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BRASILEIRO _Fundedo no Rio de Janetro em 1833 TOMO 94 — VOL, 148 (1828) ‘He tat, ut tongoe durant bene geste per ansbé Et possint sera posteritate trul. DIRECTOR Dr. B. F. Ramiz Galvao + & # RIO DE JANEIRO IMPRENSA NACIONAL 3 1927 com a desta seiencia dosia resolugao. “Sala das sessbes, 8 de Septembro do 1923. — de Moraes, — Jonathas Serrano, — Moreira Guima Olympio da Fonseca.” Unanimemente approvada. ‘Ao encertar-se A sessio o sr. Pausipenre convida o au ditorio pava a sessio de 41 do corrente, em que com uma conferencia do sr. Manuel Cicero, commemoraraé o INsTITUTO © centenario da morte de Hippotiro pA Costa. Justificam a sua ausencia o$ socios senhores Homero Baptista e Tavares de Lyra. " Agenor de Roure, 20 Seeretario, ANNEXO A’ ACTA DA SESSA DE 8 DE SEPTEMDRO DE 1923 Centenario de Henrique Fleiuss Na historia do Brasil-Artistico, a data de 28 de Agosto do corrente anno, marca um padrao memoravel: o centenario do nascimento de um dos ereadores da arte da Caricatura, da Lithographia, Xylographia e da Imprensa illustrada entre nés. —Henrique Fleiuss, que a critica dos eruditos e dos mestres, quer desenhistas, quer lileratos, reputou um artista notavel. Durante todo o largo tempo em que viveu no Rio, perto de um quarto de século,—e aqui constiluiu familia e trabalhou sempre até morrer — amou tanto ¢ tanto illustrou este bello @ hospilaleiro paiz dos tropicos, de tal forma se afeigoou ao nosso meio, aos nossos costumes, instituicdes, typos e cousas desta Capital, immortalizados por seu lapis, com fino humo~ rismo, que mais se dissera um Carioca legilimo pelo coragio e pelo espirito, do que um genuino germanico, de longa barba castanho-claro e pupilla azul-cobalto, oriundo dos yalles ma- ravilhosos do Rheno, dessa velha cidade lendaria, a que se re- fere a musa de Henrique Heine nos lindos versos do Inter- mezzo, assim yertidos para o nosso idioma pelo saudoso Valenti Magalhies, ¢ publicados n'A Semana (1893-4895), rovista literaria, de que fui director: Dicla-ie, hoje, estas linhas singolas ¢ eyocalivas, a pie- filial, que mareia os olhos de saudade @ conforla o co- ragio que salda uma divida de affecto 4 memoria paterna’, Henrique Fleiuss, que, na phrase de Eseragnolle Doria (Artistas d’outra tempo, Revista Brasileira, tomo x, pag. 169) “foi um trabalhador intelligente, um artista distincto e um homem do mais alto valor moral”, deixou-nos, como pintor o caricalurista eximio, innumeros trabalhos attestadores de seu alto merito profissional. Os annaes dagArte e da Imprensa periodica illustrada no Brasil, durante a segunda metade do século XIX, registam- the 0. nome entre as mais proeminentes individualidades e temperamentos artisticos, como o inaugurador de uma nova era sob 9 Segundo Imperiq, para_a historia da grayura e da earicatura brasileiras. Nascido na cidade de Colonia, a 28 de Agosto de 1823, era filho legitimo do professor Henrique Fleiuss doulor em philosophia e director geral da Instrucgie Publica, na Prussia Tthenana, e de d. Catharina yon Drach, filha do conselheiro professor Maximiliano von Dwach, ida Universidade de Co- btenca, e ermi do commandante Max Otto Frederico yon Drach, morto em Bylau, senhora essa de grande espirito forte, e catholiea fervorosa, que muito auxilion o marido nas suas longus viagens. Fez Henrique todo o eurso de bellas letras, com brilhan- tismo, em Colonia e em Dusseldorf, e o de sciencias naturaes em Munich, onde tambem aprendeu Musica, conhecendo per- feilamente harmonia e contra-ponto. Vindo para o Brasil, em 1858, com 35 annos, por sug- gestao do celebre sfbio naturalista Carlos Frederico Philippe yon Martius, auctor da Flora Brasiliensis, membro da Acade~ mia de Munich e da missio seientifico-artistica de 1817, que muito © eslimaya ¢ lhe apreciava a apltidio artistica, per- correu algumas das mossas yrovincias do Norte, onde fez hel- lissitnas aquarellas, seu processo predilecto, uma destas per- tencente a0 dr. Laudelino