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A reforma psiquiátrica no Brasil: uma (re) visão

REVISÃO REVIEW
The psychiatric reform in Brazil: a (re)view

Alice Hirdes 1

Abstract This paper aims at contextualizing the Resumo Este artigo tem por objetivo contextuali-
Brazilian Psychiatric Reform by reviewing theoret- zar a reforma psiquiátrica brasileira, a partir da re-
ical and practical milestones in the country’s poli- visão dos marcos políticos, teóricos e práticos. Fo-
cies. Theses, dissertations, papers published in a da- ram pesquisadas dissertações, teses, artigos em bases
tabase (Scielo), books on the theme, and official doc- de dados (Scielo), livros sobre a temática e documen-
uments (conference reports, laws, bills) published tos oficiais (relatórios de conferências, leis, portari-
between 1990 and 2007 were studied. The results show as) de 1990 a 2007. Os resultados evidenciam os avan-
the advances and challenges of the Psychiatric Re- ços e desafios da reforma psiquiátrica, apontam para
form and point to the immediate need of a program a necessidade urgente da capacitação dos operadores,
for qualifying personnel; the need to use primary care, a utilização da atenção básica, particularmente a
mainly the Family Health Program; the need to fi- estratégia do Programa de Saúde da Família; o fi-
nance primary care; the adoption of the principles of nanciamento da atenção básica; a adoção dos prin-
the psychiatric reform; the need to individualize cípios da reforma psiquiátrica; a articulação trata-
treatment, psychosocial rehabilitation; integrated mento, reabilitação psicossocial; clínica ampliada;
care; and therapeutic project constructed collectively projetos terapêuticos individualizados, construídos
through the use of interdisciplinary and trans-disci- coletivamente, mediante abordagens inter/transdis-
plinary approaches, as well as constant assessment of ciplinares; e a avaliação das práticas em curso. Fina-
the current practices. It is also pointed out that Re- liza apontando que os projetos de reforma não são
form projects are not homogeneous, i. e., practices homogêneos, as práticas são executadas conforme a
happen according to the professionals’ theoretical concepção teórica dos trabalhadores de saúde men-
conception. This means that there are general guide- tal, ou seja, existem princípios orientadores gerais,
lines, but that they are subordinated to the specific mas que, em última análise, estão subordinados aos
settings where the practices are carried out. settings específicos onde ocorrem as práticas.
Key words Mental health, Primary care, Mental Palavras-chave Saúde mental, Atenção primária à
health services, Rehabilitation, Rehabilitation cen- saúde, Serviços de saúde mental, Reabilitação, Cen-
1
ters, Health services evaluation tros de reabilitação, Avaliação de serviços de saúde
Universidade Luterana do
Brasil, Unidade
Universitária de Gravataí.
Av. Itacolomi 3.600, São
Vicente. 94170-240
Gravataí RS.
alicehirdes@gmail.com
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Hirdes A

Introdução Como marcos práticos de reversão do modelo


manicomial, podemos citar a intervenção na Casa
Marcos políticos, teóricos e práticos de Saúde Anchieta, em Santos, o Centro de Aten-
ção Psicossocial Dr. Luís da Rocha Cerqueira, am-
A superação do modelo manicomial encontra bos localizados em São Paulo, e o Centro Comu-
ressonância nas políticas de saúde do Brasil que nitário de Saúde Mental de São Lourenço do Sul,
tiveram um marco teórico e político na 8ª Confe- Rio Grande do Sul, conhecido como “Nossa Casa”.
rência Nacional de Saúde (1986), na 1ª Conferência Nicácio3, Bezerra Júnior4 e Aguiar5 consideram a
Nacional de Saúde Mental (1987), na 2ª Conferên- intervenção na Casa de Saúde Anchieta, em San-
cia Nacional de Saúde Mental (1992), culminando tos, em 1989, um marco na história da psiquiatria
na 3ª Conferência Nacional de Saúde Mental (2001). brasileira, por se tratar de uma experiência inova-
Observa-se, na reforma psiquiátrica brasileira, nas dora, em que ocorreu uma intervenção médico-
últimas décadas, intercalação de períodos de inten- legal num asilo. Esta pode ser considerada a pri-
sificação das discussões e de surgimento de novos meira experiência concreta de desconstrução do
serviços e programas, com períodos em que ocor- aparato manicomial no Brasil, e de construção de
reu uma lentificação do processo. Historicamente, estruturas substitutivas.
