Você está na página 1de 25
Marxismo, ciéncias humanas e pesquisa em educacio no Brasil: dos primeiros tempos ao século XXI Avanitto FERREIRA JR. Introdugio Este capitulo tem como objeto de estudo a influéncia epistemoldgica que o marxismo exerceu no ambito da pesquisa em educacao depois da criagdo, em 1965, do atual sistema nacional de Pés-Graduagio. A andli- se em questéo tem como fio condutor o seguinte entendimento: 0 nexo dialético manifesto entre epistesmologia ¢ historia, ou seja, a produgio do conhecimento sempre est4 sujeita As contingéncias econdmicas, politicas, Sociais e culturais da sua época. No caso especifico do campo educacional, a existéncia dessa relacdo é insofismavel. Pois, os fendmenos educacionais So, em todos os tempos, oriundos das complexas e contraditérias relagdes Sociais que os homens estabelecem entre sie a natureza no processo de Producao tanto da vida material quanto espiritual. Portanto, as proble- miticas de estudo estio sempre vinculadas aos contextos historicamente dados, Por conseguinte, a teoria do conhecimento nada mais é do que lade histérica ha qual os fendmenos educacionais sio forjados, Em outras palavras, os uma expressio, no plano da racionalidade légica, dessa tea fendmenos engendrados pela sociedade dos homens so sempre portadores das manifestagoes nio s6 dos elementos abjetivos oriundos do reino das necessidades materiais, mas, também, concebidls pela subjetividade desses Mesmos homens. Digitalizado com CamScanner oN cio no Brasil: balangos e perspectivas Pesquisa em Fda Assim sendo, seguimos a seguinte logica para abordarmos a influéncia epistemoldgica do marxismo no Ambito da pesquisa em educagi marxis- ntes do advento da Pés-Graduagao; 0 marxismo ¢ mo cas ciéncias humanas no contexto da Pés-Graduagao; ¢ 0 método marxista a pesquisa em educa de investigagao ¢ a pesquisa em educagio no inicio do século XI. O primei- ro item aborda a trajetéria do marxismo no plano das ideias politicas, cultu- rais ¢ académicas brasileiras a partir da Revolugao Russa de 1917, quando os bolcheviques tomaram o poder no Império dos tzares e internacionalizaram ainda mais as obras marxianas, até a constituigo do famoso “grupo de es- tudo d’O capital” organizado por académicos da Universidade de Séo Paulo (USP) no final da década de 1950. Aqui, 0 objetivo foi demonstrar como 0 referencial marxista de investigac4o perscrutou, num primeiro momento, a formacio societéria brasileira por meio de intérpretes que cram militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB) ¢ foi, pouco a pouco, transferindo-se para o mundo académico: inicialmente no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Ise) e, logo depois, na USP. Desse modo, 0 marxismo deixou de ser puramente uma teoria social da esquerda comunista passou a ganhar 0 status de teoria do conhecimento que animava de forma preponderante a nascente pesquisa académica no ambito das ciéncias humanas. Ja no segundo item do capitulo, o propésito é explicar a influéncia que © referencial tedrico-metodoldgico marxista exerceu no contexto das pesquisas em educagéo depois que a Pés-Graduagao se institucionalizou nas universidades brasileiras ¢ cujo locus académico emblemitico foi, na primeira metade dos anos 1970, a Pontificia Universidade Catélica de Sio Paulo (PUC-SP). O texto realga ainda que, durante a manutengao da sua hegemonia, no periodo da ditadura militar, 0 referencial tedrico-meto- dolégico de investigagio marxista se expressou, fundamentalmente, pot meio de duas vertentes: 0 marxismo estruturalista ¢ 0 marxismo dialético. Quanto ao Giltimo item, a preocupagao esta centrada na exposigio dos principais fundamentos empregados pelo método marxista de pesquisa quando aplicado & investigagao dos fendmenos educacionais. Em sintese, © objetivo, aqui, é reafirmar a importincia que o marxismo tem para a produgio critica do conhecimento educacional e, ao mesmo tempo como uma concepgio epistemoldgica que se coloca em contraponto, 9° n8 1 Digitalizado com CamScanner “Marxismo, ciéncias humana e pesquisa em edueagio no Brasil Aambito das cigncias humanas, aos referenciais pés-modernos de produsio dos denominados “saberes educacionais”, Bis, portanto, 0 contetido que configura o capitulo do presente liv. O marxismo e as ciéncias humanas antes do advento da Pés-Graduagao Apesar dos idedrios socialistas remontarem & segunda metade do século XIX, foi a Revolugio Russa de 1917 que significou um ponto de inflexio na historia das ideias marxistas no Brasil.? Os ecos dos feitos revolucionatios bolcheviques logo reverberam no seio do nascente movi- mento operitio brasileiro de extracéo anarco-sindicalista. Bloqueadas no Ambito das elitistas Faculdades de Direito (Recife e Sao Paulo) e de Medi- cina (Rio de Janeiro e Salvador), as obras de Karl Marx, Friedrich Engels eV. I. Lénin foram divulgadas, em francés e espanhol, pelos milicantes anarco-sindicalistas que fundaram, em 1922, 0 PCB. A importincia do PCB no processo de divulgacao das obras marxistas no Brasil, ainda na primeira metade do século XX, pode ser aferida por meio de um pequeno artigo que Astrojildo Pereira, 0 mais importante intelectual fundador do PCB, publicou em 1957.’ Nele, 0 primeiro ensaista a interpretar a obra de Machado de Assis em uma perspectiva sociolégica* escreveu que em 1927 foi ao encontro de Luiz Carlos Prestes, que se encontrava exilado na Bolivia, com o intuito de “buscar uma aproximagio efetiva” com os membros da Coluna Prestes (1925-1926). O dirigente comunista relata que a sua mala de viagem estava repleta de livros, pois “tudo quanto Pudemos conseguir, na ocasiio, de literatura marxista existente no Rio ~ Marx, Engels, Lénin, etc., uma boa dizia de volumes, quase todos em francés das ediges de L’Humanité” A difusio das obras de Marx, empreendida pelo PCB logo produziu os seus efeitos no restrito segmento Politico ¢ cultural brasileiro de influéncia socialista, Em seguida, Caio Pra- ngels ¢ Lénin, em linguas neolatinas, do Jr. militante da segunda geragio de comunistas, publicou o livro Evolu- to politica do Brasil (1933). Essa obra tem o carater seminal no ambito dos n9 Digitalizado com CamScanner Pesquisa em Educagio no Brasil: balangos e perspectivas estudos sobre a nossa realidade socioecondmica, pois foi a primeira grande tentativa de explicar 0 processo de formagio societéria brasileira com base nos fundamentos da teoria social desenvolvida por Marx e Engels. Pode- mos situé-la, portanto, como o marco inaugural da interpretagio marxista da Histéria do Brasil.’ Apesar de ser classificada na categoria de ensaio, a obra de Caio Prado Jr. teve 0 mérito de superar a fase de generalidade que caracterizou a transposigdo do pensamento marxista em nosso pais. Dito de ‘outra forma: faltava, até entao, a assimilagao do marxismo de forma critica A realidade concreta da sociedade brasileira, ou seja, a mediagao dialética entre a universalidade € as particularidades histéricas nacionais, mesmo que ainda na forma de uma grande interpretagio ensaistica. Nos anos que se seguiram, a interpretagao que o PCB fazia do marxis- mo produziu uma pléiade de historiadores de origem nao académica. Entre eles, destacaram-se Nelson Werneck Sodré ¢ Alberto Passos Guimaries. O primeiro produziu uma vasta obra sobre 0 processo de formagio da sociedade brasileira abarcando quase todas as dimensées da sua totalidade histérica? J4 0 segundo focou a sua produgio nas questées agririas colo- niais e as suas remanescentes influéncias sobre o Brasil do século XX. O que ha de comum entre as obras de Nelson Werneck ¢ de Alberto Passos Guimaraes, quanto ao processo de formagao histérica da sociedade brasi- leira, é a interpretagio baseada no entendimento de que o periodo colonial foi marcado pelas relagées juridicas de cardter feudal. Ao contrario de Caio Prado Jr., que sempre defendeu a tese de que a formagio societaria brasilei: ra nascera sob a égide das relagdes capitalistas mercantis de produgio. Pois, para ele, “o proceso da colonizagio brasileira de que resultariam 0 nosso pais ¢ suas instituigdes econdmicas, sociais ¢ politicas, tem sua origem nessa mesma civilizacéo ¢ cultura ocidentais que seriam o berco do capitalismo € do imperialismo”? Assim, podemos considerar que o marxismo divulgado pelo PCB nao engendrou apenas uma forma de interpretagio histérica da realidade brasileira, mas varias, E todas elas serviram de base para as ulte- riores pesquisas que foram produzidas, depois de 1965, pela academia no Ambito das ciéncias humanas, Entre os historiadores influenciados pelo marxismo do PCB, a exce- ¢40 foi Edgard Carone, que mitigou a formagao académica adquirida na no — | Digitalizado com CamScanner Marsismo, eincias humanase pesquisa em educagso no Beal. UST gradouse em 1948 ¢ se doutorou em 1970, com a militincia politica de esquenda, Em 1985, quando se tornou professor livre-docente da USP, jitinha produzido mais de 30 livros sobre o perfodo republicano brasileiro eas movimentos operitios ¢ socialistas que se manifestaram durante as primeiras décadas do século XX. Contudo, a partir da segunda metade da década de 1950, com a criagio do IseB, 0 marxismo deixou de ser apenas uma tcoria social utilizada pelos movimentos operirio ¢ socialista ¢ passou também a influenciar diretamente a produgio de conhecimento gerado nos aparelhos institucionais de cardter académico. Nascido sob a &ide da ideologia desenvolvimentista, o IseB era composto de um grupo de intelectuais que interpretava a chamada “realidade brasileira” de forma antinémica, pois era perpassado pelas duas tendéncias politicas que pola- rizavam © espectro ideoldgico brasileiro de entio. Os nacionalistas," por um lado, formavam a tendéncia majoritéria e propugnavam, a um s6 tem- po, tanto pela superacio da heranga agréria colonial quanto pela ruptura com o imperialismo norte-americano como via para o desenvolvimento independente da nagio. Do outro, o grupo que defendia a irrestrita asso- ciagio da economia nacional ao sistema capitalista mundial, ou seja, que defendia a modernizagio do capitalismo brasileiro baseada em uma alian- 2 orginica com os interesses internacionais dos EUA."* Destacaram-se, em ambas as tendéncias, os seguintes nomes: Alberto Guerreiro Ramos (Sociologia), Alvaro Vieira Pinto (Filosofia), Hélio Jaguaribe (Ciéncia Po- litica), Nelson Werneck Sodré (Hist6ria), Roberto Campos (Economia) € Anisio Teixeira (Educagio).” A produgio intelectual isebiana fundamentada na interpretagio mar- xista ficou, como nao poderia deixar de ser, “contaminada’ pelo vies da concepao nacional-desenvolvimentista nas suas andlises sobre 0 processo histérico de formagao da sociedade brasileira e, por conseguinte, da propria Conjuntura sociopolitica que antecedeu o golpe de Estado de 1964. Nes- te sentido, podemos tomar as monogeafias da “Historia Nova do Brasil” (1963), cuja organizagao foi capitaneada por Nelson Werneck Sodeé,"* como @ obra emblematica da interpretagio marxista produzida pelo Isen, Em 1993, Joel Rufino dos Santos, um dos coautores, referindo-se & concepgio marxista da histéria que embasou a Histéria Nova do Brasil considerava que: | | ma Digitalizado com CamScanner m isa em Educagho no Bras halangose perspetivas ‘Thin a anos depois tento identificar as determinagées histéricas da Histdéria Nova. A mais ébvia é a conjun- tura do governo Goulart. Chegava ao climax a pressio pelas Reformas de Base ~ a Histéria Nova era a refor- ma de base no campo do ensino da Histéria. A palavra de ordem antifeudal ¢ anti-imperialista se alastrava por todos os setores de atividades. Na crista daquele nacio- nalismo — reforma para dentro pela superacéo dos res- tos feudais, reforma para fora pela independéncia face A finanga internacional — é que veio a Histéria Nova." Mas, 0 marxismo isebiano, ideologicamente comprometido com 0 nacional-desenvolvimentismo de carter “antifeudal ¢ anti-imperialista’, ja enfrentava oposicio ideolégica no ambito do nascente mundo académico brasileiro de entéo. Em 1958, um conjunto de jovens professores e alunos da Universidade de So Paulo (USP) organizou o famoso “grupo de estudo 40 capital’, Foi assim que 0 marxismo aportou, de forma sistematica, na Universidade que se iniciava no processo de realizagio da indissociabilida- de entre 0 ensino de graduagio ¢ a pesquisa académica no sentido stricto sensu. A criagio desse grupo de estudo sobre O capital de Marx foi descrita da seguinte forma: Naquela época, predominava na esquerda as analises do Partido Comunista Brasileiro (PCB), elaboradas com base num marxismo vulgar e nas ideias naciona- listas fermentadas no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Ist), Na verdade, o Isep, era formado por um grupo de intelectuais de distintas dreas, tinha uma influéncia ideoldgica muito grande nessa época € fornecia o substrato tedrico do desenvolvimentis- mo de Juscelino Kubitschek. Foi justamente para se contrapor As teses do PCB e do Iszn que o grupo de O Capital se debtugou sobre Marx, Keynes, Schum- Digitalizado com CamScanner Marxismo, céncias humanase pesquisa em educaséo no Bra. peter, Weber, Durkheim, Hilferding, Rosa Luxem- burgo ¢ outros luminares das