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N. BUKHARIN O IMPERIALISMO EA ECONOMIA MUNDIAL ANALISE ECONOMICA PREFACIO. DE LENIN spavsoa mick GRAFIcA EDITORA LAEMMERT s.A. "RIO Dil JANEIRO — GUANABARA 1909 CAPITULO 1 NOCAO DE ECONOMIA MUNDIAL 1 —0 imperiationo proboma da scomomis mundial 2A divin internacional do trabatho, cao partistor ‘de divindo socal do trabatho; 3 — Condgoee natura ¢ ‘ovina divisto internacional do trabathos 4 — As trovas internacionis de produtes, fonomono nécetsrio regslar; 3— 0 mercedo mundi de mercadoriae; 6-— ‘mereudo mundiat do capitetfinarecre; 7 — A economia ‘mundial sistem de relagdes de produgia; 8 — Aspetae iver do extabeecimento deus ralagdes de produto; 2 A economia soci em ger ¢ 4 eonemia mundial (protiema do agente scontin). A lata do nacionais, que nada mais & quien Tila enire grupos da mesma ordem da bur- ‘lena lo cai do céu, Nao se pode considerar ése ‘chon igamtesco como uma eolisio de dois corpos no ‘paca imvaterial, mas, bem ao contrario, tal chogue € ondiclonado pelo meio particular em que vivem © se esenvolvem os “organismos secondmicos nacionais”. Deixando, hi 0, Juma “economia isolada” A manetea ‘Tin, ésses organistos forma amente mais vasta: a econom = 1s, wUKHARDY | forma pela qual téda emprésa individual € parte in- tegrante de tina economia nacional, cada wna dessas eeonomias naclonais” integra-se no sistema da eco- | nomia mundial, Por essa razio, & necessirio encarar | s Tita dos eorpos econémicos nacionais antes de tudo | como uma tata eatre as parceas eoncorrentes da eco- ‘vomia mundial, tal como consideramos a lute. entre ‘cnprésas individuais como ume das manifestagies da vida tocal © econémica, _Désse modo, o problema do imperialism, de sia definigio econdmlea © de sea Faro, convertese no de apreciar as tendéncias e lutivas da economia mundial e das proviveis modifi fagies de sia estrutura interna, Antes, porém, de borat esta questio, devemos dizer 0 que entendemos ‘or “eeonemia mndial” A prroduglo"des bens materials é o fundamento 4a vida torial. Na sociedade moderna, que produ, ni imples proditos, mas mercaorias, isto 6, produtos destinados & trac, o processn de troca dos’ diferentes rods exprime’ a divisio do tratatho entre as ‘inidades econimieas que fabricam tais mereadorias. A ‘ssa divisio do trabalho, semelhante & que ocorre nos Timites de uma emprésa icolada, Marx chama divisio social do trabatho, B desnecessirio dizer que esta pode sesuimir diversas formas, como, por exemple, 2 di- visio do trabalho entre witias emprésas de um pais, fu entre diferentes ramos industrisis, ou entre esses vrastas subdivisdes de tida vida prodatlva que so a Sndstria © a agricaltura, ou, ainda, 2 divisio entre twsses que representam sistema econdimlcas especifions no sistema geral, ete Poderfamos esquematizar indefinidamente ¢ for- molar mais de uma classifieacio, segundo os objetivos a que visasse 0 nosso estudo. Basta-nos, para © que © TMERIALISO BA RCONONTA MtUNDEAL, 2 os pon, ter x ot 0 ft de a ado de twiras forms de divisto sci d trabalho, ease a Alviso do ata entre economia nachna" entre irios piss que ulrapasta ve ines da excnomia ucla e canst a vst internacional dra. As conigies de divi international do rbalho so de das srtes: prinelo, at cong naturals, Aue decor da dversdade do co natural em gue vem os diverss organismos de produto; segunio, ‘conse i restates iferenea ese celia, de etrutera.esodinlca do gat de desenvolvimento das férgas produtivas, a Coniecemos plas printas: “Conunidads dite rents conta, en se aes atra,eferentes ico de redo e diferentes moe de ssi Seu moo de produsf, sua mania de vive, eas pros, si, portato, erent, en dfeeana Matra que procs irca de prduios malas, no Momento em gue as comuniides entra rm cota, €. consientment transforming progresciea de Protos em mereadorias. A toca ela dferenea ds esters de pro, mas le eon telago eas Gsferas eas transforma exh ron, mals thos Aepentes une dos outros, de sh produ socal total” (*), a A clferenen das esferas de pra &, portato, sul o rola de contigs natal de toda. Nio seria del fudamentar ea tse com nits Airacies, ‘Tomenos, por exenpl, ar matin vege ts © eae 6 pode ser eutvado em sera condiges duct! tas ete Nee gE At as Blt oe ine” abe pada ben" ad ctimiticas; isso oeorre principalmente no Brasil, em parte da América Central e, em menores proporgbes, faa Africa (Abissinla, coldnias inglesas da Africa Central, Africa Oriental Alem) ena Asia (Indias Folandesas, Indias inglésa, Ardbia, peninsula de Ma~ Jaca). 