podemos situar as décadas de 1980 e 1990 como A partir destes marcos, passou-se a privilegiar
marcos significativos nas discussões pela reestru- a criação de serviços substitutivos ao hospital psi-
turação da assistência psiquiátrica no país. quiátrico, quais sejam: redes de atenção à saúde
Um marco histórico para o setor de saúde men- mental, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS),
tal, possibilitador de mudanças ao nível do Minis- leitos psiquiátricos em hospitais gerais, oficinas
tério da Saúde, foi a Conferência Regional para a terapêuticas, residências terapêuticas, respeitando-
Reestruturação da Assistência Psiquiátrica, reali- se as particularidades e necessidades de cada local.
zada em Caracas, em 1990. Neste encontro, no qual As iniciativas dos municípios, em que pese a von-
o Brasil foi representado e signatário, foi promul- tade política dos gestores municipais, passaram a
gado o documento final intitulado “Declaração de ser ressarcidas através das portarias ministeriais,
Caracas”. Nele, os países da América Latina, inclu- objetivando o deslocamento dos recursos para
sive o Brasil, comprometem-se a promover a rees- modalidades alternativas à internação psiquiátri-
truturação da assistência psiquiátrica, rever criti- ca e compatibilizando os procedimentos das ações
camente o papel hegemônico e centralizador do de saúde mental com o modelo assistencial.
hospital psiquiátrico, salvaguardar os direitos ci- No Rio Grande do Sul, um marco político im-
vis, a dignidade pessoal, os direitos humanos dos portante foi a aprovação da Lei da Reforma Psi-
usuários e propiciar a sua permanência em seu meio quiátrica, a Lei Estadual nº 9.716, em 1992, que
comunitário1. trata da reforma psiquiátrica em âmbito do esta-
Em 2005, foi retomada a “Declaração de Cara- do, enquanto a Lei nº 10.216, que trata da reforma
cas” sob a forma de um documento intitulado psiquiátrica em âmbito nacional, foi sancionada
“Princípios Orientadores para o Desenvolvimento no dia 06 de abril de 2001, quase dez anos depois6.
da Atenção em Saúde Mental nas Américas”, a Carta O Ministério da Saúde igualmente iniciava, na dé-
de Brasília, com o objetivo de avaliar os resultados cada de 1990, a emissão de uma vasta legislação
obtidos desde 1990. Neste documento, os organi- que viria a nortear todas as ações no sentido de
zadores reconhecem os avanços que se produzi- tratar adequadamente as pessoas acometidas de
ram nos últimos quinze anos na reestruturação da doenças mentais. Deste modo, passados mais de
atenção psiquiátrica, constatam que existem expe- dez anos, o processo de implantação da reforma
riências exitosas desenvolvidas em vários países, psiquiátrica deveria encontrar-se em plena conso-
assim como obstáculos e dificuldades. Reafirmam lidação, em todo o país e, em especial, no Rio Gran-
a validade dos princípios contidos na “Declaração de do Sul7.
de Caracas” em relação à proteção dos direitos Entretanto, o Rio Grande do Sul, um estado
humanos e de cidadania dos portadores de trans- pioneiro na aprovação de uma legislação específi-
tornos mentais e a necessidade da construção de ca na área, e detentor do maior número de CAPS
redes de serviços alternativos aos hospitais psiqui- por estado, apresenta diferenças regionais impor-
átricos. Advertem para o aumento da vulnerabili- tantes na estruturação de serviços8. Enquanto a
dade psicossocial e das diferentes modalidades de metade sul protagonizou experiências inéditas de
violência. Convocam todos os atores envolvidos desinstitucionalização, o norte apresenta carência
para a implementação dos princípios éticos, polí- na estruturação de serviços e na inserção das ações
ticos e técnicos da “Declaração de Caracas”2. de saúde mental nos serviços gerais de saúde. Esta
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realidade descortina-se em outros estados e regiões baseada e construída a partir dos projetos de psi-
brasileiras. quiatria preventiva e comunitária. Para Amaran-
te10, “a desinstitucionalização nesta tradição está
Aspectos conceituais voltada principalmente para objetivos administrati-
vos (redução dos custos da assistência para os co-
O termo desinstitucionalização significa deslo- fres públicos) e menos para uma real transforma-
car o centro da atenção da instituição para a comu- ção da natureza da assistência”. Este autor coloca,
nidade, distrito, território. Este termo tem sua ori- também, que o hospital psiquiátrico não é questio-
gem no movimento italiano de reforma psiquiátri- nado nesta formulação de desinstitucionalização.