Freire e que representa a visita do Viatico, em Alagdas; ¢ oulra, um chafariz da Bahia, que pos- suo, COM AS SUNS scenas eharaeteristicas. Chegado em meiados de 1859 ao Rio de Janeiro, aqui fun- dou uma officina de arte, a que denominou “Instituto Artis- tico”, de sociedade com seus companheiros de yiagem, 0 ermiio em 1873. A’s pags. 134 @ 135 do tomo V da Chorographia Higserieae Chronologica do Brasil, do dr. Mello Moraes, (pae) 1é-se que “Fleiuss, Irméo & Linde, estabeleceram-se a 11 de Janeiro de 1860, na rua Direita n. 49, e no mesmo anno, a 13 de De- vembro, (a data certa é 16 de Dezembro) principiaram a pu- blicar a Semana Illustrada, @ depois as Reeordacées da Expo- si¢éo Nacional. ~ “Tambem os srs. Fleiuss, Irmio & Linde foram encar- regados dis Illustragdes da viagem scientifica. Por suas pai- zagens recebeu o Sr. Linde a medalha de ouro. “Mudaram-se para o largo de S. Francisco de Paula nu- mero 16, no 1° de Maio de 1861, onde estabgleceram o seu In- stituto Artistico. Além deste estabelecimento lithographico, occuparam-se da pintura a oleo, d’aquarella, da photographia e xylographia, alé entao nfo cultivada no Brasil. “A Semana Illustrada ji Wa feito algum servigo inmpor- tante no paiz Deyo acerescentar que a eschola de xylographia, fundada por Henrique Fieiuss, teve numerosos diseipulos, entre os quaes me oecorre cilar um nome: o de José Xayier Pires, que, ao fallecer, occupava o alto cargo de inspector technico da Imprensa Nacional. A Semana era quasi toda g@esenhada por Henrique Fleiuss, que teve, entretanto, a collaborac&o yvaliosa de Flumen Ju- nius, Pinheiro Guimaraes, Aurelio de Figueiredo e, por algum tempo, fambem a de Angelo Agostini. Quem hoje pereorrer a sua rarissima colleceaio, que sbrange nada menos de 15 volumes encadernados, admirara por certo, além da graga das caricaturas, a perfeic¢io dos de- senhos, mérmente os retratos. Tinha equella revista um eha- racler aecentuadamente patriotico, Redigiam-n'a, entre ou- fros: Machado de Assis, Victorino de Barros, Flavio Farneze, Quintino Bocaiuva, Augusto de Castro, Achilles Varejao, Pe- dro Luis Pereira de Sousa, Antonio de Castro Lopes, Ernesto Oibrao, Henrique Cesar Muzzio, Saldanha Marinho, Felix Mar- tins e Bruno Seabra. Realizou uma assignalada reforma, artistica e moral, na arte da earicatura, que até entéo era, nao sé grosseira nos processos da technica profissional, como servia de instru- mento de aleivosia pessoal para aquelles que, geralmente, eonfundiam essa arte com o delicto de injurias impressas. 0 lapis habilissimo de Henrique TFleiuss ensinou-nos, com Sancto Agostinho, a amar e poupar os homens para sémente guerra do Paraguai, copii das nossas tropas (mediante croquis remettidos. do campo de aceao por Joaquim José Ignacio, Secundino de Gomensoro e Hoonholtz) @ muitos retratos dos nossos herées. Henrique Fleiuss foi tambem ‘um ardoroso {propagan- dista da lei de 28 de Septembro, cuja sanccio exaltou em bellissima estampa allegorica, subordinada 4 legenda: — Vin- cula servitutis tandem sunt sova remissa. Quando elle fundou a Semana Illustrada, em 1860, a arto da caricatura no Brasil, em primeira phase, ensaiava os pas- sos muito rudimentares, grotescos @ tilubeantes ainda. A mais preeoee tentativa de jornal illustrado parece ter sido entre nds, 0 Corcundao, que appareceu no Recife, em 1831, Era escripto com extrema mordacidade e trazia vinhetas ea- rieatas, como as do Almocreve das Petas, gravadas a eanivete em entreeasca de cajazeiro. A caricatura, propriamente fallando, ndo existia: era sup- supprida pela vinheta. De Pernambuco tinham surgido ainda: o Jodo Pobre (4844-45), jornaleco satyrico, principalmente dirigido contra José Thomaz Nabueo de Araujo, a quem seus advyersarios po- liticos aleunhavam de “Joa Pobre”. Uma vinheta, represen- tando 6 passaro desse nome (Serpophaga nigricans. de Vieillot), trazia, non. 3, a legenda: “Quem niio conhece Mestre Nabuco, Veja o retrato Desse maluco.”” A Marmota (1844), jornal