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SINOPSE

Tudo o que eu queria é que minha irmã Della estivesse segura e feliz. E
talvez, em breves momentos roubados, eu tenha sonhado com um final feliz
para mim mesma com um homem de olhos castanhos. Essa esperança se
transformou em medo agudo e brilhante. Só há sobrevivência agora.
Sou filha de um bilionário controlador e cruel, então entendo de poder. Mas
eu me vejo lutando de qualquer maneira. Eu me pego testando-os.
Eu tenho garras e eu mordo. Eu não vou cair sem lutar.
É como se eu tivesse um desejo de morte.
CAPÍTULO UM
LANDRY

O que eu fiz?
Nojo da minha ingenuidade faz meu estômago revirar. É o medo,
porém, que tem todos os músculos tensos e todos os pelos do meu corpo
em pé.
Eu fiz isso.
Para mim mesma. Para nós.
Della.
Eu tento ter uma noção do que estou fazendo, vasculhando seu quarto
em busca de pistas. É muito normal para esta situação. Sua cama está
desfeita desde a manhã anterior e as roupas estão espalhadas por todo o
chão. Há uma foto dele e de seus irmãos emoldurada e pousada em sua
mesa. Nada diz que ele é um sequestrador... ou pior.
Um soluço de horror tenta escapar, mas a mão de Scout está apertada
quase dolorosamente sobre minha boca. Seu braço em volta de mim é
poderoso e inflexível.
Estou presa.
Fui direto para o que ele preparou para mim.
Agora estou sozinha com Scout. No quarto dele.
Flashes do banheiro da faculdade atacam minha mente. Qualquer
prazer que eu pensei ter com isso é apagado em um instante. Qualquer que
seja a dor que ele me inflija desta vez, será pior porque não vou aproveitar
um segundo disso. Na sexta-feira, quando aconteceu, eu me preocupei com
ele. Achei que ele estava doente. Ansiava por seu toque e atenção. Precisava
da promessa de segurança que ele oferecia.
Que piada.
E eu sou uma maldita tola por cair nessa.
— Você não vai gritar — Scout diz, a voz fria e afiada como uma estaca
de gelo, perfurando seu caminho em meu coração. — Porque se você fizer
isso, eu vou fechar sua linda boca com fita adesiva. Além disso, você não
quer chatear sua irmãzinha.
Eu engasgo e lágrimas inundam meus olhos. Embora a vontade de
gritar e esperar que alguém ouça esteja no topo da minha lista de desejos,
sei que não vou. Não se isso significar arriscar a segurança de Della. Eu a
coloquei nessa confusão e vou ter que tirá-la disso.
— Você vai gritar? — Ele tira um pouco da pressão da minha boca e
roça o nariz no meu cabelo, o hálito quente fazendo cócegas na minha
orelha. — Hum?
Consigo balançar a cabeça, quase imperceptivelmente.
— Boa menina — ele elogia.
Lentamente, ele libera seu domínio sobre mim. Minhas pernas estão
tremendo tanto que se dobram. Ele agarra meu bíceps, me impedindo de
desmoronar completamente.
— O-o que você vai fazer comigo? — Eu exijo, a voz rouca de lágrimas.
— O que v-você quer de mim?
Seus polegares massageiam minha pele. Eu quero me livrar de seu
aperto, mas estou apavorada demais para me mover. Ele não responde
minhas perguntas.
— Onde está Della, sua aberração?
— Ela está bem. Apesar de tudo.
— Eu vou te matar se você a machucar — eu ameaço. O pânico cresce
dentro de mim. — Você me ouve?
— Ninguém está machucando a garota. — Ele pisca como se isso fosse
para me convencer. — Você a carregou o caminho todo? — Scout pergunta
em um tom aveludado que me seduz com uma falsa sensação de segurança.
— Não é à toa que você mal consegue ficar em pé sozinha.
Meus joelhos vacilam novamente. Seus dedos mordem minha carne
para que eu não caia. Se eu não posso ficar de pé, como diabos eu espero de
alguma forma pegar minha irmã e fugir? Está além da minha capacidade.
Então, está acima de mim, estou me afogando.
Alguém bate na porta atrás de nós e eu grito.
— Scout — uma voz profunda rosna. — Abra esta porta.
— Não posso, Sparrow — Scout grita, sorrindo para mim. — Eu e a
senhora estamos tendo uma discussão.
Sparrow. Fiz sexo com Sparrow no carro dele. Chevy.
— Chevy, por favor — eu resmungo, implorando ao outro homem para
me ajudar.
Scout balança a cabeça para mim. Sparrow bate outro punho na porta
me fazendo pular.
— Abra a maldita porta. Não vou pedir duas vezes — avisa Sparrow.
— Ou o quê? — provocações de escoteiros. — Você vai bufar, você vai
soprar e depois explodir a porta? — Ele ri. — Esta porta é sólida. Você não
está passando.
Sparrow bate outro punho contra a madeira. — Porra!
Seus passos pesados se afastam, deixando-me sozinha com essa
pessoa louca.
— Eu não posso... eu não posso... — Eu tento sugar o ar, arranhando
minha garganta e me perguntando por que não consigo respirar.
A sala gira e escurece. A cada tentativa malsucedida de trazer ar para
os meus pulmões, fico mais tonta e mais tonta do que antes.
Ajude-me. Alguém me ajude.
As lágrimas continuam a escorrer pelo meu rosto, mas o ar ainda é
difícil de obter. Um manto de escuridão cobre minha linha de visão, me
cegando para tudo. Meus pés se movem, mas não por minha própria
vontade. Ele está me pegando, eu acho. O mundo fica completamente preto
e sem som.
Tudo fica em foco novamente, embora eu não tenha certeza de
quanto tempo fiquei inconsciente e fora. Agora estou em uma cama que
cheira a fumaça, como se estivesse deitada em cima do cobertor favorito do
diabo. O ar frio beija minhas coxas, acelerando meu coração.
— O-o que você está fazendo? — Eu resmungo, olhos frenéticos
encontrando os dele.
— Despindo você.
— N-não!
— Essa palavra não funciona aqui. — Ele me dá um sorriso sinistro
antes de me despir completamente do meu jeans. — Lembre-se, você
prometeu não gritar.
Ele vai para a minha calcinha em seguida. Posso ter prometido não
gritar, mas não disse nada sobre não lutar. Com toda a força que consigo,
dou um chute nele, acertando- o no centro do peito. Se eu o machuco, ele
não vacila. Apenas sorri. Assustador e indicativo do que está por vir.
— Quanto mais você luta, mais eu gosto disso.
Eu não deveria dar a ele o que ele quer, mas eu também não posso
ficar parada enquanto ele me despe. Eu sou capaz de arranhar seu rosto
muito bem, ganhando um rosnado vicioso. É isso. Com muita facilidade, ele
arranca o resto da minha roupa, deixando-me nua e exposta.
— Você pode andar ou eu posso te carregar. Sua escolha — ele
resmunga, olhos quase pretos perfurando em mim. — Decida ou eu decido
por você.
Sparrow deve estar de volta porque as batidas na porta continuam.
Scout age como se não ouvisse.
— Faça sua escolha — murmura Scout. — Três, dois…
Não sei para onde ele espera que eu vá, mas prefiro andar nua do que
deixá-lo me carregar. Trêmula, eu me sento enquanto ele conta até um e
vou até o final da cama. É uma tentativa inútil, mas tento cobrir os seios com
o braço e entre as coxas com a outra mão. Deixa minha bunda à mostra, mas
isso é melhor do que nada.
Seu olhar faminto varre minha carne e ele sorri para minha mão
cobrindo minha boceta. — Ande. No banheiro.
Não estou ansiosa para tê-lo nas minhas costas, mas não tenho outra
opção. Afastando-me dele, eu cambaleio no meu caminho para o banheiro.
Lá dentro, a banheira está cheia de bolhas, cheirando a lavanda.
As batidas na porta do quarto estão abafadas agora.
— O que é isso? — Eu exijo.
— Você não está dormindo na minha cama cheirando como um rato
de rua.
Dormindo na cama dele?
Outra nova onda de pânico atinge minha corrente sanguínea.
— Entre. — Ele faz sinal para o banho. — Agora.
Eu não posso me mover. Meus pés permanecem plantados no chão de
ladrilhos, machucados e doloridos da minha longa caminhada. Suas palmas
quentes em meus quadris, no entanto, me fazem deslizar com seu toque. Eu
quase me enrolo na minha tentativa de escapar dele. No segundo em que a
água quente toca meu pé dolorido, eu gemo. Não da dor. Realmente parece
muito bem.
Afundando na água quente, de bom grado me escondo sob a espuma
para evitar seu olhar investigativo. Eu coloco meus joelhos no meu peito,
abraçando-os a mim e descanso meu queixo em cima deles.
— Melhor?
Meus olhos cortam para ele e eu o encaro. — Foda-se.
Sua risada é profunda e perversa. — Boca imunda, garota imunda.
Ignorando-o, tento entender minha situação. Como cheguei aqui. O
que vai acontecer comigo e Della. Os eventos desta noite continuam se
acumulando.
Papai está vivo ou eu o matei?
Se ele estiver vivo...
Por uma fração de segundo, sou grata por termos escapado dele.
Posso fingir que estamos na casa de Ty, seguras e protegidas, não na cova
dos leões.
— Por que você está fazendo isso? — Minha voz sai como um sussurro
trêmulo. — Por que, Scout?
— Porque eu posso. — Ele ronda até a banheira e se senta na beirada.
— Você é meu prêmio - nosso prêmio.
Ele não está fazendo nenhum sentido, mas agora que está falando,
não quero que ele pare. Eu preciso de respostas. Eu preciso descobrir como
diabos eu vou sair daqui.
— Eu quero minha irmã.
— Sua irmã está dormindo. Não se preocupe. Ela está com o molenga.
Esses três homens me enganaram com uma falsa sensação de
segurança, me beijaram, eram íntimos de mim, e eu não deveria me
preocupar. Certo.
— Eu não entendo — eu admito, meu lábio inferior tremendo. — Por
que eu? Por que nós?
— Você era um trabalho, princesa espinhosa.
— Um trabalho. — Meu sangue esfria em sua admissão. — Qual era
exatamente o seu trabalho?
— Um pouco disso. Um pouco daquilo.
— Sério? Essas respostas são patéticas — eu digo com falsa bravata. —
Você é patético.
— Oooh, a gatinha tem garras.
Eu quero arrancar os olhos dele.
— O que eu sou para você agora? — Eu exijo em vez disso.
— Você é nossa. Por um trabalho bem feito.
Eu aperto meus olhos fechados, escorrendo mais lágrimas quentes
pelo meu rosto. A água acalma meus pés machucados e músculos doloridos,
mas não faz nada pela ansiedade que me agarra e rasga minha mente.
— Fizemos um favor a você — ele murmura, seus dedos percorrendo
minha espinha.
Estremecendo com seu toque, eu me afasto dele e vou para o outro
lado da banheira.
— Um favor? — Eu exijo em um tom estridente. — Você está louco?
— Assim dizem. Sully pensa assim. Sparrow diz isso.
— Eu quero falar com ele — eu digo, levantando meu queixo. —
Sparrow.
Ele me estuda por um instante, o olhar percorrendo cada centímetro
das minhas bochechas manchadas de lágrimas antes de colocá-lo em meus
lábios. — Não.
— Por que não? — Eu balanço minha cabeça em confusão. — Você
acabou de dizer que eu era um prêmio para todos vocês.
Sully e eu nos beijamos. Várias vezes. Ele era tão bom com Della.
— Eu não disse nunca. Mas a resposta para agora é não. — Ele estala o
pescoço e então se levanta, seu corpo vestido de preto pairando sobre mim
como uma nuvem de tempestade. — É a minha vez. Eles terão a deles.
Ele chega atrás de seu pescoço e puxa sua camisa preta. A carne
musculosa e tatuada em seu abdômen é revelada lentamente enquanto ele
remove o material. A obra de arte pintada em sua pele é linda – ele é lindo –
mas nada mais é do que uma armadilha para atrair suas vítimas. Sua mão vai
para o botão de seu jeans preto.
— O-o que você está fazendo? — Eu tento me fazer o menor possível,
pressionando contra a lateral da banheira. — Fique longe de mim.
Ele me ignora, empurrando seu jeans pelas coxas. Cueca boxer preta
molda sua ereção grossa que se estica contra o material. Ele está duro. Para
mim. Para esta situação doentia em que estamos.
Eu quero correr, mas minhas opções são limitadas. Estou nua e em
menor número. Sem mencionar que minha irmã está aqui em algum lugar
deste apartamento. Eu preciso pensar. Traçar uma fuga. Correr e lutar
contra qualquer um deles é inútil, pois todos são muito maiores e mais
fortes do que eu.
Isso vai exigir mais do que força física.
Pense, Landry. Supere os monstros.
Inferno, eu tive bastante prática com papai ao longo dos anos. Eu sou
uma mestre em fingir. Esses homens acham que podem me manter como
um prêmio fodido. Não sou o prêmio de ninguém, nem minha irmã.
Ele joga sua boxer para longe. Eu mantenho meus olhos focados na
borda da banheira. A água borbulhante sobe a cada passo e depois atinge
perigosamente a borda superior quando ele coloca seu peso na água.
— Aproxime-se — ele ordena, como alguém chamaria um cachorro. —
Agora.
Eu encontro seu olhar, derramando cada gota de ódio que posso nele.
Se meus olhos fossem uma arma, ele seria massacrado, queimado em
pedaços, irreconhecível. Seus lábios se curvam em um sorriso diabólico. Não
é divertido. Mais como se ele estivesse sorrindo com a ideia de rasgar minha
garganta com os dentes. Morte certa.
Tremendo sob o frio de sua atenção, eu abraço minhas pernas com
mais força. Minha tentativa de ignorá-lo não funciona porque ele me agarra
e me arrasta entre suas pernas. Eu sou incapaz de resistir quando ele
fisicamente arranca meus braços das minhas pernas.
— Relaxe — ele murmura contra o meu ouvido. — Relaxe ou serei
forçado a obrigá-la.
Não tenho certeza do que isso implica, mas prefiro ter controle total
de mim mesma. Demora várias respirações profundas e irregulares até que
eu consiga me acalmar o suficiente para endireitar minhas pernas. Seu peito
está quente contra minhas costas e seu pau está latejando entre nós.
Ele vai querer que eu faça sexo com ele?
O pensamento de ser forçada a isso quase me deixa enjoada. Se eu
lutar, vai doer. Se eu gritar, Della pode se machucar. Vou ter que levar.
— Você me lembra muito ela — Scout murmura, acariciando minha
barriga sob a água. — Não na aparência nem nada. É o fogo em seus olhos.
Eu anseio por extingui-lo.
Psicopata.
— Eles não gostavam de Ash como eu gostava dela. Eles não eram
obcecados. — Ele arrasta os dedos para cima, traçando sob o meu peito. —
Você, por outro lado. Você é muito especial, Landry.
— Então é isso que vocês três fazem? Encontrar uma pobre garota, a
enganam e depois compartilham? — Eu zombo dele. — Vocês são
realmente fodidos.
— Teremos uma reunião de família em breve para discutir seu destino
— ele me assegura, sua voz baixando algumas oitavas, — e então a diversão
pode começar.
CAPÍTULO DOIS
SULLY

Porra. Porra. Porra. Porra.


Ando de um lado para o outro no meu quarto, incapaz de desviar o
olhar da forma adormecida de Della enterrada sob o edredom na minha
cama. Ela vai pirar quando acordar, especialmente quando sua irmã não
estiver em lugar nenhum.
Maldito Scout.
Eu vou matar meu irmão. Claro, houve momentos em que eu quis dar
uma surra nele, mas esta noite eu realmente quero colocar minhas mãos em
volta de sua garganta e sufocá-lo.
Isso não vai acontecer.
Porque Sparrow e eu deixamos que ele a levasse para o quarto dele.
Ele está lá fazendo só Deus sabe o quê. Nós o deixamos. Nós o deixamos.
Embora, pelo que parece, Sparrow rapidamente caiu em si porque
está tentando derrubar a maldita porta desde então. Estou um pouco feliz
por Della ser surda nesta situação porque ela não vai ouvir nada do que está
sendo dito. E mesmo que eu não tenha impedido Scout imediatamente,
porque eu queria proteger Della da cena, não significa que eu não vou.
Assim que tenho certeza de que Della não vai acordar, saio do meu
quarto e vou até o quarto de Sparrow. Ele não está lá e a porta do Scout está
fechada. Landry não tem gritado, mas isso não significa nada. Conhecendo
Scout, ele provavelmente a amordaçou.
Ou a nocauteou.
O pensamento dele batendo nela inflama o sangue em minhas veias
fazendo cada centímetro de mim ardente de fúria. Eu quase bato em
Sparrow quando ele vira o corredor, uma chave de fenda grande em seu
punho. Suas narinas se dilatam e cada veia em seu pescoço salta.
— Mova-se — ele grita. — Eu não posso acreditar que ele estragou
tudo de novo.
— Não, ele ainda não fez isso. Atualmente, ele está fodendo tudo. —
Esfrego a palma da mão no rosto. — Nós temos que atravessar naquela
porta.
Os olhos de Sparrow escurecem. — Eu estou trabalhando nisso.
Eu o sigo até a porta do Scout, ouvindo qualquer som de terror. Está
quieto.
— O que ele planeja fazer com ela? — Eu pergunto, franzindo a testa
enquanto Sparrow enfia a ponta chata da chave de fenda no batente da
porta.
— Foda-se se eu sei. — Ele grunhe e seu bíceps flexiona enquanto ele
tenta enfiar a chave de fenda entre a madeira. — Temos que tirá-la de lá.
— Nós podemos tentar, mas você conhece nosso irmão? Ele não gosta
quando tiramos suas coisas dele.
— Ele vai se foder.
— Abordar Landry é uma coisa, mas cara, nós temos uma porra de
uma criança dormindo no meu quarto. Você sabe o quão ruim isso vai ficar?
— Eu começo a andar de um lado para o outro no corredor, estalando meus
dedos repetidamente. — Isso é pior do que Ash. Isso é sequestrar uma
criança mais qualquer merda que ele esteja fazendo com Landry agora.
— Ela não está gritando. — Sparrow grunhiu. — Espero que isso
signifique que ele ainda não fez nada estúpido.
— É melhor ele não estar transando com ela. — Meu estômago se
revira com essa ideia.
— Eu vou matá-lo se ele a estuprou. Então me ajude, Sully.
Está muito quieto. Acho que se ele a estivesse machucando, nós
ouviríamos. Mesmo que ele estivesse de alguma forma fazendo com que ela
fizesse sexo com ele de boa vontade, acho que ouviríamos alguma coisa. O
pavor se enrola em minhas entranhas como uma cobra venenosa.
— A água estava correndo — Sparrow murmura. — Acho que ele
encheu a banheira.
A madeira estala e geme, mas a porta não abre.
Incapaz de manter a calma por mais tempo, começo a bater na parede
ao lado da porta, com força, para que ele saiba que não estou brincando. —
Deixe-nos entrar, idiota!
— Dê-nos quinze minutos — Scout grita. — Então teremos uma
reunião de família na sala de estar.
— Scout — eu rosno, o tom da minha voz dizendo tudo o que eu não
digo.
É melhor você não machucá-la.
Sua risada ressoa além da porta. — Não se preocupem, rapazes.
Vamos sair em breve e então você pode verificar com seus próprios olhos
para ter certeza de que ela está ilesa.
Mesmo que ele esteja sendo um idiota, eu posso dizer que ele não
está mentindo. Ele não a machucou. Ainda. Com Scout, há sempre a
promessa de perigo futuro.
— Faça em cinco — eu grito. — Estamos falando sobre isso agora.
Scout vai machucá-la. É só uma questão de tempo. Não podemos
deixar isso acontecer. Não depois de tudo que ela passou com o pai.
Sparrow fica chateado e joga a chave de fenda no corredor. Ele
perfura o gesso. Ele começa a chutar a porta como se isso fosse funcionar.
Não. Eventualmente, ele fica chateado e foge. Eu o sigo com um suspiro,
esperando que Scout esteja honrando sua palavra. Mas cinco minutos é
tudo o que ele tem antes que eu deixe Sparrow começar a bater na parede
para entrar em seu quarto.
Vários longos minutos depois, o som de uma porta se abrindo no
corredor me fez enrijecer. Eu posso ouvir pés andando em nosso caminho.
Primeiro, Landry aparece, com as pernas nuas vermelhas provavelmente de
um banho quente. Ela está vestindo uma das camisetas pretas de Scout que
quase a engole inteira. Seus olhos estão vermelhos de tanto chorar e seu
cabelo louro-dourado está molhado nas pontas. Ela abraça sua cintura, se
afastando de Scout enquanto ele se aproxima por trás em nada além de um
par de moletom cinza de cintura baixa.
— Sente-se — ordena o Scout. — Ou comigo ou com um deles. Mas
você vai se sentar.
Seu rosto queima carmesim. Eu não posso dizer se ela está apavorada
ou chateada. Provavelmente ambos. Ela olha para Sparrow, curva o lábio
para cima como se ele a repugnasse, e caminha até mim.
— Quero ver minha irmã. Preciso ver Della. Por favor. — Lágrimas bem
em seus olhos vermelhos e seu lábio inferior treme. — Estou com tanto
medo.
Meu coração afunda. Eu quero dar um soco na boca do Scout por isso.
— Ela está dormindo na minha cama — eu asseguro a ela. — Eu não
vou deixar nada acontecer com ela.
Embora ela não tenha recebido a resposta que queria, ela encontra
alívio nisso, me dando um breve aceno de cabeça. Então, ela se aproxima e
estremece. Por impulso, eu a puxo em meus braços. Ela está dura, mas não
resiste. Eu me sento no sofá, puxando-a para o meu lado, e então atiro a
Scout um olhar questionador.
Os lábios de Scout estão torcidos de um lado. — Eu gosto dela. Ela tem
um espírito de luta.
— Foda-se, seu monstro — ela sussurra baixinho.
Sparrow ataca Scout, acertando-o na mandíbula e jogando-o no chão.
Scout ri como o louco que é e se levanta.
— Olha — Scout diz com um sorriso maligno. — Ela tem Sparrow
entrando em modo de fera alfa.
Eu aumento meu aperto em torno dela e balanço minha cabeça em
exasperação. — Cala a boca, cara.
— Isso não é divertido? — Scout pergunta, me ignorando
completamente. — Nós três obcecados pela mesma mulher como nos
velhos tempos?
— Landry… — Sparrow começa.
Ela o interrompe com um aceno brusco de sua mão. — Não fale
comigo.
Scout ri, piscando para mim. — Vê? Divertido.
— Meu pai virá me procurar — Landry ameaça. — Você não acha que
ele vai perceber que o tutor de sua filha de repente não está aparecendo
para trabalhar? Ele rastreará Ford até vocês três monstros e depois aqui.
— Não — Sparrow rosna. — Ele não vai. Pelo menos, não será fácil
para ele. Este apartamento nem está em nosso nome.
Ela estremece em meus braços.
— Suas ameaças não funcionam. Nós dois sabemos que você não quer
que papai venha salvá-la, princesa espinhosa. — Scout se aproxima de nós e
se senta do outro lado. — Ele é o verdadeiro vilão aqui.
Ela se afasta dele, seus dedos cavando em meu peito como se ela
pudesse se enterrar dentro de mim para escapar do meu irmão. Ele dá um
aperto na coxa dela que a faz estremecer. Sparrow o encara como se fosse
fazer alguma coisa, mas todo mundo sabe que ele não vai. Ele não conseguiu
fazer nada até agora.
O que significa que ela está confiando em mim.
— Ela é inteligente — Scout diz, como se ele estivesse revelando
algum grande segredo para nós. — Ela vai nos manipular e tentar colocar
cada um de nós um contra o outro. Mas ela não tem ideia do poder dos
trigêmeos, não é? Passamos por muita coisa e ainda somos parceiros do
crime.
Eu olho para ele por cima de sua cabeça, implorando para ele seguir
em frente com sua pequena produção. Ele se aquece em meu
aborrecimento por um segundo antes de me dar um encolher de ombros.
— Seu pai idiota vai estar procurando por ela — eu o lembro. — Não
vai demorar muito para que ele vire esta cidade inteira de cabeça para
baixo.
— Foda-se — Sparrow cospe. — Ele não pode recuperá-la.
— Eu não sou problema seu — Landry sussurra. — Apenas um
trabalho, lembra? Vamos. Você não terá problemas.
Sparrow e eu vacilamos. Scout não consegue ficar de boca fechada.
— Mas eu já te prometi uma festa do pijama na minha cama — Scout
a lembra.
— Não — Sparrow e eu gritamos ao mesmo tempo.
— Quero ficar com Della — Landry grita. — Por favor.
— Não pode fazer. — Scout encolhe os ombros. — E desculpe,
maninhos, mas vocês cochilaram, vocês perderam. Eu a reivindiquei
primeiro.
Porra, porra. Por que ele tem que ser um idiota?
— Por favor, não me faça ir com ele de novo — Landry implora em um
sussurro suave que só eu posso ouvir, enterrando o rosto no meu peito. —
Por favor, por favor, por favor.
Isso me faz querer pegá-la em meus braços, carregá-la para o meu
quarto e trancar meus irmãos fora para sempre. O que eles não vão
permitir.
— Vai ser tão divertido — Scout continua. — Para ver quem se encaixa
primeiro. Minha aposta é em Sparrow.
Sparrow se encaixa bem. Ele parte para Scout, um brilho assassino em
seus olhos, mas é interrompido pela voz de Landry.
— Della!
A garota corre para a sala, olha em volta confusa, e então começa a
falar comigo. Ela puxa minha camisa.
— Tão complicado — Scout diz em uma voz profunda como se
estivesse narrando. — A heroína quer ir com a princesa, mas a princesinha
quer que o leão de grande coração a coloque na cama.
Eu ranjo meus dentes juntos.
— Você é um idiota — Sparrow cospe.
— Sully — Landry implora.
— Eu vou cuidar de Della — eu prometo.
Eu posso ver isso em seus olhos lacrimejantes. Ela sabe que ficar calma
para Della é a melhor coisa que ela pode fazer agora.
— Ele vai me machucar? — Landry pergunta com um soluço sufocado.
Meu peito aperta e meu coração faz um aperto doloroso. — Querida…
— Ele não vai te machucar — Sparrow rosna. — Você vai?
Scout balança a cabeça, um sorriso inocente no rosto. — Nunca. Eu
não a machuquei esta noite e eu tinha sua linda boceta nua e ao alcance.
Não foi?
— Se ela não quer ser tocada — Sparrow sussurra, — Não toque nela.
Estamos entendidos? E mantenha a porta destrancada.
Scout faz um movimento de cruzar seu coração.
— Você é um psicopata — ela retruca. — Te odeio.
— Não muda nada — Scout diz, levantando-se. — Hora de dormir,
Cachinhos Dourados.
Eu corro minha palma sobre suas costas no que eu espero que seja
uma maneira tranquilizadora. Com base em seu estremecimento encorpado,
eu diria que ela não está nada tranquilizada. Não importa. Ela vai chegar lá
eventualmente.
Vamos fazê-la chegar lá. Porque não há volta disso.
— Eu preciso levar Della para a cama — murmuro para ela. — Você
tem isso.
Eu me sinto como um idiota absoluto, mas que escolha temos agora?
A última coisa que precisamos é de um garoto derretendo em cima de tudo.
Scout a maltrata até que ele a tenha trancado em um transporte
nupcial. Ela se contorce e choraminga lamentavelmente.
— Se você se forçar a ela — Sparrow o lembra com um rosnado. —
Será a última coisa que você fará.
Scout se vira para encarar nosso irmão e sorri. — Não se preocupe.
Tudo que eu faço com ela, ela vai implorar.
CAPÍTULO TRÊS
LANDRY

O medo que Scout evoca dentro de mim começa a se transformar. Em


um segundo, estou apavorada, e no seguinte, quero matá-lo. Seus olhos de
chocolate derretido me fixam, um brilho de conhecimento neles.
Ele vê a transformação.
Isso o excita.
Isso só me irrita mais. Eu coloco cada grama de ódio que posso em
meu olhar, afugentando os tentáculos persistentes do medo com raiva
ardente.
Com meu pai, tive que dançar em volta do monstro, fazendo um
delicado jogo de faz-de-conta, porque precisava distraí-lo para proteger
Della.
Este monstro – todos os três – são diferentes do papai. Embora eu
esteja em menor número, não me sinto superada. Eles têm pontos fracos e
eu os descobrirei.
Scout chega a sua cama e sua expressão fica em branco. Desconforto
formigando através de mim pressionando profundamente em minha carne,
rasgando os músculos e raspando os ossos. Ele me coloca em sua cama com
uma gentileza surpreendente que faz meu sangue gelar, apreensão como
chuva gelada.
Ele se vira e manca até a porta, fecha-a e vira a fechadura. Um tremor
de medo vem à tona e estou desapontada com a facilidade com que minha
bravura se esvai agora que estou sozinha com ele. Eu tento controlar a raiva,
mas com ele apagando a luz e rondando na minha direção, é impossível.
Estou no modo de luta ou fuga.
— Sparrow disse para não trancar — eu engasgo, gesticulando para a
porta. — E se Della precisar de mim?
Ele faz uma pausa por um momento e então surpreendentemente
abre a fechadura. Eu gostaria que isso me fizesse respirar mais fácil, mas isso
não acontece.
A luz do banheiro me permite ver sua forma se aproximando, mas
grande parte de seu rosto está sombreado. Não é até que ele coloca um
joelho na beirada de sua cama e esta range com seu peso que eu tento fugir.
Tarde demais.
Sua mão agarra meu tornozelo, apertando até que eu não possa
escapar, e ele me arrasta de volta para o centro da cama. Um gemido rasteja
para fora da minha garganta enquanto ele prende meu corpo com o seu
sólido, muito mais forte.
— Você não pode fugir, então pare de tentar. — Suas palavras ásperas
são quentes enquanto são sussurradas em meu rosto, mas me gelam até os
ossos. — Você é nossa agora.
A fuga falhou.
Hora de lutar.
Desesperadamente cavando fundo dentro de mim, eu procuro minha
raiva anterior e uso a explosão de calor ardente para atacá-lo. Minhas unhas
marcam sua bochecha, o suficiente para tirar sangue, mas então sua mão
enorme prende meu pulso na cama. E o outro.
Presa sob um monstro.
Não seria a primeira vez.
Cuspo nele, satisfeita quando ele fecha os olhos contra o ataque
repentino. Sangue pontilha as marcas de arranhões e saliva respinga em seu
rosto.
Espero que ele seja infectado e morra.
Seus olhos reabrem e estou presa agora, sob o peso de seu olhar
sufocante. Sob seu olhar duro, há uma escuridão da qual não quero chegar
perto, muito menos explorar. E embora eu queira escapar disso, estou
sendo sugada.
Para o vazio.
Enrolada em um buraco negro.
Eu suspiro por ar, certa de que vou asfixiar com a toxicidade de sua
maldade. Fechando meus olhos, eu tento recuar. Já funcionou antes,
quando confrontada com pesadelos que ganham vida.
— O que ele fez pra você?
Sua voz aveludada quase parece uma carícia no meu rosto. Estou
assustada com a pergunta, e ainda mais com a curiosidade genuína pulsando
de suas palavras.
— Quem? — Eu resmungo.
Ele esfrega o nariz no meu. — Seu pai.
Estando presa no domínio inflexível de Scout, me sinto exposta. Corte
aberto e exposto. A crueza deste momento cheira a desespero podre e
memórias que infectam todo o meu ser. Há coisas que não quero lembrar,
muito menos compartilhar com outra pessoa. Especialmente não ele. Meu
mais novo monstro.
— Foda-se.
Seus lábios roçam sobre os meus, e por uma fração de segundo,
considero inclinar minha cabeça para encorajar um beijo para que ele não
invada as profundezas da minha miséria cuidadosamente escondida.
— Isso é muito mais do que uma boceta bonita para mim — ele
murmura, pontuando suas palavras com um movimento sensual de seus
quadris que faz meu corpo ganhar vida. — Muito mais.
Eu tento me livrar de seu aperto, mas ele balança os quadris e se move
até que ele está com sucesso entre minhas coxas. Estou nua sob esta
camiseta, então posso sentir cada centímetro de aço de seu pênis excitado.
— Diga-me, princesa espinhosa — ele canta, girando lentamente os
quadris — o que o pai mau fez para fazer você não apenas fugir, mas
também roubar a filha dele. Porque ele bateu em você?
Isso é demais.
Uma coisa é ser prisioneira de Scout, mas ser forçada a contar os
horrores do meu passado parece a tortura final.
— Não — eu cuspo. — Você não sabe nada sobre mim.
— É horrível, não é? Mais do que apenas bater em sua filhinha. —
Seus olhos se estreitam. — Você prefere foder do que me dizer, hmm?
Na verdade, sim.
Eu tento calá-lo levantando minha cabeça, procurando sua boca.
Distração é em que eu sou boa. A distração funciona a meu favor. Meus
lábios se fundem aos dele e eu o beijo de uma forma violentamente carente.
Qualquer coisa para calá-lo e sua linha de pensamento.
Seus dentes mordem meu lábio inferior e então ele chupa minha
língua. Tudo enquanto balançava lentamente seus quadris. Se ele não fosse
um psicopata que me enganou, eu quase diria que isso é... quente.
Mas ele é e não é.
Ele arrasta meus pulsos para cima da cama, acima da minha cabeça, e
usa uma mão para agarrá-los. Meu peito arfa com nervosismo. Agora que
ele liberou uma mão, ele a desliza entre nós e a desliza por baixo da minha
camiseta. Seu toque quente sobre minhas costelas não deveria ser
emocionante. Eu me odeio - e a ele - que isso aconteça.
— Eu não vou te foder — ele murmura, sua palma cobrindo meu
peito. — Pelo menos ainda não.
Eu mordo meu lábio inferior, meu coração alojado na minha garganta.
Suas palavras não são reconfortantes porque ele está olhando para mim
daquele jeito penetrante que diz que fará o que for preciso para tirar
informações de mim.
— Diga-me o que seu pai fez com você e eu vou deixar você ir.
— Você vai nos deixar sair?
Ele ri, as vibrações disto tremendo através de mim e sacudindo a
cama. — Eu quis dizer para a noite.
— Não.
— Ahh, então vale mais do que a liberdade temporária. — Ele arqueia
uma sobrancelha, me lembrando Sparrow. — O que você quer, então, em
troca?
Ele está realmente negociando com meu passado traumático?
— Ninguém machuca Della. Nunca. — Honestamente, isso é tudo que
me importa neste momento. Nem eu, nem esses trigêmeos terríveis, nem
meu pai horrível. Somente ela.
— Você vai nos deixar te machucar em vez disso? — Ele está me
provocando, quase flertando, e eu odeio a forma como meu corpo cora com
suas palavras brincalhonas.
— É o que eu faço, idiota. — Eu olho para ele. — Sempre eu sobre ela.
Sempre.
Sua diversão desaparece e suas sobrancelhas se juntam. Ele belisca
meu mamilo por baixo da minha camiseta. — Você tem meu voto solene.
Ninguém machuca Della. Nunca. Agora me diga. Por que você está fugindo
do seu pai?
Eu engulo em seco, odiando que eu vou ter que expressar algo que eu
realmente não quero falar. Mas, se isso significa ter acesso à minha irmã,
então é necessário.
— Ele é abusivo — murmuro, lançando-lhe um olhar duro. — Ele é
cruel com Della. Ela a pune por ser surda. Sempre que possível, tento ser a
barreira entre eles.
Seu corpo está tenso com a tensão e seu aperto em meus pulsos
parece que está derretendo em ferro, algemando-me de uma maneira que
nunca pode ser quebrada. — Então você o provoca para bater em você?
— Provocá-lo? — Minhas palavras o chicoteiam no rosto, furiosas e
horrorizadas. — Por que eu iria provocá-lo? — Eu balanço minha cabeça,
odiando que as lágrimas estejam se formando. — Isso se chama protegê-la.
— Então, ele bate em você em vez disso?
Eu tento me mover sob seu peso, mas seu corpo está muito pesado.
Estou presa. Incapaz de se mover, incapaz de fugir dessa linha intrometida
de questionamento. — Às vezes. Principalmente, eu tento distraí-lo.
— Como?
Minha pele está coçando e o sangue em minhas veias é uma borra
oleosa. O banho de antes parece a eras de distância. Eu anseio por tomar
um banho quente, esfregando minha pele até que eu esteja limpa
novamente.
— Landry, como?
O tom suplicante e quase desesperado de sua voz se crava em meus
ossos. Ele não deveria se importar. Monstros não se importam.
Especialmente não monstros que te sequestram e que te forçam a tomar
banho com eles e deitar seminua na cama deles.
— Como você o distrai? — Suas palavras são mais exigentes desta vez,
atadas com fios ardentes de raiva. — Diga-me.
Eu tento beijá-lo de novo, mas ele está dentro dos meus jogos, se
afastando assim que nossas bocas roçam. Um gemido suplicante me escapa.
— Eu vejo. — Seus lábios endurecem em uma linha sombria.
Ele vê?
Ele não pode ver. Ninguém pode ver.
— Não é assim — eu digo, precisando que ele entenda que não é o
que ele está pensando.
O que ele está pensando?
Que sou doente.
Ele acha que sou doente.
— Eu posso ver você me julgando. — Meu tom é estridente. — Pare
de julgar o que você não sabe nada.
Sua cabeça inclina para o lado, me estudando com mais intensidade
do que antes. — Julgando você?
— Está escrito em todo o seu rosto. Como se você tivesse algum
espaço para julgar a mim e minha vida. Você é um sequestrador e um
mentiroso.
Eu estremeço, nem mesmo um pouco de repulsa, quando seu polegar
desliza sobre meu mamilo novamente. Ele brinca com o nó endurecido.
Surpreendentemente, eu não odeio seu toque.
— Ele... você sabe... — Ele para, sua expressão ficando tempestuosa.
— O que? — eu provoco. — Me tocou?
Se fosse assim tão simples.
O toque implica suavidade, exploração, uma necessidade de sentir
fisicamente.
Era mais do que toque.
Foi uma invasão. Uma aquisição completa. Uma infecção da qual
nunca vou me recuperar.
— Você está com raiva — diz ele, surpreso. — Interessante.
— Minha raiva lhe interessa?
— É mais atraente para mim do que sua tristeza.
— Tão feliz que eu posso entretê-lo — eu falo. — Me deixe ir.
— Por que? Isso não vai te tirar do tempo da história.
— Scout. Me deixe ir.
— Vou negociar.
O mal estar rola em meu intestino. — Negociar o quê?
— Sua camiseta pela sua liberdade. — Ele sorri. — Não é liberdade
total. Apenas liberdade enquanto estiver na minha cama.
Então eu vou ficar completamente nua, mas ele não vai me segurar.
Não é um negócio justo, mas é melhor que nada. Estou praticamente nua de
qualquer maneira. Pelo menos agora terei minhas mãos livres.
— Tudo bem — eu concordo. — Agora solte.
Ele solta, para minha surpresa. E, fiel à minha palavra, tiro a camiseta,
jogando-a fora. Ele desce da cama e vai mancando até o banheiro. Aproveito
o adiamento para me esconder sob o lençol e o cobertor para colocar uma
barreira entre nós. A luz do banheiro se apaga e eu fico na escuridão
completa.
Seus passos reveladores se aproximam e então a cama range
novamente com seu peso. Meu coração está vibrando descontroladamente
no meu peito. Ele desliza sob as cobertas, para meu aborrecimento, e então
seu corpo duro e quente se aproxima do meu.
Nu.
Nós dois estamos nus.
Este jogo fodido que ele está jogando me irrita. Se ele quer fazer sexo
comigo, eu gostaria que ele já fizesse isso. Eu odeio essa antecipação do que
ele pode fazer a seguir. Ele continua virando a mesa e me deixando
desorientada.
— Quantas vezes? — ele pergunta, sua voz um sussurro grave
enquanto sua mão me procura, parando na parte inferior da minha barriga.
Eu luto para não pensar nisso, mas é difícil quando estou banhada na
escuridão. Minhas memórias e pensamentos estão piscando na minha
frente, me forçando a assistir tudo no replay.
— Chega — eu jogo para fora.
O silêncio se abate sobre nós e eu quero gritar, interrompendo-o.
Estou congelada, assistindo o show de horror se repetindo em minha mente
repetidamente, uma tortura pior do que qualquer coisa que Scout jamais
poderia sonhar.
Dor. Horror. Nojo. Traição.
Eu não posso escapar do ataque de emoções batendo contra mim.
Arrepios frios e profundos me percorrem. Não é até meus dentes
começarem a bater que Scout faz um movimento. Ele facilmente vira meu
corpo e me puxa para ele.
Tudo em mim implora para resistir, mas seu corpo quente e braços
fortes ao meu redor fornecem um consolo da tempestade em que estou
presa. Com lágrimas encharcando seu peito, eu me agarro a ele. Meus
soluços silenciosos podem ser sentidos, sacudindo a cama, mas não ouvidos.
Este abraço nu com meu captor é muito íntimo, mas é a única coisa que me
dá conforto neste momento.
Você está segura.
Você não está lá. Em casa.
Finalmente, depois de vários minutos, minhas lágrimas param de vazar
e o choro dá lugar a soluços e gemidos suaves. Fecho os olhos, mais exausta
da última hora do que da minha caminhada pela cidade carregando uma
criança.
— Obrigada. — Minha voz falha. Parece estúpido. Eu me odeio por
dizer as palavras. Mas são sinceras. Ele ouviu sem julgamento. Absorveu
minhas palavras dolorosas, faladas e não ditas. De alguma forma, ele
entendeu a agonia dentro de mim e apenas me segurou. — Posso dormir
agora?
— Sim, princesa espinhosa, você pode dormir.
CAPÍTULO QUATRO
SPARROW