ca. Para Rotelli e colaboradores9, o mal obscuro da
psiquiatria está em haver separado um objeto fictí- A desinstitucionalização
cio, a “doença”, da “existência global complexa e con- como desassistência
creta” dos pacientes e do corpo social. Sobre esta sepa- Para Amarante, alguns setores entendem a de-
ração artificial se constrói um conjunto de aparatos sinstitucionalização como desospitalização, ou, ain-
científicos, legisladores, administrativos (precisamen- da, como desassistência – abandonar os doentes à
te a “instituição”), todos referidos à “doença”. própria sorte. O autor considera que neste rol estão
A desinstitucionalização tem uma conotação incluídos determinados segmentos atavicamente
muito mais ampla do que simplesmente deslocar conservadores, resistentes a qualquer idéia sobre
o centro da atenção do hospício, do manicômio, direitos de grupos minoritários. Há, ainda, um gru-
para a comunidade. Enquanto este existir como po que tem interesses econômicos em jogo e opõe-
realidade concreta, as ações perpassarão, necessa- se à desinstitucionalização em virtude dos interesses
riamente, por desmontar este aparato, mas não constituídos. Coloca que a tendência contra-des-
acabam aí. Para o autor acima referido e também institucionalizante assume maior magnitude após
ator do processo, é o conjunto que é necessário o Projeto de Lei Paulo Delgado - 3.657/89, que pro-
desmontar (desinstitucionalizar) para o contato põe a substituição progressiva dos hospitais psi-
efetivo com o paciente na sua “existência” doente. quiátricos por outras modalidades de assistência.
Rotelli e colaboradores9 nos fazem ver que con-
cretamente se transformam os modos nos quais as A desinstitucionalização
pessoas são tratadas (ou não tratadas) para trans- como desconstrução
formar o seu sofrimento, porque a terapia não é mais De acordo com Amarante, esta tendência está
entendida como a perseguição da solução – cura [...] caracterizada pela crítica epistemológica ao saber
o problema não é a cura (a vida produtiva), mas a médico constituinte da psiquiatria. É nesta tendên-
produção de vida, de sentido, de sociabilidade, a uti- cia que o movimento pela reforma psiquiátrica
lização das formas (dos espaços coletivos) de convi- brasileira se inspira. E este movimento, por sua
vência dispersa. vez, identifica-se com a trajetória de desinstitucio-
Amarante10 traça três formulações importan- nalização prático-teórica desenvolvida por Franco
tes de desinstitucionalização, a saber: a desinstitu- Basaglia, na Itália. No final da década de 1970, as
cionalização como desospitalização, a desinstitu- idéias de Basaglia chegam ao Brasil, sobretudo em
cionalização como desassistência e, por último, a virtude da repercussão internacional do processo
desinstitucionalização como desconstrução. Esta italiano que englobou a desativação do hospital de
última, abordada acima, nas ponderações de Ro- Gorizia, a criação da “psiquiatria democrática” e
telli e outros9. A compreensão e distinção é funda- de “redes alternativas à psiquiatria”e, posterior-
mental para a compreensão do processo e, de acor- mente, a promulgação da Lei 180 na Itália, conhe-
do com Amarante, irá determinar a forma de lidar cida como Lei Basaglia.
prático e teórico com a desinstitucionalização. Amarante compara o movimento pela refor-
ma sanitária com o movimento pela reforma psi-
A desinstitucionalização quiátrica. Observa que a reforma sanitária, de uma
como desospitalização perspectiva inicial de crítica quanto à natureza do
A noção de desinstitucionalização surge nos saber médico, torna-se um conjunto de medidas
Estados Unidos, no governo Kennedy, mas seus de cunho administrativo, sem o questionamento
princípios e as medidas adotadas são basicamente das abordagens técnicas centradas quase exclusi-
de desospitalização. Nesta modalidade, há uma críti- vamente em sintomas, no especialismo, na cultura
ca ao sistema psiquiátrico, na centralização da aten- medicalizante e no intervencionismo diagnóstico e
ção na assistência hospitalar, mas não é questiona- terapêutico. Considera que o movimento pela re-
do o saber que o legitima. Esta configuração está forma psiquiátrica foi além, porque busca trans-
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formações qualitativas no modelo de saúde e não serviços de saúde mental, traz a necessidade do
meramente de reorganização administrativa. deslocamento essencial da perspectiva da interven-
Para Amarante10, a produção de Basaglia foi e ção dos hospitais psiquiátricos para a comunida-
continua sendo um marco importante de referên- de; o deslocamento do centro do interesse somente
cia para os projetos de reforma psiquiátrica e para da doença para a pessoa e para a sua desabilidade
o redimensionamento atual da desinstitucionaliza- social e o deslocamento de uma ação individual
ção em psiquiatria. Coloca que “o projeto de de- para uma ação coletiva nos confrontos dos pa-
sinstitucionalização volta-se para a superação do cientes com seus contextos9.