ciéncias humanas.” Portanto, durante todo 0 perfodo do pré-1964, 0 grupo de jovens professores da USP estudou a obra de Marx porque no concordava com as leituras efetivadas tanto pelo PCB quanto pelo Ise sobre a chamada “tea- ide brasileira’. Mas nao s6. Partindo do pressuposto de que no Ambito das ciéncias humanas prevalecia o cardter multidisciplinar, 0 grupo nao se debrugou apenas sobre a obra marxiana propriamente dita, outros pen- sadores seminais dos séculos XIX e XX também foram sistemat mente visitados, tal como confirma o excerto acima. Assim, o “grupo de estudo 0 capital” buscava, durante o periodo de 1958 a 1965, romper com a in- rerpretaco gerada pela ideologia nacional-desenvolvimentista e, a0 mesmo tempo, medrar novos padrées cientificos de perscrutagao sobre o proceso histérico brasileiro que combinava, desde 1930, modernizacéo industrial acelerada ¢ preservacao de elementos socioecondmicos agrérios. Florestan Fernandes, que tinha sido professor da maioria dos integrantes do “grupo de estudo d’O capital’, relata que na Faculdade de Filosofia, Ciéncias ¢ Le- tras da USP prevalecia, naquela fase da pesquisa cientifica,” um ambiente marcado por um espirito académico que pretendia: Alcangar, com a rapidez possivel, um maximo de au- tonomia na produgio das diversas formas de saber, consagrando-se, a0 mesmo tempo, certos critérios universais de eficiéncia e de originalidade dos conhe- cimentos obtidos. Uma evolugao desse tipo requeria, naturalmente, que a sociedade brasileira pudesse reproduzir, institucionalmente, certas condigdes mi- nimas para a produgio e a aplicagio daquelas formas de saber.” Portanto, para Florestan, a questio da produgio cientifica sobre 0 processo de transigéo histérica do “agrarismo” para o “industrialismo” brasileiro se constitufa também em uma questio politica, Isso porque era 133 Digitalizado com CamScanner ta YY Pesquisa em Educagto no Brasil: balangose perspectivas necessrio a difuséo institucional da “produgao e aplicagéo” das novas “for. mas de saber” que explicassem a chamada “realidade brasileira” por meio de outro padrio de trabalho cientifico que objetivava revelar as suas contra- digoes socioecondmicas ¢ nio que as mascarassem no conceito genérico de “nagio”, tal como era efetivado pela produgio isebiana. Mas, as pesquisas, no ambito das ciéncias sociais, realizadas pelo grupo de professores mar- xistas da USP foram interrompidas pelo regime militar que se impés pelo golpe de Estado de 1964. Assim, depois que a ditadura militar (1964-1985) decretou o Ato Institucional n° s (Al-s),** em dezembro de 1968, varios dos professores que haviam participado do “grupo de estudo d’O capital” foram aposentados compulsoriamente. O ato de arbitrariedade perpetrado pela ditadura militar contra a USP produziu uma didspora entre os intelectuais que institucionalizaram estudos clissicos sobre a realidade brasileira basea- dos na teoria social desenvolvida por Marx ¢ Engels durante o século XIX. O marxismo e a pesquisa em educagao no contexto da Pés-Graduacao Apés 1965, a institucionalizagao da pesquisa cientifica, no ambito académico, ganhou um novo impulso enquanto politica de Estado. Por- tanto, mesmo tendo sufocado o radicalismo intelectual, notadamente de esquerda, as reformas educacionais implementadas pela ditadura militar . Para introduziram elementos de modernizagéo na universidade brasil a tecnocracia governamental, a Pés-Graduagio teria como objetivo a for- magio do “capital humano” para dois sctores considerados importantes pelos governos militares: as empresas estatais diretamente envolvidas com a modernizagio das relagées capitalistas de produgio ¢ as instituigdes univer- sitdrias por meio da qualificagio dos seus professores, ou seja, a consolida- a0 de uma comunidade de professores-pesquisadores, produtores de novos conhecimentos cientificos e, ao mesmo tempo, formadores de quadros di- rigentes qualificados para o capitalismo de Estado, que executava, de forma acelerada, a tiltima fase da “politica de substitui¢ao de importagées”.* A legislagao educacional adotada pelo regime militar instituiu um modelo de 4 Digitalizado com CamScanner Maraismo, cincias humanase pesquisa em educagSo no Brasil. Pés-Graduagéo que se assemelhava ao norte-americano, isto é, estabelecia programas regulares de ensino e pesquisa para a obtengio dos graus de mestrado ¢ doutorado. A combinagio do Parecer 977/65 com os relatérios Atcon (1966) ¢ Meira Mattos (1967)* forneceram os subsidios da politica de Pés-Graduagao contidos na Lei 5.540/68, que reformou as estruturas da universidade brasileira. A partir de entio, a Pés-Graduagio, mestrado ¢ doutorado, passou a ser 0 locus académico sistemdtico de realizagio da pesquisa cientifica no Brasil. Especificamente em relacéo ao campo educacional, assistiu-se a um processo de expansio dos programas de Pés-Graduacio em Educagéo de- pois da reforma universitéria de 1968, de tal forma que, de 1971 a 1975 foram criados 16 cursos de mestrado ¢, em 1976, teve inicio o primeiro de doutoramento. Nesses programas, a produgio de estudos e pesquisas edu- cacionais aumentou “em escala ¢ abrangéncia, concentrando-se, em grande parte, nas dissertagées ¢ teses de doutorado defendidas nos diversos cursos, € nos trabalhos de pesquisa de seus professores”.”” Foi neste contexto, da primeira expansio dos cursos de Pés-Graduagio no ambito da educasio, que os fundamentos teéricos e metodoldgicos derivados do referencial mar- xista de pesquisa passaram a ser empregados de forma sistematica na inves- tigagdo dos fendmenos educacionais brasileiros, notadamente naqueles en- gendrados pelas politicas educacionais adotadas durante a ditadura militar. © Programa de Pés-Graduacio em Filosofia da Educagéo da PUC-SP, a partir de 1976, pode ser considerado o /ocus institucional de pesquisa que representara um ponto de inflexio na hegemonia epistemolégica que o mar- xismo alcangou na produgio do conhecimento no Ambito da educagio ainda em pleno contexto da ditadura militar, Sobre a sua importancia para 0 campo da pesquisa em educagio no Brasil, Bernardete Gatti assim se referiu: (...) a linha de trabalho que deu identidade a esse programa de pés-graduagio foi sendo construida como um processo de amadurecimento intelectual coletivo, constituindo-se uma base reflexiva sob a ins- piracio teérico-metodolégica da dialética marxista, Bs Digitalizado com CamScanner Pesquisa em Educacio no Brasil: balangos ¢ perspectivas especialmente no enfoque desenvolvido nas obras de Gramsci.