Eu acordei em pânico, minha pele pegajosa e rastejante em cima de


mim por ser observado. Eu não tenho certeza do que eu esperava – Heathen
ou Scout, talvez – mas não é o que eu encontro olhando para mim com
curiosidade.
É a criança.
Della.
Ela agarra um gato de pelúcia, abraçando-o contra o peito enquanto
ela olha para mim. Levo um segundo para perceber que ela está sentada no
travesseiro ao lado da minha cabeça e me estudando atentamente.
Porra.
Scout realmente nos colocou em uma confusão. Não só estamos tendo
que lidar com Landry estando chateada, assustada e traída, mas agora
temos uma criança confusa que provavelmente está se perguntando como
seu professor, Ford, é mais de uma pessoa.
Sua mão se move e eu a reconheço como linguagem de sinais, embora
não tenha ideia do que isso significa. Estou começando a me sentir um idiota
por dar tanta merda ao Sully por aprender. Essa criança está claramente
querendo algumas respostas, mas não sei a pergunta que ela está fazendo.
Felizmente, ela não parece com medo, o que é bom. A última coisa
que precisamos é de uma criança chorando e aterrorizada em nosso
apartamento.
Como não consigo me comunicar com ela, dou de ombros. Eu não sei a
resposta e um encolher de ombros é interpretado da mesma maneira que
tenho certeza. Suas sobrancelhas franzem e ela se inclina para mais perto.
Onde os olhos de Landry são azuis – expressivos e bonitos – os de Della são
verdes. Eles brilham com travessuras que parecem fora de lugar,
considerando sua situação. Lentamente, ela sinaliza algo, embora eu ainda
não saiba o que significa. Eu tenho a suspeita de que ela está tirando sarro
de mim.
— Bobão — Sully diz da minha porta. Ele está encostado no batente da
porta, sorrindo para mim.
— Huh?
— Ela acha que você é um bobão. — Sua explicação tem um toque de
humor. — É o insulto favorito dela.
Volto minha atenção para a garota. — Você está tirando sarro de
mim?
— Ela é meio idiota — Sully revela. — Já passei por toda essa merda
antes com ela. É a sua vez de ser o objeto da idiotice dela.
— Você não pode chamar uma criança de idiota...
Smack!
A garota, não, a idiota, sorri maldosamente para mim. Ela me deu um
soco na testa. Quer dizer sua merdinha. A risada de Sully me dá nos nervos.
— Você é uma pirralha — eu digo a ela, amargura em meu tom.
Ela mostra a língua para mim antes de se virar e sair correndo da
cama. Eu acompanho seu movimento até que ela esteja na frente de Sully.
Imperturbável por seu comportamento rude, ele sinaliza algo para ela. Ela
sinaliza de volta.
— O que ela está dizendo? — Eu pergunto, sentando em meus
cotovelos.
— Que você é mais bonito do que eu, mas mais burro.
— Que porra é essa?
— Acostume-se com isso — diz ele com um encolher de ombros. — Ela
é um monstro.
A garota – aparentemente inocente com seu cabelo loiro dourado na
altura do queixo e corpo minúsculo – me lança um olhar ameaçador,
mostrando os dentes para mim.
— No que Scout nos meteu? — Eu resmungo.
— A mesma merda em que ele está sempre nos metendo. Algo muito
acima de nossas cabeças.
— Você o viu esta manhã ou... — Ela. Eu deixo essa parte de fora, mas
ele sabe.
Ele concorda. — A porta está destrancada e eles estão dormindo. Ela
não está amarrada nem nada.
— Eu dormi como uma merda na noite passada.
— Também. Muito preocupante 'pra' caralho.
Preocupação e vergonha pela posição que colocamos Landry infecta
todas as minhas células. Eu odeio como isso parece. É por isso que eu fodo
garotas, não me apaixono por elas. Amor é uma merda. É bagunçado.
Della sai do quarto e me pergunto se devemos ir atrás dela. Eu não sei
nada sobre crianças. Não tenho certeza se ela está na idade em que mexem
em tudo ou se ela é autossuficiente. É irritante que estejamos nesta posição
para começar.
— A essa altura, o pai dela provavelmente está ficando louco de
preocupação — murmuro, pegando o controle remoto da televisão. — Eu
simplesmente não entendo como Landry fugiu e acabou na nossa porta.
Scout estava se intrometendo pelas nossas costas. É perturbador.
Sully zomba. — Sua intromissão é perturbadora? E o fato de agora
sermos cúmplices de sequestro? Essa merda é perturbadora. Estou apenas
1
esperando o Alerta Amber para Della chegar em nossos telefones.
Ligo a TV e procuro uma estação de notícias local. Sully se senta na
cama enquanto esperamos por qualquer notícia sobre o desaparecimento
deles. Nada. Sem Alertas Amber ou conferência de imprensa ou qualquer
coisa.
— Parece estranho ele não denunciar o desaparecimento delas. — Eu
desligo a TV e saio da cama para vestir um jeans. — Só temos parte da
história. Eu quero ouvir o resto.
— Boa sorte para tirá-la do Scout. Ele é enigmático quando quer ser.
— Vamos descobrir com Landry exatamente o que aconteceu, então
saberemos com o que estamos trabalhando.
Sully suspira pesadamente e esfrega a nuca. — Isso termina com um
ou todos nós indo para a prisão. Pensei nisso ontem à noite. Aquele idiota
não vai rolar e aceitar o fato de que suas garotas o deixaram. Ele é muito
controlador e arrogante para isso.
— O que significa que ele vai dissecar cada interação que ela teve com
qualquer pessoa com quem ela tenha entrado em contato. — Eu franzo a
testa com esse pensamento. — Quanto tempo até ele juntar as peças que
Ford era uma fraude e começar a farejar nosso caminho?
— Não muito — Sully admite. — E então Alexander vai pedir apoio aos
Constantines porque essa é a nossa sorte de merda.
O pensamento de Winston ajudando na busca daquele idiota para
recuperar suas filhas é nauseante. Winston, se descobrir que estamos
envolvidos, fará tudo ao seu alcance para ajudar Alexander. Ele vai ver isso
como uma maneira de tirar o lixo permanentemente.
— Nós poderíamos tentar fazer com que Bryant ajudasse — Sully diz
— mas ele é um babaca. Ele vai ficar chateado por desobedecermos a uma
ordem direta para ficar longe de Landry.
Estamos tão fodidos.
— Sim, não estamos envolvendo Bryant — resmungo. — Talvez
possamos simplesmente carregar as meninas, levá-las pelo estado e
despejá-las na fronteira canadense.
Sully me encara como se eu tivesse enlouquecido. — Grande plano,
idiota. Porque as autoridades não estarão esperando lá.
— Vamos descobrir outra coisa. — Não é como se eu estivesse
realmente interessado na grande ideia de despejá-las em qualquer lugar.
Não, minha melhor ideia não envolve levar Landry e sua irmã embora, mas
mantê-la segura. Nunca deixá-la ir.
Heathen irrompe na sala, lamentando seus avisos habituais. Della a
persegue, seguindo-a direto para o meu armário aberto. A gata deve
encontrar um lugar para se esconder porque Della volta, braços cruzados
sobre o peito e fazendo beicinho. Com o cabelo loiro bagunçado do sono e o
lábio inferior saliente, até eu tenho que admitir que a pirralha é fofa.
Ela sinaliza algo para Sully. Olho para ele, esperando uma
interpretação. Ele franze a testa para ela e sinaliza algo de volta.
A garota bufa de exasperação e depois sinaliza lentamente, como se
Sully fosse burro demais para acompanhar. Quando ela termina, ela joga as
mãos para cima em questão.
— Ela quer saber se a empregada vai cozinhar algo para ela comer.
— A empregada? — Eu zombo, levantando uma sobrancelha.
— Mimada — Sully me lembra. — O pai delas é rico.
— Humph. Melhor ir logo, empregada.
Sully me lança um olhar incrédulo. — Sério, cara? Eu não sou o único
que pode pedir mantimentos e merdas por aqui. — Ele começa a teclar com
raiva em seu telefone, porém, porque alguém tem que fazer isso.
Isso não é divertido.
Isso é trabalho.
Foda-se Scout.
Heathen corre para fora do armário, passa zunindo por Della e sai
correndo pela porta. Ela a persegue, claramente tendo esquecido de estar
com fome. Tenho certeza que os vizinhos abaixo de nós estão odiando o vai
e vem dela correndo pelo apartamento.
Não demorará muito para que alguém reclame e sejamos descobertos.
— Você pode fazê-la ficar quieta? — Eu resmungo, apontando para a
porta. — Você já está acostumado com ela. Faça-a se comportar.
Sully bufa uma risada. — Ela é uma tirana. Ninguém pode fazê-la se
comportar, especialmente eu.
Ele sai do meu quarto, felizmente, e espero que seja para que ele
possa localizar a garota. Quando Landry tem permissão para sair do quarto
de Scout, ela pode assumir a babá do monstrinho. Então, eu quero saber
todos os detalhes sobre o que Scout fez para que eles fugissem. Estou
trabalhando com meia história aqui e está ficando velha.
Depois de vestir uma camiseta branca, caminho pelo corredor e vou
até a cozinha. Della está de pé no balcão, com duas portas de armário
abertas, examinando suas opções que são bastante limitadas. Ela pega uma
barra de granola de chocolate, estuda-a e depois a joga de volta no armário.
— Talvez você devesse fazer alguns ovos mexidos para ela — digo a
Sully que está encostado em um balcão. — As crianças gostam de ovos
mexidos, eu acho.
— Eu pedi ovos — afirma Sully. — E aquelas caixas de suco que ela
bebe. — Ele sinaliza algo para ela e ela responde ao que ele sorri. — Ah, e
biscoitos graham. Ela gosta disso.
Ele sabe muito sobre a irmãzinha de Landry. Faz meu peito doer.
Enquanto eu estava me apaixonando por Landry na facudade, ele estava se
encaixando no mundo dela, aprendendo coisas. Eu também quero saber das
coisas. Mesmo que ela me chame de bobão. Ela disse que eu era bonito,
então eu já gosto da garota.
— Por quanto tempo Scout vai manter Landry escondida em seu
quarto? — Eu pergunto, irritada por eles ainda não terem surgido.
— Conhecendo-o... para sempre.
— Por que estamos deixando ele fazer as regras de qualquer maneira?
Sully cruza os braços sobre o peito enquanto me estuda. — Eu não
vejo você se inscrevendo para o trabalho.
— Foda-se.
— Você sabe que ela vai nos odiar agora.
E eu não sei, porra.
Suspiro pesadamente, olhando para a garota que agora está
remexendo em um saco de biscoitos. — Talvez não…
— Não há talvez — Sully resmunga. — Não há volta disso. Pelo menos
você transou.
O problema é que eu quero transar de novo. Eu quero Landry na
minha cama, nua, choramingando e se contorcendo de prazer. Eu teria
realizado meu desejo também se Scout não tivesse atacado quando ele o
fez. Ela não vai mais rastejar para a minha cama de bom grado. Não quando
levamos ela e sua irmã, mantendo-as isoladas a sete chaves.
Della joga um biscoito em mim e eu mal me esquivo. Droga, ela é
selvagem. Ela começa a sinalizar freneticamente para Sully, que franze a
testa enquanto tenta acompanhar. Seu rosto está ficando vermelho. Ou ela
está chateada ou prestes a ter um colapso.
— O que ela está dizendo? — Eu exijo.
— Ela quer saber onde Landry está e quer comida de verdade. — Ele
morde de volta um sorriso. — Se não dermos a ela o que ela quer, ela
ameaça comer a gata.
— Ela sabe o quanto nós odiamos aquele animal? — Eu pergunto,
divertido.
— Eu não vou disputar com ela. Essa garota pode levar o dia todo. É
melhor darmos a ela o que ela quer.
— O que é isso? — uma voz profunda diz atrás de mim.
Della voltou a inspecionar itens em nossa despensa, então ela não
percebeu a aproximação de Scout. Ele está vestido para o dia e seu cabelo
está úmido de um banho recente. Enquanto eu sinto que dormi como uma
merda, ele parece estar bem descansado, sentindo falta das olheiras que
Sully e eu estamos exibindo hoje.
— Landry e comida — diz Sully. — Faça acontecer.
Scout vai até a geladeira e pega alguns ovos líquidos, queijo e bacon.
Se não o tivéssemos para cozinhar para nós, provavelmente passaríamos
fome ou teríamos que pedir a Bryant se poderíamos ter uma empregada
para fazer as refeições.
— Landry? — Eu pergunto enquanto Scout localiza uma frigideira. —
Preciso desamarrá-la da sua cama?
Scout sorri por cima do ombro. — Você é a aberração nesta família,
não eu. Ela está dormindo. Solta.
Eu não nego o fato de que eu sou a aberração porque nenhum dos
meus irmãos tem restrições instaladas em suas camas. Eu posso ser a
aberração, mas ele sempre será o psicopata que leva tudo um pouco longe
demais.
— Ontem à noite — Scout diz, de costas para nós. — Ela disse alguma
merda para mim.
Meus pelos aumentam. — Que tipo de merda?
Ele abre uma gaveta e pega uma faca enorme. Virando-se um pouco,
ele olha para mim e Sully, uma expressão assustadoramente vazia em seu
rosto. — Nós não precisamos nos preocupar com Alexander encontrá-la.
— Porque... — Sully para, olhando a faca com cautela.
— Porque eu vou matá-lo, porra, se eu o vir. — Ele volta a cozinhar
como se não estivesse apenas ameaçando matar o pai delas.
O que diabos ela disse para ele?
CAPÍTULO CINCO
LANDRY

Sua é boca é quente na minha pele. No meu pescoço. Minha orelha. A


curva do meu ombro. A barba em seu rosto arranha minha carne macia,
fazendo-a queimar. Eu não quero estar aqui. Isso não está certo. É mais fácil
desaparecer dentro da minha cabeça, fingindo que não estamos fazendo
coisas assim. Toda vez que eu recuo, ele me traz de volta com palavras
sussurradas e beijos ardentes que parecem errados por muitas razões.
— Tão boa, boa menina.
Eu acordo com um sobressalto, meu coração martelando no meu
peito. Lágrimas ardem em meus olhos e eu não consigo parar o arrepio de
corpo inteiro que desce pela minha espinha da base do meu crânio até o
meu cóccix dolorido.
Alívio me inunda, momentaneamente, quando percebo que foi um
pesadelo. Ele não está aqui. Estou sozinha na cama.
O alívio não é mais uma cachoeira impetuosa, mas torna-se espesso e
lamacento como o pesadelo. Estou sozinha na cama do Scout. Um dos três
trigêmeos que, até ontem à noite, eu acreditava ser a mesma pessoa – o
cara que eu realmente gostava.
A irritação afugenta os resquícios repugnantes do meu sonho. Não
posso mais me dar ao luxo de ficar apavorada. Claro, Scout é assustador às
vezes, mas ele não é irracional. Ontem à noite, dormimos juntos e ele não
me machucou nem tentou nada. Isso é bom. Isso me dá esperança. Como
talvez, apenas talvez, eu não seja prisioneira deles para sempre.
Eu só preciso ver Della.
Para abraçá-la e reorganizar.
Então, vou fazer um plano para pegar um desses trigêmeos para nos
libertar.
Mas minha vantagem terá desaparecido há muito tempo. Papai vai
saber que fugimos e vai virar esta cidade do avesso para nos encontrar.
A derrota me enche até a borda da minha alma. Eu quero arrastar o
cobertor de volta sobre minha cabeça e voltar a dormir. Fingir que esta não
é a minha vida. Inalo o cheiro reconhecidamente bom que Scout deixa em
seus lençóis.
— Você está bem?
A voz é como a do Scout, mas tem uma suavidade que falta no Scout.
Sparrow. Eu reconheço o som suave de ronronar de quando ele murmurou
coisas doces enquanto fazíamos sexo em seu carro. Arrepios se espalham
pelos meus braços.
Eu não quero vê-lo.
Olhar para o rosto que me observou ontem à noite enquanto eu era
arrastada. Claro, ele pode ter tentado derrubar a porta, depois do fato, mas
ele deixou que ele me levasse. Não é tudo culpa de Sparrow, mas ficar
zangada com ele me ajuda.
Alguma coisa que compartilhamos era real? Ou eu era apenas alguém
para conquistar e foder? Um trabalho. Meu peito dói e eu tenho que
mastigar meu lábio para não chorar. Seu olhar me perfura, mas me recuso a
olhar para ele, confirmando que é Sparrow.
— Laundry. — Sua voz tem uma cadência esperançosa, como dizer que
seu apelido para mim de alguma forma o perdoaria completamente.
Não.
Ignorando-o, deslizo para fora da cama, arrastando o lençol comigo. A
última coisa que vou permitir é que ele me veja nua. Tenho certeza que ele
está imaginando todo tipo de coisa que ele acha que Scout e eu fizemos.
Bom. Espero que isso o machuque. Espero que isso o faça sentir como se
tivesse sido abandonado, como se o que fizemos não significasse nada.
Porque, agora que conheço os fatos, também não significava nada
para mim.
Esquecível.
— Della? — Eu pergunto, odiando ter que falar com ele. Eu ainda me
recuso a fazer contato visual. — Onde ela está?
Ele suspira pesadamente, como se minha frieza fosse irritante para
ele. — Cozinha. Nós deveríamos conversar…
— Saia para que eu possa me vestir — eu estalo. — A menos que eu
tenha perdido esse direito também.
Sparrow permanece, uma estátua imóvel, e por um minuto, acho que
ele não vai sair. Finalmente, ele sai.
Minha mochila que eu trouxe comigo, cheia de nossas coisas mais
básicas, tendo sido trazida para o quarto por alguém, está em uma poltrona
no canto. Eu a abro, encontrando a foto da mamãe enfiada entre um par de
jeans e o pijama de Della. Puxando-o para fora, eu tento não deixar as
emoções me dominarem.
Ela se foi.
Mamãe era tudo para mim — para minha irmã.
Às vezes, a dor de perdê-la é um soco no estômago, me atingindo do
nada e me debilitando. Sugando em respirações profundas, eu pisco minhas
lágrimas de desespero e frustração. Não vou chorar hoje. Cansei de me
lamentar. Della precisa que eu seja forte.
Eu encaro o lindo sorriso de mamãe, dou um beijo nele e então a
empurro para dentro da mochila por segurança.
Não se preocupe, mãe. Eu vou consertar isso. Vou salvar suas garotas.
Pego algumas roupas e me visto rapidamente. Higiene pode esperar
até eu ver Della, garantindo que ela está bem esta manhã, embora eu saiba
– no fundo do meu intestino – que Sully permaneceu fiel à sua palavra e a
manteve segura para mim.
Saio do quarto de Scout e vou em direção ao som de vozes. O cheiro
de bacon no ar faz meu estômago roncar. É desorientador ver os três
homens, cópias idênticas um do outro, movendo-se juntos pelo espaço.
Della está sentada no balcão, seu gato rosa descansando em seu colo,
enquanto observa Scout cozinhar.
Eu sei que é Scout porque ele é diferente de seus irmãos, favorecendo
sua perna ruim. Sully é fácil de identificar porque está fazendo algo em seu
telefone, fazendo uma careta de concentração, como sempre que tenta
ensinar Della. Sparrow está sentado no bar, olhos queimando em mim,
realmente tendo a audácia de ficar irritado, como se eu fosse o problema
aqui.
Eu não tinha ideia de que eram três pessoas diferentes, mas agora que
eu sei, é tão óbvio. Ontem à noite, vi o peito incrivelmente tatuado de
Scout, e isso me faz pensar se os outros irmãos têm tatuagens ou não.
Nunca os vi despidos, e agora sei por quê. Eu teria sido capaz de determinar
quem era quem porque é duvidoso que todos tenham as mesmas tatuagens.
Caminhando até Della, coloco uma mão sob seu queixo e levanto sua
cabeça para encontrar meus olhos. Ela não está chorando e não parece estar
chateada, mas eu pergunto de qualquer maneira.
Você está bem? Eu sinalizo, franzindo a testa para ela.
Três Fords, ela sinaliza de volta.
Não se preocupe. Vamos sair daqui em breve. Eu acaricio minha palma
sobre seu cabelo bagunçado. Prometo.
Ela balança a cabeça. Eu quero brincar com Heathen.
Você pode brincar com Heathen, mas quando for hora de ir, eu preciso
que você esteja pronta. Já que ela ignora essa afirmação, eu agarro sua
atenção novamente, forçando seus olhos verdes a olhar para mim. Eles lhe
disseram seus nomes?
Sully é o verdadeiro Ford, diz ela com as mãos, como se isso fosse
óbvio. Sparrow é o bobão. Scout é a empregada.
Eu mordo uma risada. A empregada?
Ela gesticula para ele cozinhando.
Sorrindo para ela, eu a puxo para fora do balcão e beijo sua cabeça. Vá
encontrar Heathen, mana.
Assim que ela corre para aterrorizar a pobre gata, vou até o canto da
cozinha onde posso manter os três homens na minha linha de visão. Sully
colocou seu telefone no bolso e agora me estuda atentamente.
— Conte-nos o que aconteceu — diz Sully, suas palavras direcionadas
principalmente para Scout, mas ele está olhando para mim.
Scout se vira ligeiramente de sua frigideira e sorri para mim. — Landry
fugiu de sua torre de prisão e eu dei a ela um lugar para onde correr.
Meu sangue ferve com sua resposta estúpida. — Eu pensei que estava
encontrando Ty. Como você conseguiu isso de qualquer maneira?
— Ty é meu novo melhor amigo — Scout diz com um encolher de
ombros e volta a cozinhar.
Eu olho para suas costas. — Isso não é uma resposta. Ty estava
envolvido nisso? Ele me traiu também?
— Seu pequeno e doce Constantine não tinha noção — Scout
responde com uma risada sombria. — Ele nem sabe que foi enganado.
— Você disse ontem à noite que eu fazia parte de um trabalho. Que
trabalho?
Sully se aproxima, palmas para cima como se ele fizesse um
movimento errado, eu poderia morder. Eu deveria. É melhor ele andar com
cuidado. Sabiamente, ele para a alguns metros de mim.
— Fazemos trabalhos para nosso tio — explica Sully. — É estúpido,
mas ele nos deu um lugar em sua família quando nossa mãe foi para a
prisão.
— Eu pensei que ela tinha morrido — eu sufoco. — Vocês me levaram
a acreditar que ela morreu.
— Ela também pode estar morta. Winston Constantine fez isso para
que ela nunca saísse daquele inferno — Sparrow rosna.
— Por que ela está na prisão? — Eu balanço minha cabeça. —
Esquece. Eu não me importo. Quero saber como estou relacionada com seus
jogos fodidos e por que estou aqui.
Sully suspira, dando mais um passo em minha direção. Eu estreito
meus olhos, avisando-o para não chegar mais perto. — Há uma guerra em
curso entre os Morellis e os Constantines.
— Então você é Morelli?
— Tecnicamente — concorda Sully — Mas legalmente, somos
Mannfords.
Mannford.
Ford Man..
Oh meu Deus.
Se eu tivesse pesquisado Ford Mann no Google, eu poderia ter
descoberto a verdade. Eu estava com muito medo de papai encontrar o que
eu procurava e, quando tive a oportunidade, fiquei mais preocupada em
encontrar uma fuga do meu pai, não em pesquisar meu namorado.
Namorado?
Menina burra. Você foi enganada por três idiotas malvados.
— Os Morelli odeiam os Constantines. Nós, especificamente, odiamos
os Constantines. Então, quando nosso tio nos pediu para interferir na vida
de seu pai, já que Winston Constantine estava planejando fazer alguns
negócios com ele, aproveitamos a chance.
Eu evito Sully, incapaz de olhar para seu rosto. Meu olhar encontra
Sparrow. — E estava no plano me foder? Aposto que vocês se divertiram
muito rindo às minhas custas. — Engolindo em seco, luto contra as lágrimas
que se formam em meus olhos. — Eu me sinto tão idiota.
Sparrow escorrega do banco, mas também não o quero perto de mim.
Eu dou um passo para trás e esbarro em Scout. Ele envolve um braço em
volta de mim, me puxando para seu peito. Sparrow e Sully assistem com
expressões de ciúmes em seus rostos.
— Não se sinta estúpida, princesa espinhosa — Scout diz, respiração
quente perto da minha orelha. — Somos muito bons em enganar as pessoas.
Temos feito isso a vida inteira.
— Scout — Sparrow cospe, um aviso em seu tom. — Pare.
— Parar o que, irmãozinho? De ser sincerto com ela?
— Pare de antagonizá-la — Sully resmunga. — É... demais.
— Não diminua o tempo da história para meu benefício. — Eu fervo,
meu sangue fervendo de fúria. — O Scout está certo. Dê-me a verdade. Eu
mereço isso. Você sabe que estou certa. — Eu quero, não, eu preciso sentir
cada lâmina de traição me cortando para que eu não caia em seus encantos
nunca mais. Ou qualquer um para esse assunto.
— Nosso tio nos armou com identidades falsas e nos deu nossos
empregos. — Sully gesticula para si mesmo. — Eu estava encarregado de uh,
infiltrar a casa.
Todos os pelos dos meus braços se arrepiam. Um arrepio de desgosto
percorre meu corpo. Scout confunde isso por eu estar com frio e ele me
abraça mais perto. Eu não quero estar em seu domínio, mas ele
provavelmente me forçaria a ficar lá de qualquer maneira. É melhor eu ficar
por minha própria escolha.
— Eu deveria estar com você na faculdade — Sparrow murmura. —
Por isso nossos mesmos horários.
— E você? — Eu pergunto a Scout, virando levemente minha cabeça
para olhar para ele. — Qual era seu trabalho? Ou sequestrar era sua parte?
— Isso foi apenas um bônus. — Ele sorri para mim. — Meu trabalho
era fazer amizade com Ty Constantine.
Eu gostaria que Ty estivesse aqui. Pelo menos ele é inocente em tudo
isso. Tudo o que ele queria era ser meu amigo. Aparentemente, ele confiava
em Scout também. Estou juntando as peças bem rápido. Scout obviamente
usou Ty para me trazer aqui.
— Ty ia me ajudar a deixar meu pai — eu admito, franzindo a testa. —
Fizemos um plano para o nosso encontro. — Eu mastigo meu lábio inferior
pensativamente. — Ele ia me dar algum dinheiro para fugir.
— Como você chegou aqui? — Sully pergunta.
Eu tento me libertar do Scout. Ele me aperta com força por um
segundo e depois me solta. Enrolando meus braços em volta da minha
cintura, eu me afasto dos três até que minha bunda bate no balcão atrás de
mim.
— Já que eles são melhores amigos — eu forneço, pronunciando a
palavra — ele obviamente interceptou a mensagem de Ty para mim…
— Batendo nele com um soco — Scout intervém. — Prossiga. Você é
boa nesses jogos de adivinhação. É uma pena que você não tenha juntado
tudo antes.
Eu quero chutá-lo em seu joelho ruim. Idiota.
— Eu vim aqui pensando que ia para a casa de Ty. Achei que ia fugir.
— Você escapou — Sparrow diz, dando um passo em minha direção.
— Você está segura aqui.
Ele está falando sério agora?
Fui separada da minha irmã e forçada a dormir nua com um monstro.
Como isso é seguro?
— Não me toque — eu aviso, fazendo uma careta para ele.
— Laundry — ele murmura, os olhos brilhando de dor.
Irreal.
— Você não pode me chamar assim, Sparrow. Você não pode se
parecer com a vítima aqui. Foda-se. Fodam-se todos vocês. — Eu planto
minhas palmas em seu peito e tento empurrá-lo, mas ele é construído como
uma parede de tijolos, indo a lugar nenhum.
— Não era tudo um trabalho para mim. — Os olhos de xarope de
bordo de Sparrow se movem para frente e para trás, querendo que eu
entenda. Mas eu não. É tão estúpido e errado. — Você e eu…
— Havia eu e Ford, mas nunca houve eu e Sparrow. — Eu me afasto
dele e olho para Sully. — Você viu a notícia? O que estão dizendo?
Seus lábios pressionam em uma linha firme e ele baixa o olhar para o
chão. — Nada.
— O que você quer dizer com nada?
— Nenhum Alerta Amber. Nenhum relatório de pessoa desaparecida.
Nada. Ninguém está procurando por vocês.
Ele está errado.
Se meu pai não está levando isso para o noticiário, isso significa que
ele está tentando consertar isso antes que se torne uma coisa.
Silenciosamente. Eficientemente. Ele ir ao noticiário seria um último esforço.
Papai está procurando...
E eu temo pensar nele realmente nos encontrando.
Estar presa com esses três mentirosos não é o ideal, mas ainda é
melhor do que estar em casa. Eu posso respirar e pensar. Vou tirar eu e
Della daqui.
Os trigêmeos me usaram.
Minha vez de usá-los de volta.
CAPÍTULO SEIS
SCOUT

Ela é tão bonita quando ela está brava.


Seus olhos azuis perdem a suavidade, eletrificando até que
praticamente brilham. As almofadas rosadas de seus lábios se torcem em
um sorriso de escárnio e a pele em seu pescoço e rosto fica vermelha com as
emoções correndo em suas veias.
Isso me faz querer puxá-la para perto e torcer meus dedos em seus
cachos dourados, puxando e puxando até que ela seja forçada a enfrentar
um dos monstros em sua vida. Eu quero fodê-la enquanto ela olha para
mim, extraindo prazer dela que força seus rosnados a serem substituídos
por gemidos necessitados.
Landry Croft é sorrateira.
Sorrateira no sentido de que eu não estava preparado para ela.
Eu estava fixado em Ash Constantine – um fantasma desaparecendo
do meu passado. Tão distraído pelas memórias obsoletas do que eu pensei
que queria que quando algo fresco fez cócegas no meu nariz, eu não estava
pronto para que todos os meus sentidos fossem invadidos.
Foi o que Landry fez.
Ela afugentou aqueles velhos desejos, substituindo-os por algo viciante
e estimulante. Muito facilmente ela me atraiu para longe do que eu pensava
que queria.
Agora, ela é tudo que eu vejo.
E nós a temos.
Eu não fiz isso apenas por mim. Eu fiz isso pelos meus irmãos também.
Eu podia ver como eles a queriam. Como eles se importavam. Ou cada um
de nós puxa um pedaço de Landry, nenhum de nós cedendo um centímetro,
ou jogamos bem e compartilhamos.
Mamãe teria nos forçado a compartilhar quando éramos crianças.
Já que a mamãe não está aqui, estou intervindo.
Temos Landry em nossa casa e ninguém sabe onde ela está. No final
do dia, ela é nossa.
Não de Ty. Não do pai dela. Nossa.
Meu telefone vibra no meu bolso, me distraindo dos meus
pensamentos. Eu o pego e leio o texto.
Ty: Cara. A merda caiu. Você pode se encontrar? Estou tão fodido.
Eu: Sim. No seu escritório?
Ty: Deus não. Eu preciso sair daqui. Há um café na esquina.
Eu: Eu conheço esse. Vejo você em vinte.
Coloco meu telefone de volta no bolso, meus olhos voltando para
Landry. Ela está sentada ao lado de Della na mesa, assinalando algo para ela.
Elas estão conduzindo uma conversa inteira com as mãos. É fascinante
assistir. Onde Sparrow e eu assistimos com interesse extasiado, Sully as
encara atentamente, com compreensão em seu rosto. Como ele não parece
estar alarmado, suponho que seja benigno o que quer que estejam
discutindo.
— Parece que Sparrow está na louça — eu digo, empurrando minha
cadeira para trás. — Vou encontrar um amigo e vou descobrir o quanto
Alexander sabe.
Landry abandona a conversa com a irmã para me encarar. — Ty?
— Você acha que ele é meu único amigo?
— Seus irmãos não contam — ela fala lentamente, o rosto piscando de
uma forma maliciosa que deixa meu pau muito duro. — Eu e Della somos
suas prisioneiras.
— Prisioneiras mimadas — digo com um sorriso enquanto me levanto.
— Eu fiz bacon extra para a garota. Ninguém está amarrado aqui ou
amordaçado, embora possa ser arranjado. — Eu aponto para a porra bizarra
na sala. — Certo, Sparrow?
Landry me mostra o dedo e Sparrow bufa de exasperação. Eu pisco
para Della que está me observando com interesse.
— Não se divirta muito enquanto eu estiver fora — eu instruo. — Se as
prisioneiras escaparem, não ficarei feliz se tiver que caçá-las de volta.
O brilho de Landry é nítido o suficiente para cortar vidro. Se ela
soubesse o quanto aquele olhar me excita, duvido que ela o usasse em mim
com tanta frequência.

A cafeteria está cheia de gente. Enquanto espero Ty chegar, tomo meu


café com leite e observo as pessoas. Estou bem relaxado. Ter Landry em
minha posse parece uma vitória — uma vitória que venho perseguindo há
cinco longos anos. A vitória é tão doce quanto a calda de chocolate
espalhada por cima do meu café com leite.
Um sino toca, quase inaudível sobre o zumbido dos empresários
zumbindo ao redor, ansiosos por sua próxima dose de cafeína, e meu olhar
dispara para a porta.
Ty fodido Constantine.
Suas feições estão torcidas em uma expressão de puro pânico. Ele até
parece um pouco verde, como se pudesse vomitar a qualquer segundo.
Tomo outro gole do meu café com leite antes de acenar para chamar sua
atenção. Alívio faz com que seus ombros caiam um pouco da tensão e ele
força um sorriso sombrio para mim.
Eu sou seu... amigo.
Amigos conversam entre si sobre problemas e oferecem conselhos
quando podem.
— E aí cara? — Eu digo, sorrindo para ele enquanto ele se senta.
Eu empurro o café que eu pedi para ele mais perto dele. Creme, dois
açúcares. Eu sou seu melhor amigo, então, naturalmente, eu sei como ele
toma seu café. Ele me dá um sorriso agradecido e então toma um gole do
líquido quente antes de relaxar ainda mais.
Gosto de pensar que tenho um efeito calmante sobre as pessoas.
No entanto, tenho certeza de que poucas pessoas discutiriam essa
ideia.
— Então? — Eu pergunto, inclinando-me para ele. — Você fez isso?
Ele esfrega a palma da mão sobre o rosto. — Não tive oportunidade.
Tínhamos um plano, mas ela deve ter saído, Ford.
Ford.
Ah sim. O meu nome.
— Saído? — Eu enrugo minhas sobrancelhas juntas. — Onde ela foi?
— Inferno se eu sei. — Ele toma seu café novamente, o rosto ficando
tempestuoso. — Ele deve ter feito algo para aborrecê-la na noite passada.
Ela não esperou pela minha mensagem, que eu ia entregar hoje, e foi
embora. Levou Della com ela.
— Como você sabe tudo isso?
Seu rosto empalidece. — Alexander. Entrei no escritório esta manhã e
o ouvi no viva-voz com sua assistente.
— A assistente que eu fodi?
É uma pena que Ty seja apenas uma pessoa fácil de mentir. O filho da
puta acredita em tudo que sai da minha boca.
— Eu sabia que era aquela velha bruxa — diz ele com uma careta. —
De qualquer forma, ele disse a ela que suas meninas estão desaparecidas.
Que ele não estará no escritório até descobrir para onde elas foram.
— Ele parecia chateado?
— Não. — Ele geme, fixando seu olhar em mim. — Ele parecia calmo.
Tão autoconfiante. Como se ele soubesse que iria encontrá-las e muito em
breve.
— E você acha que porque ele parecia calmo, ele já descobriu que
você estava envolvido no desaparecimento dela de alguma forma? — Eu
arqueio uma sobrancelha em descrença. — Ele é astuto, mas quero dizer,
isso é um pouco exagerado, você não acha?
— Você não conhece esse cara — Ty resmunga. — Ele é tão... intenso.
Sabe das coisas antes mesmo de acontecerem. Seu controle rígido em todos
os aspectos de sua vida é intimidante. Como no nosso encontro…
Ele está tagarelando sobre Landry e os filmes, mas estou
sobrecarregado de ciúmes. Imaginar ele sozinho com ela no cinema,
especialmente agora que ela é oficialmente nossa, faz meu sangue
esquentar a níveis desumanos.
— Me ouviu? — ele pergunta, inclinando a cabeça para o lado.
— Hum? — Minha mandíbula aperta com raiva mal controlada.
— Ela não tinha dinheiro — explica Ty. — Ela está lá fora sem nada.
Sem dinheiro, sem abrigo. E, o pior de tudo, ela tem um dos homens mais
ricos e poderosos caçando-a. Quando ele a encontrar…
Ele não vai.
Ele não pode.
Ela é nossa.
Nós a temos e ninguém vai tirá-la de nós.
Eu não me importo se eu tiver que jogar Ty Constantine debaixo do
ônibus porque eu vou. Se ele é uma baixa em nossa guerra contra o pai dela,
que seja. E, se eu precisar fazer mais merda por Bryant, como queimar a
maldita cidade inteira só para fazer tudo isso ir embora, eu farei.
— Eu só estou preocupado 'pra' caralho — ele resmunga. — Eu me
pergunto quanto tempo levará para eles perceberem que o momento do
nosso encontro e o desaparecimento dela são suspeitos.
— Mas eles não vão encontrar nada — eu asseguro a ele, — porque eu
te dei o dinheiro em notas e ela não está em sua casa. Você nunca teve a
chance de enviar um bilhete para ela. Pare de surtar, Ty.
Ele balança a cabeça vigorosamente como se precisasse ouvir essas
palavras. — Estou tentando não. Meu primo vai perder a cabeça se eu
envergonhar nossa família. Esse tipo de escândalo manchará o nome
Constantine. Cúmplice para sequestro de crianças ou qualquer outra coisa.
— O que você não fez — eu o lembro.
Eu sou o sequestrador por aqui e certamente não estou incomodado.
— Certo. — Ele suspira pesadamente. — Eu me sinto tão culpado.
Como se fosse óbvio que tentei ajudá-la.
— Eles não vão liga-lo a isso.
— Talvez não — ele concorda. — Isso não muda o fato de ela estar lá
sozinha e sem um tostão. Porra. Tudo o que eu queria fazer era ajudá-la.
Quase me sinto mal pelo cara.
Ele realmente se importa com ela.
Sorte dele que ela está segura.
— Landry parece ser uma garota inteligente. Ela fará boas escolhas.
— Eu não sei, cara. Esta cidade é enorme e você não pode fazer muito
sem um centavo em seu nome. Ela pode estar morta em um beco agora,
pelo que sei. — Ele se encolhe com esse pensamento, parecendo que vai
vomitar os poucos goles de café que tomou. — Eu nunca me perdoaria.
— Mas você não fez nada.
— Exatamente! — Ele joga as mãos no ar. — Eu deveria tê-la tirado de
lá na noite em que ela me contou. Deixá-la até que eu resolvesse a merda
era a coisa errada a fazer. Claramente, ela não se sentia segura e precisava
de uma fuga. — Ele amaldiçoa, beliscando a ponte de seu nariz. — Ela estava
apavorada, Ford. Muito aterrorizada. Eu poderia tê-la ajudado naquele
momento, mas não o fiz.
Por mais divertido que seja ver um Constantine chafurdar em sua
própria miséria, eu prefiro estar enrolado na cama com a mulher por quem
ele está obcecado.
— Ele vai encontrá-las — murmura Ty. — Ele vai encontrá-las e haverá
um inferno para pagar. Eu sinto isso nos meus ossos.
Alexander não encontrará suas filhas facilmente. Nosso apartamento é
pago pelo nosso tio, que tem um sobrenome diferente do nosso. Mesmo
que Alexander descubra que Ford Mann é dos trigêmeos Mannford, isso não
o aproxima de nós — de Landry e Della.
— Sentado aqui, preocupado com o que pode acontecer, não está
fazendo bem a Landry. — Eu dou a ele um olhar aguçado. — Você precisa
voltar ao escritório e aprender o que puder. Descubra o que ele sabe. Fique
dois passos à frente dele. Se você realmente se importa com ela ficando
livre, como você diz que ela quer, então você precisa fazer o que puder para
ajudá-la. Esconder-se de Alexander só levantará suspeitas.
— Você está certo — ele resmunga. — Talvez se ele descobrir onde ela
está, eu possa avisá-la de alguma forma.
— Seja o herói dela.
Meus irmãos e eu seremos seus vilões imundos.
Depois de soltar um suspiro pesado, ele assente. — Eu posso fazer
isso. Eu vou voltar lá e me certificar de fique à frente dele.
E eu estarei bem atrás de Ty, afastando-o da verdade sobre sua
localização em qualquer chance que eu tiver.

Bryant: Eu quero isso feito. Hoje.

A mensagem vem de Bryant quando estou saindo do café. Suas


exigências me deixam nervoso. Coloque fogo em outro prédio do inimigo de
Bryant. É absolutamente a última coisa que quero fazer agora, mas não
quero que Bryant saiba que saímos dos trilhos, ignorando suas exigências
para que abandonemos o trabalho de Croft. Estamos fazendo nossas
próprias regras agora. Quanto mais tempo ele não perceber isso, melhor.
Eu: Sim.
Eu dirijo até o local - uma área incompleta conhecida por alta
criminalidade. Provavelmente levarei um tiro na bunda só por sair do carro.
Felizmente, estou com as Janelas fechadas. Eu desafio alguém a foder
comigo quando tudo que eu quero é voltar para Landry.
Passando pelo prédio alvo, estaciono um pouco na estrada em frente a
uma loja abandonada com vitrines fechadas. Moletons pretos funcionam
melhor para essa merda, então eu puxo um e puxo o capuz sobre minha
cabeça. Saindo, enfio minha arma no bolso do moletom e pego minha bolsa
no banco de trás.
Os incêndios que ateei não vão derrubar um prédio inteiro. Eles são
principalmente destinados a causar danos à superfície, envolver as
autoridades e impedir as vendas ou atrasar a construção. Subo as escadas
até a entrada do prédio vazio. Com um grunhido, bato meu ombro na porta
quebradiça. Ele se estilhaça com o impacto do meu peso e me permite
chutar a porta quebrada pelo resto do caminho.
Por dentro, cheira a mofo e mijo. Está cheio de restos de lixo do último
inquilino ou vagabundos. Eu abro minha bolsa, puxo minha jarra gigante de
querosene e abro a tampa.
Eu encharco as paredes finas como papel e o carpete puído de merda.
Qualquer pilha de lixo que encontro, despejo querosene nelas também. As
escadas que sobem são frágeis e feitas de madeira velha que cede em
alguns lugares. Estou despejando um pouco de querosene nos degraus
inferiores quando tenho a estranha sensação de estar sendo observado.
Parando meus movimentos, estico o pescoço e escuto. Nenhum som
dentro do prédio que eu possa ouvir. Espero um momento, mas o
sentimento não me deixa.
Eu puxo meu capuz para baixo, apenas no caso, e então faço o meu
caminho de volta para a porta. Despejando o resto do querosene, jogo a
jarra de volta no quarto que agora cheira a fumaça gasosa, o que devo dizer
que está um passo acima do mofo e do mijo. Estou basicamente fazendo um
favor a esse cara, destruindo o prédio para ele.
De nada, cara.
Os cabelos do meu pescoço se arrepiam com a consciência. Um olhar
superficial para a rua atrás de mim não revela nada. Eu ainda sinto que
estou sendo observado, no entanto.
Se eles estão dentro, eles vão querer sair rapidamente, com certeza.
Puxando uma caixa de fósforos, bato um contra a lateral da caixa. A
chama queima quente e brilhante quando estou na soleira do prédio. É
estranho que um pequeno lampejo de calor possa se transformar em um
inferno monstruoso.
Tipo Landry.
Um pequeno golpe e agora ela arde dentro de mim.
Eu jogo o palito de fósforo no quarto. Ele atinge o carpete encharcado
de querosene e rapidamente se transforma em um azul cativante antes de
se espalhar em um flash, transformando-se em belos tons de laranja,
amarelo e vermelho.
Ondas de calor pulsam em minha direção, chegando exatamente onde
estou em uma laje de concreto, em uma área não tocada pela gasolina. A
força joga meu capuz para trás e posso sentir minhas sobrancelhas
chamuscando.
Eu puxo meu capuz de volta, coloco minha bolsa no ombro e saio
correndo na direção oposta do meu carro. Isso significa dar a volta por todo
o quarteirão da cidade, mas se alguém estiver me observando, eu os tirarei
do meu rastro.
Não vou arriscar ninguém me seguindo de volta para Landry.
De jeito nenhum.
CAPÍTULO SETE
SPARROW