ideal de positividade absoluta da ciência moderna Pela inquestionável importância que assume a
em sua racionalidade de causa e efeito, para voltar- produção prático-teórica basagliana, estas idéias e
se para a invenção da realidade enquanto um pro- conceitos deverão sempre estar presentes no coti-
cesso histórico”10. diano dos trabalhadores de saúde mental que se
espelham nos pressupostos da reforma psiquiá-
Princípios para a organização dos serviços trica. Igualmente, pensamos que estes conceitos
devem ser uma linguagem universal, acessível a
A seguir, citamos os princípios de Rotelli9 para todos os profissionais, técnicos e não-técnicos. Isto
um trabalho efetivo de desinstitucionalização. Pen- evitaria as “derrapagens” eventuais que porventu-
samos que estes indicam um caminho norteador, ra possam ocorrer.
que deveria estar presente na prática dos serviços O projeto de desinstitucionalização busca a re-
de saúde mental e, periodicamente, deveria ser con- construção do objeto (enquanto sujeito histórico)
sultado, para corroborar a prática executada com que o modelo tradicional reduziu e simplificou
a teoria e ver se há congruência e pertinência entre o (causalidade linear doença/cura – problema/solu-
desenvolvido e o anunciado. ção). Mas para alcançar este objetivo, faz-se neces-
Rotelli9 vê a desinstitucionalização como um sário que as novas instituições estejam à altura do
trabalho prático de transformação que contem- objeto que está em constante reconstrução na sua
pla: a ruptura do paradigma clínico e a reconstru- existência – sofrimento: esta é a base da instituição
ção da possibilidade – probabilidade; o desloca- inventada9.
mento da ênfase no processo de “cura” para a “in- Os projetos de atendimento surgidos nos últi-
venção de saúde”; a construção de uma nova polí- mos anos têm de saída a recusa do modelo sinto-
tica de saúde mental; a centralização do trabalho mático em benefício da criação de uma clínica psi-
terapêutico no objetivo de enriquecer a existência quiátrica renovada, deslocando o processo do tra-
global; a construção de estruturas externas total- tamento da figura da doença para a pessoa doente.
mente substitutivas à internação no manicômio; a Nestes novos espaços, as ações antes centradas nos
não-fixação dos serviços em um modelo estável, sinais e sintomas, na classificação dos diferentes
mas dinâmico e em transformação; a transforma- quadros nosográficos, em suma, na medicaliza-
ção das relações de poder entre a instituição e os ção da loucura, passam a ter outro enfoque, que é
sujeitos; o investimento menor dos recursos em o de falar de saúde, de projetos terapêuticos, de
aparatos e maior nas pessoas. cidadania, de reabilitação e reinserção social e, so-
Além destes aspectos, o autor refere o cuidado bretudo, de projetos de vida11.
como elemento-chave para transformar os modos
de viver e sentir o sofrimento do “paciente” em sua Os Centros de Atenção Psicossocial
concretude, no cotidiano; a mobilização de todos e demais serviços substitutivos
os atores envolvidos – técnicos e pacientes –, isto
irá produzir comunicação, solidariedade e confli- De acordo com dados do Ministério da Saúde,
tos, ingredientes fundamentais para a mudança das existem no país 918 CAPS em funcionamento, 120
estruturas e dos sujeitos; a promoção da capacida- deles voltados, exclusivamente, ao atendimento de
de de auto-ajuda e de autonomia das pessoas; o dependentes de álcool e drogas. Os CAPS, os 475
enriquecimento das competências profissionais e serviços residenciais terapêuticos e os 350 ambula-
dos espaços de autonomia e decisão; a demolição tórios, ao lado dos 36 Centros de Convivência e
da compartimentalização das terapias (médica, Cultura e do Programa de Volta para Casa e Inclu-
psicológica, social, farmacológica, etc.); a valoriza- são Social pelo Trabalho, compõem a rede extra-
ção da dimensão afetiva na relação terapêutica, de hospitalar que substitui, aos poucos, o atendimento
figuras não profissionais no campo, utilização de prestado pelos hospitais psiquiátricos, no Brasil12,13.
esforços sociais e; a liberdade é terapêutica9. O maior número de CAPS por 100 mil habi-
Dentre os princípios para a organização dos tantes localiza-se na Região Sul – Rio Grande do
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Sul, Santa Catarina e Paraná, seguidos pela Região al; alienação dos mesmos em relação ao seu traba-
Sudeste – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais lho, sendo a medicalização o mecanismo estrutu-
e Espírito Santo. As regiões Sudeste e Nordeste de- rante de todas as práticas analisadas e os instru-
têm, ainda, o maior número de hospitais psiquiá- mentos mais evidentes na abordagem terapêutica.