* A partir da experiéncia desenvolvida pelo Programa de Pés-Gradua- gio em Filosofia da Educagéo da PUC-SP, sob a lideranga académica de Dermeval Saviani, a fundamentagio tedrico-metodolégica derivada da cpistemologia marxista passou a ser uma referéncia orginica no processo de produgio do conhecimento no campo da educagio brasileira, principal- iar. Além disso, hé de se destacar mente durante o perfodo da ditadura m também que, a0 mesmo tempo em que 0 marxismo ganhava relevincia no Programa de Filosofia da Educagio da PUC-SP, ocorria a derrota da luta armada empreendida por organizagées de esquerda contra a ditadura militar, 0 que refletia o recrudescimento da repressio policial-militar sobre a sociedade civil.” Nesse mesmo contexto, um dos poucos espagos possi- veis para a veiculacao do marxismo no Brasil passou a ser a propria esfera académica, para onde, inclusive, muitos intelectuais de oposigéo haviam advindos daquela luta, passaram -Graduagio, migrado. Esses quadros, alguns dos qu: a atuar como professores ¢ orientadores dos programas de Pé particularmente na area da educagio. Aqui temos, tal como ocortia até o inicio da década de 1950, 0 ponto de intersecgo entre a militancia politica marxista e a produgio do conhe- cimento, mas desta vez no campo educacional. Vale ressaltar que a presenga desses intelectuais de esquerda na universidade revelava um aspecto an némico do processo politico-educacional da época, pois ao mesmo tempo em que a ditadura pretendia manter o total controle sobre o sistema edu- cacional, nao conseguia impedir que no seu interior se desenvolvesse 0 jul- gamento mais radical contra a ditadura e 0 capitalismo: a critica marxista. Sobre a influéncia epistemolégica que o marxismo exerceu no campo da pesquisa educacional brasileira, durante as décadas de 1970 € 1980, pode- mos caracteriz4-la, grasso mado, por meio da manifestagao de duas tendén- cias distintas e complementares, Elas so as seguintes: ¥) O marxismo estruturalista." Tal abordagem coincide com 0 pe- iodo mais repressivo do regime militar ¢ tem como referéncia tedrica os textos de Louis Althusser ou as derivagées da /eitura por ele realizada das 26 ud Digitalizado com CamScanner Marrismo cldnetas humanas e pe em educagio no Brasil. obras marxianas. A principal caracterfstica dessa tendéncia foi a tentativa de suprimir a influéncia que a dialética hegeliana exerceu no processo de formacio do pensamento marxista. Para o estruturalismo althusseriano, 0 marxismo reduzia-se a uma epistemologia cientifica de interpretacio da realidade concreta do mundo, ou seja, era desprovido de qualquer tipo de ideologia.® Por via de regra, tal corrente se manifestou, paradoxalmente, quase sempre por meio de uma “ideologia estruturalista” ¢ nao mediante a aplicagio do método estrutural nos trabalhos de Pés-Graduagao que foram defendidos, principalmente, durante a década de 1970. Nesses primeiros trabalhos, percebe-se uma recusa em investigar a realidade empirica do mundo educacional brasileiro da época, uma vez que a instituigao esco- lar era concebida, pura ¢ simplesmente, como um aparelho reprodutor da ideologia gerada nas entranhas da ditadura militar.» Esses trabalhos de Pés-Graduagio, em geral, preocupavam-se mais em estabelecer 0 que seria o verdadeito método cientifico marxista com base em pesquisas bibliogré- ficas fundamentadas nas obras de Marx, Engels, Lénin, Althusser, Lukacs ¢ Gramsci, Produzia-se, assim, uma espécie de “escoléstica marxista” com longas citagées e, nao raro, com enquadramento da realidade & teoria de forma aprioristica. Outro aspecto relevante que merece nota diz respeito ao sistematico anincio do referencial teérico nas respectivas introdugées ou nos primeiros capitulos dos trabalhos e, paradoxalmente, a auséncia da sua aplicagio no corpo do trabalho, evidenciando, nesses casos, uma desarticulagéo entre a teoria anunciada e a abordagem tedrico-metodoldgica uti izada na investi- ga¢4o propriamente dita do objeto. Desse modo, observa-se uma excessiva preocupagio por parte dos autores em transcreverem longas citagdes sobre alguns conceitos da literatura marxista que se converteram em palavras de ordem desprovida de sentido histérico, tais como: “o capital monopolista", “o modo de produgdo capitalista”, ‘a ideologia burguesa”, “a infiaestrutura econsmica’, “a superestrutura juridica ¢ politica”, etc, Quanto & educagio escolarizada, quase nio mereceu a atengio desses pesquisadores jd que, pelo prisma althusseriano, ela servia exclusivamente para reproduzir e perpetuar © modo de produgio capitalista. 27 Digitalizado com CamScanner Pesquisa em Educagéo no Brasil: balangos e perspectivas A postura em questo, tal como j4 foi afirmado, justificava-se pela opeio tedrica ¢ pelo contexto histérico de entao. Pois, a ditadura mili- tar, que exercia uma idcologia tecnicista” ¢ coercitiva sobre a educacao, transformou a escola em aparelho ideoldgico de Estado com o objetivo de reproduzir a natureza autorititia do seu regime politico. Assim, a dentincia da ditadura ¢ das contradigées do modo capitalista de produgao nessas pesquisas sio aspectos mais importantes do que o estudo das condigées e lade educacional brasileira. das contradig6es da prépria real 24) O marxismo dialético.* Essa interpretacao corresponde ao pro- cesso da transi¢o da ditadura para o Estado de direito democratico ¢ se pautou principalmente pela aplicagéo do marxismo gramsciano na inves- tigagio do fendmeno educativo. As pesquisas deixaram de ser unicamente bibliogrdficas e passaram a interpretar as problematicas produzidas pela realidade concreta do mundo educacional brasileiro, j4 que para Gramsci a escola nao exerce apenas o papel de aparelho reprodutor dos interesses ideolégicos de Estado. Ela é considerada, sobretudo, uma institui¢o su- perestrutural permeada por contradigées sociais, econdmicas, politicas e culturais engendradas pelas relacées capitalistas de producio e, portanto, constituindo-se num espaco que possibilita a luta contra-hegeménica ob- jetivada na perspectiva histérica das classes subalternas. A epistemologia marxista, nessa vertente, foi empregada em larga medida concebendo 0 materialismo histérico e 0 materialismo dialético como dois momentos de um mesmo método € nio ao contririo, tal como fazia o estruturalismo althusseriano, Portanto, era utilizada tanto para se investigar 0 carter his- t6rico quanto ideolégico dos fendmenos reais da educagao brasileira. As fases acima sintetizadas possibilitam observar duas importantes caracteristicas: (A) a relativa correspondéncia entre 0 periodo histérico ¢ a aplicagéo das respectivas epistemologias marxistas, Enquanto 