pecudria bovina de corte ¢ de leite, A pecuaria leiteira vem se constituindo numa es- tratégia de sobrevivéncia do pequeno ¢ médio produtor. Os cultivos alimenticios se destinam 0 abastecimento das feiras locais. Projetos de inrigagio, através de politicas piiblicas, tém con- tribuido para dinamizar algumas areas dessa re- gido, a exemplo de Canindé de Sao Francisco ¢ de Pogo Redondo. As _mesorregides esti. subdivididas em treze microrregiées geogrificas, conforme se observa no Quadro 15 ¢ na Figura 69. ue SERGIPE MESORREGIOES = FIGURA 6? SERGIPE RORI 6.5 TuRIsMo: UMA Nova oPcAo ECONOMICA Nos dias atuais, o turismo tem-se configu- rado, em todo mundo, como uma atividade que vem contribuindo para dinamizar a economia, aumentando a oferta de empregos. Todos os estados nordestinos jé d veram ages no sentido de inserir essa atividade como op¢io econdmica, Para isso, torna-se necessaria a implantagio de infra-estrutura que contemple a construcio de estradas, hotéis, restaurantes, a organizacao dos pontos turisticos € de eventos, o sancamento bisico, os equipamentos, além de mao-de-obra qualificada para atender as exigéncias dos turistas, A ampliagio ¢ a modemizagio do acroporto anta Maria constituiram uma das estratégias utili- zadas para o incremento do turismo, em Sergipe be Sea Aoporto Santa Mt Sergipe tem potencial para 0 desenvolvi- mento do turismo em fuungio das suas condigoes climaticas ¢ das suas belezas naturais, Por isso, ob- serva-se a possibilidade do turismo de eventos, de sol ¢ mar, tendo em vista a sua ampla costa, com 168 quilometros de extensio, as praias, dunas, la- goas ¢ estudrios, além do calor permanente ¢ de outras belezas naturais, a exemplo do canyon do Sio Francisco, Fons Ca Os tradicionais festejos juninos 4 consti- tuem fonte de atragao turistica, bem como ou- TOS eventos locais, a exemplo das exposigdes le animais, dos congressos, das festas natalinas, da hidrelétrica de Xing e do Museu de Arque- ologia (MAX), das cidades histéricas de Sio Cristévao e Laranjeiras, atragées para o turis- mo cultural. A diversidade do artesanato também rep senta uma forma de incremento das atividades turisticas. Os bordados, as rendas, as tapecarias, © artesanato de barro ¢ palha podem alcangar Outros niveis ¢ lugares, a depender da organiz: so da produgio, da sua divulgacio e distribui- $0. Os licores comidas tipicas enriquecem 0 cardépio sergipano, bascado em crustéiceos, pei- Xes, cames ¢ frutos € constituem outra atragdo. © governo do estado tem desenvolvido es- { tratégias para a insergio econémica do turismo in- tegrando-o ao PRODETUR Nordeste (Programa de Desenvolvimento do Turismo), com o intuito de buscar recursos para a implantagio de infra- estrutura turistica. Para tanto, foram definidos os municipios com potencial ruristico ¢ estabelecida ‘uma regionalizagio, para planejamento das agoes. Na regionalizacio do PRODETUR, 08 mu- nicipios sergipanos fazem parte do Pélo dos Co- queiraise esto integrados a partir das semelhangas ¢ potencialidades: Costa das Dunas, Costa dos — ‘Manguezais, Cidades Histéricas (Figura 89). enc ncaa Sel Oi <<<." de Cand de Sto Franca ser constatados com o aumento do fluxo de turis- tas nacionais e estrangeiros. Essas atividades devem ser ampliadas ¢ in- A Jj centivadas, diante da geragio de ocupacio e renda_' 6,6 POTENCIALIDADES E PERSPECTIVAS nos diversos sctores que s¢ articulam, a exemplo do artesanato € dos servigos de hospedaria e ga tronomia, jd se esbogando a formagio de uma ca- i deia produtiva do turismo em Sergipe. Sergipe é um estado com grande porenciall de desenvolvimento econdmico ¢ social. A exploragio e a industrializagio de oe recursos minerais consticuem possibilidades d nea i are4c 0 TRODETUR- 200 mudancas na estrutura produtiva e, conseqiien= temente, na sociedade, Embora os solos, na sua maioria, sejam po= bres, ainda ¢ possivel o desenvolvimento de poli ticas agricolas capazes de diversificar ¢ aumentar a produgio, cxigindo, para tanto, a adogio de téenicas modernas. AS areas intigadas ainda po= dem ser ampliadas, incrementando a produgi0 © gerando trabalho ¢ renda. ‘A concentragao da terra tem sido um em trave para a melhoria das condigdes de vida no campo, tendo em vista a escassez de oferta de trabalho. Assim, toma-se necesséria a ampliae io dos programas de reforma agréria, para me- ihorar a distribuigio da terra ¢ 0 aumento do: pessoal ocupado, na busca da sua insergio no mercado ¢ conseqiiente melhoria da qualidade de vida, Esses programas devem ser acompanha- dos