Depois do café da manhã, Sully leva Della ao escritório em nosso


apartamento para trabalhar na leitura de sua fala. A garota fez uma birra,
mas Landry se manteve firme, afirmando que era necessário manter sua
vida o mais normal possível — mesmo em cativeiro.
Ela não é exatamente uma prisioneira.
Claro, ela não tem permissão para nos deixar, mas é para o bem dela.
Se ela for lá, seu pai vai encontrá-la. É só uma questão de tempo. Pelo
menos aqui, as duas estão seguras, alimentadas e protegidas.
Landry limpa a cozinha e eu a observo. Não sei por que ela está
limpando, já que ela nos odeia e tudo mais, mas acho que ela só precisa
fazer algo para não perder a cabeça. Quando não aguento mais, eu a
empurro por trás, prendendo seu corpo contra a pia com o meu.
— Podemos falar?
Ela fica tensa e balança a cabeça. — Tudo o que sai da sua boca são
mentiras. Um tipo de conversa chata.
A vadia gelada que conheci está de volta. E caramba, meu pau está
duro. Mesmo quando ela age assim, eu a quero. Seriamente.
— Eu não tenho mais motivos para mentir — eu grito, enterrando meu
nariz em seu cabelo. — Eu só quero falar contigo.
— Seu pau diz o contrário.
Balançando meus quadris contra ela, eu moo minha ereção em sua
parte inferior das costas. — Meu pau não manda aqui.
— Nem você.
O desafio em seu tom envia correntes de desejo correndo pelas
minhas veias. Quero lembrá-la de que ela é nossa prisioneira — mesmo que
ela seja mimada — e posso fazer o que quiser.
Porra, eu soaria como Scout se eu dissesse isso a ela.
Mas ela está sendo irracional. Eu não estou olhando para foder.
Apenas conversar.
— Você pode não querer conversar, mas honestamente, eu não me
importo. Você precisa. Você está se sentindo alienada e sozinha — eu rosno,
deslizando minhas mãos sob sua camiseta, procurando sua carne delicada.
— Se você não vier de bom grado, eu vou fazer você.
— Você gostaria disso. — Ela luta para sair do meu domínio, mas eu
sou mais forte. — Me segurando. É esse o fetiche que você gosta?
— Você quer descobrir?
Seu suspiro é revelador, em parte chocado, mas também curioso. Indo
com meu intestino, eu aperto um braço ao redor dela e puxo. Ela trava uma
luta leve que eu consigo superar facilmente. Cada maldição odiosa que ela
lança em meu caminho não faz nada além de deixar meu pau ainda mais
duro. Eu a arrasto para o meu quarto, fecho a porta e a tranco.
— Agora sente-se na cama e se comporte — eu resmungo. — Para que
possamos discutir essa treta que você tem comigo especificamente. Você
praticamente rastejou para os braços de Scout e ele é o responsável por
trazê-la até aqui.
Ela zomba, claramente chocada com minhas palavras. — Eu não
rastejei em seus braços. E a razão pela qual estou tão chateada com você é
porque você deixou acontecer!
Lágrimas inundam seus olhos, mas não caem. Ela está mais zangada do
que triste, então tentar consolá-la agora pode me render um soco no saco.
— Eu estava em choque, Laundry, mas então eu tentei chegar até você
— eu digo rapidamente, agarrando suas mãos. — Desculpe, ok?
Sua cabeça se inclina e ela se recusa a olhar para mim. — Achei que
significava alguma coisa.
— Você significa — eu asseguro a ela, apertando suas mãos.
— Não, não é verdade, Sparrow. Quando fizemos sexo, pensei que
você fosse outra pessoa. — Seu lábio inferior treme. Eu quero beijá-lo porra.
— Fui enganada. Estou enojada. De você e seus irmãos. De mim mesma.
Eu libero suas mãos para arrancar minha camiseta. Isso chama a
atenção dela. Ela desliza seu olhar sobre meu peito musculoso como se
estivesse procurando por algo.
— Suas tatuagens são diferentes — ela murmura, gesticulando para a
arte com tinta nas minhas costelas. — O que isso significa?
Levantando o braço, olho para as três linhas irregulares na minha caixa
torácica que parecem pingar sangue e estão cercadas por penas. — É para
parecer facadas. — Aponto para o de cima. — Um para mamãe, um para
Sully e um para Scout. As penas sou eu.
— Eles machucaram você?
— Eles são os únicos que podem me machucar. Todos os outros são
irrelevantes. — Exceto você. Eu quero dizer isso a ela, mas agora não parece
exatamente o momento certo.
— Por que você está me mostrando suas tatuagens? — ela exige,
levantando o queixo. — Eu não me importo.
— Estou te mostrando a mim. O verdadeiro Sparrow. Antes de
fodermos. Então você saberá que isso realmente significa alguma coisa.
— Nós não estamos fodendo. — Ela mostra os dentes para mim. —
Toque-me e eu vou arrancar seus globos oculares.
Eu sorrio para ela. — Você sabe que eu gosto quando você é mal-
humorada.
Seus olhos caem para minhas mãos enquanto eu desabotoo meu
jeans. Ela suga uma respiração afiada quando o zíper desce.
— Eu vou gritar — ela avisa.
— Ah, eu aposto que você vai.
Ela volta para a cama, estreitando os olhos. — Não por prazer, idiota.
— Não seja tão confiante. Fizemos sexo no carro uma vez e foi
interrompido. Eu tenho muitas maneiras de fazer você gritar... de prazer.
Eu empurro minha boxer e jeans, permitindo que meu pau duro salte
livre. Ela está momentaneamente silenciada, olhando para o meu pau como
se nunca tivesse estado dentro dela antes. Preguiçosamente, eu acaricio,
apertando a cabeça para fazer uma gota de pré-gozo rolar.
— Tire suas roupas, Laundry.
— Isso não é conversar — ela sussurra.
Seus olhos continuam correndo para o meu pau e ela lambe os lábios
para umedecê-los. Se ela soubesse o quão faminta ela parece agora, ela
provavelmente nunca se perdoaria. Vou nos levar de volta para onde
estávamos antes. Eu só tenho que colocá-la embaixo de mim primeiro. Eu
sei que posso consertar.
— Tire. As. Suas. Roupas.
— Você vai ter que arrancá-las de mim — ela provoca. — Eu nunca
vou me despir voluntariamente para você. Você é um monstro.
— E o que isso faz de você quando sua boceta fica molhada para um
monstro?
— Foda-se.
Eu vi medo real em seus olhos duas vezes até agora. Uma vez, quando
o pai dela ligou quando estávamos transando. Ela se fechou e foi para algum
lugar dentro de si mesma. A segunda vez foi quando Scout a carregou para
seu quarto ontem à noite.
O medo não existe entre nós.
Sua respiração está pesada, os olhos dilatados e os lábios
entreabertos. Mas é tudo de desejo mal contido. Sob sua superfície
enfurecida, ela está doendo para eu tomá-la.
Para que Sparrow a reivindicasse, não Ford.
O desejo de fazer exatamente isso é esmagador. Subo na cama,
vagando lentamente em direção a ela. Sob o tecido de sua camiseta, seus
mamilos estão duros, em posição de sentido. Eu os quero entre meus
dentes.
Ela grita quando eu ataco. Sua luta é meia-boca e eu facilmente a tiro
de sua camiseta. Com toda a sua pele cremosa à mostra, eu salivo com a
necessidade de prová-la. Vagamente, noto o jeito que ela me dá um tapa na
bochecha, mas estou focado em deixá-la nua também. Uma vez que ela está
nua, eu levo um segundo para admirar o quão linda ela é.
— Você me deu um tapa — murmuro, olhando seus lindos lábios
rosados.
— Você me despiu.
Eu sorrio para ela. — Você sabia que estava chegando.
— Não significa que eu estava bem com isso!
— Hum. — Eu arqueio uma sobrancelha e deslizo a mão por sua
barriga até sua boceta. Com meu dedo mais comprido, deslizo entre seus
lábios, encontrando umidade lá. — Mentirosa.
Seus cílios tremem e ela engasga. — O que há de errado comigo?
Eu pressiono um dedo em seu corpo, revelando o quão apertada ela é
e sabendo que meu pau logo estará substituindo-o. — Você é um pouco
fodida assim como nós.
Ela parece se acomodar com essas palavras. — Eu não deveria ficar
excitada sendo forçada à submissão.
— Quem disse que você não deveria?
— Não sei. Sociedade?
— Acolha isso. — Eu empurro outro dedo dentro dela, meu pau
pulando com o gemido que ela faz. — Aceite isso.
— Eu não posso — ela murmura em lágrimas. — Isso me torna
cúmplice da minha própria morte.
Eu enrolo meus dedos, absorvendo a forma como seu corpo
estremece quando eu toco seu ponto G. — Eu preciso aliviar você de suas
escolhas? Isso vai ajudar?
Ela morde o lábio inferior e então me dá um leve aceno de cabeça.
— Diga meu nome — eu rosno, fodendo-a com meus dedos um pouco
mais vigorosamente. — Diga.
— Sparrow.
Eu fecho meus olhos, permitindo-me aproveitar o jeito ofegante que
ela diz meu nome. — Boa menina. — Eu toco sua boceta suculenta até que
ela está implorando para eu parar. Não parar o ato, mas parar a tortura e dê
a ela o que ela quer.
Um orgasmo.
Obedecendo seu pedido silencioso, eu a esfrego por dentro, apenas
sobre o lugar mais sensível de seu corpo, até meus dedos ficarem mais
escorregadios e ela sussurrar meu nome novamente. Soa tão bom 'pra'
caralho em seus lábios sensuais. Uma vez que eu tenho certeza que ela
montou seu orgasmo à beira de outro, eu deslizo meus dedos para fora dela
e agarro sua coxa.
Suas unhas marcam meus bíceps enquanto ela os passa pelos meus
braços. A picada faz meu pau se contorcer. Estou quase desesperado para
estar dentro dela. Agarrando meu pau, eu provoco sua boceta lisa e, em
seguida, empurro com um impulso rápido dos meus quadris.
— Ahh! — ela grita, cravando suas unhas mais fundo em meus braços.
Conduzindo todo o caminho, eu a reivindico como minha. Como do
Sparrow. Minha boca encontra a dela e eu a devoro, precisando provar sua
língua e lábios e cada gemido doce saindo dela.
— Foi real — murmuro contra sua boca, entrando profundamente
nela. — Isso é real.
Seus sapatos cavam na minha bunda e ela me beija com força, como
se estivesse tentando me calar. Eu mordo seu lábio e digo as palavras de
novo e de novo. Vou continuar dizendo-as até que ela me perdoe e acredite
nelas.
Tê-la na minha cama e dizendo meu nome é melhor do que aquele
show de merda no carro. Ninguém vai nos interromper. Ela não tem o medo
de seu pai pairando sobre sua cabeça. Agora, ela está fazendo o que ela
quer. Eu.
— Sparrow — ela engasga, seu corpo tenso. — Oh Deus!
Eu esmago minha boca contra a dela, perseguindo sua língua com a
minha enquanto eu a fodo implacavelmente. Sua boceta aperta em torno do
meu pau quando ela encontra outro orgasmo que faz meu pau pulsar com a
necessidade de gozar. Mais alguns movimentos desesperados e confusos
dos meus quadris e estou rosnando o nome dela desta vez.
Seu corpo é como uma garganta quente, bebendo cada maldita gota
da minha semente – faminta, não, faminta por isso. Estou pingando de suor
e tremendo quando ela me seca. Eu quase caio em cima dela, esmagando
seu corpo menor, mas consigo pousar em meus cotovelos no último
segundo. O calor da minha liberação escorre pelo meu pau ainda latejante,
tentando ao máximo escapar.
Um sentimento primitivo e sufocante da necessidade de possuí-la
toma conta de mim. Eu quero forçar minha volta ao corpo dela até que eu
possa me recuperar e presenteá-la mais. Eu a quero tão cheia da minha
semente que ela sairá dela em um fluxo constante por dias.
Meu cheiro. Meus beijos contundentes. Meu gozo.
Se eu pudesse marcá-la como se ela fosse algum tipo de animal que
me pertence, eu faria. É enlouquecedor o quão fundo na minha mente essa
garota chegou. O que é mais alarmante é que não a quero fora.
Eu só quero ela.
— Você gozou dentro de mim — ela murmura. — Você é louco?
Dando de ombros, empurro meu pau um pouco mais fundo, apesar de
amolecido. — Eu gosto de te encher.
— Sim, e continue fazendo isso sem proteção, você vai me engravidar.
Eu não odeio essa ideia. Não. De tudo.
— Vou ficar dentro de você para sempre — digo a ela, sorrindo. —
Você tem que admitir, é muito bom.
Ela revira os olhos, lutando contra um sorriso. — Você realmente
precisa de mim para elogiá-lo por suas habilidades de merda?
— Não é todo cara?
Sua diversão desaparece e suas feições endurecem. — Isso não nos
torna um par, Sparrow. Eu ainda sou sua prisioneira.
— Que porra, nunca. Você é minha. Vou levar você e Della para longe
daqui. Só nós três.
Mesmo quando eu digo isso, eu sei que isso não pode acontecer.
Scout não vai deixar. E não serei feliz sem meus irmãos. Estamos amarrados
demais para um de nós sair.
O que significa que ela também não pode.
— Eu não tenho certeza que tipo de fantasia você tem em sua cabeça,
mas não termina assim para mim. Eu não sou uma garota feliz para sempre.
Minha história nunca chega aos felizes. Você aprenderá em breve por si
mesmo.
— Eu vou fazer você feliz — eu argumento.
— Como você me fez ir para o seu quarto e me fez falar e me fez tirar
a roupa?
— Não é desse jeito…
— Sparrow, não se iluda.
Eu olho para ela, implorando que ela entenda que essa coisa entre nós
é sólida e real. Que eu vou cuidar dela e protegê-la.
Ela não entende.
— Posso tomar um banho agora? Sozinha? — ela pergunta, sua voz
fria e cortada. — Ou isso não é permitido?
Eu rolo para o meu lado dando a ela a liberdade que ela claramente
quer. Seus seios saltitantes ainda estão livres das minhas marcas de
reivindicação e se ela não estivesse sendo tão pirralha agora, eu levaria um
minuto para colocar minha marca neles. — Nós não terminamos de discutir
isso, Laundry.
— Nós terminamos, na verdade. — Ela sai da cama, meu gozo fazendo
suas coxas brilharem. — E você pode contar a seus irmãos o que fizemos.
Isso é tudo com você.
— Eles não vão dizer merda — eu rosno.
Ela para na porta do meu banheiro, inclinando a cabeça para o lado
enquanto estuda minha forma nua e saciada. — Como eu disse. Você está
iludido.
Com essas palavras, ela foge para o banheiro. Eu não estou delirando.
Landry e eu temos uma porra de uma conexão. Ela dormiu comigo duas
vezes agora. O corpo dela não pode negar o que temos. Se meus irmãos
pensam que vão ficar no meio disso, estão errados.
O que significa que nós quatro temos que descobrir como vamos fazer
isso funcionar.
CAPÍTULO OITO
LANDRY

Eles não vão me machucar.


Se quisessem, já teriam feito.
Claro, sou a "prisioneira" deles, mas não é como estar presa em minha
própria casa com papai. Eles estão protegendo a mim e a Della. Isso não é
cativeiro. Isso é segurança. Meus planos de fuga eram meio esquisitos para
começar. Então, embora eu não esperasse pousar aqui com eles, não é a
pior coisa.
Estamos jogando videogame pelo amor de Deus, comendo doces e
ouvindo Radiohead.
É tão... Calmo.
Embora os olhares pesados de Sparrow sejam tudo menos calmos,
especialmente considerando que ainda estou um pouco dolorida por tê-lo
dentro de mim. Cada olhar que ele me manda eu sinto todo o caminho entre
as minhas pernas.
Não tenho certeza se Sparrow disse a Sully que fizemos sexo ou não,
mas talvez o vínculo trigêmeo deles seja tudo o que ele precisa para saber
que aconteceu. De vez em quando, Sully lança um olhar desagradável para
Sparrow e para mim um de desejo.
Desculpe, cara. Só posso lidar com um de vocês de cada vez.
— Alguma coisa nas notícias? — Peço pela milionésima vez hoje,
jogando fora o controle de videogame.
— Não — Sparrow e Sully dizem ao mesmo tempo, sem se incomodar
em olhar para cima de seus telefones.
— Alguma palavra sobre Scout?
— Não. — Novamente com a resposta do papagaio robótico.
Essa calma parece uma falsa sensação de segurança. Por mais que eu
queira me apoiar nisso, não sinto que seja permanente. Não podemos nos
esconder neste apartamento, jogando videogame e ignorando a realidade
para sempre. Sinto que preciso fazer algo além de jogar Fortnite. Alguma
coisa. Minha mente corre enquanto tento evocar o que estaria fazendo se
estivesse em casa e esta fosse qualquer outra noite.
Estressante.
Eu estaria contando os minutos, não por tédio, mas por medo. Ficando
cada vez mais preocupada à medida que a hora em que papai voltaria se
aproximava.
Meus olhos encontram Della que tem Heathen em seu aperto forte,
ignorando a forma como a gata se contorce, acariciando-a enquanto ela
assiste desenhos animados.
Ainda estou frustrada e um pouco brava com os trigêmeos, mas
Della... Della está relaxada e feliz. Dói-me profundamente ter que nos
sequestrar para dar a ela um dia livre de estresse.
— Posso usar seu iPad? — Eu pergunto a Sully. — Por favor?
— Para pedir ajuda? — ele responde, uma sobrancelha levantada.
— Ninguém pode me ajudar — eu estalo. — Estou apenas entediada.
Mentiras. Eu só preciso ficar em guarda. Fingir não faz minha situação
ir embora.
Ele dá um tapinha no sofá ao lado dele, me dando um sorriso
arrogante. Reviro os olhos, mas me aproximo dele. Sparrow faz um som de
protesto, mas é interrompido quando ouvimos chaves na porta da frente. Eu
me levanto, sem saber o que acho que vou fazer, só que preciso fazer algo
além de sentar e esperar.
— Eu vou atender — eu ofereço, um pouco ansiosa demais.
Sparrow faz uma careta para mim, obviamente irritado por eu ter
oferecido, e vai até a porta para fazer isso. Ele abre para encontrar Scout
lutando com algumas sacolas e suas chaves. Sparrow pega uma das sacolas
de comida, afastando-se para deixar seu irmão entrar. Os olhos de xarope
de chocolate de Scout me encontram imediatamente e eu me aqueço sob
seu olhar.
Pelo menos Scout é divertido.
— Onde você esteve o dia todo? — Sully pergunta. — Eu pensei que
você tinha ido ver Ty.
— Eu fiz — diz Scout, deixando cair as sacolas sobre a mesa. — Então
eu tinha merda para fazer.
— Você cheira a fumaça — eu digo, com as mãos nos quadris. — Você
colocou fogo nele?
O sorriso de Scout é sombrio e aterrorizante. — Não, mas eu gosto de
como você pensa, princesa espinhosa.
Eu não o recompenso com uma resposta.
— Sério — Sparrow grunhe. — Por que você cheira a fumaça?
— Eu te disse. Eu tinha merda para fazer. — Scout começa a tirar os
recipientes das sacolas e colocá-los na mesa. — Mais alguma pergunta?
Como tomamos um café da manhã tardio, pulamos o almoço e agora
estou morrendo de fome. Pego uma das tigelas de macarrão e um pacote de
talheres para levar para Della. Heathen faz sua fuga, o que faz Della fazer
beicinho.
— Coma — eu digo a ela, certificando-me de que ela veja minha boca.
Assim que coloco ao lado dela, sorrio e sinalizo, Scout trouxe o seu favorito.
Frango lo mein.
Seus olhos verdes brilham. Ele me trouxe um biscoito da sorte
também?
Sully, claramente observando nossa conversa, joga um punhado de
biscoitos da sorte na minha direção. Eu tento pegá-los, mas perco todos os
cinco que caem no chão. Della alegremente recolhe todos eles, empilhando-
os ao lado dela. Eu bagunço seu cabelo e depois volto para a mesa.
Todos os três homens já estão mergulhando em suas refeições, mas
todos eles estão olhando para mim como se fosse eu quem puxasse as
cordas. Abro a tampa de um dos recipientes e começo a comer. O
pensamento de estar no controle de uma situação, pela primeira vez na
minha vida, é gratificante. Fortalecida por esse pensamento, eu os ignoro.
Dizem que gostam de jogar.
Bem, rapazes, eu vou jogar.
— Então, Sparrow e eu fizemos sexo hoje — eu digo com a boca cheia
de arroz frito.
Sparrow xinga baixinho e Sully engasga com a comida por um
segundo. Scout não reage, continuando a comer como se minha revelação
não o incomodasse.
— Ele diz que sou dele — provoco, incapaz de parar agora que
comecei. — Isso é verdade, Scout?
Cutuque a fera, Landry. Ótima ideia.
Estou tão acostumada a andar na ponta dos pés ao redor do monstro
da minha vida, que esses caras empalidecem em comparação.
— Nossa — Scout esclarece, suas narinas dilatadas.
Ele não é tão apático quanto está tentando ser.
— Então, como funciona toda essa coisa de compartilhamento? — Eu
continuo com um sorriso açucarado enviado para Scout. — Estou
completamente fora dos limites de Sparrow enquanto você estiver fora? Ou
somos apenas amigos da festa do pijama que se abraçam? E se Sully quiser
um pedaço? Se existem regras para este arranjo estúpido, tenho certeza que
as quebramos. Ops.
— Por que você está fazendo isso? — Sparrow exige, mágoa brilhando
em seus olhos de bordo.
— Por que não? — Enfio mais comida na boca, ignorando seus olhares
intensos.
— Sim — Sully intervém. — Quais são as regras, porque estou muito
chateado que tudo o que sou nesta situação é a porra da babá?
— Ninguém pediu para você tomar conta — eu falo, olhando para ele.
— Talvez vocês três possam agendar quem assiste Della enquanto os outros
dois se revezam me pegando.
Sparrow empurra seu recipiente para longe dele. — O suficiente. Você
está apenas tentando nos irritar e não vai funcionar.
Mas vai.
Estão todos ficando chateados. Eu posso ver tudo em seus rostos
combinando. Ciúmes. Possessividade. Cada um deles me quer só para eles.
Eu não sou a porra de uma torta que você pode cortar em três partes e
separar igualmente.
— Terminei de comer. Scout? É a sua vez?
— Pare — Sparrow rosna. — Eu disse que é o suficiente.
— Você não é o chefe — eu mordo de volta, apontando para Sparrow.
— É ele? Scout, você é o chefe?
— Querida — Sully começa, sua voz suave como se ele estivesse
tentando me acalmar.
— Eu não sou sua querida! Eu sou seu brinquedo estúpido! — Eu grito
em um tom zombeteiro. — Façam suas voltas! Use-me! Vamos, Scout. É a
nossa vez de foder!
Pressione. Pressione. Pressione.
Eu anseio pressionar todos os três para fora do limite.
O olhar de Scout queima um buraco em mim.
— Você tem um desejo de morte, princesa espinhosa.
Há um trigêmeo que eu empurrei um pouco longe demais. A alegria
passa por mim. Eu não tenho medo, mas estou ansiosamente antecipando o
que vai acontecer a seguir.
— Não — eu argumento. — Só quero saber quais são as regras. — Eu
solto uma risada áspera. — Talvez eu devesse fazer as regras.
Scout se levanta de seu assento à mesa, pairando sobre nós, sua
escuridão encobrindo como uma nuvem de tempestade. Sparrow começa a
se levantar também, mas Scout lhe dá um aceno de cabeça.
Estou agradecida por Della não poder ouvir essa conversa ridícula.
Inferno, que ninguém além de nós ouve esse assunto. É insano.
E eu perdi a cabeça.
Eles me levaram à loucura.
— Vamos, — Scout diz, estendendo a mão para mim. — Hora de
dormir.
— Landry — Sparrow murmura. — Você não precisa fazer isso.
— Ninguém está me forçando a fazer nada — eu declaro na minha voz
mais doce e falsa que posso reunir. — Cansei de seguir as regras. Estou
fazendo-as agora. Estou dando as cartas aqui.
Ele fecha as mãos como se quisesse esmurrar seu irmão.
— Sete dias por semana. Hum. — Eu toco meu queixo. — Acho que
são dois dias cada.
— E nós compartilhamos o sétimo dia? — Scout pergunta, uma faísca
de diversão brilhando em seus olhos escuros.
— No sétimo dia nós descansamos — eu falo. — Vamos lá.
— Nós cuidaremos de Della — Sully me garante. — Você sabe que eu
realmente não quis dizer o que eu disse, querida.
Eu relaxo um pouco sabendo que pelo menos não estraguei as coisas
para Della. — Eu sei. Obrigada.
Depois de dar boa noite a Della, evito o olhar carrancudo de Sparrow e
pego a mão de Scout. É forte e quente em volta do minha. Ele é o
responsável por tudo isso, mas me vejo agarrada a ele agora. Sparrow pode
comer um pau, não me importo.
— Landry, caramba — Sparrow chama atrás de mim, veneno pingando
de suas palavras. — Não se atreva a dormir com ele.
Oh, olhe, há outro que eu empurrei para fora da borda.
Divirta-se caindo, filho da puta.
Um arrepio desce pela minha espinha, chacoalhando por todos os
ossos do meu corpo, mas não é de medo. É da incerteza do que ele vai fazer.
Ele vai lutar com seus irmãos por mim? Finjo que nem ouço Sparrow e me
recuso a olhar para ele. Como a idiota que sou, deixei Scout, o mais
aterrorizante dos trigêmeos, me levar para seu quarto.
Depois de provocá-lo.
Depois que eu fiz uma bagunça das coisas.
Porque eu quero. Porque eu escolhi isso.
Eu não tenho medo dele.
Não tenho medo de nenhum deles.
Ele cheira a fumaça, violência e raiva mal contida, mas eu o sigo de
bom grado. A porta se fecha atrás de nós, nos selando em seu quarto.
Scout solta minha mão e anda até nossos peitos se tocarem. Ele olha
para mim, uma expressão ilegível em seu rosto bonito. Um suspiro
assustado me escapa quando ele mergulha no meu pescoço e me inala.
— Você cheira como ele.
Estremeço com a acusação profunda. — Tomei banho e contei o que
fizemos. Você não pode me punir por ser honesta.
Ele brinca com uma mecha do meu cabelo, enrolando e desenrolando
ao redor de seu dedo. — Quem disse que eu queria puni-la?
— Você está chateado. Eu posso ver isso em seus olhos. Sou muito boa
em ler emoções.
Ele se afasta, seus olhos escuros procurando meu rosto. — Por causa
do seu pai. Você se comportou de acordo com o humor dele.
Não faz sentido esconder a verdade agora. Ele conhece meus segredos
mais profundos.
— Sim — eu sussurro.
— Eu não estou com raiva de você — diz ele, me surpreendendo. — E
eu não posso ficar bravo com meus irmãos.
— O que, então?
— Compartilhar é difícil quando você realmente quer algo só para
você.
— Talvez eu não queira ser compartilhada — eu desafio. Meu corpo
formiga com o calor, discutindo essa afirmação imediatamente.
— Você quer ser apenas do Sparrow?
— Não — eu digo muito rapidamente. — Ele é teimoso e pensa com o
pau dele.
Um sorriso de lobo se estende sobre o rosto bonito de Scout. — Sully?
Eu?
— Ninguém. Eu só quero ficar sozinha. Com Della. Longe, muito longe
daqui.
Seus lábios roçam minha bochecha, tão macios que me fazem cócegas.
Hálito quente encontra meu ouvido quando ele diz: — Isso não vai
acontecer. Nunca. Então, quem você escolhe?
Engolindo em seco, me pergunto se forçada a dar uma resposta,
poderia?
— Eu disse ninguém.
— Até que você escolha, a resposta é todos os três. — Ele dá um passo
para trás, passando o olhar pelo meu rosto. — Tire suas roupas.
Meus olhos se arregalam com suas palavras. — O-o quê? Não.
— O que meu irmão fez para você se despir para ele, hum? Suplicou
docemente? Prometeu-lhe presentes?
— Ele acabou por tirá-las — eu admito em um sussurro baixo.
Seus olhos escurecem. — Devo pegar minha faca?
Eu tremo com suas palavras. — Não, seu psicopata maluco. Eu tenho
duas roupas. Vou tirá-las antes de deixar você cortá-las.
Ele sorri, perdendo um pouco da maldade perturbadora que estava se
formando sob sua superfície. — Tire e entre no chuveiro.
Não vou ganhar uma guerra com o Scout.
Atirando-lhe um olhar sujo, tiro minhas roupas, esperando que pareça
tão pouco sexy quanto um strip-tease pode ser.
— Ligue a água e entre. — Ele pega a parte de trás de sua camiseta
atrás do pescoço e a puxa, revelando suas tatuagens coloridas e abdominais
duros como pedra. — Agora, princesa espinhosa.
Dando meia-volta, corro para o banheiro. Depois de ligar a água
quente, eu entro. Ontem à noite, tomamos banho juntos e depois dormimos
juntos nus. Estou segura aqui. Eles são idiotas, mas eu posso lidar com
alguns idiotas. Segundos depois que estou relaxando sob o jato quente, ele
entra no chuveiro também, me apertando por trás.
As palmas das mãos de Scout deslizam sobre meus seios. — Eu gosto
de suas regras. Compartilhando você igualmente. Ter você só para mim e
ninguém para me impedir.
Seu pau é pedra atrás de mim, uma haste grossa de granito entre nós.
Isso me faz pensar se ele pareceria diferente do que Sparrow sentiu dentro
de mim. Ele iria me amarrar e me amordaçar? Ou ele seria gentil, como ele
foi quando me lavou ontem à noite? Eu nunca admitiria isso para ele, mas
estou curiosa.
Minha voz é ofegante quando ele manuseia meus mamilos. — Eu sou
uma pessoa, Scout, não um brinquedo. E há falas, mesmo neste nosso jogo
fodido. Quando eu não quero fazer sexo, você não pode me obrigar.
Ele ri, acariciando meu cabelo. — Como eu sobrevivi a cada dia sem
você até agora?
Uma risada cai fora de mim. — Você está falando sério agora? Você
parece um perseguidor obsessivo.
Ou apaixonado...
Mas isso é impossível. Pessoas como Scout não têm coração. Eles têm
cérebro por necessidades sexuais, paus grandes e carros idiotas.
— Sou um perseguidor obsessivo.
Eu não entendo o carinho dele ou seu estranho tipo de brincadeira. Eu
não estou odiando, porém, faz questionar minha sanidade. Ele está
mantendo eu e minha irmã em cativeiro contra nossa vontade. Mesmo
minha tentativa mental de me lembrar que ele é um sequestrador falha.
— O que estamos fazendo mesmo? — Eu pergunto, derrotada.
Ele agarra meus quadris, dedos cavando quase dolorosamente, e me
gira. Eu grito do azulejo frio contra minha bunda. Seus lábios encontram
meu pescoço e ele suga a carne com tanta força que dói. De novo e de novo
e de novo ele me marca, como se quisesse que seus irmãos vissem o que ele
fez. É bom ser o objeto de seu único foco. Também estou ansiosa para ver o
olhar no rosto de Sparrow quando ele ver chupões por todo o meu pescoço.
No momento em que ele se afasta, estou sem fôlego e carente. Eu
meio que espero que ele me levante, me fodendo até amanhã. Em vez disso,
ele lava nós dois, nos seca e depois me leva para a cama.
— Você não quer fazer sexo, nós não estamos fazendo sexo.
Dormir. Sem brincadeiras ou sexo. Apenas abraçando e dormindo.
Eu não entendo o jogo que Scout está jogando comigo.
Mas estou aprendendo que gosto de deitar contra seu corpo duro e
nu. Muito.
CAPÍTULO NOVE
SULLY

Eu acorde com meu celular tocando. Meu pescoço está duro de onde
eu tenho dormido no sofá. Se Della vai ficar aqui por muito mais tempo, vou
transformar o escritório em um quarto para ela. Não há como eu dormir no
sofá para sempre. O zumbido continua e eu olho cegamente para o meu
telefone que está na mesa de centro. Texto do grupo.
Scout: Reunião de família. Meu quarto.

Porra, porra.
Faço um desvio para mijar e escovar os dentes antes de ir para o
quarto de Scout. Sparrow tropeça para fora de seu quarto cheirando a
bebida e puxando um par de moletom sobre sua bunda nua. Acho que ele
afogou suas mágoas com uma garrafa ontem à noite. E, porque eu sou a
babá por aqui, estou me sentindo revigorado por ir para a cama cedo e não
ficar com a cara de merda.
A porta do Scout está fechada. Sparrow fica tenso, mas quando eu
bato em seu ombro, ele continua indo para porta. Como se ele fosse o rei da
porra do mundo, Scout está esparramado – nu como no dia em que nasceu
– com uma Landry adormecida enrolada nele. A visão deles é um chute no
peito que eu não esperava.
Eu sou o único por aqui que não transa?
Não é só transar. Eu poderia abrir o Tinder e ficar com qualquer uma
com alguns golpes. É que ambos claramente estiveram com ela. Estou com
ciúmes e irritado e um pouco excitado ao ver sua pele nua em exibição.
— Vangloriando-se? — Eu resmungo, gesticulando para eles. —
Realmente maduro.
Sparrow cruza os braços sobre o peito e encara nosso irmão como se
estivesse a segundos de puxar Landry de seus braços. Eu gostaria de vê-lo
tentar. Scout não vai aceitar essa merda.
— Você transou com ela? — Sparrow exige, voz afiada como uma
lâmina.
— Com certeza parece assim, — Scout provoca. — Não é?
Landry se agita ao som de nossas vozes. Quando ela percebe que
estamos olhando para eles, ela pega o lençol, passando-o sobre os dois.
— Eu te disse... — Sparrow berra.
Scout o interrompe. — Não, eu não transei com ela, irmãozinho. Não
que seja da sua conta.
Landry se arrepia.
— Você nos chamou aqui por uma razão — eu deixo escapar,
conduzindo meus irmãos de volta aos trilhos. — E aí?
Scout estende a mão para pegar seu telefone e depois o joga no final
da cama. Sparrow olha como se fosse uma bomba prestes a explodir. Com
um huff, eu o pego para ler o que quer que ele esteja nos mostrando.
Puta merda.
Está em todos os noticiários.
— As duas filhas do magnata da tecnologia Alexander Croft, Landry e
Della Croft, foram sequestradas — li em voz alta. — Embora o suspeito ou
suspeitos não tenham sido presos neste momento, a polícia diz que está
seguindo várias pistas e garante ao Sr. Croft que eles vão localizar e trazer
com segurança para casa suas filhas.
Eu folheio o resto do artigo de notícias e encontro em vários outros
sites. Está em todos os noticiários. Não há detalhes sobre os suspeitos, mas
isso não me conforta.
— Ligue a TV — diz Landry, sua palma deslizando sobre o músculo
peitoral de Scout. — Preciso ver o que está acontecendo.
Sparrow permanece congelado, observando os dois deitados na cama
juntos. Não consigo evitar a pontada de desgosto que sinto ao vê-la tocá-lo
com tanto... carinho. Como se fossem amantes, ou inferno, até amigos.
Se ela pode confiar em Scout de todas as pessoas, então certamente
ela pode chegar lá comigo e Sparrow. Isso é um progresso e estou muito
feliz por pensar em tê-la na minha cama em breve. Desnudada para mim de
todas as maneiras, segura e cuidada em meu abraço protetor.
Scout a obedece e liga a televisão. Logo, ele localiza uma nova estação
onde Alexander está falando. Ele pede ao público que o ajude a trazer suas
filhas de volta para casa. Um policial assume a fala quando Alexander
começa a chorar. O oficial responde a algumas perguntas dos repórteres.
— Como você tem certeza de que foi um sequestro? Havia uma nota
de resgate?
A expressão do oficial não revela nada. — Existem muitas camadas
deste caso, todas as quais estamos usando todos os recursos possíveis para
investigar. Posso garantir que assim que tivermos mais informações,
informaremos o público.
Muitas outras perguntas são feitas a ele, mas ele evita a maioria delas,
afirmando que não podem divulgar certos fatos, pois é uma investigação em
andamento. Finalmente, quando acho que a coletiva de imprensa pode
estar terminando, outro homem sobe ao pódio.
Eu reconheceria aqueles olhos azuis afiados e calculistas em qualquer
lugar.
Winston Constantine.
Ele emana poder, praticamente pulsando pela tela da televisão,
lembrando a todos nesta cidade quem está no comando.
Ele.
A família dele.
Eu odeio esse cara.
— Se Winston está se envolvendo — eu resmungo, — estamos
fodidos. Estamos tão fodidos.
— O que? Por que? — Landry exige.
Olhando para ela, noto que ela se pressionou mais perto de Scout. O
homem que começou essa tempestade de merda OU ALGO UM POUCO
MAIS SUAVE…
— Ele tem contatos e conexões. É apenas uma questão de tempo até
que ele esteja de volta em nossas vidas, fodendo tudo de novo — Sparrow
rosna. — Você fez isso, Scout. Quando ele vier quebrar mais do que alguns
joelhos, lembre-se disso.
— Esse é o cara que machucou você? — Landry pergunta. — Mas ele
é... ele é apenas um cara de Wall Street. E vocês são tão…
Nós três nos viramos para olhar para ela, esperando por essa resposta.
— Vocês poderiam lidar com uma briga — ela diz finalmente. —
Aquele cara não parece que poderia levar um de vocês, muito menos três.
— Ele tem mais dinheiro do que Deus — explico com um bufo
frustrado — o que significa que ele paga as pessoas para fazer seu trabalho
sujo.
Todos voltamos nossa atenção para a tela, pegando o final da
declaração de Winston.
— … Mas não se preocupe. Vamos abafar os ratos que fizeram isso e
eles vão flutuar para a superfície. As meninas vão se reunir com o pai em
breve. — Winston aborrece seu olhar conhecedor para a câmera e parece
que está olhando diretamente para nós. — Tenho absoluta certeza disso.
Scout desliga a televisão.
— Como ele pode ter tanta certeza? — Landry pergunta, sua voz
falhando. — O papai sabe que estou aqui? O que acontece quando ele me
encontra?
Suas perguntas ficam sem resposta porque o telefone de Scout que
ainda estou segurando na minha mão vibra com um texto.
Bryant: Diga-me que você e seus irmãos não têm nada a ver com isso...

Ele envia um link para uma das notícias sobre as garotas Croft
desaparecidas.
— Bryant está perguntando se fomos nós — murmuro, energia
nervosa zumbindo sob minha pele. — O que eu digo de volta?
— Dê aqui — Scout exige. — Eu vou lidar com isso. Não sabemos nada
sobre nenhuma garota desaparecida.
Landry relaxa visivelmente com suas palavras. Mantê-la cativa aqui
não é o que eu pretendia fazer, mas agora que ela está aqui, cabe a nós
protegê-la desse pedaço de merda. Posso garantir que nem eu nem meus
irmãos vamos deixar nada acontecer com ela.
Isso é uma promessa.

Enquanto scout faz o café da manhã com Della e Sparrow toma banho
da ressaca, eu me sento ao lado de Landry no sofá. Ela anda obsessivamente
mudando de canal, tentando descobrir o que seu pai sabe.
— Você está bem?
Ela encolhe os ombros, abraçando os joelhos contra o peito e
apoiando o queixo em cima. — Eu tenho que estar.
— Quer falar sobre isso?
— Não. — Ela corta os olhos na minha direção. — Pode ser.
Sabendo que ela não virá por vontade própria, eu a agarro pelos
quadris e a puxo para o meu colo. Eu espero um pouco de luta, mas ela se
enrola em mim, como se estivesse desejando que alguém a abraçasse e
prometesse que tudo ficaria bem. Ela cheira a colônia de Scout, o que é
irritante, mas sou capaz de ignorá-la, já que ela parece tão bem em meus
braços.
— Seu pai não pode te machucar — eu a lembro. — Você está segura
conosco.
— Não parece muito seguro.
— Bem, é seguro. Você acha que eu, Sparrow ou Scout deixaríamos ele
tocar em você?
Ela considera minhas palavras e então me dá um pequeno aceno de
cabeça. — Estou grata por você garantir que as coisas sejam o mais normal
possível para Della. Eu sei que você pensa que é a babá enquanto... — Ela
para. — Só sei que significa muito para mim.
Sua cabeça se inclina para cima e eu não perco o beijo que ela está me
oferecendo. Enfiando meus dedos em seu cabelo, eu a acaricio enquanto
meus lábios pressionam os dela. O beijo é doce no início. Até eu ficar
faminto por mais. Um gemido retumba através de mim e eu devoro sua
boca, mordiscando, sugando e provando.
Algo me bate na cabeça. Um gato rosa. Encontro Della, não mais na
cozinha, mas empoleirada no braço do sofá, nos observando com um sorriso
maligno no rosto. Relutantemente, eu me afasto de Landry e dou a Della
uma sobrancelha erguida.
O que? Eu sinalizo para ela.
Della estreita os olhos. Bobão.
Pirralha. Eu sorrio para ela. Você.
Ela sinaliza algo rapidamente para Landry que eu não consigo
acompanhar antes de sair correndo para incomodar outra pessoa. Landry
está sorrindo, o que me faz sorrir também.
— O que a pequena idiota disse? — Eu exijo, fingindo estar irritado.
— Ela ficou bastante escandalizada pelo fato de termos tocado línguas
como 'dois cachorrinhos'. Então ela perguntou se poderíamos ter um
cachorrinho. — O sorriso dela cresce mais. — É bom vê-la feliz.
Landry se aconchega em mim, macia e quente, não mais tensa. Eu não
fiz nada de propósito para mudar o humor dela, mas parece que talvez eu
acidentalmente conquistei uma grande montanha.
— É bom ver você feliz também, querida.
CAPÍTULO DEZ
LANDRY

Eu pensei que íamos passar das birras, mas Della não recebeu o
memorando. Ela está tendo um ataque de proporções épicas, batendo os
pés e jogando almofadas para fora do sofá. Seu rostinho bonitinho está
vermelho de raiva e retorcido em uma expressão que é um pouco
assustadora.
— Qual é o problema da garota? — Sparrow pergunta, encostado na
parede e estudando-a de longe.
Sully está tentando apaziguá-la com as poucas frases em ASL que ele
conhece. Isso só parece enfurecê-la mais. Eu tento acalmá-la sem sucesso. É
Scout, no final das contas, quem difunde a situação.
Ele caminha até ela, dá um tapa na cabeça dela e balança a cabeça. Ela
mostra os dentes para ele como se fosse morder. No último segundo ela
sinaliza a palavra, gato.
— Gato? — ele pergunta, arqueando uma sobrancelha, certificando-se
de que ela veja sua boca.
Uma lágrima escorre por sua bochecha e ela a limpa antes de assentir.
Estou surpresa que ele conhece a palavra. Meu coração dá um pequeno
aperto no peito sabendo que esses caras estão tentando encontrar maneiras
de se comunicar com minha irmã. Eles obviamente estão pesquisando e
aprendendo ASL por causa dela.
— Ela está cansada — eu ofereço. — Precisa ir para a cama.
Ele a pega, segurando-a contra ele e faz um clique com a língua.
Heathen resmunga de algum lugar dentro do apartamento e então vem
trotando para a sala de estar.
— Hora de dormir — Scout diz a gata. — Vamos lá.
Della não está mais chateada e se agarra a Scout, descansando a
cabeça em seu ombro. Parte meu coração que o único modelo masculino
em sua vida seja um idiota abusivo. Parecia que, até agora, eu era a única
que entendia Della. Esses caras, no entanto, certamente estão tentando, o
que significa muito mais do que eu gostaria de admitir.
Sparrow pega seu gato rosa de pelúcia e entrega para ela. Mais cedo,
ele tentou isso, e ela jogou. Desta vez, ela o pega, aconchegando-o a ela.
— Vou fazê-la dormir e depois fico no sofá — Scout me diz antes de
desaparecer em seu quarto.
— Eu vou para a cama também — diz Sully. — Ela vai acordar ao raiar
do dia.
Ele caminha até mim e me beija na boca, ignorando completamente o
bufo irritado que Sparrow faz. Quando ele se foi, Sparrow faz seu
movimento, rondando até mim. Seu dedo engancha sob meu queixo e ele
me fixa com um olhar tão quente que começo a suar.
— Você é minha esta noite. — Sua mandíbula aperta. — E amanhã à
noite.
— Você sempre estraga tudo abrindo a boca.
— Regras são regras.
— Quem disse que você é o próximo? Talvez Sully seja o próximo.
— Sully pode esperar. Eu preciso acertar as coisas com você.
Eu me afasto dele, apenas para ser puxada de volta para seus braços
fortes. Ele cheira bem, o que me faz querer enterrar meu rosto em seu
peito. Ele está sendo um idiota brutal, no entanto, então eu luto e bato em
qualquer parte dele que eu possa acertar.
— Pare — ele avisa, agarrando meus dois pulsos em suas mãos. — Ou
eu vou fazer você parar.
Calor enrola na boca do meu estômago. Isso me frustra sem fim.
Quanto mais idiota ele é, mais eu fico excitada. Estar aqui com esses
homens é complicado e confuso.
Seguro.
É por isso que paro de lutar e deixo Sparrow me levar até o quarto
dele. Ele me solta quando estamos na frente de sua cama bem arrumada.
Todos os móveis são de madeira escura — elegantes e caros. Comparado ao
quarto um pouco bagunçado de Scout, o de Sparrow é quase imaculado.
Mais ou menos como seu estúpido carro chique. Ele espera, com os olhos
cravados em mim, por um elogio.
— E Della chama Scout de empregada... — eu digo, parando e
gesticulando para o quão arrumado está tudo.
— Você é uma verdadeira vadia às vezes, Laundry.
Eu sorrio, dando de ombros. — Acho que, no fundo, você gosta dessa
parte de mim.
— Tire suas roupas e eu vou te mostrar o quanto eu gosto da sua boca
rude.
Calor corre através de mim, dizimando cada célula do meu corpo. Isso
queima todo pensamento racional e eu anseio por ele fazer exatamente
isso.
Estou prestes a ficar esperta de novo, para ver o que ele vai fazer,
quando Scout entra no quarto de Sparrow. Sparrow endireita os ombros e
olha para ele.
— O que? — Sparrow exige.
— A garota está dormindo — Scout diz com um sorriso sinistro. — E
você ainda me deve, irmãozinho.
— Devo a você como?
— Você transou com ela enquanto eu estava fora. Agora você pode
assistir enquanto eu fodo Landry na sua cama.
Sparrow fica boquiaberto para ele. Minha pele se arrepia com a ideia
de Sparrow assistindo Scout entrar em mim. É imundo, mas intrigante.
Agora que tenho certeza que Scout não vai me machucar, estou excitada
com a ideia.
— Porra, não — Sparrow cospe.
— Você não manda em mim — digo a Sparrow. — Ou ele. Se ele quer
me foder, e eu também quero, então acho que você tem que lidar com isso.
A mandíbula de Sparrow aperta e suas narinas se dilatam. — Você está
brincando com fogo.
— É a única maneira que eu sei jogar. — Aponto para uma cadeira. —
Sente-se e observe, Chevy.
Seus lábios se curvam ligeiramente e, para minha surpresa, ele
obedece. Cada passo é pesado, indicando que ele ainda está chateado e
agindo como uma criança, mas ele ouve. Uma vez que ele está sentado, eu
olho por cima do meu ombro, dando a Scout um sorriso hesitante.
Scout manca na minha direção, olhos escuros me sugando em seu
abismo. Sua mão agarra meu queixo e ele inclina minha cabeça para que
possa me beijar de uma maneira quase dolorosa e brutal. Ainda estou me
recuperando do beijo quando estou sendo empurrada de bruços na cama.
Sparrow está na minha linha direta de visão, cotovelos nos joelhos
enquanto se inclina para frente, me observando como se eu fosse um
pedaço de carne saboroso no qual ele quer afundar os dentes. Eu agarro os
cobertores, tendo um prazer secreto em bagunça-los, enquanto Scout puxa
meu jeans pelas minhas coxas. Ele me dá um tapa forte por cima da minha
calcinha na bochecha de uma bunda me fazendo gritar de surpresa. Os olhos
de xarope de bordo de Sparrow escurecem, me lembrando Scout.
— Chupe — Scout instrui, empurrando o dedo na minha boca. — Bem
e molhado.
Com os olhos fixos em seu irmão, chupo seu dedo, imaginando que é o
pau de Sparrow. Sparrow morde o lábio inferior, as pupilas dilatando
enquanto ele observa. Scout puxa o dedo da minha boca e, em seguida,
empurra minha calcinha para o lado. Eu grito com a intrusão lisa de seu
dedo dentro de mim. Ele não usa mais de um dedo, embora eu esteja quase
desesperada para implorar por mais.
Sparrow não se move para se tocar ou se aproximar. Ele é uma estátua
senciente, permanecendo firme e imóvel em sua cadeira. Estou tão fixada
na curva macia e molhada de seu lábio inferior, estou chocada quando Scout
puxa o dedo, substituindo-o rapidamente pela cabeça de seu pênis.
Estamos fazendo isso.
Estamos realmente fazendo isso.
Vou deixar Scout fazer sexo comigo enquanto Sparrow assiste.
Ao invés de entrar em mim como eu esperava, Scout avança
dolorosamente devagar. Eu agarro os lençóis da cama, choramingando e
implorando por mais.
Esses homens me querem.
A obsessão deles deveria me assustar, especialmente depois do que
passei com meu pai, mas não consigo encontrar medo neles.
Papai me quebrou.
Os trigêmeos Mannford estão me consertando de uma maneira
fodida.
— Diga a ele como isso é bom — Scout resmunga atrás de mim uma
vez que ele está pousado dentro de mim. — Eu não vou me mexer até que
você diga a ele.
Eu me contorço, testando a validade de suas palavras. Ele não move
seus quadris, em vez disso escolhe cravar seus dedos em meus quadris, me
mantendo imóvel.
— É bom — eu admito, meu olhar travado em Sparrow. — Muito bom.
Sparrow range os dentes com tanta força que tenho medo que ele os
quebre. Ainda assim, ele não se move. Me observa com uma energia
selvagem que eu quero ser arrebatada.
Scout começa a mover seus quadris, uma provocação lenta e sensual
que me deixa chorosa e desesperada. Eu arrasto os lençóis para o meu
rosto, mordendo-os, qualquer coisa para me impedir de implorar como uma
prostituta sem vergonha. Ele me fode devagar, mas duro de uma forma que
parece que ele está tentando entrar dentro de mim para aprender todos os
meus segredos obscuros e sujos. Eu sou incapaz de pará-lo. Eu quero ele lá.
Quero ser conhecida, compreendida e cuidada.
— Scout — murmuro. — Oh Deus…
— Você é tão apertada 'pra' caralho — Scout rosna. — Jesus.
A expressão de Sparrow é assassina, mas seu pau está duro nas calças.
Ele não está me impedindo ou Scout. Na verdade, acho que ele gosta de
assistir. Isso me excita ainda mais.
— Você está molhada para ele - para nós — provoca Sparrow, voz
grossa com luxúria, traindo sua carranca de raiva. — Você gosta de ter uma
audiência. Você gosta de nos punir.
Meu coração palpita. Estou molhada para eles. Este momento é mais
quente do que eu poderia ter previsto. Seria ainda melhor se Sully estivesse
assistindo também.
— Você não está no controle de mim — eu sussurro, abafando o
gemido de prazer. — Ninguém está. Não mais.
— É aí que você está errada, baby. — O sorriso de Sparrow é sinistro,
fazendo-o parecer muito mais Scout do que Scout agora. — Você é quem
está sendo loucamente fodida pelo meu irmão enquanto eu assisto.
— Tire seu pau para fora. — Eu choramingo quando Scout me atinge
com força. — Você quer ver quem está dando as ordens agora?
Sparrow não tira os olhos dos meus. Então, para minha surpresa e
deleite, ele me obedece. Desliza as calças pelas coxas, revelando seu lindo
pênis. Minha boceta aperta em torno da espessura de Scout. Estou molhada
com excitação e não é suficiente.
Eu sou uma garota gananciosa.
Eu quero mais.
Eu quero tudo isso. Eles. Juntos. Tudo de uma vez. De novo e de novo.
— E agora, querida? — Sparrow exige.
— O acaricie — Eu ronrono. — Finja que está dentro de mim.
Sua mandíbula aperta e o calor queima como um inferno em seu
olhar. Ele empurra seu pau, parando apenas para cuspir em sua mão antes
de voltar para ela.
— Eu não quero fingir — Sparrow rosna. — Eu quero que você admita
que você quer nós três. Todos os três em seus buraquinhos.
Scout faz um som estrangulado de prazer, seus quadris entrando em
mim em estocadas duras que combinam com o movimento da mão de
Sparrow.
Eu lambo meus lábios e arrasto meus olhos sobre as veias saltando nas
mãos de Sparrow. Sua mão não deveria parecer tão sexy, mas enrolada em
torno de seu pau enorme, é uma obra de arte.
— Belisque seu clitóris — instrui Sparrow.
Scout ouve seu irmão, esmagando brutalmente meu clitóris sensível.
Eu grito em uma mistura de dor e prazer.
— Não está no comando — Sparrow me lembra com um sorriso de
lobo. — Admita que você quer todos nós ou eu vou continuar fazendo ele
abusar do seu clitóris até que você tenha tantos malditos orgasmos que
você não pode ver direito.
Oh Deus.
— Eu não posso admitir isso — eu sufoco.
Porque se eu fizer isso, isso me deixa positivamente louca, certo?
— Eu pensei que você estava no comando — provoca Sparrow.
— Eu estou — eu deixo escapar. — Oh Deus.
Scout me fode implacavelmente, me distraindo dessa conversa.
Sparrow não parece muito incomodado com sua punição por ter que
assistir. O bastardo bizarro gosta disso.
E eu sou uma cadela excêntrica por gostar disso também.
— Admita que você quer foder nós três. — A mão de Sparrow se move
cada vez mais rápido com o movimento dos quadris de Scout. — Diga e eu
irei até você. Eu vou gozar na minha mão vendo meu irmão foder a garota
mais gostosa e irritante do planeta.
— Talvez, oh, Deus!
— Não está bom o suficiente. Eu preciso de um sim ou um não, baby.
— S-sim!
— Eu sabia disso — Sparrow grita. — Você quer gozar em todo o pau
de Scout agora?
— Eu quero…
— Você está no comando. Faça acontecer.
— Me belisque de novo — eu digo a Scout, minha voz trêmula com a
necessidade. — Me faça gozar.
Scout rola o dedo e o polegar sobre meu clitóris, segura-o e torce até o
ponto de dor, mas não vai mais longe. Eu arqueio minhas costas, meu corpo
cantando com uma explosão iminente de prazer.
— Boa menina — Sparrow rosna, esperma saindo da ponta de seu pau
e respingando em seu estômago nu. — Você foi feita para isso. Para nós.
Suas palavras, juntamente com a forma intensa como ele me observa
e como o pau de Scout continua me batendo por dentro no lugar certo, eu
perco completamente. Cores explodem ao meu redor, detonando cada
terminação nervosa do meu couro cabeludo até os dedos dos pés. Eu grito
nos lençóis que tentei enfiar na boca para abafar os sons que me escapam.
Lágrimas quentes picam meus olhos e serpenteiam pelo meu rosto.
— Minha — Scout sibila, seus impulsos se tornando mais selvagens e
desiguais. — Porra.
Seu pênis incha, meu único aviso de sua liberação iminente, e então
ele goza com um rosnado feroz. Calor inunda em mim, bombeando,
enchendo-me até a borda. Eu sei que isso é imprudente e estúpido. Estamos
todos apenas fazendo sexo sem preservativos ou qualquer tipo de controle
de natalidade, mas eu não consigo impedi-los.
Estou além de tentar ser razoável ou responsável.
Estou apenas vivendo o momento.
Pela primeira vez, curtindo partes da minha vida de merda.
Scout puxa para fora, dá um aperto afetuoso na minha bunda
enquanto seu gozo pinga por toda a parte de trás das minhas coxas, e depois
sai.
Ele me deixou.
Destruída, usada e cheia de seu gozo.
É tão degradante. Eu deveria odiar toda a provação.
Mas não.
Eu amei.
Assim que a porta se fecha, Sparrow se levanta. Minha frequência
cardíaca acelera, me perguntando o que ele vai fazer. Estou muito fraca para
me mover, no entanto. Ele desaparece de vista e então o chuveiro é ligado.
Ele está revoltado?
Ele não pode estar. Sparrow pode estar sendo punido, mas gostou.
Isso o excitou. Ele gostava de me ver ser fodida por seu irmão.
Eu também adorei.
Então, por que ele parece zangado?
— Levante-se.
Sua voz está atrás de mim agora, fria e áspera. A vergonha toma conta
de mim, mas é rapidamente perseguida pela irritação. Deslizo para fora da
cama e me levanto. Estou suja e bagunçada. Minhas calças estão quase até
meus joelhos, enquanto minha calcinha está torta. Agora que estou de pé, o
gozo escorre de mim como uma torneira pingando. Levantando o queixo,
encaro Sparrow, desafiando-o a me ridicularizar ou envergonhar por isso,
por algo que ele estava completamente apaixonado há alguns momentos.
Ele se aproxima, a palma da mão em volta da minha garganta e ele me
beija. — Me deixa louco que ele esteja em cima de você e dentro de você.
— Parece um problema pessoal — eu atiro de volta.
— Um que eu vou cuidar. — Ele belisca meu lábio inferior e depois
puxa de volta. — Tire sua roupa. Estamos tomando banho.
Eu não me movo, arqueando uma sobrancelha para ele. Ele
permanece imóvel por três segundos antes de perder a paciência e começar
a tirar minhas roupas para mim. Um sorriso bobo provoca em meus lábios.
Ele está ansioso para me reivindicar como uma espécie de homem das
cavernas.
Por que isso faz meu coração tropeçar em si mesmo?
— Seu pau ainda funciona? — Eu pergunto, incapaz de evitar cutucar o
urso. — Há alguma coisa para mim depois daquela bagunça que você fez?
— Meu pau sempre funciona para você, espertinha.
No segundo em que estamos nus, ele agarra meu pulso, me
arrastando para o banheiro. Ele poderia muito bem me bater e me arrastar
para sua caverna pelos meus cabelos. Os grunhidos incoerentes de
aborrecimento vindos dele adicionam ainda mais a todo esse cenário de
homem das cavernas.
— Eu quero que você cheire como eu — ele murmura uma vez que
estamos sob o jato quente do chuveiro. — Só a mim.
— Será apenas temporário até que um de seus irmãos me pegue
novamente. — Eu não posso deixar de provocá-lo. Eu sou poderosa pela
primeira vez na minha maldita vida. Como se eu estivesse segurando todas
as cartas vencedoras e elas estivessem apenas jogando no meu jogo.
Ele me lança um olhar fulminante que só serve para me fazer rir. Eu
encontro grande satisfação na maneira como ele me lava da cabeça aos pés,
certificando-se de limpar minha boceta muito bem.
— Minha vez — ele rosna.
Eu grito com a forma abrupta como ele me pega e empurra minhas
costas contra a parede de azulejos. Agarrando-me ao pescoço dele, eu me
preparo para sua intrusão brutal.
Oh Deus é brutal.
— E olhe, Laundry, meu pau funciona muito bem.
Ele bate em meu corpo, seu pau grosso e duro esticando meu tecido
dolorido. Não há gentileza nisso. É uma reivindicação pura. Marcando seu
território. Deixando seu cheiro. Ainda estou molhada por dentro do gozo do
Scout, então Sparrow desliza para dentro e para fora facilmente. Ele afunda
os dentes na lateral do meu pescoço enquanto me fode como um homem
selvagem.
Tudo o que posso fazer é segurar e ir para o passeio da minha vida.
E quando ele se certifica de cobrir cada centímetro dentro de mim
com seu próprio orgasmo, só então ele relaxa.
Mais tarde, quando estamos nus na cama, emaranhados à beira do
sono, me permito fantasiar sobre uma vida onde não há um pai vilão do qual
estou me escondendo. Só eu, meus três idiotas e minha irmãzinha.
Parece muito com a felicidade.
Muito parecido com casa.
CAPÍTULO ONZE
SCOUT