0 estru- turalismo althusseriano foi empregado no perfodo mais autoritério da ditadura militar, relacionado com a estabilidade econdmica gerada pelo modelo de modernizagio acelerada do capitalismo, o marxismo dialético, especialmente na versio gramsciana, foi mais aplicado para se compreen- der a iniciativa politica da sociedade civil contra a manutengio da ordem discriciondria imposta pelo regime politico que se estabeleceu apds 0 golpe 128 Digitalizado com CamScanner Marrismo,cincias humanase pesquisa em educasio no Brasil. de Estado de 1964; (B) a distingao nos padrées de produgio do conheci- mento educacional, O emprego da concepsao estruturalista gerou um tipo de trabalho de Pés-Graduagao centrada na tentativa de definir qual era o rerdadeivo método marxista de investigagéo - esses trabalhos, geralmente, exam tedticos, isto é, de pesquisa bibliografica. J4 com o marxismo dialéti- co, a pesquisa romou 0 sentido da realidade concreta gerada pelo mundo educacional brasileiro ¢ fiundamentou os estudos em fontes empiricas que contemplavam tanto 0 histérico quanto 0 ideolégico do objeto investiga- do. Em sintese, pode-se considerar, paradoxalmente, que a primeira forma assumiu um cardter mais ideolégico do que a segunda.” Em sintese, o marxismo aplicado & pesquisa educacional, seja pelo vies estruturalista ou dialético, foi uma fundamentagio tedrico-metodolégica que exerceu uma forte influéncia até a derrocada do chamado “socialismo real” (1989-1991). Depois, com o advento ¢ a ascensio preponderante dos referenciais ditos pés-modernos — que se caracterizam, essencialmente, pela perda da relacao dialética existente entre o geral (totalidade) e o particular (singularidade) na investigagao ¢ interpretagdo dos fendmenos sociais® -, 0 campo da pesquisa educacional ficou marcado por outro padrao de produ- 40 do conhecimento. O método marxista de investigagao e a pesquisa em educagio no inicio do século XXI A crise ideopolitica decorrente do fim do chamado “socialismo real” © por consequéncia, o declinio softide no campo das ciéncias humanas, a partir da dltima década do século passado, nao afetaram a esséncia da teoria social produzida por Marx ¢ Engels durante o século XIX: 0 método de in- Vvestigacao da realidade historicamente engendrada pela sociedade capitalista. Portanto, apesar de ter ficado reduzido a micleos residuais de pesquisadores, a utilizagao do referencial tedrico-metodoldgico marxista continuou pers- ctutando de forma aguda o mundo fenoménico gerado pela educagéo bra- sileira, Assim, a epistemologia marxista na segunda quadra do século XX1, marcada por uma grave crise no sistema capitalista mundial, assume um ng Digitalizado com CamScanner Pesquisa em Educagio no Brasil: balangose perspectivas papel fundamental no processo de produgao do conhecimento que explica ctiticamente as complexas ¢ contraditérias relagdes existentes entre sociedade ¢ educacéo. Os fundamentos tedrico-metodolégicos do referencial marxista de investigagéo, no émbito da pesquisa em educagio, podem ser sumariados da seguinte forma: (A) A hipétese que norteia 0 processo investigativo é sempre deri- vada das contradigées que se manifestam entre a aparéncia € a esséncia do fendmeno. Portanto, ela sé pode ser formulada mediante as sucessivas aproximagées, por meio de questionamentos que o sujeito da pesquisa pro- cessa em relaggo ao objeto de investigacao. Pois, a sua aparéncia ja traz em si alguns elementos da prépria esséncia, principalmente por causa do mo- vimento, interno ¢ externo, inerente a0 mundo fenoménico. Portanto, 0 “jogo de lusco-fusco” existente entre a esséncia e a aparéncia somente pode set dirimido mediante a construgao prévia de uma possivel explicagio sobre averdade constitutiva daquele determinado fendmeno que est sendo ob- jeto de investigagao, ou seja, por meio da construgio de uma hipétese que guie, com seguranga, 0 pesquisador a desvelar os “segredos ocultos” pela contradi¢ao existente entre a aparéncia ¢ a esséncia formativa do fenémeno. Assim, o resultado da investigagao seria 0 processo de exposigio légica - portanto, no ambito da abstracao — da esséncia constitutiva do objeto de pesquisa que estava “oculto” pela aparéncia. (B) A investigacio cientifica sempre se processa tomando por base 0 principio da relagao dialética existente entre o universal, o particular e 0 sin- gular que compéem a totalidade de uma formagio societaria historicamente dada, O universal ¢ sempre caracterizado pelas determinagoes (econdmicas, sociais, politicas e culturais) que se repetem no amago de cada um dos fend- menos particulares, Portanto, cada fendmeno particular traz em si mesmo a unidade ea luta dos contrdrios que se estabelecem entre a sintese de miiltiplas determinagées universais e as singularidades que se manifestam apenas no seu interior. essa lua dos contririos, inerente a cada um dos fendmenos, que produz o principio da ligagdo e desenvolvimento universal existente no mundo fenoménico, Assim, podemos dizer que o processo investigativo con- siste em separar, no ambito da abstragao Iégica, os elementos que formam a sintese das miiltiplas caracteristicas universais e singulares que explicam um 0 - Digitalizado com CamScanner quia em educagto no Bras, determinado fendmeno particular, Por conseguinte, o resultado da pesquisa sempre resulta em uma andlise que agambare duas dimensdes complementares: as determinagdes soclettrias que o diferen- 6 fendmeno particular em cia dos outros fendmenos toralidade na qua (C) Os fendmenos que se manifestam no “mundo dos homens” estéio ¢, 40 Mesmo tempo, oO conecta com o contexto da inserido, ¢s sempre em constante movimento, Esse movimento é terminado pelas com- plexas e contraditérias relagées que os homens sio obrigados a travarem entre si ¢ com a natureza no inces ante processo de produgio das suas condigées materiais ¢ espirituais de existéncia, Portanto, esses fendmenos engendrados pelas necessidades de sobrevivéncia dos préprios homens esto constitufdos tanto de materialidade como de subjetividade e, por conseguinte, estio submetidos a constantes mudangas. Assim, podemos afirmar que, no Ambito das ciéncias humanas, os objetos de pesquisa ficam “contaminados” ideologicamente antes mesmo de serem escolhidos pelos $ Pesquisadores, ou seja, el inoculam de valores subjetivos durante 0 proprio processo histérico em que sao engendrados. Portanto, o que deter mina a “cientificidade” da pesquisa na area de ciéncias humanas é 0 recorte do objeto de pesquisa com base nos dados empiricos que Ihe confere nexos concretos com a realidade