praieiro, que inseria logo abaixo do titulo a seguinte quadrinha: “Nesta marmota perfeita Verao todos os leitores Quaes sio os aduladores Do Bardo.” . Inseria desenhos e allusdes caricatas, a amigos do bar&o, depois conde da Boa-Vista. A sua auctoria foi geralmente attribuida ao padre Jofio Capistrano de Mendonca. ae abertas em madeira em 1846, 0 Periquito, jornal earicato & satyrico, ‘verde, rodigido pelo dr. Pedro Pereira da Mies, o primeiro deputado geral que -apresentou na ‘um projecto de lei, abolindo a escravidio no Brasil. Fl Os demais Estados conheceram, alé 1860, 0 jorna- lismo illustrado. Nesta capital, o primeiro periodico desse ge nero foi O Martello, de 1832, seguido logo do Cegarega, do mesmo anno. . No periodo que se extende dahi até 4860, foi uma verda- deira proliferagio de folhas volantes humoristicas, quasi to- das, porém, de duracio muito curta. Bi-lag, quanto possivel, em ordem chronologica: — 0 Cubrito, 0 Burro Magro, 0 Esbarro, e A Marmota, fodos de 1833, sendo que 0 ultimo, tendo logo cessado a publi- cacao, peappareceu em 1849; a Mituca Picante, em 1834; 0 Capadovio, em 1835; O Carapuceiro na Cérte © O Aristarcho, ambos de 1840; O Belehior Politico e A Lanterna Magica, ap- parecidos ambos em 1844; 0 Charivari, de 1845; 0 Diabo ne Mundo, de 1847; O Sino da Lampadosa, A Sineta da Misericor- dia, O Sino dos Barbadinhos, 0 Carranca @ O Cascatho, todos” em 1849; O Phantasma, de 1850; A Caricatura, 0 Bodoque Ma- gico © O Martinho, todos em 1851; O Boticario, de 1852; 0 ‘Asorrague, de 1855; 0 Brasil IUustrado, de 4855-1857; O Cha- rivari Nacional, de 4857, que, na opinido do barao do Rio- Rraneo, foi verdadeiramente o primeiro jornal de caricatura do Rio de Janeiro; A Carapuca, de 1857; 0 Entre-Acto @ A Se~ mana Illustrada, apaprecidos ambos em 1860. Em 1859, quando Fleiuss abriu 0 seu estabelecimento graphico, existiam, no Rio de Janeiro, apenas 24 typographias. No anno de 4860, em que surgiu a lume a Semana Illus~ trada, havia entre nds 34 periodioos, dos quaes 29 em portu- guez, dous em franeez, dous em italiano @ um em espanhol; e@ existiam 28 typographias. Desse anno data o primeiro cartaz-anuncio illustrado, publicado no Rio de Janeiro, diz o professor Araujo Viana, om sua interessante conferancin — Das artes plasticas no Brasil em geral e cidade do Rio de Janeiro, em particular, inserla no tomo 78, parte I, pag. 579, da Revista do Insti- tuto Historico Brasileiro, “Annunciaya a Semana Ilustrade, jornal de carivatura e de humorismo, do propriedade @ sob a diveceaio artistica de Henrique Fleiuss, pintor allemfio, que aqui sempre viveu, contfabin easamento com senhora bra= “sileita e deixou descendentes, bons brasileiros.” ite De facto, em 30 de Marco de 1867, casava-se Henrique Fleiuss, aos 14 annos, com d. Maria Carolina dos Santos Ri- ~\ beiro, filha legitima do commendador Luiz Mendes Ribeiro, nN pharmuceutico, major da Guarda Nacional, e de d. Maria Te- resa dos Santos Ribeiro, sendo Luiz Mendes Ribeiro, filho le~ gitimo do dr. Francisco Mendes Ribeiro e Vasconcelos, me= dico da cérte de d. Joao VI, portugues introductor da vaceina anti-variolica no Brasil, e de d. Anna Luiza Grugel do Ama- ral, tambem portugueza; e sendo d. Maria Teresa dos Santos Ribeiro, filha legitima do dr. Pedro Paulo de Oliveira Santos, portuguez, medico da Real Camara, e de d. Maria Caetana Travassos. A Semana Iilustrada appareceu em 16 de Dezembro de 14860 © durou até fins de 1876. Teve, por todo este trato de tempo, immensa yoga e influencia nas nossas rodas literarias,. — conecittia o visconde de Taunay. Foi na sua épocha o periodico mais popular do Brasil. As figuras do Dr. Semana e do seu infallivel Moleque, — o pri- meiro atarracidd, com a sua vasta cabecorra e sempre de lapis em risle; o segundo, trajando a character, de libré, como os hegrinhos que serviam de pagens ds casas ricas de outr’ora — sfio dias ereacdes originaes e desopilantes de Henrique F ss, que se tornaram o regalo do publico, principalmente