Aqui está uma mão no meu rosto. E por que meu peito está molhado?
O ronronar de Heathen vibra no meu estômago, o que não explica a mão ou
a baba. Cegamente, eu alcanço para encontrar o cabelo macio e felpudo em
uma pequena cabeça.
Della.
Algo dentro do meu peito aperta. Gentilmente, eu puxo a mão do meu
rosto e reposiciono o braço dela para que fique entre nós. Deixei ela e
Heathen na minha cama ontem à noite quando fui foder Landry e depois caí
no sofá depois de um banho rápido. Em algum momento no meio da noite,
tanto o gato quanto a criança encontraram o caminho para mim.
Minha mente vagueia para as coisas que Landry me disse, coisas que
seu pai fez com ela. Se isso não for suficiente para me fazer querer matar o
filho da puta, ele também é cruel com Della.
Cruel para uma criança surda de seis anos.
Eu fiz um monte de coisas de merda na minha vida, mas isso parece
ser o pior absoluto.
Uma batida na porta me assusta. Não tenho certeza de quem poderia
estar visitando. Tenho certeza de que quem quer que seja precisa ir embora.
A batida ressoa novamente e sou forçado a agir. Lentamente, eu deslizo
debaixo da garota e do animal. Faço um desvio para pegar minha arma e a
seguro atrás das costas enquanto vou até a porta da frente.
Um homem.
Um homem andando para ser exato.
Não consigo distinguir quem é pelo olho mágico, mas determino que
não parecem exatamente uma ameaça. Quando abro a porta, fico surpreso
ao encontrar Ty Constantine parado no corredor.
— Ei — eu grunhi em saudação. — E aí?
Seus olhos brilham quentes e sua boca se curva em um sorriso de
escárnio vicioso. — Isso é o que você tem a me dizer agora? 'E aí?' Você está
falando sério agora?
Ele vai acordar a garota se continuar reclamando. Enfio a arma no
bolso do meu moletom e saio do apartamento, fechando a porta atrás de
mim.
— O que você está fazendo no meu apartamento no raiar do dia? —
Eu exijo, cruzando os braços sobre o peito. — E como diabos você descobriu
onde eu moro?
Apesar do fato de eu ter uma arma no bolso que tenho certeza que ele
pode ver claro como o dia, ele dá um passo à frente, uma expressão
assassina no rosto.
Estou chateado também. Apesar dos meus melhores esforços, fomos
encontrados. É apenas Ty, que é essencialmente inofensivo, mas se ele
conseguiu nos encontrar, qualquer um pode. Essa merda me deixa super
desconfortável.
— Você mentiu para mim — ele sibila. — Você mentiu para mim,
porra.
Ele não está fazendo muito sentido. Quer dizer, eu sei que menti para
ele, mas como ele sabe que eu menti para ele. Minha sobrancelha levanta e
eu o encaro até que ele fala novamente. Com Ty, nunca é muito tempo sem
palavras. Ele tem muito a dizer. Sempre.
— Você não é Ford Mann. — Ele me cutuca no peito, logo acima dos
meus braços cruzados. — Você é uma porra de uma fraude.
— É muito cedo para essa merda — eu resmungo. — Ainda não tomei
café.
— Parece que eu dou a mínima? — Seu rosto fica vermelho de fúria.
— Você mentiu para mim sobre quem você era e se aproveitou de mim. Foi
você, não foi? Você levou Landry?
Se Ty, o idiota mais inconsciente do planeta, chegou a essa conclusão,
eu me pergunto quem mais descobriu. Meu sangue ferve com o
pensamento de Alexander aparecendo aqui. De bom grado usaria uma bala
naquele filho da puta.
— Ah, mas nossa amizade era real — eu inexpressivo. — Então eu
menti sobre meu nome? E daí? Você acha que eu peguei a garota que fez
amizade com você?
— Você me usou porra — Ty reclama, já perdendo um pouco de seu
vapor. — Você me usou e eu não entendo por quê. Eu pensei que você era
meu amigo. — Ele começa a andar novamente. — E a garota pela qual você
estava obcecado? A casada? Isso foi apenas um ardil para levar minha
garota ao invés disso?
Eu descruzo meus braços e dou um passo em direção a ele. — Não. É.
Sua. Garota.
Ele pisca várias vezes, como se eu tivesse enlouquecido. — Ela está
aqui? Landry está aqui?
— Você foi seguido?
— Não. Agora me diga onde diabos Landry está.
— Ela queria que você a salvasse e você demorou muito — eu gritei.
— Alguém tinha que ser seu herói.
— Você é um psicopata — ele estala.
— Assim me disseram. — Eu bato a arma no meu bolso, lembrando a
ele que eu sou o psicopata com a arma. — Por quê você está aqui? Como
você conseguiu meu endereço?
Ele solta uma risada sombria, ignorando minha arma completamente.
— Eu tive esse pressentimento de que algo estava acontecendo com você.
Ontem, em vez de ir trabalhar, fiz uma excursão. Segui você por toda a
cidade.
Então era Ty me vendo atear fogo naquele prédio?
Poderia ter sido pior. Poderia ter sido Alexander ou Winston. Ty é uma
situação que posso administrar. Os outros dois... são um pouco mais difíceis.
— Ty, Ty, Ty — eu repreendo. — Eu realmente gostaria que você não
tivesse me seguido.
— Pare de ser tão irreverente — Ty rosna. — Você age como se não se
importasse. Como se você fosse intocável. Qual é o seu nome verdadeiro,
cara?
— Venha para dentro — eu instruo. — Vou te contar tudo.
Ele estreita os olhos, me estudando com cautela. — Por que? Então
você pode me sequestrar também?
— Posso te assegurar, cara, eu não te sequestraria. — Eu sorrio para
ele. — Provavelmente apenas mataria você.
Sua hesitação é leve, mas eu vejo. Ele ainda está no modo herói,
porém, porque ele acena com a cabeça. — Leve-me até Landry. Preciso ver
com meus próprios olhos que ela está bem.
— Tem certeza de que quer vê-la? Eu pergunto. — Ela está um pouco
ocupada no momento.
— Leva. Me. Até. Ela.
Vou dar-lhe um A por ser corajoso. Eu o imaginei um pouco marica,
mas ele está mostrando coragem.
— Seu funeral — eu provoco com um sorriso provocante, conduzindo-
o para dentro.
Ele engole em seco antes de entrar no apartamento. Fecho a porta
atrás dele e o sigo até a sala de estar. Della ainda está dormindo, enrolada
em torno de Heathen que a tolera apenas porque ela não está acordada. A
gata balança o rabo para frente e para trás, olhando o recém-chegado com
desconfiança.
— Você está tão fodido — Ty murmura. — Essa é a filha de Croft.
Quando ele descobrir que ela está aqui, ele vai destruir você.
Quando ele descobrir.
O que significa que ele ainda não sabe.
Ty é pelo menos um pouco leal à nossa "amizade" já que ele me
confrontou primeiro antes de me dedurar. Posso trabalhar com isso.
— Ele não vai, desde que você não o tenha trazido direto para nós em
sua missão de resgate meia-boca. Vamos. — Eu aceno para ele me seguir
pelo corredor. Na porta de Sparrow, não me incomodo em bater. Eu torço a
maçaneta e a abro. — Ela está aqui.
Sparrow está abraçando Landry por trás, os dois ainda dormindo. Ela
tem um chupão escuro no pescoço. O lençol não os cobre, expondo toda a
sua nudez. A mão enorme de Sparrow segura um de seus seios
possessivamente, mesmo durante o sono. Seu rosto está sereno,
completamente em paz com sua companheira de cama.
— Que porra é essa? — ele sufoca. — Você tem um irmão gêmeo?
Landry está namorando com ele?
Namoro.
Uma palavra tão certinha.
O que estamos fazendo vai muito além do namoro. Estamos
consumindo-a, possuindo-a, tornando-a nossa. Nós somos uma droga que
entrou em sua corrente sanguínea e ela está muito chapada do jeito que nos
sentimos para querer se retirar de nós de bom grado.
Landry não vai a lugar nenhum.
Não agora.
Nunca.
— Se você precisa saber os detalhes pessoais, amigo, nós a
compartilhamos. Divida-a de três maneiras. — Lanço-lhe um sorriso
perverso. — Ela realmente gosta de ser fodida enquanto meu irmão assiste.
— Quem diabos são vocês?
Eu empurro seu peito, enviando-o tropeçando de volta para o
corredor. Fechando a porta atrás de mim, eu o levo para o quarto de Sully.
Sully está esparramado em sua cama, enrolado em seu cobertor.
— Trigêmeos?
— Trigêmeos Mannford. Procure-nos. Somos bastante populares entre
os Constantines.
Seu rosto empalidece. — O que você está falando?
— Pergunte ao seu primo, Winston. — Eu sorrio para ele e então
manco meu caminho até a cozinha para fazer café.
Ty está em meus calcanhares, sussurrando uma série de palavrões
baixinho. — Não estou perguntando a Winston. Diga-me o que diabos está
acontecendo.
Depois de começar um pote, eu puxo uma caneca para mim e, em
seguida, seguro uma para ele. — Café?
— Cara — ele retruca. — Você é Insano. Concentre-se por três
segundos e me diga o que está acontecendo.
Ignorando sua birra, faço um café para nós dois. Ele me olha
carrancudo, mas aceita o café sem discutir. Eu inclino minha bunda contra o
balcão, inalando o delicioso aroma, tomo um gole escaldante e depois
suspiro.
— A mulher casada que eu procurava era a esposa de Winston.
— Ash? — Ele fica boquiaberto comigo. — Você está falando sério?
— Extremamente.
Ele se irrita com essa escolha de palavras. — Você estava me usando
para chegar a Ash?
— Ah, pobre rapaz. Eu não estava usando você para nada além de
informação. Que, a propósito, você entregou. — Lanço-lhe um sorriso de
lobo. — Tenho certeza que o pau do meu irmão agradece agora.
Ty fica tenso e, por um segundo, me pergunto se ele jogará seu café na
minha cara. Ele não faz. Inteligente da parte dele, com certeza.
— Fomos contratados por nosso tio para cuidar de sua amada Landry
— explico. — E como temos história com seu primo, todos ficamos felizes
em nos intrometer.
— Seu tio?
— Bryant Morelli.
Seu rosto empalidece. — Porra. Foda-se, foda-se, foda-se, foda-se.
— Scout Mannford. Prazer em conhecê-lo. — Eu ofereço minha mão,
mas ele não aceita. — Seu primo tirou Ash de nós. E esse mancar? Ele me
deu. Arruinou nossas vidas.
— Tenho certeza de que há uma explicação razoável…
— Como você pode ter tanta certeza? Você não está exatamente
perto de seu primo, está?
Seus lábios pressionam em uma linha firme. — Não. Eu não sei o que
aconteceu. Quero dizer, eu fui ao casamento deles e vi Ash algumas vezes,
mas não falamos sobre nada além do pássaro dela.
Oh, como eu sinto falta do pássaro dela, Shrimp.
Heathen adoraria brincar com o pequeno Shrimp. Pena que não
podemos coordenar um encontro de jogo.
— Ash não conseguiu lidar com nossos jogos e fez seu precioso
Príncipe Encantado resgatá-la.
— Quais jogos?
— Ash era nossa. Ela era nossa meia-irmã e nós a queríamos. Mas
Winston mergulhou e a distraiu. Roubou ela. Ele tinha tudo, mas tinha que
pegar a única coisa que queríamos.
Os olhos de Ty se arregalam e sua boca se abre. — Isso é muito fodido,
cara.
— Ela pensou que poderia nos deixar, então fizemos tudo o que
pudemos para que ela ficasse. A humilhamos, roubamos cada centavo de
sua conta, fotografamos e a exploramos em qualquer chance que tivemos.
Tudo para provar um ponto.
— Que vocês são todos malucos?
Lanço-lhe um sorriso sinistro. — Que ela nos pertencia. — Meu sorriso
cai e a raiva pulsa através de mim. — Mas ele a reivindicou também. E como
ele tem mais dinheiro do que a porra de Deus, ele ganhou a guerra entre
nós. Ele não parou por aí, no entanto. Ele também teve que tirar nossa mãe,
nossos carros, nosso futuro. Inferno, ele quase tirou nossa capacidade de
andar. Eu e meus irmãos estamos ansiosos para fazê-lo pagar desde então.
Ty engole, sua mão ligeiramente trêmula. Ele coloca o café no balcão.
— Você está me dizendo tudo isso mesmo que eu seja um Constantine. Você
não tem medo que eu conte?
— Nah, cara — eu digo com um encolher de ombros. — Suas mãos
estão atadas.
— Como assim?
— Você me ajudou a conseguir – um Morelli para todos os efeitos –
informações que levaram à fuga de Landry. Sua ajuda em ajudar o lado
errado não será tomada como um pequeno erro, não será facilmente
perdoado. Confie em mim. Seu primo fará o que puder para destruí-lo
também. Talvez não seja tão ruim quanto ele nos fez, mas tenha certeza, ele
vai deserdá-lo, despojá-lo de quaisquer conexões que você tenha por causa
do seu sobrenome e garantir que você não fique preso a um centavo do
dinheiro dele.
— Porra.
— Sim, porra — eu concordo. — Além disso, se você fofocar, para
qualquer um, eles aparecerão aqui e levarão essas duas garotas de volta
para seu pai monstruoso. Você acha que ele é do tipo que perdoa ou você
acha que ele também é como seu primo babaca?
Ele esfrega a palma da mão sobre o rosto, seus olhos azuis selvagens
com indecisão. — Ela não parece infeliz aqui — ele admite. — Mas você não
é exatamente alguém seguro. Quero dizer, isso está seriamente fodido.
Tomo um longo gole de café antes de colocá-lo no balcão. Meus olhos
perfuraram os dele. Enfiando a mão no bolso, pego a arma e a coloco ao
lado do meu café.
— Eu vou atirar em qualquer um, e eu me refiro a qualquer um… — eu
paro para que ele entenda que isso significa ele também — …Que tentar
levar Landry embora. Nós apenas pensamos que queríamos Ash. Com
Landry, sabemos que a queremos. Indefinidamente.
— Você não vai machucá-la.
— Oh, eu vou machucá-la, mas ela vai gostar. O tipo bom de dor.
— Isso deveria me tranquilizar?
— Você não tem escolha. — Faço um gesto com a mão para ele sair. —
Hora de ir, amigo. Não estou mais me sentindo muito hospitaleiro.
Ele balança a cabeça, seus olhos correndo para frente e para trás. —
Você não pode se esconder para sempre, cara. Você mesmo disse. Meu
primo é muito poderoso. Se você acha que ele esqueceu tudo sobre você e
as transgressões de seus irmãos, você é um idiota. Ele já se juntou ao
Alexander. Depois que vocês três desapareceram do sistema ao mesmo
tempo que as garotas Croft, quanto tempo você acha que vai demorar até
que ele some dois e dois juntos? Você sabe que ele ainda mantém o
controle sobre vocês. Se eu fosse ele, faria.
Inferno, eu também faria.
A inquietação está de volta.
Ele tem razão. Não podemos nos esconder para sempre, embora seja
absolutamente meu desejo. Winston é esperto demais para isso.
— O que você propõe, então?
— Foda-se se eu sei. — Ele passa os dedos pelos cabelos, bagunçando
tudo. — Uma aparição pública? Para mostrar que está tudo bem?
Eu pondero sobre suas palavras por um segundo e então aceno. —
Encontre algo público. Enviaremos Sparrow. Ele é como você e seu povo.
— E como exatamente eu sou?
— Um príncipe mimado em um terno caro. — Dou a Ty uma saudação
com dois dedos. — Tchau, pequeno príncipe Constantine.
CAPÍTULO DOZE
LANDRY

Uma ansiedade arranha minha garganta e infecta todos os meus


pensamentos. Desde que soube que Ty apareceu esta manhã e Scout contou
tudo a ele, minha mente está uma bagunça.
E se ele contar ao meu pai?
Eu tenho que acreditar que ele não iria. Ty é meu amigo. Ele ia me
ajudar a escapar até Scout sequestrar todo o nosso plano, injetando-se na
equação em vez disso.
Ainda assim, estou preocupada e não consigo parar.
Se eu fosse inteligente, eu iria embora. Esgueirar-se pela porta da
frente quando os caras estiverem todos dormindo, carregando Della para
muito, muito longe daqui.
E depois?
Ser parada pelo primeiro policial que vejo apenas para me levar de
volta para casa, depositando nós duas de volta nas mãos de um monstro?
Estremeço com esse pensamento. Pelo menos aqui, mesmo me
sentindo um alvo fácil, estou um pouco protegida. Os trigêmeos Mannford
são chocantemente obcecados por mim. Não é natural e não é saudável,
mas é meu maior e mais poderoso escudo contra meu pai.
Scout não parece estar preocupado com Ty ou meu pai. Ele está
cuidando de seu dia hoje como se sua história esta manhã não sacudisse o
chão em que eu andava. A preocupação de Sully tem sido comigo enquanto
Sparrow anda de um lado para o outro sem parar.
— Você está me esgotando — Scout diz com um bocejo. — Sente-se
já.
Sparrow lhe lança um olhar incrédulo. Estou com Sparrow nesta.
— Por que você não está preocupado? — Sparrow exige. — Ty
apareceu aqui. Aqui. Na porra do nosso apartamento, cara. Como você pode
sentar aí e ficar tão tranquilo sobre isso?
Scout passa os dedos pelo pelo de Heathen. — Eu te disse. Eu cuidei
da merda. Ao contrário de vocês dois.
— Como? — Sully pergunta. — Seus métodos não são exatamente
incríveis.
— Eles são eficazes — Scout diz com um sorriso largo. — Agora
acalme-se antes que você tenha uma úlcera, irmãozinho.
— Boa ideia. Estou indo para a academia — Sparrow bufa. — Preciso
extravasar um pouco.
Seu olhar permanece em mim por um momento e então ele sai para
vestir suas roupas de ginástica. Sully se aproxima de mim, passando um
braço sobre meus ombros.
— Você está bem? — Sully pergunta, beijando a lateral da minha
cabeça.
Eu não posso deixar de derreter em seu abraço reconfortante.
Sparrow passa por nós alguns minutos depois, dando a seu irmão um olhar
gélido, antes de sair do apartamento. Scout ri de sua saída dramática e
então gesticula para Della vir ajudá-lo na cozinha.
Quando ela pega a mão dele e ele se afasta mancando, não posso
deixar de pensar o quanto aprecio sua bondade para com ela. Por alguma
razão, ela se colou ao lado dele hoje. Eles não tentam se comunicar uns com
os outros, mas fazem isso com risadas e sorrisos. Como se eles
simplesmente se entendessem. Se eu não estivesse estressada ao máximo
com essa nova revelação sobre Ty, eu acharia completamente adorável que
Della pudesse transformar alguém como Scout em um grande ursinho de
pelúcia.
— Você precisa relaxar — diz Sully. — Você está tensa pra caralho.
Claro que não consigo relaxar. Não é tão simples assim.
— Vamos — ele murmura. — Vamos assistir a um filme ou algo assim
no meu quarto até o jantar estar pronto.
Della agora está empoleirada no balcão como um passarinho,
observando Scout com atenção extasiada enquanto ele tira as coisas da
geladeira. Dou-lhe um aceno e deixo Sully me guiar até seu quarto. Ele fecha
a porta atrás de nós, trancando-a.
Uma emoção de excitação afugenta a sensação desconfortável que
tive o dia todo.
— Sparrow sai e você vai me foder agora? — Eu pergunto, incapaz de
manter o sorriso zombeteiro do meu rosto. — Suavemente me trouxe aqui
sob o pretexto de assistir a um filme.
Ele revira os olhos. — Minhas intenções eram nobres, eu lhe asseguro,
mas se você quiser relaxar à moda antiga, ficarei feliz em servir.
— Qual é a maneira antiquada?
Ele caminha até mim até que seu cheiro está invadindo minhas narinas
e seu corpo sólido está pairando sobre o meu. Sua boca encontra minha
orelha e ele lambe grosseiramente o interior me fazendo gritar. O hálito
quente faz cócegas na carne molhada quando ele diz: — Com minha língua
— A sua língua?
— Você não será capaz de pensar direito, muito menos se preocupar,
quando eu terminar com você.
— Você não quer foder? — Eu pergunto, espantado. — Você só quer
comer boceta?
— Eu tenho desejado outro gosto de seu mel, querida, desde que você
me deixou colocar minha boca em você. Foi apressado e não consegui fazer
o que queria.
Oh. Uau. Ele está falando sério.
— Você... — Minhas bochechas queimam. — Aquela vez no banheiro
foi a única vez que eu…
Seus olhos queimam com luxúria ardente. — Ainda?
— Ainda.
— Esses bastardos não sabem como agradar uma garota. — Seus
lábios se erguem em um sorriso maroto. — Tire suas calças. Eu quero ficar
entre suas coxas, Landry.
Eu derreto um pouco com suas palavras. É emocionante saber que ele
quer fazer isso comigo.
— Sully…
Suas mãos encontram o botão do meu jeans e ele o desabotoa. — Eu
gosto quando você diz meu nome.
Esses caras e eu dizendo seus nomes.
— Sully — eu respiro, correndo meus dedos por seu cabelo escuro
bagunçado. — Eu estou nervosa.
Ele captura minha boca para um beijo de partir a alma. Percebo a
maneira como ele sacode a língua e a desliza sobre a minha, ciente de que
provavelmente usará os mesmos truques na minha boceta. Um suspiro me
deixa quando ele empurra meu jeans pelas minhas coxas. Ele quebra nosso
beijo para empurrar minha calcinha para baixo também.
— Eu quero você nua e sentada no meu rosto, querida. — Ele pisca
para mim. — Eu vou te deixar tão bagunçada pra caralho.
O fogo queima minha espinha, se estabelecendo em meu núcleo. Uma
necessidade dolorosa me possui. Não consigo tirar minhas roupas rápido o
suficiente. Ele também se despe, dando-me uma visão gloriosa de seu corpo
perfeito e esculpido. Onde seus irmãos têm tinta, Sully não tem tatuagens.
Um brilho de prata pisca quando ele se vira, seu pau se projetando
para mim. Ele tem um piercing no pênis. O aro de prata coroa a cabeça de
seu pau. O pré-gozo pingando sua ponta acena para mim. Eu lambo meus
lábios, me perguntando se ele vai querer que eu retribua.
Ele sobe na cama, flexionando os músculos de sua bunda. Uma vez
que ele está sentado de costas e bombeando seu pau com um punho, ele
enrola o dedo com a outra mão em um movimento de venha cá. Porque eu
estou precisando desesperadamente de sua língua, eu o obedeço,
rastejando sobre seu corpo forte e nu.
— Nos meus joelhos? — Eu pergunto, minha voz quase inaudível.
— Não, querida. Eu quero que você se segure na cabeceira e se agache
sobre meu rosto. Coloque seus pés em cada lado da minha cabeça. Eu
preciso da sua boceta aberta e pingando em cima de mim. Eu quero comer
você em todos os lugares.
Estremeço com suas palavras. — O-ok.
Parece estranho revelar um lugar tão íntimo de mim para ele, mas
seus olhos me absorvem como se eu fosse a coisa mais linda que ele já viu.
Isso me encoraja a assumir a estranha posição.
Ele agarra as bochechas da minha bunda, apertando. — Traga essa
boceta bonita aqui. Eu quero lamber você até que você não consiga pensar.
Eu tenho que aumentar meu aperto na cabeceira da cama e inclinar
meu corpo em direção a sua boca. Sua respiração é quente contra minha
carne sensível. Isso me deixa louca de necessidade. Ele se levanta,
pressionando um beijo doce na minha boceta e então ele belisca um dos
meus lábios inferiores de uma forma não tão doce. Antes que eu possa
reagir, sua língua se achata e ele lambe ao longo da minha abertura até o
meu clitóris. Meu corpo inteiro treme de prazer.
— Foda-se, mulher — ele rosna. — Você tem um gosto tão bom. Eu
poderia fazer isso a porra do dia todo e ficar perfeitamente contente.
A ideia dele com o rosto enterrado na minha boceta o dia todo é
ridícula. Também é quente. Muito quente.
Ele chupa meu buraco, como se estivesse tentando beber minha
excitação direto da fonte. É tão bizarro, mas maravilhoso, eu esqueço onde
estou por um minuto. Tudo o que importa é a boca quente entre minhas
coxas. Ele rosna – tão feroz e faminto – e então empurra sua língua dentro
de mim. É tão imundo e errado, mas eu adoro isso.
Testando suas ordens de antes, eu pulo, sua língua literalmente me
fodendo. Eu quase desmaio com o quão fantástica é a sensação. Ele puxa a
língua de volta para lamber febrilmente meu clitóris. Seus esforços me
fazem tremer tanto que sinto que vou desmaiar.
— Oh, Deus — eu gemo. — Sully. Oh meu Deus.
Ele chupa meu clitóris e então volta a lamber minha abertura,
lambendo mais da excitação pela qual ele é responsável.
— Eu quero essa boceta em cima de mim — ele resmunga e, em
seguida, empurra a língua tão fundo que vejo estrelas. Seus dedos mordem
minha bunda, incitando-me a me mover. Não basta mover. Esfregar. Ele
quer que eu esfregue em seu rosto.
Então eu faço.
Os sons eróticos de sucção que ele está fazendo são vertiginosos. Seu
nariz está pressionado contra meu clitóris e seus dentes estão pressionando
a carne sensível enquanto ele me lambe como uma fera por dentro.
— Não pare — eu imploro. — Oh Deus.
Ele chupa minha boceta, sua língua esfregando meu interior macio. É
insanamente maravilhoso. A felicidade incandescente explode sobre mim e
eu grito em choque, meu orgasmo me agarrando de repente. Eu posso
sentir meu prazer vazando sobre seu rosto e manchando minhas coxas. Meu
corpo inteiro treme com a necessidade de desmoronar. Ele puxa para fora
do meu corpo e, em seguida, muito facilmente me puxa para baixo de seu
corpo.
Deslizo sobre seu pau, meu corpo o convidando de bom grado. Seu
piercing provoca a parte latejante de mim que ele lambeu para a vida. Tudo
o que posso fazer é montar seu pau como eu montei seu rosto. Ele agarra
meu mamilo, me arrastando até seu rosto. Está encharcado – encharcado de
saliva e meu orgasmo. Eu gosto do jeito que sinto o gosto nele. Nosso beijo
se torna frenético e faminto.
Não demora muito antes que ele esteja gemendo sua liberação. Estou
tão molhada e escorregadia deste encontro, os sons suculentos ecoam tão
alto que tenho certeza de que receberemos reclamações de todos no
prédio.
Seu pau eventualmente para de latejar, muito tempo depois que ele
derramou cada gota de sua liberação. Eu desabo sobre ele, enterrando meu
rosto em seu pescoço. Cada músculo do meu corpo queima, mas de uma
forma deliciosa.
Estou flutuando em uma nuvem.
Entrando e saindo de pensamentos felizes.
Isso é bom. Muito bom.
Permanecemos na cama, agarrados um ao outro, ambos ofegantes.
Sparrow ainda deve estar na academia porque não ouço a voz dele. Eu ouço
Scout ainda batendo na cozinha.
— Se Ty pode nos encontrar... — murmuro, incapaz de terminar esse
pensamento.
— Ei — Sully canta, me abraçando mais perto. — Ele seguiu Scout, mas
não contou a ninguém. Além disso, estamos em um apartamento com o
nome de nosso tio que não é o mesmo que o nosso. Não será fácil nos
encontrar.
— Essa coisa comigo e seus irmãos não está certa.
Ele ri. — Nada, quando se trata de mim e meus irmãos, está certo.
Quem se importa se é um pouco fodido. Parece bom.
Isso é.
Parece um pouco bom demais.
— Eu sou a pior prisioneira de todos os tempos — eu digo com um
sorriso. — Dormi com meus captores.
— Síndrome de Estocolmo. Não é sua culpa. Nós convencemos você a
se apaixonar por nós.
— Eu não estou apaixonada por vocês.
— Mentirosa.
Ele passa os dedos pelo meu cabelo, me acalmando de volta a um
estado relaxado. Eu poderia passar horas em seus braços, sonhando
acordada, conversando, tocando, beijando. É como se eu tivesse me
afastado um pouco da minha vida real e estivesse jogando em uma fantasia.
— E se eles ligarem a vocês? — Eu pergunto, incapaz de me manter
longe do assunto. — E então?
— Acho que teremos um amortecedor — Sully me garante. —
Podemos ser Mannfords, mas estamos sob o guarda-chuva Morelli. Quando
Winston nos destruiu, não sabíamos sobre nosso sangue Morelli. Agora, ele
seria um tolo para foder com a gente. Os Morelli têm toneladas de merda
nos Constantines. Eles não vão fazer nada para colocar seu nome em risco.
Eu sei que deveria me sentir um pouco segura por suas palavras, mas
não me sinto. Só porque os Constantines não vão publicamente atrás dos
trigêmeos, não significa que meu pai não vá. Meu pai bate nas próprias
filhas — e pior. Ele teria grande prazer em uma flagelação pública no que diz
respeito aos meus captores transformados em amantes.
Estou segura por enquanto.
Mesmo que não seja prometido para sempre, vou aproveitar
enquanto posso.
CAPÍTULO TREZE
SPARROW

O piano elegante tocando em algum lugar da ampla cobertura do


prédio de oitenta e um andares e a taça de champanhe que eu bebi quando
cheguei, a esta festa não faz nada para acalmar meu coração errático.
Prefiro estar literalmente em qualquer lugar do que na casa arrogante de
algum político da cidade, esfregando os cotovelos apenas para fazer uma
aparição como “Sparrow Mannford" como Scout descreveu.
Foda-se as aparências.
Eu quero estar em casa. Com Landry. Observando-a enquanto ela se
entrega a mim - a nós. Foi emocionante ver Scout transar com ela. Eu gostei.
Muito. Não que eu goste de ver o pau do meu irmão. Eu apenas gosto de
assistir Landry batalhar com suas emoções e sensações percorrendo cada
terminação nervosa. Eu amo o tormento mental a que ela se submete. Que
ela nos quer secretamente, mas odeia isso.
Ela pertence a nós.
Todos nós.
Landry admitiu nos querer. Juntos. Estou ansioso para testar essa
admissão. Para ver o quanto ela luta com isso ou se ela simplesmente se
entrega livremente. Ansioso para ver a transformação. Para fazer parte
disso. Para vê-la perder o controle que ela afirma ter sobre nós.
Está me deixando louco estar nesta maldita festa imaginando o que
eles estão fazendo em casa. Sem mim. Cada situação que eu imagino
envolve ela nua e sendo atacada pelos meus irmãos.
Estou com ciúmes.
E muito excitado.
Ela vai deixar que nós três a levemos. Não tenho certeza de quando ou
como isso vai evoluir, mas sei que é verdade. Eu vi em seus olhos quando ela
se divertiu com meu voyeurismo. Landry é tão fodida da cabeça quanto nós.
É por isso que eu tenho que ser bem sucedido esta noite. Distraia
aqueles que estão assistindo e faça-os pensar que nada está errado quando
se trata dos trigêmeos Mannford. Quanto mais cedo eu puder convencer os
convidados de que tudo é normal, mais cedo eu posso arrastar Landry para a
cama comigo e meus irmãos.
Meu pau engrossa em minhas calças de smoking. Ele já está duro,
então torna a merda super desconfortável. Levo um segundo para pensar
em coisas nada sensuais, como transporte público, notícias ou a coleção de
bonés de Sully.
Eu não posso acreditar que estou neste jantar com uma porra de um
pau duro.
A festa está lotada com os melhores de Nova York, o que significa que
é inevitável que eu encontre pelo menos um Constantine. Inferno, um
Constantine foi quem plantou a semente na cabeça de Scout em primeiro
lugar e me deu os detalhes desta festa.
Eu odeio esse cara, Ty.
Não do tipo "quero matá-lo enquanto dorme" como faço com
Winston. Ele só me irrita. Seu desespero para ajudar Landry me irrita. Como
se ele tivesse algo a dizer sobre a felicidade dela.
Ty está paranóico, de acordo com o que ele disse a Scout esta manhã,
que eles vão investigar Ford Mann e descobrir que é uma identidade falsa.
Se estivermos escondidos, a merda vai para baixo rapidamente porque
Winston imediatamente farejará nossa ausência e se juntará a seu amigo
Alexander. Então, eles apareciam na nossa porta para tirar as meninas de
nós. Ty está certo. Aparecendo nesta festa burguesa de merda, será uma
distração. Que se alguém pensou em ligar Ford Mann aos trigêmeos
Mannford, ficará desconcertado com minha presença.
O perdedor em questão se endireita quando me vê. Eu posso dizer que
ele quer vir falar comigo, mas a última coisa que ele precisa é ser visto com
um trigêmeo Mannford. Se isso voltar para seu primo, Ty vai ficar muito
fodido. Sem falar que seria mais fácil juntar as peças do nosso envolvimento
com a fuga de Landry.
Dando-lhe um leve aceno de cabeça, indicando que tenho isso e não
se preocupe, vou até o bar. Uma mulher em um elegante vestido vermelho
me lança um sorriso sedutor. Não faz nada para mim. Tudo o que faz é me
fazer querer Landry.
Porra, ela é perfeita.
Uma cadela total, mas tão perfeita.
Eu realmente gostava de garotas no passado. Nunca assim, no
entanto. Nunca onde eu constantemente penso nelas a cada segundo de
cada dia. Não quero conquistar Landry. Eu só a quero. Na minha cama, no
meu apartamento, na minha vida. O fato de eu ter que compartilhá-la está
me levando à insanidade. No entanto, bate a alternativa. Prefiro
compartilhá-la com meus irmãos idiotas do que perdê-la completamente.
Eu sou tão submisso.
Eu finalmente entendo Sully e ele sempre sendo um perfeito “material
boyfriend". Com Landry, quero dar prazer a ela e fazê-la rir. Eu quero lutar
verbalmente com ela, mas depois fazê-la gritar enquanto eu a fodo até o
esquecimento. Eu quero abraçá-la, beijá-la e acariciá-la como um gatinho
doce.
A ereção está de volta.
Porra.
— Oi — a mulher de vestido vermelho ronrona, inclinando-se para
frente, fazendo seus seios balançarem com o movimento. — Não vi você por
aí antes.
— Huum.
Muito suave, imbecil.
Implacável, ela sorri. — Alguém está mal-humorado. Eu sou a Stasia.
Eu gosto de pensar em mim como um pouco de sol. Parece que podemos
nos dar bem.
Algo em seu sorriso perfeito demais deixa meus dentes no limite. Eu
não estou sendo exatamente amigável e ela é persistente, no entanto. Eu sei
que sou sexy, mas caramba. Ela cheira a esforço demais.
Meus pelos levantam. Normalmente, eu flertaria de volta com uma
mulher linda que estava praticamente se jogando em mim. Não mais.
Especialmente não quando Landry está em casa, talvez não esperando por
mim exatamente, mas lá.
Dou um sorriso rápido a Stasia antes de me virar para pedir minha
bebida ao barman. Ele me dá um aceno de cabeça e então começa a fazer
isso. O cheiro de rosas doces permeia o ar enquanto Stasia se aproxima de
mim. Seu braço nu roça meu paletó do smoking. Eu quero me afastar dela,
mas algo me obriga a ficar. Estou curioso para saber qual é a dela.
— Eu vou querer o que ele está bebendo — ela diz ao barman. — Ele
está pagando também.
Ela olha para mim, sorrindo ainda mais e batendo seus longos cílios
para mim.
— Você não desiste, não é? — Eu grunhi, arqueando uma sobrancelha
para ela.
— Nunca. Eu sou como um cachorro com um osso. — Seu sorriso
vacila brevemente, como se ela tivesse dado algo. — Então, qual é o seu
nome?
— Sparrow. Sparrow Mannford.
Suas sobrancelhas se curvam levemente, como se ela não esperasse
essa resposta. Isso me deixa mais desconfiado dela. Estou começando a me
sentir alvo. É como se ela já me conhecesse.
— Sparrow — ela repete. — Que nome interessante. Existe uma
história por trás disso?
Mais enganação.
— Não. Minha mãe simplesmente gostou.
Ela espera que eu explique. Eu não.
— Então, você tem irmãos?
Novamente com o estranho questionamento. O barman entrega
nossas bebidas. Tomo um gole saudável que incendeia meu esôfago antes
de responder a sua pergunta.
— Dois irmãos. Somos trigêmeos.
— Trigêmeos? Que interessante! — Ela mordisca o lábio inferior. —
Vocês já tocaram juntos? Ou tentar enganar as pessoas?
— Tivemos nosso quinhão de truques quando crianças.
— E agora?
— Estamos um pouco velhos para isso, você não acha? — Tomo outro
gole da minha bebida. — O que você faz? Aqui para trabalho ou dever
familiar?
— Trabalho. — Ela olha para a multidão antes de me fixar com outro
olhar de sondagem. Seu dedo brinca com minha gravata borboleta. — Você
quer sair daqui?
— Você mal me conhece.
— Ainda — ela murmura. — Quero conhecer você.
Eu olho para baixo em seu decote, fazendo um show para lamber
meus lábios. Minha mão livre apalpa suas costelas e eu corro meu polegar
ao longo da parte inferior de seu seio. Ela ri de brincadeira, recuando e fica
vermelha.
Tarde demais, Stasia.
Eu senti a porra do fio.
Estão armando para mim. Ty fez isso? Olhando para ele, procuro
pistas. Ele está olhando para um homem perto da porta. Ty me encontra
observando e então faz um show óbvio apontando com os olhos para o
homem.
Polícia, ele murmura.
Eu não tenho que ouvir para entendê-lo claro como o dia. Se ele está
me avisando sobre um policial, então ele não sabe que há mais de um. Esta,
especificamente, está tentando muito me fazer levá-la de volta para minha
casa, o que significa que eles pelo menos suspeitam que podemos estar
envolvidos. Mas, com base em sua conversa anterior, acho que ela esperava
que eu dissesse que eu era Ford Mann. Eu a joguei fora dizendo meu nome
verdadeiro e não cedendo aos seus avanços sedutores.
Já que não há como eles saberem que eu iria a esta festa, isso significa
que eu sou apenas um bônus. Um golpe de sorte. Porque a reputação de
Mannford nos precede em todos os lugares que vamos.
Eles estão atrás de Ty? Ou isso é uma armadilha para suspeitos.
— Então o que você diz? — ela pergunta, se aproximando, mas não
muito perto. — Quer sair daqui e ir para o seu lugar?
Eu posso dar a ela o ombro frio e ela saberá que eu estou atrás dela,
ou eu posso jogar junto. Estendendo a mão, corro um dedo ao longo de seu
queixo, deixando meus lábios se curvarem em um sorriso sensual que faz
seu rosto ficar vermelho novamente. Eu me pergunto se isso está levando
esse policial disfarçado à loucura saber que seu suspeito a está excitando.
— Sim, querida, vamos sair daqui. — Eu deixo cair minha mão e
arrasto meu olhar até seus lábios que estão pintados do mesmo carmesim
que seu vestido. — Eu preciso fazer minhas rondas e então eu posso sair.
Por que você não vai e começa na frente? Vou pedir ao meu motorista para
levá-la a um hotel que reservei para a noite. Espere lá por mim. Nua.
Ela murcha um pouco, como se esta não fosse a resposta que ela
estava procurando. — Sozinha?
— O que? Você estava querendo que meus irmãos estivessem lá
também? — Lanço-lhe um sorriso de lobo. — Somos conhecidos por
compartilhar nossas coisas de vez em quando, então certamente posso
providenciar isso.
— Parece uma explosão. — Outro sorriso forçado. — Eu posso
conseguir minha própria carona, no entanto. Basta me informar o endereço.
— The Four Seasons. Estou bem atrás de você. Quando chegar lá, peça
o quarto Mannford na recepção. Eles terão um cartão-chave para você. Peça
um champanhe para nós e nos vemos em breve, linda.
Ela engole o resto de sua bebida, dá um beijo na minha bochecha, e
então vai embora. A mulher é bonita, mas não é nada comparada a Landry.
Landry é mais do que um pacote bonito. Ela está fodendo tudo.
O olhar de Ty encontra o meu novamente e ele parece visivelmente
relaxar. Ok, talvez ele realmente queira ajudar Landry e, por padrão, nós.
Termino minha bebida e vou na direção oposta da policial Stasia. Estou
dando o fora daqui. Cumpri meu dever, expulsei os policiais e preciso voltar
para minha garota. Tão focado na minha fuga, mal noto o homem com
quem esbarro.
— Com licença — nós dois dizemos ao mesmo tempo.
E então nossos olhos se encontram.
Estou no nível dos olhos, olhando para os olhos azuis mais frios do
planeta. Cruel, implacável, insidioso. Faz anos desde que estive cara a cara
com a porra do Winston Constantine. A primeira diferença que noto é que
ele está ficando velho. Enquanto ele ainda exala força e poder, eu o supero
em tamanho. Meus ombros estão mais largos e meus bíceps ameaçam
rasgar a costura ao longo do meu paletó do smoking. Tenho juventude e
músculos do meu lado. Tudo o que ele tem é o seu dinheiro.
A vontade de bater meu punho em sua cara brancas é esmagadora. A
raiva quente queima em meu intestino e minhas mãos se fecham em
punhos apertados. Eu poderia fazer isso – obter minha satisfação nivelando
sua bunda. Se eu tiver sorte, posso bater forte o suficiente para fazer o
velhote coaxar.
Então o que?
Mandar minha bunda para a prisão onde Landry e meus irmãos
definitivamente não estarão?
Há uma razão pela qual eu participo desses eventos e não do Scout.
— Constantine — eu digo, meu tom frio e não revelando nada sobre o
meu nível de raiva. — Uma surpresa vê-lo aqui.
Suas narinas se dilatam, um sinal infinitesimal de seus próprios
sentimentos em relação a mim. — Edward Jefferson geralmente não deixa
ratos entrarem em suas festas de elite. Especialmente não ratos Mannford.
— E, como você sabe, temos a capacidade de entrar onde quisermos.
Até na festa de sacanagem de um político corrupto.
Ele dá um passo mais perto. — Minha esposa diz que viu um de vocês
na semana passada. Você está perseguindo-a de novo? Todos nós sabemos
o que aconteceu da última vez que você se intrometeu na porra dos meus
assuntos.
Eu não recuo, endireitando meus ombros e me inclinando para ele. —
Nós não somos mais crianças, cara. Suas ameaças significam merda. Tenho
certeza de que Ash estava apenas vendo coisas.
— Mantenha o nome da minha esposa fora de sua boca.
A violência que brilha em seus olhos me traz grande alegria. Ver um
homem composto e indestrutível perder o controle tão facilmente me dá
uma sensação de poder. Como talvez, apenas talvez, estejamos em um
campo de jogo mais nivelado.
— Vejo você por aí, Constantine.
Ele agarra meu bíceps, me impedindo de sair. — Comporte-se.
Tirando meu braço de seu aperto, eu zombo dele. — Me comportar?
— Eu rosno. — Nós não somos mais adolescentes com quem você pode
foder. Eu e meus irmãos não seguimos as mesmas regras que você ou
nossos primos. Fazemos o que diabos quisermos.
Winston aperta os lábios em uma linha firme. Eu posso dizer pelo
alargamento de suas narinas que ele quer dizer mais, mas está calculando os
riscos. Ele sabe que estou certo. Se ele continuar me antagonizando, eu vou
retaliar. Não fazemos parte de qualquer acordo que eles tenham e é melhor
que ele saiba, porque não vou me intimidar.
Ele se vira sem outra palavra.
Eu não respiro mais fácil. Eu ainda quero persegui-lo e esmagar a porra
do seu crânio. Mas, sabendo que eu o agitei, terá que servir.
CAPÍTULO QUATORZE
LANDRY

Estou ficando louca.