societéria na qual se encontra situado. E mais, © sujeito da pesquisa néo pode definir de forma aprioristica o resultado da pesquisa em fungao da sua opgio ideolégica relativa A luta de classes produzida pela sociedade capitalista, ou seja, o pesquisador tem que desen- volver 0 processo investigativo computando a possibilidade de que ele pode chegar a resultados que contrariem as suas proprias convicgdes ideoldgicas. (D) A versio final do relatério da pesquisa nunca se efetiva pelo mes- mo caminho do proprio processo investigativo em si, mas, sim, pelos resul- o relatétio da tados finais alcangadlos pelo pesquisador, Dito de outra forma Pesquisa é simplesmente a sintese das muiiltiplas dererminagdes econdmicas, politicas ¢ culturais que explicam a consisténcia material e subjetiva relacionadas & universalidade e & singularidade que configuram o fendme- no particular investigado, Portanto, opera-se uma inversio entre o caminho percortido durante 0 processo investigativo ea propria exposi¢io dos resul- tados atingidos, ou seja, o relatério simplesmente a sintese final da pesquisa Br Digitalizado com CamScanner ‘Pesquisa em Educagio no Brasil: balangos e perspectivas realizada, Assim, 0 método de investigagao fica dissolvido na propria exposi io da andlise que explica a esséncia constitutiva do objeto investigado. Dai decorre a néo necessidade de se elaborar o denominado “p de apresentacio do método”.” iro capitulo Sao esses os fundamentos epistemolégicos marxistas, acima expostos, que continuamos considerando validos para o processo de investigacéo dos fendmenos engendrados pela realidade concreta da educacéo brasileira e, por conseguinte, para a explicagao critica das suas esséncias constitutivas. Conclusio Conforme ja foi apontado no corpo do texto, houve limites na apli- cacéo do marxismo no ambito das pesquisas realizadas durante as décadas de 1970 € 1980. Mas tais limites estavam relacionados, em grande parte, ao contexto politico da época e ao estégio em que se encontrava o proprio desenvolvimento da pesquisa educacional no Brasil. Entretanto, se a tlti- ma quadra do século XX, por um lado, consolidow a pesquisa educacional brasileira, por outro, em decorréncia da derrocada da URSS, 0 marxismo deixou de ser a grande referencia epistemolégica no campo educacional. Em seu lugar, assumiram proeminéncia os “novos paradigmas” gerados di- fusamente pela chamada “pés-modernidade”. De fato, o processo de reestruturagio produtiva das relagées capitalis- tas de producto e a ascensio ideoldgica do neoliberalismo foram os rasgos societérios que geraram 0 declinio da influéncia epistemoldgica marxista no campo da pesquisa em educagio. Mas a dialética da historia mostrou que a desregulagao global do capital financeiro, a chamada “riqueza in- visivel”, prestou-se apenas para aumentar ainda mais a concentragio da riqueza material e produzir mais uma ciclica crise econdmica que levou A bancarrota muitos dos paises centrais do sistema capitalista mundial, jé no primeiro decénio do século XI, Assim, a crise do capitalismo inter- nacional ¢ os fendmenos dai engendrados tém exigido o uso do marxismo como instrumental de andlise de valor universal, Uma vez. que 0 objeto de estudo de Marx ~ a sociedade burguesa ~ nao desapareceu e, portanto, 0 32 —— Digitalizado com CamScanner Marsismo, cigncias humanas e pesquisa em educagio no Brasil. seu método de investigagio continua vilido. Talvez isto explique a “redes- coberta” do marxismo como epistemologia, especialmente nesta primeira quadra do novo século, Percebemos, enfim, a tendéncia salutar de se buscar a leieura dos proprios textos marxianos como teoria explicativa dos novos fendmenos sociais e culturais engendrados pelas transformagées estruturais que as relagées capitalistas de produgio sofreram em escala mundial, ¢ es- pecialmente no campo educacional. Notas 1 Olses foi criado em 1955, durante o governo de Café Filho (1954-1955), e era vinculado a0 Ministério da Educagio ¢ Cultura. 2 Chacon (1965, p. 265 et seq). 3 Pereira (1979, p. 127 et seq.). 4 Ainterpretagio sociolégica que o fundador do PCB fez sobre a obra macha- diana encontra-se no artigo intitulado “Pensamento dialético ¢ materialista de Machado de Assis” (id., 1958, p. 302 et seq.). 5 Id. (1979, p. 128). 6 Ha de se considerar ainda o fato de que 0 quadro geral de escolaridade do povo brasileiro representava, durante as primeiras décadas do século XX, um grande obsticulo ao processo de desenvolvimento de movimentos culturais € literdtios, a nio ser em pequenos niicleos das elites agririas. O Brasil chegou a0 terceiro decénio do século XX com quase 65% da sua populagio analfabera (Ferneira Jr, 2010, p. 62). 7 Obra emblemitica da produgéo historiogrifica de Nelson Werneck Sodré ¢ Formagéo da Sociedade Brasileira, publicada em 1944. 8 Quatro séculos de latifiindio, a obra clissica de Alberto Passos Guimaries, teve 4 sua primeira edigéo publicada em 1963. 9 Prado Jr. (1987, p. 80). 10 Revolugées do Brasil contempontneo, que Edgard Carone publicou em 1965, Constitui-se, ainda hoje, numa das principais obras sobre a chamada “Reptiblica Velha” (1889-1930). 33 Digitalizado com CamScanner Pesquisa em Edacagio no Brasil: balangos e perspectivas 1A ideologia nacional-desenvolvimentista defendida pelos intelectuais ise. bianos propugnava que os setores estratégicos da economia brasileira, como 0 petrileo, ficassem sob o controle do capital estatal ou privado nacional, jé as dreas consideradas no estratégicas poderiam ser entregues para o capital estrangeiro (lannt, 1978, p. 68 et seq.). 12 Os intelectuais isebianos que defendiam a modernizagao do capitalismo brasi- leiro por meio da associagio com os interesses econdmicos norte-americanos eram denominados de “entreguistas”. Pois segundo os seus criticos, eles queriam alienar as riquezas nacionais ao imperialismo norte-americano (SopRE, 1977b, p. 131). 13. Id. (19778 p. 107). 14 A Histéria Nova do Brasil foi concebida na forma de seis fasciculos, destinada para o ensino médio, e teve duas edig6es: a primeira, em 1963, pela Campanha de Assisténcia ao Estudante (Cases-MEC) e, a segunda, pela Editora Brasiliense (196s). A obra, além da coordenagao de Nelson Werneck Sodré, foi produzida em coautoria pelos seguintes historiadores: Joel Rufino dos Santos, Mauricio Martins de Mello, Pedro de Alcantara Figueira, Pedro Celso Uchéa Cavalcanti Neto ¢ Rubens César Fernandes, todos oriundos do curso de Histéria da Facul- dade Nacional de Filosofia, Ciéncias e Letras da Universidade do Brasil (SANTOS, 1993, P- 15 et seq.). 15 Id. ibid., p. 16. 