tricos. O estado do Amazonas é o único estado Arejano18, analisando as relações de poder nos
brasileiro sem nenhuma referência de rede12. serviços de saúde mental, entende que a discussão
Apesar de os hospitais psiquiátricos consumi- sobre o processo da reforma está centrada princi-
rem 88% dos recursos orçamentários do SUS des- palmente no caráter administrativo, sendo as ques-
tinados à saúde mental, e do relatório da III Con- tões técnicas, éticas e políticas contempladas por
ferência Nacional de Saúde Mental prever que até uma pequena parcela dos trabalhadores. A autora
o ano 2004 fossem extintos todos os leitos em hos- realizou o seu estudo na Pensão Pública Protegida
pitais psiquiátricos no Brasil, consolidando o pro- “Nova Vida”, de Porto Alegre, uma moradia tem-
jeto “Por uma Sociedade sem Manicômios”, atra- porária para pessoas portadoras de sofrimento
vés da estruturação de uma rede substitutiva de psíquico que precede a aprovação da Lei no 9.716
saúde mental, a realidade nacional que se descorti- da reforma psiquiátrica do estado do Rio Grande
na ainda contempla o hospital psiquiátrico. Cabe do Sul. Conclui que a instrumentalização do fazer
destacar que os investimentos nos serviços substi- em saúde mental é construída no cotidiano, ob-
tutivos vêm aumentando desde 2004. A reorienta- serva que o comprometimento dos trabalhadores
ção do modelo assistencial em saúde mental de- com o processo de reforma deriva de uma questão
manda investimentos políticos, técnicos, financei- mais pessoal, do que propriamente de conheci-
ros e éticos, entre outros, assim como a articula- mento histórico-político do processo. O estudo
ção com outras instâncias – educação, trabalho, aponta para a necessidade urgente da criação de
cultura, habitação e habilitação profissional, obje- estratégias de cuidado em saúde mental aliadas aos
tivando a cidadania, a emancipação12-15. princípios da legislação; constata uma lacuna en-
Bichaff16 investigou o processo de trabalho nos tre um referencialteórico arcaico e um novo refe-
CAPS, tomando por base o atual momento da re- rencial, ainda incipiente na sua ação prática.
forma psiquiátrica no Brasil. Os resultados apon- Os estudos anteriormente citados trazem à tona
tam que os trabalhadores apresentam uma traje- a questão da instrumentalização dos operadores
tória de formação profissional tradicional, as ações para a mudança do paradigma. Os novos serviços
sendo norteadas, fundamentalmente, por concep- necessitam de profissionais capacitados para ope-
ções coerentes com o modelo hegemônico, cujo rar dentro de novas estratégias. O processamento
objeto de trabalho é o indivíduo e sua doença. A de mudanças em nível de reformulação do modelo
análise evidencia também que as relações entre o de assistência não se dará somente através de me-
saber e o fazer resultam em práticas e intervenções didas de cunho legislativo, mas fundamentalmen-
tradicionais. A autora conclui que as ações que es- te pelas rupturas realizadas nos microespaços e
tariam dirigidas ao contexto concreto de vida des- através da desconstrução do modelo manicomial
ses usuários, além de pouco representativas, estão fortemente arraigado nos profissionais e no senso
fundamentadas no conhecimento advindo da pró- comum. De acordo com Saraceno19, as experiênci-
pria prática e do senso comum. O estudo mostra a as de transformação da assistência psiquiátrica no
necessidade de revisão dos processos de trabalho que chama de sul do mundo (entendemos que es-
da equipe, para possibilitar a construção de novos tamos situados neste contexto), são “inventadas”
saberes, instrumentos e práticas, bem como o en- e obtidas da conjugação da pobreza de recursos
volvimento dos trabalhadores enquanto atores institucionais associada à capacidade de identificar
sociais da reforma. recursos da comunidade.
Outra pesquisadora, Oliveira17, investigando a Para Saraceno19, a história natural das doenças
mesma temática, o processo de trabalho das equi- encontra a história natural dos serviços. Assinala a
pes de saúde mental nos serviços extra-hospitala- importância da revisão e crítica dos serviços para
res de atenção à saúde mental, aponta que a cida- as transformações efetivas na vida dos pacientes,
dania é dissociada da vivência e organização do uma vez que estas variáveis – os serviços – têm um
trabalho de profissionais e usuários. A referência peso significativamente mais importante do que
de cidadania predominante nos processos de tra- as variáveis clínicas. O autor ressalta que um servi-
balho foi a cidadania tutelada. O estudo destaca ço de alta qualidade deverá ser permeável e dinâ-
ainda que não são exploradas as contradições das mico, com uma alta integração interna e externa.