carioca; marcaram uma éocha que deixou saudades no ter- ceiro quartel do seeulo de d. Pedro If. E’ que as charges da Semana Ilustrada provoearam o riso espontaneo e natural de todos, sadio, communicativo e forte como a gargalhada dos deuses de Homero; e nfo apenas o falso sorriso amarello de sarcasmo, sublinhado por um rictus convencional e contra- feito. Ainda hoje, ha muita gente que se recorda dos sueces- g08 aleartcados pela yeia do habil artista, com as suas criticas * & saia-balao, ao entrudo, 20 antigo systema de exgottos e il- luminagao da cidade, aos frequentadores do Carceller, do Pro- visorio, 48 festas populares, scenas domesticas, praias de ba- nhos, typos da politica e das ruas, ete., ete. A Semana Ilustrada eva todo um mierocosmo ecarioca, admiravel repositorio das cousas de antanho, que abrange largo periodo de mais de tres lustros. EB’, portanto, uma pu- blicagio sui generis, digna de ser religiosamente archivada em logar de honra ¢ folheada em nossos dias, com earinho, como os preciosos livros de Rugendas © Debret, por todos os estudiosos, infelizmente cada vez mais eseassos, da Archeolo= gin da cidade, da evolugao dos nossos costumes, instituigdes, ‘ iro numero da Semana Illustrada satu das lo Instituto Artistico, da antiga séde, & rua Direita donde se transferiu para o largo de S. Franeiseo de Paul ‘n, 16; dahi para a rua da Constiluig¢io ns. 1 © 6, yolvendo apés 4 rua Direita n. 21; e, por ultimo, installado em vasto predio que foi demolido, da antiga Chacara da Floresta, 4 da Ajuda n. 61, onde muito se desenvolveu. a Foi concedido por s. m. o imperador o titulo de Imperial ao Institute Artistico, por acto de Outubro de 4863. ‘Em 4865 editou-se o primeiro Almanack da Semana Il- Tustrada. Publicava-se esta regularmente todos os domingos, e sub- sereyia-se na Corte, custando a assignatura annual 16$000, semestral, 98000; lrimestral, 5$000; e o numero avulso, $500. Manteve o formato de 24 x 47 4|2; e no frontespicio trazia a popularissima figura do Dr. Semana, aecionando uma lan- ferna magiea, como symbolo da alegre critica dos nossos costu- mes, fracos e cacuétes, de ha sessenta annos, e onde se es- tampava, em féco, a divisa do periodico, que era a mesma mandada pintar pelo arlequim Dominico, no panno de boeea do seu Lheatro de comedia: Ridendo castigat mores. 10 Commemorativa do Primeire Centenario da Imprensa Periodica no ‘Brasil, em 4908, promovida pelo In- stituto Historico ¢ Geographico Brasileiro, figurou, como pre- cioso erimelio on, 4, da Semana Ilustrada. Em 1876, deixa esta de existir para ceder o passo a outra primorosa public: 0 promovida pelo Jmperial Instituto Ar- tistico, e tambem dirigida por Henrique Fleiuss, — a Mlus- tracio Brasileira, importantissima revista artistica’ e litera- via, em nada inferior a L'/lustration e a The Grdphic. O seu primeiro numero dafa de 4° de Julho desse anno e publicou-se até Abril de 1878, A collaboracio completa férma dois tomos encadernados . Fleiuss dedicou-Ihe todo 0 seu amor e talento artistico. Do valor da Mlustracéo Brasileira se péde inferir pelo documento abaixo, publicado em 1876: “O Imperial Instituto Artistico, estabelecido nesta Corte, encelou ullimamente, com o titulo de Mlustracdo Brasileira, uma primorosa publicagio, que por seu merecimento inte- ressa indubitavelmente a todas as classes da sociedade e muito pode utilizar a este paiz, se nfo Ihe fallarem auxilio e pro- teegio. “Revonhocendo, pois, quanto uma publicagio desta or- dem péde e deve influir no desenvolvimento intellectual e conde dv Rio-Branco (senador do Imperio). — Soares de Sousa (conselheiro de Estado). — José Thomas Na- duro de Aranjo (senador do Imperio). — Francisco Octavia~ no de Almeida Rosa (senador do Imperio). — Thomas José Coetho-de Almeida (ministro da Agricultura) , — José Bento da Cunha Figueiredo (ministro do Imperio). — Bardo de An- gra (vice-almirante). — Diogo Velho Cavaleanti de Albu- querque (ministro da Justia). — Monsenhor Joaquim Pinto de Campos (deputado geral) . — Monsenhor Joaquim Pinto de Campos (deputado geral) . — José Feliciano de Castilho (consetheiro) . — Bardo de Wildik (ministro interino e consul de Portugal. — Zacharias de Gées e Vasconcellos (senador do Imperio) . — Manuel Antonio Duarte de Azevedo (ex-minis- tro da Justica) . — Bardo do S. Felix (inspector geral da Tn- struecdo Publica) . — Jodo Cardoso de Meneses e Sousa (con- selheiro e deputado) .” Quanto ao Imperial Instituto Artistico, foi objecto de constantes remuneracdes honrosas nas Exposigdes de Paris, dle 1867; Vienna, de 1873; Estados-Unidos, de 1876, e em todas as exposicdes nacionaes. Das suas officinas sairam, entre muitos outros, os seguin= tes trabalhos: ‘A Semana Mlustrada, revista humovristiea, que durou 46 annos ; = Planta hydrographica de Laguna, \evantada e desenhada pelo barao de Teffs; Planta hydrographica do Passo da Patria, incluindo o canal privado dos Paraguaios e uma parte do rio Paraguai, desde as Tres Boceas até 4 Lagoa Serena, com as posigdes da esquadra brasileira nos combates de Margo e Abril de 1866, pelo mesmo; Carta do rio Amazonas, pelo eapitio de mar e guerra José da Costa Azevedo; Carta do vio Japurd, pelo mesmo; Carta do continente da provincia de Santa Catharina; Carta de Iguape, $. Paulo; Carta da parte das provincias de Minas-Geraes, Rio de Ja- neiro e S. Paulo, contendo o tracado da Hstrada de Ferro de + D. Pedro Ui; Carta das eolonias de Santa Isabel, Rio Novo e Leopot= dina; ‘ a * ia Mery das estagdes @ pontes da Estrada de Ferro De dro I; ‘ \ ‘ sun natural popular, ilustrada com gravuras o $ Breves consitleracdes sobre a historia e cultura dos ca- Tesacs; 7 - Guerra do Paraguat, por A. de Senna Madureira; 0 visconde de Inkauma, por A. J, Vietorino de Barros; , Mappas demonstrativos do incidente occorrido nas obras hy- draulicas da Alfandega, 1864; O Brasil na Exposiedo Internacional de Philadelphia, em francez, ingle: e portuguez; Cultura da canna de assucar; O matte no Parand, em portuguiex, francez, inglez e al~ lemiio; : Muitas revistas scientificas, illustradas @ obras ehromo- lithographicas das mais perfeitas, taes como a Estrada de Ferro de D. Pedro Il, As obras da Alfandega, ete.; em ma- Trabalhos typographicos, como: Diccionario Mayitimo Brasileiro, do hario de Angra; Flor ile Alza, ete. Yaliosissimo foi ainda o coneurso dos trabalhos artisticos por elle apresentados na Exposigéo Nacional de 1864, e na organizagio desse certamen. A respeito, 1é-se na Folhinka Monumental para 0 anno de 1863: “A Capital do Imperio assistiu, pela. primeira vez, a uma grande festa industrial, a inauguragio da Exposicgéio Nacional a 24 de Septembro de 1861. O largo de S. Francisco de Paula tornou-se intransitavel pela agglomeragio do povo, A fachada do edificio da Eschola Central transformou-se em. Palacio da industria, ¢ se achava brilhanternente ornada, “Uma archivolta decorava as janglas e se lia o nome das provineias do Imperio. “Dous escudos, com as iniciaes P. I/, cercados de trophéos de bandeiras nacionaes, attrahiam as vistas, postos de lado, enire as janellas do andar nobre, ornadas de ricas colehas de velludo carmesim franjadas de oure, “Por cima via-se © mole — Opes acquirit cundo =; e na cornija estava escriplo em lettras grandes — Eaposigdo Nacional, Por cima do edificio, erguia-se o pavilhio brasi- ornuvant as jnomtad 00 eaitcio; ° frente sustentava estattias @ vasos de flores, entre de verdes, notando-se dous ledes gigantescos, fundidos et segundo 0 modelo dos de Canova, “A decoragio éxtertia foi dirigida pelos distinetos artistas _ Fleiuss ¢ Lindé gratuitamente, como prova do seu amor as artes, contribuindo assim para abrilhantar uma festa tao in- dustrial”, Existem em nossa Bibliotheca Nacional, entre outros, os seguintes desenhos de Henrique Fleiuss: Lithographia — A’ memoria de A, Gongatves Dias (alle- goria de grande effeito suggestivo); nao esté eatalogada (mo- vel 23, gaveta 3); Tomada de Paisandi, — N. 17.567; S. M. 0 ar. d, Pedro II passando