0. cacau vings apenas nos. paises tropicas, ‘A borracha, que exeree importante papel na produgao ‘moddema, exige igualmente cerias condigies elimiticas, ‘que tornam a sua produgio em apanigio de certos raises (Brasil, Equador, Peru, Bolivia, Cisianas ete). © algodio — que, de t8das as matérias fibrosas, a que ocupa o primeieo lugar na vida econdmica —- sultivada nos Estados Unides, na india inglésa, no Feito, na Asia Menor, nas possessdes rissas da Asia Central, A juta, que ceupa segundo lugar, & expor- fada_quase exclusivamente por tum sé pas! a India gla. Se tomarinas a produgio mineral, obteremos tum quadroidéntio, visto tratarse af, de certa maneira, de riquezas naturals do pais. 0 carvlo, por exemplo, exportado pelos paises que possuem ricas jazidas de Inu CTnglaterra,Alemanha, Estados Unidos, “Aus tria, te.); 0 petréleo provém dos paises onde hi zonas petroliferas (Estados Unidos, Citcaso, Holan Indias, Ruménia, Galicia) ; 08 tingrios sao extraidos Hspanha, na’ Suda, na Franga, na Argiia, na “Terra Nova, em Cuba, ete, © manganés € fornecidn pelo, Caucaso © pela Rissia Meridionl, pela India Inglés pelo Brasil; as jazidas de cobre encontratn-se predominantemente na spanha, no Tapio, no sudeste Aafricano alemao, nas colonias britinicas da Africa do Sul, na Austria, Canad, Rstados Unidos, México, Chile ¢ Balivia, Qualqaer que seja, porém, sua importincia, as dliferencas naturais das condighes de produgao passam © IMPERIALISMO A BCONOMEA MUNDIAL 95 ‘ada ves mais para um segundo plano em relago as sliferengas que engendra 0 erescimento desea des forgas produtivas em cada pus, “B convene teres sae as reagSea de produce tém apense iene, reltira para as rlages de peodushes para Seon transporte; em outras palavran fon peso meg, depende, em larga medida do nivel de tees ae individ. "Engtanta as condigder naturals (nidee segundo a escla humana de expo ede tempo nea ser considered eumo valores contattes® ate de cultura € uma varlivel © por male iogoran ‘eiam as diferenas nas condigtes nature de cole Jnl gra a rodeo e' crac, a ferent cultura si, em tGrmoe relatives iguaimente tec fantes, Sémente a agio combinada cesses dois fatece provoca os fenimenos da vida ecendmica” Gy is Jatidas de hha, por exemple, podem ser vn “apie bwto? se fam eandgies teens ¢eeonbeas ee Ss explorio; em compentagi, es eantaniog are ‘am outrora um obstetlo ds rlagden entre individ 1 pina, qe eavavam a rod ee ene 4 sentido negativo que postiam gragas a tao ene Mamente evoluda, de gue resltaram os tile se ‘alah de drenagem, Mas, yarn, € ainda mals importante o fato de sie a desigualade de desenvlviments ee iio IWodutivaseria varios tos econimizos e eaters Ee dusrias, amplando asim a divisho vernon ip Wraatho” sabre uma" base” soclal Referiogrs °o difrenea ae existe ene oy pases Sndectoee inportam “produtos agrcolas © expert pretsies wateecdQ SUMONCR: Geran de Wendl and * NX, UKHARD manufaturados, ¢ os paises agririos, exportadores de bens agricolas ¢ importadores de produtos industriais Do momento em que desenvatve e tem como condicio fa troca de mereadorias, téda divisio. do trabalho, Daseia-se na distingio entre a cidade © 0 campo. Povle-se dizer que toda a hist6ria econdmica da socie- dade se resume nésse movimento alternativo” (*).. A distingio entre “cidade” € “campo” € 0 mov ‘mento alternative, que se efetuavam outrora nos qua- dros de um s6 pais, reproduzem-se agora em um plano cconsiderivelmente mais amplo, Déste ponte de vista, paises. inteiros, notadamente os paises industriais, representam a cidade e as regides agricolas constituem ‘campo. A divisio internacional do trabalho coincide, nessa perspectiva, com a divisio cntre os dois princi- pais setdres de conjunto da producio social, a indistria € a agricultura, ¢ constitui-se nisso que se chama ivisio do trabalho (*). O que & facil de mostrar quando se examina a relagio existente entre as regives de produeio industrial e agricola, 0 trigo candi 6 cultivado sobrettido no Canada, ras regides