Minha mente é uma confusão de pensamentos, todos os quais levam
de volta aos trigêmeos. Eles se colocaram sob minha pele. Enterrados tão
fundo, não tenho nenhuma esperança de desenterrá-los.
Eu não quero.
Não, o que eu quero é complicado.
Ou será que não?
Talvez seja muito mais simples do que eu penso. Se eu for honesta
comigo mesma, a obscuridade desaparece e uma coisa fica clara.
Eu quero eles.
Todos os três.
Sparrow me fez admitir, mas era apenas algum momento bizarro para
ele gozar? Ele realmente quer ficar nu comigo e seus irmãos?
Eu não posso nem começar a imaginar o que esse tipo de encontro
implicaria, muito menos como iniciá-lo. Posso pensar que estou no controle,
mas estou girando impotente, desesperada por um guia.
Esse tipo de conexão sexual entre quatro pessoas, três das quais estão
relacionadas, vem com um guia? Parece desconhecido e completamente
estranho. Como flutuar no espaço, afastando-se cada vez mais da segurança
da terra, sendo sugado para o vazio de seu buraco negro.
Eu quero estar com eles.
Esta noite.
Eu vou fazer acontecer. Não vou duvidar de mim mesma ou me sentir
culpada pelo tipo de pessoa que isso me torna. Pela primeira vez na minha
vida, eu só quero me sentir bem e feliz. Esses três homens continuam
circulando ao meu redor, presos em minha órbita.
Seria fácil, certo? Tão fácil quanto deitar no sofá agora com dois deles
em um silêncio confortável. Sully me deixa usar seu colo como travesseiro
para minha cabeça e eu coloco meus pés no colo de Sparrow. Scout saiu há
pouco para assistir a um filme no quarto de Sully com Della para fazê-la
dormir, mas um grito para ele, e ele estaria aqui em um segundo.
Apenas diga a eles — não, exija.
— Qualquer notícia? — Pergunto a Sparrow quem está carrancudo
para o telefone na ponta do sofá.
Não é a pergunta que eu queria fazer.
Por que não posso ser corajosa pelo menos uma vez?
Sparrow olha para mim e balança a cabeça. — Ainda procurando. Eles
estão ficando de boca fechada sobre quaisquer pistas que tenham. — Ele
aperta meu pé e começa a massageá-lo. — Mas não se preocupe. Scout fez
com que vários de seus contatos dessem dicas anônimas para os policiais
hoje em Nova Jersey, afirmando que viram uma mulher e uma criança
andando pela rua lá. A polícia estará muito ocupada seguindo essas pistas
para sequer olhar em nossa direção. Vamos nos certificar de estar dois
passos à frente deles o tempo todo.
— Eu não posso me esconder aqui para sempre — eu deixo escapar.
Sparrow zomba. — Quem disse?
— Simplesmente não é sustentável. Eventualmente, Della precisará ir
para a escola. Vamos querer sair do apartamento em algum momento. — Eu
suspiro e vou tirar meu pé de seu colo, mas Sparrow aperta meu tornozelo,
me parando.
— Você não vai a lugar nenhum — ele rosna. — Nunca.
Esses caras realmente são idiotas possessivos às vezes. Inclinando
minha cabeça para olhar para Sully, espero alguma simpatia por mim. Em
vez disso, ele está me observando com uma expressão teimosa que combina
com a de seu irmão enquanto ele passa os dedos pelo meu cabelo.
— Tudo bem, mas pelo menos me divirta — murmuro, tentando ter
coragem de dizer o que quero.
Você disse que estava no controle, então assuma o controle.
O ar estala com a tensão. É evidente que eles estão pensando a
mesma coisa, o que é quase positivamente o que estou pensando, porque
tudo fica quieto e a atenção de ambos está apenas em mim agora.
— Eu quero fazer isso — eu sussurro.
— Isso? — Sully provoca, um sorriso em seu rosto estupidamente
bonito.
— Vocês. Todos vocês três. Juntos.
A brincadeira de Sully desaparece e um brilho voraz brilha em seus
olhos escuros. — Porque você é nossa.
Deles.
Parece tão bom. Tão simples. Tão fácil, divertido e perfeito.
Eu quero isso. Eu quero eles.
— Foda-se, sim, ela é — Sparrow rosna. — Diga. Implore pelo que você
quer.
Eu tento chutá-lo, fingindo aborrecimento. — Eu não vou implorar. Eu
exijo…
Minhas palavras ousadas são cortadas pelo som de batidas ásperas na
porta. Eu congelo, o terror me gelando até os ossos, afugentando todo
desejo. Sparrow voa para fora do sofá assim que Scout vem correndo pelo
corredor do quarto de Sully e entra na sala de estar, uma arma na mão.
Sento-me e praticamente subo no colo de Sully.
Não deixe que ele me leve.
Não consigo abrir a boca para dizer as palavras. Ele me abraça
apertado, seus braços um aperto de ferro ao meu redor. Se o seu domínio
sobre mim é algo para continuar, eu diria que ele não vai me deixar ir sem
lutar.
Sparrow caminha até a porta e espia pelo olho mágico. — Porra.
— Quem é esse? — Scout exige.
Sparrow sai do caminho e deixa Scout tomar seu lugar. A tensão no
corpo de Scout relaxa. Ele enfia a arma no bolso antes de destrancar a porta.
É Ty?
Meu coração dá um salto feliz com a perspectiva de ver meu amigo.
Mas, quando a porta se abre, não é Ty parado ali.
Este homem é assustador.
Cabelo escuro, olhos escuros, estatura imponente. Eu o compararia a
uma fera. De alguma forma mais feroz e perigoso do que os trigêmeos.
Apesar de sua natureza aparentemente calma, ele ainda me assusta. Eu
tremo nos braços de Sully.
O leve movimento chama sua atenção. Como um animal rastreando
sua presa, os olhos escuros do homem cortam para mim. Eu murcho sob a
expressão terrível em seu rosto - uma mistura de surpresa, raiva e
aborrecimento.
Eu não conheço esse cara.
Ele não é um dos homens do papai, mas está olhando para mim como
se me conhecesse. Como se eu fosse um incômodo para ele.
— Leo — Scout diz com um tom de falsa alegria em sua voz. — Que
surpresa, cara. Eu nem pensei que você soubesse onde morávamos, muito
menos se importava o suficiente para aparecer para uma visita.
Isto é mau. Tem que ser. Scout diz que ninguém sabe onde estamos,
mas esta é a segunda pessoa a aparecer.
— Não aja como se não tivéssemos feito negócios juntos antes. — Leo
franze a testa para Scout. — Claro que me importo. — Seu tom é seco.
Quase sarcástico.
— Não, você não. Você nos deixou assim que terminou conosco. Não
ouvimos falar de você há meses.
— Passei para outras coisas. Assim como vocês três.
— Sim. Olhe para nós agora. — Scout sorri, escuridão em sua
expressão traindo seu esforço para ser jovial.
— Sério — Sparrow interrompe. — Como diabos você nos encontrou?
Leo o olha de cima a baixo como se Sparrow não fosse igualmente
grande. — Tenho gente por toda a cidade, e meu pai não estava muito
interessado em manter esse lugar em segredo. Eu não dou a mínima para o
que ele faz com seu dinheiro. Eu dou a mínima se houver relatos de que
meus três primos renegados sequestraram uma mulher e uma criança.
— Ela é nossa — Scout grita ao mesmo tempo que Sully diz — Nós não
a sequestramos.
Com essas palavras, o olhar penetrante de Leo está de volta em mim.
Ele examina cada detalhe sobre mim, desde meu cabelo bagunçado e sem
maquiagem até o moletom de Sully, que estou usando sobre minhas
leggings. Não há como ele deixar passar do jeito que eu me agarro a Sully.
— Você é a garota Croft — diz Leo, seu tom mais gentil. — A filha de
Alexander.
— Sim — eu sussurro.
— E você está aqui por sua própria vontade?
Fale sobre uma resposta complicada.
— Sim — eu digo, lançando meus olhos para Scout. — Eles me
salvaram.
Com isso, as sobrancelhas de Leo se erguem. — Estes três?
— Nós somos criaturas nobres — Scout oferece.
— Um caralho. — Léo revira os olhos. — Vocês são criminosos sem
vergonha. A cidade inteira sabe disso.
— Mas Leo — Scout diz em um tom seco, — Nós temos sido tão bons
meninos ultimamente.
Leo o ignora e passa os dedos pelos cabelos escuros. Agora que eu sei
que ele não vai me arrastar de volta para o meu pai, eu permito que a
tensão em meus músculos libere um pouco.
— A garota também está aqui, certo? — Léo pergunta. — Preciso
saber com o que estou lidando.
— Ninguém pediu para você lidar com isso — Sparrow diz a ele,
estreitando os olhos. — Você é o único que apareceu aqui. Estávamos indo
muito bem por conta própria.
— Bem? — O olhar de Leo se aguça. — Você tem duas pessoas
desaparecidas em seu apartamento. Uma delas é uma criança. Ambos são
membros da família de Alexander Croft. Vocês três são membros da minha.
Isso não vai simplesmente acabar. — Ele amaldiçoa baixinho. — Lucian
também precisa saber disso.
As feições de Scout escurecem. — Você não precisa dizer merda para
ninguém.
— Como posso deixar isso claro para você? — Leo fala. — Esta
situação tem o potencial de ser uma catástrofe do caralho. A notícia vai sair.
Antes disso, preciso de um plano para proteger meus trigêmeos de qualquer
besteira de Alexander Croft.
— Esses caras não fizeram nada de errado — digo quando encontro
minha voz. — Eles estão nos dando um lugar seguro para ficar. Mas você já
sabe disso, certo? Você tem pessoas assistindo, o que significa que
provavelmente há imagens de mim e minha irmã entrando neste prédio por
nossa própria vontade.
A questão é, agora que ele recebeu essa informação, por que ele não
veio a público com isso? Porque os trigêmeos são da família? Eu mordo meu
lábio inferior, mantendo as lágrimas sob controle.
— Então vocês são amigos do nosso porteiro? — Sparrow bufa. — E
agora que as autoridades estão farejando, você está tentando fazer o
controle de danos?
— Você não convidou qualquer mulher e criança para seu
apartamento. Qualquer outra pessoa no planeta não teria sido meu
problema — Leo diz, esfregando a palma da mão sobre o rosto. — Mas você
convidou as filhas de Alexander Croft. Você trabalha para o meu pai. Você
está na porra da minha árvore genealógica. Isso faz com que seja meu
problema.
— Meu pai é abusivo — eu saio correndo, precisando que esse homem
entenda. Que não somos fugitivas mimadas. Estamos correndo por nossas
vidas. — Por ser rico, ele se safa. É seguro aqui. Com eles.
Leo franze a testa, me estudando com novos olhos. A mudança da
raiva para a compreensão acontece em um segundo. Estou aliviada que
minhas palavras, de alguma forma, parecem chegar até ele.
— E esses caras são melhores? — Leo pergunta. Quando Sparrow
começa a falar, ele o interrompe com um aceno de mão, cravando seu olhar
em mim. — Se eles estão machucando você, podemos sair daqui agora
mesmo. Juntos.
— É seguro — eu asseguro a ele, levantando meu queixo. — O mais
seguro que já me senti.
Embora ele pareça surpreso com essa resposta e levemente
desconcertado pelo sorriso presunçoso que Sparrow atira para ele, ele
continua. — Que idade tem a tua irmã?
— Seis.
— Ele a machucou também?
Eu aceno, lutando contra as lágrimas. — Se eu não fizesse um trabalho
bom o suficiente para protegê-la, ele o faria.
— Eu entendo. — A voz de Leo é suave. Eu acredito nele quando ele
diz isso. — Isso nunca deveria ter acontecido com você. — Ele quebra nosso
olhar para olhar para cada um dos trigêmeos. — Lucian tem que saber que
estamos envolvidos em uma investigação policial de alto nível. O efeito
cascata é infinito em algo assim. Precisamos estar à frente disso.
— Obrigada — eu digo a ele.
Ele franze os lábios. — Como você se envolveu com esses caras, afinal?
Essa é uma resposta longa e complicada.
Scout não me deixa responder, interrompendo. — Sparrow estava
fazendo alguns cursos universitários e a conheceu.
Ele está deixando de fora muito da história, mas eu não ofereço mais.
— Certo. — Leo balança a cabeça. — Que seja. O que importa agora é
manter essas duas seguras. O fato de o apartamento não estar em seu nome
vai lhe dar um pouco de tempo. Fiquem quietos. Não saia em público até
que eu tenha uma solução.
— Ficar quietos? — Sparrow grunhiu. — Talvez devêssemos fazer as
malas e deixar esta cidade esta noite.
Não estou odiando essa ideia. De forma alguma.
Leo coça a mandíbula, franzindo as sobrancelhas enquanto pensa. —
Dê-me até de manhã para encontrar um lugar seguro.
— Até de manhã — Sparrow concorda. — E então vamos embora com
ou sem a sua ajuda.
Meu grande sonho de dar o fora desta cidade está sendo realizado. E
melhor ainda, os trigêmeos vão conosco. A esperança enrola gavinhas ao
redor do meu coração e se agarra.
Leo olha. — Não arrisque suas vidas para provar que você é um idiota.
Você pode simplesmente aceitar que estou tentando mantê-los fora da
prisão e ficarem quietos?
— Aceitável. — Scout lhe dá uma saudação simulada. — Isso é tudo?
Temos um encontro para uma orgia e você está desperdiçando segundos
preciosos.
Sully geme e Sparrow balança a cabeça. Enquanto isso, meu rosto
queima de vergonha. Scout sorri daquele jeito malvado dele que me deixa
louca.
Leo ignora o comentário de Scout. — Falaremos em breve.
Assim que ele está fora da porta e está trancada, eu atiro a Scout um
olhar desagradável. — Seriamente?
— O que? — Scout pergunta, sorrindo. — Eu estava dizendo a
verdade.
Talvez eu não tenha que fazer um grande negócio com essa coisa com
a gente. Talvez seja apenas... inevitável. Eu preciso apenas deixar o buraco
negro me sugar e parar de lutar contra ele.
Sparrow luta com um sorriso. — Cara, eu sou excêntrico, mas não tão
excêntrico. Eu não gosto de incesto, irmão.
— Porque deve ser dito — Sully intervém — eu também não estou
afim. Qualquer um de vocês que tocar no meu pau e eu vou foder com
vocês.
— Agora que vocês forneceram uma imagem reconhecidamente
quente na minha cabeça, eu não posso deixar de pensar nisso — eu digo,
provocando. — Tem certeza de que não querem ficar um pouco esquisitos
um com o outro?
Sully me faz cócegas e eu começo a rir. Eventualmente, ele desiste, me
calando com a boca. Eu gemo com seu beijo profundo, aquelas imagens
mentais dos três rolando nos lençóis juntos ainda queimando intensamente
na minha cabeça.
— E se... — Eu mordo seu lábio inferior e puxo para trás. — E se eu
quiser que seus paus se toquem?
Scout ri e Sully sorri.
— Eu sabia que você era uma filha da puta bizarra — diz Sparrow
triunfante. — Para ser honesto, eu vou tocar o pau de qualquer um, até
mesmo dos meus irmãos, se isso significa ter a chance de foder você desta
vez enquanto eles assistem.
Sully se aproxima com outro beijo que rouba almas. Quando
terminamos nosso beijo, Scout e Sparrow se foram.
— Pronta para dormir? — Sully pergunta, sua voz profunda e cheia de
luxúria.
— Sim — murmuro. — Estamos realmente fazendo isso?
— Sim, querida, estamos. — Sua sobrancelha levanta. — Você está
bem com isso?
— Sim. — O tremor da palavra está falando dos meus nervos.
Ele encosta o nariz no meu. — Nós não vamos te machucar. Prometo.
— Eu sei.
Eu sei disso.
Eles estão dispostos a me compartilhar e eu estou disposta a viajar por
esse caminho com eles.
Ele está comigo em seus braços e me carrega da sala para o quarto de
Scout. Uma vez lá dentro, vejo os dois. Esperando por nós. Sparrow está
sentado em uma cadeira, esparramado e gloriosamente nu como um deus
ou um rei em um trono.
Scout, também nu, está deitado de lado na cama, com a cabeça
apoiada na mão. Ele está bombeando seu pau de uma maneira lenta e
provocante para me seduzir, o que está funcionando totalmente. Uma
inundação de calor surge através de mim, estabelecendo-se entre minhas
coxas.
Estamos realmente fazendo isso.
Não sei qual será a dinâmica ou como vai acabar, mas estou ansiosa
para tentar. Por alguma razão, eu gosto desses três caras, mesmo quando
eles estão sendo super idiotas. Além de serem babacas ocasionais, eles são
atenciosos, protetores e carinhosos.
Meus super idiotas.
— Você está assustada? — Scout pergunta quando Sully me coloca de
pé.
— De vocês? — eu zombo. — Não.
— Apenas espere até que a amarramos à cama e a tenhamos à nossa
mercê — Sparrow resmunga, sorrindo para mim.
Eu não acho que ele está brincando.
— Eu confio em você — digo a ele com um sorriso suave. — Vocês
ainda não me machucaram. Eu não espero que você faça isso agora.
Ele se senta um pouco mais reto, sua expressão mudando de
brincalhão para carinhoso. — Tire suas roupas, Laundry. Eu e meus irmãos
estamos morrendo de vontade de ver o quão quente essa merda te deixa.
Minha calcinha já está molhada e meu coração está martelando no
meu peito. Se eu já estou tão quente por eles agora, e eles estão apenas
olhando para mim, eu sei que esta noite pode ser uma das melhores da
minha vida.
CAPÍTULO QUINZE
SCOUT

Este é o momento pelo qual todos esperávamos. Demorou um pouco


para chegar aqui, mas a cada dia, ela puxa mais e mais de nós até que
estamos emaranhados em sua teia. Juntos, nós quatro, parece certo, como
se não fosse tudo sem meus irmãos agora.
Durante toda a nossa vida, brigamos pelas mesmas garotas, mas
nunca nos esforçamos de verdade para compartilhá-las.
Até agora.
Porque Landry não é uma garota qualquer. Ela não é um prêmio ou
alguém em quem um de nós se fixou. Essa garota é a porra do sol, nos
aquecendo e perseguindo nossas sombras assustadoras. A expressão
decisiva em seu rosto me enche de... felicidade. E, por causa dos meus
irmãos e do nosso vínculo único, posso sentir a felicidade deles também.
Landry é o que nos mantém juntos e faz tudo ficar bem.
Sully não perde tempo se despindo. Landry, no entanto, continua
lançando seus olhos de um lado para o outro entre mim e Sparrow como se
ela nem soubesse por onde começar ou o que fazer.
Ainda bem que ela nos tem para guiá-la na escuridão conosco.
Sparrow se levanta e passeia em sua direção. Ela estremece com a
proximidade dele, mas olha para ele daquele jeito desafiador dela que deixa
cada pau neste quarto duro pra caralho.
Sua mão levanta e ele a enrola em volta do pescoço dela. Ela engasga,
inclinando-se para ele, e agarra seus ombros. Um gemido suave deixa seus
lábios apenas alguns segundos antes de ele bater seus lábios nos dela. Sully
a aperta por trás e passa as palmas das mãos por baixo do moletom dela,
revelando suas costelas enquanto ele o levanta. Sparrow quebra o beijo e a
libera tempo suficiente para Sully tirar seu moletom e sutiã. Quando eles se
vão, sua boca está de volta na dela. Sully faz um trabalho rápido de tirar sua
legging e calcinha também.
Nua.
Ela é tão gostosa agora entre meus irmãos. A energia zumbe no
quarto, prendendo nós três homens a ela. Eu quero arrastá-la em meus
braços, mas também estou bastante contente em ver Sparrow e Sully
passarem suas grandes mãos sobre sua pele macia.
Eu deslizo minha mão sob meu travesseiro, pegando um frasco de
lubrificante. Sparrow para de beijá-la, sua atenção correndo na minha
direção. A escuridão brilha em sua expressão. Ele a gira para encarar Sully,
que ansiosamente toma seu lugar beijando-a. Sparrow levanta a mão e eu
lanço o frasco para ele. Ele abre a tampa e derrama um pouco em seus
dedos.
Sully se ajoelha na frente dela, levantando sua coxa e descansando em
seu ombro. Ele arrasta a língua ao longo de sua fenda fazendo-a gemer. Meu
pau se contrai em resposta.
— Um dia você será capaz de tomar dois paus de uma vez — Sparrow
retumba, deslizando os dedos lubrificados por seu traseiro. — Eu serei o
primeiro a levá-la aqui.
Ela grita, seus olhos arregalados. Com base no olhar meio chocado,
meio magoado em seu rosto, eu diria que ele está pressionando um
daqueles dedos escorregadios em seu cu agora. Sully começa a comer sua
boceta ruidosamente, distraindo-a da intrusão. Ela treme e depois cede ao
prazer. Com a mão livre, Sparrow agarra o cabelo dela puxando e torcendo
até que o rosto dela fique virado para o dele. Ele a beija brutalmente. Seu
bíceps flexiona enquanto ele fode sua bunda com os dedos.
Sully se afasta de sua boceta tempo suficiente para pegar o frasco de
lubrificante que Sparrow jogou de volta na cama. Ele também desliza os
dedos. Sua boca volta para seu clitóris e então ela choraminga quando ele
empurra os dedos em seu outro buraco.
Porra, isso é quente.
Sento-me para pegar o frasco de lubrificante, derramando um pouco
na minha mão. Lentamente, eu acaricio meu pau, deixando-o agradável e
escorregadio para que esteja pronto para ela.
Os sons vindos dela tornam-se irregulares e lamuriosos. Sully está
comendo sua boceta como se fosse seu de lanche favorito. Sparrow devora
seus lábios, mordendo e chupando, enquanto ele continua fodendo sua
bunda com os dedos.
Ela goza sem aviso, um grito alto ecoando na sala. Sully chupa seu
clitóris enquanto ela se afasta dos tremores secundários, e então se afasta.
Ela entraria em colapso se não fosse pelo aperto brutal que Sparrow tem em
seu cabelo e os dedos em sua bunda.
— Venha montar meu pau, princesa espinhosa — eu instruo. — Eu
quero sentir o quão suculenta você é.
Sparrow tira os dedos dela. Seus joelhos dobram e meus dois irmãos a
agarram antes que ela caia. Eles a levantam e a colocam na cama. Ela
trêmula rasteja na minha direção. Seus olhos azuis estão encapuzados e
seus lábios rosados sensuais estão inchados e separados.
Ela monta minha cintura, me dando uma visão privilegiada de sua
boceta molhada. Eu alcanço seus mamilos e a puxo para minha boca. Seus
lábios encontram os meus, frenéticos e famintos. Agarrando sua cintura com
uma mão, eu seguro meu pau e a guio para ela com a outra.
Não tenho certeza do que meus irmãos estão fazendo, mas os sinto se
aproximando. A cama desce de um deles e sinto a presença do outro ao lado
da cama. A pressão contra meu pau me faz gemer. Deve ser Sparrow de
volta, dedilhando sua bunda. É uma sensação boa e eu me pergunto como
seria com o pau dele ali. Não há nenhuma maneira de qualquer um de nós
ser capaz de evitar gozar em três segundos.
Sully beija o corpo dela onde quer que consiga colocar a boca. Em um
ponto, sua boca chupa meus dedos que estão segurando seu seio. Eu a
libero lá para que ele possa se satisfazer.
Eu empurro meus quadris para cima, já que seu movimento é
irregular. Ela provavelmente está sobrecarregada pelo fato de três homens
estarem completamente obcecados em tê-la. Tudo de uma vez.
— É isso — Sparrow resmunga. — Deixe-me colocar este dedo dentro
de você.
A pressão se intensifica e eu gemo. A respiração de Landry se mistura
com a minha enquanto ela paira seus lábios sobre os meus. Sully agarra o
queixo dela, puxando-a do nosso mal beijo para que ele possa roubar um
dela. Como ainda preciso prová-la, beijo seu pescoço, chupando e
mordendo, na esperança de deixar marcas de amor nela para todos verem.
— Mais um — Sparrow pede. — Eu quero três dedos dentro de você,
Laundry.
Ela choraminga. — Não posso. Isso dói. Oh Deus. Pare!
Suas súplicas me levam ao limite. Minhas bolas agarram e eu gozo em
sua boceta apertada. Eu mal a enchi quando a pressão em sua bunda
desaparece completamente. Ela se moveu grosseiramente para fora do meu
pau e então Sparrow está subindo em cima dela, achatando-a no meu
corpo. Meu pau, molhado e ainda se contorcendo, rola entre nossos corpos.
Sparrow a monta por trás e depois bate em sua boceta. Eu posso sentir as
bolas do meu irmão esfregando contra as minhas. Normalmente eu poderia
pensar que é meio doentio, mas agora, está quente com ela sendo o motivo.
— Chupe o pau do meu irmão — Sparrow ordena. — Agora, linda. Ele
está se sentindo negligenciado.
Eu agarro seu cabelo, puxando-a para cima e virando-a para encarar
Sully. Ele se move para a posição, inclinando seu pênis em direção à boca
dela. Já que ela mal consegue se mover porque Sparrow a está atacando
com força, eu ajudo meu irmão e ajudo a guiar seu pau para seus lindos
lábios esperando. Avidamente, nossa garota o chupa em sua boca.
Nossa garota.
Eu gosto disso. Muito.
Sully é gentil enquanto empurra seus quadris. Ele está apenas
ganhando tempo. Eu sei de fato que ele não quer gozar dessa maneira. Ele
está apenas esperando a sua vez.
Sparrow dá um tapa na bunda de Landry e ela grita ao redor do pau de
Sully. Ele amaldiçoa, agarrando o cabelo dela, seus dedos roçando os meus.
Juntos, nós a seguramos pelos cabelos para que ele possa foder seu rosto.
Sparrow amaldiçoa e bate na bunda dela mais algumas vezes antes de
gozar com um rosnado. Ele se afasta abruptamente e depois se reposiciona.
Landry faz um som de medo, o que significa que ele está planejando romper
o outro buraco dela. Suas unhas cravam no meu peito, um soluço a
sufocando quase tanto quanto o pau grosso de Sully. As estocadas de
Sparrow são pequenas e superficiais. Eu sabia que ele seria o primeiro a
entrar em sua linda bunda.
Ele puxa para fora e então Sully faz o mesmo. Ela cai contra o meu
peito, seu corpo tremendo de suas lágrimas.
— Você está indo tão bem tomando todos esses paus — eu cantarolo.
— Mas você não terminou, não é?
Ela começa a chorar mais forte, o que acorda meu pau de volta, e
balança a cabeça. Gentilmente, eu a empurro de cima de mim, rolando-a de
costas. Sully toma seu lugar entre as coxas dela, empurrando suas pernas
para cima e então a penetra com um impulso forte. Ela geme e eu devoro
com a boca. Sparrow deve se juntar a nós na cama porque ela mergulha do
outro lado.
— Você é tão gostosa — ele diz a ela. — Você é perfeita para nós.
Os quadris de Sully balançam cada vez mais forte, sua pele batendo
contra a dela, ecoando alto no quarto. Eu mordo sua língua e depois a chupo
em minha boca.
— Faça ela gozar de novo — Sully grita. — Ela tem sido uma boa
menina e merece isso.
Tanto Sparrow quanto eu obedecemos, nossos dedos encontrando sua
boceta ao mesmo tempo. Eu posso sentir o pau do meu irmão deslizando
dentro e fora dela enquanto Sparrow e eu nos revezamos esfregando em
seu clitóris. Seu corpo inteiro começa a vibrar fora de controle. Sully
amaldiçoa e suas investidas se tornam erráticas. Ele estende a mão,
agarrando um de seus seios e apertando com força enquanto goza. Ela está
se contorcendo e gemendo, perdida em seu próprio mundo feliz.
— Foda-se — Sully murmura, saindo dela. — Foda-se, isso foi bom.
Droga.
Ele empurra nossas mãos para longe de sua boceta para que ele possa
lamber seu clitóris. Sparrow arrasta a boca dela para a dele e a beija como
se pudesse possuí-la apenas com os lábios. Por mais que eu queira foder a
noite toda, acho que a esgotamos. Eu escorrego da cama para pegar
algumas toalhas para limpar. Eu me certifico de molhar um pano, deixando-
o bem quentinho, antes de trazê-lo de volta ao nosso ninho de amor.
— Eu vou limpar você, princesa espinhosa, mas eu quero ver a
bagunça que fizemos primeiro.
Sully se afasta, sorrindo para as pernas abertas dela como se estivesse
orgulhoso de como ela é imunda. Eu varro meu olhar sobre seu corpo que já
está machucado em alguns lugares ou com chupões. Sua boceta está
vermelha e inchada, vazando constantemente meu gozo e de Sully. O
franzido de seu cu está um pouco cru, também vazando.
Eu tenho esse desejo louco de tirar uma foto dela assim – destruída e
arruinada – para enviar para seu pai inútil. Depois de tudo que ele fez com
ela, ele ficaria louco de ver sua filhinha arruinada por gente como nós.
Foda-se isso seria incrível.
Mas, uma parte possessiva e reivindicativa de mim se recusa a deixar
qualquer outra pessoa vê-la. Ela é nossa agora. Apenas nossa. Algo se
encaixa no lugar. Costumava ser, meus irmãos e eu éramos competitivos pra
caralho, mas parece que encontramos uma maneira de ter Landry de uma só
vez. Nada sobre o que acabamos de fazer parecia errado. Parecia super
certo.
Eu enxugo sua boceta com o pano molhado. Ela se encolhe e eu me
pergunto se ela está dolorida. Tão gentilmente quanto posso, eu a limpo,
limpando o gozo vazando de seu corpo. Sparrow começa a sair da cama e
ela balança a cabeça.
— Não — ela resmunga. — Eu quero que você fique. Todos vocês.
Ele me lança um olhar questionador. Eu dou de ombros. Minha cama é
grande o suficiente para quatro. Sparrow se arrasta até o meio e a arrasta
sobre o peito. Ela enterra o rosto em seu pescoço. Sua bela bunda está em
plena exibição, ainda avermelhada pelas surras de Sparrow. Sully sobe na
cama ao lado de Sparrow e Landry pega sua mão. Eu jogo fora o pano e
imito a posição do meu irmão. Depois de puxar as cobertas sobre nós, eu a
deixei pegar minha mão também.
— Podemos ficar assim para sempre? — ela pergunta, sua voz grossa
com exaustão.
Sully ri. — Querida, eu acho que, neste momento, nós lhe daríamos o
que você pedisse. Você é nossa agora.
— Nossa — Sparrow concorda. — Nós vamos mimar você. Com nossos
paus.
Ela bufa uma risada. — Te odeio.
Não, ela não nos odeia de jeito nenhum. Na verdade, tenho certeza
que ela nos ama. Quero dizer, como ela não poderia? Acabamos de fodê-la
para outro mundo.
Vamos continuar fodendo-a assim noite após noite porque ela
pertence a nós agora.
Nossa.
Nossa.
Nossa.
CAPÍTULO DEZESSEIS
LANDRY

Muitos músculos no meu corpo doem. Estou toda machucada no


pescoço, seios e quadris. Entre minhas pernas, minha bunda formiga e
minha boceta está dolorida.
É assim que se sente sendo destruída por três feras corpulentas.
Rapaz, eles me destruíram.
Acordar estando enrolada em uma confusão de membros, enterrada
sob seu peso robusto, no entanto, faz tudo valer a pena.
Eles se importam comigo.
Desejam-me. Me querem. Precisam de mim.
O sentimento é mútuo.
E, hoje, vamos dar o fora daqui. Quase parece bom demais para ser
verdade.
Adormeci no peito de Sparrow, mas de alguma forma me enfiei entre
ele e Scout. O pau de Scout, mesmo duro no sono, é pressionado contra a
fenda da minha bunda. A palma da mão de Sparrow está cobrindo minhas
costelas e peito, me segurando possessivamente. Meu braço está esticado
sobre ele e Sully tem nossos dedos entrelaçados, seus lábios descansando
nas costas da minha mão.
Dormir assim, segura em seu ninho de amor, é o melhor sono que já
tive. Espero que tenhamos mais centenas de noites como esta. Em outra
cidade, em algum lugar onde ninguém nos conhece e podemos nos misturar
ao fundo.
Meus pensamentos vagam para quando eu soube que eram três
pessoas em vez de uma. Eu tinha sido humilhada e estava furiosa.
Mas agora…
Agora estou feliz.
Parece certo. Ter três deles é muito melhor do que um. Não há mais
mentiras ou segredos entre nós. Eu tenho todos eles e eles têm tudo de
mim.
Bang. Bang. Bang.
Todos os sentimentos relaxados e descontraídos se dissipam quando o
terror toma conta de mim. Eu fico completamente tensa e aperto a mão de
Sully a ponto de me perguntar se vou quebrar seus dedos.
Simples assim, meus caras acordam, em alerta também.
— Quem diabos está aqui? — Sparroe rosna.
— Leo? — Sully pergunta, a voz rouca do sono.
Oh, Deus, eu com certeza espero que sim.
Scout rola para fora da cama com uma velocidade impressionante,
vestindo as calças que ele descartou na noite passada. Sully está logo atrás
dele. Sparrow fica comigo, seu rosto se contorcendo de preocupação.
Scout desaparece da sala e Sully o segue.
— Onde ela está?
A voz de Ty percorre o apartamento até o quarto de Scout. Lanço um
olhar questionador a Sparrow.
— Vista-se. Vamos — Sparrow diz, pressionando um beijo casto em
meus lábios antes de sair da cama.
Coloco algumas roupas, paro no banheiro para escovar os dentes e
fazer xixi, e depois vou para o quarto de Sully para me certificar de que Della
está acordada. Ela já está vestida para o dia e tem Heathen encurralada
tentando colocar um dos bonés de Sully na gata.
Agachando-me ao lado dela, eu sinalizo, Bom dia, mana.
Seu sorriso é provocador enquanto ela sinaliza, eu vi você na cama
com eles. Eles são seus namorados. Você os beijou? Então ela finge engasgar.
Não vou explicar um relacionamento poli amoroso para uma criança
de seis anos. Eu beijo sua cabeça e então sinalizo para ela vir tomar café da
manhã comigo.
Heathen sai correndo, agachando-se no corredor e desaparecendo de
vista no segundo em que tenho a mão de Della na minha.
Nós fazemos o nosso caminho para a sala de estar onde todos os meus
três caras estão parados em um semicírculo, ouvindo Ty falar. Suas mãos
estão gesticulando descontroladamente e ele tem uma expressão
aterrorizada em seu rosto bonito.
— O que está acontecendo? — Eu exijo, ganhando a atenção dos
quatro.
As feições de Ty caem ao me ver. — Landry, me desculpe. Eu queria
avisá-la, mas não há tempo.
Scout olha carrancudo para ele. O rosto de Sully está aflito. A
mandíbula de Sparrow aperta com força e ele usa uma expressão assassina.
Meu estômago se revira e parece cair vários andares abaixo de mim. A
névoa de nossa palavrinha segura se desvaneceu e a realidade se insinua,
fria e a uma velocidade vertiginosa.
— Eu não me sinto tão bem — eu digo quando uma onda de tontura
me toma.
Sully está mais perto, agarrando-me enquanto meus joelhos se
dobram. O pânico sobe pelo meu peito, agarrando minha garganta.
Eu não consigo respirar.
Eu não consigo respirar.
— Querida, acalme-se — Sully murmura, me puxando para seu peito.
— Nós não vamos deixar você se machucar.
Olhando para baixo, encontro Della olhando para mim. Ela não é mais
brincalhona e um pouco travessa. Seu rosto é desprovido de emoção. Eu
não tenho que dizer a ela do que eu tenho medo. Ela sabe. Ela sente a
vibração na sala, mesmo que ninguém tenha sinalizado nada com ela.
Estou prestes a alcançá-la, para assegurar-lhe que vai ficar tudo bem,
mesmo que não vá, quando alguém bate na porta.
— NYPD! Abra!
Não não não não não.
Estou balançando a cabeça, murmurando a palavra baixinho
repetidamente.
— Foda-se — Sparrow amaldiçoa. — Porra.
— Ty, você precisa se esconder — Scout comanda. — Vá para um dos
quartos dos fundos. Agora.
— O-o quê? Por que? — Ty murmura. — Eu posso ajudar.
— Não — Scout rosna. — Seu primo vai arruinar você se descobrir que
você nos ajudou. Vai. Escada de incêndio no quarto de Sully.
— Porra. Ok. — Ele sai correndo da sala.
— Abra a porta ou vamos chutá-la — uma voz profunda ressoa. — Três
dois…
Sparrow vai até a porta e a abre antes que eles a atravessem.
Vários policiais entram no apartamento, armas apontadas para os
caras.
— Deixa elas irem! — um dos policiais grita.
Sully me abraça mais forte e Della se agarra a nós duas.
Tudo está prestes a ficar realmente confuso, a menos que eu faça
alguma coisa. Eu me afasto de Sully, virando-me para encarar os policiais.
— Nós fugimos — eu resmungo. — Eles apenas nos deram um lugar
para ficar.
— Landry — Sparrow cospe, dando um passo mais perto de mim.
Os policiais começam a gritar para ele levantar as mãos ou eles vão
atirar.
— Não — eu digo a ele, lágrimas transbordando dos meus olhos,
tentando evitar que isso se transforme em um monte de prisões, ou pior
ainda, um deles levando um tiro. — Fui eu. Eu sequestrei minha irmãzinha e
os forcei a nos abrigar. Puxe as câmeras do prédio e veja por si mesmo. Eu
andei aqui por minha própria vontade. Se você vai prender alguém, me
prenda.
Dou um passo à frente, oferecendo minhas mãos para eles. Os
policiais vacilam, confusão em seus rostos. Um deles transmite uma
pergunta murmurada para alguém. Segundos depois, outro homem entra no
apartamento.
Todo o ar da sala se transforma em gelo.
Meu pai.
Ele está aqui.
Scout avança para ele, mas Sparrow o agarra em um abraço de urso
por trás antes que ele possa alcançar meu pai. Ele está cuspindo palavrões e
ameaças. Sparrow é capaz de contê-lo. Por muito pouco.
Espero meu pai me atacar, mas então me lembro... temos uma plateia.
Ele é muito melhor em fingir ser um pai perfeito quando os outros estão
assistindo – quando sua reputação está em jogo.
— Você não pode levá-la — diz Sparrow ao meu pai sobre o rosnado
de Scout. — Nós não vamos deixar.
Papai zomba. — Você está prestes a ir para a prisão por sequestro,
filho. Você dificilmente está em condições de fazer exigências sobre as
minhas fodidas garotas.
Agora Sparrow está a segundos de perder a calma como Scout. Se os
dois o atacarem, aqueles policiais não pensarão duas vezes antes de atirar
na cabeça dos dois.
— Eles não fizeram nada de errado — digo ao meu pai, levantando
meu queixo. — Juro. Fui eu. Eu peguei Della. Eles são meus namorados. Eu
queria estar com eles.
A palma de Sully nas minhas costas me dá o apoio que preciso. Eu
engulo todo o meu medo e ligo o modo princesa malcriada.
— Você me deixou de castigo do meu telefone e computador. Você
me prometeu um carro. Você mentiu, papai. Eu estava tão brava com você.
— Lágrimas de crocodilo se formam e meu lábio treme. — Eu só queria estar
com eles e você tirou todas as minhas formas de me comunicar com eles.
Os olhos do papai se estreitam. Ele sabe melhor do que eu que a razão
de eu ter fugido foi por causa dele — porque ele machucou Della e eu. Ele
sabe que estou me sacrificando para salvar esses caras, o que coloca um
alvo nas costas deles, mas é melhor do que deixá-los ir para a prisão por
minha causa.
— Você não pode levá-los para a cadeia pelo que eu fiz — digo a ele
com firmeza. — Se você quer punir alguém, você me pune. Não eles.
Seus olhos brilham com minhas palavras. Sinto que vou vomitar.
— Não — Scout grita. — Seu fodido doente…
— Tire ele daqui, — digo a Sully. — Agora.
Sully me dá um beijo na bochecha e então assume o lugar de Sparrow,
arrastando Scout para fora da sala.
Os policiais não estão mais apontando suas armas. Estão todos
esperando que papai os instrua sobre o que fazer a seguir. O dinheiro fala e
o dele é muito alto.
Sparrow se aproxima de mim. Sua mão enrola em volta do meu
pescoço. Tão forte e poderoso, uma promessa de me manter segura.
Pena que está fora de seu controle agora.
Fui estúpida em pensar que poderia realmente escapar das garras de
aço do meu pai. Ele é muito poderoso e rico. Sua influência é
aparentemente sobre a polícia também. Eles literalmente apenas sentam,
esperando por seu comando. Mesmo que eu contasse tudo o que ele fez, ele
encontrará uma maneira de distorcer. Eu sei disso em meus ossos.
Acabou.
Eu não vou a lugar nenhum nunca mais.
Vou voltar a jogar os jogos fodidos do meu pai enquanto mantenho
Della o mais segura possível no processo. É tudo o que posso fazer.
— Não — Sparrow murmura quando tento dar um passo à frente. —
Eu não vou deixar você voltar para aquele pedaço de merda.
Um soluço fica preso na minha garganta. — Nós não temos escolha —
eu sussurro. — Você não sabe o que ele pode fazer com você.
— Eu não dou a mínima para mim — Sparrow rosna. — Isso é sobre
você.
Virando-me, dou-lhe um beijo rápido em seus lábios. — Eu sinto
muito.
— Não! — Ele grita. — Você não vai embora, Landry!
— Senhor, eu vou algemá-lo se você não deixar a mulher ir — um dos
policiais grita.
Eu me solto do aperto de Sparrow, correndo em direção ao meu pai.
Eu não posso olhar para ele. Não posso. Seu cheiro me envolve e eu sufoco
uma mordaça. Della se agarra a mim, seu rosto enterrado contra meu
quadril.
— Minhas meninas, — papai diz, emoção falsa colorindo sua voz. — Eu
senti tanto a falta de vocês.
Ele nos puxa para ele para um abraço paternal que me deixa
murchando por dentro. Toda a luz e felicidade estão sendo sugadas de mim
enquanto a escuridão se aproxima.
— Fique onde está, senhor — grita um policial para Sparrow — ou
serei forçado a atirar.
— Por favor, pai, tire-nos daqui. Eu quero ir para casa. Agora. Sparrow
não fez nada de errado. Eu prometo que vou ficar bem. Apenas nos tire
daqui.
Ele dá um tapinha nas minhas costas. — Tudo bem. Eu tenho isso
daqui.
Viro-me para olhar para Sparrow uma última vez. Seu rosto está
contorcido em uma carranca furiosa. Ambas as mãos estão fechadas em
suas laterais. Ele parece segundos de atacar todos nesta sala.
— Sinto muito — murmuro para ele. — Isto é o melhor.
Seus lábios pressionam em uma linha firme, mas ele permanece
sabiamente enraizado no lugar. Eu quero correr até ele e beijá-lo mais uma
vez. Isso apenas aumentaria as coisas novamente, no entanto.
Eu preciso sair.
Separação fácil.
Ontem à noite e esta manhã foram perfeitas. Vou me apegar a esses
momentos e me lembrar deles quando papai estiver tornando minha vida
um inferno. Vai ter que ser o suficiente.
Quando Della percebe que estamos saindo, ela tem um colapso.
Chutando e se contorcendo com grandes e gordas lágrimas rolando por suas
bochechas. Ela tenta correr de volta para Sparrow, mas um dos policiais a
agarra, arrastando-a facilmente de volta. As narinas de Sparrow se dilatam,
a raiva queimando em seu olhar, mas ele continua sendo uma estátua.
Graças a Deus.
Fique quieto até sairmos daqui, Sparrow.
Em breve, iremos embora. Meus caras estarão seguros. Ty estará
seguro. Eles não serão presos ou alvejados por minha causa. Todos estarão
bem em seu mundo.
Significa submeter a mim e a Della de volta ao nosso inferno pessoal,
no entanto. Estou enojada com o pensamento de voltar para lá. Eu não sei
mais o que fazer. Este parece ser o único caminho. Talvez, depois de algum
tempo, eu tenha outra oportunidade de escapar. Vou tentar e permanecer
esperançosa.
Papai nos leva para fora do apartamento e para os elevadores. Não é
até que as portas se fecham que compreendo completamente o que acabei
de fazer.
Deixei os únicos homens que já tentaram me proteger ou me salvar,
indo de bom grado com o monstro.
Esperançosa?
Não há mais esperança.
Deixei a esperança na cama do Scout esta manhã.
A esperança está perdida. Tudo o que resta é a escuridão e ela está me
engolindo rapidamente.
CAPÍTULO DEZESSETE
LANDRY