práticas que os profissionais operam: simultanea- Saraceno19 enfatiza que “a organização (seja em
mente restrição de liberdade e atenção psicossoci- termos de acesso da demanda, seja em termos da
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não-estereotipia da resposta) orientada às necessi- Para Souza25, a criatividade e individualização


dades do paciente e não às do serviço”. A integração nos cuidados em saúde mental têm se mostrado
interna dos serviços não pode estar voltada para a indispensáveis; porém, questiona as técnicas de tra-
burocratização estandardizada dos próprios pro- balho. O autor defende a ampliação da projeção
cedimentos, mas antes, centrada às especificidades dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) fren-
de cada pessoa. A integração externa é referida como te às políticas sociais de uma forma mais ampla,
a permeabilidade do serviço a saberes e recursos através da articulação e integração com as equipes
existentes que circundam estes saberes e recursos. de saúde da família, para a construção cotidiana
Esta permeabilidade não se restringe somente aos de novos espaços. Traz a necessidade de ter clareza
recursos disponíveis, mas a sua concreta ativação. do referencial, para agenciar o processo de inova-
O autor entende que os muros a serem demolidos ção das práticas, através da solidificação de princí-
são aqueles que impedem a utilização de outros pios fundamentais, para que não se incorra no erro
saberes e recursos. de reproduzir as técnicas tão questionadas do
Os serviços constituem-se, para Saraceno19, modelo hospitalocêntrico ao se aproximar das
como a variável que influi no processo reabilitati- comunidades.
vo. Assinala que somente serviços de alta qualidade Para Rotelli e colaboradores9, a base da institui-
podem garantir programas reabilitativos confiá- ção inventada a partir dos projetos de desinstituci-
veis. Dentre as características de um serviço de alta onalização reside na ruptura da causalidade linear
qualidade, identifica aquelas que se ocupam de to- doença-cura, problema-solução e na reconstrução
dos os pacientes e a todos oferecem possibilidades do objeto enquanto sujeito histórico. O autor res-
de reabilitação. Pontua que os serviços que não ofe- salta que as novas instituições deverão estar à altu-
recem estas possibilidades acabam gerando hierar- ra da complexidade da tarefa de intervir na sua exis-
quias de intervenção e, os menos dotados, acabam tência – sofrimento, remetendo ao processo da cons-
sendo excluídos do processo. Além desta caracte- tante reconstrução deste sujeito.
rística, Saraceno ressalta que um serviço de alta Para que isto ocorra, há a necessidade da confor-
qualidade deverá ser permeável e dinâmico, com mação de espaços coletivos, de lugares de reflexão
uma alta integração interna e externa: “um serviço crítica, de produção de subjetividade e constituição
onde a permeabilidade dos saberes e dos recursos de sujeitos. Espaços coletivos são espaços concre-
prevalece sobre a separação dos mesmos”. tos (de lugar e tempo) destinados à comunicação
Neste sentido, as abordagens a partir de uma (escuta e circulação de informações sobre desejos,
perspectiva transdisciplinar permitem uma multi- interesses e aspectos da realidade), à elaboração
plicidade de intervenções no processo de trabalho (análise da escuta e das informações) e à tomada de
que favorecem a “reformulação ampliada do tra- decisão (prioridades, projetos e contratos)26.
balho em saúde”20 , ou clínica ampliada21 e o tra-
balho vivo em saúde22,23. O paradigma da saúde Saúde Mental
mental, o deslocamento das práticas para a comu- e a Estratégia (Programa) Saúde da Família
nidade, o campo psicossocial remetem ao entre-
cruzamento de saberes e práticas que não pode se Diversos autores têm estudado a questão PSF e
dar pela soma de disciplinas conexas, mas através a reforma psiquiátrica7,21,25,27-32. Scóz e Fenili29 tra-
de uma redefinição da transdisciplinaridade. zem um novo conceito de reforma intitulada de
Para Almeida Filho24, não são os campos disci- reforma substitutiva, que caracterizam por ser todo
plinares que interagem entre si, sendo construídos tipo de ação que visa a apresentar novas formas de
na prática científica cotidiana através dos sujeitos que cuidado da pessoa no seu processo de vida, através
atuam como agentes institucionais representativos. da reorientação do modelo assistencial, com a in-
Uma das problemáticas daí decorrentes diz respeito clusão da família.