16 O “grupo de estudo d’O capital” era formado, entre outros, pelos seguintes nomes: José Arthur Giannotti, Fernando Henrique Cardoso, Ruth Cardoso, Paul Singer, Octavio Janni, Fernando Novaes, Roberto Schwarz, Francisco Weffort ¢ Joao Manuel Cardoso de Mello (Manteca & Reco, 1999, p. 39). Contudo, nem todos eram filiados ao referencial redrico marxista de se produzit conhecimento no ambito das ciéncias humanas, 17 Id. ibid., p. 39. 18 Sobre o papel intelectual desempenhado por Florestan Fernandes no pr 1964, Carlos Guilherme Mota (1977, p. 186) afirmou o seguinte: “O rastreamet” to de suas posigdes ser4 itil para se verificar o distanciamento relativo de posigoes nacionalistas como, por exemplo, as do grupo do Isen e, num plano maior, desenvolvimentistas, de Celso Furtado”, 19 As mais emblematicas obras interpretativas da sociedade brasileira resulta” tes da produgio do “grupo de estudo d’O capital” foram, entre outras, as que Digitalizado com CamScanner Marxismo,citnias humanas¢ pesquisa em educagio no Brasil. seguem: Mudangas sociais no Brasil (FERNANDES, 1960); A integragdo do negro na sociedade de classe (FERNANDES, 1965, V. I, 11); As metamorfoses do escravo (ANNI, 1962); Industrializagéo e desenvolvimento social no Brasil (IANNt, 1963); Estado e captaliomo (IANN1, 1965); ¢ Ragas e classes sociais no Brasil (IANNt, 1966). 20 Fernandes (1977, p. 235). a1 ‘Pela sua propria natureza autoritétia e amplitude juridica, 0 Al-s se transfor- mou na verdadeira Constituigio Federal do Brasil entre 13 de dezembro de 1968 € corde janciro de 1979, ou seja, nao era possivel falar de Constituigao com a vigéncia do Al-s. Assim, durante dez anos, a sociedade brasileira foi sufocada pelo mais puro arbitrio imposto pela ditadura militar” (FerReiRa Jr. & BrTTAR, 2006, p.17). 22 Entre as mais de duas dezenas de professores da USP que foram cassados, tirados do cargo, proibidos de exercer a funcéo de docente ¢ aposentados com- pulsoriamente pelo Al-5, encontravam-se os seguintes nomes que participaram, direta ou indiretamente, do chamado “grupo de estudo d’O Capital”: Bento Prado Almeida Ferraz Jr., Fernando Henrique Cardoso, José Arthur Gianotti, Octavio Ianni, Paula Beiguelman, Paul Israel Singer, Florestan Fernandes, Emilia Viotti da Costa (Associagao pe DocenTes DA UNIVERSIDADE DE Sio PAULO, 1978, p. 33 et seq,). 24 A institucionalizacao formal da Pés-Graduagio se efetivou por meio do Pa- recer 977 do Conselho Federal de Educagéo, de autoria do conselheiro Newton Sucupira e aprovado em dezembro de 1965. 24 Em relagio ao papel desempenhado pela tecnocracia estatal, durante a dita- dura militar, no campo educacional, conferir: Ferreira Jr. & Bittar (2008, p. 334 er seq), 25 A respeito da “politica de substituigio das importagées”, digno de nota é Tavares (1977, p. 29-124). 26 Sobre a politica de estruturagéo da Pés-Graduagio no Brasil contida no Re- Latério Meira Mattos, consultar; Mattos (1969, p. 223 et Seq,)- 27 Campos & Favero (1994, p. 6). 28 Gatti (1994, p. 81). 29 Sobre a influéncia do marxismo no Programa de Pés-Graduagio em Filosofia da Educagéo da PUC-SP, Dermeval Saviani afirmou o seguinte: “progressiva- mente fui introduzindo também algumas precisées no interior das concepgdes de Filosofia da Educagio distinguindo, por exemplo, na concepgio humanista Digitalizado com CamScanner Pesquisa em Edueagio no Brasil: balangoseperspectivas tradicional a vertente leiga e a religiosa, distinguindo na concep¢io humanista moderna a pedagogia nova ¢ as pedagogias nao diretivas, e assim por diante, E também, A medida que a experiéncia do curso foi se desenvolvendo, o esquema das principais concepgées acabou se configurando com cinco grandes tendéncias no lugar das quatro anteriores. Introduzi a concep¢ao critico-reprodutivista por- que pareceu importante que ela nao fosse confundida com a perspectiva dialética propriamente dita. Dados também os diferentes entendimentos que conduziam a certas ambiguidades em relacio A expressio ‘concepgio dialética’ passei, a partir do 2° semestre de 1984, a dar preferéncia & denominagio ‘histérico-critica” (Sa- viant apud Gat, 1994, p. 80-81). 30 Alves (1985, p. 160 et seq,). 31 Para uma ampla compreensio do marxismo estruturalista, conferir: Ballet et al. (1968, p. 289). 32. A respeito do significado negativo da dialética hegeliana no pensamento de Marx, verificar: Althusser (1967, p. 140 et seq. 1979a, p. 110 et seq.; 1980, v. II, p- 65 et seq.). 33, Em relacéo ao conceito de “aparelho ideolégico de Estado”, cotejar: Althus- ser (1989, p. 66 et seq.). 34. A respeito da ideologia tecnicista que plasmou a educagio brasileira durante a ditadura militar, conferir: Ferreira Jr. & Bittar (2008, p. 341 et seq.). 35 Trés textos criticos em relagéo ao marxismo althusseriano, produzidos no Brasil, so dignos de nota: Cardoso (1978, p. 39-84); Prado Jr. (1971, p. 71-108); Coutinho (1972, p. 224). 36 Sobre a importincia da dialética hegeliana no pensamento de Marx, consul- tar: Marx (1977, p. 276-278); Engels (1985, p. 549-556); Gramsci (1999, v. L, p. 275 et seq,). 37 As definigdes de “marxismo estruturalista” e “marxismo dialético” encontra das no corpo do texto sio transcrigdes com pequenas adaptagdes de Ferreira Jt. & Bittar (2005, p. 68-70), 38 Sobre as divergéncias existentes entre a epistemologia marxista e as concep- ges pds-modernas no processo de produgio do conhecimento educacional, consultar: Bittar & Ferreira Jr, (2009, p. 492 et seq,). 39 Todas as referencias aos principios, leis e categorias concernentes ao método marxista de investigagéo utilizadas nesta parte do texto encontram-se em: Engels 136 4 Digitalizado com CamScanner ca Marxism, céncias humanas e pesquisa emt educasgo no Brasil. (1979, p- 81 et seq.), Marx (19718 p. 228 et seq.s 1971b, p. 273 2004, p. 15 et seq.) eMarx & Engels (1980, p. 29 et seq. 1982, p. 107 et seq.). Referéncias bibliograficas AurHusseR, L. Andlise critica da teoria marxista. ‘Tradugao de Dirceu Lin- doso, Rio de Janeiro: Zahar, 1967. p. 140 et seq. . Sobre a relagio de Marx com Hegel. In: D’Honpr, J.; Derripa, Js AurHussER, L. et al. Hegel e 0 pensamento moderno. Porto: Rés Editora, 19792. p. 110 et seq. . A favor de Marx: Pour Marx. 2. ed. Tradugio de Dirceu Lindoso. Rio de Janeiro: Zahar, 1979b. 220 p. . O marxismo nao é um historicismo. In: AurHussER, L. et al. Ler O Capital. Tradugéo de Nathanael C. C. Rio de Janeiro: Zahar, 1980. v. 2, p. 65 et seq. . Aparelhos ideolégicos de Estado: notas sobre os Aparelhos Ideol6- gicos de Estado. Tradugao de Walter José Evangelista et al. 4. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1989. p. 66 et seq. Auves, M. H. M. Estado ¢ oposigio no Brasil (1964-1984). 3. ed. Tradugio de Clovis Marques. Petrépolis: Vozes, 1985. 337 P- Associacio pe Docenres pa UNiversIDADE DE Sio Pauto. Livro negro da USP: 0 controle ideoldgico na universidade, S40 Paulo: Aous®, 1978. Bauter, R. et al. Estruturalismo ¢ marxismo, Tradugio de Carlos Henrique de Escobar, Rio de Janeiro: Zahar, 1968. 289 p. Brrtar, M.; Ferreira Jr, A. Historia, epistemologia marxista ¢ pesquisa educacional brasileira. Educagdo & Sociedade, Campinas, V. 30, 1 107, p. 489- 511, maio-ago. 2009, 47 Digitalizado com CamScanner 3 Ieaquis cm Educost no Brest: balangonepeopectvas Campos, M. M.; B&vero, O. A pesquisa em educagao no Brasil. Cadernos de Pesquisa, Sio Paulo, n. 88, p. 5-17; fev. 1994. Carposo, M. L. A ideologia como problema tedrico. In: . Ideologia do desenvolvimento Brasil: JK-JQ. 2. ed. Rio de Janeito: Paz e Terra, 1978, P. 39-84. Carone, E. Revolugées do Brasil contemporéneo (1922-1938). 2. ed. Sao Paulo: Difel, 1975. Cuacon, V. Histéria das idéias socialistas no Brasil. Rio de Jancito: Civili zacio Brasileira, 1965. Courmnno, C. N. O estruturalismo e a miséria da razéo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972. 224 p. Encets, F Anti-Diihring: filosofia, economia politica, socialismo. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. | Carta a Conrad Schmidt, 27 de outubro de 1890. In: Manx, K:; Encx1s, E. Obras escolhidas em 1rés tomos. Traducio de José Barata-Moura etal. Lisboa-Moscou: Editorial Avante; Edigdes Progresso, 1985. p. 549-556 Feranpes, F. Mudangas sociais no Brasil. Sao Paulo: Difel, 1960. __. A integragao do negro na sociedade de classe: 0 \egado da “raga bran- ca”, $io Paulo: Dominus Editora; Epusp, 1965. v. I. _____. A integragéo do negro na sociedade de classe: no limiat de uma nova era, Sé0 Paulo: Dominus Editora; Epusp, 1965. v. II. A sociologia no Brasil: concribuigao para 0 estudo de sua formagio e desenvolvimento, Petrépolis: Vozes, 1977. Ferreira Jr, A, Histéria da educagdo brasileira; da Coldnia ao século XX: Sao Carlos: UAB-UFSCar, 2010, Ferreira Jr, A. Brrrar, M. O marxismo como referencial tedrico na dissertages de mestrado em Educacio da UFSCar (1976-1993). Cadernts CEMARX, Campinas, v. 1, n. 2, p. 65-71; 2005. 138 —d Digitalizado com CamScanner + Marsismo, citncas humanas e pesquisa em educaséo no Brasil. . Jarbas Passarinho, ideologia tecnocritica e ditadura militar. Revis- ta HISTEDBR On-line, Campinas, n. 23, p. 3-25, set. 2006. . Educagio ¢ ideologia tecnocratica na ditadura militar. Cadernos CEDES, Campinas, v. 28, n. 76, p. 333-355 set.-dez. 2008, Gampoa, S. A. S. A dialética na pesquisa em educa¢io: elementos de contex- to. In: Fazenpa, I. (Org.). Metodologia da pesquisa educacional. Sao Paulo: Cortez, 1989. p. 91-115. Gari, B. A. O doutorado em educagao da PUC-SP ¢ 0 mestrado em edu- cagio da UFSCar, In: Severino, A. J. et al. Dermeval Saviani e a educagdo brasileira: 0 simpésio de Marilia. Sao Paulo: Cortez, 1994. p. 77-85. Gramsct, A. Introdugio ao estudo da filosofia. A filosofia de Benedetto Croce, In: . Cadernos do cdrcere. Tradugao de Carlos Nelson Couti- ho. Rio de Janeiro: Civilizacio Brasileira, 1999. 494 p. V-1. . Os intelectuais. © principio educativo. In: . Cadernos do cdrcere, Traducio de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Civilizagio Brasileira, 2000. p. 11-192. v. 2. Gummandes, A. P. Quatro séculos de latifindio, 4. ed. Rio de Janeiro: Paz ¢ Terra, 1977. Tann1, O, As metamorfoses do escravo: apogeu ¢ crise da estrutura no Brasil meridional. Sio Paulo: Difel, 1962. ——_.. Industrializagao e desenvolvimento social no Brasil, Rio de Janeiro: Civilizagio Brasileira, 1963. —_.. Fitado e capitalismo: estrutura social ¢ industrializagio no Brasil. Rio de Janeiro: ilizago Brasileira, 1965. ——_... Ragas e classes sociais no Brasil, Rio de Janeiro: Civilizagao Brasi- leira, 1966. ——_.. 0 colapso do populismo no Brasil. 4, ed. Rio de Janeiro; Civilizagio Brasileira, 1978. 59 Digitalizado com CamScanner Pesquisa em Educagho no Brasil: balangos e perspectivas Manteca, Gs Ruco, J. M. Conversas com economistas brasileiro II. Sio Paulo: Editora 34, 1999. Marx, K. Método da economia politica, In: a critica da economia politica, Tradugao de Maria Helena Barreiro Alves, Lisboa: Editorial Estampa, 19718. p. 228-237. . Contribuigdo para » Prefacio. In: . Contribuigdo para a critica da economia polt- tica, Tradugio de Maria Helena Barreiro Alves. Lisboa: Editorial Estampa, g7ib. p. 27-31. . A miséria da filosofia. Tradugio de José Paulo Netto. Sio Paulo: Global, 1985. 225 p. . Manuscritos econémico-filosificos. Traducao de Jesus Ranieri. Sio Paulo: Boitempo Editorial, 2004. Marx, K.; ENGELS, F Feuerbach. In: -A ideologia alemd. 4. ed. Tra- dugao de Conceigao Jardim et al. Queluz: Editorial Presenga; Séo Paulo: Martins Fontes, 1980. v. I, p. 11-102. . Manifesto do Partido Comunista. In: . Obras escolhidas em trés tomos, Tradugio de Alvaro Pina. Lisboa: Edig6es Avante!; Moscou: Edigées Progresso, 1982. p. 93-136. Marros, M. Relatério Meira Mattos. Revista Paz e Terra, Rio de Janeiro, N. 9, P. 199-241, 1969, Mota, C. G, Ideologia da cultura brasileira (1933-1974). 3. ¢d. Sao Paulo: Editora Atica, 1977. Perera, A, Pensamento dialético e materialista de Machado de Assis. Estu- dos Sociais, Rio de Janeiro, p. 302-322, n. 3-4, set-dez. 1958. ——— Encontro com Luiz Carlos Prestes. In: . Ensaios histéricos ¢ politicos, Sao Paulo: Alfa-Omega, 1979. p. 127-130. Pravo Jr, C. Evolugdo politica do Brasil. 2, ed, Sao Paulo: Brasiliense, 1947 tl Digitalizado com CamScanner Marxismo, cincas humanase pesquisa em educacio no Brasil. . Estruturalismo de Levi-Strauss. Marxismo de Louis Althusser. Sao Paulo: Brasiliense, 1971. . O marxismo de Louis Althusser. In: p. 71-108, . A revolugao brasileira, 7. ed. Sao Paulo: Brasiliense, 1987. SanTos, J. R. et al. Histéria Nova do Brasil. In: Brasil (1963-1993). Edliges Loyola; Giordano, 1993. . Histéria Nova do Sopré, N. W. Formagéo da sociedade brasileira. Rio de Janeito: José Olym- pio Editora, 1944. . Histéria do ISEB — 1. Formagao. Temas de Ciéncias Humanas, Sio Paulo, n. 1, p. 101-119, 19774. ———. Histéria do ISEB - 2. Crise. Temas de Ciéncias Humanas, Sao Paulo, n. 2, p. 119-143, 1977b. Tavares, M. C. Auge ¢ declinio do processo de substituigao de importagées no Brasil. In: . Da substituigdo de importagées ao capitalismo finan- ceiro. 6. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1977. p. 29-124. YN “ Digitalizado com CamScanner

Você também pode gostar