A fúria de meu pai é uma nuvem espessa e sufocante no carro. O rosto


de Della está enterrado ao meu lado enquanto ela se recusa a olhar para ele.
Eu tomo respirações superficiais, tentando acalmar a tempestade furiosa de
ansiedade dentro do meu peito.
O que eu estava pensando?
Eu nos sacrifiquei para o abate para salvar os trigêmeos.
O silêncio no carro é quase pior do que se ele estivesse gritando
comigo. Eu posso sentir cada palavra não dita como um chicote contra
minha carne. Eu seguro Della com força, tentando transmitir a ela que isso é
temporário.
É temporário.
Vou descobrir uma maneira de escapar para sempre. Eu fiz isso uma
vez; Eu posso fazer isso de novo.
Encontre uma maneira de se esconder do meu pai para sempre.
Salve Della.
Salve-se.
O motorista estaciona em frente ao nosso prédio. Um peso se instala
em meus ombros, pesando-me no assento. Todo o meu corpo parece estar
cheio de chumbo.
Eu não posso andar até lá de bom grado.
Não posso.
Uma multidão de pessoas corre para o carro, me assustando do meu
torpor. Repórteres estão tirando fotos e gritando perguntas. Pelo menos na
frente dessas pessoas, papai não fará nada cruel.
A segurança do papai afasta algumas pessoas que abrem a porta
lateral para nós. Della é puxada de minhas mãos e um dos homens a
carrega. Eu corro atrás dela, meu coração na garganta.
Um repórter entra no meu caminho, empurrando um microfone na
minha cara. — É verdade que você foi sequestrada e mantida contra a sua
vontade?
— Senhorita Croft! — Outro microfone bate na lateral da minha
cabeça enquanto alguém tenta aproximá-lo da minha boca. — Você se
machucou? O que os sequestradores queriam de você? Eles tocaram em
você?
Papai passa um braço sobre meus ombros, afastando os microfones.
— A polícia fez seu trabalho e me trouxe minhas meninas de volta. Por
favor, permita-me algum tempo para me reunir com elas. Darei uma
declaração oficial mais tarde.
Os repórteres começam a gritar de novo, mas papai termina de falar.
Ele me conduz através da multidão e para dentro do prédio.
— Onde está Della? — Eu resmungo, histeria crescendo em minha
garganta.
Papai me ignora, me guiando para dentro do elevador. Ela não está lá.
Só nós dois e mais alguns seguranças.
— Pai — eu imploro. — Onde está Della?
Sua mandíbula aperta, mas ele não vai olhar para mim ou falar. Eu
engulo um soluço, passando por ele quando as portas do elevador se abrem
para o nosso andar. Eu saio correndo, desesperada para ver minha irmã
mais uma vez antes que o monstro seja solto e a vida volte a ser como era
antes.
Entrando pela nossa porta da frente, encontro Della agarrada a
Sandra. As feições de Sandra estão tensas, reprovação brilhando em seus
olhos.
Eu piorei as coisas para nós.
Eu posso ver isso escrito em toda a sua expressão. E eu sei que é
verdade. É por isso que parece um soco no peito, tirando o ar de mim.
Passos ressoam atrás de mim quando meu pai e seus homens se aproximam.
A coluna de Sandra se endireita e ela gira nos calcanhares com Della,
guiando-a até seu quarto. Ela desaparece dentro com ela e fecha a porta.
Pela primeira vez, sou grata pela presença de Sandra. Pelo menos Della tem
alguém e talvez papai desconte em mim, não nela. Não foi culpa de Della.
Sem esperar que me digam, corro para o meu próprio quarto. Não é
até que eu feche a porta atrás de mim que eu noto a mudança.
A sala está vazia.
Há uma cama, despojada até o colchão, mas é isso. Sem cômoda ou
vaidade. Não há fotos nas paredes ou cortinas. Uma rápida olhada no meu
armário me diz que está vazio também. Estou confusa e tonta com esta nova
revelação.
A maçaneta gira e meu pai entra. Sua autoridade régia é fria e me
entorpece. Eu não posso deixar de tremer e correr as palmas das mãos
sobre meus braços, abraçando meus braços no meu peito para tentar me
manter aquecida.
Foi-se a expressão aliviada em seu rosto que era tudo para mostrar no
apartamento dos caras.
Foi-se a raiva silenciosa e escondida no carro.
Seu monstro está solto e vibrando com a necessidade de punir.
Não há para onde correr. Sem lugar para esconder-se. Eu fiz isso
comigo mesmo. Eu trouxe tudo isso para mim.
Que escolha eu tinha?
Confiar nos policiais que estão no fundo dos bolsos do papai? Lutar
com ele e levar meus namorados a tiros ou levados para a prisão?
Esta, infelizmente, era a única maneira.
Posso aguentar tempo suficiente até termos nossa próxima
oportunidade de fuga. Ele não pode nos manter trancadas para sempre.
Agora não. Não quando toda a cidade agora sabe que existimos e
importamos. Eles vão querer nos ver em eventos e festas. O público ficará
curioso.
— Você me enoja.
Suas palavras são como um chicote, açoitando minha pele, deixando-a
em carne viva e exposta. Eu recuo, dando um passo para trás.
— Foi ruim o suficiente que você me atacou — ele rosna, levantando a
mão para tocar a parte de trás de sua cabeça. — Mas então você pegou sua
irmã e fugiu.
Dou outro passo para trás, precisando de tanto espaço entre nós
quanto possível.
— Imagine minha surpresa ao descobrir que você ficou com aqueles
garotos Mannford. — Ele range os dentes com tanta força que posso ouvir o
som. — Winston Constantine me confidenciou que pessoas horríveis eles
eram. Como você ousa expor minha filha a tanta sujeira?
— Pai — eu resmungo, precisando desarmar essa bomba que está
prestes a explodir. — Por favor eu…
— Que merda pervertida você deixou que eles fizessem com você? —
ele exige. — Você os deixou foder você? Tudo de uma vez? Você é uma
criança doente. Tão doente 'pra' caralho.
Um soluço sufoca minha garganta e lágrimas borram minha visão. Eu
pisco furiosamente, precisando mantê-lo na minha linha de visão. De
alguma forma, ele avançou naquele segundo fatídico e agora paira sobre
mim.
— Você os deixou marcar você — ele rosna, arrastando o dedo ao
longo da coluna do meu pescoço. — Como se você fosse a prostituta deles.
Onde mais eles marcaram você?
Estou balançando a cabeça, tentando desesperadamente encontrar as
palavras, mas nenhuma sai. Antes que eu possa processar, minhas roupas
estão sendo arrancadas com força do meu corpo. Eu choro e grito,
implorando para Sandra ou alguém me ajudar, mas ninguém vem. Ele me
empurra para o chão do quarto e cutuca meu quadril com seu sapato.
Todas as minhas contusões estão à mostra - um mapa colorido da
semana incomum e erótica que tive com meus rapazes. Está tudo aqui
piscando como um letreiro de néon para papai ver. Não preciso dizer a ele o
que fiz com eles porque ele pode ver com seus próprios olhos.
A situação é demais. Posso sentir a separação começar quando me
desassocio desses encontros horríveis. Minha mente vagueia para lugares
quentes e seguros enquanto deixo meu corpo se virar sozinho. Estou
vagamente ciente dele agachado ao meu lado, cutucando hematomas e
tirando fotos.
Eu não estou no meu quarto.
Estou na cama de Scout, derretendo sob seu olhar intenso. Estou nos
braços de Sparrow, me sentindo segura e protegida. Sou capturada pelo
beijo de Sully, meu coração palpita toda vez que ele me chama de querida.
— Isso é evidência suficiente — papai diz. — Levante-se.
Eu pisco para longe da névoa de onde eu preferia estar e me arrasto
para o presente. Estou tremendo tanto que meus dentes estão batendo. Eu
não sei o que vem a seguir, mas isso não parece como outras vezes com
meu pai. Isso não parece quando ele borra as linhas do nosso
relacionamento. Parece que ele é o diretor e eu sou uma prisioneira humilde
que de alguma forma conseguiu romper os muros da prisão.
Ele quer me fazer sofrer.
Então eu não vou esquecer esse momento.
Então eu nunca vou tentar escapar novamente.
Ele agarra meu bíceps, me levantando quando não faço nenhum
movimento para me levantar. Eu posso sentir seus dedos mordendo minha
carne, deixando sua própria marca possessiva. Meu corpo nu inteiro está em
exibição e eu odeio ser vista dessa maneira.
— Na cama — ele rosna, cuspe molhando meu rosto.
Eu balanço minha cabeça violentamente. — N-não.
— Você não pode me dizer não, criança.
Meus gritos ecoam na sala vazia, mas ninguém vem me salvar. Ele
empurra meu corpo sobre a cama, deixando minha bunda exposta.
Pense neles. Pense em qualquer coisa.
O som da fivela do cinto dele me mantém enraizada no presente.
Eu não quero fazer isso. Por favor, não me faça fazer isso.
Os olhos quentes de xarope de bordo e o sorriso provocante de
Sparrow piscam em minha mente. A maneira como ele me chama de
Laundry como se fosse um carinho como o querida. Seus beijos profundos e
reivindicativos…
Uau!
A fantasia de Sparrow é apagada por uma dor incandescente que
açoita minha bunda. Não é até que eu sinta novamente que eu percebo o
que está acontecendo.
Ele não vai…
Ele está me chicoteando com seu cinto em vez disso.
Uau!
A dor é de outro mundo. Eu rasgo minhas unhas no material do
colchão, tentando encontrar apoio para que eu possa rastejar para longe
dessa loucura.
Um aperto doloroso na minha coxa me impede de fugir, me
arrastando de volta para a posição.
Uau!
A dor ardente e contundente é tudo em que consigo pensar. Eu quero
que isso pare. Por favor, Deus, faça isso parar.
Mas não para.
Isso acontece de novo e de novo e de novo e de novo até eu desmaiar.
Quando eu acordo, eu me comovo. Não estou mais pendurada na
cama, mas agora deitada em cima dela. Um cobertor fino cobre meu corpo
nu e estou sozinha.
Ou pelo menos eu pensei que estava sozinha.
— Sente-se e tome seu remédio.
A voz fria e sem alma de papai se materializa de um canto escuro do
meu quarto. Ele não está mais vestindo seu paletó e sua gravata sumiu. Seu
rosto está com uma expressão neutra, a raiva finalmente se aquietou.
Remédio?
Que remédio?
Ele segura uma pílula. Tudo está embaçado por causa de todo o choro
que fiz. Eu pisco tentando me concentrar na pílula e descobrir o que é. Não
se parece com ibuprofeno.
— O que é isso? — Eu resmungo.
— É para apagar seu erro.
Erro?
— Não entendo.
Ele zomba. — Há muita coisa que você não entende sobre este
mundo, querida. Plano B. Aceite de bom grado ou vou forçá-lo goela a baixo.
Eu não vou criar um filho bastardo novamente.
— Novamente?
— Não você — papai me assegura, segurando a pílula em meus lábios.
— Sua irmã. Eu nunca vou perdoar sua mãe por esse erro horrível.
Antes que eu possa processar suas palavras, ele segura meu nariz e
enfia a pílula na minha garganta. Eu engasgo, mas eventualmente engulo.
— Durma, querida. Você pode descansar agora. Você está finalmente
em casa onde você pertence. Comigo.
CAPÍTULO DEZOITO
SCOUT

Ela se foi.
Ela se foi.
Isso não deveria acontecer. Ela deveria ficar conosco para sempre.
Como Alexander a encontrou?
Um gato rosa descartado está sentado na almofada do sofá ao meu
lado. Vê-lo me dá um soco no estômago. Della também se foi. Justo quando
eu estava realmente conhecendo a garota. Ela está de volta naquele inferno
com seu pai malvado.
Pego o gato de pelúcia e o levo até o nariz. Tem cheiro de Della. Seu
xampu tem cheiro de lavanda e eu poderia facilmente escolher entre
milhares de outros aromas. Meu peito dói de saudade.
— Eu não contei a ninguém — Ty resmunga. Novamente. — Eu juro. —
Ele está de volta de sua saída apressada agora que os policiais se foram. —
Você sabe que estou falando a verdade.
Eu o encaro, observando-o em busca de qualquer sinal de que ele
esteja mentindo. Infelizmente, por mais que eu queira culpá-lo, acredito
nele. Ele pode me odiar por mentir para ele e por quem eu sou para sua
família, mas ele se importa com Landry. Ty tem um sobrenome de merda,
mas não é como seu primo.
A aparição na festa chique que Sparrow foi e as dicas anônimas para
os policiais deveriam funcionar, pelo menos até que Leo nos encontrasse um
novo lugar para nos escondermos. Mas eles não funcionaram. Não fomos
rápidos o suficiente e não conseguimos salvá-la a tempo.
— Ele descobriu de alguma forma — Sparrow cospe. — Talvez você
tenha sido seguido.
— Eu não fui — Ty joga de volta. — Eu fui cuidadoso. Talvez fosse um
de vocês indo ou vindo.
Não houve idas e vindas, porém, além do meu trabalho para Bryant.
Esta semana inteira, nenhum de nós saiu do prédio. Sparrow trabalhou um
pouco, mas nunca saiu. Até nossas compras foram entregues. Não há
nenhuma maneira que eles deveriam ter nos encontrado. Eu fui cuidadoso,
caramba.
E se a pessoa que eu sentia que estava me observando não fosse Ty
afinal? Talvez tenha sido quem montou nosso envolvimento. Isso me torna
responsável. Porra.
— Leo? — Sully pergunta. — Quero dizer, poderia ter sido ele, certo?
— Leo queria consertar a situação — digo, balançando a cabeça, —
não piorar. Isso é pior pra caralho.
Leo queria consertá-lo. Ele disse que entendia o que eu tinha passado.
Então quem? Há apenas uma outra pessoa que sabe onde estamos. E
mesmo que ele deva ser um aliado – porra de família – estou começando a
perceber que podemos ter acabado de ser enganados. Ainda não sei por
que, mas vou descobrir.
Suas vozes se fundem como uma só, um rugido abafado atrás de mim,
enquanto discutem quem poderia tê-los levado até nós.
Mas eu sei.
Isso me atinge como uma tonelada de tijolos.
Aquele filho da puta…
— Eu tenho que ir — eu rosno, pulando para os meus pés, jogando o
gato rosa de volta no sofá. — Eu voltarei. Mantenham-me informado se
ouvir alguma coisa e comece a trabalhar em um plano de como vamos
recuperá-la.
Nós vamos recuperá-la.
Não há dúvida em minha mente.
É apenas uma questão de quando e quantos idiotas temos que
esmagar ao longo do caminho.
Tudo o que pode ser ouvido ecoando nos corredores cavernosos é a
cadência única do meu andar enquanto manco em direção ao escritório de
Bryant Morelli.
Isso ferve meu sangue.
Eu sabia que não devia confiar nele, e não confiava, mas não esperava
que ele trabalhasse ativamente contra nós. Especialmente depois de tudo
que fiz por ele.
Sua risada abafada corta a casa silenciosa, o que me irrita ainda mais.
Quando chego à sua porta, eu a empurro sem bater. Ele está de costas para
mim, o telefone no ouvido, mas se vira ao ouvir o som de mim entrando em
seu escritório.
— Eu vou ter que ligar de volta — ele resmunga. — Fale logo.
Ele encerra a ligação e desliga o telefone antes de apontar para um
dos assentos. — Por favor sente-se.
Moendo meus molares juntos, eu tento não perder a cabeça. Eu tento
manter minhas emoções sob controle, fingindo uma expressão impassível.
Com um aceno de cabeça, tomo o assento oferecido e, em seguida, olho
para ele.
— Não estava esperando uma visita — ele fala lentamente. — Acho
que posso arranjar alguns minutos para você, no entanto.
Eu estalo meu pescoço e me inclino para trás na minha cadeira. —
Corta essa besteira, Morelli.
Sua expressão fácil se transforma em uma expressão difícil. — Você
fará bem em observar seu tom, jovem. Melhor lembrar com quem você está
falando.
Eu quero dar um tiro na cara desse caralho. Eu também poderia,
considerando que tenho minha Glock no bolso.
— Você sabia que ela estava lá conosco — eu resmungo. — Você sabia
e nos delatou por algum maldito motivo. — Soltei uma risada sem humor. —
Toda essa porcaria sobre família era apenas uma mentira.
Ele sorri, encolhendo os ombros. — A família nada mais é do que uma
ferramenta para usar quando necessário. Eventualmente, você aprenderá
isso.
Ele está errado.
Meus irmãos são tudo para mim. E agora que Landry é nossa, ela
também é tudo.
— Você não deveria ter feito isso — eu digo, minha voz fria e
perigosamente baixa. — Você realmente não deveria ter feito isso.
O rosto de Bryant se contorce em uma expressão de ódio. — Não me
ameace, garoto. Acho que você esquece com quem está falando.
Um velho tentando desesperadamente manter o poder nesta cidade
que seus filhos arrancaram de suas patas sujas. Sim, eu não esqueci a quem
eu estava me dirigindo.
— Eu fiz tudo o que você pediu…
Ele me corta com um corte vicioso de sua mão no ar. — E você vai
continuar a fazer exatamente o que eu digo. Sem distrações como a garota
Croft.
— Não serei mais seu cachorro, Morelli.
— Você vai, caramba. E se você não fizer isso, eu vou te entregar por
incêndio criminoso.
Fúria fria corre pelas minhas veias. — Desculpe?
— Você me ouviu — ele resmunga, presunção escorrendo dele. — Eu
possuo você. Eu tenho desde o momento em que Constantine deixou você
cair em nosso colo.
— Você não pode fazer isso com a gente.
— Ah, mas eu posso. — Ele sorri largo e cruelmente. — Eu tinha
alguém para segui-lo e gravar você ateando esses incêndios.
Era ele.
Ele me armou.
— A seu pedido! — Eu grito, levantando-me. — Você me fez fazer essa
merda!
— Ser líder significa ter muitas colheres em muitas panelas. Sempre
mexendo. Você é apenas um maldito pote que me pertence. Meus filhos
também são potes.
— Por que se voltar contra nós? — Eu exijo com os dentes cerrados. —
O que fizemos para merecer isso?
— Merecer? — Ele zomba. — Vocês bandidos não merecem os
banheiros em que cagam. O que você merece é uma dose fria e dura de
realidade.
Cerrando minhas mãos, eu olho para ele. — É por causa de Leo, não é?
Você descobriu que ele estava nos ajudando ontem à noite e nos jogou
debaixo da porra do ônibus. Seus pequenos espiões lhe contaram, hein?
Ele se eriça e eu sei que acertei na cabeça. — Ele não é o único com
contatos leais.
— Você está chateado — eu continuo, palavras esquentando
enquanto eu as vomito — por não termos encerrado o projeto Croft assim
que você nos disse. Que nos apaixonamos pela garota e cuidamos dela
agora. Enfureceu você que seus cães não obedeceram, e quando você
descobriu que seu filho estava nos ajudando, você perdeu sua merda.
— Até você sabe que não passa de um cachorro.
— Este cachorro — digo, gesticulando para mim mesma — não tem
escrúpulos em morder seu dono. Não sou um cão leal.
— Scout — Bryant avisa, seu tom perdendo um pouco da frieza e
aumentando com fúria.
— Eu terminei com sua besteira, Morelli — eu resmungo. — De agora
em diante, estou jogando pelas minhas próprias regras. Você pode ameaçar
me entregar, mas saiba que não vou cair sem lutar.
— O apartamento, os carros...
— Desista enquanto é tempo, velho.
— Scout!
Eu manco para fora de seu escritório, ignorando suas exigências cheias
de raiva. Ele quer me ameaçar? Farei da vida dele um inferno e queimarei
tudo no chão.
Morelli logo aprenderá que você não cutuca um urso.
Este urso vai arrancar a porra de seu coração e não sentir um pingo de
remorso.
Prefiro ficar na cadeia por toda a eternidade do que deixá-lo levar
vantagem.
— Scout! — ele grita, saindo de seu escritório atrás de mim. — Pare!
Parando bruscamente, giro nos calcanhares e espero até que ele
esteja a centímetros de mim. Eu me elevo sobre o homem e o deixo sentir
cada pedacinho da minha raiva, pulsando em mim como o calor ardente de
um vulcão prestes a entrar em erupção.
— Você vai ficar quieto, velho, enquanto trabalhamos para recuperá-
la. — Eu zombo dele. — Entendido?
— Ou o que?
— Eu vou para a polícia ou a porra do FBI — eu aviso, saliva voando
dos meus lábios e banhando seu rosto. — Ou talvez eu devesse apenas
fofocar com seus filhos. Deixe-os saber o que é um monstro que seu pai
senil é. O que você acha que eles fariam com você, hum? Eles são cães leais?
Seu rosto empalidece e eu sei que bati nele onde dói.
— Você puxou o gatilho cedo demais — eu cuspo. — Porque você
estava chateado com Leo por intervir. Você vai pagar por esse erro.
— Agora escute aqui, filho…
— Eu não sou seu filho. Eu terminei com você. Você vai recuar ou vou
expor todos os segredos desagradáveis da sua vida. E, Bryant?
Sua mandíbula aperta. — O que?
— Se o pai de Landry a machucar por causa de sua façanha, eu vou te
machucar na mesma moeda. Olho por olho, filho da puta.
CAPÍTULO DEZENOVE
LANDRY

Ontem foi um pesadelo.


Minha fantasia nada mais é do que um tapete sendo puxado debaixo
de mim. Hoje é realidade. Fria, amarga e solitária. Eu chafurdei a noite toda
em minha tristeza, mas hoje meus sentidos estão aguçados com a dor do
ataque. Contusões marcam minha parte inferior das costas, bunda e coxas
me fazendo estremecer toda vez que me sento ou me movo. A raiva pela
minha situação está lentamente substituindo o medo, infectando todas as
minhas células com amargura.
Merecemos uma vida melhor do que esta.
Claro, temos quantias infinitas de dinheiro.
Dinheiro não significa nada para mim. Eu preferiria não ter um único
centavo e ser feliz do que ser forçada a viver mais um segundo com um
monstro rico.
Della precisa que eu seja forte.
Eu preciso que eu seja forte.
É por isso que, em vez de me enrolar em uma pequena bola,
chorando, endireitei minha coluna e fiz uma promessa a mim mesma.
Vou nos tirar daqui. O primeiro passo é sair deste quarto. Eu tenho
que parar de sentir pena de mim mesma. Essas contusões doem, mas não
posso deixar que isso me detenha. Sempre haverá hematomas com papai.
Nunca haverá um bom momento. Eu tenho que agir.
Ele vai trabalhar eventualmente. E quando ele o fizer, vamos fugir.
Posso fazer algo extremo como incendiar a cozinha. Os seguranças serão
forçados a nos evacuar. Fazer o deslizamento seria mais fácil então. Eu
apenas teria que correr como o inferno.
Eu tenho que ter acesso à cozinha primeiro.
Infelizmente, isso significa esperar meu tempo. Vou jogar os jogos do
papai, mantendo Della o mais segura possível, até a hora certa. Eu não vou
ter medo. Não como antes. Ficar com os trigêmeos me ensinou algo. Que
somos capazes de ser amados e cuidados sem maldade.
Eu quero esses caras de volta.
Eu vou recuperá-los.
Quando saí do chuveiro mais cedo, encontrei várias coisas na minha
cama. Um lindo vestido, roupas íntimas combinando e um par de sapatos
matadores. Minha maquiagem e coisas de cabelo também foram devolvidas
para mim. O bilhete que papai me deixou me irritou e eu queria rasgá-lo em
pedaços.
Jantar esta noite com algumas pessoas importantes. Prove-me que
você não é a prostituta de ontem e uma dama de verdade. Talvez
você vai ser tratada como uma.
Eu termino a minha maquiagem e vou até o meu espelho de corpo
inteiro. Foi preciso muito corretivo para esconder todos os chupões no meu
pescoço, mas acabei conseguindo. O vestido me caiu como uma luva.
Vermelho sedutor, justo, mas também casto o suficiente para esconder meu
decote e atingir meus joelhos. Os Jimmy Choos pretos me dão vários
centímetros da minha altura. Com meu cabelo loiro liso e alisado junto com
minha maquiagem impecável e um ousado tom de vermelho no meu
vestido, eu pareço ser feroz. Não um brinquedo recatado destinado a ser
exibido como um pônei de exibição.
Sob o material sedoso do meu vestido e calcinha, hematomas contam
a história real. O leve estremecimento toda vez que me movo ou sento
revela que papai tentou quebrar seu brinquedo. Apesar do quanto dói, eu
me recuso a ser quebrada.
Eu tenho garras.
A raiva dentro de mim é da cor do meu vestido.
Fogosa. Vulcânica. Explosiva.
Uma batida na porta me faz levantar o queixo e apertar cada músculo
do meu corpo. A porta se abre e papai entra, imaculado em um terno azul-
marinho sob medida. Seus olhos passam por mim, examinando cada
detalhe.
— Você está bonita — ele murmura, caminhando em minha direção.
— Mesmo que o vermelho seja a cor das prostitutas.
Eu não recuo com suas palavras desagradáveis. Em vez disso, eu
caminho até ele, não me acovardando com seu olhar frio.
— Acabei de arrumar minha maquiagem, papai. Não me faça chorar.
— Eu entrego minha resposta com uma expressão facial impassível. — Já
está na hora de sair?
Seus olhos se estreitam, piscando com irritação, mas para minha
surpresa, ele acena com a cabeça. — Eles estão esperando no restaurante.
Eu disse a eles que chegaríamos um pouco atrasados.
Eu começo a passar por ele, mas sua mão envolve meu pulso, me
parando. — Fique bem, querida. Não deixe essa boca te colocar em apuros.
Não vai acabar bem para você.
Sua ameaça me faz tremer internamente e os vergões na minha bunda
latejam. Eu me recuso a deixá-lo ver o que isso faz comigo. Mordendo com
força o interior da minha bochecha, dou-lhe um breve aceno de cabeça. —
Sempre no meu melhor comportamento, papai.
— Boa menina.
Foda-se.

Todas as minhas paredes cuidadosamente construídas desmoronam


no segundo em que coloco os olhos em Ty. Ele está sentado à mesa com um
homem carrancudo que reconheço do noticiário, Winston Constantine, e
uma linda e sorridente morena. Há dois assentos disponíveis na mesa
redonda de cinco tampos, um ao lado de Ty e outro ao lado de Winston.
Apressando-me na frente de meu pai, cumprimento Ty com
entusiasmo extra. — Ty! Que bom te ver!
— Landry — diz ele, levantando-se e dando um beijo na minha
bochecha. — Sente. Precisamos recuperar o atraso.
Ele puxa a cadeira ao lado dele e eu me acomodo na minha cadeira,
gemendo um pouco de dor. Ty fica tenso e sinto o olhar penetrante de papai
em mim. Posso ser uma boa atriz, mas não consigo apagar a dor — a dor
que ele infligiu — e estou cansada de escondê-la para seu benefício.
— Winston, Ash — diz Ty — esta é minha amiga, Landry Croft, filha de
Alexander.
A mulher, Ash, me dá um pequeno movimento de seus dedos. — Tão
bom te conhecer.
Papai, Winston e Ash começam a conversar com os três, mas minha
atenção está apenas em Ty.
— Como eles estão? — Eu sussurro, minha voz trêmula.
— Preocupados com você. — Ele olha para baixo. — Ele machucou
você. Eu posso dizer que você está ferida. Você está bem?
Eu mastigo meu lábio inferior pintado de vermelho fosco, desejando
que as lágrimas fiquem paradas. — Já estive melhor.
Sua mandíbula aperta, raiva piscando em seus olhos azuis. — Eu sinto
muito.
— É temporário — digo a ele, encontrando seu olhar. — Tem que ser.
— Será. Eles vão descobrir alguma coisa.
Eu posso sentir os olhos queimando em mim. Quando olho, Winston
está me observando. Como se ele pudesse ver bem dentro da minha cabeça.
Um arrepio passa por mim. Rapidamente, eu desvio o olhar, me consolando
com a amizade de Ty.
— O que aconteceria se ele soubesse que você os está ajudando? —
murmuro baixinho.
— Winston não pode saber — Ty responde de volta. — Nunca.
Terminamos o jantar com bastante facilidade, Ty e eu roubando
conversas secretas quando podemos. Para um estranho, pode parecer que
éramos dois possíveis amantes, a caminho de um felizes para sempre. Para
mim, ele é minha ligação com o exterior — com eles.
Papai começa a conversar com Winston sobre sua festa de aniversário
que será aqui no próximo fim de semana. Isso me dá a oportunidade de
escapar de sua presença sufocante. Ele me lança um olhar de advertência
quando me levanto, pedindo licença para ir ao banheiro, mas ele está muito
absorto na conversa para fazer mais do que isso.
— Eu vou com você — Ash diz rapidamente, ficando de pé.
Não estou ansiosa para fazer amizade com essa mulher, já que ela é
casada com um cara que é amigo do meu pai horrível, mas também não
posso dizer não a ela. Eu forço um sorriso caloroso para ela.
Ela balbucia sobre nada de interesse até que estejamos seguros dentro
do banheiro. Todo o seu comportamento muda. A preocupação toma conta
de suas feições.
— Você está bem? — ela pergunta. — Eu posso dizer que você está
com dor.
Eu sou tão transparente? Se papai soubesse que ela estava aqui
verificando meu bem-estar, ele ficaria chateado.
— Estou bem — minto, levantando meu queixo. — Obrigada por
perguntar.
Ela se aproxima com cuidadosa hesitação. — Eles... — Ela para. — Eu
sinto muito.
Eles?
Franzindo o cenho, eu balanço minha cabeça. — Não sei a que você
está se referindo.
— Aqueles homens. Os trigêmeos do terror. — Ela estremece e sua
expressão facial se torna um franzido. — Eles forçaram você?
Ela diz isso tão conscientemente.
Como se ela tivesse certeza de que foi isso que aconteceu.
O fogo acende em meu peito, a necessidade de defendê-los queima
através de mim. — Eles não se forçaram a mim.
Quero gritar com ela que foi meu pai que me machucou, mas não
confio nem um pouco nessa mulher.
— Oh? — Choque transforma suas feições e seus lábios se abrem em
surpresa. — Eu apenas assumi. Você esteve com eles por uma semana
inteira. Foi o que Winston me disse.
— Você assumiu incorretamente — eu sussurro, amargura em meu
tom. — Eu escolhi estar lá.
— Escolheu?
— Você não entenderia.
Ela zomba. — Na verdade, eu faria. Melhor que qualquer um. Eu tenho
minha própria história com esses três. As coisas que eles fizeram comigo...
— Seus olhos se encheram de lágrimas. — Eles são monstros cruéis e
insensíveis, Landry. Lamento que tenham enganado você a pensar...
— Eles não me enganaram! — Eu grito, afastando suas mãos que
estão chegando em minha direção em um esforço para me confortar. — Não
me toque!
Ash franze os lábios, me estudando atentamente. — Eu não quero
bisbilhotar. Eu só estou cuidando de você. Você não pode confiar neles.
Mas eu posso.
Não sou uma conquista para eles. Eu sou deles. O que quer que eles
tenham feito com ela não importa para mim porque eles são diferentes
comigo. Eu me importo com eles. Eu preciso deles. Eu sinto falta deles.
— Desculpe por ter me intrometido — Ash diz. — Você parece uma
garota inteligente. Tenho certeza que você vai descobrir. Saiba que se
precisar de alguma coisa, estou aqui. Eu e Winston estamos.
— Vou manter isso em mente — eu mordo de volta. — Obrigada.
Ela suspira e sai do banheiro. Eu fecho meus olhos, sugando vários
goles profundos de ar. Os minutos passam rápido demais. Vou ter que voltar
em breve e mal consigo engolir a ideia.
A porta do banheiro se abre e eu me preparo para o meu pai. Ele
provavelmente está se perguntando o que está me demorando tanto.
— Laundry.
Meus olhos se abrem e eu inclino minha cabeça em direção ao som da
voz de Sparrow. Ele está impecável em um terno preto justo e lindo como
sempre. Atrás dele, Scout e Sully também estão bem vestidos. Eu não penso
no meu pai ou em qualquer coisa que Ash acabou de dizer sobre eles.
Apenas eles. Tão bonitos e protetores.
— Oh meu Deus — eu resmungo, mancando até eles. — Vocês estam
aqui. Vocês estam realmente aqui.
— Estamos aqui — diz Sparrow. — Tínhamos que ver você.
Sparrow me envolve em um abraço de urso, me levantando do chão.
Não quero chorar e pisco rapidamente para conter as lágrimas. Ele beija
meu pescoço antes de me colocar de volta aos meus pés. Sua boca captura a
minha para um beijo profundo, reivindicativo, e então estou sendo puxada
para outro par de braços familiares. Alguém agarra minha bunda e eu grito.
O olhar de Sparrow é assassino. — Ele bateu em você, não foi?
Eu mantenho meus olhos em Sparrow enquanto um de seus irmãos
levanta a parte de trás do meu vestido e abaixa minha calcinha. Sully
amaldiçoa e Sparrow segura minha bunda, me tocando tão suavemente que
quase parece um sussurro de ar sobre minha carne machucada.
— Ele vai pagar por isso agora mesmo — Scout diz com uma voz fria e
horrível que deveria me gelar até os ossos. Em vez disso, encontro conforto
em sua raiva por mim.
— Ele vai, mas ainda não — murmuro. — Della não está aqui. Eu não
posso deixá-la. Se você fizer alguma coisa, vamos perdê-la.
O ar crepita com sua fúria, fazendo os pelos dos meus braços se
arrepiarem. Uma tempestade se aproxima. Três tornados prontos para abrir
um caminho de destruição pela vida de papai. E eu quero isso. Eu necessito.
Mas não às custas de Della.
— Nós temos um plano — Sparrow me diz, enxugando uma lágrima do
meu rosto com o polegar. — Queríamos contar a você pessoalmente. Para
lhe dar esperança de que vamos tirá-la de lá.
— Tudo vai ficar bem, querida — Sully me assegura, passando as
palmas das mãos pelas minhas costas e tocando meus lábios. — Você confia
em nós?
— Eu confio — digo, balançando a cabeça.
Ele me beija mais forte desta vez, fazendo meus dedos dos pés se
curvarem de felicidade. Finalmente, ele me solta e então sou puxada contra
o peito robusto de Scout. Sua mão se espalha sobre minha barriga e ele
acaricia meu cabelo.
— Ei, princesa espinhosa.
— Ei — eu digo, sorrindo.
Scout me vira e traz as palmas das mãos para minhas bochechas. Sua
boca esmaga a minha. Ele me devora, provando cada parte da minha boca,
antes de morder meu lábio inferior e se afastar.
— Vamos chantageá-lo — explica Sparrow. — Ou pelo menos tentar.
— Nós vamos ter você de volta em breve. — Sully sorri. — Prometo.
— E se isso não funcionar — Scout murmura perto do meu ouvido, —
nós vamos chutar a porra dos dentes dele.
Sparrow pragueja, olhando para o telefone. — Temos que pagar
fiança. Agora.
Eu não quero que eles saiam, mas eles serem pegos comigo pode ser
catastrófico.
— Eu te amo — deixo escapar, incapaz de mantê-lo. — Todos vocês.
Cada um deles rouba mais um beijo e depois se vão, segundos antes
de meu pai entrar no banheiro.
Ele faz um grande show verificando todas as cabines, como se pudesse
encontrar os trigêmeos à espreita. Claro, ele não encontra nada. Uma vez
que ele está satisfeito que ninguém está aqui, ele se aproxima de mim,
observando minha aparência. Meus lábios estão inchados de seus beijos e
meu cabelo um pouco arruinado por eles tocá-lo. O ar ainda cheira a
perfume caro de Sparrow.
— Por que você está demorando tanto aqui? — ele exige, carrancudo.
— Responda-me.
No passado, eu poderia me esquivar de suas palavras duras, mas não
há muito que ele pode fazer comigo neste restaurante. Não estamos em
casa, isolados de olhares indiscretos. Ver os trigêmeos me encorajou.
Tocando meus lábios com meus dedos, eu digo em um tom mal-
intencionado: — Nada.
Mas nós dois sabemos que estou mentindo. Eu sei que ele pode
cheirá-los, senti-los, sentir sua presença ainda agarrada a cada parte de
mim.
Smack!
Seu golpe de mão aberta é mais uma dor superficial do que uma
contusão, mas ainda dói. Lágrimas brotam em meus olhos, mas elas grudam
nas minhas pálpebras inferiores e não escapam. Eu gentilmente esfrego
onde ele me deu um tapa e atiro-lhe um olhar desagradável.
— Que cavalheiro — murmuro.
— E você é uma puta. Achei que te criei melhor do que isso.
— Me criou? Não aja paternalmente agora. — Meu lábio treme, mas
tento permanecer feroz. — Você me machucou. Você continua me
machucando. Não tenho nada aqui para você. — Aponto para o meu peito.
— Nada.
Sua expressão esfria e ele corre até a porta. — Volte para a mesa de
jantar e pare de fazer de dia mesma um espetáculo.
Com essas palavras, ele me deixa, meu coração martelando no meu
peito.
Eu posso lidar com isso - ele - porque meus caras estão trabalhando
em algo. Eles vão descobrir alguma coisa. Enquanto isso, farei o que puder
para sobreviver, mas cansei de bancar a filha obediente. Pelo menos se ele
me machucar além do reparo, eu terei caído com uma luta.
CAPÍTULO VINTE
LANDRY

Faz uma semana inteira desde que meu pai me deu um tapa no
banheiro do restaurante e ele não me bateu desde então. Ele se jogou no
trabalho e está planejando sua festa de aniversário que acontece hoje à
noite, então ele está deixando eu e Della alegremente sozinhas. Quando ele
não está lá, posso sair do meu quarto e posso ver Della. Sob o olhar atento
de um de seus homens, mas ainda é um progresso.
Papai sempre foi assim.
Ou a obsessão dele é pelo trabalho ou por nós. Nunca é realmente um
equilíbrio. Já que ele nos tem de volta, ele pode se concentrar no trabalho
agora.
Por mim tudo bem.
Minhas contusões de seu cinto estão finalmente cicatrizando. Ainda
descoloridas, amarelos e verdes, mas não mais doloridas como antes. Sinto-
me mais forte e mais preparada para a batalha do que o habitual.
— Senhorita Landry — diz Noel, espreitando a cabeça na minha porta.
— Suas fantasias chegaram. Já enviei a do Sr. Croft e Sandra está ajudando
Della com a dela.
Pego a bolsa de roupas dela e a mando embora. Della vai ser o lobinho
mais fofo. Colocando a bolsa na minha cama, eu abro com cuidado para não
prender o material. Abro a aba e franzi a testa para o que está dentro.
Não é vermelho.
Não há capuz.
Partimos em menos de uma hora, então não haverá troca. Não tão
tarde. Suspirando, eu tiro a roupa, tentando entender o que é que vou usar
e se é mesmo do meu tamanho, já que claramente houve um erro.
A etiqueta anexada diz "Cachinhos dourados sexy" e é do meu
tamanho.
Excelente.
Pego o vestido de bolinhas azul e branco. É feminino em seu design,
mas incrivelmente curto. As mangas tampadas e as bordas recortadas
brancas são fofas.
Cachinhos Dourados então.
Eu gasto um pouco enrolando meu cabelo em cachos crespos e
puxando-os em tranças que eu amarro com as fitas azuis combinando
incluídas na fantasia. O vestido mal cobre minha bunda. Eu não posso deixar
de pensar o quanto os caras adorariam essa roupa. Eu me contento com
uma calcinha branca simples, algumas meias brancas até o joelho e minhas
Mary Janes de couro preto.
Quando o papai ver essa roupa, ele vai ter um ataque.
Então, como a mulher rebelde que estou me tornando, me escondo no
meu quarto, não o deixando saber sobre minha fantasia incorreta até o
último segundo.
— Pronta, querida? — Papai pergunta, entrando no meu quarto.
Ele está vestido como uma luva boxer, vestindo nada além de um
short vermelho acetinado. Alguém o acariciou com óleo — e estremeço só
de pensar quem conseguiu aquele trabalho horrível. Seu rosto é pintado
para parecer que ele tem um olho roxo e um lábio quebrado. Eu gostaria
que ele realmente estivesse ferido.
— O que é isto? — ele exige, levantando as mãos cobertas de luvas de
boxe.
— Cachinhos Dourados. — Eu sorrio docemente para ele. — A loja de
fantasias cometeu um erro, mas felizmente esta era do meu tamanho. Eu fiz
isso funcionar. Eu sei o quão importante esta festa é para você.
Suas feições escurecem, uma tempestade passando sobre ele. Se não
tivéssemos que sair agora, eu me preocuparia com ele usando aquelas luvas
perigosas em mim. Eu não teria chance.
— Sr. Croft — chama Sandra. — Sr. Constantine está aqui.
Eu levanto minhas sobrancelhas em surpresa. — Ty?
— Ele vai nos acompanhar até o local — papai rosna. — Estou
pensando em dizer a todos que você teve uma doença repentina.
— Todo mundo vai perguntar sobre mim — eu o lembro, nivelando-o
com um olhar feroz. — Você sabe que me ver vai apagar a curiosidade deles.
— Não me envergonhe — ele avisa — e então me ajude se você disser
uma palavra…
— Entendi, pai.
Passo correndo por ele e desço o corredor ao som da voz de Ty. Ele
está vestindo uma roupa verde, combinando com um chapéu verde com
uma pena e uma aljava de flechas amarradas nas costas.
— Robin Hood? — Acho que com um sorriso.
Ele faz uma reverência vistosa. — E você é…
— Cachinhos Dourados — eu digo com um encolher de ombros. —
Deveria ser Chapeuzinho Vermelho, mas a loja cometeu um erro.
Seu sorriso se alarga. — O erro deles é o ganho de todos. Parecendo
gostosa, Cachinhos Dourados.
Eu o abraço, ignorando o olhar aquecido do meu pai atrás de mim. —
Como eles estão?
Minhas palavras sussurradas são quase inaudíveis, mas ele ouve. Sou
grata por ter Ty ao meu lado. Ele é minha tábua de salvação, minha única
conexão com meus caras.
— Eles estão bem. Você é o foco principal deles.
Sua garantia é tudo que eu preciso para me sentir mais corajosa e mais
forte.
— Ai, foda-se! — Ty reclama.
Nós nos separamos e Della sibila para ele, mostrando os dentes. Ela é
tão fofa vestida de lobo cinza. Aparentemente ela está levando seu papel a
sério e está mordendo as pessoas por esporte.
Que dentes grandes você tem, eu sinalizo para ela.
Ela sibila novamente, mostrando os dentes, e nós duas rimos. Rir é
bom.
Nós vamos sair daqui. Nós absolutamente o faremos. Então, vamos rir
o tempo todo.