ao fato de que as relações transdisciplinares em prin- Tanaka e Lauridsen-Ribeiro32, com o objetivo
cípio tendem mais para o conflito do que para o de avaliar a atenção em saúde mental na atenção
diálogo. O enriquecimento disciplinar depende de básica de saúde, realizaram um estudo comparati-
aportes transdisciplinares que retornam através de vo entre os diagnósticos de problemas de saúde
conhecimento renovado e novas formas de inter- mental feitos pelos pediatras e os prováveis pro-
venção. Os profissionais que operam neste campo blemas de saúde mental identificados por meio da
deverão ser capazes de ultrapassar limites impostos aplicação de um questionário padronizado aos
pela doença, pelo estigma, pelas condições de vida pais. Os resultados encontrados apontam para a
adversas, para construir outros modos de operar, necessidade de mudanças na formação profissio-
mediante as situações específicas que se apresentam. nal do médico, otimizando sua capacidade de di-
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agnósticos precoces e encaminhamentos adequa- produzindo tecnologias diversas que propiciam um
dos, assim como a necessidade do aperfeiçoamen- melhor cuidado. Essa é uma preocupação que en-
to do processo de trabalho, no que tange ao aten- volve as pessoas e as relações. O cuidado requer
dimento em si, como na articulação entre as dife- envolvimento com o outro, está ligado à idéia de
rentes instâncias da rede. co-responsabilizar-se pelo outro, de envolver-se
Campos e Soares30, investigando a produção com o sofrimento do outro, de solidarizar-se com
de serviços de saúde mental, descrevem as concep- o outro. Então, pressupõe vincular-se a alguém e
ções de saúde mental de trabalhadores de diferen- isso requer disponibilidade para o outro, para o
tes serviços de saúde mental do município de São inusitado, para a relação25.
Paulo. No âmbito hospitalar, ambulatorial e da Campos20, contextualizando a co-produção do
unidade básica de saúde, a concepção de saúde- singular no processo saúde-doença, a partir dos
doença é multifatorial e centrada no indivíduo, conceitos de clínica e saúde coletiva compartilha-
enquanto no Centro de Atenção Psicossocial das dentro de uma perspectiva de reformulação
(CAPS), a concepção aproximou-se da teoria da ampliada do trabalho em saúde, defende o méto-
determinação social. Quanto ao processo de tra- do Paidéia: neste conceito, as mudanças são inevi-
balho, o objeto recortado foi predominantemente táveis, mesmo quando em resistência ao novo.
o indivíduo doente e o sintoma da doença. Os au- Neste sentido, o método Paidéia tem a finalidade
tores concluem que o desafio é avançar no enten- de aumentar o coeficiente de intencionalidade dos
dimento da concepção do processo saúde-doença sujeitos, de compreender e interferir na ampliação,
e na formulação de processos de trabalho pauta- na co-responsabilidade pela constituição de con-
dos no âmbito dos determinantes, através da com- textos singulares. A co-produção do singular de-
preensão de que a saúde mental também tem suas corre da interação entre fatores universais e parti-
raízes no âmbito da reprodução social e não so- culares, resultando em sínteses específicas. O sin-
mente nos resultados do processo saúde-doença. gular é o contexto situacional, produto do encon-
Consoli, Hirdes e Costa7 investigaram as ca- tro entre sujeitos em um dado contexto organiza-
racterísticas dos cuidados em saúde mental na re- cional, cultural, político e social. Diferentes fatores
gião do Alto Uruguai, levando em conta as diretri- (biológicos, psicológicos, socioeconômicos) exer-
zes do SUS e da reforma psiquiátrica. Os resulta- cem influência na constituição dos modos de vida
dos apontam a inserção marginal dos profissio- dos sujeitos e nos seus estados de saúde e de doen-
nais na questão da saúde mental, embora a totali- ça. A diferença está no grau com que cada fator
dade dos municípios disponham de Programas de atua em uma dada situação específica. O desafio
Saúde da Família, as consultas clínicas como base consiste em captar esta variabilidade e propor pro-
da intervenção em saúde mental, a utilização da jetos singulares adequados a cada situação.
ambulancioterapia como solução para os casos Lancetti28, ao relatar a experiência no Projeto
agudos e crônicos, a centralização dos atendimen- Qualis, de São Paulo, que introduziu a saúde men-
tos no modelo do dano, da doença. Concluem que tal no Programa Saúde da Família, reforça que no
a questão da municipalização da saúde mental na PSF não é possível passar os casos, apesar do en-
região norte do Rio Grande do Sul é ainda incipi- caminhamento de pessoas para tratamentos mais
ente e sua concretização depende fundamentalmente complexos, em razão de esses pacientes morarem
da vontade política dos gestores, da capacitação no mesmo bairro; assim, o vínculo e a continuida-
técnica dos profissionais e da real inserção das ações de exigem lidar com o sofrimento humano, pro-
de saúde mental no PSF. cesso para o qual a maioria dos técnicos ainda não
Machado e Mocinho31 realizaram um estudo está preparada, exigindo dos profissionais um tra-
com o objetivo de mostrar os limites e possibilida- balho psíquico e uma capacitação continuada.