revista no Campo da Avclamacio —N. 17.560; Um quitute politico — N. 17.562; t Einbarque da Guarda Nacional — N. 17.570; D. Pedro I — N. 18.123; Retrato dodr. Thomas Alves Junior — N. 19.176; Vivenda de Itaparica — Retratos de Porto Alegre, Menna Barreto, bardo do Triumpho, dn. Matheus de Andrade — todos existontes no movel 33, geveta 10; Retrato do visconde de Pelotas — N. 19.075; Retrato do visconde de Inhauma — N. 18.708; O heroismo fraternizado — N. 18.356; Novo Jeremias (3° yol. de retratos) — Glorias do EBxer- cite Brasileiro — N, 17.630; Palacio da Exposicio Nacional de 1861 — N. 17.529; A’ Nacdo Brasileira — N. 17.558; : Retrato do consethetro Jodo Alfredo — N, 18.743; Retrato do general Osorio — N. 18.683; Retrato do tenente Machado — N. 19.1645 7 ’ Figura na galeria do Instituto Historico um esbooclo em aquarella, de Henrique Fleiuss, representando 0 Encerramento da Assembléa Geral em 1859 (ministerio Ferraz), com toda a indumentaria da épocha, valioso documento artistic. Posstio como reliquia sua e, por certo, um dos mais no- faveis de seus trabalhos de arte, um grande quadro em aqua rella, desenhado em 1860, & que 0 conselheiro Jomo Alfredo a © visconde do Rio Branco puzeram todo o empento em adqui+ rir para que figurasse em nossa Academia Nacional de Bellas ‘Artes. Foi por mim reproduzide no n. 4, de Outubro de 1905, rat ¢ na cidade do Rio de Janeiro em particular (Revista Instituto Historico e Geographico Brasileiro, tomo 78, parte TI, pag. 579) 6 — “um quadro feliz como technica e allegoria e como registo historico de aspectos de outrora, da nossa ei- dade”. - A composicao allegorica consiste em um grande arco dei- xando vér o panorama da cidade e nos cantos do reetangulo e a ornamentar o conjuncto vistas pareiaes de monumentos, sitios importantes e allegorias, como a Egreja da Gloria, Sio Bento e Arsenal de Marinha, Fortaleza de Saneta Cruz, Sancto Antonio (Casa da Colonizagio), Fgreja da Candelaria, Paco da Cidade, vendo-se 0 desfile da Procissio do Enterro, Egreja de S. Francisco de Paula, Hospital dos Lazaros, Villegagnon, Hospieio Pedro IT, Calpella Imperial, Quinta da Boda Vista, Co- roacio de d. Pedro II (em 18 de Julho de 1841), e 0 Desco- brimento do Brasil. ‘Aos lados e cantos, as imagens de Sio Sebastifio e N. 8. da Conceicaio, respectivamente, padroeiros da Capital e do paiz; em cima, os retratos do imperador ¢ da imperatriz, ar- mas imperiaes e episcopaes, etc.” De Henrique Fleiuss disse ainda o professor Araujo Viana: “Fundou a /Uustracdo Brasileira, a melhor publicacao do genero, impressa no Brasil naquella épocha. Conheci pes- soalmente Henrique Fleiuss, com quem tractei, quando acom- panhei, em 1876, em suas officinas a impressio de dous fpe- quenos mappas de estradas de ferro, por mim organizados de ordem do viseonde de Bom-Retiro, mappas esses ANNeXOS 20 livro intitulado 0 Imperio do Brasil na Exposicda Universal de Philadelphia, em 1876. Sébre a Semana Ilustrada disse xinda: “Collaboraram no texto 0s mais notaveis talentos do tempo, Todos os desenhos sfio de Henrique Fleiuss, que creou o typo critico do eabecudo Dr. Semana, do moleque o da negrinha, personagens que aproveitou para seus desenhos criticos e humoristicos de scenas, mas sem aggressdes ¢ diatribes. Nunea se afastou do programma — Ridendo castigat mores. “A colleccdo da Semana Mlustrada & preciosa pelo lado historico da caricatura, das phases politicas, pelos fieis re- tratos dos nossos homens e¢ pela collaboragao historica do texto”. O seu primeiro cartaz-annuncio consistia na ampliagaio da capa do primeiro numero. hae ieee a a Se Peet uma allegoria tee ae observa ae cea Viana, em que a Semana Itustrada, personificada, comeca a sua Yiagem pela America do Sul, dentro de um yehiculo pu~ xado por genios alados ¢ acompanhado ja pelo Moleque. Em ~ um estandarte desfraldade se 1é: Sol lucet omnibus. Nesse cartaz ha minudencias de fazer rir. “Henrique Fleiuss, foi, portanto, no Rio de Janeiro, 0 preeursor de Raul