Eu sabia que papai não poderia manter isso como um pequeno caso.
Ele é um narcisista. Este dia é sobre ele. Claro, ele convidaria todo mundo. O
lobby do hotel lindamente decorado está repleto de pessoas. Reconheço
alguns rostos famosos. Minha fantasia chama a atenção de alguns homens.
Papai é levado, para meu alívio, então pego a mão do Lobo Mau e
deixo Ty liderar, apresentando-nos a algumas pessoas. Vários Constantines
estão presentes na festa. Ele tem muitos primos. Conheci Vivian, Keaton,
Perry, Tinsley e um monte de outras pessoas que não consigo lembrar seus
nomes.
— Vocês dois formam um casal adorável — diz uma mulher severa,
sua voz gelada e nada convincente.
— Obrigado, tia Caroline — Ty diz. — Eu estou desgastando ela. Talvez
um dia ela se case comigo e me dê muitos bebês.
Ela faz uma careta e depois vai embora sem dizer mais nada.
— Ela é agradável — eu inexpressivo.
Ele ri. — Aquela mulher me assusta pra caralho.
Vamos até uma mesa cheia de sobremesas e guloseimas. Della
alegremente pega mordidas aqui e ali. Ela percebe um par de crianças, uma
perto de sua idade, e olha para mim em questão.
Você pode ir brincar com eles, eu sinalizo para ela. Sem morder.
Ela faz beicinho, mas sai correndo, certificando-se de assustar as
crianças, atacando atrás delas. Eu rio porque ela é uma bagunça às vezes. É
bom vê-la feliz. Na semana passada, estivemos muito feridas.
— Devo ficar de olho nela para que ela não coma meus primos de
segundo grau? — Ty pergunta, sorrindo para mim. — Talvez você devesse ir
buscar uma bebida.
Ele aponta para uma área escura do saguão, escondida por árvores
ornamentadas. Eu sinto que ele quer que eu vá buscar mais do que uma
bebida. Com um aceno de compreensão, vou até as árvores. Eu passo atrás
de um dos maiores, parando para respirar.
— Perdida, Cachinhos Dourados?
Os pelos dos meus braços se arrepiam. Eu tento não gritar ou fazer
uma cena. O calor se aproxima atrás de mim e uma mão peluda pousa no
meu quadril.
— Você fez isso? — Eu me viro para olhar para o homem me tocando.
— Você é responsável pela minha confusão de fantasias?
— Opa. — A risada sombria que se segue demonstra sua contrição
fingida.
Seu rosto está escondido atrás de uma máscara de urso, mas
reconheço os olhos de xarope de bordo me devorando. Sparrow. Tão
bonito, até vestido como um urso bobo. Seu peito está nu, mas ele tem pele
falsa pintada nele. Suas calças são da mesma pele de suas luvas e ele está
usando botas pretas.
— Você não foi convidado — eu digo, incapaz de desviar o olhar dele.
— Você está invadindo a festa, Sr. Urso?
— Irmão Urso e Urso Psicopata também estão aqui. — Ele ri por trás
da máscara. — Somos animais selvagens. Não pode ser domesticado. Não
seguimos as regras da sociedade civilizada.
Agarrando minhas mãos em suas peludas, ele me puxa através das
árvores e em um corredor. Meu coração tropeça ao vê-lo novamente. Senti
falta deles. Sparrow me puxa para um quarto e fecha a porta atrás de nós.
Ele a tranca antes de arrancar sua máscara e luvas.
— Você é tão gostosa — ele rosna, agarrando meu queixo em seu
aperto forte. — Eu preciso beijar você.
Ele me reivindica com um beijo brutal, mordendo meu lábio com força
suficiente para eu choramingar. Deus, eu senti falta da intensidade deles.
Sua mão desliza para baixo do meu vestido com muita facilidade e ele geme
enquanto esfrega os dedos na frente da minha calcinha.
Um gemido sai de mim quando seus dedos encontram o caminho
através do material e ele esfrega minha boceta, buscando meu clitóris. Eu
me agarro em seus ombros, bagunçando a pintura lá, e não encontrando
culpa em mim para me importar.
— Sparrow — eu imploro.
Ele se afasta, seus olhos semicerrados, antes de mergulhar para outro
beijo. Sua língua chicoteia contra a minha enquanto seu dedo desliza pela
minha maciez, mergulhando profundamente dentro de mim. Eu suspiro com
a intrusão, amando o alongamento que meu corpo faz para acomodá-lo. Ele
agarra minha coxa, passando-a sobre seu quadril e, em seguida, empurra
outro dedo em mim. Minha cabeça cai para trás contra a porta com um
baque. Seus dedos fazem sua mágica, tirando prazer de mim em velocidade
recorde. Eu grito, estremecendo com a felicidade que ele oferece.
— Você fica tão bonita quando encharca meus dedos, Laundry. Eu
preciso estar dentro de você.
Estou balançando a cabeça, tentando puxá-lo para mais perto de mim.
Eu quero que ele me reivindique rápido e duro.
— Onde eles estão? — Respiro enquanto ele desliza os dedos para
fora do meu corpo.
— Eles estarão aqui em breve — ele me garante. — Prove como você é
boa.
Eu abro meus lábios em seu comando imundo. Ele traz dois dedos
molhados à minha boca e os empurra para dentro. Chupando seus dedos
com fervor, encontro seu olhar sombrio, desejando ter outra parte dele em
minha boca.
— Cachinhos Dourados quer chupar pau, hmm?
Suas palavras sujas me fazem morder seus dedos, desafiando-o a
pegar o que quer. Um sorriso sinistro curva seus lábios para cima. Então,
com força bruta, ele me empurra de joelhos. Eu não espero ser solicitada ou
instruída e faço um trabalho rápido em puxar para baixo suas calças peludas.
Sparrow tem um pau bonito e grosso.
Eu poderia olhar para ele o dia todo. Saber que vou sentir o gosto dele
me faz correr minha língua ao longo do lábio inferior em antecipação.
De algum outro lugar na sala, uma porta se fecha. Passos pesados
batem em nosso caminho. Eu tento olhar para ver quem está se juntando a
nós, mas Sparrow agarra minhas tranças.
— Chupe como uma boa menina.
Suas palavras acendem um fogo na minha barriga. Eu o desejo - desejo
todos os três - mais do que minha próxima respiração. Eu gostaria que eles
pudessem levar a mim e Della para longe, mantendo-nos trancadas em
segurança para sempre.
— Eu quero chupar seus paus também — eu sussurro, provocando a
ponta de seu pau com a minha língua. — Eu posso?
Ele amaldiçoa e acena com a cabeça, soltando meu cabelo. Para
recompensá-lo por compartilhar, eu o tomo profundamente em minha
boca, até agora eu engasgo em sua espessura e sou forçada a recuar. Outro
dos meus ursos está esperando pacientemente.
— Oi querida. Você fica tão bonita de joelhos para nós.
Eu sigo a voz e olho para Sully. Ele não está usando sua máscara de
urso, mas está vestido exatamente como seu irmão. Scout, também
vestindo um conjunto peludo, monta minhas panturrilhas por trás, sentado
em meus pés. Eu tremo quando ele me abraça por trás, sua boca encontra
meu pescoço.
Sully abaixa as calças, liberando seu lindo pênis perfurado. A ponta
vaza com pré-gozo e minha boca fica com água para provar. Scout puxa os
lábios do meu pescoço e faz um trabalho rápido em arrastar minha calcinha
molhada pelas minhas coxas.
— Deixe-o sentir sua garganta apertada — Sparrow insiste, correndo
os dedos pelos meus cachos crespos de uma trança. — Eu quero ver você
engasgar com o pau do meu irmão.
Sully geme, se aproximando. Seu aperto em seu pau parece doloroso,
como se ele estivesse segurando firme para não foder meu rosto. Eu me
inclino para frente, desesperada para saboreá-lo. Ele pinta meus lábios com
seu pré-gozo antes de passar por eles. Meus dentes raspam ao longo de seu
pau enquanto eu me alargo para aceitar sua enorme circunferência.
— Eles vão se revezar fodendo sua boca pecaminosa, princesa
espinhosa, enquanto eu destruo sua boceta carente. — Os dedos de Scout
me abrem para ele e então ele está empurrando seu pênis nu dentro de
mim. — Porra, você parece tão bem, baby.
Ele empurra com força, me fazendo gritar, e Sully faz o mesmo. Eu
engasgo e me contorço, mas eu realmente não quero fugir. Eu quero que
eles me usem até que eu seja um monte nu que eles terão que carregar.
Eu não quero que eles parem.
Nunca.
CAPÍTULO VINTE E UM
SPARROW

Deus, eu senti falta dessa garota.


Ao vê-la de joelhos, tomando o pau de Sully na boca e o de Scout por
trás, me lembro de como ela é perfeita para nós. Tão perfeita 'pra' caralho.
Um dia em breve, teremos ela o tempo todo.
— Compartilhe seus lábios de chupar pau comigo, garota safada — eu
cantarolo, puxando sua trança para chamar sua atenção. — Estou me
sentindo negligenciado.
Eu me aproximo de Sully, fazendo meu pau saltar para cima e para
baixo na frente dela. Ela o olha faminto, ansiosamente se inclinando para
chupá-lo. Scout não é exatamente gentil com ela, transando com ela como
se ele pudesse encontrar uma maneira de entrar nela e carimbar seu nome
em sua alma. Ela geme e choraminga ao redor do meu pau.
— Você pode pegar dois paus de uma vez? — Eu provoco — ou sua
boca de garotinha é muito pequena?
Ela se afasta e olha para mim. Seus lábios carnudos estão inchados e
avermelhados de toda a chupada de pau que ela está fazendo hoje.
Sully esfrega sua cabeça lisa e perfurada ao longo de sua bochecha. Ela
abre bem a boca, mostrando a língua, convidando-nos a usá-la. Sully e eu
tentamos empurrar nossos paus em sua boca ao mesmo tempo. Eles se
esfregam, deslizando sobre sua língua quente, o que é incrível. Encontramos
um ritmo de revezamento empurrando em sua boca. Os sons úmidos e
famintos que ela faz são tão quentes.
Scout grunhe atrás dela, empurrando com tanta força que ela engasga
no meu pau quando é brutalmente empurrada para frente. Ele puxa as
mangas do vestido dela para baixo sobre os ombros, expondo a parte
superior do peito. Suas palmas reivindicam a carne e, em seguida, ele
empurra o material para baixo até que ele tenha seus seios atrevidos em
suas mãos.
Deus, ela é uma porra de uma visão.
— Eu vou gozar tão fundo dentro de você — Scout rosna — que vai
escorrer pelas suas pernas a noite toda. Você quer isto?
Ela tenta assentir, mas Sully enfia o pau na boca dela.
— Nossa garota está tão gananciosa por gozar — digo a Scout. —
Encha-a enquanto pintamos seu lindo rosto.
Sully e eu colocamos a ponta de nossos paus em sua língua esperando,
acariciando nossos paus em uníssono. Scout bate nela implacavelmente. Ele
desliza uma das mãos entre as pernas dela e trabalha febrilmente em seu
clitóris. Rapidamente ela se desenrola, gemendo tão alto que tenho certeza
que metade da festa pode ouvir. Isso envia eu e Sully ao limite. Linhas
grossas de gozo saem de ambos os nossos paus, pousando em sua língua.
Então. Gozo. Muito.
Estou hipnotizado pelo quão incrível ela fica com o nosso gozo
enchendo sua boca. Suas bochechas vermelhas brilhantes e molhadas com
lágrimas de sua asfixia anterior. Seu corpo inteiro treme, mas ela é uma
garota tão boa, mantendo a boca aberta para aceitar até a última gota.
Eu me afasto, assim como Sully, e enrolo meus dedos sob o queixo.
Rapidamente, eu fecho sua boca para que não muito de nossa semente
escorra pelo seu queixo. Eu esfrego meu polegar sobre o gozo, arrastando-o
de volta para seus lábios e empurrando-o para dentro.
— Não engula ainda — eu resmungo. — Eu quero que você mantenha
em sua boca até que eu diga que você pode engolir.
Ela balança a cabeça, suas bochechas inchadas, cheias de sêmen.
Scout grunhiu, seus dentes encontrando seu pescoço. Ele a morde com força
suficiente para ela gemer, mas ela mantém os lábios bem fechados. Assim
que ele solta um gemido de prazer, eu acaricio sua bochecha e aceno.
— Engula, Laundry. Tome todo o nosso gozo.
Seu pescoço balança enquanto ela engole nossa carga salgada. O
impulso de Scout diminui e então ele sai dela. Sully é o primeiro a levantar
as calças. Scout se afasta dela, ofegante pelo esforço. Sully se ajoelha para
endireitar a parte de cima do vestido. Eu arrumo minhas próprias calças,
guardo meu pau e então ajudo Sully a colocá-la de pé. Scout puxa sua
calcinha de volta para cima de suas coxas e depois ajeita seu vestido.
— Seus hematomas estão melhores — diz Scout, olhos brilhando com
raiva — mas ainda estão ai.
Eu cerro os dentes, tentando como o inferno engolir a fúria fervendo
dentro de mim. Ela já passou por bastante. A última coisa que ela precisa é
de nós três queimando e aumentando seu tormento emocional. Temos que
manter a calma por ela.
Landry cai no abraço de Sully e ela o abraça forte. Suas costas se
movem quando ela começa a chorar. Meu coração racha bem no meio ao
ouvir seus soluços quebrados. O olhar de Scout é assassino. Tenho certeza
que combina com o meu. Nenhum de nós quer mandá-la de volta para
aquele pedaço de merda. Mas que escolha temos? Scout, de todas as
pessoas, exigiu que jogássemos de forma inteligente.
Temos que jogar com inteligência.
Se a queremos para sempre, e conseguirmos que ela se liberte
daquele cara de merda, então precisamos planejar vários movimentos com
antecedência.
— Querida, estamos perto — Sully garante a ela. — Leo está nos
ajudando. Nós vamos tirar vocês duas de lá em breve.
— Como? — Seu corpo treme. — Eu continuo tentando pensar em
maneiras de fugir, mas ele está sempre lá.
— Esta noite, por volta das três da manhã, depois que ele estiver
bêbado e desmaiado, vamos incendiar o prédio de sua empresa. Ty vai
conseguir o acesso que Scout precisa — Sully explica.
— Ele não estará pensando muito claramente quando receber a
ligação sobre o incêndio — digo a ela. — Ele vai sair correndo de lá com
alguns de seus homens. Vamos tirar vocês duas de lá e dar o fora da cidade.
Para sempre.
— Você tem que confiar em nós — murmura Scout.
— Eu confio — ela soluça. — Só sinto falta de todos vocês.
Eu desenrosco seus braços ao redor de sua cintura, forçando-os ao
redor dos meus. Ela choraminga quando agarro suas duas bochechas e
inclino a cabeça para olhar para mim. Seus olhos se fecham e eu capturo
seus lábios em um beijo promissor.
Poderíamos apenas roubá-la?
Levar ela e Della agora?
Scout agarra seus quadris, arrancando-a dos meus braços, avidamente
envolvendo-a em um abraço. Ela relaxa contra o peito dele, como se suas
garantias silenciosas pudessem ser ouvidas. Estou doendo para tê-la de
volta. Essa merda de compartilhamento às vezes é irritante. Ele aperta sua
bunda sobre seu vestido. Meu olhar cai para suas coxas que estão
escorregadias e gozo escorrem por elas.
Meu pau endurece em um instante, nem um pouco incomodado que
eu acabei de descarregar em sua boca. Porra. Vou enlouquecer até que essa
garota volte para a cama conosco.
— Maldição — Sully geme. — Por que não podemos simplesmente
pegá-la e sair agora?
Exatamente meus pensamentos.
— Ele tem as saídas deste lugar cheias de seus capangas — Scout
cospe. — Lembre-se, temos que ser inteligentes sobre isso. Uma coisa é
entrar sem ser detectado vestindo-se de urso, mas será uma oferta
inoperante quando tentarmos contrabandear Cachinhos Dourados e a
garota loba conosco.
Sully, como um animal possuído, cerca Landry por trás. Ele levanta o
vestido dela, empurra a calcinha para baixo em sua bunda, e então está
dentro dela, fodendo-a como se não pudesse evitar.
Estou com ciúmes.
Eu quero estar dentro dela novamente também.
Com base na expressão voraz de Scout, eu diria que ele está ali
comigo. Landry choraminga e se contorce enquanto Sully a fode por trás.
Scout tem que mantê-la em pé para que ela não desmorone. Suas pernas
continuam tremendo, então é uma possibilidade real que se não fosse por
ele, ela estaria no chão.
Sully dirige para ela repetidamente até que ele está assobiando o
nome dela como se fosse uma oração. Scout faz sua vez, não dando a ela
tempo para se recuperar. E quando eu acho que ela não aguenta mais, ele a
deposita em meus braços. Seus olhos azuis estão vidrados de prazer. Eu a
levanto e afundo em sua boceta lisa que está derramando com gozo. Há algo
tão carnal na maneira como temos que reivindicá-la e marcá-la - como ela
deseja tanto.
— Linda, garota perfeita — eu cantarolo enquanto gozo pela segunda
vez em meia hora. — Você é nossa. Você sempre será nossa.
Ela fica quieta enquanto nós três arrumamos suas roupas e tentamos
arrumar seu cabelo. Nós nos revezamos beijando-a e apalpando-a sempre e
onde pudermos.
Eu amo como ela é esse doce meio entre nós.
Fomos feitos para compartilhá-la.
— Eu deveria voltar lá — diz ela, sua voz embargada. — Ty
provavelmente está se perguntando onde estou. Eu meio que joguei minha
irmã em cima dele para assistir.
— Ty faria qualquer coisa por você — diz Scout. — Deixe-o.
Sento-me em uma cadeira, puxando-a para o meu colo. Ela se
aconchega em mim, aproveitando os últimos minutos que pode antes de
precisar sair. Sully se empoleira no braço da cadeira, passando os dedos
pelos cachos dela.
— E se o plano não funcionar? E se ele simplesmente enviar seus
homens e ficar para trás? — ela pergunta. — E então? — Ela estremece. —
Ele estará bêbado e as coisas que ele faz quando está bêbado…
Eu estalo meu pescoço para aliviar a tensão. — Nós ainda iremos por
você. Seus dias de machucar vocês duas acabaram.
— A gata rosa de Della — Scout resmunga, agachando-se ao nosso
lado enquanto ele pega uma de suas mãos nas dele. — Está no seu quarto.
Landry franze a testa para ele. — O que? — Ela pisca várias vezes
estudando-o. — Por que você faria isso? Como?
— Uma de suas empregadas estava entrando em seu prédio e Sully a
parou — Scout diz a ela. — Ela ficou feliz em ajudar.
— Mas por que uma das empregadas faria algo tão imprudente por
um bicho de pelúcia rosa? E se papai descobrir ou ela confessar?
— Ela não vai. Pagamos muito dinheiro a ela por sua assistência — diz
Sully. — Leo garantiu a segurança dela. Ela vai ficar bem.
— Tudo por um gato? — Ela balança a cabeça em confusão. — Não
entendo.
— Você não precisa. Nós estamos vindo para você de qualquer
maneira. Mas, caso você tenha algum problema, há uma surpresa para você
nisso. Caso precise. — Ele beija o dedo dela. — Não vai demorar, princesa
espinhosa.
Alguém bate na porta trancada. Landry se levanta, lançando um olhar
aterrorizado em direção ao som. Scout se levanta e manca até ele.
— O que? — ele grita pela porta.
— Entrando, cara. Ele está em pé de guerra.
Porra.
Graças a Deus temos Ty do nosso lado. Eu odeio dizer isso, mas ele é
realmente meio legal. A lealdade dele é com Landry e, consequentemente,
conosco.
— Use a porta dos fundos porque ele está vindo para esta — Ty avisa.
— Landry, espero que você esteja pronta para lidar com isso.
Ela se levanta trêmula, alisando nervosamente o vestido. Eu noto a
mancha molhada na parte de trás de seu vestido de onde ela estava sentada
e espero que o pai dela não veja.
— Depressa — ela diz para nós. — Saia antes que ele chegue aqui.
Scout a beija, encosta a testa na dela e sai sem dizer mais nada. Sully a
envolve em um abraço apertado e um beijo casto em seus lábios. Ele sai da
sala atrás do nosso irmão. Demoro o suficiente para memorizar o adorável
beicinho de seus lábios e o tom exato de vermelho em suas bochechas.
Nossas bocas se fundem para um beijo faminto até que alguém bate na
porta.
— Landry. Você está aí?
Ela estremece ao som da voz de seu pai.
— Laundry — eu sussurro, embalando sua mandíbula. — Olhe para
mim.
Seus olhos perfuraram os meus.
— Eu te amo baby. Depois desta noite, aquele filho da puta nunca
mais te tocará. Você nunca terá que vê-lo novamente. Entendido?
— S-sim — ela murmura, assentindo. — Eu também te amo.
É preciso tudo em mim para arrancar meu corpo do dela. A raiva me
consome da cabeça aos pés. Saio da sala e entro em um corredor onde meus
irmãos estão esperando. As próximas horas vão ser as mais longas de toda a
minha vida.
— Isso é uma merda — eu falo e me viro para as portas de saída. —
Vamos antes que eu mude de ideia e volte lá para quebrar o pescoço
daquele idiota doente.
CAPÍTULO VINTE E DOIS
LANDRY

Estou zumbindo.
Alta de seus toques, gostos e vozes rosnando.
Se eu tivesse mais tempo, eu saborearia. Eu afundaria em uma
cadeira, dobraria meus joelhos até meu peito e repetia a última hora ou
mais de felicidade que tive com meus caras.
Eu não tenho tempo.
Papai está aqui e, com base em suas batidas cada vez mais urgentes na
porta, ele está enlouquecendo.
Sugando uma respiração calmante, eu expiro, e então faço o meu
caminho para a porta. Uma vez que eu destranquei, eu abro, incapaz de
olhar nos olhos dele com medo de que ele veja direto no meu cérebro.
Alguns segredos precisam ficar escondidos.
Alguns segredos pertencem apenas a mim.
— O que é que você fez? — Papai rosna, agarrando meus ombros e
tremendo. — Responda-me!
Olho para seu lábio falso arrebentado, recusando-me a fazer contato
visual. Suas luvas de boxe se foram, e ele enfia os dedos na minha carne,
sem dúvida me machucando. O cheiro de licor paira espesso no ar.
— Vá encontrar sua irmã e então vamos embora. — Ele me solta e dá
um passo para trás. — Eu mal posso olhar para você.
Bom.
Espero ter nojo dele.
E, depois desta noite, também não terei que olhar para ele.
Saindo pela porta, volto para a festa com as pernas bambas. Ty está
sentado em uma cadeira perto de onde eu o deixei enquanto Della sobe em
cima dele brincando com ele desde seu chapéu de penas até sua aljava de
flechas. De longe, por causa de sua fantasia de lobo, ela parece um
cachorrinho crescido.
Ela está se divertindo muito. Eu odeio ter que arruinar esta noite para
ela.
— Tudo vai bem? — Ty pergunta, estudando minha expressão.
— Ele está nos fazendo sair. — Eu mastigo meu lábio inferior. — Eu os
vi. Eu... eu... eu gostaria que eles pudessem me levar com eles agora.
Ty faz cócegas em Della e ela se afasta dele antes de encontrar outra
coisa para interessá-la. Ele se levanta, pegando minha mão.
— Eu sei, mas apenas siga o plano. Tudo vai acabar em breve. — Ele se
abaixa e me dá um beijo na bochecha. — Aguente firme.
Um dos seguranças de papai aparece, fazendo uma careta para mim.
— Sr. Croft está esperando na limusine por você e sua irmã.
Certo.
Hora de encerrar a música.
Que comece a contagem regressiva.

As mãos de della se movem a um quilômetro por minuto enquanto ela


me conta sobre os amigos que fez, a comida que comeu e como Ty não é um
idiota como Sparrow. Aquece meu coração o quanto ela se divertiu. Estou
mais uma vez grata por Ty e sua amizade. Ele é um cara legal e um dia ele
vai fazer uma mulher – mas não essa mulher – muito feliz.
Papai está sentado do outro lado da limusine, bebendo minigarrafas
de licor uma após a outra. Eu estou esperando que ele fique com a cara de
merda o suficiente para desmaiar. Eu vou lidar com o amanhã quando
chegar, mas eu adoraria tomar um banho quente e me enrolar na cama,
lembrando de ter visto meus caras.
Assim que chegamos ao nosso prédio, saio da limusine com Della.
Papai fica para trás. Nós corremos para dentro e chegamos ao elevador, sem
esperar pelo nosso pai. Eventualmente, consigo fazer Della entrar em nosso
apartamento e convencê-la a tirar sua fantasia de lobo.
Ainda sem pai.
Acho que me esquivei de uma bala.
Só mais algumas horas…
Depois de dar um banho em Della, encontro um pijama para ela e
coloco em sua cama. Quero trocar de roupa, mas isso pode significar
encontrar papai. Eu me escondo no banheiro dela, ajudando-a a lavar o
cabelo e escovar tudo. Normalmente Sandra ajuda com essas coisas. Esta
noite, assumo a tarefa com prazer.
Eu quero ver Sully, Della sinaliza depois de escovar os dentes.
Eu franzo a testa e respondo de volta, eu também.
Sparrow é um bobão, mas ele pode bater em papai por nós. Della sorri
como se essa fosse a melhor ideia que ela já teve. E Scout pode nos fazer
panquecas todos os dias para sempre!
A empolgação dela é contagiante. Eu gostaria de poder dar essa
felicidade a ela. Onde todos os dias são panquecas, tolices e perseguições a
Heathen.
Estaremos de volta com eles em breve, eu prometo a ela. Eu sinto falta
deles.
Ela me abraça e meu coração derrete. Della é mal-humorada a maior
parte do tempo, mas no fundo ela é doce e amorosa. Essa criança merece
uma vida muito melhor do que a que ela teve. Papai aludiu a ela não ser sua
filha, o que explica muito sobre seu tratamento para com ela. Eu gostaria
que mamãe estivesse por perto para perguntar quem é o verdadeiro pai.
Talvez se soubéssemos, teríamos uma chance de ele nos ajudar em nossa
missão de escapar.
Claro, pode estar errado.
Papai pode estar mentindo ou apenas supondo.
Até que eu tenha certeza, não posso fazer nada sobre isso.
Ainda estou uma bagunça por ter sido devastada pelos trigêmeos. Eu
preciso tomar banho desesperadamente. Papai me devolveu algumas das
minhas roupas e toda a minha roupa de cama esta semana. Se não fosse por
essas coisas no meu quarto, eu tomaria banho no banheiro da minha irmã.
Minha vida não é tão fácil.
Vou ter que arriscar ser vista.
Hora de dormir, Della, sinalizo para minha irmã. Te amo.
Eu também te amo.
Eu beijo o topo de sua cabeça que cheira a seu xampu de lavanda e
finalmente saio, o que eu estava adiando por muito tempo.
A casa é silenciosa o que me faz respirar um pouco mais fácil. Estou
indo para o meu quarto quando esbarro em alguém saindo.
— Oh — Noel grita. — Sinto muito. Eu só estava procurando por você.
Seu pai mandou todos para casa no fim de semana. Você precisa de alguma
coisa antes de eu sair?
— Todos? — Uma sensação fria e oleosa toma conta de mim. — Até
mesmo a segurança dele?
Ela assente, seus lábios franzindo. — Posso ficar, mas ele não estava
exatamente de bom humor. — Noel olha para o corredor e depois para
mim. — Você vai ficar bem?
— Eu tenho que estar.
Suas sobrancelhas franzem e ela me dá um sorriso conhecedor. — Eu
arrumei sua cama. Acho que Della deixou um dos brinquedos dela no seu
quarto. Um gato rosa. — Ela faz uma pausa, olha além de mim e, em
seguida, crava seu olhar em mim. — Tome cuidado.
Eu congelo, atingido por suas palavras.
— Eu sempre tomo — eu digo, minha voz embargada. — Boa noite,
Noel.
Nós duas sabemos que isso é mais do que apenas boa noite. É adeus.
Para todo sempre. Pelo menos eu espero. E espero que os trigêmeos saibam
o que estão fazendo. Se eles não levarem ela e sua família para um lugar
seguro, então ela está arriscando muito mais do que um emprego. Papai vai
enterrá-la e à família dela se descobrir que ela está ajudando na minha fuga.
Uma empregada não tem chance contra um bilionário da tecnologia.
Ela permanece por um instante e então me dá um aceno cortante. —
Boa noite e boa sorte.

Encaro meu reflexo no espelho embaçado. De alguma forma, eu passei


esta noite ilesa. Papai deve ter bebido até desmaiar. Graças a Deus pelas
pequenas misericórdias.
Agora tudo o que tenho a fazer é esperar meus caras aparecerem.
Quando saio do banheiro, todo o alívio é sugado dos meus pulmões.
Sentado na minha cama, limpo e vestido de moletom, está meu pai.
Estou feliz por ter trazido minhas roupas para o banheiro comigo. Eu
envolvo meus braços em volta da minha cintura, arriscando um olhar para
seu rosto para avaliar seu humor.
— Você está diferente — diz ele com uma voz fria. — Desde que você
voltou.
Não ouso perguntar como. Ele não quer uma resposta ou discutir isso.
Eu sou inteligente o suficiente para manter minha boca firmemente fechada.
Ele se levanta, balançando um pouco. — Muito corajosa para o seu
próprio bem. — Seu maxilar aperta. — Você transou com eles na minha
festa de aniversário? Com meus amigos e colegas do outro lado da parede?
Engolindo em seco, eu pisco para conter as lágrimas e me mexo em
meus pés. Não há resposta certa aqui. Se eu mentir, ele vai me chamar de
mentirosa. Se eu admitir que o que ele está dizendo é verdade, ele vai ficar
furioso. Tudo o que posso fazer é ficar quieta. É a aposta mais segura agora.
— Eu lhe fiz uma pergunta — ele ruge, me dando um tapa no rosto
com as costas da mão.
Como esperava algum tipo de golpe, consegui me recuperar e não cair
no chão. Segurando minha bochecha ardendo, encontro seu olhar. Todo o
ódio por ele queima em meus olhos. Espero que ele possa sentir o calor
ardente disso. Espero que doa.
— Eu criei você melhor do que isso — ele berra. — Para ser uma
dama, não uma puta de merda. E olhe para você! — Ele me empurra contra
a parede, me dando um tapa no pescoço onde Scout me mordeu. — Abrindo
as pernas para não um pau, mas três.
Ele agarra meu queixo em um aperto doloroso, puxando minha cabeça
para cima para olhar para ele. Lágrimas escorrem livremente pelo meu
rosto. Meu coração parece desacelerar até parar.
Não é assim que isso deve acontecer. Ele deveria ficar bêbado e
desmaiar. Eu ficaria segura até que eles me resgatassem.
— Quando eu a peguei transando com ele, ela parecia exatamente
como você está agora. Culpada! — Ele cospe na minha cara. — Ela mereceu
o que eu dei a ela.
Minha mente gira com suas palavras enquanto tento entender o que
ele está dizendo. — O-o quê?
— Fale quando falarem com você, criança! — Ele me arrasta pelo
queixo e depois me empurra de bruços na cama. — Eu não tenho meu cinto.
Minha mão terá que servir.
Uma surra.
Eu posso lidar com uma surra.
Seus dedos agarram o material da minha calça de dormir, puxando-a
para baixo junto com minha calcinha. Eu aperto minha bunda, esperando o
golpe.
Smack! Smack! Smack! Smack!
Os golpes são fortes o suficiente, eu sei que vou me machucar com
eles. Mais hematomas. A história da minha vida. Um soluço sai da minha
garganta. Agarro-me ao consolo, rezando para que tudo acabe logo.
Será.
Mais algumas horas.
Repetidamente ele me dá um tapa até que eu sinto que estou ficando
dormente. E então acabou. Desculpas sussurradas e carícias suaves. Eu
odeio essas ainda mais. Minha mente está se enrolando, bloqueando todo o
resto, especialmente ele.
Eu não estou aqui.
Eu não estou aqui.
Estou com eles.
Não pense na mão ou na carne quente esfregando contra minha
bunda dolorida.
Pense em Sparrow e Sully.
E Scout.
Scout. Scout. Scout.
Uma pata peluda de gato rosa se destaca debaixo do travesseiro.
"Há uma surpresa para você também. Caso precise."
Ele me deixou um telefone? Para ligar para ele caso ficasse muito
ruim?
Carícias desajeitadas em lugares terríveis me fazem engasgar, me
forçando a voltar à realidade e tomar nota do meu corpo. Minhas calças e
calcinhas sumiram. Eu o quero fora de mim. Longe de mim.
Scout.
Eu preciso de Scout.
Não daqui a poucas horas. Agora mesmo!
Tateando debaixo do travesseiro, pego o telefone, esperando poder
ligar para ele de alguma forma sem que papai perceba.
Ele não me deixou um telefone. Ele me deixou algo pesado e metal.
Quando meu corpo é virado de costas, eu agarro o metal. Quando
minhas pernas estão separadas, eu aponto.
Isso vai acontecer – de novo. O que ele primeiro tirou de mim, quando
eu era tão jovem e todas as vezes depois disso, estava errado e doente. Está
acontecendo tudo de novo. Como se fosse o direito dele pegar e pegar e
pegar.
Não.
Eu grito a palavra. De novo e de novo e de novo. Um apelo. Uma
demanda. Um aviso.
Ele não ouve.
Aperte.
O estrondo é alto, ecoando em meus ouvidos. É eficaz em parar todos
os estímulos. Eu suspiro quando seu corpo cai contra o meu. Um líquido
quente escorre do buraco que fiz em seu peito, encharcando o meu.
Uma arma.
Estou com uma arma na mão.
Ajude-me.
Eu preciso de ajuda.
Soluços profundos e esmagadores começam a me destruir. O que eu
fiz? Como eu poderia ter feito isso? Isso é real. Eu realmente fiz isso.
— Estou c-cansada — eu sufoco através das minhas lágrimas. — P-pai,
estou c-cansada.
Ele não está dizendo nada.
Oh Deus. Oh Deus. Oh Deus.
— Leia-me uma história — eu sussurro. — Como quando eu era
pequena.
Tão quieto.
Tão, tão quieto.
Meus dentes começam a bater tão forte que meu queixo dói. Um
calafrio percorre minha espinha, esfriando cada veia do meu corpo. Eu sou
tão fria. Eu só quero dormir.
Estou cansada.
Estou cansada.
— Papai, leia uma história para mim antes de dormir. — Eu agito seu
ombro. — Pai! Pai, acorde!
Ele desliza para fora da cama, caindo no chão com um baque alto.
Estou encharcada de carmesim.
Então. Muito. Sangue.
— Acorde! — Eu grito, estremecendo tanto que a cama range. —
Acorde!
Mas ele não acorda.
Ele vai dormir para sempre.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
SPARROW

Eu não consigo tirá-la da minha mente.


Como ela estava deslumbrante, arrasada e seus lábios flexíveis se
separaram enquanto Sully e eu nos revezamos fodendo sua boca.
— Eu cansei de esperar — eu resmungo. — Vamos fazer essa merda já.
Nosso plano original de desenterrar sujeira e expô-lo foi infrutífero.
Perdemos uma porra de uma semana com essa merda. Todos nós sabemos
que Alexander Croft não está completamente limpo porque ele abusa de
suas próprias filhas, mas ele é muito bom em limpar trilhas. Eu tinha as
melhores pessoas nisso, porque aproveitei todas e quaisquer conexões com
Morelli que fiz ao longo dos anos. Mesmo eles não conseguiram encontrar
nada difícil para pregá-lo na parede.
— Vou ligar para Ty — Sully oferece, esperando Scout nos dizer para
nos segurarmos.
As narinas de Scout se dilatam e ele assente.
Obrigado porra.
Desde que a deixamos na festa e voltamos para o nosso apartamento,
nós três estamos no limite. Nossa necessidade dela é uma coisa viva e
palpável. Está começando a ficar enlouquecedor.
Depois desta noite, ela sempre estará conosco.
Ninguém, nem mesmo seu pai bilionário, ficará no nosso caminho.
— Você acha que Ty já saiu da festa? — Sully pergunta, tirando o
telefone do bolso.
Scout levanta a mão, franzindo as sobrancelhas enquanto lê algo em
seu próprio telefone. No segundo seguinte, ele está de pé e espetando um
dedo na porta da frente.
— Temos de ir. Agora!
Sully entra em ação, enfiando os pés nos sapatos, e então saímos pela
porta. Quando entramos no elevador, Sully e eu lançamos um olhar
questionador para Scout. Sua expressão é estrondosa, a raiva sob a
superfície um violento tornado esperando para ser desencadeado.
— Ele a machucou? — Eu acho, incapaz de manter minha própria fúria
sob controle.
— Quando ele não a machuca? — Scout ferve. — Ela ligou para Ty.
Uma explosão de ciúme detona dentro de mim. Eu quero saber por
que ela ligou para ele em vez de nós, mas Scout já está avançando.
— Do telefone de Alexander. O número de Ty estava salvo lá e ela não
tinha o nosso memorizado. — Suas palavras esfriaram um pouco meu
sangue. Ele continua, seus olhos piscando com malevolência. — Ty disse que
ela estava chorando tanto que ele nem conseguia entendê-la. Ela ficava
perguntando por nós. Ele ainda está na festa, preso conversando com sua
família.
Alexander a machucou.
Ou pior, a estuprou.
Mesmo que Landry não tenha nos contado o que aconteceu antes com
seu pai, Scout fez esta semana enquanto ela estava longe de nós. Recontou
cada detalhe horripilante que ela lhe contou. É incompreensível para mim
como você pode fazer isso com sua própria filha.
Se eu descobrir que a mandamos de volta para aquele monstro e ele
conseguiu colocar as mãos nela de novo assim, eu vou queimar todo o seu
império ao chão. Eu mesmo o matarei com minhas duas mãos nuas.
O caminho até o prédio dela é um borrão. Meu carro é o mais rápido e
eu avanço todas as ruas, ultrapassando os limites de velocidade do meu
carro. Chegamos a casa dela em velocidade recorde, mas parece que cada
segundo está voando.
Precisamos chegar até ela.
Não consigo explicar a sensação avassaladora de que algo está
profundamente errado.
Todos os planos cuidadosamente elaborados são jogados pela janela
quando o desespero se instala. Estamos sendo imprudentes, mas isso não
importa mais. Tudo o que importa é a segurança dela.
Para alguém com uma perna ruim, Scout assume a liderança, quase
correndo pelo saguão. A viagem de elevador é pura tortura. Quando
finalmente chega para nos depositar no chão dela, nós saímos, nós três em
uma missão para pegar nossa garota.
A porta da frente está trancada. São necessários alguns chutes fortes
até que algo se parta. Eu sou capaz de empurrar a porta com meu ombro
até que ela finalmente se solte. Uma vez dentro, nos separamos. Sully diz
que vai procurar Della enquanto eu sigo Scout pelo apartamento em direção
aos sons dela chorando.
Entramos em seu quarto e o cheiro acobreado de sangue inunda
minhas narinas. Os pelos dos meus braços se arrepiam. Deitada na cama,
com um telefone apertado em suas mãos, está Landry.
Landry está ensanguentada, soluçando e tremendo.
Eu começo por ela, mas Scout agarra meu bíceps. Estou prestes a
empurrá-lo para longe quando noto a arma ao lado dela. A arma do Scout.
Porra.
Sabíamos que poderia chegar a isso. Era para ser um último recurso, e
não tínhamos certeza se ela realmente o usaria. Mas aqui estamos e nossa
garota forte fez o que tinha que fazer para se proteger.
— Ei, baby — eu cantarolo, apesar da raiva de seu pai ameaçando me
consumir. — Você está bem?
Ela se encolhe com as minhas palavras, seus olhos azuis encontrando e
agarrando os meus. — Eu atirei nele. — Seu rosto amassa quando afunda. —
Oh meu Deus.
Scout se aproxima dela e estende a mão. — Deixe-me segurar isso
para você, princesa espinhosa.
— Vou para a cadeia — Seu lábio inferior treme. — O que vai
acontecer com Della?
— Você não vai para a cadeia — eu asseguro a ela, minha voz dura e
de aço. Vou levá-la para o México e contrabandeá-la pela fronteira antes de
deixar isso acontecer. — Dê a arma a Scout.
Ela olha para a arma por um longo tempo, lágrimas escorrendo
constantemente pelo seu rosto, antes de finalmente assentir. Ele o pega
dela e começa a limpá-la com a camisa. Enquanto ele caminha ao redor da
cama, eu me sento ao lado dela e pego sua mão ensanguentada na minha.
— Olhe para mim, Laundry. Você vai ficar bem.
Scout solta um pequeno suspiro. Nossos olhos se encontram. Ele não
precisa dizer uma palavra. Está escrito em todo o rosto dele. Alexander Croft
está morto do outro lado da cama. Por mais que eu queira me alegrar
porque ele não pode colocar outro dedo em Landry ou em sua irmã, isso é
um grande problema e está prestes a explodir de uma forma de alto nível.
— Della? O-onde está Della? — Landry pergunta, aparentemente
desorientado. — Ele a machucou?
— Ela está bem. Sully está com ela. Se ela estivesse ferida, ele já teria
nos contado.
Satisfeita com essa resposta, ela se inclina para mim. — Eu sinto
muito.
— Por que?
— Isto. Eu... ele estava em cima de mim... — Outro soluço alto. — Eu
estava tentando esperar por vocês, mas eu não queria que isso acontecesse
de novo. Eu estava assustada.
Aquele filho da puta não só a machucou, mas ele a estuprou como o
pedófilo que ele era. Hoje à noite, ele provavelmente teria feito isso de
novo. É evidente que ela pensou que ele faria. Essa coisa toda é uma merda
porque Alexander é tão limpo 'pra' caralho.
Ela vai cair por isso. Ou, pelo menos, ser arrastada por um julgamento
público e vergonhoso. Vai ser muito doloroso para ela e Della. Isso não é
justo. Mesmo além do túmulo, Alexander fará de sua vida um inferno. Cada
centavo em seu nome estará em questão quando deveria ir legitimamente
para ela. Se ao menos pudéssemos descobri…
Bang! Bang! Bang!
O rugido de Scout descarregando o resto das balas na arma faz Landry
gritar e eu a puxando para meus braços. Scout está sobre o corpo, a arma
ainda apontada para Alexander, embora ele tenha terminado de atirar.
— O que diabos aconteceu? — Sully grita de algum lugar do
apartamento.
— Todo mundo está bem — eu chamo de volta. Então, volto minha
atenção para Scout. — O que diabos você fez?
— Ela estava com medo — Scout diz, sua voz indiferente como se ele
não tivesse descarregado em um cadáver. — Chamou-nos para vir buscá-la.
Eu franzo a testa para ele. — Sim.
— Quando chegamos aqui — ele continua, olhando para Landry com
uma pequena carranca, — ele estava atacando ela. Tentando estuprá-la.
— Scout… — eu começo a dizer, mas sou cortado.
— Então, eu atirei nele. — Ele passa por cima do corpo e se senta do
outro lado da cama ao lado dela. — Eu atirei em Alexander porque ele
estava tentando te machucar.
Ela balança a cabeça. — Eu atirei nele.
— Não — Scout rosna, a voz dura como aço. — Eu atirei nele. Assim
que o tirei de cima você, eu o rolei para me certificar de que ele estava
morto. Achei que ele ainda estava respirando, então atirei nele até ter
certeza de que ele tinha ido embora.
— Que porra é essa, Scout? — Eu exijo.
— Foi o que aconteceu. — Ele se inclina e beija a bochecha de Landry.
— Landry está apenas confusa. Ajude-a a lembrar.
Porra.
Ele realmente vai com isso.
— Escuta…
— Sparrow.
Seu olhar está inabalável. Ele já se decidiu.
— Você é um idiota do caralho — murmuro baixinho.
— E ela estará a salvo de qualquer reação. Isso é tudo que importa.

Detetive rodriguez cruza os braços sobre o peito, estudando Scout


com os olhos apertados. — Então, vamos repassar isso de novo. Você está
me dizendo, você atirou na vítima…
— Ele não é uma vítima — Scout retruca. — Ele é um estuprador e um
abusador de crianças.
— Meu cliente lhe contou sua história várias vezes — Sarah, sua
advogada, intervém. — Sr. Mannford está algemado e sob sua custódia.
Leve-o para a cadeia até que vocês admitam que ele agiu em defesa de
Landry. Seus irmãos e as meninas podem ir para casa dormir um pouco.
Tudo isso vai parecer diferente pela manhã.
Rodriquez revira os olhos, apertando a mandíbula. — Só quero a
verdade.
Quando liguei para Leo para dizer que os planos mudaram
drasticamente, ele me disse para manter Scout quieto até que sua
advogada, Sarah, chegasse à delegacia. Claro, Scout não calou a boca.
Repetindo sua verdade várias vezes até começar a parecer real.
— As meninas estão bem? — Scout exige, voltando sua atenção para
mim.
Eu seguro uma foto que Sully me enviou do hospital de Della e Landry.
— Eles estão bem. Apenas sendo examinadas, mas tudo bem.
Scout relaxa e acena com a cabeça.
— Não está somando — o detetive Rodriguez pressiona, balançando a
cabeça. — Nada disso. Se eu tivesse que adivinhar, você estava protegendo
a Srta. Croft. O que eu não entendo muito bem. Se ele realmente a estava
agredindo...
— Ele. Estava. Porra. — Scout olha carrancudo para ele. — Sem “se”.
— Sr. Mannford, — Sarah avisa. — Você não precisa dizer mais nada.
— Então ela estaria agindo em legítima defesa — o detetive Rodriguez
termina exasperado. — Não faria sentido para o namorado dela dizer que
ele fez isso em vez disso.
— Olha cara — Scout cospe. — Eu não sei o que te dizer. Eu atirei
naquele pedaço de merda. Também não estou triste com isso. Do jeito que
eu vejo, eu não só fiz um favor para essas duas garotas, mas para todo o
maldito mundo.
— Então eu vou ter que marcar você — afirma o detetive Rodriguez
com um bufo. — Com sua ficha criminal passada, você terá mais dificuldade
em escapar disso do que uma adolescente que estava agindo em legítima
defesa.
Scout encolhe os ombros. — Eu não sei o que mais você precisa de
mim. Eu confessei essa merda e ainda estamos aqui. Apenas deixe minha
garota ir para casa com meus irmãos. Ela precisa de um banho e dormir.
Detetive Rodriguez suspira pesadamente e se levanta. — Tudo bem
então. Acho que terminamos aqui.
Dois unis se aproximam e ajudam meu irmão algemado a se levantar.
— Cuide dela — Scout ordena, me fixando com um olhar duro. — Eu
irei atrás de você se você não fizer.
Eu quero lembrar ao idiota que ele estará na cadeia, mas eles já o
tiraram da porta antes que eu tivesse a chance.
Detetive Rodriguez me fixa com um olhar duro. — Você tem certeza
que não há nada que você queira admitir para mim. Agora que seu irmão se
foi?
Como se eu fosse vender meu irmão para a porra da polícia.
— Não — eu resmungo. — Landry e Della estão livres para ir para casa
com Sully?
Ele pondera sobre isso por um momento e então assente. — Desde
que o hospital as libere, não tenho problema com isso. Ela tem dezoito anos
e Della é da família. Você tem meu cartão. Ligue para mim se alguma de
suas histórias mudar. — Ele me dá um olhar aguçado. — Pode tornar as
coisas mais fáceis para o seu irmão.
— Entendi.
Scout está tomando o peso disso, e é uma droga, mas é necessário. Eu
entendia aquilo. Com a mãe de Della falecida e agora Alexander também,
ela vai precisar de Landry mais do que nunca. Scout pode ficar em uma cela
de prisão até que Sarah consiga libertá-lo, mas isso mataria Landry estando
longe de Della, mesmo enquanto eles resolvessem o problema. Só espero,
pelo bem de todos, que não demore muito.
Tudo o que podemos fazer é esperar e torcer pelo melhor.
Mas Landry está segura e isso é tudo que importa.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
LANDRY

Um grito de gelar o sangue me acorda.