agricolas dos Estados Unidos, na Argen” tina, Australia, India, Riissia, Rumania, Sérvia, Hungria. O cexteio provém principalmente da Réssia A carne & fornecida pela Australia, Nova Zelindia, Estados Unidos (regives agricolas), Canadi (enja produgio € particwlarmente abundante), Argentina, ©) get MARX: 0 Capt, tomo UI, pigs. 251-252. (2) "Se! atSconslders apenas orale em ‘pode esignte «visio ta prodagio apeal em un grandes rman ini como a ugrcaitirg = industria ley pelo nome de divine tipo in gral Seu destobeansenia em espleles e vari cl de diego go tubal eon patiwla; «a Uiieto ini, muna fibres, pelo ome de visto’ do tabalbe ‘iors © IMPERIALISMO H A BCONOMIA MUNDIAL 26 Dinamarea, Holanda, ete, O gado & geralmente expor- tado dos paises agririos da Europa para os paises industriais, e tem como principais prosutores a Himn~ via, Holanda, Dinamarea, Espanha, Portugal, Rissia © 06 paises taledmicos, A madoira & originiria. da Suécia, Finlandia, Noruega, Réssia do Norte, certas egies do ex-império Austro-Flingaro, enquanto as xpurtagies cannes tan comesam a se de Se enumerarmos agora os paises que expartam produtos manufaturados, veremos que se trata das nhagies industrials mais desenvolvidas do mundo, Os fecidos de algedao sto langados no mereado em pri imeiro lugar pela Inglaterra, vindo, em seguida, Ale- manha, Franca, Austria, Bélgica, ete, e, dentre os paises de além-mar, os Estados Unidos. Os teeidos de 1 sio produzidas. para o mercado mundial pela Inglaterra, Franga, Alemanha, Austria, Bélgica, etc (Os artigos de ferro e aco sio Fabrieados principalmente nna Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, paises que atingiram © mais alto nivel de industrializacio, colgcando-se, em segundo plano, a Bélgica, Franca ¢ Austria-Hungria, Os produtas qulmicos sio fabricados pela Atemanka, que detém o primeizo lugar, ¢ depois Pela Inglaterra, Estados Unidos, Franga, Belgica, Suga HH, assim, uma reparticio especifica das fércas provutivas do capitalismo mundial. As duas principais subdivisdes do trabalho social passam por uma nha que separa dais tipos de paises, resultando dai a divisao- lo trabalho social no plano internacional, A divisio internacional da trabalho manifesta-se através do comércio internacional, “Os produtores fentram em contato social simente pela troca dos prodats de seu trabalho e é nessa troca que se revelam as caracteristicas sociais especifieas de sua produgéo. ‘Em outras palavras, o trabalho de eada tm s6 aparece ‘como im elo do conjanto do trabatho social gragas 48 relagdes que a troca estabelece entre os produtos do trabalho e por imermédio déstes, entre os préprios prodatores” (*), 0 trabalho social do mundo divide-se entre paises. © ‘trabalho de cada pais isolado torna-se patte do trabalho social total, por interméio da troca que se feta no plano mundial. A interdependéneia dos rrentes pafses mo terreno da troca no é de manelra alguma acidental, mas a condigio necessiria da evolu- io social ulterior, consituindo-se, por isso, 0 eomeércio internacional em fenémeno regular da vida social © econimica, Ksta fiearia totalmente desequilibrada se a América do Norte e a Austrilia cessassem hrtscamen- te de exportar seu trigo e sen gado, a Inglaterra e a Bélgica o seu carvio, a Rissia o seu trigo € suas tmatérias primas, a Alemanha sts miqitinas seus produtos quimicos industriais, a Tadia, o Egito © os Estados Unidos o seu algo, ete, Em compensacio, ‘os pases exportadores de produtos agriolas se veriam ‘ignalmente votados a paralisia se os mereados viessem repentinamente a se fechar — e iso € particuarmente vilido para os paises de “moncenltura”, que cultivam por assim dizer um gaico produto (0 ea¥é no Brasil, © algodao no Fito, ete.), Os exemplos dados a seguit™ tnostrardo 0 quanto o eomércio internacional & hoje com dia, necessirio para assegurar a marcha normal da Vida econdmica, ©) Kest MANX: 0 capita, ms 1, pig. 67. © MPRRIALISNO A WCONOMIA MUNDIAL — 37 Na Inglaterra, durante os trés primeiros decénios do século XIX, a5 importagies de trigo, destinadas completar a’ quantidade necessiria ao consumo interno, no iam a mais de 2,59% 5 atwalmente, chegam «a eérea de 50% (aleangando mesmo 80% pata o trigo

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