Pederneiras, de J. Carlos, de Calixto e ou- tros que, actualmente, collaboram nos nossos melhores hebdo- madarios illustrados.” No primoroso Catalogo da Exposicao de Historia do Bra- sil, realizada ipela Bibliotheea Nacional do Rio de Janeiro, a 2 de Dezembro de 1881 e organizada pelo respectivo director, o illustre dr| Ramiz Galyao, figuram, nao s6 innumeros tra- balhos de arte, assignados por Henrique Fleiuss, como elabora- dos no estabelecimento artistico sob sua direegio. Quando, em 1873, 0 mesmo dr. Ramiz Galvao tractou de dar a lume de publicidade a primeira reproduecaio fiel da edigio de 4601, segundo o exemplar existente na Bibliotheca Nacional e Publica do Rio de Janeiro, do precioso cimelio Prosopapéa, de Bento Teixeira, encontrado pelo viseonde de Porto-Seguro, a 18 de Julho de 1872, na Bibliotheca Publica de Lishda, apds todas as tentativas infructiferas em Portugal eno Brasil para deseobri-lo, incumbiu dessa ardua tarefa a Hen- rique Fleiuss. De como este se sahiu da empreza que lhe toi commet- tida, di-lo o dr. Ramiz Galvio, no Prefacio dessa obra: tentamos reproduzir com a maior fidelidade 0 exemplar de do que modernamente se practica com obras deste genero, em Allemanha, Franca, Inglaterra e outros pai~ Afaga-nos a idéa de o havermos conseguido quanto eabia recursos que aqui tinhamos 4 mio, e mediante a solicita eooperacio do sr. H. Fleiuss, que se encarregou do trabalho artistico com um zelo digno de todo o encomio; aféra alguma differenca de typo, no demais, no que respeila a gravuras, paginacio, orthographia, ete., é perfeila a identidade entre o exemplar de 1601 e os que ora séem a lume”, Tractando de Henrique Fleiuss, reeonheceu o visconde de Taunay, em seu interessante trabalho denominado Estran- geiros illustres ¢ prestimosos no Brasil desde os |principios do seculo XX até 1882, — que elle nao foi uma figura apagada, e antes tem 0 seu nome vinculado aoaperfeigoamento das ar- tes graphicas em nosso paiz e ds phases politicas e sociaes, de mais de quinze annos, pela influencia das suas criticas, produzidas pelas caricaturas da Semana Illustrada e pela ce~ renrage artistica dos suecessos mais notayeis. taxado do demasia de affecto filial, que foi Her uum artista digno, um homem illustrado, de character, amigo do Brasil, onde viveu de 1858 até fallecer, em fins 41882. Além da arte do desenho, gravura e pintura, conhecia pro- fundamente musica e orchestragio; chegou mesmo a substi- tuir inesperadamente, uma vez, ao maestro brasileiro Henrique ‘Alves de Mesquita, na regencia da orehestra em uma festa do mez de Maria, na egreja de Sancta Rita, cantando minha mie a Ave-Maria ao prégador. Fallava com perfeicao e escrevia, nfo sé a lingua natal, como ainda © hollandez, o francez, o inglez. Viajou por quasi toda a Europa, demorando-se principal- mente na Hollanda. Conhecia tambem mui regularmente o portugues, que fal- lava e eserevia com desembarago, dada a sua longa estadia no, Brasil. Bra de genio muito alegre, communicativo, gostando de practicar o bem, mas sem alarde. Com inteira razao, diz Raul Pederneiras que, entre nds houye um periodo de combate, em que tivemos yerdadeiros prodigios do lapis: Henrique Fleiuss, Pinheiro Guimaraes, Flumen Junius, Faria, Duque Estrada Teixeira, Belmiro, Pe- reira Netto eo insigne Angelo Agostini, o ereador do chistoso typo do Zé Caipora, WA Revista Ilustrada, outro periodico inexquecivel, que durou tres lustros, approximadamente, @ honra sobremodo os fastos da nossa Imprensa. Fm 4873, fallecia o habil pintor e lithographo Carlos Linde; que foi o impressor da Semana IUustrada durante 08 seis primeiros annos da sua esistencia. Cineo annos mais tarde, a 4° de Septembro de 1878, haixava ao tumulo Carlos Fleiuss. Dos tres companheiros de viagem, ¢ chegada ao Brasil em 1857, restava agora, apenas Henrique. ii O Imperial Instituto Artistico, depois de muito prosperar e ter visto augmentadas as suas officinas, quando se transferiu. para 0 espageso predio dos padres Paiva na antiga