Meu grito.
Faz dias desde... o incidente, e eu tenho pesadelos desde então. Eu
passo minhas horas de vigília me preocupando com Scout e o que ele fez
para tentar me proteger enquanto todas as noites eu sou arrastada para
sonhos horríveis com meu pai.
Nos meus sonhos, ele sempre vence.
O aperto de Sully em volta da minha cintura aumenta e ele enterra o
rosto no meu cabelo. Sparrow, do meu outro lado, dá beijos
tranquilizadores em meus lábios. Eu odeio que essa gritaria noturna seja um
novo normal para eles. Quando elas começaram, isso os assustou. Sparrow
estava pronto para me arrastar chutando e gritando para o hospital. Agora,
eles estão acostumados com isso.
— Você está segura. Aqui conosco — Sparrow me lembra. — Della
está dormindo com segurança na cama de Scout com Heathen.
Mesmo sabendo disso, meu corpo relaxa com suas palavras. Saber que
vencemos o monstro é algo que nunca vou acreditar totalmente. Como a
qualquer momento, ele vai aparecer na esquina e nos levar de volta para
casa.
— Eu preciso ir para casa — eu resmungo.
A palma da mão de Sully se espalha sobre minha barriga e ele enfia os
dedos na carne. Sparrow pronuncia a mesma palavra que sempre diz. Não.
— Não viver lá — eu bufo, irritada com a superproteção deles
afugentando o último medo que estava bombeando em minhas veias. —
Preciso procurar alguma coisa.
— Apenas nos diga o que você precisa — diz Sully. — Um de nós vai
buscá-lo.
Eu me liberto de entre eles e saio da cama. Mal tive tempo de aquecer
a água do chuveiro e entrar antes que meus dois perseguidores se
juntassem a mim. E como agora que Scout está sentado em uma cela de
prisão, aguardando julgamento, eles assumiram seus deveres em nosso
relacionamento também. Eu sei que eles têm boas intenções, mas às vezes
eles me sufocam.
— O que você precisa? — Sparrow exige. — Roupas? Sapato? Algo
para Della?
— Nada como isso. — Eu quero me afastar de seu olhar de sondagem,
mas então eu estarei olhando para Sully. Eu não posso escapar deles quando
eles estão assim. — É algo que pode ajudar no caso de Scout.
Os olhos de xarope de bordo de Sparrow se estreitam e ele me estuda
enquanto Sully começa a ensaboar meu corpo com sabão. Estou aborrecida
com eles, mas não me importo com esses banhos com eles. Eles fazem tudo
por mim. Sparrow tem uma queda por me depilar, cada parte de mim,
porque ele é uma aberração e Sully gosta de me lavar.
— Ajudá-lo como? — Sparrow pergunta. Seus dedos deslizam para
baixo para sentir a formigamento na minha boceta. Sim, ele vai ser
multitarefa. Conversa e depilar.
Eu cedi, deixando que eles me mimassem, porque eu gosto de sua
atenção. — No cofre do papai. Tem que ter informação lá.
— Informações sobre o quê? — Sully pergunta, puxando meu cabelo
para que eu possa molhá-lo com o jato.
— Não tenho certeza. Ele acabou de me dizer algumas coisas e eu
quero saber se há algo para apoiar o que ele disse.
Não me respondem de imediato. Como são trigêmeos, eles têm uma
maneira estranha de se comunicarem silenciosamente. Eu sei que eles estão
refletindo sobre os riscos, o que eu aprecio, mas estou no ponto em que vou
encontrar um caminho a seguir, quer eles gostem ou não. Prefiro ter sua
benção e assistência.
Sparrow, tendo acabado de raspar minha boceta, esfrega o dedo entre
meus lábios, procurando por qualquer cabelo perdido e toca meu clitóris. Eu
suspiro e atiro-lhe um olhar sujo. Seus lábios se curvam em um sorriso
diabólico quando ele faz isso de novo.
É por isso que os banhos com eles sempre demoram muito também.
Claro, eu não tenho que fazer nada, mas sempre - sempre - acaba comigo
sendo revesada pelos dois.
Eu tento me concentrar em meus pensamentos. Isso dura até a boca
de Sparrow estar em mim, chupando e mordendo. Eu perco todo o senso de
realidade, obliterado pela forma como ele adora os lábios da minha boceta
enquanto Sully empurra seu pau em mim por trás. É difícil dizer onde meu
corpo começa e onde o deles termina, já que nos movemos como um, se
contorcendo juntos em uníssono.
A água eventualmente se transforma em gelo, terminando nossa
escapada de sexo no chuveiro, e eu estou tão completamente fodida que
Sparrow tem que me carregar para fora do banheiro. Eu não esqueço meu
objetivo final, no entanto.
Eu estou indo para casa.
Eu vou obter respostas.

A casa é um túmulo. Literalmente. Ambos os meus pais morreram em


nossa casa. Sem a equipe trabalhando ou a presença sombria de papai,
parece... vazio. Estou feliz que Della e eu estamos fora daqui. Ela se recusou
a vir conosco, o que é compreensível, então Sully foi às compras da escola
para pegar algumas coisas novas, como uma mochila e roupas. Somos
apenas eu e Sparrow em busca de pistas.
Vou direto para o laptop do papai. Eu o vi nele o suficiente para ter
memorizado sua senha, o que significa que não haverá muito interesse nele.
Depois de desbloqueá-lo, entrego-o a Sparrow para fazer algumas
escavações. Meu principal objetivo hoje é entrar no cofre. Esse é um lugar
em que nunca o vi fazer o código, o que significa que vou ter que pensar
muito sobre o que o código pode ser. A única vez que realmente tentei, anos
atrás, foi um fracasso total com consequências horríveis.
Eu tento várias combinações de números diferentes do que eu acho
que pode ser, começando com datas de nascimento e aniversários. Nem
mesmo meu aniversário ou o dele está correto.
Pense, Landry.
Com o que ele estava obcecado?
Além de mim, era minha irmã. Mas só porque ele a culpou pela morte
de minha mãe. Não foi culpa de Della, no entanto. Mamãe já estava doente
e morrendo. A gravidez acabou com o que restava dela.
Eu tento bloquear o dia em que mamãe morreu. Foi um momento de
esmagamento da alma para mim. Não só perdi minha mãe e tive um bebê
recém-nascido para ajudar a cuidar, mas meu pai ficou louco por um tempo
depois. Tudo era tão sombrio e horrível.
Com a mão trêmula, empurro os números da data de sua morte. O
cofre acende a luz verde. Sem chance. A raiva cresce dentro de mim. Por
que a data da morte dela seria seu código?
Porque se o que ele disse for verdade, então ele é o responsável.
Abro o cofre e olho para o conteúdo. Algumas pilhas de dinheiro, uma
arma, alguns arquivos com papelada dentro. Tem até uma foto da mamãe
segurando Della comigo enrolada nela. Ela está doente e morrendo na foto,
mas seus braços frágeis nos seguram como se ela tivesse força para nos
proteger para sempre.
Arrancando a foto do cofre, coloquei-a na mesa atrás de mim para
guardar. Della ficará feliz em vê-la, já que não é uma que papai que já
emoldurou ou colocou em casa. Não há fotos de mamãe e Della juntas que
eu tenha visto.
Por que escondê-la?
Porque Della não é do papai. Deve ser por isso. Ele mencionou isso
antes, mas eu não queria acreditar. Pego alguns arquivos e sento no chão
para poder vasculhá-los. Em um dos arquivos, encontro a certidão de óbito
da mamãe. O motivo oficial da morte é ataque cardíaco. Atrás do atestado
de óbito há um relatório de autópsia. Dr. Dean Miller realizou a autópsia.
Houve depoimentos de trauma corporal. Algumas das contusões
remontavam semanas antes de sua morte. A parte alarmante foi o relatório
toxicológico por trás disso, que mostrou quantidades excessivas de arsênico
em seu sistema.
Ela foi envenenada?
Meu estômago se revolta violentamente e eu engasgo. Lágrimas nos
meus olhos, borrando as palavras na minha frente. Sparrow se senta atrás
de mim, abrindo as pernas e me puxando entre elas. Com os papéis em
minhas mãos, eu soluço quando ele me segura.
Todo esse tempo eu acreditei que ela morreu de ataque cardíaco. Ele
culpou Della por matá-la. Mas foi ele. Ele a envenenou porque ela
engravidou do bebê de outro homem.
No mesmo arquivo, descubro um artigo de jornal que diz que o Dr.
Dean Miller foi tragicamente morto em um incêndio que destruiu seu
escritório e todos os corpos nele, incluindo o de minha mãe. Como o
relatório da autópsia estava no cofre do papai, isso me leva a acreditar que
ele o pegou do Dr. Miller e depois incendiou o lugar.
É o arquivo sob o arquivo da morte da mamãe que faz meu sangue
gelar.
Della.
Testes de paternidade, e-mails e outras correspondências relacionadas
à minha irmã.
Oh Deus.
Essa coisa toda está começando a fazer muito mais sentido. Fodido,
mas claro como o dia. Papai não estava tentando me casar ou fazer parceria
com sua empresa, ele estava puxando as cordas e chantageando as pessoas.
Eu era apenas uma ferramenta a ser usada.
Isso termina hoje.
— Temos que ir — digo a Sparrow. — Agora.
Conseguir que sparrow me deixasse ir sozinha exigiu um esforço
monumental. Eu nunca o vi tão chateado, mas eu não iria ceder. Se ele fosse
comigo, só iria me distrair do assunto real em questão. Por causa de seu
envolvimento e passado, eu não chegaria a lugar nenhum.
E eu absolutamente preciso ter certeza de chegar a algum lugar sobre
isso.
— Eu te amo — lembro Sparrow, beijando sua boca. — Eu estarei de
volta em quinze minutos. Confie em mim.
Ele passa os dedos pelo meu cabelo. — Eu confio em você. É nele que
eu não confio.
— Eu vou ficar bem.
Com essas palavras, saio do carro chique de Sparrow e entro em um
dos prédios mais intimidantes em que já estive. Eles não pouparam
despesas ao construir este lugar. É todo em vidro e linhas modernas,
decorado com os melhores móveis feitos.
Entro no elevador e aperto o botão para o andar executivo. Vários
homens vestidos de terno me olham de lado enquanto se juntam a mim.
Estou vestida com um par de leggings pretas, uma sapatilha simples e um
dos moletons pretos de Scout. Já que eu não queria mexer no meu cabelo,
peguei um dos bonés de Sully e cobri meu cabelo.
Eu não pareço que pertenço aqui.
Mas, se eu tivesse que adivinhar, tenho mais dinheiro do que todos
esses homens juntos. Dane-se eles e seus olhares condescendentes. Eu não
respiro mais fácil até que o último seja depositado no chão antes do meu.
Quando entro no andar executivo do Halcyon, estou sozinha.
Eu posso fazer isso.
Sou saudada por mulheres que parecem robôs com seus sorrisos
perfeitos, todas levantando a cabeça para me olhar ao mesmo tempo. Elas
devem ser um exército de porteiras, impedindo os convidados de chegar ao
seu CEO. Pena que eu não vou deixá-las fazer o seu trabalho. Eu saio em
uma corrida, ignorando seus gritos assustados atrás de mim, indo direto
para o escritório do CEO. A porta está aberta, então entro e a fecho atrás de
mim.
O CEO está de costas para mim, olhando para o telefone, conversando
com alguém no FaceTime. Sua voz, diferente de qualquer outra que já ouvi,
é terna e doce.
— Ei, homenzinho. Papai sente sua falta.
— Ele está dormindo. Ele não pode ouvir você — a voz feminina
responde e então ela ri. — Mas ele sente sua falta também.
Eu limpo minha garganta, deixando-o saber que ele não está sozinho.
Ele endurece e rapidamente termina a ligação antes de se virar e
colocar o telefone em sua mesa. O sorriso caloroso em seu rosto se derrete
em algo frígido e cruel. Convivi com cruel toda a minha vida. Essa crueldade
acabou quando eu coloquei uma bala naquele homem. O que está diante de
mim não me assusta.
— Sr. Constantine — eu cumprimento, minha própria voz afiada e
gelada.
Os frios olhos azuis de Winston se estreitam. — Senhorita Croft. Eu
não sabia que tínhamos uma reunião esta manhã.
— Nós fazemos agora — eu declaro, sentando na cadeira em frente a
ele. — E você vai me ouvir.
Ele arqueia uma sobrancelha dourada, aparentemente intrigado com
minha insolência. — Parece que você me deixou sem escolha. Por favor,
senhorita Croft, diga o que veio dizer.
— Eu sei que meu pai estava chantageando você. — Eu levanto meu
queixo, encontrando seu olhar duro. — Por causa de Della.
Ele não dá nada. Nem um músculo se contraindo ou um flash em seus
olhos. Uma estátua perfeita. Esses homens poderosos pensam que são tão
inteligentes. Que eles podem nos intimidar ou nos fazer sentir estúpidos
porque eles têm suas merdas juntas.
Eu posso não estar segurando minhas emoções como ele está, mas
minha merda está em ordem. Tem que estar por Della. Eu desistiria de tudo
se isso significasse protegê-la. Certamente este homem pode ver isso em
meus olhos. Não estou aqui para jogar. Estou aqui para conseguir o que
quero e resolver as coisas de uma vez por todas.
— Eu quero a custódia dela.
— Assim como seu pai — diz ele, a voz não afetada. — Por razões
desconhecidas para mim, ele queria mantê-la.
Porque ele era um idiota sádico. Claro que não digo isso.
— Ela é minha irmã. Minha família. Tenho dezoito anos e a amo. É
tudo o que estou pedindo.
— Você é seu parente mais próximo — diz Winston. — Não tenho
certeza por que haveria um problema.
— Você sabe que nós duas não lidamos com incertezas. — Eu coloco o
arquivo de Della em sua mesa. — Eu sei que ela é sua prima. Seu tio, Lionel,
é o pai dela.
— Eu vejo que você fez sua lição de casa — diz ele com um sorriso
sarcástico.
— O que significa que ela é uma Constantine — continuo, ignorando
sua expressão idiota. — Eu não sei que tipo de jogos papai estava jogando
com você, mas tudo acaba agora. Faça com que seu tio assine os direitos
dele para mim.
Winston se inclina para trás em sua cadeira, enfiando os dedos na
frente dele e descansando-os em seu colo. Ele é uma imagem de calma.
Como se a vida da minha irmã pendurada entre nós fosse um negócio diário
para ele.
Para mim, é tudo.
— E o que é que vou receber em troca da minha aquiescência. Ela é
uma Constantine, afinal. A família é muito, muito importante para nós.
Isso, eu posso concordar.
— Vou vender o negócio para você — digo a ele. — A um preço muito
razoável. Você ganhará muito mais dinheiro e eu terei o suficiente para
cuidar da minha irmã.
— Hum. Vou precisar discutir isso com meus advogados. — Ele sacode
o pulso em direção à porta. — Farei com que Deborah entre em contato
com você assim que tomarmos uma decisão...
— Não — eu rosno, sentando-me mais ereta. — Este é o acordo. Você
pega agora. Quero garantias de que Lionel não virá atrás de minha irmã em
seis meses. Eu preciso saber que ela estará sempre comigo, não importa o
que aconteça.
— Você está assumindo que eu ainda quero o negócio da sua família
— Winston corta. — Está manchado pelo assassinato de seu pai.
— Você quer porque isso não é tudo o que estou oferecendo. — Eu
sorrio para ele, mostrando que ele não é o único idiota aqui. — Eu tenho
algo que você precisa desesperadamente.
Com isso, ele ri, claramente intrigado. — Oh, mal posso esperar para
ouvir o que é isso.
— Ash estará segura.
O humor é apagado de seu rosto e seus olhos azuis brilham com
suspeita. Seu calcanhar de Aquiles é sua esposa. E eu estou segurando uma
faca para ele.
— Você está me ameaçando, garota?
Garota.
Foda-se logo, cara.
— Estou lhe dizendo que um certo trio nunca vai tocá-la, olhar para
ela, ou mesmo pensar nela novamente. Esta sombra sempre rastejando
atrás de você irá embora... — Eu estalo meus dedos como se eu tivesse a
capacidade de fazê-lo desaparecer assim. — Tudo o que requer é a sua
palavra agora e alguns documentos juridicamente vinculativos mais tarde.
Você terá a companhia e eu terei minha irmã. Ash não terá que olhar por
cima do ombro nunca mais.
— Porque eles estão obcecados por você agora? — Ele zomba.
— Sim. — Eu dou de ombros. — E se eu disser a eles que você não vai
me dar o que eu quero, eles vão fazer o que for preciso para me fazer feliz.
Para fazer você ver como estou falando sério sobre isso.
Suas narinas se dilatam. — Você vai mandar esses filhos da puta atrás
da minha esposa se eu não concordar com seus termos?
— Eu farei qualquer coisa por minha irmã, Winston. Tudo. E eles farão
qualquer coisa por mim. Por favor, não me teste.
Ele me estuda por um longo tempo. — Lionel não se importa com sua
irmã. Você percebe que está me entregando tudo em uma bandeja de prata.
Ele nunca iria atrás dela.
— Talvez não — eu concordo — mas eu preciso de garantia de que ele
não vai acordar um dia com a consciência. Se alguma vez sair publicamente
e ele mudar de ideia, não vou correr o risco. — Eu bato na pasta. — Ela será
minha e sua família ficará em paz.
Temos um concurso de olhar que faz minha pele arrepiar. Eu me
recuso a recuar ou me encolher para este homem. Meu pai era um monstro,
mas eu observava cada movimento dele e aprendia com os melhores. Eu me
recuso a deixar alguém como Winston Constantine ter controle sobre minha
vida. Nunca mais algum bastardo rico me controlará ou me ameaçará.
— Muito bem. — Ele solta um suspiro agitado. — Você pode ter o que
quer. Mas fique tranquila, meus advogados terão a papelada elaborada para
que você nunca possa tentar arrancar dinheiro de nós mais tarde. Isso corta
todo e qualquer relacionamento com nossas famílias.
— Eu não quero o seu dinheiro — eu o lembro. — Eu tenho o
suficiente de mim mesma.
— Bom. Você está dispensada.
Eu ri de suas palavras. — Também não será um segredo varrido para
debaixo do tapete. Vou dizer a Ty que Della é sua prima. Ele merece saber
porque se importa comigo, com a gente.
Não tenho certeza de que tipo de jogo papai estava jogando no que
diz respeito a Ty Constantine, mas é evidente que era exatamente isso. Ele
era útil, da idade certa e um elo com aquela família. Ty, eu e Della éramos
apenas acessórios em sua produção extravagante. O show acabou agora.
— Alguma outra última exigência? — Winston pergunta. — Eu tenho
muito trabalho para fazer.
Eu me levanto, pegando meu arquivo. — Aproveite seu pequeno. Esta
noite, quando estiver com ele, pense no quanto você faria para protegê-lo.
— Eu ofereço minha mão para que ele aperta. — É assim que me sinto em
relação a Della.
Ela é minha irmã – minha carne e sangue – e eu ficaria feliz em
derrubar qualquer um e tudo que estiver entre mim e ela.
Até mesmo um poderoso Constantine.
CAPÍTULO VINTE E CINCO
SULLY

Inacreditável. A notícia é implacável. Mais recentemente, eles


anunciaram Alexander Croft como um homem de família muito amado,
brutalmente atacado por nosso irmão.
— Isso é tão injusto — Landry resmunga. — Eu quero gritar com todos
eles e dizer a eles que tipo de homem papai realmente era.
Sarah está fazendo o que pode para livrar meu irmão, mas vai levar
tempo. O testemunho de Landry e Della sobre seu abuso, juntamente com
as provas físicas que obtiveram no hospital, na noite do incidente, ajudarão.
No entanto, como não havia incidentes registrados na polícia ou no hospital
antes, será difícil provar. No momento, é apenas a palavra deles contra a
reputação de Alexander, que era impecável. É um caso de alto perfil, então
todo "t" será cruzado e todo "i" pontilhado.
O único ás em nossa manga, e contra Alexander, é o relatório de
autópsia e toxicologia sobre Landry e a mãe de Della. Isso, juntamente com
o teste de paternidade que mostra quem é o verdadeiro pai de Della, deve
ser suficiente para provar que Alexander tinha um motivo para machucar as
meninas.
Nós precisamos de mais.
Winston Constantine não vai oferecer nenhuma ajuda no que diz
respeito ao Scout. Ele fez sua única boa ação do ano negociando com Landry
e obtendo sua custódia total sobre Della. O resto, teremos que fazer por
conta própria.
Scout é um psicopata, sim, mas é o nosso psicopata. Simplesmente
não parece o mesmo sem ele aqui conosco. Todos estão sombrios e tristes,
especialmente Landry e Della. Queremos ele de volta.
— Tudo vai ficar bem — Sparrow nos lembra de sua poltrona. Della
está desmaiada, esparramada sobre ele, com Heathen aconchegada entre
eles. — Leo e Lucian nos protegem.
Minha mente vagueia para ontem quando nos encontramos com eles.

Sparrow é legal como um maldito pepino. Enquanto isso, estou


tentando não me incomodar com o olhar cortante de Lucian. Ele é mais frio
que Leo. Quase insensível, enquanto Leo mostra todos os malditos
sentimentos em seu rosto.
Lucian é ilegível.
— Então — Lucian diz finalmente, depois de nos fazer esperar muito
tempo para sermos normais — diga-me novamente o que meu pai estava
fazendo com que todos vocês.
— Ele nos fez incendiar prédios — diz Sparrow, levantando um dedo,
— bater em caras — Ele levanta outro dedo. — Ah, e tente destruir
Alexander Croft de dentro para fora. — Ele levanta outro dedo. — Mas a
coisa mais favorita dele era qualquer coisa que pudesse deixar vocês dois
loucos. — Um dedo final se levanta. — Acho que isso é suficiente.
Leo revira os olhos. Lucian nem vacila.
— Eu vejo. — Lucian junta os dedos, seu olhar afiado lançando-se
entre mim e Sparrow antes de pousar em seu irmão. — O que Scout lhe disse
quando você o visitou, Leo?
— Que nosso pai tem provas incriminatórias de que ele cometeu
crimes — Leo oferece, cruzando os braços sobre o peito e olhando para
Sparrow. — Nós podemos cuidar disso.
— Bem, faça isso já — eu exclamo, pronto para terminar essa maldita
reunião. — Nós seremos seus capangas ou qualquer outra coisa para
pagamento. Apenas nos diga com quem precisamos atacar e cuidaremos
disso enquanto nosso irmão estiver livre.
Lucian sorri e tamborila os dedos em sua mesa. Quando arrisco um
olhar para Leo, ele está lutando contra um sorriso.
Que porra?
— Algo engraçado? — O Sparrow se esvai.
— Nós não precisamos de vocês dois cabeças quentes para 'agredir'
ninguém — diz Leo, balançando a cabeça. — Apenas fique longe de
problemas, evite meu pai, e você ficará bem. Teremos Scout livre em breve.
— Talvez — Lucian oferece — vocês devam encontrar algo para se
concentrar até esse momento. Algo produtivo e legal.
— Como o quê? — Eu pergunto, franzindo a testa.
— O que você quer fazer? — Leo pergunta.
— Ir para Harvard — eu resmungo, tentando não deixar a esperança
escorrer. — Não suponha que você poderia fazer isso acontecer.
— E aqui eu pensei que você exigiria algo impossível. Eu conheço
algumas pessoas. Vou fazer algumas ligações.
— Sério? — Eu fico boquiaberto para ele, esperando que ele diga que
está fodendo comigo. Ele não está. Na verdade, ele parece bastante
confiante em conhecer algumas pessoas e realmente ser capaz de fazer isso
acontecer.
Puta merda. Vamos voltar para a faculdade. De verdade desta vez.

— Devemos fazer uma viagem — Landry diz, pegando minha mão na


dela, me arrastando para o presente. — Se afastar por um tempo. — Ela
franze a testa. — Quando Scout sair, é claro.
Eu ouço o se em sua voz. Se ele sair.
Ele vai. Só está demorando mais do que queremos.
— Eu sempre quis ir acampar — digo a ela. — Uma cabana nas
montanhas. Podíamos fazer caminhadas e tal.
— Sparrow é precioso demais para acampar — brinca Landry. — Ele é
um garoto da cidade por completo.
Ele a vira. — Você é uma idiota, Laundry.
— Aprendi com você, querido. — Ela manda um beijo para ele.
Sua brincadeira é interrompida por uma batida na porta. Sparrow me
lança um olhar questionador e eu coloco Landry em sua própria almofada no
sofá e saio do meu lugar para atender a porta. Não estamos esperando
ninguém, o que significa que pode ser Ty, já que ele é o único que aparece
sem avisar.
Espio pelo buraco e fico confuso ao ver uma mulher.
— Quem é? — Sparrow exige.
— Não tenho certeza. — Abro a porta e vejo a mulher diante de mim.
— Sandra?
Ela ainda é a mulher severa e fria que eu lembro, seu coque tão
apertado, seus olhos estão puxados em uma forma estranha e desumana. Se
eu não a conhecesse melhor, diria que ela é uma alienígena. Assustadora
'pra' caralho para ser honesto.
— Posso ajudar? — Eu exijo, a raiva queimando em minhas veias.
Essa mulher viveu com essas garotas por anos e nunca fez nada para
impedir aquele homem. Por que ela está em nosso apartamento agora?
Para nos ameaçar? Pedir dinheiro? Que porra.
— Eu preciso falar com a senhorita Croft — diz ela com uma voz tensa.
— Por favor.
— Nah — eu resmungo, cruzando os braços sobre o peito. — Você
pode falar comigo. Vou retransmitir a mensagem.
Ela lança seu olhar para o apartamento, tentando dar uma espiada em
Landry. Eu passo na frente de sua linha de visão, bloqueando sua tentativa.
Uma bufada de frustração escapa dela.
— Por favor — ela implora. — É importante. Eu tenho que dar algo a
ela. Algo que eu deveria ter dado a ela há muito tempo. — Seus olhos
lacrimejam, humanizando-a por uma fração de segundo. Ela rapidamente as
afasta e me fixa com um olhar firme. — Eu não vou sair até que eu tenha
falado com ela.
Porra, porra.
— Querida — eu chamo. — Você quer falar com Sandra?
— Sandra? — Os pés de Landry pisam no chão de madeira até que ela
está atrás de mim. — O que você está fazendo aqui?
— Podemos conversar? — Sandra pergunta.
Eu saio do caminho, deixando Landry ver a mulher.
— Sim — diz Landry. — Mas aqui fora. Não quero que Della acorde. Ela
já está confusa sobre tudo o suficiente como está. Ver você vai aborrecê-la.
Sandra acena com a cabeça em compreensão. — Vai ser rápido. Eu só
preciso te dar isso. — Ela abre a bolsa, pega algo e entrega para Landry. —
Tudo o que você precisa está aí.
Landry pega o drive USB e franze a testa para ele. — O que você quer
dizer?
Sandra empalidece e as lágrimas enchem seus olhos mais uma vez. —
Eu também estava com medo, sabe. Aterrorizada com o que ele poderia
fazer com vocês duas. — Uma lágrima escorre pelo seu rosto e ela
distraidamente a enxuga. — Pensei que se estivesse lá, de olho nas coisas,
poderia controlar. Que ele não iria tão longe quanto levou as coisas com sua
mãe.
Landry se encolhe como se as palavras de Sandra a machucassem
fisicamente. — Você sabia o que ele fez com ela?
— Eu o ouvi conversando com um de seus homens sobre o relatório
de toxicologia. — Ela suspira. — Gravei a conversa da melhor forma que
pude.
— Mas nunca fez nada com isso — esclarece Landry. — Você nos
deixou apodrecer sob seu polegar brutal sabendo que tinha evidências reais
para nos tirar.
A traição a corta profundamente. Eu posso dizer pelo jeito que ela
treme e sua voz treme. Sparrow se materializa atrás de nós, sua forte
presença se juntando à minha como um campo de força mantendo essa
mulher tóxica fora do espaço da nossa garota.
— Eu estava com medo — admite Sandra. — Seu pai é, era um homem
terrivelmente poderoso. Eu precisava de mais. Ao longo dos anos, coletei o
que pude com a intenção de levar à polícia um dia.
— Um dia — ecoa Landry.
— Nunca pareceu suficiente. — Sandra lança a Landry um olhar
suplicante. — Para enterrar um homem como Alexander Croft, você precisa
de uma arma fumegante.
— Ele me machucou — Landry sussurra. — De novo e de novo. Você
sabia disso. Você poderia ter tentado. Mesmo que não fosse o suficiente,
poderia ter sido o suficiente para nos tirar de lá. Você estava com medo,
bem, eu também estava.
— Sinto muito, Landry. Eu realmente sinto. Me perdoe.
Landry se irrita, nem um pouco ansiosa para perdoar essa mulher. —
Então é isso? Você está entregando sua prova agora que ele está morto e
não pode te machucar? De nada. Resolvemos o problema sozinhos.
Sparrow agarra a nuca de Landry, avisando-a de falar muita verdade.
Scout ficaria chateado se ela desvendar tudo o que ele fez para protegê-la.
— O que vai acontecer com Della? — Sandra pergunta.
— Recebi a custódia total. — Landry endireita a coluna. — Você sabia
que papai não era o pai biológico dela, não é?
Sandra assente. — Sinto muito.
— Desculpas não apaga anos de abuso, Sandra. Isso só faz você se
sentir melhor. — Ela aponta para a mulher. — Será? Você se sente melhor
agora? É disso que se trata? Absolver sua culpa? Porque se assim for,
considere-se oficialmente livre do problema.
— Não — interrompe Sandra. — Quero ser útil durante o julgamento.
Sei que estão dizendo que o Sr. Mannford foi um monstro que assassinou
seu pai, mas acredito que estava defendendo você. Acho que a unidade USB
terá provas suficientes para atestar isso. Além disso, estou disposta a
testemunhar contra os erros de seu pai.
Landry paralisa. — Você está falando sério? Você vai nos ajudar a tirar
Scout da prisão?
— Eu só quero o que é melhor para vocês duas garotas. Fui uma
covarde, mas o homem se foi. Ele não pode mais te machucar e eu não
tenho motivos para ter medo dele. Se isso encerrar e der a vocês, garotas, o
final feliz que vocês merecem, eu quero ajudar. Eu ajudarei.
— Tudo bem, então — Landry murmura. — Vou fazer com que nossos
advogados entrem em contato.
Sandra corre para frente e pega o rosto de Landry nas palmas das
mãos. — Eu sei que é difícil de acreditar, mas eu amei vocês meninas. Eu
ainda faço. Não desejo nada além do melhor para vocês duas. Por favor,
encontre uma maneira de me perdoar um dia.
— Talvez um dia — Landry permite. — Adeus, Sandra.
Sandra beija Landry na testa e depois gira nos calcanhares, flutuando
para longe como a assustadora dama fantasmagórica que ela é. Quando ela
se foi, tendo desaparecido no elevador, voltamos para o apartamento.
— Eu deveria olhar para isso sozinha — diz Landry, segurando a
unidade. — É provavelmente... — Seu queixo treme. — Provavelmente
horrível seja lá o que for.
Sparrow captura seu queixo com sua mão enorme e ele beija seus
lábios carnudos. — Você não tem que ficar sozinha novamente, baby. Você é
nossa. Cuidaremos de tudo juntos.
Alívio a inunda e ela relaxa. — Ok.
Pego o drive USB dela, andando pelo corredor até o meu quarto. Pego
meu laptop e sento na cama. Ela e Sparrow sentam-se ao meu lado. É
silencioso enquanto eu o conecto e abro os arquivos.
Então. Muitos. Arquivos.
Há gravações de conversas, todas nitidamente rotuladas. Há fotos e
vídeos. Tanto Della quanto Landry têm suas próprias pastas. Não quero nem
tocar na pasta de Della porque tenho medo do que tem lá. Eu acabo
clicando na de Landry em vez disso. Não é melhor do que meus piores
medos. Ela é apenas uma criança em algumas das fotos, machucada e
espancada.
Infinitas fotos dela ao longo dos anos com olhos negros e lábios
sangrentos. É tão triste e horrível. A sala está mortalmente silenciosa
enquanto percorro cada foto até chegar a uma em particular.
Landry olha para a parede, desconectada completamente. Ela tem
hematomas no pescoço, mas é sua expressão que é tão assustadora. Como
se ela tivesse passado pela pior coisa em sua vida e sua vida não valesse
mais a pena ser vivida.
A próxima foto é de lençóis ensanguentados.
Eu vou vomitar. Quero dizer, eu sabia o que Scout nos disse que
Alexander fez, mas ver a evidência disso é algo completamente diferente. Se
ele já não estivesse morto, eu mesmo o mataria.
Outra foto é de Landry nua, pálida e magra, encolhida no chão do
chuveiro, sangue escorrendo pelo ralo.
Ela sai correndo, mal conseguindo entrar no banheiro antes de
começar a vomitar. Sparrow a persegue. Eu sou deixado sozinho, olhando
para a cena na minha frente na tela. A imagem está rotulada: aborto
espontâneo.
Landry era tão jovem.
Treze ou quatorze.
E abortou o bebê de seu pai.
Fecho o laptop, incapaz de olhar mais. Se Sandra estivesse aqui, eu
bateria naquela cadela por não fazer algo antes. Ela viu tudo isso acontecer,
gravou cada detalhe, porra, e não fez nada.
Estou feliz que Scout não esteja aqui. Se ele visse tudo isso, ele iria
querer matar aquela mulher com as próprias mãos. Precisamos dele fora da
cadeia, não condenado à prisão perpétua por alguém tão inconsequente
como Sandra.
Rapidamente, mandei uma mensagem para o Leo dizendo que temos
todas as provas que precisamos para tirar o Scout. Então, eu jogo o telefone
na cama ao lado do meu laptop e vou até a nossa garota. Eu a encontro
enrolada no colo de Sparrow, agarrada à frente de sua camisa.
Eu me ajoelho ao lado deles e beijo sua cabeça. — Tudo vai ficar bem
agora, querida. Eu prometo. Você e Della estão seguras. Você é amada. Você
está livre 'pra' caralho.
Ela chora, mas porra, eles soam como lágrimas de alívio total e
completo.
EPÍLOGO
LANDRY
DUAS SEMANAS DEPOIS…

Sem julgamento.
O caso do Scout não vai a julgamento.
Eu sofri para apresentar a prova do que meu pai tinha feito conosco,
porque isso significava entregar provas das partes mais terríveis da minha
vida. Foi nojento e errado. Mas também significava uma maneira rápida de
encerrar o caso de Scout.
Ele fez o que tinha que fazer para proteger a mim e a Della, então é
claro que eu faria o mesmo. A unidade USB foi suficiente para deixar os
promotores tão perturbados e horrorizados que eles imediatamente
desistiram do caso. Ninguém quer se associar à proteção da reputação de
um homem que poderia estuprar sua própria filha, espancar suas filhas sem
piedade e matar sua própria esposa.
A morte rápida do meu pai foi fácil para ele.
Eu aguentei o que nenhuma pessoa deveria, e foi uma merda revelar
aqueles esqueletos no meu armário, mas tudo bem porque agora Scout está
livre.
Bem, quase livre.
Estamos apenas esperando que eles o liberem oficialmente.
Nada vai me impedir de encontrar Scout quando ele for solto.
Uma porta se abre e um homem entra.
Meu homem.
Eu grito e corro em direção a ele. Ele me captura em seus braços
fortes, me abraçando forte e me girando. Assim que ele me coloca de pé, eu
agarro seu rosto, puxando seus lábios nos meus. Eu senti tanto a falta dele.
Ele me beija como se eu pudesse desaparecer a qualquer segundo. Eu
me agarro a ele, esperando que ele entenda que eu nunca vou deixar ele ou
seus irmãos. Depois de um longo beijo, Scout se afasta e descansa sua testa
contra a minha. Seus olhos escuros - aqueles que eu já tive medo - agora me
confortam.
— Esses idiotas cuidaram de você para mim?
— Eles se saíram bem. — Eu sorrio para ele. — Senti sua falta.
— Ela está mentindo — Sully diz, vindo atrás de mim. — Ela não sentiu
sua falta. Ela sentiu falta do seu pau.
Eu reviro os olhos. — Você é um idiota.
— Não ouvi você reclamando esta manhã. Certo, Sparrow?
Sparrow ri. — Tenho certeza que você estava implorando por esse
pau, baby.
— Vê o que eu tive que aturar? — Eu digo a Scout. — Eles me xingam
o tempo todo. Agora você pode me proteger.
Scout me puxa de volta em seus braços. Deus, eu senti falta dele.
Nossos telefonemas limitados e poucas visitas breves não foram suficientes.
— Vamos — Scout rosna. — Estou cansado da porra deste lugar.
Ele pega minha mão na sua, me guiando para fora do prédio. Assim
que estamos na armadilha mortal que é o carro de Sparrow, comigo e Scout
no banco de trás sozinhos, começo a puxar o botão de sua calça jeans.
— Não pode nem esperar até chegarmos em casa? — Sparrow
reclama do banco do motorista. — Você sabe como é difícil dirigir com uma
porra de tesão?
— Supere isso — Scout rosna de volta. Ele arrasta minha calcinha pelas
minhas coxas enquanto eu faço um trabalho rápido de puxar seu pau para
fora. — Suba no meu pau, princesa espinhosa. Eu senti falta dessa linda
boceta.
Eu empurro meu vestido para cima e monto em seu colo. Tudo o que
preciso é seu pau deslizando contra minha boceta para eu sentir o quanto
eu preciso me reajustar para levá-lo dentro de mim. Seus dedos cavam em
meus quadris e ele empurra para cima, me enchendo completamente com
ele.
— Ahh! — Eu grito.
Meus dedos cavam em seu cabelo escuro que está bagunçado por não
ter acesso a produtos enquanto estava na prisão. Eu bato meus lábios nos
dele, beijando-o como se minha vida dependesse disso. Nosso sexo é
desesperado e rápido, nós dois precisando apenas sentir o outro após os
recentes eventos traumáticos pelos quais passamos. Ele goza rápido o
suficiente para ganhar zombarias do banco da frente, mas eu ignoro, me
perdendo na maneira como ele toca meu clitóris para que eu goze também.
— Eu senti sua falta — Scout resmunga. — Você também sentiu minha
falta.
— Apenas da sua comida — eu provoco, sorrindo contra sua boca. —
Todos nós basicamente somos péssimos nisso.
— Fale por você, mulher — Sully diz com um bufo irritado. — Eu faço
um espaguete magnifico.
— De uma lata — Sparrow entra na conversa. — Você literalmente
despeja e aquece essa merda. Não é uma coisa difícil.
— Molho de espaguete enlatado? — Scout enrola o lábio para cima. —
Não se preocupe, baby, eu vou alimentá-la o dia todo, todos os dias.
— Ela já está mimada — Sparrow tagarela. — Agora ela nunca mais
terá que levantar um dedo para fazer nada.
— Por que você acha que eu escolhi ter três namorados ao mesmo
tempo?
Scout sorri. — Case comigo.
Oh meu Deus. Esses garotos são loucos, mas eu amo o quão intenso
eles são. Eles não fazem nada pela metade.
— Eu não posso me casar com vocês três — eu atrevo. — A lei não nos
deixa.
— Foda-se a lei — Scout murmura, seus lábios encontrando meu
pescoço. — Case comigo para que você tenha nosso sobrenome. Então você
será para sempre nossa.
— Já sou sua para sempre.
— Eu e Sparrow conversamos sobre isso ontem — revela Sully. — Um
de nós se casará com você, mas você pertencerá a nós três. Nós deveríamos
jogar uma moeda, mas ainda não tivemos a chance de contar a Scout.
Eu olho para ele. — Você ia tentar me ganhar em um sorteio?
— Foda-se um cara ou coroa — Scout diz com um sorriso diabólico que
faz meu coração palpitar. — Eu pedi primeiro, então eu venci.
— Você me pediu em casamento no banco de trás do carro do seu
irmão. — Eu bufo, batendo em seu peito. — Não exatamente romântico.
— Isso finaliza o trabalho.
— Bruto. Eu odeio você — digo a ele. — Caso-me com quem me fizer a
proposta mais romântica. Que tal isso?
— Nah — Scout grita. — Eu pedi para você primeiro.
— Eu não sou o último sanduíche de sorvete no freezer, idiota! Eu sou
sua mulher!
Continuamos a discutir, os três se juntando a mim até chegarmos a
nossa nova residência. Leo nos colocou na casa perfeita com um ótimo
distrito escolar para Della. Melhor ainda, nos tirou do apartamento de
Bryant. Não tenho certeza se vamos ficar aqui para sempre e ir para a
faculdade local ou se vamos acabar nos mudando de Massachusetts para
Harvard, mas é bom saber que temos um lugar que é nosso e podemos
tomar nosso tempo decidindo. Sparrow estaciona em frente à nossa casa e
todos nós saímos. Scout fica colado ao meu lado, um braço possessivo em
volta dos meus ombros.
— Landry Croft, querida, você quer se casar comigo? — Sully balança
as sobrancelhas para mim. — Isso é romântico?
— Um pouco melhor que o pedido do Scout — concordo — mas ainda
fraco.
Sparrow ri de seu irmão que agora está fazendo beicinho. — Eu ganho
se eu tiver um anel?
— Eu amo joias — eu provoco.
— Que porra é essa, cara? — Sully exige. — Você realmente não tem
um anel.
Sparrow segura o telefone, mostrando-me um anel brilhante que ele
pesquisou na internet. Ouro branco com três diamantes maciços. — Eu
ganho?
— Este anel é perfeito — murmuro sorrindo — mas até que esteja no
meu dedo, acho que ainda estou indecisa sobre com quem vou me casar.
— Eu vou arrastá-la para o tribunal agora mesmo — Scout rosna. —
Decisão tomada.
— Tudo bem — eu resmungo. — Você pode ganhar, mas eu não quero
um casamento idiota no tribunal. Eu quero que seja épico e fabuloso. Um
casamento de princesa.
— O que você quiser — Scout diz, me arrastando escada acima. —
Agora vamos entrar. Há duas garotas que eu senti mais falta do que você.
— Sparrow, você é meu favorito agora — eu provoco, deixando-o me
roubar de Scout.
Entramos em nossa nova casa e Ty levanta do sofá. Ele sorri ao ver nós
quatro. Della olha para cima, vê Scout e corre para ele. Ele a puxa em seus
braços, apertando-a com força. Eu mordo meu lábio inferior, tentando e
falhando em não chorar em seu doce reencontro. Heathen faz sua presença
conhecida, miando alto e circulando seus pés.
Finalmente.
Tudo parece certo e no lugar.
Depois que Della se afasta de Scout, ela sinaliza para Ty, Você pode
aprender a fazer panquecas como Scout. Ele é nossa empregada.
Ty bufa uma risada e sinaliza de volta, é mesmo?
Ela balança a cabeça e sorri para Scout antes de sinalizar com ele,
certo?
Ele revira os olhos para mim e sinaliza de volta, sim, mas pelo menos
eu não sou o bobão.
Todos olham para Sparrow. Ele mostra o dedo médio para nós, que
não é linguagem de sinais, mas ainda assim passa o ponto.
Todos os caras, incluindo Ty, estão aprendendo ASL por causa de Della.
Fico feliz que eles a aceitem do jeito que ela é e queiram se comunicar com
ela.
— Agora que vocês estão de volta, eu vou ir. Eu tenho um encontro. —
Ty balança as sobrancelhas para mim. — Ligue-me mais tarde para que eu
possa dizer boa noite a Della.
Ela abraça Ty, que recebeu bem a notícia de ter uma nova prima e
realmente quer estar em sua vida, e então ele se foi. Scout a leva para a
cozinha para começar a fazer algumas panquecas a pedido de Della. Sully
tenta ajudar, mas Della faz sinais dramáticos, lembrando-o de que ele é um
péssimo cozinheiro. Eu não posso deixar de rir.
Sparrow me abraça por trás. Eu relaxo contra ele, aproveitando o
momento mais feliz que já conheci.
— Nós poderíamos fazer nossa fuga agora — Sparrow murmura em
meu ouvido.
— Para o tribunal?
— Eu ia dizer para o armário mais próximo para que eu pudesse foder
você para me dar a resposta que eu quero, mas se você está desistindo
agora...
Eu rio e balanço a cabeça. — Você vai ter que trabalhar por isso.
— Você ama minha língua.
— Não tanto quanto ela ama a minha — Sully oferece. Ele pisca para
mim, fazendo minha boceta apertar em resposta.
— Ele adora minha boceta — eu concordo. — Você gosta de bater
nela.
— Não aja como se você não gozasse como uma banshee selvagem
quando eu bato no seu clitóris.
— Apenas dizendo — eu bufo. — Ele adora. Talvez você devesse
também.
— A única coisa que Sparrow adora é seu cu e seu reflexo no espelho,
— Sully diz com um sorriso largo. — Quando finalmente te engravidarmos,
saberemos que não foi o esperma dele que ganhou a corrida. Meio difícil
viajar da bunda para a boceta para fazer nossos bebês.
É verdade. Sparrow é o único que me fode na bunda. Acho que ele
considerou isso dele. Agora que Scout voltou para casa, eu me pergunto se
ele será capaz de manter aquele pedaço de propriedade por muito mais
tempo.
— Hora da soneca — Sparrow resmunga. — Ligue para nós quando as
panquecas estiverem prontas. A Laundry precisa de seu descanso de beleza.
Eu não o recompenso com uma resposta a essa declaração rude e saio
de seu aperto.
— Eu vou te levar lá para cima e provar para você quem come melhor
boceta — diz Sparrow, tentando me agarrar. — Vamos. Não seja assim,
Laundry. Eu só estou fodendo com você.
Della joga uma colher de pau em Sparrow e ela bate na cabeça dele.
— Cara, que porra é essa? — Ele esfrega a testa e faz uma careta para
ela. — Sua irmãzinha é uma idiota. Como se diz 'pau' em linguagem de
sinais?
Eu sinalizo para Della, Obrigada por me resgatar do bobão.
Isso me rende um tapa na bunda de Sparrow.
— Crianças, comportem-se — diz Scout, apontando para a mesa da
cozinha. — Arrumem a mesa e sentem-se.
Todas as provocações e brigas enchem meu coração com uma alegria
que eu nunca conheci até este momento.
— Vou fazer as pazes com você mais tarde — Sparrow promete,
piscando para mim.
— Acho bom.
Eu sei que no segundo que Della estiver dormindo meu lindo trio se
aproximará de mim. Talvez para outros, eles sejam idiotas ou monstros.
Para mim, eles são tudo. Eles são meus amantes, aparentemente meus
futuros maridos, os salvadores que eu não sabia que precisava até eles já
terem me salvado.
Eles podem não ser heróis para mais ninguém, mas são meus heróis.
Notas
[←1]
Um Alerta AMBER é um sistema de alerta de rapto de criança.

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