de assisténcia técnica € financeira, para que possam lograr o éxito esperado. Ainda ha que destacar, no meio rural, a introdugio de atividades ndo-agricolas, capazes r renda e de gera ocupar a populagao, como o artesanato, bem rico e diversificado em todo o Estado. Os bordados, a ceramica, os trabalhos de palha € esculturas em madeira esto a cada dia sendo aperfeigoados e ganhando mercado, gragas 4 organizagio dos produtores ¢ aos programas de politicas puiblicas, Essas atividades garantem ama renda complementar ¢ a sobrevivéncia ‘de grande mimero de familias. AAs atividades comerciais ¢ os servigos ten: dem a aumentar e a se especializar, em virtude da concentracao populacional nos centros urba- nos € do fortalecimento de grupos empresariais regionais, nacionais e internacionais, turismo € uma possibilidade de dese volvimento no cenario sergipano, devendo ser intensificado a partir da dotagao de uma infr: estrutura capaz de suprir as exigéncias da de- manda Para que Sergipe possa alcangar novo p: tamar de desenvolvimento, torna-se necess: que s a) am- pliagao do grau de escolaridade da populacio, combatendo o analfabetismo, ainda clevado, so n vencidos desafios, tais como: bretudo na zc 1; b) melhoria dos niveis de qualificagao da mio-de-obra, em virtude das novas exigéncias do mundo do trabalho, que im- poem maior eficiéncia e versatilidade do traba- Ihador; c) desenvolvimento de politicas piiblicas € ages baseadas nas potencialidades locais, en- volvendo todos os segmentos da comunidade; d) definig2o de cixos de desenvolvimento, em carter permanente, visando & redugio das desi- gualdades reg ampliagao das atividades da inddistria extrativa mineral, aproveitando nao utilizados; f) descentralizagao cursos aind das atividades e decisdes, ampliando dades de crescimento dos centros localizados no interior, o que resultaré numa melhor qualidade de vida da populagio. s possibili- (7.1 ForMacio DA CULTURA SERGIPANA?) Cie capacidade, comum a todos os homens, de atribuir significado 4 realidade natural ou construida € as ages praticadas pelo proprio homem. Neste sentido, é um atributo de todos os seres humanos, mas assume formas especificas entre diferentes sociedades ou gru: pos sociais, como resultado de uma heranga so- cialmente construida, partilhada © modificada Pode-se falar em cultura sergipana como resul- tante de um processo cumulativo de experiéncias vividas pelos grupos humanos que se sucedem ¢ interagem no espago compreendido entre os rios Real e Sao Francisco. ern arg: Beto Pes Nesse territdrio, a0 longo do tempo, em continuada interagio com as condigdes do meio, dos projetos coletivos que os grupos humanos co- locam para si ¢ das influéncias recebidas, gera-se uma experigneia cultural especifica que se revela nas expresses materiais — cidades, casas, instru- mentos, engenhos, indiistrias ~ mas também nas criagGes imateriais, ou seja, cantos, dangas, rituais, cclebragies civicas, festas de santos, brincadeiras € brinquedos infantis, formas de religiosidade diver- sas, téenicas de cura, de culindria ¢ de artesanato, literatura oral ¢ eserita e demais formas de arte. Forinba de Natal em Aracao, Ole sobre tea. Aneto Sobral Essa heranga, que se transmite por ay zagem, informalmente ou através de inst voltadas para a preservagio do patrimonic ral, é marcada por permanéncias e mudang todas as culturas sio dinamicas, isto é, ac variagGes nas suas formas e significados. ‘A formagio da cultura em Sergipe cula ao processo mais geral da cultura n« A sua origem resulta da implantagio do colonial portugues, que retine nesse te populagoes deslocadas de outros cont - Europa ¢ Africa, Culturalmente dite dos nas suas terras de origem, povos att curopeus se espalham sobre os territdrio: nalmente ocupados pelos indios, també dores de culturas diversas. A dominagio tugués, baseada numa tecnologia mais a inclusive de guerra, nao eliminou, entre participagio dos demais grupos étnicos ‘magio cultural da nova sociedade. De modo geral, no territdrio se a heranga portuguesa trazida pelos constitui um lastro sobre 0 qual se as influéncias dos povos africanos © d: indigenas. A fusio dessas herangas dive jagio de modos de viver adaptados meio ¢ aos projetos coletivos vio, 3 do tempo, moldando os saberes, 08 f expressdes artisticas € as celebragbes meiam a vida dos sergipanos. Em mu sas manifestagbes € possivel identific buigdes especificas de negros e de i convém lembrar que essas contrib me 178

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