Ghacara’ da Floresta, teve que cerrar, de imprevisto, em fins de 1878, as suas porlas. Seguiram-se transes dolorosissimos que reduziram Hen- rique ¢ sua familia & pobreza. Logo apés manifestavam-se 08 primeipos symplomas do mal, que, accentuando-se cada vee mais, acaharam por ceifar-lhe a existencia, ™ Em 1881, tentou restabelecer a Semana Ilustrada, mas comballido pela infermidade cada vez mais, nfo poude prose- guir nessa publicagao, de que apenas sairam quatro numeros, sob o titulo de Nova Semana IMlustrada.. ; Morreu pauperrimo, depois de ter gerido grandes cabe- daes, na casa 4 rua Humaytd n. 32, de propriedade da vinva d, Anna Lacerda, em 15 de Novembro de 1882, aos 59 annos de edade, dos quaes 24 de residencia effectiva no Brasil. O seu corpo esteve exposto na antiga capella de Sao Gle~ mente, que ainda existe, e era entao pertencente quella vene~ radissima senhora, tendo sido inhumado no cemelerio de Sao Jofo Baptista, em sepultura rasa, achando-se hoje seus 08305 no Colwmbario daquelle cemeterio. Foi sempre um grande e bello espirito de amor patriotico 4 terra, 43 cousas e aos homens do Brasil, Amigo pessoal ¢ admirador de d. Pedro Il e da imperatriz d. Teresa Maria Christina, relacionado no Pago e bemquisto na mais alta roda da antiga corte que frequentaya assiduamente, comprazia-se em receber no seu lar os mais célebres vultos de politicos, es- eriptores e artistas do tempo, e agasalhar a0s extrangeiros illustres aqui aportados. Assim, Luiz Moreau Goltschalk, o célebre pianista ame- pieano que estréou no Rio de Janeiro em Maio de 1869, tocou a intimidade, primeiro em casa de Furtado Coelho, uma das glorias do palco brasileiro e director do Gymnasio Dramatico, @ residente nesse tempo 4 antiga rua do Cano, hoje Septe de Septembro n. 148 sobrado; depois na de Henrique Fleiuss, que era entao no largo de Sao Francisco n. 16; e, finalmente, na do dv. Severiano Rodrigues Martins, residente no campo da ‘Acclamagao n. 18, e quem alids assistiu aos Wiltimos momentos do genial artista fallecido nesta Capital, na Tijuca, ¢ passou- The o altestado de obito (Eseragnolle Doria, Artista d'outro tempo, j& citado). Sem eonta ¢, de facto, inestimaveis, foram o3 servicos prestades por Henrique Fleiuss ao Brasil, que tanto extreme- cia. A divulgacdo dos feitos das nossas tropas no Paraguai, a organizagio artistica da Primeira Exposig&e Nacional, @ crea- (fo de uma eschola de xylographia para meninos, o aperfei~ goamento © engrandecimento das artes graphicas no Rio de Janeiro — sfio 03 seus mais justos titulos 4 gratiddo nacional, 80" ANNO —SESSAO ESPECIAL, EM 11 DE SEPTEMBRO DE 1029 CONPERENGIA DO SR. MANUEL CICERO PEKRGRINO DA SILVA, 1” VICE~ PRESIDENTS DO INSTITUT, SOBRE O PATRIANCHA DOS JONAH LISTAS BRASILEINOS, HIPPOLYTO JOSE DA COSTA PEREIRA FURTADO DE MENDONCA — 1774-1823 "Presidencia do sr, conde de Affonso Celso, presidente perpetuo A’s 21 horas, abpe-se a sessdo com a presenca dos socios senhores conde de Affonso Gelso, Benjamin Franklin Ramie Galvio, Max Fleiuss, Agenor de Roure, Homero Baptista, Ma~ nuel Cicero Peregrine da Silva, Augusio Tavares de Lyra, Au- 8 Olympio Viveiros de Castro, José Maria Moreira Guimaraes, Rodolfo Garcia, Henrique Moriae, Pedre Souto Major, Raul ‘Tavares, Alfredo Ferreira Lage, coronel Libe- rato Bittencourt, Laudelino Freire, consetheira Joho de Oliv veira 34 Camelo Lampreia, Olymplo Arthur Ribeire da Fon- seca, Antonio Olympic dos Santes Pires e Eugenio Vilhena de Moraes. O sr. AceNon ve Roune (2° Secretario) 18, das Ephemerides Brasileiras, do barfo do Rio-Branco, as que se referem 4 data da sesso, O sr, CONDE DR ArroNnso Caso (presidente perpetue) dix que Hippolyto José da Costa Pereira Furtado de Mendonca tem direito a figurar entre os vultos bendictos dos preourse- res, collaboradores, propugnaiiores ¢ auctores da Independen- cia como Caird, José Bonifacio ¢ d. Pedro 1, ‘Tem direito a figurar tambem entre os nossos maiores

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