des da atuação dos profissionais das equipes de As ações precisam estar onde as pessoas estão,
PFS, em um município de pequeno porte do Rio inverte-se o paradigma asilar, o sujeito não é a es-
Grande do Sul. Os resultados apontam que as pecificidade individual, mas o conjunto de víncu-
ações em saúde mental concentram-se em uma clí- los, de relações compartilhadas. A acessibilidade
nica tradicional hospitalocêntrica e medicalizada, geográfica traduz-se pela facilidade de ser atendido,
em razão de os sujeitos do estudo operarem com a a acessibilidade política traduz-se pela capacidade
lógica da exclusão e com conceitos psiquiátricos de planejar e decidir de modo participativo. A par-
reducionistas e organicistas. ceria PSF e saúde mental não quer dizer treinamen-
Tanto a Saúde Mental como a Estratégia de to das equipes de saúde da família em procedimen-
Saúde da Família têm apresentado novas modali- tos simplificados de psiquiatria. Requer, sobretu-
dades de cuidado do processo de adoecimento, do, uma construção recíproca e responsável de uma
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Hirdes A

teoria, de uma prática e de uma ética, mediante o mental para um contexto comunitário, a vontade
estabelecimento de um acordo político. Saúde men- política para a implantação de estruturas substi-
tal e PSF implicam transformações profundas nas tutivas à internação será crucial e, concretamente,
práticas do Estado, em todos os seus níveis27. irá redimensionar novos espaços para o sofrimen-
to psíquico, a partir da produção de uma nova
cultura de saúde/doença mental e das relações es-
Considerações finais tabelecidas neste campo. Entretanto, estas ações
devem transpor a centralização das ações no mo-
Muitos avanços ocorreram com as experiências de delo biomédico, na doença, através de uma abor-
desinstitucionalização. Entretanto, pensamos que, dagem que articule tratamento, reabilitação psi-
a despeito de muitos serviços que trabalham sob a cossocial, clínica ampliada e projetos terapêuticos
égide da reforma psiquiátrica em nosso país, há a individualizados.
necessidade de constantemente redimensionarmos Cabe destacar a necessidade de investimento na
o olhar para as práticas em curso, para que aos instrumentalização dos profissionais para alavan-
novos serviços correspondam as balizas propos- car a inclusão do cuidado à saúde mental no Siste-
tas, no nosso caso, o referencial da reforma psi- ma Único de Saúde, com vistas à reversão do mode-
quiátrica italiana. Há que lembrar, também, que lo assistencial. A inserção das ações de saúde men-
os dispositivos como os Centros de Atenção Psi- tal no PSF perpassa fundamentalmente a capacita-
cossocial (CAPS) deverão se constituir como luga- ção e apropriação de conceitos de clínica ampliada
res de passagem; do contrário, sem esta revisão e dos profissionais para a mudança do paradigma.
crítica, a tendência dos novos serviços que traba- A reforma psiquiátrica brasileira, através da cri-
lham no contexto da reforma psiquiátrica poderá ação dos novos dispositivos em saúde mental, as-
encaminhar-se para a institucionalização. Para que sim como através da inserção das ações de saúde
isto não ocorra, torna-se crucial a instrumentali- mental na saúde pública, possibilita novas aborda-
zação dos trabalhadores de saúde e de saúde men- gens, novos princípios, valores e olhares às pessoas
tal, a sensibilização dos gestores de saúde e a per- em situação de sofrimento psíquico, impulsionan-
manente preocupação com a qualidade dos servi- do formas mais adequadas de cuidado à loucura
ços oferecidos. no seu âmbito familiar, social e cultural. Os proje-
A inserção das ações de saúde mental no PSF tos de reforma não são homogêneos, as práticas
constitui-se em estratégia adotada pelo Ministério são executadas conforme a concepção teórica dos
da Saúde. A ênfase das ações de saúde mental no trabalhadores de saúde mental. Concluímos, enfa-
território constitui-se na própria essência da de- tizando que existem princípios orientadores gerais,
sinstitucionalização da psiquiatria. Para que efeti- mas que, em última análise, estão subordinados
vamente haja o deslocamento das ações de saúde aos settings específicos onde ocorrem as práticas.
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Ciência & Saúde Coletiva, 14(1):297-305, 2009


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